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INVESTIMENTO
ÍNDICE
ESTUDO DO INVESTIMENTO PRIVADO BUSINESS ANGELS, NO SUL ESPANHA E PORTUGAL
ESTUDO DO INVESTIMENTO PRIVADO BUSINESS ANGELS, NO SUL ESPANHA E PORTUGAL
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Documento
ESTUDO, ANÁLISE E CARATERIZAÇÃO DO INVESTIMENTO PRIVADO PARA O EMPREENDEDORISMO NO SUL DE PORTUGAL E ESPANHA
Edição: FEVEREIRO 2018
Conceção e elaboração
Cercania Consultores.
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INVESTIMENTO
1. INTRODUÇÃO
2. CONCEPTUALIZAÇÃO
3. MAPA DE SERVIÇOS FINANCEIROS
4. CARATERIZAÇÃO DO INVESTIMENTO PRIVADO NO NOSSO
ÂMBITO DE COOPERAÇÃO
5. MATRIZ POR TIPOLOGIA DE INVESTIDORES. MODELOS DE
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ÍNDICE
Bibliografia
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6. ROTEIRO. 52
ESTUDO DO INVESTIMENTO PRIVADO BUSINESS ANGELS, NO SUL ESPANHA E PORTUGAL
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1. INTRODUÇÃO
O mundo do empreendedorismo é um âmbito em constante evolução. O próprio conceito é mutante em si, o empreendedor atual é muito diferente do empreendedor de há apenas dez anos. Esta mesma apreciação aplica‐se ao investimento "casual" ou investimento de apoio ao empreendedorismo. Palavras como "start‐ups", "fundos de investimento", "capital de risco" ou "business angels" estão cada vez mais presentes na linguagem empresarial. Por conseguinte, as ferramentas para o apoio ao empreendedorismo devem evoluir da mesma forma.
Foi neste contexto que determinadas entidades de apoio nas províncias espanholas de Cádis, Sevilha, Córdova e Huelva, na Andaluzia, e do Alentejo e Algarve, em Portugal, decidiram pôr em prática um projeto de cooperação territorial, o projeto ESPOBAN1. O objetivo fundamental deste programa é gerar e proporcionar o acesso ao investimento privado de projetos empresariais portugueses e espanhóis, de modo a que estas iniciativas tenham a possibilidade de obter financiamento privado através de investidores de âmbito nacional e internacional, fomentando o empreendedorismo, a consolidação de projetos empresariais, o aumento da competitividade das iniciativas empresariais e, consequentemente, a redução do desemprego, alcançada através da entrada de capital privado em ideias e projetos empresariais de modo a que estes possam ser concretizados.
1 Projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do Programa INTERREG V‐A Espanha – Portugal (POCTEP) 2014‐2020.
O projeto ESPOBAN conta com a experiência adquirida pela CEEI Baía de Cádis no âmbito de Business Angels e com o conhecimento e a experiência no âmbito do empreendedorismo dos restantes parceiros do projeto. A iniciativa visa fazer evoluir e adaptar eventuais ferramentas de apoio à nova realidade do empreendedorismo, concentrando‐as no âmbito do investimento.
Consequentemente, torna‐se necessário, como ponto de partida, realizar uma análise à situação do investimento fundamentalmente privado em projetos de empreendedorismo nas províncias ocidentais da Andaluzia – Huelva, Sevilha, Cádis e Córdoba – e nas regiões do Algarve e do Alentejo, em Portugal, territórios de atuação dos parceiros do projeto. Deve ser considerado que este estudo é complementado por um outro relatório onde se analisa e carateriza a situação do empreendedorismo, incluindo a necessidade de financiamento no nosso âmbito de estudo, de modo a que os empreendedores e o investimento, os dois grandes protagonistas da Rede ESPOBAN, possam ser catalisados e alinhados.
O objetivo geral do presente estudo é, portanto, analisar e caraterizar o investimento de projetos de empreendedorismo nas zonas de atuação do Projeto ESPOBAN.
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INVESTIMENTO
O presente estudo foi elaborado em cinco fases de trabalho, articuladas conforme se demonstra no seguinte esquema:
Devemos destacar o trabalho de levantamento de informação realizado em cada um dos territórios do espaço de cooperação, para o qual os parceiros do projeto, com a colaboração de algumas das entidades de
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apoio ao empreendedor dos referidos territórios, realizaram um exercício de aproximação à situação atual real do investimento privado em matéria de empreendedorismo, utilizando inquéritos previamente concebidos e que permitiram recolher informação direcionada, em última análise, a facilitar a criação da Rede ESPOBAN (ver questionário no Anexo I e a ficha de respostas recebidas).
O presente estudo foi articulado em torno dos seguintes conteúdos:
Conceptualização: aproximação ao conceito de "investimento" em projetos de empreendedorismo no âmbito das políticas comunitárias, dos programas e instituições
de apoio financeiro, mecanismos privados de financiamento, etc.
Mapa de serviços financeiros
Definição de serviços financeiros para o empreendedor e investidor privado e identificação de boas práticas e de modelo de êxito em matéria de investimento
Caraterização do investimento privado na zona de cooperação
Definição do mapa de agentes de apoio ao investimento‐financiamento e caraterização do investimento privado do empreendedorismo.
Matriz por tipologia de investidores e modelos de investimento
Definição dos tipos de investidores e dos modelos de investimento, em função das variáveis que permitam alinhá‐los com os projetos de empreendedorismo do espaço de cooperação
Roteiro. Roteiro do Potencial de investimento privado e integração na Rede ESPOBAN. São definidas as fases de atuação a implementar para que os investidores se encontrem com os projetos de empreendedorismo (ponto de encontro).
2. CONCEPTUALIZAÇÃO
2.1. Quadro estratégico. Na União Europeia, as micro, pequenas e médias empresas são o coração da atividade empresarial e a base do sustento de uma grande parte da classe trabalhadora, pelo que é evidente a enorme importância atribuída a que este tipo de empresas alcancem o potencial de desenvolvimento que permita gerar bem‐estar socioeconómico.
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AS PME representam perto de 99% dos negócios na União Europeia (UE), ainda assim, um dos maiores problemas que enfrentam é a dificuldade na obtenção de financiamento. Este desafio não é fácil de vencer, sobretudo, porque os empreendedores estão dispersos tanto a nível territorial, como a nível de atividades económicas. Por esta razão, os produtos financeiros terão de ser inovadores na sua natureza e adaptar‐se a este fim, tendo em conta que, sem empreendedores competitivos e projetos viáveis, a economia ficaria perante o risco de estancamento. Ciente desta realidade, a União Europeia trabalha para melhorar a conjuntura financeira e para a criação de empresas e de PME, recorrendo a uma série de ferramentas que dependem da Comissão Europeia. A Comissão Europeia é o órgão executivo, politicamente independente, da UE. a Comissão é a única instância responsável pela elaboração de propostas de nova legislação europeia e pela aplicação das decisões do Parlamento Europeu e do Conselho da UE. A Comissão trabalha com instituições financeiras para melhorar o financiamento existente para trabalhadores independentes e para as PME através do estímulo à concessão de empréstimos e venture capital, ou capital de risco, através de instrumentos financeiros. Não obstante, os programas ou iniciativas de financiamento da Comissão Europeia não são, regra geral, fornecidos como financiamento direto. As ajudas são canalizadas através de autoridades locais de gestão: Ministério das Finanças e da Administração Pública – Direção‐Geral de Fundos Comunitários, regionais ou nacionais e, também, através de intermediários financeiros como os bancos e organizações de venture
capital ou fundos de capital de risco que oferecem financiamento. Trata‐se de um financiamento em regime de gestão partilhada. O financiamento direto está disponível apenas para projetos que contribuam para a implantação de um programa ou política da União Europeia. Este tipo de ajuda ao financiamento é outorgado sob a forma de subvenção e não corresponde ao objeto do estudo. Centrando‐nos nos programas existentes atualmente na União Europeia através da gestão partilhada, os principais programas de apoio ao financiamento para o empreendedorismo em vigor em Portugal e Espanha são os seguintes:
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Como referido, muitos destes programas são geridos pelo governo central e pela Junta da Andaluzia, no caso da Espanha, ou pelo governo português.
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2.2. Programas de apoio financeiro ao empreendedorismo.
COSME, um programa especial para as PME
Programa especificamente concebido para apoiar as PME. O objetivo do COSME é melhorar o acesso das PME ao financiamento e aos mercados, apoiar os empreendedores e promover melhores condições para a criação e o crescimento das empresas. O programa facilita e melhora o acesso das PME ao financiamento através de dois instrumentos financeiros: o mecanismo de garantia de empréstimos e o instrumento de capital para o crescimento.
www.ec.europa.eu/growth/smes/cosme Instrumento PME
Programa financeiro destinado unicamente a PME e start‐ups que se divide em três fases: Fase 1. Oferece 50 mil euros de subvenção a fundo perdido para a
realização de um estudo de viabilidade. Pensado para empresas que estão a começar a testar o seu produto no mercado.
Fase 2. Oferece entre 1 e 3 milhões de euros para a escalabilidade e replicabilidade do projeto para empresas que já tenham atividade local e que tenham demonstrado a viabilidade do seu negócio.
Fase 3: Não há apoio financeiro, mas sim acesso a outros programas da Comissão Europeia.
Esta é uma das linhas de financiamento mais interessantes, mas também das mais competitivas. Há convocatórias a cada três meses, aproximadamente. http://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/en/h2020‐section/sme‐instrument Eurostars
O Eurostars é um programa europeu para o financiamento de projetos de cooperação entre um mínimo de duas empresas europeias, para a criação
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de um produto inovador orientado para o mercado. Nesta linha de financiamento, apresentam‐se projetos a nível internacional; caso sejam aprovados, cada país financia a empresa correspondente. No caso de Espanha, o responsável é o CDTI, que atribui cerca de 50% do orçamento do projeto a uma subvenção a fundo perdido. É uma linha menos conhecida do que outras e com um orçamento menor, mas também de acesso mais fácil, por ser menos competitiva. https://www.eurostars‐eureka.eu/ Erasmus para jovens empreendedores:
Este programa foi uma iniciativa da UE no ano de 2009 e contínua em marcha. Tal proporciona ajuda prática e financeira aos novos empreendedores que queiram passar algum tempo numa empresa de outro país da UE para aprenderem com empresários experientes. Os objetivos passam pelo intercâmbio de ideias, experiências e informação entre empreendedores, sublinhar o acesso ao mercado e identificar potenciais colegas para novos negócios noutros países da União Europeia. O programa é cofinanciado pela União Europeia, com um orçamento total que ronda os 4,3 milhões de euros, que cobre as viagens e despesas de alojamento durante a estadia. https://www.erasmus‐entrepreneurs.eu/ JEREMIE (Recursos Europeus Comuns para as
PME e as Microempresas) Conjunto de recursos europeus para micro e médias empresas. É uma iniciativa conjunta da Comissão Europeia e do Fundo Europeu de Investimentos (FEI) com o Banco Europeu de Investimento (BEI). O objetivo é melhorar o acesso ao financiamento das micro e médias
empresas e, em particular, o fornecimento de microcrédito, venture capital ou garantias e outras formas de financiamento inovadoras. A enfâse recai sobre o apoio às start‐ups, à transferência de tecnologia, à tecnologia e fundos de inovação e ao microcrédito. O JEREMIE é gerido como uma parte integral do FEDER e os projetos são selecionados a nível relevante nacional e regional. http://www.eif.europa.eu/what_we_do/resources/jeremie/index.htm Horizonte PME
Em 2017, o Ministério da Economia lançou uma linha para o financiamento de projetos de Fase 1 do Instrumento PME, já aprovados mas não financiados. Na Comissão Europeia são avaliados os projetos sobre 15 pontos; a partir dos 12 pontos o projeto está aprovado, mas pode não chegar ao financiamento uma vez que este é atribuído por ordem de notas. Desta forma, podem existir muitos bons projetos aprovados que não chegam a ser financiados O objetivo do Horizonte PME é financiar esses bons projetos e dar‐lhes uma oportunidade em Espanha, algo extremamente útil para as PME nacionais, que, assim, recebem uma segunda oportunidade graças ao programa. http://www.idi.mineco.gob.es/portal/site/MICINN/menuitem.d20caeda35a0c5dc7c68b11001432ea0/?vgnextoid=70d85656ecfee310VgnVCM1000001d04140aRCRD
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Neotec O CDTI é um organismo que financia o desenvolvimento da tecnologia nas empresas espanholas. Há algum tempo foi lançado um programa para financiar empresas criadas recentemente (menos de quatro anos, no cado do Neotec) cujo núcleo seja o desenvolvimento de tecnologia inovadora. Este instrumento foi sendo alterado e evoluiu ao longo dos anos. Na última convocatória, financiava empresas dessa índole com uma subvenção até 250 mil euros a fundo perdido. Com um funcionamento semelhante ao do Instrumento PME da Comissão Europeia, as empresas devem apresentar um plano de negócios, explicando bem a diferença tecnológica e o grau de inovação. Na última convocatória, que fechou em outubro de 2015, o fundo alcançava os 10 milhões de euros e obteve uma percentagem de êxito de cerca de 8%. O principal problema destas linhas para empresas de formação recente é que o CDTI, após a apresentação dos projetos, faz uma avaliação financeira às empresas e solicita garantias (regra geral), algo que, frequentemente, é inviável nas etapas iniciais do projeto. É um programa muito mais recomendado para empresas que já têm algum historial. https://www.cdti.es/index.asp?MP=100&MS=802&MN=1&TR=C&IDR=1811 Emplea
O objetivo é financiar a contratação de profissionais tecnológicos para as empresas. O plano abrange a contratação até quatro profissionais
tecnológicos durante três anos, incluindo o salário bruto e os encargos com segurança social num empréstimo à taxa Euribor, sem garantias. É uma convocatória fechada que abre no início de cada ano. Como uma das principais necessidades dos empreendedores são os recursos necessários para a contratação de profissionais tecnológicos, trata‐se de uma linha muito procurada. O orçamento ronda os 70 milhões de euros. http://www.idi.mineco.gob.es/portal/site/MICINN/menuitem.d20caeda35a0c5dc7c68b11001432ea0/?vgnextoid=67a04939e6b42410VgnVCM1000001d04140aRCRD Linha AEESD
Esta convocatória do Ministério da Indústria tem por objetivo financiar projetos de desenvolvimento experimental para determinadas temáticas. Em 2017, o financiamento destinou‐se às "indústrias do futuro", que incluíram projetos na Internet, componentes e sistemas eletrónicos, computação na nuvem e tratamento maciço de dados, bem como cibersegurança e confiança. São convocatórias fechadas que só abrem no primeiro semestre do ano e nas quais se financia perto de 100% do orçamento de um projeto de I&D+i, com 20% em subvenção. O restante consiste num empréstimo com amortização a cinco anos e dois de carência face à Euribor, com mais ou menos 25% do financiamento a título de garantia. http://www.minetad.gob.es/PortalAyudas/AEESD‐2017/Paginas/Index.aspx Programa RETOS
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O programa RETOS visa canalizar a inovação gerada pelas universidades e centros tecnológicos através das empresas, de modo a que estas as orientem para o mercado. O RETOS financia projetos de desenvolvimento experimental, focado na conceção de novos produtos ou serviços, que terminem num protótipo ou num elemento demonstrador do mesmo. No mínimo, deverá existir uma empresa e um centro de investigação, com um orçamento mínimo de meio milhão de euros. http://www.idi.mineco.gob.es/portal/site/MICINN/menuitem.d20caeda35a0c5dc7c68b11001432ea0/?vgnextoid=33f85656ecfee310VgnVCM1000001d04140aRCRD Financiamento para empreendedores no setor
cultural ou turístico Linha de financiamento anual, atribuída no primeiro trimestre de cada ano, cujo objetivo é promover produtos e serviços culturais inovadores através da aplicação de novas tecnologias, impulsionando a criação e a difusão da oferta cultural. O programa subvenciona a fundo perdido projetos, geralmente com montantes entre 20 a 40 mil euros, que apoiem as indústrias culturais através das novas tecnologias, com um pequeno fundo de cerca de dois milhões de euros. Relativamente ao setor turístico, ganha relevância a convocatória Emprendetur, para projetos de inovação no âmbito turístico. Dentro desta linha, aparece a linha Emprendetur Jovens Empreendedores que oferece empréstimos com amortização a cinco anos e dois de carência, sem necessidade de garantias,
http://www.minetad.gob.es/PortalAyudas/Paginas/convocatorias‐ayudas.aspx?cg=Secretar%C3%ADa%20de%20Estado%20de%20Turismo SI2E. Sistema de Incentivos ao
Empreendedorismo e ao Emprego O SI2E pretende estimular o surgimento de iniciativas empresariais e a criação de emprego em territórios de baixa densidade e por essa via promover o desenvolvimento e a coesão económica e social do país. Não se aplica exclusivamente aos territórios de baixa densidade, o SI2E favorece através de majorações específicas os investimentos nelas realizados e sobretudo cria condições para uma maior dinâmica empresarial ao ajustar tipologias de projetos às condições reais das micro e pequenas empresas do interior. O SI2E será gerido pelos: Grupos de Ação Local (GAL), quando os incentivos resultarem de estratégias de Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC) ou pelas Comunidades Intermunicipais (CIM) ou Áreas Metropolitanas (AM), quando os mesmos decorrerem da concretização dos Pactos para o Desenvolvimento e Coesão Territorial. http://www.portaldosincentivos.pt/index.php/si2e O PAECE. Programa de Apoio ao
Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego
O PAECE ‐ Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego compreende as seguintes medidas de apoio: 1 ‐ Apoio
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à criação de empresas de pequena dimensão, com fins lucrativos, independentemente da respetiva forma jurídica, incluindo entidades que revistam a forma cooperativa, que originem a criação de emprego e contribuam para a dinamização das economias locais; 2 ‐ Programa Nacional de Microcrédito; 3 ‐ Apoio à criação do próprio emprego por beneficiários de prestações de desemprego. O Objetivo desta medida é apoiar o empreendedorismo e a criação de empresas de pequena dimensão, com fins lucrativos, que originem a criação de emprego e contribuam para a dinamização das economias locais. http://www.portaldosincentivos.pt/docs/CPE(Portal).pdf Linha de Apoio à Qualificação da Oferta
O presente apoio resulta de uma parceria do turismo de Portugal com o sistema bancário, em que é disponibilizado um instrumento financeiro para apoiar as empresas do Turismo, através do financiamento a médio e longo prazo de projetos de investimento que se traduzam, sobretudo, na criação de empreendimentos turísticos Inovadores, na requalificação de empreendimentos turísticos, assim como no desenvolvimento de projetos na área da animação turística e da restauração. São enquadráveis na presente linha de apoio, entre outros projetos de investimento, o desenvolvimento de projetos de empreendedorismo no setor do turismo. http://www.portaldosincentivos.pt/index.php/2015‐10‐15‐13‐43‐55/linha‐de‐apoio‐a‐qualificacao‐da‐oferta
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2.3. Instituições de apoio financeiro ao empreendedorismo.
A par destes programas devemos destacar o conjunto de instituições que, atualmente, facilitam o financiamento de projetos de empreendedorismo através de fundos europeus. Entre estas instituições destacam‐se as seguintes:
ENISA
Oferece empréstimos participativos, nos quais a única garantia é a rentabilidade do projeto e que, portanto, requer, antes de mais, um compromisso de investimento pela própria empresa.
Dispõe de vários instrumentos, desde a linha mais pequena para jovens empreendedores, até 75 mil euros, até às linhas dirigidas a investimentos superiores. Fundo Europeu de Investimento (FEI)
A sua atividade baseia‐se em dois instrumentos: os de venture capital consistem em investimentos de capital em fundos de capital de empresas e incubadoras de negócios que apoiam as PME, particularmente as recém‐criadas e baseadas na tecnologia, e os instrumentos de garantia do FEI que consistem em proporcionar garantias a instituições financeiras que cubram créditos às PME. Banco Europeu de Investimento (BEI),
empréstimos. Estes empréstimos são entregues através de intermediários, como, por exemplo, através de bancos comerciais. Destinam‐se a investimentos tangíveis ou intangíveis de PME. Os empréstimos do BEI também podem ajudar a proporcionar uma base de ativo circulante estável para as PME. A duração dos empréstimos é de entre 2 e 12 anos, com um montante máximo de 12,5 milhões de euros por empréstimo. IDEA.
A Agência de Inovação e Desenvolvimento da Andaluzia, IDEA, é a agência de desenvolvimento regional do Governo andaluz, além de um instrumento especializado fundamentalmente no fomento da inovação na sociedade andaluza.
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Realiza trabalhos de apoio aos empresários andaluzes: desde a gestão e a concessão de incentivos às empresas até à gestão de projetos e programas da Secretaria de Secretaria do Emprego, Empresa e Comércio, bem como a construção de infraestruturas industriais e tecnológicas. As principais áreas de atuação são:
Financiamento e desenvolvimento empresarial, que aglutina na mesma unidade todas as ajudas e programas de financiamento às empresas. Espaços de inovação e setores estratégicos orientados para a dotação de infraestruturas e espaços produtivos, bem como para a dinamização destes espaços associando‐os aos setores/clusters da Andaluzia. Captação de investimento e serviços avançados, responsável pela conceção e prestação de serviços facultados pela agência aos empreendedores e empresários, com especial atenção ao serviço integral de captação de investimentos na Andaluzia.
IAPMEI
O Instituto de Apoio às PME e à Inovação, de Portugal, tem por objetivo promover a competitividade e o crescimento empresarial, assegurar o apoio à conceção, execução e avaliação de políticas direcionadas para a atividade empresarial, procurando reforçar a inovação, o empreendedorismo e o investimento das empresas que exerçam a respetiva atividade nas áreas sob a tutela do Ministério da Economia, nomeadamente das pequenas e médias empresas, com exceção do setor
do turismo e das competências de acompanhamento neste âmbito, atribuídas à Direção‐Geral das Atividades Económicas. O instituto disponibiliza informação e assessoria sobre incentivos e outras soluções de financiamento com intervenção direta ou indireta do IAPMEI, disponíveis para as empresas para o desenvolvimento das respetivas estratégias.
2.4. Intermediários financeiros Em linha com os programas e as instituições públicas procedentes da UE que trabalham para apoiar o financiamento do empreendedorismo, existem intermediários privados, que, através de linhas de apoio aprovadas pela UE, outorgam financiamento às PME em qualquer uma das suas fases de nascimento, consolidação e crescimento.
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Relativamente ao financiamento oferecido por estes intermediários, a União Europeia dispõe, no seu site, de um motor de procura de financiamento para todos os Estados‐Membros, que pode ser acedido através da seguinte ligação: http://europa.eu/youreurope/business/funding‐grants/access‐tofinance/index_es.htm Este site oferece informação sobre as diversas ajudas disponibilizadas pelas instituições privadas ou por intermediários para o financiamento de projetos empresariais, consoante o perfil da empresa e da localização geográfica. A União Europeia, através desta ferramenta, ajuda a cada ano, mais de duzentas mil empresas através do apoio que proporciona aos empreendedores e empresas graças a uma ampla gama de programas que atribuem financiamento através de entidades locais. Estes fundos da União Europeia destinam‐se a empresas emergentes, empreendedores e empresas de qualquer dimensão ou setor. Dento da ampla gama de programas destinados ao empreendedorismo, podem estabelecer‐se quatro grupos:
Categoria 1: Empréstimo/Garantia. Destinada a microempresas recentemente criadas e trabalhadores por conta própria. O seu objetivo é financiar o arranque das empresas na sua fase inicial. Categoria 2: Crédito/Garantia ‐ PME (10‐249 empregados). Idêntico ao caso anterior, mas para projetos de maior dimensão.
Categoria 3: Participação no capital, capital de risco. Destinado a microempresas recentemente criadas e trabalhadores por conta própria. O seu objetivo é financiar o arranque das empresas na sua fase inicial. Categoria 4: Participação no Capital/Capital de risco ‐ PME (10‐249 empregados). Idêntico ao caso anterior, mas para projetos de maior dimensão.
As instituições financeiras locais, graças à contribuição da UE, podem oferecer financiamento adicional às empresas. Estas entidades (bancos, sociedade de garantia ou investidor de capital) tomam a decisão sobre a quem conceder o financiamento da União Europeia. As condições para o financiamento são estabelecidas pelas próprias instituições financeiras: montante, duração, taxas de juros e de taxas. Atualmente, existem mais de mil instituições financeiras.
2.5. Mecanismos privados de financiamento Uma vez conhecidos os diversos mecanismos que existem na União Europeia e os seus estados‐membros para financiar projetos empresariais no âmbito público, é altura de conhecer os mecanismos privados de financiamento que existem na atualidade.
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1. Financiamento próprio
O autofinanciamento é o dinheiro que nós próprios fornecemos à empresa, contribuição que muitos temem fazer, mas também básica, porque se acreditamos na nossa ideia, deveríamos investir na mesma, uma vez que, ao procurar sócios ou investidores, estes não nos irão dar o seu capital quando nós próprios não o fazemos.
2. FFF Friends, family & fools
Tradução do inglês como "Amigos, Família e Tolos". Logicamente, quando temos uma ideia e não sabemos a quem recorrer, pensamos no meio mais próximo e são estes que protagonizam a primeira ronda de investimento necessária para pôr o projeto em marcha.
3. Empréstimo bancário
Por definição, um crédito é aquilo que é emprestado sob a condição de o reembolsar com juros. Se optamos por este, devemos ter em conta, acima de tudo, a taxa de juros, o prazo de amortização e o período de carência. 4. Crowdfunding
Micro‐mecenato, financiamento maciço, financiamento coletivo são vários os nomes para este método que está cada vez mais na moda. Consiste em que, através de uma plataforma, o empreendedor consiga, num tempo determinado, um financiamento de um conjunto de pessoas, as quais se unem em troca de algo, normalmente simbólico, tornando possível a realização do projeto definido. Devido ao auge deste método de financiamento, as plataformas que atuam como intermediárias estão cada vez mais especializadas ou setorizadas. 5. Playfunding
É uma nova forma de micro‐mecenato, que consiste nos empreendedores a ganhar dinheiro para o seu projeto a partir da
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visualização de anúncios publicitários, que promovem as empresas que os patrocinam. Parece complexo, mas não é assim tanto. O seu funcionamento é simples. Através de uma plataforma web, os empreendedores expõem o seu projeto, ficando à espera de uma empresa que os patrocine. Assim, esta empresa coloca o seu spot publicitário na sua página web e, consoante o número de visualizações, paga à empresa patrocinadora. Desta maneira, todos saem a ganhar; uns recebem dinheiro e outros divulgam o seu produto, negócio, ideia, etc.
6. Crowdlending
Também conhecido como peer‐to‐business lending (p2b lending). Aqui temos outro micro‐mecenato entre particulares e empresas. Através de páginas especializadas neste tipo de crowdfunding, as empresas oferecem uma rentabilidade ou uma taxa de juros, normalmente um pouco mais alta, aos potenciais investidores. Deste modo, as empresas conseguem financiar‐se sem a necessidade de recorrer às instituições financeiras tradicionais. Tem existido um rápido crescimento nos últimos anos devido às várias vantagens, entres as quais se destaca uma importante poupança nos cortes do financiamento das empresas e um melhor reembolso para os particulares. Os empreendedores não precisam de contratar nenhum produto financeiro (conta bancária, seguro, etc.), visto que a plataforma é sempre a intermediária entre mutuante e mutuário.
7. Crowdsourcing
Neste método, combinamos o micro‐mecenato e o outsourcing ou subcontratação de tarefas. Existem muitas empresas que atualmente subcontratam muitas das suas tarefas, especialmente aquelas em que não são especialistas ou que são mais caras de realizar do que contratá‐las no exterior. Com a globalização existente e as novas tecnologias, o Crowdsourcing ou subcontratação aberta de tarefas consiste em que as empresas, através de um marketplace, abram uma convocatória sobre uma tarefa específica a um número indeterminado de pessoas, podendo escolher os mais apropriados para desempenhar essa tarefa. A priori pode ser difícil de compreender, mas o conceito é bastante simples. Por exemplo, se pretendemos desenvolver um logótipo para a nossa empresa, temos duas opções: contratar uma empresa especializada ou recorrer a uma plataforma de crowdsourcing, especificando os nossos requisitos. Em poucos dias, podemos escolher entre todos os designers interessados, aquele que mais nos interessa, fomentando assim o espírito empreendedor.
8. Business Angel
Também conhecido como investidor de proximidade ou investidor anjo (business angel) é uma pessoa que confia no nosso projeto e, além do capital, nos transmite os seus conhecimentos, contactos e experiência no setor para orientar o projeto num caminho ideal, procurando obter resultados futuros. Poderíamos procurar este tipo de investidores depois do financiamento já conhecido como FFF, quando o projeto ainda está em fase de crescimento. Normalmente, os seus investidores
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vão dos 20 000 aos 250 000 euros. São eles que fazem pessoalmente o investimento nos setores de negócios que conhecem, de acordo com o plano de negócios que apresentamos, pois, para esses investidores, o risco é muito alto (o fracasso da empresa significa a perda do seu dinheiro). Por isso, procuram um alto rendimento (10 vezes ou mais) num período de cerca de 5 anos a partir do investimento original, aproximadamente.
9. Venture Capital
O capital de risco é um tipo de operação financeira que é realizada através das Sociedades de Capital de Risco (SCR), onde estas investem com um alto potencial de risco e crescimento, em troca de uma percentagem da empresa (cerca de 20% ou 30%); ocasionalmente, estas também irão ocupar alguma posição de controlo dentro da empresa. As empresas em que investem são geralmente aquelas que apresentam um novo modelo de negócio ou que descobrem uma nova tecnologia, procurando um alto reembolso do seu investimento.
Em seguida, é definida cada uma das ferramentas de financiamento, incluindo o que o empreendedor e o investidor contribuem e obtêm.
EMPREENDEDOR INVESTIDOR
FERRAMENTA Contribui Obtém Contribui Obtém
Capital de risco Ações Financiamento Financiamento Controlo Business Angel Ações Financiamento Financiamento Rentabilidade FFF Ações Financiamento Financiamento Rentabilidade Empréstimo bancário Garantias Financiamento Financiamento Juros
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Crowdlending Projeto Financiamento Financiamento RentabilidadeCrowdfunding Produto ou serviço
no futuro Retribuição Retribuição Produto ou serviço
no futuro Playfunding Plataforma Retribuição Retribuição PublicidadeCrowdsourcing Remuneração no
futuro Serviço Serviço Remuneração no
futuro
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3. MAPA DE SERVIÇOS FINANCEIROS
3.1. Mapa de serviços financeiros para o empreendedor
Uma vez conhecidas as diferentes formas que existem para financiar projetos de empreendedorismo, é necessário destacar os serviços atualmente oferecidos por instituições públicas e privadas para facilitar o acesso a este financiamento para o empreendedor. Esses serviços podem ser divididos nos seguintes campos: o Serviços de informação: Fornecer ao empreendedor informações
sobre as formas existentes de obter financiamento: subsídios, acordos com instituições financeiras, fontes alternativas, etc. Aqui podemos destacar como ações geralmente desenvolvidas a elaboração de guias ou aconselhamento personalizado.
o Assessoria: Ajudar o empreendedor a obter financiamento, mediante
o aconselhamento para elaborar um plano de negócios. Esses serviços são oferecidos por meio de orientação específica por pessoal especializado.
o Abordagem: Ajudar o empreendedor a entrar em contacto com as fontes de financiamento. As principais ferramentas utilizadas são a realização de ronda de investimentos, a assinatura de acordos de colaboração com fundos ou instituições financeiras ou o estabelecimento de contratos com empresas.
É óbvio que cada uma das fases do processo de empreendedorismo está intimamente ligada a cada um dos serviços. À medida que se avança na execução do projeto empresarial, as necessidades de serviços e financiamento mudam. Na primeira etapa, são necessários serviços de informação, numa segunda etapa, é necessária a assistência ou apoio técnico e, na terceira, serviços de contactos. Em suma, as instituições de apoio ao empreendedorismo atuam como elo entre o empreendedor e as organizações que financiam o empreendedorismo, sejam elas públicas ou privadas.
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INVESTIMENTO
3.2. Mapa dos serviços financeiros para o investidor privado.
Muito tem sido escrito e planeado para desenvolver ferramentas de apoio financeiro para o empreendedor. Foram criadas instituições e agências que fornecem esses serviços e foram até mesmo desenvolvidas políticas e leis para protegê‐los, mas a verdade é que os serviços aos investidores não foram cuidados e acarinhados pelas instituições públicas e chegaram a ser penalizados por meio de fiscalidade pouco adaptada à realidade económica e social. Sempre foi a iniciativa privada que criou as ferramentas que permitiram aos investidores atender às suas necessidades, seja como empresa, por meio de acordos de colaboração público‐privada ou por meio de plataformas e ferramentas on‐line. Recentemente, a comunidade on‐line startupxplore2 fez um estudo sobre o motivo de os investidores financiarem projetos de empreendedorismo. Este estudo mostra que, para os investidores informais, aceleradores e investidores com uma grande carteira, fazer o acompanhamento das suas novas empresas e encontrar novas pode tornar‐se numa tarefa que consome muito tempo. Na verdade, as principais empresas europeias de capital de risco, como a Index Ventures, desenvolveram as suas próprias ferramentas e software para controlar as suas empresas, mas tal poderia ser considerado uma exceção e algo que nem todas as empresas de capital de risco ou redes de business angels podem conseguir ou pagar. 2 https://startupxplore.com/en/blog/best‐tools‐for‐startup‐investors/
De acordo com o estudo, os investidores costumam dizer que a melhor maneira de descobrir empresas novas e interessantes é através de recomendações: empresários que apoiaram no passado e em quem confiam, jornalistas das principais publicações de tecnologia e, em geral, qualquer pessoa que faça parte da indústria e cuja opinião seja válida e legítima. Por outro lado, o estudo aponta que nos últimos anos foi desenvolvida uma série de ferramentas on‐line a partir das quais os investidores obtêm informações sobre novas empresas e a sua evolução, partilhando notícias e fazendo comentários sobre a situação dos projetos. Algumas das mais interessantes estão elencadas abaixo:
AngelList: a plataforma criada por Naval Ravikant e Babak Nivi tornou‐se num site global para novas empresas e investidores. Com uma forte presença nos Estados Unidos, os membros da comunidade também podem criar os seus próprios perfis, discutir e investir no site.
Startupxplore: permite a startups, investidores e aceleradores
criar os seus próprios perfis e proporcionar toda a informação relevante que for possível. Os investidores podem partilhar os seus critérios de investimento para que as empresas novas possam ver e as empresas podem partilhar os seus dados de contacto, notícias recentes, localização e membros da equipa.
Gust: como Startupxplore ou AngelList, Gust tem como objetivo
conectar startups e investidores em todo o mundo e também
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oferece as "últimas tendências e perspetivas de startups" dos principais investidores e especialistas da indústria.
Starry: esta extensão de Safari e Chrome pode ser bastante útil
para os investidores e qualquer membro da indústria. A extensão permite a qualquer pessoa que visite um website da empresa conhecer quem são os seus fundadores, os seus concorrentes, o preço das suas ações (caso se trate de uma empresa cotada) e links relevantes.
Crunchbase: considerado por muitos a maior base de dados
privada de empresas e investidores, Crunchbase rastreia os investimentos numa ampla variedade de novas empresas. O site é muitas vezes utilizado pelos membros da comunidade para realizar um acompanhamento dos investimentos iniciais e encontrar novas empresas.
Todas as ferramentas e sites anteriores permitem aos investidores encontrar novas empresas nas quais investir. Não obstante, uma vez que se decidem e selecionam aqueles que querem apoiar, precisam fazer um acompanhamento do seu desempenho. A seguir, são assinaladas algumas das ferramentas, plataformas on‐line, mais destacadas dentro deste campo:
Mattermark: esta ferramenta não só permite aos investidores pesquisar as empresas adequadas para se fazer negócios, mas também ajuda as empresas de capital de risco a rastrear as novas empresas na sua carteira utilizando uma combinação de inteligência artificial e análise de qualidade de dados.
CB Insights: de forma similar a Mattermark, CB Insights faz um acompanhamento das empresas privadas, dos seus investidores e adquirentes numa ampla variedade de setores. Dada a grande quantidade de dados que a empresa obtém, permite aos investidores comparar facilmente as suas próprias empresas de carteira com concorrentes e setores ou indústrias específicas.
Portanto, o primeiro serviço que os investidores requerem é o da informação, concretamente nestes âmbitos:
Que empresas novas surgiram e podem ser do meu interesse. Como estão as empresas que a priori me interessam para investir. Qual é o perfil do empreendedor, que iniciativas desenvolveu,
como correram essas iniciativas… Em segundo lugar, os investidores precisam de dar a conhecer às comunidades empreendedoras o perfil de empresa e do empreendedor que estão a procurar, ou seja, definir as suas preferências ao selecionar os seus investimentos. Partilhar os seus critérios de investimento para que as empresas novas se possam adaptar aos mesmos, e o perfil do empreendedor que estão a procurar. Em suma, precisam que lhes sejam oferecidos serviços e feedback. Em terceiro lugar, os investidores precisam de criar comunidade, ou seja, dispor de ferramentas onde possam partilhar e obter informações sobre os projetos e sobre os empreendedores, sobre as tendências de cada um dos setores, assim como as necessidades e exigências que se geram em cada contexto empresarial.
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INVESTIMENTO
Em quarto lugar, os investidores precisam de conhecer a realidade qualitativa e quantitativa do projeto de uma forma ágil e simples, o que poderíamos denominar de ficha de valor, com dois tipos de indicadores: perfil do empreendedor e perfil do projeto (a sua caraterização). Por último e em quinto lugar, o investidor em alguns casos, precisa de formação/assessoria. Aqueles investidores com um perfil menos profissional precisam de assessoria personalizada, incluindo formação sobre aspetos relacionados com rentabilidade, tendências, novos nichos de mercado dentro do seu setor que lhes permita orientar os seus investimentos e definir a sua estratégia de rentabilidade.
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3.3. Identificação de boas práticas e modelos de sucesso
A seguir, são apresentados três casos de sucesso de instituições que souberam conjugar o papel que desenvolvem no âmbito do investidor e no âmbito do empreendedor, gerando sinergias que permitiram o desenvolvimento de iniciativas empresariais de sucesso para ambos. Boas práticas no contexto de Business Angel para ligar
empreendedores e investidores: Rede aBAnza ‐ Business Angels de Zamora
É uma iniciativa da Câmara Oficial de Comércio, Indústria e Serviços de Zamora, cofinanciada pelo Ministério da Indústria, Energia e Turismo do Governo de Espanha, no intuito de apoiar empreendedores(as) com projetos de alto potencial de crescimento, e potenciais business angels interessados em financiar novas empresas inovadoras. Para além de contribuir para aumentar o retorno financeiro de empreendedores(as) e business angels, a plataforma aBAnza tenta aumentar o seu “retorno social” através da consolidação de um ecossistema empreendedor mais dinâmico com a colaboração de agentes nacionais e internacionais. Os objetivos que se pretendem são:
Aumentar a consciência dos Business Angels e das redes de investidores.
Criação de um painel de investidores informais para discutir temas da atualidade que afetam os empreendedores e os Business Angels.
Promover altos padrões éticos na rede de Business Angels. A inscrição na Rede aBAnza é gratuita e os investidores terão direito a: Acesso a um fluxo constante de projetos empresariais nos quais
investir. Poupança de tempo e dinheiro no seu processo de investidor‐
Assessoria técnica personalizada sobre a viabilidade de cada projeto.
Direito a assistir a atos de caráter social ou profissional organizados pela Rede.
Possibilidade de contar com gestores da Rede como "órgão consultivo" durante o processo negociador.
Garantia de confidencialidade e privacidade da informação que nos faculte.
Boas práticas de fundos de investimento: a liderança da
iniciativa privada no apoio ao empreendedorismo tecnológico: Telefónica Open Future
Desde 2014, a Telefónica tem vindo a desenvolver este programa para apoiar o fomento e o desenvolvimento de talento em empreendedorismo tecnológico‐digital, apostando na inovação em projetos relacionados com
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INVESTIMENTO
novas tecnologias, detetando o talento em qualquer uma das suas fases de maturidade. A plataforma trabalha para fortalecer as ideias, iniciativas, PME e empresas de maior dimensão através do impulso, aceleração e investimento. A plataforma atua como ponto de encontro do empreendedorismo global, onde pessoas com startups, empresas maduras e investidores de todo o mundo partilham as suas ideias e projetos. Um lugar onde se pode estar em contacto com todos os intervenientes do ecossistema empreendedor e dar visibilidade à startup. A plataforma coloca ao alcance do empreendedor a formação digital que precisa, assim como o financiamento para desenvolver o seu projeto através de uma rede de 56 incubadoras e aceleradoras, e ligações com os principais fundos de investimento, business angel e crowdfunding da Europa e América Latina. Boas práticas de impulso para setores estratégicos: SEGITTUR e
Top Seeds Lab A Sociedad Estatal para la Gestión de la Innovación y las Tecnologías Turísticas, SEGITTUR, e a Top Seeds Lab – aceleradora de startups tecnológicas ‐ subscreveram um acordo de colaboração para apoiar os(as) empreendedores(as) turísticos(as). O acordo estabelece que trabalharão na procura e identificação de investidores informais, como os business angels, para a sua colocação em contacto com as startups e empreendedores digitais do setor do turismo.
A SEGITTUR e a Top Seeds Lab querem apoiar conjuntamente as PME digitais de turismo de Espanha com um pacote de serviços e mentoring, financiamento público e privado, e facilitando o acesso a grandes clientes que são contactos de ambas as entidades. Entre os âmbitos de atuação do acordo, estabelece‐se a possibilidade de criar programas conjuntos para melhorar a competitividade das startups digitais do setor turístico, assim como a criação de uma rede de cooperação para a promoção do empreendedorismo em turismo. Deste modo, o acordo prevê que a SEGITTUR e a Top Seeds Lab dinamizem a captação de startups digitais em turismo e que informem sobre convocatórias públicas existentes como a linha de financiamento de apoio a empresas inovadoras e empreendedores Emprendetur. Dentro do quadro de colaboração subscrito, inclui‐se a organização de eventos para empreendedores, como o II Open Day Setor Turismo, no qual as startups poderão dar‐se a conhecer.
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4. CARATERIZAÇÃO DO INVESTIMENTO PRIVADO NO NOSSO ÂMBITO DE COOPERAÇÃO
4.1. Mapa de agentes (entidades de apoio associadas ao investimento privado ou que sejam intermediárias com este ou que o aglutinem)
No atual mundo globalizado, os agentes do investimento não devem procurar apenas a nível local. Não se deve pôr limites à territorialidade. Em todos os territórios de estudo aparecem os mesmos tipos de agentes, uma multiplicidade de agentes e que utilizam diferentes modelos de investimento.
Nesta rubrica foram classificados os seguintes quatro tipos de agentes de investimento privado, desenvolvidos ‐ sem ser exaustivos ‐ na tabela e nos anexos de trabalho.
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INVESTIMENTO
Business angels
Região Agentes
Alentejo Alenbiz ‐ Associação de Business Angels do Alentejo
Algarve Algarve Business Angels. Associação de Business Angels do Algarve
Cádiz Red de Business Angels de Cádiz
Cádiz Fundación Universidad Empresa de la Provincia de Cádiz (FUECA)
Cádiz Fundación Bahía de Cádiz para el Desarrollo Económico
Córdoba Asociación Córdoba Business Angels
General Andalucía IESE Business School University of Navarra
General Andalucía ESADE BAN
General Andalucía Business In Fact
General Portugal Associação Portuguesa Business Angels
General Portugal Business Angels – Fundos de capital de Risco
General Portugal Federação Nacional de Associações de Business Angels. FNABA
General Portugal EBAN. European Business Angels Network
General Portugal Business Angels Club ‐ Associação Portuguesa de Investidores em Start‐Ups
General Portugal Guadiana Business Angels ‐ Associação Transfronteiriça de Investidores em Start ups
General Portugal EBAN. European Business Angels Network
General Portugal Rising Ventures S.A. (Lisboa)
Huelva InnoBAN en Andalucía
Huelva InnoBAN Huelva
Nacional AEBAN. Asociación Española de Business Angels Networks
Sevilla RED BAIA. Business Angels Industrial de Andalucía
Sevilla Asociación de Empresarios de las Tecnologías de la Información y las Comunicaciones de Andalucía
Sevilla Federación de Empresarios del Metal
Sevilla Asociación Andaluza Business Angel Network AABAN
Empresas investidoras de interesse geral
Região Agentes General Portugal EDP Inovação
General Portugal Millennium BCP
General Portugal Caixa Geral de Depósitos
Sevilla Fundación Cruzcampo Empresas investidoras de setores específicos Região Agentes General Andalucía BStartup (Banco Sabadell)
General Andalucía Telefónica Ventures y Amérigo
General Portugal NOS Comunicações Fundo de Investimento Corporate Finance Região Agentes
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Andalucía FES. Fondo de Economía Sostenible
General Andalucía Active Ventures Partners
General Andalucía Inveready Capital Company. Corporate Finance
General Portugal Caixa Capital
General Portugal Associação Portuguesa de Capital de Risco e de Desenvolvimento
General Portugal FCR[1] Fast Change.
General Portugal FCR PME Novo Banco. Fundo de Capital de Risco para Investidores Qualificados
General Portugal FINOVA. Fundo de Apoio ao Financiamento à Inovação
General Portugal FCR Caravela.
General Portugal FCR Central FRIE
General Portugal FCR PV Global 2
General Portugal FCR Valor 2
General Portugal Fundo de Sindicação de Capital de Risco PME‐IAPMEI
General Portugal Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas
General Portugal FCR ISQ Capital. Fundo de Capital de Risco para Investidores Qualificados
General Portugal FCR Novabase Capital. Fundo de Capital de Risco para Investidores Qualificados
General Portugal PV Portugal Capital Ventures. Sociedade de Capital de Risco
General Portugal PMEI – PME Investimetos. Sociedade de Investimento
General Portugal SPGM. Sociedade de Investimento
Madrid Kibo Ventures
Nacional Sabadell Venture Capital
Sevilla Foro de Inversores PCT Cartuja
Sevilla Sevilla Capital Inteligente
Nacional Bullnet Capital. Fondo Capital Riesgo
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INVESTIMENTO
4.2. Análise do investimento privado na zona de estudo
Os capítulos anteriores permitiram, entre outras questões, definir o mapa de serviços financeiros (tanto para empreendedor como para o próprio investidor privado) e conceptualizar os tipos e características de investimento privado e público para projetos empreendedores. Antes da caraterização e análise do investimento privado na zona de estudo, realiza‐se uma aproximação desta a nível de país.
4.2.1. Uma aproximação à situação do investimento privado: nível de país
O primeiro problema com que nos deparamos ao se tentar analisar o investimento privado do empreendedorismo é a falta de dados reais e verdadeiros, e é muito mais difícil de conseguir se tentarmos regionalizar ou segmentar essa informação. Desta forma, a única maneira que temos para realizar um processo de aproximação é tentar analisar alguns estudos e publicações elaborados por diversas associações e investigadores, todos eles geralmente desenvolvidos no campo das startup, onde existe um maior nível de acesso à informação. Neste sentido, apresenta‐se a seguir uma série de dados obtida de distintas fontes.
Segundo os dados analisados no quadro do Mapa do Empreendedorismo 2015 elaborado pela Spain Startup3, conclui‐se que o financiamento ainda é um dos principais problemas que os empreendedores(as) devem enfrentar em Espanha. Como dados aproximados, a Interoute Startups4 assinala que 84% das Startup iniciam com recursos próprios (58%) ou com apoio económico dos familiares ou amigos (26%), FFF (Friends, Family & Fools). Assim, apenas 16% dos projetos consegue fundos externos quer seja através de fundos privados ou créditos bancários. Analisando os dados segundo a fonte de financiamento podemos obter os seguintes resultados: A. CAPITAL DE RISCO Segundo demonstra o gráfico que se apresenta a seguir, o investimento privado em Espanha está muito abaixo da média europeia.
Investimento em capital de risco em relação ao PIB5
3 https://es.southsummit.co/ 4 https://interoutestartups.es/jump‐start‐up/ 5 http://www.incari.org/upload/Anuario2015/AN2015_Farres.pdf
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Fuente Invest Europa
Os dados compilados pela OCDE relativamente ao investimento em capital de risco em relação ao Produto Interior Bruto no ano de 2014 mostram uma situação desfavorável face a outros países que se consideram referência no setor na Europa (Reino Unido, França, Alemanha, Países Nórdicos) e no resto do mundo (Estados Unidos, Israel). Face a estes números, é natural perguntar‐se se existe um problema de oferta de capital disponível para investimento ou de procura de capital por parte de empreendedores(as) com projetos inovadores. Para responder a esta pergunta, bastar apontar duas dimensões para a análise: o significativo aumento de rondas de financiamento acima dos 10M€ durante o ano de 2015 e o crescente interesse por parte de fundos de venture capital estrangeiros em empresas espanholas de tecnologias da informação ou de ciências da vida, interesse corroborado pela crescente participação destes fundos estrangeiros em rondas de financiamento de crescimento, como revelam alguns dados do ano de
2015, em particular, centrados no setor de tecnologias da informação (TIC): Portanto, o problema existente em Portugal e Espanha relativo à falta de investimento privado em projetos empresariais é um problema estrutural, não de falta de iniciativas, motivado por duas questões fulcrais: em primeiro lugar porque a percentagem de participação dos investidores privados institucionais (leia‐se, fundos de pensões, instituições financeiras, grandes empresas privadas, etc.) é notoriamente baixo (cerca de 20%) em comparação com as médias europeias (cerca de 40%), e em segundo lugar que a evolução da participação dos investidores privados nos fundos de capital de risco registou uma tendência claramente em baixa, marcada sem dúvida pela crise financeira global de 2008. Em suma, a indústria do Capital de Risco é um fenómeno incipiente em Portugal e Espanha que está ainda longe dos valores de investimento de outros mercados com maior tradição. No entanto, se se tiverem em conta os crescimentos relativos, verifica‐se que a tendência em Espanha é muito positiva, tal como se aprecia no gráfico seguinte sobre a evolução da captação de fundos em Espanha, indicados no relatório de atividade da Associação Espanhola de Capital, Crescimento e Investimento.6
6 https://www.ascri.org/wp‐content/uploads/2016/06/Informe‐ASCRI‐2017.pdf
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INVESTIMENTO
Estes dados são também corroborados no relatório sobre Perspetivas do Capital de Risco em Espanha, elaborado pela equipa de Capital de Risco de KPMG em Espanha, no qual se destaca a positiva evolução que o segmento de Venture Capital e Private Equity está a registar em Espanha, sendo os investidores internacionais os principais protagonistas. O relatório assinala como bases do crescimento a melhoria da situação macroeconómica em Espanha, a disponibilidade de recursos para investir, assim como a maior fluidez do financiamento bancário. Também se deve destacar a continuidade do fundo de fundos público Fond‐ICO Global e o interesse por Espanha por parte dos investidores internacionais. Outro dos aspetos a destacar que se assinalam no relatório é que, para um pouco mais de metade dos executivos inquiridos, a geração de oportunidades de investimento no futuro será proveniente de assessores
externos, à frente da desenvolvida pelo próprio investidor, o que sem dúvida irá jogar a favor de todas as iniciativas que seguem nesta linha de apoiar a assessoria e a busca de iniciativas empresariais de interesse. Não obstante, se fizermos uma análise regional através do mapa seguinte, observamos que a Andaluzia está muito longe dos principais centros: Madrid e Catalunha
Com estes dados podemos obter as seguintes conclusões.
A evolução dos fundos de capital de risco em Espanha é muito positiva
Cada vez há mais fundos estrangeiros a investir em Espanha Cada vez mais se investe em projeto maiores A Andaluzia tem uma baixa taxa de participação no total nacional.
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O investimento em capital de risco em relação com o PIB em Portugal faz com que o país se posicione na 11ª posição do ranking apresentado anteriormente, encontrando‐se a um nível similar ao da Hungria, Noruega e Países Baixos. Esta situação mostra como este tipo de investimento se encontra mais consolidado em Portugal, cuja legislação se baseia na Lei nº 18/2015, de 4 de março, que estabelece o regime jurídico do capital de risco, do empreendedorismo social e do investimento especializado. Por parte do governo português, criou‐se o fundo de investimento Portugal Ventures destinado a fomentar a implementação de empresas e promover o capital de risco a partir de um capital inicial de 100 milhões de euros. A sua criação tem o objetivo de reforçar a oferta de instrumentos financeiros de capital disponível para as empresas portuguesas em fase de arranque. A Portugal Ventures investiu 2,3 milhões de euros em empresas novas em 2017. No gráfico seguinte7 observa‐se a evolução que o investimento sofreu através desta ferramenta nas empresas em fase de arranque:
7 https://eco.pt/2018/01/11/portugal‐ventures‐investiu‐78‐milhoes‐em‐2017/
As empresas que foram criadas centram‐se em três áreas muito específicas de atividade como são a tecnologia, a ciência e o turismo, sendo áreas fulcrais no crescimento do país. Portanto, pode‐se indicar que a evolução em fundos de capital de risco em Portugal é positiva, embora tenha sido reduzida em 2017 no caso de investimento em novas empresas. Um dos valores mais importantes no caso português é o investimento local, embora também conte com investimento privado externo. O país está muito consciente de que para crescer tem que apostar na criação das suas próprias empresas e que o investimento nas mesmas é fundamental. B. BUSSINESS ANGELS
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INVESTIMENTO
Em março 2012, o Fundo Europeu de Investimentos lançou um novo produto, o European Angels Fund, para fomentar o investimento por parte de investidores privados (os chamados “Business Angels”) em países selecionados da União Europeia. Graça a este, os investimentos por parte de investidores privados em PME inovadoras experimentou um crescimento significativo nos últimos anos, segundo mostram os dados da Associação Espanhola de Capital, Crescimento e Investimento (ASCRI) e, portanto, trata‐se de um mercado em formação e rápida evolução.
Investimento anual por parte de redes de business angels e aceleradoras8
Estes dados são corroborados pela AEBAN, Associação Espanhola de Business Angels, a qual no seu último relatório9 publicado em 2017 assinala os seguintes resultados:
8 http://www.incari.org/upload/Anuario2015/AN2015_Farres.pdf 9 http://www.aeban.es/sites/aeban.es/files/Informe%20AEBAN%202017.PDF
A atividade de investimento é realizada principalmente por investidores na faixa etária entre os 35 e os 54 anos. Em 2017, a parte inferior desta faixa, abaixo dos 44 anos, experimentou um ligeiro aumento para 43%, face aos 40% do ano anterior.
O âmbito internacional de investimento corresponde a 32% dos
mesmos.
A inclusão das mulheres neste segmento de investimento não registou uma evolução significativa, apenas um ponto de avanço desde o estudo anterior, alcançando 9% do total. Continua a ser, portanto, uma percentagem inferior à observada no Reino Unido e nos Estados Unidos.
O ano de 2016 foi positivo relativamente à chegada de novos
investidores ao mercado. 8% dos investidores iniciou‐se no investimento em 2016.
Desagregação dos Business Angels segundo a experiência10
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Os números de capacidade anual de investimento trazem boas
noticias aos empreendedores(as) que procuram maiores montantes de financiamento, já que mais de 8% dos investidores declaram dispor de mais de 500.000 euros, face aos 3,2% do ano de 2015. A percentagem de investidores com menos de 100.000 euros anuais aparece ligeiramente inferior a 2015, indicando claramente a necessidade de coinvestimento como via para a diversificação.
Quanto investe um Business Angels
Tickets médio do investidor
Os investidores iniciam‐se na atividade principalmente através da
chegada de uma oportunidade de investimento apresentada por amigos ou sócios (29%), seguidos daqueles que procuram iniciar‐
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INVESTIMENTO
se ativamente no investimento e, para tal, unem‐se a uma rede de business angels (26%).
Por que me tornei um business angel
Para além da fórmula para se iniciar no investimento, os amigos, os sócios e as redes confirmam‐se como as principais fontes de oportunidades de investimento uma vez que se mantêm no ativo. 29% dos investidores recorre a redes de investimento e 25% indica os seus amigos e sócios como fonte de projetos.
Como é que os business angels detetam oportunidades de investimento
Pela primeira vez, o referido relatório de AEBAN inclui dados sobre a avaliação das operações nas fases de semente e startup, apresentando valores médios de 800.000 euros e 1.700.000 euros respetivamente. Situando‐se a tranche alta a partir de 1.500.000 euros e 2.500.000 euros pre‐money, respetivamente.
As razões para não efetuar um investimento que estavam determinados a realizar estão principalmente relacionadas com a equipa empreendedora: bem como as dúvidas sobre a sua capacidade de gestão ou a falta de confiança na equipa.
A Andaluzia absorve apenas 6,8% do investimento nacional, ocupando o primeiro lugar Madrid com 36,1%, seguida pela Catalunha com 32,3%.
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Desagregação de investimento por comunidade autónoma
O investimento em Portugal por parte de Business Angels em fases iniciais da empresa foi de 18,3 milhões de euros em 2015. Em relação a 2014, o investimento realizado por estes investidores privados caiu 16%, segundo dados do relatório anual de EBAN, European Business Angels Network. Um total de 24 milhões de euros foram investidos por parte de 624 business angels portugueses. Se se tiver em conta os dados de 2014, cerca de 28 milhões de euros foram investidos através desta ferramenta, o que representa o dobro do investimento do ano de 2013. Já em 2015, Portugal foi um dos países europeus com mais dinheiro investido em termos de repercussão no PIB. C. CROWDFUNDING A atividade gerada pelo crowdfunding em Espanha durante o ano 2016 aumentou 92% face ao ano anterior.11
11 https://www.iebschool.com/blog/webs‐plataformas‐crowdfunding‐espana‐lean‐startup/
Segundo o estudo "Financiamento participativo (Crowdfunding) em Espanha, relatório anual 2016" realizado pela consultora Universo Crowdfunding, em colaboração com a Universidade Complutense de Madrid, o crowdfunding arrecadou em Espanha 112.592.388 euros em 2016, mais 116,09% que em 2015.12. As plataformas de empréstimo (crowdlending) são as que mais volume de capital gerem com 61.689.491 € (54% do dinheiro arrecadado em 2016). Segue‐se o crowdfunding imobiliário que esteve próximo dos 20 milhões de euros ao arrecadar no seu primeiro ano 19.135.951 € (17%). O crowdfunding de investimento (equity crowdfunding) é o que mais cresce percentualmente até chegar aos 16.078.958 € arrecadados (14%). Por seu lado, o crowdfunding de recompensas, também conhecido como "mecenato", continua a ser a referência para os que começam no mundo do crowdfunding com 12.339.750 € arrecadados (11%). Por último, as contribuições via crowdfunding de doações que chegaram aos 4.348.238 € (4%).
O número de plataformas ativas segue esta linha de crescimento, diversificação e profissionalização de que falámos. Segundo o referido estudo, no ano 2016 havia 48 plataformas ativas, um número superior face ao ano passado (44) e muito mais relativamente a 2013 em que havia 19 plataformas ativas. O Financiamento Participativo é uma ferramenta com um impacto significativo na criação de postos de trabalho e deveria ser cada vez mais um elemento central das políticas ativas de emprego. Dos nossos dados,
12 https://www.universocrowdfunding.com/
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INVESTIMENTO
podemos concluir que o Financiamento Participativo criou em Espanha entre 5.679 e 12.620 empregos diretos consoante os critérios de apuramento escolhidos.
O Financiamento Participativo está atrair um novo perfil de financiador não só atraído pela rentabilidade do seu investimento, os juros dos seus empréstimos ou o reduzido valor da sua pré‐compra, também pelos valores e propósitos da plataforma ou do projeto que financia. Procuram uma relação mais proactiva e colaborativa entre promotores e investidores que melhore a eficiência e potencie a participação. Segundo afirma o referido estudo, 2017 deve ter sido o ano da explosão do Financiamento Participativo em Espanha e há expetativas de superar os 200 milhões de euros. O crescimento do Crowdfunding a nível mundial continua a um ritmo muito bom. O crowdfunding é cada vez mais global, sobretudo o centrado em recompensas. Nos próximos anos, essa globalidade será ampliada a todos os tipos de crowdfunding, o que significará que poderemos investir em projetos do nosso interesse noutros países. Apesar dos bons dados, a Espanha tem um desafio muito importante no que se refere ao crescimento e consolidação. Os países anglo‐saxões continuam a ser líderes do Financiamento Participativo, muito acima do resto do mundo. Um dos dados mais relevantes sobre o crowdfunding em Portugal é que está regulado desde fevereiro de 2018 através da Lei nº3/2018, de 9 de fevereiro, que define o regime sancionador aplicável ao desenvolvimento da atividade de financiamento colaborativo e procede da alteração da Lei
nº 102/2015, de 24 de agosto, que aprova o regime jurídico do financiamento colaborativo. Desta forma, facilita‐se o investimento em startups, até ao momento não reguladas, embora se estabeleçam determinados limites para esta ferramenta de investimento. A norma expõe que não se pode exceder 10 vezes o valor global da atividade a financiar, estabelecendo‐se um máximo de 3.000 euros por investidor ou um total de 10.000 euros num período de 12 meses.
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4.2.2. Caraterização do investimento privado na zona de estudo
Depois de realizada a anterior aproximação a nível de país/região, a seguir, elaborou‐se uma radiografia que caracteriza a situação do investimento privado no âmbito do empreendedorismo na nossa zona de estudo, ou seja, a composta pelas províncias de Córdoba, Cádis, Sevilha e Huelva na Andaluzia, e as regiões do Algarve e Alentejo em Portugal. Devido à falta de dados estatísticos de empreendedorismo/investimento específicos do nosso território, realizou‐se uma análise qualitativa baseada no preenchimento de questionários especificamente concebidos para o nosso âmbito por parte das entidades de apoio ao empreendedorismo mais representativas de cada um dos territórios, que constituíram um exercício de aproximação para caracterizar esta realidade nos seus territórios. A partir daqui, a equipa redatora encarregou‐se de agregar os dados obtidos para caracterizar de forma geral o espaço de cooperação. Gracias à aproximação prévia realizada sobre a situação do investimento privado na zona de estudo, realizou‐se uma classificação inicial sobre tipos de investidores privados que têm presença na nossa zona de estudo, ajudando a dirigir o desenvolvimento de entrevistas realizadas com os intervenientes locais:
Perfil não profissional: Business Angel Perfil não profissional: Crowdfunding Perfil profissional: Fundos de investimento / Corporate Finance Perfil profissional: Empresas e/ou pessoas que procuram
oportunidades de investimento de interesse geral
Perfil profissional: Empresas e/ou pessoas que procuram oportunidades de investimento num setor específico.
De modo geral, pode‐se afirmar que, no âmbito de cooperação, os tipos de investimento com mais presença são os business angels, o crowdfunding e as empresas que procuram investimentos específicos, sendo menos recorrentes os das empresas em busca de investimentos de interesse geral e os fundos de investimento. Em Cádis, os agentes entrevistados consideraram os business angels como o tipo de investidor com mais presença, seguido dos fundos de investimento. Com menor presença, segundo esses agentes, o crowdfunding e as empresas em busca de investimento de interesse geral. Em Sevilha, pelo contrário, o business angels é o tipo de investimento com menos presença, só acima dos fundos de investimento, enquanto o crowdfunding é o mais utilizado por empreendedores(as), seguido dos restantes tipos. São as empresas que procuram investimentos específicos que têm mais presença em Córdoba.
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INVESTIMENTO
No território do Alentejo, deve‐se destacar a não presença do crowdfunding e dos fundos de investimento, não sendo identificados pelos agentes entrevistados. Os restantes tipos de investimento aparecem nesta região, embora seja conveniente indicar que 40% dos entrevistados indicam não conhecer essas ferramentas. Por último, no Algarve tem que se destacar que todos os entrevistados afirmam que há presença de empresas em busca de investimento de interesse geral e de investimento de caráter específico. 60º% afirma que o crowdfunding está presente, e 50% que os business angels também se encarregam de financiar projetos de empreendedorismo. O volume de investimento no nosso espaço de cooperação, como era de prever, é diferente em função do tipo de investimento. Assim, como
mostra o gráfico seguinte, para o investimento de business angels, crowdfunding e fundos de investimento (neste caso, provavelmente sociedade de investimento) o volume de investimento por projeto de empreendedorismo é inferior a 25.000,00€. Destaca‐se que o tipo “empresas em busca de investimentos específicos” é o que realiza maiores investimentos, estando maioritariamente acima dos 100.000,00€.
É de interesse realçar como, segundo dados facultados pela Fundação Andaluzia Empreende, mais de 80% dos empreendedores(as) das quatro províncias andaluzas da rede ESPOBAN, realizam um investimento inicial de menos de 20.000€ para arrancar o negócio, o qual nos ajuda a
[Red
e de
Business
Angels]
[Crowdfun
ding
]
[Fun
do de
investim
ento/Corp
orate...]
[Empresas em
busca de
...]
[Empresas em
busca de
...]
Presença de investidores segundo a sua tipologia.
Sim Não
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dimensionar, por um lado, o tipo de projeto empreendedor a financiar e, por outro lado, os tipos de investidores com mais potencialidade de investir na Andaluzia. Relativamente ao prazo estimado dos investimentos na zona de estudo, cumprem os padrões comuns destas ferramentas. Assim, por exemplo, todos os entrevistados concordam que o crowdfunding tem sempre um prazo inferior a três anos. Da mesma forma, os business angels têm um prazo de investimento estimado que varia entre o intervalo de menos de 3 anos e o de entre 3 e 5 anos.
Segundo os intervenientes inquiridos, o turismo e as TIC são os setores produtivos que estão a receber atualmente mais investimento privado, seguidos da indústria e do comércio.
Atualmente, na nossa zona de estudo, os canais de comunicação habitual entre investidores e empreendedores são diversos. Por um lado, encontram‐se os que fornecem associações empresariais e/ou organizações mistas como as Câmaras de Comércio e Indústria de Espanha, ou entidades públicas de apoio ao empreendedor como é o caso do IAPMEI, I.P. ‐ Agência para a Competitividade e Inovação em Portugal, ou a Fundação Andaluzia Empreende. Estes contam com diretórios de investidores, fazendo parte de redes que facilitam esta catalisação entre investidor e empreendedor, organizando frequentemente eventos para dinamizar encontros entre ambas as partes. Do mesmo modo, outros intervenientes entrevistados referem‐se ao investimento gerado no quadro das redes de contactos empresariais organizados em estruturas
[Rede de Business Angels]
[Crowdfunding]
[Fundo de investimento/Corporate…
[Empresas à procura de investimentos…
[Empresas à procura de investimentos…
Posição estimada do investimento dos agentes investidores da zona.
Entre 6 y 10 años Entre 3 y 5 años Menos de 3 años
Cultura/Lazer
Imobiliário Construção
Tecnologia da informação
Restauração
Turismo
Comércio
Indústria
Pesca
Agricultura
Setores produtivos que recebem mais financiamento privado.
Cádis Córdova Sevilha Algarve Alentejo
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como a do BNI. Em relação ao crowdfunding são cada vez mais as plataformas on‐line que diversas entidades, públicas e privadas, promovem para favorecer o investimento. O grau de motivação principal dos investidores não profissionais no nosso âmbito de atuação é o de se assegurar receitas no futuro, embora seguida muito de perto pelas outras três motivações que constam nas perguntas aos intervenientes inquiridos.
Devemos destacar que, em Cádis, os agentes entrevistados indicam, contrariamente à resposta geral, que a principal motivação para investir é a “Forma de colocação da poupança”. Existem três problemas quando se trata de investir, mais analisados pelos intervenientes entrevistados. Estes são o “medo de não ter o controlo do negócio”, a “desconfiança” no sucesso do projeto de empreendedorismo, e o “desconhecimento do processo de investimento”.
Em qualquer caso, territorialmente os problemas com prioridade dos intervenientes diferem relativamente. Assim, por exemplo, Cádis deteta como problemática maior a “falta de projetos de interesse” para se investir; Alentejo deteta a “falta de interesse” dos investidores nesta zona; ou Córdoba identifica a escassa “formação (conhecimentos) como investidor” como uma das suas principais problemáticas. Em relação às vantagens para investir em ideias empreendedoras na zona da Rede ESPOBAN, as mais importantes segundo os intervenientes locais é a de “diversificar”, seguida da “rentabilidade” que os seus investimentos lhe dão”, e com uma similar importância relativa as de “entrar em novos mercados” e a de “potenciar a imagem”.
Falta de projeto de interesse
Formação (Conhecimento) como…
Medo de não ter o controlo do…
Falta de interesse
Desconhecimento do processo de…
Desconfiança
Principais problemas ao investir
Cádis Córdova Sevilha Algarve Alentejo
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Territorialmente, é digno de nota que enquanto Córdoba, Sevilha, Cádis e o Alentejo destacam maioritariamente como vantagem ao investir a de “diversificar”, no Algarve, destaca‐se a de “Entrar em novos mercados”. Por último, devemos indicar que uma boa parte dos agentes entrevistados indicaram que conhecem investidores e/ou potenciais investidores de projetos de empreendedores(as) no âmbito da Rede ESPOBAN e que, portanto, poderão participar nos fóruns de investimento e em qualquer outra atividade de aproximação do investimento privado ao território.
Autoemprego parafamiliares
Diversificar
Entrar em novosmercados
Benefícios fiscais
Rentabilidade
Potenciar imagem
Ventagens de se investir em ideias de negócios inovadoras
Cádis Córdova Sevilha Algarve AlentejoNão Sim (em branco)
Teria sócios interessados em participar em fóruns de investimento?
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5. MATRIZ POR TIPOLOGIA DE INVESTIDORES, MODELOS DE INVESTIMENTO
Uma vez conceptualizado e definido o quadro do financiamento, é o momento de se definir a matriz por tipologia de investidores adaptado ao nosso âmbito territorial. Desta forma, e para se definir a referida matriz, realizámos a seguinte segmentação dividindo as fontes nas seguintes tipologias: o FFF (Family, Friends & Fools). Pessoas do contexto do empreendedor
que decidem investir pequenas quantias na sua empresa. o Business Angels. Investidores que contribuem com o seu próprio
dinheiro para empresas não cotadas promovidas por pessoas que lhe são alheias.
o Crowdfunding. Contribuição de pequenas quantias de dinheiro que procedem de muitas pessoas destinadas a empreendedores para os ajudar a colocar em marcha os seus projetos (o conceito inclui o Crowdlending, Playfunding e Crowdsourcing).
o Fundos de investimento/Corporate Finance. Fundos principalmente de natureza privada que são geridos por uma equipa de especialistas experientes em termos de investimento que procuram lucros a longo prazo.
o Empresas e/ou pessoas que procuram oportunidades de investimento de interesse geral ou setorial.
o Financiamento bancário.
o Créditos participativos. Instituições de apoio ao empreendedorismo que investem através de empréstimos reembolsáveis ou compra de participações sociais (ENISA).
o Subvenção pública. Uma vez definida a tipologia de investidores, vamos realizar uma segmentação em função das seguintes variáveis: Perfil do investidor, entendido este como o grau de
profissionalização que o investidor tem ao participar nos diversos projetos nos quais investe, contemplando três estados:
Perfil público/institucional, quando o investidor é uma
agência ou administração pública que investe ou concede ajudas para fomentar a geração de riqueza e emprego.
Perfil profissional, quando o investidor é uma empresa que se dedica de forma profissional à concessão de crédito ou ajudas, ou à compra de ações a título privado.
Perfil não profissional, quando o investidor é uma pessoa singular ou coletiva que investe num projeto sem o apoio de uma estrutura profissional que lhe dê apoio.
Maturidade do projeto de financiamento, entendendo‐se esta variável como o estado de desenvolvimento deste, exposto em fases: inicial, desenvolvimento e maturidade.
Dentro do nosso âmbito da Rede ESPOBAN, o grau de maturidade dos projetos que procuram financiamento está muito distribuído, destacando‐se fundamentalmente empresas em fase de nascimento.
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Grau de controlo sobre o projeto, entendendo‐se esta variável como o envolvimento que a fonte de financiamento tem sobre o controlo da empresa, estabelecendo três estados:
Grau de controlo. Mede a participação do investidor
como acionista, que poderá ir da incorporação no capital sem estar na tomada de decisões (participação passiva), até quando o investidor irá participar como acionista e na tomada de decisões (participação ativa).
Grau de Garantias. Quando o investidor obtém como garantia o próprio projeto em si; se não me devolver o dinheiro, fico com a sua empresa.
Grau de serviços. Quando aquilo que o investidor irá obter é um serviço por emprestar‐lhe dinheiro.
Sem dúvida, uma das variáveis a considerar, obtida dos inquéritos realizados, é que os principais problemas ao investir, juntamente com o desconhecimento do processo investidor, é a desconfiança e o medo de não ter certo controlo sobre o projeto.
Capital tecnológico, entendendo‐se esta variável como o
envolvimento que o capital tecnológico tem dentro do projeto, estabelecendo duas variáveis:
Alta qualificação, quando o projeto de
empreendedorismo requer uma alta capacidade tecnológica.
Baixa qualificação, quando o projeto de empreendedorismo requer uma baixa capacidade tecnológica.
Montante do investimento, entendida esta variável como o
grau de financiamento que o projeto de investimento requer, distinguindo entre:
Alto: mais de 100.000 euros Médio: entre 25.000 e 100.000 euros Baixo: menos de 25.000 euros.
A ampla maioria dos inquiridos respondeu que as empresas em busca de investimentos específicos são as que realizam um investimento superior a 100.000€, os restantes agentes mantêm‐se, de modo geral, em níveis inferiores a 25.000€, sendo o agente “Empresas à procura de investimentos de caráter geral” que mantêm uma percentagem de investimento um pouco superior a 25.000€.
Nesta mesma linha, e como tónica geral, os inquiridos respondem que todos os agentes, menos os fundos de investimento, sobre os quais não há dados suficientes, têm um prazo estimado de investimento de entre 3 e 5 anos, exceto o Crowdfunding que tem um prazo de investimento um pouco inferior a 3 anos. Com esta tipologia de investimento privado e esta segmentação de cada uma delas segundo o perfil do projeto de empreendedorismo no nosso âmbito de aplicação, obtemos a seguinte matriz de investidores, cujo objetivo é adaptá‐la ao nosso contexto. Note‐se que, na última fila da referida matriz, aparece o grau de presença da forma de financiamento dentro do nosso âmbito de atuação, com três
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níveis: alto, médio e baixo, em função do número de agentes que operam dentro do território.
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Matriz de caraterização dos investidores da REDE ESPOBAN
Perfil do investidor
Tipologia de investimento
Variáveis preferenciais por perfil investidor
Grau de maturidade Grau de participação Capacidade
tecnológica
Montante do Investimento
Presença no nosso âmbito de atuação
Não profissional
FFF Início Participação passiva Alto e baixo Média e baixa Alto
Business Angels Início e consolidação Participação passiva Alto Média e alta Médio
Crowdfunding Início Garantias ou serviço Alto Baixa e média Médio
Profissional
Fundos de investimento
Consolidação e crescimento Participação ativa Alto e baixo
Alta Baixo
Empresas e/ou pessoas
Consolidação e crescimento Participação ativa Alto e baixo
Média e alta Baixo
Financiamento bancário
Início, consolidação e crescimento Garantias Alto e baixo
Baixa, média e alta Alto
Público Créditos participativos Início, consolidação
e crescimento Garantias Alto e baixo Baixa, média e alta Alto
Subvenção pública Início, consolidação e crescimento Garantias ou serviços Alto e baixo
Baixa, média e alta Alto
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Realizando uma análise comparativa entre o grau de maturidade do projeto e o grau de envolvimento do investidor no negócio, obtemos o seguinte gráfico:
Com isso, queremos estabelecer um primeiro critério ao selecionar o tipo de investidor que estou a procurar consoante o estado de desenvolvimento em que se encontra o meu projeto e o grau de envolvimento no negócio que estou disposto a oferecer ao investidor.
Da mesma forma, podemos estabelecer uma comparação entre o capital tecnológico e o grau de maturidade do projeto, obtendo o gráfico seguinte.
Com isso, estou a introduzir como variável, quando se seleciona o perfil do meu investidor, a fase na qual se encontra o meu projeto e o capital tecnológico do mesmo.
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6. ROTEIRO DO POTENCIAL DE INVESTIMENTO PRIVADO E INTEGRAÇÃO NA REDE ESPOBAN
Para terminar o estudo, vamos realizar uma definição das diferentes atuações a desenvolver para se criar uma rede de financiamento de projetos de empreendedorismo, dividida em três etapas:
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FASE 1. LOCALIZAÇÃO DE INVESTIDORES. Já temos uma ideia bastante clara das diferentes tipologias de investimentos existentes e da sua caracterização, trata‐se, nesta fase de iniciar os mecanismos que nos permitam localizar os eventuais investidores e fazer com que participem no projeto ESPOBAN. Para tal, partimos da base do estudo realizado pela Associação Espanhola de Business Angels na qual se conclui que 29% dos business angels iniciam a sua atividade através de amigos (29%), redes (26%) e através de eventos e conferências (14%). Assim, propomos as seguintes atuações a desenvolver dentro desta fase: Publicidade: trata‐se de dar a conhecer o projeto ESPOBAN à
sociedade, com o seguinte desdobramento de atuações: o Desenvolvimento de materiais promocionais da própria rede o Participação noutros fóruns de investimento para expor a
iniciativa ESPOBAN o Elaboração de guias para investir com exposição de casos de
sucesso. o Realização de prémios para projetos de empreendedorismo a
nível local, que sirvam de exemplo e referência tanto para empreendedores como para eventuais investidores.
Reuniões com investidores: trata‐se de realizar uma série
de sessões de informação e formação sobre as várias fórmulas existentes para investir em projetos empresariais de alto valor.
Criação da rede ESPOBAN, trata‐se da criação de um portal para o investidor, onde os eventuais investidores possam interagir mediante a criação de fóruns de debate, onde se informe sobre as várias iniciativas que se realizam tanto por parte das instituições como por parte dos(as) empreendedores(as).
Parcerias estratégicas, trata‐se de conseguir a participação
na REDE ESPOBAN das várias associações e portais de investimento existentes em Portugal, Espanha e a nível internacional, mediante a celebração de acordos de colaboração. Em suma, trata‐se de conectar redes de investidores com a rede própria do projeto.
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FASE 2. SELEÇÃO DE ITINERÁRIO serviços ao investidor
Uma vez localizados os investidores de acordo com o seu perfil, chega a hora de lhes disponibilizar uma oferta de serviços que permita ao investidor satisfazer as suas necessidades consoante o seu perfil. Para o efeito, definimos uma carteira de serviços a oferecer ao investidor que é dividida nos seguintes, conforme descrito no ponto 3.2. do presente estudo: Serviços de informação. Serviços de feedback. Serviços de rede ou comunidade. Ficha de valor. Serviços de formação e assessoria.
Nem todos os investidores partem da mesma base. Principalmente, os investidores não profissionais. Estes poderão requerer, para além da informação prévia dos setores estratégicos e de uma assessoria individualizada, uma formação específica e concreta do território da Rede ESPOBAN sobre aspetos relacionados com as tendências, a rentabilidade e os próprios nichos de mercados dentro do setor em que se especializa, se for o caso, permitindo‐lhes direcionar os seus investimentos e a sua estratégia de rentabilidade.
Outros investidores, no entanto, irão requerer apenas a “ficha de valor” do projeto de empreendedorismo e/ou do perfil do empreendedor e um acompanhamento inicial no encontro com este. Tudo dependerá, em qualquer caso, do tipo de investidor. Como tal, será necessário atribuir um itinerário de serviços para cada investidor, maximizando assim o potencial do investimento em cada projeto empreendedor. Neste sentido, as tarefas que terá que realizar no âmbito desta fase são: Definição dos serviços a oferecer por cada sócio (mix de serviços) Desenvolver um itinerário de serviços em conformidade com os
tipos de investidores Criar e comunicar os itinerários Estabelecer indicadores que permitam analisar o sucesso de cada
itinerário.
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FASE 3 REALIZAÇÃO DE CONTACTO COM INVESTIDOR EMPREENDEDOR. Como último passo para a criação de um ecossistema verdadeiramente eficiente na procura de financiamento para empreendedores(as), deve‐se conceber uma série de ferramentas que permitam conectar os investidores com os empreendedores. Para tal, propõem‐se as seguintes atuações:
Parcerias estratégicas. Orientados para a procura de
financiamento público, serão estabelecidos acordos com instituições que apoiam o empreendedorismo, facultando informação ao empreendedor sobre como aceder a estes fundos e ajudando‐os a aceder aos mesmos de maneira preferencial em função das características deste. É uma questão de se valorizar a ferramenta de caracterização a ser desenvolvida perante as instituições, poupando‐se as formalidades de estudo e análise.
Convénios ESPOBAN. O objetivo é conseguir alcançar
acordos com instituições financeiras e empresas do setor privado que apoiam o empreendedorismo, facultando ao empreendedor o acesso a este tipo de iniciativas, ou o acesso a financiamento preferencial. Como no caso anterior, trata‐se de valorizar a ferramenta de caraterização, poupando‐se tempo durante toda a fase administrativa e de estudo com que se trabalha neste campo.
Fóruns Virtuais ESPOBAN. Será realizado o desenvolvimento de fóruns virtuais para facilitar o encontro entre eventuais investidores e empreendedores que procuram fontes de financiamento.
Fóruns ESPOBAN. Trata‐se de celebrar uma série de encontros presenciais entre investidores e empreendedores, mediante a organização de rondas de financiamento clássicas, mas com uma determinada orientação setorial, mediante a valorização da ferramenta de caraterização, o que nos irá permitir segmentar muito bem os projetos em função do perfil dos investidores.
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Reuniões setoriais. Trata‐se da organização de reuniões entre empreendedores e investidores com um vincado perfil setorial, onde as iniciativas girem à volta do valor acrescentado que oferece cada um dos projetos dentro de um determinado setor, com o objetivo de atrair investidores com um perfil mais empresarial que financeiro, que procure desenvolvimento de negócios complementares ao seu tanto a nível territorial (ampliar o seu mercado no contexto do projeto) como a nível de integração de serviços (procurando negócios que complementem a sua oferta de serviços ou uma integração vertical do mesmo).
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NOTA METODOLÓGICA: Para cada um destes pontos de encontro entre investidores‐empreendedores, o “Estudo de análise e caraterização do Empreendedorismo, no âmbito da Rede ESPOBAN”, que complementa o presente Estudo do Investimento, estabelece a ligação que cada uma das referidas ferramentas tem, em função do tipo de investidor e da fonte de
financiamento, com os diferentes tipos de projetos empreendedores. A seguir, como exemplo, apresenta‐se a ligação que pode ocorrer entre investidores‐empreendedores no caso de desenvolver os CONVÉNIOS ESPOBAN.
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INVESTIMENTO
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ESTUDO, ANÁLISE E CARATERIZAÇÃO DO INVESTIMENTO PRIVADO PARA O EMPREENDEDORISMO NO SUL DE PORTUGAL E ESPANHA
Edição: FEVEREIRO, 2018
Conceção e elaboração
Cercania Consultores.