Post on 07-Apr-2016
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THE STOOGES ULTRAVOX SIMPLE MINDS HAPPY MONDAYS TONY WILSON NEW ORDER U2 PRIMAL SCREAM HUMAN LEAGUE
Directora:
Irene Leite
urbangroundmagazine@gmail.com
Urbangroundmagazine.blogspot.pt
Revisão:
Irene Leite
Colaboram nesta edição:
Maria Coutinho, Ana Luísa
Silva, Irene Leite, Miguel
Ribeiro, Bruno Vieira, Adri-
ano Marques, Sara Cunha ,
Júlia Rocha , Sara Pereira,
Carmen Gonçalves
Editorial
É com muito orgulho que arrancamos 2015 com este novo
projeto , que não é mais do que uma extensão do trabalho
desenvolvido pelo Som à Letra nos últimos cinco anos.
Grande parte dos artigos presentes nesta primeira edição
são provenientes dos arquivos do Som à Letra, que ao
longo dos anos tornou-se mais generalista. Isto não impli-
ca que não sejam elaborados novos artigos especialmente
para esta revista. Estamos em construção.
Nesta edição para além de nomes sonantes como Iggy
and The Stooges , Human League, Simple Minds, e U2
podem contar com novidades sobre a nossa primeira fes-
ta. 5 anos de jornalismo musical.
Bem vindos à revista de cultura alternativa do Som à Le-
tra, a Urban Ground. Pretendemos “surrealizar por aí”.
Não perca as nossas próximas aventuras.
In: http://david-duque.blogspot.com.es/2011/01/caricaturas_15.htm
Capa
Ninguém esperaria ouvir, em plenos anos
sessenta, um grito de revolta contra o
aborrecimento. Estávamos em plena era
hippie. Make love, not war… Por isso,
também ninguém esperava ver surgir uma
figura como Iggy Pop na América das flores
no cabelo… “No fun” é uma espécie de
premonição do movimento Punk que
despontaria na década seguinte…e que hoje
nos bate à porta.
Por Maria Coutinho
The Stooges foi a primeira banda que gravou com a
voz de Iggy Pop (nesta altura era Iggy Stooge), mas
é também o título do álbum que, em 1969, a Elektra
Records lançou, com arranjos do mesmo John Cale
que conhecemos nos Velvet Undergound. Na altura
não terá causado grande impressão, pelo menos a
avaliar pelos fraquíssimos resultados de vendas.
Mas com o passar do tempo impôs-se como um dos
maiores álbuns de estreia de sempre na história do
Rock.
Há um mito urbano acerca deste álbum: consta que
a editora terá exigido mais material do que as cinco
músicas que a banda apresentou para gravar.
Mentindo para não perder a oportunidade, os
músicos teriam assegurado que tinham muito mais
composições para trazer no dia seguinte…
Uma noite de ensaios muito criativa deu origem aos
restantes temas que acabaram por integrar o disco
de estreia da banda ( “Real Cool Time,” “Not Right”
e “Little Doll”). Isto só foi possível porque o método
de trabalho dos The Stooges constituía em compor
peças de um a dois minutos e improvisar mais
alguns minutos para completar.
Já nesta época havia algo de único nas
performances de Iggy, um estilo de apresentação
em palco que é inimitável, por mais que se possa
detectar a sua influência em outros artistas até aos
dias de hoje. Reza a lenda que terá sido o inventor
do “stagediving” e é bem famosa a sua capacidade
de surpreender com contorcionismos pouco
ortodoxos de sangue, suor e lágrimas, que vão
desde a auto-mutilação à exibição de uma nudez
que nenhuma mãe aprovaria, e que levam o público
ao delírio. Uma liberdade artística que, segundo se
diz, terá sido inspirada pela actuação de Jim
Morrison num espectáculo dos The Doors a que
Iggy assistiu em 1967. A irreverência é, aliás, a
imagem de marca de Iggy Pop. É toda uma postura
que já era punk antes deste movimento explodir
com a sua atitude, sempre do “contra”. Em “No
Fun” Mr Pop responde a “Walk The Line”, o êxito
em que um Johnny Cash recém-casado promete ser
fiel e “portar-se bem”… Mas para Iggy isso significa
monotonia, aborrecimento, “no fun”… É a mesma
atitude que leva os punks ingleses, anos mais tarde,
a assumir que preferem uma vida curta, mas
intensa, e certamente não foi por coincidência que
os Sex Pistols gravaram a sua versão deste tema.
Nas exibições ao vivo , “No Fun” ganha uma
dinâmica especial, a postura de Iggy Pop torna-se
mais agressiva, a atitude de revolta mais patente….
É frequente ouvi-lo gritar repetidamente o título
“No Fun”, que se converte numa espécie de palavra
de ordem…Um grito de guerra inconfundivelmente
punk.
Iggy Pop
Querido leitor. Hoje, antes de lhe oferecermos
um maravilhoso artigo sobre música, vamos
jogar ao Quem é Quem? Servirá para
descomprimir de uma semana de trabalho,
que foi repleta de contratempos e stress.
Preparado? Vamos lá:
“É internacional?” Sim! “A minha avó
conhece?” Sim! “É velho?” Sim! “Acabado?”
Nunca! “Com garra?” Muita! “Veste-se bem?”
Vestir não se veste muito! “É moreno?” No
corpo! “É loiro?” Oxigenado! “Usa um nome
falso?” Pois claro que sim caro leitor. De outro
modo não nos serviria! “É uma estrela do
Rock?” Sim! Mas tem Pop no nome. “Pop no
nome?” Sim querido leitor. Pop no nome. Já
sabe quem é? Pois claro que sabe! É o Iggy
Pop.
Por Ana Luísa Silva
Corria o ano de 1947 quando algo de novo
sucedeu no Mundo. Havia nascido uma figura
que, anos e anos mais tarde se tornaria uma das
pessoas mais célebres e emblemáticas da
música rock no panorama internacional.
Baptizado sob o nome de James Newell
Osterberg, o futuro Iggy Pop nada tinha a ver
com o que se nos apresenta hoje. Rapaz tímido
e introvertido foi criado sob os costumes anglo-
-irlandeses por parte do pai e norueguesa/
dinamarquesa por parte da mãe, num camping
para auto caravanas.
O seu amor pela música começou bem cedo,
tendo iniciado a sua carreira musical como
baterista em várias bandas da escola onde
andava no Michigan. Na “The Iguanas” – nome
de uma delas – foi onde lhe surgiu o nome
“Iggy” e não tardou muito até que se mudasse
para Chicago a fim de aprender muito mais
sobre a sua paixão: o blues. Durante a sua
estadia na cidade dos “Bulls”, Iggy participou
em várias bandas a fim de ganhar não só
dinheiro mas também e principalmente fazer
novas amizades que, futuramente o pudessem
ajudar a dar o saltinho de pardal que tanto
precisava.
Foi então pelo amor ao Blues – e por influência
directa de bandas como “The Sonics” ou “The
Doors” – que Iggy decidiu formar os ”The
Stooges” com Dave Alexander no baixo e os
irmão Ron e Scott Asheton na guitarra e bateria
respectivamente. Começaram a frequentar
bares para concertos e rapidamente Iggy se
apercebeu que necessitava de uma marca que o
destacasse da grande massa musical que já se
fazia sentir na época. Após ter assistido a um
concerto dos “The Doors” em 1967, Iggy Pop
ficou atónito com as perfomances e
individualismo que Jim Morrison emanava. O
seu comportamento extremo inspirou Iggy a ir
muito além de todos os seus limites enquanto
tocava, rolando sobre cacos de vidro, baixando
as calças e esfregando pedaços de carne ou
manteiga de amendoim no peito. Loucuras à
parte, passou a ser aclamado como o pai do
“stage dive” – algo que abraçou pela primeira
vez durante um espectáculo em Detroit.
Em 1968, um ano antes de lançar o seu álbum
de estreia, a banda assinou um contrato com a
Elektra Records e Iggy, a fim de evitar
problemas futuros, decidiu ligar a Moe
Howard (elemento do grupo de comédia
televisiva “Three Stooges” para saber se o
deixavam baptizar a banda de The Stooges. A
resposta foi clara: “I don’t care what they call
themselves, as long as they’re not the Three
Stooges!”. Disco lançado em 1969 e fracasso
total. O álbum não teve vendas nenhumas e o
sucesso comercial falhou. Ainda assim em 1970,
a banda decidiu arriscar e lançou “Fun House”
seguindo o mesmo marasmo comercial do
álbum anterior, mas foi sol de pouca dura já
que a banda se cansou do vicio em heroína que
Iggy mantinha e deitavam por terra, sonhos.
No ano seguinte, Iggy conheceu David Bowie
em Nova Iorque o que demonstrou ser uma
boa influência já que em 1972, Iggy viajou com
Lou Reed para Londres com o objectivo de
lançar uma carreira a solo. Mas Bowie e Pop
tiveram uma ideia melhor e decidiram relançar
os The Stooges convidando de novo os irmãos
Asheton e impondo algumas mudanças. Ron,
anterior guitarrista, ofereceu o seu lugar a
James Williamson e deu-se o nascimento de
“Raw Power”. O consumo de drogas agravou-
se e os The Stooges voltaram a separar-se nesse
ano depois de terem entrado em confrontos
com motoqueiros. Depois da segunda
separação dos Stooges, Iggy fez algumas
gravações com James Williamson, mas o
lançamento das mesmas só se deu em 1977
aquando do lançamento do álbum “Kill City”.
Infelizmente Iggy não conseguiu largar as
drogas e internou-se num manicómio a fim de
se reabilitar , tendo Bowie como única visita.
Finada a reabilitação, Bowie e Pop rumaram a
Berlim. Iggy assinou um contrato com a RCA
Records e Bowie ajudou a escrever e produzir
os álbuns “The Idiot” e “Lust for Life” que são,
de longe, os álbuns mais mediáticos de Pop.
Ainda assim Iggy estava insatisfeito com a
editora RCA e, ao ver-se livre do contrato,
mudou para a Arista Records. Lançou “New
Values” em 1979 que, apesar de ter algumas
músicas com reconhecimento, não teve grande
sucesso. O disco ficou mais famoso nas terras
dos cangurus: Nova Zelândia e Austrália, o que
levou Iggy a visitar esta região pela primeira
vez.
Enquanto estava em Melbourne, fez uma
aparição memorável no programa televisivo
“Countdown”. Durante o decorrer da sua
performance de “I’m bored”, Iggy não fez o
mínimo esforço para mostrar que estava a fazer
playback e ainda tentou agarrar raparigas que
estavam na plateia. A verdade é que tal
coragem e loucura lhe valeram uma óptima
popularidade entre os punks australianos.
Os anos 80 começaram com a publicação da
autobiografia intitulada “I need More”. O livro
conta com uma selecção de fotografias a preto e
branco e tem o prefácio escrito pelo mítico
Andy Warhol. Em 1982 lançou o disco
“Zombie Birdhouse” sem sucesso algum.
Contudo a sorte manteve-se do lado de Iggy.
Isso ou Bowie que, não o largando por um
minuto, gravou “China Girl” e colocou o nome
de Pop nos créditos. A presença de Bowie na
vida de Pop valeu-lhe uma melhoria na sua
condição de vida: largou a heroína, teve aulas
de actor e ainda se casou. Em 1988 lançou
“Instinct” , álbum recheado de sons de
guitarras sujas que relembram os bons tempos
dos “The Stooges”.
Com a entrada do novo milénio, Iggy já fez
muita coisa. Participou em algumas músicas da
banda At the Drive-In, cantou a música “Fix
Me” para o álbum “Rise Above: 24 Black Flag
Songs to Benefit the West Memphis Three”
organizado por Henry Rollins e ainda voltou a
reunir os “The Stooges” gravando novos
álbuns e dando concertos um pouco por toda a
parte. Em 2010 os “The Stooges” foram
introduzidos no “Rock and Roll Hall of Fame”.
O pai do “stage dive” ainda anda aí e é preciso
ter cuidado. É gigante e não é a idade que o vai
demover.
Corria a década de 70 quando Joey,
juntamente com Johnny, Tommy e Dee Dee
formaram uma banda que mudou o padrão do
rock conhecido até então. Deixando de lado os
excessos e o virtuosismo do final dos anos 60,
criaram, quase por acaso, um novo estilo
musical que viria a influenciar numerosas
bandas de rock que surgiram nas décadas
seguintes. A lenda continua.
Por Carmen Gonçalves
Baterista desde os 13 anos, Joey tocava numa
banda rock quando foi convidado para se
juntar ao grupo que estava a ser formado por
John Cummings e Douglas Colvin. Quando se
percebeu que como baterista não conseguia
acompanhar o estilo mais agressivo da banda, o
produtor Tommy Erdelyi assumiu as baquetas
e Joey passou então a ser o vocalista principal.
E assim nasceram os Ramones. A ideia do
nome surgiu de Douglas Colvin que decidiu
usar o sobrenome de Ramone, rebaptizando-se
de Dee Dee Ramone, e propondo o mesmo aos
restantes elementos da banda.
Em pouco tempo o conjunto de músicos
amadores tornou-se uma das principais
atracções do clube nova-iorquino CBGB. Um
ano depois os Ramones foram a primeira banda
punk rock a assinarem um contrato musical
com uma editora e lançaram o seu primeiro
disco em 1976, o homónimo “Ramones”.
Com a simplicidade dos três acordes em
músicas directas, que não ultrapassavam os
dois minutos, os Ramones interpretavam o
vazio da vida dos jovens da época, sem
perspectivas de futuro – o sucumbir às drogas,
à prostituição e à delinquência juvenil. Músicas
como “Judy Is a Punk ”, “Now I Wanna Sniff
Some Glue” ou “Blitzkrieg Bop”, faziam as
delícias do movimento “underground” urbano
em ascensão.
Apesar de não terem alcançado um grande
sucesso comercial nos Estados Unidos, os
Ramones editaram catorze álbuns em vinte e
dois anos de carreira, seguidos quase sempre
de uma tourné. Nos concertos chegavam a
tocar trinta temas em noventa minutos, quase
sem parar. Desta forma, mesmo sem um
grande número de vendas, construíram uma
legião fiel de fãs e de seguidores.
Foram uma grande influência para muitos
jovens desajustados socialmente, e muitos
destes formaram a sua própria banda punk,
como o é o caso dos The Clash e dos Sex
Pistols, pioneiros do punk rock em Inglaterra.
Mais tarde, no início da década de 90 surgiram
várias bandas rock norte-americanas
influenciadas pelo movimento punk. Bad
Religion, Soundgarden, Pearl Jam e Green Day,
foram algumas das bandas que beberam da sua
influência.
No final da década de 70 o punk rock estava de
ressaca, muito devido ao caos instalado pelos
Sex Pistols. Tocar punk rock em Inglaterra caiu
em desuso, e começaram a emergir as
primeiras bandas dos movimentos pós-punk e
new wave. Ainda assim os Ramones
mantiveram-se fiéis ao seu estilo, embora
começassem a surgir as primeiras alterações na
formação da banda. Com a saída do baterista
Tommy, Marky Ramone assumiu o seu lugar e
foi a altura ideal para os Ramones apontarem
para novas direcções. Queriam fazer um disco
mais comercial, mas sem deixar de lado as
características iniciais da banda. E foi assim que
em 1978 chegou ao mercado o LP “Road To
Ruin”, que mostrava que os Ramones sabiam e
podiam fazer um rock acessível e de qualidade.
No início da década de 80 alguns conflitos
começaram a provocar tensão na banda. Até
então Joey tinha pouca participação na
composição dos temas, mas nessa época passou
a ter um papel mais importante, juntamente
com Dee Dee. Mas a vida boémia de festas,
drogas e álcool levou com que até ao final da
década os Ramones tivessem algumas
formações diferentes. Em 1983 deu-se a saída
do baterista Marky, tendo regressado após a
sua reabilitação quatro anos mais tarde. E em
1989 os Ramones sofreram um revés com a
saída de Dee Dee, que era o elemento que tinha
o papel principal na composição dos temas.
Na década de 90 e já com a nova formação os
Ramones editaram três álbuns. Em 1995
lançaram o último registo “Adios Amigos!”, e
no ano seguinte a banda separou-se. O cansaço
acumulado, a falta de comunicação entre os
elementos e a doença que tinha afectado o
vocalista Joey, foram factores preponderantes
para o grupo se desfazer. O último concerto da
banda aconteceu no dia 6 de Agosto de 1996
em Hollywood. Eddie Vedder, Chris Cornell e
o ex-elemento Dee Dee Ramone, foram alguns
dos convidados especiais desta actuação. Ficou
registado como o concerto número 2.263 e deu
origem ao álbum e ao vídeo “We’re Outta
Here!”.
Com o fim dos Ramones foi deixada uma
lacuna no movimento punk, que dificilmente
será preenchida. Mais do que uma influência,
foram e continuam a ser, a base de sustentação
para o que de melhor se pode fazer na cena
punk rock.
Sex Pistols
Com o humor cínico e rebelde dos britânicos
jovens, o Rock and Roll nunca mais foi o
mesmo depois dos Sex Pistols. A música, a
letra, a atitude de cada membro da banda e
um desejo de chocar e provocar era algo que
nunca se tinha visto antes, e o álbum Never
Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
serviu para alterar o panorama punk-rock na
Inglaterra e influenciar o resto do mundo.
Hoje, em modo punk.
Por Adriano Marques
A banda londrina criada em 1975 era
originalmente composta pelo vocalista Johnny
Rotten, o guitarrista Steve Jones, o baterista
Paul Cook e o baixista Glen Matloc, que
acabaria por ser substituído por Sid Vicious em
1977. Rapidamente se apercebeu que este
grupo era diferente, e apesar de curta carreira
(apenas dois anos) os Sex Pistols chocaram
uma inglaterra assediada pela pobreza,
desemprego, e greves operárias. Ao mesmo
tempo esta época foi o timing perfeito para o
punk estar na moda. Por exemplo a canção
God Save the Queen, entre muitas outras, era
vista como uma provocação à monarquia
britânica e aos desempregados.
O único álbum do grupo, Never Mind the
Bollocks, Here’s the Sex Pistols foi lançado em
outubro de 1977, e apesar de tanta controvérsia
até teve um grande impacto pelos ouvintes
britânicos. No mesmo ano começavam as
turnês pela América que incitava imensa
emoção e protesto por causa do famoso rótulo
acerca da violência que havia nos seus
espetáculos. Por outro lado, o seu sucesso era
cada vez maior porque a publicidade negativa
aumentava a sua notoriedade.
Dada a reverência para com o legado dos Sex
Pistols , Never Mind the Bollocks foi
considerado o número dois do álbum de todos
os tempos pelos editores da Rolling Stone.
Apesar da carreira ter terminado em 77 o
grupo juntou-se em 2007, os integrantes da
formação original dos Sex Pistols (Johnny
Rotten, Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock)
com o objetivo de comemorar os 30 anos do
álbum “Never Mind The Bollocks”. O grupo
marcou presença, inclusive, no Festival
Paredes de Coura .
Quando a atitude faz o monge
Já foi lançada uma das mais controversas
músicas dos Sex Pistols, “Belsen was a Gas”, e
que é apontada por muitos como uma crítica
idiota aos acontecimentos que envolveram a
libertação do campo nazi de Bergen-Belsen
pelas forças britânicas. Na letra, escrita por
Sid Vicious, lê-se uma descrição, a espaços
grotesca, daquilo que seriam os horrores
sofridos pelos judeus. Nas entrelinhas
encontramos John Simon Ritchie-Beverly,
agressivo, controverso, ofensivo e exagerado, e
percebemos nas imagens o porquê de este ser,
ainda hoje, o ícone maior da cultura punk.
Por Sara Cunha
É curioso que passados mais de 30 anos sobre a
sua morte, o nome de Sid Vicious valha quase
tanto como o do colectivo Sex Pistols, até
porque, bem feitas as contas, o baixista que
começou como baterista nos The Flowers of
Romance, até nem alinhou na formação inicial
da banda e, mesmo lá dentro, nunca foi um
parceiro consensual. Curioso, mas não
totalmente surpreendente, se pensarmos que os
Sex Pistols nunca quiseram ser uma banda de
hits. Para a banda inglesa o importante não era
o porto, mas a viagem e, mais do que isso, o
rasto de destruição que durante a mesma
pudessem deixar. Daí que não seja de estranhar
que o próprio Malcolm McLaren, fundador do
colectivo, fosse o primeiro a afirmar que “caso
tivesse conhecido Vicious antes de Rotten, seria
ele o vocalista, porque tinha um carisma
incomparável em palco”.
Filho de mãe hippie e um (ausente) pai ex-
guarda, John Simon Ritchie-Beverly haveria de
renascer Sid Vicious quando o animal de
estimação de John Joseph Lydon (mais tarde
Jonhny Rotten e, como já devem ter somado,
vocalista dos Sex Pistols) o mordeu. Sem
especial talento para a música, a história
pública de Sid confunde-se com a sua vida
pessoal, marcada por comportamentos limite,
auto-destrutivos e uma tendência natural para
abraçar vícios e atitudes agressivas. Tendo
abandonado a escola muito jovem, Sid era um
dos números que engrossava as fileiras do
desemprego, filho de uma geração de jovens
sem grandes projectos, interesses ou aspirações
e que vagueavam as ruas de Londres
alimentando a frustração face a uma sociedade
tradicionalista e sem oportunidades. Não
admira, portanto, que o seu percurso na música
viesse a transformar-se na materialização do
ódio ao poder estabelecido e à coroa inglesa,
tudo muito bem embalado num pacote de
formas agressivas, “punch sentences” e ritmos
acelerados. A prová-lo está o single “God Save
the Queen” em que acusa Elizabete II de não
ser um ser humano. Uma trilha que haveria de
granjear o ódio de grande parte da população
das ilhas britânicas, arrecadar algumas
agressões a elementos da banda e uma
proibição de circulação em território inglês.
Nada que assustasse Sid e o seu colectivo que,
no seguimento do single, decidiram editar o
álbum “Never Mind the Bollocks, Here’s the
Sex Pistols” também ele um registo non grato
na indústria da especialidade.
Sid não era homem de meias palavras, como
não era de meias atitudes, até porque, como o
mesmo dizia (ou predizia), “haveria de morrer
novo”. Foi, de resto, a atitude exagerada, as
unhas roxas e a vida amorosa turbulenta, capaz
de fazer correr tinta de jornais, que haveriam de
imortalizá-lo aos olhos da história da música.
No atrelado desta fama, e como esquecê-la,
cabe apenas um nome, Nancy Sprungle. A
grande paixão da vida de Vicious que se
gabava de ter tirado a virgindade ao baixista e
de o ter iniciado no consumo de heroína. Uma
relação tão apaixonada quanto tortuosa que
haveria de ser rastilho para o fim dos Sex
Pistols, numa altura em que o consumo
exagerado de droga era motivo para intensas
discussões entre os elementos da banda. Após o
final do colectivo, Vicious e Nancy rumam aos
Estados Unidos para tentar algumas incursões a
solo, mas nada que fosse além de uns concertos
e perfomances de bairro.
Em Outubro de 1978, Nancy Sprungle é
encontrada morta no chão da sua casa de
banho. No corredor, Sid jazia inanimado e,
apesar das declarações confusas e
contraditórias, acaba por ser condenado por
homicídio involuntário. Dias mais tarde, é
libertado, sob fiança . Em Fevereiro de 1979, no
seguimento de uma festa que celebrava a sua
segunda liberdade condicional, Sid Vicious é
encontrado morto. Tinha 21 anos e no bolso do
casaco uma carta onde se lia: “”Nós tínhamos
um pacto de morte e eu tenho que manter
minha parte. Por favor, enterrem-me junto da
minha querida, com o meu casaco de cabedal,
jeans e botas de motoqueiro”.
Decorria o ano de 1976 quando os The Clash
se deram a conhecer ao mundo. O movimento
punk rock britânico estava no seu apogeu com
os Sex Pistols a marcarem definitivamente
este estilo. Mas os The Clash vieram dar um
novo alcance musical ao punk, incorporando
novos estilos e acrescentando uma
sofisticação lírica e política, que os distinguia
da maioria das bandas punk rock da época.
Por Carmen Gonçalves
A formação original era composta por Joe
Strummer na voz, Mick Jones na guitarra, Paul
Simonon no baixo e Terry Chimes na bateria
(substituído por Nick Headon pouco antes do
lançamento do disco de estreia). O homónimo
“The Clash” chegou às lojas em 1977 e teve
entrada directa para o top britânico.
Por esta altura a banda andava em turné com
os Sex Pistols, a abrir a primeira parte dos seus
concertos, e apesar no género musical ser o
mesmo, havia diferenças notáveis entre as duas
bandas. Enquanto os Sex Pistols eram apenas
uma banda de rebeldes que pregavam anarquia
pura e simples, os The Clash eram uma banda
de rebeldes com uma causa, que mostravam
nas suas letras críticas sociais subtis.
Com o segundo álbum, “Give ‘Em Enough
Rope”, lançado em 1978, conseguiram
finalmente alguma repercussão no mercado
americano fazendo com que o primeiro LP
fosse também lançado a nível mundial.
Seguiram-se duas turnés bem sucedidas nos
Estado Unidos.
Musicalmente falando, os The Clash foram
capazes de evoluir bastante no decorrer da sua
carreira, aventurando-se, inclusive, em
sonoridades diferentes do punk rock, como o
pop, o reggae e o ska, abrindo caminho para a
new wave.
Esta influência de novas sonoridades,
principalmente do reggae e do ska, ficaria clara
no terceiro disco, “London Calling”, de 1979,
que também mostrou muitas influências do
rock n’ roll e do blues. O experimentalismo da
banda foi ainda mais longe, incluindo
instrumentos de sopro e electrónicos em alguns
dos seus temas. A diversidade destes estilos
levou o álbum a ser bem aceite nos Estados
Unidos, tendo sido o maior sucesso comercial
da banda.
O quarto álbum da banda surgiu um ano mais
tarde em 1980. “Sandinista!” é um álbum triplo
repleto de experimentações musicais
enveredando pelo o reggae e o dub, e
expandindo-se em direção a outras técnicas de
produção e estilos musicais, que incluíam jazz e
hip-hop. O resultado confundiu os novos fãs e
as vendas caíram na Grã-Bretanha, embora
tenham-se saído melhor nos Estados Unidos.
Em 1982 a banda redimiu-se com o lançamento
de “Combat Rock” que incluía os temas “Rock
The Casbah” e “Should I Stay Or Should I
Go?”, que se tornou num verdadeiro hino do
movimento punk.
Os sintomas passaram despercebidos com o
sucesso de “Combat Rock”, mas depois deste
álbum a banda começou lentamente a se
desintegrar. O baterista Nick Headon foi
demitido por apresentar problemas sérios com
drogas, embora a razão oficial tenha sido
diferenças políticas. Para o seu lugar foi
chamado o antigo membro Terry Chimes, que
não se manteve muito tempo na banda. Depois
da turné deste álbum Chimes abandonou os
The Clash, convencido de que o grupo não
duraria muito tempo.
Em 1983, e depois de uma longa procura por
um novo baterista, Pete Howard foi recrutado,
mas a formação da banda em breve iria
conhecer novos elementos. Em Setembro de
1983 Joe Strummer e Paul Simonon expulsaram
Mick Jones devido ao seu comportamento
problemático e a divergências musicais, tendo
entrado para o seu lugar dois guitarristas, Nick
Shepperd e Vince White.
No final de 1984 os The Clash anunciaram que
um novo disco estava a caminho, contudo o
resultado final não foi o esperado pela banda.
As sessões de gravação deste novo álbum
foram decepcionantes, com o empresário Bernie
Rhodes a alterar drasticamente os arranjos das
músicas e baseando o som em sintetizadores.
Desiludido com o álbum, o líder Joe Strummer
levou a banda em digressão pelo Reino Unido,
tocando de graça em esquinas e bares. Estes
foram os últimos concertos dos The Clash. Em
1985 “Cut The Crap” chegou às lojas e a
desvirtuação do som dos The Clash foi arrasada
pela crítica. Em 1986 Strummer e Simonon
anunciaram o que já se previa, chegando ao fim
a existência dos The Clash. Embora tenham tido
uma curta existência, os The Clash tornaram-se
numa verdadeira banda de culto, tendo
revolucionado o punk rock britânico, não só
pela mescla de sonoridades, mas sobretudo
pelo conteúdo crítico das suas letras. Hoje, são
considerados uma das maiores bandas de todos
os tempos graças à atitude, à criatividade e à
ousadia em juntar reggae, dub, ska, jazz e funk
ao punk rock.
Tony Wilson
No mundo da música, seja de que género for,
a condição de músico ou produtor é sem
dúvida importante para ser-se famoso, ou pelo
menos, relativamente conhecido. No entanto
existem personalidades que, sem o serem,
adquirem quase igual estatuto, tornando-se
igualmente figuras importantes e
determinantes, influenciando decisivamente a
história da música. Um destes exemplos foi o
jornalista Tony Wilson (fundador da Factory
Records e mentor do fenómeno Madchester) e
um dos primeiros a ter consciência da
existência da música indie . Vamos então falar
um pouco sobre a sua vida…
Por Bruno Vieira
Natural de Salford, Lancashire, o jornalista e
apresentador de TV formado em Cambridge com uma
especialização em língua inglesa começou por estagiar
na ITN. Fez carreira na Granada Television e passou
também pela BBC. Tony Wilson foi um dos principais
responsáveis pela revolução no mercado musical
britânico em meados da década de 70, ao dar aos novos
nomes da música a oportunidade de serem alguém, num
mercado onde só parecia haver lugar para os músicos
estabelecidos. O facto de ter assistido em 1976 ao
primeiro concerto dos Sex Pistols fê-lo perceber que
algo estava a nascer, faltava só preparar o terreno para
fazer acontecer. A música alternativa/independente
dava os primeiros passos.
A Factory Records tornou-se então numa espécie de
albergue para nomes como Joy Division, New Order,
Happy Mondays, Clash, Buzzcocks, entre outros. A
abertura de dois espaços: um clube nocturno para
actuação das bandas da sua editora e mais tarde a
discoteca Hacienda, que se tornaria no centro da noite
de Manchester, deram um impulso à vida nocturna
desta cidade, muito marcada pela recessão económica e
social da época. Do ambiente urbano-depressivo até ao
fenómeno Madchester foi um ápice. Em final dos anos
80 os dias eram já mais alegres e as noites de festa…
nascia a cultura Rave.
A história deste período seria mais tarde recontada
através de 24 Hour Party People, filme/documentário
autobiográfico, realizado em 2002 por Michael
Winterbottom e interpretado por Steve Coogan (no
papel de Tony Wlson), que nos dá a conhecer o
ambiente em torno de Manchester, desde meados de 70
a inícios de 90, fazendo-se acompanhar de uma
excelente banda sonora, que inclui nomes como Joy
Division, Sex Pistols, Happy Mondays, The Clash, Durutti
Column, New Order, entre outros…
Para terminar lembro apenas que Tony Wilson faleceu
em Agosto de 2007, aos 57 anos em Manchester, vítima
de ataque cardíaco, embora lutasse contra um cancro
desde o início de 2006.
Tony Wilson é um jornalista frustrado da Gra-
nada TV, cansado de fazer programas que cheiram a
mofo. Entrevistar um guarda-canais ou um dono de
um rebanho de ovelhas guardado por um pato, não
são o tipo de trabalho que o realizem. Mas Wilson
quer fazer algo de importante que possa contar aos
netos: funda uma editora, a Factory Records e abre
dois espaços: um clube nocturno onde actuam as
bandas da sua editora e mais tarde a Hacienda, dis-
coteca famosa e centro da noite de Manchester.
24 Hour Party People retrata o panorama musical
desde os primórdios do Punk, em meados dos anos
70, passando pelo fenómeno de “Madchester“ em
finais de 80, até ao surgimento da cultura “Rave“.
Quando Tony Wilson assiste em 76 ao primeiro
concerto dos Sex Pistols, apercebe-se que está na
vanguarda das tendências musicais. São poucos a
assistir ao concerto… mas bons! O espírito deste
concerto não poderia captar melhor a atmosfera ur-
bano-depressiva causada pela recessão económica e
social da Inglaterra de finais de 70. A primeira ban-
da Punk cantava o que o poder instituído não queria
ouvir: “Deus salve a rainha… Ela não é um ser hu-
mano… Não há futuro… Nos sonhos da Inglaterra“.
De facto os anos 70 não estavam fáceis para os no-
vos nomes da música, com as grandes editoras a
ditarem as regras do jogo. As coisas passavam-se
mais ou menos assim: existia um número considerá-
vel de artistas conhecidos e consagrados que rendi-
am muito dinheiro às editoras, os denominados
“supergrupos“. Apenas estes tinham acesso aos me-
lhores meios com produções e espectáculos megaló-
manos. Com os “supergrupos“ a sustentarem os lu-
cros das editoras, apostar em bandas desconhecidas
era um risco que ninguém estava disposto a correr.
A Factory Records acolheu estas bandas que de ou-
tra forma jamais teriam direito a tempo de antena,
estamos a falar de nomes como Joy Division, New
Order e Happy Mondays, Clash, Buzzcocks, entre
outros. A editora concedeu total liberdade criativa
aos seus músicos, inclusive o direito de poderem
abandoná-la quando entendessem. As regras eram
tudo menos convencionais e os contratos redigidos
e assinados com sangue.
A Factory Records foi, talvez, a principal responsá-
vel pela generalização do conceito “independente“,
tornando-se numa espécie de albergue para os no-
vos talentos de então, ainda hoje fonte de inspiração
para toda uma nova geração emergente de nomes
como Franz Ferdinand, The Strokes, The Libertines,
Editors, Arcade Fire ou Interpol. Devido a dificul-
dades financeiras a Factory Records seria mais tarde
adquirida pela London Records.
Realizado em 2002 por Michael Winterbottom e
interpretado por Steve Coogan (no papel de Tony
Wilson), este filme/documentário autobiográfico faz
-se acompanhar ainda de uma excelente banda so-
nora, essencial a todos os interessados em conhecer
os primeiros nomes do som alternativo.
24 hour party people
New Order: Os verdadeiros ícones da alternativa
Os New Order são uma banda pós-punk de
música electrónica inglesa, formada em 1980
pelos ex-integrantes dos Joy Division, após o
suicídio do vocalista Ian Curtis e que se
desmoronou em 2007. É considerada a
pioneira na união do rock com a música
electrónica e foram uma das maiores difusoras
da música electrónica, ao lado de bandas
como os Depeche Mode e os Pet Shop Boys.
New Order é um dos nomes mais influentes e
revolucionários de todos os tempos no rock e
na música electrónica.
Por Sara Pereira
Formados no início da década de oitenta em
Manchester (Inglaterra), os New Order eram
inicialmente constituídos por três membros dos
Joy Division, cuja carreira foi prematuramente
interrompida com o suicídio do vocalista Ian
Curtis, em maio de 1980. No entanto , os
membros remanescentes dos Joy Division,
Bernard Sumner, na guitarra, Peter Hook, no
baixo, e Stephen Morris encarregado pela
bateria, decidiram continuar, apesar da
tragédia, e optaram por mudar o nome para
New Order.
Esta nova denominação, que deveria passar a
ideia de mudança e renascimento, despertou
suspeitas entre os jornalistas sobre as filiações
políticas do grupo, uma vez que Nova Ordem
era o que Adolf Hitler pretendia impor à
Humanidade caso tivesse vencido a Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, mais tarde, o livro
“24 Hour Party People”, de Tony Wilson,
revelou que o nome era uma referência ao
Khmer Vermelho e foi sugerido pelo
empresário da banda na época, Rob Gretton,
após ter assistido a um documentário sobre a
revolução no Camboja. Especula-se também
que a escolha do nome poderia ter sido uma
homenagem aos The Stooges, embrionário
grupo proto-punk norte-americano, que foi
uma grande influência no som da banda
quando ainda se chamavam Joy Division
A banda inglesa já vendeu mais de vinte
milhões de álbuns. Com cerca de sete minutos e
meio de duração, Blue Monday é o single de
maior duração que já alcançou os tops
britânicos, conhecido como o single mais
vendido da história musical, tendo vendido
mais de três milhões de cópias. No entanto,
pelo facto de a Factory não pertencer à
Indústria Fonográfica Britânica, o grupo
inglês não pôde receber um disco de ouro.
Blue Monday é vista como uma das músicas
mais importantes do panorama electrónico
dos anos 80 por misturar o Synthpop,
considerado por muitos como a junção
máxima da música electrónica com o rock,
com influências da cena de clubes de Nova
York.
Em Junho de 1980, Sumner, Hook e Morris
fizeram a sua primeira gravação de estúdio
contando com a companhia de Kevin
Hewick. A faixa resultante desse trabalho,
Haystack, foi editada na colectânea From
Brussels With Love. A canção foi uma das
primeiras a fazer parte do novo material que
o trio vinha compondo logo após a morte de
Ian Curtis. Uma segunda música, A Piece of
Fate, também foi gravada com a participação
de Hewick, mas este fonograma nunca viu a
luz do dia. Kevin produziu esta faixa ao
longo dos anos e ela foi lançada pelo cantor
em 1993 com o nome No Miracle. No mês
seguinte, a banda faria algumas gravações no
famoso estúdio da banda Cabaret Voltaire, o
Western Works, em Sheffield (UK).
Após algumas apresentações ao vivo como trio,
Gillian Gilbert foi integrada à banda
encarregando-se dos teclados e da guitarra,
enquanto Bernard Sumner se consolidava no
posto de vocalista, por vezes dividido com
Peter Hook.
O início da década de oitenta ficou marcado
pelo primeiro single do grupo rock. Lançado
em 1981, este continha duas músicas escritas
ainda nos tempos dos Joy Division, que no
entanto ainda não tinham sido terminadas
devido à morte de Curtis: Ceremony e In a
Lonely Place. Em Setembro do mesmo ano, pela
Factory Records, editora independente que os
abrigava desde 1978, lançam o compacto
Procession, que antecedeu o lançamento de
Movement, o primeiro álbum, em novembro de
1981.
Os New Order foram os pioneiros na ligação da
música electrónica ao Rock. Revolucionaram a
que é hoje conhecida como Dance Music.
Com o disco Power, Corruption and Lies, de
1983, eles mudaram de direcção musical,
distanciando-se de vez da sombra de Ian Curtis
e partindo para músicas mais dançantes,
inspirados pelos Kraftwerk, Afrika Bambaata,
Disco Music e Giorgio Moroder. A partir desse
disco, a banda também adoptou uma postura
mais abstracta nas letras, num oposto ao lirismo
desesperado de Ian Curtis. Os singles desse ano
foram Blue Monday e Confusion, uma música
com uma batida hip-hop muito forte.
Os singles de 1983 foram Blue Monday e
Confusion. Os New Order conseguiram ser
reconhecidos mundialmente como a maior
banda independente do planeta, tendo sido a
primeira banda independente inglesa a fazer
sucesso mundial. O álbum Low-Life, de 1985,
trouxe mais dois grandes singles – Thieves Like
Us e The Perfect Kiss. É o único álbum da
banda que inclui fotografias dos seus membros,
o que marcou uma aproximação maior da
banda com o público em relação aos anos
anteriores.
O álbum Brotherhood, de 1986, traz uma das
músicas de maior sucesso da banda, Bizarre
Love Triangle. E neste mesmo ano eles também
lançaram os singles “States Of The Nation” e
“Shellshock”.
Em 1987 a banda lançou a colectânea
Substance, contendo todos os singles
lançados até aquele momento. Músicas como
Bizarre Love Triangle e Sub-Culture são as
versões do single, diferentes das versões dos
respectivos álbuns. Com um som mais pop e
limpo nos singles, como True Faith e Touched
By The Hand Of God a banda entra numa nova
época musical. Dois anos depois sai o disco
Technique. Este incorpora a emergente acid
house ao rock electrónico característico da
banda e é, para muitos, um retrato fiel do auge
da acid house. O disco representava o que
havia de mais moderno na época e recebeu
elogios rasgados da crítica do mundo inteiro,
sendo o primeiro disco do grupo a chegar ao
topo da parada de LPs na Inglaterra.
World In Motion, foi o primeiro single dos New
Order a alcançar o top nas paradas britânicas.
Foi feita para a Selecção Inglesa de Futebol,
sob o nome de NewEnglandOrder, e lançada
em 1990 para a Copa do Mundo daquele ano,
na mesma época em que Bernard Sumner
formava a banda paralela Electronic com o
guitarrista dos The Smiths, Johnny Marr. De
salientar que Peter Hook, tal como o seu
colega, também acabou por formar um projecto
paralelo chamado Revenge.
Republic foi lançado em 1993, após a saída
dos New Order da até então sua editora, a
Factory Records, e mostrando a partir de então
um grupo já um tanto desgastado. O single
Regret foi um hit nos E.U.A.. Após esse disco,
os integrantes pararam as actividades da
banda e cada um foi trabalhar em projectos
paralelos, como mencionado anteriormente,
Bernard com o Electronic, Peter com o
Revenge, sendo que Steve e Gillian, formaram
o Other Two.
Em 1994 a colectânea The Best Of New Order
foi lançada com vários dos singles do
Substance. No ano seguinte, lançaram a
“segunda parte” desta colectânea, desta vez
chamada The Rest Of New Order, contendo
antigos e novos remixes das suas músicas. Em
1998 a banda voltou à activa e a tocar músicas
dos Joy Division como Transmission e
Atmosphere. Além disso, participou da banda-
sonora do filme “The Beach”, com Leonardo Di
Caprio, com a música inédita “Brutal”, que não
aparece em nenhum outro registo da banda.
Em 2001 a banda lançou o álbum Get Ready,
notando-se uma grande mudança na parte
musical, mais focada na guitarra do que nos
teclados, como mostra os singles Crystal e 60
MPH. O disco contou com participações de
dois grandes músicos: Bobby Gillespie dos
Primal Scream, que participa da música Rock
the Shack e Billy Corgan do Smashing
Pumpkins, que participou da música Turn My
Way.
Em 2005 a banda lançou Waiting for the Sirens’ Call, o primeiro álbum com o novo membro,
Phil Cunningham e sem Gillian Gilbert, que se recusou em favor de cuidar dos seus filhos com
Stephen Moriss. Singles como Jetstream (que tem a participação de Ana Matronic dos Scissor
Sisters) e Krafty foram muito bem recebidos. No mesmo ano a banda ganhou o prêmio God Like
Genius da NME Awards e foi incluída junto com os Joy Division no UK Music Hall of Fame. Em
2006 a música Guilt Is a Useless Emotion, do álbum Waiting for the Sirens’ Call, concorreu ao
Grammy Awards na categoria de melhor Gravação Dance.
Em 2007 Peter Hook anunciou sua saída e o fim da banda. Após conflitos com Bernard e
Stephen, que afirmaram que a saída de Hook não significa o fim da banda, que continua em
actividade. Deste modo, em 20 de Julho de 2007, Morris e Sumner noticiaram que os New Order
continuavam a trabalhar sem Hook.
Lost Sirens, entretanto, pode ser considerado o último material gravado da banda pois não
sabemos se um dia a banda estará unida novamente. Com oito músicas, seis delas inéditas, ele
demonstra que o grupo ainda tinha e talvez ainda terá muita lenha pra queimar e são um
exemplo para o Synthpop, Dance Music e Post-Punk. Até lá, ou não, os outros artistas vão
dando música para os nossos ouvidos.
Happy Mondays: Queridos anos 90
No início da década de 80 Manchester deu a
conhecer uma banda de pop rock alternativo, cujo
estilo viria a ser bastante influenciado pelos
conterrâneos New Order. Até o nome da banda
evidencia o fascínio pelo coletivo formado por
Bernard Sumner, e por um dos seus maiores
sucessos, o tema “Blue Monday”. Em plena era da
New Wave nasceram assim os Happy Mondays,
originalmente formados pelo vocalista Shaun
Ryder e pelo seu irmão Paul Ryder.
Por Carmen Gonçalves
Em 1984 os Happy Mondays, assinaram um
contrato com a lendária editora Factory Records, na
qual viriam a permanecer até 1992. Poucos meses
após este contrato deram o seu primeiro grande
concerto e gravaram o primeiro single de três
faixas , “Forty-Five”.
Em 1987 surgiu o primeiro longa duração,
intitulado “Squirrel And G-Man Twenty Four Hour
Party People Plastic Face Carnt Smile (White Out)”,
do qual foi retirado o single “24 Hour Party
People”. Em 2002 o título deste tema viria a dar
nome ao filme de Michael Winterbottom, cujo
enredo retratava a história da Factory Records e das
bandas que dela fizeram parte.
Apesar das críticas mais negativas ao trabalho da
banda, os Happy Mondays quebraram algumas
barreiras para a época e alcançaram o 10º lugar de
vendas em Inglaterra. Com a Factory Records
lançaram mais quatro álbuns entre 1988 e 1992,
tendo alargado o seu sucesso aos Estados Unidos.
Uma dos segredos para este sucesso passava
também por um membro da banda, conhecido por
Bez, que era uma espécie de “dançarino louco”, que
além de dançar, tocava maracas.
Após a saída da Factory Records, os Happy
Mondays tiveram um período de altos e baixos, e
em 1999 decidiram regressar ao ativo, pela mão da
editora London Records. Este regresso foi
acompanhado por um single à altura, com uma
versão para o tema “The Boys Are Back In Town”,
de Thin Lizzy’s.
O último registo de originais da banda ,“Uncle
Disfunktional”, foi lançado em 2007, após 15 anos
sobre a edição de “Yes Please!”, o último álbum de
originais, editado ainda pela Factory Records.
Apesar deste regresso aos discos não ter obtido o
sucesso desejado, os Happy Mondays mantêm-se
inabaláveis, sendo uma das poucas bandas
britânicas pioneiras do movimento britpop, que
ainda continua no ativo.
Os Stone Roses são um banda britânica de
rock alternativo, da cidade de Manchester,
formada em 1983. Um dos primeiros grupos
a surgir no chamado “movimento de
Manchester” . Apesar de ter passado por
algumas mudanças, o alinhamento que mais
resultou e que foi considerado o principal
foi este: Ian Brown como vocalista, John
Squire como guitarrista, Gary “Mani
Mounfield” no baixo e Alan “Reni” Wren, na
bateria.
Por Júlia Rocha
Brown e Squire conheciam-se da escola e em
comum tinham uma admiração pelos Clash.
Mais tarde foram recrutando os restantes
membros. O nome Stone Roses foi proposto
por John Squire, que o escolheu pela
combinação de dois nomes fortes, mas
bastante distintivos.
O seu álbum de estreia “The Stone Roses”, foi
lançado em 1983, álbum este que foi um
grande sucesso e fez representar este
movimento do rock alternativo que emergia na
música britânica. Continha o grande sucesso
“Waterfall” e “She Bangs the Drums”.
Foi nesta altura que os Stone Roses
apostaram em mudar de editora e tiveram
alguns problemas com a sua editora mãe, que
não sabia que eles tinham desistido do
contrato. Uma batalha legal que só terminou
em 1991. Lançaram o segundo álbum em 1994,
denominado “Second Coming”. A partir deste
álbum, as mudanças começaram a surgir e o
baterista Reni sai da banda, seguido do
guitarrista John Squirre. A saída de Reni não
teve grande justificação, algo que perturbou a
banda de certo modo. Esta separação musical
levou então à saída de Squire. A banda
acabaria por se desintegrar.
Reuniram-se em 2012 para uma tour mundial, a
começar com três espectáculos na sua cidade
natal de Manchester. O documentário "Made of
Stone" é uma ótima sugestão para ficar a
conhecer melhor o percurso do grupo.
Formados em meados dos anos 80, os
Primal Scream são uma das bandas que
mais marcaram a cena musical da década
de 90. Constituídos, inicialmente, por Bob
Gillespie (ex-baterista dos Jesus and The
Mary Chain) e por Jim Beattie, a banda foi
aumentando, à medida que também a sua
sonoridade se ia expandindo.
Por Carmen Gonçalves
“Sonic Flower Groove” (1987) e o homónimo
“Primal Scream” (1989) foram os dois primeiros
álbuns da banda. A sonoridade Pop Psicadélica
ecoava nestes registos, mas não
acrescentaram nada de especial à música da
época, sendo apenas mais uma banda com um
som pretensiosamente pop que se camuflava
no meio mais alternativo.
Em 1991 os Primal Scream encontraram o seu
rumo e o sucesso comercial com o disco
“Screamadelica”, a grande obra-prima da
banda. Foi um álbum vanguardista para a
época, misturando o Acid House com o Rock
Alternativo, coros Gospel e muito Pop
Psicadélico, tendo-se tornado num álbum de
culto, marcando a sonoridade musical da
década. Neste disco podemos encontrar o
tema “Loaded” que esteve no top 20 no Reino
Unido.
Com o sucesso, vieram os concertos e
tournées, mas também o abuso de drogas
pesadas por grande parte dos elementos da
banda, o que se repercutiu no trabalho
seguinte. “Give Out But Don’t Give Up” foi
gravado com os temas que não integraram o
álbum anterior, tendo sido alvo de muitas
críticas pela imprensa e recebido de forma
mista pelos fãs. Nesta altura a banda entrou
num hiato de quase três anos e quase se
desintegrou, mas voltou triunfante com
“Vanishing Point” (1997). Este álbum é mais um
registo da criatividade e inovação dos Primal
Scream, inspirado na Pop Psicadélica dos anos
60 e no Dub, como podemos ver na faixa
“Kowalski".
Com o entrar no novo milénio os Primal
Scream reinventaram-se outra vez. Os dois
álbuns seguintes “XTRMNTR” (2000) e “Evil
Heat” (2002) comprovam isso mesmo. Esta
mudança de som veio acompanhada de ácidas
críticas políticas e de uma instrumentação
raivosa e barulhenta, repleta de distorção e
feed-backs.
Passados quatros anos de fúria e de rebeldia contra o sistema, o álbum “Riot City Blues” (2006)
parte para algo mais tradicional, coisa que ainda não se tinha visto na carreira da banda até
então. Este registo tem como referências o rock dos anos 60 e é o primeiro sem nenhuma
sonoridade electrónica. Em 2008, numa tentativa de se reinventar outra vez, a banda lançou
“Beautiful Future”, um álbum de BritPop. A crítica foi dura com este álbum, e nem a participação
dos produtores Paul Epworth e Björn Yttling levou este registo ao sucesso.
Em 2011 os Primal Scream regressaram com a tournée comemorativa dos 20 anos de
“Screamadelica”, que foi muito bem recebida pelos fãs. Por esta altura os Primal Sream
soavam a uma banda com quase 30 anos a viver do passado. Desengane-se quem não pensou
o contrário. Depois do fiasco do álbum anterior, em Maio de 2013 editaram o décimo registo de
originais “More Light”, e acertaram em cheio! Trata-se um disco de rock psicadélico com
tremendas variações de timbre e harmonias. É diversificado na sonoridade e na influência
musical. Na verdade parecem três discos num só, mas esta variedade não deixa cair na
monotonia. É como se fosse uma viagem atribulada. Tem de tudo! Este álbum foi bem
recebido pelos fãs e despertou os elogios da crítica pela sua temática politicamente carregada.
Depois de “Screamadelica” este registo é talvez um dos melhores dos Primal Scream.
Num filme sempre electropop...The Human League
Se do cruzamento dos The Sex Pistols com os
Chic resultaram os Duran Duran, como os
próprios gostam de afirmar, os The Human
League terão nascido da fusão dos Kraftwerk
com Eno (até 1980) ou com os Roxy Music e
Bowie nos anos seguintes.
Por Bruno Vieira
Naturais de Sheffield, formaram-se em 1977 e
desde cedo seguiram uma linha electrónica
experimentalista, tendo editado os álbuns
“Reproduction” em 1979 e “Travelogue” em
1980, ambos com passagem discreta no Top
Britânico. O single “Empire State Human” do
primeiro álbum é hoje a música mais
representativa deste período.
Mas em 1981 tudo mudou com “Dare!”.
Considerado por muitos como um dos mais
importantes e representativos álbuns de Synth
Pop de sempre, quebrou em parte com o
experimentalismo dos primeiros tempos
imprimido pelo vocalista Phil Oakey, ao tornar
a electrónica mais acessível. Os ritmos frios da
electrónica analógica eram agora aquecidos
com melodias e, também, com as vozes dos
novos elementos Susanne Sulley e Joanne
Catherall. “Dare!” teve o poder de transformar
uma banda praticamente desconhecida num
caso sério de popularidade no início dos Anos
80.
O single “Don´t You Want Me” chegou ao 1º
lugar das tabelas de vendas britânica e norte-
americana tornando-se num mega-sucesso, a
mesma posição alcançada pelo álbum e temas
como “The Sound of the Crowd”, “Love
Action” e “Open Your Heart” tornam-se
também grandes êxitos. Mas a pérola esquecida
de “Dare!” surge logo no início do álbum é dá
pelo nome “The Things That Dreams Are Made
Of”
No ano seguinte é editado “Love and
Dancing”, um álbum com versões
instrumentais baseado nas músicas de “Dare!”,
remisturadas e produzidas por Martin Rushent.
O sucesso do álbum dava para tudo . até para
recuperar com sucesso um tema quase
esquecido do segundo álbum “Travelogue”,
“Being Boiled”.
Em 83 é lançado o EP “Fascination!” com os
singles “Mirror Man” e “(Keep Feeling)
Fascination”, ambos a chegarem a nº 2 do Top
Britânico.
Com “Dare!” a assumir-se, quase, como o
disco de estreia, o álbum seguinte não teria
vida fácil. O sempre difícil 2º álbum, neste
caso, 4º de originais “Hysteria” de 84,
desapontou bastante. As coisas não correram
bem desde o início: dois produtores
abandonaram o barco e temas como o rockeiro
“The Lebanon” e outros como “Life on Your
Own” e “Louise” tornram-se êxitos de menor
escala, ainda assim perduraram.
Em 1986 são recrutados os produtores R&B
Jimmy Jam e Terry Lewis para o novo álbum
“Crash”. Com uma sonoridade em sintonia com
os novos ritmos de dança, “Crash” não se sai
mal nos Estados Unidos, onde o single
“Humam” chega ao 1º lugar. Em Inglaterra o
sucesso de “Human” é ligeiramente menor (8º
lugar), mas os singles “I Need Yout Loving” e
“Love Is All That Matters” ficam-se por
posições bastante modestas.
Em 1990 os The Human League atravessam
um período bastante incaracterístico, à
semelhança de muitas bandas da sua geração
que parecem não saber que rumo seguirem,
como os Duran Duran.
“Romantic?”, considerado a par de “Secrets”
como os álbuns mais pobres da banda falha o
Top 20 e o single “Heart Like a Wheel” não
consegue melhor do que um 29º lugar.
“Soundtrack to a Generation”, do mesmo
álbum, apesar de ser uma música interessante,
não obtém reconhecimento significativo.
Teríamos de esperar quase cinco anos por
novo disco até que é lançado “Octopus”. Com
uns The Human League a recuperarem a
sonoridade Synth Pop que lhes deu crédito,
“Octopus” é o melhor álbum depois de “Dare!”.
A banda recupera algum do fôlego perdido,
obtendo resultados bastante satisfatórios. Quer
o álbum quer o single de apresentação “Tell
Me When” chegam ao 6º lugar. “These Are the
Days” é uma boa música, mas é na terceira
faixa que se encontra a pérola do álbum “One
Man in My Heart”.
No início do novo milénio é editado “Secrets”.
Seis anos volvidos depois de “Octopus”,
esperava-se mais mas, o penúltimo trabalho da
banda não teve argumentos para se impor,
tornando-se no álbum com pior desempenho
de sempre nas tabelas de vendas. Um
ligeiríssimo destaque para o single “All I Ever
Wanted” e pouco mais.
Embora sem álbuns lançados, a banda
manteve ao longo de dez anos uma actividade
regular em matéria de concertos, dois dos
quais em Portugal em 2007. O ano de 2011 é
marcado pelo regresso de Phil Oakey e
“senhoras” aos álbuns, com “Credo”,
recentemente lançado. É certo que não se
espera o sucesso de outros tempos, mas o
simples facto destes veteranos do electropop
terem material novo, só por si, é digno de
registo. O semanário musical britânico NME
chegou a dar destaque ao single “Nevel Let Me
Go”.
A segunda faixa do álbum “Night People”,
parece igualmente interessante, constituindo
indicadores importantes para que este regresso
não seja apenas um mera formalidade.
Atendendo ao contexto musical actual,
“Credo” parece ter mais argumentos para não
cair no esquecimento que o seu antecessor. A
ver vamos se estaremos perante um “filme
electropop” para mais tarde recordar…
The Human League - um ano, quatro
concertos...
Os The Human League regressaram em 2011
com o álbum “Credo”, dez anos depois de
“Secrets”. Este facto apenas servirá de mote
para partilhar uma situação curiosa que se
passou comigo e não tanto para falar sobre a
história desta banda, por sinal uma das mais
importantes do período da New Wave.
Decorria o verão de 2006 e após folhear a Q
Magazine, um anúncio em particular despertou
-me a atenção, o concerto dos The Human
League em Londres no Shepherds Bush
Empire. Sendo a banda liderada por Phil Oakey
uma das minhas preferidas pensei que seria um
excelente pretexto para visitar Londres,
juntando assim o útil ao agradável. Na altura
lembro-me de pensar o quão improvável seria
ver os The Human League em Portugal, que
não demorei muito tempo a decidir dar um
saltinho até Londres.
Parti então para a capital britânica e no dia 1 de
Dezembro lá estava eu à porta no Shepherds
Bush Empire preparado para o concerto.
Escusado será dizer que adorei, foi como de
uma viagem no tempo se tratasse, tendo a
banda tocado quase todos os êxitos. O
ambiente na sala, muito bonita por sinal (tipo
Coliseu de Lisboa, mas mais pequena) foi
fantástico. O público predominantemente
acima dos 30 anos, como seria de esperar,
correspondeu , e a noite foi no mínimo
fantástica.
Passados alguns meses, um amigo meu falou-
me que os The Human League vinham a
Portugal, notícia que na altura pensei tratar-se
de uma piada. Mas na verdade não era. Eles
iam mesmo estar presentes por ocasião do 5º
aniversário do Farol Design Hotel em
Cascais ,a 30 de Junho. Não se tratou bem de
um concerto, mas antes de uma festa na qual a
banda apresentou alguns dos seus mais
conhecidos êxitos. Apesar da curta actuação e
do playback instrumental, o bom ambiente ,
bem como o local privilegiado, abrilhantaram
este evento especial. Pensava eu que o capítulo
The Human League em Portugal tinha ficado
por aqui, mas estava enganado.
Ainda o verão de 2007 ia a meio, qual não foi o
meu espanto quando soube que os The Human
League estavam de regresso ao nosso país para
uma actuação no Festival dos Oceanos a 4 de
Agosto, junto de nomes como Expensive Soul e
Marcelo D2. Apesar da pouca coerência do
cartaz o evento era de livre acesso, tornando
ainda mais fácil rever a banda de Sheffield,
desta feita em ambiente de verdadeiro
concerto, tendo como cenário a Praça do
Comércio. Vesti-me a rigor com uma t-shirt
trazida de Londres, facto que terá despertado a
atenção de um casal de aparência nórdica ,
procurando informações sobre o local do
concerto.
O bom tempo e o público em número
apreciável ajudaram à festa. Os The Human
League ofereceram uma actuação segura e muito completa, como se em nome próprio se
tratasse. Foi um concerto tipo best of repleto de êxitos, com destaque para o álbum “Dare!”.
Apesar da maior parte do repertório ser da década de 80, não esqueceram o bem sucedido
álbum “Octopus” de 95.
Para terminar em beleza o tema escolhido foi “Together in Electric Dreams”, contagiando todo o
público , inclusive aquele que ali se encontrava para ver os outros artistas. Mas a cereja no topo
do bolo estava reservada para depois do concerto, quando Phil, Suzanne e Joanne, se
disponibilizaram para tirar fotos com alguns fãs que os aguardavam, tornando a noite ainda
mais inesquecível.
Mas a história não fica por aqui. A 1 de Dezembro de 2007, precisamente um ano depois do
primeiro concerto, estou novamente a caminho de Londres. O cartaz anunciava o histórico
álbum “Dare!” (de 1981) tocado na íntegra. Só por este facto já valia a pena a deslocação. O
concerto teve lugar no majestoso Hammersmith Apollo (uma espécie de Aula Magna, mas com
o triplo da lotação). Para além de “Dare!” os The Human League tocaram os habituais êxitos da
praxe.
Apesar da sala lotada, o facto de apenas haver lugares sentados, de certa forma quebrou a
energia do público, menos espontâneo no que toca a dançar. Tratou-se no entanto de um
concerto interessante, embora sem o factor novidade do primeiro. No espaço de um ano e sem
que nada o fizesse prever, tinha tido a oportunidade de assistir a quatro concertos de uma das
minhas bandas de eleição. É caso para dizer, “não há fome que não dê em fartura”…
Electropop vs Electrorock
No início dos anos 80 dois álbuns
distinguiram-se no panorama musical da New
Wave, sendo ambos considerados obras de
referência daquele período. E porquê? Estado
a sonoridade pop/rock claramente sujeita à
ditadura dos sintetizadores, “Dare!“ dos The
Human League era o melhor exemplo da
electrónica a dar forma à música pop,
enquanto “Vienna“ dos Ultravox, o mesmo
conceito, mas em formato rock.
Por Bruno Vieira
“Vienna“ de 1980 era o quarto disco dos
Ultravox e o primeiro da era Midge Ure,
enquanto que “Dare!“ era o terceiro dos The
Human League e o primeiro em que participam
Susanne Sulley e Joanne Catherall. Estes dois
aspectos podem ter passado despercebidos à
maioria das pessoas, mas acabariam por ser
determinantes para o futuro das bandas, na
medida em que foram os primeiros a conhecer
um assinalável sucesso comercial e pelos quais
os Ultravox e os The Human League são hoje
conhecidos.
É claro que para um seguidor dos Ultravox da
era John Foxx esta não é uma verdade muito
conveniente, mas factos são factos, e a realidade
é que os Ulltravox só ficariam verdadeiramente
conhecidos do grande público com a entrada de
Midge Ure. Quanto aos The Human League a
questão é mais pacífica na medida em que
Philip Oakey foi desde o início, em 1977,
vocalista da banda.
Como já referi, as raparigas entraram a tempo
de ser editado a obra-prima que foi “Dare!“. Até
aqui a banda tinha tido apenas um relativo
sucesso com o single “Empire State Human“ do
álbum “Reproduction“ de 1979, e pouco mais.
Embora o sucesso dos The Human League
não se deva única e exclusivamente à entrada
de Susanne e Joanne, a sua chegada acabaria
por marcar a imagem do grupo, com as vozes
femininas a adquirirem grande protagonismo.
Para melhor medir o sucesso de “Dare!“ e
“Vienna“ teremos de recorrer à tabela de
vendas britânica. Mais como termo de
comparação do que como objectivo de eleger o
melhor álbum, os números são os seguintes:
THE HUMAN LEAGUE
ÁLBUM – Posição mais elevada (total de
semanas)
DARE! – 1º (72)
Singles – Posição mais elevada (total de
semanas)
The Sound of the Crowd – 12º (10)
Love Action (I Believe In Love) – 3º (13)
Open Your Heart – 6º (9) Don`t You Want Me –
1º (13)
ULTRAVOX
ÁLBUM – Posição mais elevada (total de
semanas)
VIENNA – 3º (72)
Singles – Posição mais elevada (total de
semanas)
Sleepwalk – 29º (11)
Passing Strangers – 57º (4)
Vienna – 2º (14)
All Stood Still – 8º (10)
Simple Minds no Coliseu de Lisboa: “Noite de New Wave” (2011)
Tendo como objectivo inicial relatar apenas a
minha experiência do concerto da banda
escocesa em Portugal no dia 14 de Fevereiro
de 2012, houve no entanto a necessidade de
fazer alguns ajustes ao texto, dadas as reacções
que entretanto fui lendo sobre o concerto.
Por Bruno Vieira
Depois de baralhar e voltar a dar, aqui fica a
história do mesmo:
Anunciado claramente em diversos órgãos de
comunicação social como um concerto em que a
banda de Jim Kerr iria revisitar os primeiros cinco
álbuns da sua carreira (tocando cinco músicas de
cada um deles), estava dado o mote para uma noite
de pura new wave, marcada pelo som dos
sintetizadores mas onde as guitarras se fizeram
ouvir e bem, não afastando de todo uma audiência
mais rockeira. O facto da banda não tocar os
grandes clássicos de meados dos anos 80 e inícios
de 90, seria um mero acidente de percurso tendo em
conta os objectivos desta digressão de 16 datas, que
começou em Lisboa e terminou no dia 4 de Março
de 2012 na Irlanda. Não foi de facto um concerto em
formato best-of para um público mainstream (onde
a escolha de um espaço como o Campo Pequeno ou
o Pav. Atlântico seriam mais apropriados), mas sim
um concerto para fãs ou então verdadeiros
interessados por música, um evento de culto único,
que definitivamente não era para todos, daí ter sido
escolhido um espaço bem mais pequeno, como o
Coliseu de Lisboa.
O interesse pela new wave (de um modo geral) já
vem de longe, pese embora conhecesse pouco mais
de uma dezena de músicas da banda relativas a este
período, graças a “Glittering Prize” (o meu primeiro
best-of) e de mais alguma pesquisa por conta
própria. Não posso afirmar que o período mais
mediático da banda me tenha passado ao lado, mas
o gosto pela descoberta deste passado menos
conhecido, fez do concerto de terça-feira uma
espécie de “cereja no topo do bolo”.
Com 25 músicas previstas no alinhamento e uma
sala praticamente lotada, na qual sobressaia sem
surpresa o público da faixa etária dos 40/50, os
Simples Minds iniciaram a ordem de trabalhos com
“I Travel”, tema de abertura do primeiro álbum da
década de 80 “Empires and Dance”, seguida de
“Today I Died Again” do mesmo álbum, em certa
medida a fazer lembrar os Ultravox da era John
Foxx. Nesta altura os Simple Minds disputavam o
mesmo campeonato de bandas como INXS ou U2,
que antes de atingirem o estrelato orbitavam
também no universo post-punk e new wave.
Na primeira parte do concerto, realce para
“Wasteland”, “Life In a Day” e sobretudo “Love
Song”, provavelmente a que mais terá mexido
com todos aqueles que torciam pelos grandes
êxitos, e também porque o dia do concerto
coincidia com o dia dos namorados. Tal como
começou, a primeira parte terminaria com
“Room”, tema do álbum “Empires and Dance”,
ao que se seguiu um intervalo de cerca de 15
minutos, tal como anunciado antes do início do
concerto.
A segunda parte abriu e fechou com temas
relativamente conhecidos como “The
American” e “Someone Somewhere in
Summertime”. Pelo meio de referir também o
imperdível “Promised You A Miracle”, o denso
“Celebrate” novamente de “Empires and
Dance” (encerrando as músicas tocadas deste
álbum), bem como outros interessantes como
“Sweat In Bullet” e “Changeling”. Fazendo bem
as contas e volvidas 20 músicas tocadas, era
mais que certo que as 5 que faltavam só
poderiam ser tocadas no decorrer do encore. E
assim foi com o instrumental “Themes For
Great Cities”, seguido de “Glittering Prize”
outras das mais conhecidas. Antes do terminus
com “New Gold Dream” do álbum homónimo,
realce para o delicioso e viciante “Chelsea Girl”
do álbum “Life In Day” de 1979.
Deste concerto só posso dizer que foi uma
experiência única, apenas proporcionada pelo
repertório temático e rico que a banda trouxe, o
que não é muito habitual já que a maioria dos
concertos acabam invarialvelmente no clássico
formato best-of, mais apelativo. Assim sendo
quer a banda, quer a promotora, quer a própria
rádio que em Portugal apoiou este concerto
estão de parabéns por não terem tido receio de
arriscar num espectáculo que estava longe de
ser para as massas, o mesmo que dizer,
comercialmente correcto.
Jim Kerr, líder da banda desde o seu início em
1977, continua um excelente performer e nem
mesmo a sua voz parece acusar o passar dos
anos, sendo um privilégio ver, nos dias de
hoje, um músico dos tempos da velhinha new
wave em tão boa forma, sem parecer
decadente.
Quanto à reacção do público e apesar de
algumas caras descontentes pelo facto dos
grandes êxitos não terem sido tocados, a
recepção à banda escocesa foi na maior parte
do tempo calorosa.
Mesmo para muitos que foram ao engano, terá prevalecido o facto de estarem em frente de um
líder carismático de uma banda que assegurou já o seu lugar na história da música. Pode não ter
havido lugar para grandes coros (salvo pontual excepção), mas houve certamente calor humano
e saber receber por parte do público português, muito longe da banda ter sido vaiada como,
infelizmente, já pude ler.
Neste aspecto não posso deixar de manifestar o meu descontentamento pela má publicidade que
muitos pseudo fãs da banda, supostamente entendidos mas pelos vistos pouco conhecedores do
seu passado, tiveram o cuidado de fazer passar. Li de tudo: “lamentável”, “isto não se faz", “pior
concerto de sempre”, “muito fraco”, “grande seca” e “enganados”. Mas o chorrilho de disparates
ainda foi mais longe: desde “onde estão os êxitos anteriores a 1990?”, “não tocaram as músicas
anunciadas nos spots” até “concerto para um público underground”. Curioso que alguém tenha
afirmado ainda “não ter sido revisto o passado da banda”, provavelmente não terão presenciado
o mesmo concerto, enfim. A todos estes peritos em Simple Minds da velha-guarda, os quais
orgulhosamente ostentam no seu curriculum o concerto no Estádio de Alvalade em 1990, apenas
sugiro que façam o trabalhinho de casa antes de se meterem num concerto que vai para além do
óbvio. Para muita gente a carreira dos Simple Minds terá começado apenas em 1985, puro
engano, antes de serem conhecidos do grande público já a banda tinha 6 álbuns editados.
Tudo o que se tem dito acerca do mesmo só me permite concluir que existe ainda uma faixa
muito significativa de público para quem a música são meia dúzia de êxitos do passado que
ficaram no ouvido e que ainda passam na rádio, e pouco mais. Nada contra, desde que não se
façam passar por experts (nem sempre a antiguidade é um posto). Gostar de música não tem
tanto a ver com a idade, mais pelo interesse que se demonstra pela mesma. Muito ou pouco, o
que sei é mais do que suficiente para concluir que há mais vida para além dos grandes êxitos.
Boy
O primeiro álbum dos U2
Sempre achei interessante o início de carreira
de bandas ou artistas consagrados, com um
longo percurso percorrido, inúmeros álbuns e
um estatuto que poucos atrever-se-ão a pôr em
causa. Mas toda esta fama e glória faz com que
a maioria do público esqueça ou desconheça o
tempo em que tudo começou. Há de tudo,
desde inícios fulgurantes que depois se
eclipsam com o tempo a começos mais
discretos que se transformam em grandes
carreiras. Os irlandeses U2 são o melhor
exemplo destes últimos, daí que tenha sido a
banda escolhida para falar do seu primeiro
álbum, Boy.
Por Bruno Vieira
Se há bandas que dispensam apresentação, os U2
são uma delas, já o álbum de estreia, nem tanto. E
porquê?
Estando a banda irlandesa há muitos anos na
primeira divisão da música, aquando do
lançamento de Boy, em 1980 nada previa que se
tornassem no fenómeno (não apenas musical) que
são hoje. Sem pôr em causa a qualidade do álbum
de estreia, do qual resultaram excelentes temas
como I Will Follow, Into the Heart, Out of Control,
Stories for Boys ou A Day Without Me, o que é
certo é que apesar da critica favorável , não terá
sido o “clique” para o sucesso imediato. O que por
vezes não é o mais importante, já que inícios de
carreira promissores rapidamente se esgotam em
vazios criativos
.A carreira do quarteto liderado por Bono, pelo
contrário, foi feita de passos seguros, culminando
no mega-álbum The Joshua Tree, sete anos mais
tarde. Prova de que o sucesso e o reconhecimento
podem demorar… mas perduram. Voltando a Boy,
estamos perante um bom registo rock, marcado
ainda pela atmosfera cinzenta do post-punk, com a
guitarra deThe Edge e a voz de Bono a imporem-
se. Produzido pelo consagrado Steve Lillywhite
(que também colaborou com nomes como Peter
Gabriel, Morrisey, Big Country, Simple Minds, entre
outros), Boy não conseguiu melhor do que um 52º
lugar no top britânico.
O single de apresentação I Will Follow, escrito por
Bono na sequência do falecimento da sua mãe,
falhou a presença na tabela de vendas britânica ,
mas continua a ser um dos temas mais marcantes
e preferidos dos fãs e o único tocado em todos os
espectáculos realizados pela banda.
António Variações
Mais popular, menos santo, sempre António
Junho é mês de Santos Populares, sendo o dia
de Santo António o ponto alto destas
comemorações para todos os alfacinhas e não
só. O dia do padroeiro de Lisboa também é a
data em que outro António, os das músicas
também elas populares, partiu.
Por Bruno Vieira
Se António Variações fosse vivo teria , mais ou
menos a idade de Mick Jagger ou David Bowie.
Esta precoce partida acabaria por deixar um
enorme vazio na música popular portuguesa,
infelizmente pouco reconhecido nos anos que
imediatamente se seguiram à sua morte. Mas a
curta carreira de Variações não diminui a sua
importância enquanto artista e a prova disso é
que teve uma carreira bastante produtiva com
apenas dois álbuns, motivos mais que
suficientes para considerar Variações como um
dos nomes maiores da música portuguesa do
último quarto do século XX
Origens e chegada a Lisboa
A 3 de Dezembro de 1944 nasce António
Joaquim Rodrigues Ribeiro na Freguesia de
Fiscal - Amares, Braga. Filho de camponeses,
termina a escola primária e depois de recusar a
profissão de carpinteiro, imposta pelos pais,
ruma a Lisboa onde já se encontravam dois
irmãos e alguns familiares. Trabalha
como empregado de balcão, empregado de
escritório e barbeiro. Esta última profissão irá
aperfeiçoar, tornando-se mais tarde
cabeleireiro. Estuda de noite. A ideia de um dia
vir a ser um fadista famoso acompanha-o desde
pequeno, quando cantava no quintal da casa de
família. Sem nunca renegar às suas origens, a
chegada a Lisboa abre-lhe os horizontes, mas
por pouco tempo, já que cedo se apercebe da
pobreza social e cultural da capital. Olhei para
trás, Linha – vida e Anjinho da guarda são os
temas que melhor retratam esta etapa da sua
vida.
Principais influências e viagens
A procura de novos horizontes leva-o a
Londres em 1975, onde fica cerca de um ano.
Parte depois para Amesterdão onde vive cerca
de três anos e aprende a profissão de
cabeleireiro. Nesta cidade faz amizades que
mais tarde visita com regularidade. De volta a
Lisboa, estabelece-se como o primeiro
cabeleireiro unisexo do país, abrindo mais
tarde uma barbearia na Rua de S. José. Terá
afirmado um dia que apesar de gostar da sua
profissão, não a considerava uma paixão e que
o mais importante era ter rendimentos para
viver e gozar férias no mês de Agosto. Visita
Nova Iorque e regressa à Holanda. O espírito
inconformado e de cidadão do mundo estão
presentes nos temas Estou além e Minha cara
sem fronteiras.
As figuras da Mãe, Amália e Fernando Pessoa
constituem as suas principais referências e
fonte de inspiração para algumas das suas
músicas, tais como Deolinda de Jesus, Povo que
lavas no rio, Voz – Amália – de nós e Canção.
Apesar de fascinado pelo que vê lá fora,
facilmente encontra um equilíbrio entre o que
se poderá denominar vanguarda e tradicional.
É neste contexto que terá ficado célebre a
expressão “entre Nova Iorque e a Sé de Braga“,
que mais não significava do que a fusão entre a
música moderna e a música popular/
tradicional portuguesa, sem esquecer o Fado,
mais pela forma como o próprio António
entoava a voz.
Espectáculos, discos e fama
Para António a grande paixão era mesmo a
música e tudo havia de fazer para concretizar o
seu sonho. Mas de início as coisas não foram
fáceis e pelo meio foi coleccionando algumas
frustrações. Por exemplo, quando concorre
para vocalista dos Corpo Diplomático (banda
antecessora dos Heróis do Mar), chumba na
audição. Mas nem tudo se perde, já que se
torna cabeleireiro da banda. Em 1977 assina
finalmente contrato com a Valentim de
Carvalho, depois de apresentar uma maqueta
com alguns temas. Foi para estúdio mas os
resultados ficaram aquém das expectativas,
dado não ter sido encontrado o “registo certo”.
Sabendo que a melhor forma de dar-se a
conhecer era fazer espectáculos e esperar por
uma nova oportunidade da editora, apresenta-
se ao mundo artístico como António e
Variações, nome da orquestra/grupo que
pretendia criar. Daí o nome definitivo António
Variações. Em Março de 1981, sob o nome
António (autor/intérprete), faz o primeiro
espectáculo na discoteca Trumps que, devido
ao ruído, provoca alguns problemas com a
vizinhança. Não tendo corrido da melhor
forma, regressa ao Trumps para um segundo
espectáculo melhor organizado, e canta a
música Toma o comprimido. Mais confiante
depois de uma actuação bem sucedida,
convence Júlio Isidro (cliente da barbearia) a
ouvir uma cassete com músicas suas. Não
demorou muito até ser convidado, ainda nesse
ano, a actuar no programa O Passeio dos
Alegres, onde cantou os temas Toma o
comprimido e Não me consumas. O primeiro
acabaria por se editado apenas em 2006 na
colectânea A História de António Variações. Já
o segundo seria editado pelo projecto
Humanos em 2004.
Sem novidades da parte da Valentim de
Carvalho e com um contrato assinado vai para
quatro anos, no qual existia o compromisso
para a gravação de um disco, fala com o irmão
Jaime Ribeiro (advogado) no sentido de
pressionar a editora. Em Julho de 1982 é
finalmente chamado para entrar em estúdio e
iniciar os ensaios para a gravação do primeiro
maxi-single Povo que lavas no rio/Estou além.
A admiração por Amália era tal que António
chegou a fazer a primeira parte de um dos
espectáculos da fadista, na Aula Magna, como
forma de a homenagear. Para além de O
Passeio dos Alegres em 1981, actua também
nos programas da RTP Musicaqui e Retrato de
Família em 1982 e Frut`ó Chocolate e Ora Bem
em 1983. Os seus videos passam no programa
Vivamúsica em 1983. Ainda neste ano é editado
o primeiro LP , Anjo da Guarda, com
elementos dos GNR como músicos de suporte.
O resultado supera todas as expectativas e
temas como O corpo é que paga, É p`rá amanhã
e Quando fala um português, tornam-se
grandes êxitos. No Verão desse ano, António
Variações é muito solicitado para espectáculos
ao vivo por todo o país.
No ano seguinte, durante as gravações do
segundo LP Dar e Receber, António começa a
evidenciar alguns problemas de saúde.
Músicos e técnicos com quem trabalhava
julgam tratarem-se de sintomas de fadiga
devido ao número excessivo de espectáculos.
Ainda assim consegue terminar o álbum que,
desta vez, contou com o apoio dos Heróis do
Mar. Apesar de bem sucedido, o êxito de Dar e
Receber ficou aquém de Anjo da Guarda
devido ao falecimento prematuro do músico a
13 de Junho de 1984, no Hospital da Cruz
Vermelha em Lisboa. Provavelmente Variações
terá sido uma das primeiras vítimas conhecidas
de Sida em Portugal. Com a sua morte, toda a
promoção do álbum teve de ser cancelada. No
entanto, temas como Perdi a memória, Quem
feio ama e Dar e receber, perduraram.
António Variações
Espirito "Zappiano" onde a liberdade criativa
impera. Eis os Pãodemónio , banda potuense
que apresenta um verdadeiro (e irresistivel)
cocktail sonoro, onde o jazz, a música
experimental, o metal, ou o funk se
encontram, como podem comprovar no álbum
"Pirraças Pueris", editado a 12 de Maio de 2014
de forma independente .
Por Irene Leite
1-Como e quando tudo começou?
Ricardo: Começou numa viagem Lisboa-Porto
em que eu e o Fábio estávamos “colados” no
disco “Ultrahang” do Chris Potter e decidimos
criar um grupo com a mesma formação instru-
mental, para explorarmos as possibilidades de
fusão de estilos musicais e da acústica com a
electrónica. O Nuno e o Marcelo foram convida-
dos de imediato.
2-Porquê Pãodemónio?
Ricardo: Porque é uma palavra inventada que
na verdade obriga as pessoas a pronunciar
“pandemónio” com sotaque do Porto, que é a
cidade onde vivemos os quatro. Além disso a
ideia de “pandemónio” ilustra um pouco a mú-
sica que nós fazemos e, sendo uma palavra ge-
nuinamente portuguesa, é também uma forma
de identidade.
3-Quais são as vossas principais influências?
Ricardo: Pensando simultaneamente na compo-
sição e na performance, eu diria: Messiaen, De-
bussy, Bartók, Scriabin, Shostakovich, Frank
Zappa, Kurt Rosenwinkel, Meshuggah, Chris
Potter, Marcus Miller, Korn, Rage Against the
Machine, Miles Davis, Nusrat Ali Khan, enfim,
é difícil fazer uma seleção porque na verdade
há uma imensidão de coisas que nos influenci-
am em diferentes medidas e aspectos... acho
que isso é transversal a todo o artista que pro-
cura criar da forma mais pessoal, genuína e ori-
ginal possível – e esse é definitivamente o meu
(e nosso) caso.
4-Variedade de estilos é característica chave no
vosso trabalho. Como funciona o vosso pro-
cesso criativo, já que abarca diferentes back-
grounds?
Ricardo: No que aos temas do disco diz respei-
to, o processo criativo tem sido partir das parti-
turas que eu escrevi, procurar sons, desenvol-
ver estruturas e encontrar possibilidades de or-
questração e de improvisação. Mas nós fazemos
também um tipo de trabalho mais complexo:
composição espontânea através da improvisa-
ção colectiva. Este é um método que nos leva a
outro tipo de composições, geralmente mais
extensas e encadeadas. Seja qual for o caso, é
nos ensaios que estudamos juntos as formas de
combinar (ou não!) diferentes estéticas instru-
mentais e musicais. Resumindo: composição,
experimentação, estruturação e performance.
Fábio: Como o Ricardo disse e bem apesar de
vários pontos de partida no fundo é uma cami-
nhada em conjunto. Obviamente quem escreve
é o visionário, registando ideias nessa direção,
eu diria que aí está materializada a fatia mais
significativa do bolo, no entanto, é no trabalho
em grupo com ensaios que as peças se juntam,
que se experimenta e muitas vezes que se des-
cobrem caminhos paralelos, novas panorâmicas
e novos sons, novas manipulações que serão a
cereja em cima do bolo durante a performance,
que quando brindadas com muita improvisa-
ção colectiva gera interessantes e explosivas
surpresas.
5-Como tem sido a recepção do público?
Fábio: Tem sido mesmo muito positiva, no final
dos concertos temos sempre um bom feedback
sobre a nossa performance. Eu diria que tal se
deve precisamente ao facto da nossa música ser
bastante abrangente e de certa forma agradar
amantes de Rock, Metal, Indie, Funk, Jazz, Fu-
são, Avant Garde, entre outros, há portanto
momentos para cada tipo de fã, desde improvi-
sação contemporânea até riffs dignos de um be-
lo headbanging. Por outro lado, tentamos tocar e
experienciar o concerto como se não houvesse
amanhã, com nível de energia sempre alto e de-
safios musicais de dificuldade elevada, eu diria
que muitas vezes caminhamos freneticamente
junto ao abismo, arriscamos imenso mas o que
resulta dessa experiencia é verdadeiramente
enriquecedor, e tudo isso não passa indiferente
a quem nos ouve e nos vê. Por outro lado, gran-
de parte do nosso concerto é feito com música
improvisada, logo nunca há dois concertos se-
melhantes, o que é bom para quem nos segue
mais do que uma vez, e nesse sentido já conse-
guimos reconhecer alguns fãs que fazem ques-
tão de aparecer em praticamente todas as nos-
sas performances.
6-Algum concerto para breve?
Fábio: Sim, teremos novidade brevemente, to-
dos os concertos serão anunciados no nosso
website oficial e portais online.
7-Planos futuros.
Fábio: É da nossa natureza nunca estarmos ple-
namente satisfeitos com o nosso trabalho, con-
fesso que somos artisticamente ambiciosos,
queremos cada vez mais arriscar, experimentar,
e sobretudo criar novos desafios para manter a
chama acesa. Nessa charneira já começamos a
delinear as diretrizes criativas para o próximo
álbum, entre muitas outras coisas vai de facto
haver mais variedade compositiva, posso avan-
çar que a primeira música já está em estado
avançado, é poderosíssima e saiu do microcos-
mos criativo do Nuno.
A minha carreira começou agora!
É conhecido como Marinho Cowboy, voz dos projectos Falecido Alves dos Reis e Alucina
Eugénio que deram o seu contributo para a música portuguesa dos anos 80 e 90,
respectivamente. Mário Ferreira esteve emigrado em Espanha durante 17 anos, apresentando
agora dois projectos distintos : Mad Joint e Boémia Vádia . Recorde o percurso deste cowboy
português , que nunca deixou de sentir e expressar a sua grande paixão: a música.
Foto/Nanã Sousa Dias
Texto/Irene Leite
Mário Ferreira iniciou a sua carreira musical a meio
da década de 80 com o projecto Falecido Alces dos
Reis, em que era vocalista. Do grupo faziam parte
Quim Coutinho (Kim C), Eduardo “Búfalo” Correia e
José Pedro Guimarães. A estreia deu-se em 1988
no Pub Luís Armastrondo no Porto. Participam
também no Concurso de Música Moderna
Portuguesa do Rock Rendez Vous desse ano
sendo que aparecem na compilação “Registos”
com o tema “À Noite”.
Dados os bons conhecimentos de que dispunham
junto dos promotores dos espectáculos, fizeram as
primeiras partes dos concertos dados na Invicta por
The Mission, Baalam & The Angels e Peter Murphy.
Depois mudariam de nome para Alucina Eugénio,
uma verdadeira aventura.
Os Alucina Eugénio , de 93, eram Mário Ferreira
(voz, baixo, bateria) e Kim Coutinho (guitarra,
teclas, percussão e voz). No entanto, eram
também e em colaboração, Fernando Cunha
(guitarra e voz), Zé Borges (bateria e voz), Júlio
César (baixo), Alex Fernandes (sampling, teclas,
voz e percussão), Victor Moura (guitarra em
“Touch’n Go”), Miguel Guia (percussão em
“Touch’n Go”), Margarida Nilo (voz em “Piece of
Cake” e “Viscious” e Nelson Mandela MC (rapper).
Uma verdadeira família.
“Mushrooms EP 93″ é uma registo descontraído.
Há pop, rock, até uns toques de rap, no fundo, vale
um pouco de tudo rumo à boa disposição, como
avança o site a Trompa. “Moderna festarola pop”.
1 – Como e quando surgiu a paixão pela
música? Houve influência de algum familiar /
amigo em concreto?
A paixão pela música surgiu de pequeno, quando
ouvia a minha avó a cantar o fado, e tinha
autorização do meu pai para investigar a sua
coleção de singles.
2-Como e quando surgiu o projeto Falecido
Alves dos Reis? Porquê esse nome?
- No ano de 1986, eu trabalhei no Tour Circo de
Feras, dos Xutos e Pontapés, e fui com eles, na
qualidade de road-manager, fazer um concerto no
extinto pavilhão Infante Sagres. O grupo que fazia a
primeira parte eram os X-Position, (já a dar as
ultimas), e conheci o Kim Coutinho, (era o
guitarrista), com quem fiquei no Porto umas
semanas, depois do concerto. Ele já andava a
ensaiar o projecto Alves dos Reis, com o Tó-Zé
Ferreira e o Pedro Guimarães, e convidaram-me
para cantar. Foi a minha primeira vez! O nome veio
umas semanas depois, quando o Eduardo “Bufalo”,
se juntou a nós. Nessa época ele lia “O homem de
Lisboa”, um excelente livro que retratava com
grande exactitude, a execução de um plano que
viria ser a maior burla jamais cometido contra o
Banco de Portugal. Era um simplório, com recursos
de intelectual. Decidimos dedicar-lhe o nome do
grupo.
3-Que influências tinham na altura?
- As novas sonoridades que chegavam do Reino
Unido, principalmente, cinzentos, urbano-
depressivos de finais dos oitenta. The Cure, The
Cult, The Smiths, Joy Division…
4-Nos anos 90 ocorreu outra grande aventura:
os Alucina Eugénio. Porquê o corte com o
projeto anterior?
- Os Falecido tiveram uma vida curta mas muito
intensa, até que chegou um dia, ( a finais de 89), eu
senti que já não era aquilo que queria fazer.
Comecei a trabalhar com a Bimotor no Porto, e a
ter acesso directo às ultimas novidades entre o
indie e o alternativo. Rapidamente me apaixonei de
novos sons que vinham da América, com Jane´s
Adiction, Red Hot Chilli Pepers, Soundgarden,
Pearl Jam, ou mesmo os Nirvana. Era o principio
dos anos 90 e comecei a ensaiar o projecto Alucina
Eugénio, com clientes da Bimotor, que também
eram músicos, de diferentes estilos. Propus ao Kim
Coutinho acompanhar-me nessa nova aventura,
que aceitou e assinou todas as composições a
meias comigo. Ainda hoje tocamos juntos e já se
falou mais que seriamente na possibilidade de
reactivar os Alucina Eugénio.
5-Nos anos 90 o Mário também trabalhou nas
noites do Meia Cave. Como recorda essa
experiência como dj?
Comecei a trabalhar como dj no Porto, para me
fazer à vida, já que queria ficar (residi no Porto 10
anos), a tocar, mas não chegava para viver. Fui
primeiro dj do Loco Moskito, do Griffon´s, com o Tó-
Zé, passei por uma serie de casas, antes de chegar
ao Meia-Cave, onde permaneci durante 6 bons e
longos anos. Sou um privilegiado por poder ter
assistido aquele movimento que se criou ao redor
do culto à Ribeira que houve naqueles anos. Estive
de 87 a 93, e foi como um laboratório de pesquisa,
de investigação musical.
6-Segue-se depois uma grande viragem na sua
vida: vai para Espanha durante 17 anos. E
nasceram, entretanto, três novos projetos: Mad
Joint , Fado Blues e Boémia Vadia. Como é que
surgiram estes projetos?
O que se passou, foi que nenhum de nós (eu e o
Kim), estávamos preparados para o relativo êxito
que teve o EP “Mushrooms” dos Alucina Eugénio, e
não soubemos manejar a situação com coerência .
Não havia internet, não tivemos assessoria de uma
grande editora e a coisa foi-se perdendo, até que
eu tive uma proposta de trabalho (que nada tinha a
ver com a musica), para Espanha, e lá me vi eu a
caminho de Madrid, onde fiquei dois meses,
partindo depois para Valência onde efectivamente,
estive 17 anos, 12 dos quais, praticamente afastado
da música, na parte prática. Fui pai e marido, limitei
-me a trabalhar e a ouvir o que podia. Nunca deixei
de escrever, assim que um dia, fui viver para um
pequeno paraíso à beira mar plantado chamado
Las Rotas (a 90 klms ao sul de Valência), e
comecei a cantar tudo o que tinha escrito. Comprei
uma guitarra acústica usada e fui dando forma a
canções. Um dia de Outubro do ano 1997, telefonei
ao Kim, (estivemos 12 anos sem notícias um do
outro), e convidei-o a ir passar uns dias comigo, e
que trouxesse instrumentos. Ele assim o fez,
gravamos uma primeira maquete, formamos um
projecto ao que chamámos maRKimia, que não foi
mais que, (sem intenção), o reactivar do processo
de reciclagem dos Alucina Eugénio. Todos os
temas que fizemos entre 2008 e 2010, são parte do
novo repertório que esperam os novos
Alucineugénio para levar para a estrada. Com a
chegada da crise e com ela cada vez mais difícil a
possibilidade de estarmos juntos, (Kim seguia
vivendo no Porto, e eu em Valência), acabei por dar
corpo a uma ideia já antiga que tinha na mente, que
era tentar fundir o fado, com outros estilos. Tive a
sorte e o prazer de conhecer alguns músicos em
Valência que me ajudaram a criar os Fado Blues,
com quem gravei um cd, “Taberna flotante”, que foi
editado em Espanha. Um projecto de autor, (as
composições e letras são minhas), que acabou por
ser efémero pelo factor de que os músicos tinham
os seus próprios projectos e grupos em expansão.
Em Janeiro de 2012, os Fado Blues pediram férias
por tempo indeterminado, e eu segui a trabalhar e a
avançar com a ideia. Como fiquei sem músicos,
incorporei a Rebecca Amar nas vozes, (cantora
parisiense de cabaret que aporta os ambientes
dignos de Montmartre e que quadra muito bem com
o meu canto e as minhas palavras do fado), e voltei
a chamar o Kim. Completei o processo com bases
electrónicas, e assim nasceram Boémia Vadia. Em
Valência gravámos 3 demos, e em Agosto de 2013,
decidimos assentar arraiais e “armas” na Costa da
Caparica, onde residimos actualmente. MaDJoint, é
produto das facilidades que nos dá a internet. Ao
ter uma quantidade enorme de temas que não
sabia que fazer, decidi criar essa ideia, como dj de
autor, onde me dediquei durante o tempo de
adaptação da família à nova cidade, a fazer
reciclagens e novas versões de canções que foram
muito famosas no nacional cançonetismo da minha
infância e juventude, misturados com alguns
originais. Suponho que é um projecto sem grande
futuro, mas rico em experiência e para sumar ao
curriculum.
7- Que balanço estabelece em relação à sua
carreira?
Que até agora, foi uma enorme fase de
aprendizagem. A minha carreira começou agora!
8-Planos futuros.
Os planos futuros consistem em apresentar a
Boémia Vádia ao vivo em Portugal Os concertos de
Boémia Vádia oscilarão entre a electrónica e o
acústico, já que recuperaremos alguns dos temas
do cd “Taberna flotante” dos Fado Blues, mas serei
fiel à sua estrutura original.
5 anos de Som à Letra no Heaven`s Club com Boémia Vadia
Porque a música faz toda a diferença!
O Som à Letra começou por ser um projeto académico de final de curso para a cadeira de imprensa, mas em
meses tornou-se em algo muito sério. Estávamos em setembro de 2009. Começou num blog, mas com o
passar do tempo profissionalizou-se. O projeto migrou para uma casa (www.somaletra.wordpress.com) com
um design mais cuidado e apelativo (sob o mote Keep it simple), juntou-se ao seu público nas redes sociais,
e o crescimento tem sido diário. Já cobrimos vários concertos (nacionais e internacionais) temos uma equi-
pa que se estende de norte a sul, sempre com o objetivo de informar, ensinar, entreter e ajudar. A música é
o nosso grande enfoque.
Mas o Som à Letra é muito mais do que um jornal. Também se ouve (Som Fm). A webrádio está em edições
experimentais, com destaque para a nossa mais recente aposta: o programa, Num filme sempre electropop,
conduzido por Irene Leite.
www.devaneios15.blogspot.com
www.mixcloud.com/somfm
www.cibersom.wordpress.com
O Som à letra apresenta ainda uma componente de responsabilidade social (Som Cívico) divulgando e apoi-
ando causas como o projeto refood (Cedofeita).
http://somaletra.wordpress.com/2014/11/07/refood-pelo-combate-a-fome-escondida-nos-meios-urbanos/
Trata-se de uma área que será mais desenvolvida futuramente.
Por isso é com grande orgulho que vos convidamos a marcar presença no primeiro evento que celebra es-
tes 5 anos de atividade, levados a cabo por uma equipa de voluntários movida pela paixão pelo jornalismo
musical. E que muito brevemente verá toda a sua atividade formalizada.
A festa é já dia 7 de Fevereiro no Heaven´s Club com os Boémia Vadia, projeto avant gard liderado por Mário
Ferreira (ex Falecido Alves dos Reis e Alucina Eugénio) e Rebecca Amar. Há ainda o dj set temático liderado
pelos dj´s Kulture Brothers e Sérgio Pereira. Uma noite certamente inesquecível e com a sede alternativa do
Som à Letra.
Acerca da Boémia Vadia
O projeto Boémia Vadia nasceu em Valência, onde Mário Ferreira foi residente nos últimos 17 anos. Aconte-
ceu no seguimento do final do Fado Blues como grupo.
No projeto Boémia Vadia, como explica Mário Ferreira no blogue a Trompa, o que move os músicos é “o
prazer de poder fazer música e poder dedicar-me a ela . Depois, a possibilidade de poder experimentar, de
fusionar estilos, harmonias, raízes, de absorver certas características da música tradicional (portuguesa,
mas não só) e misturá-las com todas aquelas influências que fomos adquirindo ao longo dos anos . O obje-
tivo principal são os nossos concertos ao vivo”.
O que se pode esperar das atuações?
Mário Ferreira resume. “Um espetáculo intenso e muito visual , devido à estética e presença da Rebecca no
palco , performance, charme e elegância , teatro, poesia, tudo condimentado com um instrumental que te
levará desde os anos 80 até à atualidade”.
http://somaletra.wordpress.com/2014/01/26/a-conversa-com-mario-ferreira/
Não ficaremos por aqui!
O Som à Letra sai à rua ….
Boémia Vadia: "Paris, Folie"
Entrar no mundo dos Boémia Vadia é ter a oportunidade de percorrer uma estrada
sedutora, com toques de cabaret. Rebecca Amar dá grande alma ao grupo
deliciosamente vadio. "Paris, folie". Electrofado? Sim, com grande charme e
envolvência. A 7 de Fevereiro na festa dos 5 anos do Som à Letra, no Heaven´s Club,
Porto.
Por Irene Leite
É impossível não resistir a este som vadio. A música é intensa e sedutoramente aguçada. A sintonia entre Mário
Ferreira e Rebbeca Amar é notória.
"Emissora silêncio está no ar", dizem. Mas é nos temas "Cabaret dos Vampiros" e "Valkiria Gitana" que toda a
energia do grupo está patente.
Há experimentalismo acima de tudo. Um cocktail saudável que funde o tradicional com o avant gard. Nota-se uma
forte componente cénica na forma de interpretação dos temas, intensos, onde se evidencia entrega e paixão.
Há espaço para "alien´s", um "café" e um "bagaço" e ainda um "cabaret" muito especial. Tudo para proporcionar a
boémia mais atraente desta feita para o Porto.
O Ep "Circo Amar" está quase a sair. Neste momento seguem as apresentações ao vivo, com novo formato e
estreia do baterista Emanuel Ramalho, no já confirmado sábado 7 de Fevereiro no Heaven´s Club, no Porto.
Acerca da Nocturnal Dust Productions:
A Nocturnal Dust Productions é uma organização com quase 15 anos pela margem alternativa, saída da cabeça e
do coração de Sérgio P, dj residente do Heavens Club.
Além da promoção e organização de eventos com Djs, a Nocturnal Dust dedica-se também a organizar e promover
concertos, dos quais destacamos Los Carniceros del Norte (Espanha), Eyaculacion Post Mortem (Espanha), Star
Industry (Belgica), Dilana (E.U.A.), Chavalier Avant Gard (Canada), Boémia Vadia, Templários do Rock, Espelho
Mau, La Chanson Noire, etc...
Sempre alternativa, estra organização não troca os seus ideais por modas, movidas ou popularidades, pois o seu
caminho é sempre pela... via alternativa.
Acerca dos Kulture Brothers:
Tudo começou em 1 de Outubro de 2005, mais precisamente em Torres Novas no Trampolim Bar onde os irmãos
Manuel e Tiago Magalhães começaram com o projecto Kulture Brothers. Naturais da Cidade do Porto, sentiram a
necessidade de partilhar a sua cultura e ao mesmo tempo divertirem-se com isso mesmo. O gosto eclético de am-
bos revela uma extrema versatilidade, viajando assim desde as melodias sintetizadas dos anos 80 ao rock (este
sempre funcionando como motor do projecto) mas onde o indie e outros géneros mais podem fazer parte dos seus
alinhamentos. Ambos têm o orgulho de já ter passado pelos seguintes sítios: Trampolim bar, Galeria Bar, Teatro Sá
da Bandeira, Real Feitoria, FEUP (Feup Caffé e Feup Sounds), Plano B, V5, Alfândega do Porto, SPOT, La Bohe-
me, Insólito bar, Contagiarte, Vila Porto, Basement, Armazém do Chá, Tendinha Indiscreta, Tendinha dos Clérigos,
More Clube, Super Bock HD Fest (Viana do Castelo) e Indiscreta; e de já terem partilhado o mesmo palco com as
respectivas bandas: Sizo, Pluto, John is Gone, X-wife, Wraygunn, Dogma, Kumpania Algazarra, Blá Blá Blá, Turbo
Club, Nagoya, Nema Trevo, Hookers on Rockets, Mr. Miyagi, Larkin, Killimanjaro, Moe´s Explosion, KVB e Slimmy.
Sendo assim só lhes resta esperar que muitos anos se sigam pela frente sempre a partilhar a música que gostam
por todos vós.
A selecção da Urban Ground
The Clash-Should i stay or should i go?
Debbie Harry-Rush Rush
Velvet Underground-Venus in Furus
Pãodemónio-Pirraças Pueris
Frank Zappa-You are what you is
José Cid-Fuga para o espaço
Blondie-Atomic
The Undertones-Teenage Kicks
The Cult-Fire Woman
The Sisters of Mercy-Black Planet
António Variações-Sempre Ausente
Amy Holland-She´s on fire
Bruce Springsteen-Downbound train
Flowered Up-It´s on