UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf ·...

65
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJUNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CTTMar PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL MARIANA LOPES GONÇALVES AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES PARA A CONSERVAÇÃO DE AVES LIMÍ COLAS MIGRATÓRIAS NO LITORAL CENTRO- NORTE DE SANTA CATARINA, BRASIL. Itajaí, SC Julho de 2016

Transcript of UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf ·...

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CTTMar

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

MARIANA LOPES GONÇALVES

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES PARA A CONSERVAÇÃO DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NO LITORAL CENTRO-

NORTE DE SANTA CATARINA, BRASIL.

Itajaí, SC

Julho de 2016

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

MARIANA LOPES GONÇALVES

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES PARA A CONSERVAÇÃO DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NO LITORAL CENTRO-

NORTE DE SANTA CATARINA, BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Orientador: Dr. Marcus Polette

Itajaí, SC

Julho de 2016

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa da área de estudo: Brasil (A), Santa Catarina (B), litoral centro-norte (C), orlas dos municípios de Barra Velha (D), Itajaí (E) e Tijucas (F). ................................................... 17

Figura 2 Caracterização da região litorânea de Barra Velha, Santa Catarina........................ 19

Figura 3 Caracterização da região litorânea de Itajaí, Santa Catarina. .................................. 20

Figura 4 Caracterização da região litorânea de Tijucas, Santa Catarina. .............................. 22

Figura 5 Áreas de estudo com polígonos aproximados da abrangência do levantamento de aves costeiros no do litoral centro-norte de Santa Catarina, Brasil. ......................................... 23

Figura 6 Indivíduos adultos de gaivotão (Larus dominicanus), fotografados no mês de junho, próximos a foz do rio Tijucas, durante o levantamento da avifauna costeira. ......................... 28

Figura 7 Indivíduos de biguá (Nannopterum brasilianus), fotografados no mês de setembro, próximos a foz do rio Tijucas, durante o levantamento da avifauna costeira. ......................... 29

Figura 8 Abundância de espécies por família, ilustrado com indivíduos fotografados durante o levantamento da avifauna costeira do litoral centro-norte de Santa Catarina. ...................... 31

Figura 9 Dendrograma de similaridade entre a avifauna dos locais de amostragem no litoral centro-norte de Santa Catarina (com base no coeficiente de Bray-Curtis)............................... 33

Figura 10 Curva acumulada de espécies de Barra Velha (A), ilustrada por indivíduos de espécies abundantes no município: tico-tico (B) e trinta-réis-real (C). .................................... 34

Figura 11 Curva acumulada de espécies de Itajaí (A), ilustrada por indivíduos de espécies abundantes no município: gaivotão e biguá (B), tesourão (C) e quero-quero (D). .................. 35

Figura 12 Curva acumulada de espécies de Tijucas (A), ilustrada por indivíduos de espécies registradas no município: pernilongo (B), biguá (C), gaivota-de-rabo-preto (D) e maçarico-de. .................................................................................................................................................. 36

Figura 13 Dendrograma de similaridade entre a avifauna limícola migratória dos locais de amostragem no litoral centro-norte de Santa Catarina (com base no coeficiente de Bray-Curtis). .................................................................................................................................................. 38

Figura 14 Indivíduo de maçarico-pintado (Actitis macularius), fotografado no mês de dezembro em Itajaí, durante o levantamento da avifauna costeira do litoral centro-norte de Santa Catarina. .................................................................................................................................... 39

Figura 15 Variação dos índices de Shannon-Weaver (H') e de Pielou (J') ao longo de um ano de amostragens de aves em três municípios do litoral centro-norte de Santa Catarina, Brasil.39

Figura 16 Caracterização do litoral de Barra Velha (SC): seus ambientes, avifauna e sugestões de estruturas para instalação na região da lagoa de Barra Velha. ............................................. 42

Figura 17 Caracterização do litoral de Itajaí (SC): seus ambientes e respectiva avifauna, além de sugestões de estruturas para instalação na região do Saco da Fazenda e Cabeçudas. ......... 45

Figura 18 Caracterização do litoral de Tijucas (SC): seus ambientes e respectiva avifauna, além de sugestões de estruturas para instalação na região da orla ao sul do rio. ..................... 47

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Análise de variância multivariada permutacional e teste pair-wise entre os locais de amostragem. .............................................................................................................................. 33

Tabela 2 Análise de variância multivariada permutacional e teste pair-wise entre a avifauna migratória dos locais de amostragem. ...................................................................................... 37

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1. Lista de espécies de aves e abundâncias correspondentes registradas pela autora em três municípios do litoral centro-norte de Santa Catarina, no período de junho de 2015 e maio de 2016. ........................................................................................................................... 61

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

2.1. GERAL .................................................................................................................... 16

2.2. ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 16

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 17

3.1. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 17

3.2. LEVANTAMENTO DA AVIFAUNA COSTEIRA ........................................................... 23

3.3. RECOMENDAÇÃO DE AÇÕES PARA A PROMOÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA

COSTEIRA NOS MUNICÍPIOS ALVOS DO ESTUDO ................................................................... 26

3.4. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES PARA A

CONSERVAÇÃO DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NO LITORAL CENTRO-NORTE DE SC . 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28

4.1. AVIFAUNA COSTEIRA DO LITORAL CENTRO-NORTE DE SANTA CATARINA ......... 28

4.2. AÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA COSTEIRA NOS MUNICÍPIOS ALVOS

DO ESTUDO ............................................................................................................................ 41

4.3. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE ÁREAS IMPORTANTES PARA A

CONSERVAÇÃO DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NO LITORAL CENTRO-NORTE DE SC . 49

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 50

6. RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 53

APÊNDICES........................................................................................................................... 61

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

RESUMO

O litoral centro-norte de Santa Catarina apresenta relevantes áreas urbanas e industriais, importantes terminais portuários e alguns dos mais procurados destinos turísticos do sul do Brasil. Seus habitats costeiros naturais abrigam locais de descanso e alimentação de diversas espécies de aves limícolas, migratórias e ameaçadas de extinção. Face à diversidade biológica da região, este trabalho objetivou avaliar o potencial de criação de áreas importantes para a conservação de aves limícolas migratórias no litoral centro-norte de Santa Catarina. Ainda, foi realizado o levantamento da avifauna costeira (1) e recomendadas ações voltadas a conservação da avifauna e da biodiversidade desta região do litoral catarinense (2). A avifauna foi amostrada em Barra Velha, Itajaí e Tijucas, de junho de 2015 até maio de 2016, totalizando 36 amostragens e 18hs de levantamento em cada município. Foram percorridos 3 km de orla a pé sendo registradas as aves e suas abundâncias por 1h30min, iniciando sempre às 07h30min da manhã. Foram anotadas informações de clima, maré, presença de perturbações antrópicas, assim como os habitats ocupados pelas aves. Foram calculados os índices de Shannon-

Ações prioritárias para a conservação da avifauna costeira e da biodiversidade são propostas considerando os resultados da avifauna e também as sugestões do MMA para as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade. A identificação de áreas importantes para a conservação de aves foi baseada nos critérios oficiais da BirdLife. No total, 112 espécies de aves, de 19 ordens e 41 famílias foram registradas, entre elas, 10 limícolas migratórias. A Permanova aplicada sobre a matriz de similaridade indicou diferença entre os locais (p=0,001), do mesmo modo que ocorreu na comparação par a par (p=0,001) e ao contrário do caráter tempo, que não foi significativo (p=0,697). Quando considerada somente a avifauna migratória, a Permanova também indicou diferença entre os locais (p=0,001), porém, Tijucas se destaca do grupo na comparação par a par (p=0,001), enquanto Barra Velha e Itajaí não apresentam

entre 0,42 e 0,86. A CCA indicou alta relação da avifauna migratória com os mangues e planícies de maré. A proteção efetiva das áreas costeiras naturais, bem como a realização de ações educativas com estudantes e comunidade local são ferramentas fundamentais para a conservação da avifauna e da biodiversidade catarinense a longo prazo. Apesar do levantamento não ter encontrado números significativos para enquadrar as áreas como IBAs, os três municípios merecem atenção dos pesquisadores, do poder público e do setor privado, uma vez que apresentam características de orla únicas, grande potencial para o turismo de observação de aves, além de abrigarem parte importante da riqueza biológica da costa do estado.

Palavras-chave: Gestão costeira. Ornitologia. Estuário.

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

ABSTRACT

Evaluation of potential important bird areas for the conservation of migratory shorebirds in the north-central coast of Santa Catarina, Brazil.

The central northern coast of the Santa Catarina has some important urban and industrial areas, as well as major container terminals and some of the most sought after tourist destinations in Southern Brazil. Its natural coastal habitats shelter some resting and feeding grounds of several migratory and resident shorebirds, including several threatened wader species. Given the biological diversity of the region, this work aims to evaluate potential Important Bird Areas (IBAs) for the conservation of migratory shorebird in the north-central region of Santa Catarina coast. It also presents a survey of the coastal avifauna (1), and recommends actions aimed at the conservation of the migratory birds and the biodiversity of this coastal region (2). Bird surveys were conducted at Barra Velha, Itajaí and Tijucas, from June 2015 to May 2016, with a total of 36 samplings and 18 hours of observation in each city. Three kilometers were covered by foot, by an observer who registered the bird species and their abundance, over a period of 1 hour and thirty minutes, always starting at 7.30 a.m. Information was recorded about the climate and tide conditions, anthropic disturbances such as the presence of domestic animals, vehicles and humans in the area, as well as the habitats occupied by the counted birds (e.g. tidal flat, shrubby restinga). The assemblages were describe also by the Shannon-

ices. Priority actions for the shorebird and biodiversity conservation were proposed based on the avifauna survey and the MMA suggestions for the priority areas for conservation. The identification of IBAs were based on the international criteria elaborated by BirdLife. 112 species, of 19 orders and 41 families were registered, including 10 migratory waders. Permanova analysis applied to the similarity matrix showed a significant difference between the three areas (p=0.001) as did the pairwise test (p=0.001), contrary to the seasonal component, which was not significantly different (p=0.697). Considering only the migratory birds, Permanova also showed significant differences between the study areas. However, in the pairwise test, Tijucas stood out (p=0.001), while Barra Velha and Itajaí were not significantly different (p=0.231). The Shannon-Weaver index ranged from 1.29 to 3.07, with the highest values in the spring and summer months, whilst the index ranged from 0.42 to 0.86. The effective protection of the natural coastal areas and the promotion of educative actions integrating students and the local communities are fundamental tools for the long-term conservation of the rich coastal biodiversity and avifauna of the State of Santa Catarina. Although the survey did not reveal significant numbers to categorize the areas as IBAs in the areas studied, the three municipalities deserve the attention of researchers and public and private sectors, as this coastline region has unique features, with great potential for birdwatching tourism, and holds an important biological component of the state coast.

Keywords: Coastal management. Ornithology. Estuary.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

8

1. INTRODUÇÃO

Com taxas de crescimento populacional acima das regiões interioranas, a zona costeira já

concentra cerca de 45% da população mundial (NEUMANN et al., 2015; UN, 2015), tornando

estratégias e iniciativas de conservação desta faixa de território fundamentais para a

manutenção de seus ambientes naturais. A modificação e degradação de habitats úmidos, bem

como a conversão e contaminação destes ambientes, estão relacionados com o declínio de

populações de aves limícolas migratórias ao redor do mundo, fato que incita pesquisas e ações

para a conservação destas espécies e dos habitats utilizados ao longo das suas migrações

(CLEMENS et al., 2010; CEMAVE/ICMBIO, 2013). A exemplo da zona costeira mundial, a

costa de Santa Catarina encontra-se alterada por diferentes tipos de atividades antrópicas, como

zonas agrícolas, centros urbanos e polos industriais.

Colonizado principalmente por açorianos, que cultivavam a tradição da pesca e do

artesanato, o litoral do estado catarinense vem sendo drasticamente alterado nas últimas,

décadas, especialmente pelo crescimento da urbanização e das atividades turísticas, industriais

e portuárias (GOULARTI FILHO, 2002; SCHERER et al., 2006). Alguns municípios de grande

importância para o crescimento destes setores se concentram na região centro-norte do litoral

do estado, compreendida entre a baía de Tijucas e a foz do rio Itapocu, em Barra Velha

(CARVALHO; SCHETTINI; RIBAS, 1998). Entre eles está Itajaí, maior PIB do estado (IBGE,

2012) e que compõe junto com sua vizinha, Navegantes, um relevante complexo portuário que

engloba os terminais do Porto de Itajaí e do Portonave, ambos listados entre os dez maiores

movimentadores de contêineres do Brasil (ANTAQ, 2015). Ainda na região está Balneário

Camboriú, segundo município catarinense mais procurado do estado e um dos principais

destinos de turistas do Mercosul, recebendo na temporada cerca de 700.000 visitantes

(PEREIRA, 2011).

Com a construção da BR-101 na década de 1970, o acelerado crescimento urbano do litoral

não atendeu a um planejamento local e regional efetivo, resultando em uma grande faixa de

conurbação ao longo da costa, especialmente na grande Florianópolis e região centro-norte,

entre os municípios de Balneário Camboriú e Barra Velha (KLEIN et al., 2006). Como reflexo

disto, quatro dos dez municípios com maior densidade demográfica (habitantes/km²) do estado

se encontram no litoral centro-norte: Balneário Camboriú (2.309,7 hab/km²), Itapema (771,5

hab/km²), Itajaí (633,7 hab/km²) e Navegantes (543,2 hab/km²) (IBGE, 2010).

Exceto pelos costões rochosos e morrarias cobertas por Mata Atlântica e pela costa da baía

de Tijucas, tomada por áreas de cultivos agrícolas e pastagens, a paisagem litorânea desta região

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

9

é dominada pela urbanização. O processo de ocupação envolveu ainda a tomada de terrenos e

dunas frontais, gerando desequilíbrios em processos naturais e ameaças à preservação dos

ambientes costeiros na região, principalmente em Barra Velha, Piçarras e Penha, que abrigam

os pontos mais críticos para erosão litorânea no estado (KLEIN et al., 2006).

A erosão, processo natural de recuo da linha de costa ao longo do tempo, pode ocorrer em

todos os tipos de praia, mas varia de incidência e taxa de acordo com as características do local

e algumas questões climáticas, como ocorrência de tempestades (WALSH et al., 2004). Além

disto, atividades agropecuárias, como as encontradas ao longo das bacias dos rios Tijucas, Itajaí

e Itapocu, assim como instalações industriais e de mineração nas margens de estuários (e.g.

extração de argila em Tijucas), aumentam a taxa de erosão e o transporte de sedimento nos rios

(SCHETTINI; CARVALHO, 1998).

Apesar da importância socioeconômica e ambiental da costa centro-norte catarinense, este

patrimônio natural está ameaçado principalmente pela constante supressão de suas áreas

naturais para expansão urbana e industrial, assim como pela falta de planejamento do uso e

ocupação do solo (TISCHER, 2013). A baixa representatividade dos ecossistemas costeiros e

marinhos desta região entre as Unidades de Conservação federais e estaduais (MARTINS;

MARENZI; LIMA, 2015) é outro agravante para a manutenção da integridade ambiental deste

litoral.

O Brasil abriga, em seus mais de 8.600 km de costa, ecossistemas fundamentais para a

manutenção do ciclo de vida de uma grande variedade de espécies animais e vegetais. Os

manguezais, ambiente de transição entre a terra e o mar, ocorrem na costa brasileira desde o

estado do Amapá até Santa Catarina (BRASIL, 2002). Caracterizados por um fundo lodoso e a

predominância de espécies vegetais conhecidas popularmente co e.g. mangue-

branco, Laguncularia racemosa), estes ecossistemas são considerados berçários da

biodiversidade e servem como estabilizadores de processos de erosão e deposição de

sedimentos (MMA, 2006).

Os estuários também constituem importantes locais de reprodução e alimentação para a

fauna, além de abrigarem faixas remanescentes de mata ciliar em Áreas de Preservação

Permanentes APPs e contribuírem com o aporte de nutrientes fundamentais aos processos

aquáticos na zona costeira (PEREIRA FILHO; SPILLERE; SCHETTINI, 2003).

Ao mesmo tempo que pode ser rica em biodiversidade, a zona costeira brasileira abriga cerca

de ¼ da população do país (IBGE, 2011) e, apesar de ter sido classificada na Constituição

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

10

L, 1988) representa um dos mais complexos

desafios para a gestão ambiental no país.

No Brasil, a gestão costeira é guiada pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro do

Brasil (PNGC). Este foi desenvolvido em 1987 e é baseado na Política Nacional do Meio

Ambiente (PNMA), que considera a zona costeira uma área indispensável para a conservação

dos recursos naturais, socioculturais e paisagísticos, e também na Política Nacional para os

Recursos do Mar (PNRM), que lista, entre seus objetivos, o incentivo do uso sustentável dos

recursos marinhos e da zona costeira adjacente (BRASIL, 1981; 1988; 2005). Apesar de existir

nos 17 estados costeiros do país, o PNGC, através do instrumento dos Planos Estaduais (PEGC),

ainda é desenvolvido de forma muito diversa entre as unidades federais, chegando a ter uma

significância mínima em alguns locais (ANDRADE; SCHERER, 2014).

Segundo o PNGC (BRASIL, 1988), a zona costeira é formada pelo Mar Territorial (até 12

milhas marítimas das Linhas de Base da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do

Mar); e por uma faixa terrestre, composta pelos municípios litorâneos, suas regiões

metropolitanas, os que se encontram até 50km do litoral e contribuem com atividades de

significativo impacto ambiental na zona costeira, além de municípios lagunares, estuarinos e

limítrofes. O Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira (SMA-ZC) é um dos

instrumentos do PNGC, e realiza a coleta sistematizada de dados e informações dos indicadores

socioambientais da zona costeira, dando suporte aos planos de gestão.

Indicadores socioambientais englobam fatores bióticos, físicos, químicos ou

socioeconômicos, que representem elementos-chave e contribuam para o planejamento e gestão

dos recursos (HEINEMANN et al., 1998). O uso de populações animais como indicadores

bióticos é comum para avaliação ambiental, e dentre os grupos existentes, as aves se destacam

como um táxon muito utilizado. As aves são utilizadas como indicadores do estado de qualidade

ambiental (ZÖCKLER, 2005; DANCHENKO, 2010; TRAUTMANN, 2013), da

biodiversidade (GREGORY et al., 2003) e de ecossistemas fluviais (CALL, 2015), além dos

efeitos das mudanças ambientais (MORRISON, 1986; FREDERIKSEN; MAVOR;

WANLESS, 2007; WANLESS et al., 2007) e mudanças nos estoques de presas marinhas

(MONTEVECCHI, 1993). Quando consideramos as populações de aves migratórias, é possível

obter indícios sobre o estado dos ecossistemas encontrados ao longo de suas rotas migratórias,

o que pode evidenciar causas globais para o declínio que vem sendo observado em algumas

espécies destes grupos nas últimas décadas (ZÖCKLER, 2005; SMART et al., 2014).

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

11

Frente à pressão antrópica crescente na zona costeira e ao declínio de diversas espécies de

aves, especialmente de alguns grupos migratórios, os países que recebem populações

reprodutivas ou invernantes vêm aumentando esforços para o monitoramento e conservação

destes animais (CAPP; MEHLMAN, 2005; SMART et al., 2014). Em algumas nações, agências

públicas e privadas exibem longo histórico de monitoramento de populações de aves

migratórias, como nos países da América do Norte e Europa, onde a população local colabora

na contagem de aves junto a ornitólogos profissionais (MORRISON, 1986).

Cerca de 40% das espécies de aves existentes realizam movimentos migratórios de longa,

média ou curta distância. Ou seja, deslocamentos sazonais entre áreas de reprodução e

invernagem fazem parte do ciclo de vida de, aproximadamente, 4.000 espécies de aves ao redor

do mundo (RSPB, 2015). Estima-se que nas Américas, mais de cinco bilhões de indivíduos

deslocam-se todos os anos através do continente, alguns desde o Ártico até o sul da América

do Sul, em busca de recursos para suas populações (CAPP; MEHLMAN, 2005).

Essas aves deixam seus locais de nidificação quando as condições se tornam desfavoráveis,

procurando novos habitats com disponibilidade de recursos suficientes para seus processos

fisiológicos, retornando após um período às suas áreas originais (POUGH, 2008). Algumas

espécies, como o trinta-réis-ártico (Sterna paradisaea), percorrem mais de 80.000 km entre

suas áreas reprodutivas na região Neártica e Islândia até seus sítios de invernagem na costa do

continente Antártico (EGEVANG et al., 2010).

A avifauna brasileira, segunda mais rica do mundo, conta com 1919 espécies de aves

reconhecidas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2015), das quais cerca

de duzentas são consideradas visitantes sazonais ou vagantes. O país encontra-se na rota

migratória de diversas espécies setentrionais (VN) que se reproduzem na região circumpolar

da América do Norte e Groelândia e também de aves meridionais (VS), vindas do sul da

América do Sul e Antártida (CEMAVE/ICMBIO, 2014).

As famílias Charadriidae e Scolopacidae, da ordem Charadriiformes, agrupam as aves

limícolas e concentram grande parte das espécies migratórias que alcançam o Brasil. Pelo

menos 32 espécies destas famílias que ocorrem no Brasil realizam uma rota sazonal em direção

à sua área de nidificação na região Neártica ou Patagônica (CBRO, 2015). Estas aves chegam

para invernar no país em meados da primavera, ocupando a zona costeira e ambientes úmidos

continentais, como o Pantanal (CEMAVE/ICMBIO, 2014). Até o outono, bandos multi ou

monoespecíficos concentram-se para forragear e descansar em arrozais irrigados, banhados e

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

12

ambientes estuarinos, lagoas costeiras, praias arenosas e planícies de maré (VOOREN;

BRUSQUE, 1999; DIAS; BURGER, 2005; TAVARES et al., 2015).

Aspectos da avifauna da costa catarinense, como a biologia reprodutiva e dieta em ilhas, e

as comunidades de locais de grande relevância social, ambiental e econômica, como o Saco da

Fazenda, no município de Itajaí, foram estudados regularmente durante os últimos anos por

pesquisadores locais (BRANCO, 2003; 2007; EBERT; BRANCO; BARBIERI, 2014;

FRACASSO et al., 2014). Porém, quando considerados os estudos com espécies de aves

ocupantes de praias, os trabalhos publicados são mais escassos (SCHIEFLER; SOARES, 1994;

BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004).

Entre os táxons de aves residentes mais abundantes na costa catarinense estão o gaivotão

(Larus dominicanus), o biguá (Nannopterum brasilianus), os trinta-réis (Sterna spp. e

Thalasseus spp.) e o talha-mar (Rynchops niger). Já entre as espécies migrantes encontradas no

litoral do estado destacam-se o batuiruçu (Pluvialis dominica), a batuíra-de-bando (Charadrius

semipalmatus), o maçarico-pintado (Actitis macularius), o maçarico-de-papo-vermelho

(Calidris canutus) e os maçaricos-de-perna-amarela (Tringa spp.), registradas regularmente ao

longo da costa centro-norte do estado (SCHIEFLER; SOARES, 1994; BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004; PIACENTINI; CAMPBELL-THOMPSON, 2006).

Estes visitantes costumam se concentrar em áreas pontuais ao longo de suas rotas

migratórias, as quais escolhem principalmente pela abundância de recursos alimentares

(CEMAVE/ICMBIO, 2014). A quantidade e disponibilidade de alimento nas áreas de

invernagem devem garantir os processos fisiológicos para que estas aves voltem para suas áreas

de reprodução, como a muda da plumagem e o acúmulo de gordura. Alterações e interferências

em suas áreas de repouso, deslocamento ou alimentação podem comprometer as condições dos

indivíduos e a manutenção das espécies em longo prazo (CEMAVE/ICMBIO, 2013). Devido

ao papel das áreas de forrageamento e descanso na manutenção do ciclo migratório, estas

regiões se tornam de fundamental importância para a conservação de espécies migrantes

(VALENTE et al, 2011).

O mais recente relatório sobre rotas e áreas de concentração de aves migratórias no Brasil

não aponta nenhum sítio importante para estas aves no litoral centro-norte de SC, apesar dos

registros de espécies visitantes setentrionais e meridionais relatados na literatura (BRANCO;

MACHADO; BOVENDORP, 2004; GHIZONI-JR.; AZEVEDO, 2010; CEMAVE/ICMBIO,

2014). Os principais locais de concentração de aves migratórias no Brasil estão no litoral Norte

e Nordeste, na região da foz do rio Amazonas, nas reentrâncias maranhenses, na costa de Icapuí

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

13

(CE), Galinhos e Areia Branca (RN), Ilha Coroa do Avião (PE), na Área de Proteção Ambiental

(APA) de Piaçabuçu (AL), em Mangue Seco e Cacha-Prego (BA). Além destes, o Parque

Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, é um importante ponto de invernagem para

muitas espécies migratórias e o principal na região Sul (CEMAVE/ICMBIO, 2014).

No Parque, o batuiruçu (P. dominica), ave visitante boreal, chega a concentrar mais de 1%

de sua população mundial, com contagens de até 10.000 indivíduos (CEMAVE/ICMBIO,

2014). No mesmo parque, Gonçalves (2009) contabilizou dezenas de milhares de indivíduos

durante pouco mais de um ano de amostragem, entre eles Charadriiformes provenientes da Sul

da América do Sul, como a batuíra-de-peito-tijolo (Charadrius modestus) e a batuíra-de-

coleira-dupla (C. falklandicus), assim como visitantes do Hemisfério Norte, como o maçarico-

de-perna-amarela (Tringa flavipes), o maçarico-de-bico-virado (Limosa haemastica) e alguns

maçaricos do gênero Calidris. O Pantanal, assim como o litoral sul do Paraná e a região

litorânea de São Francisco do Sul, incluindo a Baía da Babitonga, em Santa Catarina, também

estão entre as áreas importantes para aves migratórias (VALENTE et al., 2011).

Um nítido declínio nas populações de aves limícolas migratórias é apontado por estudos que

relacionam este fato a ações antrópicas, como a degradação e conversão de áreas naturais. Isto

prioriza novas iniciativas de conservação com foco em espécies migratórias e seus habitats

durante todo o seu ciclo anual e ao longo de toda sua rota migratória (CLEMENS et al., 2010).

As aves limícolas migratórias compõem o patrimônio natural dos países onde ocorrem e vêm

sendo foco de projetos internacionais de conservação por parte de alguns governos, como o

Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves Limícolas Migratórias no Brasil (PAN;

CEMAVE/ICMBIO, 2013) e a iniciativa canadense The Arctic Migratory Birds Initiative

(AMBI), que conta com a participação de pesquisadores de mais de dez países (CAFF, 2014).

O PAN para Conservação das Aves Limícolas Migratórias no Brasil inclui 28 espécies, sendo

três visitantes meridionais e o restante setentrionais. Apesar de não consideradas pela IUCN

(2015) como ameaçadas de extinção, o caráter migratório destas espécies exige a tomada de

ações conservacionistas conjuntas pelos países integrantes de suas rotas (CEMAVE/ICMBIO,

2013).

Na mais recente lista de espécies ameaçadas do Brasil (MMA, 2014) encontram-se alguns

táxons migratórios como a batuíra-bicuda (Charadrius wilsonia), na categoria vulnerável (VU),

o maçarico-de-costas-brancas (Limnodromus griseus) e o maçarico-de-papo-vermelho (C.

canutus), ambos criticamente ameaçados de extinção (CR). Ainda estão entre os listados o

maçarico-rasteirinho (C. pusilla), maçarico-acanelado (C. subruficollis) e os trinta-réis Sterna

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

14

dougallii, S. hirundinacea e Thalasseus maximus. Com exceção da batuíra-bicuda, do

maçarico-de-costas-brancas e do trinta-réis-róseo (S. dougallii), todas as espécies citadas acima

entre as ameaçadas ocorrem regularmente na costa catarinense (BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004; KOHLER et al., 2010).

O Brasil é país signatário de acordos internacionais de proteção a espécies migratórias e seus

habitats, como a Convenção sobre Zonas Úmidas (Ramsar), a Rede Hemisférica de Reservas

de Aves Limícolas (RHRAL) e a Convenção Internacional para conservação da Fauna, Flora e

Belezas Cênicas das Américas (Washington). A primeira, conhecida como Convenção de

Ramsar, é um acordo que estabelece ações internacionais para o uso racional das áreas úmidas

e dos recursos naturais. Os sítios Ramsar mais importantes para a conservação das aves

limícolas no Brasil são o Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS), a APA das Reentrâncias

Maranhenses (MA), a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM) e o Pantanal

Matogrossense (MT). As duas primeiras áreas também são consideradas importantes na

RHRAL, que reúne áreas chave para espécies limícolas pelo continente americano

(CEMAVE/ICMBIO, 2013).

Apesar de o mais recente relatório sobre rotas e áreas de concentração de aves migratórias

no Brasil não citar nenhuma área importante no litoral centro-norte de SC, registros de visitantes

setentrionais e meridionais nesta região são relatados na literatura (BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004; GHIZONI-JR.; AZEVEDO, 2010; CEMAVE/ICMBIO, 2014).

Ainda, de acordo com Bencke et al. (2006), que estabelece as Áreas Importantes para

Conservação de Aves no domínio Mata Atlântica (Important Bird Areas - IBAs), encontram-se

no estado sete IBAs e, entre as litorâneas, a Baía da Babitonga, o Salto do Piraí e o Parque

Estadual da Serra do Tabuleiro, de cobertura primordialmente florestais, exceto pela primeira.

IBAs são áreas notavelmente importantes para aves e a biodiversidade em geral, e sua proteção,

seja através da criação de áreas protegidas ou pela promoção de práticas sustentáveis de uso da

terra, é uma ferramenta fundamental para a conservação.

Por outro lado, grande parte dos ecossistemas costeiros do litoral centro-norte catarinense

figura entre as Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de

Benefícios da Biodiversidade Brasileira, segundo o MMA (2007), indicando a importância

destes ambientes para a manutenção da biodiversidade. Entre as áreas do litoral centro-norte

com importância biológica Extremamente Alta, estão a Planície de Maré da Baía de Tijucas

(MaZc052), a Morraria do Atalaia e o Canto do Morcego. Ainda, os remanescentes de restinga

contíguos às Lagoas da Cruz e de Barra Velha figuram entre áreas de importância biológica

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

15

Muito Alta, além de serem contemplados na legislação como Áreas de Preservação

Permanentes (APPs; BRASIL, 2012).

Frente ao estado de supressão das áreas naturais do litoral centro-norte de Santa Catarina e

a crescente ameaça às populações de aves migratórias em âmbito global, este trabalho buscou

responder três questões: (1) como se estruturam as assembleias de aves na região costeira do

litoral centro-norte de Santa Catarina? (2) quais são as ações prioritárias para a conservação da

avifauna costeira nos municípios estudados? (3) existe potencial para a criação de áreas

importantes para a conservação de aves limícolas migratórias no litoral centro-norte de Santa

Catarina?

A presente pesquisa contribui ainda para aprofundar o conhecimento deste setor do litoral,

apresentando dados inéditos sobre a avifauna costeira e migratória da região, bem como pela

elaboração de uma lista de ações prioritárias para a gestão e conservação do patrimônio natural

catarinense. Estes resultados podem embasar futuros trabalhos técnicos nas regiões a fim do

estabelecimento de Unidades de Conservação, além de instigar investigações mais detalhadas

sobre a avifauna e da biodiversidade da região.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

16

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Avaliar o potencial de criação de áreas importantes para a conservação de aves limícolas

migratórias no litoral centro-norte do litoral de SC.

2.2. Específicos

a) Realizar o levantamento da avifauna costeira no litoral centro-norte de Santa Catarina.

b) Recomendar ações voltadas a conservação da avifauna costeira nos municípios alvos

do estudo.

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

17

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

Três municípios do litoral centro-norte de Santa Catarina foram escolhidos como área de

estudo: Barra Velha, Itajaí e Tijucas (Figura 1). Estes municípios se caracterizam por possuírem

representativas desembocaduras fluviais em suas orlas, respectivamente, as dos rios Itapocu,

Itajaí e Tijucas. Quando considerada a ordem de grandeza de suas bacias de drenagem, as dos

rios Itapocu (2.930km²) e Tijucas (2.420km²) se assemelham, porém a do rio Itajaí, considerada

a principal da Vertente Atlântica do estado, conta com uma bacia de drenagem de 15.500km².

Juntas, as três somam mais de 60% da Vertente Atlântica de Santa Catarina (POLETTE et al.,

2012).

Figura 1 Mapa da área de estudo: Brasil (A), Santa Catarina (B), litoral centro-norte (C), orlas dos municípios de Barra Velha (D), Itajaí (E) e Tijucas (F).

Fonte: IBGE (shapefile); Google Earth Pro (imagens de satélite); layout da autora.

As atividades agropecuárias, a instalação de pólos industriais e a prática de atividades de

mineração são os principais agentes de modificações no tipo de uso do solo nas bacias dos rios

Itapocu e Tijucas, destacando-se, nesta ultima, a mineraçao a céu aberto para extração da argila,

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

18

utilizada na industria cerâmica e que intensifica o processo de erosão e transporte de sedimentos

para o rio (SCHETTINI; CARVALHO, 1998).

Inserida na região Tropical Sul, a área de estudo apresenta um série de praias arenosas

recortadas por morrarias costeiras e formações rochosas, além de ser rica em sistemas estuarinos

(VOOREN; BRUSQUE, 1999). Segundo Klein et al. (2006), as praias consideradas neste

estudo tem graus de exposição que variam de abrigada (Cabeçudas, Itajaí) e semi-exposta (baía

de Tijucas) até exposta (Praia Brava, em Itajaí e Barra Velha). O clima é Temperado subquente,

apresentando média de temperatura entre 15 e 18° C em pelo menos um mês do ano, além de

ser super úmido sem ocorrência de secas (IBGE, 2002).

O municipio de Barra Velha (26° 37' 55" S, 48° 41' 06" W), local de deságue do estuário do

rio Itapocu, possui uma característica lagoa costeira (Figura 2A) formada pela combinação da

descarga das águas fluviais em sua costa desabrigada e a existência de uma barreira linear bem

definida de praia arenosa e dunas recobertas por vegetação de restinga herbácea e arbustiva

(SCHETTINI; CARVALHO, 1998). Estes remanescentes de formação pioneira de influência

marinha, assim como os manguezais encontrados proximo a foz do estuário do rio Itapocu,

constituem Áreas de Preservação Permanente, protegidas e regimentadas pela Lei n. 12.651, de

25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012). Esta lei institui as normas para o uso e proteção destas

áreas, que permitem a presença humana e de animais para fins de baixo impacto (Figura 2B),

mas proibem a supressão da vegetação sem autorização, sendo possível somente em caso de

utilidade pública.

Adjacente à lagoa de Barra Velha existe uma área coberta de manguezais e restinga arbórea

(Figura 2C) que abriga um local de interesse de conservacionistas e arqueólogos denomidado

Parque Natural Municipal Caminho do Peabiru. Criado pelo Decreto Municipal n. 428, de 2007,

o parque resguarda remanescentes de antigas ocupações humanas pré-colombianas, além de

uma parcela conservada da Mata Atlântica. Apesar da importância, o Parque sofre com trâmites

políticos, uma vez que, no Decreto n. 993 de 10 de outubro de 2014, a prefeitura municipal

concordou em devolver parte da área pertencente a Unidade, subtraindo mais da metade da

área original de cerca de 420 ha., alegando falta de verbas para a indenização dos proprietários.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

19

Figura 2 – Caracterização da região litorânea de Barra Velha, Santa Catarina.

Fonte: Google Earth Pro (imagem de satélite); a autora (fotos). Legenda: A. Imagem de satélite da região

litorânea de Barra Velha, com destaque a lagoa de Barra Velha e a foz do rio Itapocu; B. Atividade de pesca artesanal realizada próxima a desembocadura do rio Itapocu; C. Lagoa de Barra Velha, com vegetação alagada (manguezal) e restinga arbórea ao fundo; D. Vista da praia arenosa de Barra Velha, com ocupações humanas

sobre a região de dunas.

Do outro lado do cordão de dunas, a praia refletiva e de erosão média (Figura 2D) já foi alvo

de diversas ações mitigadoras para controlar os efeitos dos processos erosivos. Projetos de

alimentação de dunas frontais e de praia já foram realizados no município e envolveram a

retirada de sedimentos da barreira arenosa que existia próxima a foz do rio Itapocu e sua

distribuição ao longo da porção central da praia, assim como a relocação de sedimentos

lagunares para instalação de um espigão na praia Central (KLEIN et al., 2006).

Em Itajaí (26° 54' 38" S, 48° 40' 15" W) é possível verificar uma orla de recorte e relevo

mais complexo, que conta com a foz do estuário do rio Itajaí delimitando a fronteira natural

com o município vizinho de Navegantes (Figura 3A). Ambas as margens do rio são tomadas

por ocupações humanas e terminais hidroviários de vários portes, incluindo o Porto de Itajaí e

o Portonave, dois dos maiores terminais fluviais do Brasil (ANTAQ, 2015).

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

20

Próximo a foz do estuário e inserido na paisagem urbana, é possível verificar um corpo

gua restrito criado por obras de engenharia no baixo estuário, o Saco da Fazenda. Esta área

correspondia ao último meandro do rio e foi totalmente modificada em virtude do crescimento

da atividade portuária, contando hoje com estruturas que garantem a segurança dos navios no

acesso ao porto, como molhes, que estabilizam a desembocadura, e espigões e guia correntes

em ambas as margens do baixo estuário do rio Itajaí (SCHETTINI, 2008). Atualmente esta é

uma das áreas de lazer mais utilizada pela população itajaiense (Figura 3B), e ao mesmo tempo

é fundamental para conservação da biodiversidade no contexto urbano, uma vez que ali já foram

registradas mais de 100 espécies de aves, 50 de peixes e 14 de crustáceos (FISCH, 2015).

Figura 3 – Caracterização da região litorânea de Itajaí, Santa Catarina.

Fonte: Google Earth Pro (imagem de satélite); a autora (fotos). Legenda: A. Imagem de satélite da região

litorânea de Itajaí, com destaque a regiao da foz do rio Itajaí ; B. Atividade recreativa sendo realizada no Saco da Fazenda; C. Praia de Cabeçudas; D. Remanescentes de restinga herbácea/arbustiva na Praia Brava (Norte).

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

21

Ainda, segundo o Decreto 8.513, de 04 de março de 2008 (ITAJAI, 2008), o Saco da Fazenda

(650.000 m²) é uma Área de Proteção Ambiental (APA), um tipo de Unidade de Conservação

de Uso Sustentável que objetiva conciliar a conservação ambiental com a disciplina do uso e

ocupação do solo (MMA, 2006).

Estão presentes também em Itajaí praias abrigadas, como a do Atalaia e a de Cabeçudas,

que sofrem influência direta da descarga do rio Itajaí e dos molhes de sua foz (SCHMITT;

PROENÇA, 2000). A praia de Cabeçudas, com uma faixa de areia de cerca de 700m e um

costão rochoso adjacente (Figura 3C), fica entre as morrarias do Parque Natural Municipal do

Atalaia e do Farol de Cabeçudas, duas áreas de importância biológica extremamente alta,

segundo o Ministério do Meio Ambiente (2007). Desde setembro de 2015 a Prefeitura

Municipal realiza na região obras de contenção e reurbanização do Caminho de Cabeçudas,

como é conhecida a via que liga o Saco da Fazenda e a praia de Cabeçudas.

Ao sul do Farol de Cabeçudas encontra-se o Canto do Morcego e a Brava Norte praia

arenosa com cerca de 3km de extensão e intensa ocupação humana, principalmente em sua

metade sul. Ao longo desta orla, remanescentes de vegetação de restinga (Figura 3D),

protegidos pela legislação como Áreas de Preservação Permanente (BRASIL, 2012), vem

sendo alvo de programas da prefeitura que visam a recuperação da vegetação fixadora de

dunas, mas, ao mesmo tempo, a vegetação nativa é pressionada pelo interesse imobiliário na

porção norte da praia. As praias neste municipio podem ser classificadas como intermediária

(Brava) e uma planicie fluvio-marinha mais abrigada (Saco da Fazenda e Cabeçudas) (KLEIN

et al., 2006).

O litoral do município de Tijucas (27° 14' 25" S, 48° 38' 0,4" W), local da foz do rio de

mesmo nome (Figura 4A-B), apresenta uma larga faixa de planície flúvio-marinha lodosa e tem

suas imediações ocupadas, principalmente ao sul do rio, por propriedades rurais e vegetação

campestres (Figura 4C-D). Na praia norte, encontra-se maior adensamento urbano, e

comunidades de pescadores se encontram margeando o estuário e também a faixa de areia, que

é coberta por vegetação de restinga fixadora.

Localizada no interior da Baía de Tijucas, sua praia é protegida da ação das ondas ao sul pela

ilha de Santa Catarina e península de Ganchos, e ao norte pela península de Porto Belo. A baixa

dinâmica de ondas no interior da baía permite o acúmulo de sedimentos finos trazidos pelas

águas do estuário ao longo da orla. Este depósito gera uma grande e complexa planície litorânea,

onde cordões do tipo beach-ridges e de cheniers coexistem ao longo de cerca de 7km de

extensão (KLEIN et al., 2006; SCHETTINI, 2008; HESP et al., 2009). Esta planície, bem como

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

22

a vegetação herbácea adjacente, constam entre as Áreas Prioritárias para a Conservação da zona

costeira, como locais de extrema importância biológica (MMA, 2007).

Figura 4 – Caracterização da região litorânea de Tijucas, Santa Catarina.

Fonte: Google Earth Pro (imagem de satélite); a autora (fotos). Legenda: A. Imagem de satélite da região

litorânea de Tijucas, com destaque a regiao ao sul da foz do rio Tijucas; B. Vista panoramica da foz do rio Tijucas desde a sua margem sul; C. Agrupamento de aves costeiras na planície de maré da baía de Tijucas; D.

Vegetação campestre característica do entorno da região de estudo em Tijucas.

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

23

3.2. Levantamento da avifauna costeira

O levantamento da avifauna costeira foi realizado entre os meses de junho/2015 e maio/2016

(12 amostragens/área), nas praias dos três municípios de interesse: Barra Velha, Itajaí e Tijucas

(Figura 5). Estes locais foram escolhidos por constarem entre as

conservação, uso sustentável e r

biodiversidade. Ainda, algumas das áreas são conhecidas por sua alta diversidade biológica,

como o Saco da Fazenda, em Itajaí (FISCH, 2015), e a foz do rio Tijucas, local que concentra

registro de espécies raras de aves no estado (GHIZONI-JR.; AZEVEDO, 2010; KOHLER et

al., 2010).

Figura 5 – Áreas de estudo com polígonos aproximados da abrangência do levantamento de aves costeiros no do litoral centro-norte de Santa Catarina, Brasil.

Fonte: layout da autora.

Uma única observadora contou todos os indivíduos de aves ao longo de 3km, que foram

percorridos a pé nas praias dos municípios escolhidos, iniciando sempre as 7h30min, e

contabilizando uma hora e meia de amostragem. O método de levantamento escolhido foi o de

contagem direta de indivíduos, como descrito por Bibby et al. (1992). A distância percorrida

na amostragem foi definida por particularidades das áreas, especialmente pela presença de

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

24

canais de água profundos (Tijucas) e também pela impossibilidade de acesso em algumas

regiões da orla de Itajaí.

Devido a impossibilidade de percorrer 3km de maneira contínua nas praias de Itajaí, optou-

se por realizar 3 levantamentos de 1km, com meia hora cada um, nas seguintes áreas do

município: Saco da Fazenda, Praia de Cabeçudas e Praia Brava Norte. Nas orlas de Barra Velha

e Tijucas o levantamento foi feito de forma contínua.

Foram utilizados um binóculo Bushnell (7x50) e uma câmera fotográfica (Nikon D90; lente

Zoom 70-300mm) para auxiliar na detecção e identificação das aves. Os dados foram

registrados em um gravador digital (Sony Px312) e, posteriormente, transferidos para planilhas

Excel.

Foram registradas as espécies de aves encontradas e suas abundâncias, assim como o habitat

utilizado pelos indivíduos no momento da amostragem. A taxonomia e nomenclatura das

espécies apresentada segue o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2015).

Dados de maré foram consultados na tábua de marés da Diretoria de Hidrografia e

Navegação (DHN, 2015). Como não existem dados das marés diretamente nos municípios,

exceto em Itajaí, foram anotados os dados dos pontos de medição mais próximos. Para o

município de Barra Velha considerou-se os dados do Porto de São Francisco do Sul (delegacia

da CPSFS), e para Tijucas, os do Porto de Florianópolis. Os dados anotados correspondiam ao

mesmo dia e ao horário mais próximo ao da realização do levantamento de aves.

A intensidade de vento e temperatura foram obtidas no banco de dados das estações

meteorológicas automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2015). As

informações neste banco de dados são fornecidas de hora em hora, assim, para obter valores de

intensidade de vento e de temperatura para cada amostragem, foi calculado o valor médio entre

as sete e as nove horas da manhã.

As similaridades faunísticas entre as áreas amostradas foram medidas através de uma matriz

de similaridade, utilizando o coeficiente de Bray-Curtis, e subsequentemente aplicada uma

análise de variância permutacional não paramétrica (PERMANOVA), para avaliar a

significância dos resultados entre os locais e meses (ANDERSON, 2001; 2005). Ainda, uma

comparação pareada foi realizada para testar as diferenças entre os locais.

As assembleias foram descritas através dos índices de diversidade de Shannon-

), ambos considerados parâmetros importantes em estudos

ecológicos, através do programa PRIMER 6.0 (CLARKE; WARWICK, 2001). O primeiro é

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

25

influenciado pela riqueza de espécies e pela abundância de indivíduos (de cada espécie) na

amostra, já a equitabilidade representa a distribuição de indivíduos entre as espécies quanto

maior este índice mais igualmente distribuídas são as espécies na amostragem (KRICHER,

1972).

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

26

3.3. Recomendação de ações para a promoção da conservação da avifauna costeira nos

municípios alvos do estudo

A partir dos resultados dos levantamentos de avifauna nos três municípios, e considerando

ainda as Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da

Biodiversidade Brasileira (MMA, 2007), foi formulada uma lista de ações que podem ajudar

na promoção da conservação da avifauna costeira e da biodiversidade em geral nas regiões

estudadas.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

27

3.4. Avaliação do potencial de criação de áreas importantes para a conservação de aves

limícolas migratórias no litoral centro-norte de SC

A partir dos resultados do levantamento de aves em cada um dos três municípios (item 4.2),

foi analisado o potencial destes locais se enquadrarem como uma Áreas Importantes para

Conservação de Aves (IBA) apreciando o grupo das aves limícolas migratórias (Scolopacidae

e Charadriidae). Os critérios utilizados para esta análise foram baseados nas publicações de

Bencke et al. (2006), que estabelece as Áreas Importantes para Conservação de Aves no

domínio do bioma Mata Atlântica e também em Develey e Goerck (2009), onde estão

caracterizadas as IBAs de todo o Brasil. Ambas publicações, realizadas em parceria com a

BirdLife International seguem os critérios propostos por esta instituição, que reúne órgãos em

119 países, como a SAVE, ou Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil, sua filiada no

Brasil e responsável pela identificação e monitoramento das IBAs no país (BIRDLIFE

INTERNATIONAL, 2016; SAVE, 2016).

Os critérios utilizados foram: (A1) espécies globalmente ameaçadas de extinção áreas com

número significativo de uma ou mais espécies de aves globalmente ameaçadas de extinção;

(A2) espécies de distribuição restrita áreas que abrigam todas as espécies de distribuição

restrita de uma Área de Aves Endêmicas (EBA); (A3) espécies restritas ao bioma áreas que

abrigam espécies confinadas a um bioma específico; (A4) espécies congregantes

população mundial) áreas mais importantes para aves aquáticas congregantes, aves limícolas,

aves marinhas e outras aves migratórias (e.g. colônias reprodutivas, pontos de parada e locais

de invernagem, etc.) (BENCKE et al., 2006). Deve-se considerar ainda que, atender a um dos

critérios é uma condição mínima para a seleção de IBAs, mas nem todas as áreas que se

encaixarem nestes são selecionadas. Fatores como a importância do local para a biodiversidade,

a chance de ele receber proteção efetiva e como esta área se ajusta a rede nacional de IBAs já

existentes também influenciam (BENCKE et al., 2006).

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Avifauna costeira do litoral centro-norte de Santa Catarina

Foram registradas 112 espécies de aves no total, distribuídas em 19 ordens e 41 famílias

(apêndice 1). Barra Velha contou com 64 espécies, enquanto 66 foram registradas em Itajaí e

80 em Tijucas. A riqueza de aves encontrada é alta frente a alguns levantamentos feitos na costa

do estado, chegando a representar quase o dobro em alguns municípios. Branco, Machado e

Bovendorp (2004) citam um total de 62 espécies de aves para sete praias ao longo do litoral

catarinense, sendo 43 para Itajaí e Tijucas, e 29 para Barra Velha. Já para Navegantes, 32

espécies são citadas (SCHIEFLER; SOARES, 1994), e para a baía da Babitonga, 25 táxons

(GROSE; HILLEBRANT; CREMER, 2013).

O gaivotão (L. dominicanus) foi a ave costeira mais abundante em Barra Velha e Tijucas

(Figura 6), contribuindo, respectivamente, com 48% e 21,4% indivíduos; já em Itajaí, a espécie

que mais se observou foi o biguá N. brasilianus (Figura 7), que junto com o gaivotão somou

quase 40% dos indivíduos registrados no município.

Figura 6 – Indivíduos adultos de gaivotão (Larus dominicanus), fotografados no mês de junho, próximos a foz do rio Tijucas, durante o levantamento da avifauna costeira.

Fonte: a autora.

De acordo com Piacentini e Campbell-Thompson (2006), o gaivotão é a ave mais comum

do litoral catarinense, corroborando com os trabalhos de Cremer e Grose (2010), no litoral norte

e de Schiefler e Soares (1994), nas praias de Laguna e Navegantes. Ainda, grandes

concentrações de biguás foram registradas no Saco da Fazenda por Branco (2007),

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

29

especialmente durantes os meses mais quentes, onde tiveram ocorrência regular ao longo de

dez anos de levantamentos no local.

Entre as espécies menos abundantes neste levantamento estão os migrantes maçarico-do-

bico-torto (Numenius hudsonicus) e gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus), os cuculídeos

alma-de-gato (Piaya cayana) e papa-lagarta (Coccyzus melacoryphus), os rapinantes gavião-

de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) e carrapateiro (Milvago chimachima), além de

pássaros de áreas abertas como a noivinha (Xolmis irupero) e o sabiá-do-banhado (Embernagra

platensis).

Figura 7 – Indivíduos de biguá (Nannopterum brasilianus), fotografados no mês de setembro, próximos a foz do rio Tijucas, durante o levantamento da avifauna costeira.

Fonte: a autora.

As famílias de aves com maior riqueza de espécies durante o estudo foram Tyrannidae e

Thraupidae (Passeriformes), com nove cada, seguidas das aquáticas e limícolas Ardeidae

(N=8), Scolopacidae (N=7) e Charadriidae (N=6) (Figura 8). Algumas espécies de tiranídeos e

traupídeos, como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), a guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia

flavogaster) e o canário-da-terra (Sicalis flaveola) são consideradas aves oportunistas,

utilizando-se de diferentes ambientes e forrageando sobre uma grande variedade de presas

(BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004).

Por outro lado, as outras três famílias são compostas por aves estritamente relacionadas a

ambientes úmidos, e levantamentos anteriores já haviam indicado a predominância destas

famílias no Saco da Fazenda (Itajaí) (BRANCO, 2007), onde foram registrados nove ardeídeos,

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

30

seis caradriídeos e nove escolopacídeos. Já em Tijucas, a bibliografia indica a ocorrência de

pelo menos quatro espécies de caradriídeos e três escolopacídeos (BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004), abaixo do encontrado no presente levantamento.

Na lagoa de Ibiraquera, litoral sul do estado, quatro espécies de cada família foram

observadas, enquanto em Laguna, pouco mais ao sul, três Charadriidae e dois Scolopacidae

foram citados (SCHIEFLER; SOARES, 1994; PIACENTINI; CAMPBELL-THOMPSON,

2006). Ao norte do litoral catarinense, na baía da Babitonga, considerada uma IBA pela

presença de passeriformes ameaçados em seus brejos (BENCKE et al., 2006), dois caradriídeos

e cinco escolopacídeos foram encontrados. Ali, foram registrados agrupamentos de no máximo

65 indivíduos da batuíra-de-bando (Charadriidae) e de 44 maçaricos-de-perna-amarela

(Scolopacidae) utilizando-se de suas planícies de maré (GROSE; HILLEBRANT; CREMER,

2013). No presente trabalho estes valores não ficaram muito acima, uma vez que foram

registrados bandos de no máximo 88 aves para a batuíra-de-bando e 71 para o maçarico-de-

perna-amarela, ambos no município de Tijucas.

Os ardeídeos (garças e socós) formam um grupo majoritariamente paludícola, que se utiliza

de áreas úmidas tanto para capturar suas presas (e.g. peixes, invertebrados aquáticos), quanto

para a construção de seus ninhos em fragmentos ou árvores isoladas em meio aos charcos

(SICK, 1997). Essas aves são comuns em todo o litoral do estado, dominando importantes áreas

costeiras como a baía de São José, de Tijucas e o Saco da Fazenda (BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004; BRANCO, 2007). Já os escolopacídeos e a maioria dos caradrídeos

maçaricos, batuíras e batuiruçus são aves estritamente ligadas a ambientes aquáticos, costeiros

ou continentais, assim como às planícies de maré, onde descansam e forrageiam. Essas espécies

alimentam-se essencialmente de macro-invertebrados bentônicos, como anelídeos, moluscos e

crustáceos, que capturam afundando o bico no sedimento das zonas intermarés (LUNARDI,

2010).

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

31

Figura 8 Abundância de espécies por família, ilustrado com indivíduos fotografados durante o levantamento da avifauna costeira do litoral centro-norte de Santa Catarina.

Fonte: a autora. Legenda: acima do gráfico, da esquerda para a direita: garça-branca (Ardea alba), maçarico-grande-de-perna-amarela (Tringa melanoleuca), tiê-sangue (Ramphocelus bresilius); abaixo: pernilongo

(Himantopus melanurus) e talha-mar (Rynchops niger).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

32

Charadriidae e Scolopacidae aparecem entre as principais famílias de aves aquáticas

registradas na costa catarinenses, desde as planícies de maré da baía da Babitonga (GROSE;

HILLEBRANT; CREMER, 2013), passando pelas praias do litoral centro-norte até a costa sul

do estado, com maiores concentrações próximo na baía de Tijucas, na baía de São José, grande

Florianópolis (BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004; BRANCO, 2007).

Vinte famílias contribuíram somente com uma espécie cada uma (Figura 8), sendo que duas

destas Rynchopidae e Recurvirostridae contribuíram, respectivamente, com 8,6% (N =

1070) e 6,3% (N = 1512) do total de indivíduos registrados nos três municípios (Apêndice 1).

Estas famílias são representadas pelo talha-mar (R. niger) e pelo pernilongo-de-costas-brancas

(Himantopus melanurus) (Figura 8), duas espécies aquáticas que habitam lagos, estuários, e

outras áreas úmidas na região costeira ou em regiões mais interioranas do Brasil (SICK, 1997).

Piacentini e Campbell-Thompson (2006) registraram concentrações de até 200 indivíduos de

talha-mar para a microbacia da Lagoa de Ibiraquera, litoral centro-sul catarinense. Já nas baías

Sul (Florianópolis) e de São José, região central da costa, foram registrados mais de 5.000

indivíduos desta espécie entre os anos de 2002 e 2003 (BRANCO; MACHADO;

BOVENDORP, 2004).

O litoral centro-norte de SC também reúne registros de agrupamentos de R. niger,

especialmente nas proximidades da foz do rio Tijucas e no Saco da Fazenda, onde grupos de

cerca de 350 indivíduos foram observados. Ao mesmo tempo, bandos de tamanhos similares da

mesma espécie foram observados em Balneário Barra do Sul e na baía da Babitonga, litoral

norte do estado (BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004; GROSE; HILLEBRANT;

CREMER, 2013).

Quanto ao pernilongo-de-costas-brancas, concentrações de até 300 indivíduos são reportadas

na literatura para a praia de Tijucas, grupos menores, de até 200 aves, para praias da região

central, e congregações com cerca de 120 indivíduos para o sul do litoral catarinense

(BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004; PIACENTINI; CAMPBELL-THOMPSON,

2006). No Saco da Fazenda, esta espécie de ocorrência sazonal ou ocasional, foi registrada a

partir do final da década de 1990, porém até 2007 nenhum agrupamento significativo foi

reportado na literatura (BRANCO, 2007). Ainda, observações nas praias de Laguna e

Navegantes, bem como na baía da Babitonga, demonstram que esta ave é observada

majoritariamente sozinha ou em pequenos bandos (SCHIEFLER; SOARES, 1994; GROSE;

HILLEBRANT; CREMER, 2013).

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

33

Quando comparadas as assembleias de aves costeiras dos três municípios, a Permanova

aplicada sobre a matriz de similaridade indicou diferença significativa entre os locais (p=0,001).

Na comparação par a par, todos os locais foram significativamente diferentes um do outro

(p=0,001). O caráter temporal não revelou diferença significativa em relação a composição da

avifauna (p=0,697; Tabela 1).

Tabela 1 – Análise de variância multivariada permutacional e teste pair-wise entre os locais de amostragem.

Fonte: a autora. Legenda: df (graus de liberdade); BV (Barra Velha); IT (Itajaí); TI (Tijucas).

O dendrograma de similaridade explicita a separação da avifauna costeira encontrada nos

municípios: enquanto Tijucas forma um grupo isolado, Barra Velha e Itajaí formam dois

subgrupos isolados quase por completo um do outro (Figura 9).

Figura 9 – Dendrograma de similaridade entre a avifauna dos locais de amostragem no litoral centro-norte de Santa Catarina (com base no coeficiente de Bray-Curtis).

Fonte: a autora.

Das 64 espécies de aves registradas em Barra Velha (Figura 10A) utilizando-se da faixa de

areia, da lagoa e de suas pequenas planícies lodosas em suas margens, bem como dos

remanescentes de restinga, alguns passeriformes como as andorinhas e o tico-tico (Zonotrichia

Fator df Pseudo-F P(perm) Grupos P(perm) permsLocal 2 10,743 0,001 BV, IT 0,001 999Mês 11 0,89625 0,697 BV, TI 0,001 996

IT, TI 0,001 998

Teste Pair-Wise (Local)PERMANOVA

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

34

capensis) (Figura 10B) destacam-se na abundância de indivíduos. Estas espécies são

consideradas generalistas, e exploram ambientes urbanos, áreas verdes e paisagens abertas,

como parques, campos de cultivo e jardins, sendo muito comuns nas regiões sudeste e sul do

Brasil (SICK, 1997).

Já o trinta-réis-real (T. maximus) (Figura 10C), espécie ameaçada de extinção, foi a segunda

mais abundante na área, e está presente na costa sul e sudeste do país ao longo de todo o ano,

ocorrendo no litoral catarinense desde as praias do Sul, como Araranguá, até a baía da

Babitonga, no litoral norte (BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004; CREMER;

GROSE, 2010; MMA, 2014).

Figura 10 – Curva acumulada de espécies de Barra Velha (A), ilustrada por indivíduos de espécies abundantes no município: tico-tico (B) e trinta-réis-real (C).

Fonte: a autora.

Em Itajaí, boa parte das 66 espécies encontradas exploravam a vegetação e as planícies

flúvio-marinhas do Saco da Fazenda, bem como os remanescentes de restinga na Praia Brava

(Figura 11A). Verificou-se a predominância do biguá (N. brasilianus), enquanto o gaivotão (L.

dominicanus) e o talha-mar (R. niger) contribuíram com abundancias semelhantes. Estas

espécies coabitam ambientes litorâneos, onde compartilham áreas de descanso e forrageio

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

35

(Figura 11B) em toda a costa catarinense (SCHIEFLER; SOARES, 1994; BRANCO;

MACHADO; BOVENDORP, 2004; PIACENTINI; CAMPBELL-THOMPSON, 2006).

Ainda demonstraram constante abundância e presença o tesourão (Fregata magnificens)

(Figura 11C), ave abundante na costa centro-norte catarinense (SCHIEFLER; SOARES, 1994;

BRANCO; MACHADO; BOVENDORP, 2004), e o quero-quero (Vanellus chilensis) (Figura

12D), ave residente e generalista, que ocupa áreas abertas rurais e também é comumente

encontrado em parques urbanos, assim como em estacionamentos e campos de futebol (SICK,

1997).

Figura 11 Curva acumulada de espécies de Itajaí (A), ilustrada por indivíduos de espécies abundantes no município: gaivotão e biguá (B), tesourão (C) e quero-quero (D).

Fonte: a autora.

No município de Tijucas, 80 espécies foram registradas utilizando-se de sua grande planície

de maré ou dos campos e áreas úmidas adjacentes (Figura 12A). O pernilongo-de-costas-

brancas H. melanurus (Figura 12B), ave limícola característica de áreas úmidas no Brasil

Centro-Meridional, o biguá (N. brasilianus) (Figura 12C) e o quero-quero (V. chilensis) foram

algumas das espécies que mais contribuíram para a elevada abundância desta área de estudo.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

36

Dentre as doze espécies migratórias encontradas nos municípios 10 são limícolas (batuíras

e maçaricos), a gaivota-de-rabo-preto (L. atlanticus; Figura 12D), na foz do rio Tijucas e a

andorinha-de-bando (Hirundo rustica), no litoral de Barra Velha (Apêndice 1). Dentre as

limícolas, somente a batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus) (Figura 12E) e o maçarico-

grande-de-perna-amarela (Tringa melanoleuca) foram comuns aos três municípios estudados.

Estas duas espécies limícolas são encontradas com frequência nos levantamentos de avifauna

ao longo do litoral de Santa Catarina. Grose, Hillebrant e Cremer (2013), registraram ambas

utilizando as planícies de maré da Baía da Babitonga, litoral norte catarinense.

Figura 12 Curva acumulada de espécies de Tijucas (A), ilustrada por indivíduos de espécies registradas no município: pernilongo (B), biguá (C), gaivota-de-rabo-preto (D) e maçarico-de-

bando (E);

Fonte: a autora.

Já Schiefler e Soares (1994) encontraram pequenos grupos da batuíra-de-bando descansando

no litoral de Navegantes, enquanto Branco, Machado e Bovendorp (2004) registraram esta

batuíra nos meses de primavera e verão nas praias de Barra Velha, Itajaí e Tijucas, assim como

na grande Florianópolis e no litoral sul do estado. Piacentini e Campbell-Thompson (2006),

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

37

citam a ocorrência da batuíra-de-bando para o final do outono e início do verão para Ibiraquera,

em Imbituba, litoral sul do estado. Este estudo ainda relata o registro de pequenos bandos de

até dez indivíduos de maçarico-grande-de-perna-amarela na Lagoa de Ibiraquera nos meses de

primavera e verão.

A gaivota-de-rabo-preto (Figura 12D) é uma pela lista vermelha

da IUCN (BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013) e meaçada segundo a classificação

nacional na Argentina (LÓPEZ-LANÚS et al., 2008). Seu registro em Tijucas é considerado

raro e soma-se aos poucos já reportados para a costa catarinense, que se concentram no litoral

sul do estado e em Itajaí (PACHECO; BRANCO; PIACENTINI, 2009; WIKIAVES, 2016).

Esta gaivota foi recentemente encontrada na região estuarina de Paranaguá, litoral paranaense

(BECHER et al., 2016, no prelo), o que constitui o ponto mais ao norte conhecido de sua

distribuição. De reprodução restrita a Argentina, em seu período de descanso esta ave alcança

o litoral do Uruguai e é registrada frequentemente no litoral do Rio Grande do Sul

(MAURÍCIO; DIAS, 1996; HARRISON; WHITEHOUSE; MADUREIRA, 2013; YORIO et

al., 2013).

Quando considerados somente os dados das espécies de aves limícolas migratórias das três

áreas levantadas, a Permanova aplicada sobre a matriz de similaridade indicou diferença

significativa entre as assembleias dos locais (p=0,001). Na comparação pareada, Tijucas se

difere dos demais lugares (p=0,001), enquanto Barra Velha e Itajaí não apresentam diferença

significativa (p=0,231). O caráter temporal não revelou diferença significativa em relação a

composição da avifauna (p=0,454; Tabela 2).

Tabela 2 – Análise de variância multivariada permutacional e teste pair-wise entre a avifauna migratória dos locais de amostragem.

Fonte: a autora. Legenda: df (graus de liberdade); BV (Barra Velha); IT (Itajaí); TI (Tijucas).

É possível verificar, no dendrograma de similaridade, que as amostragens de Tijucas se

encontram isoladas em parte nas extremidades da figura (Figura 13), enquanto os levantamentos

de Barra Velha e Itajaí se combinam ao longo de todo gráfico, demonstrando a singularidade

do local quanto a avifauna limícola migratória.

Fator df Pseudo-F P(perm) Grupos P(perm) permsLocal 2 7,1658 0,001 BV, IT 0,231 166Mês 11 1,0215 0,454 BV, TI 0,001 916

IT, TI 0,001 928

PERMANOVA Teste Pair-Wise (Local)

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

38

Figura 13 Dendrograma de similaridade entre a avifauna limícola migratória dos locais de amostragem no litoral centro-norte de Santa Catarina (com base no coeficiente de Bray-

Curtis).

Fonte: a autora.

A praia de Tijucas concentrou grande parte das espécies limícolas migratórias, reunindo

nove das dez registradas, com exceção do maçarico-pintado (A. macularius) que foi registrado

somente no Saco da Fazenda, em Itajaí (Figura 14). A única espécie limícola migratória

proveniente do sul da América do Sul (VS), a batuíra-de-peito-tijolo, C. modestus, foi registrada

forrageando na planície de maré de Tijucas, onde concentrou bandos durante o outono. Ghizoni-

Jr e Azevedo (2010) também registraram esta espécie na foz do rio Tijucas, e ainda reportam

um registro do maçarico-de-bico-virado (Limosa haemastica), espécie migratória incomum

encontrada no presente levantamento, para uma área distante cerca de 30 km da foz do rio

Tijucas. Segundo a BirdLife International (2012a e 2012b), as populações mundiais do

maçarico-de-bico-virado e do maçarico-pintado, ambas registrados durante esta amostragem,

encontram-se em declínio e a ameaça principal a estas espécies é a destruição de seus habitats.

O índice de diversidade de Shannon-

3,07 (outubro, Tijucas) e os maiores valores foram registrados nos meses de primavera e verão

Velha) até 0,86 (janeiro, Itajaí) (Figura 15).

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

39

Figura 14 – Indivíduo de maçarico-pintado (Actitis macularius), fotografado no mês de dezembro em Itajaí, durante o levantamento da avifauna costeira do litoral centro-norte de

Santa Catarina.

Fonte: a autora.

Figura 15 – Variação dos índices de Shannon-Weaver (H') e de Pielou (J') ao longo de um ano de amostragens de aves em três municípios do litoral centro-norte de Santa Catarina,

Brasil.

Fonte: a autora.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

40

Barra Velha apresentou os menores valores de diversidade nos meses de inverno e outono

(Figura 15A). Além disto, a equitabilidade ficou em torno de 0,6, demonstrando uma relativa

homogeneidade na distribuição das espécies. Itajaí apresentou diversidade intermediária a Barra

Velha e Tijucas, com extremos no verão (Figura 15B). A equitabilidade seguiu esta tendência

e, com exceção de dezembro e janeiro, girou em torno de 68%. Tijucas apresentou os maiores

índices de diversidade, especialmente entre a primavera e o verão, quando o valor de Shannon-

Weaver alcançou 3,07 (Figura 15C). A equitabilidade manteve-se em torno de 70% ao longo

do ano.

Branco, Machado e Bovendorp

apresentados aqui para os meses mais frios em Barra Velha e Tijucas, porém, quando analisado

o intervalo entre setembro e fevereiro, alguns valores obtidos por eles são muito inferiores.

Quando considerado somente o Saco da Fazenda, os índices são similares aos encontrados por

esta pesquisa, com estabilidade do índice de equitabilidade e variação da diversidade entre os

períodos de outono-inverno e primavera-verão.

Tabilo et al. (1996) encontraram valores de diversidade de 1,8 até 2,6 para a avifauna

na costa chilena e conferiram o alto valor à variedade de habitats aquáticos da área. Também,

Cardoso e Zeppelini (2011) obtiveram valores que não ultrapassaram 1,8 para a avifauna

migratória na costa da Paraíba, enquanto na baía da Babitonga, litoral norte de SC, este índice

alcançou até 1,86 (GROSE; HILLEBRANT; CREMER, 2013).

Os resultados indicam um gradiente de importância das áreas úmidas costeiras para a

avifauna enquanto Barra Velha, com médio de 1,97, parece não oferecer alta diversidade

de habitats úmidos para a avifauna, a costa de Itajaí, com um índice interme

2,19), deve ser estimada uma vez que resguarda uma alta diversidade mesmo inserida em

ambiente urbano.

Tijucas, com médio de 2,5, revela a importância de sua extensa planície de maré e áreas

úmidas adjacentes, como banhados, estuários e culturas irrigadas para a avifauna costeira

(ACOSTA et al., 2010). Valores semelhantes foram encontrados por Costa e Sander (2008)

para a costa do Rio Grande do Sul, onde se localizam as áreas mais importantes para a avifauna

migratória no sul do país (e.g. Lagoa do Peixe).

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

41

4.2. Ações para a conservação da avifauna costeira nos municípios alvos do estudo

Em meio a acelerada transformação dos ambientes naturais costeiros do litoral centro-norte

catarinense, ações para conservação da biodiversidade de suas praias e restingas, consideradas

ainda insuficientemente conhecidas (IBGE, 2011) são uma ferramenta para integrar a crescente

população residente nos municípios litorâneos com uma gestão de território adequada, que

considere a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da zona costeira.

Além da rica avifauna registrada neste trabalho, que conta com 10 espécies limícolas

migratórias e algumas outras ameaçadas, diferentes registros de espécies migratórias raras (e.g.

Calidris canutus; Phoenicoparrus andinus) demonstram a importância deste setor litorâneo

como área de descanso e forrageio destas espécies, que concentram principalmente em regiões

mais meridionais, como na Lagoa do Peixe e no litoral de Rio Grande, no Rio Grande do Sul

(CEMAVE/ICMBIO, 2014).

BARRA VELHA

O município de Barra Velha apresenta uma orla singular, caracterizada pela foz do rio

Itapocu e pela lagoa de Barra Velha, que se estende paralelamente a praia atrás de uma faixa de

dunas cobertas por remanescentes de restinga (Figura 16A). A foz do estuário, que já se

localizou cerca de 4km ao norte de onde está, encontra-se hoje fixada por dois molhes, que

também servem como local de descanso para algumas espécies de aves costeiras.

A vegetação de restinga, bem como o ecossistema de manguezal associado ao estuário e a

lagoa, são protegidos por lei e constituem Áreas de Preservação Permanente (APP; BRASIL,

2012). Segundo sua definição, estas áreas têm como função preservar os recursos hídricos, a

paisagem e a estabilidade geológica e da biodiversidade, além de facilitar o fluxo gênico,

proteger o solo e garantir proteção para a população humana.

Além dos mangues e da restinga, encontram-se pequenas planícies lodosas temporárias ao

longo da lagoa, que surgem de acordo com as marés. Estes bancos de lama servem de áreas de

alimentação para várias espécies de aves, inclusive para aves limícolas migratórias. Ainda,

espécies costeiras como o gaivotão (L. dominicanus) e o talha-mar (R. niger) são normalmente

observadas sobrevoando ou se alimentando nas águas da lagoa de Barra Velha e no oceano,

mesmo próximo às áreas ocupadas.

A prática de atividades humanas em APPs é permitida, desde que estas não causem grandes

impactos, porém, é fato que a presença humana, principalmente de turistas, na região da lagoa

e da praia é alta, especialmente entre dezembro e março, quando o município chega a receber

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

42

mais de 80.000 turistas, segundo dados da Fundação de Turismo da prefeitura (PREFEITURA

DE BARRA VELHA, n.d).

Figura 16 Caracterização do litoral de Barra Velha (SC): seus ambientes, avifauna e sugestões de estruturas para instalação na região da lagoa de Barra Velha.

Fonte: Google Earth Pro (Imagem de satélite; A); www.govacation.sg (B); reservenaturelle-saint-martin.com (C;

E); sarahvinall.blogspot.com.br (D); Legenda: ambientes e avifauna do litoral de Barra Velha (A-I); Sungei Buloh Wetland Reserve, Singapura (B); observatório da Reserve Naturelle Saint Martin, no Caribe (C; E); Rye

Harbour Nature Reserve, Reino Unido (D).

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

43

Ainda, considerando a ocorrência de espécies de interesse dos observadores de aves, como

espécies de plumagem atraente (e.g. saí-azul, tiê-sangue) e migratórias (e.g. batuíra-de-bando,

maçarico-grande-de-perna-amarela), a instalação de estruturas voltadas a observação de aves

(Figura 16B-E) poderia ser o começo do desenvolvimento de atividades de turismo de

observação de aves em inglês, birdwatching ou birding. Esta é uma atividade de turismo de

natureza praticada a mais de 200 anos, e que ainda está em expansão (MA et al., 2012).

Tradicionalmente dominado por norte-americanos e britânicos, este mercado vem sendo foco

de grandes centros de turismo de natureza na Ásia, especialmente na Índia, no Japão e na China

(MA, et al., 2012; STEVEN; JONES, 2015).

No Brasil, o birdwatching ganhou força na década de 1990, apesar de já ser praticado desde

os anos de 1970 por participantes dos COAs (Clube de Observadores de Aves) das principais

capitais do país, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (COAPOA, 2016). No

final da década foi criado o Festival Brasileiro de Aves Migratórias, realizado anualmente no

município de Mostardas, Rio Grande do Sul, e que atrai centenas de turistas brasileiros e

estrangeiros interessados em aves costeiras. Ainda, eventos como o AVISTAR Encontro

Brasileiro de Observadores de Aves criado em 2006, e que contou com mais de 3.000 inscritos

em sua edição de 2015 (CARVALHO, comunicação pessoal), além do desenvolvimento de

ferramentas como o site Wiki Aves, que desde 2008 vem reunindo a comunidade online de

observadores de aves e contribuindo para a divulgação da avifauna brasileira, são exemplos do

crescimento do interesse do público pela atividade na última década (ALEXANDRINO et al.,

2012). Por outro lado, como qualquer atividade humana, o birdwatching pode trazer alguns

impactos negativos para as populações humanas e de aves, que vão além da perturbação direta

e do aumento da predação e abandono de ninhos. A poluição gerada pelos turistas, a degradação

de culturas locais e alguns impasses socioeconômicos também podem ser registrados

(SEKERCIOGLU, 2002).

Somente com proteção efetiva por parte dos órgãos municipais este importante fragmento

da Mata Atlântica costeira catarinense poderá ser conservado. Sendo assim, considerando a

proposta do MMA (2007), que sugere a criação de uma UC de Proteção Integral na restinga das

lagoas de Barra Velha e da Cruz (ao norte, no município de Araquari), sugerimos a criação de

um Parque Natural Municipal (ou ainda estadual, envolvendo as prefeituras de Barra Velha e

Araquari). Este englobaria toda a faixa de APP, desde a restinga fixadora de dunas até os

manguezais do estuário, e incluiria ainda os fragmentos de mata de restinga não contemplados

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

44

no Parque Natural Municipal Caminho do Peabiru (Barra Velha) e na região da Barra do Itapocu

(Araquari).

ITAJAÍ

Na região litorânea do município de Itajaí (Figura 17A), por sua vez, observa-se uma maior

diversidade geomorfológica, além de diferentes componentes na vegetação. Junto à foz do rio

Itajaí, na entrada do terminal de passageiros de Itajaí, encontra-se o Saco da Fazenda. Este corpo

litoral

na cidade, e serve de base para as atividades de lazer da população, bem como para eventos

náuticos internacionais, que colocam Itajaí no cenário mundial das competições.

Constituindo desde 2008 uma APA (ITAJAÍ, 2008), o Saco da Fazenda é um importante

reduto da biodiversidade do município, apresentando remanescentes de vegetação pioneira e

uma rica diversidade de fauna (FISCH, 2015). Ao longo de sua orla encontram-se

infraestruturas voltadas para o bem-estar da população, como ciclovias, pistas para práticas de

esportes e também equipamentos para ginástica.

Na praia de cabeçudas, encontra-se uma faixa a beira mar onde observa-se de um lado a

morraria da Atalaia e do outro um costão rochoso, seguido de uma pequena praia arenosa

protegida pelo promontório de Cabeçudas e influenciada pelas águas do rio Itajaí. Nesta praia,

a avifauna costeira e aquática se mistura com as aves associadas a mata das morrarias

adjacentes, bem como com espécies comumente encontradas nas cidades.

Perto de Cabeçudas, a porção norte da praia Brava resguarda áreas de restinga, além de

costões rochosos e remanescentes de Floresta Ombrófila Densa em suas morrarias. Diversas

espécies de aves de áreas abertas puderam ser observadas ao longo de toda a faixa de restinga

costeira, até o ribeirão Cassino da Lagoa, inclusive em comportamento reprodutivo.

Apreciando a avifauna encontrada durante o levantamento, composta em boa parte por aves

aquáticas e por passeriformes associados a vegetação de mata e restinga (Apêndice 1), conclui-

se que a instalação de estruturas para contemplação da fauna, da natureza e da paisagem como

um todo seriam de utilidade para a população local e turistas interessados no birdwatching.

Observatórios, esconderijos e placas explicativas, com desenhos ou fotos das espécies

ocorrentes, com informações como nome cientifico, popular, época de ocorrência e

curiosidades, são infraestruturas de baixo custo (Figura 17B-E) e que poderiam ser instalados

ao longo da orla da APA do Saco da Fazenda e do Caminho de Cabeçudas (Rua Dep. Francisco

Evaristo Canziani).

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

45

Figura 17 Caracterização do litoral de Itajaí (SC): seus ambientes e respectiva avifauna, além de sugestões de estruturas para instalação na região do Saco da Fazenda e Cabeçudas.

Fonte: Google Earth Pro (Imagem de satélite; A); www.tournorfolk.co.uk (B); adriandeguaraarchitecture.weebly.com (C);

www.weekendnotes.com (D); www.nrcs.usda.gov (E); Legenda: ambientes e avifauna do litoral de Itajaí (A); Hickling Broad, Norfolk, UK (B); Birdwatching hide, Cataluña, Espanha (C); The Edithvale Seaford Wetlands Discovery Centre,

Austrália (D); Gainesville, Florida, Estados Unidos (E);.

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

46

Ainda, de acordo com a proteção legal já existente nas áreas de estudo e adjacências (Saco

da Fazenda [APA], Morraria do Atalaia [Parque Natural], restinga da Praia Brava), e com os

correntes estudos sobre a viabilidade e importância da instalação de uma UC nas áreas de

morraria da Praia Brava e do Farol de Cabeçudas, sugerimos a extensão da área do Parque

Natural Municipal do Atalaia até a praia de Cabeçudas, envolvendo seus costões rochosos e

promovendo a conservação das áreas naturais remanescentes da orla.

TIJUCAS

O litoral do município de Tijucas, onde foram encontrados os maiores índices de diversidade

para a avifauna costeira, bem como a maior riqueza de espécies limícolas migratórias, é

formado em parte por uma planície costeira de campos de pecuária e cultivos irrigados, anexa

a uma extensa planície de maré lodosa de, aproximadamente, 12 km² de área (Figura 18A). A

foz do rio homônimo ao município tem grande concentração de atividades de pesca artesanal e

se encontra constantemente em mudanças devido à grande influência das aguas vindas do

estuário.

Esta baía abriga uma rica avifauna aquática) que inclui espécies ameaçadas em nível global

e nacional, como o flamingo-dos-andes (Phoenicoparrus andinus), o trinta-réis-real e a gaivota-

de-rabo-preto (BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2014; MMA, 2014; WIKIAVES, 2016).

Ainda, as áreas campestres do litoral tijuquense são exploradas por um grande número de

espécies de aves campestres e costeiras, que encontram em seus campos úmidos alimento e

local para nidificação.

Ao mesmo tempo que a região costeira de Tijucas resguarda importantes componentes da

biodiversidade, este ambiente litorâneo vem sendo pressionado pela ocupação humana,

principalmente pelo anseio de expansão urbana e industrial. A criação de uma Unidade de

Conservação nessa região protegeria um dos poucos habitats abertos extensos ainda existentes

na costa centro-norte catarinense, além de abrigar importantes redutos de alimentação e

descanso para aves migratórias.

Deste modo, a criação de uma UC de Uso Sustentável, como uma Área de Relevante

Interesse Ecológico, aliaria a preservação de um ambiente importante para a população local e

também para a biodiversidade. Segundo o MMA (2011), este tipo de UC tem como objetivo a

manutenção de ecossistemas de importância regional, a partir da regulação do uso dessas áreas,

a fim de compatibilizá-los com a conservação do meio.

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

47

Figura 18 – Caracterização do litoral de Tijucas (SC): seus ambientes e respectiva avifauna, além de sugestões de estruturas para instalação na região da orla ao sul do rio.

Fonte: Google Earth Pro (Imagem de satélite; A); www.archdaily.com (B; D); www.sanparks.org (C);

english.cri.cn (E; F); Legenda: ambientes e avifauna do litoral de Itajaí (A); Tagus Linear Park (B; D); West Coastl National Park, África do Sul (C); Ruoergai Wetland Reserve, China (E; F).

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

48

Paralelamente a criação da UC, a construção de passarelas e observatórios para a

contemplação de aves (Figura 18B-F) supriria uma demanda já existente dos birders da região

e do estado. Esta iniciativa ajudaria a monitorar a visitação na área, coibindo ações degradantes,

uma vez que concebida a UC e a infraestrutura estalada, funcionários seriam dedicados ao

cuidado da UC.

Além disso, o estabelecimento de uma UC na região pode aumentar o número de turistas no

município, movidos pela atração incomum na região, bem como incentivar a população local a

conhecer, conviver e se utilizar de maneira sustentável dos espaços públicos de sua cidade. A

capacitação da população local em temas como a observação de aves e ornitologia em geral,

aspectos gerais de conservação e biodiversidade, bem como impactos antrópicos e gestão na

zona costeira, pode ser providenciada através da realização de estágios e atividades em parcerias

com faculdades das áreas ambientais das diversas instituições sediadas em grandes municípios

próximos como na grande Florianópolis e região do Vale do Itajaí.

As estruturas sugeridas são de custo baixo e podem ser feitas de materiais reaproveitados,

como pallets e madeira de demolição, além de poder ter também a participação da comunidade

em seu projeto. Parcerias do setor público e privado são recomendadas para a manutenção das

estruturas a serem instaladas, podendo estas conter logomarcas e algum tipo de promoção das

empresas envolvidas sem impactar visualmente a paisagem.

O imediato cercamento de parte da orla é uma ação imprescindível, a fim de evitar o pisoteio

por parte do rebanho equino e bovino das propriedades rurais adjacentes na vegetação de

restinga, área de APP e local de reprodução de espécies de aves campestres.

As informações levantadas aqui, somadas a importância biológica destas três áreas já

reconhecida pelo MMA (2007), consolidam a necessidade imediata de um melhor planejamento

costeiro na região, que contemple sobretudo o desenvolvimento sustentável, a conservação da

natureza e o bem-estar das comunidades locais, regionais e dos turistas que visitam o estado.

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

49

4.3. Avaliação do potencial de criação de áreas importantes para a conservação de aves

limícolas migratórias no litoral centro-norte de SC

A partir dos resultados obtidos e da literatura disponível (WIKIAVES, 2016), avaliou-se que

o litoral centro-norte não conta com áreas suscetíveis a compor de uma IBA, segundo os

critérios para caracterização de tal (BENCKE et al., 2006).

Apesar de algumas espécies de aves ameaçadas globalmente serem registradas no município

de Tijucas, a abundância de indivíduos encontrada não justifica a aplicação do critério A1

(número significativo de uma ou mais espécies de aves globalmente ameaçadas).

Não foram encontradas evidências para a aplicação dos critérios A2 (espécies com

distribuição restrita) ou A3 (espécies restritas ao bioma) na avifauna resultante do presente

levantamento.

Já o critério A4, proposto por Bencke et al.( 2006), que diz respeito a presença de espécies

congregantes como aves aquáticas, limícolas, marinhas e migratórias deve ser analisado

para o litoral tijuquense através de um monitoramento mais criterioso, que considere uma

amostragem mais direcionada para estes grupos. Os números de abundância de aves limícolas

migratórias que utilizaram a área para descanso e forrageamento durante a presente amostragem

não são significativos frente a estimativa de suas populações mundiais (WETLANDS

INTERNATIONAL, 2016).

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

50

5. CONCLUSÕES

A avifauna amostrada na região mostrou elevada diversidade e está correlacionada

principalmente com habitats como planícies de maré, manguezais e restingas, exaltando a

importância da preservação destes ambientes nesta faixa de orla catarinense já tão densamente

ocupada por áreas urbanas, industriais e rurais.

O município de Tijucas demonstrou ser um importante local de parada de aves limícolas

migratórias no litoral centro-norte catarinense, reunindo mais do que o dobro de espécies que

as orlas de Barra Velha e Itajaí combinadas. Por outro lado, esses dois municípios apresentam

importantes áreas de restinga fixadora de dunas e de manguezais, além de abrigarem as maiores

concentrações do trinta-réis-real (T. maximus), espécie costeira ameaçada de extinção.

A avifauna limícola migratória amostrada no estudo foi majoritariamente registrada

utilizando-se de ambientes úmidos, como planícies de maré e formações pioneiras de influência

fluviomarinha (mangue). Ambas as formações, características da faixa litorânea entre Santa

Catarina e Rio Grande do Norte, enfrentam ameaças como o aumento do nível do mar, a perda

de habitat, a poluição, o aumento da incidência de erosão e de enchentes costeiras, entre outros

problemas decorrentes, muitas vezes, da expansão humana sobre os ambientes costeiros.

Apesar da abundância de aves limícolas migratórias encontradas no presente estudo não

indicar que existam áreas importantes para a conservação de aves (IBAs) na região, Tijucas se

destaca pela ocorrência destas espécies, merecendo maior atenção por parte dos pesquisadores,

uma vez que abriga espécies mundialmente ameaçadas de extinção e outras raras no Brasil.

Pesquisas direcionadas para os grupos migratórios, bem como para a utilização da planície

costeira de Tijucas e de seus municípios vizinhos pela avifauna, especialmente durante a época

reprodutiva de aves residentes e de invernagem de aves migratórias, são aconselhadas a fim de

levantar maiores elementos para fundamentar a conservação destes ambientes.

Ações por parte do poder público como elaboração e implementação de políticas públicas

orientadas a conservação ambiental, a divulgação de informações sobre o tema e até mesmo a

implantação das estruturas para recreação e observação da fauna nas orlas poderiam contribuir

muito para o acréscimo do número de turistas na região, e consequentemente, para a

arrecadação dos municípios.

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

51

6. RECOMENDAÇÕES

As paisagens naturais do litoral centro-norte de Santa Catarina vêm passando por mudanças

drásticas nas últimas décadas e com isso sua biodiversidade e seus ricos ecossistemas costeiros,

como manguezais e estuários, enfrentam uma série de ameaças. É preciso coordenar a expansão

humana e monitorar as mudanças no uso do solo para que importantes remanescentes de

formação pioneira com influência marinha, flúvio-marinha e flúvio-lacustre, não sejam

suprimidos em meio a urgência do crescimento imobiliário da região centro-norte.

Ações voltadas para conservação e educação ambiental das comunidades litorâneas da

região, juntamente com a instalação de infraestruturas e organização de atividades de

interpretação e contemplação da natureza por parte de órgãos e instituições de ensino públicas

ou privadas, seria de grande serventia para a população, que já se utiliza da área principalmente

para atividades de pesca artesanal, esportes aquáticos e observação de aves.

Ainda, iniciativas que visem levar às comunidades adjacentes aos estuários dos rios Itapocu,

Itajaí-Açu e Mirim, e do rio Tijucas informações relativas a conservação da biodiversidade e

preservação dos recursos aquáticos incluindo temáticas como descarte adequado de resíduos

sólidos e a importância da preservação da vegetação d poderiam

colaborar para a manutenção destes ambientes e da saúde de água destes estuários a longo prazo.

Abaixo, foi elaborada uma lista de ações julgadas prioritárias para a conservação da área de

estudo:

1. Criação de Unidade de Conservação nas restingas de Barra Velha e Araquari;

2. Desenvolvimento de estudos voltados a avifauna das restingas da região, especialmente dos

fragmentos de mata e das áreas úmidas costeiras;

3. Adequação das Unidades de Conservação já existentes no município de Itajaí para abranger

a região da praia de Cabeçudas;

4. Estudos sistemáticos sobre a avifauna das Praias Brava e Canto do Morcego, especialmente

da vegetação de restinga e das florestas das morrarias;

5. Promoção de eventos (encontros, seminários, palestras, minicursos) que qualifiquem e

motivem cidadãos das comunidades locais, assim como estudantes de nível superior das

áreas ambientais, para atividades de observação de aves e contemplação da natureza;

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

52

6. Criação de uma Unidade de Conservação na orla do município de Tijucas, especialmente

na região sul do rio, a fim de garantir a manutenção desta paisagem e de sua biodiversidade

ao longo do tempo;

7. Instalação de estruturas como passarelas, observatórios e esconderijos para contemplação

da avifauna e de outros animais, bem como da paisagem das praias estudadas;

8. Realização de atividades educativas voltadas para as comunidades adjacentes aos estuários

dos rios Itapocu, Itajaí-Mirim e Itajaí-Açu e Tijucas, visando principalmente ressaltar a

importância da conservaçã

inadequado de resíduos na água.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACOSTA, M.; MUGICA, L.; BLANCO, D.; LÓPEZ-LANÚS, B.; DIAS, R. A.; DOODNATH, L. W.; HURTADO, J. Birds of rice fields in the Americas. Waterbirds, v. 33, n. 1, p. 105-122, 2010.

ALEXANDRINO, E. R.; QUEIROZ, O. T. M. M.; MASSARUTTO. R. C. O potencial do município de Piracicaba (SP) para o turismo de observação de aves (Birdwatching). Revista Brasileira de Ecoturismo, v. 5, n. 1, p. 27-52, 2012.

ANDERSON, M. J. A new method for non-parametric multivariate analysis of variance. Austral Ecology, v. 26, p. 32-46, 2001.

ANDERSON, M. J. PERMANOVA a Fortran Computer Program for Permutational Multivariate Analysis of Variance. New Zealand: University of Auckland, 2005. 24 p.

ANDRADE, J.; SCHERER, M. E. G. Decálogo da gestão costeira para Santa Catarina: avaliando a estrutura estadual para o desenvolvimento do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 29, p. 139-154, 2014.

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Anuário 2015 Movimentação de contêineres. Disponível em:<www.antaq.gov.br/anuario>. Acesso em: 18 de dez. de 2015.

BENCKE, G. A.; MAURÍCIO, G. N.; DEVELEY, P. F.; GOERCK, J. M. Áreas importantes para a conservação das aves no Brasil: parte 1 estados do domínio da Mata Atlântica. São Paulo: SAVE Brasil, 2006. 494 p.

BIBBY, C. J.; BURGESS, N. D.; HILL, D. A. Bird Census Techniques. London: Academic Press Inc., 1992. 257 p.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. About us. 2016. Disponível em: <http://www.birdlife.org /worldwide/partnership/about-birdlife>. Acesso em: 9 de mai. de 2016.

______. Actitis macularius. The IUCN Red List of Threatened Species, 2012a. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/details/22693277/0>. Acesso em: 10 de mai. de 2016.

______. Larus atlanticus. The IUCN Red List of Threatened Species, 2013. Disponível em:<http://www.iucnredlist.org/details/22694286/0>. Acesso em: 10 de mai. de 2016.

______. Limosa haemastica. The IUCN Red List of Threatened Species, 2012b. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/details/22693154/0>. Acesso em: 10 de mai. de 2016.

______. Phoenicoparrus andinus. The IUCN Red List of Threatened Species, 2014. Disponível em: < http://www.iucnredlist.org/details/22697387/0>. Acesso em: 10 de jun. de 2016.

BRAAK, C. J. F. Canonical correspondence analysis: a new eigenvector technique for multivariate direct gradient analysis. Ecology, v. 67, p. 1167-1179, 1986.

BRANCO, J. O. Reprodução das aves marinhas nas ilhas costeiras de Santa Catarina. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 20, n. 4, p. 619-623, 2003.

______. Avifauna aquática do Saco da Fazenda (Itajaí, Santa Catarina, Brasil): uma década de monitoramento. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 24, n. 4, p. 873-882, 2007.

BRANCO, J. O.; MACHADO, I. F.; BOVENDORP, M. S. Avifauna associada a ambientes de influência marítima no litoral de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 21, n. 3, p. 459-466, 2004.

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

54

BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L6938.htm>. Acesso em 20 de mar. 2016.

______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 20 de mar. 2016.

______. Resolução CONAMA n. 303, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html>. Acesso em: 09 de nov. de 2015.

______. Decreto n. 5.377, de 23 de fevereiro de 2005. Política Nacional para os Recursos do Mar. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto /D5377.htm>. Acesso em 20 de mar. 2016.

______. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651 .htm>. Acesso em 20 de mar. 2016.

BURGER, J.; NILES, L.; CLARK, K. E. Importance of beach, mudflat and marsh habitats to migrant shorebirds on Delaware Bay. Biological Conservation, v. 79, n. 2-3, p. 283-292, 1997.

CAFF CONSERVATION OF ARCTIC FLORA AND FAUNA. The Arctic Migratory Birds Initiative (AMBI). Protecting arctic lifestyles and people through migratory bird conservation. CAFF Strategy Series Report, n. 5, 2014. Disponível em: <http://www.caff.is/strategies-series/274-the-arctic-migratory-birds-initiative-expert-wo rkshop-report-montreal-canada-feb/download>. Acesso em 14 de mar. 2016.

CALL, E. River birds as indicators of change in riverine ecosystems. 2015. 310 f. Tese (Doutorado em Ecologia e Conservação da Vida Silvestre) Wildlife Ecology and Wildlife Conservation Department, The University of Maine. 2015.

CAPP, J. C.; MEHLMAN, D. A New Conservation Partnership: Conserving the Migratory Birds of the Americas. USDA Forest Service General Technical Report. PSW-GTR-191, 2005. Disponível em: <http://www.fs.fed.us/psw/publications/ documents/psw_gtr191/psw_gtr191_1138-1142_capp.pdf>. Acesso em 23 de out. 2015.

CARDOSO, T. A. L.; ZEPPELINI, D. Migratory shorebirds during boreal summer and Southward migration on the coast of Paraíba, Brazil. Waterbirds, v. 34, n. 3, p. 369-375, 2011.

CARVALHO, J. L. B.; SCHETTINI, C. A. F.; RIBAS, T. M. Estrutura termohalina do litoral centro-norte catarinense. Notas Técnicas da FACIMAR, v. 2, p. 181-197, 1998.

CBRO COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS. Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, 23 v. 2, p. 91-298, 2015.

CEMAVE/ICMBio. Plano de ação nacional para a conservação das aves limícolas migratórias. Sumário executivo. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

55

images/stories/docs-plano-de-acao/pan-aves-limicolas-migratorias/sumario-aves-limicolas. pdf>. Acesso em: 13 de mai. de 2015.

______. Relatório anual de rotas e áreas de concentração de aves migratórias no Brasil. Relatório. Cabedelo, 2014. Disponível em: <http://www.icmbio. gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/Miolo-Relatorio-Rotas-Migratorias _10-02-2015_Corrigido.pdf>. Acesso em: 12 de mar. de 2015.

CLARKE, K.; WARWICK, R. Change in Marine Communities: an approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth: Marine Laboratory, 2001. 144p.

CLEMENS, R. S.; WESTON, M. A.; HASLEM, A.; SILCOCKS, A.; FERRIS, J. Identi cation of signi cant shorebird areas: thresholds and criteria. Diversity and Distributions, v. 16, p. 229 242, 2010.

COAPOA Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre. História do COA. Disponível em:< http://www.coapoa.org/novosite/sobre-o-coa/historia-do-coa>. Acesso em: 02 de jun. de 2016.

COSTA, E.; SANDER, M. Variação sazonal de aves costeiras (Charadriiformes e Ciconiiformes) no litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Biodiversidade Pampeana, v. 6, n. 1, p. 3-8, 2008.

CREMER, M. J.; GROSE, A. V. Ocorrência de aves marinhas no estuário da Baía da Babitonga, costa norte de Santa Catarina, sul do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 18, n. 3, p. 176-182, 2010.

DANCHENKO, S. Shorebirds as indicators of ecological status and sediment quality in the Ria Formosa lagoon. 2010. Dissertação (Mestrado em gestão da agua da costa) Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve, Faro. 2010.

DEVELEY, P. F.; GOERCK, J. M. Brazil. In: DEVENISH, C.; DÍAZ FERNÁNDEZ, D. F.; CLAY, R. P.; DAVIDSON, I.; YÉPEZ ZABALA, I. (Eds.) Important Bird Areas Americas: Priority sites for biodiversity conservation. Quito: BirdLife International, 2009. BirdLife Conservation Series No. 16. P. 99 112.

DHN Diretoria de Hidrografia e Navegação. Centro de Hidrografia da Marinha (CHM). Banco Nacional de Dados Oceanográficos. Previsões de Maré, 2015. Disponível em: <http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-mare/tabuas/>. Acesso em: Acesso em: 16 de jun. 2015.

DIAS, R. A.; BURGER, M. I. A assembleia de aves de áreas úmidas em dois sistemas de cultivo de arroz no extremo sul do Brasil. Ararajuba, v. 13, n. 1, p. 63-80, 2005.

EBERT, L. A.; BRANCO, J. O.; BARBIERI, E. Daily activities of Larus dominicanus (Lichtenstein 1823) at Saco da Fazenda, Itajaí-Açu river estuary, Itajaí, SC. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, v. 9, n. 3, p. 199-206, 2014.

EGEVANG, C.; STENHOUSE, I. J; PHILLIPS, R. A., PETERSEN, A.; FOX, J. W.; SILK, J. R. D. Tracking of Arctic terns Sterna paradisaea reveals longest animal migration. PNAS, 107, v. 5, p. 2078-2081, 2010.

FISCH, F. Sucessão espaço-temporal da integridade da paisagem e da biota do Saco da Fazenda (Itajaí, Santa Catarina, Brasil) e proposição de um índice integrado de qualidade

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

56

ambiental. 2015. 113 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Ambiental) Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2015.

FRACASSO, H. A. A.; BRANCO, J. O.; EFE M. A.; BARREIROS, J. P. Reproductive Dynamics of Sterna hirundinacea Lesson, 1831 in Ilha dos Cardos, Santa Catarina, Brazil. Scientifica v. 2014, 16 p. 2014.

FREDERIKSEN, M.; MAVOR, R. A.; WANLESS, S. Seabirds as environmental indicators: the advantages of combining data sets. Marine Ecology Progress Series, v. 352, p. 205-211, 2007.

GHIZONI-JR., I.; AZEVEDO, M. A. G. Registros de algumas aves raras ou com distribuição pouco conhecida em Santa Catarina, sul do Brasil, e relatos de três novas espécies para o Estado. Atualidades Ornitológicas, v. 154, p. 33-46, 2010.

GONÇALVES, M. S. S. Ecologia e conservação de aves dos ecossistemas associados ao estuário do Parquet Nacional da Lagoa do Peixe, Brasil. 2009. 66 f. Dissertação (Mestrado em Biologia) Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2009.

GOSS-CUSTART, J. D.; TRIPLET, P.; SUEUR, F.; WEST, A. D. Critical thresholds of disturbance by people and raptors in foraging wading birds. Biological Conservation, v. 127, p. 88-97, 2006.

GOULARTI FILHO, A. A formação econômica de Santa Catarina. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 23, n. 2, p. 977-1007, 2002.

GREGORY, R. D.; NOBLE, D.; FIELD, R.; MARCHANT, J.; RAVEN, M.; GIBBONS, D. W. Using birds as indicators of biodiversity. Ornis Hungarica v. 12-13, p. 11-24, 2003.

GROSE, A. V.; HILLEBRANT, C. C.; CREMER, M. J. Diversidade e abundância sazonal da avifauna em duas planícies de maré no estuário da baía da Babitonga, norte de Santa Catarina. Iheringia, Série Zoologia, v. 103, n. 1, p. 5-11, 2013.

HARRISON, N. M.; WHITEHOUSE, M. J.; MADUREIRA, L. A. S. P. Observations on the under-described avifauna of the Mostardas Peninsula, Rio Grande do Sul, Brazil. Check List, v. 9, n. 2, p. 391-399, 2013.

HEINEMANN, D.; HIGGINS, J.; MCALPINE, G.; RAISON, J.; RYAN, S.; SAUNDERS, D. A guidebook for environmental indicators. Commomwealth Scientific and Industrial Research Org., Australia, 1998. Disponível em: <http://www.wentworthgroup .org/docs/A_guidebook_to_environmental_indicators.pdf>. Acesso em: 10 de nov. de 2015.

HESP, P. A; GIANNINI, P. C. F.; MARTINHO, C. T.; SILVA, G. M.; ASP, N. E. The Holocene barrier systems of the Santa Catarina coast, southern Brazil. In: DILLENBURG, S. R. & HESP, P. (Eds.) Geology of the Brazilian coastal barriers. Berlin: Springer-Verlag, 2009. Lect. Notes in Earth Sciences, 107. P. 93-133.

IBGE. Mapa de Climas do Brasil. 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br /home/geociencias/default_prod.shtm>. Acesso em: 11 de nov. de 2015.

______. Censo Brasil, 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 de nov. de 2015.

______. Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil, 2011. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv55263.pdf>. Acesso em: 26 de out. de 2015.

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

57

______. Produto Interno Bruto dos Municípios, 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2012/default.shtm>. Acesso em: 20 de nov. de 2015.

______. IBGE Cidades, 2016. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 de jan. 2016.

INMET. Dados meteorológicos Estações automáticas, 2015. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/>. Acesso em: 16 de jun. 2015.

ITAJAÍ, 2008. Dispõe sobre a criação da Unidade de Conservação do Saco da Fazenda. Decreto 8.513, de 04 de março de 2008. Disponível em: <http://cm-itajai.jusbrasil.com.br/legislacao/796168/decreto-8513-08>. Acesso em: 20 de mai. de 2016.

IUCN - International Union for Conservation of Nature. The IUCN Red list of Threatened Species 2015-4. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/>. Acesso em: 19 de out. de 2015.

KLEIN, A. M. DA F.; MENEZES, J. T. DE; DIEHL, F. L.; ABREU, J. G. N. DE; POLETTE, M.; SPERB, R. M.; SPERB, R. C.; HORN, E. C. Santa Catarina. In: MUEHE, D. (Org.) Erosão e progradação do litoral brasileiro. Brasília: MMA, 2006. p. 401-436.

KOHLER, G. U.; CORRÊA, L.; BELMONTE-LOPES, R.; BORNSCHEIN, M. R.; REINER, B. L. First record of the Buff-breasted Sandpiper Tryngites subruficollis (Aves: Scolopacidae) in Santa Catarina state and an additional record for Paraná state, southern Brazil. Biotemas, v. 23, n. 2, p. 223-225, 2010.

KRICHER, J. C. Bird species diversity: the effects of species richness and equitability on the diversity index. Ecology, v. 53, n. 2, p. 278-282, 1972.

LÓPEZ-LANÚS, B., GRILLI, P.; COCONIER, E.; DI GIACOMO, A.; BANCHS, R. Categorización de las aves de la Argentina según su estado de conservación. Buenos Aires: Aves Argentinas, AOP y Secretaría de Ambiente y Desarrollo Sustentable. 2008.

LUNARDI, V. de O. Estratégias de forrageamento e evitação de predadores em Charadriidae e Scolopacidae na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. 2010. 157 f. Tese (Doutorado em Ecologia) Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

MA, Z.; CHENG, Y.; WANG, J.; FU, X. The rapid development of birdwatching in mainland China: a new force for bird study and conservation. Bird Conservation International, p. 1-11, Set. 2012. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1017/S09592 70912000378>. Acesso em: 02/05/2016.

MÄDER, A. Efeitos da antropização da zona costeira sobre a assembleia de aves. 2010. 75 f. Dissertação (Mestrado em Biologia) Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2010.

MARTINS, L.; MARENZI, R. C.; LIMA, A. Levantamento e representatividade das Unidades de Conservação instituídas no estado de Santa Catarina, Brasil. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 33, p. 241-259, 2015.

MAURÍCIO, G. N.; DIAS, R. A. Novos registros e extensões de distribuição de aves palustres e costeiras no litoral sul do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 4, n. 1, p. 45-71, 1996.

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

58

MCKINNEY, M. L. Urbanization, biodiversity and conservation. BioScience, v. 55, n. 10, p. 883-890, 2002.

MMA Ministério do Meio Ambiente. Áreas prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira: atualização - Portaria MMA nº 09, de 23 de janeiro de 2007. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/biodiversidade31.pdf >. Acesso em: 23 de abr. de 2015.

______. Projeto Orla: fundamentos para gestão integrada. Brasilia: MMA, 2006. 74 p. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/estruturas/orla/_arquivos/11_04122008111238 .pdf>. Acesso em: 10 de dez.de 2015.

______. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006 / Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA/SBF, 2011. 76 p.

______. Portaria n. 444, de 17 de dezembro de 2014. Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Diário Oficial da União, n. 245, de 18 de dezembro de 2014.

MONTEVECCHI, W. A. Birds as indicators of change in marine prey stocks. In: FURNESS, R. W.; GREENWOOD, J. J. D. (Eds.). Birds as monitors of environmental change. London: Chapman & Hall, 1993. p. 217-266.

MORRISON, M. L. Bird Populations as indicators of environmental change. In: JOHNSTON, R. F. (Ed.) Current Ornithology, v. 3. New York: Springer, 1986. p. 429-451.

MURRAY, N. J.; MA, Z.; FULLER, R. A. Tidal flats of the Yellow Sea: a review of ecosystem status and anthropogenic threats. Austral Ecology, v. 40, p. 472-481, 2015.

NEUMANN, B.; VAFEIDIS, A. T.; ZIMMERMANN, J.; NICHOLLS, R. J. Future coastal population growth and exposure to sea-level rise and coastal flooding a global assessment. PLoS ONE, v. 10, n. 3, 2015. Disponível em:< http://onlinelibrary.wiley.com/doi/ 10.1111/aec.12211/epdf>. Acesso em: 15 de nov. de 2015.

Larus atlanticus in Santa Catarina, Brazil: northernmost occurrence and first state record. Cotinga, v. 31, p. 149-150, 2009.

PEREIRA, R. M. F. DO A. Expansão urbana e turismo no litoral de Santa Catarina: o caso das microrregiões de Itajaí e Florianópolis. Interações, v. 12, n. 1, p. 101-111, 2011.

PEREIRA-FILHO, J.; SPILLERE, L. C.; SCHETTINI, C. A. F. Dinâmica de nutrientes na região portuária do estuário do rio Itajaí-Açu, SC. Atlântica, v. 25, n. 1, p. 11-20, 2003.

PIACENTINI, V. Q.; CAMPBELL-THOMPSON, E. R. Lista comentada da avifauna da microbacia hidrográfica da Lagoa de Ibiraquera, Imbituba, SC. Biotemas, v. 19, n. 2, p. 55-65, 2006.

POLETTE, M.; MARENZI, R. C.; SANTOS, C. F. Atlas Socioambiental de Itajaí. Itajaí: UNIVALI, 2012. 305 p.

POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. A vida dos vertebrados. 4 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2008.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

59

PREFEITURA DE BARRA VELHA. Portal de Turismo do Município de Barra Velha. Disponível em: <http://turismo.barravelha.sc.gov.br/>. Acesso em: 31 de mai. de 2016.

ROGERS, D. I.; LOYN, R. H.; GREER, D. Factors influencing shorebird use of tidal flats adjacent to the Western Treatment Plant. Arthur Rylah Institute for Environmental Research. Technical Report Series No. 250. October 2013.

RSPB - The Royal Society for the Protection of Birds. 2015. Migration: Which birds migrate? Disponível em: <http://www.rspb.org.uk/>. Acesso em: 10 de nov. de 2015.

SAVE. Programa áreas importantes para a conservação das aves IBA. 2016. Disponível em: <http://www.savebrasil.org.br/ibas/>. Acesso em: 9 de mai. de 2016.

SCHERER, M.; FERREIRA, C. M.; MUDAT, J.; CATANEO, J. Urbanização e Gestão do Litoral centro-sul do Estado de Santa Catarina. Desenvolvimento e Meio ambiente, v. 13, p. 31-50, 2006.

SCHETTINI, C. A. F. Hidrologia do Saco da Fazenda, Itajaí, SC. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v. 12, n. 1, p. 49-58, 2008.

SCHETTINI, C. A. F.; CARVALHO, J. L. B. Hidrodinâmica e distribuição de sedimentos em suspensão dos estuários dos rios Itapocu, Tijucas e Camboriú. Notas Técnicas da FACIMAR, v. 2, p. 141-153, 1998.

SCHIEFLER, A. F.; SOARES, M. Estudo comparativo da avifauna das praias de Navegantes e Laguna, Santa Catarina. Biotemas, v. 7, n. 1-2, p. 31-45, 1994.

SCHMITT, F.; PROENÇA, L. A. Ocorrência de dinoflagelados do gênero Dinophysis (ENRENBERG, 1839) na enseada de Cabeçudas (verão e outono de 1999). Notas Técnicas Facimar, v. 4, p. 49-59, 2000.

SEKERCIOGLU, C. H. Impacts of birdwatching on human and avian communities. Environmental Conservation, v. 29, n. 3, p. 282 289, 2002.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 912 p.

SMART, J.; WOTTON, S. R.; DILLON, I. A.; COOKE, A. I.; DIACK, I.; DREWITT, A. L.; GRICE, P. V.; GREGORY, R. D. Synergies between site protection and agrienvironment schemes for the conservation of waders on lowland wet grasslands. Ibis, v. 156, n. 3, p. 576-590, 2014.

SMITH, R. J.; MUIR, R. D. J.; WALPOLE, M. J.; BALMFORD, A.; LEADER-WILLIAMS, N. Governance and the loss of biodiversity. Nature, v. 426, p. 67-70, 2003.

STEVEN, R.; JONES, D. Bird-watching tourism. In.: JAFARI, J.; XIAO, H. (Eds.). Encyclopedia of Tourism. Springer International Publishing, 2015.

STROHBACH, M. W.; HAASE, D.; KABISCH, N. Birds and the city: urban biodiversity, land use and socioeconomics. Ecology and Society, v. 14, n. 2, p. 31. Disponível em: http://www.ecologyandsociety.org/vol14/iss2/art31/>. Acesso em: 20 de mar. de 2016.

TABILO, E.; JORGE, R.; RIQUELME, R.; MONDACA, A.; LABRA, C.; CAMPUSANO, J.; TABILO, M.; VARELA, M.; TAPIA, A.; SALLABERRY, M. Management and conservation of the habitats used by migratory shorebirds at Coquimbo, Chile. International Water Studies, v. 8, p. 79-84, 1996.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

60

TAVARES, D. C.; PEREZ, M. S.; GONÇALVES, M. P.; MOURA, J.; SICILIANO, S. A year-long survey on Nearctic shorebirds in a chain of coastal lagoons in Northern Rio de Janeiro, Brazil. Ornithologia, v. 8, n. 1, p. 1-10, 2015.

TISCHER, V. Indicadores socioambientais aplicados nos municípios costeiros do litoral centro-norte de Santa Catarina, com ênfase nos promontórios costeiros. 2013. 170 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) - Centro em Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Univali, Itajaí. 2013.

TRAUTMANN, S. Vogelarten der Agrarlandschaft als Bioindikatoren für landwirtschaftliche Gebiete. Julius-Kühn-Archiv, v. 442, p. 18-32, 2013.

UN United Nations. Atlas of the Oceans. 2015. Disponível em: <http://www.oceansatlas.org >. Acesso em: 15 de nov.de 2015.

VALENTE, R. M.; SILVA, J. M. C; STRAUBE, F. C.; NASCIMENTO, J. L. X. Conservação de aves migratórias neárticas no Brasil. Belém: Conservação Internacional. 2011.

VOOREN, C. M.; BRUSQUE, L. F. As aves do ambiente costeiro do Brasil: biodiversidade e conservação. Rio Grande: FURG, 1999.

WALSH, K.J.E.; CHURCH, H.B.J.; PITTOCK, A.B.; MC INNES, K.L., JACKETT, D.R.; MC DOUGALL, T.J. Using Sea Level Rise Projections for Urban Planning in Australian. Journal of Coastal Research, v. 20, p. 586-598, 2004.

WANLESS, S.; FREDERIKSEN, M.; DAUNT, F.; SCOTT, B. E.; HARRIS, M. P. 2007. Black-legged kittiwakes as indicators of environmental change in the North Sea: evidence from long-term studies. Progress in Oceanography, v. 72, p. 30-38, 2007.

WETLANDS INTERNATIONAL. Waterbird Population Estimates. Disponível em: <wpe.wetlands.org>. Acesso em: 13 de jun. de 2016

WIKIAVES. Maçarico-pintado. 2015. Disponível em: <www.wikiaves.com.br/macarico-pintado>. Acesso em: 2 de jun. de 2016.

______. Painel do estado: Santa Catarina. Disponível em: <www.wikiaves.com.br/estado_SC>. Acesso em: 20 de mai de 2016.

disturbance. Biological Conservation, v. 128, p. 47-54, 2006.

YORIO, P.; MARINAO, C.; RETANA, M. V.; SUÁREZ, N. Differential use of food resources between the kelp gull Larus dominicanus L. atlanticus. Ardeola, v. 60, n. 1, p. 29-44, 2013.

ZÖCKLER, C. Migratory bird species as indicators for the state of the environment. Biodiversity, v. 6, n. 3, p. 7-13, 2005.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

61

APÊNDICES Apêndice 1. Lista de espécies de aves e abundâncias correspondentes registradas pela autora em três municípios do litoral centro-norte de Santa Catarina, no período de junho de 2015 e maio de 2016.

TÁXONS STATUS (BR)

Barra Velha Itajaí Tijucas

Nome científico

ANSERIFORMES Linnaeus, 1758 Anatidae Leach, 1820 Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) R 1 32 8 Anas bahamensis Linnaeus, 1758 R 280 GALLIFORMES Linnaeus, 1758 Cracidae Rafinesque, 1815 Ortalis guttata (Spix, 1825) R 5 SULIFORMES Sharpe, 1891 Fregatidae Degland & Gerbe, 1867 Fregata magnificens Mathews, 1914 R 66 185 25 Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849 Nannopterum brasilianus (Gmelin, 1789) R 181 776 515 PELECANIFORMES Sharpe, 1891 Ardeidae Leach, 1820 Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) R 2 4 27 Nyctanassa violacea (Linnaeus, 1758) R 1 18 Butorides striata (Linnaeus, 1758) R 1 4 1 Ardea cocoi Linnaeus, 1766 R 11 6 28 Ardea alba Linnaeus, 1758 R 20 12 56 Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) R 2 Egretta thula (Molina, 1782) R 25 42 326 Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) R 11 1 26 Threskiornithidae Poche, 1904 Plegadis chihi (Vieillot, 1817) R 45 Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) R 14 306 Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) R 3 24 Platalea ajaja Linnaeus, 1758 R 48 CATHARTIFORMES Seebohm, 1890 Cathartidae Lafresnaye, 1839 Cathartes aura (Linnaeus, 1758) R 9 Cathartes burrovianus Cassin, 1845 R 2 Coragyps atratus (Bechstein, 1793) R 9 33 429 ACCIPITRIFORMES Bonaparte, 1831 Accipitridae Vigors, 1824 Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758) R 2 Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) R 1 1 Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) R 1 GRUIFORMES Bonaparte, 1854 Rallidae Rafinesque, 1815 Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) R 6 1 Aramides saracura (Spix, 1825) R 4 Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) R 4 CHARADRIIFORMES Huxley, 1867 Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) R 120 74 247 Pluvialis dominica (Statius Muller, 1776) VN 4 Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758) VN 10 Charadrius semipalmatus Bonaparte, 1825 VN 9 4 159 Charadrius collaris Vieillot, 1818 R 4 Charadrius modestus Lichtenstein, 1823 VS 572 Haematopodidae Bonaparte, 1838 Haematopus palliatus Temminck, 1820 R 45 11 19 Recurvirostridae Bonaparte, 1831 Himantopus melanurus Vieillot, 1817 R 47 1025

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

62

Continuação Apêndice 1. TÁXONS STATUS

(BR) Barra Velha Itajaí Tijucas

Nome científico

Scolopacidae Rafinesque, 1815 Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) R 8 Limosa haemastica (Linnaeus, 1758) VN 3 Numenius hudsonicus Latham, 1790 VN 1 Actitis macularius (Linnaeus, 1766) VN 2 Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789) VN 4 1 35 Tringa flavipes (Gmelin, 1789) VN 151 Calidris alba (Pallas, 1764) VN 2 Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854 Jacana jacana (Linnaeus, 1766) R 14 Laridae Rafinesque, 1815 Chroicocephalus maculipennis (Lichtenstein, 1823) R 201 Larus atlanticus Olrog, 1958 VS 1 Larus dominicanus Lichtenstein, 1823 R 2413 483 1998 Sternidae Vigors, 1825 Sterna hirundinacea Linnaeus, 1758 R 22 Sterna sp. - 9 Thalasseus acuflavidus (Cabot, 1847) R 146 29 38 Thalasseus maximus (Boddaert, 1783) R 442 269 87 Rynchopidae Bonaparte, 1838 Rynchops niger Linnaeus, 1758 R 2 452 1058 COLUMBIFORMES Latham, 1790 Columbidae Leach, 1820 Columbina talpacoti (Temminck, 1810) R 29 29 9 Columbina picui (Temminck, 1813) R 2 Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) R 51 Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 R 2 CUCULIFORMES Wagler, 1830 Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, 1766) R 1 Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 R 1 Crotophaga ani Linnaeus, 1758 R 32 2 5 Guira guira (Gmelin, 1788) R 17 9 33 STRIGIFORMES Wagler, 1830 Strigidae Leach, 1820 Athene cunicularia (Molina, 1782) R 38 101 NYCTIBIIFORMES Yuri et al., 2013 Nyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851 Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) R 2 CAPRIMULGIFORMES Ridgway, 1881 Caprimulgidae Vigors, 1825 Podager nacunda (Vieillot, 1817) R 5 APODIFORMES Peters, 1940 Trochilidae Vigors, 1825 Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) R 7 Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) R 2 Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) R 25 1 1 CORACIIFORMES Forbes, 1844 Alcedinidae Rafinesque, 1815 Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) R 9 3 1 PICIFORMES Meyer & Wolf, 1810 Picidae Leach, 1820 Colaptes campestris (Vieillot, 1818) R 13 7 12 FALCONIFORMES Bonaparte, 1831 Falconidae Leach, 1820 Caracara plancus (Miller, 1777) R 8 1 36 Milvago chimachima (Vieillot, 1816) R 3 Milvago chimango (Vieillot, 1816) R 1 3 15

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

63

Continuação Apêndice 1. TÁXONS STATUS

(BR) Barra Velha Itajaí Tijucas

Nome científico

PSITTACIFORMES Wagler, 1830 Psittacidae Rafinesque, 1815 Myiopsitta monachus (Boddaert, 1783) R 68 PASSERIFORMES Linnaeus, 1758 Thamnophilidae Swainson, 1824 Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 R 7 Furnariidae Gray, 1840 Furnarius rufus (Gmelin, 1788) R 28 52 14 Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) R 11 Synallaxis spixi Sclater, 1856 R 33 3 9 Tyrannidae Vigors, 1825 Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) R 4 4 1 Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) R 6 18 5 Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) R 56 58 34 Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) R 1 16 Myiozetetes similis (Spix, 1825) R 5 16 Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 R 103 24 15 Tyrannus savana Daudin, 1802 R 4 1 Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) R 1 Xolmis irupero (Vieillot, 1823) R Vireonidae Swainson, 1837 Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) R 3 Hirundinidae Rafinesque, 1815 Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) R 206 152 222 Progne tapera (Vieillot, 1817) R 251 36 59 Progne chalybea (Gmelin, 1789) R 18 2 Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) R 11 33 Hirundo rustica Linnaeus, 1758 VN 16 Troglodytidae Swainson, 1831 Troglodytes musculus Naumann, 1823 R 108 62 25 Turdidae Rafinesque, 1815 Turdus rufiventris Vieillot, 1818 R 2 5 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 R 5 17 3 Mimidae Bonaparte, 1853 Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) R 12 44 6 Motacillidae Horsfield, 1821 Anthus lutescens Pucheran, 1855 R 5 131 Passerellidae Cabanis & Heine, 1850 Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) R 188 6 15 Parulidae Wetmore et al., 1947 Setophaga pitiayumi (Vieillot, 1817) R 1 4 Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) R 11 1 6 Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) R 14 Icteridae Vigors, 1825 Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) R 53 Pseudoleistes virescens (Vieillot, 1819) R 71 Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) R 92 30 7 Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) R 110 Thraupidae Cabanis, 1847 Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) R 9 5 Tangara palmarum (Wied, 1821) R 4 Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) R 29 16 25 Sicalis luteola (Sparrman, 1789) R 341 Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) R 37 Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) R 3 1 Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) R 8 Embernagra platensis (Gmelin, 1789) R 1 Saltator similis d’Orbigny & Lafresnaye, 1837 R 1

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Mariana Lopes Gonçalves.pdf · universidade do vale do itajaÍ univali centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

64

Continuação Apêndice 1. TÁXONS STATUS

(BR) Barra Velha Itajaí Tijucas

Nome científico

Fringillidae Leach, 1820 Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) R 1

Fonte: a autora. Legenda: Status: R = residente; VN = visitante proveniente do hemisfério Norte; VS = visitante proveniente do sul do hemisfério Sul. Valores de abundância total dos indivíduos para cada município.