AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE … Coninter 4/GT 17/18. AS MIDIAS CINEMA...
Transcript of AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE … Coninter 4/GT 17/18. AS MIDIAS CINEMA...
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
252
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE
ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR
MORAES, Denise Rosana da Silva
Drª. em Educação, Profª. e Orientadora da Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE; [email protected]
DOMINGOS, Hêlena Paula Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE;
MARINOSKI, Laura Duarte
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras; da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Bolsista CAPES
RESUMO O mundo vem sendo transformado pelas tecnologias, mais precisamente, a partir do século XIX, em que
as mídias se acentuaram no cotidiano, intervindo de maneira direta na sociedade; as mídias cinema e televisão têm possibilitado mudanças significativas nos padrões de vida, pois reestruturaram
poderosamente as formas de acesso à informação e à comunicação. Com base na revisão de literatura, à
luz dos Estudos Culturais e de outros teóricos como: Bourdieu (1997), Setton (2004) e Nóvoa (19), entre outros de expressiva atuação, pontua-se o movimento cultural que o filme e a televisão podem propiciar
a seus receptores, por meio de uma decodificação crítica e aprofundada do seu capital simbólico. O
caminho metodológico tem como base a revisão bibliográfica, ancorada em duas pesquisas científicas em andamento em nível de mestrado. Em que o objetivo centra-se em compreender a contribuição
pedagógica das mídias cinema e televisão em uma análise cultural e interdisciplinar. Analisa e
reconhece que na contemporaneidade, diante de mudanças tecnológicas tão velozes, são fundamentais a reflexão e o conhecimento sobre a cultura da mídia.
Palavras-chave: Mídias, Cinema, Televisão, Interdisciplinaridade.
ABSTRACT The world has been being transformed by the Technologies, more precisely, from de century XIX,
where the medias have accentuated in the quotidian, intervening directly on society; the medias cinema
and television have been enabling significant changes in life patterns, as it reestructuresnpowerfully the ways of acessing the information and comunication. Based on literature revision, under tiate to it’s
receptors. The methodological way has as base a bibliographic revision and serch-action. Where the
objective is a cultural analisys and interdisciplinarity. Analyse and acknowledge that in the contemporaneity, in front of fast technological changes, are fundamental the reflexion and knowledge
about the culture and media.
Key-words: Medias, cinema, television, interdisciplinarity.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
253
INTRODUÇÃO
O cenário epistemológico que se delineia no mundo contemporâneo, em relação às
novas formas comunicacionais, sugere a necessidade de integração dos saberes. O que conduz a
um forte apagamento de fronteiras entre razão e imaginação, saber e informação, natureza e
artifício, arte e ciência, saber científico e saber empírico. (MARTÍN-BARBERO, 2006)
A convergência da globalização dos saberes e da revolução tecnológica configura-se em
um novo ecossistema de linguagens e escritas. Há um novo paradigma do pensamento, que
refaz as relações entre a ordem do discurso (a lógica) e a do visível (a forma), ou seja, da
inteligibilidade e sensibilidade. A visualidade eletrônica passa a fazer parte constitutiva da
visibilidade cultural.
Neste contexto, LEVY1 (2000), postula que é impossível separar o humano de seu
ambiente material, assim como, dos signos e das imagens, por meio dos quais ele atribui sentido
à vida e ao mundo. Acrescenta ainda que da mesma forma, não podemos separar o mundo
material do mundo das ideias por meio das quais os objetos técnicos são concebidos e
utilizados, nem dos humanos que os inventam, produzem e os utilizam, ou seja, nas palavras de
Brito (2008, p.23) “todos os dias misturamos vida e educação”.
Estamos em um mundo em que as tecnologias interferem no cotidiano, queiramos ou não,
sendo relevante que a educação também participe como importante instância social na
democratização do acesso ao conhecimento, à produção e à interpretação dessas tecnologias.
Nesta perspectiva, apresentamos este artigo fruto de pesquisas em andamento que
elencam as mídias cinema e televisão como objeto de estudo científico. Pontuamos essas mídias
como objetos de estudo interdisciplinares para a possibilidade de realização das análises
culturais; uma vez que, os processos culturais estão intimamente vinculados com as relações
sociais e de poder.
A opção pela investigação das mídias e suas especificidades tem relação intrínseca com a
experiência docente das pesquisadoras, cada qual em seu âmbito de ação sente a necessidade de
debruçar-se sob esta análise mais apurada de como as mídias podem contribuir para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico, já que tem em sua gênese o caráter interdisciplinar,
de movimento cultural bem como, de pluralidade.
A cultura envolve poder ao contribuir para produzir assimetrias nas capacidades dos
indivíduos e dos grupos sociais, a fim de definir e satisfazer suas necessidades a partir das
1 Cibercultura.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
254
distintas assimilações sobre o filme e/ou o programa televisivo apresentado. Conforme assinala
Wortmann (2007), o discurso liga-se ao poder, regula condutas, forma ou constrói
representações, identidades e subjetividades; (re) definindo posições de sujeitos no campo da
representação dos imaginários sociais.
Neste escopo, com base na revisão de literatura, à luz dos Estudos Culturais (EC) e de
teóricos como: Bourdieu (1997), Favaretto (2004), Setton (2004), Nóvoa (2015),
Martín-Barbero (2003) e importantes pesquisadores, analisamos o movimento cultural que o
filme e a televisão podem propiciar para seus receptores, a partir de uma decodificação crítica e
aprofundada do seu capital simbólico. Em que o objetivo centra-se em compreender como as
mídias cinema e televisão podem contribuir para a aprendizagem que é interdisciplinar, e que
tem repercussão social.
A opção metodológica se dá pela revisão bibliográfica; inicialmente conceituando as
mídias sob a base axiológica dos Estudos Culturais tendo a interdisciplinaridade como suporte
na análise crítica e na utilização pedagógica de tais instrumentos.
Esse caminho investigativo permeia o que Costa (2007) expressa, quanto ao desejo de
trazer mais interlocutores para o debate, ampliando assim as possibilidades de reflexão.
Com isso, organizamos este texto da seguinte forma: inicialmente uma discussão acerca
das mídias analisadas nas pesquisas, à luz do referencial teórico adotado. Em seguida, breve
debate sobre a interdisciplinaridade e finalmente as considerações, ainda preliminares, já que as
pesquisas que deram vida a esse artigo científico, ainda não foram finalizadas.
Gamboa (2007) apregoa que tanto nas ciências sociais quanto na educação, tanto o/a
investigador/a quanto o investigado, sejam quais grupos forem, são sujeitos e o nosso objeto é a
realidade. Essa realidade contextual, tão cara aos E.C. são o ponto de partida e
consequentemente elemento mediador entre os/as sujeitos. Numa relação dialógica que une de
certa forma, simpaticamente os sujeitos que são partes do processo de pesquisa. “Esses sujeitos
se encontram juntos ante uma realidade que lhes é comum e que os desafia para ser conhecida e
transformada” (GAMBOA, 2007, p.42).
Com isso, compreendemos a prática da pesquisa científica para além de um protocolo ou
mero requisito acadêmico, pois está eivada de significação humana, cujo objetivo é desvelar a
realidade no sentido de contribuir para sua possível problematização e transformação.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
255
1. MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO À LUZ DOS ESTUDOS CULTURAIS
É inegável que o mundo vem sendo transformado pelas tecnologias, mais precisamente, a
partir do século XIX com a Revolução Industrial, em que as mídias se acentuaram no cotidiano
intervindo de maneira direta na sociedade. Importante ressaltar que neste artigo a análise
cultura e interdisciplinar tem como objetos de estudo as mídias cinema e televisão.
É neste cenário que a televisão passou a exercer um monopólio (BOURDIEU, 1997),
transmitindo conceitos de humanidades; o que nos leva a analisar criticamente a atual mídia TV
como uma "inculcadora" de ideias, na tentativa de difundir e homogeneizar em prol de seus
interesses - político e econômico, e que tolhe por vezes de maneira imperceptível, a criticidade
humana. Nesse ideário fornecem o material com que as pessoas forjam suas identidades;
constroem o senso de moralidade, de classe, de etnia, compartilhando uma cultura comum para
grande parte dos indivíduos.
Setton (2004) expressa ao analisar a mídia cinema que as mensagens, as linguagens
midiáticas (som, imagem, narrativas) estão carregadas de sentido, emitem significados morais,
juízos de valor e como tal, servem como importantes agentes socializadores. Portanto, o filme
nos oferece uma janela para o mundo, e cada vez mais não é apenas uma janela, mas um convite
a estender nossa capacidade de atuar e socializar, rumo ao espaço digital.
Importante destacar quanto às mídias analisadas nas pesquisas, como os Estudos
Culturais ampliam a necessidade de compreender a cultura midiática e ainda intervir no debate,
pois não está apenas interessado em fazer leituras inteligentes de textos culturais, mas também
em tecer uma crítica das estruturas e das práticas de dominação; dando impulso a forças de
resistência e de luta por uma sociedade mais democrática e igualitária.
Para compreender a fundamentação teórica que melhor dá conta de subsidiar nossas
análises acerca das mídias cinema e televisão, importante dizer que os Estudos Culturais desde
a sua constituição na Inglaterra na década de 1950 estão vinculados aos estudos de todas as
formas e práticas comunicativas, especialmente porque tem seus precursores oriundos da
cultura popular.
Em sociedade que contrapõe formas de cultura periféricas e elitistas, vista como a
expressão de um resto construído com saberes inúteis à colonização tecnológica, que assim
marginalizados carregam simbolicamente a cotidianidade e a convertem em espaço de uma
criação muda e coletiva. E um estilo, modo de caminhar pela cidade, habitar a casa, de ver a
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
256
televisão, um estilo de intercâmbio social, de inventividade técnica e resistência moral
(MARTÍN-BARBERO, 2003).
Em recusa a posição de alta cultura os E.C. investem na importância de estudar toda e
qualquer prática cultural. Nesse sentido destacamos sua importância nas palavras de Nelson,
Treichler e Grossberg (1995, p. 7): “esta teoria apresenta uma promessa intelectual especial
porque tentam atravessar, de forma explícita, interesses sociais e políticos diversos e se dirigir a
muitas das lutas no interior da cena atual”.
O ideário dos E.C. pode ser melhor percebido nas palavras de Raymond Williams apud
Cevasco (2003), em que não é possível atingir uma cultura comum por meio da transmissão dos
valores de um grupo específico para todos da sociedade, porque esses valores serão os da classe
dominante. O precursor dos E.C. defende que é preciso dar condições para que todos sejam
produtores e difusores de cultura, não apenas consumidores passivos de um conteúdo escolhido
por uma minoria.
Instalados em um espaço universitário, os E. C. buscam um novo tipo de intelectual,
descomprometido com interesses homogeneizadores, cuja função principal é manter a
linearidade histórica e as relações de poder existentes. Mas, “um intelectual orgânico que
soubesse mais que um intelectual tradicional; (...) colocar em circulação na Inglaterra as
principais correntes de esquerda do ‘continente’, revitalizando e enriquecendo o debate
intelectual” (CEVASCO, 2003, p 78).
Dessa forma, buscamos desenvolver as pesquisas que incorporam este artigo de maneira
que os posicionamentos que envolvem as relações de poder, sejam evidenciados na
problematização dos conteúdos midiáticos endereçados. Para Fabris (2008, p. 120) “essas
dinâmicas das relações de poder estão envolvidas nos processos de significação e de
desnaturalização das verdades”. Assim, no escopo dos Estudos Culturais torna-se
imprescindível compreendermos o caráter sociohistórico cultural das novas tecnicidades e
novos modos de leitura, escrita e textualidade como variedade de textos culturais.
1.1 “Viva o cinema” – uma experiência estética a partir dos Estudos Culturais
A mídia cinema é considerada nesta perspectiva, nos E.C. por sua inserção
teórico-prática no espaço escolar, como forma de uma possível leitura crítica da realidade. Tal
estudo, que encampa essa mídia descentra de certa forma a idéia disciplinar e, abre
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
257
possibilidades de novas relações que com essa abertura aproxima diferentes saberes
interdisciplinares.
As contribuições do cinema como instrumento reflexivo e pedagógico (SETTON, 2004)
envolve uma leitura crítica da realidade por meio de seu universo ficcional; por essas sendas
pontuamos como objeto de estudo a mídia cinema tendo como referenciais os filmes “1984”
(1984), oriundo da obra literária homônima de George Orwel (1903-1950), e “Frankenstein”
(2004), obra clássica da literatura romântica do séc XIX, escrita no ano de 1818 por Mary
Shelley (1797-1851).
Neste contexto, ancoradas nos estudos de Ellsworth (2001) sobre os modos de
endereçamento, destacamos que a escolha dos filmes segue um critério pessoal e social. Social
porque foram filmes que marcaram épocas e desnudaram a realidade circundante, expondo as
mazelas do século XIX e XX respectivamente. Ainda, buscamos auxílio em Johnson (2006) na
tentativa de explicar o critério social que nos levou à escolha dos filmes que mesclam relações
de poder que envolvem consciência e subjetividade, identidade e diferença, e, portanto nosso
critério de escolha, tampouco pode ser dissociado do nível social e pessoal, uma vez que os
filmes marcaram subjetivamente a experiência docente de uma das pesquisadoras na área da
Literatura, que sempre buscou integrar o cinema na sala de aula, com a finalidade de analisar
contextos sócio-históricos, ideológicos, confrontando realidades políticas desiguais, numa
tentativa de propor aos/às educandos/as reflexões e significações para além do espaço escolar.
Favaretto (2004) diz que tomar o cinema como instância educativa implica redirecionar
as tradicionais questões sobre as relações entre pensamento e sensibilidade, entre juízos de
gosto e prazer da fantasia, entre experiência reflexiva e consumo de experiências. O autor
assinala que, em se tratando de cinema e, mais extensamente, de todas as novas tecnologias das
imagens, pergunta-se se o que estaria em questão na escola não seria a constituição de
verdadeiros laboratórios experimentais da sensibilidade e do pensamento visual. Assim,
acrescenta “o cinema seria muito mais que uma simples mediação pedagógica, mas um
dispositivo de problematização da cultura” (FAVARETTO, 2004, p.13).
Portanto, há que considerar o vínculo entre cinema e educação com maior acuidade, no
sentido epistemológico da palavra, uma contribuição pedagógica que extrapola os textos
convencionais e amplia a percepção de que somos professores/as de nosso tempo, um tempo
que demanda uma pedagogia do pluralismo (ROJO, 2013). “Uma maneira particular de
aprender e conhecer o mundo em que a diversidade local e a proximidade global tenham
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
258
importância crítica” (ROJO, 2013, p. 17). Esta asserção traz o sentido e a finalidade de educar
para a sensibilidade intercultural, ainda mais especificamente em um ambiente que contempla
diferentes fronteiras, por meio das lentes multifocais do cinema que aproximam ficção e
realidade.
Para materializar a relação do universo ficcional com a prática docente, apresentamos o
corpus metodológico da pesquisa, direcionada pela pesquisa-ação, que envolve a mídia cinema
em interface com a Educação por meio de uma formação continuada interdisciplinar para
professores da Educação Básica da rede pública estadual.
O objetivo dos encontros de formação continuada foi a inserção teórico-prática da mídia
cinematográfica como estratégia de ensino que contemplasse a visão interdisciplinar dos mais
distintos campos do saber como possibilidade pedagógica, que busca compreender a natureza
das relações que se estabelecem entre os artefatos visuais e seus espectadores. Para além do
entretenimento, o que também é possível, a mídia cinematográfica pode ser compreendida
como material didático, como fonte de informação, como registro histórico de uma época e
servindo também como instrumento ideológico que auxilia na construção das identidades
individuais e coletivas.
Nessa concepção de pesquisa, Thiollent (2002), assevera que as condições dos estudos
empíricos são marcadas pelo caráter coletivo do processo de investigação, logo os
professores/as têm papel ativo no estudo e na intervenção em situações reais. Essa natureza de
pesquisa tem como cerne sua ação como forma de engajamento sócio-político a serviço da
causa das classes trabalhadoras. Assim, os pesquisadores/as desempenham um papel ativo no
equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações
desencadeadas em função dos problemas, e constroem uma relação participativa com a
comunidade pesquisada. A intencionalidade de desenvolver investigação sob esta premissa tem
o propósito de desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados ou
vividos.
Assim, foram realizados oito (08) encontros de quatro (04) horas, totalizando trinta e
duas (32) horas presenciais e oito (08) horas a distância para elaboração coletiva de um plano de
ação interdisciplinar. Essa formação, base para a pesquisa, foi intitulada de “Viva o Cinema”,
cuja proposta foi vivenciar e celebrar a sétima arte, como contribuição à educação escolar.
Corroborando a pesquisa-ação organizamos seminários de problematização, estudo e tomada
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
259
de posição quanto ao tema proposto, conforme postula Thiollent (2002, p. 58) “o seminário
centraliza todas as informações coletadas e discute as interpretações”.
Assim, ao encampar a mídia cinema como recurso pedagógico, há uma nítida observância
do prescrito por Myskiw (2005), de que o cinema na sala de aula e no espaço escolar, tem a
efervescência de ultrapassar as fronteiras geográficas, históricas e políticas, possibilitando
importantes e necessários desvelamentos.
1.2 – A identidade do adolescente infrator na televisão
Entrelaçados com o panorama midiático sob a perspectiva dos Estudos Culturais,
problematizamos a partir de outra pesquisa em âmbito de Mestrado, a mídia TV e sua cultura
na construção da identidade do adolescente infrator. Investigamos por meio de programas
televisivos, em três canais de ampla repercussão social, de televisão aberta, como a cultura da
mídia contribui para disseminar e ao mesmo tempo construir identidades, que legitimam seu
pensamento.
O papel da mídia televisiva na construção de uma identidade do adolescente infrator é
significativo, tendo em vista consistir em uma ampla difusora de cultura simbólica, no qual ler
criticamente esta mídia se torna tarefa importante para uma interpretação que busque explicar o
que está sendo representado e/ou o que está sendo dito (THOMPSON, 2009).
Coadunados a teoria dos EC, em prol de transformações sociais, examinamos o papel da
televisão em uma leitura crítica da cultura propagada. Conforme Cevasco (2003, p. 96), “(...) a
consciência de que os meios de comunicação de massa – os jornais, as televisões, as rádios –
são uma instituição política, com o poder de selecionar, enfatizar e excluir temas de acordo com
interesses particulares”.
Ao refletir sobre a maneira como os meios de comunicação são produzidos e dirigidos por
um pequeno grupo de pessoas, ao compararmos com o grupo que compõe os telespectadores,
vemos que há uma desigualdade, uma hierarquização de culturas, no sentido em que poucos
comunicam para muitos, sem que estes últimos tenham acesso facilitado a este instrumento
tecnológico para dialogar junto ao espaço midiático.
Kellner (2001) enfatiza ainda a relação de dominação que a mídia televisiva estabelece
com a vida diária, o que permite enxergar uma tentativa ou a realização, da relação de poder.
Um terreno que busca a unificação de valores, em detrimento da interculturalidade, esta como o
respeito mútuo às diferenças e o reconhecimento do enriquecimento que propicia a diversidade.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
260
Importante ressaltar que os autores dos E. C. expressam a cultura construída e
transmitida atualmente pela televisão como algo que objetiva uma dominação ideológica, e
contribui para reiterar relações vigentes de poder.
Como metodologia desta pesquisa qualitativa, percorremos a revisão bibliográfica e os
modos de endereçamento (Ellsworth, 2001); bem como os estudos da recepção abordados por
Hall (2003) e Martín-Barbero (2003), a fim de compreender a influência da mídia TV na
construção de uma identidade do adolescente infrator que legitima a aprovação da redução da
maioridade penal.
Para a investigação, selecionamos uma programação que abordou a redução da
maioridade penal, ou seja, não analisamos o programa como um todo, mas o seu enfoque na
apresentação da temática que envolve o sujeito – adolescente infrator -, que compõe o objeto da
pesquisa.
Primeiramente, o telejornal “SBT Brasil” que tem como âncora Rachel Sheherazade,
veiculado pelo canal Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), transmitido de segunda a
sexta-feira às 19h45minh. O segundo programa selecionado para análise é o telejornal “Brasil
Urgente”, apresentado por José Luiz Datena, emitido pelo canal TV Bandeirantes (BAND), de
segunda-feira a sábado às 16h15minh. O último programa analisado, que compõe o corpus
dessa pesquisa em âmbito de mestrado, é “Encontro com Fátima Bernardes”, transmitido de
segunda à sexta-feira às 10h50minh.
O modo de endereçamento da mídia TV para seus telespectadores se concretiza como
uma estrutura invisível que está no texto das imagens e linguagens das telas televisivas, e que
age de alguma forma sobre seus espectadores. Conforme Ellsworth (2001, p. 11), o método se
resume na seguinte pergunta: "Quem este filme/programa pensa que você é?”.
Questionamento que está intrinsecamente relacionado ao receptor da mensagem, pois o
sujeito se envolve na maneira como o conteúdo da tela está movimentando suas emoções,
fazendo rir, chorar, gritar, relacionando-se de uma maneira tão próxima que o filme, o programa
de televisão, a novela, consegue fazer com que - nem que seja por alguns minutos – diferentes
pessoas, partilhem da mesma realidade.
A questão é compreender a apropriação realizada na mídia televisiva em um processo de
produção, veiculação e consumo de imagens e sons que compõe uma gama de significações; as
quais estão relacionadas a modos de pensar, de ser, de ver o mundo e de se relacionar com as
humanidades, com a cultura no plural (CERTEAU, 1993).
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
261
Contudo, apesar do bombardeio de espetáculos que a mídia televisiva produz, por meio
da interlocução com os autores desse tema podemos perceber que seus telespectadores não se
resumem em uma massa amorfa (THOMPSON, 2011), mas sujeitos capazes de trabalhar e
reelaborar o conteúdo oferecido, o produto cultural vendido, em maneiras totalmente alheias às
intenções ou aos objetivos dos produtores.
Reflexões que adentram o campo dos Estudos Culturais ao analisar de que modo
determinados textos e tipos de cultura midiática afetam o público, quais condicionantes têm
sobre a realidade e que modo de potenciais efeitos contra hegemônicos de resistência e lutas
podem ser encontrados na cultura televisiva.
Por isso a necessidade de um exercício crítico sobre a codificação e a decodificação que
se constitui como uma prática desconstrutiva, na tentativa de abrir a uma gama de significados
que não foram intencionados para a recepção dos conteúdos - cenário que se configura em uma
prática gramsciana (HALL, 2003) pois cada momento de desconstrução se constitui também
como reconstrução.
Cevasco (2003) em consonância com Freire (1996) traduz seu pensamento ao defender
que na área educacional todo o esforço pode ser em torno de um novo descentramento da
cultura, como bem o fez Paulo Freire, todos tem o direito de ter sua cultura reconhecida como
legítima.
A análise crítica das informações propagadas pela televisão constitui uma fonte
importante de aprendizagem sobre o modo, por vezes contraditório, de conviver com este
ambiente cultural sedutor. O que permite aumentar a autonomia diante dos conteúdos
midiáticos e adquirir domínio entre a informação transmitida e o caminho para a construção de
novas formas de cultura.
Um estudo cultural crítico para Kellner (2001) compreende a sociedade como um
terreno de dominação e resistência, elaborando a crítica do modo como a cultura veiculada pela
mídia reforça relações de opressão e homogeneização. Ao mesmo tempo em que pode ser
problematizado e desmistificado, com o estofo das teorias críticas da sociedade, com vistas a
um projeto democrático de ocupação desse espaço midiático.
Os Estudos Culturais são um campo teórico eminentemente interdisciplinar, pois se
propõem a entender todas as formas de produção cultural. Recorrem a uma grande gama de
campos a fim de teorizar a complexidade e as contradições dos múltiplos efeitos de uma ampla
variedade de formas de mídia/cultura/comunicações em nossa vida e problematizam como
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
262
essas produções servem de instrumento de dominação, mas também oferecem recursos para a
resistência e a mudança (KELNNER, 2001).
2. A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRESSUPOSTO TEÓRICO E
PEDAGÓGICO
A interdisciplinaridade impõe-se como necessidade no aprofundamento da relação das
mídias cinema e televisão com a cultura de massa. Nesse contexto, trazemos para o diálogo o
pensamento de Nóvoa (2015) quando analisa a etimologia da palavra inteligência, o autor
explica que vem de inter-legere, da capacidade de interligar; e que complexidade vem de
complexus, daquilo que é tecido em conjunto. Assim, a leitura interdisciplinar das relações
midiáticas demanda o entrelaçamento dos campos do saber de maneira a possibilitar
desvelamentos dos produtos culturais.
Ao articular as mídias no corpus teórico apresentamos saberes que dialogam em prol da
compreensão dos conteúdos transmitidos por filmes e programas televisivos, para isso
entendemos a interdisciplinaridade como base para tais desvelamentos.
Os desafios teóricos e metodológicos da interdisciplinaridade evidenciam que há uma
necessidade que emerge tanto dos avanços da ciência e da tecnologia como da transformação da
sociedade contemporânea. O paradigma disciplinar de produção do conhecimento
fragmentado não é mais suficiente para responder aos problemas complexos e contemporâneos,
ressurge na ciência a necessidade de outras formas de abordagem que dêem conta da realidade
multidimensional. Segundo PHILIPPI (2011, p.80) “Essa realidade complexa e híbrida
demanda novos modos de pensar problemas e de gerar conhecimento”.
Consideramos a interdisciplinaridade e sua contribuição teórica como propulsora de
novas formas de dizer e fazer, e isso pode contribuir para desenvolver novos campos de ação,
nos quais a realidade pode ser lida em sua totalidade.
O pesquisador ao adotar uma postura interdisciplinar na construção do conhecimento,
por paradoxal que possa parecer, assume maiores dificuldades, mas também possibilidades. As
dificuldades são caracterizadas pela necessidade de abordagens mais abrangentes e complexas,
assuntos estes que até então haviam sido abarcados apenas por disciplinas únicas.
As possibilidades são oriundas das novas formas de racionalidade, uma busca de
conhecimento que demanda ativa posição crítica em relação a si mesmo enquanto pesquisador e
ao próprio conhecimento, e em relação ao mundo que representa as condições materiais e
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
263
subjetivas que demandam e originam saberes. Os movimentos interdisciplinares buscam
constantemente a matriz geradora do conhecimento, sem aspirar à unificação dos saberes, mas
sua integração, com o objetivo de multiplicar saberes.
Importante salientar que entendemos como um caráter de investigação completamente
contrário ao espírito científico caracterizado por cisão, por um modo de conhecimento
disciplinar compartimentado, mas um pensamento científico que evoca o diálogo, a
democracia, a cooperação e o entendimento de universalidade. Uma tentativa de romper com
aquilo que Pombo (1998, p. 18) chama de barbárie do especialismo, explicado mais
detalhadamente por Ortega y Gasset apud Pombo (1998, p. 18):
Dantes os homens podiam facilmente dividir-se em ignorantes e sábios, em mais ou menos sábios ou mais ou menos ignorantes. Mas o especialista não
pode ser subsumido por nenhuma destas duas categorias. Não é um sábio
porque ignora formalmente tudo quanto não entra na sua especialidade; mas também não é um ignorante porque é “um homem de ciência” e conhece
muito bem a pequeníssima parcela do universo em que trabalha. Teremos de
dizer que é um sábio-ignorante – coisa extremamente grave – pois significa que é um senhor que se comportará em todas as questões que ignora, não
como um ignorante, mas com toda a petulância de quem, na sua especialidade,
é um sábio.
Cenário resultante dos efeitos que a especialização da ciência começava a ser
caracterizada no final do século XVIII com a exacerbação da razão vinculada a exatidão; os
conhecimentos científicos passam a ser organizados separadamente, mesmo interligados na sua
origem, sem contato algum posteriormente, fato que contribui muitas vezes para a hierarquia
das áreas científicas e para a negação da constituição de outros objetos do conhecimento.
Longe de diluir as disciplinas, a interdisciplinaridade reenvia o pesquisador para a
complexidade do próprio objeto da ciência; possibilidade que permite modificar práticas
passadas, sem apagar a historicidade que levou o pesquisador até o espaço social que ocupa,
para novas investigações que integrem novos e similares instrumentos conceituais e
metodológicos.
Uma postura interdisciplinar permite aos pesquisadores, reconhecer os limites do saber
e a incompletude humana, para compreender contribuições de outros conhecimentos e de
outros sujeitos, a procura de ver em um grande cenário a parte que constitui o todo e o todo
como integrante da parte.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
264
Neste escopo, analisamos que na contemporaneidade, diante de mudanças tecnológicas
tão velozes, são fundamentais a reflexão e o conhecimento sobre a cultura da mídia. A escola
pode incorporar o estatuto midiático como um componente curricular, sem trancafiá-lo em uma
matriz curricular. Argumentamos ainda, que a escola tem dificuldade para transitar e
estabelecer conexões com a complexidade das mídias, por isso é fundamental estudá-las como
um fenômeno importante, já que exercem um papel formativo do público infanto-juvenil.
Construir saberes hoje é permitir abrir novos cenários, é sair da concretude da exatidão
para tudo que a potencialidade humana pode conceber; é ter a chance de analisar o todo e
descobrir as infinitudes que o preenchem, não para comprovar, mas para compreender a
natureza que compõe a vida humana.
Análise importante ao nos determos na relação dialética estabelecida pelas mídias cinema
e televisão, e portanto pedagógica, a partir de uma análise cultural e interdisciplinar, em que
reconhecemos os limites do humano e que por isso a fragmentação da ciência é sua própria
redução, tendo em vista a realidade que grita por mudanças sociais, marcada por uma sociedade
ainda excludente.
CONCLUSÕES
Assim, as mídias cinema e televisão são instrumentos que podem servir a diversos
interesses - burgueses e populares - com isso é necessário apropriar-se dela para um fim
educativo. No ideário dos EC ao mesmo tempo que existe o intuito de manter o sistema, por
seus interstícios podem ser formadas consciências críticas. Explorar suas potencialidades em
imagens e textos que formam e informam, principalmente nessa expansão que vivemos dos
meios de comunicação, possibilita a problematização dos conteúdos endereçados em prol de
um movimento intercultural.
O caminho metodológico percorrido foi de análise bibliográfica, documental, no tocante
ao Estatuto da Criança e do Adolescente e dos Direitos Humanos, em que a cultura, a recepção,
os modos de endereçamento, a pesquisa-ação e as linguagens verbalizadas e imagéticas
convidam a uma reflexão interdisciplinar. Ainda, pontuamos as mídias cinema e televisão como
formas de comunicação, que analisadas criticamente, se constituem em maneiras de conhecer,
entender e modificar a realidade vivida.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
265
É nesse movimento de produção e construção de significados que a instituição escolar
pode propiciar aos/às educandos/as e educadores/as, a inserção das mídias cinema e televisão
no fazer pedagógico com vistas à apropriação da tecnologia cultural para além da
instrumentalização tecnológica, que por si só, é inoperante. Pode ainda, por meio de propostas
formativas coletivas, repensar a prática pedagógica, que por vezes é atrelada, no que tange às
mídias, ao instrumento, para vincular à ideia de arte eminentemente humana.
REFERÊNCIAS
ALVARENGA, Augusta Thereza de. [et al]. Histórico, filosóficos e teórico-metodológicos da
interdisciplinaridade. In: PHILIPPI, Arlindo Jr. E NETO, Antônio J. Silva, (editores)
Interdisciplinaridade em Ciência, Tecnologia & Inovação. Barueri, SP: Manole, 2011, p.
3-68.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
BRITO, Glaucia da Silva e PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e Novas Tecnologias: um
re-pensar. Curitiba: Ibepex, 2008.
CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre os Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2003.
CERTEAU, Michel De. A Cultura no Plural. 7. ed. Campinas, SP: Papirus, 1993.
COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Pesquisa-ação, pesquisa participativa e política cultural da
identidade. In: Caminhos Investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em
educação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2007.
ELLSWORTH, Elizabeth. Modos de endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de
educação também. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (trad./org.). Nunca fomos humanos - nos
rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
FAVARETTO, Celso. Prefácio. In: A cultura da mídia na escola: ensaios sobre cinema e
educação. (Org.) Maria da Graça Jacintho Setton. São Paulo: Annablume: USP, 2004, p. 9-13.
FABRIS, Eli. Em Cartaz – O cinema brasileiro produzindo sentidos sobre escola e
trabalho docente. Porto Alegre, UFRGS, 2005, 250 p., Tese (Doutorado) – Programa de
Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2005.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
266
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
GAMBOA, Silvio Sanchez. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó:
Argus, 2007.
HALL, Stuart. Da Diáspora. Identidades e Mediações Culturais. Tradução Adelaine La
Guardia Resende. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
KELLNER, Douglas. A Cultura da Mídia. Bauru, SP: EDUSC, 2001.
LEVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia.
Rio de Janeiro: U.F.R.J., 2003.
______. Tecnicidades, Identidades, Alteridades: Mudanças e Opacidades da Comunicação no
Novo Século. In: MORAES, Dênis de (Org.) Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad,
2006. p.51-79.
MYSKIW, Antõnio Marcos. Dicionário da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2005.
NELSON, Cary; TREICHLER, Paula A.; GROSSBERG, Lawrence. Estudos Culturais: Uma
Introdução. In: Alienígenas na sala de aula: Uma Introdução aos estudos culturais em
educação. Tomaz Tadeu da Silva (org.) Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
NÓVOA, Antonio. Carta a um jovem investigador em Educação. Investigar em Educação. II
série, número 3, 2015. Vila Real, Portugal.
PHILIPP, Arlindo Jr. Interdisciplinaridade, pedagogia e didática da complexidade na formação
superior. In: PHILIPPI, Arlindo Jr. e NETO, Antônio J. Silva, (editores) Interdisciplinaridade
em Ciência, Tecnologia & Inovação. Barueri, SP: Manole, 2011.
POMBO, Olga. Epistemologia da interdisciplinaridade. In: Ideação/Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, Campus de Foz do Iguaçu. Centro de Educação e Letras – Cascavel, PR,
Edunioeste, 1998.
ROJO, Roxane Helena Rodrigues. In: (Org.) Escola Conectada: os multiletramentos e as TIC.
1ª ed. São Paulo: Parábola, 2013.
AS MÍDIAS CINEMA E TELEVISÃO NUMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE CULTURAL E INTERDISCIPLINAR. MORAES,
Denise Rosana da Silva, DOMINGOS, Hêlena Paula, MARINOSKI, Laura Duarte
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
267
SETTON, Maria da Graça Jacintho. (Org.). Cinema: instrumento reflexivo e pedagógico. In: A
cultura da mídia na escola: ensaios sobre cinema e educação. São Paulo: Annablume: USP,
2004.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 2002.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios
de comunicação de massa. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
______. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 12. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2011.
WORTMANN, Maria Lúcia Castagna. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos
Investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em Educação. 2. ed. Rio de Janeiro:
Lamparina Editora, 2007, p. 71-90.