Relatorio do workshop elefantes no algarve 2012 vitor silva
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Universidade do Algarve
Faculdade de Ciências e Tecnologias
Mestrado em Arquitectura Paisagista
Relatório do Workshop Internacional de
Arquitectura, Paisagem, Urbanismo e
Turismo
Elefantes no Algarve?Onde?Quem?Quando?
De 28 de Março a 02 de Abril de 2012
Disciplina: Tópicos de Arquitectura Paisagista II
Ano Lectivo: 2011/2012—2ºSemestre
Discente: Vitor Alexandre Da Silva, Aluno Nº37473
Docente: Phd Arquitecto Paisagista Desidério Baptista
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Índice
Introdução pág.3
Metodologia pág.3
Objectivos pág.3
Programação pág.4
Grupo de trabalho e Área de Intervenção pág.5
Breve enquadramento Geográfico e Histórico pág.5
Apresentação 1 pág.6
Apresentação 2 pág.10
Apresentação Final pág.13
O problema actual no CPRIII
Da Babilónia ao Camarinha
Estratégia de Intervenção—Babilónia 2012
Conclusão sobre a minha participação no Workshop pág.19
3
Introdução
O workshop “Elefantes no Algarve?Onde?Quem?Quando?”, surgiu de uma par-ceria entre o Projecto de Investigação e Desenvolvimento com o apoio do Consór-cio NEOCIVIL/MSFO, o Departamento de Arquitectura e Paisagem da Escola Uni-versitária Vasco da Gama de Coimbra, o Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes de Portimão (ISMAT) e a Delegação do Algarve da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, na qual convidaram alunos nacionais e internacionais de Universi-dades de Arquitectura, Urbanismo e Paisagem. Este Workshop Internacional de Arquitectura, Paisagem, Urbanismo e Turismo decorreu durante cinco dias, entre dia 28 de Março e 2 de Abril de 2012, nas insta-lações do ISMAT, em Portimão e as instalações da Escola EB1 de Ferragudo, no Concelho de Lagoa, e apresentou um programa de trabalhos de investigação com o objectivo primordial de uma reflexão práctica acerca do impacto destas disciplinas
na reabilitação urbana.
Metodologia
Durante o Workshop foram lançados vários desafios que procurava direccionar e orientar cada Grupo de Trabalho para soluções que poderiam servir de resposta aos problemas de reabilitação de espaços e edifícios, visando a sua viabilidade económica e cultural. O desenvolvimento do Workshop decorreu em regime intensivo alternando entre a práctica de Atelier, Sessões de Esclarecimento e Seminários Complementares, sendo no final de cada sessão de trabalho apresentado o estado de desenvolvi-mento da soluções encontradas a um painel de Académicos, Profissionais e Técni-cos locais, ao qual estes comentavam as soluções encontradas. As áreas de intervenção localizavam-se em 4 lugares distintos, Lagos, Alvor, Praia da Rocha e Ferragudo. Para cada área de intervenção foram formados 2 grupos entre 5 e 7 alunos acompanhados por 2 professores responsáveis pelo desenvolvi-
mento e coordenação das actividades de trabalho.
Objectivos
Os objectivos de cada grupo de trabalho, constituído por estudantes em colabora-ção com Professores Tutores, foram examinar o impacto do turismo, avaliar e pro-por processos de reabilitação urbana, definir oportunidades para os diversos secto-res, identificar métodos de intervenção ao nível conceptual e práctico e compreen-der a viabilidade económica, legal e ambiental das propostas sobre a sua área de estudo. Tendo sido apresentado no dia 2 de Abril os resultados finais no Museu Municipal
de Portimão.
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Programação
Dia 1 (28 de Março de 2012)
18:00 > 18:30 | ISMAT, Portimão. Sessão de Abertura >18:30 > 19:00 | ISMAT, Portimão. Apresentação do Workshop > Arqº Ricardo Camacho + Arqº Ivan Rupnik 19:30 > 20:00 | ISMAT, Portimão. Apresentação da Baía de Lagos
Dia 2 (29 de Março de 2012)
9:00 > 12:00 | Portimão/Lagos. Visita à Baía de Lagos > Passeio de Barco
12:00 > 15:00 | Lagos, Alvor, Praia da Rocha, Ferragudo. Visita de grupos aos respecti-vos locais de estudo 15:00 > 20:00 | ISMAT, Portimão. Sessão de Trabalho
Dia 3 (30 de Março de 2012)
0:00 > 13:00 | ISMAT, Portimão. Sessão de Trabalho 13:00 > 14:00 | ISMAT, Portimão. Pausa para Almoço 14:00 > 19:00 | ISMAT, Portimão. Sessão de Trabalho 20:00> 22:00 | Ferragudo. Festa Crítica > Jantar volante + Sessão de Apresentações
Dia 4 (31 de Março de 2012)
10:00 > 13:00 | Escola EB1, Ferragudo. Sessão de Trabalho 13:00 > 14:00 | Escola EB1, Ferragudo. Pausa para Almoço 14:00 > 19:30 | Escola EB1, Ferragudo. Sessão de Trabalho 20:00> 22:00 | Ferragudo. Festa Crítica > Jantar volante + Sessão de Apresentações
Dia 5 (01 de Março)
10:00 > 13:00 | Escola EB1, Ferragudo. Sessão de Trabalho 13:00 > 14:00 | Escola EB1, Ferragudo. Pausa para Almoço 14:00 > 19:30 | Escola EB1, Ferragudo. Sessão de Trabalho 20:00> 22:00 | Festa Crítica > Jantar volante
Dia 6 (02 de Março) 10:00 > 13:00 | Museu Municipal , Portimão. Sessão de Apresentações Finais
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Grupo de Trabalho e Área de Intervenção
Para área de intervenção Clube Praia da Rocha III, foram criados 2 grupos de tra-
balho, no qual eu integrei o Grupo de trabalho 2, que era composta por:
André Carrasco—Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG)
Bogdan Tumanovsky—Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT)
Hélder Andrade—Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT)
Karen Da Silva—Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT)
Vitor Da Silva— Faculdade de Ciências e Tecnologias (UALG)
Tutores:
Miguel Pinheiro—Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG)
Josué Eliziário—Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT)
Breve Enquadramento Geográfico e Histórico
O Clube Praia da Rocha III é um edifício construído no ínicio da década de 90, no
qual fazia parte da expansão do Empreendimento Turístico Clube Praia da Rocha,
o qual era gerido e administrado pelo grupo Ibersol, SA.
Este complexo localiza-se no concelho de Portimão, distrito de Faro, mais nomea-
damente no local denominado por Praia da Rocha.
O CPR III é composto por 714 apartamentos, mais as fracções destinadas a servi-
ços, tais como restaurantes, bares, ginásio, etc…; estes apartamentos apesar de
administrados e arrendados pela Ibersol, SA, possuem proprietários que cediam
esses direitos de exploração a essa empresa.
Em meados desta última década, o Clube Praia da Rocha III foi alvo de encerra-
mento enquanto Unidade Hoteleira devido a um litígio entre os proprietários e a
antiga administração que é acusada de fuga de capitais do condomínio, processo
este que ainda decorre. O Edifício encontra-se actualmente em estado degradado e
parcialmente encerrado, sobretudo as áreas comuns e fracções destinadas a servi-
ços.
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Apresentação 1 — 30 de Março
Apresentação em Powerpoint no final do dia
da apresentação dos trabalhos desenvolvi-
dos até data.
Neste diapositivo é apresentado o enqua-
dramento geográfico do Clube Praia da
Rocha III em relação à sua envolvente.
Este empreendimento surge numa apelida-
da “segunda linha” em termos de proximi-
dade à praia e ao mar.
Após a visita ao local, a consulta da infor-
mação disponibilidade, urge a necessidade
de rabiscar, analisar e explorar ideias na
busca por soluções.
Nos diapositivos a seguir, será mostrado
uma pequena análise de alguns parâme-
tros que achamos pertinentes à escala da
envolvência do CPRIII.
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Neste diapositivo mostramos a distribuição
das principais unidades hoteleiras na envol-
vente do CPRIII.
Só foram identificados as unidades que pos-
suem recepção e serviços, sendo compreen-
dido que a maioria dos alojamentos na Praia
da Rocha se destina ao aluguer sazonal
embora sem estarem classificados como ofer-
ta de alojamento turístico.
Procurando compreender qual seria as áreas
de maior actividade comercial, ou seja onde
existiria maior concentração, oferta de comér-
cio e restauração, foi facilmente identificado
que esta maioritariamente se distribui longitu-
dalmente pela Av. Tomas Cabreira, perdendo
concentração pelas artérias secundárias até
quase desaparecer por completo na V3— via
onde se encontra localizado o CPRIII.
Analisando a oferta de equipamentos conse-
guimos perceber que esta é muito limitada
apenas se limita à Marina de Portimão na foz
do Arade, à Delegação de Turismo, aos
apoios de praia, à Estação dos CTT, a um
edifício que destina a parqueamento auto-
móvel, à Clínica da Rocha, ao Casino, à
delegação da Polícia Turística e a pequenas
delegações de unidades bancárias e que se
encontram concentradas na zona “central”
Foi também procurado qual seria a distribui-
ção de elementos patrimoniais na área e
apenas foi encontrado um elemento de inte-
resse patrimonial - a Fortaleza de Santa
Catarina. Pois devido a pressão urbanística
que se exerceu nas últimas décadas, todo o
legado arquitectónico de outros tempos foi
substituído por edificações de betão cons-
truídas em altura, sendo a Praia da Rocha
actualmente uma área descaracterizada
arquitectonicamente e sem identidade.
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Tentamos também perceber a dinâmica entre
o espaço construído e os espaços expectantes
e áreas “verdes”, à qual se incluí os largos,
praças e jardins para conseguirmos compreen-
der a qualidade do espaço público, e concluí-
mos que essa qualidade é bastante má, sem a
presença de jardins, praças e largos, apenas
existindo pontualmente alguns pequenos espa-
ços de estadia ao qual as Câmaras classificam
de “arranjos exteriores”. As grandes manchas
a verde representam espaços expectantes
destinados a futuras áreas edificadas.
Existiu a necessidade de identificar as princi-
pais vias de circulação, e percebemos que
estas se efectuam na Praia da Rocha de modo
paralelo ao mar, sendo que a vermelho é o
passadiço pedestre/clicável no areal, a laranja
a Av. Tomas Cabreira, a amarelo a V3 e a
transversalmente encontramos dois acessos
entre Portimão e a Praia da Rocha, identifica-
dos a branco.
Neste diapositivo, elaboramos uma pequena
carta na qual identificamos três diferentes
áreas de acordo com o seu valor imobiliário. A
vermelho, a área de maior valor imobiliário,
encontra-se entre a falésia e a Av. Tomas
Cabreira, surgindo entre essa Avenida e a V3
uma segunda área de valor (à laranja) e a
amarelo surge uma área de menor valor imobi-
liário que é onde se insere o CPRIII.
Em síntese compreendemos que o declínio do
CPRIII pode também estar associado ao facto
de este se encontrar numa área afastada da
“linha de costa”, afastada da Av. Tomas
Cabreira, onde se encontra a concentração de
comércio, serviços e atracções. Outro ponto
que nos parece relevante é o facto de este
também se encontrar a montante da V3, uma
via rápida de quatro faixas de rodagem que de
certo modo se apresenta como uma barreira e
não favorece os empreendimentos ao longo
da mesma, pois encontram-se muitos nas
mesmas condições do CPRIII ao longo desta.
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Começando a analisar o Complexo, este é
constituído por 10 torres entre 10 a 13 pisos
que é onde se localizam os apartamentos,
estes envolvem uma edifício central de 2
pisos em que na parte central sobreleva-se
em mais 3 pisos. É neste edifício central que
se localizavam os bares, supermercados,
ginásio, recepção, restaurantes, etc…; sendo
que agora toda esta parte encontra-se desac-
tivada e em estado degradado.
Nos próximos diapositivos apresentamos um
esboço gráfico de uma ideia primordial para
devolver a dinâmica e torna-lo num complexo
multifuncional que retribua aos seus investi-
dores algum encaixe financeiro.
Uma das nossas ideias primordiais foi apos-
tar na qualidade do espaço público do edifí-
cio, que na sua relação com edificado apre-
senta graves deficiências, sendo bastante
reduzido em relação à volumetria do edifica-
do. Para tal foi pensado em algumas ideias
que irão servir de base para o desenvolver a
nossa estratégia:
Tornar a V3 num túnel rodoviário na
secção em frente ao CPRIII.
Criar uma praça ou largo na área entre
o CPRIII e o CPRII.
Criar uma ligação ao exterior na verten-
te norte do edifício.
Estabelecer uma circulação eficaz entre
todas as Torres.
Recuperar o Edifício Central e requalifi-
ca-lo num centro multifuncional e dife-
renciador capaz de se tornar como
impulsionador de tudo.
Criar um Acordo com as Universidades
em Portimão e os proprietários para alo-
jamento de alunos e professores.
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Apresentação 2—31 de Março de 2012
No seguimento do dia anterior, continuou-se
o desenvolvimento de ideias e propostas
para a requalificação daquele que outrora
foi o maior empreendimento turístico da
Europa, hospedando perto de 5000 turistas
no conjunto dos 3 complexos, sendo que o
CPRIII só por si tinha capacidade para cer-
ca de 3000 hóspedes.
A ideia fundamental é tornar o edifício atrati-
vo para os turistas, residentes e para estu-
dantes, criando acessos entre o CPRIII e o
CPRII, CRPI, criando acesso ao espaço
expectante a montante, onde deverá ser
sugerido a Câmara Municipal de Portimão
de requalificar o espaço tornando-o num
pequeno parque urbano, o que seria benéfi-
co não só para o CPRIII mas como para
todos edifícios em redor, pois esta área
urbana não possui nenhum espaço público
ou jardim.
A importância da criação de espaços públi-
cos torna-se fundamental não só na sua
envolvente, mas também dentro da área de
intervenção. É necessário implementar
áreas de estadia e recreio que possibilite ao
mesmo tempo um conforto edafo-climático
para que possa se tornar atractiva.
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O nosso conceito/estratégia baseia-se nos
Antigos Jardins Suspensos da Babilonia,
onde a vegetação e a água tornam-se ele-
mentos estruturantes do todo projecto.
Não sabemos qual o conceito/os em que o/os
arquitecto/os autores deste edifício se basea-
ram mas é notório para nós existir um padrão
nas linhas arquitectónicas, mesmo que não
tenha sido intencional na altura, o gostaría-
mos de aproveitar na nossa estratégia de
intervenção.
Algumas das ideias mais concretas
da nossa estratégia para transfor-
mar este conjunto de edifícios num
símbolo ou ícone da cidade é a cria-
ção no edifício central de um Aqua-
rium e uma piscina panorâmica no
topo deste. Esta inspiração baseia-
se nas tradições piscatórias e da
relação que a cidade de Portimão
teve sempre com o mar. Apesar de
o CPR estar localizado na Praia da
Rocha e geograficamente perto do
mar, mas na realidade, devido à
grande pressão urbanística na sua
frente, essa realidade torna-se lon-
gínqua! Assim deste modo tornaría-
mos um ponto fraco num ponto forte
e distinto na região.
As cúpulas em betão no topo das
torres iriam ser substituídas por jar-
dins envoltos em cúpulas envidraça-
das, criando biosferas e as ligações
entre elas seriam feito através de
“green roofs” e elevadores panorâ-
micos que teriam em pontos inter-
médios restaurantes e bares pano-
râmicos. A cedência de exploração
desses espaços revertia para o pro-
prietários.
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Na imagem acima tentamos aplicar visualmente as ideias inerentes ao conceito
com o intuito de conseguirmos demostrar visualmente o que propomos.
Na imagem abaixo apresentamos um plano geral conceptual do qual poderia ser
uma hipótese viável para a requalificação deste complexo de edifícios.
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Apresentação 3 (final)—Dia 02 de Abril
Neste último dia, na apresentação final que
resume de forma sucinta os dias de trabalho
que se antecederam, foi objectivo do grupo
para além de apresentar algumas ideias con-
ceptuais para à área de intervenção, foi fazer
uma chamada de atenção tanto para Arqui-
tectos, Paisagistas, Urbanistas, Engenheiros
Políticos e Público em Geral que o que foi fei-
to nas nossas cidades, nas nossas vilas e
aldeias, não valorizaram estes lugares, estes
territórios, pelo contrário, descaracterizam-
nas, fazendo-as perder a sua identidade, a
sua história, fazendo com que as populações
se desligassem da sua vivência.
Outrora no lugar onde o ilustre Portimonense
Manuel Teixeira Gomes descreveu como uma
costa cheia de formações recortada e rendi-
lhada de cor ocre, onde o azul cristalino das
águas do Atlântico banhavam as suas areias
douradas, deu-se o inimaginável! Deu-se o
milagre da multiplicação! O nascimento de
edifícios que apelidamos de mamarrachos
que se atropelam uns em cimas de outros e
nascem sem parar. A massificação do turismo
na costa algarvia veio despoletar a constru-
ção desenfreada e sem regras, ocupando
toda uma faixa costeira sem piedade.
Em suma, a especulação imobiliária veio
desencadear durante décadas a destruição
de um património natural, arquitectónico e
cultural deixando-nos agora um legado difícil
de gerir, de milhares de edifícios abandona-
dos e sem uso mas com custos elevadíssi-
mos para as comunidades locais.
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A Praia da Rocha é um dos excelentes
exemplos nacionais de “bullying” urbanísti-
co, sendo actualmente um lugar marcado
por edificações em altura, que concorrem
entre si para conseguir um vista para o mar.
Onde outrora pontuavam pequenos
“Chalets” românticos e casas construídas
através de técnicas e métodos tradicionais,
rodeado por pomares tradicionais de
sequeiro e matos mediterrânicos, surgiu
uma “mancha” de betão que se eleva como
de uma muralha se tratasse.
Este fenómeno que começou na década de
60 do século passado, tendo o seu expoen-
te máximo nas décadas de 80 e 90, foi fruto
de uma massificação do turismo, de uma
procura por um lugar ao sol pelos turistas e
por uma especulação imobiliária desmedi-
da, mascarada em prol do desenvolvimen-
to, do progresso, que enriqueceu promoto-
res, construtores e entre outros, mas empo-
breceu uma comunidade, uma cidade, que
hoje em dia perdeu a sua cultura, o seu
património natural e paisagístico.
Hoje em dia, a bela Praia da Rocha, que
deixou de ser bela, é apelidada de cosmo-
polita, para justificar todos os excessos irre-
mediáveis que lá se cometeram, mas o
resultado é que a qualidade do produto que
ela representava diminuiu e consequente-
mente o número de turistas também, tendo
efeitos não só ao nível económico como a
nível social.
Essas marcas são hoje visíveis em comple-
xos e edifícios abandonados e degradados
que marcam a actual Praia da Rocha, uma
paisagem à beira de um ataque de nervos,
resultando naquilo que vulgarmente apeli-
damos de Elefantes, porque não sabemos
o que fazer com eles. Cabe a todos nós
refletirmos e solucionarmos novos usos.
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O problema actual no Clube Praia da Rocha III
Na figura acima identificamos de forma sucinta os problemas principais encontrados.
Para além do problema que o processo judicial que os proprietários interpuseram à
antiga empresa que administrava o complexo, surgem no entanto outros problemas
que estão associados também ao declínio deste edifício, tais como:
714 apartamentos distribuídos por 600 proprietários, dos quais apenas são 50
residentes permanentes.
Existe muitos interesses e muitas divergências, fruto de existir muitos proprietá-
rios e seus representantes, os quais não conseguem reunir soluções consen-
suais.
Abandono parcial do edifício, especialmente nas áreas comuns, que tem como
resultado uma imagem negativa e na degradação do espaço.
Ocupação sazonal.
A falta de conectividade do edifício com a envolvente, fruto da V3, o que acar-
reta para além de ruídos provocados pelo trânsito, um perigo atravessa-la.
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Parte II—Da Babilónia ao Camarinha...
Referências e Conceitos.
Como na apresentação anterior foi referido, a nossa estratégia e conceito para
intervir no edifício baseava-se nos Jardins Suspensos da Babilónia, construídos
pelo Rei Nabucodonosor , em que consistiam em jardins construídos nos terraços
dos Zigurates.
A figura do Zéze Camarinha surge como referência por ter se tornado num figura
incontornável associada ao turismo e a Praia da Rocha.
Outra referência que usamos para a nossa interven-
ção foi Sana´a, capital do Yemen, onde a sua medi-
na é classificada como património da UNESCO,
devido as suas características arquitectónicas úni-
cas e aos seus padrões geométricos decorativos. A
escolha por esta referência porque é notória existir
uma relação visual e arquitectónica bastante paten-
te, entre este edifício e aquela cidade milenar.
Nas duas figuras abaixo, demostramos que existe uma essa relação, nos vãos,
nos elementos decorativos, nas torres, nas arcadas, apenas se distingue na épo-
ca pelo usos dos materiais e técnicas de construção e pelo revestimento branco
e azul, popularmente associado às contrucções populares do centro Algarve. O
CPRIII apresenta-se como um edifício único em todo Algarve.
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Dos Sadhus indianos aos Zézes Camarinhas
A nossa referência aos Sadhus, porque na India são idolatrizados, sendo conside-
rados Homens Santos, estes deambulam de terra em terra e no Algarve, usamos
uma metonímia irónica do Camarinha, autodenominado o último macho latino,
sobrevivente de uma geração que fazia de lugares como a Praia da Rocha o seu
Habitat como os Sadhus do Algarve. Os seus bigodes e barbas inspiraram o uso de
vegetação pendente nas varandas do CPRIII.
Na figura acima elaboramos graficamente a nossa estratégia de intervenção através de pontos que
determinamos como fundamentais para a revitalização do edifício:
Concepção de um espaço público de uso permanente e diversificado entre o CPRIII e CPRII
Criação de um túnel rodoviário que será implantado por debaixo do espaço público.
Criação de um Aquarium e multifuncionalidade do Edifício Central
Ocupação permanente e sazonal.
Dinâmica no edifício com a criação de acessos eficazes entre as torres, através de
“greenroofs”.
Vegetação por patamares nas varandas e transformação das cúpulas em biosferas ecológicas.
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Nas figuras acima, ilustramos de modo figurativo algumas das nossas visões para o
local. É possível ver que o edifício beneficiava com o desvio da via rodoviária atra-
vés de um túnel e que através dessa solução , esta área ganhava um espaço públi-
co que poderia servir de dínamo para toda envolvente. Este espaço não só ligava
as duas margens de uma antiga estrada, como tornar-se-ia como um eixo de liga-
ção pedestre/clicável com a zona norte, após a criação da entrada pelo edifício no
seu tardoz, promovendo um contínuo entre a Praia da Rocha e Portimão.
Através da criação de um Aquarium, da implementação de novos usos no edifício
central e pela reconversão das cúpulas no topo das torres em biosferas que serão
ligados entre si, através de coberturas ajardinadas e elevadores panorâmicos, o
edifício tornar-se-ia num ícone, fonte de atracção de visitantes e turistas.
O uso das coberturas ajardinadas e vegetação nas varandas e janelas não tem
apenas um objectivo estéctico mas também a função de reduzir custos energéticos
que é conseguido através do conforto bioclimático proporcionado pela vegetação.
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Conclusão sobre a minha participação no Workshop
Analisando a minha participação enquanto aluno de Arquitectura Paisagista neste
Workshop, posso garantir que foi uma experiência bastante enriquecedora à dife-
rentes níveis. Para além do convívio proporcionado pela presença de alunos de
outras Universidades do País e estrangeiras, este Workshop promoveu e propor-
cionou a hipótese de pormos em práctica os conhecimentos adquiridos ao longo
destes últimos anos lectivos num modelo e equipas interdisciplinares, o que só por
si representa uma oportunidade de aprendizagem mútua.
A área de intervenção que foi atribuída ao grupo de trabalho onde me encontrava
inserido apresentava-se como um caso de recuperação de Edifícios, uma vertente
mais vocacionada para arquitectura do que propriamente para a arquitectura paisa-
gista, o que tornou este trabalho num enorme desafio.
O grupo de trabalho era constituído maioritariamente por alunos de Arquitectura,
sendo eu apenas o único aluno de Paisagismo o que também representou para
mim e para o grupo um excelente desafio na discussão de ideias e programas, até
pelas nossas diferenças metódicas em relação ao Urbanismo, planeamento e sobre
o território.
No entanto, essas diferenças metódicas apresentaram-se sempre como uma mais-
valia, representando assim uma oportunidade para desenvolvermos um trabalho
mais exequível e sustentado, aliando as vantagens dos conhecimentos da Arquitec-
tura e da Arquitectura Paisagista, integrando-as, criando assim um resultado con-
ceptual de Arquitectura sustentável ou como é denominada noutros países, Green
Architecture.
Aproveito para congratular-me de ter participado de forma efectiva num excelente
evento que contou com a participação de muitas pessoas com grande capacidade
técnica, um grande obrigado para todos eles.