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VADE MECUM
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
DAS IGREJAS
FICHA TÉCNICA
Coordenação: Gabriela Carvalho
Elaboração: Anabela Almeida
Gabriela Carvalho
Capítulo VII – Ponto 2 e 3
Apoio dos técnicos do Departamento de
Conservação
Instituto Português de Conservação e Restauro
Rua das Janelas Verdes, 37
1249-018 Lisboa
Tel. 21 393 42 00
Fax. 21 397 00 67
www.ipcr.pt
Outubro 2006
2
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO 4
II. ROUBO E VANDALISMO 7 1. QUESTÕES GERAIS 7 2. RISCOS DE INTRUSÃO 8 3. FIXAÇÃO E DISPOSIÇÃO DAS OBRAS 9 4. VIGILÂNCIA 11
III. FOGO/INCÊNDIO 11 RISCOS DE DEFLAGRAÇÃO, PROPAGAÇÃO E AGRAVAMENTO DO SINISTRO
1. FOCOS DE INCÊNDIO 11 2. PROPAGAÇÃO 13
Sistemas de detecção e combate em caso de incêndio 14
IV. ÁGUA 16 PENETRAÇÃO DE ÁGUA E PROBLEMAS LIGADOS AO EXCESSO DE HUMIDADE
1. AVALIAÇÃO DE RISCOS 16 2. CONTROLO DE INFILTRAÇÕES E CONDENSAÇÕES 18 3. DETECÇÃO DE ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO EXCESSO DE HUMIDADE 19
V. INFESTAÇÃO POR ANIMAIS (INSECTOS, PÁSSAROS E ROEDORES)
1. EVITAR 20 2. EXCLUIR 21 3. IDENTIFICAR 21 4. RESPONDER 23
VI. SISMOS ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.
1. AVALIAÇÃO DE RISCOS 24 2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO 24
VII. MANUTENÇÃO DO S LOCAIS E CONSERVAÇÃO DOS OBJECTOS 1. QUESTÕES GERAIS 25 2. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO 26 3. EXPOSIÇÃO (CULTO), UTILIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS PEÇAS 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
VIII. BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA 39
3
I. INTRODUÇÃO
A Igreja é detentora de um signif icativo acervo de peças,
que pelas suas característ icas e qual idades artíst ico
históricas constituem um importantíssimo conjunto de bens
patrimoniais.
Estes conjuntos de bens patrimoniais estão contidos em
locais sagrados – as capelas, as igrejas e possuem uma
enorme carga de simbologia, signif icado e mensagem para
os crentes. Para além da fruição estética e do valor cultural
que lhes está associado, eles são antes de mais “objectos
preciosos de devoção”, que se encontram expostos à
veneração e ao culto dos f iéis. Originalmente entendidos
como devocionais, estes objectos acumulam em si mesmo
uma importante dimensão cultural.
De retábulos em talha dourada, a esculturas, pinturas,
frescos, azulejos e outros objectos como têxteis e peças de
ourivesaria consti tuem importantes acervos a respeitar,
inventariar, estudar, valorizar e divulgar e sem dúvida a
preservar como testemunho da nossa identidade cultural.
Dentro do universo de obras de arte, os objectos a culto
apresentam característ icas que as diferenciam das outras
obras pelo seu aspecto funcional, que muitos deles ainda
mantêm.
Muitos desses bens patrimoniais existentes nas igrejas são
frágeis e necessitam de cuidados de manutenção e
preservação. A forma mais ef icaz de contr ibuir para a sua
preservação e salvaguarda é, em parte, alcançada através
do conhecimento dos factores de degradação a que esses
bens estão sujeitos e da forma como podemos contr ibuir
para evitarmos esses danos.
Embora em muitos casos, os factores de degradação não
possam ser el iminados na sua total idade, podem ser
minimizados. Podemos identi f icar e prever as si tuações de
r isco para os objectos e desenvolver acções programadas e
planeadas, com o objectivo de controlar ou mitigar os
danos, que possam vir a provocar degradações nos bens
culturais.
Para melhorar as condições de conservação e de
manutenção dos bens culturais é essencial conhecer como é
que eles se comportam face aos factores a que por vezes
estão sujeitos e aval iarmos as suas causas de degradação.
4
Em muitos casos, al iando-se esse conhecimento dos
materiais, a uma observação correcta e continuada dos
objectos, recorrendo ao bom senso e, sempre que se
mostre necessário, procurando o apoio de profissionais
habi l i tados e competentes, podemos contr ibuir para a boa
manutenção desses objectos.
O edif íc io é sem dúvida o espaço que alberga todos estes
conjuntos de bens patr imoniais e desta forma do seu bom
estado de conservação resultará em grande parte a boa
preservação dos objectos.
Por vezes, o s imples recurso a acções simples e pouco
onerosas permite obter resultados muito satisfatórios, face
à acção do tempo e aos poucos recursos humanos e
f inanceiros, que em regra, temos disponíveis e ao nosso
alcance.
Este pequeno guia tem como objectivo ajudar aqueles que
tem a seu cargo a gestão material das Igrejas e do seu
património, na árdua tarefa de a assegurar a preservação
do acervo e do edif íc io dando alguns conselhos práticos,
que contr ibuem para a correcta manutenção e preservação
dos edi f íc ios, onde esses bens se encontram, e dos próprios
bens patrimoniais neles contidos.
Pretende fornecer um conjunto de informações simples, de
fáci l compreensão e apreensão, que possam servir de alerta
e possibi l i tar a detecção dos perigos e vulnerabi l idades,
visando a implementação das medidas de conservação e
segurança necessárias para impedir ou minorar as causas
eventuais de degradação, designadamente no que diz
respeito, aos r iscos mais comuns para este t ipo de bens
culturais.
Destina-se a párocos, comissões fabriqueiras e todas as
autoridades rel igiosas ou laicas que tenham que zelar pelos
bens patrimoniais art íst icos e históricos nas igrejas.
Os factores que mais contribuem para a degradação dos
objectos são aqueles que estão relacionados com as
condições ambiente, (como a temperatura e humidade
relativa incorrectas), a luz, as infestações, os r iscos
provocados por incêndio e água, e o factor humano
manifestado, através de actos de roubo, furto, vandal ismo
e negl igência ou incúria, e frequentemente por
desconhecimento.
Dependendo da local ização geográf ica das igrejas, e em
situações, fel izmente, menos frequentes, podem ocorrer
s ituações de catástrofes naturais, como sismos ou
inundação.
5
A prevenção é o melhor meio de dar resposta às diversas
situações, pois impl ica um trabalho prévio de previsão e
aval iação dos r iscos, que esses factores podem causar nos
objectos, e recorrer a meios e mecanismos que permitam,
no momento em que essas si tuações ocorrem, dar resposta
imediata, evitando a perda os danos nos bens culturais.
De referir que a boa manutenção dos espaços vai conduzir
e permitir que os objectos permaneçam em bom estado de
conservação, evitando que se recorra as acções de restauro
desnecessárias, onerosas e que podem vir a descaracterizar
e desvirtual izar os bens culturais e a mensagem de que
eles são portadores.
Por últ imo, é importante termos consciência do património
que temos à nossa guarda e saber que, em caso de
necessidade, devemos recorrer às insti tuições de
referência, nomeadamente ao IPCR, ou a prof issionais
habi l i tados com formação e experiência prof issional
adequadas. Esses conhecimentos permitem fornecer o
aconselhamento ou o encaminhamento necessários, quer
para a resolução de problemas, quer para a consultadoria
cientí f ica e técnica, no âmbito das intervenções de
conservação e restauro, de forma a permitir que estas
possam ser real izadas de acordo com os mais correctos e
r igorosos padrões de ética e deontologia prof issional.
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II. ROUBO E VANDALISMO
A prevenção consti tui a base de todo o sistema de
segurança. Neste âmbito, mediante a aval iação dos riscos
envolvidos, os esforços devem ser direccionados no sentido
de implementar medidas ef icazes de protecção em
articulação com os recursos humanos e organizacionais da
insti tuição.
1. QUESTÕES GERAIS
Localização: Um edif íc io isolado apresenta maiores r iscos de
roubo, devendo ser reforçada a sua vigi lância. O recurso a
i luminação exterior de segurança revela-se particularmente
úti l nestes casos.
Vulnerabilidade dos objectos: A presença na colecção, ou
no acervo, de obras anteriores séc. XIX, consideradas de
valor ou de reconhecida importância, são si tuações muito
atractivas ao roubo e por isso de risco acrescido.
Documentação: O registo fotográf ico actual izado de cada
uma das peças, bem como a existência de uma f icha técnica
de identi f icação, com a descrição completa das suas
característ icas (materiais, dimensões, nº de elementos que
a compõem, marcas, assinaturas, estado de conservação,
restauros, etc.), constituem documentos fundamentais
para, em caso de roubo, ajudar tanto na sua divulgação e
procura, como, posteriormente, na sua identi f icação.
Deverá também ser contemplada a existência de um
documento de registo das pessoas que têm acesso ao
recinto rel igioso e em especial às zonas reservadas, bem
como das pessoas que temporariamente t iveram acesso ao
local para real ização de algum tipo de trabalho (de
manutenção ou outros).
Informação geral: Deverá ser dada a conhecer às
Autoridades Eclesiásticas, e a outras entidades privadas ou
públ icas vinculadas a esta problemática, como a Pol ícia
Judiciária, a informação relativa ao acervo de interesse
patrimonial e ao regulamento de prevenção e segurança da
insti tuição.
Gestão das chaves: O desconhecimento do número total
de conjuntos de chaves da Igreja ou das pessoas que a eles
têm acesso são si tuações de r isco. As chaves da Igreja
devem ser em número l imitado e local izáveis em qualquer
momento. Deve elaborar-se uma l ista, onde constem as
indicações da sua local ização e o nome da pessoa
7
responsável pela sua guarda, mesmo em situação de
empréstimo temporário. As chaves nunca devem
permanecer nas próprias fechaduras, a não ser quando os
acessos correspondem a saídas de emergência. Em caso
algum as chaves devem ser confiadas a alguém sem
qualquer t ipo de formalidade.
Vizinhança: A população, a viz inhança ou as insti tuições
próximas devem ser sensibi l izadas para a detecção e alerta
em caso de alguma anomalia, e avisadas relativamente aos
procedimentos a seguir, actual izando regularmente essas
mesmas instruções.
Eventos especiais: A real ização de eventos (procissões e
festas especiais) no espaço da Igreja comporta r iscos
adicionais, o que impl ica a tomada de medidas de reforço
de segurança, considerando que muitas vezes, são
apresentadas peças especiais nestas ocasiões. Convém,
nestes casos, del imitar os percursos do públ ico em geral e
providenciar a vigi lância f ís ica adequada. Em caso de
dúvida deve pedir-se aconselhamento às autoridades de
segurança.
2. RISCOS DE INTRUSÃO
Vulnerabilidade do local: No perímetro exterior,
nomeadamente os portões, os muros ou as vedações devem
possuir as característ icas e a resistência necessárias para
impedir a passagem e, para que efect ivamente cumpram a
sua função. Devem assim, manter-se em bom estado de
conservação.
A manutenção dos espaços exteriores deve contemplar a
poda de árvores ou a l impeza de vegetação que possibi l i tem
o acesso ao interior ou que cr iem não áreas de di f íc i l
vigi lância.
Relativamente ao edif íc io, quantos mais acessos disponíveis
para o exterior exist ir, maior o r isco de intrusão. Um único
ponto de fecho por cada porta pode não ser suf ic iente,
sobretudo em locais mais escondidos. O acesso deve ser
confinado apenas a uma entrada principal, para diminuir as
possibi l idades do ladrão escapar sem ser detectado,
assegurando também, a segurança do sistema de fecho
existente. O estado de conservação das fechaduras, dos
encaixes, dobradiças e da ombreira de apoio das entradas
são também factores a ter em consideração.
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O reforço de segurança dos acessos, designadamente
através de trancas interiores, consti tui uma medida de
prevenção prior i tár ia.
A existência de um sistema de alarme de intrusão permite o
reforço da segurança do edif íc io, de modo a retardar a
entrada de intrusos, dando tempo para se detectar e
transmitir o sinal de alerta, de modo a possibi l i tar a
intervenção das autoridades.
As janelas e vidraças local izadas a menos de 2,20 m do
solo devem ser munidas de barreiras ef icazes, como grades
resistentes, vidros anti-roubo ou por outro t ipo de
protecções ( instaladas por prof issionais). As outras
aberturas, mesmo em locais al tos, também devem ser
protegidas. O facto de exist i rem escadas, bancos ou
quaisquer outros elementos simi lares, relat ivamente
acessíveis, faci l i ta a sua uti l ização indevida, como meios de
acesso ao interior ou aos objectos.
Por vezes, algumas igrejas e capelas situam-se longe dos
centros das vi las, povoações ou cidades, em zonas mais
peri féricas ou isoladas. Nestes casos, o cuidado deve ser
redobrado, uma vez que o facto de estarem isoladas as
torna mais susceptíveis e vulneráveis a assaltos e roubos.
Não obstante a existência de sistemas de detecção,
protecções reforçadas, um meio a não desprezar, é a
sensibi l ização que deve ser dada à comunidade local,
alertando-os para estes problemas e levando-os a parti lhar
destas preocupações e atr ibuindo-lhes certas
responsabi l idades (fazendo a vigi lância constante destes
locais, de forma rotativa).
Uma forma também eficaz de minimizar os r iscos de
assaltos e roubos às igrejas mais isoladas, é cr iar em redor
do edif íc io, uma i luminação adequada, de forma a torná-lo
mais visível e a inviabi l iza-lo de actos de vandal ismo e
roubo.
É também importante, conforme já foi refer ido, a existência
do inventário (f icha mais ou menos detalhada) que permite
em situações de roubo, a identi f icação para a eventual
recuperação dos objectos furtados.
3. FIXAÇÃO E DISPOSIÇÃO DAS OBRAS
Cada igreja possui peças que são consideradas pela sua
qual idade técnica, estética ou mesmo devocional como as
mais val iosas. É importante contemplar medidas de
segurança adicionais para estas peças ou para as que,
pelas suas dimensões, sejam faci lmente acessíveis ou
deslocáveis. Essas medidas podem passar por exemplo pela
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sua colocação em áreas de maior segurança, armários ou
vitr inas fechadas, o recurso a sinal ização de alarme por
aproximação ou contacto, a ut i l ização de cordões de
demarcação, entre outras soluções adaptadas a cada caso.
Se ainda não existem os meios de segurança adequados à
sua preservação em segurança, deverá ser dado
conhecimento às entidades superiores e sol ici tado apoio
para aval iação do nível de protecção requerido e/ou para a
sua implementação.
Objectos de pequenas dimensões: Os objectos de valor
patr imonial de pequenas dimensões são muito vulneráveis e
correm assim sérios r iscos de serem roubados.
Como medida de segurança, as esculturas que se
encontrem a uma altura inferior 2 m do solo e sejam
faci lmente transportadas, por uma ou duas pessoas, devem
ser protegidas, através de sistemas que permitam a sua
f ixação, sem interfer ir negativamente com as obras,
dani f icando-as.
Paralelamente, as pinturas de menores dimensões,
expostas em locais acessíveis e/ou próximo de saídas,
poderão ser faci lmente roubadas, se não forem tomadas
medidas de precaução, sendo faci lmente minimizado a o
problema se exist ir um reforço dos elementos de
suspensão.
Relat ivamente aos objectos, considerados preciosos
(rel icários, al faias l i túrgicas, peças de ourivesaria, etc.) a
solução passa pelo seu adequado armazenamento. Estes
objectos devem ser guardados em armários de acesso
restri to, fechados à chave, mantendo-a (esta últ ima) em
local seguro. É importante ter em atenção que os locais
próximos dos armários e eventualmente dissimulados,
nunca são os locais adequados, porque são os mais óbvios
e os mais procurados.
Cofres: Os cofres antigos aparentam muitas vezes ser
sól idos e seguros. No entanto, muitos deles não resistem
ao arrombamento com as ferramentas de que hoje se
dispõe. A selecção de um cofre para protecção das obras
mais importantes deve ser real izada em função do r isco de
roubo associado e das dimensões dos objectos que se
pretendem guardar. São também aspectos importantes a
ter em consideração a local ização e o peso do próprio
cofre, de modo a dif icultar respectivamente o acesso e a
deslocação.
10
4. VIGILÂNCIA
É do conhecimento geral, que se torna cada vez mais di f íc i l
por diversos motivos, nomeadamente pela falta de meios
humanos, manter as Igrejas abertas ao culto durante as
horas do dia.
Durante o período em que a Igreja se encontra aberta é
importante assegurar a vigi lância, principalmente se os
objectos não estão de algum modo protegidos. Mesmo que
se disponha de equipamentos automáticos de segurança,
importa considerá-los como um meio de reforço, que não
substi tui, em caso algum, a vigi lância humana.
Para que não se tenham de reduzir os períodos de abertura
por fal ta de segurança, sempre que necessário, a vigi lância
pode ser real izada por pessoas de conf iança, devidamente
famil iarizados com os procedimentos pré-def inidos. Deve
ser prevista também a real ização de uma ronda de
inspecção, antes do encerramento.
É frequente, algumas igrejas terem, permanentemente, um
f luxo de vis itantes bastante signif icativo. Nestas situações
deve prever-se a presença de um responsável para o
acompanhamento de vis itantes ou f iéis. Deve ser dada
atenção especial ao controlo dos circuitos dos visi tantes e
das entradas e saídas de forma a assegurar a boa
manutenção dos espaços e dos bens ai local izados.
III. FOGO/INCÊNDIO
RISCOS DE DEFLAGRAÇÃO, PROPAGAÇÃO E AGRAVAMENTO DO SINISTRO
O fogo é uma das grandes ameaças para os acervos
patrimoniais. As prior idades de intervenção consistem em
evitar situações de risco e dotar a instituição de meios que
possibi l i tem a detecção e o combate, impedindo que o fogo
se propague rapidamente e at inja proporções devastadoras.
1. FOCOS DE INCÊNDIO
Raios/Relâmpagos: Se a torre sineira constitui um ponto
alto nas redondezas ou se não existe nas imediações
nenhum pára-raios, é importante providenciar a instalação
deste equipamento no edif íc io da Igreja. Este protegerá não
só o próprio edif íc io, como também, as áreas circundantes
mais próximas. A instalação eléctrica deverá conter
também disposit ivos de protecção contra este t ipo de risco.
Instalações eléctricas: Nas Igrejas, para além da
existência de quadros eléctr icos antigos, veri f icam-se
11
frequentemente si tuações de: sobreposição de tomadas,
f ios parcialmente descarnados, comutadores ou tomadas
apl icados em suportes de madeira, extensões em que o f io
não está totalmente desenrolado, aquecimento de f ios ou
aparelhos eléctricos que podem dar origem a incêndios.
Todas as situações de perigo devem ser evitadas e à
mínima dúvida sobre as condições de segurança da
instalação eléctrica deve ser consultado um prof issional
competente e executadas as reparações necessárias. As
extensões eléctricas temporárias só devem ser permitidas
em circunstâncias excepcionais. Todos estes circuitos
devem ser f is icamente desl igados dos principais, quando
não estão a ser uti l izados (mesmo que os interruptores se
encontram desl igados).
Aparelhos de aquecimento: Consti tuem perigos
potenciais os aparelhos de aquecimento que se encontrem a
uma distância inferior de 1,5 m de peças de mobi l iár io ou
de objectos. Estes aparelhos devem ser alvo de um
contrato de manutenção ou de um controlo regular mínimo
pela empresa responsável. São ainda si tuações de r isco a
proximidade de objectos inf lamáveis e o armazenamento de
objectos ou materiais em locais onde se encontram os
sistemas eléctricos ou de aquecimento. Não devem ser
uti l izados aparelhos que estejam em mau estado ou com
problemas de funcionamento.
Velas ou círios: São si tuações de perigo a existência de
suportes de velas ou cír ios instáveis, bem como, em caso
de queda de algum destes elementos, a proximidade de
materiais ou objectos inf lamáveis. Para evitar a
possibi l idade de acidentes devido a acumulação de resíduos
é importante remover regularmente todos os restos de
cera. Antes do fecho da Igreja e durante o período de
abertura deve exist ir um responsável por assegurar a
ausência de r iscos relacionados com presença de velas ou
cír ios.
Realização de trabalhos/obras de manutenção: As
intervenções real izadas na Igreja podem trazer r iscos
adicionais, se não forem tomadas as devidas precauções.
Não devem ser real izadas intervenções, sem que primeiro
se pondere todos os r iscos envolvidos, designadamente as
consequências para os objectos, revestimentos decorativos
ou para o ambiente. É importante também veri f icar se os
circuitos eléctricos têm capacidade de suportar a potência
necessária para o funcionamento dos equipamentos a
uti l izar. Em caso de trabalhos com materiais inf lamáveis ou
perigosos devem ser r igorosamente seguidos os
procedimentos de segurança.
Eventos de carácter excepcional: Devem ser tomadas
medidas específ icas de segurança de acordo com os riscos
acrescidos de uma nova uti l ização do edif íc io (eventos de
12
carácter cultural ou outros), a parti r das recomendações
dos serviços de bombeiros ou outras entidades de
protecção e em articulação com as mesmas. Sempre que
necessário, deve-se impedir a real ização nas proximidades
da Igreja de espectáculos pirotécnicos (fogos de arti f íc io,
decoração festiva de fachadas, etc.), porque, para além de
poderem dar origem a incêndios, podem contr ibuir também
para a degradação do próprio edif íc io.
Medidas gerais de prevenção – Regulamento geral de
segurança: O regulamento geral de segurança agrupa
todas as informações relativas à prevenção (Plano de
prevenção) e à actuação em caso de emergência (Plano de
emergência).
O Plano de prevenção inclui a identi f icação do edi f íc io e dos
responsáveis, as plantas de segurança (plantas de cada
piso com indicação dos locais de r isco, dos percursos e vias
de evacuação, da local ização do acervo e dos disposit ivos e
equipamentos de segurança), os procedimentos de
prevenção e os registos de segurança (relatór ios de
vistorias e inspecções, relatórios de ocorrências, de
anomalias detectadas e das acções de formação e
simulacros).
O Plano de emergência contempla a organização em caso de
emergência (organograma com a identi f icação das pessoas
e das suas missões e a l ista de contactos de pessoas e de
insti tuições relevantes), a actuação em caso de emergência
(organização das operações a real izar, designadamente a
activação dos alarmes, a coordenação da evacuação de
pessoas e bens patr imoniais, os cortes de energia e de
combustíveis, etc.), o plano de evacuação (de pessoas e
bens patr imoniais) e as plantas de emergência, af ixadas
nos devidos locais.
O regulamento geral de segurança deve ser actual izado
regularmente e disponibi l izado às autoridades de
segurança.
2. PROPAGAÇÃO
Natureza do edifício: As coberturas em madeira, com ou
sem revest imentos decorativos, tornam os edif íc ios mais
vulneráveis ao fogo. Se não houver qualquer t ipo de
separação entre a cobertura e o interior da Igreja, o fogo,
independentemente do local onde se inic ie, propagar-se-á
rapidamente ao resto do edif íc io.
Acessibil idade, l impeza e manutenção dos espaços: A
fal ta de l impeza ou de manutenção das partes altas e
menos acessíveis do edif íc io e a acumulação de objectos
13
nas áreas secundárias da Igreja, para além de favorecerem
a propagação do fogo, contr ibuem também para dif icultar
ou impedir o acesso dos meios de socorro. Deve, por isso,
real izar-se a l impeza, desimpedimento e manutenção
regular das áreas secundárias e das não acessíveis ao
públ ico. Todo o t ipo de obstrução à circulação inter ior, é
prejudicial à ef icácia da luta contra o sinistro. Deve
promover-se o acesso fáci l às zonas mais al tas do edif íc io,
real izando as acções necessárias para manter as escadas
seguras (em boas condições) e desimpedidas, prevendo
também a colocação de i luminação de segurança. No
decurso destas acções deve procurar-se não deitar fora
indiscriminadamente os objectos, que muitas das vezes já
se encontram em uso por não se encontrarem em bom
estado de conservação ou não são funcionais do ponto de
vista das alterações das reformas l i túrgicas.
É importante que, mediante aconselhamento, se faça uma
selecção cuidada, ponderando o valor ou interesse
patrimonial de cada objecto e a viabi l idade da sua
recuperação ou conservação.
Em caso de sinistro, a presença de objectos (papéis,
cartões, madeiras, contraplacados, etc.) sem qualquer
ut i l idade que ardem faci lmente e de produtos inf lamáveis
como garrafas de álcool, de terebint ina ou de cera para o
chão, em armários ou no exterior, é um factor agravante
que se pode faci lmente evitar. A cera das velas é um
material também inf lamável, pr incipalmente quando em
grandes quantidades. O armazenamento destes produtos
deve ser restringido aos que são verdadeiramente
indispensáveis, reduzindo as quantidades às mínimas
necessárias para assegurar o funcionamento das
actividades em curso. Se possível deve recorrer-se a locais
exteriores para armazenamento de materiais ut i l izados
pontualmente ou providenciar armários que ofereçam as
condições de segurança adequadas.
Sistemas de detecção e combate em caso de incêndio:
É importante que o fogo seja detectado logo no seu início,
para que se possam activar os procedimentos de alerta e
resposta a tempo de impedir danos maiores. Se possível,
para além da vigi lância regular ( inclusive durante o período
em que a Igreja se encontra encerrada ao públ ico) devem
implementar-se sistemas de detecção e alarme eficazes. A
presença de extintores adequados const itui também uma
medida de precaução e uma necessidade absoluta. Deve-se
procurar aconselhamento para a selecção do t ipo e
quantidade de equipamentos necessários, sabendo que o
extintor de água pulverizada (sem adit ivos) é o mais
apropriado para a protecção das obras de arte, mas que é
muito perigoso, por exemplo, em caso de fogo de origem
14
eléctrica. É importante assegurar também a verif icação
regular destes equipamentos de acordo com as suas
especif icações técnicas, a formação do pessoal auxi l iar da
Igreja sobre a sua uti l ização, a real ização de simulacros de
emergência e a cr iação de uma l ista dos contactos
telefónicos de emergência, colocada num local faci lmente
visível e acessível.
Os viz inhos devidamente sensibi l izados e com os devidos
conhecimentos são um auxi l iar precioso para agir em caso
de incêndio. Devem possuir instruções para nestas
situações chamar os meios de socorro, disponibi l izar as
chaves, local izar os objectos de interesse patrimonial ou
fornecer qualquer outro t ipo de informação que possa ser
út i l para os bombeiros quando da sua chegada ao local.
De modo a evitar as perdas de tempo, por di f iculdade de
encontrar o edif íc io ou de aproximação, é importante que a
Igreja esteja devidamente sinal izada e que as vias de
acesso estejam sempre desimpedidas (recorrendo, por
exemplo, à colocação de correntes para demarcação do
espaço exterior mais próximo).
Os bombeiros devem ser informados de previamente,
mediante visi ta ao local, dos acessos (incluindo as
dif iculdades existentes), das característ icas do edif íc io, da
presença de objectos de interesse patrimonial, dos meios
de combate disponíveis (nomeadamente os recursos de
água), abordando também as questões relativas à
segurança contra incêndio, de modo a melhorar as
condições em caso de intervenção de urgência. A acção dos
bombeiros deve ser direccionada para ajudar a evacuar
rapidamente os objectos mais faci lmente transportáveis ou
sensíveis e proteger os outros, no decorrer da intervenção
de socorro.
Em caso de danos provocados pela água nos objectos, deve
ser chamado de imediato um Conservador-restaurador
competente, para dar apoio na fase de salvamento,
orientando relativamente aos procedimentos mais urgentes
para estabi l izar as obras de arte, evitando assim o
agravamento da degradação, até que se possa real izar a
sua recuperação.
Acesso ao interior: Para evitar retardar as acções de
socorro é fundamental que, as chaves estejam acessíveis
de dia e noite ( incluindo períodos de férias), através de
pessoas autorizadas e devidamente identi f icadas
(normalmente são escolhidas pessoas que se encontrem
próximas do local).
15
IV. ÁGUA
PENETRAÇÃO DE ÁGUA E PROBLEMAS LIGADOS AO EXCESSO DE
HUMIDADE
A existência frequente de níveis elevados de humidade no
interior das Igrejas poderá causar danos em alguns dos
objectos. Porém, é frequente que, a maior parte deles já se
encontra de algum modo adaptado as essas condições.
Importa efect ivamente é que essas condições onde eles se
encontram se mantenham estáveis. As acções levadas a
cabo para reduzir a humidade podem provocar alterações
consideráveis no cl ima interno do próprio edif íc io em
detrimento dos objectos. Já o conf inamento do ar em certos
recantos, os problemas de inf i l tração e a permanência de
escorrências ou de condensações general izadas, são
situações que podem representar algum perigo para o
edif íc io ou para a conservação dos objectos e devem, por
isso, ser solucionadas.
1. AVALIAÇÃO DE RISCOS
Riscos gerais: A local ização em zonas com historial de
inundações e a ausência de manutenção do edif íc io, que se
revela na maior parte das vezes por problemas de
isolamento da cobertura ou das aberturas, de drenagem das
águas pluviais e de degradação das canal izações são
situações de r isco que constituem prior idades de
intervenção relativamente à prevenção. Todas as economias
que se f izerem abdicando da manutenção do imóvel têm
custos muito elevados, uma vez que a boa conservação do
edif íc io é determinante para a preservação dos objectos
que contém. As obras de manutenção do edif íc io, quando
necessárias, devem ser real izadas com autorização das
entidades responsáveis, de acordo com as especi f icações
existentes relat ivamente à protecção do patr imónio
edif icado e sob a orientação de prof issionais especial izados
neste t ipo de intervenções. É importante assinalar a
presença de objectos de interesse patr imonial e protegê-los
durante os trabalhos, planeando as intervenções de modo a
prever e minorar os r iscos suplementares (deposição de
poeiras nos objectos, manipulação de materiais ou
utensí l ios na proximidade dos objectos, vibrações ou
choques mecânicos, roubo, etc.).
Manutenção do edifício: Os sistemas de drenagem de
águas pluviais podem ser prejudiciais, se forem mal
concebidos. É importante ter em atenção que, se todas as
águas pluviais forem escoadas para o mesmo sí t io, perto do
edif íc io, esse local pode tornar-se uma área de forte
16
concentração de humidade, bastante mais prejudicial para o
imóvel do que uma distr ibuição uniforme em torno do
edif íc io. Para assegurar o bom funcionamento dos algerozes
e sistemas de drenagem de águas pluviais e evitar a sua
degradação é fundamental real izar regularmente a sua
l impeza e manutenção. Para evitar problemas maiores de
inf i l tração e de colonização biológica responsáveis pela
degradação do edi f íc io devem-se manter as alvenarias e a
cobertura em bom estado de conservação, bem como todas
as janelas, portas, vidraças, vi trais ou outro t ipo de
aberturas, assegurando a sua estanquidade, protegendo
assim as alvenarias subjacentes ou os objectos próximos.
As condutas de água (canal izações para aquecimento,
canal izações de água, etc.) devem ser inspeccionadas
regularmente. A água deve estar fechada sempre que não
for necessária a sua uti l ização.
A presença de restos de materiais ou de canteiros junto aos
muros dos edif íc ios favorece a penetração e retenção de
humidade. Devem evitar-se estas si tuações e recorrer-se à
colocação de vasos ou f loreiras afastados dos edif íc ios bem
como evitar os depósitos abusivos de desperdícios junto
aos edif íc ios.
Arejamento/Ventilação: A abertura das portas da Igreja
para arejamento produz mais efeitos nocivos do que
benéficos (mesmo na Primavera), uma vez que permite a
entrada de insectos e destabi l iza o cl ima interior, causando
danos nos objectos. Devem ser revistos os procedimentos
de uti l ização e manutenção dos espaços interiores, de modo
a evitar todo o t ipo de acções que agravem ou alterem as
condições termohigrométricas interiores, como a abertura
descontrolada de portas e janelas, a lavagem do chão com
excesso de água, etc.
Limpeza: No interior da igreja, a l impeza é uma operação
que requer cuidados especiais, para evitar os danos que daí
podem advir. Antes de inic iar a l impeza é fundamental
veri f icar que se conhecem os procedimentos adequados e se
possuem os meios necessários. A uti l ização de água em
excesso, durante a l impeza no interior, tem efeitos nocivos
para os objectos e revestimentos em madeira. É
estri tamente desaconselhado a l impeza no exterior do
edif íc io com recurso a agulhetas ou mangueiras, uma vez
que a água sobre pressão penetra profundamente no solo e
nas alvenarias, acelerando a sua degradação.
17
2. CONTROLO DE INFILTRAÇÕES E CONDENSAÇÕES
Infiltrações e detecção de presença de água: Ao
mínimo sinal de penetração de água nas coberturas
(telhado), nas estruturas em madeira ou a presença de
escorrências nas paredes inter iores do edif íc io, deve ser
dado o alerta.
É importante proceder a observações periódicas a estes
locais, uma vez que estes factores são responsáveis pela
desestabi l ização do edif íc io, causando danos muito
signi f icativos se não forem tomadas medidas imediatas, de
forma a proceder à correcção das anomalias detectadas. O
avançar do problema e da degradação pode, a curto prazo,
ter consequências catastróf icas e onerosas.
Na maioria dos casos, estas si tuações são de simples
resolução, basta muitas vezes, veri f icar o estado de
conservação do telhado, proceder à simples substi tuição de
telhas part idas ou deslocadas e ainda ao desentupimento
dos algerozes.
É necessário, para além de determinar a origem dos
problemas, veri f icar também os riscos que lhes estão
associados.
A ascensão de humidade nas alvenarias está, muitas vezes,
na origem da degradação dos revestimentos decorativos e
pavimentos em madeira ou dos móveis em contacto directo
com o chão. É importante manter uma vigi lância atenta e
efect iva, evitando que qualquer alteração passe
despercebida e possa, por isso, ter consequências mais
graves. Caso se detecte uma inf i l tração que possa afectar
os objectos, e cuja causa não pode ser suprimida de
imediato, deve providenciar-se a protecção ou deslocação
das obras em perigo. Os objectos que se encontrarem
fragi l izados, não devem ser deslocados sem uma
intervenção prévia real izada por Conservadores –
restauradores competentes.
Condensação: A condensação ocorre quando estão
normalmente reunidas duas condições, objectos ou
superf ícies mais fr ias e um ar particularmente húmido. Esta
situação acontece geralmente no Inverno, quando a
presença de f iéis no interior das igrejas faz aumentar a
humidade interior. É importante estar a atento à ocorrência
de condensações de água na superf ície dos objectos, uma
vez que podem provocar alterações graves nos seus
materiais constitutivos.
18
3. DETECÇÃO DE ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO EXCESSO DE
HUMIDADE
Desenvolvimento de fungos e bolores: A presença de
bolores assinala o excesso de humidade, geralmente
associado à existência de microcl imas em espaços
confinados. Estes são responsáveis pela destruição dos
materiais orgânicos mais frágeis como o papel, o couro, os
têxteis, e outros objectos como pinturas, esculturas
pol icromas e objectos em madeira.
Os fungos e os bolores que atacam a madeira provocam o
seu apodrecimento. Instalam-se nos revestimentos e
móveis em madeira afectada pela humidade proveniente do
solo ou muros, ou sobre as peças de madeira em contacto
com inf i l trações de água. Não só dão origem a danos
irreversíveis, como favorecem a colonização da madeira por
alguns insectos xi lófagos (por ex. o caruncho).
Proliferação de algas: As algas verdes (clorof íceas) são
algas microscópicas que prol i feram em superf ícies muito
húmidas e pouco i luminadas. Uma vez instaladas, as algas
retêm a água e conservam as superf ícies permanentemente
húmidas, acabando por se criar um ciclo vic ioso. A sua
presença é part icularmente prejudicial nas Igrejas que
possuem pinturas murais ou pintura decorativa.
Manutenção do edifício: Os microorganismos (fungos,
algas verdes, etc.) desenvolvem-se mediante a existência
de condições favoráveis. A sua prol i feração é geralmente
indicadora de uma deterioração das condições de higiene do
edif íc io. Controlar estas condições é bastante mais ef icaz
do que destruir os microorganismos, uma vez que,
cessando o seu desenvolvimento se diminuem os riscos de
degradação. Devem por isso ser tomadas medidas
preventivas para impedir que se cr iem condições propícias
à sua prol i feração, assegurando primeiramente a
manutenção do edif íc io e evitando o calor e a humidade
excessivas, podendo, em alguns casos, recorrer também a
uma intervenção curat iva nos objectos afectados.
Intervenção nos objectos de interesse patrimonial: O
tratamento, curativo ou preventivo dos objectos que
apresentam deteriorações causadas por contaminação
biológica deve ser da estr ita responsabi l idade de um
Conservador-restaurador ou sob orientação deste, que pode
proceder a acções e procedimentos adequados conducentes
à sua el iminação. É desaconselhado a uti l ização de
produtos fungicidas nos objectos. Os que se encontram,
normalmente disponíveis no mercado podem ser nocivos
19
para os objectos e pessoas e não terão qualquer ef icácia se
forem mantidas condições de humidade aceitáveis.
Medidas de prevenção: São medidas importantes o
arejamento regular do interior dos armários ou peças de
mobi l iário, a vigi lância dos locais de armazenamento e,
relativamente ao acervo, a deslocação para zonas mais
protegidas, incluindo o afastamento das paredes, das
portas ou janelas e o isolamento do contacto directo com o
chão (elevando as peças com pequenos elementos
estanques). Pode também ser necessária a colocação de
coberturas para a protecção de armários, prateleiras ou
objectos quando se detectam situações de risco.
V. INFESTAÇÃO POR ANIMAIS (INSECTOS, PÁSSAROS E ROEDORES)
Localização geográfica: Qualquer que seja a região, os
insectos, os pássaros e os roedores consti tuem um risco
enorme para o edif íc io e bens móveis.
Sensibil idade do edifício e dos objectos de interesse
patrimonial: No que diz respeito ao edif íc io, as estruturas
que se encontram húmidas ou apodrecidas e, portanto,
mais fragi l izadas são particularmente sensíveis ao ataque
de insectos xi lófagos. As peças têxteis mais antigas, as
pinturas e esculturas de madeira, a talha, os l ivros, os
documentos antigos e as gravuras consti tuem um exemplo
de peças cujos materiais consti tutivos são bastante
sensíveis às infestações. As peças de mobi l iário corrente
podem igualmente constituir focos de infestação
transmissível aos objectos de interesse patrimonial . Como
medida indispensável de prevenção é importante conhecer e
dar a conhecer os objectos cujos materiais são mais
sensíveis às infestações, de modo a exercer uma vigi lância
sistemática, quer se tratem de objectos de interesse
patrimonial, quer de objectos ou peças de mobi l iár io
correntes.
AVALIAR E PREVENIR OS RISCOS
Sem se conhecer a vulnerabi l idade do acervo e dos
seus materiais, as característ icas do edif íc io, o t ipo
de pragas e os procedimentos de r isco não se pode
agir preventivamente e actuar em caso de detecção
de praga.
1. Evitar
Conhecer e minimizar os factores que os favorecem.
Controlar o ambiente, evitando o calor e humidade
excessivos. Controlar as fontes de al imento, evitando a
20
proximidade de áreas onde se encontrem os objectos.
Assegurar a l impeza e a inspecção regular.
Clima interior: Uma humidade anormalmente elevada
(devido a problemas de inf i l tração ou de confinamento
extremo) favorece o desenvolvimento de insectos.
Manutenção: Os insectos e os roedores gostam da
obscuridade e da tranqui l idade: eles prol i feram mais
faci lmente em armários que raramente são abertos ou onde
a manutenção for negl igenciada. As acções de l impeza e
manutenção permitem simultaneamente veri f icar os locais e
objectos para detectar sinais de act ividade ou de alguma
alteração. Deve assegurar-se a l impeza e manutenção
profunda, com regularidade, de modo a prevenir
infestações. É importante também inspeccionar
frequentemente o interior dos móveis e armários e não
deixar acumular objectos inúteis susceptíveis de serem
contaminados ou de contaminarem.
2. Excluir
Impedir a entrada, recorrendo se necessário à colocação de
barreiras. É importante rever a estanquidade de portas,
janelas ou outras entradas do edif íc io, bem como prever
perímetros de segurança, com materiais inertes
relativamente a áreas ajardinadas ou a paredes exteriores
do imóvel.
Entrada de pássaros: Um pássaro pode penetrar através
de ori f íc ios muito pequenos e provocar danos enormes,
inclusivamente nos objectos. A presença de pássaros
mortos favorece a prol i feração de fungos e dos insectos que
os decompõem e se al imentam das suas penas. Deve
assegurar-se a inexistência de vidros part idos, portas ou
janelas em mau estado, vedando todas as entradas
possíveis, recorrendo se necessário à colocação de redes de
protecção nas aberturas. É, frequente a entrada de aves
(andorinhas, pombos) nas igrejas, penetrando através de
frestas ou aberturas nos edif íc ios, vidros de janelas
partidas ou mesmo por uma porta deixada aberta. Uma vez
lá dentro do edif íc io, di f ic i lmente conseguem sair, instalam-
se, acabam por fazer ninhos, e esvoaçam perigosamente,
batendo contra os retábulos, as esculturas, sujando e
dani f icando os objectos com os seus dejectos.
3. IDENTIFICAR
Detectar eventuais infestações, para se poder alertar as
pessoas ou entidades competentes e assim minorar os
danos e evitar a contaminação de objectos próximos.
21
Vigilância/Monitorização: Devem ser real izadas
inspecções periódicas para detecção de infestações por
insectos. É importante proceder-se ao controlo integrado de
infestações, que se baseia na apl icação de métodos não
intrusivos, sem recurso a químicos, de forma a para
prevenir ou minimizar o ataque biológico. Na base deste
programa é importante monitorizar, desencorajar a
presença de pestes e planear estratégias de tratamento.
Para determinar o t ipo, a quantidade, os seus pontos de
entrada e os locais onde permanecem, deve recorrer-se à
colocação de armadi lhas em locais estratégicos,
constituindo também uma medida preventiva.
As armadi lhas devem ser veri f icadas periodicamente, pelo
menos uma vez por vez por mês, e não podem ser deixadas
ao abandono, porque passam elas próprias a consti tuir uma
fonte de al imento. Na primeira fase de monitorização
podem uti l izar-se as armadi lhas colantes/adesivas (para
que não se introduzam substâncias estranhas ou tóxicas) e
mecânicas (roedores).
Infestação da madeira por insectos xilófagos
/caruncho: A infestação por insectos de larva xi lófaga
(por exemplo caruncho) pode gradualmente, levar à
destruição completa dos objectos colonizados, caso esta
seja detectada demasiado tarde. Para averiguar a presença
de insectos em actividade, para além do exame dos locais e
objectos procurando vestígios de serrim recente, dejectos,
pequenos pedaços de madeira, marcas de ori f íc ios novos ou
de galerias sobre as peças, podem ser uti l izadas armadi lhas
(colantes com substâncias atract ivas ou luminosas).
Infestação dos têxteis: Os riscos de ataque por traças ou
por outros insectos destruidores das f ibras têxteis são
particularmente elevados em paramentaria que raramente é
uti l izada, onde se podem desenvolver l ivremente,
agravando-se a situação quando esta se encontra
negl igenciada. Constituem sinais de alerta a presença,
junto às peças têxteis, de casulos, restos de mudas,
dejectos, insectos mortos ou adultos (traças ou pequenas
borboletas brancas) ou ainda quando se observa,
directamente nas peças, a existência de desgaste
superf icial ou de pequenos ori f íc ios. Em caso de infestação,
as peças contaminadas devem ser isoladas do restante
acervo e colocadas num invólucro de plástico (se o têxti l se
encontra húmido é importante, em primeiro lugar, que este
seque naturalmente, para evitar o desenvolvimento de
fungos/bolores). As peças de interesse patrimonial devem
ser tratadas sob orientação de um Conservador-
restaurador. Nos têxteis de uso corrente pode intervir-se
directamente, real izando, sob observação atenta, a l impeza
com pincel macio e pinça (para uti l ização pontual), de
modo a el iminar os vestígios da presença de infestação sem
22
danif icar a peça. O risco de infestação diminui
consideravelmente com a l impeza periódica dos arcazes,
das gavetas, armários.
Infestação do papel: Os lepismas, vulgarmente
conhecidos como “peixinhos de prata” e os psocopteros ou
“piolhos dos l ivros” colonizam faci lmente o papel e as
encadernações húmidas. Os danos são normalmente lentos,
mas podem agravar-se quando a sua prol i feração é
considerável. São sinais de alerta em primeiro lugar o
aparecimento de desgaste superf icial no papel e
posteriormente a presença de pequenos ori f íc ios ou galer ias
ao longo das superf ícies. As larvas dos pequenos carunchos
que colonizam normalmente a madeira podem provocar
também danos importantes sobre os l ivros e documentos. A
melhoria das condições gerais de conservação é a melhor
maneira de prevenir as infestações do papel. Recomenda-se
a l impeza dos locais de armazenamento e dos armários, a
diminuição do conf inamento ou excesso de humidade, a
vigi lância s istemática com i luminação adequada e a l impeza
superf icial do pó dos l ivros ( lombada e parte superior)
real izada com cuidado e suavidade.
Infestação do edifício por roedores: Durante a
inspecção devem procurar-se dejectos de roedores ou
qualquer outro sinal da sua presença (tecidos cortados ou
roídos, restos de ninhos, etc.). Se for detectada a sua
existência deve recorrer-se preferencialmente a armadi lhas
em detrimento da ut i l ização de veneno, uma vez que os
cadáveres em decomposição favorecem a prol i feração de
insectos.
4. RESPONDER
Aval iar o problema e a sua extensão. Identi f icar as
prioridades, def inir estratégias e mobi l izar os recursos
existentes.
Conhecer os procedimentos adequados: Em caso de
infestação activa nos objectos de interesse patrimonial
deve-se recorrer a Conservadores-restauradores para o seu
tratamento ou aconselhamento técnico. Os objectos
contaminados devem ser imediatamente isolados do
restante acervo. Mediante a detecção de problemas de
infestação deve-se procurar agir não só relativamente aos
objectos, mas também relativamente às causas que lhe
deram origem, tomando as medidas necessárias para as
resolver ou controlar a curto e médio prazo.
23
VI. SISMOS
Os sismos são responsáveis por diversos danos, sendo que
a maior parte dos acidentes resultam do desmoronamento
dos edif íc ios (colapso parcial ou total) e da queda de
objectos ou destroços. O perigo pode ser ainda agravado
por uma série de danos colaterais, como o def lagrar de
incêndios, a obstrução de acessos, a inexistência de
sistemas de alarme e de comunicação e pela destruição por
intrusão e vandal ismo. Perante a ocorrência de um sismo é
necessário agir com rapidez e sangue fr io, evitando
situações de pânico. No entanto, existem procedimentos
fundamentais que é importante conhecer e cumprir, para
que se possam efectivamente minorar os danos inerentes a
este t ipo de desastre.
1. AVALIAÇÃO DE RISCOS
Vulnerabilidade do edifício e acervo: É fundamental
determinar a vulnerabi l idade do edi f íc io e dos bens
patrimoniais que contém, considerando a frequência de
ocorrência de sismos na região ou área onde se encontra o
edif íc io - a Igreja e a fracção do acervo em risco.
Relativamente ao edif íc io é importante veri f icar a sua
resistência e prever a real ização, se necessário, de
intervenções de reforço e de consol idação estrutural.
Vigilância: Deve inspeccionar-se regularmente o edif íc io
para detecção de elementos soltos, instáveis ou em risco,
que possam consti tuir um perigo para as pessoas ou
objectos, incluindo também a vistoria dos sistemas
eléctricos e condutas de água, para reduzir a possibi l idade
de r iscos secundários. Deve providenciar-se a real ização
das devidas reparações.
2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO
Plano de segurança: Devem ser previstas medidas de
segurança em caso de ocorrência de um sismo, que
contemplem a actuação em caso de emergência, como o
desl igar da água, gás e electr icidade. Consti tui também
uma prioridade manter acessível, junto ao telefone, uma
l ista actual izada de contactos de emergência, inclusive os
de fora da região.
Protecção dos objectos: Para diminuir os r iscos de dano,
os objectos devem estar dispostos preferencialmente nos
locais mais seguros. As estantes ou elementos de
sustentação devem estar devidamente f ixos.
24
Sempre que os objectos não estão a culto devem ser
guardados, tendo em consideração que os mais pesados ou
volumosos f icam mais protegidos quando colocados mais
perto do nível do chão.
Como medida de prevenção devem ser deslocados para
outro local todos os objectos que possam sofrer danos por
impacto de outros elementos. Do mesmo modo é importante
evitar a colocação de demasiados objectos num mesmo
armário ou vitr ina.
VII. MANUTENÇÃO DOS LOCAIS E CONSERVAÇÃO DOS OBJECTOS
As práticas que envolvem os objectos no quotidiano mais
ou menos frequente, desde a sua apresentação, uti l ização e
manutenção repercutem-se na sua conservação e
condicionam a sua preservação futura. A prudência em
presença dos objectos, a vigi lância dos locais e dos bens, a
adopção de medidas de conservação, o alerta relativamente
a procedimentos incorrectos, o incentivo a uma participação
concertada e ef icaz das comunidades e dos interlocutores
responsáveis pela conservação dos bens culturais são,
entre outras, acções urgentes e indispensáveis para a uma
protecção real e efect iva do patr imónio histórico e art íst ico,
sobretudo em matéria de prevenção.
1. QUESTÕES GERAIS
Identificação e localização dos objectos: A vigi lância e
a protecção do patr imónio é tanto mais ef icaz, quanto
melhor se conhecer esse património. É importante que o
acervo esteja devidamente inventariado e documentado
para que se consiga detectar atempadamente o seu
desaparecimento, dar indicações para a sua procura ou,
posteriormente, identi f icá-lo correctamente.
25
Caso não exista, deve ser criado um dossier, actual izado
regularmente, contendo a seguinte documentação:
• A planta da Igreja com a local ização datada de cada
objecto;
• O registo fotográfico actual izado de cada uma das
peças, bem como uma f icha de identi f icação com a
descrição completa das suas característ icas;
• Documentos complementares (fotografias, art igos…);
• A l ista dos nomes e coordenadas das pessoas impl icadas
na manutenção e vigi lância corrente da Igreja
(detentores de chaves, responsáveis da l impeza…);
• A l ista dos nomes e coordenadas dos di ferentes serviços
e intervenientes (de conservação, de arquitectura,
comissão diocesana de arte sacra, etc.);
• Indicações precisas em caso de roubo de um objecto
(redigidas em consonância com as directrizes das
entidades competentes);
• Cópias da l ista de objectos de interesse patr imonial e da
documentação de interesse relativa à conservação do
edif íc io e dos objectos. Os documentos or iginais devem
ser mantidos num arquivo, num local seguro e de
preferência num outro edif íc io.
Regulamentação: O património cultural é objecto de uma
série de regulamentações que é úti l e importante conhecer
para melhor assegurar a sua salvaguarda.
Colaboração: A falta de contacto ou de colaboração entre
os di ferentes intervenientes compromete o pôr em prática e
o seguimento das acções de salvaguarda do patr imónio das
Igrejas.
2. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO
Manutenção dos locais: A l impeza e manutenção
esporádica ou irregular dos espaços põe em risco os
objectos. Os locais negl igenciados encorajam os vis itantes
menos bem intencionados, acumulam-se materiais inúteis
que podem contr ibuir para propagação de um incêndio,
propiciam o desenvolvimento de pragas e encobrem vários
perigos que, pela falta de vigi lância, não são muitas vezes
detectados a tempo.
Deve assegurar-se a organização e continuidade de acções
de l impeza e manutenção e a existência dos meios
26
necessários, garantindo, deste modo, a sua ef icácia. É
importante também que a comunidade seja sensibi l izada
relativamente aos cuidados mais elementares como por
exemplo não fumar, não comer, nem deitar l ixo para o
chão.
A l impeza do pavimento deve ser real izada com varredores
de pano (t ipo mopa®) ou com aspirador (preferencialmente
aspiradores munidos com f i l tros que retenham ef icazmente
as partículas, ex. f i l tros Hepa®). Não devem ser uti l izadas
as vassouras tradicionais, para evitar o levantamento de
poeiras, que se i rão depositar sobre os objectos expostos.
A lavagem deve ser real izada com pouca água, sem uti l izar
detergentes ou recorrendo apenas a detergentes neutros,
deixando no f inal o pavimento seco. A lavagem de vidros de
janelas e vi tr inas deve também ser efectuada com água,
seguida de secagem.
Conservação dos objectos de interesse patrimonial:
Nas decisões ou acções que digam respeito aos próprios
objectos deve ter-se a máxima prudência. A simples
deslocação do objecto, ou mesmo qualquer tentativa de
reparação confiada a pessoas não qual i f icadas pode ter
consequências nefastas. A l impeza do pó, uma operação
que à primeira vista pode parecer simples e inócua, pode
provocar alterações i rreversíveis, quando a peça se
encontra frági l ou com problemas de destacamento, o que
nem sempre é fáci l de detectar.
Recomendações:
- Não se deve l impar o pó a obras pol icromadas ou
douradas. Podem l impar-se as poeiras com espanadores,
tr inchas ou pincéis macios em objectos ou móveis em
madeira não pol icromada, em superf íc ies de pedra (se esta
não est iver pulverulenta) e em l ivros ou documentos que
não se encontrem fragi l izados. À medida que se for
real izando a l impeza, para evitar a deposição destas
poeiras noutras superf ícies, deve-se recorrer
s imultaneamente a um aspirador regulado para uma sucção
fraca, colocado a uma distância mínima de segurança da
obra (não inferior a 20 cm). Como precaução deve colocar-
se uma rede ou gaze de protecção no bocal do aspirador,
para evitar que algum fragmento possa ser aspirado
inadvertidamente.
- Nunca se devem lavar objectos em pedra com
detergentes, ácidos ou l ix ívia, uma vez que a pedra é
porosa e muito sensível à acção de certos produtos que a
podem dissolver ou torná-la pulverulento com o decorrer do
tempo.
27
- As peças de ourivesaria podem ser l impas, de preferência,
com panos secos e macios. Nunca se deve recorrer à
uti l ização de materiais ou produtos abrasivos.
As peças simples (galhetas, bandejas, salvas, etc.) podem
ser lavadas com água e detergente neutro, desde que
sejam bem secas de seguida. No caso de usar produtos
comerciais de l impeza (cuja composição se desconhece,
mas que certamente contêm produtos abrasivos) deve
assegurar-se a sua total remoção no f inal.
No seu manuseamento devem ser uti l izadas, sempre que
possível, luvas de algodão, para proteger as peças da
gordura, suor, ácidos fracos e sais l ibertados pelas mãos.
Para além de sujarem os objectos, estes compostos podem
causar a corrosão de metais, podendo mesmo danif icá-los.
- Os têxteis antigos não devem ser lavados. Só um
Conservador-restaurador especial izado poderá decidir e
real izar as intervenções necessárias para a conservação
destas peças. Não se deve também bater, nem sacudir as
peças têxteis para remover a poeira depositada, uma vez
que as f ibras mais fragi l izadas não resist irão. Para arejar
as peças evite colocá-las directamente sob a acção da luz
solar. As peças húmidas devem ser secas naturalmente ao
ar, afastadas de qualquer fonte de calor. Nas peças têxteis
que se encontrem em bom estado, pode ser real izada a
l impeza de poeiras, desde que efectuada de modo suave e
com cuidado, recorrendo a uma trincha ou pincel macio.
Durante o processo de l impeza deve recorrer-se a um
aspirador de sucção fraca e controlada, para el iminar as
poeiras e evitar a sua deposição noutros locais. Pode
eventualmente como medida de segurança recorrer à
uti l ização de um tule, de forma a minimizar o efei to de
sucção nas f ibras dos tecidos.
- Os vitrais não devem ser l impos com produtos de l impeza
para vidros, porque na maioria das vezes, na sua
composição estão presentes produtos que causam
alterações e que os dani f icam.
- As pinturas murais não devem ser l impas, nem escovadas,
sem o aconselhamento técnico de um Conservador-
restaurador, uma vez que dependendo do seu estado de
conservação o simples contacto pode alterá-las
gravemente.
28
Recomendações gerais:
• Deve evitar-se que a colocação de velas ou f lores
interf i ra directamente com as peças, impedindo
qualquer t ipo de contacto entre elas.
• Não se deve considerar um objecto de interesse
patrimonial como irremediavelmente perdido, sem
pedir aconselhamento a um profissional competente.
• A l impeza de poeiras ou suj idade depositada só deve
ser real izada em peças que não se encontrem
fragi l izadas, de modo a evitar o agravamento do seu
estado de conservação. Deve também ter-se bem
presente que raramente a l impeza do pó constitui
uma situação de urgência absoluta e que uma má
intervenção pode destruir a obra i rremediavelmente.
• Para evitar danos graves ou irreversíveis nos
objectos e revestimentos decorativos não se devem
uti l izar água, produtos de l impeza comerciais, ceras,
decapantes, colas ou quaisquer outros produtos cujo
efei to relativamente à conservação das obras se
desconhece.
• Só devem ser permit idas intervenções (de l impeza,
de consol idação, de conservação ou outras) em
objectos de interesse patrimonial, quando real izadas
por prof issionais de conservação e restauro
qual i f icados ou sob a sua supervisão –
Conservadores-restauradores.
• Deve garantir-se o acompanhamento regular do
acervo, através da real ização de inspecções de rotina
para detectar a existência de qualquer alteração.
29
3. EXPOSIÇÃO (CULTO), UTILIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS
PEÇAS
Recomendações gerais:
Iluminação –
A fruição das obras de arte está dependente de uma visão
adequada. Sabendo que não se pode el iminar a luz e que
esta degrada sempre, importa controlar não só a sua
intensidade, como também o tempo de exposição, evitando
situações de i luminação intensa e contínua e de incidência
de luz natural directamente sobre os objectos. Deve
considerar-se a possibi l idade de alternância dos objectos
mais sensíveis à luz (bandeiras de procissão, paramentaria,
l ivros e documentos gráf icos…) e de protecção dos mesmos
com uma cobertura em tecido ou caixa, quando a Igreja se
encontra fechada.
Quando não se consegue evitar a incidência de luz solar
directa sobre as peças, deve-se providenciar a colocação de
cortinas de pano-cru ou cortinas t ipo Sun Screen®
(uti l izadas em museus, reduzem a intensidade luminosa e
f i l tram os raios UV) nas janelas ou aberturas com vidro. É
importante também l imitar a i luminação dir igida sobre os
objectos para os evidenciar.
Clima –
Variações bruscas de temperatura ou de humidade ou
situações de humidade excessiva são factores de risco para
a conservação das colecções, dos acervos. Se os objectos
se encontram em bom estado de conservação ou se não
lhes for detectado qualquer dano ou agravamento da
deterioração devem tentar manter-se as condições, onde se
encontram e evitar todas as acções que agravam ou
alteram bruscamente as condições interiores. Para além das
já referidas anteriormente é importante evitar o
aquecimento excessivo e a criação de ambientes arti f ic iais
dif íceis de manter e que consti tuem um perigo para a
preservação do acervo.
Para objectos mais sensíveis, que se veri f iquem estar em
perigo, recomenda-se a criação de condições particulares
(microcl imas), recorrendo por exemplo à colocação desses
objectos em vitr inas. É importante também manter os
objectos afastados de fontes de calor, de zonas de
penetração de água, evitando o contacto directo destes com
as paredes ou solo.
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Manipulação dos objectos – Se o manuseamento é
indispensável deve-se:
• Em primeiro lugar arrumar o local para depois poder
dispor os objectos;
• Verif icar o estado de conservação do objecto,
garantindo que o manuseamento não põe em risco a
sua integridade f ísica. Em caso de objectos que
apresentem fragi l idade e necessidade de
consol idação, deve recorrer a apoio especial izado,
antes de proceder a qualquer deslocação;
• Uti l izar luvas de algodão para evitar o contacto
directo com os objectos;
• Prever o número de pessoas sufic iente para deslocar
o objecto em função do seu peso;
• Definir o trajecto, desimpedir as saídas e vias de
acesso, assegurando que as dimensões da peça não
criam constrangimentos durante a passagem;
• Ter especial atenção aos pontos de apoio. Não segurar
os objectos pelos elementos frágeis ou sal ientes
(por exemplo: cabeça ou braços de uma escultura);
• Não transportar vários objectos ao mesmo tempo.
Suspensão e fixação – Deve vigiar-se permanentemente o
estado dos suportes e dos sistemas de f ixação, para se
poder agir o mais rapidamente possível em caso de
oxidação ou de degradação dos elementos de f ixação.
As acções de suspensão e de f ixação comportam riscos e
devem por isso ser real izadas ou orientadas por
prof issionais competentes, de modo a não pôr em perigo os
objectos. Devem ser aqui, igualmente, consideradas as
questões relat ivas à segurança das obras.
Identificação dos objectos – A identi f icação do objecto
(ou nº de inventário) não deve ser colocado sobre zonas de
pol icromia ou sobre zonas demasiado evidentes ou expostas
da peça, mas sim em zonas discretas, como o verso ou na
parte inferior da base.
Não devem ser coladas etiquetas ou apl icados quaisquer
outros t ipo de marcações directamente sobre os objectos.
Proceda da seguinte forma: em primeiro lugar proteja uma
pequena área da superf ície do objecto com uma camada de
verniz (reversível e de baixa penetração), só depois poderá
real izar a marcação e posteriormente proceder à sua
protecção com nova camada de verniz.
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No caso de peças têxteis: a marcação deverá ser fei ta
numa pequena f i ta de nastro f ixa posteriormente numa
extremidade da peça com dois pontos de l inha. Os l ivros ou
documentos em papel devem ser identi f icados no verso a
lápis de graf i te. Caso se pretenda uma marcação mais
def ini t iva, esta deverá ser colocada no verso com um
carimbo de preferência seco ou uma tinta adequada (t inta
da china), que não migre e não dani f ique a obra.
Escultura: As esculturas devem estar perfeitamente
estáveis e os suportes em bom estado de conservação.
Deve assegurar-se que os suportes, pl intos ou prateleiras
para peças a culto têm as dimensões e resistência
adequadas para não as colocar em perigo. Não se devem
colocar num mesmo espaço demasiadas peças, para que
não hajam constrangimentos mecânicos ou problemas no
que diz respeito à segurança.
É importante também impedir o contacto directo das peças
com as alvenarias circundantes, para evitar os r iscos de
contaminação, como o aumento do seu teor de humidade e
consequente fragi l ização ou a penetração de sais solúveis
na pedra ou na terracota. Se necessário, devem-se colocar
materiais isolantes ou protectores nas bases ou áreas de
contacto.
A f ixação de uma escultura não deve ser fei ta apenas num
único ponto, para que não haja r iscos para o objecto e
eventualmente para o públ ico, em caso de ruptura, e ainda
para evitar a existência de uma tensão local izada
excessiva. A f ixação da base e também do verso da
escultura constitui uma medida de segurança e prevenção.
Por outro lado, deve ter-se em atenção que os elementos
de f ixação devem ser estáveis ( isentos de oxidação), para
que não percam a sua resistência, devendo ser colocados
de modo a não provocar danos nas peças.
Deve evitar-se o armazenamento das peças em áreas de
passagem (de modo a evitar eventuais de choques
mecânicos), em espaços confinados ou em locais de
correntes de ar. Como protecção do depósito de poeiras e
de suj idade deve-se colocar sobre as esculturas uma
pel ícula de pol iéster transparente Melinex® (pel ícula
resistente, neutra, química e f is icamente estável, que não
contém plasti f icantes), permitindo assim o acesso visual à
peça. Deve manter-se a vigi lância e acompanhamento
regular do acervo, de modo a detectar rapidamente
qualquer t ipo de alteração.
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Livros e documentos em papel: O papel é sensível à
humidade e à luz. As encadernações dos l ivros antigos
sofrem tensões consideráveis se permanecerem sempre
abertas, dando origem a deformações. As páginas mais
expostas podem também descolorar progressivamente.
Muito faci lmente este t ipo acervo adquire manchas ou sofre
outros t ipos de deterioração mecânica e química, através
do manuseamento sem precauções ou do acondicionamento
descuidado. Os l ivros l i túrgicos a culto devem ser
manuseados com cuidado e devem manter-se fechados,
sempre que não estiverem a ser uti l izados.
Os l ivros e documentos gráf icos que não estão a culto
devem ser manuseados com luvas de algodão, prevendo um
suporte plano para os examinar ou deslocar. Devem ser
guardados em armários fechados, protegidos da humidade e
das poeiras, colocados em invólucros ou caixas próprias
que os mantenham fora do contacto com materiais ácidos
(madeira, cartões vulgares, etc.) ou nocivos (aglomerados,
etc.). Caso não existam estes recursos, deve forrar-se as
estantes com papel branco ou tecido de algodão
previamente lavado, o que constitui também um auxil iar na
detecção da presença de pragas, manchas de humidade,
fungos (bolores) ou outras alterações.
Os l ivros devem ser colocados nas prateleiras prevendo o
espaço necessário para que possam ser ret irados
faci lmente, pegando simultaneamente pela lombada e parte
superior.
Os documentos avulso (folhas escri tas ou impressas,
gravuras, registos, etc.) depois de devidamente
identi f icados, devem ser guardados em maços pouco
volumosos, separados entre si por folhas de papel branco
neutro.
Não se devem uti l izar agrafos, cl ipes, f i tas adesivas,
elásticos ou al f inetes. Se estes já se encontram sobre os
documentos, devem ser removidos com muito cuidado de
modo a não danif icar ou rasgar o papel, uma vez que
podem oxidar e/ou degradar-se e pôr em risco a
preservação das peças. É importante manter uma vigi lância
atenta e uma l impeza cuidadosa dos espaços de
armazenamento e do acervo.
Mobiliário: Entre os objectos de mobi l iár io existentes nas
igrejas podemos refer ir os arcazes normalmente situados
nas sacrist ias, mesas, estantes de missal, cadeiras ou
bancos, púlpito, cadeirais e ainda instrumentos musicais,
órgãos ou outros.
Desde que se encontrem em bom estado de conservação os
instrumentos musicais devem ser tocados regularmente, em
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ocasiões especiais e com os devidos cuidados. A sua boa
uti l ização constitui a melhor garantia para a salvaguarda
destas peças, contribuindo para a sua boa manutenção.
Deve, contudo, controlar-se o acesso à tr ibuna, impedindo
a presença de pessoas não autorizadas ou a real ização de
acções inadvertidas, de modo a evitar qualquer r isco de
contacto dani f icador.
Para a real ização de trabalhos na Igreja deve procurar-se
aconselhamento sobre a forma mais adequada de protecção
deste t ipo de peças.
Os móveis devem ser mantidos afastados das paredes e
preferencialmente deve evitar-se o contacto directo com o
solo, uti l izando para isso elementos isolantes (como por
exemplo placas de acr í l ico), com espessura não infer ior a 2
cm, colocados sob os pés ou elementos de apoio. As peças
devem ser também devidamente protegidas de eventuais
choques mecânicos, salvaguardando-as em áreas de
passagem, inclusivamente durante a própria l impeza do
espaço.
Não se devem apl icar ceras ou quaisquer outros produtos
de protecção e/ou hidratação sem aconselhamento de um
Conservador-restaurador especial izado.
As peças de mobi l iár io armazenadas devem ser protegidas
por uma pel ícula de pol iéster transparente Melinex®. É
importante que se veri f iquem regularmente todas as peças,
quer estejam ao culto ou armazenadas, para detectar
infestações ou problemas estruturais, perdas e danos (as
dobradiças e partes móveis, a existência de elementos
soltos ou instáveis ou qualquer al teração).
Ourivesaria: As peças de ourivesaria são sensíveis a
diversos factores como as condições ambiente, os danos
f ís icos causados por impacto e ainda a certas substâncias
l ibertadas pelos materiais e agentes poluentes. Para evitar
que se deteriorem as peças de ourivesaria não devem ser
guardadas em contacto directo com a madeira ou em
armários/prateleiras de metal. Como medida de protecção
podem ser colocadas sobre vidro ou acrí l ico ou uti l izar
tecido de algodão branco (previamente lavado) para o seu
correcto acondicionamento. Devem estar protegidas do
depósito de poeiras, armazenadas em locais em que a
humidade relativa não seja muito elevada. Desde que
existam, devem uti l izar-se para acondicionamento os seus
estojos originais.
As peças devem ser dispostas sem que haja
constrangimentos de espaço entre elas, para que possam
ser devidamente manipuladas sem choques. É importante
guardá-las em locais seguros, separando, nos armários, as
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que se encontram a uso, das que já não são uti l izadas no
culto. Devem ser manuseadas com cuidado, uti l izando luvas
de algodão (devidamente l impas).
Pintura: As pinturas podem danif icar-se se estiverem em
contacto directo com as paredes. Quando existe pouco
espaço de separação entre as pinturas e as paredes, os
fungos (bolores) e os insectos rapidamente se instalam
nesses espaços confinados e obscuros. Por outro lado, uma
suspensão demasiado incl inada favorece a acumulação de
poeiras e suj idade, para além de poder provocar
deformações no suporte em tela. Elementos de suspensão
muito oxidados e cordas gastas ou apodrecidas colocam
também em perigo as pinturas.
As pinturas cuja lei tura se encontra alterada ou se perdeu
grandemente são muitas vezes reti radas e armazenadas de
forma negl igente, contribuindo para agravar a sua
degradação, impossibi l i tando posteriormente a sua
recuperação. É importante que as pinturas sejam guardadas
em locais adequados (por ex.: numa pequena sala l impa e
arejada).
Existem alguns procedimentos para o seu correcto
armazenamento:
• Devem ser colocadas com um afastamento não inferior a
5 cm da parede, mantendo assim uma “caixa-de-ar” que
garanta o arejamento necessário.
• Devem estar pouco ou nada incl inadas, f ixas por 4
elementos resistentes e em bom estado, dois em cima,
sobre os lados da pintura, e dois em baixo em forma de
L deitado, para evitar que desl ize para a frente1.
• As pinturas devem ser dispostas verticalmente,
devidamente apoiadas ou encostadas (frente com frente
e costas com costas, agrupando-as por t ipo de suporte),
sem excesso de peso ou tensão entre elas, protegidas
individualmente com uma espuma de pol ieti leno Cel l-
Aire® (estável e inócua).
• Se a pintura não possuir grade, a tela pode ser enrolada
posicionando a camada cromática para fora, colocando
papel (acid-free ou neutro) a protegê-la.
• Para além dos cuidados relativamente à i luminação,
onde se sal ienta o evitar da incidência de luz solar
directamente sobre as pinturas, é importante não as
colocar junto a fontes de calor, em locais de correntes
de ar ou espaços muito húmidos, protegendo-as de
eventuais choques mecânicos.
1 O sistema de fixação a utilizar vai depender do tamanho e do peso da pintura.
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Têxteis:
As igrejas possuem normalmente um acervo importante em
peças têxteis, nomeadamente peças de paramentaria
(casulas, estolas, manípulos, dalmáticas, etc.),
indumentária de igreja, al faias l i túrgicas de culto pr ivado,
tecidos e bordados (véus de sacrário, véus de ombros)
coberturas, panos e peças integradas em objectos de outras
categorias (frontais de altar), colchas, rendas,
Passamanaria (galões, franjas e cordões) entre outros.
É importante lembrar que os tecidos são peças muito
frágeis, constituídas por materiais como sedas, veludos,
bordados a f ios metál icos, que sofrem signi f icativas
alterações cromáticas, perdendo faci lmente as suas cores
se permanecem muito tempo expostos à luz. Para evitar
que se mantenham a culto em permanência e que sofram
danos, estas peças não devem ser ut i l izadas
permanentemente e quando em exposição devem-se prever
períodos de tempo curtos e, sempre possível , contemplando
a alternância de peças.
As peças suspensas (por ex. tapeçarias, colchas) devem
manter-se afastadas do contacto com as alvenarias e o seu
peso deve ser devidamente apoiado e distr ibuído, para
evitar a existência de tensões que possam fragi l izar as
f ibras têxteis e contribuir para que se rompam e se
dani f iquem.
As peças que não se encontram a culto devem ser
manuseadas usando luvas de algodão e como forma de
protecção do depósito de poeiras, deve ut i l izar-se tecido de
algodão branco, por exemplo pano-cru ou de “pano de
lençol” (algodão), previamente lavado para remoção dos
produtos de acabamento (goma).
Os têxteis de valor patrimonial (vestes l i túrgicas, interiores
e exteriores, e seus acessórios, guarnições de altar, entre
outros) devem ser conservados na horizontal . Para os
arrumar devidamente, nada melhor que uti l izar os arcazes
ou os armários existentes, em muitas sacr ist ias, e que na
maioria das vezes se encontram totalmente
desaproveitados, repletos de papéis de jornal, restos de
ceras de velas já usadas e ainda com inúmeros restos de
tecidos e produtos de l impeza.
Os arcazes são fabricados, normalmente, em madeiras de
boa qual idade e na sua origem foram concebidos com o
objectivo de acondicionar os paramentos. Como medida de
prevenção, estes móveis devem estar tanto quanto possível
afastados das alvenarias exteriores.
Em primeiro lugar é importante veri f icar o estado de
conservação do arcaz ou armário (ver por exemplo se
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existem sinais de ataque biológico, e qual a resistência do
fundo das gavetas e/ou a estabi l idade das prateleiras).
Antes de poder acondicionar as peças deve ter-se o cuidado
de efectuar a l impeza do interior das gavetas, revestindo o
fundo das gavetas, prateleiras ou tabuleiros com papel
neutro ou tecido de algodão branco.
É importante ter em atenção alguns cuidados como:
• Evitar a sobreposição excessiva e desordenada de
peças;
• Ter em atenção a sua forma (não se devem sobrepor
peças com ornamentos sal ientes) e peso (as mais
pesadas são as primeiras a serem colocadas,
sobrepondo depois as mais leves).
• Evitar dobrar as peças. Caso não seja possível, estas
devem ser acondicionadas acompanhando as dobras com
pequenos enchimentos em papel neutro ou de tecido de
algodão branco, uti l izando estes materiais também para
separar as peças entre si.
Se necessário, as peças têxteis de pequenas dimensões
podem ser enroladas em tubos de pol iet i leno (ou tubos de
PVC ou de cartão, desde que forrados com tecido de
algodão branco, para evitar o contacto directo com a peça),
protegendo-as com papel neutro ou tecido de algodão
branco e f ixando no f inal com f ita de nastro.
O acondicionamento vertical é apenas recomendado para
peças têxteis em bom estado de conservação. Deve-se
evitar aqui a sobreposição e acumulação de peças,
colocando apenas uma peça por cabide. A estrutura do
cabide, de madeira ou outras, deve ser forrada com f ibra
de pol iéster Dracalon® e revest ida com tecido de algodão
branco de modo a f icar com a forma adequada e fornecer o
apoio necessário para suspender a peça, sem a pôr em
risco.
No caso de exist i r uma importante colecção de têxteis de
valor patrimonial deve-se ponderar a possibi l idade de
real izar um móvel à medida, adaptado às necessidades de
conservação deste t ipo de acervo. Deve-se pedir
aconselhamento relat ivamente às característ icas do móvel e
dos materiais a uti l izar, para que não representam nenhum
perigo para as peças.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos tempos alguns dos bens patrimoniais
presentes nas igrejas tem vindo a deixar de serem
uti l izados (confessionários, teias, etc.), porque muitos
deles perderam a sua funcional idade ao serviço da l i turgia
actual. Porém, o patr imónio da Igreja conserva sempre um
valor histórico e artíst ico, e a perda do seu carácter
funcional não deve levar nunca levar a at i tudes
negl igentes. A deslocação, desmembramento, degradação
progressiva ou a intervenção irref lectida potencia o
desaparecimento destes testemunhos. Esses bens
patrimoniais fazem parte da história da igreja e da nossa
memória cultural e devocional.
Cada bem cultural é único e portador duma mensagem que
nos compete legar às gerações futuras. A sensibi l ização e
responsabi l ização relativamente à salvaguarda do
património consti tui um dever e uma atitude sensata, quer
se trate de objectos l istados/inscritos ou classi f icados ou
de outras obras de arte de interesse.
Cabe-nos um papel fundamental no que diz respeito à
prevenção de r iscos.
Nunca é demais lembrar que a intervenção directa sobre os
objectos, só deve ser real izada por Conservadores-
restauradores, com formação académica superior em
Conservação e restauro.
A intervenção em bens patrimoniais deve reger-se pelo
pleno respeito pela integridade f ís ica dos objectos,
sustentada em por princípios de ét ica e deontologia
Consubstanciando uma atitude vigi lante permanente,
sempre que se detectar alguma alteração no estado de
conservação do acervo deve ser de imediato dado o alerta e
pedido aconselhamento às entidades competentes
relativamente ao levantamento/diagnóstico dos problemas
existentes, que, por sua vez, os anal isarão e indicarão os
prof issionais com os requisi tos necessários para os
solucionar.
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VIII. BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
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Conservation Préventive – Gestion et contrôle des
col lections”, Off ice de coopération e d’ information
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musées”, Musées des techniques e cultures comtoises,
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Patr imoine Art ist ique XXI, Bruxel les, 1986/87.
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