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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/317336487 Aves da Baía do Araçá e Arredores Book · June 2017 CITATION 1 READS 1,355 3 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Avifauna associada à Baía do Araçá (Sudeste do Brasil: composição, abundância, uso de habitat e relações tróficas. View project Multipesca: Ciência para sustentabilidade da pesca, pescado e pescadores do Rio de Janeiro View project Patrícia L. Mancini Federal University of Rio de Janeiro 40 PUBLICATIONS 309 CITATIONS SEE PROFILE Bianca Santos Matinata University of São Paulo 2 PUBLICATIONS 1 CITATION SEE PROFILE Luciano Gomes Fischer Federal University of Rio de Janeiro 41 PUBLICATIONS 125 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Luciano Gomes Fischer on 04 June 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file.

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AvesdaBaíadoAraçáeArredores

Book·June2017

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1

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3authors:

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AvifaunaassociadaàBaíadoAraçá(SudestedoBrasil:composição,abundância,usodehabitate

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PatríciaL.Mancini

FederalUniversityofRiodeJaneiro

40PUBLICATIONS309CITATIONS

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BiancaSantosMatinata

UniversityofSãoPaulo

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Avesda Baía do Araçá

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Avesda Baía do Araçá

e arredores

Patricia Luciano Mancini

Bianca Santos Matinata

Luciano Gomes Fischer

2017

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Copyright © 2017 Patricia L Mancini, Bianca S Matinata e Luciano G FischerPara uso das fotografias ou de trechos do livro consulte os autores por e-mail.O PDF pode ser acessado em ResearchGate.net ou solicitado aos autores.

Coordenação Geral do Projeto Biota/FAPESP-AraçáAntônia Cecília Zacagnini AmaralAlexander TurraAurea Maria CiottiCarmen L. D. B. Rossi-WongtschowskiYara Schaeffer-Novelli

RevisãoLuís Fábio Silveira

FotografiasLuciano Gomes FischerPatrícia Luciano ManciniBianca Santos MatinataDaniel MelloGabriel Mello

Capa, Projeto Gráfico e DiagramaçãoLuciano Gomes Fischer

Citação sugerida:Mancini, P.L.; Matinata, B.S.; Fischer, L.G. 2017. Aves da Baía do Araçá e arredores. 1ª Edição, Patricia Luciano Mancini, São Paulo, 108 p.

Mancini, Patricia Luciano Aves da Baía do Araçá e arredores. / Patricia Luciano Mancini, Bianca Santos Matinata, Luciano Gomes Fischer. São Paulo: Patricia Luciano Mancini (Editora), 2017. 108p.; il. ; 21 cm ISBN 978-85-922643-0-7

1. Avifauna - São Sebastião, Brasil 2. Aves, Baía do Araçá, São Sebastião 3. Aves - Fotografia 4. Aves - Manguezal. I. Matinata, Bianca Santos. II. Fischer, Luciano Gomes. III. Título. CDD 598.298161

Aos nossos pais, que acreditam nos nossos sonhos.

Às aves, que nos fazem sempre levantar os olhos e enxergar muito além do nosso próprio mundo.

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7Egretta thula - garça-branca-pequena

SUMÁRIO

Prefácio 7

Apresentação 8

Agradecimentos 11

Introdução 12

Ameaças às Aves 15

A Baía do Araçá 16

As Aves da Baía do Araçá 18

O Mangue da Balsa 20

As Aves do Mangue da Balsa 20

O Canal de São Sebastião 22

As Aves do Canal de São Sebastião 22

O Porto de São Sebastião 24

Dicas para Observação de Aves 26

Ciência Cidadã 28

Como Usar o Guia 30

Morfologia Externa Básica das Aves 31

Fichas das Espécies 32

Pranchas das Espécies 90

Glossário 98

Bibliografia 100

Sites Consultados 102

Lista de Espécies 103

Créditos Fotográficos 106

Sobre os Autores 108

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Coereba flaveola - cambacica

Prefácio

Este guia é um produto do projeto temático "Biodiversidade e funciona-mento de um ecossistema costeiro subtropical: subsídios para gestão integra-da" (FAPESP 11/50317-5). Ele tem por objetivo fornecer informações práticas que permitam a identificação das aves comumente presentes na Baía do Araçá, como também na zona costeira de grande parte do Sudeste do Brasil.

Ao longo de muitos anos, a comunidade acadêmica tem estudado a Baía do Araçá que, quando observada com detalhes, impressiona por sua beleza e elevada diversidade biológica. Neste projeto houve o envolvimento de mais de uma centena de pesquisadores e revela o conhecimento adquirido nestes quatro últimos anos, por meio de publicações em revistas científicas, folders, livros e guias como esse, sobre as aves da baía, o qual, como coordenadora do Projeto Biota/FAPESP-Araçá, tive o privilégio de ter sido convidada para ser a prefaciadora.

Não sou ornitóloga, como os autores bem sabem, porém, minha curiosi-dade em conhecer as aves começou quando iniciei em 1973 minha pesquisa de mestrado, trabalhando com fauna de praias. A dificuldade em reconhecer aquelas aves que sobrevoavam a praia ou caminhavam pela areia era imensa. Onde obter este conhecimento de forma correta e simples? Por esta razão, te-nho certeza que este guia tem várias destinações. Dentre elas disseminar o co-nhecimento adquirido pelos colaboradores envolvidos pelo entusiasmo e com-promisso da Patrícia Mancini em preparar um material de fácil acesso, porém com rigor científico, proporcionando conhecimento à população, capacitando--a a participar das decisões que impactam a biodiversidade da região. Além disso, esse guia deve ficar disponível em bibliotecas, laboratórios de pesquisa, salas de aulas e com certeza, nas mãos de pessoas de diferentes formações e interesses. Ele também deve ser distribuído em pousadas à beira-mar e que com certeza sentirão orgulho em folhear um guia de aves ilustrado e de lingua-gem simples, acessível e identificar as aves que se encontram em seu entorno.

Iniciativas como esta, compor um guia de altíssima qualidade sobre as aves que frequentam a Baía do Araçá, só podem enriquecer o interesse das pessoas em observar e preservar a avifauna e seus hábitats. A observação de aves é extremamente difundida em diversos países, porém no Brasil apesar da grande diversidade, essa atividade ainda é pouco praticada.

A edição do guia "Aves da Baía do Araçá e arredores" é extremamente bem vinda, e reflete a excelência e maturidade do trabalho investigatório que tem sido desenvolvido pelo Projeto Biota/FAPESP-Araçá.

Este guia revela a elevada diversidade de aves no local, até aqui desconhe-cida e que, sobretudo constitui um sólido argumento para a preservação da baía.

A. Cecilia Z. AmaralCoordenadora do Projeto Biota/FAPESP - Araçá

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Apresentação

A elaboração do guia "Aves da Baía do Araçá e arredores" é fruto de inúme-ras horas de persistente observação e esforço da Dra. Patricia Luciano Mancini, da colaboração de Bianca Santos Matinata e da magnífica fotografia do Dr. Lu-ciano Gomes Fischer.

Este guia de aves foi produzido dentro do contexto do Projeto Biota/FA-PESP-Araçá "Biodiversidade e funcionamento de um ecossistema costeiro sub-tropical: subsídios para gestão integrada", subvencionada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado De São Paulo (FAPESP). O Projeto Biota/FAPESP--Araçá é um marco nos estudos sobre ecossistemas costeiros. Os resultados obtidos sobre sua importância ecológica, social, econômica e política viabili-zarão o entendimento dessa região sob uma ótica integrada, de forma a gerar subsídios para o diálogo entre sociedade e tomadores de decisão, e definir políticas públicas voltadas a seu uso sustentável. Isso é especialmente impor-tante considerando que a Baía do Araçá encontra-se dentro de duas unidades de conservação, a Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte do Estado de São Paulo (APA do Litoral Norte) e da Área de Proteção Ambiental Municipal dos Alcatrazes (APA de Alcatrazes).

No âmbito do Projeto Temático Biota-FAPESP/Baía do Araçá, e atendendo a demanda necessária dentro do Módulo Sistema Nectônico, (responsável pelo levantamento da diversidade de peixes, tartarugas marinhas, aves e mamíferos marinhos), os autores registraram mensalmente, ao longo de um ano, as aves da Baía do Araçá e áreas adjacentes, localizada ao lado do porto de São Sebas-tião e ao Canal de mesmo nome (veja mapa abaixo).

Esse guia de aves faz parte do projeto "Avifauna associada à Baía do Araçá (sudeste do Brasil): composição, abundância, uso de hábitat e relações trófi-cas", desenvolvido pela Dra. Patricia Mancini e colaboradores, sob a super-visão do Prof. Luís Fábio Silveira, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. A pesquisa visou preencher a lacuna de conhecimento sobre a avifauna na região, e que se torna ainda mais relevante visto a eminência da expansão do Porto de São Sebastião, que ameaça diretamente a existência da Baía do Araçá.

Quando convidamos a Dra. Patricia para participar do Módulo Sistema Nectônico, realizando o levantamento das aves da Baía do Araçá, não tínha-mos ideia sobre a riqueza da avifauna ali presente, onde até hoje foram con-tabilizadas 78 espécies terrestres e aquáticas que fazem parte da teia trófica do local.

A Patricia não se contentou em estudar apenas as aves da Baía do Araçá: se deslocou para o Canal de São Sebastião e para o Mangue da Balsa, ávida para entender o que acontecia no entorno. Esta curiosidade foi premiada, e outras espécies foram acrescentadas ao registro inicial, revelando a maravi-lhosa avifauna da região. Além disso, constatou-se a importância do Mangue da Balsa para a nidificação de algumas espécies de aves aquáticas, como o savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), ameaçado de extinção no estado de São Paulo, além de diferentes espécies de garças.

O livro se propõe a estimular a prática de observação de aves na região, oferecendo dicas e sugestões de como iniciar as "passarinhadas". Um esque-ma da morfologia externa das aves foi inserido para facilitar a descrição das aves e a compreensão do leitor. São apresentadas fichas de 42 espécies con-tendo fotos, descrição das espécies, e informações sobre distribuição, hábi-tat, alimentação e curiosidades sobre cada uma delas. Procurando minimizar o volume de informações, sem deixar de registrar outras espécies que foram avistadas na área, pranchas com fotos de outras 42 aves constam no final do livro.

Este livro apresenta de forma simples, didática e bem ilustrada muitas das aves que habitam a região e, acreditamos que constituirá importante ferra-menta para disseminar o conhecimento adquirido, ao ser utilizado por toda a comunidade que mora nos entornos do Araçá, lideranças locais, escolas e formadores de opinião.

Serve ainda para alertar as autoridades públicas e privadas sobre a neces-sidade de preservar essa belíssima fauna de aves para que, no futuro, outros dela desfrutem.

É com muito orgulho que escrevo esta apresentação e quero elogiar e agradecer os autores pelo belíssimo resultado.

Carmen L.D.B.R. WongtschowskiCoordenadora do Módulo Sistema Nectônico, Projeto Biota/FAPESP-Araçá

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Egretta caerulea - garça-azul

Agradecimentos

À coordenação do Projeto Biota/FAPESP-Araçá (2011/50317-5): Profa. Dra. Antônia Cecília Zacagnini Amaral, Prof. Dr. Alexander Turra, Profa. Dra. Aurea Maria Ciotti, Profa. Dra. Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski e Profa. Dra. Yara Schaeffer-Novelli pela elaboração do projeto temático "Biodiversida-de e funcionamento de um ecossistema costeiro subtropical: subsídios para gestão integrada".

À Profa. Dra. Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski, coordenadora do Módulo II: Sistema Nectônico, e à Profa. Dra. Lucy Satiko Hashimoto Soares, coordenadora do Módulo VII: Interações Tróficas, pelo convite para participar desse importante projeto, pelo incentivo, apoio, palavras de carinho e por se-rem profissionais inspiradoras!

Ao Prof. Dr. Luís Fábio Silveira pela criteriosa revisão e valiosas sugestões que contribuíram para aperfeiçoar a qualidade deste livro.

À Profa. Dra. Yara Schaeffer-Novelli, coordenadora do Módulo IV: Sistema Manguezal, pelos ensinamentos e informações sobre o manguezal.

Aos pesquisadores Dr. Thiago Vernaschi Vieira Costa, Dr. Vítor de Queiroz Piacentini, Dr. Leandro Bugoni e Dr. Luís Fábio Silveira pelos esclarecimentos na identificação de algumas das espécies.

Ao Gabriel Mello e Daniel Mello por colaborarem com as belas fotos de Eudocimus ruber, Aramides cajaneus, Herpsilochmus rufimarginatus e Cantor-chilus longirostris.

Aos colegas da Seção de Aves do Museu de Zoologia da USP, pelo auxílio em campo e pela troca de experiências, em especial à Ariane Campos Gouveia, Fernanda Bocalini, Jeremy Kenneth Dickens e Natália da Mata Luchetti.

A todos os moradores da Baía do Araçá, especialmente aos prestativos Neemias Nobre Borges, Marcelo Alves (Latinha) e Moacir Nobre de Jesus (tio Moa) pelas dicas e informações sobre as aves.

Ao querido Sr. Luís Paulo Dutra, motorista de taxi, por nos auxiliar na logís-tica e transporte sempre com pontualidade, eficiência e bom humor.

Ao Secretário do Meio Ambiente da Prefeitura de São Sebastião, Dr. Eduar-do Hipólito do Rego pela autorização para desenvolver as atividades de pesqui-sa no Mangue da Balsa (Autorização 0003/2014 SEMAM).

Ao Museu de Zoologia da USP, pela disponibilização da infraestrutura e por abrigar a Coleção de Aves, sob a curadoria do Prof. Dr. Luís Fábio Silveira.

Ao Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP), pelo apoio logístico e infraestrutura durante as amostragens e a todos os seus funcionários, sempre muito prestativos e atenciosos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo auxílio para o desenvolvimento do projeto e pela bolsa concedida.

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Introdução

As aves encantam os seres humanos graças à sua extraordinária beleza e diversidade de cores de suas penas, vocalizações e comportamentos, sem falar na invejável capacidade de voar. O voo só foi possível devido às várias adapta-ções morfológicas, tais como:

• Penas recobrindo o corpo. As penas são estruturas muito leves, que au-xiliam na manutenção da temperatura corporal, entre outras funções vitais;

• Esqueleto formado por ossos pneumáticos (ocos e cheios de ar) resis-tentes e leves;

• Membros anteriores modificados em asas, que geram o impulso neces-sário para o voo, além de possibilitar manobras;

• Presença de uma quilha no osso esterno, onde localizam-se músculos peitorais muito desenvolvidos que movimentam as asas;

• Ausência de bexiga urinária e dentes, que contribuem para a redução do peso corporal.

Algumas aves, como as emas e os pinguins, apesar de possuírem muitas das características citadas acima, acabaram perdendo a capacidade de voar ao longo da sua evolução.

A capacidade de voar foi importante para que as aves conseguissem se distribuir amplamente por vários ambientes em todo o planeta, ocupando os mais distintos hábitats como florestas, praias, campos, manguezais e ilhas, des-de as regiões tropicais até os polos. Atualmente existem cerca de 12.000 espé-cies de aves no mundo e destas, 1.919 ocorrem no Brasil, que é o segundo país com a maior diversidade de aves no planeta. Apenas a Colômbia, com 1.921 espécies, supera o Brasil.

Algumas características marcantes das aves são os variados formatos, tamanhos e cores de seus bicos e suas chamativas penas coloridas. Os bicos estão diretamente relacionados ao tipo de alimento que as aves consomem. Note, por exemplo, o longo e forte bico das garças que é utilizado para pescar, enquanto que os das andorinhas são diminutos e servem para capturar pe-quenos insetos em voo. Os beija-flores tem o bico fino e longo, próprio para alcançar o interior das flores e se alimentar do néctar, e os urubus e gaviões possuem bico forte e afiado adaptado para dilacerar carcaças.

Os pés das aves, por sua vez, são um indicativo do tipo de ambiente em que elas vivem. As aves terrestres possuem variados arranjos na disposição dos dedos, permitindo agarrar as suas presas (como nos gaviões e corujas, por exempo), manipular o alimento (papagaios, araras e periquitos) ou mesmo es-calar árvores (pica-paus e arapaçus). Aves aquáticas como os marrecos, ato-bás, gaivotas e trinta-réis têm membranas entre os dedos dos pés (conhecidas como membranas interdigitais) que facilitam seu deslocamento na água. Ou-tras espécies como as garças e os colhereiros possuem pernas e dedos longos, adaptados para caminhar em ambientes alagados.

O formato e tamanho das asas diferem entre as espécies, possibilitando uma grande variedade de estilos de voo. Você já deve ter notado urubus pla-nando durante muito tempo no ar com suas largas e compridas asas, ou mes-mo o voo com muitos batimentos de asas, como observado nos biguás e nas marrecas. As andorinhas fazem rápidas manobras no ar devido às asas com-pridas, e os beija-flores podem bater suas pequeninas asas até 90 vezes por segundo, voando em diferentes sentidos ou mesmo pairando no ar. As penas da cauda das aves, conhecidas como retrizes, também são fundamentais pois auxiliam no direcionamento durante o voo.

Muitas espécies de aves são migratórias, ou seja, se deslocam periodica-mente entre os locais de reprodução e os locais de descanso reprodutivo ou de invernagem. Algumas espécies podem voar milhares de quilômetros entre essas duas áreas. Todos os anos alguns visitantes procedentes do Canadá e dos Estados Unidos, após a reprodução, vêm passar as "férias" no Brasil. Esse é o caso das batuíras-de-bando, dos maçaricos-de-sobre-branco e dos maçaricos--pintados, também encontrados na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa (e que você conhecerá mais adiante). São animais que viajam mais de 10 mil quilôme-tros só para apreciar a "gastronomia local" composta pelos vermes poliquetas, larvas de insetos, pequenos camarões e outros invertebrados de pequeno por-te que vivem nesses locais.

As aves tem papel essencial na manutenção e no funcionamento dos há-bitats onde vivem. Muitas espécies auxiliam na polinização das plantas (beija--flores e cambacicas), na dispersão de sementes e frutos (tiês, saíras e tuca-nos), fundamentais para a reprodução de muitas espécies vegetais, garantindo a manutenção de matas e florestas. Gaviões e corujas controlam populações de roedores. Andorinhas e outras aves se alimentam de mosquitos, cupins e outros insetos, incluindo alguns prejudiciais ao homem. Os urubus são extre-mamente importantes, pois se alimentam de carcaças e restos de animais mor-tos. As aves também servem de alimento para outros animais, incluindo outras aves que predam os ovos e os filhotes, como o tucano e o anu-branco.

O acúmulo dos excrementos das aves marinhas, também conhecido como guano, é utilizado como fertilizante na agricultura. O guano é encontrado em grande quantidade em várias ilhas oceânicas, hábitat de colônias de aves ma-rinhas. Nas ilhas oceânicas do Peru, o guano foi o principal produto exportado durante o século XIX e o início do século XX. Até hoje existe uma grande de-manda por guano peruano, por ser um excelente fertilizante natural.

Algumas espécies de aves são utilizadas como indicadoras da qualidade do seu ambiente, pois só são encontradas quando este se apresenta em bom esta-do de conservação. Entre muitos casos, destacamos aqui o savacu-de-coroa ou socó-caranguejeiro, que habita as áreas de mangue bem preservados.

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Caracara plancus - carcará

Platalea ajaja - colhereiro

Ameaças às Aves

Embora o Brasil tenha a segunda maior diversidade de espécies de aves no mundo, infelizmente, não estamos preservando nossa rica fauna de aves nem os ambientes onde elas vivem. O Brasil é o país com o maior número de espécies ameaçadas de extinção. De acordo com a "Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção", existem seis espécies extintas e 234 espécies de aves ameaçadas no Brasil (MMA 2014), que representam 11% de todas as espécies de aves do Brasil, ou 13% de todas as aves ameaçadas no planeta (1.227 espécies) segundo a BirdLife International (2015).

A principal ameaça para a maioria das espécies de aves é a destruição ou a descaracterização do ambiente natural onde elas vivem. Por isso é essencial conhecer o uso que elas fazem de cada área, visando conservar esses ambien-tes e garantir a manutenção dos hábitats essenciais para o seu ciclo de vida.

Essa é uma ameaça muito grave que ocorre em todas as regiões do Brasil. No levantamento da avifauna realizado na Baía do Araçá e seu entorno (descri-to em detalhes a seguir), das 84 espécies registradas, cinco estão ameaçadas devido à perda de hábitat, ou seja, 6% das espécies. O trinta-réis-real (Thalas-seus maximus) e o trinta-réis-de-bico-vermelho (Sterna hirundinacea) constam na Lista Nacional da Fauna Ameaçada (MMA 2014), enquanto que o savacu--de-coroa (Nyctanassa violacea), o papagaio-moleiro (Amazona farinosa) e o guará (Eudocimus ruber) estão na Lista Estadual da Fauna Ameaçada de São Paulo (Silveira et al. 2009).

A captura e o comércio ilegal de aves silvestres também é uma ameaça para muitas espécies. Capturar, perseguir e manter aves em cativeiro, sem li-cença da autoridade competente, é crime (Lei 9.605/1998). É possível adquirir aves legalizadas, que devem sempre ser mantidas em condições que garantam o seu bem estar em cativeiro.

Outra ameaça são as colisões das aves contra vidraças, muros e prédios das cidades, cada vez mais frequentes. Estima-se que milhões de aves ao redor do mundo sejam mortas a cada ano dessa forma. Aplicar adesivos e deixar crescer plantas trepadeiras são algumas soluções para evitar esses acidentes.

Sterna hirundinaceatrinta-réis-de-bico-vermelho

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A Baía do AraçáA Baía do Araçá é uma pequena enseada com área de aproximadamente

0,5 km², localizada no município de São Sebastião, no litoral norte do Estado de São Paulo. No entanto, seu pequeno tamanho não é proporcional à sua im-portância. Dentro da Baía do Araçá existem diversos ambientes, como costões rochosos, quatro praias arenosas (Deodato, Pernambuco, Germano e Topo), duas ilhotas (Pernambuco e Pedroso), uma ampla planície lamosa, que fica exposta na maré baixa, o Córrego Mãe Izabel e seis remanescentes de mangue.

Em todo o litoral norte do Estado de São Paulo existem apenas 3,4 km² de manguezais. Essa diversidade de ambientes da Baía do Araçá abriga mais de 1.400 espécies de organismos, incluindo 78 espécies de aves, 122 de peixes e centenas de espécies de invertebrados. Os invertebrados são muito abun-dantes servindo de alimento para centenas de espécies que vem se alimentar dentro da Baía do Araçá. Lá habitam muitas espécies de camarões, carangue-jos, siris, ermitões, mexilhões, berbigões, ostras, estrelas-do-mar, ouriços-do--mar, esponjas, anêmonas, cracas, entre outros. As macroalgas também são importantes como alimento e para a manutenção da biodiversidade local, pois centenas de espécies de pequenos organismos vivem associadas a elas. As ma-croalgas também são o alimento preferido das tartarugas-verdes observadas na Baía do Araçá durante a maré alta. Graças a essa fartura de alimento é que a Baía do Araçá pode ser considerada um verdadeiro "restaurante" a céu aberto,

principalmente para as aves aquáticas que aproveitam esse cardápio diversi-ficado.

Segundo a legislação vigente, por abrigar núcleos de manguezal, a Baía do Araçá é uma Área de Preservação Permanente (APP), sendo considerada um Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira (05/10/1988). As APPs são áreas naturais, com rígidos limites de exploração que tem por objetivo prote-ger os solos. A Baía do Araçá também faz parte da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte do Estado de São Paulo (APAMLN) e a Área de Prote-ção Ambiental Municipal de Alcatrazes (APA de Alcatrazes).

Mas você sabe o que é uma Área de Proteção Ambiental? A Área de Prote-ção Ambiental (APA) é uma categoria de unidade de conservação de uso sus-tentável, que tem como objetivos "proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais" (Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC). No entanto, mesmo inserida em duas Unidades de Conservação, esse pequeno refúgio que abriga tamanha biodiversidade vem sofrendo com ocupações irregulares, emissão de efluentes de esgoto domésti-co e vazamentos de óleo constantes por estar localizado aos arredores do Por-to de São Sebastião e do Terminal Aquaviário da Petrobrás. Além disso, existe a eminência da expansão do Porto de São Sebastião, que ameaça diretamente a existência da Baía do Araçá.

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As Aves da Baía do AraçáEntre junho de 2014 e maio de 2015, realizamos um levantamento da avi-

fauna na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa. Contamos as aves na maré baixa durante três visitas mensais totalizando 120 horas de observação. Iniciamos as contagens uma hora antes do pico da maré baixa, entre as seis e doze horas da manhã. Realizamos registros visuais com binóculos e câmeras fotográficas. Na Baía do Araçá registramos 78 espécies de aves, pertencentes a 34 famílias e 15 ordens. Destas, 69% são aves terrestres e 31% são aves de ambientes aquáticos. A abundância e riqueza (número de espécies) das aves variou entre as estações do ano, sendo que no verão e no outono ocorreram os maiores valores (Tabela 1).

Tabela 1. Variação da riqueza (número de espécies) e da abundância por esta-ção do ano na Baía do Araçá. Estação do ano Número de espécies Abundância Verão 42 236 a 318 Outono 45 202 a 260 Inverno 29 100 a 154 Primavera 35 117 a 226

Consideramos como espécies Frequentes aquelas que foram observadas em >75% dos meses (ou entre 9 a 12 meses no ano), Comuns aquelas regis-tradas entre 25%-67% dos meses (entre 4 e 8 meses) e Ocasionais aquelas observadas em <25% dos meses (3 meses ou menos) (Figura 1). Nota-se que a maioria das espécies é de ocorrência Ocasional, indicando que a Baía do Araçá é um local de passagem de várias espécies, como as marrecas-toicinho, irerês e gralhas-do-campo, que foram registradas poucas vezes ao longo do ano.

Butorides striata - socozinho

Durante as contagens também registramos o comportamento das aves (o que elas estavam fazendo) para saber como elas usavam a Baía do Araçá. Tam-bém as classificamos em dois grupos (terrestres e aquáticas) para verificar se havia diferenças no uso de hábitat (Figura 2).

Figura 1. Frequência das aves registradas na Baía do Araçá, em São Sebastião, durante as contagens realizadas entre junho de 2014 a maio de 2015.

Figura 2. Comportamento das aves na Baía do Araçá, em São Sebastião, regis-trado durante as contagens realizadas entre junho de 2014 a maio de 2015.

Note que as aves aquáticas utilizam a Baía do Araçá, principalmente para a alimentação (forrageio), enquanto que para a maioria das aves terrestres, este é um local de repouso e passagem.

Charadrius semipalmatus - batuíra-de-bando

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O Mangue da BalsaO Mangue da Balsa localiza-se ao lado da balsa de São Sebastião, adjacente

ao Canal de mesmo nome e do lado oposto do Porto que faz divisa com a Baía do Araçá, a cerca de 800 m de distância. Possui uma área de aproximadamente 30.000 m², sobre uma área aterrada do Canal de São Sebastião, que com o passar do tempo possibilitou a entrada de propágulos de mangue que se de-senvolveram desde o ano 2000. Atualmente 70% dessa área é composta princi-palmente pelo mangue-preto (Avicennia schaueriana), e com alguns exempla-res de mangue-vermelho (Rhizophora mangle). As árvores de mangue-preto, em sua maioria, são altas, medindo entre 7 e 12 m de altura, com pequeno diâmetro, típico de áreas com formações recentes de manguezal. Um pequeno lago de água salgada, com cerca de 20 m de diâmetro, é encontrado na porção anterior do mangue, próximo ao canal, onde é possível avistar dezenas de aves como garças, colhereiros, savacus-de-coroa e socós-dorminhocos, que usam a área principalmente para repousar. Além disso, há um talhão (uma pequena baía) na lateral esquerda do mangue, que na maré baixa expõe uma planície de maré, com uma pequena praia no fundo.

As Aves do Mangue da BalsaDurante o levantamento realizado entre junho de 2014 e maio de 2015

identificamos 52 espécies de aves, pertencentes a 24 famílias e 11 ordens, sen-do 62% de aves terrestres e 38% de aves aquáticas. Além disso, nos verões de 2015 e 2016 foram observados, respectivamente, 70 e 50 ninhos construídos no alto nas árvores de mangue-preto e mangue-vermelho ao redor do lago. No Mangue da Balsa a maioria das espécies foi classificada como Ocasional (Figura 3). O comportamento de repouso foi mais frequente nas aves aquáti-cas, enquanto que nas aves terrestres a maioria dos indivíduos estava voando (Figura 4).

Tabela 1. Variação da riqueza (número de espécies) e da abundância por esta-ção do ano no Mangue da Balsa. Estação do ano Número de espécies Abundância Verão 35 84 a 201 Outono 34 54 a 77 Inverno 30 65 a 104 Primavera 34 74 a 100

Figura 3. Frequência das aves no Mangue da Balsa, em São Sebastião, durante as contagens realizadas entre junho de 2014 a maio de 2015.

Figura 4. Comportamento das aves no Mangue da Balsa, em São Sebastião, durante as contagens realizadas entre junho de 2014 a maio de 2015.

No Mangue da Balsa também foram quantificadas e identificadas as aves que pernoitavam no local. A contagem dos indivíduos iniciava uma hora antes do pôr do sol e seguia até o anoitecer. Vinte espécies utilizam a área como dor-mitório, sendo 55% de aves aquáticas e 45% de aves terrestres.

Comparando o comportamento das aves na Baía do Araçá e Mangue da Balsa fica claro que as áreas são utilizadas de forma distinta pelas aves aquáticas. A Baía do Araçá é um local de alimentação para a maioria das espécies, provavelmente devido a maior área e diversidade de ambientes, enquanto o Mangue da Balsa, com manguezais extensos e altos, é um local de repouso, dormitório e área de nidificação para garças, savacus e socós. Para as aves terrestres ambas as áreas são utilizadas principalmente como local de repouso e passagem.

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O Canal de São SebastiãoO Canal de São Sebastião está localizado entre a Ilha de São Sebastião, no

Município de Ilhabela e o Município de São Sebastião, no continente, no litoral norte do estado de São Paulo. O Canal tem 25 km de comprimento, entre 2 a 7 km de largura e 40 m de profundidade máxima, sendo adjacente à Baía do Araçá, ao Porto de São Sebastião e ao Mangue da Balsa. A temperatura da água em geral é superior a 20°C na superfície, mas varia entre 15 e 28°C. As corren-tes marinhas que atuam na região são a Corrente do Brasil, com as águas quen-tes, entre 22-28ºC, em direção ao sul; a Água Central do Atlântico Sul (ACAS), com águas mais salinas e frias, com menos de 13ºC, que ressurgem pelo sul do Canal no verão; e por uma massa de água pouco salina e fria (~18°C) que vem do sul e adentra o Canal no inverno. A Água Costeira ocupa a camada superior na maior parte do ano e o vento direciona as correntes para o Canal.

As Aves do Canal de São Sebastião

No Canal de São Sebastião observamos 24 espécies de aves, distribuídas em 16 famílias e 8 ordens, com 79% de aves aquáticas e 21% de aves terrestres, sendo que 29% das espécies foram Frequentes, 25% Comuns e 46% Ocasionais.

O Canal é utilizado como local passagem para a maioria das espécies, visto que o voo foi o principal comportamento observado. O forrageamento foi o segundo comportamento mais frequente, registrado principalmente nas aves marinhas como atobás e trinta-réis, que buscavam suas presas por meio de mergulhos feitos a partir do ar (Figura 5).

Figura 5. Comportamento das aves no Canal de São Sebastião registrado du-rante as contagens realizadas entre junho de 2014 a maio de 2015.

Outra área importante para as aves é o Arquipélago de Alcatrazes, que se localiza a cerca de 40 km do Canal de São Sebastião. Em agosto de 2016 o arquipélago tornou-se um Refúgio da Vida Silvestre (REVIS), uma das muitas categorias de Unidades de Conservação que existem no Brasil. Esse local foi utilizado por muitos anos pela Marinha do Brasil para treinamento de tiro, o que gerou consideráveis danos ambientais. Em meados do século XX, o guano (acúmulo de excremento das aves) era coletado com fins comerciais. O arqui-pélago é formado pela Ilha dos Alcatrazes, que é a ilha principal, e por outras quatro ilhas, quatro ilhotas e cinco lajes, ocupando uma área de 670 km². O local abriga o maior ninhal de fragatas (com 7 mil aves) e atobás-marrons (3 mil aves), além de abrigar importantes colônias reprodutivas para o trinta-réis--real e o trinta-réis-de-bico-vermelho, que são espécies ameaçadas de extin-ção no Brasil (MMA 2014).

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O Porto de São SebastiãoO Porto de São Sebastião localiza-se no município de mesmo nome, em

frente à Ilhabela, às margens do Canal de São Sebastião e entre a Baía do Araçá e o Mangue da Balsa. A construção do Porto de São Sebastião teve início em 1936 e foi finalizada em 1955, mas outras obras de expansão portuária ocorre-ram intensamente nas décadas de 1970 e 1980. Essas obras aterraram praias que eram contínuas com a Praia de São Sebastião (localizada em frente à Rua da Praia) até o gradativo desaparecimento da praia da cidade. Essas modifica-ções na orla central isolaram a Baía do Araçá e reduziram ainda mais sua área, deixando-a na conformação atual.

Na época em que ocorreram as obras da construção do porto, a legisla-ção brasileira não exigia Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) como hoje (Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA 001/1986). Dessa forma, desconhecemos quais eram as espécies de aves e o que elas faziam no local antes da construção do porto. Assim, o levantamento da avifauna realizado entre junho 2014 a maio de 2015 é extremamente importante para estabelecer um ponto inicial de informações sobre a comunidade de aves da região. Ele pode ser utilizado para comparação com futuros monitoramentos e auxiliar na identificação de impactos na comu-nidade de aves, diante da possível ampliação do Porto de São Sebastião.

Alguns impactos para as aves já foram descritos na literatura e podem ser previstos no caso da ampliação do Porto de São Sebastião:

• A perda ou redução de hábitat impedindo ou limitando o acesso das aves às fontes de alimentos disponíveis na Baía do Araçá;

• A redução da riqueza de espécies de aves que frequentam o local devido à fragmentação da área ou perda de hábitats essenciais;

• Luzes artificiais influenciam no comportamento de canto das aves e po-dem afetar o sucesso reprodutivo devido ao maior desgaste físico e fisiológico;

• A iluminação artificial também pode alterar a seleção do local de cons-trução de ninhos, pois as aves preferem nidificar e dormir em áreas escuras (minimizando a ação de predadores). Moradores da Baía do Araçá relataram o desaparecimento das garças que pernoitavam lá, logo após a instalação dos holofotes do porto que ficam acesos a noite inteira, direcionados para a Baía;

• O aumento da poluição local devido a limpeza dos tanques dos navios que transportam petróleo. A água suja com óleo é despejada no mar e pode afetar as aves marinhas de diversas formas: prejudicando a impermeabilização das penas que são essenciais para o voo, reduzindo o isolamento térmico que pode causar hipotermia ou hipertermia e intoxicação pela ingestão do óleo, afetando o crescimento e reprodução.

Ressalta-se que a área de ampliação do porto encontra-se a 40 km de dis-tância do Arquipélago de Alcatrazes que abriga colônias reprodutivas de seis espécies de aves marinhas: fragata (Fregata magnificens), atobá-pardo (Sula leucogaster), gaivotão (Larus dominicanus), trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus), trinta-réis-real (Thalasseus maximus) e trinta-réis-do-bico-ver-melho (Sterna hirundinacea), sendo que as duas últimas espécies estão amea-çadas de extinção no Brasil (MMA 2014).

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Dicas para Observação de AvesAs aves estão presentes em vários hábitats como vimos anteriormente, in-

clusive em centros urbanos. Você já notou quantas espécies de aves vê por dia? Sabe seus nomes ou quer aprender sobre elas? A observação de aves, também conhecida como birdwatching (em inglês) ou informalmente como "passari-nhar", é uma atividade de lazer que pode contribuir muito para a conservação dos ambientes naturais e para a educação ambiental e pode ser realizada em qualquer hora e lugar. Essa prática pode desenvolver muitas habilidades como a atenção, curiosidade, paciência, a agilidade para fotografar ou manipular bi-nóculos, memória para lembrar o nome das espécies, características de pluma-gem e cantos, resistência física e concentração. Além disso, essa é uma prática que pode ser realizada individualmente ou em pequenos grupos, inclusive com as crianças. O mais importante é se divertir e se encantar com esses animais fascinantes, observando cada um de seus detalhes, desde a morfologia até seu comportamento. Sair para "passarinhar" também nos proporciona estar mais próximos da natureza e desperta uma maior consciência da importância da preservação dos ambientes naturais para o nosso próprio bem-estar.

Experimente a prática da observação de aves! A seguir algumas dicas úteis para você começar a praticar:

1. Escolha uma pequena área para observar - pode ser o quintal de casa, uma praia ou um parque, por exemplo;

2. As aves são mais ativas nas primeiras horas da manhã e no final da tar-

de até o pôr do sol, portanto esses são os melhores horários para observá-las; 3. As primeiras observações podem ser feitas a olho nu, mas se possível

utilize binóculos e registre as aves através de fotos para facilitar a identificação ou anote e desenhe as características que mais chamaram a atenção;

4. Seja paciente e caminhe sempre com cuidado e em silêncio para não espantar as aves. Evite conversar alto e use calçados e roupas confortáveis e de cores discretas;

5. Em áreas com vegetação fechada ou na beira de rios e lagos é aconse-lhável o uso de repelentes;

6. Use guias de identificação para se familiarizar com as espécies que en-contrar na região e consulte sites como o WikiAves (www.wikiaves.com.br), se-lecionando a opção de listar as espécies que já foram registradas na sua cidade ou local escolhido para a observação;

7. Preste atenção nos sons que as aves emitem. Muitas vezes é mais fácil ouvir do que ver uma ave. Você também pode utilizar dispositivos de gravação para ajudar na identificação;

8. Se possível utilize o celular para gravar e armazenar os sons e depois compare com as vocalizações das aves gravadas em sites como WikiAves e Xe-no-canto;

9. Procure observadores de aves mais experientes na região e acompa-nhe-os, pois eles podem ajudar muito com os seus primeiros passos nessa ati-vidade;

10. Pratique a observação de aves sempre que possível. Com o tempo e a prática constante dessa atividade ela se tornará cada vez mais divertida e estimulante.

Egretta thula - garça-branca-pequena

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Ciência Cidadã

A ciência faz parte da vida de todos nós, porém, dificilmente conseguimos nos sentir como sendo parte dela. Novas descobertas e inovações no campo da ciência são motivadas pelas necessidades da sociedade, que também se beneficia dos resultados das pesquisas. Um exemplo disso são as descobertas de novos remédios a partir de plantas ou de animais, ou até mesmo as pesqui-sas desenvolvidas para melhor conhecer o funcionamento da Baía do Araçá e os organismos que lá vivem. Os estudos na Baía do Araçá, por exemplo, sub-sidiaram importantes documentos, junto ao Ministério Público, em relação à ampliação do porto. E você já se imaginou fazendo ciência, aí mesmo da sua casa? A Ciência Cidadã é um conceito novo que defende e busca a participa-ção da população em atividades e discussões científicas em diversas áreas e situações. Essa iniciativa busca chamar a atenção e envolver a comunidade em causas e questões científicas, através de um compromisso que visa melhorar a qualidade de vida e o meio ambiente para todos nós. As decisões de gestão pública e a criação de políticas ambientais devem passar a contar com esta importante ferramenta, gerando conhecimento e compreensão na sociedade e validando as necessidades e interesses comuns através do diálogo. Em países da Europa e da América do Norte já é comum a participação da população em estudos de monitoramento em áreas urbanas. A conservação das aves possui uma interface bastante ampla com a Ciência Cidadã e diversas atividades e estudos têm sido realizados utilizando informações geradas a partir de obser-vações e coleta de dados por Cidadãos Cientistas. Veja como você pode con-tribuir e de que forma pode interagir com outros observadores de aves para continuar aprendendo!

E-bird e TáxeusSão plataformas de gerenciamento de listas de espécies (utilizando nomes

populares e científicos, de fácil compreensão), permitindo exploração dos da-dos para diversas finalidades. Você pode acessar e conhecer a lista de espécies observadas em determinada cidade ou região em um período ou durante o ano inteiro. Além disso, pode acessar mapas de densidade e distribuição das espécies entre muitos outros recursos oferecidos, tudo com livre acesso.

E-bird (www.ebird.org), Táxeus (www.taxeus.com.br)

WikiAves e XenocantoEsses são dois sites muito utilizados por observadores de aves do Brasil.

Atuam como repositório de registros fotográficos e sonoros das aves brasilei-ras, além de serem importantes bancos de registro da distribuição geográfica de nossas espécies. O WikiAves também apresenta informações gerais sobre a biologia da maioria das espécies.

WikiAves (www.wikiaves.com.br), Xenocanto (www.xeno-canto.org)

Eventos

O Avistar Brasil, evento anual que reúne observadores de aves e ornitó-logos de todo o país, representa uma grande oportunidade de se envolver em ações de conservação e educação ambiental e aprender ainda mais so-bre como contribuir na manutenção da nossa biodiversidade. Outra iniciativa é o "Vem Passarinhar", que são saídas para observação de aves que ocorrem periodicamente em vários locais das cidades de São Paulo e do Rio de Janei-ro, promovendo a atividade em parques e áreas urbanas. Em São Paulo, es-ses encontros começaram por iniciativa do Observatório de Aves do Instituto Butantan, e logo conquistaram outras instituições locais, mostrando como a atividade pode ser divertida e instrutiva para adultos e crianças, sejam eles profissionais, estudantes ou entusiastas da natureza.

Saiba mais em www.avistarbrasil.com.br

Museus e Instituições de PesquisaVisite os museus de história natural e as universidades na sua cidade e

estado! Em São Sebastião é possível agendar visitas guiadas no CEBIMAR (Cen-tro de Biologia Marinha da USP) e se encantar com o mundo marinho. Caso esteja na capital, não deixe de conhecer o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, localizado no bairro Ipiranga, com belas exposições da fauna do Brasil e réplicas de impressionantes esqueletos de dinossauros. Há muito para se aprender, e esses locais oferecem aos profissionais acesso a coleções cien-tíficas importantes para a compreensão de diversas questões relacionadas à preservação ambiental.

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Como Usar o Guia

Esse guia apresenta 84 espécies de aves registradas na Baía do Araçá, Man-gue da Balsa e Canal de São Sebastião. São apresentadas fichas para 42 espé-cies, como no modelo abaixo, com informações detalhadas sobre característi-cas, hábitat, modo de vida, etc. 1. Foto da espécie;2. Nome popular;3. Nome científico, seguido do nome do pesquisador e o ano em que a espécie

foi descrita;4. Tamanho (em centímetros) e massa (em gramas) da espécie;5. Família;6. Texto com breve descrição da espécie, distribuição, hábitat, alimentação,

curiosidades e uso de hábitat na região;7. As palavras em negrito são explicadas no Glossário no final do livro. 8. Legenda indicando: o local onde a espécie foi avistada, presença de dimor-

fismo sexual e grau de ameaça de extinção, conforme exemplo abaixo:

Local de avistagem das aves:

Baía do Araçá

Mangue da Balsa

Canal de São Sebastião

Dimorfismo sexual:

Espécie com dimorfismo

Espécie sem dimorfismo

Ameaça de extinção:

Espécie ameaçada

Espécie não ameaçada

ventre

coxacrisso

ceroma

uropígio

cauda(retrizes)

tarso

perna

dedo

dorso

peito

bico

nuca

coroa* testa

pescoço

asa

garganta

Morfologia Externa Básica das Aves

coroa*

píleo

envergadura

caudabifurcada

rêmigesanel periocular

saco gular

máscara*

egretasloro

unha

* Outros trabalhos usam o termo vértice ao invés de coroa e faixa transocular ao invés de máscara.

membranas interdigitais

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Fichas das Espécies

Guira guira - anu-branco

O exemplar que serviu para a descrição da espécie foi coletado nas Baha-mas, na América Central, daí surgiu seu nome científico. As cores da espécie são inconfundíveis com laterais da cabeça e garganta brancas, cabeça marrom escuro e bico azulado com a base vermelha. O macho é maior e com a cor vermelha na base do bico mais evidente do que na fêmea. Ocorre em diversos países da América Central, América do Sul e no Nordeste, Sudeste e Sul do Bra-sil, com alguns registros no Mato Grosso do Sul e em Goiás.

Habita manguezais, lagoas de água salobra, represas, campos de arroz e outros ambientes aquáticos. Alimenta-se de folhas, sementes e brotos de plan-tas aquáticas, além de pequenos invertebrados (insetos, larvas e crustáceos) encontrados na água. No período reprodutivo constrói ninhos com galhos e folhas, em vegetação baixa, colocando até 12 ovos. Na Baía do Araçá a espécie é vista aos pares ou trios se alimentando na água, na primavera e no verão.

Marreca-toicinhoAnas bahamensis Linnaeus, 1758 ANATIDAE

51 cm; 650 g

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Um dos seus nomes populares refere-se à cauda bifurcada da ave, que em voo fica aberta, lembrando uma tesoura. O macho é negro, com um saco gular vermelho; a fêmea possui o ventre branco e o juvenil apresenta o ventre e a ca-beça brancos. É um excelente planador com 2,4 m de envergadura. Ocorre da costa sul dos Estados Unidos até o Uruguai. No Brasil reproduz-se em diversas colônias em ilhas do Rio de Janeiro a Santa Catarina, além dos Arquipélagos de Fernando de Noronha e Abrolhos.

Habita os oceanos e ilhas. Alimenta-se de peixes, ovos, descartes de pesca e “rouba” o alimento outras aves perseguindo-as durante o voo (cleptoparasi-ta). Na época reprodutiva os machos inflam o saco gular para atrair as fêmeas. Os ninhos são construídos sobre árvores e arbustos e apenas um ovo é coloca-do. O Arquipélago de Alcatrazes, próximo a Baía do Araçá, concentra a maior colônia reprodutiva da espécie no Brasil, com mais de 7 mil aves.

Fragata ou tesourãoFregata magnificens (Mathews, 1914) FREGATIDAE

114 cm; 1.587 g

juvenil

fêmea

macho

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Atobá-marromSula leucogaster (Boddaert, 1783) SULIDAE

74 cm; 1.500 g

O nome popular refere-se à coloração marrom do dorso e pescoço da ave. O adulto possui ventre branco, bico, pernas e pés amarelados, e o juvenil é todo marrom e com o bico escuro. A fêmea tem uma pequena mancha escura na frente do olho, enquanto o macho tem anel periocular azul. Ocorre em todos os mares do Hemisfério Sul e no Brasil distribui-se ao longo da costa do Nordeste ao Sul. As áreas de reprodução são restritas às ilhas costeiras e oceâ-nicas, desde o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Pernambuco) até as Ilhas Moleques do Sul (Santa Catarina).

Habita ambientes marinhos e ilhas. Alimenta-se de peixes e lulas captura-das com magníficos mergulhos realizados a partir do ar. Macho e fêmea emi-tem vocalizações diferentes. Pode ser observada em grupos sobrevoando o Ca-nal de São Sebastião. O Arquipélago de Alcatrazes também concentra a maior colônia reprodutiva da espécie no Brasil, com mais de 3 mil aves.

fêmea

macho

juvenil

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Corpo preto, com algumas penas das asas de tons marrons, saco gular amarelo e asas com 1 m de envergadura. Bico cinza e amarelo com gancho na ponta, pés e pernas pretas e um impressionante olho verde ou azul. Ocorre em todos os países da América do Sul e Central (incluindo ilhas) e em todo o Brasil.

Vive em estuários, baías, ilhas, lagoas e costões rochosos, próximos do continente. Alimenta-se de peixes, girinos, insetos e outros invertebrados. É um excelente mergulhador devido às adaptações como as membranas interdi-gitais nos pés, que facilitam a natação.

Na época reprodutiva machos e fêmeas apresentam penas brancas na re-gião do pescoço e da cabeça. Nidificam sobre árvores e colocam de 2 a 4 ovos. Costuma empoleirar-se de asas abertas para secá-las ao sol. Na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa a espécie é comumente vista repousando em balsas desativadas, embarcações e outras estruturas ao longo do ano.

BiguáNannopterum brasilianus (Gmelin, 1789) PHALACROCORACIDAE

73 cm; 1.814 g

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Socó-dorminhocoNycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

65 cm; 1.100 g

O nome popular refere-se ao seu hábito de descansar durante o dia sobre a vegetação, em bandos, forrageando à noite. Adultos com dorso, bico e coroa pretos; asas e cauda cinza. Olhos vermelhos grandes, pernas e pés amarelados. Juvenil com coloração marrom-clara estriada no ventre, dorso marrom com pintas brancas e bico amarelado. Ocorre em diversos países da África, Europa, Ásia, América do Norte, Central e do Sul e em todo o Brasil.

Vive em bordas de lagos, rios, baías, estuários e manguezais. Alimenta-se principalmente à noite de peixes, camarões, insetos, serpentes, pequenos roe-dores, ovos e até mesmo filhotes de outras aves.

Na Baía do Araçá é vista se alimentando ou repousando sobre a vegetação. O Mangue da Balsa serve como área de descanso ao longo do ano e como área de reprodução no verão, em colônia reprodutiva mista, ressaltando a impor-tância do local para a espécie.

Nycticorax nycticorax - juvenil

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Dorso, ventre e pescoço cinzas. Cabeça preta com uma faixa branca na la-teral e outra da testa ao topo da cabeça. Bico forte e escuro, olhos alaranjados; pernas e pés amarelos. O juvenil possui um padrão de plumagem semelhante ao juvenil do socó-dorminhoco, mas com bico mais robusto. Ocorre desde os Estados Unidos até o nordeste do Peru e ao longo do litoral do Brasil.

Habita manguezais, pântanos, planícies de marés, rios e lagos próximos à costa. Alimenta-se principalmente de caranguejos, peixes, insetos aquáticos, rãs, serpentes e pequenos roedores.

Espécie típica de mangue, ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. Reproduz-se em colônias reprodutivas mistas em manguezais, colocando de 2 a 8 ovos. Na Baía do Araçá é vista se alimentando no mangue e o Mangue da Balsa serve para alimentação, dormitório e área de reprodução no verão, res-saltando a importância deste local para essa e outras espécies de aves.

Savacu-de-coroaNyctanassa violacea (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

70 cm; 716 g

Nyctanassa violacea - juvenil

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SocozinhoButorides striata (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

Plumagem do dorso cinza, penas das asas enegrecidas, topo da cabeça pre-to, ventre marrom e cinza-claro e pescoço com uma faixa vertical branca. Bico com maxila preta e mandíbula amarela, olhos, pernas e pés amarelos. Juvenil com plumagem marrom e estrias no pescoço, ventre e topo da cabeça. Ocorre na África, Ásia, Oceania, América do Norte, Central e do Sul e em todo o Brasil.

Vive em manguezais, na vegetação densa ao longo dos córregos, rios, la-gos, estuários e pântanos. Alimenta-se de peixes, insetos aquáticos, carangue-jos, moluscos, rãs, serpentes, pequenos roedores e outras aves.

Espécie solitária e territorialista. É comum avistá-la imóvel observando as presas antes de capturá-las com botes rápidos e certeiros. Também utiliza iscas para atrair e capturar peixes. Na Baía do Araçá é vista se alimentando ao longo do ano. No Mangue da Balsa pode ser observada se alimentando e repousando sobre a vegetação.

48 cm; 210 g

O nome popular deve-se ao hábito da ave seguir rebanhos de gado (e de outros grandes animais) para capturar insetos espantados por eles ao cami-nhar, daí o nome "vaqueira". Plumagem branca, bico, pernas e pés amare-lados. Na plumagem reprodutiva, a ave exibe topo da cabeça, nuca, peito e dorso laranja-pálido, bico avermelhado e pernas rosadas. Ocorre nos Estados Unidos, na América Central e do Sul, incluindo todo o Brasil, e outros países.

Vive em campos abertos, áreas desmatadas, pântanos e ambientes próxi-mos de água, como o Arquipélago de Fernando de Noronha. Alimenta-se de insetos, pequenos anfíbios, peixes, répteis e outras aves.

Espécie exótica trazida do norte da África e do sul da Europa, registrada pela primeira vez no Brasil em 1965. A rápida expansão de sua população está ligada ao aumento da criação de gado no país. Na Baía do Araçá é observada repousando solitária ou em bandos sobre a vegetação local.

Garça-vaqueiraBubulcus ibis (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

56 cm; 510 g

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Garça-mouraArdea cocoi (Linnaeus, 1766) ARDEIDAE

127 cm; 2.000 g

Maior espécie de garça do Brasil, com 1,8 m de envergadura, plumagem cinza no dorso, ventre preto e peito branco. Coroa preta, pescoço branco com uma série de listras diagonais pretas. Na plumagem nupcial há um tufo de penas brancas na base do pescoço, loro azulado, bico laranja, topete preto e egretas no peito. Ocorre apenas na América do Sul, desde a Venezuela até o sul do continente (excluindo os Andes) e em todo o Brasil.

Habita ambientes úmidos como rios, banhados, represas, lagos, mangue-zais e áreas costeiras. Alimenta-se de peixes, anfíbios, insetos e outros inver-tebrados. É solitária, exceto na época de reprodução.

Embora seja uma ave grande, camufla-se entre a vegetação, permanecen-do imóvel por muito tempo. No Sudeste do Brasil se reproduz de agosto a no-vembro, construindo ninhos em árvores e arbustos, e coloca de 2 a 4 ovos. Na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa foi observada durante o ano todo.

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50

O nome popular refere-se à plumagem branca do corpo e ao tamanho da ave. Possui um pescoço notavelmente longo, bico amarelo, pernas e pés pre-tos. Ocorre em parte dos Estados Unidos, África, Ásia e Austrália e amplamente na América Central e do Sul, inclusive em todo o Brasil.

Vive em rios, banhados, represas, lagos, manguezais, planícies de maré e áreas costeiras. Alimenta-se de peixes, invertebrados, pequenos mamíferos, anfíbios e outras aves, além de descartes de pesca.

No período reprodutivo, penas delicadas e filamentosas (as egretas) apare-cem no dorso e são utilizadas durante a dança nupcial. No passado, as egretas foram muito comercializadas para produção de enfeites de roupas e chapéus, e para obter um quilo de egretas eram necessárias cerca de 300 garças. Na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa é vista solitária ou junto de outras garças, voando elegantemente, forrageando ou repousando sobre as árvores.

Garça-branca-grandeArdea alba (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

104 cm; 1.700 g

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52

Garça-branca-pequenaEgretta thula (Molina, 1782) ARDEIDAE

68 cm; 475 g

O nome popular refere-se à plumagem branca do corpo e ao tamanho da ave. É facilmente identificada pelos pés amarelos que contrastam com as pernas pretas, bico preto e loro amarelo. No período reprodutivo apresentam egretas, que são mais evidentes nos machos. O juvenil tem as pernas e os pés verde-amarelados. Ocorre no norte dos Estados Unidos, em toda a América Central e do Sul (exceto ao sul da Argentina), incluindo todo o Brasil.

Habita manguezais, lagos, rios, lagoas costeiras, banhados e baías. Tam-bém pode ser vista em plantações de arroz e campos inundados, além de ser facilmente encontrada em parques urbanos. Alimenta-se de peixes, anfíbios, répteis, vermes e outros invertebrados.

Na Baía do Araçá pode ser vista durante o ano todo se alimentando soli-tária ou em grupos. O Mangue da Balsa serve como área de alimentação, re-pouso e dormitório durante o ano e no verão serve como colônia reprodutiva.

Egretta thula - plumagem reprodutiva

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54 55

Garça-azulEgretta caerulea (Linnaeus, 1758) ARDEIDAE

76 cm; 460 g

O nome popular refere-se a cor azul da plumagem do corpo do adulto. Bico robusto acinzentado com ponta negra e pernas e pés esverdeados. Juvenil com plumagem totalmente branca, indivíduo sub-adulto branco com manchas es-curas irregulares. Ocorre no sul dos Estados Unidos, América Central, Guianas, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Equador, Chile, Paraguai e Suriname. No Brasil é vista em todo o litoral, no Pantanal e em algumas regiões da Amazônia.

Vive em lagos, pântanos, represas, rios, manguezais e estuários ao longo da costa. Alimenta-se de invertebrados, peixes, anfíbios e outros pequenos animais que captura na água rasa.

A reprodução ocorre entre setembro a março no Sudeste do Brasil, colo-cando de 2 a 5 ovos em ninhos construídos no alto de árvores. É vista se ali-mentando em grupos ou solitária na Baía do Araçá. O Mangue da Balsa serve como dormitório e colônia reprodutiva para essa e outras espécies.

adulto

juvenil

O nome popular é semelhante à vocalização forte que emite. Plumagem chamativa, com dorso cinza, ventre preto, pescoço bege e asas mescladas de preto e branco com tom ferrugem na nuca e peito. Bico curvo e preto, pernas e pés rosados e olhos vermelhos. O macho é maior do que a fêmea. Ocorre ape-nas na América do Sul, na Colômbia, Venezuela, Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia, Guiana Francesa e em quase todo o Brasil.

Habita áreas abertas, como campos, pastos ou regiões alagadas. Alimenta--se de insetos, anfíbios, répteis, e outras aves. O bico longo e curvo auxilia a desenterrar o alimento do solo.

Em geral, vive em casais, mas pernoita em bandos no alto de árvores. Em campos agrícolas a espécie tem grande importância, pois se alimenta de inse-tos considerados nocivos para as plantas. Na Baía do Araçá e no Mangue da Balsa a espécie foi observada aos pares, mas poucas vezes ao longo do ano.

CuricacaTheristicus caudatus (Boddaert, 1783) THRESKIORNITHIDAE

76 cm; 1.950 g

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56

O nome popular é devido ao bico longo, achatado na ponta, semelhante a uma colher. Plumagem rosa, com tons mais claros no pescoço, dorso e ventre. Bico cinza e pernas e pés rosados. No período reprodutivo as cores ficam mais intensas, com uma faixa vermelha sobre as asas e estrias escuras no bico. O juvenil tem a cabeça e pescoço brancos e corpo rosa-pálido. Ocorre em todos os países das Américas Central e do Sul (exceto Chile) e em quase todo o Brasil.

Habita lagoas, manguezais, baías e áreas alagadas, como o Pantanal. Ali-menta-se de peixes, insetos, crustáceos e outros invertebrados que encontra ao mover o bico de um lado para o outro embaixo da água.

A coloração rosa das penas está relacionada com a quantidade de pigmen-tos carotenoides que ingere de determinados alimentos, como os camarões. Na Baía do Araçá é visto em pequenos grupos na primavera e no verão, se ali-mentando em águas rasas junto à lama durante a maré baixa.

ColhereiroPlatalea ajaja (Linnaeus, 1758) THRESKIORNITHIDAE

86 cm; 1.400 g

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58 59

Corpo inteiramente preto, bico negro com ponta clara e cabeça sem penas. Juvenil similar ao adulto, mas com penugem na cabeça e pele menos enruga-da. Ocorre desde os Estados Unidos até o sul do Chile, na América do Sul. Visto em todo o Brasil, exceto em extensas áreas de florestas, sendo um indicador de áreas urbanas e degradadas.

Vive em todo tipo de ambiente associado à presença humana. Tem im-portante papel na natureza, ajudando na remoção de carcaças. Alimenta-se de animais mortos, mas também animais vivos como filhotes de tartarugas marinhas, ovos e outras aves.

A espécie não tem olfato bem desenvolvido e usa a visão para localizar carcaças. Na Baía do Araçá é visto em grupos (às vezes com mais de 80 indi-víduos) consumindo carcaças de animais, descartes de pesca ou com as asas estendidas para secar ao sol.

UrubuCoragyps atratus (Bechstein, 1793) CATHARTIDAE

74 cm; 1.940 g Quero-queroVanellus chilensis (Molina, 1782) CHARADRIIDAE

38 cm; 426 g

O nome popular refere-se ao som estridente emitido pela ave. Cabeça, pescoço e dorso cinza, peito preto, ventre branco e uma faixa negra da testa até o peito. Asas em tons verde e marrom na base, bico rosa com a ponta negra e pernas e pés rosados. Olho e anel periocular vermelhos. Possui um penacho na região posterior da cabeça e um esporão vermelho nas asas. Ocorre na América Central (Costa Rica e Panamá), na América do Sul e em todo o Brasil, exceto em parte da região Norte.

Habita campos, pastagens, áreas de cultivo, praias e banhados. Alimenta--se de peixes, insetos e outros invertebrados aquáticos e terrestres.

É territorialista e barulhenta, emitindo gritos quando nota um potencial perigo. O esporão nas asas é utilizado para ataque e defesa do seu território. A reprodução ocorre entre junho e janeiro, com ninhos no solo. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista em pequenos grupos se alimentando.

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60

Batuíra-de-bandoCharadrius semipalmatus (Bonapart, 1825) CHARADRIIDAE

O nome popular refere-se ao comportamento gregário da espécie, se des-locando em bando. Topo da cabeça, dorso e asas marrom-acinzentado. Ventre, peito e restante da cabeça branco. Possui um colar escuro no pescoço, mais evidente na época reprodutiva. Bico curto com base laranja e ponta escura, pernas e pés alaranjados. Ocorre na América do Norte e litoral da América Central e do Sul. No Brasil distribui-se em todo o litoral, no verão e outono.

Habita praias, lagoas, estuários e costões rochosos. Alimenta-se de vermes poliquetas, camarões, larvas e insetos.

É migratória da América do Norte, reproduzindo-se no Canadá e Estados Unidos e depois se desloca para áreas de repouso e alimentação ao sul, onde muda as penas antes de partir para as colônias reprodutivas. Na Baía do Araçá, aves anilhadas em 2015 foram observadas no mesmo local em 2016, indicando alta fidelidade do grupo às áreas de alimentação no verão e outono.

19 cm; 73 g

Charadrius semipalmatus - plumagem reprodutiva

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62

Maçarico-pintadoActitis macularius (Linnaeus, 1766) SCOLOPACIDAE

O nome popular refere-se às pequenas pintas escuras na plumagem clara do ventre e pescoço, que só aparecem logo antes da época reprodutiva. Dorso, asas, cabeça e nuca marrom. Bico escuro com base amarelada, faixa horizontal escura sobre os olhos, pernas e pés amarelados. Ocorre desde a América do Norte até sul do Chile na América do Sul e em todo o Brasil.

Vive em áreas abertas, próximas de vegetação e água, como lagos, repre-sas, praias, estuários e manguezais. Alimenta-se de insetos, camarões e peixes.

É migratória da América do Norte, reproduz-se no Canadá e Estados Uni-dos e se desloca para o sul para áreas de repouso e alimentação no verão e outono. Antes de migrar para as áreas de reprodução, a ave muda para a plu-magem reprodutiva, que pode ser observada de março a abril na Baía do Araçá e Mangue da Balsa. É vista solitária ou em pequenos grupos mistos (com batu-íras), se alimentando na lama durante a maré baixa.

20 cm; 75 g

Actitis macularius - plumagem reprodutiva

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64 65

Maçarico-de-sobre-brancoCalidris fuscicollis (Vieillot, 1819) SCOLOPACIDAE

O nome popular refere-se a região abaixo das penas da cauda que é bran-ca. Dorso e cabeça marrom-escuro, ventre branco e peito com listras marrons. Bico preto com base clara, sobrancelha branca, pernas e pés pretos. Ocorre na América do Norte (norte do Alasca e Canadá) e do Sul. Durante a primavera e verão aparece em todo o litoral do Brasil, Argentina e Uruguai.

Habita regiões costeiras, lagos, represas, praias, estuários e manguezais. Alimenta-se de insetos, moluscos e outros invertebrados em poças rasas, além de material vegetal e musgo.

É migratória da América do Norte, reproduzindo-se entre maio e agosto, se deslocando para a América do Sul no verão e outono para se alimentar. Em abril retorna para as áreas de reprodução, voando mais de oito mil quilômetros entre o norte da América do Sul e o norte do Canadá. Na Baía do Araçá é vista em pequenos grupos se alimentando no verão e outono.

18 cm; 66 g

O nome popular refere-se ao tamanho da ave, pois é a maior gaivota resi-dente no Brasil. Plumagem preta no dorso e nas asas. Cabeça, pescoço e ven-tre brancos. Bico, pernas e pés amarelos. Mancha vermelha na extremidade inferior do bico. Juvenil com bico preto e plumagem rajada marrom e branco. Tornam-se adultos após 4 anos de idade. Ocorre apenas no Hemisfério Sul. No Brasil distribui-se do litoral do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul.

Vive em áreas costeiras, mas também se alimenta em lagos e estuários. Alimenta-se de peixes, anfíbios, aves, invertebrados, ovos, carcaças, descartes de pesca, entre outros.

Facilmente avistada no litoral de São Paulo, forrageando ou se reprodu-zindo em ilhas costeiras. É vista sobrevoando ou descansando em estruturas antrópicas no Canal de São Sebastião ao longo do ano. O Arquipélago de Alca-trazes, perto da Baía do Araçá, reúne uma colônia com cerca de mil gaivotões.

GaivotãoLarus dominicanus (Lichtenstein, 1823) LARIDAE

65 cm; 1.335 g

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66 67

O nome popular refere-se à cor do bico, todo vermelho no período repro-dutivo. Plumagem cinza-claro no dorso, ventre branco, topo da cabeça e nuca negros. Cauda longa e bifurcada, pernas e pés vermelhos. Fora da época repro-dutiva o topo da cabeça é branco e o bico tem ponta preta. Juvenil com dorso cinza e manchas escuras, bico preto, pernas e pés rosados. Ocorre ao longo do litoral da América do Sul, da costa do Peru e do Ceará até a Terra do Fogo, na Argentina. No Brasil é registrado com frequência no Sudeste e Sul.

Vive em mar aberto, praias e estuários. Alimenta-se principalmente de pei-xes, mas também de camarões, insetos e outros invertebrados.

O Arquipélago de Alcatrazes, próximo à Baía do Araçá, abriga uma colônia reprodutiva da espécie, que se reproduz de abril a agosto. É vista em bandos voando e se alimentando ao longo do Canal de São Sebastião no outono e inverno.

Trinta-réis-de-bico-vermelhoSterna hirundinacea Lesson, 1831 STERNIDAE

43 cm; 196 g

É a maior espécie de trinta-réis do Brasil. Plumagem cinza-claro no dorso e asas, ventre branco e nuca negra. Topo da cabeça negro em adultos reprodu-tivos (ave da esquerda na foto), branco nos não-reprodutivos (direita). Cauda pouco bifurcada. Bico laranja, pernas e pés pretos. Ocorre na costa dos Estados Unidos, América Central e do Sul, oeste da África e em todo o litoral do Brasil.

Habita mar aberto e praias, mas pode se alimentar em estuários e man-guezais. Alimenta-se de peixes, lulas, camarões, caranguejos e tem comporta-mento cleptoparasita.

O Arquipélago de Alcatrazes, próximo à Baía do Araçá, abriga uma das pou-cas colônias reprodutivas da espécie no Brasil que se concentra no litoral de São Paulo. É migratória e alguns indivíduos dos Estados Unidos são encon-trados no Brasil durante o verão. No inverno e primavera é vista em bandos mistos voando ou se alimentando na Baía do Araçá e Canal de São Sebastião.

Trinta-réis-realThalasseus maximus (Boddaert, 1783) STERNIDAE

51 cm; 500 g

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68 69

Talha-marRynchops niger (Linnaeus, 1758) RYNCHOPIDAE

46 cm; 374 g

O nome popular refere-se ao hábito de voo rente à água, com o bico aberto "talhando" (cortando) a água até capturar a presa. Plumagem preta no dor-so, branca no ventre, asas cinza-escuro e cauda bifurcada. Bico vermelho com ponta negra, lateralmente achatado, com mandíbula maior que a maxila. Per-nas e pés vermelhos. Ocorre nos Estados Unidos, América Central e do Sul, e em todo o Brasil.

Vive em lagoas, rios, represas, praias e estuários. Dificilmente é vista em mar aberto. Alimenta-se de peixes, crustáceos e outros invertebrados aquáti-cos. Geralmente se alimenta ao entardecer e à noite. Ao forragear, o bico se fecha imediatamente ao tocar a presa.

Reproduz-se entre outubro e março em praias de rios da Amazônia e do Centro-Oeste, escavando ninhos na areia e colocando de 2 a 3 ovos. Na Baía do Araçá é visto na primavera e verão se alimentando e descansando.

O nome popular refere-se à faixa branca na parte superior da asa, eviden-te em voo, além de ser uma das maiores espécies de pombo do Brasil. Dorso cinza escuro, cabeça, ventre e asas marrons. Nuca e parte superior do dorso com penas parecendo escamas. Bico cinza, pernas e pés avermelhados e olhos vermelhos. Ocorre apenas na América do Sul, no norte da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e em quase todo Brasil (exceto Amazonas, Acre, Roraima e Amapá).

Vive em campos, pastos, plantações e cidades arborizadas. Alimenta-se de sementes e frutos, e frequentam áreas de colheita para se alimentar.

Forma bandos numerosos e pode percorrer grandes distâncias entre áreas de alimentação e dormitório. A espécie pode ser vista ao longo do ano se ali-mentando nas praias da Baía do Araçá. Mais de 300 indivíduos utilizam diaria-mente o Mangue de Balsa como dormitório ao longo do ano.

Asa-branca ou pombãoPatagioenas picazuro (Temminck, 1813) COLUMBIDAE

35 cm; 402 g

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70 71

Anu-pretoCrotophaga ani Linnaeus, 1758 CUCULIDAE

35 cm; 222 g

O nome popular refere-se à sua cor totalmente preta. Bico alto, curto e lateralmente achatado. Ocorre desde a Flórida, nos Estados Unidos até o norte da Argentina, incluindo as ilhas do Caribe. Distribui-se em todo o Brasil.

Vive em áreas abertas, matagais, clareiras em florestas úmidas, árvores e arbustos em pastagens, manguezais, pântanos, jardins e margens de lagos. Alimenta-se de insetos, aranhas, lagartas, lagartixas e pequenos roedores. Também captura peixes em águas rasas e consome frutas, sementes, bagas e coquinhos na época seca.

É uma espécie gregária, vivendo em bandos de 6 a 10 indivíduos. Deslo-cam-se através de voos curtos e baixos entre arbustos e árvores, descendo ao solo para procurar alimento. Costuma seguir o gado e tratores que aram o campo em busca de insetos. No Mangue da Balsa, em geral, são vistos em voo ou pousados na vegetação de borda.

Anu-brancoGuira guira (Gmelin, 1788) CUCULIDAE

42 cm; 168 g

O nome popular refere-se à sua cor, que é clara comparada ao anu-preto. Plumagem do dorso marrom-escuro com estrias brancas, cabeça clara com es-trias escuras. Bico laranja, olhos amarelos e topete despenteado ruivo. Pernas e pés escuros. Ocorre apenas na América do Sul, da Bolívia até o norte da Ar-gentina. Presente em todo o Brasil, exceto em parte da Região Norte.

Habita áreas abertas, pastagens, campos, lavouras, pampas, e dunas cos-teiras. Alimenta-se de insetos, aranhas, caramujos, pequenos roedores e filho-tes de outras aves. Captura peixes em águas rasas e consome frutas, sementes, bagas e coquinhos na época seca.

Espécie gregária, vivendo em bandos de 10 a 20 indivíduos, empoleirando--se lado a lado para pernoitar. Deslocam-se em voos lentos e próximos ao chão, sendo frequentemente atropelados nas estradas. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, são vistos em voo ou pousados na vegetação de borda.

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72 73

Beija-flor-tesouraEupetomena macroura (Gmelin, 1788) TROCHILIDAE

17,5 cm; 9 g

O nome popular refere-se à cauda bifurcada, com formato de tesoura. Uma das espécies mais comuns de beija-flor e o maior dentre as espécies bra-sileiras. Possui a cabeça, pescoço, peito, asas e cauda azul-escuro iridescente. O restante do corpo é verde iridescente. Bico e olhos escuros. Ocorre apenas na América do Sul, na Guiana, Bolívia, no Paraguai, Peru e Argentina, e em todo o Brasil, exceto em algumas áreas da região Norte.

Habita áreas abertas, bordas de mata, parques e áreas urbanas. Alimenta--se de néctar de flores nativas e de pequenos insetos capturados em voo ou nas folhagens.

A fêmea coloca e choca de 2 a 3 ovos. O ninho tem forma de uma pequena tigela feita com musgos e outros vegetais. A espécie é agressiva e defende seu território no período reprodutivo. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, em geral, é vista em voo ou repousando na vegetação de borda e nas fiações.

Beija-flor-de-fronte-violetaThalurania glaucopis (Gmelin, 1788) TROCHILIDAE

11 cm; 5 g

O nome popular refere-se à cor violeta iridescente da coroa e da testa. Pes-coço, dorso e ventre verde-iridescente, asas e cauda azul-iridescente. Olhos e bico escuros. A fêmea tem o peito e a ponta da cauda brancos. Os indivíduos jovens têm o mesmo padrão das fêmeas, mas com um branco-acinzentado, que aos poucos é substituído por branco. Ocorre apenas na América do Sul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil está presente da Bahia ao Rio Grande do Sul, incluindo Minas Gerais e Mato Grosso.

Vive em bordas de mata, áreas abertas com árvores esparsas e jardins bem arborizados. Alimenta-se de néctar de flores nativas e caça pequenos insetos.

Seu ninho é diminuto e delicado, construído com fibras, líquens e musgos. A fêmea coloca e choca dois ovos por cerca de 15 dias, e o filhote deixa o ninho após 25 dias. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, em geral, é visto em voo ou pousado na vegetação de borda ou nas fiações.

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74

Martim-pescador-grandeMegaceryle torquata (Linnaeus, 1766) ALCEDINIDAE

40 cm; 450 g

O nome popular refere-se ao hábito de capturar peixes e por ser a maior espécie de martim-pescador do Brasil. Plumagem cinza-azulada na cabeça e dorso, ventre cor ferrugem, pescoço branco e cauda cinza-azulada com listras brancas. Macho com peito ferrugem e parte inferior da asa branca. Fêmea com peito cinza-azulado e parte inferior da asa ferrugem. Ocorre do México, na América Central, até o sul da Argentina, na América do Sul, e em todo o Brasil.

Habita áreas úmidas como rios, estuários, manguezais, praias, banhados, entre outros. Alimenta-se principalmente de peixes, mas também de insetos, caranguejos e pequenos vertebrados terrestres.

Habilidosa pescadora, mergulha na água clara a partir de um poleiro para capturar peixes com seu grande bico. Vocalização alta e estridente quando as-sustada, servindo como alerta para outras aves. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, é vista solitária voando e repousando nos mangues o ano inteiro.

fêmea

macho

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76

TucanoaçuRamphastos toco Statius Muller, 1776 RAMPHASTIDAE

Tucanuçu ou tucano-tocoRamphastos toco (Statius Muller, 1776) RAMPHASTIDAE

61 cm; 860 g

O nome popular refere-se ao seu tamanho (açu significa "grande" em tupi--guarani), já que é o maior tucano do Brasil. Plumagem preta no dorso, ventre, nuca e topo da cabeça. Bico longo amarelo e laranja, com ponta e base pretas. Garganta, papo e uropígio brancos. Ocorre na América do Sul, na Bolívia, Pa-raguai e Argentina e em todo o Brasil, exceto no Nordeste e parte do Norte.

Vive em bordas de mata, matas ciliares, cerrado, áreas abertas com árvo-res esparsas e plantações. Alimenta-se principalmente de frutas, insetos como lagartas e cupins, mas também preda filhotes e ovos de aves.

Antigamente a espécie ocorria apenas no cerrado, hoje é vista em outros ecossistemas, como a Mata Atlântica. É avistada aos pares ou em bandos. No período reprodutivo faz ninhos em árvores ocas e buracos em barrancos e cupinzeiros. Na Baía do Araçá a espécie é vista aos pares se alimentando ou repousando na vegetação de borda e mangue.

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78 79

O nome popular refere-se ao som emitido pela ave para demarcar territó-rio. Plumagem clara no dorso, pescoço e peito, com listras finas pretas ou mar-rons. Ventre, coxa, topo da cabeça e ponta da cauda pretos. Ceroma rosa (ju-venil) ou alaranjada (adulto). Bico azul-claro, pernas e pés amarelos. Em voo, notam-se duas manchas claras na ponta das asas. Ocorre apenas na América do Sul: Bolívia, Paraguai, Chile, Uruguai, Argentina e em todo o Brasil.

Vive em campos, pastagens, banhados, cidades, beira de estradas e áreas de queimada. É um carnívoro oportunista, consumindo carcaças, ovos, restos de comida, invertebrados, anfíbios e pequenos mamíferos.

Beneficia-se do desmatamento e queimada de florestas, ampliando sua área de ocorrência. É vista o ano todo sobrevoando e se alimentando na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, sozinha ou em grupos, às vezes junto com urubus.

CarcaráCaracara plancus (Miller, 1777) FALCONIDAE

61 cm; 860 g Papagaio-moleiroAmazona farinosa (Boddaert, 1783) PSITTACIDAE

43 cm; 780 g

O nome científico refere-se às penas do dorso cobertas com um fino pó branco, que lembra farinha (daí o nome farinosa). É o maior papagaio do Bra-sil, com plumagem verde uniforme, alto da cabeça amarelo e asas verdes com algumas penas vermelhas. Olhos vermelhos com anel periocular branco bem evidente. Cauda com penas verdes na base e amarelas na ponta. Ocorre no Pa-namá, Colômbia, Guiana, Equador, Bolívia e Peru. No Brasil há duas populações geograficamente distantes, uma no Norte (Amazônia) e outra no Sudeste (de São Paulo ao sul da Bahia).

Vive no interior e na borda de florestas altas e densas. Alimenta-se de fru-tos, em especial das palmeiras. Constrói ninhos em cavidades e ocos de árvo-res. Na Baía do Araçá a espécie é vista em casais ou grupos ruidosos, cruzando o céu ou empoleirados em árvores altas. Os bandos vistos em São Sebastião são residentes de Ilhabela.

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80

Bem-te-viPitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) TYRANNIDAE

23 cm; 68 g

O nome popular refere-se à sua vocalização. Plumagem do dorso e asas marrom, peito e ventre amarelos. Garganta e sobrancelha branca. Coroa negra com penacho amarelo (píleo) nem sempre visível. Bico, máscara nos olhos, pernas e pés negros. Ocorre do México até a Argentina e em todo o Brasil.

Vive em cidades, florestas, plantações, pastagens e quase sempre está as-sociado às áreas antrópicas. Alimenta-se de insetos, frutas, flores, ovos, carra-patos, peixes e outros pequenos vertebrados.

Territorialista, a espécie torna-se agressiva enfrentando gaviões e urubus que cruzam seu território. Adaptou-se a diversos ambientes, o que justifica sua ampla distribuição no Brasil. Constrói ninho grande e esférico e pode utilizar papel, plástico e fios como materiais. É facilmente vista ao longo do ano na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, em diferentes ambientes, como planícies de maré, praias, manguezais e costões rochosos.

juveniladulto

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82 83

SuiririTyrannus melancholicus Vieillot, 1819 TYRANNIDAE

24 cm; 42 g

O nome popular refere-se à sua vocalização "si-ri-ri". Cabeça, dorso e peito cinza, contrastando com o ventre amarelo. Possui garganta cinza, diferindo de T. albogularis que possui garganta branca. Asas e cauda acinzentados, com as bordas das penas em tons castanhos. Possui um pequeno penacho no topo da cabeça (píleo) alaranjado, visível em situações de estresse ou disputa de terri-tório. Bico, pernas e pés escuros, olhos com máscara negra. Ocorre nos Estados Unidos, parte da América Central, em toda a América do Sul e todo o Brasil. Algumas populações da região Sul são migratórias.

Vive em áreas urbanas e abertas com pouca vegetação como praças, jar-dins e estacionamentos. Alimenta-se de frutos e de insetos capturados em voo.

Territorialista, defende agressivamente seu território durante a reprodu-ção. Coloca de 2 a 3 ovos em um ninho com formato de tigela, feito de gravetos e ervas. É facilmente vista na Baía do Araçá e área urbana ao entorno.

Lavadeira-mascarada Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) TYRANNIDAE

21 cm; 15 g

O nome refere-se à espécie estar associada à margem de corpos de água e por sua faixa negra nos olhos, semelhante a uma máscara. Dorso cinza-claro, asa marrom-escuro, cauda preta com ponta branca e restante do corpo bran-co. Bico fino, curto e preto e pernas e pés pretos. Ocorre apenas na América do Sul, no Equador, Peru e em quase todo o litoral e parte do interior do Brasil.

Vive em campos abertos e banhados, sempre próxima a água e cada vez mais comum nas áreas urbanas, como parques e praças. Alimenta-se de inse-tos que captura no solo onde caminha ativamente durante o dia.

Originalmente a espécie era encontrada apenas no Nordeste do Brasil, no entanto desde 1950, ela está ampliando sua distribuição em direção ao Sul, como consequência do desmatamento e urbanização. É facilmente vista ao longo do ano na Baía do Araçá e Mangue da Balsa, alimentando-se na praia e no manguezal, nidificando em ambos os locais.

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Andorinha-pequena-de-casaPygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) HIRUNDINIDAE

21 cm; 15 g

O nome popular refere-se ao tamanho e por ser comum em áreas urbanas, construindo ninhos sob as telhas das casas. Plumagem do dorso azul, ventre e pescoço branco. Parte inferior das asas escura, sem manchas. Bico preto curto, pernas e pés escuros. Ocorre na América Central (Costa Rica e Panamá) e do Sul, e em todo o Brasil, exceto em parte da região Norte.

Vive em campos abertos, clareiras florestais, plantações e áreas urbanas. Alimenta-se de pequenos insetos capturados no ar.

Espécie residente no Brasil, com grande concentração de indivíduos ob-servada na primavera e verão no Sudeste e Sul. Voam a maior parte do dia e pousam em árvores, antenas e fios para descansar ou durante mau tempo. Territorialista e agressiva durante a reprodução. O macho alimenta a fêmea enquanto ela choca os ovos. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista ao longo do ano voando, se alimentando e descansando.

Corruíra Troglodytes musculus Naumann, 1823 TROGLODYTIDAE

12,5 cm; 12 g

Plumagem marrom, em tons mais claros na garganta, peito, ventre e so-brancelha. Asas e cauda com penas estriadas. Cauda geralmente arrebitada. Bico marrom, fino e levemente curvado. Pernas e pés marrons ou rosados. Ocorre em parte da América Central, em toda a América do Sul e todo o Brasil.

Vive em praças, centros urbanos, jardins, estacionamentos e ambientes urbanos, longe de matas e florestas. Alimenta-se de pequenos insetos e larvas encontrados em frestas ou embaixo da folhagem, capturadas com seu bico afinado e adaptado para pequenas presas.

Constrói o ninho em cavidades, sendo muito comum encontrar famílias de corruíras em vãos de telhado, luminárias externas, etc. O ninho é construído com material vegetal, pelos de animais, tecidos e plásticos. Aproveita ninhos de outras espécies e coloca de 3 a 6 ovos. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista próxima à rua, nos fios elétricos ou nas bordas de mangue.

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Sabiá-laranjeiraTurdus rufiventris Vieillot, 1818 TURDIDAE

25 cm; 82 g

O nome popular sabiá significa "aquele que reza muito" na linguagem indí-gena tupi, e laranjeira refere-se à coloração do ventre. Plumagem parda, com o ventre laranja, pernas e pés acinzentados. Bico amarelo e olhos escuros, com anel periocular amarelo. Ocorre apenas na América do Sul: Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e no Brasil, do Nordeste ao Sul, incluindo o Centro-Oeste.

Vive em praças, parques, jardins, bordas de mata e áreas florestais abertas como clareiras. Alimenta-se de larvas, minhocas e insetos, além de diversos frutos, contribuindo assim para a dispersão de espécies vegetais.

Espécie popular devido ao canto melodioso, é a ave símbolo do Estado de São Paulo. Costuma determinar um território amplo, onde forrageia e nidifica. Constrói ninhos com gravetos e lama. Macho e fêmea se revezam chocando os ovos e cuidado dos filhotes. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista solitá-ria ou em casais nas bordas de mangue.

Sanhaço-cinzentoTangara sayaca (Linnaeus, 1766) THRAUPIDAE

17 cm; 34 g

O nome popular sanhaço significa "pássaro muito ativo" na língua indígena tupi. Plumagem cinza-azulada, asas e cauda azul-brilhante. Bico cinza com pon-ta mais escura, olhos escuros, pernas e pés cinza. Ocorre apenas na América do Sul: Bolívia, Paraguai, Argentina e do Nordeste ao Sul do Brasil.

Vive em áreas arborizadas de cidades, praças e parques, além de bordas de mata e regiões serranas. Forrageia principalmente na parte superior de árvores altas, deslocando-se regularmente para pequenas árvores frutíferas e arbus-tos. Alimenta-se de insetos, flores, frutos, folhas e brotos.

Espécie muito comum, vista em pequenos bandos, casais ou ainda junto de outras espécies. O casal constrói o ninho em forquilhas de árvores com copas amplas. A fêmea coloca de 2 a 3 ovos e os choca, enquanto o casal se reveza para alimentar os filhotes. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista o ano inteiro, nas árvores altas, quintais e sobre a fiação de postes.

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Tiê-sangue Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) THRAUPIDAE

O nome popular refere-se à cor vermelha intensa da plumagem do macho. Asas e cauda são pretas. A fêmea é marrom-acinzentada na cabeça, pescoço, asas e cauda, e alaranjada no peito, ventre e dorso. Pernas e pés cinza. Bico com maxila preta e mandíbula branca. Juvenil com coloração semelhante à fêmea, podendo apresentar algumas penas vermelhas pelo corpo. Endêmica do Brasil, ocorre apenas na Mata Atlântica, desde a Paraíba no Nordeste até Santa Catarina na região Sul.

Vive em bordas de floresta, matas de restinga, manguezais, e até em áreas urbanas, desde que bem arborizadas. Alimenta-se de frutas, insetos e larvas.

Normalmente visto em casais ou pequenos grupos, o que facilita a observa-ção das diferenças entre machos e fêmeas. Reproduz-se na primavera e verão, coloca de 2 a 3 ovos, cuidados pela fêmea. É a espécie símbolo da Mata Atlân-tica. Na Baía do Araçá pode ser vista na vegetação de borda se alimentando.

17 cm; 34 g

fêmea macho

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CambacicaCoereba flaveola (Linnaeus, 1758) THRAUPIDAE

11 cm; 14,2 g

Plumagem do dorso marrom-esverdeado, ventre amarelo, garganta e pes-coço cinza. Cabeça escura com sobrancelha branca. Bico preto com base rosa, fino, curto e curvo. Pernas e pés pretos. Ocorre na América Central (inclusive nas ilhas do Caribe) e em todos os países da América do Sul (exceto Chile). É encontrada em todas as regiões do Brasil.

Vive em áreas abertas úmidas ou secas com flores, bordas de mata, flores-tas, manguezais e áreas urbanas como jardins, parques e praças. Pouco abun-dante em florestas extensas e úmidas. Alimenta-se de néctar, frutas e insetos.

Solitária ou aos pares, também pode juntar-se a bandos de outras espécies de aves. Muito ativa, movimenta-se constantemente em busca de alimento. Adapta-se facilmente a ambientes urbanos, inclusive visitando bebedouros para beija-flor. Na Baía do Araçá e Mangue da Balsa é vista ao longo do ano forrageando em meio à vegetação.

Bico-de-lacreEstrilda astrild (Linnaeus, 1758) ESTRILDIDAE

13 cm; 11 g

Dorso e ventre marrom com estrias finas, mais claro no pescoço. Mancha vermelha no ventre. Uma máscara vermelha nos olhos. Bico vermelho, pernas e pés pretos. Macho com penas abaixo da cauda pretas e cores mais vibrantes que a fêmea. Exótica, a espécie ocorria originalmente apenas na África do Sul, mas foi introduzida em diversos locais do mundo. Distribui-se em quase todo o Brasil (exceto Mato Grosso, Tocantins e Rondônia).

Vive em campos abertos com grama alta, clareiras, pastagens, áreas de cultivo e jardins. Alimenta-se de sementes de gramíneas e pequenos insetos. Gregária, forma bandos com mais de 20 indivíduos que voam velozmente.

A espécie foi trazida no século XIX para o Rio de Janeiro em navios negrei-ros para servir como ave de estimação. Posteriormente foi introduzida nas de-mais regiões do país. Na Baía do Araçá pode ser vista em bandos, sobrevoando áreas com capim.

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Pranchas das Espécies

Actitis macularius - maçarico-pintado

Guará ARDEIDAEEudocimus ruber (Linnaeus, 1758)

Urubu-de-cabeça-vermelha CATHARTIDAECathartes aura (Linnaeus, 1758)

Gavião-carijó ACCIPITRIDAERupornis magnirostris (Gmelin, 1788)

Gavião-caboclo ACCIPITRIDAEHeterospizias meridionalis (Latham, 1790)

Gavião-de-rabo-branco ACCIPITRIDAEGeranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816)

Irêre ANATIDAEDendrocygna viduata (Linnaeus, 1766)

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Trinta-réis-de-bando STERNIDAEThalasseus acuflavidus (Cabot, 1847)

Pombo-doméstico COLUMBIDAEColumba livia Gmelin, 1789

Rolinha COLUMBIDAEColumbina talpacoti (Temminck, 1811)

Avoante COLUMBIDAEZenaida auriculata (Des Murs, 1847)

Saracura-três-potes RALLIDAEAramides cajaneus (Statius Muller, 1776)

Bacurau-de-asa-fina CAPRIMULGIDAEChordeiles acutipennis (Hermann, 1783)

Tiriba-de-testa-vermelha PSITTACIDAEPyrrhura frontalis (Vieillot, 1817)

Martim-pescador-verde ALCEDINIDAEChloroceryle amazona (Latham, 1790)

Pica-pau-anão-barrado PICIDAEPicumnus cirratus Temminck, 1825

Carrapateiro FALCONIDAEMilvago chimachima (Vieillot, 1816)

Periquito-verde PSITTACIDAEBrotogeris tirica (Gmelin, 1788)

Falcão-de-coleira FALCONIDAEFalco femoralis Temminck, 1822

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Ferreirinho-relógio RHYNCHOCYCLIDAETodirostrum cinereum (Linnaeus, 1766)

Risadinha TYRANNIDAECamptostoma obsoletum (Temminck, 1824)

Chorozinho-de-asa-vermelha THAMNOPHILIDAE

Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822)

Maria-cavaleira TYRANNIDAEMyiarchus ferox (Gmelin, 1789)

João-de-barro FURNARIIDAEFurnarius rufus (Gmelin, 1788)

Irré TYRANNIDAEMyiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859

Bentevizinho-de-asa-ferruginea TYRANNIDAE

Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766)Bentevizinho-de-penacho-vermelho TYRANNIDAE

Myiozetetes similis (Spix, 1825)

Suiriri-de-garganta-branca TYRANNIDAETyrannus albogularis Burmeister, 1856

Suiriri-cavaleiro TYRANNIDAEMachetornis rixosa (Vieillot, 1819)

Suiriri-pequeno TYRANNIDAESatrapa icterophrys (Vieillot, 1818)

Bem-te-vi-rajado TYRANNIDAEMyiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776)

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Gralha-do-campo CORVIDAECyanocorax cristatellus (Temminck, 1823)

Andorinha-serradora HIRUNDINIDAEStelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817)

Garrinchão-de-bico-grande TROGLODYTIDAE

Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819)Sabiá-barranco TURDIDAETurdus leucomelas Vieillot, 1818

Sabiá-poca TURDIDAETurdus amaurochalinus Cabanis, 1850

Tico-tico PASSERELLIDAEZonotrichia capensis (Statius Muller, 1776)

Canário-da-terra THRAUPIDAESicalis flaveola (Linnaeus, 1766)

Sanhaço-do-coqueiro THRAUPIDAETangara palmarum (Wied, 1823)

Tiziu THRAUPIDAEVolatinia jacarina (Linnaeus, 1766)

Chupim ICTERIDAEMolothrus bonariensis (Gmelin, 1789)

Saí-azul THRAUPIDAEDacnis cayana (Linnaeus, 1766)

Pardal PASSERIDAEPasser domesticus (Linnaeus, 1758)

fêmea macho

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GlossárioAbundância: quantidade de indivíduos

em um local.Água salobra: que tem quantidade de

sais entre água doce e salgada.Anel periocular: região circular ao re-

dor dos olhos.Anfíbios: animais vertebrados que in-

clui rãs, pererecas e sapos.Antrópico: relacionado à presença e/

ou ação humana.Ameaçada de extinção: espécie que

corre o risco de ser extinta, de desaparecer na natureza.

Arquipélago: nome dado a um conjun-to de ilhas/ ilhotas.

Arrebitada: levantada, erguida.Avifauna: conjunto de aves de um lo-

cal.Bando misto: grupo formado por dife-

rentes espécies que se desloca e/ou forrageia.

Banhado: área ou terreno alagado.Bifurcada: dividida em duas partes, em

forma de furca.Carotenoides: pigmentos de cor ver-

melha, alaranjada e amarela en-contrados nas células vegetais.

Ceroma: membrana que reveste a base do bico de algumas aves, como nos pagagaios e gaviões.

Crustáceos: animais invertebrados com carapaça (revestimento por fora do corpo), como camarões, siris, cracas e caranguejos.

Cleptoparasita: ave que rouba alimen-to de outra.

Colônia reprodutiva: área com grande concentração de aves se repro-duzindo e/ou de ninhos. Ninhal.

Colônia reprodutiva mista: área de re-produção de diferentes espécies.

Comissura labial: ponto de união do bico com o canto da boca. Em filhotes (ninhegos) e juvenis ge-ralmente tem cor clara.

Coroa: região em torno do topo da ca-beça (ver Píleo).

Costão rochoso: ambiente marinho localizado na transição entre o oceano e continente caracteriza-do pela presença de rochas.

Dimorfismo sexual: diferenciação en-tre os machos e fêmeas baseada em características externas.

Egretas: penas longas delicadas que crescem no período reprodutivo (ver Egretta thula).

Endêmica: espécie que ocorre exclusi-vamente em uma área restrita, não sendo encontrada natural-mente em outras áreas.

Envergadura: distância entre a ponta das asas abertas.

Esporão: estrutura resistente e pontia-guda que cresce no tarso ou asa de algumas espécies.

Estuário: local onde um rio se encontra com o oceano, formando um am-biente de transição.

Exótica: espécie introduzida de outros locais ou ecossistemas.

Forrageio/forrageamento: comporta-mento de busca por alimento.

Gregária: espécie que vive em grupos.Hipertermia: aumento excessivo da

temperatura corporal, pode oca-sionar diversos problemas nas funções do metabolismo.

Hipotermia: perda excessiva de calor corporal.

Invertebrados: animais sem vértebras ou esqueleto interno. Inclui co-

rais, esponjas, minhocas, ara-nhas, mosquitos, formigas, etc.

Iridescente: que reflete as cores do arco-íris.

Líquen: organismo resultante da asso-ciação simbiótica entre algas e fungos, encontrado em troncos, galhos, muros, postes e rochas.

Manguezal: floresta ou bosque de ár-vores de mangue.

Mata ciliar: mata ou vegetação típica das margens de rios.

Membrana interdigital: membrana fina que une os dedos, facilitan-do a natação de aves aquáticas.

Migratória: espécie que se desloca de forma periódica entre os locais de reprodução e os locais de des-canso reprodutivo ou de inverna-gem.

Moluscos: grupo de animais inverte-brados que inclui mexilhões, ber-bigões, caramujos, polvos e lulas.

Musgos: plantas diminutas, sem flores e raízes, que crescem em locais úmidos sobre rochas, troncos.

Néctar: substância açucarada produ-zida geralmente nas flores, que serve de alimento a diversas es-pécies de aves e outros animais.

Nidificação: construção de ninho.Pampa: bioma encontrado no sul da

América do Sul, caracterizado por planícies com vegetação ras-teira.

Papo: bolsa formada por uma dilatação do esôfago das aves, onde o ali-mento é armazenado e umedeci-do antes de engolir.

Píleo: região no topo da cabeça.Poliquetas: animais invertebrados de

corpo segmentado, que inclui as minhocas, sendo importante

alimento para aves, peixes, anfí-bios.

Répteis: animais vertebrados que pos-suem corpo com escamas, como as serpentes, lagartos e jacarés.

Residente: espécie não migratória.Riqueza (de espécies): número de es-

pécies em um local.Saco gular: estrutura em forma de bol-

sa, presente na garganta de algu-mas espécies de aves marinhas, servindo para armazenar peixes para levar aos filhotes e para atração sexual na reprodução.

Sub-adulto: indivíduo em idade de transição para a fase adulta.

Territorialista: espécie que defende a área de forrageamento, reprodu-ção, descanso ou deslocamento, afastando outros animais.

Unidade de conservação: denomina-ção dada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) (Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000) às áre-as naturais que podem ser pro-tegidas por suas características especiais.

Uropígio: apêndice triangular sobre as últimas vértebras da cauda da aves, onde são inseridas as pe-nas da cauda e onde se localiza a glândula uropigial, responsável pela produção da secreção usada na impermeabilização das penas.

Uso sustentável: é o uso que não esgo-ta os recursos para o futuro.

Vertebrados: animais que possuem co-luna vertebral e crânio. Inclui os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Vocalização: emissão de sons.

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Sites Consultadoswww.biota-araca.org www.wikiaves.com.brwww.xeno-canto.orgwww.avistarbrasil.com.brwww.mz.usp.brwww.hbw.combirdsna.org/Species-Account/bna/homewww.butantan.gov.br/cultura/museus/museubiologico/observatoriowww.priberam.pt

Lista de EspéciesNome popular Nome científico Páginaandorinha-pequena-de-casa Pygochelidon cyanoleuca 82andorinha-serradora Stelgidopteryx ruficollis 96anu-branco Guira guira 69anu-preto Crotophaga ani 68asa-branca Patagioenas picazuro 67atobá-pardo Sula leucogaster 36avoante Zenaida auriculata 92bacurau-de-asa-fina Chordeiles acutipennis 92batuíra-de-bando Charadrius semipalmatus 58beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis 71beija-flor-tesoura Eupetomena macroura 70bem-te-vi Pitangus sulphuratus 78bem-te-vi-rajado Myiodynastes maculatus 95bentevizinho-de-asa-ferrugínea Myiozetetes cayanensis 95bentevizinho-de-penacho-vermelho Myiozetetes similis 95bico-de-lacre Estrilda astrild 89biguá Nannopterum brasilianus 38cambacica Coereba flaveola 88canário-da-terra Sicalis flaveola 97carcará Caracara plancus 76carrapateiro Milvago chimachima 93chorozinho-de-asa-vermelha Herpsilochmus rufimarginatus 94chupim Molothrus bonariensis 97colhereiro Platalea ajaja 54corruíra Troglodytes musculus 83curicaca Theristicus caudatus 53falcão-de-coleira Falco femoralis 93ferreirinho-relógio Todirostrum cinereum 94gaivotão Larus dominicanus 63garça-azul Egretta caerulea 52garça-branca-grande Ardea alba 48garça-branca-pequena Egretta thula 50garça-moura Ardea cocoi 46

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Nome popular Nome científico Páginagarça-vaqueira Bubulcus ibis 45garrinchão-de-bico-grande Cantorchilus longirostris 96gavião-caboclo Heterospizias meridionalis 91gavião-carijó Rupornis magnirostris 91gavião-de-rabo-branco Geranoaetus albicaudatus 91gralha-do-campo Cyanocorax cristatellus 96guará Eudocimus ruber 91irerê Dendrocygna viduata 91irré Myiarchus swainsoni 94joão-de-barro Furnarius rufus 94lavadeira-mascarada Fluvicola nengeta 81maçarico-de-sobre-branco Calidris fuscicollis 62maçarico-pintado Actitis macularius 60maria-cavaleira Myiarchus ferox 94marreca-toicinho Anas bahamensis 33martim-pescador-grande Megaceryle torquata 72martim-pescador-verde Chloroceryle amazona 93papagaio-moleiro Amazona farinosa 77pardal Passer domesticus 97periquito-verde Brotogeris tirica 93picauzinho-barrado Picumnus cirratus 93pombo-doméstico Columba livia 92quero-quero Vanellus chilensis 57risadinha Camptostoma obsoletum 94rolinha Columbina talpacoti 92sabiá-barranco Turdus leucomelas 96sabiá-laranjeira Turdus rufiventris 84sabiá-poca Turdus amaurochalinus 96saí-azul Dacnis cayana 97sanhaço-cinzento Tangara sayaca 85sanhaço-do-coqueiro Tangara palmarum 97saracura-três-potes Aramides cajaneus 92savacu-de-coroa Nyctanassa violacea 42socó-dorminhoco Nycticorax nycticorax 40socozinho Butorides striata 44

Nome popular Nome científico Páginasuiriri Tyrannus melancholicus 80suiriri-cavaleiro Machetornis rixosa 95suiriri-de-garganta-branca Tyrannus albogularis 95suiriri-pequeno Satrapa icterophrys 95talha-mar Rynchops niger 66tesourão Fregata magnificens 34tico-tico Zonotrichia capensis 96tiê-sangue Ramphocelus bresilius 86tiriba Pyrrhura frontalis 93tiziu Volatinia jacarina 97trinta-réis-de-bando Thalasseus acuflavidus 92trinta-réis-de-bico-vermelho Sterna hirundinacea 64trinta-réis-real Thalasseus maximus 65tucanuçu, tucano-toco Ramphastos toco 74urubu Coragyps atratus 56urubu-cabeça-vermelha Cathartes aura 91

Egretta caerulea - garça-azul

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Créditos Fotográficos

Luciano Gomes Fischer: Fotos contracapa e páginas: 6, 10, 24, 26, 32, 35M, 36, 37(S,M,I), 38, 39, 43, 45, 46, 48, 49, 52, 53, 54, 55, 56, 58, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 78, 79, 80, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 90, 91EM, 91EI, 91DM, 91DI, 92EM, 92EI, 92DS, 93ES, 93EM, 93EI, 93DS, 93DI, 94EM, 94DS, 94DM, 94DI, 95ES, 95EM, 95EI, 95DM, 95DI, 96EI, 96DS, 96DM, 97EM, 97EI, 97DS, 97DM, 97DI, 106, 107, 108

Patricia Luciano Mancini:Foto capa e páginas: 4, 14S, 14I, 15, 16, 18, 19, 20, 22, 27, 33, 34, 35S, 35I, 40, 41, 42, 44, 47, 50, 51, 59, 61, 62, 76, 77, 81, 89, 91ES, 92DM, 92DI, 93DM, 95DS, 96ES, 97ES, 105

Bianca Santos Matinata:Páginas: 29, 57, 94EI, 96DI

Daniel Mello:Páginas: 91DS, 92ES

Gabriel Mello: Páginas: 94ES, 96EM

Legenda dos créditos: S: superior, M: meio, I: inferior, D: direita, E: esquerda.

Todirostrum cinereum - ferreirinho-relógio

Larus dominicanus - gaivotão

adulto

juvenil

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Sobre os Autores

Patricia Luciano ManciniBióloga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC), com mestrado em Zoologia, pela Universidade Estadual Paulista e doutorado em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Atualmente é pós doutoranda na Seção de Aves do Museu de Zoologia da Uni-versidade de São Paulo (MZUSP). Dedica-se à pesquisa e conservação de aves desde 2006. e-mail: [email protected]

Bianca Santos MatinataBióloga, formada pela Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e integrante da Seção de Aves do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). Tem experiência com gestão de fauna e flora, manejo de animais silvestres em cativeiro e monitoramento de avifauna. Entusiasta da observação e admirado-ra incansável das aves. e-mail: [email protected]

Luciano Gomes FischerOceanógrafo, formado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com mestrado e doutorado em Oceanografia Biológica na FURG. Atualmente é Pro-fessor Adjunto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Campus Ma-caé). Apaixonado por fotografia, está sempre registrando sua visão das aves e outros organismos. e-mail: [email protected]

Da esquerda para direita: Bianca Matinata, Patricia Mancini e Luciano Fischer.

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