BIOÉTICA: Substantivo Plural Dr. Irnak Marcelo Barbosa Prof. Bioética da Puc-Rio.
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BIOÉTICA: Substantivo Plural
Dr. Irnak Marcelo BarbosaProf. Bioética da Puc-Rio
BIOÉTICA1969- Callahan e Gaylin- Hastings Center1970- Van Rensselaer
Potter(oncologista) “Bioethics: a bridge to the future”
1971-André Hellegers(obstetra) – fundador do Kennedy Institute
1979- Beauchamp and Childress-“Principles of biomedical ethics”
BIOÉTICAO QUE É BIOÉTICA
- Não é nova ciência- Não é ramo da filosofia - Não é ética ou moral
Conhecimento(disciplina) complexo(a),com características interdisciplinares e multidisciplinares, e natureza problematizadora.
BIOÉTICA
Ética Médica a Bioética1) Ética Médica Hipocrática
2) Moral Médica e inspiração teológica
3) Filosofia Moderna 4) Reflexão sobre os direitos do Homem
BIOÉTICAÉtica Médica Hipocrática(460 a 370 a.c.)
Paternalismo Médico -Funções da Medicina:
1) Aliviar o sofrimento 2) Reduzir a intensidade das doenças 3) Abster-se de curar as pessoas com doenças intratáveis
BIOÉTICAMoral médica e inspiração teológica
- Valor da pessoa humana no Cristianismo - Nova visão do Mundo e da Humanidade ( parábola do Bom Samaritano) - “Christus patiens” e Christus servus” - Comunidade Cristã dá vida aos hospitais
BIOÉTICAReflexão religiosa e filosófica sobre os
Direitos do Homem-”Discursos e Radiomensagens de Pio XII” -“Concílio Vaticano II” : Gaudium et Spes e Humanae Vitae - Processo de Nuremberg (1945-46) - Códigos de Deontologia Médica - Declaração universal dos direitos do homem (1948)
BIOÉTICAPeríodos da Bioética:
- 1960-1977: Nascimento do diálogo bioético
- 1978-1997: Maturação e consolidação da bioética - 1998- 3º milênio: Ir além da bioética clínica
BIOÉTICA: 1o período-(1960 a 77)
Progresso científico e tecnológico
Diálogo Bioético
Início da UTI, transplantes renais e diagnóstico MC.
Hastings Center
Progresso da biologia molecular, psicofarmacologia
Potter: biotecnologia na mão de poucos
Diagnóstico afecções prénatais
Kennedy InstituteAndré Hellegers
BIOÉTICA
N ão M alifi ciência
J ust iça
Benefi ciência
A ut onomia
Pr incípios Bioét icosPr incipialismo
BIOÉTICA: 2º Período (1978 – 97)
1978 – 1º bebê de proveta, Louise Brown ( Inglaterra)
1978 – Relatório de Belmont, normativas para pesquisa em seres
humanosGrupo Internacional de Estudos
Bioéticos
BIOÉTICA: 3º Período - (1998 – 3º milênio)
Quatro desafios importantes:1) Orientar as decisões na bioética
clínica, baseado nos princípios bioéticos, tendo o consentimento informado como modelo.
2) Ir além da bioética clínica como disciplina para entrar nos desafios interdisciplinares, na qual os conhecimentos médicos não são decisivos
BIOÉTICA: 3º Período - (1998 – 3º milênio)
Quatro desafios importantes:3) Manter vivo um diálogo de
qualidade com as humanidades, a filosofia, a teologia e o direito.
4) Saber diferenciar a ética autônoma no contexto da fé, da ética da fé, sem perder a essência e o diálogo das duas.
BIOÉTICACaracterísticas do diálogo bioético do
Kennedy Institute:1) Diálogo interdisciplinar
entre cientistas e humanistas, como método de trabalho
2) Racionalidade dos argumentos pondo entre parêntesis os critérios de autoridade
BIOÉTICACaracterísticas do diálogo bioético do
Kennedy Institute: 3) Convencimento de que os novos problemas propostos, necessitam de respostas novas. 4) Importância do diálogo ecumênico para enriquecer-se com a reflexão das grandes tradições religiosas 5) Provisoriedade das respostas
BIOÉTICA
Tudo aquilo que tecnicamente é possível, é eticamente aceitável ?
Tudo que é tecnicamente possível, deve ser feito ?
Como e quem há de por os limites ? quem controlará os controladores ?
Bioética - Caso 1O Sr. Larry Baird, que é um chefe
indígena canadense da tribo Ucluelet, no início dos anos 1980 autorizou a utilização de amostras de seu sangue para fins de pesquisa em artrite, cujo objetivo era avaliar aspectos genéticos associados as doenças reumatológicas. O geneticista responsável pela pesquisa, Dr. Richard Ward, coletou sangue de outros 900 indígenas. Este estudo foi publicado em 1988.
Bioética – Caso 1 No final da mesma década o geneticista
Richard Ward, pesquisador responsável pelo projeto, se mudou do Canadá para os Estados Unidos, pois obteve um auxílio do Departamento de Saúde norte-americano para suas pesquisas, levando consigo todas as amostras de sangue. Desde a mudança do geneticista os indígenas não obtiveram respostas sobre o que havia sido feito com o material biológico estocado. Em 2000 ficaram sabendo que o Dr. Ward havia utilizado este mesmo material biológico para outros estudos em diferentes locais do mundo, sem ter solicitado novo consentimento.
Bioética – Caso 1 Atualmente o Dr. Ward é o diretor do
Instituto de Antropologia Biológica da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
O Conselho Tribal reunido de 27 a 29 de setembro de 2000 decidiu solicitar a devolução de todas as amostras de sangue que o Dr. Ward ainda possuir para evitar outros usos indevidos. O consentimento informado que havia sido dado pelos sujeitos da pesquisa era específico para a pesquisa em artrite reumatóide.
Bioética – Caso 2 O barco William Brown, em 1841, afundou
ao chocar-se contra um iceberg. Um dos botes salva-vidas estava cheio e vazando. Com o objetivo de reduzir a carga, jogaram 14 homens ao mar. Duas irmãs, de homens que foram jogados, também se atiraram. Os critérios utilizados foram que casais não seriam separados e todas as mulheres seriam preservadas. Todos os que ficaram no barco se salvaram. Holmes, que era marinheiro, foi o único membro da tripulação processado por homicídio.
Bioética – Caso 2 O juiz disse que deveriam ter sorteado as
pessoas que deveriam ser salvas. Sentença do juíz: "Em nenhuma forma, além desta (sorteio) ou outra similar, eles teriam direitos iguais em bases iguais, e em nenhuma outra forma é possível resguardar contra a parcialidade e opressão, violência e conflito".
Edmond Chan criticou a sentença do juíz do caso Holmes, pois esta situação de crise envolve uma aposta muito alta para ser simplesmente resolvida com uma jogada e as responsabilidades são muito grandes para serem deixadas a cargo do destino.
Bioética – Caso 3 Um senhora, com 44 anos, mãe de 5 filhos, todos
do sexo masculino, solicitou a um médico que realizasse um procedimento de inseminação artificial com prévia seleção de gametas masculinos apenas com cromossomo X, isto é, que gerassem apenas embriões do sexo feminino, com a finalidade de realizar um grande desejo e superar a profunda frustração de não ter uma filha. Os médicos afirmaram ao juiz que nenhuma terapia havia tido sucesso em melhorar o quadro depressivo desta paciente, que havia sido agravado pelo diagnóstico errado na sua última gestação. Nesta ocasião informaram-lhe que estava gestando uma menina, porém nasceu o seu quinto filho homem. A idéia de ter uma filha que a cuidasse na velhice tornou-se uma obsessão para ela, também de acordo com o relato médico.
Bioética – Caso 3 Neste mesmo documento os médicos
afirmavam que o procedimento que a paciente queria submeter-se era simples e sem riscos, com um único senão que era o de não poder garantir em 100% das situações possíveis, que ela gestaria uma filha.
O juiz solicitou pareceres de vários peritos médicos, incluindo psiquiatras. Todos eram favoráveis a realização do procedimento, pois não reconheciam qualquer impropriedade e vislumbravam a possibilidade de que tendo uma filha esta senhora melhoraria do quadro depressivo refratário a tratamentos até então utilizados.
Bioética – Caso 3 Com base nestes depoimentos e
pareceres o juiz de primeira instância autorizou judicialmente , em 2/8/1990, a realização dos procedimentos nesta senhora. A promotoria pública recorreu da decisão e a sentença foi revogada em segunda instância. A senhora solicitou um recurso ao Supremo Tribunal que o julgou inadmissível.
Este fato ocorreu em Barcelona/Espanha.
Bioética – Caso 4 Paciente masculino de 74 anos de idade,
portador de carcinoma brônquico avançado, com múltiplas metástases ósseas, hepáticas e cerebrais. Interna por dificuldade respiratória progressiva. No momento da internação queixa-se de muitas dores que não estão sendo controladas por um esquema analgésico muito forte, a base de morfina por via oral, que também lhe provoca muitos sintomas desagradáveis (náusea, tontura e constipação rebelde). O paciente tem conhecimento do seu diagnóstico bem como sua família. No seu primeiro dia de internação pede ao seu médico assistente que não institua nenhuma medida terapêutica extraordinária e que acelere sua morte.
Bioética – Caso 4 A família tem conhecimento das vontades do
paciente e fica dividida: a esposa acha que o paciente deve ser atendido em seus desejos finais, ao passo que seu filho único acha que os médicos devem fazer “tudo que estiver ao seu alcance para mantê-lo vivo”.
O paciente em uma madrugada apresenta um quadro de insuficiência respiratória aguda, decorrente de um episódio de aspiração de vômito. A equipe de plantão decide transferir o paciente para a Unidade de Tratamento Intensivo, uma vez que o médico assistente não havia sido localizado, não havia qualquer recomendação de conduta em prontuário, o paciente estava sofrendo e a família estava dividida com relação aos limites de tratamento.
Bioética – Caso 4 Na UTI o paciente é intubado e responde
bem ao tratamento clínico com antibióticos, mas permanece clinicamente instável, com episódios convulsivos , dor e dificuldade respiratória progressiva.
O paciente insiste em retornar para seu quarto com o apoio de sua esposa. Seu pedido é atendido por seu médico. O falecimento ocorre em 4 dias, diante de um novo episódio de infecção respiratória, que o seu médico, sem consultar a família, decide não mais tratar.
Muito obrigado