Alcione Pereira Grivot MandarinoCristianc da Conceic;ao de BarrosLuciana Dalla BenettaRegina Garcia Sobral Back
A ESCHERICHIA COLI0157:H7UM MICROORGANISMO EMERGENTE
RELACIONADO A DOEN<;ASVEICULADAS POR ALIMENTO
Trabalho de conclusao do curso deEspecializac;ao em VigiHinciaSanitaria de Alimcntos, sob aoricntar;ao da Pro I". AndreaRodrigues Barros.
CURITlBA2001
SUMARIO
INTRODUC:;:AO 04
JUSTIFICATIVA 06
OBJETIVOS 07
I:;. COLI - ASPECTOS E CARACTERJZAC:;:AO ETIOPATOLOOICOS 08
4.1 Etioiogia
4.1. J I~'scherichia coli jp.
4.2 I..;sellericllia coli 0157:H7
4.2.1 Patogenicidade
4.2.2 Diagnostico
4.2.3 Manifcstac;ocs Clinicas
4.2.4 Modos de Transmissao
4.2.4.1 Rescrvatorios Animais
4.2.4.2Incidencia
4.2.5 Distribuiyao GeognHlca e Sazonal
4.2.6 Ecoiogia
4.2.7 Controle
CONCLUSAO
REFERENCIAS BIBLIOORMICAS
08
08
10
10
13
14
17
18
19
20
21
22
24
25
I. L'ITRODU(:AO
A qualidade tOlal na prodw;:ao de alimentos esta condicionada a intcb'Tidade dos
mesmos, principalmcnte no que se rcrere a scguranQa em lennos de padroes microbio16gicos.
A evolu~ao e 0 surgimento de novas tecnologias para controle de microorganismos poderiam
nos levar a crer que ex;sta atualmente uma ampla seguranr;a no controle das doenQ3s
veiculadas por alimentos, porem os microorganismos patogenicos tambem evoluiram, atraves
de mutayoes e conjuga~ocs, tornaram-se resistentes a condiyoes inospitas a sua sobrevivcncia
e multiplic3r;ao, surgimento em loeais ainda !laO incriminados. diminuicao de doses
inrectantes e novas formas de virulencia, levando aD desencadeamcnto de novos surlOS
alimentares ocasionados por agentcs emergentes (FIGUEIREDO, 1999).
Os agentes emergentes se caracterizam por altas incidcncias nas ultirnas duas decadas
com tendencia de maior ocorrencia no futuro (CENTER FOR DISEASE CONTROL, 1993).
Nos ultimos anos, diferentes microorganismos tern sido associados a enfermidades
transmissiveis por alimentos, incluindo S'almonella typhimllri1l11l (PT IO~), Salmonella
ellleritidis (ALTEKRUSE et aI, 1997), Campy/obaeter sp, Yersinia ellfero/colitiea, Vibrio
vlIlllificus, Trichinella spiralis, Cyc/uspoI'Q cayefanensis e I~:\'cherichia eoli 0157:H7
(TAUXE, 1997).
A t.scherichia coli 0157:H7 foi isolada e identificada como uma nova bacteria
patogenica em surtos de uma sindrome distinta de diarreia sanguinolcnta, que ocorreram em
1982 (RILEY, 1983). Desde entao, esse pat6geno vern sido reconhccido mundialmentc, como
um importante microorganismo na genese de docn~as veiculadas por alirnentos. Nos Estados
Unidos da America este sorotipo de Escherichia coli tern sido responsabilizado por mais de
20.000 casos de disturbios diarreicos sanguinolcOlos que precedem ou nao a casos de falencia
renal aguda principal mente em crianc;:as e idosos, desenvolvendo a Sindrome Un!mica
Hemolitica, levando a muilos a uma evoluc;:ao fatal (COUNCLL FOR AGRICULTURE
SClENCE AND TECHNOLOGY, 1994).
A Organizac;:ao Mundial da Saude preocupa-se particulannente com as diarreias
sanguinolentas, pois se sabe que csta c uma das maiores causas de morbi dade e mortalidade
entre as crianc;:as dos paises em desenvolvimcnto, ainda que 0 agente causal especifico seja
desconhecido porque a investigac;:ao dos surtos na~ dispoe de urn suporte adcquado (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1997). Dada a severidade de muitas dessas doenc;:as, 0
conhecimento de lodas as etapas do processo produtivo dos alimentos se faz necessario, para
que haja a possibilidade do controle dos processos ligados a materia-prima, manipulac;:ao,
transporte, Fontes contaminantcs, agcnte etiologico, meio arnbicntc e individuos susceptiveis
(ALTEKRUSE el ai, 1997).
2. JUSTIFICATIVA
A Escherichia coli 0157:H7, e urna bacteria emergenle c tern sido responsabilizada
por alta incidcncia em surlos nao apenas nos Estados Unidos da America, assim como em
QuIros paises. As toxinas produzidas por esse sorotipo 0157:H7 causam urna colile
hemornl.gica que pode levar a Sindrome Uremica Hemolitica (SUH), podendo ocasionar a
morte do pacienle infectado.
A docnI;:a no hom em tern sido relacionada ao consumo de difercntes tiros de
alimentos. destacando-se: came bovina mal cozida e QuIros produtos a base de carne, leite eru,
vegetais, especiahnenle aqueJes consumidos crus, molhos preparados para saladas, maionese,
cidra de maya recctn processada, pode-se dizer, no gera!, que a carne bovina e urna das fonles
potenciais de t;scherichia coli 0157:H7, sendo que 0 trato gastrointestinal de bovinos e
reservatorio intennediario destes microorganismos (KNIGHT, \993). A via de transrnissao do
agenle e rcpresentada pelo consumo desses alimentos contaminados de forma direta ou
indireta.
Devido aos fatores da epidemiologia e virulcncia do agenle pennanecerem nilo
completamente escJarecidos, 0 impacto dos recentes surtos e a severidade dos mesmos, chama
atcm;:ao para a importancia do conhecimento das principais caracteristicas dessa bacteria. No
Brasil existem poucos estudos ate 0 momento e nenhum programa de vigilancia para os cases
de surtos alimentarcs por Escherichia coli OI57:H7.
3. OBJETIVOS
Realizar lim levantamento de clados sobre a infecyao causada por Escherichia coli
0157:1-17 e seu modo de transmissao.
4. E. COL/- ASPECTOS E CARACTERlZA(:AO ETIOPATOLOGICOS
4.1 Etiologia
4.1.1 Escherichia coN sp.
A l'.;scheric/tia coli pertence a familia Enterohactericeae que se caractenza per
apresentar·se como urn bacilo Gram-negativo, moveis com flagel0 ou imoveis e que nao
formam esporos. Esta familia possui 27 generos e 7 grupos cntericos com mais de 110
especies, agrupados com base na homologia do DNA, propriedades bioquimicas, rea~oes
sorol6gicas, susceptihilidade aos bacteri6fagos genero e esp6cie especificos (MURRAY,
1992).
Dcntre as Enterobaclericeaes, 0 gencro I:.;sclzerichia consiste em no mini me cinco
especies, sendo a Escherichia coli a m<lis frequentemente isolada. Os diferentes grupos
sorol6gicos de Escherichia coli sao detenninados pela presenya de antigenos de natureza
polissacaridica e lipopolissacaridic3, localizados na parede bacteriana, tambem chamados de
antigenos somaticos "0" que conferem as bacterias a caracteristica de colonia lisa
(TRABULSI, 1998). Varios grupos soroJogicos tern sido identificados e tipiftcados par
direrentes tecnicas sorol6gicas (ORSKOV ef ai, 1977), recebendo designac;:oes nurnericas
(026.0111.0157), mas somente alguns grupos tern se mostrado patogenicos (ORSKOV, 1992).
A runc;:ao dos antigenos somaticos nao csta completamente detenninada, tem-se concluido que
algumas cepas de Escherichia coli, que possuem detenninados grupos "0", apresentariam
vantagens no carreamento do material genetico, relacionados a questocs ligadas a
patogenicidade da bacteria, incluindo a produyao de toxillas (EVANS el 01,1977)
Os antigenos "H" conferem motilidade a bacteria e os antigenos uK" sao proteinas
pencncenles it capsula das mesmas (TRABULSI, 1998). Esta estrutura circunda a parede
bacteriana, auxilia na prote~ao do agente contra mecanismos imunol6gicos entericos de
deresa (HADAD, 1982).
A Escherichia coli esta envoi vida frequentementc em muitos casos de septicemias.
infecc;oes das vias urimirias e gastroenteritcs. As linhagens de Hscherichia coli responsaveis
principalmentc por doenc;as entericas tern sido classificadas como enteropatogenicas - EPEC,
enteroloxigcnicas - ETEC, enteroinvasivas - EIEC e enterohemorragica (EHEC).
enteroagregativas EAggEC e de aderencia difusa (LEV1NE, 1987; GYLES, 1992; SMITH,
1992; LEVINE, 1993; PORAT el aI, 1988). A Escherichia coli enteropatogenicas, tern por
caractcristica a aderencia na membrana plasmatica dos enter6citos e causam dcstruic;ao das
microvilosidades adjacentes. sendo os sintomas principais nauseas, vomito, febre e diarrcia
nao sangllinolenta. A Escherichia coli entcrotoxigenica produz lima toxina semelhante 1.\ do
Vibrio cholera, sendo caracteristicos sintomas como vomito, nauseas e colica devido it
hipersecrec;ao de liquidos e eletrolitos no intestino delgado. A I~:<;cherichiacoli cnteroinvasiva
por sua vcz, invade c destr6i 0 epiteiio do c6lon, produzindo febre, c6licas e hemorragias,
ali ada a presenc;a de leuc6citos em amostras de fezes. A colite hemoIT<lgica associ ada 11 dor
abdominal intensa, diarn!ia sanguinolenta e pequcna ou nenhuma febre e causada por
Escherichia coli enteroemorragica. A c1assiticac;ao sorol6gica dos isolados provou scr util
pois cerca de 80% das cepas de EHEC sao sorotipos 0157:1-17 (MURRAY, 1992).
A capacidade da E ••cherichia coli de manifestar seus efeitos patogenicos csta
direlamente relacionado no fenomeno de adesao, que ocorre atraves da interac;ao do agente as
cclulas cucari6ticas, principalmente as epitcliais (ACRES, 1983~ HACKER, 1992) a produc;ao
de toxinas, a invasao celular c a disseminac;ao sistemica pelo hospedeiro (GYLES, 1992).
A adesao e mediada por finos filamentos de natureza proteica, que se projetam na
superficie bacteriana, denominados fatores de coloniza9ao, fatores de aderencia, ou adesivas
(ACRES, 1983; HACKER, 1992). Apos esta adesao, as toxillas produzidas pclas arnostras de
Escherichia coli interagem com receptores na celula epitelial c sao veiculadas para 0 interior
da celula.
4.2 Escherichia coli 0157:"7
Como todas as outras Escherichia coli e urn bacilo Gram negativo, porem nao
fcrmcnta sorbitol rapidamente (FARMER, 1985) c nao produz bcta-ghcoranidase
(THOMPSON, 1990). Em adi9ao nao cresce bern em 41DC, por isso nao pode ser detectada
por muitos proccdimcntos padrues para contagem de coli formes feeais em alimentos e agua.
Nao e invasiva em teste padnl0 in vi/roo Estudos em lei tOes gnotobioticos e em cultivos
eelulares nao demonstraram nenhuma evidcneia de invasao extensiva e muitiplica930
intracelular como 0 que oeorre com a Shigella (TZ1.PORI ct ai, 1986; TOTH el ai, 1990).
4.2.1 Patogenicidadc
o mecanismo de aderencia nas celulas da mucosa intestinal e produ93o de toxina
Shiga-like pareee ser as propriedades que eonferem a este microorganismo sua maior
virulcncia. KARC ef al (1987) examinando cepas de E,·cheric/7ia coli 0157:H7 isoladas de
pacientes com colite hemomigica ou Sindrome Uremica Hemolilica, descrcveram a presen9a
de um plasmidio necessario it expressao de urna pili que dctenninaria a adesao do agente a
celulas entericas de linhagem humana, a HENLE 407 este processo de adesao possibilitaria a
10
introdU(;ao de citotoxinas para 0 interior celular (KARCH el aI, 1987) e oulros autores
JUNKIS, DOYLE (1989) descreveram que esta aderencia ocorreria por fatores distintos aos
propostos por KARCH el al (1987). Contudo TOTH el al (1990) propoe que a aderencia
inicial seja mediada por urn plasmidio de 60.megadalton enquanto que a aden'!ncia mais
intima possa ser mediada por cromossomos.
As cepas do sorotipo 0 157:H7 podem produzir toxinas com ereito citopatico, ill vitro:
em celulas Vero (celulas de linhagem renal de macaco verde africano). Estas toxinas com
creilo citotoxico em celulas Vero sao denominadas verotoxinas·VT (LEVINE, 1987). Tanto
em estrutura como em atividade elas sao semelhantes it toxina Shiga produzida pela Shigella
dysinlerial tipo I. KONOWALCHUK (1977) foi 0 primeiro a identificar uma toxina Shiga·
like produzida par cepas de I::scherichia coli e foi quem a denominou de verotoxina. Segundo
O'BRIEN ef al (1983) a verotoxina VTI c estrutural e imunologieamentc igual it toxina
Shiga, sendo neutralizada pela tm.::ina anti·shiga. A verotoxina VT2 e uma segunda toxina
lambem produzida por cepas de t:scherichia coli verotoxigenicas, sendo menos toxica para
celulas Vera c mais toxica para ratos e causando cohle hemornigica em coelhos adultos,
enquanto que a toxina Shiga·like I nao sc comporta desta maneira (O'BRIEN, 1987). Os
genes para ambas toxillas sao fago decodificados, 0 que sugere que a I~·sc"erichia coli
0157:1-17 pode teT adquirido eslas toxinas atraves de transferencia fago-mcdiada
(STROCKBINE el ai, 1986).
As toxinas Shiga.like sao proteinas com uma grande sub·unidade A (a porc;ao ativa) e
cinco pcquenas sub·unidades B que intcragern com rcccptores da supcrfkie ce1ular de
natureza glicolipidica. SubseqOentemente, a sub-unidade A seria carreada para 0 interior
celular, reduzida enzimaticamente a uma subfraCao AI, que se ligaria a ribossomos 60s
inibindo a sintese protcica, levando a moTte celular (O'BRIEN, HOLMES, 1987).0 principal
11
delerminanle da sensibilidadc celular parece ser 0 receptor de superl1cie, globotriosil
ceramida (L1NGWOOD el aI, 1987~ WADDEL et ai, 1988). Este receptor esta presente nas
ceJuJas veda e em outras linhagens celulares sensiveis a toxina Shiga·like e em tccido renal
humano (LiNGWOOD el ai, 1987; BOYD, LlNGWOOD, 1989; KARMALI, 1989).
Adicionalmente, GYLES (1992) refere que as altera90es vasculares descritas em infec90es
por cepas de t:scherichia coli verotoxigenicas. principal mente no homem, decorreriam da
citotoxidade das verotoxinas ao endotelio vascular. E importante tam bern rcssaltar que a
Escherichia coli 0157:H7 tern urn gene crornossomal denominado eae, responsavel pclas
aitera90es do citoesqueleto das c61ulas epiteliais da mucosa intestinal com destrui9ao das
microvilosidades causando elimina9ao de sangue nas rezes e acumulo de actina no local de
adesao decorrente da inibi93.0 da sintese protcica (MENG el ai, 1994).
Mais de sessenla sorotipos de Escherichia coli tem side idcntificados como produtorcs
de verotoxinas (KARMALI, 1989). WELL el al (1991), examinando amos!ras feeais de
bezerros e bovinos adultos nos Estados Unidos da America, idcntificaram 0 sorotipo
o 157:H7, al6m de vintc e oilo sorotipos de F:.w.:herichia coli verotoxigenicos, dos quais treze
associados a doen9a no homem. 0 termo !:"sclrericllia coli enterohemomigica e utilizado em
referencia aos sorotipos de t::scherichia coli que causam doen9a clinica semelhante a causada
pelo sorotipo 0157:1-17. LEVJNE et 01 (1987) define 0157:1-17 como sorotipo da E'icherichia
coli e 026:1-111 como Escherichia coli enterohcmomlgica; TZIPORI (1988) propos a adi9ao
dos sorotipos 04:NM; 045:H2; OI11:NM e 0145:NM (NM: "nom motile") = imovel, com
base nos esludos em leitoes. Enlrctanto, a 0157:H7 tern side considerado atualmente 0
sorolipo verotoxigenico mais importante de Escherichia coli associado a infecc;oes tanto no
homem como em animais (TARR, FENG, 1996; ALTEKRUSE el ai, 1997).
12
Para uma investiga~ao cUnica imediata das amostras de fezes suspcitas de t:scheric lia
coli 0157:H7, pode-se utilizar 0 agar MacConkey, pois a mesma nao rermenta 0 sorbitol
rapidamenle (FARMER, DAVIS, 1985; MARCH, RATMAN, 1986). Em lorna de 15% das
amostras recais de diarrt!ias humanas contem organismos nao rermentadores de sorbitol
(MARCH, RATMAN, 1986). CoJonias de colironncs que sao descoloridas em 24 horas em
Agar MacConkey sorbitol podem ser identificadas usando aglutinayao direta com 0 anti-soro
0157 latex conjugado comcrcial (fARMER, GRlFFIN, \988). A f:scherichia hermanii tern
side rclacienada como aglutinante do anti-sor~ 0[57 (BORCZYK et ai, 1989 e LIaR, 1987) a
exclusao seria por detennjna~ao do antigeno H. A Escherichia coli e facilmente isolada nas
fczes na primcira semana ap6s 0 aparccimento dos sintomas, ap6s este periodo, 0 seu
4.2.2 Diagn6stico
isolamenlo loma-se difieil (WELLS ef ai, 1983).
Ensaios imunoenzimaticos (ELISA), sao utilizados para detecyao de toxinas Shiga-like
em eultura au em extralos fecais (ASH KENAKI, CLEARY, 1989; SCOTLAND, 1988).
Provas de DNA para genes de toxina Shiga-like siio usadas para investigar centenas de
colonias de t:\'c11erichia coli placas de isolarnento. Pesquisa de genes de pJasmidios com
sessenta megadalton e muito sensivel para delectar ',,:~chericlria coli 0157:1-17 e menos para
outras Escherichia coli entcrohemorni.gicas produtoras de toxina Shiga-like (LEVrNE, 1987).
Reayoes a polimerasc em cadeia (PCR) para toxina Shiga-like podem propiciar 0 diagn6stico
de infecyoes por Escherichia coli produtora de toxina Shiga-like quando houver poucos
microorganismos ou os mesmos cstiverem inviaveis (POLLARD ef ai, 1989; STROCK BINE
el ai, 199/). Segundo TRABULSI (1998) a identifical'ao de EHEC e feila pela dosagem das
13
toxinas em cultura de tecidos (celulas Yero ou Hela) ou atraves de sondas gencticas que
detectam os genes que as codificam.
Os anticorpos para 0 antigeno 0157 sao detectados em sorologia de pacientes com
infec~oes reccnles para I::w:herichia co/; 0157:H7 podem ser especificamente uleis para
determinar a causa de SHU (CHART el ai, 1989).
4.2.3 ManifcshH;:OCS Clinicas
As inrcc~oes por Escherichia co/; 0157:1-17 no homem podcm ocasionar diferentes
maniresta~oes cJinicas.
o periodo de incubac;ao varia de Ires a nove dias, com media de quatro. A dura~ao da
docn~a varia de 2 a 9 dias, cvo\uindo para a Sindrome Uremica I-Icmolilica (SUH), situa~ao
em que ocorre destrui~ao de eritr6citos e insuficicncia renal aguda, levando as vezes a
nccessidade de di<ilisc, transplante dos rins ou mcsmo ate a morte (USDA, 1994; WEAGANT
el ai, 1995).
o termo Sindrome Uremica Hemolitica refere-se a sindrome clinica cnracterizada por
insuriciencia renal aguda, trombocitopenia e anemia hemolitica, ocorre tipicamente em
crian~as entre dois meses e nove anos, sendo a idade media do grupo 12,5 meses, podendo ser
vista em adultos tambem. A sindrome pareee ser endemiea em determinadas areas do mundo
como na Argentina, Africa do Sui e costa oeste dos Estados Unidos. As crian~as apresentam
inicialmente um quadro de gastroenterite ou uma infeeyao de trato respirat6rio superior,
aprcsentam diarreia sanguinolenta e dor abdominal, que por vezcs e 0 sintoma preponderante.
A este quadro inicial scgue-se 0 apareeimento abrupto de anemia, fraqueza, purpura e
oliguria. Em delenninadas areas do mundo sinais neurol6gieos sao proeminentes. Na SUH
14
ocorrcm lesoes do endotelio vascular renal. provocados pela ac;50 de verotoxinas das cepas de
J:;scherichia coli 0157:1-17, produzidas e absorvidas a partir do epitelio intestinal.
A Tabela 01 apresenta diferentes complica~oes notificadas em pacientes infectados
pelo sorolipo 0157:1-17, acometidos por disturbios ente-ricas, com ou scm evolu~ao para
manifesta((oes renais. Alguns pacicntes com recupera((30 aparente da Sindrome Uremica
J-Iemolitica podem apresentar anonnalidades da fun((ao renal como a proteinuria, a
hipertensao, a reduc;ao na filtra~ao glomerular e na concent"rac;ao de urina mesmo varios anos
apos a infee,ao cliniea (VANDICK 01ai, 1988; SIEGLER 01ai, 1991).
Tabela 0 I - Manifesta((oes Clinicas Associadas a Infec.;oes por Escherichia coli 0157:1-17
no Homcml
Sintomas Clinicos
:? 10% dos casos diagnosticados
Ocorrencias
Colite hemomigica 2: 90% dos casos diagnosticados
Diarreia scm sangue
Sindrome Uremica Hemolitica (SUI-I) 2: 10% dos pacientes infectados
Complica((oes intestinais e extraintestinaisoriginadas de infec.;oes entericas2
< 5% dos casos diagnosticados
Portadores assintomaticos Nao csclarecido
Adaplado de ROBSON el ai, (1993) e 1'ARR, (1995).2 Complic3((Oes: perfura((uo de colon, intussuscep((ao prolapso renal, cistite hemorragica,liliase biliar, pancreatite, anemia hemolitica, dificuldade respiratoria, hipertensao, convulsoes,como, entre oulros.
A freqOencia de infecyoes subclinicas pelo sorotipo 0157:1-17 no homem permanece
nao total mente esclarecida, ou seja, 0 estado de portadores humanos nao esta completamcnte
caraclerizado. Por outro lado, a Escherichia coli 0157:1-17 tern sido identificado em baixa
freqOencia em amostras fccais de pessoas contactantes de pacientcs com isolamento positivo
do agenle em material fecal (1' ARR, 1995).
15
Segundo ALTEKRUSE el 01 (1997), as infec~ocs por Escherichia coli 0157:H7
representam a maior causa de falha renal aguda em crianc;;as nos Estados Unidos da America,
dos quais 3 a 5% com evoluyUo fatal, sendo que aproximadamente 12% rccuperam-se com
sequeias, manifestadas por doem;a renal cTonica, hipertensao e/ou sinais ncurologicos. De
fenna similar, BEGUE el a/ (1998) referem que a SUH pelo sorotipo 0157:1-17 e a causa mais
comum de insuficiencia renal aguda em crianyas acompanhada de manifestac;;oes entericas
como a diarrCia, em 90% dos casos, com taxas de mortalidade ao redor de 5% seguida de
seqiielas em aproximadamente 50% dos pacientes.
A populayao alva pode seT qualquer faixa etaria, sendo maiores os riscos para os
idosos e crianyas menores de 5 anos, ak~m de individuos imunodeprimidos ou com problemas
renais (WEAGANT el ai, 1995).
A colite hcmorrngica provocada pelas linhagens de Escherichia coli 0 I57:H7 inicia-se
com uma diarreia sanguinolcnta caracterizada por dores abdominais sevcras, diferindo das
manifestac;:oes c1inicas causadas por outros agentes invasorcs, pe1a grande quantidade de
sangue nas fezes e ausencia de febre. As dores abdominais observadas no quadro
caracteristico da colite hcmoIT<'tgica sao comparadas em intensidade as do trabalho de parto e
mais fortes que as de apendicite. Em alguns casos podem aparecer urn pseudo-tumor no c610n
(pADHYE el ai, 1994).
o quadro clinico da purpura trombocitopenica tromb6t-ica (PTT) e caractenzado por
anemia hemolitica, fcbre, purpura trombocitopenica e achados neurol6gicos. A doenc;:a e
rapidamente progrcssiva e a morte OCOITe nos tres primciros meses, por le550 neurol6gica ou
hemorragia. Alguns autores acreditam que a prr e uma lonna aduJta da SUH. As diferenc;:as
entre PTT e SUH sao rnais com relac;:ao a distribuic;:ao e grau de comprometimento vascular do
que com relac;:ao it natureza das lesocs. As manifestac;:oes clinicas sao caractenzadas por
16
sintomas gastrointestinais ou de trato respirat6rio allo, pouco especifico (GRIFFrN, P.M.;
TAUXE, R.N., 1991).
Ainda nao se sabe ao certo a quantidade necessaria para provocar os sintomas a partir
da ingestao de alimenlos contaminados, pOf(!m de acordo com os dados obtidos em sUrlOS,
parece ser bern baixa. situando-se na faixa de 10 a 10.000 celulas por gram a ou mililitro de
produto consumido (CDC - CENTER FOR DISEASE CONTROL - 1993).
Os veiculos de contaminayao observados em alguns surtos, por exemplo, a came,
estava mal cozida, nao tendo ficado exposta por muitas horas a temperaturas que poderiam
pcnnitir 0 crescimento bacleriano. ISlo indica que menos bacterias sao necessarias para causar
a doenya que em oulros surlos. Porem C observada uma caracleristica reminescente da
Shigella que e a aparcntc facilidade de transmissao pcssoa/pessoa em locais de higiene
limitada(GRIFFIN,1991).
Foi constatado como co-fatores de risco a gastrectornia e tcrapia antimicrobiana
precedente, sugerindo que a acidez gastrica c a nora intestinal normal ofereccm algurn grau de
proteyao contra a doenca (GRIFFlN, 1991).
4.2.4 Modos de Transmissao
Nos ultimos anos, devido it ocorrencia de surlOS de grandes proporcoes, os estudos
levantados sobre a incidencia de Fsclrerichia culi 0157:H7 em alimcntos tern sido de suma
importancia para 0 desenvolvimento de mctodos mais r<ipidos e eficientes para a sua dcteccao.
Dentre os alimentos incriminados ern surlos como came bovina mal cozida e outros
produtos a base de carne, Icite cru, vegetais especial mente aqueles consumidos crus, molhos
prcparados para salada, maionese, cidra de maca, agua tratada; em geral a carne bovina e uma
17
das fontes potenciais de Escherichia coli 0157:1-17, uma vez que ° trato gastrointestinal de
bovinos e reservatorio interrnediario desses microorganismos (KNIGHT, 1993).
Outros estudos como: TILDEN, et al (1996) investigaram a causa da contamina~ao do
sal arne fcrmentado, ap6s urn surto com dezcsscte casas de I:;scharichia coli 0157:H7 nos
estados de Washington e California; BRESSER, et 01 (1993) verificaram a ocorrencia de Ires
surtos ocorridos com trinta e tres pessoas com suco de malta contaminado por I';scherichia
coli 0157:1-17 em um restaurante na cidade de Wisconsin, nos Estados Unidos; SABE'ITI, at
{II (1997) invcstigaram surlos de I:scherichia coli 0157:H7 nos estados de Michigan e
Virginia com bratns de aIfafa; MORGAN ef al (1993) identificaram suno de doenlta humana
do Reino Unido em 1991, acometendo dezesseis pessoas, dentrc as quais onze crianltas,
relacionado ao consumo de iogurte; constata-se, portanto, que diferentes tipos de alimentos
podcm estar envolvidos na veiculayao desle microorganismo. dcstacamos tambem que a
transmissao podera ocorrer por contato interpessoal.
4.2.4.1 Rcscrvatorios Animais
A Sindrome Uremica Hemo1itica no hom em esta relacionada ao consumo de difercntes
tipos de alimenlos, destacando-se os produtos e subprodutos de origem animal (KARMALI.
1989; GRIFFIN, TAUXE, 1991; TARR, 1995).
Apos 0 primciro suTto de infecyao por J'.·scherichia coli 0157:1-17, suspeita-se dos
bovinos como sendo 0 reservatorio deste microrganismo, posteriorrncntc ao rastreamento ate
a urn bife. Contudo, 0 Departamento do Laborat6rio Agricola/Animal dos Estados Unidos em
Ames, Iowa e 0 Laborat6rio de Pesquisa Veterinilria da Universidade Estadual da Pensilvania,
rc1ataram nao haver identilicay3.o previa de Escherichia coli 0157:H7 proveniente de fontes
18
animais nos Estados Unidos (in GRIFFIN, WELLS, 1983). Realizaram-se pesquisas quanto a
presenc;a da /,'schericllia coli 0157:H7 em amostras provenientes de gada 1eiteiro, em
fazendas, que estivessem implicadas com infecyoes humanas e nao conf"irmaram corre1aC;ao
entre os resultados obtidos. Constatou-se a prescnca da bacteria em 5,9% das amostras fecais
de novilhas e bezerros, em duas fazendas em Wisconsin e de 2,2% das amostras fecais das
novilhas e bezerros, em nove fazendas, em Washington (GRIFFIN, TAUXE, 1991).
Culluras investigat6rias de amostras fecais oriundas de gada saudavci, nao relacionada
a ncnhum suno, tamhem tern sido rcalizadas. Muitas dcstas invcstigacoes tern como alvo 0
gada ieiteiro, porque boa parte da carne consumida e proveniente destes animais. Nos Estados
Unidos, Canada, Inglaterra e Alemanha a Fschericllia coli 0 157:H7 foi isolada em 1% das
amostras, porem sem estar associ ada com a doenya em humanos (in GRIfFIN, CHAPMAN,
1989; WELLS, 1990; CLARKE, 1988; MONTENEGRO, 1990). E interessante notar que esta
taxa de isolamcnto tern maior incidencia em novilhas e bezcrros (GRiFFIN, 1991).
Em 1977, a ","scllericllia coli foi isolada de uma novilha com colibacilose na Argentina
(in GRIFFIN, ORSKOV, 1987) c na~ foi isolada em bezerros com diarreia nos Estados
Unidos (in GRIfFIN, JANKE, 1990), Esc6cia e 1ng1aterra (in GRIffIN, SHERWOOD,
1985) e Sri Lanka (in GRIFFIN, MOHAMMAD, 1985).
4.2.4.2Incidencia
As evidencias sugerem que infecyoes por Escherichia coli 0157:1-17 estao
aumcntando, apesar dos dados serem limitados e dificeis de interpretar porque 0 numero de
laboratorios que pesquisam cste microorganismo tern aumentado (LIOR, 1998).
19
Nao existe pesquisa sobre a incidcncia nos ESlados Unidos, conludo, os Cenlros de
Controle de Doenyas nao tern registro de surlos de diarn!ia sanguinolenta de origem
desconhecida antes de 1982, sugerindo que este organismo nao tinha side provavelmente urna
causa frcqOente dos surtos nos Estados Unidos no passado e no Reino Unido nenhuma cepa
0157 foi isolada em surtos de diarreia entre 1973 e 1983 (LlOR, 1998).
As pesquisas em varios paises indicam que a incidencia da Sindrome Uremica
Hemolilica eSla aumenlando e islo sugerindo um acrescimo das infecyoes por [':schericllia coli
OI57:H7(DAY,1983).
A Hscherichia coli sorotipo 0157:H7 foi associada pela primeira vez como agente
causal de doenya humana de origem a1imcntar em 1982 nos Estados Unidos, a partir de dois
surtos (Oregon c Michigan) associados ao consumo de hamburgueres bovinos em «fast-food"
(RILEY, 1983).
Apos a J~·scherichia coli 0157:H7 ter sido identificada como uma causa da colite
hemorragica, varios laboratorios nos Estados Unidos, Canada e Reino Unido revisaram sellS
regislros entre 1973-1983 para procurar este sorotipo, rcvelando somente urn isolamento
(HONISH, 1986).
4.2.5 l)istribui~ao Gcogriifica c Sazon.al da Escherichia coli 0157:117
Muitos isolamenlos deste organismo tern sido relatados nos Estados Unidos, Canada e
Reino Unido e parece ser mais fTeqiicntemente isolado em paises desenvolvidos (GRIFFIN,
1991).
o numero de casos esponidicos de infecyao por l:.:scJlerichia coli 0 157:H7 tern pico no
verao. No estado de Washington em 19870 pico da incidencia de casos oeorreu de junho a
20
Como nos surlos, os casos esponidicos de Hscherichia coli 0157:1-17 parecem ser mais
comuns no Canada c nos Estados Unidos c de maior incidcncia no Noroeste dos Estados
Unidos do que no SuI. No Canada a infecc;:ao de I~·scherichia co/; 0157:H7 e a Sindrome
Urcmica Hemolitica foram notilicados mais freqiientementc nas provincias do Oeste do que
nas do Leste. Se essas diferenc;:as refletem tendencias devido it cultura e notilicac;:ao ou se e
real, nao se sabc.
A alta taxa de isolamento para a I,:'ichericllia co/; 0157:H7 em urn estudo em Alberta,
Canada, sugere que as diferenc;:as podem estar relacionadas a diferentes rnetodos de transporte
de animais ou em diferenc;:as nos mctodos de processamento da carne (GIUFFIN, 1991).
A partir dos surtos diagnosticados inicialmcntc nos Estados Unidos, e postcriormente
no Canada e Reino Unido (DOYLE, 1991), somado ao aprimoramcnto dos recursos
diagnosticos para a identilicac;:ao do agente, 0 sorotipo 0157:H7 passou a ser identificado em
diferentes paises do mundo, incluindo Corcia, Belgica, China, Mexico, Egito, Japao, entre
outros, bcm como em paises da America Latina, Argentina, Chile e Bolivia (RIBEIRO, 1999).
4.2.6 Ecologi11
Nao se conhcce 0 motivo de a t:scherichia coli 0157:H7 ser mais facilmcnte isolavel
de fezes de gado jovem, ja que a dOel1C;:3em humanos esta associada com carne e produtos
lacteos derivados apenas de animais adultos (in GRIFFIN, !-lOWE, 1976). Se a J~·scherichia
coli e, de fato, rara no gada adulto, entaD 0 isolamento da mesma em carnes poderia sugerir
uma grande contaminac;:uo fecal na carne (GRIFFIN, 1991)
21
A durayao da eXCrCyaO, as rotas de lransmiss3.o, as condiyoes ecologicas das
propriedades, a patogenicidade e oulros aspectos da Escherichia coli 0157:H7 sao dados
comumente desconhecidos (GRIFFIN, 1991).
o isolamento de Escherichia coli 0157:H7 em rins de vitela levantou a possibilidade
de que 0 organismo possa colonizar ou infectar outros locais diferentes dos intestinos
(GRlFFlN,1991)
Reayoes cruzadas na sorologia ocorrem entre os antigenos de Brucella abortus e
lipopolissacarideos 0157 (in GRIFFIN, STUART, 1982). Muitos loles de gada bovino com
brucelose confirmada nos Estados Unidos, encontram-se nos estados do Sui e Centro-Sui, de
modo oposto it ocorrencia das infecyoes humanas por Escherichia coli 0157:H7.
Apesar de que estes modeJos opostos da doenya em humanos e no gada possam ser
coincidencia, seria interessante cstudar se os animais vacinados contra a Brucella sao
real mente menos colonizados por E:scherichia coli 0 157:H7 (GRIFFIN, 1991).
4.2.7 Controle
A principal preocupayao em detectar 0 desenvolvimcnto microbiano em a1imentos e a
de eliminar os riscos a saude do consumidor, bern como prevenir ou relardar 0 surgimento de
alterayoes indesejaveis nos alimentos.
o controle da Escherichia coli 0157:H7 asscmelha-se aos de outras linhas de
I,'scherichia coli, sendo facilmente inativada por procedimentos normais de cocyao e
tratamentos tennicos adequados (MERORELSTEN, 1993).
A prevenyao efetiva deve iniciar-se ja na seley3.o da materia-prima, observando-se, no
caso da carne bovina, a higiene do local de criayao do gada bovino, com disposiyao do lixo
22
separado do local de pastagem e confinamento, segregayao do gada doente e vacinayao em
dia. Na planla de processamenlo, deve ser evitada a entrada do animal sujo no local de abate e
a contaminayao cruzada, decorrente do contato das visceras e conteudo gastrointestinal com a
carne (WUETHRJCH, 1994).
o controle e a prevenyuo da I!.~·cherichia coli 0157:H7 nos produtos devem ser
garantidos pelas industrias atravcs de urn programa de higiene e sanitizayao, onde os
funcionarios sejam conscientizados e orientados sobre os cuidados essenciais para prevenir a
contaminayao do produto final durante as operayoes de processamento. Tambem e importante
que as empresas implantem 0 Sistema de Analise de Perigos e Pontos Criticos de Controle
(APPCC) ao processamento de seus produtos com 0 intuito de diminuir os riscos de
contaminac;ao atraves da I~'scherichia coli 0157:H7 bern como por outros pat6genos de
origem alimentar (USDA, 1994).
Nos Estados Unidos, as industrias de alimentos cameos estao testando com sucesso
urn outro tipo de medida de segurantya atraves do tratamento quimico da carne com fosfato
trissodico (TSP) na ultima etapa do processarnento para a reduc;ao da I!.'scherichia coli
0157:H7 (KNIGHT, 1993).
Outra medida que tern se mostrado eticiente na produyao dos alimentos de origem
animal c a irradiayao, apesar de esse metodo provocar polemica, urna vez que 0 assunto sobre
as doses minimas necessarias de radiayao para cada tipo de alimento encontram-se ainda em
discussao quanta ao consumo de alimentos irradiados (MENG el aI, 1994).
A terapia preventiva pelo uso de antibioticos ainda nao tern sua eliciencia comprovada
e em relatyao a vacinas contra a Sindrome Uremica Hemolitica, pode-se afirmar que ainda se
encontram em estudo e que deverao ser baseadas em anticorpos que se 1igam it toxina (TARR,
1994).
23
5. CONCLUSAO
Em 1980, a I~'scherichia coli foi considerada extinta como causa de diarrcia nos paises
dcscnvolvidos, sendo diagnosticada somente em viajantes em turismo. Com a ernergencia e 0
reconhecimcnto da Ic:scherichia coli 0157:H7 a situar;:ao mudou completamente, sendo causa
comum da diarreia sanguinolenta e ou nao sanguinolenta de diversas regioes.
Pesquisas sao necessarias para se determinar a patogenia da diarreia e da Sindrome
Uremica J-Iemolitica. Caracterizar;:ao dos mecanismos de aderencia, determinur;:ao do pape!
das toxinas e uma compreensilo das respostas imuncs para a infecyao podem tambem ajudar
no desenvolvimento do diagnostico e metodos lerapeuticos (GRIFFIN, 1991).
o aumcnto da t:scherichia coli 0157:H7 e da Sindrome Uremica Hemolitica e urn
importante problema de saude publica mundial. Uma mclhor observa.;ao de casos esponidicos
e de surtos por Escherichia coli 0157:H7 e outras [<,;scherichia coli produtoras de toxinas
Shiga~like e necessaria para melhor definir clinicamente a doen9a, a popula.;ao com 0 risco de
infec9ao e a gravidade da mesma, e os riscos e beneficios dos metodos de tratamento,
facilitara 0 monitoramento da disserninar;ao geogni.fica destes organismos e a mudanya nos
alimentos veiculadores com tam bern estudos dos mecanismos pelos quais os alirnentos sao
contaminados com a Escherichia coli durante 0 seu processamento e metodos instilucionais
para diminuir esla contaminayao sao necessarios (GRIFFIN, 1991).
Ressa1ta~se a importancia da conscientiza.;ao dos profissionais de saude sobre 0 risco
que estc microorganismo emergcntc aprcsenta, destacando~se a necessidade de pesquisas,
monitorizayao sobre a incidencia da infecr;ao e desenvolvimento de programas de preven.;ao.
24
6. REFERENCIAS BIBLlOGRAFlCAS
ACRES, S.P. Entcrotoxigcnia - Escherichia coli Infections in New Born Calves: a
Review. Journal Dairy Science. [S.1.1. v. 68, p. 229-225,1983.
ALTEKRUSE, S.F.; COI·IEN, M.L.; SWERDLOW. Emerging Food Born Diseases.
Emerging Infect Diseases. [S.I.], v. 3, nO 8, p. 1-12, 1997.
BENZ, I.; SCHIMTDT, M.A. Cloning And EXllrcssion of Adhesion Involved in Diffuse
Adherence of Enteropathogenic. Escherichia coli Infect Immunology. [S.L], v. 57, p.
1506·1511,1989.
BORCZYK, A.A.; KARMALI, M.A.;LlOR, H. eJ al. Bovine Reservoir For Verotoxin.
Producing Escherichia coli 0157:1-17. [S.I.], p. 98, 1987.
BOYD, 8.; L1NGWOOD, C. Vcrotoxin Receptor Glycolipid in Human Renal Tissue.
Ncphoron. [S.I.], v. 51, p. 207-210, 1989.
BRYANT, A.A., A-n'IAR, M.A.;PAl, CH. Risk Factors for Escherichia coli 0157:H7
Infection in a Urban Community. lournallnfect Diseases. [S.I.], v. 160, p. 658-664,
1989.
CENTER FOR DISEASE CONTROL. Update: Multistate Out Brake of Escherichia coli
0157:117 Infections From Hamburgers Western United States. Morbidity and
Mortality Weekly Report, v. 42, p. 258-263, 1993.
CHART, H.; SCOTLAND, S.M., ROWE, B. Serum Antibodies to Escherichia coli
Serotype 0157:"7 \Vith Hemolytic Uremic Syndrome. Journal Clinical
Microbiology. [S.'-], v. 27, p. 285-290, 1989.
COUNCIL FOR AGRICULTURAL SCIENCE AND TECHNOLOGY. Food Born
Pathogens: Risks And Consequences. Ames: Task Force Report. [S.l.], n° 122, 1994.
25
DAY, N.P., SCOTLAND, D.S.M.; CHEASTY, T. e/ al. Escherichia coli 0157:H7
Associated With Human Infection in The United Kingdom (letter). Lancet, v. 1, p.
825,1983.
DOYLE, M.P. Escherichia coli D.157:H7 And Its Significance in Foods. Intern Journal
Food Microbiology. [S.1.], v. 12, p. 289-302,1991.
EVANS, J.D.J; EVANS, D.J., DU PONT; H. ef al. Patterns of Bases of Entcrotoxigcnicity
by Escherichia coli Isolated From Adults With Diarrhea: Suggestive Evidence
For Interrelationship With Serotype. Infect Immunology. [S.L], v. 17, p.l05, 1977.
rENG, P. Escherichia coli Serotype 0157:H7: Novel Vehicles of Infection And
Emergence of Pcrcnotipic Variants. Emergence Infecto\ogy Diseases. [S.l.1, v. 1, nO
2,p.I-9,1996.
FARMER, J.1., DAVIS, B.R. Antiserum - Sorbitol Fermentation Medium: a Single Tube
Screening For Detecting Escherichia coli 0157:07 Associated \Vith Hemorrhagic
Colitis. Journal Clinic Microbiology. [S.I.], v. 22, p-620-625, 1985.
FIGUEIREDO, R.M. Programa de Redm;ao de Pat6genos. Sao Paulo, Coleyao Higiene dos
Alimentos. P. 111-112, 1999.
GRIFFIN, P.M., TAUXE, R.Y. The Epidemiology of Infections Caused by Escherichia
coli 0157:H7, Other Enterohemorragic Escherichia coli, And The Associated
With Hemolytic Uremic Syndrome. Epidemiology Review. [S.I.], v. 13, p. 60-98,
1991.
GYLES, c.L. Escherichia coli Cytotoxins And Endotoxins. Canada Journal Microbiolob'Y.
V. 38, p.739-746, 1992.
HACKER, J. Role of Fimerial Adhesions in The Pathogenesis of Escherichia coli
Infections. Canada Journal Microbiology. V. 38, p. 720-727,1992.
26
" • , 'J1tcl\
HADAD, J., GYLES, c.L. The Role of K Antigens of EnterolJathogcnic Escherichia ~ii ,,, ,~,..~,,:..\,..... ,(
)' •...in Colonization of The Small Intestine of Calves. Canada Journal Compo Medicine.
[S.I.], v. 46, p. 21,1982.
HERMELSTElN, N.H. Controlling Escherichill coli 0157:H7 in Meat. Food TechnoIOb'Y,
1993.
HONISH, A. Summ:try of Escherichia coli 0157:H7 at Edmonton Extended Care
Facility. Sociality Service Community Health. Alberta, V. 10, p, 363-368,1986.
JOHNSON, R.P. e/ al. Uuman Infection With Vcrocytotoxigcnie Escherichia coli
AssociMed With Exposure to Farms And Rural Environments. I:'.'icherichia coli
0157:H7 in Farm Animals. [S.1.1, Calve Publishing, 1992.
JOHNSTON, D.W.; BRUCE, J. Incidence of Antibiotic - Resistant Escherichia coli in
Milk Produced in The West of Scotland. Journal Applicant Microbiolof,1)I. [S.I.], v.
54, p. 77-83, 1983.
JUNKINS, A.D.~ DOYLE, M.P. Comparison of Adherence Properties of Escherichia coli
0157:H7 And :1 60-mcgadalton Plasmid - Cured Derived. Microbiology. [S.1.], v.
19,p.21-23,1989.
KARCH, H.; HEESEMANN, J.; LAURA, R. ef 01. A Plasmid of Enterohemorragy
Escherichia coli 0157:117 is Required of Expression of a New Antigen And For
Adhesion to Epithelial Cell. Infect Immunology. [S.1.], V. 55, p. 455-461,1987.
KARMALI, M. A Infection by Verocytotoxin Producing Eschericlria coli. Clinical
Microbiology Review. [S.f.], v. 2, p. 15-38, 1989.
KNIGHT, P. Hemorrlmgie Esclrerichia coli: The Danger Increases. AC Medical News.
[SI.], v. 59 (5), p. 247-250,1993.
27
KONOWALCHUK, J. el 01. Vero Response to a Citotoxin of Escherichia coli. Infect
Immunology. [S.I.], v. 18, p. 775-779,1997
LEVINE, M.M.; XU, J.; KAPER, E. al al. A DNA Probe 10 Idenlify Enlerobemorrhagy
Eschericl,;a coli 0157:H7 And Other Serotyps That Cause Hemorrhagic Colitis
And Hemolytic Uremic Syndrome. Journal Infect Diseases. [S.l.], v. 156, p. \75-
182, 1987.
LING WOOD, c.A., LAW, H. Glicolipid Binding of Purified And Recombinant
Escherichia coli Produccd Verotoxin in Vitrc. Journal Biology. [S.I.], v. 262, p.
674-679, 1988.
LlOR, H. Incidence of Hemorrhagic Colitis to Escherichia coli in Canada. Canada
Medical Association Journal. V. 139, p. 1073-1074,1998.
MARCH, S.B.; RATNAM, S. Sorbitol- !\1aConkcy Medium For Detection of Escherichia
coli 0157:"7 Associated ,\Vith Hemorrhagic Colitis. Journal Clinical Microbioio!:,'Y.
[S.I.], v. 23, p. 869-872, 1986.
MENG, J, el al. Detection And Control of Escherichia coli 0157:H7 Acid-Tolerona And
Surviv:li in AIJplied Cider. Journal of Food Protection. [S.I.], v. 53, p. 249-252,
1990.
MURRAY, P.; DREW, W.L. el al. Enterobacteriace ••e. Microbiologia Medica. Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, p. 73-76, 1992.
NASCIMENTO, M.R., STAMFORD, T.L. Incidencia de Escherichia coli 0157:H7 em
Alimentos. Higienc Alimentar. Sao Paulo, V. 14, nO70, p. 32-35,2000.
O'BRIEN, A.D.; HOLMES, R.K. Shiga-like Toxins. Microbiology Review. [S.1.], v. 51, p.
206-220,1987.
28
O'BRIEN, AD.~ L1VEL Y, T.A~ CHANG, T. W. el al. Purification of Shigella dysellteriae I
Shiga-like Toxin From Escherichia coli 0157:H7 Stnlin Associated \Vith
Hemorrhagic Colitis. Lancet, p. 573, 1983.
ORSKON, I., ORSKON, F., JANN, B. el 01. Serology, Chemistry And Genetics of 0 And
K Antigens of Escherichia coli. Bacteriology Review. [S.I.], v. 41, p. 667, 1997.
ORSKON, F., ORSKON, I. Escherichia coli Serotyping And Disease in Man And
Animals. Canada Journal Microbiology. V. 38, p. 699-704, 1992.
OSTROFF, S.M.; KOBA YASI-lI, J.M., LEWIS, HI. Infections With Eschericltia coli
0157:H7 in \Vashington State. The First Year of Stawide Disease Surveillance.
Jama. V. 262, p. 355-359, 1989.
PADI-IYE, N.V.~ DOYLE, M.P. ESc/leric/lill coli 0157:H7 EIJidemiology, Pathogenesis
And Methods For Detection in Food. Journal of Food Protection. [S.I.], v. 55, p.
555-565,1991.
POLLARD, D.R. ef al. Rapid And Specific Detection of Verotoxin Genes in Escherichia
coli by The Polymerase Chain Reaction. Journal Clinical Microbiology. [S.I.], v. 28,
p. 540-545, 1989.
RfBEIRO, M.G. el al. Escherichia coli 0157:H7. De Hamburguer, Leite e Outros
Generos Alimenticios it Calite Elemornlgica e Sind rome Urcmica Hemolitica.
Higiene Alimentar. Sao Paulo, v. 13, nO66/67, p. 88-89, 1999.
RIELBA, M.e. PrincilJios de Nefrologia e Disturbios Hidrocletroliticos. 2a. ed.,
Guanabara, Rio de Janeiro, p. 386-399,1988.
RILEY, L.W. el 01. Hemorrhagic Colitis Associated \Vith a Rare Escherichia coli
Serotype. New England Journal Medicine. V. 308, p. 381-385. 1983.
29
SIEGLER, R.L. MILLIGAN, M.K., BURNIGHAM, T.M. el 01. Long-term Outcome And
Prognostic Indic~ltors in The Hemolytic - Uremic Syndrome. Journal Pediatric.
[S.I.], v. 118, p. 195-200,1991.
STROCKBINE, N.A.; MARQUES, L.R.M, el 01. Two Toxin Converting Phages From
E.scheric"ia coli 0157:H7 Strain 933 Encode Antigcnicnlly Distinct Toxins \Vith
Similar Biologic Activities. Infect Immunology. [S.I.], v. 53, p. 135-140, 1986.
STROCKBlNE, N.; POPOVIC-UROIC, T. el 01. Amplification of Genes For Shiga-like
Toxins I And IJ From Escherichia coli In Stool Specimens by The Polymerase
Chain Reaction. Abstracts of The 91S\ General Muting of The American Society For
Microbiology. Dalias, p. 84, 1991.
TARR, P.I.; NEILL. M.A.; ALEEN, J. el al. The Increasing Incidence of The Homology-
uremic Syndrome in King Country Washington: Lack of Evidence For
Ascertainment Bios. American Journal Epidemiolob'Y. V. 129. p. 582-586. 1989.
TAUXE, R.Y. Emerging Food Born Diseases: An Involving Public Health Challenge.
Emerging Infect Diseases. [S.I.], v. 3, n' 4, p. 1-13,1997.
THOMPSON, J.S. el al. Rapid Biochemical Lest to Identify Verocytoxin - Positive Strain
of Escherichia coli 0157:H7 And Selection Coliforrns in Escherichia coli Medium.
Journal Clinical Microbiology. [S.I.], v. 28, p. 2165-2168,1990.
TOTH, I., COHEN, M.L. cl 01. Inference of The 60-megadaJton Plasmid on Adherence of
Escherichia coli 0157:H7 And Genetic Derivatives. Infest Immunology. [S.I.], v.
58,p.1223-1231,1990.
TRABULSI, L.R.; TOLEDO, M.R. Generalidades Sobre Enterob:lcterias - ESc/lerichill.
Microbiologla. Sao Paulo, Atheneu, p. 143-155,1998.
30
TZIPORI, S. Studies in Gnotobiotics Piglets on Non - 0157:U7 Escherichia coli
Scrotypcs Isolated From Patients With Hemorrhagic Colitis. Gastroenterology.
[S.I.], v. 94, p. 590-597,1988.
TZIPORI, S., WACHSMUTH, K., CHAPMAN, C. el 01. The Pathogenesis of Hemorrhagic
Colitis Caused by Escherichia coli 0157:"7 in Gnotobiotic Piglets. Journal Infest
Disease. [S.I.], v. 154, p. 712-716,1986.
USDA:APHIS:VS. Eschericflia coli 0157:87 Tissues And Ramification. United States
Department of Agriculture Animal And Plant Health Inspection Service, Veterinary
Services, Fort Collins, Colorado, 1994.
VANDYCK, M., PROESMANS, W.; DEPRAETERE, M. Hemolytic Uremic Syndrome
Function The Years Late. Clinical Nephrology. [S.I.], v. 29, p. 109-112, 1988.
WADDELL, T. Globotriosyl Ceramide is Specificlilly Itecognized by The Escherichia
coli Produced Verocytotoxin 2. Biochemely Biophys Res Common. [S.I.], v. 152, p.
674-679, 1988.
WEAGANT, S.D.; BRYANT, J.L.; JINNGMN, K.G. Improve Rapid Technique For
Isolation of Escherichia coli 0157:H7 From Foods. Journal of Food Protection.
[S.I.], v. 58 (I), p. 7-12, 1995.
WELLS, J.G. Isolation of Escherichia coli Serotype 0157:1-17 And Other Shiga-like Toxin
Producing Escherichia coli From Dairy Cattle. lournal Clinical Microbiology.
[S.I.], v. 29, p. 985-989,1991.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Consultation Prevention And Control of
Entcrohcrnorrhagic Escherichia coli (EH.EC) Infection. Geneve, Switzerland, 1997.
WUETHRICH. B. Beck on The Farm: Stopping Hscherichia coli 0157:H7 at Its Source. ASH
News. V. 60 (8), p. 409,1994.
31
Top Related