UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA
ANÁLISE QUALITATIVA DA METODOLOGIA APLICADA
EM MUSEUS DE CIÊNCIAS NATURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO
SOBRE: AS FORMIGAS DO GÊNERO Atta (HYMENOPTERA)
FABIANA SANTOS SILVA
07/2013
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA
ANÁLISE QUALITATIVA DA METODOLOGIA APLICADA
EM MUSEUS DE CIÊNCIAS NATURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO
SOBRE: AS FORMIGAS DO GÊNERO Atta (HYMENOPTERA)
FABIANA SANTOS SILVA
ORIENTADOR: ODAIR CORREA BUENO
Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.
07/2013
i
“Durante os poucos segundos necessários para a leitura desta frase nascerão na Terra 40
seres humanos e, sobretudo, 700 milhões de formigas.”
(Bernard Weber)
ii
AGRADECIMENTOS: Agradeço infinitamente a Deus, pela oportunidade de concluir mais essa etapa.
Aos meus pais Nadiege Maria e Ivanildo, aos meus irmãos Fátima e Luiz Fernando e a
minha sobrinha Heloísa Maria. Obrigada por tudo, amo muito vocês!
Ao meu orientador profº Dr. Odair Correa Bueno. Agradeço pelas preciosas sugestões!
Aos amigos, Gabriel Alan Crein Rodrigues, Fabiana Gonzalez Pontes, Fabrício Caldeira
Reis, Márcio Martins e Carlos Alberto Vicentin. Durante o curso compartilhamos
conhecimento, boas conversas e muitas risadas. Muito obrigada!
Ao amigo Luiz Carlos Reis, agradeço pela generosidade em oferecer caronas até a UNESP
de Rio Claro. Muito obrigada!
Ao amigo Antônio Henrique, agradeço por todo apoio, durante a finalização do curso.
A todos os colegas da 6º turma de Entomologia urbana. Agradeço por todo o conhecimento
compartilhado e amizade.
Aos Professores do curso de Especialização em Entomologia Urbana – UNESP, Dra. Ana
Eugênia de Carvalho Campos e ao MSc. Francisco José Zorzenon. Muito obrigada!
Aos amigos do laboratório de Entomologia Médica da Superintendência do Controle de
Endemias - SUCEN, Dra. Regiane Maria Tironi de Menezes, agradeço pela generosidade e
disponibilidade em me auxiliar durante a realização da monografia. E ao biólogo e
aprimorando, Fernando Luiz de Lima Macedo.
E gostaria de agradecer também a disponibilidade e generosidade de Artur Nishibe
Furegatti, biólogo do Museu de zoologia da UNICAMP. E a Lúcia Schuller, bióloga do
Museu Vivo Bicho Pau. Muitíssimo obrigada!
“Nada de esplêndido jamais foi realizado, exceto por aqueles que ousaram acreditar que
algo dentro deles era superior às circunstâncias”. (Bruce Barton)
iii
SUMÁRIO:
1. RESUMO ............................................................................................................ vii
2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2.1.1 A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ........................................................................ 1
2.1.2 OS MUSEUS DE CIÊNCIAS NATURAIS COMO OPÇÃO PARA A
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL .................................................................................... 2
2.1.3 METODOLOGIAS UTILIZADAS NAS EXPOSIÇÕES, EM MUSEUS DE
CIÊNCIAS NATURAIS. ............................................................................................ 2
3.1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BIOLOGIA DOS FORMICÍDEOS ............ 5
3.1.2. FORMAÇÃO DOS NINHOS ........................................................................... 6
3.1.3. REPRODUÇÃO E METAMORFOSE ............................................................. 7
3.1.4. NUTRIÇÃO ..................................................................................................... 9
3.1.5. AS FORMIGAS E OS SENTIDOS .................................................................. 9
3.1.6. FORMIGAS COMO PRAGAS URBANAS .................................................... 10
3.1.7. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA ............................................ 11
4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BIOLOGIA DA FORMIGA DO GÊNERO Atta
............................................................................................................................... 13
4.1.1. ORGANIZAÇÃO SOCIAL ............................................................................. 14
4.1.2 FORMAÇÃO DOS NINHOS DO GÊNERO Atta ............................................ 15
4.1.3 NUTRIÇÃO DO GÊNERO Atta ..................................................................... 16
4.1.4 O GÊNERO Atta E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ............................... 17
5. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 18
6. OBJETIVO .......................................................................................................... 19
7. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 20
7.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................... 20
7.1.2 Museu do Instituto Biológico .......................................................................... 20
7.1.3 Museu Catavento Cultural e Educacional ...................................................... 22
7.1.4 Fundação Parque Zoológico de São Paulo ................................................... 23
7.1.5 Museu de zoologia da UNICAMP .................................................................. 24
7.1.6 CEIS – Centro de estudos de insetos sociais / UNESP ................................ 26
7.1.7 Museu Vivo Bicho Pau .................................................................................. 27
8. VISITA AOS MUSEUS DE CIÊNCIAS ............................................................... 28
8.1.1 CRITÉRIO PARA A ANÁLISE DA METODOLOGIA APLICADA NOS
MUSEUS DE CIÊNCIAS ........................................................................................ 29
iv
9. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................ 30
10. CONCLUSÃO ................................................................................................... 54
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 55
v
LISTA DE FIGURAS:
Figura 1 - Metodologias utilizadas em Museus de Ciências ............................................ 4
Figura 2- Anatomia externa e interna da formiga ............................................................ 6
Figura 3- Ciclo da Metamorfose Holometabólica ............................................................. 8
Figura 4 - Ocorrência geográfica da formiga do gênero Atta ......................................... 13
Figura 5 - Esquema do sauveiro .................................................................................... 16
Figura 6 - Imagem por satélite da área do Museu do Instituto Biológico ....................... 21
Figura 7 - Imagem por satélite da área do Museu Catavento Cultural e educacional ... 23
Figura 8 - Imagem por satélite da área da Fundação Parque Zoológico de São Paulo 24
Figura 9 - Imagem por satélite da área do Museu de Zoologia da UNICAMP ............... 25
Figura 10 - Imagem por satélite da área do Centro de Estudos de Insetos Sociais-
UNESP .......................................................................................................................... 26
Figura 11- Imagem por satélite do prédio do Museu Vivo Bicho Pau ............................ 27
Figura 12 - Sauveiro Museu do Instituto Biológico ........................................................ 31
Figura 13 - Painel em alto relevo, demonstrando um sauveiro natural. ......................... 31
Figura 14 - Panfleto oferecido pelo Museu do Instituto Biológico aos visitantes. .......... 32
Figura 15- Panfleto oferecido pelo Museu do Instituto Biológico aos visitantes. ...... Erro!
Indicador não definido.
Figura 16 - Réplica gigante da formiga saúva (aumentada 100 vezes) ......................... 34
Figura 17 - Réplica gigante da formiga saúva (aumentada 100 vezes) ......................... 34
Figura 18 - Painel sobre a formiga Saúva ..................................................................... 35
Figura 19 - Ninho da formiga Saúva em formato painel ................................................ 35
Figura 20 - Painel Museu Catavento ............................................................................. 36
Figura 21 - Painel Museu Catavento ............................................................................. 36
Figura 22 - Sauveiro da Fundação Zoológico de São Paulo ......................................... 38
Figura 23 - Sauveiro da Fundação Zoológico de São Paulo ......................................... 38
Figura 24 - Formigas Reprodutoras ............................................................................... 39
Figura 25 - Sauveiro da Fundação Zoológico com o fungo. .......................................... 39
Figura 26 - Sauveiro do Museu de zoologia da UNICAMP. ........................................... 41
Figura 27 - Sauveiro do Museu de Zoologia da UNICAMP. .......................................... 41
Figura 28 - Corpo Frutífero do fungo ............................................................................. 42
Figura 29 - Formigas Reprodutoras ............................................................................... 42
Figura 30 - Formiga em resina plástica comprimento 30 cm ......................................... 43
Figura 31 - Formigas em latão comprimento 15 cm e 47 cm......................................... 43
vi
Figura 32 - Sauveiro do CEIS- UNESP- Rio Claro ........................................................ 45
Figura 33 - Sauveiro preparado para doação. ............................................................... 45
Figura 34 - Sauveiro do CEIS, em momento de monitoria. ........................................... 46
Figura 35 - Sauveiro do Museu Vivo Bicho Pau ............................................................ 48
Figura 36 - Sauveiro do Museu Vivo Bicho Pau. ........................................................... 49
Figura 37 - Monitoria sobre a formiga Saúva, no Museu Vivo Bicho Pau. ..................... 49
Figura 38 - Sauveiro e painéis didáticos sobre a formiga Saúva. .................................. 49
Figura 39 - Respostas dos Museus de Ciências, sobre o questionário aplicado, para
analisar a qualidade da metodologia aplicada. .............................................................. 50
vii
1. RESUMO
A educação é um direito de todo o ser humano, como condição
necessária para desfrutar dos direitos constituídos numa sociedade
democrática. O direito à educação é reconhecido na legislação de
praticamente todos os países e pela Convenção dos Direitos da Infância das
Nações Unidas. A educação não formal é definida como aquela que utiliza
atividades e experiências diferentes para reforçar a aprendizagem dos
discentes, fora da unidade escolar. Os museus antes considerados apenas
armazéns de objetos, atualmente são considerados locais de educação não
formal com qualidade. Alguns museus de ciências naturais do estado de São
Paulo trabalham com o tema insetos, entre eles, as formigas (ordem
Hymenoptera). No Brasil ocorrem 09 espécies de saúvas e apenas 05 são
de importância econômica, essas podem causar danos às plantas cultivadas
em gramados e pomares, e também em plantas de característica
ornamental. Também há registros de danos causados em grandes culturas.
O objetivo desse trabalho foi realizar uma análise qualitativa da metodologia
aplicada em Museus de Ciências do estado de São Paulo sobre as formigas
do gênero Atta. De todos os 06 Museus analisados, nenhum obteve 100%
de respostas (SIM). Apenas 01 ficou classificado, como melhor modelo, para
exposição da formiga do gênero Atta.
Palavras chave: Educação não formal, museus de ciências, formigas do
gênero Atta.
1
2. INTRODUÇÃO
2.1.1 A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Segundo GADOTTI (2005), a educação é um direito de todo o ser
humano, como condição necessária para desfrutar dos direitos constituídos
numa sociedade democrática. Por esse motivo, o direito à educação é
reconhecido na legislação de praticamente todos os países e pela
Convenção dos Direitos da Infância das Nações Unidas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil esclarece que
repudiar o acesso à educação é repudiar os direitos humanos fundamentais.
Pois esse é um direito de cidadania, sendo sempre proclamado como
prioridade, porém muitas vezes não cumprido (GADOTTI 2005).
De acordo com FÁVERO (2007), depois do fim da Segunda Guerra
Mundial, em 1945, ocorreu uma mudança nos sistemas escolares do
primeiro mundo e o argumento mais aceito foi devido à transformação e
aceleração industrial. A chamada crise na educação exigiu um planejamento
educacional e passaram a valorizar as atividades não escolares
(profissionais e culturais). Sendo assim, nos anos 60, as expressões de
origem anglo-saxônica: informal, formal e não formal, foram introduzidas.
A educação informal, nada mais é, do que o aprendizado cotidiano.
Nela não há local, horários ou currículos, existe uma interação sociocultural,
onde o aprendizado flui naturalmente, sem que os próprios participantes
tenham consciência (MASSARANI et al, 2002).
As atividades que acontecem em sala de aula são denominadas de
educação formal. E a educação não formal é definida como aquela, que
utiliza atividades e experiências diferentes para reforçar a aprendizagem dos
discentes, fora da unidade escolar. (FÁVERO 2007).
Muitos professores afirmam que a educação não formal é um recurso
pedagógico complementar às carências escolares. E que tem como objetivo
tornar o ensino mais interessante para os discentes, aumentando assim, o
interesse dos mesmos aos estudos (BIANCONI & CARUSO 2005).
2
2.1.2 OS MUSEUS DE CIÊNCIAS NATURAIS COMO OPÇÃO PARA A
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
De acordo com LOZANO & SÁNCHEZ-MORA (2008), no século XX,
ocorreu um aumento das ações de divulgação científica e do ensino de
ciências no Brasil, aumentando a construção de vários museus de ciência no
país. E especialmente nas décadas de 1980 e 1990 a divulgação científica
ganhou maior evidência. Atualmente ocorrem muitos incentivos e programas
governamentais e não governamentais voltados à popularização da ciência
em museus no Brasil. Esse momento atual é considerado proveitoso no que
se refere a esses espaços de educação não formal. Por esse motivo, torna-
se primordial o desenvolvimento de pesquisas que possam discutir as
questões, os desafios e as novas possibilidades que surgem para essas
instituições.
Os museus antes considerados apenas armazéns de objetos, vêm
passando por mudanças significativas para o público frequentador. E
atualmente são considerados locais de educação não formal (VALENTE
1995).
Os museus de ciências procuraram novas abordagens para minimizar
o analfabetismo científico e tecnológico. E a interatividade surgiu como uma
ferramenta para melhorar a comunicação entre os visitantes e a ciência
(VALENTE et al, 2005).
2.1.3 METODOLOGIAS UTILIZADAS NAS EXPOSIÇÕES, EM MUSEUS DE
CIÊNCIAS NATURAIS.
Segundo MARANDINO (2002) a exposição é uma das ferramentas
fundamentais para a identidade do museu. O conhecimento das teorias,
metodologias e práticas sobre as exibições são essenciais, pois é através
delas que o museu divulga a instituição, informa o público, muda atitudes e
comportamentos. Com o objetivo de promover espaço para o aprendizado e
reflexão.
3
De acordo com LOZANO & SÁNCHEZ-MORA (2008), as
metodologias utilizadas nas exposições, em museus de ciências se
resumem em 06 etapas:
1. Avaliação de contexto: Pretende identificar as necessidades de
comunicação da ciência e quais os objetivos das exposições.
2. Avaliação de planejamento: Tenta dar coerência aos programas e
seus elementos internamente, especialmente os objetivos, conteúdos,
métodos e critérios de avaliação.
3. Processo de avaliação de exposições e programas: Inclui a fase de
regulamentação, decisão, cumprimento dos objetivos, pesquisa de
conteúdo e metodologia própria para continuar a avaliação.
4. Avaliação dos resultados: Este campo coincide com o propósito do
projeto de avaliação tradicional, incluindo a avaliação dos resultados
de curto e longo prazo, bem como resultados indiretos, inerentes a
qualquer processo de avaliação.
5. A avaliação de todos os participantes do museu: Desde os
implementadores do programa de comunicação da ciência até os
seus receptores, nesse caso frequentadores.
6. A avaliação da eficiência: Indicadores de custo, que permitam que as
decisões econômicas utilizem os recursos disponíveis, de acordo com
as metodologias ideais. Na figura 01 podemos observar o resumo
dessas 06 etapas supracitadas.
4
Figura 1 - Metodologias utilizadas em Museus de Ciências Fonte. LOZANO & SÁNCHEZ-MORA (2008)
Alguns museus de ciências brasileiros trabalham com o tema
INSETOS. E a formiga Atta é um dos insetos expostos nesses museus.
A metodologia utilizada para a exposição da formiga do gênero Atta,
pode seguir alguns desses critérios:
1- Presença do ninho, (sauveiro);
2- Quando não há presença do ninho, painéis ilustrativos o substituem;
3- Exposição do fungo;
4- Castas: operárias fêmeas, rainhas e machos;
5- Vídeos e maquetes;
6- Presença de educadores para monitorar a visita;
7- Presença de som com texto explicativo, substituindo os educadores.
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BIOLOGIA DOS FORMICÍDEOS
No reino animal, a sociedade da formiga (Ordem Hymenoptera) é
considerada como uma das mais complexas, sendo comparada à sociedade
das abelhas e das vespas (Ordem Hymenoptera) e a sociedade dos cupins
(Ordem Isoptera).
Esses insetos formam colônias que agrupam até 300 milhões de
indivíduos em um só ninho, onde cada um desempenha sua tarefa
específica em benefício de toda a colônia. (CAETANO et al., 2002; BUZZI,
2002).
De acordo com GULLAN & CRASTON (2005), a ordem hymenoptera
têm aproximadamente 250.000 espécies catalogadas.
O nome latino da formiga deriva do ácido fórmico que é produzido por
algumas espécies da subfamília Formicinae (CAETANO et al., 2002).
As formigas possuem 03 pares de pernas, assim como todos os
insetos, um par de mandíbulas bem desenvolvidas e com elas as formigas
constroem suas galerias no solo, em madeira, ou plantas, se defendem dos
inimigos, carregam os ovos, larvas, cortam folhas e conseguem alimentos; o
tórax é separado do gaster por um pedicelo articulado que pode ter um ou
dois segmentos; possui um par de antenas geniculadas com 4-12
segmentos nas fêmeas e 9-13 nos machos. Seu tamanho pode variar de um
milímetro a 4.5 centímetros de comprimento. As operárias não são aladas e
suas antenas têm os escapos bem desenvolvidos (CAETANO et al., 2002;
CAMPOSFARINHA et al., 1997). Podemos observar a morfologia externa e
interna da formiga, na figura de número 02.
6
Figura 2- Anatomia externa e interna da formiga Fonte: http://www.mirex-s.com.br/index.php/formigas/curiosidades
Muitas espécies de formigas têm hábitos que facilitam sua convivência
com os humanos por isso foram distribuídas, através do comércio, por quase
todo o mundo. Entre elas podemos mencionar a formiga Argentina
Linepthema humile (Dolichoderinae) e Monomorium pharaonis (Myrmicinae)
do Egito. Outros gêneros como Crematogaster, Solenopsis e Camponotus,
possuem um grande poder de adaptação e de colonização, sendo
encontradas praticamente em todo o mundo (CAETANO et al., 2002).
3.1.2. FORMAÇÃO DOS NINHOS
As formigas são insetos eusociais (sociais verdadeiros), isto é, vivem
em colônias ou ninhos, dividem o trabalho (castas), ocorre cooperação entre
os membros da colônia e também há sobreposição de gerações (GULLAN &
CRANSTON, 2007).
O ninho é um sistema de passagens ou cavidades que se comunicam
uma com as outras e com o meio exterior. E são construídos em diversos
locais dependendo da espécie como no solo, em plantas, no interior de
7
residências, armários, pisos, entre outros e também ocupam cavidades na
madeira ou em troncos de árvores (CAMPOSFARINHA et al., 1997;
CAMPOS-FARINHA & ZORZENON, 2008).
De acordo com CAETANO et al., (2002) a colônia de formigas é
composta por indivíduos do sexo feminino que formam duas castas:
operárias e rainhas. Na época da reprodução a colônia consta com fêmeas
virgens com asas e machos também alados, que vivem no ninho por um
curto período. A colônia normalmente encontra-se em um único local (ninhos
monodômicos). Mais também existem espécies que formam ninhos em
vários locais, de uma só vez e esses estão interconectados, porém estão
separados por muitos metros (ninhos polidômicos).
Segundo GULLAN & CRANSTON (2007) os ninhos contendo múltiplas
rainhas podem persistir como colônias poligínicas, sendo associados ao uso
oportunista de recursos efêmeros ou duradouros e com distribuição irregular.
A monogenia geralmente surge por meio da dominância de uma única
rainha.
3.1.3. REPRODUÇÃO E METAMORFOSE
Segundo BORROR & DELONG (1969); GALLO et al., (2002), o ciclo
de vida da formiga chama-se holometabolia, ou seja, é a metamorfose
completa. Esse ciclo é composto por ovo, larva, pupa e adulto, sendo que os
machos e as fêmeas (rainhas) são alados e possuem órgãos sexuais bem
desenvolvidos.
SANTOS (1985) afirma que os períodos de desenvolvimento do ovo,
da larva, da pupa e adulto, resultam em uma média de 40 dias, para
formigas operárias e uma média um pouco maior para rainhas e machos. A
predisposição genética que as formigas possuem para a formação de castas
estéreis, ocorre por causa da haplodiploidia, os machos desenvolvem-se a
partir de ovos não fertilizados e são denominados haplóides, enquanto que
as fêmeas desenvolvem-se de ovos fertilizados, consideradas diplóides. O
macho haplóide, forma gametas sem meiose e dessa forma cada um de
seus espermatozóides é geneticamente igual aos demais (KREBS &
DAVIES, 1996).
8
Os “soldados” são formigas que realizam a função de defesa e são
indivíduos robustos, com cabeça grande e na abertura bucal, possuem um
par de fortes mandíbulas. Os machos não formam castas e podem ser raros
e de vida curta, morrendo logo após o acasalamento. Durante a cópula, a
rainha recebe esperma suficiente para durar a sua vida inteira e o armazena
na espermateca (CARRERA, 1980; GULLAN & CRANSTON, 2007).
Nas poucas espécies em que se conhece o comportamento sexual, na
época das chuvas, saem às formas aladas para o voo nupcial e ele ocorre
em um dia e em uma hora determinados. Machos e fêmeas (rainhas) de
diferentes ninhos saem ao mesmo tempo e se reúnem em um local para a
cópula, que acontece em pleno voo. Logo depois de fecundada, a fêmea
volta para o solo e já sem as asas, busca um local para construir um novo
ninho e assim colocar os primeiros ovos, ela alimenta a larva emergida por
trofalaxia estomodeal ou oral, isto é, regurgita alimento líquido de sua
reserva interna. Quando nascem as primeiras operárias, estas abrem a
entrada do ninho e ajudam a rainha na complementação de sua dieta
alimentar, devido à nutrição ter sido apenas oriunda da absorção de seus
músculos alares. (CAMPOS-FARINHA et al., 1997; CAETANO et al., 2002;
GULLAN & CRANSTON, 2007). Na figura número 03, podemos observar o
ciclo da metamorfose completa da formiga.
Figura 3- Ciclo da Metamorfose Holometabólica Fonte: www.askabiologist.asu.edu
9
3.1.4. NUTRIÇÃO
Segundo PANIZZI & PARRA (1991); CAETANO et al., (2002), as
formigas possuem hábitos alimentares diferentes em cada fase de seu
desenvolvimento, por exemplo, na fase larval ocorre à necessidade por
alimentos nutricionais estruturadores como proteínas, exemplo: artrópodes
vivos ou mortos, restos de vertebrados mortos, excrementos de aves e
outros animais, que são coletados pelas formigas operárias. Os adultos já
consomem maior quantidade de açúcares e gordura, normalmente ingerem
açúcar de nectários extraflorais e secreções de outros artrópodes, pois seu
metabolismo precisa de energia. Larvas alimentadas com alto teor de
proteína se desenvolverão em soldados e outras alimentadas com baixa
quantidade de proteína, em operárias. A eficiência do forrageamento das
formigas é muito grande. Calcula-se que uma colônia de formigas européias
(Formica polyctena), consiga coletar aproximadamente 1 Kg de artrópodes
diariamente (GULLAN & CRANSTON, 2007).
Conforme THEWS (1978), as formigas parecem ter um grande apetite,
pois sempre que uma encontra com outra pelo caminho, trocam alimento.
Com essa troca, elas também transmitem informações olfativas, que logo,
todo o formigueiro fica sabendo. Quando as formigas encontram uma
mariposa morta, por exemplo, usam o ferrão para traçar uma trilha olfativa e
a intensidade do odor deixado no caminho, indica o tamanho da presa.
KREBS & DAVIES (1996), confirmam o uso da trilha utilizada pelas
formigas. O odor fica mais forte à medida que mais operárias se juntam, mas
também acaba facilmente se não for renovada, pois o odor é volátil, portanto
a trilha existe enquanto a presa estiver disponível. Essa trilha citada recruta
um grande número de formigas operárias
3.1.5. AS FORMIGAS E OS SENTIDOS
As formigas possuem capacidades mentais, elas são capazes de
perceber sinais físicos, até mais que os vertebrados superiores. As formigas
também podem perceber a luz infravermelha, luz visível e ultravioleta. Essas
capacidades foram observadas através de estudos sobre a orientação das
10
operárias de volta para o ninho. As formigas possuem memória, pois
modificam suas ações futuras, baseando-se em vivências anteriores.
Também sentem o aroma das suas companheiras de ninho, tem habilidade
para orientar-se, entram e saem de complicados labirintos e convivem com
muita destreza na parte interior e exterior dos ninhos. São capazes de
perceber e produzir sons, desde que se origine de um substrato sólido, pois
seu sistema perceptor está localizado nas pernas e não possui percepção
para ouvir sons transmitidos pelo ar (CAETANO et al., 2002).
Possuem o paladar e o olfato desenvolvidos, dessa forma,
reconhecem o alimento com facilidade. A visão não ocorre em todas as
espécies, a exemplo das formigas de correição que são cegas. As que
possuem visão utilizam o sentido com bastante intensidade. Muitas espécies
são capazes de “navegar” utilizando a posição do sol no céu e muitas
também utilizam o próprio corpo como referência, podendo reconhecer e
memorizar voltas para a esquerda ou para a direita, utilizando essa memória
espacial para a orientação (CAETANO et al., 2002).
3.1.6. FORMIGAS COMO PRAGAS URBANAS
Entre 2000 e 2004, a população brasileira aumentou em 10 milhões de
pessoas (IBGE, 2004).
Conforme ZORZENON (2009), esse crescimento desordenado das
populações nos centros urbanos, contribui para que o meio ambiente sofra
negativas alterações. E por causa da conquista do homem sobre o
ambiente, o mesmo se julga dominante e qualquer outro organismo que
compartilhe do mesmo espaço e cause desconforto, será considerado por
ele, como uma praga urbana.
De acordo com ZORZENON (2002), vários animais, incluindo os
insetos, vivem em íntima associação com o ser humano. Esses insetos
estão presentes nas cidades, danificando construções, transmitindo doenças
para animais e o homem. As pragas urbanas são denominadas
sinantrópicas, pois coabitam com o homem. Os recursos colaboradores para
a proliferação e manutenção desses animais no meio urbano são: água,
alimento, abrigo e acesso, todos provenientes do desequilíbrio ambiental
11
causado pela sociedade e que contribui para a baixa qualidade de vida nos
centros urbanos.
BUENO & CAMPOS-FARINHA (1999), afirmam que todos os insetos
possuem um papel importante nos ecossistemas. Eles são considerados
pragas por causa dos prejuízos econômicos causados. Sendo que o próprio
homem é responsável pelas transformações do ambiente e a consequente
perda dos habitats de muitos animais. As espécies de formigas
economicamente importantes são: as formigas cortadeiras (Atta - Saúvas e
Acromyrmex - Quenquéns), que se distribuíram nas Américas, formigas
lavapés, carpinteiras e também as tramp species (formigas andarilhas),
estas vivem em associação com o homem. Podem causar sérios problemas
quando ocorrem em estabelecimentos comerciais (fábricas de alimentos,
escritórios, restaurantes, instituições de pesquisas) e dentro das moradias,
podem danificar aparelhos eletroeletrônicos (aparelhos de som, televisores,
microcomputadores, etc). Tornam-se um grande risco quando surgem em
hospitais, pois as formigas são vetoras mecânicas de microrganismos
patogênicos. A poliginia é um dos fatores que facilitam a dispersão e
infestação das formigas domésticas, as suas populações unicoloniais
mudam o ninho de local com frequência, possuem altas taxas reprodutivas,
as colônias são fragmentadas e sem a presença da rainha, porém
temporariamente. Pois as formigas operárias utilizam a estratégia de
carregar algumas larvas para a nova colônia, surgindo em breve uma nova
rainha.
Os ninhos são de tamanho pequeno, assim como as formigas
operárias. Fatores como uso frequente de inseticidas, além de perturbações
mecânicas colaboram com a fragmentação da colônia (BUENO & CAMPOS-
FARINHA, 1999).
3.1.7. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA
Conforme GULLAN & CRANSTON (2007), os insetos são muito
importantes para os ecossistemas, pois reciclam nutrientes por meio da
degradação de troncos de árvores e serrapilheira, participam da
decomposição de cadáveres, polinizam plantas, servem de alimento para
12
vertebrados insetívoros e também são agentes transmissores de
microrganismos patogênicos para animais e vegetais. Muitos insetos são
considerados como “espécies-chave” nos ecossistemas, pois a sua ausência
poderia levar ao colapso do mesmo (GULLAN & CRANSTON, 2007).
As formigas estão presentes em todos os ecossistemas terrestres,
exceto os polares e as regiões marinhas. O número de indivíduos é um dos
maiores. Representam cerca de 40% da biomassa de invertebrados em
alguns ecossistemas (CAETANO et al., 2002).
Parte desse percentual de formigas colabora com a manutenção do
solo, isto é, fazem quase o mesmo papel da minhoca, pois ajudam a aerar a
terra e a decompor substâncias orgânicas. Diversas outras espécies de
formigas são predadoras de pragas agrícolas e dessa forma tornaram-se
essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas terrestres (CAMPOS-
FARINHA et al., 1997).
Os gêneros Atta (Saúva) e Acromyrmex (Quenquéns) são os de maior
importância econômica, pois para manterem seu fungo simbionte, precisam
cortar grandes quantidades de vegetais, destruindo plantações. Uma colônia
adulta de Atta laevigata é capaz de cortar aproximadamente 5 kg de matéria
vegetal, diariamente. Calcula-se que o dano econômico causado pelas
formigas cortadeiras no continente americano, alcance o número de 5
bilhões de dólares anualmente (CAETANO et al.,2002).
13
4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA BIOLOGIA DA FORMIGA DO GÊNERO
Atta
A formiga do gênero Atta está incluída na tribo Attini. Essa tribo possui
13 gêneros e aproximadamente 220 espécies. Ocorrem em regiões tropicais
do México, América central e América do sul. Algumas espécies ainda
podem ocorrer na região sul dos Estados Unidos
(HOLLDOBLER & WILSON, 2009). Na figura número 04, podemos verificar
a distribuição da formiga Atta na América central e América do sul.
Figura 4 - Ocorrência geográfica da formiga do gênero Atta Fonte: http://www.mirex-s.com.br/index.php/formigas/classificacao-e-ocorrencia
Segundo KELLER & GORDON (2009) e HOLLDOBLER & WILSON
(2009) a formiga do gênero Atta, começou a cultivar fungos a partir de
material vegetal coletado, há 50 milhões de anos, bem antes do Homo
sapiens sapiens, que descobriu, como plantar e colher apenas há 10.000
anos. Por esse motivo, os entomologistas consideram que a agricultura foi
criada por essas formigas.
14
De acordo com AUTUORI (2010), as formigas cortadeiras são insetos
sociais, os ninhos são subterrâneos e cultivam um fungo, para se
alimentarem. O material vegetal cortado por elas é utilizado para substrato
da cultura do fungo.
Existe uma relação de simbiose entre a formiga cortadeira e o fungo,
ou seja, as duas espécies são beneficiadas, pois as formigas colaboram com
a reprodução assexuada dos fungos e os fungos com a alimentação das
formigas, uma relação simbiótica obrigatória (KELLER & GORDON, 2009).
Segundo KELLER & GORDON (2009), as formigas cortadeiras
possuem em seu exoesqueleto uma bactéria do gênero Pseudonocardia,
essa bactéria é responsável pela proteção das formigas, contra fungos
parasitas. Dessa forma é possível observar que além da relação entre a
formiga e o fungo existe a presença da bactéria, reforçando o sucesso dessa
simbiose.
4.1.1. ORGANIZAÇÃO SOCIAL
CASTAS:
As formigas operárias (fêmeas) vivem de 2 a 6 meses, não possuem
asas e são estéreis. Desempenham todas as funções da colônia: escavação,
limpeza do ninho, forrageamento, alimentação das larvas, rainha(s) e outras
operárias e a defesa da colônia (UFSM, 2013).
Casta dos reprodutores: Rainhas e Machos
Rainhas - responsáveis pela postura dos ovos; aladas antes de
começar o ninho; são os maiores indivíduos da colônia; grande longevidade
(a rainha pode viver até 20 anos). Machos - alados, menores que as rainhas;
sua função é unicamente reprodutiva e têm vida curta (UFSM, 2013).
No sauveiro encontramos diferentes castas de formigas
(determinadas a partir dos trabalhos realizados).
a) Soldados: são formigas desenvolvidas (11 a 15 mm), com a
presença de fortes mandíbulas. Sua função é proteger o formigueiro
15
dos inimigos naturais. Ou quando o material vegetal é muito duro, os
soldados auxiliam as formigas operárias (UFSM, 2013).
b) Cortadeiras ou carregadeiras (operárias): são as formigas de
tamanho médio (4 a 7 mm), que têm a função de cortar o material vegetal
e carregar os pedaços para dentro do ninho (UFSM, 2013).
c) Jardineiras: são as formigas de menor porte (2 mm). Têm a função de
cultivar o fungo, adubando-o, transplantando e podando as partes sem
valor (UFSM, 2013).
4.1.2 FORMAÇÃO DOS NINHOS DO GÊNERO Atta
Na superfície do solo, o ninho apresenta terra solta e orifícios titulados
de olheiros. (MARICONI, 1970).
O ninho da formiga saúva é um ninho subterrâneo e um dos mais
complexos da classe Insecta (CAETANO et al., 2002).
O volume que um ninho adulto atinge, pode chegar a uma marca de
20 metros de diâmetro e 05 metros de profundidade. Possui uma galeria
central e dessa originam-se múltiplas galerias pequenas que levam para
onde a formiga cultiva o fungo. Outras galerias têm ligação com a superfície,
tendo a função de regular a entrada de ar no formigueiro (por volta de 0,5
graus centígrados) e assim manter a umidade interna do ninho. Uma câmara
grande de lixo é construída na parte inferior e a fermentação desse
composto orgânico produz calor e dióxido de carbono (CAETANO et al.,
2002).
Um sauveiro pode abrigar até 5.000.000 formigas. Na fase adulta,
pode consumir cerca de 1 tonelada de folhas por ano. E ao longo do ciclo
reprodutivo, esse mesmo formigueiro vai gerar quase 1.000 outros sauveiros
e aproximadamente 4,8 bilhões de formigas operárias, um número
considerável de insetos cortadores de folhas (MIREX, 2013). A figura
número 05 representa a formação do sauveiro.
16
Figura 5 - Esquema do sauveiro Fonte: UFSM, 2013.
4.1.3 NUTRIÇÃO DO GÊNERO Atta
As formigas do gênero Atta cortam plantas e carregam o material
vegetal para dentro do ninho subterrâneo. Cultivam um fungo a partir das
folhas. (MARICONI, 1970).
As formigas dos gêneros Atta, Acromyrmex e Trachymyrmex, fazem
corte de material vegetal e a partir da saliva ou de excreções acrescentam
enzimas digestivas que formam uma pasta vegetal. Essa pasta é colocada
sobre o fungo, funcionando como um meio de cultura para o mesmo
desenvolver-se. Esse fungo simbionte é cultivado com o objetivo de
alimentar as larvas; e as operárias alimentam-se na maioria das vezes, do
açúcar presente na seiva das folhas. (CAETANO et al., 2002).
17
4.1.4 O GÊNERO Atta E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
De acordo com MIREX (2013), um sauveiro adulto, com três anos de
idade, pode chegar ao número de 10 milhões de formigas. Anualmente são
capazes de cortar uma tonelada de folhas. Para sustentar esse formigueiro,
seriam necessárias 161 árvores de Pinus ou 86 árvores de Eucaliptos.
Segundo KELLER & GORDON (2009), em países tropicais, o
consumo de vegetação por formiga cortadeira, ultrapassa a de qualquer
outra espécie animal, não excluindo mamíferos. Na América Latina, Atta
cephalotes e Atta sexdens podem destruir até 10% das colheitas, o que as
torna campeãs em devastação. Os prejuízos atribuíveis às formigas da tribo
Attini podem alcançar milhares de milhões de dólares por ano.
18
5. JUSTIFICATIVA
A formiga do gênero Atta (Hymenoptera: Formicidae) é de grande
importância ecológica e econômica. Alguns museus de Ciências Naturais do
estado de São Paulo trabalham com o tema. Dessa forma, verificou-se a
necessidade de analisar a qualidade da metodologia aplicada nos museus,
com relação à educação não formal, fazendo uso da formiga do gênero Atta.
19
6. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise qualitativa da
metodologia aplicada em museus de Ciências Naturais do estado de São
Paulo, com relação à bionomia da formiga do gênero Atta, na educação não
formal, oferecida a população em geral e a estudantes que visitam estas
Instituições.
20
7. MATERIAL E MÉTODOS
7.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Para responder ao objetivo proposto foram escolhidos os museus:
(Museu do Instituto Biológico, Museu Catavento cultural e educacional,
Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Museu de Zoologia da Unicamp,
Centro de Estudos de Insetos Sociais - UNESP e Museu Vivo Bicho Pau).
Esses museus foram escolhidos, porque trabalham e oferecem
exposições com a temática Formiga Atta.
7.1.2 Museu do Instituto Biológico
Desde 1924, pesquisadores do Instituto Biológico colecionavam peças
das áreas de entomologia agrícola, fitopatologia e de anatomia patológica.
Todas essas informações eram repassadas para as novas gerações. Dessa
forma criou-se a história do Museu do Instituto Biológico (REBOUÇAS, M.M.
& BACILIERI, S, 2005).
Em 1940 foi construído um casarão, esse era destinado à estadia dos
diretores do Instituto Biológico (IB). E em 1981, Vicente do Amaral, que era
diretor do IB, propôs a implantação do Museu no casarão, sendo essa idéia
originada de Oswaldo Giannotti. Essa estrutura foi mantida até o ano de
1996 (REBOUÇAS, M.M. & BACILIERI, S, 2005).
E em abril de 1998, criou-se o Museu do Instituto Biológico, todas as
coleções (anatomia patológica, patologia vegetal e pragas agrícolas e o
histórico), foram transferidas para o Casarão. Que passou a agendar visitas
para escolas e público interessado (REBOUÇAS, M.M. & BACILIERI, S,
2005).
No ano de 1999, o casarão passou por uma reforma em sua
infraestrutura e no ano de 2000, a mesma é concluída. E no ano de 2002,
junto a FAPESP, mais um projeto é aprovado para a melhoria do casarão e
o governador do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo Alckmin participou da
reinauguração do Museu do Instituto Biológico (REBOUÇAS, M.M. &
BACILIERI, S, 2005).
Nos anos de 2008 e 2009 foi realizada uma exposição, no pátio do IB,
21
chamada Planeta Inseto. E até esse momento essa exposição recebeu
cerca de 60.000 visitantes (REBOUÇAS, M.M. & BACILIERI, S, 2005).
Em 2013 pretende-se expandir a Exposição Planeta Inseto e também
a montagem do Museu Histórico. O Museu está localizado na rua: Amâncio
de Carvalho, 546 – Vila Mariana, São Paulo/ SP – Brasil (REBOUÇAS, M.M.
& BACILIERI, S, 2005). (Coordenadas geográficas: S 23º 35’ 08,21 “WO 46º
38’ 51,36”).
Figura 6 - Imagem por satélite da área do Museu do Instituto Biológico Fonte: www.earth.google.com
22
7.1.3 Museu Catavento Cultural e Educacional
O prédio que atualmente é o Catavento foi construído entre 1911 e
1924, durante 13 anos, quando São Paulo tinha aproximadamente 100 mil
habitantes. O acabamento do prédio foi feito por tijolos aparentes e vários
elementos decorativos. Incluindo as varandas, a área total é de
aproximadamente 8.000m². O Palácio das Indústrias recebeu inúmeras
exposições, pois esse era o seu principal objetivo. Mas com o rápido
desenvolvimento da cidade de São Paulo, passou a ser utilizado como
delegacia de polícia, com prisões no claustro, depois Assembléia Legislativa
e sede da Prefeitura de São Paulo. E felizmente para o aproveitamento e
educação não formal da população paulistana, o Governo do Estado de São
Paulo ofereceu um fim nobre e apropriado ao prédio. Retornando assim à
sua finalidade original, as exposições, com a criação do Catavento Cultural.
Inaugurado em 26 de março de 2009 no Palácio das Indústrias, atualmente é
um dos mais importantes centros de visitação educacional e recebe
diariamente cerca de 2000 visitantes. O Catavento Cultural e Educacional
atingiu 1,5 milhão de visitantes no dia 16 de abril de 2013. O Museu
Catavento Cultural e educacional está localizado no Palácio das Indústrias,
s/n - Parque Dom Pedro II - Brás, São Paulo/ SP - Brasil. (CATAVENTO,
2013). (Coordenadas geográficas: S 23º 32’ 38,68 “WO 46º 37’ 40,42”)
23
Figura 7 - Imagem por satélite da área do Museu Catavento Cultural e educacional Fonte: www.earth.google.com
7.1.4 Fundação Parque Zoológico de São Paulo
No mês de junho de 1957, foi criado o zoológico de São Paulo. E sua
inauguração aconteceu em, 16 de março de 1958. Nesse mesmo ano, a
entrada no Jardim Zoológico era gratuita. Mas a partir da criação da
Fundação Parque Zoológico de São Paulo, no ano de 1959 a entrada
começo a ser cobrada. Dessa forma a Fundação adquiriu personalidade
jurídica, autonomia financeira, administrativa e científica. (ZOOLÓGICO,
2013).
Desde sua abertura em 1958, o Zoológico de São Paulo já recebeu
mais de 85 milhões de visitantes. (ZOOLÓGICO, 2013).
O sauveiro da Fundação Zoológico de São Paulo foi inaugurado no
mês de agosto de 1980 e idealizado pelo entomologista Dr. Mário Autuori,
ele também foi o primeiro diretor da Fundação. É possível observar no
sauveiro as câmaras, os túneis e o comportamento social dessa espécie de
formiga (GALVÃO, 2012).
A Fundação Zoológico de São Paulo está localizada na Avenida
Miguel Estéfano, 4241 - Água Funda - São Paulo / SP – Brasil.
24
(ZOOLÓGICO, 2013). (Coordenadas geográficas: S 23º 39’ 03,16 “WO 46º
37’ 14,81”)
Figura 8 - Imagem por satélite da área da Fundação Parque Zoológico de São Paulo Fonte: www.earth.google.com
7.1.5 Museu de zoologia da UNICAMP
O Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas “Prof.
Adão José Cardoso” é vinculado ao Instituto de Biologia e, até o ano de
2007, era conhecido como Museu de História Natural. Oficialmente criado
em 31 de julho de 1992 (UNICAMP, 2013).
Atualmente está em uma nova fase, com o propósito de se
transformar em um museu dinâmico. Ampliando o acervo, que é composto
por coleções didáticas, de empréstimos e científicas (UNICAMP, 2013).
Está sendo realizada a catalogação das coleções científicas em um
banco de dados on-line, gerenciado pelo “Centro de Referência em
Informação Ambiental”, trabalho conjunto entre o Museu e o Centro de
Computação da UNICAMP (UNICAMP, 2013).
Um dos principais aspectos desta nova fase, além da ampliação do
acervo por meio de intercâmbio de material científico com reconhecidos
museus nacionais e internacionais é de incentivar o depósito de outras
25
coleções, inclusive particulares, junto ao acervo do museu. E sobre a
quantidade de visitantes no Museu de Zoologia da UNICAMP, é estimado
aproximadamente 8.000 visitantes, desde a inauguração em 2010
(UNICAMP, 2013).
O Museu de zoologia da Unicamp está localizado na Rua: Monteiro
Lobato, 255 – Campinas / SP- Brasil. (UNICAMP, 2013). (Coordenadas
geográficas: S 22º 49’ 12,02 “WO 47º 04’ 05,14”).
Figura 9 - Imagem por satélite da área do Museu de Zoologia da UNICAMP Fonte: www.earth.google.com
26
7.1.6 CEIS – Centro de estudos de insetos sociais / UNESP
O Centro de Estudos de Insetos Sociais (CEIS) foi criado no ano de
1989, por pesquisadores de insetos sociais (ordens Hymenoptera e
Isoptera). Além de auxiliar na continuidade e melhoria das condições dos
projetos, ainda contribuiu para o enriquecimento da produção científica e
ainda intercâmbio com empresas e centros de pesquisas nacionais e
internacionais (CEIS, 2013).
O CEIS está localizado em uma área de 5.000 m2 em um local que
abriga as salas dos pesquisadores, laboratórios, administração. Nesse local
de 1350 m2 o CEIS foi construído com recursos FAPESP e reitoria da
UNESP (CEIS, 2013).
O CEIS passou a oferecer visitas monitoradas para grupos em 1999.
Em 2010 foram 586 alunos visitantes de ensino médio e fundamental. E 02
doações de ninho. Em 2011 foram 528 alunos visitantes de ensino médio e
fundamental. E apenas 01 doação de ninho, registrado. Em 2012 foram 475
alunos visitantes de ensino médio e fundamental. Foram 16 doações de
ninho. O CEIS está localizado na Avenida: 24-A, 1515 - Bela Vista - Rio
Claro/ SP- Brasil. (CEIS, 2013). (Coordenadas geográficas: S 22º 23’ 45,23
“WO 47º 32’ 49,16”).
Figura 10 - Imagem por satélite da área do Centro de Estudos de Insetos Sociais- UNESP Fonte: www.earth.google.com
27
7.1.7 Museu Vivo Bicho Pau
Segundo ABC EXPURGO (2013), em 2002 a Empresa ABC Expurgo
criou o Museu Vivo Bicho Pau. Com o objetivo de oferecer educação
ambiental, com a temática praga urbana, para crianças e adolescentes.
Destinado também a estudantes que desejam aprender um pouco mais
sobre entomologia urbana e formas de controle integrado.
Nesses últimos dez anos, 10 mil crianças já visitaram o Museu. O
Museu Vivo Bicho Pau está localizado na Alameda Dom Pedro de Alcântara,
618, São Bernardo do Campo / SP- Brasil (ABC EXPURGO, 2013).
(Coordenadas geográficas: S 23º 42’ 21,69 “WO 46º 32’ 14,62”).
Figura 11- Imagem por satélite do prédio do Museu Vivo Bicho Pau Fonte: www.earth.google.com
28
8. VISITA AOS MUSEUS DE CIÊNCIAS
As visitas aos museus começaram a ser realizadas no mês de
setembro de 2012. O primeiro museu a ser visitado foi o Museu do Instituto
Biológico. A primeira visita ocorreu em um sábado do mês de setembro de
2012 e a segunda visita foi realizada em um domingo do mês de setembro
de 2012, quando foi possível observar um grupo que estava agendado.
O segundo museu visitado foi o Museu Catavento Cultural
Educacional. A primeira visita ocorreu em um domingo de setembro de 2012
e a segunda visita ocorreu em uma terça-feira do mês de dezembro de 2012,
com um grupo agendado.
O terceiro museu visitado foi o laboratório da CEIS (Centro de estudo
de insetos Sociais), na UNESP em Rio Claro – SP. A visita foi realizada,
numa sexta-feira do mês de dezembro de 2012. E a monitoria foi realizada
por estagiários e mestrandos da Universidade e também pelo professor
Odair Corrêa Bueno.
A quarta visita foi feita no Sauveiro da Fundação Zoológico de São
Paulo, em um domingo do mês de janeiro de 2013, apenas com público
esporádico.
As informações do Museu de Zoologia da UNICAMP foram obtidas
através de conversas por e-mail, com o biólogo e monitor educacional Artur
Nishibe Furegatti. Ele respondeu ao questionário e explicou o funcionamento
da Exposição sobre as saúvas. E posteriormente foi realizada uma visita ao
Museu.
As informações do Museu Vivo Bicho Pau, da Empresa ABC
Expurgo foram obtidas através de conversas por e-mail com a bióloga
e mestre em saúde pública Lúcia Schuller. Ela respondeu ao questionário
e explicou o funcionamento da exposição sobre as saúvas. E através do site
e do blog da Empresa foi possível ler o histórico e descobrir um pouco mais
sobre as atividades oferecidas pelo Museu. Posteriormente foi realizada uma
visita ao museu
29
8.1.1 CRITÉRIO PARA A ANÁLISE DA METODOLOGIA APLICADA NOS
MUSEUS DE CIÊNCIAS
Para analisar a qualidade dos serviços prestados pelos museus de
Ciências Naturais do Estado de São Paulo, no que se refere à bionomia do
gênero Atta e educação não formal oferecida à população, foi utilizada
metodologia de Lüdke & André (1986). Esses afirmam que o estudo de caso,
deve ser aplicado quando o pesquisador tiver o interesse em analisar um
assunto ou situação, e estaria dividido em três fases de desenvolvimento:
exploratória, delimitação do estudo e coleta de dados, análise sistemática
dos dados.
Aplicando a metodologia supracitada: a fase exploratória neste estudo
consistiu na pesquisa realizada em sites e por telefone, para averiguar os
museus de Ciências Naturais do estado de São Paulo, mais adequados para
a realização da pesquisa. A delimitação do estudo e a coleta de dados
consistiram na confecção do questionário e adaptação do mesmo e
visitação. A análise consistiu na comparação sistemática dos dados, ou seja,
respostas, por museus visitados.
As visitas foram realizadas aos finais de semana. E em cada uma
delas, 01 ou 02 grupos foram observados. Assim como, o ambiente do
museu, o conteúdo, a interação do público com o educador e o material
didático disponível.
O questionário ou inquérito foi preparado, conforme as características
dos estudos de casos das autoras supracitadas. Esse questionário foi
adaptado para o tema formiga do gênero Atta (Hymenoptera) em museus de
ciências naturais do estado de São Paulo e foi aplicado pela própria autora
da pesquisa. Os respondentes foram os responsáveis pelas exposições nos
seus respectivos museus de Ciências Naturais.
Na comparação das respostas, sim ou não, para as questões
formuladas (tabela x), aos respondentes, entre os museus dois a dois,
utilizou-se o teste exato de Fischer, que é utilizado quando a amostra é
muito pequena, ou seja, 20<N<40, e a menor frequência esperada for menor
que 5. Para análise foi utilizado o programa estatístico BioEstat versão 5.0.
30
9. RESULTADO E DISCUSSÃO
A seguir apresentamos os resultados e discutimos a qualidade dos
museus de Ciências naturais aqui pesquisados a partir do inquérito aplicado
aos respondentes dos respectivos Museus estudados (tabelas 1 a 6).
Tabela 1. Inquérito feito ao respondente do Museu do Instituto Biológico, e suas respectivas respostas.
Perguntas
Respostas
1- A exposição no museu sobre as
formigas do gênero Atta visa à
descoberta do discente sobre o assunto?
Sim, o museu do Instituto Biológico, possui
uma exposição permanente sobre os
insetos sociais. E inclusive sobre as Saúvas.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, os monitores, estudantes de Ciências
Biológicas, deixam claro, durante a visita, a
importância ecológica das formigas.
Sim, há a presença de ninhos de Saúvas,
dentro do Museu e podemos observar como
é a estrutura do ninho e organização (figura
12).
4- Há materiais didáticos para pessoas
com deficiência visual?
Sim. Existe uma parede com o ninho da
saúva em alto relevo, (figuras 13 e 14),
porém, sem a linguagem em braile.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para
pesquisas escolares, sobre o assunto
formigas do gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Não. O site do Instituto Biológico, quando se
refere ao museu, apenas comenta sobre o
histórico e a Exposição Planeta Inseto.
Sim, a exposição itinerante foi vista por
44.951 pessoas. Essa exposição, no
formato itinerante, também participa de
eventos e atende escolas além das paredes
do Museu.
31
Figura 12 - Sauveiro Museu do Instituto Biológico Foto. Fabiana Santos
Figura 13 - Painel em alto relevo, demonstrando um ninho de Atta. Foto. Fabiana Santos
32
Figura 14 - Painel em alto relevo, demonstrando um ninho de Atta. Foto. Fabiana Santos
33
Tabela 2. Inquérito feito ao respondente do Museu Catavento Cultural e Educacional, e sua respectiva
resposta.
Perguntas Respostas
1- A exposição no museu sobre as formigas
do gênero Atta visa à descoberta do
discente sobre o assunto?
Sim, o Museu Catavento Cultural e Educacional,
possui uma exposição na SALA DA VIDA. E nessa
sala, podemos observar vários assuntos sobre
Ciências naturais. E inclusive sobre insetos e
especialmente sobre a formiga do gênero Atta.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, existem vários painéis referentes ao tema
(figuras 17, 18, 19 e 20) e os monitores durante
as explicações comentam sobre a importância
ecológica.
Sim, há a presença de uma réplica gigante da
formiga Saúva (figuras 15 e 16). E vídeos
didáticos, sobre a formação do ninho,
reprodução e alimentação.
4- Há materiais didáticos para pessoas com
deficiência visual?
Não. Os monitores do museu, quando recebem
visitantes nessas condições, utilizam
principalmente a voz. E assim os deficientes
visuais, utilizam sua audição para entender o
conteúdo. E os vídeos para escutar as
explicações, porém os vídeos não foram
criados com intenção de atender esse público
especial.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para pesquisa
escolares, sobre o assunto formigas do
gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Não. O site do Museu Catavento, não
disponibiliza e não produz material sobre a
formiga do Gênero Atta. Apenas disponibiliza
Links de outras Instituições para pesquisa.
Não.
34
Figura 15 - Réplica gigante da formiga saúva (aumentada 100 vezes) Foto. Fabiana Santos
Figura 16 - Réplica gigante da formiga saúva (aumentada 100 vezes) Foto. Fabiana Santos
35
Figura 17 - Painel sobre a formiga Saúva Fabiana Santos
Figura 18 - Ninho da formiga Saúva em formato painel Foto. Fabiana Santos
36
Figura 19- Painel Museu Catavento Foto. Fabiana Santos
Figura 20 - Painel Museu Catavento Foto. Fabiana Santos
37
Tabela 3. Inquérito feito ao respondente do Museu da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, e sua
respectiva resposta.
Perguntas Respostas
1- A exposição no museu sobre as formigas
do gênero Atta visa à descoberta do
discente sobre o assunto?
Sim, a Fundação Parque Zoológico de São
Paulo, possui uma exposição permanente.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, durante a visita é possível escutar um
texto gravado, que fala da importância da
formiga Atta e a sua biologia.
Sim, há a presença de um Sauveiro e de um
painel definindo a morfologia da rainha e do
macho (figuras: 21, 22, 23 e 24).
4- Há materiais didáticos para pessoas com
deficiência visual?
Não. Apenas o som. E nesses casos, a
Fundação Zoológico de São Paulo, recomenda
que seja agendada a visita, para que os
estagiários (estudantes de Ciências Biológicas)
façam a monitoria.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para pesquisa
escolares, sobre o assunto formigas do
gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Sim, existe dentro do site da Fundação
zoológico, um link chamado abrindo o bico, que
fica no rodapé da página. Onde é possível
fazer pesquisas escolares.
Não.
38
Figura 21 - Sauveiro da Fundação Zoológico de São Paulo Foto. Fabiana Santos
Figura 22 - Sauveiro da Fundação Zoológico de São Paulo Foto. Fabiana Santos
39
Figura 23 - Formigas Reprodutoras Foto. Fabiana Santos
Figura 24 - Sauveiro da Fundação Zoológico com o fungo. Foto. Fabiana Santos
40
Tabela 4. Inquérito feito ao respondente do Museu de Zoologia da Unicamp, e sua respectiva resposta.
Perguntas Respostas
1- A exposição no museu sobre as formigas
do gênero Atta visa à descoberta do
discente sobre o assunto?
Sim, o Museu de Zoologia da UNICAMP,
possui uma exposição permanente, no
laboratório de zoologia.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, os monitores, estudantes de Ciências
Biológicas esclarecem durante a visita, a
importância ecológica das formigas.
Sim, existe um formigueiro da saúva limão com
três panelas em uma arena, (02 com fungo e
01 lixeira), figuras: 25 e 26. Frutificação do
fungo (cogumelo fixado/desidratado), figura 27.
E formigas fixadas, figura 28.
4- Há materiais didáticos para pessoas com
deficiência visual?
Sim, há modelos de formigas em plástico e em
latão, figuras 29 e 30.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para pesquisa
escolares, sobre o assunto formigas do
gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Não, não há nenhuma informação, sobre as
Saúvas. Apenas explicação sobre a exposição.
Não.
41
Figura 25 - Sauveiro do Museu de zoologia da UNICAMP. Foto: Artur Nishibe Furegatti
Figura 26 - Sauveiro do Museu de Zoologia da UNICAMP. Foto: Artur Nishibe Furegatti
42
Figura 27 - Corpo Frutífero do fungo
Foto: Artur Nishibe Furegatti
Figura 28 - Formigas Reprodutoras Foto: Artur Nishibe Furegatti
43
Figura 29 - Formiga em resina plástica comprimento 30 cm
Foto: Artur Nishibe Furegatti
Figura 30 - Formigas em latão comprimento 15 cm e 47 cm. Foto: Artur Nishibe Furegatti
44
Tabela 5. Inquérito feito ao respondente do Centro de estudo de insetos sociais (CEIS), e sua respectiva
resposta.
Perguntas Respostas
1- A exposição no museu sobre as formigas
do gênero Atta visa à descoberta do
discente sobre o assunto?
Sim, o Centro de estudo de insetos sociais
(CEIS) possui uma exposição permanente.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, os monitores, estudantes de Ciências
Biológicas, deixam claro durante a visita, a
importância ecológica das formigas.
Sim, há presença de um Sauveiro, figura 31 e
32.
4- Há materiais didáticos para pessoas com
deficiência visual?
Não. Porém os monitores (estudantes de
Ciências Biológicas), explicam de forma
diferenciada a vida da Saúva. E a visita deve
ser marcada com antecedência e com a
especificação da necessidade especial do
participante.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para pesquisa
escolares, sobre o assunto formigas do
gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Não, não há nenhuma informação, sobre as
Saúvas. Apenas explicação sobre o trabalho
desenvolvido no CEIS.
.
Não. Mas faz doações a outras instituições de
pesquisa, escolas, museus, usinas de cana-de-
açúcar. E também, para feiras de ciências. E
colabora com o Planeta Inseto do Instituto
biológico de São Paulo com a doação de
formigueiros, figura 33.
45
Figura 31 - Sauveiro do CEIS- UNESP- Rio Claro Foto. Gabriel Crein
Figura 32 - Sauveiro do CEIS, em momento de monitoria. Foto. Odair Correa Bueno
46
Figura 33 - Sauveiro didático para doação. Foto. Odair Correa Bueno
47
Tabela 6. Inquérito feito ao respondente do Museu Vivo Bicho Pau e sua respectiva resposta.
Perguntas Respostas
1- A exposição no museu sobre as formigas
do gênero Atta visa à descoberta do
discente sobre o assunto?
Sim, pois, os visitantes se admiram quando
descobrem que as formigas comem o fungo e
não as folhas. E as crianças gostam muito de
ver a movimentação das formigas dentro do
formigueiro.
2- O museu retrata a importância desse
inseto para o meio ambiente?
3- Há materiais didáticos, como ninhos
(formigueiro), ou outros, quais?
Sim, há painéis que mostram como a formiga
se situa no ambiente, como as colônias são
compostas, as principais espécies e sua
importância.
Sim. É mantido um ninho artificial com cerca de
12 panelas onde as formigas depositam
alimento, lixo, fungo. Figura 34 e 35.
Geralmente elas deixam algumas panelas
vazias onde colocamos a alimentação (folhas).
Há também painéis na parede em anexo
falando sobre estrutura do ninho, componentes,
espécies, figuras 36 e 37.
4- Há materiais didáticos para pessoas com
deficiência visual?
Não.
5- Os museus de ciências naturais
pesquisados possuem sites para pesquisa
escolares, sobre o assunto formigas do
gênero Atta?
6- O museu faz exposição itinerante?
Sim. Possui um site e um blog. Existem alguns
vídeos referentes ao assunto, disponíveis no
site e no blog, que podem auxiliar na pesquisa
escolar.
Não. Foi realizada apenas uma, pois o custo é
muito alto e não há patrocínio. Todo o custeio
do Museu é bancado pela Empresa ABC
Expurgo.
48
Figura 34 - Sauveiro do Museu Vivo Bicho Pau Foto. Museu Vivo Bicho Pau
Figura 35 - Monitoria sobre a formiga Saúva, no Museu Vivo Bicho Pau. Foto. Museu Vivo Bicho Pau
49
Figura 36 - Sauveiro do Museu Vivo Bicho Pau. Foto. Museu Vivo Bicho Pau
Figura 37 - Sauveiro e painéis didáticos sobre a formiga Saúva. Foto. Museu Vivo Bicho Pau
50
0
1
2
3
4
5
6
MIB FPZSP MZU CEIS MVBP MCCE
Museus
Fre
qu
ên
cia
d
e r
esp
osta
s
Sim Não
Figura 38 – Frequência de respostas favoráveis ou não a qualidade do atendimento
obtido a partir do inquérito realizado nos Museus de Ciências Naturais.
Legenda: MIB - Museu do Instituto Biológico, FPZSP - Fundação Parque Zoológico de São Paulo, MZU - Museu de zoologia da
UNICAMP, CEIS - Centro de estudos de insetos sociais - UNESP, MVBP - Museu Vivo Bicho Pau, MCCE - Museu Catavento
Cultural e educacional. SIM: Respostas favoráveis à qualidade do atendimento nos Museus de ciências; Não: Respostas
desfavoráveis á qualidade do atendimento nos Museus de ciências.
Observa-se na figura 38, que o Museu do Instituto Biológico foi o que
apresentou o maior numero de respostas favoráveis com relação à
qualidade do atendimento. Em uma segunda posição empatados ficaram
registrados os Museus da Fundação Parque Zoológico, Museu de Zoologia
da Unicamp e Museu Vivo Bicho Pau e em terceira posição ficaram
empatados Museu Catavento Cultural e educacional e o Centro de Estudos
de insetos sociais. Todavia ao retirarmos a questão de nº 6 do inquérito, que
trata de exposições itinerantes, o MIB fica empatado com as exposições dos
Museus de Zoologia da UNICAMP, da Fundação Parque Zoológico de São
Paulo e do Museu Vivo Bicho Pau.
51
Com a observação dos resultados registrados para esse trabalho
corroboramos com CASCAIS e TERÁN (2011), que analisando o Circuito da
Ciência – Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas do
Amazonas - INPA em Manaus-AM, cujo objetivo é popularizar a ciência, com
exposições, palestras, oficinas educativas e trilhas para estudantes do
ensino fundamental, afirmaram que: “A educação não formal é de extrema
importância para a formação crítica dos estudantes, assim como, o
relacionamento com os outros e a interação com o ambiente diferente do
costumeiro, colaborando assim, com a autonomia do estudante”.
No presente trabalho foi possível observar a participação de
estudantes e público espontâneo em Museus de Ciências. Os estudantes
envolvidos na atividade não formal, nesse caso, na exposição sobre a
formiga do gênero Atta, puderam observar a organização social dessa
formiga, assim como, as castas, a alimentação e a importância econômica e
ecológica desse inseto. Levando muitos desses estudantes e curiosos a
descobrir um novo mundo, através da formiga saúva. Dessa forma pode-se
afirmar que em todos os museus analisados, o conteúdo e as informações
comentadas pelos monitores estavam coerentes e despertaram a
curiosidade dos participantes.
Também foi possível verificar, que todos os Museus de Ciências estavam
equipados com materiais didáticos. Todos eles tinham o ninho da formiga do gênero
Atta, mesmo que artificial. Mas em alguns pode-se observar excessos. Como no
Museu Catavento, a quantidade de painéis e informações tornava cansativa a leitura e
o interesse em continuá-la (poluição visual). Já na Fundação Parque Zoológico de
São Paulo, as informações eram transmitidas através de uma caixa de som, e o som
tornava-se abafado pela quantidade de pessoas no ambiente (falando alto). Ou seja, é
necessário que ocorra um equilíbrio, nem excesso de informações e nem falta.
JACOBUCCI (2008) descreve que, o Museu de História Natural de
Londres (Natural History Museum) oferece exposições dinâmicas e interativas. O
público é convidado a tocar em objetos, botões, assistir vídeos, ver painéis, brincar.
Seu prédio é do ano de 1881 e para quem não o conhece a primeira impressão é de
ser apenas um antigo prédio, porém para quem entra e participa das exposições,
experimenta uma experiência inesquecível. É um lugar de encantamento de
descobertas e interatividade.
52
O site do Museu de História Natural de Londres é um modelo que deve ser
seguido por todos os museus de ciências, pois é possível fazer pesquisas escolares
sobre diversos temas de ciências naturais.
Neste trabalho, verificou-se que os sites dos Museus de Ciências precisam
melhorar, pois nem todos oferecem informações para pesquisas escolares. Apenas os
Museus: Museu Vivo Bicho Pau e da Fundação Zoológico de São Paulo oferecem
site para que os estudantes possam pesquisar sobre o conteúdo visitado em sua
própria casa ou escola.
Também foi observado que dos 06 museus de Ciências Naturais analisados,
apenas dois apresentam materiais para pessoas com deficiência visual. O Museu do
Instituto Biológico e o Museu de Zoologia da UNICAMP. De acordo com o
FUNDAÇÃO DORINA NOWILL (2013) o trabalho realizado pelos mesmos é
voltado para a produção de livros em braille, falado ou digital. Também
prestam consultorias nos espaços culturais para adaptação de suas
exposições e conteúdo. Um exemplo são as legendas em Braille, a letra
ampliada, os painéis em letra ampliada e, áudios-guias, recursos muito
utilizados atualmente.
LOURENÇO (2011) registrou que, a divulgação do trabalho do Museu de
Zoologia da USP - MZUSP na mídia tem atraído o público com necessidades
especiais. Devido a isso o MZUSP passou a utilizar também materiais
confeccionados para esse público e recebeu colaboração do CNPq. Os materiais
confeccionados são: catálogo em braile e tinta, maquetes, planta baixa de exposição,
modelos de animais em tamanho natural, áudio guia e objetos de manipulação em
exposições de longa duração. O Instituto Dorina Nowill para cegos, também
colaborou com a confecção desses materiais didáticos. Portanto, o público com
deficiência visual que visita este museu pode contar com uma variedade de materiais
didáticos para o aprendizado com qualidade, pois esses materiais foram produzidos
por Instituições especializadas.
Com relação a levar o conhecimento para fora da Instituição, ou seja,
do Museu, pode-se observar que, apenas o Museu do Instituto Biológico leva
conhecimento além de sua casa, como por exemplo, para estações do Metrô
e para escolas públicas. Segundo FERREIRA et al., (2007) a possibilidade
de fazer uma exposição itinerante amplia o processo de democratização da
cultura científica e insere novo público, principalmente aquele da periferia
das cidades e interior.
53
LOURENÇO (2011) afirma que, o brasileiro não tem o hábito de
frequentar museus espontaneamente e isso é um desafio que precisa ser
enfrentado pelos educadores, com comprometimento e inovações
pedagógicas, para todos os públicos. Muito possivelmente, esse seja o
desafio que todos os museus analisados nessa pesquisa e todos os outros
precisam enfrentar. Para que a frequência da população aumente nas visitas
aos museus, deve-se levar em consideração: adaptação das exposições,
tornando-as interativas e com significado; a recepção de todo tipo de
público, incluindo o especial; a possibilidade de fazer uma pesquisa mais
detalhada sobre o tema, em site oferecido pelo próprio Museu; atualmente a
internet é uma ferramenta que pode colaborar e muito para a divulgação do
trabalho dos Museus de Ciências, atraindo assim, mais público.
Tabela x - Diferença entre a probabilidade de ocorrência de respostas
Sim ou Não, adquiridas por meio da análise de Fischer na comparação
das respostas dos Museus, dois a dois.
MIB MCCE FPZSP MZU CEIS MVBP
MIB 0,2727 0,6573 0,6573 0,2727 0,6573
MCCE 0,2727 0,5 0,5 0,7165 0,5
FPZSP 0,6573 0,5 0,7273 0,5 0,7273
MZU 0,6573 0,5 0,7273 0,5 0,7273
CEIS 0,2727 0,7165 0,5 0,5 0,5
MVBP 0,6573 0,5 0,7273 0,7273 0,5
p>0.05 estatisticamente não significante.
Pela análise de qui-quadrado de Fischer, verifica-se que não houve
diferença significante quando se compara a frequência de respostas SIM e
NÃO registradas pelos respondentes dos Museus comparados dois a dois. O
que nos leva a considerar que todos os Museus apresentam o mesmo nível
de qualidade quando se trata de expor seu trabalho à população que
frequenta suas dependências buscando informações ou visita o site quando
for o caso.
54
10. CONCLUSÃO
De todos os 06 Museus analisados, nenhum obteve 100% de
respostas (SIM). Apenas 01 ficou classificado, como melhor modelo, para
exposição da formiga do gênero Atta. O Museu do Instituto Biológico, pois,
das 06 perguntas realizadas, 05 respostas foram afirmativas.
2ª Para melhorar suas qualificações algumas inclusões precisam ser
realizadas nos Museus aqui estudados:
a) Informações sobre a formiga do gênero Atta para pesquisas
escolares, no Museu do Instituto Biológico;
b) Materiais didáticos para pessoas com deficiência visual e exposição
itinerante para melhorar a qualidade do atendimento, na Fundação
Parque Zoológico de São Paulo e o Museu Vivo Bicho Pau;
c) Exposição itinerante e um site para pesquisas escolares no Museu de
Zoologia da UNICAMP;
d) Incluir um site para pesquisas escolares, materiais didáticos para
pessoas com deficiência visual e exposição itinerante, para a
exposição do Centro de Estudos de Insetos Sociais – UNESP e do
Museu Catavento Cultural.
.
55
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