Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

24
GONÇALO LOBO PINHEIRO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 24 DE OUTUBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3200 hojemacau ERROS HISTORICOS Consulta sobre património debaixo de fogo Disparidades, falta de transparência, verdades “dúbias” ou pouca amplitude são algumas das críticas feitas por arquitectos à consulta pública sobre o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau. CORRUPÇÃO Mais cinco tigres abatidos MIF 2014 Portugal parte a conquista do mercado chines A 19.ª edição da Feira Internacional de Macau abriu portas ao mundo dos negócios. A lusofonia apresenta-se com uma presença de peso e Portugal tem no vinho o seu trunfo. A campanha iniciada por Xi Jinping há dois anos fez mais cinco vítimas entre os altos cargos da nação. Nos excluídos encontram- -se um vice-ministro e um antigo vice-presidente de uma empresa petrolífera nacional. PÁGINA 4 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ´ REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 ˆ ` CHINA PÁGINA 11

description

Hoje Macau N.º3200 de 24 de Outubro de 2014

Transcript of Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

Page 1: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

ODIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 4 D E O U T U B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 0 0

hojemacau

ERROSHISTORICOSConsulta sobre património debaixo de fogo

Disparidades, falta de transparência, verdades “dúbias” ou pouca amplitudesão algumas das críticas feitas por arquitectos à consulta pública sobre o Plano

de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau.

CORRUPÇÃOMais cinco tigres abatidos

MIF 2014 Portugal partea conquista do mercado chinesA 19.ª edição da Feira Internacional de Macau abriu portas ao mundodos negócios. A lusofonia apresenta-se com uma presença de peso e Portugaltem no vinho o seu trunfo.

A campanha iniciada por Xi Jinping há dois anos fez mais cinco vítimas entre os altos cargos da nação. Nos excluídos encontram--se um vice-ministro e um antigo vice-presidente de uma empresa petrolífera nacional.

PÁGINA 4

PUB

AGÊN

CIA C

OMER

CIAL

PICO

28

7210

06

PUB

´

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

ˆ`

CHINA PÁGINA 11

Page 2: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.20142 REPORTAGEM

Há mais de 500 anos que Portugal marca presença em Macau, mas será que a China está tão interessada - e disponível – para receber produtos lusos? Expositores portugueses dizem que sim, ainda que o público chinês seja um desafio

FIL IPA ARAÚ[email protected]

N A abertura da 19ª Edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa) muita é

a pompa e a circunstância. Com vestes a rigor, dão-se as boas--vindas a todos aqueles que estão ligados ao mundo dos negócios e relações internacionais. Este ano, tal como nas edições anteriores, o número de stands disponíveis as visitantes pouco se alterou: 1900 ‘casinhas’ de pequeno e grande tamanho organizam-se na sala de exposições e convenções do

MIF 2014 MERCADO CHINÊS É DIFÍCIL DE CONQUISTAR, MAS NÃO É IMPOSSÍVEL

Estranha-se e entranha-seVenetian. Cores garridas, imita-ções arquitectónicas, comidas e bebidas. Tudo se faz para chamar à atenção do investidor.

Percorremos os corredores e - depois de sermos inundados por produtos do Chile, Indonésia, Macau, Brasil, Guiné-Bissau e tantos outros países - chegamos ao complexo português. Impossível não se fazer notar com centenas de garrafas, um ‘salão’ com ecrãs, cadeiras e até uma fadista a brindar aos que por lá passam. Entre os corredores está também um grupo que nos transporta para o norte de Portugal. De gaita de foles, paus e tambores lá vão eles, fazendo-se notar.

Dos 50 países e regiões que não quiseram deixar de marcar presença nesta edição – que custou 36 milhões de patacas, ou seja, mais 4% do que a edição anterior – os países lusófonos ocupam 126 expositores, mais do que o ano passado, quando nem uma centena atingiram. Neste expositores, estão 287 participantes.

PRODUTOSA olho nu, a esmagadora maioria de produtos expostos é vinho. Não é em vão que a consultora Wine Intelligence, num estudo

tugueses é a China. “O estudo da Wine Intelligence identifica a China e Brasail, dentro dos mercados emergentes, com po-tencial de crescimento, nos quais o vinho tem experimentado um crescimento rápido, a partir de uma base relativamente baixa”, afirmou na altura Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal.

Evidenciando esse interesse chinês nos vinhos portugueses, Rita Santos, Secretária-geral adjunta do Fórum Macau - de forte presença na MIF – afirmou, durante a sua visita a Portugal no ano passado, que existem empresários chineses interessados em comprar terrenos no país europeu para produzir vinho e azeite – produtos que de ano para ano aumentam as exportações do país luso para a China.

A concordar com essa tendên-cia está Joana Rocha, representante da Associação de Jovens empresá-rios Portugal – China que ao longo dos quatro anos de presença na feira, nota que “cada vez há mais interesse nos produtos portugue-ses”, principalmente nos vinhos.

“Nós representamos 75 em-presas, incluindo associações e instituições, que são seis, e tentamos ajudar os produtores de Portugal a trazer os seus produtos

para este mercado. Temos alguns produtos do sector agro-alimentar, enchidos, congelados, queijo, mas principalmente vinhos”, conta a responsável. Relativamente ao resultado da presença nesta feira e neste mercado, Joana Rocha escla-rece que “as exportações têm au-mentado para os nossos clientes”, esclarecendo que por causa deste interesse do lado chinês, “cada vez mais marcas portuguesas estão interessadas em marcar presença e entrar no mercado asiático”.

A representante não esconde que Macau recebe de forma muito aberta os produtos lusos, “muito

“Depois de conquistado, o público chinês compra o nosso produto, quer saber mais [sobre ele] e vai expandido o seu conhecimentodos nossos vinhos”JOANA ROCHA Representante da Associação de Jovens empresários Portugal

“O público chinês sente-se muito atraído pela gastronomia que contém o leitão. Acho que é um produto que tem muito sucessoneste mercado”FERNANDO MARQUESEmpresário de Macau

encomendado pela ViniPortu-gal, em 2013, indicou que um dos quatro mercados com maior potencial para os vinhos por-

Page 3: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

3 reportagemhoje macau sexta-feira 24.10.2014

A economia portuguesa tem de se “virar para fora” para aproveitar as oportunida-

des de evolução e desenvolvimen-to, disse em Macau o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho.

“Uma pequena economia como é a portuguesa se não se virar para fora e não aproveitar as oportunidades não conseguirá evoluir e não se desenvolverá. Ora é exactamente isso que nós não queremos”, disse o responsável em declarações à agência Lusa à margem da assinatura de um protocolo de cooperação com a Associação Comercial de Macau.

Para Miguel Frasquilho, Ma-cau e a China são “apostas” de Portugal como o é o resto do mundo porque a economia tem de conseguir expandir-se para onde for possível.

O presidente da AICEP expli-cou que Portugal quer desenvolver--se e crescer, criar “riqueza e criar emprego” e assegura que, por isso mesmo, o país está “de braços abertos para receber todo o investi-mento externo que sirva para criar riqueza e emprego no país.

INVESTIMENTOS E CREDIBILIDADEFalando à agência Lusa à margem da cerimónia inaugural da Feira Internacional de Macau, Miguel Frasquilho lembrou que o investi-mento “é um dos focos de atenção da AICEP”.

“É uma das formas que temos de desenvolver a nossa economia e

GUANGDONG-MACAU NOVE PROJECTOS ASSINADOS Nove projectos de investimento foram ontem assinados no âmbito de cooperação Guangdong-Macau. Segundo a rádio chinesa, os noves projectos incluem a participação de um consórcio japonês num projecto de um Parque da Hello Kitty na província de Zhejiang, onde o consórcio vai investir 800 milhões de yuan para construir um hotel temático e o resto do projecto que inclui um centro comercial, serviço de transportes, cenários de filmes e até um centro comercial sino-português.

MIGUEL FRASQUILHO PORTUGAL DEVE RECEBER INVESTIMENTO DE TODO O MUNDO

“De braços abertos” aos estrangeirosUma pequena economia como é a portuguesa se não se virar para fora e não aproveitar as oportunidades não conseguirá evoluir e não se desenvolverá

de sustentar a internacionalização e as exportações que nós persegui-mos”, disse aquele responsável ao salientar que, relativamente à China, o “facto de ter existido, desde 2011, mais de cinco mil milhões de euros de investimento” aplicado por empresas estatais e privadas é um “óptimo sinal”.

“É um sinal de que há confian-ça no nosso país, que recuperamos a nossa credibilidade, e de que, de facto, estão com atenção em Portugal”, disse ao sublinhar que Portugal está a criar “um ambiente

‘business friendly’” e que não pode “ver como maus olhos quem queira vir para o país [Portugal] fazer investimento, criar postos de trabalho, criar riqueza”, torna-lo “mais produtivo e desenvolvido”.

Sobre o protocolo de coope-ração assinado com a Associação Comercial de Macau, Miguel Frasquilho salientou a sua impor-tância para fortificar as relações entre Portugal, a China e Macau.

“Como dissemos ali dentro é uma ‘win, win, win situation’ e todos irão sair a ganhar porque

Macau se pode estabelecer como uma plataforma para fazer a ponte entre a China e a lusofonia e Portu-gal pode ser também um parceiro especial pela sua localização estratégica e por ser um país da União Europeia e por fazer parte da CPLP.

“Todos saem a ganhar com o estabelecimento deste acordo que incrementará certamente as relações comerciais e de inves-timento entre Portugal, Macau e a Republica Popular da China”, concluiu. - Lusa/HM

Municipal de uma localidade de Portugal, Águeda.

ATRACÇÃO FATALVisão diferente tem Fernando Marques, empresário de Macau, que para além de representar uma marca de cafés portuguesa, está na MIF a apresentar uma compa-nhia que tem como produto base o leitão. Talvez seja isso que faz com que o empresário tenha uma opinião diferentes dos expositores, pois segundo o próprio, “o público chinês sente-se muito atraído pela gastronomia que contém o leitão”.

“Acho que é um produto que tem muito sucesso neste mercado”, diz Fernando Marques, que considera ainda que não é necessário, neste produto, tempo de adaptação, porque “os chineses gostam muito deste produto português”. Talvez, diz, seja por não “ter um sabor muito intenso”.

QUAL O INTERESSE? A olhar para a cor bem escura do vinho que dança no copo,

está Lin, uma jovem da interior da China que prova uma das 14 garrafas de vinho que estão sobre o expositor.

“Não conheço muito sobre vinhos, mas gosto do vinho por-tuguês. Todos aqueles que tenho provado – não só aqui – são bons, principalmente o desta cor”, diz, enquanto aponta para o tinto.

A jovem conhece um pou-co de Portugal, porque visita “muitas vezes Macau” e tem cá muitos amigos. “Gosto da comida portuguesa, vou várias vezes a restaurantes portugueses

quando venho a Macau e por isso estava ansiosa por vir aos stands portugueses, têm sempre bons queijos”, diz a rir.

A passear-se está um casal de empresários de Hong Kong. “Temos um pequeno negócio e visitamos sempre a MIF numa perspectiva pessoal e profissio-nal”, afirma Kenny, adiantando que “adora vinhos portugueses, desde há muito tempo”.

“No meu negócio – um restau-rante – tenho vinhos portugueses à venda, são os melhores. Mas es-tou espantando com este presunto de leitão aqui exposto”, partilha.

Questionado sobre os sabores portugueses, Kenny apoia o que os expositores defendem. “Con-fesso que as minhas primeiras experiências com a comida portu-guesa foram a medo, assim como com os vinhos – sem ser o do Porto, que acho que é muito doce – mas depois fui-me habituando e agora gosto muito”, afirma, apesar de ainda existirem sabores que ainda não o conquistaram.

A edição de 2014 da MIF teve início ontem e decorrerá até domingo.

“No meu negócio – um restaurante – tenho vinhos portugueses à venda, são os melhores. Mas estou espantando com este presunto de leitão aqui exposto”KENNY Empresário de Hong Kong

por causa da sua história em co-mum”, mas é a China continental o maior desafio. “Apesar do vinho português ser conhecido no mer-cado asiático, queremos insistir no interior da China. Muitas vezes este público não sabe que tipos de vinhos portugueses existem: o nosso típico vinho verde, um rosé... E devido a isso ficam ‘de pé atrás’ no início.”

Mas isto é algo que muda, se-gundo Joana Rocha, pois depois do primeiro gole, diz, vão-se deixando apaixonar. “Depois de conquis-tado, o público chinês compra o nosso produto, quer saber mais [sobre ele] e vai expandido o seu conhecimento dos nossos vinhos”, argumentou.

DEVAGAR SE VAI AO LONGEDa mesma opinião é José Marques, sócio-gerente da empresa local MPC – Trading&Investment, que acredita que o mercado chinês precisa de ser conquistado “aos poucos e poucos”.

“Os nossos sabores são muito diferentes dos do continente asiáti-co, normalmente são mais intensos dos que os produtos de cá”, começa por argumentar. Para o empresário é preciso “conquistar” o mercado que lentamente se deixa levar pelos produtos portugueses.

A empresa de José Marques, tal como a associação que Joana Rocha representa, funciona como ponte entre os dois mercados, mas para a primeira presença na MIF, os empresários quiseram fugir ao conceito estereotipado de que em Portugal só existem vinho e enchidos.

“Temos vinho também, claro, e enchidos também não nos faltam, até temos uma novidade que é presunto e chouriço de peru para a dieta”, brinca. “Mas quisemos apostar forte na variedade e, por isso, temos três expositores: sapa-tos, roupa, especiarias, congelados, molhos”, descreve o sócio da MPC, que também se faz mostrar pela representação de uma Câmara

126expositores da lusofonia

287participantes lusófonos

Page 4: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

4 hoje macau sexta-feira 24.10.2014POLÍTICA

LEONOR SÁ [email protected]

“C ONSIDERA que se deve dar importância à salvaguarda da iden-tidade e integridade

dos espaços urbanos do ‘Centro Histórico de Macau’?”. É assim mesmo que começa o questionário da consulta pública sobre o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, sem mais nem menos. As restantes sete perguntas são feitas de forma semelhante, com o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro a dizer que “foram feitas para que as pessoas respondessem ‘sim’” e para que o plano fosse para a frente, mesmo assim como está. Vizeu Pinheiro critica o Instituto Cultural de “falta de transparên-cia”, na medida em que pouco se sabe sobre a lista de património protegido. “As perguntas não são assim muito padronizadas”, começou o profissional por dizer. “Uma vez que a lei já está aprovada, não percebo muito bem a razão da consulta”, acrescentou.

QUESTIONAR PARA SENSIBILIZAR“Esta consulta é positiva se, de alguma forma, ajudar o Governo a perceber até que ponto é que a população está sensibilizada para o assunto”, apontou o arquitecto Rui Leão ao HM. É que, para o profis-sional, a preservação patrimonial

Lei de Salvaguarda do Património CPU pede esclarecimentos a IC

PUBLICIDADE NÃO, POR FAVORÉ o arquitecto Rui Leão quem mais critica a presença de cartazes, luzes e panfletos publicitários no centro histórico, pois são elementos que estragam a vista, diz. “A publicidade devia ser abolida no centro histórico porque acho que não faz sentido”, referiu ao HM. Já Francisco Vizeu Pinheiro tem uma opinião mais moderada. O arquitecto reconhece que o centro histórico da cidade se encontra perfilado de publicidade, “mas é assim em todo o lado e não é uma tendência só de Macau”, justifica.

“Duvido que a generalidade da população esteja a par da importância do património”RUI LEÃO Arquitecto

A consulta pública sobre o plano de salvaguarda e gestão do Centro Histórico da cidade tem falhas graves, pecando mesmo ao nível de factos da história local, que estão “errados”. Isso mesmo dizem alguns arquitectos do território, que acrescentam quea publicidadenesta zona deviaser “abolida”

CENTRO HISTÓRICO CRÍTICAS CERRADAS À CONSULTA PÚBLICA

“Não há transparência”

e o cuidado com uma cidade não depende apenas de quem manda, mas sim das suas gentes. “Infe-lizmente, nesse aspecto, estamos

um bocado desfasados, porque há pessoas que se preocupam com isso, mas duvido que a genera-lidade da população esteja a par

da importância do património”, referiu. No fundo, mais do que desempenhar um papel activo, Rui Leão considera que esta consulta vai servir para perceber “o grau de sensibilização” da sociedade rela-tivamente à protecção da cidade.

Vizeu Pinheiro referiu ainda haver uma disparidade entre o texto explicativo, as questões colocadas e o público a quem se dirige. Se, por um lado, as perguntas são de resposta fácil para o comum cidadão, por outro, carecem de pormenores para académicos e especialistas. Além de questões pouco pormenorizadas, o texto da consulta tem erros históricos, aponta o profissional. “Diz-se que Macau é um sítio de expansão da cultura popular chinesa no Ociden-te”, afirmação que Vizeu Pinheiro considera dúbia.

DÚVIDAS A MAIS O mesmo arquitecto confessou ter “dúvidas” quanto à implementação efectiva da Lei de Salvaguarda do Património e à gestão de grande parte da cidade. Além disso, aproveitou ainda para lembrar a monopolização que foi feita, no que

diz respeito à tutela dos assuntos relacionados com o património do território. É que antes da aprovação deste diploma, a gestão e protecção dos monumentos e determinadas áreas da cidade eram feitas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, hoje em dia sendo totalmente executadas pelo Insti-tuto Cultural.

Ao HM, o arquitecto português aproveitou ainda para referir que a entidade – agora inteiramente res-ponsável pela gestão patrimonial – não é transparente. “As Obras Públicas publicaram as consultas públicas que fizeram recentemente e a consulta sobre a habitação pú-blica foi também publicada”, diz o profissional, referindo que o IC não cumpriu os mesmos procedimen-tos das entidades mencionadas.

Qual a razão pela qual haverá determinado prédio de ser con-servado e outro não? Esta parece ser a questão premente e que faz com que Vizeu Pinheiro questione a pertinência da consulta pública, a decorrer até 8 de Dezembro. Rui Leão vai mais longe e explica que a sua real preocupação reside no facto de grande parte do património não estar devidamente protegido por se encontrar fora dos limites do centro histórico.

APAGAR FOGOSPara Rui Leão, é necessário “deixar de agir em regime de bombeiros a apagar fogos”, ou seja, começar a restaurar os prédios e monumentos antes que exista o perigo de ruírem. Tem que haver, diz ao HM, uma atitude preventiva face ao patrimó-nio. Rui Leão aponta ainda que este “não fala por si para se defender” e refere a necessidade urgente de tratar dos edifícios antes que estes estejam já em mau estado.

Além disso, o arquitecto frisou que é preciso cuidar não só dos elementos protegidos, mas sim do enquadramento envolvente. É que, para Rui Leão, deixa de ser possível “apreciar” o património sem que o meio circundante esteja igualmente cuidado.

“Uma vez que a leijá está aprovada,não percebo muito bem a razão da consulta”VIZEU PINHEIRO Arquitecto

O Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) pediu mais esclarecimentos ao Instituto Cultural (IC) sobre o conteúdo do texto de consulta da Lei de Salvaguarda do Património Cultural e do Enquadramento do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau. “A protecção do património cultural e do Centro Histórico de Macau tem uma relação íntima com o desenvolvimento

e o planeamento urbanístico”; aponta o CPU como uma das justificações. “Uma vez que o IC realiza uma consulta pública de 60 dias, o CPU espera que os membros tenham um conhecimento mais aprofundado sobre os trabalhos e processo do Governo a esse respeito, fazendo com que os trabalhos de reuniões subsequentes decorram de forma mais desembaraçada.” O convite foi feito pelo próprio CPU.

Page 5: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

5 políticahoje macau sexta-feira 24.10.2014

AMCM Criação de Fundo de Investimento a ser estudadaA Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou que está a estudar a hipótese de criar Fundos Soberanos e de Investimento e Desenvolvimento. Numa resposta à interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, a autoridade indicou que em Julho deste ano, quando o Fundo Internacional Monetário fez uma consulta pela primeira vez com o Governo, a AMCM aproveitou a oportunidade para discutir a melhoria de gestão de saldo das finanças públicas e estratégicas de investimento. Este estudo incluiu a criação dos tais fundos soberanos. A AMCM referiu ainda que nos três anos passados, o saldo médio das receitas públicas atingiu os 78 mil milhões de patacas. Para assegurar o objectivo básico de prevenir o risco financeiro, o qual foi regulamentado no Regime Jurídico da Reserva Financeira, a RAEM vai ainda estudar activamente a criação de um Fundo de Investimento e de Desenvolvimento, o qual é também ponto-chave do programa político eleitoral de Chui Sai On.

Ella Lei Menos tempo para Concurso Centralizado A deputada Ella Lei pediu ontem a revisão do regime de Concurso Centralizado de Ingresso na Função Pública, sendo que uma das principais sugestões da deputada é que seja diminuído o tempo do concurso. Numa interpelação escrita, Ella Lei refere que o objectivo original do concurso era diminuir a injustiça e as zonas cinzentas existentes no processo de recrutamento e promoção dos funcionários públicos, mas que, contudo, tanto as perguntas dos exames como o tempo de espera é demasiado longo. “Isso faz com que as pessoas interessadas em se dedicar à Função Pública tenham que esperar de forma indeterminada, influenciando também os departamentos que precisam de mão-de-obra urgente”, defendeu.

Negociaçõescom Pequimpara entregade infractores

AS negociações entre Macau e Pequim para a criação de um

acordo de entrega de infractores em fuga começaram na passada terça-feira, anunciou ontem o Governo. Florinda Chan marcou presença na capital chinesa numa reunião com o Ministério de Segurança Pública para que as negociações se iniciassem.

Segundo uma nota à im-prensa, “ambas as partes ma-nifestaram vontade em reforçar cooperação e contactos”, para que fosse possível iniciar a discussão e “negociações técni-cas” para que o seja elaborado o “texto do projecto com a maior brevidade possível”.

Recorde-se que também Macau e Hong Kong estão em negociações para a possibilida-de de transferência de fugitivos. Negociação que surgiu depois dos empresários de Hong Kong, Joseph Lau e Steven Lo, terem sido condenados a uma pena de prisão de cinco anos e três meses por corrupção activa e branqueamento de capitais, sem terem de cumprir pena por não estarem em Macau.

O acordo reforça os laços no âmbito de cooperação jurídica, nomeadamente em matéria de formação profissional, registos, notariado e identificação civil, bases de dados e informática jurídica, bem como na dispensa de legalização de actos públicos judiciais e extrajudiciais, poden-do abrir caminho à transferência de pessoas condenadas. - F.A.

FLORA [email protected]

L OU Shenghua, professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM), disse ontem

que espera que as novas pessoas escolhidas para o cargo de Se-cretários do novo Governo sejam merecedoras da concordância da sociedade. O académico e analista político defende ainda que é contra que os novos Secretários sejam promovidos da Função Pública, mas sim, diz, “devem ser procura-dos na sociedade”. Lou considera que, mesmo os actuais titulares

O Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, admitiu ontem que a Lei de

Bases do Orçamento revista só vai entrar em procedimentos legislativos no próximo ano. Antes disso, haverá ainda uma consulta pública.

Em declarações aos jornalistas, e através de comunicado, o Secretá-rio para a Economia e Finanças as-segura que a Direcção dos Serviços de Finanças tem estado a trabalhar na elaboração “do conceito” da lei, um trabalho que Francis Tam diz esperar ter concluído até ao final do ano.

O Secretário garante ainda que a proposta vai ser sujeita a uma con-sulta pública, antes de o diploma ser entregue à Assembleia Legis-lativa. Francis Tam diz acreditar que “a consulta pública permite mais transparência no processo de

O professor do IPM defende que a escolha de membrospara integrar o novo Executivo deve ser feita a partirdos talentos existentes na comunidade

“Espero que essas pessoas novas tragam surpresas e mais esperança de que conseguem resolver os problemas sociais”

ORÇAMENTO LEI DE BASES EM PROCESSO LEGISLATIVO SÓ EM 2015

Ligeiramente atrasados

LOU SHENGHUA NÃO À PROMOÇÃO DE FUNCIONÁRIOS A SECRETÁRIOS

Escolha na sociedade

de cargos principais, que eram já funcionários públicos, têm falta de capacidade de comunicação e técnica de “marketing” das políti-cas, pelo que o académico sugere que se atraia pessoas “talentosas provenientes da sociedade”.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, o académico prevê que a nova equipa do Chefe do Execu-tivo vá ser maior, pelo que deve criar prestígio logo de início,

“implementando todas as políticas prometidas”. Contudo, o professor tem mais alertas.

“A reforma administrativa é o ponto-chave do programa político eleitoral deste ano. Acho que deve ser impulsionada por pessoas novas para substituir os cinco Secretários actuais. Espero que essas pessoas novas tragam surpresas e mais es-perança de que conseguem resolver os problemas sociais”, referiu. “Pelo

contrário, se eles não conseguirem ganhar concordância da sociedade, a governação futura vai ser muito problemática.”

O PROBLEMA DA COMUNICAÇÃOO académico diz ainda que os titulares devem também ter mais capacidade de comunicação, algo que, defende, falta à actual equipa. “Anteriormen-te, a equipa do Chefe do Executivo foi sempre feita através da promoção de funcionários públicos, o que tem vantagens e desvantagens, sendo que a maior desvantagem é que a falta de capacidade de comunicação. “É só ver as consultas públicas [e decla-rações] sobre o metro ligeiro, que geram tantas polémicas e opiniões diferentes, o que mostra que existe problema da comunicação” .

Caras novas, diz, é portanto a solução. “O Executivo deve conseguir descobrir talentos, os cargos não devem [ser preenchi-dos] apenas pelas pessoas em redor do Governo, mas também as que estão na sociedade.”

elaboração da legislação”. A Lei “será entregue para apreciação na AL após a sociedade ter debatido suficientemente o assunto”.

LEI CADUCARecorde-se que a revisão da Lei de Bases do Orçamento tem vindo a ser pedida por diversos mem-bros da sociedade, tendo ainda recentemente o académico Sun Tong Peng publicado na revista

da Administração que a actual era “insuficiente” e obsoleta. Para o ex-assessor da AL, a Lei de Bases do Orçamento – criada há mais de 30 anos – está desactualizada e não vai ao encontro da realidade local.

O mesmo pedem deputados, que consideram que a falta de poder de fiscalização do hemiciclo face ao dinheiro gasto pelo Governo é gritante.

A caminho da mudança de Governo, Francis Tam fez ainda questão de frisar que as alterações na constituição do novo Governo não irão alterar os trabalhos legis-lativos. Sobre a nova composição do Governo, Francis Tam citou apenas Chui Sai On, Chefe do Executivo, para dizer que é preciso que a sociedade dê tempo e tenha mais paciência até ao anúncio dos novos nomes.

Page 6: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

6 hoje macau sexta-feira 24.10.2014SOCIEDADEANDREIA SOFIA [email protected]

A S dez instituições do ensino supe-rior de Macau contam com um

total de 206 investigadores, mas os números podem ser superiores. Os dados cons-tam no mais recente anuário publicado no website do Ga-binete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), referente ao ano lectivo 2012/2013, e, segundo confirmou o organismo ao HM, não há ainda uma data definida para publicar o anuário do ano lectivo 2013/2014.

Segundo o documento, a Universidade de Macau (UM) possui 90 docentes dedicados à investigação a tempo inteiro ou parcial, mas segundo disse Cindy Lam, directora do Centro Administrativo e Investi-gação e Desenvolvimento da UM, a universidade já possui cerca de uma centena de investigadores, sendo que os números têm tendência a subir.

“Acabámos de nos mu-dar para o novo campus e vamos ter uma nova facul-dade, então tenho a certeza de que, na UM, o número de investigadores vai subir. Mas penso que isso também poderá acontecer com a Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST), que está a expandir as suas áreas de investigação”, disse a responsável ao HM.

MULTIPLICAR ÁREASDE INTERESSECindy Lam defende ainda uma diversificação das áreas de investigação no ensino superior local. “O número de investigadores não deveria aumentar apenas numa área. A investigação em Macau deveria ser mais diversi-ficada, em vez de se focar numa ou outra área. E isso na verdade está a acontecer”, disse ainda.

O anuário mostra ainda que o Instituto Politécnico de Macau (IPM) possui 39 investigadores a tempo intei-ro e parcial, sendo que só os seis centros de investigação possuem actualmente 33 professores. Não foi pos-sível confirmar com o IPM o total de investigadores que realmente existem na instituição.

Em terceiro lugar surge a Universidade Cidade de Macau (UCM), com 36 docentes, sendo que esta instituição académica pri-vada possui três centros de

Fórum DSEJ reforça acçõesde voluntariadoA Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai reforçar as acções de formação e esclarecimento sobre voluntariado juvenil no território, começando com o Fórum da Juventude 2014 – Políticas e Estratégias de Desenvolvimento do Voluntariado Juvenil da Região da Ásia-Pacífico. A grande maioria das acções de voluntariado concentra-se na comunidade local, ainda que várias acções de cooperação com outros países asiáticos. A iniciativa pretende mostrar a professores, jovens e associações as melhores formas de promover acções de voluntariado entre os mais novos, tanto local como internacionalmente. Esta edição vai contar com a intervenção de especialistas da Malásia, Singapura, Hong Kong, Coreia do Sul, interior da China e Taiwan e deverá ainda servir para lançar o plano de incentivo dos voluntários juvenis. O fórum, que tem lugar no Centro de Ciência de Macau, das 10 às 17 horas, é da responsabilidade da Associação Geral Internacional de Jovens Empresários de Macau e da DSEJ, contando com o apoio do Centro de Ciência de Macau.

Metro “Jardim suspenso” para traçado juntoà Kun IamO Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) decidiu usar a proposta da construção do traçado do metro ligeiro em suspensão, junto à estátua de Kun Iam. Anuciado ontem no fecho desta edição, o metro vai, então, passar uma por uma ponte, sendo que, por cima dessa zona haverá um jardim suspenso desde a Rua de Madrid até à estátua de Kun Iam. Segundo a proposta, quando o metro passar perto da estátua, “baixa a altura do segmento para mostrar respeito por Kun Iam”.

O mais recente anuário do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, referente ao ano lectivo de 2012/2013, mostra que existe um total de 206 investigadores nas universidades locais, mas os números podem ser superiores. Não há data para a publicação do relatório do ano passado

206total de investigadores nas

10 instituições do ensino

superior de Macau

GAES INVESTIGAÇÃO ACADÉMICA COM DADOS DESACTUALIZADOS

Diversificar é preciso

investigação. Na sua página online, não é possível ver o número de docentes que desenvolvem investigação académica.

De seguida surge a MUST, com 34 investiga-dores, distribuídos em qua-tro centros de investigação. O anuário do GAES revela ainda que a Universidade de São José (USJ) possui ape-nas quatro investigadores,

mas uma visita ao website da instituição permite com-provar que trabalham no Centro de Pesquisa para a

Ciência e Ambiente cinco investigadores, três deles portugueses.

Também em relação ao Instituto de Formação Turística (IFT), o anuário aponta a existência de apenas dois investigado-res, quando na verdade trabalham seis docentes no Centro de Pesquisa para o Turismo. O Instituto de Gestão de Macau possui

apenas um docente dedi-cado à investigação. O HM tentou entrar em contacto com o seu presidente, Ós-car Chan, mas tal não foi possível até ao fecho da edição. O Instituto Milénio de Macau, a Escola Superior das Forças de Segurança e o Instituto Superior de En-fermagem do Kiang Wu não possuem qualquer docente dedicado à investigação.

Page 7: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau sexta-feira 24.10.2014

JOANA [email protected]

A Universidade de Macau (UM) des-mentiu ontem que o alegado caso de

assédio sexual de que terá sido vítima uma aluna tenha acon-tecido da forma como está a ser contado. Num comunicado enviado às redacções depois

O director do Conselho de Gestão do Novo Distrito de Hengqin, Liu Jing, disse ontem que está

confiante que, no fim deste ano, a fronteira da Ilha da Montanha com Macau possa entrar em funcionamento 24 horas. Esta é uma das primeiras vezes que se fala nesta hipótese, sendo que Liu Jing diz que isto poderá fazer com que a população de Macau se vá mudando para a zona vizinha.

O responsável faz uma previsão que dita que “um terço da população a residir na Ilha da Montanha vai ser de Macau”.

Liu falava numa cerimónia da MIF, onde, segundo o canal chinês da Rádio Macau, já houve nove projectos de in-vestimento que foram assinados para o Parque Industrial.

“Quando eu digo ‘um terço’, é uma previsão, não é um planeamento. No fu-turo, vai haver fronteira 24 horas e, por isso, serão muitos os residentes de Macau

a comprar casa na Ilha da Montanha, onde também podem trabalhar e estudar.”

Segundo Liu, a população da Ilha da Montanha vai atingir as mais de 200 mil pessoas em 2020, diz, com base no pla-neamento geral de Hengqin. - C.L.

SIT REIS, ANA MARIA MEI LANFalecimento

Deixa filhas: Anita Maria dos Reis e Áurea Madalena da Silva, genro e netos.A cerimónia fúnebre realiza-se este Sábado, 25 de Outubro, na Casa Mortuária Diocese. Pelas 20:00 horas será rezada uma missa pela sua alma.No dia seguinte, Domingo, 26 de Outubro, pelas 11:00 horas, será rezada uma missa a que se seguirá o transporte dos restos mortais para Zhuai onde se procederá à cremação.A família enlutada agradece antecipadamente a todos os que se queiram as-sociar ao doloroso acto.

“É uma política firme. A UM nunca tolera assédio sexual e estabeleceu procedimentos para lidar com esses casos e outros demá conduta”CARTA DA UM

A UM emitiu um comunicado onde alerta para se estar a reportar factos que não são verdadeiros no que ao recente alegado caso de assédio sexual na universidade diz respeito.A instituição não fala sobreo sucedido, mas garanteque nunca tolerou este tipode acontecimentos

UM INSTITUIÇÃO NÃO CONDESCENDE COM ASSÉDIO SEXUAL

Tolerância zeroda meia-noite de ontem, a instituição diz que “muito do que foi reportado não foi ba-seado em factos e é altamente enganoso”, mas também não avança quaisquer detalhes sobre o caso que cita.

No comunicado, a UM afirma que não tolera casos de assédio sexual na institui-ção e que, nos últimos seis anos, recebeu “dois casos de

alegado assédio sexual”. A universidade assegura que “em nenhum dos casos” o professor fez qualquer avan-

ço perante os alunos e que só não revela detalhes sobre os envolvidos no caso “para proteger ambas as partes”.

As declarações chegam depois de estudantes da UM e a Associação Novo Macau terem publicado na rede social Facebook que uma aluna foi “convidada a ter sexo com um profes-sor do continente” e que este apenas foi suspenso durante 12 dias. Os alunos pediram mais informações à UM, mas esta, com base no princípio de proteger a identidade de quem está en-volvido, negou-se a prestar mais declarações.

Já a Novo Macau enviou uma carta ao gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura a pedir esclarecimentos sobre o assunto e activistas como Sou Ka Hou, presidente da associação, e Jason Chao, membro, vão levar a cabo

PREVISÕES DE “UM TERÇO” DA POPULAÇÃO NA MONTANHA

Vamos todos para a Ilha

LEILÃO DE TERRENO O Ministério de Terras e Recursos da China, através do Governo de Zhuhai, está a lançar em leilão um terreno de mais de 131,157 metros quadrados exclusivo para uma empresa de Macau da área das industriais criativas e culturais. Segundo informações do jornal Ou Mun, a área dedicada à construção criativa e cultural vai ocupar um espaço não inferior a 50%. O preço mínimo por metro quadrado é de 1820 yuan, sendo a base de licitação 238 milhões de yuan e o arrendamento possível durante 50 anos.

AGNES LAM INÍCIO DE INVESTIGAÇÃO DISCIPLINARA professora de Comunicação da Universidade de Macau (UM), Agnes Lam, confirmou ontem ao HM que fez parte do comité de investigação que tomou conta do caso de alegado assédio sexual de um professor da instituição a uma aluna. “Havia dois níveis de comités e eu estava no da investigação, que já acabou. A seguir o caso segue para o comité disciplinar e já foi feito um anúncio [ontem]”, esclareceu a professora da UM. De acordo com Agnes Lam, quando é feita uma queixa contra um professor, é primeiramente necessário analisar as provas que possam, eventualmente, concluir a existência de assédio sexual. “Quando recebemos uma queixa, é necessário reunir todas as provas antes de iniciar um processo disciplinar”. - L.S.M.

um protesto no campus da Ilha da Montanha.

PROVAS E CASTIGOSOntem, contudo, a UM emi-tiu um comunicado “para que sejam entendidos os factos de forma correcta”. As declarações não fazem referência ao caso em ques-tão, sendo que a instituição enumera apenas procedi-mentos de tratamento e afirma intolerância perante casos deste tipo.

“É uma política firme. A UM nunca tolera assédio sexual e estabeleceu pro-cedimentos para lidar com esses casos e outros de má conduta”, começa por dizer a universidade. “Depois de re-ceber a queixa sobre um caso, a universidade deve iniciar uma investigação preliminar e depois decidir se deve ou não seguir com uma investi-gação preliminar, baseada no facto de a queixa ser ou não substancial e no quão severa é a natureza da alegação.”

A universidade continua, dizendo que “se houver provas suficientes para ordenar uma investigação disciplinar, a [UM] inicia-a imediatamen-te”, sendo que “um comité de investigação disciplinar vai recolher provas” e fazer com que haja reuniões entre as partes envolvidas.

Seja como for, uma coisa é certa: a UM diz que uma decisão para se castigar o professor é feita apenas com base em provas. Mais ainda, todos os procedimentos são “inteiramente confidenciais”.

A instituição assegura ainda que é dada toda a assistência ao queixoso e que ninguém é punido por ajudar o estudante que fizer a queixa. “Prestamos grande importância à segurança dos membros da faculdade, estudantes e staff.”

Page 8: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.20148 sociedade

A académica Ma-ria José Gros-so considerou ontem que os

professores chineses que ensinam português em Ma-cau têm um “baixo nível de proficiência” e ensinam a língua com métodos desactualizados. Durante um debate sobre “Políticas da Lusofonia, Políticas da Língua”, na Universidade de São José, a professora da Universidade de Lisboa e da Universidade de Ma-cau alertou para o facto de haver professores a ensinar mal os alunos.

Traçando um cenário sobre a situação e as dificuldades do ensino da língua portuguesa em Macau, Maria José Gros-so alertou para o “baixo nível de proficiência dos professores” que não têm

AS receitas do jogo em Macau representam quase um terço

do total mundial, tendo rendido mais de 45 mil milhões de dólares no ano passado, muito à frente de Las Vegas, que facturou 6,5 mil milhões em 2013, mas Francis Tam alerta para mais quebras nas receitas no próximo mês. O Secretário para a Economia e Finanças prevê que as receitas brutas dos casinos vão cair ainda mais do que no mês passado, no mês que agora decorre.

“No mês de Outubro, a quebra das receitas vai ser superior à do

Sangue Aumento da população faz subir procura De acordo com o subdirector dos Serviços de Saúde (SS), Cheang Seng Ip, “a sociedade de Macau é muito participativa e activa na dádiva de sangue e no ano passado foram registados cerca de 13 mil dadores”, sendo que o macaense Paulo Rosa Rodrigues doou sangue 118 vezes no ano passado, tornando-se o principal dador e uma das principais figuras da cerimónia de reconhecimento dos doadores de sangue promovida pelos SS, que permitiu homenagear e reconhecer todos os dadores de sangue de Macau. No entanto, segundo Cheng Seng Ip, o súbito desenvolvimento da população e a crescente procura faz prever que em 2020 as necessidades de sangue aumentem em cerca de 30% em relação às actuais. O responsável mencionou ainda que os SS poderão passar das actuais “15 mil unidades de sangue por ano para mais de 20 mil unidades”. Em Macau, no ano passado 2744 doentes de Macau submeteram-se atempadamente ao tratamento de transfusão de sangue.

Patane Mercado com obras em 2015O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) abriu um concurso público para a renovação do mercado do Patane. Segundo Alex Vong, presidente do Conselho de Administração do IACM, o novo edifício poderá começar a ser construído no primeiro trimestre do próximo ano, sendo que deverá ter 12 andares e cinco andares para estacionamento. Alex Vong adiantou ainda que as obras poderão durar 730 dias.

Transmac Advogadopara acompanhar agressãoA operadora de autocarros Transmac contratou um advogado para acompanhar o caso de agressão a um motorista, protagonizado por um passageiro. Depois de ter feito uma operação ao nariz, o motorista encontra-se a recuperar em casa, e, segundo um comunicado, a Transmac tem vindo a tratar do caso desde o início.

Trabalho 2800 talentos para exposições e convençõesLam Chong In, presidente da Associação de Comércio e Exposições de Macau, disse à imprensa chinesa que o sector de exposições e convenções vai precisar de muitos talentos, sendo que a maioria dos funcionários foi absorvida para os sectores hoteleiro e do Jogo. Lam Chong In afirma ter vindo a cooperar com o Governo, estimando que nos próximos cinco anos sejam necessários mais 2800 funcionários a tempo inteiro para a área.

PORTUGUÊS MÉTODOS DE ENSINO DESACTUALIZADOS

Língua para que te quero

“Infelizmente, muitas vezes a proficiência dos professores não é de facto das mais altas. Eu própria assisti a casos em que um professor pronunciava uma palavra mal e [também a] escrevia mal no quadro,[de onde] as crianças copiavam”MARIA JOSÉ GROSSO Académica

Jogo Francis Tam prevê mais quebras de receitasmês de Setembro, é a única coisa que posso dizer. No mês passado, [a queda] foi de 11,7% e preve-mos que [a quebra nas receitas em Outubro] seja maior do que esta. Ainda temos uma semana, mas prevê-se que a quebra seja ainda maior este mês.”

Apesar da que-bra dos últimos meses, Francis Tam mostra--se optimista, uma vez que, lembra, há ou-tros factores

económicos que apontam para um cenário de estabilidade ou crescimento: a chegada de turis-tas a Macau que, diz o Secretário, até “nem vêm só para jogar”. “Muitos dos visitantes que cá vêm não o fazem apenas para jogar. Ficam hospedados, vão a

bons restaurantes, fazem com-pras luxuosas. Podemos verificar, por exemplo, que as compras a retalho subiram imenso. Também a hotelaria e a restauração – só nestas três [áreas], houve um aumento diabólico que em 2013 não havia”, explicou.

De acordo com os dados dos operadores, Macau facturou 45,2 mil milhões de dólares no ano passado, tendo registado uma subida de 18,6% face ao ano anterior. Las Vegas mantém-se como o segundo destino favorito dos jogadores, que gastaram 6,5 mil milhões de dólares, um pouco mais do que os 6,08 mil milhões gastos em Singapura.

o português como língua materna.

“Infelizmente, mui-tas vezes a proficiência dos professores não é de facto das mais altas. Eu própria assisti a casos em que um professor pronunciava uma palavra mal e [também a] escrevia mal no quadro, [de onde] as crianças copiavam”, descreveu.

Além desta dificulda-de, a académica chamou também a atenção para os

métodos de ensino usados no território que “já são considerados pouco mo-tivantes” e que “muitas vezes têm que ver com a representação que esse professor tem” do que é aprender uma língua.

“A competência cien-tífica e pedagógica insu-ficiente dos professores faz com que, consequen-temente, não saibam utilizar ou seleccionar os materiais em português postos à disposição”, alertou.

Também a gramática é ensinada não tendo em conta “a experiência linguística da criança e a sua língua materna”, disse a professora.

Como resultado, as crianças e jovens de Ma-cau “têm uma proficiência deficiente na escrita e na oralidade”, com especial

evidência na expressão escrita, e a língua, que é uma das duas oficiais no território, “é geralmente limitada à sala de aula”.

PORTUGUESES NÃO ESCAPAMAgendado para participar no debate estava Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, que acabou por não poder comparecer, mas fez-se ouvir através de uma comunicação es-crita lida pela professora Rosa Bizarro.

As características do ensino em Macau foram também alvo de críticas, desta vez também dirigi-das aos professores portu-gueses, com o académico a sublinhar que “não basta ser português e ter forma-

ção superior” para ensinar o idioma. “O ensino como língua estrangeira é um domínio de especializa-ção. A lusofonia deve ter especialistas nessa área. Quantos existem em Macau? Certamente muito poucos”, referiu.

Carlos André desta-cou que o Governo “tem feito bastante pela língua portuguesa”, mas que “é a Portugal que esse papel cabe”.

Na sua comunicação, o académico defendeu que uma “política da língua” deve ir além da simples oferta do seu ensino em diferentes instituições - o que já acontece em Macau.

“É preciso um estudo de mercado competente, que permitisse saber qual é o interesse pelo português nos diferentes grupos etá-rios, que tipo de português se procura, qual o nível de proficiência linguística de quem comanda o portu-guês”, explicou.

Só com este tipo de informação apurada será possível “definir políticas da língua, o corpo do-cente, material a utilizar e objectivos”. - Lusa/HM

Académicos falam das deficiências no ensino da língua portuguesa num cenário que enfrenta várias dificuldades. Alunos e professores têm “proficiência deficiente”, dizem

Page 9: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

PUB

9 sociedadehoje macau sexta-feira 24.10.2014

O vice-director da FAOM quer uma maior eficácia na implementação da proibição de fumo nos casino

FLORA [email protected]

A PÓS o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, ter ad-

mitido que é difícil conse-guir detectar todos os casos de fumadores que infringem a lei nos casinos, incluindo jogadores que fumam nas casas de banho, a Federação das Associações de Operá-rios de Macau (FAOM) veio

MP Três detidos por agiotagem e sequestroO Ministério Público decretou prisão preventiva para três suspeitos de agiotagem e sequestro, provenientes do interior da China. Lao, de 29 anos, é suspeito de ter emprestado 400 mil dólares de Hong Kong à vítima Choi, para que esta pudesse jogar no casino. No entanto, o empréstimo implicava juros de 20%, caso Choi ganhasse, ou de 5%, na eventualidade de perder. Depois de perder todo o dinheiro ao jogo, a vítima foi levada para um quarto de hotel, onde foi alegadamente agredida pelos dois outros suspeitos, acabando por engolir a lâmina com a qual os dois homens da China ameaçaram cortar-lhe os pés e mãos. Choi acabou por ser libertado a 13 de Outubro, tendo ficado em cativeiro durante três horas. Depois de analisar o caso, o MP concluiu haver provas dos crimes de coacção grave e sequestro. Os três suspeitos encontram-se agora no Estabelecimento Prisional de Macau, onde aguardam julgamento.

Mais de 900 aposentados perdem subsídio de residênciaO Governo pôs fim ao pagamento do subsídio de residência de 958 funcionários públicos que se aposentaram antes de 1999, avança a rádio Macau. O número foi avançado pela Direcção dos Serviços de Finanças, que explicam que estes beneficiários deixaram de estar qualificados para a recepção deste apoio, na sequência da decisão do Tribunal de Última Instância (TUI). Os mesmos serviços sublinham, ainda, diz a rádio, que estes beneficiários não vão ter de devolver à RAEM o montante que receberam no passado – tal como noticiou ontem o jornal Ponto Final.

TABACO FAOM PEDE INSPECTORES PERMANENTES NOS CASINOS

Para acabar de vez com o fumo“Vi que um jogador fumou dez minutos num corredor mas ninguém o parou. Também funcionários [dos casinos] já tinham referido que os trabalhos da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos [não são eficazes] e que não sabem a quem se podem queixar”LEONG SUN IOK Vice-director da FAOM

Dengue Detectado mais um casoOs Serviços de Saúde (SS) confirmaram a existência do 13º caso de dengue importado. Em comunicado, a entidade refere que a infecção de dois indivíduos no território “evidencia um aumento de risco de propagação” desta doença ao nível local. O cidadão afectado é residente no território, tem 62 e acredita-se ter contraído dengue entre os dias 6 e 21 deste mês, quando estava em Zhuhai. O cidadão deslocou-se ao hospital Conde de São Januário com febre, dores musculares e de cabeça, mas só alguns dias depois lhe foi diagnosticada febre de dengue. Os números publicados ontem pelos SS mostram que 13 dos 15 casos confirmados de dengue no território são importados, apenas dois deles sendo locais. Este ano, foram registados mais de 39400 casos de febre de dengue, só na província de Guangdong. Mais de meia dezena de pessoas já morreram.

a público pedir a colocação permanente de inspectores nas salas de jogo.

Ontem, o vice-director da FAOM acusou os SS de estar a “fugir às respon-sabilidades”, sugerindo que, se estes quisessem realmente que a proibição de fumar nos casinos fosse cumprida, então deveriam implementar inspectores de controlo do tabaco permanentes, de forma a “aumentar a eficácia de dissuasão”.

Em declarações ao Jor-nal do Cidadão, Leong Sun Iok disse que tanto o número, como o tama-nho das salas de fumo é demasiado pequeno, pelo que existem jogadores que fumam “nas casas de banho e corredores, sem que as autoridades” reforcem o poder de execução.

“Vi que um jogador fumou dez minutos num cor-

redor mas ninguém o parou. Também funcionários [dos casinos] já tinham referido que os trabalhos da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) [não são eficazes] e que não sabem

a quem se podem queixar”, apontou ainda.

RESPONSABILIDADE PERMANENTEO também director da Casa dos Trabalhadores da Indús-tria de Jogo recordou que o director dos SS tinha dito que os regulamentos de proibição de tabaco são executados pela DICJ, ainda que a fis-calização tenha a ver com os SS. Porém, Leong considera que os SS estão a fugir à sua responsabilidade e sugere

que o organismo implemen-te inspectores de controlo de tabaco de forma permanente nos casinos.

“O Gabinete para a Pre-venção e Controlo do Tabagis-mo dos SS deve assumir maior responsabilidade de execução da proibição de tabaco. Mas como os inspectores fazem apenas fiscalizações aleatórias nos casinos, quando eles não estão, os jogadores ignoram os avisos de funcionários e segurança, dificultando a execução da lei” disse.

Page 10: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

10 CHINA hoje macau sexta-feira 24.10.2014

O plano destina-sea acolher os turistas chineses que acorremem número cada vez maior à capital espanhola onde gastam em média o dobro dos visitantes europeus

A Comunidade de Madrid integrou esta quarta--feira a língua chinesa no Plano Regional

de Formação para Funcionários Públicos, dirigido àqueles que, pelas suas funções, convivem mais com os turistas e com os mais de 51.000 chineses resi-dentes na região.

“A China é um país que, por razões económicas, demográficas e turísticas, tem um papel impor-tantíssimo no mundo e todas as Administrações têm que estar preparadas para um futuro que

F UNCIONÁRIOS pú-blicos de Hong Kong expressaram no Face-

book o seu apoio aos mani-festantes pró-democracia, que protestam contra a recusa de Pequim de permi-tir eleições livres na antiga colónia britânica.

Agentes de vários de-partamentos – incluindo dos serviços de comuni-cação do governo local, polícia e justiça – publica-ram fotos com a sua iden-tificação profissional, mas dissimulando o seu nome.

Um pequeno texto escrito por um polícia em chinês registou perto de 6.000 ‘likes’ e foi parti-lhado cerca de 600 vezes. Na mensagem, o agente escrevia: “O meu corpo está no estômago do ani-mal, mas o coração está com as pessoas”.

Cerca de 1.300 fun-cionários publicaram um

O governo da China mani-festou-se ontem contra

a possibilidade das violações contra os direitos humanos na Coreia do Norte virem a ser julgadas no Tribunal Pe-nal Internacional de Haia, tal como foi pedido pelas Nações Unidas.

“Devemos resolver as dife-renças em matéria de direitos humanos através do diálogo e da cooperação”, disse pontem em conferência de imprensa,

HONG KONG FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS APOIAM MANIFESTANTES

Milhares de ‘likes’ no Facebook

MADRID COMUNIDADE INSERE LÍNGUA CHINESA NA FORMAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS

Um futuro que já é presente35.400turistas chineses com um consumo

“per capita” superior a 1.500 euros

visitaram a capital espanhola

até Agosto

mais 3,5% que no ano passado, visitaram a capital espanhola.

Os viajantes chineses “gastam o dobro da média dos turistas europeus de cada vez que vêm a Madrid”, com um consumo “per capita” superior a 1.500 euros.

Para o embaixador chinês, a iniciativa da Comunidade de Ma-drid “é muito importante e cheia de significado”, tendo considerado as relações bilaterais China – Espanha como “muito boas”.

Bangza classificou como “uma boa decisão” a escolha do Centro Cultural da China como sede para iniciar o projecto de ensino da língua chinesa.

O centro, aberto há dois anos, tem a maior biblioteca em chinês de toda a Espanha e o seu objectivo “é promover a cultura e o idioma chinês em Madrid”, disse o embaixador.

Os alunos deste projecto-piloto - “que conta já com inscrições 20 vezes superiores às vagas disponí-veis”, segundo Salvador Victoria -, são maioritariamente mulheres que trabalham nas áreas de jornalismo, justiça, saúde, comércio, violência de género ou no Serviço de Urgên-cias Médicas da capital.

já está presente”, disse Salvador Victoria, conselheiro da Presi-dência e porta-voz do Governo Regional de Madrid.

Salvador Victoria é ele pró-prio um exemplo da iniciativa, uma vez que estuda a língua

chinesa há quatro meses e trocou algumas frases com o embai-xador daquele país asiático em Madrid, Zhu Bangza, durante a visita ao Centro Cultural da Chi-na na capital espanhola, em que acompanhou os doze primeiros

funcionários que vão frequentar as aulas.

O TURISTA MAIS APETECIDOSegundo o porta-voz do Governo Regional de Madrid, até Agosto passado, 35.400 turistas chineses,

anúncio no jornal Ming Pao contestando os res-pectivos sindicatos que tinham criticado as ma-nifestações no início da semana.

Instalados há quase um mês em vários pontos da cidade, e em particular junto à sede do governo e parlamento, os manifes-tantes defendem que têm respeitado o “princípio da (expressão) pacífica e não-violenta”.

MAIOR APOIOUma sondagem da Univer-sidade Chinesa de Hong Kong indicou na quarta--feira que apesar da irri-tação de muitos habitantes afectados pelo bloqueio de estradas e perturbações nos transportes públicos desde 28 de Setembro, o apoio da opinião pública aos manifestantes era maior do que há um mês,

com uma taxa de aprova-ção de 38% contra 31%.

Os manifestantes exi-gem a demissão do che-fe do Executivo, Leung Chun-ying, também co-nhecido por CY Leung, e a instauração do sufrágio

universal na próxima elei-ção para o cargo, em 2017.

Em Agosto, Pequim decidiu que aceita o prin-cípio do voto para todos, mas desde que mantenha o controlo das candidaturas às eleições.

Pequim Recusada proposta da ONU sobre Coreia do Norte

em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying.

O diálogo, sublinhou, “deve basear-se na igualdade e no respeito mútuos”.

O juiz australiano Michael Kirby, que dirige as investi-gações das Nações Unidas sobre alegadas violações dos direitos humanos na Coreia do Norte, pediu o envolvimento do tribunal de Haia.

Para que o Tribunal Penal Internacional possa intervir é necessária a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de que a China é membro permanente e com direito de veto.

As Nações Unidas publica-ram em Fevereiro um relatório em que denunciavam inúme-ros abusos e violações dos di-reitos humanos nos campos de detenção da Coreia do Norte, em que eram referidos actos de tortura, violações, mortes e escravatura.

Page 11: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

PUB

11 chinahoje macau sexta-feira 24.10.2014

O Comité Cen-tral do Par-tido Comu-nista Chinês

(PCC), que se reuniu esta semana, excluiu do partido vários altos responsáveis e defendeu “uma governança regida pela lei”, mas “com características chinesas”, anunciou ontem a agência estatal Xinhua.

O plenário do Comité Central, o quarto da era ini-ciada com o 18.º congresso do PCC em Novembro de 2012, juntou os cerca de 200 membros titulares e 170 suplentes durante quatro dias num hotel de Pequim.

Segundo a Xinhua, durante a reunião foram expulsos cinco altos res-ponsáveis do PCC, vários deles aliados do ex-chefe

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que

está na China no âmbito de uma viagem de negócios e promoção, causou surpresa ao expressar-se em manda-rim numa conferência na Universidade de Tsinghua, em Pequim. Zuckerberg participou numa conversa com alunos da universida-de e começou por saudar a audiência com um ‘ni hao’ (olá, em mandarim, a língua oficial chinesa), algo que muitos estrangeiros fazem por cortesia quando partici-

pam nos actos públicos no país asiático.

A diferença é que Zu-ckerberg continuou a falar em mandarim durante vários minutos, como mostra um vídeo que o próprio colocou no seu perfil no Facebook.

Questionado pelo mo-derador sobre a razão de estudar chinês, o fundador de uma das mais populares redes sociais, respondeu em mandarim que um dos moti-vos era o facto da família da sua mulher (Priscilla Chan) ser chinesa.

PCC DIRIGENTES EXPULSAM VÁRIOS ALTOS RESPONSÁVEIS

Apanhados na redeEDITAL

Edital n.º :36/E-BC/2014Processo n.º :427/BC/2011/F, 428/BC/2011/FAssunto :Demolição da obra não autorizada pela infracção às respectivas disposições do

Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Local : Calçada do Tronco Velho n.º 3, Edf. Kuan On, fracções 5.º andar C (CRP:C4) e 5.º andar

D (CRP:D4), Macau. Calçada do Tronco Velho n.º 3, Edf. Kuan On, escada comum entre os 4.º e 5.º andares,

Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pela alínea 7) do n.º 1 do Despacho n.º 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos donos da obra ou seus mandatários e aos utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, o seguinte:1. Processo n.º 427/BC/2011/F. Local da obra: Calçada do Tronco Velho n.º 3, Edf. Kuan On, fracções

5.º andar C (CRP:C4) e 5.º andar D (CRP:D4), Macau.O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

1.1

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura metálica, suporte metálico, rede metálica, janela de vidro e paredes em alvenaria de tijolo no terraço sobrejacente à fracção 5o andar C.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas.

1.2

Construção de um compartimento de dois pisos não autorizado com cobertura em betão, paredes em alvenaria de tijolo, janela de vidro, gradeamento metálico e pala metálica no terraço sobrejacente à fracção 5o andar D.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas.

2. Processo n.º 428/BC/2011/F. Local da obra: Calçada do Tronco Velho n.º 3, Edf. Kuan On, escada comum entre os 4.º e 5.º andares, Macau.O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

2.1 Instalação de portão metálico e gradeamento metálico.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas.

3. De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e portuguesa de 27/06/2014, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram a resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada.

4. Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados como caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 7) do n.º 1 do Despacho n.º 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, por meu despacho de 30/09/2014 exarado sobre a informação n.º 6421/DURDEP/2014, ordeno aos donos da obra ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, à demolição da obra acima indicada e à reposição do local afectado, bem como aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à desocupação do local acima referido, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar na Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, a declaração de responsabilidade do construtor responsável por essa demolição, bem como a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doenças profissionais. Após a conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicado o facto à DSSOPT para efeitos de vistoria.

5. Findo o prazo da demolição e da desocupação não será aceite qualquer pedido de demolição da obra acima mencionada. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos nos 1 e 2 do artigo 89o do RSCI, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá a partir do termo do prazo atrás referido à execução dos trabalhos acima referidos, a expensas do infractor. Além disso, tendo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias expirado, a DSSOPT dará início aos trabalhos da demolição e da desocupação, não podendo ser cancelados os referidos trabalhos uma vez iniciados. Por fim, os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado serão depositados no local indicado à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro.

6. As obras acima indicadas infringem o disposto no RSCI, pelo que, os infractores são sancionáveis com a respectiva multa. Além disso, de acordo com o n.º 4 do artigo 87.º do mesmo regulamento, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.

7. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 124/2009, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2009, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

Aos 30 de Setembro de 2014Pelo Director dos Serviços

A Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

A campanha anti-corrupção não dá sinais de tréguas e desta vez as vitimas foram cinco responsáveis de topo, vários deles aliados do ex- chefe de segurança do país, Zhou Yongkang

de segurança do país, Zhou Yongkang, bem como um general do Exército Popular de Libertação, ex-comandante-adjunto da região militar de Chengdu (sudoeste).

Entre os excluídos en-contram-se Li Dongsheng, vice-ministro da Segurança Pública, Jiang Jiemin, ex--chefe da Comissão de Controlo e da Adminis-tração de Bens Públicos, e Wang Yongchun, antigo vice-presidente do gigante petrolífero China National Petroleum Corp.

Li Chuncheng, antigo líder do partido na provín-cia de Sichuan (sudoeste), e Wan Qingliang, secretário do PCC em Cantão (sul), foram outros dos expulsos.

Todos foram vítimas da vasta campanha anti-

-corrupção lançada sob a égide do presidente Xi Jinping, há dois anos no poder.

A LEI DO MAIS FORTEParalelamente à luta anti--corrupção, Pequim in-tensificou a repressão das vozes dissidentes, prenden-do centenas de advogados, universitários, jornalistas, ativistas e até bloguistas considerados demasiado críticos.

Esta reunião à porta--fechada era oficialmente dedicada à “autoridade da lei”, o que é referido no documento final divul-gado pela agência oficial chinesa.

É proposto “apoiar totalmente a governança nacional segundo a lei, com o objectivo de construir um sistema legal socialista com características chinesas”.

A China “irá garantir” que a direcção do PCC concretiza aqueles objec-tivos, assinala a Xinhua, indicando que “um plano (para reforçar) a autoridade da lei na segunda economia mundial” foi elaborado durante a cimeira, embora sem revelar detalhes do mesmo.

Mark Zuckerberg surpreende ao falar mandarim em Pequim

Page 12: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.2014

RENDIDA • Sylvia DayGideon Cross apareceu na minha vida como uma luz na escuridão. Um homem lindo, fascinante, um pouco louco e muito sedutor. A atração que sentia por ele era diferente de tudo o que tinha experimentado na minha vida até então. Eu desejava-o como a uma droga que me enfraquecia dia após dia. Gideon encontrou-me fragilizada e carente e entrou facilmente na minha vida. Descobri que também ele tinha os seus próprios demónios. Tornámo-nos o espelho um do outro; éramos o reflexo das nossas mais profundas cicatrizes e... desejos. Este amor transformou-me, mesmo que ainda hoje continue a rezar para que os pesadelos do passado não voltem para nos atormentar.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A FILHA DO PAPA • Luís Miguel RochaSerá o anti-semitismo a verdadeira razão para o Papa Pio XII não ter sido beatificado? Quando Niklas, um jovem padre, é raptado, ninguém imagina que esse acontecimento é apenas o início de uma grande conspiração que tem como objectivo acabar com um dos segredos mais bem guardados do Vaticano - a filha do Papa Pio XII. Rafael, um agente da Santa Sé fiel à sua Igreja e à sua fé, tem como missão descobrir quem se esconde por detrás de todos os crimes que se sucedem e evitar a todo o custo que algo aconteça à filha do Papa. Conseguirá Rafael ser uma vez mais bem-sucedido? Ou desta vez a Igreja Católica não será poupada?

12 EVENTOS

PUB

O Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta mais uma edição do

festival de rock HUSH!!, que acontece dia 22 de Novembro, sábado. Um dos destaques desta edição é o projecto musical Bomber, do português residente em Macau João Gomes.

A praceta de arte do CCM acolhe 14 bandas locais, de Hong Kong, Banguecoque, Taipé e Pequim, contando com a participação dos Left Right, KillerSoap, Brandnew Sunset e Funky Brothers. A subir ao palco do HUSH!! pela primeira vez estão as bandas do território, Sketch e Catalyser.

“P ARA além da super-fície – Exposição de Arte com Mio Pang

Fei” é o nome da exposição protagonizada pelo artista plástico Mio Pang Fei que estreia este domingo na De-legação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, em colaboração com o Albergue SCM.

Depois da estreia do docu-mentário sobre a sua obra em Lisboa, no evento DocLisboa, os trabalhos de um dos mais importantes artistas plásticos de Macau volta a estar em destaque este fim-de-semana. “Para além da superfície – Ex-posição de Arte com Mio Pang Fei” estreia este domingo, na Delegação Económica e Cultural de Macau em Tai-

MUST “Melodia Harmoniosa de Hou Kong”, de Xiao He

MIO PANG FEI TELAS EM TAIWAN ESTE DOMINGO

Artes plásticas na Formosawan, no edifício Taipei 110. O trabalho de Mio Pang Fei estará disponível gratuita-mente ao público até ao dia 13 de Novembro.

A organização da expo-sição é da responsabilidade não só da delegação da RAEM na Ilha Formosa mas também do Albergue SCM, tendo como apoios o Círculo de Amigos da Cul-tura de Macau e os apoios da Fundação Macau e da Bambu – Sociedade de Artes Limitada.

DIVULGAR A OBRASegundo um comunicado, a exposição “vai mostrar os trabalhos do mestre Mio Pang Fei, incluindo telas

A Exposição de Pintura “Melodia Harmonio-

sa de Hou Kong”, do artista Xiao He, inaugura amanhã, na Biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa). Realizada em comemora-ção do 15.º aniversário da transição de Macau para a China, a exposição mostra pinturas feitas por He, que nasceu em Qing Dao, na província de Shan Dong, no continente.

Actualmente a residir na cidade de Nan Jing, o artista começou a pintar com Ya Ming, conhecido como um famoso pintor, e pinta, prin-cipalmente, figuras chinesas e retratos. As suas obras já foram expostas, tanto no interior da China como no estrangeiro, sendo que He participou em exposições individuais em Nan Jing, Hong Kong e Taiwan. As

suas pinturas foram publi-cadas em revistas e fazem parte das colecções de gran-des museus e galerias. Foi premiado com o “Prémio Cultural” pelo Ministério da Cultura e teve um Louvor do Governo Provincial de Jiang Su. É Artista de Belas--Artes de 1.ª classe nacional

e membro da Associação de Artistas de Belas-Artes da China.

A exposição reunirá mais de cinquenta obras de Xiao He e abre ao pú-blico amanhã pelas 18h30, estando patente até ao dia 27 de Outubro. A entrada é livre.

CCM FESTIVAL HUSH!! REGRESSA A 22 DE NOVEMBRO

Dez anos de

ROCKA edição deste ano do festival recebe 14 bandas locais, que se juntam a outros grupos asiáticos. Sketch e Catalyser estreiam-seno evento

L.A.V.Y

Page 13: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.2014

RENDIDA • Sylvia DayGideon Cross apareceu na minha vida como uma luz na escuridão. Um homem lindo, fascinante, um pouco louco e muito sedutor. A atração que sentia por ele era diferente de tudo o que tinha experimentado na minha vida até então. Eu desejava-o como a uma droga que me enfraquecia dia após dia. Gideon encontrou-me fragilizada e carente e entrou facilmente na minha vida. Descobri que também ele tinha os seus próprios demónios. Tornámo-nos o espelho um do outro; éramos o reflexo das nossas mais profundas cicatrizes e... desejos. Este amor transformou-me, mesmo que ainda hoje continue a rezar para que os pesadelos do passado não voltem para nos atormentar.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

13 eventos

PUB

Creative Macau 20 curtasna corrida final do “Som e Imagem”

Albergue SCM CelebrarHalloween este sábadoÉ já este sábado que o Albergue SCM volta a receber mais uma festa de Halloween, com entrada gratuita a partir das 18h45. O evento encerra às 22h10 com um concurso de máscaras de Halloween. Com a oferta de bebidas e snacks, o evento deste ano tem como tema a “Ilha das Bonecas do Horror – a aventura secreta”. O pátio do Albergue SCM irá assim receber “um jardim de bonecas de horror”, sendo que o público “poderá contactar com estas figuras no escuro”. A entrada é gratuita.

UM Workshopsobre DireitoA Universidade de Macau vai ser palco para o workshop de Propriedade Intelectual e Direito Comercial Internacional, às 9h00 da próxima segunda-feira. O evento é organizado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina,do Brasil, e pela UM.

MIO PANG FEI TELAS EM TAIWAN ESTE DOMINGO

Artes plásticas na Formosa AO prémio do concurso “Som e Imagem”, orga-

nizado pela Creative Macau e Universidade de São José, correm agora 20 curtas--metragens de artistas de 15 diferentes países. Este ano, “Som e Imagem” integra a concorrente local, Zelia Lai, que concorre na categoria de Melhor Filme Documentário, com “A Glimpse on the Han-dicapped”. Até 17 de Outubro, foram entregues 397 filmes de 57 países para as categorias de Ficção, Animação, Documen-tário e Publicidade.

Esta é já a quinta edição de um dos únicos concursos

baseados em Macau abertos a artistas audiovisuais de todo o mundo. A lista das 20 pessoas a competir para o galardão final conta com participantes dos quatro cantos do mundo. Para o Melhor Filme em Publicida-de concorrem candidatos de Espanha, Irão, Itália, Canadá e Austrália. Seleccionados para as categorias de Ficção e de Documentário estão ar-tistas da Índia, Israel, Fran-ça, Hong Kong e Macau. Já na secção de Animação estão concorrentes da Gré-cia, Chile, Brasil e Holanda.

Os prémios final do “Som e Imagem” oscilam entre as três mil e as 20 mil patacas. A esmagadora maioria dos concorrentes provém de Espanha, França e Brasil. Os 20 melhores filmes serão exibidos no dia 4 de Dezem-bro, das 11h00 às 13h30 e das 14h00 às 16h30, no auditório do Museu de Arte de Macau, momento em que a audiência vai ter oportunidade para votar no Melhor Filme do público.

pintadas a óleo nos anos recentes, bem como traba-lhos de caligrafia chinesa contemporânea e outras pin-turas recentes”. O evento vai ainda revelar os trabalhos inseridos na “The Water Margin Series” e ainda “Post Calligraphy”.

É ainda objectivo da ex-posição “apresentar o mestre Mio Pang Fei a artistas e público em geral em Taiwan e ainda divulgar a sua obra junto dos artistas de Macau”, pode ler-se.

Apesar de ter nascido

em Xangai em 1936, Mio Pang Fei veio para Macau em 1982 e revolucionou as artes plásticas chinesas, incorporando a caligra-fia tradicional chinesa na pintura contemporânea. A sua formação como artista fez-se na Universidade de Educação de Fujian, tendo sido influenciado pelos professores Tou-Ba Xie e Su Hai. Em 1986 faria uma viagem à Europa onde teve o primeiro contacto com a arte ocidental. O regresso a Macau seria marcado pelo importante papel que de-sempenhou no ensino nas artes, algo que fez no Insti-tuto Politécnico de Macau (IPM) e Academia das Artes Visuais de Macau. - A.S.S.

CCM FESTIVAL HUSH!! REGRESSA A 22 DE NOVEMBRO

Dez anos de

ROCKAlém disso, o público

vai ainda ter oportunidade de assistir à performances dos WhyOceans, L.A.V.Y e Experience. Este festival é conhecido por difundir o estilo musical rock, mas a organização garante que haverá de tudo um pouco, desde música electrónica, a sonoridades pop ou batidas mais pesadas.

Além da música, o HUSH!! compreende ainda

uma zona de relaxamento, com venda de comidas e be-bidas e espectáculos de dança de rua. A entrada no festival, previsto para começar às 14h00, é livre.

LUSOS EM PALCOUma das bandas participantes é composta por várias artistas portugueses, com João Gomes a liderar na voz, Carlos Veloso na bateria, Paulo Pereira no saxofone, Joaquim Assim na

viola baixo e Cheong Ka Ho na guitarra.

O colectivo tem estado presente em vários eventos de entretenimento locais, o mais recente tendo sido o Festival da Lusofonia, que teve lugar nas Casas-museu da Taipa, no fim de semana passado. O vocalista da banda com influências maioritariamente lusas foi o primeiro português de Macau a lançar um álbum a solo no território, actualmente

contando com um total de quatro discos de originais. No entanto, é acompanhado do saxofone e outros instrumen-tos que João Gomes marca presença no HUSH!! 2014, assim celebrando a 10ª edi-ção deste festival, focado em desenvolver e dar a conhecer não só bandas locais, como do resto da Ásia. - L.S.M.

Funky Brothers

João Gomes e banda

Page 14: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

14 hoje macau sexta-feira 24.10.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

José simões morais

N O artigo da semana passa-da, “Cemitério e mesquita muçulmana”, fizemos re-ferência ao navio “Índia”

que em 1888 ancorou na Baía de Caci-lhas trazendo a bordo muitos soldados doentes com cólera, contaminados em Hong Kong.

Não fora a primeira vez que a cidade de Macau sofreu a epidemia de cólera pois, em 1850 já aqui esta se tinha mani-festado. Entre as vítimas encontrava-se o Governador de Macau Pedro Alexandri-no da Cunha, que faleceu a 6 de Julho de 1850. No relatório do Serviço de Saúde de 1862, o Dr. Lúcio Augusto da Silva escreveu: “A doença do Governador Pe-dro Alexandrino da Cunha começou por abundante diarreia, vómitos, sede, ansie-dade e abatimento geral. O facultativo assistente observou na sua primeira visita: prostração, voz rouca, vómitos e dejec-ções de um líquido escuro e fétido, pulso filiforme, suor copioso e frio, resfriamen-to nas extremidades e dores nos jemelos. Mais tarde teve o doente dejecções de líquido amarelo claro, turvo e inodoro, resfriamento pronunciado e quase geral, lábios arroxeados, sede ardente, língua esbranquiçada, pouco húmida e não fria, dor intensa no epigastro. Depois supres-são de evacuações, excepto a urinosa, pulso imperceptível, voz rouca, palavra difícil, conservando porém intacta a in-teligência, olhos encovados, pálpebras entreabertas, feições alteradas, sem con-tudo ocultar de todo a fisionomia; final-mente, suores viscosos, respiração curta, cianose em diferentes partes do corpo, sendo mais pronunciada nas mãos e nos pés, alguma magreza e o estado rugoso da pele, foram os sintomas que completaram aquele quadro e que o acompanharam até o fim da existência. Estes sintomas e os muitos casos que então apareceram com eles, fazem acreditar que houve efectiva-mente uma epidemia de cólera-morbus em Macau no ano de 1850.”

Aconteceu de novo em 1858 uma epidemia de cólera-morbus, tendo co-meçado na população portuguesa nos primeiros dias de Junho e terminou nos últimos dias de Julho. Nos dois meses de epidemia, a cólera manifestou-se em sessenta e nove indivíduos dos quais, fa-leceram trinta e seis, sendo catorze mi-litares, sete indigentes e outros quinze

EPIDEMIA DE CÓLERAEM MACAU NO ANO DE 1888

habitantes da cidade. Quanto à popula-ção chinesa do território nada se sabe.

A epidemia de cólera voltou a mani-festar-se em Macau em 22 de Agosto de 1862, quando ocorreu o primeiro caso e o último deu-se em 10 de Outubro. O regis-to de infectados, que neste ano já referia a população chinesa, foi de noventa e três indivíduos, tendo morrido trinta e três.

Se nos anos de 1863 e 1864 houve ainda alguns casos, tanto entre a popu-lação portuguesa como na chinesa, não se registou nenhum caso de cólera-mor-bus até 1884, revelando estar a cidade e as suas redondezas num estado sanitário satisfatório.

Se em 1884 houve apenas quatro ca-sos, dois deles fatais, já no ano seguinte, voltou a epidemia a grassar. No entanto, segundo o que refere o relatório de 1885, os casos que constituíram a epidemia fo-ram classificados como sendo: um de có-lera, outro de cólera de carácter não con-tagioso e ainda outro, de cólera esporádi-co. Já de colerina houve quatro, o mesmo número para gastralgia suspeita e onze de gastroenterite suspeita. Ao mesmo tem-po, na comunidade chinesa registavam-se quinhentos e noventa e nove casos, tendo falecido trinta e três pessoas.

Os casos de cólera, que ocorreram em Macau no mês de Maio de 1888, eram de cólera de carácter não conta-gioso e cólera esporádico, a mesma que ocorrera em 1884 e 1885 e não assustou a cidade pois não era cólera-morbus ou cólera-asiático. O mesmo não se passa-va na vizinha colónia de Hong Kong, que já se debatia com uma epidemia de cólera-morbus. No entanto em Macau, nos bares do Grémio Militar e no Club União servia-se nas bebidas gelo prove-niente de Hong Kong, origem também da limonada e soda aí vendidas.

AS VIAGENS DO “ÍNDIA” A HONG KONG

No dia 7 de Julho de 1888 fundeou na Rada de Macau o vaso de guerra português “Índia” procedente de Mo-çambique. Transportava ele o Terceiro Batalhão de Infantaria do Ultramar, o contingente africano recrutado em Mo-çambique para as companhias de Timor, alguns praças de pret destinadas a subs-tituir as da guarda policial que tinham direito ao regresso à metrópole e ainda,

alguns passageiros entre os quais o fa-cultativo para a estação naval.

Desembarcaram os passageiros e dois dias depois seguiu o barco para a doca de Kowloon.

Em Macau, só no dia 27 de Julho deu baixa ao hospital militar um africano do contingente com enterite que veio a fa-lecer no dia 1 de Agosto e até ao dia 9 de Agosto mais nove africanos entraram no mesmo hospital, padecendo todos eles de gastroenterite. Seis ficaram cura-dos e morreram três da doença conhe-cida por maculo, que exclusivamente se manifestava nos africanos do inte-rior, quando eram colocados no litoral. Como a doença não era infecciosa, nem contagiosa, nada ocorreu com todos os que estavam instalados no Quartel de S. Francisco, onde foram colocados o Ter-ceiro Batalhão de Infantaria do Ultramar e o contingente africano, em conjunto com o Segundo Batalhão então aí resi-dente. Também não se revelou um único caso de diarreia entre o pessoal branco, nem nenhum caso ocorreu nas outras

enfermarias do Hospital Militar. Assim sendo, estava Macau livre de cólera.

No dia 8 de Agosto, o “Índia” regres-sou à Rada de Macau vindo de Hong Kong. O contingente africano ia partir para Timor e no dia 9, alguns africanos fo-ram a bordo para auxiliarem o embarque das bagagens. No dia seguinte, um deles teve que ir para o hospital, mas apesar de ter vomitado, foi-lhe diagnosticado uma enterite, tal como um outro militar, pro-veniente do Quartel de S. Francisco. Pe-rante tal, todos aqueles que iriam embar-car, as praças do pret europeias e africanas que estavam no Quartel de S. Francisco e as praças da guarda policial e da secção de veteranos que se encontravam em Santo Agostinho, foram inspeccionados na ma-nhã do dia 11 de Agosto. Nesse dia, à noite, partiu o “Índia”, havendo a certeza que quem embarcara se encontrava são.

EPIDEMIA DE 1888

Cinco dias depois, o navio “Índia” re-gressou de Hong Kong, onde lavrava

Page 15: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 24.10.2014

com intensidade a epidemia de cólera asiático. Fundeou na Rada de Macau na madrugada do dia 16 de Agosto, tra-zendo içada no mastro da proa a ban-deira amarela, que significava epidemia a bordo. Se o primeiro doente com cólera-morbus entrara na enfermaria do navio a 31 de Julho, o segundo caso ocorreu no dia 11 de Agosto e três dias depois manifestaram-se sete novos ca-sos.

À vista da bandeira amarela de epi-demia, logo em terra se procurou uma solução para resolver rapidamente o problema. Mas para agravar a situação, vinha a caminho de Macau um tufão.

A primeira ideia foi a de se esta-belecer um lazareto em Coloane para receber todos os passageiros, sãos e doentes, ficando a bordo apenas a tri-pulação. Perante os inconvenientes en-contrados, que aqui não cabe explicar, apareceu uma nova hipótese –Taipa, que perante as dificuldades similares às que haviam em Coloane, também foi descartada. Restava a Ilha Verde, que era exígua pois parte estava ocupada pela fábrica de tijolos. No entanto, ha-via a parte pertencente ao Colégio de S. José, que ofereceu a casa que aí tinha e os terrenos adjacentes para a instala-ção dos quarentenários. Assim, para aí foram os oficiais de Segundo Batalhão e respectivas famílias e as senhoras

e crianças, passageiras do “Índia”, tal como dois missionários destinados a Timor.

No entanto, faltava lugar para alo-jar cerca de 200 pessoas, as praças do pret europeus e africanos. O melhor lugar para colocar um lazareto na pe-nínsula de Macau ficava a barlavento da cidade, na vertente Leste do Monte da Guia, onde existia a Fonte da Soli-dão, que poderia abastecer de água po-tável, o Forte da Guia, onde os presos que vinham no barco poderiam ficar e a Baía de Cacilhas, onde se poderiam levantar as barracas de ola para servir de enfermaria e casernas. O anunciado tufão amansara e passou a temporal, o que permitiu construir as barracas para o lazareto em Cacilhas e na Estrada da Guia durante a noite de 16 para 17 de

Agosto. Entretanto tinham sido en-viadas duas lorchas ao “Índia” para re-tirar do barco o contingente africano e cinco doentes, entre eles, três euro-peus. Na bacia de Cacilhas fundearam as lorchas e para a que transportava os doentes foi enviado um enfermeiro com medicamentos. Ficaram eles à es-pera que a construção de algumas das barracas terminasse e logo, pela manhã do dia 17, após o sinal de estar aberto o lazareto, desembarcaram os passa-geiros. Ao meio-dia pisavam a areia da Praia de Cacilhas as praças do Segundo Batalhão, guarda policial e adidos, que seguiram para o lazareto da Ilha Verde com algumas mulheres e crianças. Já os vinte presos, civis e militares, foram imediatamente conduzidos para a For-taleza da Guia.

O cordão sanitário estendia-se des-de a Fonte da Solidão até à mesquita dos mouros, sobranceira à praia de Cacilhas. Como a epidemia de cóle-ra alastrava, foi necessário continuar a construir mais barracas, que ficaram prontas na noite do dia 17 para 18. Noite em que se fez sentir o temporal com uma trovoada seca. Os raios toda a noite saltaram de nuvem para nuvem e destas para o mar. Na manhã do dia seguinte surgiu a chuva.

No dia 19 de Agosto ocorreu a pri-meira morte no lazareto de Cacilhas e então começou verdadeiramente o ter-ror, com sucessivas baixas nos doentes graves.

Os falecidos até ao dia 22 foram se-pultados na proximidade do cemitério dos mouros, sendo marcadas na cabe-ceira das sepulturas com uma cruz.

Na Taipa formara-se um lazareto de observação para onde na tarde de 23 foram enviados os que até ali se mostra-ram incólumes.

A 26 de Agosto, junto à nascente da Solidão foram construídas novas barracas para o director, comandante militar, capelão, enfermeiros e sargen-tos. Na encosta de Cacilhas, ficaram as casas e cozinha dos chineses, que de-pois foram estendidas para a Estrada da Guia.

A 8 de Setembro, como não entrara mais nenhum doente suspeito desde o dia 28 de Agosto e não havendo mais ne-nhum caso de diarreia colérica nas enfer-marias desde 1 de Setembro, os quarente-nários ficaram livres e os doentes e con-valescentes foram para o hospital militar.

Entre os dias 28 e 31 de Agosto fa-leceram três doentes, sendo as últimas vítimas da epidemia de cólera-morbus.

A 5 de Setembro ficaram livres da quarentena os que se encontravam na

VEM ESTE ARTIGO A PROPÓSITO DE UMA DOENÇA QUE TEM VINDO A ESPALHAR-SE PELO MUNDO INTEIRO E JÁ É CONSIDERADA UMA EPIDEMIA. O ÉBOLA AINDA NÃO TEM CURA E POUCO SE SABE SOBRE ELA. TERÃO AS AUTORIDADES SANITÁRIAS DA RAEM TOMADO JÁ MEDIDAS PARA REDUZIR AO MÍNIMO OS SEUS EFEITOS?

Ilha Verde, no dia seguinte, os da Taipa, a 7, os do barco “Índia” e no dia 8, os de Cacilhas.

Nos locais, que tinham servido para albergar todos os doentes, antes de se-rem abandonados foram queimadas as barracas, desinfectadas com ácido phe-nico as sepulturas e latrinas e em toda a extensão da estrada foi usado cloreto de cal.

Sem a cidade de Macau ter sofrido o contágio da epidemia de cólera, devido ao apertado cordão sanitário imposto pelo Chefe do Serviço de Saúde J. Go-mes da Silva, houve a registar no total cento e onze casos com trinta óbitos, não se podendo deduzir com segurança serem todos provenientes das várias for-mas de cólera existentes.

A epidemia de cólera tivera origem no barco “Índia”, que viera de Hong Kong, não tendo esta se propagado em Macau. O auge da epidemia ocorreu nos dias 19 e 21 de Agosto e ficou extinta no dia 22 de Agosto. A par dela manifestaram-se ou-tras doenças, entre elas a conhecida por maculo, que atacou apenas os africanos, mas que nada tinha a ver com a cólera. Já muitos dos que contraíram cólera, foi por sua própria imprudência que ela avançou para variedades mórbidas de cólera. Hou-ve doentes que esconderam até ao último momento a sua situação de infectados, pondo em risco todos os que com eles estavam.

Vem este artigo a propósito de uma doença que tem vindo a espalhar-se pelo mundo inteiro e já é considerada uma epidemia. O Ébola ainda não tem cura e pouco se sabe sobre ela. Terão as autoridades sanitárias da RAEM tomado já medidas para reduzir ao mínimo os seus efeitos?

À VISTA DA BANDEIRA AMARELA DE EPIDEMIA, LOGO EM TERRA SE PROCUROU UMA SOLUÇÃO PARA RESOLVER RAPIDAMENTE O PROBLEMA. MAS PARA AGRAVAR A SITUAÇÃO, VINHA A CAMINHO DE MACAU UM TUFÃO

Page 16: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 24.10.2014

PUB

MARCO [email protected]

C HAMA-SE Lam Oi Man, tem 22 anos e é desde o início da noite de quarta-feira

a mais recente coqueluche do desporto do território. A jovem

MACAU GARANTIU A PRIMEIRA MEDALHA NOS JOGOS PARA-ASIÁTICOS

Lam Oi Man vale bronze

mesatenista foi responsável por um feito inédito, ao ga-rantir em Incheon a primeira subida ao pódio de um atleta da RAEM nos Jogos Para--Asiáticos. Há quatro anos, em Cantão, a delegação que representou Macau na edição inaugural da prova

encerrou a participação no certame sem qualquer medalha e foi necessário aguardar até ao quarto de dia de competição na Coreia do Sul para que o estandarte do território fosse desfraldado na segunda edição dos Jogos.

Aluna da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, onde cursa ad-ministração de empresas, Lam Oi Man conquistou o bronze na prova femi-nina de ténis de mesa na categoria TT6-7. A atleta do território estreou-se na competição na segunda--feira com uma derrota por três sets a zero frente à sul--coreana Kim Seong-ok, perdendo pelos parciais de 11-4, 11-1 e 11-3, mas manteve-se na corrida por uma medalha ao emendar a mão, com um triunfo segu-ro sobre a indiana Poonam. A vitória por três sets a zero – parciais de 11-3, 11-4 e 11-7 - alcançada frente à adversária indiana valeram a Lam Oi Man a presença nas meias-finais da com-petição, mas no encontro que dava acesso à luta pelo primeiro lugar e pelo ouro que lhe é inerente, a atleta do território não teve argumentos para contrariar o favoritismo assacado a Wang Rui. A mesatenista da República Popular da China esmagou Lam Oi Man por três sets a zero, pelos dilatados parcias de 11-4, 11-1 e 11-3.

EM EX-AEQUO Apesar de ter somado duas derrotas e uma única vitória, a jovem atleta de Macau conseguiu garantir a tercei-ra posição na competição, recebendo o bronze em ex--aequo com a sul-coreana Lee Kun-woo, que perdeu a outra meia-final para a compatriota Kim Seong-ok. No encontro decisivo da ca-tegoria TT6-7, Kim perdeu com a chinesa Wang Rui por três sets a zero, não sem ofe-recer alguma resistência. A atleta da República Popular da China acabou por levar a melhor sobre a adversária pelos parciais de 11-3, 11-9 e 11-7. A delegação que re-presenta a China no certame continua, de resto, a dominar as operações em Incheon, tendo conquistado até ao momento 296 medalhas, cento e cinquenta e nove das quais de ouro. A Coreia do Sul ocupa a segunda posição da tabela, com 197 meda-lhas, seguida do Japão, que conquistou menos sessenta galardões.

Jorge Jesus «Fizeram a mesmacoisa ao Sporting na Alemanha» Jorge Jesus não poupou críticas à actuação da equipa de arbitragem no jogo com o Mónaco, acusando o polaco Szymon Marciniak de condicionar a exibição do Benfica no Estádio Louis II. Depois do que viu em Gelsenkirchen, no polémico encontro entre o Sporting e o Schalke, o treinador das águias diz não ter dúvidas de que as equipas portuguesas estão a ser prejudicadas propositadamente nas provas da UEFA. «O árbitro condicionou muito a equipa do Benfica, nos primeiros 20 minutos penalizou-nos com dois amarelos. O facto de Portugal estar à frente de Itália e França no ranking da UEFA… Na Alemanha fizeram a mesma coisa ao Sporting. Carregam as equipas portuguesas com amarelos e depois é mais fácil expulsar. É um assunto político, que temos de combater em campo», afirmou.

Portugal sobe ao nono lugardo ranking da FIFAA Seleção Nacional subiu dois lugares na actualização do ranking da FIFA, encontrando-se agora no nono lugar numa lista que continua a ser liderada pela Alemanha. Agora sob o comando de Fernando Santos, Portugal regressou assim ao top-10, o que não acontecia desde Julho, depois de ter caído até ao 11.º lugar após o Mundial-2014, no qual foi eliminado logo na fase de grupos. Para a actualização do mês de Outubro foram contabilizados total de 141 jogos, 49 da fase de qualificação para o Euro-2016, 28 do apuramento para o Campeonato Africano das Nações e outros 10 de qualificação para a Gold Cup da CONCACAF, além de 54 encontros particulares.

Assine-oTELEFONE 28752401 | FAX 28752405

E-MAIL [email protected]

www.hojemacau.com.mo

PUB

Page 17: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 22 MAX 26 HUM 75-95% • EURO 10.1 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 24 DE OUTUBRO

hoje macau sexta-feira 24.10.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

U M D I S C O H O J E

Nasce a Organização das Nações Unidas• Hoje assinala-se mais um aniversário da Organização das Nações Unidas (ONU), que nasceu a 24 de Outubro de 1945. Hoje, o campo de intervenção da ONU atinge todas as áreas humanitárias, no combate aos dramas provocados pelos conflitos militares, a fome, as desigual-dades sociais, sempre na defesa dos direitos humanos. Tem como primordial objectivo, na actualidade, promo-ver a cooperação no direito internacional, segurança, desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos e paz mundial.Esta organização foi fundada em 1945, depois da II Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações, numa altura em que o mundo se erguia de um conflito e procurava caminhos para uma paz sólida e duradoira. O objectivo da ONU era, então, evitar mais conflitos entre países e criar plataformas para o diálogo.Actualmente, 193 países fazem parte desta organização, que agrega quase todos os estados soberanos do mundo. Com agências espalhadas pelo mundo, a ONU promove reuniões regulares, na prossecução dos seus objectivos.O organigrama da ONU é composto por uma Assembleia Geral (assembleia deliberativa principal), um Conselho de Segurança (que decide resoluções de paz e segurança); o Conselho Económico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação internacional e desenvolvimento), o Secre-tariado (para criação de estudos e recolha de informações) e o Tribunal Internacional de Justiça (órgão judicial).Trata-se da mais importante organização do mundo, que foi alargando as suas margens de acção, cumprindo um papel fundamental no combate às desigualdades sociais e a dramas humanitários que persistem, mais de seis décadas depois do nascimento da ONU, efeméride que se assinala a 24 de Outubro.

• HojeI MUSICI APRESENTAM “ÓSCARES E FANTASIA DE DESENHOS ANIMADOS” (FIMM)Teatro D. Pedro V, 20h00200 a 250 patacas

MOSTRA DE TEATRO “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS” (SEMANA DOS PLP, BRASIL)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 20h00ATÉ DOMINGOEntrada livre

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “A RAVINA DO ADEUS” (JAPÃO)Centro Cultural de Macau, 21h3060 patacas

• AmanhãMOSTRA DE TEATRO “SINTADU” (SEMANA DOS PLP, GUINÉ-BISSAU)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 15h00Entrada livre

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “EM FLOR” (GEÓRGIA)Centro Cultural de Macau, 16h3060 patacas

I MUSICI APRESENTAM “AS QUATRO ESTAÇÕES” (FIMM)Teatro D. Pedro V, 20h00200 a 250 patacas

MOSTRA DE TEATRO “A ÓRFÃ DO REI” (SEMANA DOS PLP, ANGOLA)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 20h30Entrada livre

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “CARVÃO NEGRO, GELO FINO” (CHINA)Centro Cultural de Macau, 21h3060 patacas

• Domingo MOSTRA DE TEATRO “SINTADU” (SEMANA DOS PLP, GUINÉ-BISSAU)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 15h00Entrada livre

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “MAU ROSÁRIO” (TURQUIA)Centro Cultural de Macau, 16h3060 patacas

MOSTRA DE TEATRO “A ÓRFÃ DO REI” (SEMANA DOS PLP, ANGOLA)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 17h30Entrada livre

FADO DE COIMBRA COM “ALMA DE COIMBRA”Galeria da Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “RAINHA” (ÍNDIA)Centro Cultural de Macau, 19h3060 patacas

ANONYMOUS 4 APRESENTA “GRAÇA E GLÓRIA” (FIMM)Igreja de São Domingos, 20h00Entrada com bilhete gratuito

MOSTRA DE TEATRO “ADÃO E EVA” (SEMANA DOS PLP, CABO VERDE)Auditório do Instituto Politécnico de Macau, 20h30Entrada livre

• DiariamenteOKTOBERFEST (ATÉ DIA 25/10)MGM, 18h00 às 24h00120 patacas

FESTIVAL DE GASTRONOMIA MACAENSE (ATÉ 5 DE NOVEMBRO)Hotel Four Seasons, Cotai18h00 às 22h00498 patacas por adulto, 249 para crianças até aos 12 anos

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

“VIAGEM À TERRA DOS SONHOS” DE SU JIAN LIANG (ATÉ DIA 23/10)Galeria da Fundação Rui CunhaEntrada livre

WORLD PRESS PHOTO (ATÉ 2 DE NOVEMBRO)Casa GardenEntrada Livre

“GOODBYE & HELLO”(TANYA CHUA, 2011)

É o décimo segundo álbum desta cantora de Taiwan e contém dez canções todas originais e escritas pela própria. Músicas como “When you leave”, “Blank” e “If you love me” são as mais poulares de Tanya Chua, que tem uma voz que nunca aborrece. A artista de 40 anos é não só popular em Taiwan, mas também no resto da Ásia. - Flora Fong

C I N E M ACineteatro

SALA 1FURY [C]Um filme de: David AyerCom: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman14.00, 16.30, 19.00, 21.30

ALEXANDER AND THE TERRIBLE, HORRIBLE, NO GOOD, VERY BAD DAY [B]Um filme de: Miguel ArtetaCom: Steve Carell, Jennider Garner14.30, 16.00, 17.45, 21.30

SALA 2LET’S BE COPS [C]Um filme de: Luke Greenfield

Com: Jake Johnson, Damon Wayans Jr.19.30

SALA 3THE GIVER [C]Um filme de: Phillip NoyceCom: BrentonThwaites, Odeya Rush, Jeff Bridges14.30, 16.30, 19.3, 21.30

WHIPLASH [C]Um filme de: Damien ChazelleCom: Miles Teller, J.K.Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist19.30

FURY

Se és honesto, esquece a lei.

Page 18: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

18 publicidade hoje macau sexta-feira 24.10.2014

Page 19: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.2014 19OPINIÃO

Ontem, hoje e amanhã

O S protestos associados ao movimento “Occupy Cen-tral” em Hong Kong ainda não foram resolvidos e o Chefe do Executivo, CY Leung, continua a recusar conversações directas com os manifestantes, optando em vez por procurar apoio junto de organizações não-

-governamentais para resistir a esta onda de democracia. Mas com a polícia agora disposta a dispersar o público através da força, creio que a situação não vai melhorar até que conversações entre ambas as partes tenham lugar. Apesar de as autoridades terem aparentemente optado por uma atitude de “não fazer cedências, mas evitar a violên-cia ao mesmo tempo”, estas parecem estar a evitar tomar decisões, o que acaba por prejudicar toda a sociedade de Hong Kong.

Quando a “Umbrella Revolution” (Re-volução dos Guarda-Chuvas) começou no dia 28 de Setembro, dirigi-me a Hong Kong para me inteirar da situação. Fiquei com a impressão de que os manifestantes são pacíficos e racionais e que a camada mais

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

jovem tem as suas próprias opiniões e é capaz de as exprimir. Reparei também que os manifestantes são muito disciplinados e capazes de dividir tarefas entre si próprios, facto que aprecio muito. Hong Kong é uma cidade muito especial, tendo em conta que a população é capaz de participar num movimento como este enquanto que, ao mesmo tempo, ainda tem tempo para apre-ciar comédia stand-up. Até o comediante Dayo Wong fez alusão aos protestos no seu último espectáculo, onde os comparou à “relação entre uma sogra e a sua nora”, o que gerou uma grande gargalhada por parte da audiência visto ser uma boa alegoria da situação. Se a relação entre a China e Hong Kong se assemelha às atribulações vividas por uma sogra e a sua nora, então como é a relação entre Macau e a China Continental?

Apesar de as autoridades chinesas terem afirmado várias vezes que Hong Kong deve cuidar dos seus próprios problemas, é claro que estas não vão ceder perante as exigên-cias dos manifestantes. Assim sendo, não parecem haver condições para a realização de um diálogo. Podemos apenas esperar que o sol nasça e se ponha como sempre

o fez. Esta revolução vai invariavelmente chegar ao fim. Mas se os intervenientes não aproveitarem esta oportunidade para pensar e reflectir, o futuro vai continuar a apresentar obstáculos imprevistos.

Se a relação entre a China e Hong Kong se assemelha às atribulações vividas por uma sogra e a sua nora, então como é a relação entre Macau e aChina Continental?

Se o líder de um país ou região quiser aumentar os padrões de ensino do público em geral enquanto melhora a sua própria capacidade de governação, este tem de eli-minar a “iliteracia cultural” e a “iliteracia em pensamento crítico”, assim como a sua própria “iliteracia política” e a crença de “dominância pelas elites”. Se o líder consi-derar que a luta do povo não é nada mais do que resistência e não conseguir identificar as verdadeiras razões por trás dos distúrbios, problemas ainda mais sérios podem vir a surgir no futuro, mesmo que se consigam resolver as dificuldades agora enfrentadas.

Nas suas obras, Mao Zedong menciona que “uma simples faísca pode originar um fogo numa pradaria”, o que significa que um pequeno problema pode se tornar num caso muito sério. Como Pequim é muito sensível a distúrbios a nível nacional, tem por costume extinguir estes incidentes antes que se tornem mais sérios. Mas se as condições, quer externas ou internas, não forem propícias, como seria possível uma simples faísca incendiar uma pradaria inteira? Qualquer governo deve esforçar-se por acabar com a frustração do público, assim como qualquer outra queixa, de modo a poder governar eficazmente. Temos muitas lições a aprender da história. Se a violência fosse um remédio para todos os problemas, a Palestina já viveria em paz há muito tempo.

Os problemas sobre a reforma constitu-cional de Hong Kong tiveram a sua origem no falhanço da reforma constitucional de Macau no ano de 2012. Um cenário político conservativo, fechado e desactualizado criaram um clima de instabilidade política e desequilíbrio no desenvolvimento econó-mico, o que por sua vez levou à frustração da população. Apesar de o Governo da Região Administrativa Especial de Macau ter distri-buído dinheiro e subsídios anualmente, não conseguiu resolver as indignações das suas gentes, pois o problema fundamental estava centrado na injustiça política. Os governos de ambas as regiões têm de prestar atenção à opinião da sua população de maneira a preparar o futuro. Porque é que apenas alguns percebem que “o povo não pode ajudar enquanto estiver revoltado com o desempenho dos funcionários públicos”?

TERRORISMOcartoon por Stephff

“MON

STER

IN L

AW”,

ROB

ERT

LUKE

TIC

Page 20: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

20 opinião hoje macau sexta-feira 24.10.2014

O Secretário-geral da ONU e o Ministro de Estado e Enviado Especial para a Energia e Mudanças Climáticas dos Emirados Árabes Unidos organiza-ram uma reunião de alto nível nos dias 4 e 5 de Maio, com o fim de criar o ímpeto necessário à ela-

boração de medidas concretas que deveriam ser adoptadas na “Cimeira sobre o Clima” que se realizou a 23 de Setembro, na sede da ONU, em Nova Iorque.

Essa reunião extraordinária foi deno-minada de “Reunião preparatória de Abu Dhabi”, tendo contado com a participação de um milhar de individualidades, incluindo ministros, directores das maiores empresas multinacionais e líderes da sociedade civil, que examinaram uma ampla série de iniciati-vas, algumas novas e outras existentes, para fazer face às mudanças climáticas.

O Secretário-geral da ONU, na sequência da “Reunião preparatória de Abu Dhabi”, convocou a “Cimeira sobre o Clima” para dialogar com os diversos tipos de líderes e promover a aceitação de medidas e objec-tivos ambiciosos a nível nacional, regional e internacional relacionado com o clima. A Cimeira tinha por ideia servir de plataforma pública para que os dirigentes de todos os Estados Membros da ONU, instituições financeiras, empresas, sociedade civil e co-munidades, quer do sector público, como do privado acelerassem a adopção das mesmas e as pusessem em prática para reduzir as emissões, fortalecer a resiliência às mudan-ças climáticas e mobilizar a vontade política.

O fim a atingir será um acordo jurídico mundial até 2015, que limite a menos de 2.ºC o aumento da temperatura do planeta. A Cimeira deveria concentrar-se em tais me-didas e soluções dos países, em colaboração estreita com os diversos agentes do sector privado e da sociedade civil, com vista a acelerar o progresso nas áreas que contri-buem consideravelmente para reduzir as emissões, como são as da energia, “Poluentes Climáticos de Vida Curta (PCVC) ”, cida-des e transportes, agricultura e silvicultura sustentáveis, adaptação e redução ao risco de desastres, financiamento relacionado com o clima e factores que activam a economia.

A Cimeira não fazia parte do processo de negociação da “Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Cli-ma (UNFCCC, na sigla inglesa) ”, tendo efeitos promocionais quanto às actividades relacionadas com o clima, e serviria como

A Cimeira sobre o Clima (1)“Climate-resilient pathways are sustainable-development trajectories that combine adaptation and mitigation to reduce climate change and its impacts. They include iterative processes to ensure that effective risk management can be implemented and sustained.”Climate Change 2014: Impacts, Adaptation and Vulnerability – Summary for Policymakers -Fifth Assessment Report of the IPCC – Geneva, 15.10.2014

uma tentativa de conciliação de interesses dos países e demais intervenientes relativa-mente ao “Acordo Universal sobre o Clima”. Previa-se que os líderes de todos os sectores e níveis demonstrassem que estão activa-mente empenhados no dito Acordo e fossem alargadas as possibilidades de consensos no presente e no futuro. Os argumentos para actuar contra as mudanças climáticas são mais convincentes que nunca.

Os países e empresas descobriram que a diminuição das emissões de gases de efeito de estufa e o estímulo à resiliência criam oportunidades económicas e reduzem os riscos, podendo colher altos benefícios de um crescimento económico sustentável com baixas emissões de carbono, infra-estruturas resilientes, novos mercados, trabalho de-cente, independência energética, aumento do poder de decisão das mulheres, ar mais limpo e melhor saúde pública.

É o tempo ideal para os dirigentes de todo mundo se associarem ao movimento a favor de uma acção transformadora pelo combate às mudanças climáticas que pode estimular a competitividade económica e a prosperidade sustentável global. Está a ser elaborado o novo “Acordo Universal sobre o Clima”, bem como um conjunto de princípios e regras mundiais de desenvolvi-mento sustentável. Os objectivos de ambos os processos constituem uma oportunidade sem precedentes para estimular o desenvol-vimento sustentável.

A erradicação da pobreza e a reestrutu-ração da economia mundial para conter o aumento de temperatura do planeta abaixo dos 2.ºC são objectivos que devem passar por um dos pilares essenciais que é a moderação do consumo e que proporcionará prosperi-

dade e segurança às gerações presentes e futuras. A diminuição do consumo mundial terá a contrapartida desesperante do aumento do desemprego a nível mundial que urge a paralelamente ser resolvido.

A fim de fazer face ao enorme desafio que apresentam as mudanças climáticas a nível mundial e aproveitar as oportunida-des existentes, será necessário intensificar os esforços dos países e, simultaneamente, serem complementados com um quadro internacional que proporcione incentivos.

A acção rápida e uma maior ambição de todos os intervenientes sem esquecer a importante voz da sociedade civil poderão, em conjunto, apontar o caminho correcto que ajudará a evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. As mudanças climáti-cas não são um problema distante, são uma realidade, que tem consequências claras na vida das pessoas e estão a criar prejuízos graves às economias nacionais, igualmente responsáveis pela situação climática adver-sa que se vive. Os diversos ecossistemas incluindo o humano estão a pagar um alto preço, e no futuro aumentará ainda mais, se forem proteladas as decisões que há muito deviam ter sido tomadas.

É de reconhecer que presentemente o mundo dispõe de soluções viáveis e alar-gadas que permitam dar um grande salto qualitativo das actuais economias para outras mais limpas e resilientes, o que significa que podemos estar a viver um tempo de grandes mudanças.

O Secretário-geral da ONU fez um apelo a todos os intervenientes que estivessem presentes na Cimeira e apresentassem igualmente soluções destinados a reduzir as emissões, reforçar a resiliência às mudanças

climáticas e mobilizar a vontade política permitindo alcançar o “Acordo Universal sobre o Clima”.

A Cimeira ofereceu uma oportunidade única para os dirigentes defenderem uma visão ambiciosa, baseada na adopção de medidas de efeito imediato nos países e nas comunidades. A agenda continha a realiza-ção de quatro sessões temáticas participati-vas para estimular os debates de alto nível sobre questões fundamentais relacionadas com o clima, como são a ciência das mu-danças climáticas; os benefícios colaterais relacionados com a sociedade; a adopção de medidas para combater as mudanças climáticas pois, favorecem os negócios e o crescimento económico e as opiniões dos países e sociedades mais afectados, como são os jovens, povos indígenas, mulheres e os habitantes de “Pequenos Estados In-sulares em Desenvolvimento”, cujo ano internacional foi criado a 24 de Fevereiro pela Assembleia Geral da ONU, como forma de chamar a atenção para o crescimento da degradação ambiental e marginalização económica, em que vivem, e onde se situam algumas das mais belas praias do mundo.

Existia uma forte expectativa de que esta Cimeira fosse diferente das anteriores, pois estaria centralizada em medidas efectivas e praticáveis quanto ao clima. Aquando da sessão de abertura os líderes dos países anunciaram as novas acções nacionais, em particular, quanto às áreas do financiamen-to, eficiência energética, fontes de energias renováveis, adaptação, redução e resiliência ao risco de desastres, florestas, agricultura, transportes, cidades e urbanismo e “PCVC”.

As sessões temáticas serviram de suporte para anunciar as novas iniciativas em sec-

GENE

KEL

LY, S

TANL

EY D

ONEN

, SIN

GIN’

IN T

HE R

AIN

Page 21: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

21 opiniãohoje macau sexta-feira 24.10.2014

PUB

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

É o tempo ideal para os dirigentes de todo mundo se associarem ao movimento a favor de uma acção transformadora pelo combate às mudanças climáticas que pode estimular a competitividade económica e a prosperidade sustentável global

tores críticos onde os governos, empresas e organizações da sociedade civil tentaram unir esforços para encontrar soluções viá-veis. As discussões sobre políticas e práticas aplicáveis em áreas fundamentais das medi-das relacionadas com o clima revelaram um consenso generalizado entre os países quanto à necessidade urgente da celebração de um acordo jurídico expressivo, sólido e universal relativamente ao clima no próximo ano.

A China na sua intervenção anunciou que duplicaria o seu apoio financeiro à “Cooperação Sul - Sul” (mecanismo de consenso político e de colaboração ao nível económico, científico, tecnológico, cultural entre os países em desen-volvimento, denominados de “Sul Global”, com o objectivo de ajuda ao desenvolvimento, e dela fazem parte nações da África, Ásia, América do Sul, Caraíbas e Oceânia) em áreas relacionadas com as mudanças climáticas.

A China contribuirá com seis milhões de dólares americanos para o Secretário-geral da ONU, promover essa cooperação entre os países em desenvolvimento, tendo afirmado que reduzirá até 2020 as suas emissões de dióxido de carbono em 40 por cento em relação aos níveis de 2005, que resulta do compromisso assumido na Cimeira de Copenhaga de 2009.

A China é o maior emissor de gases de efeito de estufa, seguidos dos Estados Unidos e Índia, e garantiu que sendo um dos países em desenvolvimento responsável por gran-de parte dessas emissões se iria empenhar com maior intensidade e eficácia a corrigir políticas relacionadas com as mudanças climáticas e assumir as responsabilidades internacionais proporcionais às suas con-dições e capacidades nacionais.

O presidente dos Estados Unidos afirmou que de todos os desafios imediatos que enfren-tava o planeta, como o terrorismo, instabilidade, desigualdade e as doenças, nenhuma definia melhor o nosso século que a urgente e cres-cente ameaça das mudanças climáticas. O líder da maior economia do mundo e da segunda maior emissora de gases de estufa defendeu

que a geração actual é a primeira a sentir as alterações reais provocado pelo fenómeno e a última a poder actuar, pedindo que as gerações vindouras não fossem condenadas a um futuro que não podem remediar.

É algo de sarcástico e irónico vindo de um país que é um dos maiores responsáveis pelas mudanças climáticas e que se tem es-capado às responsabilidades internacionais vinculativas em benefício da protecção e desenvolvimento da sua economia. Os Esta-dos Unidos como um dos maiores emissores de gases de efeito de estufa têm todas as responsabilidades para liderar os esforços no sentido de corrigir a situação.

É sabido pelos relatórios do “Painel Governamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla inglesa) ” criado em 1988, pela “Organização Meteorológica Mundial (OMM) ” e pelo “Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) ” que não existem remédios para os prejuízos criados ao ambiente até ao presente e tão-só é possível prevenir e evitar os males futuros.

A ilusão utópica sem arrimo científico faz os líderes políticos afirmarem que as mudanças climáticas podem ser combati-das com efeito retroactivo, talvez quiçá ao estado de antes da Revolução Industrial. Só um tal desnorte permite que tais líderes políticos, como o dos Estados Unidos venha admitir fora de tempo que o último decénio foi o mais quente da história, na costa leste; que a cidade de Miami é inundada quando sobe o nível do mar; que no oeste, a época de incêndios florestais prolonga-se pela maior parte do ano; que no interior têm sido registados as secas mais graves das últimas gerações e que um furacão deixou a cidade sem electricidade e debaixo de água.

Todavia, existem países que vivem si-tuações infinitamente piores. O clima está a mudar mais rápido que a implementação de esforços para o enfrentar e a solução para evitar uma mudança irreparável é reduzir a poluição pelo carbono, adaptar-se às reper-cussões que não podem ser evitadas jamais e a comunidade internacional trabalhar em conjunto para fazer face a esta ameaça an-tes que seja demasiado tarde. O presidente americano, afirmou que os Estados Unidos têm realizado grandes investimentos em energias limpas e grandes reduções nas emissões de carbono e que conta com o triplo de electricidade de origem eólica e solar.

A implementação em 2013 do “Plano de Acção sobre o Clima” nos Estados Unidos para intensificar os esforços para reduzir as emissões de gases de efeitos de estufa, ainda não produziu resultados quantificáveis que permitam confirmar o seu mérito. A indústria automóvel americana continua na pesquisa e desenho de automóveis eléctricos, aumentando a produção dos automóveis convencionais, a gasolina e gasóleo e que a Comissão da União Europeia em 28 de Março de 2011, afirmou que pretendia ter-minar até 2050. Muito vai mal na ilha da Barataria ambiental planetária.

Page 22: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

22 PERFIL hoje macau sexta-feira 24.10.2014

CATARINA FILIPE SILVA, A NOVA VOZ DA BANDA DA CASA DE PORTUGAL

“SEMPRE ESTIVE LIGADA À MÚSICA”FIL IPA ARAÚ[email protected]

P OUCOS são os que a conhecem pelo nome próprio. A nova voz da banda da Casa de Portugal (CPM), tem nome

bem português – Catarina -, mas é maiori-tariamente conhecida por Pipoca. Quase a completar a maioridade, Pipoca não esconde o orgulho e entusiasmo sentidos quando nos conta o seu novo projecto.

“O convite surgiu através do músico Paulo Pereira, o responsável por este pro-jecto, depois da antiga vocalista ter saído da banda por ir estudar para fora”, começa por conta Catarina. “Aceitei – claro - e depois de alguns ensaios já subimos ao palco na semana passada”, partilha a jovem de cabelo rebelde e olhos claros.

A banda da CPM foi o grupo de aber-tura do concerto da banda 80&Tal no Hard Rock Café, na semana passada. A iniciativa esteve integrada num programa solidário organizado pelo espaço, em que o dinheiro dos concertos reverte a favor da Fundação de Prevenção do Cancro da Mama de Hong Kong.

“Foi uma experiência muito gira. Es-tava muito nervosa, mas foi muito bom

cantar em português e ver o público cantar também”, diz Pipoca.

Sem originais, por agora, a banda cami-nha com cautela preparando o seu futuro. “Relativamente às nossas escolhas de in-terpretações ainda não temos um caminho definido, estamos a testar-nos e a ver o que corre bem e onde nos sentimos mais à vonta-de. Somos quatro pessoas e todas precisamos de gostar daquilo que tocamos”, explica a jovem vocalista. “Mas uma coisa é certa a música portuguesa é a nossa prioridade, até porque somos a banda que representa a casa de Portugal em Macau, não faria sen-tido ser de outra maneira. A verdade é que se pensarmos no nosso trabalho, temo-nos dedicado muito aos anos 80, principalmente ao rock dessa década. Talvez seja o tipo de música mais consensual no grupo. Todos gostamos”, clarifica.

Durante o concerto da semana passada, o público pôde relembrar alguns clássicos bem portugueses. Xutos e Pontapés e Rádio Ma-cau foram algumas das bandas interpretadas.

De gosto amplo, a jovem cantora conta--nos que, para cantar, gosta muito de Gospel e Jazz, tendo também um lado mais ‘rockeira’. Pipoca, nascida em Macau, defende que os portugueses têm muito para dar ao território

e mostra-se contente por conseguir dar o mínimo que seja à sua comunidade e não só.

VIDA D’ARTEFoi aos três anos de idade que Catarina foi para Portugal onde estudou e participou em vários projectos artísticos. “Quando era pequena estudei no Instituto Gregoriano de Lisboa e sempre estive ligada à música e às artes performativas, tanto em Portugal como em Macau”, conta-nos.

Pipoca retornou à terra que a viu nascer há dois anos, onde está a concluir os seus estudos, mas nem assim deixou de parte o mundo das artes.

“Aqui em Macau fiz parte do Grupo de Artes Performativas da CPM, também no projecto ArtFusion e agora na banda”, explica.

UM NOVA APOSTA“Os convites para actuar ainda são poucos”, começa por explicar a vocalista, “por isso decidimos apostar numa saída para a rua, ou seja, tocar na rua, fazer-nos ver, mostrar o nosso trabalho”. Um das maiores dificul-dades iniciais da banda é, de facto, fazer-se mostrar por ser um projecto – agora com a nova cara - recente, e para contornar esse

pequeno entrave, a jovem banda decidiu, então, “sair para a rua”.

“Temos a ideia que se formos para a rua e mostrarmos o nosso trabalho, as pes-soas vão-nos conhecer e acredito que mais convites irão surgir”, explica. “Queremos mais concertos, queremos apostar na cria-tividade, na originalidade, sem descurar a qualidade”, defende Pipoca, que não nega um longo caminho de árduo trabalho que ainda os espera.

A música estará sempre presente na minha vida. Irei sempre participar em projectos e cantar

Relativamente ao futuro, a jovem ar-tista, que não esconde a vontade de estar em formação constante, irá dedicar-se aos estudos na área de Gestão sem, segundo a mesma, abandonar os palcos. “Quero tirar um curso superior de Gestão, apostando na minha formação, mas a música estará sempre presente na minha vida. Irei sempre participar em projectos e cantar”, conclui.

Page 23: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

hoje macau sexta-feira 24.10.2014

‘‘édi to

Assim não dáon t emmacau

horah

hojeglobalw w w. h o j e m a c a u . c o m . m of a c e b o o k / h o j e m a c a ut w i t t e r / h o j e m a c a u

L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

UM MEMORIAL foi criado no centro da cidade de Ottawa, no Canadá, perto do National War Memorial.Na quarta-feira, um soldado canadiano, Nathan Cirillo, foi morto a tiro enquanto guardava o local. O homicidafoi, depois, morto dentro do parlamento canadiano.

DIÁRIO 23DE BORDO

“Em 1985, o Canídromo pagava 50% dos impostos sobre as receitas brutas, em 1988 passou a pagar apenas 35% e em 2005 passou a pagar apenas 25%. Claramente que se estão a favorecer interesses estranhos a Macau”ANIMA• Sociedade Protectora dos Animais

“Os requisitos [para o Fundo das Indústrias Culturais e Criativas] devem servir para seleccionar bem os pedidos e aproveitar o dinheiro público de forma correcta. Contudo, estes são demasiado rígidos e o Fundo considera apenas as oportunidades comerciais, ignorando a criação artística e cultural, porque são poucas as pessoas que são elegíveis”WONG KIT CHENG • Deputada

“A Direcção dos Serviços de Turismo não pode dizer constantemente que ‘pondera todos os factores’, tem de rever a Lei [de Alojamento Ilegal] imediatamente”CHAN TAK SENG• Director da Aliança do Povode Instituição de Macau

EPA/

WAR

REN

TODA

/LUS

A

QUANDO O Chefe do Executivo de Hong Kong justifica a ausência de sufrágio universal, afirmando que se os pobres votassem acabava o capitalismo na ex-colónia britânica, há algo que me perturba, um desejo de revolta comparável ao dos chineses do tempo do “feudalismo” e do império. Estará C. Y. Leong a fazer um aviso à navegação dos neo-fascistas e seus filhos que na rua não souberam atender às necessidades históricas da China, por pura ignorância e soprinhos estrangeiros? Claro que sim. Desde o tempo dos ingleses que HK é um sítio desprezível, onde a riqueza de uns significou sempre a extrema miséria de outros, onde a luz das lojas de luxo não apaga o negro da miséria que por ali se vê.Em HK há de tudo realmen-te, como gostam de dizer os defensores do democratismo. Sobretudo miséria humana, gente comprada e vendida, e gente que compra e vende de aqui para acolá, sem que por isso venha algo de novo ou belo ao mundo. É o paraíso do neoliberalismo que está a destruir o mundo.HK (exceptuando o skyline) é uma cidade horrível, sobre-tudo do ponto de vista dos valores: trata-se de um sítio onde as pessoas estão sempre mais preocupadas com o di-nheiro do que com a própria vida. É uma cidade que tem no seu ADN o péssimo exemplo britânico, misturado com o ressaibiamento dos chineses que para ali fugiram e devo-tam um ódio muito especial à China. Agora o Chefe do Executivo – um homem que é suposto ter emergido para a fortuna do negócios das classes mais desfavorecidas – vem justi-ficar a ausência de sufrágio universal, ostentando o medo dos ricos e associando a au-sência de democracia eleitoral completa à sobrevivência do capitalismo. Assim não dá.A coisa ainda vai acabar mal.

“Uma vez que a lei já está aprovada,não percebo muito bem a razão da consulta”

Francisco Vizeu Pinheiro, arquitecto | P .4

Page 24: Hoje Macau 24 OUT 2014 #3200

PUB

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau sexta-feira 24.10.2014

Os idosos queixam-se dos descontos que atingem as reformas antecipadas e apontam o dedo ao Chefe do Executivo por não ter ainda tomado nenhuma medida sobre o assunto

CECÍLIA L [email protected]

U M grupo de idosos que pediu a reforma ante-cipada entregou uma carta ao Chefe do Exe-

cutivo onde pede o pagamento de compensações. Os reformados pedem que o Governo tenha em conta as suas dificuldades para o pagamento da referida compensação, uma vez que, por levantarem a pensão aos 60 anos, apenas recebem 75% da totalidade da reforma. Um relatório citado pelo Fundo de Segurança Social (FSS) mostra que o Governo deveria pagar

Golfinhos Ambientalista pede reforço da protecção marítima O presidente da Associação de Ecologia de Macau, Ho Wai Tim, pediu ontem ao Executivo que diga ao certo quantos golfinhos cor-de-rosa deram à costa em Macau e sugeriu que o Governo promova de forma mais ampla a importância da conservação ambiental marítima. Depois de terem dado à costa golfinhos cor-de-rosa – uma espécie rara destes animais, que habita no Mar do Sul da China – e golfinhos de boto-do-Índico, que morreram devido às obras dos novos aterros e da construção da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, o ambientalista pediu mais atenção ao problema. “Já na plataforma panorâmica do trilho à beira-mar de Long Chao Kok, os residentes podem observar os golfinhos. Pelo contrário, na zona marítima este do Aeroporto, como são canais onde passam navios, os remos e o ruído podem magoar e incomodar os golfinhos”, disse. Ho Wai Tim apontou ainda que conseguia ver golfinhos no mar em frente à Rotunda da Areia Preta, mas que, com as obras dos novos aterros, que poluíram o mar, os golfinhos desapareceram. Sugere o presidente da associação que o Governo deve despertar a consciência da importância da conservação marítima.

PENSÕES IDOSOS PEDEM COMPENSAÇÕES AO CHEFE DO EXECUTIVO

A insatisfação que nunca acaba

“ O dirigente ainda disse em público que acha que não perdemos nada,e que por isso não vai dar nenhuma compensação.O discurso é cruele mentiroso”CARTA DOS REFORMADOS

cerca de 72%, mas já efectua 75% do montante total, por isso o Executivo mantém que não há qualquer problema com as reformas antecipadas.

“Embora o sector do Jogo seja a principal indústria em Macau, é difícil para os residentes mais velhos procurarem emprego, porque a procura de talentos diminui, especialmente para quem ultrapassa os 50 anos”, pode ler-se na carta.

“Por isso, há alguns anos muitos idosos que perderam o

seu emprego antes dos 65 anos podiam pedir a reforma anteci-pada, mas essas pensões estavam divididas em períodos de vinte anos, ou seja, dadas entre os 60 e 80 anos, ou entre os 65 e 80. Assim, todos os meses recebe-mos 75% do valor original da pensão”, acrescenta a carta.

AUMENTO PENALIZADORContudo, os idosos apontaram que, quando as pensões aumen-taram, de 1700 para 3180 pata-cas, o valor de 25% de desconto das reformas também aumentou. “Antes apenas precisávamos de perder 25% de 1700 patacas, mas agora recebemos menos 25% de 3180 patacas”, refere a carta.

Os reformados chamam ainda a atenção para o facto de deputa-dos e outras figuras da sociedade terem chamado a atenção do Governo para a questão, tendo o Chefe do Executivo dito no ano passado entender a problemática e prometido medidas para com-pensar as perdas.

“Contudo, já passou um ano e o senhor Chefe do Executivo ainda não lançou nenhuma po-lítica. Aliás, o dirigente ainda disse em público que acha que não perdemos nada, e que por isso não vai dar nenhuma com-pensação. O discurso é cruel e mentiroso”, afirmam. Os idosos pedem, assim, medidas o mais depressa possível, por forma a viverem a velhice “de forma confortável”.