Fichamento O Consenso de Washington

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  • 8/19/2019 Fichamento O Consenso de Washington

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    Universidade Federal de Goiás

    Regional Goiás

    Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas

    Curso de Direito

    Disciplina: Sociologia Jurídica

     ___________________________________________________________________________ 

    O Consenso de as!ington" A vis#o neoli$eral dos pro$lemas latino"americanos

    %& 'ntrodu(#o “Em novembro de 1989, reuniram-se na capital dos Estados Unidos funcionários do

    governo norte-americano e dos organismos financeiros internacionais ali sediados -

    !", #anco !undial e #"$ - especiali%ados em assuntos latino-americanos& '

    ob(etivo do encontro, convocado pelo "nstitute for "nternational Economics, sob o

    título )*atin +merican +d(ustment o. !uc/ as appened0), era proceder a uma

    avalia2o das reformas econ3micas empreendidas nos países da regi2o& 4ara relatar a

    e5peri6ncia de seus países tamb7m estiveram presentes diversos economistas latino-americanos& s concluses dessa reuni2o 7 :ue se daria, subse:;entemente, a

    denomina2o informal de as/ington?&@ Apg& BC& “Dessa avalia2o, a primeira feita em con(unto por funcionários das diversas entidades

    norte-americanas ou internacionais envolvidos com a +m7rica *atina, registrou-se

    amplo consenso sobre a e5cel6ncia das reformas iniciadas ou reali%adas na regi2o,

    e5ce2o feita, at7 a:uele momento, ao #rasil e 4eru& atificou-se, portanto, a proposta

    neoliberal :ue o governo norte-americano vin/a insistentemente recomendando, por 

    meio das referidas entidades, como condi2o para conceder coopera2o financeira

    e5terna, bilateral ou multilateral&@Apg&FC& “D2o se tratou, no =onsenso de >as/ington, de formulaes novas mas simplesmente

    de registrar, com aprova2o, o grau de efetiva2o das políticas (á recomendadas, em

    diferentes momentos, por diferentes ag6ncias& Um consenso :ue se estendeu,

    naturalmente, G conveni6ncia de se prosseguir, sem esmorecimento, no camin/o

    aberto&@ Apg& FC&

    “Hudo se passaria, portanto, como se as classes dirigentes latino-americanas se/ouvessem dado conta, espontaneamente, de :ue a gravíssima crise econ3mica :ue

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    enfrentavam n2o tin/a raí%es e5ternas - a alta dos preos do petrIleo, a alta das ta5as

    internacionais de (uros, a deteriora2o dos termos de intercmbio - e se devia apenas a

    fatores internos, Gs e:uivocadas políticas nacionalistas :ue adotavam e Gs formas

    autoritárias de governo :ue praticavam& +ssim, a solu2o residiria em reformas

    neoliberais apresentadas como propostas moderni%adoras, contra o anacronismo de

    nossas estruturas econ3micas e políticas&@ Apg& KC& “' colapso do comunismo na Europa central e a desintegra2o da Uni2o Sovi7tica,

    somados G ades2o do socialismo espan/ol e franc6s ao discurso neoliberal, facilitaria a

    dissemina2o das propostas do =onsenso de >as/ington e a campan/a de

    desmorali%a2o do modelo de desenvolvimento, inspirado pela =epal, :ue se /avia

    montado na +m7rica *atina sobre a base de capitais privados nacionais e estrangeirose de uma participa2o ativa do Estado, como regulador e at7 empresário&@ Apg& KC&

    “=om a :ueda do !uro de #erlim, fe%-se leitura simplificada do significado do fim da

    guerra fria, constatando-se precipitadamente a emerg6ncia de nova ordem

    internacional, uma definitiva Pax Americana, G :ual seria inevitável a(ustar-se&@ Apg&

    8C& “'s latino-americanos parecem comportar-se como países derrotados A&&&C como se

    /ouvessem sido eles, (untamente com os países da Europa oriental, vencidos tamb7m

    na guerra fria& esignados e acomodados, sem nen/uma vontade perceptível de seafirmar como verdadeiras naes&@ Apg& 8C&

    “$e um n2o-alin/amento automático, se(a por um antiamericanismo infantil ou

    ideolIgico, se(a por uma percep2o realmente diferenciada do interesse nacional,

     passar-se-ia a uma rela2o de ostensiva aceita2o da depend6ncia aos Estados

    Unidos&@ Apg& 8C& “' marLeting das id7ias neoliberais foi t2o bem feito :ue, al7m de sua identifica2o

    com a modernidade, permitiria incluir no =onsenso de >as/ington com toda

    naturalidade, a afirmativa de :ue as reformas reali%adas na +m7rica *atina se devem

    apenas G vis2o, G iniciativa e G coragem dos seus novos líderes& ' :ue vin/a de fora

    emerge transmutado em algo :ue teriam resolvido fa%er por decis2o prIpria, no

    interesse de seus prIprios países e sem pedir reciprocidade, compensa2o ou a(uda&@

    Apg& 8 e 9C& “4assou-se a admitir abertamente e sem nuances a tese da fal6ncia do Estado, visto

    como incapa% de formular política macroecon3mica, e G conveni6ncia de se transferir 

    essa grave responsabilidade a organismos internacionais, tidos por defini2o comoagentes independentes e desinteressados aos :uais tín/amos o direito de recorrer como

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    sIcios& D2o se discutia mais apenas, por conseguinte, se o Estado devia ou podia ser 

    empresário& Se podia, ou devia, monopoli%ar atividades estrat7gicas& 4assou-se

    simplesmente a admitir como premissa :ue o Estado n2o estaria mais em condies de

    e5ercer um atributo essencial da soberania, o de fa%er política monetária e fiscal&@ Apg&

    9C& “=omeou a se p3r em dMvida se teria o Estado compet6ncia at7 para administrar 

    responsavelmente recursos naturais em seu territIrio@ Apg&9C& Noverno =ollor  “Do debate sobre a infla2o - obsessivamente considerada o Mnico

    mal a se combater, a :ual:uer preo, ou se(a, G custa do emprego, do salário, do

    desenvolvimento - contemplam-se todas as sortes de renMncia G autonomia nacional&@

    Apg&9C& “Da discuss2o sobre a forma de combater inflaes agudas, c/ega-se, no #rasil, a

    tratar A&&&C os currency boards  A&&&C Da:uela ocasi2o promotores estrangeiros da

    esdrM5ula sugest2o n2o se acan/ariam A&&&C de lembrar :ue os referidos =onsel/os, para

    serem realmente efica%es, deveriam ser administrados por representantes de

    organismos financeiros internacionais&@ Apg&1OC& “Embora se recon/ea no =onsenso de >as/ington a democracia e a economia de

    mercado como ob(etivos :ue se complementam - e se reforam, nele mal se esconde a

    clara prefer6ncia do segundo sobre o primeiro ob(etivo& 'u se(a, revela-seimplicitamente a inclina2o a subordinar, se necessário, o político ao econ3mico&@ Apg&

    1OC& “' pleno funcionamento das instituies democráticas parece at7 mesmo ser visto

    como um

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    remanescente para formula2o, na +m7rica *atina, de políticas pMblicas& Hudo mais

    estaria ocupado, irremissivelmente, pela avassaladora onda neoliberal do

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     partir da disponibilidade de recursos proporcionados pela renegocia2o dos d7bitos

    e5ternos e n2o o inverso, como seria o correto&@ Apg&1TC&

    “Da verdade, n2o precisava ter sido assim& Do passado, :uando as dívidas Gs ve%es

    ainda eram cobradas manu militari, credores tanto pMblicos :uanto privados /aviam

    assumido atitudes bastante mais fle5íveis&@ Apg&1TC&

    Entretanto, “Dovamente decidiriam os credores, com graves conse:;6ncias

    inflacionárias para os devedores latino-americanos, :ue cabia a estes Mltimos

    resolverem so%in/os o )problema oramentário), redu%indo arbitrariamente as

    despesas do Estado ou elevando os respectivos tributos&@ Apg& 1BC&

    “Sem debt-relief, ver-se-iam os devedores compelidos a apelar para recursos

    dom7sticos de origem inflacionária& Sem acesso a new money, tiveram :ue contrair 

    fortemente suas importaes a fim de liberar divisas para servir G dívida e5terna&@&

    Apg&1FC&

    “+ estagna2o, :uando n2o a recess2o, foi o alto preo pago pelos latino-americanos

     para reescalonar suas dívidas, com a agravante de uma distribui2o particularmente

    iní:ua do 3nus decorrente do a(uste, se(a pela redu2o do salário real, se(a pelo

    aumento do desemprego, :ue aprofundaria ainda mais a mis7ria&@ Apg&1FC&

    “+ seriedade da situa2o criada na +m7rica *atina pela debt strategy inicial - recess2o

    com infla2o - levaria a uma primeira revis2o, ao :ue se c/amou de )4lano #aLer)&

    =om o patrocínio do ent2o secretário do Hesouro norte-americano, introdu%iu-se em

    198B a no2o da necessidade de novos empr7stimos para pro(etos de desenvolvimento,

    a serem concedidos pelos bancos privados no :uadro de programas de financiamento

    do #anco !undial para a(uste estrutural&@ Apg&1FC&

    “' 4lano #aLer n2o c/egaria a decolar& Entretanto, resultou na introdu2o do #anco

    !undial como co-gestor, com o !", dos es:uemas de administra2o da dívida latino-

    americana& =om isto se gerariam, pela prIpria nature%a dos empr7stimos da institui2o

    e pelos seus crit7rios de opera2o, oportunidades ainda maiores de interfer6ncia nos

    assuntos internos dos países devedores&@ Apg&1FC&

    “Em fins de 1988, surge o c/amado 4lano #rad& A&&&C + nova estrat7gia substituiria o

    reescalonamento nas mesmas condies da contrata2o original pela no2o deconsolida2o da dívida antiga, mediante sua substitui2o por uma nova, a longo pra%o

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    e tamb7m redu%ida, em at7 RB& Essa redu2o se daria atrav7s de ta5as fi5as de (uros

    inferiores Gs da dívida antiga ou por descontos no processo de sua nova2o, de forma

    voluntária para os bancos credores&@ Apg&1KC&

    ' 4lano #rad apesar de tardio representou uma mel/ora na renegocia2o da dívida

    latino-americana&

    “+ ado2o do 4lano #rad somente se dá no momento em :ue os bancos norte-

    americanos, principais credores da regi2o, (á /aviam reconstituído suas reservas e

    diminuído sua “e5posi2o) em rela2o aos mesmos& "sso permitiria :ue o governo

    norte-americano pudesse voltar a levar em conta os interesses de seus setores

    e5portadores, inevitavelmente negligenciados na estrat7gia anterior& Hal considera2ose e5pressaria pelo endosso G orienta2o, adotada pelo #anco !undial, de condicionar 

    seus empr7stimos aos países latino-americanos G pr7via ado2o por estes de políticas

    unilaterais de abertura comercial&@ Apg&1KC&

    -& 'nsu.iciências e contradi(/es na receita do Consenso de as!ington 0 a dist1ncia

    entre o discurso e a prática neoli$eral

     

    “+ avalia2o ob(eto do =onsenso de >as/ington abrangeu 1O áreas 1& disciplina

    fiscalV Q& priori%a2o dos gastos pMblicosV R& reforma tributáriaV T& liberali%a2o

    financeiraV B& regime cambialV F& liberali%a2o comercialV K& investimento direto

    estrangeiroV 8& privati%a2oV 9& desregula2oV e 1O& propriedade intelectual&@ Apg&18C&

      “+ listagem, apesar de cobrir os elementos básicos da proposta neoliberal, n2o 7

    completa&A&&&C D2o inclui, assim, a tese mais recente da vincula2o das moedas

    nacionais latino-americanas ao dIlar A&&&C Dem o apoio a es:uema regionais ou sub-

    regionais de integra2o econ3mica dita aberta atrav7s dos :uais a liberali%a2o

    unilateral dos países latino-americanos se converte em compromisso internacional@

    Apg&18C&

      “+s propostas do =onsenso de >as/ington nas 1O áreas a :ue se dedicou convergem

     para dois ob(etivos básicos por um lado, a drástica redu2o do Estado e a corros2o do

    conceito de Da2oV por outro, o má5imo de abertura G importa2o de bens e servios e

    G entrada de capitais de risco& Hudo em nome de um grande princípio o da soberania

    absoluta do mercado autoregulável nas relaes econ3micas tanto internas :uanto

    e5ternas&@ Apg&18C&

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      “+presentado como fIrmula de moderni%a2o, o modelo de economia de mercado

     preconi%ado no =onsenso de >as/ington constitui, na realidade, uma receita de

    regress2o a um padr2o econ3mico pr7-industrial caracteri%ado por empresas de

     pe:ueno porte e fornecedoras de produtos mais ou menos /omog6neos&@ Apg&18C&

      “Do =onsenso de >as/ington prega-se tamb7m uma economia de mercado :ue os

     prIprios Estados Unidos tampouco praticaram ou praticam@ Apg&18C&

     

    “Do 4rimeiro !undo, o crescimento econ3mico mostra-se ao longo de toda a /istIria

    da evolu2o "ndustrial, perfeitamente compatível com o aumento da presena do

    Estado, como regulador, plane(ador e empresário& Essa interven2o tornou-se mesmo

    indispensável para fa%er frente G grande depress2o dos anos RO& Desses países, citadoscomo e5emplo de liberali%a2o, as estatísticas claramente indicam :ue as despesas do

    setor pMblico cresceram de maneira sistemática&@& Apg&19C&

      “ala-se em emagrecer o Estado para torná-lo mais eficiente& !as o :ue parece se

     pretender, na verdade, 7 redu%i-lo a níveis t2o ínfimos :ue desorgani%ariam a má:uina

    estatal e podem comprometer at7 a sua miss2o clássica de provedor de segurana

    contra ameaas internas G ordem pMblica ou e5ternas G integridade territorial&@ Apg&QOC&

      “+ proposta da

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    telecomunicaes mas tamb7m fa% política industrial, por interm7dio das compras

    governamentais&@ Apg& Q1C&

      2 Do terreno da privati%a2o tamb7m se evidenciam incoer6ncias entre o discurso e a

    a2o& Em alguns casos, notIrios por7m pouco comentados, n2o ocorre propriamente

     privati%a2o mas apenas desnacionali%a2o& + +erolineas +rgentinas, por e5emplo,

     passa da propriedade do governo argentino para a da "b7ria, empresa controlada pelo

    Estado espan/ol&@ Apg&Q1C&

      2Em favor da abertura a importaes de mercadorias, invoca-se a inefici6ncia do

     protecionismo como alocador de recursos, como obstáculo aos interesses do

    consumidor nacional e como fator comprometedor das c/ances de uma inser2ocompetitiva na economia mundial, vista como Mnica forma de promover o

    desenvolvimento&@ Apg&Q1C&

      2+o apresentar suas propostas de )abertura pela abertura) como um fim em si mesmo,

    o =onsenso de >as/ington n2o menciona o :ue de fato se pratica no 4rimeiro !undo

    :ue nos aponta como modelo& D2o esclarece :ue, ali, a abertura dos mercados se fe%

    com a observncia de tr6s princípios básicos 1& obten2o de contrapartidas

    e:uivalentes dos parceiros comerciaisV Q& admiss2o de cláusulas de salvaguarda contraa concorr6ncia desleal ou capa% de desorgani%ar mercadosV e R& gradualidade na

    redu2o das barreiras tarifárias@ Apg&Q1C&

      2' :ue sugere G +m7rica *atina 7 a inser2o n2o negociada, pela abertura unilateral e

    rápida de nossos mercados&@ Apg&QQC&

      2+ presun2o do =onsenso de >as/ington pareceria ser a de :ue os países latino-

    americanos teriam condies de competir na e5porta2o de produtos primários para os

    :uais possuíssem uma voca2o natural eWou em produtos manufaturados sobre a base

    de m2o-de-obra n2o :ualificada de bai5os salários&@ Apg&QQC&

      2P tamb7m fala% a no2o de :ue o crescimento econ3mico seria em toda a +m7rica

    *atina essencialmente dependente do com7rcio e5terior, como se prope a todos os

     países da regi2o&@ Apg&QQC&

      24arte-se, no =onsenso de >as/ington, da premissa e:uivocada :ue a +m7rica *atina

    era /ostil ao investimento direto estrangeiro e por isso dera prefer6ncia, com gravesconse:;6ncias, ao capital de empr7stimo&@ Apg&QRC&

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     Da d7cada de KO a prefer6ncia latino-americana deu-se pelo capital de empr7stimos

     para atender aos d7ficits comerciais, devido Gs ta5as flutuantes de (uros&

    “+ proposta neoliberal, mais claramente e5plicitada nas negociaes multilaterais da

    odada Uruguai do :ue no =onsenso de >as/ington, implica a obriga2o de aceitar o

    capital estrangeiro sempre :ue este dese(ar investir na presta2o de servios :ue

    e5i(am presena local ou a e5plora2o de recursos naturais in situ; baseia-se, tamb7m,

    em restries ao direito dos países importadores de capitais a conceder incentivos

    destinados a atraí-los para produ%ir manufaturas, especialmente se destinadas G

    e5porta2o, sob o argumento de :ue tais incentivos t6m ou podem ter efeitos

    distorsivos sobre o com7rcio internacional&@ Apg QR e QTC&

    “D2o se esclarece, na realidade, :ue os países desenvolvidos preferem e5portar bens e

    n2o tecnologia ou capitais :ue proporcionem a outros países a capacidade de produ%i-

    los, ainda :ue apenas para consumo interno&@ Apg&QTC&

    “Dos Estados Unidos A&&C considera-se necessário o controle do investimento direto

    estrangeiro na medida em :ue o mesmo 7 visto como uma forma de endividamento

    inferior G tomada de empr7stimos& A&&&C econ/ece acertadamente o governo norte-

    americano :ue investimentos estrangeiros diretos envolvem transfer6ncia para oe5terior de decises empresariais :ue podem ter refle5os importantes para a economia

    e para os interesses estrat7gicos dos Estados Unidos&@ Apg&QTC&

    “Da área da política de cmbio, as recomendaes do =onsenso de >as/ington se

    inclinavam na dire2o correta de ta5as realista, capa%es de estimular e5portaes e

    desestimular importaes& +dmitiam, por7m, no curso de programas de estabili%a2o,

    a vincula2o provisIria da moeda nacional a uma )ncora e5terna), mesmo ao risco de

    uma sobrevalori%a2o&@ Apg& QBC&

    3& O Consenso de as!ington em resumo

      “' =onsenso de >as/ington documenta o escancaramento das economias latino-

    americanas, mediante processo em :ue acabou se usando muito mais a persuas2o do

    :ue a press2o econ3mica direta, embora esta constituísse todo o tempo o pano de

    fundo do competentíssimo trabal/o de convencimento&@ Apg&QFC&

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      “evela-se em especial inade:uado :uando se tem em conta :ue sua avalia2o e

     prescries se aplicam de maneira uniforme a todos os países da regi2o,

    independentemente das diferenas de taman/o, de estágio de desenvolvimento ou dos

     problemas :ue este(am concretamente enfrentando&@ Apg&QFC&

      “'s resultados do neoliberalismo na +m7rica *atina A&&&C !is7ria crescente, altas ta5as

    de desemprego, tens2o social e graves problemas :ue dei5am perple5a a burocracia

    internacional baseada em >as/ington e angustiados seus seguidores latino-

    americanos&@ Apg&QFC&

      “ica-se, de tudo isso, com a impress2o amarga de :ue a +m7rica *atina possa /aver 

    se convertido, com a anu6ncia das suas elites, em um laboratIrio onde a burocraciainternacional baseada em >as/ington - integrada por economistas descompromissados

    com a realidade política, econ3mica e social da regi2o - busca p3r em prática, em

    nome de uma pretensa modernidade, teorias e doutrinas temerárias para as :uais n2o

    /á eco nos prIprios países desenvolvidos onde alegadamente procura inspira2o&@

    Apg&QFC&

    4& O 5rasil e o Consenso de as!ington

    2's princípios neoliberais consolidados no =onsenso de >as/ington batem de frente

    com alguns dos pressupostos do modelo de desenvolvimento brasileiro e da política

    econ3mica e5terna :ue l/e dava apoio&@ Apg&QKC&

      “=om =ollor 7 :ue se produ%iria a ades2o do #rasil aos postulados neoliberais rec7m-

    consolidados no =onsenso de >as/ington& =omprometido na campan/a e no discurso

    de posse com uma plataforma essencialmente neoliberal e de alin/amento aos EstadosUnidos, o e5-presidente se disporia a negociar bilateralmente com a:uele país uma

    revis2o, a fundo, da legisla2o brasileira tanto sobre informática :uanto sobre

     propriedade industrial, enviando subse:;entemente ao =ongresso pro(eto de lei :ue

    encampava as principais reivindicaes americanas& A&&&C procederia a uma profunda

    liberali%a2o do regime de importaes, dando e5ecu2o por atos administrativos a um

     programa de abertura unilateral do mercado brasileiro& =oncluiria, ainda, negociaes

    com a +rgentina a respeito de um mecanismo de salvaguardas das respectivas

    instalaes nucleares@ Apg&QKC&

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      “Do seu primeiro ano de gest2o, =ollor tentaria, no entanto, agir com autonomia na

    defini2o de sua política macroecon3mica e no tocante G dívida e5terna A&&&C+trav7s de

    medidas de c/o:ue, de violenta interven2o no mercado, o e5-presidente pretendeu

    li:uidar )o tigre da infla2o) com um Mnico e certeiro tiro& =om isso esperava tamb7m

    ad:uirir condies para renegociar a dívida e5terna a partir da efetiva capacidade de

     pagamento do país, em bases, portanto, mais favoráveis do :ue as previstas no 4lano

    #rad&@ Apg&QKC&

      “' 4lano =ollor, pelo seu caráter /eterodo5o e pela forma aut3noma com :ue /avia

    sido decidido, foi recebido com frie%a pela comunidade financeira internacional& '

    colapso de sua política macroecon3mica obrigaria, contudo, o e5-presidente a se

    a(ustar, rapidamente, G debtstrategy dos credores e do !"&@ Apg& QK e Q8C&

      “A&&&C passaria a admitir :ue a política macroecon3mica teria de ser definida a partir das

    condies estabelecidas pelos credores& ' mesmo tipo de renegocia2o :ue acabaria

    sendo concluída na gest2o de ernando enri:ue =ardoso@ Apg&Q8C&

     

    “$e um sI golpe, =ollor eliminou todos os obstáculos n2o-tarifários e iniciou um

     processo de redu2o acelerada das barreiras tarifárias& Hudo isso em plena recess2o e

    sem a preocupa2o de buscar contrapartidas para os produtos brasileiros nos mercadose5ternos nem de dotar o país de um mecanismo de salvaguardas contra práticas

    desleais de com7rcio de nossos competidores&@ Apg&Q8C&

      “+ verdade 7 :ue as lin/as mestras do pensamento neoliberal da era =ollor 

    sobreviveriam ao seu impeachment e continuam a contar com forte apoio e5terno&

    4ersiste com bastante ímpeto a ideologia do desarmamento comercial unilateral - a

    autodenominada inser2o competitiva no mundo a partir de uma integra2o aberta no

    !ercosul, em :ue se empen/ou o presidente afastado& ' neoliberalismo continua a

    influir fortemente no cenário político, /avendo con:uistado o favor da grande

    imprensa e margem de aceita2o considerável no mbito do =ongresso&@ Apg&Q8 e Q9C&

      “' #rasil vive, por conseguinte, momento delicado& +s classes dirigentes se ac/am

    minadas pela vis2o neoliberal, e (á conformadas com um status menor para o país no

    cenário mundial& Em amplos setores da elite, intelectual e econ3mica de direita, de

    centro e at7 de es:uerda -, (á se admite, pelo menos implicitamente, :ue o país deve

    abrir m2o de seu destino natural de na2o política e economicamente independente&@

    Apg&Q9C&

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      “D2o basta, entretanto, termos claro :ue os países desenvolvidos n2o praticam o

    modelo neoliberal :ue nos receitam t2o dogmaticamente, ou :ue pelo menos n2o o

    fa%em com o mesmo rigor :ue nos recomendam& Xale a pena ter em conta :ue o

     prIprio pensamento econ3mico nos Estados Unidos, a fonte de inspira2o do

    =onsenso de >as/ington, dá nítidos sinais de mudana, abandonando a ortodo5ia

    neoliberal dos tempos de eagan e #us/&@ Apg& ROC&

      “Da realidade, a retomada de desenvolvimento num país das dimenses e da

    comple5idade do #rasil - onde coe5istem um país agrário, um país industrial e um país

     (á bastante informati%ado - 7 tarefa bem mais sofisticada do :ue sugere o simplismo da

    receita neoliberal, particularmente no :uadro de profundas transformaes

    tecnolIgicas e de rearran(o das relaes internacionais de poder por :ue passa o

    mundo&@ Apg& ROC&

      “E5igirá, portanto, aprecia2o das vantagens comparativas nacionais, tanto a:uelas de

    caráter estático, como os recursos naturais, :uanto, sobretudo, as de nature%a

    dinmica o capital, a capacidade empresarial, a aptid2o da fora de trabal/o e o nível

    tecnolIgico, entre outras& $emandará, igualmente, uma cuidadosa avalia2o dos

    obstáculos e facilidades :ue poderemos encontrar nos mercados mundiais de bens, de

    capitais e de tecnologia& + identifica2o dos países com os :uais seria viável

    estabelecer parcerias de mMtua conveni6ncia em todos os continentes, sem limitaes

    regionais&@ Apg& ROC&

      “+s graves condicionalidades, gen7ricas e específicas, :ue cercam o concess2o de

    empr7stimos pelas instituies multilaterais de cr7dito deveriam nos levar a considerar 

    seriamente se o #rasil n2o deveria redu%ir seu apelo a esse tipo de

    financiamentos&@Apg&R1C&

      “Em resumo, deveríamos adotar cautelas para n2o permitir :ue a estrutura federativa

    do país se(a usada para enfra:uecer a coes2o nacional ou, como (á sugerem

    ousadamente alguns, para

  • 8/19/2019 Fichamento O Consenso de Washington

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      “+ implanta2o definitiva da democracia 7 essencial para :ue o país possa se inserir 

    com segurana na economia mundialV para :ue possa, inclusive, cogitar de processos

    mais profundos de integra2o com países vi%in/os& + soberania brasileira sI poderá ser 

    integralmente e5ercida em face de outras naes se tiver a legitimidade decorrente do

     pleno e5ercício pelo povo brasileiro do direito G autodetermina2o&@ Apg&RQC&

      “Hemos tudo para ser uma grande na2o& 4ara tanto, precisamos de um pro(eto de

    desenvolvimento com (ustia social, construído com participa2o de toda a sociedade,

    o :ue será viável se enrai%armos definitivamente a democracia em nosso país,

    mediante amplas reformas do sistema político, eleitoral e partidário, para tornar nossas

    instituies realmente representativas e redu%ir, inclusive, oportunidades de

    corrup2o&@ Apg&RRC&

      2Um pro(eto :ue n2o poderá dei5ar de incluir uma intensifica2o de nosso

    relacionamento com o mundo& !as :ue terá de ser feito sobre a base da

    interdepend6ncia e n2o da depend6ncia& 4ro(eto de uma na2o, :ue dese(a cooperar 

    com outras naes e delas receber coopera2o, sempre por7m em base de igualdade e

    do respeito mMtuo, sem :ual:uer renMncia a sua integridade territorial nem a sua

    soberania& 4ro(eto :ue passa por uma política e5terna soberana :ue n2o se(a, como

    muitas ve%es no passado, um pacto entre as lideranas internas e e5ternas, G custa do

    interesse mais global do país&@ Apg&RRC&