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ANALGESIA E ANESTESIA OBSTETRICAS NA MATERNIDADE DO HOSPITAL D. ESTEFANIA: ESTUDO RETROSPECTIVO 1. Interna do Internato Complementar, HospitalDr. Nelio Mendon~a, Funchal; 2. Interna do Internato Complementar, Centro Hospltalar de Lisboa Central, Lisboa; 3. Assistente Hospitalar Graduada, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa Resumo: Porintermedio deste estudo, pretendeu-se verificar qual a realidade em term os de analgesia e anestesia obstetricas na Maternidade do HospitalO. Estefania, ao longo de 4 anos. Para isso, foirealizado umestudo retrospectivo no perfodo entreJaneiro de 2005 e Oezembro de 2008. Foram avaliadosa classificac;ao A5A das parturientes, 0 numero totalde partos, 0 numero de parturientes submetidas a tecnicas locorregionais e suas complicac;5es, numero de cesarianas e a necessidade de conversao de tecnica regional para anestesiageral. No periodo do estudo, houve um total de 8291 partos, maioritariamente em mulheres A5A I, dos quais 2643 foram cesarian as.A maioria das parturientes (77%) foi sub- metida a uma tecnica locorregional, paraanalgesia de trabalho de partoou anestesia para cesariana,com baixa taxa de complicac;5es (2,9%)e comrara necessidade de conversao para anestesia geral (3,5%). As autoras concluiram que, na Maternidade do Hospital D. Estefania, a epidural continua a ser a tecnica gold s~andard para analgesia do trabalho de parto, com raras complicac;5es e permitindo a facil conversao para anestesia para cesariana. Palavras-chave: Tecnicas locorregionais, epidural,analgesia de parto,cesariana A maioria das mulheres em trabalho de parto sofre dores que c1assificaria como moderadas a intensas e que podem ser obviadas por intermedio de tecnicas analge- sicas locorregionais 1,2.3,4,5,'. Estassac as tecni- cas deelei~ao, dado que sac seguras eeficazes, produzindo analgesia durante 0 trabalho de parte eanestesia durante as cesarianas, e pro- duzindo um maior alfvio da dor em compara~ao com a analgesia farmacol6gica por outra via 4, Varios factores, tais como a paridade, ruptura de membranas e dilata~ao cervical, parecem influenciar a intensidade da dor 6 e as tecnicas de bloqueio do neuroeixo produzem alfvio da dor, a medida das necessidades durante 0 tra- balho de parto, com bloqueio motor minima e reduzidos efeitos materno-fetais, permitindo uma maior satisfa~ao na vivencia do parte 5,6, Asautoras debru~aram-se sobre arealidade da Maternidade do Hospital D, Estefania, de forma a perceber como sac abordadas quer a analgesia de trabalho de parto, quer a aneste- sia para cesarianas. Foi realizado um estudo retrospectivo inci- dindo no perfodo que mediou entre 1 de Janeiro de 2005 e 31 de Dezembro de 2008, atraves da consulta dos registos hospitalares, A amostra analisada compreendeu todas as parturientes submetidas a tecnicas locorregio- nais, quer como forma de analgesia de tra- balho de parto, quer como anestesia para cesariana, tendo-se analisado a c1assifica~ao A5A das parturientes, quais as tecnicas locor- regionais empregues, assuas complica~6es, a necessidade de conversao para anestesia geral eo motivo da cesariana. o tratamento dos dados foi feito de modo descritivo, utilizando 0 programa Microsoft Office Excel 2007. No total dos 4 anos do estudo, houve 8291 partos na Maternidade do Hospital D, Estefania, A maioria das mulheres foi c1as- sificada como ASA I, por ausencia de pato- logia associada, Do total de mulheres que recorreram a esta Maternidade durante 0 perfodo do estudo, 6387 (77%) foram submetidas atecnicas locor- regionais, quer como analgesia do trabalho de parto, quer como anestesia para cesariana. regionais foram raras (2,7%), muito embora este seja um hospital de ensino, Do total de partos, 2643 (31,9%) foram cesa- rianas, sendo que 66%foram realizadas com recurso a anestesia do neuroeixo, tendo 3,5% das parturientes necessitado de conversao paraanestesia geral. A maioria das cesarianas foi electiva, sendo as restantes por incompatibilidade feto-pelvica, posicionamento pelvico do feto, sofrimento fetal oufalta de colabora~ao materna. Conclui-se assim que, na Maternidade do Hos- pital D. Estefania, as tecnicas locorregionais provaram ser seguras e eficazes quernaanalge- sia, quer na anestesia obstetricas, sendo que a epidural continua a ser a tecnica gold standard naanalgesia do trabalho de parto, com a 6bvia vantagem da facil conversao para tecnica anes- tesica, caso surja necessidade de se proceder a cesariana, enquanto atecnica sequencia I e mais utilizada em contexto de cesariana electiva, BIBLIOGRAFIA 1. BISMARCK, J,A, et al. -Analgesia em Obstetrfcia, Biblioteca da Oor, Lisboa, 2007 2, MillER, R.O.et al. - Miller's Anesthesia7'" Edition,Churchill Livingstone, Philadelphia, 2010 3, MORGAN, G.E. et al.- Clinical Anesthesiology 4'" Edition, McGraw-Hili, New York, 2006 4, WANGF" 5HEN X et al: Epiduralanalgesiain the latent phase of labor and the risk of cesarean delivery - afive-year randomized controlled trial. Anesthesiology 2009; 111:871-80 5, FUN W" lEW E" 51AA,T,Advances in neuraxial blocks forlabor analgesia: new techniques, new systems. MinervaAnestesiol 2088; 74:77-85 6, NAKAMURA G" GANEM E.M. et al. Effects onmother and fetusof epidural and combined spinal-epidural techniques for labor analgesia. RevAssoc Med Bras 2009 Jul-Aug; 55(4):405-9 5etembro 2010 I September 2010 RevistadeAnestesia RegionaleTerapia da DorI )ournol of Regional Anaesthesia and Pain Treatment

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ANALGESIA E ANESTESIA OBSTETRICASNA MATERNIDADE DO HOSPITAL D. ESTEFANIA:

ESTUDO RETROSPECTIVO

1. Interna do Internato Complementar, Hospital Dr. Nelio Mendon~a, Funchal; 2. Interna do Internato Complementar,Centro Hospltalar de Lisboa Central, Lisboa; 3. Assistente Hospitalar Graduada, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa

Resumo: Por intermedio deste estudo, pretendeu-se verificar qual a realidade em term os de analgesia e anestesia obstetricas na Maternidade do Hospital O. Estefania,ao longo de 4 anos.Para isso, foi realizado um estudo retrospectivo no perfodo entre Janeiro de 2005 e Oezembro de 2008. Foram avaliados a classificac;ao A5A das parturientes, 0 numerototal de partos, 0 numero de parturientes submetidas a tecnicas locorregionais e suas complicac;5es, numero de cesarianas e a necessidade de conversao de tecnicaregional para anestesia geral.No periodo do estudo, houve um total de 8291 partos, maioritariamente em mulheres A5A I, dos quais 2643 foram cesarian as. A maioria das parturientes (77%) foi sub-metida a uma tecnica locorregional, para analgesia de trabalho de parto ou anestesia para cesariana, com baixa taxa de complicac;5es (2,9%) e com rara necessidade deconversao para anestesia geral (3,5%).As autoras concluiram que, na Maternidade do Hospital D. Estefania, a epidural continua a ser a tecnica gold s~andard para analgesia do trabalho de parto, com rarascomplicac;5es e permitindo a facil conversao para anestesia para cesariana.Palavras-chave: Tecnicas locorregionais, epidural, analgesia de parto, cesariana

Amaioria das mulheres em trabalho departo sofre dores que c1assificaria comomoderadas a intensas e que podem ser

obviadas por intermedio de tecnicas analge-sicas locorregionais 1,2.3,4,5,'. Estas sac as tecni-cas de elei~ao, dado que sac seguras e eficazes,produzindo analgesia durante 0 trabalho departe e anestesia durante as cesarianas, e pro-duzindo um maior alfvio da dor em compara~aocom a analgesia farmacol6gica por outra via 4,

Varios factores, tais como a paridade, rupturade membranas e dilata~ao cervical, pareceminfluenciar a intensidade da dor 6 e as tecnicasde bloqueio do neuroeixo produzem alfvio dador, a medida das necessidades durante 0 tra-balho de parto, com bloqueio motor minima ereduzidos efeitos materno-fetais, permitindouma maior satisfa~ao na vivencia do parte 5,6,

As autoras debru~aram-se sobre a realidadeda Maternidade do Hospital D, Estefania, deforma a perceber como sac abordadas quer aanalgesia de trabalho de parto, quer a aneste-sia para cesarianas.

Foi realizado um estudo retrospectivo inci-dindo no perfodo que mediou entre 1 deJaneiro de 2005 e 31 de Dezembro de 2008,atraves da consulta dos registos hospitalares,

A amostra analisada compreendeu todas asparturientes submetidas a tecnicas locorregio-nais, quer como forma de analgesia de tra-balho de parto, quer como anestesia paracesariana, tendo-se analisado a c1assifica~aoA5A das parturientes, quais as tecnicas locor-regionais empregues, as suas complica~6es, anecessidade de conversao para anestesia geraleo motivo da cesariana.

o tratamento dos dados foi feito de mododescritivo, utilizando 0 programa MicrosoftOffice Excel 2007.

No total dos 4 anos do estudo, houve8291 partos na Maternidade do HospitalD, Estefania, A maioria das mulheres foi c1as-sificada como ASA I, por ausencia de pato-logia associada,

Do total de mulheres que recorreram a estaMaternidade durante 0 perfodo do estudo,6387 (77%) foram submetidas a tecnicas locor-regionais, quer como analgesia do trabalho departo, quer como anestesia para cesariana.

regionais foram raras (2,7%), muito emboraeste seja um hospital de ensino,

Do total de partos, 2643 (31,9%) foram cesa-rianas, sendo que 66% foram realizadas comrecurso a anestesia do neuroeixo, tendo 3,5%das parturientes necessitado de conversaopara anestesia geral.

A maioria das cesarianas foi electiva, sendo asrestantes por incompatibilidade feto-pelvica,posicionamento pelvico do feto, sofrimentofetal ou falta de colabora~ao materna.

Conclui-se assim que, na Maternidade do Hos-pital D. Estefania, as tecnicas locorregionaisprovaram ser seguras e eficazes quer na analge-sia, quer na anestesia obstetricas, sendo que aepidural continua a ser a tecnica gold standardna analgesia do trabalho de parto, com a 6bviavantagem da facil conversao para tecnica anes-tesica, caso surja necessidade de se proceder acesariana, enquanto a tecnica sequencia I e maisutilizada em contexto de cesariana electiva,

BIBLIOGRAFIA

1. BISMARCK,J,A, et al. - Analgesia em Obstetrfcia, Biblioteca da Oor, Lisboa, 2007

2, MillER, R.O.et al. - Miller's Anesthesia 7'" Edition, Churchill Livingstone, Philadelphia, 20103, MORGAN, G.E. et al. - Clinical Anesthesiology 4'" Edition, McGraw-Hili, New York, 2006

4, WANG F" 5HEN X et al: Epidural analgesia in the latent phase of labor and the risk of cesarean delivery - a five-year randomized controlled trial. Anesthesiology 2009;111:871-80

5, FUN W" lEW E" 51AA,T,Advances in neuraxial blocks for labor analgesia: new techniques, new systems. Minerva Anestesiol 2088; 74:77-85

6, NAKAMURA G" GANEM E.M. et al. Effects on mother and fetus of epidural and combined spinal-epidural techniques for labor analgesia. Rev Assoc Med Bras 2009Jul-Aug; 55(4):405-9

5etembro 2010 I September 2010Revistade Anestesia Regional e Terapia da Dor I )ournol of Regional Anaesthesia and Pain Treatment

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ANALGESIA E ANESTESIA OBSTETRICAS NA MATERNIDADE DO HOSPITAL D. ESTEFANIA: ESTUDO RETROSPECTIVO

OBSTETRIC ANAESTHESIA AND ANALGESIA IN THE MATERNITY OF HOSPITAL D. ESTEFANIA: A RETROSPECTIVE STUDY

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Setembro 2010 I September 2010Revista de Anestesia Regional e Terapia da Dar I Journal of Regional Anaesthesia and Pain Treatment

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ANALGESIA E ANESTESIA OBSTETRICAS NA MATERNIDADE DO HOSPITAL D. ESTEF.r.NIA: ESTUDO RETROSPECTIVO

OBSTETRiC ANAESTHESIA AND ANALGESIA IN THE MATERNITY OF HOSPITAL D. ESTEF.r.NIA: A RETROSPECTIVE STUDY

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Setembro 2010 I September 2010Revista de Anestesia Regional e Terapia da Dor I Journal of Regional Anaesthesia and Pain Treatment