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Sistemas de cultivo mapira/meixoeira- leguminosas Victor Clottey, Lydia Wairegi, Andre Bationo, Abdoulaye Mando, Roger Kanton

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24th Aug. 2012

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Sistemas de cultivo mapira/meixoeira-leguminosas

Victor Clottey, Lydia Wairegi, Andre Bationo, Abdoulaye Mando, Roger Kanton

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Sistemas de cultivo mapira/meixoeira-leguminosasVictor Clottey (CAB International (CABI)), Lydia Wairegi (CABI), Andre Bationo, Abdoulaye Mando (International Center for Soil Fertility and Agricultural Development (IFDC)) e Roger Kanton (CSIR-Savanna Agricultural Research Institute)

© CAB International 2017

Esta publicação deve ser citada da seguinte forma: Clottey et al 2014, Sistemas de cultivo mapira-leguminosas e mexoeira-leguminosas. Africa Soil Health Consortium, Nairobi.

Esta publicação está sujeita à Licença “Creative Commons” – Atribuição 3.0 Não Adaptada.

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Limites de responsabilidadeEmbora os autores tenham feito todo o esforço para garantir que os conteúdos deste livro se mantenham correctos no momento da impressão, é impossível controlar todas as situações. As informações são distribuídas numa base de “tal como se apresentam”, sem garantia de sucesso na aplicação.Nemosautoresnemoeditorserãoresponsáveisporquaisquerprejuízosoudanosquepossam ter sido causados, pelo seguimento directo ou indirecto das orientações constantes neste livro.

Sobre o editorA missão do África Soil Health Consortium (ASHC) é melhorar os meios de subsistência dos pequenos agricultores através da adopção de abordagens de maneio integrado da fertilidade dos solos(MIFS)quelevemaumaoptimizaçãodaeficácianautilizaçãodefertilizantes.

Os livros do ASHC podem ser adquiridos com descontos especiais para compras em grandes quantidades. Edições especiais, traduções para língua estrangeira e excertos podem ser solicitados.

ISBN (e-book): 978 1 78064 558 2 ISBN (versão impressa): 978 1 78064 557 5 ComposiçãotipográficadeSarahTwomey

Endereços dos autoresVictor ClotteyCABI-West AfricaCSIR CampusPOBoxCT8630Cantonments, [email protected]

Lydia WairegiCABIP.O. Box [email protected]; [email protected]/ashc

Andre Bationo3BoundaryCloseoffBoundaryRoadEastLegonPMB KIA 9846, Airport AccraG3121 [email protected]

Abdoulaye MandoInternational Center for Soil Fertility and Agricultural Development (IFDC)144 rue SolayoQuartierN’KAFUB.P. 4483Lomé[email protected]

Roger KantonCSIR-Savanna Agricultural Research Institute,Manga Agriculture Station [email protected]

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Agradecimentos

AproduçãodesteguiafoifinanciadapelafundaçãoBill&MelindaGates.

Gostaríamos de agradecer às seguintes pessoas e entidades:

Aosagricultorespelainformaçãoprestadaeporpermitiremafotografiadassuasexploraçõesagrícolas.

AKenGiller(WageningenUniversity(WUR)),AndreBationo(formerlyofAGRA),AbdoulayeMando(IFDC)eàCABIpelasfotografiascedidaseaSimonNdonyepelasilustrações.

ÀCABIpororganizarum“write-shop”noGhanaduranteoqualumagrandepartedoconteúdodeste livro foi desenvolvido.

ÀsinstituiçõesCABI,AGRA,InternationalFertilizerDevelopmentCenter(IFDC)eaoSavannahAgricultural Research Institute (SARI) no Ghana, pelo tempo concedido aos autores para escreverem este guia.

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Índice de conteúdos

1. Introdução ...............................................................................................................................6

2. Sistemas de cultivo da mapira e da mexoeira ........................................................................7

3. Preparação do solo e sementeira ...........................................................................................13

4.Gestãoagronómicadasculturas ............................................................................................28

5. O que pode correr mal? ..........................................................................................................50

6.Análiseeconómicadossistemadecultivomapira/mexoeira-leguminosas ...........................59

7.Tabelasdereferência ...............................................................................................................62

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1. Introdução

OpresenteguiafazpartedeumasérieproduzidapeloAfricaSoilHealthConsortium(ASHC)destinadaaosprofissionaisdeextensãorural.Estasérieabrangeváriossistemasdecultivoincluindoossistemasdebanana-café,damandioca,daconsociaçãomilho-leguminosas,doarrozeaindaopresente guia que se dedica aos sistemas de cultivo da mapira/mexoeira com leguminosas.

Os extensionistas rurais reconhecerão este guia como sendo particularmente útil para o aconselhamento dos (seus clientes) agricultores à medida que os mesmos forem deixando para trás o cultivo tradicional da mapira e da mexoeira, muito orientado para a produção de subsistência, e se voltaremparaacriaçãodeempresasagrícolas,orientadasparaomercado,atravésdaintensificaçãosustentável da produção.

Esteguiapretendecompilar,numasópublicação,todaainformaçãoimportanteparaoplaneamentoe implementação de sistemas de cultivo que combinam a mapira e a mexoeira com uma gama de outras culturas, especialmente leguminosas, tanto em consociação como sob rotações, focando-se primariamente na mapira e na mexoeira.

Embora o trabalho do ASHC esteja orientado para as necessidades dos pequenos agricultores em África, este guia poderá também ser útil a explorações agrícolas emergentes ou já estabelecidas de maiores dimensões.

A missão do ASHC é melhorar os meios de subsistência dos pequenos agricultores através da adopçãodetécnicasdemaneiointegradodafertilidadedosolo(MIFS),deformaaoptimizaraeficiênciaeeficáciadousodosfertilizantes.Asrecomendaçõescontidasnesteguiasãofundamentadas em princípios do MIFS.

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2. Sistemas de cultivo da mapira e da mexoeira

A produção da mapira e mexoeira em África ocorre, principalmente, nas regiões de savana em ambos os hemisférios. Áreas de elevada concentração da produção da mapira e mexoeira são encontradas por todas as regiões da África Oriental, Central, Ocidental e do Sul.

As duas culturas têm um bom desenvolvimento em áreas de sequeiro (não irrigadas) onde o milho não consegue prosperar; a mexoeira desenvolve-se melhor que a mapira em áreas mais marginais.

Os rendimentos médios actuais da mapira e da mexoeira situam-se entre 1 e 0.5 toneladas por hectare, respectivamente. Contudo, estes rendimentos poderão facilmente ser duplicados com umbommaneioagronómico.Ocultivodomilhoocorrenasregiõesmaispróximasdoequadore a mexoeira é cultivada nas regiões mais afastadas do equador.

A mapira e a mexoeira podem ser cultivadas em monocultura ou em consociação com culturas leguminosas (ver exemplos de culturas leguminosas na Foto 1). Não é invulgar observar-se o cultivo consociadodamapiracomaprópriamexoeira.Ocultivoemmonoculturaémaiscaracterísticodaprodução em grande escala enquanto que o cultivo consociado é mais frequente em regiões onde aterraéumfactorlimitante.Amexoeiraémaistoleranteàsecadoqueamapira(verTabela1).Emambienteseco,amapiradesenvolve-semelhornosterrenoslocalizadosabaixaaltitude(planícies).

A decisão sobre qual destas culturas é mais indicada para o cultivo vai depender da capacidade de resposta do agricultor às exigências biofísicas (humidade, temperatura, nível de nutrientesnosolo,presençadeplantasinfestantes)esócio-económicas(trabalho,custodosfactores de produção) de cada uma destas culturas.

AsprincipaisexigênciassãoresumidasnaTabela1,enquantoquealgumasdascaracterísticasmaisimportantesdecadaculturasãoresumidasdaTabela2.

ParaalémdosfactoresecaracterísticasdescritosnasTabelas1e2,aspreferênciasculináriasdomésticas e da sociedade envolvente também afectam a escolha da cultura.

Os solos em que se cultivam a mapira e a mexoeira são pobres em fertilidade, o que se agrava pela ausência de períodos de pousio ou pela adopção de períodos de pousio muito curtos.

Apesar destas duas culturas terem produções mais altas do que o milho em solos pobres (Tabela3),amapirarespondemelhoremsolosmelhoradosdoqueamexoeira.

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Foto 1: Exemplos de consociações de mapira/meixoeira com leguminosas. (A) mapira (Foto: Ken Giller) (B) meixoeira (Foto: CABI) (C) feijão-nhemba (Foto: CABI).

A B

C

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Tabela 1: Exigências do sistema e cultivo da mapira e da mexoeira comparadas com as do milho.

Factor Mapira Mexoeira Milho Comentários adicionaisPluviosidade (mm/ano)

500-1000 350-800 800-1500 A presença de humidade é crítica duranteafloração.Algumasvariedades da mapira estão bem adaptadas a áreas com 1200-1500 mm de chuva anual.

Tolerânciaàseca

Média Elevada Baixa Em áreas de baixa pluviosidade, a mapira tende a ser cultivada em terrenos de baixa altitude e a mexoeira em terrenos mais elevados.

Tolerânciaatemperaturas máximas diurnas (máx 45°C)

Média Elevada Baixa Nenhuma destas culturas consegue sobreviver a períodos prolongados de temperaturas extremas.

Tolerânciaabaixa fertilidade do solo

Média Elevada Baixa Mapira é normalmente cultivado em solos mais férteis e é menos tolerante à baixa fertilidade do solo que a mexoeira.

Tolerânciaàacidez/Toxicidadeporalumínio

Média Elevada Baixa

Número de horasdeluz(fotoperíodo)

Sensível (a floraçãoocorrequando os dias se tornam mais curtos)

Sensível (a floraçãoocorrequando os dias se tornam mais curtos)

Sem sensibilidade

Algumasvariedadesproduzemmenos forragem quando cultivadas perto do equador onde os dias são mais curtos.

Tolerânciaaumbaixo nível de carbono no solo

Média Elevada Baixa

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Tabela 2: Características da mapira, mexoeira e do milho. Características Mapira Mexoeira Milho Comentários

adicionaisEficiêncianousodenutrientes (resposta à aplicação de nutrientes orgânicos e inorgânicos)

Média Baixa Elevada

Susceptibilidade a pragas e doenças

Média Elevada Baixa

Susceptibilidade à infestante Striga

Elevada Elevada Muito elevada Striga hermontheca e Striga asiatica

Colheita, debulha e limpezadogrãoporventilação

Operações menos difíceis do que na mexoeira

Operações difíceis, cansativas e de trabalho intensivo;

Colheita mais fácil

Existência de mercado Boa Razoável(nãohá mercado internacional)

Muito boa

Preço unitário do grão Bom Muito bom RazoávelCusto de produção Médio Baixo ElevadoNivel de maneio agronómico

Baixo Baixo Elevado

Retorno do investimento Médio Baixo Elevado

Adequação ao cultivo consociadocom feijão-nhemba

Média (efeito mínimo do feijão-nhemba para grão)

Elevada (efeito mínimo do feijão-nhemba para grão)

Baixa

Adequação da palha para a construção de estruturas, por exemplo, cercas e galinheiros.

Elevada Muitovalorizada Não adequada As estruturas construídas à base de palha da mapira e mexoeira podem durar mais do que 1 ano.

Adequação da palha para a alimentação animal

Elevada (pode ser armazenadaporlongos períodos de tempo; tem a maior produção em palha das três culturas)

Média (pode ser armazenadaporlongos períodos de tempo)

Baixa(utilizadaimediatamente apósacolheita–não se conserva por longos períodos de tempo)

As 3 culturas têm cerca de 4 a 10 g N /kg de material seco, o que é considerado um nível baixo de N. A palha pode ser enriquecida em N através da adição de ureia.

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O aumento dos rendimentos da mapira e mexoeira depende mais da adopção de boas práticas agrícolas,istoé,daexecuçãoatempadadasváriasoperaçõesculturaiseutilizaçãoapropriadade factores de produção, mas também do aumento da fertilidade do solo.

Amapiraeamexoeirapoderãobeneficiardeaumentosdorendimentonaordemdos60-70%seoagricultorutilizarboasementeefizerasementeiranaalturacerta,respeitandoadensidadede sementeira adequada, executar a monda das plantas infestantes atempadamente e aplicar fertilizantesnaalturacerta.

EstaéarazãopelaqualaspráticasdeManeioIntegradodaFertilidadedoSolo(MIFS),queincluemautilizaçãodeboasemente,aaplicaçãodefertilizantes(inorgânicoseorgânicos)eaadopçãodeboaspráticasculturais,devemserutilizadasporformaaaumentaraprodutividadedas culturas nos campos dos pequenos agricultores.

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Tabela 3:Razõesparaaescolha(ounão)damapira/mexoeiraemvezdomilho.Porquêamapirae/oumexoeiraemvezdomilho? Porquêomilhoemvezdamapirae/oumexoeira?

•A mapira e a mexoeira são mais tolerantes a condições climáticas adversas do que o milho.

•O milho não consegue desenvolver-se em terrenos marginais tão bem como a mapira e a mexoeira. Mesmosemaplicaçãodefertilizantes,ossistemasradiculares profundos da mapira e da mexoeira permitem a produção de grão em situações em queomilhonãoproduzirianada.

• Amapiraeamexoeiratêmsignificadosócio-cultural,porexemplo,sãoutilizadosemcerimóniasdeatribuiçãodenome(baptizados).Amapiraeamexoeira não podem ser substituídas por outras culturasparaestepropósito.

• Verifica-seumaprocuracrescentedogrãodamapira por parte da indústria alimentar, por exemplo,naNigériaéutilizadoemsubstituiçãodacevada maltada.

•Os rendimentos da mapira são mais estáveis do que os do milho sob condições climáticas adversas.

•A mexoeira é mais nutritiva do que o milho: tem mais ferro e menos glúten.

• Sobcondiçõesbenéficasdeclimaesolo,omilho tem melhores rendimentos que a mapira e mexoeira.

•Ausência de mercado internacional, sobretudo no caso da mexoeira. Existem contudo dois nichos no mercado internacional para a mexoeira, o da alimentação dos pássaros de gaiola e o de produtos alimentares para bebés.

• Aproporçãogrão/palhaé3vezesmaiornomilhodo que na mapira e na mexoeira.

•A palatabilidade da palha da mapira e da mexoeira é baixa comparada com a do milho, no caso da alimentação animal.

•A mapira e a mexoeira são muito vulneráveis ao ataque por pássaros.

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3. Preparação do solo e sementeira

Preparação do solo Apreparaçãodosolofaz-secomopropósitodeobterumaboacamaparaasemente.Paraalém disso é usada para o alcance de outros objectivos incluindo:

• Remoçãodeplantasinfestanteseoutrasplantasindesejadas

• Evitaraerosãodosolo

• Reduçãodavelocidadedaáguadeescoamentoafimdeaumentarainfiltraçãodeáguanosoloereduzirevaporação.

• Fornecimentodenutrientes(especialmenteNePematerialorgânicos)atravésdaaplicaçãodefertilizantemineraleorgânicoaosolo.

Parasealcançaremestesobjectivosdevemseguir-seasseguintesdirectrizes:

• Cortetodaavegetaçãoindesejada,emboraemregiõessemi-áridasalgumasárvoresearbustos possam ser deixados de forma a contribuir para uma agricultura “sempre verde”. Umaagricultura“sempreverde”envolveamanutençãodeumacobertura“sempreverde”ao longo do ano, através da incorporação de árvores e arbustos nos sistemas de cultivo da mapira e da mexoeira.

• Evitefazerqueimadasquantopossível.Seforrealmentenecessáriorecorraaqueimadas,recolha todo o material a ser queimado numa pilha na margem do campo de forma a limitar osefeitosdaqueimadaapenasàquelelocal(verQuadro1paramaisinformações).

• Construaoufaçareparaçõesnasestruturasdecolheitadeágua(verexemplosnaTabela4).

• Façaalavouradaterra.Podefaze-loàenxada,comtracçãoanimal,commoto-cultivadormecânicooucomtractor.Alavouraquebraacrostasuperficialerasgaacamadacompactadosolo;permitetambémaincorporaçãodosresíduosdasplantasedofertilizantenosolo.Oterrenopodeserlavradodeformaaficarplanooudeformaaficarcomlinhasdeamontoa.Aamontoaéfeitaafimdecontrolarosefeitosdoencharcamentodosolo,oqueéútilempaísescomooSudãoeaGuiné(zonaNorte),ondeasculturassãoplantadasnaslinhadeamontoa, onde a drenagem é melhor.

• Adicionefertilizanteorgânico(estrume,culturasdecobertura,vegetaçãomortaou“mulch”)ecorrectivosdosolo,taiscomoocalcário.Estesfertilizantesecorrectivosdosolosãonormalmente aplicados antes da lavoura e incorporados no solo durante a lavoura.

• Ofertilizanteinorgânicoéaplicadosobretudoàsementeirae/ouduranteaprimeiramondadeplantasinfestantes(sacha)dacultura.Contudo,paraserefectivamenteutilizado,todoofertilizantedeveráseraplicadoantesdaemergênciadaspanículas(Foto2).

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Quadro 1: Benefícios e desvantagens das queimadas. Benefícios Desvantagens•Libertação rápida de nutrientes•Controlo de pragas e doenças•Segurança dos agricultores (eliminação de

cobras e escorpiões perigosos)• Tornarmaisfáceisoutrasactividades,por

exemplo, o uso de tracção animal ou da enxada na preparação do solo.

•Degradaçãodosolo–osoloéexpostoàerosãohídricaeeólica.

•Perdadenutrientes(ascinzaspodemsertransportadas para longe pelo vento)

•Perda de biodiversidade•Perda de carbono do solo•Locais isolados de elevada concentração de nutrientesondesefezaqueimada.

•Contribuição para o efeito de estufa (aquecimento global)

Foto 2: Mapira antes (A)eapós(B)aemergênciadaspanículas.(Foto:CABI)

A B

Afimdereduzirasperdasdeáguaedesolo,éimportanteusarosmétodoscertosdemobilizaçãodosolo.ATabela4contéminformaçãosobreomaneiodaáguaatravésdamobilizaçãodosolo.

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Tabela 4: ComoreduziraperdadeáguanosoloDesafio Acçõesparaultrapassarodesafio

Redução da água de escorrimento e erosãoeólica

Faça a lavoura segundo as curvas de nível (ou seja faça a lavoura de uma forma perpendicular ao declive e não no sentido do mesmo).Faça a gradagem do solo lavrado em ângulos recto ou seja, na diagonal em relação à direcção da lavoura. Esta prática assegura a obtenção de terrenos bem nivelados. Erga faixas de pedra ou de vegetação. Façaasementeiraemcovachos“Zaï”(verQuadro5).Mantenha a vegetação perene (pastagem ou culturas de cobertura).Faça a aplicação de uma camada de vegetação morta ou “mulch” (por exemplo à base de resíduos das culturas).Construa terraços, em encostas de declive acentuado. Nacolheita,corteoscaules,emvezdefazeroarranquedasplantas,deixandoasraízesnosolo.

Melhoria da infiltração

Adicione material orgânico ao solo, tal como o estrume animal, para melhorar acapacidadederetençãodeáguanosoloereduziraformaçãodecrostasuperficial.Solte o solo em terrenos planos, por exemplo, através da lavouraConstruaosvaladossegundoascurvasdeníveleutilizecovachosdotipoZaï(verQuadro5).Façaumalavourasuperficialparaquebraracrostadosolo.

Redução da evaporação e transpiração

Aplique uma camada de vegetação morta ou “mulch”.Usevariedadesdeelevadaeficiêncianousodaágua.

Escolha da variedadeExistem várias variedades e cultivares da mapira e da mexoeira, adaptados a várias condições ecogeogáficaseusos.Estascondicionantesinfluenciamasdecisõesdoagricultoremtermosde escolha da variedade para o cultivo. A escolha da variedade também vai depender da duração da estação de crescimento e de outros factores discutidos em baixo.

Existem dois tipos de mexoeira: mexoeira-pérola e a mexoeira-cascuda. A mexoeira-pérola é cultivada por toda a África Ocidental, Oriental, Central e do Sul enquanto que a mexoeira-cascuda é principalmente cultivada na África Oriental. A mexoeira-cascuda tem grãos mais pequenos do que a mexoeira-pérola: os grãos da mexoeira-pérola têm 3-4 mm de comprimento enquanto que os da mexoeira-cascuda têm cerca de 1.5 mm de comprimento.

Amapiraeamexoeirapodemserambasutilizadasnaalimentaçãohumanaeanimal.Oscaulestêmmúltiplosusos,porexemplo,podemserutilizadosnaconstruçãodecercas,produçãode cestaria e lenha. O grão pode ser usado com alimento básico ou na produção de cerveja. No caso da mapira, as variedades vermelhas são preferidas para a produção de cerveja e as brancas para a alimentação humana. As variedades vermelhas da mapira têm um elevado teor emtaninosqueastornaamargas,ospássarosnãoascomemesãomaisfáceisdearmazenar.

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Oscultivaresdamapiraemexoeiraincluemasdematuraçãoprecoce,médiaoutardia(Tabela5).Quantomaisdiasforemnecessáriosatéàmaturação,maisaltasserãoasplantasàalturada colheita e maior rendimento potencial terão sob boas condições de humidade, temperatura enutrientes.Contudo,sobcondiçõesdearidez,ondeahumidadesetornalimitante,asvariedadesdematuraçãoprecocesãomaisfiáveisemtermosderendimento.Portantoaescolha de cultivar com base na duração dos ciclos de crescimento (ciclo curto, médio ou longo) irá depender das condições prevalecentes.

Certoscultivaresirãoflorircedoseexpostasadiascommuitashorasdeluzeirãoflorirtardeseexpostasadiascommenoshorasdeluz.Porexemplo,naÁfricaOcidental,amapirasemeadaemAbril-JunhotendeafloriremAgostoeSetembroquandoosdiassãolongos.

Estas diferenças no comprimento dos ciclos de maturação são aproveitadas nos sistemas de cultivoemconsociação.Osagricultoresmuitasvezessemeiamvariedadesdecicloprecocee de ciclo tardio ao mesmo tempo na mesma parcela com o objectivo de ter uma colheita escalonada.

Tabela 5:Tiposdeciclodematuraçãoesuaduração.

Cultura Tiposdeciclodematuração/hábito de

crescimento

Número de dias desde a sementeira à colheita

Altura (m)

Mexoeira precoce 60–90 1.5–2.5tardio 90–135 3–4.5

Mapira precoce 90–100 2.5médio 100–120 4tardio 120–160 4

Feijão-nhemba

*determinado 60–70 0.3–0.6**indeterminado mais de 70 trepa até 1.2 m

*Determinado: Afloraçãoacabaquandoaprimeiraflorabrirparaformarumavagem.Todasasvagensamadurecemnumcurtoperíodo de tempo, e podem ser todas colhidas ao mesmo tempo. A maior parte dos cultivares com um algum crescimento determinado são erectos e não precisam de estruturas de suporte.

**Indeterminado: Ocrescimentodosbotõeseflorescontinuanasextremidadesdaplantaatéquecondiçõesclimáticasadversas(por exemplo seca ou geadas) o impeçam. Desta forma, as vagens amadurecem durante um prolongado período de tempo e mais do que uma colheita se torna necessária. Muitas destas variedades são trepadeiras ou rastejantes.

As leguminosas mais usadas nas consociações com a mapira e mexoeira são o feijão-nhemba, oamendoímeasoja,estaúltimaapenasemzonasecológicasmaishúmidas,ouseja,compelo menos 700 mm de pluviosidade anual.

Dado que a maior parte das variedades de crescimento determinado de feijão-nhemba, disponíveis no mercado, amadurecem em cerca de 60 dias, é boa ideia consociá-las com variedadesdematuraçãomédiaoutardiademapiraemexoeiradeformaaminimizaracompetiçãoentreasculturaspornutrienteseluz.

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Contudo, no cultivo tradicional, variedades de feijão-nhemba de crescimento indeterminado e de ciclo longo são consociados com estes cereais (mapira e mexoeira). Na verdade, quando se cultivam variedades de crescimento indeterminado em consociação com o cereal, não se deve permitir que as plantas leguminosas trepem pelos pés do cereal, especialmente na fase em que se dá a emergência das panículas, de forma a evitar o ensombramento do cereal.

Asojasórecentementesecomeçouacultivaremconsociaçãocomamapiraeamexoeira.Devido ao seu longo período de crescimento até à maturação (com quase a mesma duração decicloqueospróprioscereais),recomenda-seasuasementeiraemlinha(verexemplosdadisposição de plantas em culturas consociadas).

Outrasconsideraçõesagronómicasquedeverãoserlevadasemcontaduranteaescolhadecultivar/variedade incluem:

• Ocorrênciaedistribuiçãodapluviosidade.

• Tolerânciaapragasedoenças,taiscomoainfestanteStriga,omíldio,cigarrinhas(ouinsectos “cuspe-de-cuco”, em Inglês: spittle bugs) e pássaros (na maturação).

• Resistênciaaperíodosdeseca.

• Capacidadederespostaaosnutrientesaplicados.

• Rendimentorelativo.

Osfactoressocio-económicosqueprecisamdeserlevadosemcontaincluem:

• Disponibilidadedecultivaresnomercado–cordogrão,sabordosalimentospreparadoseníveldeprocuradomercado.Algunscultivarestêmgrandeutilizaçãocomercialporquesãousados na indústria de alimentos e de bebidas, tal como no caso dos alimentos para bebés e das cervejeiras.

• Preferênciasdoagricultor–Algumasvariedadesãopreferidasparaoconsumodomésticoeoutras para a alimentação animal.

• Mitigaçãodoriscodefome–Aconsociaçãodeculturascomduraçãodeciclosdecrescimento diferentes favorece a produção continuada de alimentos e, dessa forma, a segurançaalimentar.Estaéaprincipalrazãopelaqualamapirae/ouamexoeiraeasculturasleguminosas são tradicionalmente consociadas.

Fase pré-sementeiraExistemalgumasactividadesqueéprecisorealizarantesdasementeiradeformaaprevenirodesperdício de sementes e assegurar uma densidade -adequada de plantas leguminosas e de cereais. Estas são:

Testedegerminação

• Tratamentodasemente

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• Determinaçãodopesode1000sementes

• Nalgumassituações,fazerasementeiranumviveiroafimdeproduzirplântulasparatransplantação.

Teste de germinaçãoMuitosagricultorescolocammuitassementesemcadacovachopornãoteremacertezadaviabilidadedasemente.Umtestedegerminaçãopodesermuitoútilparasaberquantassementesdeverãosercolocadas em cada covacho. Otestedáumaideiadequantassementesnormaisexistemnumacertaquantidadedesementes.Umasemente“normal”éumasementeemquearaizeaparteaéreanãoestãodeformadaseaparentamestar saudáveis e livres de doenças. Existemduasformasprincipaisdeseconduzirumtestedegerminação:sementeiranumacamadesementes à base de solo pré-preparado ou sementeira em papel humedecido. As sementeiras em cama de sementes podem ser perturbadas por galinhas e outros animais que vão à procurademinhocas,insectosedaprópriasemente,amenosqueacamadesementessejaprotegidapor uma cerca ou rede. Autilizaçãodepapeldejornalhumedecido,quepodeserfeitaemcasa,permiteevitarasperturbaçõescausadas por animais domésticos.

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Narealizaçãodumtestedegerminação:Canteiro humedecido

•Prepare um canteiro bem humedecido, de cerca de 12cm por 12 cm•Retire 100 sementes de um lote, ao acaso, usando uma colher•Semeie as 100 sementes com espaçamento aproximado de 1cm na cama

humedecida.•Humedeça a cama de sementes sempre que esta esteja seca• Após5-7diasconteonúmerodeplantulasnormaisemergidas.

Jornal humedecido

•Retire 100 sementes ao acaso de um lote, usando uma colher.•Sobreponha tres folhas de jornal e humedeça bem com água limpa•Coloqueassementesemcimadafolhadetopo,façadezlinhascom10sementes

cada.•Coloque por cima uma folha de jornal humedecida• Enroleasfolhasdejornalfazendoumtuboecomassementesbemprenssadasentre

o papel, aperte o tubo com uma linha ao meio e nas extremidades. •Coloqueotuboempénumtabuleirocomumpoucodeágua,sóosuficientepara

manter as sementes humedecidas. • Após5-7dias,desenroleotubodejornaleconteonúmeroderebentos.

Prato •Retire 100 sementes de um lote, ao acaso, usando uma colher•Cubra um prato largo com 3 folhas de jornal humedecido e coloque as sementes na

folha de topo.•Cubracomoutrafolhadejornalhumedecidaoucompapeldecozinhahumedecido.•Coloque o prato num local onde não irá ser perturbado e mantenha o papel

humedecido, mas não ensopado, aspergindo água quando seco. • Após5-7diasconteonúmeroderebentos.

Apósacontagemdesementesgerminadas,opróximopassoécalcularapercentagemdegerminação. Por cada 100 sementes, o número de plântulas emergidas é a percentagem de germinação; por exemplo se das 100 sementes semeadas, 85 sementes germinarem bem, a percentagemdegerminaçãoéde85%.

Podemusar-semenossementes,comoporexemplo,25ou50sementesemvezde100no teste de germinação, mas não se recomenda o uso de menos de 25 sementes porque a utilizaçãodeumaamostramaisalargadadesementesmelhoraaprecisãodoteste.

Neste caso, a percentagem de germinação pode ser calculada dividindo o número de plântulas bememergidaspelonúmerodesementessemeadasemultiplicandopor100%,porexemplo,se 25 sementes forem semeadas e 14 tiverem boa emergência, então a percentagem de germinaçãoéde(14/25)x100=56%.

Deformaaassegurarumapercentagemdegerminaçãoelevada,nocasodautilizaçãode semente obtida na colheita anterior, deve optar-se pela colheita de grão para semente apartirdeplantassaudáveis;devefazer-sealimpezadasemente,apósadebulhaesecagem,queconsistenaremoçãodesementedanificadaeoutrosdetritostaiscomopedras.Oarmazenamentodegrãodesementedevefazer-senumlocalseco,separadodoarmazenamentodogrãoparaconsumo(paramaisinformaçõessobrearmazenamento,verasecçãodedicadaàcolheitaearmazenamento).Nocasodecompradasemente,recomenda-sequesejafeitanumcomercianteautorizado.

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Tratamento da sementePara além das baixas percentagens de germinação, os agricultores também semeiam muitas sementesafimdecompensaremasperdascausadaspelaspragasdosolo,comoformigasemilípedes, que se alimentam da semente.

Muitasvezes,pássarostaiscomoperdizes(francolins)desenterramassementes.Aperdadesementeapóssementeiratambémpodeocorrerdevidoafungoscontidosnasementeounoprópriosolo.Alémdisso,asementepodefalharnagerminaçãodevidoaoestádiodedormência em que se encontra.

Porvezesassementesdamapiraemexoeiranãopodemgerminarlogoapósacolheitadevidoaofactodeseencontraremnoperíododedormência.Apósumperíododearmazenamentode cerca de três meses a semente passa a germinar normalmente. A maioria das variedades demexoeira-pérolanãotemperíododedormênciaepodemgerminarimediatamenteapóscolheita. A dormência é uma característica importante no campo porque impede a semente de germinar antes da colheita, quando chuva cai nas panículas. A dormência das sementes pode ser quebrada através de um tratamento de pré-embebição (ver em baixo).

Quandoostestesdegerminaçãosãofeitossempapeldejornalhumedecidopode,porvezes,observar-se o crescimento de fungos em plântulas infectadas. Esta observação deve motivar oagricultorarealizarumtratamentodepré-germinaçãoàssementesquepodeenvolvernaaplicaçãodeumfungicidaempóe/ouapré-embebição(verembaixo).

A pré-embebição de sementes consiste em mergulhar a semente em água durante uma noite e depoisfazerasementeiranodiaseguinte.Omaiorbenefíciodapré-embebiçãodesementeséoencurtamentodoperíododegerminação.Apré-embebiçãopodereduzironíveldeincidênciade doenças e pode quebrar estados de dormência em algumas variedades da mapira e mexoeira.

Estatécnicapermiteumagerminaçãomaishomogéneaeuniforme.Emzonasáridas,apré-embebição da semente pode ocorrer durante uma chuvada intensa nocturna seguida de sementeira no solo humedecido no dia seguinte, de forma a antecipar a germinação.

TransplantaçãoEmzonasemqueaquedadachuvanãoéprevisível(principalmentenafaixadoSahel)osagricultores semeiam cerca de 20 sementes por covacho e esperam que a chuva caia. Esta necessidade por uma grande quantidade de semente pode ser diminuída através da técnica da pré-embebição na véspera da sementeira (ver acima) ou através da sementeira em viveiro seguidodetransplantaçãodasplântulasapós40dias.

A cama da semente do viveiro precisa de ser bem preparada. As plântulas devem ser irrigadas consoante as suas necessidades.

Atécnicadatransplantaçãoéprincipalmenteutilizadaquandooscamposparaosquaisserãoplantados forem pequenos, pois esta técnica é muito exigente em termos de trabalho.

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Atransplantaçãopodeserutilizadaparapreencherzonascomfalhasdegerminaçãonocampoapósaocorrênciadecondiçõesadversasqueimpeçamainstalaçãonormaldacultura.

No cultivo tradicional, os agricultores não criam plântulas em viveiros e, simplesmente, transplantam as plântulas dos covachos mais preenchidos para os covachos onde ocorreu uma falha de germinação, dado que muitas sementes são colocadas em cada covacho.

A transplantação de plântulas de viveiro tem muitas vantagens incluindo:

• ControlodainfestanteStriga–asplântulascriadasemviveirotêmraízesmaisdesenvolvidasàsquaisasraízesdaStriga não se apegam quando transplantadas.

• Boadensidadedeplantação–permiteassegurarumapopulaçãohomogénea.

• Elevadovigor–umaboacamadesementeseumbomregimedeirrigaçãonoviveiroasseguram a produção de plântulas vigorosas em comparação com a sementeira directa.

• Controlodosdanosprovocadospelaspragasmineira-dos-rebentosdamapiraeacigarrinha(ouinsecto“cuspe-de-cuco”)(verTabela11nasecção5–Oquepodecorrermal?).

Mas também tem desvantagens:

• Éumatécnicadetrabalhointensivo.

• Apósolevantamentodasplântulasdacamadeviveiro,estasdevemserplantadasnumcurtoespaço de tempo.

• Oviveirodeveserlocalizadonasproximidadesdocampoaserplantado,deformaaevitaratrasosentreolevantamentodasplântulasdeviveiroeaplantaçãoemlocaldefinitivo.

SementeiraEmgeralasementeiradamapiraedamexoeiradeveráocorrerapósumperíododechuvadeforma a assegurar uma boa implantação da cultura com um crescimento pujante das plantas. A data da sementeira é também muito importante dado que os primeiros dois terços do período decrescimentodestasculturasdeverãoocorrersobcondiçõesdedesenvolvimentoóptimas,especialmente de humidade. O último terço do período de crescimento coincide com as fases de “enchimento dos grão” e “maturação do grão” que requerem menor queda de chuva e temperatura mais elevada que nos primeiros dois terços do período de crescimento destas culturas.

Outrofactorateremconsideraçãoéocomprimentododiaouonúmerodehorasdeluz.Este factor é importante porque algumas variedades da mapira e mexoeira são sensíveis ao fotoperíodo.Istoquerdizerqueestasvariedadesvãocontinuaremcrescimentovegetativo(atrasandoafloração)enquantoosdiasforemcurtosesóiniciarãoafloraçãoaquandodosdiaslongos.

A mapira e a mexoeira são, predominantemente, cultivados em vários tipos de consociação cultural,todosestesdireccionadosparaumautilizaçãooptimizadadahumidade,luz,nutrientese espaço (subterrâneo e aéreo).

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Figura 1: Mexoeira e feijão-nhemba (evidenciando a biomassa subterrânea e aérea).

Mapira

O objectivo é conseguir-se a implantação de 3 plântulas por covacho. Se a taxa de germinação forelevada(superiora95%),oagricultordeverácolocar3sementesporcovacho;seataxadegerminação for inferior, o agricultor deverá semear cerca de 4 a 5 sementes por covacho.

Seasementetiverumataxadegerminaçãode80%,cercade4a5dassementescolocadasnocovachoirãogerminaremmédia.Contudo,seataxadegerminaçãoforinferiora60%,das 5 sementes colocadas por covacho menos de 3 irão emergir e implantar-se. Neste casorecomenda-seautilizaçãododobrodasementeàsementeira,ouseja,decercade10sementes por covacho.

As sementes deverão ser semeadas a uma profundidade de 2 a 4 cm (0.8-1.5 polegadas), e deverãodepoissofrerumamonda,deixandoficar2plântulasporcovacho.Noscasosemqueseverificaraemergênciademenosdoque2sementesporcovacho,asfalhasdeverãoserpreenchidasutilizandoplântulasdeoutroscovachos.

Nocasodemonocultura,váriasdensidadesdesementeirapodemserutilizadasnamapira.Adistância entre linhas de sementeira, varia entre 40 e 90 cm dependendo se a sementeira é feita em regos feitos com uma semeadora mecânica ou à enxada.

Quantomaioroespaçamentonasentre-linhas,menoroespaçamentoentreplantasnalinha,espaçamento esse que irá variar entre 15 e 40 cm (ver Foto 3 mostrando a plantação em linha).

Utilizandoesteespaçamentodesementeirae2plantasporcovacho,ataxadesementeiraserá de 7 a 10 kg de semente por hectare. Os rendimentos aumentam quando a densidade deplantasaumenta,desdequehajahumidadeenutrientessuficientes.Ataxadesementeiradeverá ser mais elevada quando a taxa de germinação for baixa.

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Foto 3: Mapira semeada em linha (Foto: Andre Bationo)

Mexoeira

Nocultivotradicional,osagricultorescolocammuitassementesporcovacho–porvezescerca50–especialmenteemzonascommuitaerosãoeólicaouquandoasementeiraéefectuadaantesdoiníciodas chuvas. Esta prática permite compensar pela perda de semente enterrada a grande profundidade nos solos arenosos e pela semente levada pelo vento.

Contudo,umagrandequantidadedesementepodeserpoupadaseosagricultoresutilizaremsementecomelevadataxadegerminaçãoefizeremapré-embebiçãodassementesnavésperadasementeira,sendoqueestadeveráserefectuadaapósumcertoperíododechuva.Nestascircunstâncias,osagricultorespodemreduzirataxadesementeiraaté5sementesporcovacho,aoqueseseguiráamondadasplântulasemergidas,deixandoficaras2ou3plântulasmaisbemimplantadas,operaçãoqueseefectuanaalturadoafilhamento,ouseja,naalturadolançamentodecolmos adventícios.

A mexoeira é semeada a uma profundidade de 2 a 4 cm (0.8-1.5 polegadas). Em solos pesados ricos emargilaeemsolosquecontenhammuitostorrões,assementesdevemsersemeadasapósumaboapreparaçãodosoloafimdepermitirqueagerminaçãoocorrasemgrandesproblemas.Emsolosarenosos, as sementes devem ser colocadas a profundidades um pouco maiores para impedir que sequem facilmente.

Em monocultura, o espaçamento nas entre-linhas e o espaçamento na linha variam entre 20 e 100 cm.Emsolospobres,fazsentidoautilizaçãodeespaçamentosmaisalargadosdeformaareduziracompetiçãoentreasraízesdeplantasdemexoeirademasiadopróximas.

Amexoeiratemcapacidadeparaumgrandeafilhamentoequantomaioroespaçamentoentreplantasmaiscolmosadventíciosserãoproduzidosporcadapédemexoeira.Quantomaispróximasestiverem as plantas, mais difícil se tornam os trabalhos culturais, tais como a sacha de plantas infestantes: a maior parte dos agricultores que usam enxadas na sacha das plantas infestantes, preferem um espaçamento maior entre as plantas. Na mexoeira, um menor número de plantas é compensadoporummaiorafilhamentodasplantasexistentes.

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Culturas leguminosasAsculturasleguminosassãoporvezescultivadasemmonoculturaemrotaçãocomamapiraemexoeira.Emzonasquebeneficiamdeumaestaçãochuvosalonga,culturasleguminosasdeciclocurtosãoporvezessemeadasnoiníciodaépocadecampanhaantecedendoaculturaprincipal.

Por exemplo o feijão-nhemba de ciclo curto, que atinge a maturação em cerca de 2 meses, pode sersemeadonoiníciodaestaçãochuvosae,apósacolheitaecortedorestolhodestacultura,oagricultorpoderáfazerasementeiradamapiraedamexoeiraaindaduranteamesmaestação.

No caso do feijão-nhemba, a taxa de sementeira varia entre 12 e 25 kg por hectare. Variedades erectas podem ser semeadas com um espaçamento entre-linhas de 50 cm e um espaçamento na linha de 20 cm. Variedades semi-erectas ou prostradas podem ser semeadas com um espaçamento entre-linhas de 75 cm e um espaçamento na linha de 30 cm no caso das variedades semi-erectas e de 50 cm no caso das prostradas.

Em todas as variedades, devem ser colocadas 3 sementes por covacho se a taxa de germinação for elevadae4sementesseataxadegerminaçãoforbaixa.Devefazer-seumamondadasplântulasemergidas,deixandoficar2plântulasporcovacho,duassemanasapósasementeira.

Rotações e consociações com culturas leguminosasEm culturas consociadas, a distância entre-linhas da mapira (espaçamento na entre-linhas) pode variar entre 60 e 90 cm, de forma a criar espaço para a cultura consociada (que pode ser umaleguminosa,aprópriamexoeiraouambas).

O espaçamento entre as plantas na linha varia entre 40 e 60 cm, se mais nenhuma cultura for colocada na linha entre as plantas da mapira. Se outras plantas forem colocadas na linha, entre as plantas da mapira, o espaçamento entre as plantas da mapira irá variar de 60 e 80 cm, ou seja, um espaçamento idêntico ao espaçamento nas entre-linhas.

As culturas leguminosas são a principais culturas da consociação com a mapira e mexoeira, contudo, outras culturas como o quiabo e a cultura de gergelim também podem estar presentes.

Muitosagricultoresmisturamasementedeleguminosascomadecerealfazendoumasementeira com uma distribuição ao acaso; outros agricultores mantêm as sementes separadas efazemasementeiraemalturasdiferentes.

Na consociação recomenda-se que a sementeira da cultura leguminosa e dos cereais seja feita em covachos diferentes e segundo um padrão de disposição ordenado. Por exemplo duas linhas de feijão-nhemba numa disposição de 20 cm x 20 cm alternadas com uma linha de mapira/mexoeira (ver Figura 2).

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Figura 2: Consociação da mapira e feijão-nhemba

80 cm

60 cm

20 cm

20 cm

30 cm

30 cm

Os factores a considerar na escolha de um padrão de espaçamento em culturas consociadas incluem:

• Períododematuraçãodacultura(curto,médio,longo).

• Oobjectivodoagricultor,porexemplo,seamapira,mexoeiraeofeijão-nhembaforemparauso duplo (para grão e forragem): no caso da forragem ser mais importante, o agricultor deveráfazerumasementeiramaisdensa.

• Qualaculturaprincipal,ouseja,oagricultorpoderáestarmaisinteressadonofeijão-nhemba do que na mapira, neste caso deverá haver mais feijão-nhemba na consociação do que mapira.

As variedades de feijão-nhemba prostradas são normalmente preferidas em consociações pois sãomaisadaptadasàscondiçõesdeensombramentodoqueasvariedadeserectasutilizadasem monocultura.

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Outrarazãopelaqualosagricultorespreferemasvariedadesprostradasparausoemconsociação é o facto de estas terem mais folhas do que as variedades erectas, o que permite asuautilizaçãocomohortícolafolhosaparausodoméstico,contribuindoparaumadietavariada. As variedades prostradas são também uma ferramenta de conservação do solo e da humidade do solo dado que são culturas de cobertura.

Dados os numerosos benefícios do cultivo consociado de culturas leguminosas com a mapira emexoeira(veraTabela6,abaixo),fazsentidoaumentaracomponenteleguminosanaconsociação.

Tabela 6: Porque consociar mapira/mexoeira com leguminosas?Vantagens Desvantagens

• Reduzautilizaçãodefertilizantemineral.• Permiteautilizaçãodaculturaleguminosacomo

uma cultura de rendimento, permitindo a compra defactoresdeprodução,taiscomoofertilizantemineral.

• Nutrição humana: as leguminosas são uma boa fonte proteíca.

• Melhor integração entre produção vegetal e pecuária: forragens de maior qualidade nutricional.

• Melhor conservação do solo (leguminosas prostradas são culturas de cobertura).

• Usodosolomaiseficiente.• Maior biodiversidade no campo de cultivo• Redução das pragas e doenças.• Exsudatosdasraizesdasculturasleguminosas

aumenta a solubilidade da rocha fosfatada e absorção de N.

• Melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicasdosolo.

• Melhor controlo das plantas infestantes.

•Trabalhomaisintensivo.•Aumentonautilizaçãodepesticidasnocasode

cultivo com feijão-nhemba.•Elevado custo da semente das culturas

leguminosas comparado com o das sementes dos cereais.

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Aspectos-chave:• Prepareumaboacamadesemente–evitequantopossívelfazerqueimadasdematerialvegetal.• Reduzaaperdadeáguadosoloadoptandopráticascomoalavourasegundoascurvasdenível,

aplicação de cobertura vegetal morta ou “mulch” ou manutenção de uma cultura de cobertura. • Incluaculturasleguminosasnosistemadecultivodeformaaaumentarafertilidadedosoloe

produtividade. • Antesdasementeira,façaumtestedegerminação,eajusteataxadesementeiraconsoanteo

resultado do teste de germinação. • Façaapré-embebiçãodassementes(mergulheassementesemágua)duranteanoitenavéspera

de sementeira, de forma a melhorar a germinação das sementes e a implantação da cultura.• Namapira,coloque3sementesporcovacho,façaamondadasplântulasemergidasdeixandoficar2plântulasporcovacho.Façaasementeiraentre2-4cm(0.8-1.5polegadas)de profundidade. Em monocultura, o espaçamento entre-linhas varia entre 40 e 90 cm e o espaçamentonalinhavariaentre15e40cm.Quantomaioroespaçamentoentre-linhas,menoro espaçamento na linha. A taxa de sementeira varia de 7-10 kg de semente por hectare. Em consociação, as linhas da mapira podem manter-se a uma distância entre 60-90cm.

• Namexoeira,coloque5sementesporcovacho,façaamondadasplântulasemergidasdeixandoficar2a3plântulasporcovacho.Façaasementeiraentre2-4cm(0.8-1.5polegadas)deprofundidade; a sementeira deverá ser mais profunda nos solos arenosos do que nos argilosos. Em monocultura, quer o espaçamento - entre-linhas quer o na linha podem variar entre 20 e 100 cm, ou ser até maior em solos pobres.

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4. Gestão agronómica das culturas

Tantoamapiracomoameixoeiratêmmelhorperformanceemsolospobresdoqueomilho.Mesmosemaplicaçãodefertilizante,ossistemasradicularesprofundosdestasculturasajudam-nasaproduzir,emsituaçõesemqueomilhofalharia:asraízesdamapiraedameixoeira podem penetrar até 2 metros de profundidade do solo, de forma a alcançarem ahumidadeenutrientesnecessários,enquantoqueasraízesdomilhonãopenetrammaisdo que 1 metro. A mapira e a meixoeira são frequentemente cultivados em solos mais leves (arenososoulimo-arenosos)doqueossolosnormalmenteutilizadosparaocultivodomilho.

Os actuais rendimentos da mapira e da meixoeira, frequentemente alcançados pelos pequenos agricultores em África, são de 1 tonelada ou de 0.5 toneladas por hectare, respectivamente. Existe, contudo, uma grande variabilidade anual, dado que estas culturas são cultivadas em regiões com tendência para períodos de seca, que podem afectar o rendimento de forma muito significativa.

Estesbaixosrendimentospodem,contudo,serdobradoseavariabilidadeanualreduzidapelousodeboasemente,pelautilizaçãodetecnologiasdemitigaçãodosperíodosdeseca,pelo seguimento de boas práticas agrícolas (sementeira feita no momento certo e com espaçamentos adequados, remoção atempada das ervas daninhas, aplicação atempada de matériaorgânicaedefertilizantesmineraiscorrectose,pelousodetécnicasdemelhoramentodosolotaiscomoacorrecçãodaacidezeoutrosprolemas)-ouseja,pelousodeumagestãointegrada da fertilidade do solo (MIFS).

A mapira responde melhor ao melhoramento do solo do que a meixoeira, embora a meixoeira seja mais resistente e tenha maior capacidade de lidar com o stress ambiental, tal como o causado pelos períodos de seca e por baixos teores em nutrientes do solo.

Amapiraeameixoeirarespondemdeformadiferenteàaplicaçãodefertilizante,portanto,nocasodeumagricultorquecultivaambasasculturas,aaplicaçãodofertilizanteàmapirafazmaissentidodoqueàmeixoeira,emborapossamhaverexepcões(verQuadro3:Setiverdeescolherentrefazeramicrodosagementreamapiraeameixoeira,porqualdestasculturasdeverá optar?).

Antesqueadecisãorelativaàaplicaçãodefertilizantepossasertomada,oagricultordeveráseraconselhadoatravésdarealizaçãodecálculossimplesdecusto-benefício,deformaagarantirqueadespesaextraassociadaàutilizaçãodefertilizantessejustifique(verQuadro2:Aaplicaçãodefertilizanteérentável?).

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Quadro 2: A aplicação de fertilizante é rentável ?Na Tabela 9: Mapira,noprimeiroexemplodeaplicaçãoapropriadadefertilizanteàmapira,2sacos de DAP e 2 sacos de ureia foram usados por hectare de mapira, de forma a alcançar um rendimento em grão de 2000 kg por hectare e um rendimento em palha de 4000 kg por hectare.O rendimento teria sido de apenas 600 kg de grão e 1100 kg de palha por hectare, se não tivesse sidoaplicadoqualquerfertilizante.Masqualfoibenefíciorealdaaplicaçãodefertilizantenestecaso?Abaixodescreve-seaformadecálculodosbenefíciosfinanceiros,utilizandoalgunsvaloresestimadostaiscomoopreçodogrão,dapalhaedofertilizante.Quandoosextensionistasruraiseosagricultoresrepetiremestescálculos,deverão,obviamente,utilizarospreçoslocais.

Sem fertilizante:Valor do grão: 600 kg a $0.30 por kg = $180Valor da palha: 1100kg a $0.05 por kg = $55Valor total da mapira colhida por hectare= $235Com fertilizante: Valor do grão: 2200 kg a $0.30 por kg = $600Valor da palha: 4000kg a $0.05 por kg = $200Valor total da mapira colhida por hectare= $800Custodofertilizante:2 sacos de DAP a $30 cada=$602 sacos de ureia a $30 cada =$60Custototaldefertilizante:$120Paraverificarseautilizaçãodefertilizantefoi,defacto,rentável:((valortotaldamapiraobtidocomfertilizante–valortotaldamapirasemfertilizante)-custototaldefertilizante)=($800-$235)-$120 = $565 - $120=$445 por hectare.Portantonestecaso,oagricultorrecuperouos$120investidosemfertilizanteeaindafoibuscar$445extraporhectare,pelautilizaçãodefertilizante.Nestecaso,oinvestimentoemfertilizantevaleu muito a pena, mas perante preços mais baixos de grão ou palha, ou preços mais elevados defertilizante,oinvestimentoextraemfertilizantepodenãovalerapena.Parauminvestimentoemfertilizanteserrentável,olucroprecisadeserpelomenosodobrodovalorinvestido,porexemplo, no caso de um investiento de $100, o lucro adicional antecipado deverá ser de pelo menos $200.

Fontes de nutrientesÀ medida que crescem e se desenvolvem, a mapira e a meixoeira retiram os seus nutrientes do solo.

Ostrêsnutrientesprincipaisqueasplantasretiramdosolosãoonitrogénio,ofósforoeopotássio. Para a mapira e meixoeira cultivadas na maior parte dos solos da África Subsariana,

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onitrogénio(N)eofósforo(P)sãoosnutrientesaqueosagricultoresprecisamdeprestarmaisatenção, especialmente se os resíduos das culturas forem bem geridos de forma a sustentar os níveis de potássio (K) no solo.

AmaiorpartedoKretiradodosoloéarmazenadonapalhae,portanto,podeserrecicladoseos resíduos das culturas forem devolvidos ao solo.

Os solos já contêm algum N e P mas não nos níveis requeridos pela mapira e meixoeira para produziremrendimentosmaiselevados.Deformaaassegurarumaproduçãosustentáveleeconomicamente viável da mapira e da meixoeira, nutrientes deverão ser adicionados através daaplicaçãodefertilizantesmineraisedematériaorgânicaaumataxadeaplicaçãoqueirácomplementar o teor em nutrientes que o solo já contém.

Dependendo das circunstâncias, os agricultores poderão ter de tomar medidas para mitigar osperíodossecos(verQuadro5,covachosZaï)eaacidezdosolo(verCorrectivos para o Melhoramento do Solo para além da Matéria Orgânica), dado que ambas as situações podem causar reduções no rendimento das culturas.

Existem duas fontes de nutrientes importantes para as culturas da mapira e da meixoeira: fertilizantesmineraisematériaorgânica.

Fertilizantesminerais,tambémconhecidoscomoinorgânicos,sãofabricadosevendidosaoagricultor.Estesfertilizantesapenasfornecemnutrientesenãoajudamamanteroestadosanitárioouaestruturadosolo,daformacomoamatériaorgânicaofaz(verabaixo).

Existemmuitostiposdiferentesdefertilizantemineralmastodosestessedividememduascategoriasprincipais:fertilizantesquefornecemdoisoumaisnutrientesefertilizantesquefornecem apenas um nutriente (ou essencialmente um nutriente)

FertilizantesNPKfornecemostrêsnutrientesprincipais–N,Pepotássio(K,tambémconhecidoporpotassa).VáriostiposdefertilizantesNPKestãofrequentementedisponíveis,contendodiferentesproporçõesdeN,PeK.Estessãorótulados,porexemplo,NPK15-15-15.OprimeironúmeroéapercentagemdefertilizantecorrespondenteaoN,osegundonúmeroéapercentagemdefertilizantecorrespondenteaoP,oterceironúmeroéapercentagemdefertilizantecorrespondenteaoK1. Portanto, quanto maior for o número, maior a percentagem donutrientefornecidopelofertilizante:porexemplo,NPK17-17-17vaifornecermaisNPKporkgdefertilizantedoqueNPK15-15-15.ONPK15-15-15vaifornecer150gdeNenquantoqueNPK17-17-17vaifornecer170gdeNporkgdefertilizante.

Ofosfatodediamónio(DAP)fornecedoisdostrêsnutrientesmaisimportantesnanutriçãodasplantas,oNeoP.ODAPcontém18%deNe20%deP(equivalentea46%deP2O5): 1 kg de DAPfornece180gdeNe200gdefósforo(correspondentea460gdeP2O5).

1 O valor para P e K, refere-se à percentagem de sais P2O5 e K2O. P2O5 contém43.7%deP.K2Ocontém83%K.

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Aureiaéumbomexemplodeumnutrientesimples–oufertilizantedirecto:forneceapenasnitrogénio(frequentementeabreviadoparaN).Aureiacontém46%denitrogénio(N):umkgdeureiafornece460gdeN,masnenhumfósforo(P)oupotássio(K).

Outrosexemplosdefertilizantesàbasedenutrientessimplessãoosuperfosfatosimples(SSP,20%P2O5)eosuperfosfatotriplo(TSP,46%P2O5),ambosestesfertilizantesfornecemapenasofósforo(P).

Amatériaorgânicaincluiosestrumes,osmateriaisobtidosdecultivosagro-florestaisedocultivo de leguminosas, dos materiais de compostagem e dos resíduos das culturas.

Para além de fornecer nutrientes às plantas, incluindo N, P e K, a matéria orgânica também ajuda a manter o estado sanitário e a estrutura do solo: melhorando a capacidade de retenção daáguaemantendoorganismosbenéficostaiscomobactérias,fungoseminhocas,entreoutros.

Éfrequenteaproduçãodematériaorgânicaserfeitaacargodopróprioagricultor,apartirdas suas culturas e gado, contudo, também há situações em que o agricultor compra matéria orgânicaaovizinho,ouobtémmatériaorgânicaquandopermitequegado,pertencenteaoutrosagricutores,pastoreienassuasparcelasapósascolheitasedepositeosdeusdetritosorgânicos. Alguns agricultores recolhem matéria orgânica nas suas parcelas agro-pastoris (onde exitem espécies altas de pastagem aberta, entre árvores e arbustos), ou obtêm-na nos campos em pousio.

Fertilizantes mineraisActualmente,muitosdosagricultoresquepoduzemmapiraoumeixoeira,nãoutilizamfertilizantesminerais.Osfertilizantesmineraissãorelativamentecaros.

Muitosagricultoresnãoestãocapacitadosparafazerumautilizaçãoapropriadadosfertilizantesminerais e acreditam que estes “envenenam” os solos.

Estemanualincluiumaestratégiadefertilização,implementadaemduasfases,comoobjectivodeintroduzirautilizaçãodefertilizantesnocultivodemapiraemeixoeira:

1-Microdosagem

2-Fertilizaçãoaplicadaàstaxasdefertilizaçãoconvencionais

Emambososcasos,edeformaaretiraromaiorbenefício,os4“Cs”dautilizaçãodefertilizantedeverãoserseguidos:

• Utilizeotipodefertilizantecerto

• Apliqueaquantidadecerta

• Apliquenomomentocerto,emrelaçãoàfasedecrescimentodacultura

• Apliqueofertilizanteutilizandoométodocerto

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MicrodosagemAaplicaçãoestratégicalocalizadadefertilizante,tambémconhecidacomomicrodosagem,envolveaaplicaçãodequantidadesrelativamentepequenasdefertilizantenocovachodeplantação,damapiraou meixoeira no momento da plantação, o que contrasta com a metodologia mais convencional da aplicação a lanço, por todo o terreno de cultivo.

A microdosagem é paticularmente apropriada nos casos dos pequenos agricultores, ou agricultores compoucosrecursos:umamenorquantidadedefertilizanteéutilizadanamicrodosagememcomparaçãocomafertilizaçãoalanço,eportantoocustodoinvesimentoémenor.Acolocaçãodofertilizanteaopédaplanta,tambémimplicaqueumamaiorpartedestefertilizantevaiserutilizadodirectamente pela cultura e não irá fomentar tanto o desenvolvimento de plantas daninhas no terreno envolvente.

Namicrodosagemdamapiraemeixoeira,apequenaquantidadedefertilizantedeveseraplicadaacada covacho aquando da sementeira:

1-Primeiro deve ser feito um covacho com um pau, uma enxada ou uma catana.

2-Depoisdeve-seaplicarofertilizanteecobri-locomumpoucodesolo

3- Finalmente, as sementes devem ser depositadas no covacho e cobertas com solo, tendo o cuidado deverificarqueassementeseofertilizantenãoentrememcontactodirecto.Alémdisso,amapiraea meixoeira devem ser plantadas à profundidade de 2-4 cm.

Umarecomendaçãocomumparaamicrodosgemdamapiraéaaplicaçãode4kgdePporhectare(equivalente a 9.2 kg de P2O5). De seguida apresentam-se três exemplos de como isto pode ser alcançado:

Exemplo 1: Aplique 6 g NPK 15-15-15 por cada covacho de mapira. Isto é equivalente a 60 kg de NPK 15-15-15 por hectare, assumindo uma densidade de sementeira de 10.000 plantas por hectare (espaçamentode1metronalinhae1metronaentre-linha).Estaquantidadeécercade1/5(20%)daquantidadedefósforo(P)recomendadaparaaproduçãosustentáveldemapira–verFertilizanteparao Cultivo Sustentável, pág 44.

Exemplo 2: Aplique 0.5 g de DAP por covacho de mapira. Isto é equivalente a 20 kg por hectare, assumindoumadensidadedesementeirade40.000plantasporhectare.Istoécercade1/5(20%)da quantidade de DAP recomendada para a produçao sustentável de mapira, na qual a adição de nitrogénio,comoporexemplosobaformadeureia,tambémérecomendada-–verFertilizanteparaoCultivo Sustentável, pág 44.

Exemplo 3: Aplique 125 g de superfosfato simples (SSP) por covacho de mapira. Isto é equivalente a 50 kg de SSP por hectare, assumindo uma densidade de sementeira de 40.000 plantas per hectare. Istoécercade1/5(20%)daquantidadedefertilizanterecomendadanocultivosustentáveldamapira,noqualaadiçãodenitrogénio,comoporexemplosobaformadeureia,tambémérecomendada-–verFertilizanteparaoCultivoSustentável,pág44.

Ensaiosexperimentais,mostraramquenocurtoprazo,amicrodosagempodeduplicarorendimentodamapira:umagricultorquecostumaobter600kgdemapirasemadiçãodefertilizante,podeesperarobterumrendimentode1200kgporhectarepelapráticadafertilizaçãoemmicrodosagem.

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Quadro 3: Se tiver de escolher entre a microdosagem da mapira ou da meixoeira, qual das culturas deverá escolher?Seumagricultorestivercultivandoambasasculturasepretenderfazeramicrodosagemapenascomfósforo(P),comosugeridoacima,masnãotemmeiosparainvestiremfertilizaçãoemambasasculturas,entãoprovavelmentefarámaissentidofazeramicrodosagemdePàmeixoeira. Istoporqueameixoeiraécapazdetolerarmelhorumadeficiênciaemnitrogéniodoqueamapira.Istoquerdizerquenestasituação,ameixoeiravaitermaiorcapacidadederespostaàadiçãodeP do que a mapira.

Quadro 4: Unidades de medida de fácil utilizaçãoÉdificilparaumagricultorimaginaremqueconsistem2gdeDAPou6gdeNPK,alémdissoamaioria dos agricultores não vai ter acesso a balanças de pesagem. A solução para este problema é encontrar um recipiente relativamente abundante, como por exemplo uma carica1 de garrafa de refrigerante. A carica pode ser usada depois como uma conchaparamedirfertilizante.Fertilizantesdiferentestêmdiferentesdensidades,portantoenquantoqueumacaricaniveladadefertilizante(nãoempilhada)deNPK15-15-15pesacercade3g,umacaricaniveladadeDAPpesaum pouco menos de 5 g. Paraquemtemacessoàinternet,umaferramenta(ferramentadecalibraçãodefertilizantedaOFRA)estádisponivelnositeCABI-ASHC(www.africasoilhealth.cabi.org).Estaferramentapermiteoutilizadorcalibrarquaisquerrecipientenivelado,circularourectangular,paraumlequealargadodefertilizantes.Vejaatabelaabaixoparaoutrosfertilizantes.OsvaloresdestatabelaforamcalculadosutilizandoaferramentadecalibraçãodefertilizantedaOFRA.Paraaplicar2gdeDAPemcadacovacho,devemutilizar-seduascaricasniveladasdeDAP,distribuidas por 5 covachos.Para aplicar 6 g de NPK15-15-15, devem aplicar-se duas caricas niveladas por covacho.Quandooagricultorganharalgumaexperiêncianautilizaçãodesterecipientemedidor,iráterumamelhorideiadoqueconsisteumaquantidadeapropriadadeumfertilizante.Nessaalturapoderãoparardeutilizaracarica,esimplesmenteadicionarumapitadaàmão,quecorresponderáàquantidadecertadefertilizante.Éaconselhávelquedevezemquando,oagricultorverifiqueseasuapitadadefertilizantecontinuaacorresponderàquantidadedetermindapelacarica

Tipodefertilizante Pesodefertilizante(g)porcaricaniveladaCAN 3DAP 5

NPK 15-15-15 3SSP 3.5TSP 7Urea 4

1Asdimensõespadrãodeumacaricadegarrafadefertilizantesão2.8cmdediametro,umaprofundidadede0.5 cm, do que resulta um volume de 3 ml (3 cm3).Umacaricapadrãotem21“dentes”.

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Paraalémdasrecomendaçõesdefertilizaçãoemmicrodosagemdescritasacimaparaameixoeira e para a mapira, também se recomenda que os agricultores melhorem a condição de matéria orgânica do solo, pela aplicação de estrumes e compostagem (ver Matéria Orgânica, pág50).Estamelhorianacondiçãodematériaorgânicadosoloiráaumentaraeficiênciadasplantasnoaproveitamentodosfertilizantesmineraisadicionados.

Nospaísesondearochafosfatadaestádisponívelparautilizaçãoagrícola,recomenda-seaaplicação de rocha fosfatada para impedir o esgotamento mineral do solo. Ver Correctivos para o Melhoramento do Solo para além da Matéria Orgânica, pág 51.

Tambémserecomendaqueosagricultoresaumentemaproporçãodeculturasleguminosascultivadas nas suas explorações agrícolas. O cultivo de leguminosas, em rotações ou em consociação,beneficiaosolodevidoàfixaçãobiológicadonitrogénioatmosférico.VerRotações e Consociações com Culturas Leguminosas, pág 27 á 29.

Amicrodosageméumaestratégiadefertilizaçãoderelativamentebaixo-custo–umpassoimportantenadirecçãocerta,ouseja,deixandoparatrásocultivosemadiçãodefertilizantesemdirecçãoáintensificaçãosustentáveldaprodução.Esteaumentodaproduçãopodeatépermitiraproduçãodeumexcedenteparavenda,queseiráreflectirnumaumentodopodereconómicodoagricultor(ou,simplesmentemaisdinheirodisponíveldevidoanãoterdecomprarcomida),paraacomprademaisfertilizantenapróximacampãnhaagrícola.

Destaformaosagricultoresavançamdeumasituaçãoemquenãoaplicamqualquerfertilizantemineralparaumasituaçãoemqueutilizamamicrodosageme,finalmente,paraumasituaçãoem que praticam o cultivo sustentável no qual o balanço de nutrientes do solo é mantido, pela aplicaçãodedosesmaioresdefertilizante.

Amicrodosagempodesermaiseficienteseacompanhadadeoutrastécnicascomplementares(verQuadro5,CovachosZaï)

Quadro 5: Covachos ZaïCovachosZaï(Foto4)sãomuitoutilizadosemsolosdegradadosderegiõesondeapluviosidadeé baixa e irregular. Estes covachos, com um diâmetro de 20-40 cm e profundidade de 10-15 cm, são normalmente escavados de forma a criar um padrão triangular de pontos, ou seja, são posicionados de forma alternada, linha a linha. Duranteaestaçãoseca,oscovachossãoescavadosematerialorgânicoéadicionado.Apósasprimeiraschuvas,oscovachosenchem-secomumacamadafinadeterrae,assementescolocadasameiodocovacho,sãodepoiscobertas.Pode-seaplicarfertilizantemineralàsementeira. Estescovachosrecolhemaáguaduranteaestaçãochuvosa.Asplantasbeneficiamdosnutrientes aplicados e da água da chuva recolhida nos covachos. O número de covachos Zaï por hectare varia de 12,000 até 25,000.

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Foto 4: Covachos Zaï (Foto: Abdoulaye Mando)

Fertilizante para o cultivo sustentávelApósapráticadamicrodosagemdurantealgumascampãnhasagrícolas,eapósreconheceremosbenefíciosdestapráticacomosprópriosolhos,osagricultoresdeverãoserencorajadosautilizarasquantidadestotaisrecomendadasparaaproduçãosustentáveldestasculturas,nolongo-prazo.

Emboraestapráticaenvolvaautilizaçãodemaioresquantidadesdefertilizantedoqueasutilizadasemmicrodosagem,oquesevaitraduzirnummaiorcustodeinvestimento,estaestratégia vai ajudar a assegurar maiores produtividades e lucros, logo no ano de aplicação, bem como nos seguintes.

Nocultivosustentável,ofertilizantemineraléaplicadocomofertilizantedefundoecomofertilizantedecobertura.

Fertilização de FundoOsfertilizantesdefundo,quesãoosprimeirosnutrientesaseradicionadosaumacultura,sãoaplicadosantesouduranteasementeira.Estesfertilizantescontêmnutrientesdequeacultura precisa durante as fases iniciais de desenvolvimento ou nutrientes que não se perdem facilmente,permanecendonazonadaraiznosolo.

Nocasodosorgoedamexoeira,osprincipaistiposdefertilizanteaseraplicadosantesdasementeirasãoosàbasedefósforo(P)eosestrumesorgânicos.Amaiorpartedossolos(maisde80%)nasregiõesdecultivodemapiraemexoeirasãodeficiêntesemP.

Fertilizaçãodecobertura

Afertilizaçãodecoberturarefere-seàaplicaçãodefertilizantemineral,especialmentedenitrogénio,aplicadoalgumtempoapósasementeira.

Onitrogénio(N)deveseraplicadocomofertilizantedecoberturanafaseimediatamenteanterior

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á emergência das panículas (ver Foto 2, pág 11): um erro comum é a aplicação de N na fase de “enchimento do grão”, ou seja, tarde demais.

AsfontesdeNmaiscomunsemaisfacilmentedisponíveissãoaureia,ofosfatodediamónio(DAP)eosulfatodeamónio(SA).

Aplicaçãodefertilizante

Ostrêsmétodosdeaplicaçãodefertilizantesprincipaisincluêm:

i) a lanço

ii) em faixas

iii) colocadas no covacho onde as sementes vão ser colocadas, ou onde as plantas já se encontram implantadas (aplicação local).

Cadamétodotemassuasvantagensedesvantagens,descritasnaTabela7,abaixo.

Tabela 7: Vantagensedesvantagensdosmétodosdeaplicaçãodefertilizantesecorrectivosdosolo.Vantagens Desvantagens

A lanço •Melhora a fertilidade do campo todo e nãoapenasdazonadecultivo.

•Menos exigente em trabalho do que a fertilizaçãoembandasouaplicação

•Precisa de ser incorporado no solo, pelalavragem,parasereficazmenteutilizadopelasculturas.

• Algunsnutrientes,comooP,ficammaisfixadosaosolo(retidosporadsorção/precipitação) devido a um grande contacto do nutriente com o solo.

•Maisnutrientesficamdisponíveisparautilizaçãopelasplantasinfestantes.

•Podequeimaraplantasseficaremcontacto com as folhas.

Em faixas •Direccionada para a cultura - mais fertilizantedisponívelparaaculturae menos disponível para as plantas infestantes.

• PeKmenosfixadosaosolo,devidoaumcontactomaisreduzidocomosolo.

•Poupança de tempo e dinheiro ao fazeraplicaçãoaquandodaaberturados regos de sementeira/plantação.

•Precisa de ser incorporado no solo parasereficazmenteutilizadopelasculturas.

•De execução mais exigente em trabalho.

•Pode queimar a plantas se aplicado muitopróximodasplantasjovens.

Aplicação localizada, isto é, microdosagem (ver acima)

•Aplicação mais direccionada. • PeKmenosfixadosnosolodevidoaumcontactoaindamaisreduzidodestes nutrientes com o solo.

•Precisa de ser incorporado no solo parasereficazmenteutilizadopelasculturas.

•Pode queimar a plantas ou as sementes se estas forem colocadas directamentesobreofertilizante,dentro do covacho.

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Algunsexemplosdetiposdefertilizante,taxasdeaplicaçãoemomentosdeaplicaçãoemprodução sustentável.

Oobjectivoprincipaléaaplicaçãodefertilizanteátaxaquemaisbeneficiaráoagricultorenãoà taxa que permita a obtenção do rendimento máximo, e também a manutenção da fertilidade dosolonolongo-prazo.

Deformageral,amapiratemumacapacidadederespostaáaplicaçãodefertilizantemaiordo que a da mexoeira e, por isso, no caso do cultivo simultâneo destas duas culturas, mais fertilizantedeveráseraplicadoàmapiraemenosàmexoeira.

Como Regra Geral:• Nãomaisde40kgdeNe20kgdePporhectaredeverãoseraplicadosàmexoeira.

• Nocasodamapira,aquantidademáximadeNdeveráserde60kgeaquantidademáximade P deverá ser de 20 kg por hectare.

Aquantidadedefertilizanterequeridaparafornecer40a60kgdeN,vaidependerdotipodefertilizanteutilizado:tiposdiferentesdefertilizantefornecemquantidadesdiferentesdeN.Damesmamaneira,aquantidadedefertilizanterequeridaparafornecer20kgdeP,vaidependerdotipodefertilizanteutilizado.

Nas tabelas abaixo, são dados exemplos que mostram como os nutrientes requeridos podem serfornecidosàsculturasutilizandodiferentestiposdefertilizanteoucombinaçõesdosmesmos. As tabelas focam-se em dois nutrientes principais, N e P, e têm como objectivo maximizaraquantidadedeNeP,recomendadosnaRegraGeralmencionadaacima.

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Tabela 8: Meixoeira. Váriasopçõesemtermosdetipodefertilizante,quefornecem40KgdeNe20Kg de P por hectare; 10.000 plantas por hectare. Se o rendimento for de até 1 tonelada por hectare, estaquantidadedefertilizante,deverámanterobalançodenutrientesdosoloemanterumaproduçãosustentavél.Opções no tipo de fertilizante

Kg por hectare g (caricas2) por covacho

DAP (fertilizaçãodefundo) e ureia (fertilizaçãodecobertura)

100 kg de DAP na preparação do terreno,emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS50 kg (1 saco) de ureia como adubação de cobertura

100 kg de DAP na preparação do terreno,emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS50 kg (1 saco) de ureia como adubação de cobertura

SSP (fertilizaçãodefundo) e ureia (fertilizaçãodecobertura)

220 kg (4.5 sacos) na preparação doterreno,emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS90 kg (2 sacos) de ureia como adubação de cobertura

22g (6 caricas por covacho) de SSP na preparação do terreno, e mais tarde, ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS9 g (2 caricas por covacho) como adubação de cobertura

NPK 15-15-15 305 kg (6 sacos) na preparação do terreno

30 g (10 caricas por covacho) à sementeira

Estrumes e TSPeUreia

2 toneladas de estrume E 40 kg (1 saco) deTSPnapreparaçãodoterreno,emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS50 kg (1 saco) de ureia como adubação de cobertura

70 g de estrume e 4 g (meia carica por covacho)deTSPnapreparaçãodoterreno,emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS5 g (5 caricas para 4 covachos) de ureia como adubação de cobertura.

2 Caricametálicadegarrafaderefrigerante,niveladacomfertilizante,nãoempilhada.l.3 Assume-se aqui que apenas metade dos nutrientes do estrume vão estar disponíveis na primeira

campanha agrícola

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Tabela 9: Mapira.Váriasopçõesemtermosdetipodefertilizante,quefornecem40KgdeNe20Kgde P por hectare; 40.000 plantas por hectare. Se o rendimento for de até 2 tonelada por hectare, e todo apalhaforrestituídaaocampodecultivo,estaquantidadedefertilizante,deverámanterobalançodenutrientes do solo e manter uma produção sustentavél.

Opçõesnotipodefertilizante Kg por hectare g por covacho

DAP(fertilizaçãodefundo)eureia(fertilizaçãodecobertura)

100 kg de DAP na preparação do terreno,

emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS

100 kg (2 sacos) de ureia como adubação de cobertura

2.5 g (1 caricas para 2 covachos) de DAP à sementeira, e mais tarde, ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS

2.5 g (2 caricas para 3 covachos) de ureia como adubação de cobertura

SSP(fertilizaçãodefundo)eureia(fertilizaçãodecobertura)

220 kg (4.5 sacos) na preparação do terreno, emaistarde,ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS

130 kg (2.6 sacos) de ureia como adubação de cobertura

5.5 g (3 caricas para 2 covachos) de SSP à sementeira, e mais tarde, ANTESDAEMERGÊNCIADASPANÍCULAS

3.2 g (3 caricas para 4 covachos) de ureia como adubação de cobertura

NPK 15-15-15 400 kg (8 sacos) na preparação do terreno

10 g (3 caricas por covacho) de NPK à sementeira

Tabela 10: Leguminosa cultivada em extreme.Váriasopçõesemtermosdetipodefertilizante,quefornecem 20 Kg de P por hectare; quando uma cultura leguminosa é cultivada em extreme, como parte de uma rotação com mapira ou meixoeira. Espaçamento da leguminosa de 50 cm na entre-linha e 20 cm na linha de plantação.

Nutrientes Kg por hectare g por covachoDAP(fertilizaçãodefundo)Fertilizaçãodecoberturanãoénecessária

100 kg de DAP na preparação do terreno,

1 g (1 carica para 5 covachos) de DAP na preparação do terreno

SSP(fertilizaçãodefundo)Fertilizaçãodecoberturanãoénecessária

220 kg (4.5 sacos) na preparação do terreno

2.2g (2 caricas para 3 covachos) de SSP na preparação do terreno

TSP(fertilizaçãodefundo)Fertilizaçãodecoberturanãoénecessária

100kg(2sacos)TSPnapreparação do terreno

1 g (1 carica para 7 covachos) deTSPnapreparaçãodoterreno

Emconsociações,nãoseadicionaqualquerfertilizantemineralàculturaleguminosa,jáqueacultura principal é o cereal, portanto as regras gerais descritas nas tabelas acima continuam a aplicar-se nessa situação.

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Matéria OrgânicaOs resíduos orgânicos existem em várias formas tais como materiais de compostagem, estrume animal, extrumação verde advinda das culturas de cobertura e dos resíduos das culturas. Alguns agricultores constroem currais temporários, para o seu gado bovino, ovino e caprino, directamente nos seus campos durante a estação seca. Os currais são translocados devezemquandoparazonasdiferentesdaparceladecultivo,deformaadeixaremparatrásurina,fezeserestosdealimentação,espalhadosportodooterreno.Estesresíduosorgânicosserão depois incorporados no solo durante a lavragem da pré-sementeira. Alguns pastores mantém o seu gado nos campos dos agricultores durante a noite, em troca de grão e outros produtos alimentares.

Além disso, os resíduos secos agrícolas, tais como as palhas da mapira e da meixoeira, podem serdevolvidosaosoloapósacolheita.Setodaapalhadamapirafordevolvidaaocampo,pelomenosmetadedoNedoP,ecercade80%doPotássioabsorvidospelasplantas,serãodevolvidos ao solo.

Quandodisponíveis,osmateriaisorgânicos(taiscomooestrumeanimalouomaterialdecompostagem) devem ser aplicados a uma taxa de 2 a 5 toneladas a cada 2 anos. Dado que estes materiais orgânicos estão raramente disponíveis em grandes quantidades, a aplicação deveráserlocalizada.Porexemplo,aaplicaçãodeestrumespoderáserfeitaapenasnoscovachos Zaï ou direccionada para áreas seleccionadas da exploração agrícola que sofram de problemasespecíficosdetectadospeloagricultor,afimdeaumentaraeficiênciadeutilizaçãodosfertilizantesnessasáreas.

Correctivos para o Melhoramento do Solo para além da Materia OrgânicaCorrectivosdosolosão,oumateriasdenaturezanão-nutritiva,oumateriaisquecontribuemparaaacumulaçãomuitolentadenutrientes,alongo-prazo,duranteváriosanos.Oscorrectivosdosolocontrastamcomosfertilizantesmineraisquefornecemnutrientesimediatamente disponíveis na mesma campãnha agrícola em que são adicionados.

Amaiorpartedoscorrectivosparaacorreçãodaacidezdosolosãoaplicadosantesdasementeira/plantação. Estes incluem cal, rocha fosfatada e gesso e também várias fontes de matéria orgânica.

Paraalémdecorrigiraacidez,acal(CaCO3)tambémcorrigedeficiênciaemcálcio.Emboraossolos ácidos não sejam frequentes na região de cultivo da mapira e meixoeira, quando estes ocorremlevamaocrescimentoatrofiadodasraízesdasculturas.

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Foto 5: O milho e muitas outras culturas são afectadas pela acidez do solo. Estafotomostraraízesnormaiseatrofiadasnomilho(Foto:CABI)

O gesso (CaSO4.2H2O) actua como uma fonte de calcio (Ca) e enxofre (S). Melhora solos alcalinosetrataatoxicidadeporalumínio.Tambéméutilizadoparaamelhoriadaestruturadosolo, pois melhora a agregação das particulas, e inibe a dispersão (formação de fendas) nos solosargilosos,salinosesódicos.

Solossódicossãosolosalcalinos,comumpHelevado(acimados9),devidoàpresençaexcessivadecarbonatodesódio(Na2CO3). São mais frequentemente encontrados em regiões áridas ou semi-áridas. São solos com fraca drenagem, porque a sua estrutura impede a infiltraçãodeágua,oqueaumentaaságuasdeescorrênciaeaerosão.Oacessoàáguapelaplantaficaassimcomprometido.

Arochafosfatadaéboaparaconsolidarocapitaldosoloemnutrientesnolongo-prazo,dadoque liberta P muito lentamente. A rocha fosfatada deve ser aplicada ao solo muito lentamente.

A rocha fosfatada deve ser plicada ao solo a cada três anos, a uma taxa de 60 kg de P2O5 por hectare. A rocha fosfatada pode ser aplicada ao material de compostagem que irá ser depois aplicado ao solo.

Rocha fosfatada de diferentes origens, contém quantidades diferentes de P: para fornecer a quantidade de P requerida, a quantidade aplicada de rocha fosfatada deve basear-se no seu conteúdoemP.Porexemplo,arochafosfatadaTilemsioriundadaÁfricaOcidentalcontém,30%P2O5,oqueimplicaquequandooaricultorutilizarestarochadeveráadicionar200kgderocha fosfatada a 1 hectare de solo.

Em solos muito leves (solos arenosos), mais apropriados para a meixoeira, cal deve ser aplicadaacada5anos,aumataxade2toneladasporhectare.Taxasmaiselevadas,atécerca de 10 toneladaas por hectare, devem ser aplicadas em solos mais pesados, onde a

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mapira predomina. Em caso de dúvida em termos de taxa de aplicação, deverá consultar um especialista agrícola.

O gesso deve ser aplicado a cada 3 anos a solos alcalinos como agente condicionador do solo à taxa de 2-4 toneladas por hectare. O gesso é particularmente importante na promoção dafixaçãodenitrogéniopelasplantaleguminosas(amendoins,feijão-nhembaesoja)(verplantasfixadorasdenitrogénio,Foto6)podendofazê-loataxastãobaixascomo100-300kg por hectare para fornecer o enxofre necessário. Contudo, esse enxofre pode ser obtido de fontesmaiseconómicascomoosuperfosfatosimples(SFS).Emsolosarenosos,asvagensdeamendoímpodemnãoseencherdevidoaumadeficiênciadeCa:ogessodeveseraplicadoaumataxade200-400kgporhectarenoperíodoimediatamenteantesdafloraçãodeformaaprevenir este problema (Foto 7).

Foto 6: Planta de soja arrancada com os nódulos apegados. (Foto: CABI)

Foto 7: Amendoím na fase reprodutiva. (Foto: Ken Giller)

Benefícios dos sistemas agroflorestaisUmamaneirademelhoraranutriçãovegetaléintegrarárvoresearbustos(sistemaagroflorestal)nocampodecultivo.Aplantaçãodeárvoresearbustosporentreasculturasanuaistambémtrazbenefíciosemtermosdeconservaçãodosoloedaágua.

Práticasagroflorestaisapropriadasparaosistemadecultivodamapiraedamexoeiraincluem:

• Cultivodeculturasleguminosas,taiscomoofeijão-boer(Cajanus cajan) e o feijão-cutelinho (Dolichos) em faixas (cultura em faixas) ao redor do campo de cultivo ou mesmo entre a culturadamapira.Alocalizaçãodestasfaixaspodeseralteradaacadanovaépocadecampanha agrícola. O agricultor deverá tomar precauções para que estes arbustos não ensombremaculturaprincipal.Autilizaçãodestesarbustossãomaisindicadasparaáreascom mais pluviosidade anual, ou seja, entre 800 e 900 mm por ano.

• Instalação de árvores leguminosas perenes: • Faidherbia albida • Acacia species • Parkia biglobosa • Moringa (embora esta não seja uma leguminosa)

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Alémdeumamelhorianaconservaçãodosoloedaágua,osistemaagroflorestaltrazoutrosbenefícios tais como:

• Melhoraaeficiênciadopousio,ouseja,asárvoresearbustosfixadoresdeNfornecem“mulch”rico em N.

• Fornecem forragem para a alimentação animal, cujos excrementos e urina são depois devolvidos ao solo.

• Funcionam como barreira quebra-vento ajudando no controlo da erosão do solo e na prevenção da acama da cultura.

• Asraízesprofundasdasárvoresearbustostornamosolomaisestávelajudandoapreveniraerosão em encostas de maior declive.

• Funcionam como uma cerca viva ajudando a proteger a cultura dos animais de pastoreio.

• Fornecem lenha, fruta, folhas para consumo como vegetais hortícolas e grão para uso do agregado doméstico e/ou para venda.

Controlo das plantas infestantesOcontrolodasplantasinfestanteséessencialparaasculturasdamapiraemexoeiraafimdeseobteremaltosrendimentos.Apósaemergênciadasplântulas,aprimeirafasedecrescimentoda mapira e da mexoeira é muito lenta; as plantas infestantes deverão ser controladas especialmentenestafasejuvenildasculturas,deformaareduziracompetição.

O momento da execução da sacha deverá depender do tipo e abundância de plantas infestantes.Aprimeirasachapoderáocorrerna2ªsemanaapóssementeiraeasegundasachapoderáocorrerentrea5ªea6ªsemanasapósasementeira.

A sacha é mais fácil de executar se a sementeira tiver sido feita em linha.

Em solos pouco profundos, é recomendável adicionar mais terra às plantas cobrindo melhor os pés da cultura (ou seja, formando linhas de amontoa) para promover o desenvolvimento radicular–deformaaqueasplantastenhammaiscapacidadedeabsorvernutrienteseáguaesefixembemaosolo.Asplantassãogeralmentesemeadasemsoloplano,eaamontoapoderáser feita na altura da última sacha de forma a simultaneamente enterrar as plantas infestantes econservarhumidadeàvoltadaraizdacultura.Duranteaamontoa,asplantasinfestantesdeverão ser cobertas com solo para fomentar a sua decomposição.

No caso das culturas leguminosas, ou de consociações leguminosas-cereais, a frequência da sacha vai depender da leguminosa cultivada. Por exemplo, variedades prostradas de feijão-nhemba cobrem o solo e impedem o crescimento de plantas infestantes.

UmgrandeproblemadeinfestaçãonossistemasdamapiraemexoeiraéapresençaabundantedaplantaparasitaStriga.TantoaStriga hermonthica como a Striga gesneroides estão presentes, a primeira atacando os cereais e a segunda as leguminosas.

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Medidas de controlo da Striga incluem:

• OpteporvariedadestolerantesàStriga.Nocasodeincerteza,consulteosfornecedoresdesemente locais.

• ArranqueasplantasdeStrigaantesqueestasentrememfloração.

• Faça o cultivo de culturas leguminosas e algodão em rotação com a mapira e mexoeira, ou o cultivo consociado com leguminosas. As culturas leguminosas e o algodão estimulam a germinação das sementes da Striga, contudo as plantas de Striga não poderão anexar-se às raízesdestasculturasnão-hospedeiras(culturasarmadilha).Doisanosdecultivocontínuodeplantasnão-hospedeiraspoderáreduzirdrasticamenteobancodesementesdeStrigaemcampos muito infestados.

• Transplantação:atransplantaçãodeplântulasdamapiraevitaapresençadoquímicolibertadopelas sementes da mapira durante a germinação, responsável pelo estímulo à germinação das sementes de Striga.

• Mergulho das sementes em herbicidas muito bem seleccionados que não são perniciosos às sementes da mapira. Aconselhe-se junto dum especialista no sentido de assegurar a selecção dum herbicida seguro.

• UtilizaçãodeherbicidasquecontrolamaStriga(plantaparasitadefolhalarga)especialmenteútil no caso da monocultura da mapira e da mexoeira. Contudo, quando outras culturas de folha larga estiverem presentes, tais como as leguminosas, os herbicidas que controlam a Strigapodemtambémafectarestasculturas.Maisumavez,aconselhamentoespecializadodeverá ser procurado no sentido de assegurar a selecção de um herbicida seguro.

• Melhore a fertilidade do solo: o impacto da Striga na cultura é menor em solos férteis. Isto tem a ver com o ensombramento das plantas de Striga pelas plantas da mapira e de mexoeira que sendomaisvigorosas,irãoterumgrandeafilhamento(lançamentodecaulesmúltiplos)eumadensidade populacional elevada. As plantas de Striga acabam por morrer pois não conseguem competir com as plantas de cereal mais vigorosas e mais altas.

Colheita e armazenamentoA colheita mecânica da mapira e da mexoeira não é comum nos sistemas de cultivo Africanos. Quasetodososagricultoresutilizamascatanasnacolheitadestescereais.

Nacolheitaearmazenamentodamapiraedamexoeira:

• A colheita deverá ser feita quando as panículas estiverem secas.

• Corteasplantaspoucoacimadosolo,deixandoasraízesecercade5a7cmdocauleintactos.Asraízeseporçãodocauledeixadosaosoloajudarãoacontrolaraerosão.

• Durante o corte das plantas na colheita, não permita que as panículas toquem no solo. Isto é paraprevenirqueaspanículasfiquemcontaminadascompequenassementesdeStrigaquepossam estar presentes. Isto é particularmente importante se parte do grão for guardado para semente para a campanha agrícola seguinte.

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• As panículas colhidas devem ser secas em superfícies limpas e pavimentadas ou em lonas para prevenir a contaminação com areia, pedras e sementes de plantas infestantes. Esta área de secagem deve ser protegida de forma a ser mantida limpa, por exemplo, impedindo que os animais domésticos urinem e defequem nas panículas. Sob sol quente, a secagem pode dar-se em quatro dias. Com base na experiência, os agricultores conseguem determinar se o grão já estásecoeprontoaarmazenaratravésdatécnicada“dentada”–ogrãosecoestalaquandoapertado entre os dentes.

• Dependendo das práticas da família, os grãos podem ser debulhados e limpos antes do armazenamentoemsacosoupodemserdirectamentearmazenadosaindanaspanículas,antesda debulha, também em sacos.

• Apráticamaisdominanteéoarmazenamentodogrãonaspanículas,especialmentequandoa produção é orientada para o consumo doméstico. Esta estratégia aparenta ter algumas vantagens:

•Redução dos ataques de pragas ao grão

• Racionamento do uso do grão colhido devido ao tempo que leva a debulhar antes da cozedura,menosgrãoéusadoporrefeição.

Se parte do grão for guardado para uso como semente:

• As panículas maiores da variedade desejada, totalmente livres de sintomas de pragas ou doenças, devem ser seleccionadas.

• As panículas da mapira e mexoeira devem ser cuidadosamente secas ao sol.

• Aspanículasseleccionadaspodemserpenduradasemcimadalareiranacozinhaounoutrocompartimento, o fumo ajudará a secar o grão e a manter o grão livre de pragas.

Nacolheitaearmazenamentodofeijão-nhemba:

• Variedades de crescimento indeterminado de feijão-nhemba têm um período alargado de colheita.

• Sepossível,devedeixar-seficarapalhanocampodecultivo,quepoderáservirdecoberturavegetal morta ou “mulch” ou poderá ser incorporado durante a colheita. Alternativamente, a palha pode ser retirada do campo e usada como forragem animal, devendo depois o estrume animal ser devolvido ao campo.

• Grãoscomgrandeteordehumidadenãotêmgrandecapacidadedearmazenamento.Osgrãosdevemserbemsecosearmazenadosemsacosduplosehermeticamentefechados(sacodedentrofeitodepolietileno)ouemsacosPICS.OsacoPICSfoiespecificamentedesenvolvidoparaoarmazenamentodegrão.Estessacoshermeticamentefechadosprevinemdanoscausadospelogorgulhodogrão(verQuadro6,embaixo).

• Ascinzasdaqueimademadeirapodemsertambémutilizadasnocontrolodosinsectos.Acinzaépassadanumcrivopararemoveraspartículasmaislargasedepoismisturadacomofeijão-nhemba em partes iguais.

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Quadro 6: PICS - Sacos Purdue para o armazenamento melhorado do feijão-nhembaOPICSéumsacoplásticodetrêscamadasquepodeserusadonoarmazenamentoherméticodegrão.Umsacodepolietilenoécolocadodentrodeoutrosacodepolietileno,eestesdoissacos são depois colocados noutro saco feito a base de uma malha de polipropileno. O grão é colocadonosacomaisinterior,sendoestesacofirmementeatado,segue-seosegundosacoqueétambémfirmementeatadoefinalmenteosacoexterior,igualmente,firmementeatado.Ossacosdedentroreduzemomovimentodearatravésdassuasparedes.Seogrãoestiverinfectadoantesdoarmazenamento,osinsectosbrevementemorrerãodevidoàausênciadeoxigénio. Os insectos não conseguem entrar nos sacos. A maior vantagem no uso destes sacos PICSéquenãoéprecisotratarogrãocominsecticidaantesdoarmazenamento.

De forma a prevenir a transmissão de pragas e doenças da colheita anterior, as estruturas dearmazenamento,ouseja,osceleiros,devemserlimpasedesinfectadasantesdoarmazenamentodanovacolheita.Seoarmazenamentoforfeitoemsacosusadosanteriormente para o mesmo efeito, também estes precisam ser desinfectados (ver em baixo) antesdeseremreutilizados.

Umatécnicadedesinfecçãoparapequenasquantidadesdegrãoesacosusadosantesdoarmazenamentodanovacolheitaconsistenasolarização.Paraexecutarasolarização:

• Espalhe os grãos secos ou sacos usados por cima de sacos pretos de polietileno no chão. Osgrãosdevemserespalhadosrasamente(2-3cmprofundidade)–deformaideal,numasócamada.

• Cubra com um plástico de polietileno transparente bem preso com pedras ou outros objectos pesados para impedir que voe com o vento. Nota: Enquanto se acumular humidade por baixo do saco transparente o grão não vai estar suficientementesecoparaserarmazenado,peloqueoprocessodesecagemdeverácontinuar.

• Ogrão(ouossacosusados)devemdeixar-seficaraosolpelomenos5horas.Ogrãopoderáser depois colocado em recipientes livres de insectos. O grão deve ser deixado a arrefecer antesdoarmazenamento.

Os sacos de polietileno preto absorvem o calor do sol enquanto que o saco transparente funciona como uma estufa, retendo o calor. Desta forma temperaturas acima dos 50 °C podem ser atingidas entre asduas camadas de plástico. O calor mata os ovos, as larvas, as pupas e os insectos adultos, e mata também a maior parte dos agentes patogénicos que se encontrem no grão e nos sacos usados.

Aviso: o grão a ser guardado para semente não deve ser seco/desinfectado através da solarização.Existeumriscomuitograndedeperdadeviabilidadedevidoàsaltastemperaturas.

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Gestão de resíduos das culturas

• Mapira/mexoeira–apósacolheita,apalhadeveráserespalhadarasamentenochãoebemseca ao sol de forma a matar as brocas do caule.

• Os resíduos das culturas podem ser usados como forragem: de forma ideal, o estrume animal deverá ser devolvido ao campo de cultivo.

• A palha do cereal poderá ser usada como cama nos currais.

• Porvezesapalhadocerealpoderáserusadacomomaterialdeconstrução–porexemploparafazercurraisougalinheiros(Foto8).

• Os resíduos das culturas podem também ser deixados no solo como uma cobertura vegetal morta “mulch” e fonte de matéria orgânica.

Foto 8: Armazenamento e usos da palha da mapira. (A)Palhaarmazenadaparautilizaçãofutura(Foto:CABI)(B)Palhautilizadaparafazerumgalinheiro(Foto:CABI).

BA

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Aspectos chave• Antesdedecidirsedeveaplicarfertilizanteàmapiraouàmeixoeira,ordedecidirsedevefazermicrodosagemouaplicaraquantidadetotaldefertilizanteàtaxarecomendadadeformaaassegurarocultivosustentávelnolongo-prazo,osagricultoresdeverãoserajudadosacalcularseoinvestimentotempossibilidadesderetorno.Istoimplicadeduzirocustodofertilizante(recursodeprodução)dovalordorendimentoantecipadopelousodofertilizante.Paravalerapena,oaumentoderendimentodeverávalerpelomenosodobrodocustodosfertilizantes(recursosdeprodução).

• Apliqueotipodefertilizantecerto,àtaxadeaplicaçãocerta,naalturacerta,nosítiocerto,segundo os princípios de MIFS.

• Na microdosagem da meixoeira (densidade de sementeira de 10.000 amontoados por hectare) aplique 6 g NPK15-15-15, ou 2 g DAP ou 5g SSP por amontoado na altura da sementeira

• Na microdosagem da mapira (densidade de sementeira de 40.000 amontoados por hectare) aplique 1.5 g NPK 15-15-15, 0.5 g DAP ou 1.25 g SSP por amontoado na altura da sementeira

• Seoagricultorcultivarambasasculturas,masfizeramicrodosagemapenascomoP,nãopodendoadicionarfertilizanteaambasasculturas,éprovávelquesejamaisrentávelaplicar o P disponível à meixoeira.

• Afimdefazeraaplicaçãodasquantidadestotaisdefertilizanteàtaxarecomendada,deformaaassegurarocultivosustentávelalongoprazo:• Apliquefertilizantesmineraisemateriaisorgânicosàsementeiraefaçaumaadubaçãode

cobertura no período imediatamente antes da iniciação da panícula.• Apliqueestrumeàtaxade5toneladasporhectareacada2anos.Usecorrectivosdosolocomoocalcárioearochafosfatadaseaacidezelevadaforumproblemaegessoemsolos alcalinos.

• Apliqueofertilizanteemfaixasoufaçaumaaplicaçãolocalizadajuntoaospésdasplantas,emvezdaaplicaçãoalanço,deformaaaumentaraeficiêncianaaplicaçãodefertilizante.

• Aplique um máximo de 60 kg de N e 20 kg de P por hectare ao sorgo e um máximo de 40 kg de N e 20 kg de P por hectare à mexoeira.

• Seoagricultorcultivarambasasculturas,namaioriadasvezesvaifazermaissentidoaaplicaçãodosfertilizantesNePàmapiraemvezdeàmexoeira(diferentedoqueocorrecom a microdosagem).

• Sepossível,devolvaaspalhaaocampodecultivoparaminoraraperdadenutrientes–pelo menos metade do N e do P e a maior parte do K absorvidos pelas plantas encontram-se retidos na palha.

• Crieumsistemaagroflorestal(incluaárvoresearbustos)noscamposdecultivodeformaamelhorar a conservação do solo e da água.

• Execute a monda de plantas infestantes (sacha) especialmente no período juvenil das culturas.Aprimeirasachapoderáserà2ªsemanaapóssementeira,easegundasacha

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• entrea5ªe6ªsemanasapóssementeira.• Faça a colheita quando as panículas secam. Corte as plantas entre 5 e 7 cm do solo, não

deixe as panículas tocar no solo, seque as panículas ao sol e sobre superfícies limpas, faça adebulhaearmazeneogrãoouarmazeneaspanículasantesdadebulha.

• Se pretender guardar semente, seleccione panículas grandes e sem sintomas de qualquer doença,seque-asearmazene.

• No caso das culturas leguminosas, faça a colheita quando as vagens estiverem secas, continueasecagemaosol,façaadebulhaearmazeneogrão.

• Façaaumaboasecagemdogrãodocerealedaleguminosaantesdoarmazenamentodeformaacontrolaraspragasdeinsectos.Osgrãosdaleguminosapodemserarmazenadosem recipientes herméticos.

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5. O que pode correr mal?

Pragas e doençasSe não forem vigiadas e controladas, as pragas e doenças podem causar grandes perdas de rendimentos.

PragasAs principais pragas que causam danos na mapira, mexoeira e culturas leguminosas de consociação,anteseapósoarmazenamento,estãodescritasnasTabelas11e12.Osinsectospodem ser controlados através de boas práticas de maneio integrado. No caso de uso de produtosquímicos,oagricultordeverámanusearosmesmoscomcuidado(verTabeladeReferência3quedescreveasdirectrizesgeraissobreautilizaçãoseguradeprodutosquímicosnaagricultura,nofinaldesteguiadecultivo).Algumasdaspragasdeinsectosmaisimportantesestão expostas nas Fotos 9 e 10. Tabela 11: Exemplo de pragas que causam danos na mapira e na mexoeira e suas medidas preventivas e de controloPraga Sintomas e danos Medidas de prevenção e controloBroca do colmo

•As larvas constroem túneis ao longo dos caules à medida que se alimentam; causam a quebra do caule (o caule dobra-se sobre si mesmo) e as plantas tombam, má formação do grão e danos directos nas espigas da mapira (panícula).

• Incorporação da palha no acto da lavoura de forma a prevenir que a palha (deixada à superfície) seja um veículo de contaminação com insectos da campanha anterior.

•Arranque das plantas da mapira e mexoeira que aparecem espontaneamente no período entre campanhas agrícolas.

•Faça a sementeira durante os períodos em que a praga de insectos esteja menos activa.

•Utilizevariedadesdecicloprecoce.• Apliqueumpesticidaquando10%oumaisdas

plantas estejam atacadas. Mosca do rebento da mapira

•As larvas alimentam-se no tecido em crescimento do rebento apical da plântula.

•O rebento apical poderá morrer, do que resultará um grande afilhamento.Oscolmosresultantesdoafilhamentopoderãotambémser atacados.

• Façaasementeiranoiníciodaschuvasemvezde esperar para mais tarde.

•Procure criar uma densidade populacional de plantas elevada.

•Efectue a transplantação de plântulas de viveiro emvezdasementeiradirectanocampo.

•Forneça boa nutrição vegetal às plantas de viveiro, de forma que as plântulas se desenvolvam vigorosamente e em boas condições sanitárias, com maior capacidade de resistir ao ataque desta praga.

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Cigarrinhas (ou “cuspe-do-cuco”).

• Espumabrancanasfolhas–Cigarrinhas (ou insectos “cuspe-do-cuco”) jovens, usam a espuma como uma protecção.

•Manchas amarelas nas folhas.•No caso de ataque severo, as

folhas das plantas jovens morrem.

•Quasesempreasplantasinfestadasrecuperamtotalmente e os inimigos naturais desta praga controlam naturalmente a infestação ao ponto de não ser necessário intervir.

• Façaasementeiranoiníciodaschuvasemvezde esperar para mais tarde.

•Faça a sementeira em viveiro. As plântulas de viveiro estão mais protegidas dos períodos de seca. Além disso, as plântulas transplantadas são menos susceptíveis aos danos causados por insectos.

Gorgulho •Alimenta-se do grão. •Faça a secagem do grão numa superfície limpa, livre de insectos.

•Faça uma boa secagem do grão antes doarmazenamento.Façaoteste:grãossuficientementesecosestalamquandoapertadosentre os dentes.

• Armazeneogrãoemrecipientesherméticos.• Armazeneogrãoemarmazénslivresdeinsectos.

Escaravelho da farinha

•Alimenta-se da farinha e deposita ovos na farinha.

•Os ovos não são fáceis de detectar mas os adultos poderão ser vistosnaprópriafarinhaounasimediações.

•Faça a debulha do grão numa superfície limpa, livre de insectos.

•Certifique-sequeomoinhoestálivredeinsectosantesdemoerogrãoafimdeevitarcontaminação da farinha.

Traçadogrão •Não gera sintomas visíveis pois as larvas alimentam-se no interior dos grãos.

•Faça a secagem do grão numa superfície limpa, livre de insectos.

•Faça uma boa secagem do grão antes do armazenamento.

• Armazeneogrãoemrecipientesherméticos.

Pássaros •Comemosgrãosnoprópriocampo.

• Façaacolheitalogoqueogrãoestejamaduro–nãodeixeficarnocampoasplantascomgrãojáamadurecido.

• Assusteospássarosusandofitasreflectoras,latas barulhentas e outros métodos.

•Misture variedades de panícula erectas com variedadesdepanículapendente.Quandoos pássaros tentam pousar nas panículas pendentes, perdem o equilíbrio e voam para longe, assustando também os pássaros que pousaram nas panículas erectas.

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Tabela 12: Exemplos de pragas que causam danos às culturas leguminosas.Praga Sintomas e danos Medidas de prevenção e controloTripes •Folhas com um formato anormal;

quedadasflores.•Praga com consequências sérias duranteafloração,masnãoapósaformação da vagem.

•Faça o cultivo consociado com culturas não-leguminosas, por exemplo, com a mapira.

• Façaasementeiranoiníciodaschuvasemvezde esperar para mais tarde.

• Façapulverizaçõescominsecticida,por exemplo, os insecticidas à base de Cipermetrina, Dimetoato, quando a infestação é severa.

Afídeos •Encontrados na parte inferior das folhas e nos colmos; as folhas das plantas leguminosas enrolam-se, as plantas sofrem de crescimento atrofiadoepodemmesmomorrer.

•O melaço dos afídeos encoraja o crescimento de fungos, além disso os afídeos podem ser vectores transmissores de vírus.

•Os ataques por afídeos são mais sérios durante os períodos de seca.

•Faça a sementeira no início das chuvas.• Façapulverizaçõescominsecticida(por

exemplo o Pirimicarbe) quando a infestação é severa e a cultura é jovem, ainda no estádio de formação de folhas.

Traça-das-vagens

• Asfloresmurchamecaem,danosnas vagens e nos grãos.

• Formamteiasquejuntamasflores,as vagens e as folhas.

•Faça a sementeira no início das chuvas.•Faça o cultivo consociado com culturas não-

leguminosas. • Façapulverizaçõescominsecticida,por

exemplo, a Cipermetrina, quando a infestação é severa.

Escaravelhos •Os adultos causam danos às folhas, as larvas causam danos àsraízes.Nocampoobservam-se áreas de plantas amareladas ecomcrescimentoatrofiado;plantas atacadas podem secar ou produzirvagensvazias.

• Façaalavouradosoloapóscolheitadeformaaexpôr os escaravelhos ao sol.

•Faça uma rotação de culturas leguminosas com culturas não leguminosas.

Percevejo castanho

•Depressões nas vagens e na casca das sementes.

•As sementes apodrecem ou murcham.

•Faça o cultivo consociado de leguminosas com culturas não-leguminosas, por exemplo, o milho.

• Façapulverizaçõescominsecticida,porexemplo, a Cipermetrina, quando a infestação é severa.

Gorgulho (Bruchideos)

•Furos nos grãos. • Armazeneosgrãosemrecipienteslimpos,eherméticos, por exemplo, em sacos PICS (ver a descriçãodosPICSnoQuadro6,nasecçãodeColheitaeArmazenamento)

• Envolvaassementesemóleoalimentar,cinzase insecticidas tais como o Pirimifos-metil + Permetrina +Fenitrotião+ Fenvalerate.

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DoençasNa mapira, as doenças fúngicas que atacam as folhas incluem a Cercosporiose ou “mancha cinzentadafolha”,aferrugem,aHelmintosporioseou“crestamentodasfolhas”eaantracnose.OPhytiumcausaadoençada“podridãodaraiz”.Namexoeiraaprincipaldoençaéomíldio(Tabela13).Nasculturasleguminosas,asdoençasincluemapodridãocinzentadocaule,adoençadomosaicotransmitido pelos afídeos, a ferrugem e o míldio no feijão-nhemba, e o vírus da roseta e as doenças damanchapretaecastanhanoamendoím(Tabela14).Ver Fotos 11 e 12 com exemplos destas importantes doenças.

Tabela 13: Exemplos das doenças mais importantes na mapira e na mexoeira.Cultura Doença Sintomas e danos Medidas de prevenção e controloMapira Mancha

cinzentadafolha

•Pequenas pontuações aumentam até formar manchas de 5-15mm de comprimento e 2-5mm de largura.

•As lesões têm margens vermelho-escuro com um centro castanho-claro.

•As manchas podem ter uma coberturacinzenta.

• Utilizevariedades• resistentes/tolerantes, sempre que

possível.

Ferrugem •Pequenas pontuações levemente empoladasecobertascomumpóvermelho-acastanhado, encontradas nas folhas e nas bainhas.

•Mais frequentemente encontrada na página superior da folha mas também na inferior.

•Utilizevariedades• resistentes/tolerantes sempre que

possível. •Faça a sementeira no início das

chuvas.•Destrua plantas infectadas•Usesementedeumacolheitaque

não tenha sido afectada por ferrugem.

Mancha zonada

•Manchas nas folhas, de cor vermelho-acastanhadas,porvezescircundadaspor um halo verde.

•As manchas aumentam de tamanho e alongam-se paralelamente às nervuras da folha.

•Manchas pequenas têm um centro castanho-claro circundadas por uma borda avermelhada; manchas grandes são semi-circulares contendo bandas castanho-escuro e bandas castanho-claro.

•Sementes infectadas podem ser vermelho-acastanhadas.

•Faça a rotação da mapira com culturas não-cerealíferas, tais como as culturas leguminosas.

Crestamento das folhas (Mancha castanha das folhas)

•Manchas alongadas com margens castanho-escuro e centros castanho-claro.

•Sob condições húmidas estas lesões adquiremumacoberturacinzenta.

•Utilizevariedadesresistentes.•Faça cultivo consociado com

culturas leguminosas.

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Antracnose •Pequenas manchas redondas, com centros castanho claros que se vão alargando.

•Pontuações pretas podem aparecer no centro da mancha.

•Utilizevariedadesresistentes.•Se a cultura tiver sido infectada,

remova os resíduos do campo, imediatamenteapósacolheita.

•Estes resíduos podem ser usados na alimentação animal, longe dos campos de cultivo.

Carvão-da- panícula

•Vesículas grandes, castanho-escuro (crescimento anormal) emergem em vezdosgrãos.

•As vesículas são recobertas por uma membrana branca que rebenta libertandoumpópreto.

• Asplantasficaminfectadasnoestádio de plântula mas os sintomas sóaparecemquandoaspanículasemergem.

•Pode afectar toda a panícula ou apenas parte desta.

•Utilizevariedadesresistentessedisponíveis.

Mexoeira Míldio •Micélio branco aparece na página inferior da folha; folhas tornam-se amarelas ou brancas; a descoloração da folha pode ser total ou pode ser às estrias.

•Utilizesementedeumacolheitaquenão tenha sido infectada com esta doença.

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Tabela 14: Exemplos das doenças mais importantes nas culturas leguminosas.Cultura Doença Sintomas e danos Medidas de prevenção e controloFeijão-nhemba

Podridão cinzentado caule

•Nas plântulas, aparecem manchas escurecidas; morte da planta. Em plântulas um pouco mais velhas, amarelecimento das folhas, morte das plantas. Em plantas adultas amadurecidas,pópretonocaule,vagens e sementes.

•Utilizesementedeumacolheitaquenão tenha sido afectada.

•Remova as plantas infectadas e queime-as.

•Faça uma rotação de culturas do feijão-nhemba com culturas não leguminosas.

•Utilizevariedadesresistentes.Mosaico do feijoeiro

•Mosaico verde/pálido ou amarelados e verde-escuros nas folhas; folhas enrugadas e vagens pequenas.

•Utilizesementedeumacolheitaquenão tenha sido afectada.

•Utilizevariedadesresistentes.•Faça a sementeira no início das chuvasemvezdeesperarparamaistarde.

•Remover plantas infectadas.Ferrugem •Pequenas manchas amarelas

levemente empoladas na página superior e inferior da folha, nos pecíolos e vagens, estas manchas vãoalargandoeficandocobertasporumpócastanho-avermelhado;asfolhas amareladas vão morrendo.

•Faça cultivo consociado com culturas não-leguminosas.

Míldio •Manchas brancas espalhadas que se vãotornandocinzentas.

•Ataca a parte aérea da planta no seu todo.

•As folhas podem morrer e cair.

•Utilizevariedadesresistentessedisponíveis.

Amendoím vírus da roseta

•Crescimentoatrofiado,asfolhasproduzidasvãosendocasavezmaispequenas, amarelo-pálido e muitas vezesenrugadas.

•Faça a sementeira quanto cedo. •Remova plantas infectadas ou

plantas espontâneas que aparecem entre campanhas agrícolas.

•Faça o controlo da população dos afídeos que são os agentes transmissores do vírus causador da doença.

Mancha castanha e Mancha preta

•Na doença da “mancha castanha”, manchas castanho-escuro com halos amarelados aparecem na página superior da folha; na página inferior as manchas são apenas acastanhadas.

•Nas fases mais tardias da doença aparecem manchas pretas na página inferior da folha.

•Faça cultivo consociado ou em rotação com uma cultura não-leguminosa.

•Utilizevariedadesresistentessedisponíveis.

•Remova plantas de amendoím de crescimento espontâneo entre campanhas agrícolas.

• Pulverizecomfungicidas,porexemplo,omancozebe,oclorotalonilouocarbendazim.

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Aviso:Nocasodautilizaçãodeprodutosquímicosnocontrolodepragasedoenças,oagricultordeveráseguirasdirectrizesfornecidaspelofabricantedoprodutoemrelaçãoaumautilizaçãosegura.VerTabeladeReferência3paradirectrizesgeraisdeutilizaçãosegura.

Foto 9: Pragas da mapira e da meixoeira: Ataque de broca do colmo no milho (Foto: CABI) Cigarrinha “cuspe-de-cuco” (B) (Foto: CABI).

A B

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D

B

G

E

C

A

F

Foto 10: Pragas das culturas leguminosas: (A) Percevejo no “feijão-nhemba” (Foto:CABI) (B) Percevejo Castanho Galhudo (Foto: CABI) (C) Percevejo Fedorento (Foto: CABI) (D) Gafanhoto no feijão-nhemba) Foto (CABI) (E) Vagens de feijão-nhemba perfuradas (Foto: CABI) (F) Sementes de feijão-nhembadanificadas(G)Sementeboa(Foto:CABI).

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A

B

Foto 12: doenças das culturas leguminosas (A) Vagem de feijão-nhemba com micélio (Foto: CABI) (B) Mancha Castanha no amendoím (Foto: CABI)

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6. Análise económica dos sistema de cultivo mapira/mexoeira-leguminosas

Comocalcularseautilizaçãodefertilizanteéfinanceiramenteviável.

Exemplo 1

Noexemplo3dasecçãodirigidaàstaxasdeaplicaçãodefertilizantes,2sacosdeDAPe2sacos de ureia por hectare foram sugeridos para a mapira de forma a obter um rendimento de 2000 kg de grão e 4000 kg de palha por hectare.

O rendimento teria sido de apenas 600 kg de grão e 1100 kg de palha por hectare se nenhum fertilizantetivessesidoadicionado.Masqualobenefíciofinanceiroassociadoautilizaçãodefertilizantenesteexemplo?

Embaixoapresentamosumexemplodecomocalcularobenefíciofinanceirousandoestimativasdopreçodogrão,palhaefertilizantes.Semprequeosprofissionaisdeextensãorural e os agricultores repetirem estes cálculos deverão ajustar estes valores aos valores locais.

Semfertilizante:

Valor dos grãos: 600 kg a $0.30 por kg = $180

Valor da palha: 1100 kg a $0.01 por kg = $11

Valor total da mapira colhido por hectare = $191

Comfertilizante:

Valor do grão: 2000 kg a $0.30 por kg = $600

Valor da palha: 4000 kg a $0.01 por kg = $40

Valor total da mapira colhida por hectare = $640

Custodofertilizante:

2 sacos de DAP a $30 cada = $60

2 sacos de ureia a $30 cada = $60

Custo total do fertilizante por hectare = $120

Paracalcularseautilizaçãodefertilizantetrouxelucros:

(Valortotaldamapiracomfertilizante–valortotaldamapirasemfertilizante)–custototaldofertilizante)=($640-$191)-$120)=$449-$120=$329porhectare.

Portanto,nestecasooagricultorrecuperouos$120investidosemfertilizanteetiroumais$329porhectareusandofertilizante.

Tambémpodevalerapenasaberquantodinheiroéfeitoapartirdecadadólarinvestido-istopode ser feito através do cálculo da relação valor-custo (RVC). Para um investimento valer a penafinanceiramente,umaRVCdepelomenos2énecessária;umaRVCde1representariauma situação no limiar da rentabilidade e qualquer valor inferior a 1 representaria uma perda de investimento.

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RVC =

Valortotaldosorgocomfertilizante-Valortotaldosorgosemfertilizante

custototaldofertilizante

=($640–$191)/$120=$329/$120=2.74

Istoquerdizerqueporcada$1investidoemfertilizanteoagricultorobteveumretornode$2.74. A RVC é maior que 2. Portanto, neste caso o investimento em 2 sacos de DAP e 2 sacos deureianaculturadamapirafezmuitosentidofinanceiramente.

Exemplo 2

Quebenefíciostrariaaaplicaçãode5sacosdeNPK(17:17:17)numhectaredemexoeira,talcomoésugeridonoexemplo2nasecçãodastaxasdeaplicaçãodefertilizante?

Assumindoqueorendimentoemgrãoaumentade350kgporhectaresemfertilizantepara850kgporhectarecomfertilizante,orendimentoempalhaaumentade1000para2000kgporhectare e os preços são de $0.30 por kg de grão, $0.01 por kg de palha e $30 por 50kg saco defertilizante.

Semfertilizante:

Valor do grão: 350 kg a $0.30 por kg = $105

Valor da palha: 1000 kg a $0.01 por kg = $10

Valor total da mexoeira colhido por hectare = $115

Comfertilizante:

Valor do grão: 850 kg a $0.30 por kg =$255

Valor da palha: 2000 kg a $0.01 por kg = $20

Valor total da mexoeira colhido por hectare = $275

Custodofertilizante:

5 sacos de NPK (17:17:17) a $30 cada = $150

Paracalcularseautilizaçãodefertilizantetrouxelucros:

(Valortotaldamapiracomfertilizante–valortotaldamapirasemfertilizante)–custototaldofertilizante)=($275-$115)-$150)=$10

Portanto,oagricultorrecuperouos$150investidosemfertilizante,masfezapenasmais$10porhectarepelousodefertilizante.Nestecaso,oinvestimentoemfertilizantenãoseriafinanceiramenteatractivoparaosagricultores.

RVC =

Valortotaldosorgocomfertilizante-Valortotaldosorgosemfertilizante

custototaldofertilizante

=($275–$115)/$150=$160/$150=1.07

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Istoquerdizerquecada$1investidoemfertilizanteresultounumrendimentoadicionalde$0.07. Neste caso, seria provável que o agricultor preferisse investir o seu dinheiro noutros recursos ou noutras iniciativas.

Osbenefíciosdaaplicaçãodefertilizantepodemsermelhoradosseoagricultorfizerusodetodas as boas práticas discutidas nas secções anteriores deste guia de cultivo. Exemplo destas boas práticas são o uso de semente com bom potencial de rendimento e com capacidade de resistência a doenças, o uso de estrumes animais e materiais de compostagem, a pré-embebiçãodasementenavésperadesementeiraeousodamicrodosagem(verQuadro4parmaisinformaçõessobremicrodosagem)afimdeaumentaraeficiêncianousodefertilizanteseainda,ocontrolodeplantasinfestantesparareduziracompetiçãopelosnutrientes.

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7. Tabelas de referênciaTabela de Referência 1. Teoremnutrienteseemáguadosestrumeseoutrosresíduosorgãnicosfácilmente encontrados na África Subsariana.

N P K Ca Teoremágua

Material kg/t material %

Fezeshumanas 10 2 3

Fezesgadobovino 3 1 1

Fezesdesuínos 5 2 4

Estrume de gado fresco 4–6 1–2 4–6 2–4 60

Estrume de gado compostado 15 12 21 20 35

Estrume (Farmyard manure) 10 8 12 8 50

Estrume caprino 8 7 15 8 50

Estrume ovino 10 7 15 17 80

Estrume súino 7–10 2–3 5–7 12 80

Estrume de galinha 14–16 2.5–8 7–8 23 55

Compostagem doméstica 6 2 23 11 40

Chorume(Sewagesludge) 16 8 2 16 50

Bagaço da cana-de-açúcar 3 2 0.6 5 75–80

Bagaço de ricínus (Castor bean cake)

45 7 11 18 10

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Tabela de Referência 2. Factores de conversão de nutrientes.

A partir de Multiplique por Para obter/ A partir de

Multiplique por Para obter

NO3 0.226 N 4.426 NO3

NH3 0.823 N 1.216 NH3

NH4 0.777 N 1.288 NH4

P2O5 0.436 P 2.292 P2O5

K2O 0.83 K 1.205 K2O

SO2 0.500 S 1.998 SO2

SO4 0.334 S 2.996 SO4

SiO2 0.468 Si 2.139 SiO2

MgO 0.603 Mg 1.658 MgO

CaO 0.715 Ca 1.399 CaO

CaCO3 0.560 CaO 1.785 CaCO3

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Africa Soil Health Consortium – melhorando a fertilidade do solo, melhorando a produção de alimentos, melhorando os meios de subsistência. OASHCtrabalhacominiciativasnaÁfricaSubsarianaafimdeaumentaraadopçãode práticas de maneio integrado de fertilidade do solo (MIFS). O modo operativo do ASHC consiste no apoio ao desenvolvimento de materiais de extensão rural com informação acessível sobre os princípios e práticas de MIFS.O ASHC opera através de equipas multidisciplinares que incluem especialistas em ciência do solo e em sistemas de cultivo, especialistas em comunicação, escritores eeditorestécnicos,economistas,especialistasemmonitorizaçãoeavaliaçãoderesultadosdecampanhaeespecialistasemquestõesantropológicasdegénero.Estaabordagem tem permitido ao ASHC facultar a produção de recursos materiais de extensão rural muito práticos e inovadores. O ASHC define MIFS como: um conjunto de práticas de maneio da fertilidade do solo,queincluemobrigatoriamenteautilizaçãodefertilizantes,aadiçãodemateriaisorgânicoseautilizaçãodegermoplasmamelhorado,combinadascomoconhecimentodecomoadaptarestaspráticasàscondiçõeslocais,afimdeoptimizaraeficiênciaagronómicadosnutrientesaplicadosemelhoraraprodutividadedasculturas.Todososrecursosdeproduçãodeverãoserfundamentadosemprincípiosagronómicoseeconómicossólidos.

A série de Guias de Cultivo em Maneio Integrado da Fertilidade do Solo foi produzida pelo ASHC sob a coordenação da CABI.

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