02BAP_2008-2012
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Balana Alimentar Portuguesa 2008-2012
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02 de abril de 2014
Balana Alimentar Portuguesa
2008-2012
Padro das disponibilidades alimentares altera-se privilegiando os hidratos de carbono e cortando nas protenas
As disponibilidades alimentares per capita atingiram em mdia as 3 963 kcal no quinqunio 2008-2012 (+2,1% que no
perodo 2003-2008), o que permite satisfazer as necessidades de consumo de 1,6 a 2 adultos, tendo por base o aporte
calrico mdio recomendado (2 000 a 2 500 kcal). De referir, contudo, que a anlise ao quinqunio 2008/2012 revela
dois perodos marcadamente distintos: at 2010 um perodo de expanso caracterizado por elevadas disponibilidades
alimentares e calricas e a partir de 2010 com redues acentuadas das disponibilidades alimentares. O ano de 2012
detm os nveis mais baixos de disponibilidades alimentares de carne de bovino dos ltimos 10 anos. Seria igualmente
necessrio recuar 13 anos, para se encontrar um nvel semelhante de disponibilidades alimentares de carne de suno,
passando a carne de aves, pela primeira vez de que h registos estatsticos, a garantir a principal disponibilidade de
carne em Portugal. Idntica tendncia se verificou com as disponibilidades de frutos, laticnios e pescado, e que
revelam em 2012, respetivamente, mnimos de 20, 9 e 8 anos.
Em termos mdios, no perodo 2008-2012, verificaram-se decrscimos de 5,9 Kg de carne/hab, 3,2 Kg de pescado/hab,
7,6 l de vinho/hab (perodo 2009-2012) e 8,3 l de cerveja/hab, a que se juntam redues de 4,0% nas disponibilidades
de laticnios, 10,6% nos frutos (perodo 2009-2012). Em contrapartida observaram-se aumentos nos cereais (+2,1%),
nos hortcolas (+5,8%) e nos produtos estimulantes (caf e sucedneos, cacau e chocolate, +4%).
A comparao da distribuio das disponibilidades dirias per capita da Balana Alimentar Portuguesa com o padro
alimentar preconizado pela Roda dos Alimentos continuou em 2012 a evidenciar distores, apontando para excesso de
produtos alimentares dos grupos Carne, pescado e ovos (com tendncia acentuada para decrscimo), e leos e
Gorduras e dfice em Hortcolas, Frutos e Leguminosas secas. Este desequilbrio continua a ser potencialmente
pouco saudvel, com uma predominncia de protenas de origem animal e excesso de gorduras.
Estas disponibilidades alimentares traduzem para 2012 um ndice de adeso dieta mediterrnica1 de 1,10, sendo que
um ndice superior a 1 revela uma predominncia de calorias provenientes de produtos tpicos de uma dieta
mediterrnica. Este ndice, embora com tendncia crescente desde 2006, situa-se contudo abaixo dos valores
alcanados no incio da dcada de 90.
1 Ver notas explicativas
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A Balana Alimentar Portuguesa (BAP), enquanto instrumento analtico de natureza estatstica, permite retratar as
disponibilidades alimentares e sua evoluo em Portugal, em termos de produtos, nutrientes e calorias, e no a
caracterizao dos consumos alimentares dos residentes no pas. No entanto, dado que os coeficientes de correlao
entre a BAP (disponibilidades alimentares) e o Inqurito s Despesas das Famlias - IDEF (quantidades adquiridas pelas
famlias residentes), apresentaram nos perodos de referncia comuns (2005 e 2010) correlaes positivas, elevadas e
estatisticamente significativas, as disponibilidades alimentares constituem uma forma indireta de caracterizao do
consumo alimentar1.
Neste Destaque, o INE atualiza e divulga a BAP para o perodo 2008-2012, recorrendo anlise comparativa com a
informao relativa edio anterior (2003-2008) e, sempre que se justifica, dcada de 90.
Est disponvel em www.ine.pt, um conjunto de indicadores estatsticos harmonizados e comparveis sobre a BAP no
perodo de 1990 a 2012.
1. RODA DOS ALIMENTOS E DISPONIBILIDADES DIRIAS DE PRODUTOS ALIMENTARES
As disponibilidades alimentares per capita aumentaram 2,1% face s da BAP 2003-2008, atingindo em
mdia 3 963 kcal no perodo 2008-2012. Este aporte calrico permite satisfazer as necessidades de
consumo recomendadas para 1,6 a 2 adultos. O desequilbrio das disponibilidades alimentares face
Roda dos Alimentos evidencia um padro estrutural que se tem mantido ao longo dos anos, caracterizado
por excesso de produtos alimentares do grupo da Carne, pescado e ovos e leos e Gorduras e dfice
de Hortcolas, Frutos e Leguminosas secas.
1 Ver notas explicativas
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No perodo 2008-2012, a Balana Alimentar Portuguesa (BAP) revelou um aporte calrico dirio mdio disponvel, por
habitante de 3 963 kcal (na BAP 2003-2008 este valor era 3 883 kcal), considerando o total de produtos alimentares e
de bebidas disponveis para consumo. Contudo, ao longo deste perodo, verificou-se um decrscimo mdio anual de
0,7% no total de calorias apuradas, sendo 3 882 calorias em 2012, ainda assim um aporte calrico claramente
excessivo quando comparado com o aporte calrico dirio mdio aconselhado para um adulto (2 000 a 2 500 kcal).
A comparao da distribuio das disponibilidades dirias per capita, em 2012, dos diferentes grupos alimentares da
BAP com o padro alimentar preconizado pela Roda dos Alimentos, permite constatar, tal como j se havia verificado
na edio anterior da BAP, uma distoro do padro alimentar em Portugal.
Os grupos de produtos alimentares com desvios mais acentuados so Carne, pescado e ovos com uma disponibilidade
10,4 p.p. acima do consumo recomendado (pouco oscilou relativamente ao da BAP 2003-2008 11,3 p.p.) e os grupos
dos Hortcolas e dos Frutos com disponibilidades deficitrias de 7,9 p.p e 8,0 p.p. respetivamente (na BAP 2003-
2008 os desvios eram -9,6 p.p e -6,3 p.p).
Os grupos dos Cereais, razes e tubrculos e dos Lacticnios continuaram a apresentar disponibilidades prximas do
padro alimentar recomendado, no entanto manteve-se deficitria a disponibilidade para as Leguminosas secas
(-3,4 p.p.) e excedentria para o grupo dos leos e gorduras (+4,0 p.p.).
Entre 2008 e 2012, o nico grupo de produtos alimentares cujas disponibilidades dirias per capita aumentou foi o dos
Produtos hortcolas (+5,8%), ainda assim no em quantidade suficiente para corrigir o desequilbrio deste grupo face
ao recomendado pela Roda dos Alimentos. Dos restantes grupos, destacam-se os decrscimos das disponibilidades das
Leguminosas secas (-13,9%) e dos Frutos (-9,5%), o que contribuiu para agravar ainda mais o dfice destes grupos
face s recomendaes de consumo. De referir ainda que os decrscimos verificados nos grupos Carne, pescado e
ovos (-8,2%) e leos e gorduras (-2,5%) no foram suficientes para baixar substancialmente as disponibilidades
excedentrias destes grupos.
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2. DISPONIBILIDADES ALIMENTARES FACE S RECOMENDAES DE UM PADRO ALIMENTAR SAUDVEL
Entre 2000 e 2012, as disponibilidades de produtos de origem vegetal perderam importncia no total das
disponibilidades alimentares, enquanto as disponibilidades dos produtos de origem animal se mantm
sistematicamente acima das observadas na dcada de 90.
Tendo em conta as disponibilidades dirias de produtos de
origem vegetal e animal, os vegetais registaram, em mdia
entre 2000 e 2012, uma importncia de 63,9% face ao total de
produtos alimentares, quando na dcada de 90 essa proporo
era de 66,1%, o que resulta numa perda de importncia dos
produtos vegetais face aos produtos animais de 2,2 p.p. entre
estes dois perodos. Em contrapartida, desde o incio do sculo
XXI que as disponibilidades dos produtos alimentares de
origem animal se situam acima das observadas na dcada de
90.
Em 2012, verificou-se um decrscimo generalizado das disponibilidades alimentares (-2,9%, face a 2011), pelo que esta
relao foi atenuada (64,4% de disponibilidades dirias de produtos de origem vegetal em contraponto com 35,6% de
disponibilidades de produtos de origem animal), dado que as disponibilidades alimentares dos produtos de origem
animal decresceram 2,5%, enquanto as resultantes de produtos de origem vegetal aumentaram 0,5%.
Disponibilidades de protena invertem e agravam o padro alimentar saudvel recomendado (60% de
protenas vegetais vs 40% de protenas animais).
A proporo entre as disponibilidades de produtos de origem
animal e de origem vegetal torna-se particularmente
importante quando se analisa a origem das protenas
disponveis, j que a combinao tima para um padro
alimentar saudvel 40% de protenas animais e 60% de
protenas vegetais.
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Na dcada de 90, as disponibilidades alimentares j contrariavam esta relao, invertendo-a totalmente, dado que, esta
proporo era, em mdia, de 59,8% de protenas animais e de 40,2% de protenas vegetais.
No perodo entre 2000 e 2008, a importncia das protenas animais foi ainda mais reforada, passando a representar
62,5% do total da protena disponvel, face aos 37,5% da protena de origem vegetal. De 2008 a 2012, esta relao foi
62,8% vs 37,2%, o que demonstra um afastamento progressivo da combinao tima para um padro alimentar
saudvel.
O aumento da importncia da protena de origem animal
resultou no aumento da contribuio da gordura animal para
as quantidades totais de gordura disponveis para consumo
no perodo 2000 a 2008, face dcada de 90 (+3,2 p.p.,
equivalente a mais 9 g de gordura).
No quinqunio 2008-2012, calorias provenientes de gorduras saturadas excederam as recomendaes da
Organizao Mundial de Sade em 5,1 p.p.. Disponibilidades energticas dirias de protenas e acares
em linha com as recomendaes da OMS.
Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), um padro alimentar saudvel no deve exceder 10% de calorias
provenientes de gorduras saturadas (maioritariamente de origem animal), dado que o consumo excessivo destas
gorduras est associado ao aumento do risco de doenas dos aparelhos circulatrio e cardaco. semelhana da ltima
edio da BAP (2003-2008), tambm entre 2008 e 2012 a proporo das calorias provenientes destas gorduras (15,1%
em mdia) foi superior ao recomendado. De salientar, no entanto, que neste perodo, esta contribuio decresceu
0,5 p.p..
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Tendo em conta recomendaes da OMS no que diz respeito contribuio dos macronutrientes para o aporte calrico
das disponibilidades alimentares, verificaram-se desvios no perodo 2008-2012 face ao recomendado e que parecem
adquir carter estrutural, uma vez que j tinham sido diagnosticados na edio anterior da BAP.
Considerando um padro alimentar saudvel, todos os macronutrientes tm um papel importante na satisfao das
necessidades de energia de cada individuo, assim como ao nvel de outras funes no organismo, desde que sejam
respeitados os valores recomendados. No caso das gorduras, de acordo com a BAP, entre 2008 e 2012, a contribuio
para o aporte calrico das disponibilidades alimentares foi superior ao limite mximo recomendado para o consumo
(15-30%)2, atingindo 33,9% em 2012. A contribuio dos hidratos de carbono foi 50,4% neste ano, situando-se abaixo
do intervalo recomendado (55-75%)2. As protenas apresentaram uma contribuio energtica (12,4%) dentro do
intervalo recomendado (10-15%)2.
Outra questo importante relativamente ao padro alimentar saudvel a contribuio dos acares para o aporte
calrico dirio, dado que o seu consumo excessivo pode ser prejudicial para a sade. As calorias que provm dos
aucares so designadas por calorias vazias e com pouco interesse nutricional, dado que na sua composio no
entram outros nutrientes, como acontece com os restantes produtos alimentares. As recomendaes da OMS indicam,
assim, que no mximo os acares contribuam com 10% para o aporte calrico dirio. J na BAP, as calorias
disponveis atravs dos acares, em 2012, situaram-se abaixo do limite recomendado com 8,3%.
2 Recomendaes da Organizao Mundial de Sade (OMS) e da Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO) no mbito do
Joint WHO/FAO Expert Consultation.
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3. ORIGEM DAS DISPONIBILIDADES DE MACRONUTRIENTES E CALORIAS
Em 2012, as principais fontes de protenas foram os grupos Carne, pescado e ovos com 44,2% (BAP 2003-2008,
44,9%), Cereais, razes e tubrculos com 28,4% (BAP 2003-2008, 27,4%) e Laticnios com 14,6% (BAP 2003-2008,
14,8%). Destes, apenas os Cereais, razes e tubrculos apresentaram uma variao positiva do contributo para as
disponibilidades dirias per capita de protenas (+0,9%) no perodo 2008-2012.
Entre os produtos com menor peso nas disponibilidades de protenas, destacaram-se em 2012 as bebidas alcolicas
(0,6%) e as no alcolicas (0,1%), apesar destas ltimas apresentarem valores elevados de capitao dirias.
Relativamente s disponibilidades dirias per capita de gordura, cerca de 62,2% resultaram, em 2012, da contribuio
do grupo leos e gorduras (BAP 2003-2008, 60,9%), que apesar de ter uma disponibilidade diria para consumo
menor que a maioria dos grupos representados, foi o principal fornecedor de gorduras.
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Com menor expresso, surgem os grupos Carne, pescado e ovos com 19,0% (BAP 2003-2008, 19,5%) e Laticnios
com 9,7% (BAP 2003-2008, 10,1%), ambos com variaes negativas, entre 2008 e 2012, da sua contribuio para as
disponibilidades de gordura, respetivamente -6,7% e -6,0%.
Em termos das disponibilidades dirias per capita de hidratos de carbono, o grupo dos Cereais, razes e tubrculos
contribuiu com cerca de 62,6% para estas disponibilidades (BAP 2003-2008, 61,6%), com uma variao de 1,0% na
sua contribuio entre 2008 e 2012. Seguiram-se os grupos dos Acares com 16,5% (BAP 2003-2008, 16,8%), dos
Frutos com 5,5% (BAP 2003-2008, 6,3%) e dos Laticnios com 3,7% (BAP 2003-2008, 3,9%), todos com variaes
negativas, face a 2008, na sua contribuio para as disponibilidades de hidratos de carbono, respetivamente -0,1%,
-11,3% e -8,1%. As Bebidas no alcolicas, responsveis por 4,7% das disponibilidades deste macronutriente em
2012 (BAP 2003-2008, 4,6%), apresentaram um acrscimo de 2,7% no perodo em anlise, assim como os Hortcolas
com uma contribuio de 2,5% (BAP 2003-2008, 2,2%) e uma variao positiva de 5,3%.
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Para o aporte calrico dirio per capita disponvel em 2012 contriburam principalmente os grupos Cereais, razes e
tubrculos (36,2%), leos e gorduras (21,4%), Carne, pescado e ovos (12,0%), Acares (8,3%) e Laticnios
(7,0%). Apenas o grupo dos Cereais, razes e tubrculos aumentou a sua contribuio energtica, entre 2008 e 2012,
em cerca de 0,9%.
Os grupos com menor contribuio para o aporte calrico dirio de 2012 foram Leguminosas secas com 0,8% e
Hortcolas com 1,9%, sendo tambm os grupos que maiores variaes apresentaram na sua contribuio. O grupo
Hortcolas, contribuiu com mais 5,7% em 2012, face a 2008, e as Leguminosas secas com menos 16,7% no mesmo
perodo.
4. DISPONIBILIDADES ALIMENTARES POR TIPO DE PRODUTO
Disponibilidades de carne decresceram 5,9 kg por habitante em quatro anos e fixaram-se em
69,8 Kg/hab/ano, o valor mais baixo desde 2006. Em 2012 e pela primeira vez, as disponibilidades de
carne de animais de capoeira superaram as de suno.
As quantidades totais de carne disponveis para consumo
decresceram a uma taxa mdia anual de 1,8% entre 2008 e
2012, sendo que, entre 2009 e 2012, esta tendncia
acentuou-se, em mdia, 2,7% ao ano, correspondendo a
uma reduo das disponibilidades dirias per capita absolutas
em 16,2 g por habitante e equivalentes a menos 5,9 kg por
habitante nestes quatro anos.
As carnes que mais contriburam para esta evoluo negativa
foram as carnes de bovino e de suno.
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No caso da carne de bovino, o decrscimo ocorreu de forma sustentada no perodo em anlise, com o ano 2012 a
representar uma disponibilidade diria de 37,0 g/hab/dia, 6,6 g inferior a 2008 e equivalente a menos 2,4 kg por
habitante entre 2008 e 2012. Seria necessrio recuar dez anos, at 2002, para se encontrar um valor inferior a esta
disponibilidade diria per capita, ano em que as quantidades disponveis de carne de bovino para consumo foram
36,7 g/hab/dia.
A carne de suno, aps um ligeiro aumento das disponibilidades para consumo em 2009 face a 2008, apresentou um
decrscimo de 11,6% entre 2009 e 2012, equivalente a uma reduo das disponibilidades dirias em 8,5 g por
habitante neste perodo, ou seja, menos 3,1 kg de carne por habitante em 4 anos, com 2012 a atingir uma
disponibilidade de 64,9 g/hab/dia, a mais baixa dos ltimos 13 anos.
A carne de animais de capoeira foi a nica a apresentar um aumento das quantidades disponveis dirias per capita
para consumo (+6,2% entre 2008 e 2012), reforando a tendncia de aumento da procura deste tipo de carne nos
ltimos anos. A disponibilidade diria per capita desta carne, aumentou 3,9 g/hab, o que equivale a mais 1,4 kg por
habitante nestes cinco anos. Em 2012, e pela primeira vez desde que existem registos estatsticos da Balana Alimentar
Portuguesa, as disponibilidades absolutas desta carne ultrapassaram as disponibilidades de carne de suno, at ento a
carne com maior quantidade disponvel para consumo em Portugal.
Em termos de provenincia deste produto alimentar, em
mdia e para o perodo em anlise, 70,9% das
disponibilidades de carne para consumo tiveram origem na
produo nacional. Por tipo de carne, verifica-se que 85,3%
da carne de animais de capoeira disponvel, em 2012, teve
origem na produo nacional, assim como 57,6% da carne
de suno e 70,4% de outras carnes (incluindo carne de
ovino e caprino), enquanto que 47,7% da carne de bovino
disponvel foi importada.
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Disponibilidades de pescado para consumo diminuram 3,2 kg em cinco anos. Disponibilidades de
bacalhau e outros peixes salgados secos aumentaram 12,5% no mesmo perodo.
As disponibilidades dirias per capita de pescado diminuram
13,0% entre 2008 e 2012, o que equivale a uma perda de
8,7 g/hab nestes cinco anos (menos 3,2 kg de pescado
disponvel para consumo per capita em 5 anos). Para esta
tendncia contriburam os decrscimos verificados nas
disponibilidades absolutas do peixe para consumo (-13,3%
para o perodo 2008-2012) e de crustceos e moluscos
(-27,2% para o mesmo perodo).
O bacalhau e outros peixes salgados secos, que em anos anteriores tinham perdido importncia na estrutura das
disponibilidades para consumo de pescado, registaram um aumento de 12,5% entre 2008 e 2012, na quantidade diria
per capita disponvel para consumo, e consequentemente um aumento de 3,8 p.p. na estrutura das disponibilidades
para consumo. Em 2012, estes produtos alimentares foram responsveis por 17,0% das disponibilidades dirias totais
de pescado para consumo, substituindo parcialmente a perda de importncia do peixe (-0,2 p.p. na estrutura das
disponibilidades de pescado em 2012) e dos crustceos e moluscos (-3,7 p.p.). No obstante esta perda relativa de
importncia, as disponibilidades absolutas de peixe e crustceos e moluscos para consumo (64,1% e 18,9% em 2012,
respetivamente), continuaram a ser superiores s do bacalhau e peixes salgados secos.
Decrscimo de 4,0% nas disponibilidades de laticnios para consumo, em particular de leite e queijo.
Entre 2008 e 2012, as disponibilidades dirias per capita de
laticnios decresceram 4,0%.
O leite, produto lcteo que representou 66,9% destas
disponibilidades em 2012, apresentou um decrscimo de
6,1% entre 2008 e 2011, infletindo esta tendncia em 2012
com um aumento, ainda que tnue, das disponibilidades
para consumo (+0,7%). Esta evoluo positiva foi suportada
pelo acrscimo da produo nacional em 2012 (+0,9%)
decorrente de contratos especficos entre a produo e a
indstria de lacticnios que permitiram o escoamento do leite
nacional.
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Os iogurtes, o segundo produto lcteo com maiores quantidades disponveis para consumo em Portugal, foram
responsveis por 17,6% das disponibilidades dirias per capita destes produtos em 2012, reforando a sua posio na
estrutura das disponibilidades para consumo em 1,7 p.p. face a 2008. Apesar deste acrscimo, o comportamento das
disponibilidades dirias para consumo foi irregular ao longo do perodo em anlise e dependente das importaes, as
quais representaram em mdia, no mesmo perodo, cerca de 62,9% das quantidades disponveis de iogurtes para
consumo.
Reala-se ainda o decrscimo de 5,4% nas disponibilidades dirias de queijo para consumo per capita entre 2008 e
2012. O diferencial foi canalizado para exportao, a qual aumentou cerca de 82,9% no perodo em anlise,
equivalente a mais 5 mil toneladas de queijo e a cerca de 13,2% da produo nacional em 2012 (+ 6,0 p.p. face a
2008).
O leite em p foi o produto com maior variao negativa em termos de disponibilidades no perodo em anlise
(-25,5%), mas com uma reduzida expresso no total das disponibilidades dos lacticnios em 2012 (1,2%).
Disponibilidades de cereais aumentaram 2,1% ao longo do perodo em anlise, enquanto a batata
continuou a perder importncia nas disponibilidades totais do grupo dos cereais, razes e tubrculos.
As disponibilidades de cereais em Portugal esto fortemente dependentes da importao. No perodo em anlise, em
mdia, 75,5% das necessidades de cereais foram suportadas pela importao.
O perodo em anlise caracterizou-se por condies adversas a nvel climatrico, com invernos muito chuvosos que
prejudicaram sementeiras e comprometeram a produo nacional de cereais, particularmente em 2010 e 2011. A
produo nacional de cereais de outono/inverno atingiu um mnimo em 2010, ainda assim superior ao verificado
aquando da seca de 2005, mas sem impacto ao nvel das disponibilidades de cereais para consumo devido
importncia que as importaes tm no abastecimento de cereais a Portugal.
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Desta forma, as disponibilidades dirias per capita de cereais
para consumo aumentaram, de forma progressiva, 2,1% ao
longo do perodo em anlise.
A quantidade de trigo disponvel para consumo continuou a ser
a mais importante no total das disponibilidades de cereais para
consumo (71,6% em mdia para o perodo 2008-2012), e
tambm a mais estvel, registando um crescimento mdio
anual de 0,2% entre 2008 e 2012.
Destaca-se a evoluo positiva das quantidades disponveis para consumo de milho (+7,1%) e do arroz (+6,7%) entre
2008 e 2012, sendo estes cereais responsveis em 2012 por 8,2% e 15,2% do total disponvel de cereais para
consumo. No caso do arroz, a evoluo positiva das disponibilidades resultou num total de disponibilidades dirias per
capita de arroz branqueado de 49,3 g/hab/dia, equivalente a 18,0 kg/hab/ano.
Apesar do milho ser o cereal com maior volume de produo em Portugal (849 mil toneladas em 2012), s uma
pequena parte se destina a alimentao humana, j que o principal destino a alimentao animal.
Com tendncia contrria, as disponibilidades de razes e tubrculos para consumo decresceram 5,8% entre 2008 e
2012, reforando a tendncia das ltimas dcadas. A batata representa a quase a totalidade destes produtos, cerca de
98,9% em 2012. Portugal tambm muito dependente das importaes de batata, as quais garantiram 62,1%, em
mdia, das disponibilidades de batata no perodo em anlise.
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Disponibilidades de frutos para consumo decresceram 10,6%, entre 2009 e 2012. Ma continuou a ser o
principal fruto nas disponibilidades deste grupo alimentar, mas perdeu importncia no perodo em
anlise.
Em 2009 registou-se, face a 2008, um aumento de 1,3% das
disponibilidades dirias per capita de frutos, frescos e de
casca rija, devido a um bom ano de produo nacional. A
partir deste ano e at 2012, o decrscimo verificado foi de
10,6%.
Esta situao justifica-se pelo decrscimo das importaes
de frutos entre 2009 e 2012 (-10,1%) e pelo aumento das
exportaes entre 2008 e 2012 (+38,4%), sendo que, em
mdia e no perodo 2008-2012, cerca de 66,9% das
necessidades nacionais de frutos foram asseguradas pela
produo nacional.
A ma continuou a ser o fruto com maiores quantidades disponveis para consumo, cerca de 26,4% da quantidade
total de frutos disponveis em 2012, apesar de ter perdido alguma importncia (-2,0 p.p.) na estrutura das
disponibilidades dos frutos no perodo em anlise.
A laranja, com 17,7% do total das quantidades disponveis de frutos para consumo em 2012, reforou a sua
importncia na estrutura das disponibilidades de frutos em 3,4 p.p., assim como a pera com mais 1,1 p.p., face a 2008,
como consequncia do aumento das disponibilidades dirias destes frutos em, respetivamente, 12,9% e 1,4% no
perodo em anlise.
Em relao aos frutos secos, as disponibilidades dirias per capita para consumo diminuram cerca de 23,4% entre
2008 e 2012, representando estes frutos apenas 3,9% do total das quantidades de frutos disponveis para consumo em
2012.
Aumento das disponibilidades de hortcolas para consumo no perodo em anlise
As disponibilidades dirias per capita de hortcolas
apresentaram uma tendncia de crescimento entre 2008 e
2012 de 5,8%.
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No perodo 2008-2012, 63,4% dos leos e gorduras foram provenientes de outros leos vegetais e
outras gorduras de origem animal, como por exemplo a banha e o toucinho.
As disponibilidades de azeite aumentaram 4,1% em 2012, face a 2008, enquanto as disponibilidades de outras
gorduras de origem animal (incluindo banha e toucinho) e as margarinas apresentaram os maiores decrscimos no
perodo em anlise.
As quantidades disponveis de leos e gorduras para
consumo aumentaram entre 2008 e 2010 cerca de 1,3%,
perodo aps o qual decresceram 3,7%.
Os outros leos vegetais foram o produto com maiores
quantidades disponveis para consumo, 36,0% do total de
leos e gorduras em 2012, seguidos de outras gorduras de
origem animal (27,4%), azeite (19,5%), margarina (13,0%)
e, por ltimo, manteiga (4,2%).
As outras gorduras animais (incluindo banha e toucinho) foram as que apresentaram o maior decrscimo (-7,1%) nas
disponibilidades dirias per capita, no perodo em anlise, decorrente da menor produo suna.
At 2010 e face a 2008, o azeite e os outros leos vegetais aumentaram as quantidades disponveis para consumo em
7,1% e 0,5%, respetivamente. A partir de 2010, registaram decrscimos de 2,8% e 1,8%, respetivamente. No entanto,
o azeite ficou acima dos nveis de disponibilidades de 2008, enquanto os outros vegetais desceram abaixo desses
nveis.
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A margarina reforou a tendncia de decrscimo das disponibilidades para consumo dos ltimos anos, com uma
reduo de 5,5% ao longo do perodo em anlise. No caso da manteiga, o produto com menor expresso na estrutura
das disponibilidades para consumo deste grupo, as disponibilidades no se alteraram.
O azeite aumentou o seu peso na estrutura das disponibilidades para consumo dos leos e gorduras em 1,2 p.p., entre
2008 e 2012, em consequncia do aumento da produo de azeite nacional (+48,6% entre 2008 e 2011).
Disponibilidades de produtos estimulantes aumentaram no perodo 2008-2012 (+4,0%), acrscimo
suportado pelo aumento das disponibilidades de caf para consumo.
Verificou-se, entre 2008 e 2012, um aumento de 4,0% das quantidades disponveis para consumo de caf e seus
sucedneos e de cacau e chocolate. Para este aumento contriburam essencialmente o caf e seus sucedneos, com
um acrscimo de 8,0% no mesmo perodo, dado que as quantidades absolutas de cacau e chocolate estabilizaram.
O caf representou, entre 2009 e 2012, em mdia cerca de
50,6% das quantidades disponveis para consumo dos
produtos estimulantes.
Disponibilidades anuais de vinho e cerveja para consumo decresceram entre 2008 e 2012,
respetivamente, 7,6 l e 8,3 l.
Em 2012, as quantidades dirias disponveis per capita de
bebidas alcolicas para consumo foram 261,4 ml/hab/dia,
revelando um decrscimo progressivo de 13,2%, face a
2008. A cerveja continuou a ser a bebida alcolica com maior
quantidade disponvel para consumo, 53,4% das quantidades
totais disponveis para consumo destas bebidas em 2012
(139,5 ml/hab/dia), seguida pelo vinho com 42,0% (109,9
ml/hab/dia).
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Todas as bebidas alcolicas registaram um decrscimo nas quantidades disponveis para consumo sendo o decrscimo
apresentado pela cerveja o mais expressivo (-14,0%). Esta evoluo foi equivalente a uma reduo de 22,7 ml na
disponibilidade per capita diria entre 2008 e 2012 (menos 8,3 l de cerveja por habitante de disponibilidade anual per
capita, nestes cinco anos).
O vinho, aumentou 5,1% em 2009, face a 2008, das quantidades disponveis para consumo dirio per capita, mas
apresentou um decrscimo acentuado de 15,9% no perodo subsequente, equivalente a menos 20,8 ml por habitante
na disponibilidade diria per capita, entre 2009 e 2012 (menos 7,6 l de vinho por habitante de disponibilidade anual per
capita, nestes cinco anos).
Destaca-se ainda a evoluo negativa acentuada das quantidades disponveis para consumo de todas as bebidas
alcolicas de 2010 a 2012 (-14,0%). O aumento do IVA nas bebidas poder ter contribudo para este decrscimo.
Por outro lado, o setor das bebidas alcolicas reforou a importncia no mercado externo, sendo que, entre 2010 e
2012, as exportaes nacionais destas bebidas aumentaram 30,0%, face a um decrscimo de 22,4% das importaes
destes produtos no mesmo perodo. As exportaes de cerveja e de vinho aumentaram respetivamente 34,7% e 26,2%
neste perodo, sendo responsveis por 48,5% e 50,7% respetivamente do total de bebidas alcolicas exportadas em
2012.
Disponibilidades de bebidas no alcolicas decresceram 8,1%, entre 2010 e 2012, sobretudo ao nvel dos
refrigerantes.
Relativamente s bebidas no alcolicas (sumos,
refrigerantes e guas engarrafadas), a evoluo das
quantidades dirias disponveis para consumo per capita
seguiu dois perodos distintos. At 2010, verificou-se um
aumento destas disponibilidades em 14,7%, aumento esse
generalizado a todas as bebidas no alcolicas (+13,3%,
guas; +18,6%, refrigerantes; +3,4%, sumos). De 2010 a
2012, as quantidades disponveis para consumo destas
bebidas decresceram 8,1%. Este decrscimo foi maior no
caso dos refrigerantes (-12,5%), seguidos pelos sumos
(-6,0%) e por ltimo pelas guas engarrafadas (-5,0%). Esta
evoluo poder justificar-se, semelhana das bebidas alcolicas, pela crise econmica e aumento do IVA.
Apesar da evoluo negativa das disponibilidades para consumo das bebidas no alcolicas, a estrutura das
disponibilidades de consumo manteve-se inalterada, sendo a gua engarrafada a bebida disponvel em maior
quantidade em 2012, com 56,1% do total das disponibilidades (109,7 l/hab/ano), seguida pelos refrigerantes com
38,0% (74,3 l/hab/ano) e pelos sumos com apenas 5,8% (11,4 l/hab/ano).
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5. DIETA MEDITERRNICA
Portugal est, desde dezembro de 2013, registado pela 2 vez (a primeira foi com o Fado) na lista de patrimnio da
UNESCO, com a Dieta Mediterrnica que foi distinguida como patrimnio imaterial da humanidade, partilhada com
Espanha, Marrocos, Itlia, Grcia, Chipre e Crocia. Considerou-se pertinente relacionar, na medida do possvel, as
disponibilidades alimentares com o perfil alimentar da dieta mediterrnica, o que justifica a incluso desta temtica
neste destaque.
No obstante a definio de dieta mediterrnea no ser consensual, em parte porque este padro alimentar bastante
heterogneo entre os pases do Mediterrneo e tambm dentro dos prprios pases, genericamente pode afirmar-se
que o termo mediterrnico na expresso Dieta mediterrnica refere-se normalmente a um espao que integra o mar
Mediterrneo e as terras vizinhas desta regio. A alimentao mediterrnica deve ser encarada nesta perspetiva onde a
cultura, a geografia, o clima, a flora e a fauna concorrem para a construo de um padro alimentar tpico. Apesar de
Portugal no ser banhado pelo Mediterrneo, partilha muitos destes traos e a alimentao tradicional tem as mesmas
caractersticas que passam pela gesto eficiente de um conjunto de alimentos e tcnicas culinrias.
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A definio de dieta mediterrnica teve por base os hbitos alimentares da Grcia e de Itlia dos anos 50 e 60 do
sculo XX, contudo este padro alimentar estende-se a um vasto territrio da orla mediterrnica, que inclui pases da
Europa Meridional, em que Portugal se integra, da sia Ocidental e do Norte de frica.
Mais que um padro alimentar saudvel, a dieta mediterrnica traduz um estilo de vida, recorrendo simplicidade e
variedade dos alimentos que privilegiam os produtos frescos, locais e da poca. Azeite extra-virgem, vinho tinto com
moderao e peixe so os produtos de eleio, a que se juntam os gros de cereais, vegetais frescos, frutos secos e
laticnios magros. Refeies partilhadas, celebraes e tradies e exerccio fsico moderado, favorecido pelo clima
ameno, completam um modelo de vida saudvel.
Reconhece-se que este padro alimentar, em conjunto com a prtica de exerccio fsico regular, traz benefcios sade,
quer por ser equilibrado e diversificado, quer por garantir um aporte de macronutrientes adequado. Alm disso, fornece
gorduras com elevado teor de cidos gordos insaturados, hidratos de carbono complexos, fibra e substncias
antioxidantes, combinao que tem benefcios ao nvel da preveno de doenas cardiovasculares, entre outras.
Com a alterao dos hbitos alimentares dos tempos atuais, importante verificar at que ponto o padro alimentar
das disponibilidades alimentares para consumo apresentam uma adeso elevada ou no a esta dieta.
No sendo ainda possvel quantificar as pores da Pirmide para se efetuar uma anlise comparativa com a Roda dos
Alimentos, a Associao Portuguesa dos Nutricionistas recomendou, em alternativa, a anlise do Mediterranean
Adequacy Index (MAI) (ndice de Adeso Dieta Mediterrnica) que mede o grau de adeso ao padro alimentar
mediterrnico e que foi proposto pela primeira vez por Fidanza et al3. Este ndice resulta do quociente entre a
percentagem de energia proveniente de grupos de alimentos tipicamente mediterrnicos pela percentagem de energia
fornecida por grupos de alimentos designados como no mediterrnicos. Um ndice superior a 1 revela uma
predominncia de calorias provenientes de produtos ditos mediterrnicos. Assim, quanto maior for o ndice, mais o
padro das disponibilidades alimentares se aproxima do ideal do padro alimentar mediterrnico.
Em Portugal, este ndice apresentou uma tendncia de
decrscimo entre 1992 e 2006, com uma variao de -13,1%,
evidenciando um afastamento das disponibilidades
alimentares para consumo em relao ao padro da Dieta
Mediterrnica. Para esta evoluo contribuiu o decrscimo em
2,7% das calorias provenientes dos produtos da Dieta
Mediterrnica, essencialmente Batata, e o aumento de 9,5%
das calorias provenientes de produtos que no fazem parte
desta dieta, em particular da carne, gorduras animais e
alimentos ricos em acar.
3 - Alberti A., Fruttini D., Fidanza F. (2009) - The Mediterranean Adequacy Index: Further confirming results of validity. Nutrition, Metabolism & Cardiovascular Diseases (2009) 19, 61-66.
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S a partir de 2006 se verificou uma inverso de tendncia, que se traduziu nalguma recuperao, atingindo o valor de
1,10 em 2012, mas ainda longe dos valores alcanados no incio da dcada de 90. Esta inflexo foi promovida pelo
aumento de 2,5% das calorias provenientes dos produtos tpicos da Dieta Mediterrnica, principalmente dos cereais,
hortcolas e azeite, e pelo decrscimo em 2,3% das calorias provenientes dos restantes produtos, nomeadamente dos
laticnios, das carnes, das gorduras animais e das bebidas alcolicas (excluindo vinho).
Comparando os ndices de adeso dieta mediterrnica dos
diferentes territrios da Europa, entre 1990 e 2009 (ltimo
ano disponvel na Organizao das Naes Unidas para a
Alimentao e a Agricultura - FAO), verifica-se, como seria
expectvel, que os valores mais elevados do ndice se
encontram na Europa do Sul, ou seja, entre os pases da orla
mediterrnica. Ainda assim, o ndice da Europa do Sul
apresentou um decrscimo de 9,6% entre 1990 e 2005,
refletindo um perda em termos da adeso destes pases ao
padro da dieta mediterrnica. Entre 2005 e 2009, apesar de
pouco expressivo, o ndice apresentou uma variao positiva
(+3,6%).
Na Europa do Leste, entre 1990 e 1997, o ndice de adeso neste territrio aumentou 23,8%, decrescendo
posteriormente, at 2008 (-13,8%), o que determina um afastamento do padro da dieta mediterrnica e que poder
estar em parte relacionado com o impacto da democratizao que atingiu vrios pases do Leste Europeu e que levou a
uma maior ocidentalizao dos costumes, nomeadamente dos hbitos alimentares.
Os valores mais baixos do ndice de adeso verificaram-se na Europa do Norte e Ocidental, mas, no perodo em anlise,
o ndice da Europa do Norte aumentou 21,1%, enquanto o da Europa Ocidental se manteve estvel entre 1990 e 1997
e com um acrscimo de 13,4% entre 1997 e 2006. De referir que ambos os territrios apresentam ndices inferiores a
1, entre 1990 e 2009, o que significa que os produtos que no so tpicos do padro alimentar mediterrnico
predominam sobre os que fazem parte desta dieta.
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Considerando os Estados Membros da Unio Europeia, observa-se que os pases com o maior ndice de adeso dieta
mediterrnica em 1990 eram a Grcia, Litunia, Itlia, Estnia, Espanha, Romnia e, em stimo lugar, Portugal.
Em 1990, a Grcia surgia com o maior ndice de adeso, em contraponto, os Pases Baixos eram o pas com o menor
ndice, correspondente a um valor inferior a 0,5, posies relativas que mantiveram em 2009.
Em termos de evoluo, verificou-se uma tendncia para que, em termos mdios, os pases com maior ndice em 1990,
(acima de 1) tivessem apresentado em 2009 valores inferiores a 1990. Por sua vez, os pases com ndices de adeso
mais baixos em 1990, apresentaram acrscimos nos seus ndices de adeso dieta mediterrnica.
As maiores descidas em termos da posio relativa, no conjunto dos pases europeus, verificaram-se no Chipre
(4 posies), Litunia (7 posies), Alemanha e Letnia (8 posies). Por sua vez, as maiores subidas ocorreram na
Irlanda (8 posies), Luxemburgo (7 posies), Polnia e Malta (6 posies). Os pases que apresentavam em 1990
ndices de adeso dieta mediterrnica mais elevados, com exceo da Litunia, mantiveram posies relativas nas 6
primeiras posies, nomeadamente a Grcia, a Itlia, Romnia, Espanha, Eslovnia e Portugal.
O INE expressa os seus agradecimentos ao Instituto Nacional de Sade Dr. Ricardo Jorge e Associao Portuguesa
dos Nutricionistas pela colaborao prestada neste projeto estatstico.
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Notas explicativas
BALANA ALIMENTAR PORTUGUESA (BAP)
Projeto de divulgao quinquenal que tem como perodo de observao o ano civil e que, em termos de campo
de observao, integra todos os produtos da agricultura, pescas e indstria alimentar, cuja principal aptido
seja a alimentao humana, sistematizados na classificao para efeitos de balana alimentar portuguesa.
O clculo das disponibilidades alimentares de cada um dos grupos de produtos alimentares e bebidas
estabelece-se com base em equilbrios entre recursos e empregos a nvel to desagregado quanto possvel,
sendo traduzidos em termos de parte edvel e posteriormente em macronutrientes (protenas, gorduras,
hidratos de carbono, lcool) e calorias, considerando para o efeito a Tabela de Composio dos Alimentos,
elaborada em conjunto com o Instituto Nacional de Sade Dr. Ricardo Jorge para efeitos da Balana Alimentar
Portuguesa 1980-1992 e atualizada nas edies posteriores da Balana.
Os dados relativos a disponibilidades alimentares da BAP incluem as quantidades disponveis de produtos
alimentares e bebidas para consumo dos residentes em Portugal, quer seja a nvel dos alojamentos familiares
quer fora dos alojamentos (restaurao, cantinas, hospitais, prises, etc.).
Disponibilidades alimentares = Produo + Importao - Exportao - Sementeira/Ovos para Incubao - Alimentao
animal - Utilizao Industrial - Transformao industrial - Perdas - Variao de existncias.
Aporte calrico das disponibilidades alimentares - contedo energtico, expresso em calorias, das disponibilidades
alimentares (inclui produtos alimentares e bebidas).
Os dados da BAP relativos a 2008 foram revistos face edio anterior (2003-2008), por se tratar de informao
provisria.
INQURITO S DESPESAS DAS FAMLIAS (IDEF)
O IDEF um inqurito realizado por entrevista direta presencial junto de uma amostra aleatria representativa
de cerca de 16 800 alojamentos localizados em todo o Pas, prevendo-se atualmente a sua realizao de cinco
em cinco anos. So recolhidos dados sobre a caracterizao dos alojamentos e os bens de conforto e
equipamentos neles existentes, sobre o tipo e o valor das receitas monetrias dos membros dos agregados
familiares, sobre as despesas dirias efetuadas pelos agregados na respetiva quinzena de inquirio e, de uma
forma retrospetiva, sobre as despesas do agregado cuja probabilidade de realizao superior quinzena. Os
dados sobre despesas incluem quantidades, valores, bem como o tipo de estabelecimento e pas onde foi
realizada a aquisio. A classificao e codificao das despesas de consumo utilizam a Classificao
Internacional do Consumo Individual por Objetivos (COICOP-HBS).
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Os dados recolhidos permitem uma aproximao dieta alimentar dos residentes em Portugal atravs do
estudo das quantidades de bens alimentares adquiridas.
1. Para a comparao entre as disponibilidades alimentares em Portugal calculadas a partir da BAP e as
quantidades brutas consumidas pelos residentes em Portugal obtidas a partir do IDEF, procedeu-se ao
tratamento dos dados do IDEF para converso dos produtos transformados em produtos primrios
correspondentes, semelhana do que feito na BAP (ex.: converso de po em cereal gro). A estimativa
dessas quantidades em parte edvel e em macronutrientes foi efetuada aplicando a metodologia da BAP.
2. Para o clculo da correlao entre as quantidades disponveis alimentares e das bebidas para consumo da
BAP e as quantidades estimadas de consumo alimentar e de bebidas tendo por base os dados do IDEF,
utilizou-se o coeficiente de correlao Spearman, ou rank correlation, calculado pela seguinte expresso:
Onde di a diferena entre os nmeros de ordem das observaes xi e yi, isto , di=n de ordem de xi - n de
ordem de yi. O coeficiente de correlao rs adimensional e situa-se no intervalo -1 r 1.
Para o efeito, consideraram-se as disponibilidades dirias e consumos dirios (g/hab/dia) para 16 grupos de
alimentos (cereais, razes e tubrculos, frutos frescos, frutos secos, leguminosas secas, hortcolas, carne,
pescado, ovos, laticnios, leos e gorduras, acar, bebidas alcolicas, refrigerantes, sumos de fruta, guas) e
para os macronutrientes protenas, hidratos de carbono e gorduras.
No obstante os coeficientes de correlao entre a BAP (disponibilidades alimentares) e o Inqurito s
Despesas das Famlias - IDEF que pretende caracterizar o padro do consumo alimentar, apresentarem nos
perodos de referncia comuns (2005 e 2010) correlaes consistentemente positivas, elevadas e
estatisticamente significativas (o clculo atravs do coeficiente de correlao de Spierman apresentou uma
correlao de 0,8809 em 2005 e 0,8824 em 2010), as diferenas de mbito e ao nvel das definies
recomendam que a anlise entre as duas fontes no seja diretamente comparvel, mas utilizadas
complementarmente.
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NDICE DE ADESO DIETA MEDITERRNICA
Este ndice corresponde proporo entre as calorias fornecidas (kcal/hab/dia) pelo total dos produtos que
fazem parte da Dieta Mediterrnica e as calorias fornecidas pelos produtos que so menos frequentes nesta
dieta.
O ndice calculado teve por base o ndice Mediterranean Adequacy Index4, considerando os seguintes
produtos:
Produtos tpicos de uma dieta mediterrnica - cereais, batata, hortcolas, frutos, pescado, azeite e vinho.
Produtos que no fazem parte de uma dieta mediterrnica, ou presentes em quantidades menores - carne,
ovos, laticnios, leos vegetais (excluindo o azeite), produtos ricos em acar, produtos estimulantes, bebidas
alcolicas (exceto vinho) e gorduras animais.
4 - Alberti A., Fruttini D., Fidanza F. - The Mediterranean Adequacy Index: Further confirming results of validity. Nutrition, Metabolism &
Cardiovascular Diseases (2009) 19, 61-66.