UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ...§ões...RENATO TILLMANN BASSINI Tecnólogo em...

112
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical EQUIPAMENTO PARA COLETA E PENEIRAMENTO DE SOLO EM PROFUNDIDADE VARIÁVEL RENATO TILLMANN BASSINI CUIABÁ - MT 2020

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ...§ões...RENATO TILLMANN BASSINI Tecnólogo em...

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

    Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

    EQUIPAMENTO PARA COLETA E PENEIRAMENTO DE SOLO EM

    PROFUNDIDADE VARIÁVEL

    RENATO TILLMANN BASSINI

    CUIABÁ - MT

    2020

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

    Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

    EQUIPAMENTO PARA COLETA E PENEIRAMENTO DE SOLO EM

    PROFUNDIDADE VARIÁVEL

    RENATO TILLMANN BASSINI

    Tecnólogo em Eletromecânica

    Orientador: Prof. Dr. TONNY JOSÉ ARAUJO DA SILVA

    Tese apresentada à Faculdade de Agronomia

    e Zootecnia, da Universidade Federal de Mato Grosso,

    para obtenção do título de Doutor em Agricultura

    Tropical.

    CUIÁBA - MT 2020

  • 3

  • 4

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por tudo que Ele em sua sabedoria infinita tem me

    proporcionado, ao longo da vida.

    A minha esposa, Madelize Angela Madalosso Bassini, pelo

    companheirismo, apoio incondicional, dedicação e carrinho.

    Aos meus filhos Julia e Giovanni, pelo incentivo e compreensão.

    Ao amigo de todas as horas e para todos os desafios, Marcio Venzon,

    por não ter me deixado desanimar em momentos difíceis desta caminhada.

    Ao Professor Dr. Tonny José Araújo da Silva (Orientador) por estar

    sempre disposto a discutir, opinar e apontar caminhos, pelos valiosos

    ensinamentos transmitidos, pelas orientações acadêmicas, profissionais e

    pessoais, pela imensa participação, apoio e incentivo em todas as fases de

    realização deste projeto.

    Ao grupo de inovação e pesquisa em engenharia (GIPeng), pelo apoio

    e disponibilidade.

    À UFMT, pela oportunidade de desenvolvimento pessoal e

    profissional, através do programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical.

    A todos os professores do programa de Pós-graduação em

    Agricultura Tropical que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a

    realização deste trabalho e para a minha formação.

    Aos meus colegas de curso de doutorado, aos professores do Curso

    de Engenharia Mecânica e aos professores do Curso de Engenharia

    Agrícola e Ambiental, que muito me incentivaram e sempre estiveram

    dispostos a me auxiliar.

    À CAPES pelo apoio aos programas de ensino de pós-graduação.

  • 6

    EQUIPAMENTO PARA COLETA E PENEIRAMENTO DE SOLO EM PROFUNDIDADE VARIÁVEL RESUMO – A agricultura atual tem o desafio de gerar alimentos para uma

    crescente população mundial, onde existem diversos fatores e desafios, tais

    como desenvolvimento de novas variedades, insumos e equipamentos com

    o intuito de aumentar a oferta de alimentos. Para a verificação da eficácia

    dessas novas tecnologias, normalmente são necessários a condução de

    experimentos ou da realização de análises laboratoriais com a utilização de

    amostras de solo. Se a amostragem de solo for realizada de maneira

    incorreta, os resultados podem não traduzir a realidade do campo, trazendo

    interpretações finais errôneas, comprometendo desta forma todos os

    esforços empregados no desenvolvimento destes novos produtos e ou

    tecnologias. Objetivou-se por meio deste trabalho, desenvolver, construir e

    avaliar um equipamento que possibilite a coleta, o preparo e o

    armazenamento de amostras deformadas de solo, de maneira semi-

    automatizada, até a profundidade máxima de 20 cm. O protótipo foi

    desenvolvido e testado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus

    de Rondonópolis e região. Os solos coletados foram: Latossolo Vermelho,

    Plintossolo, Chernossolo, Argissolo e Neossolo. Para as coletas de amostras

    em camadas inferiores a 20 cm, o equipamento gerou perdas de partículas

    de solo de menor diâmetro (silte e argila). Na camada de 0-20cm, o

    equipamento proporcionou coletas semelhantes ao procedimento manual.

    Para as classes de solos de texturas mais finas, principalmente, não houve

    alterações nas proporções de areia, silte e argila. O equipamento permite a

    uniformização da espessura de coleta na camada de interesse, reduzindo

    erro de amostragem intrínseco do procedimento manual. Tendo obtido a

    melhor produtividade de coleta no solo Latossolo Vermelho, sendo possível

    coletar um total de 20.000 dm³.h-1 e a menor produtividade de coleta foi

    observada no solo Argissolo, onde é possível coletar um total de 600 dm³.h-

    1.

    PALAVRAS-CHAVE: Amostras Deformadas, Física do Solo, Máquinas

    Agrícolas.

  • 7

    EQUIPMENT FOR COLLECTION AND SCREENING OF SOIL IN

    VARIABLE DEPTH

    ABSTRACT - Current agriculture has the challenge of generating food for a

    growing world population, where there are several factors and challenges

    such as the development of new varieties, inputs and equipment in order to

    increase the supply of food. In order to verify the effectiveness of these new

    technologies, it is usually necessary to conduct experiments or perform

    laboratory analyzes using soil samples. If the soil sampling is carried out

    incorrectly, the results may not reflect the reality of the field, bringing

    erroneous final interpretations thus compromising all efforts employed in the

    development of these new products and or technologies. The objective of this

    work was to develop, build and evaluate equipment that allows the collection,

    preparation and storage of deformed soil samples in a semi-automated

    manner, up to a maximum depth of 20 cm. The prototype was developed and

    tested at the Federal University of Mato Grosso, Campus de Rondonópolis

    and region. For sample collections in layers smaller than 20 cm, the

    equipment generated losses of smaller diameter soil particles (silt and clay).

    In the 0-20 cm layer, the equipment provided collections similar to the

    manual procedure. For the soil classes with finer textures, mainly, there were

    no changes in the proportions of sand, silt and clay. The equipment allows

    the uniformity of the collection thickness in the layer of interest, reducing the

    intrinsic sampling error of the manual procedure. Having obtained the best

    productivity in the Red Latosol being possible to collect a total of

    approximately 9500 liters per hour and the lowest productivity was observed

    in the Argisol soil, where it is possible to collect a total of approximately 600

    liters per hour, all in average values.

    KEYWORDS: Deformed samples, Soil Physics, Agricultural Machines.

  • 8

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Triangulo textural: classes texturais da terra fina.. ................... 19

    FIGURA 2 – Etapas de peneiramento com separação por tamanho. .......... 23

    FIGURA 3 – Tipos de telas utilizadas em peneiras...................................... 24

    FIGURA 4 – Superfície de peneiramento, formas de vibração e trajetória das

    partículas. . .................................................................................................. 27

    FIGURA 5 – Representação esquemática de uma peneira vibratória. ........ 29

    FIGURA 6 - Exemplo de isolamento do sistema.. ........................................ 30

    FIGURA 7 - Modelos de coxim. (A) Coxim hidráulico. (B) Coxim de

    borracha.. ..................................................................................................... 30

    FIGURA 8 - Tipos de cargas que podem ser aplicadas sob coxins de

    borracha.. ..................................................................................................... 31

    FIGURA 9 – Tipos de Molas. A) Helicoidal de Tração, B) Helicoidal de

    Compressão; C) Helicoidal de Torção; D) Espiral; E) Plana de Lâmina; F)

    Plana de Lâminas Múltiplas.. ....................................................................... 32

    FIGURA 10 - A) Molas em série. B) Mola em paralelo.. .............................. 33

    FIGURA 11 - Tipos de molas helicoidais de compressão.. .......................... 34

    FIGURA 12 - Came acionando um impulsor de rolete.. ............................... 36

    FIGURA 13 – Tipos comuns de cames seguidores.. ................................... 37

    FIGURA 14 – Constituição básica de uma enxada rotativa. 1) Sistema de

    transmissão, 2) Eixo, 3) Faca, 4) Roda de suporte e controle de

    profundidade.. .............................................................................................. 38

    FIGURA 15 – Movimento da enxada rotativa em relação ao deslocamento do

    trator.. .......................................................................................................... 39

    FIGURA 16 – Micro trator Yanmar TC 14. ................................................... 42

    FIGURA 17– Estrutura principal e base de teste da peneira. ...................... 43

    FIGURA 18 – Estrutura de fixação da tela malha 4 mm. ............................. 44

    FIGURA 19 – Fixação da tela sobre o quadro. ............................................ 45

    FIGURA 20 – Sistema de fixação e desmontagem da peneira A) Cames de

    fixação da peneira; B) Montagem e desmontagem do conjunto. ................. 45

  • 9

    FIGURA 21 – Sistema de amortecimento composto por quatro molas de

    compressão. ................................................................................................ 46

    FIGURA 22 – Motor acoplado a estrutura da peneira e fonte geradora. ...... 47

    FIGURA 23 – Sistema de amortecimento composto por quatro molas de

    compressão. ................................................................................................ 48

    FIGURA 24 – Conjunto de teste para ensaios de peneiramento. ................ 49

    FIGURA 25 – Testes de peneiramento usando braço excêntrico. ............... 50

    FIGURA 26 – Cames utilizado para gerar movimento vibratório na peneira.51

    FIGURA 27 – Eixo principal para transmissão do torque e movimentos

    necessários. ................................................................................................. 52

    FIGURA 28– Ilustração do funcionamento do sistema de eixo cames. ....... 53

    FIGURA 29 – Movimento vibratório na peneira tipo dente de serra. ............ 54

    FIGURA 30– Estrutura do equipamento. A) Chassi principal; B) Trave do

    volante; C) Travessa do eixo principal; D) Base do carrinho. ...................... 55

    FIGURA 31 – União do Chassi principal com os pés. A) Tubo quadrado; B)

    Reforço em chapa. ....................................................................................... 56

    FIGURA 32 – Eixo traseiro. A) Solda do eixo a estrutura. ........................... 57

    FIGURA 33 – Eixo dianteiro. A) Reforço unindo os pés da estrutura. ......... 58

    FIGURA 34 – Ponta de eixo dianteira. A) Barra de direção ......................... 59

    FIGURA 35 – Cabeçalho. A) Sistema de torção; B) Sistema de inclinação na

    horizontal; C) Sistema de inclinação na vertical. ......................................... 60

    FIGURA 36 – Barras de direção. A) Orifícios de fixação B) Pinos de

    travamento C) Parafusos para alinhamento da direção. .............................. 61

    FIGURA 37 – Base de suporte do motor. A) Furos oblongos para regulagem

    do motor B) Porcas de regulagem e ajuste da tensão das correias. ............ 62

    FIGURA 38 – Suporte da bateria. A) Quadro de sustentação B) Parafuso de

    fixação. ........................................................................................................ 63

    FIGURA 39 – Travessa do eixo principal. A) Base dos mancais do eixo

    principal. ...................................................................................................... 64

    FIGURA 40 – Base do carrinho. A) Travamento do carrinho; B) Rampa. .... 65

    FIGURA 41 – Articulação da rampa. A) Posição de acoplamento; B) Posição

    de coleta. ..................................................................................................... 65

  • 10

    FIGURA 42 – Sequência de acoplamento do carrinho a base. ................... 66

    FIGURA 43 – Calço de borracha de fixação da peneira ao chassi. ............. 67

    FIGURA 44 – Trave do sistema de elevação. .............................................. 67

    FIGURA 45 – Chassi do sistema de coleta de solo. .................................... 68

    FIGURA 46 – Mancais de fixação do chassi principal ao chassi do sistema

    de coleta. ..................................................................................................... 69

    FIGURA 47– Mancal tipo luva do chassi do sistema de coleta. ................... 69

    FIGURA 48 – Arranjo final da fixação do chassi móvel do sistema de coleta

    de solo. ........................................................................................................ 70

    FIGURA 49 – Segundo ponto de fixação do chassi móvel do sistema de

    coleta de solo. .............................................................................................. 70

    FIGURA 50 – Sistema de elevação A) Volante e B) Fuso. .......................... 71

    FIGURA 51 – Dispositivo de elevação do sistema de coleta. ...................... 72

    FIGURA 52 – Desalinhamento do fuso em relação ao mancal. A)

    Desalinhamento à direita B) Desalinhamento à esquerda. .......................... 72

    FIGURA 53 – Mancal de deslizamento de fixação do fuso. ......................... 73

    FIGURA 54– Rotor do sistema de coleta. .................................................... 74

    FIGURA 55 – Navalhas do sistema de coleta. ............................................. 74

    FIGURA 56 – Regulagem das navalhas do sistema de coleta. ................... 75

    FIGURA 57 – Correias e polias do sistema de coleta de solo. .................... 76

    FIGURA 58 – Esticador das correias de coleta............................................ 77

    FIGURA 59 – Duto de transporte do material coletado. ............................... 77

    FIGURA 60 – Manga direcionadora. ............................................................ 78

    FIGURA 61 – A) Equipamento projetado B) Equipamento pronto para coleta.

    ..................................................................................................................... 79

    FIGURA 62 – Profundidades de coleta. ....................................................... 80

    FIGURA 63 – Método para determinação da distância percorrida na coleta.

    A) Régua ao lado do trator B) Régua ao lado do equipamento. .................. 80

    FIGURA 64 – Equipamento desenvolvido para determinação da

    profundidade na coleta. ............................................................................... 81

    FIGURA 65 – Medição do desgaste da navalha. ......................................... 82

    FIGURA 66 – Pontos de coleta de amostras manuais. ................................ 83

  • 11

    FIGURA 67 – Parte da análise granulométrica para determinação das

    proporções de areia, silte e argila. ............................................................... 84

    FIGURA 68 – Determinação das umidades das amostras A) Estufa de

    secagem á 105º B) Pesagem da amostra de solo.. ..................................... 85

    FIGURA 69 – Peneiramento das amostras. ................................................. 86

    FIGURA 70 – Gráfico do desgaste total por classe de solo. ........................ 90

    FIGURA 71 – Desgaste Ferramenta observado após utilização no solo

    Chernossolo. ................................................................................................ 91

    FIGURA 72 – Desgaste da ferramenta observado após utilização no solo

    Neossolo. ..................................................................................................... 92

    FIGURA 73 – Presença de raízes durante as escavações. ......................... 93

    FIGURA 74 – Análise granulométrica pelo método do densímetro - Latossolo

    Vermelho em diferentes profundidades. ...................................................... 96

    FIGURA 75 – Análise granulométrica pelo método do densímetro -

    Plintossolo em diferentes profundidades. .................................................... 97

    FIGURA 76 – Análise granulométrica pelo método do densímetro –

    Chernossolo em diferentes profundidades. ................................................. 98

    FIGURA 77 – Análise granulométrica pelo método do densímetro – Argissolo

    em diferentes profundidades........................................................................ 99

    FIGURA 78 – Análise granulométrica pelo método do densímetro – Neossolo

    em diferentes profundidades...................................................................... 100

    FIGURA 79 – Análise granulométrica método das peneiras – solo Latossolo

    Vermelho. .................................................................................................. 102

    FIGURA 80 – Análise granulométrica método das peneiras – Solo

    Plintossolo.................................................................................................. 102

    FIGURA 81 – Análise granulométrica método das peneiras – solo

    Chernossolo ............................................................................................... 103

    FIGURA 82 – Análise granulométrica método das peneiras – solo Argissolo

    ................................................................................................................... 104

    FIGURA 83 – Análise granulométrica método das peneiras – solo Neossolo.

    ................................................................................................................... 104

  • 12

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1. Frações granulométricas do solo. ............................................. 17

    TABELA 2 – Valores recomendados de rotação em função da abertura da

    malha para peneiras lineares ....................................................................... 25

    TABELA 3– Valores das umidades dos solos coletados. ............................ 40

    TABELA 4 – Dado da mola utilizada durante os ensaios ............................. 46

    TABELA 5– Controle de profundidade do equipamento geral para todos os

    solos testados. ............................................................................................. 87

    TABELA 6– Tempo de coleta em diferentes profundidades e para diferentes

    solos. ........................................................................................................... 88

    TABELA 7– Produtividade de coleta em diferentes profundidades e para

    diferentes solos. ........................................................................................... 89

    TABELA 8– Produtividade Máxima de coleta em diferentes profundidades e

    para diferentes solos considerando o desgaste da ferramenta. .................. 94

  • 13

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15

    2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 17

    2.1 Classificação de Solo........................................................................... 17

    2.2 Amostragem de Solos.......................................................................... 20

    2.3 Peneira vibratória ................................................................................. 22

    2.4 Movimento vibratório............................................................................ 26

    2.5 Eficiência de Peneiramento ................................................................. 28

    2.6 Coxim ................................................................................................... 29

    2.7 Molas ................................................................................................... 31

    2.8 Cames ................................................................................................. 35

    2.9 Enxada Rotativa. ................................................................................. 37

    3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 40

    3.1 Umidade no momento das coletas ...................................................... 40

    3.2 Projeto e construção do equipamento ................................................. 41

    3.2.1 Estrutura e peneira ........................................................................ 43

    3.2.2 Testes da peneira com massa desbalanceada. ............................ 47

    3.2.3 Testes da peneira com braço excêntrico. ...................................... 49

    3.2.4 Testes da peneira com cames. ..................................................... 50

    3.2.5 Descrição do chassi ...................................................................... 54

    3.3 Desempenho mecânico em campo ..................................................... 79

    3.4 Coleta de Amostra manual .................................................................. 83

    3.5 Procedimentos laboratoriais ................................................................ 84

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 87

    4.1 Resultados do projeto mecânico .......................................................... 87

  • 14

    4.1.1 Controle de profundidade .............................................................. 87

    4.1.2 Tempo de coleta............................................................................ 88

    4.1.3 Desgaste das navalhas ................................................................. 89

    4.1.4 Umidade dos solos Coletados ....................................................... 92

    4.1.5 Produtividade ................................................................................ 93

    4.2 Análise Laboratoriais ........................................................................... 95

    4.2.1 Analise granulométrica por densímetro de solo ............................ 95

    4.2.2 Análise granulométrica por peneiramento ................................... 101

    5 CONCLUSÕES ........................................................................................ 106

    6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 107

  • 15

    1 INTRODUÇÃO

    A agricultura atual tem o desafio de gerar alimentos para uma

    crescente população mundial que, segundo estudos, passam dos 6,9 bilhões

    de habitantes, com expectativa de chegar aos 9,2 bilhões em 2050 (ONU,

    2012).

    Existem diversos fatores e desafios que deverão ser superados para

    que essa expansão agrícola ocorra, fato esse que nos leva a busca por

    novas tecnologias, tais como desenvolvimento de novas variedades,

    insumos e equipamentos com o intuito de aumentar a oferta de alimentos.

    Essa busca, por maior produtividade, leva o desenvolvimento de

    novas tecnologias que envolvem diversas etapas e procedimentos, seja no

    campo ou no laboratório, em estudos de caracterização de solos, no

    desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas, de novos

    fertilizantes, chegando à utilização da agricultura de precisão.

    Para a verificação da eficácia dessas novas tecnologias,

    normalmente é necessário a condução de experimentos ou da realização de

    análises laboratoriais com a utilização de amostras de solo. Todas essas

    tecnologias podem ser comprometidas se a primeira etapa deste processo

    estiver falha. Se a amostragem de solo for realizada de maneira incorreta, os

    resultados podem não traduzir a realidade do campo, trazendo

    interpretações finais errôneas, comprometendo desta forma todos os

    esforços empregados no desenvolvimento destes novos produtos e ou

    tecnologias (EMBRAPA, 2014).

    A coleta da amostragem de solo, normalmente é realizada de forma

    manual, sendo que a profundidade de coleta, em áreas agrícolas, limite

    geralmente à camada agricultável do solo (0 a 20 ou 25 cm), a qual é

    realizada com o auxílio de ferramenta apropriada e posteriormente este

    material é processado, através de peneira, com malhas que podem variar

    entre 2 e 5 mm de lado, a ser destinado para fim científico, de acordo com o

    interesse e ou encaminhado a laboratório para a caracterização físico

    química do mesmo (EMBRAPA, 2006).

  • 16

    No entanto, devido este procedimento ser realizado de forma

    manual, poderá correr inúmeros problemas como, desuniformidade com

    relação a profundidade de coleta, o que poderá gerar erros experimentais,

    elevado tempo para coleta das amostras, limitando a realização de grandes

    experimentos e a necessidade de um grande esforço humano.

    Desse modo, objetivou-se por meio deste trabalho, desenvolver,

    construir e avaliar um equipamento que possibilite a coleta, o preparo e o

    armazenamento de amostras deformadas de solo, de maneira

    semiautomatizada, até a profundidade máxima de 20 cm, com uniformidade

    na profundidade determinada, reduzido tempo de coleta e baixo esforço

    humano empregado, para posterior uso em diferentes experimentações na

    área das ciências agrárias.

  • 17

    2 REVISÃO DE LITERATURA

    A revisão literária deste trabalho estará dividida em duas etapas

    distintas, a primeira tratará da revisão ligada a parte agrícola, onde

    revisaremos os procedimentos de coleta das amostras e análises

    laboratoriais ligadas ao solo agricultável e no segundo momento a revisão

    ligada a parte mecânica do equipamento.

    2.1 Classificação de Solo

    O solo é constituído por partículas de diversos tamanhos que se

    distribuem de forma contínua, variando desde dimensões coloidais como a

    argila, passando pelas areias até os cascalhos e calhaus. Entretanto, para

    fins de determinação quantitativa as partículas são agrupadas em intervalos

    dimensionais conhecidos como frações granulométricas. A ciência do solo

    no Brasil segue a classificação de Atterberg para classificação

    granulométrica, cujos intervalos dimensionais são apresentados na Tabela

    01 (OLIVEIRA et. al., 1992).

    TABELA 1. Frações granulométricas do solo.Fonte: OLIVEIRA et. Al., (1992)

    Frações granulométricas Intervalo dimensional

    Argila 20 cm

    A análise granulométrica consiste na determinação das dimensões

    das partículas que constituem as amostras de solo, basicamente, é

    necessário determinar as dimensões das partículas individuais e estudar a

    sua distribuição, quer pelo peso de cada classe dimensional considerada, ou

    seu volume, quer ainda pelo número e tamanhos de partículas integradas

    em cada classe (DIAS, 2004).

  • 18

    Outro fator importante para caracteriza-los é a textura dos solos, já

    que influenciam muitas das suas propriedades: porosidade, permeabilidade,

    capacidade de troca, retenção de água, vulnerabilidade a processos

    erosivos, etc. Em campo, ela é um indicador de diferenças entre horizontes e

    é avaliada pelo tato, dependendo muito da capacidade e da experiência do

    profissional que a faz. As características texturais verificadas em campo

    devem ser confirmadas, através de análises granulométricas.

    Em laboratório, pode ser determinada por diversas técnicas que

    permitem ao final classificar o material de acordo com critérios estabelecidos

    pelos diferentes órgãos. Para os solos brasileiros, a EMBRAPA distingue

    cinco grupamentos de textura: arenosa, média, argilosa, muito argilosa e

    siltosa (OLIVEIRA et al., 1992). As técnicas usualmente mais utilizadas são

    aquelas que empregam a pipetagem ou a densimetria.

    Essas duas metodologias se baseiam na velocidade de queda das

    partículas em meio aquoso, de acordo com a lei de Stokes. Compreendem

    igualmente uma fase de preparação do material (Terra Fina Seca ao Ar –

    TFSA), dispersão das partículas com adição de defloculante químico

    complementada por agitação mecânica. As frações finas – silte e argila –

    são determinadas, em um caso, por sedimentação e pipetagem (método da

    pipeta) e, no outro, por sedimentação e densimetria (método do densímetro).

    Em ambas, as frações areia são obtidas por peneiragem a seco

    (BONIFÁCIO, 2010).

    O número possível de arranjos resultantes entre a combinação das

    proporções e das classes de partículas é muito alto, e isso levou ao

    desenvolvimento de um sistema de classificação gráfico, para definição das

    classes de textura dos solos. O sistema consta da sobreposição de três

    triângulos isósceles que representam a quantidade de argila, silte e areia do

    solo. No Brasil é empregado o triângulo de classes texturais (Figura 01),

    propostos pelo serviço de conservação do solo do Departamento de

    Agricultura dos Estados Unidos (LEMOS & SANTOS, 1984).

  • 19

    FIGURA 1 - Triangulo textural: classes texturais da terra fina. FONTE: SOUZA,

    (1995).

    De acordo com os conteúdos de areia, silte e argila, estimados em

    campo ou determinados com análises de laboratório são caracterizadas

    então as seguintes classes de textura: areia, silte, argila, areia-franca,

    franco, franco argilo arenosa, franco-argilosa, franco-arenosa, argilo

    arenosa, muito argilosa, argilos siltosa, franco-argilos siltosa e franco-siltosa

    (SOUZA, 1995).

    Para a agricultura a classe textural do solo é de grande importância e

    pode influenciar a maioria dos atributos e propriedades físicas e químicas,

    pois de acordo com as frações de areia, argila e silte, o solo se comporta de

    maneira distinta. A textura constitui uma característica física que em

    associação aos teores de matéria orgânica e a composição mineralógica das

    argilas determinam em grande medida o comportamento deste e sua

    estrutura. (OLIVEIRA et al, 1992).

  • 20

    Além disso, o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos utiliza para

    classificá-los, as propriedades morfológicas, físicas, químicas e

    mineralógicas. A Classificação Brasileira de Solos é estruturada na forma de

    um sistema de categorias múltiplas que tem uma estrutura hierárquica

    descendente, onde são subdivididas, sucessivamente, em classes de acordo

    com características que as diferem. Esse sistema se compõe de seis níveis

    categóricos, sendo eles respectivamente: ordens, subordens, grandes

    grupos, subgrupos, famílias e séries (EMBRAPA, 1998).

    2.2 Amostragem de Solos.

    A análise de solos é indispensável para que o produtor ou

    pesquisadores tenham conhecimento das condições dos solos, para isso, é

    fundamental que ela seja bem manejada para que se tenha sucesso nos

    empreendimentos agrícolas, pecuários e florestais. A análise química é o

    método mais utilizado para avaliar a fertilidade e determinar as suas

    exigências em calcário e necessidades de nutrientes para as plantas. É feita

    com amostras de solo, que devem ser representativas da área em que foi

    coletada. Uma amostragem inadequada pode comprometer todas as

    recomendações feitas com base na análise química, pois a qualidade e

    precisão dos resultados dependem diretamente da coleta de amostra de solo

    (MIRANDA, 1982).

    Para que a análise de solo tenha resultados confiáveis, é necessário

    que a amostragem seja correta, uma vez que ela é uma representação da

    área que se quer analisar (SQUIBA, 2002). É importante salientar que a

    maior fonte de erro na análise de solo está na amostragem inadequada, o

    que pode conduzir a resultados incorretos (FRÁGUAS, 1992).

    Desta forma as amostras coletadas no campo devem ser

    homogêneas, para que o solo levado ao laboratório represente uma

    determinada área no campo, é nesta etapa que ocorrem falhas. Embora os

    problemas relacionados às etapas de coleta, transporte e armazenamento

  • 21

    de amostras sejam frequentemente ignorados, tais atividades influenciam

    diretamente os resultados. (EMBRAPA, 2006).

    São muitas as variáveis que podem influenciar nos resultados

    experimentais e ou laboratoriais decorrentes de uma coleta amostral de solo

    para experimentação agrícola. Deve-se lembrar que quanto mais

    homogênea for a área de coleta, mais representativa será esta amostra.

    O mercado segue a tendência de buscar ferramentas que melhorem o

    rendimento do trabalho, mas a qualidade de amostragem tem sido pouco

    considerada (ROSOLEM et. al., 2010). No entanto, na escolha dos

    amostradores é necessário observar que um pequeno volume de solo,

    como, por exemplo, com o trado de rosca, o solo irá perder mais camada

    superficial, e consequentemente um maior coeficiente de variação e um

    número maior de sub amostras, gerando assim mais trabalho (SALET et. al.,

    2005).

    A escolha de um amostrador inadequado para o tipo do solo é capaz

    de alterar os resultados da análise, por consequência, distorcer as

    recomendações. Esse ato pode comprometer o desenvolvimento da espécie

    cultivada, bem como a produtividade final da cultura (COMISSÃO DE

    QUIMICA E FERTILIDADE DO SOLO, 2004).

    Dessa forma, a escolha do amostrador mais recomendado é etapa

    necessária, muitas vezes, a principal dúvida encontrada pelos agricultores

    no processo de análise de solo. É justificável, portanto, estudo específico de

    qual amostradores pode representar com mais precisão a realidade do solo

    da região, devido à importância de um resultado da análise do solo confiável

    para as orientações e recomendações futuras.

    Além desses fatores a quantidade do solo a ser amostrado quanto a

    profundidade de amostragem são muito variáveis, dependendo das

    condições encontradas no campo e no dia da coleta. A profundidade de

    coleta em áreas agrícolas limita-se geralmente à camada agricultável do solo

    (0 a 20 ou 25 cm), onde a maioria dos autores é praticamente unânime em

    afirmar que o solo deve ser peneirado, com a finalidade de eliminar pedras,

    raízes e material orgânico não decomposto. As malhas das peneiras

  • 22

    utilizadas para realizar este peneiramento variam entre 2 e 5 mm

    (EMBRAPA, 2006).

    2.3 Peneira vibratória

    Os primeiros registros sobre a utilização de peneiras são de 150 a.C.

    onde gregos e romanos as utilizavam no processo de mineração, sendo que

    o primeiro relato sobre o uso de vibração com acionamento mecânico é de

    1775. Somente no início do século XIX iniciou-se a era das peneiras

    vibratórias modernas, onde a rotação dos equipamentos ultrapassa os 500

    RPM. A partir de 1940 os fabricantes de peneiras vibratórias buscam

    constantemente a melhor solução estrutural e econômica para realizar o

    processo de peneiramento devido sua extrema importância em diversos

    processos (VSMA 1980).

    Essas máquinas do início do século XIX eram compostas por chassi

    em aço, que permitiam o encaixe de algum tipo de superfície de

    peneiramento e em suas laterais eram inseridos eixos passantes com

    contrapesos que giravam. Também eram constituídas basicamente de dois

    ou quatro rolamentos, os quais possuíam movimento circular. A rotação

    desses eixos gerava vibrações nos chassis, dando origem as primeiras

    peneiras vibratórias (FRED BOND, 1983).

    Por natureza dessas vibrações, as peneiras são equipamentos

    mecânicos constantemente exigidos e por isso mais suscetíveis à fadiga e

    requerem um maior cuidado com relação às manutenções preventivas e

    preditivas, bem como com a referida operação. A escolha correta do modelo

    e do tamanho da peneira é fundamental para a eficiência de todo o processo

    (NUNES FILHO, 2017).

    Peneiramento é a operação de separação de uma população de

    partículas em duas frações de tamanhos diferentes (Figura 02), mediante

    sua apresentação a um gabarito de abertura pré-determinada, de forma que

    cada partícula tem apenas as possibilidades de passar ou de ficar retida. A

    dimensão que classifica o tamanho dos grãos entre retido e passante é

    chamado de abertura da malha (IIZUKA, 2006).

  • 23

    FIGURA 2 – Etapas de peneiramento com separação por tamanho.

    FONTE: Adaptador de (NUNES FILHO, 2017).

    A eficiência do peneiramento é determinada pelo grau de perfeição da

    separação do material em frações de tamanho maiores ou menores ao

    tamanho da abertura da peneira, ou seja, a relação entre a quantidade de

    partículas mais finas que a abertura da tela de peneiramento e que passam

    por ela e a quantidade delas presentes na alimentação (MAIA, 2011).

    Os fatores que afetam o desempenho das peneiras são: taxa de

    alimentação; tempo de peneiramento; natureza do material peneirado

    (densidade, umidade, forma das partículas, presença de materiais argilosos,

    distribuição granulométrica; movimentação da peneira; inclinação e material

    da peneira, os quais podem variar entre outros de fios metálicos

    entrelaçados, barras metálicas, borracha, poliuretano, etc.) (MAIA, 2011).

  • 24

    As peneiras em sua grande maioria são fabricadas utilizando-se telas

    metálicas, que podem ser fabricadas com arames e vergalhões, dependendo

    da sua finalidade (Figura 03). Outras configurações podem ser encontradas

    como, barras metálicas, pratos metálicos perfurados ou ranhurados ou fios

    em forma de cunha na secção transversal. Vários materiais são usados,

    sendo os de aço ao carbono e aço inox os mais comuns, mas também

    podemos encontrar em polietileno e borracha, por exemplo. Os autores são

    praticamente unânimes em afirmar que os solos para esta finalidade deverão

    ser submetidos ao peneiramento com malhas que normalmente variam entre

    2 e 5 mm de lado, com a finalidade de eliminar pedras, raízes e materiais

    orgânicos não decompostos (EMBRAPA, 2006).

    FIGURA 3 – Tipos de telas utilizadas em peneiras.FONTE: (TEGAPE, 2020)

    .

  • 25

    Para facilitar a operação, as peneiras são inclinadas, mas uma

    inclinação grande prejudica a separação, pois o escoamento das partículas

    poderá ser tão rápido que impossibilitará a chegada de muitas partículas

    finas até as malhas das peneiras, acarretando menor eficiência de

    peneiramento; a inclinação insuficiente pode reduzir a capacidade de

    produção da peneira, devido o baixo escoamento do material sobre a

    mesma (COSTA, 2014).

    As peneiras vibratórias inclinadas em ângulo que variam de 15º a 35º

    levam o material a uma velocidade que varia de 18 a 36 m/min dependendo

    da inclinação, já as peneiras horizontais transportam o material a uma

    velocidade de aproximadamente 12 m/min (CHAVES & PERES, 2003).

    Para uma boa eficiência de peneiramento, deve-se escolher a rotação

    a qual estará gerando uma frequência e amplitude, de forma que o

    deslocamento seja perpendicular da partícula ao plano da peneira, em

    função do material a ser peneirado. É desejável que a partícula, ao se

    deslocar sobre a superfície de peneiramento, não atinja a mesma abertura

    da malha, mas também não ultrapasse várias aberturas. Baseado na tabela

    mencionada por Chave e Peres (2003), pode-se recomendar as seguintes

    rotações de trabalho em função da abertura da malha para peneiras

    convencionais, apresentada na Tabela 02.

    TABELA 2 – Valores recomendados de rotação em função da abertura da malha

    para peneiras lineares (FONTE: IIZUKA, 2006).

    Peneiras Lineares

    Abertura da malha (mm) Rotação (RPM)

    101,60 a 50,80 700

    50,80 a 25,40 750

    25,40 a 12,70 800

    12,70 a 5,45 850

    5,45 s 1,91 900

    1,91 a 1,00 950

  • 26

    2.4 Movimento vibratório

    O movimento vibratório da peneira é produzido por sistemas de

    acionamento que geralmente são baseados em massas desbalanceadas.

    Normalmente a amplitude de vibração possui valores entre 3,0 mm e 8,0

    mm; e a máquina opera em uma faixa de rotações de 600 RPM a 1200

    RPM, porém, estes valores podem variar como no caso das peneiras de alta

    frequência que operam com amplitude de até 0,5 mm e rotação de 3600

    RPM (IIZUKA, 2006).

    Os efeitos das vibrações em estruturas são influenciados por diversos

    fatores, dentre eles as características da excitação (o tipo, a duração, a

    frequência e a intensidade) e as características da estrutura (o

    amortecimento, as frequências naturais e as formas modais). Outro

    importante fator é o isolamento das vibrações, que é muito comum nas

    estruturas industriais sujeitas à vibração de equipamentos (ASSUNÇÃO &

    DE PAULA, 2010).

    Para a análise de comportamento de um sistema vibracional são

    analisadas três características principais que influenciam na resposta do

    sistema, sendo eles: a inércia, rigidez e o amortecimento. A inércia é

    diretamente proporcional à massa total do sistema e influencia na amplitude

    da locomoção em resposta a excitação aplicada, dessa maneira, quanto

    maior for a quantidade de massa a ser movimentada, maior será a força

    necessária para retirá-la do estado de inércia (BALACHANDRAN, 2011).

    A rigidez pode ser caracterizada como a resistência imposta ao

    movimento e está relacionada de acordo ao material adotado, sendo essa,

    responsável por interferir nas frequências dos modos de vibração, tornando

    o sistema mais, ou menos, flexível ao movimento e é proporcionada,

    principalmente pelo efeito “mola” das estruturas. Desta forma é necessário

    salientar que quanto mais rígido for o sistema, maior será a frequência de

    ressonância da estrutura e ao mesmo tempo possuirá uma baixa amplitude

    de deslocamento (RAO, 2008).

    Outro componente importante em estruturas dinâmicas é o

    amortecimento. Este componente é o responsável por dissipar de maneira

  • 27

    controlada a energia do sistema vibratório, tornando-o comportado e de fácil

    controle, visto que utilizando os componentes de inércia, amortecimento e

    rigidez, podemos realizar o ajuste necessário, visto que é possível calcular a

    frequência de ressonância natural do sistema e desta forma trabalhar com

    um sistema que possa maximizar o deslocamento, devido à ressonância ou

    minimizar os efeitos do deslocamento trabalhando fora de ressonância

    (SANTOS, 2007).

    As peneiras vibratórias fazem parte de um grupo de máquinas

    (vibratórias) que devem produzir movimentos para executar determinadas

    tarefas na indústria. Os movimentos desejados geralmente são produzidos

    por mecanismos vibratórios, os quais constituem parte essencial desses

    equipamentos. Esses mecanismos são baseados em sistemas de massas

    excêntricas que produzem forças dinâmicas suficientes para obter

    amplitudes de vibrações no equipamento. Os mecanismos em geral podem

    executar movimentos circulares, elípticos ou lineares (Figura 04), de acordo

    com sua finalidade (ASSUNÇÃO & DE PAULA, 2010).

    FIGURA 4 – Superfície de peneiramento, formas de vibração e trajetória das

    partículas. FONTE: (CORREIA, 2010).

  • 28

    2.5 Eficiência de Peneiramento

    Em peneiramento industrial a palavra eficiência é empregada para

    expressar a avaliação do desempenho da operação de peneiramento, em

    relação à separação granulométrica ideal desejada, ou seja, a eficiência de

    peneiramento é definida como a relação entre a quantidade de partículas

    mais finas que a abertura da tela de peneiramento e que passam por ela e a

    quantidade delas presente na alimentação (Equação 01) (LUZ et al., 2010)

    (01)

    Onde,

    E = eficiência;

    P = passante (t h-1);

    A = alimentação (t h-1);

    a = percentagem de material menor que a malha da alimentação.

    Industrialmente, a eficiência de peneiramento, situa-se entre 80 e

    90%, atingindo em alguns casos 95%. As partículas com diâmetros

    superiores a uma vez e meia a abertura da tela não influenciam no resultado

    do peneiramento, bem como àquelas inferiores à metade da abertura da

    tela. As partículas compreendidas entre esta faixa é que constituem a classe

    crítica de peneiramento e influem fortemente na eficiência e na capacidade

    das peneiras (Figura 05) (LUZ et al., 2010).

  • 29

    .

    FIGURA 5 – Representação esquemática de uma peneira vibratória. FONTE: (LUZ

    et al., 2010)

    2.6 Coxim

    O coxim funciona como um isolador ou amortecedor de vibração,

    minimizando a passagem de energia cinética (movimento) de uma seção do

    sistema para o outro (de um corpo para o outro). (Figura 06). Esse

    isolamento ocorre pela da dissipação de energia, através da viscosidade

    característica que o material possui.

  • 30

    FIGURA 6 - Exemplo de isolamento do sistema. FONTE: OGATA (1998).

    Segundo BARBER (1992), a rigidez e eficiência de amortecimento do

    coxim podem ser determinadas, conforme a geometria e o material qual o

    coxim é composto. Dessa maneira, é possível escolher o tipo e modelo de

    coxim mais adequado a cada caso, sabendo o sentido das forças que serão

    aplicadas e a intensidade das mesmas.

    O coxim pode ser classificado como de elastômero (normalmente

    mais utilizado como sendo de borracha), e coxim hidráulico passivo (Figura

    07).

    FIGURA 7 - Modelos de coxim. (A) Coxim hidráulico. (B) Coxim de borracha.

    FONTE: CANAL DA PEÇA (2019); ALLBORPLASS (2020).

  • 31

    Os coxins de borracha possuem fácil montagem, ocupam pequenos

    volumes e possuem baixo custo, apresentando uma boa eficiência de

    amortecimento, para qual a borracha pode ser carregada de diversas

    direções (Figura 08), (BARBETTI, 2005).

    FIGURA 8 - Tipos de cargas que podem ser aplicadas sob coxins de borracha.

    FONTE: BARBER (1992).

    Já os coxins hidráulicos passivos têm como maior característica a

    variação da capacidade de amortecimento em função da variação da

    frequência, pois sua construção, diferentemente do coxim de borracha, não

    é baseada somente em materiais rígidos.

    Os coxins hidráulicos são constituídos de fluído interno, qual oscila sua

    velocidade de movimento dentro do sistema, de acordo a força aplicada e a

    viscosidade do fluído presente, devido a presença de um sistema mais

    complexo e eficiente para grandes variações de amplitudes e frequência o

    coxim hidráulico também possui maior custo.

    2.7 Molas

    As molas são componentes elásticos que exercem forças, ou torques,

    e absorvem energia, que em geral é armazenada e posteriormente liberada.

    As molas são usualmente, mas não necessariamente, fabricadas de metal

    (JUVINALL & ROBERT, 2016).

    As molas são utilizadas nas máquinas para exercer força (a título,

    molas de atuação de válvulas de motores de explosão e molas de balanças),

    para fornecer flexibilidade (molas de uniões flexíveis de veios e molas dos

    discos das embreagens de automóveis) e para armazenar ou absorver

  • 32

    energia (a exemplo molas de mecanismos de relógio e molas de suspensões

    de máquinas ou de veículos) (BUDYNAS & RICHARD, 2011).

    Existem diversos tipos de molas (Figura 09), sendo as helicoidais as

    mais comumente encontradas em aplicações mecânicas, uma vez que

    apresentam secção transversal circular. A necessidade desta diversidade de

    molas deriva do facto de existirem aplicações com diversas particularidades,

    como sendo o espaço útil para a utilização da mola e de especificações

    próprias dos projetos, como por exemplo, a necessidade de utilizar uma

    mola com a constante de elasticidade variável (MENDES, 2003).

    FIGURA 9 – Tipos de Molas. A) Helicoidal de Tração, B) Helicoidal de Compressão;

    C) Helicoidal de Torção; D) Espiral; E) Plana de Lâmina; F) Plana de Lâminas

    Múltiplas. FONTE: Adaptado de ARCANJO(2008).

    As molas podem ser fabricadas em aço, latão, cobre, bronze,

    borracha, entre outros materiais. As molas de borracha e de arames de aço

    com pequenos diâmetros, solicitados à tração, apresentam a vantagem de

    constituírem elementos com menor peso e volume em relação à energia

    armazenada. Para conservar certas propriedades das molas como, por

    exemplo, elasticidade, resistência ao calor e à corrosão, devem-se utilizar

    aços-liga. Os materiais das molas em geral devem apresentar elevado

    módulo de elasticidade, grande resistência e elevada resistência à fadiga

    (MENDES, 2003)

  • 33

    O cálculo da rigidez de uma mola pode ser feito experimentalmente

    ou teoricamente. Experimentalmente, podemos aplicar sobre a mola cargas

    conhecidas e medir os deslocamentos correspondentes. Aplicamos a

    equação (K=F/x) para cada par de cargas e deslocamento e, após,

    calculamos um valor médio, representativo da faixa considerada.

    Teoricamente, podemos calcular a rigidez, através da aplicação de

    conhecimentos de Resistência dos Materiais.

    Ainda, as molas podem ser arranjadas entre si a fim de alterar a força

    necessária para realizar um determinado deslocamento. As molas lineares

    podem ser combinadas de várias formas, arranjando-as em série ou em

    paralelo (figura 10) (SILVA, 2016).

    FIGURA 10 - A) Molas em série. B) Mola em paralelo. FONTE: Adaptado de SILVA

    (2016).

    Quando são arranjadas em paralelo, a força necessária para deforma-

    las é dividida proporcionalmente a constante elástica de cada mola, onde a

  • 34

    constante elástica equivalente desse tipo de arranjo pode ser definida pela

    Equação 02 (SILVA, 2016).

    .....................................................................(2)

    Já para quando são arranjadas em série, a resistência ao movimento

    (capacidade em absorver energia potencial) é acumulada, de acordo a

    constante elástica equivalente do arranjo, que pode ser calculado pela

    Equação 03 (SILVA, 2016).

    .................................................................. (3)

    Uma vez definida a constante elástica equivalente do arranjo de

    molas é possível definir qual a força necessária para deformá-lo a uma

    determinada distância pela Equação 04 (ARCANJO, 2008).

    ..........................................................................................................(4)

    Onde,

    F = força (N);

    k = constante elástica (N/m);

    x = deformação (m).

    As molas helicoidais de compressão podem ser categorizadas nas seguintes

    nomenclaturas: simples, simples retificada, em esquadro e em esquadro

    retificada (Figura 11).

    FIGURA 11 - Tipos de molas helicoidais de compressão. FONTE: SERVIMOLAS

    (2018).

  • 35

    Segundo Servimolas (2018), a extremidade das molas é preparada,

    de acordo com a aplicação a ser realizada, visto que, quando há a

    probabilidade de movimento livre sobre a superfície é indicado o uso de

    molas helicoidais de compressão em esquadro retificada.

    2.8 Cames

    As cames ou ressaltos (ou ainda excêntricos) são acessórios

    mecânicos destinados a transformar rotações em movimentos retilíneos, ou

    mesmo noutras rotações de amplitude geralmente limitada (MELO &

    CARNEIRO, 2008).

    As suas aplicações são bastante conhecidas, sobretudo na indústria

    automobilística, com incidência nos motores a quatro tempos, onde as

    válvulas de admissão e escape são comandadas por excêntricos ou cames.

    Outros exemplos bem conhecidos das aplicações de cames é o

    acionamento de pequenas prensas mecânicas, maquinaria têxtil e máquinas

    ferramentas (MELO & CARNEIRO, 2008).

    Sistemas came seguidor podem ser classificados de muitas maneiras:

    pelo tipo de movimentação do seguidor, de translação ou rotação; pelo tipo

    de came, radial, de rolete ou tridimensional; pelo tipo de fechamento da

    junta, de força ou de forma, pelo tipo de seguidor, curvo ou liso,

    rotacionando ou deslizando, pelo tipo de movimento crítico, posição extrema

    crítica ou percurso de movimento crítico pelo tipo programado de

    movimentação, sobe-desce, sobe-desce-para e sobe-para-desce-para

    (NORTON, 2010).

    Na Figura 12 apresenta-se o esquema elementar de um mecanismo

    com came ou excêntrico. Neste caso, uma haste ou impulsor tem um rolete

    com raio r que está encostado à superfície (o perfil real) da came. O centro

    do rolete de raio r está sempre à mesma distância do perfil real, definindo

    deste modo a geração de um perfil teórico, que permite o mesmo

    deslocamento ao impulsor que no caso do rolete, mas agora com o rolete

  • 36

    suprimido e no lugar do seu centro geométrico está um gume que termina no

    perfil teórico (MELO & CARNEIRO, 2008).

    FIGURA 12 - Came acionando um impulsor de rolete. FONTE: MELO & CARNEIRO

    (2008).

    Seguidor refere-se somente à parte do elo que mantem contato com o

    came. A Figura 13 mostra os três arranjos comuns, face plana, cogumelo e

  • 37

    de rolete. O seguidor de rolete tem como vantagem o baixo atrito (rolamento)

    em comparação ao contato de deslizamento dos outros dois, mas pode ter

    um custo mais elevado. Seguidores de face plana devem ter volumes

    menores que os seguidores de roletes para alguns projetos e por essa razão

    e pelo custo, são frequentemente usados em comandos de válvulas

    automotivas por exemplo. Seguidores de roletes são mais frequentemente

    usados em maquinários de linha de produção, pois são mais simples para a

    troca e possuem a vantagem de estarem disponíveis em qualquer

    quantidade nos estoques dos fabricantes (NORTON, 2010).

    FIGURA 13 – Tipos comuns de cames seguidores. FONTE: NORTON (2010).

    2.9 Enxada Rotativa.

    Alguns equipamentos apresentam um comportamento próprio quanto

    ao seu funcionamento e este pode gerar efeitos indesejados, como a deriva

    na aplicação de defensivos ou ainda a suspensão de partículas do solo

    durante determinada prática de manejo. Como o equipamento desenvolvido

    neste trabalho trata-se de uma inovação tecnológica, neste tópico faremos

    uma analogia com um equipamento que apresenta um comportamento

    similar.

  • 38

    As enxadas rotativas são máquinas agrícolas muito utilizadas em

    manejos de culturas perenes, visando a eliminação de plantas daninhas ou

    preparando o solo para horticultura, forma de cultivo muito encontrado na

    agricultura familiar. Geralmente as facas das enxadas são construídas em

    forma de L, pois exigem menor demanda de tração e potência de

    acionamento, gerando boa desagregação do solo e incorporação de restos

    culturais (BALASTREIRE, 1990).

    A Figura 14 detalha os componentes de uma enxada rotativa. As

    enxadas rotativas dos tratores agrícolas são acionadas pela tomada de

    potência (TDP), cujo mecanismo de acionamento é a rápida rotação das

    lâminas, cortando o solo em fatias que serão projetadas para a parte traseira

    da máquina para que possam ser fragmentadas em porções menores.

    Geralmente, esses implementos são dotados de placas de impacto

    metálicas, podendo, ou não, possuir regulagens de desagregação do solo.

    FIGURA 14 – Constituição básica de uma enxada rotativa. 1) Sistema de

    transmissão, 2) Eixo, 3) Faca, 4) Roda de suporte e controle de profundidade.

    Fonte: www.tratorsolo.com.br (2010).

  • 39

    Esses equipamentos podem ser utilizados para substituir o sistema

    convencional de plantio, onde se tem operações de aração e gradagem do

    solo, desagregando o solo e incorporando restos culturais, fertilizantes e

    corretivos. No entanto, deve-se regular corretamente a profundidade de

    operação (Figura 15), rotação das enxadas e distância entre as facas de

    modo a minimizar a pulverização do solo. Embora seja um equipamento

    muito versátil, é desaconselhada sua utilização em áreas com declividade

    elevada, pois a inclinação do terreno pode favorecer os processos erosivos

    devido à estrutura dos agregados (GUNKE et al., 1996).

    FIGURA 15 – Movimento da enxada rotativa em relação ao deslocamento do trator.

    Fonte: Revista Coopercotia – Guia de Mecanização Rural (1972).

    Todas as regulagens são em função do tamanho dos torrões e visam

    controlar e homogeneizar o tamanho dos mesmos. A velocidade de avanço

    fica entre 4,0 e 9,0 km h -1. Devem-se levar em consideração as regulagens

    do Centro de Resistência e os Nivelamentos Longitudinal e Transversal.

    Rotação das lâminas → 112 a 216 rpm.

  • 40

    3 MATERIAL E MÉTODOS

    O desenvolvimento do protótipo e as avaliações foram realizados na

    Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Rondonópolis, no

    Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas, utilizando os laboratórios do

    curso de Engenharia Mecânica para realizar a construção, ensaios e testes

    mecânicos no equipamento e os laboratórios de solo do curso de

    Engenharia Agrícola e Ambiental, para realizar as análises físicas e químicas

    das amostras de solo.

    Os testes de desempenho do equipamento foram realizados em cinco

    solos na região de Rondonópolis-MT, sendo classificados e denominados

    como: o primeiro coletado, o solo Latossolo Vermelho (16°27'34.6"S

    54°34'57.0"W ), o segundo coletado, o solo Plintossolo (16°27'32.6"S

    54°34'44.2"W) , ambos coletados na sede da UFR (Universidade Federal de

    Rondonópolis), o terceiro coletado, o solo Chernossolo na região do Campo

    Limpo, na propriedade rural da Família Polizel (16°23'46.8"S 54°37'34.7"W ),

    o quarto coletado, o solo Argissolo (16°33'41.9"S 54°37'20.0"W) e o quinto

    coletado, o solo Neossolo (16°33'16.6"S 54°38'18.1"W), ambos na fazenda

    experimental do IMA (Instituto Mato grossense do Algodão) em

    Rondonópolis-MT.

    3.1 Umidade no momento das coletas

    A umidade medida para cada solo amostrados no momento da coleta,

    todos os valores descritos na Tabela 03 são valores em percentuais a base

    de massa.

    TABELA 3– Valores das umidades dos solos coletados.

    UMIDADE NO MOMENTO DA COLETA

    Latossolo 9,61%

    Plintossolo 9,25%

    Chernossolo 2,80%

    Argissolo 4,97%

    Neossolo 1,11%

  • 41

    Os dados observados durante os testes do equipamento foram

    submetidos ao coeficiente de variação (CV), conforme classificação

    realizada por PIMENTEL-GOMES (2009), sendo classificado como baixo,

    quando inferior a 10%; médio, entre 10 e 20%; alto, quando entre 20 e 30%;

    e muito alto, quando são superiores a 30%.

    3.2 Projeto e construção do equipamento

    Desenvolveu-se o equipamento para realizar a coleta de amostras

    deformadas de solo na profundidade de até 20 cm com posterior

    peneiramento e acondicionamento, a serem destinados a experimentação

    agrícola, sendo necessário realizar a separação das partículas de solo

    inferiores a 4 mm para utilização em casas de vegetação, condução de

    experimentos, análises químicas e físicas.

    Os ensaios e a construção do equipamento tiveram início em março

    de 2018, com a construção dos protótipos e subconjuntos, tais como, corte e

    dobra do chassi, usinagem de peças, fabricação de cames, conjuntos de

    molas, ensaios dos mesmos entre outras atividades, conforme descrito na

    sequência.

    Iniciaram-se com os testes de comportamento das ferramentas de

    corte, responsáveis pela coleta das amostras, visando determinar a

    resistência dos materiais a serem utilizados, a potência mínima do motor, as

    dimensões do sistema de transporte do solo, bem como todos os parâmetros

    de peneiramentos envolvidos.

    Como o equipamento desenvolvido não possui sistema de propulsão

    próprio optou-se por realizar a tração por um trator agrícola, tendo sido

    utilizado um micro trator Yanmar Agritech (Figura 16) Modelo: TC-14,

    equipado com motor de 14 CV, partida manual, motor diesel de 4 tempos, e

    com câmbio de 6 marchas avante e 3 à ré.

  • 42

    FIGURA 16 – Micro trator Yanmar TC 14.

    Como o dimensionamento de todos os periféricos envolvidos no

    equipamento dependem diretamente da velocidade de operação, foi

    necessário determinar a velocidade de avanço do referido trator, para isso,

    realizou-se dois tratamentos, objetivando simular as situações reais de

    trabalho destes, sendo os testes realizados em solos compactados e

    gradeados e com equipamento livre de carga.

    Após consulta ao manual do micro trator Yanmar Agritech modelo TC-

    14, verificou-se que a maior relação de transmissão disponível para este

    modelo no trator, ou seja, a menor velocidade de deslocamento seria obtida

    em deslocamento a marcha à ré, na primeira redução e com a rotação do

    motor fixa em 1500RPM.

    Cronometrando-se o tempo gasto para deslocamento do trator em dez

    metros lineares em três repetições para obtenção da média aritmética

    simples. Realizou-se esse procedimento para os dois tipos de solo,

  • 43

    gradeado e compactado, e para as duas marchas com maior relação de

    transmissão.

    As velocidades de avanço obtidas após a realização dos ensaios para

    o Micro trator Yanmar Agritech modelo TC-14 com a marcha na posição de

    1ª à ré foram de 5,98 m min -1 para o solo compactado e de 3,2 m min -1 para

    o solo gradeado.

    3.2.1 Estrutura e peneira

    O conjunto composto pela estrutura principal da peneira e sua base

    (Figura 17) foram confeccionados com chapa em aço SAE 1020 com

    espessura de 1/8" e 1/4”, respectivamente.

    As chapas da base foram cortadas na serra fita de corte horizontal,

    as chapas utilizadas na montagem da estrutura principal da peneira foram

    cortadas utilizando um cortador por plasma e os acabamentos de ambas

    foram realizados com auxílio de esmerilhadeiras manuais e disco de

    desbaste e flap com diferentes gramaturas, conforme a necessidade.

    FIGURA 17– Estrutura principal e base de teste da peneira.

  • 44

    Após a construção da estrutura (Figura 18), iniciou-se também a do

    quadro metálico para sustentação da tela com malha de 4 mm, a qual foi

    confeccionada com cantoneira de aço SAE 1020 com dimensões de 3/4” x

    1/8”, medindo 892 mm de comprimento por 650 mm de largura.

    FIGURA 18 – Estrutura de fixação da tela malha 4 mm.

    A tela da peneira utilizada foi fabricada em aço inoxidável possuindo

    malha de 4 mm, fios com diâmetro de 0,8 mm entrelaçados para formação

    da manta. Essa tela foi fixada no quadro de cantoneiras com a utilização de

    um quadro de barra chata de 1/2” x 3/16” e ao mesmo, através de parafusos

    de cabeça panela medindo 4 x 25 mm em aço carbono e acabamento bi

    cromatizado (Figura 19).

  • 45

    FIGURA 19 – Fixação da tela sobre o quadro.

    Montou-se o quadro da peneira sobre a estrutura geral, afixando o

    mesmo com um sistema de eixo excêntrico (Figura 20A) de fácil fixação,

    fabricado em aço SAE 1020 com 40 mm de diâmetro e 15 mm de espessura,

    com o objetivo de facilitar a montagem e desmontagem, principalmente para

    limpeza (Figura 20B).

    FIGURA 20 – Sistema de fixação e desmontagem da peneira A) Cames de fixação

    da peneira; B) Montagem e desmontagem do conjunto.

    A B

  • 46

    Basicamente todas as peneiras vibratórias são necessárias utilização

    de amortecedores de vibrações, que neste caso, utilizou-se de molas de

    compressão (Tabela 04), sendo montadas em conjuntos (Figura 21), visando

    em um primeiro momento identificar os melhores resultados relacionados

    com os ensaios de peneiramento.

    TABELA 4 – Dado da mola utilizada durante os ensaios

    Mola

    - Diâmetro externo – 35,8 mm

    - Diâmetro do fio – 6,5 mm

    - Passo – 12 mm

    - Comprimento total – 59 mm

    - k – 243,66 N mm -1

    FIGURA 21 – Sistema de amortecimento composto por quatro molas de

    compressão.

  • 47

    Neste arranjo podemos gerar amortecimento e energia potencial em

    dois sentidos, que possibilita um melhor desempenho no peneiramento, bem

    como a fixação da estrutura da peneira ao chassi do equipamento.

    3.2.2 Testes da peneira com massa desbalanceada.

    Uma das opções para gerar a vibração necessária foi fixar um motor a

    estrutura principal da peneira (Figura 22).

    FIGURA 22 – Motor acoplado a estrutura da peneira e fonte geradora.

    Utilizou-se um motor de corrente contínua, o qual foi acionado por

    uma fonte geradora de tensão permanente e equipada por um

    potenciometro, este equipamento pode alterar a intencidade da tensão,

    desta forma variando a velocidade do motor.

    Ao motor foi acoplado um disco com furos radiais e equidistantes e a

    estes furos fixarmos massas, posicionadas de forma que geram o

    desbalancemento necessário para se executar um peneiramento (Figura 23).

  • 48

    FIGURA 23 – Sistema de amortecimento composto por quatro molas de

    compressão.

    Conforme a necessidade de aumentarmos ou diminuirmos a vibração

    podemos seguir basicamente três caminhos, o primeiro seria afastar a

    massa do centro do disco ou aumentar a massa desbalanceada, o segundo

    aumentar a rotação do motor e o terceiro a substituição das molas.

    Desta forma teremos variações na vibração do conjunto de

    peneiramento (Figura 24).

  • 49

    FIGURA 24 – Conjunto de teste para ensaios de peneiramento.

    E desta forma determinar ou não a utilização do sistema de

    peneiramento por massa desbalanceada.

    3.2.3 Testes da peneira com braço excêntrico.

    Outro sistema testado foi por braço excêntrico, onde a união entre o

    disco do motor e a estrutura da peneira, foi através de um braço dotado de

    dois terminais rotular, sendo um fixado ao flange e o outro na estrutura da

    peneira (Figura 25).

  • 50

    FIGURA 25 – Testes de peneiramento usando braço excêntrico.

    Este sistema de vibração possui algumas limitações para o nosso

    caso específico, a exemplo a velocidade de giro do disco, a qual tende a ser

    faixa e a também a execução mecânica do mesmo.

    3.2.4 Testes da peneira com cames.

    Outra opção para gerar os movimentos vibratórios em peneiras é a

    utilização de cames ou ressaltos que são acessórios mecânicos destinados

    a transformar rotações em movimentos retilíneos.

    Para esse equipamento foi indispensável à confecção de dois cames

    excêntricos em aço SAE 1020 (Figura 26).

  • 51

    FIGURA 26 – Cames utilizado para gerar movimento vibratório na peneira.

    Com 120 mm de diâmetro, possui um mecanismo de ajuste para

    modular a amplitude de vibração de 0 a 16 mm, onde a regulagem desta

    amplitude é feita através de três parafusos M10 x 45 mm.

    Os cames foram fixados sobre o eixo central do equipamento (Figura

    27), o qual foi conectado na fonte de energia, para esse equipamento

    utilizou-se de um motor a combustão interna de 13 HP da marca Branco.

  • 52

    FIGURA 27 – Eixo principal para transmissão do torque e movimentos necessários.

    A rotação nominal de saída do motor a combustão é de 2500 RPM, e

    o torque é transmitido, através de polias e correias com relação de redução

    de 1:3,18, ou seja, a polia na saída do motor possui diâmetro de 110 mm e a

    de entrada no eixo principal é de 350 mm fornecendo com isso uma rotação

    no eixo de 786 RPM.

    Desta forma com o giro do eixo central, a estrutura da peneira é

    lançada para cima, onde este movimento é limitado pelas molas, gerando

    desta forma o movimento de peneiramento (Figura 28).

    Eixo Central

    Saída Motor

    2500 RPM

    Cames

  • 53

    FIGURA 28– Ilustração do funcionamento do sistema de eixo cames.

    Aumentando o desalinhamento entre os discos fixados ao eixo

    principal, aumenta-se a amplitude de vibração, da mesma forma ao

    aumentarmos a pressão nas molas por meio dos parafusos, diminuímos o

    momento de flutuação do sistema.

    O impulsor foi fabricado em chapa de aço SAE 1020 de 2” de largura

    por 1/2” de espessura, sendo fixado em uma das extremidades um

    rolamento de rolo INA 95K10, tendo como finalidade copiar (seguir) o perfil

    desenhado pelos cames.

    Na extremidade superior, projetaram-se dois rasgos oblongos para

    que seja possível realizar o ajuste da pressão das molas sobre os cames.

    Como a estrutura da peneira foi fixada, no lado do eixo central, por

    cames, na outra extremidade a fixação ocorreu por dois calços de borracha,

    tipo coxim (Figura 29).

    Movimento

    resultante

    junto ao

    conjunto

    molas.

  • 54

    FIGURA 29 – Movimento vibratório na peneira tipo dente de serra.

    Ao girar o eixo principal, estaremos gerando movimentos,

    ascendentes e descendentes, a estrutura da peneira, como a tela possui

    uma inclinação, as partículas do solo tendem a deslizar pela mesma e desta

    forma realizando o peneiramento e consequentemente as separações

    necessárias.

    3.2.5 Descrição do chassi

    Uma das premissas da construção do equipamento foi a utilização da

    maior quantidade possível de materiais reciclados, disponíveis na UFMT e

    depósitos de reciclagens da região, desta forma após fazer o levantamento

    dos materiais existentes nos laboratórios, nos almoxarifados, reservas

    técnicas e depósitos, identificados os mesmos, iniciou-se o projeto e

    posteriormente a fabricação. Desta forma o quadro de sustentação principal

    (chassi) foi projetado (Figura 30).

  • 55

    FIGURA 30– Estrutura do equipamento. A) Chassi principal; B) Trave do volante; C)

    Travessa do eixo principal; D) Base do carrinho.

    Tendo sido utilizado para a fabricação do quadro principal (Figura

    30A), na trave de sustentação do volante e sistema elevação do cabeçote de

    coleta (Figura 30B), da travessa de fixação do eixo principal (Figura 30C) e

    da base de apoio ao carrinho para depósito do material coletado (Figura

    30D), tudo em viga laminada de perfil “U” 4” x 1 5/8”, de aço ao carbono SAE

    1020, para união do chassi com os eixos dos rodados dianteiro e traseiro

    (Figura 31).

    B

    B

    B

    B

    B

    B

    B

    b

    B

    B

    A

    A

    a

    a

    a

    A

    C

    D

  • 56

    FIGURA 31 – União do Chassi principal com os pés. A) Tubo quadrado; B) Reforço

    em chapa.

    Foram utilizados tubos mecânicos quadrados também em aço ao

    carbono SAE 1020 em perfil quadrado de 50 x 5 mm de espessura de

    parede (Figura 31A), reforçado na união com o chassi, com chapas

    espessura de 3/8”, igualmente, em aço ao carbono SAE 1020, cortadas em

    forma de triângulos retângulos(Figura 31B), tendo o seu cateto menor

    soldado ao chassi medindo 100 mm e o cateto maior medindo 250 mm,

    soldado ao o tubo quadrado. Na configuração do eixo traseiro (Figura 32).

    B

    A

  • 57

    FIGURA 32 – Eixo traseiro. A) Solda do eixo a estrutura.

    Utilizou-se para a união entre as pontas de eixos um tubo com costura

    de diâmetro 33,5 x esp. 3,5 mm, este conjunto foi soldado ao chassi, através

    dos pés (item A), pelo processo de soldagem MIG. Na configuração do eixo

    dianteiro (Figura 33).

    A

  • 58

    FIGURA 33 – Eixo dianteiro. A) Reforço unindo os pés da estrutura.

    Utilizou-se para fazer a base da articulação da direção, o mesmo tubo

    quadrado de 50 x 5 mm com costura no mesmo material, desta forma

    configurando um travamento entre os pés (Figura 33A).

    As pontas de eixos foram fixadas a semi-eixos e a barra de direção

    (Figura 34A), formando desta forma um dos subsistemas de direção.

    A

  • 59

    FIGURA 34 – Ponta de eixo dianteira. A) Barra de direção

    Que por sua vez formaram o mancal de direção fixado ao tubo

    quadrado, através de rolamentos e anéis trava para eixo e bucha, permitindo

    desta forma a articulação das rodas.

    No cabeçalho de fixação do equipamento ao trator (Figura 35),

    projetaram-se dispositivos com a finalidade de eliminar os efeitos das

    torções (Figura 35A), bem como o desalinhamento decorrente da declividade

    do terreno (Figuras 35B e 35C), tanto do trator como do equipamento.

    A

  • 60

    FIGURA 35 – Cabeçalho. A) Sistema de torção; B) Sistema de inclinação na

    horizontal; C) Sistema de inclinação na vertical.

    Tendo este dispositivo sido confeccionado em chapa de aço ao

    carbono SAE 1020, em todas as junções utilizou-se o processo de soldagem

    MIG. Para as barras de direção empregou-se barras chatas retangulares de

    1”x 5/16” (Figura 36).

    A B

    C

  • 61

    FIGURA 36 – Barras de direção. A) Orifícios de fixação B) Pinos de travamento C)

    Parafusos para alinhamento da direção.

    As quais formam articulações em suas extremidades, em uma destas

    a articulação acontece por um parafuso M12 x 110 mm, com porca e contra

    porca ao cabeçalho (Figura 36A) e na outra extremidade a articulação

    acontece por um dispositivo tipo garfo e pino deslizante (Figura 36B), que

    por sua vez foram fixados às barras chatas retangulares por parafusos M15

    x 50 mm, a regulagem da convergência das rodas dianteiras acontece por

    meio dos parafusos de fixação dos garfos, citado anteriormente (Figura

    36C).

    Na base de fixação do motor ao chassi utilizou-se chapa com

    espessura de 1/4” (Figura 37).

    C

    C

    B

    A

  • 62

    FIGURA 37 – Base de suporte do motor. A) Furos oblongos para regulagem do

    motor B) Porcas de regulagem e ajuste da tensão das correias.

    A base do motor foi projetada de forma a possibilitar o tensionamento

    das correias de transmissão, neste contexto acrescentamos a mesma, furos

    oblongos com diâmetro de 10 mm (Figura 37A) e suportes com furos

    roscados para parafusos de 10 mm (Figura 37B) com o objetivo de alinhar

    as polias do motor e do eixo principal.

    Para fixar a bateria (acumulador de carga) do motor ao chassi do

    equipamento (Figura 38).

    A

    B

  • 63

    FIGURA 38 – Suporte da bateria. A) Quadro de sustentação B) Parafuso de

    fixação.

    Utilizou-se uma cantoneira de 3/4” x 1/8” na confecção do quadro

    (Figura 37A), soldada ao chassi e barras roscadas (Figura 37B), para

    suportar a barra retangular que atua como tampa de fixação da bateria ao

    quadro.

    Para suportar o eixo principal do equipamento foi projetada uma

    travessa (Figura 39).

    A

    B

  • 64

    FIGURA 39 – Travessa do eixo principal. A) Base dos mancais do eixo principal.

    A qual foi dotada de duas bases em barra chata retangular de 2” x

    1/2".(Figura 39A), com o objetivo de fixar os mancais P 209.

    Para suportar e alinhar o carrinho que acondiciona o material

    coletado, foi projetada uma base em viga “U” 4”.(Figura 40).

    A

  • 65

    FIGURA 40 – Base do carrinho. A) Travamento do carrinho; B) Rampa.

    O arranjo feito nesta base, possibilitando a sustentação e o

    travamento do carrinho (Figura 40A), a mesma também dotada de um

    sistema de rampa que tem o objetivo de auxiliar na colocação e retirada do

    carrinho à base de fixação (Figura 40B). Um sistema de molas garante o

    posicionamento desejado da rampa, tanto no momento de acoplamento do

    carrinho ao chassi (Figura 41A), como durante a coleta (Figura 41B).

    FIGURA 41 – Articulação da rampa. A) Posição de acoplamento; B) Posição de

    coleta.

    A

    B

    A

    B

  • 66

    A base de sustentação do carrinho e seus acessórios foram

    projetados com a finalidade de facilitar e agilizar o processo de acoplamento

    e a retirada do carrinho da mesma (Figura 42).

    FIGURA 42 – Sequência de acoplamento do carrinho a base.

    Após o acoplamento do carrinho à base, o mesmo já está travado a

    este dispositivo e centralizado em relação à calha direcionadora da peneira.

    A

    C

    B

    E

    D

    F

  • 67

    A peneira foi fixada ao chassi através de calços de borracha (Figura

    43), os quais foram utilizados para diminuir a vibração gerada no sistema de

    peneiramento por eixo exêntrico.

    FIGURA 43 – Calço de borracha de fixação da peneira ao chassi.

    O sistema de elevação do subconjunto que realiza a coleta do solo

    (ferramentas de corte) foi fixado ao chassi por intermédio de uma trava

    (Figura 44).

    FIGURA 44 – Trave do sistema de elevação.

    A

    B

  • 68

    Esta trave suporta o mancal FC 208, com rolamento UC 208, onde

    está engastado o volante e o fuso de elevação do sistema de coleta de solo.

    No chassi do sistema de coleta de solo foi utilizado a mesma viga “U”

    da construção do chassi principal (Figura 45).

    FIGURA 45 – Chassi do sistema de coleta de solo.

    Neste chassi foram fixados, o sistema de coleta contendo rotor com

    as navalhas de corte, eixo com polia de canais em “V” e mancais tipo FT206,

    suas proteções e os sistemas de esticamento das correias foram fixados a

    estrutura principal (Figura 46) por dois mancais P209, com rolamentos

    UC209 autocompensador, um eixo com 30 mm de diâmetro e duas buchas

    de centralização.

  • 69

    FIGURA 46 – Mancais de fixação do chassi principal ao chassi do sistema de

    coleta.

    No chassi móvel do sistema de coleta foi necessário a construção de

    um mancal tipo luva (Figura 47), o qual foi dotado de dois rolamentos de

    esferas 6825, travados por anéis na luva e no eixo, desta forma evitando o

    seu deslocamento axial e possibilitando o movimento pendular do conjunto.

    FIGURA 47– Mancal tipo luva do chassi do sistema de coleta.

    A

    B

  • 70

    O arranjo final da fixação deste chassi móvel ao chassi principal teve

    a seguinte configuração (Figura 48).

    FIGURA 48 – Arranjo final da fixação do chassi móvel do sistema de coleta de solo.

    Este arranjo permite o giro do eixo sem enfluenciar o movimento

    pendular do chassi do sistema de elevação.

    Este chassi possue dois pontos de ancoragem, sendo o primeiro o

    que acabamos de descrever, através dos mancais e eixo e o segundo

    constante na (Figura 49).

    FIGURA 49 – Segundo ponto de fixação do chassi móvel do sistema de coleta de

    solo.

    A

    B

  • 71

    Responsável pela elevação ou penetração do referido sistema, o qual

    funciona por intermédio do acionamento do volante (Figura 50).

    FIGURA 50 – Sistema de elevação A) Volante e B) Fuso.

    O volante foi construído com uma massa central, que possui uma

    rosca interna que tem por finalidade tracionar o fuso de uma polegada de

    diâmentro, esta mesma massa está engastada em um mancal tipo FC208,

    com rolamento UC208 autocompensador (Figura 51).

    B

    A

  • 72

    FIGURA 51 – Dispositivo de elevação do sistema de coleta.

    A forma construtiva deste mancal permite o desalinhamento gerado

    ao longo da tarefa de levantamento ou penetração do sistima de coleta ao

    solo (Figura 52).

    FIGURA 52 – Desalinhamento do fuso em relação ao mancal. A) Desalinhamento à

    direita B) Desalinhamento à esquerda.

    A

    B

  • 73

    Este desalinhamento acontece devido ao fato do chassi do sistema de

    coleta estar engastado ao chassi principal somente em um ponto, gerando

    desalinhamento, devido ao movimento pendular do mesmo.

    O fuso foi engastado ao chassi do sistema de coleta por um mancal

    de deslizamento, o qual foi soldado a carenagem do rotor (Figura 53).

    FIGURA 53 – Mancal de deslizamento de fixação do fuso.

    O que possibilita levantar ou baixar o sistema de forma linear e

    pendular, a este está acoplado o rotor construído em ferro fundido e

    composto por seis navalhas (ferramentas de corte), responsável pela

    desagregação do solo (Figura 54).

  • 74

    FIGURA 54– Rotor do sistema de coleta.

    As navalhas foram construídas com dois materiais distintos para

    suportar os esforços inerentes a sua tarefa, na sua base foi utilizado um aço

    SAE 1020, mais ductil, com o objetivo de suportar os esforços da mesma, na

    extremidade de corte, o material utilizado foi um aço frágil, com o objetivo de

    suportar a abrasividade da tarefa de coleta do solo (Figura 55).

    FIGURA 55 – Navalhas do sistema de coleta.

    B

    A

  • 75

    As navalhas foram construídas com furos oblongos na sua base, com

    o objetivo de propiciar a regulagem de altura das mesmas em relação ao

    rotor, desta forma possibilitanto ajustes das distâncias entre as navalhas e o

    rotor e também as navalhas e a carenagem (Figura 56).

    FIGURA 56 – Regulagem das navalhas do sistema de coleta.

    Esta regulagem possibilita determinar a quantidade de solo que será

    usinado e consequentemente a quantidade de solo que será transportado ,

    ao afastar a navalha do rotor aumentamos profundidade que a mesma

    estará penetrando no solo, bem como aumentando o seu ajuste com a

    voluta do rotor, o que aumenta a quantidade de material escavado que será

    transportado até a peneira.

    Na construção das navalhas utilizou-se dois tipos de materiais quanto

    a sua dutilidade ou frajilidade, na base dotada de furos oblongos foi

    utiliazado aço SAE 1045, com o objetivo de absorver as vigrações, e as

    torções e flexões aplicadas neste ponto das navalhas e na região que entra

  • 76

    em contato com o solo foi utilizado um aço mais frajil, com o objetivo de

    reduzir o desgaste, gerados pela abrasividade do solo.

    Este rotor está sustendado por um eixo de 30 mm de diâmetro e dois

    mancais tipo FT206 e rolamentos UC206, o sistema de coleta é tracionado

    por duas polias de perfil tipo “B” com dois canais, sendo uma no eixo do

    rotor e a outra no eixo fixado no chassi e duas correias B85 (Figura 57).

    FIGURA 57 – Correias e polias do sistema de coleta de solo.

    Estas correias são tensionadas por dois esticadores localizados entre

    o chassi do conjunto de coleta e a voluta ou carenagem do rotor (Figura 58).

  • 77

    FIGURA 58 – Esticador das correias de coleta.

    O material escavado é transportado da voluta para a peneira por

    intermedio de um duto, o qual foi confeccionado de um tubo inoxidável com

    diametro de 110 mm (Figura 59).

    FIGURA 59 – Duto de transporte do material coletado.

  • 78

    Ao final deste duto foi instalada uma curva de 90º, também em aço

    inoxidável e uma manga direcionadora em couro (Figura 60).

    FIGURA 60 – Manga direcionadora.

    Esta manga tem como objetivo direcionar o solo para o início da

    peneira, desta forma utilizando a capacidade máxima de