[eBook-Teosofia-ITA] Blavatsky H.P. - Il Glossario Teosofico
A Teosofia e as Sociedades Teosóficas_Santucci.pdf
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A Teosofia e as Sociedades Teosóficas
Tal como já aconteceu no verão anterior com a divulgação de forma faseada,
durante cerca de dois meses e meio, de um artigo de David Pratt sobre
o Conde de St. Germain, o Lua em Escorpião irá publicar durante as próximas
dez semanas um extenso texto da autoria do professor James A. Santucci
intitulado “A Teosofia e as Sociedades Teosóficas”. Tendo em conta a
temática normalmente abordada no blogue, com um grande enfoque na
Teosofia, talvez fizesse sentido que este texto fosse publicado há muito mais
tempo. Assim não aconteceu, mas julgamos que a espera compensou.
Prof. James Santucci
Santucci é um académico e portanto o texto é genericamente muito claro,
direto, descrevendo as (muitas) controvérsias e fricções no movimento
teosófico de modo imparcial, optando por um registo descritivo. É também
por esta razão um documento importante e precioso, pois muitos teosofistas
que abordam esse tipo de assuntos têm o mau hábito de apresentar os factos
que encaixam nos seus “pré-conceitos”.
Antes de entrarmos na tradução propriamente dita, dois agradecimentos, o
primeiro dos quais ao Ivan Silvestre, que se disponibilizou para fazer a revisão
da tradução. Jan Nicolaas Kind, editor do site Theosophy Forward, onde está
alojada a última versão do artigo – exatamente a que foi usada para fazer a
tradução para português – autorizou essa tradução (em consonância com o
prof. Santucci com que também contactámos), bem como a utilização das
fotos que acompanham o artigo que Kind disponibiliza em versão e-book no
Theosophy Forward. É para ele que vai o nosso segundo agradecimento.
A TEOSOFIA E AS SOCIEDADES TEOSÓFICAS
Dr. James A. Santucci
O Dr. James A. Santucci é um Professor de Religião Comparada na California
State University, Fullerton. Fez o seu doutoramento na Australian National
University (Canberra, Austrália) em Civilização Asiática, com ênfase nos
Vedas. É o editor da revista Theosophical History e de Theosophical History
Occasional Papers e o autor de La società teosofica e An Outline of Vedic
Literature.
Versões ou excertos deste artigo foram publicadas em: Syzygy 6.1-2 (Winter-
Fall 1997): 221-45; em The Encyclopedia of Cults, Sects, and New Religions,
ed. James R. Lewis (Amherst, NY: Prometheus Books, 1998): 388–9 (2nd ed.:
573), 476 (2nd ed.: 722-3), 480-3 (2nd ed.: 727-30), 483-7 (2nd ed.: 730–4),
503-5 (2nd ed.: 760-2), e 527-8 (2nd ed.: 802-3); e em Odd Gods, ed. James
R. Lewis (Amherst, NY: Prometheus Books, 2001), 270-89. Esta versão foi
atualizada em 2013 graças aos esforços de Janet Kerschner (Arquivista da
Sociedade Teosófica na América, Wheaton, Illinois), S. Ramu (Diretor Geral,
Theosophical Publishing House, Adyar), Kenneth Small (Point Loma
Publications) e Jan Nicolaas Kind (Theosophy Forward). [Foi ainda editado
para publicação na Internet por John Algeo.]
Notas da reunião de 8 de setembro
de 1875 em Nova Iorque onde se
propôs a constituição da
Sociedade Teosófica
Teosofia
O movimento teosófico moderno está hoje representado nos Estados Unidos,
principalmente através de seis organizações: a Sociedade Teosófica, sedeada
internacionalmente em Adyar, Chennai, Índia; a Sociedade Teosófica sedeada
em Pasadena, Califórnia; a Loja Unida de Teosofistas, constituída em Los
Angeles, Califórnia; o Templo do Povo, com sede em Halcyon, perto de
Pismo Beach, Califórnia, a Word Foundation de Dallas, Texas e a Publicações
Point Loma em San Diego, Califórnia. Destes grupos, a Sociedade de Adyar é
considerada pela maioria (embora não por todos) dos teosofistas como a
organização matriz. Todos afirmam disseminar Teosofia, um termo
popularizado e definido por Helena Petrovna Blavatsky (1831-91), como a
sabedoria das eras, incorporando “conhecimento esotérico superior” –
portanto, uma “Doutrina Secreta” – parcialmente recuperável de forma
imperfeita e incompleta naquelas partes das escrituras das grandes religiões
mundiais que expressam ensinamentos místicos e naquelas filosofias que
evidenciam uma inclinação monista ou panteísta.
Helena Petrovna Blavatsky
História inicial
A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque em 1875 tendo Henry
Steel Olcott (1832-1907) como seu primeiro presidente, H.P. Blavatsky como
sua primeira secretária correspondente, George Henry Felt e Seth Pancoast
como vice-presidentes e William Quan Judge (1851-96) como conselheiro
para a Sociedade. Inicialmente proposta a 7 de setembro pelo Cel. Olcot, a
sociedade – intitulada “A Sociedade Teosófica” a 13 de setembro – iniciou a
sua atividade a 17 de novembro com o discurso presidencial de Olcott.
Menos de três anos depois, em maio de 1878, a Sociedade Teosófica ligou-se
a uma organização reformista hindu conhecida como Arya Samaj, liderada
pelo Swami Dayananda Sarasvati (1824-83), cuja promoção dos Vedas – as
antigas escrituras das tribos Arianas do Norte da Índia compostas entre 1600 e
500 A.C – como fonte da Verdade funcionou como alicerce da sua tentativa
de fazer regressar o Hinduísmo a uma forma mais pura, livre de práticas e
ensinamentos corrompidos que surgiram posteriormente, tais como a
poligamia, casamento com menores, castas, sutee [NT: antigo costume, hoje
proibido que obrigava a viúva a se sacrificar viva na fogueira do seu marido
morto] e politeísmo. Devido às diferenças que surgiram depois de alguns
meses de ligação – uma das quais era a adoção por parte do Swami de um
deus pessoal supremo, uma proposição que não era aceitável por parte de
muitos dos membros da Sociedade Teosófica – foi decidido modificar a
associação distinguindo 3 organismos: (1) a Sociedade Teosófica, (2) a
Sociedade Teosófica de Arya Samaj de Aryavarta, uma “sociedade de
ligação” e (3) a Arya Samaj. Existiam diplomas separados para cada uma,
com os membros de (2) a pertencerem simultaneamente a (1) e (3). Em 1882,
todas as ligações foram quebradas devido aos ataques dirigidos aos teosofistas
pelo Swami Dayananda em resposta aos seus líderes, Olcott e Blavatsky, se
terem associado a Budistas e Parses e ao facto de se terem convertido
formalmente ao Budismo no Ceilão (Sri Lanka) ao receberem o pansil
(pancasila), “os Cinco Preceitos” em maio de 1880. Por esta altura, a sede da
Sociedade Teosófica foi mudada por H.S. Olcott e H.P. Blavatsky primeiro
para Bombaim, no início de 1879, e depois para Adyar, Madras (agora
Chennai) em dezembro de 1882.
Henry Steel Olcott
Durante a década de 80 do século XIX, quatro acontecimentos significativos
ocorreram na história da Sociedade Teosófica: (1) o caso Coulomb (1884); (2)
a formação da Secção Esotérica da Sociedade Teosófica a 9 de outubro de
1888, sob a direção de Madame Blavatsky; (3) a publicação em 1888, de A
Doutrina Secreta – o trabalho seminal do Movimento Teosófico – e (4) o
ingresso na Sociedade Teosófica em maio de 1889, de Annie Besant (1847-
1933), a segunda presidente da Sociedade de Adyar e certamente a teosofista
de Adyar mais proeminente do século XX.
William Quan Judge e Henry Steel Olcott
(1) No que respeita ao Caso Coulomb, Emma Coulomb, uma governanta da
sede de Adyar, acusou Blavatsky de ter produzido fenómenos psíquicos
fraudulentos e de ter escrito cartas em nome dos seus Mestres ou Mahatmas.
Ela foi investigada por Richard Hodgson em nome da Sociedade de
Investigação Psíquica (S.I.P.), cujo relatório de 1885 (que foi o segundo
relatório publicado pela S.I.P. sobre Blavatsky, sendo que o relatório
preliminar de 1884 era mais neutral) acusou-a de ter cometido esses delitos,
pondo assim em causa a alegação de que os Mestres ou Adeptos realmente
existiam.
Embora o relatório Hodgson tenha sido aceite pela S.I.P. na sua reunião geral
realizada a 26 de junho de 1885, nunca foi a opinião oficial e institucional
daquela organização. Hodgson escreveu a maior parte do relatório, mas o
mesmo foi o produto de um comité que consistia não só de Hodgson mas
também de E. Gurney, F.W.H. Myers, F. Podmore, H. Sidgwick, J. H. Stack e
da Sra. H. Sidgwick. Pelo facto de o Relatório Hodgson nunca ter sido
oficialmente aceite, a S.I.P. não poderia remover um relatório que nunca foi
publicado. O que fez, ao invés, foi publicar uma declaração para “compensar
por qualquer ofensa que [a S.I.P.] possa ter feito”, como declarado na nota
editorial do artigo de Vernon Harrison “J’Accuse” (Journal of the Society for
Psychical Research 53.803 (abril 1986): 286. O artigo começa com uma
afirmação forte: “O Relatório do Comité designado para investigar
fenómenos relacionados com a Sociedade Teosófica (chamado habitualmente
de Relatório Hodgson) é o mais conhecido e controverso de todos os relatórios
publicados pela Sociedade de Investigação Psíquica. Faz julgamento à
Madame H.P. Blavatsky …; e a frase final em Declaração e Conclusões do
Comité tem sido citada em livro atrás de livro, enciclopédia atrás de
enciclopédia, sem qualquer indicação de que possa estar errada. Reza assim:
“Da nossa parte não a consideramos como a representante de videntes ocultos,
nem como uma vulgar aventureira. Julgamos que ela deverá ser para sempre
recordada como uma das mais habilidosas, engenhosas e interessantes
impostoras da história”. Harrison prossegue demonstrando que o “caso contra
Madame Blavatsky no Relatório Hodgson NÃO ESTÁ PROVADO“. O dano
contudo, estava feito. Enferma à data, Madame Blavatsky partiu de Adyar.
(2) Blavatsky acabou por se instalar em Londres, onde estabeleceu – por sugestão
de W. Q. Judge – a Secção Esotérica (ou S.E.) sob a sua direção como Líder
Externo (os Líderes Internos eram os Mahatmas), conforme declarado num
documento anónimo (mas provavelmente escrito por Annie Besant) “A Escola
Oriental da Teosofia: Esboço Histórico” reimpresso no Theosophical
History 6.1 (janeiro 1996):11, publicado originalmente na revista de Madame
Blavatsky Lucifer 3.14 (15 de outubro de 1888). A S.E. era uma organização
destinada a “promover os interesses esotéricos da Sociedade Teosófica através
do estudo mais profundo da filosofia esotérica” (vide “A Secção Esotérica da
Sociedade Teosófica”, 9 de outubro de 1888). Embora não tenha nenhuma
ligação institucional com a S.T., a S.E. está apenas aberta a membros da S.T.;
além do mais, todos os ensinamentos e atividades são conduzidas de forma
privada.
A Doutrina Secreta, de Helena
Petrovna Blavatsky
(3) O trabalho principal de H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta (1888),
estabelece três proposições que servem como base da Teosofia para a maior
parte dos teosofistas: (1) a existência de um princípio ou realidade absoluta e
infinita, (2) a natureza cíclica ou periodicidade do universo e de tudo o que
nele está contido, e (3) a identidade fundamental da alma individual com a
alma-superior universal e a peregrinação de todas as almas através do ciclo de
encarnações de acordo com a lei cármica. A Teosofia, neste sentido, é uma
perspetiva da realidade última não-dualista ou monista, que se manifesta ou
emana numa complementaridade dinâmica e progressão evolucionária.
(4) O papel ativista de Olcott foi seguido pela segunda presidente da S.T., Annie
Besant, que se envolveu em numerosas atividades dentro e fora da Sociedade,
incluindo atividades tão diversas como investigações de ocultismo, educação,
política, reforma social e a introdução do ritualismo dentro da Sociedade.
Dentro das suas várias contribuições, Besant foi fundamental na fundação do
Colégio Central Hindu em Benares em 1898, tornando-se ativa na política
Indiana, servindo como Presidente do Congresso Nacional Indiano, formando
a Liga do Autogoverno e mais tarde desenhando a Lei do Autogoverno
(1925). Dentro da Sociedade Teosófica, ela fundou a Ordem Teosófica de
Serviço em 1908, com a intenção de cumprir o primeiro objetivo da Sociedade
- formar um núcleo de fraternidade universal da humanidade – levando a cabo
trabalhos de compaixão e de alívio do sofrimento, incluindo atividades como
doação de bens, remédios, roupas, etc… aos necessitados e a abolição da
crueldade sobre os animais.
Annie Besant
História posterior
Com a morte de H.P. Blavatsky a 8 de maio de 1891, a liderança da Secção
Esotérica (naquela altura chamada de Escola Oriental de Teosofia) passou
para W.Q. Judge e Annie Besant. Poucos anos depois, acusações foram
dirigidas contra Judge de que ele estaria “usando indevidamente os nomes e
caligrafia dos Mahatmas”. Por outras palavras, alegava-se que ele recebia
mensagens dos Mestres, ou, como Besant afirmou “dando uma forma
enganosa a mensagens recebidas psiquicamente do Mestre”. Embora Besant e
Olcott deixassem cair as acusações em julho de 1894, elas foram reabertas no
final desse mesmo ano por Besant, que propôs uma resolução em dezembro de
1894, durante a Convenção da S.T. Adyar para que o Presidente Olcott
“instasse de imediato a que o Sr. W.Q. Judge se demitisse” da vice-
presidência da Sociedade. A resolução foi aprovada, mas Judge recusou
demitir-se. Mais tarde, na convenção da Secção Americana da S.T. em Boston
(28-29 de abril de 1895), os delegados votaram a favor da autonomia da
Secção Americana em relação à Sociedade Teosófica de Adyar com Judge a
ser eleito presidente vitalício, autodesignando-se aquele organismo de
“Sociedade Teosófica na América”.
William Quan Judge
Quer esta separação seja interpretada como uma dissidência - a posição da
S.T. Adyar – ou como o reconhecimento de que nunca houve qualquer ligação
de natureza legal entre a S.T. Adyar e a S.T. original de Nova Iorque, de
acordo com a interpretação da “Sociedade Teosófica na América” – é uma
questão de opinião. Isto é discutido por W.Q. Judge em “The Theosophical
Society”, The Path 10 (maio 1895): 55-60, reimpresso em Echoes of the
Orient: The Writings of William Quan Judge 2, compilado por Dara Eklund
(San Diego: Point Loma Publications, 1980), p. 197-202. A votação da Secção
Americana teve como consequência a expulsão por parte de Olcott, de Judge e
de todos aqueles que o seguiram. Isto incluiu mais de 5 000 membros nos
Estados Unidos e noutras sociedades afiliadas noutros locais, incluindo lojas
em Inglaterra e na Austrália.
Depois da morte de W.Q. Judge em 21 de março de 1896, Ernest Temple
Hargrove (1870-1939) foi eleito presidente da S.T. na América de Judge. A
Escola Oriental de Teosofia (o novo nome da Secção Esotérica desde 1890)
também se separou a 3 de novembro de 1894: um grupo permaneceu na
Sociedade de Adyar com Annie Besant como líder externa e outro dentro da
Sociedade de Judge sob uma líder externa cujo nome era para ter permanecido
secreto até 1897, mas foi revelado (no New York Sun de 27-28 maio de 1896
e em Theosophy, o novo nome para o The Path de junho de 1896), que
Katherine Tingley (1847-1929) seria a sucessora de Judge. Tingley seguiu e
desenvolveu a direção que Judge perseguira nos últimos anos da sua vida,
colocando menos ênfase na teoria e mais nas aplicações práticas dos
ensinamentos teosóficos na área social e na da reforma educativa. Em
fevereiro de 1897, ela colocou a primeira pedra de uma comunidade em Point
Loma, San Diego, que se tornaria a nova sede internacional da S.T. na
América (a antiga sede era em Nova Iorque). No mesmo ano, fundou a Liga
de Fraternidade Internacional tomando o cargo, ela própria, como presidente,
e tendo como objetivo realizar um conjunto de tarefas humanitárias, desde as
educacionais às filantrópicas. Acrescente-se ainda que todas as lojas da sua
Sociedade foram fechadas ao público em 1904.
Katherine Tingley
No final de 1897, Hargrove encontrava-se desagradado com as atividades de
Tingley e possivelmente também com a relutância dela em partilhar o poder
com ele ou com outra pessoa. Demitiu-se da presidência e tentou ganhar o
controlo na convenção de 1898 em Chicago, mas não teve sucesso nem na
Convenção nem na ação judicial subsequente. Como consequência da intensa
oposição de Hargrove na convenção em relação aos conteúdos da nova
constituição elaborada por Tingley (da qual ele nada sabia até à sua
apresentação na convenção, conforme referido em Emmett
Greenwalt, California Utopia: Point Loma: 1897–1942 [San Diego: Point
Loma Publications, 1978], p. 37-40), Hargrove deixou a Sociedade e formou a
sua própria organização com cerca de 200 membros da S.T. na América de
Tingley.
Com base em Nova Iorque, a reformada Sociedade Teosófica na América de
Hargrove, foi mais tarde, em 1908, rebatizada como a Sociedade Teosófica,
(John Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove Theosophical
Society,” Theosophical History 4.7-8: 179), com A.H. Spencer a se tornar no
seu presidente em exercício. Manteve-se como uma organização viável
durante muito tempo até a Sociedade, e possivelmente até a sua própria Escola
Esotérica de Teosofia ter entrado num período de “recolhimento” do trabalho
ativo. O último documento atribuído à E.E.T. é Aids e Suggestions No. 18, de
7 Dezembro, 1907; ver Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove
Theosophical Society,” p. 185. O “recolhimento” teve provavelmente lugar no
final de 1938 embora John Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove
Theosophical Society,” p. 180, considere 1935 como a data efetiva.
A Theosophical Quarterly, a maior revista da Sociedade, cessou a sua
publicação em outubro de 1938.
Ernest Temple Hargrove
A direção da enérgica liderança de Tingley levou ao nascimento de dois
organismos dissidentes: o Templo do Povo, fundado em 1898 e a Loja Unida
de Teosofistas, constituída em 1909, por Robert Crosbie e outros em Los
Angeles. De acordo com Jerry Hejka-Ekins numa comunicação privada (20
fevereiro de 1996), a L.U.T. efetivamente nasceu a partir da Sociedade de
Hargrove pois Crosbie juntou-se a esta última depois de ter deixado a
Sociedade Teosófica e Fraternidade Universal de Tingley. Hejka-Ekins
acrescenta, contudo, que “ela [a L.U.T.] parece ser mais uma reação à
Sociedade de Point Loma [a S.T e F.U.].”
Em 1898, a Srª Tingley rebatizou a S.T. na América como Sociedade
Teosófica e a Fraternidade Universal. Enquanto “Líder e chefe oficial” ela
prosseguiu as suas atividades em Teosofia aplicada, incluindo um ambicioso
programa educativo, chamado Raja Ioga, que se iniciou em 1900 e que
enfatizava a integração da formação e educação espiritual, mental e física. Da
população estudantil inicial de cinco elementos, o número rapidamente saltou
para 100 em 1902, dois terços dos quais eram cubanos, devido aos seus
interesses permanentes em Cuba resultantes da Guerra Hispano-Americana de
1898 e ao apoio do Major Bacardí de Santiago aos objetivos de Tingley. Em
1919 o programa educacional foi expandido com a fundação da Universidade
Teosófica. Com o encerramento das lojas em 1903, a maior parte dos
membros mais talentosos e empenhados foram consequentemente para Point
Loma, participando não só nas experiências educativas mas também em
atividades relacionadas como a agricultura e horticultura, escrita,
investigação, edição de publicações e produções teatrais e musicais.
Contudo, por volta de 1920, estas atividades começaram a desaparecer,
principalmente devido a problemas financeiros. Com a morte de Tingley
em 1929, a direção estabelecida pelo seu líder mais académico e intelectual,
Gottfried de Purucker, foi uma vez mais no sentido da Teosofia teórica, com
ênfase no ensinamento e estudo das obras teosóficas centrais. Rebatizando a
S.T. e F.U. como Sociedade Teosófica, de Purucker avançou com um
Movimento de Fraternização – em parte devido ao aproximar do centésimo
aniversário do nascimento de H.P. Blavatsky – com o objetivo derradeiro de
reunir todas as sociedades. A unificação, contudo, não foi possível, mas
convenções e outras atividades de cooperação entre Adyar e Point Loma
realizaram-se ao longo dos anos 1930.
Gottfried de Purucker
Mais para o final da liderança de de Purucker, ele tomou a decisão prática de
vender a propriedade comunitária de Point Loma, chamada Lomaland e
realocar a Sociedade em Covina, uma pequena comunidade a leste de Los
Angeles. Naquele mesmo ano (1942), de Purucker faleceu e a Sociedade foi,
nos três anos seguintes, liderada por um gabinete até que um novo líder, o Cel.
Arthur Conger, foi eleito em 1945.
De acordo com um relato de um dissidente, pouco tempo depois desta eleição,
aqueles membros do gabinete que não reconheciam o estatuto esotérico de
Conger como “porta-voz dos Mestres” (que alegava assim o mesmo estatuto
que H.P. Blavatsky) foram destituídos de todas as responsabilidades na S.T.
Estes antigos funcionários e vários outros indivíduos nos EUA e na Europa
acabaram por sair das instalações da S.T.: alguns voluntariamente anularam o
seu estatuto de membro, outros viram o seu estatuto de membros
involuntariamente cancelado. O trabalho da tradição de Point Loma
estabelecido por Tingley foi continuado por alguns grupos organizados nos
Estados Unidos e na Europa, sendo um desses grupos a Publicações Point
Loma, que foi constituído em 1971 como uma instituição religiosa e
educacional sem fins lucrativos.
Entretanto, a Sociedade Teosófica de Covina permaneceu sob a liderança de
Conger até à sua morte no início de 1951. William Hartley (1879-1955), um
antigo membro residente da Sociedade foi o sucessor escolhido de Conger,
mas James A. Long (1898-1971) foi aceite pelo gabinete da S.T. em vez dele,
sendo que o argumento para a sua escolha assentava no facto de que o
documento original que continha o sucessor designado por Conger não existia,
apenas existia uma fotocópia. Hartley, em conjunto com os seus seguidores,
deixou Covina e deu continuidade à sua “Sociedade Teosófica” (Point Loma).
Em 1958 Dick J.P. Kok (Holanda) sucedeu a Hartley e desde 1985 é liderada
por Herman C. Vermeulen (ainda com sede em Haia, na Holanda).
Arthur L. Conger
James Long continuou a liderar aquela Sociedade Teosófica [a de Covina].
Um número de acontecimentos significativos teve lugar durante a sua
liderança. A Universidade Teosófica e todas as lojas (instituídas durante a
presidência de de Purucker) foram encerradas; as secções nacionais (incluindo
a propriedade sueca de Visingsö) foram também encerradas; as atividades de
impressão e edição, sede e biblioteca foram deslocadas para Altadena e
Pasadena em 1951; e a Sunrise, uma revista mensal, foi criada. Long também
se deslocou em longas viagens internacionais para palestras, visitando os
membros de fora dos EUA. Depois da sua morte em 1971, Grace F. Knoche
tornou-se a líder desta Sociedade Teosófica. [NT: Depois da morte de Knoche
em 2006, Randell C. Grubb passou a ser o líder].
James A. Long
Durante o agitado ano de 1898, outra organização teosófica surgiu, com a
fundação do Templo do Povo por William H. Dower (1866-1937) e Francia
LaDue (1849-1922), que acreditavam seguir as instruções do Mestre ao se
separarem da T.S. e F.U dirigida por Tingley, e, de acordo com a sua própria
declaração, ao estabelecerem as “bases mentais, físicas e espiritual da futura
sexta raça”. Saídos da loja de Syracuse (Nova Iorque) da S.T. e F.U.,
mudaram-se em 1903, juntamente com o seu grupo, para a Califórnia, onde se
fixaram numa zona a leste de Oceano, estabelecendo aí a sua sede conhecida
como Halcyon. Em 1904, Dower abriu o Hotel e o Sanatório Halcion por
forma a continuar a sua prática médica, tratando doenças como a tuberculose,
distúrbios nervosos, alcoolismo e toxicodependência. No ano seguinte (1905),
a Temple Home Association foi constituída, sendo definido um plano para
uma cidade com locais para casas para venda ou para arrendamento,
organizando assim uma colónia cooperativa com LaDue, também conhecida
como Estrela Azul, que se tornaria a primeira líder – Guardiã-chefe – do
Templo. Em 1908, o Templo foi constituído sob o nome “Guardião-chefe do
Templo do Povo, uma única instituição”. Depois da morte de LaDue em 1922,
Dower tornou-se o segundo líder do Templo, supervisionando a construção do
templo Memorial Estrela Azul. Começado em 1923 e completado em 1924, o
Templo Memorial Estrela Azul foi construído de acordo com simbolismo
matemático e geométrico ilustrando a unidade de toda a vida, ou o eu
superior. Depois da morte de Dower em 1937, Pearl Dower tornou-se a
terceira Guardiã-chefe, que organizou a propriedade de acordo com as suas
especificações presentes, uma propriedade de 95 acres [NT: cerca de 38,5
hectares] consistindo de 52 casas, 30 das quais são propriedade do Templo, a
Biblioteca William Quan Judge, que também inclui os escritórios do Templo e
um apartamento para os visitantes. O sucessor de Dower em 1968 foi Harold
Forgostein, que pintou 22 quadros no início dos anos 30 a pedido de Dower,
representando as contribuições dos nativos norte-americanos para o
entendimento do equilíbrio na Natureza e cenas da vida de Hiawatha, ambos
importantes nos ensinamentos do Templo. Estes quadros estão agora no
Centro Universitário do Templo. Forgostein permaneceu lider do Templo até
1990; a guardiã-chefe atual é Eleanor L. Shumway.
Francia La Due
Outra associação, a Loja Unida de Teosofistas, foi organizada por um anterior
membro da F. U. e S.T. em Point Loma e da Sociedade Teosófica de
Hargrove. Robert Crosbie (1849-1919), um canadiano vivendo em Boston que
se tornou teosofista sob a influência de W.Q. Judge, originalmente deu o seu
apoio a Tingley como sucessora de Judge. Por volta de 1900 mudou-se para
Point Loma para ajudar no trabalho que ela havia lá iniciado. Em 1904,
perdendo, por motivos particulares, confiança na liderança e nos métodos de
Tingley, deixou Point Loma, mudando-se para Los Angeles, onde se associou
durante algum tempo à Sociedade Teosófica de Hargrove e a vários
teosofistas, que iriam mais tarde apoiar a L.U.T., entre os quais estava John
Garrigues.
Robert Crosbie
Em 1909, Crosbie, com estes seus conhecidos, que partilhavam a sua
perspetiva que apenas a Teosofia original de Blavatsky e Judge continha os
ensinamentos da Teosofia como se pretendia que fossem transmitidos nos
tempos modernos (i.e., nas últimas décadas do século XIX e posteriormente),
formaram a Loja Unida de Teosofistas em Los Angeles. O que separava este
grupo das demais sociedades teosóficas era (e continua a ser) o seu enfoque na
Teosofia original e em escritos que sejam filosoficamente concordantes com
os de Blavatsky e Judge, com exclusão das cartas dos mestres K.H. e M.
escritas entre 1880 e 1886 ao destacado escritor teosófico, A.P. Sinnett, vice-
presidente da S.T. e rival de H.P. Blavatsky, ou seja, as Cartas dos Mahatmas
para A.P. Sinnett. Contudo, as constantes em O Mundo Oculto de Sinnett são
aceites, bem como a Carta do Maha-Chohan. A razão para rejeitar a maior
parte das cartas é que as cartas privadas não são substituto para os efetivos
ensinamentos teosóficos; igualmente, vários membros da L.U.T. consideram
que as cartas nunca se destinaram a ser publicadas.
A L.U.T. rejeita líderes e instrutores (todos os associados da L.U.T. são
descritos como estudantes) e enfatiza a anonimidade daqueles que escrevem
em nome da L.U.T. Até o próprio Crosbie não reclamava nenhum estatuto
especial, embora ele seja muito estimado pelos associados. Depois da morte
de Crosbie, a Loja de Los Angeles fundou a Theosophy Company em 1925
para servir de agente fiduciário para os associados. Não se reconheciam
líderes, embora John Garrigues fosse tido como uma figura principal na
L.U.T. de Los Angeles, juntamente com Grace Clough e Henry Geiger, até à
sua morte em 1944, insistindo os estudantes da L.U.T. que o princípio da
anonimidade mais do que compensa as suas desvantagens.
A L.U.T. tornou-se numa associação internacional de grupos de estudo através
dos esforços de outra importante figura no Movimento Teosófico, o parse
indiano B.P. Wadia (1881-1958). Inicialmente membro da S.T. Adyar, à qual
ele se juntou em 1903 e na qual desempenhou várias funções – incluindo o de
secretário de Annie Besant – ele desvinculou-se em 1922 devido à sua
perceção que a Sociedade Teosófica “se havia desviado do Programa
Original”. De 1922 a 1928 ele permaneceu nos E.U.A. e ajudou a fundar lojas
da L.U.T. em Nova Iorque, Washington, D.C. e Filadélfia. Depois da sua
partida para a Índia via Europa, ele encorajou os estudantes locais a fundar
lojas da L.U.T., incluindo as de Antuérpia, Amsterdão, Londres, Paris,
Bangalore e Bombaim. De momento, as lojas e grupos de estudo da L.U.T.
estão localizados ao longo dos E.U.A. e na Bélgica, Canadá, Inglaterra,
França, Índia, Itália, México, Holanda, Nigéria, Suécia e Trinidad (Índias
Orientais). Devido aos consideráveis contributos de Wadia, ele é a única
pessoa, com exceção de Crosbie, dentro da L.U.T. que é identificada pelo
nome.
B.P. Wadia
Adyar
A Sociedade Teosófica, Adyar, é de longe a maior Sociedade (apesar da perda
de grande parte da Secção Americana em 1895). O trabalho conduzido
principalmente pelo Cel. Olcott e também em menor extensão pela Sra.
Blavatsky durante a sua breve estadia na Índia, caraterizou-se por uma postura
ativista, com a promoção do Hinduísmo e Budismo depois da sua chegada à
Índia em 1879. O Cel. Olcott foi especialmente ativo em ajudar a iniciar um
revivalismo Budista na Índia e no Sri Lanka e na melhoria da situação dos
párias na Índia. Como primeiro americano a se converter ao Budismo no
estrangeiro em 1880, trabalhou com grande entusiasmo para a causa do
Budismo não só no Sri Lanka, mas também noutras nações budistas,
promovendo a fundação de escolas budistas, escrevendo o Catecismo
Budista – que tentou unir os Budistas do Norte e do Sul – e ajudando a
conceber uma bandeira budista que todas as nações budistas pudessem adotar
como seu emblema universal, simbolizando a unidade budista. Na Índia,
Olcott fundou “escolas para os párias” para elevar as classes deprimidas.
Uma dessas escolas, nas proximidades de Adyar e hoje conhecida como
Olcott Memorial School, já celebrou o seu centésimo aniversário. O seu
propósito é oferecer educação livre para as crianças daquelas classes em
domínios que proporcionem a auto-suficiência, como a alfaiataria, a
jardinagem, a carpintaria e o trabalho tipográfico. Uma contribuição adicional
feita por Olcott foi a criação da Biblioteca Oriental de modo a preservar os
manuscritos indianos da negligência e a mantê-los na Índia. Os manuscritos
estão guardados num novo edifício da Biblioteca de Adyar, formalmente
inaugurado em dezembro de 1886.
Vista aérea da sede da ST Adyar
Leadbeater, Krishnamurti e depois
As atividades de Besant na Sociedade durante a sua presidência estão
proximamente associadas com as de outro teosofista proeminente, embora
controverso, Charles Webster Leadbeater (1854-1934). Em grande medida,
sob a sua influência, foram introduzidos ensinamentos teosóficos na S.T. que
eram considerados pelos Blavatskyanos como estando desviados dos
ensinamentos originais de Blavatsky e dos seus Mestres. Ironicamente
chamados de “neo-teosofia” por F.T. Brooks, um escritor teosófico e tutor de
Jawaharlal Nehru nos primeiros anos do século XX, estes ensinamentos eram
considerados por aqueles que se limitavam aos escritos de Blavatsky e Judge
como heréticos, de acordo com as opiniões que apareciam na literatura
teosófica dos anos 20 do século passado.
A “neo-teosofia” incluía dois atos altamente significativos e inovadores: a
descoberta por Leadbeater, em 1909, do veículo físico para o Instrutor do
Mundo vindouro – conhecido como Maitreya ou o Cristo – Jiddu
Krishnamurti (1895-1986), e também uma aliança desde 1917 com a Igreja
Católica Liberal (antes, Igreja Vetero-católica) sob a direção dos Bispos
Leadbeater e James Wedgwood. Como se as atividades acima mencionadas
não fossem suficientemente controversas para muitos dentro do movimento
teosófico, Leadbeater, o homem por trás destas inovações, estava ele próprio
sob um manto de escândalo.
Em 1906 foram levantadas acusações pela secretária da Secção Esotérica na
América, Helen Dennis, de que ele estava ensinando ao seu jovem filho e a
outros rapazes masturbação como forma de prática oculta. Esta denúncia, que
levantou o espectro da pederastia aos olhos do seu acusador, conduziu ao
abandono da Sociedade por parte de Leadbeater. Depois da sua readmissão em
1908 com a ajuda de Besant, Leadbeater descobriu pouco tempo depois J.
Krishnamurti, um jovem rapaz hindu que segundo ele haveria de ser o veículo
para o Instrutor do Mundo vindouro. Muito do trabalho da Sociedade girava
em torno do treino do rapaz e da preparação do caminho para a vinda do
Instrutor do Mundo.
Jiddu Krishnamurti
Em 1911, outra organização conhecida como a Ordem da Estrela do Oriente
(O.E.O) foi fundada em Benares por George Arundale – que rapidamente se
tornou uma organização mundial com a ajuda da Senhora Besant –
especificamente para aquele propósito. No órgão oficial da Ordem da Estrela
do Oriente, The Herald of the Star 1.1 (11 de janeiro de 1912): 1-2, J.
Krishnamurti (ou quem escreveu em seu nome) notou que George S.
Arundale, o diretor do Colégio Central Hindu, foi o verdadeiro fundador da
Ordem, conhecida na altura da sua formação como a “Ordem do Sol
Nascente”. O seu propósito era “juntar todos aqueles…que acreditavam na
vinda próxima de um grande Instrutor, e estavam desejosos de trabalhar de
algum modo para se preparar para Ele.”
Não muito tempo depois, o Secretário-geral da Secção Alemã, Rudolf Steiner,
desencantado com a O.E.O. e desagradado com a presidência de Besant, agiu
de forma a levar o Conselho Geral da S.T. a aconselhar a Presidente no
sentido de fechar a Secção alemã e a criar uma nova Secção para algumas
lojas alemãs (Theosophist de fevereiro de 1913, p. 637). Cinquenta e cinco de
sessenta e nove das lojas alemãs seguiram Steiner, que rapidamente organizou
uma nova sociedade, a Sociedade Antroposófica, no início de 1913. Apesar
das deserções de Steiner e de outros, a Sociedade Teosófica, contudo, ganhou
mais membros do que perdeu. A promessa da vinda iminente do Instrutor
Mundial no veículo de Krishnamurti contribuiu para uma controvérsia sem
precedentes dentro da Sociedade Teosófica e também para a sua maior
popularidade, isto até 1929, altura em que Krishnamurti renunciou ao seu
papel e deixou a Sociedade. Depois disso, a Sociedade nunca recuperou a
popularidade que teve nos anos 1920.
Rudolf Steiner
O segundo acontecimento que gerou controvérsia foi a promoção da Igreja
Vetero-Católica (mais tarde Católica Liberal) por parte de membros da
Sociedade. Esta promoção foi principalmente uma ideia original de C.W.
Leadbeater, que com James Ingall Wedgwood (1883-1951), ajudou a fundar a
Igreja. Os teosofistas, especialmente aqueles não pertencentes aos grupos de
Adyar, viam os rituais da I.C.L. e a aceitação da sucessão apostólica, onde o
episcopado é uma realidade, como não tendo lugar no ensinamento teosófico.
À medida que os anos 1920 progrediam, houve uma tentativa de combinar as
alegações centradas no Instrutor Mundial com o ritual da I.C.L., incluindo a
seleção de doze “apóstolos” para Krishnamurti, mas por fim todo o plano se
desintegrou com a rejeição por parte de Krishnamurti do papel de Instrutor
Mundial.
Depois de 1929, a S.T. redimensionou-se e voltou aos ensinamentos
geralmente associados à Teosofia. Depois da morte de Besant em 1933, a
presidência passou para George Arundale (1934-1945), que continuou o
ativismo que foi tão típico do mandato de Besant. Durante a sua presidência, a
sua esposa, Srimati Rukmini Devi (1904-1986), fundou a Academia
Internacional das Artes a 6 de janeiro de 1936 (mais tarde conhecido como
Kalakshetra, “o campo ou o lugar sagrado das Artes”), tendo como objetivos
(1) “enfatizar a unidade essencial de toda a Arte verdadeira” (2) “trabalhar
para o reconhecimento das artes como vitais para o crescimento individual,
nacional, religioso e internacional”, e (3) “providenciar aquelas atividades,
pois são acessórias para os objetivos referidos.”
George S. Arundale
Ao segundo propósito do Kalakshetra esteve associado um renascimento e
desenvolvimento da antiga cultura da Índia. Para Arundale, a dança indiana
revelava um ritual oculto, nas suas palavras “o ocultismo da beleza”. Depois
dele, veio um protegido de Leadbeater, C. Jinarajadasa (1946-1953), que,
além dos seus vários contributos para a Sociedade, demonstrou um interesse
ativo na publicação de muitos documentos relacionados com a história da
Sociedade desde os primeiros anos da S.T.. Sendo um dos principais autores
teosóficos, Jinarajadasa evidenciou uma distinta inclinação académica nos
seus trabalhos publicados e de forma a levar a cabo o terceiro objetivo da
Sociedade, inaugurou em 1949 a Escola da Sabedoria na sede internacional da
Sociedade Teosófica em Adyar, na mesma data em que a S.T. iniciou a sua
atividade, a 17 de novembro. Chamava-se o Centro Internacional de Estudos
Teosóficos nos anos 70, mas foi rebatizada de Escola da Sabedoria em 1985.
Na comunicação aquando da inauguração da escola, Jinarajadasa declarou que
o seu propósito era “capacitar os seus estudantes a se tornarem, de acordo com
o seu temperamento e aptidão, filósofos, cientistas, professores éticos, artistas,
juristas de direito económico, estadistas, educadores, urbanistas e todos os
tipos possíveis de servidores da humanidade” (“A Escola da Sabedoria:
discurso inaugural proferido a 17 de novembro de 1949”, Theosophist, 71.3
[dezembro de 1949]: 156).
C. Jinarajadasa
Depois de Jinarajadasa veio N. Sri Ram (1953-1973), responsável pela
construção do atual edifício da Biblioteca de Adyar, John S. Coats (1973-
1979) e a atual presidente internacional da S.T., Radha Burnier (1980-) [NT:A
senhora Burnier faleceu a 31 de outubro de 2013 e as eleições que se seguiram
foram ganhas pelo norte-americano Tim Boyd, que assumiu a presidência da
S.T. Adyar no final de abril de 2014]. Coats morreu a 26 de dezembro de
1979. De janeiro a junho de 1980, Surendra Narayan atuou como vice-
presidente responsável e Burnier tomou posse em julho de 1980.
John S. Coats
Crenças e práticas
Os ensinamentos promulgados pelas sociedades teosóficas são em última
instância o que tem prendido a atenção dos seus membros, sendo igualmente
aquilo que os indivíduos em geral entendem ser a Teosofia. Em regra, a maior
parte dos teosofistas associa os ensinamentos básicos com as “três proposições
fundamentais” contidas no Proémio da magnum opus de H.P. Blavatsky, A
Doutrina Secreta. Uma visão global da evolução do modo como Blavatsky e
outros teosofistas entendiam a Teosofia revela uma variedade de
interpretações. De facto, o termo “Teosofia”, escolhido para representar as
aspirações e os objetivos da Sociedade, teve pouco a ver com o seu
desenvolvimento posterior. Teosofia foi aceite como o nome da Sociedade em
linha com a definição encontrada numa edição do dicionário Webster
(publicado por volta de 1875), que é a seguinte: “suposto relacionamento com
Deus e os espíritos superiores e consequente obtenção de conhecimento sobre-
humano por processos físicos bem como por operações teúrgicas de antigos
Platonistas, ou através de processos químicos dos filósofos do fogo
germânicos.” O termo, contudo, não era desconhecido antes deste período
(setembro de 1875). Blavatsky empregou-o em fevereiro de 1875 numa carta
ao Professor Hiram Corson (“Teosofia ensinada pelos anjos”) e no seu artigo
“Algumas questões para ‘Hiraf’”.
Num encontro que teve lugar a 7 de setembro de 1875, uma palestra dada por
George H. Felt sobre “O canône perdido das proporções dos Egípcios” refletiu
essa definição. Nessa ocasião, o futuro presidente da Sociedade Teosófica,
Henry S. Olcott, propôs a formação de uma sociedade com o objetivo de obter
“conhecimento da natureza e dos atributos do Poder Supremo e dos espíritos
superiores através do auxílio dos processos físicos.” Esta foi a declaração no
“Prêambulo e Estatutos” (30 de outubro de 1875), bem como no discurso
inaugural do Coronel Olcott como presidente da Sociedade: ”…como
podemos esperar que como uma sociedade tenhamos uma representação
ilustrativa do controlo do adepto teurgista sobre os poderes subtis da natureza?
Mas é aqui que as supostas descobertas do Sr. Felt entram em jogo. Sem
alegar ser teurgista, mesmerista, ou espiritualista, o nosso vice-presidente
compromete-se, através de simples aplicações químicas, mostrar-nos, como já
fez antes perante outros, as raças de seres que, sendo invisíveis aos nossos
olhos, povoam os elementos…Imaginem as consequências da demonstração
prática da sua verdade, para a qual o Sr. Felt está agora a preparar os
dispositivos necessários!”
Noutras palavras, o objetivo original da Sociedade Teosófica era – nas
palavras das atas registadas a 8 de setembro de 1875 – “para o estudo e
elucidação do Ocultismo, Cabala & etc....” ou, talvez para usar uma
terminologia que reflita mais diretamente as afirmações feitas acima por
Olcott: demonstrar, de forma científica, a existência de um mundo oculto,
repleto com forças ocultas e seres aí existentes. Nesta perspetiva, os objetivos
originais de 1875 da Sociedade (“recolher e difundir um conhecimento das
leis que governam o universo”) têm um significado alargado. Contudo, ao
longo dos anos subsequentes, o termo assumiu diferentes conotações, com a
maior parte dos teosofistas a verem-no como a sabedoria que tem existido
desde a aurora da humanidade, preservada e transmitida por grandes
instrutores como Pitágoras, Buda, Krishna e Jesus, desde a sua criação até ao
presente e confirmada nos mitos, lendas e doutrinas da tradições históricas
religiosas, como o Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo e Islamismo
e em cultos de mistério menos conhecidos. A primeira expressão em livro
desta sabedoria e dos objetivos originais (1875) da Sociedade Teosófica
foi Ísis sem Véu, de Blavatsky, publicada em 1877. Nos dois anos
subsequentes, mais de dez mil cópias foram vendidas, tornando-o num dos
livros mais populares deste género do século XIX. Continua a ter influência
considerável nos círculos teosóficos, com mais de 150 mil cópias vendidas
desde a sua publicação.
Os três objetivos da Sociedade Teosófica
Foi dado um sabor mais oriental (ou seja, indiano) à sabedoria descrita em Ísis
sem Véu na publicação do livro de 1888 de H.P. Blavatsky A Doutrina
Secreta. As suas três proposições fundamentais foram acima referidas como a
existência de um absoluto subjacente a toda a manifestação, a ciclicidade do
universo e a identidade do indivíduo com a alma suprema universal e a
peregrinação de todas as almas através da reencarnação e carma. A Teosofia,
neste sentido, adotou uma visão não–dualista ou monista da realidade última,
manifestada ou emanada numa complementaridade dinâmica e progressão
evolucionária. Estas “proposições” gerais apresentadas por Blavatsky foram
reafirmadas em ensinamentos mais específicos em A Doutrina Secreta e
noutros lados, parte do qual pode ser sumarizado nas seguintes afirmações:
- A evolução do indivíduo imortal continua através de vidas incontáveis, e tal
continuidade é tornada possível através da reencarnação: a entrada do Ego – a
tríade Espírito, Alma e Mente – noutro corpo (humano).
- O complemento da reencarnação é aquela força conhecida como “A Lei da
Causa e efeito (Karma)” que alimenta futuros renascimentos e determina a
qualidade da experiências dos mesmos.
- A estrutura do universo manifestado, humanidade incluída, pode ser vista
como setenária na composição e cooperativa em todos os relacionamentos.
- A humanidade evolui através de sete grupos ou períodos principais
chamados raças-raíz, cada uma das quais é dividida em sete subraças. No
momento presente, nós humanos pertencemos à quinta raça-raiz, conhecida
como raça ariana (sânscrito para “nobre”). O termo, contudo, não está
limitado aos povos “indo-europeus”, tem um significado mais alargado.
- O indíviduo é na realidade nada mais que uma cópia em miniatura ou
microcosmos do macrocosmos.
- O universo – incluindo a humanidade – é guiada e animada por uma
hierarquia cósmica de seres sencientes, cada um tendo uma missão específica
a cumprir.
Ísis sem Véu, de Helena Petrovna Blavatsky
Embora a maior parte dos teosofistas subscreva todas ou a maior parte das
afirmações anteriores, há que ter presente que essas afirmações podem ter
várias interpretações dependendo de cada teosofista. Além disso, embora
alguns comentadores realcem a presença da filosofia oriental (hindu e budista)
no ensinamento teosófico depois de 1880, quando Blavatsky e Olcott
chegaram à Índia, isto não impediu a presença de importantes ensinamentos,
mitos e doutrinas ocidentais (cabalísticos, cristãos, maçónicos e pré-cristãos)
depois de 1880 ou a presença de pensamento oriental antes de 1880, conforme
é evidenciado em Ísis sem Véu.
Helena Petrovna Blavatsky
Organização e Associação
A Sociedade Teosófica, com sede internacional em Adyar, Chennai, Índia
tinha no mundo inteiro, no final de 2001, um número de associados de 26 606,
distribuídos por quase setenta países. A Sociedade Teosófica na América, uma
das suas secções tinha 3 357 membros em Dezembro de 2012. A Sociedade
de Adyar considera-se como a Sociedade Teosófica matriz, remontando às
suas origens de 1875 em Nova Iorque, embora a Sociedade Teosófica
(Pasadena) assuma a posição de que a Sociedade Teosófica se dividiu em
1895, com cada S.T. a ter os mesmo direitos a reinvidicar as suas origens à
S.T de Nova Iorque de 1875. A Sociedade Teosófica (Adyar), constituída em
Madras (atualmente Chennai) em 1905, é presidida por Radha Burnier [NT:
Como já foi atrás referido a senhora Burnier faleceu já depois desta versão do
artigo ter sido redigida, o presidente atual é Tim Boyd] que ocupa a posição
desde 1980. Compreende cinquenta e uma sociedades ou secções nacionais,
sendo as mais antigas a Secção Americana (a Sociedade Teosófica na
América, como é agora conhecida), constituída em 1886 e a Secção Inglesa
(fundada em 1888). Depois da separação da sociedade de Judge da de Adyar
em 1895, Olcott cancelou a licença da Seção Americana. Uma nova licença
foi emitida, com a Loja de São Francisco a servir como sede temporária, nesse
mesmo ano para a Secção Americana da S.T. de Adyar, tornando a licença
válida retroativamente desde 1886. (Theosophist, Suplemento de outubro,
1895).
As secções são compostas por Lojas. Um pequeno número de Lojas estão
diretamente ligadas à sede internacional de Adyar. O órgão de governo da
S.T. é o Conselho Geral, que consiste de presidente, vice-presidente,
secretário, tesoureiro, todos os Secretários Gerais das secções nacionais e até
doze membros adicionais nomeados pelo presidente e eleitos pelo Conselho
Geral. O presidente internacional é eleito por sufrágio universal de todos os
membros elegíveis de sete em sete anos entre os candidatos que recebam pelo
menos 12 nomeações dos membros do Conselho Geral. O presidente nacional
da Secção Americana é eleito de forma semelhante de três em três anos.
Realiza-se anualmente uma convenção internacional, habitualmente em
Adyar. A Sociedade tem uma magnífica biblioteca nas instalações da sede,
que aloja manuscritos originais em Sânscrito e noutras linguagens asiáticas,
bem como livros e jornais sobre Teosofia, filosofia e religião. Os arquivos da
Sociedade estão presentemente alojados no edifício sede e contêm muitos
milhares de documentos, incluindo os diários de Blavatsky e Olcott. A
Theosophical Publishing House também funciona em Adyar e produz vários
panfletos e livros, na sua maioria escritos por membros e continua a publicar o
mais antigo periódico teosófico, o Theosophist. Além disso, a Adyar
Newsletter é publicada trimestralmente pela Sociedade, tal como o
respeitado Adyar Library Bulletin [Boletim da Biblioteca de Adyar], um
jornal académico especializado em investigação oriental.
Sede da ST Adyar
Teosofia na América
A Secção Americana da Sociedade Teosófica de Adyar, embora tenha
diminuído substancialmente em número de membros em 1895, altura em que
muitas das suas Lojas seguiram Judge tornando-se independentes de Adyar,
rapidamente recuperou a sua força sob a liderança de Alexander Fullerton
(1895-1907), e como resultado de uma digressão em 1897 à Sociedade
Americana por parte de Annie Besant e da Condessa Constance Wachtmeister
(1839-1910), uma colaboradora próxima de H.P. Blavatsky e uma entusiástica
trabalhadora pela causa teosófica. Esta e subsequentes digressões iniciadas por
Charles Webster Leadbeater em 1900 e por Olcott e pela Condessa
Wachtmeister em 1901 conduziram a um aumento de membros de 281 em
1896 para 1 455 em maio de 1901. A Secção Americana continuou sendo
um interveniente relevante na Sociedade Teosófica durante uma série de
Secretários Gerais (ou Presidentes como os líderes eram então chamados).
Depois de Fullerton vieram Weller Van Hook (1907-1912), que mudou a sede
da Secção de Nova Iorque para Chicago; A.P. Warrington (1912-1920), que
foi responsável pelo estabelecimento de uma nova sede em Krotona,
Hollywood e L.W.Rogers (1920-1931), sob cuja administração, a primeira
pedra do novo edifício-sede em Wheaton, Illinois foi colocada em 1926.
ST na América - sede - Edifício Rogers
Em 1927, o número de membros da Secção atingiu os 8 500. Sidney A. Cook
(1931-1945) presidiu à Sociedade numa altura em que o número de membros
diminuiu até os 3 000 em 1941, em parte devido à dissolução da Ordem da
Estrela por parte de Krishnamurti e também devido à Depressão. Sucedeu-o
James S. Perkins (1945-1960), Henry Smith (1960-1965), Joy Mills (em 1965
como presidente nacional em exercício e de 1966 a 1974 como presidente),
Ann Wylie (1974-1975, em exercício), Dora Kunz (1975-1987), Dorothy
Abbenhouse (1987-1993), John Algeo (1993-2002), Betty Bland (2002-2011)
e Tim Boyd (desde 2011).
Sede da ST na América - Edifício Rogers
A sede da Sociedade Teosófica na América em Wheaton, Illinois, é onde está
localizada uma grande biblioteca para investigação e empréstimo de livros.
Também publica uma série de trabalhos, incluindo os Quest Books, através da
Theosophical Publishing House (Wheaton). A S.T.A. também publica a
Messenger para os seus membros, a revista Quest para os leitores em geral e
uma newsletter eletrónica mensal. Embora em termos organizacionais não seja
uma parte da S.T., a Secção Esotérica está proximamente associada com a
S.T.. A sua sede nos Estados Unidos está em Ojai, Califórnia, no Instituto
Krotona. Nas suas instalações funciona a Escola de Teosofia de Krotona, cujo
principal objetivo é servir como suporte educacional da Sociedade, promover
o seu trabalho e implementar os três objetivos da S.T. Estes objetivos (de
acordo com a redação da Sociedade Internacional) são: (1) Formar um núcleo
da Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo,
casta ou cor. (2) Encorajar o estudo de Religião Comparada, Filosofia e
Ciência [A Sociedade Teosófica na América tem “estudo comparado da
religião…”]; (3) Investigar as leis não explicadas da Natureza e os poderes
latentes no homem. [A S.T.A. substitui “humanidade” por “homem”.] É
suposto os membros da S.T. procurarem a verdade através do estudo, serviço
e devoção a ideais elevados. A Sociedade declara: “Todos aqueles que
simpatizem com os objetivos da Sociedade Teosófica serão bem recebidos
como membros, e cabe a cada membro se tornar um verdadeiro teosofista”.
Instituto Krotona
Outras organizações teosóficas
Juntamente com a Sociedade na América que está ligada a Adyar, várias
outras surgiram naquele país, embora muitas delas, subsequentemente se
tenham espalhado para fora dele.
A Sociedade Teosófica com sede em Pasadena é a descendente direta da
Sociedade Teosófica na América, da qual W.Q. Judge foi o primeiro
presidente, seguido por Tingley que mudou a designação para Fraternidade
Universal e Sociedade Teosófica. É presentemente descrita como uma
associação internacional de membros “dedicada ao elevar da humanidade
através de um melhor entendimento da unidade da vida e da aplicação prática
deste princípio.” Não é fornecida informação sobre o número de membros,
embora seja baixo, talvez de uns poucos milhares. Os membros são
conhecidos como os Companheiros da Sociedade Teosófica (C.S.T.), a sua
única obrigação é a aceitação do princípio da fraternidade universal e o desejo
de tentar vivê-la. Os companheiros são recebidos como companheiros no
estado probatório; a aceitação completa é concluída com a emissão de um
diploma, assinado pelo líder e secretário-geral, que é emitido pela Sede
Teosófica Internacional. Outros grupos dentro da S.T. incluem ramos,
formados por três ou mais C.T.S. que requerem uma licença e as Secções
Nacionais, que são dirigidas por um Secretário Nacional. O líder desta S.T. é
designado como líder – presentemente é Randell C. Grubb – sendo vitalício e
que também é responsável por indicar um sucessor. Os diretores-gerais
incluem os membros do Gabinete, o Secretário-geral, o Tesoureiro-geral e os
Secretários nacionais, os quais, na sua totalidade, são nomeados pelo líder. O
líder tem o poder de afastar qualquer um dos funcionários da Sociedade. O
braço editorial desta S. T. é a Theosophical University Press, que já publicou
mais de quarenta livros escritos por H.P. Blavatsky, Katherine Tingley, G. de
Purucker, A. Trevor Barker, William Q. Judge, James A. Long, Charles J.
Ryan entre outros.
Point Loma
A Sociedade Teosófica (Pasadena) tem cursos por correspondência, centros
bibliotecários, reuniões públicas, grupos de estudo, traduções feitas no
estrangeiro e agências na Holanda, Reino Unido, Suécia, Austrália, Alemanha,
África do Sul e Nigéria. Os objetivos desta S.T. são os seguintes: (1) Difundir
um conhecimento das leis inerentes ao Universo entre os homens (2)
Promulgar o conhecimento da unidade essencial de tudo o que é, e demonstrar
que esta unidade é fundamental na Natureza. (3) Formar uma fraternidade
ativa entre os homens. (4) Estudar religião antiga e moderna, ciência e
filosofia. (5) Investigar os poderes inatos no homem.
Sede da ST Pasadena –
Quadro "O caminho"de Reginald Mitchell
A Loja Unida de Teosofistas é uma “associação voluntária de estudantes de
Teosofia” fundada em 1909 por Robert Crosbie e outros, tendo como seu
principal propósito o estudo da Teosofia utilizando os trabalhos de Blavatsky
e Judge como guia. Porque a personalidade ou ego é considerada como tendo
efeitos negativos, os “associados” adotam o anonimato no seu trabalho
teosófico. Relativamente a este trabalho, a declaração da L.U.T., o único
documento que liga os associados, estabelece que o seu propósito “é a
disseminação dos princípios fundamentais da filosofia teosófica, e a
exemplificação prática desses princípios através de uma compreensão do EU
SUPERIOR; uma convicção mais profunda da Fraternidade Universal.”
Considera como teosofistas todos aqueles que estão comprometidos no
verdadeiro serviço pela Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo,
situação pessoal ou organização.”
Declaração da Loja Unida de Teosofistas
O trabalho da L.U.T. é principalmente de natureza prática e educativa,
levando a cabo encontros e aulas sobre diversos temas teosóficos e publicando
livros, panfletos e revistas. Existem lojas e grupos de estudo, com as lojas a
terem normalmente entre vinte e cem associados e os grupos de estudo entre
cinco e trinta associados. Os associados podem voluntariamente participar no
trabalho de um grupo de estudo ou loja, desde a frequência das aulas até ao
ministrar das mesmas no âmbito da disseminação pública dos ensinamentos
teosóficos. Todas as atividades são voluntárias. Além disso, existem
associados que não pertencem a nenhuma loja porque vivem em países ou
regiões que não têm nenhum centro da L.U.T. nas proximidades. Não existe
líder na L.U.T., nem nenhuma organização formal, embora a Theosophy
Company sirva como agente fiduciário para a L.U.T. e para as suas
publicações. Todas as lojas e grupos de estudo são independentes uns dos
outros mas estão unidos num propósito comum, o objetivo individual de
perseguir os três objetivos da L.U.T. que são praticamente idênticos aos
objetivos da S.T. de Adyar, a saber: (1) “Formar um núcleo da Fraternidade
Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor.”
(2) “O estudo das religiões, filosofias e ciências antigas e modernas e a
demonstração da importância de tal estudo; e (3) a investigação das leis não
explicadas da Natureza e os poderes psíquicos latentes no homem”. O trabalho
das Lojas está focado na disseminação da Teosofia original.
Aqueles que estejam em concordância com a Declaração da L.U.T. são
considerados associados. Expressam a sua simpatia para com o trabalho da
L.U.T. da seguinte maneira: “Estando de acordo com os propósitos desta Loja,
tal como enunciados na sua “Declaração”, tenho a honra de registar a minha
intenção de ser inscrito como um Associado, entendendo-se que essa
associação não reclama nenhuma obrigação da minha parte, sem ser aquela
que eu próprio determine.” O número de associados é incerto porque não há
renovações nem “manutenções” de membros, nem existe uma lista publicada
de associados. O único número fornecido por um associado em Los Angeles é
que “muitos milhares de associados” têm pertencido à L.U.T. desde 1909, mas
atualmente não devem existir mais que uns poucos milhares em todo o
mundo. Existem Lojas e grupos de estudo em Los Angeles, mas também
noutras partes dos E.U.A, Canadá, Bélgica, Inglaterra, França, Índia, Itália,
México, Holanda e Suécia. As publicações incluem os trabalhos de Blavatsky
e Judge, compilações de artigos, cartas e palestras por Robert Crosbie,
intituladas The Friendly Philosopher, o seu comentário e discussão sobre O
Oceano da Teosofia de Judge, intitulado Answers to Questions on the Ocean
of Theosophy e um pequeno livro, Universal Theosophy. A Theosophy
Company também publica trabalhos que estão geralmente associados com a
Teosofia antiga (como o Bhagavad Gita, os Yoga Sutras de Patanjali e
O Dhammapada), e as revistas Theosophy, The Theosophical Movement
(Bombaim) e Vidya (Santa Barbara, Califórnia).
Edifício da LUT em Los Angeles, Califórnia
Quer o Templo do Povo - como uma sociedade religiosa – quer a vila de
Halcyon estão sob a liderança (designada por Guardião-chefe) de Eleanor L.
Shumway, que foi selecionada pela sua predecessora. Além deste cargo, existe
um corpo diretivo de sete membros, selecionado cada ano pelo Guardião-
chefe. No corpo há um Guarda Interno e tesoureiro, ambos reservados para
mulheres, um Guarda Externo e um Escriba, ambos reservados para homens e
três delegados gerais, selecionados entre os membros não residentes em
Halcyon. A filiação no Templo não é solicitada nem está fechada a qualquer
indivíduo; a única responsabilidade do membro é o seu próprio
desenvolvimento. De um total de cerca de 250 membros em todo o mundo,
cerca de oitenta residem em Halcyon. Uma convenção anual que dura cerca de
uma semana começa no primeiro domingo de agosto. Os objetivos do Templo
são:
(1) Formular as verdades da religião como um fator fundamental na evolução
da raça humana. Isto não significa a formulação de um credo. (2) Estabelecer
uma filosofia de vida que esteja de acordo com lei natural e divina. (3)
Promover o estudo das ciências e os factos e leis fundamentais sobre os quais
as ciências se baseiam, o que nos permitirá estender o nosso conhecimento e
crença daquilo que é conhecido até ao desconhecido. (4) Promover o estudo e
a prática da arte em linhas fundamentais, mostrando que a arte é na realidade a
aplicação de conhecimento ao bem e bem-estar humanos e que
o Christos pode comunicar com a humanidade através da arte bem como
através de qualquer outra linha fundamental de manifestação. (5) A promoção
de um conhecimento da verdadeira ciência social baseada na lei imutável,
evidenciando o relacionamento entre um ser humano e outro e entre seres
humanos, Deus e a natureza. Quando estes relacionamentos forem entendidos
vamos instintivamente formular e seguir a lei da verdadeira fraternidade: a
unidade de TODA a vida.
Templo do Povo
A Word Foundation, Inc. foi criada em 1950 “para dar a conhecer ao mundo
todos os livros escritos por Harold Waldwin Percival, e para assegurar a
perpetuação do seu legado à humanidade”. Os livros de Percival
incluem Thinking and Destiny; Adepts, Masters and Mahatmas; Masonry and
Its Symbols; Man and Woman and Child; e Democracy Is Self-Government.
Percival (1868-1953) nasceu em Bridgetwon, Barbados, Índias Ocidentais
Britânicas. Esteve primeiro em Boston e posteriormente em Nova Iorque, com
a sua mãe, depois da morte do seu pai. Aí, ele aderiu à Sociedade Teosófica
em 1892, acabando por fundar a Sociedade Teosófica Independente, que
relevava o estudo do material de H.P. Blavatsky e das “escrituras” orientais e
de 1904 a 1917 publicou a revista The Word. Para além disso fundou a
Theosophical Publishing Company of New York. Em 1946, a Word
Publishing Co., Inc. foi constituída e sob esta égide os livros de Percival
foram em primeira instância publicados e distribuídos. A Fundação é dirigida
por um conselho de administração que consiste de presidente, vice-presidente,
tesoureiro e secretária. Além de ter publicado os trabalhos de Percival,
também lançou em 1986 uma nova série da revista The Word, publicada
trimestralmente. A Fundação afirmava em 1994 ter cerca de 1000 membros
em todo o mundo. O objetivo da filiação é suportar as atividades editoriais da
Fundação e facilitar a existência de grupos de estudos.
Logotipo e publicação da
Word Foundation
A Publicações Point Loma não é uma sociedade mas uma empresa de
publicações independente cujo objetivo é a continuação do legado literário dos
membros da Sociedade Teosófica de Point Loma (agora a S.T. Pasadena). Foi
fundada em 22 de janeiro de 1971 por antigos membros do gabinete daquela
S.T. que se recusaram a aceitar o estatuto esotérico de Conger, o novo líder
daquela S.T., em 1945. O antigo presidente do gabinete da S.T., Iverson L.
Harris, tornou-se presidente, bem como presidente do Conselho de
Administração. Em 1950, membros descontentes começaram a organizar e a
ministrar palestras públicas em San Diego, Califórnia. A importância do nome
“Point Loma” na história do movimento teosófico levou contudo ao
estabelecimento das P.P.L. em San Diego como é evidente no seu objeto
social: “publicar e disseminar literatura de cariz filosófico, científico,
religioso, histórico e cultural, fiel às tradições e elevada exigência mantida
pela Sociedade Teosófica anteriormente com sede internacional em Point
Loma, Califórnia, sob a liderança de Katherine Tingley de 1900 a 1929 e de
Gottfried de Purucker, de 1929 a 1942; prosseguir e perpetuar os objetivos da
S.T. original, fundada na cidade de Nova Iorque por Helena Petrovna
Blavatsky, Coronel H.S. Olcott, William Quan Judge e outros, conforme
enunciadas por eles a 30 de outubro de 1875.”
A P.P.L. permaneceu sobre a liderança de Harris até à sua morte em 1979. W.
Emmett Small tornou-se o novo presidente nesse ano e assim permaneceu até
à sua retirada em 1993. Existem ramificações da P.P.L. em Haia, Holanda e
Costa Rica. Não existem membros da P.P.L., apenas associados ou “amigos”
que apoiam o trabalho da empresa. Como nota paralela, há que referir que
outras organizações que se baseiam no trabalho original da S.T. Point Loma
despontaram na Europa. Um desses grupos é a Sociedade Teosófica – HPB,
que foi fundada por William Hartley depois de James Long ter sido eleito
líder (ver acima). Esta Sociedade funciona agora em Haia, o local da sua sede
internacional, sob a presidência de Herman C. Vermeulen. Inglaterra e
Alemanha também têm pequenos grupos que seguem a tradição de Point
Loma.
Point Loma
Publicações e Divulgação Educacional
A primeira revista da Sociedade Teosófica, o Theosophist foi iniciada em
Bombaim sob a edição de H.P. Blavatsky com o número de outubro de 1879.
O periódico publicado na sede internacional em Adyar, Chennai continua até
hoje e é o órgão oficial do presidente internacional da S.T. (Adyar). Também
são publicados a Adyar Newsletter e o Adyar Library
Bulletin. Quest e Messenger são ambos publicados pela S.T. na América, e
são publicados periódicos em cada uma das cinquenta e uma secções
nacionais da Sociedade. Além da literatura periódica, a S.T. também leva a
cabo um ativo programa editorial através da Theosophical Publishing House
em Adyar (Índia) e Wheaton (Illinois), a sede da Sociedade Teosófica na
América, e em Quezon, Filipinas. A T.P.H. da S.T. na América também
publica Quest Books, que são livros destinados a uma variedade de assuntos
que refletem o ponto de vista teosófico na sua perspetiva mais abrangente.
Formas complementares de divulgação da S.T. na América existem na forma
de gravações de vídeo e áudio, webcasts e webinars.
Capa de uma edição
de "The Theosophist"
A Sociedade Teosófica (Pasadena) através do seu braço editorial, a
Theosophical University Press, disponibiliza a literatura original e clássicos da
Teosofia, incluindo os trabalhos de H.P.Blavatsky, W.Q.Judge, Katherine
Tingley, G. de Purucker e outros. Uma extensa biblioteca está
disponível online.
Echoes of the Orient, de W.Q. Judge
A Theosophy Company, agente fiduciário da Loja Unida de Teosofistas,
publica a revista Theosophy. Para além disso, Vidya é publicada pelos
estudantes da Loja de Santa Barbara da L.U.T., Califórnia, e The
Theosophical Movement, fundado por B.P. Wadia, é publicado em Bombaim,
Índia.
Quer a Sociedade Teosófica (Pasadena) – através da Theosophical University
Press - quer a L.U.T. – através da Theosophy Company – publicam os
principais trabalhos de Blavatsky (A Doutrina Secreta e Ísis sem Véu) e Judge
(O Oceano de Teosofia) bem como uma variedade de outros trabalhos.
O Templo do Povo publica trimestralmente em Halcyon, The Temple Artisan,
bem como vários trabalhos da sua organização: Theogenesis, Temple
Messages, Teachings of the Temple e From the Mountain Top.
A Word Foundation publica The Word, ressuscitada em 1986, bem como os
trabalhos de Harold W. Percival acima mencionados.
A Publicações Point Loma publicou The Eclectic Theosophist, inicialmente
como uma revista bimensal, depois trimestral, sob a editoria de W. Emmett
Small e Helen Todd (até à morte desta em 1992). A Publicações Point Loma
também publica uma variedade de trabalhos que foram originalmente
lançados durante os anos de Point Loma da Fraternidade Universal e
Sociedade Teosófica bem como um número de trabalhos originais,
incluindo The Buddhism of H.P. Blavatsky por H.J. Spierenburg, The Way to
the Mysteries por L. Gordon Plummer e Introduction to Sanskrit por Thomas
Egenes. A Sociedade Teosófica – Point Loma em Haia, Holanda, publica a
revista bimensal Lucifer em inglês e holandês.
No início de 2007, o inventário completo da P.P.L. foi realocado para perto de
Dulzura, Califórnia, a leste de San Diego, onde durante os violentos incêndios
florestais de outubro de 2007, todo o inventário da P.P.L. que estava guardado
ardeu. Desde essa altura foi feita uma total reorganização do foco e das
ligações do trabalho teosófico. Iniciou-se uma colaboração com outros grupos
editoriais teosóficos na Europa e noutros lados de modo a garantir a
disponibilidade dos livros anteriormente editados, iniciando-se o processo de
produzir um conjunto de livros anteriormente esgotados em forma impressa e
e-book. Além do mais, a Publicações Point Loma renasceu como “Escola do
Perenialismo Teosófico de Point Loma”. Leva a cabo aulas regulares e
apresentações em San Diego. A Publicações Point Loma é a extensão editorial
da Escola de Point Loma. A escola é co-anfitriã com a “Blavatsky House” de
Haia, Holanda, do “Convívio de Point Loma: Perspetiva teosófica sobre
religião, filosofia, ciência e as artes” (San Diego, 1-4 agosto 2013). Mais
informação encontra-se disponível nestes sites (em construção em Fevereiro
de 2013): www.pointlomaschool.com e para o convívio
www.pointlomatheosophynetwork.net.
Point Loma
Tradução por: Paulo Baptista
Revisão por: Ivan Silvestre
Publicado em 10 partes em http://lua-em-escorpiao.blogspot.pt entre 19 de julho e 4 de
outubro de 2014