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ANDREIA ALVES DA COSTA SILVEIRA

CRIOPRESERVAÇÃO DE ÁPICES CAULINARES E

MICROPROPAGAÇÃO EM CONDIÇÕES HETEROTRÓFICAS E

MIXOTRÓFICAS DE Eugenia dysenterica (Mart.) DC.

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Genética e Melhoramento de

Plantas da Universidade Federal de Goiás,

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Genética e Melhoramento de

Plantas

Orientador:

Prof. Dr. Sérgio Tadeu Sibov

Goiânia - GO, Brasil

2015

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Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação do Sibi/UFG.

Silveira, Andreia Alves da Costa Criopreservação de ápices caulinares e micropropagação em condiçõesheterotróficas e mixotróficas de Eugenia dysenterica (Mart.) DC.[manuscrito] / Andreia Alves da Costa Silveira. - 2015. LXXIV, 74 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Tadeu Sibov.Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Escola deAgronomia (EA) , Programa de Pós-Graduação em Genética &Melhoramentos de Plantas , Goiânia, 2015. Bibliografia. Inclui siglas, fotografias, abreviaturas, gráfico, tabelas.

1. Cagaiteira. 2. Sistemas heterotróficos. 3. Sistemas mixotróficos. 4.Criopreservação. 5. Encapsulamento-desidratação. I. Sibov, SérgioTadeu, orient. II. Título.

Andreia e Railson
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"Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte - A autora"
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Para Railson

Com todo o amor do mundo

Dedico

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me deu a oportunidade de aprender cada vez mais;

Ao meu esposo e melhor amigo Railson de Paula, pela dedicação e paciência de todos os

dias;

Ao orientador Professor Dr. Sérgio Tadeu Sibov, por aceitar me orientar neste trabalho,

pela paciência e ensinamentos;

À Universidade Federal de Goiás e todos os professores do Programa de Genética e

Melhoramento de Plantas, pela paciência e dedicação empregadas;

Aos colegas pós-graduandos que me acompanharam, em especial à Fernanda Fernandes,

Luciano Carneiro e Bárbara Klosouski;

À todos do Laboratório de Cultura de tecidos Vegetais (LCTV/UFG), em especial aos

estagiários fizeram que parte deste trabalho, Divina Miranda, Yuri Luiz, Taynara Dias,

Rafaela Lima, Arnúbia Caires, Adriana Balduíno, Sarah Oliveira, Argeu Rodrigues, e

Pedro Augusto. Acredito que aprendemos bastante uns com os outros. Nunca me

esquecerei das boas risadas que alegraram o dia-a-dia.

À todos dos Laboratório de Cultura de tecidos Vegetais (LCTV/Emater), em especial à

Professora Drª Maurízia de Fátima Carneiro, que nos acolheu de braços abertos;

Aos professores do Instituto de Ciências Biológicas/UFG, em especial à professora Letícia

de A. Gonçalves e Professor Francis Júlio pelos ensinamentos.

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RESUMO GERAL

SILVEIRA, A. A. C. Criopreservação de ápices caulinares e micropropagação em

condições heterotróficas e mixotróficas de Eugenia dysenterica (Mart.) DC. 2015. 74 f.

Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de plantas)–Escola de Agronomia,

Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015.1

Sistemas convencionais de micropropagação, geralmente usam meios de cultura

suplementados com sacarose e frascos vedados. Este sistema é denominado heterotófico

pois os carboidratos exógenos são a única fonte de energia para o vegetal. Sistemas

mixotróficos, embora continuem adicionando sacarose ao meio, possuem o diferencial de

permitir trocas gasosas entre o meio interno e externo do frasco de cultura. Esta ventilação

traz inúmeras vantagens ao crescimento vegetal in vitro. Pela constante perda de área do

Cerrado, torna-se necessário o aprimoramento de protocolos de micropropagação e

também de conservação de germoplasma das espécies deste domínio. A criopreservação é

o considerada o melhor método de conservação à longo prazo e a técnica de

encapsulamento-desidratação têm sido promissora para espécies tropicais. Os objetivos do

trabalho foram comparar o sistema heterotrófico de propagação in vitro de Eugenia

dysenterica (Mart.) DC. com um sistema mixotrófico, e, obter um método de conservação

de germoplasma de E. dysenterica in vitro por criopreservação. Gemas identificadas

quanto à posição no caule (mais próximas à raíz ou ao ápice), foram inoculados em tubos

de ensaio com ou sem troca gasosa em meio WPM suplementado com 0,00μΜ, 0,54μM,

2,69μM, e 5,37μM, de ANA, e, 0,00μM, 4,44μM, 11,10μM, e 17,76μM de BAP em todas

as combinações possíveis. Para o enraizamento utilizou-se meio WPM suplementado com

AIB à 0,00μM, 9,84μM, 19,68μM, e 29,52μM. O sistema de trocas gasosas foi superior

quanto ao número de folhas na maioria das variáveis analizadas. O tipo de gema pouco

influenciou nas variáveis. O melhor tratamento nos sistemas heterotrófico e mixotrófico foi

de 29,52 μM de AIB, com 33,33% e 16,66% de enraizamento respectivamente. A

aclimatização foi procedida com sucesso em ambos os sistemas. Para a criopreservação

utilizou-se ápices caulinares obtidos de plantas desenvolvidas in vitro. Os ápices foram

inicialmente suspendidos em solução de meio MS suplementado com 3% de alginato de

sódio, 0,4M de glicerol, e 4,44μM de BAP e dispensados em solução de meio MS (livre de

cálcio) suplementado com 0,1 M de cloreto de cálcio, 0,4M de glicerol, e 4,44μM de BAP.

Os ápices foram mantidos sob três níveis de exposição de sacarose (0,25M, 0,5M, e

0,75M) combinados á três níveis de dessecação (0 h, 1 h e 2 h) antes de serem congelados

em nitrogênio líquido. Não se observou regeneração em ápices criopreservados. O melhor

tratamento para ápices não criopreservados constituiu de 0,25M de sacarose e 1 h de

dessecação. A taxa de regeneração nula de ápices criopreservados o que indica que o

estress de dessecação está relacionado ao stress de congelamento.

Palavras-chave: cagaiteira, sistemas heterotróficos, sistemas mixotróficos, criopreservação,

encapsulamento-desidratação.

______________________

1 Orientador: Prof. Dr. Sérgio Tadeu Sibov. ICB-UFG.

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GENERAL ABSTRACT

SILVEIRA, A. A. C. Cryopreservation of shoot apices and micropropagation in

heterotrophic and mixotrophic conditions of Eugenia dysenterica (Mart.) DC. 2015.

74 f. Dissertation (Master in Genetic and Plant Breeding)–College of Agronomy,

Universidade Federal de Goiás, Goiânia,, 2015.1

Conventional micropropagation systems often use culture media supplemented with

sucrose and sealed bottles. This system is called heterotófico as exogenous carbohydrates

are the only source of energy for the plant. Mixotróficos systems, although still adding

sucrose in half, have the differential to allow gas exchange between the internal and

external environment of the culture flask. This ventilation brings many benefits to plant

growth in vitro. By the constant loss of the Savannah area, it is necessary to improve

micropropagation protocols and germplasm conservation of the species within it.

Cryopreservation is considered the best for long-term preservation method and the

encapsulation-dehydration technique have been promising for tropical species. The

objectives were to compare the heterotrophic system in vitro propagation of Eugenia

dysenterica (Mart.) DC. mixotrófico with a system, and get a method of germplasm storage

dysenterica E. vitro by cryopreservation. Identified Gems' positions in the stem (closer to

the root or the apex) were inoculated in tubes with or without gas exchange in WPM

medium supplemented with 0,00μΜ, 0,54μM, 2,69μM, and 5,37μM, NAA, and 0,00μM,

4,44μM, 11,10μM and 17,76μM BAP in all possible combinations. For rooting was used

WPM medium supplemented with IBA to 0,00μM, 9,84μM, 19,68μM, and 29,52μM. The

system of gas exchange was greater in the number of sheets in most analyzed variables.

The type of gem had little influence on the variables. The best treatment in heterotrophic

and mixotrófico systems was 29.52 mM of IBA, with 33.33% and 16.66% respectively

rooting. Acclimatization was performed successfully in both systems. For cryopreservation

was used apexes obtained from plants grown in vitro. The apices were initially suspended

in MS medium supplemented with 3% solution of sodium alginate, 0.4 M glycerol and

4,44μM BAP and dispensed in MS medium solution (free of calcium) supplemented with

0.1 M calcium chloride, 0.4 M glycerol and 4,44μM BAP. The summits were held in three

exposure levels of sucrose (0.25M, 0.5M, and 0.75M) combined will three levels of

desiccation (0 h, 1 h, 2 h) before being frozen in liquid nitrogen. There was no regeneration

in cryopreserved apexes. The best treatment for non-cryopreserved apices consisted of

0.25M sucrose and 1 h of drying. The null regeneration of cryopreserved apices which

indicates that the stress is related to desiccation stress freezing.

Key-words: cagaiteira, heterotrophic systems, mixotrophic systems, cryopreservation,

encapsulation-dehidration.

______________________

1 Adviser: Prof. Dr. Sérgio Tadeu Sibov. ICB-UFG

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SUMÁRIO

RESUMO GERAL ......................................................................................................... 4

GENERAL ABSTRACT ................................................................................................ 5

1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 10

2.1 ASPECTOS GERAIS DE Eugenia dysenterica (Mart.) DC. ........................ 10

2.1.1 Características, ocorrência e fenologia .......................................................... 10

2.1.2 Aspectos nutricionais ..................................................................................... 12

2.1.3 Utilização da espécie ...................................................................................... 12

2.1.4 Propagação ..................................................................................................... 14

2.2 SISTEMAS DE MICROPROPAGAÇÃO: HETEROTRÓFICO,

FOTOMIXOTRÓFICO E FOTOAUTOTRÓFICO ...................................... 15

2.2.1 Fatores que influenciam no processo de crescimento vegetal in vitro ........... 18

2.2.1.1 Luz e fotossíntese ........................................................................................... 18

2.2.1.2 Umidade relativa no interior dos frascos ....................................................... 19

2.2.1.3 Acúmulo de gases .......................................................................................... 21

2.3 CONSERVAÇÃO DE GERMOPLASMA VEGETAL ................................ 22

2.3.1 Conservação in situ e ex situ .......................................................................... 23

2.3.2 Criopreservação ............................................................................................. 24

2.3.2.1 Breve histórico ............................................................................................... 26

2.3.2.2 Criopreservação de ápices .............................................................................. 27

2.3.2.3 Principais métodos usados em criopreservação ............................................. 27

2.3.2.3.1 Congelamento lento ..................................................................................... 28

2.3.2.3.2 Vitrificação .................................................................................................... 30

2.3.2.3.3 Encapsulamento-desidratação ........................................................................ 30

3 CAPÍTULO 01: MICROPROPAGAÇÃO DE Eugenia dysenterica (Mart.)

DC. POR SISTEMA HETEROTRÓFICO E MIXOTRÓFICO.... ........ 34

RESUMO ....................................................................................................................... 34

ABSTRACT .................................................................................................................. 34

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 35

3.2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 37

3.2.1 Assepsia de sementes e germinação............................................................... 37

3.2.2 Brotação ......................................................................................................... 38

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3.2.3 Determinação dos teores de clorofilas e carotenoides ................................... 39

3.2.5 Enraizamento e aclimatização ........................................................................ 40

3.2.4 Análise estatística ........................................................................................... 40

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 41

3.3.1 Brotação ......................................................................................................... 41

3.3.2 Determinação de clorofilas e carotenoides .................................................... 48

3.3.4 Enraizamento e aclimatização ........................................................................ 49

3.4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 51

4 CAPÍTULO 2: CRIOPRESERVAÇÃO DE ÁPICES CAULINARES DE

Eugenia dysenterica (Mart.) DC. ................................................................. 53

RESUMO ....................................................................................................................... 53

ABSTRACT .................................................................................................................. 53

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 54

4.2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 55

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 57

4.4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 62

5 CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................ 64

6 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 65

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A produção de espécies frutíferas do Cerrado tem tido destaque econômico nos

últimos anos, sendo responsável pela complementação da renda familiar de pequenos

agricultores. Em um contexto social, os frutos do Cerrado destacam-se por fazer parte da

cultura e alimentação das populações que nele vivem (Silva & Egito, 2005). Desta forma, o

extrativismo de frutos do Cerrado representa, para as famílias que dele fazem uso, uma

identidade especial que valoriza tanto o bioma como as pessoas que dele dependem.

Entretanto, o maior aproveitamento da produção de frutos nativos é prejudicado pela

organização precária em todo o seu sistema de produção e processamento, o que inclui

extrativismo predatório e desmatamento desenfreado do domínio (Avidos & Ferreira,

2000). Estas práticas colocam em risco a sobrevivência de algumas espécies frutíferas de

potencial econômico que poderiam ser aproveitadas no futuro em programas de

domesticação e melhoramento.

Neste contexto, a cagaiteira [Eugenia dysenterica (Mart.) DC.] apresenta-se

como espécie do Cerrado de potencial econômico, a qual pode ser consumida in natura, ou

na forma de seus subprodutos como doces, sorvetes, bebidas, entre outros. Contudo, a

espécie possui alguns entraves quanto à sua propagação e conservação já que a

recalcitrância das sementes compromete sua longevidade e viabilidade, o que dificulta a

produção e plantio de novas mudas em qualquer época do ano (Andrade et al., 2003a;

Pinha et al., 2011). Com isso, técnicas de conservação ex situ juntamente com técnicas de

cultura de tecidos se fazem necessárias para a conservação dos recursos genéticos vegetais

e o aprimoramento do processo de propagação desta espécie.

Técnicas de cultura de tecidos têm sido desenvolvidas para algumas espécies

do Cerrado, inclusive para a cagaiteira (Silva, 2012), visando resolver ou minimizar os

entraves descritos, facilitando a propagação in vitro, o intercâmbio de material genético, o

resgate de germoplasma ameaçado e sua conservação (Pinha et al., 2011). Dentre as

aplicações da cultura de tecidos vegetais, a micropropagação é a técnica de maior impacto

e de resultados mais concretos (Torres et al., 1998). Além de garantir mudas livres de

patógenos, a técnica garante a uniformização nas plantas obtidas pelo processo de

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clonagem, desde que observadas as devidas limitações (Martin, 1985).

Apesar disso, sabe-se que no geral, muitas espécies vegetais possuem

dificuldades quanto ao estabelecimento in vitro, causadas por vários fatores. Como

exemplo, pode-se citar excesso de umidade e acúmulo de gases no interior dos frascos, o

que resulta em várias desordens fisiológicas e má-formação de estômatos (Jackson et al.,

1990). Com isso, cria-se a necessidade de desenvolvimento de técnicas de aperfeiçoamento

da micropropagação, como os sistemas de trocas gasosas a fim de se melhorar a produção

de mudas e alicerçar a conservação ex situ da espécie para a multiplicação e preservação de

genótipos de interesse.

Existem várias técnicas de conservação ex situ. Dentre elas, a mais empregada

no Brasil é a de banco de sementes, que consiste na dessecação e armazenamento em

baixas temperaturas de sementes ortodoxas e intermediárias. (Valois, 1999; Nass, 2001).

Em E. dysenterica o armazenamento via sementes se torna inviável, tendo em vista a

recalcitrância das sementes. A criopreservação (conservação de material biológico em

nitrogênio líquido) é uma das técnicas que emprega a cultura de tecidos e tem a vantagem

da conservação de germoplasma ex situ em longo prazo com gastos reduzidos (Engelmann,

2004). Além disso, garante a uniformidade genética do material, desde que observadas as

devidas concentrações de crioprotetores a fim de se evitar a variação fenotípica (Fahy,

1986). Esta técnica vem sendo aprimorada com o passar dos anos e tem sido uma das

grandes promessas para a conservação de recursos genéticos vegetais.

Tendo em vista o fato de E. dysenterica ser uma espécie tropical, uma das

alternativas viáveis para a conservação do seu germoplasma vegetal é a criopreservação

por meio de sementes sintéticas utilizando ápices caulinares. Este último é considerado o

material ideal, tendo em vista o seu tamanho reduzido, alta capacidade de regeneração e o

fato das células deste tipo de tecido serem geneticamente estáveis (Paulet et al., 1993).

Assim, com o desenvolvimento de protocolo de micropropagação da espécie, abrem-se

possibilidades para a conservação de E. dysenterica, como o armazenamento de sementes

sintéticas para a sua posterior regeneração. Além disso, isto aumenta a possibilidade de

produção de mudas para comercialização e reflorestamento e áreas degradadas no Cerrado,

assim como a conservação de genótipos potenciais para o melhoramento.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ASPECTOS GERAIS DE Eugenia dysenterica (Mart.) DC.

2.1.1 Características, ocorrência e fenologia

Eugenia dysenterica, mais popularmente conhecida como cagaiteira, pertence à

família Myrtaceae. Família esta que possui alguns gêneros de frutíferas do Cerrado, tais

como os gêneros Campomanesia (gabirobeira), Eugenia (pitangueira, cagaiteira e pereira-

do-cerrado) e Psidium (Araçaseiro). A espécie ocorre em maior densidade nos Latossolos

Vermelho-amarelos, sendo frequente em áreas com temperaturas médias anuais variando

entre 21°C e 25°C e altitudes de 380 m a 1.100 m (Naves, 1999).

E. dysenterica ocorre nos domínios do Cerrado, Caatinga, e Mata Atlântica,

estando adaptada a solos pobres (Naves, 1999). Nietsche et al. (2004), em estudo

utilizando vários substratos na germinação de cagaiteira, concluiram que quanto à altura de

plantas e número de folhas, existe superioridade em substratos à base de areia e argila, e

por isso pode-se afirmar que a planta é pouco exigente em fertilidade. Possui porte arbóreo,

podendo atingir dez metros de altura. Seu tronco e ramos são tortuosos, casca grossa,

profundamente sulcada. As folhas são aromáticas, verdes, brilhantes e, quando jovens,

verde-claras, opostas, simples e a planta é cadulcifólia na floração. No Cerrado, o

florescimento da acontece geralmente de agosto a setembro, sincronizado com o início das

primeiras chuvas ou até mesmo antes delas, florescimento este que não dura mais que uma

semana. As flores são brancas e aromáticas, solitárias e axilares, ou reunidas em fascículos

axilares. A espécie apresenta tanto autofecundação quanto fecundação cruzada, sendo a

polinização realizada principalmente pelas mamangavas das espécies Bombus atratus e B.

morio, no período da manhã. Juntamente com o florescimento surge um fluxo de novas

brotações ricas em folhas de pigmentação vermelha. No espaço de um mês ocorre a

formação de frutos. Estes são do tipo baga globosa, de cor amarelo-claro, levemente ácido.

O epicarpo é membranoso, apresentando de uma a quatro sementes, as quais são

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de coloração creme e formato oval, achatado ou elipsóide, e medem de 0,8 cm a 2,0 cm de

diâmetro (Proença & Gibbs, 1994; Martinotto et al., 2008). As sementes também

apresentam superfície lisa e tegumento coriáceo, constituindo-se quase que totalmente

pelos dois cotilédones (Agostini-Costa & Vieira, 2004). Apresentam germinação

criptocotiledonar/hipógea, com vigoroso desenvolvimento inicial do sistema radicular

(Andrade et al., 2003a) (Figura 2.1). Um quilo de sementes contém cerca de 700 a 1600

unidades (Donadio et al., 2002) e, a maioria destas germina entre sete e desenove dias. Em

casa de vegetação, os primeiros sinais do processo de emergência ocorrem aos 35 dias de

cultivo, quando o epicótilo rompe o substrato (Silveira et al., 2013).

Figura 2.1. E. dysenterica. (A) Aspecto das sementes. (B) Ilustração de sementes, sua

germinação e emergência com vigoroso crescimento do sistema radicular

(Andrade et al., 2003b).

A dispersão das sementes ocorre no início da estação chuvosa, uma estratégia

aparentemente ligada ao estabelecimento da espécie. Segundo Sano & Fonseca (2003), há

evidências de que esta dispersão seja zoocórica, já que a E. dysenterica apresenta elevada

produção de frutos carnosos, podendo oferecer recompensa energética para prováveis

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dispersores. Os autores também afirmam que a espécie possui um grande potencial

produtivo e pouca alternância de produção, podendo-se encontrar muitas árvores com mais

de 1.500 frutos na mesma safra.

2.1.2 Aspectos nutricionais

O fruto de E. dysenterica possui teores de vitaminas do complexo B, tais como

as vitaminas B1 e B2, equivalentes ou superiores aos encontrados em frutas como o

abacate, a banana e a goiaba, tradicionalmente consideradas como boas fontes destas

vitaminas (Agostini-Costa & Vieira, 2004). O consumo do fruto (aproximadamente 100

gramas por dia) contribui significativamente para fornecer as necessidades diárias de

vitamina C (em média, 71,0%), de vitamina A (em média de 7,5%), e de folatos (em média

de 7,9%). E. dysenterica mostra-se também com alto rendimento de polpa, e valor

energético reduzido (Cardoso et al., 2011). O folato sanguíneo, o ferro e a vitamina B12

têm fundamental importância para o corpo humano, participando de reações indispensáveis

à formação de novos tecidos. Em mulheres em fase gestacional, a suplementação

vitamínica contendo folato pode reduzir taxas de ocorrência de defeitos de tubo neural do

feto, embora exista a preocupação de que esta prevenção possa mascarar a deficiência de

vitamina B12 (Thame et al., 1998).

O óleo retirado do extrato de sementes de E. dysenterica é uma importante

fonte de carboidratos, o qual tem atividade antioxidante e elevado teor de compostos

fenólicos. Entretanto, em comparação com outros óleos e gorduras, o óleo de sementes de

cagaita não constitui boa fonte de tocoferóis (vitamina E) (Jorge et al., 2010). Assim, o

consumo do fruto bem como a exploração de seus subprodutos deve ser incentivado,

especialmente nas famílias e em grupos socialmente vulneráveis do Cerrado,

caracterizados por altos níveis de insegurança alimentar e onde os alimentos considerados

fontes desses nutrientes podem ser escassos (Cardoso et al., 2011).

2.1.3 Utilização da espécie

Em 2005, o Projeto Plantas do Futuro, por meio do Projeto de Conservação e

Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO) promoveu um

seminário em que houve o estudo das espécies vegetais do Cerrado de maior prioridade

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para pesquisa e desenvolvimento. Neste estudo foram identificadas cinquenta e oito

espécies frutíferas do Cerrado com potencial de uso, destas foram classificadas dezesseis

espécies prioritárias para pesquisa e conservação. Destas, oito tem potencial de exploração

sustentada em médio prazo, por exemplo, Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne e oito

elevado potencial de exploração sustentada a curto prazo, por exemplo, Caryocar

brasiliense Camb., e E. dysenterica (Vieira et al., 2006). A partir de então, tornou-se

prioritário o estudo da cagaiteira tanto para o melhoramento destas espécies, quanto para a

conservação do germoplasma, e, consequentemente, o aprimoramento biotecnológico para

o melhor aproveitamento econômico da espécie.

O principal uso comercial de E. dysenterica se dá pelos seus subprodutos,

como sorvetes, doces e geleias, sendo que seus frutos são encontrados principalmente em

feiras livres (Avidos & Ferreira, 2000). Oliveira et al. (2011) desenvolveram também um

vinho dos frutos utilizando fermentação a base de cepas de Saccharomyces cerevisiae. Os

autores afirmam que a aceitação do vinho foi positiva quanto à acidêz e outros fatores de

degustação.

Segundo o conhecimento popular, os frutos da cagaiteira possuem potencial

laxativo, e é o que dá nome à espécie. Isto é corroborado nos estudos conduzidos por Lima

et al. (2010a), os quais isolaram o peptídeo capaz de aumentar a motilidade no intestino de

camundongos por aproximadamente 20,8%, o que é provavelmente responsável pela

atividade laxante. Além disso, estes peptídeos não apresentaram atividades tóxicas para os

animais, tal como observado na histopatologia e análises hemolíticas. Estes autores

também argumentam que este peptídeo poderia ser utilizado no futuro na indústria

farmaceutica para tratamento de prisão de ventre crônica e síndrome do intestino irritado

(Irritable Bowel Syndrome - IBS).

Lima et al. (2010b), em estudo realizado sobre os efeitos do extrato etanólico

de folhas sob o intestino de camundongos, comprovaram que tais extratos possuem

propriedades antidiarreicas. Entretanto, em análise histopatológica também foram

observados efeitos tóxicos sobre o intestino dos camundongos, como lesões na mucosa,

danos na camada epitelial e perda parcial e/ou alterações morfológicas das vilosidades.

Plantas que possuem taninos, alcalóides, saponinas, flavonóides, esteróides, e terpenóides

geralmente tem ação antidiarréica (Jones, 2003). Estudo semelhante foi conduzido por

Prado et al. (2014). Estes autores entretanto investigaram o efeito do extrato de folhas

juntamente com carbenoxolona sobre a mucosa gástrica de lesões induzidas por etanol/HCl

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em camundongos. Os resultados demonstraram que tais extratos possuem efeito

gastroprotetor, efeito este que parece ser dependente de taninos condensados que se ligam

às mucinas na mucosa gástrica, formando o revestimento de proteção contra os agentes

nocivos.

A tirosinase é conhecida por ser a enzima-chave na produção de melanina. O

extrato das folhas de E. dysenterica também pode ser utilizado para inibir a tirosinase, bem

como pode ser usado para o tratamento de desordens dermatológicas associadas com

hiperpigmentação de melanina (Souza et al., 2012).

Quanto a atividades antimicrobianas, Costa et al. (2000) utilizaram o óleo essencial da

hidrodestilação de folhas de E. dysenterica para constatar se este se mostrava como bom

inibidor de Candida ssp e Cryptococcus ssp. Os resultados do estudo indicaram que vinte e

duas estirpes do gênero Cryptococcus foram inibidas pelo óleo das folhas, o que pode abrir

grandes oportunidades para a indústria farmacêutica.

2.1.4 Propagação

As sementes de E. dysenterica possuem alguns empecilhos quanto ao

armazenamento à médio e longo prazo. Por possuir comportamento recalcitrante, suas

sementes não podem ser desidratadas abaixo de um determinado grau de umidade, sem que

ocorram danos fisiológicos. Andrade et al. (2003a) conduziram estudo sobre dessecação e

viabilidade de sementes de cagaiteira, analisando a germinação desta em relação à

temperatura, a dessecação sob diferentes regimes de secagem e armazenamento sob três

temperaturas. Os autores concluíram que o armazenamento próximo de 45% de umidade

habilita a sobrevivência das sementes por 175 dias, com mais de 50% de viabilidade. Sobre

a dessecação, os autores concluíram também que as sementes apresentaram altos teores de

umidade ao serem retiradas do fruto (47-53%) e sua viabilidade é completamente perdida

quando a umidade é reduzida para valores abaixo de 18-22%. Alves et al. (1992)

verificaram a viabilidade das sementes de cagaita por meio da porcentagem e velocidade

de emergência das plântulas. Dentre os diversos tratamentos, verificou-se que as sementes

armazenadas por quinze dias à 8°C no período de pré-semeadura, resultaram em maior

porcentagem de plântulas emergidas (93,75%) dentro de um período de vinte e nove dias.

Pela recalcitrância das sementes de E. dysenterica, tornam-se necessários

aprimoramentos nos protocolos de propagação vegetativa da espécie, como forma de

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garantir a multiplicação do material vegetal em qualquer época do ano. A utilização da

propagação vegetativa para espécies florestais se justifica quando se trabalha com

genótipos de alta produtividade e qualidade, os quais produzam sementes em quantidades

insuficientes para manter um programa de melhoramento ou plantios comerciais. Também

são enquadrados nesses casos, sementes de difícil armazenamento, com baixo poder

germinativo, ou híbridos estéreis (Ferreira & Santos, 1997). Por conseguinte, a propagação

vegetativa é entendida como forma rápida e relativamente barata para aumento da

produtividade e qualidade da espécie florestal produzida, aumentando a competitividade do

material selecionado. Nesse sentido, é importante dispensar esforços para aprimorar

métodos existentes e estabelecer/adaptar protocolos que permitam o melhor

aproveitamento do material genético selecionado pelos programas de melhoramento

florestal (Ferrari et al., 2004).

É possível propagar E. dysenterica por enraizamento de estacas com aplicação

de reguladores de crescimento em casa de vegetação, com até 90% de enraizamento após

180 dias, possibilitando selecionar genótipos superiores (Pereira et al., 2002). Silva (2012),

desenvolveu um protocolo de brotação in vitro de gemas de E. dysenterica concluindo

como melhor tratamento, a utilização de meio MS (Murashige & Skoog, 1962)

suplementado com 17,76 μΜ de 6-benzilaminopurina (BAP). A autora observou brotos

com médias de 20 mm de altura, uma a duas folhas, e nenhum enraizamento com ácido α-

naftaleno acético (ANA), o que sugere o aprimoramento do protocolo tanto para o

enraizamento, quanto para a brotação, para assim obter-se maior quantidade de folhas dos

explantes.

2.2 SISTEMAS DE MICROPROPAGAÇÃO: HETEROTRÓFICO,

FOTOMIXOTRÓFICO E FOTOAUTOTRÓFICO

A micropropagação é uma das técnicas de cultura de tecidos de plantas para a

produção de um grande número de mudas idênticas e isentas de agentes patogênicos.

Consiste basicamente no cultivo in vitro, sob condições assépticas e controladas de

propágulos vegetativos e/ou reprodutivos denominados explantes, os quais na presença de

reguladores de crescimento e meio nutritivo adequado são induzidos a produzir novas

gemas que serão então multiplicadas nestas mesmas condições, a cada novo ciclo de

cultivo (Hartmann et al., 1990). Constitui-se, portanto, uma possibilidade de propagação

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geométrica. No entanto, deve-se lembrar de que é necessário observar o número máximo

de ciclos de cultivo para cada espécie, a fim de se evitar desordens como a variação

somaclonal. Esta é caracterizada por variação fenotípica de plantas regeneradas de cultura

de células ou tecidos in vitro, e que pode ser transitória ou permanente e herdável (Illg,

1990).

Em se tratando de produção de mudas, a qualidade destas é determinada por

suas características genéticas, fisiológicas e morfológicas. A alta qualidade, com tais

características superiores pode somente ser produzida em ambiente controlado. Por

conseguinte, em um sistema heterotrófico, as mudas são mantidas em meio de cultura com

reguladores de crescimento e açúcares, em salas de crescimento dentro de frascos lacrados,

mantidos em baixa luminosidade, com temperatura e umidade controladas. O nome

heterotrófico vem do fato de que os carboidratos exógenos são a única fonte de energia

para o vegetal (Kozai et al., 2005). Todo este aparato se justifica para que seja anulada toda

a contaminação por microrganismos no interior do frasco, o que pode causar perdas de

explantes e aumentar os custos do processo. Porém, a vedação do frasco causa acúmulo de

gases no interior deste (por exemplo, etileno), assim como excesso de umidade

(caracterizado por frascos com gotículas condensadas em seu interior). Isto resulta em

alterações morfológicas e funcionamento irregular de estômatos, baixa taxa de

crescimento, hiperhidricidade, folhas reduzidas, morte prematura de explantes,

dificuldades no enraizamento, entre outras. (Kozai & Kubota, 2001).

No sistema fotomixotrófico, ocorre o favorecimento da fotossíntese com a

utilização de sistemas de iluminação com maior eficiência luminosa, conhecidas como

Photossynthetically Active Radiation (PAR). Nele ocorre ventilação dentro dos frascos, o

que normaliza assim a transpiração do vegetal e faz com que os estômatos se tornem

funcionais. Esta ventilação pode ser feita de várias maneiras como, por exemplo, a não

utilização de fitas de vedação das tampas e, membranas de transpiração que permitam

trocas gasosas sem a entrada de microorganismos. Porém, células, tecidos, órgãos ou

mudas que apresentem clorofila crescem fazendo uso de meio de cultura contendo ou não

sacarose. Nas condições fotomixotróficas, os vegetais utilizam os hidratos de carbono não

só endógenos, mas exógenos como fonte de energia (Kozai et al., 2005). Um sistema

mixotrófico difere do fotomixotrófico apenas pela ausencia de iluminação PAR (Figura

2.2).

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Um exemplo de como o sistema fotomixotrófico age sobre a capacidade

fotossintética em mudas micropropagadas é demostrado por Hdider & Desjardins (1994),

os quais conduziram estudo sobre o efeito da concentração de sacarose em mudas

micropropagadas de morango (Fragaria x ananassa Duch. cv Kent) com membranas

comerciais a base de celulose (Sorbarods®). Neste trabalho, a capacidade fotossintética foi

influenciada pelo nível de sacarose no meio de cultura com as maiores taxas de

fotossíntese correspondente às culturas com 0 e 1% de sacarose.

No sistema fotoautotrófico, a sacarose é totalmente retirada do meio de cultura.

No sistema fotoautotrófico o vegetal cresce sem nenhuma fonte exógena de carboidrato,

dependendo apenas da fotossíntese. Geralmente, a micropropagação fotoautotrófica requer

dois estágios: 1: iniciação; e, 2: multiplicação e enraizamento simultaneamente. Já o

sistema fotomixotrófico requer três estágios: 1: iniciação; 2: multiplicação; 3:

enraizamento; 4: aclimatização. Assim, na condição fotoautotrófica, teoricamente, as

mudas não precisam passar pela aclimatização (Kozai et al., 2005). contudo, alguns

estudos apontam redução no tempo de aclimatização de mudas em sistema fotomixotrófico

quando comparadas à mudas oriundas de sistema heterotrófico (Saldanha et al., 2012). Isso

ocorre pois com a ventilação dos frascos os estômatos se tornam funcionais, fato este que

reduz consideráveis perdas durante a adaptação das mudas ao ambiente ex vitro na

aclimatização (Kozai et al., 2005) (Figura 2.2).

Figura 2.2. Tipos de sistemas de cultivo in vitro: Heterotrófico - total vedação e adição de

sacarose (C12

H22

O11

) ao meio de cultura. Mixotrófico - Frascos ventilados

(CO2) e adição de sacarose ao meio de cultura; Fotomixotrófico - maior

eficiência luminosa (fontes PAR), frascos ventilados e adição de sacarose ao

meio de cultura; Fotoautotrófico - maior eficiência luminosa, frascos

ventilados, e sem adição de sacarose ao meio (Kozai et al., 2005).

PAR: Photosynthetically active radiation

Heterotrofico Mixotrófico Fotomixotrófico Fotoautotrófico

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2.2.1 Fatores que influenciam no processo de crescimento vegetal in vitro

2.2.1.1 Luz e fotossíntese

O termo “luz” é comumente definido como radiação eletromagnética

percebível pelos olhos humanos. Em física, pode-se estudar esta radiação em função de sua

intensidade numa dada faixa de comprimentos de onda, ou na forma de luz dispersada num

espectro. O espectro eletromagnético (Figura 2.3) na chamada faixa do visível cobre

comprimentos de onda desde o violeta [3900Å (1Å = 10-8

cm = 0,1 nm)] até o vermelho:

(7200Å), a qual corresponde à radiação da luz solar, que pode ser decomposta em

diferentes frequências (Gregorio-Hetem et al., 2012) (Figura 2.3).

Sabe-se que os olhos humanos são mais sensíveis a comprimentos de onda que

expressam tons de amarelo, enquanto que para plantas isto é bem diferente. As reações

fotossintéticas só ocorrem com comprimentos de onda variando de 400 a 700 nm com um

pico de ação do espectro em 660nm a 680 nm. Essa é a chamada radiação

fotossinteticamente ativa, muitas vezes abreviada como PAR (Kozai et al., 2005).

Figura 2.3. Espectro eletromagnético em intervalo de frequências (Hertz) e comprimentos

de onda (metros) da radiação eletromagnética. A porção do espectro cuja

radiação é capaz de sensibilizar o olho humano, a luz visível, é indicada em

destaque (Gregorio-Hetem et al., 2012).

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Pela variação no comprimento de onda PAR, podemos ter desde azul até

vermelho intenso. A luz azul ocorre em comprimentos de 400 nm a 500 nm com picos de

fotomorfogênese de 450 nm a 470 nm. Já a luz vermelha em 600nm a 700 nm com picos

de 730 nm a 740 nm, ou ainda o vermelho intenso, com comprimento de 700 nm a 800 nm.

A luz azul é absorvida por fotorreceptores nas folhas das plantas, resultando em alta reação

energética, enquanto que o vermelho e o vermelho intenso são absorvidos pelo sistema de

fitocromos nas folhas (Kozai et al., 2005).

Assim, em sistema de micropropagação convencional, como a taxa de

fotossíntese é mínima pela não utilização de lâmpadas PAR, o principal suprimento

energético para a planta é o carboidrato adicionado ao meio de cultura. O motivo do uso de

tais lâmpadas é induzir a fotossíntese nas mudas cultivadas in vitro, a fim de se obter

mudas com características morfológicas e fisiológicas superiores (Kozai et al., 2005).

Além do uso de lâmpadas PAR, soma-se a isso o fato de que o crescimento fotoautotrófico

in vitro pode ser significativamente promovido pelo aumento das concentrações de CO2 e

pelo descréscimo da umidade relativa no recipiente de cultura. Quando este possui

ventilação, a umidade relativa no recipiente é reduzida, o que, por sua vez aumenta a taxa

de transpiração (Chun & Kozai, 2001).

2.2.1.2 Umidade relativa no interior dos frascos

Em sistema convencional de cultivo in vitro, em que se adiciona a água e

nutrientes adequados ao meio de cultura, pode-se dizer que a umidade no interior do frasco

é altamente elevada. Uma boa comparação pode ser feita com uma mini-estufa, e, por isso,

a taxa de ventilação é mínima. Isto pode ser visto com clareza pela formação de gotículas

condensadas no interior do frasco (Figura 2.4), resultantes da alta umidade relativa (UR)

(Kozai et al., 2005).

A temperatura e UR no interior do frasco em sistema heterotrófico são fatores

que influenciam diretamente no desenvolvimento das mudas. Vários pesquisadores

relataram que a elevada umidade em recipientes de cultura de tecidos, leva á desordens

fisiológicas e morfológicas de mudas micropropagadas (Preece & Sutter, 1990;

Ghashghaie et al., 1992). Ocorrem problemas quanto à deposição de cera da cutícula, os

estômatos não são funcionais, muitas vezes disformes, pela dificuldade de transpiração.

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Esta dificuldade na transpiração promove desenvolvimento anormal de estômatos, e com

isso as mudas não tem a capacidade de resistir ao estresse hídrico após o transplante in

vitro para condições ex vitro durante a aclimatização (Chen, 2004).

Figura 2.4. A: Explante em brotação sob sistema heterotrófico de Eugenia dysenterica em

meio WPM semi-sólido e frasco lacrado apresentando gotículas condensadas

no interior do tubo, resultante da alta umidade. B: Tampas utilizadas em

sistema mixotrófico que possibilitam ventilação interna. C: Explante em

brotação sob sistema mixotrófico de Eugenia dysenterica em meio WPM semi-

sólido em frasco ventilado e sem a formação de gotículas internas.

Sabe-se que a transpiração é necessária para o transporte de nutrientes

inorgânicos no xilema de plantas superiores e com o aumento do fluxo de água,

consequentemente ocorrerá maior dissolução de solutos. Para verificar tal hipótese, Tanner

& Beevers (2001) realizaram estudo sobre a transpiração e absorção de minerais em

plantas de girassol utilizando meio de cultura líquido. Plantas de quinze centímetros de

altura foram mantidas em um germinador com fotoperíodo de doze horas de luz e doze

horas de escuro, em um regime em que os minerais foram fornecidos apenas no escuro. No

germinador foi mantida UR de 100% e o tratamento controle se constituiu de plantas com

regime em que os minerais foram fornecidos somente no período diurno. Todas as plantas

C

B

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transpiraram 12 a 15 vezes mais água durante a noite, inclusive o tratamento controle.

Parece, assim, que o transporte de água por convecção no xilema, provocado pela pressão

da raiz e da gutação resultante, assim como a corrente do floema, por si só é suficiente para

o abastecimento mineral à longa distância. No entanto, os próprios autores afirmam que

isto pode ser diferente para plantas lenhosas.

Aitken-Christie et al. (1995) argumentam que quanto à cultura in vitro, o

decréscimo na umidade relativa com a maior troca gasosa no frasco aumenta

significativamente a taxa de transpiração da planta, e consequentemente, a absorção de

água e de nutrientes. Por este motivo, plantas cultivadas in vitro conseguem sobreviver por

algum tempo no frasco lacrado, no entanto, com estômatos disformes tanto pelo excesso de

umidade, quanto pelo acúmulo de gases no interior do frasco, e, por tais deformidades,

ocorrem maiores perdas na aclimatização (Saldanha et al., 2012). Explantes cultivados sob

regime heterotrófico originam plantas com elevado conteúdo de água, com grande risco de

desidratação e morte durante a aclimatização (Kubota & Kozai, 1992).

2.2.1.3 Acúmulo de gases

Outro problema que muitas vezes afeta o cultivo in vitro é o acúmulo de gases

tóxicos para a planta no interior do frasco de cultivo sendo o etileno é o principal destes

gases. A presença de etileno em culturas de tecidos é invariavelmente, uma conseqüência

do método, uma vez que o frasco é lacrado. Com isso, o etileno pode acumular-se e o

ambiente dentro do frasco começa a mudar. Assim o etileno é visto como um contaminante

indesejado e, consequentemente, grande parte da pesquisa sobre etileno em cultura de

tecidos tem-se centrado na compreensão de como o acúmulo de etileno pode afetar a

regeneração das mudas (Biddington, 1992).

O acúmulo de etileno tem um efeito adverso no desenvolvimento das plantas,

afetando a diferenciação, o desenvolvimento, a morfologia e o crescimento das plantas,

diminuindo a expansão foliar, a altura dos brotos, inibindo a regeneração de novos brotos e

causando necrose apical nas plantas (Jackson et al., 1990; Biddington, 1992). Para o

aumento da concentração de CO2, e simultaneamente, a redução da UR e da concentração

de etileno, têm-se conseguido, utilizando tampas com membranas permeáveis ou por meio

do enriquecimento da sala de crescimento com CO2 (Jain & Ishii, 2003).

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Por conseguinte, o uso de tampas permeáveis que permitam trocas gasosas no

recipiente de cultivo é a maneira mais simples de controlar a concentração de etileno no

interior dos frascos. Estas tampas possuem membranas permeáveis, as quais permitem a

troca gasosa sem a entrada de microrganismos no interior do frasco (Saldanha et al., 2012).

2.3 CONSERVAÇÃO DE GERMOPLASMA VEGETAL

O termo germoplasma é entendido como o material que constitui a base física

da herança e que é transmitido de uma geração para outra. Do ponto de vista etmológico,

germoplasma é uma palavra de duas raízes: germo, do latim germen, que significa

"princípio rudimentar de um novo ser orgânico"; e plasma, do grego plasma, que significa

"a formação" e, em sentido geral, “a matéria não definida”. Portanto, germoplasma

significa a matéria onde se encontra um princípio que pode crescer e se desenvolver, sendo

definido, como a soma total dos materiais hereditários de uma espécie (Nass, 2001).

A matéria prima do melhoramento de plantas é diversidade biológica, e a

conservação desta se faz importante por vários fatores. Além do potencial de uso

econômico, a diversidade biológica é responsável pelo equilíbrio e estabilidade de qualquer

ecossistema. Também se destaca o fato dela encontrar-se em fase de contínua degradação

devido à atividade antrópica, o que remete à preocupação com espécies nativas do Cerrado,

já que este domínio sofre perdas constantes de sua área original (Brasil, 2015).

Com isso, utilizam-se ferramentas de conservação in situ e ex-situ para manter

desde populações até genes que possam ser úteis em programas de melhoramento. O

material atualmente considerado de pouca importância para os melhoristas poderá ser de

grande utilidade no futuro. Por exemplo, a constante busca de fontes de resistência à

doenças determina a eliminação de genes responsáveis pela produção, quando não existe

correlação positiva entre os dois grupos de genes. Assim, a busca por novas fontes de

resistência às enfermidades em espécies selvagens torna-se cada vez mais importante. O

objetivo é introduzir maior variabilidade genética nos programas de melhoramento (Nass

et al., 2001).

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2.3.1 Conservação in situ e ex situ

A conservação de recursos genéticos in situ é um método de conservação que

busca conservar populações de espécies em seu estado natural de ocorrência na natureza.

Esse método tem como objetivo não só a conservação de indivíduos das espécies de

interesse, mas também o habitat onde a espécie ocorre, visando a manutenção das

interações entre os organismos e os processos evolutivos associados (Simon, 2010).

A conservação in situ está associada a várias vantagens, tais como conservação

de água e solo, conservação do ecossistema como um todo, além da possibilidade de

exploração do turismo ecológico. No entanto, também possui algumas desvantagens, tais

como baixo nível de controle e conhecimento sobre o que se está conservando; risco de

declínio da população causado por estocasticidade demográfica, patógenos e doenças,

catástrofes naturais (incêndios, secas prolongadas, enchentes), desmatamento e exploração

desordenada; dificuldades para o rápido acesso e a utilização de materiais, além do custo

elevado na caracterização e no monitoramento da reserva genética. Além disso, há uma

limitação da diversidade genética que pode ser preservada por espécie, tendo em vista que

uma reserva genética geralmente compreende um grupo de indivíduos que correspondem a

uma parcela restrita da diversidade genética total de uma dada espécie (Simon, 2010).

Devido a estas limitações, cria-se a necessidade de se conservar recursos

genéticos fora do seu ambiente natural. Define-se conservação ex-situ como a manutenção

de germoplasma fora do habitat à qual pertence, principalmente por ação antrópica. Ela

visa à formação de coleções (bancos de germoplasma), nas quais, na formação de seus

acessos, deve-se ter o compromisso da participação no conjunto de atividades técnicas

direcionadas ao manejo e uso de recursos genéticos, visando aumentar a oferta de produtos

a serem demandados para o consumo humano (Valois, 1999). No entanto, apesar de tais

métodos serem considerados potenciais, é importante ressaltar que nenhum método de

conservação ex situ deve ser visto como substituto para a conservação in situ. Isso por que

nenhuma técnica que seja aplicada isoladamente conserva de modo adequado toda a

diversidade genética de determinada espécie, ou seja, seu pool gênico (Divakaran et al.,

2006).

Dentro de conservação ex-situ, tem-se várias técnicas de armazenamento,

dentre elas destaca-se: armazenamento de sementes ortodoxas e intermediárias por meio de

sementes em câmaras frias com baixa umidade relativa (-18ºC à -20ºC na coleção de base e

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de 0ºC à >15ºC na coleção ativa); coleções de campo (in vivo); coleções in vitro (órgãos e

tecidos em meio de cultura de crescimento mínimo) e criopreservação (armazenamento de

determinada espécie em temperaturas criogênicas) (Nass et al., 2001). Contudo, cita-se

algumas limitações quanto ao banco de sementes, coleções de campo, e coleções in vitro,

tais como instabilidade genética em sementes conservadas em câmaras frias; características

fisiológicas das espécies a serem preservadas, dado o fato de sementes recalcitrantes não

resistirem à dessecação; ocupação de áreas extensas por longos períodos no caso das

coleções de campo; variação somaclonal nas coleções in vitro.

Assim, a criopreservação tem se mostrado como um conjunto de técnicas

eficientes e de baixo custo para o armazenamento de várias partes das plantas como:

sementes; pólen; embriões somáticos e zigóticos; partes vegetativas como raízes; bulbos;

tubérculos; gemas; ápices meristemáticos; dentre outras. Espera-se que, em poucos anos, a

criopreservação se torne mais utilizada no armazenamento de materiais vegetais e,

consequentemente, na conservação das fontes genéticas vegetais por longos períodos de

tempo (Engelmann, 2004). Contudo, deve-se observar que a técnica não é “milagrosa”,

dado o fato de vários estudos apresentarem regeneração abaixo de 50% (Panis et al., 2005),

ou até mesmo nenhuma regeneração pós-criopreservação, como é o caso do estudo

conduzido por Sartor et al. (2012) que avaliou criopreservação de gemas de Hancornia

speciosa Gomes sem nenhuma regeneração após a imersão em nitrogênio líquido.

2.3.2 Criopreservação

A criopreservação é definida como um conjunto de técnicas que visam o

armazenamento de material biológico em nitrogênio líquido (-196ºC). É indicada

principalmente para a conservação de espécies com sementes recalcitrantes, intermediárias,

ou aquelas que se propagam vegetativamente. Mesmo que a sua utilização rotineira seja

ainda limitada, percebe-se o crescimento de situações em que a criopreservação é utilizada

em larga escala para diferentes tipos de materiais, o que inclui sementes, gemas, pólen e

outros tipos de materiais obtidos por diferentes técnicas biotecnológicas (Engelmann,

2004).

Tal conjunto de técnicas é o que tem mostrado maior eficiência quanto à

conservação de germoplasma vegetal a longo prazo. Tais técnicas asseguram a

conservação do material biológico por tempo indeterminado, já que o metabolismo celular

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fica tão reduzido que a deterioração biológica é praticamente paralisada. Deste modo as

características fisiológicas do material se mantem após o descongelamento (Bajaj, 1995).

Além da redução de espaço no armazenamento do material e do tempo de

preservação indeterminado, há vantagens na criopreservação relacionadas à redução dos

custos associados à manutenção de coleções in vivo. Apesar dos custos variarem quanto à

espécie, métodos e reagentes, no geral a criopreservação é o conjunto de métodos com

menores custos de manutenção à longo prazo (Li & Pritchard, 2009) .

O principal desafio para o criobiologista é conseguir congelar a amostra

evitando que a água forme cristais de gelo. Estes cristais provocam a ruptura do sistema de

membranas celulares, resultando em perda da semi-permeabilidade e da compartimentação

celular. Em consequência disso, as células entram em colapso e morrem. Da mesma forma,

o descongelamento deve ser conduzido de forma criteriosa, evitando-se ao máximo as

condições para a formação de cristais de gelo no interior das células. Segundo Karlsson

(2001), processos inadequados de descongelamento causam na maioria das vezes, danos às

células e tecidos criopreservados. O autor supõe que estas injúrias sejam resultantes do

processo de desvitrificação (passagem de água do estado vítreo ou amorfo para o estado

líquido) do conteúdo citosólico, o que leva à formação e ao crescimento de cristais de gelo

no interior das células; A maioria dos protocolos de descongelamento são realizados por

meio da rápida imersão das amostras congeladas em banho de água mantido a 40ºC. Desta

forma, não existe tempo para a recristalização do gelo, evitando assim as injúrias

provocadas à membrana celular.

Volk (2010) estudou o envolvimento de genes-chave que controlam a

tolerância ao frio e congelamento. Dos genes identificados por meio de chips de

microarrays, 299 genes foram induzidos por situações de dessecação, 54 genes foram

induzidos pelo frio, e 245 genes foram induzidos por ácido abscísico. Estes resultados

indicam também que espécies de clima temperado, por possuírem certa tolerância ao frio,

são mais propensas à criopreservação. Assim, técnicas de genômica e proteômica são

fundamentais no estudo da criobiologia, o que pode elucidar trabalhos em que a

criopreservação não tem dado resultados satisfatórios para espécies tropicais.

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2.3.2.1 Breve histórico

Entende-se por criobiologia o ramo da ciência que estuda o comportamento

celular perante baixas temperaturas as quais podem variar de condições hipotérmicas

moderadas até temperaturas criogênicas. Sua história remonta à antiguidade por volta de

2500 a.C. pelos egípcios, sendo seu uso aprimorado na Grécia antiga onde inclusive, o uso

do frio foi recomendado por Hipócrates para estancar hemorragias e inchaços. Polg et al.

(1949) foram os primeiros à criopreservar sêmen de touro utilizando glicerol. Este último

se caracteriza como solução crioprotetora, a qual foi desenvolvida durante as suas

tentativas para preservar espermatozoides de aves. Crioprotetores são substâncias que

agem na blindagem da célula durante o período de imersão em baixas temperaturas,

prevenindo a formação de gelo no simplasto e possíveis danos causados pela desidratação

(Fahy et al., 1987). Mais tarde, Loverlock & Bishop (1959) descreveram a utilização do

dimetilsulfóxido (DMSO) como agente crioprotetor, cujas características conferem maior

permeabilidade a vários tipos de células em relação ao glicerol. Esses dois relatos foram

fundamentais para identificar elementos chaves que desempenhariam um papel crucial no

progresso da criopreservação, como a necessidade de utilização de agentes crioprotetores,

o processo pelo qual as células poderiam ser expostas à tais agentes, e ainda, a maneira de

como descongelar o material (Castro et al., 2011).

Contudo, a criopreservação vegetal progrediu a passos lentos se comparada

com os trabalhos envolvendo tecidos animais, principalmente de mamíferos, pois somente

em dez anos depois Sakai (1960) relatou a sobrevivência de tecidos vegetais quando

expostos à temperaturas ultrabaixas. Ele utilizou brotos de amoreira desidratados,

criopreservou em nitrogênio líquido e demonstrou a viabilidade do tecido vegetal após o

descongelamento. Quase uma década depois, Latta (1971) publicou o primeiro protocolo

de criopreservação vegetal o qual implementou, posteriormente, os chamados métodos

clássicos de criopreservação com o uso do congelamento lento, os quais predominaram até

meados da década de oitenta. A partir desta década, novas técnicas foram desenvolvidas

com o desenvolvimento de novos crioprotetores para diversos tipos de tecidos. Os testes

para controlar o congelamento celular de forma adequada foram feitos utilizando diversas

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27

substâncias crioprotetoras como sacarose, glucose, manitol, prolinas e polietilenglicol

(Gonzalez-Arnao et al., 2008).

2.3.2.2 Criopreservação de ápices

Apesar das sementes serem o material mais usado para a conservação (banco

de sementes) devido à simplicidade do método de armazenamento, em inúmeras espécies o

processo é inviabilizado pelo tamanho de suas sementes. Neste sentido, sugere-se a

criopreservação de ápices caulinares, já que existem diversos protocolos aplicáveis com

alta porcentagem de sucesso (Chang, 1999).

O bom desempenho do material em cultura de tecidos é um pré-requisito para a

criopreservação do ápice caulinar, uma vez que as células constituintes dos meristemas são

menos diferenciadas e possuem ploidia uniforme (comparado a tecidos maduros), a

organogenese sem a mediação da formação de calos seria um caminho geneticamente mais

estável. Além disso, depois dos embriões, as células de meristemas apicais possuem maior

capacidade de regenerar a planta inteira do que qualquer outro tecido (Reed et al., 2011).

2.3.2.3 Principais métodos usados em criopreservação

A criobiologia alcançou grande progresso nos últimos dez anos com o

desenvolvimento de diversos protocolos de criopreservação para numerosas espécies de

plantas de propagação vegetativa, cereais, gramíneas, plantas ornamentais, frutíferas

tropicais e temperadas, entre outras (Santos, 2001). Para cada grupo, usa-se uma técnica

diferente, tendo em vista o tipo de material a ser criopreservado. Um exemplo pode ser

dado para sementes ortodoxas, as quais, pelo fato de resistirem à desidratação, podem ser

criopreservadas sem qualquer tratamento, o que não vale para a maioria dos materiais

empregados em experimentação (calos, meristemas, sementes recalcitrantes, entre outros),

os quais possuem quantidade elevada de água em seus tecidos (Reed et al., 2011).

Segundo Carvalho & Vidal (2003), os métodos de criopreservação podem ser

desdobrados nas seguintes etapas: pré-crescimento, crioproteção, resfriamento,

armazenamento, descongelamento e regeneração.

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- Pré-crescimento: fase preparatória, em que se fornece à cultura condições para tolerância

ao congelamento. Envolve suplementação de compostos osmoticamente ativos ao meio,

além de outras substâncias;

- Crioproteção: aplicação de um ou mais compostos que permitam à célula tolerar as

mudanças físicas e químicas relacionadas ao congelamento e descongelamento;

- Resfriamento (congelamento): pode ser feito de forma lenta ou rápida.

- Armazenamento: feito em botijões ou tanques criogênicos contendo nitrogênio, mantendo

as espécies a -196 ºC (na fase líquida) ou -150 ºC (na fase de vapor);

- Descongelamento: tão importante quanto a fase de resfriamento. Deve ser feito

rapidamente para assegurar que durante o processo não haja possibilidade de

recristalização da água;

- Regeneração: reestabelecer o crescimento após a criopreservação. É uma das fases

críticas. Deve-se permitir a retomada dos processos metabólicos interrompidos pelo

congelamento com o mínimo distúrbio osmótico e físico.

O tratamento com agentes crioprotetores é de extrema importância, pois

suprimem o dano causado pelo congelamento ajudando a manter a resistência às injúrias

resultantes do processo. Contudo, independente do método empregado, a adição de um

agente crioprotetor representa um fator chave para o sucesso da criobiologia, sendo

indispensável sua presença, principalmente se tratando de materiais que possuam elevada

quantidade de água no interior celular (Castro et al., 2011). Em geral, o agente crioprotetor

mais utilizado é o DMSO, embora haja indícios de efeitos fisiológicos deletérios quando

inserido em concentrações que se tornam tóxicas para a célula. Testes devem ser feitos

para descobrir, em cada material, a concentração de DMSO mais eficiente e menos tóxica

(Fahy, 1986).

2.3.2.3.1Congelamento lento

O congelamento lento, como o próprio nome diz, consiste em congelar o

material lentamente. Foi muito utilizado até meados da década de oitenta, sendo

atualmente um método pouco utilizado. Ele se constitui de três fases: tratamento com

crioprotetores, diminuição da temperatura até o pré-congelamento (-30ºC a -40ºC) à uma

velocidade definida (-1ºC a -10ºC/hora) usando-se um congelador programável, seguido de

imersão direta em nitrogênio líquido (Figura 2.5). Esse método foi baseado nos eventos

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fisico-químicos que ocorrem durante o processo de congelamento em condições naturais,

os quais foram descritos por Mazur (1963). À medida que a temperatura é reduzida, uma

quantidade crescente de solução extracelular é convertida em gelo, permamecendo o meio

intracelular super-resfriado (supercooling) resultando assim, na concentração de solutos

dentro da célula.

Em condições ótimas, a maioria ou toda a água congelável intracelular é

removida, reduzindo ou evitando a formação de cristais de gelo na imersão posterior da

amostra em nitrogênio líquido. Como resultado, a célula perde turgor e o potencial hídrico

das células parcialmente desidratadas iguala-se ao meio extracelular congelado. No

entanto, como foi dito anteriormente, o congelamento intenso com desidratação induzida

pode incorrer em eventos prejudiciais devido à concentração de sais intracelulares e

alterações na mebrana celular (Engelmann, 2004). Isso leva ao seu rompimento, o que é

causado por congelamento feito de modo errôneo, ou seja, muito rápido. Nesta situação, a

desidratação é comprometida, o que explica a formação de cristais no interior da célula,

assim como o rompimento da membrana com injúria mecânica celular (Normah et al.,

2011).

Figura 2.5: Diagrama mostrando as diferentes etapas do congelamento lento. Tratamento

com crioprotetores, decréscimo da temperatura até o pré-congelamento a uma

velocidade definida e imersão em nitrogênio liquido. Também estão indicadas

as etapas do processo de descongelamento e recuperação do material

preservado (Santos, 2001).

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2.3.2.3.2 Vitrificação

Vitrificação é um conjunto de técnicas contemporâneas que se baseiam no fato

de um tecido poder ser congelado rapidamente, processo em que a água passa de uma fase

líquida para um estado amorfo, ou "estado de vidro". Esta fase se caracteriza pela formação

de solutos no interior celular. Com isso, o interior celular torna-se tão denso que impede

que cristais de gelo se formem após a imersão em nitrogênio líquido. Assim, ao contrário

do congelamento lento, este conjunto de métodos se caracteriza por serem simples e

rápidos e nenhum equipamento sofisticado é necessário, principalmente em

criopreservação de sementes.

As soluções vitrificantes mais utilizadas em criopreservação de vegetais são:

PVS2 (Plant Vitrification Solution nº 2) e PVS3 (Plant Vitrification Solution nº 3). A

primeira é constituída por meio MS suplementado com 0.4 M sacarose, 30% (v/v) glicerol,

15% (v/v) etilenoglicol e 15% (v/v) dimetilsulfóxido (DMSO). Já a PVS3 é constituída

40% (v/v) de glicerol e 40% (v/v) de sacarose no meio de cultura (Sakai & Engelmann,

2007; Volk, 2010).

2.3.2.3.3 Encapsulamento-desidratação

Nos últimos anos, tem sido desenvolvidas várias técnicas de vitrificação, que

podem ser aplicadas aos mais diferentes tecidos. A vitrificação permite o congelamento de

explantes dentro de um período de tempo bem curto. No entanto, quando se trabalha com

um número grande de amostras de pequenos explantes (como meristemas apicais), torna-se

complicada a sua manipulação.

A técnica de encapsulamento-desidratação é relativamente nova, e foi

desenvolvida por Fabre & Dereuddre (1990). Este processo possui esta denominação por

basear-se na tecnologia de sementes artificiais e tem como característica a aplicação mais

trabalhosa em comparação com a vitrificação. No entanto, ao se trabalhar com explantes

menores, tais como embriões ou ápices caulinares, as unidades encapsuláveis se tornam

mais fáceis de manipular, graças ao tamanho relativamente grande das cápsulas de alginato

(Sakai & Engelmann, 2007). As cápsulas serão utilizadas como sementes sintéticas e a

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matriz polimérica que circunda o explante também ajuda na regeneração do tecido,

atuando como “endosperma” sintético (Figura 2.6).

Figura 2.6. A: Ápices caulinares de Eugenia dysenterica encapsulados com meio MS

suplementado com alginato de cálcio, sacarose, glicerol e 4,44μM de 6-

Benzilaminopurina. B: Detalhe dos ápices caulinares encapsulados.

Seu procedimento consiste inicialmente em misturar as unidades encapsuláveis

(meristemas), em condições totais de assepsia, à matriz de encapsulamento com alginato de

sódio. Posteriormente, com o auxílio de uma pipeta automática e uma ponteira autoclavada

(ou pipeta de Pasteur), os propágulos são individualmente resgatados juntamente com uma

alíquota de endosperma sintético, e gotejados em solução de cloreto de cálcio para

complexação (formação da cápsula). Passado determinado tempo, as cápsulas são

submetidas à lavagem em água destilada e autoclavada para a retirada do excesso de

cloreto de cálcio (Scherwinski-Pereira & Costa, 2010), e, em seguida, as sementes

sintéticas podem ser armazenadas em salas de crescimento, ou submetidas à

criopreservação, utilizando-se tratamentos de osmoproteção com sacarose e dessecação em

câmara de fluxo laminar ou sílica gel (Figura 2.7). Um outro diferencial desta técnica se dá

no fato de não se utilizar DMSO, pois como já foi dito, elimina-se a possibilidade de danos

causados pelo efeito tóxico deste composto (Fahy, 1986).

A técnica de criopreservação por encapsulamento-desidratação vem sendo

aplicada com relativo sucesso tanto em espécies cultivadas quanto em espécies selvagens.

González-Benito et al. (1997) utilizaram segmentos nodais encapsulados de Centaurium

rigualii para criopreservação, observando-se regeneração de 70% dos explantes pós-

criopreservados, o que é considerada uma porcentagem alta. No entanto, vale ressaltar que

A B

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estas porcentagens podem variar de espécie para espécie e mesmo dentre genótipos da

mesma espécie. Um exemplo disso foi o trabalho de Barraco et al. (2011) que

comprovaram diferenças na regeneração de duas variedades de Saccharum spp. pós-

criopreservadas, o que variou de 27% até 60%. Estudo semelhante foi conduzido por Melo

(2008), no entanto, a regeneração dos ápices caulinares foi nula, o que abre muitos campos

de estudos, pois, no processo de criopreservação muitas variáveis interferem em todo o

processo, tal como quantidade e tipo de crioprotetor, método de descongelamento, entre

outras.

Figura 2.7. Representação geral dos procedimentos necessários à produção de sementes

sintéticas utilizando a técnica de encapsulamento-desidratação por alginato de

sódio. As setas largas indicam os eventos que ocorrem durante as etapas de

complexação e descomplexação (Scherwinski-Pereira & Costa, 2010).

Além do encapsulamento-desidratação outros protocolos envolvendo a

tecnologia de sementes sintéticas tem sido desenvolvidos. Dentre eles, cita-se o

encapsulamento-vitrificação e cápsula de dupla camada (hollow beads). A primeira técnica

se baseia no fato de se utilizar dessecação química das sementes sintéticas produzidas, ao

invés de dessecação em câmara de fluxo laminar (Sakai & Engelmann, 2007). Já a segunda

técnica, proposta por Nyende et al. (2003), consiste basicamente na confecção das cápsulas

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com alginato de cálcio e carboximetilcelulose. Este método, apesar de mais complexo, tem

a vantagem da superfície da cápsula ser sólida, enquanto a região central permanece

líquida, assim, o explante permanece na região central da semente sintética.

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3 CAPÍTULO 01: MICROPROPAGAÇÃO DE Eugenia dysenterica

(Mart.) DC. POR SISTEMA HETEROTRÓFICO E

MIXOTRÓFICO

RESUMO

Sistemas convencionais de micropropagação, geralmente usam meios de cultura

suplementados com sacarose e frascos totalmente vedados. Este sistema é denominado

heterotófico pois os carboidratos exógenos são a única fonte de energia para o vegetal.

Sistemas mixotróficos, embora continuem adicionando sacarose ao meio, possuem o

diferencial de permitir trocas gasosas entre o meio interno e externo do frasco de

cultura. Esta ventilação traz inúmeras vantagens ao crescimento vegetal in vitro, vantagens

estas relacionadas por exemplo ao melhor desenvolvimento de folhas. O objetivo deste do

trabalho foi comparar o sistema heterotrófico de propagação in vitro de Eugenia

dysenterica (Mart.) DC. com um sistema mixotrófico. Explantes oriundos de plantas

assépticas foram inoculados em tubos de ensaio com ou sem troca gasosa em meio WPM

suplementado com 0,00μΜ, 0,54μM, 2,69μM, e 5,37μM, e ANA, e, 0,00μM,

4,44μM, 11,10μM, e 17,76μM de BAP em todas as combinações possíveis. Foi

considerada a posição dos explantes na planta-mãe, identificando gemas mais próximas à

raíz ou ao ápice. Também foi determinado a concentração de clorofilas e carotenóides

em folhas oriundas do sistema heterotrófico e sistema mixotrófico. O enraizamento foi

procedido em meio WPM suplementado com AIB à 0,00μM, 9,84μM, 19,68μM, e

29,52μM. O sistema de trocas gasosas se mostrou superior quanto ao número de

folhas e taxa de fotossíntese, em comparação com o sistema heterotrófico, no entanto,

com médias menores em relação a altura de brotos. Gemas mais lignificadas e mais

próximas à raíz tiveram melhores resultados. O sistema mixotrófico apresentou

resultados levemente melhores em relação ao sistema heterotrófico. Apesar do baixo

enraizamento, o melhor tratamento nos sistemas heterotrófico e mixotrófico foi de 29,52

μM de AIB, com 33,33% de mudas enraizadas para o primeiro, e, 16,66% para o segundo.

A aclimatização foi procedida com sucesso em ambos os sistemas, com 70% de

sobrevivência após noventa dias de aclimatização, no entanto, plantas oriundas do sistema

mixotrófico apresentam maior vigor em comparação com plantas do sistema heterotrófico.

Palavras-chave: Micropropagação, sistema heterotrófico, sistema mixotrófico, cagaiteira.

ABSTRACT

MICROPROPAGATION OF Eugenia dysenterica (Mart.) DC. IN HETEROTROPHIC

AND MIXOTROPHIC SYSTEMS

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35

Conventional micropropagation systems often use culture media supplemented with

sucrose and fully sealed bottles. This system is called heterotófico because exogenous

carbohydrates are the only source of energy for the plant. Mixotróficos systems, although

still adding sucrose in half, have the differential to allow gas exchange between the internal

and external environment of the culture flask. This ventilation brings many benefits to

plant growth in vitro, these advantages related for example to better develop leaves. The

objective of this work was to compare the heterotrophic system in vitro propagation of

Eugenia dysenterica (Mart.) DC. with a mixotrófico system. Explants derived from aseptic

plants were inoculated in tubes with or without gas exchange in WPM medium

supplemented with 0,00μΜ, 0,54μM, 2,69μM, and 5,37μM, and ANA, and 0,00μM,

4,44μM , 11,10μM and 17,76μM BAP in all possible combinations. Was considered the

position of the explants in the mother plant, identifying closest to the root or the apex

gems. It was also determined the concentration of chlorophylls and carotenoids in leaves

derived from the heterotrophic system and mixotrófico system. Rooting was carried in

WPM medium supplemented with IBA to 0,00μM, 9,84μM, 19,68μM, and 29,52μM. The

gas exchange system was superior to the number of leaves and photosynthesis rate

compared with heterotrophic system, however, with smaller sized relative to the length of

sprouts. More lignified and closer to the root buds had better results. The mixotrófico

system showed slightly better results than the heterotrophic system. Despite the low

rooting, the best treatment in heterotrophic and mixotrófico systems was 29.52 mM of

IBA, with 33.33% of rooted cuttings for the first, and 16.66% for the second.

Acclimatization was performed successfully on both systems, with 70% survival after

ninety days' acclimatization, however, mixotrófico plants from the present system in

comparison to most existing systems the heterotrophic plants.

Key-words: micropropagation, heterotrophic system, mixotrophic system, cagaiteira.

3.1 INTRODUÇÃO

Eugênia dysenterica (Mart.) DC. é uma espécie frutífera arbórea que ocorre em

regiões de Cerrado e possui potencial de uso econômico. Conhecida popularmente como

cagaita ou cagaiteira, seu principal uso se dá na forma de seus subprodutos, tais como

sorvetes, doces e sucos (Avidos & Ferreira, 2000). A espécie também possui propriedades

medicinais, como laxante no consumo dos frutos, antidiarreicas no consumo do extrato de

folhas, dentre outras (Lima et al., 2010a; Lima et al., 2010b; Souza et al., 2012).

O fruto de E. dysenterica possui teores de vitaminas do complexo B, tais como

as vitaminas B1 e B2, equivalentes ou superiores aos encontrados em frutas como o

abacate, a banana e a goiaba, tradicionalmente consideradas como boas fontes destas

vitaminas (Agostini-Costa & Vieira, 2004). O consumo do fruto (aproximadamente 100

gramas por dia) contribui significativamente para fornecer as necessidades diárias de

vitamina C (em média, 71,0%), vitamina A (em média de 7,5%), e folatos (em média de

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7,9%) (Cardoso et al., 2011). O folato sanguíneo, o ferro e a vitamina B2 têm fundamental

importância para o corpo humano, participando de reações indispensáveis à formação de

novos tecidos, e, em mulheres em fase gestacional, a suplementação vitamínica contendo

folato pode reduzir taxas de ocorrência de defeitos de tubo neural do feto (Thame et al.,

1998).

Pela recalcitrância das sementes (Andrade et al., 2003), se tornam necessários

aprimoramentos em protocolos de propagação vegetativa da espécie, como forma de

garantir a multiplicação do material vegetal em qualquer época do ano. A utilização da

propagação vegetativa de espécies florestais se justifica quando se trabalha com espécies

de alta produtividade e qualidade, os quais produzam sementes em quantidades

insuficientes, sementes de difícil armazenamento, com baixo poder germinativo, ou

híbridos estéreis (Ferreira & Santos, 1997). Nesse sentido é importante desenvolver

esforços para aprimorar métodos de propagação existentes, no sentido de

estabelecer/adaptar protocolos que permitam o melhor aproveitamento do material

genético selecionado (Ferrari et al., 2004).

A micropropagação é uma técnica que proporciona produção de mudas em

larga escala livres de patógenos. Martin (1985) apontou vantagens no que ele chamou de

"técnicas de melhoramento in vitro", as quais se bem aplicadas, resultam em indivíduos

uniformes e muito semelhantes aos provenientes de sementes, o que pode chegar a mil

vezes mais produtividade quando comparadas a técnicas convencionais de propagação.

Entretanto, a aplicação da micropropagação convencional em plantas lenhosas ainda é

limitada pelo alto custo de produção, que são em grande parte devido a taxas de

crescimento relativamente baixas, perdas significativas devido à contaminação, falta de

enraizamento e baixas percentagens de sobrevivência de plantas in vitro após a

transferência para ex vitro (Kozai & Kubota, 2001).

No sistema de micropropagação convencional chamado heterotrófico, as

mudas são armazenadas em frascos lacrados com baixa intensidade luminosa e nenhuma

ventilação interna. Plantas cultivadas sob tal regime possuem várias desordens

morfológicas ocasionadas pela alta umidade relativa e acúmulo de gases no interior dos

frascos, o que produz estômatos disformes, hiperhidricidade, folhas reduzidas, morte

prematura de explantes, e consequentemente, perdas elevadas na aclimatização (Kozai &

Kubota, 2005; Hazarika, 2006). Tal sistema é justificado pelo fato de se evitar ou anular as

perdas por contaminação do meio de cultura em razão da adição exógena de sacarose,

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muitas vezes em altas concentrações, o que é contestado em vários trabalhos (Nguyen et

al., 1999; Rahman & Alsadon, 2007; Damiani & Schuch, 2009).

Já no sistema mixotrófico, a fonte de carbono é mantida, no entanto, adiciona-

se ao sistema a ventilação dos frascos, melhorando a taxa de transpiração e

consequentemente a absorção de nutriente. Sabe-se também que as taxas de fotossíntese

podem ser aumentadas e significativamente promovida pelo aumento das concentrações de

CO2 e pelo descréscimo da umidade relativa no recipiente de cultura. (Chun & Kozai,

2001; Kozai & Kubota, 2005).

Silva (2012) em estudo sobre o estabelecimento in vitro de E. dysenterica,

obteve resultados satisfatórios quanto à assepsia de sementes e germinação, no entanto,

sugere maiores estudos quanto à brotação e principalmete enraizamento. Tendo em vista o

desmatamento desenfreado do domínio Cerrado, assim como a necessidade do

aprimoramento de técnicas de micropropagação para a espécie, este trabalho teve como

objetivo o desenvolvimento de um protocolo de micropropagação de E. dysenterica em

sistema heterotrófico e mixitrófico, visando a melhor qualidade das mudas produzidas.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 Assepsia de sementes e germinação

Frutos de E. dysenterica (Mart.) DC. foram coletados no mês de outubro de

2013 na Coleção de Espécies frutíferas do Cerrado da Escola de Agronomia da

Universidade Federal de Goiás. Quinhentas sementes foram retiradas dos frutos após a

coleta, lavadas e colocadas sobre papel absorvente por dois dias a fim de eliminar o

excesso de umidade. O tegumento das sementes foi retirado com o auxílio de bisturi

(Martinotto et al., 2007) e estas foram lavadas com detergente neutro e água corrente por

vinte minutos.

Para a descontaminação, as sementes foram colocadas em um frasco

esterilizado e levadas para câmara de fluxo laminar, onde foram imersas em álcool 70%

por um minuto. Após a retirada deste, as sementes foram colocadas em frasco esterilizado

com uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% de cloro ativo por vinte minutos. Findado

o tempo, as sementes passaram por tríplice lavagem em água destilada e autoclavada

(Silva, 2012).

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Dada a descontaminação, as sementes foram inoculadas em tubos de ensaio

contendo 20 mL de meio WPM (Lloyd & Mccown, 1980) suplementado com 30% de

sacarose (p/v) e 2,5% (p/v) de Gelsan®, e mantidas em sala de crescimento com

temperatura de 25 ± 1ºC em condição luminosa de 22 µmol.m-2

.s-1

e fotoperíodo de 16 h

por no mínimo noventa dias e/ou até as plantas atingirem pelo menos 100 mm de altura

com no mínimo três gemas axilares.

3.2.2 Brotação

Foi realizado um experimento com tampa lacrada (sistema

heterotrófico/convencional) e outro idêntico, com tampas que permitem trocas gasosas

internas (sistema mixotrófico). O sistema de ventilação interna foi confeccionado segundo

Saldanha et al. (2012). Cada tampa continha um orifício de 5,0 mm, o qual foi coberto com

duas camadas de fita microporosa e uma camada de fita veda-rosca (fita PTFE). Em ambas

as tampas foram realizadas a vedação lateral com duas camadas de filme PVC (Figura 3.1).

Figura 3.1. A. Representação da membrana para ventilação (Saldanha et al., 2012). B. Seta

indica tampa com orifício de 5 mm coberto com membrana para ventilação e

lacrada somente nas laterais com filme PVC; O tubo de ensaio ao lado está

totalmente vedado, sem orifício, e com duas camadas de filme PVC.

Em condições assépticas, gemas axilares e apicais foram seccionadas com 0,5

mm de diâmetro e inoculadas em meio WPM suplementado com 30% de sacarose (p/v) e

seus tratamentos compostos por concentrações de ácido α-naftaleno acético - ANA

(0,00μΜ, 0,54μΜ, 2,69μΜ, e 5,37μΜ), e 6-benzilaminopurina (BAP) (0,00μM, 4,44μΜ,

11,10μΜ, e 17,76μM) em todas as suas combinações possíveis com trinta e duas

repetições.

A B

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39

Também foi considerada a juvenilidade do tecido dentro de cada combinação

de ANA e BAP, em que se identificou a posição das gemas nas plantas em relação à raiz e

ao ápice caulinar. Neste sentido, cada tipo de gema resultou em oito repetições. A

descrição do tipo de gema é dada a seguir:

1- Gemas axilares próximas à raiz;

2- Gemas axilares em posição intermediária à raiz e ao ápice caulinar;

3- Gemas axilares mais próximas ao ápice caulinar;

4- Ápice caulinar;

Os tubos de ensaio contendo os explantes foram mantidos em sala de

crescimento com temperatura de 25 ± 1ºC em condição luminosa de 22 µmol.m-2

.s-1

e

fotoperíodo de 16 h, durante três meses. O meio de cultura com os respectivos

tratamentos foi substituído a cada quarenta e cinco dias. A avaliação foi realizada a cada 30

dias e as variáveis analisadas foram altura do maior broto, número de brotos e número de

folhas. Ao se avaliar a altura do maior broto em gemas axilares, foi considerado o tamanho

total do maior broto saindo diretamente das gemas. Já no caso de ápices caulinares, a

mensuração foi pelo tamanho total do broto, diminuído o valor de 5,0 mm de diâmetro, já

que as gemas possuíam este tamanho original, de forma que se avaliou somente o

crescimento resultante.

3.2.3 Determinação dos teores de clorofilas e carotenoides

Dez folhas provenientes do melhor tratamento de cada tipo de vedação foram

utilizadas para a extração de clorofilas e carotenóides. As folhas foram fragmentadas e

pesadas, até atingirem 150 mg em cada tipo de sistema, se heterotrófico ou mixotrófico.

Em seguida, estas foram colocadas em eppendorfs e foi acrescentado 1,5 mL de acetona

em cada frasco. Estes foram mantidos em agitação durante vinte e quatro horas em baixa

temperatura, e, findado o tempo, as soluções cetônicas foram retiradas e a absorbância

determinada em espectrofotômetro segundo Lichtenthaler (1987).

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40

3.2.5 Enraizamento e aclimatização

Para enraizamento foram utilizados brotos com pelo menos 20 mm de altura e

no mínimo duas folhas, com 30 repetições de cada tipo de sistema, se heterotrófico ou

mixotrófico. Cada broto foi seccionado na base e inoculado em tubos de ensaio com meio

WPM (Lloyd & Mccown, 1980) suplementado com 30% de sacarose (p/v) e 2,5 % (p/v) de

Gelsan® por 30 dias. Dado este tempo, os brotos foram transferidos para tubos de ensaio

(capacidade de 100 mL) contendo 50 mL de meio WPM suplementado com 30% de

sacarose (p/v) e 2,5 % (p/v) de Gelsan® e seus respectivos tratamentos compostos por

quatro concentrações de ácido indol-butírico - AIB (0,00μM, 9,84μm, 19,68μM, e

29,52μM).

Os brotos foram mantidos em salas de crescimento por noventa dias. A

avaliação foi realizada a cada 30 dias e avaliando-se o a porcentagem de enraizamento

dentro de cada tratamento. Em todas as etapas os brotos mantiveram-se em seu respectivo

sistema (heterotrófico ou mixotrófico) até o enraizamento. Após a formação de raízes, as

mudas foram identificadas e levadas à aclimatização.

Para a aclimatização, foram utilizadas oito mudas de cada sistema

(heterotrófico ou mixotrófico) com pelo menos duas folhas bem formadas e raízes de pelo

menos 40 mm. As mudas foram retiradas dos tubos de ensaio, lavadas com água destilada,

colocadas em substrato próprio sugerido por Oliveira et al. (2012), e mantidas em estufa

por 90 dias. A avaliação foi procedida analisando a porcentagem de sobrevivência das

mudas.

3.2.4 Análise estatística

Os dados foram submetidos ao teste de permutação para a verificação do

melhor tratamento assim como a estatística descritiva. Em todos os experimentos foi

utilizado o software R - versão 3.1.2 (Team, 2014) e Minitab - versão 17 (Minitab, 2014)

para a análise dos dados.

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41

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Brotação

De forma geral, níveis mais altos de auxina adicionados ao meio de cultura

prejudicaram a brotação, principalmente nas variáveis número de brotos e número de

folhas, o que também foi observado no trabalho de Silva (2012). Segundo a autora, plantas

de E. dysenterica com baixo estatura e poucos brotos com níveis altos de auxina. Boa parte

das gemas com nível de auxina acima de 0,54μM não germinaram, o que prejudicou a

análise estatística no sentido da verificação das pressuposições da análise de variância

(Osborne, 2002). Mesmo após a transformação arco-seno, nenhuma das pressuposições foi

atendida (p-value < 0,01 em testes de D’agostino, Durbin-Watson, Tukey e Bartlett com

nível de significância α de 0,05), isto se deve ao fato tanto da presença excessiva de

observações de número zero, tanto pelo excesso de outliers na amostra (p-value < 0,0001

pelo teste de Grubbs com nível de significância α de 0,05). E. dysenterica, por ser

considerada uma espécie alógama não domesticada, possui grande variação genética

(Vilela et al., 2012), o que pode explicar a presença de outliers e falta de normalidade.

Assim, optou-se pelo uso da estatística descritiva, assim como por realizar o teste de

permutação de Fisher para comparar as médias dos tratamentos, já que este é um teste livre

de distribuições.

O melhor tratamento para a variável altura do maior broto nos dois sistemas foi

WPM suplementado com 4,44μM de BAP (Médias 25,07 mm para tampa sem ventilação e

16,56 mm para sistema com ventilação). Gemas do tipo 1 obtiveram melhor desempenho

(Figura 3.2), com médias 21 mm e 12 mm (sistema heterotrófico e mixotrófico

respectivamente).

A taxa de crescimento de E. dysenterica é considerada lenta em comparação

com outras espécies (Souza et al., 2002; Silveira et al., 2013). Provavelmente, plantas em

frascos com ventilação possuam a tendência de comportar-se de maneira semelhante às

condições normais de crescimento ex vitro, isto é, nestas condições, após um rápido e

vigoroso crescimento radicular, a parte aérea da espécie entra em estado de latência

durante pelo menos um ano, e, somente após este período, começa a crescer lentamente

(Silveira et al. (2013).

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42

Reed et al. (2011) afirmam que ápices caulinares são preferíveis em

micropropagação por vários motivos, dado que as células de meristemas apicais possuem

mais capacidade de regenerar a planta inteira do que qualquer outro tecido, com excessão

de embriões. Além do que, explantes juvenis no geral possuem melhor resposta de

regeneração em condições in vitro comparados à explantes longevos (Ahuja, 1992).

Corroborou-se com esta afirmação gemas submetidas ao sistema heterotrófico, no entanto,

isto não se aplicou ao sistema mixotrófico de E. dysenterica. Brotos provenientes de gemas

mais lignificadas apresentaram maior estatura, tanto nos sistemas heterotróficos quanto no

sistema mixotrófico. Isto pode ser explicado pelo fato das concentrações mais altas de

auxinas livres nos vegetais serem encontradas nos meristemas apicais da parte aérea e nas

folhas jovens, pois eles são os principais locais de biossíntese deste hormônio (Taiz &

Zeiger, 2004). Sendo assim, o balanço entre auxinas e citocininas endógenas e exógenas

pode ter provocado tal reação, e, soma-se ao fato de que no sistema com ventilação interna

os nutrientes e reguladores de crescimento foram mais bem absorvidos pela planta pela

melhor transpiração (Aitken-Christie et al., 1995).

Tabela 3.1. Dados de indução de brotação em Eugenia dysenterica com sistema

heterotrófico envolvendo quatro níveis de ácido naftaleno acético (ANA)

combinados a quatro níveis de 6-benzilaminopurina (BAP).

ANA

(μΜ)

BAP

(μΜ)

Altura do maior

broto ANA

(μΜ)

BAP

(μΜ)

Número de Brotos ANA

(μΜ)

BAP

(μΜ)

Número de

folhas

Média

(mm) Grupo Média Grupo Média Grupo

0,00 0,00 4,42 EF 0,00 0,00 0,94 CDE 0,00 0,00 0,00 B

0,00 4,44 25,07 A 0,00 4,44 2,20 ABCD 0,00 4,44 2,54 A

0,00 11,10 19,65 AB 0,00 11,10 1,93 ABCDE 0,00 11,10 0,72 B

0,00 17,76 13,85 BCDE 0,00 17,76 2,65 AB 0,00 17,76 0,73 B

0,54 0,00 6,29 DEF 0,54 0,00 0,95 BCDE 0,54 0,00 0,00 B

0,54 4,44 15,11 BCD 0,54 4,44 2,35 ABCD 0,54 4,44 0,84 B

0,54 11,10 11,67 BCDEF 0,54 11,10 2,69 AB 0,54 11,10 0,72 B

0,54 17,76 12,88 BCDE 0,54 17,76 2,55 ABC 0,54 17,76 0,64 B

2,69 0,00 4,50 EF 2,69 0,00 0,80 DE 2,69 0,00 0,03 B

2,69 4,44 18,29 ABC 2,69 11,10 2,30 ABCD 2,69 4,44 0,57 B

2,69 11,10 11,30 BCDEF 2,69 4,44 1,94 ABCDE 2,69 11,10 0,33 B

2,69 17,76 11,55 BCDEF 2,69 17,76 2,89 A 2,69 17,76 0,37 B

5,37 0,00 2,45 F 5,37 0,00 0,45 E 5,37 0,00 0,00 B

5,37 4,44 8,92 CDEF 5,37 4,44 1,30 BCDE 5,37 4,44 0,11 B

5,37 11,10 12,09 BCDEF 5,37 11,10 2,03 ABCDE 5,37 11,10 0,06 B

5,37 17,76 11,47 BCDEF 5,37 17,76 1,63 ABCDE 5,37 17,76 0,00 B

Médias que não compartilham a letra "A" são significativamente diferentes pelo teste de permutação de Fisher a 95% de

probabilidade.

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Tabela 3.2. Dados de indução de brotação em Eugenia dysenterica com sistema

mixotrófico envolvendo quatro níveis de ácido naftaleno acético (ANA)

combinados a quatro níveis de 6-benzilaminopurina (BAP).

ANA

(μΜ)

BAP

(μΜ)

Altura do maior

broto ANA

(μΜ) BAP

Número de

Brotos ANA

(μΜ)

BAP

(μΜ)

Número de folhas

Média

(mm) Grupo Média Grupo Média Grupo

0,00 0,00 6,85 BCD 0,00 0,00 1,33 BC 0,00 0,00 0,63 E

0,00 4,44 16,57 A 0,00 4,44 1,67 BC 0,00 4,44 4,97 ABCD

0,00 11,10 12,67 AB 0,00 11,1 2,49 B 0,00 11,10 5,74 AB

0,00 17,76 12,52 AB 0,00 17,76 3,88 A 0,00 17,76 7,36 AB

0,54 0,00 4,00 CD 0,54 0,00 1,345 BC 0,54 0,00 0,35 E

0,54 4,44 11,89 AB 0,54 4,44 1,50 BC 0,54 4,44 2,39 BCDE

0,54 11,10 7,82 BCD 0,54 11,10 1,52 BC 0,54 11,10 2,39 BCDE

0,54 17,76 7,08 BCD 0,54 17,76 2,35 B 0,54 17,76 3,35 BCDE

2,69 0,00 2,74 CD 2,69 0,00 0,65 C 2,69 0,00 0,55 E

2,69 4,44 9,83 ABC 2,69 4,44 1,35 BC 2,69 4,44 2,07 CDE

2,69 11,10 12,65 AB 2,69 11,10 1,71 BC 2,69 11,10 5,15 ABC

2,69 17,76 8,66 BC 2,69 17,76 1,97 B 2,69 17,76 3,26 BCDE

5,37 0,00 1,71 CD 5,37 0,00 0,77 C 5,37 0,00 0,37 E

5,37 4,44 6,59 BCD 5,37 4,44 1,32 BC 5,37 4,44 1,12 E

5,37 11,10 7,74 BCD 5,37 11,10 1.31 BC 5,37 11,10 1,51 E

5,37 17,76 7.03 BCD 5,37 17,76 1,57 BC 5,37 17,76 1,86 DE

Médias que não compartilham a letra "A" são significativamente diferentes pelo teste de permutação de Fisher a 95% de

probabilidade.

Para a variável número de brotos o melhor nível de ANA e BAP em tampa

lacrada correspondeu ao tratamento com 2,69μM de ANA combinado à 17,76μM de BAP

(média 2,89 brotos). Apesar do melhor tipo de gema ser o do tipo 2 (posição

intermediária), não houve diferenças significativas para gemas 1, 2 e 3. Apenas em gemas

do tipo 4 observou-se tais diferenças, porém com média inferior (Figura 3.3). Já para

tampa com ventilação, os melhores tratamentos corresponderam à 17,76μM de BAP e

gemas do tipo 1 e 3 (Figura 3.3), entre as quais não foram observadas diferenças

significativas (p-value 0,28774).

Para a variável número de folhas o melhor tratamento para o sistema

heterotrófico correspondeu à 4,44μM de BAP com média geral de 2,54 folhas por planta.

Não foram encontradas diferenças significativas para o fator tipo de gema nesta variável

apesar de gemas do tipo 4 possuírem maior média (2,81 folhas) (Figura 3.4). Já no sistema

mixotrófico os melhores tratamentos corresponderam à WPM suplementado com 11,10μM

de BAP (média de 5,74 folhas) e 17,76μM de BAP (média de 7,36 folhas), tratamentos

estes em que não foram observadas diferenças significativas (p-value=0,89368) (Figura

3.4). Também não foram encontradas diferenças significativas para o fator tipo de gema,

apesar de gemas do tipo 3 apresentarem maior média (9,2 folhas).

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44

Figura 3.2. Média da altura do maior broto versus níveis de ácido α-naftaleno acético

(ANA) e 6-benzilaminopurina (BAP). Gema 1 - Gemas axilares próximas à

raiz, mais lignificadas; Gema 2 - Gemas axilares em posição intermediária à

raiz e ao ápice caulinar, com lignificação intermediária; Gema 3 - Gemas

axilares mais próximas ao ápice caulinar, com menor lignificação; Gema 4 -

Ápice caulinar, com menor lignificação. A, C, E e G: Sistema heterotrófico. B,

D, F e H: Sistema mixotrófico.

A B

C D

E F

G H

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45

Figura 3.3. Média do número de brotos versus níveis de ácido α-naftaleno acético

(ANA) e 6-benzilaminopurina (BAP). Gema 1 - Gemas axilares próximas à

raiz, mais lignificadas; Gema 2 - Gemas axilares em posição intermediária à

raiz e ao ápice caulinar, com lignificação intermediária; Gema 3 - Gemas

axilares mais próximas ao ápice caulinar, com menor lignificação; Gema 4 -

Ápice caulinar, com menor lignificação. A, C, E e G: Sistema heterotrófico.

B, D, F e H: Sistema mixotrófico.

A

C

B

E

D

F

G H

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Figura 3.4. Média do número de folhas versus níveis de ácido α-naftaleno acético (ANA) e

6-benzilaminopurina (BAP).Gema 1 - Gemas axilares próximas à raiz, mais

lignificadas; Gema 2 - Gemas axilares em posição intermediária à raiz e ao

ápice caulinar, com lignificação intermediária; Gema 3 - Gemas axilares mais

próximas ao ápice caulinar, com menor lignificação; Gema 4 - Ápice caulinar,

com menor lignificação. A, C, E e G: Sistema heterotrófico. B, D, F e H:

Sistema fotomixotrófico.

A B

C

E

D

F

G H

E

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No sistema heterotrófico, observaram-se folhas reduzidas ou ausentes na maior

parte dos explantes, representando 88,49% do total de gemas inoculadas. Já no sistema

mixotrófico, houve um aumento de 546,48% no número geral de folhas, principalmente

nos tratamentos em que ANA estava ausente.

No sistema com ventilação foram observadas necroses na ponta das folhas

(Figura 3.5). Mesmo feita a troca do meio cultura a cada quarenta e cinco dias, ainda assim

observou-se o ressecamento deste. Por este motivo, provavelmente a absorção dos

nutrientes foi dificultada, resultando a necrose foliar. Espécies arbóreas e outras de

crescimento mais lento apresentam melhor desenvolvimento em meios de cultura com

menores níveis de salinidade tal como o meio WPM (Lloyd & Mccown, 1980; Ahuja,

1992). Caso este meio esteja ressecado, também pode ocorrer dificuldade na absorção dos

nutrientes.

Figura 3.5: Brotos de Eugenia dysenterica com quarenta e cinco dias, oriundos de sistema

de troca gasosa, e concentração de reguladores de crescimento de 0,54μM de

ácido α-naftaleno acético (ANA). (Esquerda) Broto oriundo de ápice caulinar

apresentando o desenvolvimento de raiz; (Direita) Broto apresentando maiores

necroses nas pontas das folhas, promovidas provavelmente por deficiência

nutricional e pelo ressecamento do meio de cultura.

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Em ambos os sistemas, houve o desenvolvimento de raízes em alguns

explantes. No sistema heterotrófico foram observados treze brotos com raiz (n=530), e, no

sistema mixotrófico vinte e seis brotos com raiz (n=530). Ainda sobre este último, somente

os tratamentos constituídos por ANA sem adição de BAP observou-se a presença de raízes,

enquanto que no sistema sem ventilação interna, plantas enraizaram mesmo na presença de

BAP combinado à ANA.

3.3.2 Determinação de clorofilas e carotenoides

O sistema mixotrófico foi levemente superior na produção de pigmentos de

clorofila (Tabela 3.4), representando 7,67% a mais nos teores de clorofila A e 5,04% a

mais em teores de clorofila B. Porém, os teores de carotenoides e xantofilas deste sistema

foram menores, representando 17,92% a menos que no sistema heterotrófico.

Tabela 3.4. Teores de clorofilas, carotenoides e xantofilas comparando-se uma amostra de

sete plantas provenientes de sistema heterotrófico e sete plantas provenientes

de sistema mixotrófico.

Tipo de sistema Clorofila A Clorofila B Carotenóides e

xantofilas

Sistema heterotrófico 1392,53 μg/mL 2249,78 μg/mL 202,35 μg/mL

Sistema mixotrófico 1508,21 μg/mL 2369,21 μg/mL 166,09 μg/mL

Outra explicação para a diferença de desenvolvimento dos brotos entre os dois

sistemas seria a taxa de transpiração. Em frascos sem troca gasosa foi observada alta

umidade relativa, caracterizado por gotículas condensadas em seu interior, o que não foi

observado em frascos com troca gasosa. Aitken-Christie et al. (1995) argumentam que

quanto à cultura in vitro, o decréscimo na umidade relativa com a maior troca gasosa no

frasco aumenta significativamente a taxa de transpiração da planta e consequentemente, a

absorção de água e de nutrientes. Isto foi corroborado por Cha-Um et al. (2010) que

avaliaram brotos de Phalaenopsis ssp., aclimatizados sob diferentes temperaturas e UR.

Plântulas aclimatizadas sob baixa temperatura e baixa UR tiveram maiores médias de

comprimento, condutância estomática menor, aumento da taxa fotossintética líquida e

melhor desempenho no crescimento.

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49

3.3.4 Enraizamento e aclimatização

O melhor tratamento para enraizamento foi de 29,52μM de AIB, com 33,33%

de brotos com raízes no sistema heterotrófico e 16,66% de brotos com raízes no sistema

mixotrófico (Tabela 3.5). Após trinta dias iniciou-se a fase de elongamento, observando-se

raízes menores e mais espessas em comparação com raízes de plantas oriundas de semente

(Figura 3.6 A e B). No sistema heterotrófico, três mudas oriundas do tratamento controle

(WPM sem adição de reguladores de crescimento) desenvolveram raízes, e um broto de

cada tratamento desenvolveram callus em sua base (Figura 3.6-D). Apesar do baixo

enraizamento, em todas as mudas do sistema mixotrófico foram observadas raízes

adventícias, o que não ocorreu no sistema heterotrófico (Figura 3.6-C).

Tabela 3.5. Porcentagem de enraizamento de brotos de Eugenia dysenterica sob quatro

concentrações de ácido indol-butírico (AIB). AIB

(μM)

Sistema

heterotrófico

Sistema

mixotrófico

0,00 10% 0,00%

9,84 0,00% 6,66%

19,68 0,00% 0,00%

29,52 33,33% 16,66%

Espécies arbóreas, no geral, respondem com baixas taxas de enraizamento a

tratamentos in vitro (Kozai & Kubota, 2001). Além disso, algumas espécies expostas à

ação de auxina exógena têm o nível de ácido indol acético (AIA) endógeno elevado, mas

que decresce antes da formação das raízes, o que dificulta ou impossibilita o enraizamento

(Ford et al., 2002).

Silva (2012) em estudo sobre o enraizamento de E. dysenterica concluiu que o

ANA não foi eficiente, já que não induziu raízes em brotos da espécie. Por este motivo,

mesmo em baixas percentagens, o AIB foi mais eficiente. Em se tratando de rizogênese in

vitro de espécies lenhosas, esse é utilizado com maior frequência devido à estabilidade

maior no espectro de ação e menor fitotoxidez ao explante. Nascimento et al. (2008) em

estudo sobre o enraizamento de Eugenia pyriformis Cambess, relataram maior

percentagem de raízes em meio WPM suplementado com 4,92μM de AIB, no entanto, os

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50

autores também relataram crescimento de raízes em meio de cultura livre de reguladores,

assim como ocorreu em E. dysenterica sob sistema heterotrófico.

Figura 3.6. Enraizamento de Eugenia dysenterica. A: Planta oriunda de semente com

raízes apresentando maiores ramificações e espessura mais fina. B: Muda

oriunda de sistema heterotrófico apresentando raízes menores e mais espessas.

C: Muda oriunda de sistema mixotrófico apresentando raízes adventícias. D:

Broto de E. dysenterica oriundo de sistema heterotrófico apresentando calo em

sua base.

A aclimatização das dezesseis mudas, oito para cada sistema, obteve 70% de

sobrevivência após 90 dias tanto para o sistema heterotrófico tanto para o sistema

mixotrófico. As mudas que não sobreviveram possuíam menos de três folhas. No entanto,

foram observadas mudas com qualidade de folhas levemente superior no sistema

mixotrófico, com folhas de coloração verde mais acentuada (Figura 3.7). Os estômatos

possuem considerável importância nessas alterações, pois o movimento de água contido

nos espaços intercelulares para a atmosfera ocorre quase que completamente por difusão

do vapor de água por meio deles, cujo principal mecanismo de controle é a resistência

estomática (Taiz & Zeiger, 2004). Além dos estômatos, a presença de cerosidade, na

superfície de folhas formadas in vitro, também possui papel regulatório sobre a elevada

transpiração foliar das plantas micropropagadas (Lamhamedi et al., 2003).

A B C D

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51

Shin et al. (2014), em estudo sobre a aclimatização de um híbrido de

Doritaenopsis ssp., concluíram que dos três sistemas estudados; heterotrófico,

fotomixotrófico e fotoautotrófico; os dois últimos foram superiores na aclimatização, com

altas nas concentrações de pigmentos fotossintéticos, amido e demais enzimas relacionadas

à síntese de clorofila como a PEP-carboxilase. Estes autores também argumentaram que o

sucesso da aclimatização está relacionado à adição de CO2 nos frascos de cultura, assim

como a presença de carboidratos de reserva presentes nos sistemas fotoautotróficos e

fotomixotróficos.

Figura 3.7. Mudas de E. dysenterica após noventa dias de aclimatização. A: Sistema

mixotrófico. B: Sistema heterotrófico.

3.4 CONCLUSÕES

É possível obter um protocolo de micropropagação in vitro de Eugenia

dysenterica com brotos acima de 20 mm de altura e com um número médio de cinco folhas

por broto. O sistema mixotrófico é superior no momento da formação de novos brotos no

que se refere ao maior número de brotos, maior número de folhas por broto e síntese de

pigmentos fotossintéticos. Porém, apresenta valores inferiores ao sistema heterotrófico em

relação a altura de brotos. O tipo de gema tem influência efetiva somente na altura dos

brotos, independente do tipo de sistema, se heterotrófico ou mixotrófico.

A taxa de enraizamento, a qual é considerada baixa para os dois sistemas,

demanda novas pesquisas. Não existe diferença entre os sistemas de ventilação em se

A B

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tratando de sobrevivência de mudas na aclimatização da espécie, embora mudas oriundas

do sistema mixotrófico aparentam maior vigor.

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4 CAPÍTULO 2: CRIOPRESERVAÇÃO DE ÁPICES

CAULINARES DE Eugenia dysenterica (Mart.) DC.

RESUMO

A criopreservação é o considerada o melhor método de conservação à longo prazo,

pois utiliza temperaturas criogênicas para a conservação do material vegetal. A técnica de

encapsulamento desidratação tem sido promissora para a conservação de várias espécies

tropicais recalcitrantes, já que não utiliza DMSO, o qual é considerado tóxico. O objetivo

deste trabalho foi obter um protocolo de conservação de germoplasma de E.

dysenterica in vitro por criopreservação. Para a criopreservação utilizou-se ápices

caulinares obtidos de plantas desenvolvidas in vitro. Os ápices caulinares foram

inicialmente suspendidos em solução de meio MS suplementado com 3% de alginato de

sódio, 0,4M de glicerol, e 4,44μM de BAP e dispensados em solução de meio MS (livre de

cálcio) suplementado com 0,1 M de cloreto de cálcio, 0,4M de glicerol, e 4,44μM de BAP.

Os ápices foram mantidos sob três níveis de exposição de sacarose (0,25M, 0,5M, e

0,75M) combinados á três níveis de dessecação em câmara de fluxo laminar (0 h, 1 h

e 2 h) antes de serem imersos em nitrogênio líquido por pelo menos 1 h. Não se

observou regeneração em ápices criopreservados. O melhor tratamento para ápices

não criopreservados constituiu de 0,25M de sacarose combinado com 1 h de dessecação.

A taxa de regeneração nula de ápices criopreservados indica provável ruptura no sistema

de membranas causada pelo estress de dessecação somado à stress de congelamento, fatos

estes que parecem estar correlacionados, já que a regeneração foi reduzida em ápices não-

criopreservados cujos níveis de umidade foram demasciadamente reduzidos.

Palavras-chave: criopreservação, encapsulamento-desidratação, conservação ex situ,

cagaiteira.

ABSTRACT

Cryopreservation is considered the best for long-term preservation method because it uses

cryogenic temperatures for the conservation of plant material. Encapsulation-dehydration

technique has been promising for the conservation of several tropical species recalcitrant

since it does not use DMSO, which is considered toxic. The objective of this study was to

obtain a germoplasm conservation protocol E. dysenterica in vitro by cryopreservation. For

cryopreservation was used apexes obtained from plants grown in vitro. The apices were

initially suspended in MS medium supplemented with 3% solution of sodium alginate, 0.4

M glycerol and 4.44μM BAP and dispensed in MS medium solution (free of calcium)

supplemented with 0.1 M calcium chloride, 0.4 M glycerol and 4.44μM BAP. Shoot tips

were held in three exposure levels of sucrose (0.25M, 0.5M and 0.75M) combined

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with three levels of drying in a laminar flow hood (0 h 1 h 2 h) before being immersed in

liquid nitrogen for at least 1 h. There was no regeneration in cryopreserved apexes. The

best treatment for non-cryopreserved apices consisted of 0.25M sucrose combined with 1 h

of drying. The null regeneration of cryopreserved apexes indicates a probable break in the

membrane system caused by desiccation stress added to freezing stress, these facts which

seem to be correlated, as the regeneration was reduced in non-cryopreserved whose apices

moisture levels were reduced.

Key-words: cryopreservation, encapsulation-dehidration, ex-situ conservation, cagaiteira.

4.1 INTRODUÇÃO

Nos últimos 50 anos, a compreensão sobre conservação e sua inter-relação com

o desenvolvimento sustentável têm passado por muitas mudanças. Se por um lado,

observa-se a ascensão do ambientalismo com a criação de ONGs orientadas à negociação e

aplicação de uma série de tratados, por outro lado, a escala e intensidade das interações

humanas com o ambiente levaram à progressiva perda de habitat de muitas espécies, assim

como a variabilidade genética destas (Heywood & Iriondo, 2003). Como Wood et al.

(2000) comentam, “– A raça salvadora da biodiversidade está sendo perdida porque os

fatores que contribuem para a sua degradação são mais complexos e poderosos do que as

forças de trabalho para protegê-la”.

Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade o Cerrado está

progressivamente sendo reduzido pelo desmatamento desenfreado. Dados do relatório do

IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) de 2007 preveem que até o ano de

2020 serão 9,6 mil hectares a menos em regiões do Cerrado, comparados ao ano de 2003.

Siqueira & Peterson (2003), apontam um provável potencial de extinção de 24% de cento e

trinta e oito espécies arbóreas com ampla distribuição geográfica no Cerrado até 2050, e,

com a extinção de espécies, a perda de genes potenciais.

Eugenica dysenterica (Mart.) DC., também conhecida como cagaiteira, é uma

espécie arbórea nativa do Cerrado, que possui potencial econômico e está dentre as

espécies frutíferas de maior prioridade para pesquisa e desenvolvimento neste domínio

(Vieira et al., 2006). Com o desmatamento desenfreado, a espécie corre o risco de perder

genes potenciais, os quais poderiam ser utilizados em programas de melhoramento no

futuro. Por possuir sementes de comportamento recalcitrante (Andrade et al., 2003a), a

conservação de germoplasma da espécie a médio e longo prazo via banco de sementes

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torna-se inviável. Por isso, o desenvolvimento de outros métodos de conservação ex situ

para a espécie se tornam necessários, tais como criopreservação.

A criopreservação é um conjunto de técnicas que tem como objetivo o

armazenamento de material biológico em nitrogênio líquido. É considerada a melhor forma

de armazenamento de germoplasma por tempo indeterminado, além de que a sua

manutenção é considerada relativamente barata (Li & Pritchard, 2009). Desde o

desenvolvimento do primeiro protocolo, a criopreservação de espécies vegetais vem sendo

aprimorada e outras técnicas de criopreservação desenvolvidas, dentre elas, o

encapsulamento-desidratação, que tem sido aplicado em criopreservação de ápices

caulinares de algumas espécies tropicais, tais como Saccharum spp. (Barraco et al., 2011),

Melia azedarach L. (Scocchi et al., 2004; Scocchi et al., 2007), e Syzygium francissi

(Shatnawi et al., 2004).

O encapsulamento-desidratação é uma técnica que se utiliza da tecnologia de

sementes sintéticas. É aplicada em espécies tropicais com sementes recalcitrantes com

maior sucesso em comparação com outras técnicas de criopreservação, tal como a

vitrificação (Li & Pritchard, 2009). Essa técnica permite o fácil manuseio de pequenos

explantes, tais como microbrotos ou ápices caulinares, já que as cápsulas possuem tamanho

relativamente grande, variando de 3,0 mm a 7 mm (Engelman et al., 2008).

Conservação e posterior utilização sustentável dos recursos genéticos são

essenciais para atender a demanda de segurança alimentar no futuro. Neste trabalho,

objetivou-se o desenvolvimento de um protocolo de criopreservação de ápices caulinares

de E. dysenterica por meio de encapsulamento-desidratação, visando maior porcentagem

de regeneração dos explantes.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Frutos de E. Dysenterica foram coletados no mês de outubro de 2013, na

Coleção de Espécies Frutíferas do Cerrado da Escola de Agronomia da Universidade

Federal de Goiás. As sementes foram retiradas dos frutos após a coleta, lavadas e

colocadas sobre papel absorvente por dois dias a fim de eliminar o excesso de umidade. O

tegumento das sementes foi retirado com o auxílio de bisturi (Martinotto et al., 2007) e

estas foram lavadas com detergente neutro e água corrente por 20 minutos.

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Para a descontaminação, 300 sementes foram colocadas em um frasco

esterilizado e levadas para câmara de fluxo laminar, onde foram imersas em álcool 70%

por um minuto. Após a retirada deste, foi adicionado ao frasco com sementes uma solução

de hipoclorito de sódio à 0,5% de cloro ativo permanecendo por 20 minutos. Findado o

tempo, as sementes passaram por tríplice lavagem em água destilada e autoclavada (Silva,

2012). Dada à assepsia, as sementes foram inoculadas em tubos de ensaio contendo 20 ml

de meio WPM (Lloyd & Mccown, 1980) suplementado com 30% (p/v) de sacarose e 2,5%

(p/v) de Gelsan® e mantidas em sala de crescimento por no mínimo 90 dias e/ou até as

plantas atingirem pelo menos 10 cm de altura.

Em condições assépticas, ápices caulinares e gemas axilares foram seccionados

com a ajuda de um bisturi e inoculados em tubos de ensaio contendo 20 ml de meio WPM

suplementado com 30% (p/v) de sacarose, 2,5% de Gelsan® e 4,44μM de BAP. Tais

explantes foram mantidos em sala de crescimento por no mínimo 30 dias para a posterior

retirada dos ápices caulinares.

Ápices caulinares foram seccionados com a ajuda de um bisturi para que

medissem o tamanho de 3,0 a 5,0 mm. Estes foram suspendidos com o auxílio de uma

pipeta de Pasteur esterilizada em solução de meio MS (Murashige & Skoog, 1962)

suplementado com 3% de alginato de sódio (p/v), 2M de glicerol, 0,4M de sacarose e

4,44μM de BAP. Os ápices caulinares foram então dispensados em solução de meio MS

suplementado com 0,1M de cloreto de cálcio, 2M de glicerol, 0,4M de sacarose, e 4,44μM

de BAP e mantidos em agitador rotativo (100 rpm) por 30 minutos para que as cápsulas

atingissem 6,0 mm de diâmetro, cada cápsula contendo um ápice caulinar. Após este

período as cápsulas foram retiradas da solução, lavadas em água destilada e autoclavada

para a retirada do excesso de cálcio e posteriormente imersas em solução de osmoproteção

de sacarose sob três concentrações diferentes (0,25M, 0,5M, e 0,75M). As sementes

sintéticas foram mantidas sob agitação (100 rpm) por quarenta e oito horas em temperatura

de 25°C ± 1°C (Wang, 2000).

Após a osmoproteção, o excesso de umidade das cápsulas foi retirado com o

auxílio de um papel absorvente esterilizado e estas foram transferidas para placas de Petri

de vidro estéril (90mm x 18 mm). Antes do início da secagem, os ápices encapsulados

foram pesados em uma balança analítica para obtenção da massa fresca no tempo zero.

Após a pesagem, deu-se início à secagem. As placas de Petri foram mantidas abertas em

uma câmara de fluxo laminar com a temperatura ambiente de 25 ± 1°C. A perda de água

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das cápsulas foi monitorada, utilizando-se uma balança analítica, em intervalos regulares

de uma em uma hora. Dentro de cada tratamento de osmoproteção, cada grupo de sementes

sintéticas foi separado segundo o seu tratamento de dessecação o qual se constituiu de três

períodos de tempo diferentes, 0 h (controle), 1 h e 2 h. O teor de umidade foi determinado

pela diferença entre a massa fresca (MF) e a massa seca (MS) calculado da seguinte forma:

[(MF - MS)/MF] x 100%

Findado cada período de dessecação e feita a pesagem, metade das cápsulas

foram colocadas em criotubos e submetidas diretamente ao nitrogênio líquido por pelo

menos 1h. A outra parte foi levada diretamente para a regeneração. As testemunhas se

constituiram de cápsulas não submetidas à dessecação e cápsulas não submetidas à

criopreservação.

Para o descongelamento, os criotubos foram imersos em banho de água

deionizada e autoclavada à 40°C por dois minutos e, logo em seguida, as cápsulas foram

retiradas dos criotubos e inoculadas em tubos de ensaio contendo 15 mL de meio WPM

suplementado com 30% (p/v) de sacarose, 2,5% (p/v) de Gelsan® e 4,44μM de BAP para a

regeneração. Os explantes foram mantidos no escuro durante sete dias e, após este período,

transferidos para condições normais de crescimento e avaliados após quinze dias. Os

ápices caulinares foram considerados vivos ao se verificar o alongamento dos primórdios

foliares.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em

fatorial 3x3 (três concentrações de sacarose e três períodos de tempo de dessecação),

resultando em nove tratamentos com 30 repetições. A análise dos dados foi feita por meio

de estatística descritiva e foi utilizado o software R versão 3.2.1 (Team, 2014).

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foi observado alto índice de contaminação por microorganismos em todos os

tratamentos criopreservados e não-criopreservados. Quanto maior o nível de sacarose nos

tratamentos de osmoproteção, maiores as taxas de contaminação: 15% de perdas no

tratamento com 0,25M de sacarose, 33% no tratamento com 0,5M de sacarose, e 52% no

tratamento com 0,75M de sacarose.

Em metade dos ápices caulinares que foram dessecados por duas horas em

câmara de fluxo laminar (independente do tratamento de osmoproteção) ocorreu o

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escurecimento do tecido e aparente necrose (Figura 4.1). A média do teor de água das

cápsulas foi reduzida a 43,73% de umidade após uma hora e a 19,86% após duas horas de

secagem. Ocorreu variação no peso das cápsulas entre todos os tratamentos de

osmoproteção, em que foi observado desvio padrão 3,14 no primeiro período de

dessecação e 4,02 no segundo período.

Em plantas tolerantes à dessecação, órgãos vegetativos podem resistir até cerca

de 4% a 13% de teor relativo de água, enquanto as plantas sensíveis à dessecação morrem

quando seu teor relativo de água cai abaixo de 20% a 50%. Segundo Toldi et al. (2009) a

dessecação de plantas tolerantes têm diferentes estratégias de estresse-adaptação: proteção

extra de mecanismos reparadores, características inter-relacionadas de taxas metabólicas,

além de produção de biomassa geralmente mais baixa em plantas tolerantes à dessecação

quando comparadas à plantas sensíveis como a cagaiteira, a qual não suportou níveis muito

baixos de umidade.

Figura 4.1. A: Sementes sintéticas de Eugenia dysenterica não expostas à dessecação. B:

Sementes sintéticas expostas à dessecação por uma hora. C: Sementes

sintéticas expostas à dessecação por duas horas com tecidos escurecidos e

aparente necrose em algumas unidades.

Segundo Reed et al. (2005), quando o material é seco ao ar em câmara de fluxo

laminar, normalmente não há nenhum controle da temperatura ou da umidade relativa onde

a secagem está sendo realizada. Wang et al. (2000b) comparando os efeitos da secagem

com sílica gel e ao ar em câmara de fluxo laminar para ápices caulinares encapsulados de

videira criopreservados, concluíram que a sobrevivência foi dependente do teor de

umidade e não do método de secagem. Entretanto, os autores preferem a adoção do método

de secagem ao ar, uma vez que a secagem obtida com o uso de sílica gel requer um teor de

umidade inicial padronizado e, também, devido ao fato de o uso deste método ser mais

laborioso.

A B C

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A regeneração em ápices não criopreservados somente ocorreu em tratamentos

com osmoproteção referente a 0,25M de sacarose (Figura 4.2). O tempo de dessecação de

1 h foi o melhor com 55,55% de explantes regenerados. Os tempos de dessecação de 2 h e

0 h tiveram taxas de regeneração de 23,07% e 16,66%, respectivamente. A sacarose atua

como soluto compatível na proteção das macromoléculas e membranas durante a secagem,

quando a água ainda está presente na massa citoplasmática, e como substituta da água

quando a hidratação é perdida gradualmente. Neste último caso, interage com as proteínas

e membranas através da ligação de hidrogênio impedindo, assim, a desnaturação das

proteínas (Hoekstra et al., 2001). Este comportamento indica que a concentração 0,25M de

sacarose foi eficiente na proteção da bicamada lipídica e das proteínas durante a secagem.

E que esta é, provavelmente, a concentração de sacarose necessária para a formação da

camada de hidratação vítrea amorfa, responsável por impedir os rompimentos mecânicos e

a desnaturação das proteínas.

É importante destacar que a concentração ideal de sacarose varia entre as

espécies e até mesmo entre variedades da mesma espécie. Wang et al. (2000a) observaram

regeneração de 40% em brotos do híbrido LN33 (Vitis L. x Vitis vinifera L.) com a

concentração de 1M de sacarose na osmoproteção e 15,6% e 17,6% de umidade na

dessecação. Entretanto, Marković et al. (2013) utilizando Vitis vinifera L. CV., constatou

regeneração de 37,1% fazendo uso de 1M de sacarose e 22,28% de teor de umidade. Por

este motivo, antes de se aplicar um protocolo de criopreservação é necessário avaliar qual a

concentração ideal de sacarose para a espécie/variedade de interesse. Como E. dysenterica

possui polinização aberta e não é domesticada, deve ser levado em conta que a espécie

possui grande variação genética (Telles et al., 2001), o que também pode ter influenciado

na variação encontrada para a tolerância à dessecação.

Nenhum explante regenerou após a exposição ao nitrogênio líquido,

observando-se a morte destes após quinze dias (Figura 4.3). São necessários esforços

continuados em técnicas de criopreservação para desenvolver protocolos para uma ampla

gama de plantas (Kaviani, 2011). O grande desafio são as espécies tropicais com sementes

recalcitrantes, em razão do número pequeno de protocolos desenvolvidos e da pesquisa

ainda em estágio preliminar na criopreservação destas espécies. A sobrevivência é

extremamente variável com regeneração muitas vezes restrita a calos ou desenvolvimento

incompleto de mudas (Engelman, 2009).

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Figura 4.2. Regeneração de Eugenia dysenterica em cápsulas de alginato de cálcio e

glicerol não submetidas à criopreservação em meio WPM suplementado com

4,44μΜ de 6-Benzilaminopurina (BAP). A: Ápice caulinar encapsulado com

trinta dias de descongelamento. B: Ápice caulinar encapsulado com sessenta

dias de descongelamento.

Figura 4.3. Ápices caulinares criopreservados de Eugenia dysenterica (setas) após quinze

dias em meio WPM suplementado com 4,44μM de 6-benzilaminopurina

(BAP). Não se observou nenhuma regeneração nos explantes que foram

submetidos à criopreservação, independente do tratamento.

Sabe-se que os mecanismos de regulação gênica para dessecação estão

relacionados aos mecanismos de regulação para estresse ao congelamento. Acredita-se que

açúcares e outros solutos polihídricos são responsáveis por proteger estruturas de proteínas

de membrana durante a dessecação de sementes e células vegetativas. Estas últimas podem

A B

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tolerar a dessecação por meio de aquaporinas específicas no tonoplasto, além dos canais de

água presentes nas membranas, os quais desempenham papel crítico no movimento da

água durante a dessecação e reidratação. Entretanto, a sobrevivência após a

dessecação/criopreservação é dependente de proteção celular do estresse da perda de água,

bem como da disponibilidade de mecanismos funcionais de reparo após a reidratação, o

que é presente de maneira geral em espécies tolerantes à dessecação, como as de sementes

ortodoxas ou espécies de clima temperado. No caso de espécies não tolerantes à

dessecação, a presença de espécies reativas de oxigênio no interior das células após o

estresse pode danificá-las e gerar os peróxidos lipídicos, produtos aldeídicos e carbonilação

de proteínas (Volk, 2010).

E. dysenterica parece não ser tolerante à dessecação. Os explantes estavam

visualmente necrosados após 2 h de dessecação. Provavelmente a combinação nível de

sacarose versus tempo de dessecação não foi suficiente para induzir a vitrificação do

citoplasma, ocasionando ruptura do sistema de membranas pela formação de cristais de

gelo, o que resultou em lesões às células antes ou após o descongelamento.

Wesley-Smith et al. (1995), em estudo sobre criopreservação de ervilha (Pisum

sativum L.) por meio de rápida dessecação, concluiu que uma consequência mais provável

do protocolo de congelamento é a ocorrência generalizada de eventos de nucleação ao

longo de todo o tecido, como a consequência da formação dos cristais de gelo após o

descongelamento. Esta observação foi baseada pela ausência de dano visível nas organelas

ou no citoplasma, independente do grau de hidratação. No entanto, os autores observaram

danos à membrana plasmática e nas paredes celulares quando os ápices embrionários de

ervilha totalmente hidratados foram congelados rapidamente, baseando-se no pressuposto

de que o super congelamento e a nucleação intracelular ocorrem quando o congelamento

rápido é usado. De acordo com os autores, é possível que a cristalização se inicie no

ambiente extracelular antes do meio intracelular. Se isto for válido, o cristal pode crescer

suficientemente para induzir danos à parede celular e à membrana plasmática, antes

mesmo de qualquer dano intracelular.

A criopreservação de espécies tropicais ainda é um desafio, pois, para que a

criopreservação seja bem sucedida, as células devem ter membranas íntegras e proteínas

estáveis para tolerar a dessecação e congelamento. Por conseguinte, o sucesso no pós-

congelamento não é apenas determinado pela técnica da criopreservação em si, mas

também por outros fatores fisiológicos relacionados à própria espécie. Sartor et al. (2012),

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em estudo sobre a criopreservação de gemas de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes),

concluiu que o encapsulamento-desidratação e a vitrificação não foram meios adequados

de crioproteger as gemas de mangabeira, já que não ouve regeneração. Os autores indicam

que a regeneração nula se deve ao fato de que provavelmente a mangabeira não suporta

altos níveis de desidratação, assim como a cagaiteira, sendo suas sementes classificadas

como recalcitrantes. A exposição das gemas à dessecação, mesmo com a ação dos

crioprotetores, pode ter ocasionado alta desidratação, impedindo assim a sua regeneração.

Melo (2008) ao criopreservar ápices caulinares de Sacharum ssp. L.

comprovou que independentemente da combinação adotada de concentração de sacarose

versus tempo de pré-cultivo versus tempo de secagem versus método de descongelamento,

a taxa de sobrevivência obtida, quando os explantes foram criopreservados, foi nula. As

análises histológicas revelaram que as células dos ápices caulinares criopreservados foram

severamente danificadas, o citoplasma ficou completamente retraído e concentrado na

região central da célula, distanciando-se da parede celular, os núcleos tornaram-se

intensamente e uniformemente corados e nenhum nucléolo era evidente.

Mesmo não obtendo nenhuma regeneração pós-criopreservação, pode-se dizer

que os resultados de E. dysenterica podem ser aproveitados para o desenvolvimento futuro

de protocolos que visem a manutenção à médio prazo de sementes sintéticas em salas de

crescimento ou à baixas temperaturas. Isto é visto no trabalho de Ozudogru et al. (2011)

que mantiveram brotos de Sequoia sempervirens (D. Don) Endl. por quinze meses à 4°C

com rebrota de 60% a 61%. Nassar (2003) demonstrou altas porcentagens de rebrota no

armazenamento de sementes sintéticas por um ano de Coffea arabica L. O autor associou a

temperatura de 20°C à 3,78μM de ácido abiscísico, observando 59% de sobrevivência após

doze meses de armazenamento. Maruyama et al. (1997) também observaram rebrotas

acima de 70% em três espécies arbóreas tropicais (Cedrela odorata L., Guazuma crinita

Mart., e Jacaranda mimosaefolia D. Don.) armazenadas de 12-25°C por seis a doze meses.

4.4 CONCLUSÕES

O presente estudo demonstrou que as combinações dos diferentes tratamentos,

envolvendo concentração de sacarose e tempo de secagem não foram eficientes para a

obtenção de sucesso na criopreservação de ápices caulinares de E. dysenterica. Porém, é

possível obter regeneração de 55,55% em cápsulas não criopreservadas na concentração de

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0,25M de sacarose na osmoproteção e 43,73% de umidade (1 h de dessecação em câmara

de fluxo laminar). Novas metodologias deverão ser testadas para verificar a possibilidade

de obtenção deste protocolo de criopreservação.

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5 CONCLUSÕES GERAIS

O presente estudo demonstrou que é possível micropropagar E. dysenterica por

meio de gemas, com um número satisfatório de brotos e folhas, com destaque para o

sistema mixotrófico, o qual foi superior na maioria das variáveis analizadas. As

combinações dos diferentes tratamentos, envolvendo concentração de sacarose e tempo de

secagem não foram eficientes para a obtenção de sucesso na criopreservação de ápices

caulinares de E. dysenterica. Porém, é possível obter regeneração de 55,55% em cápsulas

não criopreservadas na concentração de 0,25M de sacarose na osmoproteção e 43,73% de

umidade (1 h de dessecação em câmara de fluxo laminar). Novas metodologias deverão ser

testadas para verificar a possibilidade de obtenção deste protocolo de criopreservação.

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