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Manual de Anatomia e Fisiologia CEFAD 1

Manual de Anatomia e Fisiologia

ESTUDO DO CORPO

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Manual de Anatomia e Fisiologia CEFAD 2

Índice

INTRODUÇÃO 3

OBJECTIVOS GERAIS 3

ENQUADRAMENTO DO MÓDULO 3

BIBLIOGRAFIA 4

ESTUDO DO CORPO 6

ANATOMIA E FISIOLOGIA 6

REGIÕES CORPORAIS 7

POSIÇÃO DESCRITIVA ANATÓMICA 8

PLANOS E EIXOS DE REFERÊNCIA 9

TERMOS DIRECCIONAIS/ POSICIONAIS 11

TERMOS POSICIONAIS 11

TERMINOLOGIA DO MOVIMENTO (CINESIOLOGIA) 13

PROCESSOS VITAIS 17

EM SÍNTESE 18

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INTRODUÇÃO

O programa de estudos do CEFAD está delineado para formandos com grande vontade de se desafiarem

a si próprios, no sentido de obterem sucesso numa profissão que é pessoal e financeiramente

recompensadora.

Para que este objectivo seja cumprido, os nossos formadores são altamente qualificados e possuem

experiência nas matérias respectivas.

O presente manual está construído para possibilitar, a cada formando, uma forma única de

processamento e aprendizagem dos conteúdos. Os formandos são encorajados a potenciar as suas

qualidades individuais de aprendizagem. Desta forma os formandos desenvolvem as suas vertentes

críticas, avaliação das necessidades do cliente, solução de problemas, desenvolvimento de capacidades

intuitivas e habilidade para criar um plano de tratamento.

Adicionalmente, são criados desafios como preparação para os seus objectivos de carreira.

Orgulhamo-nos do sucesso dos formandos diplomados pelo CEFAD e do impacto que eles provocam na

vida de outros. Somos cuidadosos no sentido de considerar o corpo e a mente como um todo.

Desta forma oferecemos aos formandos, cursos que para além do aspecto científico, privilegia

experiências de crescimento pessoal. O currículo do curso inclui o módulo de Fundamentos Biológicos

do Corpo Humano, que lhes transmite conteúdos de Anatomia e Fisiologia, fundamentais em profissões

que lidam com a saúde. Os nossos documentos de apoio estão cientificamente bem documentados e

actualizados.

A habilidade para percepcionar as diferenças entre tecidos como tendões, artérias, veias, músculos,

fascias e mesmo energia, é essencial para o sucesso. Este processo é progressivo, feedbacks e a prática

repetida em diversos contextos é fundamental.

Não existem atalhos, senão o cumprimento de objectivos de aprendizagem para que o referencial de

formação tenha significado.

É extremamente importante perceber como conjugar o conhecimento com as capacidades intuitivas. A

interacção com o cliente, a capacidade de ouvir, a avaliação do cliente, a habilidade de comunicar com

delicadeza e a manutenção de elevados patamares éticos é indissociável da prática da qualquer

desporto.

OBJECTIVOS GERAIS

1. Conhecer os níveis de organização do corpo humano;

2. Relacionar e definir as terminologias de anatomia e fisiologia por sistema corporal;

3. Reconhecer as estruturas dos principais sistemas influenciados pela massagem;

4. Descrever em pormenor a anatomia muscular superficial bem como as estruturas de apoio

(musculares, tendinosas, ligamentares e articulares).

ENQUADRAMENTO DO MÓDULO

Qualquer pessoa envolvida na área da saúde necessita de um amplo conhecimento do corpo

humano pois, só assim, compreenderá as reacções do corpo, perante determinados “estímulos”. A

aprendizagem de anatomia e fisiologia exige um olhar atento sobre intermináveis redes de

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estruturas nervosas, vasos sanguíneos e linfáticos, camadas musculares sobrepostas, entre

outras.

O objectivo deste manual é oferecer, ao formando, conteúdos de fácil compreensão, que

promovam a aprendizagem. Assim sendo, procurou-se organizar, o módulo, de forma lógica e

sequencial, e dotá-lo de explicações claras e completas.

O módulo inicia-se pelas terminologias para estudo do corpo, planos e eixos, bem como os

movimentos realizados em torno dos mesmos. Segue-se uma abordagem aos níveis da

organização do corpo humano, onde se incluem o nível químico, celular, tecidos, órgãos, sistemas

e o organismo na sua globalidade. Numa fase seguinte, são abordados os sistemas esquelético,

muscular e, por último, todos os restantes sistemas, relativamente aos quais, a massagem tem

efeitos fisiológicos.

BIBLIOGRAFIA

Anónimo, 2001 – Anatomy and Physiology Made Incredibly Easy. 1Th

Edition Guanabara -

Koogan. USA.

Azevedo C., 1997 – Biologia Celular. Lidel – Edições técnicas Lda. Lisboa

Brites M., 2006 – Fisiologia - Manual de Apoio ao Estudante. QuidNovi. Matosinhos.

Flores M., 1998 – Atlas Temático de Cirurgia. Beta-Projectos editoriais Lda. Lisboa.

Keith L, Arthur F., 1999 – Anatomia Orientada para a Clínica. 4ª Edição. Guanabara Koogan.

Rio de Janeiro.

Miranda. E. – 2000 - Bases de Anatomia e Cinesiologia. Editora Sprint Lda.Rio de Janeiro.

Moll K. Moll M., 2004 – Atlas de Anatomia. Lusociencia-Edições Técnicas e Científica, Lda.

Loures.

Neil B., 2000 – Compêndio de Fisiologia. Stória Editores Lda. Lisboa.

Ovejero A., 1998 – Corpo Humano. Beta-Projectos editoriais Lda. Lisboa

Parker, S., 2007 – Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano. Dorling Kinderley – Civilização

Editores, Lda. Porto.

Pereira L., 2001. – Metabolismo de Órgãos Vitais in Riscos de Agentes Biológicos-Manual de

Prevenção. IDICT. Lisboa.

Sandy F., 2000 – Fundamentos da Massagem Terapêutica. 2ª Edição. Manole. Brasil.

Seeley R., Stephens T. & Tate P., 2007 – Anatomia & Fisiologia. 6ª Edição. Lusociência. Lisboa.

Serranito P., 2003 – Fundamentos Biológicos do Exercício e da Condição Física, 2ªEdição.

Xistarca. Lisboa.

Ribeiro B., 1992 – O treino do Músculo. Editora Caminho. Lisboa.

Rigutti A., S/D – Atlas Ilustrado de Anatomia. Girassol Edições Lda. Sintra.

Reyes E., 1998 – Anatomia Humana. Beta-Projectos editoriais Lda. Lisboa.

Robertis E.& Robertis Jr., 1996 – Biologia Celular e Molecular. Fundação Calouste

Gulbenkian. Lisboa.

Sherman, K., J., Cherkin, D.,C., Kahn, J., Erro, J., Herbek, A., Deyo, R., A., & Eisenberg, D.,

M., 2005 - A survey of training and practice patterns of massage therapists in two US

states BMC Complementary and Alternative Medicine.

Twietmeyer T, McCracken T., 2006 – Manual de Anatomia Humana para Colorir. Editora

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Ganabara Koogan. Rio de Janeiro. Valdivia, P., 1998 – Manual de Massagem. Xistarca, Promoções e Publicações Desportivas,

Lda. Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

Whitaker R & Borley N., 2000 – Compêndio de Anatomia. Blackwell Lda. Instituto Piaget.

Lisboa.

J. A. Esperança Pina – Anatomia Humana da Locomoção – LIDEL - Lisboa

Alguns sites da Internet

http://www.visiblebody.com

http://www.exrx.net

http://www.muscleandmotion.com/

http://www.anatomia.online.com

http://www.innerbody.com/htm/body.html

Elaborado em 2009 por Henrique Lopes

Revisto em 2016 por Paulo Murteira

CEFAD – FORMAÇÃO PROFISSIONAL, LDA.

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ESTUDO DO CORPO

No nosso planeta azul vivem mais de 6 mil milhões de seres humanos. Cada um destes seres é

único, possuindo diferenças a nível de tamanho, altura, forma do corpo, impressões digitais, entre

outras. No entanto, todos os seres humanos têm algo em comum: a estrutura do corpo é pré –

estabelecida, o funcionamento do organismo é igual para todos, todos têm o mesmo número e tipo

de células, o mesmo conjunto de ossos e os mesmos sistemas de regulação e controlo.

O estudo do corpo humano exige que, ao descrever as suas estruturas e o seu funcionamento,

adoptemos procedimentos e uma terminologia comuns, de forma a criar condições para um bom

entendimento, mesmo quando nos referimos a qualquer aspecto geral, ou particular, da sua

estrutura ou funcionamento.

Daí a importância de uniformizar a linguagem relativa a aspectos de "Terminologia” do corpo

humano. Trata-se, por isso, não apenas de definir conceitos mas, também, de dar início à

delimitação de um léxico de referência técnico e profissional.

O estudo, das estruturas do corpo humano, responsáveis pela produção do movimento, exige que

descrevamos, com rigor, as suas posições relativas. Os termos descritivos têm sido desenvolvidos

e harmonizados, de forma a facilitar essas descrições. Por outro lado, a necessidade de rigor na

descrição das estruturas trouxe, também, um importante instrumento para a identificação e

comunicação relacionada com o movimento articular.

ANATOMIA E FISIOLOGIA

A Anatomia estuda a estrutura e a forma dos corpos bem como a relação entre a forma e a

função. A anatomia pode ser abordada a diversos níveis:

Anatomia geral ou descritiva analisa a configuração, as relações, a estrutura e o

desenvolvimento dos diferentes órgãos. Pode dividir-se em, macroscópica, que se restringe à

observação dos elementos visíveis sem necessidade de usar instrumentos e microscópica que

usa metodologias histológicas para descrever as microestruturas dos diferentes órgãos.

Anatomia Topográfica estuda os órgãos segundo o lugar que ocupam, dividindo o corpo

humano em regiões e estratos (desde os superficiais aos mais profundos).

Anatomia Cirúrgica estuda os problemas anatómicos relativos às doenças de que se ocupa a

cirurgia, aos seus sintomas e às técnicas de intervenção cirúrgica.

Anatomia Patológica estuda as alterações macroscópicas dos órgãos, produzidas por

doenças diversas, utilizando como principal método de investigação a autópsia.

Anatomia Radiográfica estuda a nomenclatura e o aspecto das partes sãs do corpo,

determinando os caracteres particulares que os diferentes órgãos e tecidos adoptam como

consequência da sua justaposição, da sua projecção num ecrã e da sua densidade radiológica

diferente.

Anatomia Artística tem como objecto o estudo das formas exteriores do corpo, as proporções

entre as diferentes partes, os órgãos directamente visíveis e as suas modificações externas

devidas a atitudes diversas e, em especial, ao movimento.

A Fisiologia dedica-se ao estudo dos processos ou funções dos seres vivos, tais como trocas

gasosas, contracção muscular, termorregulação, etc., para permitir verificar, como o organismo se

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comporta, perante determinados estímulos, prevendo assim essas respostas. Para além destas áreas existem, ainda, a Citologia (que efectua o estudo das células), Histologia

(que estuda a estrutura dos tecidos, através de observações microscópicas) e a Bioquímica (que

estuda as substâncias químicas existentes no organismo). REGIÕES CORPORAIS São designações (figuras 1 e 2) para áreas corporais específicas, que possuem um especial suprimento nervoso ou vascular, ou realizam uma função especial.

Figura 1 – Regiões corporais: A – face anterior, B – face posterior (retirado de Moll & Moll, 2006)

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Figura 2 – Regiões da cabeça e pescoço (retirado de Moll & Moll, 2006)

POSIÇÃO DESCRITIVA ANATÓMICA

Todos os termos que descrevem as relações de uma parte do corpo com as outras são

estabelecidos com referência a uma posição anatómica padrão.

Na posição descritiva anatómica (figura 3), o corpo encontra-se:

Em posição erecta (de pé);

A olhar em frente;

Com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, palmas da mão voltadas para a

frente e polegar para fora;

Com os membros inferiores ligeiramente afastados;

Com os pés assentes no solo e virados para a frente.

Figura 3 – Posição descritiva anatómica (retirado de Miranda, E., 2006)

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PLANOS E EIXOS DE REFERÊNCIA

PLANOS DE REFERÊNCIA

Um Plano é uma superfície imaginária definida por três pontos que não se encontram

simultaneamente na mesma linha recta. No espaço pode ser definido um número infinito de planos.

Para servirem de referência para os estudos anatómicos, são definidos três planos (figura 4):

Plano Sagital ou Antero-Posterior que divide o corpo, verticalmente, em duas metades:

direita e esquerda;

Plano Frontal ou Coronal, que divide o corpo, verticalmente, em duas metades: anterior e

posterior;

Plano Horizontal ou Transverso, que divide o corpo em duas metades: superior e inferior.

Estes planos dividem o corpo em metades com, sensivelmente, a mesma massa corporal. A

intercepção dos três planos ocorre num ponto designado por Centro de Gravidade

EIXOS DE REFERÊNCIA

Figura 4- Planos corporais (Retirado de

«Massoterapia Clínica» de James H. Clay e

David M. Pounds)

A Posição Descritiva Anatómica, os Planos de Referência e os Termos Direccionais são de

extrema importância no estudo das estruturas corporais. No entanto, o formando necessitará de

analisar estas estruturas em movimento. Sempre que um segmento corporal se move, sofre um

deslocamento angular em torno de um eixo imaginário de rotação, que passa através da

articulação à qual se encontra ligado. À semelhança do que acontece com os planos, também são

enunciados três eixos de referência para o estudo do movimento. Os eixos são, perpendiculares

aos Planos.

Eixo Transverso ou Lateromedial (perpendicular ao Plano Sagital) é o eixo, segundo o qual,

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se realizam os movimentos no Plano Sagital. O movimento dos membros superiores e

feriores durante o andar é um exemplo de deslocação no Plano Sagital e em torno do Eixo

Transversal (figura 5).

Figura 5 – Representação do Eixo Transverso e do Plano Sagital (retirado de Miranda, E., 2006)

Eixo Antero-Posterior (perpendicular ao Plano Frontal) (figura 6) é o eixo, segundo o qual se

realizam os movimentos no Plano Frontal. A inclinação lateral do tronco é um exemplo simples

de um movimento no Plano Frontal e em torno do Eixo Antero-Posterior.

Figura 6 – Representação do Eixo Antero-Posterior e do Plano Frontal (retirado de Miranda, E., 2006)

Eixo Longitudinal, Vertical ou Crânio-Caudal (perpendicular ao Plano Horizontal) (figura 7) é

o eixo, segundo o qual se realizam os movimentos no Plano Horizontal. O movimento de

rotação da cabeça é uma boa ilustração deste tipo de situação. A cabeça desloca-se no Plano

Horizontal e em torno do Eixo Longitudinal.

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Figura 7 – Representação do Eixo Longitudinal e do Plano Horizontal (retirado de Miranda, E., 2006)

Figura 8 – Representação de movimentos ao longo dos três eixos:

A – Eixo Transverso, B – Eixo Antero-Posterior, C – Eixo Longitudinal (retirado de Miranda, E., 2006)

TERMOS DIRECCIONAIS/ POSICIONAIS

Após a definição dos planos de referência passamos a ser capazes de nos referir, com maior

precisão, à posição das estruturas corporais. Por exemplo, podemos afirmar que o esterno é

anterior (em relação ao Plano Frontal), superior (em relação ao Plano Transversal) e médio (em

relação ao Plano Sagital). Anterior, superior e médio são termos de referência, que utilizamos, na

nossa linguagem, para situar as estruturas umas em relação às outras, utilizando como suporte de

referência os três planos. A utilização dos termos direccionais é uma ajuda preciosa na definição

da situação das peças ósseas e dos músculos esqueléticos. Ao longo deste curso irá constatar que

a maior parte das designações adaptadas, particularmente, para identificar os músculos, resultam

da utilização de termos direccionais. Por exemplo: "Vasto Interno", “Vasto Externo” "Deltóide

Anterior", etc.

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Os termos direccionais mais utilizados são:

Superior – parte do corpo acima de outra ou próxima da cabeça;

Cranial – refere-se à região da cabeça;

Inferior – parte do corpo abaixo de outra ou próxima dos pés;

Caudal – refere-se à região glútea ou ao tronco representado pelo cóccix;

Anterior (Ventral) – significa à frente ou mais próximo da frente do corpo;

Posterior (Dorsal) – indica a face posterior do corpo ou mais próxima do dorso;

Medial – termo utilizado para indicar a estrutura na posição descritiva anatómica, mais próxima

do plano mediano do corpo;

Lateral – estrutura anatómica mais afastada do plano mediano;

Proximal – mais próxima do tronco;

Distal – mais distante do tronco;

Superficial – mais à superfície do corpo ou próximo dela;

Profundo – mais distante da superfície do corpo;

Intermédio – entre uma estrutura superficial e uma estrutura profunda;

Interno – mais próximo do centro de um órgão ou de uma cavidade;

Externo – mais afastado do centro de um órgão ou de uma cavidade;

Central – mais próximo do centro;

Periférico – mais distante do centro;

Os termos posicionais são usados para descrever o relacionamento do corpo com diferentes

planos.

Posição anatómica - como foi referido anteriormente, é a posição do corpo quando está

erecta, com olhar em frente, membros superiores pendentes ao longo do corpo, com as

palmas da mão voltadas para a frente e polegar para fora, membros inferiores ligeiramente

afastados, pés assentes no solo e virados para a frente;

Posição erecta - o corpo em pé;

Posição supina - o corpo deitado numa posição horizontal com o rosto para cima;

Posição em pronação - o corpo deitado numa posição horizontal de rosto para baixo;

Decúbito ventral - o corpo deitado numa posição horizontal de rosto para baixo;

Decúbito dorsal - corpo deitado numa posição horizontal com o rosto para cima;

Posição lateralmente deitado - o corpo deitado numa posição horizontal sobre o lado direito

ou esquerdo;

Quando se percorre o corpo, os termos direccionais ajudam a determinar a localização exacta de

uma estrutura.

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TERMINOLOGIA DO MOVIMENTO (CINESIOLOGIA)

Partindo da posição anatómica, dos planos de referência e dos termos direccionais, aprendemos a

utilizar os conceitos para definir estruturas. A introdução da noção de eixo do movimento permite-

nos descrever os movimentos no espaço. Não é muito cómodo, quando nos queremos referir a

movimento segmentar, ter de descrever os planos e os eixos, segundo os quais se realizam (tabela

1). Sabemos que os movimentos dos segmentos corporais se realizam de acordo com eixos de

rotação centrados nas articulações. Se, para cada plano de referência, definirmos movimentos

primários, acedemos a um conjunto de conceitos para descrever os movimentos articulares. A

utilização destes conceitos deve ser absolutamente rigorosa e constituir parte fundamental do

nosso léxico profissional. Para além do rigor que encerram, estes conceitos são uma importante

ajuda pedagógica para as pessoas que estão ao nosso cuidado, nas sessões massagem, pois

ajudam a compreender como devem realizar correctamente os movimentos segmentares.

Tabela 1 – Principais movimentos realizados por Plano e Eixo respectivo (adaptado de Miranda, E., 2000)

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MOVIMENTO NO PLANO SAGITAL

Flexão é definida como um movimento no Plano Sagital, que determina uma redução do ângulo

entre duas ou mais peças ósseas ou duas regiões corporais. Na posição descritiva anatómica,

definimos que as articulações da cabeça, ombro, cotovelo, punho, bacia/quadril, joelho e tornozelo

são de 180º. Os movimentos segmentares que reduzem estes ângulos articulares são flexões.

Extensão é definida como um movimento no Plano Sagital, que determina um aumento do ângulo

existente entre duas ou mais peças ósseas ou duas regiões corporais.

Hiperextensão é o movimento para além da posição anatómica de referência. Na articulação do

tornozelo, a elevação da ponta do pé em relação à perna é descrita como Dorsiflexão e o

abaixamento da ponta do pé é descrito como Flexão plantar.

Na articulação do punho a situação é análoga, referimo-nos à Flexão palmar quando ocorre a

elevação dos dedos em relação ao antebraço e Dorsiflexão quando se realiza o abaixamento ou

projecção dos dedos para trás.

Um movimento articular de grande importância, que se realiza no Plano Sagital, em torno do eixo

transversal, é a rotação da cintura pélvica. Para descrever o sentido da rotação, damos como

referência uma eminência óssea do ilíaco de fácil reconhecimento, a espinha ilíaca antero-superior

(facilmente reconhecível por palpação). A rotação da bacia para diante (sentido horário) descreve-

se como uma Anteversão. A rotação da bacia para trás, anti-horário, descreve-se como uma

Retroversão. A figura 9 apresenta alguns dos movimentos no Plano Sagital.

Figura 9 – Representação de movimentos no Plano Sagital (retirado de Fritz S., 2000)

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MOVIMENTO NO PLANO FRONTAL

A maior parte dos movimentos no Plano Frontal designam-se por Abdução e Adução.

A Adução refere-se à aproximação de um segmento corporal à linha média do corpo. A Abdução

diz respeito ao afastamento do Plano Sagital.

A Inclinação Lateral do tronco ou Flexão Lateral realiza-se, também, no Plano Frontal.

Elevação e Abaixamento (depressão), a omoplata desloca-se no Plano Frontal na direcção

superior e inferior, sendo o movimento descrito como elevação e abaixamento ou depressão.

A

mesma situação é, também, observada no pulso, sendo descrita como Flexão Interna ou cubital e

Flexão Externa ou radial. A figura 10 apresenta alguns dos movimentos no Plano Frontal.

Figura 10 – Representação de movimentos no Plano Frontal (retirado de Fritz S., 2000)

MOVIMENTO NO PLANO HORIZONTAL

Os movimentos no plano horizontal realizam-

se em torno de um Eixo Vertical ou Longitudinal

englobam, Rotação, rotação para a direita e para a esquerda (são utilizadas para descrever os

movimentos da cabeça), Rotação Interna ou Medial e Externa ou Lateral (são utilizadas para

descrever os movimentos dos membros), Pronação e Supinação, Inversão e Eversão, Abdução

Horizontal e Adução Horizontal.

A Pronação e a Supinação ocorrem especificamente a nível do antebraço em que a rotação

externa designa-se de supinação e a rotação interna designa-se de pronação. No tornozelo

observamos também movimentos de inclinação interna e externa. A inclinação interna é designada

de Inversão e a inclinação externa de Eversão.

Uma situação específica merece destaque, por ser muito comum, é a Abdução Horizontal ou

Flexão Horizontal e da Adução Horizontal ou Extensão Horizontal.

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A figura 11 apresenta alguns dos movimentos no Plano Horizontal.

Figura 11 – Representação de movimentos no Plano Sagital (retirado de Fritz S., 2000) MOVIMENTOS GERAIS

Naturalmente a produção motora não está circunscrita aos movimentos articulares puros. Definir a

terminologia dos movimentos articulares puros, associados aos diferentes planos, é muito

importante como instrumento, para a comunicação dos formandos com os seus alunos/clientes,

nas diversas ocasiões em que é necessário descrever o movimento dos segmentos corporais no

espaço e a participação muscular nessas acções. No entanto, a maior parte da motricidade do

corpo resulta da combinação de movimentos em vários planos e segundo vários eixos. A

Circundução (figura 12) é justamente descrita como uma combinação da Flexão, Extensão,

Adução e Abdução de uma articulação e refere-se ao movimento circular de um segmento

corporal.

Figura 12 – Exemplo de movimento geral do corpo humano – circundação (Retirado de «Massoterapia Clínica» de James H. Clay e David M. Pounds)

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PROCESSOS VITAIS

Para a sobrevivência dos seres vivos, como é o caso do ser humano, é necessário um conjunto de

processos que permitam cumprir o seu ciclo de vida. A esses processos essenciais à sobrevivência

dá-se o nome de processos vitais. Estes processos não são visíveis, de forma integrada, em

nenhuma outra estrutura não viva. Para manter as condições essenciais à vida, o organismo tem

que manter estáveis as condições do seu meio interno, como é o caso da temperatura, da pressão,

do pH, entre outras. Chama-se homeostasia à condição em que o organismo é capaz de

assegurar a manutenção do meio interno dentro de determinados parâmetros fisiológicos. Um

organismo encontra-se em homeostasia se a concentração de gases, nutrientes, iões e água nos

seus fluidos for adequada, a temperatura ajustada e a pressão apropriada. A noção de

homeostasia refere que o organismo é capaz de alterar as condições do seu equilíbrio interno,

como acontece com a fadiga após esforço físico, sem sair da condição homeostática, uma vez que

após repouso, volta às condições ideais do seu equilíbrio interno. A homeostasia é controlada

através do sistema nervoso e do sistema endócrino, que permitem que os sistemas respondam ao

stress que os estímulos provocam no organismo.

A homeostasia não é linear, mas sim um estado de equilíbrio dinâmico, em que o organismo

mantém as capacidades de resposta e adaptação às condições externas do meio ambiente.

Para a manutenção da homeostasia são necessários os seguintes processo vitais:

Metabolismo, que é o conjunto de processos químicos que ocorrem no organismo e que

asseguram a disponibilidade da energia necessária a todos os processos que ocorrem no

organismo. Existem dois tipos de metabolismo, o metabolismo catabólico, resultante da

quebra das ligações químicas e consequente libertação de energia e o metabolismo

anabólico que permite a formação de novas ligações químicas e formação de novas

estruturas a partir da energia libertada no catabolismo. Para o metabolismo contribuem vários

processos, nomeadamente: ingestão, digestão, absorção, assimilação, respiração, secreção e

excreção.

Excitabilidade definida como a capacidade que organismo tem para percepcionar alterações

no meio interno e externo, para dar resposta a estímulos;

Condutibilidade, ou seja, a capacidade da célula transferir os efeitos de um estímulo de uma

parte de uma célula para outra (superiormente desenvolvido nas células nervosas);

Contractibilidade, ou seja, a capacidade que resulta de alterações do comprimento das

células e consequente aptidão para promover o movimento;

Crescimento, ou seja, a capacidade dos organismos induzirem o aumento das suas

dimensões quer através do aumento do número de células – hiperplasia, quer através do

aumento do volume das células já existentes – hipertrofia (esta pode resultar do aumento da

quantidade de substâncias que rodeiam a célula);

Diferenciação definida como a capacidade que os organismos têm de transformar células não

especializadas em entidades especializadas no desempenho de determinadas funções (uma

vez especializadas perdem a capacidade de diferenciação);

Reprodução, que é o processo que permite a formação de novas células para assegurar o

crescimento, reparar os tecidos lesados, substituir células mortas e, ainda, assegurar a

transmissão da herança genética para um novo organismo.

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Manual de Anatomia e Fisiologia CEFAD 18

EM SÍNTESE

DEVE SABER: Conceito de Anatomia, Fisiologia, Citologia, Histologia e Bioquímica. Regiões Corporais Posição Descritiva Anatómica Planos de Referência (Sagital, Frontal e Horizontal) Eixos de Referência (Transverso, Antero-Posterior e Longitudinal) Termos Direccionais Cinesiologia (movimentos no Plano Sagital, Frontal, Horizontal e Movimentos

Gerais) Termos Posicionais Processos Vitais (Homeostasia, Metabolismo, Excitabilidade,

Condutibilidade, Contractibilidade, Crescimento, Diferenciação e Reprodução)