Post on 13-Jul-2020
Depois de mais de 400 anos, A megera domada ainda é a mais famosa comédia do mais famoso dramaturgo da história. Esta tradução e adaptação ousa tornar mais leves, explícitas e engraçadas para
o público de hoje as manobras do bravo, espalhafatoso e viril Petrúquio, que se dispõe a conquistar, desposar e domar
a rica, estressada e irada Catarina.
A Megera Domada
Wil l iam Shakespeare
FLAVIO DE SOUZA
ANNA ANJOS
Tradução e adaptação
Ilustrações
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9 7 8 8 5 3 9 7 1 1 2 5 3
ISBN 978-85-397-1125-3
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A Megera Domada
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Wil l iam Shakespeare
A Megera DomadaF L A V I O D E S O U Z A
Tradução e adaptação
IlustraçõesANNA ANJOS
1a. edição
Porto Alegre – 2018
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Copyright © Flavio de Souza, 2018Todos os direitos reservados à
União Brasileira de Educação e Assistência(Pontifícia Universidade Católica do RS-Campus Poa)
Avenida Ipiranga, 6681 – Prédio 33CEP 90619-900 – Porto Alegre – RS
Tel.: (0-XX-51) 3320-3711E-mail: edipucrs@pucrs.br
Editora responsável Darci Jorge IsoppoRevisora Elvira Rocha
Tradução e adaptação de The Taming of the Shrew, Nova York, SparkNotes, 2004, (No Fear Shakespeare),
ISBN 978-1-4114-0100-6.
WILLIAM SHAKESPEARE (1564-1616), dramaturgo inglês, escreveu comédias, tragédias e peças históricas até hoje encenadas
no mundo todo e adaptadas para o cinema e a televisão. É considerado o maior dramaturgo de todos os tempos.
FLAVIO DE SOUZA nasceu em São Paulo, em 1955. Roteirista, diretor e ator de cinema e TV, escreveu mais de 70 peças. Tem mais de 50 livros publicados, entre eles Chapeuzinho adormecida no País
das Maravilhas, que ganhou o prêmio Jabuti em 2006.
ANNA ANJOS nasceu em São Paulo, em 1985. Formou-se em Design pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo em 2006.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S729m Souza, Flavio de A megera domada / tradução e adaptação Flavio de
Souza ; ilustrações Anna Anjos. — Porto Alegre : EDIPUCRS, 2018.
136 p.
Adaptação de: The Taming of the Shrew / William Shakespeare ISBN 978-85-397-1125-3 (do aluno)
ISBN 978-85-397-1140-6 (do professor)
1. Literatura infantojuvenil I. Shakespeare, William. The Taming of the Shrew. II. Anjos, Anna. III. Título.
CDD 23.ed. 028.5
Loiva Duarte Novak – CRB 10/2079Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS
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Cena ı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Cena ıı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
PrimeiroAto
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
TerceiroAto Cena ı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Cena ıı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
QuintoAto Cena ı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Cena ıı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Cena ı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .SegundoAto
Convite à leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
A história e a estória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
A peça A megera domada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Personagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Cena ı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Cena ıı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Cena ııı . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Cena ıV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Cena V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
QuartoAto
A megera domada e o teatro elisabetano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Informações paratextuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
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A megera domada foi a primeira peça que eu fiquei sabendo que existia e quis assistir, mas não pude. Eu tinha 10 anos e o espetáculo era proibido para menores de 14 anos. Foi em 1966, em São Paulo, e a montagem tinha Irina Grecco e Armando Bógus — que eram casados na época — nos papéis prin-cipais; eu tive que esperar mais de um ano para realizar o desejo de assistir a essa estória.
Em 1967, A megera domada foi filmada com os atores mais famosos do mundo, na época, Elizabeth Taylor e Richard Burton — que eram casados — nos papéis principais. Para minha surpresa e alegria, o filme foi proibido para menores de 10 anos. Foi a primeira de muitas vezes em que assisti a essa peça no teatro, cinema e televisão.
Nesta adaptação de A megera domada, colo-quei um dos personagens — Trânio — como narrador, entrando e saindo da ação e falando diretamente com o público. Em algumas peças, Shakespeare usou esse recurso e, neste caso, serve para esticar ou en-curtar o tempo das cenas e entre elas.
Coloquei, acontecendo no palco, algumas ce-nas que no original são apenas contadas. Depois que surgiu o cinema, o teatro sofreu modificações, e uma delas foi o aumento de ações em cena em boa
Convite à leitura
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Flavio de Souza
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parte das peças. A cena em que Petrúquio, Catarina e Grúmio cavalgam na chuva em direção ao novo lar da megera, por exemplo, pode ser resolvida de muitas maneiras, sem que seja necessária a presença de cavalos vivos no palco.
Tive a ousadia — ou impertinência? — de tirar, mudar e colocar frases, com a intenção de dar um passo à frente nos momentos de humor criados pelo mestre dos mestres. Entre outros “crimes”, tive também a ousadia — ou enorme petulância — de achar que uma das falas da peça se perdeu en-tre o manuscrito de Shakespeare e sua primeira publicação. Na segunda cena do terceiro ato, o personagem Trânio fala para Lucêncio: “mas, para se casar, além do amor da filha, você precisa da permissão do pai...”, sendo que Lucêncio não disse nada antes! Duvido que o maior dramaturgo da História tenha feito isso. Então, coloquei uma fala para o Lucêncio antes da “resposta” do Trânio. Es-pero que o fantasma de William Shakespeare não venha me assombrar!
Encerrando esse assunto: mantive os 5 atos divididos em cenas, no entanto, esta Megera pode virar espetáculo em 5 atos, 4, 3, 2 ou 1!
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Se você olhar no mapa, vai ver que a Itália parece uma bota que está chutando a ilha chamada Sicília, como se ela fosse uma bola de futebol.
No fim do século XVI, época em que Shake-speare escreveu A megera e em que a história acon-tece, essa bota era dividida em cidades-estados inde-pendentes que viviam em guerra entre elas e contra a França, a Alemanha etc.
Pádua, a cidade da megera, fazia parte do reino cuja capital era Veneza, aquela cidade que tem canais e gôndolas.
Verona, de onde vem o principal “mocinho”, é o cenário de uma das peças mais famosas de Shakespeare: Romeu e Julieta.
Pisa, de onde vem o outro mocinho, é a cidade da famosa torre inclinada.
Entre os séculos XVI e XVII, a vida era muito diferente da de hoje, principalmente na Europa. Os prisioneiros de guerra eram transformados em escravos e isso era aceito como normal por to-dos, inclusive pelos escravizados. Por isso, alguém como Trânio tinha sorte de ter um emprego remu-nerado, além de ser bem tratado por seu patrão.
Os pais escolhiam com quem suas filhas iam se casar e pagavam uma quantia em dinheiro e bens, chamada dote, para o futuro genro. Assim, ao
A história e a estória
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passar de filhas para esposas, as mulheres apenas trocavam de amo e senhor. É por isso que Catarina é considerada uma megera, porque está sempre re-voltada com a maneira como é tratada pelo pai e ousa ter opiniões a respeito disso e de outras coisas, como seu casamento.
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A estória da peça
Lucêncio, filho de um comerciante rico de Pisa, chega a Pádua para estudar na Universida-de, acompanhado de Trânio, seu primeiro criado, amigo e comparsa, e Biondello, seu segundo e tra-palhão criado.
Lucêncio e Trânio assistem a um bafafá na porta da casa de Batista Minola, um rico mercador. Bianca, sua filha mais nova, tem dois candidatos a marido e Catarina, sua filha mais velha, não tem nenhum, porque é considerada uma megera. Batista decide que Bianca só se casará depois que Catarina se casar, o que faz a “megera” se sentir humilhada e ter um ataque de fúria.
Lucêncio se apaixona à primeira vista por Bianca e decide que vai se casar
com ela, tornando-se o ter-ceiro candidato.
Os outros dois candidatos — Grêmio, o mais velho, e Hor-tênsio, o mais pobre — deixam de lado sua rivalidade na disputa pela mão de Bianca para buscar um mari-do para Catarina.
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ter um ataque de fúria.Lucêncio se apaixona à primeira vista por
Bianca e decide que vai se casar com ela, tornando-se o ter-ceiro candidato.
Trânio, Lucêncio e Biondello
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Petrúquio chega a Pádua, vindo de Verona, decidido a se casar com uma moça bem rica para aumentar sua fortuna. Acompanhado de seu primei-ro criado, Grúmio, Petrúquio se encontra com seu amigo Hortênsio, que diz conhecer uma candidata a esposa com grande dote, mas com temperamen-to terrível, que ele não recomendaria nem para um inimigo. Petrúquio topa a parada. Para se infiltrar na casa de Batista Minola, o pai de Bianca, Hortênsio decide fingir que é o professor de música Lício. Lu-cêncio decide fingir ser o professor de literatura Câm-bio, para também se infiltrar na casa de sua amada.
Petrúquio, Hortênsio e Grêmio se encontram na entrada da casa de Batista com Lucêncio, Trâ-nio e Biondello. Grêmio combina com Lucêncio de recomendá-lo como professor de literatura para Batista se ele falar bem dele para Bianca.
Trânio finge ser Lucêncio e se declara candidato a marido de Bianca. Hortênsio se apresenta como Lício, professor de música.
Petrúquio se apresenta a Batista como candi-dato a marido da megera. Ele se declara para Ca-tarina, chamando-a de Cata e revida os insultos e ameaças dela com elogios e declarações de amor e paixão. Ele marca a cerimônia de casamento para o domingo seguinte. Ela recusa, mas Petrúquio convence Batista de que Catarina e ele se amam e o pai concorda com o casamento.
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Trânio, ainda fingindo ser Lucêncio, exagera bastante ao falar dos bens e propriedades de Vicên-cio, “seu” pai. Batista decide que se Vicêncio der garantias de que seu filho vai herdar sua colossal fortuna, “Lucêncio” se casará com Bianca.
Lucêncio e Hortênsio, fingindo serem os pro-fessores de literatura Câmbio e de música Lício, disputam a atenção de Bianca. Lucêncio conta a verdade a ela. Bianca diz que não confia nele, mas pede para ele não desistir de lutar por ela.
No domingo, Petrúquio se atrasa para o ca-samento e Catarina sente-se ofendida e fica irada, achando que ele a pediu em casamento apenas por brincadeira. Petrúquio chega, com roupas gastas, ras-gadas, manchadas e espalhafatosas, impróprias para um noivo, e se comporta de maneira grosseira du-rante a cerimônia. Cata se enfurece, mas diz o sim.
Batista, Petrúquio, Bianca e Catarina
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Na saída da igreja, Petrúquio agradece pela recepção preparada pa-ra comemorar o casa-mento, mas diz que ele e sua esposa preci-sam ir embora imedia-tamente. Todos tentam conven cê-lo a ficar, mas ele e Cata vão embora.
O domador em ação
No caminho para a casa de Petrúquio, que fica na área rural, Catarina literalmente cai do cavalo, fica presa debaixo dele, se suja na lama e come-ça a ser maltratada por seu marido. Quando eles chegam, Petrúquio inventa desculpas absurdas para manter Catarina sem comer e sem dormir.
Hortênsio e Lucêncio continuam disfarçados de professores, mas Bianca e “Câmbio” já estão aos beijos e abraços. Vendo isso, Hortênsio desiste da disputa, re-vela quem é e declara que vai se casar com uma viúva rica. Usando uma artimanha, Trânio convence um mercador a fingir que é Vicêncio, o pai de Lucêncio.
Enquanto isso... vencida pela fome e falta de sono, Catarina está calma e bem-humorada, apesar de se manter firme em suas opiniões.
Na saída da igreja, Petrúquio agradece pela recepção preparada pa-ra comemorar o casa-mento, mas diz que ele e sua esposa preci-sam ir embora imedia-tamente. Todos tentam conven cê-lo a ficar, mas ele e Cata vão embora.
Lucêncio como professor Câmbioe Hortênsio como professor Lício
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Hortênsio visita Petrúquio, que anuncia que ele e Cata irão visitar Batista e que ela deve usar roupas e acessórios luxuosos. Entra um costureiro com um chapéu encomendado. Petrúquio critica e Catarina não concorda com ele. O mesmo aconte-ce com um vestido, e o marido de Cata decide que eles irão à casa de seu sogro usando roupas sim-ples. Hortênsio paga o costureiro, que vai embora com o chapéu e o vestido.
Em Pádua, Trânio, ainda fingindo ser Lucên-cio, apresenta o mercador como se fosse Vicêncio, o pai de seu amo. Batista fica satisfeito e declara que Bianca se casará com o filho dele, e os três vão à casa de Lucêncio para comemorar.
Biondello conta ao verda deiro Lucêncio o que aconteceu e o aconselha a
passar para a próxima parte do plano, ou seja, ir a uma igreja e se casar com Bianca.
Na estrada para Pádua, Petrúquio diz coisas absurdas e Hortênsio sugere que Ca-tarina concorde com ele. Ela segue o conselho e Hor-tênsio declara a Petrúquio
que ele venceu o jogo.No caminho, os três
encontram o verdadei-
Trânio e o mercador
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