UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG
Instituto de Ciências da Natureza
Curso de Geografia Bacharelado
RAFAELA SANTOS COSTA DE FIGUEIREDO
A UNIVERSIDADE COMO AGENTE
TRANSFORMADOR DO SETOR TERCIÁRIO: O
CASO DA UNIFAL-MG EM ALFENAS
Alfenas - MG
2017
RAFAELA SANTOS COSTA DE FIGUEIREDO
A UNIVERSIDADE COMO AGENTE
TRANSFORMADOR DO SETOR TERCIÁRIO: O
CASO DA UNIFAL-MG EM ALFENAS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel
em Geografia pelo Instituto de
Ciências da Natureza da Universidade
Federal de Alfenas- MG, sob
orientação do Prof. Dr. Flamarion
Dutra Alves.
Alfenas – MG
2017
RAFAELA SANTOS COSTA DE FIGUEIREDO
A UNIVERSIDADE COMO AGENTE
TRANSFORMADOR DO SETOR TERCIÁRIO: O
CASO DA UNIFAL-MG EM ALFENAS
A banca abaixo assinada aprova o
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentada como parte dos requisitos
para obtenção de título de graduada no
curso de Geografia modalidade
Bacharelado pela Universidade Federal
de Alfenas – UNIFAL-MG. Área de
concentração: Geografia Econômica.
Aprovada em: 07/03/2017
Profº. Dr. Flamarion Dutra Alves
Instituição: Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG
Aprovada em: 07/03/2017
Profº. Dr. Gil Carlos Silveira Porto
Instituição: Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG
Aprovada em: 07/03/2017
Profº. Dr. Evânio dos Santos Branquinho
Instituição:Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG
Alfenas - MG
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de dizer que respeito de fés, religiões, crenças e até
mesmo a ausências das mesmas. Por isso, até que se prove o contrário gostaria de
agradecer a todas as forças superiores existentes que tem olhado por mim durante minha
vida inteira.
O sentimento que me domina ao encerra essa etapa é o de gratidão, que se
estivesse ao meu alcance criar uma definição oficial para essa palavra com certeza seria
“Família”. Quando penso que só estou escrevendo dedicatórias em um trabalho de
conclusão de curso nesse momento da minha vida é porque meus pais me possibilitaram
isso.
Mãe, obrigada por se esforçar tanto emocionalmente e financeiramente para que
eu sempre me sentisse confortável e disposta a continuar. Eu sempre consegui realizar
todos os meus afazeres acadêmicos graças a sua dedicação. Você é a melhor pessoa do
mundo.
Pai, mesmo morando longe, sempre esteve presente. Talvez, essa ausência e
sacrifício tenha sido importante nesse estágio de nossas vidas, porém no futuro tudo isso
será compensado, eu garanto!
Lara e Sofia, entre tapas e beijos eu sei que vocês duas se orgulham por eu ter
conseguido chegar até aqui e um dia irei me orgulhar de vocês também. Eu quero o melhor
para vocês sempre.
Luna, Nina e Pitty minhas filhotinhas de quatro patas, obrigada por todos os
momentos em que me senti fraca e ninguém me entendia ou conseguia me confortar o
suficiente como vocês.
Luiz, meu companheiro, obrigada por literalmente me amar na alegria e na
tristeza, entender minhas ausências, crises e demais sentimentos. Você faz parte de um
pedaço muito bonito da minha vida.
Flamarion, o orientador mais incrível que eu poderia ter, obrigada por acreditar
em mim quando nem eu mesma acreditava. Devo parte desse momento a você, pois isso
não seria possível sozinha.
A todos os meus amigos de graduação, um forte abraço e minha imensa gratidão,
pelo companheirismo, risadas, seminários, trabalhos de campo, dentre tantos outros
momentos importantes da graduação.
Muita gente é especial para mim e colaboraram para que eu tivesse a estrutura
necessária para chegar neste dia, eu agradeço imensamente a todos que de certa forma
colaboraram com essa jornada, mesmo que com um sorriso, uma palavra amiga.
"Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!"
(Raul Seixas – Tente Outra Vez)
RESUMO
A implantação de universidades federais vem ocorrendo com maior frequência no Brasil
desde que o Governo Federal aderiu ao programa de apoio a planos de reestruturação e
expansão das universidades federais a partir de 2005 (REUNI). Com isso diversas
localidades do território nacional afiliaram-se ao programa, ampliando o número cidades
com status de universitárias. Esse processo tem como consequência o aumento da
população, devido a migração de estudantes para as cidades acolhedoras da instituição.
Todo esse encadeamento gera uma demanda por serviços, para atender as necessidades
básicas dos ingressos da universidade. A partir disso, o estudo terá como objetivo analisar
a importância e o desenvolvimento do setor terciário e imobiliário na cidade de Alfenas-
MG, na área de influência econômica direta (AIED) da UNIFAL-MG. Para tanto, foi
realizado um estudo prévio bibliográfico, levantamento de dados e posteriormente foram
contabilizados os estabelecimentos comerciais e de prestadoras de serviços num entorno
de 800m da universidade e entrevistados os donos e/ou funcionários que aceitaram
colaborar sobre o assunto, e também estudantes matriculados na instituição. Com isso,
aceita-se a hipótese inicial que a universidade é um agente que atrai estabelecimentos
comerciais e prestação de serviços para seu entorno devido a demanda estudantil.
Palavras-Chave: UNIFAL-MG, Setor terciário, Espaço
RESUMEN
La implantación de universidades federales viene ocurriendo con mayor frecuencia en
Brasil desde que el Gobierno Federal se adhirió al programa de apoyo a planes de
reestructuración y expansión de las universidades federales a partir de 2005 (REUNI).
Con ello diversas localidades del territorio nacional se afiliaron al programa, ampliando
el número ciudades con status de universitarias. Este proceso tiene como consecuencia el
aumento de la población, debido a la migración de estudiantes a las ciudades acogedora
de la institución. Todo ese encadenamiento genera una demanda por servicios, para
atender las necesidades básicas de los ingresos de la universidad. A partir de eso, el
estudio tendrá como objetivo analizar la importancia y el desarrollo del sector terciario e
inmobiliario en la ciudad de Alfenas-MG, en el área de influencia económica directa
(AIED) de la UNIFAL-MG. Para ello, se realizó un estudio previo bibliográfico,
levantamiento de datos y posteriormente se contabilizaron los establecimientos
comerciales y de prestadoras de servicios en un entorno de 800m de la universidad y
entrevistados a los dueños y / o funcionarios que aceptaron colaborar sobre el asunto, y
también estudiantes matriculados en la institución. Con ello, se acepta la hipótesis inicial
que la universidad es un agente que atrae establecimientos comerciales y prestación de
servicios para su entorno debido a la demanda estudiantil.
Palabras Clave: UNIFAL-MG, Sector terciario, Espacio
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Localização do município de Alfenas em relação ao estado de Minas Gerais 15
Figura 2- Visão geral da Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG
(delimitação do perímetro de 800M da Universidade) ................................................... 18
Figura 3- Ruas dos 800m da Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG . 19
Figura 4 - Setor terciário na Área de Influência Econômica Direta de 800m da UNIFAL
........................................................................................................................................ 19
Figura 5 –Localização exata dos comércios e prestadores de serviços na AIED da
UNIFAL-MG .................................................................................................................. 20
Figura 6 - Distribuição geográfica das Universidades Federais no Brasil em 2010 ....... 24
Figura 7- Vista dos edifícios da rua João Pinheiro no centro de Alfenas (2017) ........... 40
Figura 8 - Prédio na rua João Pinheiro no centro de Alfenas (2017) ............................ 40
Figura 9 - Casa de aluguel para estudantes, localizada na Av. São José. ...................... 51
Figura 10 - Comparação do antes e depois de uma prestadora de serviços antiga em
Alfenas ............................................................................................................................ 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Panorama da Expansão Universitária no Brasil entre 2002 e 2014. ............. 23
Tabela 2 – Expansão das Universidades Federais por Região entre 2002 e 2014. ......... 24
Tabela 3–Universidades Federais criadas entre 2003 e 2007 no Brasil. ........................ 25
Tabela 4 - Universidade Federais criadas entre 2008 e 2012 no Brasil. ........................ 26
Tabela 5 – Número de empregados em Alfenas, por segmentos da economia em 2013.
........................................................................................................................................ 33
Tabela 6 - Número de Empregos Formais em Alfenas nos anos de 2015 e 2014. ......... 34
Tabela 7 – Número de prédios na AIED da UNIFAL-MG em 2017. ............................ 39
Tabela 8 – Características dos dois circuitos da economia urbana dos Países
Subdesenvolvidos. .......................................................................................................... 42
Tabela 9 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida
Governador Valadares em 2017. .................................................................................... 48
Tabela 10 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida Afonso
Pena em 2017.................................................................................................................. 50
Tabela 11 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida São José
em 2017. ......................................................................................................................... 51
Tabela 12 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João
Florentino da Silva em 2017. .......................................................................................... 52
Tabela 13 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Gabriel
Monteiro da Silva em 2017. ........................................................................................... 52
Tabela 14 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Sete de
Setembro em 2017. ......................................................................................................... 53
Tabela 15 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Padre João
Batista em 2017. ............................................................................................................. 54
Tabela 16 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Antônio
Carlos em 2017. .............................................................................................................. 55
Tabela 17 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Professor
Carvalho Júnior em 2017. ............................................................................................... 55
Tabela 18 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Tiradentes em
2017. ............................................................................................................................... 56
Tabela 19 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Leão de Faria
em 2017. ......................................................................................................................... 57
Tabela 20 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João Pinheiro
em 2017. ......................................................................................................................... 57
Tabela 21 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Evaristo da
Veiga em 2017. ............................................................................................................... 58
Tabela 22 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João Pinheiro
em 2017. ......................................................................................................................... 59
Tabela 23 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Padre
Custódio Dias em 2017................................................................................................... 60
Tabela 24 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Areado em
2017. ............................................................................................................................... 60
Tabela 25 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Cristina
Mendes em 2017. ............................................................................................................ 60
Tabela 26 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João de Souza
Sobrinho em 2017. .......................................................................................................... 61
Tabela 27 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços nas ruas com
somente um estabelecimento .......................................................................................... 62
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Cursos oferecidos pela UNIFAL-MG entre 2006 a 2014. ............................ 30
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Estrutura Espacial dos Campi da Universidade Federal de Alfenas. ............ 30
Gráfico 2- Proporção dos componentes do PIB em Alfenas de 2004 a 2012 ................ 31
Gráfico 3- Comparação do PIB de Alfenas, regiões e Brasil entre 2005-2012. ............. 32
Gráfico 4- Aumento Relativo do Valor Adicionado Bruto a Preços correntes de Serviços,
inclusive administração, saúde e educação públicas e seguridade social - Ano Base 2005.
........................................................................................................................................ 32
Gráfico 5- Média salarial dos trabalhadores em estabelecimentos comerciais e prestadores
de serviços na AIED em 2016/2017. .............................................................................. 35
Gráfico 6- Ano de fundação dos Comércios e Prestadores de Serviços (1970-2016) .... 64
Gráfico 7- Relação da divisão geográfica dos estabelecimentos comerciais e prestadores
de serviços na AIED ....................................................................................................... 65
Gráfico 8- Formas de pagamentos aceitas no comércios e prestadores de serviços....... 66
Gráfico 9- Grau de Escolaridade dos entrevistados nos comércios e prestadores de
serviços ........................................................................................................................... 67
Gráfico 10- Classificação dos comércios presentes na AIED da UNIFAL em relação aos
Circuitos da Economia.................................................................................................... 68
Gráfico 11- Classificação dos prestadores de serviços presentes na AIED da UNIFAL em
relação aos Circuitos da Economia ................................................................................. 69
Gráfico 12- Classificação de todos os Estabelecimentos Comerciais presentes na AIED
da UNIFAL quanto aos Circuitos Da Economia ............................................................ 69
Gráfico 13- Gráfico de opinião da UNIFAL como agente de atração do setor terciário na
AIED da UNIFAL-MG .................................................................................................. 71
Gráfico 14- Opinião dos entrevistados sobre futuras melhoras no setor terciário no
entorno do Campus II – Santa Clara ............................................................................... 72
Gráfico 15- Questionamento se a UNIFAL-MG influência nos negócios do comerciantes
e prestadores de serviços entrevistados .......................................................................... 73
Gráfico 16- Questionamento sobre a influência das férias e da greve da universidade nos
negócios dos comerciantes e prestadores de serviços entrevistados .............................. 73
Gráfico 17- Alunos entrevistados por curso da área da saúde e ciências biológicas ...... 74
Gráfico 18- Alunos entrevistados por curso da área das ciências humanas ................... 75
Gráfico 19-Alunos entrevistados por curso da área das ciências exatas ........................ 75
Gráfico 20- Análise do tempo de moradia dos estudantes da UNIFAL em Alfenas...... 76
Gráfico 21-– Questionamento aos estudantes sobre a universidade ser um agente de
atração de comércios e serviços...................................................................................... 77
Gráfico 22- Alunos da UNIFAL-MG que moram próximos a universidade ................. 78
Gráfico 23-Tipo de Moradia que os alunos entrevistados residem em Alfenas ............. 78
Gráfico 24- Valor dos alugueis ....................................................................................... 79
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
UNIFAL-MG: Universidade Federal de Alfenas
AIED: Área de Influência Econômica Direta
REUNI: Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
IES: Instituição de Ensino Superior
IFES: Instituição Federal de Ensino Superior
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
EFOA: Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas
CEUFE: Centro Universitário Federal
UNIFENAS: Universidade José do Rosário Vellano
SUMÁRIO
1-Introdução................................................................................................................ 14
2 – Metodologia .......................................................................................................... 17
3 – A Universidade Como Agente Transformador Do Espaço .................................. 22
3.1 – Os Impactos Econômicos E Sociais Ligados A Universidade Federal De Alfenas
E Produção Do Espaço ............................................................................................... 29
3. 2 – Especulação Imobiliária E Produção Do Espaço ............................................. 37
4 - Organização Do Comércio E Prestação De Serviços No Circuito Inferior E Superior
Da Economia .............................................................................................................. 42
4.1 – Definições Sobre Circuito Superior E Inferior .................................................. 42
4.2 – Organização E Produção Do Espaço Terciário Na Área De Influência Econômica
Direta Da Unifal-Mg .................................................................................................. 44
4.2.1 – Espaços Produtivos: Avenidas E Ruas Na Área De Influência Direta Da Unifal
.................................................................................................................................... 46
4.2.2 – Caracterização Dos Circuitos Da Economia Na Área De Influência ............. 63
4.2.3 – Estudantes Da Unifal-Mg E O Consumo No Setor Terciário ........................ 74
Considerações Finais .................................................................................................. 81
Referências ................................................................................................................. 84
Apêndice 1 .................................................................................................................. 87
Apêndice 2 .................................................................................................................. 90
14
1-INTRODUÇÃO
A implantação de universidades federais vem ocorrendo com maior frequência no
Brasil desde que o Governo Federal aderiu ao programa de apoio a planos de
reestruturação e expansão das universidades federais a partir de 2005 (REUNI).
Desde então, muitos municípios receberam o status de “cidade universitária”,
onde a instituição de ensino superior atrai um fluxo estudantil intenso que
consequentemente gera uma demanda por serviços básicos e também, por demandas
novas para esse público consumidor.
A indispensável busca por necessidades básicas dos ingressantes de uma
universidade se concentra principalmente no setor de comércios, prestações de serviços e
imobiliário. O estranhamento causado pela mudança abrupta de recinto e rotina faz com
que os novos discentes morem e consumam nas proximidades de sua universidade.
A escala numerosa de estudantes universitários no município de Alfenas – MG,
sucede-se a ampliação do comércio e prestação de serviços, gerando uma zona de
influência econômica local e regional acarretando na expansão da cidade para Oeste onde
encontra – se a Unidade II, além de valorizar as áreas próximas da Sede, induzindo uma
segregação socioespacial.
A movimentação de recursos financeiros nas universidades por meio do
pagamento dos salários de servidores e funcionários terceirizados, dos
investimentos em obras e equipamentos, das despesas de custeio e dos gastos
dos alunos oriundos de outras cidades, constitui um conjunto de fatores que
passa a exercer um efeito dinâmico e multiplicador sobre as atividades
econômicas locais. Todos estes são de fundamental importância para o
desenvolvimento de uma cidade, porém em cada caso haverá uma
particularidade interessante que os diferencia dependendo da cidade em que se
instalam. (BOVO, et al., 1996 apud FARIA JUNIOR, 2015).
Na condição de cidade universitária, esses centros são polos atrativos
principalmente para o setor terciário, sendo a cidade de Alfenas um exemplo clássico
dessa dinâmica, contando com duas universidades em seu território: A Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), pública, e Universidade José do Rosário Vellano
(UNIFENAS), privada.
Em 2016, a cidade de Alfenas conta com uma população estimada de 79.222 mil
possuindo uma localização estratégica, por estar perto do Estado São Paulo, facilitando o
fluxo de estudantes. (IBGE, 2016) (Figura 01)
15
Figura 1- Localização do município de Alfenas em relação ao estado de Minas Gerais.
Fonte: DANTAS, M.F. (2011).
Para tanto, o objetivo geral dessa pesquisa baseia-se em analisar o setor terciário
na Área de Influência Econômica Direta (AIED) da Sede da Universidade Federal de
Alfenas, entre 2005 e 2016, considerando a década de transformação da antiga EFOA
1em UNIFAL.
Como objetivos específicos, propôs-se a identificar os principais setores e tipos
comerciais na área de influência da sede da UNIFAL-MG e entendê-los dentro da
perspectiva do circuito superior e inferior da economia, além de analisar o
desenvolvimento do setor imobiliário na área de influência no período estudado, e por
fim, entender o comportamento financeiro dos estudantes da UNIFAL-MG residentes no
entorno da universidade.
Para contemplar tais objetivos, o presente trabalho se divide em quatro capítulos,
sendo o primeiro a introdução a pesquisa, seguido da metodologia, que busca descrever
da melhor forma possível os procedimentos realizados durante todo o processo de análise
do atual estudo. No capítulo 3, será discutido a Universidade como um agente
transformador do espaço, a análise do conhecimento já produzido associado a dados
quantitativos auxilia na pauta da importância de uma instituição desse porte em um
território.
1 Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, criada em 1914.
16
A discussão toma continuidade com a análise articulada da relação dos impactos
econômicos do setor terciário relacionada a universidade no caso especifico da UNIFAL-
MG campus sede. Para além da questão financeira analisa-se a ação da especulação
imobiliária atrelada ao fluxo estudantil.
O capítulo final debaterá a organização do comércio e prestação de serviços no circuito
inferior e superior da economia, onde serão discutidos conceitos econômicos afim de
classificar adequadamente o setor econômico local, ainda assim, demonstrando os
espaços produtivos no entorno da instituição, apoiado em dados da última década,
reafirmando a ligação entre setor terciário e a universidade.
Finaliza-se o capítulo com resultados obtidos em trabalho de campo,
demonstrando a organização espacial do setor terciário na área de influência da UNIFAL-
MG, campus sede, e como essa relação funciona, como afeta os comerciantes, prestadores
de serviços e os próprios estudantes.
Diante do exposto, segue a pesquisa de pertinente tema para a universidade,
comunidade alfenense e acadêmica.
17
2 – METODOLOGIA
Os impactos socioeconômicos da instalação de universidades compreendem
muitos fatores em várias escalas, por esse motivo a mensuração e constatação é sempre
variável. Uma cidade média como Alfenas tem diversas influências em âmbito
econômico, cultural, político e social desde a implantação da Universidade Federal de
Alfenas-MG (UNIFAL-MG). Diante dessa complexidade metodológica, optou-se por
averiguar os impactos econômicos no setor terciário, numa escala local em um raio de
aproximadamente 800 metros da Sede da UNIFAL-MG no bairro centro de Alfenas, no
qual denominou-se Área de Influência Econômica Direta (AIED).
Para a construção da pesquisa, iniciou-se um levantamento bibliográfico do
conhecimento já produzido sobre Universidades, Impactos Econômicos da instalação de
uma Instituição de Ensino Superior, Produção do Espaço, Segregação Socioespacial,
Especulação Imobiliária, Circuitos Econômicos, Espaço Urbano e Cidades Médias.
Foram encontradas leituras na biblioteca Santa Clara – Unidade II da UNIFAL-MG,
artigos e periódicos online, livros de acervos pessoais, trabalhos de conclusão de cursos,
teses e dissertações.
Houve ainda apoio na construção da pesquisa em ambientes virtuais com
informações adicionais a pesquisa, como o Censo Demográfico do IBGE, IBGE Cidades,
RAIS, REGIC, SIDRA, site da Prefeitura de Alfenas, entre outros, que subsidiaram um
aporte estatístico a pesquisa.
Para a escolha e compreensão da área pesquisada, recorreu-se aos estudos de
Souza (2013), onde o conceito de bairro é empregado. Para ele existem três tipos de
critérios para designar uma área como tal, sendo eles com conteúdo “Composicional”,
“Interacional” e “Simbólico”.
Conteúdo Composicional: Se refere as características “objetivas” concernentes
a composição da classe (e também em matéria de atividades econômicas) e a
morfologia geral. (SOUZA, 2013. p. 152)
Conteúdo Interacional: Por seu turno, tem a ver com as relações estabelecidas
entre os indivíduos e os grupos, e que ajudam, decisivamente a definir se há
algum tipo de “centralidade” e de “força centrípeta” que concorra para
estabelecer um determinado espaço, durante um período maior ou menor de
tempo, como possuindo uma certa “individualidade” (na medida em que a
“vida de bairro” é fortemente determinada pela existência de subcentros de
comércios e serviços que sirvam de polos de atração, garantindo algum nível
de introversão, por menor que seja) (SOUZA, 2013. p. 152 e 153)
Conteúdo Simbólico: Diz respeito a imagem de um dado subespaço
intraurbano como um espaço percebido e vivido, como um bairro, e não
18
meramente como algum recorte ao qual se chega (uma instancia de
planejamento estatal, por exemplo) com base em algum critério “objetivo”
definido no gabinete. (SOUZA, 2013. p. 153)
Dado a construção de bases conceituais com diversos autores, juntamente a
informações em sites de pesquisa, elaborou-se os capítulos teóricos com informações
pertinentes ao tema eleito para estudo.
Posteriormente, mapeou-se a Área de Influência Econômica Direta da Sede da
UNIFAL-MG num raio de 800 metros do entorno da instituição, onde as entrevistas foram
realizadas em comércios e prestadores de serviços dessa delimitação (Figuras 2, 3 e 4).
Essa zona de influência da UNIFAL-MG nos remete a ideia do Lugar Central de
Christaller (1933) ao se referir à uma centralidade a partir da oferta de serviços e comércio
de uma cidade.
Figura 2- Visão geral da Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG (delimitação do
perímetro de 800M da Universidade)
Fonte: Google Maps
Nota: Dados trabalhados por ALVES, F.D. e FIGUEIREDO, R.S.C. 2016
19
Figura 3- Ruas dos 800m da Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG
Fonte: Limites Territoriais IBGE – Base Arruamentos Alfenas – Prefeitura Municipal
Nota: Dados trabalhados por BELLINI, A.L. 2017
Figura 4 - Setor terciário na Área de Influência Econômica Direta de 800m da UNIFAL
Fonte: Limites Territoriais IBGE – Base Arruamentos Alfenas – Prefeitura Municipal
Nota: Dados trabalhados por BELLINI, A.L. 2017
20
O percurso do entorno de 800m da universidade foi realizado pessoalmente pela
autora e foi contabilizado um total de 220 estabelecimentos, sendo 142 comércios e 78
prestadores de serviços. (Figura 5)
Figura 5 –Localização exata dos comércios e prestadores de serviços na AIED da UNIFAL-MG
Fonte: Limites Territoriais IBGE – Base Arruamentos Alfenas – Prefeitura Municipal
Nota: Dados trabalhados por BELLINI, A.L. 2017
Este trecho foi eleito com base no conteúdo interacional de Souza (2013). Pela
presença estruturada do setor terciário no entorno da UNIFAL-MG, localizada no centro
e pequenos trechos do seu entorno, como o Vila Betânia e o Jardim São Carlos.
Foram realizadas 53 entrevistas com comerciantes e prestadores de serviços,
visando caracteriza-los e obter informações quanto a influência e impactos da UNIFAL-
MG na composição financeira dos estabelecimentos.
A amostra analisada, compreende 24% do total estabelecimentos, pois nem todos
os donos e funcionários aceitaram responder as perguntas e muitos se declararam
ocupados em mais de três visitas, o questionário é qualitativo e quantitativo (Apêndice
1), porém muitas respostas foram pouco desenvolvidas.
Também foram realizadas entrevistas com alunos da UNIFAL-MG, utilizando o
critério de pelo menos 15 alunos para grande área do conhecimento, sendo divididas na
área da saúde e ciências biológicas, ciências humanas, e ciências exatas.
21
Foram realizadas 80 entrevistas, com 42 alunos da saúde/ciências biológicas, 22
das ciências humanas e 16 nas ciências exatas, numa situação aleatória, onde os alunos
decidiam se gostariam de responder ou não o questionário.
O método utilizado para recolher as entrevistas dos universitários foi a criação de
um questionário online no Google Drive associado ao Gmail. Foram mescladas questões
qualitativas e quantitativas (Apêndice 2).
Os resultados da pesquisa gerado através das entrevistas realizadas com
proprietários, gerentes ou funcionários dos estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços, aparecem ao longo da pesquisa como Entrevistado (a) nº 1 a 53, seguido da
idade. Enquanto os alunos aparecem como Entrevistado (a) nº 1A a 80A. A letra “a”
seguida do número do entrevistado é um elemento auxiliador na hora da leitura.
O setor imobiliário também se faz notável na região, por isso foram contabilizados
os prédios utilizando-se da mesma área de influência, sendo esses contabilizados
pessoalmente devido à dificuldade burocrática encontrada nos órgãos responsáveis para
liberação das informações necessárias, como número de apartamentos por prédio, valor
do m²/IPTU, ano de construção e inauguração, taxa de ocupação entre outros. Foram
considerados imóveis a partir de 2 andares acima de uma garagem, para entender o
processo de verticalização e valorização da área de influência.
22
3 – A UNIVERSIDADE COMO AGENTE TRANSFORMADOR DO ESPAÇO
A presença de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas ou privadas em
cidades médias são grandes agentes de transformação espacial, econômica e cultural em
âmbito local/regional. São muitos os benefícios trazidos com a implantação de uma IES,
que por vezes são difíceis de quantificar e qualificar, por outro lado, a especulação
imobiliária, sobretudo no entorno das universidades, parece como um fenômeno
recorrente na organização e produção do espaço urbano.
Segundo Lopes (2012), uma universidade pública em uma cidade de médio porte
constitui-se em uma importante fonte de economias de especialização e, principalmente,
de urbanização.
De acordo com dados do MEC (2010), o surgimento de universidade federais é
um fenômeno que vem se expandindo pelo território brasileiro desde 2004 devido
ao REUNI2, que tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na
educação superior. O REUNI é dividido em fases, que serão debatidas ao longo do
capítulo.
Reuni e Expansão Fase I – Em 2003, o Governo Federal lançou o Programa de
Expansão Fase I das Universidades Federais, com o objetivo de promover a
interiorização da educação superior pública. Em 2007, foi criado o Programa
Reuni, que, somado ao Programa Expansão, possibilitou a ampliação do
número de cursos e vagas nas universidades federais. (MEC,2010)
O programa foi criado durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
visando ampliar a oferta do ensino superior no país, tornando o sistema mais democrático.
Entre 1995 e 2010, as matrículas também tiveram um incremento no sistema
público de educação superior da ordem de 134,5%. Esse crescimento deveu-se
principalmente à expansão da rede federal de educação superior, em especial
no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do programa REUNI.
(MANCEBO, VALE & MARTINS, 2013. p. 38)
A ampliação é visivelmente impactante, comparando-se dados de 2002 a 2014,
onde o aumento significativo beneficia todo o território brasileiro e pessoas com as mais
diferentes necessidades. Um exemplo disso é a ampliação dos cursos à distância. (Tabela
1)
2 Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais.
23
Tabela 1 – Panorama da Expansão Universitária no Brasil entre 2002 e 2014.
2002 2014
Universidades Federais 45 63
Campus 148 321
Cursos de Graduação Presencial 2.047 4.867
Vagas Graduação Presencial 113.263 245.983
Matrículas Graduação Presencial 500.459 932.263
Matrículas Educação a Distância 11.964 83.605
Matrículas Pós-Graduação 48.925 203.717
Fonte: CENSO/2013-INEP
Nota: Dados trabalhados pela autora
Houve um grande crescimento no número de universidades, de 2002 para 2014
foram criadas 18 instituições, aliados a democratização do ensino superior que permitiu
que os cursos de graduação presencial dobrassem, juntamente ao número de vagas,
obtendo em 2014 quase 1 milhão de matrículas, um grande acréscimo em relação a 2002.
As matrículas nas graduações a distância também obtiveram um aumento de 2002
para 2014 superior a 50%, o que demonstra hoje, pessoas com as mais diferentes
necessidades podem ingressar no ensino superior.
Como parte do processo de expansão, ocorreu a interiorização das universidades
em vários municípios, desde cidades pequenas à grandes, mas principalmente nas cidades
médias (Figura 6).
24
Figura 6 - Distribuição geográfica das Universidades Federais no Brasil em 2010. Fonte: MEC, 2010
As universidades estão em sua maior parte concentradas nas regiões sul, sudeste
e nordeste, porém a figura 5 apresenta dados somente das IES. Durante o período de 2002
a 2014 todas as regiões contaram com a instalação de universidades e campus (Tabela 2).
Tabela 2 – Expansão das Universidades Federais por Região entre 2002 e 2014.
IES CÂMPUS
REGIÃO 2002 2014 %
CRESCIMENTO
2002 2014 %
CRESCIMENTO
NORTE 8 10 25% 24 56 133%
NORDESTE 12 18 50% 30 90 200%
SUL 6 11 83% 29 63 117%
SUDESTE 15 19 27% 46 81 76%
CENTRO-OESTE 4 5 25% 19 31 63%
Fonte: SIMEC/MEC
Nota: Dados Trabalhados pela autora
As regiões detentoras de maior crescimento de universidades federais pós-REUNI
respectivamente foram Sul (83%), Nordeste (50%), Sudeste (27%), Norte (25%) e
25
Centro-Oeste (25%). Ao tratar dos campi universitários possuem destaque o Nordeste
(200%), Sul (117%), Norte (113%), Sudeste (76%) e Centro-Oeste (63%).
A interiorização das universidades em cidades pequenas e médias, pertencentes a
Fase I do REUNI, foi realizada em dez cidades de distintas regiões brasileiras nos anos
de 2003 a 2007. (Tabela 3)
Tabela 3–Universidades Federais criadas entre 2003 e 2007 no Brasil.
IFES NOME DA IFES LOCALIZAÇÃO REGIÃO LEI DA
CRIAÇÃO
UNIFAL Universidade Federal
de Alfenas
Alfenas (MG) SE Lei nº 11.154 de
29/07/2005
UFVJM Universidade Federal
dos Vales
Jequitinhonha e
Mucuri
Diamantina (MG) SE Lei nº 11.173 de
06/09/2005
UFTM Universidade Federal
do Triângulo Mineiro
Uberaba (MG) SE Lei nº 11.152 de
29/07/2005
UFERSA Universidade Rural
do Semi-Árido
Mossoró (RN) NE Lei nº 11.155 de
29/07/2005
UTFPR Universidade
Tecnológica Federal
do Paraná
Curitiba (PR) S Lei nº 11.184 de
07/01/2005
UFABC Fundação
Universidade Federal
do ABC
ABC Paulista (SP) SE Lei nº 11.145 de
26/07/2005
UFGD Fundação
Universidade Federal
de Grande Dourados
Dourados (MS) CO Lei nº 11.153 de
29/07/2005
UFRB Universidade Federal
do Recôncavo da
Bahia
Cruz das Almas
(BA)
NE Lei nº 11.151 de
29/07/2005
UFCSPA Fundação
Universidade Federal
de Ciências da Saúde
de Porto Alegre
Porto Alegre (RS) S Lei nº 11.641 de
11/01/2008
UNIPAMPA Fundação
Universidade Federal
do Pampa
Rio Grande do Sul
(RS)
S Lei nº 11.640 de
11/01/2008
Fonte: SIMEC/MEC
Nota: Dados trabalhados pela autora
26
Essas IFES foram criadas durante a proposta da Fase I do Reuni, que se trata da
Interiorização, porém na Fase II referente a Restruturação e Expansão, foram criadas mais
4 universidades e demais campis, com o objetivo de abranger um número maior de
estudantes e aprimorar o ensino superior, uma vez que alguma dessas universidades
possuem parceria com outros países possibilitando outras experiências, como é o caso da
UNILA que possui integração com a Argentina e Paraguai. (Tabela 4)
Tabela 4 - Universidade Federais criadas entre 2008 e 2012 no Brasil.
IFES NOME DA IFES LOCALIZAÇÃO REGIÃO LEI DA
CRIAÇÃO
UFFS Universidade Federal da
Fronteira do Sul
Chapecó (SC) S Lei nº 11.029 de
15/09/2009
UFOPA Universidade Federal do
Oeste do Pará
Santarém (PA) N Lei nº 12.085 de
05/11/2009
UNILA Universidade Federal de
Integração Latino-
Americana
Foz do Iguaçu
(PR)
S Lei nº 12.189 de
12/01/2010
UNILAB Universidade da
Integração Nacional da
Lusofonia Afro-
Brasileira
Redenção (CE) NE Lei nº 12.289 de
20/07/2010
Fonte: SIMEC/MEC
Nota: Dados Trabalhados pela autora
Essas universidades oferecem aos seus ingressantes a possibilidade de estudar,
morar e estagiar dentro da própria instituição. São centros de ensino bem maiores que os
pertencentes a Fase I, porém não impede que qualquer cidadão independente de sua região
que ingresse em alguma delas.
Para o MEC, (2013) a interiorização da oferta de educação superior é essencial
para combater o desequilíbrio no desenvolvimento regional, trazendo melhorias a cidade
receptora da instituição e como consequência irá atingir a todos os públicos interessados.
O desenvolvimento de uma região está diretamente ligado aos investimentos
locais. O incentivo à educação, principalmente superior, leva ao local de
implantação um crescimento acelerado. Esse processo rápido ocorre pela
necessidade de o meio se adequar à nova realidade local, resultando no
desenvolvimento por conta do aumento da demanda de docentes, técnicos e
discentes no local. (MEC/INEP, 2013, p. 20)
O fluxo estudantil consequentemente gera uma demanda maior, modificando o
cenário espacial urbano através do aumento dos estabelecimentos comerciais e
27
prestadores de serviços, uma vez que uma Instituição de Ensino Superior está
intimamente ligada a questão econômica.
A reforma do ensino, principalmente do ensino superior, é tema nevrálgico
para as questões atuais de desenvolvimento, de extensão e qualificação da
cidadania e construção de projetos políticos de futuro. Neste momento, talvez
mais do que os anteriores, o link entre a dimensão econômica e a qualificação
para o conhecimento aparece como indissociável. (MARQUES; CEPÊDA.
2012, p. 3)
O movimento econômico atrelado a universidade vai para além do fluxo
estudantil. A contratação de funcionários que consequentemente receberão seus salários
causa impacto nesse setor, conforme aponta o estudo de Faria Júnior (2015) acerca dos
impactos econômicos da UNIFAL-MG em Alfenas.
Também se deve pensar que a universidade oferece a prestação de serviços, como:
odontológicos, fisioterapêuticos e laboratoriais. Esses serviços costumam ser gratuitos, o
que atrai pessoas de cidades vizinhas, pertencentes à zona de influência da microrregião
de Alfenas.
O deslocamento destas pessoas que se encaminham a procura desses serviços
oferecidos pela universidade, ocorre bem mais cedo devido a horários de ônibus, que se
em sua maioria, são cedidos pela prefeitura das cidades. Enquanto aguardam o
atendimento, costumam conhecer a cidade e acabam movimentando a economia da
cidade, consumindo em lanchonetes, comparando preços em supermercados, conhecendo
lojas de roupas, comprando medicamentos em farmácias, dentre outros estabelecimentos.
Se tomadas as idéias de Bosi (1998), a existência de uma boa universidade
pública muitas vezes é suficiente para modificar a vida de uma cidade. Devido
ao conhecimento que produz e propaga através das pessoas que forma, ela
colabora ativamente para o progresso material, a melhoria da qualidade de vida
e o ambiente cultural em que está inserida. Além disso, a movimentação de
recursos financeiros por meio do pagamento de salários de professores e de
funcionários; dos investimentos em obras e equipamentos, das demais
despesas de custeio e dos gastos dos alunos oriundos de outras cidades
constituem um conjunto de fatores que podem exercer um efeito dinâmico e
multiplicador sobre várias atividades das cidades onde as universidades estão
inseridas. (LOPES, 2003 apud HOFF; MARTIN & SOPEÑA, 2011, p. 160)
A questão econômica atrelada a universidade vai para além dos exemplos
discutidos anteriormente. Algumas empresas reconhecem o potencial dos profissionais
que estão se formando na instituição e investem em pesquisas na cidade.
28
(...) a universidade causa influência direta sobre a região em que se localiza.
Por um lado, a universidade atua como empregadora e como geradora de fluxos
de gastos dentro da região. Por outro lado, existem impactos dinâmicos de
interação entre as universidades e as empresas localizadas na região. Esses
impactos ocorrem através da atividade de pesquisa, do ensino, e do
recrutamento de graduados pelas empresas da região, bem como através de
programas de aperfeiçoamento profissional. Por fim, a universidade ainda
influencia o ambiente cultural local, a formação de lideranças, e a formulação
de visão estratégica sobre os condicionantes econômicos da região. (HOFF;
MARTIN & SOPEÑA, 2011, p. 161)
Esse conjunto de acontecimentos ocasionados pela presença da universidade
alteram não só o dinamismo, mas a paisagem física em si. Alguns espaços que antes eram
considerados periféricos ou isolados, ao longo do tempo ganham status devido a presença
de uma IES.
Além de alterar a geografia, a paisagem e a arquitetura ao seu entorno (no
sentido físico, social e cultural), a sede e os campi universitários representam um
importante instrumento, até mesmo pela sua permanência no tempo, de
reestruturação de espaços urbanos degradados. (LOPES, 2012, p.171)
Visto por diversos autores que umas IES é um agente transformador do espaço
físico e social, a interiorização dessas instituições vem ocorrendo de maneira estratégica,
uma vez que cidades pequenas e médias possuem disparidades em relação a metrópoles.
[...] a prioridade do processo de expansão foi reduzir as assimetrias regionais
responsáveis pela concentração das universidades federais em metrópoles e
regiões com maior poder aquisitivo. Nesse sentido, entre 2003 e 2007 foram
criadas dez universidades federais em regiões prioritariamente não
metropolitanas, dentre as quais 40% na região sudeste, 30% na região sul, 20%
na região nordeste e 10% no centro-oeste. (MEC, 2013, p. 36)
Acompanhando toda essa linha de raciocínio dos autores, juntamente aos dados
expostos, podemos concluir que a adesão de um programa de reestruturação e expansão
visava melhorar o mercado e a mão-de-obra brasileiros, porém se transformou em algo
muito maior. O conhecimento transformou a vida de milhares de cidadãos,
consequentemente atingindo a sociedade e indissociavelmente acarretando
desenvolvimento econômico nas localidades dessas instituições, direta ou indiretamente.
Entretanto, esse processo de desenvolvimento e expansão das universidades em
cidades pequenas e médias gerou problemas de ordem espacial, como a valorização de
do metro quadrado, especulação imobiliária, segregação social e até aumento da
criminalidade.
29
3.1 – Os Impactos Econômicos e Sociais Ligados a Universidade Federal de Alfenas
e Produção do Espaço
A Universidade Federal de Alfenas teve sua história iniciada em 03 de abril de
1914, por João Leão de Faria. Desde então, sua implantação abriu caminho para a
expansão e desenvolvimento do comércio local da cidade. (Secretaria Geral- UNIFAL-
MG, 2014)
Anteriormente a criação do plano de reestruturação e expansão das universidades,
a antiga EFOA, antecessora a UNIFAL-MG, possuía apenas os cursos de Farmácia e
Odontologia.
Porém, a instituição foi reconhecida somente em 23 de março de 1932 pelo
Ministério da Educação e Saúde Pública e tornou-se Federal em 18 de dezembro de 1960.
Posteriormente, em 07 de junho 1972 tornou-se autarquia de regime especial. Essa
transformação, facilitou a implementação do curso de Enfermagem e Obstetrícia em 05
de outubro de 1976. (Secretaria Geral- UNIFAL-MG, 2014)
Em 03 de agosto de 1999, o MEC autorizou a implantação dos cursos de Nutrição,
Ciências Biológicas e a Modalidade de Fármacos e Medicamentos para o curso de
Farmácia. (Secretaria Geral- UNIFAL-MG, 2014)
Com o decorrer da expansão e sucesso dos cursos implementados, em 2001 a
EFOA evoluiu para Centro Universitário EFOA/CEUFE. Enquanto no fim de 2002 e
início de 2003, o curso de Ciências Biológicas foi dividido em Licenciatura e
Bacharelado. No mesmo ano foi implementado o curso de Química Bacharelado.
No ano seguinte, 2004, a EFOA/CEUFE, criou o Centro de Educação Aberta e
Distância-CEAD. Permitindo que houvesse também a forma de ingresso virtual na
universidade. (Secretaria Geral- UNIFAL-MG, 2014)
Em 2005, através da Lei 11.154/2005, o Centro Universitário se torna uma
Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), a atual Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL-MG. (Secretaria Geral- UNIFAL-MG, 2014)
A partir de 2006, os cursos ofertados passam a ser ampliados, juntamente com
seus campi, de acordo com as metas do REUNI, Fase I (Quadro 1) (Gráfico 1).
30
Quadro 1- Cursos oferecidos pela UNIFAL-MG entre 2006 a 2014.
Ano de Implantação Cursos
2006 Matemática (Licenciatura)
Física (Licenciatura)
Ciência da Computação
Pedagogia
2007 Química (Licenciatura)
Geografia (Bacharelado e Licenciatura)
Biotecnologia
Ênfases Ciências Médicas e Ciências Ambientais no curso de Ciências
Biológicas
Aumento nº vagas: Química (Bacharelado) e Nutrição
2008 Transformação do curso de Ciências Biológicas com ênfase em ciências
médicas e Biomedicina
2009 História (Licenciatura)
Letras (Bacharelado e Licenciatura em Português e Espanhol)
Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura)
Fisioterapia
2012 Pedagogia (Polos nos estados de Minas Gerais e São Paulo)
2014 Medicina (Faz parte do programa Mais Médicos do Governo Federal)
Fonte: http://www.unifal-mg.edu.br/institucional/historico
Nota: Dados trabalhados pela autora
Gráfico 1- Estrutura Espacial dos Campi da Universidade Federal de Alfenas.
Fonte: (MINA, RAMOS & REZENDE, sem data)
O campus Sede tornou-se Universidade em 2005 como parte da Fase I do REUNI,
enquanto o Santa Clara situado na porção Oeste da cidade teve o início de sua construção
em 2007 e os demais campi de Poços de Caldas e Varginha foram inaugurados
respectivamente em 2008 e 2010, pertencentes a Fase II do REUNI. A Unidade II no
bairro Santa Clara, abriga em 2016 os cursos de Ciências da Computação, Física,
Fisioterapia e Geografia Bacharelado/Licenciatura.
31
Desde a adesão do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais e conclusão das Fases I e II, Faria Junior (2015) traz uma análise econômica do
município Alfenense:
Considerado um polo universitário, o município de Alfenas conta com duas
universidades: a Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS) e a
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Essas universidades atraem
estudantes de todas as regiões do Brasil, contribuindo como um forte propulsor
na atividade econômica da cidade. Em 2012 Alfenas teve um PIB registrado de
R$ 1.640.632.000,00, sendo que maior parte da produção foi em serviços com
76,64% do total do PIB, ficando a indústria com 14,69% e a atividade
agropecuária com 8,67%. O PIB per capita nesse mesmo ano foi de R$ 21.932,41
(IBGE, 2015b). (FARIA JUNIOR, 2015, p. 10)
O aumento considerável do PIB em Alfenas em decorrência da instalação da IFES
se concentra principalmente no setor terciário, onde o comércio e serviços ganham
posição de destaque. (Gráfico 2)
Gráfico 2- Proporção dos componentes do PIB em Alfenas de 2004 a 2012
Fonte: IBGE (2015).
Nota: Dados trabalhados por Faria Junior (2015).
Há redução na parcela do PIB referente à Indústria e a Agropecuária e um
considerável aumento em Serviços no período de 2004 até 2012, com praticamente 20%
de aumento. Isso decorre da ampliação da demanda dos universitários (alunos e
servidores) em serviços essenciais e de comércio voltados para as necessidades diárias,
como padaria, supermercado, academias, salão de beleza entre outros.
Conforme estudo de Faria Júnior (2015) realizado sobre os impactos econômicos
e financeiro da UNIFAL-MG entre 2002 a 2014, destacam-se os setores do comércio e
da educação com maior investimento. De acordo com dados do IBGE em 2002 o PIB do
município teria alcançado os R$287.436.000, já em 2014 houve um salto para
R$1.111.754.000, em função da crescente demanda por novos serviços. A instalação da
32
UNIFAL trouxe novos investimentos e acrescentou novos propostas de trabalho,
dinamizando a economia local e regional.
Outros estudos sobre os impactos gerados na dinâmica econômica e urbana da
instalação de universidades mostraram que há uma supervalorização das áreas próximas,
causando influência além das fronteiras territoriais da cidade. Conforme Triches, Fedrizzi
& Caldart (2003), a universidade, além de perseguir a qualificação e formação
profissional e educacional desempenha um papel importante no crescimento e no
desenvolvimento econômico do espaço geográfico local e regional. (Gráfico 3 e 4)
Gráfico 3- Comparação do PIB de Alfenas, regiões e Brasil entre 2005-2012.
Fonte: IBGE (2015).
Nota: Dados elaborados por Faria Junior (2015).
Gráfico 4- Aumento Relativo do Valor Adicionado Bruto a Preços correntes de
Serviços, inclusive administração, saúde e educação públicas e seguridade social - Ano
Base 2005.
Fonte: IBGE (2015).
Nota: Dados trabalhados por Faria Junior (2015).
33
A partir dos dados expostos nos gráficos 3 e 4, reforça-se que Alfenas possui eu
destaque em seu PIB em relação às demais regiões mineiras, a região sudeste como um
todo e o território nacional. O setor terciário começa se realçar três anos após a
federalização do instituto, possuindo desde então um crescimento considerável.
Esses impactos econômicos na cidade são claramente observados na fala do casal
de entrevistados donos de um estabelecimento comercial, bem próximo a universidade,
fundado em 1981, funcionando normalmente até a realização da pesquisa, porém, com
uma placa de venda.
(...). Não é que o estudante impacte o nosso comércio em época de férias e
greve, afeta tudo. Aqui a gente vende linhas, mas se alguém não comprar uma
calça a costureira não vem. E a costureira não vem, porque todos os outros
comércios estão vendendo menos e o povo não ta ganhando dinheiro. É um
ciclo. É supermercado, é barzinho, restaurante, é tudo” Entrevistada nº35, 67
anos.
O município de Alfenas possui um setor terciário disposto espacialmente de
maneira majoritariamente agregada nas áreas centrais, segundo dados do Ministério do
Trabalho (MTE), em 2015 o total de estabelecimentos comerciais, incluindo o atacado e
o varejo era de 1.620, enquanto o número de serviços em geral chegava a 1.610. O número
de empregos formais em dezembro de 2015 para janeiro de 2016 no setor comercial
alcançou os 5.013, e o setor de serviços alcançou maior destaque, chegando a 7.597,
segundo dados do MTE.
Em comparação aos demais setores da economia, o setor terciário ganha destaque
na cidade de Alfenas, visto que o número de empregados em 2013 se concentra em
comércios e serviços locais, como se verifica na tabela seguinte. (Tabela 5)
Tabela 5 – Número de empregados em Alfenas, por segmentos da economia em 2013.
Setor Número de Empregados Porcentagem (%)
Indústria 2.357 11,82%
Construção Civil 758 3,80%
Comércio 4.807 24,10%
Serviços 10.094 50,61%
Agropecuária, Extração
Vegetal, Caça e Pesca
1.927 9,66%
Total 19.943 100%
Fonte: RAIS (2015).
Nota: Dados trabalhados por Faria Junior (2015).
34
O setor terciário soma pouco mais de 70% do número de empregados na cidade,
sendo uma quantidade significativa. Nos dois anos seguintes comércios e serviços
continuam em destaque, em 2014 somando mais de 2.300 empregos e em 2015 mais de
1.110, ultrapassando os outros setores. (Tabela 6)
Tabela 6 - Número de Empregos Formais em Alfenas nos anos de 2015 e 2014.
IBGE Setor Ano 2015 Ano 2014
Extrativa Mineral 28 28
Indústria de Transformação 536 850
Serviços Industriais de Utilidade Pública 4 14
Construção Civil 233 675
Comércio 562 1.099
Serviços 627 1.254
Agropecuária, Extração Vegetal, Caça e Pesca 155 346
Total 2.458 4.571
Fonte: RAIS (2017)
Nota: Dados Trabalhados pela autora.
O número de empregados no setor terciário na cidade de Alfenas demonstra
destaque mesmo em anos mais difíceis, como em 2015, onde houveram 562 empregados
no comércio e 627 em serviços.
Ao analisar uma amostra de 53 estabelecimentos comerciais, na área de influência
econômica direta da UNIFAL-MG, foi possível coletar os valores dos salários dos
funcionários referentes ao ano de 2017. (Gráfico 5)
35
Gráfico 5- Média salarial dos trabalhadores em estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços na AIED em 2016/2017.
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Nota-se que a maioria dos funcionários (54%) recebem um salário mínimo e a sua
maioria possuem carteira de trabalho assinada, com INSS, férias, décimo terceiro salário,
características essas pertencentes ao Circuito Superior da Economia. Quando se trata dos
salários um pouco mais elevados, como um salário e meio (18%) e dois salários (4%), os
funcionários se encaixam em cargos mais privilegiados, como: gerentes ou preferem
conversar com o patrão para serem contratados sem os benefícios que a carteira de
trabalho garante, recebendo-os maneira direta.
A questão do valor do salário combinado juntamente ao esquema de comissão
(12%), funciona em sua maior em setores do Circuito Inferior da Economia, como salões
de beleza, academias e estabelecimentos comerciais menores, como lojas roupas, onde é
estabelecido um valor bastante inferior ao salário mínimo e o funcionário precisara se
empenhar garantindo comissões para complementar a renda. Embora a estrutura de alguns
estabelecimentos possua muitas características do Circuito Superior, os salários não são
condizentes com o local.
Os funcionários detentores de menos de um salário mínimo geralmente são
contratados com idade até 17 anos incompletos, ou seja, menores de idade segundo o
regulamento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Geralmente, exercem seu trabalho
em meio período ou fazem parte do grupo de vendedores informais. Essa categoria ainda
contempla estudantes de Educação Física estagiando em academias que ganham por hora.
A presença da Universidade acarreta em contratações nos mais diversos
estabelecimentos do setor terciário, gerando assim, empregos fixos, em decorrência da
12%
54%
18%
4%12%
Média de Salários
Menos de 1 salário mínimo
1 salário mínimo
1 salário e meio
2 salários
36
demanda estudantil na Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG. Os salários
são compatíveis com a funcionalidade do estabelecimento e as funções dos contratados.
Além dos impactos econômicos que são claramente observados, a universidade
proporciona para a sociedade oportunidade de formação profissional, desenvolvimento
cultural, qualificação para o mercado de trabalho e desenvolvimento do senso crítico do
cidadão. Hoff, Martin e Sopeña (2011), reforçam essa ideia.
Quando se observa a universidade pública, pode-se dizer que a sociedade é
duplamente recompensada pelos impostos que paga. Por um lado, porque a
universidade propicia formação profissional, atividades culturais e
desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico, que acabam
gerando incremento do capital humano local. Por outro, “porque a
universidade faz retornar à economia do município onde funciona, uma parcela
dos recursos subtraídos através dos impostos arrecadados pelo Governo do
Estado. (HOFF; MARTIN & SOPEÑA, 2011, p. 162)
No caso específico de Alfenas, a UNIFAL-MG oferece serviços de saúde gratuito
a população desde 1916, por meio dos alunos acompanhados de seus professores.
Também são oferecidos exames de sangue, fezes e urina desde a aprovação do curso de
Farmácia Bioquímica em 1969. (UNIFAL-MG, 2016)
As relações entre a universidade e a comunidade foram ganhando força, o que
acarretou na criação de uma Pró-Reitoria de Extensão, onde alunos de todos os cursos
podem enviar seus projetos com o objetivo de acumular seu conhecimento acadêmico e
beneficiar os moradores.
A interação da UNIFAL-MG com a comunidade de Alfenas-MG tanto nos
aspectos culturais quanto de cidadania, é realizada pela Pró-Reitoria de
Extensão da UNIFAL-MG que é responsável pela coordenação de diversos
programas, projetos, cursos, eventos e serviços que promovem a cultura,
esporte, lazer, saúde, além de outras atividades que integrem a sociedade ao
meio universitário e, ao mesmo tempo, permite ao aluno realizar atividades e
adquirir experiência por meio da extensão. (FARIA JUNIOR, 2015, p.30)
Existem diversas consequências da instalação de uma universidade, sendo
perceptível no caso especifico da UNIFAL-MG na cidade de Alfenas, a instituição como
instigadora de comércio e serviços e beneficiamento social a sua comunidade o que ela
alavanca o setor terciário local e ampara de maneira positiva direta e indiretamente a vida
de muitas pessoas.
37
Toda essa dinâmica econômica altera a paisagem da cidade de Alfenas, tornando
o espaço um lugar produtivo e em constante movimento de ações sociais. Para Milton
Santos (2014) o espaço está atrelado a economia e a sociedade quando:
Consideramos o espaço como instancia da sociedade, ao mesmo título que a
instancia econômica e a instancia cultural-ideológica. Isso significa que, como
instância, ele contém e é contido pelas demais instâncias, assim como cada
uma delas o contém e é por ele contida. A economia está no espaço, assim
como o espaço está na economia. (...) o espaço é tudo isso, mais a sociedade
(...) (SANTOS, 2014, p. 12).
A partir desse pensamento concluímos que o espaço geográfico contém relações
complexas que só existem devido a ele e vice-versa. O espaço desprovido de sociedade
torna-se uma paisagem estática, comandada pela natureza.
Atualmente, nas denominadas cidades universitárias, é um dos principais agentes
por trás da instância econômica responsável pelos espaços produtivos é a universidade.
Que seria caracterizada pelo o que Milton Santos chama de processo, que pode ser
definido como uma ação continua desenvolvendo-se em direção a um resultado qualquer,
implicando conceitos de tempo (continuidade) e mudança. (SANTOS, 1985, p. 69)
Para Santos (1985) como os circuitos produtivos se dão, no espaço, de forma
desagregada, embora não desarticulada, a importância que cada um daqueles processos
tem, a cada momento histórico e para cada caso particular, ajuda a compreender a
organização do espaço.
Sendo assim, os espaços produtivos do setor terciário circundam a universidade e
geram uma relação indireta de dependência. Uma vez que, a demanda universitária
acarreta o surgimento de comércios e estabelecimentos de prestação de serviços.
3. 2 – Especulação Imobiliária e Produção do Espaço
Um dos seguimentos decorrentes do surgimento de uma universidade é a
especulação imobiliária, pois, sua oferta por vagas demanda pelos futuros ingressantes a
moradia e a localização é primordial na escolha dos estudantes.
A especulação imobiliária ocorre de maneira mais intensa próxima a instituição,
pois o entorno valoriza-se e é espaço de atração de novos investimentos do setor terciário.
Tais requisitos proporcionaram ao especulador a chance de cobrar pelo imóvel o valor de
seu desejo e se a demanda possuir condições, irá pagar.
38
Ao contrário dos mercados de produtos do trabalho humano, em que os preços
giram ao redor de uma média constituída pela soma dos custos de produção e
da margem do lucro capaz de proporcionar a taxa de lucro média sobre o capital
investido, os preços no mercado imobiliário tendem a ser determinados pelo
que a demanda estiver disposta a pagar. (SINGER, 1982, p. 23)
Isso se concretiza nas palavras de um entrevistado que possui comércio próximo
a universidade, quando ele afirma que “Falou que é estudante é mais caro. E a família vai
pagar, porque quer ver os filhos bem, aqui é tudo perto”. Entrevistado nº 23, 37 anos.
Não é vantajoso ao especulador ceder a negociações de preço, uma vez que,
normalmente os terrenos são comprados antes ou juntamente com as obras de algumas
empresas/instituições. Houve toda uma espera pela valorização imobiliária, ou seja, a
especulação irá acontecer.
A “valorização” da gleba é antecipada em função de mudanças na estrutura
urbana que ainda estão por acontecer e por isso o especulador se dispões a
esperar um certo período que pode ser bastante longo, até que as condições
propicias tenham se realizado. (SINGER, 1982, p.23)
A demanda é tão grande quanto a oferta no setor imobiliário no entorno da
universidade, porém a especulação ocorre de maneira mais intensa de acordo com o status
atribuído ao futuro morador.
Meu patrão é dono de um prédio na Governador (Av. Gov. Valadares), tinha
um comércio em baixo do prédio. Ele transformou numa garagem pra valorizar
o prédio. Se você falar que é estudante o aluguel é de 1.500,00 reais pra cima.
Eu moro lá e pago 850 reais. (Entrevistada nº 17, 24 anos.)
Portanto, para Campos Filho (2001), a especulação seria uma forma pela qual os
proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da
economia, especialmente através de investimentos públicos na infraestrutura e serviços
urbanos.
Uma das entrevistadas de comércio, dona de imóveis afirma que “Com o valor
está incluso a segurança dos filhos que ficam longe dos pais. Eu não abaixo o preço, pois
meus imóveis são bons, mobiliados e seguros”. Entrevistada nº 15, 62 anos.
Outro fator resultante do processo especulativo é a verticalização no entorno da
universidade, pois os espaços tornam-se limitados e a tendência seria a construção de
prédios para maior aproveitamento territorial gerando lucros aos investidores.
A verticalização é um procedimento antigo, principalmente em áreas centrais.
Inicialmente os prédios eram vistos como cortiços e lugar de pessoas de classe baixa, mas
hoje é solução para especuladores.
39
A difusão do consumo da habitação verticalizada iniciou-se na década de 1920,
como uma opção de moradia para a classe média, que em função do
crescimento da cidade teve que escolher entre morar em casas nos bairros
afastados ou em prédios de apartamentos construídos na área central.
Permanecer no centro foi uma opção majoritária, mas para que isso ocorresse
foi preciso romper com antigos preconceitos sobre habitações coletivas.
(Ramires 2001, 46) (QUEIROZ e FEHR, sem data. p. 5)
Uma das entrevistadas de um comércio próximo a UNIFAL existente desde 1981
afirma “o número de prédios cresceu muito. Só aqui do meu comércio você enxerga três,
se der uma volta por aí conta muito mais. Antigamente tinha um ou outro” Entrevistada
nº 35, 67 anos. O marido da entrevistada completa “todo mundo quer morar perto da
faculdade, então o jeito é construir prédios” (Tabela 7).
Tabela 7 – Número de prédios na AIED da UNIFAL-MG em 2017.
Logradouro Número de prédios
Rua João Florentino da Silva 1
Rua Gabriel Monteiro 1
Avenida Governador Valadares 3
Rua Antônio Carlos 6
Rua Pio XIX 1
Rua Evaristo da Veiga 1
Rua Padre João Batista 4
Avenida São José 1
Avenida Afonso Pena 4
Rua Professor Carvalho Júnior 5
Rua Sete de Setembro 3
Rua José Arnaldo da Silveira 3
Total 33 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Em 2017, a área de influência da universidade conta com 33 prédios, destes 8 tem
dois andares acima de uma garagem, 15 tem três andares, 3 tem quatro andares, 2 tem
cinco andares, 2 tem sete andares, 2 tem nove andares e 1 tem doze andares.
Muitos deles não possuem nomes em suas faixadas e nem porteiros, o que dificulta
o acesso a informações adicionais. Esse tipo de imóvel continua em crescimento na área,
devido a demanda estudantil e a limitação de espaço para construção de novas casas, além
de passar a sensação de segurança e modernidade, pois muitas casas são antigas e são
alvos fáceis para roubos e assaltos. Os prédios ocupam pouco espaço e geram maior lucro
devido a especulação imobiliária na área (Figura 7).
40
Figura 7- Vista dos edifícios da rua João Pinheiro no centro de Alfenas (2017). Fonte: Autoria Própria
Na figura 6 pode-se observar o andamento das construções de um novo prédio na
área de influência da universidade, com outros três ao fundo. Porém, esses imóveis não
possuem como função exclusiva a moradia, um deles aluga suas salas para fins
comerciais. A garagem dá lugar à Farmácia Santa Maria, que antigamente era Padaria
Quitanda, e os andares visto desse ângulo são espaços dedicados a comerciantes e
prestadores de serviços, contando atualmente com psicólogo, dentista e Ouro Fino.
(Figura 8)
Figura 8 - Prédio na rua João Pinheiro no centro de Alfenas (2017).
Fonte: Autoria Própria
41
Como consequência desse processo, há a uma pressão para que a população local
venda seus imóveis para dar lugar a construções de interesse do capital. Dessa forma
desencadeia-se a segregação, pois segundo Queiroz e Fehr (2007) o processo de
segregação se engendra pelas práticas espaciais dos incorporadores imobiliários.
Segundo o entrevistado que possui consultório odontológico na Av. Governador
Valadares há mais de 20 anos, é perceptível uma expulsão indireta da população:
A maioria dos comércios que você vê hoje aqui são em casas antigas. Quando
eu me mudei pra cá, esses comércios não existiam, era tudo gente morando.
Mas eles prefeririam ir morar em outro lugar e alugar suas casas pra fins
comerciais. Aqui mesmo onde eu estou é muito antigo e provavelmente tinha
uma família aqui. Entrevistado nº 07, 44 anos.
Tais considerações nos remetem a pensar na segregação urbana como conteúdo
intrínseco à constituição do espaço urbano capitalista, fundamentado na propriedade
privada da terra e na valorização do capital como sentido último da reprodução social.
(ALVAREZ, 2013)
A segregação se dá, portanto, como decorrência das condições econômicas e
sociais, expressão da organização social e da produção desigual do espaço ur-
bano, que se acentua pelo processo de (re) estruturação do espaço intraurbano,
no qual verifica-se a expulsão dos pobres e a redistribuição dos ricos, por meio
de uma dinâmica imobiliária dilaceradora, marcada pela segregação induzida
e pela auto segregação urbana. (ORLANDO JUNIOR, 2010. p. 135)
A especulação imobiliária, portanto, contribui para as disparidades espaciais e
segregação, pois para Orlando Junior, 2010, os atores sociais responsáveis pela produção
do espaço urbano é que vão fragmentar, segregar e excluir a população e os espaços.
42
4 - ORGANIZAÇÃO DO COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NO
CIRCUITO INFERIOR E SUPERIOR DA ECONOMIA
4.1 – Definições sobre circuito superior e inferior
A economia em todos os seus setores possui definições para melhor compreensão
e organização. O comércio e a prestação de serviços pertencentes ao setor terciário
possuem diferentes escalas de abrangência, capitais investidos, lucro gerado, público
atendido e distribuição espacial.
Milton Santos (1966) inicia os conceitos de Circuito Tradicional e Circuito
Moderno, porém, estes não atendem a tamanha complexidade das relações comerciais do
setor terciário. Futuramente, o conceito evolui para Circuito Inferior e Superior, sendo
estes classificados como:
Simplificando, pode-se apresentar o circuito superior como constituído pelos
bancos, comércio e indústria de exportação, indústria urbana moderna,
serviços modernos, atacadistas e transportadores. O circuito inferior é
constituído essencialmente por formas de fabricação não “capital-intensivo”,
pelos serviços não-modernos fornecidos “a varejo” e pelo comércio não-
moderno e de pequena dimensão. (SANTOS, 2008, p. 40)
Ambos possuem diversas características que os contrapõem, mas para Milton
Santos (1979) não se poderia caracterizar os dois circuitos da economia urbana através de
variáveis isoladas. Antes, é necessário considerar o conjunto dessas atividades. (Tabela
8)
Tabela 8 – Características dos dois circuitos da economia urbana dos Países
Subdesenvolvidos. Circuito Superior Circuito Inferior
Tecnologia Capital Intensivo Trabalho Intensivo
Organização Burocrática Primitiva
Capitais Importantes Reduzidos
Emprego Reduzido Volumoso
Assalariado Dominante Não-obrigatório
Estoques Grande quantidade e/ou alta
qualidade
Pequena quantidade, qualidade
inferior
Preços Fixos (em geral) Submetidos a discussão entre
comprador e vendedor
(haggling3)
Crédito Bancário institucional Pessoal não-institucional
Margem de Lucro Reduzida o por unidade, mas importante pelo volume
de negócios (exceção
produtos de luxo)
Elevada por unidade, mas pequena em relação ao volume
dos negócios
3 Haggling= regatear ou pechinchar valores. Muito presente no circuito inferior da economia.
43
Relações com a
clientela
Impessoais e/ou com papel Diretas, personalizadas
Custos Fixos Importantes Desprezíveis
Publicidade Necessária Nula
Reutilização dos
bens
Nula Frequente
Overhead 4Capital Indispensável Dispensável
Ajuda
Governamental
Importante Nula ou quase nula
Dependência direta
do exterior
Grande, atividade voltada
para o exterior
Reduzida ou nula
Fonte: SANTOS (1979, p.44).
Tais características nos remetem a pensar que de fato são circuitos opostos, mas
complementares, formando uma lógica dialética. Analisando a fundo, nota-se que a
principal diferença entre os dois está na tecnologia e organização.
Para Milton Santos (1979) as atividades exercidas no circuito superior podem ser
classificadas em puras, impuras e mistas.
A indústria moderna, o comércio e os serviços modernos são elementos puros,
pois são ao mesmo tempo atividades especificas da cidade e do circuito superior.
A indústria de exportação, assim como o comércio de exportação são atividades
impuras. Se estão instaladas na cidade, para se beneficiar das vantagens
locacionais, o essencial de seus interesses é manipulado fora da cidade, para onde
vão seus outputs. O banco poderia ser incluído nesta classificação, como traço de
união entre as atividades modernas da cidade e as cidades maiores do país e do
exterior.
Os atacadistas e transportadores tem atividades do tipo misto, pelo fato de sua
dupla ligação. Ambos têm laços funcionais tanto com o circuito superior como
com o circuito inferior da economia urbana e regional.
Porém, o circuito superior da economia se divide em duas classificações: O
Circuito Superior e Circuito Superior Marginal, sendo o primeiro resultado do grande
capital com independência financeira e o segundo resultado das formas menos modernas
de organização e dependência tecnológica. A presença de redes varejistas em âmbito
regional são alguns exemplos desse circuito superior marginal, pois estão estruturados e
4 Overhead no Brasil é sinônimo de administração central.
44
integrados numa rede produtiva regional, mas aquém das grandes corporações
multinacionais ou financeiras.
Com a finalidade de compreender melhor os circuitos econômicos e entender a
realidade do setor terciário envolvendo uma instituição de ensino superior é importante
classificar um terceiro conceito: o Circuito Superior Marginal. Seria este uma ramificação
do Circuito Superior, porém com algumas especificidades
O circuito superior marginal pode ser o resultado da sobrevivência de formas
menos modernas de organização ou a resposta a uma demanda incapaz de
suscitar atividades totalmente modernas. Essa demanda pode vir tanto de
atividades modernas, como do circuito inferior. Esse circuito superior marginal
tem, portanto, ao mesmo tempo um caráter residual e um caráter emergente.
Nas cidades intermediarias é o caráter emergente que domina. (SANTOS,
1979, p. 103)
O Circuito Superior Marginal é composto por comércios e serviços superiores ao
Circuito Inferior, mas que não possuem um capital internacional ou expansão física maior
que a escala regional, que é o oposto do Circuito Superior. Se enquadram em sua
classificação: supermercados, a nível regional, lojas de roupas, com exceção de
boutiques.
No Circuito Inferior, tem-se as relações de trabalho precarizadas ou pouco
protegidas pelas leis trabalhistas, como a alta jornada de trabalho, benefícios, entre outros.
Outra característica desse processo é a informalidade, presente principalmente em
vendedores ambulantes nas ruas da cidade. Porém, é recorrente nesse tipo de circuito, o
uso da residência para a prática das atividades econômicas, onde muitas vezes são
montados salões de beleza nas garagens das casas ou utilizados pequenos espaços para
vendas de cosméticos, lingeries e produtos de baixa qualidade comprados em feiras.
Estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços também estão aptos a se
classificarem nesse circuito, quando os salários são precarizados, a jornada de trabalho é
intensa e a maioria dos funcionários não possuem algum tipo de especialização ou mesmo
o ensino médio completo.
4.2 – Organização e produção do espaço terciário na área de influência econômica
direta da UNIFAL-MG
Alfenas possui características consolidadas na oferta de serviços e comércio, e tem
papel fundamental na dinâmica regional. Conforme Sposito (2007) papéis regionais
sempre estiveram associados as cidades médias.
45
No capítulo anterior demonstrou-se que uma instituição de ensino superior atrai
para seu entorno comércios e serviços. No caso da UNIFAL, o setor terciário é bem
estruturado, possuindo aspectos múltiplos dos circuitos da economia.
O circuito superior é o resultado direto da modernização tecnológica e seus
elementos mais representativos são os monopólios. A maior parte de suas
relações ocorre fora da cidade e da área que a circunda porque este circuito tem
um quadro de referências nacional ou internacional. O circuito inferior consiste
de atividades em pequena escala e diz especialmente respeito à população
pobre. Contrariamente ao circuito superior, o inferior é bem sedimentado e
goza de relações privilegiadas com sua região. Cada circuito forma um sistema,
isto é, um subsistema do sistema urbano. (SANTOS, 1971, p.126)
Uma vez que o circuito superior se caracteriza predominantemente por possuir
relações afastadas da cidade, devido sua escala física e econômica, o meio comercial que
circunda a instituição possui uma mescla do Circuito Superior Marginal e Circuito
Inferior, que serão tratados nesta pesquisa como Circuito Misto.
Essa sustentação do sistema presente no setor terciário central da cidade, provém
conjuntamente com o seu status de cidade média, visto que o Circuito Superior reside nas
grandes metrópoles, os Circuitos Inferior e Superior Marginal se instalam melhor em
cidades pequenas e médias.
Na cidade, propriamente dita, existem, por um lado, um circuito inferior
permanente, correspondente as transações diárias e a escala urbana, e por outro
lado um circuito inferior cujo o tamanho varia de acordo com a cidade e de sua
área de influência. Na metrópole não existe circuito inferior regularmente
ampliado e inflado. (SANTOS, 1971, p. 133)
Milton Santos (1979) diz que há um pressuposto que cada circuito mantém um
tipo particular de conexão com a área de influência da cidade: pode-se dizer, portanto,
que cada cidade tem duas áreas de influência.
Os donos de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, em busca
dessa zona de influência optam por se fixar próximo a universidade, na qual exerce essa
função na porção central da cidade, que nos remete a teoria Christalleriana dos Lugares
Centrais.
Segundo Christaller (1933) a cidade central exerce um poder gravitacional sobre
as cidades do seu entorno, pois há maior quantidade e melhor qualidade dos serviços e
comércio ofertados que as demais cidades, nesse caso, a universidade é o polo de atração
da população.
46
A Teoria dos Lugares Centrais mostra uma organização espacial da população
de acordo com a importância e o dinamismo das atividades econômicas,
principalmente o comércio e a indústria. A proximidade de centros industriais
e comerciais faz com que a distribuição da população se dê em torno desses
pólos aglutinadores, ou seja, uma polarização ou redes desses centros urbanos.
(ALVES, 2011, p.8)
Sendo assim, o setor terciário se concentra em torno da universidade justamente
pela demanda estudantil e vice-versa, conforme uma entrevistada que atualmente está
matriculada na UNIFAL “esse movimento acontece aqui no centro porque ninguém quer
andar muito para comprar. Os estudantes querem tudo perto. ” Entrevistada nº 23A, 21
anos.
Uma estudante do curso de Farmácia respalda essa teoria quando afirma “Tento
comprar tudo no centro, perto da UNIFAL e da minha casa. É mais fácil fazer as coisas a
pé” Entrevistada nº27ª A, 22 anos.
A esfera econômica está intimamente ligada ao espaço, ao afirmar essa sentença
não podemos pensar nos elementos estudados de maneira isolada. Social, econômico e
ambiental, devem receber um olhar de totalidade.
Santos (1985), reafirma em suas pesquisas a questão do todo espacial:
Consideramos o espaço como uma instância da sociedade, ao mesmo título que
a instância econômica e a instância cultural-ideológica. Isso significa que,
como instância, ele contém e é contido pelas demais instâncias, assim como
cada uma delas o contém e por ela é contida. A economia está no espaço, assim
como o espaço está na economia. O mesmo se dá no político-institucional e no
cultural-ideológico. Isso quer dizer que a essência do espaço é social. Nesse
caso, o espaço não pode ser apenas formado pelas coisas, os objetos
geográficos, naturais e artificiais, cujo o conjunto nas dá a Natureza. O espaço
é tudo isso, mais a sociedade: cada fração da natureza abriga uma fração da
sociedade atual (...) (SANTOS, 1985, p.12)
Para entender o setor terciário na Área de Influência Econômica Direta da
UNIFAL-MG, foram analisados em espaços produtivos, no caso em ruas e avenidas, onde
se pode observar exemplos claros dos setores economia ali presentes.
4.2.1 – Espaços produtivos: Avenidas e Ruas na Área de Influência Direta da
UNIFAL
Em sequência, será analisada uma relação dos estabelecimentos de comerciais e
prestadoras de serviços existentes na Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-
47
MG (entorno de 800m), em funcionamento até o ano de 2017. Esses espaços produtivos
tem uma forte concentração nas proximidades, e atende toda cidade.
A delimitação espacial compreende as Avenidas Governador Valadares, Afonso
Pena e São José e também as ruas João Florentino da Silva, Gabriel Monteiro da Silva,
Sete de Setembro, Padre João Batista, Antônio Carlos, Professor Carvalho Júnior,
Tiradentes, Leão de Faria, João Pinheiro, Evaristo da Veiga, Afonso Arinos, Padre
Custódio Dias, Areado, Cristina Mendes, João de Souza Sobrinho, João da Cunha Bastos,
Liberdade, Manoel Jacinto Pereira, Raimundo Corrêa e Joaquim da Guarda.
Esses estabelecimentos serão classificados em Circuito Superior, Circuito Inferior
e Circuito Misto, sendo os dois primeiros baseados nos estudos de Santos (data) e o último
uma classificação definida para se adequar a atual pesquisa, considerando-se que houve
uma grande evolução das técnicas desde a teoria econômica dos circuitos. As observações
realizadas in loco e as entrevistas concedidas durante a realização do trabalho de campo,
demonstram que há uma mescla entre os circuitos da economia e que classifica-los
atualmente exigem novas demandas.
A classificação dos comércios e prestadores de serviços será estabelecido da
seguinte maneira: Circuito Superior (C.S.), Circuito Inferior (C.I.) e Circuito Misto
(C.M), logo à frente da nomenclatura do estabelecimento. Embora existam
estabelecimentos com a mesma funcionalidade a forma como ocorre e dinâmica interna
do local irá influenciar a na classificação.
Inicialmente, será explorada a Avenida Governador Valadares e a distribuição do
setor terciário no espaço geográfico delimitado para estudo, que compreende sua porção
voltada para o bairro Centro da cidade. (Tabela 9).
48
Tabela 9 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida
Governador Valadares em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Padaria Moderna C.S.
Mauro Veículos C.M.
Neia Modas C.M.
Marcio Veículos C.S.
Alves Distribuidora C.S.
Copy Mais C.S.
J Lenzi C.S.
RN Ferramentas C.S.
Suvinil C.S.
Moça Prosa C.M.
Padaria Lareira (Antiga Cristalina) C.S.
Disney Lanches C.M.
SLD C.M.
Autopeças do Gordão C.S.
Dupercilio Baterias C.S.
Styllo Veículos C.S.
Coorples C.S.
Casa do Criador C.S.
Evandro Motos C.S.
1001 Locadora C.S.
Casa do Pedreiro C.S.
Vidraça N.S. C.S.
Cocobongo C.M.
Casa de Redes do Alencar C.S.
Casa do Tapeceiro C.S.
Casa dos parafusos C.S.
Móveis Alfenas C.S.
Liveira Materiais Eletricos C.S.
New Adesivos – Fechou C.M.
BM Vidros C.S.
100% Veículos C.S.
Cia da Impressora C.M.
Construtora C.S.
Pão de queijo Recheado C.M.
Meats C.S.
Posto BR 2000 C.S.
Vendedor Informal – Pão de Queijo C.I.
Vendedor Informal – Cachorro Quente C.I.
Vendedora Informal – Alfajor C.I.
Academia Cross Fight C.S.
Salão D’Lamar C.M.
Advocacia Dr. Edson e Dr. Jorci C.M.
Pet Shop Cia Animal C.S.
Sebrae C.S.
49
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
No recorte realizado na Avenida Governador Valadares para área de estudo foi
contabilizado um total de 60 estabelecimentos, sendo 39 classificados como comércios e
21 como prestadores de serviços, desta totalidade podem ser considerados 40
estabelecimentos pertencentes ao Circuito Superior, 03 ao Circuito Inferior e 17 ao
Circuito Misto.
Nota-se que nessa avenida a quantidade de comércios ultrapassa os prestadores de
serviços, estando esses em maior número nas ruas mais calmas no entorno da
universidade.
Por se tratar de uma avenida movimentada, segundos os próprios entrevistados e
com um número superior de estabelecimentos se a considerarmos como um todo, a
movimentação intensa não possibilitou a aplicação dos questionários em 100% dos locais
contabilizados. Esse quadro também se repetiu nas demais avenidas e ruas.
Porém o fluxo de pessoas diminui drasticamente segundo um entrevistado, dono
de padaria:
(...) Pra você ver, o aluguel do meu cômodo aqui é de três mil, essa última
greve que vocês tiveram, no fim de outubro me afetou muito. Desde então eu
não consegui pagar o aluguel. Com uma semana que voltou as aulas eu
consegui dinheiro pra pagar um mês de aluguel atrasado (...) Entrevistado 22,
37 anos.
Consultório João – Dentista C.M.
Academia Haltere-se C.M.
Salão Doutoras da Beleza C.M.
Nutricionista C.S.
Assistência Judiciária C.S.
Academia New Phisical C.S.
Fisk (C.S) C.S.
Consultório Maria Clara – Dentista C.M.
Auto Escola AutoTrans C.S.
Tatoo C.M.
Advogados C.S.
Advocacia José Rafael C.S.
Escritório de Advocacia C.S.
Consultório Odontológico C.M.
Corretora de Veículos C.S.
ACCEL C.S.
Total de Comércios: 39
Total de Prestadores de Serviços: 21
Total de Estabelecimentos: 60
Total C.S.: 40
Total C.I.: 03
Total C.M.:17
50
Posteriormente, a Avenida Afonso Pena também representa um ponto importante
na Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-MG, com intenso fluxo de pessoas
durante a semana. (Tabela 10)
Tabela 10 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida Afonso
Pena em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Casa das Linhas C.S.
Tapeçaria C.M.
Transterra C.S.
Comida de casa C.S.
Don’Ana C.S.
Sabor Sabores – Casa de massa C.S.
Posto BR 2000 C.S.
Celia Cabeleireira C.M.
Pet Shop Amor de Cão C.M.
Raquel Cabeleireira C.M.
Despachante Imobiliário C.S.
RR Advocacia C.M.
RE Estética C.S.
Salão Shalom C.M.
Cartório C.S.
Advogados C.S.
Consultório Danyara – Dentista C.M.
Cia de Ballet Adágio C.S.
Total de Comércios: 07
Total de Prestadores de Serviços: 11
Total de Estabelecimentos: 18
Total C.S.: 11
Total C.I.: 00
Total C.M.:07 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Na Avenida Afonso Pena a quantidade de prestadores de serviços é maior em
relação aos estabelecimentos comerciais, se destacando nos ramos alimentício e de
beleza/estética, sendo esses muito afetados em períodos de greve e férias segundo patrões
e funcionários. Dos 07 estabelecimentos comerciais e 11 prestadores de serviços, 11 são
pertencentes ao Circuito Superior e 07 ao Circuito Misto.
De acordo com um entrevistado do ramo alimentício, seu estabelecimento é
afetado em 95% durante as férias/greve, e ele acredita que “Alfenas para” nessa época:
“Eu montei o meu negócio pensando 100% na UNIFAL, vem muito estudante aqui pegar
marmita, quando entra de férias fica mais o pessoal mais velho da cidade que paga por
mês. Afeta meu negócio em 95% e Alfenas em 80%”. Entrevistado 18, 52 anos.
51
Entre as Avenidas pertencentes a área de influência econômica, a São José se
diferencia por conter um número maior de imóveis voltados para a moradia universitária
ao invés de atendimento das necessidades básicas no setor terciário. (Tabela 11)
Tabela 11 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Avenida São
José em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Bar do Tiê C.M.
Lanchonete (Sem nome) C.M.
Faixas de Placas C.M.
Salão do João C.M.
ABC Comunicação Social C.S.
Bicicletaria Moderna C.M.
Total de Comércios: 03
Total de Prestadores de Serviços: 03
Total de Estabelecimentos: 06
Total C.S.: 01
Total C.I.: 00
Total C.M.:05 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A avenida São José, possui um número inferior de comércios e serviços,
possuindo um total de 06 estabelecimentos, sendo 05 deles pertencentes ao Circuito Misto
e 01 ao Circuito Superior. Apesar disto, é notória a influência da universidade no setor
imobiliário. Existem vários minis prédios na rua e casas para alugar, a maioria com placas
direcionadas a estudantes. (Figura 9)
Figura 9 - Casa de aluguel para estudantes, localizada na Av. São José
Fonte: Autoria própria.
Algumas das ruas do entorno da universidade possuem um movimento muito
intenso, por se tratarem caminhos estratégicos para se chegar na instituição. A rua João
Florentino da Silva se encaixa nesse exemplo. (Tabela 12)
52
Tabela 12 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João
Florentino da Silva em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Dental Sul Mineira C.S.
Lavanderia Límpida C.M.
Academia Formula Fitness C.M.
Tatiane Danin Studio C.S.
Total de Comércios:01
Total de Prestadores de Serviços:03
Total de Estabelecimentos: 04
Total C.S.: 02
Total C.I.: 00
Total C.M.:02 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Rua João Florentino da Silva possui um movimento intenso, devido a sua
localização (rua que sobe a portaria principal da UNIFAL), porém não possui tantos
estabelecimentos do setor terciário, são 4 estabelecimentos, sendo 02 classificados
enquanto Circuito Superior e outros 02 por Circuito Misto.
Essa rua se destaca pelos vendedores informais, que se aproveitam do fluxo dos
estudantes nos principais horários de aula, principalmente as 19h quando se inicia as
atividades dos cursos noturnos.
Essa rua se cruza com a Gabriel Monteiro, rua que abrange toda a parte de cima
da universidade, que consequentemente possui intenso fluxo estudantil e também de
automóveis. (Tabela 13)
Tabela 13 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Gabriel
Monteiro da Silva em 2017.
Comércios Prestadores de Serviços
Batata Doce Modas C.M.
Restaurante Tia Julia C.S.
Auto Escola Ypê C.S
Máxima Contabil C.S.
Bicicletaria du Rodolfo C.M.
Total de Comércios: 02
Total de Prestadores de Serviços: 03
Total de Estabelecimentos: 05
Total C.S.: 03
Total C.I.: 00
Total C.M.:02 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Gabriel Monteiro da Silva é a rua que corta a entrada principal da UNIFAL e
também possui um imenso fluxo universitário. No recorte definido para área de estudo
não encontramos tantos estabelecimentos pertencentes ao setor terciário, mas todos
admitiram uma queda brusca nos negócios durante período de férias/greve. Essa rua conta
53
com um total de 05 estabelecimentos, sendo 03 pertencentes ao Circuito Superior e 02 ao
Circuito Misto.
Há algum tempo existiam outros estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços nessa rua, porém alguns fecharam ou mudaram de endereço, sendo eles CrisTal
Modas, Um Xerox, um Minimercado ao lado de uma clínica Veterinária e um bar em
frente ao restaurante Tia Júlia, que segundo informações só abre mais a noite e uma loja
de móveis usados.
Dentre as demais ruas que permeiam a área delimitada do entorno da universidade,
temos uma gama de estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços, que em sua
maioria declararam terem escolhido o local para montar seu negócio devido a
proximidade com a universidade, esse é o caso em especial da rua Sete de Setembro, onde
os estabelecimentos mais próximos admitem não sobreviver sem a presença da
universidade. (Tabela 14)
Tabela 14 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Sete de
Setembro em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Açougue do Marquinhos C.M.
Disk Tudo do Marquinhos C.M.
Sex Shop C.M.
Alternativa Decorações C.M.
Aviamentos Ponto a Ponto C.S.
Advocacia C.M.
Consultório do Sandro – Dentista C.M.
Advogados C.S.
Consultório do Vagner – Dentista C.M.
Total de Comércios: 05
Total de Prestadores de Serviços: 04
Total de Estabelecimentos: 09
Total C.S.: 02
Total C.I.: 00
Total C.M.:07 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A rua Sete de Setembro possuí poucos estabelecimentos, totalizando 09, porém os
comércios entrevistados admitiram uma grande movimentação em época de aulas,
sofrendo um déficit de 60% nas vendas em meses de férias da universidade. Dentre o
conjunto estudado nessa rua 02 pertencem ao Circuito Superior e 07 ao Circuito Misto.
Próxima a Sete de Setembro, a rua Padre João Batista, possui um setor imobiliário
mais denso que o terciário, contando três prédios de três andares, um prédio de quatro
andares e um em construção. Também é perceptível várias casas que são repúblicas.
Porém, conta com duas prestadoras de serviços. (Tabela 15)
54
Tabela 15 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Padre João
Batista em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Consultório do Everton – Dentista C.M.
Matheus Advogado C.M.
Total de Comércios: 00
Total de Prestadores de Serviços: 02
Total de Estabelecimentos: 02
Total C.S.: 00
Total C.I.: 00
Total C.M.:02 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Considerando a Área de Influência Econômica Direta da Universidade, apenas 02
estabelecimentos são pertencentes ao objeto de estudo nesta rua, sendo ambos
pertencentes ao Circuito Misto.
Anteriormente, nesta rua existia uma locadora de DVD’s, CD’s e jogos virtuais,
que era considerada referência na cidade, a Vídeo Playce. Possuía uma arquitetura
planejada pensando na beleza do ambiente, cercada por orquídeas e um aquário de carpas.
Acredita-se que teve o mesmo destino das outras locadoras, o rápido acesso a
informação e a facilidade com que encontramos filmes na internet faz esses negócios
desaparecerem. Hoje o lugar está em construção, se tornando um cursinho pré-vestibular.
(Figura 10)
Figura 10 - Comparação do antes e depois de uma prestadora de serviços antiga em Alfenas
Fonte: Locadora: Google Maps – Bora Passar: Autoria própria
55
Próximo ao portão lateral da universidade localizado na rua Antônio Carlos, os
comércios e prestadores de serviços se concentram mais no ramo alimentício. É uma rua
com intenso fluxo estudantil, por ser uma saída próxima a Avenida Governador Valares.
(Tabela 16)
Tabela 16 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Antônio
Carlos em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Copiadora Lagos (Xerox UNIFAL) C.S.
Peixaria Santo Antônio C.M.
Dr. Café C.M.
Cabanas Lanches C.M.
Jet Chicken’s Restaurante C.S.
Vendedor informal de Coxinha C.I.
Total Comércios: 06
Total de Prestadores de Serviços: 00
Total de Estabelecimentos: 06
Total C.S.: 02
Total C.I.: 01
Total C.M.:03 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Rua Antônio Carlos que sobe a portaria lateral da universidade e corta a Av.
Governador Valadares, é marcada pela forte presença de prédios e repúblicas, contando
apenas com 06 estabelecimentos comerciais, 02 do Circuito Superior, 01 do Circuito
Inferior e 03 do Circuito Misto. Possuindo o setor terciário mais presente nas ruas do seu
entorno. O estabelecimento “Cabanas Lanches” citado na tabela 16, fechou recentemente,
sendo anteriormente o “Rei do Açaí”. Alguns espaços comerciais nessa rua são
conhecidos pela alta rotatividade.
A rua Professor Carvalho Junior também é marcada por intenso movimento e
segundo relatos de comerciantes, essa rua chega a ficar bem vazia em períodos de recesso
da universidade. (Tabela 17)
Tabela 17 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Professor
Carvalho Júnior em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
InfoCel C.M.
Suellen Modas C.M.
Salão Moderno C.M.
Fábrica de Placas C.M.
Restaurante Paladar C.S.
56
Filial do Comida de Casa C.S.
Lan House Evolution C.M.
DD Advogados C.S.
Estacionamento C.M.
Consultório da Sandra – Dentista C.M.
Total de Comércios: 06
Total de Prestadores de Serviços: 04
Total de Estabelecimentos: 10
Total C.S.: 03
Total C.I.: 00
Total C.M.:07 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Rua Professor Carvalho Junior também é de intenso movimento, e segundo um
entrevistado a rua chega a ficar bem vazia durante as férias/greve, podendo se contar as
pessoas que por ali passam: “Meu negócio é afetado 70% em época de férias, vem muito
estudante aqui. Esse restaurante existe a mais de 20 anos, do atual dono desde 2004.
Certeza que foi feito pensando na faculdade”. Entrevistado 42, 37 anos.
Essa rua possui dentro da Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL, um
total de 10 estabelecimentos, sendo 03 deles pertencentes ao Circuito Superior e 07 ao
Circuito Misto.
Na rua Tiradentes os maiores beneficiados com a presença da universidade são as
prestadoras de serviços, no caso dois salões de beleza, localizados um de frente para o
outro. (Tabela 18)
Tabela 18 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Tiradentes em
2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Tudo para seu lar C.M.
Bazar JD C.S.
Lanches D’ Louro C.M.
Salão Espaço Mulher C.M.
Salão Espaço Vaidosa C.M.
Total de Comércios: 03
Total de Prestadores de Serviços: 02
Total de Estabelecimentos: 05
Total C.S.: 01
Total C.I.: 00
Total C.M.:04 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Rua Tiradentes é um pouco mais afastada da Universidade, porém todos os
entrevistados declararam-se afetados em pelo menos 40% em períodos de férias e greve
da universidade. Com exceção apenas de um, que possui seu estabelecimento a mais de
20 anos e garante a solidez de seu negócio devido ao tempo. São 05 estabelecimentos, 01
do Circuito Superior e 04 do Circuito Misto.
57
A rua Leão de Faria possui uma diversidade de comércios, porém o maior
beneficiado pela presença da universidade é a Gelocar, que se trata de uma distribuidora
de bebidas. Onde os alunos costumam consumir com grande frequência, segundo a dona.
A mesma também é dona de imóveis no entorno que oferta através de aluguel, moradia
de estudantes. (Tabela 19)
Tabela 19 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Leão de
Faria em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Bel Salgados C.M.
Loja Victor C.S.
Tradicional Lanchonete C.M.
Vila Romênia C.S.
Gelocar C.S.
Barzinho C.M.
Loja San Maris C.M.
Vendedor informal de laranja C.I.
VIP Estética C.S.
Total de Comércios:08
Total de Prestadores de Serviços:01
Total de Estabelecimentos: 09
Total C.S.: 04
Total C.I.: 01
Total C.M.:04 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Essa rua possui 09 estabelecimentos, sendo 04 do Circuito Superior, 01 do
Circuito Inferior e 04 do Circuito Médio. Os demais entrevistados da rua Leão de Faria
alegam maior independência financeira e em relação a universidade. As lojas e institutos
de beleza possuem parcerias e clientes antigas que movimentam seus negócios. A situação
é parecida na rua João Pinheiro. (Tabela 20)
Tabela 20 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João
Pinheiro em 2017.
Comércios Prestadores de Serviços
Bomboniere C.S.
Floricultura Flores do Campo C.S.
Sapatilhas Arraso C.S.
Capinhas de celular C.M.
Lojinha de Esquina C.M.
Ja Modas C.M.
Francis Mari Modas C.M.
Bruno Celular C.M.
Discolândia C.S.
MEG Collor C.S.
58
Farmácia Santa Maria C.S.
Padaria Apolo C.S.
Jegues Lanches C.M.
Tubarão Lanches C.M.
Chalé Lanches C.M.
Kikão Lanches C.M.
K2 Lanches C.M.
Salão de Beleza C.M.
Chaveiro S.O.S C.M.
Autoescola Metrópole C.S.
Feliz Idade – Seguros e Empréstimo C.S.
Odontologia C.M.
WebNet C.S.
Advocacia C.M.
Corretora Itaypu C.S.
Consultório do Ruy – Dentista C.M.
Total de Comércios: 17
Total de Prestadores de Serviços: 09
Total de Estabelecimentos: 26
Total C.S.: 11
Total C.I.: 00
Total C.M.:15 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Dentro da área de estudo essa rua possui 26 estabelecimentos, sendo 11
pertencentes ao Circuito Superior e 15 ao Circuito Médio, porém, por se tratar de uma rua
com localidade mais central, os entrevistados acreditam que o fluxo de pessoas e seus
clientes advém justamente por se tratar do centro. Acreditam esses que o movimento pode
até cair em período de férias, mas que no centro sempre vai ter gente interessada em
comprar, embora façam parte do recorte realizado.
A situação se inverte na Rua Evaristo da Veiga, contando com apenas dois
comércios, porém com dependência direta do fluxo estudantil gerado pela presença da
universidade. (Tabela 21)
Tabela 21 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Evaristo da
Veiga em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Supermercado Popular C.S.
Drogaria Renascer C.S.
Total de Comércios:02
Total de Prestadores de Serviços: 00
Total de Estabelecimentos: 02
Total C.S.: 02
Total C.I.: 00
Total C.M.:00 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Possuindo apenas dois estabelecimentos, sendo ambos classificados dentro do
Circuito Superior, a rua Evaristo da Veiga ainda assim conta com a presença da
universidade para manter seu negócio. A funcionária do supermercado afirma que muitos
59
estudantes moram perto dessa rua e que o movimento cai muito quando esses retornam
para suas cidades de origem. “O movimento aqui cai uns 50%, os estudantes que dão
movimento, né?” Entrevistada 27, 21 anos.
A seguir é possível observar a relação de comércios e prestadores de serviços de
mais uma das ruas pertencentes a área de influência econômica da universidade federal
de Alfenas. (Tabela 22)
Tabela 22 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João
Pinheiro em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Casa do Fogão C.M.
Drogaria Santa Maria C.S.
AlfeSeg C.S.
Bazar Brasil C.S.
Acidália Modas C.M.
Bar do Natalino C.M.
Supermercado Araújo C.S.
Martins Café C.M.
Consultório Odontológico C.M.
Despachante Miranda C.S.
Espaço Belíssima C.M.
JM Barrotur Turismo C.S.
Total de Comércios: 08
Total de Prestadores de Serviços: 04
Total de Estabelecimentos: 12
Total C.S.: 06
Total C.I.: 00
Total C.M.:06 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A rua Afonso Arinos é bastante movimentada e poucos estabelecimentos foram
entrevistados devido a esse fluxo constante e diário de pessoas, porém os entrevistados
admitiram a influência da universidade sobre seus negócios. Dentro da área de estudo
foram contabilizados 12 estabelecimentos, sendo 06 pertencentes ao Circuito Superior e
06 ao Circuito Médio.
As próximas três tabelas possuem poucos estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços, porém a influência econômica da universidade abrange essas
ruas. (Tabelas 23,24 e 25)
60
Tabela 23 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Padre
Custódio Dias em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Sensual Lingerie C.S.
Carlos Cabeleireiro C.M.
Total de Comércios: 01
Total de Prestadores de Serviços: 01
Total de Estabelecimentos: 02
Total C.S.: 01
Total C.I.: 00
Total C.M.:01 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Os estabelecimentos pertencentes a rua Padre Custódio Dias não acreditam na
influência da Universidade em seus negócios, mas se contradizem ao afirmar que a cidade
fica mais vazia e menos pessoas compram. São apenas 02, sendo 01 pertencente ao
Circuito Superior e 01 ao Circuito Médio.
Tabela 24 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Areado em
2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Bicicletaria do Dogmar C.M.
Açougue Frango Assado C.S.
Miss Centopeia Modas C.M.
Floricultura 3 irmãos C.M.
Açougue C.S.
Mara Salão de Beleza C.M.
Total de Comércios: 05
Total de Prestadores de Serviços: 01
Total de Estabelecimentos: 06
Total C.S.: 02
Total C.I.: 00
Total C.M.:04 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Essa rua possui um total de 06 estabelecimentos, dentro da área de estudo
delimitada, sendo 02 pertencentes ao Circuito Superior e 04 ao Circuito Médio. Os mais
influenciados pela presença da universidade na rua Areado são os estabelecimentos do
ramo da moda. Elas afirmam que o movimento cai em época de férias e que isso as afeta
muito.
Tabela 25 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua Cristina
Mendes em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Móveis Semi Novos do Divininho C.M.
Salão de Beleza C.M.
Total de Comércios: 01
Total de Prestadores de Serviços: 01
Total de Estabelecimentos: 02
Total C.S.: 00
Total C.I.: 00
Total C.M.:02 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
61
Dos dois estabelecimentos pertencentes a essa rua, sendo ambos pertencentes ao
Circuito Médio, é observado um público mais voltado para os moradores naturais da
cidade devido a distância pouco maior da universidade.
A seguir, a rua João de Souza Sobrinho, possui um setor terciário forte e bem
estruturado. A rua se encontra com o início da Gabriel Monteiro, ficando próxima ao
centro e aos bairros Vila Betânia, Pôr do Sol e Jardim América, se a considerarmos como
um todo. (Tabela 26)
Tabela 26 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços na Rua João de
Souza Sobrinho em 2017.
Comércios e Prestadores de Serviços Classificação dos Circuitos
Copiadora Du César C.S.
JR Vidros C.S.
Oficina do Notebook C.M.
Clube da Casa C.S.
Obsessão Modas C.M.
Vaguinho Calçados C.M.
Artigos Elétricos C.M.
Alfa Papelaria C.S.
Mais Bela Modas C.M.
Mercadinho C.S.
Rocha Modas C.S.
Casa Miranda C.S.
Casa das Roscas C.S.
Ana Julia Kids C.M.
Farmácia Bernardes C.S.
Helô Modas C.M.
Morada dos Games C.M.
Mercado Anália C.S.
Eri Presentes C.S.
Bio Farma C.S.
Reges Calçados C.S.
Renata Modas C.S.
Casa de Carne Vila Betânia C.S.
Mercearia do Nato C.M.
Padaria Cruzeiro C.S.
Spazio Modas C.M.
Mix Estacionamento C.M.
Fernando Cabeleireiro C.M.
Hospital dos Calçados C.M.
Salão W. C.M.
Dentista C.M.
Alex Cabeleireiro C.M.
62
Barbearia Richard Almeida C.M.
Salão de Beleza C.M.
Total de Comércios:26
Total de Prestadores de Serviços:08
Total de Estabelecimentos: 34
Total C.S.: 16
Total C.I.: 00
Total C.M.:18 Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
A Rua João de Souza Sobrinho é bem extensa e em sua totalidade possui muitos
comércios e prestadoras de serviços, raramente se observa uma residência, ao não ser
quando se inicia o bairro Jd. América I. São 34 estabelecimentos pertencentes a Área de
Influência Econômica Direta da UNIFAL, sendo 16 pertencentes ao Circuito Superior e
18 ao Circuito Misto.
Na área de estudo previamente escolhida demonstrada no mapa anterior, a rua
conta com 26 comércios e 8 prestadoras de serviços. Nessa rua os entrevistados não se
demonstraram tão afetados com a presença da universidade, alegando possuir mais
clientes residentes a tempos na cidade de Alfenas.
Apesar de não se sentirem influenciados positivamente de maneira direta, eles
afirmam que a cidade melhorou muito depois da vinda da UNIFAL, isso é claramente
observado nas palavras de uma entrevistada: “Eu morava na rua de baixo da faculdade,
quando era EFOA. Lá só tinha mato e era perigoso. Hoje tem de tudo lá. Eu inclusive
tenho imóveis lá perto, porque tem tudo pros estudantes pertinho” Entrevistada 53, 48
anos.
Algumas das ruas pertencentes a área de estudo possui apenas um
estabelecimento, que serão agrupados em só tabela. (Tabela 27)
Tabela 27 – Quantificação dos Comércios e Prestadores de Serviços nas ruas com
somente um estabelecimento
Ruas Comércios e Prestadores
de Serviços
Classificação dos
Circuitos
João da Cunha Bastos Casa dos Vidros C.S.
Liberdade Liberdade: Modas e
Confecção
C.S.
Manoel Jacinto Pereira Salão Cheias de Charme C.I.
Raimundo Correia Buenos Pizzaria C.S.
Joaquim da Guarda Lucia Marques Cabeleireira C.M.
Total de Comércios
Total de Prestadores de
Serviços
Total de Estabelecimentos
03
02
05
Total C.S.: 03
Total C.I.: 01
Total C.M.:01
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
63
Algumas das ruas que abrangem a área de estudo não possuem nenhum comércio
ou prestadores de serviços, sendo elas rua Alfredo Thiers Viera, rua Nicolau Coutinho,
rua Pio XIX, rua Antônio Pedro de Oliveira, rua da Paz, rua Cristina Mendes, rua da
União e rua da Virtude.
Totalizando o número de estabelecimentos comerciais da área de estudo esses
somam 220, sendo 142 comércios e 78 prestadores de serviços, sendo 109 pertencentes
ao Circuito Superior, 05 ao Circuito Inferior e 106 ao Circuito Misto. Desse total foram
visitados todos os estabelecimentos, porém somente 53 aceitaram dar entrevista e 1
pessoa dessa amostra desistiu em meio ao questionário.
A classificação dos circuitos da economia levou em consideração as
características predominantes em cada estabelecimento comercial, prestador de serviço
ou informal, com a finalidade de levar a uma compreensão maior da dinâmica presente
na Área Econômica de Influência Direta da UNIFAL-MG.
Optou-se por utilizar o dominado Circuito Misto, quando os estabelecimentos
possuem uma mescla intensa entre os Circuitos Superior e Circuito Inferior, de maneira
que, se torna necessário optar por novas classificações, pois a modernização existente no
século XXI, com o fácil acesso a tecnologias que antes eram exclusivas do Circuito
Superior geram novas configurações no setor terciário.
Pode-se constatar que a área estudada sofreu e sofre uma valorização em
decorrência do crescimento da UNIFAL-MG, por conta disso muitos estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços veem nesse lugar, uma ótima oportunidade de
crescimento econômico. Entretanto, como foi observado há uma crescente especulação
imobiliária e de certa maneira uma exploração sobre os preços aplicados aos estudantes.
4.2.2 – Caracterização dos circuitos da economia na área de influência
Considerando a universidade como um agente transformador do espaço e de
atração de comércios e prestações de serviços e importante analisar a quantidade de
estabelecimentos abertos ao longo dos anos. (Gráfico 6)
64
Gráfico 6- Ano de fundação dos Comércios e Prestadores de Serviços (1970-2016)
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
A amostra utilizada para confecção deste gráfico foi pautada nos 53 entrevistados,
mesclando comércios e prestadores de serviços. É possível observar que o número de
estabelecimentos começa a crescer entre os anos de 2001 a 2005, com 21%,
posteriormente esse setor sofre uma queda com 10% nos anos de 2006 a 2010 e finalmente
nos últimos 5 anos cresce em 38%, no total mais de dois terços dos estabelecimentos são
oriundos nos últimos 15 anos.
A evolução do setor terciário é nítida, se compararmos as décadas de 1970 até
2000. Segundo umas das entrevistadas “meu comércio está aqui de 1981, mas antes de eu
mexer com isso eu fiz farmácia na UNIFAL. Na minha época não tinha quase nada aqui
perto, hoje tem muito mais coisas”. Entrevistada nº35, 67 anos.
Alguns dos estabelecimentos mais antigos possuem filiais, o que caracteriza a
fluidez dos negócios na área de influência, proporcionando aos donos a possibilidade de
expansão dos negócios, porém, a maior dos comércios e prestadoras de serviços possuem
somente a sede, qualificando a cidade com um forte setor terciário local. (Gráfico 7)
6%8%
11%
6%
21%10%
38%
Quantidade de Estabelecimentos abertos em cada ano com intervalos
Década de 70
Década de 80
1990 - 1995
1996 - 2000
2001 - 2005
2006 - 2010
2011 - 2016
65
Gráfico 7- Relação da divisão geográfica dos estabelecimentos comerciais e prestadores
de serviços na AIED
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Os estabelecimentos analisados em entrevistas em sua maioria (80%) possuem
somente sua sede em Alfenas, porém 12% deles possuem uma filial. Os que possuem
mais de uma já estão mais consolidados, contando com acima de 5 filiais (4%). Algumas
não são sedes e sim filiais instaladas em Alfenas (2%) e outros são redes de franquias
(2%). Majoritariamente, essas filiais se distribuem nos estados de Minas Gerais e São
Paulo.
Atualmente, nem todas os estabelecimentos pertencentes ao setor terciário
necessitam de uma relação dependente de bancos, porém tonou-se mais fácil o acesso as
“máquinas de cartão”.
O fácil acesso ao meio virtual também chamou a atenção de algumas empresas
como a UOL, para desenvolveram suas próprias máquinas em parceria com a
PAGSEGURO. Que necessitam do celular e sinal de internet. Recursos que antigamente
eram exclusivos do Circuito Superior da Economia, hoje estão presentes em quase todo
o setor terciário.
Toda essa acessibilidade faz com que se quebre o estereótipo que somente grandes
supermercados e boutiques tenho acesso a essa rede de capital. Sobretudo, o acesso e
avanço referente as novas tecnologias não retirou de alguns estabelecimentos o crediário.
(Gráfico 8)
80%
12%
4%
2%
2%
Relação de Filiais nos Estabelecimentos
Somente a Sede em Alfenas
1 filial
2 filiais ou mais
É uma filial instalada emAlfenas
Franquia
66
Gráfico 8- Formas de pagamentos aceitas no comércios e prestadores de serviços
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Nota-se dentre os 53 estabelecimentos entrevistados que as formas de pagamento
a maioria aceita como forma de pagamento o cheque e o cartão de crédito ou somente o
cartão de crédito. Atualmente, a maioria estão aceitam somente cheques de empresas
cadastradas.
Em terceiro lugar, oito estabelecimentos aceitam somente o pagamento em
dinheiro. Seguidos dos estabelecimentos que mesclam cheque, cartão de crédito e
crediário. O crediário é uma forma de pagamento antiga, mas que vem sendo extinta,
atualmente ela segue em algumas padarias e lojas de roupas para clientes antigos.
Na área de influência demarcada em mapa nota-se que a maioria das pessoas com
curso superior são pertencentes ao circuito superior marginal, sendo muitas vezes os
donos do estabelecimento ou possuindo cargos de confiança, como gerentes. A seguir o
gráfico demonstra os níveis de escolaridade dos entrevistados. (Gráfico 9)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Cartão deCrédito
SomenteDinheiro
Cheque,Cartão eCrediário
Cartão eCrediário
Cheque Crediário
FORMAS DE PAGAMENTO
67
Gráfico 9- Grau de Escolaridade dos entrevistados nos comércios e prestadores de
serviços
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Observa-se que a maioria com 58% possui ensino médio completo, enquanto 15%
possuem superior completo. A disparidade é grande e nos estabelecimentos todos os
entrevistados com nível superior eram donos ou gerentes. Os funcionários com ensino
médio exercem as demais funções.
Também se encontrou 2% com mestrado, 2% com curso técnico, 2% com pós-
graduação, todos estes eram donos dos estabelecimentos entrevistados e todos admitiram
abrir seu negócio em função da universidade.
A qualificação da mão-de-obra é fator importante no Circuito Superior Marginal,
porém a maioria dos entrevistados se declararam com ensino médio completo. Uma das
entrevistadas chegou a comentar que somente os cargos mais altos possuíam carteira
assinada, enquanto faxineiros e ajudantes com escolaridade inferior, geralmente ensino
médio incompleto não possuíam:
Eu pergunto: “ – Vocês possuem carteira assinada? ”
2%
4%
58%
11%
15%
4%
2%
2%
2%
Grau de escolaridade dos entrevistados
Ensino FundamentalCompletoEnsino FundamentalIncompletoEnsino Médio Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Superior Completo
Ensino SuperiorIncompletoPós Graduação
Mestrado
68
Entrevistada nº 24: “- Sim, mas só eu que trabalho no caixa e outro funcionário (...) o
pessoal da limpeza não”
Alguns desses, optam também por não ter a carteira assinada, possuindo um
acordo com o patrão, recebendo um salário um pouco menor, porém perdendo seus
direitos estabelecidos em lei. Essa questão independe de grau de escolaridade.
A contratação de mão de obra com baixo grau de escolaridade permite ao
estabelecimento gerar mais lucro, pois em alguns casos o patrão convence o funcionário
que devido a sua posição seu salário deverá ser “equivalente”. Isso se faz nas palavras da
entrevistada nº08, 15 anos “ ganho menos de um salário mínimo e não sou registrada. Isso
é só pra quando a gente tira o 3º ano e completa a maioridade”.
A análise dessas e demais características dos comércios e prestadores de serviços,
nos permite enquadra-los pertencentes as categorias da economia de Circuito Superior,
Circuito Inferior e Circuito Misto de acordo com suas particularidades. (Gráficos 10,11 e
12)
Gráfico 10- Classificação dos comércios presentes na AIED da UNIFAL em relação aos
Circuitos da Economia
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Os comércios presentes na Área de Influência Econômica Direta da UNIFAL-
MG, nos permite observar como o Circuito Superior está presente de maneira majoritária,
com 55% do total dos estabelecimentos, possuindo em sua maioria estrutura, técnicas,
dinâmica e mão de obra com as características trabalhadas por SANTOS (1979).
55%
3%
42%
Classificação dos Comércios quanto aos Circuitos da Economia
Circuito Superior
Circuito Inferior
Circuito Misto
69
Gráfico 11- Classificação dos prestadores de serviços presentes na AIED da UNIFAL
em relação aos Circuitos da Economia
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Em contraposição aos comércios, os prestadores de serviços possuem uma maioria
de 59% pertencentes ao Circuito Misto, uma vez que, esse tipo de estabelecimento se
reinventa com maior facilidade em relação aos comércios, que possuem muitas vezes
modelos e padrões a serem seguidos.
A maioria dos estabelecimentos possui uma mescla muito intensa de elementos
entre o Circuito Inferior e Circuito Superior, o que não permite que sejam classificados
de tal maneira.
Gráfico 12- Classificação de todos os Estabelecimentos Comerciais presentes na AIED
da UNIFAL quanto aos Circuitos Da Economia
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
40%
1%59%
Classificação dos Prestadores de Serviços quanto aos Circuitos da
Economia
CicuitoSuperiorCircuitoInferior
50%
2%
48%
Classificação dos Estabelecimentos por Circuitos da Economia
CircuitoSuperior
CircuitoInferior
70
Levando-se em consideração o total de estabelecimentos presentes na AIED da
UNIFAL, há uma proximidade muito grande entre os resultados do Circuito Superior
(50%) e Circuito Misto (48%). É possível notar que o avanço da tecnologia, como o fácil
acesso a máquinas de cartão de crédito em parceria com empresas não bancárias, a
universalização do acesso à internet com a finalidade de realizar compras de produtos
mais baratos e ainda a possibilidade de adequar modelos rentáveis em seu negócio,
transformou as dinâmicas do setor terciário.
Para chegar a este resultado foram levados em consideração as informações
obtidas nos 53 estabelecimentos comerciais entrevistados, atrelados a observações, nos
outros 167 juntamente a classificação de conceitos definidas por Milton Santos (1979).
Nota-se que o circuito inferior predomina na AIED da UNIFAL-MG, onde a
presença marcante de vendedores informais e estabelecimentos que atendem a tais
características. Dentre os entrevistados um desses chama atenção, por ser dono de uma
loja simples de roupas, sem funcionários e com uma máquina de sorvetes dentro da loja.
Entrevistado nº34, 57 anos: “Estudante não quer comprar roupa, eles querem
comida rápida. Meu sorvete anda dando muito lucro, vendo cada copinho por dois reais.
(...) se eu dependesse só da loja eu tava ferrado”
Dentre os estabelecimentos do ramo de roupas entrevistados apenas um relatou
ter o retorno esperado, que se caracteriza por uma loja de vestidos de festa. Segundo a
entrevistada nº08, 15 anos: “Toda semana pelo menos vem um estudante aqui, porque
tem muita festa, formatura”.
O que consequentemente gera lucro aos salões de beleza do entorno, no caso em
frente ao estabelecimento da entrevistada anterior existe um salão onde a entrevistada
nº11, 26 anos relata: “Acredito que venha mais estudantes no meu salão, pois está na
localizado na avenida e eu dou desconto se apresentar a carteirinha de estudante”.
Dentre os estabelecimentos pertencentes ao circuito superior, a maioria garantiu
que a UNIFAL-MG é responsável pelo grande movimento no entorno e que com certeza
ajuda nos negócios, mas muitas vezes funcionários contribuem mais que os estudantes.
Enquanto no circuito inferior os estudantes são maioria.
Todo esse fluxo levou a ser questionado posteriormente, aos donos e funcionários
dos estabelecimentos “Você consegue enxergar a presença da universidade como agente
que atrai comércios e serviços para essa região da cidade”, as respostas resultaram num
padrão exibido no gráfico a seguir. (Gráfico 13)
71
Gráfico 13- Gráfico de opinião da UNIFAL como agente de atração do setor terciário na
AIED da UNIFAL-MG
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Muitos dos entrevistados acreditam que a universidade é um importante agente de
desenvolvimento do setor terciário, a maioria acredita que o fluxo estudantil acarreta essa
situação, somando 65%. Alguns acreditam que o fato da universidade gerar empregos,
possuindo muitos funcionários que gostariam de gastar seus salários nas proximidades
contribuem para esse processo, com 15%. Outros simplesmente acreditam que sim sem
se justificar, com 14%. Apenas 6% não enxergam a universidade como elemento de
desenvolvimento e não quiseram se justificar.
A grande maioria, independente do motivo que acreditam na universidade como
um agente atrativo do setor terciário, também afirmam que seus estabelecimentos
possuíram escolha estratégica, justamente por esse fator.
Em contrapartida, foi questionado se o mesmo desenvolvimento existente no
entorno da UNIFAL sede hoje pode um dia chegar ao bairro Santa Clara no campus II da
universidade. (Gráfico 14)
14%
6%
65%
15%
A UNIFAL como agente de atração do setor terciário
Sim
Não
Sim, devido ao fluxoestudantil
Sim, pois a UNIFAL geraempregos
72
Gráfico 14- Opinião dos entrevistados sobre futuras melhoras no setor terciário no
entorno do Campus II – Santa Clara
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora.
Quando se trata do outro campus da universidade as pessoas se demonstram mais
pessimistas, por ser um bairro mais afastado e no passado considerado perigoso. Porém,
59% das pessoas acreditam que sim, 8% já observam melhoras e 19% preveem que a
cidade se expandirá naquela região devido aos vários loteamentos que já existem lá.
É feita uma relação espacial nas palavras da entrevistada nº53, 48 anos: “ Na
época da EFOA eu morava na parte baixo ali da quadra, e há 24 anos atrás ali não tinha
nem luz. Hoje eu tenho imóveis ali e a região é valorizada, todo mundo quer alugar (...)
então eu acho que com mais alguns anos la no outro campus vai estar bem melhor”
Tentando compreender melhor a área de influência e visto que muitos consideram
a universidade como um agente que atrai comércios e prestadores de serviços para o seu
entorno, foi questionado se a presença da universidade influência nos negócios, dos 53
entrevistados. (Gráfico 15)
59%
4%
8%
8%
19%2%
Opinião sobre Melhoras Futuras no Setor Terciário no entorno do Campus II-Santa
Clara
Sim
Não
Não, naquele lugar jamais
Sim,já observo melhoras
Sim, devido aosloteamentos
Neutro
73
Gráfico 15- Questionamento se a UNIFAL-MG influência nos negócios do
comerciantes e prestadores de serviços entrevistados
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
A maioria dos que disseram que não (32%) são dentistas, que afirmam que é um
dos únicos negócios que não são beneficiados pela Universidade devido ao tratamento
gratuito oferecido pela mesma e algumas lojas mais próximas ao centro, que acreditam
que no perímetro sempre haverá gente devido ao status do bairro.
Além dos dentistas estão incluídos, a maioria das lojas de roupas e
estabelecimentos mais afastados e/ou antigos, que possuem uma freguesia fiel. É o caso
da rua João de Souza Sobrinho.
Durante os períodos de férias e greve da universidade uma grande parte dos
estudantes volta para suas cidades de origem, diminuindo a demanda e o fluxo na área de
influência da UNIFAL-MG. (Gráfico 16)
Gráfico 16- Questionamento sobre a influência das férias e da greve da universidade nos
negócios dos comerciantes e prestadores de serviços entrevistados
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
68%
32%
A UNIFAL influência nos negócios
Sim
Não
4%
46%
31%
15%4%
Férias e Greve da UNIFAL-MG afetam os negócios?
Sim, e também toda acidade
Sim, afeta diretamente
Sim, mas não afetamuito
Não
74
Dentre os estabelecimentos entrevistados, 46% afirmou que esse período afeta
muito os negócios, chegando a atrasar alguns pagamentos. Os que afirmam que afeta, mas
não muito (31%), afiram que o movimento diminui, mas não chega a dar-lhes prejuízo.
Dentre os 15% que acreditam que não cai o movimento, estão pessoas que
afirmam que a Universidade não é um agente que atrai comércios e serviços ou que já
possuem clientes antigos. Outros 4% acreditam que comércio tem sua época, como o
Natal por exemplo e outros 4% que afeta o movimento da cidade como um todo.
Portanto, pode-se observar que o entorno da universidade possui um setor terciário
que enxerga a universidade com um papel importante na dinâmica econômica, porém
ocorre um crescimento quantitativo constante que deixa de lado alguns fatores que
beneficiariam os contratados.
4.2.3 – Estudantes da UNIFAL-MG e o consumo no setor terciário
Posteriormente, foi analisado o comportamento dos universitários residentes na
AIED, envolvendo temáticas relacionadas ao seu envolvimento com o setor comércios e
prestação de serviços, a universidade e questões de moradia em geral.
Na sequência será exposto o perfil dos 80 estudantes entrevistados, segmentados
por áreas do conhecimento: saúde em geral, ciências humanas, ciências da natureza e
ciências exatas. (Gráfico 17, 18 e 19)
Gráfico 17- Alunos entrevistados por curso da área da saúde e ciências biológicas
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
0
2
4
6
8
10
12
14
Cursos - Saúde e Biológicas
75
Os cursos de Biologia, Farmácia, Biomedicina, Medicina, Enfermagem,
Odontologia e Mestrado em ciências odontológicas se encaixam na área da saúde e
ciências biológicas, abrangendo 42 voluntários para questionamento.
Gráfico 18- Alunos entrevistados por curso da área das ciências humanas
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Os cursos de Geografia, Ciências Sociais, Pedagogia e Letras, enquadrados na
categoria de ciências humanas, contou com 22 participantes para elaboração da atual
pesquisa.
Gráfico 19-Alunos entrevistados por curso da área das ciências exatas
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Geografia Ciências Sociais Pedagogia Letras
Cursos - Ciências Humanas
0
1
2
3
4
5
6
7
Ciências daComputação
Química Física Doutorado emQuímica
Biotecnologia Matemática
Cursos - Ciências Exatas
76
Por fim, incluindo Ciências da Computação, Química, Física, Doutorado em
Química, Biotecnologia e Matemática, 16 matriculados colaboraram com dados para a
pesquisa.
Aglutinando as amostras e trabalhando com o total de 80 alunos da UNIFAL, foi
analisado o tempo de moradia na cidade, no intuito de relacionar seu tempo de vivência
com sua percepção sobre o lugar e as transformações socioespaciais ocorridas na cidade
de Alfenas no entorno da Universidade com a chegado dos mesmos no munícipio.
(Gráfico 20)
Gráfico 20- Análise do tempo de moradia dos estudantes da UNIFAL em Alfenas
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
A maioria que vive na cidade acima de 6 anos (31%), caracterizam-se como
pessoas naturais de Alfenas. Essa parcela enxerga com maior nitidez as mudanças
decorridas no setor terciário na área de influência da universidade, devido a vivência
através dos anos.
Enquanto os que aqui habitam entre 4 a 6 anos (23%), são discentes que precisam
exercer poucas atividades acadêmicas para se formar. Esses em sua maioria enxergam a
universidade como agente que atrai de comércios e serviços e alegam preferir consumir
e morar nos arredores da UNIFAL.
Os residentes de 1 a 2 anos e de 2 a 4, que somam 46% dos entrevistados, também
preferem consumir próximo a universidade e possuem opinião divididas em relação a
instituição como instigador econômico.
A questão central da pesquisa é debatida nos questionários para os discentes da
UNIFAL. Os resultados são parecidos com a opinião dos comerciantes e prestadores de
serviços. (Gráfico 21)
21%
25%23%
31%
Tempo residente em Alfenas
1 a 2 anos
2 a 3 anos
77
Gráfico 21-– Questionamento aos estudantes sobre a universidade ser um agente de
atração de comércios e serviços
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
A maioria acredita que a universidade é sim um agente que atrai comércios e
serviços para seu entorno (78%), enquanto 16% acredita que atraia mais comércios, como
mercadinhos, lojas e supermercado e 6% que atrai mais prestações de serviços, como
salões de beleza e academias.
As outras alternativas não foram selecionadas por nenhum dos entrevistados, o
que nos dá um total de 100% de aprovação da teoria pelos discentes da UNIFAL,
resultado bem parecido com os entrevistados dos comércios e prestadores de serviços,
com um total somado de 94%.
Seguindo em meio a essa tese, foi questionado se esses alunos consomem no
entorno da universidade. As respostas foram divididas pois nem todos moram perto da
universidade. Os discentes naturais da cidade geralmente moram em bairros residenciais
mais afastados. (Gráfico 22)
78%
16%
6%
UNIFAL como agente propulsor do setor terciário
Sim
Não
Sim, mas acredito que atrai maiscomércios, como mercadinhos,loja se supermercados
Sim, mas acredito que atraiamais prestação de serviços, comosalões de beleza e academias
Não, não vejo a universidadecomo um alterador da paisagem
78
Gráfico 22- Alunos da UNIFAL-MG que moram próximos a universidade
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Os 74% dos alunos entrevistados que afirmaram morar próximo a universidade,
também admitiram consumir nas proximidades por questões de comodidade. Os 26% que
residem em outros bairros, também preferem consumir próximos onde moram, mas
deixam claro que a universidade tem papel importante nos comércios e serviços de sua
área de influência.
A maioria das respostas referentes a opção por morar próximo a universidade
incluíram, comodidade, segurança e mobilidade, esses admitiram que os arredores da
instituição possuem quase tudo o que necessitam e não possuem interesse em conhecer
os demais bairros.
A questão da moradia próxima a universidade nos leva a uma outra indagação,
relacionada ao tipo de imóvel que esses alunos residem no tempo em que ficam em
Alfenas. (Gráfico 23)
Gráfico 23-Tipo de Moradia que os alunos entrevistados residem em Alfenas
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
74%
26%
Reside próximo a universidade
Sim
Não
17%
31%40%
4%
8%
Tipo de Imóvel
República -Apartamento
República - Casa
Casa própria oualugada
Kit Net
79
A maioria com 40% possui casa própria ou alugada, seguidos de 31% em
repúblicas formadas em casas alugadas e 17% em repúblicas formadas em apartamentos.
A minoria com 8% mora em pensão e 4% em Kit Net.
Alguns admitiram em suas respostas dividir essas repúblicas com dois ou mais
estudantes, devido ao valor elevado dos alugueis, o que facilita nas despesas mensais
geradas aqui na cidade.
Os somados 60% de moradias típicas estudantis, consideram os valores de seus
alugueis elevados e exploratórios, porém os que residem a mais tempo acreditam que
atualmente está mais justo, pois a oferta superou a demanda. Os alugueis variam de
acordo com os imóveis. (Gráfico 24)
Gráfico 24- Valor dos alugueis
Fonte: Dados gerados e trabalhados pela autora
Dos 80 entrevistados, 59 pagam aluguel, possuindo valores bem variados. Dentre
eles 37% pagam entre 200 e 400 reais, seguidos de 22% que pagam de 400 – 600 reais,
enquanto 17% pagam entre 800 e mil e 15% acima de mil reais.
Os valores encontram-se bem distribuídos, porém a maioria considera os valores
injustos e acreditam que isso ocorre devido a demanda estudantil. Segundo o entrevistado
26 A, 22 anos: “ os valores se dão devido a demanda estudantil, e não só os alugueis, mas
vários serviços seguem essa lógica”
Em maioria as respostas desses alunos apontam críticas aos valores cobrados pelo
setor imobiliário e terciário, porém, admitem consumir esses serviços por comodidade,
37%
22%
9%
17%
15%
Valor dos Alugueis
200 - 400
400 - 600
600 - 800
800 - 1000
Acima de mil
80
ou seja, a lógica seria de uma tendência aos preços estarem sempre aumentando, pois, a
demanda se mostra disposta a pagar.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo a pesquisa é possível enxergar a universidade é um elemento detentor
de diversas possibilidades. Sua função primária de gerar conhecimento é apenas uma
dentre o leque de possibilidades existentes para uma instituição que atrai tantas pessoas.
Respondendo as questões problemas inicialmente propostas para esse estudo, a
universidade é sim um componente fundamental no crescimento do setor terciário na
cidade de Alfenas. Uma vez que essa gera um enorme fluxo de pessoas ao seu redor, que
necessitaram consumir em mercados, padarias, lanchonetes, buscar por moradia e praticar
alguma atividade diferenciada, como ir à academia ou á salões de beleza.
Atualmente, o que se observa é uma vasta gama do Circuito Superior e do Circuito
Misto na Área de Influência Econômica Direta da Universidade Federal de Alfenas.
Conforme esses estabelecimentos vão crescendo no entorno da universidade em prol das
demandas estudantis eles vão se adaptando as novas tendências do mercado.
Conforme demonstrado durante a pesquisa, algumas tecnologias que atendiam aos
preceitos do capital financeiros tornaram-se acessíveis, como é o exemplo das máquinas
de cartão de crédito via empresas não bancárias, a democratização do acesso à internet
via Wi-Fi e a utilização de celulares facilita que fique por dentro dos moldes do comércio
global.
Quando o estabelecimento possui essas e outras características do Circuito
Superior não é possível imediatamente classifica-la imediatamente como tal, mas
também, este fato não o torna de imediato pertencente ao Circuito Inferior. É preciso
repensar os modelos existentes. Foram poucos os estabelecimentos com fortes
características do Circuito Inferior presentes.
É necessário compreender que, crescimento é diferente de desenvolvimento: uma
vez que se observa no relato dos comerciantes antigos que na época da EFOA era mais
complicado acessar estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços próximos e
hoje existe toda essa gama no entorno. No entanto, os salários dos funcionários são bem
precarizados (a maioria recebe salário mínimo ou menos) e prevalecem estabelecimentos
no âmbito local, sem expansão dos negócios em cidades vizinhas.
Portanto, o crescimento do setor terciário beneficia a cidade, os moradores e os
alunos, mas o seu desenvolvimento é algo que caminha aos poucos para se tornar algo
concretizado.
82
Dando seguimento as questões problema, a expansão da UNIFAL-MG aumentou
sim o número de comércios e prestadores de serviços como já dito anteriormente, porém
o número é significativo na Sede, a Unidade II ainda se encontra afastada e sem contato
com o setor terciário.
Portanto, é notório que as atividades do setor terciário, tanto no comércio quanto
na prestação de serviços se beneficiaram diante da expansão universitária a partir da
adesão do REUNI, mas o destaque está concentrado num ponto imaginado a princípio: o
setor imobiliário.
No caso do entorno da Sede os espaços foram tornando-se limitados, devido a
região central, a quantidade de estabelecimentos e a demanda atribuída ao bairro. Então,
essa especulação ocorre na construção visivelmente rápida e volumosa de prédios,
cobrando valores elevados, com argumentos clássicos da proximidade com a
universidade e área valorizada (Setor terciário)
A questão dos imóveis também afeta o setor terciário, uma vez que muitos
estabelecimentos alegaram que seus comércios e serviços são alugados e os valores
ultrapassam os dois mil reais.
Consequentemente, antes, durante e depois de todo o processo de instalação da
universidade a especulação imobiliária sempre vai agir, como ponto negativo para todos.
Pois muitos estudantes dividem pequenos apartamentos com várias pessoas afim de
dividir o valor alto dos alugueis, os comerciantes têm que vender em quantidade elevada
para pagar seu aluguel e ainda conseguir retirar um lucro.
E esse é um ciclo que não se esgota, pois, o pensamento por trás dos agentes
imobiliários é: sempre terá alguém disposto a pagar.
Por fim, concluo com alguns pontos positivos e negativos observados durante a
pesquisa, sendo o primeiro a geração de empregos, tanto na universidade quanto nos
estabelecimentos do setor terciário, o acesso a vários tipos de comércios e prestadores de
serviços próximos, evitando o deslocamento para bairros distantes, o crescimento geral
da cidade, visto que é preciso investir como um todo em uma cidade universitária.
Também está incluso nos pontos positivos a facilidade de acesso da população
local na universidade, por mais que haja o método de ingresso o Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), pois muitos não possuem a condição financeira de se manterem
fora e estudar.
83
Outro ponto benéfico seria a oferta de serviços gratuitos oferecidos pela
universidade, como o odontológico e o exame de sangue e analise em laboratório na
própria universidade.
Por fim, os pontos negativos se concentram na especulação imobiliária,
segregação indireta, onde as pessoas deixam de morar próximo a universidade na
esperança de conseguir renda no aluguel de sua casa e a precarização dos salários nos
estabelecimentos do entorno dos menos estudados.
Dentre os pontos maléficos o mais recorrente e perturbador é a falta de segurança
que vem ocorrendo pós expansão da universidade, onde todos os dias são relatados
assaltos nas páginas online de grupos da UNIFAL.
Pensando na expansão na UNIFAL-MG em Alfenas para a Unidade II no Bairro
Santa Clara, inaugurado em 2012, A Avenida Jovino Fernandes Sales que dá acesso ao
campus vem ganhando destaque em comércios e serviços, desde que a unidade II se
instalou, porém a mesma ainda fica distante dos estabelecimentos.
O entorno universitário do bairro Santa Clara vem se destacando pelos
loteamentos nos seus arredores, onde a especulação imobiliária vem agindo de maneira
calculista, aguardando a mesma dinâmica nas adjacências da Sede acontecerem ali.
Esse movimento vem acontecendo de forma adiantada na Unidade II, que
segundo relatos de alguns alunos, pessoas já estão deixando de morar em suas casas para
criar repúblicas com valores próximos aos cobrados no centro.
Dessa maneira, conclui-se afirmando que a hipótese inicial é verdadeira: a escala
numerosa de estudantes universitários no município de Alfenas – MG, sucede-se a
ampliação do comércio e prestação de serviços, gerando uma área de influência
econômica local e regional além de valorizar as áreas próximas da Unidade I, induzindo
uma segregação socioespacial.
84
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basica/documentos/114-conhecaomec-1447013193/sistemas-do-mec-88168494/143-
simec>.
86
SINGER, Paul. O Uso do Solo Urbano na Economia Capitalista. In: MARICATO,
Erminia. A Produção Capitalista da Casa ( e da Cidade) no Brasil Insdustrial. São Paulo:
Alfa-Omega, 2ªed. 1982. p. 21-36.
Site do MEC, disponível em:<http://reuni.mec.gov.br/noticias/36-outras-noticias/49-
universidades-federais-criam-15-mil-novas-vagas-no-primeiro-ano-do-programa>.
SOUZA, Marcelo Lopes. Os Conceitos Fundamentais da Pesquisa Sócio-Espacial. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil. 2013. p. 135-162.
SPOSITO, Maria Encarnação Brandão. Cidades Médias: Espaços em Transição,
Expressão Popular,2007.
TRICHES, Divanildo; FEDRIZZI, Geraldo; CALDART; Wilson Luis. Análise dos
impactos da Universidade de Caxias do Sul sobre as economias local e regional,
decorrente dos gastos acadêmicos dos estudantes: 1990 a 2002. Rio Grande do Sul.
2003.
VANSTREELS, Christine. A Democratização e Expansão da Educação Superior no
País. 2013.
87
APÊNDICE 1
Questionário aos Comerciantes e Prestadores de Serviços do entorno
da UNIFAL-MG Questionário nº:__________
Nome:________________________________
Idade:__________________
Nome do estabelecimento:_____________________________________
Data/ano da fundação:___________________________________
Número de Funcionários do estabelecimento: __________________________
Modalidade:__________________________________________
1- Qual o seu grau de escolaridade/dos funcionários em geral?
________________________________________________________________
_____________
2- Vocês empregam estudantes, em especial universitários?
________________________________________________________________
___________________
3- Possuem filiais ou este estabelecimento trata-se de uma filial?
________________________________________________________________
___________________
4- Qual o valor médio dos salários do estabelecimento?
________________________________________________________________
5- Possuem carteira assinada ou são contratados? Possuem INSS fornecido pelo
patrão?
________________________________________________________________
___________________
6- O estabelecimento aceita quais formas de pagamento?
________________________________________________________________
___________________
7- A escolha do local do estabelecimento tem ligação com a presença da
universidade, devido a demanda dos estudantes? Caso não saiba responder, você
acredita que essa proximidade é interessante para os negócios? Porque?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
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Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG
Curso de Geografia/ICN Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais-GERES
Av.Jovino Fernandes Salles, 2600 Alfenas/MG. CEP 37130-000
Prédio B – Sala B311 e B312. Fone: (35) 3701-1932
www.unifal-mg.edu.br/geres/inicial
88
________________________________________________________________
____________
8- Você consegue notar a diferença na frequência com que as pessoas vêm ao seu
estabelecimento nos períodos de férias ou greve da universidade? Comente.
________________________________________________________________
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9- Você consegue enxergar a presença da universidade como um agente que atrai
comércios e serviços para essa região da cidade? Comente.
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________________________________________________________________
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________
10- Você acredita que possa acontecer o mesmo no Campus II – Santa Clara?
(opcional)
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________
11- Você identifica diferenças na variedade/quantidade de comércios e serviços no
entorno da unifal num período de 10 anos? Caso esteja aqui a menos tempo,
você enxerga um crescimento nesse setor ou ainda nota relação entre o comércio
e a universidade?
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
__________________________________________________
12- Além dos estabelecimentos comerciais, você nota um aumento no número de
prédios no entorno? Você acha que existe relação?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
_________________________________________________________
13- Acredita que a UNIFAL-MG é um agente que atrai a valorização imobiliária?
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
89
________________________________________________________________
____________
14- Você consegue identificar o perfil das pessoas que frequentam o
estabelecimento?
________________________________________________________________
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
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____________
90
APÊNDICE 2
Questionário aos universitários da UNIFAL-MG
Nome:___________________________________________
Curso: __________________________________________
Idade: __________
1- Tempo que reside em Alfenas?
( ) 1 a 2 anos
( ) 2 a 3 anos
( ) 4 a 6 anos
( ) Acima de 6 anos
2- Você é natural de Alfenas ou veio de outra cidade/estado? Qual?
________________________________________________________________
3- Caso seja de Alfenas, você consegue identificar um aumento na
quantidade/variedade de comércios e prestação de serviços no entorno da
UNIFAL nos últimos 10 anos? Comente sobre.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4- Você acredita que a universidade é um agente que atraí comércios e prestação de
serviços devido a demanda universitária?
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim, mas acredito que atrai mais comércios, como mercadinhos
( ) Sim, mas acredito que atraia mais prestação de serviços, como salões de
beleza e academias
( ) Não, não vejo a universidade como um alterador da paisagem
5- Você costuma fazer compras, frequentar salões de beleza e/ou academias nas
proximidades da UNIFAL ou opta por lugares mais distantes? Justifique.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG
Curso de Geografia/ICN Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais-GERES
Av.Jovino Fernandes Salles, 2600 Alfenas/MG. CEP 37130-000
Prédio B – Sala B311 e B312. Fone: (35) 3701-1932
www.unifal-mg.edu.br/geres/inicial
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6- Quais são seus gatos médios mensais com comércios e prestações de serviços?
( ) 100 – 200 ( ) Acima de 300
( ) 200 – 300
7- Você mora próximo a universidade?
( ) Sim
( ) Não
8- Em que tipo de imóvel você mora?
( ) República – Apartamento
( ) República – Casa
( ) Casa própria ou alugada
( ) Kit Net
( ) Pensão
9- Você acredita que o valor que paga em seu aluguel é justo ou é exploratório
devido a demanda estudantil?
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________________________________________________________________
________________________________________________________________
10- Qual o valor do seu aluguel?
( ) 200 – 400
( ) 400 – 600
( ) 600 – 800
( ) 800- 1000
( ) Acima de 1000