Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de São Paulo · Para uma avaliação sazonal, a...
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Ambiente amp Aacutegua - An Interdisciplinary Journal of Applied Science
ISSN 1980-993X ndash doi1041361980-993X
wwwambi-aguanet
E-mail ambiaguagmailcom
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
doi104136ambi-agua1845
Received 18 Jan 2016 Accepted 17 Jun 2016
Luciana Machado de Moura1
Fernando Ramos Martins2
Arcilan Trevenzoli Assireu1
1Universidade Federal de Itajubaacute (UNIFEI) Itajubaacute MG Brasil
Instituto de Recursos Naturais 2Universidade Federal de Satildeo Paulo (UNIFESP) Santos SP Brasil
Ciecircncias do Mar Autor correspondente e-mail lucianambiental2008yahoocombr
fernandomartinsunifespbr assireugmailcom
RESUMO A nebulosidade eacute responsaacutevel pela modulaccedilatildeo da radiaccedilatildeo solar incidente sobre o planeta
sendo determinante para o clima e um fator de influecircncia para diversos setores das atividades
econocircmicas como agricultura energia turismo entre outras Informaccedilotildees confiaacuteveis sobre a
cobertura de nuvens eacute fundamental para o estudo do fluxo da radiaccedilatildeo solar que incide na
superfiacutecie terrestre Esse estudo compara estimativas satelitaacuterias com dados de cobertura de
nuvens medidos na cidade de Satildeo Paulo para o periacuteodo de 1961 a 2013 Foram utilizados
dados de fraccedilatildeo de cobertura de nuvens obtidos da estaccedilatildeo meteoroloacutegica operada pelo
IAGUSP e dados de radiacircncia visiacutevel oriundos do sateacutelite GOES-10 para estimar de forma
indireta a cobertura de nuvens Para assegurar a consistecircncia desses dados de nebulosidade
estimados e observados foi realizada uma comparaccedilatildeo com o Iacutendice de claridade que eacute a
razatildeo entre a irradiaccedilatildeo solar global observada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica e a irradiaccedilatildeo solar
no topo da atmosfera Os resultados indicam uma boa convergecircncia entre as bases de dados
observados e estimadas por sateacutelite que apresentaram comportamentos similares em todos os
periacuteodos sazonais do ano Os maiores valores de nebulosidade ocorrem no veratildeo e os menores
no inverno A base de dados observados na estaccedilatildeo apresentou 656 de dados falhos o que eacute
uma porcentagem pequena para uma seacuterie histoacuterica de dados com aproximadamente 53 anos
de extensatildeo
Palavras-chave cobertura de nuvens dados observacionais GOES-10
Clouds cover variability in Satildeo Paulo
ABSTRACT Clouds cover observations are performed by visual inspection which determines the
fraction of the sky that is overcast However visual observation of clouds cover is a very
subjective method and can vary significantly among observers This study examined the
variability in clouds cover over the city of Satildeo Paulo between 1961 and 2013 using clouds
cover fraction data observed at the weather station operated by IAG USP The study also
used two techniques based on visible radiance data observed by the GOES-10 satellite in
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order to indirectly estimate clouds cover In order to ensure consistency the estimated and
observed cloudiness was compared with the clearness index which is the ratio between the
total solar radiation observed at the weather station and the incoming solar irradiation at the
top of atmosphere The study found consistency between the various databases that showed
similar behavior in all of the seasons of the year The largest cloudiness values occurred in the
summer and lowest in the winter
Keywords clouds cover GOES-10 observational data
1 INTRODUCcedilAtildeO
A observaccedilatildeo visual de nuvens eacute considerada um meacutetodo bastante subjetivo poreacutem eacute
ainda comumente utilizado na comunidade cientifica podendo conter discrepacircncias
significativas entre observadores experientes (Assireu et al 2011) De acordo com Echer et
al (2006) as nuvens satildeo definidas de acordo com a altitude e forma e por serem moduladoras
do clima fazem com que informaccedilotildees sobre nebulosidade sejam essenciais para ampliar o
conhecimento sobre o clima e sua variabilidade
A identificaccedilatildeo da cobertura de nuvens eacute definida pela fraccedilatildeo decimal de ceacuteu encoberto
realizada a partir dos quatro quadrantes (Norte Sul Leste e Oeste) definidos pelos pontos
colaterais sendo realizada no terraccedilo da proacutepria estaccedilatildeo meteoroloacutegica (Pereira Filho et al
2007) As nuvens podem ser classificadas em altas meacutedias baixas e nuvens de
desenvolvimento vertical de acordo com altura e aparecircncia fiacutesica (WMO 1975 Blair 1964)
Outros meacutetodos vecircm sendo desenvolvidos por pesquisadores para aquisiccedilatildeo de dados de
nebulosidade como a utilizaccedilatildeo de dados de radiaccedilatildeo de onda longa (OL) com o intuito de
melhorar a acuraacutecia das estimativas e aquisiccedilatildeo de conhecimento (Luiz 2014)
Segundo Mol (2005) com o surgimento de sateacutelites meteoroloacutegicos na deacutecada de 1960
surgiu a possibilidade de monitorar extensas aacutereas da superfiacutecie terrestre e oceacircnica e obter
informaccedilotildees que antes eram de difiacutecil acesso Desde entatildeo os sateacutelites estatildeo sendo utilizados
para aprimoramento das pesquisas como observaccedilotildees das condiccedilotildees de nebulosidade que
apresentam caracteriacutesticas distintas daquelas realizadas a partir da superfiacutecie (Echer et al
2006)
De acordo com Cavalcanti et al (2009) dois dos fatores que influenciam o clima na
regiatildeo de Satildeo Paulo satildeo a maritimidade e a continentalidade Esses fatores contribuem na
particularidade do clima para a regiatildeo com grandes contrastes devido a posiccedilatildeo latitudinal
proacuteximo ao Troacutepico de Capricoacuternio Nos meses de veratildeo os raios solares incidem
perpendicularmente agrave superfiacutecie gerando um maior aquecimento ao contraacuterio do que ocorre
nos meses de inverno (Reboita et al 2012)
Trecircs fenocircmenos climaacuteticos satildeo bastante importantes na compreensatildeo da nebulosidade da
regiatildeo Sudeste do Brasil Uma caracteriacutestica marcante da climatologia da Ameacuterica do Sul eacute
uma faixa de nebulosidade que se estende da regiatildeo Amazocircnica ateacute a regiatildeo Sudeste
brasileira conhecida como Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) (Kodama 1992
1993 Carvalho et al 2004) A ZCAS pode ser identificada por uma nebulosidade que se
orienta no sentido noroeste-sudeste (Kousky 1988) Segundo Kousky (1988) a ZCAS eacute um
sistema que ocorre tipicamente nos meses da primavera veratildeo e inicio do outono sendo mais
frequente no mecircs de janeiro com extensatildeo espacial que pode abranger os estados de Minas
Gerais Rio de Janeiro Satildeo Paulo Espirito Santo e por fim o Atlacircntico Sudoeste A zona de
convergecircncia intertropical (ZCIT) eacute um sistema que assim como a ZCAS satildeo responsaacuteveis
por elevadas precipitaccedilotildees Segundo Reboita et al (2010) sistemas como os complexos
convectivos de mesoescala CCMs atuantes na regiatildeo Sudeste do Brasil podem ser
identificados nas imagens de sateacutelite como sistemas de nuvens circulares
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Segundo Lombardo (1985) o processo de degradaccedilatildeo nas aacutereas urbanas ocorre devido ao
crescimento desordenado que intensifica o desequiliacutebrio do balanccedilo de energia decorrente das
alteraccedilotildees bruscas do uso do solo O fenocircmeno conhecido como ldquoilha de calorrdquo ocorre devido
agrave substituiccedilatildeo das superfiacutecies que antes eram uacutemidas e permeaacuteveis (aacutereas verdes) por
superfiacutecies impermeaacuteveis como asfalto e concreto cujas propriedades teacutermicas intensificam a
absorccedilatildeo de calor As alteraccedilotildees locais satildeo observadas de forma bastante expressiva causando
impactos negativos como o aumento da frequecircncia dos dias mais quentes e secos no outono e
inverno e ocorrecircncia de enchentes ao longo da primavera e veratildeo (Pereira Filho et al 2007)
Este estudo utilizou os dados observados ao longo do periacuteodo de janeiro de 1961 a
fevereiro de 2013 na estaccedilatildeo meteoroloacutegica operada pelo IAGUSP na regiatildeo metropolitana
de Satildeo Paulo para compreender e caracterizar a variabilidade da nebulosidade na maior regiatildeo
metropolitana do paiacutes Tambeacutem possibilitou verificar a consistecircncia desta base de dados com
valores do iacutendice de transparecircncia da atmosfera obtidos pela razatildeo entre a irradiaccedilatildeo solar na
superfiacutecie e no topo da atmosfera e com valores de cobertura de nuvens estimados por meio
da anaacutelise de imagens do canal visiacutevel do imageador do sateacutelite geoestacionaacuterio GOES-10
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este estudo foi desenvolvido atraveacutes de observaccedilotildees de superfiacutecie e estimativas de
nebulosidade obtidos a partir de dois diferentes algoritmos aplicados aos dados observados
pelo sateacutelite GOES-10 para a cidade de Satildeo Paulo
21 Local de estudo
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) a cidade de Satildeo
Paulo possui uma aacuterea de 1521110 kmsup2 com uma populaccedilatildeo estimada no ano de 2015 de
11967825 habitantes
22 Dados observados em superfiacutecie
Foram utilizados dados de irradiaccedilatildeo solar e nebulosidade da estaccedilatildeo meteoroloacutegica
situada na reserva florestal no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) uma aacuterea verde
de 53 km2 localizada na zona sul da cidade de Satildeo Paulo no bairro Aacutegua Funda na latitude
23ordm39rsquoS longitude 46ordm37rsquoW e altitude de 79922m que preserva suas caracteriacutesticas naturais
de Mata Atlacircntica (Pereira Filho et al 2007) Os dados utilizados foram coletados durante o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 para os horaacuterios entre 0700 e 2300 horas A
Figura 1 mostra uma imagem da estaccedilatildeo de coleta de dados e sua localizaccedilatildeo geograacutefica
A estaccedilatildeo meteoroloacutegica eacute operada pelo Instituto de Astronomia e Geofiacutesica da
Universidade de Satildeo Paulo (IAGUSP) As nuvens foram observadas pela fraccedilatildeo do ceacuteu
encoberto em deacutecimos e classificadas em baixa meacutedia e alta com o seu respectivo tipo de
nuvem obedecendo aos padrotildees da WMO (Pereira Filho et al 2007) A observaccedilatildeo de nuvens
eacute realizada de acordo com a visibilidade do horizonte
Para uma avaliaccedilatildeo sazonal a base de dados foi organizada de modo que as anaacutelises
foram realizadas para as estaccedilotildees do ano definidas como veratildeo (dezembro janeiro e
fevereiro) outono (marccedilo abril e maio) inverno (junho julho e agosto) e primavera
(setembro outubro e novembro)
23 Dados do Sateacutelite GOES-10 A base de dados de nebulosidade obtida a partir de dados do sateacutelite GOES-10 foi
estimada a partir da anaacutelise de imagens cedidas pelo Centro de Ciecircncia do Sistema Terrestre
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST-INPE) O periacuteodo utilizado neste estudo
abrange os anos de 2007 a 2008 para o horaacuterio entre 0700 e 1900 horas (horaacuterio local) Os
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arquivos satildeo binaacuterios e possuem uma resoluccedilatildeo espacial de 1km x 1km com uma matriz de
1784 linhas com 1180 colunas cobrindo o territoacuterio da Ameacuterica do Sul A resoluccedilatildeo temporal
dos dados eacute de 30 minutos
Figura 1 Localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
no bairro Aacutegua Funda ndash Satildeo Paulo onde se localiza o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) Imagem adaptada do
Google Maps
A base de dados disponibiliza o coeficiente de cobertura de nuvens calculado com base
nas radiacircncias observadas pelo sateacutelite geoestacionaacuterio no canal do visiacutevel conforme descrito
na Equaccedilatildeo 1
(1)
em que
CCN Coeficiente de Cobertura de Nuvens
LR meacutedia de radiacircncia medido pelo sateacutelite
LCLR radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro que equivale ao valor miacutenimo de LR
LCLD radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu encoberto que equivale ao valor maacuteximo
de LR
Os valores de LCLR e LCLD foram determinados com o uso de dois diferentes algoritmos
a) uso de valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de 30
dias pelo sateacutelite e
CLRCLD
CLRR
LL
LLCCN
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b) uso dos percentis 5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de
30 dias
A utilizaccedilatildeo dos valores miacutenimos e maacuteximos de radiacircncia podem acarretar erros por que
os valores extremos de radiacircncia observados pelo sateacutelite podem apresentar valores que natildeo
correspondem aos valores reais nas condiccedilotildees de ceacuteu claro e ceacuteu totalmente encoberto sendo
caracterizados como ldquoruiacutedosrdquo (Martins et al 2004) Para tentar minimizar os erros causados
pela utilizaccedilatildeo dos valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia foi proposto neste trabalho o uso
dos percentis 5 e 95
A extraccedilatildeo dos valores de cobertura efetiva de nuvens para a localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAG-USP foi realizada com software especiacutefico de leitura da base de dados
e utilizou o valor meacutedio de uma aacuterea de 3X3 pixels no entorno da latitudelongitude da
localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
Os valores de CCN variam de zero a um sendo que valores proacuteximos de zero
correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro e valores iguais a 1 correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu
completamente nublado
24 Caacutelculo da radiaccedilatildeo no topo da atmosfera e iacutendice de claridade (1-Kt)
O iacutendice (1-Kt) representa a ldquotransparecircnciardquo da atmosfera para a transmissatildeo da radiaccedilatildeo
solar e foi utilizado para comparar com dados de nebulosidade visual e obtidos por sateacutelite
Considerando que a nebulosidade eacute o principal fator de modulaccedilatildeo da irradiaccedilatildeo solar
incidente na superfiacutecie o iacutendice (1-Kt) apresenta uma correlaccedilatildeo elevada com a nebulosidade
Dessa forma o iacutendice de claridade permite estabelecer uma indicaccedilatildeo das condiccedilotildees de ceacuteu
claro e encoberto por nebulosidade para uma determinada aacuterea Vale ressaltar que quando o
ceacuteu estiver totalmente claro o (1-Kt) natildeo vai apresentar o valor zero (0) pois a radiaccedilatildeo solar
sofre a interaccedilatildeo com os gases e materiais particulados presentes na atmosfera O mesmo vale
para a condiccedilatildeo de ceacuteu completamente encoberto quando (1- Kt) natildeo alcanccedila valores igual a
um 1 uma vez que haacute radiaccedilatildeo solar difusa incidente na superfiacutecie sob essa condiccedilatildeo
O iacutendice de claridade foi calculado a partir da Equaccedilatildeo 2 descrita por Iqbal (1983) sendo
a irradiacircncia solar global (119816119814) incidente na superfiacutecie e I0 a radiaccedilatildeo solar incidente no topo
da atmosfera
(120783 minus 119818119853) = 120783 minus119816119918
119845120782 (2)
em que
119816119918 eacute a irradiaccedilatildeo solar incidente na superfiacutecie e
119816119926 eacute a radiaccedilatildeo solar incidente no topo da atmosfera
Para calcular o valor de 119816119926 satildeo necessaacuterios dados referentes agrave oacuterbita da Terra a
excentricidade (E0) e a declinaccedilatildeo solar ()
A radiaccedilatildeo no topo da atmosfera foi obtida a partir da Equaccedilatildeo 3 descrita por (Iqbal
1983)
119949119926 = 119920119956119940119916120782(119956119946119951120633 119956119946119951120659 + 119940119952119956120633 119940119952119956120659 119940119952119956120654) (3)
em que
120601 eacute a latitude local e
120596 eacute o acircngulo horaacuterio que estaacute relacionado a posiccedilatildeo do Sol no seu percurso diaacuterio
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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
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anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
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obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
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Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
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914 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION ndash WMO Atlas internacional de
nuvens volume I Publicaccedilatildeo n 407 Genebra 1975
904 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
order to indirectly estimate clouds cover In order to ensure consistency the estimated and
observed cloudiness was compared with the clearness index which is the ratio between the
total solar radiation observed at the weather station and the incoming solar irradiation at the
top of atmosphere The study found consistency between the various databases that showed
similar behavior in all of the seasons of the year The largest cloudiness values occurred in the
summer and lowest in the winter
Keywords clouds cover GOES-10 observational data
1 INTRODUCcedilAtildeO
A observaccedilatildeo visual de nuvens eacute considerada um meacutetodo bastante subjetivo poreacutem eacute
ainda comumente utilizado na comunidade cientifica podendo conter discrepacircncias
significativas entre observadores experientes (Assireu et al 2011) De acordo com Echer et
al (2006) as nuvens satildeo definidas de acordo com a altitude e forma e por serem moduladoras
do clima fazem com que informaccedilotildees sobre nebulosidade sejam essenciais para ampliar o
conhecimento sobre o clima e sua variabilidade
A identificaccedilatildeo da cobertura de nuvens eacute definida pela fraccedilatildeo decimal de ceacuteu encoberto
realizada a partir dos quatro quadrantes (Norte Sul Leste e Oeste) definidos pelos pontos
colaterais sendo realizada no terraccedilo da proacutepria estaccedilatildeo meteoroloacutegica (Pereira Filho et al
2007) As nuvens podem ser classificadas em altas meacutedias baixas e nuvens de
desenvolvimento vertical de acordo com altura e aparecircncia fiacutesica (WMO 1975 Blair 1964)
Outros meacutetodos vecircm sendo desenvolvidos por pesquisadores para aquisiccedilatildeo de dados de
nebulosidade como a utilizaccedilatildeo de dados de radiaccedilatildeo de onda longa (OL) com o intuito de
melhorar a acuraacutecia das estimativas e aquisiccedilatildeo de conhecimento (Luiz 2014)
Segundo Mol (2005) com o surgimento de sateacutelites meteoroloacutegicos na deacutecada de 1960
surgiu a possibilidade de monitorar extensas aacutereas da superfiacutecie terrestre e oceacircnica e obter
informaccedilotildees que antes eram de difiacutecil acesso Desde entatildeo os sateacutelites estatildeo sendo utilizados
para aprimoramento das pesquisas como observaccedilotildees das condiccedilotildees de nebulosidade que
apresentam caracteriacutesticas distintas daquelas realizadas a partir da superfiacutecie (Echer et al
2006)
De acordo com Cavalcanti et al (2009) dois dos fatores que influenciam o clima na
regiatildeo de Satildeo Paulo satildeo a maritimidade e a continentalidade Esses fatores contribuem na
particularidade do clima para a regiatildeo com grandes contrastes devido a posiccedilatildeo latitudinal
proacuteximo ao Troacutepico de Capricoacuternio Nos meses de veratildeo os raios solares incidem
perpendicularmente agrave superfiacutecie gerando um maior aquecimento ao contraacuterio do que ocorre
nos meses de inverno (Reboita et al 2012)
Trecircs fenocircmenos climaacuteticos satildeo bastante importantes na compreensatildeo da nebulosidade da
regiatildeo Sudeste do Brasil Uma caracteriacutestica marcante da climatologia da Ameacuterica do Sul eacute
uma faixa de nebulosidade que se estende da regiatildeo Amazocircnica ateacute a regiatildeo Sudeste
brasileira conhecida como Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) (Kodama 1992
1993 Carvalho et al 2004) A ZCAS pode ser identificada por uma nebulosidade que se
orienta no sentido noroeste-sudeste (Kousky 1988) Segundo Kousky (1988) a ZCAS eacute um
sistema que ocorre tipicamente nos meses da primavera veratildeo e inicio do outono sendo mais
frequente no mecircs de janeiro com extensatildeo espacial que pode abranger os estados de Minas
Gerais Rio de Janeiro Satildeo Paulo Espirito Santo e por fim o Atlacircntico Sudoeste A zona de
convergecircncia intertropical (ZCIT) eacute um sistema que assim como a ZCAS satildeo responsaacuteveis
por elevadas precipitaccedilotildees Segundo Reboita et al (2010) sistemas como os complexos
convectivos de mesoescala CCMs atuantes na regiatildeo Sudeste do Brasil podem ser
identificados nas imagens de sateacutelite como sistemas de nuvens circulares
905 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Segundo Lombardo (1985) o processo de degradaccedilatildeo nas aacutereas urbanas ocorre devido ao
crescimento desordenado que intensifica o desequiliacutebrio do balanccedilo de energia decorrente das
alteraccedilotildees bruscas do uso do solo O fenocircmeno conhecido como ldquoilha de calorrdquo ocorre devido
agrave substituiccedilatildeo das superfiacutecies que antes eram uacutemidas e permeaacuteveis (aacutereas verdes) por
superfiacutecies impermeaacuteveis como asfalto e concreto cujas propriedades teacutermicas intensificam a
absorccedilatildeo de calor As alteraccedilotildees locais satildeo observadas de forma bastante expressiva causando
impactos negativos como o aumento da frequecircncia dos dias mais quentes e secos no outono e
inverno e ocorrecircncia de enchentes ao longo da primavera e veratildeo (Pereira Filho et al 2007)
Este estudo utilizou os dados observados ao longo do periacuteodo de janeiro de 1961 a
fevereiro de 2013 na estaccedilatildeo meteoroloacutegica operada pelo IAGUSP na regiatildeo metropolitana
de Satildeo Paulo para compreender e caracterizar a variabilidade da nebulosidade na maior regiatildeo
metropolitana do paiacutes Tambeacutem possibilitou verificar a consistecircncia desta base de dados com
valores do iacutendice de transparecircncia da atmosfera obtidos pela razatildeo entre a irradiaccedilatildeo solar na
superfiacutecie e no topo da atmosfera e com valores de cobertura de nuvens estimados por meio
da anaacutelise de imagens do canal visiacutevel do imageador do sateacutelite geoestacionaacuterio GOES-10
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este estudo foi desenvolvido atraveacutes de observaccedilotildees de superfiacutecie e estimativas de
nebulosidade obtidos a partir de dois diferentes algoritmos aplicados aos dados observados
pelo sateacutelite GOES-10 para a cidade de Satildeo Paulo
21 Local de estudo
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) a cidade de Satildeo
Paulo possui uma aacuterea de 1521110 kmsup2 com uma populaccedilatildeo estimada no ano de 2015 de
11967825 habitantes
22 Dados observados em superfiacutecie
Foram utilizados dados de irradiaccedilatildeo solar e nebulosidade da estaccedilatildeo meteoroloacutegica
situada na reserva florestal no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) uma aacuterea verde
de 53 km2 localizada na zona sul da cidade de Satildeo Paulo no bairro Aacutegua Funda na latitude
23ordm39rsquoS longitude 46ordm37rsquoW e altitude de 79922m que preserva suas caracteriacutesticas naturais
de Mata Atlacircntica (Pereira Filho et al 2007) Os dados utilizados foram coletados durante o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 para os horaacuterios entre 0700 e 2300 horas A
Figura 1 mostra uma imagem da estaccedilatildeo de coleta de dados e sua localizaccedilatildeo geograacutefica
A estaccedilatildeo meteoroloacutegica eacute operada pelo Instituto de Astronomia e Geofiacutesica da
Universidade de Satildeo Paulo (IAGUSP) As nuvens foram observadas pela fraccedilatildeo do ceacuteu
encoberto em deacutecimos e classificadas em baixa meacutedia e alta com o seu respectivo tipo de
nuvem obedecendo aos padrotildees da WMO (Pereira Filho et al 2007) A observaccedilatildeo de nuvens
eacute realizada de acordo com a visibilidade do horizonte
Para uma avaliaccedilatildeo sazonal a base de dados foi organizada de modo que as anaacutelises
foram realizadas para as estaccedilotildees do ano definidas como veratildeo (dezembro janeiro e
fevereiro) outono (marccedilo abril e maio) inverno (junho julho e agosto) e primavera
(setembro outubro e novembro)
23 Dados do Sateacutelite GOES-10 A base de dados de nebulosidade obtida a partir de dados do sateacutelite GOES-10 foi
estimada a partir da anaacutelise de imagens cedidas pelo Centro de Ciecircncia do Sistema Terrestre
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST-INPE) O periacuteodo utilizado neste estudo
abrange os anos de 2007 a 2008 para o horaacuterio entre 0700 e 1900 horas (horaacuterio local) Os
906 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
arquivos satildeo binaacuterios e possuem uma resoluccedilatildeo espacial de 1km x 1km com uma matriz de
1784 linhas com 1180 colunas cobrindo o territoacuterio da Ameacuterica do Sul A resoluccedilatildeo temporal
dos dados eacute de 30 minutos
Figura 1 Localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
no bairro Aacutegua Funda ndash Satildeo Paulo onde se localiza o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) Imagem adaptada do
Google Maps
A base de dados disponibiliza o coeficiente de cobertura de nuvens calculado com base
nas radiacircncias observadas pelo sateacutelite geoestacionaacuterio no canal do visiacutevel conforme descrito
na Equaccedilatildeo 1
(1)
em que
CCN Coeficiente de Cobertura de Nuvens
LR meacutedia de radiacircncia medido pelo sateacutelite
LCLR radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro que equivale ao valor miacutenimo de LR
LCLD radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu encoberto que equivale ao valor maacuteximo
de LR
Os valores de LCLR e LCLD foram determinados com o uso de dois diferentes algoritmos
a) uso de valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de 30
dias pelo sateacutelite e
CLRCLD
CLRR
LL
LLCCN
907 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
b) uso dos percentis 5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de
30 dias
A utilizaccedilatildeo dos valores miacutenimos e maacuteximos de radiacircncia podem acarretar erros por que
os valores extremos de radiacircncia observados pelo sateacutelite podem apresentar valores que natildeo
correspondem aos valores reais nas condiccedilotildees de ceacuteu claro e ceacuteu totalmente encoberto sendo
caracterizados como ldquoruiacutedosrdquo (Martins et al 2004) Para tentar minimizar os erros causados
pela utilizaccedilatildeo dos valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia foi proposto neste trabalho o uso
dos percentis 5 e 95
A extraccedilatildeo dos valores de cobertura efetiva de nuvens para a localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAG-USP foi realizada com software especiacutefico de leitura da base de dados
e utilizou o valor meacutedio de uma aacuterea de 3X3 pixels no entorno da latitudelongitude da
localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
Os valores de CCN variam de zero a um sendo que valores proacuteximos de zero
correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro e valores iguais a 1 correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu
completamente nublado
24 Caacutelculo da radiaccedilatildeo no topo da atmosfera e iacutendice de claridade (1-Kt)
O iacutendice (1-Kt) representa a ldquotransparecircnciardquo da atmosfera para a transmissatildeo da radiaccedilatildeo
solar e foi utilizado para comparar com dados de nebulosidade visual e obtidos por sateacutelite
Considerando que a nebulosidade eacute o principal fator de modulaccedilatildeo da irradiaccedilatildeo solar
incidente na superfiacutecie o iacutendice (1-Kt) apresenta uma correlaccedilatildeo elevada com a nebulosidade
Dessa forma o iacutendice de claridade permite estabelecer uma indicaccedilatildeo das condiccedilotildees de ceacuteu
claro e encoberto por nebulosidade para uma determinada aacuterea Vale ressaltar que quando o
ceacuteu estiver totalmente claro o (1-Kt) natildeo vai apresentar o valor zero (0) pois a radiaccedilatildeo solar
sofre a interaccedilatildeo com os gases e materiais particulados presentes na atmosfera O mesmo vale
para a condiccedilatildeo de ceacuteu completamente encoberto quando (1- Kt) natildeo alcanccedila valores igual a
um 1 uma vez que haacute radiaccedilatildeo solar difusa incidente na superfiacutecie sob essa condiccedilatildeo
O iacutendice de claridade foi calculado a partir da Equaccedilatildeo 2 descrita por Iqbal (1983) sendo
a irradiacircncia solar global (119816119814) incidente na superfiacutecie e I0 a radiaccedilatildeo solar incidente no topo
da atmosfera
(120783 minus 119818119853) = 120783 minus119816119918
119845120782 (2)
em que
119816119918 eacute a irradiaccedilatildeo solar incidente na superfiacutecie e
119816119926 eacute a radiaccedilatildeo solar incidente no topo da atmosfera
Para calcular o valor de 119816119926 satildeo necessaacuterios dados referentes agrave oacuterbita da Terra a
excentricidade (E0) e a declinaccedilatildeo solar ()
A radiaccedilatildeo no topo da atmosfera foi obtida a partir da Equaccedilatildeo 3 descrita por (Iqbal
1983)
119949119926 = 119920119956119940119916120782(119956119946119951120633 119956119946119951120659 + 119940119952119956120633 119940119952119956120659 119940119952119956120654) (3)
em que
120601 eacute a latitude local e
120596 eacute o acircngulo horaacuterio que estaacute relacionado a posiccedilatildeo do Sol no seu percurso diaacuterio
908 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
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905 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Segundo Lombardo (1985) o processo de degradaccedilatildeo nas aacutereas urbanas ocorre devido ao
crescimento desordenado que intensifica o desequiliacutebrio do balanccedilo de energia decorrente das
alteraccedilotildees bruscas do uso do solo O fenocircmeno conhecido como ldquoilha de calorrdquo ocorre devido
agrave substituiccedilatildeo das superfiacutecies que antes eram uacutemidas e permeaacuteveis (aacutereas verdes) por
superfiacutecies impermeaacuteveis como asfalto e concreto cujas propriedades teacutermicas intensificam a
absorccedilatildeo de calor As alteraccedilotildees locais satildeo observadas de forma bastante expressiva causando
impactos negativos como o aumento da frequecircncia dos dias mais quentes e secos no outono e
inverno e ocorrecircncia de enchentes ao longo da primavera e veratildeo (Pereira Filho et al 2007)
Este estudo utilizou os dados observados ao longo do periacuteodo de janeiro de 1961 a
fevereiro de 2013 na estaccedilatildeo meteoroloacutegica operada pelo IAGUSP na regiatildeo metropolitana
de Satildeo Paulo para compreender e caracterizar a variabilidade da nebulosidade na maior regiatildeo
metropolitana do paiacutes Tambeacutem possibilitou verificar a consistecircncia desta base de dados com
valores do iacutendice de transparecircncia da atmosfera obtidos pela razatildeo entre a irradiaccedilatildeo solar na
superfiacutecie e no topo da atmosfera e com valores de cobertura de nuvens estimados por meio
da anaacutelise de imagens do canal visiacutevel do imageador do sateacutelite geoestacionaacuterio GOES-10
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este estudo foi desenvolvido atraveacutes de observaccedilotildees de superfiacutecie e estimativas de
nebulosidade obtidos a partir de dois diferentes algoritmos aplicados aos dados observados
pelo sateacutelite GOES-10 para a cidade de Satildeo Paulo
21 Local de estudo
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) a cidade de Satildeo
Paulo possui uma aacuterea de 1521110 kmsup2 com uma populaccedilatildeo estimada no ano de 2015 de
11967825 habitantes
22 Dados observados em superfiacutecie
Foram utilizados dados de irradiaccedilatildeo solar e nebulosidade da estaccedilatildeo meteoroloacutegica
situada na reserva florestal no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) uma aacuterea verde
de 53 km2 localizada na zona sul da cidade de Satildeo Paulo no bairro Aacutegua Funda na latitude
23ordm39rsquoS longitude 46ordm37rsquoW e altitude de 79922m que preserva suas caracteriacutesticas naturais
de Mata Atlacircntica (Pereira Filho et al 2007) Os dados utilizados foram coletados durante o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 para os horaacuterios entre 0700 e 2300 horas A
Figura 1 mostra uma imagem da estaccedilatildeo de coleta de dados e sua localizaccedilatildeo geograacutefica
A estaccedilatildeo meteoroloacutegica eacute operada pelo Instituto de Astronomia e Geofiacutesica da
Universidade de Satildeo Paulo (IAGUSP) As nuvens foram observadas pela fraccedilatildeo do ceacuteu
encoberto em deacutecimos e classificadas em baixa meacutedia e alta com o seu respectivo tipo de
nuvem obedecendo aos padrotildees da WMO (Pereira Filho et al 2007) A observaccedilatildeo de nuvens
eacute realizada de acordo com a visibilidade do horizonte
Para uma avaliaccedilatildeo sazonal a base de dados foi organizada de modo que as anaacutelises
foram realizadas para as estaccedilotildees do ano definidas como veratildeo (dezembro janeiro e
fevereiro) outono (marccedilo abril e maio) inverno (junho julho e agosto) e primavera
(setembro outubro e novembro)
23 Dados do Sateacutelite GOES-10 A base de dados de nebulosidade obtida a partir de dados do sateacutelite GOES-10 foi
estimada a partir da anaacutelise de imagens cedidas pelo Centro de Ciecircncia do Sistema Terrestre
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST-INPE) O periacuteodo utilizado neste estudo
abrange os anos de 2007 a 2008 para o horaacuterio entre 0700 e 1900 horas (horaacuterio local) Os
906 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
arquivos satildeo binaacuterios e possuem uma resoluccedilatildeo espacial de 1km x 1km com uma matriz de
1784 linhas com 1180 colunas cobrindo o territoacuterio da Ameacuterica do Sul A resoluccedilatildeo temporal
dos dados eacute de 30 minutos
Figura 1 Localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
no bairro Aacutegua Funda ndash Satildeo Paulo onde se localiza o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) Imagem adaptada do
Google Maps
A base de dados disponibiliza o coeficiente de cobertura de nuvens calculado com base
nas radiacircncias observadas pelo sateacutelite geoestacionaacuterio no canal do visiacutevel conforme descrito
na Equaccedilatildeo 1
(1)
em que
CCN Coeficiente de Cobertura de Nuvens
LR meacutedia de radiacircncia medido pelo sateacutelite
LCLR radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro que equivale ao valor miacutenimo de LR
LCLD radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu encoberto que equivale ao valor maacuteximo
de LR
Os valores de LCLR e LCLD foram determinados com o uso de dois diferentes algoritmos
a) uso de valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de 30
dias pelo sateacutelite e
CLRCLD
CLRR
LL
LLCCN
907 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
b) uso dos percentis 5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de
30 dias
A utilizaccedilatildeo dos valores miacutenimos e maacuteximos de radiacircncia podem acarretar erros por que
os valores extremos de radiacircncia observados pelo sateacutelite podem apresentar valores que natildeo
correspondem aos valores reais nas condiccedilotildees de ceacuteu claro e ceacuteu totalmente encoberto sendo
caracterizados como ldquoruiacutedosrdquo (Martins et al 2004) Para tentar minimizar os erros causados
pela utilizaccedilatildeo dos valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia foi proposto neste trabalho o uso
dos percentis 5 e 95
A extraccedilatildeo dos valores de cobertura efetiva de nuvens para a localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAG-USP foi realizada com software especiacutefico de leitura da base de dados
e utilizou o valor meacutedio de uma aacuterea de 3X3 pixels no entorno da latitudelongitude da
localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
Os valores de CCN variam de zero a um sendo que valores proacuteximos de zero
correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro e valores iguais a 1 correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu
completamente nublado
24 Caacutelculo da radiaccedilatildeo no topo da atmosfera e iacutendice de claridade (1-Kt)
O iacutendice (1-Kt) representa a ldquotransparecircnciardquo da atmosfera para a transmissatildeo da radiaccedilatildeo
solar e foi utilizado para comparar com dados de nebulosidade visual e obtidos por sateacutelite
Considerando que a nebulosidade eacute o principal fator de modulaccedilatildeo da irradiaccedilatildeo solar
incidente na superfiacutecie o iacutendice (1-Kt) apresenta uma correlaccedilatildeo elevada com a nebulosidade
Dessa forma o iacutendice de claridade permite estabelecer uma indicaccedilatildeo das condiccedilotildees de ceacuteu
claro e encoberto por nebulosidade para uma determinada aacuterea Vale ressaltar que quando o
ceacuteu estiver totalmente claro o (1-Kt) natildeo vai apresentar o valor zero (0) pois a radiaccedilatildeo solar
sofre a interaccedilatildeo com os gases e materiais particulados presentes na atmosfera O mesmo vale
para a condiccedilatildeo de ceacuteu completamente encoberto quando (1- Kt) natildeo alcanccedila valores igual a
um 1 uma vez que haacute radiaccedilatildeo solar difusa incidente na superfiacutecie sob essa condiccedilatildeo
O iacutendice de claridade foi calculado a partir da Equaccedilatildeo 2 descrita por Iqbal (1983) sendo
a irradiacircncia solar global (119816119814) incidente na superfiacutecie e I0 a radiaccedilatildeo solar incidente no topo
da atmosfera
(120783 minus 119818119853) = 120783 minus119816119918
119845120782 (2)
em que
119816119918 eacute a irradiaccedilatildeo solar incidente na superfiacutecie e
119816119926 eacute a radiaccedilatildeo solar incidente no topo da atmosfera
Para calcular o valor de 119816119926 satildeo necessaacuterios dados referentes agrave oacuterbita da Terra a
excentricidade (E0) e a declinaccedilatildeo solar ()
A radiaccedilatildeo no topo da atmosfera foi obtida a partir da Equaccedilatildeo 3 descrita por (Iqbal
1983)
119949119926 = 119920119956119940119916120782(119956119946119951120633 119956119946119951120659 + 119940119952119956120633 119940119952119956120659 119940119952119956120654) (3)
em que
120601 eacute a latitude local e
120596 eacute o acircngulo horaacuterio que estaacute relacionado a posiccedilatildeo do Sol no seu percurso diaacuterio
908 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
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ASSIREU A T REBOITA M S CORREcircA M de P Observando o ceacuteu quantificando as
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914 Luciana Machado de Moura et al
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nuvens volume I Publicaccedilatildeo n 407 Genebra 1975
906 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
arquivos satildeo binaacuterios e possuem uma resoluccedilatildeo espacial de 1km x 1km com uma matriz de
1784 linhas com 1180 colunas cobrindo o territoacuterio da Ameacuterica do Sul A resoluccedilatildeo temporal
dos dados eacute de 30 minutos
Figura 1 Localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
no bairro Aacutegua Funda ndash Satildeo Paulo onde se localiza o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) Imagem adaptada do
Google Maps
A base de dados disponibiliza o coeficiente de cobertura de nuvens calculado com base
nas radiacircncias observadas pelo sateacutelite geoestacionaacuterio no canal do visiacutevel conforme descrito
na Equaccedilatildeo 1
(1)
em que
CCN Coeficiente de Cobertura de Nuvens
LR meacutedia de radiacircncia medido pelo sateacutelite
LCLR radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro que equivale ao valor miacutenimo de LR
LCLD radiacircncia associada agrave condiccedilatildeo de ceacuteu encoberto que equivale ao valor maacuteximo
de LR
Os valores de LCLR e LCLD foram determinados com o uso de dois diferentes algoritmos
a) uso de valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de 30
dias pelo sateacutelite e
CLRCLD
CLRR
LL
LLCCN
907 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
b) uso dos percentis 5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de
30 dias
A utilizaccedilatildeo dos valores miacutenimos e maacuteximos de radiacircncia podem acarretar erros por que
os valores extremos de radiacircncia observados pelo sateacutelite podem apresentar valores que natildeo
correspondem aos valores reais nas condiccedilotildees de ceacuteu claro e ceacuteu totalmente encoberto sendo
caracterizados como ldquoruiacutedosrdquo (Martins et al 2004) Para tentar minimizar os erros causados
pela utilizaccedilatildeo dos valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia foi proposto neste trabalho o uso
dos percentis 5 e 95
A extraccedilatildeo dos valores de cobertura efetiva de nuvens para a localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAG-USP foi realizada com software especiacutefico de leitura da base de dados
e utilizou o valor meacutedio de uma aacuterea de 3X3 pixels no entorno da latitudelongitude da
localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
Os valores de CCN variam de zero a um sendo que valores proacuteximos de zero
correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro e valores iguais a 1 correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu
completamente nublado
24 Caacutelculo da radiaccedilatildeo no topo da atmosfera e iacutendice de claridade (1-Kt)
O iacutendice (1-Kt) representa a ldquotransparecircnciardquo da atmosfera para a transmissatildeo da radiaccedilatildeo
solar e foi utilizado para comparar com dados de nebulosidade visual e obtidos por sateacutelite
Considerando que a nebulosidade eacute o principal fator de modulaccedilatildeo da irradiaccedilatildeo solar
incidente na superfiacutecie o iacutendice (1-Kt) apresenta uma correlaccedilatildeo elevada com a nebulosidade
Dessa forma o iacutendice de claridade permite estabelecer uma indicaccedilatildeo das condiccedilotildees de ceacuteu
claro e encoberto por nebulosidade para uma determinada aacuterea Vale ressaltar que quando o
ceacuteu estiver totalmente claro o (1-Kt) natildeo vai apresentar o valor zero (0) pois a radiaccedilatildeo solar
sofre a interaccedilatildeo com os gases e materiais particulados presentes na atmosfera O mesmo vale
para a condiccedilatildeo de ceacuteu completamente encoberto quando (1- Kt) natildeo alcanccedila valores igual a
um 1 uma vez que haacute radiaccedilatildeo solar difusa incidente na superfiacutecie sob essa condiccedilatildeo
O iacutendice de claridade foi calculado a partir da Equaccedilatildeo 2 descrita por Iqbal (1983) sendo
a irradiacircncia solar global (119816119814) incidente na superfiacutecie e I0 a radiaccedilatildeo solar incidente no topo
da atmosfera
(120783 minus 119818119853) = 120783 minus119816119918
119845120782 (2)
em que
119816119918 eacute a irradiaccedilatildeo solar incidente na superfiacutecie e
119816119926 eacute a radiaccedilatildeo solar incidente no topo da atmosfera
Para calcular o valor de 119816119926 satildeo necessaacuterios dados referentes agrave oacuterbita da Terra a
excentricidade (E0) e a declinaccedilatildeo solar ()
A radiaccedilatildeo no topo da atmosfera foi obtida a partir da Equaccedilatildeo 3 descrita por (Iqbal
1983)
119949119926 = 119920119956119940119916120782(119956119946119951120633 119956119946119951120659 + 119940119952119956120633 119940119952119956120659 119940119952119956120654) (3)
em que
120601 eacute a latitude local e
120596 eacute o acircngulo horaacuterio que estaacute relacionado a posiccedilatildeo do Sol no seu percurso diaacuterio
908 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
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907 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
b) uso dos percentis 5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel observados no periacuteodo de
30 dias
A utilizaccedilatildeo dos valores miacutenimos e maacuteximos de radiacircncia podem acarretar erros por que
os valores extremos de radiacircncia observados pelo sateacutelite podem apresentar valores que natildeo
correspondem aos valores reais nas condiccedilotildees de ceacuteu claro e ceacuteu totalmente encoberto sendo
caracterizados como ldquoruiacutedosrdquo (Martins et al 2004) Para tentar minimizar os erros causados
pela utilizaccedilatildeo dos valores maacuteximos e miacutenimos de radiacircncia foi proposto neste trabalho o uso
dos percentis 5 e 95
A extraccedilatildeo dos valores de cobertura efetiva de nuvens para a localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAG-USP foi realizada com software especiacutefico de leitura da base de dados
e utilizou o valor meacutedio de uma aacuterea de 3X3 pixels no entorno da latitudelongitude da
localizaccedilatildeo da estaccedilatildeo meteoroloacutegica do IAG-USP
Os valores de CCN variam de zero a um sendo que valores proacuteximos de zero
correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu claro e valores iguais a 1 correspondem agrave condiccedilatildeo de ceacuteu
completamente nublado
24 Caacutelculo da radiaccedilatildeo no topo da atmosfera e iacutendice de claridade (1-Kt)
O iacutendice (1-Kt) representa a ldquotransparecircnciardquo da atmosfera para a transmissatildeo da radiaccedilatildeo
solar e foi utilizado para comparar com dados de nebulosidade visual e obtidos por sateacutelite
Considerando que a nebulosidade eacute o principal fator de modulaccedilatildeo da irradiaccedilatildeo solar
incidente na superfiacutecie o iacutendice (1-Kt) apresenta uma correlaccedilatildeo elevada com a nebulosidade
Dessa forma o iacutendice de claridade permite estabelecer uma indicaccedilatildeo das condiccedilotildees de ceacuteu
claro e encoberto por nebulosidade para uma determinada aacuterea Vale ressaltar que quando o
ceacuteu estiver totalmente claro o (1-Kt) natildeo vai apresentar o valor zero (0) pois a radiaccedilatildeo solar
sofre a interaccedilatildeo com os gases e materiais particulados presentes na atmosfera O mesmo vale
para a condiccedilatildeo de ceacuteu completamente encoberto quando (1- Kt) natildeo alcanccedila valores igual a
um 1 uma vez que haacute radiaccedilatildeo solar difusa incidente na superfiacutecie sob essa condiccedilatildeo
O iacutendice de claridade foi calculado a partir da Equaccedilatildeo 2 descrita por Iqbal (1983) sendo
a irradiacircncia solar global (119816119814) incidente na superfiacutecie e I0 a radiaccedilatildeo solar incidente no topo
da atmosfera
(120783 minus 119818119853) = 120783 minus119816119918
119845120782 (2)
em que
119816119918 eacute a irradiaccedilatildeo solar incidente na superfiacutecie e
119816119926 eacute a radiaccedilatildeo solar incidente no topo da atmosfera
Para calcular o valor de 119816119926 satildeo necessaacuterios dados referentes agrave oacuterbita da Terra a
excentricidade (E0) e a declinaccedilatildeo solar ()
A radiaccedilatildeo no topo da atmosfera foi obtida a partir da Equaccedilatildeo 3 descrita por (Iqbal
1983)
119949119926 = 119920119956119940119916120782(119956119946119951120633 119956119946119951120659 + 119940119952119956120633 119940119952119956120659 119940119952119956120654) (3)
em que
120601 eacute a latitude local e
120596 eacute o acircngulo horaacuterio que estaacute relacionado a posiccedilatildeo do Sol no seu percurso diaacuterio
908 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
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5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
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PIVETTA M RAMOS L Da garoa agrave tempestade temporais se tornam mais frequentes e
chuva aumenta 30 em Satildeo Paulo em 80 anos Pesquisa Fapesp n 194 p 40-45
2012
REBOITA M S GAN M A ROCHA R P da AMBRIZZI T Regimes de Precipitaccedilatildeo
na Ameacuterica do Sul uma revisatildeo bibliograacutefica Revista Brasileira de Meteorologia v
25 n 2 p 185-204 2010 httpdxdoiorg101590S0102-77862010000200004
REBOITA M S KRUSCHE N AMBRIZZI T ROCHA R P da Entendendo o tempo e
o clima na Ameacuterica do Sul Terra e Didaacutetica v 1 n 8 p34-50 2012
ROESCH A WILD M OHMURA A DUTTON E G LONG C N ZHANG T
Assessment of BSRN radiation records for the computation of monthly means
Atmospheric Measurement Techniques v 4 p 339-354 2011
httpdxdoiorg105194amt-4-339-2011
VAREJAtildeO-SILVA M A Meteorologia e climatologia Versatildeo Digital Recife 2006 449 p
VIANELLO R L ALVES A R Meteorologia baacutesica e aplicaccedilotildees Viccedilosa Editora UFV
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914 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION ndash WMO Atlas internacional de
nuvens volume I Publicaccedilatildeo n 407 Genebra 1975
908 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Qualificaccedilatildeo da Base de Dados Observados
A seacuterie histoacuterica dos dados de radiaccedilatildeo solar natildeo apresentou lacunas A qualidade dos
dados de radiaccedilatildeo solar foi verificada utilizando criteacuterios estabelecidos pela WMO (World
Meteorological Organization) para limites de valores fisicamente possiacuteveis e valores
extremamente raros (Roesch et al 2011) A porcentagem de dados de nebulosidade
indisponiacuteveis foi de 656 (22926 dados) para um total de 349506 dados A Tabela 1
apresenta a relaccedilatildeo da porcentagem dos dados de nebulosidade indisponiacuteveis para cada mecircs
em toda a seacuterie histoacuterica
Tabela 1 Porcentagem dos dados faltantes de nebulosidade
Meses Porcentagem
() Meses
Porcentagem
()
Janeiro 017 Julho 076
Fevereiro 056 Agosto 077
Marccedilo 031 Setembro 029
Abril 045 Outubro 060
Maio 046 Novembro 113
Junho 029 Dezembro 076
32 Ciclo diaacuterio da Nebulosidade
As meacutedias horaacuterias sazonais dos dados observados estatildeo apresentados na Figura 2
juntamente com os valores estimados do coeficiente de cobertura efetiva de nuvens obtidos
com a aplicaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 1 para anaacutelise de imagens do sateacutelite GOES
Deve-se ter claro que haacute uma diferenccedila conceitual importante entre as variaacuteveis O
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estaacute associado com a espessura oacutetica da nuvem em
funccedilatildeo da sua definiccedilatildeo descrita na Equaccedilatildeo 1 enquanto que os dados de nebulosidade
observados a partir da superfiacutecie indicam apenas a fraccedilatildeo do ceacuteu encoberto sem qualquer
avaliaccedilatildeo da espessura oacutetica das nuvens presentes Outro aspecto a ser considerado eacute que as
estimativas de cobertura de nuvens obtidas por sateacutelite assumem que a nebulosidade estaacute
distribuiacuteda uniformemente por todo o pixel da imagem correspondente a localizaccedilatildeo das
nuvens
Em razatildeo dessas diferenccedilas conceituais procurou-se observar a consistecircncia de
comportamento entre as duas bases de dados e natildeo valores absolutos A anaacutelise da Figura 2
comprova a consistecircncia de valores entre as duas bases de dados
Segundo Oliveira e Dias (1982) e Pivetta e Ramos (2012) as precipitaccedilotildees na cidade de
Satildeo Paulo ocorrem frequentemente no meio para o final da tarde pois neste periacuteodo a brisa
mariacutetima quente e uacutemida atinge a cidade favorecendo a formaccedilatildeo de nuvens de precipitaccedilatildeo
Nas estaccedilotildees de Primavera (setembro ndash outubro - novembro) e Veratildeo (dezembro - janeiro ndash
fevereiro) a nebulosidade passa a aumentar no periacuteodo da tarde coincidindo com o periacuteodo de
precipitaccedilatildeo na cidade e apoacutes a precipitaccedilatildeo ocorre agrave diminuiccedilatildeo da nebulosidade
Ao adotar os valores miacutenimos horaacuterios de radiacircncia no canal do visiacutevel os dados do
coeficiente de cobertura efetiva de nuvens estatildeo sujeitos a desvios causados por sombras de
nuvens em dias parcialmente nublados e a possiacuteveis erros de navegaccedilatildeo (Martins et al 2004)
A fim de minimizar os possiacuteveis erros utilizaram-se os percentis 5 e 95 em substituiccedilatildeo
aos valores extremos de radiacircncia miacutenima e maacutexima no periacuteodo de 30 dias conforme descrito
909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
ASSIREU A T REBOITA M S CORREcircA M de P Observando o ceacuteu quantificando as
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909 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
anteriormente A Figura 3 apresenta a evoluccedilatildeo dos valores meacutedios diaacuterios dos dados de
cobertura efetiva de nuvens obtidos com esta teacutecnica e os dados de nebulosidade observados
na superfiacutecie
Figura 2 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente Efetivo de
Cobertura de Nuvens representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo com os dados
observacionais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo meteoroloacutegica
do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas variaacuteveis estatildeo
tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Figura 3 Comparaccedilatildeo entre as meacutedias horarias sazonais do Coeficiente de
Cobertura Efetivo de Nuvens obtido com uso dos percentis 5 e 95 para
determinaccedilatildeo de LCLR e LCLD representado pela cor verde com traccedilo contiacutenuo
com os dados visuais de nebulosidade (azul contiacutenuo) coletados na estaccedilatildeo
meteoroloacutegica do IAGUSP na cidade de Satildeo Paulo O desvio padratildeo para ambas
variaacuteveis estatildeo tambeacutem apresentados em linha tracejada em preto (--)
Ao comparar visualmente as meacutedias horaacuterias da Figura 2 e Figura 3 verificou-se que os
dados de CCN e CCNPER satildeo equivalentes pois os resultados no percentil natildeo indicam
alteraccedilotildees maiores que (10) nos valores decimais de nebulosidade O periacuteodo de inverno
outono e primavera obtiveram menores variaccedilotildees As meacutedias horaacuterias para o periacuteodo de veratildeo
para o CCN (maacuteximo e miacutenimo) apresentaram maior variabilidade em relaccedilatildeo agraves meacutedias
910 Luciana Machado de Moura et al
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obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
ASSIREU A T REBOITA M S CORREcircA M de P Observando o ceacuteu quantificando as
nuvens e praticando modelagem um exerciacutecio de apoio ao aprendizado das ciecircncias
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2011
AYOADE J O Introduccedilatildeo agrave Climatologia para os troacutepicos 15 ed Rio de Janeiro
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METEOROLOGIA 13 2004 Fortaleza CE Anais Rio de Janeiro SBMET 2004
BLAIR T A Meteorologia Rio de Janeiro Centro de Publicaccedilotildees Teacutecnico de Alianccedila
1964 405p
CARVALHO L M V JONES C LIEBMANN B The South Atlantic Convergence Zone
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913 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
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Acesso em 12 jun 2016
MARTINS F R PEREIRA E B ABREU S L de Influecircncia do iacutendice de cobertura de
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13 2004 Fortaleza Anais Rio de Janeiro SBMet 2004
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do tempo e do clima na regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Linear B
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PIVETTA M RAMOS L Da garoa agrave tempestade temporais se tornam mais frequentes e
chuva aumenta 30 em Satildeo Paulo em 80 anos Pesquisa Fapesp n 194 p 40-45
2012
REBOITA M S GAN M A ROCHA R P da AMBRIZZI T Regimes de Precipitaccedilatildeo
na Ameacuterica do Sul uma revisatildeo bibliograacutefica Revista Brasileira de Meteorologia v
25 n 2 p 185-204 2010 httpdxdoiorg101590S0102-77862010000200004
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VAREJAtildeO-SILVA M A Meteorologia e climatologia Versatildeo Digital Recife 2006 449 p
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914 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
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nuvens volume I Publicaccedilatildeo n 407 Genebra 1975
910 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
obtidas com uso dos percentis de 5 e 95 (CCNPER)
33 Ciclo anual da nebulosidade
De acordo com Pereira Filho et al (2007) a regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo apresenta
o periacuteodo mais seco do ano durante o periacuteodo de outonoinverno Os meses mais uacutemidos
ocorrem no periacuteodo de veratildeoprimavera quando haacute possibilidade de eventos mais intensos de
chuvas e enchentes em diversas regiotildees da cidade
A Figura 4 ilustra a climatologia meacutedia mensal de nebulosidade observada em
comparaccedilatildeo com o valor meacutedio do complementar do iacutendice de claridade (1-Kt) As
estimativas de cobertura efetiva de nuvens (sateacutelite) tambeacutem estatildeo apresentadas na Figura 4
Observa-se uma sincronia entre o iacutendice de claridade e a nebulosidade ao longo dos
meses do ano
A nebulosidade maacutexima ocorre no veratildeo
A nebulosidade passa a diminuir no outono e atinge os valores miacutenimos (abaixo da
normal climatoloacutegica) no inverno quando ocorrem dias de baixa umidade
O aumento da nebulosidade tem iniacutecio na primavera
A justificativa para maior meacutedia de nebulosidade ao longo de veratildeo satildeo as influecircncias
locais como forte atividade convectiva associada com a ocorrecircncia de ilha de calor brisa
mariacutetima e com o maior fotoperiacuteodo - duraccedilatildeo do dia desde o nascer ateacute o pocircr do Sol
(Varejatildeo-Silva 2006) Tambeacutem haacute ocorrecircncia de fenocircmenos de maior escala como a accedilatildeo do
Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul que nesta eacutepoca do ano favorece a entrada de
umidade no Sudeste brasileiro (Barbieri et al 2004) e a ocorrecircncia da Zona de Convergecircncia
do Atlacircntico Sul uma faixa de nebulosidade que se estende na direccedilatildeo Noroeste ndash Sudeste do
Brasil (Kousky 1988 Kodama 1992)
No inverno ocorre o enfraquecimento dos dois sistemas meteoroloacutegicos diminuindo a
entrada de umidade juntamente com o enfraquecimento da convecccedilatildeo local (Pereira Filho et
al 2007 Reboita et al 2010) De acordo com Vianello e Alves (2000) a regiatildeo Sudeste
apresenta precipitaccedilotildees durante o ano todo no entanto a precipitaccedilatildeo declina nas estaccedilotildees de
outono e inverno e a ocorrecircncia de chuva tende a acontecer devido apenas aos sistemas
frontais
As meacutedias mensais sazonais dos dados observados de precipitaccedilatildeo e temperatura para o
periacuteodo de janeiro de 1961 a fevereiro de 2013 estatildeo ilustradas na Figura 5 Verifica-se que os
maiores iacutendices de precipitaccedilatildeo ocorrem nos meses de dezembro a marccedilo quando ocorrem as
maiores meacutedias de temperaturas e nebulosidade Os meses que apresentam menor meacutedia de
nebulosidade satildeo os meses de inverno e possuem os menores iacutendices de precipitaccedilatildeo e
temperatura O ciclo anual da cobertura total de nuvens (valores observados) eacute visualmente
similar ao ciclo apresentado pela precipitaccedilatildeo
Com valores maacuteximos no periacuteodo de janeiro quando os dias satildeo mais longos e existe
uma atividade convectiva maior
Com valores miacutenimos no periacuteodo de agosto quando as noites satildeo mais longas e nesta
eacutepoca do ano o Hemisfeacuterio Sul recebe menos energia diminuindo a atividade convectiva
Apesar da consistecircncia observada entre as bases de dados utilizadas no estudo o
aprimoramento contiacutenuo se faz necessaacuterio para investigar a variabilidade climaacutetica associada
com os impactos das emissotildees dos gases de efeito estufa
911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
Figura 4 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios mensais dos
dados de nebulosidade observados (em azul contiacutenuo) e do
valor do iacutendice de claridade (1 - Kt) (vermelho contiacutenuo)
adquiridos na estaccedilatildeo IAG-USP durante o periacuteodo de 1961
a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
A meacutedia mensal do coeficiente de cobertura efetiva de
nuvens (verde contiacutenuo) e a meacutedia (verde tracejado) estatildeo
apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
histoacuterica de valores de (1- Kt) em escalas sazonais
O ciclo anual das meacutedias mensais de nebulosidade apresentou valores acima da meacutedia
anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
nebulosidade por sateacutelite adotou duas metodologias para definiccedilatildeo de condiccedilotildees de ceacuteu claro e
ceacuteu encoberto a) utilizando valores extremos (maacuteximo e miacutenimo) de radiacircncia visiacutevel
observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
sateacutelite disponiacuteveis O desvio padratildeo da cobertura efetiva de nuvens diminuiu para o periacuteodo
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
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911 Variabilidade da cobertura de nuvens na cidade de Satildeo Paulo
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a 2013 As meacutedias estatildeo indicadas pelas linhas tracejadas
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apresentadas para os anos de 2007 e 2008
Figura 5 Comparaccedilatildeo mensal dos dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e precipitaccedilatildeo
(vermelho contiacutenuo) com suas respectivas meacutedias em (tracejado) b) Comparaccedilatildeo mensal dos
dados de nebulosidade total (azul contiacutenuo) e temperatura (vermelho)
4 CONCLUSAtildeO
Mostrou-se que os meses de outubro a marccedilo apresentam maior nebulosidade com
valores mais elevados para o mecircs de janeiro Os meses que apresentam menores valores estatildeo
entre abril a setembro que correspondem a estaccedilatildeo de inverno coincidindo com os menores
valores mensais de precipitaccedilatildeo Apesar da subjetividade dos dados observados de
nebulosidade decorrente da metodologia de aquisiccedilatildeo realizada na estaccedilatildeo meteoroloacutegica foi
constatado que haacute grande consistecircncia com as estimativas obtidas por sateacutelite e com a seacuterie
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anual ao longo do veratildeo e valores abaixo durante a estaccedilatildeo de inverno A observaccedilatildeo de
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observada pelo sateacutelite ao longo de periacuteodos de 30 dias e b) utilizando valores de percentis de
5 e 95 dos valores de radiacircncia visiacutevel no mesmo periacuteodo Ambas as metodologias
apresentaram um comportamento semelhante ao longo do periacuteodo de dois anos de dados de
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912 Luciana Machado de Moura et al
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5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
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apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
ASSIREU A T REBOITA M S CORREcircA M de P Observando o ceacuteu quantificando as
nuvens e praticando modelagem um exerciacutecio de apoio ao aprendizado das ciecircncias
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Acesso em 12 jun 2016
MARTINS F R PEREIRA E B ABREU S L de Influecircncia do iacutendice de cobertura de
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chuva aumenta 30 em Satildeo Paulo em 80 anos Pesquisa Fapesp n 194 p 40-45
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nuvens volume I Publicaccedilatildeo n 407 Genebra 1975
912 Luciana Machado de Moura et al
Rev Ambient Aacutegua vol 11 n 4 Taubateacute ndash Oct Dec 2016
de veratildeo com a utilizaccedilatildeo do percentil 5 e 95 por minimizar erros causados por sombras de
nuvens
5 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave colaboraccedilatildeo do CCST-INPE que disponibilizou a
base de dados de sateacutelite utilizadas neste trabalho e ao IAG-USP que disponibilizou todos os
dados de superfiacutecie com a colaboraccedilatildeo da Samantha Martins que sempre foi muito atenciosa
Agradecimento eacute devido ao CNPq pelo suporte agrave pesquisa de Fernando Ramos Martins
Arcilan Trevenzoli Assireu e agrave CAPES pelo financiamento de bolsas para o desenvolvimento
da pesquisa Este artigo foi derivado de parte da Dissertaccedilatildeo de Mestrado da primeira autora
apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos da Universidade Federal de Itajubaacute
6 REFEREcircNCIAS
ASSIREU A T REBOITA M S CORREcircA M de P Observando o ceacuteu quantificando as
nuvens e praticando modelagem um exerciacutecio de apoio ao aprendizado das ciecircncias
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