Recensão - Filme Charlie e a Fábrica de Chocolate (HM)

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Recensão sobre o filme "Charlie e a Fábrica de Chocolate", no âmbito da disciplina de História dos Média

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Curso:Curso:Curso:Curso: Educação e Comunicação Multimédia Pós-Laboral

Ano:Ano:Ano:Ano: 1º Ano – 1º Semestre; Turma:Turma:Turma:Turma: 1ECMPL

Disciplina:Disciplina:Disciplina:Disciplina: História dos Média

Docente: Docente: Docente: Docente: Luís Vidigal

DiscenteDiscenteDiscenteDiscente:::: Carmen Almeida – nº 110236002

Ano Lectivo:Ano Lectivo:Ano Lectivo:Ano Lectivo: 2011/2012

Data:Data:Data:Data: 30 de Novembro de 2011

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Índice

Introdução 3

1 – O Filme 3

1.1 – Título e Realizador 3

1.2 – Ficha Técnica 3

1.3 – Curiosidades sobre a produção do filme 4

2 – Contextualização 5

2.1 – Que lugar o filme ocupa na obra do realizador 5

2.2 – Principais características formais 5

2.3 – Principais características temáticas 6

3 – Valor de Actualidade do filme 8

3.1 – Cinematográfico (técnico) 8

3.2 – Temático 9

4 – Qual a ideia do realizador e como a desenvolve? 10

5 – Como é conduzida a dramatização? 11

6 – Originalidade estética 11

7 – Conclusão pessoal 12

Webgrafia 13

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Introdução

O presente trabalho pretende abordar o filme “Charlie e a Fábrica de chocolate”, em que a história

retrata o sonho de um menino pobre, Charlie, de entrar na mágica e misteriosa fábrica de chocolates

Wonka. Este sonho é alcançado, pois Charlie encontra um dos cobiçados “bilhetes dourados” e finalmente

entra na fábrica, o que irá mudar a vida de Willy Wonka, o proprietário da fábrica. Um homem que apesar

da sua excentricidade tem bastantes recalcamentos da sua infância.

Do ponto de vista temático, durante todo o filme existe uma procura alucinante de qualidades e

virtudes humanas, que culmina com o encontrar de uma criança que tenha um carácter íntegro, que seja

virtuosa, sincera e de espírito aberto, ou seja, Charlie.

Durante o trabalho pretende-se dar a conhecer um pouco mais do filme através de uma abordagem

técnica que reflecte alguns pormenores muitas vezes imperceptíveis para o espectador normal, mas que são

de máxima importância para enfatizar e criar determinado sentimento no mesmo.

1 – O Filme

1.1– Título e realizador

O Filme em estudo intitula-se “Charlie e a Fábrica de Chocolate” (Charlie and the Chocolate

Factory) (2005) e teve como realizador Tim Burton.

1.2– Ficha técnica

Título Original: Charlie and the Chocolate Factory: Título (Português):Charlie e a Fábrica de Chocolate;

Género: Acção, Aventura, Comédia Familiar; Duração:1 hr 46 min; Ano de lançamento: 2005; Estúdio:

Warner Bros., Village Roadshow Pictures, The Zanuck Company, Plan B Entertainment; Distribuidora:

Warner Bros; Realizador: Tim Burton; Texto Original: Roald Dahl; Guionista: John August, baseado no

livro de Roald Dahl; Cor: Technicolor; Director de Casting: Susie Figgis; Produção: Brad Grey, Lorne

Orleans e Richard D. Zanuck; Produtores Executivos: Patrick Mccormick, Felicity Dahl, Michael Siegel,

Graham Burke e Bruce Berman; Edição: Chris Lebenzon; Assistentes de Realização: Jonny Benson,

William Booker, Chloe Chesterton, Ben Dixon, Katterli Frauenfelder, Toby Hefferman, Toby Hosking,

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Bryn Lawrence, James Manning, Samar Pollitt, Amin Soltani, Emma Stokes, Gareth Tandy; Intérpretes:

Johnny Depp (Willy Wonka), Freddie Highmore (Charlie Bucket), Helena Bonham Carter (Sr.ª Bucket),

Christopher Lee (Dr. Wonka), Anna Sophia Robb (Violet Beauregarde), David Kelly (Avô Joe), Noah

Taylor (Sr. Bucket), Missi Pyle (Sr.ª Beauregarde), James Fox (Sr. Salt), Deep Roy (Oompa-Loompa),

Adam Godley (Sr. Teavee), Franziska Troegner (Sr.ª Gloop), Julia Winter (Veruca Salt), Jordon Fry (Mike

Teavee), Philip Wiegratz (Augustus Gloop), Liz Smith (Avó Georgina), Eileen Essell (Avó Josephine),

Nitin Chandra Ganatra (Príncipe Pondicherry), Shelley Conn (Princesa Pondicherry), Chris Cresswell

(Prodnose), Philip Philmar (Slugworth), Harry Taylor (Sr. Gloop), Francesca Hunt (Sr.ª Salt); Música:

Gardner De Aguiar, Jesse Shaternick, Manuel Ignacio, Danny Elfman e RaVani Flood; Fotografia:

Philippe Rousselot; Montagem: Chris Lebenzon; Direcção de Arte: François Audouy, Sean Haworth,

James Lewis, Andy Nicholson, Kevin Phipps, Stuart Rose e Leslie Tomkins; Edição: Chris Lebenzon;

Guarda-roupa: Gabriella Pescucci; Efeitos Especiais: Digital Domain, Framestore CFC, Neal Scanlan

Studio, The Moving Picture Company, Cinesite Ltd.

1.3– Curiosidades sobre a produção do filme

Sobre a produção do filme pode afirmar-se que:

O filme do realizador Tim Burton, “Charlie e a Fábrica de Chocolate” é um remake do filme

“Charlie e a Fábrica de Chocolate” realizado em 1971 por Mel Stuart.

Estiveram indicados para realizar o filme: Martin Scorsese, Gary Ross, Rob Minkoff e Michael

Caton Jones. Pode, também, salientar-se que estiveram indicados para interpretar o papel de Willy Wonka:

Robin Williams, Dustin Hoffman, Nicolas Cage, Steve Martin, Christopher Walken e Michael Keaton,

acabando este papel por ser entregue a Johnny Depp. O actor ficou tão impressionado com o desempenho

de Freddie Highmore em “À Procura da Terra do Nunca” (2004) que convenceu o realizador Tim Burton a

dar-lhe o papel de Charlie Bucket.

Em entrevistas Johnny Depp declarou que se inspirou na fase de reclusão do realizador Howard

Hughes e também no glamour dos galans/estrelas de rock dos anos 70 para criar os traços que caracterizam

o personagem Willy Wonka.

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O personagem Dr. Wonka foi criado especialmente para o filme, com a intenção de dar ao

personagem Willy Wonka, interpretado por Johnny Deep, um pouco de história familiar.

Consta que a Nestlé providenciou 1850 barras de chocolate verdadeiro para os sets de filmagens e

que foram utilizados 206563 galões de chocolate falso para criar o rio de chocolate.

Um pormenor curioso é o facto do dono da loja onde Charlie compra a barra de chocolate com o

bilhete dourado, ter três versões: no filme, de Burton, é um homem magro de pele escura; no livro de Dhal,

é um homem obeso; enquanto que no filme, de 1971, é um homem magro de pele clara. Mas em todas as

três versões trata-se de uma pessoa muito amável.

2- Contextualização

2.1- Que lugar o filme ocupa na obra do realizador

A carreira de Burton teve altos e baixos. O filme que lançou o cineasta foi “Os Fantasmas

Divertem-se” (Beetlejuice) e a partir deste momento, seguiram-se alguns filmes de sucesso como

“Batman”, “Batman – O Regresso” (Batman Returns) e “Eduardo Mãos de Tesoura” (Edward

Scissorhands) que foi o seu grande projecto pessoal e em que, pela primeira vez, chama o actor Johnny

Deepp para trabalhar com ele. Johnny Depp tornou-se, então, o maior colaborador da carreira de Burton.

A carreira de Tim Burton entra em decadência com a realização de “Marte Ataca!” (Mars Attacks!)

e “Planeta dos Macacos” (Planet of the Apes). Só volta a ascender em 1999, quando o realizador lança o

filme “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” (Sleepy Hollow) e continua a ascensão com “O Grande Peixe”

(Big Fish). E é durante esta época gloriosa que o realizador regrava “Charlie e a Fábrica de Chocolate”

(Charlie and the Chocolate Factory), contando novamente com a participação do actor Johnny Depp.

Após Charlie e a Fábrica de Chocolate, Burton continua a realização de filmes do mesmo género e

de grande sucesso como “A Noiva Cadáver” (Corpse Bride) e “Sweeney Todd” (Sweeney Todd: The

Demon Barber of Fleet Street).

2.2- Principais características formais

Durante o filme em estudo existe uma grande variedade de planos, sendo que podemos

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considerar que existem alguns fulcrais.

O inicio do filme é marcado por dois planos gerais, que para além de contextualizarem o

espectador espacialmente, ainda estabelecem a separação entre os dois espaços onde se irá desenrolar a

acção: a cidade e a fábrica. O plano geral da cidade é picado, tomando como ponto de partida o cimo da

fábrica, o que nos reporta para a diferença entre a grandeza da fábrica e a falta de imponência da cidade.

A considerar o grande plano que é feito à mão de Willy Wonka, aquando da abertura da porta que

dá entrada na fábrica aos vencedores do prémio, pois é como se lhes abrissem as portas do sonho e da

imaginação, banhando-os e brindando-os com um mundo mágico, recheado de chocolate e uma grande

parafernália de doces.

De considerar de relevância os grandes planos e planos próximos que são predominantes nas cenas

de tensão, ou seja, por exemplo, nas cenas onde as crianças são tentadas pelo Willy Wonka a fim de

receberem o castigo devido. Bem como a cena em que Wonka fala sobre a sua situação familiar com

Charlie, que é marcada por um intercalar de planos próximos picados e contra-picados.

Durante o decorrer da viagem pela fábrica é de salientar os flashbacks que reportam Wonka para a

sua infância, todos eles são acompanhados de um grande plano da cara de Willy Wonka.

De alguma relevância ainda, é a cena em que Wonka reencontra o pai acompanhado e incentivado

por Charlie esta cena é marcada por uma série de grandes planos. Sendo que anteriormente para o

espectador se localizar espacialmente a chegada à casa/consultório de dentista do pai de Wonka é marcada

por um plano geral ligeiramente contra-picado da casa única no meio da neve.

2.3- Principais características temáticas

O filme “Charlie e a Fábrica de Chocolate” conta a história de Charlie um menino pobre, que vive

com os pais e os avós na miséria, com a agravante do despedimento do pai, do emprego que tinha numa

fábrica de pasta de dentes.

O Avô de Charlie, Joe, em tempos trabalhara com Wonka, que, depois de alguns empregados

desonestos, decidiu dispensar todos os trabalhadores e encerrar as portas da fábrica ao exterior. Acabando

por contratar como operários os nativos do longínquo Loompaland, os Oompa-Loompa. Um dia ao cortar o

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cabelo e ao encontrar um cabelo branco, Wonka, resolve fazer um concurso colocando cinco “bilhetes

dourados” dentro das suas tabletes de chocolate. As crianças que encontrassem os bilhetes poderiam entrar

na fábrica, com um adulto a acompanha-las. O objectivo depois da visita seria oferecer um presente

incalculável à criança que merecesse.

Quatro crianças totalmente detestáveis encontraram os bilhetes escondidos: Mike Teavee, um rapaz

que é viciado em videojogos e na televisão; Violet Beauregarde, uma rapariga muito competitiva que passa

o tempo a mascar pastilhas elásticas; Veruca Salt uma menina rica inglesa, extremamente mimada que

obtém dos pais tudo aquilo que deseja; e Augustus Gloop, um rapaz obeso alemão, que come imensos

doces. Na história até o nome dado às quatro crianças não é um acaso pois representam um símbolo

satírico dos seus maus hábitos enquanto seres humanos.

Charlie também acaba por ganhar o bilhete, pois compra uma barra das que contêm o prémio após

encontrar dinheiro na rua, assim a possibilidade do prémio, para Charlie e para a sua família, abre a porta

ao sonho.

Na fábrica, todas as crianças e acompanhantes são recebidos por Wonka, um homem-menino

muito pálido e meio azulado, de cabelos compridos com alguns problemas gerados, principalmente, pelas

lembranças de um pai dentista, que o privou de doces enquanto criança. Todos eles são orientados por

Wonka através das maravilhas da fábrica e, a pouco e pouco, cada criança revela a sua própria natureza

egoísta e cumpre o seu destino, ou seja recebe uma punição não fatal. Cada punição é acompanhada de um

número musical, executado pelos operários da fábrica, os Oompa-Loompas.

Após todas estas peripécias e castigos o vencedor do prémio final é Charlie o menino de coração

puro e virtuoso, que apesar de todas as adversidades mantém uma grande integridade e ingenuidade. Desta

forma ficamos a saber que o grande prémio se traduz na oferta da fábrica a Charlie, ou seja, Charlie seria o

sucessor de Wonka e ficaria à frente da fábrica. Mas o menino acaba por recusar o prémio após saber que

teria de se separar da sua família.

Wonka, após a recusa, acaba por falar novamente com Charlie e conta-lhe a sua história familiar e,

incentivado pela criança, vai visitar o pai, com quem restabelece a ligação à muito perdida.

Por fim, Charlie aceita ir viver para a fábrica e leva consigo toda a sua família e Wonca ganha,

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assim, uma “família” e amigos.

Todo o filme é extremamente influenciado por outras dramatizações. O passeio ao longo da

fábrica, que dá origem aos castigos exercidos sobre as crianças e às consequentes aprendizagens que daí

advêm, podem ser comparadas com a estrada amarela presente no filme “O Feiticeiro de Oz”. Quando se

entra na fábrica, existe uma explosão de cor e música, tal qual como no mundo de Oz, e a própria fábrica é

uma espécie de “Terra do Nunca”, onde se enfrentam medos e onde a fantasia é a ferramenta que vai

reparar a realidade. Ao contrário do “Feiticeiro de Oz”, nada no mundo de Willy Wonka é uma ilusão,

incluindo um elevador de vidro que viaja em todas as direcções.

Podemos dizer que, nesta dramatização, os Oompa-Loompa substituem os Munchkins do

”Feiticeiro de Oz”. Enquanto Wonka concentra em si algo do inadaptado “Eduardo Mãos de Tesoura” e de

“Piter-Pan”, o menino que permanecerá para sempre criança. Wonka, através da caracterização que Depp

lhe atribui, encontra-se entre a Dorothy do “Feiticeiro de Oz” e o Michael Jackson de “Thriller”, o que o

distância do real e contribuí para a percepção da impossibilidade da existência da personagem fora do

contexto mágico onde é colocada. Ainda se pode considerar, que tanto para Charlie, como para Dorothy do

“Feiticeiro de Oz”, os laços familiares estão sempre em primeiro lugar e são o que mais importa, pondo-os

acima de qualquer recompensa.

Relativamente à obra do realizador Tim Brton, o filme em estudo, segue o mesmo estilo e estética

ficcionista e fantástica, com uma face obscura e satírica que são características latentes noutros filmes do

mesmo realizador como por exemplo “A Noiva Cadáver”, “Sweeney Tood” e “Alice no País das

Maravilhas”.

3- Valor de Actualidade do Filme

3.1- Cinematográfico (técnico)

Se fizermos uma comparação entre o filme de Burton (2005) e o filme de Mel Stuart (1971)

podemos verificar grandes inovações a nível de imagem. Pois o filme de 1971 foi todo produzido e editado

em película, pois a utilização de fita electromagnética não era utilizado no cinema e o digital ainda não

existia. A inovação que o filme de Burton traz é o formato digital.

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Outro detalhe interessante a ser analisado é a diferença dos Oompa-Loompas nos dois filmes pois,

apesar da intenção dos dois filmes ser a mesma, criar homens pequenos com um aspecto comum aos da sua

espécie, eles tornam-se bastante distintos nas duas adaptações. Os operários Oompa-Loompas da Fábrica

de 1971 são interpretados por vários anões, que usam maquilhagem e peruca para amenizar as diferenças

faciais, o que os faz parecer semelhantes. A altura dos personagens é igual à de um anão real o que os faz

ser da mesma altura das crianças da história. Muito diferente desta versão é a dos operários da Fábrica de

2005, pois os Oompa-Loompas são cópias de um só personagem, ou seja, o mesmo actor faz todos os

Oompa-Loompas e este é reproduzido lado a lado na cena várias vezes, criando a impressão de que são

várias pessoas exactamente iguais. Este facto só é possível através da manipulação das imagens por

computador. Nesta versão a altura dos Oompa-Loompas também foi alterada, pois são muito pequenos em

relação a todas as outras personagens, não chegando a ultrapassar a altura das suas pernas. Desta forma, a

era digital aproxima a imagem destas personagens àquela que é proposta no livro de Dahl, de criaturas não

humanas e idênticas. Neste caso, a falta de semelhanças com a realidade (o tamanho e clonagem do

personagem) serve para reforçar a ideia de um “mundo imaginário”.

No filme de Burton é mantido o tom negro que o realizador costuma utilizar nas suas obras, mas de

uma forma muito mais ligeira que o habitual, revelando uma faceta muito mais genuína, pura e até ingénua

como em “O Grande Peixe – Big Fish” (2003). Com o passar dos anos, tem repetido as mesmas fórmulas

com bastante sucesso na recriação do seu mundo próprio e fantástico.

“Charlie e a Fábrica de Chocolate” deslumbra pela sua riqueza visual, pelos ambientes góticos,

pelos cenários, pela caracterização e pelo guarda-roupa. A banda sonora é outra mais-valia e o ritmo da

narrativa é bastante viciante pelo que consegue prender o espectador.

3.2- Temático

O filme Charlie e a Fábrica de Chocolate é uma espécie de conto que visa imprimir valores, mas

também pretende criticar a sociedade actual e a educação que os pais dão aos filhos.

No filme existe um grande contraste entre o bem e o mal com o objectivo de dar ao espectador uma

visão moral da sociedade e pode considerar-se que: o Bem que é encarnado por Charlie, o rapaz pobre, mas

com a família perfeita, triunfa sobre o Mal, que é encarnado por quatro crianças "maléficas" e

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extremamente mimadas pelos pais, que são detentoras de algumas características que nos reportam

vagamente para quatro dos pecados capitais: a Gula, a Ira, o Orgulho e a Luxúria. Neste contexto Burton é

especialmente incisivo porque com estas personagens denuncia alguns dos hábitos adquiridos pelas

crianças da sociedade actual, desde o egoísmo à excessiva competitividade, passando pela dependência dos

videojogos e da televisão e não esquecendo a obesidade infantil através da ingestão excessiva de doces e

carnes vermelhas.

Também está presente no filme o desemprego e a desigualdade social presentes na família de

Charlie, por exemplo o desemprego do Sr. Bucket, um grande factor de desequilíbrio da sociedade,

causado pela automatização do trabalho.

E igualmente importante é a representação das tensões das relações familiares, aqui encarnadas por

Willy Wonka.

4- Qual a ideia do realizador e como a desenvolve

Tim Burton imprime no filme “Charlie e a Fábrica de Chocolate” uma grande exaltação visual,

confirmando-se como um artista pop, que torna todas as suas obras muito ricas a variados níveis. Existe

uma jornada por um mundo secreto, fantástico e mágico através do conto moral tradicional satírico, em que

se salienta que as crianças mal comportadas e mal-educadas devem ser punidas através de uma punição

bem elaborada e arquitectada, enquanto que as crianças de bom carácter e virtuosas devem ser

enormemente recompensadas. Burton enfatiza ainda mais esta situação através das canções tema que

caracterizam cada uma das personagens e satirizam o seu defeito.

Outro pormenor importante é o próprio Willy Wonka, um ser repleto de tiques que o caracterizam

e distanciam de qualquer outro ser, um misto de personalidades latentes impossíveis de reter num único ser

humano e que é acompanhado de um guarda-roupa um tanto ao quanto perturbador e fora do normal.

Uma grande diferença entre o livro de Dahl e o filme de Burton é o esforço que o realizador

executou em inventar uma explicação para a paixão chocolateira e para a perturbação familiar de Willy

Wonka.

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5- Como é conduzida a dramatização

Estruturalmente, o filme vai de encontro aos contornos clássicos de uma fábula, onde o bem triunfa

sobre o mal.

A acção tem lugar num mundo fantástico e irreal, pois caracteriza-se por uma mistura de fantasia,

comédia e drama familiar.

Durante o filme está latente a excentricidade e o humor bizarro, motivados pela imaginação, que

caracterizam Tim Burton, pois transforma os espaços e as situações em cenários e peripécias

espectaculares, onde prevalece uma mistura do gótico com o humor negro subentendido.

6- Originalidade estética

Grande parte da obra de Tim Burton situa-se numa tensão entre cores e tons cinza como uma

representação plástica dos confrontos que orientam os seus filmes.

Burton utiliza as cores como manifestação física da subjectividade e como representação do sonho

e dos desejos mais íntimos das suas personagens.

Em “Eduardo Mãos de Tesoura” e “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” prevalecem os tons cinza

como representação do fantástico, o mesmo não acontece em “O Grande Peixe” e “Charlie e a Fábrica de

Chocolate” pois aqui começa a dar-se uma mudança que se virá a consolidar nos planos coloridos de

“Sweeney Todd”. Enquanto que os primeiros filmes partiam, a nível visual, de um olhar da sociedade

sobre determinada(s) personagem(ns) (Edward de “Eduardo Mãos de Tesoura”, era a preto e branco, pois

como excluído da sociedade, era assim que era visto pelas outras pessoas), a partir de “O Grande Peixe”

esta situação inverte-se, pois é o sujeito que vê o mundo e que o interpreta.

No filme “Charlie e a Fábrica de Chocolate” está implícito um mundo onde a realidade empalidece

a existência das cores, assim o mundo é de uma frieza cruel e o calor das cores só é permitido na

imaginação.

Esta oposição marca os dois espaços mais relevantes da história, a cidade e a fábrica. Sendo assim,

o sonho aparece como o terreno onde é possível a resolução dos problemas reais, ou seja, Charlie, com a

sua entrada na fábrica, representa uma promessa de afecto e integridade para Willy Wonka que se

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concretiza no fim do filme, pois Wonka que estava prestes a afogar-se na sua própria ficção, abriu as portas

da imaginação deixando, dessa forma, entrar o real.

7- Conclusão pessoal

Após ver o filme em estudo, pela primeira vez, as conclusões foram escassas e o material para

produzir um bom trabalho mínimo. Daí seguiram-se as pesquisas exaustivas e de pouco sucesso, pois

muitas das vezes não sabemos bem o que procurar. Assim, tive de ver novamente o filme, sob um ponto de

vista diferente, após toda esta pesquisa, e só assim as ideias começaram a surgir.

Começando pelo filme em si, tem muitos aspectos, que apesar de relevantes são quase

imperceptíveis por parte do espectador normal, pois desta forma induzem determinado sentimento e

emoção sem que o espectador se aperceba do porquê desta indução. Poderemos enumerar, por exemplo, os

planos utilizados pelo realizador, que enfatizam muito determinadas cenas para que lhes seja atribuída a

tensão devida.

Temos também os avanços tecnológicos, de hoje em dia, que ajudaram muito na realização deste

filme, uma vez que tomando como ponto de comparação o filme de 1971, as tecnologias e meios eram

escassos, o que limitou muito a realização e produção do filme.

Assim, podemos concluir, que Tim Burton é um excelente e visionário realizador, que imprimiu

neste filme todo o seu carácter. O filme “Charlie e a Fábrica de Chocolate” é não só, um filme para

crianças, mas também para adultos, pois transmite uma série de valores morais e éticos, apesar do ambiente

mágico, fantástico e de deslumbre visual que se presencia.

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Webgrafia

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