Ciclo de conferências: “Beyond more than one culture and ecozone · 2020-01-21 · NOCIAS 537...
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Ciclo de conferências: “Beyond more than one culture and ecozone: caminhosabertos pela Igreja em Portugal, os espaços atlânticos e vice-versa, séc. XVI-XVIII”:XXI Semana Cultural da Universidade de Coimbra: 22 de março de 2019
Autor(es): Nestola, Paola
Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra
URLpersistente: http://hdl.handle.net/10316.2/47794
DOI: https://doi.org/10.14195/1645-2259_19_34
Accessed : 22-Sep-2020 14:20:07
digitalis.uc.ptimpactum.uc.pt
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CENTRO DE HISTÓRIA DA SOCIEDADE E DA CULTURA
IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
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Revistade História
da Sociedadee da
Cultura
Artigos
Le corpus des manuscrits et des chartes en écritures wisigothique et caroline en EspagneJESÚS ALTURO I PERUCHO
A universidade medieval portuguesa e os problemas do seu financiamento [II]: os conflitos entre studium e Igreja durante o século XIVANDRÉ DE OLIVEIRA LEITÃO
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Caderno temático
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Wine, bread, and water, between doctrine and alternative. Norms and practical issues concerning the Eucharist and baptism in thirteenth-century EuropeANDREA MARASCHI
Normatividade, unanimidade e reforma nos códices medievais de Alcobaça: dos tempos primitivos ao abaciado de Frei Estêvão de Aguiar CATARINA FERNANDES BARREIRA, JOÃO LUÍS FONTES, PAULO CATARINO LOPES , LUÍS MIGUEL RÊPAS E MÁRIO FARELO
Quando foi criada a Inquisição de Lisboa? – explorando hipótesesDANIEL GIEBELS
Casuística nos Trópicos: a pragmática teológico-moral de Francisco Rodrigues na Ásia portuguesa (séculos XVI e XVII)RÔMULO DA SILVA EHALT
Os regimentos dos tribunais episcopais de Évora no contexto político e religioso do século XVIFÁTIMA FARRICA
Os Conhecimentos do Budismo Sínico do Jesuíta Português Tomás PereiraMINFEN ZHANG
PEST-OE/HIS/UI0311/2013
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Ciclo de conferências: “Beyond more than one culture and ecozone: caminhos abertos pela Igreja em Portugal, os espaços atlânticos
e vice-versa, séc. XVI-XVIII”, XXI Semana Cultural da Universidade de Coimbra, 22 de março de 2019.
O ciclo de conferências “Beyond more than one culture and ecozone: caminhos abertos pela Igreja em Portugal, os espaços atlânticos e vice-versa, séc. XVI-XVIII” foi uma iniciativa desenvolvida no âmbito da XXI Semana Cultural da Universidade de Coimbra, no ano de 2019 consagrada ao tema “Caminhos”. Coordenada por Paola Nestola e organizada no Arquivo da Universidade de Coimbra, na tarde do dia 22 de março de 2019, a iniciativa teve, também, o apoio do Centro de História da Sociedade e da Cultura(CHSC) como Unidade de Investigação da FCT.
Este percurso interdisciplinar, centrado na Botânica, na História e na Arquivística, pretendeu refletir sobre caminhos de investigação como a cultura científica e as humanidades, isto é, maneiras de fazer ciência através desafios de investigação que nem sempre andam juntos. Tratou-se de uma iniciativa divulgativa interdisciplinar, aberta à sociedade e não apenas ao universo académico. A iniciativa era articulada nas conferências do experiente e conceituado botânico Prof. Dr. Jorge Paiva (Centro Ecologia Funcional, UC), A Mata do Buçaco: um majestoso deserto, da historiadora Dra. Paola Nestola (Centro de História da Sociedade e da Cultura, UC), «Ingressus et itinerarium episcoporum»: textos e (con)textos e pôde contar também com uma exposição documental, organizada pela Dra. Ana Maria Bandeira (Arquivo da Universidade de Coimbra), com o placet do Senhor Diretor do AUC, e a colaboração do pessoal da instituição.
As palestras e o momento expositivo foram introduzidos pelas palavras de boas vindas, de agradecimento e de enquadramento temático manifestadas pela Dra. Ana Maria Bandeira, Prof. Dra. Irene Vaquinhas e a Dra. Paola Nestola, respetivamente a representante do Arquivo da Universidade, a Coordenadora científica do CHSC, e a promotora da iniciativa cultural.
As conferências pretenderam avançar com percursos interdisciplinares, trilhando caminhos aparentemente inconciliáveis ou improvisados. Por exemplo, considerando que no século XVIII o naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778) fixou na erudita e ecuménica língua latina a forma linguística para nomear os seres vivos da sua nomenclatura binominal, o ciclo de palestras juntou idiomas científicos com extensões pluricontinentais quer no presente, quer no passado, isto é o inglês, o português e o latim. Para além
https://doi.org/10.14195/1645-2259_19_34
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das fronteiras linguísticas, o objetivo principal da iniciativa foi o de ultrapassar fronteiras naturalísticas, tentando conectar biomas diferentes, configurados por ecossistemas distintos, nomeadamente a floresta mediterrânica e a floresta tropical, e cruzando o bosque mediterrânico com o ecossistema das regiões próximas do Equador, caraterizadas pela selva tropical.
Para além desses ecossistemas terrestres, não foram negligenciados os líquidos, principalmente o bioma oceânico, oferecendo novas abordagens sobre as viagens efetuadas por eclesiásticos entre as margens atlânticas. O objetivo, portanto, não era apenas de fazer a história das plantas e da sua distribuição num contexto específico como é a Mata do Bussaco, constituída por espécies arbóreas endémicas e exóticas. Tão pouco se pretendia fazer a história institucional desta serra, próxima da cidade de Coimbra, e atribuída, no século XVII, pelo bispo D. João Manuel (1625-1632) aos carmelitas descalços. Juntamente a estes incontornáveis aspetos naturalísticos e institucionais, a iniciativa visou esclarecer o imaginário espiritual e contemplativo, a experiência quotidiana destes homens da Igreja, a saber, religiosos que viveram intensamente no território selvagem considerado um “deserto” eremítico.
Neste sentido, seguiu-se o itinerário transoceânico da espécie arbórea do Cupressus Lusitanica Miller, conhecido também como “cedro de São José”. A semente desta árvore não viajou da América central para a Península Ibérica espalhada pelo vento, ou graças à corrente de um curso de água: na realidade, a árvore exótica identificativa da Mata do Bussaco mudou-se para Portugal transportada por religiosos do século XVI, isto é, homens que materialmente disseminaram e transplantaram na floresta mediterrânica a nova espécie. Por sua parte, esta semente exótica encontrou no território próximo de Coimbra um habitat favorável ao seu desenvolvimento. Apesar da longevidade desta espécie arbórea, os efeitos da tempestade que, no passado outubro de 2018, atingiu Coimbra e seus arredores não pouparam o polivalente monumento do Bussaco, bem como a célebre árvore. Durante a palestra, a referência a estes fenómenos climáticos com efeitos devastadores contribuiu à sensibilização para um consciente compromisso ambiental.
Os carmelitas descalços foram os agentes principais da outra palestra, focada sobre o bispo de Olinda, D. Luís de Santa Teresa (1738-1754). Recrutado nesta ordem, com uma formação adquirida na Universidade de Coimbra, o religioso foi nomeado em 1738 bispo de Olinda, em Pernambuco. Na floresta eremítica do Bussaco, o carmelita teve um breve mas intenso período de permanência, entre os anos 1729-1730. Aos dados biográficos introdutórios sucedeu o ponto crucial da comunicação, a cerimónia de
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entrada episcopal na cidade pernambucana, em agosto de 1739, bem como a atribulada travessia até as beiras atlânticas do prelado e da sua comitiva.
A exposição de documentos, oriundos de fundos e produzidos por instituições diferentes, custodiados no inesgotável Arquivo da Universidade de Coimbra contribuiu para integrar as palestras, ampliando as cronologias e as tipologias das fontes manuseadas nas investigações. De facto, projetando até ao final do século XIX o olhar sobre dinâmicas variadas ao redor e dentro do arboretum, foram visualizados aspetos tratados com diferentes enfoques. Também estas foram propostas analíticas que estimularam questões ou perguntas no público selecto e aberto ao debate.
São sinais importantes do empenho, do apoio material ou institucional que acompanharam de forma muito cordial a iniciativa, e que devemos destacar. Em qualidade de promotora desse ciclo de conferências, talvez não seja exagerado dizer que cresci cientificamente e nas melhores condições. Padrões nada convencionais, mas norteados pelo esforço, bem como pela excelência da investigação muitas vezes inspiradora e à qual manifestamos o nosso reconhecimento e consideração. Tivemos muito gosto e grande honra em (re)lançar a semente naturalística e pisar os pioneiros caminhos historiográficos desbravados por outros. Ora, com o mesmo sentir, fazemos votos que, em breve, se possa recolher muito bom fruto.
Paola NestolaCHSC – Universidade de Coimbra