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Eduardo Manuel Andrade Mendes
O Fenómeno de Consolidaçãona Prática Laboratorial
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Prát
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Labo
rato
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Universidade do MinhoEscola de Engenharia
outubro de 2016
Dissertação de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia Civil
Trabalho efetuado sob a orientação doProfessor Doutor Nuno Miguel Faria Araújo
Eduardo Manuel Andrade Mendes
O Fenómeno de Consolidaçãona Prática Laboratorial
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
Agradecimentos
Eduardo Mendes iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de demonstrar um sincero agradecimento ao Professor Nuno Miguel
Faria Araújo que, como meu orientador, contribuiu, em todos os aspetos, para a elaboração da
presente dissertação de mestrado. A ele agradeço-lhe o apoio, a disponibilidade, a simpatia, os
ensinamentos transmitidos e a infindável paciência.
Aos técnicos de Geotecnia do Laboratório de Engenharia Civil da Universidade do Minho
agradeço a partilha de conhecimentos, que muito contribuiu para execução de alguns dos
ensaios objeto de estudo neste documento.
A toda a minha família, principalmente à minha mãe e irmã, pelo acompanhamento, conselhos
e preocupação demonstrados ao longo desta fase da minha vida.
Agradeço à minha avó por, apesar dos infortúnios da vida nos terem separado, estar hoje em
dia presente na minha vida. “Obrigado” por me fazer sentir amparado e acompanhado.
“Obrigado” por todo o amor, carinho e dedicação.
Finalmente, um agradecimento especial àquela que tornou mais simples este longo e trabalhoso
percurso académico. À minha namorada e colega de curso, um “Muito Obrigado!” por me teres
acompanhado, apoiado e por, juntos termos conseguido ultrapassar todas as dificuldades que
foram surgindo. “Obrigado” por teres aparecido, por ficares e permaneceres na minha vida.
Contigo tornei-me uma pessoa melhor, mais confiante e decidida. Apesar de não acreditares,
fizeste por mim mais do que alguma vez possas imaginar. Um agradecimento especial à tua
família que ao longo de todos estes anos se tem tornado também a minha.
Resumo
Eduardo Mendes v
RESUMO
A perceção do comportamento de um solo é de extrema importância, pois é sobre este que são
realizadas a grande maioria das obras de construção civil. No caso de solos finos, a consolidação
é um dos principais fenómenos a ter em consideração. Este fenómeno é reproduzido e analisado
laboratorialmente através de ensaios de consolidação, realizados em vários equipamentos
distintos, com o objetivo de estimar o nível de assentamento e o tempo necessário para que esse
esteja concluído.
No entanto, é possível que a informação obtida a partir da realização desses ensaios não seja a
mais precisa, quer devido aos procedimentos executados laboratorialmente, quer devido ao tipo
de equipamento utilizado, o que condiciona diretamente as simulações numéricas realizadas,
principalmente quando as mesmas são necessárias na calibração de modelos constitutivos
avançados.
Neste contexto, pretende-se com este estudo contribuir para a melhoria das boas práticas na
realização de ensaios laboratoriais de consolidação, quantificando-se a influência do
procedimento de ensaio em três equipamentos distintos (i.e., edómetro, célula de Rowe e caixa
de corte), sobre um solo argiloso. No que diz respeito à célula de Rowe, pretende-se também
proceder à sua implementação no Laboratório de Estruturas (LEST) da Universidade do Minho
(UMinho).
No edómetro, realizaram-se ensaios de modo a permitir a análise da reprodutibilidade do ensaio,
da influência do incremento de carga aplicado, da influência do grau de saturação inicial do
provete e da possibilidade de ocorrência de drenagem radial. Na célula de Rowe, realizaram-se
trabalhos para a sua implementação no LEST. E ainda, analisou-se o processo de consolidação
no ensaio de corte direto, com vista a identificar e limitar a ineficiência identificada por Pereira
(2015).
Palavras-chave: Consolidação; Ensaio edométrico; Célula de Rowe; Caixa de corte direto;
Prática laboratorial.
Abstract
Eduardo Mendes vii
ABSTRACT
The perception of the behavior of a soil is extremely important, because it is where the vast
majority of building works is conducted. In the case of fine soils, consolidation is one of the
main phenomena to be taken into consideration. This phenomenon is reproduced and analyzed
in laboratory by means of consolidation tests, performed on several different equipments, and
aiming to the estimating of the settlement level and the time required for its conclusion.
However, it is possible that the information obtained from such tests is not the most accurate,
either because of the procedures performed laboratory, or due to the type of equipment used,
which directly affects numerical simulations results, especially when they are necessary for the
calibration of advanced constitutive models.
In this context, the objective of this study is to contribute to the improvement of good practices
in laboratory consolidation tests. This is done by quantifying the influence of the test procedure
in three different equipments (i.e., oedometer, Rowe cell and shear box) on a clayey soil. With
regard to the Rowe cell, it is also intended to proceed to its implementation in the Structures
Laboratory (LEST) at University of Minho (UMinho).
The oedometer tests were performed to allow the analysis of the reproducibility of the test, the
influence of the applied load increment, the influence of the initial degree of saturation of the
sample and the possibility of radial drainage. Regarding the Rowe cell, work was carried out
for its implementation in LEST. In addition, the direct shear test was analyzed to identify and
solve the inefficiency identified by Pereira (2015).
Keywords: Consolidation; Oedometer test; Rowe cell; Direct shear test; Laboratory practice.
Índice
Eduardo Mendes ix
ÍNDICE
INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO DO TRABALHO ....................................................... 1
Contextualização .......................................................................................................... 1
Objetivos ...................................................................................................................... 2
Organização do Documento ......................................................................................... 3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5
Considerações gerais sobre o fenómeno de consolidação ........................................... 5
Teoria de consolidação de Terzaghi ............................................................................ 6
Ensaios laboratoriais de consolidação ....................................................................... 11
2.3.1 Ensaio edométrico .............................................................................................. 11
2.3.2 Ensaio de consolidação na Célula de Rowe ....................................................... 17
2.3.3 Ensaio de corte direto ......................................................................................... 26
Parâmetros obtidos a partir de ensaios de consolidação ............................................ 28
2.4.1 Determinação do coeficiente de consolidação vertical....................................... 28
2.4.2 Determinação do valor dos assentamentos numa camada de solo para um
determinado carregamento ............................................................................................... 31
2.4.3 Determinação da permeabilidade do solo ........................................................... 31
MATERIAIS E METODOLOGIAS ................................................................................ 33
Introdução .................................................................................................................. 33
3.2 Solo ............................................................................................................................ 33
3.2.1 Caracterização fundamental do solo ................................................................... 34
3.2.2 Características iniciais dos provetes ................................................................... 37
3.3 Ensaio Edométrico ..................................................................................................... 38
3.3.1 Montagem e calibração do equipamento ............................................................ 38
3.3.2 Preparação e reconstituição dos provetes ........................................................... 39
3.3.3 Tipos de ensaios realizados ................................................................................ 43
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
x Universidade do Minho
3.3.4 Procedimentos de ensaio .................................................................................... 44
3.4 Ensaio de consolidação na célula de Rowe ............................................................... 45
3.4.1 Montagem do sistema de ensaio e calibração ..................................................... 45
3.4.2 Preparação e reconstituição dos provetes ........................................................... 48
3.4.3 Ensaios de implementação realizados ................................................................ 50
3.5 Ensaio de corte direto ................................................................................................ 54
3.5.1 Preparação e reconstituição dos provetes ........................................................... 54
3.5.2 Tipos de ensaios realizados ................................................................................ 55
3.5.3 Procedimentos de ensaio .................................................................................... 55
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................... 57
4.1 Ensaio edométrico ...................................................................................................... 57
4.1.1 Características iniciais dos provetes ................................................................... 57
4.1.2 Assentamento inicial dos provetes ..................................................................... 57
4.1.3 Influência do incremento de carga...................................................................... 59
4.1.4 Influência do grau de saturação inicial ............................................................... 64
4.1.5 Influência das condições de drenagem ............................................................... 68
4.2 Ensaio de consolidação na Célula de Rowe ............................................................... 71
4.2.1 Características iniciais dos provetes ................................................................... 71
4.2.2 Ensaio CR1 ......................................................................................................... 72
4.2.3 Ensaio CR2 ......................................................................................................... 72
4.2.4 Ensaio CR4 ......................................................................................................... 73
4.2.5 Ensaio CR5 ......................................................................................................... 74
4.3 Ensaio de corte direto ................................................................................................ 78
4.3.1 Características iniciais dos provetes ................................................................... 78
4.3.2 Melhoramento do processo de consolidação ...................................................... 79
4.4 Comparação entre o Edómetro e a Célula de Rowe .................................................. 83
CONCLUSÃO .................................................................................................................. 87
5.1 Considerações gerais .................................................................................................. 87
Índice
Eduardo Mendes xi
5.2 Trabalhos futuros ....................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ........................................................................................ 91
Anexo A .................................................................................................................................... 97
Anexo B .................................................................................................................................. 103
Índice de figuras
Eduardo Mendes xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Elemento genérico do estrato de argila (adaptado de Das, 2010) ............................. 7
Figura 2 – Grau de consolidação vertical (Uv) em função de (Z, Tv) para as condições de
fronteira da câmara edométrica (Das, 2010) ............................................................................ 11
Figura 3 – Equipamento para a realização de ensaios edométricos convencionais.................. 12
Figura 4 – Efeito da duração da carga na curva e - log 𝜎v′ (adaptado de Das & Sobhan, 2014)
.................................................................................................................................................. 14
Figura 5 – Curvas de consolidação de provetes intactos de argila da Cidade do México com
diferentes incrementos de carga realizados por Leonards & Altschaeffl (1964) (adaptado de Das
& Sobhan, 2014) ....................................................................................................................... 15
Figura 6 – Efeito do incremento de carga na curva e - log 𝜎v′ (adaptado de Das & Sobhan,
2014) ......................................................................................................................................... 15
Figura 7 – Representação esquemática da célula de Rowe ...................................................... 17
Figura 8 – Principais componentes da célula de Rowe disponível no LEST ........................... 19
Figura 9 – Acessórios da célula de Rowe ................................................................................. 20
Figura 10 – Tipos de ensaio de consolidação por patamares de carga possíveis de realizar na
célula de Rowe.......................................................................................................................... 24
Figura 11 – Resultados da consolidação dos provetes de argila e de solo residual granítico
construídos através da técnica de compactação Harvard (Pereira, 2015)................................. 27
Figura 12 – Determinação do cv segundo o método de Casagrande (Araújo, 2016) ................ 29
Figura 13 – Determinação do cv segundo o método de Taylor (Araújo, 2016) ........................ 30
Figura 14 – Equipamentos utilizados no caso de estudo .......................................................... 33
Figura 15 – Solo utilizado no caso de estudo ........................................................................... 34
Figura 16 – Processo de secagem do solo utilizado no caso de estudo .................................... 34
Figura 17 – Curva do limite de liquidez do solo utilizado no caso de estudo .......................... 35
Figura 18 – Curvas granulométricas do solo utilizado no caso de estudo ................................ 36
Figura 19 – Curva de compactação do solo utilizado no caso de estudo ................................. 37
Figura 20 – Resultado da calibração do edómetro ................................................................... 39
Figura 21 – Procedimento realizado para a preparação das misturas ....................................... 41
Figura 22 – Utensílios utilizados para a preparação dos provetes do ensaio edométrico ........ 42
Figura 23 – Procedimento realizado para a preparação dos provetes do ensaio edométrico ... 43
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
xiv Universidade do Minho
Figura 24 – Colocação da membrana impermeável na base da câmara do ensaio E7 ............. 44
Figura 25 – Procedimento para a realização de ensaios edométricos....................................... 45
Figura 26 – Calibração da membrana da célula de Rowe ........................................................ 46
Figura 27 – Resultado da calibração da membrana da Célula de Rowe ................................... 47
Figura 28 – Equipamentos auxiliares utilizados na realização de ensaios na célula de Rowe . 47
Figura 29 – Utensílios utilizados na preparação dos provetes da célula de Rowe ................... 48
Figura 30 – Procedimento realizado na preparação de provetes na célula de Rowe ................ 49
Figura 31 – Configuração do ensaio de consolidação CR1 realizado com recurso à célula de
Rowe ......................................................................................................................................... 50
Figura 32 – Configuração do ensaio CR2, durante a fase da saturação do provete ................. 52
Figura 33 – Sistema de vácuo utilizado para recolher totalmente a membrana ....................... 53
Figura 34 – Configuração do ensaio CR5, durante a fase da saturação do provete (Configuração
final) ......................................................................................................................................... 54
Figura 35 – Procedimento para a realização de ensaios de consolidação na caixa de corte .... 55
Figura 36 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2 e E3 (patamar de carga de 29,60 kPa) ......... 58
Figura 37 – Comparação entre as superfícies dos provetes (ensaios E1 e E2) ......................... 59
Figura 38 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E3 e E4 (patamar de carga de 29,60 kPa) ... 59
Figura 39 – Curvas s - log t, dos ensaios E1 e E2 (patamar de carga de 238,68 kPa) .............. 60
Figura 40 – Curvas s - log t, dos ensaios E3 e E4 (patamares de carga de 59,20 kPa; 118,33 kPa
e 238,68 kPa) ............................................................................................................................ 61
Figura 41 – Curvas e - log 𝜎v′ obtidas através da realização dos 4 ensaios destinados à avaliação
da influência do incremento de carga, pelo método de Casagrande e Taylor .......................... 62
Figura 42 – Valores do índice vazios no final dos ensaios 4 ensaios, pelo método de Casagrande
e de Taylor ................................................................................................................................ 63
Figura 43 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E5 e E6 (patamar de carga de 29,60 kPa) ... 64
Figura 44 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E5 e E6 (patamar de carga de 238,68 kPa) . 65
Figura 45 – Resultados de s100, t100, cv e k para os ensaios E1, E2, E5 e E6 pelo método de
Casagrande e de Taylor ............................................................................................................ 66
Figura 46 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E7 e E8 (patamar de carga de 29,60 kPa) ... 68
Figura 47 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E7 e E8 (patamar de carga de 238,68 kPa) . 69
Figura 48 – Resultados de s100, t100, cv e k para os ensaios E1, E2, E7 e E8 pelo método de
Casagrande e de Taylor ............................................................................................................ 70
Figura 49 – Curvas s - log t, do ensaio CR1 (patamares de carga de 30 kPa e 240 kPa) ......... 72
Índice de figuras
Eduardo Mendes xv
Figura 50 – Curvas s - log t, do ensaio CR2 (patamares de carga de 60 kPa, 120 kPa e 240 kPa)
.................................................................................................................................................. 73
Figura 51 – Curva s - log t, do ensaio CR4 (patamar de carga de 240 kPa)............................. 73
Figura 52 – Fase de saturação do provete (Ensaio CR5) ......................................................... 74
Figura 53 – Carregamento não drenado (incremento de 30 kPa) ............................................. 75
Figura 54 – Curva s - log t do ensaio CR5 (patamar de carga 240 kPa) .................................. 76
Figura 55 – Evolução da tensão na membrana e das pressões intersticiais, no decorrer do ensaio
de consolidação CR5 ................................................................................................................ 76
Figura 56 – Resultados de s100, t100, cv e k para o ensaio CR5, pelo método de Casagrande e de
Taylor ....................................................................................................................................... 77
Figura 57 – Curvas s - log t, dos ensaios CC1 e CC2 (patamar de carga de 29,84 kPa) .......... 79
Figura 58 – Curvas s - log t, dos ensaios CC1 e CC2 (patamar de carga de 236,26 kPa) ........ 80
Figura 59 – a) s100, para os ensaios CC1 e CC2; b) t100, para os ensaios CC1 e CC2 ............... 80
Figura 60 – Superfície do provete após a realização do ensaio CC1 ....................................... 81
Figura 61 – Comparação dos tempos de consolidação entre os ensaios realizados na caixa de
corte com o ensaio de referência E1 ......................................................................................... 82
Figura 62 – Comparação do tempo de consolidação e assentamento final entre os ensaios E1 e
CR5 ........................................................................................................................................... 84
Figura 63 – Construção Casagrande para a curva s - log t, do segundo patamar de carga do
ensaio E1 .................................................................................................................................. 98
Figura 64 – Construção de Taylor para a curva s - √𝑡, do segundo patamar de carga do ensaio
E1 .............................................................................................................................................. 99
Figura 65 – Construção das curvas e – 𝜎v′ dos ensaios E1, E2, E5 e E6 para a obtenção do
coeficiente de compressibilidade volumétrico (Método de Casagrande) ............................... 105
Figura 66 – Construção das curvas e – 𝜎v′ dos ensaios E1, E2, E5 e E6 para a obtenção do
coeficiente de compressibilidade volumétrico (Método de Taylor) ....................................... 105
Índice de tabelas
Eduardo Mendes xvii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade para solos saturados (adaptado de
Das & Sobhan, 2014) ............................................................................................................... 32
Tabela 2 – Características do solo utilizado no caso de estudo ................................................ 37
Tabela 3 – Características iniciais dos provetes utilizados para o caso de estudo ................... 38
Tabela 4 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas do ensaio edométrico ............. 40
Tabela 5 – Tipos de ensaios edométricos realizados ................................................................ 43
Tabela 6 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas da célula de Rowe ................. 48
Tabela 7 – Ensaios de implementação realizados na célula de Rowe ...................................... 50
Tabela 8 – Etapas de carregamento efetuadas na fase de saturação dos provetes .................... 51
Tabela 9 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas da caixa de corte direto. ........ 54
Tabela 10 – Ensaios de consolidação realizados na caixa de corte direto ................................ 55
Tabela 11 – Características iniciais dos provetes utilizados para a realização de ensaios
edométricos ............................................................................................................................... 57
Tabela 12 – Características iniciais dos provetes utilizados para a realização de ensaios de
consolidação na célula de Rowe ............................................................................................... 71
Tabela 13 – Designação das características iniciais dos provetes utilizados para a realização de
ensaios de consolidação na caixa de corte direto ..................................................................... 78
Tabela 14 – Índice de vazios no final do primeiro patamar de carga dos ensaios E1, E2, E3 e
E4 .............................................................................................................................................. 99
Tabela 15 – Índice de vazios no final da consolidação primária para os restantes patamares dos
ensaios E1, E2, E3 e E4 para o método de Casagrande.......................................................... 100
Tabela 16 – Índice de vazios no final da consolidação primária para os restantes patamares dos
ensaios E1, E2, E3 e E4 para o método de Taylor.................................................................. 100
Tabela 17 – Dados para a construção da curva e – log 𝜎v′ pelo método de Casagrande ....... 100
Tabela 18 – Dados para a construção da curva e – log 𝜎v′ pelo método de Taylor ............... 101
Tabela 19 – Coeficiente de consolidação vertical corresponde ao segundo patamar de carga
(i.e., 238,68 kPa), dos ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Casagrande ....................... 104
Tabela 20 – Coeficiente de consolidação vertical corresponde ao segundo patamar de carga
(i.e., 238,68 kPa), dos ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Taylor ............................... 104
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
xviii Universidade do Minho
Tabela 21 – Permeabilidade para o patamar de carga considerado (i.e., 238,68 kPa), dos ensaios
E1, E2, E5 e E6, pelo método de Casagrande ........................................................................ 106
Tabela 22 – Permeabilidade para o patamar de carga considerado (i.e., 238,68 kPa), dos ensaios
E1, E2, E5 e E6, pelo método de Taylor ................................................................................ 106
Índice de símbolos e siglas
Eduardo Mendes xix
ÍNDICE DE SÍMBOLOS E SIGLAS
Símbolos
s – Assentamento
𝑠e – Assentamento elástico (ou imediato)
𝑠p – Assentamento de consolidação primária
𝑠s – Assentamento de consolidação secundária
ω – Teor em água do solo
ωótimo – Teor em água ótimo
ρ – Massa volúmico do solo
ρd – Massa volúmica seca
k – Permeabilidade
n – Porosidade
u – Pressão intersticial
hw – Carga hidráulica
z – Profundidade
A – Área do elemento infinitesimal
vz – velocidade de escoamento na direção z
Qz – Caudal que entra no elemento na direção z
ΔQ – Variação de caudal
kz – Coeficiente de vazão
i – Inclinação
Δu – Excesso de pressão intersticial
V – Volume
Vv – Volume de vazios
ΔV – Variação de volume
σv – Tensão vertical
Δ𝜎v – Variação da tensão vertical
σv' – Tensão efetiva vertical
mv – Coeficiente de compressibilidade volumétrica
av – Coeficiente de compressibilidade
e – Índice de vazios do solo
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
xx Universidade do Minho
𝑒0 – Índice de vazios inicial
∆e – Variação do índice de vazios
γ – Peso volúmico do solo
γw
– Peso volúmico da água
Z – Fator de profundidade
Tv – Fator tempo vertical
H – Maior distância que uma partícula de água tem de percorrer para abandonar o estrato em
consolidação em direção a uma fronteira drenante
Uv – Grau de consolidação vertical
t – Tempo
𝜎p′ – Tensão de pré-consolidação
cv – Coeficiente de consolidação vertical
ch – Coeficiente de consolidação horizontal
√t – Raiz do tempo
ωl – Limite de liquidez
ωp – Limite de plasticidade
Ip – Índice de plasticidade
G – Densidade das partículas sólidas
S – Grau de saturação
Ws – Massa de solo seco
Ww – Massa de água
WT – Massa total de solo
B – Parâmetro de pressão intersticial de Skempton
Siglas
LEST – Laboratório de Estruturas da Universidade do Minho
UMinho – Universidade do Minho
PTE – Princípio das tensões efetivas
CRS – ‘Constant Rate of Strain’
CRL – ‘Constant Rate of Load’
CG – ‘Constant Pore Pressure Gradient’
RFC – ‘Restricted Flow Consolidation’
CPR – ‘Constant Pressure Ratio’
Introdução e motivação do trabalho
Eduardo Mendes 1
INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO DO TRABALHO
Contextualização
Sempre que se aplica uma solicitação de compressão num solo saturado, por exemplo uma
construção, existe um certo nível de assentamento (s), que é da maior importância ser
quantificado corretamente (Liu & Evett, 2000). No caso das areias esse assentamento processa-
se de forma quase instantânea, não existindo grandes efeitos posteriores. Contudo, quando se
tratam de solos finos (e.g., solos argilosos), devido à sua baixa permeabilidade (k), que dificulta
a saída da água dos poros, o processo de assentamento pode demorar décadas ou até séculos
(Head, 1994), até que ocorra a completa dissipação do excesso de pressão intersticial (Δu),
provocado pela solicitação vertical aplicada. Este fenómeno é designado por consolidação e já
foi originalmente abordado por Terzaghi e Fröhlic, nos primórdios da Mecânica dos Solos
(Vargas, 1977).
Para compreender este processo, Terzaghi propôs um primeiro modelo físico, o qual designou
de “edómetro” (Taylor, 1942), passando-se a desenvolver desde então vários equipamentos e
métodos de ensaio laboratoriais para estudar o fenómeno. Nos dias de hoje os equipamentos
mais utilizados são o edómetro, a célula de Rowe, e a câmara triaxial.
Tradicionalmente, em laboratório, como no caso do Laboratório de Estruturas (LEST) da
Universidade do Minho (UMinho), é realizado o ensaio edométrico convencional pois é
relativamente simples de realizar embora seja um ensaio moroso e com possíveis limitações
associadas. Uma das normas de referência para a realização deste ensaio, sugerida até pelo IPQ
(2010), é a ASTM (2011a) e segundo autores como, Taylor (1942), Leonards & Girault (1961),
Lo (1961), Crawford (1964) e El-Sohby et al. (1989), existem alguns fatores que podem
condicionar os resultados obtidos a partir da realização deste ensaio, nomeadamente: o efeito
do atrito entre o provete de solo e o anel edométrico (efeito de atrito lateral), a duração e
magnitude de cada incremento de carga, o grau de perturbação e de saturação inicial do provete,
o efeito da temperatura, o diâmetro e altura do provete e a possibilidade de ocorrência de
drenagem radial.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
2 Universidade do Minho
Torna-se então importante analisar a qualidade da informação obtida neste ensaio, verificando-
se a influência ou não destes parâmetros, pois estes podem condicionar trabalhos realizados
posteriormente que tenham por base os resultados deste ensaio.
Em alternativa ao ensaio edométrico, podem-se realizar ensaios de consolidação recorrendo à
célula de Rowe. Este equipamento possui vantagens em relação ao edómetro convencional,
nomeadamente: a possibilidade da utilização de um provete de maiores dimensões, o tipo de
drenagem (i.e., vertical, horizontal ou mista) e a possibilidade do controlo da pressão intersticial
(u) do provete durante todo o ensaio (Head, 1998; Gandaio, 2012). A célula de Rowe encontra-
se disponível no LEST-UMinho, mas aquando do início deste estudo não se encontrava inserida
nas competências laboratoriais do mesmo. Sabendo-se que, com a sua implementação no
laboratório se acrescentará maior rigor, qualidade e capacidade de investigação neste tipo de
ensaios, este será um dos principais pontos a explorar nesta dissertação.
Existem outros equipamentos cujo objetivo principal não é o da realização de ensaios de
consolidação, mas em que esta é uma das fases necessárias para a realização do mesmo. Um
desses equipamentos é a caixa de corte, que permite realizar um dos ensaios mais comuns na
prática laboratorial, e é composto por duas fases, a de consolidação e a de corte. Na caixa de
corte existente no LEST-UMinho, foi identificado por (Pereira, 2015) um problema no processo
de consolidação do provete. Este autor verificou a ocorrência da consolidação do provete de
forma praticamente instantânea e com grande nível de assentamento inicial, o que sugere que
algo no sistema de ensaio não apresentava o devido funcionamento e com isso os resultados se
encontravam deturpados. Sendo da maior importância analisar e corrigir o problema existente
neste equipamento de forma a se obterem bons resultados, é de todo vantajosa a realização de
ensaios de consolidação e proceder posteriormente à comparação dos resultados, com os
obtidos nos ensaios edométricos.
Objetivos
Nesta dissertação pretende-se estudar, no LEST-UMinho, a influência dos procedimentos de
ensaio de consolidação, em três equipamentos (i.e., edómetro, célula de Rowe e caixa de corte),
sobre um solo argiloso com a designação comercial de Faiança FC 35.
Introdução e motivação do trabalho
Eduardo Mendes 3
Reconhecendo a existência de algumas limitações na realização do ensaio edométrico,
pretende-se analisar e retirar as devidas conclusões acerca da influência dos seguintes fatores:
(a) magnitude do incremento de carga aplicado ao provete, (b) saturação inicial do provete, e
(c) possibilidade de ocorrência de drenagem radial no edómetro. Também será analisada a
reprodutibilidade do ensaio através da sua dupla realização, nas mesmas condições iniciais.
Por forma a adicionar mais competências ao LEST-UMinho, pretende-se noutra fase dos
trabalhos, proceder à implementação da célula de Rowe. Após a sua implementação, serão
realizados ensaios de consolidação que permitam comparar os resultados obtidos nesta, com os
dos ensaios edométricos realizados, retirando-se as principais conclusões.
Tendo em conta o problema identificado por Pereira (2015) no processo de consolidação da
caixa de corte, o último objetivo desta dissertação será identificar e corrigir o mesmo, por forma
a melhorar a qualidade dos ensaios realizados neste equipamento.
Organização do Documento
Este documento encontra-se organizado em 5 capítulos, cujos conteúdos são a seguir descritos:
Capítulo 1: Este é o capítulo introdutório desta dissertação, no qual é realizado o enquadramento
geral do tema e são clarificados os objetivos que se pretendem atingir. Por fim, é apresentada a
organização do documento.
Capítulo 2: Neste capítulo apresenta-se uma revisão bibliográfica, encontrando-se toda a
informação considerada relevante para levar a cabo o estudo pretendido e posteriormente
auxiliar nas análises e conclusões do mesmo. Será atribuída especial importância a matérias
como: (a) considerações gerais sobre o fenómeno da consolidação, (b) descrição da teoria
unidimensional de Terzaghi, (c) reunião das principais investigações já realizadas acerca das
limitações existentes no edómetro, (d) estudo pormenorizado acerca da célula de Rowe, (e)
breve apresentação acerca do ensaio de corte direto e identificação do seu problema, (f)
determinação dos parâmetros obtidos a partir dos ensaios de consolidação.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
4 Universidade do Minho
Capítulo 3: Neste capítulo é apresentada a metodologia seguida para a caracterização
fundamental do solo e seguidamente a utilizada para a realização de ensaios de consolidação
nos 3 equipamentos já referidos.
Capítulo 4: Este capítulo é dedicado à apresentação e análise dos resultados obtidos neste
estudo. Primeiramente são apresentados e analisados os resultados obtidos nos ensaios
edométricos. De seguida apresentam-se os resultados obtidos a partir da realização de ensaios
de consolidação na célula de Rowe e posteriormente são apresentados e comentados os
resultados do ensaio de corte direto. Também se realiza a comparação dos resultados entre a
célula de Rowe e o edómetro.
Capítulo 5: Neste último capítulo, estão presentes e são explanadas de forma crítica as
principais conclusões obtidas. Para além disso, são sugeridos estudos que possam ser
desenvolvidos futuramente.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Considerações gerais sobre o fenómeno de consolidação
O solo é um material constituído por um conjunto de partículas sólidas, deixando entre si vazios
que podem ser, parcial ou totalmente preenchidos com água (Caputo, 1988).
Como se sabe, o estudo da consolidação dos solos é de especial relevância para a Engenharia
Geotécnica, porque para qualquer construção a previsão dos assentamentos é um problema que
deve ser analisado com muito cuidado (Mejía, 2007). Segundo Punmia et al. (2005) e Das
(2010) esse assentamento pode ser causado por:
a) Deformação (i.e., compressão) das partículas do solo;
b) Compressão das partículas do fluído intersticial (i.e., água) dos vazios;
c) Expulsão do fluído intersticial (i.e., água) ou do ar existente nos vazios;
d) Rearranjo do esqueleto sólido do solo.
Como a compressibilidade das partículas de solo e água é praticamente nula quando comparada
com a do esqueleto sólido, admite-se que a expulsão da água, no caso de um solo saturado, ou
do ar, no caso de um solo não saturado, com consequente rearranjo do esqueleto sólido do solo,
é o principal fator desse assentamento (Das, 2010), estabelecendo-se as teorias da consolidação
neste pressuposto (Head, 1994).
Em geral o assentamento do solo, devido a cargas aplicadas, é divido em três fases:
a) Assentamento elástico (ou imediato) (𝑠e);
b) Assentamento de consolidação primária (𝑠p);
c) Assentamento de consolidação secundária (𝑠s).
O assentamento elástico é causado pela deformação elástica do solo sem qualquer alteração no
teor em água (ω). Os cálculos dos assentamentos podem ser analisados por recurso a equações
derivadas da teoria da elasticidade, assumindo que o fenómeno de consolidação não é
condicionante.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
6 Universidade do Minho
Quanto ao assentamento de consolidação primária, é o resultado de uma variação do volume
(ΔV) do solo devido à expulsão de água que ocupa os espaços vazios. Quanto menor a
permeabilidade do solo mais lento é este processo.
Já o assentamento de consolidação secundária, é o resultado do ajuste plástico do solo e começa
no final da consolidação primária. É uma forma adicional de compressão que ocorre a tensão
efetiva vertical (σv' ) constante (Das, 2010).
Teoria de consolidação de Terzaghi
Para interpretar e compreender o processo de consolidação de solos argilosos, Terzaghi (1925)
desenvolveu a primeira teoria de consolidação, reconhecida como a teoria de consolidação
unidimensional de Terzaghi, propondo um modelo físico, o qual designou de “edómetro”,
apresentando mais tarde a formulação matemática da sua teoria (Terzaghi e Fröhlic, 1936). O
principal fator a ser estudado durante o processo de consolidação é o tempo de assentamento
(t), sendo esse o principal objetivo da sua teoria.
Segundo Head (1994) e Das (2007), os pressupostos em que a teoria de consolidação de
Terzaghi é baseada, são os resumidos a seguir:
a) A camada de solo a ser consolidada é horizontal, homogénea, de espessura uniforme e
lateralmente confinada;
b) O solo está completamente saturado, isto é, os vazios estão completamente preenchidos
com água;
c) Tanto a água como as partículas de solo são incompressíveis;
d) A lei de Darcy é válida;
e) A permeabilidade (k) e o coeficiente de compressibilidade volumétrica (mv) são
constantes ao longo da camada de solo;
f) A tensão vertical (σv) aplicada é uniforme ao longo de um plano horizontal;
g) Tanto o movimento da água como o das partículas do solo só se verifica na direção
vertical;
h) O índice de vazios do solo (e) varia linearmente com o acréscimo de tensão efetiva
vertical durante o processo de consolidação (i.e., inexistência de fluência do esqueleto
sólido);
i) O excesso de pressão intersticial inicial, gerado pela aplicação da solicitação vertical, é
uniforme em toda a profundidade da camada de argila;
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 7
j) A prolongada duração do período de consolidação é inteiramente devida à
permeabilidade do solo;
k) Uma ou ambas as camadas adjacentes à camada de argila são perfeitamente drenadas
em comparação à camada de argila;
l) O peso volúmico do solo (γ) pode ser desprezado;
m) Os efeitos, os fenómenos e o seu curso em elementos de dimensões infinitesimais são
extrapoláveis para dimensões representativas de um maciço real;
n) É válido o princípio das tensões efetivas (PTE) e a hipótese dos pequenos
deslocamentos.
Nestas condições, considera-se um estrato de argila saturado, de espessura 2H (Figura 1a),
situado entre dois estratos de areia altamente permeáveis. Quando a argila é sujeita a uma
variação (i.e., aumento) da tensão vertical (Δ𝜎v) a pressão intersticial na linha do ponto A irá
aumentar. Desta forma, considerando um elemento de dimensões infinitesimais em A, de área
dA =dxdy e de espessura dz, com capacidade de drenagem apenas na direção vertical (dz)
(Figura 1b), submetido a um incremento de tensão total vertical aplicado num dado instante,
que depois se mantém constante, é possível deduzir a equação que governa o fenómeno de
consolidação unidimensional.
a) b)
Figura 1 – Elemento genérico do estrato de argila (adaptado de Das, 2010)
Sendo válida a lei de Darcy, o caudal que entra no elemento (Qz) é dado por:
Qz = vz A (1)
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
8 Universidade do Minho
Em que:
vz = kz i (2)
Então:
Q
z = kz i dxdy = kz (-
∂h
∂z) dxdy
(3)
E o caudal que sai do elemento (Qz) por:
Qz = (vz+
∂vz
∂z dz) dxdy = kz [-
∂h
∂z+
∂
∂z(-
∂h
∂z) dz] dxdy
(4)
Sendo a diferença entre o caudal que entra e sai (∆Q) (devido á diminuição de volume originada
pela consolidação):
∆Q = - kz
∂ 2
h
∂z 2 dxdydz (5)
O volume de vazios do elemento (Vv) de solo considerado é dado por:
n = Vv
V =
e
1 + e⇔ Vv =
e
1 + eV =
e
1 + e dxdydz (6)
Com a variação no tempo dada por:
∂Vv
∂t =
∂
∂t(-
e
1 + ei
dxdydz) (7)
Por se admitir que o volume de partículas sólidas Vs = V
1 + ei não varia no tempo, resulta:
∂Vv
∂t = -
dxdydz
1 + ei
∂e
∂t (8)
Como se assume que o solo está saturado e que tanto a água como as partículas sólidas são
incompressíveis, a velocidade da variação do volume de vazios deve ser igual ao valor do caudal
de água que é expelido do elemento.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 9
- kz
∂2h
∂z2
dxdydz = -dxdydz
1 + ei
∂e
∂t ⇔ kz
∂2h
∂z2
= 1
1 + ei
∂e
∂t (9)
Para uma dada profundidade (z) constante, a carga hidráulica total (h) é dada por:
h = z + hw ⇔ h = z +u
γw
(10)
Derivando em ordem a (𝑢) origina:
∂h
∂u =
1
γw
⇔ ∂2h =
1
γw
∂2u (11)
De onde resulta:
kz
γw
∂
2u
∂z2
= 1
1 + ei
∂e
∂t (12)
Partindo da equação:
mv = 1
1 + ei
∆e
∆σz' (13)
E, atendendo que (mv) foi assumido constante, é possível estabelecer que:
mv = -1
1 + ei
∂e
∂σz' (14)
Que na equação (12) conduz a:
kz
γw
∂2u
∂z2
= - 𝑚v
∂σz'
∂t
(15)
Como a tensão total vertical aplicada é constante, recorrendo ao princípio da tensão efetiva de
Terzaghi tem-se:
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
10 Universidade do Minho
∂σz
'
∂t = -
∂u
∂t (16)
E, portanto:
kz
γw
mv
∂2u
∂z2
= ∂u
∂t (17)
Definindo-se o coeficiente de consolidação vertical (cv) com os termos constantes da relação
anterior:
cv = kz
γw
mv
(18)
Estabelecendo-se a equação que governa o fenómeno de consolidação unidimensional:
cv
∂2u
∂z2
= ∂u
∂t ∎ (19)
Integrando esta expressão, pode-se fornecer a evolução no espaço e no tempo, a dissipação do
excesso de pressão intersticial.
Para a obtenção de soluções desta equação, de aplicação generalizada, em alternativa a z e t,
isto é, às grandezas que representam o espaço real e o tempo real, há vantagem em trabalhar
com outras, diretamente proporcionais àquelas, mas de natureza adimensional, cujas expressões
são:
𝑍 = 𝑧
𝐻 (20)
Tv = cv t
H2 (21)
Sendo (Z) o fator de profundidade, (Tv) o fator tempo vertical e (H) a maior distância que uma
partícula de água tem de percorrer para abandonar o estrato em consolidação, em direção a uma
fronteira drenante.
Substituindo na expressão (19) estes dois fatores, fica:
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 11
∂
2u
∂Z2
= ∂u
∂Tv
∎ (22)
A solução da equação de consolidação (22), para um estrato com duas fronteiras drenantes e
distribuição retangular do excesso de tensão intersticial inicial, foi deduzida por Terzaghi, e a
mesma pode ser apresentada de forma gráfica, como ilustrado na Figura 2, fornecendo uma
imagem completa no espaço e no tempo do incremento de pressão intersticial.
Figura 2 – Grau de consolidação vertical (Uv) em função de (Z, Tv) para as condições de
fronteira da câmara edométrica (Das, 2010)
Ensaios laboratoriais de consolidação
2.3.1 Ensaio edométrico
O ensaio edométrico de consolidação já é reconhecido como uma norma laboratorial desde
1945. Hoje em dia, apesar de estarem disponíveis ensaios mais sofisticados, utilizando provetes
de maior dimensão, estes ensaios são ainda reconhecidos como o ensaio padrão na determinação
das características de consolidação (Head, 1994). No entanto, existem diversos problemas
associados a este ensaio, que serão descritos seguidamente. Na Figura 3 encontra-se o
equipamento utilizado na realização de ensaios edométricos convencionais.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
12 Universidade do Minho
a) Bancada edómetrica b) Câmara edométrica
Figura 3 – Equipamento para a realização de ensaios edométricos convencionais
Tamanho e grau de perturbação do provete
Desde logo, o tamanho do provete que câmara edométrica pode acomodar (i.e., 50 mm de
diâmetro e 20 mm de espessura) que é relativamente pequeno, fazendo por um lado com que a
velocidade de percolação seja muito elevada (devido à sua baixa espessura) e por outro se
tornem mais visíveis os erros derivados de ajustes iniciais.
Segundo (Gofar, 2006), o grau de perturbação do provete, possui um efeito pronunciado sobre
os resultados do ensaio, fazendo com que o nível de assentamento seja muitas vezes
subestimado, isto é, o assentamento total é atingido num tempo mais curto do que o previsto.
Berre (2014), levou a cabo uma série de ensaio edométricos utilizando provetes com diferentes
graus de perturbação e concluiu que existe uma grande influência do grau de perturbação do
provete nos resultados dos ensaios, principalmente quando se pretende estimar o grau de pré-
consolidação (𝜎p′ ), podendo este valor estar 40% abaixo do real.
Como forma de contornar esta limitação, a ASTM (2011a) refere a necessidade de se preparar
cuidadosamente o provete, minimizando a perturbação do mesmo.
Efeito do atrito lateral entre o provete e o anel edométrico
O principal problema associado ao ensaio edométrico é o efeito do atrito lateral entre o provete
e o anel. Esta limitação, foi exaustivamente estudada por diversos autores nomeadamente,
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 13
Taylor (1942), Leonards & Girault (1961), Battacharya (1979) e Biswas (1993). A principal
conclusão a que estes autores chegaram foi que, o efeito do atrito entre o provete e o anel
provoca uma redução na carga aplicada verticalmente, resultando consequentemente em
previsões de índices de vazios e de assentamento menores do que os valores que se esperariam,
se a carga aplicada fosse totalmente absorvida pelo solo. Outra das conclusões a que chegaram
foi que, no caso de provetes reconstituídos, o efeito do atrito lateral é superior quando
comparado a provetes intactos. Taylor (1942) quantificou o atrito lateral e indicou que no caso
de provetes reconstituídos de argila, a força de atrito está compreendida entre os 12% e os 22%
da força total aplicada, e no caso de provetes intactos de argila, a força de atrito está
compreendida entre os 10% e os 15%.
Diversos métodos para minimizar o atrito lateral foram estudados por diferentes investigadores.
Thomson & Ali (1969), concluíram que o atrito lateral pode ser reduzido polindo-se a parede
interior do anel edométrico e passando-se pela mesma uma fina camada de graxa de silicone.
Mais recentemente, El-Sohby et al. (2005), conduziram uma série de ensaios edométricos com
o objetivo de verificar qual a melhor solução para reduzir o atrito lateral, considerando 4
métodos diferentes. No primeiro, tentaram minimizar o contacto entre o anel e o provete através
da colocação de papel de filtro. No segundo, dividiram o provete em 6 camadas de 4 mm,
reduzindo desta forma a intensidade do atrito lateral ao logo da altura do anel. No terceiro,
lubrificou-se a parede interior do anel com graxa de silicone, e no último método, por forma a
minimizar os custos associados ao método anterior, os autores utilizaram uma fina camada de
cera, em substituição da graxa de silicone. Com este estudo, os autores concluíram que a
colocação de uma fina camada de cera na parede interior do anel seria o método mais eficiente
para reduzir o atrito lateral.
Duração do incremento de carga
Crawford (1964), conduziu vários ensaios edométricos numa argila marinha, onde várias
questões relacionadas com este ensaio foram levantadas. No ensaio edométrico convencional a
carga é aplicada ao provete e mantida constante durante um período de 24 horas, sendo
duplicada ao fim desse tempo. No estudo realizado por este autor, o objetivo seria compreender
o que aconteceria à curva do índice de vazios em função do logaritmo da tensão efetiva vertical
(e - log 𝜎v′), se o tempo de duração da carga fosse diferente das 24 horas.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
14 Universidade do Minho
Para tal, considerou 3 intervalos de tempo diferentes entre cada patamar de carga, ou seja, o
tempo necessário para o fim da consolidação primária, 24 horas e 7 dias depois da aplicação da
carga. As curvas de assentamento em função do logaritmo do tempo (s - log t) obtidas em cada
patamar carga, de cada intervalo de tempo considerado, foram utilizadas para construir a curva
e - log 𝜎v′ da Figura 4. Com as curvas obtidas, o autor utilizou o método de Casagrande para
determinar a tensão de pré-consolidação (σp' ).
Da análise dos resultados obtidos, o autor concluiu que quando a duração do carregamento é
superior a 24 horas, a curva e - log 𝜎v′ move-se gradualmente para a esquerda. Significando isto
que, quanto maior o tempo de duração do patamar, para uma qualquer tensão vertical aplicada,
menor será o índice de vazios. Tal, pode ser justificado pelo facto de a consolidação secundária
aumentar em função do tempo de duração do patamar de carga. Em termos de tensão de pré-
consolidação, o autor concluiu que quanto maior tempo de duração do patamar de carga menor
é esta tensão.
Figura 4 – Efeito da duração da carga na curva e - log 𝜎v′ (adaptado de Das & Sobhan, 2014)
Magnitude do incremento de carga
Leonards & Altschaeffl (1964), considerando provetes intactos de argila da Cidade do México,
estudaram o que aconteceria à curva e - log 𝜎v′ , se o incremento de carga não fosse duplicado,
ou seja, se 𝛥𝜎
𝜎′≠ 1, em que, 𝛥𝜎, é a tensão aplicada ao provete e, 𝜎′, é a tensão efetiva instalada
no provete antes de um novo incremento. Analisando as curvas de s - log t obtidas,
representadas na Figura 5, os autores concluíram que para valores de 𝛥𝜎
𝜎′≤ 0,25, o fim da
consolidação primária é difícil de determinar.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 15
Figura 5 – Curvas de consolidação de provetes intactos de argila da Cidade do México com
diferentes incrementos de carga realizados por Leonards & Altschaeffl (1964) (adaptado de
Das & Sobhan, 2014)
Relativamente ao gráfico e - log 𝜎v′ (Figura 6), os autores verificaram que quando o incremento
de carga aplicado no provete é superior à tensão efetiva já nele instalada (i.e., 𝛥𝜎
𝜎′> 1), a curva
e - log 𝜎v′ correspondente, desce em relação à curva obtida quando o incremento de carga é
igual à tensão efetiva instalada no provete (i.e., 𝛥𝜎
𝜎′= 1). O fenómeno inverso acontece quando
o incremento de carga aplicado no provete é inferior à tensão efetiva nele aplicado. Outras das
conclusões a que os autores chegaram foi a que à medida que se aumentava o incremento de
carga menor era o índice de vazios.
Figura 6 – Efeito do incremento de carga na curva e - log 𝜎v′ (adaptado de Das & Sobhan,
2014)
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
16 Universidade do Minho
Verificação da saturação e medição da pressão intersticial
Uma das grandes limitações deste ensaio, referida na ASTM (2011a) é a incapacidade de se
conseguir verificar a saturação do provete antes da realização do ensaio. Para além disto, outra
limitação é devida ao fato de neste ensaio não haver forma de medir o excesso de pressão
intersticial, baseando-se o grau de consolidação unicamente nas medições da altura do provete
(Head, 1994).
Efeito da temperatura
Outro dos problemas que afeta diretamente os resultados dos ensaios edométricos, é o efeito da
temperatura (Lo, 1961). Este fator afeta principalmente a consolidação secundária. Com o
aumento da temperatura verifica-se um aumento no declive da curva e - log 𝜎v′ , na fase de
consolidação secundária. Este aumento, origina uma expansão do anel edométrico, reduzindo a
tensão normal existente entre o solo e o anel. Desta forma, o atrito lateral do anel relativamente
ao solo diminui, e consequentemente aumenta a tensão aplicada ao solo resultando numa maior
consolidação.
Para além de Lo (1961), outros autores como Kaul (1963) e Hahibagahi (1969), também
estudaram as consequências do efeito da temperatura na consolidação secundária, através da
realização de diversas séries de ensaios edométricos a diferentes temperaturas constantes. Estes
concluíram que o efeito da temperatura não seria uma variável significativa e, por conseguinte,
não haveria necessidade de ter-se em conta este parâmetro, em ensaios realizados
laboratorialmente.
Segundo a ASTM (2011a), o ensaio deve decorrer a temperatura ambiente com flutuações
máximas de ± 4 ºC e o equipamento nunca deve ser exposto diretamente à luz solar.
Efeito da deformabilidade do edómetro
Segundo El-Sohby et al. (1989), o deslocamento medido pelo sensor de posição colocado no
topo da câmara edométrica não corresponde apenas à deformação do provete, mas também à
deformabilidade associada aos vários constituintes do edómetro. Uma das formas de contornar
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 17
esta limitação indicada em ASTM (2011a), consiste na calibração do aparelho. Para isso,
coloca-se uma placa metálica no interior da câmara edométrica em substituição do provete, e
seguidamente realizam-se ciclos de carga e descarga, tal como de um ensaio edométrico se
tratasse, medindo-se a deformação instantânea em cada patamar de carga aplicado.
2.3.2 Ensaio de consolidação na Célula de Rowe
A célula de Rowe, representada na Figura 7, foi desenvolvida em 1966, na Universidade de
Manchester, pelo professor P. W. Rowe (Premchitt et al., 1995), com o objetivo de colmatar as
principais limitações do edómetro (Sarsby, 2000), algumas delas já abordadas no ponto anterior.
As principais diferenças entre estes dois equipamentos, residem no diferente modo de
funcionamento, na forma como é aplicada a carga ao provete e também no fato deste poder ser
preparado dentro da própria célula, no caso de provetes reconstituídos (Sarsby, 2000).
Figura 7 – Representação esquemática da célula de Rowe
Descrição da célula e acessórios
Foram 3 os modelos comerciais da célula desenvolvidos pelo professor Rowe, podendo estes
ser distinguidos pelo diâmetro do provete que podem acomodar (i.e., de 75 mm, 150 mm e 250
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
18 Universidade do Minho
mm) (Head, 1998). Segundo Smith (2014), existe também atualmente, um modelo da célula de
500 mm de diâmetro, mas apenas é utilizado para investigação.
Analisando de um modo geral a constituição da célula, pode-se dizer que esta é divida
fundamentalmente em três componentes: o topo, o corpo e a base (Figura 8), todas elas
fabricadas em liga de alumínio para impedir problemas de corrosão (Head, 1998; Gandaio,
2012).
O topo da célula (Figura 8a) está equipado interiormente por uma membrana flexível, de
borracha natural ou sintética, que permite a transmissão de tensão uniforme ao provete, através
da injeção de água ou ar sob pressão. A ligar à membrana existe um êmbolo, com dupla função,
a de permitir a colocação de um sensor de posição (e.g. LVDT), para a leitura de deslocamentos,
e a recolha da água pelo topo, através do circuito hidráulico de drenagem (A), pela abertura da
válvula (1) (Figura 7). Ainda no topo existe a válvula (2), que permite a entrada de ar ou água
através do circuito (B) aplicando tensão na membrana, que por sua vez é transmitida ao provete.
Para evitar a presença de ar na membrana, existe também uma purga pela qual o ar pode ser
retirado.
Quanto ao corpo (Figura 8b), é flagelado em cada uma das extremidades, para permitir uma
boa conexão entre a base e o topo, garantindo a sustentação da membrana e a colocação de dois
corpos quando necessário. Na extremidade superior deste, existe um circuito hidráulico de saída
(C) que conduz à válvula (3), designada por anel drenante. Esta apenas é aberta quando se
pretende realizar ensaios de drenagem radial excêntrica.
Já na base da célula (Figura 8c), existe um o-ring que permite a correta vedação entre esta e o
corpo. No centro da base existe uma pequena reentrância circular, à qual é encastrada uma peça
cerâmica porosa, sendo este o principal ponto para a medição da pressão intersticial do provete
durante o ensaio de consolidação. Para permitir a leitura da pressão, é conectado entre as
válvulas (4) e (5) um sensor de pressão, e mantém-se a válvula (5) fechada. Quando a válvula
(5) é aberta, permite a drenagem através da base, pelo circuito hidráulico (D). Nas células de
maior dimensão (i.e., 150 mm e 250 mm) existe um ponto adicional de medição de pressão na
base (Head, 1998; Farnsworth, 2008).
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 19
a) Topo b) Corpo c) Base
Figura 8 – Principais componentes da célula de Rowe disponível no LEST
Segundo a BSI (1990), para a realização de diferentes tipos de ensaios na célula de Rowe,
existem vários tipos de acessórios:
a) Placa rígida circular;
Esta placa, apenas é utilizada quando se pretende efetuar ensaios a deformação uniforme, sendo
colocada imediatamente abaixo da membrana. Esta possui um buraco de drenagem central para
evitar que o ar fique acumulado por baixo (Figura 9a).
b) Disco poroso de bronze;
Quando se pretende realizar ensaios de consolidação a deformação uniforme, deve ser colocado
este disco na parte superior do provete, imediatamente abaixo da placa rígida. Este disco poroso
permite recolher a água drenada verticalmente pelo topo durante o processo de consolidação
(Figura 9b).
c) Disco poroso de Vyon (Espessura de 3 mm);
Este disco deve ser utilizado sempre que se pretende efetuar o ensaio a tensão uniforme, pois
com a sua utilização garante-se flexibilidade e uniformidade de carregamento no topo do
provete.
d) Folhas porosas de Vyon (Espessura de 1,5 mm).
Estas folhas porosas, existem para que se possam efetuar ensaios com drenagem periférica e
devem ser instaladas antes da colocação do provete no interior da célula de Rowe (Figura 9c e
d).
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
20 Universidade do Minho
a) b) c) d)
Figura 9 – Acessórios da célula de Rowe
Vantagens da utilização da célula de Rowe
De acordo com Head (1998), a célula de Rowe é detentora de enumeras vantagens quando
comparada ao equipamento de consolidação edométrico convencional, sendo as seguintes as
que mais se destacam:
a) o uso de um sistema de carregamento hidráulico;
b) a facilidade de controlo e capacidade de medição da pressão intersticial;
c) possibilidade de saturação do provete e posterior verificação;
d) a capacidade de ensaiar provetes de grande diâmetro;
e) a possibilidade da definição das condições de aplicação de carregamento e de
drenagem.
Com a utilização de um sistema de carregamento hidráulico, o provete torna-se menos
suscetível aos efeitos de vibração que, aliado à capacidade de testar provetes de grande
dimensão, permite aplicar facilmente tensões elevadas (i.e., até 1000 kPa), possibilitando
grandes assentamentos (Head, 1998). Também a correção da deformação devido ao sistema de
carregamento, necessária realizar quando o carregamento é alavancado, deixa de ser necessária.
Uma característica fundamental da célula Rowe é a capacidade de controlar a drenagem,
permitindo medir a pressão intersticial durante o decorrer do ensaio. Por conseguinte, podem
ser aplicadas diferentes condições de drenagem no provete e o carregamento pode ser aplicado
em condições não drenadas, possibilitando a medição do assentamento imediato separadamente
do assentamento de consolidação, que começa quando a válvula de drenagem é aberta. Com a
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 21
possibilidade de medir a pressão intersticial com precisão em qualquer instante e com resposta
imediata é possível definir o início e o fim da fase de consolidação primária. O volume de água
drenado pela amostra pode ser medido, bem como a superfície de assentamento.
Outra característica deste equipamento é a possibilidade de saturar o provete aplicando uma
contrapressão para que, antes de se iniciar a consolidação se esteja perante condições in situ
mais desfavoráveis (Gofar, 2006).
Segundo McGown et al. (1974), que realizaram estudos de consolidação com amostras de
diferentes diâmetros recorrendo à célula de Rowe, e Lo et al. (1976), a utilização de uma
amostra com grande diâmetro (i.e., 150 mm de diâmetro e 50 mm de espessura, ou superior)
permite ter em conta o efeito de fábrica do solo (i.e., o tamanho, a forma e o arranjo das
partículas sólidas, inclusões orgânicas e vazios) e a menor influência do fenómeno de
consolidação secundária, permitindo uma estimativa mais realista do coeficiente de
consolidação vertical (cv), especialmente para baixas tensões, do que o obtido através de ensaios
de consolidação convencionais. Segundo Rowe (1968), tal é comprovado com a comparação
dos níveis de assentamento previstos, utilizando uma amostra de maior diâmetro, com
observados in situ, estando mais próximos do que os obtidos com uma amostra mais pequena.
No caso de ser necessário estudar provetes intactos, um dos aspetos mais importantes para se
obter bons resultados é evitar que estes sofram grandes perturbações. Por isso, a utilização de
um provete de maior dimensão torna-se vantajosa, pois o grau de perturbação nestes é menor.
Assim, a evolução do índice de vazios em função do logaritmo da tensão efetiva vertical e o
efeito das tensões acumuladas ao longo da história geológica correspondem melhor à realidade
(Lok & Shi, 2008). Também os resultados dos ensaios de permeabilidade, realizados em
provetes de maior dimensão, são melhores, e é possível realizá-los quer na direção vertical quer
na horizontal, sob condições de tensão conhecida e tendo em conta o efeito de fábrica do solo.
Desvantagens da utilização da célula de Rowe
Contudo, existem também diversas desvantagens associadas a este equipamento, havendo
opiniões contraditórias acerca da sua utilização em laboratório.
Segundo Khan & Garga (1994), as desvantagens a apontar à célula de Rowe são:
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
22 Universidade do Minho
a) a leitura da variação do volume pode não ser a mais correta, quando uma possível
quantidade de água ou ar existente entre a membrana e a célula, é expulsa durante o
processo de consolidação do provete;
b) a discrepância entre a força aplicada na membrana e a força que na realidade é exercida
no provete, resultando na necessidade da calibração da membrana antes da realização
de qualquer ensaio na célula de Rowe.
Já Farnsworth (2008), com o objetivo de estimar o coeficiente de consolidação horizontal (ch)
de um solo argiloso, levou a cabo uma série de ensaios na célula de Rowe em provetes intactos.
O autor chegou à conclusão que uma das maiores dificuldades era a da colocação do provete
intacto no interior da célula sem existir uma alteração das suas propriedades.
Hernández (2009), através da realização de ensaios de consolidação na célula de Rowe numa
argila, para posterior comparação com a solução teórica de Therzaghi-Fröhlich, concluiu que a
existência de bolhas de ar nos circuitos hidráulicos, afeta diretamente os valores das pressões
intersticiais durante o processo de consolidação. Para além disso, verificou que a pressão
intersticial lida na base do provete era bastante menor que do que a lida no topo, devido à
existência de atrito lateral nas paredes da célula. Este problema foi contornado através da
colocação de uma fina camada de vaselina em torno das paredes desta.
Ensaios realizáveis com recurso à célula de Rowe
Os ensaios realizados na célula de Rowe podem ser definidos quanto ao tipo de provete e quanto
ao processo de consolidação. Quanto ao tipo de provete é possível ensaiar:
a) Provetes intactos, transferidos através de um amostrador para o interior da célula;
b) Provetes reconstituídos e posteriormente transferidos para o interior da célula;
c) Provetes compactados diretamente no interior da célula através de uma compactação
estática ou dinâmica.
Relativamente ao processo de consolidação, os ensaios podem ser classificados em
convencionais e especiais. Os ensaios convencionais consistem na aplicação de sucessivos
incrementos de carga sobre o provete, da mesma forma que é realizada no edómetro, podendo-
se definir tanto as condições de drenagem, como as de carregamento. Segundo Head (1998),
quanto às condições de drenagem é possível definir 4 tipos de ensaio, sendo que para cada um
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 23
deles é possível aplicar um carregamento a tensão uniforme ou a deformação uniforme,
totalizando assim, 8 tipos de ensaios, que se encontram ilustrados na Figura 10 e se descrevem
seguidamente.
a) b)
c) d)
e) f)
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
24 Universidade do Minho
g) h)
Figura 10 – Tipos de ensaio de consolidação por patamares de carga possíveis de realizar na
célula de Rowe
a) Ensaio a tensão uniforme com drenagem vertical (Figura 10a).
Este modelo de ensaio é o mais usual e o mais indicado para a determinação do coeficiente de
consolidação vertical. Consiste numa única fronteira drenante, no topo do provete, com
medição da pressão intersticial no centro da base, aplicando-se uma tensão uniforme garantida
através disco poroso flexível colocado sobre o provete.
b) Ensaio de deformação uniforme com drenagem vertical (Figura 10b).
Este ensaio é realizado nas mesmas condições de drenagem designadas em a), sendo as
condições de carregamento diferentes, pois existe a utilização de uma placa rígida, garantindo
a superfície perfeitamente plana do provete, ou seja, uma deformação uniforme. Esta
modalidade de ensaio é a que mais se aproxima ao ensaio edométrico convencional e permite
relacionar diretamente os deslocamentos medidos com a variação de volume medida na linha
de drenagem.
c) Ensaio a tensão uniforme com drenagem vertical dupla sem medição da pressão
intersticial (Figura 10c).
Neste ensaio é utilizada uma dupla fronteira drenante (i.e., topo e base), aplicando-se um
carregamento a tensão uniforme. Este ensaio é semelhante ao ensaio descrito em a) com a
vantagem de neste caso o processo de consolidação ser 4 vezes mais rápido e a desvantagem de
não ser possível medir a pressão intersticial no interior do provete.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 25
d) Ensaio de deformação uniforme com drenagem vertical dupla sem medição da pressão
intersticial (Figura 10d).
Para além do descrito em c), neste ensaio é acrescentada a placa rígida para garantir que o ensaio
decorre a deformação uniforme.
e) Ensaio a tensão uniforme com drenagem radial excêntrica (Figura 10e).
Este tipo de ensaio requer a utilização da folha porosa de Vyon em torno do interior da célula,
a qual contacta com um dreno localizado junto à membrana flexível, para permitir a drenagem
lateral da água existente no interior do provete. É o ensaio mais utilizado para determinar o
coefiente de consolidação horizontal (ch).
f) Ensaio de deformação uniforme com drenagem radial excêntrica (Figura 10f).
Este ensaio é realizado nas mesmas condições de drenagem que em e) sendo apenas
acrescentada a placa rígida na parte superior do provete, para permitir que a consolidação
decorra a deformação uniforme.
g) Ensaio a tensão uniforme com drenagem radial concêntrica (Figura 10g).
Neste ensaio é necessário que a célula esteja equipada com um dreno central de areia (ou outro
material de características drenantes semelhantes), que permita a drenagem horizontal
concêntrica. A pressão intersticial pode ser medida no ponto secundário existente para medição
desta.
h) Ensaio de deformação uniforme com drenagem radial concêntrica (Figura 10h).
Neste tipo de ensaio é também necessário a existência de um dreno central de areia, sendo neste
caso colocada a placa rígida abaixo da membrana flexível. Este é o ensaio normalmente
realizado para simular colunas de drenantes.
De forma a diminuir o tempo que o ensaio convencional requer, surgiram os ensaios de
consolidação especiais. Nestes, as cargas são aplicadas progressivamente através de diferentes
procedimentos, permitindo obter os parâmetros de consolidação de forma rápida e fidedigna,
mas apenas são possíveis de realizar num equipamento com as características da célula de
Rowe, pois é necessária a monitorização da pressão intersticial da base do provete e o diâmetro
deste deve ser de grande dimensão (Carvalho, 1989; Moura, 2004 & Gandaio, 2012).
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
26 Universidade do Minho
Os ensaios de consolidação especiais mais usuais, segundo Head (1998), são:
a) Ensaio de consolidação com taxa de deformação constante (CRS);
b) Ensaio de consolidação com gradiente de pressão intersticial constante (CG);
c) Ensaio de consolidação com razão a pressão intersticial /tensão aplicada, constante
(CPR);
d) Ensaio de consolidação com fluxo restringido (RFC);
e) Ensaio de consolidação com velocidade constante de carregamento (CRL).
Cuidados na preparação da célula de Rowe
Segundo a BSI (1990), o primeiro passo na preparação deste equipamento consiste na
calibração da membrana e na medição do volume e do tempo de escoamento da água retida
entre a membrana e a parede da célula. Seguidamente, as válvulas, os vedantes, a membrana e
o êmbolo devem ser testados sobre pressão para se verificar a existência de alguma fuga.
Depois, deve certificar-se que as válvulas não se encontram obstruídas e que estejam livres de
corrosão e de partículas de solo. Deve-se assegurar que a membrana esteja livre de áreas de
fraqueza e que o êmbolo esteja bem fixo a ela. Deve também garantir-se a inexistência de ar
nas inserções porosas da célula. Todos os acessórios a utilizar devem ser fervidos em água
destilada, durante pelo menos 10 minutos e, até ao início do ensaio, devem ser mantidos em
água, por forma a evitar a existência de ar nos seus poros. Depois de preparada a célula, deve
ser montado o sistema de pressão, os equipamentos de leitura (i.e., sensores de pressão e
posição) e sistema de aquisição automático de dados.
2.3.3 Ensaio de corte direto
O método mais antigo para investigar a resistência ao corte de solos é através de ensaios de
corte direto (Terzaghi et al., 1996). Tipicamente, o ensaio realizado na caixa de corte é
designado por consolidado-drenado, e é dividido em duas fases. A primeira consiste na
consolidação do provete, e a segunda consiste no seu corte.
A fase de consolidação é caracterizada pela aplicação de um ou vários patamares de carga no
topo do provete, através de um mecanismo alavancado, até que ocorra o final da consolidação
primária, analogamente ao que se procede no ensaio edométrico convencional (Lai, 2004).
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 27
Posto isto, com o objetivo de avaliar a influência de diferentes técnicas de compactação (i.e.,
Proctor, Martelo vibratório, Manual e Harvard), na quantificação de resistência mecânica e na
deformabilidade do solo, Pereira (2015), realizou um total de 24 ensaios de corte consolidado-
drenado em dois solos distintos (i.e., solo residual granítico e solo argiloso), na caixa de corte
disponível no LEST-UMinho. Todos os ensaios foram realizados nas mesmas condições
iniciais em termos de teor em água, índice de vazios inicial e peso volúmico.
Com a realização da fase de consolidação no ensaio de corte direto, o autor obteve os resultados
da Figura 11, para a técnica de compactação Harvard nos dois tipos de solo em estudo.
a) Solo argiloso b) Solo residual granítico
Figura 11 – Resultados da consolidação dos provetes de argila e de solo residual granítico
construídos através da técnica de compactação Harvard (Pereira, 2015)
Através dos resultados obtidos, o autor verificou que utilizando a mesma técnica de
compactação em diferentes provetes, com as mesmas condições iniciais, existia uma grande
dispersão entre os resultados, devido a existência de um considerável assentamento inicial
irregular no equipamento. Da sua análise, o autor verificou também a existência de problemas
no tempo de consolidação, uma vez que, o tempo necessário para terminar a consolidação
primária é semelhante nos dois tipos de solo, o que não é aceitável, pois tratam-se de solos com
permeabilidade completamente distinta.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
28 Universidade do Minho
Parâmetros obtidos a partir de ensaios de consolidação
2.4.1 Determinação do coeficiente de consolidação vertical
A partir dos resultados obtidos da realização de ensaios de consolidação convencionais é
possível estimar o parâmetro do solo que determina o tempo de consolidação, isto é, o
coeficiente de consolidação vertical (cv), para um dado incremento de carga. Para a obtenção
desse parâmetro são comparadas as características da curva obtida laboratorialmente, de
assentamento em função do logaritmo do tempo (s - log t) ou de assentamento em função da
raiz do tempo (s - √𝑡), com as das curvas de consolidação teóricas, utilizando-se o método de
Casagrande ou de Taylor.
Método de Casagrande
Neste método as leituras dos assentamentos são apresentadas em função do logaritmo do tempo.
Na Figura 12, está representada a curva laboratorial que resulta do ensaio de consolidação bem
como, as etapas da aplicação do método de Casagrande para a determinação do coeficiente de
consolidação vertical.
Começa-se por determinar o ponto correspondente a �̅�v=0 (i.e., ponto C), para isso,
primeiramente escolhe-se um ponto na parte inicial da curva (A), e a 4tA assinala-se o ponto
(B), de modo a que esses pontos sejam inferiores a �̅�v < 0,60. Mede-se a distância vertical entre
os dois pontos (a) e à distância de (a) acima do ponto (A) marca-se o ponto (C). Este ponto não
corresponde a um assentamento igual a zero devido à existência de ajustes iniciais e à
compressão de pequenas quantidades de ar existentes no solo. Através da interseção de duas
linhas retas tangentes ao troço da consolidação primária e da consolidação secundária, marca-
se o ponto D, que corresponde a �̅�v = 1. A meia distância do ponto (C) e (D) marca-se o ponto
(E), que corresponde a �̅�V = 0,5 e t = t50.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 29
Figura 12 – Determinação do cv segundo o método de Casagrande (Araújo, 2016)
Determina-se então o valor do coeficiente de consolidação vertical através da expressão (23):
cv =
Tv H2
𝑡50
(23)
Em que,
Tv = 0,196, que corresponde a �̅�V = 0,5;
H2: metade da altura do provete (no caso de dupla fronteira drenante);
𝑡50: tempo correspondente a metade do grau de consolidação vertical na curva laboratorial.
Método de Taylor
Para a determinação do coeficiente de consolidação vertical por este método é necessário
representar a curva de assentamento em função da raiz quadrada do tempo. Na Figura 13,
representa-se o modo de aplicação do método de Taylor para determinação do cv.
Inicia-se o método traçando uma reta tangente ao troço inicial da curva laboratorial e no ponto
de interseção com o eixo das ordenadas marca-se o ponto (A), em que �̅�v=0. A partir do ponto
(A) traça-se uma reta (𝐴𝐵̅̅ ̅̅ ) cujo declive seja 1,155 vezes superior ao declive da reta
anteriormente traçada. No ponto de interseção desta última com a curva laboratorial marca-se
o ponto (C), em que �̅�v=0,9 e t = t90. Extrapolando é possível determinar o ponto correspondente
a t = t100.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
30 Universidade do Minho
Figura 13 – Determinação do cv segundo o método de Taylor (Araújo, 2016)
Recorrendo-se à expressão (24) , é possível determinar o coeficiente de consolidação vertical.
cv =
Tv H2
𝑡90
(24)
Em que,
Tv = 0,848, que corresponde a �̅�v=0,9.
Comparação dos dois métodos
No caso particular de solos em que a consolidação secundária é um fenómeno relevante, o
método de Casagrande pode ser difícil de utilizar e como tal, é recomendada a utilização do
método de Taylor, pois este, baseia -se na interpretação da fase inicial da consolidação e assim
sendo, é menos influenciado pela consolidação secundária.
Para a utilização do método de Taylor, é necessária a gravação automática de dados durante o
processo de consolidação para permitir o maior número e rigor nas leituras dos assentamentos
no início do mesmo. Quando não é possível uma gravação automática de dados, torna-se
vantajosa a utilização do método Casagrande.
Lambe & Whitman (1969) e Al-Zoubi (2008), afirmam que os valores de cv obtidos pelo
método de Taylor são geralmente superiores aos obtidos pelo método de Casagrande.
Revisão bibliográfica
Eduardo Mendes 31
Segundo Das (2002), o valor típico de cv, no caso de uma argila, para níveis de tensão entre os
200 kPa e os 400 kPa é de 1,40 m2/s. Já Sridhara & Nagaraj (2012), referem que o valor de cv
para estes níveis de tensão é cerca de 1,00 m2/s.
Segundo Boone (2010), o facto de estes dois métodos dependerem de construções gráficas, leva
a que os resultados estejam sujeitos a alguma incerteza.
2.4.2 Determinação do valor dos assentamentos numa camada de solo
para um determinado carregamento
Para a quantificação do assentamento de consolidação numa camada de solo e para um
determinado carregamento, pode-se recorrer à construção da curva índice de vazios em função
da tensão efetiva vertical (e - 𝜎v′), que por sua vez permite a determinação do coeficiente de
compressibilidade (av) (Equação 25) e consequentemente do coeficiente de compressibilidade
volumétrico (mv) (Equação 26). Para a determinação dos assentamentos recorre-se à Equação
27.
av = |
∆𝑒
∆𝜎v′|
(25)
mv = av
1 + 𝑒0
(26)
∆ℎ = mv × ∆𝜎v′ × ℎ0 (27)
Outra forma de determinar este assentamento é através da construção da curva índice de vazios
em função do logaritmo da tensão efetiva vertical (e – log 𝜎v′), que também permite a
determinação da tensão de pré-consolidação (𝜎p′ ).
2.4.3 Determinação da permeabilidade do solo
Outro dos parâmetros possíveis de determinar através de ensaios de consolidação é a
permeabilidade do solo (k). Este parâmetro diz respeito à capacidade que um solo apresenta de
permitir a percolação da água através dele, e depende de fatores como, granulometria, índice
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
32 Universidade do Minho
de vazios, composição mineral, temperatura e da estrutura do solo. Para determinar este
parâmetro recorre-se à expressão (28).
𝑘 = 𝑐v × 𝛾w × 𝑚v (28)
Em que,
𝛾w : é o peso volúmico de da água (9,81 kN/m3).
Os valores típicos do coeficiente de permeabilidade do solo, segundo Das & Sobhan (2014),
encontram-se apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade para solos saturados (adaptado de
Das & Sobhan, 2014)
Tipo de solo k × (cm/s)
Seixo 100 – 0,1
Areia grossa 1,0 – 0,01
Areia fina 0,01 – 0,001
Silte 0,001 – 0,00001
Argila < 0,000001
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 33
MATERIAIS E METODOLOGIAS
Introdução
Neste capítulo, pretende-se descrever todas as etapas seguidas para a realização de ensaios
laboratoriais de consolidação, nos três equipamentos em estudo, representados na Figura 14.
Começando-se pela caracterização física do solo considerado e pela definição das
características iniciais de todos os provetes. Seguidamente são explanados, por cada
equipamento, todos os procedimentos para a preparação dos provetes, definidos todos os
ensaios a realizar e os passos utilizados na sua execução. Ao longo do capítulo são justificadas
todas as opções tomadas para a concretização do estudo.
a) Edómetro b) Célula de Rowe c) Caixa de corte
Figura 14 – Equipamentos utilizados no caso de estudo
3.2 Solo
Para a realização dos ensaios de consolidação selecionou-se um solo comercial designado por
Faiança FC 35 (Figura 15), de utilização corrente em olaria. Foi selecionado devido à facilidade
de obtenção, baixo custo e o facto de ser comercializado com reprodutibilidade das suas
características geotécnicas (a testar futuramente), o que permite que se realizem análises
posteriores a este estudo, por outros autores.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
34 Universidade do Minho
a) b)
Figura 15 – Solo utilizado no caso de estudo
3.2.1 Caracterização fundamental do solo
Numa fase inicial procedeu-se à secagem e fragmentação do solo. Para tal, dividiu-se o tarolo
em pequenos pedaços (Figura 16a) e levaram-se à estufa durante 24 horas a 110ºC. Passado
esse tempo, com recurso a um pilão metálico, fragmentou-se o solo cuidadosamente, evitando
a destruição propriedades do mesmo (Figura 16b, 16c e 16d).
a) b) c) d)
Figura 16 – Processo de secagem do solo utilizado no caso de estudo
Findo este processo, o passo seguinte consistiu na caracterização fundamental do solo, para tal,
realizaram-se 5 tipos de ensaio:
a) Limites de consistência;
b) Azul de metileno;
c) Análise granulométrica;
d) Densidade das partículas sólidas;
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 35
e) Ensaio de compactação Proctor.
Através da realização do ensaio dos limites de consistência, determinou-se o limite de liquidez
(ωl), o limite de plasticidade (ωp) e o índice de plasticidade (Ip), recorrendo-se à IGPAI (1969).
Da análise da Figura 17, em que n representa o número de pancadas, é possível concluir que o
limite de liquidez é de 35%.
Figura 17 – Curva do limite de liquidez do solo utilizado no caso de estudo
Quanto ao limite de plasticidade, obteve-se, com base em 6 ensaios, um valor médio de 16% e
um desvio padrão de 1,97. Sabendo-se que a diferença entre o limite de liquidez e o limite de
plasticidade é igual ao índice de plasticidade, concluiu-se que este seria de 19%.
Realizou-se o ensaio de absorção de azul metileno, de acordo com a norma AFNOR (1998),
para se avaliar o potencial de expansibilidade do solo utilizado. Com a sua realização obteve-
se um valor MB = 2,11 g/kg.
Seguidamente, realizou-se a análise granulométrica do solo, de acordo com a especificação
LNEC (1966a). Devido ao facto de todo o solo ter passado no peneiro #200 ASTM (0,074 mm),
realizou-se apenas o ensaio de sedimentação. Este ensaio foi realizado duplicadamente para
garantir a veracidade dos resultados. As curvas granulométricas obtidas encontram-se
representadas na Figura 18.
25
30
35
40
45
ω(%
)
n
6050403025201510
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
36 Universidade do Minho
Figura 18 – Curvas granulométricas do solo utilizado no caso de estudo
Com base nas características do solo obtidas através da realização do ensaio dos limites de
consistência e de granulometria, foi possível classificá-lo de acordo com a classificação
unificada ASTM (2011b), concluindo-se que se trata de um solo CM - argila magra.
Para a obtenção da densidade das partículas sólidas (G), recorreu-se à IGPAI (1965), obtendo-
se um valor de G=2,57.
Por último, determinou-se o teor em água ótimo (ωótimo) e a massa volúmica seca máxima (ρd)
do solo, recorrendo-se à técnica de compactação pesada, pois a compactação atual de solos
facilmente atinge os níveis desta, e em molde pequeno, devido à granulometria do solo
utilizado. Para tal, recorreu-se à especificação LNEC (1966b). A compactação efetuou-se
apenas com recurso a duas camadas, ao invés das cinco mencionadas pela norma, pelo fato do
solo ser constituído por partículas de dimensões reduzidas, e assim não se necessitou de uma
amostra grande para ser representativa, diminuindo-se o esforço laboratorial. Assim sendo,
assumiu-se que com duas camadas, não se comprometia a qualidade dos resultados. Na Figura
19, encontra-se a curva de compactação obtida.
0
20
40
60
80
100
0,001 0,01 0,1
% P
assa
da
Diâmetros (mm)0.074
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 37
Figura 19 – Curva de compactação do solo utilizado no caso de estudo
Com base na curva da Figura 19, concluiu-se que o teor em água ótimo seria de 13% e a massa
volúmica seca máxima de 1,86 Mg/m3.
Na Tabela 2, encontram-se sintetizados os resultados obtidos relativos à caracterização
fundamental do solo.
Tabela 2 – Características do solo utilizado no caso de estudo
Classificação ASTM MB (g/kg) G ωótimo (%) ρd (Mg/m3)
CM – Argila Magra 2,11 2,57 13,00 1,86
3.2.2 Características iniciais dos provetes
Uma vez determinadas as características físicas do solo para o caso de estudo, foram impostas
a todos os provetes a ensaiar as mesmas condições iniciais em termos de teor em água (ω),
massa volúmica (ρ) e grau de saturação (S).
Desta forma, garantiu-se uma uniformização de todos os provetes no início de cada ensaio,
permitindo a posterior comparação dos resultados obtidos nos diferentes ensaios consolidação,
realizados nos 3 equipamentos em estudo.
Posto isto, para garantir a plasticidade e um elevado grau de saturação do solo utilizou-se um
teor em água 2% acima do teor ótimo, ou seja, 15%, correspondendo a uma massa volúmica
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
0 3 6 9 12 15 18 21
ρd
(Mg/m
3)
ω (%)Resultados Experimentais Curva de compactação
S=100%
S=92%S=80%S=60%S=40%S=20%
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
38 Universidade do Minho
seca de 1,81 Mg/m3.
Com base nestes dois parâmetros, foi possível determinar a massa volúmica e o grau de
saturação recorrendo-se às expressões (29) e (30) respetivamente:
𝜌 = 𝜌d(1 + 𝜔) (29)
𝜌 =𝐺 × 𝜌w
1 +𝐺 × 𝜔
𝑆
(1 + 𝜔) (30)
Substituindo na expressão (29):
𝜌 = 1,81 × (1 + 0,15) = 2,08 𝑀𝑔/𝑚3
E na expressão (30):
2,08 =2,57 × 1,00
1 +2,57 × 0,15
𝑆
(1 + 0,15) ⟺ 𝑆 = 0,92
Na Tabela 3,Tabela 4 encontram-se resumidas as características iniciais de todos os provetes
utilizados para o caso de estudo.
Tabela 3 – Características iniciais dos provetes utilizados para o caso de estudo
ωótimo (%) S ρd (Mg/m3) ρ (Mg/m3)
Características iniciais
dos provetes 15,00 0,92 1,81 2,08
3.3 Ensaio Edométrico
3.3.1 Montagem e calibração do equipamento
Para dar início à campanha de ensaios edométricos selecionou-se um dos edómetros
disponíveis, no LEST-UMinho. Despois disto, montou-se todo o sistema de apoio necessário,
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 39
calibrou-se o sensor de posição e o braço do edómetro. Seguidamente, foram selecionadas as
cargas a utilizar em todos os ensaios edométricos.
Após a montagem de todo o sistema, realizou-se a calibração do aparelho conforme a ASTM
(2011a). Para tal, no interior da câmara edométrica, colocou-se um disco metálico ao invés do
provete de solo e deu-se início ao ensaio, realizando-se um ciclo de carga seguido de um ciclo
de descarga, tendo-se repetido este procedimento. Os resultados da calibração encontram-se na
Figura 20.
Figura 20 – Resultado da calibração do edómetro
Da análise dos resultados, verifica-se que existe uma certa deformabilidade instantânea do
equipamento, que aumenta à medida que se aumenta a carga. É possível concluir também que,
existe compatibilidade entre a fase de carga e descarga entre ciclos, mas com histerese por ciclo.
3.3.2 Preparação e reconstituição dos provetes
O primeiro passo para a preparação dos provetes utilizados na realização de ensaios
edométricos consistiu na determinação da quantidade de solo (𝑊s) e água (𝑊w) necessária para
impor as suas características iniciais resumidas na Tabela 3.
Determinou-se o diâmetro do molde Proctor pequeno, pois foi no seu interior que se procedeu
à compactação do solo. Devido ao fato da altura do anel edométrico ser de 19,60 mm e para
que este ficasse totalmente envolvido pelo solo, impôs-se uma altura de 30 mm no molde. Com
0,00
0,03
0,06
0,09
0 100 200 300 400 500
s(m
m)
σv (kPa)
Carga 1 Descarga 1 Carga 2 Descarga 2
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
40 Universidade do Minho
base nesta altura e no diâmetro do molde, calculou-se um volume (V) de solo a utilizar de 243,70
cm3.
Recorrendo-se às equações (31) e (32), determinou-se a massa de solo e água a utilizar.
𝑊s + 𝑊w = 𝜌 × 𝑉 (31)
𝜔 =𝑊w
𝑊s
(32)
Substituindo-se na expressão (31) :
𝑊s + (0,15 × 𝑊s) = 2,08 × 243,70 ⟺ 𝑊s = 440,78 𝑔
Substituindo-se na expressão (32) :
0,15 =𝑊w
440,78 ⟺ 𝑊w = 66,12 𝑔
Na Tabela 4, encontram-se as quantidades de solo e água utilizadas na preparação dos provetes.
Tabela 4 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas do ensaio edométrico
Ws (g) Ww (g) WT (g)
440,78 66,12 506,90
Depois da definição das massas, procedeu-se à preparação das misturas (solo + água). Para tal,
realizaram-se as seguintes etapas:
a) Pesou-se a quantidade de solo e água a utilizar numa balança de precisão ± 0,01g (Figura
21a e 21b);
b) Com o auxílio de um atomizador adicionou-se cuidadosamente a água ao solo para que
a mistura ficasse homogénea (Figura 21c);
c) Colocou-se a mistura no interior de um saco plástico, devidamente selado, evitando-se
desta forma a evaporação da água (Figura 21d);
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 41
d) Para a sua homogeneização, deixou-se repousar a mistura na câmara húmida durante
um período mínimo de 24 horas.
a) Pesagem do solo b) Pesagem da água c) Mistura d) Homogeneização
Figura 21 – Procedimento realizado para a preparação das misturas
Para a reconstituição dos provetes, começou-se por compactar o solo, recorrendo-se à técnica
de compactação Harvard, que consiste na compactação progressiva do solo, utilizando uma
prensa hidráulica, até ao valor de peso volúmico desejado (Pereira, 2015). Utilizou-se esta
técnica, porque permite a compactação no interior da célula de Rowe sem danificar o
equipamento, e de modo a manter a coerência da técnica compactação, esta foi utilizada para
os restantes equipamentos (i.e., edómetro e caixa de corte).
Para reproduzir esta técnica no LEST, utilizou-se um bastidor e um macaco hidráulico e,
impondo-se a altura desejada, correspondente ao peso volúmico obtido, compactou-se o solo.
Posteriormente cravou-se o anel edométrico no solo compactado. Para este procedimento
utilizaram-se os utensílios representados na Figura 22.
a) Bastidor b) Paquímetro c) Pilão metálico d) Pilão de madeira
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
42 Universidade do Minho
e) Macaco hidráulico f) Molde pequeno
Proctor
g) Anel edométrico h) Espátula
Figura 22 – Utensílios utilizados para a preparação dos provetes do ensaio edométrico
O procedimento adotado encontra-se de seguida:
a) Preparou-se o bastidor e todos os utensílios necessários à compactação do solo e
cravação do anel (Figura 23a);
b) Retirou-se o solo da câmara húmida e pesou-se em 3 porções iguais (Figura 23b);
c) Compactou-se cada camada de solo (i.e., 1 cm por camada) no interior do molde de
Proctor pequeno com recurso a um macaco hidráulico (Figura 23c);
d) Entre cada camada, escarificou-se a superfície do solo para minimizar a criação de uma
superfície de descontinuidade entre camadas (Figura 23d);
e) Procedeu-se à cravação do anel edométrico de modo a que este ficasse no interior do
solo compactado (Figura 23e);
f) Desmontou-se o molde Proctor e destacou-se o anel (Figura 23f);
g) Utilizando-se uma espátula, rasaram-se ambas as faces do anel de modo a que estas
ficassem totalmente planas e uniformes (Figura 23g e 23h).
a) b) c) d)
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 43
e) f) g) h)
Figura 23 – Procedimento realizado para a preparação dos provetes do ensaio edométrico
3.3.3 Tipos de ensaios realizados
Com o objetivo de testar os diferentes parâmetros já mencionados, realizaram-se 8 ensaios
edométricos. A Tabela 5 resume as características de cada um dos provetes ensaiados.
Tabela 5 – Tipos de ensaios edométricos realizados
Provete Designação
do ensaio
ω (%)
Parâmetro em estudo
Patamares de carga
(kPa)
1 E1 15
Incremento de carga
30 → 240 2 E2 15
3 E3 15 30 → 60 → 120 →240
4 E4 15
5 E5 0 Grau de saturação inicial 30 → 240
6 E6 0
7 E7 15 Condições de drenagem 30 → 240 8 E8 15
Definiram-se 4 ensaios para avaliar a influência do incremento de carga no processo de
consolidação no solo. Nos ensaios E1 e E2, o segundo, e último, patamar de carga considerado
no ensaio foi 8 vezes superior ao patamar inicial. Enquanto que nos ensaios E3 e E4, o fator de
multiplicação, de cada incremento de carga aplicado, foi de 2, de acordo com as exigências da
ASTM (2011a). Adotou-se um fator de 8 por ser um valor distante de 2 e se pretender
maximizar possíveis discrepâncias entre os resultados.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
44 Universidade do Minho
Para avaliar a influência do grau de saturação inicial, definiram-se dois ensaios com um grau
de saturação inicial nulo (ensaios E7 e E8), que posteriormente foram comparados com os
resultados obtidos nos ensaios E1 e E2, pois estes foram ensaiados nas mesmas condições de
carregamento.
Por fim, para avaliar as condições de drenagem existentes no interior do anel edométrico,
realizou-se uma pequena alteração no interior da câmara. Essa alteração passou pela colocação
de uma membrana de borracha impermeável na base da mesma (Figura 24a e 24b). Tal foi
realizado com o objetivo de comparar o tempo de consolidação destes dois provetes, que
possuem apenas uma fronteira drenante, com o tempo de consolidação dos provetes E1 e E2,
estes dois últimos com duas fronteiras drenantes. Sabendo-se que na teoria os ensaios realizados
com uma fronteira drenante demoram 4 vezes mais tempo a terminar o processo de
consolidação do que os realizados com duas, nas mesmas condições de ensaio.
a) b)
Figura 24 – Colocação da membrana impermeável na base da câmara do ensaio E7
3.3.4 Procedimentos de ensaio
Para a realização dos ensaios edométricos procedeu-se do seguinte modo:
a) Limpou-se adequadamente a câmara edométrica, colocaram-se as pedras porosas a
ferver durante 10 minutos e mantiveram-se mergulhadas em água para arrefecerem até
à temperatura ambiente antes da sua utilização (Figura 25a);
b) Instalou-se o provete na câmara edométrica (Figura 25b);
c) Colocou-se a câmara no edómetro e ajustou-se o sensor de posição (Figura 25c);
d) Travou-se o braço edométrico e colocou-se a carga inicial (Figura 25d);
e) Iniciou-se a gravação de dados com auxílio de um programa de aquisição automática;
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 45
f) Destravou-se o braço rapidamente, para evitar perturbações significativas, enchendo-se
simultaneamente a câmara com água;
g) Por cada mudança de patamar de carga aguardou-se um período de 24 horas;
h) No final de cada ensaio, as pedras porosas foram limpas com uma escova não abrasiva.
Note-se que, no caso dos ensaios E7 e E8, em que se pretendeu estudar as condições de
drenagem, procedeu-se do mesmo modo, no entanto, aquando a colocação do provete na câmara
colocou-se uma membrana de borracha impermeável na base, de modo a garantir que a
drenagem apenas se realizasse pelo topo do provete (Figura 24).
a) b) c) d)
Figura 25 – Procedimento para a realização de ensaios edométricos
3.4 Ensaio de consolidação na célula de Rowe
3.4.1 Montagem do sistema de ensaio e calibração
Uma vez que um dos principais objetivos desta dissertação consistia na implementação da
célula de Rowe no LEST-UMinho, começou-se, numa primeira fase dos trabalhos com a célula,
por analisar o seu estado e compreender o seu modo de funcionamento.
Separaram-se e limparam-se todos os acessórios existentes na célula, e constatou-se que a
membrana teria de ser substituída. Uma vez substituída, verificaram-se se todas as válvulas se
encontravam devidamente desimpedidas. Realizaram-se ensaios de pressão para verificar a
inexistência de fugas. Para a compreensão do seu modo de funcionamento, recorreu-se ao
estudo exaustivo realizado na revisão bibliográfica.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
46 Universidade do Minho
Depois de verificada a operacionalidade da célula, calibrou-se a membrana de modo a verificar
se a força exercida por esta no provete de solo seria a correspondente à lida pelo sensor de
pressão.
Para a sua calibração procedeu-se do seguinte modo:
a) Começou-se por retirar a base da célula e manteve-se o corpo e o topo selados;
b) Inverteu-se a célula, colocou-se no bastidor e instalou-se o sistema de ar comprimido;
c) Dentro da mesma e acima do diafragma foi colocada a placa rígida, um anel
dinamométrico de 10 kN e ajustou-se o topo da prensa ao nível do anel (Figura 26a);
d) Aplicaram-se incrementos de pressão na membrana com recurso ao sistema de ar
comprimido e registaram-se os valores lidos pelo manómetro e pelo anel dinamométrico
(Figura 26b);
e) Realizou-se uma fase de carga, com incrementos de 50 kPa (i.e., de 0 a 500 kPa) e uma
fase de descarga nas mesmas condições (i.e., de 500 a 0 kPa). Repetiu-se a fase de carga
e descarga.
a) b)
Figura 26 – Calibração da membrana da célula de Rowe
Na Figura 27, encontram-se os resultados obtidos da calibração da membrana da célula de
Rowe.
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 47
Figura 27 – Resultado da calibração da membrana da Célula de Rowe
Da análise da Figura 27, foi possível verificar que nas duas fases de carga realizadas, os valores
lidos pelo manómetro e pelo anel dinamométrico são semelhantes, não causando interferência
nos resultados. De fato, durante os ciclos de carga, a relação é linear sem diferença entre a
pressão aplicada e a lida no anel. O mesmo não acontece nas fases de descarga, nas quais se
verifica discrepância entre as duas leituras. Como, no caso de estudo, não se realizou nenhum
patamar de descarga, tal erro não terá influência nos resultados.
Instalaram-se vários equipamentos auxiliares (Figura 28), indispensáveis para a realização dos
ensaios. Sendo eles:
a) Regulador de
pressão
b) Sensor de
pressão
c) Sensor de
posição
d) Sistema de
aquisição
automática de
dados
e) Sistema de
fornecimento de
ar comprimido
Figura 28 – Equipamentos auxiliares utilizados na realização de ensaios na célula de Rowe
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
Pan
el(k
Pa)
Pman. (kPa)
Carga 1 Descarga 1 Carga 2 Descarga 2
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
48 Universidade do Minho
3.4.2 Preparação e reconstituição dos provetes
Assim como para o ensaio edométrico, para o ensaio de consolidação na célula de Rowe,
começou-se por determinar a massa de solo e a massa de água a utilizar nos provetes,
recorrendo-se às equações 31 e 32. Para isso, determinou-se o volume do interior da célula
destinado à acomodação do provete. Sabendo-se que a altura recomendada é de 50 mm e o
diâmetro de 150 mm, obteve-se um volume de 883,57 cm3.
Na Tabela 6, encontram-se os valores das massas (solo + água) utilizados na preparação da
mistura.
Tabela 6 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas da célula de Rowe
Ws (g) Ww (g) WT (g)
1598,11 239,72 1837,83
Quanto à preparação desta mistura, procedeu-se do mesmo modo já descrito no ponto 3.3.2.
Relativamente à reconstituição dos provetes, recorreu-se, à mesma técnica utilizada na
preparação dos provetes do edómetro. Para isso, utilizaram-se os utensílios da Figura 22a, 22b
22c, 22d e 22e e os da Figura 29.
a) Célula de Rowe b) Disco metálico
rígido
Figura 29 – Utensílios utilizados na preparação dos provetes da célula de Rowe
Os procedimentos realizados para a preparação dos provetes encontraram-se descritos de
seguida:
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 49
a) Colocou-se a célula de Rowe sem topo no bastidor (Figura 30a);
b) Retirou-se o solo da câmara húmida e pesaram-se 5 porções iguais (Figura 30b);
c) Colocou-se um papel de filtro na base da célula;
d) Compactou-se cada camada de solo (i.e., 1 cm por camada) no interior da célula com
recurso a um macaco hidráulico (Figura 30c);
e) Entre cada camada, escarificou-se a superfície do solo para minimizar a criação de uma
superfície de descontinuidade entre camadas (Figura 30d);
f) Após a compactação das várias camadas, colocou-se o disco poroso de bronze e a placa
rígida no topo da célula (Figura 30e);
g) Encheu-se o topo do provete com água até cobrir totalmente a placa rígida (Figura 30f);
h) Selou-se cuidadosamente a célula para evitar danificar a membrana flexível (Figura 30g
e 30h).
a) b) c) d)
e) f) g) h)
Figura 30 – Procedimento realizado na preparação de provetes na célula de Rowe
De notar que, a compactação do solo no interior da célula deve ser realizada cuidadosamente
para se evitar danificar as paredes da célula. Para isso, deve se garantir que o equipamento se
encontra perfeitamente nivelado e que o disco metálico utilizado para compactar o solo não
toque nas paredes da célula.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
50 Universidade do Minho
3.4.3 Ensaios de implementação realizados
Os ensaios realizados na célula de Rowe foram de carácter experimental, com o objetivo de se
obter a configuração ideal para a realização do ensaio de consolidação. Na Tabela 7, encontram-
se descritos os ensaios realizados para a implementação da célula.
Tabela 7 – Ensaios de implementação realizados na célula de Rowe
Provete Designação do ensaio
ω (%)
Patamares de carga (kPa)
B
1 CR1 15 30 → 240 -
2 CR2 15 30 → 60 → 120 →240 0,51
3 CR3 15 - 0,68
4 CR4 15 30 → 240 0,88
5 CR5 15 30 → 240 0,82
Relativamente, ao ensaio CR1, depois de reconstituído o provete no interior da célula, colocou-
se o disco poroso de bronze sobre este e seguidamente a placa rígida. Dois sensores de pressão
foram instalados nos dois pontos de medição de pressão intersticial existentes na base da célula
(Figura 31b). Esta configuração de ensaio (Figura 31a) corresponde àquela que mais se
aproxima com o ensaio edométrico, segundo Head (1998). Neste ensaio, apenas foi realizada a
fase de consolidação, ou seja, não se realizou a saturação do provete. O ensaio foi realizado
sem saturação para demostrar a grande importância da mesma.
a) b)
Figura 31 – Configuração do ensaio de consolidação CR1 realizado com recurso à célula de
Rowe
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 51
Quanto ao ensaio CR2, este foi dividido em 3 fases, a fase da saturação, o carregamento não
drenado e por fim a consolidação (i.e., carregamento drenado). Como tal, alterou-se a
configuração da célula do seguinte modo:
a) Trocou-se um dos sensores de pressão da base para o topo da célula (Figura 32b);
b) Instalou-se um circuito de água ligado à base e ao topo da célula (Figura 32a).
Antes da realização do ensaio tiveram-se os seguintes cuidados:
a) Eliminaram-se todas as bolhas de ar presentes nos circuitos hidráulicos;
b) Abriram-se as purgas dos sensores de pressão até se expulsar todo o ar;
c) Depois de instalado o provete, o disco poroso flexível e a placa rígida, encheu-se o
interior da célula com água, até à placa rígida ficar totalmente submersa.
A fase da saturação, foi conseguida por contrapressão, aplicando-se por etapas incrementos de
pressão de água no interior do provete e de tensão vertical na membrana, forçando-se a
circulação de água no seu interior. As etapas de carregamento realizadas apresentam-se na
Tabela 8.
Tabela 8 – Etapas de carregamento efetuadas na fase de saturação dos provetes
Patamar Tensão na
membrana (kPa)
Pressão
intersticial (kPa)
1 30 0
2 60 30
3 90 60
4 120 90
5 150 120
6 180 150
7 210 180
Uma décalage de 30 kPa entre a tensão na membrana e a pressão intersticial aplicada, foi
realizada para simular o primeiro patamar de carga (não se impediu a expansão do provete
durante a fase de saturação). Assim melhorou-se a conformidade com o ensaio edométrico.
Após esta fase, realizou-se um carregamento não drenado, aplicando-se uma tensão na
membrana de 30 kPa. Com este carregamento, foi possível realizar a verificação da saturação
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
52 Universidade do Minho
do provete através da medição do parâmetro B de Skempton, parâmetro esse que é semelhante
ao grau de saturação para valores superiores a 90%. Para a determinação desse parâmetro
recorreu-se à expressão 33.
B = ∆𝑢
∆𝜎v (33)
Em que:
∆𝑢, representa a variação da pressão intersticial resultante de uma variação de tensão vertical
∆𝜎v.
Com a realização deste carregamento obteve-se um parâmetro de Skempton B de 0,51. Por fim,
realizou-se a consolidação do provete de acordo com os patamares de carga descritos na Tabela
7.
a) b)
Figura 32 – Configuração do ensaio CR2, durante a fase da saturação do provete
O objetivo do ensaio CR3 foi a obtenção de um parâmetro de Skempton superior a 0,90, por
forma a garantir-se a saturação do provete antes de este ser consolidado. Neste ensaio não foram
efetuadas alterações na configuração descrita no ensaio CR2. No entanto, teve-se o cuidado de
retirar o parafuso existente no centro da placa rígida.
Realizou-se a saturação do provete, de acordo com os patamares descritos na Tabela 8, e de
seguida o carregamento não drenado, obtendo-se um parâmetro B de Skempton de 0,68. Como
mais uma vez, este parâmetro esteve longe dos 90%, não se procedeu à fase da consolidação.
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 53
Com o mesmo objetivo do ensaio descrito anteriormente, realizou-se o ensaio CR4.
Neste ensaio a configuração manteve-se inalterada, mas outros cuidados foram considerados,
tais como:
a) Substituição do manómetro regulador de pressão da membrana por um sensor de
pressão;
b) Devido à dificuldade de colocar adequadamente a membrana no interior da célula
reduziu-se a espessura do provete de 50 mm para 40 mm;
c) Com recurso a um sistema de vácuo recuou-se totalmente a membrana, inclinou-se a
célula e abriram-se as torneiras de injeção de água no interior da célula. Com isto,
conseguiu-se retirar todo ar existente entre a membrana e o provete (Figura 33).
Com estas alterações, conseguiu-se um parâmetro B de Skempton de 0,88, que pareceu o valor
aceitável para a realização do ensaio de consolidação.
Na fase de consolidação deste provete constatou-se que a pressão lida pelo sensor do topo ainda
não seria desejada, pois esta deveria descer instantaneamente até ao valor obtido no final do
processo de saturação, ou seja, 180 kPa. Tal não foi verificado possivelmente devido ao fato de
a membrana ter impedido o acesso ao sensor de pressão, e deste modo não foram realizadas as
leituras de pressão corretamente.
Figura 33 – Sistema de vácuo utilizado para recolher totalmente a membrana
Quanto ao ensaio CR5, efetuou-se apenas uma alteração na configuração do sistema de ensaio,
que passou pela alteração da posição do sensor de pressão do topo, para permitir a leitura correta
da pressão no topo do provete durante a fase de consolidação. Com esta alteração chegou-se à
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
54 Universidade do Minho
configuração que permite a correta realização de ensaios de consolidação com recurso à célula
de Rowe, no LEST-UMinho, representada nas Figura 34a e 34b.
a) b)
Figura 34 – Configuração do ensaio CR5, durante a fase da saturação do provete
(Configuração final)
3.5 Ensaio de corte direto
Com o objetivo de dar resposta ao problema identificado por Pereira (2015), realizaram-se
ensaios de consolidação, na caixa de corte do LEST, por forma a resolver esta questão.
3.5.1 Preparação e reconstituição dos provetes
Tal como no ensaio edométrico e na célula de Rowe, determinou-se inicialmente a massa de
solo e de água a utilizar recorrendo-se às equações 31 e 32. Neste caso, assim como no ensaio
edométrico, utilizou-se o molde Proctor pequeno, mas desta vez impondo-se uma altura de 40
mm, pois o anel da caixa de corte possui uma altura de 29,97 mm, tendo-se obtido um volume
de 324,93 cm3.
Na Tabela 9, encontram-se as quantidades de solo e água utilizados na preparação da mistura.
Tabela 9 – Quantidades utilizadas na preparação das misturas da caixa de corte direto.
Ws (g) Ww (g) WT (g)
587,70 88,15 675,85
Materiais e metodologias
Eduardo Mendes 55
Relativamente à preparação da mistura e à reconstituição dos provetes procedeu-se da forma
referida no ponto 3.3.2.
3.5.2 Tipos de ensaios realizados
Na tabela 10, encontram-se os ensaios de consolidação realizados na caixa de corte do LEST.
Tabela 10 – Ensaios de consolidação realizados na caixa de corte direto
Provete Designação do
Ensaio
Patamares de carga
(kPa) Parâmetro em estudo
1 CC1 30 → 240 Melhoramento do
processo de consolidação 2 CC2 30 → 240
Relativamente ao ensaio CC1, foi realizado de acordo com os procedimentos utilizados por
Pereira (2015). Por forma a melhorar o processo de consolidação, no ensaio CC2, colocou-se
uma pedra porosa entre o provete e a peça de topo da caixa de corte.
3.5.3 Procedimentos de ensaio
Para a realização dos ensaios de consolidação na caixa de corte procedeu-se do seguinte modo:
a) Transferiu-se provete do anel para a caixa (Figura 35a);
b) Travou-se e colocou-se a carga referente ao primeiro patamar na caixa de corte (Figura
35b);
c) Iniciou-se a gravação de dados através de um programa de aquisição automática;
d) Destravou-se o braço e encheu-se a totalmente caixa com água (Figura 35c);
e) Por cada mudança de patamar de carga aguardou-se por um período de 24 horas.
a) b) c)
Figura 35 – Procedimento para a realização de ensaios de consolidação na caixa de corte
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 57
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 Ensaio edométrico
4.1.1 Características iniciais dos provetes
Na Tabela 11, encontram-se as características iniciais de cada um dos provetes reconstituídos
antes de serem sujeitos ao ensaio edométrico.
Tabela 11 – Características iniciais dos provetes utilizados para a realização de ensaios
edométricos
Designação
do Ensaio
Parâmetro
em estudo
Patamares de
carga (kPa)
ω
(%)
ρ
(Mg/m3) e0 S
E1
Incremento
de carga
29,60 → 238,68 15,10 2,04 0,450 0,86
E2 15,06 2,05 0,443 0,87
E3 29,60 → 59,20 →
118,33 → 238,68
14,73 2,03 0,449 0,84
E4 14,93 2,05 0,440 0,87
E5 Grau de
saturação 29,60 → 238,68
0,63 1,79 0,445 0,04
E6 0,81 1,81 0,431 0,05
E7 Condições
de drenagem 29,60 → 238,68
14,44 2,07 0,419 0,89
E8 15,02 2,07 0,417 0,92
Pela análise da Tabela 11, pode-se observar que as condições iniciais de todos os provetes em
termos de teor em água, massa volúmica, índice de vazios inicial e grau de saturação inicial,
são idênticas, à exceção dos provetes utilizados nos ensaios E5 e E6, pois pretendia-se que estes
estivessem completamente secos.
4.1.2 Assentamento inicial dos provetes
Após a realização do primeiro patamar de carga do ensaio edométrico E1, verificou-se a
existência de um considerável assentamento inicial nos primeiros segundos do ensaio. Com o
objetivo de compreender o motivo deste assentamento, aquando a realização dos ensaios
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
58 Universidade do Minho
seguintes, alguns cuidados adicionais foram tidos em conta. Esses cuidados incidiram sobre o
modo de destravamento do braço do edómetro e no aperfeiçoamento da superfície do provete,
antes da sua colocação na câmara edométrica.
Na Figura 36, encontram-se os resultados do primeiro patamar de carga (i.e., 29,60 kPa) dos
primeiros 3 ensaios (i.e., E1, E2 e E3).
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E3
ω (%) = 14,73
ρ (Mg/m3) = 2,03
e0 = 0,449
Figura 36 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2 e E3 (patamar de carga de 29,60 kPa)
Analisando a curva s - log t resultante do ensaio E1 (Figura 35), pode-se constatar que existiu
um notável assentamento instantâneo de aproximadamente 0,27 mm até aos 0,06 min (3,6 s).
Já na homologa curva do ensaio E2, observa-se uma diminuição do assentamento instantâneo
para mais de metade (i.e., 0,11 mm) do valor verificado na curva E1. Nesta figura, está ainda
representada a curva do ensaio E3, em que o assentamento instantâneo atingiu valores residuais
de 0,06 mm, valores esses, que podem ser ainda diminuídos se for tida em conta a deformação
do equipamento, assunto já abordado no capítulo 2 e quantificado no capítulo 3.
Tendo em conta que, as alterações realizadas do ensaio E1 para os restantes ensaios foram, o
aumento da rapidez do destravamento do braço e aperfeiçoamento da superfície do provete
(Figura 37b), e verificando-se com estas, uma diminuição significativa do assentamento
instantâneo, concluiu-se que estes parâmetros influenciaram diretamente a qualidade dos
resultados obtidos nestes ensaios, nos primeiros instantes. Por esse motivo, o destravamento do
braço deve ser instantâneo aquando a realização destes ensaios, e a superfície do provete deve
estar o mais regular possível.
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2 E3
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 59
Os resultados dos ensaios apresentados nos pontos que se seguem, encontram-se devidamente
tratados de modo a que o ajuste inicial fosse eliminado. De notar que, em todos os resultados
obtidos a deformação do equipamento, apesar de quantificada, se entendeu que mesma pode ser
desprezada, pois trata-se de uma deformação instantânea que está incluída no ajuste inicial e,
como tal, não tem interferência no processo de consolidação dos provetes.
a) E1 b) E2
Figura 37 – Comparação entre as superfícies dos provetes (ensaios E1 e E2)
4.1.3 Influência do incremento de carga
Conforme o referido no ponto 3.3.3, realizaram-se 4 ensaios para avaliar a influência da
magnitude do incremento de carga no ensaio edométrico convencional. Os resultados obtidos
em termos de evolução do assentamento (s) em função do logaritmo do tempo (log t) do
primeiro patamar de carga adotado (i.e., 29,60 kPa), encontram-se na Figura 38.
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E3
ω (%) = 14,73
ρ (Mg/m3) = 2,03
e0 = 0,449
E4
ω (%) = 14,93
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,440
Figura 38 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E3 e E4 (patamar de carga de 29,60 kPa)
-0,70
-0,60
-0,50
-0,40
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2 E3 E4
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
60 Universidade do Minho
Analisando a Figura 38, percebe-se que os provetes de argila para este nível de tensão aplicada,
sofrem expansibilidade. De modo geral, verifica-se que os provetes comportam-se de modo
similar, quer em termos de nível de expansibilidade, quer em termos de tempo para que este
processo termine. Não se procede neste estudo à análise aprofundada da expansibilidade, por
não se tratar de um objetivo deste estudo. Salienta-se, contudo, que os ensaios de consolidação
devem começar, desejavelmente, por um patamar de carregamento que anule este efeito. Tal
não foi aqui considerado por a expansibilidade não comprometer a validade dos resultados.
Quanto aos restantes patamares de carga, não é possível realizar uma comparação direta dos
resultados através das curvas s - log t obtidas, pois os ensaios não foram realizados com as
mesmas proporções de incrementos de carga (Tabela 11).
Para se efetuar a comparação direta dos dois tipos de ensaios realizados, optou-se pela
construção da curva índice de vazios (e) em função do logaritmo da tensão efetiva vertical (log
𝜎v′). Antes da sua construção, apresentam-se primeiramente os resultados obtidos em termos de
curvas s - log t dos ensaios E1 e E2 para o segundo patamar de carga (i.e., 238,68 kPa) (Figura
39), e para os 3 patamares de carga restantes dos ensaios E3 e E4 (i.e., 59,20 kPa; 118,33 kPa
e 238,68 kPa) (Figura 40).
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
Figura 39 – Curvas s - log t, dos ensaios E1 e E2 (patamar de carga de 238,68 kPa)
Observando-se a Figura 39, em que se octuplicou a tensão vertical em relação à aplicada
inicialmente (i.e., de 29,60 kPa para 238,68 kPa), verifica-se que, ambas as curvas evoluíram
de forma semelhante ao longo do tempo, demostrando que existiu reprodutibilidade deste
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 61
ensaio. É possível verificar também que as curvas obtidas se assemelham às que seriam de
esperar teoricamente, existindo uma fase inicial parabólica, correspondente aos assentamentos
iniciais, seguida de um ramo linear, correspondente à fase de consolidação primária e um ramo
praticamente paralelo ao eixo das abcissas, o que indica, que a consolidação secundária para
este solo não é relevante.
E3
ω (%) = 14,73
ρ (Mg/m3) = 2,03
e0 = 0,449
E4
ω (%) = 14,93
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,440
Figura 40 – Curvas s - log t, dos ensaios E3 e E4 (patamares de carga de 59,20 kPa; 118,33
kPa e 238,68 kPa)
Analisando as curvas de s - log t resultantes da duplicação da tensão em cada patamar (Figura
40), constata-se que, de modo geral, a reprodutibilidade dos patamares de cada ensaio, em
termos de assentamento e tempo. Observa-se ainda, que o assentamento aumenta à medida que
se aumenta a tensão vertical, e pelo contrário, o tempo necessário a que termine o processo de
consolidação, vai diminuindo. Novamente, verifica-se que a consolidação secundária é
praticamente inexistente.
Na elaboração das curvas e - log 𝜎v′ , recorreu-se à construção de Casagrande e de Taylor, para
determinação dos assentamentos no final da consolidação primária (s100). Com isto, e tendo em
conta as características iniciais dos provetes, foi possível calcular o índice de vazios no final da
consolidação primária de cada patamar de carga considerado. No anexo A, encontra-se descrito
detalhadamente o processo para obtenção destas curvas, que estão apresentadas na Figura 41.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E3 E4
σv (kPa)
=59,20
σv (kPa)
=118,33
σv (kPa)
=238,68
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
62 Universidade do Minho
a) Casagrande b) Taylor
Figura 41 – Curvas e - log 𝜎v′ obtidas através da realização dos 4 ensaios destinados à
avaliação da influência do incremento de carga, pelo método de Casagrande e Taylor
Pela análise das curvas obtidas na Figura 41, verifica-se que, quer pelo método de Casagrande
quer pelo método de Taylor, a evolução do índice de vazios em função do logaritmo da tensão
efetiva vertical, segue uma tendência similar entre os 4 ensaios, embora todos eles iniciem com
índices de vazios inicial distintos. Esta diferença entre os índices de vazios inicial deve-se
possivelmente a duas causas, ao fato de existirem ajustes iniciais e devido à necessidade de em
laboratório ser necessário controlar este valor com a precisão de 0,001, o que se torna muito
difícil. Conclui-se que é importante melhorar o processo de obtenção deste parâmetro em
laboratório.
Para se realizar uma análise mais rigorosa dos resultados, considera-se agora, apenas o índice
de vazios final de cada ensaio, obtido por cada método, estando representados os resultados de
forma gráfica na Figura 42.
0,44
0,45
0,46
0,47
0,48
0,49
0,50
10 100 1000
e
log σ'v
0,44
0,45
0,46
0,47
0,48
0,49
0,50
10 100 1000
e
log σ'v
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 63
Figura 42 – Valores do índice vazios no final dos ensaios 4 ensaios, pelo método de
Casagrande e de Taylor
Da análise dos gráficos da Figura 42, é possível verificar através da comparação do índice de
vazios final, dos ensaios E1 e E2, cuja solicitação foi octuplicada, com o dos ensaios E3 e E4,
cuja solicitação foi duplicada, que este é praticamente semelhante nos 4 ensaios, quer pelo
método de Casagrande, quer pelo de Taylor. Com isto, é possível concluir que a magnitude do
incremento de carga adotada para este estudo e para o solo considerado, não afetou diretamente
os resultados finais obtidos em termos de índice de vazios final e consequentemente em termos
de assentamento final.
Ao contrário do observado no estudo realizado por Leonards & Altschaeffl (1964), que
concluíram existir influência da magnitude do incremento de carga aplicado quando esse fosse
superior à tensão efetiva já nele instalada (i.e., 𝛥𝜎
𝜎′> 1), neste estudo, tal não se observou,
podendo-se justificar este acontecimento, pelo fato do solo considerado não apresentar
consolidação secundária relevante.
No caso particular dos índices de vazios finais obtidos pelo método de Taylor, observa-se que
estes são sempre superiores aos obtidos pelo método de Casagrande, evidenciando-se essa
superioridade nos ensaios E3 e E4. Tal, pode ser justificado pelos valores de assentamento no
final do processo de consolidação primária, obtidos pelo método de Taylor, serem inferiores
aos obtidos pelo método de Casagrande, devido à dificuldade da definição do ramo linear por
0,4
58
0,4
66
0,4
65
0,4
52
0,4
64
0,4
67
0,4
77
0,4
64
0,4 35
0,4 4
0,4 45
0,4 5
0,4 55
0,4 6
0,4 65
0,4 7
0,4 75
0,4 8
E1 E2 E3 E4
e fin
al
Casagrande Taylor
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
64 Universidade do Minho
este método, o que influencia diretamente o índice de vazios final. A superioridade mais
acentuada existente nos ensaios E3 e E4, pode ser explicada pela necessidade de se realizar a
construção de Taylor para os 3 patamares considerados, enquanto que, nos ensaios E1 e E2
apenas é necessária a sua construção uma única vez, existindo um menor erro associado.
Com a realização deste estudo, considerando o solo argiloso em análise, em que a consolidação
secundária não é relevante, chegou-se à conclusão que, quando se pretende realizar ensaios
edométricos em que o objetivo final é o da determinação do assentamento para uma dada tensão,
não é condição obrigatória realizar a duplicação da solicitação até à tensão pretendida.
4.1.4 Influência do grau de saturação inicial
Para se avaliar a influência do grau de saturação inicial do provete, nos resultados obtidos a
partir da realização de ensaios edométricos, executaram-se dois ensaios (i.e., E5 e E6) impondo-
se um grau de saturação nulo. Nas Figuras 43 e 44, encontram-se os resultados obtidos da
execução destes ensaios, comparados com os ensaios de referência E1 e E2, que se encontram
próximos da saturação inicial.
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E5
ω (%) = 0,63
ρ (Mg/m3) = 1,79
e0 = 0,445
E6
ω (%) = 0,81
ρ (Mg/m3) = 1,81
e0 = 0,431
Figura 43 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E5 e E6 (patamar de carga de 29,60 kPa)
Da análise da Figura 43, verifica-se que no primeiro patamar de carga, os ensaios realizados
com um grau de saturação inicial nulo demonstraram maior propensão de expansão quando
comparados com os ensaios realizados próximos da saturação inicial. Para além disto, é possível
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2 E5 E6
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 65
observar que, mesmo expandindo mais, os provetes dos ensaios E5 e E6 estabilizaram num
período de tempo mais longo que os outros dois (i.e., E1 e E2).
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E5
ω (%) = 0,63
ρ (Mg/m3) = 1,79
e0 = 0,445
E6
ω (%) = 0,81
ρ (Mg/m3) = 1,81
e0 = 0,431
Figura 44 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E5 e E6 (patamar de carga de 238,68 kPa)
Observando agora, de um modo geral, o comportamento da argila no segundo patamar de carga
(Figura 44), constata-se uma vez mais a existência de reprodutibilidade dos ensaios realizados.
Os provetes ensaiados com um grau de saturação inicial nulo tiveram um assentamento inicial
superior aos ensaios realizados próximos da saturação. Nos ensaios E5 e E6, observa-se uma
evolução dos assentamentos ao longo do tempo de forma mais rápida, quando comparada com
os ensaios de referência. Com isto, verifica-se que, os ensaios E5 e E6 atingiram o final da
consolidação primária em menor tempo e com maior nível de assentamento do que os ensaios
E1 e E2.
Para se quantificar melhor a influência do grau de saturação inicial aquando a realização dos
ensaios edométricos, com base nas curvas s - log t da Figura 44, correspondente ao segundo
patamar de carga, determinaram-se diversos parâmetros.
O primeiro, consistiu na determinação do assentamento e do tempo correspondente ao final da
consolidação primária (s100 e t100) pelo método de Casagrande e pelo método de Taylor. Com
isto, foi possível calcular o coeficiente de consolidação vertical (cv) e consequentemente a
permeabilidade (k) do solo em estudo, para o nível de solicitação considerada. Os
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2 E5 E6
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
66 Universidade do Minho
procedimentos para o cálculo destes parâmetros encontram-se no Anexo B, e os resultados
obtidos encontram-se na Figura 45.
a) b)
c) d)
Figura 45 – Resultados de s100, t100, cv e k para os ensaios E1, E2, E5 e E6 pelo método de
Casagrande e de Taylor
Analisando os resultados obtidos na Figura 45a, verifica-se que existiu reprodutibilidade entre
os ensaios realizados nas mesmas condições em termos de assentamentos no final do processo
de consolidação primária. Por exemplo, observando o assentamento do ensaio E1 comparado
com o E2, verificam-se valores de assentamento de 0,351mm e de 0,325 mm.
0,3
51
0,3
25
0,5
58
0,6
31
0,2
72
0,2
99 0
,38
9
0,4
19
0,0 00
0,1 00
0,2 00
0,3 00
0,4 00
0,5 00
0,6 00
0,7 00
E1 E2 E5 E6
s 10
0 (m
m)
Casagrande Taylor
22
,05
5
21
,37
1
8,9
28 1
2,1
451
6,3
3
17
,45
6
5,9
29
5,5
74
,
5,
10,
15,
20,
25,
E1 E2 E5 E6
t 10
0(m
in)
Casagrande Taylor
0,2
10
0,1
98
0,4
65
0,3
97
0,1
50
0,1
43
0,3
79
0,3
84
0,0 00
0,0 50
0,1 00
0,1 50
0,2 00
0,2 50
0,3 00
0,3 50
0,4 00
0,4 50
0,5 00
E1 E2 E5 E6
c v (
mm
2/s
)
Casagrande Taylor
1,7
21
1,4
95
5,9
46
5,7
65
0,9
53
0,9
92
3,3
85
3,7
01
0,0 00
1,0 00
2,0 00
3,0 00
4,0 00
5,0 00
6,0 00
7,0 00
E1 E2 E5 E6
k ×
10 -8
(cm
/s)
Casagrande Taylor
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 67
Em termos de assentamento entre ensaios, com condições de saturação distinta, verifica-se que
os ensaios realizados com um grau de saturação inicial nulo registaram assentamentos 2 vezes
superiores aos ensaios de referência, para este nível de solicitação. Comparando os níveis de
assentamentos entre as duas construções utilizadas verifica-se que a construção Casagrande
apresenta valores superiores aos verificados pelo método de Taylor, sendo essa diferença mais
acentuada nos ensaios em que o grau de saturação inicial foi nulo.
Observando agora a Figura 45b, verifica-se primeiramente a reprodutibilidade em termos de
tempo de assentamento entre ensaios com diferentes condições. Constata-se que, os ensaios
realizados com condições de saturação inicial nula demoraram 2 vezes menos tempo a
atingirem o final da consolidação primária quando comparados com os ensaios de referência.
Verifica-se que, pela construção de Casagrande o valor do tempo no final da consolidação
primária é superior ao obtido pela construção de Taylor.
Em termos de coeficiente de consolidação vertical obtido para este nível de solicitação (Figura
45c), constata-se que, nos ensaios realizados com grau de saturação nulo este coeficiente é
aproximadamente, 2 vezes superior, quer para os valores obtidos pelo método de Casagrande,
quer para os obtidos pelo método de Taylor. Também se verifica que os valores obtidos se
encontram na mesma ordem de grandeza dos valores típicos para argila, referidos no capítulo
2.
Analisando os valores de permeabilidade obtidos na Figura 45d, observa-se que, os ensaios
realizados com grau de saturação inicial nulo apresentaram permeabilidade 3 vezes superior à
registada nos provetes que se encontravam próximos da saturação inicial, para ambos os
métodos, como seria de esperar, pois o tempo de consolidação foi mais rápido nos provetes com
grau de saturação nulo. Também se verifica que, os coeficientes de permeabilidade obtidos se
encontram de acordo com os valores típicos definidos por Das & Sobhan (2014).
Concluindo, com a realização deste estudo, verificou-se que utilizando de um provete não
saturado antes da realização de um ensaio edométrico se obtêm características de consolidação,
em termos de assentamento, tempo, coeficiente de consolidação vertical e permeabilidade
diferentes das que se obteriam se o provete fosse saturado inicialmente. Tendo em conta que,
uma das hipóteses admitidas por Terzaghi para a elaboração da sua teoria assenta na utilização
de provetes totalmente saturados e que, com a constatação de que existe influência do grau de
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
68 Universidade do Minho
saturação inicial, parece fundamental que os provetes ensaiados aprestem originalmente graus
de saturação próximos de 100%.
4.1.5 Influência das condições de drenagem
A influência das condições de drenagem foi avaliada através da realização de dois ensaios
edométricos (i.e., E7 e E8), cujo objetivo foi o de verificar se existia drenagem radial nos
provetes ensaiados. Estes provetes foram ensaiados apenas com uma fronteira drenante (ponto
3.3.3) e compararam-se os seus resultados com os obtidos nos ensaios E1 e E2, realizados com
dupla fronteira. Sabendo-se que teoricamente os ensaios realizados com uma fronteira drenante
(assumindo inexistência de drenagem nas paredes radiais) demoram 4 vezes mais tempo a
consolidar do que os realizados com dupla fronteira drenante, pretendeu-se verificar esta
condição.
Nas Figuras 46 e 47, encontram-se os resultados obtidos para os 4 ensaios dos dois patamares
de solicitação considerados, respetivamente.
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E7
ω (%) = 14,44
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,419
E8
ω (%) = 15,02
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,417
Figura 46 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E7 e E8 (patamar de carga de 29,60 kPa)
Da análise da Figura 46, verifica-se que os ensaios realizados com uma fronteira drenante
apresentaram maior expansibilidade e demoram mais tempo a dissipar toda a pressão intersticial
quando comparados com os realizados com dupla fronteira.
-1,20
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
E1 E2 E7 E8
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 69
E1
ω (%) = 15,10
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,450
E2
ω (%) = 15,06
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,443
E7
ω (%) = 14,44
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,419
E8
ω (%) = 15,02
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,417
Figura 47 – Curvas s - log t, dos ensaios E1, E2, E7 e E8 (patamar de carga de 238,68 kPa)
Analisando o segundo patamar de carga (i.e., 238,68 kPa), observa-se claramente que, a
evolução das curvas de assentamento ao longo do logaritmo do tempo dos ensaios E7 e E8
processa-se de forma mais lenta quando comparada com os ensaios E1 e E2, tal como seria de
esperar. O nível de assentamento final é ligeiramente superior ao verificado nos ensaios de
referência, mas não de forma condicionante na validade dos mesmos.
De modo verificar-se a condição referida anteriormente, determinou-se o parâmetro (t100) dos
ensaios E7 e E8 e comparou-se com os obtidos nos ensaios E1 e E2. Para além deste,
determinaram-se também os parâmetros s100, o cv e o k. Os resultados obtidos encontram-se na
Figura 48.
a) b)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,1 1 10 100 1000 10000s
(mm
)
log t (min)
E1 E2 E7 E8
0,3
51
0,3
25 0
,38
2
0,3
86
0,2
72
0,2
99
0,2
55
0,2
47
0,0 00
0,0 50
0,1 00
0,1 50
0,2 00
0,2 50
0,3 00
0,3 50
0,4 00
0,4 50
E1 E2 E7 E8
s 10
0(m
m)
Casagrande Taylor
22
,05
5
21
,37
1
86
,80
1
87
,95
4
16
,33
17
,45
6
22
,84
8
21
,06
8
,
10,
20,
30,
40,
50,
60,
70,
80,
90,
100 ,
E1 E2 E7 E8
t 10
0(m
in)
Casagrande Taylor
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
70 Universidade do Minho
c) d)
Figura 48 – Resultados de s100, t100, cv e k para os ensaios E1, E2, E7 e E8 pelo método de
Casagrande e de Taylor
Analisando a Figura 48a, verifica-se que os assentamentos no final da consolidação primária
são praticamente semelhantes para os 4 ensaios, como seria de esperar, uma vez que a alteração
feita ao provete (i.e., colocação de uma membrana impermeável na sua base) não influencia os
valores de assentamento finais obtidos. Mais uma vez pela construção de Taylor obtiveram-se
valores de assentamento menores que na de Casagrande.
Observando os valores de t100 obtidos pelo método de Casagrande, para os ensaios E7 e E8,
verifica-se que estes são 4 vezes superiores aos obtidos nos ensaios de referência, o que
demonstra que a drenagem radial, neste estudo, e para o solo considerado, a verificar-se é muito
reduzida, não afetando significativamente a qualidade dos resultados obtidos através da
realização de ensaios edométricos, desde que os resultados sejam analisados pelo método de
Casagrande. Relativamente aos valores de t100 obtidos pelo método de Taylor, a condição não é
verificada, uma vez que existe uma grande dificuldade na definição do ramo linear, por este
método, sendo neste caso, preferível a utilização do método de Casagrande, até porque, neste
solo a consolidação secundária não é relevante o que facilita a utilização deste método.
Analisando os resultados a nível de coeficiente de consolidação vertical e de permeabilidade
(Figura 48c e 48d), tal como seria de esperar, os valores dos 4 ensaios realizados são
0,2
10
0,1
98 0
,25
5
0,2
38
0,1
50
0,1
43
0,3
64
0,3
83
0,0 00
0,0 50
0,1 00
0,1 50
0,2 00
0,2 50
0,3 00
0,3 50
0,4 00
0,4 50
E1 E2 E7 E8
c v (
mm
2/s
)
Casagrande Taylor
1,7
21
1,4
95
2,2
39
2,0
82
0,9
53
0,9
92
2,1
30
2,1
48
0,0 00
0,5 00
1,0 00
1,5 00
2,0 00
2,5 00
E1 E2 E7 E8
k×
10 -
8 (
cm/s
)
Casagrande Taylor
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 71
praticamente iguais, pelo método de Casagrande. No método de Taylor não se verifica esta
igualdade, pelo escrito anteriormente.
Com a realização deste estudo, conclui-se que, para o solo considerado e o nível de solicitação
aplicado, a drenagem radial no interior do provete não tem influência significativa nos
resultados obtidos a partir da realização de ensaios edométricos, desde que os resultados sejam
analisados pelo método de Casagrande.
4.2 Ensaio de consolidação na Célula de Rowe
Conforme o já enunciado nos objetivos desta dissertação realizou-se a implementação da célula
de Rowe, no LEST-UMinho. Para tal, realizaram-se diversos ensaios de implementação, já
abordados no ponto 3.4.3. Seguidamente, encontram-se os resultados obtidos nos diversos
ensaios realizados.
4.2.1 Características iniciais dos provetes
Na Tabela 12, encontram-se as características iniciais de cada um dos provetes reconstituídos
antes de serem sujeitos ao ensaio de consolidação na célula de Rowe.
Tabela 12 – Características iniciais dos provetes utilizados para a realização de ensaios de
consolidação na célula de Rowe
Designação
do ensaio
Patamares de carga
(kPa)
ω
(%)
ρ
(Mg/m3) e0 S
B
CR1 30 → 240 14,81 2,04 0,447 0,85 -
CR2 30 → 60 → 120 →240 15,27 2,06 0,438 0,90 0,51
CR3 - 14,11 2,04 0,438 0,83 0,68
CR4 30 → 240 15,09 2,03 0,458 0,85 0,88
CR5 30 → 240 15,54 2,05 0,447 0,84 0,82
Da análise da Tabela 12, verifica-se que todos os provetes reconstituídos na célula de Rowe
possuem características iniciais semelhantes entre si e entre os provetes utilizados nos ensaios
edométricos (Tabela 11).
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
72 Universidade do Minho
4.2.2 Ensaio CR1
O primeiro ensaio de implementação na célula de Rowe foi executado sem a realização da fase
de saturação inicial. Os resultados obtidos para os dois patamares de carga considerados
encontram-se na Figura 49. A partir destes não podem ser retiradas conclusões visto que este
ensaio serviu apenas para adquirir experiência relativamente à utilização da célula.
CR1
ω (%) = 14,81
ρ (Mg/m3) = 2,04
e0 = 0,447
Figura 49 – Curvas s - log t, do ensaio CR1 (patamares de carga de 30 kPa e 240 kPa)
4.2.3 Ensaio CR2
No segundo ensaio realizado com a célula, realizou-se uma fase anterior à consolidação do
provete, a saturação. Nesta primeira tentativa de saturação do provete foi obtido um B=0,51
(longe de atingir a saturação). Os resultados em termos de curva s - log t dos vários patamares
considerados para este ensaio encontram-se na Figura 50. Neste caso, já é possível verificar
uma melhoria aparente das curvas resultantes do processo de consolidação quando comparadas
com as obtidas no ensaio CR1.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,1 1 10 100 1000 10000
s(m
m)
log t (min)
0,3 bar 2,4 bar 30 kPa 240 kPa
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 73
CR2
ω (%) = 15,27
ρ (Mg/m3) = 2,06
e0 = 0,438
Figura 50 – Curvas s - log t, do ensaio CR2 (patamares de carga de 60 kPa, 120 kPa e 240
kPa)
4.2.4 Ensaio CR4
Após a tentativa sem sucesso de saturação no ensaio CR3, e depois de executados os
procedimentos descritos no ponto 3.4.3 para este ensaio, conseguiu-se obter um parâmetro de
B=0,88, através da realização do ensaio CR4. Neste ensaio, existiu um problema na leitura das
pressões no sensor do topo (a qual deveria ter passado para zero de modo quase instantâneo).
Na Figura 51, encontra-se o resultado obtido em termos de curva em termos de s – log t.
CR4
ω (%) = 15,09 ρ (Mg/m3) = 2,03
e0 = 0,458
Figura 51 – Curva s - log t, do ensaio CR4 (patamar de carga de 240 kPa)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0,1 1 10 100 1000 10000s
(mm
)
log t (min)
0,6 bar 1,2 bar 2,4 bar
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0,1 1 10 100 1000 10000
s (m
m)
log t (min)
60 kPa 120 kPa 240 kPa
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
74 Universidade do Minho
4.2.5 Ensaio CR5
Este ensaio foi considerado totalmente válido, quer em termos da fase da saturação do provete,
do carregamento não drenado e da fase de consolidação, onde foi possível registar corretamente
as leituras em termos de curva s - log t, evolução das pressões intersticiais na base e no topo do
provete. Na Figura 52, encontra-se representada graficamente a fase de saturação do provete,
em que se registou a tensão vertical aplicada na membrana, bem como a pressão intersticial
introduzida pelo topo e base do provete.
CR5
ω (%) = 15,54
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,447
Figura 52 – Fase de saturação do provete (Ensaio CR5)
Da Figura 52, é possível verificar que para se realizar a saturação do provete foi necessário
realizar etapas de carregamento ao longo do tempo, já definidas na Tabela 8 do capítulo 3. É
possível observar-se que para cada etapa de carregamento se aplicou uma diferença entre a
tensão na membrana e a pressão intersticial na base e no topo de 30 kPa. Para que assim, ao
longo desta fase se reproduzisse o primeiro patamar de carga e posteriormente se puder
comparar corretamente os resultados obtidos a partir da realização de ensaios edométricos. É
ainda possível verificar que cada etapa da saturação durou cerca de 60 minutos, sendo que
quando se atingiu a última etapa aguardou-se pelo menos 12 horas para a realização da fase
seguinte.
A fase seguinte consistiu na realização do carregamento não drenado, este carregamento
permitiu verificar o grau de saturação do provete, pois aplica-se um incremento de carga na
membrana e espera-se que as pressões lidas, quer no topo quer na base igualem o incremento
0
30
60
90
120
150
180
210
240
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
σ, u
top
o, u
bas
e (
kP
a)
t (min)
σ(membrana) u(topo) u(base) σmembrana utopo ubase
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 75
de carga aplicado. Na Figura 53, encontram-se os resultados da realização do carregamento não
drenado para o ensaio CR5.
CR5
ω (%) = 15,54
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,447
Figura 53 – Carregamento não drenado (incremento de 30 kPa)
Através da análise da Figura 53, verifica-se que no instante da aplicação do carregamento na
membrana (i.e., incremento de 30 kPa) a pressão lida no sensor do topo subiu instantaneamente
mais de metade do incremento aplicado na membrana, evoluindo linearmente ao longo do
tempo até atingir valores próximos de 30 kPa. Já nas pressões registadas pela base observa-se
uma evolução lenta e gradual das pressões a partir do momento da aplicação do incremento, até
estabilizaram para os valores próximos dos 24 kPa.
Após a realização deste carregamento, realizou-se outro de modo a que a tensão aplicada na
membrana fosse a desejada. Após esse carregamento iniciou-se o processo de consolidação do
provete através da abertura da válvula de drenagem do topo. Os resultados obtidos em termos
de curva s - log t, são apresentados na Figura 54 e os valores das pressões registadas encontram-
se na Figura 55.
0
5
10
15
20
25
30
35
0 50 100 150 200 250 300
Títu
lo d
o E
ixo
Título do Eixo
Série3 Série2 Série1 Δσmembrana Δubase Δutopo
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
76 Universidade do Minho
CR5
ω (%) = 15,54
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,447
Figura 54 – Curva s - log t do ensaio CR5 (patamar de carga 240 kPa)
Analisando a curva s - log t obtida da realização da fase de consolidação do ensaio CR5 verifica-
se que esta se aproxima muito da curva teórica. É possível verificar claramente uma fase inicial
parabólica correspondente ao assentamento inicial, um ramo linear, correspondente à fase de
consolidação primária e finalmente o início de um ramo paralelo ao eixo das abcissas, o que
demonstra que para este solo a consolidação secundária é praticamente inexistente. Também se
verifica que não necessário realizar correções a ajustes iniciais.
CR5
ω (%) = 15,54
ρ (Mg/m3) = 2,05
e0 = 0,447
Figura 55 – Evolução da tensão na membrana e das pressões intersticiais, no decorrer do
ensaio de consolidação CR5
Da Figura 55, denota-se a evolução das pressões no interior da célula a partir do instante em
que se iniciou o ensaio de consolidação, bem como da tensão aplicada na membrana. Verifica-
0,00
0,40
0,80
1,20
1,60
2,00
2,40
2,80
0,1 1 10 100 1000 10000s
(mm
)
log t (min)
0
40
80
120
160
200
240
0,1 1 10 100 1000 10000
σ, u
top
o, u
bas
e (
kP
a)
log t (min)Série3 Série2 Série1
σmembrana utopo ubase
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 77
se que, no instante da abertura da válvula de drenagem a pressão intersticial lida pelo sensor
colocado no topo desce instantaneamente a zero (que corresponde a 180 kPa, no final do
processo de saturação do provete), tal como seria de esperar, pois existiu um alívio das pressões
instaladas no topo aquando a abertura da válvula. Analisando a curva das pressões intersticiais
instaladas na base, observa-se que, aquando a abertura da válvula de drenagem as pressões se
mantêm constantes nos 3 primeiros minutos de ensaio, a partir desse momento decrescem
gradualmente até à sua completa dissipação, ou seja, até que o processo de consolidação
termine. Quanto à tensão aplicada na membrana, verifica-se que, esta se manteve constante ao
longo de todo o ensaio.
Posto isto, obteve-se o valor do assentamento e do tempo no final da consolidação primária
através do método de Casagrande e de Taylor, o coeficiente de consolidação vertical e a
permeabilidade do solo, estando os resultados apresentados na Figura 56.
a) b)
c) d)
Figura 56 – Resultados de s100, t100, cv e k para o ensaio CR5, pelo método de Casagrande e de
Taylor
2,4672,402
1,0000
1,2000
1,4000
1,6000
1,8000
2,0000
2,2000
2,4000
2,6000
Casagrande Taylor
s 10
0(m
m)
469,048
533,933
383,416
0,000
100 ,000
200 ,000
300 ,000
400 ,000
500 ,000
600 ,000
Casagrande Taylor Pressão na base
t 10
0(m
in)
0,059
0,068
0,0050
0,0150
0,0250
0,0350
0,0450
0,0550
0,0650
0,0750
Casagrande Taylor
c v (
mm
2/s
)
1,696
1,908
0,500
0,700
0,900
1,100
1,300
1,500
1,700
1,900
2,100
Casagrande Taylor
k×
10
-8(c
m/s
)
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
78 Universidade do Minho
Analisando a Figura 56a, verifica-se que os assentamentos obtidos em ambos métodos são
semelhantes. O mesmo acontece no caso do tempo de consolidação (Figura 55b). Nesta figura,
é possível verificar também que o tempo registado pelo sensor de pressão na base da célula,
para que ocorra a completa dissipação da pressão intersticial, é ligeiramente menor do que o
obtido por ambas as construções, o que demonstra que pelas construções teóricas se prevê um
tempo de consolidação superior ao realmente verificado. Do mesmo modo o coeficiente de
consolidação vertical e a permeabilidade em ambos os métodos são muito semelhantes (Figura
56c e 56d).
Tal proximidade entre os valores dos diversos parâmetros, entre os dois métodos, deve-se ao
fato de os resultados obtidos através do ensaio realizado na célula de Rowe ser de melhor
qualidade, o que pode ser justificado pelas enumeras vantagens mencionadas no capítulo 2,
sendo que delas a mais influente parece ser o tamanho do provete, que faz com que haja menor
perturbação nos resultados.
Uma das conclusões que se pode retirar deste estudo, é que, tal como teoricamente seria de
esperar o valor do coeficiente de consolidação vertical é similar para o método de Casagrande
e de Taylor.
4.3 Ensaio de corte direto
4.3.1 Características iniciais dos provetes
Na Tabela 13, encontram-se as características iniciais de cada um dos provetes reconstituídos
antes de serem sujeitos ao ensaio de consolidação na caixa de corte direto.
Tabela 13 – Designação das características iniciais dos provetes utilizados para a realização
de ensaios de consolidação na caixa de corte direto
Designação
do Ensaio
Parâmetro em
estudo
Patamares de
carga (kPa)
ω
(%)
ρ
(Mg/m3) e0 S
CC1 Melhoramento do
processo de
consolidação
29,84 → 236,26 14,05 2,07 0,415 0,87
CC2 14,40 2,09 0,409 0,90
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 79
Analisando a Tabela 13, observa-se que ambos os provetes reconstituídos utilizados na
realização dos ensaios de consolidação apresentam condições iniciais semelhantes. Desta
forma, é possível realizar a comparação dos dois ensaios sem que as características iniciais
possuam grande influência nos resultados. Comparando estes valores com as características
iniciais dos ensaios edométricos (Tabela 11), verifica-se que possuem as mesmas condições, o
que permite realizar comparações de resultados entre equipamentos.
4.3.2 Melhoramento do processo de consolidação
Conforme o já explicado no ponto 3.5.2 realizaram-se 2 ensaios na caixa de corte por forma a
se melhorar o processo de consolidação, identificado com ineficiente por Pereira (2015). O
objetivo é o de comparar o tempo do fim da consolidação primária com o obtido num dos
ensaios edométricos de referência (i.e., ensaio E1).
Os resultados obtidos para os dois patamares de carga considerados (i.e., 29,84 kPa e 236,26
kPa) estão explanados nas Figuras 57 e 58, respetivamente.
CC1
ω (%) = 14,05
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,415
CC2
ω (%) = 14,40
ρ (Mg/m3) = 2,09
e0 = 0,409
Figura 57 – Curvas s - log t, dos ensaios CC1 e CC2 (patamar de carga de 29,84 kPa)
Observando os resultados obtidos na Figura 57, verifica-se nestes dois ensaios, tal como nos
ensaios edométricos realizados, um comportamento expansivo. Para este patamar verificou-se
a existência de reprodutibilidade dos resultados, embora no segundo ensaio se tenha colocado
uma pedra porosa adicional no topo.
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,1 1 10 100 1000 10000
s (m
m)
log t (min)
CC1 CC2
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
80 Universidade do Minho
CC1
ω (%) = 14,05
ρ (Mg/m3) = 2,07
e0 = 0,415
CC2
ω (%) = 14,40
ρ (Mg/m3) = 2,09
e0 = 0,409
Figura 58 – Curvas s - log t, dos ensaios CC1 e CC2 (patamar de carga de 236,26 kPa)
Com base nas curvas de s – log t, obtidas no segundo patamar (Figura 58), observa-se uma
dispersão de resultados muito superior à verificada em ensaios edométricos. Na curva s – log t
do ensaio CC1 verifica-se um comportamento distinto daquele que seria de esperar de uma
curva teórica, pois a parte inicial parabólica não existe, devido à existência de um grande ajuste
inicial. Já nos resultados obtidos através da realização do ensaio CC2 observa-se uma parte
inicial da curva mais de acordo com o que seria de esperar.
Para um maior rigor da análise dos resultados, determinou-se o valor do assentamento e do
tempo no final do processo de consolidação primária (i.e., s100 e t100), através da construção de
Casagrande e de Taylor. Os resultados obtidos encontram-se na Figura 59.
a) b)
Figura 59 – a) s100, para os ensaios CC1 e CC2; b) t100, para os ensaios CC1 e CC2
0,00
0,20
0,40
0,60
0,1 1 10 100 1000 10000s
(mm
)
log(t) (min)
CC1 CC2
40,793
51,531
8,294
16,322
,
10,
20,
30,
40,
50,
60,
CC1 CC2
t 10
0(m
in)
Casagrande Taylor
0,520
0,3120,328
0,165
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
CC1 CC2
s 10
0(
mm
)
Casagrande Taylor
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 81
Da análise da Figura 59a, verifica-se que o assentamento no final da consolidação primária
resultante do ensaio CC1 é bastante superior ao verificado no ensaio CC2, na ordem do dobro,
em ambas as construções. Esta dispersão poderá ser justificada pelo fato de no primeiro ensaio
as reentrâncias da pedra porosa de topo fazerem deformar a superfície do provete em contacto
com esta, ao longo do tempo, como se pode observar na Figura 60. Já no segundo ensaio com
a utilização de uma pedra porosa lisa no topo registou-se um menor assentamento.
Ainda em relação à Figura 59a é possível dizer que o método de Casagrande apresenta, mais
uma vez, valores superiores quando comparado com o de Taylor.
Quanto aos resultados obtidos na Figura 59b, em termos de tempo necessário para o fim da
consolidação primária, pelo método de Casagrande, verifica-se que entre os dois ensaios
realizados não houve grande discrepância de resultados, o que pelo contrário se sucedeu nos
resultados obtidos pelo método de Taylor. Esta discrepância é mais uma vez justificada pela
dificuldade da definição do ramo linear pelo método de Taylor, pois nestes ensaios os instantes
iniciais foram muitos perturbados pelos ajustes.
Figura 60 – Superfície do provete após a realização do ensaio CC1
Como não é possível realizar uma comparação direta dos resultados provenientes de ensaios
realizados na caixa de corte com os realizados no edómetro, pois a altura do provete é diferente,
utilizou-se a relação (34) para se proceder à comparação do tempo de consolidação. Sabendo-
se que o valor do fator de tempo (Tv) é o mesmo nos dois ensaios, pois ambos apresentam o
mesmo grau de consolidação (Uv), tem-se que:
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
82 Universidade do Minho
cV×tA
HA2
= cV×tB
HB2
(34)
Em que,
A e B representam ensaios realizados com provetes de diferentes alturas.
Como cv não depende do tipo de ensaio concluiu-se que a seguinte relação deve ser verificada
entre os resultados dos diferentes tipos de ensaios:
tA
tB=
HA2
HB2 (35)
Na Figura 61, encontram-se os resultados obtidos da relação anteriormente definida,
comparando os tempos de consolidação dos ensaios CC1 e CC2, com o obtido no ensaio
edométrico de referência E1, pelo método de Casagrande e pelo método de Taylor.
a) Casagrande b) Taylor
Figura 61 – Comparação dos tempos de consolidação entre os ensaios realizados na caixa de
corte com o ensaio de referência E1
Observando os resultados obtidos na Figura 61a, constata-se que o tempo de consolidação na
caixa de corte para o ensaio CC1, foi ligeiramente inferior ao do edómetro (i.e., E1). Com a
realização do ensaio CC2 verifica-se uma melhoria no tempo de consolidação obtido, uma vez
que este é muito próximo ao do edómetro, demonstrando uma grande eficiência em termos do
processo de consolidação da caixa de corte.
17,456
21,86522,055 22,055
0,0 00
5,0 00
10, 000
15, 000
20, 000
25, 000
E1-CC1 E1-CC2
t 10
0 (m
in)
thomoge t100thom.CC tE1
3,549
6,925
16,330 16,330
0,0 00
2,0 00
4,0 00
6,0 00
8,0 00
10, 000
12, 000
14, 000
16, 000
18, 000
E1-CC1 E1-CC2
t 10
0(m
in)
thomoge t100 thom.
CC tE1
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 83
Já analisando a Figura 61b, pelo método de Taylor, constata-se que os tempos de consolidação
obtidos na caixa de corte, para os ensaios CC1 e CC2, estão muito abaixo do tempo obtido para
o ensaio de referência E1.
Concluindo, com a realização deste estudo constatou-se que, para o solo considerado, o
processo de consolidação da caixa de corte do LEST pode apresentar um comportamento mais
eficiente com a colocação da pedra porosa lisa no topo, e que para este equipamento é
aconselhável realizar a análise de resultados a partir do método de Casagrande, devido ao
grande ajuste inicial nos resultados obtidos neste equipamento.
4.4 Comparação entre o Edómetro e a Célula de Rowe
Após a realização de ensaios de consolidação na célula de Rowe e no edómetro torna-se
vantajosa a comparação dos resultados, das técnicas e procedimentos necessários à sua
execução.
Começando pela preparação dos provetes de cada equipamento, verificou-se que a preparação
dos provetes é realizada de forma similar, mas no concerne aos procedimentos a realizar antes
de cada ensaio verifica-se uma maior complexidade na preparação da célula de Rowe, uma vez
que antes de cada ensaio é necessário retirar-se todo o ar existente no seu interior, para que se
possam obter boas leituras das pressões intersticiais.
Por outro lado, quando se pretende estudar a consolidação, a célula de Rowe possui 2 grandes
vantagens em relação ao edómetro. O tamanho do provete, que possibilita que as principais
limitações associadas ao edómetro sejam menos evidentes e a possibilidade do controlo da
pressão intersticial ao longo do ensaio.
Comparando agora, os resultados obtidos pelos dois ensaios em termos de tempo de
consolidação e de assentamento final, e uma vez que estes não podem ser comparados
diretamente, utilizou-se, mais uma vez, a relação 35 para se proceder à sua comparação em
termos do tempo de consolidação, e a relação 36 para se comparar em termos de assentamento
final:
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
84 Universidade do Minho
sA
sB=
𝐻totalA
𝐻totalB (36)
Os resultados obtidos encontram-se na Figura 62.
a) E1- CR5 (tempo de consolidação) b) E1-CR5 (assentamento final)
Figura 62 – Comparação do tempo de consolidação e assentamento final entre os ensaios E1 e
CR5
Analisando os resultados obtidos em termos de tempo de consolidação (Figura 62a), verifica-
se que o tempo de consolidação obtido no ensaio na célula de Rowe é superior ao obtido no
ensaio edométrico de referência. Verifica-se ainda que, a discrepância do tempo de
consolidação é superior quando se analisam os resultados pelo método de Taylor. Com isto,
conclui-se que, o tempo previstos para o final da consolidação primária, através da realização
de ensaios de consolidação na célula, são superiores quando comparados com o do edómetro,
para este caso de estudo.
No que concerne à analise comparativa dos assentamentos finais entre os dois equipamentos
(Figura 62b), verifica-se que os assentamentos previstos na célula de Rowe são muito superiores
(i.e., aproximadamente 4 vez mais que no edómetro) aos obtidos no edómetro, quer pelo método
de Casagrande, quer pelo método de Taylor. Este fato, pode ser justificado pelo efeito do atrito
lateral ser mais acentuado no edómetro, o que faz com que a carga aplicada não seja totalmente
transmitida ao provete, tal como o que foi concluído por Biswas (1993).
29,503
33,585
22,055
16,330
0,0 00
5,0 00
10, 000
15, 000
20, 000
25, 000
30, 000
35, 000
40, 000
Casagrande Taylor
t 10
0(m
in)
thomoCR5 Te1thom.
CR5 tE1
s
hom.CR5
sE1
1,2481,205
0,3510,272
0,0 00
0,2 00
0,4 00
0,6 00
0,8 00
1,0 00
1,2 00
1,4 00
Casagrande Taylors 1
00
(mm
)
shomocr5 se1 s
hom.CR5
sE1
Apresentação e análise de resultados
Eduardo Mendes 85
Concluindo, para este caso de estudo, e para o solo considerado, verificou-se que os resultados
obtidos pela célula de Rowe comparativamente aos obtidos em ensaios edométricos realizados
nas mesmas condições, preveem um maior assentamento final e num período de tempo
ligeiramente superior àquele que se verifica no edómetro.
Conclusão
Eduardo Mendes 87
CONCLUSÃO
5.1 Considerações gerais
Com a realização desta dissertação, em que se pretendeu estudar, no LEST-UMinho, a
influência dos procedimentos de ensaio de consolidação, em três equipamentos (i.e., edómetro,
célula de Rowe e caixa de corte), por forma a serem melhoradas as boas práticas laboratoriais
neste tipo de ensaios, tornou-se possível retirar as conclusões que se seguem.
A necessidade do controlo do índice de vazios do teor em água e do peso volúmico com 3 casas
decimais é fundamental para se poderem comparar resultados de consolidação de forma
rigorosa.
No caso particular do edómetro, concluiu-se que os resultados finais obtidos são influenciados
pelo modo como se realiza laboratorialmente os ensaios, nomeadamente no que diz respeito ao
destravamento do braço e à regularização da superfície do provete.
Relativamente ao estudo efetuado sobre a influência da magnitude do incremento de carga
concluiu-se que, no solo considerado, e para o incremento adotado, não se verificou influência
deste parâmetro nos resultados em termos de assentamento final, podendo-se concluir que, no
caso de solos em que a consolidação secundária não é relevante, não parece necessária a
realização de um ensaio por vários patamares para se atingir um patamar final, uma vez que
nestas condições, apenas um patamar de carga levaria a um assentamento idêntico. Tal será
necessário quando se ultrapasse a tensão de pré-consolidação.
No estudo efetuado sobre a influência do grau de saturação inicial do provete concluiu-se que
utilizando um provete não saturado antes da realização de um ensaio edométrico se obtêm
características de consolidação, em termos de assentamento, tempo, coeficiente de consolidação
vertical e permeabilidade diferentes das que se obteriam se o provete fosse saturado
inicialmente, e como tal, é necessário garantir a saturação do provete antes do ensaio, não
comprometendo, desta forma, os resultados obtidos.
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
88 Universidade do Minho
Relativamente à possibilidade de existência de drenagem radial, no edómetro, constatou-se que,
para o solo considerado, não existiu drenagem radial, desde que os resultados sejam analisados
pelo método de Casagrande.
Ainda relativamente aos resultados obtidos a partir de ensaios edométricos, pareceu ser mais
vantajosa a utilização do método de Casagrande em detrimento do método de Taylor para a
determinação das características de consolidação do solo. A dificuldade na definição do ramo
linear, pelo de Taylor, para o solo considerado foi de difícil determinação, resultando num
menor rigor nos resultados.
No que concerne à célula de Rowe concluiu-se que, quando o ensaio é devidamente realizado,
a possibilidade da leitura das pressões intersticiais é vantajosa pois permite saber em que
instante o excesso de pressão intersticial deixa de existir. Também se concluiu que, os
resultados obtidos por este equipamento, são de maior qualidade quando comparados aos
obtidos pelo edómetro, sendo possível obter resultados idênticos do coeficiente de consolidação
vertical, quer pelo método de Casagrande, quer pelo método de Taylor, tal é a sua qualidade.
Neste estudo verificou-se que o nível de assentamento obtido na célula, nas mesmas condições
que no edómetro, é muito superior ao do edómetro.
Por último e relativamente aos ensaios de consolidação realizados na caixa de corte, constatou-
se que, para o solo considerado, o processo de consolidação da caixa de corte do LEST, pode
apresentar um comportamento mais eficiente com a colocação de uma pedra porosa lisa no
topo, e que para este equipamento é aconselhável realizar a análise de resultados a partir do
método de Casagrande, devido ao grande ajuste inicial obtido neste equipamento.
5.2 Trabalhos futuros
Por forma a poder-se explorar ainda mais ou outras técnicas e procedimentos que podem ser
realizados nos ensaios de consolidação, são sugeridos os seguintes estudos futuros:
a) Alterar o sistema de carregamento de pneumático para hidráulico, permitindo um
processo de saturação mais simples pela utilização de contrapressões elevadas
(superiores a 1000 kPa);
Conclusão
Eduardo Mendes 89
b) Definição dos procedimentos de ensaios não convencionais na célula de Rowe,
nomeadamente dos ensaios de carregamento progressivo;
c) Reanalisar a diferença entre assentamento nos ensaios edométrico e da célula de Rowe;
d) Analisar influência do índice de vazios inicial e propor metodologia para controlo do
índice de vazios inicial;
e) Análise de um solo com forte consolidação secundária.
Referências bibliográficas
Eduardo Mendes 91
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O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
98 Universidade do Minho
Determinação das curvas índice de vazios em função do logaritmo da tensão efetiva vertical (e
– log 𝜎v′)
Para se proceder à construção das curvas e - log 𝜎v′ , determinou-se o índice de vazios referente
ao final da consolidação primária, pelo método de Casagrande e pelo método de Taylor, no caso
dos patamares em que existiu consolidação, e o índice de vazios no final de 24 horas de ensaio,
no caso, de curvas em que se obteve expansibilidade.
Para a determinação do índice de vazios final recorreu-se à expressão 37.
ef= (
s*×(1+ei)
hi
) +ei
(37)
Onde:
𝑠∗: assentamento no final da consolidação primária (𝑠100) ou expansão no final de 24 horas de
ensaio (𝑠24h);
ℎi: altura inicial do provete antes da realização do patamar de carga considerado;
𝑒𝑖: índice de vazios inicial do provete antes da realização do patamar de carga considerado.
Para a determinação do valor do assentamento no final da consolidação primária recorreu-se à
construção de Casagrande e de Taylor, de acordo com a norma ASTM (2011a). Nas Figuras 40
e 41 encontram-se exemplificadas as construções de ambos os métodos para o segundo patamar
(i.e., 238,68 kPa) do ensaio E1, tal como apresentado no ponto 2.4.1, da Revisão Bibliográfica.
Figura 63 – Construção Casagrande para a curva s - log t, do segundo patamar de carga do
ensaio E1
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
s (m
m)
log t (min)
aA
B
a
C
D
𝑠𝐶
𝑠100
E
tA tB t100
Anexos
Eduardo Mendes 99
Figura 64 – Construção de Taylor para a curva s - √𝑡, do segundo patamar de carga do ensaio
E1
Na Tabela 14, encontram-se os valores do índice de vazios no final do primeiro patamar de
carga (i.e, 29,60 kPa) para os ensaios E1, E2 E3 e E4.
Tabela 14 – Índice de vazios no final do primeiro patamar de carga dos ensaios E1, E2, E3 e
E4
Ensaio
Patamar de carga
(kPa) e0 h0 s24h ef
E1
29,600
0,450 19,600 -0,464 0,484
E2 0,443 19,600 -0,631 0,489
E3 0,449 19,600 -0,653 0,497
E4 0,440 19,600 -0,571 0,482
Os resultados do índice de vazios para os restantes patamares de carga, dos 4 ensaios, pelo
método de Casagrande e pelo método de Taylor, encontram-se na Tabela 15 e 16,
respetivamente.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
s(m
m)
√𝑡 (min)
A
B
C 𝑠90
𝑠0
𝑡90
D
𝑡100
𝑠100
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
100 Universidade do Minho
Tabela 15 – Índice de vazios no final da consolidação primária para os restantes patamares
dos ensaios E1, E2, E3 e E4 para o método de Casagrande
Ensaio Patamar de carga
(kPa) ei hi s100 ef
E1 238,680
0,484 20,064 0,351 0,458
E2 0,489 20,231 0,325 0,466
E3 59,200
0,497 20,253 0,051 0,494
E4 0,482 20,171 0,054 0,478
E3 118,330
0,494 20,202 0,156 0,482
E4 0,478 20,117 0,148 0,467
E3 238,680
0,482 20,046 0,235 0,465
E4 0,467 19,969 0,211 0,452
Tabela 16 – Índice de vazios no final da consolidação primária para os restantes patamares
dos ensaios E1, E2, E3 e E4 para o método de Taylor
Ensaio Patamar de carga
(kPa) ei hi s100 ef
E1 238,680
0,484 20,064 0,272 0,464
E2 0,489 20,231 0,299 0,467
E3 59,200
0,497 20,253 0,0268 0,495
E4 0,482 20,171 0,0239 0,480
E3 118,330
0,495 20,226 0,0924 0,488
E4 0,480 20,147 0,0847 0,474
E3 238,680
0,488 20,134 0,153 0,477
E4 0,474 20,062 0,142 0,464
Seguidamente são apresentadas as Tabelas 17 e 18, que permitiram a construção das curvas e –
log 𝜎v′ da Figura 39.
Tabela 17 – Dados para a construção da curva e – log 𝜎v′ pelo método de Casagrande
Patamar de carga (kPa) E1 E2 E3 E4
29,6 0,484 0,489 0,497 0,482
59,2 - - 0,494 0,478
118,33 - - 0,482 0,467
238,68 0,458 0,466 0,465 0,452
Anexos
Eduardo Mendes 101
Tabela 18 – Dados para a construção da curva e – log 𝜎v′ pelo método de Taylor
Patamar de carga (kPa) E1 E2 E3 E4
29,6 0,484 0,489 0,497 0,482
59,2 - - 0,495 0,480
118,33 - - 0,488 0,474
238,68 0,464 0,467 0,477 0,464
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
104 Universidade do Minho
Determinação do coeficiente de consolidação vertical (cv) e da permeabilidade (k)
Para a determinação do coeficiente de consolidação vertical através do método de Casagrande
e de Taylor recorreu-se às expressões 23 e 24, respetivamente. Nas tabelas 19 e 20 encontram-
se resumidos os valores de cv obtidos para ambos os métodos, para o patamar de carga
considerado.
Tabela 19 – Coeficiente de consolidação vertical corresponde ao segundo patamar de carga
(i.e., 238,68 kPa), dos ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Casagrande
Ensaio t50 (s) Tv H (mm) cv (mm2/s)
E1 94,080
0,196
10,032 0,210
E2 101,100 10,116 0,198
E5 44,160 10,235 0,465
E6 51,300 10,195 0,397
Tabela 20 – Coeficiente de consolidação vertical corresponde ao segundo patamar de carga
(i.e., 238,68 kPa), dos ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Taylor
Ensaio t90 (s) Tv H (mm) cv (mm2/s)
E1 184,80
0,848
10,032 0,462
E2 190,740 10,116 0,455
E5 118,560 10,235 0,749
E6 117,360 10,195 0,751
Para a determinação da permeabilidade (k) do solo, para este patamar de carga, recorreu-se à
expressão 30. Como tal, foi necessário calcular o coeficiente de compressibilidade volumétrico
(mv), através da expressão 26, e por sua vez o coeficiente de compressibilidade (av), através da
expressão 25.
Para se obter o parâmetro av começou-se por se representar a curva e – 𝜎v′, de cada ensaio,
recorrendo aos valores de índice de vazios, no inicio e final desse patamar, calculados pelo
método de Casagrande e de Taylor. De cada curva obtida retirou-se o seu declive, sendo este o
valor do parâmetro av (Figura 65 e 66).
Anexos
Eduardo Mendes 105
E1
av (1/MPa)
=0,1242
E2
av (1/MPa)
=0,1144
E5
av (1/MPa)
=0,1981
E6
av (1/MPa)
=0,2203
Figura 65 – Construção das curvas e – 𝜎v′ dos ensaios E1, E2, E5 e E6 para a obtenção do
coeficiente de compressibilidade volumétrico (Método de Casagrande)
E1
av (1/MPa)
=0,0962
E2
av (1/MPa)
=0,1053
E5
av (1/MPa)
=0,1383
E6
av (1/MPa)
=0,1463
Figura 66 – Construção das curvas e – 𝜎v′ dos ensaios E1, E2, E5 e E6 para a obtenção do
coeficiente de compressibilidade volumétrico (Método de Taylor)
Posto isto, na Tabela 21 e 22 encontram-se sintetizados os resultados em termos de cv, mv e k
obtidos, para cada método.
0,43
0,45
0,47
0,49
0,51
0,53
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
e
σ'v (MPa)
E1 E2 E5 E6
0,43
0,45
0,47
0,49
0,51
0,53
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
e
σ'v (MPa)
E1 E2 E5 E6
O fenómeno de consolidação na prática laboratorial
106 Universidade do Minho
Tabela 21 – Permeabilidade para o patamar de carga considerado (i.e., 238,68 kPa), dos
ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Casagrande
Ensaio cv (mm2/s) av (1/MPa) mv (1/MPa) ϒw (kN/m3) k ×10-8 (cm/s)
E1 0,210 0,1242 0,0837 9,810 1,721
E2 0,198 0,1144 0,0768 9,810 1,495
E5 0,465 0,1981 0,1304 9,810 5,946
E6 0,397 0,2203 0,1480 9,810 5,765
Tabela 22 – Permeabilidade para o patamar de carga considerado (i.e., 238,68 kPa), dos
ensaios E1, E2, E5 e E6, pelo método de Taylor
Ensaio cv (mm2/s) av (1/MPa) mv (1/MPa) ϒw (kN/m3) k ×10-8 (cm/s)
E1 0,150 0,0962 0,0648 9,810 0,953
E2 0,1431 0,1053 0,0707 9,810 0,992
E5 0,364 0,1383 0,0910 9,810 3,385
E6 0,383 0,1463 0,0983 9,810 3,701