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hajaCrónica - o poder do “nim” hajaNutrição - Nutrição no Desporto Entrevista - O estado da Medicina Desportiva Prémio Mérito de Investiga- ção 2013 da Universidade do minho atribuído a Professor Nuno Sousa hajaSaúde! | distribuição gratuita | tiragem bimensal | Mês Mar/Abr. 2013 Ano X Nº73

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Numa edição em que demos especial destaque à Medicina Desportiva, abordando com o Professor João Espregueira Mendes diversos pontos do estado atual da mesma tanto em Portugal como a nível internacional, não pudemos deixar de orientar a mesma edição para o Desporto, contando ainda com as habituais rúbricas científicas e socio-culturais!

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hajaCrónica - o poder do “nim”

hajaNutrição - Nutrição no Desporto

Entrevista - O estado da Medicina Desportiva

Prémio Mérito de Investiga-ção 2013 da Universidade do minho atribuído a Professor

Nuno Sousa

hajaSaúde! | distribuição gratuita | tiragem bimensal | Mês Mar/Abr. 2013 Ano X Nº73

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hajaEditorial

No ano em que o hajaSaúde! faz 10 anos, e à 73a edição des-de o seu começo, não posso dei-xar de fazer uma reflexão sobre este espaço; um espaço de todos nós e de cada um; um espaço onde o Estudante não

se sente apenas “estudante”, mas também parte integrante de um mundo cultural e ideologicamente muito diversificado onde a cultura, o desporto e o lazer se juntam à ciência e nos tornam indivíduos singulares no meio de uma sociedade tão diversifica-

da. Nascido no seio da primeira direção do NEMUM, pela mão do então estudante e atual professor Pedro Morgado, que nesta edição é convidado a escrever (em baixo), sempre se regeu pela aproximação dos estudantes (e também de professores) da comunidade ECS, servindo como veículo de transmissão no tempo de momentos, recor-dações, aniversários, entrevistas, ciência e cultura; sempre se afirmou como um veícu-lo de imortalização das palavras, das ideias, de tal forma que, no momento em que cada um de nós deixar esta escola, poderá sentir que as suas ideias e palavras permanecem guardadas, no arquivo, no papel, na inter-net, nas memórias guardadas e esquecidas de cada leitor. Estas são as razões que fazem e levam toda uma equipa a transformar em palavras os seus pensamentos, sentimentos

e sensações, numa ação de cidadania e luta pela livre formação e informação de todos e para todos.

O conhecimento é que nos salvaUm tempo

em que a moe-da se desvalo-riza, o ouro se vende, a arte se transforma, os imóveis se des-valorizam e aos bens móveis se volatilizam com uma voracidade impressionante tem a virtude

de nos voltar a mostrar que o conheci-mento é o maior e mais segur0 valor que um povo pode ter.

Não foi por acaso, mas pelo conhe-cimento, que D. Dinis mandou semear o pinhal de Leiria e estabelecer a Uni-versidade de Coimbra, investimentos que haveriam de render os sucessos da época dos descobrimentos. Foi atra-vés do conhecimento que ao longo dos séculos fomos construindo uma socie-dade que não se acomodou perante a tirania do(s) absolutismo(s), que não se deteve perante as iniquidades no aces-so ao ensino, que não se contentou com a desigualdade no acesso aos cuidados de saúde e que não se acomodou com

as discriminações com base na etnia, na cor de pele, na religião, na orientação sexual ou nas crenças políticas.

Nestes dias difíceis, em que abri-mos a janela do mundo e percebemos a tempestade lá fora, a esperança que ainda resta está, precisamente, no conhecimento. É o grande investimen-to que cada um pode fazer para estar ao nível dos desafios que vivemos e das dificuldades que se perspectivam. É o antídoto perfeito para a ansiedade colectiva em que mergulhámos dian-te das incertezas do futuro. E como é que podemos fazer isso? Antes de tudo, não desperdiçando nenhuma oportu-nidade para aprender; aproveitando cada uma das oportunidades de ensino de que temos o privilégio de usufruir; preservando e rentabilizando os mate-riais e os equipamentos de que dispomos até ao máximo das suas possibilidades; participando em todos os momentos de expressão, de reflexão, de discussão e de divulgação que pudermos; intervin-do de forma informada nas eleições do país, da Universidade e das associa-ções representativas dos estudantes; em quinto, lendo livros, vendo filmes, ouvindo música e visitando Museus; e,

por último, integrando e incentivando projectos como o Haja Saúde! que agora celebra uma década de existência.

Se o fizermos, teremos a certeza de que, por muito negro que nos pintem o céu, teremos um futuro. O nosso futuro.

P.S. - Num momento em que cele-bramos os 10 anos do Haja Saúde!, não posso deixar de expressar toda a minha alegria pela forma como, ao longo de uma década, os estudantes de Medicina da Universidade do Minho não deixaram de demonstrar, também por esta via, que são cidadãos empenhados em deba-ter, em reflectir, em comunicar e em preservar um património colectivo que há-de constituir-se como um importan-te contributo para a memória escrita e visual da Escola de Ciências da Saúde. Saúdo particularmente o Luís Araújo e a sua equipa, agradecendo o trabalho importante que têm feito e desejando que continuem a transformar este jornal num instrumento ao serviço dos estu-dantes e da Escola.

Luís Araújo. 59221 - [email protected]

Pedro Morgado, fundador hajaSaúde!

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Prémio Mérito de Investigação da Universidade do Minho 2013 atribuído ao Professor Nuno Sousa

No passa-do dia 20 de Fevereiro o Professor Nuno Sousa foi dis-tinguido com o Prémio de Mérito Cien-tífico 2013 na cerimónia comemorativa do 39º aniver-sário da Uni-versidade do Minho (UM). Este galardão visa homena-gear o docen-te ou investi-gador da UM que mais se destacou na sua área do saber, tendo distinguido anteriormente personalidades como Odd Rune Straume (2012), Carlos Mendes de Sousa (2011) e Rui L. Reis (2010).

O Professor Nuno Sousa (44 anos) viu assim premiada a sua carreira de inves-tigador, docente e médico ligadas há 13 anos à UM, onde coordena o grupo de Neurociências do Laboratório Asso-ciado ICVS/3B’s, é director do Curso de Medicina e também do Centro Clínico Académico (em parceria com o Hospi-tal de Braga). Em declarações ao Haja-Saúde, salienta que o prémio atribuído “significa que o trabalho de uma vasta equipa de investigação foi reconheci-do pela Universidade, não o assumindo como “um prémio a título individual mas antes, um prémio colectivo, que distingue toda a equipa do laboratório ICVS/3B’s”.

O estatuto de Laboratório Associado (LA), de que goza o ICVS/3B’s, é atribuí-do a instituições de elevado mérito cien-tífico reconhecido por avaliações exter-nas e, com capacidade para cooperar, de forma estável, competente e eficaz, na prossecução de objectivos específi-cos da política científica e tecnológica nacional, numa perspectiva de aumen-

tar a massa crítica em várias áreas do conhecimento, procurando sinergias e acrescentando valor à investigação feita em Portugal. Existem neste momento 26 LA em Portugal, todos sob financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnolo-gia (FCT) e o ICVS/3B’s foi o primeiro LA totalmente baseado em grupos da UM.

Quando questionado sobre o panora-ma actual do financiamento dos LA que recentemente viram as suas dotações reduzidas em 30% comparativamente com o ano transacto, o Professor Nuno Sousa reconhece que a atribuição desta distinção é um estímulo adicional para a continuidade do trabalho em investi-gação apesar de o Laboratório Associado ICVS/3B’s ser, dos 26 que existem, o que apresenta “o melhor rácio Financiamen-to Externo/Financiamento Público. Tor-nando-o “muito pouco dependente do investimento do Estado”, já que grande parte do financiamento obtido já é cap-tado além-fronteiras. Afirmando ainda que, “faz parte da matriz desta escola concorrer a nível internacional, e não somente a nível nacional”.

Enquanto investigador alimenta-se no fascínio dos porquês: “a investiga-ção leva-nos à resposta, a uma questão de partida, mas abre um maravilhoso

número de outras questões” e neste sentido já publicou mais de uma cente-na de artigos em revistas internacionais, nomeadamente na Science. No seu cur-rículo constam também quatro prémios relacionados com a investigação, a des-tacar o Prémio Janssen Neurociências (2012) subsequente à investigação dos efeitos do stress pré-natal na vida adul-ta.

Quando questionado acerca de pla-nos a médio prazo enquanto investiga-dor diz “ir por onde a ciência o levar”, mostrando-se esperançoso em relação aos futuros investigadores “É o caminho dos porquês, que nós investigadores, nunca sabemos para onde nos leva. Esse é o fascínio da vida. O que nós temos é que ser críticos e reconhecer o que fizemos no passado, saber celebrar o presente e preparar o futuro. Temos que estar no local certo, com as competên-cias próprias para encarar o futuro com confiança. É por isso que tenho prazer de estar aqui a conduzir esta Escola Médica e o Centro Clínico, onde o Nuno Sousa é só mais um que conhece estes princípios desta comunidade pedagógi-ca. E seguramente que esta gente mais nova vai ser melhor que o Nuno Sousa e é isso que eu espero deles”.

Cláudia Macedo, 56155, João Braga Simões, 63617

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hajaCiência - Novos fármacos com sentidoAs promessas trazidas pela genética para o tratamento de muitas patologias têm sido defraudadas uma a uma ao lon-go das últimas décadas. Será este o ano da mudança? Passo a explicar. No dia 29 de Janeiro a FDA (Food and Drug Admi-nistration) dos EUA aprovou um trata-mento inovador para a Hipercolestero-lemia Homozigótica Familiar (HHF), uma patologia em que o organismo não con-segue eliminar o “mau colesterol” (1). A novidade do Kynamro® (mipomerseno) é o seu princípio ativo ser um oligonu-cleótido de ADN antisentido (asADN). O mecanismo base é o seguinte: quando o gene causador de uma doença é conhe-cido, é possível sintetizar sequências de ADN ou ARN que se liguem ao ARN des-se gene inactivando-o e promovendo a sua degradação e assim inibindo a sua expressão. O gene alvo neste caso é o da apolipoproteína B-100. O fármaco pode ser autoadministrado subcutaneamente 1 vez por semana. A sua eficácia nesta patologia tem vindo a ser atribuída ao fato de estas moléculas apresentarem um tropismo hepático de mecanismo ainda desconhecido. Nos ensaios clíni-cos mostrou ser capaz de reduzir em 25% os níveis de lipoproteína-colesterol

de baixa densidade (LDL-c, “mau colesterol”), de apo--B e de colesterol total, sem alterar os valores de lipoproteína-colesterol de alta densidade (HDL--c, “colesterol bom” ). Apesar de ser conhecida há 35 anos esta tecnolo-gia limitou-se à utilização em laboratório. Em 1998 foi aprovado um fárma-co semelhante, para o tratamento de infeções por EBV em doentes imunode-primidos. Foi caso único e rapidamen-te foi ultrapassado por antivíricos mais potentes. Para o sucesso do Kynamro® foram essenciais as alterações química efetuadas em ambas as extremidades da molécula e que aumentaram em muito a sua potência e tempo de vida. Apesar das polémicas este é um passo promissor para a introdução de novos tratamentos para muitas doenças. Existem já cerca de 26 moléculas asADN candidatas para tratar outras patologias e que já estão em fases de testes pré-clínicos e clíni-cos. Nestas incluem-se muitas doenças cardiovasculares, metabólicas, genéti-cas e autoimunes. Num artigo recente

da revista científica Nature Medicine, uma destas moléculas foi capaz de res-tituir a audição a ratinhos num modelo de surdez congénita humana (2). Ficam para já muitas promessas e engrossam--se as listas de fármacos a saber para os exames de biopatologia! Esperemos que esta lista continue a crescer ao lon-go dos anos com benefício para todos os pacientes.

Referências:(1) Declaração da FDA: http://www.fda.gov/NewsEvents/Newsroom/PressAnnouncements/ucm337195.htm(2) Lentz JJ, Jodelka FM, Hinrich AJ, McCa-ffrey KE, Farris HE, Spalitta MJ, et al. Rescue of hearing and vestibular function by antisense oligo-nucleotides in a mouse model of human deafness. Nat Med. 2013 Mar;19(3):345-50.

João Carvas, a56833

Segundo um trabalho de investiga-ção, realizado no domínio de Neuro-ciências do ICVS, a exposição a stress por períodos prolongados (a que, por exemplo, os estudantes de medicina estão muitas vezes sujeitos!) pode cau-sar uma progressiva dessincronização do circuito entre o hipocampo ventral e o córtex pré-frontal medial, responsável por algumas das alterações comporta-mentais e cognitivas que esta provoca.

O estudo surgiu da “necessidade de explorar em detalhe as alterações electrofisiológicas deste circuito cor-tico-límbico que explicassem a ligação entre modificações a nível celular e défices comportamentais verificados em modelos animais de exposição crónica a factores de stress”, como refere um dos autores do trabalho, o investigador João Oliveira. Para o levar a cabo, foram feitas duas experiências: a primeira, na qual se gravou simultaneamente a acti-

vidade neuronal do hipocampo ventral e córtex pré-frontal medial de ratos, expostos a um número variado de stres-sores, durante diferentes períodos; e a segunda, na qual se comparou as medi-das electrofisiológicas de determina-dos animais stressados e normais com o desempenho cognitivo dos próprios, de forma a encontrar correlações entre problemas no funcionamento da rede cortico-límbica e os défices cognitivos.

Depois da análise dos dados, a equi-pa conclui que “o aumento de actividade no hipocampo ventral estava relaciona-do com a perda de sincronia entre este e o córtex pré-frontal, o que indicia um papel primário do hipocampo como alvo dos efeitos nefastos do stress crónico”, afirma o investigador. Para além disto, acrescenta que “foi também encontrada uma relação directa entre o aumento de actividade neuronal no hipocampo e a má performance na tarefa, o que vem

apoiar a hipótese de que esta actividade desregulada pode prejudicar a função da própria rede e, consequentemente, resultar num défice comportamental”.

O objectivo deste tipo de estudos é “indicar novos alvos terapêuticos que possam ser usados quer para tratamen-to, quer para profilaxia de sintomas causados pela exposição crónica a stres-sores” e, portanto, o próximo passo na investigação é o “estudo da recupera-ção dos efeitos nocivos do stress e da caracterização do papel da rede cortico--límbica nessa recuperação”, conclui o investigador.

Por último, há que realçar que este grupo de investigação está corrente-mente a estudar os efeitos nocivos do stress em humanos, sendo os resultados até agora obtidos concordantes com os deste trabalho.

Emanuel Carvalho 65786

hajaICVS Stress crónico causa dessincronização entre as estruturas cortico-límbicas

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A alimentação equilibrada benefi-cia todas as funções vitais do organismo e é determinante para qualquer ativi-dade. No desporto, afeta diretamente orendimento físicoem qualquer obje-tivo (alta competição, perda de peso, manutenção corporal ou recreação), otimizando as reservas energéticas (particularmente, em glicogénio mus-cular) e hídricas, melhorando a recu-peração após o exercício,favorecendo a massa magrae prevenindo algumas lesões típicas(roturas musculares e tendinites).

As necessidades nutricionais dependem de vários fatores (idade, sexo, metabolismo basal, regulação térmica, tipo de desporto praticado e respetiva intensidade e duração, con-dições climatéricas, etc.) e devem ser supridas com base numa alimentação saudável.

A alimentação diária deve ser com-pleta, equilibrada evariada, distribuída por várias refeições (5-6, com pequeno--almoço e merendas intercalares) com aproximadamente 3 horas de intervalo, e evitando os excessos em gordura satu-rada, colesterol, sal, açúcar ebebidas alcoólicas. O azeite deve ser a gordura privilegiada.

A energia total diária distribui-se por60-65% de glícidos,15% de proteí-nas e 20-25% de gordura, devendo-se incluir fontes de amido (pão, bolachas tipo Mariaou Torrada, tostas, cereais tipo Korn Flakes, massa, arroz, batata, leguminosas)em todas as refeições para a síntese de glicogénio. Nos dias ante-cedentes a um treino intenso ou uma competição, adistribuição será com 70% de glícidos,10% de proteínas e 20% de gorduras.

As necessidades de alguns nutrimen-tos reguladores (vitaminas B1, B6, B12, beta-caroteno e C; sódio, potássio, zinco, ferroe selénio) aumentam,assegurando--se o seu aporte pela ingestão diária de 3 a 5 peças de fruta, sopa e legumes, que também promovem a saciedade e fornecemfitoesteróis, fibras alimenta-res e água.Por vezes,é necessáriofazer suplementação artificial.

O leite eos iogurtes fornecem cálcio,

fósforo, magnésio, vitaminas lipossolú-veis ealgumas proteínas, cuja ingestão se completa comquantidades modera-das de ovos, peixe, carnee legumino-sas.Os suplementos de aminoácidossão prejudiciais e duvidososno aumento da massa muscular, devendo ser rejeitados.

A hidratação faz-se durante todo o dia (no mínimo, 2-3 litros), de preferên-cia com água ou sumos naturais e fora do período de exercício. Se a transpiração forexcessiva durante o exercício, deve--se beber 50-100ml de água ao natural a cada 15-20 minutos; as bebidas iso-tónicas são boas opções em períodos superiores a duas horas(são rapidamen-teabsorvidas e repõemalguns minerais e energia) e as hipertónicas (como sumos de fruta) são mais adequadasdepois do exercício (são absorvidas lentamente e mais calóricas).As bebidas com cafeína e teína (café, chá preto e verde) são diuréticas e excitantes, devendo ser consumidas com moderação e evitadas nos períodos de recuperação.

Nas refeições antecedentes ao exercício,deve-se evitar as bebidas alcoólicas e os alimentos ricos em gor-duras e proteínas (lentificam a diges-tão), e moderarosque provocamflatulên-cia (leguminosas, bebidas gaseificadas, repolho, cebola, couve de Bruxelas, ovos).

Para evitar hipoglicemias durante o

exercício (por ser intensoou porque a última refeição foi há mais de 2 horas), pode-sefazer,30 minutos antes, uma refeição ligeira (fruta ou sumos naturais com 3-6 bolachas Maria; pão com com-pota, marmelada ou banana). Nos des-portos de média duração (ex.:futebol)é vantajoso repetiresta refeição durante os intervalos e, nos de longa duração (ex.: ciclismo),deve-seincluir alimentos fornecedores de proteínas (queijo, fiam-bre, leite, iogurtes) a cada 2 horas de exercício.

Nasduas horas seguintes ao esforço é fundamental hidratar e ingerir alimen-tos ricos em vitaminas, minerais, amido e proteínas (sem exagerar nas quanti-dades)para repor as perdas, depurar os produtos do desgaste muscular e reparar os tecidos.

Embora não existam fórmulas mági-cas para o sucesso, estas são algumas dicas que poderão fazer diferença, sobretudo se aplicadas com disciplina e perseverança.

Amândia Lopes, 23851

hajaNutrição - Alimentação no Desporto

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HajaSaúde: Como vê a medicina desportiva em Portugal?

João Espregueira-Mendes: Em pri-meiro lugar, acho que Portugal está posicionado de uma forma absolutamen-te invulgar e com um potencial enorme na área da Medicina e da Traumatologia Desportiva: somos um país Europeu; somos um país que tem um reconheci-mento no desporto de alta competição como poucos no mundo; somos um país que tem tido êxitos desportivos, tanto no futebol, como em outras modalidades como o atletismo, de certa forma dese-quilibrados, tendo em conta a dimensão do país; por último, temos as competên-cias técnicas para exercer um bom tra-balho nessa área. Isso pode ser visto de duas formas: De uma forma mais inter-na e de uma forma mais virada para o exterior (aquela onde tenho atualmente mais interesse e onde estou mais envol-vido na minha atividade diária). De uma forma mais interna, a medicina despor-tiva foi só muito recentemente reco-nhecida como uma especialidade médi-ca (não abrindo ainda vagas todos os anos), sendo ainda, por isso, o parente pobre da área do conhecimento médi-co, o que não faz nenhum sentido, já que se considerarmos que dois milhões de portugueses praticam exercício físi-

co regular, teoricamente precisariam de alguém com formação na área da medi-cina desportiva. O Estado também ainda não olhou para a medicina desportiva com olhos capazes pois somos o único país da Europa onde não há um Instituto de Medicina e Traumatologia Desportiva (espaço único onde o indivíduo/atleta tem acesso a um conjunto de condições transversais para a sua prática de exer-cício físico como condições de treino, alimentação, prevenção, equipamen-to desportivo, diagnóstico, tratamento médico e tratamento cirúrgico).

A Medicina Desportiva não foi vista com bons olhos no passado mas, nos últimos anos, tem sido vista com mais carinho, embora estejamos ainda mui-to longe daquilo que é necessário fazer. Nas faculdades, continuamos a formar pouca Medicina Desportiva, apesar da Universidade do Minho ser uma exceção, onde se ensina bastante mais medicina desportiva do que nas restantes escolas médicas, onde nem abordam (ou aflo-ram de uma forma muito ligeira) essa formação específica.

HS: Quais as potencialidades da medicina desportiva para um estudan-te de medicina?

JEM: As potencialidades da medicina desportiva para um estudante de medi-

cina são imensas. Por exemplo, se pen-sarem nas entidades e instituições que necessitem de um médico de medicina desportiva veem que existem bastantes possibilidades, que vão desde clubes de diversas modalidades, associações e ins-tituições. A maior parte delas tem um fisioterapeuta e um médico havendo, por isso, grande espaço para médicos de medicina desportiva nestes clubes, onde são real e verdadeiramente neces-sários. Depois, temos um conjunto de instituições em Portugal que vão desde as escolas às universidades (por exem-plo, a FMUP criou agora uma consulta de medicina desportiva dentro da própria faculdade).

HS: Que lugares o Estado oferece para a prática da medicina desportiva?

JEM: Praticamente nenhuns. Temos exclusivamente os centros de medicina desportiva, que são notoriamente pou-cos [no Porto, em Coimbra e em Lisboa], onde também há pouca gente efetiva e, portanto, a solução não passa pelo mercado interno mas sim pelo mercado global.

HS: E quanto à formação de espe-cialidade em medicina desportiva, o Estado financia?

JEM: Quanto à formação, a ordem dos médicos abre um conjunto muito

Luis Araújo, João Carlos Simões

hajaEntrevista - O Estado da Medicina Desportiva

JOÃO. TERCEIRA GERAÇÃO DE MÉDICOS ORTOPEDISTAS NA FAMÍLIA ESPREGUEIRA MENDES. FIGURA DE PROA DA TRAUMA-TOLOGIA E MEDICINA DESPORTIVA MUNDIAL. PENSOU EMIGRAR MAS A LIGAÇÃO AFECTIVA A PORTUGAL E AO PORTO DITOU A SUA PERMANÊNCIA. A HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA TRAUMATOLOGIA E MEDICINA DESPORTIVA EM PORTUGAL CRUZAM-SE IRREVERSIVEL-MENTE COM ESTE NOME E APELIDO.

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restrito de vagas para medicina despor-tiva, cerca de uma por ano, ou uma de dois em dois anos. No entanto, por moti-vos que se prendem com o atual modelo de internato médico, todos estes inter-nos de medicina desportiva são obriga-dos a fazer a sua formação em hospitais públicos, deixando de fora do seu campo de escolhas, clínicas como esta, com um reconhecimento internacional assina-lável. Se me perguntassem se quando tinha a vossa idade acreditava que isto ia acontecer na minha geração, eu não acreditaria. O meu pai foi um ortope-dista absolutamente notável, cinquenta vezes melhor do que eu, mais capaz e nunca falou fora do país. Já eu tenho quatrocentas/quatrocentas e cinquenta participações como orador em conferên-cias fora de Portugal, tendo havido um salto notável em apenas uma geração. É um marco absolutamente extraordinário termos conseguido esse posicionamento. Neste momento, estudantes de medici-na e médicos portugueses têm as portas abertas para estagiar e trabalhar com os melhores do Mundo nas suas especiali-dades: Ramon Cugat, Barcelona; Niek van Dijk Amsterdão. Isto é representati-vo da capacidade que hoje temos de nos relacionarmos com o Mundo. E portanto, há um potencial enorme ainda por apro-veitar. No entanto, com melhorias muito

significativas nos últimos anos.HS: E a Medicina Desportiva é uma

das áreas que exige mais internaciona-lização de conhecimentos.

JEM: Todas as áreas. O que diferen-cia a medicina desportiva das outras é que funciona com o cidadão comum e com atletas de alta competição, e é este último ponto que exige a tal inter-nacionalização porque os atletas de alta competição são, por definição atletas que competem aos mais altos níveis, nacional e internacionalmente. Aqui já foram operados um atleta da seleção nacional de críquete da Índia, uma bai-larina da Companhia Nacional de Baila-do da Croácia, jogadores de várias equi-pas de topo (Tottenham, Everton, Milan, Real Madrid, Cluj). Mas não podemos também esquecer que estamos agora a entrar numa era chamada de Surgi-cal Tourism. Neste momento, temos um convénio com o NHS (Inglaterra) em que estabelecemos uma relação de trabalho com eles, para colmatar as suas falhas. Assim, as pessoas vêm cá para serem operadas e regressam ao seu país de ori-gem após a cirurgia.

HS!: E isso dependeu também da importância que teve o Porto na área da Medicina Desportiva?

JEM: Claro! O reconhecimento do Porto. É o que eu volto a dizer: É de fora

para dentro, pois convidam-me mais para falar fora do país do que no meu país.

HS!: O que é a Escola do Porto?JEM: A escola do Porto tem três

momentos: O primeiro momento na década de sessenta/setenta, onde há um médico ortopedista chamado Carlos Lima, que dá o grande impulso à Orto-pedia em Portugal. Todos nós, os ortope-distas da minha geração, pertencemos à escola do Prof. Doutor. Carlos Lima, ten-do sido professor catedrático na FMUP e fez escola a nível nacional porque tinha feito doutoramento em Inglaterra, pelo que trouxe novos conceitos, novas for-mas de fazer Ortopedia e, quando voltou toda a gente queria aprender com ele. O caso da minha família é muito curio-so porque o meu avô foi substituído na regência da cadeira de ortopedia pelo Prof. Doutor Carlos Lima. O meu avô não era doutorado e, apesar de não ter o doutoramento, era o responsável pela cadeira. Assim, quando abriu um con-curso para a regência da cadeira, o meu avô foi preterido. Como devem imagi-nar, ficaram completamente incompati-bilizados. Mais tarde, o meu pai também quis seguir ortopedia. Mas para onde é que podia ir? Naturalmente, para a equi-pa do Prof. Doutor Carlos Lima. Ou isso ou a “3ª divisão distrital”. Então foi uma

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discussão à volta da mesa da sala de jan-tar de doze horas pela noite dentro em que o meu pai fez um ultimato: “ Ou fazes as pazes com o Prof. Carlos Lima para eu poder ir trabalhar com ele ou então eu vou para África. Aqui é que eu não fico a marcar passo!”. Aquilo lá se resolveu e o meu pai foi trabalhar com o Prof. Doutor Carlos Lima e trabalhou com ele quase toda a vida. Esse foi o primeiro momento importante. Depois, houve um momento em que o meu pai introduziu, nos anos 80, a cirurgia moderna de patologia desportiva liga-mentar do joelho. Então nos anos oitenta surgiram novos métodos que permitiam reparar ligamentos e isso modificaria completamente a vida dos atletas de alta competição. Anteriormente, o que acontecia era que se um atleta rompia o cruzado anterior ficava arrumado, se rompia o menisco ficava arrumado. Depois, num 3º momento, na década de noventa, aconteceu a internaciona-lização do Porto., pelo que começaram a fazer apresentações internacionais, gente do Porto começa a ser convidada para participar em várias conferências e encontros da área. E hoje, temos gente do Porto, mas não só do Porto como do País inteiro, porque nós somos demasia-do pequenos para estarmos separados, temos de estar unidos.

HS: O facto do FC Porto ter tido a sua ascensão europeia e mundial tam-bém no final dos anos oitenta contri-buiu para a ascensão da Medicina Des-portiva?

JEM: Sem margem para dúvidas, foi incontornável. No discurso da cerimónia de atribuição da certificação FIFA Medi-cal Centre of Excellence, tentei enume-rar o que fez a diferença neste percurso: primeiro, criar as competências, onde as universidades tiveram um papel prepon-derante; segundo, a adesão de Portugal à CEE, que colocou o país no mapa da Europa e o Porto, com maior protagonis-mo e visibilidade, era um local privile-giado, e passou a fazer parte do circuito científico europeu da Medicina Despor-tiva; terceiro, a parceria de longa data com o 3B’s e com Rui L. Reis, que tem sido extraordinária e feito a diferença, contribuindo com um crescente núme-ro de publicações científicas nas áreas da Engenharia de Tecidos e da Medicina Regenerativa e, por último, temos o FC Porto, que é sinónimo de visibilidade e

credibilidade internacional e constante superação de limites.

Depois, achamos também que as universidades contam muito para isto. O facto de estarmos com a UM e com a UP ajudou muito no processo de interna-cionalização, fazendo parte do estímulo permanente para a melhoria.

A certificação da FIFA foi a cereja em cima do bolo e somos a vigésima quintaª clínica distinguida no Mundo e a primeiraª na Península Ibérica.

HS!: Tem no seu currículo várias passagens pelo estrangeiro, mesmo antes do final da sua formação na especialidade médica e doutoramento em 1994/95. Sentiu essa necessidade?

JEM: Sem dúvida. Senti-me sem interlocutores no país… Depois doo meu pai ter morrido (1989), senti-me sem interlocutores no país. No entanto, esti-ve na Clínica Mayo, tendo sido convida-do para ficar como Senior Orthopaedist e pensei aceitar mas a minha cidade é o Porto e eu sou português. Afetivamen-te, foi-me completamente impossível aceitar. Achei que podia fazer lá um tra-balho muito interessante porque tinha boas possibilidades mas decidi voltar.

Depois, fui buscar formação aos sítios onde eu achei que estavam os interlocutores, tendo escolhido a esco-la de cirurgia de Lyon. Naquela altura, Lyon era a melhor escola de cirurgia da Europa e, em algumas áreas como a rótula, a melhor do mundo e estabe-lecemos uma parceria que perdura até hoje. Hoje em dia, não há ninguém da traumatologia desportiva em Portugal que não tenha passado por Lyon. Os nos-sos internos, quando fazem uma tempo-rada no estrangeiro, passam por Lyon. Curiosamente, não vêm aqui à clínica. Ao contrário dos internos de Lyon nas suas residências no estrangeiro, que vêm cá à clínica.

HS: De cada vez que voltava para Portugal, após as estadias no estran-geiro, vinha melhor. Sentia que esse valor acrescentado era reconhecido quando voltava?

JEM: Pelos meus doentes, sim. Pelos meus doentes, sem dúvida. Eu fiz vários estágios mas nunca passei muito tempo fora, três meses no máximo. Mas quando voltei da Clínica Mayo, cheguei aqui e pensei: “Eu ainda não tinha visto nada. Eu nem sabia que isto existia no Mun-do!” No regresso, o impacto é enorme.

HS: Para um estudante de Medici-na que esteja interessado na área da Medicina Desportiva e que queira fazer disso a sua carreira, de que maneira é que enquanto estudante, pode come-çar a investir na sua formação?

JEM: Isto é válido para qualquer especialidade e para qualquer estudan-te que durante o curso tenha uma for-te vocação e determinação, como foi o meu caso. Eu queria fazer Ortopedia, nem que a vaca tossisse. No ano em que eu entrei, existiam seis vagas para Orto-pedia, uma nos Açores e outra na Madei-ra, o que é logo um drama. No Porto, existiam duas vagas, uma para o HSJ e outra para o HSA. Por isso, eu trabalhei essencialmente para estas duas vagas. No fundo, trabalhei para uma vaga, a vaga do HSA porque o meu pai traba-lhava no HSJ então e eu não queria ir para o HSJ. E consegui. Mas entretanto o meu pai morreu e eu seis meses depois transferi-me para o HSJ, também por-que entretanto assumi um lugar como professor auxiliar de Anatomia na FMUP. Mas, durante o curso, orientei sempre a minha atividade nesse sentido. Ou seja, comecei a ir a congressos, come-cei a ouvir as terminologias, comecei a aparecer nos serviços, propus-me para fazer urgências. Fazia duas urgências por semana., começaram por deixar--me fazer uns gessos, comecei a ver como se colhia uma história clínica e, quando entro no internato, no primeiro mês, já estava habilitado a fazer uma cirurgia ortopédica diferenciada. É uma enorme vantagem. Aproveita-se o inter-nato a 2000%. O grande risco é ter uma grande vocação, passar o curso a fazer isto que eu aconselho e depois chegar ao exame de acesso e a coisa não cor-rer bem… Pois… Mas isso é viver… Mas eu senti na pele a enorme vantagem de ter definido a minha vocação durante o curso e orientado a minha vida. Por isso, eu aconselharia vivamente, a quem tem já vontade de trabalhar nesta área, na fisiatria, ortopedia, medicina despor-tiva, reumatologia, a área do sistema músculo-esquelético e locomotor, aliás como nós temos organizado em Braga, a começar desde logo a direcionar-se para isso, a fazer escolhas e a aproveitar as oportunidades para torná-la uma reali-dade.

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Sim e não, bem e mal, certo e erra-do, preto e branco, tudo e nada ou até homem e mulher, homo e heterosse-xual, saúde e doença, ciência e meta-física. Dicotomias preenchem o nosso dia-a-dia, ajudando-nos a categorizar, decidir, pensar, compreender e orientar. Tornam tudo mais simples, mais prático, mais cómodo, mas também são conce-ções mais teóricas do que práticas, ou seja, embora nos permitam conhecer o mundo de uma maneira simples, orga-nizar conhecimento, nem sempre a realidade cabe nos caixotes nos quais estruturámos o nosso saber prévio. Quando não é “sim” nem “não”, é “nim”. O que fazemos quando nos depara-mos com um “nim”?

Primeiro, podemos ficar confusos e tentar forçar a entrada numa das categorias que conhecemos. É comum ver-se essa situação quando se fala da bissexualidade, por exemplo, a qual muita gente não aceita que exis-ta, como se só fosse possível ser hétero ou homossexual. “É “bi”? Isso não existe… Só pode ser um gay que não se quer assumir de verdade.” É como se o mundo não pudes-se ser concebido de outra forma! Mais tarde, a confu-são passa (ou não, para os mais teimosos!) e podemos aperceber-nos de que afinal existem mais categorias do que aquelas que tínhamos concebido inicialmente – vários tons de cinza entre o preto e o branco ou, até, todo um arco-íris. Deixamos de ter uma dicotomia e pas-samos a ter leque de categorias.

Também pode acontecer que duas categorias sejam macro categorias, englobando uma série de situações dis-tintas. Um exemplo são as leucemias e os linfomas. Dentro das leucemias rami-ficamos para as mieloides e as linfoides e nos linfomas para os de células T e B e, por sua vez, dentro de cada nova sub-categoria surgem outras cada vez mais específicas e distintas à medida que as patologias vão sendo estudadas aprofun-dadamente. Nestas situações em vez de

vermos acrescentadas novas categorias a par das que contemplávamos, vemo--las ramificar, ficar mais complexas, porém estruturadas logicamente num diagrama montado sequencialmente nas nossas mentes, o que não nos cau-sa confusão. Esta situação ajuda-nos a acrescentar conhecimento sobre o pré--existente.

Temos, portanto, situações em que as categorias que usamos não contem-plam a existência de outras em paralelo ou, noutros casos, subcategorias. Mas, sem dúvida, que a situação mais extre-

ma e que nos abala as raízes do que conhecemos é apercebermo-nos de que a categorização que assumíamos não existe tal como a pensávamos ou, por outras palavras, que uma situação pode abranger mais que uma categoria que julgávamos estanques ou mutuamente exclusivas. Nunca mais me esqueço de uma analogia que vi ser usada por um filósofo moderno que discursava sobre a ilusória incompatibilidade entre ciência e Deus (mais uma dicotomia comum!): Está uma chaleira ao lume. Porquê que

a água ferve? Posso dizer que é porque a energia libertada da combustão do gás sob a forma de calor é transferida para a chaleira e para as moléculas de água, excitando-as e quebrando as suas liga-ções intermoleculares. Ou, então, por-que eu quero um chá. O “ou” assinala aqui a aparente dicotomia, mas, na ver-dade, as duas respostas estão corretas. Temos um “nim”. Vemos física (como?) e metafísica (porquê?) como duas faces de um mesmo fenómeno. Querer forçar o mesmo a pertencer unicamente a um ramo do conhecimento é negarmo-nos

a conhecer a realidade nas suas várias facetas.

A ciência tem-se focado, e bem, no “como”, na cau-sa mecânica dos fenómenos que nos rodeiam. Porém, é a metafísica, a busca dos porquês, que nos permite conhecer o mundo um pou-co mais além, de uma forma mais completa e é, tantas vezes, ela que nos leva às questões existenciais que nos impelem na busca do saber científico.

O positivismo de início do século XX já não tem lugar nos dias de hoje, ou seja, negar especulações que ultrapassam a possibili-dade de uma experimenta-ção e cingirmo-nos ao que é objetivável para construir conhecimento científico não nos tornou menos curiosos nem nos deu um sentido. O conhecimento tornou-se, sim, num objeto de interro-gação em si mesmo, dando origem a muitas questões metafísicas e não é por nos

debruçarmos sobre elas que entraremos necessariamente no obscurantismo ou no irracionalismo.

Não nos deixemos, portanto, iludir por muros e caixotes do conhecimento. Caso contrário, os “nins” com que nos deparamos diariamente e que nos aju-dam a conhecer e a repensar o mundo serão infrutíferos, pois ficaremos presos às muletas com que iniciámos a cami-nhada do nosso saber sem sermos capa-zes de dar passos maiores.

hajaCrónica - O poder do “nim”Daniela Lascasas 53104

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João Luis Silva, 59234

Harvard Medical School - Portugal - Estágios de Verão

Enquanto vasculhava a caixa de entrada do meu email, apercebi-me de uma oportunidade única que decidi não deixar escapar. Assim, após candida-turas e entrevistas, consegui um lugar num estágio de investigação laboratorial na Harvard Medical School durante as férias de verão de 2012, esta que viria a ser uma das experiências mais fantásti-cas que já vivi.

Fiquei colocado no laboratório do Professor Golan, no Departamento de Biologia Química e Farmacologia Mole-cular, onde tive a oportunidade de tra-balhar num pequeno projeto de investi-gação por mim sugerido e seleccionado. Assim, durante o estágio, estudei a interação entre diferentes proteínas membranares presentes em timócitos e macrofágos sob diferentes condições. Foi uma óptima oportunidade para o desenvolvimento pessoal, principal-mente pela indepedência que sempre me foi atribuída no laboratório, permi-tindo-me planear e direcionar o projeto, com a aprovação necessária. Embora a minha estadia tivesse ocorrido durante as férias do verão, decorriam constante-mente seminários e conferências gratui-tas nos quais tentei sempre participar.

Mas nem tudo era trabalho, ao final da tarde, quando saía de Harvard, normal-mente divagava pelo centro de Boston ou Cam-bridge, acabando em frente ao rio Charles, a ler, ouvir música ou a tirar fotos. Apro-veitei os melho-res concertos de Jazz, jogos de basebol, o teatro e noites de ópera grátis à beira do rio. Boston revelou-se uma cidade muito fácil de ambientar, com uma ofer-ta imensa de atividades diversas para realizar sozinho ou com amigos.

Os fins de semana serviram para “escapar”de Boston e conhecer locais distantes. Visitei várias vezes os nossos colegas que estão atualmente a realizar o programa MD/PhD em New York, fiz roadtrips com colegas com quem mora-va e viajava de comboio e bicicleta para regiões próximas, como por exemplo Salem, também conhecida como a cida-de das bruxas.

Desde a minha chegada, Boston sem-pre pareceu gritar ciência e evolução, contando com as melhores universida-des, hospitais e instituições dos EUA e do mundo. Este ambiente parecia impul-sionar as pessoas numa procura ávida pelo saber e conhecimento, e foi este ambiente que vivi durante este estágio. Foi um período de enorme desenvolvi-mento e concretização pessoal e regres-sei mais consciente daquilo que quero para o futuro.

No final, não paro de pensar em como esta frase engravada num portão de Harvard simboliza perfeitamente esta experiência: “Enter to grow in wis-dom”.

hajaDesporto - FC Paços de Ferreira – Um exemplo para pequenos e graúdos

Na Liga Zon Sagres 2012/2013, para além da acesa luta Porto vs Benfica pelo primeiro lugar e do fracasso do Spor-ting, tem merecido grande destaque o excelente desempenho do FC Paços de Ferreira.

Sendo uma equipa com um orçamen-to muito reduzido (cerca de 3.5 milhões de euros, nesta época, muito aquém dos dos “4” grandes), mas extrema-mente cumpridora em termos fiscais e salariais, o Paços de Ferreira tem fei-to grandes exibições nesta temporada, tendo inclusive vencido por duas vezes o SCBraga e por uma vez o Sporting. Além disso, tem apresentado uma consistên-cia e uma regularidade que lhe permi-tem, a 7 jornadas do fim da temporada, estar a disputar com o SCBraga o lugar de acesso à 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões do próximo ano, ocupan-do um quarto lugar bem próximo do pódio (apenas 1 ponto separa o SCBraga do Paços de Ferreira).

Apesar do baixo valor do montante diponível para contratações, o Paços

de Ferreira tem vindo, nos últimos anos, a reforçar--se com jogado-res, na sua maioria portugueses, das divisões inferiores. Esta época apostou até num técnico vindo da segunda liga, Paulo Fonse-ca, que está a ter um desempenho de grande nível. Devido ao eviden-te sucesso desta equipa na presente temporada, apesar da crise que se vive nos dias de hoje, o futuro afigura-se sorridente para os “castores”. A presença nas competições europeias assegura uma grande entrada financeira e as grandes exibições dos jogadores da equipa têm despertado o interesse dos “grandes” (como o caso de Josué, recentemente associado ao Futebol Clube do Porto), podendo levar

a mais algum encaixe financeiro.O FCPF torna-se cada vez mais um

exemplo a seguir, mostrando às equipas mais pequenas que é possível sobreviver sem orçamentos milionários e mostran-do aos grandes do futebol português que nem só de argentinos, colombianos e brasileiros se fazem as grandes equi-pas. Há que ver que, por vezes, “o que é nacional é bom”.

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hajaModa - A Primavera já chegou!Nádia Sepúlveda, a53084, blogger em www.myfashioninsider.net

A saga Tomb Raider vem-se aguen-tando, nos seus altos e baixos, desde o seu aclamado sucesso em 1996. Nas várias sequelas, Lara Croft tem-se aven-turado por diversos domínios surpreen-dendo (pela positiva e negativa) os diversos fãs pelo mundo fora. Desde da remodelação feita pela Cristal Dynamics em Tomb Raider Legends, num aguar-dado regresso às origens, a saga veio a readaptar-se à realidade dos videojogos actuais, acabando por conseguir subsis-tir, até que, neste mês de Março, uma nova reestruturação fez entusiasmar fãs e não fãs.

Neste novo momento da saga, o envolvimento da Square Enix fez subir o nível de ansiedade. A proposta de uma Lara Croft jovem, numa realidade visual bem mais explicita – a heroína passa ago-ra a uma entidade bem mais humana, muito menos indestrutível – é-nos con-tada a história da origem da saga. Num ambiente de luta pela sobrevivência, Lara vê-se isolada numa ilha muito pou-co pacífica, após naufrágio do navio em

que viajava, sem qualquer forma clara de subsistir. O jogador acompanha o processo de apren-dizagem da heroína num ambiente de suspense e acção muito a c l a m a d o s pela crítica. Claro está, que não podiam faltar as referências históricas, muito menos fantásticas - não fosse a ilha um antigo Reino, Yama-tai – garantindo um fio condutor para com as edições anteriores da saga.

Aspectos positivos: uma excelente experiência visual, com cenários fas-cinantes e extremamente ricos; um modo de combate bem conseguido, com grande flexibilidade e intensidade;

jogabilidade prazerosa, especialmente na exploração dos cenários; os quebra--cabeça ao estilo Tomb Raider bem con-seguidos. Negativos: tentativa frustrada de conseguir um bom formato multi-player.

João Pedro Abreu, 53113

hajaTecnologia

Se os dias mais longos não o anun-ciassem, uma visita ao centro comercial mais próxima fá-lo-ia. A Primavera está aí e, com ela, a vontade de investir em peças mais frescas, coloridas, leves... As influências são muitas e as tendên-cias, essas, vão desde conjuntos andró-ginos até peças românticas com folhos e rendas. A dica é perceberem em que estilo(s) se enquadram e investir nas peças essenciais.

As cores dividem-se entre o clássico preto e branco, usados em conjunto, os tons pastel, nude, umas pinceladas de néon, e cores mais atrevidas como o vermelho, o laranja e o rosa forte, não esquecendo o verde esmeralda, a cor do ano 2013!

Entre os detalhes mais marcantes figuram as riscas, quer horizontais, quer verticais, os tons metalizados, os tops curtos (numa versão mais desportiva que o Verão passado), os padrões geo-métricos, os recortes e as transparên-cias para um toque de sensualidade, os acabamentos em folhos para as mais

românticas, as saias com rachas (espe-cialmente em “M”, uma de cada lado), a pele em cores menos usuais, como branco e tons terra, os deco-tes profundos em V, as aplicações em contas e os brocados, o corte peplum e os incontor-náveis padrões florais.

Nas silhuetas, ora se procura a sofistica-ção de uma Gueisha aliada à androgi-nia, ou inspirações modernas, mais rela-xadas e desportivas. As bermudas, ligeiramente acima do joelho, regressam em força, assim como os macacões, em vários materiais. As calças usam-se um palmo acima do tor-nozelo, quer justas, quer em cortepala-zzo. O smoking tem especial destaque, e os fatos-calção não podiam ser ele-

gantes. Os vestidos querem-se em linha A, desportivos ou muito femininos. As saias querem-se atrevidas, com rachas e transparências ou a média altura.

Com tantas escolhas, de certeza que o que não faltará na vossa Primavera será sofisticação e sensualidade! Agarra--a numa loja próxima de ti!

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Phosphorescent – Muchacho(17/20)

Com o 6º LP em 10 anos, MatthewHouck mostra uma produção creativa invejável, ainda para mais quando o resultado é um trabalho tão seguro e bem conseguido como este Muchcacho. Com as origens a meio caminho entre Georgia e Alabama ainda e sempre presentes, é um álbum tranquilo e sem pressas, de que Song for Zula (o single) e Ride On, RIghtOnsão os expoentes!

hajaSons - Albuns do Mês Francisco Leite, 56188

Kavinsky– Outrun(16/20)

A impressão imediata em alguém que ouça uma qual-quer produção do francês é de que ele certamente sente a injustiça de não viver a vida de um sacana sem lei dos tempos modernos. Basta ver oback-cover dos seus EPs ou do novo Outrun (Deadcruiser, Protovision, PacificCoastHi-ghway), o mesmo sentimento. E como se não bastasse, as suas atuações pejadas de fumo e contraluzes transmitem igualmente a aura de “wannabe” Night-Rider. No entanto, ninguém se importa enquanto criar música tão empolgante como esta, e todos sabem o quanto uma viagem de fim-de--tarde ao som da Nightcall foi um dos momentos preferidos de todos desde 2010. Tempo para trocar para Roadgame. Vão ver que deixa o mesmo gosto no asfalto.

KendrickLamar + Jay-Z –BitchDon’tKillMyVibeRemixeKendrickLamar + BloodDiamonds – SwimmingPoolsRemix

A nova coqueluche do rap

mundial cimenta o seu estatu-to com uma fantástica colabo-ração com O REI, a remisturar um dos singles de goodkid,

m.A.A.d. city, em que apesar do brilhantismo habitual dos versos de Jay, a força e confiança com que Kendrick cospe os seus em resposta é impressionante! Além disso, um dos produtores mais ativos de 2012 decidiu dar também uma dentada num dos frutos mais apetecidos da música atual, vale a pena ouvir a sua versão de Drank.

Não deixe passar

VampireWeekend – DianeYoungeStepos

2 primeiros singles para ModernVampireoftheCity (data marcada para 7.Maio), deixam água na boca.

Tens algo a criticar, corrigir, louvar ou sugerir? Queresapenas partilhar

a música que andas a ouvir? Envia email para [email protected],

nova música é sempre bem-vinda!

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Teatro

• Conversa com o Homem Roupeiro | Companhia de Teatro de Braga - Theatro Circo Braga |2 a 5 abril | 21H30 |5 e 10 €• Câmara Neuronal | Theatro Circo Braga |6 abril | 22H00 |7 €• Falar Verdade a Mentir | Companhia de Teatro de Braga - Theatro Circo Braga |16 a 18 abril |11h00; 15H00 |4, 5 e 10 €

hajaAgendaFilipe Costa, 59247

hajaAgenda NEMUMCatarina Pereira , 65459

Abril• 4 - Filme de culto• 7 – Rastreios AAUM – Dia Mundial da Saúde• 7-Rastreios Color Run (ANEM)• 8 – Dia Mundial Contra o Cancro• 9- Conversas Médicas• 15 a 19 – IX Semana Cultural Prof. Joaquim Pinto Machado• 18 – Workshops de Domínios e Cerimónia da Bata Branca• 20-IV Jornadas Ciencia e Medicina- Oncologia • 25 – Vamos Rastrear Barcelos• Dia a definir- Workshop de práticas clínicas:“Radiologia: dos pequenos aos séniores”

Maio• 4- Rastreios Dia da Saúde- Projeto Rabo de Peixe• 11-17- Gata na saúde • 21 – Conversas Médicas• 27-Filme de CultoDia a definir: workshop de práticas clínicas: “Postura no bloco operatório”

Teatro

• Iridescente - Maria João e Mário Laginha |Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 6 abril|22H| 12,50€ • Concerto Comemorativo dos 20 Anos da Fundação Bomfim| Theatro Circo Braga |7 abril | 18H00 |5 €• The Wheatherman | Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 6 abril|24H| 3,00€• Sun Araw| Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 13 abril|24H| 4,00€• O Grande Medo do Pequeno Mundo – Samuel Úria| Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 13 abril|22H| 10,00€• A Jigsaw| Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 19 abril|24H| 4,00€• 27 Ossos –Tânia Carvalho| Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 20 abril|22H| 10,00€ • XXIII FITU Bracara Avgvsta – Festival Internacional de Tunas Universitárias – Tuna Universitária do Minho |Theatro Circo Braga |19 e 20 abril | 21H30 |7 € e 12€ (para estudantes para uma e duas noites respetivamente)• Minta e The Brook Trout – Sai de Baixo| Theatro Circo Braga |26 abril | 21H30 |7 € O melhor – Camané| Centro Cultural Vila Flor – Guimarães| 27 abril|22H| 12,50€

Cinema

• 4 abril| Conspiração Explosiva |Ação / Aventura• 4 abril| Dou-lhes Um Ano |Comédia /Romance• 4 abril| O Despertar |Terror• 4 abril| O Expatriado |Ação • 11 abril |Catch.44 | Ação / Drama• 11 abril | Esquecido| Ação / Ficção Científica• 11 abril |One Life| Documentário• 11 abril |The Company You Keep| Thriller• 18 Abril | A Oportunidade da Minha Vida | Comédia / Romance• 18 Abril | Celeste e Jesse para Sempre | Comédia / Romance / Drama• 18 Abril | Dead Man Down | Ação / Crime• 18 Abril | Nome de Código: Paulette | Comédia• 18 Abril | Phantom| Thriller• 25 abril | Fintar o amor |Comédia /Romance• 25 abril | Homem de Ferro 3 | Ação / Ficção Científica• 25 abril | Gladiadores | Animação/Aventura• 25 abril | Um Toque de Fé |Drama• 25 abril| The Haunting in Connecticut 2: Ghosts of Georgia| Drama

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hajaDesafioUm homem, 30 anos, com antecedentes de toxicodependência e hepatite C crónica, recorre ao SU devido a febre, mialgias, poliartrite e rash cutâneo. Nos exames auxiliares de diagnóstico, de relevo os resultados dos testes de função hepática, com ligeiro aumento dos níveis de aminotransferases e níveis normais de bilirrubina. Na imagem, está apresentada a mão direita do doente.

10 anos após o diagnóstico de Hepatite C, é diagnosticada infeção pelo vírus da Hepatite B. Qual das seguintes alterações cutâneas é mais frequentemente encontrada no estádio pródromo da doença do soro associada a infeção aguda pelo vírus da hepatite B? a) Máculas eritematosasb) Icterícia;c) Urticária;d) Petéquias;e) Purpura.

Baseado em: http://blogs.nejm.org/now/index.php/arthritis-and-rash/2013/03/29/Resposta certa: c)

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hajaArte

Jornal hajaSaúde! NEMUMDistribuição Gratuita.Tiragem: 200 exemplares.Direção: Luís André Araújo.Colaboradores: Abel Branco, Daniela Lasca-

sas, Vítor Gonçalves, André Miranda, Ana Mafal-da Remelhe, Filipe Costa, Patrícia Varela, Cláudia Macedo, João Pedro Silva, Nádia Sepúlveda, João Firmino Machado, Célia Soares, Fani Eliana, Rui Miguel Seixal, Nuno Jorge Lamas, João Carlos Simões, Dinis Oliveira.

Paginação & Grafismo: José Carlos Rodrigues.Impressão por: CopyscanContactos

Núcleo de Estudantes de MedicinaUniversidade do MinhoEscola de Ciências da Saúde da

Universidade do MinhoCampus de Gualtar, 4710-057

BRAGA

Toda a rosa tem espinhos, meu amor,E nem por isso perde a viva chamaQue incendeia quem se cuida e amaDocemente, sarando qualquer dor.

Pétalas rubras e aveludadasEssas foram feitas p’ra se tocar,Para os dedos meigos perfumarE dar doces sonhos às madrugadas.

Toca cada pétala com cuidado,Beija uma por uma, se quiseres,Como a mais preciosa das mulheres.

Respira seu feitiço perfumado,Segura-a com terno e suave jeitoE nenhum espinho marcará teu peito.

Daniela Lascasas 53104