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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM SANTANA DO SERIDÓ/RN: DESENVOLVIMENTO LOCAL Impacto do Pró-Sertão na economia local: A experiência no município de Santana do Seridó Discente: Tereza Raquel da Silva Dantas Orientador: Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena Supervisor: Valdízia Karen Isabela dos Santos Gomes Currais Novos/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM SANTANA DO

SERIDÓ/RN: DESENVOLVIMENTO LOCAL

Impacto do Pró-Sertão na economia local: A experiência no município de Santana do Seridó

Discente: Tereza Raquel da Silva Dantas

Orientador: Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena

Supervisor: Valdízia Karen Isabela dos Santos Gomes

Currais Novos/RN

2016

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TEREZA RAQUEL DA SILVA DANTAS

IMPACTO DO PRÓ-SERTÃO NA ECONOMIA LOCAL: A EXPERIÊNCIA NO

MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ

.

ORIENTADOR: PROF. Esp. JOÃO PAULO OLIVEIRA

LUCENA

SUPERVISOR: VALDÍZIA KAREN ISABELA DOS

SANTOS GOMES

Currais Novos/RN

2016

Projeto de Estágio apresentado ao Curso de

Graduação em Administração da

Universidade Federal do Rio Grande Norte

como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Bacharel em Administração.

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TEREZA RAQUEL DA SILVA DANTAS

IMPACTO DO PRÓ-SERTÃO NA ECONOMIA LOCAL: A EXPERIÊNCIA NO

MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ

.

Data da Aprovação:

_____/_____/______

____________________________________________

Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena

Projeto de Estágio apresentado ao Curso de

Graduação em Administração da

Universidade Federal do Rio Grande Norte

como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Bacharel em Administração.

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Aos meus pais, Luiz e Tereza, todo meu

amor.

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AGRADECIMENTO

Talvez o momento mais difícil após a concretização de uma longa trajetória, não por ser

difícil o ato de prover o devido reconhecimento e agradecer, mas o de elencar todos aqueles

que fizeram e fazem parte de um processo que foi construído, vivenciado e hoje vem a ser

concluído.

A Deus, essa força suprema a qual me movo pelo instinto da fé, da união e da esperança em

dias melhores.

Aos meu pais, Luiz e Tereza, que em meio a simplicidade dos gestos sempre se fizeram

amorosos, atenciosos, presentes de forma muito especial. Por sempre mostrar de forma

singela que a educação é o caminho para se chegar onde quer que seja e queira, com

honestidade, respeito ao próximo e humildade, cotidianamente visto em seus atos. A vocês,

meus agradecimentos e todo meu amor.

A minha irmã, Eliana, não só de sangue, mas de alma e coração. Pelos momentos de debate, o

compartilhamento de experiências e a reciprocidade de afeto e união. A você, minha gratidão.

Aos professores, que contribuíram desde os primeiros anos de ensino escolar, até a obtenção

de título de bacharel em Administração, meu muito obrigada. Em especial, aqueles que

ajudaram e contribuíram, no decorrer do curso, de forma significativa na formação

universitária: Ao professor Dalmo Evangelista, pelos ensinamentos e estimulo constantes a

pesquisa, a percepção de soluções a problemas sociais, ao exemplo de ética e

profissionalismo; Ao professor Marcos Adller, pelo convite a viver a extensão universitária,

em um trabalho por vezes árduos, mas compensatório e de significância social. A vocês, meus

agradecimentos.

Aos amigos, pela amizade já tida e as que foram conquistas por essa oportunidade, a cada um

que se fez presente e sabe, pela descrição, que é lembrado por mim. Ao momento que

sorrimos e felicitamos os primeiros passos na construção do futuro; ao passo que vieram as

adversidades e compartilhamos angústias e positividade para suporta-las; aquela palavra de

força no momento necessário; ao abrigo nos momentos de amparo. A esperança de sempre ter

essas pessoas presentes em minha vida e que, embora pela incerteza do futuro, sempre estarão

na lembrança e no coração. Aos meus amigos, meus agradecimentos.

A supervisora do estágio, Valdízia Karen, pela aceitação e contribuição para o

acompanhamento da construção desse trabalho. A você, meus agradecimentos.

A cada entrevistado que se dispôs a contribuir com este trabalho, embora fadigado pela luta

diária, mas sempre receptivos e cordiais. A vocês, o meu respeito pela coragem de lutar pela

conquista de uma vida melhor, e meus agradecimentos.

E, por fim, e não menos importante – porque não o é – o orientador deste trabalho de

conclusão, o professor João Paulo Oliveira Lucena. Inicialmente, pela aceitação e

comprometimento com a proposta lançada. Pela busca de meios que favorecessem a

construção científica. Ao atendimento de solicitação em qualquer que fosse o momento. A

paciência, as contribuições e o diálogo na construção do futuro. A você, meus agradecimentos

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"O destino não é uma questão de sorte, é

uma questão de escolha; não é algo a se

esperar, é algo a se conquistar."

Willian Bryan

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RESUMO

O Programa de Industrialização do Interior (Pró-Sertão) é constituído por meio de parcerias

entre o governo do Estado do Rio Grande do Norte (RN), Fecomércio, SENAI, prefeituras

municiais e outros órgãos, voltado para a instalação e apoio a facções de costura – ou fábricas

de costura – na região do Seridó oriental do referido estado. Mediante estratégia, o Pró-Sertão

fomenta o Desenvolvimento Local de realidades que dispunham de baixa oferta de emprego

para os residentes e, em conseguinte, modificam positivamente o panorama da geração de

emprego e renda. Dessa forma, é propósito desse estudo analisar o impacto econômico do

Pró-Sertão a partir da experiência do município de Santana do Seridó/RN. Trata-se de um

estudo exploratório-descritivo (GIL, 2002), de natureza quali-quantitativa, utilizando-se

entrevista semiestruturada e questionário, respectivamente. O método qualitativo foi

desenvolvido por meio de entrevista semiestruturado a um representante da Secretaria de

Assistência Social do município. Já o método quantitativo foi aplicado por meio de

questionários junto a uma amostra de 47 funcionários das facções de costuras. Além disso,

também foram obtidos dados secundários no IBGE, CAGED, entre outros. Mediante análise

de dados, pode-se aferir que o Pró-Sertão – após sua implantação no ano de 2014 - foi um

importante programa para a geração de empregos formais, uma vez que, supriu a demanda da

população, além de garantir a asseguração de seus direitos como trabalhador. Fato que

chamou a atenção foi o de que 66% dos entrevistados afirmaram já ter ocupado emprego antes

do Pró-Sertão, entretanto, apenas 32% relataram ter a carteira assinada, ou seja, 34% dos que

se diziam empregados antes atuavam informalmente. Ao passo que hoje, todos os

trabalhadores das facções de costura, tem a carteira assinada e, para parte deles, pela primeira

vez. Na perspectiva de futuro, o município almeja constituir - já que possui seis facções e

prospecta aumentar esse número - a formalização de uma marca própria, de forma a

caracterizar, posteriormente, Arranjos Produtivos Locais – APLs. Tudo isso só foi possível,

mediante a participação e parceira de “atores sociais” capazes de promover e modificar uma

realidade social.

Palavras-chave: Pró-Sertão. Desenvolvimento Local. Arranjos Produtivos Locais. Atores

sociais.

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ABSTRACT

The Industrialization's Program of Interior (Pró-Sertão) is constituted by partnerships between

the government of Rio Grande do Norte (RN), Fecomércio, SENAI, municiais municipalities

and other agencies, focused to installation and support of factions sewing – or sewing

factories - in the eastern region of state, Seridó region. By strategy, Pro Hinterland fosters

Local Development realities that had low jobs for residents, and positively change the outlook

of the generation of employement and income. Thus, the purpose of this study is to analyse

the economic impact of the Pro-Hinterland from the municipality of Santana do Seridó/RN

experience. This is an exploratory-descriptive study (GIL, 2002), of qualitative and

quantitative, using semi-structured interview and questionnaire, respectively. The qualitative

method was developed through semi-structured interview with a representative of the city's

Social Welfare Department. But the quantitative method was applied by means of

questionnaires to a sample of 47 employees of the seams factions. In addition, secundary data

were also obtained in the IBGE, CAGED, among others. Through data analysis, one can infer

that the Pro-Hinterland - after its implementation in 2014 – was an important program for the

generation of formal employment, since supplied the people's demand, and ensure the

assurance your rights as a worker. A fact that drew attention was that 66% of respondents said

they had busy jobs before the Pro-Hinterland, however, only 32% reported having a formal

contract, or been, 34% of employees said that before worked informally. Nowadays, all

workers in the sewing factions, has signed a license and, for part of them for the first time. In

future perspective, the municipality aims to be - as it has six factions and prospects to increase

this number – the formalization of its own brand, in order to characterize subsequently a

Local Productive Arrangements - LPAs. All this was only possible through the participation

and partnership of "social actors" able to promote and modify a social reality.

Keywords: Pro-Hinterland. Local Development. Local Productive Arrangements. Social

actors.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fórmula usada para definição de amostragem ......................................................... 27

Figura 2: Comparativo das respostas dos entrevistados sobre o vínculo empregatício e se já

tiveram carteira assinada antes do Pró-Sertão .......................................................................... 30

Figura 3: Geração de empregos formais no município de Santana do Seridó do ano de 2002 a

2015. ......................................................................................................................................... 32

Figura 4: Renda familiar anterior e posterior a emprego em fábricas de costura.................... 33

Figura 5: Número de pessoas que contribuíam e passaram a contribuir com a renda

familiar......................................................................................................................................34

Figura 6: Participantes de Programas Sociais antes e depois de empregados em fábricas de

costura ....................................................................................................................................... 35

Figura 7: O entrevistado e a relação com os cursos de capacitação ........................................ 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Universo e amostragem de entrevistados empregados em fábricas de costura da

zona urbana do município de Santana do Seridó/RN. .............................................................. 28

Tabela 2: Perfil Social dos empregados entrevistados das fábricas de costura do município de

Santana do Seridó/RN .............................................................................................................. 29

Tabela 3: Empregos citados antes de ser empregados em fábrica de costura ......................... 31

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1.PROBLEMÁTICA ............................................................................................................. 12

1.2.HIPÓTESES ....................................................................................................................... 13

1.3. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 14

1.4. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14

1.4.1.Objetivo geral .................................................................................................................. 14

1.4.2.Objetivos específicos ....................................................................................................... 15

2.REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15

2.1.DESENVOLVIMENTO LOCAL ...................................................................................... 15

2.2.ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS .............................................................................. 20

2.2.1.Arranjos Produtivos Locais e a promoção do Desenvolvimento Local .......................... 22

2.2.2.As articulações com os Arranjos Produtivos Locais ....................................................... 23

2.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MUNICIPAL ........................................................ 24

3.METODOLOGIA ................................................................................................................ 26

4. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................... 29

4.1. PERFIL SOCIAL DOS COLABORADORES ENTREVISTADOS ................................ 29

4.2. IMPACTO ECONÔMICO DO PRÓ-SERTÃO ............................................................... 32

4.3. PARCERIA COM ÓRGÃOS OFERTANTES DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO ....... 35

4.4. O PRÓ-SERTÃO E A PERSPECTIVA A LONGO PRAZO ........................................... 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 39

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41

APÊNDICES ........................................................................................................................... 45

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1. INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA

O Programa Pró-Sertão surgiu a partir da intenção do Grupo Guararapes em expandir,

com apoio e parceria do governo do Estado do Rio Grande do Norte (RN), Federação das

Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Fecomércio/RN, Serviço Brasileiro de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), entre outros que, de forma articulada, dão

suporte à implantação e extensão da industrialização do setor têxtil na região Seridó do

referido estado.

O Pró-Sertão visa estimular e apoiar a implantação de facções de costura – ou fábricas

de costura – além de dá suporte as que já existem nesse meio. Permeia como grande

diferencial a geração de emprego e renda em municípios que careciam dessas oportunidades.

No ano de 2014 e parte de 2015, o município de Santana do Seridó foi contemplado

pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) com bolsas

da qualificação de mão-de-obra destinadas a população. Na ocasião foi-se ofertado os cursos

de costura industrial – com foco nos futuros colaboradores das facções de costura -, como

também de conserto de máquinas, formado, assim, um conjunto de suporte a instalação das

facções, dessa forma, por meio da qualificação profissional.

No que se refere ao Setor Público, os benefícios são vistos na geração de emprego que

destinam a mão-de-obra, antes ociosa, para ocupação de cargos na iniciativa privada, com

isso, diminui a demanda de ações assistencialistas e surgi meios para a promoção de melhoria

de vida da população, inicialmente pela melhor condição em termos econômicos.

Outro ponto importante é o incentivo ao Empreendedorismo Local, nessa questão, o

SEBRAE, oferece toda a assessoria ao “faccionista” (proprietário do empreendimento têxtil),

com foco na melhoria da gestão empresarial. Percebe-se no Pró-Sertão a intenção de fomento

a economia local, na qual a região Seridó do Rio Grande do Norte é pioneira na implantação

das facções.

A partir desse pressuposto, o município de Santana do Seridó/RN, com cerca de 2.526

habitantes (IBGE, Censo 2010), encontrava-se com o perfil de população empregada, em

maior parte, no setor público, uma vez que a atividade comercial não representava

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oportunidade de emprego no município. Inclusive, essa fonte de empregabilidade não

conseguia/conseguiria atingir a totalidade da população, resultando no desemprego.

Porém, com a adesão e apoio ao Pró-Sertão, o município já conta com seis facções -

sendo cinco na zona urbana e uma na zona rural - nesse período inicial. Pode-se aferir que

estão sendo beneficiados tanto os empreendedores, que são os faccionistas, como o Setor

Público e, principalmente, a população.

Diante do exposto, este trabalho busca responder a seguinte pergunta: Qual o impacto

econômico decorrente da implantação do programa Pró-Sertão na economia local e no perfil

econômico da população empregada nas facções no município de Santana do Seridó?

1.2. HIPÓTESES

Em pouco mais de um ano de implantação do Pró-Sertão no município muitas pessoas

conseguiram um emprego, em alguns casos, o seu primeiro, modificando de forma

significativa sua condição de vida [econômica]. Tem-se, então, como primeira hipótese, o

aumento do número de pessoas empregadas no município.

Na economia do município, se percebe um aumento na procura de alguns

estabelecimentos, pode ser dito em virtude da inserção de um número maior de pessoas

assalariadas. Essa demanda é vista na maior procura por salões de beleza, lojas de vestuário,

abertura de micro empreendimentos no ramo alimentício (lanchonetes, vendas porta-a-porta),

entre outros. Sendo assim, a segunda hipótese vem a ser o aumento de empreendimentos no

município.

Já em ligação com a Secretária de Assistência Social do referido município, outra

decorrência do aumento da renda da população é vista em uma diminuição da demanda por

alguns programas sociais, como é o caso do “Bolsa Família”, uma vez que, para participar

desse programa, a renda mensal não pode ultrapassar R$ 154,00 per capita. Portanto,

configura-se a terceira hipótese a diminuição do número de integrantes em programas sociais

no município.

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1.3. JUSTIFICATIVA

O programa Pró-Sertão é uma iniciativa do governo do Estado do RN em parceira com

outros órgãos – SEBRAE, SENAI, Grupo Guararapes, entre outros – que, de forma conjunta e

articulada estão em processo de expansão, para o interior do Estado, em decorrência da

implantação de facções de costura. No município de Santana do Seridó, esse programa já

conta com seis facções pelo Pró-Sertão, sendo cinco na zona urbana e uma na zona rural.

Percebe-se que o município tem um grande impacto decorrente desse programa, uma

vez que, não havia grande oferta de emprego, até então. Entretanto, sendo esta iniciativa dada

a pouco mais de um ano, muitos empregados estão em atuação desde o primeiro momento, é

importante saber qual a mudança e as perspectivas por parte destes.

No âmbito acadêmico, a proposta eleva a discussão do poder da Gestão Pública em

promover o efetivo bem-estar social, nesse caso, com a pactuação de parcerias que fomentam

a instalação das facções de costuras que, posteriormente, ofertam empregos. Outro ponto

importante é a geração do empreendedorismo em localidades até então tidas como “última

opção”, porém, que careciam de incentivos quanto a essa ação para se desenvolver.

No que diz respeito ao acesso a essas informações, a pesquisa se restringe aos

empregados das facções instaladas na zona urbana. A discussão sobre a iniciativa Pró-Sertão é

relativamente nova, surgida por volta do ano de 2013. No município, ganhou força e forma

em 2014, quando possuiu sua primeira facção instalada por meio do programa. No panorama

da pesquisa, esse tema representa algo ainda inexplorado, visto que é uma iniciativa nova e só

tida no Estado do RN.

1.4. OBJETIVOS

1.4.1. Objetivo geral

Analisar o impacto econômico do Pró-Sertão no município de Santana do Seridó/RN.

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1.4.2. Objetivos específicos

Descrever o perfil socioeconômico dos empregados das facções instaladas pelo Pró-Sertão

no município;

Conhecer a parceira traçada junto às instituições ofertantes de cursos de capacitação e se

houve inserção nas facções por meio desses;

Confrontar dados econômicos referentes a antes e depois da implantação do Pró-Sertão;

Levantar número de famílias integrantes de Programas Sociais, antes e depois do Pró-

Sertão.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1. DESENVOLVIMENTO LOCAL

O conceito de Desenvolvimento Local é algo que não se limita apenas ao fator

econômico, dessa forma, engloba demais critérios e índices, tal como a melhora da qualidade

de vida das pessoas residentes em uma determinada localidade. Para Araújo (2011), o

Desenvolvimento Local consegue sua efetivação quando é um processo “includente”, isso em

decorrência da “construção social” de “movimentos sociais organizados”, que objetivam criar

condições para reequilibrar a “correlação de força da sociedade”.

Nesse aspecto, ressalta Franco (2000, p. 36), “(...) desenvolvimento só é

desenvolvimento mesmo se for humano, social e sustentável”. Percebe-se que, embora haja

um crescimento em termos econômicos, a plenitude do desenvolvimento só se consagra

quando o lado humano – os anseios individuais daqueles que constituem uma organização; o

social – a junção dos indivíduos, visando à busca do bem-estar coletivo; e o sustentável –o

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desenvolvimento do agora também existente para o futuro; integrados no objetivo de

desenvolver.

Sabendo-se o que é o desenvolvimento e a organização de forças torna o cenário local

uma unidade, assim representa o “locus privilegiado”, pois comtempla a existência de

parceiras traçadas entre os “atores sociais”, no qual a competição cede espaço à cooperação,

estabelecendo, assim, “redes sociais” (CARON, 2009). Então, o Desenvolvimento Local é o

desenvolvimento humano, social e sustentável que acontece em uma localidade.

Essa junção dos “atores sociais” pode ser compreendida como a articulação dos

setores existentes na sociedade, tais como: o governamental, o empresarial e o social,

firmando a introdução de um novo conceito, o de Desenvolvimento Local ou Territorial que,

segundo Pecqueur (2005, p. 12): “designa todo processo de mobilização dos atores que leve à

elaboração de uma estratégia de adaptação aos limites externos, na base de uma identificação

coletiva com uma cultura e um território”.

A mobilização parte da ideia de transformar alguma realidade que, com base em

Buarque (1999), são refletidas nas bases econômicas e na organização social em nível local,

com vista na exploração das capacidades e potencialidades específicas da sociedade.

Por exemplo, na concepção do crescimento econômico do entorno local, com a oferta

de geração de emprego, mais pessoas terão oportunidade de alcançar a autonomia econômica;

uma pessoa antes não assalariada, agora já possui seus próprios recursos e passará a consumir

produtos e/ou serviços anteriormente não acessíveis a esta; como em uma cadeia, o indivíduo

consome mais e passa, implicitamente, a gerar novos postos de trabalho, em virtude da

demanda surgida.

Nesse ponto, Franco (2000) alerta para a ideia de que desenvolvimento não se

restringe meramente ao desenvolvimento econômico, mas sim ao conjunto de fatores

estimulados que promovem o desenvolvimento. Em suma, enfatiza que é preciso que as

pessoas tenham acesso à renda, à riqueza, ao conhecimento e ao poder. Detalhe importante é a

presença do conhecimento, sendo esta uma “riqueza inalienável”, uma vez tendo acesso, não

há quem o prive dessa condição.

Em consonância com esse pensamento Araújo (2011, p.49) diz que: “para medir o

desenvolvimento de uma população, não basta considerar apenas a dimensão econômica, mas

também as características sociais, culturais e políticas que interferem na qualidade de vida”. A

exemplo, a métrica do desenvolvimento em termos sociais pode levar em consideração o

índice de escolaridade dos indivíduos em uma sociedade, ou ainda a melhoria deste índice,

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como a redução do número da evasão escolar, quando a localidade está na fase do

desenvolvimento.

O propósito da geração de qualidade de vida parte para um cenário mais complexo,

isso diz respeito ao conjunto de serviços públicos para promoção do bem-estar social que visa

o desenvolvimento. O básico seria, talvez, quatro coisas: “gerar renda, multiplicar o número

de proprietários produtivos, elevar o nível de escolaridade da população e aumentar o número

de organizações da sociedade civil” (FRANCO, 2000, p. 40).

No ponto de aumentar o número de organizações da sociedade civil o mesmo afirma

que o desenvolvimento se inclina a ser “includente”, pela construção social decorrente da

participação de movimentos sociais organizados, isso permite o alcance de um projeto de

mudança com foco em uma “prática política participativa”, que configura uma sociedade mais

ativa.

Especificamente ao processo de “geração de renda”, na ótica do âmbito municipal,

isso pode refletir em bons ganhos, em especial, quando se tratando de pequenos ou micro

municípios, já que há uma grande preocupação pela busca de oportunidades de geração de

emprego e renda. Quanto a isso, Rocha e Bursztyn (2007, p. 11) relatam um dos problemas

que inibem esse processo:

A desigualdade de renda, na sua expressão territorial, decorre, em muitos casos, da

ausência e/ou estagnação das atividades econômicas. Um indicativo interessante

para evidenciar a estagnação econômica dos municípios brasileiros é a dependência

ao Fundo de Participação Municipal (FPM). Muitos municípios brasileiros

dependem das transferências federais como única fonte de receitas.

Essa problemática representa um dos grandes dilemas da geração do Desenvolvimento

Local atribuída, nessa questão, a estagnação das atividades econômica, que podem ser do

comércio, setor de serviço, da agricultura, entre outros. O Fundo de Participação Municipal

(FPM) é a transferência de recurso da União (Governo Federal do Brasil) para os municípios,

com o repasse na proporcionalidade do número de habitantes estimado pelo IBGE

(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2012).

De acordo com o IBGE na pesquisa feita sobre o “Perfil dos Municípios Brasileiros –

Finanças Públicas” no período de 1998 a 2000, o FPM era responsável em 57,3% da receita

disponíveis para algumas prefeituras com até 5 mil habitantes. Ou seja, quanto maior o

município em termos populacionais, maior a arrecadação de impostos e menor a dependência

ao FPM.

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Uma forma de se desviar desses problemas é o estímulo à captação de investidores, já

abordando o segundo tópico, “multiplicar o número de proprietários produtivos”. Contudo,

esses visados investidores são atraídos para determinada localidade por meio de incentivos

fiscais que configuram a existência de indicadores de escolha de uma determinada região. Em

alguns casos, vão além do fornecimento de infraestrutura básica de instalação tais como: água,

saneamento, energia e telefone, podendo até incluir terrenos, construções de galpões

industriais e renúncia fiscal (ROCHA e BURSZTYN, 2007).

Os autores relatam que esses “benefícios” que representam a chamada “guerra fiscal”,

nos últimos anos, resultaram de forma expressiva na localização de determinadas unidades

industriais no interior da região Nordeste. Acrescentando nesse sentido, Santos (1999) ressalta

a ideia de “guerra fiscal” como uma “guerra global entre lugares”, ganha mais aquele que

apresentar mais vantagens.

Quanto à relação de desenvolvimento local com a elevação do nível de escolaridade da

população, subtende-se que: “onde as populações detêm mais habilidades, conhecimentos e

competências, torna-se mais fácil desencadear processos de desenvolvimento” (PAULA,

2000, p.285). Em complementariedade, leva a crer na existência de uma sociedade civil mais

crítica pelo acesso ao conhecimento, mais democrática em seu verdadeiro sentido, não uma

sociedade civil em seu sentido tradicional, mas em uma sociedade política ou um Estado, com

cidadãos ativos (STEHR, 2008).

O entendimento da liberdade como um meio de desenvolvimento está diretamente

ligado a melhoria de vida das pessoas e da autonomia que esta desfruta. Diante disto, não

compreende meramente ao aspecto econômico, o desenvolvimento é potencializado pela

liberdade, nesse ponto de vista, Sen (2002, p. 52) defende:

As liberdades substantivas incluem capacidades elementares como, por exemplo, ter

condições de evitar privações como a fome, a subnutrição, a morbidez evitável e a

morte prematura, bem como as liberdades associadas a saber ler e fazer cálculos

aritméticos, ter participação política e liberdade de expressão etc. Nessa perspectiva

constitutiva, o desenvolvimento envolve a expansão dessas e de outras liberdades

básicas: é o processo de expansão das liberdades humanas, e sua avaliação tem de

basear-se nessa consideração.

No processo de “expansão das liberdades humanas” o indivíduo tem, por direito,

acesso a vários benefícios que o garantam gozar de estabilidade, como a saúde, educação,

renda, segurança, entre outros. Contudo, segundo Abramovay (2002), a existência de leis não

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diz respeito à garantia dos direitos, uma vez que: os indivíduos precisam deter capacidades,

qualificações e prerrogativas de participar dos mercados e de estabelecer relações humanas.

Sendo estes detentores de qualificações para inserção no mercado, volta-se a ideia de

sua atuação no município para impulsionar o processo de Desenvolvimento Local. Dessa

forma, se o processo vier a acontecer no município, à ideia de desenvolvimento local se

contempla a partir do “processo endógeno”, ou seja, que acontece nesse sistema (município),

sendo decorrente do “agrupamento humano” em “pequenas unidades territoriais” que são

capazes de promover a melhoria da qualidade de vida da população (BUARQUE, 1999).

Ainda nessa perspectiva, o respectivo autor afirma que o processo endógeno é

potencializado pela existência de um ambiente político e social favorável, expresso da

mobilização de atores sociais do município ou comunidade, em torno de determinadas

prioridades e orientações básicas de desenvolvimento.

O Desenvolvimento Local leva em consideração a relação direta com a realidade local,

que facilita o processo de valorização das potencialidades locais, dessa maneira, levando em

consideração, mais uma vez, o princípio da endogenia. Vale salientar, o estimulo a

democratização do poder e autonomia dos agentes envolvidos nesse processo (ROSA,

GOMES e ROSA, 2015).

O Desenvolvimento Local pode ser visto como o conjunto de diversos aspectos que

influenciam diretamente na qualidade de vida da sociedade, além de fatores como renda,

conhecimento, cultura, entre outros, o objetivo é abranger a coletividade na localidade.

Quanto às ações desenvolvidas em âmbito municipal, estas são as que compreendem

uma maior proximidade com o objeto dela, o cidadão. Pressupõe-se que é mais fácil

identificar as demandas tidas por meio da sociedade, todavia, isso não diz respeito a sua

totalidade, mas a um aumento de chance de se chegar ao ponto de surgimento de alguma

demanda social.

Pelo mesmo pensamento acima relatado, os municípios podem se configurar, através

de suas ações de intervenção, como espaços de “transformação social”, vale salientar, até pela

proximidade com seu sujeito (cidadão). Essa transformação ocorre por meio de iniciativas que

visam a melhor prestação de serviços à sociedade ou o estimulo ao desenvolvimento local

(BLOCH e BALASSIANO, 2000).

O cenário municipal pode ser caracterizado por “local”, dessa maneira, o exercício de

suas atividades representam importantes transformações sociais, políticas e econômicas que,

para que aconteçam em nível global, tem que ter como ponto de partida, o nível local

(CARON, 2009).

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Porém, para Bocayuva (2003), o desenvolvimento local não deve ser restrito apenas a

um mero “localismo”, em outras palavras, ao território em si, pois vai além dessa

classificação, pois resulta em um “conjunto de respostas e conflitos” oriundos de “forças

sociais e produtivas” presentes em determinado território.

Para tal, o município representa um local propício ao desenvolvimento, especialmente,

na realidade daqueles classificados como micro ou pequeno, sendo assim, ações

desenvolvidas nesse contexto inclina a uma maior abrangência e promoção de bem-estar

coletivo.

2.2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Os Arranjos Produtivos Locais – APLs – ou cluster, são aglomerações de empresas

que comungam particularidades em comum, tal como a mesma especialização produtiva (o

que se produz) e a localização em um mesmo espaço geográfico. São princípios das empresas

que constituem APLs a articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando

também com apoio de instituições locais como Governo, associações empresariais,

instituições de crédito, ensino e pesquisa (SEBRAE, 2009).

Percebe-se que essa união por diversas entidades representa, de fato, a cooperação

visando à aprendizagem, é uma ação de “mão dupla”, uma vez que a intervenção por meio de

pesquisas feitas por essas instituições de apoio, por exemplo, tende a diminuir os riscos de

falhas na execução de atividades dos APLs.

Essa mesma ideia de cooperação é defendida por Bueno (2006, p.85) que relata:

“atuando em conjunto, as empresas trocam e compartilham informações, possibilitando a ação

de estratégias comuns”. Em síntese, conforme o autor, essa junção de empresas do mesmo

setor que, de forma articulada, tende a aumentar as chances de crescimento e sobrevivência

através da integração existente entre os agentes envolvidos.

O entendimento é que de forma conjunta as empresas consigam apoderar-se de

qualificações que seriam dificultadas perante a ação individual, vivenciando a “cooperação”

dita pela relação dos “agentes”. Dessa forma, essa organização permitiria o compartilhamento

de qualificação de mão-de-obra, da compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos,

serviços especializados de logística, etc., almejando eficiência, competitividade, lucratividade,

entre outras vantagens (COSTA, 2003).

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Em caso contrário a organização em APLs, os pequenos negócios terminariam por

executar as formas de funcionamento tidas pelas grandes empresas que atuam de forma

individual, contudo, não seriam geradoras, tal como empresas de maior porte, de capacidade

de gerar economia em escala ou até de aplicar maior investimento em inovação produtiva e

gerencial, por exemplo, (SEBRAE, 2003).

A organização em APLs visa, basicamente, a somatória de forças – articulação das

pequenas empresas – que, de forma isolada seriam propensas a pouca competitividade em

detrimento de empresas de maior porte. Evidencia-se a busca por maiores vantagens

competitivas e duradouras, a partir da união entre a capacidade produtiva e a inovação das

empresas que constituem os arranjos produtivos.

Nesse aspecto de competição entre pequenas empresas para com as de maior porte,

Cassarotto e Pires (2001) refletem sobre a possibilidade de se haver duas estratégias nessa

situação para que as pequenas empresas sejam potencializadas: a primeira é serem

fornecedoras de uma grande empresa; e a segunda é participar de uma “rede flexível” de

pequenas empresas, que são denominadas APLs.

Em base no referido autor, percebe-se a dificuldade que as pequenas empresas

enfrentam para competirem, sendo fadadas a fornecer produtos que elas mesmas poderiam

comercializar ao consumidor, entretanto, passa para outra empresa essa tarefa. Destaca-se a

outra possibilidade de ser juntarem para se tornar uma “rede flexível”, subtendida como a

ideia de APLs.

Em síntese, os Arranjos Produtivos Locais podem ser classificados segundo o BNDES

(2003, p. 14) como:

Um APL é definido como uma concentração geográfica de empresas e instituições

relacionadas a um determinado setor e inclui, em geral, fornecedores especializados,

universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras

organizações que provêem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico.

Na maioria dos casos, participa do APL um número significativo de pequenas e

médias empresas, acrescentando efeitos distributivos, em termos patrimoniais e de

emprego, às dimensões setorial e regional. No entanto, a característica peculiar dos

APLs é a cooperação e a confiança entre as empresas e instituições integrantes do

arranjo. Isto estimula a especialização e subcontratação, permitindo ganhos de escala

e melhoria de qualidade dos produtos, mas também uma série de outras vantagens

relacionadas à atuação conjunta das empresas, como viabilização de investimentos e

aumento do poder de barganha.

Além da conjuntura de agrupamento de pequenas e médias empresas, existe a presença

de demais instituições que almejam contribuir na constituição dos APLs. Outra questão até

então não citada é o “poder de barganha” tido por esse agrupamento de empresas, além da

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tendência a viabilização de investimentos. Se percebe as parcerias como fator fortalecedor

nesse caso.

É possível inferir, com base no exposto, que os arranjos são as empresas que

produzem algum produto ou serviço de um mesmo segmento, na qual estão territorialmente

localizadas próximas umas das outras. Dessa forma, o ambiente que as empresas se inserem é

uma das coisas que podem levar a compreensão do seu desenvolvimento.

Na análise do ambiente, essas empresas são vistas em sua forma conjunta na relação

traçada com as demais instituições e o ambiente. Bueno (2006, p. 16-17) afirma: “é crescente

também o interesse sobre o papel que as Micro e Pequenas Empresas (MPE's) podem ter na

readequação dos sistemas produtivos e consequentemente no desenvolvimento econômico”.

Para Porter (1999) a concentração geográfica de empresas representa vantagens

competitivas, uma vez que os fatores locacionais influenciam nesse processo. Por exemplo, a

facilidade no processo logístico de transporte ou até a permanência em um determinado local

pelos incentivos fiscais.

No que influencia o aspecto do desenvolvimento, embora existam-se APLs em sua

forma mais incompleta, as contribuições trazidas por eles ainda refletem, principalmente,

sobre a geração de emprego e renda local (BUENO, 2006). Nessa relação, outros envolvidos

são beneficiados, decorrente do reflexo dos APLs em uma determinada localidade.

2.2.1. Arranjos Produtivos Locais e a promoção do Desenvolvimento Local

Ao decorrer do tempo se percebe de forma significativa a importância dos APLs, seja

em países em desenvolvimento ou nos já industrializados, isso é atribuído às vantagens

competitivas trazidas por meio dessa organização em arranjos. Mais ainda, pela notoriedade

do desenvolvimento econômico a nível local e regional (BUENO, 2006).

Com fundamento em Casarotto e Pires (2001) o desenvolvimento seja regional ou

local pode ser uma das alternativas que o país busca para superar problemas sociais, em

especial, a distribuição de renda, que quando mal distribuída acentua o problema das

desigualdades sociais. Ainda nesse ponto de vista, quando a região se torna competitiva ela

aumenta suas possibilidades de gerar maiores números de cargos de emprego, logo, pode

atuar no eixo de atenuação das desigualdades.

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Segundo Staub (2001, p. 16) “(...) as empresas de pequeno porte são importantes

geradoras de emprego, estão presentes em todos os segmentos industriais e têm grande

capilaridade, podendo se constituir em agentes de desenvolvimento local”. Em essência, o

Desenvolvimento Local parte dessa perspectiva, da geração de emprego, em suma, pode ser

compreendido na relação com os APLs desde o fortalecimento das PMEs que emanam

potenciais melhorias para esse processo, como a geração de renda a pessoas daquele entorno.

O desenvolvimento nessa premissa não se restringe somente a geração de renda, mas,

também, a elevação desta, de forma justa de acordo com o executado. Ao atrair empresas para

um dado local, seja criação ou reforço de um “polo de desenvolvimento”, fortalece o próprio

polo de desenvolvimento, como já citado, pela elevação de renda, atração de pessoas e o que

se pode perceber por maior período de tempo é o investimento do setor público em

infraestrutura (BARBOZA, DINIZ e SANTOS, 2004).

Quando se fala no maior investimento do setor público que, além de beneficiar as

empresas que terão melhorias seja onde for esse investimento, visa, essencialmente, a

melhoria para coletividade. Tal que quando se pensa em APLs não se deixa de lado a presença

desses “atores” que influenciam no desenvolvimento da atividade local, ou ligada diretamente

ao desenvolvimento (SEBRAE, 2003).

Para que de fato o desenvolvimento seja consumado, é importante essa adoção de

“políticas e ações de apoio”, que se complementam com a participação de outros agentes e

representantes da sociedade, que objetiva uma maior “eficiência coletiva” (BUENO, 2006).

Ou seja, o Desenvolvimento Local tende a ser potencializado pela prática dos APLs que

visam à inclusão de demais instituições, além da articulação entre elas e a melhoria de

condições a população, consequentemente.

2.2.2. As articulações com os Arranjos Produtivos Locais

Conforme a temática já abordada, as articulações que formam os “arranjos” são

provenientes da junção de entidades do mesmo ramo produtivo, além das quais também a

participação de demais organizações que agregam e de certa forma sofrem reflexos desses

aglomerados, a exemplos de instituições públicas. Diante disto, BRITO e ALBAGLI (2003, p.

03 – 04) revela:

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Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos,

políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e

que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente envolvem a participação

de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até

fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,

comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e

associação. Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas

voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e

universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e

financiamento.

Embora que uma das principais intenções na constituição de APLs seja agrupar

pequenas e médias empresas para juntas somarem força competitiva para o mercado, a

“pactuação” que são, por base em Rocha e Bursztyn (2007, p. 09): “os pactos territoriais de

desenvolvimento – acordos formais entre atores relevantes (públicos e privados) da dinâmica

econômica dos territórios, cuja finalidade expressa é a promoção do desenvolvimento local”.

Essa formação de pactos é uma estratégia que permite aferir e estimular a

competitividade local, uma vez que as ações se complementam, sem a presença de caráter

predatório, mas de ajuda mútua entre setores distintos, em especial, por suas finalidades: a

maximização dos recursos (privado) e a promoção do bem-estar social (público).

Os APLs refletem no processo de Desenvolvimento Local, para tal isso é resultado de

uma “ação coletiva intencional” em uma dada localidade como uma forma de

“regulamentação social”, que são as articulações nesse contexto (PIRES, MÜLLER e VERDI,

2006). Nesse sentido, enfatiza-se a parceria entre o setor público e o privado, em essência,

visualizada na melhoria de infraestrutura proporcionada pelo setor público para a geração de

empregos pelo setor privado.

2.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MUNICIPAL

O município compreende, por meio de ações executadas em sua localidade, a

mobilização social em torno das suas capacidades e potencialidades próprias, que influência a

matriz socioeconômica e cultural do local. Dessa forma, diz respeito à percepção do

“empreendimento endógeno” (BUARQUE, 2008).

Porém, para que o empreendimento em âmbito municipal exista, é necessário à

elaboração do planejamento estratégico. Morais (2005, p. 19) define planejamento estratégico

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como: “[...] um processo de longo prazo através do qual uma organização estabelece aonde

quer chegar e como quer chegar para o cumprimento de sua missão”.

A ideia de planejamento estratégico é mais facilmente visualizada no setor privado,

pois subtende-se que há uma maior soma de forças para atingir o seu objetivo organizacional:

a maximização dos resultados. Porém, no que compete ao setor público, essas iniciativas estão

sendo introduzidas como forma de melhorar a gestão e cumprir seu objetivo esperado: a

geração do bem-estar social.

Então, para que o setor público tenha a aplicação do planejamento estratégico tão

acentuado como no setor privado, é importante que disponha de condições para tal, como:

iniciativa política para o processo de transformação; liderança competente; também de

recursos mínimos, como pode ser dito, a infraestrutura necessária (PFEIFFER, 2000).

Ainda nessa discussão, o referido autor enfatiza a utilização do planejamento

estratégico como um instrumento de gerenciamento que visa como objetivo torna a

organização – neste caso, a gestão municipal – mais eficiente.

Com foco nessa eficiência, o planejamento estratégico municipal é direcionado a ações

de forma geral do município e prefeitura, ou seja, envolve os diversos “atores sociais”, nesse

caso: os munícipes, gestores locais e demais interessados na cidade (REZENDE, 2006).

Pode-se aferir que o Programa Pró-Sertão impacta no desenvolvimento dos municípios

localizados na região do Seridó do Rio Grande do Norte, onde este projeto tem aplicação.

Esse projeto conta com a participação de diversas entidades, ditos como “atores sociais”,

porém, em especial, é imprescindível a contribuição do município nesse processo.

No Pró-Sertão, mesmo o empreendimento sendo algo da iniciativa privada, o

município empreende quando viabilizam estímulos à implantação, tal como os incentivos

fiscais. Esse estímulo é possível por meio do planejamento estratégico municipal, a exemplo

do município de Santana do Seridó/RN isso é visto na disponibilização de galpões para a

instalação das fábricas; no intermédio de cursos profissionalizantes a instituições credenciadas

– SENAI, SESI, etc. – entre outros fatores.

Sendo assim, o planejamento estratégico em nível municipal deve, conforme Buriol

(2005, p. 41): “resultar em bens, serviços e mudanças sociais de caráter político, econômico e

urbanístico, propostos pelo Governo em nome da comunidade e, sempre que possível, com

sua participação”.

No processo de planejamento estratégico municipal são esses pontos que podem ser

pensados e voltados ao processo de Desenvolvimento Local, uma vez que, será possível por

meio da colaboração dos diversos “atores sociais” envolvidos nesse propósito.

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3. METODOLOGIA

É propósito desta pesquisa analisar o impacto econômico da iniciativa Pró-Sertão no

município de Santana do Seridó/RN. A forma de mensurar o impacto econômico é possível a

partir da interpretação de alguns indicadores tidos antes e depois da implantação no

município.

Exemplo disso é a elaboração do diagnóstico empregatício municipal, que compreende

aos índices de empregabilidade tidos antes e depois; o perfil socioeconômico dos empregados

das “facções” de costura; e, a consequente melhoria da qualidade de vida – parte dela, em

virtude do aumento da renda.

A pesquisa é de natureza básica, pois destina-se a gerar conhecimentos novos com

relação à iniciativa Pró-Sertão e identificar os possíveis avanços tidos nesses anos iniciais.

(GERHARDT e SILVEIRA, 2009).

Para tal finalidade dos objetivos, optou-se pela utilização do método de pesquisa

exploratório-descritiva que, segundo Gil (2002, p. 41-42), o caráter exploratório se dá com

“objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torna-lo mais

explícitos ou constituir hipótese” e descritivo por fazer uma “descrição das características de

uma determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis”.

A opção pela pesquisa exploratória se dá pela possibilidade de conhecer um assunto

ou problemática ainda não estudada, sendo o objetivo geral a descoberta (GUILHOTO, 2002).

Com base no objetivo do estudo, a iniciativa Pró-Sertão é algo relativamente novo, surgida

em 2013. Ainda não há muitas informações cientificas acerca de seus impactos, uma vez que

a região do Seridó do RN é pioneira nessa atividade a relativamente pouco tempo.

E a complementação da pesquisa exploratória é a descrição dos resultados obtidos

nessa pesquisa que é uma das pioneiras sobre a referida temática. Guilhoto (2002) afirma ser

necessário nessa pesquisa a “exatidão” e a “precisão” dos dados coletados, que assegura a

veracidade da pesquisa. Para, consequentemente, fazer a descrição precisa dos resultados.

Este estudo utiliza procedimentos dos métodos bibliográfico, documental e de

levantamento. Sobre esses métodos Fonseca (2002) diz que quanto à pesquisa bibliográfica é

a realizada atrás de levantamento de referências teóricas sobre um determinado assunto, nesta

pesquisa isso foi feito na busca de autores que recorrem sobre temas como Desenvolvimento

Local, Arranjos Produtivos Locais, Planejamento Estratégico Municipal; no que diz respeito à

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análise documental o autor afirma ser próxima à bibliográfica, porém, com a busca de

informações em outras fontes, nesse caso, no IBGE, SEBRAE, CAGED, entre outros; com

base nesse último ponto, Fonseca (2002) aponta que o método de levantamento é muito

utilizado em pesquisas exploratórias e descritivas, pois é visualizada em duas formas:

levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população (também designado censo).

Serão abordados dois métodos de entrevista. O primeiro, questionário fechado,

aplicado junto aos colaboradores das facções, de maneira que estes ajudarão a compor o

diagnóstico econômico tido antes e depois da geração de emprego em face do Pró-Sertão.

Essa pesquisa tem como foco os funcionários empregados nas fábricas de costura no

município, sendo cinco na zona urbana. O universo da pesquisa totaliza, então, cerca de 124

funcionários. Para definir a amostra, foi utilizado programa de computador com a seguinte

formulação:

Figura 1: Fórmula usada para definição de amostragem

Fonte: Cálculo Amostral (SANTOS, 2016).

No que diz respeito a fórmula apresentada, as siglas representam:

n: Amostra calculada;

N: População;

Z: Variável normal padronizada associada ao nível de confiança;

p: Verdadeira probabilidade do evento;

e: Erro amostral.

Após substituição, a amostra do universo totalizou 47 funcionários o que,

estatisticamente, representa 37,9% que foi rateado nas cincos facções de costura para serem

proporcionais. Avulsamente classificadas como fábrica 01, fábrica 02, fábrica 03, fábrica 04 e

fábrica 05, respectivamente, com a seguinte quantidade e percentual abordado que foi

definido pela seguinte fórmula:

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Tabela 1: Universo e amostragem de entrevistados empregados em fábricas de costura da

zona urbana do município de Santana do Seridó/RN.

FÁB. 01 FÁB. 02 FÁB. 03 FÁB. 04 FÁB. 05 TOTAL

SEXO F M F M F M F M F M F M

19 4 18 8 17 7 21 5 18 7 90 34

PERCENTUAL 73% 27%

TOTAL 23 26 24 26 25 124

AMOSTRA

PERCENTUAL

37,9% 37,9% 37,9% 37,9% 37,9% 37,9%

AMOSTRA

ABSOLUTA

9 10 9 10 9 47

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

Embora seja utilizado o critério de amostragem probabilística a indicação para ser

entrevistado segue a abordagem “bola de neve”, na qual escolhido uma pessoa, dita “semente”

de cada facção, esta indicou uma outra a ser entrevistada (ALBUQUERQUE, 2012).

Na intenção de compreender como se consagra a parceria entre o município e as

instituições ofertantes de cursos de capacitação, como também as perspectivas a longo prazo

do Pró-Sertão, será utilizado a aplicação de entrevista semiestruturada, de caráter qualitativo a

um representante da Secretaria Municipal de Assistência Social do município. Cujo qual

intermedia as parcerias com as instituições fornecedoras de cursos técnicos

profissionalizantes.

Dessa forma, a entrevista semiestruturada “[...] favorece não só a descrição dos

fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade...”

(TRIVIÑOS, 1987, p. 146).

De forma a obter maiores informações sobre o impacto em âmbito municipal, será

apresentado o diagnóstico com dados do antes e depois da implantação do Pró-Sertão no

município.

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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1. PERFIL SOCIAL DOS COLABORADORES ENTREVISTADOS

De maneira a conhecer de forma mais aproximada a condição social dos empregados

entrevistados nas facções do município de Santana do Seridó/RN, foram ressaltados aspectos

como: sexo, idade, estado civil, número de residentes por imóvel, número de filhos e

escolaridade, dispostos na tabela 2.

Vale salientar que, o número de mulheres empregadas, no universo da pesquisa,

representa um percentual de 73%, em contrapartida de 27% do sexo masculino. Percebe-se o

nível majoritário das mulheres no setor faccionista, no que compreende a função de costura e

montagem de peças de vestuário, entretanto, sendo um setor que está incluindo a mão-de-obra

masculina, sem a exclusão por gênero.

Tabela 2: Perfil Social dos empregados entrevistados das fábricas de costura do município de

Santana do Seridó/RN

DADOS

PESSOAIS

OPÇÕES PERCENTUAL UNIDADE TOTAL

SEXO Feminino 81% 38 47

Masculino 19% 9

19 a 26 19% 9

27 a 34 9% 4

IDADE 35 a 42 61% 29 47

43 a 50 9% 4

51 a 58 2% 1

Solteiro (a) 34% 16

ESTADO CIVIL Casado (a) 62% 29 47

Outros 4% 2

NÚMERO DE 01 2% 1

RESIDENTES 02 15% 7

(incluindo o 03 43% 20 47

entrevistado) 04 17% 8

05 ou mais 23% 11

TEM FILHOS Sim 60% 28 47

Não 40% 19

Ensino

fundamental

incompleto 19% 9

Ensino médio

incompleto 2% 1

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ESCOLARIDADE Ensino médio

completo 64% 30

47

Ensino técnico

incompleto 4% 2

Ensino técnico

completo 4% 2

Ensino superior

incompleto

6% 3

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

A opção de “estado civil” e “escolaridade” dispõe na tabela com as opções

contempladas pelos entrevistados, sendo excluídas as que não tiveram nenhuma indicação,

como, pelo exemplo da escolaridade, o nível “superior completo” no momento da entrevista.

Ainda dentro da constituição “Perfil Social dos Colaboradores Entrevistados”, foi

indagado qual o anterior trabalho exercido pelo entrevistado e se, diante disso, o mesmo já

tinha tido a carteira assinada. Segue o comparativo na figura 2:

Figura 2: Comparativo das respostas dos entrevistados sobre o vínculo empregatício e se já

tiveram carteira assinada antes do Pró-Sertão

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

Isso porque, na atual fase de empregado nas facções de costura do Pró-Sertão, umas

das exigências é a regularização das leis trabalhistas, que assegura ao funcionário os direitos

que a ele compete.

66%

32%34%

68%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Já trabalhou anteriormente Já trabalhou com carteira assinada anteriormente

Sim Não

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Na análise das respostas dos entrevistados, cerca 66% afirmou já ter trabalhado antes,

porém, em “empregos informais” em virtude de apenas 32% ter sua carteira assinada. Dos

empregos citados, a tabela 3 expõe quais os que foram citados e a frequência de vezes isso

ocorreu.

Cerca de 30% dos entrevistados afirmaram ser empregados, anteriormente, como

“costureiro (a)”, isso porque no município já existiu uma fábrica de costura antes da iniciativa

Pró-Sertão. Contudo, essa mão-de-obra, em parte, foi absorvida pelas facções que hoje se

instauram pelo Pró-Sertão, uma vez que esse funcionário já tem a experiência necessária para

executar o ofício.

Tabela 3: Empregos citados antes de ser empregados em fábrica de costura

CARGOS PERCENTUAL UNIDADE TOTAL

AGRICULTORA 3% 1

31

AJUDANTE DE SALÃO 3% 1

AUXILIAR DE SERVIÇOS

GERAIS – ASG

10% 3

ATENDENTE 3% 1

BORDADEIRA 10% 3

COSTUREIRO (A) 30% 9

DIARISTA 10% 3

EMPREGADA DOMÉSTICA 3% 1

ESTAGIÁRIA 3% 1

FRENTISTA 3% 1

GERENTE DE PRODUÇÃO 3% 1

LOJISTA 3% 1

REVISORA 3% 1

SERVENTE 3% 1

VENDEDORA 7% 2

VIGILANTE 3% 1 Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

Uma conclusão já tida do aspecto social é que o Pró-Sertão representa a ocupação de

mão-de-obra que se encontrava desempregada e da oportunidade a pessoas que não tinham

tido seu primeiro emprego e hoje passam a ter, com todos os seus direitos assegurados.

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32

4.2. IMPACTO ECONÔMICO DO PRÓ-SERTÃO

Na proposta de se debater sobre o impacto econômico dessa iniciativa no município,

antes é imprescindível conhecer qual era a realidade tida no aspecto da empregabilidade. Por

tal finalidade, a figura 3 apresenta os dados da geração de emprego no ano de 2002 a 2015 no

município. Esses dados compõe o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

(CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a seguir:

Figura 3: Geração de empregos formais no município de Santana do Seridó do ano de 2002 a

2015.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2016.

O ano de 2015 representa o maior número de empregos formais gerados no decorrer

desses anos. Isso se deve ao incentivo e apoio aos empreendedores que se propuseram a aderir

a iniciativa Pró-Sertão. Tendo início no ano de 2014 - com a abertura da primeira facção pelo

Pró-Sertão – e seguimento em 2015 – com a abertura das outras quatro e a da zona rural.

A geração de emprego e, consequentemente, renda, em decorrência do impacto

proveniente da iniciativa Pró-Sertão é sentido de forma geral na sociedade, já que há maior

número de pessoas com poder de compra. Para tal, nada melhor que saber qual esse impacto

na perspectiva do colaborador, segue a figura 4 que expõe qual a renda antes e depois desse

vínculo nas fábricas de costura.

2111

29

012 9

1

-18

3643

9

-46

30

125

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Número de empregos formais por ano

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Chama a atenção a realidade econômica que era tida por parte dos entrevistados e suas

famílias, na qual cerca de 32% afirmavam viver com a renda familiar inferior à de 1 salário

mínimo. Atualmente, com a regularização trabalhista, as famílias passam a viver com a renda

variante em maior frequência no tópico: “de 1 até 2 salários mínimos”.

Figura 4: Renda familiar anterior e posterior a emprego em fábricas de costura

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

O valor levado em consideração é o bruto, pois com as deduções da previdência social

o valor líquido é um pouco menor. Se fosse utilizado a variável líquida, poderia gera um

resultado corrompido, pois não se é permitido nesse seguimento trabalhar as 44 horas/semana

e receber menor que o salário mínimo vigente.

Com a melhoria de renda, em alguns casos, mais pessoas passam a contribuir com as

despesas familiares, como visualizado na figura 5.

A renda familiar, antes centralizada em apenas uma pessoa, representa um percentual

de 72%, o que, atualmente, já muda o perfil das famílias, pois 64% delas têm duas pessoas

que provém o sustento do lar. Isso melhora significativamente as condições dessas famílias,

composta, em sua maioria (43%), por três residentes.

32%

64%

4%0% 0%0%

74%

19%

4% 2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Menos de 1 salário De 1 até 2 salários Mais de 2 até 3

salários

Mais de 3 até 4

salários

De 4 salários acima

Renda familar anterior Renda familiar após empregado em facção do Pró-Sertão

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Figura 5: Número de pessoas que contribuíam e passaram a contribuir com a renda familiar

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

Outro ponto interessante é que são as mulheres que mais ocupam empregos nas

facções, como dito pelo representante da Secretária Municipal de Assistência Social

(representante SMAS): “O único ramo aqui, antigamente, era o de cerâmica, só tinha duas

cerâmicas [...] a prefeitura e os aposentados, não existia mais nenhuma atividade que gerasse

emprego e renda no município, para as mães de família, para os jovens, não existia isso”.

O Pró-Sertão contemplou no município essa mão-de-obra que almejava uma

oportunidade de emprego que, de certa forma, contribuí para a permanência do indivíduo na

localidade, que muitas vezes se deslocam para grandes certos em busca de emprego.

Reflexo também da melhoria de renda é o não enquadramento em público-alvo de

programas sociais (figura 6).

Para a escolha por parte dos entrevistados, poderia se optar por mais de uma

alternativa, caso o mesmo fosse inserido em mais de um programa social. Há quase uma

equiparação, pois enquanto antes de empregado pelo Pró-Sertão, 68% afirmava participar do

Bolsa Família, enquanto que atualmente, 72% afirmam não mais fazer parte de nenhum

programa social.

Todavia, ainda 17% se enquadra nos critérios, talvez em virtude da quantidade de

residentes do lar ou por não manter atualizado o Cadastro Único de Programas Sociais

(CadÚnico).

72%

26%

2% 0%

21%

64%

13%

2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Apenas 01 02 duas pessoas 03 pessoas 04 pessoas ou mais

Contribuintes anteriormente das despesas familiares

Após empregado (a) em fábrica de costura, quantas pessoas contribuiem nas despesas familiares

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Figura 6: Participantes de Programas Sociais antes e depois de empregados em fábricas de

costura

Fonte: Elaborador pela autora, 2016.

De forma geral, o Pró-Sertão vem trazendo ao município grandes avanços, em

especial, na população economicamente ativa. Essas pessoas vivem em condições

constatadas, em dados e relatos, melhores do que as tidas anteriormente, são mais livres

economicamente e, por tal, também, mais independentes social e politicamente.

4.3. PARCERIA COM ÓRGÃOS OFERTANTES DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO

O sucesso que se pode atribuir à adesão iniciativa Pró-Sertão pelo município está

estritamente ligada a capacitação dos funcionários, pois é este fator que vai possibilitar a

qualidade e fazer com que a produção atinja os parâmetros pretendidos.

O município recebeu por meio de solicitação, até o início do ano de 2015, cursos

financiados por meio do PRONATEC que, além da gratuidade ao município, ainda

remunerava os alunos que estavam sendo capacitados, segundo o representante da SMAS.

Contudo, em decorrência de cortes orçamentários do Governo Federal, o PRONATEC passou

a se torna criterioso, como citado pelo representante da SMAS: “uma cidade pequena como a

68%

15%

43%

2%

15%17%

0%

17%

0%

72%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Bolsa família Bolsa escola Programa do leite Outros (Agente

jovem)

Não

participei/participo

Já particiou de programas sociais antes Participação de programa social no momento

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nossa [Santana do Seridó], não tinha mais como concorrer com Natal, que tinha uma demanda

bem maior”.

Em virtude dessa problemática o município, por meio da Secretaria de Assistência

Social, buscou meios de solucionar essa questão de “como continuar qualificando sem o

PRONATEC?”. Para tal, a solução encontrada foi adquirir, com recursos próprios, os cursos

para oferecer a comunidade, descrito, da seguinte forma, pelo representante da SMAS:

Procuramos o SENAI, novamente, a FIERN, SEBRAE, e engatamos a proposta de

comprar esses cursos, continuar comprando esses cursos que vinham pelo

PRONATEC. Houve acordos, houve contratos que a gente assinou com eles

[ofertantes] de continuar comprando esses cursos...

Com essa mudança de um curso que antes era ofertado pelo PRONATEC e, agora,

passa a ser ofertado pela Secretaria de Assistência Social, alguns indicadores que restringiam

o acesso de alguns foi retirado, como, a necessidade de participação no CadÚnico e a posse

do Número de Identificação Social – NIS.

Percebeu-se, então, a inclusão de grupos antes não adequados aos indicadores do

programa, conforme o representante da SMAS, “várias pessoas, vários jovens que tinha

interesse em aprender, mas que não tinham Cadastro Único e que queria participar do curso”,

esse público foi contemplado pela ausência de critérios.

O município passou a ter como critério para formação de turma a “ordem de chegada”,

completa as vagas ofertadas, o cidadão adentraria na lista do cadastro reserva, em caso de

desistência de algum membro da turma. Por base no relato, não houve uma diminuição da

demanda em virtude do não pagamento de bolsa aos alunos, isso mostrou o interesse em se

capacitar e buscar e se tornar um potencial funcionário de uma facção de costura.

Os entrevistados responderam, conforme a figura 7, sobre os cursos de capacitação,

caso tinham feito, se foi pelo PRONATEC e se já tinham alguma noção antes da capacitação.

Grande parte dos funcionários relatam ter se capacitado, sendo 68% deles. Com a

concessão de bolsa esse percentual é de 36%, ou seja, o não oferecido de bolsas do

PRONATEC, mas a oferta pelo município, moveu as pessoas em torno de se capacitar para,

eventualmente, buscar empregos nas fábricas do município.

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Figura 7: O entrevistado e a relação com os cursos de capacitação

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

Chamou atenção pessoas que citaram não ter feito curso, consequentemente,

responderam negativamente a alternativa de fazer curso por meio do PRONATEC e nem tinha

noção de costura. Sobre esses, alegaram ser empregados em outra fábrica, tida antes do Pró-

Sertão ter apoio no município, e nela aprenderem o que hoje sabem e, por tal, são admitidos

pela experiência em outras fábricas.

O município representa no processo de adesão e apoio ao Pró-Sertão um dos “agentes”

facilitadores, na soma de parcerias que fazem com que essa iniciativa se solidifique e venha a

perdurar no longo prazo, com o beneficiamento da sociedade e a promoção do

Desenvolvimento Local.

4.4. O PRÓ-SERTÃO E A PERSPECTIVA A LONGO PRAZO

O Pró-Sertão representa no município de Santana do Seridó, uma iniciativa que foi

amplamente aceita pelos envolvidos nessa parceria: o poder público – com a promoção de

cursos de capacitação ao funcionário e apoio aos faccionistas; aos faccionistas – que são os

68%

36%

45%

32%

64%

55%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Fez curso de capacitação Fez curso pelo Pronatec Tinha noção de costura

Sim Não

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empreendedores e tem acesso a instituições que o ajudam a gerir, como o SEBRAE; e o

colaborador - aquele que faz as coisas acontecerem.

Pelos diversos atores envolvidos na idealização dessa iniciativa – Governo do RN,

Fecomércio, Sistema “S”, entre outros - tudo aquilo que é produzido na região do Seridó é

fornecido a duas empresas: a Hering e o Grupo Guararapes. No município, a maior venda é

feita ao Grupo Guararapes, que envia as peças cortadas e prontas para ser costuradas e

montadas pelas fábricas.

É um modelo que vem dando certo no município, contudo, esse é um mercado

potencial e com margens a persistir no longo prazo, sendo bem gerido e buscando se adaptar

as demandas que irão surgir.

Na visão de futuro o município está na busca um novo segmento, uma vez que, no

momento, a produção gira em torno de peças jeans – calças, saias, shorts, entre outros -, tem-

se a proposta do curso de confecção de peças íntimas.

É uma modelagem bem diferente das de fábricas que trabalham com o jeans, pois,

estas possuem em média 25 colaboradores, enquanto uma produção de peças íntimas pode ser

formada por 5 ou 6 colaboradores.

Segundo o representante da SMAS, parte do plano de pensar a longo prazo, formalizar

no município uma marca própria, ou seja, cada empreendimento ser produtor de um

determinado segmento, além do jeans, como malha (em camisas, por exemplo), peças íntimas,

moda praia, entre outros.

Essa visão de se formar no futuro uma marca própria, torna as facções que hoje são

produtoras de peças de um único tipo, participantes de um grupo em virtude da marca. Isso

representa a caracterização de um Arranjo Produtivo Local (APL) já que serão independentes,

mas que juntas tomaram força para serem competitivas.

Parte dessa ideia é expressa nas palavras do representante da SMAS: “[...] você vem

de São Paulo pra comprar peças, então, se eu tenho um canto que tenha cueca, que tenha polo,

um canto que tenha calça jeans, que tenha moda praia, então a gente vai tentar conseguir isso,

a todo custo, porque é uma preocupação...”

Independente do êxito da iniciativa hoje, no município, esse pensamento de ser mais

independente leva a crer que há meios de se preservar a longo prazo tal iniciativa. É notório

que a soma das parcerias hoje, será ainda mais necessária na implantação da marca própria,

por exemplo, no futuro. Prova-se que o Desenvolvimento Local é possível pela ação conjunta

de “atores sociais”.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode ser constatado que a iniciativa Pró-Sertão surtiu, em Santana do Seridó, uma

carência pela geração de empregabilidade no município. Isso foi possível pela junção de

atores que direta e indiretamente fizeram/fazem parte desse processo, tais como: SEBRAE,

SENAI, Prefeitura Municipal, faccionistas, entre outros.

Com base nas entrevistas aplicadas junto a amostragem de colaboradores, é percebido

critérios positivos e de impacto econômico após a aderência ao Pró-Sertão, tais como: a

melhoria da renda familiar; o aumento do número de contribuintes; o não enquadramento em

parâmetros de Programas Sociais – isso em decorrência do aumento da renda; e, um ponto

muito importante, a seguridade por meio de emprego formal.

Os pontos abordados como resultados vão ao encontro das hipóteses estabelecidas,

como a primeira e a terceira que dizem respeito ao aumento da empregabilidade e, vale

salientar, de empregos formais, como também a redução por demanda em programas sociais,

respectivamente. Por conseguinte, para alcance da terceira hipótese, não foram encontrados

documentos formais ou dados a respeito do aumento de empreendimentos, dessa forma, surgi

mais indicações de pesquisas futuras.

Embora afirmado por 66% dos entrevistados já terem trabalhado anteriormente,

apenas 32% já tinham tido a carteira assinada, ou seja, 34% dos que afirmaram trabalhar

estavam a atuar na informalidade, sem seus direitos resguardados.

Outro fator importante é a inserção da mulher no mercado de trabalho, que pode ser

dito até como majoritário (73% mulheres e 27% homens) no ambiente das facções de costura

do município. Isso representa uma mudança que vem sendo notada nos paradigmas da

sociedade, através do empoderamento da mulher, conquistado com lutas, ao longo dos anos.

A oportunidade dada a mulher, no contexto citado, contribui na concepção das

liberdades alcançadas por meio da independência, a princípio, a financeira e, posteriormente,

a social e política.

O Desenvolvimento Local é possível, como citado por Sen (2000), por essas

liberdades que o indivíduo vem a gozar. O Pró-Sertão inicia esse processo pela liberdade

financeira, na qual o trabalhador, em alguns casos, era dependente de familiares e cônjuges.

Vale salientar que se encontrava em uma realidade de um pequeno município que, como

mencionado pelo representante da Secretaria de Assistência Social: “era bom de se morar,

mas não tinha emprego”.

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Pelos dados obtidos no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) após a adesão em

2014 e a implantação da primeira facção no município, a realidade começou a tomar uma

nova forma, pode ser dita até como uma mais “independente”. Notada em 2015 a geração de

125 empregos formais, para um município que apresentou até índices negativos e ausência de

oportunidades.

O ponto mais alto de toda essa discussão, pesquisa e análise está em aferir que as

ações só vieram a se consolidar pelo agrupamento de diversos atores em prol de um objetivo,

o Desenvolvimento por meio da geração de emprego e renda.

A perspectiva é que, semelhante ao município de Santana do Seridó, outras realidades

possam visualizar a possibilidade de mudança e melhoria de vida da população. Quando o

setor público não consegue absorver a maioria e o setor privado necessita de maiores

estímulos para permanecer na luta dos desafios impostos pelo mercado.

A longo prazo, poderá ser pesquisado quais os setores que mais foram solicitados em

decorrência dos efeitos do Pró-Sertão na vida do colaborador, como também os indicadores

de saúde e qualidade de vida deste trabalhador.

Ainda na perspectiva do longo prazo, será possível acompanhar a proposta de

implantação de uma “marca própria” no município, na qual as facções de costura serão

empresas independentes, como já são, mas que se articularão em prol de “unir forças”,

galgando a ideia do que vem a ser os Arranjos Produtivos Locais – APLs.

Conclui-se, por fim, que a iniciativa Pró-Sertão contribui na geração do

Desenvolvimento Local, promove um impacto econômico que, para um pequeno município,

vem de forma tão expressiva modificar uma realidade. Além de atender aos clamores de uma

população que, atualmente, não necessita, obrigatoriamente, como uma forma de subsistência,

se deslocar a grandes centros em busca de oportunidades e qualidade de vida.

Os resultados obtidos na pesquisa são restritos ao município de Santana do Seridó e a

funcionamento do programa estudado, não sendo possível fazer uma extensão desses

resultados ao funcionamento de tal programa em outros municípios, nem comparar a

programas similares que funcionam em outras regiões.

Assim, os resultados desta pesquisa são singulares a realidade abordada. Neste sentido,

para se conhecer de forma mais aprofundada as transformações proporcionadas por este

programa e outros similares, além das variáveis que posam envolvê-los, recomenda-se

posteriores estudos para se conhecer e avaliar como estão os outros municípios da região do

Seridó Potiguar, bem como demais localidades.

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</https://mundosebrae.wordpress.com/2009/09/11/o-que-e-um-apl/>. Acesso em: 05 de

novembro de 2015.

___________. Termo de Referência para Atuação do Sistema SEBRAE em Arranjos

Produtivos Locais. 2003. Disponível em:

</http://home.furb.br/wilhelm/TopEspeciais/Sebrae_Promos/termo_referencia_apl.pdf>.

Acesso em: 09 de novembro de 2015.

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

STAUB, Eugênio. Desafios Estratégicos em Ciência, Tecnologia e Inovação. In: Conferência

Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Brasília, 18 a 21 de setembro de 2001.

Disponível em: </http://www.iedi.org.br/admin_ori/pdf/desafios.pdf>. Acesso em: 09 de

novembro de 2015.

STEHR, Nico. Liberdade é filha do conhecimento? Tempo Social: São Paulo, v. 20, n. 2,

nov. 2008.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa

qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário colaboradores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

QUESTIONÁRIO I – COLABORADORES

1. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS

1.1. Idade. _____________

1.2. Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

1.3. Qual o número de pessoas (incluindo você) que residem na sua casa?

( ) 1 pessoa;

( ) 2 pessoas;

( ) 3 pessoas;

( ) 4 pessoas;

( ) 5 ou mais pessoas.

1.4. Qual seu estado civil?

( ) Solteiro/a;

( ) Viúvo/a;

( ) Casado/a;

( ) Divorciado/a;

( ) Outros.

1.5. Possui filhos?

( ) Sim. Quantos? ______ ( ) Não.

1.6. Qual o seu grau de instrução?

( ) Ensino fundamental incompleto;

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto;

( ) Ensino médio completo;

( ) Ensino técnico incompleto;

( ) Ensino técnico completo;

( ) Ensino superior incompleto;

( ) Ensino superior completo;

( ) Pós-graduação incompleta;

( ) Pós-graduação completa.

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1.7. Qual era o seu emprego antes deste que você ocupa?

( ) Não era empregado antes desse trabalho que estou;

( ) Sim, era empregado(a). Em qual função? _________________________________

1.8. Já trabalhou com a carteira de trabalho assinada antes?

( ) Sim

( ) Não

2. PERFIL ECONÔMICO

Este bloco diz respeito, a saber, questões antes do vínculo empregatício na facção.

2.1. Qual a renda familiar anterior?

( ) Menos de 1 salário;

( ) De 1 até 2 salários;

( ) Mais de 2 até 3 salários;

( ) Mais de 3 até 4 salários;

( ) De 4 salários acima.

2.2. Quantas pessoas antes contribuíam nas despesas familiares?

( ) Só 1 pessoas;

( ) 2 pessoas;

( ) 3 pessoas;

( ) 4 ou mais pessoas.

2.3. Já participou de algum programa social antes deste emprego e que hoje não tem

mais?

( ) Não participei de nenhum;

( ) Bolsa família;

( ) Bolsa escola;

( ) Programa do leite;

( ) Outros. Citar:___________________

3. ATUAL PERFIL ECONÔMICO

Este bloco diz respeito, a saber, questões após o vínculo empregatício na facção.

3.1. Qual a renda familiar atual?

( ) Menos de 1 salário;

( ) De 1 até 2 salários;

( ) Mais de 2 até 3 salários;

( ) Mais de 3 até 4 salários;

( ) De 4 salários acima.

3.2. Quantas pessoas contribuem, atualmente, nas despesas familiares?

( ) Só 1 pessoas;

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( ) 2 pessoas;

( ) 3 pessoas;

( ) 4 ou mais pessoas.

3.3. Atualmente participa de algum programa social?

( ) Não participo;

( ) Bolsa família;

( ) Bolsa escola;

( ) Programa do leite;

( ) Outros. Citar?___________________

4. CAPACITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO

4.1. Fez algum curso de “corte e costura” ou “costura industrial” antes de ser

contratado?

( ) Sim

( ) Não

4.2. Em caso positivo, o seu curso foi realizado por meio do PRONATEC?

( ) Sim

( ) Não

4.3. Se fez algum curso, já tinha noções de costura antes?

( ) Sim ( ) Não

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APÊNDICE B – Entrevista representante da Secretaria Municipal de Santana do Seridó/RN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

QUESTIONÁRIO II – SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

1. AÇÕES DA SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA EM TORNO DA INICIATIVA PRÓ-

SERTÃO

1.1. Qual o antigo panorama do município no que se referi a questão da empregabilidade?

1.2. Em linhas gerais, como o município articula com as instituições ofertantes de cursos do

PRONATEC?

1.3. A secretária dispõe de alguma estatística em torno do número de capacitados e se eles

estão empregados em alguma fábrica de costura do município?

1.4. Quais são os critérios que a secretaria utiliza para formação de turmas?

1.5. Qual a sua visão de futuro com relação ao crescimento da iniciativa Pró-Sertão no

município?

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APÊNDICE C – Cronograma

Atividades/Meses 2015 2016

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Escolha do tema X

Definição da

empresa X

Notificação do tema

e do orientador à

coordenação do

curso

X

Plano de trabalho:

problemática,

hipóteses,

justificativa,

objetivos,

bibliografia inicial

X X

Referencial teórico

inicial. X X

Metodologia X

Revisão pelo

professor orientador

e modificações

finais

X

Entrega do projeto

final ao professor

orientador.

X

Entrega do projeto

final à Coordenação

de Curso.

X

Revisão do

Referencial teórico X

Desenvolvimento do

instrumento de

coleta de dados

X

Coleta de dados X

Análise e

interpretação de

dados

X

Considerações finais X

Revisão pelo

professor

orientador.

X

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Correções finais X

Entrega do trabalho

final ao professor

orientador.

X

Entrega do trabalho

final à Coordenação

de Curso.

X