Zoneamento agroclimático do eucalipto para o Estado do Rio ... · para o Estado do Rio Grande do...

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Zoneamento Zoneamento Zoneamento Zoneamento Zoneamento Agroclimático do Eucalipto Agroclimático do Eucalipto Agroclimático do Eucalipto Agroclimático do Eucalipto Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul e para o Estado do Rio Grande do Sul e para o Estado do Rio Grande do Sul e para o Estado do Rio Grande do Sul e para o Estado do Rio Grande do Sul e Edafoclimático na R Edafoclimático na R Edafoclimático na R Edafoclimático na R Edafoclimático na Região do Corede Sul - RS egião do Corede Sul - RS egião do Corede Sul - RS egião do Corede Sul - RS egião do Corede Sul - RS Embrapa Clima Temperado Embrapa Florestas Pelotas, RS 2009 Carlos Alberto Flores José Maria Filippini Alba Marcos Silveira Wrege Editores Editores Editores Editores Editores Técnicos écnicos écnicos écnicos écnicos

Transcript of Zoneamento agroclimático do eucalipto para o Estado do Rio ... · para o Estado do Rio Grande do...

Zoneamento Zoneamento Zoneamento Zoneamento Zoneamento Agroclimático do EucaliptoAgroclimático do EucaliptoAgroclimático do EucaliptoAgroclimático do EucaliptoAgroclimático do Eucaliptopara o Estado do Rio Grande do Sul epara o Estado do Rio Grande do Sul epara o Estado do Rio Grande do Sul epara o Estado do Rio Grande do Sul epara o Estado do Rio Grande do Sul e

Edafoclimático na REdafoclimático na REdafoclimático na REdafoclimático na REdafoclimático na Região do Corede Sul - RSegião do Corede Sul - RSegião do Corede Sul - RSegião do Corede Sul - RSegião do Corede Sul - RS

Embrapa Clima TemperadoEmbrapa Florestas

Pelotas, RS2009

Carlos Alberto Flores

José Maria Filippini Alba

Marcos Silveira Wrege

Editores Editores Editores Editores Editores TTTTTécnicosécnicosécnicosécnicosécnicos

Zoneamento agroclimático do eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eedafoclimático na região do Corede Sul – RS / editado por Carlos Alberto Flores;José Maria Filippini Alba e Marcos Silveira Wrege – Pelotas: Embrapa ClimaTemperado, 2009.87 p.

ISBN 978-85-85941-34-5

Recursos Naturais – Zoneamento – Agrometeorologia – Eucalipto – Sistemas deInformação Geográfica

CDD 634.95

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Embrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima TTTTTemperadoemperadoemperadoemperadoemperadoEndereço: BR 392 Km 78Caixa Postal 403, CEP 96001-970 - Pelotas, RSFone: (53) 3275-8199Fax: (53) 3275-8219 - 3275-8221Home page: www.cpact.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê de PComitê de PComitê de PComitê de PComitê de Publicações da Unidadeublicações da Unidadeublicações da Unidadeublicações da Unidadeublicações da Unidade

PPPPPresidente:residente:residente:residente:residente: Ariano Martins de Magalhães Jr.Secretária-Executiva: Joseane Mary Lopes GarciaMembros:Membros:Membros:Membros:Membros: José Carlos Leite Reis, Ana Paula Schneid Afonso, Giovani Theisen, LuisAntônio Suita de Castro, Flávio Luiz Carpena Carvalho, Christiane RodriguesCongro Bertoldi e Regina das Graças Vasconcelos dos Santos

Suplentes:Suplentes:Suplentes:Suplentes:Suplentes: Márcia Vizzotto e Beatriz Marti Emygdio

Normalização bibliográfica: Regina das Graças Vasconcelos dos SantosEditoração eletrônica: Oscar CastroArte da capa: Carlos Alberto Flores e José Maria Filippini Alba

11111aaaaa edição edição edição edição edição1a impressão (2009): 100 exemplares

TTTTTodos os direitos reservadosodos os direitos reservadosodos os direitos reservadosodos os direitos reservadosodos os direitos reservadosA reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constituiviolação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

AutoresAutoresAutoresAutoresAutores

Marcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira WWWWWregeregeregeregeregeEng. Agrôn., Dr. em AgrometeorologiaPesquisador da Embrapa FlorestasColombo, PR([email protected])

Marilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarrastazurastazurastazurastazurastazuEng.(a) Florestal, M.Sc. em Engenharia AgrícolaPesquisadora da Embrapa FlorestasColombo, PR([email protected])

Carlos Carlos Carlos Carlos Carlos AlberAlberAlberAlberAlberto Floresto Floresto Floresto Floresto FloresEng. Agrôn., M.Sc. em AgronomiaPesquisador da Embrapa Clima TemperadoPelotas, RS([email protected])

Bernadete RBernadete RBernadete RBernadete RBernadete RadinadinadinadinadinEng.(a) Agrôn.(a), Dra. em FitotecniaPesquisadora da FEPAGROPorto Alegre, RS([email protected])

Carlos RCarlos RCarlos RCarlos RCarlos Reisser Júnioreisser Júnioreisser Júnioreisser Júnioreisser JúniorEng. Agríc., Dr. em FitotecniaPesquisador da Embrapa Clima TemperadoPelotas, RS([email protected])

Carlos RCarlos RCarlos RCarlos RCarlos Roberoberoberoberoberto Sto Sto Sto Sto Soares Soares Soares Soares Soares SeveroeveroeveroeveroeveroEng. Agrôn., M.Sc. em Agronomia, Perito Federal AgrárioInstituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaFlorianópolis, SC([email protected])

Eliseu Eliseu Eliseu Eliseu Eliseu WWWWWeberebereberebereberEng. Agrôn., M.Sc. em Sensoriamento RemotoProfessor/Pesquisador Universidade Federal do Rio Grandedo SulPorto Alegre, RS([email protected])

Flavio GilberFlavio GilberFlavio GilberFlavio GilberFlavio Gilberto Herto Herto Herto Herto HerterterterterterEng. Agrôn., Dr. em Fisiologia VegetalPesquisador aposentado da Embrapa Clima TemperadoPelotas, RS([email protected])

HeinricHeinricHeinricHeinricHeinrich Hasenach Hasenach Hasenach Hasenach HasenackkkkkBacharel em Geografia, M.Sc. em EcologiaProfessor/pesquisador da Universidade Federal do Rio Grandedo SulPorto Alegre, RS.([email protected])

JJJJJosé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini AlbaAlbaAlbaAlbaAlbaBacharel em Química, Dr. em geoquímicaPesquisador da Embrapa Clima TemperadoPelotas, RS([email protected])

RRRRRosana Clara osana Clara osana Clara osana Clara osana Clara VVVVVictoria Higictoria Higictoria Higictoria Higictoria HigaaaaaEng.(a) Agrôn.(a), Dra. em Engenharia FlorestalPesquisadora da Embrapa FlorestasColombo, PR([email protected])

Silvio SteinmetzSilvio SteinmetzSilvio SteinmetzSilvio SteinmetzSilvio SteinmetzEng. Agrôn., Dr. em AgrometeorologiaPesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS([email protected])

RRRRRonaldo Matzonaldo Matzonaldo Matzonaldo Matzonaldo MatzenauerenauerenauerenauerenauerEng. Agrôn., Dr. em AgrometeorologiaPesquisador da FEPAGROPorto Alegre, RS([email protected])

VVVVVilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano MatteiteiteiteiteiEng. Agrôn., Dr. em SilviculturaProfessor da Universidade Federal de PelotasPelotas, RS([email protected])

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grandedo Sul (Fapergs), pelo suporte financeiro;

Aos Coredes Sul, Fronteira Oeste, Central e Jacuí-Centro pelaviabilização no desenvolvimento do projeto;

Ao Dr. Flávio Miguel Schneider, in memorian, professor daUFSM, pelo apoio na execução deste trabalho;

À Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) eao 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (8ºDisme/Inmet), pelos dados climáticos;

Ao Dr. Antônio Rioyei Higa - UFPR pelas sugestões;

À Dra. Zohra Bennadji e colaboradores do INIA – Tacuarembó,aos Engenheiros Agrônomos Carlos Mantero Álvares, Guillermo MorásLoyarte, Rafael Escudero e Rodolfo Pedocchi da Faculdade de Agronomiae Juan Carlos Sganga e Daniel San Román do Ministério de Agricultura,Ganadería y Pesca e ao Dr. Luis Silveira do Instituto de Mecánica de losFluídos e Ingeniería Ambiental, todos em Uruguai, pela atençãodispensada e a disponibilização de informações essenciais para odesenvolvimento do projeto.

AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

O Brasil vem passando por mudanças na matriz produtivamadeireira, buscando regiões pioneiras para florestamento, queagreguem características edafoclimáticas apropriadas e infraestruturapara transporte e comercialização da mercadoria. Por outro lado, aMetade Sul do Estado do Rio Grande do Sul é uma região carente deinvestimentos, compreendendo cerca de 61% do território do Estado e16% do PIB, havendo regiões apropriadas para florestamento ereflorestamento.

Entre as espécies florestais, as do gênero Eucalyptus seapresentam com maior potencialidade para se desenvolver em algumasregiões do Estado do Rio Grande do Sul, com ciclo de sete anos paraprodução de celulose e de cerca de 15 a 20 anos para serraria.

Investidores e empresas têm buscado informações sobre asespécies potenciais de eucalipto para a região, sendo que a principalpergunta é: “Onde plantar?” A Embrapa e as instituições parceiras têmtrabalhado para responder a estas questões, sempre com o intuito debuscar alternativas agrícolas e de propor soluções tecnológicas para osetor, de forma tecnicamente correta.

Este livro representa o esforço conjunto de várias entidadesda região Sul – RS, na tentativa de organizar a atividade de silviculturano Estado do Rio Grande do Sul: Embrapa Clima Temperado, EmbrapaFlorestas e Embrapa Trigo; Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária;8º distrito do Instituto Nacional de Meteorologia; Agência Nacional deÁguas; Universidade Federal de Pelotas; Universidade Federal do RioGrande do Sul e Universidade Federal de Santa Maria. Contou, ainda,com a colaboração de órgãos do Uruguai, entre os quais: InstitutoNacional de Investigación Agropecuária - Unidad Tacuarembó; Facultadde Agronomía; Instituto de Mecánica de los Fluídos y Ingeniería Ambientale, ainda, Ministério de Agricultura, Ganadería y Pesca.

O livro foi dividido em 10 capítulos. O primeiro, diz respeito àsilvicultura no contexto agrícola e social, quando foi analisado, demaneira resumida, o processo de avanço da atividade na Metade Sul

ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

do Estado. No capítulo 2, descreveu-se o conceito de zoneamento nocontexto dos sistemas de informação geográfica. No capítulo 3 foidescrita a etapa de elaboração da base cartográfica digital utilizada notrabalho. O capítulo 4 descreve as características de algumas espéciesde eucalipto e, nos capítulos 5 e 6, são descritos os critérios adotadospara o zoneamento agroclimático e edáfico do eucalipto. Os capítulos 7,8 e 9 referem-se aos zoneamentos desenvolvidos no contexto do projetofinanciado pela Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa - FAPERGSpara o Estado do Rio Grande do Sul e a região do COREDE Sul - RS. Ocapítulo 10 oferece um panorama do zoneamento como instrumento depolíticas públicas, visando a sustentabilidade dos sistemas produtivos.

Nesta publicação, são disponibilizadas informações paratécnicos, agricultores, empresas e demais interessados em estabelecerplantios florestais, sobre o zoneamento climático e edafoclimático dasespécies de eucalipto com potencial para se desenvolver no Estado doRio Grande do Sul. Desta forma, a Embrapa e instituições parceirasesperam contribuir para a expansão e sustentabilidade do setor florestalno Estado, de forma ambientalmente correta, conferindo a presença doBrasil no mercado mundial dos produtos de base florestal, como grandeformador de florestas renováveis e, ao mesmo tempo, colaborando parareduzir a derrubada de florestas nativas e o efeito estufa.

Chefe-GeralChefe-GeralChefe-GeralChefe-GeralChefe-GeralEmbrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima Embrapa Clima TTTTTemperadoemperadoemperadoemperadoemperado

Waldyr Stumpf Junior

Sumário

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Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1..... Silvicultura no contexto agrícola e social. Silvicultura no contexto agrícola e social. Silvicultura no contexto agrícola e social. Silvicultura no contexto agrícola e social. Silvicultura no contexto agrícola e social. José Maria FilippiniAlba; Marcos Silveira Wrege; Carlos Alberto Flores; Rosana Clara VictoriaHiga; Marilice Cordeiro Garrastazu .....................................................................

Capítulo 2.Capítulo 2.Capítulo 2.Capítulo 2.Capítulo 2. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica.José Maria Filippini Alba; Marcos Silveira Wrege; Carlos Alberto Flores;Marilice Cordeiro Garrastazu ...............................................................................

2.1. A importância da escala .............................................................................................

2.2. Aplicações dos sistemas de informação geográfica - SIG nos zoneamentos ...

Capítulo 3. Capítulo 3. Capítulo 3. Capítulo 3. Capítulo 3. Estruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base cartográfica e temática em SIG. tográfica e temática em SIG. tográfica e temática em SIG. tográfica e temática em SIG. tográfica e temática em SIG. MariliceCordeiro Garrastazu; Heinrich Hasenack; Eliseu Weber; Carlos Alberto Flores;Carlos Roberto Soares Severo; José Maria Filippini Alba ..................................

3.1. Base cartográfica em escala 1:250.000 ......................................................................

3.2. Base cartográfica em escala 1:50.000 .......................................................................

3.3. Mapa de Solos – Corede Sul .......................................................................................

Capítulo 4.Capítulo 4.Capítulo 4.Capítulo 4.Capítulo 4. Características de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptos. RosanaClara Victoria Higa; Marcos Silveira Wrege; Vilmar Luciano Mattei ...................

4.1. Eucalyptus grandis W. Hill ex maiden .......................................................................

4.2. Eucalyptus dunnii Maiden ..........................................................................................

4.3. Eucalyptus globulus Labill .........................................................................................

Capítulo 5.Capítulo 5.Capítulo 5.Capítulo 5.Capítulo 5. Critérios para o z Critérios para o z Critérios para o z Critérios para o z Critérios para o zoneamento agroclimático do eucaliptooneamento agroclimático do eucaliptooneamento agroclimático do eucaliptooneamento agroclimático do eucaliptooneamento agroclimático do eucalipto.Marcos Silveira Wrege; Rosana Clara Victoria Higa; Silvio Stienmetz; FlavioGilberto Herter; Carlos Reisser Junior; Bernadete Radin; RonaldoMatzenauer ..........................................................................................................

5.1. Exigências térmicas ....................................................................................................

5.2. Exigências hídricas .....................................................................................................

Capítulo 6.Capítulo 6.Capítulo 6.Capítulo 6.Capítulo 6. Critérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zoneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucalipto. CarlosAlberto Flores; Marilice Cordeiro Garrastazu; Vilmar Luciano Mattei ...............

6.1. Textura ..........................................................................................................................

6.2. Profundidade efetiva ....................................................................................

6.3. Relevo ............................................................................................................

6.4. Drenagem .....................................................................................................

6.5. Fertilidade ......................................................................................................

6.6. Pedregosidade e/ou rochosidade ................................................................

Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7Capítulo 7..... Zoneamento agroclimático para o eucalipto no Estado Zoneamento agroclimático para o eucalipto no Estado Zoneamento agroclimático para o eucalipto no Estado Zoneamento agroclimático para o eucalipto no Estado Zoneamento agroclimático para o eucalipto no Estadodo Rio Grande do Suldo Rio Grande do Suldo Rio Grande do Suldo Rio Grande do Suldo Rio Grande do Sul. Marcos Silveira Wrege; Rosana Clara VictoriaHiga; Marilice Cordeiro Garrastazu; Carlos Alberto Flores; SilvioStienmetz; Carlos Reisser Junior; Bernadete Radin ..............................

Capítulo 8.Capítulo 8.Capítulo 8.Capítulo 8.Capítulo 8. Zoneamento edáfico para o eucalipto na região do Zoneamento edáfico para o eucalipto na região do Zoneamento edáfico para o eucalipto na região do Zoneamento edáfico para o eucalipto na região do Zoneamento edáfico para o eucalipto na região doCorede Sul - RSCorede Sul - RSCorede Sul - RSCorede Sul - RSCorede Sul - RS. Carlos Alberto Flores; Marilice Cordeiro Garrastazu;Vilmar Luciano Mattei ..............................................................................

Capítulo 9.Capítulo 9.Capítulo 9.Capítulo 9.Capítulo 9. Zoneamento edafoclimático para o eucalipto na região Zoneamento edafoclimático para o eucalipto na região Zoneamento edafoclimático para o eucalipto na região Zoneamento edafoclimático para o eucalipto na região Zoneamento edafoclimático para o eucalipto na regiãodo Corede Sul - RS. do Corede Sul - RS. do Corede Sul - RS. do Corede Sul - RS. do Corede Sul - RS. Marilice Cordeiro Garrastazu; Carlos AlbertoFlores; Marcos Silveira Wrege; José Maria Filippini Alba ......................

Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 10. 0. 0. 0. 0. O Zoneamento como instrumento para as políticasO Zoneamento como instrumento para as políticasO Zoneamento como instrumento para as políticasO Zoneamento como instrumento para as políticasO Zoneamento como instrumento para as políticaspúblicas na busca da sutentabilidade.públicas na busca da sutentabilidade.públicas na busca da sutentabilidade.públicas na busca da sutentabilidade.públicas na busca da sutentabilidade. José Maria Filippini Alba;Marcos Silveira Wrege; Carlos Alberto Flores; Marilice CordeiroGarrastazu; Vilmar Luciano Mattei .........................................................

RRRRReferências eferências eferências eferências eferências ..............................................................................................

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Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1. . . . . Composição colorida das bandas 3, 4 e 5 do sensor temáticodo satélite Landsat de 1995: (A) Cidade de Pelotas, RS; (B) Detalhedo setor indicado pelo polígono (Hipódromo da Tablada) .....................

Figura 2. Figura 2. Figura 2. Figura 2. Figura 2. Correspondência entre os planos de informação - SIG e omundo real ................................................................................................

Figura 3.Figura 3.Figura 3.Figura 3.Figura 3. Exemplo de modelo digital de elevação – DEM (inferior –direita) e de matriz de valores numéricos (superior – esquerda) ...........

Figura 4.Figura 4.Figura 4.Figura 4.Figura 4. Exemplificação do processo de interpolação ..........................

Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Exemplo da integração de dados por meio de SIG. Ospixels selecionados através da interseção dos níveis de informaçãoà esquerda estão inseridos no interior dos rectângulos destacadosà direita, sobrepostos à imagem do satélite Landsat utilizada comoplano de fundo. ..........................................................................................

Figura 6.Figura 6.Figura 6.Figura 6.Figura 6. Modelo digital de elevação do Estado do Rio Grande doSul (WEBER; HASENACK, 2006). O gradiente de altitude em relaçãoao nível do mar vai aumentando a partir do vermelho (0-100 m) evariando de maneira gradual para o laranja (101-200 m), amarelo(201-300 m), verde (301-600) e finalmente azul (601-1.390 m) ................

Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7..... Base cartográfica, tema hidrografia, com graderepresentativa das folhas cartograficas em escala 1:50.000 .................

Figura 8.Figura 8.Figura 8.Figura 8.Figura 8. Etapas da conversão dos mapas de solos em acervo paraarquivo digital (Município de Hulha Negra) ............................................

Figura 9.Figura 9.Figura 9.Figura 9.Figura 9. Mapa de solos –arquivo único – legenda atualizada ...............

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 10.0.0.0.0. (A) Eucalyptus globulus; (B) Eucalyptus dunnii .....................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 111111..... Plantação clonal de Eucalyptus grandis após ocorrênciade geada severa ........................................................................................

Lista de Figuras

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 12. 2. 2. 2. 2. Estação da Agência Nacional de Águas (ANA) noMunicípio de Piratini, RS, integrante da rede nacional de estaçõesmeteorológicas .........................................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 13. 3. 3. 3. 3. Rede de estações pluviométricas da Agência Nacionalde Águas (ANA) no Estado do Rio Grande do Sul, sendocaracterizado o decêndio com maior risco de déficit hídrico no ano(21-31/dez) .................................................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 14.4.4.4.4. Zoneamento agroclimático para Eucalyptus grandis noEstado do Rio Grande do Sul ...................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 15.5.5.5.5. Zoneamento agroclimático para Eucalyptus dunnii noEstado do Rio Grande do Sul ...................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 16.6.6.6.6. Zoneamento agroclimático para Eucalyptus globulus noEstado do Rio Grande do Sul ...................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 177777..... Zoneamento edáfico para o eucalipto na região do CoredeSul – RS. ....................................................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 18.8.8.8.8. Zoneamento agroclimático de Eucalyptus grandis naregião do Corede Sul – RS .......................................................................

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 19.9.9.9.9. Zoneamento agroclimático de Eucalyptus dunnii na regiãodo Corede Sul – RS ...................................................................................

Figura 20.Figura 20.Figura 20.Figura 20.Figura 20. Zoneamento agroclimático de Eucalyptus globulus naregião do Corede Sul – RS ........................................................................

Figura 21Figura 21Figura 21Figura 21Figura 21. . . . . Zoneamento edafoclimático de Eucalyptus grandis naregião do Corede Sul – RS ........................................................................

Figura 22. Figura 22. Figura 22. Figura 22. Figura 22. Zoneamento edafoclimático de Eucalyptus dunnii naregião do Corede Sul – RS ........................................................................

Figura 23. Figura 23. Figura 23. Figura 23. Figura 23. Zoneamento edafoclimático de Eucalyptus globulus naregião do Corede Sul – RS ........................................................................

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TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 1..... Relação de tamanhos dos objetos no terreno em relaçãoao mapa, de acordo com a escala de trabalho e imagens orbitaismais adequadas em cada caso .................................................................

TTTTTabela 2.abela 2.abela 2.abela 2.abela 2. Recorte da tabela de compatibilização de legenda dos solosdos municípios em acervo ........................................................................

TTTTTabela 3abela 3abela 3abela 3abela 3. Classes de profundidade efetiva do solo empregadas naavaliação da aptidão edáfica do eucalipto na Região do Corede Sul- RS. ............................................................................................................

TTTTTabela 4. abela 4. abela 4. abela 4. abela 4. Classes de relevo empregadas na avaliação da aptidãoedáfica do eucalipto na Região do Corede Sul - RS .................................

TTTTTabela 5. abela 5. abela 5. abela 5. abela 5. Classes de drenagem empregadas na avaliação da aptidãoedáfica para o eucalipto na Região do Corede Sul – RS ..........................

TTTTTabela 6.abela 6.abela 6.abela 6.abela 6. Classes de pedregosidade e/ou rochosidade empregadasna avaliação da aptidão edáfica do eucalipto, na região do CoredeSul – RS ......................................................................................................

TTTTTabela 7abela 7abela 7abela 7abela 7..... Parâmetros utilizados para avaliação das classes de aptidãoedáfica para o eucalipto na região do Corede Sul – RS ...........................

TTTTTabela 8.abela 8.abela 8.abela 8.abela 8. Área para a aptidão edáfica do eucalipto na região doCorede Sul – RS .........................................................................................

TTTTTabela 9.abela 9.abela 9.abela 9.abela 9. Critérios de ponderação para a integração dos zoneamentosclimático e edáfico, para o zoneamento edafoclimático na região doCorede Sul - RS ..........................................................................................

TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 10.0.0.0.0. Área de aptidão edafoclimática de Eucalyptus grandispara a região do Corede Sul – RS .............................................................

TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 111111. . . . . Área de aptidão edafoclimática de Eucalyptus dunnii paraa região do Corede Sul – RS ......................................................................

Lista de Tabelas

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TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 12.2.2.2.2. Área de aptidão edafoclimática de Eucalyptus globuluspara a região do Corede Sul – RS ............................................................. 76

Silvicultura no contexto agrícola e socialSilvicultura no contexto agrícola e socialSilvicultura no contexto agrícola e socialSilvicultura no contexto agrícola e socialSilvicultura no contexto agrícola e social

JJJJJosé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini AlbaAlbaAlbaAlbaAlbaMarcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira Marcos Silveira WWWWWregeregeregeregerege

Carlos Carlos Carlos Carlos Carlos AlberAlberAlberAlberAlberto Floresto Floresto Floresto Floresto FloresRRRRRosana Clara osana Clara osana Clara osana Clara osana Clara VVVVVictoria Higictoria Higictoria Higictoria Higictoria Higaaaaa

Marilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro Garrastazurastazurastazurastazurastazu

Segundo Wales e Sanger (2008), no período Neolítico ou da pedrapolida, iniciado há cerca de 12 mil anos, certos indivíduos observaram que, aoenterrar os grãos de alguns alimentos coletados na natureza, eram produzidasnovas plantas idênticas às originais. Isto permitiu aumentar a produtividade,evitando as buscas prolongadas e viabilizando a fixação do homem em locaisespecíficos. No decorrer do tempo, foram selecionados entre os grãosselvagens, aqueles que possuíam as características que mais interessavamaos primeiros agricultores, como por exemplo, o tamanho, a produtividade eo sabor dos frutos; surgindo o cultivo das primeiras plantas domesticadas,entre as quais se incluem o trigo e a cevada. Na época, as principais áreasagrícolas estavam localizadas nos vales do rio Nilo no Egito, na porçãodelimitada pelos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, atualmente Iraque enos vales dos rios Amarelo (Huang He) e Azul (Yangtse) na China, existindouma associação estreita com os períodos chuvosos e a ação fluvial. Há tambémantigos registros de agricultura na Índia e na América Pré-Colombina, porém,sem guardar relação direta com a época supra mencionada. Estes povosdestacaram-se pelos conhecimentos em matemática e astronomia, derivandona elaboração de calendários, que permitiram acompanhar as mudançasclimáticas anuais, de maneira a aprimorar seus sistemas produtivos (PINHEIRO,2007).

O texto anterior vincula, já desde tempos primórdios, a agriculturacom o clima, as características do solo, o conhecimento territorial e a tecnologia,sendo que ela permite a existência de aglomerados humanos de maiordensidade populacional que os que podem ser suportados em função da caça,da coleta e da pesca.

Do ponto de vista científico e tecnológico, a agricultura evoluiuconsideravelmente desde o arado puxado por bois, passando pelas máquinas

Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1Capítulo 1

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS18

a vapor e a eletricidade durante a revolução industrial, posteriormenteaprimoradas com a descoberta do combustível fóssil e o motor a combustão,derivando na revolução verde, o surgimento dos agroquímicos, os programasde melhoramento genético e as biotecnologias e finalmente com a descobertada clonagem e dos produtos transgênicos. Ainda assim, existem polêmicassobre as técnicas agrícolas em relação à conservação de solo e água, aosimpactos ambientais, a redução da biodiversidade e ao aquecimento global(INTERGOVERNMENTAL, 2008).

A lenha e a madeira são produtos utilizados pelo homem de longadata (Paleolítico), sendo inicialmente usadas espécies naturais. Esse costumepersiste até nossos dias, no entanto existem leis ambientais para conservaçãoe proteção das florestas. Um exemplo dramático da exploração predatóriadas florestas o constitui a Mata Atlântica Brasileira, depois do desembarcodos portugueses em 1500 (DIAS,1992). A primeira Carta Régia do Brasil, em1542, já estabelecia normas para o corte da madeira e determinava puniçõespara os abusos em andamento. No século XIX, houve diversas ações dasautoridades para deter o desmatamento predatório, até que, em 1920, o pau-brasil foi considerado extinto. Em 1934, o Decreto 23.793 transformou em Leio anteprojeto do Código Florestal, elaborado em 1931.

Segundo Rodrigues (2008), a silvicultura intensiva moderna teveinício no Brasil no início do século XX, com o estabelecimento dos plantiosflorestais com espécies exóticas, principalmente eucaliptos e coníferas, parasubstituição da madeira das florestas nativas de difícil reposição (FERREIRA,2001). Apesar do primeiro programa de melhoramento genético de eucaliptoster sido considerado como um dos mais avançados para a época (FERREIRA &SANTOS, 1997), as sementes de eucaliptos de melhor qualidade genéticadisponíveis para plantio até a década de 1960 eram provenientes de parcelasexperimentais ou talhões desbastados, mas sem isolamentos contra polensnão desejáveis. De modo geral, os plantios de eucaliptos originados dessassementes apresentavam alta porcentagem de híbridos. Os primeiros pomaresclonais de sementes de eucaliptos e pinus foram estabelecidos apenas a partirdo final da década de 1960. Esses pomares tinham como objetivo atender àdemanda crescente de sementes, tanto quantitativa como qualitativamente,para o programa de incentivos fiscais ao reflorestamento. A taxa de plantioanual, na época dos incentivos fiscais, 1966 a 1986, chegou a 400 mil hectarespor ano, o que correspondia a 800 milhões de mudas ou duas toneladas desementes de eucaliptos e pinus, aproximadamente. As árvores eramselecionadas por fenótipos, nos melhores talhões existentes ou em plantiosexperimentais. No início da década de 1970, foram instalados os primeirostestes de progênies e iniciada a reintrodução de germoplasmas, com basegenética apropriada, de espécies ou procedências selecionadas. As atividadesrelacionadas com a produção de sementes melhoradas de eucaliptos e pinusforam priorizadas nas décadas de 1970 e 1980. Levantamentos da pesquisaflorestal em andamento no Brasil, realizados pela Embrapa em 1978, 1980 e1987 (EMBRAPA, 1987), mostram que a maioria absoluta dos 2.043

19Capítulo 1. Silvicultura no contexto agrícola e social

experimentos em andamento eram da área de melhoramento genético eincluíam arboretos, bancos clonais, ensaios de espécies, pomares de sementes,testes de procedências, testes de progênies, clonagem, conservação genética,entre outros.

Em 2005, existia no Estado do Rio Grande do Sul uma área plantadade florestas de 364.770 hectares (SOCIEDADE, 2006), a maioria com espéciesdo gênero Eucalyptus. Em função das condições favoráveis, há uma tendênciade ampliação da área plantada nos próximos anos. Lembra-se que o territóriosul-rio-grandense, junto ao Uruguai e as porções norte da Argentina e do Chile,localizam-se em latitude semelhante a da Austrália, região de origem da espécie,o que torna essas regiões alvos privilegiados para o setor florestal. No período1990 a 2004, as plantações florestais no Uruguai aumentaramconsideravelmente, evoluindo de áreas de 45 mil hectares para mais de 750mil hectares (SILVERA; ALONSO; MARTINEZ, 2006).

O presente trabalho representa uma sistematização de informaçõesde diversas fontes, visando o desenvolvimento de um zoneamento paraeucalipto no Estado do Rio Grande do Sul, em função do processo expansivodas empresas do setor florestal na região (MINISTÉRIO, 2008) e daspreocupações de alguns setores da sociedade, principalmente aquelesenvolvidos com a conservação ambiental e a preservação das culturas locais,manifestadas em diversos eventos de abrangência estadual:

(1) Audiências públicas – Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM,Rio Grande do Sul, 2007.

(2) 2º Encontro de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociaisdo Bioma Pampa, Pelotas, 2007.

(3) Reunião técnica sobre silvicultura das unidades da Embrapa da Região Sul,Passo Fundo, 2007.

(4) Seminário “O papel do eucalipto no Rio Grande do Sul”, ADUFPEL, Pelotas,2007.

(5) Oficina de Biodiversidade – Secretaria de Planejamento e Gestão – RS,Porto Alegre, 2007.

(6) Políticas Públicas para a Conservação e Uso Sustentável do Bioma Pampa– IBAMA – RS, Porto Alegre, 2008.

As audiências públicas serviram como marco de difusão, discussãoe efetivação do Zoneamento Ambiental para a Silvicultura - RS, instrumentodesenvolvido por um consórcio de entidades no âmbito estadual (SECRETARIA,2007), uma vez conferida a intensa expansão da atividade sobre a região Sul –RS. Isso aconteceu de maneira quase concomitante à definição oficial do Pampacomo Bioma Brasileiro (INSTITUTO, 2004), o que desencadeou sua adoçãoimediata como unidade de planejamento ambiental. Duas posições antagônicasderivaram do processo: (1) A progressista, integrada pelas empresas do setorjunto a entidades sociais e municípios, preocupados com o desenvolvimento

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS20

regional e o ingresso de recursos; (2) A ambientalista, integrada por ONGs,Universidades, Órgãos públicos e pecuaristas, visando à conservação doPampa, a proteção da biota e a segurança ambiental. Os primeiros destacamos benefícios positivos, como a implantação de florestas (compensação), acriação de empregos e a geração de renda, os últimos enfatizam os prejuízosderivados da transformação dos biomas, da perda de biodiversidade e daalteração do balanço hídrico.

A reunião de Passo Fundo congregou pesquisadores da EmbrapaClima Temperado, Florestas, Pecuária Sul e Trigo, para nivelar as informaçõese elaborar um documento orientador, com base nas Leis do Brasil, nosprincípios internacionais de proteção ambiental e no Plano Diretor da Embrapa.Ele enfatiza o respeito às leis ambientais, sugerindo ampliar o zoneamentoedafoclimático para silvicultura da região do Corede Sul - RS, apresentadoneste livro, para todo o território do Estado, sendo realçada a necessidade deações direcionadas ao desenvolvimento do Zoneamento Ecológico –Econômico, conforme estabelecem os Decretos Lei número 4297/2002 e número6288/2007.

O presente livro descreve os critérios adotados e os resultados doZoneamento Agroclimático do Estado do Rio Grande do Sul e do ZoneamentoEdafoclimático para a região do Corede Sul - RS, para três espécies deEucalyptus. A escala de trabalho adotada dependeu da distribuição espacialdos dados disponíveis segundo será descrito no decorrer do texto. Odesenvolvimento dos zoneamentos edafoclimáticos para outros territórios, aexemplo do realizado para a região do Corede Sul – RS, dependerá daelaboração e disposição de mapeamentos de solos em escala apropriada.Destaca-se que o zoneamento edafoclimático não é equivalente ao zoneamentoecológico – econômico, mas representa uma importante contribuição, poisdetermina regiões de clima favorável, do ponto de vista de parâmetros térmicosideais, com ênfase na época de geadas, condições hídricas favoráveis eparâmetros do solo adequados, em relação ao relevo (declividade), ascondições de drenagem, a fertilidade do solos, a textura, a pedregosidade e aprofundidade das camadas superficiais, envolvendo critérios produtivos e deproteção à natureza.

A palavra “zona” pode ser definida como “uma região com certaspeculiaridades de clima, de vegetação, de ocupação humana...” (FERREIRA,2005). O mesmo autor também define o verbo “zonear”, como “dividir porzonas”, conceito sem dúvidas relacionado à palavra “zoneamento”, neologismoque implica a definição e caracterização de zonas em função de critérios técnicospreviamente estabelecidos, envolvendo o conceito de ordenamento territorial.No âmbito municipal, as regiões são delimitadas de acordo com o uso, parafins industriais, agropecuários ou urbanos. Neste caso, sendo definidas áreascomerciais, residenciais, para condomínios, parques e outras. No entanto, emfunção da variedade de critérios adotados para o zoneamento, é comumadicionar uma segunda palavra para sua caracterização: zoneamento agrícolaou de riscos climáticos; zoneamento agroclimático; zoneamento ambiental;zoneamento ecológico - econômico; zoneamento edáfico, entre outros.

O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária – PROAGRO foiestabelecido pela lei 5.963 de 11 de dezembro de 1973. Trata-se de um importanteinstrumento de política agrícola do Governo Federal, apesar das peculiaridades,com características inerentes de um programa securitário. Altas taxas desinistralidade, coberturas duvidosas e metodologias inadequadas, associadasà falta de recursos públicos, inviabilizaram a continuidade do programa nosseus moldes originais. Com a adoção do zoneamento agrícola, baseado naredução de riscos e aumento da produtividade, o PROAGRO passou a trabalharde maneira diferenciada e com uma elevada redução de custos, desde 1996.Os trabalhos que forneceram sustentação científica ao zoneamento agrícolaforam registrados e brevemente descritos, envolvendo as culturas de algodão,arroz, café, feijão, maçã, milho, soja e trigo (CUNHA; ASSAD, 2001).

De maneira paralela, mas com concepção de conservação e proteçãoambiental, a Lei 6.938/1981 transforma o zoneamento ambiental em instrumento

O Zoneamento e os Sistemas de InformaçãoO Zoneamento e os Sistemas de InformaçãoO Zoneamento e os Sistemas de InformaçãoO Zoneamento e os Sistemas de InformaçãoO Zoneamento e os Sistemas de InformaçãoGeográficaGeográficaGeográficaGeográficaGeográfica

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Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS22

da Política Nacional do Meio Ambiente, sendo criada uma Câmara Técnicainserida no Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA para tratar doassunto. Essa Política tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperaçãoda qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condiçõesao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses de segurança nacional eà proteção da dignidade da vida humana.

A necessidade de compatibilizar ambos zoneamentos, o agrícola e o ambiental,derivou na criação do Decreto 4.297/2002, que regulamenta a Lei 6.938/1981no contexto do zoneamento ambiental, estabelecendo os critérios mínimospara o desenvolvimento do zoneamento ecológico-econômico do Brasil - ZEE.Seus objetivos e princípios estabelecem que:

O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamenteseguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas,estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurara qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação dabiodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria dascondições de vida da população;

O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dosagentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos eatividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais,assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dosecossistemas. Parágrafo único:  O ZEE, na distribuição espacial dasatividades econômicas, levará em conta a importância ecológica, aslimitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações,restrições e alternativas de exploração do território e determinando, quandofor o caso, inclusive a realocação de atividades incompatíveis com suasdiretrizes gerais;

O processo de elaboração e implementação do ZEE: (1) buscará asustentabilidade ecológica, econômica e social, com vistas a compatibilizaro crescimento econômico e a proteção dos recursos naturais, em favor daspresentes e futuras gerações, em decorrência do reconhecimento de valorintrínseco à biodiversidade e os seus componentes; (2) contará com amplaparticipação democrática, compartilhando suas ações e responsabilidadesentre os diferentes níveis da administração pública e da sociedade civil; e(3) valorizará o conhecimento científico multidisciplinar;

O ZEE orientar-se-á pela Política Nacional do Meio Ambiente e obedeceráaos princípios da função sócio-ambiental da propriedade, da prevenção, daprecaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participaçãoinformada, do acesso eqüitativo e da integração.

A elaboração do ZEE foi modificada em função do Decreto 6288/2007, que designou ao Poder Público Federal para sua execução, em cooperaçãocom os Estados e disponibilizando publicamente as informações geradas.Nesse contexto foram claramente estabelecidas as escalas de trabalho, sendo

23Capítulo 2. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica

que para os objetivos do presente livro, os principais aspectos são: (1)1:5.000.000 para o território nacional aos efeitos de apresentação, comreferência para 1:1.000.000; (2) Escalas diferenciadas nas Macro-regiões, sendo1:250.000 a 1:100.000 para a região Sul; (3) ZEE local nas escalas 1:100.000 esuperiores. Assim, cada escala de trabalho corresponde ao ordenamentoterritorial na esfera Nacional, Estadual (regional) e Municipal, respectivamente.

Ainda é detalhado o conteúdo do ZEE, que dividirá o território emzonas, de acordo com as necessidades de proteção, conservação e recuperaçãodos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável. Sendo que, a definiçãode cada zona, observará no mínimo: (1) Diagnóstico dos recursos naturais, dasócio-economia e do marco jurídico-institucional; (2) Sistemas de informaçãogeográfica; (3) Cenários de tendências e alternativas; (4) Diretrizes gerais eespecíficas: necessidades de conservação ambiental e conservação das águas;orientações para as atividades produtivas; definição de áreas para unidadesde conservação.

Aquino (2008) menciona que, em vários Estados Brasileiros, o ZEEencontra-se em fase de desenvolvimento ou já foi concluído, entre eles o DistritoFederal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Piauíe Tocantins, existindo vários territórios já levantados, nos Estados de Acre,Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará e Rio Grande do Sul.

Com base no texto anterior, pode-se afirmar que o termozoneamento possui conotações técnicas e legais na tentativa de fomentar odesenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental, econômico e social,integrando conhecimentos multidisciplinares em ambiente de Sistemas deInformação Geográfica, sendo que, a escala de trabalho para as macrorregiõesdo Sul do Brasil deverá ser no mínimo 1:250.000 e no máximo 1:100.000. Ozoneamento ecológico - econômico do Brasil - ZEE é o instrumento oficial aosefeitos de ordenamento territorial.

A evolução das tecnologias e a dinâmica do mundo contemporâneointeragem com os diversos setores da sociedade, obrigando ao poder públicoà modificação ou renovação do sistema legal, que precisa evoluir paraacompanhar o processo. A Lei Ambiental de 1981 sem dúvidas foi influenciadapela Conferência sobre Meio Ambiente Humano da Organização das NaçõesUnidas em Estocolmo – Suécia, no ano de 1972, assim como por diversosacontecimentos relacionados ao meio ambiente que ocorreram nas décadasanteriores (DIAS, 1989). Os decretos de 2002 e 2007 expressam claramente anecessidade de enquadramento do ZEE com as inovações tecnológicas dasúltimas décadas do século XX, sendo inserido o conceito de sustentabilidade,a especificação das escalas de trabalho e os Sistemas de Informação Geográficacomo ferramentas de elaboração e aprimoramento desse instrumento.

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS24

2.12.12.12.12.1. . . . . A imporA imporA imporA imporA importância da escalatância da escalatância da escalatância da escalatância da escala

A escala é a razão entre o tamanho de uma feição no mapa e seutamanho real. Por exemplo, imaginemos um objeto quadrado, de 10 metrosde lado, localizado em terreno plano. Em um mapa em escala 1:10.000 seulado será de 1 mm, sendo 0,1 mm para escala 1:100.000. Expresso de maneiramatemática:

Escala = t / T

Sendo:

t = tamanho do objeto no mapa

T = tamanho do objeto no terreno (real)

Considerando os valores numéricos para cada uma das situaçõesmencionadas:

(0,1 cm)/(1000 cm) = 0,0001 = 1:10.000

(0,01 cm)/(1000 cm) = 0,00001 = 1:100.000

Assim, quando uma região específica for mapeada, a densidadedas informações levantadas dependerá da escala do mapa final. Uma regiãocuja extensão é de 500 km corresponderá a um mapa de 50 cm em escala1:1.000.000 e de 5 metros em escala 1:100.000 (TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 1). Quando usadasimagens de satélites, cada tipo de imagem corresponde a uma escala, emfunção do campo de visada do sensor, que está relacionado ao pixel da imagem,isto é, a unidade mínima da imagem (apreciação no mapa). Esta situação éexemplificada com uma imagem Landsat de 1995 da cidade de Pelotas e odetalhamento da área do hipódromo municipal, que aparece difuso conformeexplicação (Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1). O MODIS é um sensor multiespectral (36 bandas), comcampo de visada variável (250 a 1000 m), que viaja nas plataformas orbitaisAqua e Terra, permitindo mapeamentos em escala regional (XIAO et al., 2005).Os satélites da série Landsat foram equipados inicialmente com os sensoresMSS com campo de visada de 79 m (visível – infravermelho próximo) ou 240m (infravermelho termal), sendo posteriormente incorporado o sensor TM comcampo de visada de 30 m e 120 m respectivamente e no estágio final com aadoção do sensor pancromático ao estilo do sistema SPOT (JENSEN, 1996),permitindo mapeamentos em escala semidetalhada. Esta tecnologia tambémfoi adotada pelo satélite CBERS (INSTITUTO, 2008), que na sua última versãoincorporou uma câmara de alta resolução, capaz de realizar mapeamentosdetalhados, de maneira semelhante aos pretéritos levantamentos por meio defotografia aérea. Destaca-se que na última década foram vários os sistemasorbitais com essa característica, alguns deles alcançando resolução espacialcentimétrica.

25Capítulo 2. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica

TTTTTabela 1abela 1abela 1abela 1abela 1. . . . . Relação de tamanhos dos objetos no terreno em relação ao mapa, deacordo com a escala de trabalho e imagens orbitais mais adequadas em cadacaso.

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1. . . . . Composição colorida das bandas 3, 4 e 5 do sensor temático do satéliteLandsat de 1995: (A) Cidade de Pelotas, RS; (B) Detalhe do setor indicado pelopolígono (Hipódromo da Tablada).Fonte: Embrapa Clima Temperado.

Equivalência mapa – terrenoEscala

1 cm Apreciação(= 0,5 mm)

Imagem orbital

1:1.000.000 10 km 500 m MODIS

1:500.000 5 km 250 m MODIS

1:250.000 2,5 km 125 m MSS

1:100.000 1 km 50 m Landsat

1:50.000 500 m 25 m CBERS, SPOT

1:10.000 100 m 5 m Aerolevantamentos sensores de alta resolução

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS26

2.2. 2.2. 2.2. 2.2. 2.2. Aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica –Aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica –Aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica –Aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica –Aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica –SIG nos zSIG nos zSIG nos zSIG nos zSIG nos zoneamentosoneamentosoneamentosoneamentosoneamentos

Existem diversas definições de SIG, algumas delas são as seguintes:

(1) Um poderoso elenco de ferramentas para colecionar, armazenar, recuperar,transformar e exibir dados referenciados ao mundo real (BURROUGH, 1986).

(2) Qualquer conjunto de procedimentos, manuais ou computacionais, usadospara armazenar e manipular dados geograficamente referenciados(ARONOFF, 1991).

(3) Sistema computacional que gerencia dados espaciais (BONHAM-CARTER,1994).

As três definições acima são coincidentes em relação ao uso dedados espaciais, usualmente geograficamente referenciados, isto é, asinformações estarem associadas a um sistema de coordenadas global. OsSIGs estão relacionados à computação e ao manuseio de informações digitais,porém, poderão acontecer procedimentos manuais em algumas etapas doprocesso, como menciona a definição (2).

Nos SIGs, o mundo real é discriminado e organizado segundo níveisde informação, ajustados a um sistema único de coordenadas, permitindo asua integração e modelagem (Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2). Um banco de dados alfanuméricopode ser incorporado a um SIG, sendo possível explorar o sistema por meiodo modelo conceitual do banco ou também, através da análise espacial. Enfim,os SIGs são o âmbito ideal para execução de procedimentos degeoprocessamento.

Os modelos digitais de elevação – DEM (sigla que deriva do inglês“Digital Elevation Model”) permitem representar o relevo da superfície terrestree derivar novas informações, como a declividade e a exposição de vertentes.São arquivos alfa-numéricos organizados segundo uma malha regular emforma de matriz (arquivo XYZ), onde cada elemento da malha (célula ou pixel)corresponde a uma posição espacial, sendo atribuído um número relativo àaltitude (Figura 3Figura 3Figura 3Figura 3Figura 3). Os DEM podem ser obtidos de diferentes maneiras: (a)Digitalizando e processando os dados de altitude das folhas cartográficas; (b)por meio de sistemas de sensoriamento remoto (SOUZA FILHO, 2003).

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Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2Figura 2. Correspondência entre os planos de informação - SIG e o mundo real. Fonte (imagem): Projeto PaisagensGeoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira, FAPESP, IG/UNICAMP.

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Figura 3Figura 3Figura 3Figura 3Figura 3. Exemplo de modelo digital de elevação – DEM (inferior – direita) e de matriz de valores numéricos(superior – esquerda). Fonte (imagem): NASA.

29Capítulo 2. O Zoneamento e os Sistemas de Informação Geográfica

Os níveis de informação podem ser gerados em diversos formatos,dependendo da natureza da feição representada: pontos, linhas, polígonos ouimagem. Os primeiros permitem representar estações de amostragem,correspondentes a levantamentos básicos, como dados meteorológicos, dequalidade da água ou perfis de solos. A rede hidrográfica e as curvashipsométricas se ajustam claramente ao formato de linhas. Os mapas de solos,de ocupação atual ou aptidão da terra são exemplos de formato de polígonos.Observa-se que em todos esses casos, as feições, isto é, os pontos, linhas oupolígonos, podem ser relacionados com arquivos alfanuméricos onde sãodescritas características a eles associadas. Por exemplo, no nível de informaçãocorrespondente à hidrografia, o nome dos cursos hídricos e corpos de água, aquantidade de água disponível em cada um deles e sua navegabilidade, entreoutras, podem ser detalhadas de maneira textual.

Na sua forma simplificada, as imagens de sensoriamento remotopossuem um formato semelhante ao dos DEMs, como foi comentado eexemplificado antes. Uma imagem também poderá ser gerada pelainterpolação de um arquivo de pontos ou linhas. Trata-se de um processoestatístico-matemático através do qual o teor de uma variável é calculado emqualquer ponto do espaço de amostragem (Figura 4Figura 4Figura 4Figura 4Figura 4). Yamamoto (1988) defineos métodos globais de interpolação, baseados em modelos de regressão e osmétodos locais, como o inverso do quadrado da distância, a triangulação e akrigagem. O último está relacionado à teoria das variáveis regionalizadas,também conhecida como geoestatística (MATHERON, 1963).

Figura 4.Figura 4.Figura 4.Figura 4.Figura 4. Exemplificação do processo de interpolação.Fonte: Projeto Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira, FAPESP,IG/UNICAMP.

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS30

Os procedimentos mencionados fazem parte da rotina dogeoprocessamento e, em certas ocasiões, são extremamente trabalhosos,principalmente na fase de digitalização da informação, mas são de grandeutilidade no desenvolvimento dos zoneamentos. No entanto, uma das funçõesmais importantes de um SIG é a integração das informações, que pode serrealizada através de diversos métodos, como por exemplo, classificação(JENSEN, 1996), na qual, em uma mesma classe, são unidas as regiões comcaracterísticas semelhantes. Aos efeitos do zoneamento, tornam-se maisadequados os procedimentos que usam algoritmos lógicos – matemáticos,como será exemplificado a seguir.

Filippini Alba e Souza Filho (2006) elaboraram uma base de dados,considerando o DEM da Shuttle Radar Topography Mission (pixel de 90 m),dados geoquímicos de sedimentos de corrente do Vale do Ribeira (Instituto dePesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1985, inédito) e dados digitaisdas bandas do sensor temático do satélite Landsat correspondentes à cena220-77 de 26 de setembro de 1999. Os níveis de informação utilizados e suaintegração por meio de operadores booleanos apresentam-se de maneirasucinta na Figura 5Figura 5Figura 5Figura 5Figura 5.

Destaca-se que, neste capítulo, foi descrita e exemplificada autilidade do geoprocessamento e dos SIGs para a execução de zoneamentos,porém, os critérios e a metodologia adotada para realizar o zoneamentoedafoclimático do Corede Sul - RS e para o zoneamento agroclimático do Estadode Rio Grande do Sul serão descritos nos próximos capítulos.

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Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Exemplo da integração de dados por meio de SIG. Os pixels selecionados através da interseção dosníveis de informação à esquerda estão inseridos no interior dos rectângulos destacados à direita, sobrepostos àimagem do satélite Landsat utilizada como plano de fundo.Fonte: Projeto Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira, FAPESP, IG/UNICAMP.

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS32

3.13.13.13.13.1. Base car. Base car. Base car. Base car. Base cartográfica em escala 1:250.0tográfica em escala 1:250.0tográfica em escala 1:250.0tográfica em escala 1:250.0tográfica em escala 1:250.00000000000

A base cartográfica é o tema de amarração de qualquer projeto deintegração de informações, muito embora foram sugeridos métodosalternativos, por exemplo, através do uso de imagens orbitais (CREPANI et al.,1996). A base cartográfica digital do Estado do Rio Grande do Sul em escala1:250.000 foi lançada recentemente com base nos levantamentos do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatísticas e da 1ª. Divisão de Levantamento doExército da Diretoria de Serviço Geográfico (1DL-DSG) e a colaboração de váriasentidades, incluindo a Embrapa Clima Temperado (WEBER; HASENACK, 2006).Esta base cartográfica foi utilizada no zoneamento agroclimático do eucaliptopara o Estado do Rio Grande do Sul.

O modelo digital de elevação é fundamental no zoneamentoagroclimático, devido à relação da altitude com a temperatura, influenciandono risco climático. As terras altas são mais frias, dependendo da latitude deocorrência, aumentando a probabilidade de risco de geada. Esta relação édefinida de forma matemática, através de modelos de regressão do riscoclimático em função da altitude, da latitude e da longitude. As isolinhas digitaisforam transformadas de formato vetorial (linhas) para formato raster (imagem),por interpolação, segundo o processo mencionado no Capítulo 2. Foi utilizadoo modelo digital de elevação da Shuttle Radar Topography Mission, compilado,corrigido e adequado para o sistema SAD 69 pelos referidos autores, segundopixel aproximado de 90 metros (Figura 6Figura 6Figura 6Figura 6Figura 6).

Estruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base carEstruturação de base cartográfica e temática em SIGtográfica e temática em SIGtográfica e temática em SIGtográfica e temática em SIGtográfica e temática em SIG

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Carlos RCarlos RCarlos RCarlos RCarlos Roberoberoberoberoberto Sto Sto Sto Sto Soares Soares Soares Soares Soares SeveroeveroeveroeveroeveroJJJJJosé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini osé Maria Filippini AlbaAlbaAlbaAlbaAlba

Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS34

Figura 6.Figura 6.Figura 6.Figura 6.Figura 6. Modelo digital de elevação do Estado do Rio Grande do Sul (WEBER;HASENACK, 2006). O gradiente de altitude em relação ao nível do mar vaiaumentando a partir do vermelho (0-100 m) e variando de maneira gradualpara o laranja (101-200 m), amarelo (201-300 m), verde (301-600) e finalmenteazul (601-1.390 m)

35Capítulo 3. Estruturação de base cartográfica e temática em SIG

3.2. Base car3.2. Base car3.2. Base car3.2. Base car3.2. Base cartográfica em escala 1:50.0tográfica em escala 1:50.0tográfica em escala 1:50.0tográfica em escala 1:50.0tográfica em escala 1:50.00000000000

A digitalização das folhas cartográficas em escala 1:50.000,levantadas pela 1DL – DSG, para o zoneamento edafoclimático da região doCorede Sul - RS foi realizada no Laboratório de Planejamento Ambiental daEmbrapa Clima Temperado. Foram extraídos os temas planimétricos(hidrografia, rede viária, áreas urbanas) e altimétricos (curvas de nível e pontoscotados) para 87 folhas cartográficas (Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7).

Para a elaboração da base cartografia foi utilizada metodologiaestabelecida no Centro de Ecologia – UFRGS, obedecendo a um protocolo denormas de digitalizacao definindo procedimentos padrões para todas as etapas:georreferenciamento, digitalização, nomenclatura para os arquivos, processosde edição e verificação.

As folhas topográficas foram convertidas do formato analógico paradigital, através de uso de equipamento scanner. As imagens das folhas foramgeorreferenciadas por pontos de controle utilizando todos os pontos deintersecção da grade de coordenadas UTM. Após etapa de georreferência, asfolhas topográficas foram inseridas no SIG (Sistema de Informação Geográfica)para extração dos dados temáticos através de processo de vetorização manual(vetorização em tela). A escala de visualização em tela, nessa etapa, foi de1:4.000. A edição final constou da união dos arquivos (conjunto de folhastopográficas da região Corede Sul) formando um arquivo único por tema.

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS36

Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7. Base cartográfica, tema hidrografia, com grade representativa dasfolhas cartográficas em escala 1:50.000.Fonte: Embrapa Clima Temperado.

37Capítulo 3. Estruturação de base cartográfica e temática em SIG

A base cartográfica digital, na escala 1:50.000, possibilita a geraçãode modelo digital de elevação (DEM), permitindo aprimorar o nível de detalhedo zoneamento agroclimático de regiões específicas e apoiar o processo deestruturação dos mapas de solos. No entanto, não foi possível considerar oDEM em escala 1:50.000 para o zoneamento edafoclimático da região do CoredeSul.

3.3. Mapa de S3.3. Mapa de S3.3. Mapa de S3.3. Mapa de S3.3. Mapa de Solos - Corede Sulolos - Corede Sulolos - Corede Sulolos - Corede Sulolos - Corede Sul

Os mapeamentos de solos em acervo na Embrapa Clima Temperadoforam realizados, ao longo do tempo, por demanda e por município enecessitavam edição e integração em uma mesma base digital para seu usono zoneamento.

A recuperação e edição de mapeamento em acervo nos formatosanalógicos e em formato digital não referenciado (arquivos no programa CorelDraw) abrangeram os Municípios do Corede Sul (Amaral Ferrador, Arroio doPadre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Herval, Jaguarao,Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini,Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José do Norte,São Lourenço do Sul, Tavares, Turuçu) e os municípios de Candiota e HulhaNegra.

O processo de conversão e edição dos mapas primeiramente foiexecutado por Município. Como exemplo, o mapa do município de Hulha Negraem meio digital formato .cdr (Figura 8aFigura 8aFigura 8aFigura 8aFigura 8a) mostrando em um detalhe as etapasde filtro de temas solo e grade de coordenadas e exportação no formato dxf;georreferenciamento utilizando a grade recuperada (Figura 8bFigura 8bFigura 8bFigura 8bFigura 8b); ediçãotopológica dos polígonos referentes as unidades de solos e de dadosalfanuméricos em tabela associada ao dado espacial (Figura 8cFigura 8cFigura 8cFigura 8cFigura 8c); edição e ajustedas unidades de mapeamento, com auxílio da base cartográfica na escala1:50.000 e imagens Landsat (Figura 8dFigura 8dFigura 8dFigura 8dFigura 8d) e mapa final com legenda atualizada(Figura 8eFigura 8eFigura 8eFigura 8eFigura 8e).

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS38

Figura 8.Figura 8.Figura 8.Figura 8.Figura 8. Etapas da conversão dos mapas de solos em acervo para arquivodigital (Município de Hulha Negra).Fonte: Embrapa Clima Temperado.

39Capítulo 3. Estruturação de base cartográfica e temática em SIG

Realizou-se a atualização das Unidades de mapeamento de acordocom o Sistema de Classificação de Solos (SANTOS, 2006), sendocompatibilizada em tabela única, contendo todos os municipios, as legendasde solos antigas, legendas de geomorfologia, legenda atual e descriçao dasclasses de solos (TTTTTabela 2abela 2abela 2abela 2abela 2). Agregaram-se ao banco de dados, no SIG, asinformações da nova legenda de classificação de solos e também as variáveisselecionadas para o zoneamento (profundidade efetiva, textura, drenagem,relevo,etc).

TTTTTabela 2abela 2abela 2abela 2abela 2. Recorte da tabela de compatibilização de legenda dos solos dosmunicípios em acervo.

Legenda Solos Legenda Solos Legenda Solos Legenda Solos (notação)(notação)(notação)(notação) MunicípioMunicípioMunicípioMunicípio

LegendaLegendaLegendaLegenda

GeomorfológicaGeomorfológicaGeomorfológicaGeomorfológica Antiga Atual

Classes de Solos AtualClasses de Solos AtualClasses de Solos AtualClasses de Solos Atual

.... .... .... .... ....

Hulha

Negra

2SRs R RL1 Neossolo Litólico

Indiscriminado + Afloramentos Rochosos + Argissolo Amarelo Alítico + Gleissolo Háplico

Indiscriminado

H. Negra Dt PVa PAal1 Argissolo Amarelo Alítico +

Argissolo Vermelho Distrófico + Argissolo Amarelo Distrófico

+ Neossolo Quartzarênico Hidromórfico + Gleissolo

Háplico Indiscriminado

.... .... .... ... ....

Após a edição de integraçao dos municípios em um mesmo arquivo,elaborou-se a legenda de acordo com a padronização de cores das classes de10 nível (Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9). O esforço investido no resgate e estruturação dos mapas desolos em uma base georreferenciada possibilitou um zoneamento maisdetallhado para região do Corede Sul. Os dados estruturados em um SIGsempre poderão ser refinados, corrigidos e atualizados, a partir de camadasde informaçoes oriundas de outros mapas temáticos como por exemplodeclividade, modelo digital de elevação, geologia, geomorformogia, ou dedados coletados a campo.

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS40

Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9. Mapa de solos –arquivo único – legenda atualizada (SANTOS, 2006).Fonte: Embrapa Clima Temperado.

agua

GMk

RQo1

TXo4

RRh4

PAd4

RQo3

PBACa1

RLh1

PBACd2

PVAd7

PVd6

SXe13

RQg1

PAe8

RLe7

PACe2

SXe7

PACe3

PAd4

PVe4

PAd10

PAe7

OXy

PVe1

PAe2

RYve8

PVAd4

PBACd6

PAe11

SXe13

SXe8

GMk

MEo3

PAd6

SXe4

SXe2

PVe3

RQo3

GMve5

VCo2

AR18

AR9

RRe5

MEo1

SXe1

SXe8

PVAd7

PVAe5

AR9

SXe12a

PAe1

RLe6

SXe1

PAe9

PAe9

CXve

PVAd6

GMve19

PAe8

MXo3

SXe13

MEo8

PVAd4

PVAe2

SXe3a

PAal1

RLd3

SXe5

RY2

CXbd1

RRd2

PVd2

PAe10

SXe2

PVe3

GXve2

CHd

RQg2

PVAd3

PAe4

MEo4

PVAe1

PVe1

TCp2

RLd4

PVAd6

PVe7

RQo1

SXe12a

PVAd1

GMve18

SXe13a GMve18

PVe2

PVAd5

RLe6

RY1

PAe9

GMve1

PVAd8

PVAe7

PAd10

AR11

SXe3a

G1

RY2

PBACe1

RRh3

TXo5

MEo3

TXo2

RLd4

PVAal

PAe9

GXve4

SXe13a

PBACa2

PAd11

SXe10

PVd6

agua

RRh5

RY2

TCp2

PVd6

AR4

RLd9

GMve19

GMve18

PAe12

GMve6

PBACd1

TXo4

PAe11

PVd5

SXe10

PAe9

PVAd5

SXe7

PAe9

RRh1

PAe6

RRd2

TXo2

MTo6

RY2

RQg1

PBACa1

PAd10

TXo2

SXe2

RQg2

SXe9

PAe3

PAe4

CHd

SXe13

RQg2

OXy

SXe8

MTo4

MXo1

PBACd1

PACd

SXe5

RQg2

AR18

SXe6

CXbd1

RLd2

PVd6

PVe7

GMve3

RQg1

MXo4

PAe12

GZn

RQg2

PVAd5

G1

RRe4

GMve12

CHd

RL2

RLe6

GMve17

PAe2

PVd6

RLd1

PAd2

SXe13

MTo4

RRh6

PAd10

SXe2

AR2

PVAd1 SXe8

GMve7

PVe6

GMve18

AR20

RQg1

PBACd1

AR8

SXe9

OXy

TXo4

RRe2

RRh7

SXe8 GMve11

PACd

TXo1

SXal1

CXbd1

SXe14

PVAe6

PBACd1

SXe14

RQg1

PVAd5PAe7

RRh4

GMve14

MTo6

RQo2

PVal2

PAd10

SNo1

RLe2

GMve19

SXe10

PVAa3

PVAe2

PAe12

GMve5

GMve11

PVAal

SXe2

SXe14

PAe12

AR10

GMve11

PAe9

PBACa1

PACe1

MTo4

PVd4

OXs2

RLd2

RQo3

RRh6

G2

RLd7

MEo6

SXe13

OXy

SXe5

SXe8

PVe2

RY2

PVd2

PAd11

SXe8

OXs1

RLe4

SNo1

MEo8

AR18

VCo1

PAd7

SXe13

PVAd3

RRh2

GMve13

RLe7

MEo8

RRe1

PACe3

TCp1

PAd5

RLd7

PAal3

OXy

PAd6

SXe2

OXy

GMve18

PBACd5

GMve3

SXe8

TXo4

SXe5

agua

MXo2

AR7

AR11

SXe13

PAd3

TXo4

RLd7

PVAd3

GMve16

MTo5

PBACd7

PAe9

SXe13

MEo3

CXbd1

CXbd1

GM2

RRh4

PBACd2

SXe3a

RQo1

PVd5

RLe4

RQg4

AR11

RYve6

RQg1

GMve18

MTo1

TXo3

SXe10

TCp2

MXo1

RRe4

PAd8

CXbd1

PBACal

PVAd10

PBACd1

AR10

RRh6

PVAe5

RQo1

PAd2

RRe4

RY2

MTo6PAe1

RRe2

RLe4

VCo1

PVAd9

RLe1

PACe3

RQo1

RLd2

G1

GMve2

PVd11

GMve21

PVd6

SXe10

PAe8

PAd10

PBACd3

PVAe1

MXo4

PAe9

RRe2

AR9

RLe3

AR14

PVd5

G2

RLd6

PAe13

PACe3

PVe7

AR16

VCo1

RY2

G1

PACe3

CXbd1

PVAal

PBACd3

PBACd4

MXo2

TXo1

PAe9

RY2

SXe2

PACe1

GMbe1

RLd8

PAd7

MEo2

SXe13PVe6

PVAal

PACe3

PVAa4

PBACd4

EKg3

GMve5

GMve3

RLe3

GMve18

PVAd5

RRh6

PAe11

GMve18

SXe8

PBACd1

PBACal

RLe5

EKg3

RLe3

CHd

SXe7

RL4

RL1

RL3

MEo2

SXe13

PBACa2

SXe14

SXe1

MTo9

RLd7

AR11

GMve18

GMve5

PAd8

SNo1

PAe9

GMve5

PVe6

PAe4

RRh7

GMve21

RLe5

RRh5

PVAe1

SXe1

PAe3

SXe14

PAe6

MTo9

agua

PBACd1

SXe1

PBACd4

RLe5

RLe6

PAd10

CXbd1

RY2

PAe7

RRd2

RLe7

RYve7

RRh2

RY1

GMve18

OXs2

MTo4

SXe8

RLd1

GMve2

PVAd2

AR13

RLd4

PVAd2

AR11

RYve3

RLd9

OXy

G1

RRe2

SXe14

MTo4

SXe6

G2

SXe13

SXe8

MTo9

RL2

SXe5

G2

PVe8

PVAd1

SXe13

MXo4

PVAd9

GM1

PAe7

GMk

GMve19

PVe6

SXe13

OXs1

GMve3

SXe12a

RRd2

GMve21

GMve4

RYve4

OXy

PBACe2

MXo1

MTo4

GMve20

RL2

PACe2

PACe3

RL5

RLd4

SXe8

PVAal

PVAd1

RLe4

PAe6

SXe13

VCo1

PVAd5 RRh3

GMbe1

RRd1

EKg3

PBACe1

PVe8

RYve4

RRh7

SXe10

G2

CHd

RLd7

OXy

SXe13

GMve4

PBACd4

GMve19

PVd5

PVAd5

RRh7

RLd9

GMve5

RRh7

RRh7

RL3

PACe3

PVAal

TCp1

SXe8

SXe8MEo6

RRe4

agua

EKg2

GMve18

GMve11

PBACal

SXe13

SXal2

GMve12

RRh5

MEo3

RRh4

PAd5

SXe7b

GMve1

RLe4

SXe1

AR2

TCp1

PVe8

RLd7

PVAe1

RL3

PAd2

RLd9

RL3

PBACd2

SXe7

PVe2

agua

PVAd9

MTo1

SXe13a

PVAd1

RRh7

RQg2

OXs1

RLd4

SXe9

G2

PVd6

AR14

MEo6

AR8

PVe8

SXe6

SXe5

PVAe5

RLe5

AR17

RRh7

GMve1

PVAal

EKg2

GMve19

PBACd1

TXo4

SXe8

SXe5

GMve15

GMbe1

RLe4

G1

VCo2

MTo4

SXe5

PAal1

AR14

GMve15

RLd1

RLd1

PAe12

GMbe1

GMve18

PVe8

PVAd5

CHd

PAd10

PAe12

PVAd9

PBACd5

MEo6

RRe1

GMve3

RLd8

TCp2

PAd8

PVAal

RLd1

RRe7

GMve4

AR5

SXe8

VCo1

PVAd5

MEo5

PVAd9

RL3

SXal2

TXo3

GM2

RLd4

GM2

agua

SXe6

GMve11

MTo8

SXe1

PVd6

CHd

G2

RY1

SXe14

RL3

GMve1

GMve17

RLd1

OXy

GMbe1

RLe6

PAe7

G2

AR8

TXo3

OXs1

RRd2

SXe1

PAe4

GM1

AR17

RQo2

SXe14

SXe10

MTo7

PVAe4

RL3

PAd8

RL3

AR7

PAd4

CHd

GM2

CXbd1

PAe12

MTo4

MXo2

AR18

MXo1

RLd1

SXe1

SXe1

PVAe5

SXe8

OXy

RLd1

AR6

PAd4

PVAe1

AR2

MTo1

SNo2

SXe7a

RQg1

SXe12

GMve18

RQo1

SXe7a

GMve7

SXe1

GMve5

RY2

GMve8

PVAd5

RLe5

AR15

GMve11

RYve2

SNo2

GMve6

GMve12

PACe3

SNo2

RYve3

SXe1

GMve11

agua

RY2

EKg3

SXe1

SXe1

RQo1

RYve8

SXe11

AR1

SXe1

AR15

GMbe1

GXve4

RY2

MTo7

EKg3

SXal1

GXve3

GMbe1

GMve18

GMve10

SXe13

SXe1

SXe2

SXe13

GMve7

SXe8

RYve4

GMve6

SXe8

RL1

PVAe4RYve3

RQo1

PVAd4

RQo1

RRh6

RRh3

GMve11

agua

GMve12

PAe3

SXe12a

SXe13

SXe1

MTo4

TXo2

AR1

GMve5

RRh5

SXe7a

RYve7

GMve11

MEo7

RYve3

GMve18

RYve2

CHd

GMve11

GMve11

GMve1

RYve3

RY2

GXve1

PACe3

EKg1

PVd11

RYve4

RYve6

PVAe5

GMve16

RY2

GMve5

AR10

SXe7b

RLe5

GMve19

SXe1

RLe7

SXe7b

RQo1

SXe8

RLe6

GMve19

RYve1

G2

RQo1

PVe8

SNo2

SXe2

AR15

PVd5

RY2

GMve13

OXs3

AR9

GMve16

GMve15

RYve1

PAe3

SXe8

MTo6

PAd3

RQo1

RQo1

PVe8

RRh7

SXe1

RQo1

RY2

SXe1

PACe3

SXe8

PVAd9

RRh2

RYve4

RY2

GMve11

PBACal

GMve1

OXy

GMve5

RRh2

TCp1

PACd

PACe3

SXe3a

EKg3

PVAd8

PAd6

SXe7b

SXe1

GMve9

RRq2

OXy

PBACa1

SXe14

GMve1

SXe13a

OXs1

OXy

MEo8

OXs1

PVAd9

SXe13

PVAd3

RQo4

SXe11

PBACd5GMve16

MEo4

SXe13

SXe1

SXe8a

G2

RRh5

GMve19

GMve7

RQg1

PVAd5

GMve13

G1

teste

SXe8

SXe7

GMve13

SXe10

PVAe6

OXy

RY2

RQo2

GMve2

GMve4

MXo4

RRh5

SNo1

RY2

PVe6

RQo1

AR10

VCo1

SXe2

SXe14

EKg1

MTo7

PVAd8

RRh7

MEo2

GMve1

GMk

G1

GMve11

RQo1

PACe2

GXve1

PACe3

GMve13

GMve1

GMve9

SXe1

RRd3

PVAal

PAe9

OXs3

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GXve1

GMve5

MTo7

RLd1

AR7

MEo6

GMve17

SXe2

RQo1

RQo1

GMve2

RY2

SXe14

SXe1

RY2

SXe8

SXe4

RQg4

GMve1

SXe3a

RQg4

PBACd4

GMve11

OXy

PVAd2

CHd

MEo6

GMve1

SXe13

GMve17

SXe6

RY2

SXe9

EKg3

RY2

PVAe4

SXe11

SXe7

PVAd10

RRh7

PBACd7

SXe3

SXe1

GMve16

GMk

PVAe1

GMve18

GXve1

RLh1

RLd1

PVAe4

MXo4

SXe7

SXe13a

SXe8

GMve5

SXe1

PAal2

GMve19

GMve11

SXe8

SXe13

PAe8

RLd1

MTo1

RLd1

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G2

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SXe8

RQo1

GMve10

SXe13

RQo2

PVe6

GMve1

EKg3

GZn

RQg4

SXe13

SXe13

agua

EKg3

SXe1

PAe9

GMve2

agua

CHd

SXe1

SXe2MTo7

EKg3

SXe8

PAd8

SNo2

GMve11

RYve3

RYve1

PVAal

MEo8

GMve7

GMve11

G2

GMve15

GMve11

GMve1

CXbd1

RYve4

RQo1

SXe6

RL1

RQo1

SXe8

PVAd8

GMve11

RQg4RLd1

RY2

MEo8

RLd4

RYbd2

RQo3

RLe5

OXs1

GMve11

GMve4

RY2

RQg2

SXe8

GXve1

CXbd1

SXe3a

RY2

AR19

GMve13

GMve11

SXal2

GMve5

SXe8

SXe1

EKg3

SXe5

PAe6

AR7

agua

PVAd5

SXe1

RLd1

PVAd4

GMbe1

PBACa2

PAe9

RQo1

PAd2

PVe8

EKg3

MEo3

SXe3a

RYve3

SXe1

G1

GMve13

PVAd4

PVAe1

SXe13

GMbe1

GMve18

OXs1

GMve11

SXe8

GMve4

G2

RLd3

SXe7

GMve18

SXe7b

SXe5

RRe3

RL2

GMve21

RLe4

RLd4

PBACd4

SXe1

GMve13

G2

RY2

GMve21

RRd3

RYve3

RRd1

RQg4

AR12

RYve7

GMve3

GMve17

AR12

SXe13a

PACe2

AR18

RRe6

RYve4

MTo9

GMve14

OXs2

GMve11

RYve

EKg3

RQg2

GMve17

RY2

GMve11

SXe8

SXal2

SXe8

RQo1

TXo3

GMve11

GMbe1

RL3

AR12

SXe3a

GMve11

teste

GMve19

EKg3

OXy

RYve4

GMve18

SXe6

RQo1RY2

RLd1

GMve1

SXe7b

GMve1

RYve4

SXe10

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As espécies do gênero Eucalyptus são originárias da Austrália e dealgumas ilhas da Oceania, onde foram descritas mais de 600 espécies -subespécies e mais de oito subgêneros geneticamente isolados, que não seintercruzam. Existe uma grande variedade de espécies, adaptadas a diferentescondições de solo e de clima, para uso em plantios ou em florestas naturais(PRYOR, 1976). Na Austrália, ocorrem em condições áridas até em condiçõesde clima frio e úmido, apresentando-se em quase todas as formações vegetaisdo continente. Atualmente, um subgênero, o Eucalyptus citriodora, foireclassificado à categoria de gênero e passou a ser denominado Corymbiacitriodora.

O nome deriva das palavras gregas EU e CALYPTUS, que significacoberto, protegido, referindo-se ao opérculo do botão floral. São chamados naAustrália, entre outros nomes populares, de “gum trees”, por causa da goma(quino) exsudada pelo tronco das árvores mais velhas (PRYOR, 1976).

São espécies perenifólias e a maioria delas apresenta-se com portearbóreo. Eucalyptus regnans atinge até quase 100 metros e é considerada aespécie folhosa mais alta em todo o mundo. Outras espécies crescem até 70metros, como Eucalyptus grandis, uma das mais plantadas. Outras têm portearbustivo, de 1,5 a 3 metros. A maioria das espécies, contudo, tem 10 a 50metros.

Eucalyptus é o gênero mais plantado no mundo, devido à amplacapacidade de adaptação, crescimento rápido e produtividade, com diferentesfinalidades. Apresenta grande plasticidade em relação às necessidadesclimáticas, adaptando-se nas mais variadas condições ambientais, muitas dasquais diferentes das condições da região de ocorrência natural (BOOTH; PRYOR,1991). Um dos principais fatores climáticos limitantes ao desenvolvimento para

Características de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptosCaracterísticas de algumas espécies de eucaliptos

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Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS42

um grande número de espécies do gênero é a ocorrência de geadas (HIGA etal., 2000; FRANKLIN; MESKIMEN, 1983).

A maioria das espécies do gênero Eucalyptus é sensível a geadas,sendo este o fator de impedimento ao desenvolvimento das espécies nasregiões de clima temperado. Um grande número pode sofrer danos comtemperaturas do ar menores que 0oC e poucas sobrevivem com temperaturasinferiores a -15 oC ou -18 oC (TURNBULL; ELDRIDGE, 1983).

As melhores produtividades são atingidas nos climas subtropical etemperado quente, onde a temperatura máxima média do mês mais quentefica entre 24 e 32oC; temperatura mínima do mês mais frio entre 3 e 17oC etemperatura média anual entre 14 a 22oC (BOOTH; PRYOR, 1991; POYTON, 1979).

O Estado do Rio Grande do Sul apresenta condições edafoclimáticasbastante diferenciadas e, conseqüentemente, assim como outras regiões, compotencial diferenciado para o desenvolvimento de distintas espécies deEucalyptus. A Metade Sul do Estado, um dos focos do presente trabalho, estásituada no Escudo Sul-Rio-Grandense, com predominância de rochas ígneasdo período Pré-Cambriano e, por isto mesmo, muito desgastadas pela erosão.A altitude, nesta região, não ultrapassa 560 metros. A Depressão Central éformada de rochas sedimentares, dando origem a um extenso corredor queliga o Oeste ao Leste, através de terrenos de baixa altitude. As temperaturasapresentam-se com grande variação sazonal, com verões quentes e invernosbastante rigorosos, com ocorrência de geadas. As temperaturas médias anuaisdo ar variam entre 15 e 18oC, com mínimas absolutas de até -10oC e máximasabsolutas de 40oC. Em relação aos índices pluviométricos, o Estado apresenta-se com uma distribuição relativamente equilibrada das chuvas ao longo detodo o ano, em decorrência das massas de ar oceânicas que atingem o Estado,mas, em algumas regiões, devido à predominância de solos rasos, nãoraramente com menos de 20 cm de profundidade, bastam curtos períodossem chuva para haver falta de água, principalmente na Metade Sul do Estado.Além disso, o volume total de chuvas é diferenciado. No Sul do Estado, osíndices pluviométricos anuais situam-se entre 1.200 e 1.600 mm e, no Norte, ototal está entre 1.600 e 1.900 mm, com maior volume concentrado no Norte eNoroeste, especialmente na encosta do Planalto, região que registra os maioresvolumes de chuva (ATLAS ECONÔMICO DO RIO GRANDE DO SUL, 2008).

Na maior parte do Estado, os florestamentos e os reflorestamentossão realizados com espécies do gênero Eucalyptus, principalmente comEucalyptus grandis e Eucalyptus dunni, este último nas regiões mais frias. Umadas espécies cujo interesse vem aumentado é Eucalyptus globulus, por suascaracterísticas favoráveis à produção de papel. Vale ressaltar que,principalmente plantações florestais para atender as empresas do setor decelulose tem usado clones selecionados, formados por híbridos entre espécies.As principais características das espécies consideradas no presente livro sãodescritas à continuação.

43Capítulo 4. Características de algumas espécies de eucaliptos

4.14.14.14.14.1..... Eucalyptus grandis Eucalyptus grandis Eucalyptus grandis Eucalyptus grandis Eucalyptus grandis WWWWW. Hill ex . Hill ex . Hill ex . Hill ex . Hill ex MaidenMaidenMaidenMaidenMaiden

Ocorre de forma contínua entre os paralelos 32o52’S, ao Sul de NovaGales do Sul, até 26o11’S, ao Leste de Queensland, na Austrália. Ocorre também,mas de forma descontinuada, entre os paralelos 18oS até 16ºS, principalmenteno planalto de Atherton, região de maior altitude (BOLAND et al., 1984).

No centro de origem, Sul da Austrália, ocorre desde o nível do maraté 600 metros de altitude, sendo ausente, além de 100 km da costa. Ao Norteda Austrália é encontrado em altitudes entre 450 e 1250 metros, a uma distânciade até 450 km da costa. A maior área plantada, incluindo os híbridos formadospelo Eucalyptus grandis está no Brasil, mas é também plantado em outrospaíses da América, na África e na Ásia: Ceilão, Índia, África do Sul, Tanzânia,Uganda, Zâmbia, Zimbábue e nos Estados Unidos, principalmente nos Estadosda Califórnia, Flórida e Havaí (ELDRIDGE et al., 1994).

4.2.4.2.4.2.4.2.4.2. Eucalyptus dunnii Eucalyptus dunnii Eucalyptus dunnii Eucalyptus dunnii Eucalyptus dunnii MaidenMaidenMaidenMaidenMaiden

A ocorrência de Eucalyptus dunnii (Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 111111) está concentrada emduas áreas distintas, uma situada 250 km a Oeste de Coffs Harbour, no Estadode Nova Gales do Sul e a outra ao Norte de McPherson Range e nas áreas dealtitude ao Leste de Warwick, no Estado de Queensland. Estas regiões estãolocalizadas entre os paralelos 28º00’ S a 30º15’ S e altitude de 300 a 700 metros.O clima nestas áreas é do tipo Cfa (Koeppen), subtropical úmido comtemperatura média máxima do mês mais quente entre 27ºC a 30ºC e a médiadas mínimas do mês mais frio entre 0ºC e 3ºC, podendo ocorrer entre 20 a 60geadas por ano. Os índices pluviométricos anuais situam-se entre 1.000 mm a1.750 mm, concentrado no verão, mas nenhum mês com menos de 40 mm. Aespécie é encontrada principalmente nas partes mais baixas dos vales eencostas, mas também cresce nos topos de elevações em solos basálticospróximos à mata tropical da Austrália. Prefere solos úmidos e férteis,principalmente de origem basáltica, mas também cresce em solos derivadosde rochas sedimentares, principalmente naqueles com boas condições dedrenagem. Eucalyptus dunnii é uma espécie da floresta aberta alta e écomumente associado a Eucalyptus saligna, Eucalyptus microcorys, Eucalyptusgrandis, Eucalyptus propinqua, Eucalyptus dalrympleana sub-espécie heptanthae Casuarina torulosa (BOLAND et al. 1984).

No Zimbábue, quando plantada a 1.300 metros de altitude, a espécie,apresenta-se com boas taxas de crescimento e forma, embora sofra danosseveros em conseqüência de geadas. No entanto, os resultados de produçãonão são satisfatórios em altitudes maiores que 1.860 metros (POYTON, 1979).Na África do Sul, desenvolve-se bem em altitudes que variam de 1.200 a 1.400metros, mas o desenvolvimento é abaixo da média a 1.600 metros, onde sofredanos consideráveis causados por geadas (SCHONAU; GARDENER, 1991). NaArgentina, apresenta potencial na região Sul de Entre Rios e nas regiões deocorrência de geadas da Província de Missiones (MARCÓ; LOPÉZ, 1995; DALLA-

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS44

TEA; MARCÓ, 1994).

No Sul do Brasil, tem se destacado pelo rápido crescimento,uniformidade dos talhões, forma das árvores e resistência a geadas não muitoseveras. O plantio comercial da espécie é indicado para todo o Estado de SantaCatarina em altitudes inferiores a 1.000 metros, especialmente acima dos 500metros, onde o inverno é fator limitante a outras espécies do gênero (EMBRAPA,1986; GOLFARI et al., 1978). O plantio também é recomendado em regiões deocorrência de geadas no Estado do Paraná (EMBRAPA, 1988).

Higa et al. (1997) confirmaram o potencial da espécie para a regiãoSul do Brasil. Resultados aos oito anos de idade, em Campo do Tenente - PR,apontaram a espécie, entre outras vinte do gênero, como uma das melhoresem crescimento e resistência a geadas. Também Oliveira (1988) relata queEucalyptus dunnii, junto com Eucalyptus viminalis, apresentaram crescimentomelhor que outras trinta e uma espécies na região de Três Barras - SC.

A madeira de Eucalyptus dunnii é indicada para lenha, carvão,celulose, moirões, postes e madeira serrada. A densidade básica média damadeira é estimada entre 0,444 a 0,551 g cm-3 e possui 22 % de lignina (PEREIRAet al., 2000). Na Austrália, as indústrias madeireiras consideram a espécie debaixa qualidade para serraria, apresentando empenamento e retração durantea secagem (BENSON; HAGER, 1993).

4.3.4.3.4.3.4.3.4.3. Eucalyptus globulus Eucalyptus globulus Eucalyptus globulus Eucalyptus globulus Eucalyptus globulus Labill Labill Labill Labill Labill

A região de ocorrência natural de Eucalyptus globulus (Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 100000)fica entre os paralelos 38º26’S a 43º30’S, a principal é na parte oriental doEstado da Tasmânia, em populações distintas, ao longo da região costeira, até20 km do litoral, com índices pluviométricos que podem ser tão baixos quanto500 mm. No paralelo 43ºS, estende-se até 60 km da costa, quando a altitude ésuperior a 500 metros e o índice pluviométrico anual é superior a 1000 mm. Asárvores, nestas condições, podem atingir até 80 metros. Ocorre, ainda, empequenas áreas no Extremo Sul do Estado de Victoria (ELDRIDGE et al., 1994).

Eucalyptus globulus é plantado em regiões de clima ameno, livresde ocorrência de geadas (temperaturas do ar menores que 6ºC) e sem déficithídrico severo, bastante utilizado em reflorestamentos no Chile, Portugal,Espanha e Austrália (ELDRIDGE et al., 1994). No Brasil, a espécie foi introduzidaexperimentalmente em outros Estados, com desenvolvimento insatisfatório,atribuído a condições climáticas desfavoráveis. No entanto, existe grandeinteresse pela espécie devido às características da madeira, como baixo teorde lignina, que confere grande rendimento na produção de celulose. A espécietem sido usada na produção de híbridos, especialmente com Eucalyptusgrandis, procurando combinar características de qualidade da madeira ecrescimento (BISON et al., 2007). A madeira é amplamente utilizada nafabricação de papel e celulose.

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Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 10.0.0.0.0. (A) Eucalyptus globulus; (B) Eucalyptus dunnii.

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Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS46

5.15.15.15.15.1. Exigências térmicas. Exigências térmicas. Exigências térmicas. Exigências térmicas. Exigências térmicas

No Estado do Rio Grande do Sul, a ocorrência de geada é um dosprincipais fatores de restrição à produção agrícola e florestal, principalmenteàs mudas de eucalipto, logo após serem plantadas no campo aberto, a partirde setembro. Mesmo nesta época, ainda ocorrem geadas tardias ou deprimavera, que podem comprometer não apenas as mudas, mas também asárvores de baixo porte, com até dois anos. Além das geadas, a ocorrência dedéficit hídrico também é um fator de risco importante para as plantas nestafase, por não estarem suficientemente bem enraizadas. Com o passar do tempoe com o desenvolvimento das mudas, este risco vai perdendo a importância,sendo esta uma vantagem dos plantios florestais em relação às culturas anuaise até mesmo sobre as frutíferas. Porém, nos primeiros meses após otransplantio, o eucalipto fica exposto à ocorrência de estiagens prolongadas,quando a distribuição das chuvas é irregular, podendo ser necessário oreplantio, em alguns casos, principalmente na Metade Sul do Estado, inclusivedevido à presença de solos rasos nas regiões serranas e que, portanto, têmmenor capacidade de armazenamento de água. Os problemas são maisevidentes no verão, quando o sistema solo-planta pode perder mais água porevapotranspiração.

As doenças causadas por fungos também prejudicam odesenvolvimento do eucalipto. Estas doenças têm sido mais comuns nasregiões de baixa altitude e de clima tropical (TURVEY, 1996).

Com base nestas informações, como critérios de riscos climáticospara o zoneamento agroclimático e edafoclimático, foram utilizados, o risco

Critérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zoneamento agroclimático dooneamento agroclimático dooneamento agroclimático dooneamento agroclimático dooneamento agroclimático doeucaliptoeucaliptoeucaliptoeucaliptoeucalipto

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Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5Capítulo 5

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS48

de geadas e o risco de déficit hídrico, sendo o primeiro de maior restrição.

O risco de geada foi calculado utilizando a temperatura mínima doar com dados obtidos das estações meteorológicas da Fundação Estadual dePesquisa Agropecuária (FEPAGRO) e do 8º Distrito de Meteorologia do InstitutoNacional de Meteorologia (8º Disme/INMET). Ambos os institutos perfazemuma rede de 32 estações meteorológicas, com dados climáticos diários eregistro histórico superior a 30 anos, na maior parte das estações.

O zoneamento agroclimático foi feito para três espécies de eucalipto,selecionadas conforme a importância econômica e a potencialidade dedesenvolvimento, de acordo com as características climáticas do Estado doRio Grande do Sul. As espécies selecionadas foram: Eucalyptus grandis,Eucalyptus dunnii e Eucalyptus globulus. No último caso, também foiconsiderada a suscetibilidade à ocorrência de temperaturas elevadas,considerando-se que Eucalyptus globulus não tolera calor. Os limites dedesenvolvimento térmico utilizados para calcular os riscos desfavoráveis sãoapresentados a seguir:

Eucalyptus grandis:

- Temperatura mínima: < 3oC

- Temperatura máxima: < 8oC

Eucalyptus dunnii:

- Temperatura mínima: < 0oC

- Temperatura máxima: < 8oC

Eucalyptus globulus:

- Temperatura mínima: < 0oC

- Temperatura máxima: < 8oC e > 23oC

Os riscos de geada são maiores entre os meses de abril a outubro,conforme a região, devendo-se evitar o plantio nesta época. Dessa forma, operíodo de formação de mudas e a época de plantio devem ser ajustados,para que ambos não sejam afetados pelas geadas. Para que o transplantioseja feito até o mês de dezembro, segundo se recomenda, a produção de mudasdeve ser feita ainda no período de ocorrência de geadas e, portanto, cuidadosespeciais devem ser tomados no viveiro.

As geadas influenciam também os microclimas, principalmente asgeadas tardias. Geralmente, as depressões permitem o acúmulo de ar frio naspartes mais baixas, aumentando os riscos nestas regiões. A face Norte dosterrenos recebe maior radiação do sol e, portanto, permanece mais tempocom temperaturas maiores, sujeitando-se à ocorrência de geadas de menorintensidade. Ainda existem os corredores de geada, formados por

49Capítulo 5. Critérios para o zoneamento agroclimático do eucalipto

deslocamento de ar frio, que podem danificar mudas de eucalipto. Evitando oplantio em regiões com microclima favorável à ocorrência de geadas, ouselecionando clones tolerantes para esses setores, como por exemplo oEucalyptus dunnii, pode-se reduzir os riscos de perdas.

A espécie com maior incremento volumétrico é o Eucalyptus grandis,se plantado nas condições edafoclimáticas favoráveis (GOLFARI et al., 1978;POYTON, 1974; ELFRIDGE et al., 1994), isto é, com baixa ocorrência de geadase de estiagens. Nas zonas sujeitas à ocorrência de geadas, pode-se optar peloplantio de Eucalyptus dunnii, que tem menor incremento volumétrico, mas émais tolerante. A vantagem do Eucalyptus globulus frente às duas outrasespécies é o rendimento industrial, muito superior, mesmo com menorincremento volumétrico; no entanto, às restrições climáticas são bem distintase limitadas, existindo poucas áreas no Brasil onde pode ser plantado. Pode-seafirmar que o Estado do Rio Grande do Sul é o único do país com zona favorávelao desenvolvimento desta espécie, mesmo assim com sérias restrições emtermos territoriais, segundo apontado neste trabalho. Não suporta temperaturasmuito elevadas e é também bastante suscetível à ocorrência de geadas. Alémde seguir o zoneamento edafoclimático para o plantio desta espécie, éfundamental a escolha do local correto na propriedade, observando omicroclima mais ajustado às suas necessidades.

5.2. Exigências hídricas5.2. Exigências hídricas5.2. Exigências hídricas5.2. Exigências hídricas5.2. Exigências hídricas

O risco de déficit hídrico também é importante na definição dasregiões para plantio das espécies de eucalipto, embora o Estado do Rio Grandedo Sul tenha um regime hídrico com distribuição bem regular das chuvas.Mesmo assim, existem períodos em que ocorrem estiagens e períodos deseca associados com a presença de solos rasos e arenosos, muito comuns naMetade Sul do Estado, que prejudicam principalmente as mudas de eucalipto.Os solos das regiões serranas, comumente rasos, têm baixa capacidade dearmazenamento de água e, havendo um período relativamente grande entreinter-chuvas, existe a possibilidade de prejudicar o desenvolvimento das mudas,principalmente no verão. Outras regiões, como a Metade Sul do Estado,apresentam solos arenosos, com baixa capacidade de armazenamento de água,sujeitos à ocorrência de períodos de déficit hídrico. A Fronteira Oeste é umadas regiões com problemas deste tipo onde, em 8 de cada 10 anos, podemocorrer déficits de até 20 mm de precipitações no verão.

Talvez mais importante que o índice pluviométrico, é a distribuiçãodas chuvas, que deve ser a mais regular possível. Para a sobrevivência doeucalipto, o mesmo deve receber, pelo menos, 500 mm (litros/m2) acumuladosem um ano (DARROW, 1994; CROMER et al., 1993). Mas, para atingir umaprodutividade razoável, deve ter um índice pluviométrico superior a 1000 mm(JOVANOVIC; BOOTH, 2002; BOOTH; PRYOR, 1991; POYTON, 1979).

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS50

Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1Figura 111111. Plantação clonal de Eucalyptus grandis após ocorrência de geadasevera.

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Utilizaram-se os levantamentos de solos dos Municípios integrantesdo Corede Sul, na escala aproximada de 1:100.000, segundo a compilaçãorealizada por Cunha et al. (2006). Foram abordados vários aspectos relacionadosaos solos ocorrentes na região, sendo classificados segundo um númeromínimo de características edáficas importantes para o estabelecimento edesenvolvimento do eucalipto, tais como textura, profundidade efetiva, relevo,drenagem, fertilidade, pedregosidade e/ou rochosidade.

6.16.16.16.16.1. . . . . TTTTTexturaexturaexturaexturaextura

A textura, uma das mais importantes características físicas do solo,foi considerada por relacionar-se diretamente com a capacidade de retençãode água, permeabilidade do solo, capacidade de retenção de cátions, arabilidadedo solo e suscetibilidade do solo à erosão. As classes de textura aquiconsideradas foram adaptadas com base nos grupamentos texturais constantesem Santos (2006), e são: arenosa, média, argilosa (1:1), muito argilosa (1:1),argilosa (2:1), siltosa e orgânica. A expressão “orgânica” foi atribuída aos solosque apresentam constituição predominantemente orgânica.

6.2. P6.2. P6.2. P6.2. P6.2. Profundidade efetirofundidade efetirofundidade efetirofundidade efetirofundidade efetivavavavava

A profundidade efetiva refere-se à profundidade máxima na qualas raízes penetram no solo em número razoável, sem impedimento de qualquernatureza, proporcionando as plantas suporte físico e meio para absorção deágua, nutrientes, além de ar as mesmas. Nem sempre a profundidade efetivase limita à profundidade do solo (A + B), podendo ultrapassá-lo, principalmentequando o material de origem dos solos é mais facilmente intemperizável e/ou

Critérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zCritérios para o zoneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucaliptooneamento edáfico do eucalipto

Carlos Carlos Carlos Carlos Carlos AlberAlberAlberAlberAlberto Floresto Floresto Floresto Floresto FloresMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro GarMarilice Cordeiro Garrastazurastazurastazurastazurastazu

VVVVVilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano Matilmar Luciano Matteiteiteiteitei

Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6Capítulo 6

Zoneamento Agroclimático do Eucalipto para o Estado do Rio Grande do Sul eEdafoclimático na Região do Corede Sul - RS52

TTTTTabela 3abela 3abela 3abela 3abela 3. Classes de profundidade efetiva do solo empregadas na avaliaçãoda aptidão edáfica do eucalipto na Região do Corede Sul - RS.

6.3. R6.3. R6.3. R6.3. R6.3. Relevelevelevelevelevooooo

O relevo (TTTTTabela 4abela 4abela 4abela 4abela 4) regula os movimentos da água ao longo davertente, tanto na superfície como no interior do solo, agindo sobre seu regimehídrico e, conseqüentemente, sobre os fenômenos de percolação interna eações correlatas – lixiviação de solutos, transporte de partículas coloidais emsuspensão no meio liquido – e ainda naqueles fenômenos em que a presençada água é imprescindível – hidrólise, hidratação, dissolução.

Quanto mais íngreme for o terreno, menor a possibilidade deinfiltração da água no solo e, conseqüentemente, do fluxo interno dela, e maiora quantidade de água que escorre na superfície (enxurrada) e a energia cinéticaproduzida, potencializando o processo erosivo. Solos situados em relevoíngreme geralmente são menos profundos e apresentam menor capacidadede retenção de água. Em uma mesma situação climática, as plantas podem seapresentar com desenvolvimento diferenciado, especialmente as espéciesflorestais. A informação de profundidade pode também fornecer subsídios aoemprego de implementos e máquinas agrícolas, nas diversas fases do cultivo,além de inferir a respeito da susceptibilidade à erosão. As classes de relevoutilizadas no zoneamento edáfico para eucalipto são as utilizadas por Santos(2006) em levantamentos de solos.

muito fraturado (basalto, arenito, etc.). São exemplos de impedimentos apresença de lençol freático, substrato rochoso, camadas compactadas,pedregosidade e fragipans. Consideraram-se as classes de profundidade efetivarecomendadas por Santos (2006) para levantamentos de solos com pequenasmodificações (TTTTTabela 3abela 3abela 3abela 3abela 3).....

C lasses Pro fund idade efetiva (cm )

M uito p ro fundo > 20 0

Pro fundo 10 0 - 20 0

Pouco p ro fundo 50 - 10 0

Raso < 50

M uito raso < 25

53Capítulo 6. Critérios para o zoneamento edáfico do eucalipto

TTTTTabela 4.abela 4.abela 4.abela 4.abela 4. Classes de relevo empregadas na avaliação da aptidão edáfica doeucalipto na Região do Corede Sul, RS.

6.4. Drenagem6.4. Drenagem6.4. Drenagem6.4. Drenagem6.4. Drenagem

O solo é constituído por partículas de vários tamanhos, desde asmuito pequenas, como as de argila, até as de tamanho dessimétrico, como oscascalhos e as muito grandes como os matacões. O volume de espaços vaziosexistentes entre as partículas individuais e agregados constitui a porosidadedo solo e, esta é que determina a capacidade dele de armazenar e transmitirlíquidos e gases. Os dados de granulometria dos horizontes, juntamente coma cor destes, possibilitam inferir, respectivamente, sobre a porosidade do soloe sua permeabilidade. Poros grandes e médios são importantes,respectivamente, na aeração e infiltração de água e na condução desta atravésdo solo; os de tamanho pequeno são importantes no armazenamento da água.

O principal problema referente à drenagem deficiente de algunssolos é a falta de oxigênio prejudicando a respiração das raízes. Quando émuito acentuada, devido à respiração anaeróbia podem ocorrer acúmulos decompostos, como etanol, etileno e metano, tóxicos quando presentes em teoreselevados. O ferro e o manganês, uma vez reduzidos para as formas bivalentes,apresentam também toxicidade para as plantas. Este somatório de fenômenoslimita o uso de solos com horizonte glei (Gleissolos) e/ou caracteres tais como:gleico, plíntico, abrúptico sendo tanto mais limitantes quanto mais superficiaisocorrerem (KOZLOWSKI et al., 1991)

Na interpretação dos levantamentos de solos para fins dozoneamento edáfico do eucalipto (TTTTTabela 5abela 5abela 5abela 5abela 5), são apresentadas classes dedrenagem relacionadas com as classes definidas em Santos (2006). As classesde drenagem referem-se à quantidade e rapidez com que a água recebida pelosolo infiltra e escoa, afetando as condições hídricas do mesmo (duração doperíodo em que permanece úmido ou encharcado).

C lasses Decliv idades (% )

P lano 0 – 3

Suave ondu lado 3 – 8

Ondu lado 8 – 20

Forte ondu lado 20 – 45

M ontanhoso 45 – 75

Escarpado > 75