EDIÇÃO VALOR LOCAL - ABRIL 2014

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Valor Local Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 12 • 17 Abril 2014 • Preço 1 cêntimo ACISMA Como estão as famílias da região Págs. 8, 9 e 10 Pág. 12 Azambuja: Caixa Agrícola promove encontro com Secretário Estado Pág. 4 Cartaxo: Investimento de 500 mil euros em estufas em risco Retoma? Crise? Emprego?

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Jornal Regional de: Azambuja, Alenquer, Cartaxo, Salvaterra, Benavente, Cadaval e Arruda dos Vinhos

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Valor LocalJornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 12 • 17 Abril 2014 • Preço 1 cêntimo

AC

ISM

A

Como estão asfamílias da região

Págs. 8, 9 e 10

Pág. 12

Azambuja:

Caixa Agrícolapromoveencontro comSecretário Estado

Pág. 4

Cartaxo:

Investimentode 500 mil eurosem estufasem risco

Retoma? Crise? Emprego?

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2 Valor LocalSociedade

¢ Sílvia Agostinho

Odrama prolonga-se há oitoanos, desde que o proprietá-

rio de um primeiro andar na RuaFernando Pessoa, nº 58, no Car-regado decidiu, ilegalmente, cons-truir terraços e paredes em cimada garagem, criando dessa formauma espécie de autênticos anexosilegais, que coloca em causa a se-gurança e as condições de salubri-dade do prédio, agora, adquiridopor uma imobiliária a um banco,que já prometeu demolir as obrasilegais. O prevaricador que se encontra,actualmente, no estrangeiro fezobras, então, ocupando todo oquintal com uma construção até aosegundo andar, criando situaçõesde insegurança ao próprio edifícioe aos envolventes, devido à fragi-lidade das estruturas. As obras sãocompletamente ilegais e ilegalizá-veis. Em sucessivas reuniões deCâmara, uma das munícipes vizi-

nhas referiu que “as paredes estãoa ceder”. O Valor Local esteve pre-sente no local, onde moradorasafectadas se referiram “a um esta-do de miséria e de porcaria”. “Fize-ram um autêntico primeiro andarem cima da garagem, fiquei meti-da num buraco, que se tornou umpoço de humidade”, referiu umadas moradoras que preferiu não seidentificar.Segundo o presidente da Câmarade Alenquer, Pedro Folgado, aimobiliária que comprou recente-mente o primeiro andar de ondepartiram as obras ilegais que che-gam ao segundo andar - (cujo in-quilino passou a beneficiar, indirec-tamente, de um terraço onde colo-cou plantas e uma piscina des-montável, com a agravante de fre-quentemente despejar a água damesma para os quintais vizinhos)- vai proceder ao desmantelamen-to de toda a construção. “Vamosver se eles cumprem, quando es-tiver escrito podemos acreditar que

sim, para já manifestaram vontade,até porque assim como está nãopodem arrendar ou alugar a casa”,refere. No local, já estiveram agentes de

imobiliárias, sendo que um delespreferiu não ficar com o negócio,tendo em conta o estado de coi-sas. O presidente da Câmara refe-re que a imobiliária “ficou de ali-

nhar as plantas, e demais procedi-mentos”. As obras de demoliçãoque rondam os 60 mil euros che-garam a ser prometidas pela autar-quia, no caso de o actual proprie-

tário não avançar. A Câmara vai fi-car à espera do melhor desenlacepossível, caso contrário deveráavançar para a demolição prome-tida.

Demolição de construção ilegalno Carregado deverá ir em frente

¢ Miguel A. Rodrigues

OCentro de Dia da Casa doPovo de Manique do Inten-

dente é uma das instituições doconcelho de Azambuja com umaresponsabilidade social acresci-da. Primeiro porque se situa naparte norte do município, ou sejano alto concelho que tem proble-mas de desertificação e popula-ção envelhecida e depois porquejá são muitas as pessoas que vãodependendo desta instituição.Segundo Pedro Moita, director

técnico do centro de dia, a institui-ção que luta com os mesmos pro-blemas de outras associações dogénero, conta atualmente com asvalências de centro de dia e ser-viço de apoio domiciliário. Estassão valências que apoiam direc-tamente “idosos ou outros gruposetários que necessitados”.Para o responsável, estas respos-tas sociais muito importantes paraa região estão devidamente acor-dadas com a Segurança Social, jáque sem este apoio tudo seriamais difícil. Actualmente a institui-

ção apoia 19 utentes em Centrode Dia e 33 em Serviço de ApoioDomiciliário. Mas, a instituiçãoajuda ainda através do ProgramaComunitário de Ajuda Alimentar aCarenciados, 14 Famílias, cercade 38 pessoas, mas “com pers-pectivas bem reais destes núme-ros virem a aumentar” até porquesegundo explicou ao Valor Local,“esta Instituição abrange uma ex-tensa área geográfica”.Ainda assim há outros projectosque aguardam melhores dias, jáque ideias não faltam, mas vão

faltando alguns apoios, quer doEstado, quer das entidades muni-cipais, tudo devido às quebras fi-nanceiras. Uma das lacunas des-ta instituição é a cantina social.Segundo o responsável técnicoesta valência poderia levar à cria-ção “de um espaço especificopara este tipo de apoio socialmais directo”; todavia admite afalta de capacidade de resposta“para esta necessidade” tendoem conta a logística e gastos queuma cantina social iria obrigar,mesmo que tivesse “algum apoiofinanceiro ou alguma parceria quepudesse eventualmente fazerface às despesas”.Esta seria uma vertente, que “me-xeria com toda a estrutura e orga-nização da Casa do Povo, querem termos de espaço quer noque respeita aos recursos huma-nos”, vinca Pedro Moita, que ain-da assim salienta que a instituiçãotenta actuar o mais possível “den-tro das camadas mais desprotegi-das e carenciadas do chamado‘alto do concelho de Azambuja’ ”,através do PCAAC (ProgramaComunitário de Ajuda Alimentar aCarenciados) que consiste na en-trega de bens alimentares essen-ciais.Outra das valências prende-secom o serviço de apoio domiciliá-rio, que segundo o director técni-co da instituição, tem registado“um aumento significativo (quan-

do comparado com anos anterio-res) na procura de géneros ali-mentares que são entregues gra-tuitamente.E por causa da crescente procu-ra, a instituição levou a cabo algu-mas parcerias, ainda que infor-mais, com outras instituições, no-meadamente IPSS’s (InstituiçõesParticulares de Solidariedade So-cial), e com a Segurança Social,Câmara Municipal e Centro deSaúde de Azambuja “que encami-nham vários casos”.Pedro Moita salienta mesmo quea crescente procura de apoio do-miciliário, está relacionada na suaopinião, “essencialmente com asolidão ou isolamento social, quefaz com que as pessoas procu-rem a instituição para serviços tãosimples como a alimentação e otratamento de roupas, já que es-tando sozinhas, não conseguemou já não têm capacidade para tale os próprios familiares mais dire-tos não conseguem auxiliar estetipo de pedido”. O responsávelvinca ao Valor Local que esta émesmo a natureza do Centro deDia e que “para um utente, o sim-ples facto de saber que pode con-tar com a presença diária de pes-soas, ou seja as funcionárias doCentro de Dia, em sua casa, jápor si só combate a solidão”.Pedro Moita salienta algumaspreocupações específicas como acircunstância de muitos idosos

isolados serem normalmente al-vos fáceis, principalmente, no quea burlas se refere. Nesse aspec-to, a GNR e a Câmara “têm de-senvolvido esforços conjuntospara colmatar este problema,através da sinalização de idososque estejam potencialmente emrisco”.Pedro Moita vinca no entanto quea instituição apoia outras cama-das da população, como a juven-tude através do seu pavilhão po-lidesportivo que conta “com diver-sas atividades lúdico, desportivasou recreativas”, sendo hoje emdia “o pavilhão mais utilizado doconcelho”. A instituição tem nos últimos anoslutado pela construção do lar paraidosos. Para já, Pedro Moita nãose compromete. O director técni-co assume que essa é uma maté-ria recorrente mas vinca que aconjuntura económica é compli-cada. Há no entanto “vontade emotivação por parte da actual di-reção e até mesmo dos funcioná-rios”. “Todos ambicionamos estesalto importante do ponto de vistado próprio crescimento da Casado Povo de Manique do Intenden-te enquanto IPSS e da moderni-zação e optimização de recursosque tal obra proporcionaria”, con-cretiza. Pedro Moita diz que oprojeto existe, “encontra-se apro-vado, mas por falta de verbas nãotem condições para arrancar”.

Novo lar e cantina socialCasa do Povo de Manique à esperade tirar projectos da gaveta

Construção ao fundo no alvo da polémica

Idosos apoiados pela instituição

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3Valor Local Publicidade

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4 Valor LocalSociedade

Há dois anos que a empresa Al-fabeto Verde apresentou um

projecto de meio milhão de eurospara construção de uma estufa,em Vale da Pinta, de característi-cas pouco comuns, que inicial-mente recebeu uma resposta po-sitiva por parte da Câmara Munici-pal do Cartaxo, ainda no anteriormandato, bem como da CCDR-LVT no que se refere à REN. Noentanto, o processo, à partida bemencaminhado, conheceu um volte-face.A Câmara argumenta agora que oempresário Tiago Menezes querconstruir em área que viola oPDM, e que a estrutura trata-se deuma construção, e não de umequipamento desmontável. TiagoMenezes diz estar a ser boicotado,e na iminência de perder os fun-dos europeus para o projecto.“Tomei todas as diligências neces-sárias, junto de entidades como oInstituto de Financiamento de Agri-cultura e Pescas (IFAP); CCDR,Agência Portuguesa do Ambiente,e do anterior executivo da Câma-ra, que como evidente não quisdeixar fugir o projecto”, relata.As características deste tipo de es-tufas, feitas em painéis sanduíche,normais em outros países do mun-do, mas mais recentes no país,são nas palavras do empresário“desmontáveis” e “sem impactesno meio ambiente”. “Os serviçosurbanísticos não sabem o que éuma estufa, pensam que é umsaco de plástico apoiado em qua-tro paus, o resto são edificações”.“É por isso que toda a gente dizque os serviços da Câmara sãoum buraco e com razão”.O projecto refere-se à produçãointensiva, quatro toneladas por dia,de forragem hidropónica, “superiorao feno e com menos custos”,destinada aos animais. No total,poderia dar cerca de 20 postos detrabalho directos, durante todo oano, sendo que a área do projectoabrange um total de 150 m2. “Já ti-nha conseguido muitos potenciais

clientes, nomeadamente: cavalosda GNR, actividades de hipismo,entre outros. O meu produto fica a18 cêntimos, quando o actual ficana casa dos 30 cêntimos. É umproduto belíssimo, natural, aprova-do pela FAO. O potencial de cres-cimento é imenso”.No entender de Tiago Menezes,na base das reservas da Câmara,está o facto de ter apoiado a can-didatura de Paulo Varanda às elei-ções, que deu parecer favorável,inicialmente, enquanto presidentede Câmara. “Apoiei por uma ques-tão de bom senso, cortaram-meas pernas por isto!”. Conta, ainda,que após as eleições, poucas ve-zes se reuniu com Pedro Ribeiro,presidente da Câmara, que dele-gava a tarefa em técnicos e novice-presidente. “Ainda fui com opresidente à CCDR para desblo-quear o processo, mas vejo agoraque foi com o intuito de me atirarareia para os olhos. A Câmara nãotem noção de quanto é que istotudo custa. Esforcei-me para apre-sentar alterações para as estufas,nomeadamente, uma alternativaàs sapatas, mas foi-nos sempredito que não. Qualquer Câmara fa-ria todos os esforços para ficarcom este projecto, e posso dizerque já falei com algumas autar-quias da zona”.Tiago Menezes refere que tam-bém pediu um parecer a uma ad-vogada que analisou os artigos doPDM e concluiu que há restriçõesno que se refere a “armazéns paraalfaias; máquinas agrícolas; cu-bas; silos, estábulos, enquantoque as estufas são verdadeirosabrigos para produção agrícolaem estrutura ligeira, sem carácterde permanência”.O presidente da autarquia, PedroRibeiro, não possui o mesmo en-tendimento, referindo que está emcausa a construção de uma estru-tura em tudo idêntica à de um ar-mazém, e lança – “Se o projectocusta 500 mil euros não será paradepois ser transportado para outro

lado, ou não ficar no local em cau-sa durante muito tempo”. O autar-ca refere que nunca foi dado qual-quer parecer técnico por parte dosserviços durante o anterior man-dato, mas apenas uma carta deconforto de Paulo Varanda. Segundo a informação técnica, apretensão constitui “agravamentodo incumprimento tendo em contaque o prédio em causa fica naárea não edificável adjacente aocorredor previsto para a variante àEN 3”, ou seja e trocando por miú-dos: “Para além de violar o PDM,entraria na zona de reserva res-

peitante à futura variante à Nacio-nal 3”. “Consultámos vária jurispru-dência sobre este tipo de estufas,o presidente da CCDR manifestouclaramente que considerava queos pareceres técnicos da Câmarase justificavam”. Tiago Menezescontesta – “Nunca me fizeramqualquer tipo de referência a dis-cordar da legalidade do projectodurante essa reunião”.O presidente esclarece que o queimpende sobre o terreno não serefere apenas à violação da REN,“objecto que não merece dúvidascomo o promotor sabe, mas o que

lhe foi explicado, apesar do seuexercício de má fé, é que a estru-tura tem características perma-nentes, que violam o PDM”. Pe-rante isto, “temos tentado contor-nar a questão, e explorar todas asopiniões para que este projectopossa ter viabilidade, apesar deser considerada edificação pelosnossos serviços e pela CCDR, etendo em conta também que opromotor já possui construções ile-gais no terreno, e quase que seauto-denuncia com tudo isto”.O presidente da Câmara rejeitaainda a ideia das “perseguições

políticas” tendo em conta o apoiode Menezes a Paulo Varanda.Uma alteração dos pressupostospara que a estufa possa ser viabi-lizada tem de atender à revisão doPDM, “que por força das coisasnão demora menos do que doisanos”. O interesse em ajudar oempresário, de acordo com Ribei-ro, “tem-se mantido, apesar de oprocesso ter sido politizado, masnão influenciou a Câmara, quetem de estar acima desse tipo deepisódios, em que num dia os téc-nicos são os melhores do mundo,e no outro, os piores”.

Empresário acusa Câmara do Cartaxo de boicotar projecto de 500 mil euros

A estufa da discórdia

Tiago Menezes pretende processar a Câmara judicialmente

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5Valor Local Sociedade

Alguma população e até a orga-nização da Ávinho 2014 criti-

cou, no último dia do certame, nopassado dia 13 de Abril, a actua-ção da GNR local. Em causa estáo alegado excesso de zelo nocumprimento dos horários de en-cerramento das adegas e barra-quinhas, que participaram na fes-ta.Segundo testemunhas ouvidaspelo Valor Local, algumas colecti-vidades, nomeadamente, a adegapertencente ao Rancho de Vale doBrejo, teve mesmo prejuízo. Se-gundo apurámos, os elementosafectos à associação tinham umafornada de pães com chouriço asair do forno, quando pelas 2 ho-ras e 5 minutos da madrugada desábado para domingo, foram obri-gados a fechar as portas por or-dem da GNR. A mesma testemu-nha salientou que este excesso dezelo da GNR, terá sido sentido poroutras colectividades, inclusive osescuteiros, cujos elementos terãosido igualmente obrigados a en-cerrar pela mesma hora.Em causa, está segundo sabe-mos, o horário definido pela Juntade Freguesia de Aveiras de Cimaque estipulava as duas da manhã,

para encerrar aquele tipo de lo-cais.Ainda assim, o Valor Local, sabeque à hora em que a GNR come-çou a passar revista aos estabele-cimentos, foi quando a festa esta-

va no auge, todavia, e segundouma fonte da própria GNR, esta li-mitou-se a fazer cumprir a lei.A Ávinho que este ano teve a be-nesse do São Pedro, sempre combom tempo, culminou com o habi-

tual desfile e com música no Largoda República, depois de terempassado pela localidade os artistasDavid Antunes e Quim Barreiros.A destacar, nesta iniciativa, o de-bate realizado pela organização,

que teve como objectivo reflectirsobre a fórmula do certame. Nesteencontro que juntou dezena emeia de pessoas no auditório daCasa do Povo local, foram aborda-das algumas temáticas relevantes

para o certame, como a envolvên-cia da restauração, algo já defen-dido pelo Presidente da Junta aoValor Local, bem como a necessi-dade de existir uma melhor promo-ção à festa.

Á vinho: Excesso de zeloda GNR origina protestos

Abertura da Ávinho

EDITAL Nº 7/2014LEVANTAMENTO DE OSSADAS NO CEMITÉRIO DE AZAMBUJAENTERRAMENTOS EFECTUADOS DURANTE O ANO DE 2008

SILVINO JOSÉ DA SILVA LÚCIO, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE AZAMBUJA COMCOMPETÊNCIAS DELEGADAS PARA O PELOURO DOS CEMITÉRIOS:TORNA PÚBLICO que, de acordo com o nº1 do artigo 27º e nº 1 e 2 do artigo 28 do Regulamentodos Cemitérios Municipais, em vigor desde 12.11.2010, tendo-se completado o tempo de enterra-mento julgado necessário, vai proceder-se ao levantamento das ossadas ou abertura de covaispara novos enterramentos, nas sepulturas abaixo identificadas.

TALHÃO RUA Nº COVAL NOME DATA INUMAÇÃO1 M 11 21/08 FERNANDA D’ASSUNÇÃO SILVA 12.06.20081 O 2 03/08 CARMELINDA DOS SANTOS 26.01.20081 Q 3 17/08 MARIA DA ENCARNAÇÃO SILVA 27.05.20081 Q 8 06/08 ANTÓNIO MANUEL MENDES MONTEIRO MATEUS 19.02.20081 S 10 10/08 ANTÓNIO JOSÉ ALMEIDA CARTAXO 01.04.20081 T 5 11/08 JOSÉ FERNANDO FIRMINO BARRETO DO NASCIMENTO 05.04.20081 T 6 14/08 MARIA MANUELA CARVALHEIRO DA SILVA COELHO 08.05.20081 T 7 16/08 MARIA ROSA ELIAS DE OLIVEIRA 22.05.20081 U 7 24/08 MARIA PIRES DA CONCEIÇÃO 03.07.20082 D 5 22/08 JOAQUINA CUSTÓDIA 18.06.20082 D 10 23/08 ARMANDO DE OLIVEIRA 01.07.20082 E 13 27/08 MARIA DA CONCEIÇÃO SEQUEIRA 17.07.20082 L 4 29/08 CAROLINA PINTO HEITOR 10.08.20084 A 1 32/08 JOAQUIM INÁCIO SEQUEIRA 01.09.20084 A 9 34/08 LOURENÇO SIMÕES MARQUES 18.09.20084 C 1 35/08 JOSÉ MANUEL DE AZEVEDO ENNES COTRIM 28.09.20084 C 6 36/08 LEONEL SANTARITA PIRES 06.10-20084 C 10 33/08 JOÃO DIONISIO MERCACHITA DA SILVA 18.09.20084 G 10 47/08 JOÃO MATEUS ARENQUE 06.12.20084 G 13 49/08 LUISA MADEIRA FAIA 16.12.20084 L 9 50/08 DELFINA DE JESUS VENÂNCIO 23.12.2008

Assim, no prazo de 30 dias úteis a contar da data de afixação do presente edital na UNIDADEDE ATENDIMENTO, os familiares ou outros interessados no assunto, poderão dirigir-se àqueleserviço a funcionar na Travessa da Rainha, caso pretendam ADQUIRIR O COVAL, efectuar aTRASLADAÇÃO DAS OSSADAS para sepulturas perpétuas que já possuam, ou desejem ADQUI-RIR UM OSSÁRIO, no referido cemitério.Para conhecimento geral se publica este e outros de igual teor que vão ser afixados nos locais docostume.

PAÇOS DO MUNICÍPIO DE AZAMBUJA, 20 de FEVEREIRO de 2014O VEREADOR COM COMPETÊNCIAS DELEGADAS

Silvino José da Silva Lúcio

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6 Valor Local25 de Abril

Histórias de Abril

“Estive com a corda no pescoço”Residente no concelho de Azambuja há 17 anos,Virgínia Estorninho, militante do PSD, foi um dosrostos da luta política que se seguiu ao 25 de Abril.Em entrevista, dá conta dos tempos de luta contur-bada, e fala ainda dos políticos de hoje

¢ Miguel A. Rodrigues

Desde muito cedo que VirgíniaEstorninho começou a formar

as suas opiniões políticas, quan-do assistia televisão na casa deum senhor para quem trabalhava,aos 12 anos, a tomar conta dos fi-lhos. Na década de 70, em 1973,participou numa manifestaçãocom o MRPP. Virgínia conta quenesse dia apareceu um políciacom cacetete que já conhecia,porque lhe dava aulas de explica-ções, e só se lembrou de lhe dizer– “o que está aqui a fazer, por quenão fez os exercícios”, e desatoua correr. E foi assim a sua primei-ra acção política. À primeira vista, podia-se prenun-ciar um futuro de militância numpartido de esquerda, mas VirgíniaEstorninho refere que sempre de-testou o Partido Comunista, nãose identificando de todo comaquela corrente política. No 25 de Abril, a antiga vereado-

ra, e militante do PSD, era secre-tária da administração da Compa-nhia de Seguros Pátria, em Beja.“Um dia no qual todos estavameufóricos, mas permaneci na ex-pectativa”, recorda-se. O seu ingresso no Partido SocialDemocrata foi natural, quando nodia 27 de Abril, dois dias após aRevolução, ouve uma entrevistade Sá Carneiro na Rádio Renas-cença. “É isto que eu quero”, lem-bra-se. Mas a identificação com olíder carismático do PSD come-çou quando trabalhava na RankXerox, em Lisboa, e estava in-cumbida de dactilografar as inter-venções de Sá Carneiro para de-pois serem distribuídas pelas cai-xas de correio da Avenida Esta-dos Unidos da América, do ladodireito. A sua convivência com Sá Car-neiro marcou o seu percurso e assuas escolhas políticas dali emdiante. “Nunca fiz fretes a nin-guém, ouço o que me têm a dizer

dentro do partido, no qual tam-bém possuo as minhas preferên-cias. Tenho grandes amigos, mastambém inimigos, fruto das vicis-situdes do combate político”. SeSá Carneiro não tivesse morridotão cedo, tem a certeza que orumo do país tinha sido diferenteporque “era um homem de con-vicções que não cedia a pres-sões”.A par da liberdade que o 25 deAbril construiu, Virgínia Estorni-nho, e numa comparação entre aTroika nos anos 80 e a de hoje,acredita que o edifício económicodo país foi destruído, “foram co-metidos muitos exageros”. “O 25de Abril trouxe coisas muito boascomo o acesso da mulher aovoto, a liberdade sindical, a tenta-tiva de melhoria social, mas se ti-véssemos seguido o rumo de Es-panha não estaríamos nesta si-tuação”.“Havia um ódio visceral aos ricos,a quem tinha propriedades e ca-

sas, assisti a coisas horríveis noAlentejo, de desmantelamento.Assisti a um assalto a uma pro-priedade em que tapetes persasforam cortados em bocados”.Foi neste clima, que se recordade ter estado literalmente com acorda no pescoço. “Em 1975, es-tava em Beja, na apresentaçãode uns candidatos às eleiçõespara a Constituinte. Nesse tempoera muito difícil de lutar contrauma esquerda exacerbada e comódio. A única vantagem era queos homens não batiam em mulhe-res, e eu nesses casos avançavamais. A nossa sede foi assaltada,e em conjunto com uns miúdosdo partido tivemos de fugir. Entreinuma taberna, com os jovens, eos radicais prenderam-nos. Pen-duraram-nos numa corda, com osnossos pés em cima de bancos,que se caíssem…Eu não paravaquieta, barafustava. Fiquei comas marcas da queimadura da cor-da. Até lhes disse que o PPD nãotinha uma Catarina Eufémio masque tinha a Virgínia Estorninho”.Recorda-se que consideravam oseu grupo como os perigosos co-laboradores do patronato. Só con-seguiu sair com vida daquele epi-sódio porque chegaram uns indi-víduos de outra facção, e foramsoltos. “Entretanto cheguei ao comíciono Pax Júlia. Estavam todos sen-tados, entrei num dos camarinspara tratar de um dos miúdos queficou ferido. A dada altura inva-dem o teatro, e muita gente tevede fugir, o professor Marcelo Re-belo de Sousa inclusive. Nessaaltura tive uma daquelas minhasideias loucas, parti o vidro ondeestavam as mangueiras de emer-gência e com a água afastei-os.Mas chegaram os militares e lá

fomos presos. Queriam identificaros miúdos mas não deixei”, conta.Na altura tinha só 29 anos de ida-de- “Sempre enfrentei tudo, nun-ca fui cobarde”.A frontalidade acompanhou-adesde sempre, e é uma das prin-cipais críticas dentro do seu parti-do, tendo acusado Durão Barrosode ter abandonado o país, quan-do trocou o cargo de primeiro-mi-nistro pelo de presidente da Co-missão Europeia. Já sobre Pas-sos Coelho, confessa que não erao seu candidato preferido dentrodo partido, mas admira-o “pelasua persistência, honestidade epela sua coragem”, embora reco-nheça que lhe falta “alguma sen-sibilidade social”. O tempo passa é já há 17 anosque Virgínia Estorninho vive emAzambuja. Acusada de na alturaser mais uma paraquedista candi-data às autárquicas, por cá tem fi-cado. Confessa que inicialmentefoi por teimosia, “para provar quenão fugia logo a seguir”, mas de-pois porque Azambuja lhe permite“uma outra qualidade de vidapara desenvolver o sue trabalhono campo do artesanato”.

A opinião sobre algumasdas figuras políticas

Num desafio do Valor Local, Vir-gínia Estorninho opina da seguin-te forma sobre algumas das figu-ras da política nacional. Come-çando por Mário Soares: “Já de-via ter-se retirado há mais tempo”.Cavaco Silva: “É um homem ho-nesto, que sabe olhar o país enão ir na onda da oposição”. An-tónio Guterres: “Nem me aquecenem me arrefece”. Jorge Sam-paio: “É meu amigo, por isso te-nho algumas dificuldades. Foi um

bom presidente de Câmara, nãotanto como presidente da Repú-blica”. José Sócrates – “Esse nempensar!”. António José Seguro –“É um pateta, um inculto politica-mente. Talvez pior do que o Só-crates”. Pedro Santana Lopes –“Sou sua amiga, e está a fazerum ótimo lugar na Santa Casa”.Paulo Portas- “Tem-me desiludidomuito, até porque era sua amiga.É um fulano muito inteligente,mas que tem ali um senão, porvezes baralha-se”. Já no campodas figuras locais, e começandopor João Benavente, Estorninhodiz o seguinte – “É um bom ho-mem, talvez lhe falte um pouco deCultura”. Joaquim Ramos – “É umamigo, já o conhecia quando eleera director dos espaços verdesna Câmara de Lisboa, e eu presi-dente de junta do Alto do Pina.Até lhe fiz algumas partidas,como quando coloquei um reba-nho de ovelhas na relva da Ala-meda, cansada que estava de pe-dir as máquinas. Liguei para aCâmara a referir o caso, e à tardejá lá estavam a tratar finalmenteda limpeza”. Luís de Sousa – “Co-nheço-o mal, apesar de ter esta-do quatro anos com ele na verea-ção, parece-me que foi o candida-to de recurso do PS”. Virgínia Es-torninho sublinha contudo queestá muito afastada da política lo-cal. “Não tenho idade para pensarem voltar, não me apetece traba-lhar (risos). Só me meto em coi-sas que não me dêm muito traba-lho”.Sobre a crise e o futuro confiaque o país vai dar a volta porcima. No que toca ao concelhodeixa-a triste o estado em que seencontra a vala real, e desaprovaainda a colocação dos pilaretes,“algo que jamais faria”.

A histórica militante do PSD vive em Azambuja há 17 anos

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7Valor Local Política

Funcionária/vereadora acusaPedro Ribeiro de perseguição

Vai arrancar o Orçamento Participativo de Alenquer

300 mil euros para seis obras

Avereadora em substituição,Élia Figueiredo, eleita numa

lista de independentes, que étambém funcionária municipal,aproveitou a última reunião deCâmara do Cartaxo, para acusaro presidente do município PedroRibeiro de perseguir os funcioná-rios da autarquia. Tudo porquesegunda a mesma, o autarca an-dou a dizer que a mesma levavacerca de 600 euros para casa emhoras extraordinárias. A mesma alegou que o seu ven-cimento ronda os 1373, 12 eurose quanto muito recebe por voltados 1450 euros, com as horas to-talizadas. “Sinto um nó na gar-ganta, e não consigo perceber aatitude do senhor presidente daCâmara. O senhor amedronta osfuncionários ao dizer que não hádinheiro para pagar”, elencou; ereferiu-se ao caso de uma funcio-

nária que foi retirada da mobilida-de para ocupar a sua vaga nosrecursos humanos que custa doismil euros, tendo Élia Figueiredovoltado ao seu posto original, en-tretanto, na higiene e segurança. A vereadora referiu-se ainda àcircunstância, segundo as suaspalavras, de ficar até tarde naCâmara a fazer o trabalho de ou-tras funcionárias, pois neste mo-mento apenas três pessoas es-tão na sua secção, quando deve-riam estar oito. “Somos pessoase temos família, impediu-nos decolocar no mapa as horas de Ja-neiro e Fevereiro. Está a jogarcom os funcionários. Leve istopara o Ministério Público”, desa-fiou, ao mesmo tempo que sequeixou de ser uma mulher doen-te: “Tenho doença de Crohn”.A eleita disse, ainda, que o seugabinete foi “assaltado”, tendo

sido levados documentos nosquais trabalhava- “Expus estecaso ao senhor presidente emDezembro, disse-me que ia pedirum parecer jurídico, e até ao mo-mento ainda estou à espera”. Élia Figueiredo aproveitou aindapara lembrar um facto passadonuma entrevista de empregoquando Pedro Ribeiro era aindavice-presidente de Paulo Caldas,e lhe perguntou qual o seu clubede futebol. “Deve ser porque nãosou do seu clube que outras pes-soas ficaram a ganhar mais 300euros do que eu”, não hesitou emlançar.Visivelmente transtornada, ÉliaFigueiredo não esperou pelasrespostas do presidente da Câ-mara e saiu da reunião. Pedro Ri-beiro já sem a vereadora na sala,apelidou a intervenção de “tea-tral” e “movida pela má fé”. O pre-

sidente da Câmara referiu que amudança da orgânica dos servi-ços municipais, ditou que tam-bém Élia Figueiredo voltasse aoseu posto inicial. Sobre o episódio da entrevistaem que se falou de clubes de fu-tebol, apelidou-o de “inqualificá-vel”. “A doutora Hélia vai buscardoenças e famílias para o seudiscurso e isso não é sério”, re-flectiu. Disse ainda que nunca fa-lou do nome de Élia como sendoa funcionária que recebe valoresna casa dos 600 euros de horasextraordinárias. “Estes julgamen-tos são perigosos, e esta maniada perseguição é desajustada”.Mas coube ao vice-presidenteFernando Amorim, dar a conhe-cer a folha de vencimentos de

Élia Figueiredo. Amorim elencouque a vereadora/funcionária au-feriu 5956 euros em 2013 só dehoras extraordinárias, dandocomo exemplo alguns meses doano passado. Em Janeiro auferiu,no que a horas extraordináriasdiz respeito, mais 650 euros; emMarço: 698 euros; Abril: 752,48euros; Maio: 544, 2 euros. Já emJunho, Élia Figueiredo terá aufe-rido segundo o eleito: 785, 79 eu-ros; 641, 90 em Julho; 684,08 emAgosto e 430,66 em Setembro.Ou seja, valores nada coinciden-tes com os valores de horas ex-traordinárias apresentados pelavereadora. Amorim aproveitoupara juntar ainda que há trabalhopor fazer na secção onde Élia Fi-gueiredo estava, nomeadamente,

no que se refere ao facto de aavaliação de trabalhadores nãoser feita há três anos, o que origi-nou a retenção de 60 mil eurosna DGAL.

Está em fase de preparação oprojecto de Orçamento Parti-

cipativo da Câmara Municipal deAlenquer. No total, os munícipespodem apresentar propostas quetotalizem o máximo de 300 mileuros. Nos próximos meses, osalenquerenses podem propor on-line ou participar nas sessões deesclarecimento que vão ser leva-das a cabo em cada freguesia. Durante a conferência de im-prensa convocada para o efeito,o vereador Paulo Franco deuconta de que vai ser criada umaplataforma online, através daqual os munícipes, naturais doconcelho, estudantes, e ainda ostrabalhadores no concelho po-dem deixar as suas sugestões.Cada pessoa só pode apresentaruma proposta; mas cada umapode escolher duas. As três pro-postas mais votadas serão leva-das à comissão técnica mais as55 que saírem das sessões pú-blicas a realizar em todas as fre-guesias do município alenque-rense. Foi balizado um montantemáximo de 300 mil euros a distri-

buir por cinco obras, cabendo acada uma 60 mil euros. Segue-se uma fase de recolha de pro-postas entre Maio e Junho; aná-lise técnica entre Julho e Setem-bro, votação entre Outubro e No-vembro. No final do ano serãoconhecidas as propostas vence-doras.De acordo com o vereador PauloFranco, o calendário das obrasvencedoras estender-se á até fi-nais de 2016, ou seja dois anos.No entender do vereador e dopresidente da Câmara Municipal,Pedro Folgado, esta é uma expe-riência que tem corrido bem emconcelhos com característicassemelhantes ao de Alenquer,como Odemira, que tambémcombina ruralidade e meio urba-no, com um número semelhantede população, e igualmente ex-tenso. Questionado pelo Valor Local, seo concurso não poderá prejudi-car as populações de freguesiasmenos habitadas, em compara-ção com outras, o presidente daCâmara é da opinião de que “os

cidadãos são chamados a pro-nunciarem-se sobre a possibili-dade de obras benéficas não sópara a freguesia, mas que pos-sam ter interesse municipal”. Poroutro lado “é natural que fregue-sias mais populosas como o Car-regado, em que muitos dos seushabitantes não se envolvem comas realidades locais, tal resulteem que não se sintam interessa-dos, da mesma forma, em parti-cipar nesta iniciativa, comparati-vamente, aos das freguesiasmais rurais, normalmente, maisenvolvidos com a comunidade ecom a freguesia”.No entanto, diz-se conscientedos riscos que esta acção podecomportar, até porque em algunsconcelhos não tem corrido comodesejável, mas entende que“tudo depende da capacidade demobilização e interiorização deque este é um projecto importan-te”.O calendário das sessões públi-cas é o seguinte: dia 12 de Maiono Centro Popular de Recreio eCultura do Bairro (Abrigada); dia

14 de Maio na Associação deDesenvolvimento Local de AldeiaGalega da Merceana; dia 16 deMaio na Associação Recreativada Pipa; 19 de Maio na Associa-ção Recreativa de Bogarréus; 21de Maio na Associação Recreati-

va da Pocariça; 23 de Maio noCentro Social da Ota. No dia 26de Maio é a vez da Colectividadedo Mato; 28 de Maio- Grupo Re-creativo Flor de Maio na Labru-geira. No dia 30 de Maio, o orça-mento participativo chega à as-

sociação desportiva de Vila Ver-de dos Francos. No dia dois deJunho é a vez da SociedadeUnião Musical em Alenquer, epor último o Carregado, no diaquatro de Junho, na associaçãodesportiva local.

Cerveja desconhecidaAocupação das instalações dos antigos celeiros da EPAC em Azambuja por uma marca de fabrico artesanal

de cerveja que requisitou o edifício há dois anos à Câmara, voltou à baila. Tudo porque o presidente domunicípio, Luís de Sousa, desconhecia o nome da marca, “apesar de já ter sido convidado para estar presentenas instalações para inaugurar a empresa” que se está a estabelecer no concelho.O vereador da oposição, Coligação pelo Futuro da Nossa Terra, Jorge Lopes estranhou e lembrou o processo,tendo em conta que a Câmara não acolheu na altura a sua proposta para que tivesse lugar o pagamento deuma renda após a fixação da empresa, passados cinco anos, com o edifício a reverter para a mesma ao fimde 20 anos. Ainda se chegou a falar na venda do edifício por 600 mil euros. Em declarações ao Valor Local,Luís de Sousa referiu que a empresa “está a terminar os procedimentos para abrir as instalações em causa,que contará ainda com uma espécie de museu para visitas das escolas”.

Águas da AzambujaOvereador David Mendes, CDU, referiu-se, na última reunião de Câmara, ao facto de subtilmente a Águas

da Azambuja estar a proceder ao aumento da taxa de resíduos sólidos urbanos. De acordo com o mes-mo, nada do que está na factura corresponde ao aumento da taxa de inflação, nem ao que foi votado pelacâmara. “Temos sido pacientes, mas a Câmara continua sem saber de nada, exigimos que se coloque o ta-rifário no site bem como os anexos do contrato”. Por outro lado, é da opinião de que a Câmara vai ter de “maistarde ou mais cedo assumir os custos sociais do aumento da água”. Já o vereador Jorge Lopes mostrou o seu desagrado por este tema ser constantemente falado, sintoma dafalta de transparência do processo. Nomeadamente, no que concerne ao facto de a Águas da Azambuja tarifar“os munícipes sem rede separativa de esgotos, o que é inadmissível”. Depois de muita insistência ao longodo último ano, a coligação de centro-direita recebeu das mãos do presidente da Câmara o acordo entreguena entidade reguladora de renegociação das condições do contrato com a concessionária. Sobre o tema dos resíduos, o vereador Silvino Lúcio disse ir estudar algumas das soluções apresentadas,anteriormente.

Autarcas deram a conhecer projecto

Élia Figueiredo

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8 Valor LocalDestaque

A poucas semanas da saída da Troika

Como estão as famílias da nossa região?Fomos conhecer algumas famílias da nossa região nesta altura em que alguns falam de uma certa “re-toma”: Quem vive com a ajuda de um subsídio da Segurança Social e tenta desesperadamente encontrartrabalho, quem ainda há poucos anos ganhava um ordenado acima da média e teve de pedir ajuda e ain-da o caso de uma ex-empresária, agora trabalhadora rural. São casos de filhos da crise que todos espe-ram que não se demore a ir embora.

Elisabete Afonso é o espelhoreal de que a vida pode mes-

mo dar muitas voltas. Em 2009, ti-nha uma vida estável, auferia 1750euros de ordenado como secretá-ria de uma empresa farmacêuticana zona da grande Lisboa, mas aexplosão do mercado rival dos ge-néricos, ditou o seu despedimento,assim como, de outros colegas.Casada e com dois filhos, o mari-do, embora com um ordenadomais pequeno, também ficou de-sempregado, e acabou por aacompanhou pelos corredores dodesemprego, quase ao mesmotempo. Em 2011, esta família resi-dente no Carregado teve de esten-der a mão à solidariedade junto daLoja Social do Carregado. Em casa tem dossiers carregadoscom comprovativos de presençasem entrevistas, currículos e candi-daturas espontâneas enviadaspara outras empresas do mesmotipo, e a dada altura para todo otipo de trabalhos. “Há cinco anoscom 38 anos, era considerada ve-

lhíssima para certos empregos,hoje com 43 nem pensar! É assimque funciona o mercado”. Nãoconseguiu muito mais nos últimosanos do que alguns trabalhos pre-cários e ocasionais de baby-sitter,limpezas domésticas, lavagens deescadas, e também de engomado-ria para particulares. “Candidatei-me a tudo, até porque, como é ób-vio, tinha noção de que nuncamais ia ganhar tanto como antes.Mas nunca fui de chorar o passadoe lamentar-me, tentei encarar o fu-turo da melhor maneira. Eu diziamuitas vezes que quando não sepode comer bifes, come-se bifa-nas, ou salsichas, pois a vida ha-veria de melhorar algum dia”, re-corda-se.Entretanto, a vida de ambos co-nheceu um volte-face positivo. Eli-sabete Afonso conseguiu, no mêspassado, emprego numa das em-presas da zona do Carregado,como operária fabril. Embora, lon-ge das suas capacidades, não po-dia estar mais contente por voltar

à vida activa, apesar de receber omínimo ordenado. “É uma empre-sa com colegas e superiores impe-cáveis. Estou a adorar não só porter voltado ao mercado de traba-lho, mas também porque me con-sidero mais gente, voltei a estarmelhor psicologicamente”. O mari-do também voltou a trabalhar, emNovembro passado, num horárionocturno, para lhe dar oportunida-de de receber mais, também numaempresa do Carregado.Mas muito presentes estão aindaos tempos, quando em 2011 bate-ram à porta da Loja Social do Car-regado. “O meu marido estavamais incomodado com essa pers-pectiva do que eu, porque estavamais mentalizada. Sempre penseique um dia posso estar bem, e nooutro dia pior, e a encarar esseponto de vista da melhor formapossível, porque a vida puxa-nos otapete muitas vezes”. Para conse-guir fazer face às despesas, tevede desfazer-se de muitos electro-domésticos, peças em ouro, mó-

veis, aparelhos de ginástica, e atéa casa onde morava antes foi de-volvida ao banco, bem como a suacasa de solteira. Hoje reside mes-mo ao lado do seu antigo prédio,na Urbanização da Barrada, masnuma casa mais modesta, ondepaga 300 euros de renda.Durante o tempo em que estevedesempregada, teve de fazer mui-tas economias a nível alimentar.“Nunca deixei de ter comida paraos filhos, mas para mim houve al-turas em que não tive, mas no pri-meiro dia em que bati à porta daloja social não tinha comida detodo.” Muitas foram as ocasiõesem que deixou de pagar as contasda luz e da água. “Posso contarque vendi uma televisão que mecustou 700 euros para compraruma bilha de gás, que desde hátrês dias que andava a aquecerpanelas de água no forno eléctri-co”.Na loja social, conta que recebeuo melhor apoio possível, “poisaquelas pessoas são inexcedíveis,

roubam tempo às famílias paraajudar”. “Merecem todo o meu res-peito”,considera. Apenas há ummês deixou de receber aqueleapoio, dado ter arranjado trabalho.Quando se fala da denominada re-toma, considera que é possível

que as coisas estejam a melhorarum pouco até porque só agora co-meçou a trabalhar de novo. “Nomeu caso, posso dizer que estou asentir essa melhoria, pois pela pri-meira vez em cinco anos uma em-presa deu-me trabalho”.

¢ Sílvia Agostinho

Elisabete Afonso esteve desempregada 5 anos

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9Valor Local Destaque

Beneficiária do Rendimento So-cial de Inserção (RSI), Sandra

Ferreira, residente em Azambuja,é uma das contempladas peloprograma “ cheque social” paracompra de carne e peixe da autar-quia de Azambuja nos estabeleci-mentos aderentes. Nos últimosanos, poucas vezes tem conse-guido arranjar trabalho. O facto deapenas ter a quarta classe paraisso também tem contribuído. Noentanto, refere que é uma mulherque gosta de se fazer à vida, eque até faz trabalhos de homemse for necessário. “Conduzo trac-tores, carrinhas, aprendi a fazerde tudo um pouco, gosto de traba-lhar no campo”.Com 36 anos, separada e comquatro filhos, tem dois à guarda defamiliares, um numa instituição; econsigo apenas o mais novo, ain-

da bebé. Paga 150 euros de ren-da quando recebe apenas da Se-gurança Social 135 euros de RSI.“A minha sorte é que o pai dobebé quando pode dá 150 eurospor mês”. À nossa reportagem dizque o melhor que lhe podia acon-tecer era arranjar um trabalho,porque até à data apenas conse-guiu empregos temporários. Algu-mas situações da sua vida pes-soal, como a retirada de um dos fi-lhos, devido a situações de indis-ciplina, que não de maus tratos ounegligência parental, deixaram-nacom problemas de anorexia equeda de cabelo, mas tem conse-guido levar a sua vida. “Infelizmente não consigo encon-trar trabalho, quando há campa-nhas no campo vou sempre, as-sim como, quando as firmas detrabalho temporário me chamam

para alguns dias, como a Matuta-no. Vou ao centro de empregopraticamente todas as semanaspara ver o que me podem arranjar.Chego a sair de casa de automó-vel para ver ofertas aqui na zona,durante um dia inteiro, mas comoo dinheiro mal dá para a gasolinavou bastante devagarinho paraconseguir regressar, não vou alémdos 50 km/hora”, relata, adiantan-do que recentemente foi chamadapara uma formação de forma acolmatar a sua deficiente escolari-dade.Conseguir pagar as contas e ain-da criar um filho com poucos me-ses de vida, é uma tarefa deverasdifícil. Os 150 euros que recebedo pai da criança vão directamen-te para a renda, sobra o dinheirodo RSI para as contas. Parte daalimentação é comprada com o

cheque social da autarquia, no va-lor de 12 euros mensais. Recebeainda apoio a nível alimentar do

centro paroquial.“Conheço quem esteja a recebereste tipo de subsídio e que se re-

cusa perante certos trabalhos, nomeu caso é o contrário nunca direique não a nada”.

“Se arranjasse emprego era a mulher mais feliz do mundo”

Apoios da Câmara de Azambuja aos carenciados

Sandra Ferreira no meio de Luís de Sousa e da técnica

Actualmente, são 92 os agre-gados familiares do conce-

lho de Azambuja, que o municí-pio ajuda com o cheque social.De acordo com dados solicita-dos junto dos serviços da AcçãoSocial, foram entregues no pas-sado mês de Março 1722 eurosatravés deste cheque aos ca-renciados do concelho. No quese refere aos outros apoios da-dos pela Câmara, 22 agregadosfamiliares recebem o denomina-

do “cheque farmácia” que ajudana compra de medicamentos.No passado mês de Março, 220euros foram para este apoio. Nototal e em orçamento, a Câmaratem para o cheque social (carnee peixe): 31 mil euros; 2500 eu-ros para os cheques farmácia, enove mil euros para ajuda nareparação de habitações. A au-tarquia também comparticipa acompra do leite em pó às mãescarenciadas com bebés.

Segundo o presidente da Câ-mara, Luís de Sousa, uma dasvertentes do apoio social a in-vestir, de momento, seria na re-cuperação dos apartamentosjunto à cadeia de Vale de Ju-deus, cerca de 70 casas, queseriam muito benéficas paraesta população, após teremsido desocupados pelos funcio-nários da prisão. São aparta-mentos que precisariam apenasde algumas pequenas obras e

retoques. A Câmara está a pre-parar o dossier no sentido deuma resposta positiva por partedo Ministério da Justiça. Todas as semanas, chegam àCâmara casos muito graves.“Ainda há pouco tempo uma se-nhora chegou ao meu gabineteporque em casa só tinha no fri-gorífico seis iogurtes e um pa-cote de manteiga. Entretanto,conseguimos apoiá-la com ocheque da carne e do peixe.

Muita gente também se queixade que não tem dinheiro para arenda de casa. Encaminhamospara a Segurança Social e ten-tamos ajudar”.“Por outro lado, há quem usu-frua da habitação social, masnão consegue pagar a água e aluz, e ficamos novamente comum problema. Há quem acabepor declinar ir para uma casa dahabitação deste tipo, precisa-mente porque não têm dinheiro

para o resto”, acrescenta Her-culano Valada, com o pelouroda Intervenção Social.Soubemos já depois desta re-portagem que Sandra Ferreirafoi solicitada para uma entrevis-ta a fim de preencher umavaga, ainda que temporária, nosserviços de limpeza do municí-pio, ao abrigo de um programaque lhe vai permitir ganhar cer-ca de mais cem euros a juntarao RSI.

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10 Valor LocalDestaque

Afamília de Sandra Seabra énumerosa, para além de si e

do marido, há quatro filhos paracriar, sendo que a mais velhafrequenta o primeiro ano da uni-versidade. O Governo ainda hápouco tempo mostrou a suapreocupação com os baixos ín-dices da natalidade, mas na opi-nião de Sandra, “não há muitosestímulos para que haja maiscrianças, os valores dos abonossão muito baixos, e no caso daminha filha que está na univer-sidade não existem mecanis-mos no caso de um dos pais fi-car desempregado, de modo aque os jovens não deixem deestudar, como tem acontecidotantas vezes”.Também no caso de SandraSeabra, a crise reflectiu-se bas-tante na sua vida. Ainda há unsanos trabalhava na PT, ondeera supervisora e ganhava bem.Engravidou, mas conseguiucom o dinheiro do despedimen-to abrir o negócio de uma vidrei-ra que correu bem até o paíschegar ao pico da crise na cons-trução. “Batalhei durante quasetrês anos, mas não tive outra al-ternativa”. Depois, esteve du-rante o último ano a trabalhar

num supermercado na vila deAzambuja, mas conta que en-tretanto foi dispensada. “Choreidurante dois dias, pois comoconseguiria fazer face aos meusencargos?! O meu marido tra-balha como camionista mas nãoé suficiente, pois a ginástica fi-nanceira que temos de fazertem de respeitar muitas regras”.Dada a urgência em arranjartrabalho, a azambujense come-çou há poucos dias na apanhade tomate. “É um trabalho ho-nesto, onde até vou ganharmais, apesar de ser mais exi-gente fisicamente”.Para fazer face às despesas dacasa, a família necessita de1500 euros, sendo que o orde-nado do marido não seria sufi-ciente, caso continuasse de-sempregada. Para já tem traba-lho até Junho. Se a retoma estáde facto aí ou não, acha queainda é cedo para se falar dis-so, pois tendo em conta que tra-balhou num supermercado atéhá poucas semanas, não pre-senciou mais poder de compra,ou maiores gastos. “As pessoasqueriam sempre o mais barato”,avalia, e considera: “Acho queestamos todos de pé atrás, será

que é desta ou não? Já ouvimostantas promessas…”Com uma filha na faculdade, asdespesas “cresceram”, e porisso o subsídio de desempregoque iria auferir caso não optas-se por ir já trabalhar para a apa-nha de tomate, não iria chegarpara fazer face às despesas,mesmo assim, conta com oapoio de alguns familiares quecontribuem para o “bolo” dosestudos. “Os meus filhos são omeu orgulho, sempre tiveramboas notas e daí todos os meussacrifícios”.A gestão do dia-a-dia faz-setentando que todas as contaspossam ser pagas, por vezes jáno limite dos prazos. “Os meusfilhos também sabem que nãoposso comprar tudo o que pe-dem, e quando compro para umtenho de comprar para todos.Se por vezes não compro umchocolate caro, compro dosmais baratos para dar para osquatro”. Economizar lá em casa,passa por “inventar muitas refei-ções económicas, como salsi-chas com cogumelos e natasem vez de bife; fazer sopa paravárias refeições, ou optarmospor ver televisão todos juntos,

para não estar mais do que umaparelho ligado”. A roupa tam-bém vai passando dos mais ve-lhos para os mais novos. Quan-to à sua roupa e calçado, apro-

veita muita coisa que, por ve-zes, as amigas já não conse-guem vestir “porque emagrece-ram ou engordaram”.Em poucos anos, passou de

empresária a trabalhadora rural,algo que nunca imaginou, “masàs vezes a vida dá estas voltas,mas não tenho medo do traba-lho”.

Passou de empresária a trabalhadora rural

“Faço todos os sacrifícios pelos meus filhos”

Sandra e o marido precisam de 1500 euros mensais para as despesas

Os problemas sociais têm vindoagudizar-se neste contexto de

crise, como tal o trabalho de algu-mas entidades em prol da comuni-dade tem sido o porto de abrigo demuitos. A Conferência do SagradoCoração de Jesus da Sociedadede São Vicente de Paulo, no Car-taxo, tem colaborado nesta tarefajunto de algumas pessoas, no-meadamente, os chamados “no-vos pobres”, indivíduos, antes, daclasse média, normalmente comformação académica.Maria de Jesus fala do caso deduas irmãs professoras que “não

conseguem colocação e vivem damagra reforma do pai”. “Todas assemanas vêm buscar alimentação,a mãe é doente, pelo que apoia-mos também na medicação, emque as farmácias facilitam o paga-mento, através da quotização dosnossos sócios. Também ajudamosnas rendas de casa de muitas fa-mílias”. “Ontem apareceu-nos uma família,em que o marido é advogado, enão consegue arranjar dinheiropara ficar numa sociedade. A mu-lher não consegue arranjar nada.Têm filhos, e não conseguem dar-

lhes de comer. Os meninos, pen-so, que, no outro dia, perguntaramse não podiam comer um chocola-te”, relata Maria de Jesus que jáem jovem assistia a estas activida-des de solidariedade com o pai, navila de Azambuja. Mas hoje emdia, o cenário “agravou-se de talmaneira que estes casos deixam-me doente. Desgosta-me bastanteque muitos tenham tirado os seuscursos, com a ajuda dos pais, eque nem para certos serviços osaceitem, porque caíram em dizerque tinham licenciaturas, e sãologo afastados. ”.

“Sei de uma rapariga que anda apedir na rua. Foi toxicodependen-te, mas está impecável, e podiatrabalhar numa casa como empre-gada doméstica, mas devido aoestigma, todos se afastam de lhedar trabalho. Precisa de ser ajuda-da para voltar a ser inserida na so-ciedade.”O apoio psicológico que se possadar aos cidadãos com mais dificul-dades é “inestimável”, até tendoem conta que há cada vez menosmeios, tendo em conta que “O Es-tado, a Câmara e a Junta têmcada vez menos dinheiro”.

Fenómeno dos “novos pobres”

Instituição do Cartaxo não tem mãos a medir

Maria de Jesus fala do fenómeno

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11Valor Local Negócios com Valor

Situado na estrada nacional 3,em Vila Nova da Rainha,

Azambuja, o restaurante Mercea-ria do Peixe tornou-se quasenuma espécie de extensão naturaldas empresas da zona. Todos osdias, gestores e empresários reú-nem-se nesta unidade de restau-ração para falar de negócios, eclaro comer. A oferta centra-se so-bretudo no peixe fresco, que umdos empregados do restaurantevai buscar todos os dias a zonasjunto ao litoral, como Peniche. Porestar vocacionado para o segmen-to empresarial da região, apenasestá aberto aos almoços de se-gunda a sábado. O espanhol Fernando Arguellesque está, actualmente, à frentedos destinos da Mercearia do Pei-xe, revela que todos os dias qua-dros médios e superiores da Siva,Auchan, Avipronto, Sonae, Sta-ples, Transportes Luís Simões,deslocam-se a esta unidade, as-sim como, o empresário da Sugal,Ortigão Costa. No segredo do sucesso está tam-bém, segundo o proprietário, o“carinho” demonstrado para comos clientes, “porque faz parte da fi-losofia do restaurante e porque, namaioria dos casos, os clientes vêmacompanhados por estrangeiros

na esperança de poderem maisfacilmente fechar um negócio, sesentados à mesa”. “Essa empresatem de ficar bem vista. Então fazparte da nossa estratégia tambémajudar nesse processo”. “Na alturado tomate, fecham-se aqui muitosnegócios”, dá conta. A relação de confiança estabeleci-da entre o restaurante e o seu pú-blico-alvo vai ao ponto de por ve-zes os clientes pedirem uma mesamais reservada “porque queremfalar de assuntos mais delicados”.No entanto Fernando Arguellessalvaguarda que o seu restauranteapesar de destinado a um grupoespecífico, que discute, por vezes,coisas sérias à mesa, tenta criarum “ambiente sobretudo familiar,acolhedor e descontraído”.O peixe fresco é então a tónica do-minante, nomeadamente, robalo,garoupa, linguado, choco, prega-do. Os pratos “estrela” são a cabe-ça de garoupa grelhada – “impres-sionante na apresentação e no pa-ladar, mas também a massada degaroupa”. Nesta altura do ano, tor-nam-se imprescindíveis o sável eo arroz de lampreia. A qualidade éo imperativo máximo desta unida-de, que não olha ao preço quandoestá em causa um bom produto,não só no peixe, mas também na

carne. “Temos umas boas costele-tas de vitela”, acrescenta. Por outro lado, o vinho tambémassume um papel de destaque, eneste campo os produtos da re-gião são os eleitos da casa.“Azambuja tem bons vinhos, em-bora um pouco desconhecidos anível nacional, o que não deixa de

ser curioso. E essa é também umaluta nossa, para que os produtosdaqui sejam reconhecidos”. Casalda Fonte, Quinta da Lapa, Vale deFornos, estão naturalmente dispo-níveis para os clientes da Mercea-ria do Peixe. Também os vinhosdo concelho Alenquer fazem parteda garrafeira, “pois têm uma cate-

goria impressionante”. “De há 15anos para cá, os vinhos portugue-ses melhoraram imenso, e a pre-ços bastante bons”.“Antigamente, o cliente pedia qua-se sempre vinhos alentejanos,agora dá-se o contrário, provamvinhos locais para acompanhar arefeição”, refere, e acrescenta: “Se

tivéssemos capacidade para orga-nizar apresentações nacionais dosnossos vinho seria maravilhoso”.No capítulo dos produtos locais, oempresário privilegia ainda o quei-jo de cabra confecionado por umempresário da Maçussa, bemcomo o azeite e mel, “de excelentequalidade”.

Mercearia do Peixe é ponto de encontro de empresários

“Fecham-se muitos negócios aqui”

O empresário junto à bancada com peixe fresco

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12 Valor LocalEconomia

Numa altura em que se aproxi-ma a passos largos a decisão

do Governo referente aos apoiosao sector do tomate, a Caixa Agrí-cola de Azambuja resolveu juntaros agricultores num encontro como Secretário de Estado da Agricul-tura, José Diogo Albuquerque.O encontro que contou com pertode uma vintena de profissionaisdecorreu na sede da Caixa Agríco-la de Azambuja. No encontro sal-taram à vista as preocupações dosagricultores sobre a indefinição doGoverno, quanto ao regime deapoios ligados a decidir até um deAgosto de 2014 para o sector.Francisco João Silva, presidenteda Caixa de Crédito Agrícola deAzambuja, vincou que dado o fac-to de os prazos para que o Gover-no tome uma decisão se estarema encurtar, “ este encontro serviuno sentido de algum tipo de pres-são e clarificação por parte dosprodutores de tomate, sendo quea instituição bancária tem muitosassociados e clientes ligados aosector, e por isso a oportunidadeda iniciativa em ouvir as pessoase transmitir o seu sentimento aomembro do Governo que nego-ceia em Bruxelas a politica agríco-la”.Francisco João Silva salienta que

os agricultores têm muitas dúvidasquanto aos futuros apoios, que deresto foram manifestadas pela lar-ga maioria que participou nesteencontro, e que teve informação eesclarecimento por parte do enge-nheiro da CONFAGRI, AugustoFerreira.O presidente da Caixa de Azam-buja sustentou que o sector do to-mate é “um sector âncora da nos-sa região” a par com o milho. Aliás,a nossa produção de tomate émesmo um dos sectores maiscompetitivos a nível nacional, noespaço europeu e mundial. Umadas provas disso é a Sugalidal,que está nos lugares cimeiros doranking das exportaçõesPor esse motivo, qualquer quebranas ajudas da União Europeia aosector poderá significar uma perdade competitividade para os agricul-tores e para a economia do conce-lho e do país. Augusto Ferreira,engenheiro responsável pelo sec-tor na CONFAGRI, explicou ao Va-lor Local, que os meandros donovo regime de subsídios é ainda“muito confuso” para os agriculto-res.Augusto Ferreira sustentou que aspróximas ajudas, em termos ge-rais, vão ser mais limitadas, e quenem todos agricultores terão aces-

so aos apoios. Segundo o mesmo,para se limitar as perdas de com-petitividade de alguns sectores “li-mita-se um pouco a entrada denovos agricultores”.Todavia, o novo desenho de aju-das tem também “amargos deboca”, Segundo o técnico, as ver-bas que serão entregues aos agri-cultores poderão diminuir até 30%num horizonte de seis anos. Ouseja até 2019, os agricultores po-derão ter de se adaptar de formabrusca. Augusto Ferreira conside-ra que esta situação poderá seruma “machadada” no sector do to-mate, defendendo uma compen-sação das perdas que estão pre-vistas “através de uma maior valo-rização do produto por via da in-dústria. Temos claramente um pro-duto acima da média, e tem de servalorizado” sustenta.Mas esta é uma preocupação queparece fazer eco, pelo menos àprimeira vista, no Governo. JoséDiogo Albuquerque salientou, aoValor Local, que o Estado seguecom atenção e preocupação osproblemas dos agricultores e dosindustriais do sector.José Diogo Albuquerque referiuque os produtores/agricultores sãoos beneficiários directos das aju-das, vincando que este é um sec-

tor sensível no sentido em quetem garantido “uma performanceeconómica elevada, com ganhosde produtividade a crescer, expor-ta muito, é muito competitivo; e porisso qualquer mexida na PAC (Po-

litica Agrícola Comum) tem de seracautelada”.Após a reunião seguiu-se um al-moço num restaurante local, emque o prato base foi o torricado.Neste almoço participaram, agri-

cultores, industriais do sector, bemcomo o Secretário de Estado con-vidado da Caixa Agrícola deAzambuja e o Presidente da Câ-mara, Luís de sousa, que recalçoua importância desta iniciativa.

Caixa Agrícola de Azambuja promove encontroentre produtores de tomate e Secretário de Estado

Aempresa intermunicipal deáguas – Águas do Ribatejo

decidiu aplicar um crédito fiscalde cerca de um milhão de eurosno alargamento do apoio aosclientes, especialmente dosabrangidos pelo tarifário socialdevido a insuficiência económica.Os autarcas garantem que em2015 não haverá aumentos da fa-tura da água e saneamento alémda inflação prevista.A medida foi anunciada na ma-nhã de quinta-feira, 3 de abril,numa conferência de imprensapromovida pelo Conselho de Ad-ministração da empresa. A As-sembleia Geral da AR que integraos presidentes dos Municípios deAlmeirim, Alpiarça, Benavente,Coruche, Chamusca, Salvaterrade Magos e Torres Novas apro-vou por unanimidade, no dia 28de março, o Relatório de Gestãoe Contas referente ao ano de

2013 com um resultado líquido de1,8 ME que inclui o “bónus” fiscal.“Este resultado muito positivo foigraças ao volume de investimen-tos de 13 milhões de euros queconcretizámos em 2013. O crédi-to fiscal é um prémio pela gestãoeficiente e cuidada dos recursosexistentes. Este valor será aplica-do em investimentos para melho-rar o serviço e na melhoria dascondições do tarifário social paraas famílias com maior dificulda-de.”, afirmou Francisco Oliveira,presidente do Conselho de Admi-nistração da AR.O líder do município de Corucheacrescentou ainda que “esta de-cisão só foi possível porque nãotemos capitais privados na em-presa. Se houvesse acionistasprivados queriam retirar os divi-dendos”, concluiu.Carlos Coutinho, Presidente daCâmara Municipal de Benavente

e Vogal do Conselho de Adminis-tração da AR realçou as diferen-ças do modelo de gestão da AR.“Este é um caso único no país

que vem dar razão aos autarcasque resistiram ao assédio do Gru-po Águas de Portugal e construí-ram este modelo, provando que é

possível ter uma empresa sus-tentável, mantendo as preocupa-ções sociais. A gestão públicapode ser eficaz e obter resultadospositivos”, disse o administrador. Relativamente às contas, o anode 2013 traduziu-se numa quebrado “Resultado Antes de Impos-tos” face ao registado em 2012na ordem dos 500 mil euros, atin-gindo os 1,1 Milhões de Euros(em 2012 tinha sido de 1,6 Mi-lhões).Esta descida, já esperada, se-gundo a administração é justifica-da em grande medida pelo au-mento do valor das amortizaçõesreferentes ao investimento já exe-cutado e também pela correçãode alguns efeitos extraordináriosverificados em 2012, como seja areintrodução do pagamento dossubsídios de férias e Natal aoscolaboradores..Concretizados cerca de 80 mi-

lhões de euros de investimentos,a prioridade vai agora para TorresNovas, o último município a inte-grar a AR. Neste momento estãoem curso 14 ME de investimento,com destaque para as obras deabastecimento de água e sanea-mento em Riachos e Torres No-vas.O Presidente do Município Torre-jano, Pedro Ferreira, também vo-gal na administração da AR, es-pera que sejam concluídos 31ME de investimento até 2016.“Estamos muito satisfeitos, valeua pena ter adiado a decisão e teroptado pela Águas do Ribatejo.Foi claramente a melhor apostapara os munícipes de Torres No-vas. Vai permitir realizar investi-mentos muito importantes para asalvaguarda do ambiente e paraa melhoria da qualidade do abas-tecimento em todo o concelho”,referiu Pedro Ferreira.

Águas do Ribatejo vai dar crédito fiscal a clientes carenciados

Opresidente da Fundação AIP(Associação Industrial Portu-

guesa) defende que a perda daOpel em Azambuja no ano de2006 foi bem aproveitada. Embo-ra com ordenados mais baixos, oresponsável vinca que o seu en-cerramento foi “minimamente col-matado por outras empresas, em-bora com ordenados mais bai-xos”.

Rocha de Matos esclareceu aoValor Local que as novas empre-sas, nomeadamente, as de logís-tica, foram acima de tudo umamais-valia para a região. O presi-dente da Fundação da AIP desta-ca que na sua opinião o momentoem que tudo aconteceu foi “bas-tante sensível”, mas na sua opi-nião “é nos momentos de dificul-dades que aparecem outras opor-

tunidades”. Para Rocha de Matos,a região “tem muitas potencialida-des, precisa é de reflectir interna-mente uma estratégia e enqua-drá-la num todo nacional e darfogo à peça, para a implementar”.O presidente da Fundação AIP fa-lava ao Valor Local durante umavisita ao “Motorclassico” na FIL(Feira Internacional de Lisboa) a5 de Abril, onde guiou uma dele-

gação da congénere AICEP chi-nesa que esteve de visita a Portu-gal. Sobre esta visita, Rocha de Ma-tos destacou esteve relacionadacom a discussão sobre as futuras“formas de cooperação, entre osdois países”.Rocha de Matos, que considerater havido uma pequena retomaeconómica, salienta também que

este tipo de cooperações são vi-tais para o crescimento económi-co de Portugal. “A minha visão éque a única estratégia que Portu-gal pode ter passa por internacio-nalizar cada vez mais a sua eco-nomia, olhar e aprofundar a pre-sença nos mercados externos,porque o mercado interno é muitopequeno, e as empresas portu-guesas têm de crescer e desen-

volverem-se e assim criar empre-go e dar um contributo activo paraa cooperação nesta situação eco-nómica”, aumentando assim o flu-xo comercial com outros países.Rocha de Matos vinca que o futu-ro está na cooperação externa,em todos os sectores “e negóciosque tenhamos capacidade de in-ternacionalizar as nossas expor-tações”.

Secretário de Estado (à direita) ouviu preocupações dos agricultores

Conselho de administração deu a conheceras novidades para este ano

“Azambuja soube ultrapassar perda da Opel”

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13Valor Local Entrevista

Valor Local – O Grupo Mello as-sumiu a gestão do Hospital deVila Franca de Xira em 2011,sendo que o novo edifício foiinaugurado há um ano atrás,qual é para já o balanço no quese refere aos aspectos positivose negativos?Vasco Mello – Foi importante ter-mos começado esta gestão aindano antigo edifício, permitiu-nos co-nhecer os profissionais, e iniciar oprocesso de mudança. O balançoé claramente muito positivo, poiscorrespondeu à realização de umagrande necessidade no que tocaaos cuidados de saúde da popula-ção dos cinco concelhos. Foramintroduzidos equipamentos, comoum aparelho de ressonância mag-nética, e especialidades que nãoexistiam. A capacidade do hospitalaumentou nos diferentes blocos(antes eram três, hoje são nove),mas também no internamento;face à insuficiência de outrora e àscondições de trabalho desfavorá-veis. A urgência melhorou, é cincovezes maior, com separação defluxos e atendimento com mais pri-vacidade. Há quartos individuaisna maternidade, o bloco de partostem o que de melhor existe. Haviaduas camas de cuidados intensi-vos, hoje são oito. Temos 12 ca-mas de cuidados intermédios. Nofundo, o hospital é mais humanopara os utentes. A medicina prati-cada é mais segura e menos inva-siva também, pois adquirimos ma-terial do mais moderno para osblocos operatórios.Os médicos ficaram muito satis-feitos.Ficaram muito satisfeitos, e temostambém novos médicos. Foram in-troduzidas novas especialidades,Otorrinolaringologia e Oftalmolo-gia, ainda, no antigo edifício. Nasnovas instalações, acolhemos aPsiquiatria e a Infecciologia. Tam-bém introduzimos a hemodiálise. Quantas pessoas foram contra-tadas desde que o Grupo Melloiniciou funções no hospital?O hospital já criou desde a nossaentrada em 2011, perto de 300postos de trabalho, o que equivalea 450 novas pessoas, porque en-tretanto algumas reformaram-se.Hoje somos à volta de 1100. Esteano, ainda, deveremos recrutar àvolta de 50 para os diferentes sec-tores do hospital. Muito falada tem sido a questãoda obrigatoriedade de pagamen-to do estacionamento automó-vel, com os utentes a manifesta-rem a sua indignação.

Começar por dizer que a entidadeque faz a gestão do estaciona-mento não é o Grupo Mello. Nóspróprios que trabalhamos no hos-pital tivemos que encontrar umasolução com a entidade gestora doestacionamento, e acabamos porsubsidiar o parque. Os nossos co-laboradores pagam, hoje, cerca de15 euros por mês por um lugar deestacionamento Essa questão dos 15 euros foipacífica?Foi completamente pacífica.Ainda é algum dinheiro.Equivale a somarmos o preço deuma bica, (50 cêntimos), por dia nofinal do mês (sorrisos). Evidenteque 15 euros são 15 euros, masas pessoas reconhecem que istotambém lhes traz vantagens. Noanterior hospital, havia mais dificul-dades de estacionamento, e exis-tiam parquímetros. Não há par-ques aqui à volta com preços se-melhantes e isto só acontece por-que o hospital decidiu subsidiar oscolaboradores. Cerca de 70 porcento dos colaboradores já aderi-ram a estas condições para par-queamento. No outro hospital tam-bém havia um parque pago naparte de trás. Nós gostávamos to-dos que fosse grátis mas não épossível. No que toca aos utentestorna-se gratuito para os doentesoncológicos, doentes que têm devir até cá fazer a hemodiálise.Neste momento, o hospital estáem fase de preparação de umaimportante certificação interna-cional, pode dar-nos alguns por-menores?É uma das apostas fortes do hos-pital e está relacionada com a se-gurança clínica e com a qualidadedos cuidados que presta. Paraatingirmos patamares de seguran-ça clínica, é importante estarmoscertificados no que toca ao am-biente, e qualidade, que já esta-mos. A entidade que fará a acredi-tação trata-se da americana JointCommission, uma das mais reco-nhecidas a nível mundial. O hospi-tal está muito focado em cumprircom todas as normas e padrõesnesse sentido. A auditoria terá lu-gar em Julho, acreditamos que va-mos conseguir, será significativana forma como prestamos os cui-dados médicos, especialmente nocapítulo da segurança. Não somosos primeiros em Portugal, Lourese Cascais também já passarampor este processo e acabaram deser acreditados.Esta acreditação da Joint Com-mission é a mais importante do

género?Diria que é uma das mais reconhe-cidas, e que está presente em mui-tos hospitais no mundo.Em termos práticos, em que éque o hospital está a tentar serainda mais exigente no seu dia-a-dia para conseguir a acredita-ção?A acreditação obedece a padrõesde segurança que se traduzem,por exemplo, na correcta identifica-ção dos utentes, não só com o nú-mero da cama e do quarto, mas onome, a idade, e o número do pro-cesso. Absoluto cuidado na admi-nistração de medicamentos, poroutro lado. Também a nível detudo o que seja cirurgia segura, ouseja na pessoa certa, no sítio cer-to, com o consentimento informa-do das pessoas, grosso modo.Essa entidade leva ainda muito asério a higiene e as infecções emmeio hospitalar: o cuidado com olavar das mãos, e a transmissãode vírus. A comunicação entre pro-fissionais também é importante,com o registo de tudo o que dizrespeito a um utente. Outra com-ponente diz respeito às avaliaçõesrespeitantes aos riscos de quedasem meio hospitalar.Os indicadores até ao momentosão positivos segundo tem sidodivulgado pelo hospital.Sim, temos muitos bons indicado-res. Queremos ser um dos hospi-tais mais seguros do país, ou omais seguro, e esse é nosso tra-jecto. No que se refere à parceria pú-blico-privada, recentemente umdos gestores do Grupo Mello,Rui Raposo, disse que o Estadofaz uma grande confusão de pa-péis e tal não augura um bomfuturo. São assim tantas as difi-culdades que o Governo cria aovosso grupo na gestão destehospital, bem como de outrosgeridos por vós?Não. As parcerias público-privadas(PPP’s) não podem ser compara-das com as das auto-estradas;desde logo, e com a excepção deLoures, estas PPP’s vinham subs-tituir hospitais que já existiam; equando é lançado o concurso oEstado faz um exercício simplesque é o de calcular os custos casoo hospital venha a ser construídoe gerido pelo mesmo ou por umprivado; e só adjudica quando oscustos são inferiores. As propostasandam à volta de 20 por cento depoupança para o Estado. A trans-ferência do risco é transportadapara nós, no que respeita á gestão

operacionalNão é bipartido entre as duasentidades?O risco de novas doenças, medi-camentos, e equipamentos é nos-so. O risco da inovação é do priva-do. Os riscos são transferidos,sendo que há uma série de indica-dores de obrigações num contratocom uma grande complexidade,para ambas as partes, integradanuma gestão de característicasmuito finas, detalhadas, com mui-tas obrigações e controle de todaa actividade.Estará em mente algum pedidode reequilíbrio financeiro tendoem conta a crise e todos os ris-cos e custos de que está a fa-lar?Não, nada disso está em vista. Alguma questão que esteja emvias de ser renegociada nessecontrato, tendo em conta o tomde crítica do gestor do GrupoMello que referi?Não.Pergunto isto, porque ainda estámuito presente a forma comocorreu menos bem a relação en-tre o Estado e o Grupo Mello nocaso do Amadora-Sintra. Pareceque esse caso serviu, então, deaprendizagem e de lição paravós.Não vou falar do Amadora-Sintra,mas nesse caso não existia aindauma complexidade contratualcomparada com a deste hospital,por exemplo. A gestão era rigoro-sa, mas não possuía um enqua-dramento legal de concurso tãocomplexo como este. Mas o hos-pital Amadora-Sintra correu bem, eprova disso são os resultados po-sitivos e o facto de termos quatroPPP’s a funcionar na Saúde, queestão a fazer um bom serviço aoServiço Nacional de Saúde.Apesar de a PPP de Braga estara levantar algumas críticas.Teve um arranque um pouco maisdifícil, é verdade.Para além das novas especiali-dades do hospital, há outras emperspectiva?Para já são as que referi, mas que-ro sobretudo salientar que há umretorno das pessoas desta regiãoao seu hospital da área de resi-dência, quando anteriormente pro-curavam unidades de saúde emLisboa. As pessoas confiam maisem nós. Tivemos a informação de queapesar da capacidade do hospi-tal, há doentes que têm de sedeslocar às vossas unidadesprivadas, as CUF’s em Lisboa,

para realizar exames?Nomeadamente?Foi-nos dito por uma utente des-te hospital que foi recentementefazer um exame especial à CUFInfante Santo, na especialidadede gastroenterologia.O nosso centro de gastroenterolo-gia na Cuf Infante Santo é muitobomO objectivo prende-se com apoupança de recursos, ao fimao cabo?Não. Os hospitais, não apenas osdo Grupo Mello, não têm a obriga-ção de terem todas as máquinas,e aparelhos. Teríamos sempre demandar fazer esse tipo de examesfora, e das duas uma ou mando fa-zer no público, e espera demasia-do tempo, ou faz num privado, nanossa concorrência, e custa-lhemais caro. Optámos por uma deci-são intermédia, e enviamos osutentes para uma unidade nossa.Por exemplo, quando nós entrá-mos na gestão do hospital de VilaFranca de Xira, não tínhamos TACe mandávamos fazer nas clínicasda cidade, o mesmo para as res-sonâncias. Por outro lado, o hospital é novomas já há falta de camas.Somos vítimas do sucesso (risos).Um pouco mais a sério: tivemos al-guns constrangimentos durante oInverno, durante os picos da gripe.Não só o nosso, mas também ou-tros. Há sempre dificuldade em en-caixar os utentes todos. Tivemosalguma falta de capacidade. Quais são os principais desa-fios em gerir um hospital destegénero, numa parceria público-

privada, e os privados geridospor vós, para além das sensibi-lidades do contrato com o Esta-do?(silêncio) É importantíssimo essecontrato. Todos os anos acorda-mos com o Estado o que é precisofazer para o ano seguinte, mascom bastante detalhe, especialida-de a especialidade. Num hospitalprivado isso não existe. Neste tipo de hospitais, as pes-soas também se queixam commais facilidade. Foi algo comque também tiveram de apren-der a lidar.Já sabíamos que as pessoas aoentrarem num novo edifício, o seugrau de exigência aumentaria na-turalmente. Sabíamos que as re-clamações não iam desaparecer,porque o grau de expectativas au-mentou. Por outro lado, vemos asreclamações como uma oportuni-dade de melhorar as condições,claramente.As pessoas têm sempre razãoou nem por isso?Não têm sempre razão. Gostavade poder dizer isso, mas não é ver-dade. Queria aproveitar, ainda,esta entrevista para apelar à popu-lação dos nossos concelhos paraque venha dar sangue ao hospital.Nós temos uma campanha a de-correr, pois as nossas reservasnão são as suficientes, dado que anossa actividade cirúrgica subiubastante. Já contactámos algumasempresas da área, os trabalhado-res podem vir durante uma manhãque não são penalizados a níveldo salário, conforme também oque está previsto na lei.

Administrador Vasco Mello:

“Queremos ser o hospital mais seguro do país”

Vasco Mello está à frente dos destinosdo hospital

Vasco Mello está à frente dos destinos do Hospital de Vila Franca de Xira desde 2011. Há um ano, foiinaugurado o novo edifício, e os desafios tornaram-se maiores. Em marcha está o processo de acredita-ção internacional, um dos mais exigentes do mundo. É uma nova vida para o hospital de Vila Franca deXira, quando ainda há meia dúzia de anos gozava de má fama e perdia utentes dos cinco concelhos (Vilafranca de Xira, Benavente, Azambuja, Arruda dos Vinhos, e Alenquer) para os hospitais de Lisboa; quea pouco e pouco voltam a frequentar a unidade da sua área de residência. ¢ Sílvia Agostinho

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14 Publicidade

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15Valor Local www.valorlocal.pt

Editorial

Oprojecto do Valor Local completa no próximo dia 30 de Abril,um ano de existência. Foi um ano cheio de desafios, com mui-

to caminho “desbravado”, mas sobretudo com muita determinação,o que levou a que o Valor Local conseguisse o seu lugar na região.Este projecto existe graças ao empenho dos nossos parceiros, quetodos os meses contribuem para que o Valor Local seja distribuídosem custos para os leitores, e a eles devemos uma palavra deagradecimento pela escolha que fizeram, apostando num produtoque há um ano, poderia significar um mar de incertezas dado o cli-ma económico.Não há dúvidas de que passado um ano, a aposta está relativa-mente ganha, e digo relativa, porque sentimos que estamos aindaa começar, com muito para provar aos nossos leitores. É esse de-safio constante que nos mantém a trabalhar todos os dias, comose o jornal saísse pela primeira vez em cada mês. É esse lado quenos motiva e que tem sido o combustível de toda esta equipa, paratornar o Valor Local uma referência no panorama económico e so-cial dos concelhos onde estamos inseridos.Por isso, resta-me agradecer e desejar em nome de toda a equipaque faz mensalmente o Valor Local, boas leituras.

Valor Local/Acisma

Retratos da Nossa Terra

Às vezes perguntamos sevivemos num país com

educação. Todavia a perguntafica no ar e geralmente semresposta. Em Aveiras deCima, perto do coreto, essadúvida fica desfeita. O relva-do, é notório que está bemtratado e livre de dejetos deanimais, talvez por causa doanúncio que a Junta de Fre-guesia ali colocou.Uma coisa é certa... o sinal érespeitado, resta saber se pe-los donos, ou se os cães jásabem ler...

Ficha técnica: Valor Local, Jornal de informação regional, sede de redacção e administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja; telefones: 263 047 625, 96 197 13 23 correioelectrónico: [email protected]; Site: www.valorlocal.pt • Propriedade e Editor:Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502648 724 • correio electrónico: [email protected] • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351 • Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198, Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira,Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Miguel Ouro, Nuno Vicente, Cátia Carmo, Dina Patrício • Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: [email protected] • Fotografia: José Júlio Cachado •Serviços Administrativos e Departamento Comercial: telefones: 263 047 625, 96 049 10 83 correio electrónico: [email protected] • N.º de Registo ERC: 126362, Depósito legal: 359672/13Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga • Tiragem: 4000 exemplares

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