Cartilha de Agroecologia

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    Agricu

    lturaFamiliar,A

    groecologiaeMercado

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    EXPEDIENTE

    Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado

    Desenvolvimento Sustentvel da Agricultura Familiarno Nordeste

    Diretora da Fundao Konrad Adenauer Fortaleza:Anja Czymmeck

    Coordenadora Geral:Angela Kster

    Coordenador Tcnico:Jaime Ferr Mart

    Coordenadora administrativa:Pollyana Vieira

    Equipe Tcnica:Narciso Ferreira Mota, Nashira Mota

    Cooperante do DED-Brasil:Thomas Jaeschke

    Estagirias:Pollyanna da Silva Quemel, Ana Gabriela Bezerra Lima

    Elaborao de textos:

    Angela Kster, Jaime Ferr Mart, Nashira Remigio Mota,Aloisio Neto, Iram Pereira, Narciso Ferreira Mota

    Reviso e edio de texto:Maristela Crispim

    Projeto Grco e ilustraes:Fernando Lima

    Conceito do desenho da capa:Mariangela Migliavacca

    Fotos:

    Arquivo Fundao Konrad Adenauer (exceto quandodisposto em contrrio)

    Jornalista responsvel:Maristela Crispim (CE0095JP)

    Todos os direitos para a utilizao desta cartilha solivres. Qualquer parte poder ser utilizada ou reprodu-

    zida, desde que se mantenham todos os crditos e seu

    uso seja exclusivamente sem fns lucrativos.

    Esta publicao foi realizada com apoio da Unio Europia(UE).O seu contedo no expressa necessariamente a opinio da UE.

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    A cartilha Agroecologia plante esta idia a primeira de uma srie produzidano mbito do Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado (AFAM), coordena-do pela Fundao Konrad Adenauer, com co-nanciamento da Unio Europia (UE).

    A Agroecologia prope um resgate de saberes das agricultoras e dos agricultorese a sua conexo com conhecimentos cientcos para uma agricultura ecologicamen-te sustentvel, socialmente justa e economicamente vivel. Cada vez mais pessoasprocuram alimentos produzidos de forma ecolgica e solidria, sem explorao danatureza nem das famlias do campo. Cada vez mais agricultoras e agricultores estoconhecendo as oportunidades do plantio natural e orgnico e do manejo de agroo-

    restas. Para tanto, faz-se necessrio difundir esta idia cada vez mais, construindouma proposta de um manejo sustentvel das riquezas naturais e garantindo a sobe-rania alimentar do Pas.

    As cartilhas pretendem servir como ferramenta para agentes multiplicadores,tcnicos e agricultores-experimentadores na difuso da Agroecologia. o resultadode cursos desenvolvidos para multiplicadores em Agroecologia na regio Itapipoca eno Macio de Baturit (Cear), como tambm de outras experincias desenvolvidasno Nordeste.

    Agradecemos a todos e todas pelas suas contribuies, especialmente aos agri-cultores e agricultoras, que do exemplos colocando a Agroecologia em prtica.

    APRESENTACAO

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    Projeto Agricultura familiar, Agroecologia e MercadoO Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado (AFAM), coordenado pela

    Fundao Konrad Adenauer, co-nanciado pela Unio Europia (UE) de 2006 a 2011,tem como objetivo promover a melhoria da qualidade de vida, soberania alimentare empoderamento da populao no semi-rido do Nordeste do Brasil, por meio dofortalecimento da agricultura familiar ecolgica e sustentvel.

    Trabalha, para tanto, o fortalecimento da organizao social e da qualicao deagricultores familiares, na produo, planejamento, gesto e comercializao de pro-dutos agroecolgicos, promovendo uma maior participao de mulheres e jovens.

    No Estado do Cear, o projeto est contribuindo para a criao e fortalecimento deredes de agricultores(as) familiares ecolgicos(as) na regio de Itapipoca, no SertoCentral e no Macio de Baturit, em parceria com as organizaes no-governamentais(ONGs) Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA) e Ncleode Iniciativas Comunitrias (NIC). O Centro de Cincias Agrrias da Universidade Federaldo Cear (CCA-UFC) parceiro formal no apoio cintico ao projeto, que conta tambmcom o apoio do Instituto de Desenvolvimento de Energias Renovveis (IDER), na difusode energias alternativas, e de outros parceiros locais e estaduais.

    Alm disso, existem articulaes com redes e entidades em outros Estados doNordeste, promovendo a troca de experincias e construo de estratgias para

    avanar na difuso da proposta agroecolgica.

    e-mail: [email protected]

    homepage: http://www.agroecologia.inf.br

    Fundao Konrad Adenauer

    A Fundao Konrad Adenauer uma fundao poltica da Repblica Federal da

    Alemanha que, naquele pas e no plano internacional, vem trabalhando em prol dosdireitos humanos, da democracia representativa, do Estado de Direito, da economiasocial de mercado, da justia social e do desenvolvimento sustentvel. Os principaiscampos de atuao da Fundao so a formao poltica, o desenvolvimento de pes-quisas aplicadas, o incentivo participao poltica e social e a colaborao com asorganizaes civis e os meios de comunicao.

    No Brasil, realiza seu programa de cooperao por meio de um Centro de Estudosno Rio de Janeiro e de uma Representao em Fortaleza, para o Nordeste e Nortedo Pas, sempre em conjunto com parceiros locais. Com suas publicaes, pretendecontribuir para a ampliao do debate pblico sobre temas de importncia nacionale internacional.

    Nas publicaes da Fundao Konrad Adenauer, os trabalhos tm uma metodolo-gia cientca e tratam de temas da atualidade, principalmente nos campos das cin-cias sociais, polticas, econmicas, jurdicas e ambientais. As opinies externadas nascontribuies desta publicao so de exclusiva responsabilidade de seus autores.

    e-mail: [email protected]: http://www.sustentavel.inf.br

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    Captulo 1Introduo Agroecologia

    A Terra um organismo vivo

    O modelo tradicional da agricultura

    O modelo da agricultura moderna ou convencional

    O que AgroecologiaOs ciclos da vida

    O manejo agroecolgico das riquezas naturais

    Captulo 2Agroecologia colocada em prtica

    A propriedade agroecolgica - um sistema integrado

    As unidades produtivas na propriedade agroecolgicaEstratgias para a transio agroecolgica

    Captulo 3Articulao e aes para a difuso da Agroecologia

    Organizao solidria

    Troca de informaes

    Tecnologias de Produo AgroecolgicasMercado Justo

    Certicao e Sistemas Participativos de Garantia

    Capitulo 4Polticas pblicas para a agricultura familiar

    A importncia da agricultura familiar

    Polticas pblicas para a agricultura familiar

    Agricultura familiar e a legislao

    Referncias Bibliogrcas

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    SUMARIO

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    J parou para pensar que a Terra um imen-so organismo vivo? O solo forma o cor-po; a atmosfera, os seus pulmes; os riose mares, as suas artrias; os seres vivos (plantase animais, incluindo os seres humanos), os seussistemas de funcionamento em consonncia nosecossistemas.

    Essa a idia chave da viso sistmica, que re-conhece as redes como padro bsico de organiza-o de todos os sistemas vivos. Os organismos soformados por redes de clulas. Da mesma forma,as pessoas se organizam em comunidades e tecemsuas redes de relaes e de comunicao, formandoa teia da vida, como chama o fsico austraco Fri-tjof Capra, que tem como principal caracterstica asua capacidade de auto-regenerao.

    Os Ecossistemas - nos quais interagem mi-

    lhes de organismos para manter o equilbrio entreplantas e animais nas selvas, no mar ou nas serras- so ameaados e a cada dia desaparecem

    espcies para sempre da Terra. E o cli-ma - sistema maior que mantm as

    condies para a vida se desenvol-ver neste planeta - est cada vezmais desequilibrado, dando si-

    nais de alerta com enchentese secas. Ser que ainda temvolta?

    Est nas mos de cadaum de ns a tarefa de cui-dar do nosso planeta, danossa casa, da nossa fa-mlia, dos nossos amigos ecolegas e do nosso corpo,para que a vida se regene-re, se perpetue e seja des-frutada por nossos lhos,netos e bisnetos... Temos

    que, simplesmente, assumirnossas tarefas dentro da teia

    da vida, contribuindo para oequilbrio desses sistemas.

    A Terraum organismo vivo

    C

    aptulo1

    Introduo

    Agroecologia

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    Pelo que sabemos, a agricultura foi inventada entre 10 e 15 mil anos atrs,muito tempo depois do surgimento da humanidade, que vivia em peque-nos grupos nmades, da caa e da colheita de frutos e gros. A agriculturafacilitou o surgimento das civilizaes, que desenvolveram diferentes formas decultivo e, nos ltimos dois ou trs mil anos, evoluiu para culturas camponesassustentveis em muitas regies do mundo.

    De uma maneira geral, o cultivo da terra des-se modelo tradicional caracterizado pela gran-de diversidade do cultivo, trao animal, rodziode terras e plantaes, domesticao e melhora-mento de espcies e variedades. Essa forma decultivar a terra tem suas expresses em cultosreligiosos e msticas que cultivam tambm a rela-o e o respeito pela me terra, que alimentatodos os seres vivos.

    O modelo tradicionalda agricultura

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    Mais recentemente, h uns 50 anos, ini-ciou-se a produo de alimentos emgrande escala para a populao mun-dial em crescimento. Acreditava-se que a terrapoderia ser explorada melhor com pacotes tec-nolgicos, contendo mquinas, agrotxicos, adu-bos e fertilizantes qumicos, o que cou conhecido

    como revoluo verde, implantada por inte-resses polticos e comerciais, sem considerar asnecessidades do agricultor e da agricultora e nemas aptides ecolgicas do local.

    O chamado modelo convencional levou os pe-quenos agricultores a perder o controle da produo,comprar insumos cada vez mais caros e a vender seusprodutos a preos cada vez menores. Ao mesmo tem-po, o uso de qumicos prejudicial ao meio ambiente

    e sade dos consumidores. Tambm aumentou oconito por terras e a migrao para as cidades.

    Mas, mesmo com o aumento da produtividade,a fome continua matando milhares de pessoas porano e os absurdos da produo moderna de alimen-tos so cada vez mais visveis, com a eroso dossolos, a devastao de selvas, a deserticao degrandes reas, o aumento de pragas e as doenas

    dos animais e dos seres humanos.

    Quais so as mudanas observadas nasua regio e na sua comunidade?

    Como ser a vida na sua comunidadeem dez anos, se continuar assim?

    Tudo isso no tem nada a ver com au-mento de produtividade, a culminaodo gradativo processo de desapropria-o dos agricultores, para transormaros sobreviventes em meros apndicesda indstria. Isto agravar a marginali-zao, a desestruturao social, a devas-

    tao ambiental e a perda da biodiversi-dade na Natureza e em nossos cultivos,agravar o problema da ome.

    Jos Lutzenberger

    O modelo da agriculturamoderna ou convencional

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    Seu conceito est sempre em cons-truo. A proposta construir umaagricultura que seja socialmente justa,economicamente vivel e ecologicamente sustent-vel. No fundo, um novo jeito de relacionamentocom a natureza, onde se protege a vida toda e toda avida. Nesta viso, se estabelece uma tica ecolgicaque implica no abandono de uma moral utilitarista e

    individualista, que postula a aceitao do princpiodo destino universal dos bens da criao e a promo-o da justia e da solidariedade como valores in-dispensveis. Na Agroecologia, a agricultura vistacomo um sistema vivo e complexo, inserida na natu-reza rica em diversidade, com vrios tipos de plan-tas, animais, microorganismos, minerais e innitasformas de relao entre estes e outros habitantes doplaneta e suas interaes com o cosmo.

    Mas cuidado: apenas conhecer os vrios concei-tos do termo Agroecologia, a partir de vrios estu-diosos, no signica j estar pronto para adotar asprticas agroecolgicas. preciso sentir Agroeco-logia e viver Agroecologia no corao, compreen-der a vida a partir de um organismo vivo, seja eleplanta, animal ou o prprio ser humano. Apreenderas relaes conjuntas e apreender que o planeta no o lugar do qual vivemos, e sim, no qual vivemos.

    Alguns conceitos

    da Agroecologia

    a cincia ou a disciplina cientcaque apresenta uma srie de princpios,conceitos e metodologias para estudar,analisar, dirigir, desenhar e avaliar agro-

    ecossistemas, com o propsito de per-mitir a implantao e o desenvolvimen-to de estilos de agricultura com maioresnveis de sustentabilidade. A agroecolo-gia proporciona ento as bases cient-cas para apoiar o processo de transiopara uma agricultura sustentvel nassuas diversas maniestaes e/ou deno-minaes.

    Miguel A. Altieri

    O enoque agroecolgico corresponde aplicao dos conceitos e princpiosda Ecologia no manejo e desenho deagroecossistemas sustentveis.

    Stephen R. Gliessman

    Trabalhar a agricultura de orma sus-tentvel, ou seja, ecologicamente sus-tentvel, socialmente justa e economi-camente vivel.

    Ana Primavesi

    O que e Agroecologia?

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    tomos

    Molculas

    clulas

    tecidos

    sistemas

    indivduo

    espcie

    populaco

    comunidade

    ecossistema

    biosfera

    Cosmo

    10

    O surgimento da Agroecologia

    A Agroecologia surgiu nos anos 70. Ela basea-da na viso sistmica e holstica da Ecologia. A idia

    retomar antigas formas de cultivo, com o resgatedo antigo saber popular, e unir este com as atuaistecnologias, anlises e novos materiais. Tambm uma integrao entre os conhecimentos das cinciasnaturais e humanas, juntando Ecologia, Biologia,Agronomia, Sociologia, Economia, Cincia Poltica,Antropologia e outras disciplinas, para trabalhar odesenvolvimento rural sustentvel dentro da visosistmica.

    Ecologia a cincia da vida

    A Ecologia estuda as inter-relaes dos seres vi-vos entre si e com o meio ambiente. Trata-se daobservao de como ns, seres humanos, e os ou-tros animais e plantas vivem, como se organizamentre si, com as outras espcies e como manejamas riquezas naturais, como a gua e o solo. Estasrelaes so organizadas em diferentes nveis, dos

    microorganismos e clulas at a biosfera.Nas teias da vida podemos observar a teia ali-

    mentar, que est integrada nos ciclos do nascimentoe da morte de todos os seres vivos para manuten-o da sustentabilidade do planeta como um siste-ma vivo.

    A Ecologia, quando aplicada agricultura, mos-tra alternativas para trabalhar com a natureza, se-guindo as leis naturais, ao invs de destruir os ecos-sistemas. Desta forma, uma agricultura sustentvelcontribui para manter as bases da vida no planeta.

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    Princpios daAgroecologia

    Como princpios, temos o manejo ecolgico dasriquezas naturais (sustentabilidade ecolgica), aconstruo de relaes justas e solidrias com res-peito s diversidades culturais (justia social) e umadistribuio equilibrada das riquezas, no consumoconsciente e na comercializao justa, possibilitandouma vida digna na cidade e no campo (viabilidadeeconmica).

    Aspectos Agricultura convencional Agroecologia

    Lgica Lucro como motivador do processoprodutivo economia mercadolgica

    Qualidade de vida, seguranaalimentar, comercializao doexcedente, economia solidria

    Relaes internas

    Pacote tecnolgico de excluso,mecanizao agrcola intensiva,

    trabalho escravo e infantil, abuso deagrotxicos, dependncia de insumosexternos alto custo nanceiro para

    aumentar a produo

    Tecnologia social, mo-de-obra fami-liar (famlia parte do processo produ-

    tivo), utilizao das potencialidadeslocais, defensivos orgnicos, utiliza-o de insumos internos da unidade

    familiar, baixo custo nanceiro

    Protagonismo Representaes empresariaisAgricultores familiares, organizaesda sociedade civil organizada, redes,

    fruns etc.

    Educao

    Para a competividade, individualista,degradao do meio ambiente, visoreducionista da realidade, desvalori-

    zao da cultura local

    Para a solidariedade, cooperao,preservao do meio ambiente, visosistmica da realidade, valorizao

    da cultura local

    Projeto de desenvolvimentoMonopolista predatrio

    Crescimento = desenvolvimento Desenvolvimento rural sustentvel

    Polticas Excludentes e compensatrias Fortalecimento da agricultura familiar

    Cadeia produtiva

    Mercado externo = produo voltadapara a exportao, desvalorizao damoeda local, produo de monocul-

    turas

    Mercado interno = produo priori-tariamente destinada ao consumo

    interno, produo diversicada

    Social

    econmico ecolgico

    Estes trs pilares no podem ser trabalhados iso-ladamente, mas relacionados, servindo um de basepara os demais. preciso que se pense e construa,

    todos ao mesmo tempo, para que a atividade produ-tiva se encaixe na proposta da Agroecologia.

    Alguns princpios que diferenciama Agroecologia da agricultura convencional:

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    A Agroecologia engloba ramicaes e especiali-zaes, como a: Agricultura Biodinmica, Agricultura

    Ecolgica, Agricultura Natural, Agricultura Orgnica,os Sistemas Agroorestais (SAFs) e Permacultura.

    Sistemas Agro- Florestais (SAFs): siste-mas de produo agrcola que trabalhamseguindo a dinmica da natureza, con-sorciando as culturas de valor econmico

    com vegetao nativa, buscando o equil-brio e sustentabilidade produtiva atravsda biodiversidade.

    Permacultura: tambm conhecida comoagricultura ou cultura permanente, suaspraticas articulam saberes das cinciasque permeiam a Ecologia, buscandoconstruir a sustentabilidade de assenta-mentos humanos.

    Agricultura Biodinmica: esta agri-cultura impulsionada por Rudol Stei-ner tem como objetivo a produo dealimentos condignos ao ser humano,relacionando o cultivo s infuenciascsmicas.

    Agricultura Orgnica: consiste emprincpios rigorosos para manejo desolo, animais, gua e plantas, visando produo de alimentos isentos do usode agrotxicos, promovendo a sadehumana e a proteo ambiental.

    Agricultura Natural: oi incentivadapor Mokiti Okada e trata de manter ossistemas de produo iguais aos encon-trados na natureza. O princpio : solosadio igual a plantas e animais sadios,que igual a ser humano sadio.

    O que Agroecologia para voc?Coloque sua denio e discuta comoutros, iniciando um debate interessante.

    AGRICULTURA

    BIODINMICA

    AGRICULTURANATURAL

    SISTEMASAGROFLORESTAIS

    AGRICULTURA

    ORGNICA

    PERMACULTURA

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    Para entender melhor como a agricultura in-terfere nos ecossistemas temos que obser-var os ciclos da vida, formados pelos ele-

    mentos minerais, que alimentam todos os seresvivos e criam as condies para o desenvolvimen-to da vida na Terra.

    Todas as criaturas vivas so formadas basicamen-te por uma combinao dos seguintes elementos: car-bono, hidrognio, oxignio e nitrognio (CHON) Esses

    quatro elementos so a base dos ciclos da vida.

    O ciclo da gua

    As guas, embora nem sempre paream, estosempre em movimento, seja seguindo em rios parao mar, ou calmamente evaporando at chegar snuvens e voltar para a terra, na forma de chuva.

    Este movimento tambm acontece com as plan-tas. Elas perdem gua pelo calor do sol e pela aodo vento, recebendo de volta quando cai a chuva ouquando so irrigadas.

    A gua no volta exatamente para o lugar deonde saiu, podendo ir parar em lugares bem distan-tes, sendo sempre renovada nesta viagem para ocu ou quando escorre para o cho.

    Os ciclos da vida

    Planeta gua Guilherme Arantes

    gua que nasce na onte serena do mundoE que abre o proundo grotogua que az inocente riacho e desguaNa corrente do ribeiroguas escuras dos riosQue levam a ertilidade ao sertoguas que banham aldeiasE matam a sede da populaoguas que caem das pedrasNo vu das cascatas ronco de trovoE depois dormem tranqilasNo leito dos lagos, no leito dos lagosgua dos igaraps onde Iara me dgua misteriosa canogua que o sol evaporapro cu vai emboraVirar nuvens de algodoGotas de gua da chuvaAlegre arco-ris sobre a plantaoGotas de gua da chuvaTo tristes so lgrimas na inundaoguas que movem moinhosSo as mesmas guas

    Que encharcam o choE sempre voltam humildesPro undo da terra, pro undo da terraTerra planeta gua... terra planeta guaTerra planeta gua.

    A gua na Terra

    Cerca de 70% da supercie do planeta coberta por gua, o que nos leva a pen-sar que temos muita gua, mas no bem assim:Aproximadamente 97,137% desta gua salgada, e est nos mares. A gua docecorresponde a apenas 2,863% da guado mundo. Dessa quantia, 2,24% esto

    armazenados nas geleiras e massa degelo nos plos, 0,612% subterrnea,outros 0,009% encontram-se nos mares,mais 0,001% encontra-se na atmoserae, nalmente, 0,001% encontra-se emlagos, rios e cachoeiras.

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    O Ciclo do nitrognio

    o elemento de maior importncia na formao

    das protenas, molculas que, em essncia, formamtoda a matria viva.

    A maior parte do nitrognio existe na forma degs na atmosfera. Ele xado na terra por algunsmicroorganismos e, ento, absorvido pelas plantas,que, ao serem comidas pelos animais, passam essenitrognio para eles, que os devolvem para a terrana forma de esterco.

    O mais interessante deste processo que, seno fossem esses microorganismos, como as bact-

    rias do gnero rizobium, este precioso nutriente, quefaz todos os tecidos da matria viva, no poderia serabsorvido.

    As bactrias rizobium so micro-organismos quevivem em simbiose com as razes das leguminosase se alimentam da glicose, o acar natural que asplantas produzem. Em troca, elas permitem que aplanta possa se nutrir do nitrognio que retiram doar. Esse modo de vida chama-se simbiose, onde doisseres se unem para o bem comum.

    Outras espcies de bactrias (desnitricantes)completam o ciclo, desmobilizando o nitrognio doscompostos e liberando-o de volta atmosfera.

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    O Ciclo das rochas

    A crosta do nosso planeta est em constante

    transformao. A todo instante a ao do intempe-rismo fsico (vento, sol, chuva, etc.) age sobre asrochas, que vo se transformando em pedras e, de-pois, em areia ou barro (argila), formando o solo.

    Em uma variao do processo, a areia e o barroobtidos pelo desgaste das rochas podem ser arras-tados por meios naturais at o fundo do mar, ondeacabam por ser depositados em falhas geolgicas,entre os continentes, onde so derretidos pelo mag-ma, que, elevando-se superfcie terrestre naserupes vulcnicas, transforma-se em rocha nova-

    mente.Se no fosse este processo, com o passar do

    tempo, toda a superfcie do planeta j estaria embaixo dgua.

    O processo de transormaodas rochas em solo muitolento, levando milhares deanos para acontecer, por isso preciso preservar o solo.

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    gua

    Amaioria concorda, que a gua o ele-mento essencial para nossa sobrevi-vncia e qualquer atividade. Apenas0,001% da gua do planeta, no entanto, potvel e pode ser usada para o

    consumo. Esta gua doce vem setornando cada vez mais escas-sa com o aumento da popula-o, da produo industrial e aexpanso da agricultura irriga-da. Grandes reas so utiliza-das para a criao de animaise plantios inapropriados parao clima e solo local, como, porexemplo, o arroz e o gado bovino

    nas regies semi-ridas. Tambm aproduo de animais consome muita gua.

    No Nordeste, onde as chuvas so escassas e ir-regulares, a populao de algumas regies passavrios meses sem acesso a gua de boa qualidade.Este fato foi bastante explorado politicamente es no foi solucionado ainda por falta de vontadepoltica. Existem diversas solues, como preser-var as guas atravs da proteo das matas cilia-res dos rios, lagos e audes, evitar a poluio comlixo, esgotos e agrotxicos.

    nescessrio utilizar menos gua na lavagemda loua, no banho e na limpeza da casa, esco-lher plantas adequadas para cada regio e bus-car a captao de chuvas em cisternas de placas,

    j bastante difundidas pelo Programa 1 Milho deCisternas, da Articulao no Semi-rido Brasileiro(ASA), e a construo de poos.

    As cisternas de placas mantm a gua dachuva por um longo perodo, principalmente na es-tiagem. Para que a gua permanea em bom estadode conservao, a cisterna deve car bem fechada,sem entrada de luz, se possvel subterrnea, dimi-nuindo assim a sua temperatura.

    O manejo agroecologicodas riquezas naturais

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    Solo

    O solo um organismo vivo e dinmico e a

    base da produo agropecuria. Nele atuam milhesde organismos vivos, que so alimentados pela ma-tria orgnica. Na formao do solo tem uma su-cesso de plantas e organismos, permitindo que avida se diversique cada vez mais neste ambiente.Quando h um desequilbrio, matando microorga-nismos com produtos qumicos ou fogo, por exem-plo, surgem as pragas e, aumenta-se o uso dosagrotxicos, que prejudicam a sade das pessoas econtaminam a terra, o ar e a gua nos lenis sub-terrneos e nos rios.

    Alm disso, o desmatamento e a queimada paralimpar a terra, expem o solo ao sol, ao vento e chuva, causando eroso e provocando a destruiodo solo e de toda a sua vida. A eroso causada pelachuva provoca ainda assoreamento dos rios.

    Devido a esse modo errneo de lidar com o solo,muitas reas esto virando desertos, um processoque pode tornar-se irreversvel aps um determina-do estgio.

    No solo rtil existem milhares de seres vi-vos os microorganismos que interageme se complementam no processo de de-composio da matria orgnica e mineral.Entre eles esto bactrias, ungos, proto-zorios, algas, minhocas e outros vermes,caros, besouros e demais insetos.

    Cuidando do solo

    Para evitar a eroso e a deserticao importante manter o solo sempre cober-to com plantas e olhas, tambm duran-te o plantio. A cobertura morta unciona

    como uma esponja, que segura a gua eque protege o solo das eroses. Tambmajuda no controle das ervas daninhas e,ao se decompor, ajuda na adubao daterra e na manuteno de temperaturasadequadas ao bom desenvolvimento davida no solo.A Agroecologia prope ajudar o solo ase recompor depois que as plantas cul-tivadas se alimentaram dele. As plantasespontneas podem ser substitudas por

    outras que recuperam o solo, como asleguminosas. Estas podem ser cultivadasentre um plantio ou outro, para repor osnutrientes retirados. Esta prtica conhe-cida como adubao verde. Elas ajudama xar nitrognio, mobilizam substnciasdas partes mais proundas do solo e acu-mulam biomassa no sistema, abaandoas plantas espontneas e equilibrando ossistemas.

    Solo danicado

    Solo bem cuidado

    Quando eu tinha uns 26 anos, en-tendi que o solo produz bem hoje,mas amanh no produz mais e ao chamo de terra ruim, mas noexiste terra ruim. Tiraram o que eradela e no d mais para produzir.Isso eu ui vendo e experimentan-do.

    Seu Genro, Assentamento Escalva-do Itapipoca Cear

    Fonte:XCHNG

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    Plantas, pragas e doenas so indicadores dafertilidade do solo ou do desequilbrio e empobreci-mento. Conhecendo estes sinais ca mais fcil anali-sar a qualidade do solo e de todo o agroecossistemae interferir para recolocar os nutrientes que esto

    faltando. Uma anlise em laboratrio ajuda a deniras decincias de forma mais exata.

    Queimadas

    A utilizao do ogo para preparar a ter-ra para o plantio uma prtica antiga.Os agricultores e agricultoras explicamque diminui o trabalho. A maioria pen-sa que o solo ca mais rtil. Mas causamuitos prejuzos: o ogo mata animaise plantas, alm disso, destri a matria

    orgnica, diminuindo a ertilidade. Osolo ca raco, seco e duro, provocandoeroso, pois quando chove a gua temdiculdade de inltrar.Com a alta de animais, alguns insetosse tornam uma praga: como lagartas,besouros e pulges. A queimada tam-bm provoca uma mudana de clima naregio, produzindo gs carbnico (CO

    2).

    Pessoas expostas umaa podem terdoenas respiratrias, principalmentequando h a queima de materiais t-xicos. Para produzir sem queimar temmuitas alternativas e no nal, podemosat ter menos trabalho!

    As invasoras Indicam

    Carrapicho (Cenchrus echinatus) Excesso de nitrognio devido amuita matria orgnica

    Beldroega (Portulaca oleracea) Pastos queimados com freqncia, falta de fsforo,clcio e umidade

    Capim-arroz (Echinochloa crusgallii) Terra anaerbia, com nutrientes reduzidos asubstncias txicas

    Capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis) Uma camada impermevel em 80 a 100 cm de pro-fundidade, que represa gua

    Cravo-brabo (Tagetes minuta) Terra infestada de nematides

    Tiririca (Cyperus rotundus) Terra cansada, com baixa fertilidade

    Maria-mole ou berneira (Senecio brasiliensis) Camada estagnante em 40 a 50 cm de profundida-de, falta de potssio

    Mamona (Ricinus communis) Terra arejada, deciente em potssio

    Papoula (Papaver somniferum) Excesso de clcio

    Urtiga (Urtica urens) Excesso de nitrognio (matria orgnica), carnciaem cobre

    Minha experincia na produoagroecolgica comeou h 12 anos.A participao no Sindicato me aju-dou a despertar a conscincia paraa Ecologia, atravs das conversas eintercmbios na rea de outros agri-cultores. Foi assim que percebi queas queimadas destroem a vida na

    terra.Luiz Gonzaga, Gualdrapas

    Trairi Cear

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    20/5220

    C

    aptulo2

    Agroecologia

    colocadaempr

    tica

    Na viso sistmica da Agroecologia, a pro-priedade entendida como um todo, umsistema, onde os componentes se rela-

    cionam de forma dinmica. A propriedade faz par-te de uma comunidade, uma regio, um pas, umecossistema e de todo o planeta. Esse entendimento importante para observar a origem de qualquerproblema com parasitas em animais ou plantas, que

    no podem ser atacados de forma isolada, mas nasua relao com o meio ambiente e o manejo, coma possibilidade de resolver as causas do problema eno de tentar eliminar somente os sintomas.

    Dessa forma, cada elemento da propriedade, inclu-sive a prpria casa, so subsistemas que interagem.Precisam ser observados os uxos de gua, ar, ener-gia e matria entre eles. Atravs da observao dessainterao, possvel otimizar os uxos ou ciclos, gas-tando cada vez menos recursos naturais e reutilizandoou reciclando materiais, que so considerados lixo emuitas vezes so subprodutos mal utilizados.

    O objetivo maior tornar a propriedade cada vezmais auto-suciente, ou seja, produzindo seu prprioadubo, defensivos, sementes e mudas, sem precisarmais comprar insumos de fora, gastando menos di-nheiro e garantindo a sustentabilidade da unidade fa-miliar e comunitria. Assim, as unidades produtivas,como horta, criao de animais, pomar e mata, po-dem se complementar. Com a biodiversidade da mata,o pomar ca protegido de pragas e doenas. Suas fru-

    tas servem para alimentar os animais que produzemesterco para as plantaes (horta e pomar), estas po-dem enriquecer o solo da mata com seus galhos efolhas.

    Tambm algumas plantas se complementam comas outras, chamadas de plantas companheiras, quetrocam nutrientes entre si. Estas plantas podem sercultivadas consorciadas ou em rotao de culturas.

    Os espaos na propriedade podem ser organiza-dos com cercas vivas, rvores e arbustos, que prote-

    gem outras plantas do vento e de animais, servindotambm para a produo de sombra, distrao paraos insetos, ou simplesmente deixando o espao maisfresco.

    A propriedadeagroecologica - umsistema integrado

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    FornoEficiente

    Biodigestor

    Res

    duos

    Resduos

    Criaode

    animais

    Pomar

    Colm

    ia

    Composto

    Tanque

    Micro-a

    ude

    Mata

    Plantas

    Defensivas

    Quintalprodutivo

    Pasto

    Barreiras

    vivas

    Plantio

    alternado

    Resduos

    Resduos

    Resduos

    21

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    A horta orgnica

    Construir uma horta bastante fcil, no tem

    muito custo e a produo de cheiro verde, hortali-as e verduras importante para a alimentao dafamlia.

    Tambm no mercado local, estes produtos org-nicos tm uma grande procura, pois muitas pessoassabem da sua importncia para a sade do ser hu-mano e no querem consumir os agrotxicos, que seencontram nas verduras e hortalias convencionais.

    Para ter uma horta orgnica basta apenas esco-lher um lugar adequado, no muito distante da casa,

    no quintal ou em espaos menores. Muitas pessoasproduzem at em terraos e balces nas cidades,o que chamado de agricultura urbana. A nicapreocupao que se deve ter com o espao escolhido que seja arejado e iluminado, para o bom desen-volvimento das plantas.

    preciso pensar na diversidade das culturas quese relacionam com harmonia e colocar algumas quedesempenham papis fundamentais no controle bio-lgico de pragas. Junto com as hortalias podem serplantadas ervas medicinais e temperos ou ervas aro-

    mticas.S necessrio gua e cultivar um solo vivo. Se

    a rea um pouco maior, o trabalho pode ser facili-tado com sistemas muito simples de irrigao. Parapreservar o solo, o ideal fazer uma cobertura mortae uma adubao orgnica.

    O gosto pelo consumo das verduras veiodepois do trabalho com a horta. Achva-mos que verdura era coisa de rico. Antes,nas casas, era s a cebolinha e o coentro.Hoje comemos quiabo, cenoura, beterra-ba e alace. Quando no tem na panela,reclamamos. Ilanir, Antnio Carlos, An-sio, Artansio, Nazareno e Wilame, Grupode Jovens do Assentamento Escalvado,Itapipoca, Cear.

    crculos, tambm chamados de mandalas.

    As hortas podem ser construdas de vrias ormas, entre elas:

    canteiros em nveis

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    Espiral de ervas

    A espiral de ervas otimiza espao e gua para a

    produo de hortalias, plantas ornamentais e medi-cinais, desenvolvendo um ambiente de contemplaoe cultivo. S so necessrias algumas pedras e se-mentes para comear. Seu formato espiralado segueos padres da natureza proporcionando uma maiorharmonia com o sistema natural. Ela cria diferentesmicroclimas dentrode um mesmo es-pao, medida quea espiral cresce.

    Hidropnico no orgnico

    Existe muita conuso a respeito deverduras produzidas no sistema hidro-pnico. Nesse caso, as plantas no so

    produzidas em terra, mas crescem emgua misturada com adubos articiaise altamente solveis. O adubo contribuipara o crescimento rpido da planta,com, no mximo, 14 elementos nutri-tivos. A alace produzida desta orma pobre em sais minerais e alimenta pou-co. Alm disso, as verduras hidropni-cas podem ser pulverizadas com agro-txicos, como inseticidas e ungicidas,o que torna o consumo at perigoso.

    O Pomar

    Plantando diferentes rvores, que variam porpoca, pode-se ter frutas o ano todo na propriedade,pois so alimentos de alto valor nutritivo que com-pletam a segurana alimentar, alm de proporcionarsombra para o descanso e para os animais, como in-setos e pssaros, que ajudam no controle biolgicodas plantaes ena preservao dabiodiversidade.

    No Nordeste, h uma riqueza muito grande de

    rutas, que, s vezes, no so muito valorizadas,como manga, sirigela, caj, umbu, acerola, sa-poti e tamarindo. Mesmo dando trabalho paracolher o caju antes de cair, ele tem diversas uti-lidades.

    Experimente esta receita:

    Hambrguer de Caju

    Ingredientes:Fibra de cajuProtena de Soja temperadaFarinha de trigoleoSalModo de Preparo:Ferva gua com uma pitada de sal.Acrescente a bra de caju e deixe cozinharpor aproximadamente 10 minutos.Depois escorra, esprema a bra e reserve.Em uma bacia, adicione a soja temperada,a bra de caju, a arinha, o leo e o sal. Mis-ture at que se torne uma massa.Dando orma ao Hambrguer:Corte um pedao de saco plstico (15x25)ou separe um pedao de lme plstico.

    Separe duas tampas redondas de coposdescartveis ou de embalagens de man-teiga, margarina, goiabada, etc.Coloque uma das tampas sobre uma su-percie e cubra com o plstico.Coloque sobre a tampa uma colher (desopa) da massa, aproximadamente.Cubra a massa com o plstico e coloque aoutra tampa por cima, apertando com opolegar para distribuir igualmente a massa.Retire o hambrguer e coloque para assar

    em uma orma untada com leo no ornopr-aquecido.

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    A Criao de pequenos animais

    Desde o comeo da histria, a agricultura estligada domesticao e criao de animais. As pe-quenas criaes so fundamentais para a seguranaalimentar e complementam as atividades da agricul-tura familiar, produzindo esterco e contribuindo paraa auto-sucincia da propriedade.

    Algumas criaes podem ser destacadas comoelementos muito importantes no sistema agroecol-gico da propriedade:

    Aves

    So criadas de forma extensiva, fornecendo prote-nas, tanto na forma de carne quanto de ovos, para aalimentao e comercializao. O seu esterco muitoforte, de boa qualidade para a adubao. As galinhas,especicamente, podem ser aproveitadas para prepararterrenos para o plantio, pois ciscam e adubam o solo,alm de comer insetos que podem prejudicar o plantio.

    Ovinos e Caprinos

    A ovinocaprinocultura, criao de cabras e ovelhas,vem se destacando, a cada dia, como uma alternativapara trabalhadores e trabalhadoras rurais, principalmen-te por sua adaptao ao semi-rido e menor demandade recursos para seus cuidados. As criaes fornecemleite, carne e queijo que, alm de servir para o consu-mo familiar, so elementos de fcil comercializao.

    Abelhas

    Na apicultura se produz, alm do mel, prpolis, ge-lia real e cera. um alimento nutritivo para a famlia,que usado tambm como remdio ou armadilha paracapturar insetos. Alm disso, uma fonte de renda quemelhora quando organizada em grupos nas comunida-des para aumentar a quantidade e qualidade do mel.

    As abelhas tm uma funo importante porquepolinizam as plantas e melhoram, assim, a produodo pomar e da lavoura. Por outro lado, a apiculturaincentiva a preservao das matas, necessrias paraa garantia da produo.

    Peixes

    Aonde tem um aude, este pode ser aproveitado

    pela famlia ou a comunidade para a criao de peixes,que tambm so uma fonte de protena valiosa. Elesajudam tambm equilibrar o meio ambiente, se alimen-tando de larvas e de insetos e a gua de seu criatrio rica em nutrientes, podendo ser usada na irrigao.

    No Nordeste, as abelhas nativas, jan-dara, sem erro, esto sendo expulsascada vez mais pelas abelhas aricano-brasileiras, com erro. O manejo dessas mais dicil, precisando de proteocontra as picadas. O mel da jandara temum preo melhor no mercado. Ajude nasua preservao!

    Interao entre os subsistemas

    Seja qual or a espcie a ser criada napropriedade, o principal pensar comoharmonizar essa criao com o todo. Sa-bendo que manter uma pequena quan-tidade j ator de equilbrio, o que aci-lita tanto o trato como a percepo dasrelaes que podem ser criadas dentroda propriedade.

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    Deve ser evitada a serragem, pois, almdos produtos qumicos que a deixamcida, ela absorve umidade em excesso.

    Mas fque atento!

    Existem alguns materiais que no podemser usados na compostagem:Madeira tratada com pesticidas contracupins ou envernizadas; vidro; metal;leo; tinta; couro; plstico; e papel; pois

    no so acilmente degradados.

    refeies

    restos

    pilhadecompostagem

    aduboorgnico

    fertilizao

    alimentos

    Ciclo da MatriaOrgnica

    Adubao e Compostagem

    Aadubao um mtodo simples ebarato para melhorar a qualidade eprodutividade do solo. Ela deve serfeita antes, durante e depois do plantio, pararepor os nutrientes retirados pela planta.

    Para a adubao orgnica, podem ser usa-

    dos os seguintes materiais:Esterco (bovino, caprino, eqino e avcola)

    Composto orgnico

    O composto orgnico uma das formas mais ri-cas de adubao. Alm de adubar, melhora a quali-dade do solo, aumentando a porosidade, umidade emicroorganismos importantes para o crescimento dosvegetais, pois possui elementos vegetais e animaisna sua composio. Atravs da compostagem, aquiloque normalmente iria para o lixo transformado em

    adubo, devolvendo os nutrientes essenciais ao solo.O composto o resultado da decomposio da

    matria orgnica, na presena da gua e de oxi-gnio. Os produtos do processo de decomposioso: gs carbnico, calor, gua e a matria orgnica

    compostada. A presena de matria orgnica nosolo aumenta o nmero de minhocas, insetos e mi-croorganismos desejveis, o que reduz a incidnciade doenas nas plantas.

    Muitas pessoas acreditam que um bom compos-

    to difcil de ser feito ou exige um grande espaopara ser produzido; outras, que sujo e atrai ani-mais indesejveis. Mas, se for bem feito, nada distoocorre. Um composto pode ser produzido com poucoesforo e custos mnimos.

    Para fazer a compostagem, podem ser usadosrestos de alimentos, estercos animais, aparas degrama, folhas, galhos e restos de culturas agrcolas.Essa mistura deve car sempre coberta pelo materialpalhoso, ser molhada e revirada com freqncia.

    Estrategias para atransicao agroecologica

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    Defensivos naturais

    Plantas saudveis, adaptadas ao ecossistema,

    num solo equilibrado, normalmente no atraem in-setos ou inimigos naturais, nem adoecem.

    Mas como praticar as orientaes da Agroeco-logia se as plantas e o solo j esto fragilizados eaparecem pragas nos cultivos?

    Deve-se perceber o ambiente, encontrar o dese-quilbrio, reestruturar o solo com matria orgnica,plantar espcies nativas e/ou adaptadas e, como so-luo de emergncia, existe a opo dos defensivosnaturais.

    As lagartas comem as verduras e a tentao grande de aplicar logo algum veneno. Mas existemoutras opes que podem ser experimentadas, comum custo bem menor. Existem defensivos naturaisque podem eliminar os parasitas ou apenas espant-los com cheiro e/ou gosto que eles no agentam.

    Estes defensivos, alm de mais baratos e f-ceis de fazer, no poluem a gua, nem contaminamo meio ambiente. Tambm no prejudicam a sadedo(a) agricultor(a), muito menos de quem consome

    o alimento.

    RECEITAS BSICAS

    Soluo de umo com saboUsada para o controle de lagartas e pul-ges em hortalias e ruteiras.Em 1 l de lcool, coloque 100 g de umode corda (em pedacinhos) e 100 g de sa-bo. Misture e deixe curtir por dois dias.Dilua cada 250 ml em 15 l de gua e pul-verize.

    Urina de vaca

    Colha a urina resca e coloque num rascoescuro (pintado de preto ou enrolado empapel escuro) por 30 dias, em local res-co e arejado, mas com pouca luz. Depoisde curtido, dilua cada 200 ml em 20 l degua e pulverize. Serve como ertilizantee aasta as cachonilhas.

    Extrato de pimenta vermelha(malagueta)

    Para combater

    os caros, pegue100g de pimen-ta e junte a 1 li-tro de lcool emvidro ou garraacom tampa. Dei-xe em repousopor uma sema-na. Dissolva 25 gde sabo neutroem 1 l de gua quente. Na hora de usar,pegue um copo de extrato de pimentae a soluo de sabo, dilua em 10 l, agi-te a mistura e pulverize. Para melhoraro eeito de proteo desta calda contrainsetos, principalmente para a cultura dotomateiro, pode-se triturar 100 g de alhoe juntar a 1 l de lcool em vidro ou garraacom tampa. Deixe em repouso por umasemana e aplique.

    Manipueira

    Espalhada sobre a terra antes do prepa-ro (adubao e plantio), combate caros,ungos, insetos e nematides.

    E isso

    funciona

    mesmo?

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    O planejamento da produo

    Pensar bem e planejar a produo, o consumo

    e a comercializao na pequena propriedade es-sencial para o rendimento e a sustentabilidade daunidade familiar e da comunidade. Toda produosignica um investimento de recursos nanceiros ede trabalho, portanto, bsico, antes de qualqueratividade, considerar os seguintes pontos:

    Auto-consumo: importante garantir no m-nimo os alimentos para o consumo da famlia, quepodem ser produzidos sem muitas diculdades. Pri-meiro, precisa-se pensar no essencial para a vida eno s no que produzir para o mercado, mantendo a

    diversidade da produo.Trocas: um prximo passo pensar, junto com

    os vizinhos, o que um pode produzir e trocar com ooutro, sem precisar vender e comprar fora dacomunidade.

    Mercados locais, regionais, nacionaise internacionais: preciso fazer uma pes-quisa de mercado, conversando com pessoase grupos que entendam do assunto, conhecen-do compradores e buscando informaes. Essa

    tarefa mais fcil em grupos organizados, quepodem ser informais ou na forma de associaoou cooperativa. A unio d mais fora e ajudana diviso dos custos. Cada mercado tem assuas prprias caractersticas e exigncias, masum fator bsico: precisa-se garantir a conti-nuidade da produo para abastecer os merca-dos. E isso tambm mais fcil em grupos, quepodem planejar juntos e quando a produo deum acaba, a safra do outro est pronta.

    Existe tambm o mercado institucional,ou seja, dos governos locais, que tem apoiodos governos Estaduais e Federal para a com-pra de alimentos para as escolas, hospitais eoutras instituies pblicas.

    Para garantir que o lucro da venda per-manea na comunidade e possa ser investidona melhoria da qualidade de vida, preciso evitara ao dos atravessadores e organizar a venda emconjunto.

    Potenciais: conhecendo as possibilidades dosmercados podemos aproveitar o potencial das lo-calidades, analisando as reas aptas para culturasanuais, pastagens ou orestas, hortas e assim pordiante.

    O planejamento deve considerar os custos, in-clusive o trabalho investido, os preos do mer-cado e suas variaes, calculando a renda emmdio e longo prazo. A diversicao impor-tante porque no existe uma garantia para orendimento de uma nica cultura. Usar ao m-

    ximo os recursos prprios e comprar os insumossomente quando necessrio outra dica paradiminuir os custos.

    importante calcular a viabilidade das ativida-des e manter o controle sobre a sada e a entradado dinheiro. Por isso preciso documentar todosos gastos: insumos comprados, equipamentos,manuteno dos animais, juros, mo-de-obra edo tempo gasto para cada atividade. Do ganho,uma parte deve ser reinvestida na melhoria da

    produo, dos equipamentos e das condiesde trabalho. No se pode esquecer que tambmcada membro da amlia precisa receber seu di-nheiro pelo tempo trabalhado, independente-mente da tarea. Cozinhar, lavar e limpar para aamlia tambm trabalho!

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    Feira da AgriculturaFamiliar em Quixeramobim

    Espao Agroecolgico de Recife

    30

    A unio faz a forada agricultura familiar

    Aagricultura familiar produz entre 70%

    e 80% dos alimentos que chegam mesa dos brasileiros. Esses dados re-velam a sua importncia para a soberania alimen-tar do Pas. As agricultoras e os agricultores soos donos(as) dos seus produtos, da sua mercado-ria, mas a sua maior fora a unio.

    Quando esto organizados, de forma solidria, possvel realizar:

    Compras coletivas de volumes maiores de in-sumos ou materiais direto na loja ou fbrica, divi-dindo o frete e conseguindo um preo melhor.

    Vendas em conjunto, barateando o transpor-te. Feiras agroecolgicas no municpio ou em outrospontos de venda coletiva podem ser instrumentosimportantes para comercializar diretamente aos con-sumidores, envolvendo-os para ganhar seu apoio

    idia da Agroecologia.

    Uso coletivo de mquinas: equipamentosso caros e podem ser usados coletivamente parao plantio e a colheita. Um passo a mais conseguirorganizar toda a cadeia produtiva e beneciar osprodutos, aumentando signicativamente o preo.Existe hoje um mercado em crescimento, que pro-cura produtos agroecolgicos diferenciados e produ-zidos de forma justa e solidria, como gelias, doces

    ou frutos desidratados.

    C

    aptulo3

    Articu

    laoeaes

    para

    adifus

    odaAgroecologia

    Organizacaosolidaria

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    Segurana Alimentar e Nutricional

    A Segurana Alimentar Nutricional (SAN) um

    direito humano bsico que garante o acesso regulare permanente nutrio de qualidade e em quanti-dade suciente. Cada pas deve ser soberano paraassegurar a segurana alimentar, respeitando as ca-ractersticas culturais do seu povo, portanto se falatambm da soberania alimentar. O direito a alimen-tos depende do direito terra, gua, a sementese, tambm, do conhecimento e de condies de pro-duo. A soberania alimentar depende do valor quese d cultura e aos alimentos que os antepassadoscostumavam preparar.

    Do outro lado est o desperdcio de alimentos.Muitos dos quais poderiam ir para o prato acabamno lixo: folhas de hortalias (como as da cenourae da beterraba), talos, cascas e sementes, que soricas fontes de bra e de vitaminas e minerais fun-damentais para o bom funcionamento do organismo.A melhoria da sade, no importando a classe social,depende, s vezes, de mudanas simples de hbitos,como o reaproveitamento integral de alimentos.

    Como garantir a soberania alimentar:

    Cultivar, sempre que possvel, plantas nativas daregio, em equilbrio com o ambiente, que di-cilmente precisaro de defensivos ou cuidadosespeciais

    Produzir e consumir alimentos orgnicos, deixan-do de precisar dos insumos das multinacionais egarantindo a sade

    Pesquisar e divulgar o valor nutricional do ali-

    mentoAproveitar o mximo possvel dos alimentos, devrias maneiras na cozinha, e colocar as cascase sobras que no puderem ser utilizadas, para acompostagem. Isso fecha o ciclo de produo

    Preferir comer coisas que, alm de saborosas enutritivas, faam parte da histria do povo.

    DICAS:

    - Utilize olhas em sucos, reogados, aro-as, saladas e sopas, pois so ricas ontesde vitaminas, minerais e bras- O limo adicionado s reeies aumen-ta a absoro de erro- Use gergelim, a semente sagrada, elatem 10 vezes mais clcio que o leite- Coma trs ou mais tipos de rutas pordia e diversique a alimentao em geral- Tome bastante gua, que essencialpara a sade

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    Questes de gnero e gerao

    Mulheres do campo

    O trabalho da mulher visto como algo limi-tado. Trabalhos entre homens e mulheres so hie-rarquizados e no tm o mesmo reconhecimento.A Agroecologia se prope a pensar e a trabalhar aintegrao entre a maneira de fazer agricultura, anatureza e as formas de as pessoas organizaremsuas vidas e suas relaes. s vezes a idia de in-tegrao transportada para uma viso idealista dafamlia, sem conitos. Mas, independentemente danossa vontade, os conitos existem. S a igualdadereal, o compartilhamento das tarefas e o respeito

    autonomia podem superar os conitos existentesnas famlias e nas comunidades.

    Em torno de toda essa discusso fato que asmulheres, encorajadas pelas perspectivas de ocu-pao de espaos de poder, tm se organizado deforma autnoma, utilizando novas prticas, valorese propostas de participao ativa em movimentossociais. Essa insero resultado de uma conquistaque est claramente associada ao reconhecimentoda mulher quanto ao seu nvel de organizao.

    Jovens rurais

    Da mesma maneira, existe tambm um conitoentre as geraes. Os jovens das reas rurais estovendo pouca perspectiva para permanecer no cam-po e seguir a prosso dos pais. Isso acontece pelarepetio do modelo adotado pelas geraes ante-riores, que continuam fazendo agricultura mar-gem da tecnologia, por falta de recursos. O prpriosistema educacional ocial no relaciona o contedo

    estudado com a realidade rural dos(as) jovens docampo, desestimulando ainda mais a atividade agr-cola para a juventude. As possibilidades de trabalhoe renda no meio rural precisam ser construdas jun-to aos jovens.

    A Agroecologia abre novas perspectivas para osjovens, de produzir de uma maneira diferente, semos esforos que a agricultura do sequeiro exige, ese atualizar com novas informaes e acesso a tec-nologias adaptadas. A incluso digital e a reformu-

    lao dos currculos escolares para uma educaodo campo fazem parte das estratgias para manteros jovens nas reas rurais, com perspectivas de me-lhorias de vida.

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    Trabalhando em Redes

    A rede uma articulao entre diversos grupos e

    pessoas que desenvolvem atividades para promovera Agroecologia, atravs de intercmbios, encontros etrocas de experincias ou tambm para organizar acomercializao de produtos. Os agricultores e agri-cultoras que fazem parte das redes junto s entida-des de assessoria e apoio se fortalecem e quandoum grupo, como uma associao ou cooperativa, seune a outro grupo ou a pessoas de lugares diferen-tes, mas com interesses em comum, as atividadesde ambos ganham mais visibilidade.

    Uma rede uma forma de organizao diferente,

    na qual impera a autogesto.O que quer dizer que a rede se organiza, no

    como entidade, mas como um grupo com interessesem comum convivendo sempre com certas realida-des, :

    Conectividade

    Multidimensionalidade

    Abertura

    Dinamismo

    Descentralizao

    Um exemplo no Nordeste a Rede Xi-que-Xique de Comercializao Solid-

    ria, no Rio Grande do Norte, que discutee constri ormas de comercializaocomo o Espao Xique-Xique, em Mos-sor, eiras ou a venda direta de cestas,com o objetivo de comercializar a pro-duo de grupos organizados atravsdo comrcio justo e solidrio. Tambmmantm atividades de ormao, inter-cmbios e troca de experincias.

    Na rede no preciso que todos se vejam e tro-quem idias sempre, na verdade isso geralmente

    acontece quando necessrio. Mas quanto mais for-te estiver a unio entre seus membros, mais a redecresce e se fortalece.

    A capacidade de operar sem hierarquia umadas mais importantes propriedades da rede.

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    I Frum de Agroecologia do Macio de Baturit (CE)

    I Encontro da Rede de Agricultores(as) Agroecolgicos(as) e do FrumMicroregional pela Vida no Semi-rido do Territrio Itapipoca.

    II Encontro Nacional de AgroecologiaRealizado em 2006 em Recife (PE)

    Foto:VldiaLima

    35

    Encontros de Agroecologia

    Os encontros so os principais meios para for-

    talecer as aes e as prticas agroecolgicas. Soinjees de nimo para quem trabalha a Agroeco-logia no seu dia-a-dia e fortalecem as redes agro-ecolgicas. So realizados encontros nas comuni-dades, nos municpios, em nvel estadual ou atnacional, como o Encontro Nacional de Agroeco-logia (ENA), realizado em 2002, no Rio de Janei-ro; e em 2006, em Recife, contando com mais de1.700 participantes de todo Pas.

    Nesses encontros se discute sobre Agroecolo-gia, so realizadas ocinas, intercmbios e apre-

    sentaes de experincias, como tambm feirasde saberes e sabores, com a exposio de produ-tos e tecnologias, apresentaes culturais e tem atroca de sementes e mudas. Participe!

    Quais so as experincias que vocconhece?

    J participou em algum encontro?

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    Comunicao fundamental

    A comunicao essencial para a difuso da

    Agroecologia e a comercializao dos produtos. E muito importante se comunicar com as pessoas, quefazem parte do grupo e da rede, como tambm comos possveis compradores dos produtos agroecol-gicos.

    Comunicar compartilhar informaes, idias;informar; persuadir; convencer; e, acima de tudo,chamar a ateno e conseguir entrar em contatocom pessoas.

    Para se comunicar bem tem que responder algu-

    mas perguntas estratgicas:

    Voc sabe o que quer?

    Voc sabe o que eles querem?

    Voc sabe com quem est falando?

    Comunicar bem se colocar no lugar do outro

    Quem no se comunica, se trumbica

    (Abelardo Barbosa, o Chacrinha)

    Para criar uma boa comunicao dentro de umgrupo, devemos car atentos:

    As pessoas sabem mais do que dizem e dizemmais do que podem escrever

    O momento certo de dizer, ouvir, falar, conhe-cer, ensinar, explicar, entender

    agroecologia!

    bzzzbzzzzbzzzzzzzzzzzbzzzzbzzzz

    psssspssssspsssspsss

    zzzztzzzztzzzztzzzz

    hmmm... o queeu entendi foi;

    agora com a gia.

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    Tecnologias adaptadas para aagricultura familiar

    E

    m vrios pases so inventadas ou reinven-tadas tecnologias que facilitam a produo

    em pequena escala, que signica diminui-o de custos e trabalho.

    Entre estas, existem tecnologias para:

    Seleo, armazenamento e melhoramento desementes

    Plantio em curva de nvel, direto na palha e emcerca verde

    Compostagem, adubao verde e cobertura do

    solo Rotao e consorciao de culturas

    Silagem e formao de forrageira para ani-mais

    Diversicao de plantios e criaes

    Captao, armazenamento, puricao e usoconsciente das guas (poos, cisternas)

    Sistemas de irrigao adaptadas ao semi-rido(gotejamento por potes)

    Integrao dos sistemas de produo (animale vegetal)

    Aproveitamento integral da produo

    Tcnicas de ps-colheita para a agregao devalor

    A grande maioria dessas tcnicas simples e f-cil de ser posta em prtica. Geralmente no precisa

    de equipamentos ou de maior mo-de-obra, mesmoassim transforma a realidade da produo e constituigrande parte do fazer agroecolgico.

    Voc conhece ou trabalha comalguma dessas tecnologias?

    Voc j inventou alguma tecno-logia que possa ser utilizada pelaagricultura amiliar?

    Tecnologias de ProducaoAgroecologicas

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    Energias Renovveis

    Energia renovvel aquela obtida de fontes

    naturais capazes de se regenerar, onde considera-velmente a produo maior que o consumo sen-do, portanto, praticamente inesgotveis, como porexemplo:

    O Sol: energia solar

    O vento: energia elica

    Os rios e correntes de gua doce: energiahidrulica

    Os mares e oceanos: energia mareomotrizA matria orgnica: biomassa

    O calor da Terra: energia geotrmica

    Essas energias renovveis so consideradascomo alternativas ao modelo energtico tradicio-nal, pela sua disponibilidade, por no precisarem demilhares de anos para suas formaes, como ocaso dos combustveis fsseis, e pelo menor impac-

    to ambiental.Vale ressaltar que o desenvolvimento das tec-

    nologias para o aproveitamento dessas energias po-der beneciar comunidades rurais, propiciando amelhoria da qualidade de vida das famlias. Isso cer-tamente diminuir o xodo rural e a m distribuioda renda.

    Os aerogeradores so usados para acaptao da energia elica

    Painis para captao de energia solar

    Fonte:XCHNG

    Fonte:XCH

    NG

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    Exemplo de umDiagrama de Venn

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    Tecnologias sociais

    Alm das tecnologias de produo, existem tam-bm tcnicas desenvolvidas para ajudar no processode organizao.

    O Diagnstico Rural Participativo (DRP) umconjunto de tcnicas e ferramentas que permite a or-ganizao e gerao participativa do conhecimento,considerando a diversidade de gnero e de gerao.

    O objetivo que as comunidades faam seu pr-prio diagnstico para comear a auto-gesto do co-nhecimento e planejar as suas atividades. Suas fer-ramentas so usadas de acordo com o tema e deforma criativa para levantar dados sobre a situao

    atual (diagnstico) e poder desenvolver solues nabase dessas informaes compartilhadas. Nesse pro-cesso, se incentiva o dilogo entre as pessoas domeio rural - considerando que so os especialistasem seu meio - e os tcnicos.

    Algumas das diversas ferramentas que podemser usados no DRP so:

    Entrevistas individuais e rodas de conversa com6 a 10 pessoas, semi-estruturadas com lideranas epessoas chave da localidade.

    Caminhadas transversais, com roteiro denido,paradas com reexo e estudos dos elementosdo agroecossistema e/ou ecossistema visita-do.

    Confeco de mapas da poca da ocu-pao, quantidade de mata preexistente erestante, quantidade e qualidade da gua,existncia de voorocas, segurana ali-mentar, quantidade de pessoas que

    residiam na comunidade e que mi-graram, melhoria das condies detransporte.

    Diagrama de Venn, que mostra ainuncia e a participao de institui-es na vida da comunidade, ou analisaa contribuio, importncia e entraves que asculturas desempenham na vida da comunidade,a participao e inuncia de cada nicho produtivopara a renda familiar, a segurana e qualidade ali-mentar, a participao do trabalho da mulher e do

    jovem e a distribuio de poder.

    Calendrio sazonal, que registra a produo,chuvas, plantios, colheitas, demanda de mo-de-obra.

    Como anda a organizao dasua propriedade?Poderia melhorar?

    Quais erramentas do DRP soou podem ser usadas na suacomunidade?

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    Elaborao de mapas no II Curso deMultiplicadores em Agroecologia doMacio de Baturit (CE)

    Mapeamento de Comunidades dos Multiplicadoresem Agroecologia de Itapipoca

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    Rotina diria, com grcos da rotina de traba-lho, lazer e outras atividades;

    Intercmbios com agricultores-experimentadores.

    Os passos para realizar um DRP so:

    Constituio da equipe do diagnstico: asso-ciaes locais, sindicatos, instituies, prefeitura,universidade, tcnicos etc., com a identicao daspessoas chaves da comunidade, entidades de as-sessoria tcnica e instituies pblicas que devemparticipar

    Denio das tarefas: denio de roteiros, co-ordenao e aplicao das tcnicas, anlise e siste-matizao das informaes obtidas. Escolher os(as)moderadores(as) ou facilitadores(as) do processo,

    que garantam a participao de todos e todasDenio de eixos temticos segundo os obje-tivos do trabalho, informaes relevantes e neces-srias e quais so as tcnicas mais adequadas paraobt-las, (exemplo: histria da comunidade, paisa-gem, problemas ambientais, sistemas de agricultu-ra, sistemas de criao animal, economia, mercadoe educao). Importante tambm a denio deum roteiro de perguntas chaves, como orientaopara a vivncia das tcnicas

    Durante a realizao do diagnstico, no h re-gras. Todos devem prestar ateno e aprender. Dis-cutir e perguntar os porqus tem mais valor quesugerir e indicar as respostas. Elas vm quando ogrupo aprende a se conduzir sozinho e cria seu jeitode fazer um diagnstico da sua realidade. Depois denalizar o DRP, comea o planejamento das aes ea sua colocao em prtica.

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    Produtos de castanha de caju dos jovensde Andrenpolis Aracoiaba (CE)

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    A construo de um mercado justoO mercado no alguma gura abstrata, que

    domina a comercializao. O prprio comrcio, quearticula demandas e ofertas de produtos, o merca-do e este estruturado conforme as relaes entreas pessoas que interagem nesse espao. Ele , por-tanto, formado por todos, e todos tm a responsabi-lidade, tanto como produtores como consumidores.

    Desde o incio da troca de mercadorias, atravsde moedas, existem injustias e essas relaes soassunto de milhares de livros e discusses ao lon-go do tempo. De qualquer forma, se v atualmentea fora destrutiva da acumulao do capital e dosmeios de produo nas mos de poucas empresasmultinacionais. Certamente outra economia poss-vel e existem sinais de mudana.

    Surgiram a socioeconomia solidria, sistemas detrocas, bancos comunitrios, cooperativas de crdito,

    associaes de consumidores conscientes e outraspropostas, que tentam reverter essas tendncias.

    Mercado Justo

    Comrcio justo:

    O movimento comeou h 25 anos, com o objetivo de mostrar ao pblico europeu as injustias e o de-sequilbrio social causados pelo comrcio internacional, avorecendo os pases industrializados. Hojeexiste uma certicao especca do comrcio justo (air trade), que segue as seguintes normas:

    Os produtores recebem um preo justo pelos produtosUma parte da receita utilizada para programas sociais da comunidade ou cooperativa de tra-

    balhadoresAs relaes de contrato tm uma viso de longo prazo

    Consumo sustentvel:

    O Consumo Sustentvel vem sendo construdo a partir do conceito de Desenvolvimento Sustentvel,partindo do pressuposto de que os consumidores sustentam o sistema de produo sendo correspon-sveis pelos seus impactos.Para que essa ao seja realizada de maneira consciente e sustentvel preciso:

    Consumir somente o necessrioConhecer o processo de produo daquilo que se consomeAssumir a responsabilidade pelos resduos

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    Feira Agroecolgica e Solidria de Itapipoca (CE)

    Entrega de cestas em Aratuba (CE)

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    Formas de organizao do mercado

    Venda direta

    Feiras agroecolgicas e solidrias: As feirasso, sem dvida, o sistema de venda direta maisdinmico. Elas variam desde grandes eventos, atas feiras comunitrias. Absorvendo vrios tipos deprodues e recebendo vrios tipos de pessoas.

    A grande vantagem o produtor ter contato di-reto com o consumidor, tendo, assim, uma respostadireta sobre sua produo ou o modo como prepa-rado o produto.

    As feiras locais ou comunitrias costumam ser

    semanais ou mensais, dependendo da organizaodos feirantes. preciso planejar coletivamente aproduo para que no faltem nem sobrem produ-tos. Importante uma boa apresentao dos produ-tos, o tratamento das pessoas, para ganhar clientes,e a divulgao da feira.

    Inicialmente, o grupo precisa de algum apoiopara a aquisio de barracas, balana, batas, free-zer para produtos perecveis e um som para animar.Os feirantes podem criar um fundo rotativo, para

    gastos com reparos das barracas, ajuda de custo,quando algum precisar, e outras necessidades.

    A feira deve ser no apenas um espao comer-cial, mas um espao social e cultural onde so troca-das diversas informaes e conhecimentos.

    O sistema de trocas: uma articulao entreprodutores, prestadores de servio e consumidores,que se renem para trocarem seus bens e servi-os, utilizando uma moeda social. Elas podem serrealizadas nos bairros ou comunidades, ou podem

    ser organizadas feiras, onde a troca pode acontecerdiretamente ou com a ajuda de uma moeda alterna-tiva, que s vale para aquela feira. Tambm pode-setrocar entre uma regio e outra, por exemplo, feijoe farinha.

    A entrega de cestas: A organizao da entregade cestas de casa em casa uma outra possibilidade.Isso exige um pouco de pacincia no comeo para ga-nhar associados, que fazem seus pedidos semanais,mas, em pouco tempo, se cria uma clientela el.

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    Expositores da Bahia na Sala Nordeste &Cerrado na BioFAch/ExpoSustentat 2007

    So Paulo (SP)

    Budega do Povo em Tiangu (CE)

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    Pontos de venda coletiva

    Outra opo montar um ponto xo de venda,como uma bodega. Isso j exige uma maior quan-tidade de produtos. O ideal que os produtores seorganizem em uma cooperativa para a gesto coleti-

    va, porque precisam assumir os custos do aluguel emanuteno de um espao.

    Participao em feiras de negcios

    As feiras de negcios so eventos que renem,num mesmo local, empresrios e prossionais darea e permitem uma aproximao com potenciaiscompradores numa escala maior. So espaos impor-tantes para fechar negcios em diversos nveis, alm

    de facilitar o teste e o lanamento de novos produtosno mercado. preciso um bom preparo para partici-par destas feiras, para a apresentao dos produtos,material de divulgao e ter em mos o clculo dospreos, prazos de entrega e quantidade disponvel.

    Venda institucional

    Tambm podem ser fechados contratos com pre-feituras ou instituies benecentes para abastecero pblico atendido por eles.

    O principal instrumento para a venda institucional o Programa de Aquisio de Alimentos da Agricultu-ra Familiar (PAA). O objetivo abastecer instituiespblicas, como escolas e hospitais, com produtos daagricultura familiar. Os agricultores devem ser orga-nizados em associaes ou cooperativas, das quaisa Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)compra os produtos, pagando antecipadamente pelasafra esperada.

    O mercado dos produtos ecolgicos cresce cada ano na mdia de 22,5%, movimentando 27

    bilhes de dlares por ano no mundo. A Europa teve, nos ltimos dez anos, um crescimento de25% (Ormond 2002, p. 10). O Brasil o quinto maior em rea plantada, com 803 mil hectares. OMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) inclui a rea de extrativismo susten-tvel, chegando a 6,5 milhes de hectares.

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    Ocerticado um documento para com-provar a origem e a forma de produopara os consumidores que no tm como

    visitar o produtor para saber se o produto adqui-rido realmente corresponde s informaes cons-tantes no rtulo. O produtor ou o grupo produtivo certicado por uma instituio credenciada. Acerticao convencional por essas entidades temum custo, mas necessria para a venda em al-

    guns mercados nacionais e no internacional.

    Formas de certificao e critrios

    A Certifcao Social do Comrcio Justo -Fair Trade - garante que todo o sistema de pro-duo socialmente justo; no explora a populaolocal, nem o trabalho infantil; respeita os direitos

    humanos, cdigos de conduta, transparncia de va-lores, relao tica com os clientes e empregados,voluntariado, lantropia estratgica e balano so-cial, e a gerao de desenvolvimento para toda acomunidade envolvida.

    A Certifcao Ecolgica comprova o manejoadequado da produo, respeitando os ciclos natu-rais. Esta certicao se baseia em diferentes crit-rios como os cuidados adequados com o lixo e o usode produtos no poluentes.

    J os Sistemas Participativos de Garantiaso processos de vericao descentralizados, con-siderando que cada grupo conhece melhor a reali-dade de onde atua. Esse processo diminui custos eproporciona maior integrao e participao entreprodutores e consumidores.

    Trata-se uma alternativa para a venda local etambm regional, que no precisa de certicadoemitido pelas entidades autorizadas. O processo degerao de credibilidade pressupe a participaosolidria de todos os segmentos interessados emassegurar a qualidade do produto nal e do proces-so de produo.

    Uma experincia foi desenvolvida no sul do Bra-sil pela Rede Ecovida de Agroecologia, que atual-

    Certificacao e SistemasParticipativos de Garantia

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    mente formada por 180 grupos de agricultores detrs Estados, envolvendo 2.300 famlias. A unidadeoperacional da Rede so os Ncleos Regionais, hoje21, formados por grupos de agricultores, grupos deconsumidores e entidades de assessoria.

    Citando Larcio Meireilles, a Rede Ecovida deAgroecologia trabalha a certicao como um pro-cesso pedaggico onde agricultores, tcnicos e con-sumidores se integram no intento de buscarem umaexpresso pblica da qualidade do trabalho que de-senvolvem.

    No processo da Rede Ecovida de Agroecologia aCerticao Participativa se d em torno do produtoorgnico e a credibilidade gerada a partir da serie-dade conferida palavra da famlia agricultora e se le-

    gitima socialmente, de forma acumulativa, nas distin-tas instncias organizativas que esta famlia integra.

    Este Sistema de Garantia interessante tambmpara o Nordeste, adaptado realidade dos agriculto-res familiares da regio, colocando estes como sujei-

    tos no monitoramento da qualidade dos seus produ-tos com a construo de uma rede de Agroecologia.

    A Regulamentao da produo orgnica o resultado de um pro-cesso construdo ao longo dos anos com contribuio de entidades dasociedade civil. A Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que dispesobre a agricultura orgnica, e d outras providncias, oi regulamentadapelo decreto no 6.323, publicado em 27 de dezembro de 2007. Ela d umdestaque para os mecanismos de garantia, que prevem trs ormas: Acerticao (3a. parte independente); os SPGs - Sistemas Participativos

    de Garantia ou Certicao Participativa (realizado por redes sociais) e avenda direta sem a necessidade da certicao ou do SPG, que vale paraagricultores amiliares organizados em grupos/associaes/cooperativasque vendem sua produo diretamente aos consumidores.

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    Otermo agricultura familiar usado por or-ganizaes no governamentais (ONGs),sindicatos de trabalhadores rurais (STRs)

    e suas federaes. Tambm o governo acatou o ter-mo e dedica uma parcela do oramento da Unio aoapoio agricultura familiar, principalmente atravsdo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricul-tura Familiar (PRONAF). A agricultura familiar tem

    duas caractersticas principais: os empreendimen-tos so administrados pela prpria famlia e neles otrabalho familiar superior ao trabalho contratado.Atualmente 85% dos estabelecimentos agropecu-rios se enquadram nesses critrios, ou seja, tudoque no latifndio agricultura familiar.

    A agricultura familiar responsvel por boa par-te da produo de alimentos bsicos, que chegam mesa dos brasileiros: produz dois teros do feijo,84% da mandioca, metade do milho e do leite, 40%

    das aves e ovos, 31% do arroz e boa parte de frutas ehortalias (Fonte: Estado de S. Paulo, Julho / 2005).

    C

    aptulo4

    Polticaspblicasp

    ara

    aagriculturafamiliar

    A importancia daagricultura familiar

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    Oconceito de agricultura familiar, e as pr-prias polticas pblicas especcas para estaparcela majoritria e diversicada da popu-

    lao que vive da agricultura, so ainda bastante re-centes no Brasil.

    Destacam-se atualmente como polticas publicasmais importantes a Previdncia Social e o PRONAF. Aprevidncia , de longe, a mais abrangente poltica so-

    cial para os agricultores familiares brasileiros. As apo-sentadorias e penses mensais so recebidas por grandenmero de benecirios, que fazem da previdncia rurala poltica pblica de maior alcance social no Pas. O PRO-NAF a primeira poltica pblica em favor dos agriculto-res familiares, conquistada pelos movimentos sociais esindicais de trabalhadores rurais. Hoje existem tambmnanciamentos especcos para Agroecologia, agroo-restas, jovens e mulheres. Mas, com todos os avanos,estes instrumentos nem sempre so adequados agri-cultura familiar.

    Existem outras iniciativas de microcrdito e de crditosolidrio (CRESOL), que so boas alternativas para reduziro custo de tecnologias para produtos tradicionais.

    Outro desao a reestruturao da assistncia tcnicae extenso rural. Pelo Decreto N 4.739, de 13 de junhode 2003, as atividades passaram a ser coordenadas peloDepartamento de Ater - Dater, da Secretaria da AgriculturaFamiliar (SAF), do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio(MDA). Sendo o principal desao a formao e reciclagemprossional para os agentes de desenvolvimento rural e

    para os tcnicos agrcolas, que muitas vezes no esto pre-parados para lidar com os sistemas produtivos diversica-dos e com base ecolgica.

    No mesmo ano, foi construda a Poltica Nacional deAter, de forma democrtica e participativa, em articula-o com diversos setores do Governo Federal e lideran-as das organizaes de representao dos agricultoresfamiliares e dos movimentos sociais. Essa Poltica temcomo objetivo contribuir com estratgias de desenvol-vimento rural sustentvel, com respeito pluralidade e

    s diversidades sociais, econmicas, tnicas, culturaise ambientais, o que implica na necessidade de incluirenfoques de gnero, de gerao, de raa e de etnia nasorientaes de projetos e programas, buscando, sobre-tudo, a incluso social da populao rural brasileira.

    Politicas publicaspara a agricultura familiar

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    Escritrio Projeto AFAM - FortalezaAv. Dom Luis 176, Edicio Mercury - MezaninoCEP 60.160-230 - Aldeota - Fortaleza CearFone: (85) [email protected] www.agroecologia.inf.br

    Escritrios regionaisItapipoca:CETRARua Tenente Jos Vicente, 303 So Sebastio - ItapipocaFone: (85) 3441.3006 - 9159.9183

    Serto Central:CETRARua Jos Sipriano, 151 - Centro QuixeramobimFone: (88) 3441.1085 - 9159.9226

    Macio de Baturit

    NICRua Maria do Carmo Oliveira, 325 Barreira - CearFone: (85) [email protected]

    PARCEIROSCETRA Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao TrabalhadorRua Tibrcio Cavalcante, 2953CEP 60.125-101 - Dionsio Torres - Fortaleza CearFone: (85) [email protected] - www.cetra.org.brNICRua Maria do Carmo Oliveira, 325CEP 62.795-000 Barreira CearFone: (85) [email protected]

    Universidade Federal do Cear Centro de Cincias AgrriasAv. Mister Hull, 2977 - C.P. 12.168CEP 60.021-970 - Campus do Pici - Fortaleza - CearFone: (85) 3366.9732 / 3366.9731 / [email protected] www.cca.ufc.br

    IDER Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Energias RenovveisRua Jlio Siqueira, 581CEP 60.130-090 - Dionsio Torres - Fortaleza - CearFone: (85) [email protected] www.ider.com.br

    DED Brasil - Servio Alemo de Cooperao Tcnica e Social

    Rua Joaquim Felipe, 101

    CEP 50.050-340 Boa Vista Recife - PernambucoFone: (81) [email protected] www.dedbrasil.org.br

    AACC/RN Associao de Apoio s Comunidades do Campo do Rio Grande do NorteRua Dr. Mcio Galvo, 449CEP 59.022-530 Lagoa Seca Natal - Rio Grande do NorteFone: (84) 211.6131 / [email protected] www.aaccrn.org.br

  • 8/6/2019 Cartilha de Agroecologia

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    KonradAdenauerStiftung

    CENTRO DE CINCIAS AGRRIASUFC

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