ANÁLISE DE ÍNDICE DE ÁREA VERDE (IAV) NAS REGIÕES...
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Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Artigo de Revisão ANÁLISE DE ÍNDICE DE ÁREA VERDE (IAV) NAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE BRASÍLIA, TAGUATINGA E CEILÂNDIA ANALISIS OF GREEN AREA INDEX (GAI) IN THE ADMINISTRATIVE REGIONS OF BRASÍLIA, TAGUATINGA AND CEILÂNDIA Jacqueline Kelen Abreu Sousa¹, Erick Frederico Kill Aguiar² ¹ Aluna do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental das Faculdades Integradas ICESP/Promove de Brasília. ² Professor Mestre do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental das Faculdades Integradas ICESP/Promove.
Contato: [email protected]
Resumo
Sabe-se que Índice de Área Verde (IAV) é um indicador de qualidade de vida da população, expressando a oferta de área verde "per capta". No presente trabalho é feito o comparativo das "presenças de áreas verdes" em três Regiões Administrativas (RA) do Distrito Federal, Brasília, Taguatinga e Ceilândia (Figura 1). Foram utilizadas imagens de satélite para mapear as regiões e verificado o Índice de Área Verde (IAV). Nota-se, a partir do mapeamento, a falta de mais áreas verdes nos meios urbanos que dificulta o convívio da população com essas referidas áreas. Os pontos com maiores áreas verdes em cada Região Administrativa são claramente visíveis nas imagens de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), esses pontos de farta cobertura vegetal são duas Unidades de Conservação (UC) e uma área de declividade que dificulta a ocupação urbana. O Índice de Área Verde (IAV) nas três Regiões Administrativas estão bastante acima do indicado. Palavras-chave: áreas verdes; qualidade de vida; Índice de Área Verde.
Abstract
The Green Area Index (GAI) is a life quality of population indicator that measures the offering of green area "per capita". This study presents a comparison among the presences of green areas in three Administrative Regions of Federal District: Brasilia, Taguatinga and Ceilândia (Figure 1). The Study used satellite imagery to map out these areas and measure their GAI. As a result, it is evidenced that the lack of more green areas in urban centres makes the interaction between population and these areas more difficult. The points with more green areas are clearly apparent on the imageries of the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI). There are two points with bountiful vegetal covering: the Protected areas and one slope area that makes the urban occupation more difficult. The Green Area Index in these three Administrative Regions are quite above than that is indicated. Key-words: green areas, life quality, Green Area Index
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Introdução
Áreas Verdes são espaços que
possuem uma grande quantidade de
cobertura vegetal e geralmente são os
jardins, praças ou parques.
O estudo é baseado no índice
atribuído por vários estudos de brasileiros
a Organização das Nações Unidas, a
definição 12 m² de área verde por
habitante seria o ideal.
A cobertura vegetal é comumente
pressionada por várias formas de
ocupação, no meio urbano as edificações
e o crescimento desordenado são sua
maior ameaça. Existe uma dependência
enorme de espaços de vegetação e a
qualidade de vida de uma população.
Quanto maior a área verde e mais
próxima de uma população ela é, mais
opções de lazer, qualidade do ar com a
redução da poluição atmosférica, um solo
mais permeável, regularidade do
microclima da região se tem. O ser
humano faz parte do meio ambiente e por
isso necessita da existência dessas
áreas verdes, mesmo que não tenha um
contato direto com a utilização das zonas
verdes, os benefícios da existência ou
não existência dessas áreas é usufruído
de uma forma ou de outra.
No presente trabalho é feito o
comparativo das "presenças de áreas
verdes" em três Regiões Administrativas
(RA) do Distrito Federal, Brasília,
Taguatinga e Ceilândia (Figura 1), essas
regiões foram escolhidas para verificar,
também, a ligação da renda per capta.
Foram utilizadas imagens de satélite para
mapear as regiões e verificado o Índice
de Área Verde (IAV). Nota-se a falta de
mais áreas verdes nos meios urbanos
que dificulta o convívio da população com
essas referidas áreas. Os pontos com
maiores áreas verdes em cada Região
Administrativa são claramente visíveis
nas imagens de Índice de Vegetação por
Diferença Normalizada (NDVI), esses
pontos de farta cobertura vegetal são
duas Unidades de Conservação (UC) e
uma área de declividade que dificulta a
ocupação urbana. O Índice de Área
Verde (IAV) nas três Regiões
Administrativas estão bastante acima do
indicado.
Figura 1. Localização das Regiões Administrativas no Distrito Federal.
Surgimento das Regiões
Administrativas e suas expansões
Segundo o Plano Diretor Local (PDL,
1997), na construção da capital, vários
imigrantes foram atraídos e se instalavam
em invasões nos arredores do Plano
Piloto, até mesmo nos canteiros de obras
e por ali ficavam ao final das obras. Esse
fluxo migratório e de invasões fez com
que o governo tomasse varias medidas
para frear essa ocupação não planejada.
Em 1958 foi dado o veredicto da criação
das ―cidades-satélites‖.
Mesmo tomando essa decisão de
criação de espaços denominados
―cidades-satélites‖ para esses imigrantes
que construíam a capital, a primeira iria
ser feita a 25 quilômetros do Plano Piloto,
houve um mobilização da população que
acabou por acelerar os planos.
Esses imigrantes que eram a mão
de obra da capital estavam alojados em
barracos de lona, sem condições e
infraestrutura para se viver, pediram o
assentamento neste local que tinha o
nome de Vila Sara Kubitscheck
(localizada à margem da estrada Brasília-
Anápolis, em frente à ―cidade livre‖,
Núcleo Bandeirante). Com bastante
resistência e desconfiança dos
manifestantes, em apenas dez dias a
NOVACAP alojou aproximadamente
quatro mil pessoas em lotes demarcados
as pressas. O transporte dos
trabalhadores era feito por caminhões da
NOVACAP, instalado fossas e rede de
provisória de água. A cidade recebeu o
nome de Santa Cruz de Taguatinga e
posteriormente, Taguatinga.
Taguatinga possui alguns parques
de convivência, como o Parque do Areal;
Parque Lago do Cortado; Parque
Ecológico Saburo Onoyama que possui
uma área de 90 hectares de extensão e
faz parte da Área de Relevante de
Interesse Ecológico (ARIE); Parque
Recreativo Taguatinga; Parque Boca da
Mata; Parque Ecológico Irmão Afonso
Hauss; Parque de Taguatinga, conhecido
como Taguaparque, possui 89 hectares.
O nome Ceilândia tem origem na
Campanha de Erradicação de Invasões –
CEI. Essa campanha foi realizada para
alojar os mais de 80.000 habitantes que
viviam em, aproximadamente, 15.000
barracos em condições subumanas.
Ceilândia foi criada em 1971, como
um desmembramento de Taguatinga.
Os parques de Ceilândia: Parque
Corujas; Parque Ecológico e Vivencial do
Rio Descoberto; Parque Lagoinha;
Parque Recreativo do Setor "O".
Pelas informações fornecidas pelo
documento Pesquisa Distrital por
Amostra de Domicílio (PDAD, 2013/2014)
Brasília/Plano Piloto é a primeira Região
Administrativa do Distrito Federal, foi
fundada em 1960, mas somente foi
inaugurada em 1964 quando foi definida
pela Lei nº 4.545 como RA I.
Brasília/Plano Piloto é composta por: Asa
Norte, Asa Sul, Estação Rodoviária,
Setores de Oficinas, Armazenagem e
Abastecimento, Indústrias Gráficas,
Embaixadas Norte e Sul, Setor Militar
Urbano, Clubes, entre outros; Parque
Sarah Kubitscheck (Parque da Cidade);
Área de Camping; Eixo Monumental;
Esplanada dos Ministérios e as Vilas:
Planalto, Telebrasília e Weslian Roriz.
O Parque Nacional de Brasília é
uma Unidade de Conservação que
abrange as regiões administrativas de
Brasília-DF, Sobradinho- DF e
Brazlândia-DF e o município goiano de
Padre Bernardo. A criação do Parque
tem o objetivo de preservação do
ecossistema natural de grande relevância
ecológica e beleza cênica, onde são
realizados vários tipos de acesso da
população, como para estudo, recreativo,
turismo ecológico e outros, tem a gestão
realizada pelo Instituto Chico Mendes
(ICMBio). O Parque possui atualmente
uma área de 42.389,01 hectares.
A discussão em foco atualmente é a
expansão do Setor Sudoeste com a
construção da quadra 500 próximo ao
Eixo Monumental. Ela irá ocupar uma das
últimas áreas de cerrado preservado no
centro de Brasília. O interesse imobiliário
é grande, mas existe uma representação
de populares contra essa construção.
E as duas últimas (E e F) visam abrir
perspectiva futura de maior oferta
habitacional multifamiliar em áreas que,
embora afastadas, vinculam-se ao núcleo
original tanto através da presença do lago
como pelas duas pontes que se pretende
construir (a primeira pessoa a me alertar
para tal possibilidade foi o economista
Eduardo Sobral, mais de 10 anos atrás).
Poderiam ser chamadas "Asas Novas" —
Asa Nova Sul e Asa Nova Norte. Na
implantação dos dois novos bairros a oeste
— Oeste Sul e Oeste Norte —foram
previstas Quadras Econômicas (pilotis e
três pavimentos) para responder à
demanda habitacional popular e
Superquadras (pilotis e seis pavimentos)
para classe média, articuladas entre si por
pequenos centros de bairro, com ocupação
mais densa, gabaritos mais baixos (dois
pavimentos sem pilotis) e uso misto.
(Brasília Revisitada 1985/1987). Nessas
"Asas Novas", mesmo quando de
configuração diversificada, deve também
prevalecer a mesma conotação de cidade
parque, vale dizer, pilotis livres, predomínio
de verde, gabaritos baixos. Convém ainda
destinar parte da Asa Nova Norte a
parcelamento em lotes individuais,
aproveitando os caprichos da topografia,
respeitada a proteção arborizada dos
córregos e nascentes. Assim, esta
expansão futura atenderá às três faixas de
renda. (COSTA, 1987, pg. 6).
O Setor Noroeste e Setor Sudoeste
foram previstos por Lúcio Costa como
uma opção futura para comportar o
crescimento populacional do Plano Piloto.
O Setor Noroeste foi totalmente
planejado para atender seus habitantes
com conforto, infraestrutura e o conceito
de ―bairro verde‖. Localiza-se na antiga
Fazenda Bananal e atual Santuário dos
Pajés onde havia uma comunidade
indígena. Os primeiros indígenas a
chegarem nessa região foi por volta de
1957 e 1958, vieram trabalhar na
construção civil da nova Capital, ali se
estabeleceram e desde então ocuparam
essa região. Com a decisão da
construção do setor habitacional
Noroeste se criou o conflito por causa da
desocupação do território. Esse conflito
se iniciou em 2008, quando a
comercialização dos lotes começou.
O Governo do Distrito Federal, por
meio da Terracap conseguiu entrar em
acordo com duas etnias que ocupavam
aquela região. Essas duas etnias irão ser
removidas para uma área de 220m² entre
o viveiro de mudas da Novacap e o
Parque Nacional de Brasília. Essa
remoção tem a previsão de acontecer no
primeiro semestre de 2016, segundo
acordo firmado. Uma etnia chamada
Fulni-Ô Tapuyá não assinou acordos e
receberam da Justiça Federal do DF o
direito de permanecer no local. Essa
comunidade indígena é a primeira a ter
registro de ocupação no local e a única a
entender o espaço como sagrado.
O empreendimento conta com três
espaços verdes, entre elas o Parque
Ecológico Burle Marx, para compensação
do impacto ambiental.
A construção do setor Noroeste é
bastante criticada por especialistas que
entendem esse empreendimento como
desnecessário para o atual momento,
onde o termo ―bairro verde‖ é usado para
atrair compradores e visando somente o
lucro. Sabe-se que restos das obras do
setor Noroeste colaboraram para o
assoreamento do Lago Paranoá, sendo
possível visualizar resto de material de
construção, e a água drenada da
construção jogada diretamente no
Ribeirão do Bananal que abastece o
Lago Paranoá.
O Setor Sudoeste, que o antecede em uma
década e meia, foi projetado de forma
ambientalmente agressiva, ocupando todos
os espaços vazios disponíveis acima da
Asa Sul e do Parque da Cidade, entre o
Eixo Monumental e o Setor Octogonal. O
Setor Noroeste será ocupado em etapas,
da mesma forma imobiliariamente
exaustiva. A alegação dos vendedores, de
que será um ―bairro verde‖, é falaciosa,
pois: a) o Setor Noroeste não é fruto de
nenhuma análise ambiental que o coloque
como forma de defesa do ambiente, ou de
manejo claramente orientado para a
preservação daquela enorme gleba; b) não
há um projeto de educação ambiental ou
de organização comunitária concomitante
com esse episódio de urbanização, central
a esse projeto, gerador de suas formas.
Isso, sim, seria inovador, revolucionário,
exemplar, digno de Brasília. (BARRETO,
2009).
Dessa forma podemos verificar que
o planejamento e desenvolvimento
dessas regiões estão diretamente ligados
ao acesso e proximidade dessas áreas
verdes. Existe uma valorização dessas
regiões por essa oferta e facilidade de
contato para lazer, convívio social,
estética e outros benefícios que uma
área verde pode proporcionar.
Nas regiões de Taguatinga e
Ceilândia, a urbanização é fora dos
padrões ambientais na parte da cidade
que já existem desde a fundação, até os
novos loteamentos e construções
habitacionais.
Organização Mundial de Saúde e o
Índice de Área Verde
A presença de áreas verdes é
fundamental na função de proporcionar
um solo não impermeabilizado, maior
biodiversidade nessas áreas e a própria
presença de vegetação que promove
uma qualidade de vida nas cidades com
a melhoria do microclima, preservação
das fontes de água, a qualidade do ar e
do solo. Também se tem um grande
ganho na parte social, pois possibilita a
população que contato com essas áreas
o uso para lazer, uso educativo, uma
paisagem mais bonita da cidade com
maior diversidade de beleza cênica.
Segundo o que foi descrito por
Nucci (2001), uma característica
importantíssima e mesmo assim
esquecida com o desenvolvimento dos
meios urbanos, é a cobertura vegetal,
além da necessidade natural do ser
humano pela vegetação, também seria
indispensável para as cidades para
diminuição da poluição, pois a cada dia
as cidades estão mais poluídas,
principalmente seus rios e o ar, com a
preservação da vegetação local, essa
poluição poderia ser bem menor.
O índice de áreas verdes, expressa a
relação entre a área dos espaços verdes
de uso público, em km² ou m², e a
quantidade de habitantes de uma
determinada cidade. Neste cálculo estão
incluídas as praças, os parques e similares,
ou seja, aqueles espaços cujo acesso da
população é livre (JESUS & BRAGA, 2005).
Existem vários estudos e
discussões sobre o índice de áreas
verdes por habitante nos meios urbanos.
A indicação atribuída a Organização
Mundial de Saúde (OMS) de 12m² por
habitante é bastante utiliza como
referência para cálculos de Índice de
Áreas Verdes pelos autores brasileiros,
mas na verdade a Organização Mundial
de Saúde, sugere um valor de 9m² por
habitante como base para
desenvolvimento urbano da América
Latina e Caribe. (IDB, 1997 apud
ROSSET, op. Cit.).
Como o índice mais utilizado e
atribuído a Organização Mundial de
Saúde em estudos no Brasil é o de 12m²
por habitante, irei adotar o mesmo como
referência para este trabalho e utilizo
como justificativa a tendência de sempre
aumentar o índice para uma melhor
qualidade de vida. No Brasil, a
organização que realiza a indicação de
Índice de Áreas Verdes é a Sociedade
Brasileira de Arborização Urbana (SBAU)
que indica 15m² por habitante mostrando
uma maior quantidade de índice.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ARBORIZAÇÃO URBANA, 1996).
A metodologia mais utilizada para o
cálculo do IAV considera o somatório das
áreas verdes (m²) dividido pela
população da área estudada.
Sistema de informação geográfica –
SIG
É um software que adapta as
ferramentas para obter resultados.
Armazena os dados para análise e esses
dados são sobrepostos e podem gerar
imagens.
Sistema de Informações Geográficas (SIG)
refere-se àqueles sistemas que efetuam
tratamento computacional de dados geográficos.
Um SIG armazena a geometria e os atributos dos
dados que estão georreferenciados, isto é,
localizados na superfície terrestre e numa
projeção cartográfica qualquer. Os dados tratados
em geoprocessamento têm como principal
característica a diversidade de fontes geradoras e
de formatos apresentados. O requisito de
armazenar a geometria dos objetos geográficos e
de seus atributos representa uma dualidade
básica para SIG’s. Para cada objeto geográfico,
um SIG necessita armazenar seus atributos e as
várias formas de representações gráficas
associadas. (CÂMARA, 2000 apud AGUIAR,
2011).
À consulta destes dados pode ser
espacial ou por atributos. Em geral a
consulta de dados espaciais, geralmente
responde a questões que têm a ver com
a geografia do dado.
Numa visão abrangente, pode-se
indicar que um SIG tem os seguintes
componentes:
• Interface com usuário;
• Entrada e integração de dados;
• Funções de consulta e análise espacial;
• Visualização e plotagem;
• Armazenamento e recuperação de
dados (organizados sob a forma de um
banco de dados geográficos).
Estes componentes se relacionam
de forma hierárquica. No nível mais
próximo ao usuário, a interface homem-
máquina define como o sistema é
operado e controlado. No nível
intermediário, um SIG deve ter
mecanismos de processamento de dados
espaciais (entrada, edição, análise,
visualização e saída). No nível mais
interno do sistema, um sistema de
gerência de bancos de dados geográficos
oferece armazenamento e recuperação
dos dados espaciais e seus atributos.
De uma forma geral, as funções de
processamento de um SIG operam sobre
dados em uma área de trabalho em
memória principal. A ligação entre os
dados geográficos e as funções de
processamento do SIG é feita por
mecanismos de seleção e consulta que
definem restrições sobre o conjunto de
dados. (AGUIR, 2011).
Geoprocessamento
É um conjunto de tecnologias que
coletam e tratam informações, uma
ferramenta que utiliza técnicas de
matemática e computacionais.
(...) a disciplina do conhecimento que utiliza
técnicas matemáticas e computacionais
para o tratamento da informação geográfica
e que vem influenciando de maneira
crescente as áreas de Cartografia, Análise
de Recursos Naturais, Transportes,
Comunicações, Energia e Planejamento
Urbano e Regional. As ferramentas
computacionais para Geoprocessamento,
chamadas de Sistemas de Informação
Geográfica (GIS), permitem realizar
análises complexas, ao integrar dados de
diversas fontes e ao criar bancos de dados
geo-referenciados. Tornam ainda possível
automatizar a produção de documentos
cartográficos.
(...) Num país de dimensão continental
como o Brasil, com uma grande carência
de informações adequadas para a tomada
de decisões sobre os problemas urbanos,
rurais e ambientais, o Geoprocessamento
apresenta um enorme potencial,
principalmente se baseado em tecnologias
de custo relativamente baixo, em que o
conhecimento seja adquirido localmente.
(CÂMARA, 2000 apud AGUIAR, 2011).
As ferramentas computacionais para
geoprocessamento, chamadas de
Sistemas de Informação Geográfica GIS -
sigla em Inglês para SIG permitem
realizar análises complexas, ao integrar
dados de diversas fontes e ao criar
bancos de dados georreferenciados.
Tornam ainda possível automatizar a
produção de documentos cartográficos.
(AGUIAR, 2011, p.14)
Sensoriamento Remoto
Neste trabalho utilizamos a
tecnologia de Sensoriamento Remoto
para obter imagens das RAs estudadas.
Dessa forma podemos perceber
nitidamente as mudanças visuais dos
espaços de áreas verdes disponíveis
com o desenvolvimento e até mesmo
realizar uma estimativa de espaços
verdes remanescentes nessas áreas.
O sensoriamento remoto começou a
se desenvolver na década de 60 com a
área espacial, as primeiras imagens
foram captadas por satélites
meteorológicos.
A definição mais conhecida ou
clássica de sensoriamento remoto é:
Sensoriamento remoto é uma técnica de
obtenção de imagens dos objetos da
superfície terrestre sem que haja um
contato físico de qualquer espécie entre o
sensor e o objeto. (MENEZES, PAULO;
DE ALMEIDA, TATI, 2012)
Cálculo do Índice de Vegetação - NDVI
Geraram-se as Imagens Índice de
Vegetação (NDVI), através da equação
(1):
NDVI = [(banda 4 – banda 3) / (banda 4 +
banda 3)]
(1)
Nas imagens NDVI, os níveis de
cinza mais claros expressam valores que
representam altos índices de vegetação,
enquanto os níveis de cinza mais escuros
representam baixos índices de vegetação
com níveis de cinza próximo a zero.
Estes valores baixos correspondem a
alvos urbanos como área construída, solo
exposto e água. (ROSEMBACK,
FRANÇA e FLORENZANO, 2004)
Material e métodos
Para se chegar aos resultados da
análise de IAV, foram utilizados os
seguintes materiais para essa análise:
Imagem Landsat 8 (01/06/2015) –
nomenclatura: LC82210712015152LGN00
Bandas RGB 654
Limites das Regiões
Administrativas de Brasília,
Taguatinga e Ceilândia – IBGE
(2010)
Hidrografia e vias – Terracap
(2010)
Parque Nacional de Brasília -
ICMBio
Declividade – INPE (Topodata)
Parques de usos múltiplos –
IBRAM
O sistema de coordenadas de referência
utilizado foi UTM SIRGAS 2000 fuso 22 e,
para a Região Administrativa de Brasília,
fuso 23.
Com isso, foi possível gerar o NDVI
pela diferença das bandas infravermelho
e infravermelho próximo, indicados no
fluxograma abaixo (Figura 2).
Figura 2. Fluxograma do processamento dos dados.
Foi feito download da imagem do
satélite Landsat 8 (OLI/TIRS), no site da
United States Geological
Survey (USGS), com a trajetória 221 e
linha 71, referente ao quadrante em que
está situado o Distrito Federal.
Conseguinte, foi realizado a
reprojeção da imagem para SIRGAS e
hemisfério sul, visto que a imagem está
com sistema de coordenadas com
notação para o hemisfério norte. Após
isso, foi efetuada uma junção das
bandas 1-6, e posteriormente, a
composição colorida RGB 654. Com
isso, aplicou-se o NDV, que é a razão
das bandas infravermelho e
infravermelho próximo, afim de que se
separasse apenas os dados relativos a
vegetação. Contudo, é preciso fazer a
reclassificação para organização apenas
dos valores de interesse (vegetação).
O último passo realizado foi o
recorte das Regiões Administrativas de
Brasília, Taguatinga e Ceilândia, para
que fossem calculadas as áreas (m²).
O indicador utilizado neste
trabalho para análise da distribuição
espacial da vegetação intraurbana foi
Índice de Áreas Verdes (IAV). Este
índice é frequentemente utilizado para
comparar as quantidades de áreas
verdes entre diferentes cidades, sejam
elas brasileiras ou não.
Para o cálculo do IAV (Índice Área
Verde) (Eq. 2) a metodologia aplicada
neste trabalho considerou: Somatório
total de Áreas Verdes (somatório das
áreas verdes totais) dividido pelo número
total de habitantes (segundo o CENSO
2010). Para efeito dos cálculos de IAV,
áreas, foi utilizado o software ArcGis.
O censo 2010 (IBGE, 2010),
trouxe o resultado amostral para as três
Regiões Administrativas (Tabela 1).
Tabela 1. Dados do censo 2010. Fonte: IBGE, 2010.
Brasília Taguatinga Ceilândia
Nº Total de Habitantes (hab) 214.529 221.909 398.374
Os dados do censo 2010 (IBGE, 2010) serviram para entrar na variável de
habitantes na Eq. 2 do IAV – Índice de Áreas Verdes.
(2)
Resultados e Discussão
A Região Administrativa de
Brasília/Plano Piloto (Figura 3) foi a que
apresentou o maior Índice de Área Verde
(IAV) por habitante (Tabela 2), esse
índice elevado foi obtido principalmente
por causa da Unidade de Conservação,
o Parque Nacional de Brasília, que
possui grande importância para
manutenção de espécies, fauna e flora
na região, mas que acaba dando um
índice alto de IAV e não se nota uma
grande cobertura vegetal no meio
urbano. Já na Região Administrativa de
Taguatinga (Figura 6) possui Áreas de
Relevante Interesse Ecológico, o que
também colaborou para o seu índice ter
dado bem acima dos 12m² por
habitantes recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mantendo somente os parques
urbanos existentes e retirando as
Unidades de Conservação, o Índice de
Área Verde seria abaixo do esperado.
Mesmo a Região Administrativa de
Ceilândia (Figura 4) possuindo também
um Índice de Área Verde satisfatório e
não possuindo uma Unidade de
Conservação, foi constatada uma
declividade que causa uma barreira
geográfica (Figura 5) dificultando a
ocupação urbana de um grande espaço
dessa região.
As políticas de arborização dessas
Regiões Administrativas estão deixando
a desejar por não articularem formas de
elevar a presença de áreas verdes nos
meios urbanos. A arborização das vias
nos meios urbanos deveria ter uma
maior importância, pois reduzem ruídos,
ajudam na captura de material
particulado, melhoram o microclima
causando uma maior sensação de
conforto, frescor e melhoria do ar.
Figura 3. IAV da Região Administrativa de Brasília.
Figura 4. IAV da Região Administrativa de Ceilândia.
Figura 5. Declividade da Região Administrativa de Ceilândia.
Figura 6. IAV da Região Administrativa deTaguatinga.
Tabela 2. Características de censo e áreas verdes das RA’s.
IAV Brasília Taguatinga Ceilândia
Áreas Verdes (m²) 305.912.196,7 48.837.695,22 141.756.483,1
Nº Total de Habitantes (hab) 214.529 221.909 398.374
Área da RA (m²) 472.201.009,5 124.243.195,5 234.011.373,4
Percentual de Área Verde na RA (%) 64,78 39,31 60,58
Total (m²/hab) 1425,97 220,08 355,84
Gráfico 1. Resultados do IAV para as RA’s.
1425,97
220,08 355,84
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Brasília Taguatinga Ceilândia
m²/
hab
itan
te
Região Administrativa
TOTAL DE ÁREA VERDE (M²/HAB)
Conclusão O Presente estudo atendeu o
entendimento do Índice de Áreas Verdes
e apresentou resultados das regiões
administrativas propostas que foram
Brasília/Plano Piloto, Ceilândia e
Taguatinga.
Todas as regiões administrativas
estudadas apresentaram um resultado
elevado de Índice de Áreas Verdes, mas
cabe ressaltar que a presença de
unidades de conservação em duas
dessas três regiões e uma declividade
geográfica que impossibilita a ocupação
de uma dessas regiões favoreceu
nesses bons resultados. Na verdade o
que se vê é uma má distribuição das
áreas verdes dentro dos meios urbanos.
Brasília/Plano Piloto, apresentou o
maior índice de áreas verdes, com
1425,97m² por habitante, seguida de
Ceilândia com 355,84 m² por habitante e
Taguatinga com 220,08 m² por habitante
(Gráficos 1 e 2). Deve haver uma maior
dedicação por parte do Governo
(Novacap) com relação a arborização
para colaborar com um maior número de
áreas verdes dentro das vias urbanas
realizando uma melhor distribuição da
vegetação, levando em consideração a
importância para interação da população
com essas áreas para lazer e recreação,
aumentando a qualidade de vida e uma
melhor estética das cidades. A
conscientização dos habitantes das
regiões estudadas sobre a importância
dessas áreas verdes e seus benefícios
para a população também seria
interessante e esse trabalho de
conscientização poderia ser realizado,
não só pelo governo, mas também pela
faculdade convidando a população para
palestras e também distribuindo cartilhas
com informações úteis para esse fim.
Em futuros estudos com o mesmo
objetivo de averiguação de áreas verdes
dessas mesmas regiões ou outras
regiões, podem ser melhorados com a
utilização de equipamentos como drones
para captura de imagens e
sensoriamento remoto para contagem de
espécies arbóreas com mais precisão.
Contudo, fica a sugestão de futuros
estudos de Índice de Áreas Verdes para
outras regiões urbanas com cálculos de
cobertura vegetal e assim se ter mais
referências para melhorias na qualidade
de vida.
Referências Bibliográficas
AGUIAR, Erick Frederico Kill. Análise do índice de áreas verdes (IAV) em meio urbano
nas regiões administrativas do Guará, Núcleo Bandeirante e Park Way – Distrito
Federal. 2011. Monografia (Especialização em Gestão e Perícia Ambiental) – Faculdades
Integradas UNICESP, Brasília, 2011.
BARRETO, F. F. P. O Setor Noroeste e sua falácia de "projeto ecológico". Disponível
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