CONCEITOS DE SAÚDE & ENFERMIDADE NA ATENÇÃO...
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CONCEITOS DE SAÚDE & ENFERMIDADE NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA
Dr CECIL G. HELMANProfessor of Medical Anthropology,
Brunel UniversityBrunel University
&
Senior Lecturer,
Department of Primary Care & Population Sciences,
Royal Free & University College Medical School
London, England
Atenção Primária em Saúde
Que problemas da atenção primáriaexistem tanto no Brasil quanto naInglaterra?Inglaterra?
O que é ‘Atenção Primária em Saúde’?
• ‘Primária’Atenção primária ocorre na família, e não no hospitalou na clínica
• ‘Saúde’• ‘Saúde’Existem muitas definições diferentes de saúde, entrepacientes, & entre médicos e pacientes
• ‘Atenção’, ‘Cuidado’Existem muitas culturas distintas de profissionais desaúde, cada um provendo um tipo diferente de cuidado,atenção
Definições de ‘saúde’
‘Saúde’ é um conceito multi-dimensional:•Saúde física•Saúde física•Saúde psicológica•Saúde social•Saúde espiritual
Problemas da atenção primária
1. Diversidade dos pacientes
2. Distribuição desigual de recursos
3. Grande ênfase em tecnologia3. Grande ênfase em tecnologia
4. Crenças de saúde de médicos vs. pacientes
5. Cuidados versus Cura
6. ‘Tribos’ médicas
Diversidade CulturalO crescimento mundial da migraçãosignifica um aumento da diversidadecultural, social & econômica – especialmenteem áreas urbanas:Mais de 175 milhões de pessoas hoje vivem fora deseus países de nascimento – e muitas outras sãoseus países de nascimento – e muitas outras sãomigrantes internos
• Nas escolas de Londres, crianças falam 307 línguas• Existe um aumento na diversidade de crenças em
saúde & comportamentos de saúde
Problemas de comunicação na Atenção Primária em Saúde
Geralmente, existe um conflito entre as culturas e as crenças em saúde de:
• Médicos & Pacientes• Médicos & Pacientes
• Tipos Diferentes de Médicos
• Médicos & Enfermeiros
Crenças de Pacientes sobre o corpo
As crenças dos pacientes sobre aestrutura & função de seus corpos podemser muito distintas daquelas de seusmédicos ou enfermeiros.médicos ou enfermeiros.
67 pacientes (58.8%)
Nenhum médico
22 pacientes (19.3%)
Nenhum médico
23 pacientes (20.2%)
35 médicos (100%)
c2 43.21; D.F. 1;
P<0.0005
(médicos>pacientes)
2 pacientes (1.8%)
Nenhum médico
Crenças dos pacientes sobre Enfermidade
O Modelo Explicatório1. O que aconteceu?2. Porque isso aconteceu? 3. Porque aconteceu comigo?4. Porque aconteceu agora? 4. Porque aconteceu agora? 5. O que aconteceria comigo se nada for feito sobre
isso? 6. Quais são os prováveis efeitos em outras pessoas
(familiares, amigos, empregadores, colegas de trabalho) se nada for feito sobre isso?
7. O que eu deveria fazer sobre isso – ou quem eu deveria procurar por auxílio?
Linguagem do sofrimento
Pacientes expressam seu sofrimento para médicos através de várias ‘linguagens:
• Verbal (‘a história’)• Verbal (‘a história’)• Somática (somatização, sintomas múltiplos, auto-
agressão)• Comportamental (isolamento, violência, negligência no
auto cuidado, má aderência, hiperutilizadores, usuários de substâncias psicoativas)
• Espiritual (visões, sonhos, presságios, aparições)
Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 1
Há sempre um potencial de conflito entre o tempo subjetivo e tempo objetivo – entre o sentido de tempo do paciente (kairos) & o tempo externo, padronizado, imposto sobre tempo externo, padronizado, imposto sobre eles pela sociedade (chronos) & pelos médicos
•Pessoas pobres & pessoas jovens vivem emperíodos de tempo muito menores.•Isto torna ações de promoção de saúdemais difíceis – tais quais reduzir o consumode álcool e fumo & aumentar o uso de
Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 2
de álcool e fumo & aumentar o uso decamisinha
• O horário pessoal geralmente é incompatível com o horário de instituições médicas – como clínicas e hospitais, e.g.:
• Horários das clínicas
Tempo Médico vs Tempo do Paciente. 3
• Horários das clínicas• Horários de visita• Os ciclos de financiamento & do ano acadêmico
Para entender crenças e comportamentos de saúde dos pacientes
Sempre considere:• Fatores Individuais (gênero, idade, experiência,
personalidade, estado físico, estado psicológico)• Fatores Educacionais (incluindo escolaridade &
alfabetização)alfabetização)• Fatores Culturais (incluindo religião)• Fatores Socio-econômicos (pobreza, desemprego,
habitação precária, discriminação)• Fatores Ambientais (densidade populacional, rural
ou urbana, habitat físico, clima, infraestrutura)
A Cultura dos Médicos
• A profissão médica é dividida em ‘tribos médicas’ distintas, cada uma com sua própria maneira de lidar com enfermidades
• Cirurgiões, psiquiatras, oncologistas, clínicos gerais & enfermeiros, todos clínicos gerais & enfermeiros, todos possuem ‘culturas’ diferentes uns dos outros
A Hierarquia dos Médicos
Médicos estão organizados em uma hierarquia, e cada nível possui um status diferente
Especialistas vs Clínicos GeraisEspecialistas vs Clínicos Gerais
Especialistas focais vs Generalistas
Agudo vs Crônico
Cura vs Cuidado
A Hierarquia dos Cirurgiões
Esta hierarquia depende da importância simbólica da parte do corpo operada:
Neuro-cirugiões & Cirurgiões cardíacosNeuro-cirugiões & Cirurgiões cardíacostêm um status superior ao dos proctologistas & ginecologistas
Médicos vs Enfermeiros
A cultura de médicos e enfermeiros égeralmente muito diferente – especialmenteem relação ao cuidado do paciente
O papel da tecnologia
A tecnologia pode tanto diminuir quantoaumentar a comunicação entre ‘tribosmédicas’ distintas – e entre essas tribos emédicas’ distintas – e entre essas tribos eseus pacientes
O Aumento das Doenças Crônicas
Doenças crônicas como diabetes, artrite,hipertensão, obesidade, câncer, HIV/AIDS nãopodem ser ‘curadas’Elas requerem um relacionamento diferenciadoElas requerem um relacionamento diferenciadoentre médicos & pacientes
• Cuidar ao invés de curar;• Mais cooperativo, menos autoritário;• O paciente deve participar do processo de cura;• Há uma maior necessidade de se entender a perspectiva do
paciente;
SUMÁRIO
No século 21, o médico da atenção primária deverá tornar-se um “cientista social in loco” – tanto quanto um social in loco” – tanto quanto um cientista médico in loco