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2006
ISSN 0100-3364
Informe Agropecurio
Uma publicao da EPAMIG
v.27 n.235 nov./dez. 2006
Belo Horizonte-MG
Informe Agropecurio Belo Horizonte v. 27 n. 235 p. 1-108 nov./dez.
Editorial ........................................................................................................................... 3
Entrevista ......................................................................................................................... 4
Importncia econmica, perspectivas e potencialidades do mercado para
pimenta
Jos Luis dos Santos Rufino e Daniel Camargo Salim Penteado ....................................... 7
Espcies e variedades de pimenta
Gisele Rodrigues Moreira, Fabiano Ricardo Brunele Caliman, Derly Jos Henriques da
Silva e Cludia Silva da Costa Ribeiro ............................................................................. 16
Produo de sementes de pimentas
Warley Marcos Nascimento, Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias e Raquel Alves
de Freitas .......................................................................................................................... 30
Clima, poca de semeadura, produo de mudas, plantio e espaamento
na cultura da pimenta
Cleide Maria Ferreira Pinto, Mrio Puiatti, Fabiano Ricardo Brunele Caliman, Gisele
Rodrigues Moreira e Robert Nunes Mattos ....................................................................... 40
Nutrio mineral e adubao para pimenta
Cleide Maria Ferreira Pinto, Paulo Csar de Lima, Lus Tarcsio Salgado e Fabiano
Ricardo Brunele Caliman .................................................................................................. 50
Irrigao da cultura da pimenta
Waldir Aparecido Marouelli e Henoque Ribeiro da Silva ................................................. 58
Manejo de plantas daninhas na cultura da pimenta
Izabel Cristina dos Santos, Cleide Maria Ferreira Pinto e Francisco Affonso Ferreira ....... 68
Pragas associadas cultura da pimenta e estratgias de manejo
Madelaine Venzon, Cludia Helena Cysneiros Matos de Oliveira, Maria da Consolao
Rosado, Angelo Pallini Filho e Izabel Cristina dos Santos ................................................ 75
Principais doenas da cultura da pimentaMargarida Gorete Ferreira do Carmo, Francisco Murilo Zerbini Jnior e Luiz Antnio
Maffia ............................................................................................................................... 87
Colheita e manejo ps-colheita da pimenta
Fernando Luiz Finger e Vicente Wagner Dias Casali ......................................................... 99
Coeficientes tcnicos, custos, rendimento e rentabilidade das pimentas
Nirlene Junqueira Vilela e Keize Pereira Junqueira ......................................................... 104
Sumrio
O cultivo de pimentas, considerado at
pouco tempo uma atividade secundria tem
sofrido grandes transformaes e assumido
maior importncia no Pas. Essas transformaesvisam atender s demandas internas e externas
do mercado consumidor.
Hoje, o agronegcio de pimentas est
entre os melhores exemplos de integrao entre
todos os atores dessa cadeia produtiva. Pois,
grande nmero de produtores familiares, de
pequeno porte, faz conservas de pimentas e
comercializa diretamente em feiras livres,
mercados de beira de estrada, pequenos es-
tabelecimentos comerciais e atacadistas. Por
outro lado, em geral, empresas de porte mdio
comercializam conservas, molhos, gelias, con-
servas ornamentais em supermercados, lojas de
convenincia e de produtos importados e atem lojas de decorao. Grandes empresas
exportam a pimenta na forma desidratada,
pprica, pasta e conservas ornamentais.
Apesar de sua reconhecida importncia
econmica e social, a cultura da pimenta pouco
estudada no Brasil, em todas suas fases do
sistema de produo. A busca por melhor
qualidade, preos e custos tem exigido dos pro-
dutores maior eficincia tcnica e econmica
na conduo dos sistemas de produo.
Este nmero do Informe Agropecurio
procura preencher importante lacuna na li-
teratura brasileira. Trata-se no s de uma cole-
tnea de informaes, destinada a selecionado
grupo de pesquisadores, mas tambm de um
manual de elevado nvel tecnolgico dirigido a
agricultores, empresrios, profissionais liberais
do setor agrcola, estudantes e toda a sociedade
que tem interesse no cultivo e nos produtos da
planta de pimenta.
Cleide Maria Ferreira Pinto
Derly Jos Henriques da Silva
Apresentao
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Governo do Estado de Minas Gerais
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Sistema Estadual de Pesquisa Agropecuria - EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV
Assinatura anual: 6 exemplares
Aquisio de exemplares
Setor Comercial de Publicao
Av. Jos Cndido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova
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CNPJ (MF) 17.138.140/0001-23 - Insc. Est.: 062.150146.0047
1977 EPAMIGISSN 0100-3364
INPI: 006505007
CONSELHO DEDIFUSO DE TECNOLOGIA E PUBLICAES
Baldonedo Arthur NapoleoLuiz Carlos Gomes GuerraManoel Duarte Xavierlvaro Sevarolli CaputeMaria Llia Rodriguez SimoArtur Fernandes Gonalves FilhoJlia Salles Tavares MendesCristina Barbosa AssisVnia Lacerda
DEPARTAMENTO DE TRANSFERNCIA
E DIFUSO DE TECNOLOGIA
Cristina Barbosa Assis
DIVISO DE PUBLICAESEDITOR
Vnia Lacerda
COORDENAO TCNICACleide Maria Ferreira Pinto e Derly Jos Henriques da Silva
REVISO LINGSTICA E GRFICA
Marlene A. Ribeiro Gomide e Rosely A. R. Battista Pereira
NORMALIZAO
Ftima Rocha GomeseMaria Lcia de Melo Silveira
PRODUO E ARTE
Diagramao/formatao: Maria Alice Vieira,Fabriciano ChavesAmaral, Letcia Martinez
Capa:Letcia Martinez
Foto da capa: Anna Wolniak
PUBLICIDADEDcio CorraAv. Jos Cndido da Silveira, 1.647 - Cidade NovaCaixa Postal, 515 - CEP 31170-000 Belo Horizonte-MGTelefone: (31) [email protected]
Informe Agropecurio uma publicao da
Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais
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proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios, sem
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tcnicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.
O prazo para divulgao de errata expira seis meses aps a data de
publicao da edio.
A EPAMIG integra o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria, coordenado pela EMBRAPA
O Informe Agropecurio indexado naAGROBASE, CAB INTERNATIONAL e AGRIS
Informe Agropecurio. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . - BeloHorizonte: EPAMIG, 1977 - .
v.: il.
Cont. de Informe Agropecurio: conjuntura e estatsti-ca. - v.1, n.1 - (abr.1975).
ISSN 0100-3364
1. Agropecuria - Peridico. 2. Agropecuria - AspectoEconmico. I. EPAMIG.
CDD 630.5
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Governo do Estado de Minas GeraisAcio NevesGovernador
Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuria e AbastecimentoMarco Antonio Rodrigues da Cunha
Secretrio
Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais
Conselho de AdministraoMarco Antonio Rodrigues da CunhaBaldonedo Arthur Napoleo
Silvio CrestanaMaria Llia Rodriguez SimoOsmar Aleixo Rodrigues Filho
Dcio BruxelSandra Gesteira Coelho
Adauto Ferreira BarcelosWillian Brandt
Joanito Campos JniorHelton Mattana Saturnino
Conselho FiscalCarmo Robilota ZeituneHeli de Oliveira Penido
Jos Clementino dos SantosEvandro de Oliveira Neiva
Mrcia Dias da Cruz
Celso Costa MoreiraPresidncia
Baldonedo Arthur NapoleoDiretoria de Operaes Tcnicas
Manoel Duarte XavierDiretoria de Administrao e Finanas
Luiz Carlos Gomes GuerraGabinete da Presidncialvaro Sevarolli Capute
Assessoria de ComunicaoRoseney Maria de Oliveira
Assessoria de Desenvolvimento OrganizacionalRonara Dias Adorno
Assessoria de InformticaRenato Damasceno Netto
Assessoria JurdicaPaulo Otaviano Bernis
Assessoria de Planejamento e CoordenaoJos Roberto Enoque
Assessoria de Relaes InstitucionaisArtur Fernandes Gonalves Filho
Auditoria InternaCarlos Roberto Ditadi
Departamento de Transferncia e Difuso de TecnologiaCristina Barbosa Assis
Departamento de PesquisaMaria Llia Rodriguez Simo
Departamento de Negcios TecnolgicosArtur Fernandes Gonalves Filho
Departamento de Prospeco de DemandasJlia Salles Tavares Mendes
Departamento de Recursos HumanosFlvio Luiz Magela Peixoto
Departamento de Patrimnio e Administrao GeralMarlene do Couto Souza
Departamento de Obras e TransportesLuiz Fernando Drummond Alves
Departamento de Contabilidade e FinanasCelina Maria dos Santos
Instituto de Laticnios Cndido TostesGrson Occhi
Instituto Tcnico de Agropecuria e CooperativismoMarcello Garcia Campos
Centro Tecnolgico do Sul de MinasEdson Marques da Silva
Centro Tecnolgico do Norte de MinasMarco Antonio Viana Leite
Centro Tecnolgico da Zona da MataJuliana Cristina Vieccelli de CarvalhoCentro Tecnolgico do Centro-Oeste
Cludio Egon FacionCentro Tecnolgico do Tringulo e Alto Paranaba
Roberto Kazuhiko Zito
Futuro promissor para a culturada pimenta
Desde os primrdios da civilizao, a pimenta tem sidoutilizada para tempero, conservante de alimentos, planta
ornamental e fins medicinais. Cerca de um quarto da populao
mundial consome pimentas nas formas fresca ou processada.
A maior concentrao de cultivos de pimentas em todo o mundo
est no Continente Asitico, tendo como principais pases produtores
ndia, Coria, Tailndia, China, Vietn, Srilanka e Indonsia.
No Brasil, a produo de pimentas vem crescendo muito
nos ltimos anos, com mercado estimado em mais de R$ 100
milhes ao ano. Os cultivos concentram-se em regies de clima
subtropical, como no Sul, ou de clima tropical, como no Norte eNordeste. As principais regies produtoras de pimenta so a Sudeste
e a Centro-Oeste, tendo como maiores produtores os estados de
Minas Gerais, Gois, So Paulo, Cear e Rio Grande do Sul. Em
2005, o volume das exportaes brasileiras de Capsicum atingiu
9.222 toneladas, no valor de US$ 23.478,00, fazendo com que
as pimentas se posicionassem como a segunda principal hortalia
exportada.
A Centra is de Abastecimento de Minas Gerais S/A
(CeasaMinas), ao longo da ltima dcada, comercializou,
anualmente, em mdia 200 mil kg de pimenta. Os meses de maioroferta so novembro e dezembro, quando comercializam-se,
aproximadamente, 28 toneladas do produto. Esses dados mostram
que a pimenta tem grande importncia econmica e social, ao
empregar significativo nmero de pessoas, principalmente na
colheita.
O mercado de pimentas no Brasil est sofrendo grandes
modificaes pela explorao de novas variedades e pelo
desenvolvimento de produtos com grande valor agregado, a
exemplo das conservas ornamentais, gelias exticas e outras
formas processadas. Nesse contexto, a pesquisa sobre pimentasdeve merecer maior ateno e ser incentivada com vistas a um
futuro promissor para todos os envolvidos nessa cadeia produtiva.
Esta edio da revista Informe Agropecurio vem atender a
esta expectativa, ao apresentar informaes e novas tecnologias
sobre pimentas, que visam contribuir para o desenvolvimento dessa
cultura no Brasil.
Baldonedo Arthur Napoleo
Presidente da EPAMIG
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Pimenta tipo exportao
O produtor rural e empresrio Drio Braga Alvim
possui longa experincia na atividade agropecuria, tendo
sido produtor de leite e trabalhado com diversas culturas, em
Guarani, Zona da Mata de Minas Gerais. Sempre buscando
diversificar suas atividades, criou uma empresa, em Belo
Horizonte, para comercializar produtos de sua propriedade,
como pimenta e fumo. A iniciativa teve sucesso, ocasionando
a abertura de novas lojas na Capital e na CeasaMinas.
O empreendimento funcionou at 1996, quando foi
dissolvida a sociedade familiar e deu-se seguimento
industrializao da pimenta. Nesses 10 anos subseqentes,Drio Alvim dedicou-se criao de gado de corte e
empresa de industrializao de pimentas. Com orientao
da pesquisa, por meio de novas tecnologias, e com o apoio
do Departamento de Tecnologia de Alimentos da
Universidade Federal de Viosa (UFV), Drio Alvim tem obtido
bons resultados.
Atualmente, os produtos industrializados de pimenta
esto sendo registrados nos Estados Unidos, na Food and
Drug Administration (FDA), o que tornar ainda mais fcil a
exportao para o resto do mundo.
IA - Desde quando o senhor cultiva
pimenta na regio de Guarani e
como iniciou-se nesta atividade?
Drio Alvim - Comecei em 1965,
com a experincia de plantio de dez ps
de pimenta. Percebi a grande procurapor essa cultura e decidi investir nesta
produo. Contudo, devido falta de
experincia e de informaes sobre o
plantio, a iniciativa foi abandonada. Em
1970, com a orientao de outros
produtores, retomamos a atividade com
um plantio de 5 mil ps e, nesse
perodo, at 1985, cheguei a colher 35
toneladas de pimenta, cerca de 2 kg por
planta.
IA - Qual a rea plantada com pi-
menta em sua propriedade?
Drio Alvim -Atualmente, emminha propriedade no municpio de
Guarani, mantenho uma rea plantada
de, aproximadamente, 3 hectares de
variedades de pimentas vindas da
Coria e do Mxico, que so altamente
produtivas. A inteno diversificar e
melhorar a produtividade de pimentas
e, assim, alcanar maiores e melhores
mercados, atingindo consumidores
diferenciados. A busca por produtos
diversificados, por parte dos consu-
midores, tem impulsionado para essa
tendncia.
IA - Quais as principais dificuldades
encontradas no manejo dessa
cultura, no que diz respeito a
produo de mudas, adubao,
irrigao, controle de plantas
daninhas, de pragas e de doenas?
Drio Alvim - O grande desafio a
colheita. O custo alto e chega a ser
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40% do preo bruto da pimenta. Outra
dificuldade a divulgao das infor-
maes ao produtor. No h orienta-
es tcnicas disponveis e as que
existem dificilmente chegam aos pe-
quenos produtores, que enfrentammuitos problemas com as doenas
causadas por insetos.
imprescindvel a pesquisa para
produo de pimenta orgnica e o
acesso, por parte dos produtores, s
orientaes tcnicas para produo
dessa cultura, que tem tido grande acei-
tao e procura em todo o mundo e que
garantir um excelente mercado no
Brasil e no exterior.
IA - Na sua opinio, como a pesquisa
pode melhorar esse quadro? E o
que precisa ser feito?
Drio Alvim -Algumas pesquisas
sobre pimenta j foram desenvolvidas
sem muito sucesso. Esse insucessodeve-se falta de recursos e ao fato de
muitos desses resultados no chegarem
ao destino certo. Um dado que con-
substancia esta afirmao est em nos-
sa realidade: no mercado no existe
nenhum defensivo indicado para pi-
menta.
Deveria existir um convnio com a
Universidade Federal de Viosa (UFV),instituio de pesquisa em nossa regio,
ou EPAMIG, para se fazer pesquisa na
rea de entomologia, relacionada com
a cultura da pimenta. Esse convnio
deveria reunir a pesquisa e a exten-
so rural, nesse caso envolvendo a
EMATER, e levar, dessa forma, os
resultados ao pequeno produtor.
IA - Quais os maiores entraves ao
desenvolvimento da pimenti-
cultura da Zona da Mata?
Drio Alvim - A mo-de-obra para
a colheita um fator preponderante.
Entretanto, h diversos entraves para
contratao de pessoal, tais como,
custos elevados e diversos contra-
tempos advindos dessa relao de
trabalho. Acredito que a melhor solu-
o para isso seria a produo no sis-
tema de economia familiar, com o apoio
da assistncia tcnica e a garantia de
preos mnimos por parte do governo.
IA - Para quais mercados destina-se a
produo de pimentas da Zona da
Mata mineira?
Drio Alvim -Em regra, destina-se
a Belo Horizonte. Mas sabe-se que o
mercado amplo. H informaes de
que 1/4 da populao do mundo con-
some pimenta. Na realidade, o que falta
o apoio aos pequenos exportadores,
com reduo da burocracia, o que fa-
cilitaria as negociaes.
IA - Que dificuldades o senhor tem
encontrado na comercializao
de seu produto?
Drio Alvim - O que eleva nossos
custos so as despesas com encargos
sociais, impostos, juros altos. Como
pagar juros que chegam a 60% ao ano
com uma inflao de menos de 3%?
Porque os juros que esto disponveis
no mercado so de 5%. Juros baixos s
so encontrados em um perodo do ano,
entre maro e maio. Alm disso, o pro-
dutor tem que oferecer avalistas com
exigncias de outorga uxria, o que
torna a operao muitas vezes im-
possvel.
IA - Como tem sido a produtividade
da pimenta para o produtor e
para a regio?
Drio Alvim - Infelizmente, a pro-
dutividade est muito aqum do que
poderia ser. Os motivos so a falta de
orientao tcnica, que vai desde a an-
lise da terra, da formao das mudas,
dos riscos de viroses de sementes con-taminadas, irrigao malplanejada,
adubao qumica sem orientao, de-
fensivos desnecessrios e at por no
existir nenhum defensivo com in-
dicao para pimenta no mercado
brasileiro. Esse conjunto de dificul-
dades ocasiona uma produtividade
baixssima.
IA -Com todos esses problemas, plantar
pimenta um bom negcio?
Drio Alvim- Mesmo com todos
esses problemas, plantar pimenta um
bom negcio sim, desde que a ativida-
de seja desenvolvida no sistema de
economia familiar. A procura pelo pro-
duto muito grande e o mercado crescente, principalmente para o pro-
dutor que investir no processamento
do produto. A lavoura precisa ser muito
bem administrada e conduzida de forma
sustentvel. Atualmente, colho, em
mdia 2 kg de pimenta-malagueta por
planta.
Por Vnia Lacerda
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7Cultivo da pimenta
INTRODUO
Os registros mais antigos do consumode pimenta (Capsicum spp.) datam de,aproximadamente, 9000 a.C. e foramencontrados, quando das exploraes
arqueolgicas, em Tehuacn, Mxico. No conhecido o padro de uso das pimentasno Novo Mxico, contudo, existem ind-cios de que, inicialmente, elas foram usadaspelos nativos indgenas como medica-mento, prtica comum entre os Maias.
Outros stios arqueolgicos, onde tam-bm foi registrada a presena de pimenta,so conhecidos no Peru, nas localidadesde Ancon e Huaca Prieta. Relatos difusosdo cultivo de pimentas pelos ndios, entre
5200 e 3400 a.C., no Peru e na Bolvia,comprovam ser uma das plantas cultivadasmais antigas das Amricas. A princpio osindgenas americanos cultivavam a pimen-ta selvagem Piquin e a selecionaram, che-gando a vrios tipos hoje conhecidos.
Ao certo, sabe-se que os ndios nativos
Importncia econmica, perspectivas e potencialidades domercado para pimenta
Jos Luis dos Santos Rufino 1
Daniel Camargo Sal im Penteado2
Resumo - Desde o incio da civilizao, a pimenta tem sido usada pelo homem como
condimento, planta ornamental e para fins medicinais. Esses usos tm evoludo ao
longo dos tempos. Hoje, o agronegcio de pimentas um dos melhores exemplos de
integrao entre agricultor e agroindstria. Alm de consumidas in natura, as pimentas
podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indstria de
alimentos, para consumo interno e exportao. As perspectivas da pimenta no Pas so
alentadoras. Produtos manufaturados como molhos, conservas e gelias de pimenta
esto abrindo mais perspectivas de mercado.
Palavras-chave: Capsicum. Agronegcio. Economia. Comrcio. Comercializao. Preo.
Oferta.
das Amricas j utilizavam a pimenta emsua alimentao, de forma contnua, antesmesmo do descobrimento desse conti-nente. A partir de ento, os europeus ini-ciaram sua domesticao e as pimentasforam disseminadas em todo o mundo.Os espanhis e os portugueses foram osprimeiros a ter contato com a pimentaCapsicum, disseminando-a para vrioslugares, onde adquiriu caractersticas e no-mes prprios.
Conta-se que Cristvo Colombo, emuma das suas viagens histricas para aAmrica, em 1493, foi o primeiro europeu ater contato com a pimenta Capsicum,iden-tificando nessa cultura, fonte alternativapara a pimenta-do-reino (Piper nigrum),condimento favorito na Europa, naquelapoca.
No Brasil, quando do seu descobri-mento, o cultivo de pimentas era prticacomum de tribos indgenas. Com a imensavariabilidade de pimentas nativas, cer-tamente pode-se supor que diversas tribos
cultivavam e colhiam pimentas. Em 1814,o explorador Alexander Humboldt ano-tou que as pimentas eram to neces-sariamente indispensveis para os nativos,quanto o sal para os brancos. Vale destacar
que o plantio de pimenta por tribos in-dgenas continua, at hoje, como entre osndios Mundurucus, na Bacia do Rio Ta-pajs.
Do ano de 1500 aos dias atuais, as pi-mentas passaram a ser consumidas porpovos de todas as origens, em quantidadecrescente e em usos variados.
PRODUO DE PIMENTAS NOMUNDO E NO BRASIL
No Mundo, de toda a rea cultivadacom pimentas, aproximadamente 89% estono Continente Asitico, com as principaisreas de cultivo localizadas na ndia, Co-ria, Tailndia, China, Vietn, Srilanka eIndonsia.
A segunda regio mais importante no
1EngoAgro, D.Sc., Pesq. EMBRAPA/EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viosa-MG. Correio eletrnico: [email protected]
2Estudante Engenharia Agronmica, UFV, CEP 36570-000 Viosa-MG. Correio eletrnico: [email protected]
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8 Cultivo da pimenta
cultivo de pimentas compreende os EstadosUnidos e o Mxico, com cerca de 7% do to-tal plantado com pimentas em todo o mun-do. Do total da rea cultivada com pimentanesses pases, aproximadamente, 50% vopara o mercado in naturae os outros 50%
para processamento industrial, como mo-lhos, picles e desidratados.Finalmente, 4% da rea cultivada est
nos pases da Europa, frica e OrienteMdio.
No Brasil, a produo de pimenta vemcrescendo muito nos ltimos anos, comcultivos em regies de clima subtropicalcomo no Sul, ou de clima tropical como noNorte e Nordeste. O cultivo de pimenta noPas de grande importncia, quer por suas
caractersticas de rentabilidade, princi-palmente quando o produtor agrega valorao produto (conservas, por exemplo), querpor sua importncia social, por empregarelevado nmero de mo-de-obra.
As principais regies brasileiras pro-dutoras de pimenta so Sudeste e Centro-Oeste. Os principais Estados produtoresso Minas Gerais, Gois, So Paulo, Ceare Rio Grande do Sul.
H grande variedade de tipos, nomes,tamanhos, cores, sabores e ardume. As pi-mentas Jalapeo e Cayenne so cul-tivadas, principalmente, em So Paulo,Minas Gerais e Gois. A pimenta-cumariou Passarinho comum na RegioSudeste. As pimentas-de-cheiro, as maiscultivadas, especialmente no Norte do Pas,destacam-se pela grande variedade decores dos frutos, que vo de amarelo,amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado, salmo, vermelho e atpreto. Com menor produo, mas im-portantes nessa espcie, existem aspimentas Bode, cultivada principalmentena Regio Centro-Oeste do Brasil, e aMurupi, cujos principais produtores soos estados do Amazonas e do Par. AMalagueta cultivada em todo o Pas,porm destacam-se as produes dos es-tados de Minas Gerais, da Bahia e do Cear.Neste ltimo Estado, h grandes reas comcultivo da pimenta-tabasco, da espcie C.frutescens a mesma da Malagueta.
MERCADO PARA PIMENTAS
H grandes perspectivas e potencia-lidades do mercado de pimentas pelaversatilidade de suas aplicaes culinrias,industriais, medicinais e ornamentais.Apesar disso, as estatsticas mundiais de
rea cultivada, produo, exportao e con-sumo para pimentas so escassas e, ge-ralmente, apresentam-se em conjunto compimento, dificultando o entendimento dasperspectivas para esse mercado especfico.
Mercado interno parapimentas in natura
O mercado brasileiro para pimentas innatura fortemente influenciado peloshbitos alimentares de cada regio. No Sul,
h baixo consumo de pimentas in natura,havendo preferncia por molhos, con-servas e pimentas desidratadas. Nos de-mais Estados, so consumidas in naturaas pimentas Cambuci, tambm deno-minada God ou Chapu-de-bispo, docedo tipo Americana, a Dedo-de-moa,popularmente chamada pimenta-vermelha,as pimentas Malagueta, Bode, Cumari-vermelha, Cumari-amarela ou Cumari-do-par, De-cheiro e a Biquinho. No Nor-
deste brasileiro, predomina o consumo daMalagueta e De-cheiro e na RegioNorte, as pimentas mais apreciadas so aMurupi, Cumari-do-par e a De-cheiro.
A comercializao das pimentas de-pende do mercado de destino, o qualdetermina sua forma de apresentao,quantidade e preo. Na forma in natura, aspimentas so comercializadas como asdemais hortalias, atravs das Centrais deAbastecimento (Ceasas), que agrupam e
redistribuem o produto para o varejo oupara os grandes consumidores, comoindstrias e restaurantes. Outras formas decomercializao so as vendas para in-termedirios, que compram a pimentadiretamente do produtor, vendem paradistribuidores e empacotadores, que em-balam com marca prpria e revendem paraa rede de varejo. Algumas grandes redesde supermercados tm suas prprias cen-trais de distribuio de hortalias e comer-
cializam com suas marcas, adquirindo aspimentas diretamente de produtores,fornecedores credenciados ou atacadistas.
Na maioria dos mercados atacadistasbrasileiros, nas cotaes de preos para aspimentas, no se distinguem os tipos de
pimenta. A comercializao d-se na formade pimenta ou pimenta-vermelha ou ardida.
Mercados interno e externopara formas processadas depimenta
O mercado para as pimentas nas for-mas processadas explorado por empresas,desde familiares ou de pequeno porte atgrandes empresas que processam produ-tos base de pimentas para exportao.Existe grande nmero de pequenos pro-cessadores familiares ou de pequeno por-te que fazem conservas de pimentas emgarrafas de vidro e que comercializamdiretamente para consumidores em feiras-livres, mercados de beira de estrada, pe-quenos estabelecimentos comerciais e ata-cadistas. As empresas de porte mdio, emgeral, tm vrios tipos de produtos, comoconservas, molhos, gelias, conservasornamentais, entre outros, que so comer-cializados em supermercados, merceariasespecializadas, lojas de convenincia e deprodutos importados, delikatessens e atem lojas de decorao. As grandes em-presas so especializadas no processa-mento de determinados produtos, comopprica e pasta de pimenta. A pimenta paraa fabricao de pprica (pimenta-doce-vermelha desidratada na forma de p) cultivada e processada por uma grandeempresa na regio do Cerrado mineiro queexporta para a Europa grande parte de suaproduo. No Cear, uma empresa cultivaa pimenta-tabasco para exportao na for-ma de pasta, utilizada na fabricao domolho tabasco.
O mercado para as pimentas no Brasilest sofrendo grandes modificaes pelaexplorao de novos tipos de pimentas e pelodesenvolvimento de produtos com grandevalor agregado, a exemplo das conservasornamentais (colorido de pimentas), geliasexticas e outras formas processadas.
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9Cultivo da pimenta
COMERCIALIZAO NASPRINCIPAIS CENTRAIS DE
ABASTECIMENTO
Formas de acondicionamentopara comercializao
Diferentes embalagens so usadas pa-ra a comercializao de pimentas no Brasil,de acordo com o tamanho e o tipo de fru-to, regio e demanda do mercado. Em geral,os frutos so acondicionados em sacosplsticos grandes com 30 kg, caixasplsticas ou de madeira com 15 kg ou ou-tro tipo de embalagem demandado pelomercado. Na Companhia de Entrepostos eArmazns Gerais de So Paulo (Ceagesp),em So Paulo, por exemplo, as pimentascom frutos maiores, como Cambuci,Dedo-de-moa e a pimenta-doce do tipoAmericana so comercializadas em caixasplsticas ou de madeira do tipo K, con-tendo entre 12 e 15 kg; as pimentas comfrutos menores, como Malagueta eCumari-do-par tambm so acondi-cionadas em caixas de papelo (1-2 kg) esacos plsticos (1, 2, 5 ou 10 kg). Em todosos mercados atacadistas, as pimentastambm so comercializadas em quan-tidades menores, utilizando-se comounidade copos de vidro ou latas de 250 a
1.000 mL de capacidade, de acordo com ademanda do cliente.
Para as pimentas destinadas indstriade molhos e conservas, so retirados ospednculos dos frutos na lavoura e arma-zenadas em recipientes plsticos como
bombonas ou polietileno tereftato (PETs),contendo salmora (10% p/p) ou lcool.Esse processo reduz problemas de con-servao ps-colheita dos frutos de pimen-ta colhidos, mantidos in natura.
No varejo, as pimentas so comercia-lizadas de diferentes formas, sendo a maiscomum a granel. Os consumidores sele-cionam manualmente a qualidade e a quan-tidade a ser comprada. Nas feiras-livres emercados menores, a medida adotada umcopo de vidro ou lata (250 a 300 mL), sendopossvel mesclar diferentes tipos de pi-mentas por um mesmo preo. Em super-mercados e sacoles, as pimentas tambmso comercializadas em sacos plsticosperfurados de 50 g do produto, bandejas deisopor recobertas com filmes de policloretode vinila (PVC), contendo de 50 a 100 g, ecaixinhas tipo PET de 250 mL de capacidade.
As embalagens com filmes ou sacosplsticos so consideradas como as melhoresopes de venda, pois reduzem a perda dematria fresca alm de manter a colorao
do pednculo e dos frutos por um perodomaior, principalmente sob refrigerao.
Comercializao de pimentana CeasaMinas
A Centrais de Abastecimento de Minas
Gerais S/A (CeasaMinas) uma empresade economia mista, vinculada ao Ministrioda Agricultura, Pecuria e Abastecimento(MAPA). O entreposto em Contagem, Uni-dade Grande Belo Horizonte, o mais di-versificado do Brasil e ocupa o segundolugar nacional em vendas de hortigranjeiros.
Somando-se todas as unidades, so 703empresas instaladas e cerca de 12,6 mil pro-dutores cadastrados. Em mdia, aproxi-madamente, 4 mil produtores rurais co-mercializam mensalmente sua produonessa central de abastecimento. O valor co-mercializado de hortigranjeiros, cereais eprodutos industrializados alimentcios e noalimentcios chega a R$ 2,9 bilhes anuais.
A CeasaMinas, ao longo da ltima d-cada, comercializou anualmente, em mdia,200 mil kg de pimenta. O ano de maior volumecomercializado foi 1996, quando foramnegociados quase 320 mil kg desse produto.Por outro lado, o menor volume comercia-lizado, aproximadamente 127 mil kg de pi-menta, ocorreu no ano de 2002 (Quadro 1).
QUADRO 1 - Quantidades (kg) mensais de pimentasin naturacomercializadas na CeasaMinas, Unidade Grande BH, no perodo 1996 - 2005
1996 21.505 30.237 35.168 33.650 33.623 11.613 18.909 15.590 20.194 36.452 34.580 25.727 317.248
1997 15.981 23.748 19.489 30.255 14.131 9.840 7.840 6.240 8.015 21.075 47.050 35.257 238.921
1998 12.224 10.586 11.375 12.988 14.537 13.896 8.920 13.816 12.460 11.778 19.840 28.365 170.785
1999 17.860 12.825 23.207 16.880 14.701 11.265 12.615 13.210 17.422 15.260 26.080 36.375 217.700
2000 16.405 9.010 9.835 11.291 10.470 6.185 5.576 8.608 7.885 11.760 31.216 16.675 144.916
2001 7.920 6.909 15.895 15.575 24.123 16.135 13.215 12.920 16.215 18.229 30.939 17.005 195.080
2002 14.801 14.721 11.747 7.341 7.675 6.507 5.160 6.082 10.750 15.741 18.719 7.415 126.659
2003 24.590 13.984 9.888 21.032 14.447 12.381 13.345 8.188 1.895 1.638 3.703 22.202 147.293
2004 11.474 7.755 12.372 6.801 6.881 6.751 5.209 5.001 3.031 4.883 43.175 57.591 170.924
2005 27.140 21.345 17.927 7.044 21.290 28.908 11.390 6.703 7.537 18.460 33.719 30.288 231.751
Mdia 16.990 15.112 16.690 16.286 16.188 12.348 10.218 9.636 10.540 15.528 28.902 27.690 196.128
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Ano
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10 Cultivo da pimenta
Observando-se a distribuio do vo-lume comercializado ao longo do ano(Grfico 1), verifica-se oferta sazonal des-
se produto, sendo os volumes menorescomercializados durante os meses de
julho, agosto e setembro, os meses de
menor colheita em funo de carac-tersticas prprias do setor de produo.Os meses de maior oferta so novembro e
dezembro, quando, em mdia, comer-cializam-se 28 t. Nos demais meses do ano,
o volume comercializado situa-se em tornode 16 mil kg.
No Quadro 2 observa-se, em valorescorrigidos, a magnitude dos preos m-
dios mensais no mercado atacadista deBelo Horizonte durante os ltimos 10 anos.
Em termos de mdias anuais, o preo fi-cou abaixo de R$ 1,00 apenas nos anos de
1999, 2000 e 2002, sendo os menoresvalores da srie. Ao contrrio, os maiores
preos ocorreram nos anos de 1996, 1997e 2004, quando as mdias ficaram em torno
de R$ 1,60 por kg de pimenta.Como resposta sazonalidade de oferta
mostrada anteriormente, a evoluo dospreos mdios ao longo do ano apresenta
variao bastante acentuada, com uma m-
dia, em novembro, da ordem de R$ 0,70 porquilo de pimenta. Em alguns anos, esse valor
mnimo chegou a menos de R$ 0,50 por quilo
Grfico 1 - Quantidades mdias mensais de pimentas in natura, comercializadas na
CeasaMinas, Unidade Grande BH, no perodo 1996 - 2005
Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mdia
QUADRO 2 - Preos mdios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimenta in naturana CeasaMinas, Unidade Grande BH, no perodo 1996 - 2005
1996 2,20 2,24 3,29 2,35 2,88 2,16 1,40 0,73 0,68 0,57 0,52 0,96 1,66
1997 1,97 1,57 1,84 2,69 3,37 1,89 1,39 1,20 0,82 0,75 0,51 0,78 1,57
1998 0,57 1,53 0,64 1,25 2,04 1,68 1,57 0,87 0,91 1,57 0,75 0,61 1,17
1999 2,15 0,51 0,73 0,63 0,82 1,44 1,50 0,95 0,88 0,55 0,44 0,38 0,91
2000 0,48 0,61 0,65 0,78 0,81 1,61 0,86 0,84 1,34 0,66 0,67 1,53 0,90
2001 0,87 2,13 1,13 0,78 1,18 1,20 2,66 0,61 0,65 1,10 0,65 0,61 1,13
2002 0,64 0,56 0,71 0,89 1,43 1,30 1,20 0,99 1,06 0,56 0,86 0,60 0,90
2003 0,53 0,72 1,00 0,53 0,51 1,86 0,68 1,57 1,37 4,62 0,72 0,41 1,21
2004 4,49 3,36 0,43 0,60 0,43 1,42 1,04 1,30 0,75 1,13 0,85 4,25 1,67
2005 1,15 1,02 0,53 2,01 1,58 0,52 1,14 1,43 1,52 0,56 0,80 0,73 1,08
Mdia 1,50 1,43 1,10 1,25 1,51 1,51 1,34 1,05 1,00 1,21 0,68 1,09 1,22
Ms
Ano
do produto (Grfico 2). J os valores mxi-mos ao longo do ano ocorrem, em mdia,durante os meses de maio e junho, quandotem incio a temporada de entressafra paraalgumas variedades mais comercializadas.
Para melhor visualizao da evoluosimultnea das quantidades mensalmenteofertadas e dos preos mdios mensais naCeasaMinas, ao longo dos ltimos 10 anos,foi elaborado o Grfico 3, com o ndice de
evoluo desses parmetros, tendo osdados relativos a janeiro de 1996 assumidovalores iguais a 100. Ao longo do perodo,
no obstante a variao dos indicadores,observa-se que h tendncia de decrscimodos preos praticados e das quantidadesofertadas nessa praa.
Comercializao de pimentana Ceagesp
A Ceagesp administra um dos maiorescentros atacadistas de alimentos do mun-do. Por seus portes passam todos os dias
cerca de 10 mil toneladas de frutas, ver-duras, legumes, pescados e flores, vindosde 1.500 municpios brasileiros e de outros
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11Cultivo da pimenta
Grfico 3 -Evoluo dos ndices de quantidades mensalmente ofertadas e dos preos
mdios mensais na CeasaMinas - jan. 1996 = 100
Grfico 2 - Mdia mensal dos preos mdios corrigidos1 de pimenta in natura na
CeasaMinas, Unidade Grande BH, no perodo 1996 - 2005
pases. A movimentao de mercadoriasbeira as 250 mil toneladas por ms e res-ponde por quase 60% do abastecimento
de hortcolas da Grande So Paulo.A Ceagesp comercializou, anualmente,
nos ltimos oito anos, uma mdia de 330
mil kg de pimenta. Em 1999, ocorreu o menorvolume comercializado, aproximadamente260 mil kg de pimenta, j no ano de 2001,
observa-se o maior volume comercializado,quando foram negociadas mais de 370 mil
kg desse produto (Quadro 3).No Grfico 4, pode-se observar a dis-
tribuio do volume comercializado aolongo do ano. Verifica-se oferta sazonal
desse produto, sendo o perodo entre ju-nho e outubro os meses de menores vo-
lumes comercializados, coincidindo com aentressafra do produto. Os meses de maior
oferta so janeiro, fevereiro e maro, cujamdia supera 33 mil kg comercializados.
Nos demais meses do ano, o volume comer-cializado situa-se em torno de 26 mil kg.
No Quadro 4, observa-se, em valorescorrigidos, a magnitude dos preos mdios
mensais ocorridos no mercado atacadistapaulista entre os anos de 1998 e 2005. Em
termos de mdias anuais, o preo ficou
abaixo de R$ 1,45 apenas no ano de 2000.Ao contrrio, os maiores preos ocorreramnos anos de 1998, 2004 e 2005, quando asmdias ficaram acima de R$ 1,60 por kg depimenta.
QUADRO 3 - Quantidades (kg) mensais de pimentasin naturacomercializadas na Ceagesp, entreposto de So Paulo, no perodo 1998 - 2005
Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total
1998 33.632 24.219 24.546 20.463 19.039 15.022 20.059 24.910 19.836 17.022 18.483 24.233 261.464
1999 28.892 26.414 24.008 25.454 20.656 16.005 14.615 15.469 22.783 19.119 24.526 22.700 260.641
2000 37.566 39.606 42.212 27.917 29.002 19.526 26.091 25.243 27.510 27.428 31.603 25.878 359.582
2001 37.528 40.703 40.285 30.137 18.377 20.993 34.059 29.664 30.177 25.849 30.761 31.976 370.509
2002 38.307 34.008 38.306 32.745 32.529 19.457 24.489 23.204 22.444 28.407 34.149 28.678 356.723
2003 47.182 36.575 35.958 27.635 22.897 22.980 21.780 21.731 24.449 27.401 26.769 33.041 348.398
2004 39.339 41.954 37.753 32.794 25.447 23.101 25.134 17.615 15.585 16.292 22.710 23.626 321.350
2005 34.201 30.520 39.137 31.985 42.073 31.682 25.252 25.460 22.105 26.346 24.296 31.136 364.193
Mdia 37.081 34.250 35.276 28.641 26.253 21.096 23.935 22.912 23.111 23.483 26.662 27.659 330.358
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12 Cultivo da pimenta
Grfico 4 - Quantidades mdias mensais de pimentas in natura comercializadas naCeagesp, entreposto de So Paulo, no perodo 1998 - 2005
A evoluo dos preos mdios ao longodo ano apresenta uma variao compatvelcom a variao na oferta do produto, commdias da ordem de R$ 1,30 por kg depimenta, no perodo de maior oferta, evalores mximos em torno de R$ 1,70 nosmeses de agosto a outubro (Grfico 5).
No Grfico 6, observa-se a evoluosimultnea entre as quantidades men-salmente ofertadas e os preos mdiosmensais na Ceagesp, o ndice de evoluo
desses parmetros tem os primeiros dadosda srie assumindo valores iguais a 100.Ao longo do perodo, observa-se que htendncia sutil de elevao para ambos os
parmetros, o que indica haver tendnciade aumento dos preos praticados e dasquantidades ofertadas nessa praa.
Comercializao de pimentana Ceasa-BA
Entre janeiro de 1999 e maio de 2006,a Centrais de Abastecimento da Bahia(Ceasa-BA) comercializou, aproximada-mente, 172 mil kg de pimenta, em mdia,por ano. O maior volume de comer-
cializao ocorreu no ano de 2001, quandoforam negociados cerca de 224 mil kg desseproduto. Contudo, o menor volume co-mercializado ocorreu em 2005, apro-
ximadamente 125 mil kg de pimenta (Qua-dro 5).
No Grfico 7, observa-se a distribuiodo volume comercializado ao longo do anona Ceasa-BA. Verifica-se irregularidade naoferta do produto, sendo o ms de fevereiro
com menores volumes comercializados. Osmeses de maior oferta so maio e dezembro,quando comercializam-se, em mdia, 18 milkg de pimenta. Nos demais meses do ano,o volume comercializado situa-se em tornode 13 mil kg de pimenta.
No Quadro 6, observa-se a magnitudedos preos mdios mensais observados, emvalores corrigidos, no mercado atacadistade Salvador, desde 1999. Em termos demdias anuais, o preo ficou abaixo de R$
5,00 apenas no ano de 2001. J os maiorespreos ocorreram no ano de 2004, cuja mdiaficou acima de R$ 8,00 por kg de pimenta.
Na evoluo dos preos mdios aolongo do ano observa-se variao bastanteacentuada, como resposta sazonalidadede oferta mostrada anteriormente, commdia, nos meses de maio e novembro, deR$ 4,00 por kg de pimenta (Grfico 8). J osvalores mximos ao longo do ano ocorrem,em mdia, durante os meses de julho,
agosto e setembro, quando tem incio aentressafra de algumas variedades maiscomercializadas.
No Grfico 9, observa-se a evoluo
QUADRO 4 - Preos mdios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimentain naturanaCeagesp, entreposto de So Paulo, no perodo 1998 - 2005
Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mdia
1998 1,31 1,22 1,44 1,52 1,53 1,60 1,80 1,97 2,06 2,22 2,12 1,83 1,72
1999 1,80 1,65 1,51 1,48 1,44 1,57 1,50 1,61 1,72 1,60 1,42 1,50 1,57
2000 1,11 0,89 0,87 0,81 0,90 1,07 1,59 1,94 1,99 1,65 1,26 1,46 1,29
2001 1,49 1,18 1,32 1,51 1,88 2,10 1,51 1,33 1,49 1,33 1,29 1,22 1,47
2002 1,50 1,33 1,15 1,17 1,29 1,42 1,51 1,89 2,03 1,53 1,31 1,63 1,48
2003 1,45 1,17 1,25 1,44 1,72 1,78 2,17 1,75 1,46 1,58 1,50 1,59 1,57
2004 1,27 1,16 1,20 1,32 1,25 1,65 1,53 1,90 2,28 1,98 1,81 2,07 1,62
2005 1,94 1,81 1,61 1,31 1,53 1,37 1,54 1,69 1,81 1,61 1,61 1,60 1,62
Mdia 1,48 1,30 1,29 1,32 1,44 1,57 1,64 1,76 1,85 1,69 1,54 1,61 1,54
Ms
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15/112
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13Cultivo da pimenta
Grfico 5 - Mdia mensal dos preos mdios corrigidos1de pimenta in natura na Ceagesp,
entreposto de So Paulo, no perodo 1998 - 2005
simultnea entre as quantidades men-salmente ofertadas e os preos mdiosmensais na Ceasa-BA. O ndice de evo-luo desses parmetros tem os dadosrelativos a janeiro de 1999, assumindovalores iguais a 100. Ao longo do perodo,
percebe-se tendncia de decrscimo dasquantidades ofertadas e elevao dospreos praticados na regio.
Comercializao de pimentana Ceasa-GO, Ceasa-RJ,Ceasa-PR
Nas Centrais de Abastecimento deGois S/A (Ceasa-GO) de Goinia, fazem-se a discriminao de todos os tipos depimentas e as cotaes separadamente,
talvez pela importncia desse produto paraa regio. Nesse mercado, as unidades paraa comercializao e cotao em 2005 (mdiaanual) foram para pimenta-de-cheiro com opreo mais comum de R$4,00, mximo deR$47,00 e mnimo de R$1,00 o quilo;pimenta-bode R$ 1,00-R$ 3,00-R$ 0,80 a latacom 500 g; pimenta-cumari R$ 3,00-R$ 4,00-R$ 1,50 a lata com 500 g; pimenta-malaguetaR$ 3,00-R$ 7,00-R$ 2,00 a lata com 700 g;pimenta-god (Cambuci) comercializada
a R$ 10,00-R$ 20,00-R$ 3,00 a caixa de 8 kg;pimenta-dedo-de-moa R$1,00-R$ 14,00-R$1,00 a lata com 400 g.
Nas Centrais de Abastecimento do
Estado do Rio de Janeiro S/A (Ceasa-RJ)
Grfico 6 - Evoluo dos ndices de quantidades de pimenta in natura mensalmente
ofertadas e dos preos mdios mensais na Ceagesp, entreposto de So
Paulo - jan. 1996 = 100
QUADRO 5- Quantidades (kg) mensais de pimentasin naturacomercializadas na Ceasa-BA, Unidade Salvador, no perodo 1999 - 2006
Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total
1999 15.107 4.520 13.935 9.990 14.178 14.080 12.050 14.500 21.830 23.530 18.206 21.220 183.146
2000 24.318 11.840 11.530 14.093 12.773 7.204 15.210 14.285 15.606 17.875 11.690 21.695 178.119
2001 10.845 12.137 12.520 21.421 29.107 19.810 23.748 22.470 11.910 15.350 22.104 22.790 224.212
2002 13.485 12.840 11.115 15.354 20.753 12.252 18.276 16.025 18.449 21.001 12.426 11.490 183.466
2003 17.983 12.923 11.001 10.957 13.436 13.340 21.110 14.935 14.860 21.740 12.020 17.480 181.785
2004 11.165 10.100 19.770 18.421 25.200 9.980 7.810 11.340 10.110 9.120 17.120 24.310 174.446
2005 14.040 9.625 12.140 9.510 13.810 16.010 8.990 5.760 4.300 5.360 15.595 10.710 125.850
2006 14.630 15.285 9.145 3.900 8.675 51.635
Mdia 15.197 11.159 12.645 12.956 17.242 13.239 15.313 14.188 13.866 16.282 15.594 18.528 171.869
Ms
Ano
7/22/2019 Ia 235 Pimenta
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14 Cultivo da pimenta
QUADRO 6 - Preos mdios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimentain naturanaCeasa-BA, Unidade Salvador, no perodo 1999 - 2006
Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mdia
1999 4,81 6,68 4,55 4,80 4,61 4,98 6,65 5,46 5,02 5,77 3,78 3,30 5,03
2000 3,64 4,08 5,52 3,60 4,74 8,31 9,02 8,70 6,32 3,75 3,60 5,53 5,57
2001 5,40 3,68 7,51 6,95 2,88 4,01 2,95 3,85 5,44 4,25 3,35 8,24 4,88
2002 12,19 4,77 3,82 6,28 3,77 4,96 5,46 5,52 4,97 2,97 3,18 6,52 5,37
2003 10,55 13,80 10,14 5,63 3,50 4,51 3,84 4,91 5,11 2,99 3,45 4,29 6,06
2004 4,36 5,84 3,50 5,21 6,44 6,46 12,77 16,93 14,92 9,94 7,31 5,62 8,28
2005 6,28 8,20 5,20 4,73 5,51 5,49 9,40 11,65 10,22 6,86 5,13 9,44 7,34
2006 5,81 5,16 7,73 10,98 5,50 _ _ _ _ _ _ _ 7,04
Mdia 6,63 6,52 6,00 6,02 4,62 5,53 7,16 8,15 7,43 5,22 4,26 6,13 6,14
Grfico 8 - Mdia mensal dos preos mdios corrigidos1 de pimenta in natura, na
Ceasa-BA, Unidade Salvador, no perodo 1999 - 2006
Grfico 7 - Quantidades mdias mensais de pimentas in natura, comercializadas na
Ceasa-BA, Unidade Salvador, no perodo 1999 - 2006
do Rio de Janeiro, os preos so cotadospara o produto pimenta, sem explicitar tipoou variedade. Nesses mercados, os preosde janeiro a dezembro de 2005 variavam deR$ 7,32a R$ 9,61/kg. O preo mais baixo foiem fevereiro (R$ 7,03) e mais alto em agosto(R$ 25,42).
Nas Centrais de Abastecimento doParan S/A (Ceasa-PR) de Curitiba, os pre-os tambm so cotados para o produtopimenta, sem explicitar tipo ou variedade.Nesses mercados, os preos de janeiro adezembro de 2005 para caixa de 10 a 13 kgvariaram de R$ 11,37 a R$ 9,17. O preomais baixo foi em abril, R$ 6,65, e mais altoem novembro, R$ 25,00.
quase impossvel conhecer a rea-lidade da comercializao das pimentaspor meio das informaes disponveisnas centrais atacadistas, principalmente
considerando-se que grande parte davenda direta entre produtor e varejo eisto no computado nas estatsticas.
CONSIDERAES FINAIS
Os trs maiores mercados CeasaMinas,Ceagesp e Ceasa-BA formam magnitu-des distintas com relao aos volumes depimenta comercializados, tendo compor-tamento mdio e evoluo de quantidade epreos bem distintos. A Ceagesp comer-
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15Cultivo da pimenta
cializou volume mdio anual de, aproxima-damente, 330 t, enquanto que a comer-cializao na CeasaMinas foi da ordem de196 t e a da Ceasa-BA em torno de 172 t. Aevoluo dos volumes comercializadostambm guarda ntida diferena. Em SoPaulo, na ltima dcada, a quantidadecomercializada e o preo praticado tm ten-dncia levemente crescente. Em Minas
Gerais, preo e quantidade so decrescen-tes e o decrscimo de quantidade mostra-semais acentuado. Na Ceasa-BA, o preo crescente enquanto o volume decrescente.
Alm das diferenas nas quantidadestotais comercializadas, vale destacar que adistribuio desse volume ao longo do anoguarda significativas diferenas entre ostrs mercados, com o conseqente di-ferencial no comportamento de preos. Ouseja, os perodos de maiores ou menores
preos no ocorrem simultaneamente nastrs centrais de abastecimento.
Vale destacar a elevao do preo pra-ticado no mercado de Salvador, quandocomparado com o dos dois outros mer-cados. Enquanto que em Salvador, o preomdio anual da ordem de R$ 6,14, emBelo Horizonte e So Paulo de, res-pectivamente, R$ 1,22 e R$ 1, 54, ou seja,apenas 20% do preo praticado na capitalbaiana.
Grfico 9 - Evoluo dos ndices de quantidades de pimenta in naturamensalmente
ofertadas e dos preos mdios mensais, na Ceasa-BA, Unidade Salvador
jan. 1999 = 100
Assim, de acordo com as particu-laridades de cada mercado em relao spreferncias por determinado tipo depimenta, cabe aos produtores ficarematentos s distintas oportunidades ofe-recidas pelos trs mercados, j que pos-suem caractersticas nitidamente di-ferenciais em relao aos preos praticadosnos diversos perodos. No contexto apre-
sentado, vale destacar as oportunidadesoferecidas pela Ceasa-BA, com preosnitidamente mais remuneradores e ocuidado com o decrscimo do mercado deBelo Horizonte.
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16 Cultivo da pimenta
Espcies e variedades de pimenta
Gisele Rodrigues Moreira1
Fabiano Ricardo Brunele Caliman2
Derly Jos Henriques da Silva3
Cludia Silva da Costa Ribeiro4
1Eng a Agra, D.Sc., Pro fa Adj. UFP - Dep to Informtica, Rod. BR 135, km 3, CEP 64900-000 Bom Jesus-PI. Correio eletrnico:
2EngoAgro, Doutorando Fitotecnia UFV, CEP 36571-000 Viosa-MG. Correio eletrnico: [email protected]
3EngoAgro, D.Sc., Prof. Adj. UFV - DeptoFitotecnia,CEP 36570-000 Viosa-MG. Correio eletrnico: [email protected]
4EngaAgra, M.Sc., Pesq. Embrapa Hortalias, CEP 70359-970 Braslia-DF. Correio eletrnico: [email protected]
Resumo- Pimentas so importantes para a produo de condimentos alimentares em
funo da cor, aroma e sabor dos frutos. A cor determinada predominantemente por
carotenides. As diferenas no ardor (sabor, pungncia) dos frutos so atribudas aos
alcalides capsaicinides. Tais alcalides so produzidos na placenta e liberados quando
o fruto sofre qualquer dano fsico, ao que se chama pungncia do fruto. O gnero possui
35 espcies e o Brasil o centro secundrio da espcie domesticada C. chinense. As
espcies e grupos de cultivares de interesse comercial so: C. frutescens Malaguetas
(Malagueta, Malaguetinha, Malagueto e Malagueta-amarela) e Tabasco; C. chinense
pimenta-de-cheiro, pimenta-bode, Cumari-do-par, Biquinho, Murupi e
Habanero;C. annuum var. annuum pimenta-doce, Jalapeo, Cayenne, Serrano e
Cereja; C. baccatum var. pendulum Dedo-de-moa e Cambuci; C. baccatum var.
baccatume C.baccatum var.praetermissum Cumari. O germoplasma de pimenta tem
sido conservado em bancos de germoplasma como o Banco de Germoplasma de
Hortalias (BGH) da UFV, Centro Tecnolgico da Zona da Mata (CTZM) da EPAMIG e
Embrapa Hortalias. No melhoramento dessas espcies, os principais mtodos utilizados
so: genealgico, Single Seed Descent (SSD), retrocruzamento, seleo recorrente e Inbred
Backcross Line System (IBLS).
Palavras-chave: Capsicum. Planta para condimento. Pungncia. Melhoramento.
INTRODUO
As pimentas constituem importantesegmento do setor de hortalias, tanto paraa agricultura, quanto para a indstriaalimentcia. So especiais para a produode condimentos, devido a caractersticascomo cor dos frutos e princpios ativos,que lhes conferem aroma e sabor. Do pontode vista social, o agronegcio da pimenta
tem importncia, principalmente, em funode requerer grande quantidade de mo-de-obra, em especial durante a colheita. Almdisso, o mercado de pimenta abrange a
comercializao de frutos para consumo
in natura e conservas caseiras at a ex-
portao de pprica, p de pimento oupimenta doce madura vermelha. Os frutos
de pimentas picantes podem ser desi-dratados e comercializados inteiros, em
flocos (calabresa) e em p (pprica picante)ou, ainda, em conservas e em molhos
lquidos.
A pprica utilizada principalmentecomo corante natural na indstria dealimentos, em embutidos de carne, sopas
de preparo instantneo, molhos, rao para
aves e tambm como condimento. No
desenvolvimento de cultivares de pimen-ta doce para pprica, a colorao dos fru-
tos maduros a principal caractersticaconsiderada. Quanto maior o teor de pig-
mentos vermelhos, mais intensa a co-lorao do p. A maioria dos pigmentos
carotenides e, em ordem de importncia,tm-se: Capsantina, Capsorubina,
Caroteno, Zeantina e Criptoxantina, sendoos dois primeiros vermelhos e os demais
amarelos (CASALI; STRINGUETA, 1984).Os teores desses pigmentos so influen-
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17Cultivo da pimenta
ciados por vrios fatores como gentico,grau de amadurecimento dos frutos econdies climticas.
As diferenas no ardor dos frutos soatribudas aos alcalides denominadoscapsaicinides (ISHIKAWA et al., 1998),
especialmente a capsaicina e a diidro-capasaicina (ZEWDIE; BOSLAND, 2000;BOSLAND, 1993). Tais alcalides soproduzidos na placenta e liberados quan-do o fruto sofre qualquer dano fsico, con-ferindo o que se chama pungncia do fruto(sabor ardido ou efeito picante), carac-terstica exclusiva do gnero Capsicum. Amaioria das variedades produz frutos como caracterstico sabor pungente, enquantoque as sem pungncia so classificadas
como doces.Existe grande variabilidade gentica
entre as espcies do gnero Capsicum,observada principalmente nos frutos quepodem apresentar diferentes formatos,colorao, tamanho e pungncia. H frutosde pimenta de vrias coloraes, desdevermelha (a mais comum), at preta, mastambm ocorrem as cores amarela, creme ealaranjada. As pimentas tm uso bastantevariado. Algumas cultivares ou tipos
varietais so mais consumidas na forma desaladas, cozidos ou recheados, outras, maisutilizadas como condimentos, em molhosou em conservas. As pimenteiras tambmesto sendo utilizadas como plantas or-namentais, em razo da folhagem variegada,do porte ano e dos frutos com diferentescores no processo de maturao. Almdisso, tambm so atribudas s pimentasalgumas propriedades medicinais (GO-VINDARAJAN, 1991). Os capsaicinides
esto sendo utilizados na composio demedicamentos para aliviar dores mus-culares, reumticas, inflamaes, quei-maduras, nevralgias, lumbago, torcicolo,etc. (BIANCHETTI; CARVALHO, 2005).
A maioria das sementes das variedadesde pimenta produzida pelos prpriosagricultores ou extrada de frutos madurosadquiridos em feiras e outros locais decomrcio. As pimentas Malagueta,Dedo-de-moa, Cambuci, Doce e
Jalapeo podem ser obtidas de empresasprodutoras de sementes.
ESPCIES DE PIMENTA
Pimentas do gnero Capsicum pos-suem a seguinte classificao taxonmica:
Diviso: SpermatophytaFilo:AngiospermaeClasse: DicotiledneaRamo: Malvales-TubifloraeOrdem: Solanales (Personatae)Famlia: Solanaceae
Por muito tempo, o gnero Capsicumfoi motivo de confuses taxonmicas noque se refere evoluo da forma do frutonas espcies cultivadas (MCLEOD et al.,
1979). O gnero Capsicum composto porcerca de 35 txons (espcies e suas va-riedades). Os txons so classificados deacordo com o nvel de domesticao. Dessaforma, o gnero constitudo por cincotxons domesticados, cerca de dez semi-domesticados e 20 silvestres (BIAN-CHETTI; CARVALHO, 2005) (Quadro 1).
Segundo Nuez Vials et al. (1996), asespcies do gnero Capsicum tiveramorigem no Continente Americano. Uma das
hipteses sobre o surgimento e a evoluodessas espcies sugere que a maior partedo gnero originou-se no sul da Bolvia e,ento, migrou para os Andes e terras baixasda Amaznia, onde surgiram novasespcies.
O Brasil o centro secundrio dediversidade da espcie domesticada C.chinenseque tem a Bacia Amaznica comorea de maior diversidade. As espciessemidomesticadas e silvestres, por sua vez,
restringem-se regio andina (Argentina-Venezuela, at a Amrica Central) e regiolitornea brasileira. O maior nmero deespcies silvestres est no Brasil, espe-cialmente na Regio Sudeste e nas regiesde Mata Atlntica, principal centro dediversidade delas (REIFSCHNEIDER, 2000).Segundo Bianchetti (1996), o Rio de Janeiro importante centro de diversidade do g-nero com grande nmero de espcies sil-vestres.
Bianchetti (1996), ao estudar a mor-fologia e a ecologia das espcies silvestresbrasileiras, obteve resultados distintosdaqueles encontrados para as espciesandinas. A maioria destas espcies andi-nas vegeta em ambientes abertos e secos,
apresenta frutos eretos, ovalados, ver-melhos, com sementes claras e dispersadaspor pssaros. Enquanto que a maioria dasespcies brasileiras vegeta em ambientesfechados e midos, tem frutos pendentes,globosos, verde-amarelados, sementesescuras e, provavelmente, no so disper-sadas por pssaros e sim por outro disper-sor (BIANCHETTI; CARVALHO, 2005).
As diferentes espcies e variedades depimenta podem ser discriminadas por
caractersticas morfolgicas visualizadasnos frutos e, principalmente, nas flores.No Brasil, as espcies mais cultivadas so:Capsicum frutescens, Capsicum chinense,Capsicum annuumeCapsicum baccatum.
VARIEDADES DE PIMENTA
A maioria das cultivares de pimentasplantadas no Brasil considerada varie-dade botnica ou grupo varietal, comcaractersticas de frutos bem definidas
(RIBEIRO, 2004). As principais so:
a) C. frutescens: Malaguetas (Ma-lagueta, Malaguetinha, Mala-gueto e Malagueta-amarela) eTabasco;
b) C. chinense: pimenta-de-cheiro,pimenta-bode, Cumari-do-par,Biquinho, Murupi e Habanero;
c) C.annuum var. annuum: pimenta-doce, Jalapeo, Cayenne, Ser-
rano e Cereja;d) C. baccatum var. pendulum: Dedo-
de-moa e Cambuci;
e) C. baccatum var. baccatum e C.baccatum var. prae termissum:Cumari.
Malaguetas
A Malagueta plantada praticamenteem todo o Brasil e a pimenta maiscultivada na Zona da Mata mineira, cuja
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18 Cultivo da pimenta
QUADRO 1 - Distribuio das espcies do gneroCapsicumem diferentes categorias, de acordocom o grau de domesticao
Grau de domesticao Espcies
Domesticadas (1)C. annuumvar. annuum
(1)C. baccatum var.pendulum
(1)C. chinense
(1)C. frutescens
C. pubescens
Semidomesticadas (1)C. annuumvar.glabriusculum
(1)C. baccatumvar. baccatum
(1)C. baccatumvar.praetermissum
C. chinense (forma silvestre)
C. frutescens (forma silvestre)
C. cardenasii
C. eximium
C. tovarii
C. chacoense
C. galapagonense
Silvestres (1)C. buforum
(1)C. campylopodium
C. chacoense var.tomentosum
C. ciliatum
C. coccineum
C. cornutum
C. dimorphum
(1)C. dusenii
Silvestres (1)C. flexuosum
C. geminifolium
C. hookerianum
C. minuflorum
C. lanceotatum
(1)C. mirabile
(1)C. parvifolium
(1)C. schottianum
C. scolnikianum
(1)C. villosum
FONTE: Carvalho et al. (2003).
(1)Espcies encontradas no Brasil.
produo destinada tanto para o consumoin natura, quanto para a fabricao demolhos e de conservas. As plantas soarbustivas, vigorosas com altura de 0,9 a1,2 m e bastante ramificadas, princi-palmente quando o trato cultural de cortar
o pice da planta utilizado, eliminando,assim, a dominncia apical. Os frutos so,geralmente, filiformes com 1,5 a 3 cm decomprimento e 0,4 a 0,5 de largura. So decolorao verde, quando imaturos, pas-sando diretamente para a colorao ver-melha, quando maduros. Geralmente,existem dois a cinco frutos por insero,os quais so muito picantes. A colheitainicia-se aos 110-120 dias aps a semea-dura. Aps esse perodo, os frutos come-
am a perder gua intensamente, exibindomurchamento e at deformaes (SOUZA;CASALI, 1984).
As pimentas Malaguetinha, Mala-gueto e Malagueta-amarela so varia-es da Malagueta (Fig. 1), quanto aotamanho e colorao dos frutos e asse-melham-se quanto pungncia. A Mala-guetinha possui frutos de tamanho re-duzido (1,5 cm de comprimento por 0,3 a0,4 cm de largura), enquanto os frutos daMalagueto so maiores, com tamanhoque varia de 3 a 4 cm de comprimento a 0,8a 10 cm de largura. Os frutos da Malagueta-amarela so amarelos, ao invs de ver-melhos, quando maduros.
As pimentas Malaguetas so utili-zadas principalmente para consumo fresco,no preparo de conservas e molhos.
'Tabasco'
A pimenta-tabasco (Fig. 2) a mais co-nhecida nos Estados Unidos e tem sido
cultivada no estado do Cear, para ex-portao, na forma de pasta. Distingue-seda Malagueta pela colorao dos frutosdurante a maturao, passando de verdepara amarela ou alaranjada e s depois paravermelha. Os frutos so picantes, com 2,5a 5 cm de comprimento e 0,5 de largura.
Pimenta-de-cheiro
As pimentas-de-cheiro pertencem espcie C. chinense, considerada a mais
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19Cultivo da pimenta
brasileira. Segundo Reifschneider (2000), area de maior diversidade dessa espcieest na Bacia Amaznica, havendo indciode que tenha sido domesticada pelos ndiosda regio.
Essas pimentas possuem grande va-
Figura 1 - Pimenta-malagueta (Capsicum frutescens)
Figura 2 - Pimenta-tabasco (Capsicum frutescens)
riabilidade no formato e no tamanho dosfrutos, que so de 1,5 a 4 cm de com-primento e 1 a 3 cm de largura, e na colo-rao, que pode ser amarelo-leitosa, ama-relo-forte, alaranjada, salmo, vermelha epreta.
Os frutos da pimenta-de-cheiro (Fig. 3),cultivada em maior escala nas RegiesCentro-Oeste e Norte do Pas, so de for-mato campanulado, com peso mdio de12 g, colorao verde, quando imaturos,passando para laranja-plida ou vermelha,
quando maduros. muito apreciada pelosconsumidores por apresentar frutos comaroma acentuado e doces ou pouco pi-cantes, sendo utilizada como tempero emarroz, saladas e, especialmente, no preparode peixes e frutos do mar. Quanto pun-gncia, esta pode ser suave ou ausente,porm, podem ser encontrados frutos compungncia alta (CARVALHO et al., 2003).
Pimenta-bode
A pimenta-bode muito comum naRegio Centro-Oeste do Pas (REIFS-CHNEIDER, 2000). Na culinria goiana usada como tempero no preparo de carnes,arroz, feijo, pamonha salgada e at embiscoitos de polvilho (CARVALHO et al.,2003). Os frutos apresentam formatosarredondados ou achatados, com cerca de1 cm de comprimento e dimetro, comcolorao amarela (Fig. 4) ou vermelha(Fig. 5) e pungncia elevada. Assim comoa pimenta-de-cheiro, a pimenta-bodepossui aroma caracterstico. Os frutos ima-turos so comercializados in natura, en-quanto os maduros (amarelos ou ver-melhos) so utilizados, principalmente, emconservas de frutos inteiros (em vinagresou em azeite) e em molhos.
Cumari-do-par
A Cumari-do-par (Fig. 6) possuifrutos de formato triangular, com 3 cm decomprimento e 1 cm de largura, coloraoamarela, quando maduros, aromticos e comelevada pungncia. mais comum nosestados do Par e Amazonas, mas tambmso cultivadas em Gois e Minas Gerais econsumidas, principalmente, na forma deconservas.
Biquinho
A pimenta-doce biquinho, tambmconhecida pelo nome pimenta-de-bico,pertence espcie Capsicum chinensee
CleideMariaFerreiraPinto
CludiaSilvadaCostaRibeiro
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20 Cultivo da pimenta
considerada um tipo varietal relativamentenovo. cultivada principalmente na regiodo Tringulo Mineiro, no estado de MinasGerais, sendo consumida mais na forma deconservas. Esta p imenta ganhou,rapidamente, expresso nacional por
Figura 4 - Pimenta-bode amarela (Capsicum chinense)
apresentar frutos doces, extremamentesaborosos e aromticos. Possui frutos deformato triangular com a ponta bempontiaguda, formando um biquinho(Fig. 7), com 2,5 a 2,8 cm de comprimento e1,5 cm de largura, de colorao vermelha,
quando maduros, aromticos e sem ardor,embora existam cultivares picantes destapimenta.
Murupi
A pimenta-murupi muito conhecida e
Figura 6 - Pimenta cumari-do-par (Capsicum chinense)Figura 5 - Pimenta-bode vermelha (Capsicum chinense)
Figura 3 - Pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense)
Cleide
MariaFerreiraPinto
CludiaSilvadaCostaRibeiro
Cleide
MariaFerreiraPinto
Cleide
MariaFerreiraPinto
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21Cultivo da pimenta
consumida na Regio Norte do Brasil. comumente comercializada em feiras, innaturaou preparada artesanalmente, comomolho de pimenta, a partir do tucupi(manupueira, extrada da mandioca) ou emconservas base de vinagre, leo e sorode leite (CARVALHO et al., 2003). Os frutosso alongados com colorao verde, quan-
do imaturos, passando a amarelo-plida(Fig. 8), amarelo-intensa ou forte ou ver-melha, quando maduros. So conhecidas,ainda as variedades de pimentas Murupi,a Murupizinho, a Murupi-comum e aMurupi-grande, que se diferenciam quan-to ao tamanho, formato, cor e pungncia. AMurupizinho possui tamanho de 2 a 4 cmde comprimento e apresenta aroma e pun-gncia mais acentuados que as demais; aMurupi-comum possui de 3,5 a 6 cm; e a
Murupi-grande pode chegar a 9 cm decomprimento.
Habanero
A pimenta-habanero possui frutospendentes e em forma de lanterna, outrosso afilados na ponta. Os tipos caribenhosdesta pimenta so achatados nas pontas eassemelham-se a um bon ou gorro. AHabanero originria da pennsula do Yu-cat, entre o Mxico e Belize, e foi recen-
temente introduzida no Brasil. conheci-da desde o Caribe at o Brasil, sendo con-siderada uma das pimentas mais picantes.Os frutos so retangulares, com 2 a 4 cm decomprimento e 2 a 6 cm de largura, verdes,quando imaturos, e tornam-se vermelhos,laranjas (Fig. 9), amarelos, brancos ou atmesmo de cor prpura e marrom, quando
maduros (CARVALHO et al., 2003). Sopreferencialmente consumidos in natura.
centes espcie C. annuum. Deste grupo,a pimenta Jalapeo a mais cultivada noBrasil, especialmente nos estados de SoPaulo, Minas Gerais e Gois. consideradauma das melhores pimentas para molhos,devido boa quantidade de polpa que
produz. Os frutos tambm so consumidosin natura, em conservas (em vinagre ouno azeite) e desidratados inteiros ou em p(condimentos). Os frutos geralmentepossuem formato cnico, com cerca de 5 a8 cm de comprimento, 2,5 a 3 cm e pesomdio de 45 g. Apresentam parede espessae estrias suberizadas na epiderme (Fig. 10).Quando imaturos, os frutos so verde-claros ou verde-escuros, passando paravermelho, quando maduros. Possui
pungncia mdia e aroma acentuado. Ociclo mdio de 95 dias.
Figura 7 - Pimenta-biquinho (Capsicum
chinense)
Figura 8 - Pimen ta-murupi (Capsicum
chinense)
Jalapeo
A pimenta-jalapeo, junto com aCayenne, Serrano e Cereja, constituium grupo de pimentas picantes perten-
Outras cultivares de pimenta-jalapeoso descritas no Quadro 2.
Cayenne
A pimenta-cayenne, tambm conhecidacomo pimenta-vermelha, altamentepicante e pode ser consumida in natura,mas geralmente, utilizada na formadesidratada ou em p. O fruto, de coloraovermelha, quando maduro, geralmente
Figura 9 - Pimenta-habanero (Capsicum
chinense)
Figura 10 - Pimenta-jalapeo (Capsicum
annuum var. annuum)
CleideMariaFerreiraPinto
CludiaSilvadaCostaRibeiro
CleideMariaFe
rreiraPinto
CeideMariaFerreiraPinto
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22 Cultivo da pimenta
TipoMalagueta
Malagueta
_
110-120
Vigorosa
Verde
/vermelho
Alongado
0,6-0,8x3-4cm
Ardida
Sakata
Malagueta
_
100-120
Vigorosa
Verde/vermelho
Filiforme
2-3cm
Picanteeprodutiv
a
Horticeres
Malagueta
_
100-120
Arbustiva
Verde/vermelho
Alongado
0,6-0,7g/0,5x2,0cm
Muitopicante
Agristar/Topseed
Malagueta
_
100
_
Verde/vermelho
Piramidal
0,5-1,0x2-5cm
Picante
Isla
Malagueta
_
110-120
_
Verde/vermelho
Alongado
2,5x3,5cm
Muitopicante
Feltrin
Malaguetinha
_
90-100
_
Verde/vermelho
Cilndricocurto
0,4x0,5cm
Muitopicante
Feltrin
TipoDedo-de-Moa
Dedo-de-Moa
_
100-120
Arbustiva
Verde/vermelho
Cilndrico
1
x13cm
Saborosaepicant
e
Agristar/Topseed
TipoCambuci
Chapu-de-Bispo
_
90(vero)
_
Verde-claro
Achatado
4-6x3-5cm
Saborbem
adocic
ado
Isla
Cambuci
_
110-130
Vigorosa
Verde-claro
Achatado
30-40g/6-7x5-7cm
Doce
Sakata
Chapu-de-Bispo
_
100-120
Arbustiva
Verde/vermelho
Achatado
_
Levementepicante
Agristar/Topseed
Cambuci/Chapu-de-Bispo
_
100-110
_
Verde-claro
Achatado
4
x6cm
Doce
Feltrin
TipoJalapeo(picante)
Jalapeo
95
_
Vigorosa
Verde/vermelho
Cnico
45g/3,5x9,0cm
ResistenteaTMV
Agristar/Topseed
HbridoMitla
70-85
_
Vigorosa
Verde/vermelho
Cnico
3-4x8-9cm
AltaProdutividad
e
Seminis
Outrostipos
Cayenne
_
110-120
_
Verde/vermelho
Cilndricocomprido
8
x12cm
Picante
Feltrin
DeCayenne
90(vero)
_
Verde/vermelho
_
1
,2x8-10cm
Picante
Isla
Luna(Cumari-do-Par)
_
100-150
_
Verde/amarelo
Oblongo
2
,0x1,5cm
Picante
Feltrin
DeBico(Biquinho)
_
80-130
_
Verde/vermelho
Redondo
1
,0x0,7cm
Doce
Feltrin
Vulco(Ornamental)
_
120-140
_
Verde/vermelho
Cilndricocurto
2
,5x5,0cm
Picante
Feltrin
AmarelaComprida
_
115-125
Arbustivaeereta
Amarela
Cnico
_
Saborpicante
Agristar/Topseed
Pimentaparavaso
_
_
Compacta
Verde/vermelho
Cnico
1
0x9mm
Muitopicante
Agristar/Topseed
Redondaparavaso
_
_
Compacta
Verde/vermelho
Cnico
1
5x15mm
Picante
Agristar/Topseed
Cultivares
Ciclo
(dias)
Inciode
colheita
(diasaps
semeadura)
Planta
Cor
dofruto
Formato
Pesomdiode
fruto/Tamanho
(dimetrox
comprimento)
Outras
caractersticas
QUADRO2-Caractersticasdecultivare
sdepimentasdisponveisnomercadobrasileiro
1
NOTA:AsinformaescontidasnesteQ
uadrosoprovenientesdecatlogosesitesdasempresasdesementesSakata,
Hor
ticeres,Agristar/Topseed,
Isla,
FeltrineSeminis.
(1)Em2007,aIslalanartrsnovasvari
edadesdepimenta:aPirmideOrnamenta
l,aEspaguetinhoOrnamentaleaHbrida
GrisuF1.
Empresade
sementes
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23Cultivo da pimenta
apresenta a superfcie muito enrugada(Fig. 11). O formato pode ser alongado ouem meia lua, cujo comprimento varia de 13
a 25 cm e a largura de 1,2 a 2,5 cm. co-mercializada na frica, na ndia, no Mxico,
no Japo e nos Estados Unidos.
Serrano
A pimenta-serrano, tambm chamadapimenta-verde, originria do Mxico
(Fig. 12). mais pungente que a Jalapeo.Os frutos so alongados, possuem parede
fina a mediana, cerca de 5 a 10 cm decomprimento e 1 cm de largura. Os frutos
imaturos variam de verde-claro a verde-escuro e, quando maduros, podem apre-
sentar colorao vermelha. O consumo
dessa pimenta quase exclusivo na for-ma de fruto fresco e em estdios ima-
turos.
Cereja
Os frutos da pimenta-cereja so pe-quenos, redondos (Fig. 13) e levemente
achatados, de colorao verde, quandoimaturos, e vermelha, quando maduros.
Podem ou no ser pungentes, dependendo
da cultivar. So usados para a produo depicles e tambm consumidos frescosem saladas. Assim como as pimentas
Cayenne e Serrano, a Cereja poucodifundida no Brasil.
Dedo-de-moa
A Dedo-de-moa uma das pimentasmais consumidas no Brasil, especialmente
nos estados de So Paulo, Rio Grande doSul e Gois. As plantas so arbustivas, com
cerca de 1 m de altura. Os frutos soalongados, de colorao vermelha, quandomaduros, e medem cerca de 1-1,5 cm dedimetro e 8-10 cm de comprimento. Apungncia suave (Fig. 14). Este tipo depimenta pode receber outros nomes,dependendo da regio e dos diferentesusos, tais como Chifre-de-veado, porapresentar frutos de maior tamanho e, svezes, de colorao vermelha mais inten-
sa, sendo muito utilizada para confeco
Figura 11 - Pimenta-cayenne (Capsicum annuum var. annuum)
Figura 12 - Pimenta-serrano (Capsicum annuum var. annuum)
Figura 13 - Pimen ta-cereja (Capsicum
annuum var. annuum)
de molhos, e pimentas Vermelha ou
Calabresa, quando utilizadas desi-dratadas na forma de flocos com semen-tes.
Cambuci
A pimenta-cambuci, tambm chamada
Chapu-de-bispo ou Chapu-de-frade,apresenta frutos em formato campanulado,
de tamanho mediano e, geralmente com 4cm de comprimento e 7 cm de largura; a
colorao do fruto verde ou verde-clara,
CleideMariaFerreiraPinto
CleideMariaFerreiraPinto
CludiaSilvadaCostaRibeiro
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24 Cultivo da pimenta
quando imaturo, e vermelha aps a ma-turao (Fig. 15). Os frutos so consi-derados doces (ausncia de pungncia),porm podem ser encontrados no mercadocultivares levemente picantes (RIBEIRO,2004).
CumariA Cumari, tambm conhecida como
Cumari-verdadeira, pimenta-passarinho,Cumari-mida, Comari ou Pimentinha,possui frutos pequenos, eretos, de formatoarredondado com cerca de 0,5 cm dedimetro ou ovalado com 0,6 a 0,7 cm decomprimento e 0,5 cm de dimetro (Fig. 16).Possui aroma suave, pungncia elevada e utilizada em conservas.
Geralmente, os frutos so comercia-
lizados verdes (imaturos), pois, quandomaduros, por desprenderem-se facilmenteda planta, servem de alimento para pssaroscomo o bem-te-vi, sabi e sanhao. A nicadiferena entre C. baccatumvar. baccatume C. baccatumvar.praetermissumest nacolorao das flores. A primeira apresentaflores brancas com manchas esverdeadasnas bases, enquanto a segundapossui umafaixa lils-violeta na margem das ptalas.
A maior variabilidade de C.baccatum
var. baccatum encontrada na Bolvia,enquanto C. baccatumvar.praetermissum exclusiva do Brasil. Porm, ambas soencontradas no Brasil, sendo a variedadebaccatummais comum na Regio Sul e avariedade praetermissum comumenteencontrada na Regio Sudeste, especial-
mente Minas Gerais (Tringulo Mineiro) etambm no Centro-Oeste.
Poucas companhias existentes no Brasilcomercializam sementes de pimenta e aque-las que o fazem restringem-se a alguns ti-pos especficos, como cultivares de pimen-
ta do tipo Jalapeo (sementes importadas),Cambuci ou Chapu-de-frade, Mala-gueta, Dedo-de-moa (Quadro 2).
Pimenta-de-mesa
Alm das variedades citadas, a espcieC. annuumvar. glabriusculum, conhecidana Regio Norte do Brasil como pimenta-de-mesa, tem sido utilizada, principalmente,como ornamental, em razo da folhagemvariegada, do porte ano e dos frutos com
diferentes cores no processo de maturao(Fig. 17). Geralmente, as plantas apresentamuma flor por n, de cor branca, violeta, roxaou branca com manchas violetas difusas epedicelos eretos. Os frutos so pequenos,com formas ovaladas a cnicas, eretos,verdes ou roxos-escuros, quando imaturos,e vermelhos, quando maduros.
Pimenta-doce
A pimenta-doce, tambm conhecida
Figura 14 - P imen ta-ded o-de- moa
(Capsicum baccatum var.pendulum)
Figura 15 - Pimenta-cambuci (Capsicum var. pendulum)
Figura 16 - Pimenta-cumari (Capsicumbaccatumvar. baccatume C.baccatumvar.praetermissum)
CleideMariaFerreiraPinto
CleideM
ariaFerreiraPinto
JooAguiarNogueiraBatista
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25Cultivo da pimenta
como pimenta-verde ou pimenta-americana,assim como o pimento, pertence espcieC. annuum. Este tipo de pimenta, por nopossuir pungncia, tem boa aceitao entreos consumidores que a utilizam no prepa-ro de pratos da culinria brasileira, subs-
tituindo, muitas vezes, o pimento-verdetradicional (Fig. 18). Existem no mercado,alguns hbridos de pimenta-doce tipoamericana, que so cultivadas princi-palmente nos estados de So Paulo e Bahia(Quadro 3).
A cultivar de pimenta-doce mais co-nhecida a Agronmico 11, cujas plantasso de fcil cultivo, vigorosas e tm elevadaproduo. Os frutos so de formatoalongado (3,5 a 4,5 cm de dimetro e 16 a
19 cm de comprimento), peso mdio de 50 a60 g e colorao verde-clara. Outra carac-terstica dessa cultivar a resistncia aovrus PVY (Vrus Y da batata). A colheitainicia-se aos 110-130 dias aps a semeadura.
MELHORAMENTO DE PIMENTA
Para o sucesso de um programa de me-lhoramento de fundamental importnciaque haja progresso gentico. No entanto,a obteno de plantas superiores depende
da existncia de variabilidade gentica nogermoplasma analisado. As variaes tmque ser estveis, independentemente dosdiferentes ambientes, onde a nova cultivarfor plantada e avaliada. A anlise dasvariaes genticas intra e interespecficaspossibilita o conhecimento da organizaoe estrutura das relaes evolucionriasocorrentes no gnero. Alm disso, so degrande importncia em programas demelhoramento a utilizao de hibridaes,
por fornecerem parmetros para aidentificao de genitores que, quandocruzados, aumentam as chances derecuperao de gentipos superiores nasgeraes segregantes.
O gnero possui ampla variabilida-de gentica, evidenciada pela grandevariedade de espcies. Parte desse ger-moplasma tem sido conservado em bancosde germoplasma, tais como as colees doBanco de Germoplasma de Hortalias
Figura 17 - Pimenta-de-mesa (Capsicum annuumvar. glabriusculum)
Figura 18 - Pimenta-doce (Capsicum annuum)
(BGH), da Universidade Federal de Viosa(UFV), do Centro Tecnolgico da Zona daMata (CTZM), da EPAMIG, e da EmbrapaHortalias, dentre outros (Fig. 19). En-tretanto, para que haja maior uso desses
recursos, de fundamental importncia oconhecimento e a organizao dessa va-riabilidade gentica existente.
Os programas nacionais de melho-ramento de pimentas so restritos em
Cludia
SilvadaCostaRibeiro
CludiaSilvadaCostaRibeiro
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26 Cultivo da pimenta
QUADRO 3 - Caractersticas de cultivares e hbridos de 'Pimenta-doce 'ou 'Pimenta-americana'disponveis no mercado brasileiro
Hbridos/Cultivares
Ciclo(dias)
Incio dacolheita
(dias apssemeadura)
Planta Cor do fruto Formato
Peso mdio defruto e
dimetro xcomprimento
Outrascaractersticas
Empresa desementes
Hbrido Dirce R
Hbrido Lipari
Hbrido Dnamo
Hbrido Pinquio
Hbrido Fushimi
Amanaga
Hbrido Housan
Shishitou
Hbrido Foulki
Hbrido Thas
Doce Comprida
Agronmico 11
Amarela Alongada
Doce Italiana
110-130
_
_
_
_
_
100
110
110-120
100-130
100
100-110
Vigorosa
_
_
_
_
_
Porte
mdio
_
_
Vigorosa e
produtiva
_
Vigorosa
Verde
Verde-escuro/
vermelho
Verde
Verde-escuro/
vermelho
Verde-
brilhante
Verde-
brilhante
Verde-escuro-
brilhante
Verde mdio-
vermelho
Verde-claro
Verde-claro
Verde-claro/
amarelo
Verde/
vermelho
110-130 g
20-22 cm comp.
130 g
5 x 27 cm
_
130 g
6 cm
_
180-200 g
5-6 x 20-23 cm
45-55 g (12 x 4 cm)
50-60 g e 3,5-4,5 x
16-19 cm comp.
10-15 cm comp.
200 g
5 x 18 cm
Resistente a
PVY (estirpe
1-2) e ToMV
Resistente a
TMV
Resistente
a TMV e
PVY
Alta
produtividade
Alto
pegamento
seqencial
dos frutos
Muito
produtiva
Resistente a
TMV
_
_
Resistente a
PVY
Sabor
adocicado
Sabor suave
Sakata
Clause Tezier
Clause Tezier
Sakama
Sakama
Sakama
Agristar/
Topseed
Feltrin
Feltrin
Sakata
Isla
Agristar/
Topseed
Alongado
Alongado
Alongado
Alongado
Alongado
Alongado
Cnico
Cnico-longo
Cnico
Alongado
Comprido
Cnico
_
_
_
_
_
NOTA:As informaes contidas neste Quadro so provenientes de catlogos e sitesdas empresas de sementes Sakata, Clause Tezier, Sakama,
Agristar, Topseed, Feltrin e Isla.
funo, p
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