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10 INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA Rosalina Aparecida Ferreira Canhada A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENFERMEIRO DOCENTE ATUANTE NA ÁREA DA EDUCAÇÃO.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI

SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

Rosalina Aparecida Ferreira Canhada

A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENFERMEIRO DOCENTE ATUANTE NA ÁREA DA EDUCAÇÃO.

SÃO PAULO – SP

2016

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Rosalina Aparecida Ferreira Canhada

A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENFERMEIRO DOCENTE ATUANTE NA ÁREA DA EDUCAÇÃO.

Trabalho apresentado à Direção da Sociedade

Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI –

como requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientadora:Profª. Drª. Claúdia Conforto

SÃO PAULO - SP

2016

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Rosalina Aparecida Ferreira Canhada

A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENFERMEIRO DOCENTE ATUANTE NA ÁREA DA EDUCAÇÃO.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do

Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Terapia Intensiva.

Aprovada___/__/____

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Cláudia Conforto de Sá

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

DIRETORA ACADÊMICA

Profº. Me

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Examinador

Prof.º

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Examinadora

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus a cima de tudo por mais esta conquista, pois sei que Ele é

meu refúgio e minha fortaleza.

Meus agradecimentos em especial ao Instituto Brasileiro de Terapia

Intensiva – IBRATI responsável pelo meu crescimento e formação profissional.

Aos colegas de turma, pelos momentos que compartilhamos juntos durante

o mestrado.

A todos os professores, pelos ensinamentos dados, em especial, a minha

orientadora, e todos aqueles que foram de suma importância na minha

aprendizagem, a todos o meu muito obrigado!

14

Dedico este trabalho:

Aos meus filhos

Por ser minha fortaleza;

Aos meus amigos

Pelo acolhimento e carinho.

15

“Se estudar os anos passam e serás alguém, se não estudar os anos passarão e serás o mesmo”

Dora Rocha

16

RESUMO

Neste trabalho de pesquisa bibliográfica está sendo apresentado uma

retrospectiva sobre as atividades de enfermagem no campo da docência e

procurando focalizar os aspectos relacionados ao conhecimento e subsídios

que venham a contribuir para a qualidade do ensino dos cursos de

enfermagem. O objetivo de maior ênfase do trabalho e de caráter específicos

foi relatar a evolução histórica do curso de enfermagem no Brasil,

demonstrando atividades, funções e habilidades do docente em enfermagem,

apontando as fases fundamentais do currículo e dos aperfeiçoamentos que

permitem identificar características e competências para prover o profissional

de recursos para atuar como docente.

Palavras chave: Docência. Enfermagem. Habilidades.

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ABSTRACT

In this Word of literature is being presented a retrospective on the nursing

activities in the field of teaching and trying to focus on aspects related to

knowledge and subsidies that may contribute to the quality of education of the

nursing courses. The goal of greater emphasis of the work and character was to

report the specific historical evolution of nursing in Brazil, demonstrating

activities, functions and skills of nursing faculty, pointing out the key stages of

the curriculum and improvements that allow to identify characteristics and skills

provide the professional resources to serve as teachers.

Keywords: Teaching. Nursing. Skills.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………………………………………………………101.1 OBJETIVOS…………………………………………….....……....121.1.1 Objetivos Geral.....................................................................121.1.2 Objetivos Específicos..........................................................12 2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................132.1 Evolução Histórica do Curso de Enfermagem no Brasil....132.2 A ENFERMAGEM MODERNA NO BRASIL...........................152.3 A ENFERMAGEM NO BRASIL SÉCULO XX..........................172.4 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO DOCENTE EM ENFERMAGEM..............................................................................192.5 ÁREA DE ATUAÇÃO MERCADO DE TRABALHO................222.6 O DOCENTE EM ENFERMAGEM NO BRASIL HOJE............243 METODOLOGIA..........................................................................264 ANÁLISE E DISCUSSÃO............................................................275 CONCLUSÃO..............................................................................296 REFERÊNCIAS...........................................................................30

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1 INTRODUÇÃO

A atividade de enfermagem é exercida desde tempos remotos

destacando-se a influência dos sacerdotes da igreja cristã primitiva, feiticeiros,

curandeiros, mágicos e até filósofos. Alguns estudos consideram que a

atividade iniciou-se no lar com os cuidados maternos. O principal objetivo e a

própria razão da existência da enfermagem é servir a humanidade, isto é,

prestar a qualquer individuo, independente de cor, raça, nacionalidade e/ou

situação política ou social, tratamento e ajuda clinica e psicológica.

Em meados do século XVIII surgiram as primeiras escolas de

enfermagem. A inglesa Florence Nightingale é considerada uma das pioneiras

no progresso da enfermagem em relação ao conhecimento científico. Florence

fundou uma escola de enfermagem no hospital São Tomas com um padrão

inovador bem diferente ao praticado na época.

No Brasil destaca-se o nome de Ana Neri, que se alistou voluntariamente

como enfermeira na guerra do Paraguai. Seu trabalho foi marcante e serviu de

exemplo para o serviço de enfermagem brasileiro, que, para homenageá-la

fundou em 1890 a Escola de Enfermagem Ana Neri. A partir de então

começaram a surgir outras escolas direcionadas para o atendimento clinico: o

curso de Socorrista da Cruz Vermelha (1916); os primeiros estágios e a

primeira turma de Enfermagem da Escola Ana Néri (1925); Escola de

Enfermagem Carlos Chagas (1933); Escola de Enfermagem Luisa de Marillac;

Escola Paulista de Enfermagem (1939); Escola de Enfermagem da USP

(1944). Hoje são mais de 5.000 instituições de ensino e superior em

enfermagem.

Com o crescimento e a procura pelo curso de enfermagem, tanto técnico

como superior, a necessidade de docentes especializados tornou-se uma

exigência estabelecida pelo Ministério da Educação(MEC).

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Daí a importância de se rever como o profissional enfermeiro que atua na

área acadêmica tem se preparado. O número de docentes em enfermagem

corresponde a demanda dos cursos¿ Os docentes em enfermagem são

enfermeiros¿ A educação continuada é uma preocupação dos docentes em

enfermagem¿ Como o docente enfermeiro atualiza seus conhecimentos¿ São

perguntas como estas que este trabalho se propõe a buscar com o intuito de

contribuir para a qualidade do ensino dos cursos de enfermagem.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

A principal razão em estudar a atuação do profissional enfermeiro no

cenário acadêmico justifica-se no fato do enfermeiro possuir formação

acadêmica específica sobre determinados procedimentos, tais como a

semiologia. Entretanto este conhecimento acadêmico e empírico não se faz

suficiente para que a mesma possa atuar no corpo docente, sendo necessário

uma profissionalização do profissional enfermeiro no campo da docência para o

exercício da função, buscando o domínio didático-pedagógico tanto no ramo da

enfermagem quanto no campo saber.

1.1.2 Objetivo específico

Apresentar como se deu a formação do enfermeiro docente, desde a sua formação inicial até os dias atuais; mostrando as habilidades e competências do docente em enfermagem, bem como a área de atuação enfatizando os aspectos pedagógicos, a importância e a necessidade da educação continuada.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Evolução Histórica do Curso de Enfermagem no Brasil

As raízes e o desenvolvimento da enfermagem brasileira ainda são

objetos de estudo pelos pesquisadores da História de enfermagem. Esses

grupos de pesquisadores se empenham na produção e critica do conhecimento

histórico da enfermagem, principalmente a partir da década de 1990. Existe

uma grande lacuna sobre os primeiros tempos da enfermagem, por ser difícil o

acesso aos documentos que relatam fatos sobre a enfermagem no período

colonial, restringe-se o conhecimento ao final do século XIX e XX em diante.

O fato inaugural da transferência de ideologia, ciência e tecnologia de

cuidar para nós é a inauguração da Santa Casa de Misericórdia de

Santos(1543), ainda com o caráter de abrigo. Alguns padres da Companhia de

Jesus versados nas artes medicas montaram as primeiras enfermarias nas

missões para tratar dos corpos e das almas da colônia, seguidos pelos

membros das Irmandades da Misericórdia e suas Santas Casas. No século

XVIII também se iniciam as atividades dos hospitais militares, alguns deles

implantados em edifícios pertencentes aos jesuítas antes de sua explosão pelo

Marques de Pombal. O quadro típico de funcionários do hospital militar

compunha-se de um físico-mor, um a três cirurgiões, um ou dois boticários, um

enfermeiro-mor e seus ajudantes, um almoxarife, um oficial e soldados de

guarda(Silva, 2000).

Esses hospitais tinham as mesmas dificuldades que as Santas Casas,

como falta de pessoal qualificado, medicamentos, superlotação, epidemias, etc.

Somente com a chegada da corte portuguesa em 1808 alteraria esse quadro

da assistência a saúde em terras brasileiras, pois o Imperador Pedro II e

23

o provedor da Santa Casa de Misericórdia, José Clemente Pereira,

trouxeram ao Brasil, em 1852, as primeiras 33 irmãs e São Vicente de Paulo de

Paris para o Rio de Janeiro(Padilha, 1998) e também durante a Guerra contra o

Paraguai (1864-1870), para o Hospital Militar da Guarnição da Corte.

No que diz respeito a enfermagem, Campos e Oguiso(2013, p. 18),

entendem que a formação e a identidade profissional da enfermagem após

1930 no Brasil, “ legitimava representações estanques, que consideravam a

profissão como adequada para mulheres e forjavam impedimentos aos que não

se enquadravam no estereótipo”. Os autores revelam as questões de gênero e

raciais que a padronização do ensino de enfermagem impôs, com o intuito de

construir uma identidade feminina e elitista, o modelo de escola oficial de

enfermagem americano, dificultava a presença de mulheres negras e homens

no curso de enfermagem.

24

2.2 A Enfermagem Moderna no Brasil

A primeira iniciativa de implantação do ensino de enfermagem no Brasil

ocorreu em 1894, com a contratação de cinco enfermeiras da Escola

Nightingale para organizar e dirigir a futura Escola de enfermeiras do Hospital

Evangélico de São Paulo(hoje Hospital Samaritano). O modelo de ensino

proposto atendia exclusivamente aos interesses organizados internos como “

uma escola tipicamente inglesa” (Carvalho, 1972).

O principal obstáculo para a difusão no Brasil do ensino de Enfermagem

trazido pelas enfermeiras inglesas consistiu no fato de se tratar de “uma

iniciativa privada que visava unicamente preparar pessoal para o Hospital

Samaritano”, (Carvalho, 1972).

Percebe-se que, na implantação do modelo Nightingale do Estados

Unidos para o Brasil, aconteceram prejuízos relacionados à má utilização dos

instrumentos de pesquisa, problemas de ordem administrativa e pedagógica

das escolas, além do fato de que as alunas de enfermagem eram utilizadas

como mão-de-obra nos hospitais, que mantinham escolas de enfermagem

associadas (Sauthier, 1996). Enfermeira “Ana Nery”, de “alto padrão de saúde

pública” ou “diplomada” foram expressões utilizadas para distinguir as

enfermeiras egressas da primeira escola oficial do país, nos moldes

Nightingale, das preparadas pelos demais cursos brasileiro(Barreira, 1994).

Dava-se inicio a enfermagem e ao ensino de enfermagem moderno no cenário

nacional.

A duração do curso da Escola de Enfermagem do DNSP variou ao longo

dos três primeiros anos de funcionamento: 28 meses no primeiro, 32 no

25

segundo e 36 meses a partir do terceiro ano. Esse termo de duração

transformando em períodos letivos, corresponde a quatro anos acadêmicos,

duração exigida em 1949, portanto 25 anos depois da Lei nº 75, instituída

para o ensino de enfermagem(Alcântara, 1972). O decreto nº 16.300/23

regulamentou o funcionamento do curso, determinou sua duração de 36

meses, instituiu o programa de instrução, estabeleceu os requisitos mínimos

para a admissão e a obrigatoriedade da pratica no Hospital São Francisco de

Assis, anexo ao DNSP.

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2.3A Enfermagem no Brasil do Século XX

A História da Enfermagem é conteúdo obrigatório dos cursos de

Graduação desde o Standard Curriculum de 1917, formulado para a

enfermagem norte-americana (Angerami & Bomer, 1985), inserindo no Brasil

com a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública,

que implantou o paradigma anglo-americano de enfermagem no Rio de Janeiro

em 1923.

Um segundo momento da História da Enfermagem no Brasil é marcado

pela atuação das pioneiras Waleska Paixão (1951), das pesquisas de Glete de

Alcântara (1966), Haaydeé Guainais Dourado (1968) e Amália Correa de

Carvalho (1972); além do documentário da Associação Brasileira de

Enfermagem de Anayde Correa de Carvalho(2005), Fernandes C. Machado

(2013).

Cabe destacar que o advento da pós-graduação stricto sensu (1972) não

veio alterar substancialmente a produção de estudos históricos sobre a

enfermagem brasileira. Contudo, durante a primeira jornada brasileira de

História da Enfermagem (1984), houve recomendações de que os estudos se

fizessem com abordagens mais criticas e fossem interpretados a luz dos fatos

sociais dos períodos correspondentes.

Enfermagem no Brasil:

1890: Criação da Escola de enfermagem Alfredo Pinto no Rio de Janeiro.

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1914: Tem inicio a 1ª Guerra Mundial com a participação da Cruz

Vermelha Brasileira, onde se inicia o preparo de voluntários para trabalhar em

enfermagem.

1923: Primeira escola de enfermagem baseada na adaptação do modelo

nightingaleano, a Escola Anna Nery, que redimensionou todo o modelo da

enfermagem brasileira, passando a ser reconhecida como padrão de referência

para as demais escolas.

1926: Fundação da Associação de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras,

atual Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), entidade cultural que tem

por finalidade o desenvolvimento profissional dos associados pelo

aprimoramento cientifico - cultural.

1949: Pela Lei 775, passou-se a exigir que a educação fosse centralizada

em núcleos universitários.

1961: A lei nº 2995/56 passou a exigir dos estudantes o nível secundário

completo.

1962: Criação do curso superior em enfermagem.

1973: Criação do Conselho Federal de Enfermagem, órgão disciplinador

do exercício profissional(COFEN – COREN).

1975: Reconhecimento do curso de Auxiliar de Enfermagem.

1981: Regulamentação do curso de Mestrado em Enfermagem.

1986: Criação do Sistema Único de Saúde.

Junho/1986: Aprovação da nova Lei do Exercício Profissional.

28

2.4 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO DOCÊNTE EM ENFERMAGEM

Através de estudos destinados à formação docente em enfermagem,

demonstra que o oficio de ensinar já estava presente desde a antiguidade, mas

que ele só “começou a ser tratado cientificamente quando a Pedagogia vincula-

se à Psicologia” (Guthier, 1998). A enfermagem vem como prática cientifica

incorporando elementos da educação. Dessa forma o profissional se configura

perante a sociedade como um educador em saúde, seja em comunidades ou

escolas, assumindo o status de professor, pois, para isso é necessário ter

percepção da pratica pedagógica que exercita no cotidiano na sala de aula.

Para formação é necessário que o enfermeiro torne um docente,

considerando assim uma dimensão pedagógica no processo de formação.

Donald Schoh (1983) relata que os recém formados encontra dificuldades ao

ingressar no mundo de trabalho pelo fato de que a formação recebida nas

instituições de ensino são insuficientes.

De acordo com Demo(2005) deve ser um reconstrutor do conhecimento,

um pesquisador, não só sob o ponto de vista da ciência e da tecnologia, mas

também da humanização na educação. Precisa cuidar da aprendizagem do

aluno e da formação critica e criativa de um cidadão, defendendo a criação de

licenciatura na área da enfermagem, habilitando para o exercício do magistério

29

de nível superior, pois o enfermeiro não possui instrumentos didáticos básicos

a pratica docente e para formação de quem ensina na área.

Precisa cuidar da aprendizagem do aluno e da formação crítica e criativa

de um cidadão. Freire(2011) denuncia a prática anti-humanista do educador

pragmático neoliberal, chamando-o de treinador, exercitador de destreza e

transferidor de saberes, que articula uma educação insensivelmente tecnicista

e coloca o educando em uma posição de acomodação. Afirma, porém,

que o educador formador permite uma prática educacional viva, alegre, afetiva,

extremosa, com todo rigor científico e o domínio técnico necessários, mas

sempre em busca da transformação; denuncia ainda como bancária as formas

de superação da educação tradicional para a formação de um docente.

Para (Oliveira e Koifaman, 2013) a docência em saúde, exige o

conhecimento científico nas áreas de formação profissional, legitimando na

prática, numa analógica transmissiva de que saber fazer significa saber

ensinar.

Tardif( 2013), p.63) entende saber experiencial como: “um saber ligado às

funções dos professores, e é através da realização dessas funções que ele é

mobilizado, modelando e adquirindo”. Ainda segundo Tardif(2013, p.63-64),

eles são oriundos “dos lugares, das organizações que os formam e/ou nas

quais trabalham, com seus instrumentos de trabalho e com sua experiência de

docente”. O saber experiencial é um saber plural, que pode ser adquirido no

desenvolver das atividades docentes, a partir de conhecimentos formais

anteriores dos professores/alunos. O professor enfermeiro, ao refletir sobre a

dificuldade de relacionar a teoria e a prática de enfermagem precisa criar

mecanismos pedagógicos para diminuir esse distanciamento. Tal

distanciamento não existe apenas na prática docente, ele referenciado também

na prática clínica, evidenciado em fóruns de pesquisa em enfermagem e na

literatura.

30

Nesta lógica, permanece a necessidade de os docentes de enfermagem

situarem-se neste cenário a fim de construir saberes e fomentar a reflexão

sobre suas experiências, sendo uma das responsabilidades do professor a

provocação do espírito crítico, reflexivo e criativo em seus alunos. A

competência, enquanto capacidade de agir eficazmente em um determinado

tipo de situação, fomenta a prática reflexiva e esta é a base para a construção

das competências. Ao discutir de que modo é possível desenvolver as

competências necessárias ao ensino, Perrenoud defende uma metodologia

baseada em pedagogia ativa, colaborativa e partilhada, com o aluno

participando ativamente da construção do conhecimento.

A educação em enfermagem é importante e necessário, devido o seu

processo de formação possuir uma proposta curricular que não contempla

disciplinas específicas, a partir desta abordagem teórica devemos observar que

é necessário preparar profissionais com capacidade critica e reflexiva para

influenciar as decisões políticas e compreender melhor a condição humana,

atendendo assim as novas especificações do século XXI.

31

2.5 ÁREA DE ATUAÇÃO (MERCADO DE TRABALHO)

Na ultima década muitos cursos de formação técnica profissional em

enfermagem foram implantados no Brasil, motivados principalmente pelo

Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem do

Ministério da Saúde (PROFAE/MS). E assim novos formas de trabalho veio a

tona, como as escolas técnicas de enfermagem, e os professores escolhidos

eram os próprios profissionais enfermeiro, sem formação pedagógica. E de

acordo com as perspectivas do mercado de trabalho contemporâneo é que

vem se repensando a prática pedagógica do enfermeiro professor.

O enfermeiro é educado por natureza, em orientar os pacientes em prol a

prevenção e promoção a saúde.

Tardif( 2013, p.63) entende saber experiencial como: “um saber ligado às

funções dos professores, e é através da realização dessas funções que ele é

mobilizado, modelando e adquirindo”. Ainda segundo Tardif(2013, p.63-64),

eles são oriundos “dos lugares, das organizações que os formam e/ou nas

quais trabalham, com seus instrumentos de trabalho e com sua experiência de

docente”. O saber experiencial é um saber plural, que pode ser adquirido no

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desenvolver das atividades docentes, a partir de conhecimentos formais

anteriores dos professores/alunos.

Os melhores empregos vão para aqueles que tem pós graduação,

mestrado e participação em congressos.

Estamos numa época de constante transição sócio-econômica, que tem o

poder de mover grandes massas a uma lógica universal. Aqueles que por um

motivo não conseguem acompanhar essa engrenagem, é friamente jogado

para fora do sistema e cabe ao fracasso arcar com todas as conseqüências.

A atualização constante do docente tem como conseqüência a ampliação

da capacidade de percepção e de novas leituras a partir de mudanças de

paradigmas, adquirindo uma postura com intenção de conduzir o discente a um

processo crítico reflexivo. Vale lembrar que falhas na formação dos professores

O enfermeiro docente tem a responsabilidade de perceber o ensino-

aprendizagem como um amalgamar de pensamentos, capaz de propiciar

àquele que aprende, desvendar novos caminhos e desenvolver atitudes que

venham a transformar a sociedade.

Dessa forma, deve ampliar capacidades empíricas capacitando-o ao

desenvolvimento do saber; analíticas que o tornem capaz de inferir uma teoria;

avaliativas que o tornará apto à emissão de juízos sobre acontecimentos e

avaliação dos resultados educacionais concebidos; estratégicas como forma de

planejar e implementar ações; práticas, que estabeleçam relações entre a

análise e a prática e entre os fins e os meios e, ainda, entre a comunicação

como forma de disponibilizar suas idéias. Ainda em relação à importância da

formação do docente, é mister que seja autocrítico e capaz de realizar uma

análise do seu ensino, bem como, adquirir competências cognitivas e

relacionais. Nos tempos atuais, a docência universitária deve propiciar a

formação do cidadão, devendo-se alterar os projetos pedagógicos que ainda

privilegiam a gênese de técnicos profissionais. O que irá determinar o ensino é

33

o modo de entender e fazer educação, e ainda de como ela é trabalhada em

sala de aula, espaço de interação entre professores e alunos. Assim, para

fortalecer a Enfermagem como Disciplina é necessário o comprometimento de

seus profissionais com as formas específicas de construir conhecimento e

utilizá-lo, estejam estes profissionais ligados ao ensino, assistência ou

pesquisa.

2.6 O DOCENTE EM ENFERMAGEM NO BRASIL HOJE

Nos dias de hoje o ensino de enfermagem é realizado juntamente em um

ambiente ligado ao sistema de saúde, onde os fenômenos pedagógicos são

desempenhados através de relação dimensionalmente complexa, na medida

em que além do professor e aluno, existe outra pessoa, a do paciente.

Assumindo assim como professor, sendo necessário ter conhecimento

prática pedagógica; formação pedagógica devido a transformação social, que

está se ampliando como campo de trabalho.

O ensino de enfermagem tem a responsabilidade de preparar

profissionais para atuar de forma diferenciada neste século que se inicia, ou

seja, tem a responsabilidade de gerar conhecimentos e transformá-los em

capacidades ou competências múltiplas para o agir em enfermagem de forma a

atender paradigmas emergentes. Para que haja melhoria na qualidade do

trabalho docente do enfermeiro é necessário que ele se reconheça como tal,

entretanto, para muitos, a sua atuação docente é geralmente considerada

secundária. Na maioria das vezes sua formação, em termos de pós graduação,

está voltada a particularidades da área considerada por ele primordial a

Enfermagem. (SILVA, 2013, p. 22) Observamos que os cursos de graduação

em Enfermagem no Brasil, nas IES públicas, são oferecidos nas modalidades

34

licenciatura e bacharelado. Dados do MEC (2013) apontam que são ofertados

cento e trinta e dois cursos na modalidade bacharelado e treze na modalidade

licenciatura, o que revela que os cursos de graduação em Enfermagem formam

um número maior de bacharéis do que licenciados, demonstrando que esses

profissionais irão iniciar seus estudos sobre práticas e saberes pedagógicos já

nos cursos de pós-graduação.

Porém, muitos deles, quando terminada a graduação ou a especialização

Lato Sensu, já estarão exercendo a docência. Luckesi (2011) afirma que a

formação de educadores para o século XXI, dentro de uma visão

transdisciplinar, deve proporcionar ao profissional a capacidade de cuidar de si

e dos outros, conviver com os outros, ter a posse do conhecimento científico e

profissional de sua área.

Confirmando esse quadro, Silva (2013) assinala a necessidade de se

buscar no ensino de Pedagogia conhecimentos para melhorar sua relação com

os pacientes sob seus cuidados, no sentido de fornecer explicações e

informações em saúde. Ela assumiu, a partir disso, a docência universitária,

passando a ser enfermeira-docente. Assim, a autora relata em sua pesquisa

que: “nosso interesse aumentou mais, ao exercermos a docência universitária,

vivendo as dificuldades dessa área sem uma formação específica para isso”.

Entretanto, acredita que o doutorado lhe fornecerá conhecimentos para ser

“enfermeira-docente”, como registra. (SILVA, 2013, p.1). O conhecimento não é

estático, mas um processo dinâmico, atualizado. Sendo assim, para a evolução

do professor enfermeiro tornam-se necessários estudos, experiências,

observações, bem como pesquisas acerca da relação entre a educação e a

enfermagem, de forma que ele possa se apropriar da docência como um saber

desenvolvido(TARDIF, 2013). Segundo Tardif (2013), O saber, não é uma

coisa que flutua no espaço; o saber dos professores é o saber deles e está

35

relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida

e com a sua história profissional, com as suas relações com aluno em sala de

aula e com os outros atores escolares na escola. (TARDIF, 2013, p. 11) Os

saberes experienciais aparecem próximos do enfermeiro, nos primeiros

contatos que estabelece com a equipe de enfermagem. Desse modo, ele pode

desenvolver a educação permanente, a educação em saúde aos seus clientes.

Tratam-se, pois, de oportunidades experienciais em educação. Tardif (2013, p.

39) considera que “os saberes experienciais são saberes dos próprios

professores, no exercício de sua profissão, [...] brotam da experiência e

são por ela validados”. Logo, precisamos considerar que o enfermeiro, na

atuação em educação em saúde, esteja assumindo as características de

professor ao buscar pelo saber docente nas “entrelinhas” da sua prática

educativa.

De acordo com este processo de redirecionamento na formação dos

profissionais de enfermagem estará voltado para as transformações sociais, as

propostas pedagógicas devem dialogar com estas transformações, esperando

assim a incorporação dos aspectos inerentes a sociedade globalizada do

século XXI.

Estas mudanças tornaram necessárias porque vinham reduzindo um

processo de ensino aprendizagem sem se envolver muito com a aprendizagem

significativa.

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3 METODOLOGIA

Trata se de uma Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa que

consiste em um método de pesquisa usado desde 1972, com o objetivo de

proceder a uma síntese de resultados.

Foram selecionados os artigos de maior relevância, sendo esses

analisados de forma critica; revisão de literatura na área de pedagogia e

enfermagem com o intuito de revelar o perfil, características, postura,

competência e habilidades necessária para a atuação do docente enfermeiro.

Onde procuramos trazer a tona como se deu a formação de enfermeiro

docente desde a sua formação inicial até os dias atuais; privilegiando a reflexão

por meio de discussão. Os bancos de dados utilizados para a pesquisa

foram: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), disponíveis e

localizados através de endereço eletrônico da Biblioteca Virtual em Saúde

(BVS).

Diante a estas exigências foi que retratou-se a questão do

aprimoramento curricular demonstrando as motivações e impedimentos dos

profissionais enfermeiros em relação a docência.

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Destacando que o docente enfermeiro antes não tinha habilidades e

preparação pedagógica; o ensino era voltado para que os profissionais

atuassem apenas em hospitais, esta formação não era suficiente para

acompanhar o crescimento e procura do curso, pois faltava a preparação

pedagógica, habilidades para a docência.

4 ANÁLISES E DISCUSSÃO

Após a leitura foi apresentado como ocorreu a evolução da docência na

enfermagem. Alguns estudos consideram que a atividade de enfermagem era

exercida por sacerdotes de igreja, feiticeiros, curandeiros, mágicos e até

filósofos.

Em meados de século XVIII surgem as primeiras escolas de

enfermagem, onde Florence Nightingale fundou a escola de enfermagem no

hospital São Tomás e no Brasil em 1894 implantou o ensino a enfermagem

Escola de Enfermeiras do hospital Evangélico de São Paulo (CARVALHO,

1972 Apud CARVALHO, 2005) a proposta era o ensino voltado para interesses

organizacionais internos, preparando o pessoal para hospital.

Barreira (1994), refere que os profissionais deveriam ser preparados

pelos cursos brasileiros; dando assim o ensino de enfermagem moderna e a

formação do docente em enfermagem, visto que o ofício de ensinar já estava

presente desde a antiguidade; onde sempre quem ensinava eram os próprios

profissionais enfermeiros sem uma formação acadêmica específica, esta

formação não era suficiente para atuar na docência, era preciso um

conhecimento didático pedagógico.

38

Villa, Caldete ( 2001) refere que se aprende com a realidade,

conhecimento e experiência e Donald Schol (1983) relata que o ensino é

insuficientes na docência, encontrando assim dificuldade de mercado de

trabalho.

Anagerina (1985) relatam que é necessário para a formação docente

enfermeiro a prática pedagógica, devido a proposta curricular não contemplar

as disciplinas específicas, capacidade crítica e reflexiva para influenciar as

decisões políticas e compreender melhor a condição humana, passando

atender a especificação do século XXI.

Rodrigues e Sobrinho (2007) relata que devido o crescimento e

exigência é preciso a capacitação.

Devido as mudanças do ensino de enfermagem e formação de

profissionais engajados na realidade, a educação permanente focalizou o

envolvimento dos docentes em enfermagem com cursos de especialização,

aprimoramento, aperfeiçoamento, pós-graduação e mestrado; fazendo com

que grande parte dos professores enfermeiros buscasse investir em educação

continuada.

Diante dessas exigências do mercado de trabalho, os enfermeiros

docentes deverão estar sempre a frente acompanhando assim as mudanças do

século e a transformação da sociedade.

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CONCLUSÃO

Através deste estudo, concluímos que é de suma importância a

formação pedagógica de um profissional da enfermagem, para sua atuação na

docência. Somente o conteúdo recebido nas instituições de ensino, não são

suficiente para sua atuação na área do ensino-aprendizagem, é necessário um

treinamento mais específico destinado a área da educação a pedagogia.

O estudo norteou o ensino durante várias décadas aumentando a

procura do curso, e ao refletir sobre a sua formação profissional, bem como

nela inserida, estimulando mudanças, e preocupação com rumos novos foi de

suma importância estudar as condições concretas de trabalho docente e a

formação pedagógica do enfermeiro.

Pois instituições de ensino de enfermagem, você aprende a cuidar e

recuperar um indivíduo da melhor forma, tanto fisicamente como mentalmente

para que ele volte ao convívio familiar e social o mais rápido possível.

Já na área da educação o enfermeiro como docente tem que ter uma

preparação específica com conhecimento científico, ético, didático, pedagógico

e ainda intimidade no campo das pesquisas para facilitar e desenvolver com

êxodo sua atuação como professor.

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