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1 INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA SIMONY APARECIDA SALUSTIANA DE SOUSA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO DAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATISOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATIMESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

SIMONY APARECIDA SALUSTIANA DE SOUSA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO

TRABALHO NO CONTEXTO DAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

TERESINA – PI2016

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SIMONY APARECIDA SALUSTIANA DE SOUSA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO

TRABALHO NO CONTEXTO DAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientador: Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira

TERESINA – PI2016

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A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO

TRABALHO NO CONTEXTO DAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientador: Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira

Aprovada em 25 de Junho de 2016

BANCA EXAMINADORA

Prof.º Dr. Edilson Gomes de OliveiraInstituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Presidente (Orientador)

Prof.º Dr. Douglas FerrariInstituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Examinador

Prof.º Dr. Marttem Costa de SantanaMembro Externo - Universidade Federal do Piauí – UFPI

Examinador

Prof.ª M.a Vicença Maria Azevedo de Carvalho GomesInstituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI

Examinadora

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RESUMO

A segurança é um tema que vem sendo muito discutido na área da saúde, principalmente no universo das unidades de terapia intensiva e com suas equipes interdisciplinares, pois há uma preocupação com a qualidade da assistência prestada pelos profissionais que as compõem. Nas unidades de terapia intensiva os profissionais são cercados de riscos ocupacionais, além da jornada de trabalho ser exaustiva e sobrecarregada. Notou-se com o estudo a falta de uma compreensão acerca da segurança do trabalho nas atividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde que compõem as equipes interdisciplinares nas unidades de terapia intensiva; e que essa compreensão deve ser iniciada pela formação profissional na perspectiva da reflexão; que as ações do profissional de saúde devem partir da subjetividade, centrada na reflexão de si mesmo; na reflexão dialética e na reflexão em situações práticas, por entender que as ações baseadas na reflexividade podem contribuir para a redução dos acidentes de trabalho, bem como para o desempenho seguro das atividades laborais dos profissionais de saúde que compõem as equipes interdisciplinares nas unidades de terapia intensiva.

Palavras-chave: Profissionais de saúde, unidades de terapia intensiva, formação profissional, equipes interdisciplinares, segurança do trabalho.

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ABSTRACT

Security is a topic that has been much discussed in health, especially in the world of intensive

care units and their interdisciplinary teams, because there is a concern about the quality of

care provided by professionals who make up. In the intensive care unit professionals are

surrounded occupational hazards, beyond the working hours to be exhaustive and overloaded.

It was noted in the study a lack of understanding of work safety in the activities developed by

health professionals that make up the interdisciplinary teams in intensive care units; and that

this understanding should be initiated for vocational training from the perspective of

reflection; the health professional actions are from the subjectivity, focused on the reflection

of himself; in dialectic reflection and reflection in practical situations, to understand that

actions based on reflexivity can contribute to the reduction of occupational accidents, as well

as for the safe performance of work activities of health professionals that make up the

interdisciplinary teams in intensive care units.

Key words: Health professionals, intensive care units, professional qualification,

interdisciplinary teams, workplace safety.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................7

2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................09

3. METODOLOGIA...............................................................................................................21

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................23

REFERÊNCIAS......................................................................................................................25

7

1 INTRODUÇÃO

O homem como ser social está sempre em processo de mudança; nesse sentido, o

trabalho sempre o dignifica como ser sócio-histórico. Segundo Cotrim (2006) é por

intermédio do trabalho que o ser humano acrescenta um mundo novo a sua história por meio

da cultura, pois o trabalho é uma atividade tipicamente humana; daí na visão do autor trabalho

ser um elemento essencial da relação dialética: homem e natureza; saber e fazer; teoria e

prática.

Rehem (2009) enfatiza a importância do trabalho relacionando-o as profissões e

afirma que este é a atividade central do homem; a autora parte das premissas de que o trabalho

é uma das bases fundadoras da economia de qualquer sociedade; estrutura categorias sócio-

profisisonais por meio de práticas coletivas e é objeto de ação e de intervenção.

No campo da formação profissional Rehem (2009) assevera que no cenário do

trabalho na contemporaneidade há uma exigência a novas capacidades dos trabalhadores;

requer uma formação centrada no fazer aprender a trabalhar, pois nesse contexto existem

novas funções a cumprir, portanto novos desafios a enfrentar. Para a autora a formação

profissional centrada apenas no ensino de técnicas, na transmissão de conhecimentos, na

fragmentação disciplinar, etc. não dá conta de formar o novo profissional demandado.

De acordo com Pereira (2006) a formação dos profissionais em saúde surge em

meio a projetos contraditórios, interessados, conflitantes em luta por uma visão de mundo; a

formação é uma qualidade inerente ao profissional, portanto, um processo educativo. Para a

autora, o profissional de saúde é oriundo de um processo educativo; parte de uma formação

humana, numa relação com a cultura; assim sendo, nesse cenário contemporâneo regido pelo

capital, a autora preconiza que é necessário se incorporar o conhecimento cientifico ao

trabalho produtivo, convertendo-o em potência material.

Nesse contexto, o trabalho implica na existência de um projeto mental que modela

uma conduta a ser desenvolvida para se alcançar um objetivo (COTRIM, 2006, p.25); é

necessário observar as circunstâncias e condições para o alcance desse objetivo, pois, no

processo de trabalho rígido, há um controle exacerbado da supervisão sobre os trabalhadores

que são obrigados a desenvolver um processo de trabalho fragmentado, com tarefas

repetitivas (PEREIRA, 2006, p.19); o que requer normas reguladoras que deem segurança nas

atividades laborais em saúde.

No tocante a Segurança do Trabalho Ganczak (2011) menciona que esta categoria

trata de alguns aspectos do ambiente laboral, tais como: aspectos organizacionais, gerenciais e

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de estrutura física, os quais são fatores que interferem na proteção do profissional,

influenciando a (des) proteção.

A motivação para o desenvolvimento da presente pesquisa deu-se pela existência

de inúmeros desafios e dificuldades encontradas no desenvolvimento das atividades do

profissional de saúde nas Unidades de Terapia Intensiva; a grande importância dessa pesquisa,

como contribuição teórica, justifica-se pela intenção de mostrar para a sociedade acadêmica

profissional, a necessidade da compreensão das ações dentro das Unidades de Terapia

Intensiva; que estas perpassam a formação acadêmica; que as ações desenvolvidas por sua

equipe são resultados de um conjunto denominado cultura organizacional; e que esta cultura é

imprescindível para que se possa ter uma prática segura no dia-a-dia da equipe de

profissionais de saúde que compõe as Unidades de Terapia Intensiva.

De acordo com o exposto o presente artigo procura investigar a relação entre as

ações do profissional de saúde e os princípios de segurança do trabalho, tendo como questão

norteadora: Qual a importância dos princípios de Segurança do Trabalho na formação do

profissional de saúde no universo das Unidades de Terapia Intensiva?

Para tanto, parte-se das hipóteses de que a formação do profissional em saúde

deve contemplar elementos que compõem a competência para desenvolvimento de ações

laborais em saúde; que os princípios de formação em saúde norteiam as competências a serem

desenvolvidas por seus profissionais; que as normas de Segurança do Trabalho proporcionam

maior segurança nas ações laborais no universo das Unidades de Terapia Intensiva. Assim

sendo, faz-se necessário o desenvolvimento de estudo que confirme ou refute tais hipóteses no

sentido de compreender a importância dos princípios de Segurança do Trabalho no universo

das Unidades de Terapia Intensiva.

O presente trabalho tem como objetivo geral compreender a relação entre as ações

do profissional de saúde e os princípios de segurança do trabalho no universo das Unidades de

Terapia Intensiva. Para tal intento tratou-se os objetivos específicos, tais como: identificar os

elementos que compõem a formação do profissional em saúde como ferramenta de

competência para ações laborais nas Unidades de Terapia Intensiva; definir competências a

serem desenvolvidas no contexto das Unidades de Terapia Intensiva pela equipe

interdisciplinar; especificar normas que integram as ações nas Unidades de Terapia Intensiva

como elementos de Segurança do Trabalho.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

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No atual contexto do trabalho é grande a necessidade de se aliar a formação a

atividade laboral em todos os níveis do universo organizacional, pois é dentro das

organizações que o profissional estabelece uma relação entre o que aprendeu na sua formação

e a realidade dada.

Segundo Brasileiro (2011) a responsabilidade por desenvolver técnicas que

exigem mais conhecimentos e habilidades impulsionou os profissionais em saúde a buscar

explicações mais precisas na ciência.

Nessa realidade, todavia, existe a necessidade de se estar sempre atualizado;

significa que haverá sempre uma relação entre o processo de formação acadêmica e a prática

no dia-a-dia; em particular, destaca-se no âmbito desta pesquisa a competência do profissional

em saúde. Nesse ínterim, um bom desempenho significa uma atualização contínua ao longo

da vida profissional já que a formação inicial não confere ao indivíduo saberes suficientes

necessários para sua vida e sua atividade laboral.

Lourenço & Mendes (2008) afirmam que essa formação contínua em saúde já

possui uma longa tradição, sendo mesmo o protagonismo de suas profissões.

Para o autor essa formação limitava-se a meros momentos pontuais,

desarticulados, pouco planeados, dirigido às funções e não às pessoas; o que não conferia aos

profissionais de saúde competências suficientes para desenvolverem suas atividades em

determinadas áreas, nem tampouco com princípios de segurança.

Para Lourenço & Mendes (2008) as pessoas formavam-se apenas na dicotomia

teoria-prática, transmitindo-se apenas as informações necessárias para aplicação na prática; o

que resultava na necessidade de uma formação que fosse voltada para o dia-a-dia; não havia o

espírito reflexivo sobre a prática.

Nesse sentido, é notória a falta de conhecimento sobre a prática reflexiva no

contexto da formação em saúde, visto que esta é inerente à formação em educação. Contudo,

é por meio da reflexão que o profissional avalia sua prática e constrói sua autoavaliação, pois

a reflexividade consiste numa reflexão de si mesmo; podendo ser aplicada ainda em situações

dialéticas ou até mesmo diante de situações práticas da vida; daí o autor afirmar que apenas a

dicotomia teoria-prática não oferecia condições suficientes para a formação do profissional de

saúde, diante das suas atividades laborais, isto é, não definiria com exatidão o trabalhador em

saúde; fato que se deu apenas com a instituição do Sistema Único de Saúde.

Para Costa (2009) os trabalhadores em saúde foram enormemente contemplados

com a implantação do Sistema Único de Saúde, pois trouxe modificações nas práticas laborais

de seus profissionais em todas as áreas.

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O autor ainda reconhece o importante papel dos profissionais de saúde, como

também sua contribuição na construção das políticas deste sistema.

O espírito reflexivo sobre a prática aludido por Lourenço & Mendes (2008) é

corroborado por Costa (2009) quando este menciona que a competência nesse novo

paradigma proporciona novas atribuições dentro do sistema organizacional.

De acordo com o autor o profissional de saúde é um dos grandes alicerces para a

implementação das políticas em saúde, mas necessita de uma formação de qualidade em

sintonia com as Diretrizes Curriculares Nacionais e a demanda do mercado.

A formação do profissional em saúde nesse paradigma submete-se a

transformações oriundas de vários fatores: as novas formas de organização dos serviços; as

mudanças ocorridas no sistema de saúde; as descobertas científicas; o desenvolvimento de

tecnologias cada vez mais complexas e o envelhecimento da população.

Estes fatores, porém, trazem também consequências para o dia-a-dia como a

instabilidade dos ambientes de trabalho e o rápido crescimento do volume de informação

científica; que passou a requerer que os profissionais que atuam em saúde tenham maiores

subsídios teóricos e práticos para alcançarem os seus objetivos.

Para Carvalho (2011) a formação deve incluir proximidade com as questões reais

da prática profissional e instrumentalizar para o desenvolvimento de intervenções que possam

mudar a realidade.

Para o autor o desafio é o profissional em saúde estar envolvido com a

complexidade da abrangência de sua atuação desenvolvida por meio do trabalho, da

integralidade e da atenção às necessidades de saúde do indivíduo, da família e da comunidade.

Na perspectiva do trabalho, na área da saúde, Wachowicz (2012) salienta que as

conquistas obtidas com as leis trabalhistas foram de extrema importância para o bem-estar e

para a saúde dos trabalhadores. Estas conquistas encontram culminância no novo panorama

evidenciado na Saúde.

É histórica a grande expansão das práticas em saúde; fato que se configura com as

mais variadas aplicações das suas especialidades.

Silva (2012) afirma que para que as atividades dos profissionais em saúde fossem

reconhecidas como especialidade houve uma grande trajetória na segurança e saúde do

trabalhador. A autora destaca que o marco dessa trajetória se configura nas legislações, nas

políticas que foram validadas, publicadas e revogadas a cerca da especialidade, no sentido de

prevenir afastamentos e acidentes de trabalho, como também aludir acerca das atribuições do

profissional de saúde na compreensão dos princípios norteadores da segurança do trabalhador.

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Segundo Castro (2014) o profissional em saúde cuja especialidade é as atividades

provenientes do labor, é um profissional com formação completa que, para além do ensino e

formação geral, teve um período adicional de estudo formal em saúde no trabalho, levando a

uma qualificação especializada e reconhecida, mais frequentemente ao nível de um grau

universitário.

Assim sendo, tal formação subsidia as práticas de segurança no âmbito das

atividades em saúde.

Para o autor a realidade da segurança no trabalho, a falta de acessibilidade aos

equipamentos de proteção individual compromete a adesão aos equipamentos de segurança e

acarretam maior susceptibilidade aos riscos ocupacionais. Logo, a Segurança do Trabalho está

intrinsecamente ligada a uma tomada de decisão; isto é, uma ação a partir de uma

subjetividade.

Silva et al (2012), citado por Wachowicz (2012) diz que Segurança do Trabalho

pode ser entendida como o conjunto de medidas que são adotadas visando os acidentes de

trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e capacidade laboral.

Percebe-se, nesse sentido, que a Segurança do Trabalho é uma tomada de decisão;

uma ação refletida na prática; o que remete às palavras de Lourenço & Mendes (2008) sobre o

espírito reflexivo. O que decide não é, em primeiro lugar, aquilo que o homem possui ou não

possui, mas sim o modo como ele sabe possuir ou não possuir, nas palavras de Brasileiro

(2011).

Cardella (Apud, WACHOWICZ, 2012) assegura que segurança é um estado de

baixa probabilidade de ocorrência de eventos que provocam danos e perdas às pessoas, ao

patrimônio e ao meio ambiente.

O autor em sua concepção apresenta a segurança, não somente numa perspectiva

técnica, mas também cerceada a uma razão instrumental; aqui representada pelo princípio da

probabilidade, isto é, a probabilidade da ocorrência de eventos que provoque danos está ligada

diretamente a uma “coisa” – a decisão; esta por sua vez oriunda de uma prática reflexiva.

Assim sendo, o que é decisivo não é a maior ou menor quantidade objetiva das coisas

possuídas, mas a qualidade subjetiva do possuidor (BRASILEIRO, 2011, pág. 4).

Deve-se salientar que a Segurança do Trabalho, na área da Saúde, se denomina

também Segurança Ocupacional. Peixoto (2011) considera que a Segurança Ocupacional está

totalmente integrada aos processos e métodos de trabalho, na busca da competitividade,

qualidade e melhoria das condições de vida dos trabalhadores, por atuar, não apenas, na

adequação de métodos e processos, mas na criação de uma cultura prevencionista.

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De acordo com o exposto, as ações do profissional em saúde na sua atividade

laboral estão intrinsecamente ligadas a uma decisão que, por sua vez, parte de uma reflexão na

prática; partindo do princípio de que a sua prática deve buscar incessantemente o

desenvolvimento de medidas que possam proporcionar o bem-estar do indivíduo; ou mesmo a

salvação da própria vida.

A Unidade de Terapia Intensiva é o espaço onde as ações do profissional em

saúde precisam estar alinhadas e perfeitamente sustentadas nos princípios de segurança, pois o

cuidado ao paciente crítico requer muito preparo.

2.1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE

A formação profissional em saúde surge inserida num movimento de micro e

macrocontexto; apresenta muitas implicações oriundas de uma dinâmica societária; que traz

segundo Bagnato (Apud BARBOSA, 2012) implicações que exigem que os profissionais

saiam de atitudes imobilistas, condenando os discursos e as práticas excludentes.

Para a autora é necessário que se busque saídas num enfrentamento cujos

elementos são a técnica, a humana e a dimensão político-social; além de levar em conta todos

os processos culturais.

Nesse ínterim, Ceccim (2006) defende a necessidade de uma formação

profissional baseada no reconhecimento pelo trabalhador em saúde das especificidades

técnicas da sua profissão, além do reconhecimento das subjetividades que compõem as

equipes de trabalho e os usuários em serviço.

De acordo com as palavras do autor vê-se que existe uma necessidade do

desenvolvimento de uma visão reflexiva por parte dos profissionais de saúde em virtude deste

propor o reconhecimento das subjetividades latentes nas atividades laborais.

É fundamental para a produção o potencial de trabalho, que com o capitalismo

passa a representar a mais-valia, com um valor adicional ao próprio valor (PEREIRA, 2006,

Apud BARBOSA, 2012, p. 45).

Assim sendo, o potencial de trabalho na sociedade contemporânea na formação

profissional em saúde é caracterizada por uma visão de mundo, por meio de técnicas e

práticas que se sustentem a partir de valores subjetivos.

Para Ceccim (2006) é necessário que os profissionais de saúde tenham a

capacidade de desenvolver sua práxis por meio de princípios de integralidade e humanização;

o que requer reflexão crítica.

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Para o autor essas competências são adquiridas com criatividade e

comunicabilidade e repercutem no ato sobre os serviços e pessoas.

Contudo, à luz do contexto do século XXI, Rehem (2009) destaca a existência de

desafios na formação do profissional em saúde, tais como: desenvolvimento de uma pratica

que privilegie o pensamento sistêmico, isto é, o aprender a conhecer, o aprender a fazer; o a

prender a conviver e aprender; desenvolvimento de uma prática centrada na mediação das

relações de trabalho coletivo; desenvolvimento de uma formação integrando teoria e prática.

Nesse sentido as palavras da autora reforçam o que já foi dito anteriormente a

cerca da ação reflexiva, que pode ser desenvolvida nas situações práticas do profissional em

saúde, como também na pessoa do próprio profissional frente a situações dialéticas.

As ações dos profissionais requeridos pelo mercado de trabalho contemporâneo

exigem competências que utilizam, integram ou mobilizam os conhecimentos (REHEM,

2009, p. 60).

A autora se utiliza do valor do trabalho em saúde como pressuposto para as ações

do profissional diante do papel do capitalismo; isto é, o valor do trabalho como valor vital,

mas que deve ser desenvolvido com reflexão e segurança.

No âmbito desta pesquisa destacam-se no universo da saúde as Unidades de

Terapia Intensiva cuja atividade requer muita competência, por ser realizado em equipe, e

muita prática reflexiva a partir da formação de seus profissionais.

2.2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: Competências e Perfil

O conceito de Unidade de Terapia Intensiva partiu da necessidade de oferecer um

suporte de alta complexidade para pacientes graves, instáveis e/ou agudamente doentes que

dependeriam de uma assistência avançada para ter chance de sobreviver.

Segundo Grenvik e Pinsky (2009) esse conceito é atribuído à Florence

Nightingale, enfermeira britânica que participou da guerra da Criméia e idealizadora de uma

enfermaria com o conceito de atendimento continuo.

De acordo com Réa-Neto (2010) a unidade de terapia intensiva ou unidade de

cuidados intensivos ou ainda centro de terapia intensiva é uma estrutura hospitalar complexa

composta de sistema de monitoramento contínuo que admite pacientes potencialmente graves

ou com descompensação de um ou mais sistema orgânico.

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Para Nogueira Sousa, Padilha e Koike (2012) no ambiente da unidade de terapia

intensiva as visitas são limitadas; a área é reservada e o paciente fica em monitoração

constante e vigilância 24 horas.

De acordo com o exposto percebe-se a importância desta estrutura na assistência

avançada como promotora da saúde do homem.

Nogueira Sousa, Padilha e Koike (2012) mencionam ainda que essa unidade faz

parte do setor de alta complexidade hospitalar, integrado aos outros níveis de atenção à saúde,

com serviços de alta densidade tecnológica, o que significa que os profissionais que

desenvolvem suas atividades laborais no seu interior devem dispor de perfil adequado e

competências especificas.

No cenário da contemporaneidade, as palavras do autor a cerca dos serviços de

alta densidade tecnológica deixa claro que os profissionais em saúde no contexto das unidades

de terapia intensiva devem ter o domínio dos aparelhos eletrônicos e tecnológicos a serem

utilizados nas suas atividades laborais.

Freire (2011) destaca, nesse ínterim, como competência, a percepção pelo

profissional de saúde de que as atividades desempenhadas devem ser entendidas como

técnicas, e, portanto, se sobrepõe até mesmo ao planejamento do cuidado.

Martins (2009) aponta como competência a reflexão sobre as ações desenvolvidas

nas unidades de terapia intensiva no sentido de ultrapassar a prática centrada na habilidade

técnica.

Silva (2013), por sua vez, assevera que o profissional de saúde deve ter como

competência a compreensão de que suas atividades nas unidades de terapia intensiva devem

perpassar a tríade: técnica, tecnologia e humanização, visto que estes aspectos são essenciais

nos momentos vitais.

Para Schwonke (2011) a principal competência do profissional em saúde no

universo das unidades de terapia intensiva é a reflexão acerca do cuidado direto prestado ao

paciente e do cuidado prestado por meio de recursos tecnológicos.

De acordo com o exposto pelos autores a competência do profissional em saúde

no universo das unidades de terapia intensiva tem características próprias, tendo como eixos

norteadores: as atividades como técnicas, a reflexão na ação; ao conjunto técnica, tecnologia e

humanização e a reflexão centrada nos cuidados. Todavia, esses eixos norteadores reforçam o

que já foi dito anteriormente a respeito da reflexão em situações práticas.

A competência de uma pessoa envolve a capacidade de agir em diversas situações,

tanto para criar ativos tangíveis como intangíveis (CHIAVENATO, 2009, p. 38). Assim

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sendo, Cenedési (2012) elenca alguns elementos que devem compor o perfil dos profissionais

de saúde nas unidades de terapia em saúde, tais como: ser capaz de articular-se na assistência

ao paciente a partir das informações sobre o mesmo; desenvolver seu trabalho despendendo

mais tempo para supervisionar e coordenar sua pratica, além do cuidado técnico

especializado; estabelecer um ambiente de diálogo com os demais membros da equipe;

proceder corretamente à realização de técnicas complexas; dominar o uso correto dos

aparelhos eletrônicos e tecnologias.

Percebe-se por meio dos elementos que compõem o perfil do profissional de

saúde no universo das unidades de terapia intensiva que suas atividades laborais são

complexas; que devem ser desenvolvidas em equipe e que devem ser sustentadas em práticas

provenientes de conhecimentos científicos, mas somadas ao processo de fortalecimento e

reconhecimento do papel de seus participes, o que propicia uma assistência mais qualificada e

segura aos pacientes e a toda equipe de saúde.

2.2.1 Equipe Interdisciplinar nas Unidades de Terapia Intensiva

A equipe de saúde que compõem as unidades de terapia intensiva são ideários do

capital humano e se configura, segundo Pereira (2006), em pressupostos ético-políticos e

psicopedagógicos, pois se submete aos interesses imediatos do capital.

Para a autora as ações da equipe que compõe as unidades de terapia intensiva são

consubstanciadas na qualificação para o trabalho, mas intrinsecamente relacionadas, ou seja,

seus partícipes devem estar interdisciplinarmente relacionados como elementos do capital

humano; capital humano significa talentos que precisam ser mantidos e desenvolvidos

(CHIAVENATO, 2009, p.39); daí a compreensão de interdisciplinaridade.

Interdisciplinaridade é uma nova atitude diante da questão do conhecimento, de

abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente

expressos, colocando-os em questão (FAZENDA, 2008, p. 162).

Todavia, só se aprende de duas formas: pelo fazer e pelo observar, resultando no

ato de refletir; daí se perceber que a aprendizagem é também um momento de reflexão.

De acordo com Ivone Yared, citada por Fazenda (2008) interdisciplinaridade

significa, em sentido geral, relação entre disciplinas, no entanto, pode ser entendida como

forma de relações disciplinares em diversos níveis, pois é um sistema constituído ou por

constituir, sugerindo um conjunto de relações.

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Essa relação se configura na atuação vivencial e conjunta no universo das

unidades de terapia intensiva como espaço privilegiado na reprodução de saberes; e da aos

profissionais em saúde uma postura sócio-institucional de diferenciação de padrões

hegemônicos de compreensão dos cenários da saúde; significa inventariar valores e construir

a si mesmo e o mundo, no espaço do trabalho.

A interdisciplinaridade em saúde advém do paradigma das equipes

multiprofissionais que, segundo Ceccim (2006) são modelos de organização dos serviços de

saúde a partir do exercício profissional, centrada na formação do trabalhador.

Partindo dessa premissa o paradigma das equipes multiprofissionais proporciona a

interdisciplinaridade mecanismos capaz de valorizar a formação, pois pressupõe a habilitação

técnico cientifica para atuação nos serviços, atribuindo ao profissional, direitos, deveres e

responsabilidade a partir de sua conduta.

Para Ceccim (2006) a multidisciplinaridade intenciona a construção de atividades

resolutivas e propositivas da interdisciplinaridade, pois coloca em questão a criação de um

novo campo de conhecimento estabelecido a partir de trocas de saberes que a formação em

serviço pelo modelo de equipes multidisciplinares propõe.

De acordo com o exposto, diante da contemporaneidade no universo da saúde há

uma exigência de saber dentro de um modelo cientifico que exige do profissional de saúde a

construção de novas formas de conduta na produção de conhecimento fora do modelo da

disciplinaridade.

2.3 SEGURANÇA DO TRABALHO NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

O trabalho a partir da Idade Moderna, segundo Cotrim (2006) foi revalorizado, e

com isso o sucesso econômico, no entanto, essa revalorização ficou circunscrita às classes que

conseguiram acumular capital e investir nas atividades produtivas.

Essa relação trabalho capital não poupou nem mesmo o universo da área de saúde

que também teve que se adequar às exigências do poder hegemônico característico da época.

Cotrim (2006), citando Karl Marx menciona que nesse contexto o pensador já

denunciava as condições degradantes a que os trabalhadores teriam de se submeter no

processo de produção capitalista, apontando os efeitos danosos dessa forma de produzir sobre

os indivíduos.

Dentre as variadas áreas da saúde destacam-se no âmbito desta pesquisa as

unidades de terapia intensiva e sua equipe interdisciplinar.

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De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2013) o contato com produtos

químicos, substâncias e compostos, riscos biológicos constantes são riscos presentes no

cotidiano das atividades dos profissionais de saúde no universo das unidades de terapia

intensiva; além da inadequação no ambiente relacionado à iluminação e estrutura física

inadequada, trabalho noturno, levantamento e transporte de peso.

De acordo com o exposto fica claro que as atividades laborais dos profissionais de

saúde nas áreas anteriormente mencionadas são de extrema importância e risco.

Para Christofoletti (2008) o ambiente em que o profissional de saúde está inserido

deve ser levado em consideração, pois cada área hospitalar apresenta seus aspectos

específicos. Diante das palavras do autor, deve-se perceber, portanto, que para cada área

hospitalar é necessário procedimentos ou medidas que possam evitar riscos, quer sejam

físicos, químicos ou biológicos.

A enfermagem tem sido a mais afetada por diversos riscos ocupacionais

(MARTINS, 2007, p.639); principalmente quando se trata de unidade de terapia intensiva.

Para Fogaça (2009) o trabalho nas unidades de terapia intensiva tem suas

peculiaridades e estão intimamente relacionados com a gravidade e complexidade dos

pacientes; o que demanda a necessidade de trabalhar com equipamentos sofisticados,

desenvolvendo tarefas assistenciais de natureza complexa.

Assim sendo, os profissionais de saúde que compõem as equipes interdisciplinares

nas unidades de terapia intensiva devem compreender que suas ações sofrem impactos físicos,

ambientais e psicológicos, visto que lidam com a vida e a morte.

Nesse sentido, Leitão (2008) afirma que o universo das unidades de terapia

intensiva seja um local em permeia a habilidade e a agilidade no desenvolvimento das funções

de cada integrante da equipe interdisciplinar. Porém, Macedo (2009) lembra que, mesmo com

habilidade e agilidade, o risco das ocorrências de acidentes de trabalho nas unidades de

terapia intensiva multiplica-se, devido a própria natureza do ambiente e pela inobservância da

importância dos cuidados com a segurança nas atividades laborais.

De acordo com o exposto compreende-se que o universo das unidades de terapia

intensiva é um espaço da práxis, onde seus participes interagem sempre com a teoria e a

prática, tendo como suporte a habilidade e a agilidade, mas que devem se preocupar também

com a segurança, isto é, ter compreensão da importância da segurança do trabalho.

2.3.1 Normas de Segurança do Trabalho nas Unidades de Terapia Intensiva

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Wachowicz (2012), citando Silva et al.(2012) concebe Segurança do Trabalho

como um conjunto de medidas adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais.

Para o autor essas medidas visam também proteger a integridade e a capacidade

laboral; daí a importância de estabelecer nas organizações de saúde uma política de segurança

que promova bem-estar, conforto e segurança a todos os setores e trabalhadores; mesmo os

que integram as unidades de terapia intensiva.

Atuar com segurança é aplicar medidas e ações de caráter técnico, educacional,

médico, psicológico e motivacional (ZOCCHIO Apud WACHOWICZ, 2012, p. 37).

Essas ações são consubstanciadas, na visão do autor, na quebra

de barreiras de comunicação ou de hierarquia cujo objetivo é solucionar problemas e

encontrar condições de pensar globalmente sobre segurança.

Nesse sentido, Secco (2010) alerta que as condições de trabalho dos profissionais

de saúde envolvem a disponibilidade de instrumentos de trabalho em quantidade e qualidade e

que necessita de capacitação para operá-los para que não apresente riscos a trabalhador. O

autor menciona ainda que existe um grupo de fatores que atuam na execução do trabalho.

As palavras do autor apresentam uma preocupação na identificação dos fatores de

riscos cujo objetivo é reconhecê-los e avaliá-los indicando maneiras de gerenciamento; daí o

desenvolvimento das ações de controle e a compreensão de que estes podem ter falhas;

elemento causador do risco.

As falhas, de acordo com Cardella (1999), citado por Wachowicz (2012) são

fatores que, na maioria dos casos, promovem os acidentes de trabalho; o que convém elencar:

Falha por omissão – quando o trabalhador não executa ou executa apenas

parcialmente uma intervenção, tarefa, função ou passo.

Falha na missão – quando o trabalhador executa incorretamente uma intervenção, tarefa, função ou passo.

Falha por ato estranho – ou ação estranha, quando o trabalhador executa uma intervenção, tarefa, função ou passo que deveria ter sido executado.

Falha sequencial - quando o trabalhador executa uma intervenção, tarefa, função ou passo fora da sequência correta.

Falha temporal – quando o trabalhador executa uma intervenção, tarefa, função ou passo fora do momento correto (CARDELLA Apud WACHOWICZ, 2012, p. 40-41).

19

Para tanto, o autor menciona que estas falhas podem ainda serem classificadas em

humanas, de equipamento e de agentes motores; o que significa que as ações dos profissionais

de saúde que compõem a equipe interdisciplinar nas unidades de terapia intensiva são

multidisciplinares.

Para diminuir e até mesmo eliminar os acidentes de trabalho no universo das

unidades de terapia intensiva, visto que os profissionais de saúde que o compõem estão

propensos a serem vítimas faz necessário o desenvolvimento de medidas preventivas,

representas pelas normas reguladoras.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego as Normas

Regulamentadoras tem como objetivo promover a integridade física, mental, motora e

psicológica dos profissionais de saúde que compõem as unidades de terapia intensiva;

destacando-se:

NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI – para fins de

aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de

Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual

utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

NR 7 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE

OCUPACIONAL – esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a

obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os

empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o

objetivo de promoção e preservação do conjunto dos seus trabalhadores.

NR 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOSAMBIENTAIS - esta

Norma Regulamentadora – NR estabelece obrigatoriedade de elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos

trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseguinte

controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir

no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e

dos recursos naturais.

NR 17 - esta Norma Regulamentadora – NR visa estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às características

20

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de

conforto, segurança e desempenho eficiente.

NR 32 – SEGURANÇAE SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE

SAÚDE - esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as

diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à

saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que

exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

De acordo com o exposto compreende-se a complexidade das ações de saúde no

universo das unidades de terapia intensiva partindo da premissa de que seus participes correm

riscos no cotidiano das suas atividades laborais e que somente por meio do conhecimento e da

prática das normas regulamentadoras aqui apresentadas o profissional de saúde pode garantir

sua segurança enquanto trabalhador.

3 METODOLOGIA

21

A pesquisa tem como metodologia a pesquisa bibliográfica por apresentar

elementos que possibilitam a sistematização dos referencias já publicados em relação ao tema

e favorecimento de um exame através de um novo enfoque, possibilitando conclusões

inovadoras.

A pesquisa adotou o pressuposto epistemológico por entender que o fenômeno a

ser investigado devia-se ter seu percurso a partir do corpo teórico existente, logo adotou os

seguintes procedimentos e caminhos metodológicos: levantamento do referencial teórico;

leitura geral e especifica e a redação final, através do método exploratório. Em relação à

natureza da pesquisa caracteriza-se por ser básica, pois objetiva gerar conhecimentos novos

úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista.

Do ponto de vista da abordagem do problema considera-se esta como uma

pesquisa qualitativa por não requerer o uso de técnicas e métodos estáticos; busca percepções

e entendimento sobre a natureza geral de uma questão.

De acordo com seus objetivos se caracteriza por ser uma pesquisa qualitativa; visa

proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a

construir hipóteses; sendo também explicativa, pois visa identificar os fatores que determinam

ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade

porque explica a razão, o “porquê" das coisas.

4 RESULSTADOS E DISCUSSÃO

22

Através da análise das literaturas já publicadas foi possível identificar que o

trabalho como atividade tipicamente humana na perspectiva da saúde está consubstanciado na

trilogia: trabalho - formação profissional – segurança do trabalho, numa relação de causa e

efeito.

No trabalho há uma relação intrínseca entre natureza e cultura; onde o homem

pode modificar sua natureza, por meio do trabalho e construí cultura; no entanto, ele

compreende que a denominação cultura, nesse ínterim, é tratada no plural, pois ele absorve a

cultura do outro e transforma-se, por meio da subjetividade; e num segundo momento,

modifica o outro com sua cultura; por meio da objetividade. Assim sendo, o homem é um

conjunto de culturas.

Na formação profissional, concebe-se o homem como ser centrado na práxis, isto

é, na relação teoria prática, visto que no universo da saúde suas ações levam em conta a

perspectiva do contraditório e do conflitante, numa luta pela construção do mundo; o homem,

nesse contexto, é um ser oriundo de um processo educativo.

Na perspectiva da segurança do trabalho em saúde, o homem é construído a partir

do seu ambiente de trabalho, isto é, ele é produto do clima organizacional, e este por sua vez,

resultará na superação dos desafios e dificuldades encontradas no desenvolvimento das suas

atividades laborais, em especial nas atividades desenvolvidas pela equipe interdisciplinar de

profissionais de saúde que compõem as unidades de terapia intensiva.

É no universo das unidades de terapia intensiva que os profissionais de saúde

compreendem a importância dos instrumentos e normas da segurança do trabalho numa

relação com suas ações laborais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

23

O estudo apresenta uma abordagem conceitual que permite analisar o papel do

profissional de saúde como elemento de uma equipe interdisciplinar na perspectiva do

trabalho desde a sua formação até a sua prática laboral. Nesse sentido, percebe-se que a

relação profissional de saúde e trabalho é consubstanciada na trilogia formação profissional –

trabalho – segurança no universo das unidades de terapia intensiva.

Na perspectiva da formação profissional constata-se a necessidade de uma

formação centrada na práxis por meio da reflexividade e sua compreensão, isto é,

compreender que esta se dá em si mesmo, por meio de uma dialética e em situações práticas;

logo a práxis – relação teoria prática dá-se com o conhecimento das subjetividades latentes

nas atividades laborais. Para tanto, o profissional deve ter uma visão de mundo para que possa

desenvolver competências; advindas de técnicas e práticas sustentadas em valores subjetivos.

Essas competências é que serão elementos das ações dos profissionais requeridos

pelo mercado de trabalho, diante do capitalismo que permeia o universo da saúde; mas que

devem ser desenvolvidas com reflexão e segurança.

Destacam-se no âmbito desta pesquisa as unidades de terapia intensiva; área da

saúde caracterizada pelos cuidados intensivos e complexos; composto de um sistema de

monitoramento contínuo cujo objetivo é manter pacientes potencialmente graves ou com

descompensação de um ou mais sistema orgânico.

No universo destas unidades o destaque fica por conta dos serviços de alta

densidade tecnológica, além das atividades laborais ali desenvolvidas; o que requer

competência por parte do profissional de saúde que compõe a equipe interdisciplinar centrada

na reflexão, compreendendo que as unidades de terapia intensiva devem perpassar a tríade:

técnica, tecnologia e humanização.

Entende-se por equipe interdisciplinar um conjunto de profissionais de saúde com

compreensão dos aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente expressos no fazer

e no observar, como resultado da reflexão.

Assim sendo, as atividades laborais da equipe interdisciplinar são ações conjuntas

por meio de saberes com uma postura sócio institucional, que compreende o universo da

saúde de forma humanizada, inventariando valores, por meio da formação profissional.

Partindo da premissa de que existe uma relação entre trabalho e capital observa-se

a que o primeiro já tinha sido denunciado sendo desenvolvido em situações degradantes

apontando os efeitos danosos aos trabalhadores.

24

Ressalta-se, nesse ínterim, que as atividades laborais dos profissionais de saúde

nas unidades de terapia intensiva são de extrema importância e risco; o que reforça a

necessidade de se compreender que, sendo estas um espaço de práxis cujo suporte é a

habilidade e agilidade; deve haver uma compreensão a cerca da importância da segurança do

trabalho.

A partir do exposto, observa-se a necessidade do conhecimento e práticas das

normas regulamentadoras de segurança no universo das unidades de terapia intensiva como

estratégias que sensibilizem os profissionais de saúde que compõem as equipes

interdisciplinares para valorização da vida e da segurança em primeiro lugar.

Espera-se que o presente estudo contribua de forma positiva para a redução dos

acidentes de trabalho, bem como para o desempenho seguro das atividades laborais dos

profissionais de saúde que compõem as equipes interdisciplinares nas unidades de terapia

intensiva.

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