Relatorio Final DL 3 2008 2011 Mar 15

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    Projecto da AvaliaoExterna da

    Implementao doDecreto-Lei n. 3/2008

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    Relatrio FinalProjecto da Avaliao Externa da Implementao do Decreto-Lei n. 3/2008

    Agradecimentos

    Nos trs estudos que compem este Projecto pudemos contar com a colaborao

    activa e empenhada de todos, desde a Direco dos Agrupamentos de Escolas e das

    Escolas Secundrias, aos Professores e Profissionais que a trabalham. Constituiu,

    tambm, um importante contributo a participao dos Pais/Encarregados de Educao.

    Dra. Cidlia Ferreira Alves, ao Prof. Doutor Miguel Augusto Santos, ao Prof.

    Doutor Pedro Lopes dos Santos, agradeo a colaborao em diferentes momentos

    deste Projecto.

    A equipa responsvel por este projecto, sediada na Escola Superior de Educao do

    Instituto Politcnico do Porto contou com a colaborao desta instituio, nas pessoas

    do anterior e actual presidente Dr. Rui Ferreira e Prof. Doutor Paulo Pereira -, para a

    execuo de todas as actividades e para a resposta s exigncias colocadas por cada

    d l

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    ndiceSUMRIO EXECUTIVO ........................................................................................71. Objectivos............................................................................................................. 72. Mtodo.................................................................................................................. 73. Concluses............................................................................................................ 84. Recomendaes ...................................................................................................11NOTAS FINAIS......................................................................................................15

    CAPTULO I1. INTRODUO ..................................................................................................18

    CAPTULO IIESTUDO DE CASOS.............................................................................................241. INTRODUO ..................................................................................................252. MTODO............................................................................................................262.1. Participantes ....................................................................................................262.2. Instrumento Guio de anlise.......................................................................28

    2.2.1. Procedimentos de referenciao, de avaliao especializao e de elaboraodo relatrio tcnico-pedaggico............................................................................282.2.2. Uso da CIF como referencial na descrio da funcionalidade dos alunoselegveis e dos alunos no elegveis......................................................................302.2.3. Respostas educativas/interveno ...............................................................30

    2.3. Procedimentos ..................................................................................................31

    S S

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    2.4. Mtodo de anlise de dados .............................................................................782.4.1. Anlise de Contedo...................................................................................78

    3. RESULTADOS ...................................................................................................883.1. Descrio geral da participao discursiva dos participantes em funo dosdiferentes grupos profissionais...............................................................................883.2. Caracterizao da participao por grupo profissional em funo dos temasestabelecidos............................................................................................................913.3. Anlise de Contedo ........................................................................................96

    3.3.1. Tema: elegibilidade ....................................................................................963.3.2. Tema: avaliao dos alunos por referncia CIF ......................................1043.3.3. Tema: envolvimento de pais/encarregados de educao, docentes eprofissionais no processo educativo....................................................................1123.3.4. Tema: articulao entre profissionais internos e externos escola.............1203.3.5. Tema: respostas educativas para os alunos elegveis .................................1253.3.6. Tema: apoios para os alunos no elegveis................................................1383.3.7. Tema: formao........................................................................................1443.3.8. Tema: opinio geral acerca do Decreto-Lei n. 3/2008..............................1483.3.9. Tema: outras categorias consideradas posteriori na anlise.....................1603.3.10.Anlise dos grupos focais realizados nas escolas de referncia para aeducao bilingue de alunos surdos....................................................................169

    4. RESUMO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS...............................................172

    CAPTULO IV

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    2.5. Recomendaes/perguntas e respostas acrescentadas..................................2184. RESULTADOS .................................................................................................2194.1. Respostas ao envolvimento na avaliao especializada, na formao no usoda CIF e no tempo dispendido na elaborao do PEI .........................................221

    4.1.1. Envolvimento na avaliao especializada..................................................2214.1.2. Formao no uso da CIF...........................................................................2224.1.3.Tempo despendido na avaliao especializada e elaborao do PEI ...........224

    4.2. Estrutura da apresentao dos resultados s escalas e sub-escalas do

    questionrio ..........................................................................................................2294.2.1. Domnio dos princpios tericos ...............................................................2354.2.2. Clareza da informao..............................................................................2394.2.3. Qualidade dos recursos e organizao educativa.......................................2454.2.4. Facilidade no uso da CIF como referencial de avaliao ...........................2534.2.5. Factores que contribuem para o uso da CIF como referencial na avaliao2574.2.6. Facilidade no planeamento e implementao de respostas.........................2624.2.7. Utilidade dos materiais de apoio ...............................................................2664.2.8. Qualidade das respostas educativas e do ensino ........................................2704.2.9. Sucesso educativo alcanado atravs das modalidades especficas deeducao ............................................................................................................2784.2.10. Implementao/presena de medidas e recursos previstos pelo Decreto-Lein. 3/2008 para as modalidades especficas de educao (cf. Captulo V)............281

    4.3. Anlise das respostas s perguntas 10 e 11 ...................................................3014.3.1. Anlise das respostas pergunta 10..........................................................301

    ..........................................................

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    SUMRIO EXECUTIVO

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    Sumrio Executivo1. Objectivos

    O Decreto-Lei n. 3/2008 introduz mudanas substantivas no modo de entender e

    responder aos alunos com deficincia e incapacidade, propondo mais um passo na

    direco de um pensamento e de uma pragmtica inclusiva. Um elemento central destearticulado foi a substituio da necessidade de um diagnstico mdico ou psicolgico na

    elegibilidade de alunos para a Educao Especial, pela descrio de um perfil de

    funcionalidade baseado numa avaliao biopsicossocial mediada pela utilizao da

    Classificao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade (CIF). Este projecto

    teve como objectivo a avaliao da implementao do Decreto-Lei n. 3/2008, incidindosobre quatro grandes questes: (1) utilizao da CIF como referencial na descrio da

    funcionalidade dos alunos elegveis e no elegveis; (2) procedimentos de referenciao,

    de avaliao especializada e de elaborao do relatrio tcnico-pedaggico; (3) medidas

    educativas seleccionadas para os alunos elegveis e no elegveis; (4) recursos e apoios

    disponibilizados pela escola (disposies finais).

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    3. ConclusesConsiderando os resultados destes trs estudos podemos concluir:

    A promulgao do Decreto-Lei permitiu uma melhor qualidade das respostas

    educativas e do ensino, nomeadamente uma escola mais inclusiva, um ensino de

    maior qualidade e mais tempo e envolvimento dos alunos com NEE na sala de aula.

    A implementao do decreto-lei e a aproximao a uma escola inclusiva tem sido

    conseguida pelo envolvimento e profissionalismo dos diferentes profissionais e pelos

    recursos disponibilizados pela tutela.

    A - Utilizao da CIF como referencial na descrio da funcionalidade dos alunos

    elegveis e no elegveis

    1. A CIF permitiu a gradao da funcionalidade, estando as escolas:

    1.1. Capazes de descrever de forma diferenciada os alunos elegveis e no

    elegveis para os servios de educao especial.

    1.1.1. O perfil dos alunos elegveis diferencia-se dos alunos no elegveis pela

    severidade das limitaes e das restries na componente das Actividades e

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    3.2. Existe, ainda, pouca referncia a contedos funcionais nos perfis de

    funcionalidade de alunos elegveis com a medida CEI (e.g. mobilidade, auto-

    cuidados, vida domstica, reas principais da vida);

    3.3. A abordagem ao ambiente ainda pouco abrangente.

    4. As crticas utilizao procedimental da CIF estiveram associadas:

    4.1. Ao no entendimento das razes para o seu uso na avaliao e na

    elegibilidade;

    4.2. falta de profissionais para avaliar e descrever as Funes e Estruturas do

    Corpo, estando aqui em causa uma mais eficiente articulao com o Ministrio

    da Sade;

    4.3. falta de formao e de instrumentos de avaliao.

    B - Procedimentos de referenciao, de avaliao especializada e de elaborao

    do relatrio tcnico-pedaggico

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    7.4. Os intrpretes/formadores de Lngua Gestual Portuguesa (LGP) tm ainda

    pouca participao no processo de avaliao e de interveno.

    8.A avaliao centrada em mtodos informais de recolha de informao:

    8.1. No processo de avaliao pouco frequente a referncia aos mtodos e

    instrumentos de avaliao usados;

    8.2. Os modelos para a elaborao do PEI e do RTP disponibilizados pela

    DGIDC foram considerados teis.

    C - Medidas educativas seleccionadas para os alunos elegveis e no elegveis

    9. A sala de aula o contexto mais frequente de implementao das respostas

    educativas.

    10. O Plano Individual de Transio (PIT), como complemento do PEI, no tem ainda

    a frequncia necessria nos processos dos alunos que se encontram a trs anos da

    idade limite da escolaridade obrigatria.

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    D - Cooperao e Parcerias (disposies finais)

    13. As escolas revelam necessidade de mecanismos que facilitem:

    13.1. A cooperao com entidades formadoras;

    13.2. O estabelecimento de protocolos com instituies;

    13.3. As parcerias com associaes da comunidade visando a integrao socialdos alunos, nomeadamente dos que usam os servios das UAM e UEE.

    4. Recomendaes

    A optimizao da implementao do Decreto-Lei depende e envolve o contextoorganizacional actual e prvio ao Decreto-Lei, a sua relao com o contexto externo,

    tambm ele prvio e actual, e, particularmente, os processos comunicacionais e de

    colaborao estabelecidos entre os servios de educao especial e a escola em que se

    integram. Como traduo da realidade que os resultados dos trs estudos levados a

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    educao especial.

    5. Cooperao com as Associaes de Pais na disseminao dos seus direitos e

    deveres, num esforo de promover a sua participao no processo educativo dos

    filhos.

    6. Organizao dos horrios dos diferentes profissionais de modo a contemplarem

    espaos para trabalho em equipa, reforando, deste modo, o trabalho colaborativo

    entre os profissionais da escola e os externos s escolas.

    7. Reforo da integrao dos pais na equipa de modo a garantir a sua participao na

    discusso e delineamento de objectivos e mtodos constantes no Programa Educativo

    Individual.

    8. Assegurar que a avaliao fique concluda num prazo de 60 dias, aps areferenciao, com a aprovao do programa educativo individual pelo presidente do

    conselho executivo.

    Docentes

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    baseado no resultado de uma avaliao com recurso utilizao de qualificadores de

    capacidade com auxlio que forneam estratgias teis interveno; (iii) as

    directrizes e recursos constantes na legislao e o uso do referencial Classificao

    Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade.

    14. Implementao de uma formao inicial de professores assente, simultaneamente,

    nos princpios ticos e nos conhecimentos cientficos que sustentam a educaoinclusiva.

    Investigadores

    15. Desenvolvimento de um conjunto de cdigos chave relacionados com a

    participao educacional dos alunos a fim de serem usados como organizadores gerais

    do processo de avaliao e de interveno.

    16. Desenvolvimento de instrumentos de avaliao centrados nos Factores Ambientais

    - nomeadamente nos domnios dos produtos e tecnologias, no apoio e

    relacionamentos, nas atitudes e nos servios, sistemas e polticas -, que permitam uma

    avaliao da capacidade com e sem auxlio, isto , que permitam captar a capacidade

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    Monitorizao das respostas educativas no mbito da educao especial

    21. Desenvolvimento de indicadores de qualidade para a educao especial.

    22. Desenvolvimento de um sistema de avaliao alternativa para os alunos

    dispensados dos procedimentos formais de avaliao que permita avaliar os

    progressos nas aprendizagens.

    23. Acompanhamento da criao de unidades de ensino estruturado para a educaode alunos com perturbaes do espectro do autismo e de unidades de apoio

    especializado para a educao de alunos com multideficincia e surdocegueira

    congnita de modo a acautelar o recurso excessivo a estas modalidades especficas de

    educao.

    24. Acompanhamento das novas parcerias entre as escolas e as instituiesassegurando o desenvolvimento das condies para uma abordagem holstica dos

    alunos e a adopo de medidas de habilitao dos contextos, de modo a prevenir a

    possibilidade de as escolas se tornarem cenrios teraputicos.

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    Notas FinaisO D.L. n3/2008 apresenta uma nova abordagem na identificao das necessidades

    educativas especiais dos alunos e nos apoios especializados a mobilizar pela escola.

    Um dos factores centrais do D.L. n3/2008 a utilizao da Classificao

    Internacional da Funcionalidade Incapacidade e Sade, verso crianas e jovens (CIF-

    CJ), como base para a avaliao e identificao de necessidades. A utilizao da CIF-CJ, ao centrar-se nas caractersticas funcionais das crianas em termos das funes e

    estruturas do corpo, da actividade e participao e dos factores ambientais que

    influenciam a funcionalidade, representa uma alternativa utilizao do diagnstico

    mdico para identificar os alunos que necessitam de educao especial.

    Este estudo teve como objectivo geral avaliar a implementao do D.L. n3/2008, com

    especial enfoque na utilizao da CIF-CJ.

    De acordo com os resultados do estudo, os conceitos e a linguagem da CIF-CJ esto a

    ser utilizados de forma adequada no processo de avaliao e de elegibilidade. Os

    profissionais da escola, incluindo os elementos das equipas de avaliao, esto a

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    a melhoria da implementao do D.L. n3/2008 e da utilizao da CIF-CJ no processo

    de elegibilidade para a educao especial.

    Por ltimo, importa referir que as escolas percepcionam que, hoje, o impacto do D.L.

    n3/2008 mais positivo do que em 2008 devido a um maior conhecimento do D.L.,

    maior facilidade na utilizao da CIF-CJ, existncia de mais materiais de apoio e de

    uma melhor coordenao e planeamento por parte dos profissionais.

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    CAPTULO I

    Introduo

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    1. IntroduoAo longo da ltima dcada muito se tem falado, no nosso Pas, em Escola Inclusiva

    para significar uma escola capaz de responder com sucesso diversidade dos alunos

    que a frequentam. Isto , uma escola baseada na assuno do propsito tico de abolir

    a discriminao e de promover a solidariedade e a equidade, quer na escola quer na

    sociedade em geral.Tais propsitos so acompanhados e sustentados por diferentes documentos emanados

    de vrias organizaes internacionais, como por exemplo a Declarao de Salamanca

    (1994) ou a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia (Nova Iorque,

    2007).

    Para corporizar os princpios inclusivos, cada pas vai produzindo legislaesprprias, cujos pilares so, por um lado, o conhecimento cientfico produzido sobre

    prticas educativas eficazes e, por outro, os valores inscritos nesses diferentes

    documentos e convenes. Portugal no foge regra e dentro desta linha geral de

    pensamento, o Ministrio da Educao publicou o Decreto-Lei n. 3/2008, em

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    Captulo I: abrange os objectivos, enquadramento e princpios orientadores, isto

    , visa esclarecer o objectivo e mbito da aplicao do Decreto-Lei, d a conhecer

    os princpios orientadores pelos quais a Educao Especial se rege.

    Captulo II: descreve os procedimentos de referenciao e avaliao.

    Captulo III: alude ao programa educativo individual e ao plano individual de

    transio que visa todo o processo que vai da referenciao avaliao

    especializada e elaborao do Programa Educativo Individual (PEI) de alunos

    com limitaes significativas ao nvel da actividade e participao, decorrentes

    de alteraes funcionais e estruturais de carcter permanente (por referncia

    CIF).

    Captulo IV e Captulo V: referem-se, respectivamente, s medidas educativas e

    modalidades especficas de educao. Estes dois captulos enunciam os recursos e

    apoios, em ambiente escolar, relativos adequao do processo de ensino-

    aprendizagem e s necessidades dos alunos.

    Captulo VI: refere-se s disposies finais que abrangem o servio docente e

    no-docente e a constituio de parcerias com instituies exteriores escola

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    2. A exigncia de constituio de equipas interdisciplinares, uma vez que para a descrio

    do perfil de funcionalidade indispensvel informao relativa s componentes Funes

    e Estruturas do corpo,Actividades e Participao e FactoresAmbientais; sendo a tnica

    da avaliao colocada (i) nas variveis do aluno que influenciam o seu desempenho e (ii)

    nas variveis do contexto que funcionam como facilitadores ou barreiras participao.

    2.1 - A avaliao dos diferentes profissionais, realizada atravs de instrumentos, de

    tcnicas e de mtodos prprios ao seu campo de saber, deve ser inscrita no

    referencial da Classificao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e

    Sade, de forma apermitir uma viso holstica do aluno.

    3. A Educao Especial dever fazer parte da constelao de medidas que os

    agrupamentos tm disponveis para o apoio educativo e no como a medida para as no

    aprendizagens, levando progressivamente diluio da dicotomia aluno da Educao

    Especial/aluno do Ensino Regular.

    3.1 - A clarificao da populao alvo da Educao Especial, assumindo que nem

    todas as no aprendizagens tm como resposta educativa este servio.

    3.2 - O reforo da incluso, ao considerar ser o professor titular de turma ou o

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    1. uso da CIF como referencial na descrio da funcionalidade dos alunos

    elegveis e no elegveis;

    2. procedimentos de referenciao, de avaliao especializada e de elaborao do

    relatrio tcnico-pedaggico;

    3. medidas educativas seleccionadas para os alunos elegveis e no elegveis;

    4. recursos e apoios disponibilizados pela escola (disposies finais).

    O Decreto-Lei n. 3/2008 definiu, como dissemos, uma nova abordagem na identificao

    de alunos com incapacidades que necessitam de apoios especializados, resumindo a

    figura 1.1 o esquema conceptual, que acabmos de descrever, subjacente ao desenhometodolgico do Projecto.

    Decreto-Lei n. 3/ 2008

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    Assim, a opo recaiu sobre uma abordagem documental quantitativa dos processos dos

    alunos Estudo de Casos sobre uma abordagem mais qualitativa para avaliar as

    percepes dos profissionais e pais envolvidos Grupos Focais e, finalmente, um

    Questionrio com o propsito de esclarecer as questes deixadas em aberto pelos

    resultados dos dois estudos prvios.

    Este relatrio est, ento, estruturado em seis captulos que passaremos brevemente a

    descrever.

    O CaptuloII dedicado investigao que teve na base o Estudo de Casos. Trata-se

    de uma anlise documental dos processos individuais de alunos com Programa

    Educativo Individual, com o objectivo de examinar a natureza, as fontes de

    informao e as decises tomadas pela escola, no processo de elegibilidade dos alunos

    para prestao de apoios especializados de Educao Especial, nos termos do Decreto-

    Lei n. 3/2008, isto , de como e do que est a ser feito com os procedimentos que vo

    da referenciao implementao do Programa Educativo Individual. O captulo

    descreve, ento, os procedimentos seguidos e as informaes recolhidas nessa anlise

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    O Captulo V rene as discusses dos resultados de cada um dos estudos. Assim, os

    dados principais de cada pesquisa so revisitados com o objectivo de os integrar numa

    leitura subordinada s quatro perguntas chave do projecto, acima enunciadas.

    Por ltimo, convocamos, em simultneo, os resultados dos trs estudos de modo a

    interpenetrar e colocar em dilogo toda a informao. desse dilogo que saem as

    asseres conclusivas destes quase dois anos do Projecto de Monitorizao do

    Decreto-Lei n. 3/2008.

    O Captulo VI e ltimo captulo, designado de Recomendaes, enuncia, na base dos

    resultados e das asseres conclusivas do captulo cinco, um conjunto de

    possibilidades de optimizao da implementao do decreto. Este captulo, finda com

    um ltimo olhar para os resultados que, desta vez, so convocados tendo por ponto de

    partida os diversos artigos do Decreto-Lei.

    Assim, seguindo uma lgica de correspondncia, cada artigo documentado com a

    informao que melhor descreve a sua implementao e com a recomendao que

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    CAPTULO II

    Estudo de Casos

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    1. IntroduoConsiderando os objectivos mencionados no mbito deste Projecto de Avaliao da

    Implementao do Decreto-Lei n. 3/ 2008, usmos a anlise documental quantitativa

    dos processos dos alunos para a descrio das actuais prticas de avaliao e

    interveno definidas nos termos do referido Decreto-Lei. Enquadrado no mtodo de

    investigao estudo de caso, com este primeiro estudo quisemos averiguar queprocedimentos so adoptados no processo de avaliao e de interveno, e de que

    modo so operacionalizados. De entre o disposto no Decreto-Lei, incidimos a nossa

    anlise sobre as seguintes fases: (1) os processos de referenciao (artigo 5.) e de

    avaliao especializada e de elaborao do relatrio tcnico-pedaggico (artigo 6.);

    (2) o uso da CIF como referencial na descrio da funcionalidade dos alunos elegveise no elegveis (n. 3 do artigo 6.); e (3) as medidas educativas seleccionadas para os

    alunos elegveis (artigo 16.) e no elegveis.

    Assim, para cada fase elabormos um conjunto de perguntas cujas respostas nos

    permitiram descrever o estado de implementao do Decreto-Lei n. 3/2008.

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    3.1.Quais as medidas educativas disponibilizadas pelas escolas para os alunos

    no elegveis para os servios de educao especial?3.2.Quais os contextos de implementao do programa educativo individual?3.3.Quais as medidas educativas disponibilizadas pelas escolas para os alunos

    elegveis para os servios de educao especial?

    2. Mtodo

    2.1. Participantes

    Tratando-se de uma monitorizao nacional, cujos resultados se pretendem generalizados

    a todo o pas, a recolha dos processos dos alunos foi efectuada em agrupamentos de

    escolas escolhidos aleatoriamente em funo dos seguintes critrios de estratificao:

    (a) Nmero de agrupamentos de escolas e de alunos em cada direco regional:

    dimenso de cada uma das direces regionais na determinao do nmero de

    agrupamentos de escolas e de alunos a considerar em cada DRE. Para obtermos o nmero

    de agrupamentos de escolas por DRE considermos o valor de aproximadamente 6% para

    o total de agrupamentos de escolas do pas. Assim obtivemos o nmero de agrupamentos

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    (b) Nmero de alunos com programa educativo individual, por ciclo de ensino: a partir

    da frequncia absoluta do nmero de alunos por ciclo de ensino em cada Direco

    Regional, foi calculada a percentagem relativa de cada ciclo de ensino no total dos alunos

    e, desse modo, seleccionado o nmero de alunos por ciclo de ensino. A ttulo de exemplo,

    vejamos o caso da DREC: o nmero total de alunos na educao especial de 5218, dos

    quais 1759 so do 1 ciclo, o que representa 34% do total. Dado que o total de alunos da

    DREC a considerar para a amostra, foi de 36, necessitaramos de 12 alunos do 1 ciclo da

    DREC para a nossa amostra ser representativa, respeitando as propores encontradas na

    populao alvo do nosso estudo (tabela 2.2).

    Tabela 2.2 - Total de alunos com PEI, por Direco Regional e ciclo de ensino.

    DREN. Total

    de Alunos

    Alunos EE

    Total

    1

    Ciclo% CS#

    2

    Ciclo% CS#

    3

    Ciclo% CS# Sec. % CS# Total

    DREN 507981 8563 (1.7%) 3313 39 21 2054 24 13 2382 28 15 814 10 5 54

    DREC 286220 5218 (1.8%) 1759 34 12 1311 25 9 1605 31 11 537 10 4 36

    DRELVT 310617 9427 (3%) 3519 37 20 2522 27 15 2563 27 15 822 9 4 54

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    discursiva dos textos e/ou nas grelhas/formulrios constantes em cada uma das fases,

    nomeadamente: (1) na referenciao; (2) na tomada de deciso sobre a necessidade de

    se proceder a avaliao especializada; (3) no perfil de funcionalidade do aluno; (4) e

    na formulao de objectivos de interveno no programa educativo individual.

    (c) Em que medida foram usados os materiais de apoio da DGIDC?

    Quisemos saber at que ponto e em que medida os materiais de apoio foramutilizados, nomeadamente: o formulrio de referenciao; a preparao individual

    para a reunio de equipa; o roteiro de avaliao - o que avaliar, como avaliar; a

    checklist; e o modelo de programa educativo individual. Para alm de pretendermos

    verificar em que medida so usados, quisemos tambm perceber com que frequncia

    estes materiais eram adaptados pelos agrupamentos de escolas, e que tipo dealteraes eram introduzidas nos mesmos.

    (d) Quem foram as pessoas a quem mais se recorreu como fonte de informao?

    As fontes de informao constituem um aspecto fulcral para a devida

    operacionalizao de uma abordagem de avaliao compreensiva, capaz de

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    2.2.2.Uso da CIF como referencial na descrio da funcionalidade dos

    alunos elegveis e dos alunos no elegveis

    (a) Qual o perfil de funcionalidade, por referncia CIF, dos alunos sujeitos a

    avaliao especializada?

    O uso da CIF como quadro de referncia ao processo de avaliao, prev uma

    descrio do perfil de funcionalidade do aluno capaz de explicar/documentar relaesentre as Funes e Estruturas do Corpo e os Factores Ambientais, e o seu impacto

    sobre as Actividades e Participao do aluno. Como tal, sabemos que a simples

    presena da linguagem CIF no processo de avaliao e elegibilidade, no sinnimo

    de operacionalizao do seu quadro conceptual. Quisemos, por isso, analisar em que

    medida esto presentes as diferentes componentes no perfil de funcionalidade dosalunos sujeitos a avaliao especializada. Paralelamente, pretendamos, tambm,

    identificar os cdigos que serviram com mais frequncia para a caracterizao dos

    processos de incapacitao, ou das restries na participao destes alunos.

    (b) Como se diferenciam os perfis de funcionalidade, por referncia CIF, dos alunos

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    2.3. Procedimentos

    O contacto com os directores dos agrupamentos de escolas foi efectuado, num

    primeiro momento, atravs de carta registada, onde constavam os documentos

    explicativos do Projecto e o pedido para recolha e anlise dos processos dos alunos

    (anexo 2.1 e anexo 2.2). Para assegurar a confidencialidade das informaesrecolhidas, nenhum dado de identificao pessoal do aluno consta de quaisquer

    documentos. A cada aluno foi atribudo um cdigo numrico.

    Aps essa abordagem, estabelecia-se um contacto telefnico com o duplo propsito

    de prestar esclarecimentos adicionais, e agendar os procedimentos com vista

    recolha dos processos. Nesse contacto solicitvamos o emparelhamento de processosde alunos do mesmo nvel de ensino que tivessem sido avaliados por referncia

    CIF, mas no foram considerados elegveis para os servios de educao especial, de

    modo a podermos perceber qual o perfil de funcionalidade dos alunos elegveis e no

    elegveis.

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    Socorremo-nos, por isso, de uma primeira abordagem de natureza descritiva e, de uma

    segunda, regida por inteno explicativa. Sob anlise, como dissemos, estiveram os

    procedimentos de referenciao (artigo 5.), de avaliao especializada e de

    elaborao do relatrio tcnico-pedaggico (artigo 6.); o uso da Classificao

    Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade (CIF) como referencial na

    descrio da funcionalidade dos alunos elegveis e no elegveis (n. 3 do artigo 6.) e

    as medidas educativas seleccionadas para os alunos elegveis (artigo 16.) e no

    elegveis. Deste modo, os resultados sero expostos de forma a responderem a um

    conjunto de questes organizadas em trs seces principais: (1) procedimentos de

    referenciao e de avaliao; (2) uso da CIF como referencial na descrio da

    funcionalidade dos alunos elegveis e dos alunos no elegveis; (3) respostas

    educativas/interveno (tabela2.3).

    Tabela 2.3 - Sumrio da apresentao dos resultados

    1. Procedimentos dereferenciao e de avaliao

    1.1. Quem esteve envolvido nas vrias fases do processo?1.2. A CIF, ou a sua linguagem, foi utilizada?1.3. Em que medida foram usados os materiais de apoio daDGIDC?;

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    com mdia situada nos 13 anos. No 1 ciclo a mdia de idades de, aproximadamente,

    10 anos, estabelecida entre os 6 e os 15 anos. No 2 ciclo as idades variam entre os 10

    e os 16 anos, situando-se a mdia nos 13 anos. No 3 ciclo a mdia de idades de 15

    anos, experimentando variaes entre os 12 e os 19 anos. Por fim, no secundrio, o

    espectro de idades varia entre os 16 e os 20 anos, e a sua mdia localiza-se,

    aproximadamente, nos 18 anos. Este resultado parece evidenciar uma preocupao,

    por parte dos agrupamentos, em adequar a idade cronolgica do aluno ao ciclo. Cerca

    de 67% da amostra constituda por elementos do sexo masculino (n=169).

    Na leitura destes resultados, note-se que o nmero de processos analisados varia em

    funo das diferentes fases examinadas e das informaes disponibilizadas nos

    processos.

    Para facilitarmos a leitura desta distribuio da amostra nas diferentes fases,

    apresentamos na figura 2.1 um esquema de ramificaes configurado de acordo com

    as etapas do processo avaliao/interveno, que esteve na base de toda a

    monitorizao do processo de implementao do Decreto-Lei n. 3/2008.

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    Entre aqueles que prosseguiram para avaliao especializada, a maioria representada

    por casos anteriormente ao abrigo do Decreto-Lei n. 319/91 (68.4%; n=162).

    Aps a avaliao especializada, 72 casos (30.4%) foram considerados no elegveis

    para os servios de educao especial. Entre estes, 22 (30.4%) estavam ao abrigo do

    anterior Decreto-Lei n. 319/91. Foram, por isso, alvo de elaborao de programa

    educativo individual 165 casos. Cerca de 84.8% (n=140) destes casos elegveis para

    os servios de educao especial, so alunos que estavam ao abrigo do anterior

    Decreto-Lei n.319/91.

    REFERENCIAO - Fase 151 casos (20.2%)

    Em 201 casos no consta referenciao -152 (cerca de 76%) so alunos que estavam ao abrigo do DL n. 319/91AVALIAO -Fase 2

    37 casos (14.7%)Deciso sobre a necessidade de uma avaliao especializada por referncia CIF -CJ

    Em 215 casos no consta este processo 146 (cerca de 67.9%) so alunos que estavam ao abrigo do DL n. 319/91

    No necessitam de umaAvaliao especializada

    Necessitam de avaliao especializada por referncia CIF-CJ 273, destes 162(68.4%) so alunos que

    -

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    3.1.1. Quem esteve envolvido nas vrias fases?

    Ao propor no processo de elegibilidade o perfil de funcionalidade dos alunos anlise

    da interaco entre Funes do Corpo, Factores Ambientais e Actividades e

    Participao o Decreto-Lei n. 3/2008 pressupe o envolvimento de equipas

    pluridisciplinares.Tal como dissemos no mtodo, para saber quem esteve envolvido nas vrias fases do

    processo considermos as assinaturas, ou listagem dos intervenientes constantes nos

    formulrios respeitantes a cada uma das fases: (a) no processo de referenciao; (b) na

    tomada de deciso sobre a necessidade, ou no, de se proceder a uma avaliao

    especializada; (c) no plano de avaliao especializada; (d) na elaborao do relatriotcnico-pedaggico; (e) e na elaborao do programa educativo individual.

    Nesta anlise, optmos por aglutinar docente titular de turma e director de turma pelo

    papel idntico que desempenham nos ciclos de ensino em que leccionam.

    (a) Processo de referenciao

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    elementos (19%; n=4). Nesta etapa do processo, o docente de educao especial surge

    com destacada frequncia (85.7%; n=18), seguido pelo docente titular de turma/

    director de turma (52.4%; n=11) e pelo psiclogo (42.8%; n=9). Numa percentagem

    menor de casos regista-se, tambm, a participao dospais (19%; n=4) e do director

    da escola (19%; n=4).

    (c) Plano de Avaliao Especializada

    Os documentos relativos aos domnios de funcionalidade a avaliar e aos mtodos de

    avaliao a utilizar foram considerados, para efeitos do presente relatrio, comoplano

    de avaliao especializada. Recolhemos informao sobre quem esteve envolvido no

    processo, em 93 casos dos 237 sujeitos a avaliao especializada 144 casos no

    providenciam esta informao. Os dados mostram que os planos de avaliao solevados a cabo, em mdia, por 3.7 elementos, ou seja, integram entre 3 ou 4 elementos

    (n=59; 63.4%). Da nossa anlise resulta, ainda, que 12.9% dos planos de avaliao so

    elaborados por 2 elementos (n=12) e 14% (n=13) por 5 elementos. Em percentagem

    menor surgem ainda equipas de 6 elementos (6.5%; n=6), de 7 (2.2.%; n=2) e de 8

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    11.8% (n=20) mais de 3 elementos. O docente de educao especial, o docente

    titular/ director de turma e o psiclogo parecem constituir-se como elementos

    nucleares deste processo surgindo numa percentagem de 96.4% (n=163), 56.8%

    (n=96) e 47.9% (n=81) dos casos, respectivamente. Os terapeutas (11.2%; n=19) e os

    mdicos (5.9%; n=1) assumem uma menor participao nesta fase. O registo da

    anuncia dospais/encarregados de educao surge em 81.1% (n=137) dos casos, j a

    sua participao na elaborao do relatrio tcnico-pedaggico verifica-se em 10.6%

    dos casos (n=18). Por ltimo, o director da escola homologou 80% dos relatrios

    analisados, registando-se como elemento participante na sua elaborao em 1.8%

    (n=3). Estes dados parecem poder ser lidos como indicadores do cumprimento do

    Decreto-Lei n. 3/2008.

    (e) Programas Educativos Individuais

    pergunta quem esteve envolvido na elaborao do programa educativo individual

    recolhemos informao de 150 dos 165 programas educativos individuais 15

    omitem esta informao. Da anlise dos dados verificmos que, na elaborao do

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    Ospsiclogos, os terapeutas (ocupacionais, da fala e fisioterapeutas), e os directores

    daescola constam na elaborao do programa educativo individual em 26.6% (n=40),

    15.3% (n=23) e 2% (n=3) dos casos, respectivamente.

    Os psiclogos e os terapeutas (ocupacionais, da fala e fisioterapeutas) constam na

    elaborao do programa educativo individual em 26.6% (n=40) e 15.3% (n=23) dos

    casos, respectivamente.

    O aluno consta como elemento participante na elaborao do programa educativo

    individual em 4% (n=6) dos processos. No entanto, entre os 100 processos de alunos

    com PEI com 12 ou mais anos, os 4 PIT que os integravam no continham dados

    relativos participao do aluno.

    Conforme se pode apreciar na figura 2.2, o docente titular de turma e o docente de

    educao especial so os elementos essenciais ao longo destes processos.

    140

    160

    180Proc.Refer.

    Proc.Aval.Plano Av.Esp.

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    O docente titular de turma/director de turma j est presente em todo

    o processo de avaliao e interveno, atingindo o pleno na

    elaborao do programa educativo individual.

    Os terapeutas tm uma participao baixa em todo o processo.

    Os pais/encarregados de educao, nem sempre de um modo

    expressivo, esto envolvidos em todas as fases do processo de

    avaliao e de interveno.

    3.1.2. Uso da CIF, ou da sua linguagem, em cada uma das fases

    Um dos aspectos alvo de anlise nesta avaliao da implementao do novo Decreto-

    Lei n. 3/2008, centra-se no papel da CIF enquanto estrutura e modelo conceptualenquadrador do processo de avaliao/interveno no mbito da educao especial.

    Apesar de o seu uso ser apenas de carcter obrigatrio na elaborao do perfil de

    funcionalidade do aluno (cf. n. 3 do artigo 6.), fomos analisar em que medida o

    referencial CIF se tem revelado til na generalidade do processo de avaliao e de

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    Tabela 2.4 - Frequncia absoluta de casos em funo do uso da estrutura taxonmica da CIF ao longo do processo

    de avaliao/interveno (percentagem entre parntesis).

    Referenciao Tomada

    Deciso

    Perfil de

    Funcionalidade

    Objectivos de

    Interveno

    Total

    Com CIF

    fi (%)

    3

    (5.9%)

    16

    (43.2%)

    214

    (93.4%)

    5

    (3.1%)

    238

    (49.9%)

    Sem CIF

    fi (%)

    48

    (94.1%)

    21

    (56.7%)

    15

    (6.5%)

    155

    (96.8%)

    239

    (50.1%)

    Total 51 37 229 160 477

    Sntese

    A estrutura taxonmica da CIF, ou a sua linguagem est presente nos

    perfis de funcionalidade de modo significativo.A estrutura taxonmica da CIF, ou a sua linguagem comea a ser

    utilizada em fases do processo de interveno.

    Os objectivos da interveno so elaborados sem recurso ao

    referencial CIF, o que poder dever-se a dificuldades em fazer

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    Formulrio de

    Referenciao

    Preparao

    Individual para

    a Reunio de

    Equipa

    Roteiro de

    Avaliao

    Checklist Programa

    Educativo

    Individual

    Com uso

    fi (%)

    20

    (39.2%)

    16

    (43.2%)

    94

    (39.6%)

    157

    (66.2%)

    95

    (59.4%)

    Sem uso

    fi (%)

    31

    (60.7%)

    21

    (56.7%)

    143

    (60.3%)

    80

    (33.8%)

    65

    (40.6%)

    Total 51 37 237 237 160

    Importa, contudo, realar que das 157 checklists encontradas nos processos dos

    alunos, cerca de 40.1% (fi=63) evidenciava ligeiros ajustamentos que invariavelmente

    compreendiam a incluso de cdigos da CIF de terceiro nvel (ou seja, categorias defuncionalidade com maior nvel de especificidade).

    O uso do roteiro de avaliao foi considerado quando o processo inclua pelo menos

    um dos formulrios o que avaliar? e como avaliar?. A utilizao conjunta destes dois

    formulrios apenas se verificou numa percentagem de 29.1% (fi=69), sendo o

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    3.1.4. Mtodos de avaliao e fontes de informao usadas

    No que concerne avaliao especializada, procurmos identificar os mtodos de

    avaliao utilizados e as pessoas que providenciaram informao. Com isto

    pretendamos averiguar at que ponto estavam presentes os profissionais necessrios a

    uma avaliao biopsicossocial

    Considerando os 237 casos sujeitos a avaliao especializada, a primeira constatao

    a de que em 58.2% dos casos (n=138) no constava a referncia aos mtodos

    utilizados. Nos casos em que essa informao estava presente, a mdia dos mtodos

    utilizados foi de 3.3 (figura 2.3), sendo que 52% dos casos usam 3 a 4 mtodos de

    avaliao (n=51) e 30.3% das avaliaes especializadas so conduzidas com recurso aapenas 1 ou 2 mtodos (n=30).

    Os mtodos de avaliao mais usados foram a observao (em 76.76% dos

    processos), os relatrios (em 63.64% dos processos) psicolgicos, mdicos, tcnicos

    e a aplicao de instrumentos estandardizados (em 60.61% dos processos) (e.g.

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    onde se verifica uma maior solicitao da participao dos pais/encarregados de

    educao para obteno de informao.

    De realar que a participao do aluno como fonte de informao comea a ser

    significativa na avaliao da componente das Actividade e Participao e dos

    Factores Ambientais o que, apesar da sua ainda muito reduzida participao na

    elaborao do programa educativo individual, parece demonstrar um importante incio

    da corporizao, na recolha de informao, das preocupaes actuais que enfatizam a

    importncia da participao do aluno no prprio processo de avaliao e interveno,

    promovendo as competncias de auto-determinao.

    Tabela 2.6 - Frequncia absoluta de processos que incluem cada um dos elementos como fontes deinformao para a avaliao de cada componente de funcionalidade (percentagem entre parntesis).

    Funes do Corpo Actividades e Participao Factores Ambientais

    Pais/encarregados de

    educao12 (13.48%) 30 (33.71%) 59 (66.29%)

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    Importa incluir, na avaliao especializada, a referncia aos mtodos e

    fontes de informao em que essa avaliao se baseou.

    3.1.5. Domnios de funcionalidade e incapacidade indicados como razes

    de referenciao

    Os textos dos registos de referenciao foram categorizados de acordo com osdomnios de funcionalidade da CIF. Nos 48 processos de referenciao existentes na

    nossa amostra (3 omitem essa informao), identificmos, tal como se representa na

    figura 2.4, 105 razes para a referenciao. Dessas, 50 (47.6%) envolvem situaes

    de vida e 44 (41.9%) Funes do Corpo. De um modo mais especfico, cerca de 32%

    (fi= 34) enquadram-se nos domnios de aprendizagem e aplicao do conhecimento(d1) e tarefas e exigncias gerais(d2) e, aproximadamente, 30% (fi=31) ao nvel das

    funes mentais b1. Razes inscritas na componente dos Factores Ambientais ou

    fundadas no diagnstico registaram-se com reduzida frequncia (fi=5, 4.7% e fi=6,

    5.7%, respectivamente). Dir-se-, por isso, que pelo menos nestes 48 casos as razes

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    Tabela 2.7 - Significncia da diferena nas referncias dedicadas a cada componente defuncionalidade.

    Mdia das Diferenas p (sig.)

    F.CorpoActiv. &Part.

    F.Amb.

    -5.9

    2.2

    .001

    .001

    Activ. &Part.F.Corpo

    F.Amb.

    5.9

    8.1

    .001

    .001

    Conforme representado na tabela 2.8, os domnios de funcionalidade mais usados

    para descrever o aluno so as funes mentais, a aprendizagem e aplicao do

    conhecimento e o apoio e relacionamentos.

    Tabela 2.8 Percentagem deutilizao dos diferentes domnios de funcionalidade.

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    indicadores relativos s funes intelectuais (b117; fi=101), s funes de

    temperamento e personalidade (b126;fi=75), sfunes da ateno (b140;fi=130), s

    funes da memria (b144; fi=98), s funes emocionais (b152; fi=72), s funes

    cognitivas de nvel superior(b164;fi=83), e sfunes mentais da linguagem (b167;

    fi=110). Na componente Actividades e Participao, as descries orientam-se

    sobretudo para as categorias aprender a ler(d140;fi=71), aprender a escrever(d145;

    fi=79), aprender a calcular (d150; fi=69), concentrar a ateno (d160; fi=150),

    dirigir a ateno (d161; fi=90), pensar (d163; fi=83), ler (d166; fi=107), escrever

    (d170;fi=116), calcular(d172;fi=91), resolver problemas (d175;fi=84), levar a cabo

    uma tarefa nica (d210;fi=69), controlar o seu prprio comportamento (d250;fi=68)

    e comunicar e receber mensagens orais (d310; fi=76). Inscritos nos Factores

    Ambientais surgem contedos relativos ao produtos e tecnologias para a educao

    (e130; fi=63), apoio e relacionamentos da famlia prxima (e310; fi=174), apoio e

    relacionamentos de conhecidos, pares, colegas e membros da comunidade (e325;

    fi=67), apoio e relacionamentos das pessoas em posio de autoridade (e330;fi=108)

    e atitudes individuais dos membros da famlia prxima (e410;fi=108).

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    propsito de sintetizar e de tornar clara a interpretao dos dados, se apresentam sob a

    forma de indicadores de 2 nvel isto categorias de funcionalidade compostas por 3

    dgitos (e.g. b167 funes mentais da linguagem). Desta forma, a generalidade dos

    indicadores acima representados albergam cdigos de maior detalhe, nomeadamente

    cdigos de 3 (e.g. b1670 recepo da linguagem) e de 4 nvel (e.g. b16700 recepo

    da linguagem oral). Por estes cdigos se constiturem como

    ramificaes/especificaes de cdigos de segundo nvel, a sua presena nos perfis

    sugestiva de maior especificidade dos resultados apresentados, na sequncia da

    avaliao especializada. Interessou-nos, por isso, perceber em que medida estes

    cdigos integram as actuais descries de funcionalidade e de incapacidade dos alunos

    sujeitos a avaliao especializada. Verificmos, assim, que as categorias de 3 e 4

    nvel constituem cerca de 12.7% (fi=660) do total de categorias identificadas nos

    perfis, estando presentes em 14.3% (fi=208) das categorias relativas s funes do

    corpo, em 13.8% (fi=379) entre os cdigos de Actividades e Participao e em 7.3%

    (fi=73) dos descritores ambientais.

    Apesar destes dados nos permitirem descrever a composio dos perfis de

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    mostram no existir correlao estatisticamente significativa entre estas variveis

    (r=.40;p=.07; r=.19;p=.31, respectivamente).

    Ao rejeitarem a hiptese de que mais profissionais significariam mais cdigos, isto o

    nmero de cdigos independente do nmero de profissionais que compem a

    equipa, estes resultados podero ser susceptveis de serem interpretados como uma

    validao do nmero de cdigos actualmente presentes no perfil de funcionalidade.

    Reforador desta interpretao, est a fraca correlao entre o nmero de fontes de

    informao e mtodos usados na avaliao, e o nmero de cdigos constantes no

    perfil de funcionalidade (r=.23; r=.08). O mesmo se verifica em relao

    especificidade dos cdigos usados (r=.29; r=-.03).

    Por ltimo, a informao constante nos perfis de funcionalidade pode, tambm, estarcondicionada pela existncia de um anterior entendimento/abordagem ao processo de

    incapacitao do aluno. Assim, explormos a hiptese do nmero mdio de

    indicadores de funcionalidade usados em perfis de alunos que anteriormente estavam

    ao abrigo do Decreto-Lei n. 319/91 diferirem daqueles que, pela primeira vez, foram

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    Nos perfis de funcionalidade as descries so lideradas pela

    documentao das limitaes na Actividade e restries na

    Participao experienciadas pelos alunos, seguindo-se as Funes do

    Corpo. Nesta descrio os Factores Ambientais que se associam ao

    desempenho do aluno esto, ainda, pouco representados.

    3.2.2.Caractersticas de funcionalidade dos alunos no elegveis

    Dadas as caractersticas dos perfis de funcionalidade onde se baseia a deciso de

    elegibilidade, quisemos analisar se estes diferiam significativamente dos perfis de

    funcionalidade dos alunos no elegveis para os servios de educao especial. A

    identificao de diferenas significativas entre os perfis de funcionalidade destes doisgrupos poder apoiar a utilizao do referencial CIF no processo de elegibilidade mas,

    sobretudo, mostrar que os profissionais dominam esse referencial. Para tal,

    considermos 156 perfis dos 165 alunos considerados elegveis em 9 casos no se

    constata o uso da estrutura taxonmica da CIF e 58 perfis dos 72 casos de alunos

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    Tabela 2.9 - Mdia de categorias usadas nos perfis de funcionalidade dos alunos elegveis e noelegveis para os servios de educao especial.

    ComponentesElegveis

    (n=156)

    No Elegveis

    (n=58)

    Funes do Corpo M=7.1 M=6.0

    Actividades &

    Participao M=13.1 M=11.9

    Factores Ambientais M=5.0 M=3.7

    Total de Categorias M=25.3 M=21.7

    Para alm do nmero de categorias usadas, outra varivel importante no corpus de um

    perfil de funcionalidade a magnitude com que se verificam as problemticas

    assinaladas. Neste mbito, a CIF define um espectro de variabilidade registado entre

    os qualificadores 0 e 4, onde 0 corresponde a nenhuma deficincia, limitao/restrio

    ou facilitador/obstculo e 4 a deficincia, limitao/restrio ou facilitador/obstculo

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    37,30%

    10,10%

    45,90%

    6,60%

    45,10%

    38,20%

    15,20%

    1,50%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%

    Ligeira Moderada Grave Completa

    Elegvel

    No Elegvel

    Figura 2.6 - Funes do Corpo: frequncia relativa de utilizao dosqualificadores nos perfis dos alunos elegveis e no elegveis para os serviosde educao especial.

    Assim, na descrio da funcionalidade dos alunos elegveis (figura 2.7) verificmos o

    recurso aos qualificadores moderado e o grave (80 % dos qualificadores usados) e,

    nos alunos no elegveis so, maioritariamente, utilizados os qualificadores ligeiro e

    moderado( 85% dos qualificadores usados), sendo essas diferenas estatisticamente

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    Finalmente, em relao abordagem aos factores ambientais no perfil de

    funcionalidade dos alunos elegveis e no elegveis, verificmos (figura 2.8) que em

    ambos os grupos de alunos esta maioritariamente composta pela descrio dos

    recursos facilitadores existentes (85.89% dos cdigos relativos aos Factores

    Ambientais). A descrio de obstculos participao do aluno feita em apenas

    13.3% dos qualificadores atribudos aos Factores Ambientais que circundam o aluno

    elegvel e em 17% no caso dos perfis relativos aos alunos no elegveis. Uma anlise

    mais detalhada permitiu-nos verificar que parte expressiva das barreiras identificadas

    atribuda famlia entre 128 barreiras (dos 907 indicadores relativos aos

    ambiente), quase metade (fi=63) esto ligadas ao apoio e atitudes da famlia prxima e

    alargada (e310, e315, e410 e e415). Nos perfis de alunos no elegveis a famlia

    identificada em 71.8% das barreiras, e em 41.6% no caso de perfis de alunos

    considerados elegveis.

    41,60%37,70

    35

    40

    45

    Elegveis

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    muito incipiente, a incluir como factor a ponderar a necessidade/amplitude de

    mobilizao de recursos educacionais.

    O entendimento dos pares/colegas/amigos (e320/e325/e420/e425) como elementos

    barreira ou facilitador da participao dos alunos tambm foi alvo de anlise pelo seu

    carcter informativo acerca das actuais prticas inclusivas. De facto, nos actuais perfis

    estes elementos surgem predominantemente como facilitadores entre os 102

    qualificadores atribudos a estes factores, 91 (89.2%) so definidos como facilitadores.

    A escassez de indicadores que identifiquem os pares/colegas como barreiras (fi=11;

    10.8%) parece sugerir uma baixa expectativa acerca da importncia que os pares

    podem ter na promoo da participao dos colegas com necessidades educativas

    especiais, resumindo essa co-existncia a uma aceitao passiva do colega.

    A maior percentagem dos qualificadores centra-se na descrio de facilitadores

    substanciais, nos tipos de perfis elegveis e no elegveis. Contudo, no perfil de alunos

    elegveis existe preponderncia de aluses a facilitadores substanciais e completos,

    enquanto o perfil dos no elegveis contempla mais facilitadores moderados e

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    de categorias de funcionalidade usadas em ambos os grupos, nas categorias de

    funcionalidade mais frequentemente usadas, e na severidade mdia constante em cada

    categoria.

    Tabela 2.10 - Perfil de funcionalidade dos alunos considerados elegveis para os servios de educaoespecial.

    Principal Problema Explicao do Problema

    Actividade & Participao

    Aluno com restries na participao educacional, manifestadas

    em:

    Dificuldades no concentrar (d160.3) e dirigir a ateno (d161.3);

    dificuldades em encontrar solues para os problemas (d175.3)

    e em compreender e usar conceitos (d137.3).

    Manifesta limitaes em comunicar e receber mensagens orais

    (d310.3) que se reflecte em restries na manuteno de

    conversaes (d350.3).

    A formulao e ordenao de ideias, conceitos e imagens

    (pensar d163.3) encontra-se tambm condicionada, assim

    como o seu desempenho em actividades de escrita (d145.3;

    d170.3), de leitura (d166.2), de clculo (d150.3; d172.3) e na

    Funes do Corpo

    Estas dificuldades parecem resultar de alteraes sediadas no

    domnio das funes mentais, particularmente ao nvel das:

    Funes da ateno (b140.3), memria (b144.3), intelectuais

    (b117.3), da linguagem (b167.3), das funes cognitivas de nvel

    superior (b164.3 p.e. abstraco e resoluo de problemas), nas

    funes psicomotoras (b147.3) e na percepo (b156.3).

    Factores Ambientais

    A sua participao tem influncia de facilitadores como:

    Apoio da famlia prxima (e310+3), dos professores (e330+3) e

    dos pares (e325+2).

    As atitudes da famlia (e410+3) e o uso de produtos e mtodos na

    educao (e130+3) surgem tambm como facilitadores.

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    sobre o somatrio das severidades indicadas nos cdigos relativos a cada domnio de

    funcionalidade - indicam como domnios capazes de diferenciar estes dois grupos: as

    funes mentais (p=.001), as funes sensoriais e dor(p=.041), as funes da voz e

    fala (p

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    especializado para a educao de alunos com multideficincia e surdocegueira

    congnita como contexto de interveno.

    A elaborao do PIT como complemento ao PEI, cujo incio de implementao

    aconselhado trs anos antes da idade limite da escolaridade obrigatria (n. 3 do

    artigo 14.), levou-nos a averiguar em que medida estes constavam nos processos dos

    alunos elegveis para os servios de educao especial com idades iguais ou

    superiores a 12 anos. Assim, verificmos que entre os 100 processos de alunos

    elegveis para os servios de educao especial com idade igual ou superior a 12 anos,

    apenas 4 integram no seu processo um programa individual de transio (4%).

    Na figura 2.9 podemos verificar que, para alm do apoio personalizado e das

    adequaes no processo de avaliao, percebidas como nucleares nas respostaseducativas no mbito da educao especial, as propostas de interveno planeadas

    para os alunos no elegveis do 1 ciclo incluem, tambm numa percentagem

    relevante, as tecnologias de apoio (em 52,9% dos 68 casos). J no 2 e no 3 ciclo, a

    terceira medida mais adoptada a implementao do currculo especfico individual

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    Numa anlise da variabilidade existente no nmero de medidas educativas

    seleccionadas para os alunos elegveis, averigumos se esta teria relao com a

    severidade das deficincias/limitaes anotadas no perfil de funcionalidade do aluno.

    Atravs da aplicao do teste de Pearson, podemos observar que no existe

    associao entre o nmero de medidas a implementar e a severidade da incapacidade

    experienciada pelo aluno quer ao nvel das funes do corpo (r= .12; p=.16), quer ao

    nvel das actividades e participao (r=.036; p=.65). Estes resultados parecem sugerir

    que a severidade das necessidades do aluno no tem valor preditivo sobre a

    quantidade de medidas definidas. Contudo, a severidade e natureza da incapacidade

    experienciada pelo aluno poder predizer, no a quantidade de medidas endereadas,

    mas a especificidade e propsito de cada uma hiptese que testaremos de seguida.

    Como medida que prev alteraes significativas no currculo comum e que assenta

    numa perspectiva curricular funcional, a opo pela incluso nas propostas de

    interveno do currculo especfico individual (CEI) exige elevada ponderao e uma

    avaliao rigorosa do aluno. Passmos, por isso, a averiguar se o uso da CIF se tem

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    alargamento nos indicadores de funcionalidade considerados nos perfis alvo de CEI

    est reflectido em todas as componentes de funcionalidade: a mdia de categorias das

    Funes do Corpo de 7.5 em oposio a uma mdia de 6.0 verificada nos restantes

    casos; nasActividades e Participao o nmero mdio de indicadores de 16.3 versus

    10.8; e nos Factores Ambientais temos uma mdia de 5.2 versus 4.9 categorias

    observadas nos restantes casos. Estas diferenas assumem significncia estatstica na

    componente deActividades e Participao t(115.2)=-3.39;p=.001.

    Tabela 2.12 - Mdia de categorias usadas nos perfis de funcionalidade alvo de CEI e sem CEI.

    ComponentesCom CEI

    (n=65)

    Sem CEI

    (n=91)

    Funes do Corpo M=7.5 M=6.0

    Actividades &Participao

    M=16.3 M=10.8

    Factores Ambientais M=5.1 M=4.9

    Total de Categorias M=29.0 M=22.6

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    severidade por, como j referido, no diferirem significativamente entre os dois

    grupos de alunos.

    Tabela 2.13 - Perfil de funcionalidade dos alunos elegveis com medida CEI.

    Principal Problema Explicao do Problema

    Actividade & ParticipaoAluno com restries na participao

    educacional, manifestadas em:

    Dificuldades em concentrar (d160) e dirigir aateno (d161);adquirir conceitos (d136) ecompetncias (d155);e em realizar tarefassimples (d210).

    Manifesta limitaes comunicar e recebermensagens orais (d310) eno falar (d330) que se

    reflecte em restries na manuteno deconversaes (d350) enas interacesinterpessoais bsicas (d710).A formulao e ordenao de ideias, conceitos eimagens (pensar d163) encontra-se tambmcondicionada, assim como o seu desempenho emactividades de escrita (d145; d170), de leitura(d140; d166), de clculo (d150). Manifestamlimitaes nos movimentos finos das mos

    Funes do CorpoEstas dificuldades parecem resultar de

    alteraes sediadas no domnio das funesmentais, particularmente ao nvel das:

    Funes da ateno (b140), intelectuais (b117),damemria (b144), da linguagem (b167),dasfunes cognitivas de nvel superior (b164), nasfunes psicomotoras (b147), de articulao(b320) e a fluncia e ritmo na fala (b330)/funes clculo (b172)

    Factores AmbientaisA sua participao tem influncia defacilitadores como:

    Apoio da famlia prxima (e310), dosprofessores(e330) e dospares (e325).

    As atitudes da famlia (e410) e o uso de produtos

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    A presena de cdigos relativos aos domnios cognitivo, da linguagem/comunicao,

    do domnio motor, remete-nos para a definio actualmente mais aceite de aluno com

    multideficincia. Os resultados obtidos com recurso ao mtodo de Anlise

    Discriminante operado sobre o somatrio das severidades indicadas nos cdigos

    relativos a cada domnio de funcionalidade - indicam como domnios capazes de

    diferenciar estes dois grupos: as funes da voz e fala (p=.004), geniturinrias

    (p=.048), de limitaes na aprendizagem e aplicao do conhecimento (p=.007), na

    mobilidade (p=.021) e nos auto-cuidados (p

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    Nmero reduzido de planos individuais de transio nos processos

    analisados par aos alunos com mais de 13 anos.

    Os alunos com medida CEI distinguem-se dos restantes alunos

    elegveis pelo nmero de indicadores de incapacidade.

    O perfil de funcionalidade de alunos com a medida CEI h descries

    acerca dos contedos funcionais (mobilidade, auto cuidados, vidadomestica, reas principais da vida).

    3.3.2. Quais os contextos de implementao do programa educativo

    individual

    Dos 165 casos, 60 no continham informao acera do contexto de implementao das

    respostas (36.4%). Conforme representado na figura 2.10, a sala do regular o

    contexto de implementao das respostas mais frequente, surgindo referenciado em

    98.1% (n=103) dos 105 casos que contemplam esta informao. As unidades de apoio

    especializado para a educao de alunos com multideficincia e surdocegueira

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    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    Sala Regular Sala Apoio UAM Serv.Escola Casa Clubes

    1Ciclo

    2Ciclo

    3Ciclo

    Secundrio

    Figura 2.10 - Frequncia relativa de referncia a cada contexto deimplementao entre os PEIs analisados.

    No que respeita definio do tempo de apoio tempo na UAM, tempo de suporte na

    sala de regular, tempo na sala de apoio, e/ou tempo de apoio do professor de educao

    especial apenas 84 dos 165 casos elegveis providenciam essa informao. Nota-se

    assim que o tempo mdio de suporte, quando definido, se situa nas 9.6 horas

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    Sntese

    Com vista criao de condies para o sucesso educativo dos alunos

    no elegveis as escolas adoptam, maioritariamente, como respostas

    mais frequentes o plano de recuperao e o apoio educativo.

    imagem dos alunos elegveis, tambm aqui importante o reforo

    do envolvimento dos pais/encarregados de educao.

    4. Resumo dos principais resultados

    Para uma melhor compreenso da informao, esta sntese seguir o mesmo modelo

    usado durante a apresentao dos resultados, isto em 9 seces.

    (1) Elementos envolvidos no processo avaliao/interveno

    O processo de avaliao/interveno envolve, em mdia, trs elementos.

    Os elementos mais frequentes na equipa so: o professor titular/director de

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    (3) Uso dos documentos de suporte da DGIDC

    A checklis (66%) e a configurao do programa educativo individual (59%)

    so claramente as propostas mais usadas pela amostra.

    40% das checklists contemplam adaptaes - a incluso de cdigos de 3 e 4

    nveis.

    (4) Processo de avaliao especializada: fontes de informao e mtodos de

    avaliao

    Na avaliao especializada foi utilizada uma mdia de 3 mtodos de avaliao.

    Mtodos informais, como a observao, a entrevista, o questionrio e as

    mostras de trabalho, so usados de forma claramente predominante (61% do

    total de mtodos usados) em relao a mtodos formais (instrumentos

    estandardizados e os relatrios tcnicos).

    As principais fontes de informao para as:

    o funes do corpo so os psiclogos (74%) e mdicos (48%);

    o actividades e participao so os pais (34%), os professores titulares

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    (6) Indicadores de funcionalidade utilizados na elegibilidade

    As descries do perfil de funcionalidade dos alunos so lideradas pela

    documentao da capacidade/desempenho nas Actividades e Participao

    (M~13 cdigos), seguindo-se as referncias s Funes do Corpo (M~7

    cdigos).

    Os Factores Ambientais foram usados em 20% dos contedos que compe os

    perfis de funcionalidade, sendo usada uma mdia de 5 cdigos.

    Cerca de 13% dos cdigos usados nos perfis so de 3 e 4 nveis (de maior

    detalhe).

    (7) Caractersticas de funcionalidade relacionados com a (no) elegibilidade

    O nmero de categorias de funcionalidade para descrever alunos elegveis e

    no elegveis no difere significativamente.

    A gravidade das deficincias e limitaes/restries assinaladas nos alunos

    elegveis significativamente superior descrita dos no elegveis.

    Os Factores Ambientais descrevem, maioritariamente, facilitadores, em ambos

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    vida (4%), comparativamente aprendizagem e aplicao do conhecimento

    (45%).

    O PIT est presente apenas em 4% dos processos de alunos elegveis para os

    servios de educao especial com 12 ou mais anos de idade.

    A sala do regular o contexto de implementao das respostas mais frequente

    (em 98% dos casos).

    As UAMso referidas como contexto de interveno em 21% dos casos, entre

    os quais 86% dos processos contemplam a medida CEI.

    (9) Respostas educativas para os alunos no elegveis

    So definidas em mdia 2 medidas educativas por aluno.

    As medidas educativas mais frequentemente adoptadas para os alunos no

    elegveis so oplano de recuperao (40%) e o apoio educativo (40%).

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    CAPTULO IIIGrupos Focais

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    1. Introduo

    Aps a anlise documental dos processos dos alunos, importou, explorar as

    percepes e as opinies dos pais/encarregados de educao e profissionais dos

    agrupamentos de escolas acerca do Decreto-Lei n. 3/2008 e da sua implementao.

    Para possibilitar uma anlise exploratria e compreensiva do nosso objecto de estudo

    seleccionmos o mtodo grupo focal, que nos permitiu realizar uma anlise qualitativae rigorosa do discurso dos pais/encarregados de educao e profissionais acerca: (a)

    do modo como o Decreto-Lei n. 3/2008 est a ser implementado; (b) da utilizao da

    CIF como referencial para a avaliao dos alunos; (c) das responsabilidades dos

    diferentes agentes ao longo do processo de avaliao; (d) dos recursos existentes e da

    sua articulao. A elaborao do guio de entrevista que acompanhou os gruposfocais, pretendeu abranger os princpios e orientaes inscritas no Decreto-Lei,

    organizados, priori, em 7 tpicos:

    1 quo clara se assume a definio de alunos elegveis e, de que forma se

    operacionaliza nas tomadas de deciso acerca da elegibilidade (n. 1 do

    artigo 1 );

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    7 como se caracteriza a opinio actual sobre o Decreto-Lei face ao

    momento/adeso inicial sua implementao.

    Este estudo entronca nos objectivos gerais do Projecto, tendo tambm como intuito,

    fornecer informaes do domnio das percepes, sugestes de mudana para

    optimizar a implementao do Decreto-Lei n. 3/2008. Deste modo, foi nossa inteno

    clarificar os pontos mais crticos da sua implementao e contribuir com sugestes de

    mudana.

    Estes foram os principais eixos que nortearam a discusso nos grupos focais. No

    entanto, as facilitadoras permitiram e at facilitaram o surgimento de tpicos no

    considerados, priori, no guio de entrevista, tendo emergido a falta de formao

    como o assunto, no introduzido, que registou maior frequncia.Com os tpicos enunciados intentmos tambm responder s seguintes questes chave

    caracterizadores da dinmica educativa:

    haver uma relao entre a quantidade de discurso produzido e a importncia

    assumida pelos profissionais dentro da dinmica educativa e de

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    Tabela 3.1. Nmero de agrupamentos seleccionados por cada Direco Regional.

    DRE N. Agrup. Escolas Proporo no n. total de agrupamentos N. de grupos focais

    DREN 315 .33 12

    DREC 206 . 22 8

    DRELVT 284 . 31 12

    DREA 68 . 07 2

    DREALG 53 . 06 2

    Total 926 1.00 36

    Dos 36 agrupamentos de escolas seleccionados, 4 no tinham, no ano lectivo em que

    foram contactados, alunos ao abrigo do Decreto-Lei n. 3/2008, e, um outro, foi

    substitudo, por no momento do contacto no ter docentes de educao especial. Estes

    5 agrupamentos de escolas foram substitudos por agrupamentos de escolas da mesma

    direco regional. No caso da DREN, optmos por seleccionar 2 agrupamentos com

    escolas de referncia para a educao bilingue de alunos surdos para substituir os 2

    agrupamentos de escolas pertencentes a esta direco regional. Assim foram

    R l i Fi l

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    Tabela 3.2 Frequncia e percentagem de participantes por grupo profissional nos 33grupos focais.

    Grupo Profissional N. Participantes Agrup. Escolas

    Pai/Encarregado de Educao 28 (12,73%)

    Docente de Educao Especial 41 (18,64%)

    Director de Turma de 2 e 3 ciclo 55 (25,5%)

    Docente titular de turma 25 (11,36%)

    Elementos da Direco da Escola 34 (15,45%)

    Psiclogo 27 (12,27%)

    Terapeuta da Fala 7 (3,18%)

    Coordenador de Centro de Recursos para a Incluso2 (0,91%)

    Mdico 1 (0,45%)

    Total 220

    Em conformidade com o previsto no Decreto-Lei n. 3/2008 (cf. artigo 23.), para esta

    modalidade especfica de educao ERAS, solicitmos aos 2 agrupamentos de

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    hora de intervalo da escola) foi efectuada pausa na discusso para retomar logo que

    possvel.

    Ao iniciar a reunio, os participantes apresentavam-se e de seguida, a facilitadora

    referia os objectivos do projecto e lembrava que a reunio seria gravada para posterior

    transcrio e anlise dos discursos, garantindo o anonimato e a confidencialidade.

    Os primeiros 7 grupos focais foram realizados por 2 facilitadoras, com vista troca de

    opinies sobre o guio elaborado, e os restantes 28 foram dinamizados por umafacilitadora.

    Nos grupos focais a facilitadora tinha como funo colocar as perguntas e moderar a

    discusso, quando necessrio. Nessas tarefas, interveio, em mdia 29,18 vezes por

    grupo focal, registando o valor mnimo de 11 intervenes e o mximo de 62

    intervenes.Nos 35 grupos focais o tempo de durao mdio de cada grupo focal foi de 111

    minutos (durao mnima 48 minutos e durao mxima 202 minutos).

    Os grupos focais foram transcritos atravs do programa Express Dictate v 5.09 NCH

    Software, constituindo-se o corpus da anlise.

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    a que correspondeu determinada categoria ou subcategoria. Assim, sempre que numa

    interveno do participante surgisse uma categoria, retirmos a frase que melhor

    descrevesse a opinio do participante, no permitindo a seleco de mais do que uma

    unidade de registo numa interveno.

    Tivemos o cuidado que cada unidade de registo fosse pertena de uma s categoria.

    Todavia, dado o elevado nmero de participantes, a complexidade da problemtica em

    estudo e, uma vez que pretendamos ser exaustivas na anlise das situaespermitimos que dentro de cada categoria as subcategorias no fossem sempre

    mutuamente exclusivas. Sempre que a unidade de registo se aproximou de duas

    categorias ou subcategorias, usmos esse facto para relacionar os assuntos referidos.

    O sistema de categorizao resultou de um processo interactivo entre as reas/tpicos

    abordados no guio de entrevista, decorrentes do conhecimento emprico do Decreto-Lei n.3/2008 e, a anlise dos discursos expostos ao longo dos grupos focais.

    Deste modo, o sistema obedeceu a uma organizao hierrquica contemplando: temas,

    na sua maioria, decorrentes dos tpicos/reas introduzidas pelo nosso guio de

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    Ao longo da anlise dos grupos focais foram medidos os acordos entre os

    investigadores. Os valores dos acordos obtidos situaram-se entre os 90 e os 95%.Assim, os temas definidos disseram respeito, na sua maioria, ao que inicialmente

    tnhamos inteno de analisar, coincidindo com os tpicos/reas introduzidas pelo

    nosso guio de entrevista (objecto e mbito do Decreto-Lei n. 3/2008; processo de

    avaliao dos alunos por referncia CIF; envolvimento no processo de avaliao e

    no PEI, dos docentes titulares de turma, dos directores de turma, dos diferentesprofissionais e dos pais/encarregados de educao; articulao/colaborao entre os

    profissionais internos e externos escola; apoios existentes para os alunos elegveis;

    apoios existentes para os alunos no elegveis; sntese avaliativa final do Decreto-Lei

    e sugestes de mudana). A transio entre as reas/tpicos presentes no guio de

    entrevista e os temas constitudos na nossa anlise foi um processo, quase semprelinear, que passmos a descrever:

    1. o discurso enunciado pelos participantes primeira questo de mbito geral

    acerca do grupo alvo de alunos para os apoios especializados, a

    elegibilidade dos alunos para a educao especial foi definido como um dos

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    respostas educativas para os alunos elegveis. Outro tema disse respeito aos

    apoios existentes para os alunos no elegveis.6. as questes colocadas aos participantes nos grupos focais sobre a sntese

    avaliativa final do Decreto-Lei n. 3/2008 (mais valias acerca do mesmo,

    mudanas que fariam no Decreto-Lei, e evoluo da opinio acerca deste)

    reuniu discurso dos participantes cujo tema atribudo foi opinio geral acerca

    do Decreto-Lei n 3/2008;7. adicionalmente a estes temas, o tema formao surgiu posteriori nesta

    anlise, pela recorrncia frequente a este tpico por parte dos participantes

    nos grupos focais. Como facto confirmatrio da presena elevada do tema

    formao, esta palavra foi uma das palavras (com significado isolado) mais

    mencionadas nos grupos de discusso.

    Para alm deste tema, surgiu no discurso dos participantes a referncia

    presena/ausncia de condies cujo impacto influencia a implementao do Decreto-

    Lei n.3/2008, resultando em categorias independentes que no foram passveis de

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    Tabela 3.4 - Sistema de categorizao usado para a anlise do discurso dos participantes nos grupos focais: temas, categorias, subcategorias e exemplos de discurso

    TemaCategoria Subcategorias

    Exemplo de discurso

    - Definio encontra-se descrita

    de uma forma clara

    Esta legislao d-nos orientaes bastante mais precisas daquelesmeninos, daqueles que devem ser includos, ter um apoio especfico pela

    educao especial.Clareza da definio de aluno elegvelQuo clara se encontra a definio de alunoelegvel no Decreto-Lei n.3/2008.

    - Definio encontra-se descritade uma forma pouco clara

    porque a lei no diz claramente quem entra e quem no entra.

    - Elegibilidade assentana severidade das,limitaes/deficincias

    Para poderem entrar no 3 tm de ter um nvel 3 ou 4 numa das funesdo corpo;

    - Elegibilidade no abrangedeterminados grupos diagnsticose alteraes decorrentes defactores ambientais

    a dislexia no est l. As dificuldades de aprendizagem, os problemasemocionais, a hiperactividade, saram;

    - Elegibilidade depende derelatrio mdico

    A lei diz l que devemos pedir um relatrio mdico mas a quem?

    (a) Elegibilidade

    Opinio acerca da definio do alunoelegvel e dos critrios que lhe estosubjacentes.

    Critrios subjacentes definio de alunoelegvel

    Critrios considerados na definio de alunoelegvel, determinantes para a sua deciso.

    - Elegibilidade assente no carcterpermanente das dificuldades

    Se calhar o termo "permanente" que sinnimo de deficincia que, nomeu entender est mal e que aperta a malha.

    - CIF permite uma melhorcompreenso das necessidadesdos alunos

    Para mim a CIF e enquanto professora sem formao um

    documento e ferramenta que me ajuda a compreender a essnciada minha criana;

    - CIF abordagem ambientalda participao

    Pensar em barreiras, pensar em coisas positivas que os alunostm e com a famlia prxima. Isso tudo comeou a ser falado e no

    era falado anteriormente;

    (b) Avaliao dos alunos porreferncia CIF

    Opinies acerca da contribuio daCIF como referencial para aavaliao, assim como da suautilizao.

    Contribuio da CIF para a avaliaodos alunosForma como os participantes descrevem ocontributo do uso da CIF enquantoreferencial para a descrio dos resultadosda avaliao dos alunos.

    - CIF permite planearinterveno

    Conseguimos deslumbrar muito melhor o que tnhamos e cadacaso ver como que constitudo para que as estratgias que ns

    traamos luz desta avaliao seja realistas, e no criar cenrios

    imaginrios que muitas vezes no eram concretos .

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    - CIF contribui para umaabordagem negativa dafuncionalidade

    E quando eu digo que isto, a CIF realmente veio para catalogar

    os meninos porque nalgumas reas ou nalguns professores notasse

    que serviu para isso.

    - Obteno dos qualifi