As Origens Da Ontologia Do Ser Social

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    AS ORIGENS DA ONTOLOGIA DO SER SOCIAL: A QUESTO DO MTODO

    Origins of the ontology of social being: the question of the method

    SOUZA JUNIOR, Hormindo Pereira de1

    RESUMONeste artigo procuramos chamar a ateno para a necessidade do exame de duas obras da fecunda produo de Karl Marx para as origens da ontologia do ser social: a Sagrada Famlia, publicada originalmente em 1845, e a Misria da Filosofia, publicada originalmente em 1847. Buscamos deixar claro o rompimento de Marx com o pensamento especulativo contido na Filosofia da Misria e na Sagrada Famlia, bem como em seus mistrios para a construo dos lineamentos iniciais e fundamentais de uma primeira crtica ontolgica. A partir disso, podemos compreender que o ponto de partida no a lgica da coisa e, sim, a coisa da lgica. Quando buscamos compreender, entender e apreender a vida, o mundo, partimos da vida e do mundo e no do conceito sobre a vida e sobre o mundo.

    Palavras-chave: Ontologia do ser social; Epistemologia; Produo do conhecimento.

    ABSTRACTIn this article, we draw the readers attention to the need of examining two particular works of Karl Marxs fruitful productions on the origins of the social beings ontology: The Holy Family, originally published in 1845, and The Philosophys Poverty, originally published in 1847. We make it clear Marxs disruption with the speculative thought content of both, The Poverty Philosophy and The Holy Family, as well as their misteries on the construction of initial and fundamental guidelines of a first ontological review. Based upon such statements, we are able to realize that the basis is not the logic of the fact itself, but yet the fact of the logic. As we try to realize, to understand and to learn about life and the world, we start it from life and the world and not from the concept of both in particular.

    Keywords: The social beings ontology; Epistemology; Knowledge production.

    1 Doutor em Histria e Filosofia da Educao pela PUC-SP, com Ps-doutorado em Filosofia Poltica e Educao pela UFF, Mestre em Educao pela FaE/UFMG, Graduao em Cincias Sociais pela UFMG. Professor Associado da FaE/UFMG, Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Marx, Trabalho e Educao (GEPMTE), vinculado ao Ncleo de Estudos sobre Trabalho e Educao (NETE) da FaE/UFMG. E-mail: .

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    A GNESE... O TELOS SOCIAL...

    Nesta segunda dcada do sculo XXI, ainda continuamos a nos reportar a Karl Marx para buscar compreender o mundo humano e social. O motivo simples de ser exposto. Ainda no fomos capazes de suplantar a ordem iniciada com o advento do capitalismo como formao social humana. Ou seja, a cincia desenvolvida por Marx no sculo XIX continua atual em seus termos de referncia e em seus fundamentos para todos aqueles que buscam compreender a vida humana em sua essncia, na raiz original, em seus alicerces. Compreenso esta fundamental transformao do mundo humano. Para alm de interpretar, cabe compreender e apreender para transformar.

    Mesmo que, como nos informa Frederico (2009, p.9), revisitar os textos juvenis de Marx, especialmente aqueles escritos em 1843-1844, revolver um conjunto de ideias embrionrias que se prestaram s mais diversas interpretaes e usos. Frederico (2009) nos indica que a publicao de grande parte dessas obras, a partir de 1927, encontrou uma atmosfera desfavorvel.

    A herana da Segunda Internacional, durante um longo perodo, havia restringido o legado marxiano a uma cincia econmica determinista totalmente impermevel dialtica. E o pensamento de Marx, assim concebido, foi transformado num materialismo mecanicista prximo do positivismo. Contra essa viso levantaram-se, na dcada de 1920, sob o impacto imediato e o entusiasmo produzido pela revoluo de 1917, as intervenes de Korsch e Lukcs. Ao pensamento mecanicista e determinista, eles opuseram o papel ativo e criador dos fatores subjetivos, fazendo do marxismo uma filosofia da conscincia prxima do idealismo hegeliano e distante do materialismo (FREDERICO, 2009, p.9, grifo nosso).

    Questo bastante polmica colocada pelo autor da frase acima, porm instigante em seus prprios termos. Mesmo no concordando plenamente com ele, sabemos e convivemos com diversas interpretaes das proposies de Marx para a apreenso, compreenso e exposio sistemtica dos objetos que pomos investigao na nsia de compreend-los. No so poucos os que tentaram e ainda tentam vincular a base de um materialismo revolucionrio a um idealismo conformista e adaptado ao mundo fantasioso do capital. Enfim,

    Remoer os textos juvenis de Marx, portanto, no atividade desinteressada de um arquelogo do saber, de um historiador minucioso preocupado somente com a reconstituio tecnicamente correta e desapaixonada de um captulo encerrado na histria das ideias. Ao contrrio: esta uma viagem ao tempo presente e, portanto, obriga-nos a uma tomada de posio sobre os impasses tericos em que estamos envolvidos. Essa viagem nunca termina e sempre traz novidades, j que as ideias do Jovem Marx continuam acenando para ns e polarizando os debates da atualidade (FREDERICO, 2009, p.13).

    Acerca do contexto histrico-social da produo marxiana da Sagrada Famlia e da Misria da Filosofia no sculo XIX, Silva (2010, p.11) nos informa que:

    A passagem do sculo XVIII para o sculo XIX inaugura o que, convencionalmente, se denomina de histria contempornea. Depois de quase quatro sculos de acumulao

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    de capital, de comrcio colonial, de sucessivas guerras hegemnicas e contra-hegemnicas, da desestruturao do feudalismo, da expanso da linguagem escrita e do ensino, da lenta conquista e subjugao de outras civilizaes, a Europa teve de enfrentar uma profunda transformao de seu processo histrico, que reafirmava tendncias anteriores. Assim, o desenvolvimento da burguesia desencadeou as duas grandes revolues, a Francesa e a Industrial, que marcaram o incio de uma nova era.

    O autor do trecho acima, em sua rpida e precisa anlise da construo da nova ordem europeia no sculo XIX, em que procura pontuar o desenvolvimento econmico e as transformaes polticas que impactaram o continente, recupera-nos os textos clssicos do grande historiador, membro do Partido Comunista Britnico e autor de A era das revolues e de A era do capital, para nos apresentar os efeitos da dupla revoluo (Francesa e Industrial) na formao da poca contempornea.

    A Revoluo Industrial era a contrapartida econmica da dupla revoluo que estava ocorrendo no final do sculo XVIII e que marcaria a poltica e a economia mundial at o tempo presente, inaugurando a Histria contempornea. Difcil de precisar, o termo revoluo industrial reflete seu impacto relativamente tardio sobre a Europa, pois comeou a tornar-se corrente apenas por volta de 1820. Do ponto de vista da periodizao, embora muitos historiadores considerem 1760 a partida para a Revoluo Industrial, a guinada repentina aconteceu por volta de 1780, embora sua repercusso possa ser precisada mais para as duas ltimas dcadas do sculo XVIII. A Revoluo Industrial contempornea da Revoluo Francesa, embora um pouco anterior a ela (HOBSBAWM apud SILVA, 2010, p.5).

    David Landes, da Havard University, autor do portentoso Prometeu desacorrentado e apresenta, segundo Eric Hobsbawm, sem dvida, a melhor introduo histria econmica do nosso tempo. Em brilhante captulo sobre a Revoluo Industrial na Inglaterra, nos apresenta que:

    No sculo XVIII, uma srie de invenes transformou a indstria do algodo na Inglaterra e deu origem a um novo modo de produo o sistema fabril. Durante esses anos, outros ramos da indstria realizaram avanos comparveis, e todos juntos, reforando-se mutuamente, possibilitaram novos benefcios, numa frente cada vez mais ampla. A abundncia e a variedade dessas inovaes chega quase a inviabilizar a compilao, mas possvel agrup-las sob trs princpios: a substituio da habilidade e esforo humanos pelas mquinas rpidas, constantes, precisas e incansveis; a substituio das fontes animadas de energia por fontes inanimadas, em especial a introduo de mquinas para transformar o calor em trabalho dando ao homem acesso a um suprimento novo e quase ilimitado de energia; e o uso de matrias-primas novas e muito mais abundantes, em particular a substituio das substncias vegetais ou animais por minerais (LANDES, 1994, p.49).

    Para Landes (1994), a Revoluo Industrial gerou um aumento sem precedentes na produtividade do trabalho e uma elevao substancial da renda per capita. Transformou o equilbrio do poder poltico dentro das naes, entre elas e entre as civilizaes, revolucionou a ordem social, e tanto modificou a maneira de pensar do homem quanto a sua maneira de fazer (LANDES, 1994, p.49). Em sua recuperao histrica, em que procura no confundir aparncia com realidade, Landes (1994) ressalta que a Revoluo

    no se assemelhou a nada que j tivesse sido experimentado. As transformaes

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    anteriores, polticas ou econmicas, sempre haviam acabado por se estabilizar numa nova posio de equilbrio. [...] Muitos ingleses teriam detido seu curso, ou at provocado um recuo. Por boas ou ms razes, estavam aflitos, inconformados ou ultrajados com suas consequncias. Choravam a perda de uma Inglaterra risonha que nunca havia existido; deploravam a fuligem e a feiura das novas cidades fabris; bradavam contra a pobreza precria de um proletariado desarraigado. [...] Esses pessimistas, por mais vociferantes que fossem, eram uma pequena minoria. [...] As classes mdia e alta estavam convencidas pelas maravilhosas invenes da cincia e da tecnologia, pela massa e variedade crescentes dos bens materiais, pela velocidade de locomoo cada vez maior e pelo conforto das atividades cotidianas de que estavam vivendo no melhor dos mundos possveis, e mais, num mundo que estava melhorando (LANDES,1994, p.50,129).

    Os proletrios, especialmente os marginalizados do pretenso proveitoso mundo luminoso do capital, oprimidos pela nascente indstria mecanizada capitalista, sem dvida, teriam outra opinio.

    Jos Paulo Netto, na introduo ao livro Misria da Filosofia, de Karl Marx, traduzido por ele para o portugus em 1989, nos diz o seguinte:

    A histria do movimento operrio, desde o sculo XIX, um processo que se articula por uma unidade que, garantida pelo desenvolvimento da teoria social moderna (fundada por Marx), resolve-se e se consolida nas fraturas parciais que os enfrentamentos tericos, polticos e ideolgicos, direita e esquerda, lhe impem (PAULO NETTO, 1989, p.9).

    A Misria da filosofia significou o auge dessa disputa que assinala tanto a diferenciao poltico-ideolgica, crucial e qualitativa, entre duas perspectivas socialistas a reformista e a revolucionria , quanto, simultaneamente, o embasamento da teoria social moderna (PAULO NETTO, 1989, p.9).

    Antes, cabe-nos falar de A Sagrada Famlia, escrito entre setembro e novembro de 1844, em Paris. Em seus estudos, Marcello Musto (2011; 2014) registra que A Sagrada Famlia foi pensada pela primeira vez por Marx, em 28 de agosto de 1844, durante uma conversa com Engels em um caf na capital francesa.

    Gestada, portanto, entre 1844 e 1845, A Sagrada Famlia aparece em fins de fevereiro de 1845. Ou seja, entre o vero de 1844 e o inverno de 1845 no hemisfrio norte. H cerca de 170 anos surgia pela primeira vez uma das mais contundentes crticas s maneiras e aos modos de ver o mundo dos idealistas. A obra uma crtica cida aos neo-hegelianos, que eram os idelogos, idealistas dominantes na Alemanha do tempo de seus autores. Em certo momento Marx, costumeiramente mordaz, pontua: sua arte [a de Szeliga, um dos idealistas criticados] no consiste em desvendar o oculto, mas em ocultar aquilo que j se encontra desvendado (MARX; ENGELS, 2011, p.70). Com as devidas propores, ainda hoje, muitos continuam a perseverar nesse caminho. Parece ser marca do nosso tempo a ocultao premeditada da essncia em prol da aparncia, da forma, na nsia para subjugar o outro. Mesmo que a aparncia e a forma, por si, no permitam tal intento.

    Em setembro de 1844, no prlogo ao livro, Engels afirma:

    O humanismo real no tem, na Alemanha, inimigo mais perigoso do que o espiritualismo ou idealismo especulativo -, que, no lugar do ser humano individual e verdadeiro,

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    coloca a autoconscincia ou o esprito e ensina, conforme o evangelista, o esprito quem vivifica, a carne no presta (MARX; ENGELS, 2011, p.15).

    A Misria da Filosofia, de Karl Marx e Fredrich Engels, gestada na segunda metade dos anos 40 do sculo XIX, completa no corrente ano de 2015 exatamente 168 anos de existncia. Por se tratar de uma obra que, no obstante seu tom polmico, j , por assim dizer, o embrio da explicao marxiana da sociedade burguesa, acreditamos que, apesar de sua idade, ela permanece atual. Simplesmente porque a sociedade, a que se reporta em que pesem as transformaes por que passa, ainda no foi realmente superada. Infelizmente, a humanidade ainda no conseguiu sair da pr-histria e entrar definitivamente na histria. Entrar na histria significaria romper com a ordem sociometablica do capital extinguindo definitivamente a apropriao privada dos frutos do trabalho humano social. A emancipao do trabalho da canga histrica do capital e a consequente extino deste inicia o homem na histria.

    A Misria da Filosofia um balano desenvolvido por Marx em todo o primeiro semestre de 1847.

    na Misria da Filosofia que, alm da liquidao terica do socialismo reformista (utpico-reformista) de cariz pequeno-burgs, esto sendo explicitados e oferecidos ao pblico, pela primeira vez, os fundamentos e os elementos constitutivos da teoria do ser social engendrado pelo modo de produo capitalista (PAULO NETTO, 1989, p.9).

    A explicitao do mtodo j aqui apresenta sua gnese e a questo do mtodo no uma questo de princpio. O que se busca na apreenso do modo de produo capitalista a natureza do objeto em sua integridade, sua raiz, sua gnese.

    sabido que as investigaes marxianas se alaro a novo patamar nos anos cinquenta; na segunda metade desta dcada, Marx efetuar as suas mais decisivas descobertas. Ora, sobre que fundamento se efetivam estas descobertas? Sobre o fundamento da mais central das determinaes de Marx, aquela que j se apresenta na Misria da Filosofia: a determinao de que as instncias constitutivas da sociedade se articulam numa totalidade concreta e so postas geneticamente pelo primado ontolgico das relaes econmicas (PAULO NETTO, 1989, p.31).

    Jos Paulo Netto continua nos informando que Proudhon e Marx se confrontaram na segunda metade dos anos 40 do sculo XIX. Na Europa Ocidental, essa dcada marcou o declnio do primeiro estgio da Revoluo Industrial na Inglaterra.

    Nos anos quarenta, com o esgotar do essencial das possibilidades do industrialismo no seu primeiro estgio, os pases-polos europeus j apresentavam os traos bsicos da fisionomia que os caracterizar como formaes econmico-sociais organizadas sobre a produo capitalista. Isto , nesses anos, o ser social posto pelo capitalismo evidencia j os seus vincos decisivos o ordenamento da produo, a definio das instncias polticas, a estruturao de uma cultura e de um ethos prprios, etc., aparecem como constelaes histricas de um modo de vida novo. Trata-se de um momento em que o mundo burgus se consolida, resultante de um processo multifactico a interseco da economia, da histria e da cultura (PAULO NETTO, 1989, p.10).

    Com o desenvolvimento da produo capitalista e o deslocamento da populao rural provocado muito fortemente pela industrializao, a fisionomia da Europa

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    muda com maior ou menor intensidade em cada pas. Com essa mudana, dentre as vrias outras provocadas pela intensificao do novo modo de produo, aumentam exponencialmente a explorao da fora-de-trabalho e tambm as mazelas que esta explorao traz consigo: alto ndice de desemprego e desvalorizao dos salrios, por exemplo. Ou seja, o avano da misria sobre os trabalhadores.

    David Landes, em seu livro aqui j citado, brilhantemente nos descreve os impactos para o proletariado, produzidos pela consolidao do mundo burgus:

    Para o trabalhador, a transformao foi ainda mais fundamental, pois no apenas seu papel ocupacional, como tambm seu prprio estilo de vida, foi posto em xeque. Para muitos embora de modo algum para todos , a introduo da maquinaria implicou, pela primeira vez, uma completa separao dos meios de produo; o trabalhador tornou-se um operador. A quase todos, entretanto, a mquina imps uma nova disciplina. A fiandeira j no podia girar sua roda, e o tecelo no podia correr sua lanadeira em casa, ambos livres de superviso, no horrio que lhes conviesse. Agora, o trabalho tinha de ser feito numa fbrica, num ritmo estabelecido por incansveis equipamentos inanimados, como parte de uma equipe que tinha que comear, interromper e parar ao mesmo tempo todos sob a estrita vigilncia dos supervisores, que impunham a assiduidade por meio de compulso moral, regras pecunirias e, vez por outra, ameaa fsica. A fbrica era um novo tipo de priso, e o relgio, uma nova espcie de carcereiro (LANDES, 1994, p.51).

    Frente a esse quadro, o proletariado oferece, mesmo que ainda de forma incipiente, resistncia. Comeam a consolidao das organizaes sindicais e as revoltas como o movimento cartista nas dcadas de 30 e 40 do sculo XIX, na Inglaterra, alm das revoltas sucessivas dos operrios das fbricas de seda de Lyon, na Frana, entre os anos de 1831 e 1834. Nesse sentido, continua Paulo Netto (1989, p.12): a consolidao do mundo burgus , ao mesmo tempo, a articulao de sua negao. As modificaes provocadas pelo modo de produo capitalista no so as nicas a enformar o novo modo de vida. A elas acompanharam os protestos operrios.

    Mesmo conhecendo a recuperao histrica controversa, anarquistamente polmica e tendenciosa de J. Hampden Jackson (1963) e de sua referncia no bigrafo to ou mais polmico e tendencioso Isaiah Berlin, reproduzimos sua descrio da atmosfera que envolvia a Cidade Luz nos momentos de gestao dessa fecunda produo de Marx e Engels:

    Mais do que em qualquer outro momento, talvez, Paris era a capital cultural do mundo. A maioria da Europa continental vivia numa era Metternich, uma era de censura e represso; mas Paris, como escreve Isaiah Berlin em seu livro sobre Marx, atravessava uma dcada de rico intercmbio internacional de ideais, teorias, sentimentos pessoais, mais do que em qualquer outro perodo. Estavam vivos na mesma poca e reunidos no mesmo lugar, atraindo-se e repelindo-se e transformando-se, homens de talentos variados, mais notveis e mais conscientes do que em qualquer outra fase, desde a Renascena. Todo ano chegavam novos exilados dos territrios do Imperador e do Tzar. Italianos, poloneses, hngaros, russos, alemes palpitavam numa atmosfera de simpatia e admirao universal. Fundavam comits internacionais, escreviam folhetos, faziam conferncias, participavam de conspiraes, mas acima de tudo conversavam e discutiam sem cessar, em casas particulares, nas ruas, nos cafs, nos banquetes pblicos. Os nimos estavam entusiasmados e otimistas (JACKSON, 1963, p.41-42).

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    Enfim, nesse contexto scio-histrico que Marx e Engels discutem com os neo-hegelianos de direita e de esquerda. No centro, o papel histrico do proletariado como classe potencial para a conduo da transformao social. Bem como a exposio da maneira correta para interpretar o movimento contraditrio e dialeticamente histrico dos objetos que colocamos investigao. Paris era a capital europeia em que o ambiente intelectual e prtico mais possibilitava estes confrontos.

    Este o telos social e a gnese de produo de A Sagrada Famlia e da Misria da Filosofia.

    OS PROCEDIMENTOS... O MTODO...

    De resto, em parte intencionalmente e em parte por falta de perspiccia, ele [Herr Dring] comete equvocos. Sabe muito bem que meu mtodo de desenvolvimento no hegeliano, uma vez que sou materialista e Hegel idealista. A dialtica de Hegel a forma bsica de toda dialtica, mas somente depois que ela foi extirpada de sua forma mstica, e isto precisamente o que distingue meu mtodo (MARX, 1997, p.228-229).

    O trecho acima, escrito em Londres em 6 de maro de 1868, compe as Cartas a Kugelmann e reforado pelo tambm registro londrino, desta vez em 24 de janeiro de 1873, integrante do posfcio da segunda edio do livro I de O Capital. A frase abaixo tambm integra esse mesmo posfcio:

    Meu mtodo dialtico, em seus fundamentos, no apenas diferente do mtodo hegeliano, mas exatamente seu oposto. Para Hegel, o processo de pensamento, que ele, sob o nome de ideia, chega mesmo a transformar num sujeito autnomo, o demiurgo do processo efetivo, o qual constitui apenas a manifestao externa do primeiro. Para mim, ao contrrio, o ideal no mais do que o material, transposto e traduzido na cabea do homem (MARX, 2013, p.90).

    Tendo como referncia terico-metodolgica e procedimental a ontologia do ser social fundada no pensamento de Marx, como ele mesmo nos indica nas passagens acima citadas, no podemos compreender a essncia humana de forma unicamente abstrata ou produzi-la unicamente pelo pensamento, ou seja, no deve ser produto unicamente das faculdades intelectuais da mente humana. necessrio que antes nosso pensamento possa ser guiado, orientado pelo primado ontolgico da citerioridade que funda os objetos.

    Marx procura nos indicar que a essncia s pode ser apreendida e compreendida em sua condio real de existncia. Essa matriz ontolgica desenvolvida com o forte objetivo de abalroar de frente com qualquer perspectiva exclusivamente epistemolgica. A inteno destruir na gnese qualquer perspectiva idealista e substitu-la pelos procedimentos ontolgicos na conduo da elucidao da vida humana. Quanto a isto, Karl Marx nos parece ser indubitavelmente claro. No nos d a menor possibilidade de obnubilar nosso pensamento. Somente cabeas, mentes ou incorrigveis idealistas de planto ou, mesmo, malversadores com pouco ou nenhuma honestidade podem, fruto de uma paranoia gnosiolgica profunda, apregoar algo de diferente.

    A partir das formulaes de Marx, compreendemos que em Hegel a essncia

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    parece calma; enquanto o fenmeno, a forma, a aparncia se caracterizam pela multiplicidade, pela variedade, pela irrepetibilidade. Para Hegel, o fenmeno, a forma, a aparncia constituiriam o campo da histria, e a essncia, o campo da imutabilidade. Assim, Hegel acentua unilateralmente as contradies existentes entre a essncia, o fenmeno, a forma e a aparncia.

    A leitura atenta da obra marxiana nos proporciona compreender que a essncia se apresenta como tendncia contnua no desenvolvimento da histria, sendo que o fenmeno, portanto, a forma ou a aparncia, possuem uma autonomia relativa no interior de suas relaes com a essncia. O fenmeno, a forma, a aparncia no so simples produtos mecnicos da essncia, possuem um campo rico e variado de possibilidades.

    No devemos esquecer que na relao essncia/fenmeno/forma/aparncia h uma interao, em que o mundo do fenmeno, da forma, da aparncia se constitui em um campo livre, mas cuja liberdade s existe no seu interior; a essncia constitui o momento predominante e promotor das ligaes necessrias entre estes complexos. O fenmeno, a forma, a aparncia no se constituem em mera forma da essncia, assim como esta ltima no simplesmente o seu contedo. Cada um desses complexos , no plano ontolgico, por sua natureza, constitutivo do contedo prprio a cada um e, consequentemente, de sua ligao. O que garante e impem relaes que se apresentam no real.

    Isto nos permite afirmar que no o fundamento epistemolgico que exerce o papel de sujeito no processo de conhecimento. Inicialmente o fundamento ontolgico de realidade que d as bases materiais necessrias sua reproduo epistmica. Portanto, o fundamento epistemolgico no deve ser nico e menos ainda predominante no processo de construo intelectiva do real. No nos possvel compreender e apreender apenas a partir da construo de tipos ideais supostamente frutos da capacidade intelectual da mente. No possvel unicamente cabea organizar o mundo.

    Em textos anteriores (SOUZA JUNIOR, 2001; 2008; 2011), realizamos aproximaes e analisamos esse procedimento para o processo de produo dos conhecimentos utilizado por Marx. Reiteramos e atualizamos aqui para continuar afirmando que a ontologia do ser social marxiana supe um caminho investigativo dinmico, no sentido de possibilitar a explicitao das regularidades e da integridade dos objetos postos investigao. Esse procedimento nos impe um caminho onde a investigao no necessariamente coincide com a ordem da exposio.

    Sem dvida, deve-se distinguir o modo de exposio segundo sua forma, do mtodo de investigao. A investigao tem de apropriar-se da matria [Stoff], em seus detalhes, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e rastrear seu nexo interno. Somente depois de consumado tal trabalho que se pode expor adequadamente o movimento real (MARX, 2013, p.90)

    Na anlise das formas econmicas, no podemos nos servir de microscpio nem de reagentes qumicos. A fora da abstrao [Abstraktionskraft] deve substituir-se a ambos (MARX, 2013, p.78). Podemos perceber, nestas passagens, o papel importante da abstrao no processo de investigao proposto por Marx, como

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    meio adequado apreenso dos objetos postos para investigao. Mas no qualquer abstrao que cumpre esse papel. Somente a abstrao razovel, que sacada da realidade do prprio objeto, que se presta ao ato cognitivo.

    Assim, podemos dizer que as abstraes tm a funo de fixar e destacar os elementos comuns, por meio da atividade do pensamento, elementos estes que so abstrados e isolados a partir da comparao, compondo, assim, uma noo geral, ou seja, uma determinao comum a todas as fases e manifestaes de um mesmo objeto. Trata-se, pois, de um instrumento de organizao preliminar dos materiais postos anlise.

    Essas consideraes se manifestam de forma bem clara na Introduo de 1857 [Para a crtica da Economia Poltica], na qual Marx, referindo-se s abstraes, pondera que existem determinaes comuns a todas as fases da produo, que o pensamento fixa como gerais [...], momentos abstratos mediante os quais no se explica nenhuma fase histrica concreta da produo (MARX, 1987, p.4, 5).

    Marx procura nos mostrar que as abstraes razoveis, ponto de partida de uma malha de determinaes que reproduz o objeto, no podem excluir as determinaes mais especficas, que explicam o objeto. Portanto, aparece em Marx uma articulao entre abstraes mais amplas e genricas, que se referem a todos os objetos de um tipo e determinaes vlidas somente para cada um em especial, ou seja: o mtodo verdadeiro, cientificamente exato, aquele que percorre o caminho do abstrato ao concreto, porque este o caminho prprio do pensamento para se apropriar do concreto e reproduzi-lo como concreto pensado (MARX, 1987, p.16-17).

    Nesse sentido, fazer cincia, para Marx, significa construir a rede das abstraes que se amoldam malha do concreto existente, ou seja, reproduzir conceitualmente o objeto real. As abstraes razoveis, que so elaboradas a partir do movimento que vai do abstrato ao emprico, captam as determinaes mais comuns a todos os objetos.

    Porm, no finaliza aqui o movimento analtico. preciso fazer o caminho de volta, do emprico (concreto) ao abstrato, pois este o mtodo verdadeiramente cientfico, cientificamente exato (MARX,1987, p.16-17). Esse retorno no se d por uma passagem abrupta da empiria s abstraes mais genricas, como no proceder analgico, mas significa uma passagem paulatina do singular ao universal mediado pela totalidade. Nesse processo, as abstraes vo se concretizando e se especificando at abarcar o concreto, sendo este no mais uma representao catica e desarticulada, como no incio do processo, mas agora como sntese de mltiplas determinaes, unidade do diverso Este o movimento que devemos fazer na forma de exposio dos resultados das investigaes que realizamos.

    Esse processo de concreo possibilita a apreenso das particularidades e os graus histricos efetivos dos objetos e, como tal, reproduzi-los como concreto pensado. Nesse sentido, a partir desse pressuposto metodolgico marxiano, no qual a razo dialtica se refere, simultaneamente, a uma determinada racionalidade objetiva imanente ao processo da realidade e a um sistema categorial capaz de reconstruir (ideal e subjetivamente) esta processualidade, que entendemos a possibilidade de uma apreenso intelectiva dos objetos postos anlise. Sendo que apreender intelectivamente o objeto supe, ao mesmo tempo, um sistema categorial capaz de reconstruir (subjetivamente) a processualidade (regularidades)

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    dos objetos. Ou seja, o processo intelectivo no meramente subjetivo, pois supe uma racionalidade inscrita na objetividade.

    A reconstruo ideal dessa objetividade pela conscincia dos homens um rduo e laborioso trabalho, segundo o qual podemos conhecer, mediatamente, o mundo de que somos parte constitutiva. Logo, entre a conscincia e o mundo objetivo no h fratura ontolgica. A implicao uma unidade entre racionalidade objetiva (princpio inerente realidade) e racionalidade subjetiva (reconstruo, na conscincia, daquele princpio).

    Esta processualidade tem dois sentidos: (a) o objeto intelectivamente recuperado em seu movimento dinmico, contraditrio, objetivo, em sua efetividade, sendo que (b) a conscincia que reconstri esse movimento procede por aproximaes.

    Entendemos que o caminho investigativo que tem como referncia a ontologia do ser social marxiana no deve, por coerncia, ser subordinado aos recursos e procedimentos de ordem epistemolgica e gnosiolgica. Os objetos postos anlise devem ser tratados a partir de um mecanismo de inverso em que os procedimentos epistemolgicos e gnosiolgicos necessitam ser guiados, orientados pelos procedimentos ontolgicos.

    Portanto, para apreender adequadamente os objetos postos anlise, devemos seguir como procedimento metodolgico bsico a subsuno ativa ao objeto investigado. Ou seja, o que denominamos como sendo uma anlise imanente ou estrutural. Isto significa afirmar que tomamos nosso objeto em sua consistncia autossignificativa. E pressupe uma anlise matrizada pelo respeito radical estrutura e lgica inerente ao objeto, o que supe que, antes de interpretar ou criticar, incontornavelmente necessrio apreender e compreender e fazer prova de ter apreendido e compreendido. Como nos diz Chasin (2009, p.25):

    decisivo, numa poca devastada pelo arbtrio e pela equivalncia das leituras, ressaltar uma questo fundamental: reproduzir pelo interior mesmo da reflexo marxiana o tranado determinativo de seus escritos, ao modo como o prprio autor os concebeu e expressou. Procedimento, pois, que adquire articulao e identidade pela conduo ininterrupta de uma analtica matrizada pelo respeito radical estrutura e lgica inerente ao texto examinado, ou seja, que tem por mrito a sustentao de que antes de interpretar ou criticar incontornavelmente necessrio compreender e fazer prova de haver compreendido.

    Estes so os procedimentos que, juntamente com os recursos metodolgicos (instrumentos e tcnicas) a serem utilizados nos processos de produo e reproduo social dos conhecimentos, devem por necessidade ontolgica buscar ordenar e explicitar os ndulos fundamentais dos principais complexos problemticos relacionados aos objetos que colocamos anlise. fundamental evidenciar a virtude, a fora interna dos objetos. Essa anlise dever levar em considerao duas aproximaes necessrias e indispensveis: a) por um lado, determinar a gnese e; b) por outro, o telos social do objeto.

    A anlise imanente mediada por essas duas aproximaes nos leva a determinar efetivamente os nveis e as conexes dos objetos, de modo a refigurar intelectualmente suas regularidades, seu arranjo, suas propriedades internas.

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    Supomos, portanto, que com esses procedimentos os objetos se autopem para a anlise, mostrando-nos toda sua integridade. Por fim, o professor Jos Chasin (2009, p.89) brilhantemente nos brinda, concluindo:

    Se por mtodo se entende uma arrumao operativa, a priori, da subjetividade, consubstanciada por um conjunto normativo de procedimentos, ditos cientficos, com os quais o investigador deve levar a cabo seu trabalho, ento no h mtodo em Marx. Em adjacncia, se todo mtodo pressupe um fundamento gnosiolgico, ou seja, uma teoria autnoma das faculdades humanas cognitivas, preliminarmente estabelecida que sustente ao menos parcialmente a possibilidade do conhecimento, ou ento, se envolve e tem por compreendido um modus operandi universal da racionalidade, no h, igualmente, um problema do conhecimento na reflexo marxiana. E essa inexistncia de mtodo e gnosiologia no representa uma lacuna, nem decorre, como sugere Lukcs, s primeiras linhas de seu captulo sobre Marx na ontologia do ser social, do fato deste jamais ter se preocupado em estudar as relaes entre ontologia, gnosiologia, lgica etc., uma vez que partira, ainda que desde os incios em termos crticos, da filosofia hegeliana, e que esta se move dentro de uma certa unidade, determinada pela ideia de sistema, entre ontologia, lgica e teoria do conhecimento; o conceito hegeliano de dialtica implica, no prprio momento em que pe a si mesmo, uma semelhante unificao e, inclusive, tende a fundir uma coisa na outra. Como se depreende dos passos ontocrticos que instauraram o pensamento marxiano, no ter sido por resqucios de hegelianismo que Marx rompeu com o mtodo lgico-especulativo, nem se situou, pela mediao do pressuposto ineliminvel da atividade sensvel do homem, para alm da fundamentao gnosiolgica. Isso equivale a admitir que a suposta falta seja antes uma afirmao de ordem terico-estrutural, do que uma debilidade por origem histrica insuficientemente digerida.

    FINALMENTE...

    No h, em Marx, nenhuma afirmao que no tenha fundamento ontolgico. No h possibilidade para uma dialtica da natureza que buscaria explicar a histria. No h a menor possibilidade de compreenso, de apreenso de aplicao de leis gerais da natureza que, uma vez aplicadas histria, gerariam um materialismo histrico. Isto ontologicamente inconcebvel. Somente uma apreenso e uma consequente compreenso mrbida da teoria social desenvolvida por Karl Marx pode derivar que a histria explicada por uma ordenao dialtica da natureza.

    Nesse sentido, o rompimento com o pensamento especulativo contido na Filosofia da Misria e na Sagrada Famlia, bem como em seus mistrios, traz tona os lineamentos iniciais e fundamentais de uma primeira crtica ontolgica. A partir disso, podemos compreender que o ponto de partida no a lgica da coisa e, sim, a coisa da lgica. Para compreender, entender e apreender a vida, o mundo, partimos da vida e do mundo e no do conceito sobre a vida e sobre o mundo. O ato primeiro no se coloca no plano da ideia que temos, possumos ou construmos sobre as coisas, mas do que so as coisas. Precisamos realizar uma anlise interna dos objetos postos investigao para elucidar sua determinao social, ou seja, seu telos e sua gnese.

    A partir disto, no devemos pleitear nem a regncia do objeto e nem a centralidade do sujeito nos processos de apropriao do real. Devemos sim pleitear pela regncia da relao histrico-material, portanto, ontolgica, da relao sujeito/

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    objeto no processo de produo dos conhecimentos dos objetos. uma relao em que a boa subjetividade aquela que se efetiva objetivamente no mundo fruto dessa relao ontolgica. A prioridade ontolgica do ser se realiza na relao objetividade/subjetividade de carter ontolgico que enerva o ser social. No h uma dimenso objetiva desprovida da dimenso subjetiva e nem vice-versa. O que h uma relao ontolgica de carter histrico/material entre objetividade e subjetividade na constituio do ser social.

    REFERNCIAS

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    LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformao tecnolgica e desenvolvimento industria:l na Europa Ocidental, desde 1750 at nossa poca. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.

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    Data da submisso: 00/00/0000

    Data da aprovao: 00/00/0000