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    Histria do Psicodiagnstico

    Introduo:

    palavra diagnstico origina-se do grego diagstiks e significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver atravs de. Este seria ontido mais amplo, e desta forma o diagnstico inevitvel. Em sentido mais restrito, utiliza-se o termo diagnstico para referir-sepossibilidade de conhecimento que vai alm daquela que o senso comum pode dar, ou seja, a possibilidade de significar a realidadezendo uso de conceitos, noes e teorias cientficas.

    diagnstico psicolgico busca uma forma de compreenso situada no mbito da Psicologia. Em nosso pas, uma das funesclusivas do psiclogo garantidas pela Lei n 4119 de 27/08/62, que dispe sobre a formao em Psicologia e regulamenta aofisso de psiclogo.

    ando nos dispomos a realizar um psicodiagnstico, presumimos possuir conhecimentos tericos, dominar procedimentos e tcnicascolgicas. Devemos nos lembrar que devido ao grande nmero de teorias existentes, a atuao do psiclogo variansideravelmente. Com isso o prprio uso do termo varia e muitas vezes, ao invs de diagnstico psicolgico encontra-sesicodiagnstico, diagnstico da personalidade, estudo de caso ou avaliao psicolgica.

    gundo Trinca (1984) na avaliao psicolgica houve uma procura de integrao das diversas abordagens e quando olhamosncretamente para a Psicologia Clnica, verificamos grandes variaes de conhecimentos e atuaes, e, portanto, na prtica docodiagnstico, temos tambm vrias formas de atuao, muitas das quais no podem ser consideradas decorrentes declusivamente uma ou outra abordagem.

    ualmente, todas as correntes em Psicologia concordam, embora partindo de pressupostos e mtodos diferentes, que, para sempreender o homem necessrio organizar conhecimentos que digam respeito sua vida biolgica, intrapsquica e social no sendossvel excluir nenhum desses horizontes.

    gundo Ocampo (1981) o processo Psicodiagnstico era considerado, anteriormente, como uma situao em que o psiclogo aplicavam teste em algum. Ele ento cumpria uma solicitao seguindo os passos e utilizando os instrumentos indicados por outrosofissionais, quase sempre da rea mdica (psiquiatra, pediatra, neurologista). Assim o psiclogo atuava como algum que aprendeuaplicar testes e esperava que o paciente colaborasse docilmente.

    psiclogo trabalhou durante muito tempo com um modelo similar ao do mdico clnico que, para proceder com eficincia ejetividade, toma a maior distncia possvel em relao a seu paciente a fim de estabelecer um vnculo afetivo que no lhe impeatrabalhar com a tranquilidade e objetividade necessrias. Ocampo (1981) atribui este fato falta de uma identidade slida por

    rte do psiclogo, que lhe permitisse saber quem era e qual era seu verdadeiro trabalho dentro das ocupaes ligadas sadeental. Neste momento os testes eram utilizados no psicodiagnstico como se eles constitussem em si mesmos o objetivo doicodiagnstico e como escudo entre o profissional e o paciente, para evitar pensamentos e sentimentos que mobilizassem afetos.

    bservamos aqueles profissionais que buscaram uma aproximao autntica com o paciente, mas para isso tiveram que abandonar oodelo mdico sem estarem preparados para isso. Com a difuso da Psicanlise os psiclogos optaram por aceit-la como modelo de

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    abalho, o que trouxe progressos e ao mesmo tempo uma nova crise de identidade no psiclogo, uma vez que este se esqueceu de quedinmica do processo psicanaltico era muito diferente da dinmica do processo psicodiagnstico.

    sim podemos perceber, como nos mostra Ocampo (1981), que o psiclogo teve que percorrer as mesmas etapas que um indivduorcorre em seu crescimento. Buscou figuras boas para se identificar, aderiu ingnua e dogmaticamente a certa ideologia eentificou-se com outros profissionais, at que pde questionar-se sobre a possibilidade de no ser como eles. Por fim entrou em umrodo de maturidade ao perceber que utilizava uma pseudo - identidade que distorcia sua identidade real, conseguindo assim umaaior autonomia de pensamento e prtica.

    palavra diagnstico origina-se do grego diagstiks e significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver atravs de.

    diagnstico psicolgico busca uma forma de compreenso situada no mbito da Psicologia. Em nosso pas, uma das funesxclusivas do psiclogo garantidas pela Lei n 4119 de 27/08/62, que dispe sobre a formao em Psicologia e regulamenta arofisso de psiclogo.

    - Fundamentos do Psicodiagnstico e seu Histrico

    s psiclogos, hoje em dia, no apenas administram testes; eles realizam avaliaes. Segundo Jurema Cunha e colaboradores osiclogos realizam avaliaes; psiclogos clnicos, entre outras tarefas, realizam psicodiagnsticos. A avaliao psicolgica umnceito muito amplo. O psicodiagnstico um captulo dentro da avaliao psicolgica, realizado com propsitos clnicos e, portantoo abrange todos os modelos de avaliao psicolgica das diferenas individuais. Testagem um mtodo de avaliao psicolgica.icodiagnstico pressupe a utilizao de outros instrumentos, alm dos testes, para abordar os dados psicolgicos de formatemtica, cientfica, orientada para a resoluo de problemas.

    psicodiagnstico nasceu (derivou) da Psicologia Clnica que foi criada sob a tradio da psicologia acadmica e da tradio mdica eum ramo da Psicologia que tem por finalidade bsica o desenvolvimento e a aplicao das tcnicas de diagnstico eicoteraputicas para a identificao e tratamento de distrbios do comportamento. Entre essas tcnicas usualmente designadaslo nome de mtodo clnico salientam-se as entrevistas, os testes, as tcnicas projetivas e a observao diagnstica.

    de-se dizer que as primeiras sementes do psicodiagnstico foram lanadas no final do sculo XIX e no incio do sculo XX, atravss trabalhos de Galton que introduziu o estudo das diferenas individuais, de Cattell, a quem se deve as primeiras provas, designadasmo testes mentais, e de Binet, que props a utilizao do exame psicolgico (atravs da mensurao intelectual) como coadjuvanteavaliao pedaggica. Por tais razes, foi atribuda a paternidade do psicodiagnstico a esses trs autores: Galton, Cattell e Binet.

    tradio psicomtrica (medida quantitativa dos fenmenos psquicos) foi desta maneira fundada e ficou sedimentada pela difusos escalas de Binet que em 1905 apresenta um teste de inteligncia para separar crianas com retardo mental, seguidas pela criaos testes do exrcito americano em 1906 que foi o primeiro teste coletivo para selecionar recrutas.

    r outro lado, na medicina, aps a reabilitao moral dos casos psiquitricos (abolio dos mtodos teraputicos brutais etrochoque), iniciada por Philippe Pinel, a necessidade de compreender o doente mental, obrigou o meio mdico a estudar a doenaental. Como seria de esperar, as causas da doena mental foram buscadas no organismo e, em especial, no sistema nervoso, e,mo decorrncia disso, os pacientes psiquitricos, no mais considerados lunticos, se tornaram nervosos ou neurticos.

    sta poca, data a diviso dicotmica dos transtornos psiquitricos em orgnicos e funcionais. Foi nessa escala pr-dinmica daiquiatria que surgiu Emil Krapelin, que se notabilizou por seu sistema de classificao dos transtornos mentais e, especialmente, porus estudos diferenciais entre esquizofrenia e psicose manaco-depressiva. Em consequncia, as classificaes nosolgicas e oagnstico diferencial ganharam nfase.

    importante lembrar que ao mesmo tempo Freud publica A Interpretao dos Sonhos, que provinha da melhor tradiourofisiolgica, mas que representou o primeiro elo de uma corrente de contedo dinmico, logo em seguida com o aparecimento doste de associao de palavras, de Jung, fornecendo a base para o lanamento, mais tarde, das tcnicas projetivas.

    expresso psicodiagnstico utilizada pela primeira vez por Hermann Rorschach quando publica em 1921 seu teste de manchas deta. O teste passou a ser utilizado como um passo essencial (e, s vezes, nico) do processo psicodiagnstico. A grande popularidade

    canada nas dcadas de quarenta e cinquenta atribuda ao fato de que os dados gerados pelo mtodo eram compatveis com osncpios bsicos da teoria psicanaltica.

    se foi o tempo ureo das tcnicas de personalidade. Embora o teste de Rorschach e o Teste de Apercepo Temtica (Apercepo partir da apresentao de um estmulo em forma de tema, por exemplo, leva o sujeito a aperceber nele necessidades e motivos queistiam no seu inconsciente e que projeta no tema, assim facilitando o diagnstico de seus ajustamentos e desajustamentos) fossem

    instrumentos mais conhecidos, comearam a se multiplicar rapidamente as tcnicas projetivas, como o teste da figura humana, oondi (prottipo do BBT: teste de fotos de profisses) e tantos outros. Entretanto, a partir de ento, as tcnicas projetivasmearam a apresentar certo declnio em seu uso, por problemas metodolgicos, pelo incremento de pesquisas com instrumentosternativos, como o MMPI e outros inventrios de personalidade, por sua associao com alguma perspectiva terica, novamente aicanaltica e pela nfase na interpretao intuitiva apesar de esforos para o desenvolvimento de sistemas de escores. Apesar disso,sas tcnicas ainda so bastante utilizadas, embora com objees por parte dos psiclogos que lutam por avaliaes de orientaondutista (behaviorista) e biolgica.

    ualmente, h indiscutvel nfase no uso de instrumentos mais objetivos e entrevistas diagnsticas mais estruturadas, notadamente

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    m o incremento no desenvolvimento de avaliaes computadorizadas de personalidade que vm oferecendo novas estratgias nestempo.

    mbm, as necessidades de manter um embasamento cientfico para o psicodiagnstico, compatvel com os progressos em outrosmos da cincia, tm levado ao desenvolvimento de novos instrumentos mais precisos, especialmente aps o advento do DSM-IV e deterias padronizadas, que permitem nova abordagem na rea diagnstica da neuropsicologia, constituda pela confluncia daicologia clnica e da neurologia comportamental.

    r outro lado, pode-se afirmar, que o campo da avaliao psicolgica da personalidade tem feito contribuies vitais para a teoria,tica e pesquisa clnica.

    as alguns autores propem uma questo: t er o psicodi agnsti co o impact o que merece?

    este sentido, algumas pesquisas foram desenvolvidas, uma delas com 70 pacientes, encontrando concordncia entre ascomendaes diagnsticas do psiclogo e do psiquiatra, em 94% dos casos, mesmo quando havia ocorrido uma discordncia inicial.nsidera que o reconhecimento da qualidade do psicodiagnstico tem que ver, em primeiro lugar, com um refinamento dos

    strumentos e, em segundo lugar, com estratgias de marketing de que o psiclogo deve lanar mo para aumentar a utilizao dosrvios de avaliao pelos receptores de laudos.

    mbm se levantou outra questo: observando que muitas vezes psiclogos competentes acabam por fornecer uma grandeantidade de informaes inteis para as fontes de encaminhamento, por falta de uma compreenso adequada das verdadeiraszes que motivaram o encaminhamento ou, em outras palavras, por desconhecimento das decises que devem ser tomadas comse nos resultados do psicodiagnstico.

    sugestes apontadas, de conhecer as necessidades do mercado e de desenvolver estratgias de conquistas desse mercado, parecem

    fundamentar na pressuposio de que o psiclogo, sobrecarregado com suas tarefas, no est avaliando a adequabilidade de seusdos ao pblico consumidor.

    as que pblico este? Que profissionais ou servios podem ter necessidade de solicitar psicodiagnsticos? Primeiramente, vejamosde costuma trabalhar um psiclogo que lida com psicodiagnsticos. Mais comumente exerce suas funes numa instituio queesta servios psiquitricos ou de medicina geral, num contexto educacional ou legal ou numa clnica ou consultrio psicolgico, eme o psiclogo recebe encaminhamento principalmente de psiquiatras, de outros mdicos (pediatras, neurologistas, etc.), damunidade escolar (de orientadores, professores, etc.), de juzes ou de advogados, ou atende casos que procuram espontaneamente

    m exame, ou so recomendados por algum familiar ou amigo.

    questo bsica com que se defronta o psiclogo que, embora um encaminhamento seja feito, porque a pessoa necessita debsdios para basear uma deciso para resolver um problema, muitas vezes ela no sabe claramente que perguntas levantar ou, porzes de sigilo profissional, faz um encaminhamento vago para uma avaliao psicolgica. Em consequncia, uma das falhas

    muns do psiclogo a aceitao silenciosa de tal encaminhamento, com a realizao de um psicodiagnstico, cujos resultados noo pertinentes s necessidades da fonte de solicitao.

    pois, responsabilidade do clnico manter canais de comunicao com os diferentes tipos de contextos profissionais para os quaisabalha, familiarizando-se com a variabilidade de problemas com que se defrontam e conhecendo as diversas decises que os mesmosessupem. Mais do que isto: deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso individual. Esta uma estratgia deroximao, que lhe permitir adequar seus dados s necessidades das fontes de encaminhamento, de forma que seus resultadosnham o impacto que merecem e o psicodiagnstico receba o crdito a que faz jus.

    Os psiclogos, hoje em dia, no apenas administram testes; eles realizam avaliaes.

    psicodiagnstico um captulo dentro da avaliao psicolgica, realizado com propsitos clnicos e, portanto no abrangeodos os modelos de avaliao psicolgica das diferenas individuais. Testagem um mtodo de avaliao psicolgica.sicodiagnstico pressupe a utilizao de outros instrumentos, alm dos testes, para abordar os dados psicolgicos de formastemtica, cientfica, orientada para a resoluo de problemas.

    - O Psicodiagnstico Clnico na Atualidade

    gundo Arzeno (1995), o psicodiagnstico est recuperando-se de uma poca durante a qual poderamos dizer que havia cado noscrdito da maioria dos profissionais da sade mental.

    imprescindvel revalorizar a etapa diagnstica no trabalho clnico, e um bom diagnstico clnico est na base da orientao

    cacional e profissional, do trabalho com peritos forenses ou trabalhistas, etc.o psiclogo consultado porque existe um problema, algum sofre ou est incomodado e deve indagar a verdadeira causa disso.

    zer um diagnstico psicolgico no significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnstico. Este termo implicatomaticamente a administrao de testes e estes nem sempre so necessrios ou convenientes.

    m diagnstico psicolgico to preciso quanto possvel imprescindvel por diversas razes:

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    Para saber o que ocorre e suas causas, de forma a responder ao pedido com o qual foi iniciada a consulta.

    Porque iniciar um tratamento sem o questionamento prvio do que realmente ocorre representa um risco muito alto. Significa,para o paciente, a certeza de que se pode cur-lo (usando termos clssicos). E o que ocorre se logo aparecem patologias ousituaes complicadas com as quais o psiclogo no sabe lidar, que vo alm daquilo que podemos absorver, atravs desupervises e anlises? Buscaremos a forma de interromper (consciente ou inconscientemente) o tratamento com a conseguintehostilidade ou decepo do paciente, o qual ter muitas duvidas antes de tornar a solicitar ajuda.

    Para proteger o psiclogo, que ao iniciar o tratamento contrai automaticamente um compromisso em dois sentidos: clnico e tico.Do ponto de vista clnico, deve estar certo de poder ser idneo perante o caso sem cair em posturas ingnuas nem onipotentes.Do ponto de vista tico, deve proteger-se de situaes nas quais est implicitamente comprometendo-se a fazer algo que nosabe exatamente o que . No entanto, a consequncia do no cumprimento de um contrato teraputico , em alguns pases, acassao da carteira profissional.

    r estas razes explica-se a importncia da etapa diagnstica, sejam quais forem os instrumentos cientficos utilizados na mesma.eud j falava da importncia desta etapa, qual ele dedicava os primeiros meses do tratamento. Coloca que ela vantajosa tantora o paciente quanto para o profissional, que avalia assim, se poder ou no chegar a uma concluso positiva.

    uando se dedica muito tempo ao diagnstico acaba-se estabelecendo uma relao transferencial muito difcil de dissolver caso aciso de interromper o processo seja tomada. Alm do mais, dispomos na atualidade de muitos recursos que permitem solucionar asvidas em um tempo menor.

    jamos agora, segundo Arzeno (1995) com quais finalidades pode ser utilizado o psicodiagnstico.

    Diagnstico -- Conforme o exposto acima bvio que a principal finalidade de um estudo psicodiagnstico a de estabelecer umagnstico. E cabe esclarecer que isto no equivale a colocar um rtulo, mas a explicar o que ocorre alm do que o paciente pode

    screver conscientemente.

    rante a primeira entrevista elaboramos certas hipteses presuntivas. Mas a entrevista projetiva, mesmo sendo imprescindvel, nosuficiente para um diagnstico cientificamente fundamentado.

    mbremos o que diz Karl Meninger, no prefcio do livro de David Rapaport:

    "Durante sculos o diagnstico psiquitrico dependeu fundamentalmente da observao clnica. Todas as grandes obras mestras da nosologia

    psiquitrica foram realizadas sem a ajuda das tcnicas de laboratrio e de nenhum dos instrumentos de preciso que atualmente relacionamos

    com o desenvolvimento da cincia moderna. Tanto a psiquiatria do sculo XIX como a da primeira parte do sculo XX, era uma psiquiatria de

    impresses clnicas, de impresses colhidas graas a uma situao privilegiada: a do mdico capacitado para submeter o paciente a exame. Mas

    esse exame sua disposio no era de modo algum uniforme ou estvel; e tampouco poderia ter sido padronizado de forma que fosse possvel

    comparar os diferentes dados obtidos. Com o advento dos modernos mtodos de exame psicolgico atravs de testes, a psiquiatria atingiu a idade

    adulta dentro do mundo cientfico. Sem medo de exagerar pode-se afirmar que o campo da cincia mental que tem tido o maior progressorelativo nos ltimos anos."

    eninger foi durante muitos anos chefe da clnica que leva seu nome. Ele apoiou e animou a criao e o desenvolvimento dos testesnto projetivos como objetivos. Cada paciente que ingressava na clnica era submetido a uma bateria completa de testes.

    nda hoje esse modelo de trabalho eficiente, porque a entrevista clnica no uma ferramenta infalvel, a no ser quando emos de grandes mestres, e s vezes, nem mesmo nesses casos. Os testes to pouco o so. Mas se utilizarmos ambos os instrumentos

    forma complementar h uma margem de segurana maior para chegar a um diagnstico correto, especialmente se incluirmosstes padronizados.

    m do mais, a utilizao de diferentes instrumentos diagnsticos permite estudar o paciente atravs de todas as vias demunicao: pode falar livremente, dizer o que v em uma lmina, desenhar, imaginar o que gostaria de ser, montar quebrabeas, copiar algo, etc. Se por algum motivo o domnio da linguagem verbal no foi alcanado (idade, doena, casos de surdos-udos, etc.) os testes grficos e ldicos facilitam a comunicao.

    bateria de testes utilizada deve incluir instrumentos que permitam obter ao mximo a projeo de si mesmo. Por isso, se pedirmospaciente que desenhe uma figura humana, sabemos que haver uma projeo, mas muito mais se lhe pedirmos que desenhe uma

    sa ou uma rvore, j que ele no pode controlar totalmente o que projeta.

    mo dito antes, importante incluir testes padronizados porque nos do uma margem de segurana diagnstica maior.

    tro elemento importante que nos dado pelo psicodiagnstico refere-se relao de transferncia-contratransferncia.

    longo de um processo que se estende entre trs e cinco entrevistas, aproximadamente, e observando como o paciente se relaciona

    ante de cada proposta e o que ns sentimos em cada momento, podemos extrair concluses de grande utilidade para prever comor o vnculo teraputico (se houver terapia futura), quais sero os momentos mais difceis do tratamento, os riscos de desero,c.

    rm, nem todos os psiclogos, psicanalistas e psiclogos clnicos concordam com esse ponto de vista. Alguns reservam a utilizaopsicodiagnstico para casos nos quais surgem dvidas diagnsticas ou quando querem obter uma informao mais precisa, diante,r exemplo, de uma suspeita de risco de suicdio, dependncia de drogas, desestruturao psictica, etc. Em outras ocasies olicitam porque tm dvidas sobre o tratamento mais aconselhvel, se a psicanlise ou uma terapia individual ou vincular.nalmente, existe outro grupo de profissionais que no concordam em absoluto com este ponto de vista e prescindem totalmente do

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    icodiagnstico. Ainda mais, no concedem valor cientfico algum aos testes projetivos. Alguns vo mais longe, dizendo que de formaguma importante fazer um diagnstico inicial, que isso chega com o tempo, ao longo do tratamento.

    das as posies so respeitveis, porm devem ser fundamentadas cientificamente e, at o momento, no foram encontradasmonstraes, baseadas na teoria da projeo e da psicologia da personalidade, que os testes projetivos carecem de validade.

    Avaliao do tratamento - Outra forma de utilizar o psicodiagnstico como meio para avaliar o andamento do tratamento. oe se denomina re-testes e consiste em aplicar novamente a mesma bateria de testes aplicados na primeira ocasio. Havendospeita de que o paciente lembre perfeitamente o que fez na primeira vez e se deseje variar, pode-se criar uma bateria paralelalecionando testes equivalentes. Algumas vezes isto feito para apreciar os avanos teraputicos de forma mais objetiva e tambmra planejar uma alta. Em outras palavras para descobrir o motivo de um impasse no tratamento e para que, tanto o pacientemo o terapeuta possa falar sobre isso, estabelecendo, talvez, um novo contrato sobre bases atualizadas. Em outros casos ainda,

    rque existe disparidade de opinies entre eles. Um deles acredita que pode dar fim ao tratamento, enquanto que o outro se ope.tes casos representam um trabalho difcil para o psiclogo, pois passa a ocupar o papel de um rbitro que dar a razo a um dosis. ento conveniente esclarecer ao paciente que o psicodiagnstico no ser realizado para demonstrar-lhe que estava enganado,as, como um fotgrafo, ele registrar as situaes para depois coment-las. O mesmo esclarecimento deve ser dado ao terapeuta.bviamente, conveniente que a entrevista de devoluo seja feita por aquele que realizou o estudo, tendo um cuidado muitopecial em mostrar uma atitude imparcial e fundamentando as afirmaes no material dado pelo paciente. Nos tratamentosrticulares, o terapeuta quem decide o momento adequado para um novo psicodiagnstico (ou, talvez, para o primeiro). Notanto, nos tratamentos realizados em instituies pblicas ou privadas, so elas que fixam os critrios que devem ser levados emnsiderao. Algumas deixam isto a critrio dos terapeutas, outras, decidem paut-lo considerando tanto a necessidade de avaliar acincia de seus profissionais quanto a de contar com um banco de dados teis, por exemplo, para fins de pesquisa. Assim, ssvel que o primeiro psicodiagnstico seja indicado quando o paciente entra na instituio, e o outro de seis a oito meses aps,pendendo isto do perodo destinado a cada paciente.

    Como meio de comunicao - Existem pacientes com dificuldades para conversar espontaneamente sobre sua vida e seusoblemas. Outros, como o caso de crianas muito pequenas, no podem faz-lo. Outros emudecem e s do respostas lacnicas epordicas. Favorecer a comunicao favorecer a tomada de insight, ou seja, contribuir para que aquele que consulta adquira anscincia de sofrimento suficiente para aceitar cooperar na consulta. Tambm provoca a perda de certas inibies, possibilitandosim um comportamento mais natural.

    o se trata de cair em atitudes condescendentes, mas de realizar a tarefa dentro de um clima ideal de comunicao, na medida dossvel. Procura-se tambm respeitar o timing do paciente, ou seja, o seu tempo. Alguns estabelecem rapport imediatamente,quanto que para outros, isso pode exigir bastante tempo.

    r isso seria grotesco ficar em silncio por um longo perodo, apoiando-se no princpio de que a entrevista livre e o cliente queve falar. Como seria tambm grotesco interromp-lo enquanto est relatando algo importante para impor-lhe a tarefa de desenhar.psicodiagnstico possui um fim em si mesmo, mas tambm um meio para outro fim: conhecer esta pessoa que chega porque

    ecisa de ns. A finalidade conhec-la de forma mais profunda possvel. Para isso o bom rapport imprescindvel.

    Na investigao - No que se refere investigao devemos distinguir dois objetivos: um a criao de novos instrumentos deplorao da personalidade que podem ser includos na tarefa psicodiagnstica. Outro objetivo o de planejar a investigao para otudo de uma determinada patologia, algum problema trabalhista, educacional ou forense, etc. Neste caso, usa-se oicodiagnstico como uma das ferramentas teis para chegar a concluses confiveis e, portanto, vlidas. Um exemplo do primeiroso o que fez o prprio Hermann Rorschach quando criou as manchas e selecionou entre milhares aquelas que demonstravam serais estimulantes. Para dar validade a este teste mostrou as lminas a um grupo de pacientes selecionados aleatoriamente e, aps, atro grupo j diagnosticado com o mtodo da entrevista clnica (esquizofrnicos, fbicos, etc.). Assim pde estabelecer as respostaspulares (prprias da maioria estatstica selecionada aleatoriamente) e as diferentes sndromes ou perfil de respostas tpico deda quadro patolgico.

    mesma forma procedeu Murray, criador do T.A.T. (Thematic Apperception Test). As respostas estatisticamente mais frequentesram denominadas populares. Os desvios dessas respostas populares eram considerados significativos tanto no aspectoriquecedor e criativo como no sentido oposto, ou seja, no aspecto patolgico, podendo proceder do mesmo modo que Rorschach.

    criao de um teste no uma tarefa fcil. No podem ser colhidos alguns registros e deles extradas concluses com a pretensoque sejam vlidas para todos. necessrio respeitar aquilo que a psicoestatstica indica como modelo de investigao para que as

    as concluses sejam aceitveis.

    mbm necessrio um conhecimento abrangente e o trabalho em equipe para a correta interpretao dos resultados. Assim, poremplo, caso se pretenda criar um teste que avalie a inteligncia em crianas surdas-mudas, ser imprescindvel a presena de umpecialista dessa rea. Se a inteno criar um teste para pesquisar determinados conflitos emocionais em crianas pequenas, dispensvel que algum conhea perfeitamente como o desenvolvimento normal da criana a cada idade e da criana do gruponico ao qual pertence o pesquisador, j que, no sendo assim, se a pesquisa tratasse de estudar o mesmo aspecto, mas em crianasecas ou japonesas, sem a presena de um antroplogo e um psiclogo, conhecedores da matria, como integrantes da equipesquisadora, poderia se chegar a concluses incorretas.

    m relao ao segundo objetivo, trata-se em primeiro lugar de definir claramente o que se deseja pesquisar. Suponhamos que aalidade descobrir se existe um perfil psicolgico tpico dos homossexuais, dependentes de drogas ou claustrofbicos. O primeirosso deve ser selecionar adequadamente os instrumentos a serem utilizados, a ordem que ser seguida, as ordens que sero dadas, oaterial (tamanho do papel, nmero do lpis, etc.) e os limites dentro dos quais podemos admitir variaes individuais. Isto amado de padronizar a forma de administrao do psicodiagnstico. Se cada examinador trabalhasse sua maneira, seriapossvel comparar os registros colhidos e, portanto, no poderamos pretender tirar deles concluses cientificamente vlidas.

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    go aps, administraremos este psicodiagnstico assim planejado: por um lado, h uma amostra de homossexuais, dependentes deogas, etc., e, por outro lado, o mesmo psicodiagnstico, a outra amostra chamada de controle, que no registra a mesma patologiagrupo em estudo. Em uma terceira etapa, sero buscadas as recorrncias e convergncias em ambos os grupos, para poder-se assim

    egar a concluses vlidas. Por exemplo, significativo que os homossexuais desenhem primeiro a figura do sexo oposto, j que namostra de controle a pessoa desenha primeiro a do seu prprio sexo, no Teste das Duas Pessoas. Foram usados exemplos simples comfinalidade de transmitir claramente em que consiste essa tarefa. A utilidade destas pesquisas varia muito e as mais importantes souelas que permitem identificar indicadores que serviro para detectar precocemente problemas clnicos, trabalhistas,ucacionais, etc., com a consequente economia de sofrimento, problemas e at complicaes institucionais. O psicodiagnsticoclui, alm das entrevistas iniciais, os testes, a hora de jogo com crianas, entrevistas familiares, vinculares, etc. As concluses dedo o material obtido so discutidas com o interessado, com seus pais, ou com a famlia completa, conforme o caso e o sistema doofissional.

    testes realizados individualmente so reservados, geralmente, para a entrevista individual com essa pessoa, para a entrega dossultados. Porm o que tem sido feito e conversado entre todos pode ser mostrado ou assinado para exemplificar algum conflito queclientes minimizam ou negam.

    m diagnstico psicolgico to preciso quanto possvel imprescindvel por diversas razes:

    Para saber o que ocorre e suas causas;Porque iniciar um tratamento sem o questionamento prvio do que realmente ocorre representa um risco muito alto;Para proteger o psiclogo, que ao iniciar o tratamento contrai automaticamente um compromisso em dois sentidos: clnico etico.

    nalidades do psicodiagnstico:

    Diagnstico;Avaliao do tratamento;Meio de comunicao;Investigao.

    psicodiagnstico possui um fim em si mesmo, mas tambm um meio para outro fim:

    Conhecer esta pessoa que chega e porque precisa de ns;A finalidade conhec-la de forma mais profunda possvel..

    - Caracterizao do Processo Psicodiagnstico

    Psicodiagnstico um processo cientfico, limitado no tempo, que utiliza tcnicas e testes psicolgicos, a nvel individual ou no, seja para

    entender problemas luz de pressupostos tericos, identificar e avaliar aspectos especficos ou para classificar o caso e prever seu curso possvel,

    comunicando os resultados. (CUNHA, 2000)

    Psicodiagnstico caracterizado como um processo cientfico porque deve partir de um levantamento prvio de hipteses que sero

    nfirmadas ou anuladas atravs de passos predeterminados e com objetivos precisos.

    avaliao psicolgica mais ampla que o psicodiagnstico, e seu objeto de estudo pode ser um sujeito, um grupo, uma instituio,ma comunidade, da a importncia dos trabalhos interdisciplinares j que o objeto a avaliar sempre um sistema complexo,tegrado por subsistemas diversos: biolgico, psicolgico, social, cultural, em interao permanente.

    psicodiagnstico est mais vinculado com a clnica, est vinculado com temas de interesse clnicos, tais como nosologiasicopatolgicas, critrios de sade psquica, enfoques patognicos e saudveis. Logo, diagnosticar supe situarmo-nos no plano doocesso sade-enfermidade e poder determinar em que medida se est ou no em presena de uma patologia ou transtorno quecessita de um determinado tipo de interveno.

    processo psicodiagnstico limitado no tempo porque ele baseado num contrato de trabalho entre paciente ou responsvel e oiclogo, to logo os dados iniciais permitam, deve estabelecer um plano de avaliao e, portanto, uma estimativa do tempo

    cessrio para sua realizao (nmero aproximado de sesses de exame).

    plano de avaliao estabelecido com base nas perguntas ou hipteses iniciais, definindo-se no s quais os instrumentoscessrios, mas como e quando utiliz-los.

    essupe-se, evidentemente, que o psiclogo saiba que instrumentos so eficazes, isto , quais instrumentos podem ser eficientes,aplicados com propsitos especficos, para fornecer respostas a determinadas perguntas ou testar certas hipteses. Por este grande

    otivo, que o psiclogo deve conhecer os diferentes instrumentos de avaliao psicolgica.

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    pois da administrao de uma bateria de testes, ns obtemos dados que devem ser articulados com as informaes da histrianica, da histria pessoal ou com outras, a partir do elenco das hipteses iniciais, para permitir uma seleo e uma integrao,deada pelos objetivos do psicodiagnstico, que determinam o nvel de inferncias que deve ser alcanado.

    ra Ocampo (1981) o processo psicodiagnstico pode ser visto como uma situao com papis bem definidos e com um contrato noal o cliente pede uma ajuda, e o psiclogo aceita o pedido e se compromete a satisfaz-lo na medida de suas possibilidades. Elanda caracteriza o processo...

    ...como uma situao bipessoal, de durao limitada, cujo objetivo conseguir uma descrio e compreenso, a mais profunda e completa

    possvel, da personalidade total do paciente ou do grupo familiar. Enfatiza tambm a investigao de algum aspecto em particular, segundo a

    sintomatologia e as caractersticas da indicao. Abrange os aspectos passados, presentes (diagnstico) e futuros (prognstico) desta

    personalidade, utilizando para alcanar tais objetivos certas tcnicas. (pg.17)

    sicodiagnstico um processo cientfico, limitado no tempo, que utiliza tcnicas e testes psicolgicos, a nvel individual ouo, seja para entender problemas luz de pressupostos tericos, identificar e avaliar aspectos especficos ou para classificar oaso e prever seu curso possvel, comunicando os resultados (CUNHA, 2000).

    ara Ocampo, o psicodiagnstico uma situao bipessoal, de durao limitada, cujo objetivo conseguir uma descrio eompreenso, a mais profunda e completa possvel, da personalidade total do paciente ou do grupo familiar. Enfatiza tambminvestigao de algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as caractersticas da indicao. Abrangem os

    spectos passados, presentes (diagnstico) e futuros (prognstico) desta personalidade, utilizando certas tcnicas para alcanarais objetivos.

    - Objetivos do Psicodiagnstico

    gundo Cunha (2000) o processo psicodiagnstico pode ter um ou vrios objetivos, dependendo das perguntas ou hiptesescialmente formuladas. Mais comumente envolve vrios objetivos, que norteiam e delimitam o elenco das hipteses. Dependendo da

    mplicidade ou da complexidade das questes propostas, variam os objetivos.

    Classificao simples (descritivo);

    Classificao nosolgica;

    Diagnstico diferencial;

    Avaliao compreensiva;

    Entendimento dinmico;

    Preveno;

    Prognstico;

    Percia forense.

    perguntas mais elementares que podem ser formuladas em relao a uma capacidade, um trao, um estado emocional, seriam:Quanto? ou Qual? Aqui, o objetivo seria de classificao simples. Um caso comum de exame com este objetivo seria o dealiao do nvel intelectual. O examinando submetido a testes, adequados sua idade e nvel de escolaridade. So levantados

    cores (valor quantitativo obtido pela soma ou total de pontos creditados a um indivduo em situao de prova ou teste), consulta debelas e os resultados so fornecidos em dados quantitativos, classificados sinteticamente (resumidamente).

    as, raro que um exame psicolgico se restrinja a este objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os escores dos subtestes e asspostas intratestes praticamente nunca so regulares e as diferenas encontradas so susceptveis de interpretao. Pode-se,to, identificar foras e fraquezas, dizer como o desempenho do paciente do ponto de vista intelectual. Neste caso, o objetivo doicodiagnstico descritivo.

    tambm descritivo, o exame do estado mental do paciente que um tipo de recurso diagnstico que envolve a explorao da

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    esena de sinais e sintomas, eventualmente utilizando provas muito simples, no padronizadas, para uma estimativa sumria degumas funes, como a ateno e memria. Este constituiria um exame subjetivo de rotina em clnicas psiquitricas (o examebjetivo se baseia em informaes dadas pelo paciente e em observaes de seu comportamento), muitas vezes completado por umame objetivo.

    equentemente dados resultantes desse exame, da histria clnica e da histria pessoal permitem atender ao objetivo deassificao nosolgica. A avaliao com tal objetivo realizada pelo psiquiatra e, tambm, pelo psiclogo quando o paciente no stvel. Quando est sob a responsabilidade do psiclogo, sempre que possvel, alm desses recursos o mesmo dever lanar mo detros instrumentos psicolgicos, como testes e tcnicas, para poder testar cientificamente a sua hiptese. A classificaosolgica, alm de facilitar a comunicao entre profissionais, contribui para o levantamento de dados epidemiolgicos de umapulao.

    tro objetivo do psicodiagnstico o do diagnstico diferencial, praticamente associado ao objetivo de classificao nosolgica. Oiclogo investiga irregularidades e inconsistncias do quadro sintomtico e/ou dos resultados dos testes para diferenciar categoriassolgicas, nveis de funcionamento mental. Naturalmente, para trabalhar neste objetivo (diagnstico diferencial), o psiclogo,m de experincia e de sensibilidade clnica, deve ter conhecimentos avanados de psicopatologia e de tcnicas sofisticadas deagnstico.

    objetivo de avaliao compreensiva considera o caso numa perspectiva mais global, determinando o nvel de funcionamento darsonalidade, examinando funes do ego (controle da percepo e da mobilidade; prova da realidade; antecipao, ordenaomporal; pensamento lgico, coerente, racional; elaborao das representaes pela linguagem, etc.), em especial quando hsight, para indicao teraputica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resultados de tratamento. No chega necessariamenteclassificao nosolgica, embora esta possa ocorrer subsidiariamente (auxiliar), uma vez que o exame pode revelar alteraesicopatolgicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo de classificao, j que a determinao do nvel de funcionamentoompreenso o funcionamento psquico do paciente) especialmente importante para a indicao teraputica, definindo limites da

    sponsabilidade profissional.

    sicamente, podem no ser utilizados testes. A no utilizao de testes um objetivo explcito ou implcito nos contatos iniciais dociente com psiquiatras, psicanalistas e psiclogos de diferentes linhas de orientao teraputica. Ao passo que, se o objetivo ngido atravs de um psicodiagnstico, obtm-se evidncias mais objetivas e precisas, que podem, inclusive, servir de parmetrora avaliar resultados teraputicos, mais tarde, atravs de um reteste.

    objetivo do psicodiagnstico como entendimento dinmico, em sentido lato (amplo/restrito), pode ser considerado como umarma de avaliao compreensiva, j que enfoca a personalidade de maneira global, mas pressupe um nvel mais elevado deferncia clnica (deduo, concluso, julgamento clnico). Atravs do exame, se procura entender a problemtica de um sujeito,m uma dimenso mais profunda, na perspectiva histrica do desenvolvimento, investigando fatores psicodinmicos, identificandonflitos e chegando a uma compreenso do caso com base num referencial terico.

    m exame deste tipo requer entrevistas muito bem conduzidas, cujos dados nem sempre so consubstanciados pelos passospecficos de um psicodiagnstico, portanto, no sendo um recurso privativo do psiclogo clnico. Frequentemente, se combina comobjetivos de classificao nosolgica e de diagnstico diferencial. Porm, quando um objetivo do psicodiagnstico, leva no s a

    ma abordagem diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como a uma integrao dos dados com base em pressupostosicodinmicos.

    m psicodiagnstico tambm pode ter um objetivo de preveno. Tal exame visa identificar problemas precocemente, avaliar riscos,zer uma estimativa de foras e fraquezas do ego, bem como da capacidade para enfrentar situaes novas, difceis, conflitivas ousiognicas. Em sentido lato, pode ser realizado por outros profissionais de uma equipe de sade pblica.

    o obstante, num exame individual, que pode requerer uma dimenso mais profunda, especialmente envolvendo uma estimativa dendies do ego frente a certos riscos ou no enfrentamento de situaes difceis, seria indicado um psicodiagnstico.

    tro objetivo o prognstico, que depende fundamentalmente da classificao nosolgica e, neste sentido, no privativo doiclogo. Por fim, o psicodiagnstico com o objetivo de percia forense. Com esta finalidade, o exame procura resolver questeslacionadas com insanidade, competncia para o exerccio de funes de cidado, avaliao de incapacidade ou demprometimentos psicopatolgicos que etiologicamente (na sua origem) possam se associar com infraes da lei, etc.

    eralmente, colocada uma srie de quesitos (interrogaes) que o psiclogo deve responder para instruir um determinado processo.as respostas devem ser claras, precisas e objetivas. Portanto, deve haver um grau satisfatrio de certeza quanto aos dados dosstes, o que bastante complexo, por que...

    ...os dados descrevem o que uma pessoa pode ou no fazer no contexto da testagem, mas o psiclogo deve ainda inferir (concluir, julgar, deduzir)

    o que ele acredita que ela (pessoa) poderia ou no fazer na v ida cotidiana. (Groth-Marnat, 1984, p.25).

    respostas fornecem subsdios para instruir decises de carter vital para o indivduo. Consequentemente, a necessidade de chegar aferncias que tenham tais implicaes pode se tornar at certo ponto ansiognica para o psiclogo.

    realidade, comumente o psiquiatra nomeado como perito e solicita o exame psicolgico para fundamentar o seu parecer. Nostante, muitas vezes o psiclogo chamado para colabora com a justia, de forma independente.

    ampo (1981) afirma que a investigao psicolgica deve conseguir uma descrio e compreenso da personalidade do paciente,de importante explicar a dinmica do caso tal como aparece no material recolhido, integrando-o num quadro global. Uma vezcanado um panorama preciso e completo do caso, incluindo os aspectos patolgicos e os adaptativos, trataremos de formular

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    comendaes teraputicas adequadas.

    processo psicodiagnstico pode ter um ou vrios objetivos:

    Classificao simples (descritivo);Classificao nosolgica;Diagnstico diferencial;Avaliao compreensiva;Entendimento dinmico;PrevenoPrognstico;Percia forense.

    - Passos do Psicodiagnstico

    gundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os passos de um diagnstico, utilizando um modelo psicolgico de naturezanica, so os seguintes:

    Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definio das hipteses iniciais;

    Seleo e utilizao de instrumentos de exame psicolgico;

    Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;

    Formulao de inferncias pela integrao dos dados, tendo como pontos de referncias as hipteses iniciais e os objetivos doexame;

    Comunicao de resultados e enceramento do processo.

    no enfoque da Ocampo (1981) reconhecemos os seguintes passos:

    Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.

    Aplicao de testes e tcnicas ordenadas e selecionadas de acordo com o caso.

    Encerramento do processo: devoluo oral ao paciente e aos pais.

    Informe escrito para o requerente.

    mo foi dito anteriormente, o psicodiagnstico um estudo profundo da personalidade, do ponto de vista fundamentalmente clnico.uando o objetivo do estudo outro (trabalhista, educacional, forense, etc.) o psicodiagnstico clnico anterior e serve de basera as concluses necessrias nessas outras reas.

    concepo usada da personalidade parte da base de que a esta possui um aspecto consciente e outro inconsciente; que tem umanmica interna que foi descrita muito bem pela psicanlise; que existem ansiedades bsicas que mobilizam defesas mais primitivasoutras mais evoludas (como colocaram Melanie Klein e Anna Freud, respectivamente); que cada indivduo possui uma configuraopersonalidade nica e inconfundvel, algo assim como uma gestalt pessoal; que tem um nvel e um tipo de inteligncia que pode

    anifestar-se segundo existam ou no interferncias emocionais, que h emoes e impulsos mais intensos ou mais moderados que odivduo pode controlar adequada ou inadequadamente; que existem desejos, inveja e cimes entrelaados constantemente comdo o resto da personalidade; que impulsos libidinosos e tanticos lutam para ganhar a primazia ao longo da vida; que o sadismo e oasoquismo esto sempre presentes em maior ou menor escala; que o nvel de narcisismo pode ser baixo demais, adequado oucessivamente alto, e isto incide no grau de submisso, maturidade ou onipotncia que demonstre.

    ainda, que as qualidades depressivas ou esquizoides que predominarem como base da personalidade, podem ser razoveis ou sofrerm aumento at transformarem-se em um conflito que atrapalha ou altera o desenvolvimento do indivduo; que as defesas que oesmo tem usado ao longo da vida podem ou no ser benficas dependendo do contexto, sem que o sejam em si mesmas; que sobre atrutura de base de predomnio esquizoide ou depressivo instalam-se outras estruturas defensivas de tipo obsessivo, fbico oustrico; que os fatores hereditrios e constitutivos desempenham um papel muito importante, razo pela qual no recomendvelabalhar exclusivamente com a histria do indivduo e o fato desencadeante da consulta, mas estar aberto possibilidade de incluirtros estudos complementares (mdico-clnicos, neurolgicos, endocrinolgicos, etc.). Isto significa levar em considerao a

    ptese das sries complementares de Freud.

    m do mais, conforme as ltimas pesquisas, o contexto sociocultural e familiar deve ocupar um lugar importante no estudo darsonalidade de um indivduo, j que de onde ele provm. Portanto, o estudo da personalidade , na realidade, um estudo de peloenos trs geraes, que se desenvolveram em um determinado contexto tnico sociocultural.

    r isso, muito importante saber claramente qual o objetivo do psicodiagnstico que vamos realizar.

    uando o cliente chega dizendo: Me mandaram... sabemos em primeiro lugar que o que est sendo dito no verdade, pois

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    ngum consulta exclusivamente por esse motivo. Em algum recanto de si mesmo existe o desejo de fazer a consulta. Em segundogar, a motivao muito inconsciente e no a percebe, por isso a colocao soa muito superficial.

    forma que, antes de iniciar a tarefa, o psiclogo deve esclarecer com o cliente qual o motivo manifesto e mais consciente dotudo e intuir qual seria o motivo latente e inconsciente do mesmo. importante dedicar a isto todo o tempo que for necessrio eo iniciar a tarefa se o cliente insistir na ideia de que o faz por mera curiosidade, j que se refletiria negativamente no momento davoluo de informao.

    jamos mais algumas informaes sobre as etapas do processo psicodiagnstico apontadas por Arzeno (1995) e Cunha (2000).

    primeiro passo ocorre desde o momento em que o cliente ou seus responsveis fazem a solicitao da consulta at o encontrossoal com o profissional.

    segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas nas quais se tenta esclarecer o motivo latente e o motivo manifesto dansulta, as ansiedades e defesas que a pessoa que consulta mostra (e seus pais ou o resto da famlia), a fantasia de doena, cura elise que cada um traz e a construo da histria do indivduo e da famlia em questo.

    i deixado totalmente de lado o tipo de inqurito exaustivo e entediante, tanto para o profissional como para os clientes, e vamoss guiar na entrevista mais pelo que vai surgindo conforme o motivo central da consulta.ra Cunha (2000), nesse momento que devemos fazer o contrato de trabalho, que envolve um comprometimento de ambas asrtes em cumprir certas obrigaes formais.

    psiclogo compromete-se a realizar um exame, durante certo nmero de sesses, cada uma com durao prevista, em horriosedeterminados, definindo com o paciente ou responsvel os tipos de informes necessrios e quem ter acesso aos dados do exame.se contrato deve envolver certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto sempre que o desenvolvimento do processo tiver de sofrer

    odificaes, seja porque novas hipteses precisam ser investigadas, seja por ficar obstaculizado por defesas do prprio paciente.paciente ou seus responsveis, por sua vez, se comprometem a comparecer nas horas marcadas, nos dias previstos e implicitamentecolaborar para que o plano de avaliao seja realizado sem problemas.

    terceiro momento o que dedicamos a refletir sobre o material colhido anteriormente e sobre nossas hipteses iniciais paraanejar os passos a serem seguidos e os instrumentos diagnsticos a serem utilizados. Segundo Cunha (2000), o processoicodiagnstico um processo cientfico e, como tal, parte de perguntas especficas, cujas respostas provveis se estruturam narma de hipteses que sero confirmadas ou no atravs dos passos seguintes do processo.

    eralmente, temos um ponto de partida que o encaminhamento. Qualquer pessoa que encaminha um paciente o faz sob aessuposio de que ele apresenta problemas que tm uma explicao psicolgica e todas as alternativas de explicao sopteses, que sero testadas atravs do psicodiagnstico. O esclarecimento e a organizao das questes pressupostas numcaminhamento so tarefas da responsabilidade do psiclogo. Ainda segundo a mesma autora, os objetivos do psicodiagnstico

    pendem das perguntas iniciais.

    m o plano de avaliao pronto, procuramos identificar recursos que permitam estabelecer uma relao entre as perguntas iniciais eas possveis respostas. O plano de avaliao consiste em traduzir as perguntas em termos de tcnicas e testes, isto , consiste emogramar a administrao de uma srie de instrumentos adequados ao sujeito especfico e especialmente selecionados para fornecerbsdios para que se possa chegar s respostas para as perguntas iniciais. Os dados resultantes, portanto, devem possibilitarnfirmar ou infirmar as hipteses, com um grau satisfatrio de certeza.

    elenco de hipteses deve ser norteado e delimitado pelo objetivo do psicodiagnstico. Isto significa que nem todas as hiptesesvantadas devem ser necessariamente testadas, sob pena de o processo se tornar inusitadamente longo ou interminvel.

    nseguindo selecionar as tcnicas e os testes adequados, deve-se distribu-los conforme as recomendaes inerentes natureza e aopo de cada um, considerando, ainda, o tempo de administrao e as caractersticas especficas do paciente. Como se podeessupor, o plano de avaliao envolve a organizao de uma bateria de testes.

    teria de testes a expresso utilizada para designar um conjunto de testes ou de tcnicas, que podem variar entre dois e cinco ouais instrumentos, que so includos no processo psicodiagnstico para fornecer subsdios que permitam confirmar ou infirmar aspteses iniciais, atendendo o objetivo da avaliao.

    bateria de testes utilizada por duas razes principais. Primeiramente, considera-se que nenhum teste, isoladamente, podeoporcionar uma avaliao abrangente da pessoa como um todo. Em segundo lugar, o emprego de uma srie de testes envolve antativa de uma validao intertestes dos dados obtidos, a partir de cada instrumento em particular, diminuindo, dessa maneira, aargem de erro e fornecendo melhor fundamento para se chegar a inferncias clnicas.

    dois tipos principais de baterias de testes: as baterias padronizadas para avaliaes especficas e as no padronizadas, que soganizadas a partir de um plano de avaliao.

    primeiro caso, a bateria de testes no resulta de uma seleo de instrumentos de acordo com as questes levantadas num casodividual, pelo psiclogo responsvel pelo psicodiagnstico, a no ser quando se trata de bateria padronizada especializada.

    prtica clnica, tradicional o uso da bateria no padronizada. No plano de avaliao, so determinadas as especificidades e omero de testes que so programados sequencialmente, conforme sua natureza, tipo, propriedades psicomtricas, tempo deministrao, grau de dificuldade, qualidade ansiognica e caractersticas do paciente individual. Embora a bateria no padronizadava atender, ento, a vrios requisitos, ela organizada de acordo com critrios mais flexveis do que a bateria padronizada. Os

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    meros de testes eventualmente podem ser modificados para mais ou para menos.

    m razo da variedade de questes propostas inicialmente e adequadas aos objetivos do psicodiagnstico, frequentemente a bateriatestes inclui testes psicomtricos e tcnicas projetivas. Neste caso, sua sequncia e distribuio relativa, na bateria de testes,vem ser cuidadosamente consideradas, levando em conta o tempo necessrio para a administrao, o grau de dificuldades dasesmas, sua qualidade ansiognica e as caractersticas especficas do paciente.

    ampo e colegas (1981) do primordial importncia questo da mobilizao ou no da ansiedade na distribuio sequencial dascnicas. Dessa maneira recomenda prioridade para instrumentos no ansiognicos.

    quarto momento consiste na realizao da estratgia diagnstica planejada.

    uitas vezes age-se de acordo com este plano, em outras, no entanto, so necessrias modificaes durante o percurso. Por isso,sistimos em que no pode haver um modelo rgido de psicodiagnstico que possa ser usado em todos os casos, sendo que a melhorentao para cada caso vir da experincia clnica e nvel de anlise pessoal do profissional.

    nha (2000) prope algumas questes bsicas relacionadas administrao de testes e tcnicas assim como as particularidades dauao da interao com o examinando e do manejo clnico que devem ser consideradas:

    Revisar particularidades referentes aos instrumentos e as caractersticas do paciente.Estar suficientemente familiarizado com o instrumentoOrganizar todo o material que pretende utilizar antes da chegado do cliente.Ter em mente os objetivos para a incluso de cada tcnica da bateria.

    quinto momento aquele dedicado ao estudo do material para obter um quadro o mais claro possvel sobre o caso em questo.

    m trabalho rduo que frequentemente desperta resistncias, mesmo em profissionais de boa formao e que trabalham comriedade. necessrio buscar recorrncias e convergncias dentro do material, encontrar o significado de pontos obscuros ouodues estranhas, correlacionar os diferentes instrumentos utilizados, entre si e com a histria do indivduo e de sua famlia. Serem aplicados testes, eles devem ser tabulados corretamente e deve-se interpretar estes resultados para integr-los ao restante doaterial.

    o se trata de um tratado mecnico de montar um quebra-cabea, mesmo tendo alguma semelhana com essa tarefa. mais umasca semelhante do antroplogo e do arquelogo ou de um interprete de uma lngua desconhecida pelo paciente e sua famliaja traduo ajuda a desvendar um mistrio e reconstruir uma parte da histria que desconhecem a nvel consciente, mas que sefere a quando foi gerada a patologia.

    dependente das informaes dos testes, nesse momento, o psiclogo j possui um acervo de observaes que constitui uma amostracomportamento do paciente durante as vrias sesses que transcorreu o processo diagnstico, desde o contato inicial at a ltima

    cnica utilizada. Em resumo, capaz de descrever o paciente.

    mais difcil nesse momento do estudo compreender o sentido da presena de algumas incongruncias ou contradies e aceit-lasmo tais, ou seja, renunciar a onipotncia de poder entender tudo. justamente a presena de elementos ininteligveis que vai nosertar acerca de algo que ser entendido muito mais adiante, no decorrer do tratamento, quando a comunicao entre o sistemansciente e inconsciente tenha-se tornado mais porosa e o indivduo estiver, ento, em melhores condies para suportar osntedos que vierem tona. Esses elementos no devero ser desprezados, pelo contrrio, devero ser colocados no laudo queviarmos a quem solicitou o estudo para deix-lo de sobreaviso. No entanto, pode ser imprudente inclu-los na devoluo aociente, pois isso poder angusti-lo muito e provocar uma crise, um ataque ao psiclogo ou uma desero.

    egamos assim ao sexto momento do processo psicodiagnstico: a entrevista de devoluo de informao. Pode ser somente uma ourias. Geralmente feita de forma separada: uma com o indivduo que foi trazido como protagonista da consulta e outra com os paiso restante da famlia. Se a consulta foi iniciada como familiar, a devoluo e nossas concluses tambm sero feitas a toda amlia.

    ta ltima entrevista est impregnada pela ansiedade do paciente, da sua famlia e, por que no diz-lo, muitas vezes tambm pelapsiclogo, especialmente nos casos mais complexos. O psiclogo no deve assumir a posio daquele que sabe diante dos que

    o sabem. Primeiro, porque isso no verdade. Segundo, porque essa posio contm muita onipotncia e d lugar a reaes querapalham o trabalho. insustentvel afirmar que em umas quantas entrevistas tenhamos esgotado o conhecimento de um indivduoainda mais, de um casal ou famlia. Mas possvel dizer que conseguimos desvendar, com a maior certeza possvel, o motivo queovoca o sintoma que d origem consulta.

    vezes o prprio indivduo ou seus pais podem assumir o papel daquele que pergunta e esperar que todas as suas dvidas sejamspondidas, como se o profissional tivesse uma bola de cristal. Nesse caso necessrio reformular os respectivos papis,pecialmente o do profissional, que no propriamente um vidente.

    profissional ir gradualmente aventando suas concluses e observando s reaes que estas produzem nele ou nos entrevistados. Anmica usada deve favorecer o surgimento de novos materiais. Assim como evitamos o tdio no inqurito da primeira entrevista,itaremos tambm agora transformar a transmisso de nossas concluses em um discurso que no d espao para que o interlocutorclua suas reaes. Ao contrrio, as mesmas sero de grande utilidade para validar ou no nossas concluses diagnsticas.

    sujeitos ou seus pais podem no ter mencionado algo que surge no material registrado, e aproveitaremos essa entrevista pararguntar. Muitas vezes esta informao pode mudar radicalmente as hipteses levantadas pelo profissional, e sua presena um bom

    nal porque aumenta o grau de sinceridade e confiana do cliente.

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    m do mais, em alguns casos especficos, especialmente em uma famlia com crianas, dependendo do que tenhamos percebido nanas entrevistas familiares diagnsticas, pode ser adequado realizar a entrevista de devoluo com uma tcnica ldica que se

    terne com a verbal, especialmente naqueles casos nos quais o indivduo ou a famlia so movidos mais por cdigos de ao que derbalizao.

    nalmente, o stimo passo do processo consiste na elaborao do informe psicolgico, se solicitado.

    egundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os passos de um diagnstico, utilizando um modelo psicolgico deatureza clnica, so os seguintes:

    Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definio das hipteses iniciais;

    Seleo e utilizao de instrumentos de exame psicolgico;Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;Formulao de inferncias pela integrao dos dados, tendo como pontos de referncias as hipteses iniciais e os objetivos doxame;Comunicao de resultados e enceramento do processo.

    s etapas do processo psicodiagnstico apontadas por Arzeno (1995) e Cunha (2000):

    O primeiro passo ocorre desde o momento em que o cliente ou seus responsveis fazem a solicitao da consulta at oncontro pessoal com o profissional.O segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas nas quais se tenta esclarecer o motivo latente e o motivo manifestoa consulta.O terceiro momento o que dedicamos a refletir sobre o material colhido anteriormente e sobre nossas hipteses iniciaisara planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos diagnsticos a serem utilizados.O quarto momento consiste na realizao da estratgia diagnstica planejada.O quinto momento aquele dedicado ao estudo do material para obter um quadro o mais claro possvel sobre o caso emuesto.O sexto momento do processo psicodiagnstico: a entrevista de devoluo de informao.Finalmente, o stimo passo do processo consiste na elaborao do informe psicolgico, se solicitado.

    - Testes e Tcnicas Psicolgicas

    gundo Scheeffer (1968), o teste psicolgico pode ser definido como uma situao padronizada que serve de estmulo a ummportamento por parte do examinando; esse comportamento avaliado, por comparao estatstica com o de outros indivduosbmetidos mesma situao, permitindo assim sua classificao quantitativa e qualitativa. Ocampo (1981) nos chama ateno: noanejamento da bateria temos que pensar que o processo psicodiagnstico deve ser suficientemente amplo para compreender bem ociente, mas ao mesmo tempo, no se deve exceder porque isto implica uma alterao no vnculo psiclogo - paciente.

    ra planejar uma bateria necessrio pensar em testes que captem o maior nmero possvel de condutas (verbais, grficas edicas), de maneira a possibilitar a comparao de um mesmo tipo de conduta, provocada por diferentes estmulos ou instrumentos eferentes tipos de conduta entre si. muito importante discriminar a sequncia em que sero aplicados os testes escolhidos. Elave ser estabelecida em funo de dois fatores: a natureza do teste e a do caso em questo. O teste que mobiliza uma conduta querresponde ao sintoma nunca deve ser aplicado primeiro. Utilizar estes testes em primeiro lugar supe colocar o paciente nauao mais ansigena ou deficitria sem o prvio estabelecimento de uma relao adequada. Recomendamos como regra geralservar os testes mais ansigenos para as ltimas entrevistas.

    testes grficos so os mais adequados para comear um exame psicolgico, por diversas razes, entre elas por abarcarem ospectos mais dissociados, menos sentidos como prprios, e permitirem que o paciente trabalhe mais aliviado, alm de seremonmicos quanto ao tempo gasto em sua aplicao, ou seja uma tarefa fcil.

    nsideramos necessrio incluir, entre os testes grficos, diferentes contedos em relao ao tema solicitado, comeando pelos demas mais ambguos at chegar aos mais especficos. Numa bateria - padro, segundo Ocampo (1981), devem ser includos, entre osstes projetivos, aqueles que promovam condutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva deve incluir testes grficos, verbais edicos. Quanto aos testes de inteligncia, sua incluso na sequncia da bateria no pode ser arbitrria, o momento exato de suacluso deve ser decidido de acordo com o caso.

    o planejamento da bateria temos que pensar que o processo psicodiagnstico deve ser suficientemente amplo paraompreender bem o paciente, mas ao mesmo tempo, no se deve exceder porque isto implica numa alterao no vnculosiclogo - paciente.

    uma bateria - padro, segundo Ocampo (1981), devem ser includos, entre os testes projetivos, aqueles que promovamondutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva deve incluir testes grficos, verbais e ldicos. Quanto aos testes deteligncia, sua incluso na sequncia da bateria no pode ser arbitrria, o momento exato de sua incluso deve ser decidido

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    e acordo com o caso.

    1 Algumas Sugestes de Mtodos e Tcnicas Utilizadas

    Quanto ao mtodo quantitativo: so utilizados testes psicomtricos (tabelas padronizadas para uma dada populao), como:stes de inteligncia, tcnicas expressivo-grficas psicomtricas, inventrios de personalidade, inventrio de traos ou estadosetivos, inventrios de sintomas especficos, escala de maturidade viso-motora.

    Quanto ao mtodo clnico propriamente dito: entrevistas de vrios tipos, tcnicas de associao, tcnicas de construo,cnicas de complemento, tcnica expressivo-grficas, tcnicas expressivo-ldicas, tcnicas de ordenao, etc.

    Quanto ao mtodo organizacional: observao livre ou sistemtica de vrias situaes, diretamente ou com a utilizao decursos tcnicos.

    - As Entrevistas

    1 - Definio e Tipos de Entrevistas

    m psicologia, a entrevista clnica pode ser entendida como um conjunto de tcnicas de investigao, que tem o seu tempolimitado e direcionada por um profissional treinado, que vai utilizar conhecimentos psicolgicos, com o objetivo de descrever ealiar os aspectos pessoais, relacionais ou sistmicos (indivduo, casal, famlia, rede social) do entrevistado, em um processo quea fazer recomendaes, encaminhamentos ou propor algum tipo de interveno em benefcio das pessoas entrevistadas.

    aminando os elementos dessa definio podemos dizer que tcnica entendida como uma srie de procedimentos que possibilitamvestigar os temas em questo. A investigao possibilita alcanar os objetivos primordiais da entrevista, que so descrever ealiar, o que pressupe o levantamento de informaes, a partir das quais se torna possvel relacionar eventos e experincias, fazerferncias, estabelecer concluses e tomar decises. Essa investigao se d dentro de domnios especficos da psicologia clnica eva em considerao conceitos e conhecimentos amplos e profundos nessas reas. Esses domnios incluem, por exemplo, a psicologiadesenvolvimento, a psicopatologia, a psicodinmica, as teorias sistmicas. Aspectos especficos em cada uma dessas reas podem

    r priorizados como, por exemplo, o desenvolvimento psicossexual, sinais e sintomas psicopatolgicos, conflitos de identidade,lao conjugal, etc.

    irmamos ainda que a entrevista parte de um processo. Este deve ser concebido, basicamente como um processo de avaliao, quede ocorrer em apenas uma sesso e ser dirigido a fazer um encaminhamento, ou a definir os objetivos de um processo

    icoteraputico. Muitas vezes, o aspecto avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psicoterapia que se inicia, devido aopecto teraputico intrnseco a um processo de avaliao e ao aspecto avaliativo intrnseco psicoterapia. Outras vezes, o processoavaliao complexo e exige um conjunto diferenciado de tcnicas de entrevistas e de instrumentos e procedimentos de

    aliao, como, por exemplo, alm da entrevista, os instrumentos projetivos ou cognitivos, as tcnicas de observao, etc. Aportncia de enfatizar a entrevista como parte de um processo poder vislumbrar o seu papel e o seu contexto ao lado de umaande quantidade possvel de procedimentos em psicologia.

    entrevista clnica um procedimento poderoso e, pelas suas caractersticas, o nico capaz de adaptar-se diversidade deuaes clnicas relevantes e de fazer explicitar particularidades que escapam a outros procedimentos, principalmente aosdronizados. A entrevista a nica tcnica capaz de testar os limites de aparentes contradies e de tornar explcitasractersticas indicadas pelos instrumentos padronizados, dando a eles validade clnica, por isso, a necessidade de dar destaque trevista clnica no mbito da avaliao psicolgica.

    finimos ainda a entrevista clnica como tendo caractersticas de ser dirigida. Afirmar que a entrevista um procedimento podescitar alguns questionamentos. Mesmo nas chamadas entrevistas livres, necessrio o reconhecimento, pelo entrevistador, deus objetivos. Como afirmamos antes, os objetivos de cada tipo de entrevista definem as estratgias utilizadas e seus limites. notuito de alcanar os objetivos da entrevista que o entrevistador estrutura suas intervenes. O entrevistador precisa estareparado para lidar com o direcionamento que o sujeito parece querer dar entrevista, de forma a otimizar o encontro entre amanda do sujeito e os objetivos da tarefa. Em sntese, conclumos que todos os tipos de entrevista tem alguma forma detruturao na medida em que a atividade do entrevistador direciona a entrevista no sentido de alcanar seus objetivos.

    trevistador e entrevistado tm, nesse processo, atribuies diferenciadas de papis. A funo especfica do entrevistador coloca a

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    trevista clnica no domnio de uma relao profissional. dele a responsabilidade pela conduo do processo e pela aplicao denhecimentos psicolgicos em benefcio das pessoas envolvidas. responsabilidade dele dominar as especificidades da tcnica e amplexidade do conhecimento utilizado. Essa responsabilidade delimita (estrutura) o processo em seus aspectos clnicos. Assumirsas responsabilidades profissionais pelo outro tem aspectos ticos fundamentais, significa reconhecer a desigualdade intrnseca nalao que d uma posio privilegiada ao entrevistador. Essa posio lhe confere poder e, portanto, a responsabilidade de zelar peloteresse e bem-estar do outro. Tambm do entrevistador a responsabilidade de reconhecer a necessidade de treinamentopecializado e atualizaes constantes ou peridicas.

    complexidade dos procedimentos especficos de cada tipo de entrevista clnica, dos conhecimentos psicolgicos envolvidos e dospectos relativos competncia do entrevistador, necessrio para sustentar uma relao interpessoal de investigao clnica,querem treinamento especializado. O resultado de uma entrevista depende largamente da experincia e da habilidade dotrevistador, alm do domnio da tcnica.

    pe-se que a entrevista clnica deve ter como beneficirio direto as pessoas entrevistadas. Por outro lado, isso nem sempre claros dias de hoje, quando os psiclogos tm que se haver, cada vez mais, com terceiros envolvidos, como juzes, empregados,

    mpresas de seguros, etc. Nesse sentido necessrio o psiclogo definir em que sentido quem o cliente (empresa ou empregado, por.) e que demandas so apropriadas ou no.

    necessidades de delimitao temporal so claras e essa delimitao no requer, necessariamente, um nico encontro. Mesmoando o processo requer mais de uma ocasio, no processo de entrevista, no h um contrato de continuidade como em um processoraputico, embora, frequentemente, a entrevista clnica resulte em um contrato teraputico. A delimitao temporal tem a funoexplicitar as diferenas de objetivos dos dois procedimentos e dos papis diferenciados do profissional nas duas situaes. Essa

    limitao define o setting e fortalece o contrato teraputico, que pode ser consolidado como concluses das entrevistas iniciais.sas recomendaes, o encaminhamento ou a definio de um setting e contrato teraputico podem ocorrer integrados como parteuma nica sesso de entrevista ou podem se reservados para uma entrevista designada exclusivamente para este fim (entrevista de

    voluo), demarcando, de maneira mais precisa, o trmino do processo de avaliao.

    rados (1982) afirma que a entrevista tida como uma tcnica, dentre outras de extrema relevncia, principalmente porquebsiste ao dia a dia tornando-se cada vez mais eficiente e imprescindvel, constituindo-se como ponto fundamental para o alcance de

    ma viso global e consequentemente de uma concluso diagnstica a respeito do cliente.

    istem diversos tipos de entrevistas, que iro se diferenciar de acordo com seu objetivo principal e com o trabalho que est sendoalizado. Para cada processo h um tipo de entrevista, e que podem ser classificadas de vrias maneiras: segundo o seu aspectormal, segundo os objetivos e segundo a estruturao.

    uanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em estruturadas, semiestruturadas e de livre estruturao. Astrevistas estruturadas so de pouca utilidade clnica. A aplicao desse tipo de entrevista mais frequente em pesquisas. Suailizao raramente considera as necessidades ou demandas do sujeito avaliado usualmente ela se destina ao levantamento de

    formaes definidas pelas necessidades de um projeto. Privilegiam a objetividade as perguntas so quase sempre fechadas oulimitadas por opes previamente determinadas e buscam respostas especficas a questes especficas.

    tradio se referir entrevista de livre estruturao com entrevista livre ou no estruturada ou ainda, aberta. Nesse tipo detrevista, o paciente convidado a falar livremente sobre aquilo que quiser. Cunha (2000) argumenta que mesmo assim, a entrevistam alguma estruturao.

    entrevistas semiestruturadas so assim denominadas porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo deformao necessria para atingi-los, de como essa informao deve ser obtida, quando ou em que sequncia, em que condiesvem ser investigadas e como deve ser considerada. Alm de modo padronizado, ela aumenta a confiabilidade ou fidedignidade daformao obtida.

    uanto classificao das entrevistas a partir dos seus objetivos podemos dizer que h uma grande variedade. Dentre as maistudadas vamos citar:

    Entrevista de triagem: tem por objetivo avaliar a demanda do sujeito e fazer um encaminhamento. Geralmente, utilizada emrvios de sade pblica ou em clnicas sociais, onde existe a procura contnua por uma diversidade de servios psicolgicos, erna-se necessrio a adequao da demanda em relao ao encaminhamento pretendido.

    Entrevista de anamnese: tem por objetivo o levantamento detalhado da histria de desenvolvimento da pessoa, principalmente nafncia. A anamnese uma tcnica de entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologicamente.

    Entrevistas diagnsticas: pode priorizar os aspectos sindrmicos ou psicodinmicos. O primeiro visa descrio de sinais e sintomasra a classificao de um quadro ou sndrome. O diagnstico psicodinmico visa descrio e a compreenso da experincia ou doodo particular de funcionamento do sujeito, tendo em vista uma abordagem terica. um tipo de entrevista que visa modificaoum quadro apresentado em benefcio do sujeito.

    Entrevistas sistmicas: focalizam a avaliao da estrutura ou da histria relacional ou familiar. Podem tambm avaliar aspectosportantes da rede social de pessoas e famlias.

    Entrevista de devoluo: tem por finalidade comunicar ao sujeito o resultado da avaliao. Em muitos casos, essa atividade tegrada em uma mesma sesso, ao final da entrevista. Em outras situaes, principalmente quando as atividades de avaliao setendem por mais de uma sesso, til destacar a entrevista de devoluo do restante do processo.

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    m psicologia, a entrevista clnica pode ser entendida como um conjunto de tcnicas de investigao, que tem o seu tempoelimitado e direcionada por um profissional treinado, que vai utilizar conhecimentos psicolgicos, com o objetivo deescrever e avaliar os aspectos pessoais, relacionais ou sistmicos (indivduo, casal, famlia, rede social) do entrevistado, emm processo que visa a fazer recomendaes, encaminhamentos ou propor algum tipo de interveno em benefcio das pessoasntrevistadas.

    entrevista a nica tcnica capaz de testar os limites de aparentes contradies e de tornar explcitas caractersticasdicadas pelos instrumentos padronizados, dando a eles validade clnica, por isso, a necessidade de dar destaque entrevistanica no mbito da avaliao psicolgica.

    xistem diversos tipos de entrevistas, que iro se diferenciar de acordo com seu objetivo principal e com o trabalho que estendo realizado. Para cada processo h um tipo de entrevista, que podem ser classificadas de vrias maneiras: segundo o seuspecto formal, segundo os objetivos e segundo a estruturao.

    uanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em estruturadas, semiestruturadas e de livre estruturao.

    tradio se referir entrevista de livre estruturao com entrevista livre ou no estruturada ou ainda, aberta. Nesse tipo dentrevista, o paciente convidado a falar livremente sobre aquilo que quiser.

    entrevistas semiestruturadas so assim denominadas porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo deformao necessria para atingi-los, de como essa informao deve ser obtida, quando ou em que sequncia, em que condiesve ser investigada e como deve ser considerada.

    uanto classificao das entrevistas a partir dos seus objetivos podemos dizer que h uma grande variedade. Dentre as maistudadas vamos citar: triagem, anamnese, diagnstica, sistmicas e devoluo.

    2 - Competncias do avaliador para as entrevistas e a qualidade da relao:

    bom uso da tcnica deve ampliar o alcance das habilidades interpessoais do entrevistado e vice-versa. Para levar uma entrevista armo de modo adequado, o entrevistador deve ser capaz de:

    Estar presente, no sentido de estar inteiramente disponvel para o outro naquele momento, e poder ouvi-lo sem a interferncia deestes pessoais;Ajudar o paciente a se sentir vontade e a desenvolver uma aliana de trabalho;Facilitar a expresso dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada ou a buscar ajuda;Buscar esclarecimentos sobre colocaes vagas ou incompletas;Confrontar esquivas e contradies, mas de forma gentil;Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista.Reconhecer defesas e modos de estruturao do paciente, especialmente quando elas atuam diretamente na relao com o

    trevistador (transferncia);Compreender seus processos contratransfernciais;Assumir a iniciativa em momentos de impasse;. Dominar as tcnicas que utiliza.

    3 - Objetivos e requisitos da primeira entrevista em avaliao

    caso de ser a primeira consulta que os pais (ou paciente adulto) fazem, a primeira entrevista o primeiro passo do processoicodiagnstico e deve reunir certos requisitos para cobrir seus objetivos, tais como: no comeo ser muito livre, no direcionada, derma que possibilite a investigao do papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e conosco; o papel que cada um parecesempenhar com o filho, a fantasia que cada um traz sobre o filho, a fantasia de doena e cura que cada um tem, a distncia entre ootivo manifesto e o latente da consulta, o grau de colaborao ou de resistncia com o profissional, etc.

    ra isso, sero levados em considerao tanto elementos verbais como no verbais da entrevista, a gesticulao dos pais, seuspsos, suas aes, como por exemplo, ir ao banheiro, esquecer algo ao partir, segurar uma bolsa ou pasta o tempo todo, fazermentrios profissionais, fazer alguma queixa (mesmo parecendo justificada pode estar encobrindo uma queixa de outra natureza),sencontro do casal ao chegar para a primeira entrevista, trocar o horrio por engano, trazer uma lista escrita com dados

    cessivamente detalhados, olhar o teto o tempo todo, pedir um conselho rapidamente, etc. Contratransferencialmente, deveremoscutar de maneira constante aquilo que sentimos e as associaes que fazemos medida que eles vo relatando a sua verso do queorre. Assim, ficaremos com uma imagem desse filho, a imagem que eles nos transmitiram, cada um a sua, e a que fica conosco, quem sempre o reflexo fiel do que os pais tm tentado nos passar.

    uando conhecermos o filho, que o passo seguinte do processo, j poderemos comparar essa imagem que temos dele com a quealmente estamos recebendo. Foi dito antes que o primeiro requisito da entrevista projetiva de que seja livre. Um segundoquisito que em outro momento, quando for mais oportuno, segundo o julgamento do profissional que est fazendo o trabalho, sejastante dirigida de forma a poder elaborar uma histria clnica completa do paciente. Deve-se solicitar dados, colher informao

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    austiva sobre a histria do sintoma e tambm deixar estabelecido um contrato para esta etapa do trabalho diagnstico. Poremplo, quantas entrevistas sero feitas, quem deve participar, em que horrio, que ordem ser dada ao filho, quais sero osnorrios, qual o objetivo de todo o estudo, em que vamos centr-lo, qual o motivo mais profundo, que destino ter a informaoe obtivermos (se ser transmitida a eles ou ao filho, ou alm deles ao pediatra, professora, a um juiz, etc.).

    mportante detectar na primeira entrevista, seja com os pais, com o filho, com o adolescente ou com o adulto que chegam pelameira vez, o nvel de angstia, o nvel de preocupao que provoca isso que est ocorrendo com eles. necessrio e saudvel queproduza num momento determinado da entrevista, quando o paciente ou seus pais tenham insight de que o que ocorre triste,

    eocupa ou assusta, notar que surja neles algum indcio de tais sentimentos, pois se no for assim pode predominar um clima degao parcial da verdadeira importncia do conflito, ou um clima manaco de negao total e projeo, como quando tudo parecer preocupao da professora ou do pediatra, mas no dos pais.

    mportante ainda ressaltar que em um processo diagnstico fundamental trabalhar com um nvel de ansiedade instrumental, ouja, saudvel. Isto importante porque o nvel de ansiedade e o modo como regem o paciente, os pais e a famlia para cont-la ouanej-la um dado diagnstico e prognstico muito significativo.

    o tem o mesmo significado que os pais de uma criana entrem numa crise da qual ns dificilmente poderemos tir-los, que semos que eles mesmos so capazes de conter a prpria angstia ou um deles capaz de conter a angstia do outro, tambm o sees reagem positivamente ao moderadora do psiclogo.

    ando isso ocorre, essa criana tem um respaldo, uma conteno muito mais forte que aquela que os pais negadores oferecem, ouueles que esto atravessando sua prpria crise de angstia. Nestes casos, tambm eles devero receber uma ajuda pertinente,rque no h algum capaz de resgatar o grupo familiar da situao angustiante. Existe um nvel de angstia ou ansiedade cujoarecimento saudvel, mas exacerbao negativa, pois o paciente entra numa crise de angstia da qual no consegue se afastar,no podemos de maneira alguma pensar em aplicar algum teste; podendo isto ser, inclusive, uma conduta pouco humana, absurda e

    trognica. Ocorre frequentemente sob algum comando, ou diante de determinada lmina de algum teste que o paciente as associatomaticamente com alguma morte ou com algum acontecimento que desencadeou o seu conflito. Nestes casos pode ocorrer umoqueio total, uma crise de choro ou uma rejeio violenta, talvez se negando a realizar a tarefa. Todas estas reaes tmportncia diagnstica, porque indicam quais so as reaes do paciente quando tocamos seus pontos mais vulnerveis e dolorosos.provvel que nesses casos tenhamos que suspender a tarefa, escutar o que ele precisa nos contar, o que lembrou ou associou, sendoe nesse momento teremos ento uma nova etapa de entrevista aberta, mesmo j estando na fase de aplicao de algum teste.

    be aqui uma recomendao. No devemos esquecer que estamos desde o incio incluindo aspectos transferenciais da relao dociente ou dois pais conosco, e tambm (mesmo se no as verbalizamos) contratransferenciais. No devemos esquecer tambm queuilo que se reestrutura, seguindo a teoria da Gestalt, um campo no qual cada um dos integrantes (no qual ns includos) ter umanstante mobilidade dinmica, de tal modo que o que vier a ocorrer algo alm do mero somatrio de condutas individuais.

    os pais forem um casal bem estruturado, os sentiremos unidos e haver uma distncia ideal entre eles e ns. Se o casal no estiver

    m unido poderemos notar que um deles quer excluir o outro e fazer uma aliana conosco. Ou ento, que um deles se exclui desce ocio, no vindo entrevista, ou tentando ser uma presena ausente (por exemplo, olhando para o teto o tempo todo), fazendo que otro no tenha outra soluo que falar conosco constantemente. Pode ocorrer tambm que no queiram vir juntos. No caso de jistir a separao, devemos aceitar esta situao, mas deveremos tentar de todas as formas possveis que assistam juntos trevista final para que tomem uma deciso conjunta, pois trata-se de compreender o que est acontecendo com o filho e decidir ou futuro. Parecem consultar com a finalidade de desqualific-lo repetidamente e no buscando a sua ajuda.

    diferena entre uma entrevista clnica habitual e aquela que o ponto de partida para um estudo psicodiagnstico com os testesojetivos que nesta deveremos manter um duplo papel: no incio, um papel de no interveno ativa, limitando-nos a sermos umservador da situao que est se desenvolvendo no campo do qual estamos participando. Tentaremos manter o nosso papel deservador que escuta e registra (atravs do material do paciente e dos efeitos contratransferenciais).

    posteriori e gradualmente, iremos intercalando perguntas ou tentando dirigir o dilogo. Devemos considerar o momento maisortuno, adotar em papel mais ativo, tal como intervir, investigar, e inclusive enfrentar os pais com suas prprias contradies,ta de recordaes ou falta de sensibilidade para registrar a seriedade da sintomatologia e os riscos que o filho est correndo.

    entrevista com um adulto ocorreria o mesmo. Tecnicamente, isto pode ser feito simplesmente assinalado alguns pontos, sem fazerterpretaes, o que no recomendvel na primeira entrevista. Mas o grau de permeabilidade muito varivel. Alguns pais (ouolescentes ou adultos) vm com muito insight e possibilitam-nos trabalhar desde o primeiro contato, de uma maneira muito maisil e teraputica. Isso, no entanto, no o usual, e s vezes ocorre totalmente o contrrio.

    ssa entrevista inicial, usa-se o enquadre de uma entrevista aberta projetiva, fundamentalmente no incio. Mas logo, essa deve serrigida para colher todos os dados necessrios ou enfrentar os pais, mostrando-lhes situaes que observamos muito negadas,slocadas ou dissociadas.

    m crianas, o equivalente entrevista projetiva inicial a hora do jogo diagnstico. Tanto com eles quanto com adolescentes eultos, continuaremos logo com os testes, e na maioria dos casos teremos que fazer os respectivos inquritos. Espera-se que oesmo modelo se repita: no incio colheremos a produo espontnea do paciente e logo faremos um inqurito para especificartalhar das respostas (solucionar ambiguidades ou contradies, completar, esclarecer, etc.) e isso exige de ns ma atitudeertamente dirigida.

    por isso que dizemos que a atitude do profissional que realiza o estudo da personalidade com testes projetivos, composta: no talmente de laissez faire[C2] , nem tampouco uma atitude absolutamente fechada ou de dirigismo rgido. E bastante difcilgotar todas as possibilidades, porque cada caso um psicodiagnstico nico e que no se repete, devido a que, como j se disse,

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    o pode existir um modelo nico e rgido. A atitude do psiclogo deve ser ao mesmo tempo plstica, aberta, permevel encretamente precisa e centralizada em um objetivo que no podemos ignorar ou perder de vista em momento algum. Ficarmos com

    ma resposta ambgua significa no podermos chegar s concluses necessrias para realizar o diagnstico ou prognstico, nem tomarma deciso ou dar sugestes quanto estratgia teraputica confeccionando um bom informe.

    r essa razo, se um paciente resiste a realizar uma tarefa determinada, podemos troc-la por outra equivalente, mas no omiti-la.demos encontrar outro teste paralelo ou propor-lhe uma outra atividade. Podemos, inclusive, no aplicar nenhum teste noomento, simplesmente dedicar horas de jogo com uma criana, ou realizar entrevistas com um adolescente ou adulto, mas isso nonifica que deixaremos de faz-lo mais adiante, no momento mais oportuno.

    caso em que estivermos fazendo um psicodiagnstico grupal, no h uma primeira entrevista inicial individual ou, se ela existe, uito breve. Nesses casos, deve-se iniciar convocando o grupo para a aplicao de uma srie de provas coletivas (ou seja, cada um

    r o seu trabalho simultaneamente ao trabalho dos outros) ou grupais (nas quais, entre todos, vo elaborar uma resposta a umalicitao nossa). Nestes casos, a informao que viermos a obter ser algo como uma mera discriminao entre os que possuem e ose no possuem um requisito determinado.

    stes casos pode acontecer que no se inclua o contato individual nem a relao transferncia-contratransferncia, ou seja, ompo dinmico que criado em uma entrevista individual. Tudo isso excludo para poder-se obter informaes sobre um grupouito maior no menor tempo possvel. Se estivermos trabalhando em escolas, por exemplo, muito importante detectar patologiasrias e posteriormente, seriam convocados os indivduos cujo material apresenta o que chamando de indicadores de conflito ou detologia. Ser ento necessrio entrevistar os pais e fazer um estudo mais minucioso e individual de cada um. No podemos esquecere objetivo de uma pesquisa assim realizada ajudar um nmero grande de pessoas, detectando precocemente a patologia, e esta

    ma tcnica extremamente til.

    a primeira entrevista cumpriu sua finalidade, terminaremos a mesma com:

    Uma imagem do conflito central e seus derivados;

    Uma histria da vida do paciente e da situao desencadeadora;

    Alguma hiptese inicial sobre o motivo profundo do conflito, a qual ser ratificada ou modificada, segundo o material projetivo dostestes e da entrevista de devoluo;

    Uma estratgia para usar determinados instrumentos diagnsticos seguindo uma determinada ordem, de modo que sirvam pararatificar e ampliar as nossas hipteses prvias ou para retific-las.

    4 - O Primeiro Contato na Consulta

    esar de ter afirmado que o processo psicodiagnstico consta de vrios passos (e estes de fato ocorrem), nunca se pode afirmar quem vem antes e o outro vem depois de uma forma mecnica, fixa e esttica. Tudo depende de diversas razes.

    ses diferentes passos j foram ant