O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO GRADUAÇÃO EM DESIGN O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA CARUARU 2017

Transcript of O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO NUacuteCLEO DE DESIGN E COMUNICACcedilAtildeO

GRADUACcedilAtildeO EM DESIGN

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

CARUARU 2017

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso de graduaccedilatildeo apresentado ao curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Design Orientadora Ma Geni Pereira dos Santos

CARUARU

2017

Catalogaccedilatildeo na fonte

Bibliotecaacuteria ndash Simone Xavier CRB4 - 1242

S586h Silva Diego Leandro Xavier da O Humor e a Ludicidade do Memphis no Design de Moda Diego Leandro Xavier da

Silva ndash 2017 116f il 30 cm Orientadora Geni Pereira dos Santos Monografia (Trabalho de Conclusatildeo de Curso) ndash Universidade Federal de

Pernambuco CAA Design 2017 Inclui Referecircncias 1 Design 2 Moda 3 Humor 4 Emoccedilatildeo 5 Memphis I Santos Geni Pereira

dos (Orientadora) II Tiacutetulo

740 CDD (23 ed) UFPE (CAA 2017-339)

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em Design

Aprovado em 19122017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profordf Ma Geni dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordm Dr Mario Faria de Carvalho

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordf Dra Flaacutevia Zimmerle

Universidade Federal de Pernambuco

Dedico este trabalho aos meus pais amigos e todos aqueles que torceram pelo meu sucesso profissional

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

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Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso de graduaccedilatildeo apresentado ao curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Design Orientadora Ma Geni Pereira dos Santos

CARUARU

2017

Catalogaccedilatildeo na fonte

Bibliotecaacuteria ndash Simone Xavier CRB4 - 1242

S586h Silva Diego Leandro Xavier da O Humor e a Ludicidade do Memphis no Design de Moda Diego Leandro Xavier da

Silva ndash 2017 116f il 30 cm Orientadora Geni Pereira dos Santos Monografia (Trabalho de Conclusatildeo de Curso) ndash Universidade Federal de

Pernambuco CAA Design 2017 Inclui Referecircncias 1 Design 2 Moda 3 Humor 4 Emoccedilatildeo 5 Memphis I Santos Geni Pereira

dos (Orientadora) II Tiacutetulo

740 CDD (23 ed) UFPE (CAA 2017-339)

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em Design

Aprovado em 19122017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profordf Ma Geni dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordm Dr Mario Faria de Carvalho

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordf Dra Flaacutevia Zimmerle

Universidade Federal de Pernambuco

Dedico este trabalho aos meus pais amigos e todos aqueles que torceram pelo meu sucesso profissional

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

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da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

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Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

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parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

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diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

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Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

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Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

28

Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

29

Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

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bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

Catalogaccedilatildeo na fonte

Bibliotecaacuteria ndash Simone Xavier CRB4 - 1242

S586h Silva Diego Leandro Xavier da O Humor e a Ludicidade do Memphis no Design de Moda Diego Leandro Xavier da

Silva ndash 2017 116f il 30 cm Orientadora Geni Pereira dos Santos Monografia (Trabalho de Conclusatildeo de Curso) ndash Universidade Federal de

Pernambuco CAA Design 2017 Inclui Referecircncias 1 Design 2 Moda 3 Humor 4 Emoccedilatildeo 5 Memphis I Santos Geni Pereira

dos (Orientadora) II Tiacutetulo

740 CDD (23 ed) UFPE (CAA 2017-339)

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em Design

Aprovado em 19122017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profordf Ma Geni dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordm Dr Mario Faria de Carvalho

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordf Dra Flaacutevia Zimmerle

Universidade Federal de Pernambuco

Dedico este trabalho aos meus pais amigos e todos aqueles que torceram pelo meu sucesso profissional

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

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parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

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Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

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de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

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O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

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No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

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Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

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posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

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O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

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De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

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efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

DIEGO LEANDRO XAVIER DA SILVA

O HUMOR E A LUDICIDADE DO MEMPHIS NO DESIGN DE MODA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Design do Centro Acadecircmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em Design

Aprovado em 19122017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profordf Ma Geni dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordm Dr Mario Faria de Carvalho

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profordf Dra Flaacutevia Zimmerle

Universidade Federal de Pernambuco

Dedico este trabalho aos meus pais amigos e todos aqueles que torceram pelo meu sucesso profissional

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

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da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

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Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

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De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

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De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

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Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

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parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

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Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

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Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

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Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

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tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

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categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

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movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

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A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

Dedico este trabalho aos meus pais amigos e todos aqueles que torceram pelo meu sucesso profissional

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

28

Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

29

Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

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bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente ao divino que me fez ser forte para a realizaccedilatildeo deste

meu estudo em meio aos obstaacuteculos da vida

A minha famiacutelia que sempre me enviou forccedilas e boas energias principalmente a

minha matildee e meu pai que colaboraram de forma significativa me auxiliando em todos

os sentidos desde crianccedila e durante a vida acadecircmica

A minha voacute paterna que nos deixou em 2014 mas que desde pequeno me

ajudou para que eu tivesse acima de tudo uma boa educaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo

profissional e que sempre torceu por mim Com certeza ela estaacute feliz em ver que

concluo mais uma etapa da minha vida e ficaraacute ainda mais ao me ver aplicar todos os

conhecimentos que fui capaz de aprender consigo e ao longo da minha jornada

educacional

Aos meus amigos de infacircncia e da universidade os quais dividiram suas

vontades de crescermos juntos profissionalmente apoacutes concluirmos a graduaccedilatildeo

Agrave minha orientadora Geni Pereira que foi um dos primeiros passos a fazer com

que o meu trabalho pudesse fluir de maneira tranquila e gradativa e que me fez

perceber ainda mais a importacircncia do profissionalismo

Aos meus professores acadecircmicos que foram essenciais para o processo de

aprendizado que obtive natildeo soacute para aplica-los nesta minha pesquisa mas em breves

e futuros trabalhos

Aos artistas em geral e principalmente os designers que abraccedilaram o estilo do

Memphis como diferencial das suas criaccedilotildees e que serviram grandemente como

inspiraccedilotildees para noacutes designers

A todos os que estiveram comigo ao longo desse periacuteodo e que me desejaram

de modo verdadeiro as positividades para que eu pudesse chegar ateacute aqui

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

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apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

28

Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

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Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

RESUMO

O presente trabalho de monografia parte do tema da esteacutetica do Movimento Memphis

como inspiraccedilatildeo para o design de vestuaacuterio O propoacutesito desse movimento foi

diferenciar-se do tradicionalismo e minimalismo que imperavam no design mais

especificamente o mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos e na arquitetura aacutereas que

seguiam durante deacutecadas os princiacutepios esteacuteticos instruiacutedos pela escola alematilde

intitulada Bauhaus que conduzia seus alunos a fim de projetar os objetos com

simplicidade e coerecircncia nos formatos e em outros elementos configurativos como a

cor e os materiais A esteacutetica do movimento Memphis se diferenciou do estilo proposto

pela Bauhaus ao ser estruturada com a aplicaccedilatildeo significativa de formas texturas

visuais e os contrastes cromaacuteticos como principais elementos caracteriacutesticos que

influenciaram profissionais das aacutereas do design bem como a moda e produtos a

adaptar o conceito esteacutetico do movimento agraves suas criaccedilotildees Pretende-se como

objetivo adequar as principais caracteriacutesticas esteacuteticas do movimento Memphis agrave uma

coleccedilatildeo de peccedilas de vestuaacuterio partindo da leitura do sentido de construccedilatildeo do humor

a partir dos elementos plaacutesticos (cores formatos texturas visuais volumes) a fim de

contribuir com a desconstruccedilatildeo simboacutelica na experiecircncia emocional do design

Palavras-chave Design Moda Memphis Humor Emoccedilatildeo

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

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da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

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Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

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De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

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De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

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Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

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parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

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apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

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Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

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Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

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244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

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A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

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O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

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As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

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bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

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O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

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Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

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Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

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Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

ABSTRACT The present monograph work starts from the theme of the aesthetics of the Memphis Movement as inspiration for the design of clothing The purpose of this movement to differentiate the project more specifically the furniture and household utensils and the architecture areas that follow in the decades of use of high school by the German school called Bauhaus that led its students and aim to design the objects with simplicity and consistency in formats and other configurational elements such as color and materials An aesthetic of the Memphis movement differed from the style proposed by the Bauhaus to be structured with a significant application of forms visual textures and chromatic contrasts as main characteristic elements that influenced the areas of design as well as a fashion and products a adapt aesthetic concept of the movement to their creations The goal is to adapt the main aesthetic characteristics of the Memphis movement to a collection of garments part of reading the background of the construction of humor from the plastic elements (cores shapes visual textures volumes) in order to contribute with a symbolic deconstruction in the emotional experience of design Keywords Design Fashion Memphis Humor Emotion

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

28

Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

29

Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

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bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore __ 15 Figura 2 luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo) _________________ 16 Figura 3 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt (Bauhaus) __________________________ 19 Figura 4 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis) ______________________________ 19 Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt__________________________________ 19 Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis) ______________________ 20 Figura 7 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire ________________________________________ 23 Figura 8 Formas geomeacutetricas ________________________________________________________ 23 Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi _______________________________ 24 Figura 10 Roda das Cores ___________________________________________________________ 25 Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini ___________________________________ 26 Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini __________________________________________ 27 Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi __________________________________ 28 Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley ______________________________ 29 Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini _________________________ 30 Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass _________________________________________ 30 Figura 17 Mesa Brasil 1981 Peter Shire ______________________________________________ 32 Figura 18 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini_________________________________________ 32 Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass _____________________________________ 33 Figura 20 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass _________________________________________ 34 Figura 21 Bule 1984 Peter Shire _____________________________________________________ 34 Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun _______________________________________ 34 Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini _____________________________________ 35 Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi __________________________________________ 36 Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden ________________________________________ 37 Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum ____________________________ 38 Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi _____________________________________ 40 Figura 28 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi ____________________________________ 41 Figura 29 Partes da peccedila Flamingo segregadas ________________________________________ 41 Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass ____________________________ 42 Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves ____________________ 42 Figura 32 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi _____________________________________ 43 Figura 33 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante Carlton ______ 43 Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin ______________________________ 44 Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini _________________________________ 45 Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi ______________________________________ 46 Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden ____________________________________ 47 Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi __________________________________ 48

Figura 39 Lacircmpada de Assoalho da Copa das agravervores 1981 Ettore Sottsass______________ 46 Figura 40 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi ________________________ 49 Figura 41 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian Dell _____________ 54 Figura 42 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass ___________________ 54 Figura 43 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira _________________________________ 58 Figura 44 Obra Un Piccolo Omaggio a Mondrian _______________________________________ 58 Figura 45 Jogo de Tabuleiro _________________________________________________________ 59 Figura 46 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass _____________________________ 59 Figura 47 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass____________________________ 59 Figura 48 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira _________________________________ 59 Figura 49 Brinquedo Lego ___________________________________________________________ 60 Figura 50 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass __________________________________________ 60

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

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Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

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De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

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De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

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parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

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apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

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inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

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Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

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Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

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Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

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Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

Figura 51 Carro Azul Para hamster ___________________________________________________ 61 Figura 52 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin ______________________________ 61 Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores ___ 62 Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010 __ 69 Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na

esteacutetica do Movimento Memphis ______________________________________________________ 70 Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino

inspiradas no Movimento Memphis ____________________________________________________ 71 Figura 57 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga _____________________________ 72 Figura 58 Mesa de Lado 1987 Peter Shire ____________________________________________ 72 Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino _________________________ 73 Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi ____________________________ 73 Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 215 Inspirada na Barbie Moschinho _____________ 74 Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls Primavera 2017

Moschino ___________________________________________________________________________ 75 Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950 __________________________________ 75 Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo ______________________________ 76 Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo______________________________________________________ 80 Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees ______________________________________________________ 80 Figura 68 Paleta de Cores ___________________________________________________________ 81 Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 83 Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 84 Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 85 Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 86 Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo ____________________________________ 87 Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 88 Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______________ 89 Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _______ 90 Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 91 Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte ________________ 92 Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 93 Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 94 Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 95 Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 96 Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe ____________________________________ 97 Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________________ 98 Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte _____________________________ 99 Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 100 Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe Fonte ____________________________ 101 Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________________ 102 Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 103 Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 104 Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 105 Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe _____________ 106 Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe __________________________________ 107 Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe ______________ 108 Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 109

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

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inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

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Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

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Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

37

texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (Origem) 14

21 A Era do Poacutes-modernismo 14

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis 17

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do memphis 20

24 Leitura Visual Das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias Conceituais da Gestalt 29

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis 39

26 Conclusatildeo das anaacutelises 50

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA 53

31 A Experiecircncia do Luacutedico 56

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis) 57

32 Emoccedilatildeo e Humor 62

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA 69

41 Definiccedilatildeo do Problema 69

42 Componentes do Problema 69

43 Coleta de Dados dos Componentes 69

431 A Moda e o Memphis 69

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda) 72

433 Marcas Similares 73

434 Puacuteblico Alvo 77

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo 77

436 Materiais e Tecnologias 78

437 Paineacuteis Semacircnticos 80

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe 82

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 111

REFEREcircNCIAS 112

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA 113

ANEXO B - EDITORIAL 114

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

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Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

29

Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

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Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

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As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Memphis foi um importante movimento que marcou o design nos anos de

1980 com o discurso de inovaccedilatildeo que se apoiou nas artes para atribuir nova esteacutetica

ao mobiliaacuterio e utensiacutelios domeacutesticos Essa adequaccedilatildeo artiacutestica contribuiu inclusive

na desconstruccedilatildeo simboacutelica e na reconstruccedilatildeo dos valores de ludicidade nos objetos

desse movimento

As peccedilas do Memphis se estruturam a partir da desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo das

formas diversificaccedilatildeo cromaacutetica uso de efeitos visuais de superfiacutecie texturas e a

intensidade dos volumes Esses foram os principais artifiacutecios visuais pertinentes na

proposiccedilatildeo do divertimento que parte da composiccedilatildeo esteacutetica no design de produtos

Ademais eacute com olhar voltado agrave construccedilatildeo de efeitos esteacuteticos que

buscamos responder as seguintes questotildees dos problemas de pesquisa

1 - Eacute possiacutevel adequar o efeito esteacutetico da ludicidade que se estrutura nas peccedilas

do Memphis no design de vestuaacuterio

2 - Que tipos de composiccedilotildees de elementos plaacutesticos (formas cores e superfiacutecies)

podem ser representados no design de vestuaacuterios que permitam provocar o

sentido de humor

A partir do estudo desses conceitos e da compreensatildeo da estrutura esteacutetica das

peccedilas do movimento Memphis o problema de design eacute compreendido na adequaccedilatildeo

esteacutetica que permita construir o efeito de ludicidade no vestuaacuterio

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em realizar uma coleccedilatildeo de moda

inspirada na esteacutetica do Memphis que permita provocar o riso a partir da

representaccedilatildeo da ludicidade Dessa maneira buscamos investigar as caracteriacutesticas

esteacuteticas do movimento Memphis a partir das leis da Gestalt compreendendo como os

elementos visuais se relacionam na construccedilatildeo da expressatildeo luacutedica que produz o

efeito da emoccedilatildeo

A fundamentaccedilatildeo teoacuterica que trata das categorias conceituais da Gestalt visou

compreender como o design pode se estabelecer como construccedilatildeo de sentido da

ludicidade a partir da composiccedilatildeo dos elementos visuais (contrastes equiliacutebrio

desequiliacutebrio harmonia e desarmonia)

12

De modo fundamental e do ponto de vista do design a pesquisa trata sobre a

emoccedilatildeo e o humor Dessa maneira o trabalho se apoiou na obra Design Emocional

de Donald Norman para entender como expressotildees do design se constroem a partir

da percepccedilatildeo esteacutetica e das lembranccedilas e experiecircncias afetivas

No processo criativo de desenvolvimento da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos

a compreensatildeo dos fundamentos da Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes Filho (2004) e

de Design Emocional de Donald Norman (2004) a partir da metodologia projetual de

Bruno Munari (1981) procedimento que viabilizou a elaboraccedilatildeo do produto final

Na etapa do design do vestuaacuterio partimos da definiccedilatildeo do problema coleta de

dados bem como na observaccedilatildeo do universo de moda de trabalhos que partiram das

caracteriacutesticas esteacuteticas do Memphis marcas similares que trabalham com o mesmo

seguimento esteacutetico da ludicidade nos vestuaacuterios e estudos de puacuteblico-alvo Por fim

buscamos adequar melhor o aproveitamento de materiais e da tecnologia agrave

concretizaccedilatildeo das principais peccedilas da coleccedilatildeo

A monografia divide-se em trecircs capiacutetulos No primeiro capiacutetulo tratamos o

cenaacuterio antecessor ao Memphis que se sustentava pela ambiguidade e simplicidade

nas caracteriacutesticas visuais dos objetos Aleacutem disso ressaltamos a chegada do periacuteodo

poacutes-moderno nos anos de 1950 como alavanco para a construccedilatildeo do discurso da

ruptura com os paradigmas esteacuteticos e simboacutelicos nos produtos Buscamos

compreender a esteacutetica do movimento Memphis com suas principais formas

elementares (cor formatos e texturas) e tambeacutem a partir dos princiacutepios da Gestalt

bem como as categorias conceituais e suas leis que se mostram pertinentes atributos

visuais para a construccedilatildeo do sentido de divertimento na esteacutetica

No segundo capiacutetulo buscamos destacar o design e a experiecircncia que se

apresenta como ponto fundamental dos embasamentos teoacutericos sobre a relaccedilatildeo do

aspecto luacutedico para o estiacutemulo da sensaccedilatildeo de humor O capiacutetulo apresenta a anaacutelise

de similares o qual permitiu entender como o aspecto luacutedico eacute tambeacutem desenvolvido

na esteacutetica Memphis Buscamos apoio nos conhecimentos de Donald Norman (2004)

a fim de compreender os efeitos que a ludicidade pode proporcionar Esses conceitos

se mostram relevantes na ressignificaccedilatildeo de produtos natildeo soacute do mobiliaacuterio mas

tambeacutem na aacuterea da moda

No terceiro capiacutetulo analisamos o mercado da moda contemporacircnea e

observamos como este tem se diferenciado ao adequar os efeitos visuais de

representaccedilatildeo do luacutedico nos vestuaacuterios Observou-se isso natildeo soacute a partir da temaacutetica

13

do Memphis mas tambeacutem de outras caracteriacutesticas visuais (esteacutetica de jogos

passatempos temaacuteticas que buscam inspiraccedilatildeo na natureza) que satildeo pertinentes para

o estiacutemulo dos prazeres bem como o bem-estar e o riso

Apresentamos o cenaacuterio do design de moda mais especificamente o vestuaacuterio

das coleccedilotildees de marcas nacionais e internacionais que trabalham aspectos visuais

que representam o luacutedico tambeacutem presentes nos objetos do Memphis como a

disposiccedilatildeo das formas e a diversificaccedilatildeo das cores

No processo metodoloacutegico do design da coleccedilatildeo de vestuaacuterios adaptamos o

meacutetodo de projeto de Bruno Munari (1981) agraves necessidades do nosso trabalho desde

o entendimento do problema ateacute a soluccedilatildeo final com a apresentaccedilatildeo das peccedilas do

vestuaacuterio

As consideraccedilotildees finais apresentam nossos pensamentos sobre como essa

adequaccedilatildeo de efeitos esteacuteticos se tornou relevante para que o design se tornasse

cada vez mais proacuteximo de seus usuaacuterios a fim de impulsionar as suas relaccedilotildees

afetivas com o intuito de que o trabalho se torne essencial na construccedilatildeo de projetos

futuros relacionados aos valores esteacuteticos e emocionais

14

2 O MOVIMENTO MEMPHIS (ORIGEM)

Desde as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute meados da deacutecada de 70 os

princiacutepios funcionalistas imperavam no design de produtos Em 1919 com a chegada

da escola alematilde de design artes plaacutesticas e arquitetura intitulada Bauhaus o discurso

lsquorsquoLess is morersquorsquo (menos eacute mais) foi exaltado pelos artistas que faziam parte da

instituiccedilatildeo

Embora a escola buscasse instruir os seus alunos a partir de preceitos racionais

juntamente agrave arte acreditava-se que os projetistas deveriam possibilitar a facilidade e

agilidade na confecccedilatildeo dos produtos aleacutem de torna-los essenciais para exercerem

suas funccedilotildees mecacircnicas

Ou seja aleacutem de todo o pensamento voltado para a produccedilatildeo seriada dos

produtos na eacutepoca o fundamento da Bauhaus se constituiacutea em priorizar a aparecircncia

simples o estilo moderno e minimalista Os objetos em sua maioria comunicavam

com clareza sua funccedilatildeo de uso atraveacutes de uma esteacutetica que possuiacutesse o miacutenimo

possiacutevel de elementos visuais evitando a diversificaccedilatildeo de formas e cores

Vanessa Beatriz Bortulucce (2008) na obra A Arte dos Regimes Totalitaacuterios do

Sec XX afirma que a Bauhaus produziu em seus espaccedilos peccedilas industriais como

moacuteveis e utensiacutelios e que eram objetos ordenados por severidade nas formas

O estilo moderno se sustentou a partir da linguagem simplificada e natildeo possuiacutea

liberdade no uso de elementos esteacuteticos O discurso de profissionais da eacutepoca

constituiacutea-se em projetar havendo essas limitaccedilotildees que de acordo com os ensinos da

Bauhaus eram os princiacutepios baacutesicos do design Poreacutem a ideia de destacar a esteacutetica

de formas simples e minimalistas nos produtos comeccedilou a ser desconstruiacuteda no

periacuteodo poacutes-moderno

21 A Era do Poacutes-modernismo

O periacuteodo poacutes-moderno marcou os campos sociais e poliacuteticos no final da deacutecada

de 1950 Nos acircmbitos artiacutesticos o poacutes-modernismo foi uma nova forma de expressatildeo

para a arquitetura artes plaacutesticas e posteriormente o design O movimento poacutes-

modernista surgiu a partir da liberdade e da redescoberta da ornamentaccedilatildeo A partir

15

da manifestaccedilatildeo visual moderna e minimalista proposta pela Bauhaus houve uma

insatisfaccedilatildeo por parte de designers e arquitetos com a ordem e a seriedade que se

instaurou nos produtos

Ao se referir ao poacutes-moderno em sua obra Complexidade e Contradiccedilatildeo na

Arquitetura Robert Venturi (1995) afirma que esse movimento sugeriu a vitalidade

desordenada e parodiava a famosa frase modernista lsquorsquomenos eacute maisrsquorsquo ao afirmar que

na verdade menos eacute um teacutedio

O poacutes-modernismo ampliou a imaginaccedilatildeo de muitos profissionais com a

proposta de experimentar elementos visuais de movimentos artiacutesticos como o

Surrealismo o Dadaiacutesmo o Pop art o Art Nouveau e a Arte conceitual Muitas obras

de arquitetos eram reconhecidas por se distanciarem da esteacutetica simplificada no uso

de elementos visuais e apresentar uma ampla liberdade ilimitada nas formas cores e

efeitos de superfiacutecie

Para exemplificar Dempsey argumenta que a obra arquitetocircnica Piazza drsquoitalia

(cf Figura 1) do norte-americano Charles Moore lsquorsquoEacute uma faccedilanha arquitetocircnica festiva

em sua teatralidade e que apresenta uma espirituosa montagem de motivos claacutessicos

da arquitetura na forma de um palcorsquorsquo (2003 p 269)

Figura 1 Obra Arquitetocircnica Piazza dItalia (Poacutes- modernismo)1976-1979 Charles Moore

Fonte httparquitetandoteoriablogspotcombr201010um-dos-primeiros-trabalhos-realizados_06html Acesso em 8 de setembro de 2017

16

Dempsey (2003) afirma que as edificaccedilotildees trocaram as estruturas despojadas

tradicionais e minimalistas por formas ambiacuteguas e contraditoacuterias animadas por motivos

cocircmicos a estilos histoacutericos buscando inspiraccedilatildeo de culturas passadas atraveacutes da

utilizaccedilatildeo de cores diversificadas e surpreendentes Na Itaacutelia os movimentos Radical

Design e Anti-design sinalizavam o discurso de abandonar o estilo tradicional e

funcionalista tambeacutem no design servindo assim como estilos que influenciaram a

esteacutetica do Memphis

Maluf (2016) afirma que

A grande heranccedila do Memphis pode ser creditada aos movimentos vanguardas italianos Radical Design e Anti-design Eles contestavam o funcionalismo e o racionalismo do estilo moderno internacional valorizando a expressatildeo criativa e a diferenciaccedilatildeo cultural Ambos criaram os fundamentos teoacutericos para o futuro movimento poacutes-moderno (MALUF 2016 p78)

A relaccedilatildeo do Memphis com o periacuteodo poacutes-moderno surge quando os designers

italianos Ettore Sottsass e Michele de Lucchi aderiam a liberdade da esteacutetica poacutes-

modernista em trabalhos do final dos anos de 1970 A nomenclatura lsquorsquoMemphisrsquorsquo ainda

natildeo existia mas a vontade de mudar o aspecto dos objetos por parte de alguns

designers se acentuava

Michele de Lucchi projetou em 1978 a Luminaacuteria Sinerpica (cf Figura 2) que em

italiano significa lsquoela treparsquo uma peccedila inspirada nas plantas trepadeiras A luminaacuteria

apresenta uma esteacutetica diversificada utilizando o efeito de movimento a partir das

formas e a aplicaccedilatildeo de cores diversas Trata-se das caracteriacutesticas marcantes do

estilo poacutes-moderno que posteriormente foram adequadas ao movimento Memphis

Figura 2 Luminaacuteria Sinerpica 1978 Michele de Lucchi (Poacutes-modernismo)

Fonte httpcataloguedrouotcomref-drouotlot-ventes-aux-encheres-drouotjspid=58778

Acesso em 7 de setembro de 2017

17

De certo modo o poacutes-modernismo impulsionou designers como Michele de

Lucchi a trabalhar com as mesmas caracteriacutesticas esteacuteticas que originalmente

encontravam-se na arquitetura como os formatos geomeacutetricos tridimensionais e a

pluralidade de cores e que depois serviu de inspiraccedilatildeo para o design

Segundo Dempsey

Tambeacutem designers aderiram agraves teacutecnicas do poacutes-modernismo A partir dos anos 60 uma insatisfaccedilatildeo com a ordem e uniformidade associadas agrave Bauhaus levou a inovaccedilotildees que envolviam experiecircncias com cores e texturas e se inspiravam em motivos decorativos do passado por meio de uma abordagem tambeacutem conhecida como adhocismorsquorsquo (2003 p271)

Dessa maneira eacute possiacutevel associar a esteacutetica de muitos trabalhos desenvolvidos

no periacuteodo considerado como poacutes-modernismo agraves peccedilas do movimento Memphis

ainda que os princiacutepios poacutes-modernos prevalecessem com mais evidecircncia nas obras

de arte e arquitetocircnicas estes foram de vital importacircncia para atribuir a linguagem

artiacutestica e o discurso que o Memphis construiu

22 A construccedilatildeo do Discurso do Movimento Memphis

Para exemplificar os propoacutesitos do Memphis Dijon de Moraes afirma que

Era a vez do produto contestador irocircnico luacutedico amigo e soft Era a oportunidade de criticar o estilo moderno a alta tecnologia predominante e ainda o conformismo esteacutetico da produccedilatildeo seriada Os produtos pertinentes a esses movimentos procuravam salientar os aspectos semioacuteticos subjetivos culturais e comportamentais do ser humano em detrimento aos tecnoloacutegicos e funcionaisrsquorsquo (DE MORAES 1999 p55)

O Memphis foi criado por um grupo de designers comandado pelo renomado

designer Italiano Ettore Sottsass que jaacute seguia a esteacutetica poacutes-modernista Os

profissionais se reuniam pela primeira vez enquanto a canccedilatildeo de Bob Dylan lsquorsquoMemphis

Bluersquorsquo tocava no ambiente Segundo Dempsey (2003) apropriar-se do nome da

canccedilatildeo representou bem a linguagem ecleacutetica do movimento Memphis

Aleacutem de Ettore Sottsass pioneiro do movimento outros designers italianos como

o Marco Zanini Matteo Thun Baacutebara Radice e Michele De Lucchi fizeram parte do

Memphis O novo estilo reuniu tambeacutem profissionais de origem francesa como Martine

Bedin e Nathalie du Pasquier e o britacircnico George Sowden O norte-americano Peter

Shire e o japonecircs Masanori Umeda tambeacutem aderiram aos princiacutepios do movimento

18

De acordo com Mozota lsquorsquo[] o grupo Memphis de designers italianos celebrou o

decliacutenio do dogma funcionalista em sua esteacutetica privilegiando o siacutembolo em

detrimento da funccedilatildeorsquorsquo (2011 p 41) Ou seja a disseminaccedilatildeo dos princiacutepios poacutes-

modernos foi de vital importacircncia para que o design se constituiacutesse natildeo apenas de

normas e funccedilotildees teacutecnicas mas tambeacutem emotivas em seus projetos

Maluf (2016 p 78) afirma que lsquorsquoA discussatildeo era em torno da funcionalidade dos

objetos em detrimento a sua esteacutetica e simbologia O grupo Memphis criticava a forma

dos objetos em relaccedilatildeo agrave sua funcionalidade (ignorando suas outras funccedilotildees como a

esteacutetica e a simboacutelica) rsquorsquo

Dessa maneira o movimento Memphis se destoou dos dogmas funcionalistas e

aderiu agrave pluralidade de elementos esteacuteticos como a cor formas e os efeitos de

superfiacutecie atraveacutes do discurso libertador de priorizar a arte natildeo soacute para meios

praacuteticos funcionais mas para atribuir valor esteacutetico e emocional ao design

A luminaacuteria (cf Figura 3) tem esteacutetica simplificada em poucas formas e

apresenta uniformidade na cor que se distribui em todo o objeto Aleacutem disso a

luminaacuteria aparenta ter sido projetada especificamente para funcionar em um acircngulo

preciso de modo a iluminar determinado espaccedilo em seu uso

De modo distinto a luminaacuteria Tahiti (cf Figura 4) com esteacutetica do Memphis

apresenta uma maior variedade de formas cores e texturas aleacutem de exercer sua

funccedilatildeo de iluminar determinado ambiente

19

Os objetos produzidos a partir dos fundamentos da Bauhaus tambeacutem possuem

formas geomeacutetricas Poreacutem haacute mais uniformidade diferentemente do Memphis que

priorizou a pluralidade dessas formas em um soacute produto No design do Serviccedilo de chaacute

e cafeacute (cf Figura 5) um conjunto de utensiacutelios domeacutesticos Marianne Brandt utilizou

formas geomeacutetricas e a uniformidade na cor e no material

Figura 5 Serviccedilo de chaacute e cafeacute 1924 Marianne Brandt

Fonte httptipografosnetbauhausmarianne-brandthtml Acesso em 7 de setembro de 2017

Jaacute no design de Serviccedilo de Cafeacute Para Seis (cf Figura 6) o designer italiano

Marco Zanini criou o conjunto de utensiacutelios de cozinha com a mesma finalidade do

Serviccedilo de Chaacute e Cafeacute no entanto aquele se estrutura de maneira distinta em relaccedilatildeo

agrave peccedila de Brandt na posiccedilatildeo das formas e no contraste cromaacutetico Os utensiacutelios

Figura 3 Luminaacuteria Tahiti 1981 Ettore Sottsass (Memphis)

Fonte httpschedelierluxwordpresscomtagdico

Acesso em 7 de setembro de 2017

Figura 4 Lacircmpada de Mesa 1928 Marianne Brandt 9Bauhaus)

Fonte httpswww1stdibscom Acesso em 7 de setembro de 2017

20

parecem estar em deformidade com relaccedilatildeo ao formato tradicional de objetos que

servem para servir e tomar o chaacute

Figura 6 Serviccedilo de Cafeacute Para Seis 1980 Marco Zanini (Memphis)

Fonte httpwwwtsotaeu692 Acesso em 7 de setembro de 2017

O aspecto esteacutetico recorrente e cultural de utensiacutelios para serviccedilo de chaacute e cafeacute

foi desconstruiacutedo na produccedilatildeo de Marco Zanini mas suas funccedilotildees mecacircnicas

permanecem embora o objeto se estruture com um toque de lsquorsquobrincadeirarsquorsquo

Ou seja o paradigma simboacutelico foi desfeito Culturalmente imaginamos objetos

de servir chaacute ou cafeacute com determinados formatos e posiccedilotildees que facilitam a nossa

compreensatildeo e muitas vezes natildeo provoquem muitas reaccedilotildees devido a sua presenccedila

recorrente no cotidiano

Eacute possiacutevel perceber a variaccedilatildeo do posicionamento das formas como a divisatildeo

do bule ao meio e outro espaccedilo do objeto destinado para as alccedilas que satildeo elementos

visuais que fizeram com que o Memphis se constituiacutesse da ornamentaccedilatildeo e

complexidades visuais em sua esteacutetica

23 Caminhos de Leitura da Esteacutetica do Memphis

Na obra Iniciaccedilatildeo agrave Esteacutetica de Ariano Suassuna (2011) ele afirma que em

periacuteodos claacutessicos a esteacutetica era estabelecida como concepccedilatildeo do Belo e quando

este se manifestasse no objeto poderia ser estudado e compreendido Ou seja

reflexotildees e atitudes sejam elas de cunho teoacutericos e praacuteticos acerca do Belo se definia

a terminologia esteacutetica

A partir do pensamento e dos questionamentos de vaacuterios filoacutesofos como Kant

natildeo soacute o estudo do Belo era compreendido como esteacutetica mas tambeacutem o sublime

21

Segundo Suassuna (2011) o fato do sublime ser considerado esteacutetica natildeo era

novidade ateacute porque se aproximava das qualidades apresentadas pelo Belo

Por outro lado tambeacutem Aristoacuteteles ressaltava a comeacutedia como uma das

categorias da esteacutetica mas natildeo relacionada ao Belo e sim como Arte do feio

Entende-se que o campo esteacutetico passou a se dividir a partir de vaacuterias outras

categorias Dessa maneira podemos definir a esteacutetica a partir dos aspectos de

expressatildeo da aparecircncia e natildeo como atribuiccedilatildeo de valor da lsquorsquobela aparecircnciarsquorsquo

Ariano Suassuna (2011) questiona se seria vaacutelido determinar a esteacutetica como a

filosofia do belo pelo fato da esteacutetica indicar tambeacutem a ideia do cocircmico que eacute uma

categoria que natildeo era associada ao belo

Ariano Suassuna ressalta que

O nome Esteacutetico passou entatildeo a designar o campo geral da esteacutetica que incluiacutea todas as categorias pelas quais os artistas e os pensadores tivessem demonstrado interesse como o Traacutegico o Sublime o Gracioso o Risiacutevel o Humoriacutestico etc reservando-se o nome de Belo para aquele tipo especial caracterizado pela harmonia pelo senso de medida pela fruiccedilatildeo serena e tranquila ndash o Belo chamado claacutessico enfim (SUASSUNA 2011 p22)

Pode-se considerar o risiacutevel e humoriacutestico tatildeo belos quando o gracioso e o

sublime dependendo das experiecircncias vividas por cada um Se o risiacutevel estiver em

determinado momento de nossas vidas assim seraacute lembrado como uma categoria de

afeiccedilatildeo tatildeo quanto o sublime por exemplo Dessa maneira o lsquorsquoBelorsquorsquo passa a ser uma

das categorias da esteacutetica

A esteacutetica do Memphis se constitui da expressatildeo dos elementos visuais bem

como as cores vibrantes efeitos visuais de superfiacutecie e os efeitos dos materiais

plaacutesticos ceracircmico e metal que moldaram significativamente formas orgacircnicas e

geomeacutetricas Esses atributos da forma satildeo estudados pela Gestalt e apresentados

como partes que estruturam qualquer manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

A Gestalt se constitui como um estudo e desenvolvimento da leitura e da

percepccedilatildeo visual da forma e se resulta da necessidade de compreender como as

vaacuterias manifestaccedilotildees visuais se configuram a partir de elementos como o

ordenamento o equiliacutebrio a clareza e harmonia visual

Poreacutem esses elementos natildeo satildeo intriacutensecos a esse estudo tendo em vista que

a Gestalt natildeo se discorre apenas na leitura de artifiacutecios que propotildeem a boa

organizaccedilatildeo e clareza agrave percepccedilatildeo visual mas tambeacutem as desconformidades

22

apresentadas na forma seja a partir dos fatores desordem desequiliacutebrio e da

desorganizaccedilatildeo visual Ou seja o estudo da Gestalt apresenta os elementos (ordem

equiliacutebrio clareza e harmonia) que melhor proporcionam a precisatildeo e clareza na

organizaccedilatildeo visual mas natildeo de maneira isolada Podemos dizer que satildeo

considerados indispensaacuteveis na boa organizaccedilatildeo mas natildeo satildeo os uacutenicos

fundamentos capazes de compor a forma

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que na Gestalt a arte se constitui da boa

leitura e compreensatildeo visual da forma Ou seja mesmo apresentando princiacutepios que

natildeo se encaixam no quesito da elaboraccedilatildeo ordenada e da imediata percepccedilatildeo visual

a interpretaccedilatildeo de um objeto por meio de clareza visual por exemplo eacute essencial para

o ser humano

Podemos considerar a Gestalt como auxilio para a melhor compreensatildeo esteacutetica

visual e material das coisas que vivem ao nosso redor

Eacute a partir dos estudos da Gestalt que podemos analisar figuras imagens

ilustraccedilotildees esculturas objetos fotografias edificaccedilotildees ou qualquer manifestaccedilatildeo

visual e imageacutetica com bidimensionalidades ou tridimensionalidades que possa

contribuir no quesito da leitura e percepccedilatildeo visual Consequentemente eacute a partir da

leitura das imagens que podemos perceber como as formas se estruturam no objeto e

o efeito esteacutetico que elas proporcionam

A forma como um todo nos objetos do Memphis apresenta vaacuterios elementos

esteacuteticos que evidenciaram a ornamentaccedilatildeo e excentricidade responsaacuteveis por exaltar

a insatisfaccedilatildeo com o ordenamento e os limites na composiccedilatildeo dos elementos no

design

Em Gestalt do Objeto Joatildeo Gomes Filho (2004) apresenta a forma seja ela

como um todo ou as formas dentro de um todo ao se referir a uma manifestaccedilatildeo

visual imageacutetica A terminologia lsquorsquoFormarsquorsquo possui sentidos distintos e pode ser

empregada em diversos entendimentos assim como o filosoacutefico geral que emprega a

forma como o imaterial enquanto ideia para construir o material e tambeacutem no sentido

esteacutetico que define a forma como lsquorsquoestilorsquorsquo e lsquorsquomaneirarsquorsquo

Diante disso consideramos o estudo da forma como um lsquorsquotodorsquorsquo ou partes

elementares de um todo (formatos geomeacutetricos orgacircnicos cores e texturas)

referentes a linguagem do objeto no sentido esteacutetico)

[] a forma agrega agrupa modela uma unicidade deixando a cada elemento sua proacutepria autonomia sem deixar de constituir uma

23

inegaacutevel organicidade onde luz e sombra funcionamento e disfuncionamento ordem e desordem visiacutevel e invisiacutevel entram em sinergia para produzir uma estaacutetica moacutevel que natildeo deixa de espantar os observadores sociais[] (MAFFESOLI 2005 p90)

Dessa maneira podemos dizer que a forma eacute responsaacutevel por inteirar a figura do

objeto mas que agrega e agrupa outras formas em si a fim de conter uma uacutenica

estrutura uma uacutenica forma Gomes Filho afirma que

Para se perceber uma forma eacute necessaacuterio que existam variaccedilotildees ou seja diferenccedilas no campo visual As diferenccedilas acontecem por variaccedilotildees de estiacutemulos visuais em funccedilatildeo dos contrastes que podem ser de diferentes tipos dos elementos que configuram um determinado objeto ou coisa (2004 p41)

Os elementos que configuram os objetos do Movimento Memphis bem como os

cubos as esferas cilindros traccedilos curviliacuteneos as texturas visuais e as cores

possibilitam haver contrastes Consideramos destacar as principais formas

elementares (forma cor e textura) encontradas no Movimento Memphis

Formas Geomeacutetricas

O Sofaacute Grande Sul (cf Figura 7) possui visivelmente sua forma como um todo A

estrutura da peccedila representa a possibilidade de se incluir vaacuterios formatos geomeacutetricos

Eacute possiacutevel visualizar piracircmides cilindros retacircngulos trapeacutezios e quadrados Satildeo

formas geomeacutetricas agrupadas que estruturam o sofaacute como um todo

De certa maneira a diversificaccedilatildeo das cores viabiliza tambeacutem identificar as

partes geomeacutetricas com precisatildeo Poreacutem eacute possiacutevel perceber a geometria a partir da

Figura 7 Formas geomeacutetricas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 8 Sofaacute Grande Sul 1986 de Peter Shire

Fonte httpgizbrasilcomdesigndesigns-do-memphis-group-pertencentes-bowie-

vao-leilao Acesso em 9 de abril de 2017

24

diferenciaccedilatildeo dos formatos com diferentes estiacutemulos visuais Por exemplo o cilindro

com formato vertical e acentuado em contraste com o retacircngulo que se apresenta

mais estaacutetico (cf Figura 8) A composiccedilatildeo do posicionamento dos elementos

geomeacutetricos tambeacutem viabiliza identifica-los com facilidade

Formas Orgacircnicas

Ao contraacuterio do sofaacute Grande Sul a Mesa com Lacircmpada (cf Figura 9) apresenta

tanto formas geomeacutetricas quanto orgacircnicas

Figura 9 Mesa com Lacircmpada 2983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

Os formatos geomeacutetricos se concentram no lado direito da peccedila (sentido do

observador) como os retacircngulos em baixa espessura que sustentam o suporte da

mesa no formato quadrado ambas as estruturas com acircngulos retos Eacute possiacutevel

perceber tambeacutem o formato orgacircnico da peccedila no lado esquerdo na estrutura em

formatos ondulares e contiacutenuos

Cores

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) ldquoA cor eacute a parte mais emotiva do processo

visual Possui uma grande forccedila e pode ser sempre empregada para expressar e

reforccedilar a informaccedilatildeo visual Eacute uma forccedila poderosa do ponto de vista sensorialrsquorsquo

(FILHO 2004 p65)

25

Portanto observa-se que assim como a forma proporciona a diversificaccedilatildeo

visual bem como os contrastes entre o geomeacutetrico e o orgacircnico as cores satildeo

responsaacuteveis pela sensaccedilatildeo de bem-estar e alegria a partir de sua pluralidade

proximidades e composiccedilotildees

Lacy (1996) ressalta que lsquorsquoQuando gostamos muito de uma cor tendemos a

aspiraacute-la exclamando lsquoaahrsquo como se quiseacutessemos traga-la ao passo que as cores

das quais natildeo gostamos podem nos causar incocircmodo ou ateacute mesmo mal-estarrsquorsquo

(LACY 1996 p17) Dessa maneira podemos dizer que a cor eacute um elemento

pertinente para estimular sensaccedilotildees e ao mesmo tempo atribuir valor esteacutetico ao

objeto

As cores vibrantes satildeo mais visiacuteveis nas peccedilas do Memphis Estas tambeacutem

podem ser chamadas de cores primaacuterias Essas cores natildeo satildeo reproduzidas de

qualquer mistura e satildeo bases para a reproduccedilatildeo de outras como as secundaacuterias

Para melhor compreensatildeo em seu livro O Poder das Cores no Equiliacutebrio do Ambiente

de Marie Louise Lacy (1996) ela destaca que

Ao olhar para a Roda das Cores vocecirc veraacute um triacircngulo no centro Essas satildeo cores primaacuterias dos pigmentos chamadas de cores primaacuterias porque natildeo podem ser criadas pela mistura de outras cores Em torno das cores primaacuterias nas formas triangulares encontram-se as trecircs secundaacuterias que satildeo criadas pela mistura das trecircs primaacuterias (LACY 1996 p96)

A partir disso observamos que as cores secundaacuterias satildeo resultantes da mistura

das cores primaacuterias Sabemos que as cores secundaacuterias satildeo verde (mistura do azul

com o amarelo) laranja (mistura do amarelo com o vermelho) e por fim o roxo

(vermelho com o azul)

Na Roda das Cores (cf Figura 10) eacute possiacutevel observar a partir das cores

secundaacuterias as cores terciaacuterias que tambeacutem satildeo resultados da mistura de cores

secundaacuterias A imagem abaixo completa a explicaccedilatildeo de Marie Louise (1996) e que

tambeacutem eacute utilizada para exemplificar em sua obra

Figura 10 Roda das Cores

26

Fonte httpwwwcanalmasculinocombraprendendo-a-combinar-cores-o-circulo-cromatico Acesso em 21 de junho de 2017

Percebemos que as cores primaacuterias localizadas no centro da ldquorodardquo satildeo de

tonalidades mais vibrantes e por isso satildeo chamadas tambeacutem de cores quentes por

apresentar elevada saturaccedilatildeo

Eacute possiacutevel visualizar as cores quentesvibrantes no Bule de Chaacute Colorado (cf

Figura 11) de Marco Zanini A peccedila eacute apenas um dos exemplos de diversificaccedilatildeo

cromaacutetica entre os objetos do Memphis

Figura 11 Bule de Chaacute Colorado 1982 Marco Zanini

Fonte httpwwwthewellappointedcatwalkcom201404memphis-milano-1980s-italian-designhtml Acesso em 3 de setembro de 2017

Aleacutem das cores que aparecem contrastadas entre si como o vermelho o azul e

o amarelo a peccedila tambeacutem possui as cores terciaacuterias branco e rosa O contraste entre

os formatos que compotildeem o bule tambeacutem se torna evidente a partir das diferenccedilas

das composiccedilotildees como as formas geomeacutetricas tridimensionais evidenciando o

volume

O movimento Memphis a partir de sua pluralidade no uso de elementos visuais

tambeacutem fez surgir peccedilas com efeito monocromaacutetico como a Cadeira Roma (cf Figura

12) Segundo Arthur C Danto lsquorsquo[] monocromaacutetico natildeo eacute meramente uma lsquouacutenica corrsquo

mas uma superfiacutecie cromaticamente uniformersquorsquo (DANTO 2006 p184) Esta cadeira eacute

um dos poucos objetos que se diferenciam dos demais por apresentar essa

uniformidade na esteacutetica Haacute apenas uma cor e um material utilizado para sua

produccedilatildeo

27

Figura 12 Cadeira Roma 1986 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomblogsthe-study1980s-memphis-group Acesso em 20 de maio de 2017

A cadeira apresenta rigidez e a unicidade da cor verde escuro com nuances

mais claras soacute reforccedila a seriedade da estrutura exceto as formas geomeacutetricas que se

sobressaem destacando a tridimensionalidade

Texturas Visuais

A textura se constitui de elementos da superfiacutecie que atribuem algum aspecto

seja ele visual ou taacutetil

Textura eacute a caracteriacutestica especiacutefica de uma superfiacutecie tridimensional A textura eacute na maior parte das vezes empregada para descrever a suavidade ou rugosidade relativa de uma superfiacutecie Ela tambeacutem pode ser utilizada para descrever as caracteriacutesticas superficiais tiacutepicas de materiais familiares como a aspereza de uma pedra a gratilde de uma madeira e o tranccedilado de um tecido (CHING BINGGELI 2013 p99)

Eacute possiacutevel perceber esse elemento esteacutetico tocando e sentindo ou ateacute mesmo

atraveacutes das sensaccedilotildees de relevos nervuras ou declives que a textura visual eacute capaz

de transmitir essa sensaccedilatildeo

Francis D K Ching (2013) afirma que a textura taacutetil e visual satildeo os dois tipos

baacutesicos de superfiacutecie A textura taacutetil pode ser sentida atraveacutes do sentido do tato ou

seja tocando sentindo atraveacutes da pele diferentemente da textura visual que eacute

percebida pelos olhos aleacutem de que pode ser ilusoacuteria ou real

Portanto a textura taacutetil eacute apenas definida como lsquorsquotaacutetilrsquorsquo quando realmente

sentimos atraveacutes do toque A textura visual pode ser ilusoacuteria ao desafiar o observador

que tenta sentir algum relevo em sua superfiacutecie ou real quando aleacutem de ser visual

tambeacutem eacute taacutetil

28

Francis D K Ching salienta que

Nossos sentidos de visatildeo e do tato estatildeo intimamente relacionados entre si Como nossos olhos leem a textura visual de uma superfiacutecie frequentemente respondemos a sua tatilidade aparente sem de fato usarmos o tato Essas reaccedilotildees fiacutesicas as caracteriacutesticas tecircxteis das superfiacutecies se baseiam em associaccedilotildees preacutevias com materiais similares (2013 p99)

No Memphis a textura em sua maioria eacute contrastante e visual A combinaccedilatildeo de

cores tambeacutem eacute um elemento importante para formar as texturas das peccedilas Segundo

Ian Noble em sua obra Pesquisa Visual ele afirma que lsquorsquo[] o significado denotativo

de uma peccedila de comunicaccedilatildeo visual eacute geralmente delimitado pelas formas visuais

dispostas em sua superfiacutecie []rsquorsquo (2013 p163)

Eacute possiacutevel perceber a textura visual da Mesa Redonda Kyoto (cf Figura 13) de

Shiro Kuramata atraveacutes dos elementos em cores diversificadas em contraste com o

fundo branco da peccedila

Figura 13 Mesa Redonda 1983 de Michele de Lucchi

Fonte httpspaddle8comworkmichele-de-lucchi66382-table-with-lamp Acesso em 5 de abril de 2017

A peccedila aparenta natildeo possuir algum tipo de rugosidade na superfiacutecie mas possui

textura visual que pode ser percebida a partir dos contrastes entre as cores e a

quantidade de elementos que cobrem a mesa Eacute tambeacutem a partir do contraste de

formas orgacircnicas que cobrem a superfiacutecie que visualizamos a textura visual na

Lacircmpada de Mesa Astor (cf Figura 14)

29

Figura 14 Lacircmpada de Mesa Astor 1982 de Thomas Bley

Fonte httpswwwbukowskiscomenlots755326-thomas-bley-bordslampa-astor-memphis-1982 Acesso em 5 de abril de 2017

A textura visual eacute desenvolvida a partir da uniatildeo e do contraste cromaacutetico das

formas na superfiacutecie que lembram manchas ou respingos de tinta aproximados

Para compreendermos detalhadamente a aplicaccedilatildeo desses elementos que

compotildeem a esteacutetica Memphis consideramos realizar a leitura visual de peccedilas do

movimento a partir das categorias conceituais e leis dos estudos da Gestalt tendo em

vista que podem se mostrar pertinentes na atribuiccedilatildeo do divertimento agrave esteacutetica

24 Leitura Visual das Peccedilas do Memphis a Partir de Categorias

Conceituais da Gestalt

Aleacutem das formas elementares encontradas nas peccedilas do Memphis

consideramos adaptar os princiacutepios da Gestalt para compreender o efeito que os

elementos esteacuteticos e visuais satildeo capazes de proporcionar nos objetos do movimento

a partir das categorias fundamentais

(1) Harmonia

(2) Desarmonia

(3) Equiliacutebrio

(4) Desequiliacutebrio

(5) Contraste

30

Todas essas categorias conceituadas na obra Gestalt do Objeto de Joatildeo Gomes

Filho (2004) podem ser consideradas elementos visuais para a construccedilatildeo de efeitos

esteacuteticos Vale ressaltar que a compreensatildeo visual de qualquer manifestaccedilatildeo

imageacutetica parte das experiecircncias vivenciadas pelo observador e leitor Portanto cada

indiviacuteduo atribuiraacute suas sensibilidades para a proacutepria compreensatildeo e leitura do objeto

que eacute um dos propoacutesitos da Gestalt

241 Categoria HARMONIA

De acordo com Gomes Filho (2004) a harmonia se constitui da boa organizaccedilatildeo

do todo ou dos elementos que estruturam o todo Entende-se por boa conjuntura entre

as partes de modo a apresentar uma conexatildeo daquilo que eacute visiacutevel Para se obter o

efeito visual da harmonia as propriedades ldquoordemrdquo e ldquoregularidaderdquo satildeo de

fundamental importacircncia

A harmonia a partir da ordem apresenta certa concordacircncia entre as partes

como um perfeito encaixe A peccedila Memphis-Eleacutetrico Mesa Azul de Nidificaccedilatildeo (cf

Figura 15) projetada por Marco Zanini estrutura-se com o ordenamento das suas

partes Ou seja haacute uma ordem de encaixe na estrutura e se essa ordem for desfeita

natildeo ocorreraacute a harmonia De modo diferente a regularidade parte da ordem mas natildeo

apresenta desvios e desalinhamentos Trata-se do perfeito nivelamento para o

equiliacutebrio da estrutura visual

Na peccedila Vaso Lombriga (cf Figura 16) de Ettore Sottsass a ondulaccedilatildeo se

manteacutem regular em toda a forma do objeto O vaso natildeo possui desnivelamentos como

ondas de maiores ou menores proporccedilotildees em sua plasticidade A regularidade foi feita

a partir de ondas semelhantes

Figura 15 Mesa Eleacutetrica Azul de Nidificaccedilatildeo 1980 Marco Zanini

Fonte httpstaging-vivamuscomproductmemphis-

electric-blue-nesting-tables-by-marco-zanini

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 16 Vaso Lombriga 198 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwdecoistcommemphis-

design-decor Acesso em 2 de novembro de 2017

31

O encaixe proposto na peccedila Memphis-Eleacutetrico resultou no ordenamento e os

diferentes tamanhos proporcionaram a uniatildeo das partes do objeto No Vaso Lombriga

a regularidade das formas viabilizou tambeacutem o contraste por luz e sombra no objeto

visto que os nivelamentos se manteacutem os mesmos em toda a superfiacutecie

242 Categoria DESARMONIA

Joatildeo Gomes Filho (2004) ressalta que

A desarmonia eacute a formulaccedilatildeo oposta da harmonia A desarmonia eacute em siacutentese o resultado de uma desarticulaccedilatildeo na integraccedilatildeo das unidades ou partes constitutivas do objeto daquilo que eacute visto (FILHO 2004 p54)

A desarmonia se torna evidente a partir de estruturas disformes que natildeo

apresentam uma uniatildeo em nivelamentos pois as partes natildeo se constituem de boas

conjunturas visuais Esse eacute um dos principais aspectos visuais nas peccedilas do

movimento Memphis que se estruturam a partir de vaacuterios elementos visuais distintos

muitas vezes em um soacute objeto apresentando desordens e irregularidades

A desordem eacute apresentada a partir da junccedilatildeo de motivos formais incompatiacuteveis

na estrutura Ou seja diz respeito a modificaccedilatildeo e quebra do padratildeo e das

similaridades

A Mesa Brasil (cf Figura 17) do designer Peter Shire possui elementos

geometricamente disformes que compotildeem o objeto A mesa natildeo eacute composta de partes

iguais e sim de partes irregulares entre si que modificam a tradicional imagem de

mesa com quatro lsquorsquopernasrsquorsquo e sem declives no plano de apoio

A ldquoirregularidaderdquo eacute a segunda propriedade da Gestalt que define a desarmonia

e se constitui pela falta de ordem e nivelamento capaz de proporcionar

psicologicamente conflitos visuais repentinos O Broche Oreliana (cf Figura 18) do

movimento Memphis projetado por Marco Zanini exemplifica bem esse tipo de

irregularidade e de desarmonia

32

O broche natildeo apresenta ordenamento visual dos elementos esteacuteticos pois satildeo

caracteriacutesticas de distintas proporccedilotildees cores e formatos disformes uns dos outros

apresentando a ausecircncia de articulaccedilatildeo entre os elementos pois natildeo haacute uma

sequecircncia ou um ritmo que mostre nivelamento exceto a parte com listras que

destaca a harmonia em curvas tanto pela proximidade das listras quanto pela

igualdade das cores

243 Categoria EQUILIacuteBRIO

Segundo Gomes Filho (2004) o equiliacutebrio eacute o modo com que um corpo se

organiza a partir da distribuiccedilatildeo de duas forccedilas que se nivelam em lados opostos Ou

seja eacute a condiccedilatildeo em que as partes de um todo se equilibram a fim de manter

nivelamentos ou desnivelamentos O equiliacutebrio se divide em trecircs propriedades (a)

peso (b) direccedilatildeo (c) simetria e (d) assimetria

O equiliacutebrio a partir do peso e direccedilatildeo eacute atribuiacutedo atraveacutes da posiccedilatildeo e do

espaccedilo em que as partes estatildeo distribuiacutedas dentro de um todo a fim de proporcionar

um contraste em determinado local Esse contraste pode variar entre cores posiccedilotildees

proporccedilotildees rupturas e etc

O aparador Beverly (cf Figura 19) eacute uma peccedila em equiliacutebrio mas com uma

inclinaccedilatildeo que provoca o equiliacutebrio a partir de peso A inclinaccedilatildeo aparentemente de

uma outra peccedila posicionada propositalmente no aparador provoca o observador

Figura 17 Broche Oreliana 1980 Marco Zanini

Fonte httpsacmestudiocomacmelegacy-jewelry-

memphis_designers_for_acmeMarco_ZaniniORELIANA_BroochOreliana_Brooch7CM

MZ04 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 18 Mesa Brasil 1981 Peter Shire

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablestablestable-brazil-peter-shire-memphis-milano-1981id-

f_1157082 Acesso em 2 de novembro de 2017

33

Figura 19 Aparador Beverly 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswildbirdscollectivecomdesign-8os-par-ettore-sottsass-jr Acesso em 2 de novembro de 2017

O equiliacutebrio por simetria se constitui numa organizaccedilatildeo visual sem deformidades

em ambos os lados de uma manifestaccedilatildeo imageacutetica bem como objetos obras

arquitetocircnicas ou monumentais O equiliacutebrio simeacutetrico apresenta semelhanccedila entre os

lados

No Espelho Diva (cf Figura 20) de Ettore Sottsass as estruturas pontiagudas

elevadas para o exterior do objeto juntamente com a esferas transmitem a sensaccedilatildeo

de deslocamento mas com concordacircncia Ou seja satildeo partes configurativas que

fazem as mesmas accedilotildees para manter o equiliacutebrio

No equiliacutebrio por assimetria natildeo haacute dois lados iguais e perfeitamente nivelados

mas apresentam pesos semelhantes O Bule (cf Figura 21) projetado por Peter Shire

eacute um objeto com lados distintos que natildeo indica desequiliacutebrio Poreacutem os lados do

objeto possuem oposiccedilotildees tanto cromaacutetica quanto nas formas que natildeo sobrecarregam

um lado a mais que o outro proporcionando a sensaccedilatildeo de estabilidade

34

244 Categoria DESEQUILIacuteBRIO

A categoria desequiliacutebrio natildeo possui subdivisotildees Joatildeo Gomes Filho (2004)

afirma que eacute a estruturaccedilatildeo inversa do equiliacutebrio pois as partes que compotildeem uma

manifestaccedilatildeo visual natildeo conseguem manter estabilidade Ou seja a composiccedilatildeo

estrutural apresenta inclinaccedilotildees e os elementos tendem a se comportar a fim de

transmitir a sensaccedilatildeo de queda desvios e declives

A cafeteira Cuculus Canorus (cf Figura 22) de Matteo Thun representa bem a

categoria desequiliacutebrio

Figura 22 caffeteira Canorus 1987 Matteo Thun

Fonte httpwwwideamagazinenetitprogetto_designalessio_sarri_ceramiche08jvhtm Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 20 Bule 1984 Peter Shire

Fonte httpboothceramicscomjournalpeter

-shire-on-economy-and-design Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 21 Espelho Diva 1984 Ettore Sottsass

Fonte httpswwwinvaluablecomauction-lotettore-sottsass-diva-mirror-135-c-

z3u80mvljg Acesso em 2 de novembro de 2017

35

A peccedila natildeo apresenta nivelamento A estrutura curva-se transmitindo a

sensaccedilatildeo de instabilidade Deste ponto de vista as partes inferiores de menor

proporccedilatildeo transmitem a sensaccedilatildeo de apoio

245 Categoria CONTRASTE

O contraste se constitui na apresentaccedilatildeo e destaque entre as partes de um todo

por meio da presenccedila ou falta de luz cor formas proporccedilotildees movimentos e outros

elementos capazes de se destacar em um objeto Eacute a partir do contraste que

identificamos funccedilotildees e significados

Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o contraste eacute um meio estrateacutegico de atrair

o observador Ou seja eacute a condiccedilatildeo de tornar capaz a segregaccedilatildeo a divisatildeo de partes

de um todo O contraste eacute responsaacutevel por viabilizar a diferenciaccedilatildeo em uma

manifestaccedilatildeo imageacutetica

Contraste de Luz e Tom

O contraste de luz e tom diz respeito a viabilizar os efeitos proporcionados pela

luz e sombra do ambiente A noccedilatildeo de volume tambeacutem eacute visiacutevel atraveacutes da exposiccedilatildeo

do objeto agrave luz

Eacute possiacutevel perceber contraste no vaso de vidro Rigel (cf Figura 23) de Marco

Zanini a partir do efeito de volume atribuiacutedo pelos focos de luz refletidos no material do

objeto

Figura 23 Vaso de Vidro Rigel 1982 Marco Zanini

Fonte httpswwwmeartocomlotsmarco-zanini-memphis-tosso Acesso em 2 de novembro de 2017

36

O Contraste de luz e tom possibilita perceber a tridimensionalidade e ateacute mesmo

reconhecer o material do objeto Ou seja eacute uma categoria relevante para a

comunicaccedilatildeo visual O contraste por luz e tom tambeacutem eacute responsaacutevel por interferir na

plasticidade viabilizando o surgimento de nuances cromaacuteticas provocados pela luz e

sombra do ambiente

Contraste Cromaacutetico

O contraste a partir das cores eacute uma das categorias mais evidentes nas peccedilas

do movimento Memphis e se constitui da segregaccedilatildeo das cores tornando capaz a

diferenciaccedilatildeo umas das outras De acordo com Joatildeo Gomes Filho lsquorsquo A cor natildeo soacute tem

um significado universalmente compartilhado atraveacutes da experiecircncia como tambeacutem

tem um valor informativo atraveacutes dos significados que se lhe adicionam

simbolicamentersquorsquo (2004 P65)

O Sofaacute Lido (cf Figura 24) de Michele de Lucchi representa bem o contraste

cromaacutetico em suas distintas partes Em apenas uma peccedila eacute possiacutevel destacar mais de

oito cores

Figura 24 Sofaacute Lido 1982 Michele de Lucchi

Fonte httpswwwgizmodocomau201407why-a-once-hated-1980s-design-movement-is-making-a-comeback

Acesso em 2 de novembro de 2017

Na peccedila eacute possiacutevel visualizar partes cromadas de cores quentes bem como a

cor azul na parte superior do encosto o vermelho no acento e o amarelo nos

pequenos suportes para os lsquorsquobraccedilosrsquorsquo da peccedila Poreacutem o sofaacute tambeacutem apresenta a

variaccedilatildeo da cor azul atribuindo outro tom de azul (cor terciaacuteria) ao lsquorsquobraccedilo da peccedilarsquorsquo e

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texturas visuais nos retacircngulos das laterais representadas pelo contraste entre as

linhas pretas e brancas

Contrastes por Verticalidade

O contraste por verticalidade se torna evidente quando possui estrutura de maior

elevaccedilatildeo transmitindo o efeito sensorial de leveza e exaltaccedilatildeo A verticalidade

apresenta contraste a partir da acentuaccedilatildeo da forma que se eleva em relaccedilatildeo agraves

outras partes constitutivas do objeto ou as que estatildeo proacuteximas a ele

O reloacutegio Estilo (Cf Figura 25) de George Sowden serve como exemplo do

contraste a partir da exaltaccedilatildeo da sua estrutura verticalizada evidenciando leveza A

peccedila se estrutura basicamente pelo volume centralizado e da dispersatildeo das formas

em sua parte superior o que tambeacutem exemplifica o contraste por movimentos como

os formatos em degraus

Contraste por Movimentos

Segundo Joatildeo Gomes Filho (2004) o efeito visual de movimento se constroacutei a

partir dos elementos que apresentam certa mobilidade transmitindo a sensaccedilatildeo de

acontecimentos sequenciados a partir de estiacutemulos momentacircneos atribuindo uma

mudanccedila estaacutetica Ou seja eacute a capacidade da formaccedilatildeo do efeito visual de

deslocamento e de ascendecircncia O reloacutegio Estilo (cf Figura 25) tambeacutem apresenta o

contraste por movimento nas estruturas superiores que evidenciam o aspecto de

continuidade e sequecircncia

Figura 25 Reloacutegio Estilo 1983 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin183381016049040901 Acesso em 2 de novembro de 2017

38

As partes superiores parecem ser lanccediladas para a exterioridade transmitindo a

impressatildeo sensorial de movimentos Observa-se que o formato em degraus produz a

sensaccedilatildeo de continuidade com certa leveza pois os elementos estatildeo em movimento

fora do espaccedilo do objeto

Contraste por ProporccedilatildeoDesproporccedilatildeo e Escala

O contraste por proporccedilatildeo e desproporccedilatildeo evidencia as partes com medidas em

maior ou menor dimensatildeo O contraste atrai para esse diferencial num produto ou

qualquer composiccedilatildeo imageacutetica

Segundo Gomes Filho (2004 p 71) lsquorsquoA proporccedilatildeo implica obviamente sempre

uma comparaccedilatildeo entre dois ou mais elementosrsquorsquo Portanto consideramos observar as

desconformidades entre uma parte e outra na estrutura do objeto

O arquiteto e designer italiano Matteo Thun tambeacutem aderiu aos princiacutepios de

desconstruccedilatildeo simboacutelica do Memphis e projetou vaacuterios produtos em ceracircmica como a

chaleira Gratiosa Columbina (cf Figura 26) A peccedila pouco transmite a pluralidade

cromaacutetica porque toda a sua superfiacutecie ressalta duas cores pouco contrastantes

Poreacutem o volume contraste por luz harmonia equiliacutebrio a desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo

presentes em partes da sua estrutura exaltam o aspecto de divertimento do objeto

Figura 26 Chaleira Gratiosa Columbina 1982 Matteo Thum

Fonte httpsbrpinterestcompin297659856612315178 Acesso em 2 de novembro de 2017

A princiacutepio o bule parece ter lsquorsquopernasrsquorsquo representado pelo formato das quatro

estruturas inferiores que suportam o volume esfeacuterico da peccedila Aleacutem disso a alccedila do

39

bule se apresenta desproporcional agraves outras partes do objeto inclusive ao suporte

para o chaacute

25 Leis da Gestalt na Esteacutetica Memphis

A Gestalt tambeacutem apresenta oito leis para o processo de leitura interpretaccedilatildeo

visual dos objetos Dessa maneira consideramos as categorias conceituais como

essenciais na formaccedilatildeo dos atributos Unidades Segregaccedilatildeo Unificaccedilatildeo Fechamento

Continuidade Proximidade Semelhanccedila e Pregnacircncia da forma As leis e categorias

gestaltistas se complementam a fim de exaltar os efeitos do divertimento das peccedilas do

Memphis

UNIDADES

Entende-se por unidade da forma quando a percebemos como um todo um

uacutenico objeto ou imagem por exemplo mesmo que sua estrutura seja composta de

diversos elementos como as cores volumes e outros efeitos visuais mas que seraacute

uma uacutenica forma visiacutevel do agrupamento desses elementos

Os objetos do Memphis possuem diversas formas em sua unidade embora seja

perceptiacutevel a quantidade de outras formas que compotildeem uma uacutenica peccedila mas a

procuramos unificar o que vemos Tendemos a juntar os componentes que tambeacutem

satildeo considerados unidades formais pertinentes para formar uma soacute estrutura

No Vaso Antares (cf Figura 27) de Michele de Lucchi visualizamos as unidades

lsquorsquoformasrsquorsquo como as trecircs esferas com cilindros ou formas de carreteis posicionados

acima de cada uma delas aleacutem da base que sustenta a estrutura e as cores

A estrutura se constitui de boa continuidade que eacute proporcionada pela

sobreposiccedilatildeo das esferas transmitindo sutileza A peccedila apresenta proximidade e

semelhanccedila com um certo ritmo e equiliacutebrio para formar uma unidade

40

Figura 27 Vaso Antares 1983 Michelle de Lucchi

Fonte httpwwwhvg-dggdemuseendie-neue-sammlung-muenchenhtml Acesso em 12 de outubro de 2017

O conceito de unidade eacute representado na peccedila tambeacutem pela base que sustenta

as outras estruturas As unidades formais de formato esfeacuterico apresentam

dinamicidade pelas diferentes posiccedilotildees uma sobre a outra e reforccedila a sensaccedilatildeo de

movimento e desequiliacutebrio por falta de sincronia proporcionando a sensaccedilatildeo de

mobilidade e balanccedilo

SEGREGACcedilAtildeO

A lei de segregaccedilatildeo se constitui na capacidade de dividir de separar as partes

de um todo a partir dos contrastes sejam eles por formas cores e texturas Ou seja a

capacidade da identificaccedilatildeo dos componentes do todo

As peccedilas do Movimento Memphis utilizam de forma significativa a capacidade de

segregaccedilatildeo das partes devido a pluralidade da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos

distintos entre si Na Mesa Flamingo (cf Figura 28) de Michel de Lucchi eacute possiacutevel

separar as unidades formais que estruturam toda a peccedila

41

O objeto segrega-se em cinco unidades principais O ciacuterculo pendente o

retacircngulo em desequiliacutebrio o cilindro em equiliacutebrio no topo da peccedila o cilindro de maior

espessura na base e o pequeno suporte no lado direito atraveacutes desse ponto de vista

da peccedila

Aleacutem disso eacute possiacutevel segregar dentro de uma soacute parte do todo como as listras

da mais extensa parte da peccedila (retacircngulo)

UNIFICACcedilAtildeO

A unificaccedilatildeo parte da composiccedilatildeo de outras leis da Gestalt bem como a

proximidade e a semelhanccedila que permitem com que a forma seja unificada natildeo com

parte diferentes mas a partir de unidades iguais e proacuteximas umas agraves outras em

harmonia A peccedila Centrotavola (cf Figura 30) de Ettore Sottsass eacute uma peccedila com uma

unificaccedilatildeo a partir da semelhanccedila e aproximaccedilatildeo das partes que a estruturam

Os formatos em ritmos que suportam a estrutura em formato de bandeja se

repetem lado a lado no mesmo material o que permite intensificar a unificaccedilatildeo da

peccedila

Figura 28 Partes da peccedila Flamingo segregadas

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 29 Mesa Flamingo 1982 Michelle de Lucchi

Fonte httpcollectionsvamacukitemO117527

6flamingo-table-de-lucchi-michele Acesso em 12 de outubro de 2017

42

Figura 30 Peccedila de Centro Murmansk 1982 Ettore Sottsass

Fonte httpwwwicollectorcomEttore-Sottsass-Murmansk-centerpiece-Memphisi6890464 Acesso em 12 de outubro de 2017

Embora a luz ambiente seja intensamente refletida no objeto devido a sua

composiccedilatildeo plaacutestica a peccedila natildeo possui uma quantidade significativa de contrastes

seja de formas cromaacuteticos ou volumes exceto o contraste proporcionados pela

iluminaccedilatildeo do ambiente (luz e tom)

FECHAMENTO

A lei de fechamento consiste em obter unidades formais capazes de propor a

conclusatildeo da imagem ou de um objeto formando uma estrutura definida

Poreacutem Joatildeo Gomes Filho (2004) afirma que o fechamento como lei da Gestalt

natildeo condiz com o contorno do objeto em si mas um fechamento sensorial que eacute

capaz de formar uma imagem completa e atribuir a sensaccedilatildeo de figurafundo

A penteadeira Praccedila de Vestimenta (cf Figura 31) do designer Michael Graves

apresenta certo divertimento por evidenciar diversificaccedilatildeo das formas cores volumes

equiliacutebrio por simetria e harmonia entre os elementos visuais

A peccedila natildeo se edifica completamente por fechamento mas possui uma ordem

estrutural a partir de agrupamentos de elementos que transmite a ideia abstrata de

um rosto

Aleacutem do formato que lembra a estrutura de um castelo a composiccedilatildeo transmite

o divertimento na esteacutetica tanto pelo brilho (quando acesa) quanto pelo formato de

um rosto a partir do equiliacutebrio das duas esferas de lados opostos e nivelados e a

estrutura circular central que lembra a forma de uma boca

43

Figura 31 Penteadeira de Praccedila de Vestimenta 1981 Michael Graves

Fonte httpstwittercomhopperandspacestatus579780911560040448 Acesso em 12 de outubro de 2017

Outro exemplo de fechamento sensorial estaacute presente na espontaneidade das

formas que compotildeem a Estante Carlton (cf Figura 32) uma das obras mais

importantes do movimento Memphis A peccedila que apresenta dinamicidade na

disposiccedilatildeo das formas para acomodar os livros tambeacutem se constitui de fechamento

Figura 33 Estante Carlton 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpitalychroniclescomitalian-design-focus-on-the-memphis-design-

movement Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 32 Abstraccedilatildeo percebida a partir da composiccedilatildeo das formas na Estante

Carlton

Fonte Proacuteprio autor (2017)

44

Na parte superior da peccedila eacute possiacutevel perceber uma abstraccedilatildeo humana (cf

Figura 33) que se caracteriza do agrupamento de formatos geomeacutetricos

tridimensionais e os contrastes cromaacuteticos

As formas constituem uma figura semelhante a um boneco mas especificamente

representado por um rabisco da imagem humana expressamente erguendo os

lsquorsquobraccedilosrsquorsquo e com a lsquorsquocabeccedilarsquorsquo em formato quadricular

CONTINUIDADE

A continuidade eacute uma das leis da Gestalt que evidencia na forma a sensaccedilatildeo de

continuaccedilatildeo dos elementos sejam eles cores texturas linhas e outros Apresenta

uniformemente uma sequecircncia de elementos visuais para proporcionar a sensaccedilatildeo de

seguimento na forma

A lacircmpada de Mesa Oriental (cf Figura 34) transmite a sensaccedilatildeo de

continuidade em sua parte superior sendo perceptiacutevel a criaccedilatildeo de um sentido a ser

seguido a partir da forma

A estrutura transmite a sensaccedilatildeo de que pode haver um prolongamento da

forma Poreacutem a sensaccedilatildeo de continuidade eacute rompida em ambos os lados Deste

ponto de vista a sensaccedilatildeo eacute de que a forma avanccedilaria de modo retiliacuteneo no lado

direito Na parte esquerda o movimento continuaria a ondular

Figura 34 Lacircmpada de Mesa Oriental 1981 Martine Bedin

Fonte httpwwwblouinartinfocomgalleryguide-venues289833auctions125657 Acesso em 12 de outubro de 217

45

A luminaacuteria apresenta o divertimento pela sensaccedilatildeo de movimentos que se

alteram proporcionados pela forma

PROXIMIDADE

De acordo com Joatildeo Gomes Filho (2004) Elementos aproximados tendem a ser

vistos agrupados a fim de constituiacuterem uma unidade A proximidade tambeacutem utiliza as

cores formas texturas tamanhos e outros elementos capazes de unirem-se para

estabelecer uma forma uacutenica forma ou unidades dentro da forma

O Vaso Ceracircmico de Flores Vitoacuteria (cf Figura 35) natildeo eacute inteiramente composto

de elementos visuais proacuteximos Entretanto eacute perceptiacutevel a junccedilatildeo de formas iguais

agrupadas dentro do todo

Figura 35 Vaso ceracircmico de Flores 1982 Marco Zanini

Fonte httpswww1stdibscomfurnituredecorative-objectsvases-vesselsvasesvictoria-ceramic-flower-

vase-marco-zanniniid-f_3194302 Acesso em 13 de outubro de 2017

As formas circulares entorno do objeto apresentam-se numa sequecircncia

harmoniosa que eacute desfeita na base onde outra composiccedilatildeo de menor proporccedilatildeo se

estrutura O topo da peccedila se diferencia do corpo abaixo por contraste cromaacutetico aleacutem

de apresentar a continuidade ondular

SEMELHANCcedilA

A semelhanccedila se destaca a partir da igualdade dos elementos visuais como as

cores formas texturas a fim de juntos construir unidades

46

A Mesa Cristal (cf Figura 36) projetada por Michele de Lucchi apresenta uma

textura visual que manteacutem uniformidade dos elementos em sua superfiacutecie a fim de

estabelecer a semelhanccedila entre eles para formar a peccedila

Figura 36 Mesa de Cristal 1980 Michele e Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tableskristall-table-michele-de-lucchi-memphisid-f4159913

Acesso em 13 de outubro de 2017

A sintonia em que a textura eacute direcionada e agrupada se torna visiacutevel com a

semelhanccedila dos elementos em preto e branco que preenchem parte da peccedila

PREGNAcircNCIA DA FORMA

A pregnacircncia da forma eacute a uacuteltima lei da Gestalt e se constitui na organizaccedilatildeo

visual da forma seja em uma imagem objeto ou outra manifestaccedilatildeo visual imageacutetica

Gomes Filho (2004) afirma que quanto melhor for a organizaccedilatildeo visual da forma

do objeto em termos de facilidade de compreensatildeo e rapidez de leitura ou

interpretaccedilatildeo maior seraacute o seu grau de pregnacircncia Ou seja a pregnacircncia da forma

parte da percepccedilatildeo visual que temos de uma imagem de acordo com as condiccedilotildees

organizacionais Portanto a ausecircncia de uma boa organizaccedilatildeo estrutural do objeto

proporciona o estranhamento ou confusatildeo em sua intepretaccedilatildeo

Consideramos a lei de pregnacircncia como uma das principais caracteriacutesticas

visuais de grande parte das peccedilas do Movimento Memphis Segundo Gomes Filho

(2004) pode-se definir um grau de pontuaccedilatildeo para imagens peccedilas monumentos

objetos ou outros meios que se apresentem de baixa meacutedia ou alta pregnacircncia

47

Compreendemos que baixa pregnacircncia diz respeito a estrutura com conflitos

formais que dificultam o entendimento da forma O iacutendice de meacutedia pregnacircncia parte

de uma interpretaccedilatildeo um tanto duvidosa mas ainda questionaacutevel em termos de leitura

visual

Por uacuteltimo a Gestalt define a lsquorsquoaltarsquorsquo pregnacircncia ou alto niacutevel como a boa

organizaccedilatildeo dos elementos em sua estrutura a fim de proporcionar rapidez e clareza

na interpretaccedilatildeo no sentido psicoloacutegico A cadeira Saragosa (cf Figura 37) de George

Sowden apresenta alto niacutevel de pregnacircncia da forma pois possui organizaccedilatildeo formal

em termos de segregaccedilatildeo e equiliacutebrio visual

Figura 37 Cadeira Sagarosa 1985 George Sowden

Fonte httpsbrpinterestcompin310326230545360301 Acesso em 13 de outubro de 2017

O objeto possui partes que agrupadas permitem a agilidade na leitura visual

Ou seja a rapidez em decifrar o objeto e as suas funccedilotildees A cadeira eacute um design

diferenciado mas identificamos imediatamente como um objeto para sentar e nos

apoiar

Podemos perceber os formatos tridimensionais orgacircnicos e geomeacutetricos A peccedila

natildeo apresenta uma quantidade significativa de contrastes cromaacuteticos e volumes A

estrutura com poucas unidades transmite a sensaccedilatildeo de clareza

De modo diferente consideramos a Mesa Lateral Polar (cf Figura 38) um objeto

de meacutedio niacutevel de pregnacircncia Deste ponto de vista sua estrutura ainda desafia o

observador sobre suas reais funccedilotildees

48

Figura 38 Mesa Lateral Polar 1984 Michele de Lucchi

Fonte httpwwwmetropolismagcomdesignindustrial-designall-the-designs-to-watch-out-for-at-

nycxdesign-2015 Acesso em 13 de outubro de 2017

Questionamentos como lsquorsquoeacute para pocircr objetos em cima ou sentar-se rsquorsquo podem

surgir devido aos contrastes na parte superior que confundem para a leitura raacutepida e

eficaz que proporciona a duacutevida sobre ser um suporte para objetos ou assento

Entretanto a pregnacircncia da forma ressalta que a facilidade na compreensatildeo

visual eacute possiacutevel de ser compreendida de acordo com as condiccedilotildees dadas Ou seja a

compreensatildeo visual pode ser modificada caso o objeto natildeo esteja isolado fazendo

parte de um cenaacuterio ou ambiente que reforcem a sua verdadeira comunicaccedilatildeo Talvez

se houvessem vasos de flores ou outros objetos sobre a mesa sua comunicaccedilatildeo

visual poderia se tornar mais evidente

A Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores (cf Figura 39) de Ettore Sottsass

eacute uma peccedila que possui baixa pregnacircncia A estrutura de formatos orgacircnicos e

geomeacutetricos apresenta um certo desequiliacutebrio e mesmo transmitindo simplicidade com

a disposiccedilatildeo de poucos elementos visuais natildeo contribui para a leitura e compreensatildeo

da peccedila devido a irregularidade e desarmonia de elementos distintos uns dos outros

A peccedila Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica (cf Figura 40) de Michele de Lucchi

apresenta baixo niacutevel de pregnacircncia natildeo por exageros formais ou complexidade

estrutural mas sim pela disposiccedilatildeo das formas que impossibilitam a facilidade em sua

compreensatildeo visual

A composiccedilatildeo estrutural dificulta a leitura visual raacutepida e imediata Poreacutem quem

viveu experiecircncias com a peccedila consequentemente natildeo encontraria dificuldades em

decifraacute-la

49

A lacircmpada possui contraste por verticalidade e parece ser lanccedilada da base

transmitindo a sensaccedilatildeo de leveza Poreacutem a clareza sobre suas reais funccedilotildees natildeo eacute

rapidamente percebida

Eacute bastante perceptiacutevel a variedade de peccedilas do movimento Memphis que

apresentam a lei de Pregnacircncia da Forma de maneira significativa tanto com peccedilas

de faacutecil e raacutepida leitura quanto de difiacutecil compreensatildeo visual Portanto a partir da

composiccedilatildeo das leis gestaltistas chegamos a percepccedilatildeo final da Pregnacircncia que

pode ser constituiacuteda por outras leis que tambeacutem satildeo construiacutedas por meio de efeitos

visuais proporcionados pelas categoriais conceituais

Sendo assim esse estudo se apresenta pertinente na construccedilatildeo do aspecto

desafiador da esteacutetica dos objetos do Memphis implicando no grau de organizaccedilatildeo

visual e na percepccedilatildeo Esse aspecto eacute de fundamental importacircncia no processo de

desconstruccedilatildeo simboacutelica

A anaacutelise das peccedilas do movimento Memphis a partir dos princiacutepios da Gestalt se

torna essencial a fim de compreendermos o efeito visual proporcionado pelas

categorias conceituais e a importacircncia de sua aplicaccedilatildeo para transmitir a ludicidade

no design de moda

Figura 39 Luminaacuteria de Mesa Oceacircnica 1981 Michele de Lucchi

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelighting

table-lampstable-lamp-oceanic-michele-de-lucchi-memphisid-

f_4112563 Acesso em 12 de outubro de 2017

Figura 40 Lacircmpada de Assoalho da Copa das Aacutervores 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingfloor-lampstreetops-floor-lamp-ettore-

sottsass-memphis-milanoid-f_4508623 Acesso em 12 de outubro d 2017

50

26 Conclusatildeo das anaacutelises

O estudo da Gestalt se apresenta essencial para compreendermos quais as

categoriais conceituais que satildeo pertinentes para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

Ou seja a partir de quais artifiacutecios esteacuteticos e visuais apresentados nessa anaacutelise o

luacutedico se estabelece

Segundo Claacuteudia Coelho Bomtempo de Albuquerque (2016) O luacutedico tem

origem na palavra ludus que em latim significa jogo Poreacutem o luacutedico natildeo se constitui

apenas do jogar das manobras dos manuseios e brincadeiras mas tambeacutem do que

essas condiccedilotildees satildeo capazes de evocar ao corpo e agrave mente Ou seja o luacutedico se

fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao mesmo tempo

Mas eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo que os prazeres

em se divertir e sorrir atribuem os devidos valores a esteacutetica luacutedica

O luacutedico eacute fundamental para o conviacutevio e a aprendizagem com diversatildeo natildeo soacute

na infacircncia mas tambeacutem seraacute relevante para toda a vida Poreacutem eacute essa diversatildeo que

ressalta os verdadeiros valores do luacutedico Podemos considerar a diversatildeo como uma

das condiccedilotildees que partem do efeito da ludicidade bem como a aprendizagem o

conviacutevio em sociedade o riso e o bem-estar

Para destacar as categorias conceituais que de fato podem ser relevantes para a

construccedilatildeo do aspecto luacutedico apoacutes serem analisadas consideramos pontuaacute-las e

descrever quais categorias satildeo capazes de proporcionar a diversatildeo e quais os efeitos

visuais que essa caracteriacutestica comporta para entatildeo apresentar o aspecto luacutedico para

a diversatildeo

Vale ressaltar que esta conclusatildeo parte da escolha das categorias jaacute analisadas

no Memphis que podem representar melhor a esteacutetica do luacutedico

1- Categoria Harmonia

A harmonia proporciona o efeito de ludicidade por apresentar conjuntos de

elementos aproximados pois a pluralidade de formas elementares bem como as

cores os diferentes formatos e as texturas quando proacuteximos uns dos outros

intensificam a multiplicidade na composiccedilatildeo do objeto tornando o objeto ainda mais

interativo com o usuaacuterio ou observador

51

O aspecto luacutedico eacute proporcionado pela harmonia porque esta categoria pode ser

representada a partir dos contrastes cromaacuteticos e das formas Brincar com uma maior

variedade de elementos faz com que o momento se torne mais dinacircmico e a harmonia

natildeo eacute possiacutevel ocorrer apenas com um elemento formal Eacute necessaacuterio a variedade de

elementos capazes de proporcionam os encaixes as junccedilotildees de peccedilas que satildeo

atributos ateacute mesmo que necessitam da interaccedilatildeo do indiviacuteduo Ou seja natildeo se torna

nada divertido brincar com um jogo de montar com apenas uma peccedila mas sim a

junccedilatildeo de vaacuterias

2- Categoria Desarmonia

Percebemos que no Memphis a desarmonia pode trazer a brincadeira pela falta

de nivelamento dos objetos capaz de deixar os objetos aparentemente tortos pela

junccedilatildeo e o contraste entre diferentes partes Os formatos em desarmonia

proporcionam a diversatildeo ao apresentar os desalinhamentos

3- Categoria Desequiliacutebrio

A brincadeira pode ser proposta a partir da categoria desequiliacutebrio quando

podemos alterar as posiccedilotildees e desviar elementos esteacuteticos para modificar No

Memphis torcer o objeto para atribuir o desequiliacutebrio foi de fundamental importacircncia

para a construccedilatildeo da ludicidade tornar o objeto divertido atribuindo-o uma estrutura

lsquorsquocambaleantersquorsquo

4- Categoria Equiliacutebrio com Assimetria

Percebemos no Memphis a categoria equiliacutebrio a partir da sua propriedade

assimetria que eacute possiacutevel lsquorsquobrincarrsquorsquo com a forma a fim de deixar lados opostos

estruturados de maneiras distintas A assimetria possibilita atribuir ao objeto a

desigualdade dos lados atraveacutes do contraste cromaacutetico da distribuiccedilatildeo irregular de

formas que faz com que o objeto se torne cocircmico pois a uniformidade e a forma

padronizada satildeo descontruiacutedas

5- Contraste de Cor

52

O contraste cromaacutetico no Memphis foi representado a partir da junccedilatildeo de cores

quentes e frias Essa combinaccedilatildeo eacute um fator essencial natildeo soacute para apresentar a cor

em si mas para proporcionar significado como as texturas visuais que satildeo capazes

de remeter a determinada temaacutetica o que intensifica o aspecto luacutedico

6- Contraste de Movimentos

No Memphis foi possiacutevel destacar o movimento a partir das formas constituindo

um determinado ritmo que proporciona mobilidade agrave plasticidade dos objetos mas

brincar com a proacutepria sensaccedilatildeo do movimento eacute um ponto relevante para a atribuir a

ludicidade na peccedila O contraste por movimento eacute uma categoria capaz de dinamizar

uma estrutura estaacutetica atribuindo movimentos que podem proporcionar a sensaccedilatildeo de

estruturas danccedilantes ou que se locomovem

7- Contraste de Desproporccedilatildeo Distorccedilatildeo

Por fim o contraste de desproporccedilatildeo e distorccedilatildeo que apresenta diferenciaccedilotildees

nos formatos aproximados e desiguais ou que natildeo esteja em um determinado

lsquorsquopadratildeorsquorsquo A lsquorsquobrincadeirarsquorsquo da desproporccedilatildeo e da distorccedilatildeo estaacute na inversatildeo da forma

como ela eacute apresentada de maneira frequente nas nossas experiecircncias o que reforccedila

a atraccedilatildeo pela modificaccedilatildeo ou alteraccedilatildeo

Apoacutes percebermos o que eacute capaz de funcionar como caracteriacutestica visual do

aspecto luacutedico partimos para as experiecircncias com objetos que compotildeem essas

categorias conceituais para a construccedilatildeo do efeito da ludicidade que se torna

essencial para a formaccedilatildeo dos viacutenculos afetivos e o estiacutemulo dos prazeres

53

3 DESIGN E EXPERIEcircNCIA

A partir da composiccedilatildeo de elementos esteacuteticos e visuais bem como os

contrastes assimetrias desequiliacutebrios desarmonias e da forma em geral o discurso

do Memphis propocircs a desconstruccedilatildeo simboacutelica como uma relaccedilatildeo com a arte na

esteacutetica dos produtos

Segundo Bonfim 2006 o siacutembolo eacute responsaacutevel por proporcionar solidez agrave ideia

ao pensamento Nos deparamos com um siacutembolo e atraveacutes dele identificamos o que

ele estaacute nos comunicando como os pictogramas de placas de sinalizaccedilatildeo que

indicam e facilitam a identificaccedilatildeo seja no tracircnsito no centro de compras ou na

escola O siacutembolo eacute responsaacutevel por facilitar a comunicaccedilatildeo visual do objeto ajudando

a comunicar sua funccedilatildeo

O siacutembolo se constitui em aprimorar a identificaccedilatildeo visual Se essa imagem de

comunicaccedilatildeo do siacutembolo eacute alterada ou totalmente desconstruiacuteda a identificaccedilatildeo

principalmente de maneira imediata seraacute dificultada O siacutembolo daacute solidez e

concretiza o pensamento Poreacutem um objeto que apresenta uma imagem apoiada de

abstraccedilotildees proporciona o estranhamento e confusatildeo na compreensatildeo visual

Bomfim (2006 p72) salienta que lsquorsquoO siacutembolo tem pois funccedilatildeo essencial

necessaacuteria na proacutepria elaboraccedilatildeo do pensamento Eacute um papel todo iacutentimo

insubstituiacutevel ndash o de tornar sensiacutevel o conhecimento e conter a ideia rsquorsquo Dessa maneira

o siacutembolo tem o papel de facilitar a percepccedilatildeo e identificaccedilatildeo

Sendo assim consideramos imaginar uma luminaacuteria Automaticamente nosso

pensamento atribui formas e pigmentos a esse objeto de acordo com as nossas

experiecircncias consigo ao longo da vida Aleacutem disso a imagem estabelecida a esse

objeto na nossa imaginaccedilatildeo eacute muitas vezes veiculada em livros revistas filmes e

outros meios comunicacionais que soacute reforccedilam a imagem repetitiva de uma luminaacuteria

que se torna comum quando imaginamos

A partir disso as experiecircncias ocorrem atraveacutes da rotina em se deparar com um

objeto que foi construiacutedo na nossa cultura para ser perceptiacutevel a ponto de

identificarmos em nosso pensamento como sendo uma luminaacuteria apenas Poreacutem natildeo

significa que essa imagem seraacute facilmente identificada por outras naccedilotildees culturas ou

indiviacuteduos que convivem com outra linguagem imageacutetica

Ao visualizarmos duas luminaacuterias de composiccedilotildees distintas desta vez natildeo para

exemplificar as caracteriacutesticas de diferentes movimentos mas para demonstrar duas

54

figuras diferentes de objetos que culturalmente a imagem de um deles se torna mais

compreensiacutevel no nosso pensamento enquanto a outra aparenta ser duvidosa

A Lacircmpada de Mesa Kaiser Modelo 6556 (cf Figura 41) foi projetada no

periacuteodo da Bauhaus pelo designer alematildeo Christian Dell A peccedila segue os princiacutepios

da escola alematilde em priorizar a aparecircncia simples e ser essencial para o uso

A Lacircmpada Colorida Ashoka (cf Figura 42) eacute uma luminaacuteria desenvolvida por

Ettore Sottsass que possui um visual diversificado tanto na disposiccedilatildeo das formas

quanto na variedade de cores elementos pertinentes para a elaboraccedilatildeo discurso de

transformaccedilatildeo e transcender o oacutebvio

Ao idealizarmos uma luminaacuteria haacute propensatildeo em pensar num objeto com

encaixe para a lacircmpada e com corpo de base que permita facilitar a iluminaccedilatildeo em

determinado espaccedilo

Dessa maneira a imagem de uma lamparina com elementos visuais que

apresentam a uniformidade bem como as cores e o material como a Desk Lamp

Kaiser Idell aparenta ser facilmente concebida pelo nosso pensamento porque a

estrutura simplificada da peccedila se aproxima da imagem a qual vivenciamos mais

especificamente pela tradicionalidade da sua composiccedilatildeo visual

Figura 41 Lacircmpada Colorida Ashoka (Memphis) 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpswww1stdibscomfurniturelightingtable-

lampscolorful-ashoka-lamp-ettore-sottsass-memphisid-f_4425483

Acesso em 14 de setembro de 2017

Figura 42 Lacircmpada Mesa Kaiser Modelo 6556 (Bauhaus) 1930 Cristian

Dell

Fonte httpwwwdesign-mktcom14903-kaiser-idell-6556-table-

lamp-christian-dell-1930shtmlampgid=1amppid=1

Acesso em 9 de setembro de 2017

55

Na imagem a peccedila Colorful Ashoka Lamp eacute capaz ateacute mesmo de confundir a

noccedilatildeo de proporccedilatildeo e dificultar nosso raciociacutenio em definir um espaccedilo para expor o

objeto De qualquer maneira eacute uma estrutura que apresenta dinamicidade com

muacuteltiplas formas movimentos cores vibrantes equiliacutebrio e simetria mas que provoca

a curiosidade pois a imagem de uma luminaacuteria foi desconstruiacuteda nesse objeto A

lamparina Colorful eacute exemplo de divertimento e de brincadeira na proposta do design a

partir do abandono de formas tradicionais

As peccedilas do Memphis transcendem a identificaccedilatildeo do siacutembolo porque a imagem

dos objetos que culturalmente conhecemos eacute esteticamente descontruiacuteda Ou seja o

estilo Memphis proporcionou uma nova linguagem esteacutetica e simboacutelica ao design

atraveacutes da aplicaccedilatildeo de elementos configurativos relacionados agrave arte sejam eles

materiais formas contrastes movimentos proporcionados por equiliacutebrios e

desequiliacutebrios que agregam dinamicidade a peccedila

Bomfim (2006 p72) ressalta que lsquorsquoA ideia eacute feita de abstraccedilotildees generalizadas A

ideia de mesa por exemplo eacute feita com aspectos ou atributos das mesas conhecidas

e que consideramos comum agrave generalidade desses objetosrsquorsquo Portanto podemos

afirmar que o formato das peccedilas do Memphis junto as cores e a modificaccedilatildeo no

posicionamento das partes que as compotildeem fazem parte da ressignificaccedilatildeo do

objeto pois sua estrutura foi modificada e a partir disso ocorrem as reaccedilotildees

imediatas e questionamentos a respeito da sua esteacutetica e determinadas funccedilotildees dos

objetos do movimento

Maluf (2016 p271) afirma que lsquorsquoMemphis queria provocar caos semacircntico Com

humor energia e vitalidade criou um novo vocabulaacuterio para o designrsquorsquo Na peccedila

Colorful Ashoka Lamp o aspecto disforme eacute capaz de provocar estranhamento ou

risos por natildeo ser habitual encontrar uma estrutura de composiccedilatildeo esteacutetica distinta a

fim de iluminar um ambiente Eacute um objeto ora com estrutura monumental capaz de

despertar prazeres e desprezares a partir da desconstruccedilatildeo simboacutelica ora com uma

composiccedilatildeo esteacutetica que natildeo o faz perder suas habilidades mecacircnicas

Bomfim (2006) exemplifica

[] penso em mesa simplesmente quanto ao aspecto ndash suporte para a maacutequina de escrever Nesta funccedilatildeo os siacutembolos satildeo espeacutecies de invoacutelucros permeaacuteveis dentro dos quais as ideias por mais ricas que sejam se apresentam como unidades bem niacutetidas e limitadas invoacutelucros que sem derramarem na consciecircncia o conteuacutedo expliacutecito da ideia deixam sair para o desenvolvimento do pensamento aquilo que no momento lhe conveacutem (Bomfim 2006 p 72)

56

Podemos afirmar que os objetos do Memphis se apresentam diferentes de

outros da mesma finalidade que conhecemos ateacute o momento Assim a linguagem do

movimento Memphis promove a desconstruccedilatildeo simboacutelica na configuraccedilatildeo deste (o

objeto)

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) a intenccedilatildeo do profissional de design estaacute em

contornar os traccedilos jaacute feitos e virar o pensamento de cabeccedila para baixo para

revolucionar O momento em que podemos experimentar revirando ideias para

desconstruir e desestruturar eacute uma boa maneira de se aproximar de um universo mais

criativo e luacutedico

31 A Experiecircncia do Luacutedico

O luacutedico se fundamenta em estimular para interagir para aprender e brincar ao

mesmo tempo Eacute a partir dessas accedilotildees de estar diante de um objeto ou ocasiatildeo

luacutedica que os prazeres em se divertir se sentir bem e sorrir se destacam lsquorsquoO

desenvolvimento do aspecto luacutedico facilita os processos de socializaccedilatildeo

comunicaccedilatildeo expressatildeo e construccedilatildeo do conhecimentorsquorsquo (MOURA 2008 p203)

Os meios de aprendizagem estatildeo sempre dotados de uma vasta quantidade de

elementos como as cores e formatos talvez por natildeo ser tatildeo dinacircmico se relacionar

apenas com um ou dois elementos em uma atividade luacutedica

Interagir com coisas com uma quantidade reduzida de elementos esteacuteticos limita

o processo de aprendizagem porque aprender de forma dinacircmica associada a

pluralidade de elementos visuais intensifica a diversatildeo Dessa maneira as

alternativas para se divertir se multiplicam e a alegria seraacute destaque diante de

tamanha interatividade

Donald Norman (2008) afirma que brincar tem muitas finalidades Eacute uma boa

praacutetica para muitas atividades desenvolvidas no dia-a-dia Pois auxilia na infacircncia a

desenvolver a harmonia juntamente as competiccedilotildees exigidas para o conviacutevio na

sociedade mais tarde na vida Eacute importante ressaltar que lsquorsquobrincarrsquorsquo distingue-se de

lsquorsquoJogarrsquorsquo por natildeo exigir regras formais e atributos a serem seguidos

Para promover o aspecto de ludicidade eacute de vital importacircncia a pluralidade de

elementos esteacuteticos bem como as cores formatos que se apresentam volumosos e

de diferentes proporccedilotildees aleacutem dos contrastes de efeitos de superfiacutecie que ressaltam

temaacuteticas e sensaccedilotildees visuais que satildeo bastantes evidentes nas abstraccedilotildees de obras

57

de arte Satildeo caracteriacutesticas como essas que atribuem o aspecto luacutedico em uma

atividade de aprendizagem ou ao objeto deixando de lado a ordem e a seriedade e

abrindo espaccedilo para a liberdade e a alegria

Composiccedilotildees de formas contrastes e materiais fazem parte da construccedilatildeo

esteacutetica de passatempos e jogos a fim de promover dinamicidade e o aspecto luacutedico

se torna essencial na produccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas O movimento Memphis usufruiu

da experimentaccedilatildeo de elementos esteacuteticos que proporcionassem ao objeto o aspecto

luacutedico como um diferencial para o design

As peccedilas do movimento Memphis satildeo associadas ao luacutedico porque satildeo peccedilas

com as mesmas caracteriacutesticas visuais que podem ser encontradas em brinquedos e

jogos infantis por exemplo Esses passatempos satildeo sinocircnimos de recreatividade e

lazer que satildeo capazes de proporcionar prazeres

Os aspectos luacutedicos nos objetos do Memphis satildeo tatildeo niacutetidos a ponto de

confundir o observador em relaccedilatildeo agraves suas funccedilotildees mecacircnicas ou fazer associaacute-lo a

um brinquedo ou jogo infantil a partir da percepccedilatildeo visual e interaccedilatildeo com a proacutepria

peccedila que pode se tornar tatildeo divertida em usar quanto brincar com um passatempo

qualquer

311 Anaacutelise De Similares (Brinquedos e o Memphis)

Nas figuras abaixo o brinquedo educativo com pequenos blocos de madeira (cf

Figura 43) se assemelha bastante agrave peccedila de mobiliaacuterio ao lado por ser constiuiacutedo a

partir da hamornia proposta no encaixe de partes que evidenciam o contraste

cromaacutetico que tornam-se caracteriacutesticas visuais fundamentais para a criaccedilatildeo do

aspecto luacutedico

Agrave direita a peccedila do movimento Memphis da coleccedilatildeo denominada Um Piccolo

Omaggio a Mondrian (cf Figura 44) desenvolvida por Ettore Sottsass inspirada nas

obras do artista Piet Mondrian tambeacutem evidencia pluralidade nas cores e

sobreposiccedilatildeo de formas para a construccedilatildeo do efeito de ludicidade

58

O trabalho de Ettore Sottsass em Um Piccolo Omaggio a Mondrian (cf Figura

44) se estruturou a partir de vaacuterias categorias capazes de desenvolver o aspecto

luacutedico A peccedila se destoa das uniformidades ao apresentar elementos geomeacutetricos de

diferentes proporccedilotildees e com sobreposiccedilotildees aleacutem de ressaltar a temaacutetica inspirada na

arte das pinturas neoplasticistas da deacutecada de 1930

Muitos jogos de tabuleiro apresentam pinos (peccedilas para ser movimentadas no

de correr do passatempo) e manuseados pelos participantes como o Jogo de

Tabuleiro (cf Figura 45) Essas peccedilas satildeo feitas em miniatura mas proporcionais ao

espaccedilo do jogo

O divertimento surge quando observamos a Lacircmpada de Mesa de Baiacutea (cf

Figura 46) de Ettore Sottsass que distorce a imagem das pequenas peccedilas luacutedicas do

tabuleiro transformando-as em suporte de luminaacuteria a partir da desproporccedilatildeo

Aleacutem disso o objeto possui uma base que lembra os espaccedilos onde os pinos satildeo

posicionados no tabuleiro para permitir a continuidade do jogo Portando o aspecto

luacutedico da desproporccedilatildeo do objeto pode ser capaz de rememorar a experiecircncia vivida

nos jogos ao descontruir simbolicamente a forma tradicional de uma luminaacuteria

realocando especificidades de cunho luacutedico a um outro contexto o design de produtos

Figura 44 Brinquedo Educativo com Blocos de madeira

Fonte httpswwwelo7combrblocos-

de-encaixe-de-madeira-brinquedodp5BBDA3pp=25amppn=1 Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 43 Obra Un Piccolo Omaggio a MondrianEttore Sottsass

Fonte httpswwwstyluscompqwwqj

Acesso em 10 de outubro de 2017

59

No Brinquedo de Montar com Peccedilas de Madeira (cf Figura 47) haacute a

diversificaccedilatildeo das cores primaacuterias dos formatos equiliacutebrios e harmonias O aspecto

luacutedico visiacutevel no passatempo de blocos de madeiras eacute facilmente assimilado a esteacutetica

da luminaacuteria Lacircmpada de Mesa Japonesa (cf Figura 48) que se constitui das mesmas

categorias esteacuteticas

Figura 47 Brinquedo de Montar com Peccedilas em Madeira

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 48 Lacircmpada de Mesa japonesa 1981 Ettore Sottsass

Fonte httpsbrpinterestcompin19977693344

4364169 Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 45 Lacircmpada de Mesa de Baiacutea 1983 Ettore Sottsass

Fonte httpg4br13l3githubioCG_final_project

bayhtml Acesso em 10 de outubro de 2017

Figura 46 Jogo de Tabuleiro

Fonte httpsbetatheglobeandmailcom

Acesso em 10 de outubro de 2017

60

Ambos os objetos apresentam fortemente o contraste cromaacutetico os

desequiliacutebrios harmonia e desarmonia

O brinquedo Lego (cf Figura 49) bastante utilizado para fins educativos e

interativos propotildee a diversatildeo e o estiacutemulo do bem-estar para a primeira infacircncia O

objeto se constitui de muitas categorias conceituais bem como o contraste cromaacutetico

a harmonia entre as formas como os encaixes que consequentemente propotildeem o

equiliacutebrio que satildeo caracteriacutesticas visuais que fazem parte da percepccedilatildeo sensorial

Ou seja eacute um conjunto de elementos como a vibratilidade das cores a

capacidade de se construir modificar e atribuir proporccedilotildees que torna o passatempo

pertinente para gerar a articulaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo no manuseio Essas accedilotildees satildeo

de vital importacircncia no estiacutemulo das sensaccedilotildees de se divertir e rir porque esse eacute um

dos propoacutesitos da ludicidade

A Mesa Pierre (cf Figura 50) foi criada pelo britacircnico George Swoden que aderiu

aos conceitos do movimento Memphis em ressaltar de maneira significativa as funccedilotildees

esteacutetica e simboacutelica no design A mesa tem uma estrutura que apresenta o claro-

escuro o contraste entre a parte superior e inferior do objeto e as cores quentes

Comparando-se a estrutura do brinquedo Lego (cf Figura 49) a disposiccedilatildeo e

harmonia das formas em cores diversificadas na mesa nos direciona a questionar a

possibilidade de desmontaacute-la ou de diminuir as partes inferiores para deixar o objeto

mais baixo devido ao contraste na divisatildeo de cores nos cubos que sobre

Figura 49 Mesa Pierre 1984 Ettore Sottsass

Fonte

httpswwwkissthedesignchenproductpierre-table-george-sowden-memphis

Acesso em 11 de outubro de 2017

Figura 50 Brinquedo Lego

Fonte httpwwwporamaisbcombrdecor-

designblocos-gigantes-semelhantes-ao-lego-para-construir-e-decorar

Acesso em 11 de outubro de 2017

61

posicionados transmitem a sensaccedilatildeo de poder movecirc-los removecirc-los e desencaixaacute-

los

O Carro de brinquedo Ipet (cf Figura 51) foi produzido para os hamsters e

possui os aspectos visuais que satildeo apresentados pela Gestalt que estruturam seu

aspecto luacutedico bem como o contraste cromaacutetico a disposiccedilatildeo dos formatos

acentuados a aplicaccedilatildeo de rodinhas para viabilizar os movimentos quando o

brinquedo for manuseado e a leveza e suavidade da plasticidade do objeto que reforccedila

o puacuteblico e os motivos da sua produccedilatildeo ser ideal para os roedores e divertido para

quem compra

A desproporccedilatildeo tambeacutem eacute um elemento interessante na construccedilatildeo do aspecto

luacutedico do brinquedo pois imita o formato de um automoacutevel que claramente eacute

direcionado para os seres humanos adultos Entatildeo a brincadeira eacute desproporcionar

para se tornar ideal para o animal leve e atrair atraveacutes dos contrastes da forma e da

cor

A luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura 52) projetada no periacuteodo do Memphis se

constitui de contrastes cromaacuteticos superfiacutecie Poreacutem a cor natildeo eacute o uacutenico elemento que

atribui o aspecto luacutedico a luminaacuteria a sensaccedilatildeo de movimento eacute proporcionada pelas

lsquorsquorodinhasrsquorsquo que se situam na sua base A nomenclatura lsquorsquoSuper Lacircmpadarsquorsquo tambeacutem soacute

reforccedila a multiplicidade no aspecto do objeto A pluralidade de cores de formatos

dispersos e acentuados como raios aproximados destacam a ludicidade pela

diversificaccedilatildeo dos elementos em uma soacute peccedila

Figura 52 Carro Azul Para Hamster

Fonte httpswwwpetzcombrprodutobrinquedo-ipet-carro-azul-para-hamster-98309 Acesso em 15 de novembro de 2017

Figura 51 Luminaacuteria Super Lacircmpada 1981 Martine Bedin

Fonte

httpcasaclaudiaabrilcombrmoveis-acessorioscolecao-de-moveis-de-david-

bowie-vai-a-leilao Acesso em 13 de abril de 2017

62

O objeto lembra a forma de um lsquorsquocarrinhorsquorsquo ateacute mesmo pela plasticidade

(material) que se aproxima do material plaacutestico que proporciona o aspecto suavemente

polido exaltado pelo brilho na superfiacutecie A peccedila seria facilmente confundida com um

carrinho de brinquedo A presenccedila da cor eacute bastante acentuada pela aplicaccedilatildeo

diversificada do elemento

Consideramos visualizar a mesma peccedila Luminaacuteria Super Lacircmpada (cf Figura

53) a partir de um esquema de representaccedilatildeo do efeito ou da falta deste efeito sem a

presenccedila do contraste cromaacutetico

Figura 53 Esquema de Representaccedilatildeo da Peccedila Super Lacircmpada com ausecircncia de cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A ausecircncia dos contrastes cromaacuteticos implica na diversificaccedilatildeo do objeto A peccedila

passa a apresentar uniformidade cromaacutetica na superfiacutecie que eacute percebida facilmente

O conceito da temaacutetica carrinho o movimento e a acentuaccedilatildeo dos formatos satildeo

perceptiacuteveis Poreacutem a cor eacute capaz de viabilizar o destaque desses conceitos

Assim como as brincadeiras jogos e outros passatempos propotildeem o

distanciamento da seriedade obrigaccedilotildees ofegos e seriedades da vida ao promover o

acircnimo e o bem estar o Movimento Memphis rompe com os paradiacutegmas simboacutelicos da

seriedade e ambiguidade presentes no design a fim de se reconstruir no valor de

ludicidade para o estiacutemulo dos prazeres e emoccedilotildees

32 Emoccedilatildeo e Humor

63

De acordo com Donald Norman (2008) lsquorsquoEmoccedilatildeo eacute a experiecircncia consciente do

afeto completa com a atribuiccedilatildeo de sua causa e identificaccedilatildeo de seu objetorsquorsquo

(NORMAN 2008 p31)

Portanto podemos salientar que quando nos afeiccediloamos a determinado objeto

ou situaccedilatildeo isso nos provocaraacute uma emoccedilatildeo porque de alguma forma podemos

experimentar tal ocasiatildeo ou ter uma relaccedilatildeo afetiva com determinado objeto que vai

nos fazer nos afeiccediloar por ele naquele momento Partindo dos momentos de

experiecircncia com as dinacircmicas da ludicidade a emoccedilatildeo eacute a experiecircncia em se afeiccediloar

com uma atividade tatildeo interativa

Para compreendermos melhor Norman (2008) afirma que lsquorsquoAfeto eacute o termo que

se aplica ao sistema de julgamentos quer sejam conscientes ou inconscientesrsquorsquo

(NORMAN 2008 p31) Dessa maneira eacute a partir desses julgamentos que a emoccedilatildeo

pode surgir como uma reaccedilatildeo ao momento a um determinado objeto ou coisa

Segundo Siacutelvia Orsi Koch (2016) o humor eacute um posicionamento de espiacuterito que

promove o riso e fundamental da transmissatildeo da sensaccedilatildeo de bem-estar e prazer

Esse sentimento nos afasta por um determinado tempo das preocupaccedilotildees e agitaccedilotildees

que existem na vida moderna e nos aproxima da vida leve como as imaginaccedilotildees e a

ingenuidade da infacircncia

Ao nos desviar dos paracircmetros da vida como estar preso ao reloacutegio ou fazer

uma atividade repetitiva diaacuteria no trabalho abrimos espaccedilo para a ludicidade

justamente por nos proporcionar experiecircncias novas e entrarmos em estados de

espiacuterito que nos fazem bem como o humor em atividades e momentos de cunho

luacutedico

Contudo podemos considerar o humor como uma resposta ao momento de

emoccedilatildeo em nos deparar com algo que nos afeiccediloa O humor eacute a resposta agrave

experiecircncia que nos leva a sensaccedilatildeo de prazer

Norman afirma que

Emoccedilotildees humores traccedilos caracteriacutesticos e personalidade satildeo todos aspectos das diferentes maneiras atraveacutes das quais as mentes das pessoas funcionam especialmente no domiacutenio afetivo emocional (NORMAN 2008 p53)

No Memphis a emoccedilatildeo do indiviacuteduo pode surgir na relaccedilatildeo da observaccedilatildeo e

experiecircncia com os objetos pelo fato da esteacutetica despertar sentimentos que afirmam a

64

efetividade da boa relaccedilatildeo afetiva com o produto No livro Design Emocional de

Donand Norman (2008) ele afirma que

As emoccedilotildees modificam o comportamento durante um periacuteodo de tempo relativamente curto pois reagem aos acontecimentos imediatos As emoccedilotildees tecircm periacuteodos de duraccedilatildeo relativamente curtos ndash minutos ou horas Os humores duram mais tempo podendo ser medido por vezes em horas ou dias Os traccedilos caracteriacutesticos tecircm duraccedilatildeo de anos ou ateacute mesmo uma vida inteira (2008 p53)

Dessa maneira podemos dizer que a emoccedilatildeo eacute o processo de afeiccedilatildeo por

determinada coisa ou objeto e soacute a partir desse momento que nos afeiccediloamos

podemos reagir seja sorrindo ou chorando

Donald Norman (2008) atraveacutes de seus estudos afirma que somos resultado de

trecircs niacuteveis de estruturas do ceacuterebro o niacutevel visceral o niacutevel comportamental e o niacutevel

reflexivo Fortalece ainda que o niacutevel visceral lsquorsquofaz julgamentos raacutepidosndash como o que eacute

bom ou ruim seguro ou perigosorsquorsquo (2008 p14)

No Memphis o observador pode lembrar de boas experiecircncias vivenciadas

como a interaccedilatildeo com os motivos geomeacutetricos contrastes e formatos em uma

atividade luacutedica assim como jogos e passatempos que satildeo capazes de ativar as boas

sensaccedilotildees e relacionar esses atributos agrave comicidade estruturada nos objetos do

movimento

Sendo assim desperta-se o niacutevel visceral com a presenccedila do estranhamento ou

do riso ao identificamos que tal objeto natildeo condiz com a forma padronizada que

aprendemos a interpretar e aleacutem disso nos faz associar a outros um tanto quanto

jocosos Dessa maneira haacute a possibilidade do surgimento do humor atraveacutes da

percepccedilatildeo de algo que nos remete a comicidade ao humoriacutestico atraveacutes da sua

esteacutetica

Segundo Donald Norman (2008 p56) lsquorsquoO niacutevel visceral eacute preacute-consciente

anterior ao pensamento Eacute onde a aparecircncia importa e se formam as primeiras

impressotildees O niacutevel visceral diz respeito ao primeiro impacto inicial de um produto agrave

sua aparecircnciarsquorsquo

Contudo nem sempre o prazer seraacute uma sensaccedilatildeo resultada do niacutevel visceral

Em diferentes ocasiotildees ao depender das relaccedilotildees vividas por cada indiviacuteduo ou em

culturas diferentes a sensaccedilatildeo pode ser de repuacutedio pacircnico medo ansiedade tristeza

ou felicidade Como exemplo disto Norman exemplifica

65

Os designers profissionais podem criar produtos que sejam um prazer de olhar e usar Mas natildeo podem tornar alguma coisa pessoal ou com a qual se criam viacutenculos Ningueacutem pode fazer isso por noacutes temos de fazecirc-lo noacutes mesmos (NORMAN 2008 p18)

Podemos afirmar que a esteacutetica das peccedilas do movimento Memphis passa a ser

a essecircncia do design desses produtos Ou seja eacute uma valiosa fonte para atribuir valor

e provocar a emoccedilatildeo ao lembrar de algo bom ou ruim ou remetecirc-la agrave tristeza ou a

felicidade Essas lembranccedilas seratildeo individuais a partir das experiecircncias de cada um

Donald Norman afirma que

Noacutes nos tornamos apegados a coisas se elas tecircm uma associaccedilatildeo pessoal significativa se trazem agrave mente momentos agradaacuteveis e confortantes Talvez mais significativo contudo seja o nosso apego agrave lugares recantos favoritos de nossa casa locais favoritos vistas favoritas Nosso apego eacute realmente com a coisa eacute com o relacionamento com os significados e sentimento que a coisa representa (NORMAN 2008 p68)

A partir disso a reaccedilatildeo visceral ocorre ao nos depararmos com uma situaccedilatildeo ou

coisa agradaacutevel que nos faz rir pois de alguma forma aquilo nos fez bem muito mais

pela relaccedilatildeo e vivecircncia que tivemos com elas (a situaccedilatildeo ou coisa) e que pode ser

diferente de uma pessoa para outra porque as vivecircncias natildeo satildeo as mesmas as

histoacuterias satildeo diferentes

Norman diz que

No mundo do design tendemos a associar emoccedilatildeo com beleza construiacutemos coisas atraentes coisas mimosas coisas coloridas Por mais importante que sejam esses atributos natildeo satildeo eles que impulsionam as pessoas em sua vida quotidiana Gostamos de coisas atraentes por causa do sentimento que elas nos proporcionam E no domiacutenio dos sentimentos eacute tatildeo razoaacutevel se afeiccediloar e amar coisas que satildeo feias quanto o eacute natildeo gostar de coisas que seriam chamadas de atraentes As emoccedilotildees refletem nossas experiecircncias pessoais associaccedilotildees e lembranccedilas (NORMAN 2008 p67)

A fim de compreendermos melhor o autor traduz esse entendimento das

reaccedilotildees ao universo do design e passa a considerar as reaccedilotildees visceral

comportamental e reflexiva como os trecircs niacuteveis do design

Ou seja o design visceral se constitui de reaccedilotildees iniciais e pode ser observado

pondo as pessoas diante de um produto e esperando por essas reaccedilotildees O design

visceral eacute o aspecto fiacutesico do objeto capaz de provocar esse impacto inicial Segundo

Norman a reaccedilatildeo visceral agrave aparecircncia dos produtos se caracteriza de

66

questionamentos como lsquorsquoEu quero issorsquorsquo Em seguida elas podem perguntar lsquorsquoO que

ele faz rsquorsquo

Muitos aspectos fiacutesicos da esteacutetica Memphis satildeo capazes de formular

questionamentos como esse Os objetos do movimento possuem uma aparecircncia que

instiga os observadores em relaccedilatildeo ao que satildeo capazes de desempenhar Aleacutem de

que os impactos sobre essa aparecircncia satildeo construiacutedos a partir da desconstruccedilatildeo

simboacutelica e a adequaccedilatildeo da ludicidade

A aparecircncia funciona como passo iniciai para fazer com que os observadores

tenham suas experiecircncias bem como entrar em contato com o objeto que eacute a proacutepria

accedilatildeo chamada de niacutevel comportamental

De acordo com Norman (2008) o niacutevel comportamental diz respeito agrave accedilatildeo que

estaacute sendo exercida no momento O niacutevel comportamental no design eacute desenvolvido a

partir do uso do objeto eacute estar diante do seu desempenho viver a experiecircncia de se

relacionar com o produto e interagir junto a ele

Ou seja primeiro reagimos ao objeto pois de alguma forma fomos atraiacutedos pela

imagem do produto o que intensifica o despertar da curiosidade em saber o que esse

objeto realmente opera manuseando-o utilizando e conhecendo suas reais funccedilotildees

Aleacutem disso em sequecircncia o design reflexivo parte do uso e da experiecircncia e

diz respeito a memoacuteria afetiva em relaccedilatildeo ao contato que tivemos com determinado

objeto

Norman (2008) afirma que os niacuteveis visceral e comportamental ocorrem no

tempo presente quando haacute o ato de ver (considerado primeiro impacto) e logo apoacutes o

uso (a accedilatildeo a operaccedilatildeo do objeto) Diferentemente do niacutevel visceral que se intensifica

por mais tempo e se constitui das lembranccedilas em se relacionar com o objeto

classificando-as como boas ou ruins

Dessa maneira o prazer atribuiacutedo a reaccedilatildeo imediata inicial e ao uso do produto

funciona como interpretaccedilatildeo como significado da nossa relaccedilatildeo com determinado

objeto Se obtivermos um impacto inicial positivo em relaccedilatildeo a aparecircncia de um objeto

e nossas experiecircncias em utilizaacute-lo forem significativas consequentemente as

lembranccedilas seratildeo satisfatoacuterias e o produto teraacute um significado emocional amplamente

efetivo

Haacute uma pluralidade de influecircncias que fez parte da construccedilatildeo do movimento

Memphis para que se tornasse um novo design que permitisse impulsionar boas

67

reaccedilotildees a partir de sua esteacutetica Donald Norman (2008) afirma que os designers

Mihaly Csikszentmihalyi e Eugene Rochberg-Halton estudaram o que torna as coisas

especiais no livro lsquorsquoThe Meaning of Things e ressalta que

Objetos especiais se revelaram ser aqueles com recordaccedilotildees ou associaccedilotildees especiais aqueles que ajudavam a evocar um sentimento especial em seus donos Todos os itens especiais evocavam histoacuterias Raramente o foco estava na coisa em si o que importava era a histoacuteria uma ocasiatildeo relembrada (NORMAN 2008 p68)

Os produtos tornam-se objetos de apreccedilo emocional e vatildeo aleacutem da sua

tecnologia do meio de funcionamento e praticidade Quando o item ativa o desejo

afetivo significa que o seu desempenho natildeo eacute apenas fazer funcionar para atender a

necessidade do uso mas tambeacutem de ativar a boa sensaccedilatildeo em usaacute-lo aleacutem de

guarda-lo e sentir ciuacutemes por exemplo

Portanto a importacircncia da interaccedilatildeo do usuaacuterio com o objeto a partir da

diversatildeo reforccedila o viacutenculo emocional que se tem com ele e soacute intensifica o quanto os

atributos de alegria de brincadeiras e passatempos satildeo importantes para tornar o

design atrativo a fim de promover a interatividade

Sendo assim Norman (2008) afirma que o prazer e a diversatildeo satildeo conceitos que

natildeo se apresentam concisos Ou seja parte de distintas experiecircncias do observador e

usuaacuterio O design eacute capaz de propor esses meios natildeo de maneira definidamente

coletiva

Entretanto apenas propor bons sentimentos agraves pessoas ressalta a preocupaccedilatildeo

do designer em realocar a interaccedilatildeo e o efeito esteacutetico da ludicidade antes atributos

vistos em passatempos infantis agrave objetos mais proacuteximos de seu cotidiano

Consideramos o prazer como sensaccedilatildeo tatildeo importante na vida adulta quanto na

infacircncia

Para exemplificar Norman afirma que

A alegria por exemplo cria o impulso de brincar o interesse cria o impulso de explorar e assim por diante Brincar por exemplo constroacutei habilidades fiacutesicas socioemocionais e intelectuais e incrementa o desenvolvimento do ceacuterebro De maneira semelhante a exploraccedilatildeo aumenta o conhecimento e a complexidade psicoloacutegica (NORMAN 2008 p128)

Dessa maneira partimos do entendimento da desconstruccedilatildeo simboacutelica para

propor o aspecto luacutedico visando as caracteriacutesticas visuais e principais presentes na

68

ludicidade como as formas cores proporccedilotildees volumes pertinentes para possibilitar a

interatividade a fim de despertar o humor

Norman (2008) intensifica que

Beleza diversatildeo e prazer trabalham juntos para produzir alegria um estado de afeto positivo A maioria dos estudos cientiacuteficos sobre a emoccedilatildeo se concentrou no lado negativo sobre a ansiedade o medo e a raiva muito embora a diversatildeo a alegria e o prazer sejam atributos desejados da vida (NORMAN 2008 p127)

Ou seja a emoccedilatildeo natildeo diz respeito apenas agraves afeiccedilotildees negativas ou que somos

capazes de nos emocionar diante de momentos negativos A preocupaccedilatildeo do designer

e dos artistas em geral eacute em atribuir os melhores artifiacutecios esteacuteticos para estimular a

positividade aos sentimentos que proporcione aos indiviacuteduos o bem-estar e o apreccedilo

por determinada coisa ou objeto

Norman afirma que

A tecnologia deveria trazer mais as nossas vidas do que o desempenho aperfeiccediloado de tarefas deveria acrescentar riqueza e diversatildeo Uma boa maneira de trazer diversatildeo e prazer a nossas vidas eacute confiar no talento dos artistas Felizmente haacute muitos deles por aiacute (NORMAN 2008 p125)

Utilizar artifiacutecios para enriquecer o trabalho de um profissional a fim de tornar o

design emocional eacute sinal da preocupaccedilatildeo de fazer com que as pessoas se relacionem

com seus produtos no dia-a-dia de maneira com que natildeo esqueccedilam deles e tornem as

suas atividades diaacuterias mais especiais

No campo do vestuaacuterio muitos produtos satildeo desenvolvidos propondo a

ludicidade na roupa a partir de temaacuteticas cores e formatos Consideramos pertinente

nos aprofundarmos neste acircmbito da ludicidade na moda que tanto serve de exemplo

como inspiraccedilatildeo para outras produccedilotildees futuras

69

4 O SENTIDO DE HUMOR NA MODA

41 Definiccedilatildeo do Problema

A partir dos conceitos estudados o atual problema de design entende-se por

adequar o efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis numa coleccedilatildeo de vestuaacuterios a fim

de estimular a sensaccedilatildeo do humor

42 Componentes do Problema

A temaacutetica Memphis na Moda

Anaacutelise de similares (uso das categorias conceituais relevantes para o valor da

ludicidade no Memphis e na moda)

Concorrentes

Puacuteblico-Alvo

Estaccedilatildeo do Ano

Materiais e tecnologias

43 Coleta de Dados dos Componentes

431 A Moda e o Memphis

A moda foi esteticamente influenciada pelo movimento Memphis As formas

cuacutebicas se transformaram em acessoacuterios de cabelo e as cores e a geometria

ocuparam as superfiacutecies de calccedilados de grifes famosas os grafismos foram inspiraccedilatildeo

para o design de joias e ao longo do tempo o movimento Memphis foi inspiraccedilatildeo

como tendecircncia de moda dos anos 2010 a 2018

Atualmente as grifes de moda aplicam elementos caracteriacutesticos do Movimento

Memphis e estilos como o Pop Art e Optical Art bem como as cores vibrantes

formas geomeacutetricas e efeitos visuais de superfiacutecie

A Dior apresentou na passarela uma coleccedilatildeo de outono inverno 20102011 (cf

figura 54) A produccedilatildeo da grife foi totalmente inspirada pela esteacutetica do movimento e

aplicou cores estampas e formas geomeacutetricas em peccedilas de vestuaacuterio que se

assemelhavam agraves peccedilas do estilo

Figura 54 Coleccedilatildeo de Acessoacuterio de Moda e vestuaacuterios da grife Dior na passarela em 2010

70

Fonte httpwwwlaceeswancom20110802dior-the-memphis-group Acesso em 4 de outubro de 2017

As peccedilas se estruturam em cores primaacuterias como o amarelo azul e vermelho

contrastando com cores claras como rosa e o branco O cubo como acessoacuterio no

cabelo evidencia a influecircncia das formas geomeacutetricas que constituem a esteacutetica do

movimento Memphis em vaacuterias peccedilas do mobiliaacuterio e utensiacutelios

Outras marcas de moda tambeacutem adequaram a esteacutetica do Memphis A Kenzo

utiliza o aspecto luacutedico em muitas de suas coleccedilotildees e na coleccedilatildeo de inverno de 2012

(cf Figura 55) a marca aplicou os elementos esteacuteticos do Memphis em uma coleccedilatildeo

de vestuaacuterio e acessoacuterios de moda com o uso de cores vibrantes e formas

geomeacutetricas

Em 2014 A adidas tambeacutem utilizou as cores grafismos e principalmente a

textura em seus produtos como camisas T-shirts e sapatos estilo retrocirc sportswear (cf

Figura 55)

Figura 55 Coleccedilatildeo das marcas Kenzo em 2012 e Adidas em 2015 ambas com inspiraccedilatildeo na esteacutetica do Movimento Memphis

71

Fonte httpspetiscosjpcasaleilao-com-a-colecao-de-david-bowie-na-sothebys

Acesso em 2 de junho e 2017

No Paris Fashion Week na apresentaccedilatildeo das coleccedilotildees de outono inverno 2018

(cf Figura 56) a grife Valentino utiliza os patches (aviamentos bastante utilizados na

deacutecada de 80) e a diversificaccedilatildeo cromaacutetica na superfiacutecie das peccedilas

Figura 56 Modelo desfila com peccedila da Coleccedilatildeo Outono Inverno 201718 de Valentino inspiradas no Movimento Memphis

Fonte httpwwwvogueesmodatendenciasarticulosvalentino-crucero-pierpaolo-piccioli-memphis29788

Acesso em 2 de junho de 2017

A coleccedilatildeo natildeo foi inteiramente inspirada no Memphis mas diversificou entre as

caracteriacutesticas do movimento com aplicaccedilotildees de grafismos de cores diversas e

72

formatos geomeacutetricos que se misturaram na aplicaccedilatildeo da esteacutetica vitoriana com golas

altas mangas ateacute o punho e vestidos longos

432 Anaacutelise de Similares com Ludicidade (Memphis e a Moda)

O estilista Ronaldo Fraga utilizou categorias conceituais para evidenciar o

aspecto luacutedico da sua coleccedilatildeo de vestuaacuterios do Veratildeo 2015 (cf Figura 57) A

pluralidade de formas geomeacutetricas que se distanciam dos formatos retiliacuteneos e

seriedade do periacuteodo moderno satildeo adequadas agraves modelagens da coleccedilatildeo e servem

como estampas que destacam os contrastes cromaacuteticos As peccedilas apresentam

equiliacutebrio desequiliacutebrios e a harmonia de formas ordenadas e bastante

redimensionadas na superfiacutecie do vestuaacuterio

No Memphis o designer Peter Shire atribui tambeacutem elementos geomeacutetricos

posicionados em desordem o contraste entre as cores o equiliacutebrio por irregularidades

nas formas e a verticalidade na Mesa de Lado (cf Figura 58) Ambas as produccedilotildees de

aacutereas distintas do design se constituem de categorias conceituais capazes de

proporcionar a ludicidade

Figura 58 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio Veratildeo 2015 Ronaldo Fraga

Fonte httpculturaestadaocombrnoticiasgeralronaldo-fraga-cria-colecao-inspirada-

em-candido-portinari1148342 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 57 Mesa de Lado 1987 Peter Shire

Fonte httpsbrpinterestcompin41397939072

8731964 Acesso em 12 de outubro de 2017

73

Assim como no Memphis a Moschino utilizou elementos da natureza para

compor as peccedilas da coleccedilatildeo e lsquorsquobrincoursquorsquo com a superfiacutecie dos vestuaacuterios ao retirar

composiccedilotildees de seu contexto original como a estampa de lsquorsquovaquinharsquorsquo (cf Figura 59) e

inserir no universo da moda

A peccedila Mesa de Lado Continenta (cf Figura 60) de Michel de Lucchi tambeacutem

apresenta o trocadilho a partir da adequaccedilatildeo no mobiliaacuterio O efeito visual da

superfiacutecie de ambas as peccedilas natildeo nos parece familiar

Nestes exemplos do aspecto luacutedico na moda e no Memphis eacute perceptiacutevel que as

duas aacutereas do design moda e produto se valeram dos mesmos elementos esteacuteticos

como os formatos os contrastes cromaacuteticos ou a temaacutetica (construiacuteda a partir da

disposiccedilatildeo e harmonia das formas e das cores constituindo textura)

433 Marcas Similares

Considerando o atual mercado da moda que trabalha com a adequaccedilatildeo do valor

da ludicidade no vestuaacuterio apontamos os principais concorrentes neste aspecto que

Figura 60 Mesa de Lado Coninental 1984 Michele de Lucchi

Fonte

httpswww1stdibscomfurnituretablesside-tablescontinental-end-table-

michele-de-lucchi-memphis-milano-1984id-f_3213192

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 59 Coleccedilatildeo de Vestuaacuterio OutonoInverno 2014 Moschino

Fonte httpswwwlilianpaccecombrdesfilem

oschino-outono-inverno-201415 Acesso em 2 de novembro de 2017

74

tanto atribui impactos iniciais quanto desperta a emoccedilatildeo criada a partir das relaccedilotildees

afetivas

Moschino

A marca italiana de moda eacute conhecida por suas inspiraccedilotildees no universo da

ludicidade aderindo agrave pluralidade de elementos animalescos encontrados nos jogos

de viacutedeo game na natureza nas bonecas fast-foods e outros aspectos que seguem

essa mesma visualidade

Uma das produccedilotildees que mais representa a influecircncia do luacutedico na marca eacute a

coleccedilatildeo de vestuaacuterios e acessoacuterios inspirados no universo da boneca Barbie (cf

Figura 61) bem como a aparecircncia e o estilo de vida idealizado da personagem nas

animaccedilotildees televisivas e na venda do brinquedo

Figura 61 Coleccedilatildeo de Moda Primavera 2015 Inspirada na Barbie Moschinho

Fonte httpswwwjustliacombr201409a-colecao-moschino-inspirada-na-barbie Acesso em 2 de novembro de 2017

Os looks possuem o contraste entre a cor rosa vibrante e tons de amarelo a

diversificaccedilatildeo de formas com acessoacuterios desproporcionais agrave anatomia do corpo como

os oacuteculos colares e brincos aleacutem das estampas animalescas

75

A Barbie eacute um iacutecone fashionista de desejo mundial mas que foi originalmente

parte da cultura norte-americana

Natildeo soacute a esteacutetica das peccedilas de roupas da Baacuterbie foram as novidades da

coleccedilatildeo A marca tambeacutem apresentou bolsas e capas para celular com o aspecto da

ludicidade bastante visiacuteveis como opccedilatildeo para combinar o look

Em mais um exemplo de ludicidade presente na infacircncia para o

desenvolvimento a coleccedilatildeo de moda de Primavera 2017 (cf Figura 62) a Moschino se

apoiou nos artifiacutecios esteacuteticos do passatempo infantil Paper Dolls dos anos de 1950

(cf Figura 63)

As bonecas de papel eram acompanhadas de roupas em miniatura para serem

montadas de acordo com a escolha da crianccedila o que intensificava a diversatildeo naquela

eacutepoca As peccedilas da coleccedilatildeo satildeo representadas por pluralidades das formas

proporccedilotildees contrastes cromaacuteticos e ainda se apoia no traccedilado das ilustraccedilotildees do

passatempo da deacutecada de 50 como efeito visual de superfiacutecies na proacutepria

representaccedilatildeo material dos tecidos

Figura 62 Modelo desfila uma das peccedilas inspiradas nas Paper Dolls

Primavera 2017 Moschino

Fonte httpsstyleninecomau2016102

41153fashion-halloween-wintour-versace-lagerfeld-201612

Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 63 Passatempo Paper Doll da deacutecada de 1950

Fonte httpswwwflickrcomphotos39569851N02galleries72157

622345440201 Acesso em 2 de novembro de 2017

76

Kenzo

A marca parisiense Kenzo fundada pelo estilista japonecircs Kenzo Takada se

apoia em elementos da natureza para compor suas estampas inspiradas em animais

marinhos terrestres e insetos nas coleccedilotildees de moda Inclusive o uso do animal print

(textura animal) misturado as cores vibrantes fazem parte da identidade da marca com

aplicaccedilatildeo das formas geomeacutetricas (cf Figura 64) e abstraccedilotildees orgacircnicas com temaacutetica

da natureza (cf Figura 65)

A primavera veratildeo de 2018 da marca destacou elementos geomeacutetricos

contrastados ao vinil e combinados com a peccedila Blazer social

A diversificaccedilatildeo do vestuaacuterio traduz o propoacutesito da marca em criar o aspecto

luacutedico a partir da composiccedilatildeo de vaacuterios elementos visuais bem como as formas

vibratilidade das cores e a inovaccedilatildeo em modelagens que desconstroem os formatos e

as superfiacutecies tradicionais do vestuaacuterio

Eacute bastante perceptiacutevel como a ludicidade foi formulada a partir de categorias

esteacuteticas bem como o efeito do equiliacutebrio desequiliacutebrio a falta de ordem nas

Figura 64 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpenvoguefrfashion-showsdefileprintemps-ete-2018-paris-

kenzo-21991 Acesso em 2 de novembro de 2017

Figura 65 Coleccedilatildeo de Moda Primavera Veratildeo 2017 Kenzo

Fonte httpswwwwhitewallartfashiontwo-muses-shine-kenzos-ss18-collection Acesso em 2 de novembro de 2017

77

estampas a presenccedila de cores quentes e os contrastes cromaacuteticos entre os motivos

geomeacutetricos e orgacircnicos

434 Puacuteblico Alvo

Esta coleccedilatildeo eacute voltada para o puacuteblico amante da arte da histoacuteria da quebra dos

paradigmas em todos os sentidos da vida A coleccedilatildeo eacute direcionada para todas as

identidades de gecircnero porque consideramos natildeo haver limites para usar o que

gostamos e o que desejamos principalmente quando ressaltamos propor a emoccedilatildeo o

prazer o bem-estar

Esses satildeo conceitos a serem vivenciados por qualquer um O riso eacute fundamental

para a boa convivecircncia e explorar a ludicidade a fim de estimulaacute-lo torna o puacuteblico

cada vez mais perto dos objetos e das coisas as quais se afeiccediloam

O puacuteblico a ser atingido pela coleccedilatildeo eacute despojado estrangeiro brasileiro que

faz parte de uma vida imaginativa Satildeo pessoas que possuem liberdade para se

expressar em seus discursos e na moda e que natildeo possuem medo de experimentar o

novo A coleccedilatildeo eacute direcionada ao jovem adutos e a terceira idade Aleacutem disso

consideramos pertinente a inclusatildeo de todas as classes sociais na moda Sendo

assim natildeo delimitamos os desejos em se vestir e se sentir bem

435 Estudo da Estaccedilatildeo da Coleccedilatildeo

Visando as mudanccedilas climaacuteticas repentinas do Brasil e as vaacuterias regiotildees do

paiacutes a coleccedilatildeo tanto possui peccedilas de composiccedilotildees mais leves quanto as mais

elaboradas no quesito tecidos e aviamentos O Brasil eacute um paiacutes da diversificaccedilatildeo das

cores O clima tropical viabiliza o uso da multiplicidade das cores em qualquer estaccedilatildeo

do ano e por isso natildeo nos limitamos agraves cores neutras e de tons mais claros para o

inverno

Eacute certo que em determinadas regiotildees do paiacutes essa estaccedilatildeo se apresenta mais

solidificada como o Sul e o Sudeste diferente do Nordeste e Norte do paiacutes com

temperaturas mais altas A pluralidade esteacutetica e de composiccedilatildeo das peccedilas

exemplifica a nossa preocupaccedilatildeo em desenvolver o vestuaacuterio para todos

O inverno do Brasil natildeo se assemelha ao inverno em outros paiacuteses do mundo

devido a sua localizaccedilatildeo geograacutefica que aleacutem de proporcionar altas temperaturas

78

sempre destaca os elementos naturais de cores vibrantes como o amarelo do sol o

azul do mar os frutos e vegetais A coleccedilatildeo eacute para todos desde a Amazocircnia ao Rio

Grande do Sul e do Acre agrave Pernambuco para o inverno brasileiro

436 Materiais e Tecnologias

Visando o processo criativo com a elaboraccedilatildeo dos esboccedilos a definiccedilatildeo dos

croquis a criaccedilatildeo das fichas teacutecnicas e a execuccedilatildeo final da peccedila nos possibilita buscar

pelos materiais que melhor representassem as categorias esteacuteticas escolhidas

Portanto consideramos dividir os materiais a serem usados no processo criativo e os

que satildeo utilizados para a execuccedilatildeo dos vestuaacuterios

Para o processo criativo digital satildeo necessaacuterias as ferramentas dispostas nos

softwares assim como os programas Photoshop Illustrator e Corel principalmente

nas etapas de manipulaccedilatildeo de imagens criaccedilatildeo de estampas fichas teacutecnicas e os

paineacuteis semacircnticos Dessa maneira as ferramentas de buscas da internet tambeacutem se

mostram indispensaacuteveis desde o iniacutecio do trabalho para as pesquisas relacionadas

aos conhecimentos teoacutericos e ao processo criativo em geral

Para o processo criativo manual eacute necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de Laacutepis HB

borracha e folhas de papel em branco para os rabiscos iniciais (construccedilatildeo das ideias)

Apoacutes concluir as ideias definimos os melhores elementos forma cor e a construccedilatildeo

de todos aspectos visuais (categorias) escolhidos a serem representados no desenho

atraveacutes de canetas nanquim hidrograacuteficas laacutepis de cores e dermatograacuteficos

Para a peccedila escolhida a ser mostrada na apresentaccedilatildeo do trabalho a execuccedilatildeo

constitui-se de tecidos e aviamentos que melhor representam a aplicaccedilatildeo das cores

os efeitos de caimentos a estaccedilatildeo do ano escolhida e adequaccedilatildeo dos efeitos da

ludicidade do Memphis no vestuaacuterio como um todo

Para isso consideramos importante primeiramente as noccedilotildees de modelagem e

compreensatildeo da ficha teacutecnica para a execuccedilatildeo do vestuaacuterio que este se constitui dos

seguintes aviamentos e tecidos

Linhas A busca por linhas baacutesicas que suportem as modelagens e estejam de

acordo com as costuras precisas no vestuaacuterio natildeo aparenta ser de grandes

dificuldades Apenas se mostra necessaacuteria a escolha de linhas de boa qualidade para

o melhor acabamento da peccedila

79

Bototildees A busca por bototildees de diferentes proporccedilotildees principalmente nas cores

frias e primaacuterias para o contraste com o tecido

Tecidos A pesquisa por tecidos eacute marcada por muitas duacutevidas em relaccedilatildeo a

sua espessura a melhor composiccedilatildeo para se utilizar na estaccedilatildeo inverno e a

disponibilidade das cores

Optamos pelo uso do tecido sarja acetinada que eacute capaz de encorpar a partir da

sua composiccedilatildeo aleacutem do brilho que esse tecido proporciona e das nuances que pode

apresentar na superfiacutecie atraveacutes de luz e sombra

Decidimos tambeacutem utilizar a Gabardine para boa parte das peccedilas

especificamente para as jaquetas da coleccedilatildeo devido ao seu caimento Como a

coleccedilatildeo estaacute direcionada para o Brasil optamos pela Gabardine para a execuccedilatildeo de

peccedilas usadas na parte superior do corpo tambeacutem pela composiccedilatildeo deixando a sarja

para as saias por exemplo

A malha de algodatildeo para as peccedilas mais leves e soltas foram necessaacuterias pois

mesmo que o Brasil possua um clima tropical as mudanccedilas de temperatura satildeo

repentinas Um dos looks da coleccedilatildeo apresenta-se mais despojado pelo uso da malha

de algodatildeo juntamente ao jeans

Optamos pelo tecido jeans na cor azul um tecido popular e decidimos inseri-lo

na coleccedilatildeo de vestuaacuterios pela sua facilidade de combinaccedilatildeo com outras peccedilas

Enquanto um dos looks da coleccedilatildeo eacute composto por malha na parte superior e jeans na

parte inferior outro look eacute apresentado com moletom (tecido bastante procurado no

inverno pelo o conforto que proporciona ao corpo nas baixas temperaturas) juntamente

ao Jeans na parte inferior tambeacutem e utilizamos a malha ribana para punhos e golas

E por uacuteltimo para a execuccedilatildeo de calccedilas leggings o uso da malha cirrecirc com

caimento bastante justo ao corpo e com uma superfiacutecie bastante acetinada Abaixo

composiccedilatildeo dos tecidos escolhidos

Sarja acetinada 97 algodatildeo 3 elastano

Gabardine 100 polieacutester

Jeans 100 algodatildeo

Moletom 75 algodatildeo 25 polieacutester

Malha Cirrecirc 100 polieacutester

Malha de Algodatildeo 100 algodatildeo

Ribana 97 Algodatildeo 3 elastano

80

437 Paineacuteis Semacircnticos

Figura 66 Painel de Puacuteblico Alvo

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Figura 67 Painel de Inspiraccedilotildees

Fonte Proacuteprio autor (2017)

81

Figura 68 Paleta de Cores

Fonte Proacuteprio autor (2017)

82

438 Processo Criativo - Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

RELEASE

Eacute brincando eacute distorcendo eacute desproporcionando eacute aplicando cores que os

modelos ganham os seus valores O humor estaacute no ar o contraste estaacute na roupa a

ludicidade eacute proposta a partir da aplicaccedilatildeo dos elementos esteacuteticos e visuais Os

modelos desfilam ao som da cantora e apresentadora brasileira Xuxa e pulam

danccedilam mexem e remexem

O Gabardine colorido e os bototildees em contrastes aplicam o toque do luacutedico do

divertido As curiosas pernas provocam o riso as texturas apresentam o vira e mexe

das formas O vintage volta o vintage recorda Os modelos surgem na passarela e

todxs caem na gargalhada pois as dinacircmicas peccedilas surgem com amor a fim de

promover o tatildeo querido humor

A sarja espetacular o brilho do cirrecirc fazem todo o puacuteblico sorrir ateacute querer O

humor estaacute no ar as lindas peccedilas encantam sem parar

Os modelos estatildeo dispostos da seguinte forma

Primeiramente apresentamos o modelo esboccedilado a matildeo com a proposta a partir

do manuseio dos materiais que melhor representassem os artifiacutecios teacutecnicos inseridos

posteriormente nas fichas e depois a ficha teacutecnica referente ao modelo apresentado

formulando apresentaccedilatildeo em lsquorsquocasalrsquorsquo de cada proposta intercalando entre modelo e

ficha teacutecnica

Apoacutes cada ficha teacutecnica realizamos uma apresentaccedilatildeo sobre a adequaccedilatildeo das

categorias conceituais em cada peccedila de vestuaacuterio para propor a ludicidade

83

Croquis e Fichas Teacutecnicas

Figura 69 Peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

84

Figura 70 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 1 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Propomos a ludicidade na peccedila a partir das categorias conceituais Assimetria e

desproporccedilatildeo para a gola o contraste cromaacutetico (amarelo e vermelho) que dividem a

85

peccedila a desordem na posiccedilatildeo do bolso a aplicaccedilatildeo da textura visual a partir das cores

preto e branco e a forma de manchas referentes agrave temaacutetica de animaccedilatildeo Daltmatas

Figura 71 Ficha Teacutecnica parte 2 peccedila 1 da Coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

86

A saia longa parte de vaacuterias categorias como o contraste cromaacutetico com a

distribuiccedilatildeo de diversas cores natildeo soacute no tecido mas tambeacutem nos bototildees O contraste

por movimento tambeacutem eacute representado na ondulaccedilatildeo proposta no recorte do tecido

tornando-se ainda mais evidente com a aplicaccedilatildeo do azul em contraste com o branco

aleacutem da desproporccedilatildeo dos bototildees na parte central da peccedila

Figura 72 Peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

87

Figura 73 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo

Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior da peccedila 2 tambeacutem eacute composta de contraste cromaacutetico da

assimetria em um dos lados da gola que se contrasta ao lado que se estrutura de

88

tamanho tradicional e a posiccedilatildeo do bolso que se torna um elemento contrastante por

apresentar desordem em comparaccedilatildeo a jaquetas mais tradicionais

Figura 74 Peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

89

Figura 75 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 3 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

90

Peccedila que apresenta a categoria assimetria natildeo apenas pela distribuiccedilatildeo

cromaacutetica mas tambeacutem a partir dos tamanhos dos lados da peccedila incluindo a gola que

apresenta volume em um dos lados A categoria desproporccedilatildeo eacute apresentada no bolso

que eacute perceptiacutevel tanto na frente como nas costas da peccedila

Figura 76 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 2 3 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

91

A parte inferior das peccedilas 2 e 3 natildeo apresenta contraste cromaacutetico ou diferencial

no formato Poreacutem a cor branca em contraste com as cores quentes da parte superior

eacute capaz de reforccedilar a diversificaccedilatildeo da peccedila atraindo os olhares para os contrastes

presentes na jaqueta e o sobretudo bem como a apresentaccedilatildeo do croqui

Figura 77 Peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

92

Figura 78 Ficha Teacutecnica peccedila 4 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A distribuiccedilatildeo desigual do elemento cor reforccedila a categoria contraste cromaacutetico

A categoria desarmonia eacute percebida a partir da forma da blusa que natildeo segue o

formato retiliacuteneo da saia A blusa apresenta contraste cromaacutetico com a saia e reforccedila a

desordem proposta pela gola que natildeo eacute localizada no pescoccedilo mas sim no ombro

93

Figura 79 Peccedila 5 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

94

Figura 80 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

95

A peccedila 5 apresenta a aplicaccedilatildeo das categorias de contraste cromaacutetico na textura

visual e temaacutetica dos Dalmatas aleacutem do contraste por movimentos no recorte central

da modelagem a assimetria da gola e o contraste da desproporccedilatildeo dos bototildees em

relaccedilatildeo agrave peccedila como um todo

Figura 81 Peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

96

Figura 82 Ficha Teacutecnica peccedila 6 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

97

O vestido apresenta as categorias contraste cromatico entre as partes superior

e inferior a aplicaccedilatildeo de elementos da forma a fim de reforccedilar a sensaccedilatildeo de

movimento e distorcer a anatomia humanda representada pela estampa na parte

superior da peccedila O botatildeo de maior escala contrasta com os de menor proporccedilatildeo

Figura 83 Peccedila 7 da coleccedilatildeo brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

98

Figura 84 Ficha Teacutecnica peccedila 7 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A categoria harmonia eacute representada a partir da combinaccedilatildeo cromaacutetica e da

aproximaccedilatildeo dos bototildees formando pares na peccedila aleacutem da desproporccedilatildeo entre si A

99

categoria contraste por movimento eacute representada pelo recorte central da peccedila

mesmo que aparentemente apresente interrupccedilotildees formando lsquorsquozig-zagsrsquorsquo

Figura 85 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

100

Figura 86 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe Fonte Proacuteprio autor (2017)

O vestido apresenta a ludicidade tambeacutem pela distorccedilatildeo da anatomia humana a

partir da composiccedilatildeo dos elementos forma e textura visual aleacutem da sensaccedilatildeo de

101

movimento e o contraste entre a cor preta e a cor quente amarela Haacute apenas a gola

no lado direito da peccedila (sentido do observador)

Figura 87 Peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

102

Figure 88 Ficha Teacutecnica peccedila 9 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

103

As categorias harmonia equiliacutebrio e assimetria podem ser percebidas a partir do

contraste entre os lados esquerdo e direito da peccedila aleacutem da disposiccedilatildeo dos carrinhos

que seguem uma ordem de aplicaccedilatildeo o que reforccedila a harmonia visual e o contraste

Figura 89 Peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

104

Figura 90 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 10 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

Na peccedila aplicamos a categoria de contras cromaacutetico a partir das cores amarelo

branco e a disposiccedilatildeo das estampas dos carrinhos A categoria forma eacute perceptiacutevel na

disposiccedilatildeo dos bototildees que se estruturam como formatos das lsquorsquorodinhasrsquorsquo dos carros A

equiliacutebrio eacute aplicada a partir da assimetria no contraste cromaacutetico mas eacute quebrada

pelo lsquorsquopesorsquorsquo visual dos carrinhos postos no lado esquerdo da peccedila

105

Figura 91 Peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

106

Figura 92 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 11 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

As categorias desarmonia e desequiliacutebrio satildeo representadas na peccedila a partir do

moacutedulo da estampa que apresenta desconformidade e imperfeiccedilatildeo no encaixe e

107

posicionamento dos lsquorsquocarrinhosrsquorsquo A categoria cromaacutetica eacute aplicada em toda a estrutura

da peccedila a partir do colorido dos carrinhos com o preto e branco da superfiacutecie

Figura 93 Peccedila 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

108

Figura 94 Ficha Teacutecnica parte 1 peccedila 2 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

A parte superior do look 12 contem como categoria a harmonia e o contraste

cromaacutetico representados pela disposiccedilatildeo dos elementos (carrinhos) e o contraste entre

cores primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias A harmonia surge na aproximaccedilatildeo dos

109

elementos e a ordem do moacutedulo de estampa mas a categoria desarmonia estaacute

presente por natildeo haver um perfeito encaixe entre os carrinhos A forma e as cores

reforccedilam a temaacutetica de automoacuteveis vintages

Figura 95 Ficha Teacutecnica parte 2 das peccedilas 10 11 e 12 da coleccedilatildeo Brincar de Vira e Mexe

Fonte Proacuteprio autor (2017)

110

A calccedila em jeans eacute um dos componentes da coleccedilatildeo devido ao seu uso em

todas as eacutepocas do ano A preferecircncia pela cor azul eacute resultado da criaccedilatildeo de um look

mais leve despojado e proacuteprio para ser usado em altas temperaturas do paiacutes mesmo

na estaccedilatildeo inverno Eacute uma das peccedilas claacutessicas

111

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou compreender o movimento

Memphis desde a sua origem aleacutem da realizaccedilatildeo de uma anaacutelise de como a sua

esteacutetica eacute estruturada a partir dos princiacutepios da Gestalt bem como as categorias

conceituais a fim de adequaacute-las para a construccedilatildeo do aspecto luacutedico no design de

vestuaacuterios

A ludicidade antes associada agraves experiecircncias e inocecircncias da infacircncia em sua

maioria se mostra relevante no cotidiano natildeo soacute da vida das crianccedilas mas de todos

Levando em consideraccedilatildeo o crescimento da diversidade do vestir da aproximaccedilatildeo das

diferentes culturas da multiplicidade de informaccedilotildees midiaacuteticas da ruptura dos

paradigmas da moda e da prostraccedilatildeo de uma sociedade cada vez mais fincada ao

tempo e aos trabalhos diaacuterios surge a importacircncia de pensar no design natildeo apenas

para exercer a praticidade nos momentos precisos mas como inovaccedilatildeo para o

estiacutemulo dos desejos da autoestima e do bem-estar

De um modo geral o movimento Memphis se estrutura a partir da ludicidade

proporcionada pelas categorias esteacuteticas bem como contrastes formas em harmonia

desequiliacutebrios desarmonia e equiliacutebrios Foi possiacutevel perceber que esses elementos

tambeacutem possibilitam a construccedilatildeo do aspecto luacutedico natildeo soacute nas peccedilas do Memphis

como tambeacutem em jogos e brinquedos que promovem a interatividade e diversatildeo A

nossa pesquisa parte da adequaccedilatildeo do efeito esteacutetico da ludicidade do Memphis no

design de moda a fim de reviver algo que se apresenta preciso em meio as agitaccedilotildees

da vida o humor

O riso eacute uma essecircncia do proacuteprio ser-humano e que deve ser vivenciada em

qualquer momento da vida principalmente com a ausecircncia de classificaccedilatildeo de idade

ou a definiccedilatildeo do momento para que isso ocorra

Foi possiacutevel contribuir para o design elaborando peccedilas de vestuaacuterio que

apresentasse a ludicidade como atributo precursor na formaccedilatildeo dos desejos e do

bem-estar do consumidor de moda Propomos que sempre deve haver a aproximaccedilatildeo

da lsquorsquovida adultarsquorsquo agrave diversatildeo presente na infacircncia a partir do contato com a inovaccedilatildeo de

atributos visuais na roupa e de um modo mais abrangente na moda

Acreditamos que esse estudo possa promover a relaccedilatildeo do usuaacuterio com o

produto natildeo soacute na aacuterea de moda mas que possa fazer parte de estudos aleacutem das

aacutereas do design a fim de promover as boas relaccedilotildees e a utilizaccedilatildeo de novos artifiacutecios

natildeo soacute em objetos como tambeacutem em muitas atividades do cotidiano que reforce a

lembranccedila de que cada um possui uma crianccedila em si

112

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE Claacuteudia Coelho Bomtempo Preparados para a atuaccedilatildeo docente

Compreensatildeo dos futuros educadores sobre ludicidade Curitiba Editora Appris

2016

BOMFIM Manoel Pensar e Dizer estudo do siacutembolo no pensamento e na linguagem

Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 2006

CHING D K Francis BINGGELI Corky Arquitetura de Interiores Ilustrada Satildeo

Paulo Editora Bookman 2013

DANTO Arthur C Apoacutes o Fim da Arte A Arte Contemporacircnea e os Limites da Histoacuteria

Satildeo Paulo Odysseus Editora 2006

DEMPSEY Amy Estilos escolas e movimentos Satildeo Paulo Cosac Naify 2003

Design Emocional Revista Ideia Santa Catarina Ediccedilatildeo 8 2014

FAGGIANI Kaacutetia O Poder do Design da Ostentaccedilatildeo agrave emoccedilatildeo Brasiacutelia Thesaurus

2006

GOMES Joatildeo Filho Gestalt do Objeto Satildeo Paulo Escrituras Editora 2004

KOSH Siacutelvia Orsi Uau design emoccedilatildeo e experiecircncia Curitiba Ediora Appris 2016

LUCY Louise marie O Poder das Cores no Equiliacutebrio Ambiental Satildeo Paulo Editora

Pensamento 1996

MAFFESOLI Michel Elogio da Razatildeo Sensiacutevel Rio de Janeiro Editora Vozes 2005

MALUF Z B Design no Seacuteculo XX Satildeo Paulo Editora Zarzur 2006

MELLO Pc Arte Novas Tecnologias e Comunicaccedilatildeo fenomenologia da

contemporaneidade Satildeo Paulo PMStudium Comunicaccedilatildeo e Design 2010

MORAES Djon de Limites do Design Satildeo Paulo Estuacutedio Nobel 1999

MOREIRA Maria Stela de Godoy Funccedilatildeo Integrativa do Humor Revista Brasileira de

Psicanaacutelise Volume 40 n4 2006

MOZOTA Brigite Borja de KLOPSCH Caacutessia COSTA Felipe Campelo Xavier da

Gestatildeo do Design Usando o Design Para Construir Valor da Marca e Inovaccedilatildeo

Corporativa Porto Alegre Bookman 2011

NORMAN Donald Design Emocional Rio de Janeiro Rocco 2008

SCHWARTZ Gisele Maria Dinacircmica Luacutedica Editora Manole Ltda Satildeo Paulo 2004

SUASSUNA Ariano Iniciaccedilatildeo a Esteacutetica Rio de Janeiro Joseacute Olympio Editora 2011

VENTURI Robert Complexidade e Contradiccedilatildeo em Arquitetura Satildeo Paulo Editora

Martins Fontes 1995

New Age Revista VOGUE Satildeo Paulo Ediccedilatildeo457 2016

113

ANEXO A - MOacuteDULOS DE ESTAMPA

114

ANEXO B - EDITORIAL

Modelo Thaacutessia Brandatildeo

Fotografia Lancolan

Produccedilatildeo Diego Xavier

115

116