Post on 14-Apr-2016
Da Mente do Criador à Mente Criativa:Tradução Comentada de The Mind of the Maker de Dorothy L. Sayers
Candidata:Candidata:Gabriele GreggersenGabriele Greggersen
Florianópolis,2014
JustificativaJustificativa
Verbo Criador em Goethe (Fausto): trindade entre Energia/Palavra (Filho), Sentido/Interpretação(Espírito) e Ação/Idéia Pai).
Não obra apologética, nem confissão de fé Teologia da trindade aplicável multi- e
interdisciplinarmente. Trindade Criadora: Ideia (Pai), Energia (Filho) e
Poder (Espírito Santo). Toda obra é tradução (Berman)/Toda tradução
é obra (Haroldo Campos) Mérito da autora, como mulher, tradutora,
dramaturga, escritora e acadêmica
JustificativaJustificativa
Natureza da tradução e sua relação com a religiosidade Walter Benjamin Meus próprios estudos e experiência
Contribuição de DLS para vários campos Economia Educação Filosofia Literatura e dramaturgia Tradutologia.
JustificativaJustificativa
Por que A Mente do Criador? Pressuposto hermenêutico: interpretação de
uma doutrina (e epistemológico) Relação com Chesterton, CSL e Tolkien Aplicabilidade da teoria de MC aos Estudos da
Tradução.
Objetivos do ProjetoObjetivos do Projeto
Traduzir e comentar The Mind of the Maker, de Dorothy Sayers
Divulgar a obra de Dorothy Sayers no Brasil Resgatar a discussão sobre o processo criador em The
Mind of the Maker Pesquisar as diferentes teorias da tradução literária e
crítica, em busca de balizas filosófico-metodológico para a tradução comentada pretendida, com relação ao processo de tradução propriamente dito
Explorar a teoria da tradução implícita na obra A Mente do Criador e aplicar sua teoria aos ET
Buscar aprimoramento profissional na arte de traduzir
MetodologiaMetodologia
Goethe: Finalidade última da tradução é a Filosofia/teologia
Seligmann: tradução não existe sem filosofia e vice-versa. Sua impossibilidade é a sua necessidade
Forte dimensão criativa e de Bildung: exige abertura Abordagem interdisciplinar Referencial teórico básico na hermenêutica de Paul
Ricoeur
Capítulos PropostosCapítulos Propostos
1. Introdução2. Metodologia3. Nota Biográfica: Influências literárias, filosóficas e
religiosas4. Paul Ricoeur e a tradução5. Reflexões de DLS sobre a tradução6. A teologia de DLS e a centralidade de MC7. Comentários à MC8. A Mente do Criador – Tradução Considerações Finais
Dorothy L. SayersDorothy L. Sayers
Dorothy L. SayersDorothy L. Sayers
Uma das primeiras mulheres a se formar com mérito em letras pela universidade de Oxford
Autora de romances policiais Amiga e admiradora de G.K. Chesterton e C.S.
Lewis, além de J.R.R. Tolkien Escritora de peças de teatro de cunho religioso Tradutora de Dante (Mencionada por Umberto
Eco)
Paul Ricoeur – Crítica e Paul Ricoeur – Crítica e HermenêuticaHermenêutica
Contexto + discernimento da realidade Acesso à história universal e universalização dos seres.
Universalização de interpretações polissêmicas. Distanciamento e aproximação. Sentido “diante do
texto” (tácito e explícito) Obra: situar-se num gênero: estilo Ideologia e reflexo= Imagem, Bildung
“mediador necessário para qualquer grupo humano se reconhecer no seu próprio espelho”
O mesmo vale para a ciência e tecnologia Fator decisivo: Interesse pela emancipação (Síntese
dialética entre Crítica e Hermenêutica), que anima a crítica
Paul Ricoeur - IdeologiaPaul Ricoeur - Ideologia
Equilíbrio entre pacifismo e terrorismo, do fanatismo desconstrutor e do niilismo analítico, por meio do amor
Ser: não ao pretensioso cogito, nem pretensão existencialista (super-homem, auto-compreensão)
Resgata a compreensão e o “círculo hermenêutico” que significa que “A interpretação é assim, um desenvolvimento da
própria compreensão, conquistada anteriormente” Relação de pertencimento e participação entre o “Ser”
e o “ser”: contemplação como ressonância e sinergia
Paul Ricoeur – Círculo Paul Ricoeur – Círculo HermenêuticoHermenêutico
Fonte: http://www.mayane.com.br/2010/09/circulo-hermeneutico.html
Paul Ricoeur - SujeitoPaul Ricoeur - Sujeito
A noção de sujeito autônomo ou emancipado faz a diferença entre a reflexão abstrata (especulação) e a reflexão concreta (participação)
Ela faz a mediação entre o “eu” e os “outros”, da mesma forma que as demais polaridades, por uma terceira via
A própria leitura é uma trindade: “autor” (detentor da intencionalidade); o “texto” (objeto autônomo); e “leitura” (subjetividade do leitor)
A compreensão de si e do mundo é mediada pelos signos (linguagem) e obras
Envolve ainda a reflexão sobre a ação justa (ética)
Círculo da traduçãoCírculo da tradução
Aproximação
Primeira traduçãoReleitura crítica/cotejo
Revisão de apropriação
Dorothy L. Sayers e a TraduçãoDorothy L. Sayers e a Tradução
Parte da “escola de crítica moderna” (Acocella) Praticava tradução “interpretativa”, contra o
literalismo de sua época (SUA) Comparada a T.S. Eliot, Pound, Waley (Caselli) Privilégio à obra e à prática e menos à coerência
com uma teoria, embora ela fosse importante Defende a re-tradução e o foco em objetivos Princípios da inteligibilidade e do “quê” da obra Defende a trindade da poesia, explanada em MC
Dorothy L. Sayers e a TraduçãoDorothy L. Sayers e a Tradução
Evitar divagação, afetação e tédio Outros princípios: precisão, fidelidade, senso de humor, não
ter medo da rima Tradução como “prática à procura de uma teoria” Tradução com reflexão sobre o que diria o autor em outra
língua e como fazer os leitores reagirem de forma semelhante
Público-alvo: leitor genérico que não conhece a língua de partida
Perigo do comentário, ao invés da tradução. Outros princípios: precisão, legibilidade; tom e estilo; e
ênfase
Teologia de DLS em MCTeologia de DLS em MC
Estrutura tripartite da natureza e da realidade Centralidade da ideia de criação como princípio
inspirador Conceito trinitário da criatividade humana O mal como corruptor da imagem, da natureza e das
mediações humanas Centralidade do conceito de amor como tácito em
qualquer boa obra A atividade de um membro da trindade
(Divina~humana) ilumina a atividade de outro, relação dinâmica e dialética
Teopoética: exercício de teologia aplicada à arte
ComentáriosComentários
Projeto tradutório dessa tese Quanto ao título O estilo de DLS como escritora e tradutora
Variadas opiniões da crítica Imagem e imaginação na tradução
“Invenção” do seu original “não lugar”, “situado” entre a criação e a teorização ou
crítica Tradução como fruto verdadeiro do amor
Germe ou Semente entre a criação e a teoria (Derrida) Resultado de uma articulação amorosa (reconciliação)
PrefácioPrefácio
Não se trata de uma obra apologética: Não se quer discutir a verdade dos credos cristãos;
Pretende-se ser uma correspondência de fatos; Pretende-se testar a validade dos credos clássicos do
cristianismo referentes à trindade à luz da experiência criativa; aproximando a Mente Divina da mente humana, particularmente no exercício da criatividade.
A dificuldade dos alunos de hoje: não leem os enunciados das perguntas; não sabem fazer as
perguntas certas; não prestam atenção nas respostas; troca entre essencial e secundário; troca entre diferenças de opinião e de fato (falsificações).
As “Leis” da Natureza e da As “Leis” da Natureza e da OpiniãoOpinião
“Lei” pode ser entendida como:1.Resultado de consenso arbitrário (convenções e normas sociais, legislações, moral individual): independe de causalidade; baseado em autoridade;2.Declaração de fatos observados (leis da natureza), há causas e consequências naturais ou causalidade histórica (Lei de Grimm, Lei moral - ética): independe da opinião humana; baseado em causalidade.A primeira lei não pode ir contra a segunda. Muita confusão surge pelo emprego da mesma palavra para essas duas coisas distintas.
As “Leis” da Natureza e da As “Leis” da Natureza e da OpiniãoOpinião
A “Lei” moral é universal: são declarações sobre a natureza humana.
Ela pode ser “descoberta” como outra lei natural. A igreja chama a contradição dessa lei de “pecado”. Já o código moral se baseia em consenso humano e se
resume a regras de comportamento. A doutrina cristã se baseia tanto na lei, quando no código
moral O código cristão pode ser rejeitado, mas a lei moral é
universal. A infração da lei moral significa destruição do homem.
A Imagem de DeusA Imagem de Deus
O ser humano pensa em imagens, analogias, metáforas. O que Deus e o ser humano têm em comum ainda é a
experiência da criação. O ser humano faz todas as coisas à sua imagem. O significado das metáforas é limitado. Só a experiência
pode comprová-las. A metáfora do Pai vai do conhecido ao desconhecido, a do
Criador, vai do desconhecido ao desconhecido. Deus criou o mundo pela imaginação, e usando-a, como faz
o artista, nos aproximamos ao máximo do ato criacional divino.
Ideia, Energia, PoderIdeia, Energia, Poder
Conceito de trindade é mais familiar do que se pensa.MC é uma expansão da fala em The Zeal of Thy House [O Zêlo da Vossa Casa]:Pois toda obra (ou ato) de criação é tríplice, uma trindade terrestre que reflete a trindade celestial. Em primeiro lugar, (não no tempo, mas apenas por ordem de enumeração) há a Ideia Criativa, livre das paixões, atemporal, que contempla toda a obra completa de uma só vez, o fim no princípio, e esta é a imagem do Pai.
Ideia, Energia, PoderIdeia, Energia, Poder
Em segundo lugar, há a Energia Criativa (ou Atividade) concebida por essa ideia, que trabalha no tempo desde o começo até o fim, com suor e paixão, sendo encarnada nos laços da matéria, e esta é a imagem da Palavra.
Terceiro, há o Poder Criativo, o significado do trabalho e seu respaldo na alma viva, e esta é a imagem do Espírito que habita nela. E estes três são um, tendo cada um igualmente toda a obra em si, mas nenhum pode existir sem o outro: e esta é a imagem da Trindade.
Ideia, Energia, PoderIdeia, Energia, Poder
A Ideia é a auto consciência da Energia ou Palavra e não a precede no tempo.
Um Criador não pode se conscientizar da Ideia sem a ação da Energia.
Teologia: O Filho faz a vontade do Pai. O Filho é visível e concreto, é manifestação do Pai. A concorrência da Ideia e da Energia gera o Poder, que
representa uma resposta dinâmica a eles. Os três formam um todo inseparável. A Ideia é o livro pensado; a Energia, o livro escrito; e o Poder;
o livro lido.
A Energia Revelada na CriaçãoA Energia Revelada na Criação
Quanto maior a diversidade no esquema da trindade, maior a unidade. Exemplo do ator.
A soma de todos os elementos da obra remetem ao artista, mas ele mesmo transcende a obra.
A mente do criador não é a soma das suas criaturas, embora contenha todas.
Ela é um mistério nunca completamente decifrado. Uma obra nunca é acabada, portanto, tange a
eternidade.
Livre Arbítrio e MilagreLivre Arbítrio e Milagre
A liberdade do ator completa e diversifica a peça. A liberdade da energia se manifesta na submissão aos
limites do meio no qual ela se encarna. A independência do meio é destruição da liberdade. A tarefa do criador é dedicar-se com amor ao meio. (...) nem a predestinação, nem o livre arbítrio sejam tudo;
mas que a vontade, se ela agir de forma livre e de acordo com a sua natureza verdadeira, acabará fazendo a vontade eterna de seu criador, pela graça e não pelo juízo (...)
O milagre é a intervenção do autor/criador na obra.
A Energia Encarnada na Auto A Energia Encarnada na Auto ExpressãoExpressão
A Energia se expressa a si mesma de forma pessoal e única, através de meios materiais.
O Filho é igual ao Pai no que tange a sua divindade (essência) e inferior a ele, no que tange a sua humanidade (expressão).
Ex. Autobiografia: sua estrutura foi criada igual às outras; ela é singular entre várias obras; nunca representa o autor completamente; é uma auto traição.
Por isso é perigosa. Só a Encarnação passou no teste.
Criador de Todas as Coisas- Criador de Todas as Coisas- Criador do MalCriador do Mal
Respostas ao mal A maniqueísta, que estabelece uma simetria e contradição absoluta entre bem e mal
e para quem Jesus não foi homem. A negativista, do mal como sendo negação ou destruição ou privação do bem, da
mesma forma que a escuridão é privação da luz. A transcendente, da divindade que está acima do bem e do mal.
O mal é o nada, mas ao mesmo tempo, tem existência positiva. Conhecemos o mal por experiência.
Ao criar o bem, cria-se o não-bem e o anti-bem. Se dizemos que Deus existiu antes de tudo, houve um tempo em
que Ele não existiu. Mas Deus é do modo da eternidade, além do tempo. O que fazer com os Anti-Hamlets: redimi-los criando.
PentecostePentecoste
O Poder da criação se manifesta na sua leitura (experiência)
O negócio da educação é esperar o Pentecoste. É pela leitura que vemos o reflexo da Mente do Autor
na nossa mente. É pelo Poder que a obra se mostra na sua integralidade.
Em si é invisível e imaterial e atemporal como a Ideia. O Poder revela/comunica os nexos/associações entre as
coisas. Todo o universo segue a forma tripartite: eis o credo.
O Amor da CriaturaO Amor da Criatura
A doutrina da trindade não é a do arquétipo platônico, mas a doutrina da mente criativa.
Referencial interno e externo. Estrutura paradoxal. Como se um personagem da obra lesse a obra. Toda obra revela e manifesta amor pela obra. Amor não possessivo, nem sentimentalista, nem resignado,
mas participativo, que considera a autonomia do indivíduo: é a Energia da criação.
O sacrifício/serviço à obra é prazeroso. A obra perfeita demanda a cooperação da criatura, com vistas
à conformação com a Lei Natural.
Desigualdades na TrindadeDesigualdades na Trindade
As imperfeições da criação humana são imperfeições da trindade, que é escalena, não equilátera.
Aficionados pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Falta do Pai – inconsistência, falta de integralidade. Falta do Filho – falta de forma, falhas materiais e
técnicas, falta de expressividade. Falta do Espírito Santo – falta de coerência, falta de
inspiração, de empatia, de feeling, de senso crítico. O artista não criativo é perigoso, destruidor, insano.
ProblematizaçãoProblematização
Há uma correspondência entre os Credos Cristãos e a experiência do artista.
Ambos falam da criatividade e do que ela significa para o homem comum.
Entre a Mente Divina e humana há uma diferença de qualidade e de grau, mas não, de categoria.
A experiência religiosa cristã tem paralelos no universo O trabalho não-criativo é violência contra a dignidade O artista não soluciona problemas criativamente. Ele usa as circunstâncias para criar coisas novas que formam
uma “atitude criativa para com a vida”.
Trindade DivinaTrindade Divina
Fonte: http://www.bible-quran.com/book/monotheism-trinity/
Trindade humanaTrindade humanaIntuição/
Integralidade/Planejamento
Sentido/ Interpretação/Inspiração/Imaginação/Crítica
Encarnação/Atividade/Forma
Energia
Fonte: A autora
Ideia
Poder
Trindade HumanaTrindade Humana
Ideia Criativa
Poder Criativo
Energia Criativa
Tempo
Espaço
Transcendência
Trindade Artística (literária)Trindade Artística (literária)
Livro pensado
Livro lidoLivro escrito
TempoTranscendência
Espaço
Trindade TradutológicaTrindade TradutológicaDomesticação/Familiarização
Aproximação/Assimiliação
Sentido/ Interpretação/Inspiração/Imaginação/Crítica
Estrangeirização/LiteralismoDistanciamento/Formalização
Energia
Fonte: A autora
Ideia
Poder
Conclusões/SugestõesConclusões/Sugestões
A importância da leitura de MC para se compreender o processo criativo envolvido na tradução
Articulação inevitável de MC com a teologia Descoberta de “ferramentas” úteis na hermenêutica de
Ricoeur Sugestão de mais pesquisas na filosofia e teologia da autora,
além exploração das demais modalidades de sua obra Inserção da hermenêutica no campo dos ET e
interdiscipilinaridade com a Teologia Buscar uma “teologia da tradução” Continuidade: Responder a perguntas. Colocar-me mais
OBRIGADA!!!