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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
NATÁLIA PEREIRA
BURNOUT E ESTRESSE OCUPACIONAL ENTRE COLABORADORES
ADMINISTRATIVOS DE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Itajaí (SC),
2007
1
NATÁLIA PEREIRA
BURNOUT E ESTRESSE OCUPACIONAL ENTRE COLABORADORES
ADMINISTRATIVOS DE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Monografia apresentada como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em
Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí,
Centro de Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal.
Itajaí (SC),
2007
2
Dedico este trabalho com muito
amor à minha mãe e ao meu
pai, que sempre contribuem
para o meu crescimento, cada
um à sua maneira, e que me
são essenciais. E aos meus
irmãos, pequeninos que eu
amo!
“Foi o tempo que dedicaste à
tua rosa que fez a tua rosa tão
importante” (Antoine De Saint-
Exupéry, em O Pequeno
Príncipe).
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente a minha mãe e ao meu pai, meus exemplos. Amo muito
vocês!
Um grande beijo para Sílvia e Eliane, que me auxiliaram e são pessoas especiais
da minha família.
Obrigada às amigas, que são a família que eu escolhi e amo.
Profª Elizabeth Navas Sanches e Profª Sueli Terezinha Bobato, obrigada por
fazerem parte da minha banca e pelas contribuições.
Obrigada também ao meu orientador, Prof. Eduardo Legal, por sua enorme
competência, por todo o conhecimento que transmitiu, pela paciência e amizade. Foi
um grande privilégio ser sua orientanda!
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SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................. 5
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 8
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 16
3.1 Sujeitos ........................................................................................................... 16
3.2 Local de pesquisa........................................................................................... 16
3.3 Instrumentos ................................................................................................... 17
3.4 Procedimentos da coleta de dados ................................................................ 19
3.5 Análise de dados ............................................................................................ 19
3.6 Procedimentos éticos ..................................................................................... 20
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................ 21
4.1 Dados sócio/organizacionais e pessoais dos participantes ............................ 21
4.2 Inventário da Síndrome de Burnout – População Geral – MBI-GS ................ 23
4.3 Escala de Estresse no Trabalho – JSS .......................................................... 26
4.4 Correlações entre o Questionário sócio-organizacional, o JSS e o MBI-GS....30
4.5 Correlações entre o JSS e o MBI-GS...............................................................31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 35
6 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ....................................................................37
7 ANEXOS ........................................................................................................... 42
8 APÊNDICE .........................................................................................................45
5
BURNOUT E ESTRESSE OCUPACIONAL ENTRE COLABORADORES ADMINISTRATIVOS DE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Orientador: Eduardo José Legal Defesa: novembro de 2007
Resumo:
O presente trabalho teve como objetivo investigar os sintomas de burnout e estresse ocupacional e correlaciona-los com os dados sócio/organizacionais de uma amostra de colaboradores administrativos de uma universidade privada. São escassos os estudos voltados para essa área, especialmente a de trabalhadores da área administrativa. O burnout, se não prevenido e diagnosticado, pode trazer conseqüências graves à pessoa e à organização, já que o problema ocorre no contexto de trabalho. Foram utilizados nesta pesquisa três instrumentos, o MBI-GS (Maslach Burnout Inventory – General Survey) para medir os sintomas de burnout, para os sintomas de estresse ocupacional a JSS (Job Stress Scale) e um questionário para levantar aspectos sócio/organizacionais. Foram correlacionados os sintomas de estresse ocupacional com os sintomas de burnout e com as características levantadas pelo questionário. Os resultados mostraram que de modo geral, os participantes não apresentam índices expressivos de estresse e burnout, e que percebem um bom apoio social no seu ambiente de trabalho.
Palavras Chaves: Burnout; Estresse Ocupacional; Trabalhadores Administrativos.
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1 INTRODUÇÃO
O burnout e o estresse ocupacional prejudicam a qualidade de vida e a saúde da
pessoa no seu ambiente de trabalho. Devido à severidade das conseqüências
psicossociais trazidas por estes transtornos, entidades governamentais e empresariais
têm atentado para os mesmos, visto que seus efeitos se refletem tanto em nível pessoal
quanto organizacional (CARLOTTO, 2000 apud VOLPATO et al., 2003).
O burnout pode ser definido como aquilo que deixou de funcionar pela falta de
energia, e é expresso por meio de um sentimento de fracasso e exaustão, causados
por um excessivo desgaste de energia e recursos que acomete o indivíduo no contexto
de trabalho (MUROFUSE et al, 2005). A Síndrome de Burnout é caracterizada por uma
má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado, altamente estressante e com
grande carga tensional. Seus principais sintomas são: a exaustão emocional, a
despersonalização e a reduzida realização profissional (MASLACH e JACKSON, 1986
apud VOLPATO et al., 2003; SCHAUFELLI e GREENGLASS, 2001). Seus efeitos
podem ser mensurados a partir de instrumentos específicos para o burnout, alguns
deles já traduzidos para o português. O mais utilizado é o MBI (Maslach Burnout
Inventory) que conta com três versões: o MBI-HSS (Human Services Survey); o ES
(Educational Survey); e, o GS (General Survey). No Brasil existem traduções adaptadas
e validadas para o HSS e ES (VIEIRA et al, 2006). No presente ano (2007) a versão
MBI-GS foi validada por Legal, Thieme e Papp (2007).
Estudos com profissionais docentes e da área da saúde, demonstram que boa
parte dos trabalhadores se sentem desestimulados, insatisfeitos, sem autonomia, com
alto nível de exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização,
tratando clientes, alunos e colegas com indiferença. Os pesquisadores consideram que
o ambiente ocupacional com sobrecarga, baixo nível de controle sobre suas tarefas e a
falta de suporte social no ambiente de trabalho são prejudiciais à sanidade mental,
fazendo com que os funcionários percebam que suas qualidades definham acabando
por sofrer com a síndrome de burnout (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a, 2002b,
BORGES et al, 2002; FERENHOF e FERENHOF, 2002; KRAFT, s.d; TAVARES, 2003).
7
O desgaste dos trabalhadores é ocasionado pelo ambiente de trabalho e pela
maneira como ele está organizado (MASLACH e LEITER, 1999; VOLPATO et al.,
2003). Os mesmos autores apontam que nos últimos anos o nível de desgaste
emocional dos trabalhadores tem sido bastante elevado, pois as empresas preferem
ignorar o sofrimento dos trabalhadores a ter que investir em programas de melhoria da
qualidade de vida. Na percepção destes empregadores cada problema com o
empregado é um ―problema individual‖ e não de responsabilidade da empresa. A falta
de apoio e compreensão do problema por parte da organização diminui os recursos das
pessoas para lidar com os mesmos, pode aumentar o número de casos de
adoecimento, absenteísmo e redução da produtividade e da qualidade dos
produtos/serviços (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).
Tendo em vista que as pesquisas brasileiras sobre o burnout estão voltadas, em
sua maioria, para profissionais da área da saúde e docentes, o presente estudo
investigou a incidência da Síndrome de Burnout e sintomas de Estresse Ocupacional e
as suas relações com os aspectos socioeconômicos e organizacionais de
colaboradores administrativos de uma universidade privada da cidade de Itajaí-SC.
Para este propósito, buscou-se identificar através da aplicação da escala MBI-
GS, a presença da Síndrome de Burnout nos participantes deste estudo. Também se
verificou a incidência de Estresse Ocupacional utilizando a escala JSS (Job Stress
Scale), bem como se levantou aspectos socioeconômicos e organizacionais como
idade, sexo, formação, ocupação, tempo de trabalho na instituição, turno de trabalho,
estado civil, número de filhos, através de questionário com perguntas abertas e
fechadas, a fim de se estabelecer relações entre os sintomas da Síndrome de Burnout,
de Estresse Ocupacional e aspectos socioeconômicos e organizacionais apresentados
pela amostra.
Pretendeu-se, com esta pesquisa, contribuir para o conjunto de dados nesta área
pouco explorada, para que os sintomas possam ser percebidos, tratados (quando for o
caso) e prevenidos, conhecendo e evitando os problemas relacionados ao burnout em
populações sub-estudadas.
8
2 REVISÃO DA LITERATURA
O trabalho organiza e estrutura a vida das pessoas, dando-lhes uma identidade e
propiciando uma rede de relações, fazendo com que elas tenham direitos e obrigações.
O exercício do trabalho interfere de forma marcante no estado emocional das pessoas,
pode tanto colaborar para fortalecer a vitalidade e saúde mental, oportunizando
vivências realizadoras e conquistas, como pode ser fonte de sofrimento e esgotamento
que resultarão em doenças (BERAQUET et al., 2004; BRIDGES, 1995 apud FONTES e
GUIMARÃES, 2004).
O trabalho, normalmente, deveria ser percebido como uma fonte de gratificações
e desenvolvimento de potencialidades, contudo quando percebido como ameaça, é um
esforço penoso e rotineiro. Com a expansão do capitalismo, o trabalho tornou-se um
meio de riqueza e realização material, que volta seu interesse, única e exclusivamente,
ao aumento da produção e resultados imediatos, deixando de lado os valores dos
indivíduos e os tornando mais suscetíveis ao aparecimento de estresse ocupacional e
burnout (KRAWULSKI, 1998 apud VOLPATO et al, 2003; MASLACH e LEITER, 1999).
Schaufeli e Greenglass (2001) também ressaltam que as mudanças na economia global
e seus efeitos estão difundidos em muitos países e ocorrem tanto nas esferas públicas
como privadas, afetando milhões de trabalhadores e causando prejuízos em seu
desempenho.
Por um lado, a crescente informatização é desejável para o cotidiano das
empresas e das pessoas, por outro gera mais incerteza por ameaçar ainda mais o
emprego. Se a sociedade vem valorizando cada vez mais a capacidade de gerar
riqueza como sinônimo de competência, entende-se por que a manutenção do emprego
representa um potente estressor. (FRANÇA e RODRIGUES, 2002).
Para Fromm (s.d apud VOLPATO, 2003), a maioria das pessoas tem grandes
expectativas em relação à realização de desejos materiais, mas as exigências e a
competição diárias alteram a situação pessoal e organizacional, provocam insegurança,
ansiedade e elevam os níveis de estresse dos trabalhadores por perceberem que suas
expectativas não foram concretizadas devido a estas constantes mudanças.
9
Para Maslach e Leiter (1999), há uma compreensão errônea por parte dos
administradores acerca do desgaste físico e emocional dos trabalhadores, a opinião
predominante é de que esse desgaste é um problema do indivíduo que deve aprender a
lidar com as situações do seu trabalho. Contudo, o desequilíbrio não é da pessoa, mas
entre ela e o ambiente ocupacional, e mesmo com tantas evidências desta constatação,
o contexto do ambiente de trabalho não é levado em conta quando se trata de
problemas com o empregado. Quando são tomadas providências, elas têm foco
individual e não interferem muito no funcionamento da empresa, além de propiciar uma
situação constrangedora às pessoas. A redução desse desequilíbrio é um processo
coletivo, que envolve todo o grupo de trabalho.
Para o trabalhador que usa sua capacidade física e mental como garantia de
retorno financeiro e sobrevivência da família, uma doença pode significar fragilidade,
limitação, queda de desempenho e despesas a mais. É muito comum que doenças do
trabalho gerem queda na produção, despesa médica e administrativa, clima negativo e
outros. Porém, crenças como ―trabalhar é sofrer‖; ―suportar a doença é ser forte― e ―é
vergonha ficar doente, tem situações no trabalho que não tem como melhorar‖
inviabilizam cuidados mais específicos com a saúde biopsicossocial (FRANÇA e
RODRIGUES, 2002).
As exigências do mercado são muitas, o trabalhador precisa atingir muitos
resultados, ser flexível, cumprir horários e cobranças e encarar pressões, entretanto,
nem sempre a gratificação para estes esforços é compensadora (FONTES e
GUIMARAES, 2004).
[...] são cada vez mais numerosos os fatores de risco à saúde, bem
como de sofrimento psíquico, indicando que as exigências impostas ao
homem moderno pela atual configuração socioeconômica-histórica por
vezes ultrapassam sua capacidade de resposta de adaptação
(FILGUEIRAS E HIPPERT, 2002, p. 123).
A pessoa pode, então, desenvolver atitudes defensivas, irritabilidade e
insegurança diante da sobrecarga, dedicação excessiva, alta competitividade,
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comprovação de eficácia no trabalho e ainda outros estressores da vida em sociedade
(BALLONE, 2002; FONTES e GUIMARÃES 2004). Estes são os sintomas típicos
presentes nos quadros de estresse e burnout.
O mundo do trabalho é a condição determinante do burnout que se refere a uma
síndrome na qual o trabalhador perde o sentido e o interesse da sua relação com o
trabalho. Em burnout as coisas já não têm mais importância e qualquer esforço da
pessoa é percebido pela mesma como inútil (BALLONE, 2002; MUROFUSE et al.,
2005).
O desenvolvimento do burnout tem influências sócio-ambientais, individuais e
das condições de trabalho. Estas variáveis dão origem a três fatores multidimensionais
que são:
Exaustão Emocional: é a sensação de esgotamento físico e mental, e de não
dispor mais de energia para trabalhar nem atender as pessoas;
Despersonalização: significa que o indivíduo vem sofrendo alterações na
personalidade, levando-o a tratar as pessoas com frieza e impessoalidade e com
indiferença ao que pode acontecer aos demais; e,
Reduzida Realização Profissional: evidenciada pela insatisfação do indivíduo
com relação a suas atividades laborais, sentindo-se insuficiente, fracassado,
desmotivado, com baixa auto-estima, fazendo com que ele, muitas vezes, abandone o
emprego (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a; MAROFUSE et al, 2005).
A ocorrência do burnout está vinculada à ansiedade, dificuldade nas relações
interpessoais, aumento no uso de drogas, déficit na performance do trabalho, aumento
do absenteísmo, bem como intenção de desistir ou diminuição do comprometimento
organizacional (SILVEIRA et al, 2005).
Esta constelação de sintomas pode fazer com que burnout seja confundido com
outros transtornos como o estresse ocupacional e a depressão (BALLONE, 2005;
BENEVIDES-PEREIRA, 2002a).
Apesar de a síndrome ser gerada pela exposição a um estado prolongado de
estresse, associado a métodos de enfrentamento que foram pouco eficientes ou não
eficientes, ela é considerada diferente da resposta de estresse ocupacional. O estresse,
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em certas circunstâncias pode ter aspectos positivos; já o burnout, tem sempre caráter
negativo (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a).
Faz-se necessário conceituar o estresse, porém verifica-se que hoje o termo é
utilizado de forma geral pelo senso comum, para aludir também o cansaço, ansiedade,
frustração, aborrecimento, etc. Uma definição bastante utilizada refere-se ao estresse
como uma reação física ou psicológica frente a uma situação específica que supõe um
risco, ameaça, conquista ou apenas uma mudança que exige adaptação do indivíduo
(CATALDI, 2002; LIPP, 1996). Para Dantzer (1998 apud FILGUEIRAS E HIPPERT,
2002), o estresse refere-se às várias dificuldades que o indivíduo tem que enfrentar e
aos meios que dispõe para isso, ou seja, os acontecimentos estressantes e as
estratégias de ajustamento. De qualquer forma, a pessoa precisa tomar uma decisão
diante da situação (SARDÁ JR., LEGAL e JABLONSKI JR., 2004). As reações de
estresse aparecem quando a situação exige do indivíduo algo que supera o que ele
pode fazer, diminuindo suas capacidades adaptativas (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a;
GUIMARÃES e GRUBITS, 2004; LIPP, 1996; RIO, 1998).
O estresse não é necessariamente negativo, quando o esforço resulta em bem
estar e satisfação das necessidades, ele gera sentimento de compensação e é
importante para o desenvolvimento pessoal. Esse estresse positivo é conhecido por
eustresse (CATALDI, 2002; LIPP, 1996). Entretanto, se diante de uma situação
ameaçadora os recursos para superação chegaram ao limite e o indivíduo não pôde
superá-la, o mesmo desenvolve um estado crônico de estresse conhecido como
distresse. Para Lipp (1984 apud FILGUEIRAS e HIPPERT, 2002), o que determina se o
estresse é ―bom‖ ou ―ruim‖ são as características reais dos estímulos, a interpretação
que o indivíduo dá a eles e o repertório de respostas que já possui. Este fenômeno
(popularmente conhecido apenas como estresse) é caracterizado por emoções
destrutivas de sofrimento, ansiedade, medo, raiva, insegurança e desprazer, além da
diminuição da concentração e memória, indecisão, confusão e perda do senso de
humor. Os sintomas físicos mais comuns são: dores de cabeça, fadiga, insônia,
alterações gastrintestinais e resfriados constantes (FRANÇA e RODRIGUES, 2002;
MCEWEN, 1998 apud GUIMARÃES e GRUBITS, 2004; POSEN, 1995 apud
FILGUEIRAS E HIPPERT, 2002; RIO, 1998).
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A diferença desses dois estados é que em estresse ocupacional o indivíduo está
num período de adaptação àquela situação, passa por um momento mais complexo no
seu trabalho, mas procura recursos para melhorar; já em burnout, o estresse
ocupacional passou a ser crônico e a pessoa encontra-se esgotada, não se importando
mais com seu trabalho, nem com suas conseqüências; sofre ao estar no ambiente
ocupacional e deseja, por vezes, abandonar a ocupação (BENEVIDES-PEREIRA,
2002a).
Os indivíduos que estão nesse processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, [...] só fazem o que é absolutamente necessário e faltam com mais freqüência [...]. Trabalho de alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o individuo desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente
(MASLACH e LEITER, 1999, p.37).
Pelo fato de no Brasil, o instrumento para medida de burnout validado há mais
tempo ter sido a versão do MBI (Maslach Burnout Inventory) para profissionais de
saúde e educação (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; CARLOTTO e CÂMARA, 2004;
TAMAYO e TRÓCOLLI, 2002), a maioria dos estudos nacionais tem se concentrado
nestes profissionais. Existem tentativas de utilização da mesma escala em outros
profissionais (BEUTING, 2006; KRELING, 2005; VOLPATO et al., 2003), porém, devido
às peculiaridades deste instrumento, os dados gerados podem não ser tão confiáveis
como quando utilizado para a população para o qual foi destinado. Legal, Thieme e
Papp (2007) traduziram e adaptaram a versão General Survey (população geral), para
o português. A primeira fase da validação (verificação teste-reteste), foi realizada com o
MBI-GS versão portuguesa do Brasil e demonstrou alta correlação com a versão
original, inglesa. Sob análise fatorial, demonstrou padrão de correlação entre as
dimensões algo distinta da versão original inglesa. Como na versão espanhola (GIL-
MONTE, 2002), a análise fatorial gerou quatro fatores que explicaram 60,60% da
variação (na versão espanhola 59,1% da variação foi explicada por quatro fatores).
Volpato et al (2003) verificaram a presença de sintomas de burnout em
funcionários de uma empresa através da escala Inventário Síndrome de Burnout (nome
dado à MBI-HSS traduzida no Brasil). A pesquisa demonstrou que, em todos os três
aspectos, a maior parte da amostra obteve valores acima da média (o que é
compreendido como positivo para a presença de burnout). Observa-se ainda que a
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baixa realização profissional teve os piores resultados, e isto está associado à
insatisfação que a pessoa apresenta em relação a si e a seu trabalho.
Krelling (2005) comparou os sintomas de burnout e variáveis de estresse
organizacional entre funcionários da área de saúde e administrativo/financeiro de uma
prefeitura da região norte de Santa Catarina. Neste estudo foram utilizados o Inventário
Sintomas de Burnout (tradução e adaptação do MBI-HSS, realizado por TAMAYO, 1997
apud TAMAYO e TROCOLLI, 2002), e a Escala de Estresse no Trabalho (Job Stress
Scale), traduzido e adaptado por Alves et al. (2004). Seus resultados mostraram que os
níveis de realização profissional foram menores para os funcionários da área
administrativa/financeira; também foi apontado que, em termos proporcionais, mais
pessoas desta área demonstraram sinais de burnout.
Em outro estudo realizado junto a policiais militares de outro município do Vale
do Itajaí (SC), Beuting (2006) mediu os sintomas de burnout e variáveis de estresse
ocupacional com os mesmos instrumentos utilizados por Krelling (2005). A amostra de
policiais apresentou uma tendência ao desenvolvimento de burnout, ou seja, as médias
obtidas estiveram acima do percentil médio para exaustão emocional e para
despersonalização, e para a realização profissional a média ficou próxima deste
percentil, indicando que a exaustão emocional e a despersonalização estão em padrão
de aumento e a realização profissional não é alta.
Gillespie et al. (2001) realizaram um levantamento sobre as percepções de
estresse ocupacional e burnout (usando o MBI-GS), suas fontes, moderadores e
conseqüências entre funcionários e professores de 15 universidades australianas. Os
professores demonstraram maiores níveis de estresse ocupacional do que os outros
funcionários. Em ambos os grupos as fontes de estresse mais importantes apontadas
foram: recursos e fontes de financiamento insuficientes, sobrecarga, práticas de manejo
de estresse inadequadas, insegurança em relação ao trabalho, reconhecimento e
recompensa insuficiente. Estas variáveis (e outras apontadas) tiveram influência
negativa sobre o bem estar pessoal e profissional, segundo os relatos das equipes.
Recentes estudos realizados no exterior, que utilizaram o MBI-GS, têm mostrado
que o burnout, em suas três dimensões, está fortemente associado às doenças físicas,
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destacando as do sistema ósseo-muscular; cardiovascular; respiratório e digestório
(TOPPINEN-TANNER et al, 2005; HONKONEN et al, 2006).
Benevides-Pereira (2002a) relata que as pesquisas na área de burnout têm
apontado que esta síndrome afeta incisivamente no comprometimento organizacional.
Lyman & Porter (s.d apud Sanches, 2004, p.30) definem o comprometimento
organizacional como ―a boa vontade do empregado que se esforça no interesse da
organização, um desejo de ficar com a organização e a aceitação dos seus objetivos e
valores‖.
A mesma autora (SANCHES, 2004) realizou um levantamento do
comprometimento organizacional entre professores de uma universidade do Vale do
Itajaí (SC). Sua pesquisa investigou padrões de comprometimento dos indivíduos em
relação à organização e à carreira. Entre os indivíduos classificados como
―comprometidos‖, seja com a organização e/ou com a carreira, as variáveis associadas
pelos docentes foram: expectativas alcançadas; salário justo; treinamento adequado;
oportunidade de aprimoramento, promoção e realização de atividades variadas;
informações sobre seu desempenho, papéis bem definidos; visão de que a comunidade
é muito importante; desenvolvimento de atividades voluntárias e estar estudando. Já os
professores no padrão ―descomprometidos‖, também com a organização e/ou com a
carreira, apresentaram variáveis associadas com: insatisfação com o salário; falta de
definição dos papéis a desempenhar e incerteza sobre as responsabilidades que o
competem; confronto expectativas/realidade; o fato de o trabalho ser visto como
moderadamente importante para o trabalhador; falta de oportunidades de crescimento
profissional e dentro da instituição, de segurança no emprego, de feedback extrínseco;
sistema de promoção injusto e desencorajamento de iniciativas pró-ativas havendo
necessidade de recorrer a um nível mais alto até para pequenos problemas.
Papp e Sanches (2007) também realizaram uma pesquisa sobre padrões de
comprometimento organizacional e com a carreira na mesma instituição do trabalho de
Sanches (2004), contudo, a amostra constituiu-se de colaboradores técnico-
administrativos, e não de docentes. Com relação aos resultados, os funcionários no
padrão ―comprometidos‖ foram a maioria, apesar de, na pesquisa de Sanches, o
número de docentes comprometidos ter sido maior. As variáveis associadas ao
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comprometimento e ao descomprometimento foram semelhantes àquelas citadas em
Sanches (2004), acrescentando a identidade com as tarefas e carga de trabalho sem
excesso entre os comprometidos; e excessiva carga de trabalho, alto grau de
fiscalização, não se manter ocupado e não ser útil à sociedade nos descomprometidos.
É necessário ressaltar que aqueles indivíduos que não estão comprometidos e
satisfeitos com a organização, que não vêem o trabalho como importante para a sua
vida, que sentem falta de feedback, que não têm expectativas alcançadas, estão mais
propensos ao desenvolvimento de estresse ocupacional e burnout ou podem já
apresentar sintomas destes problemas. Para que a saúde do trabalhador esteja
preservada, e para que ele execute seus serviços com qualidade, o mesmo precisa
estar comprometido com a organização e com a sua ocupação, estar satisfeito com as
expectativas, deve se sentir bem nas tarefas que executa e ter bem definidas as
responsabilidades incumbidas nessas tarefas.
É pela importância do bem estar do indivíduo em seu trabalho e do seu bom
desempenho, que se consolidou este estudo.
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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1 Sujeitos
A amostra foi composta por 42 funcionários administrativos da universidade,
dividida entre auxiliares administrativos; auxiliares de secretaria; recepcionistas;
secretárias e outros (auxiliares de laboratório; psicólogos; assistentes sociais; transcritor
de braile; pedagogo, chefe e bibliotecário).
3.2 Local de pesquisa
Os dados da pesquisa foram coletados em uma universidade privada da cidade
de Itajaí-SC, no Centro de Ciências da Saúde, que é um setor composto por
coordenações de cursos de graduação e pós-graduação, biblioteca, laboratórios e
centros de atendimento à saúde. As informações, a seguir, foram obtidas com o
responsável pelo gerenciamento de pessoal desta área da referida universidade.
Nos últimos anos essa organização vem sofrendo algumas mudanças em
decorrência das inovações tecnológicas e da concorrência com outras instituições
educacionais, a fim de garantir a qualidade dos seus serviços. O crescimento do setor
se dá de acordo com o crescimento da universidade como um todo.
Uma das mudanças na parte administrativa desse setor foi o remanejamento de
pessoal com o objetivo de adequar os setores, de colocar as pessoas ―certas‖ para o
setor ―certo‖, de desinchar departamentos, de obter maior acessibilidade e de respeitar
as hierarquias, além de contratar mais pessoal para o atendimento no posto de saúde.
Apesar se existirem algumas resistências e de ter maior demanda e mais
responsabilidades, nenhum funcionário foi desligado devido a essas mudanças.
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Outra mudança quanto aos colaboradores administrativos trata-se de um
programa de desenvolvimento e capacitação que antes era oferecido apenas aos
docentes e hoje é extenso a toda os colaboradores.
Depois de implantadas essas modificações, a administração superior encontra-
se mais satisfeita com os serviços.
Quanto à característica dos serviços desses trabalhadores, pode-se dizer que é
sazonal, pois o aumento da demanda depende do período do ano. As coordenações de
curso e as secretarias têm uma alta demanda no período de matrícula e no fechamento
de semestre, enquanto os outros períodos são mais tranqüilos. Já outros setores têm
uma alta demanda nas férias dos alunos, pois estão em fase de manutenção e
preparação para o novo semestre letivo.
3.3 Instrumentos
No presente trabalho foram utilizados três instrumentos para a coleta de dados:
1) Inventário da Síndrome de Burnout – População Geral – MBI-GS
Para a avaliação de sintomas de burnout, foi utilizada a escala MBI-GS (Maslach
Burnout Inventory – General Survey), que é uma escala específica para a população
geral, e que foi validada para o Brasil em julho de 2007. Este instrumento é o mais
indicado para a pesquisa em questão, pois as versões que se tem no momento são
peculiares às áreas da saúde e educação.
O MBI-GS foi desenvolvido por Maslach, Jackson e Leiter (1996) para medir as
três dimensões da síndrome de burnout: cinismo (despersonalização / indiferença para
o que acontece no trabalho); exaustão (fadiga); e, eficácia pessoal (realização no
trabalho). De acordo com Maslach et al. (1996 apud RICE, 1998), a definição
operacional de burnout utilizada para a criação do MBI-GS é uma ―[...] crisis in one’s
relationship with work, not necessarily as a crisis in one’s relationship with people at
work‖ (―crise na relação de alguém com o trabalho, não necessariamente, nas relações
com as pessoas no trabalho‖). A escala é composta por 16 itens que devem ser
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classificados, pelo respondente, em uma escala variando de 0 a 6, de ―nunca‖ até
―todos os dias‖.
A dimensão exaustão emocional é composta pelos itens 1, 2, 3, 4 e 6; realização
profissional é medida pelos itens 5, 7, 10, 11, 12 e 16; cinismo, pelos itens 8, 9, 13, 14 e
15. No entanto, na versão nacional, ainda não foram validadas as dimensões (LEGAL e
THIEME, comunicação pessoal).
A versão utilizada do MBI-GS foi traduzida e adaptada por Legal, Thieme e Papp
(2007) e passou pelo teste de validação com 79 respondentes (49 mulheres e 30
homens). O cômputo da escala, originalmente, é realizado contando a pontuação obtida
em cada subscala (RICE, 1998). Porém, no Brasil, estas subescalas ainda não foram
submetidas à análise. Desta forma, utilizamos neste estudo a análise das medianas dos
escores em cada questão.
2) Escala de Estresse no Trabalho - JSS
A JSS (Job Stress Scale) é uma versão resumida, adaptada para o português por Alves
et al. (2004). Esta escala é composta por onze questões e seis afirmativas que medem
três dimensões do estresse ocupacional: demanda (pressões psicológicas ligadas à
execução das tarefas no local de trabalho), controle (autonomia e uso de suas
habilidades intelectuais para a realização do trabalho) e apoio social no ambiente de
trabalho (níveis de interação social no trabalho).
As 11 questões devem ser respondidas através de uma escala intervalar variando de 1
a 4 (1= Freqüentemente, 2= Às vezes, 3= Raramente, 4= Nunca ou quase nunca). As
seis afirmativas devem ser respondidas através de uma escala Likert, também variando
de 1 a 4 (1= Concordo totalmente, 2= Concordo mais que discordo, 3= Discordo mais
que concordo, e 4= Discordo totalmente) (ALVES et al., 2004).
A JSS não tem a finalidade de indicar sintomas de estresse organizacional, mas de
apontar variáveis que possam estar relacionadas com aspectos da saúde dos
trabalhadores (ALVES et al., 2004).
19
3) Questionário Sócio/Organizacional
É um questionário com nove perguntas sobre a vida pessoal, formação e sobre o
trabalho e a instituição (apêndice 1). São oito questões fechadas e uma de resposta
aberta, curta (cargo). Instrumento semelhante foi utilizado em outros trabalhos
(GIORDANI, 2005; LINGNER, 2006; MARX, 2006; NEVES, 2005) e tem como finalidade
o levantamento de variáveis associadas, na literatura, à síndrome de burnout.
3.4 Procedimentos da coleta
Na segunda quinzena do mês de agosto, a pesquisadora foi até os setores da
organização e informou aos colaboradores sobre o objetivo da pesquisa e, aqueles que
se propuseram voluntariamente, receberam os instrumentos em mãos. No prazo de
dois a três dias os dados foram recolhidos.
Para a coleta desta pesquisa não foi necessário incluir o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido pois a identificação dos participantes não era o
objetivo dos pesquisadores.
3.5 Análise de dados
Os escores brutos do MBI (nas suas três dimensões), do JSS (em suas duas
dimensões) e as variáveis sócio-demográficas e organizacionais serão apresentados
individualmente e também correlacionados entre si através do método de correlação
não paramétrica (SIEGEL, 1976). Os dados também serão comparados pelo cargo,
tempo de serviço, idade, sexo, nível de escolaridade, filhos, carga horária, tipo de
contrato e estado civil, através de análise de variância para dados não paramétricos
(Idem).
Ao final do estudo, os resultados serão apresentados ao Departamento de
Recursos Humanos da organização estudada para que os administradores sejam
20
colocados a par da situação e para que se possa elaborar estratégias de intervenção
com vistas à prevenção e promoção da saúde ocupacional dos trabalhadores.
3.6 Procedimentos Éticos
A pesquisa foi conduzida pautando-se nas resoluções estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS 196/1996) e do Conselho Federal de Psicologia
(CFP 016/2000) que normatizam as pesquisas realizadas com seres humanos na área
de saúde e em Psicologia. O presente trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética em
Pesquisa da UNIVALI pelo parecer CEP/UNIVALI 250/2007.
21
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados obtidos em cada instrumento, e, na
seqüência, a correlação entre esses instrumentos. A fim de tornar a análise mais
didática para o leitor, a apresentação se dá na seguinte seqüência: 1) dados
sócio/organizacionais e pessoais dos participantes; 2) Inventário da Síndrome de
Burnout – População Geral – MBI-GS; 3) Escala de Estresse no trabalho – JSS; 4)
Correlações entre o Questionário sócio-organizacional, o JSS e o MBI-GS e 5)
4.1 Dados sócio/organizacionais e pessoais dos participantes
Observou-se que a maior parte da amostra foi composta por pessoas do sexo
feminino (85,4%); com idade até 25 anos (26,2%) com outro pico entre 36 e 40 anos
(23,8%); distribuem-se, na maioria, entre casados ou em união estável (54,8%), e
solteiros (38,1%); sem filhos (64,3%) e com escolarização no nível de graduação
(48,8%). A maior parte compõe-se de auxiliares administrativos (41,5%), que tem
vínculo empregatício (95,2%), trabalham 40 horas (83,3%), nos turnos matutino e
vespertino (78,6%) e o tempo de trabalho divide-se em até dois anos (26,2%); 6 a 10
anos (28,6%) e 11 a 15 anos (23,8%).
Todos estes dados podem ser visualizados a partir da tabela 1.
22
Tabela 1 – Demonstrativo das freqüências e respectivas porcentagens dos dados pessoais e variáveis sócio/organizacionais dos participantes da pesquisa (n=42).
Categorias Variáveis Freqüência Porcentagem (%)
Sexo Feminino Masculino
35 6
85,4 14,6
Idade até 25 anos de 26 a 30 anos de 31 a 35 anos de 36 a 40 anos de 41 a 50 anos acima de 50 anos
11 6 8 10 6 1
26,2 14,3 19,0 23,8 14,3 2,4
Estado civil Solteiro Casado União estável Separado divorciado
16 18 5 2 1
38,1 42,9 11,9 4,8 2,4
Filhos Nenhum Um Dois Três
27 4 8 3
64,3 9,5 19,0 7,1
Nível de escolarização
Médio Técnico Graduação Especialista Mestrado
7 2 20 9 3
17,1 4,9 48,8 22,0 7,3
Cargo Auxiliar administrativo Auxiliar de secretaria Recepcionista Secretária Outros
17 5 6 4 8
41,5 12,2 14,6 9,8 19,5
Tipo de contrato Vínculo empregatício Prestador de serviço
40 2
95,2 4,8
Horas de trabalho semanais
Até 20 horas Até 30 horas Até 40 horas Mais de 40 horas
3 1 35 3
7,1 2,4 83,3 7,1
Turno Manhã e tarde Tarde e noite Tarde
33 8 1
78,6 19,0 2,4
Tempo no Emprego Atual
Até 2 anos De 3 a 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos Mais de 20 anos
11 6 12 10 3
26,2 14,3 28,6 23,8 7,1
23
4.2 Inventário da Síndrome de Burnout – População Geral – MBI-GS
Através do MBI-GS pôde-se observar os resultados analisando cada questão
separadamente, já que, até o momento, não se tem a classificação destas questões
para cada uma das três dimensões do burnout (exaustão emocional, despersonalização
e realização profissional).
Foi constatado que as pessoas, em sua maioria, sentem-se esgotadas
emocionalmente poucas vezes no ano (31%), nunca ou poucas vezes sentem que
estão esgotados pelo trabalho ou perdendo o entusiasmo por ele. Costumam sentir que
estão fazendo um bom trabalho na instituição todos os dias, assim como se sentem
realizados quando terminam algo no trabalho, acham que tem realizado coisas que
valem à pena e estão confiantes de que deixam as coisas eficientemente prontas.
A maior parte também nunca duvida que seu trabalho tenha alguma importância
ou acha que não contribui para nada; ou ainda que esteja menos interessado no
trabalho desde a entrada nesse emprego e nunca acham que trabalhar um dia inteiro é
muito pesado. Todos os dias acreditam que estão contribuindo para a organização e
que podem resolver de modo eficaz os problemas que surgem.
Quanto à questão de sentir-se acabado depois de um dia de trabalho há uma
variação, 23,8% tem esse sentimento poucas vezes no ano; 21,4% uma vez no mês; e
outros 23,8% algumas vezes na semana. Ao responder a questão ―Sinto-me cansado
quando acordo e tenho de enfrentar outro dia de trabalho‖ os escores também
variaram, 19% respondeu que nunca; 19% poucas vezes no ano; 21,4% uma vez no
mês; e outros 21,4% poucas vezes no mês.
Pode-se observar então, que, de modo geral, os colaboradores têm se
relacionado bem com o seu trabalho. Como é possível notar na Tabela 2, as questões
do MBI-GS que denotam um aspecto negativo do trabalho, foram, na maioria das
vezes, respondidas com a opção ―nunca‖ ou ―poucas vezes no ano‖, já aquelas de
caráter positivo são sentimentos experimentados todos os dias pelos trabalhadores, o
que mostra que as pessoas não estão passando por um período exaustivo em sua
atividade, mas que se sentem bem em sua ocupação.
24
Entretanto, apesar de não serem alarmantes, algumas exceções podem ser
constatadas quando quase um terço diz ―se sentir acabado depois de um dia de
trabalho‖ algumas vezes na semana ou ―cansado ao ter que enfrentar outro dia de
trabalho‖ poucas vezes em um mês.
Na questão ―quero apenas fazer o meu trabalho sem ser incomodado‖, percebe-
se uma divisão entre dois extremos (―nunca― e ―todos os dias―), o que pode significar
uma dualidade no sentido da questão. Este problema de interpretação foi apontado na
pesquisa de validação do instrumento (MBI-GS) para o português do Brasil (LEGAL,
THIEME e PAPP, 2007). No instrumento original esta questão está classificada como
demonstrando ―despersonalização‖. Contudo, na versão espanhola (GIL-MONTE, 2002)
e portuguesa (do Brasil) ela foi classificada no fator ―realização profissional‖, o que pode
indicar uma interpretação diferente nestas culturas. Ora pode ser interpretada como
fazer o seu trabalho e não querer ser atrapalhado por outras coisas que tirem a
atenção; ora como querer fazer o trabalho sem se comprometer com o mesmo. Essa
questão ainda está sob análise dos autores.
Verifica–se, nesse caso, que os participantes da pesquisa não vêm sofrendo com
a Síndrome de Burnout.
Salienta-se aqui, que o período em que foi realizada a coleta dos dados é
considerado mais tranqüilo do que outros em que os funcionários estão, por exemplo,
fazendo matrícula dos alunos.
As respostas às questões do MBI-GS podem ser observadas na tabela 2.
25
Tabela 2. Respostas dos funcionários da universidade ao MBI-GS e sua porcentagem por item assinalado (n=42).
Questões Porcentagem de respostas
Nunca
Poucas
vezes e
m
um
ano o
u
menos
Um
a v
ez p
or
mês o
u
menos
Poucas
vezes e
m
um
mês
Um
a v
ez p
or
sem
an
a
Alg
um
as
vezes n
a
sem
an
a
Tod
os o
s
dia
s
1. Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
19,0 31,0 9,5 14,3 7,1 19,0 0
2. Sinto-me acabado depois de um dia de trabalho. 11,9 23,8 21,4 14,3 4,8 23,8 0
3. Sinto-me cansado quando acordo e tenho de enfrentar outro dia de trabalho.
19,0 19,0 21,4 21,4 2,4 11,9 4,8
4. Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim. 45,2 14,3 19,0 9,5 4,8 7,1 0
5. Posso resolver de modo eficaz os problemas que surgem no meu trabalho.
0 7,1 2,4 2,4 0 31,0 57,1
6. Sinto-me esgotado pelo meu trabalho. 31,0 21,4 16,7 9,5 9,5 11,9 0
7. Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
0 2,4 0 2,4 2,4 7,1 85,7
8. Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
69,0 16,7 2,4 4,8 4,8 2,4 0
9. Estou perdendo o entusiasmo pelo meu trabalho. 47,5 30,0 5,0 5,0 2,5 10,0 0
10. Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
0 0 0 0 2,4 14,3 83,3
11.Sinto-me realizado quando termino alguma coisa no trabalho.
0 0 0 2,4 2,4 21,4 73,8
12. Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
0 4,8 0 7,1 2,4 33,3 52,4
13. Quero apenas fazer o meu trabalho sem ser incomodado.
24,3 13,5 2,7 5,4 8,1 18,9 27,0
14. Acho que meu trabalho não contribua para nada.
73,7 15,8 4,8 0 0 2,7 2,7
15. Duvido que meu trabalho tenha alguma importância.
78,4 16,2 0 0 0 2,7 2,7
16. Sinto-me confiante que deixo as coisas eficientemente prontas no meu trabalho.
0 0 0 2,4 2,4 36,6 58,5
26
4.3 Escala de Estresse no Trabalho – JSS
Verificou-se nas questões referentes à demanda, que freqüentemente os
funcionários precisam realizar suas tarefas com muita rapidez (63,4%) e repetir muitas
vezes a mesma tarefa (69%); 48,8% respondeu que, às vezes, precisa produzir muito
em pouco tempo; 47,6% que, também às vezes, o trabalho exige muita habilidade ou
conhecimentos especializados. Uma boa parte da amostra (54,8%) demonstrou que às
vezes pode escolher como fazer seu trabalho e o que fazer nele (42,9%). A questão
―Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho?‖ ficou
dividida entre ―às vezes‖ (52,4%) e ―freqüentemente‖ (42,9%); assim como a pergunta
sobre o trabalho apresentar exigências contraditórias, 39% raramente e 34,1% às
vezes. Sobre a possibilidade de aprender coisas novas, 41,5% respondeu que isso
acontece às vezes, e 39% que ocorre freqüentemente.
Observa-se nas questões de demanda, que, apesar de terem que trabalhar
freqüentemente com presteza e repetição, os trabalhadores têm possibilidade de
aprender e de escolha em algumas de suas atividades, o que demonstra que podem ter
controle sobre aquilo que fazem. A capacidade de selecionar abordagens e tomar
decisões, ou seja, o controle é essencial para o profissional. Quando existem algumas
políticas que interferem nessa capacidade, a autonomia e o envolvimento com o
trabalho diminuem e isso impede as pessoas de resolverem os problemas que surgem.
Sem controle, elas não conseguem equilibrar seus interesses com os da empresa e não
sentem que estão fazendo a coisa acontecer (MASLACH e LEITER, 1999).
De fato, outros trabalhos usando o mesmo modelo de Karasek e Theorell, que
fundamenta o referido instrumento (JSS), têm demonstrado que maior controle sobre
suas tarefas além do estabelecimento de regras claras e objetivas sobre suas funções,
estão associadas a menor percepção de estresse no trabalho (DWYER e GANSTER,
1991).
As repostas para estas questões e suas freqüências são apresentadas na tabela
3.
27
Tabela 3. Porcentagem das respostas dadas pelos participantes às questões do Job Stress Scale, referentes à demanda, (n=42).
Questões Freqüentemente Às Vezes
Raramente Nunca ou Quase Nunca
Com que freqüência você tem que fazer suas tarefas de trabalho com muita rapidez?
63,4 24,4 12,2 0
Com que freqüência você tem que trabalhar intensamente (isto é, produzir muito em pouco tempo)?
34,1 48,8 12,2 4,9
Seu trabalho exige mais de você? 41,5 41,5 7,3 9,8
Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho?
42,9 52,4 4,8 0
O seu trabalho costuma apresentar exigências contraditórias ou discordantes?
0 34,1 39,0 26,8
Você tem possibilidade de aprender coisas novas em seu trabalho?
39,0 41,5 17,1 2,4
Seu trabalho exige muita habilidade ou conhecimentos especializados?
38,1 47,6 7,1 7,1
No seu trabalho, você tem que repetir muitas vezes a mesma tarefa?
69,0 26,2 4,8 0
Você pode escolher COMO fazer o seu trabalho?
26,2 54,8 14,3 4,8
Você pode escolher O QUE fazer no seu trabalho?
7,3 43,9 26,8 22,0
As cinco últimas questões dessa escala traduzem o suporte social, a maioria
concorda totalmente que, no trabalho, as pessoas se relacionam bem umas com as
outras (58,5%); que se não estiverem num bom dia, os colegas compreenderão
(53,7%); que se relacionam bem com seus chefes (76,2%) e que gostam de trabalhar
com seus colegas (78,6%). Contudo, quando questionados sobre a existência de um
ambiente calmo e agradável de trabalho, não é a maior parte que concorda totalmente
(31%), 35,7% concorda mais que discorda e 26,2% discorda mais do que concorda. A
questão sobre poderem contar com o apoio dos colegas de trabalho está dividida entre
os que concordam totalmente (50%), e os que concordam mais que discordam (45,2%).
As questões de suporte social apresentaram resultados muito positivos, com
raras exceções, mostrando que as pessoas se relacionam bem com seus colegas e a
28
chefia, apesar de terem picos de alta demanda. Sobre as relações interpessoais,
Maslach e Leiter (1999) frisam que as interações cotidianas no grupo de trabalho são
os elementos da experiência pessoal na empresa e, por sua vez, formam uma estrutura
de suporte das pessoas no seu ambiente ocupacional. A falta de união da equipe
ocasiona conflitos, desrespeito e é uma perda para a organização, que tem uma
produtividade menor.
Para Pelletier (1997 apud FILGUEIRAS e HIPPERT, 2002, p. 118) ―a capacidade
de enfrentar o estresse não é meramente uma questão de controle ou atitude pessoal,
mas pode refletir a intensidade dos laços sociais que funcionam como amortecedores‖.
A procura por um maior entendimento sobre as relações entre trabalho e
estresse é uma preocupação social e também de interesse econômico, pois um
trabalhador saudável e bem integrado ao seu trabalho terá mais chances de
desempenhar de forma efetiva o seu papel na produção (FILGUEIRAS e HIPPERT,
2002).
O quadro apresentado pelos funcionários parece refletir, como já frisado, um
ambiente de trabalho no qual o colaborador pode buscar apoio social, dirimindo, ou pelo
menos ajudando, a enfrentar as pressões comuns a todas as organizações.
Estes resultados são demonstrados na tabela 4.
29
Tabela 4. Porcentagem das respostas dadas as questões do Job Stress Scale, referentes ao apoio social, pelos participantes (n=42).
Questões Concordo Totalmente
Concordo mais que discordo
Discordo mais que concordo
Discordo totalmente
1. Existe um ambiente calmo e agradável onde trabalho.
31,0 35,7 26,2 7,1
2. No trabalho, nos relacionamos bem uns com os outros.
58,5 34,1 7,3 0
3. Eu posso contar com o apoio dos meus colegas de trabalho.
50,0 45,2 2,4 2,4
4. Se eu não estiver num bom dia, meus colegas compreendem.
53,7 39,0 4,9 2,4
5. No trabalho, eu me relaciono bem com meus chefes.
76,2 19,0 2,4 2,4
6. Eu gosto de trabalhar com meus colegas.
78,6 19,0 2,4 0
30
4.4 Correlações entre o Questionário sócio-organizacional, o JSS e o MBI-GS
A idade dos participantes foi correlacionada negativamente com a afirmativa 5 do
MBI-GS (Posso resolver de modo eficaz os problemas que surgem no meu trabalho.)
[rho=-0,551; p<0,01], e positivamente com a questão 7 (primeira parte) do JSS (Seu
trabalho exige muita habilidade ou conhecimentos especializados?) [rho=0,379;
p<0,05]. O estado civil (rho=-0,333; p<0,05), o número de filhos (rho=-400; p<0,01) e o
tempo de trabalho (rho=-0,469; p<0,01) também estão correlacionados negativamente
com a afirmativa 5 do MBI-GS. Isto significa que as pessoas mais jovens, solteiras, sem
filhos e as com menor tempo de trabalho na instituição percebem-se mais eficazes na
resolução de problemas no seu ambiente de trabalho, enquanto os mais velhos tendem
a achar que suas tarefas exigem muita habilidade e/ou conhecimentos especializados.
Para os casados, a questão 6 (segunda parte) do JSS foi relacionada positivamente,
denotando que estes apreciam trabalhar com seus colegas.
Observou-se que a questão 9 (primeira parte) do JSS foi correlacionada à
escolaridade (rho=0,416; p<0,01), ou seja, quanto maior o nível de escolaridade, maior
o poder de escolher como fazer o trabalho.
O cargo teve relação negativa com a questão 4 (segunda parte) do JSS (rho=-
0,352; p<0,05) demonstrando que os auxiliares tenderam a perceber menos apoio
social em seu ambiente ocupacional.
As correlações entre as questões do JSS e MBI-GS estão todas demonstradas
no quadro 1.
31
4.5 Correlações entre o JSS e o MBI-GS
Os escores obtidos nas questões do JSS e MBI-GS foram correlacionados
através de análise de correlação de Spearman. No quadro 1, a seguir, pode-se
observar estas correlações.
Quadro 1. Demonstrativo das correlações entre as questões do JSS e do MBI-GS na amostra de funcionários de uma universidade privada (n=42).
Questão JSS Questão MBI-GS rho p
Com que freqüência você tem que trabalhar intensamente (isto é, produzir muito em pouco tempo)?
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Sinto-me acabado depois de um dia de trabalho.
Sinto-me cansado quando acordo e tenho que enfrentar outro dia de trabalho.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto-me esgotado pelo meu trabalho.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
0,564
0,362
0,393
0,435
0,524
0,368
0,01
0,05
0,05
0,01
0,01
0,05
Seu trabalho exige mais de você? Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Sinto-me acabado depois de um dia de trabalho.
Sinto-me cansado quando acordo e tenho que enfrentar outro dia de trabalho.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto-me esgotado pelo meu trabalho.
0,447
0,340
0,316
0,357
0,332
0,01
0,05
0,05
0,05
0,05
O seu trabalho costuma apresentar exigências contraditórias ou discordantes?
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
Acho que meu trabalho não contribui para nada.
-0,353
0,372
0,05
0,05
Você tem possibilidade de aprender coisas novas em seu trabalho?
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Estou perdendo o entusiasmo pelo meu
-0,406
-0,488
0,01
0,01
32
trabalho.
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
0,371
0,05
Seu trabalho exige muitas habilidades ou conhecimentos especializados?
Posso resolver de maneira eficaz os problemas que surgem no meu trabalho.
-0,349 0,05
No seu trabalho, você tem que repetir muitas vezes a mesma tarefa?
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
0,352 0,05
Você pode escolher COMO fazer o seu trabalho?
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
-0,386 0,01
Você pode escolher O QUE fazer no seu trabalho?
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
-0,355
-0,340
0,05
0,05
Existe um ambiente calmo e agradável onde trabalho.
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Sinto-me acabado depois de um dia de trabalho.
Sinto-me cansado quando acordo e tenho que enfrentar outro dia de trabalho.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto-me esgotado pelo meu trabalho.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
-0,629
-0,435
-0,404
-0,341
-0,432
-0,424
0,01
0,01
0,01
0,05
0,01
0,01
No trabalho, nos relacionamos bem uns com os outros.
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Posso resolver de maneira eficaz os problemas que surgem no meu trabalho.
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
Sinto-me realizado quando termino alguma coisa no trabalho.
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
Quero apenas fazer meu trabalho sem
-0,423
-0,322
-0,427
-0,476
0,342
0,382
0,332
-0,397
0,01
0,05
0,01
0,01
0,05
0,05
0,05
0,05
33
ser incomodado.
Sinto-me confiante que deixo as coisas eficientemente prontas no meu trabalho.
0,320
0,05
Eu posso contar com o apoio dos meus colegas de trabalho.
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
Sinto-me realizado quando termino alguma coisa no trabalho.
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
-0,373
-0,353
0,502
-0,525
0,347
0,393
0,360
0,330
0,05
0,05
0,01
0,01
0,05
0,05
0,05
0,05
Se eu não estiver num bom dia, meus colegas compreendem.
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
-0,321
0,444
-0,527
-0,548
0,05
0,01
0,01
0,01
No trabalho, eu me relaciono bem com meus chefes.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Estou perdendo o entusiasmo pelo meu trabalho.
Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
Acho que meu trabalho não contribui para nada.
-0,403
0,757
-0,642
-0,514
0,637
0,514
-0,497
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
34
Sinto-me confiante que deixo as coisas eficientemente prontas no meu trabalho.
0,322
0,05
Eu gosto de trabalhar com meus colegas.
Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
Sinto-me cansado quando acordo e tenho que enfrentar outro dia de trabalho.
Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
Quero apenas fazer meu trabalho sem ser incomodado.
Acho que meu trabalho não contribui para nada.
Sinto-me confiante que deixo as coisas eficientemente prontas no meu trabalho.
-0,313
-0,305
-0,432
0,640
-0,580
0,531
0,393
-0,409
-0,335
0,420
0,05
0,05
0,01
0,01
0,01
0,01
0,05
0,05
0,05
0,01
Como podem ser observadas no quadro 1, as questões relacionadas à demanda
no JSS, foram, via de regra, associadas às questões relativas a exaustão emocional. Já
as questões de controle foram associadas negativamente a esta mesma dimensão.
As questões relativas ao apoio social foram também negativamente relacionadas
à exaustão emocional e positivamente às de realização profissional.
Estes resultados indicam que os instrumentos demonstraram coerência em
relação à direção dos dados, ou seja, quando os indicadores de estresse ocupacional
são baixos, a realização profissional é alta e a exaustão baixa. Ainda que o instrumento
MBI-GS adaptado não possa nos ceder, no momento, os dados referentes à validação
fatorial de cada dimensão, as questões relativas a elas são denotadas das
características originais do instrumento em inglês e espanhol.
35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados do presente estudo, foi possível perceber que a amostra
de colaboradores da universidade pesquisada não apresenta índices significativos para
estresse ocupacional e burnout.
O estresse ocupacional é constatado no trabalhador quando três principais
fatores entram em desequilíbrio: a demanda, o controle e o apoio social. Como mostram
os dados, apenas a demanda apresenta níveis significativos, algumas vezes, mais alta
(como quando precisam produzir muito em pouco tempo), enquanto o controle é
mantido (como nas possibilidades de escolha), assim como o apoio social (como ter a
condição de poder contar com os colegas de trabalho). Entretanto, ainda que dois
fatores para o estresse estejam bem administrados, deve-se estar atento à elevada
demanda.
Fatores ambientais podem ter influenciado o resultado, como por exemplo, o
período em que os dados foram coletados, que corresponde a uma época em que os
funcionários da universidade têm uma demanda mais baixa, pois não estão fazendo
matrículas nem fechamento de semestre.
Seria interessante reaplicar as mesmas escalas num outro momento,
principalmente no início e no fim do semestre para comparar com os dados deste
estudo e observar como o ambiente de trabalho é percebido pelos colaboradores numa
ocasião de atividade intensa. Para uma próxima pesquisa também seria relevante
verificar os sintomas de estresse ocupacional e de burnout através de estudo
qualitativo, realizando junto a essa amostra, entrevista sobre suas relações com o
trabalho.
Diferente desta, a pesquisa de Volpato et al. (2003) evidenciou valores acima da
média para a presença de burnout numa empresa da cidade de Maringá – PR; e a
pesquisa de Krelling (2005) constatou sinais da síndrome nos funcionários da área
administrativa/financeira de uma prefeitura do norte de Santa Catarina. O fato já citado
de que a universidade tem picos de trabalho intenso pode ser importante fator de
distinção entre a amostra das autoras e a amostra desta pesquisa. Apesar de também
36
terem realizado suas pesquisas com trabalhadores administrativos, Krelling (2005) e
Volpato et al. (2003) utilizaram a escala MBI-HSS que, na verdade, é mais apropriada
para trabalhadores que prestam serviços diretamente às pessoas, como os da área da
saúde, o que pode ter interferido nos resultados obtidos.
A escala MBI-GS, recentemente validada para o Brasil e aqui utilizada, trata-se
de um importante subsídio para verificação de sintomas de burnout na população geral.
Antes disso, não se tinha disponível um instrumento adequado para tal população, o
que constitui fator essencial para a fidedignidade dos resultados de pesquisa.
Pretendeu-se inicialmente classificar cada questão do MBI-GS conforme as três
dimensões do burnout (exaustão emocional, despersonalização e realização
profissional), porém, a adaptação das dimensões da referida escala ainda estão em
teste, e até o presente momento, os autores (LEGAL, THIEME e PAPP, 2007) estão
realizando a análise fatorial do mesmo.
A amostra de 42 colaboradores representa menos da metade da população de
funcionários administrativos que o setor estudado possui. Mesmo estando informados
sobre a pesquisa e sabendo que não seriam identificados, alguns colaboradores
preferiram não participar alegando falta de tempo para responder, outros não
devolveram o instrumento, ou o fizeram sem tê-lo respondido.
Mesmo não sendo constatado o estresse ocupacional e o burnout na amostra da
universidade aqui pesquisada, não se pode descartar a importância do investimento no
bem estar dos funcionários de qualquer tipo de organização. Para Filgueiras e Hippert
(2002), a melhoria da qualidade organizacional e a de vida dos trabalhadores são duas
conquistas interdependentes. Esta qualidade pode ser alcançada com o oferecimento
de condições apropriadas como remuneração e carga de trabalho adequadas,
oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional, segurança e reconhecimento.
Ao proporcionar um ambiente agradável aos seus colaboradores, a organização
está prevenindo doenças ocupacionais, que é o caso do estresse e do burnout, e
promovendo sua saúde e crescimento, o que por conseqüência, refletirá num trabalho
mais efetivo, satisfazendo empregado, organização e clientes.
37
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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41
VOLPATO D. C. et al. Burnout em profissionais de Maringá. Revista Eletrônica InterAção Psy,
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42
7 ANEXOS Anexo 1 – Job Stress Scale (Escala de Estresse Ocupacional)
Freqüentemente Às Vezes Raramente Nunca ou Quase Nunca
Com que freqüência você tem que fazer suas tarefas de trabalho com muita rapidez?
Com que freqüência você tem que trabalhar intensamente (isto é, produzir muito em pouco tempo)?
Seu trabalho exige mais de você?
Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho?
O seu trabalho costuma apresentar exigências contraditórias ou discordantes?
Você tem possibilidade de aprender coisas novas em seu trabalho?
Seu trabalho exige muita habilidade ou conhecimentos especializados?
No seu trabalho, você tem que repetir muitas vezes a mesma tarefa?
Você pode escolher COMO fazer o seu trabalho?
Você pode escolher O QUE fazer no seu trabalho?
Concordo Totalmente
Concordo mais que discordo
Discordo mais que concordo
Discordo Totalmente
Existe um ambiente calmo e agradável onde trabalho.
No trabalho, nos relacionamos bem uns com os outros.
Eu posso contar com o apoio dos meus colegas de trabalho.
Se eu não estiver num bom dia, meus colegas compreendem.
No trabalho, eu me relaciono bem com meus chefes.
Eu gosto de trabalhar com meus colegas.
43
Anexo 2 – MBI-GS (Maslach Burnout Inventory – General Survey)
WILMAR B. SHAUFELLI, MICHAEL P. LEITER, CHRISTINA MASLACH, SUSAN E. JACKSON
MBI – General Survey
O objetivo deste levantamento é saber como os membros da equipe percebem e reagem ao seu
trabalho. Na página seguinte constam 16 afirmações sobre sentimentos em relação ao trabalho. Por favor, leia cuidadosamente cada afirmação e pense se você se sente deste modo em seu emprego. Se você nunca se sentiu assim assinale ―0‖ (zero) no espaço a direita da afirmativa. Se você tem este sentimento indique a freqüência assinalando um número (de 1 a 6) que melhor descreva este sentimento. Um exemplo é mostrado abaixo: Exemplo
Freqüência 0 1 2 3 4 5 6
Nunca
Poucas vezes em um ano ou
menos
Uma vez por mês
ou menos
Poucas vezes em um mês
Uma vez por
semana
Algumas vezes na semana
Todos os
dias
Freqüência
0 - 6
Afirmativa:
I. _________ Sinto-me deprimido no trabalho. Se você nunca se sentiu deprimido no trabalho, assinale o número ―0‖ (zero) na coluna à direita ―Freqüência‖. Se você raramente se sente deprimido no trabalho (poucas vezes em um ano ou menos), você pode assinalar o número ―1‖. Se seus sentimentos depressivos são bastante freqüentes (poucas vezes na semana, mas não diariamente) você deve assinalar o número ―5‖.
44
MBI – General Survey
Freqüência: 0 1 2 3 4 5 6
Nunca
Poucas vezes em um
ano ou menos
Uma vez por mês
ou menos
Poucas vezes em um mês
Uma vez por
semana
Algumas vezes na semana
Todos os dias
Freqüência
0 – 6 Afirmativas
1. ____________ Meu trabalho me deixa emocionalmente esgotado.
2. ____________ Sinto-me acabado depois de um dia de trabalho.
3. ____________
Sinto-me cansado quando acordo e tenho de enfrentar outro dia de trabalho.
4. ____________ Trabalhar o dia inteiro é muito pesado para mim.
5. ____________
Posso resolver de modo eficaz os problemas que surgem no meu trabalho.
6. ____________ Sinto-me esgotado pelo meu trabalho.
7. ____________
Sinto que estou contribuindo de modo eficaz para o que esta organização faz.
8. ____________
Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que comecei neste emprego.
9. ____________ Estou perdendo o entusiasmo pelo meu trabalho.
10. ____________ Em minha opinião, faço um bom trabalho nesta empresa.
11. ____________ Sinto-me realizado quando termino alguma coisa no trabalho.
12. ____________ Tenho realizado várias coisas que valem à pena neste emprego.
13. ____________ Quero apenas fazer o meu trabalho sem ser incomodado.
14. ____________ Acho que meu trabalho não contribua para nada.
15. ____________ Duvido que meu trabalho tenha alguma importância
16. ____________
Sinto-me confiante que deixo as coisas eficientemente prontas no meu trabalho.
45
8 APÊNDICE
8.1 Questionário Sócio/Organizacional
Questionário Sócio/Organizacional
1. Idade: ( ) até 25 anos ( ) de 26 a 30 anos ( ) de 31 a 35 anos ( ) de 36 a 40 anos ( ) de 41 a 50 anos ( ) acima de 50 anos
2. Sexo: ( ) M ( ) F
3. Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) União Estável ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Viúvo
4. Número de Filhos:
( ) Nenhum ( ) 01 ( ) 02 ( ) 03 ( ) acima de três
5. Turno de trabalho ( ) manhã e tarde ( ) tarde e noite ( ) manhã e noite
6. Nível de escolaridade: ( ) fundamental ( ) médio ( ) técnico ( ) graduação ( ) especialista ( ) mestrado ( ) doutorado
7. Cargo que ocupa: _____________________________
8. Tempo de trabalho na instituição:
( ) até 02 anos ( ) de 03 a 05 anos ( ) de 06 a 10 anos ( ) de 11 a 15 anos ( ) de 16 a 20 anos ( ) acima de 20 anos
9. Tipo de contrato:
( ) Vínculo empregatício ( ) Prestador de serviço
10. Carga horária semanal ( ) até 20h ( ) até 30h ( ) até 40h ( ) mais de 40h