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    APLICAÇÃO DE LÓGICA FUZZY EM SISTEMAS DE CONTROLE DE TRÁFEGOMETROPOLITANO EM RODOVIAS DOTADAS DE FAIXAS EXCLUSIVAS

    PARA ÔNIBUS

    Juliano Neves de Paula e Sousa

    TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

    PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

     NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

    ENGENHARIA DE TRANSPORTES.

    Aprovada por:

     ________________________________________________Prof. Carlos David Nassi, Dr. Ing.

     ________________________________________________Prof. Paulo Cezar Martins Ribeiro, Ph.D.

     ________________________________________________Prof. Elton Fernandes, Ph.D.

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

    MARÇO DE 2005

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    SOUSA, JULIANO NEVES DE PAULA E

    Aplicação De Lógica Fuzzy Em SistemasDe Controle de Tráfego Metropolitano Em

    Rodovias Dotadas De Faixas Exclusivas Para

    Ônibus [Rio de Janeiro] 2005

    IX, 97p. 29,7cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

    Engenharia de Transportes, 2005)

    Tese - Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, COPPE1. Lógica Fuzzy

    2. Faixa Exclusiva

    I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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    Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

     para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

    APLICAÇÃO DE LÓGICA FUZZY EM SISTEMAS DE CONTROLE DE TRÁFEGO

    METROPOLITANO EM RODOVIAS DOTADAS DE FAIXAS EXCLUSIVAS

    PARA ÔNIBUS

    Juliano Neves de Paula e Sousa

    Março/2005

    Orientador: Carlos David Nassi

    Programa: Engenharia de Transportes

    Tendo em vista a crescente necessidade de se implementar medidas de

    engenharia de transportes que priorizem o transporte público, os projetos de faixas

    exclusivas para ônibus vêm surgindo como uma medida viável em vários trechos das

    malhas viárias nas diferentes regiões metropolitanas do país. Devido ao fato de que em

    muitos destes casos não existirem um sistema adequado de controle de uso, surge a

    necessidade de se estabelecer uma metodologia de obtenção para um modelo de sistema

    de controle, baseado em lógica fuzzy capaz de otimizar o desempenho destas rodovias.

    Propondo o uso de um sistema dotado de inteligência artificial. O trabalho deverá conter

    ainda um estudo de caso realizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em uma

    importante rodovia estadual, a RJ-071, possibilitando aplicar a teoria fuzzy abordada ao

     projeto de um controlador fuzzy baseado em regras.

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    Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    APPLICATION OF FUZZY LOGIC ON METROPOLITAN TRAFFIC CONTROL

    SYSTEMS IN HIGHWAYS ENDOWED WITH EXCLUSIVE LANES FOR BUSES

    Juliano Neves de Paula e Sousa

    March/2005

    Advisor: Carlos David Nassi

    Department: Transportation Engineering

    In view of the increasing necessity of implementing measures of transport

    engineering that prioritizes the public transport, the projects of exclusive lanes for bus

    come appearing as a viable measure in some stretches of the road mesh in the different

    metropolitan regions of the country. Had to the fact that in many of these cases there are

    not an adequate using control system, appears the necessity of establishing an obtention

    metodology for a model of control system, based on fuzzy logic capable to optimize the

     performance of these highways. Considering the use of a system endowed with artificial

    intelligence. The work still will have to contain a study of case realized in the Rio de

    Janeiro Metropolitan Region, in an important state highway, the RJ-071, making

     possible to apply the boarded fuzzy theory to the project of a fuzzy controller based in

    rules.

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    DEDICATÓRIA

    Dedico este Trabalho aos meu pais, Raylson e Eliana, pela confiança e apoio sem fim, e

    aos meus filhos, Stella Aída e outros que estejam por vir.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao meu pai, Raylson Nicácio, pelas importantes discussões sobre campos semânticos e

     pela revisão do texto.

    À minha esposa, Glauciane, por sempre ter estado ao meu lado.

    Às pessoas com quem trabalhei durante o período de realização deste curso por terem,

    inúmeras vezes, compreendido minha ausência em virtude da realização do mestrado.

    Aos colegas, funcionários e professores do PET pela agradável convivência neste

    ambiente de pesquisa acadêmica.

    Ao Professor Carlos Nassi, não somente pela orientação do trabalho mas principalmente

     pelo incentivo, fundamental para sua realização.

    Ao Professor Elton Fernandes pela valorosa contribuição durante a elaboração desta

    tese.

    Ao Professor Paulo Cezar Ribeiro por sua ilustre participação na banca examinadora.

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    ÍNDICE

    Capítulo I – Introdução

    1 – Relevância do Tema 1

    2 - Descrição do Problema 2

    3 - Objetivo 3

    4 – Metodologia 3

    5 – Descrição dos Capítulos 4

    Capítulo II – Lógica Fuzzy

    1 – Princípios de Lógica Fuzzy 6

    1.1 - Conjuntos Fuzzy 7

    1.1.1 - Funções de Pertinência 9

    1.1.2 - Universo de Discurso 11

    1.1.3 - Variáveis Lingüísticas 11

    1.1.4 - Números Fuzzy 12

    1.2 – Sistemas de Controle Fuzzy 14

    1.2.1 - Aplicações de Sistemas de Controle Fuzzy 15

    Capítulo III – Sistema de Controle de Tráfego

    1 - Sistema de Controle de Tráfego Rodoviário 17

    1.1 – Caracterização do Sistema 17

    1.2 - Objetivo do Sistema de Controle de Tráfego Rodoviário 18

    1.3 - Equipamentos e Recursos 19

    1.3.1 – Laços Indutivos 19

    1.3.2 - Transceptores Móveis de Sinais de Rádio 21

    1.3.3 - Transceptores Fixos de Sinais de Rádio 21

    1.3.4 – Subsistema de Fotografia Digital 21

    1.3.5 - Unidade Central de Processamento 22

    1.3.6 – Controlador 23

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    1.3.7 – Painéis de Mensagens Variáveis 24

    1.4 - Entradas e Saídas 25

    1.5 - Equações do Sistema 27

    1.6 - Modelo Conceitual Simbólico 28

    Capítulo IV – Metodologia Proposta

    1 – O Controlador Fuzzy 29

    1.1 – Estrutura do Controlador 30

    1.2 – Variáveis de Entrada 30

    2 - Modelagem dos Dados de Entrada 33

    3 - Variável de Saída 36

    4 - Universos de Discurso 37

    5 - Obtenção das Funções de Pertinência 39

    6 - Fuzzyficação das Variáveis de Entrada 40

    7 - Base de Regras 41

    8 - Defuzzyficação da Variável de Saída 44

    9 – Implementação do Sistema de Controle Fuzzy 46

    9.1 – Periféricos 46

    9.2 – Unidade Central de Processamento 48

    9.3 – Softwares 49

    Capítulo V – Estudo de Caso da Rodovia RJ-071 (Linha Vermelha)

    1 – Estudo de Caso 50

    1.1 – A Opção pela Linha Vermelha 51

    2 – Projeto do Sistema Fuzzy de Controle Rodoviário na Linha Vermelha 52

    2.1 - Locação dos Periféricos 53

    2.2 - Instalação da UCP 56

    2.3 - Subsistemas 56

    2.4 - Entradas e Saídas do Sistema 57

    2.5 – Modelo do Sistema 58

    2.6 - Inteligência do Sistema 61

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    3 - Base de Conhecimento do Controlador Fuzzy 62

    3.1 - Funções de Pertinência 62

    3.2 – Definição do Bloco de Regras Fuzzy 65

    4 - Segundo Bloco de Regras 68

    5 - Definição das Mensagens dos Painéis 71

    Capítulo VI – Avaliação dos Resultados e Considerações Finais

    1 - Simulações 73

    2 - Superfícies de Nível 74

    3 - Avaliação dos Resultados 90

    4 - Conclusões 92

    5 - Recomendações 94

    Bibliografia 95

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    Capítulo I – Introdução

    1 – Relevância do Tema

    Principalmente devido a investimentos insuficientes em sistemas de transporte

    de alta capacidade, o transporte público por ônibus nas regiões metropolitanas

     brasileiras torna-se cada vez mais importante em termos de passageiros transportados.

     Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, foram realizadas 463,384

    milhões de viagens somente pelo sistema intermunicipal no ano de 2001 (Fonte:

    DETRO-RJ)

    A criação de faixas exclusivas para ônibus em corredores metropolitanos,

    medida que vem sendo adotada com objetivo de priorizar o transporte público, torna

    necessário o desenvolvimento de sistemas de controle de uso destas facilidades, visando

    otimizar a utilização destas rodovias. Esta otimização pode ser obtida com a aplicação

    da lógica fuzzy, já que este tipo de lógica não convencional agrega ao sistema de

    controle características de operadores humanos às tomadas de decisão, tornando os

    sistemas inteligentes, ou seja, capazes de fornecer respostas que solucionam problemas,

    mesmo em situações novas ou inesperadas.

    Um típico Controlador Fuzzy pode ser desenvolvido de forma a comportar-se

    segundo o raciocínio dedutivo, mesmo processo utilizado por pessoas na inferência de

    conclusões baseadas em informações conhecidas. Desta forma, é possível que o

    controlador computacional possua desempenho equivalente ao do operador humano.

    O raciocínio indutivo também pode ser incorporado ao Controlador Fuzzy

    tornando-o capaz de aprender e generalizar através de exemplos específicos observados

    durante um processo que varia ao longo do tempo. Estes controladores, já que é possível

    compreender seu raciocínio, podem ter sua programação modificada. A inclusão denovos procedimentos e objetivos aumenta as possibilidades do sistema de controle sem

    necessariamente imprimir custos de aquisição de equipamentos ou materiais.

    A abordagem deste tema torna-se importante na medida em que cresce a

    quantidade de aplicações bem sucedidas de lógica fuzzy em controle de processos de

    naturezas diversas. A aplicação às vias metropolitanas dotadas de faixas exclusivas

    servirá inclusive como contribuição para futuras pesquisas a respeito de lógica fuzzy

    aplicada a sistemas de controle tráfego.

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    2 - Descrição do Problema

    A adoção de faixas exclusivas no fluxo é uma medida proposta com intuito de

    reduzir o tempo de viagem dos ônibus através da reserva de espaço em via para o

    transporte público. A redução do tempo de ciclo e a diminuição da variância deste

    tempo, devido à não interferência do tráfego misto na faixa reservada, trazem diversos

     benefícios para o sistema e seus clientes. Porém as vantagens do uso da faixa exclusiva

    somente existem de fato em horários de fluxo saturado. O fluxo de saturação

    normalmente ocorre nos períodos de pico do fluxo de tráfego, devido à demanda típica

    de regiões metropolitanas, caracterizada principalmente por viagens pendulares do tipo

    casa – trabalho - casa.

    A utilização de uma ou mais faixas exclusivas para ônibus em horários fora de

     pico ou, ainda, em horários em que não exista redução do tempo de viagem dos ônibus

    gera custos em termos de mobilidade para os demais usuários da rodovia, sem que estes

    custos possam ser compensados pelos benefícios globais produzidos pelo uso das faixas

    exclusivas - ao contrário do que ocorre em horários de pico. É necessário, pois,

    estabelecer uma estratégia de uso das faixas exclusivas que permita otimizar o

    desempenho da rodovia.

    A possibilidade mais simples de operação das faixas exclusivas é estabelecer

    exclusividade de uso por ônibus em período integral. Esta estratégia, quando adotada,

    limita a mobilidade na rodovia durante longos períodos em que não ocorrem benefícios

    ao transporte público.

    Uma outra possibilidade de uso para faixas exclusivas consiste em definir,

    através de estudos e levantamentos de transporte e tráfego, quais seriam os horários

    ideais de operação em caráter exclusivo, ou seja: em que horários do dia uma

    determinada faixa exclusiva traria redução do tempo de viagem para os ônibus,estabelecendo o uso exclusivo em período parcial, aplicando, neste caso, uma

    sinalização de informação suficiente e adequada aos usuários da via em questão, pré-

    estabelecendo os períodos fixos de uso exclusivo. Inconveniente neste caso é o fato de

    que estes períodos sofrem variações diárias, causadas por fatores inerentes ao tráfego ou

    mesmo por fatores externos.

    Um período fixo de faixa exclusiva somente será utilizado de maneira ótima, em

    alguns dias específicos, no caso de o horário ideal de operação em caráter exclusivocoincidir com o horário pré-estabelecido para operação em caráter exclusivo. A

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     probabilidade desta ocorrência é nula, já que o período exclusivo é composto por duas

    variáveis contínuas: hora de início ou hora de final. A impossibilidade de antecipar a

    hora de início e de adiar a hora de final de operação, pré-fixadas, obriga os ônibus a

    circularem com o tráfego misto em períodos nos quais o uso exclusivo reduziria seus

    tempos de viagem. Já a impossibilidade de adiar a hora de início ou de antecipar a hora

    de final piora o nível de serviço nas faixas restantes sem gerar benefícios para o

    transporte público.

    Torna-se importante obter uma solução que permita adequar os horários de

    exclusividade de uso das faixas, aproximando-os cada vez mais dos horários ideais, não

    somente a cada dia, mas também em cada rodovia, ou até mesmo em cada trecho de

    uma mesma rodovia. A aplicação da Lógica Fuzzy permite decidir sobre estes horários.

    A obtenção de um sistema que inclua um Controlador Fuzzy é a solução

     proposta para que se possa adotar uma estratégia de operação em período parcial com

    horários variáveis, de maneira que o estado das faixas seja alternado entre exclusivo e

    não exclusivo para ônibus, na medida em que o uso das mesmas torne-se vantajoso ou

    indiferente para estes veículos.

    3 - Objetivo

    O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia de aplicação de lógica

    fuzzy ao controle de tráfego metropolitano em rodovias com faixas exclusivas para

    ônibus no fluxo, utilizando um controlador cuja tarefa é gerenciar o uso da via.

    Considera-se para tanto a existência de um sistema de controle rodoviário típico,

     previamente determinado para que um controlador fuzzy seja inserido em sua estrutura.

    4 – Metodologia

    A metodologia proposta consiste na identificação de um controlador fuzzy

    integrante de um sistema de controle de tráfego rodoviário. O sistema de controle

     proposto como exemplo tem sua estrutura previamente determinada para que se possa

    estabelecer as limitações do controlador decorrentes daquelas inerentes ao sistema.

    A escolha e tratamento das variáveis de entrada e saída do sistema são tarefas

    realizadas tendo como condicionante o fato de que a obtenção dos dados é contínua eem tempo real, o que já limita o número de variáveis de entrada em comparação com o

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    número de variáveis que poderiam ser consideradas. Verifica-se que uma série de

    variáveis não deverão fazer parte da discussão, aquelas que dependem de obtenção

     prévia de seus valores, cuja possibilidade de mensuração pelo sistema inexiste não serão

    consideradas.

    Mesmo dentre as que direta ou indiretamente poderiam ser obtidas pelo sistema,

     propõe-se a escolha de um conjunto de variáveis apenas suficiente para que se possa

     propor uma metodologia válida, que inclua a discussão das variáveis, das bases de

    dados e de regras de um controlador e a simulação de seus resultados. Sem considerar a

    necessidade de demonstrar a aderência do modelo.

    Uma limitação da própria metodologia é que propõe-se a obtenção da base de

    conhecimento do sistema de forma que os valores adotados não podem ser considerados

    consensuais já que não são gerados com base em opiniões de especialistas, possíveis de

    serem obtidas através de entrevistas.

    Com o intuito de tornar possível a simulação do controlador fuzzy, é possível

    admitir que os valores atribuídos com base em opinião única do próprio projetista são

    coerentes para que se possa implementar, simular e avaliar a metodologia proposta.

    5 – Descrição dos Capítulos

    O problema de controlar faixas exclusivas, definindo seus trechos e períodos

    adequados de funcionamento, aplicando lógica fuzzy em um sistema de controle, será

    tratado de forma que seja possível recomendar como solução a implementação de um

    Controlador Fuzzy. Também será recomendado um modelo de sistema de controle

    compatível com este controlador.

    O trabalho divide-se em cinco capítulos. O primeiro capítulo é a introdução,

    onde é apresentado o objetivo do trabalho, discutida a relevância do tema, tanto peloaspecto da preocupação com o tráfego metropolitano, como também pelo fato de utilizar

    como ferramenta uma lógica não convencional. O problema, que motiva a realização do

    trabalho, também será apresentado ainda neste capítulo inicial.

     No segundo capítulo, será feita uma revisão bibliográfica sobre Lógica Fuzzy,

    ressaltando-se as principais diferenças em contraposição à lógica convencional e seus

    aspectos teóricos. O resultado desta etapa servirá como base para a realização de todo o

    resto do trabalho, sendo o objetivo principal desta parte abordar conceitos teóricos

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    fundamentais para uma aplicação prática bem sucedida. Além da teoria referente à

    lógica fuzzy, serão tratadas suas aplicações a sistemas de controle, dentre outras.

     No terceiro capítulo serão definidas todas as características do sistema de

    controle. O sistema será caracterizado de forma generalizada, de modo a obter-se um

    modelo que sirva como base para a implementação do sistema em uma rodovia

    qualquer. Ainda neste capítulo, serão vistas as questões técnicas relativas aos

    componentes do sistema de controle, inclusive do Controlador Fuzzy. Também será

    tratada a questão da fiscalização do uso das faixas.

     No Capítulo IV será apresentada a metodologia proposta. As características do

    Controlador Fuzzy serão todas discutidas nesse capítulo, sem que se estabeleça, para

    tanto, valores numéricos ou ordens de grandeza a qualquer dado ou variável

    mencionada.

    O quinto capítulo contém o estudo de caso. Para realização deste estudo, será

    necessário escolher uma rodovia que possua as características até então discutidas no

    trabalho. Será feita a opção pela RJ-071 (Linha Vermelha) e será feita uma justificativa

    desta escolha através de uma breve discussão sobre o sistema intermunicipal de

     passageiros e suas ligações inter-regionais.

    Ainda nesse capítulo, seguindo a metodologia proposta no capítulo anterior, será

    obtido o modelo do sistema de controle de tráfego e definidas as propriedades do

    Controlador Fuzzy, atribuindo-se valores necessários à implementação.

     No capítulo VI serão realizadas simulações a partir da atribuição de valores para

    as variáveis de entrada e obtenção dos respectivos valores de saída, através da

    construção de superfícies de nível. Será realizada uma avaliação dos resultados obtidos

    aplicando-se dois métodos diferentes de defuzzyficação. Serão apresentadas as

    conclusões a respeito dos métodos e considerações utilizados ao longo do trabalho e

    também as recomendações consideradas necessárias

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    Capítulo II – Lógica Fuzzy

    1 – Princípios de Lógica Fuzzy

    A fim de permitir o desenvolvimento de um sistema de controle utilizando

    lógica fuzzy e também a realização de estudo de caso onde se pretende propor sua

    implementação prática, faz-se necessário apresentar alguns aspectos teóricos

    fundamentais a respeito desta lógica não convencional.

    A lógica fuzzy, também conhecida como lógica nebulosa, lógica difusa, ou ainda

    como teoria das possibilidades, tem como base a Teoria dos Conjuntos Fuzzy

    introduzida pelo Professor Zadeh em seu artigo “Fuzzy Sets” publicado no ano de 1965.

    Trata-se de um tipo de lógica multivalente (KANDEL, 1986). Este conceito contrapõe-

    se ao da lógica clássica, bivalente, fundada por Aristóteles, segundo a qual uma

    determinada proposição somente pode assumir os valores: Verdadeiro ou Falso,

    representados respectivamente pelos números 0 e 1, excluindo-se definitivamente

    qualquer possibilidade de ocorrerem valores intermediários. Trata-se do Princípio do

    Meio Excluído (BOYER, 1996).

    A lógica fuzzy admite portanto que uma determinada proposição pode assumir

    qualquer valor no intervalo entre 0 e 1. Assim, os valores assumidos representam os

    graus de verdade desta proposição. Uma proposição é totalmente verdadeira se o seu

    grau de verdade é 1, e totalmente falsa se o seu grau de verdade é 0, admitindo-se como

     possível a ocorrência de quaisquer valores intermediários de graus de verdade.

    Devido à dualidade observada nos fenômenos da natureza, a lógica bivalente

     proporciona a criação de modelos matemáticos que em certos casos são de indiscutível

    utilidade. Porém há limitações quando se deseja obter modelos de fenômenos ou fatos

    que dependeriam da análise simultânea de muitas variáveis. Dois principaiscomplicadores para a modelagem matemática, baseada na lógica bivalente, surgem

    quando ZIMMERMANN (1985) afirma que:

    1 – Situações reais muito frequentemente não são determinísticas e não podem

    ser precisamente descritas.

    2 – A descrição completa de um sistema real frequentemente requereria mais

    dados detalhados do que os que um ser humano poderia sempre reconhecersimultaneamente, processar e entender. (ZIMMERMANN, 1985)

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      A lógica fuzzy incorpora a forma como o ser humano realiza inferências, através

    de regras de raciocínio e atribuição de valores fuzzy às variáveis que observa. Valores

    dotados de incertezas e representados por expressões muitas vezes vagas e imprecisas.

    Estas variáveis, presentes no pensamento e comunicação humanos, são consideradas

    válidas para a lógica fuzzy, haja vista que um termo lingüístico pode ser representado

     por um conjunto fuzzy.

    Segundo SHAW, SIMÕES (1999), a habilidade de se manipular conjuntos e

    números fuzzy é uma das atividades mais importantes do cérebro humano, e este

     processo de decisões fuzzy requer um tempo de processamento computacional mínimo

     por não existir modelo matemático a ser seguido. Os autores realizam a seguinte

    afirmação:

    Provavelmente essa habilidade humana desenvolveu-se através das gerações, já

    que o fato de se trocar precisão por velocidade é decisivo para a sobrevivência

    biológica em situações críticas, ou de perigos naturais. (SHAW, SIMÕES,

    1999)

    A lógica fuzzy possibilita a implementação de implicações lógicas semelhante às

    utilizadas pelo indivíduo. Busca modelos capazes de representar sua percepção da

    realidade, incluindo assim suas características na realização de inferências e tomadas de

    decisões. Diferentemente, a abordagem convencional propõe a criação de modelos da

     própria realidade.

    1.1 - Conjuntos Fuzzy

    Partindo do princípio de que a teoria clássica de conjuntos é completamenteconhecida, serão apresentados os principais tópicos, aspectos e propriedades da teoria

    de conjuntos fuzzy.

    A teoria dos conjuntos fuzzy representa uma generalização da teoria clássica dos

    conjuntos. Percebe-se tal fato pois os conjuntos crisp somente incluem os valores

    extremos de pertinência {0, 1}, enquanto os conjuntos fuzzy, além deste valores,

    incluídos como valores limites, inclui também todos os valores do intervalo [0, 1] . Por

    causa desta generalização, a teoria de conjuntos fuzzy apresenta maior campo de

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    aplicabilidade na solução de problemas que envolvam algum grau de avaliação

    subjetiva, em comparação à clássica teoria de conjuntos (KANDEL, 1986).

    A teoria fuzzy admite que um elemento seja parcialmente pertinente a um

    determinado conjunto. Um conjunto fuzzy denominado conjunto A, onde A é um

    subconjunto de um universo U, deve ser descrito como um conjunto de pares ordenados,

    onde o primeiro termo do par é o próprio elemento do conjunto (x), e o segundo termo é

    um número entre 0 e 1, que representa o grau de pertinência (µ(x)) deste elemento em

    relação ao conjunto A.

    Um conjunto fuzzy pode ser considerado uma classe cujos limites não são

    claramente definidos. (ZADEH, 1965). Os conjuntos fuzzy também podem ser

    chamados de conjuntos difusos ou nebulosos. A Figura 1 traz uma representação do

    conjunto nebuloso A através de um diagrama, comparando com um conjunto crisp, onde

    todos os pontos internos ao diagrama têm o mesmo valor unitário de grau de

     pertinência, e os pontos externos tem grau de pertinência nulo. No conjunto nebuloso,

    quanto mais próximo do centro do diagrama, maior é o grau de pertinência do elemento,

    sendo este valor igual a 1 somente quando localizado no centro do conjunto. Na parte

    externa do diagrama, o grau de pertinência é nulo.

    Figura 1 - Representação do Conjunto Fuzzy por Diagramas

    A

    U

    * x1 

    * x2 

    * x3 

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    Desta forma é possível afirmar, observando a figura que os elementos x1  e x2 

     pertencem ao conjunto A e que o grau de pertinência de x1 é maior que o de x2. Seria

    correto dizer que o primeiro elemento tem maior possibilidade de ser membro do

    conjunto A que o segundo elemento.

    1.1.1 - Funções de Pertinência

    Também é possível representar um conjunto fuzzy a partir de relações existentes

    entre os valores dos elementos e seus respectivos graus de pertinência: são as funções de

     pertinência. Estas funções descrevem uma curva no plano, cujos pontos representam o

    valor de pertinência no intervalo [0, 1] em função dos respectivos valores pertencentes

    ao universo.

    Considerando que um conjunto fuzzy é uma generalização de um conjunto

    clássico, a função de pertinência é uma generalização da função característica destes

    conjuntos (ZIMMERMANN, 1985). À descrição matemática das funções de

     pertinência, basta definir as equações das curvas que as descrevem. Citando, como

    exemplo, o conjunto dos homens jovens, verifica-se que trata-se de um conjunto fuzzy,

     pois o termo “Jovem” é passível de interpretação, se incluirmos o modificador “Muito”,

    é possível definir também o conjunto dos homens “Muito Jovens”.

    Estes conjuntos podem ser representados respectivamente pelos gráficos da

    Figura 2 e pelos da Figura 3, segundo a opinião de seis pessoas consultadas por

    Zimmermann e Zysno em 1982. Verifica-se que apesar de terem sido construídas

    conforme a opinião das mesmas pessoas, de acordo com o contexto em que estavam

    inseridos os termos Jovem e Muito Jovem, as funções de pertinência tornaram-se

    diferentes (ZIMMERMANN, 1985).

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      10

    Figura 2 – Funções de Pertinência – Homens Jovens

    Figura 3 – Funções de Pertinência – Homens Muito Jovens

    Observando as figuras, verifica-se que é possível obter as equações das curvas

    que compõem as funções de pertinência. Nos exemplos apresentados, trata-se de retas,

     porém funções de pertinência podem possuir diferentes representações gráficas. É

     possível que sejam formadas por maior número de segmentos ou mesmo por outros

    tipos de curva.

    Contexto 1

    Contexto 2

    µ(x)

    1

    0

    Contexto 3

    Contexto 4

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

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    1.1.2 - Universo de Discurso 

    Todo conjunto fuzzy está contido em um determinado universo, desta forma,

    todo conjunto fuzzy é na realidade um subconjunto de seu Universo de Discurso. Em

    termos matemáticos Universo de Discurso é um conjunto de valores finitos que contém

    todos os valores possíveis de estarem contidos em seus subconjuntos fuzzy. (SHAW,

    SIMÕES, 1999)

    Se considerarmos, por exemplo o conjunto fuzzy dos números Próximos de

    Zero, verifica-se que o Universo de Discurso é o próprio Conjunto dos Números Reais.

    Já se considerarmos o conjunto fuzzy dos Homens Jovens, ou o conjunto fuzzy dos

    Homens Muito Jovens, propostos na Seção 1.1.1, podemos afirmar que, para ambos, o

    Universo de Discurso será o mesmo: O intervalo [0, 100].

    1.1.3 - Variáveis Lingüísticas

    Uma variável lingüística é um conjunto de termos lingüísticos, que são nomes ou

    rótulos representados por conjuntos fuzzy, dentro de um determinado universo de

    discurso. A lógica fuzzy prevê o uso destas variáveis, de forma que sejam usadas como

    símbolos mais adequados à formulação de proposições naturais em comparação com

    valores numéricos (SHAW, SIMÕES, 1999).

    Segundo o filósofo B. Russel,

    “Toda lógica tradicional habitualmente supõe que símbolos precisos estão

    sendo empregados. Isto consequentemente não é aplicável a esta vida terrestre,

    mas somente a uma existência celestial imaginada” (ZIMMERMANN, 1985).

    Zadeh propôs o uso de variáveis cujos valores do domínio não são números, mas

    sim palavras ou frases em uma linguagem natural ou artificial. Zadeh caracterizou uma

    variável lingüística X da seguinte forma: X é caracterizada pela quíntupla (x, T(x), U,

    G, ~M(x)), onde x é o nome da variável, T(x) é o conjunto de termos que a compõem a

    variável. Ou seja, o conjunto dos nomes dos valores lingüísticos de x, com cada um

    desses valores sendo um conjunto fuzzy, variando dentro de um universo de discurso U.

    O símbolo G representa a regra sintática que gera os nomes que compõem a variável.

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    ~M(x) é a função de pertinência que representa o termo lingüístico x já que é um

    conjunto fuzzy. (ZIMMERMANN, 1985)

    1.1.4 - Números Fuzzy

     Números fuzzy e conjuntos fuzzy, em alguns casos particulares, são entidades

    que podem ter o mesmo significado. Assim como os conjuntos fuzzy, os números fuzzy

    também possuem funções de pertinência. O conceito destas funções é o mesmo para

    ambos. Sendo assim, é necessário recorrer à definição matemática teórica de número

    fuzzy.

    Um número fuzzy N pode ser expresso como N = (α, c), onde α  é o Número

    Real que coincide com o valor central de N. A constante c é a distância entre α  e os

     pontos da Reta dos Números Reais que possuem possibilidade nula mais próximos de α.

    A função de pertinência pode ser escrita da seguinte maneira: (TERANO et al. 1991)

    µ N(x) = L((x – α)/c) sendo c>0

    A função L(x) é chamada de função de referência, e possui as seguintes

    características que a descrevem:

    1)  L(x) = L(-x), L(x) é linear

    2)  L(0) = 1

    3)  L(x) é decrescente no intervalo [0, ∞[

    A primeira característica garante que a função é linear e simétrica em relação ao

    eixo vertical. A segunda garante que o ponto de pertinência máxima coincide com oeixo de simetria e a terceira garante que a função é decrescente ao lado direito do eixo

    de simetria. É justamente a simetria que garante que é crescente ao lado esquerdo

    Segundo estas características, verifica-se que a função de referência possui o

    formato de um triângulo isósceles, com o vértice formado pela interseção dos lados

    idênticos do triangulo com o eixo vertical no ponto (0,1). Ao obter a função de

     pertinência, substituindo os valores de α  e c, verifica-se que o valor de α  desloca

    horizontalmente o triângulo até o ponto em que se encontra este valor sobre a Reta, eque o valor de c modifica a inclinação das retas.

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      13

     

    De forma mais simples, a função de pertinência de um número fuzzy pode ser

    escrita sob a forma de função modular: (TERANO et al, 1991)

    µ(x) = 1 - | x - α  |c

    A seguir podem ser observados dois exemplos de números fuzzy. A Figura 4

    representa o número fuzzy “Quase 10”, e a Figura 5 representa o número fuzzy

    “Próximo de 10”

    Figura 4 – Número Fuzzy – Quase 10

    µ(x) = 1 - | x - 10 |2

    8 10 12 x

      µ(x)

    1

    0

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    Figura 5 – Número Fuzzy – Próximo de 10

    µ(x) = 1 - | x - 10 |

    1.2 – Sistemas de Controle Fuzzy

    Os Sistemas de Controle Fuzzy são compostos de um Controlador Fuzzy, um

    interpretador de entradas e um interpretador de saídas. O Controlador Fuzzy é composto

     pelas funções de pertinência e pelas regras fuzzy, que consistem em implicações lógicas

    formuladas com o uso de variáveis e termos lingüísticos.

    Estas implicações contêm as informações que permitem relacionar as condições

    de entrada do sistema de controle às saídas geradas por ele. Regras Fuzzy são

    formuladas sob a forma: Se (Condições) Então (Conseqüência). As condições são

    obtidas através das entradas e a conseqüência é a emissão de saídas que representam

    ações de controle.

    Por exemplo:

    Se Pressão = Média e Temperatura = Muito Alta Então Válvula = Pouco Aberta

    Se Pressão = Muito Alta e Temperatura = Alta Então Válvula = Muito Aberta

    Verifica-se que Pressão, Temperatura e Válvula são variáveis lingüísticas.

    Média, Alta, Muito Alta, Pouco Aberta e Muito Aberta são termos lingüísticos. Osvalores das variáveis são obtidos em um universo de discurso composto de valores

    9 10 11 x

      µ(x)

    1

    0

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    discretos que devem ser transformados em valores fuzzy, através de um processo

    chamado Fuzzyficação.

    O processo de fuzzyficação consiste em obter para todos os valores do universo

    de discurso de cada variável um vetor de pertinência ou vetor de possibilidades, o que é

    feito com base em suas funções de pertinência ou através de consultas a tabelas de

    valores discretos de entrada e valores de pertinência correspondentes. Cada elemento do

    vetor representa o grau de pertinência do valor medido em relação a cada conjunto

    fuzzy representante de cada termo lingüístico. (SHAW, SIMÕES, 1999)

    Após o processamento dos dados e das regras, o controlador fuzzy obtém um

    valor que representa também um vetor de pertinência, referente a variável de saída, ou

    seja, a saída apresenta um resultado fuzzy, porém há casos em que é necessário obter o

    valor da saída expresso pelo seu valor correspondente no universo de discurso. O

     processo que permite ao controlador esta transformação é denominado Defuzzyficação e

     pode ser realizado por diferentes métodos. (SHAW, SIMÕES, 1999)

    1.2.1 - Aplicações de Sistemas de Controle Fuzzy

    A aplicação da lógica fuzzy em sistemas de controle deve ocorrer em situações

    onde haja benefícios esperados por sua utilização, podendo haver situações em que seu

    uso não seja o mais indicado. De forma geral, a indicação de uso de lógica fuzzy ocorre

    quando se deseja incorporar ao sistema a experiência de operadores humanos a respeito

    do processo a ser controlado. (ZIMMERMANN, 1985)

    Os sistemas fuzzy podem ser aplicados quando se pretende: (TERANO et al,

    1991)

    1)  Expressar experiência humana, senso comum, etc., de forma utilizável por

    máquinas;2)  Produzir modelos dos sentimentos ou linguagem humanos;

    3)  Imitar comportamentos humanos em reconhecimento de padrões, julgamento

    ou compreensão geral.

    4)  Converter informações para uma forma em que pessoas possam compreendê-

    las facilmente

    5)  Comprimir grandes quantidades de informações

    6)  Produzir modelos da psicologia ou comportamento humanos7)  Produzir modelos de sistemas sociais.

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    Os sistemas de controle fuzzy vêm encontrando aplicações em vários campos da

    ciência e da técnica. Segundo TERANO et al (1991), as primeiras aplicações comerciais

    de sistemas de controle fuzzy ocorreram em 1980, e os produtos do campo da

    engenharia de controle são os que possuem maior valor de mercado. A Tabela 1 contém

    uma visão geral das aplicações da teoria de sistemas fuzzy: (TERANO et al, 1991)

    Tabela 1 – Aplicações da Teoria de Sistemas Fuzzy

    Área

    Classificação

    Gestão/Social Inteligência

    Atificial/Informação

    Engenharia de

    Controle

    Modelos Humanos - Planejamento

    - Avaliação

    - Tomadas de

    Decisão

    - Organização

    - Relações

    Humanas

    Imitação de

    Potencialidades

    Humanas

    - Sistemas de

    Apoio à Tomada

    de Decisão

    - Sistemas de

    Apoio a

    Diagnósticos

    Médicos

    - Sistemas

    Especialistas

    - Bancos de Dados

    - Controle de

    Processos

    - Operações de

    Aprendizagem

    - Robôs

    Interface Homem-

    Máquina

    - Avisos/Anúncios

    - Equipamentos

     para Pessoas

    Portadoras de

    Dificuldades

    - Comando de Voz

    - Reconhecimento

    de Imagens e

    Caligrafia

    - Saída de Voz

    Outros - Análise de Risco

    - Previsão de

    Falhas

    - Previsão de

    Terremotos

    - Desenvolvimento

    de Dispositivos de

    Raciocínio

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      17

    Capítulo III – Sistema de Controle de Tráfego

    1 - Sistema de Controle de Tráfego Rodoviário

    O sistema de controle de tráfego será caracterizado com base na Teoria Geral de

    Sistemas, definindo seu modelo conceitual simbólico. O sistema deve possuir

    características físicas que permitam a aplicação de lógica fuzzy. No caso deste trabalho,

    será proposto um sistema de controle particularmente desenvolvido em termos de

    equipamentos. Outros sistemas com diferentes construções poderiam ser utilizados,

    desde que possuíssem a mesma estrutura do sistema considerado no trabalho.

    O controlador é no sistema o elemento responsável por definir os horários de

    operação das faixas em caráter exclusivo com base na análise de variáveis componentes

    do padrão de tráfego. Estas variáveis devem ter seus valores constantemente

    mensurados pelo sistema, de forma que estes dados sejam utilizados pelo controlador

     para a tomada de decisão quanto à alteração do estado das faixas em um momento

    qualquer.

    Para que seja possível a caracterização do sistema, é necessário definir para o

    mesmo um conjunto de atividades fundamentais, condicionantes de projeto do sistema.

    São estas atividades: Possibilitar a coleta ininterrupta de dados sobre o padrão de

    tráfego na rodovia, disponibilizar os dados coletados em tempo real para o controlador e

     permitir o fluxo de informações instantâneo entre o sistema e os usuários da rodovia.

    1.1 – Caracterização do Sistema

    O sistema de controle caracterizado a seguir é considerado um sistema completo,

     pois além dos mecanismos de decisão sobre o uso das faixas, também envolve a questãoda fiscalização. Um subsistema de fiscalização é fundamental à otimização do uso das

    faixas, assim com também são fundamentais os esforços empenhados em convencer os

    usuários de carros particulares a respeitarem as faixas exclusivas através de campanhas

    educativas.

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      18

    1.2 - Objetivo do Sistema de Controle de Tráfego Rodoviário

    O objetivo do sistema é definir o regime de uso de uma faixa de rolamento,

    alternando-o entre exclusivo e não exclusivo para ônibus, através da informação

    instantânea aos usuários da rodovia. Esta decisão deve ser tomada por um controlador,

    tendo como base a análise de dados coletados por sensores criteriosamente dispostos em

    via.

    É desejável que a decisão do controlador possa maximizar o nível de serviço na

    faixa destinada aos ônibus, maximizando consequentemente o fluxo de passageiros na

    rodovia. A Figura 6 demonstra graficamente o que se espera obter com a aplicação do

    sistema: À medida que o nível de serviço da rodovia estiver piorando, ao atingir um

    valor limite (NS Limite), o controlador atua tornando exclusiva uma das faixas. À

    medida que o nível de serviço estiver melhorando, ao atingir novamente o valor NS

    Limite, o controlador atua retornando a faixa ao tráfego misto.

    Figura 6 – Objetivo do Sistema de Controle de Tráfego Rodoviário

    TEMPO

       N    Í   V   E   L

       D   E   S   E   R   V   I   Ç

       O

    N.S. - Faixa Exclusiva N.S. - Faixa Restante N.S. - Faixa Restante

     

     NSLimite

    Início de operaçãoda faixa exclusiva

    Fim de operaçãoda faixa exclusiva

     NS A

     NS F

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    O simples estabelecimento da exclusividade de uso da faixa, ainda que

    acompanhado da sinalização adequada, não é suficiente para garantir que veículos

     particulares não venham a utilizá-las, principalmente em horários de fluxo saturado,

    desta forma propõe-se que a fiscalização também seja realizada através da utilização do

    Sistema de Controle de Tráfego, o que deverá inibir a utilização indevida das faixas, já

    que constitui infração ao Código de Trânsito Brasileiro.

    O Sistema de Controle de Tráfego possui dois estados, que variam conforme o

    estado das faixas exclusivas. Em períodos de exclusividade de uso por ônibus, o sistema

    encontra-se em estado fiscalizador. Identifica todos os veículos que transitam pelas

    faixas exclusivas. Os veículos autorizados são identificados através de etiquetas

    eletrônicas que emitem sinais de rádio percebidos por transceptores fixos dispostos na

    rodovia. Já os veículos não autorizados são identificados pela autoridade de trânsito

    através de imagens capturadas por câmeras fotográficas digitais dispostas na rodovia.

    Em horários de faixa não-exclusiva, o sistema encontra-se em um segundo estado:

    identifica somente os ônibus na faixa, além de continuar realizando as demais

    atividades.

    1.3 - Equipamentos e Recursos 

    A seguir serão relacionados os recursos necessários para a implantação do

    sistema. Tais recursos dividem-se em dois grupos: o de recursos tecnológicos, composto

     por equipamentos eletrônicos (hardware) e o de recursos computacionais, composto por

     programas (software). Estes equipamentos serão tratados como subsistemas, de acordo

    com a abordagem embasada na Teoria Geral de Sistemas.

    1.3.1 – Laços Indutivos

    Identificam a passagem de um veículo nas seções em que se encontram

    dispostos. São verdadeiros laços de material condutor elétrico, implantados sob o

     pavimento que indicam a presença ou a ausência de um veículo sobre uma seção da via

    através da verificação de variação da intensidade do campo magnético existente no laço.

    Os sinais enviados por laços indutivos à Unidade Central de Processamento

    serão utilizados na determinação de variáveis componentes do padrão de tráfego que podem ser analisadas pelo controlador. Também serão os sinais enviados por estes

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      20

    dispositivos que permitirão acionar os equipamentos relacionados à fiscalização de uso

    das faixas.

    Os laços indutivos devem ser dispostos aos pares, em cada faixa da rodovia, em

    seções definidas conforme critérios de projeto, particulares de cada rodovia.

    Considerando um par de laços, dispostos a uma distância conhecida um do outro,

    suficientemente pequena para que sejam considerados dispostos em uma mesma seção,

     pode-se obter em tempo real, o fluxo de tráfego, a velocidade e a classificação da frota

    em cada faixa.

    A cada perturbação sofrida por um laço é enviado à Unidade Central de

    Processamento (UCP) um sinal, um bit de valor 1. Em seguida, a UCP constitui um

    vetor de valores composto da seguinte maneira {1, SEÇÃO, LAÇO, HORA_INÍCIO,

    HORA_FINAL, TEMPO_OCUPADO} onde o valor 1 indica que ocorreu a passagem

    de um veículo. SEÇÃO identifica a posição do laço, inclusive a faixa em que se

    encontra. LAÇO identifica se a informação é do primeiro ou do segundo laço da seção

    (em relação ao sentido do tráfego), já que são pareados. HORA_INÍCIO indica o

    instante em que o veículo iniciou a passagem pelo laço e HORA_FINAL o instante em

    que esta terminou. O TEMPO_OCUPADO é calculado pela diferença entre estes dois

    últimos valores. A alta velocidade de transferência e processamento desses dados

     permite que o atraso decorrente destas atividades seja suficientemente pequeno a ponto

    de poder ser desconsiderado.

    Os laços indutivos realizam uma função indispensável em sistemas de controle

    fuzzy. Funcionam como sensores que, durante o processo, fornecem informações a seu

    respeito, permitindo que o controlador atue sobre o mesmo. Como pretende-se propor a

    implementação de um controlador fuzzy ao sistema de controle, deve-se considerar que

    um sistema de controle de processo que utilize este tipo de controlador requer o

    emprego de sensores. Os controladores fuzzy buscam incorporar a forma humana deatuar no controle de processos. Os sensores emulam a característica de percepção de um

    indivíduo a respeito de ocorrências e variações diversas.

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      21

    1.3.2 - Transceptores Móveis de Sinais de Rádio

    São dispositivos eletrônicos, em formato de etiqueta, fixados no lado interno dos

     pára-brisas dos veículos autorizados a circular pela faixa exclusiva. Estes dispositivos

    contêm uma série de informações que podem ser enviadas com o veículo em

    movimento. O envio ocorre de maneira que este pacote de informações possa ser

    captado por um outro equipamento transceptor, porém fixo na rodovia.

    Ao passar por uma seção determinada, o TAG, denominação comumente

    utilizada, recebe um sinal que funciona como uma solicitação, já que, automaticamente,

    este responde enviando um outro sinal que possui informações diversas sobre o veículo,

    como por exemplo: número de registro, placa do veículo e linha operada. A instalação

    destes equipamentos na frota ocorre de forma criteriosa. Uma vez instalado, este

    equipamento só pode ser removido se destruído, já que carrega uma matriz de

    informações particulares de cada veículo.

    1.3.3 - Transceptores Fixos de Sinais de Rádio

    Estes equipamentos são responsáveis pela transmissão dos dados contidos nos

    TAGs. Dispostos na rodovia, são eles que solicitam as informações aos veículos, que os

    acionam através de laços indutivos, recebem estas informações, caso o veículo possua

    um TAG funcionando, e as repassa para a Unidade Central de Controle.

     No caso de haver uma resposta inválida, ou inexistir resposta, o equipamento

    transceptor atua diretamente no subsistema de fotografia, que realiza sua função,

    ficando a identificação do veículo a posteriori.

    1.3.4 – Subsistema de Fotografia Digital

    É o subsistema responsável por registrar imagens de veículos transgressores na

    faixa exclusiva. As câmeras fotográficas digitais devem sempre atuar dispostas em

    conjunto com algum equipamento que seja capaz de verificar se cada veículo encontra-

    se em condição regular na faixa exclusiva, no instante em que este ocupa uma posição

    conhecida, passível de ser fotografado, definida pela seção onde ocorrerá a verificação.

     No caso específico da fiscalização de permissão para circular na faixa exclusiva,deverão ser utilizados elementos transceptores de sinais de rádio dispostos tanto na

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    rodovia como nos veículos autorizados, o que permite a identificação automática. Estes

    dispositivos funcionam como verdadeiros autenticadores em conjunto com os laços

    indutivos.

    Ao ser acionado um laço, no caso de não ocorrer a autenticação, ocorre o

    comando que aciona uma das câmeras, produzindo a imagem do veículo infrator e

    enviando-a instantaneamente à unidade central de processamento através da mesma

    tecnologia de transmissão via rádio

    1.3.5 - Unidade Central de Processamento

    A Unidade Central de Processamento (UCP) é um microcomputador,

    funcionando como concentrador de todas as informações do sistema. Trata-se do

    subsistema que interfere diretamente com todos os demais através de interfaces

    distintas, no caso dos equipamentos dispostos em via: laços indutivos e painéis de

    mensagens, a comunicação ocorre por sinais de rádio ou outro sistema equivalente. No

    caso de um controlador computacional, por ser um software instalado, residente no

     próprio hardware, a interação ocorre através do sistema operacional da UCP, qualquer

    que seja este.

    A UCP recebe, processa, armazena e envia dados. Recebe os dados dos laços

    indutivos, processa-os e envia dados para o controlador. Do controlador a UCP recebe

    dados que são processados fazendo com que informações sejam enviadas para os

    usuários através dos painéis de mensagens variáveis.

    A UCP também armazena dados recebidos das Câmeras Digitais e dos

    Transceptores Fixos de Sinais de Rádio, que contém as informações sobre os veículos

    autorizados. É possível associar o código do veículo identificado à hora da ocorrência,

     possibilitando inclusive o cálculo da velocidade média dos ônibus em trechos entretransceptores.

    Ao obter para um par de laços qualquer, dois vetores do tipo já tratado na Seção

    1.3.1, a UCP calcula o fluxo de tráfego, a velocidade e classifica o veículo de acordo

    com o porte. Considerando não haver tráfego de caminhões nestas rodovias, é possível

    afirmar que um veículo de porte grande é um ônibus.

    Sejam os vetores {1, S1, L1, HI1, HF1, TO1} e {1, S1, L2, HI2, HF2, TO2} um

     par de vetores enviados por dois laços indutivos de uma mesma seção. Tomando estes

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      23

    vetores, o computador é capaz de calcular o fluxo de tráfego, obter a velocidade e

    classificar a frota, realizando algumas operações simples que serão descritas a seguir:

    Determinação dos Fluxos Veiculares:

    (Fluxo Veicular/faixa) = Total de pares de vetores recebidos por faixa em uma unidade

    de tempo em uma determinada seção.

    (Fluxo Veicular) = Total de pares de vetores recebidos em uma unidade de tempo em

    uma determinada seção.

    Determinação da velocidade instantânea de um veículo em uma seção de uma faixa:

    (Velocidade) = (D/(HI2 – HI1)), sendo D a distância entre laços conhecida.

    Classificação da Frota:

    (Comprimento do Veículo) = MÉDIA((Velocidade)*(TO2), (Velocidade)*(TO1))

    Se (Comprimento do Veículo)>L então trata-se de um Ônibus.

    Observa-se que as variáveis mensuradas: (Fluxo, Velocidade, Composição) são

    aquelas comumente observadas por operadores rodoviários nos centros de controle

    através de circuitos fechados de televisão. Com base em observações de imagens, um

    operador pode avaliar as condições de tráfego e tomar decisões observando a evolução

    dos valores destas variáveis ao longo de um determinado período. Justamente a tarefa

    que será proposta ao controlador, que no lugar de imagens utilizará os dados coletados e

    modelados pelo sistema.

    1.3.6 – Controlador

    É o software utilizado para definir os horários de funcionamento das faixas em

    regime exclusivo, melhorando o nível de serviço para os ônibus. O resultado de uma

    definição adequada destes horários proporciona aumento da velocidade comercial e

    conseqüente redução dos tempos de viagem, priorizando o fluxo de passageiros na

    rodovia. Uma outra característica desejada é que seja evitada a reserva de capacidade

    em períodos em que não ocorram benefícios ao transporte público devido ao uso de

    faixas exclusivas.

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      24

      O controlador deve possuir um comportamento o mais semelhante possível ao de

    um controlador humano. Ao analisar uma seqüência de imagens da rodovia, um

    operador humano poderia, com base em seus conhecimentos, estimar o benefício que

    haveria para o transporte público no caso de uma faixa passar a operar em regime

    exclusivo a partir daquele momento. Da mesma forma é possível que verifique a partir

    de que momento a reversão do estado da faixa para o tráfego misto não mais

    modificaria o desempenho do sistema de transporte público.

     No caso de um controlador fuzzy, para os dados obtidos em campo, que

     possuem valores numéricos, são relacionados valores fuzzy, expressos por termos

    lingüísticos. De acordo com os valores mensurados, são atribuídos graus de verdade

     para cada um destes termos lingüísticos, que representam a possibilidade de que tal

    afirmação seja verdadeira. Atribui-se então para cada valor mensurado um vetor de

     pertinência. É o processo de fuzzyficação.

    Após a aplicação das regras definidas, o controlador obtém um resultado que

     pode, de acordo com o estado atual da faixa, representar a possibilidade de ocorrer ou

    não benefício para o transporte público devido à reserva de capacidade viária em um

    determinado trecho em um dado período. Este resultado só pode, portanto, ser

    representado por dois valores: “Faixa Exclusiva” ou “Faixa Não-exclusiva”. Trata-se da

    defuzzyficação.

    Significa que deve ocorrer uma saída do controlador que represente, de fato, uma

    ação do sistema sobre o processo. Neste caso, a ação do sistema é a modificação do

    estado da faixa através do envio de informações para painéis de mensagens dispostos na

    rodovia.

    1.3.7 – Painéis de Mensagens Variáveis

    São painéis compostos por LEDs (Light Emitting Diode), que reproduzem

    mensagens previamente definidas. Conectados diretamente à Unidade Central de

    Processamento, estes equipamentos servem principalmente para informar aos usuários

    da via se a faixa se encontra em regime exclusivo de operação ou não.

    De acordo com a estrutura proposta para o sistema de controle, as mensagens

    são enviadas pela UCP aos painéis sob forma de uma saída que é resultante do

     processamento do sinal de entrada proveniente do Controlador Fuzzy.

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      25

    A disposição e quantidade de painéis na rodovia seguem determinados critérios.

    A quantidade mínima destes painéis está diretamente ligada ao número de acessos à via.

    É necessário que haja um PMV para cada um acesso à via. Garante-se, portanto, que

    todos os usuários serão informados do estado de uso da faixa logo que acessarem a

    rodovia.

    1.4 - Entradas e Saídas

    Considerando os subsistemas tratados, deve-se definir o conjunto de entradas e

    saídas pertinente a cada um destes. Também é necessário definir uma notação adequada.

    As notações utilizadas serão as seguintes, sendo m e n números naturais:

    •  SSm é o subsistema de número m

    •  um,n é a n-ésima entrada do subsistema de número m.

    •  ym,n é a n-ésima saída do subsistema de número m.

    SS1 - Laços Indutivos (LI)

    Objetivo: Detectar a presença de um veículo sobre uma seção de uma faixa rodoviária.

    Entrada

    u1,1 = Passagem de um veículo pela seção em que encontra-se.

    Saída 

    y1,1 = Sinal de rádio de valor igual a um.

    y1,2 = Sinal elétrico de valor igual a um.

    SS2 – Transceptores Móveis de Sinais de Rádio (TAG)

    Objetivo: Identificar os veículos autorizados.

    Entrada

    u2,1 = Solicitação via rádio de código identificador.

    Saída 

    y2,1 = Emissão via rádio de código identificador.

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    SS3 – Transceptores Fixos de Sinais de Rádio (TFSR)

    Objetivo: Receber e transmitir códigos recebidos de veículos portadores de TAG 

    Entradas

    u3,1 = Sinal indicativo de presença de veículo.

    u3,2 = Código identificador de veículo autorizado válido.

    Saídas 

    y3,1 = Acionamento da câmera fotográfica.

    y3,2 = Código identificador de veículo autorizado

    y3,3 = Solicitação via rádio de código identificador.

    SS4 – Subsistema de Fotografia Digital (SFD)

    Objetivo: Produzir fotografias de veículos infratores.

    Entradas

    u4,1 = Comando de acionamento.

    Saídas 

    y4,1 = Fotografia de veículo não autorizado transitando em faixa exclusiva.

    SS5 – Unidade Central de Processamento (UCP)

    Objetivo: Receber, processar, armazenar e enviar dados ou informações.

    Entradas

    u5,1 = Comandos sobre exibição de mensagens dos painéis

    u5,2 = Arquivo digital contendo foto de veículo infrator

    u5,3 = Código identificador de veículo autorizado 

    u5,4 =.Sinal de rádio indicando laço indutivo ocupado 

    Saídas 

    y5,1 = Dados sobre o padrão de tráfegoy5,2 = Alteração de Mensagem dos PMVs

    SS6 – Controlador (CTRL) 

    Objetivo: Definir os horários de alteração do estado das faixas exclusivas.

    Entrada

    u6,1 = Dados sobre o padrão de tráfego

    Saída y6,1 = Alteração do regime de uso das faixas.

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    SS7 – Painéis de Mensagens Variáveis (PMV)

    Objetivo: Exibir mensagens aos usuários da rodovia.

    Entrada

    u7,1 = Definição da mensagem a exibir

    Saída 

    y7,1 = Exibição de Mensagem.

    1.5 - Equações do Sistema

    Serão apresentadas a seguir, na TABELA 1, as equações de constrangimento,

    que definem as inter-relações entre os subsistemas. Estas equações relacionam entradas

    e saídas de subsistemas distintos e diretamente conectados através de uma espécie de

    superfície imaginária que permite o fluxo de informações, matéria e/ou energia entre os

    mesmos. Estas superfícies são chamadas interfaces de constrangimento. O sistema

    também está sujeito a trocar entradas e saídas com o meio ambiente, pois sistemas são

    abertos e existem dentro de sistemas – premissas da Teoria Geral de Sistemas

    Tabela 2 – Equações de Constrangimento do Sistema

    SS1

    (LI)

    SS2

    (TAG)

    SS3

    (TFSR) 

    SS4

    (SFD) 

    SS5

    (UCP)

    SS6

    (CTRL)

    SS7

    (PMV)

    u1,1 =

    Passagem

    de um

    Veículo

    y1,1 = u5,4

    y1,2 = u3,1

    u2,1 = y3,3

    y2,1 = u3,2

    u3,1 = y1,2

    u3,2 = y2,1

    y3,1 = u4,1

    y3,2 = u5,3

    y3,3 = u2,1

    u4,1 = y3,1

    y4,1 = u5,2

    u5,1 = y6,1 

    u5,2 = y4,1

    u5,3 = y3,2 

    u5,4 = y1,1

    y5,1 = u6,1

    y5,2 = u7,1 

    u6,1 = y5,1

    y6,1 = u5,1

    u7,1 = y5,2 

    y7,1 =

    Mensagem

    em Painel

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      28

    1.6 - Modelo Conceitual Simbólico

    A Figura 7 traz o Modelo Conceitual Simbólico do Sistema de Controle

    Rodoviário típico, proposto neste trabalho para a implementação do Controlador Fuzzy.

    Observa-se até então que maior ênfase vem sendo dada às interações entre os

    subsistemas, à percepção global, e não aos detalhes a estes pertinentes, priorizando o

    estudo dos efeitos destas interações em detrimento da natureza das mesmas.

    Verifica-se a semelhança entre a estrutura do sistema proposto e a estrutura de

    sistemas controlados por operadores humanos em Centros de Controle Operacional de

    Rodovias com circuito fechado de televisão. Os dados sobre o padrão de tráfego, em

    tempo real, neste caso são obtidos diretamente pela observação das imagens. O operador

    não tem como objetivo conhecer estes valores exatamente, pois toma decisões com base

    na observação de variações e ocorrências que lhe permitem realizar inferências.

    Figura 7 – Modelo Conceitual Simbólico do Sistema de Controle Tráfego Rodoviário

    SS1(LI) u1,1 

    y1,1 = u5,4 

    y3,1 = u2,2 

    y2,1 = u4,1 

    SS3(TFSR)

    SS6(CTRL)

    SS7(PMV)

    SS4(SFD)

    SS2(TAG)

    y1,2 = u3,1 

    y2,1 = u3,2 

    y3,3 = u2,1 

    y3,1 = u4,1 

    y5,2 = u7,1 

    y5,1 = u6,1 

    SS5(UCP)

    y6,1 = u5,1 

    y4,1 = u5,2 

    y3,2 = u5,3 

    y7,1 

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      29

    Capítulo IV – Metodologia Proposta

    1 – O Controlador Fuzzy

    A intenção de adotar um Controlador Fuzzy para gerenciar o uso de faixas

    exclusivas ocorre quando se pensa em adotar um sistema de controle automático capaz

    de agregar características de operadores humanos. Desta forma torna-se necessário

    tratar da forma como serão identificadas as características de um típico operador

    humano de um sistema rodoviário com este objetivo e características.

    Considerando o processo a ser controlado, este pode ser definido como um

     processo de movimentação de pessoas, onde se deseja maximizar o fluxo. A definição

    de um modelo deste processo seria uma alternativa para que fosse possível realizar esta

    maximização, porém foi feita a opção por definir um modelo do operador do processo.

    A idéia de obter um modelo matemático preciso do processo é abandonada

    devido ao fato de que o número de variáveis que seriam necessárias para uma fiel

    descrição dos fenômenos seria grande o suficiente para que o modelo tivesse

    comprometida sua relevância. De acordo com Zadeh:

    “Conforme a complexidade de um sistema aumenta, nossa habilidade de fazer

    afirmações precisas e significativas sobre seu comportamento diminui, até um

    limiar em que precisão e relevância tornam-se praticamente características

    mutuamente exclusivas” (SHAW, SIMÕES, 1999).

    A utilização da Lógica Fuzzy permite identificar e implementar em um

    Controlador Fuzzy a experiência do operador e sua forma de decidir sobre o problema

    em questão. Verifica-se a capacidade de operadores de processos de naturezas diversasrealizarem com sucesso inferências sobre o mesmo de forma intuitiva, sem que seja

    necessário conhecer os valores numéricos das variáveis envolvidas. Um operador

    considerado experiente, acumula um maior número de observações anteriores que

    utiliza na formulação de previsões sobre o processo. Segundo SHAW, SIMÕES (1999),

    “O poder associado à utilização de lógica fuzzy é servir de ponte entre o conhecimento

    empírico e uma implementação computacional” 

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      30

    1.1 – Estrutura do Controlador

    A estrutura definida será a de um Controlador Fuzzy baseado em regras. A

    escolha deste tipo ocorre devido ao fato de que em comparação aos outros dois tipos -

     paramétrico e baseado em equações relacionais - a estrutura baseada em regras é a que

    mais se aproxima da idéia inicial de utilização da lógica fuzzy já que inclui o

    comportamento humano de maneira direta, através da implementação da base de

    conhecimento do controlador.

    A base de conhecimento do Controlador Fuzzy é composta por funções de

     pertinência, que compõem sua base dados, e por implicações verbais que compõem sua

     base de regras.

    A obtenção das regras fuzzy e das funções de pertinência para o sistema tratado

     podem ocorrer com base em resultados de entrevistas com operadores experientes. Tais

    entrevistas devem ocorrer principalmente em situações quando o projetista do

    Controlador Fuzzy desconheça as características do processo. O objetivo das entrevistas

    é obter as características dos profissionais e especialistas entrevistados.

    Outras possibilidades incluem a definição da base de conhecimentos, ou de parte

    dela, a partir dos conhecimentos prévios do próprio projetista e também da utilização de

    relações físicas entre as variáveis envolvidas (SHAW, SIMÕES, 1999).

    Em ambos os casos, a base de conhecimentos pode ser alterada, caso seja

    necessário, na fase de avaliação dos resultados do Controlador Fuzzy. É possível

    começar a calibrar o modelo do Controlador Fuzzy ainda durante a fase de projeto.

    Durante a operação do sistema, se forem verificadas situações em que a decisão do

    Controlador Fuzzy vem sendo inadequada ou mesmo incompatível com a realidade,

    deve-se alterar a base de conhecimentos novamente até que se obtenha a resposta

    adequada. 

    1.2 – Variáveis de Entrada

    A escolha das variáveis de entrada deve levar em consideração o fato de o

    Controlador Fuzzy estar sendo proposto para a tarefa de substituir um operador humano.

    O ideal é que sejam utilizadas variáveis cujos possíveis valores expressem, ainda que

    indiretamente, o nível de serviço observado por um operador através de imagens darodovia.

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      31

    O nível de serviço na rodovia é um conjunto de variáveis observáveis pelo

    operador. A relação existente entre as variáveis que compõem o nível de serviço e as

    variáveis de entrada do sistema requer que estas variáveis sejam escolhidas dentre

    aquelas que o sistema pode obter, em tempo real, com a estrutura adotada..

    Variáveis qualitativas também são observadas pelo operador, por exemplo: Grau

    de Liberdade de Mudança de Faixa pode ser considerado uma variável qualitativa. A

    utilização destas variáveis requereria uma medição indireta. Seus valores só podem ser

    obtidos através das relações entre estas variáveis e aquelas possíveis de serem obtidas

     pelo sistema.

    A opção por variáveis quantitativas que caracterizem o padrão de tráfego será

    feita devido ao fato de serem eliminados erros inerentes à aplicação de relações

    matemáticas necessárias à obtenção dos valores das variáveis qualitativas. O sistema

     proposto é capaz de obter o fluxo de tráfego, a velocidade instantânea dos veículos e a

    classificação da frota.

    Considerando estas variáveis como sendo funções do tempo, já que variam

    durante o dia, é possível obter suas variações em períodos determinados. É possível,

    através da comparação entre um valor medido num determinado instante e outro medido

    num instante anterior, para uma mesma variável, avaliar se seu valor diminuiu,

    manteve-se estável ou aumentou. Sucessivas avaliações deste tipo permitem avaliar se

    os valores observados estão diminuindo, estáveis, ou aumentando.

    Ao usar este tipo de variável, a intenção é a de incorporar o aspecto de

    observação da dinâmica do processo, característica notória do ser humano. É possível

    que um operador realize previsões futuras com base na observação das condições

     presentes, antecipando decisões ou antevendo o momento de tomá-las. O Controlador

    Fuzzy ao reconhecer a ocorrência de determinados padrões e tendências, emula o

    comportamento do operador, passando nitidamente a impressão de que realiza previsõesda mesma forma.

    As variáveis escolhidas como entradas do Controlador Fuzzy referem-se a cada

    seção onde haja instrumentos de medição. A escolha de variáveis da cinemática é

    adequada quando se pretende que um controlador computacional comporte-se em suas

    decisões conforme se comporta um operador humano que observa o tráfego na rodovia.

    A utilização do fluxo de tráfego como variável de entrada não poderia produzir

    resultados adequados se esta variável fosse avaliada individualmente. Haveria a possibilidade de ocorrência de mesmos valores de fluxo de tráfego em condições de

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      32

    fluxo livre ou saturado. Ou seja, havendo baixa concentração e alta velocidade ou alta

    concentração e baixa velocidade pode-se observar o mesmo fluxo veicular.

    A velocidade, quando diminui, representa atraso no tempo de percurso

    independentemente dos valores de outras variáveis envolvidas. Verifique-se que o que

    se deseja é justamente reduzir o atraso do tempo de percurso dos ônibus com a

    utilização de uma faixa exclusiva em determinados períodos.

    A variação da velocidade, além de ocorrer devido a variações da demanda, pode

    também acontecer devido a variações de capacidade ao longo da via. O processamento

    desta variável também incorpora ao sistema uma avaliação indireta de características

    geométricas da rodovia, como por exemplo a variação do número de faixas, a

    ocorrência de trechos em curvas e a existência de rampas. A avaliação desta variável

     permite antecipar as decisões de iniciar e encerrar as operações em faixas exclusivas,

    conforme a avaliação destas tendências.

    Pretende-se que uma faixa seja utilizada como exclusiva para ônibus em horários

    de baixas velocidades, porém deve-se considerar que caso a variação da velocidade seja

    negativa, esta terá seu valor ainda mais reduzido após a restrição de uso da faixa

    exclusiva. A análise da variável aceleração pelo Controlador Fuzzy permite uma

    mudança mais suave do estado das faixas, e evita que ocorram erros inerentes à

    avaliação exclusiva da velocidade.

    De acordo com a forma pela qual a variável será disponibilizada pelo sistema, é

     possível avaliar se uma variação de velocidade observada trata-se de uma verdadeira

    tendência, ou de uma variação pontual, Ao longo do tempo podem ocorrer variações

    isoladas da velocidade, porém a modelagem dos dados permite que seja reduzido o

    efeito gerado por variações isoladas sobre a decisão do Controlador Fuzzy.

    É necessário definir variáveis que permitam ao Controlador Fuzzy identificar

    situações em que a análise das duas variáveis, velocidade e variação da velocidade,forneceria uma decisão inadequada quanto à reserva de capacidade em via para o

    transporte público. Devido a isso torna-se necessário incluir o Percentual de Ônibus no

    Fluxo como uma variável de entrada do sistema, de forma que influencie na decisão

    sobre o uso das faixas exclusivas. A observação dos valores desta variável permitirá

    construir regras que evitem o uso da faixa em caráter exclusivo em horários de baixo

    fluxo de ônibus.

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      33

    Desta forma, deverão ser consideradas as seguintes variáveis de entrada do

    Controlador Fuzzy, obtidas sempre em conjunto em cada seção instrumentada:

    •  V - Média das Velocidades

    •  DV - Variação da Média das Velocidades

    •  P - Percentual de Ônibus no Fluxo

    2 - Modelagem dos Dados de Entrada

    Antes de perturbarem, de fato, o Controlador Fuzzy, os dados obtidos pelo

    sistema devem ser modelados. Estas entradas devem ter seus valores obtidos pelo

    subsistema UCP, que é o microcomputador que recebe os dados provenientes dos

    sensores rodoviários. A verdade é que os dados recebidos dos sensores pela UCP são

    apenas sinais elétricos, cujo valor unitário arbitrado anteriormente representa a presença

    de um veículo sobre a seção.

    Os dados de entrada são obtidos continuamente, a cada passagem de veículo pela

    rodovia. Estes dados têm caráter individual, pois referem-se a um único veículo do

    fluxo. Cada veículo gera um conjunto de dados para o sistema. Outro fato é que estes

    dados somente são obtidos em determinadas seções distribuídas ao longo da via

    segundo critérios de projeto.

    A modelagem dos dados servirá para obtê-los de maneira equivalente à forma

    como são observados pelo operador, transformando dados individuais dos veículos em

    dados pertinentes a todo o fluxo veicular, e admitindo que o padrão de tráfego

    observado em uma determinada seção é válido no trecho que contém a seção.

    Cálculo de V - Média das Velocidades na seção S e intervalo I

    Trata-se da média das velocidades instantâneas medidas na seção. Para que se

    obtenham valores capazes de representar uma situação atual, propõe-se o cálculo de

    médias móveis das velocidades instantâneas. Será realizado o cálculo da média a cada

    intervalo previamente determinado, considerando-se sempre os mais recentes valores

    observados durante um período superior ao intervalo entre o cálculo de uma média e o

    cálculo da média seguinte. Estes períodos devem ser suficientemente pequenos para que

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      34

     pequena também seja a dispersão entre os valores observados causada pela variação do

    fluxo de tráfego entre observações de valores consecutivos.

    Os valores devem ser calculados desta forma, visando suavizar o efeito de

    variações inesperadas que porventura venham a ocorrer, evitando que a generalização

    de ocorrências pontuais induza o Controlador Fuzzy a erros de interpretação

    normalmente evitados pelo ser humano, já que descarta valores atípicos dentro de um

    universo de valores tipicamente observados.

    As medições obtidas em uma seção, consideradas para o cálculo das médias

     podem ser escritas como conjuntos de dados relacionados a um determinado intervalo.

    Calculando o valor médio dos elementos destes conjuntos, obtêm-se as saídas para o

    Controlador Fuzzy.

    •  Seja V(S, I) a entrada do controlador, onde V é Média das velocidades dos

    veículos, S é a seção onde ocorreram as medições e I é o intervalo em que as

    medições foram realizadas.

    •  Seja v(S, I) = {v1, v2, ..., vN} onde v(S, I) o conjunto dos N valores de

    velocidade mensurados na seção S durante o intervalo I .

    •  V(S, I) = Média (v1, v2, ..., vN)

    Cálculo de DV - Variação da Média das Velocidades na seção S e intervalo I

    Os critérios estabelecidos para o cálculo desta variável servem para obter uma

    análise constante da variação da velocidade média do fluxo que seja capaz de reduzir o

    efeito de variações pontuais em torno dos valores mensurados. Reduções ou

    incrementos da velocidade média, podem em alguns casos representar variações

    decorrentes de eventos isolados. Um operador humano ao perceber uma variação de

    uma determinada variável em um processo qualquer, aguarda novas observações para

    confirmar ou não a validade desta tendência.

    Esta variável deverá servir inclusive para a construção de regras que permitirão

    ao controlador evitar erros de avaliação, que resultariam em decisões equivocadas. É

    importante verificar a variação da variável V, entre um intervalo de medição e outro

    consecutivo. Ocorrendo variação da velocidade média na seção, devem-se realizar

    novas medições que possam confirmar a tendência da variação medida anteriormente.

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      35

    •  Seja DV(S, I) a entrada do controlador, onde DV é Variação da Média das

    Velocidades, S é a seção onde ocorreu a medição das velocidades e I é o

    intervalo em que o cálculo de DV foi realizado.

    •  dv(S, I) = (V(S, I) / V(S, I0)) – (1), onde dv é uma variável auxiliar e I0 é o

    intervalo imediatamente anterior ao intervalo I

    •  Para I variando de n-m a n, onde n é o intervalo de interesse e m é o total de

    intervalos considerados suficientes para aceitar uma tendência de aumento

    ou redução da velocidade do fluxo.

    DV(S, n) = Média {dv(S, n), dv(S, n-1), ..., dv(S, n-m)}

    Cálculo do Percentual de Ônibus no Fluxo na seção S e intervalo I

    Sempre com a intenção de projetar um Controlador Fuzzy capaz de tomar

    decisões compatíveis com as de operadores humanos, propõe-se a modelagem dos

    dados de entrada. Com os sensores, no caso laços indutivos dispostos aos pares, o

    sistema é capaz de identificar o porte do veículo. A avaliação da presença de ônibus no

    fluxo deve considerar a proporção destes veículos no fluxo e não somente a quantidade

    observada.

    Um outro tipo de erro que se pretende evitar, ao analisar esta proporção, é a

    avaliação incorreta de comboios de ônibus eventualmente formados. Deve-se garantir

    que o percentual seja calculado ao longo de períodos curtos o suficiente para que a

    variação da oferta não interfira no cálculo durante um mesmo período, e longos o

    suficiente para mitigar o efeito sobre o resultado causado por possíveis ocorrências de

     pelotões de ônibus.

    •  Seja P(S, I) a entrada do controlador, onde P é o percentual de ônibus no

    fluxo, S é a seção onde ocorreram as classificações e I é o intervalo em que o

    cálculo foi realizado

    •  Seja O a variável que acumula o total de ônibus no período

    •  Seja F a variável que totaliza o fluxo no período

    •  P(S, I) = O(S, I) / F(S, I)

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      36

    3 - Variável de Saída

    A variável de saída deve traduzir o benefício gerado para o sistema de transporte

     público por ônibus. Servindo como fator decisivo para tornar exclusiva ou não uma das

    faixas de rolamento, de acordo com um estado atual. Avaliando as variáveis de entrada,

    um operador humano, baseado em experiências próprias, instantaneamente avalia este

     benefício e decide fechar ou abrir a faixa para o tráfego misto.

    A verdadeira de saída defuzzyficada do Controlador Fuzzy pode ser considerada

    como passível de assumir somente dois valores: SIM ou NÃO, pois o sistema está sendo

     proposto para auxiliar em uma tomada de decisão. Independentemente do estado atual

    das faixas, deve-se optar por modificar o tipo de uso ou permanecer com o uso atual,

     porém a resposta positiva ou negativa somente pode ser obtida a partir da análise de

    uma variável de saída.

    A variável de saída, referindo-se a algum tipo de benefício gerado ao transporte

     público com o uso de faixas exclusivas, pode ser transformada em um Índice de

    Recomendação de Uso das Faixas Exclusivas. Dependendo do valor gerado pelo

    Controlador Fuzzy para o índice de recomendação, se acima de um valor limite

    determinado, indica recomendação de uso da faixa exclusiva (valor SIM); se abaixo do

    limite indica a não recomendação de uso da faixa exclusiva (valor NÃO).

    A avaliação de um determinado padrão de tráfego gera expectativas ao operador

    a respeito da modificação da velocidade e consequentemente do tempo de percurso dos

    ônibus em faixa exclusiva. Um operador verifica a indicação de reservar capacidade em

    via para o transporte público ao perceber que esta atitude reduziria o tempo de percurso

    dos ônibus devido à faixa exclusiva. De forma antagônica, o operador decide liberar a

    faixa ao tráfego misto a partir do momento em que suas observações indicam não mais

    haver redução neste tempo.Propõe-se que a variável de saída seja a Redução Percentual Estimada do Tempo

    de Percurso dos Ônibus em Faixa Exclusiva, sendo esta estimativa realizada pelo

    Controlador Fuzzy. O valor percentual é estimado através da razão entre o tempo de

     percurso esperado com a faixa exclusiva e o padrão de tráfego atual, e o tempo de

     percurso nas mesmas condições de tráfego sem o uso de faixas exclusivas.

    Importante é definir qual é o percentual limite de redução do tempo de percurso

    que deverá fazer com que o Controlador Fuzzy altere o estado da faixa. Admitindo que, para valores percentuais de redução maiores ou iguais ao limite, o Controlador Fuzzy

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    favorece o transporte público e, para valores menores, desconsidera a operação em faixa

    exclusiva, a definição deste limite constitui uma decisão gerencial, depende de

    considerações técnicas, porém também deve ser estabelecida de acordo com a política

    de transporte.

    Os valores atribuídos durante o projeto de um sistema de controle fuzzy podem

    ser alterados, caso haja diferenças entre resultados esperados e resultados obtidos. Estas

    alterações conferem ao sistema características de sistema inteligente, pois o sistema tem

    sua base de conhecimento aprimorada a cada alteração bem sucedida.

    4 - Universos de Discurso

    Estabelecidas as variáveis de entrada e saída, torna-se necessário definir seus

    respectivos universos de discurso e conjuntos de termos lingüísticos. Para cada variável

    de entrada, o conjunto de termos contém os rótulos que poderão ser atribuídos após a

    obtenção dos dados na rodovia. Já os universos de discurso, são conjuntos que contém

     para cada variável os possíveis valores a serem obtidos.

    Verifica-se que para cada valor pertencente ao universo de discurso, existe um

    valor no intervalo [0,1] associado a cada rótulo do conjunto de termos. Estes valores

    representam a possibilidade de que a variável medida possa ser rotulada por cada um

    deles. Em outras palavras, para cada ponto do universo de discurso existe um vetor de

     possibilidades do tipo {P1, P2,..., Pn}, onde P representa a possibilidade do valor obtido

     pertencer ao conjunto fuzzy definido pelos termos lingüísticos ordenados de 1 até n.

    Considerando que cada termo lingüístico é um conjunto fuzzy, os elementos do

    vetor também podem ser chamados graus de pertinência, pois expressam a possibilidade

    de um determinado elemento pertencer a cada um destes conjuntos.

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    Variáveis de Entrada:

    •  Média das Velocidades

    Símbolo: V

    Unidade: km/h

    Universo de Discurso: U(V) = [0, 120]

    Conjunto de Termos Lingüísticos: T(v) = {baixa, média, alta}

    Observações: Como o Universo de Discurso é um conjunto finito, considera-se

    120 km/h uma Média de Velocidades suficientemente alta para que não seja

    alcançada, sendo assim, ocorrências acima deste valor deverão ser truncadas em

    120 km/h.

    •  Variação da Média das Velocidades

    Símbolo: DV

    Unidade: Percentual

    Universo de Discurso: U(DV) = [-1, 1]

    Conjunto de Termos Lingüísticos: T(dv) = {diminuindo, estável, aumentando}

    Observações: O valor -1 representa que o tráfego na rodovia foi interrompido,

     pois indica que houve 100% de redução na velocidade, já o valor 1 é um limite

    teórico, pois podem ocorrer incrementos de velocidade que superam o valor

    atual da velocidade. Nestes casos os valores devem ser truncados em 1, já que

    valores superiores indicariam a mesma possibilidade de a velocidade estar

    aumentando.

    •  Percentual de Ônibus no