UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO … - Eng Civil... · Aos meus amados pais e irmãos,...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO … - Eng Civil... · Aos meus amados pais e irmãos,...
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
GABRIELA MARTINS BEZERRA
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ARISCO NA FORMAÇÃO DO SALITRE EM
ARGAMASSAS NA REGIÃO DE MOSSORÓ-RN.
MOSSORÓ-RN
2013
GABRIELA MARTINS BEZERRA
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ARISCO NA FORMAÇÃO DO SALITRE EM
ARGAMASSAS NA REGIÃO DE MOSSORÓ-RN.
Monografia apresentada a Universidade Federal
Rural do Semiárido - UFERSA, Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas para obtenção
do título de Engenheira Civil.
Orientador: Prof. Dra. Marilia Pereira de Oliveira -
UFERSA
MOSSORÓ-RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
Catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA.
B574e Bezerra, Gabriela Martins.
Estudo da influência do arisco na formação do salitre em
argamassas na região de Mossoró-RN / Gabriela Martins Bezerra.
– Mossoró, RN : 2013 40f. : il.
Orientador: Profª. Dra. Marilia Pereira de Oliveira.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, Graduação em Engenharia Civil, 2013.
1. Arisco. 2. Salitre. 3. Patologia. 4. Salinidade. I. Título.
CDD: 691.5
Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
GABRIELA MARTINS BEZERRA
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ARISCO NA FORMAÇÃO DO SALITRE EM
ARGAMASSAS NA REGIÃO DE MOSSORÓ-RN.
Monografia apresentada a Universidade Federal
Rural do Semiárido - UFERSA, Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas para obtenção
do título de Engenheira Civil.
APROVADA EM: ______/______ /2011
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Dra. Marilia Pereira de Oliveira.– UFERSA
Presidente
_______________________________________________________
Prof.Dra. Maria ArideniseMacena Fontenelle – UFERSA
Primeiro Membro
_______________________________________________________
Prof. Dra. Marineide Jussara Diniz – UFERSA
Segundo Membro
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha Mãe e Avó
Maria do Socorro da Silva, como forma de
agradecimento por todo amor doado a mim, pelo
investimento na minha educação, sempre
demonstrando acreditar e torcer carinhosamente
pela minha vitória, como pessoa e profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade da vida, pelo amor incondicional, e por até aqui
ter me apoiado, me disponibilizando saúde e discernimento.
Aos meus amados pais e irmãos, Sonilda, Edson, Eliabe e Eliazibe pelo apoio,
torcendo e se preocupando dia-a-dia com tanto amor pelo meu sucesso.
Ao meu noivo Elias pela paciência e compreensão nos dias de ausência, pelo carinho a
mim dedicado, sempre atencioso, não me deixando esmorecer.
Obrigada aos meus familiares, aos meus avós, às tias, tios, e primos pelo
reconhecimento, e pelo apoio que nunca faltaram.
Aos amigos e amigas, agradeço pelas horas agradáveis, pela ajuda intelectual e pessoal
que deram, pois vocês são, sem dúvida, o motivo pelo qual ainda se pode acreditar nas
pessoas.
Á minha orientadora Prof. Dra. Marilia Pereira de Oliveira pela disponibilidade em me
ajudar, e pelo tempo dedicado a este trabalho, acreditando no meu potencial.
Aos professores da minha banca examinadora pela disponibilidade em participar desse
trabalho, e pela ajuda a completar mais uma etapa acadêmica.
RESUMO
O arisco, como é conhecido na região nordeste, mais precisamente na cidade de Mossoró-
RN é um solo composto de areias menos argilosas, mal selecionadas, de coloração creme a
esbranquiçadas utilizado como substituição da areia na produção da argamassa de revestimento.
Sabe-se que em Mossoró há uma grande recorrência do fenômeno patológico denominado
“salitre”, que degrada a estrutura das paredes provocando manchas, descolamento da pintura,
pulverização do reboco, dentre outras consequências, e que a principal causa dessa ocorrência tem
sido o uso do solo arisco na composição das argamassas. O salitre ocorre devido vários fatores,
dentre os principais estão a presença de sais solúveis nos material que compõe a argamassa e a
presença de água através de infiltração nas paredes. Com o objetivo de verificar a influência do
arisco, enquanto componente de argamassa, no processo de formação do salitre em rebocos de
paredes de edificações é que direcionamos este trabalho. Verificou-se através de ensaios em
laboratório a influência física e química de três amostras de solo, retiradas de situações diferentes,
para que se obtivesse o resultado negativo para a influência da utilização do arisco na formação do
salitre em argamassas, comprovação esta, efetivada pela constatação da não salinidade desse solo.
Palavras chaves: Arisco, Salitre, Patologia, Salinidade.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Eflorescência em alvenaria ........................................................................... 13
Figura 02: Criptoeflorescência em alvenaria .................................................................. 13
Figura 03: Estados de consistência do solo .................................................................... 18
Figura 04: Área de localização da pesquisa.................................................................... 21
Figura 05: AMOSTRAS 01 e 02 de arisco com seus aspectos iniciais ................................ 22
Figura 06: Parede atingida patologicamente pelo salitre ................................................ 23
Figura 07: Amostras de arisco para processo de peneiramento...................................... 24
Figura 08: Aparelho de Casagrande ............................................................................... 25
Figura 09: Placa de vidro fosco ...................................................................................... 26
Figura 10: Procedimento de preparação de solução para pH ......................................... 27
Figura 11: Procedimento de preparação de soluções para obtenção do CTC ................ 27
Figura 12: Curva Granulométrica da AMOSTRA 01 .................................................... 30
Figura 13: Curva Granulométrica da AMOSTRA 02 .................................................... 31
Figura 14:AMOSTRA 01 com aspecto plástico ............................................................. 32
Figura 15: AMOSTRA 01 submtida ao aparelho de Casagrande .................................. 32
Figura 16: AMOSTRA 02 com aspecto plástico ............................................................ 32
Figura 17:AMOSTRA 02 submtida ao aparelho de Casagrande ................................... 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Classificação das argamassas segundo as suas funções na construção ....... 15
Tabela 02: Origens da umidade e suas localizações. ..................................................... 16
Tabela 03: Série de peneiros ASTM de malha quadrada .............................................. 17
Tabela 04: Níveis de concentração salina num substrato .............................................. 20
Tabela 05: Peneiramento Grosso para AMOSTRA 01. ................................................ 29
Tabela 06: Peneiramento Fino para AMOSTRA 01 ..................................................... 29
Tabela 07: Peneiramento Grosso para AMOSTRA 02 ................................................. 30
Tabela 08: Peneiramento Fino para AMOSTRA 02 ..................................................... 30
Tabela 09: Classificação do pH ..................................................................................... 33
Tabela 10: Determinação do pH das AMOSTRAS de arisco 01, 02 e 03 ..................... 33
Tabela 11: Determinação das quantidades de CTC ....................................................... 34
Tabela 12:Valores de referência de condutividade elétrica ........................................... 35
Tabela 13: Determinação da Condutividade Elétrica .................................................... 35
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 08
2REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 10
2.1Patologia nas Construções ............................................................................... 10
2.2Salitre ................................................................................................................. 11
2.3Arisco ................................................................................................................. 13
2.4Argamassa ......................................................................................................... 14
2.5Ação da Umidade .............................................................................................. 15
2.6Análise do Solo .................................................................................................. 16
2.6.1Análise Física .............................................................................................. 16
2.6.1.1Granulometria ..................................................................................... 16
2.6.1.2Limites de Consistência ...................................................................... 18
2.6.2Análise Química ......................................................................................... 18
2.6.2.1Deteminação do pH ............................................................................. 18
2.6.2.2Capacidade de Troca de Cátions ......................................................... 19
2.6.2.3Condutividade Elétrica ........................................................................ 19
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 22
3.1 IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA PESQUISA........................................ 22
3.2 MATERIAL ............................................................................................................. 23
3.2.1. Coleta das amostras ..................................................................................... 23
3.3 MÉTODOS ............................................................................................................... 24
3.3.1. Análise Física ............................................................................................... 25
3.3.1.1Análise Granulométrica ...................................................................... 25
3.3.1.2Limite de Consistência ........................................................................ 26
3.3.2. Análise Química ........................................................................................... 27
3.3.2.1Determinação do pH ........................................................................... 27
3.3.2.2Capacidade de troca de Cátions .......................................................... 28
3.3.2.3Condutividade Elétrica ........................................................................ 29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 30
4.1 ANÁLISE FÍSICA DO ARISCO ............................................................................. 30
4.1.1 Granulometria ................................................................................................. 30
4.1.2 Limites de Consistência .................................................................................. 32
4.2 ANÁLISE QUÍMICA DO ARISCO ........................................................................ 34
4.2.1 Deteminação do pH ........................................................................................ 34
4.2.2 Capacidade de troca de Cátions ...................................................................... 35
4.2.3 Condutividade Elétrica ................................................................................... 36
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 38
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 40
9
1. INTRODUÇÃO
Ultimamente, vem sendo observado o desenvolvimento de vários problemas
relacionados a manifestação de patologias nas construções, sejam elas modernas ou antigas,
de alto ou baixo padrão. Sabe-se que independente dos fatores que a ocasionaram, aonde
surgem e o período em que surgem, patologias sempre causam incômodo tanto para os
proprietários das edificações como para os profissionais na área da construção, sejam eles
arquitetos, engenheiros e restauradores. Além de afetar a estética das construções, estes
fenômenos, podem comprometer a durabilidade das mesmas.
Dentre as patologias que se manifestam frequentemente nas construções em geral,
podemos citar as eflorescências e criptoeflorescências. Estes fenômenos, generalizados pelo
termo “salitre”, se manifestam de formas diferentes nas argamassas de assentamento e
revestimento expostas a umidade. A primeira apresentam-se como manchas de sal branco
cristalizados na superfície do revestimento em quanto a segunda apresenta-se sob o
revestimento causando, devido a cristalização dos sais, esforços mecânicos que degradam a
argamassa, provocando seu desprendimento da alvenaria, caracterizando uma forma mais
agressiva do fenômeno
Na região da cidade de Mossoró – RN pode-se observar um alto índice de ocorrência
do salitre, e para isto, são apontados vários motivos, dentre eles estão à má impermeabilização
das estruturas de fundações, o tipo de solo sobre a qual a cidade esta situada, a água de
amassamento, e a influência dos materiais de construção utilizados nas construções.
Dentre os principais apontamentos quanto à responsabilidade da ocorrência do salitre
na região de Mossoró-RN, está o uso do arisco, matéria-prima extraída da própria região
utilizada como agregado miúdo na argamassa de assentamento e no revestimento das
construções em substituição da areia lavada, material de construção tradicionalmente utilizado
para esta finalidade. Essa substituição ocorre devido o arisco ser encontrado em grande escala
nas proximidades da cidade, e ser de fácil extração, processamento, e transporte, o que torna-o
um recurso mais acessível e consequentemente menos oneroso aos construtores.
O arisco utilizado nos revestimentos de argamassa é apontado por causar,
possivelmente, reações salinas com a água advinda principalmente do solo, transportadas
através da fundação e que chegam até as superfícies das paredes das edificações, evaporando,
e deixando depósitos de sais que se recristalizam, daí surgem os primeira os danos.
Uma possível salinidade do arisco é a responsável pela formação indesejada do salitre,
e esta pode ser comprovada através de ensaios físicos e químicos desse solo.
10
Desta forma, o presente estudo visa, através da análise do solo arisco, comprovar sua
influência na formação do salitre ocorrente nas construções argamassadas através dos ensaios
laboratoriais de granulometria, limites de consistência, determinação do pH, capacidade de
troca de cátions, e condutividade elétrica, contribuindo para a compreensão do fenômeno, e
para que o arisco, não seja colocado em desuso, causando prejuízos econômicos direta ou
indiretamente à população, uma vez que, o mesmo associado ao cimento Portland é um
material de grande importância no mercado da construção civil na região de Mossoró.
11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Patologia nas Construções
A ciência que estuda o surgimento, os sintomas e a natureza das doenças é
denominada de patologia. Originada do grego: Pathos ( doença) e Logos (estudo), a palavra
nos causa primeira interpretação restrita às doenças relacionadas aos seres vivos, quando, na
verdade, a mesma também pode ser utilizada para designar as anomalias relacionadas a
deterioração das estruturas construtivas.
A ocorrência da patologia em uma construção pode ser decorrente de vários fatores,
mas principalmente de três etapas primordiais, sendo elas: o projeto, a execução e a
manutenção de uma estrutura. Quanto ao projeto, as obras de construção civil continuarão a
ser apropriadas para a utilização, se e somente se, as determinações descritas nos projetos
forem seguidas à risca, ou então se não houver nenhum equívoco por parte do projetista. Na
etapa de execução, faz-se necessário, o cuidado com os tipos de materiais utilizados nas
construções, principalmente quanto as suas quantidades, armazenamento e manuseio,
tornando imprescindível a utilização de uma mão de obra especializada para cada etapa do
projeto.
A etapa da manutenção é a mais complicada de ser realizada, isto porque após a
execução das construções seus proprietários a esquecem ou adiam por muito tempo, não
respeitando a vida útil da construção nem a avaliando quanto a sua utilização, podendo estas
serem utilizadas para finalidades diferentes das que foram projetadas. (GRANATO, 2002)
Desta forma, faz-se necessário, sistematicamente e periodicamente, inspecionar,
avaliar e diagnosticar a construção, para que os resultados obtidos ajudem a tomada de
decisão correta quanto às devidas intervenções a serem realizadas, cumprindo efetivamente a
reabilitação da construção.
Granato (2002) cita em seu trabalho que existem vários parâmetros que contribuem
para o surgimento de patologias nas construções, decorrentes de fatores como: variações de
temperatura, reações químicas, vibrações, erosão, e corrosão.
12
2.2. Salitre
Na região Nordeste, mas precisamente em Mossoró-RN o termo “salitre” é utilizado
para designar um tipo de patologia muito recorrente em alvenarias e estruturas.
Simplificadamente, “salitre” é utilizado para generalizar os fenômenos de
eflorescência e criptoeflorescência, estes ocorrem devido às ações dos sais solúveis
cristalizados que segundo Woolfitt (2008), provocam perfurações e pulverização
característica nas superfícies, tornando-as visualmente desagradáveis e destrutivas, em
qualquer circunstância. No entanto, estas duas formas de ocorrência se manifestam de formas
diferentes.
A eflorescência é identificada pelos depósitos cristalinos de cor branca que surgem na
superfície dos revestimentos, como pisos (cerâmicos ou não), paredes e tetos, que não causam
esforços mecânicos importantes, resultantes da migração e posterior evaporação desoluções
aquosas salinizadas (SILVA, 2011).
A solução aquosa é formada pelo contato entre a água e sais solúveis presentes no
material, ou é oriunda de fontes externas e movimenta-se de uma parte a outra da estrutura
através da rede capilar do material. É importante ressaltar que estes fenômenos não
ocorreriam sem que houvesse a presença de um solvente, neste caso, a água, condições
ambientais favoráveis, um meio pelo qual a água pudesse percolar, e claro, a presença de sais
que sejam solúveis (SANTOS e FILHO, 2008).
Já Lima (2012) relata que a patologia pode vir de três fatores simultâneos: o teor de
sais solúveis presentes nos materiais ou componentes, a presença de água e a pressão
hidrostática para propiciar a migração da solução para a superfície.
Os sais tratam-se de um material originado durante o processo de formação do solo ou
então são trazidos por movimentos de águas subterrâneas. Quando nos referimos a sais
solúveis designando aqueles constituintes do solo que apresentam apreciável solubilidade em
água. Os principais sais solúveis encontrados nas matérias-primas são, segundo a página
virtual do Mundo da Tinta os:
Cloretos: especialmente o cloreto de sódio, que é encontrada principalmente nas
proximidades de zonas marítimas.
Nitratos: estão principalmente associados diretamente com a presença de matérias
orgânicas.
13
Carbonatos: são frequentemente responsáveis em casos de eflorescências
principalmente em forma de carbonato de sódio e estão normalmente ligados com a
argamassa de cimento ou a umidade do solo.
Sulfatos: São os principais culpados na maioria dos casos de patologia em edifícios,
nas quais o sulfato de sódio o sal mais comum em casos de eflorescência.
A criptoeflorescência ou subflorescência, por sua vez, ocorre de forma não visível. Os
depósitos salinos se formam sob a superfície da argamassa, podendo produzir esforços
mecânicos consideráveis por aumentar de volume ao cristalizar e também ao absorverem água
acarretando danos estéticos e estruturais mais intensos e perceptíveis que os da eflorescência,
dentre os danos podemos citar o desprendimento de material da argamassa e/ou alvenaria
podendo ocasionar exposição de armaduras (MENEZES, 2006 apud SANTOS e FILHO,
2008).
A diferença entre as consequências da eflorescência e da criptoeflorescência podem
ser observada nas Figuras 01 e 02.
Figura 01: Eflorescência em alvenaria
FONTE: http://mundodatinta.wordpress.com/2011/02/06/salitre-eflorescencias-e-criptoeflorescencias-parte1/
Figura 02: Criptoeflorescência em alvenaria
FONTE: http://mundodatinta.wordpress.com/2011/02/06/salitre-eflorescencias-e-criptoeflorescencias-parte1/
14
2.3. Arisco
São poucos os estudos realizados sobre este tipo de material até então, no entanto,
sabe-se que o mesmo vem sendo utilizado em larga escala nas construções como substituto da
areia, agregado miúdo considerado ideal para produção de argamassas e concretos. As
chamadas areias lavadas, possuem granulometria mais grossa e por isso são usadas na
elaboração de argamassas para estruturas.
Cavalcanti e Parahyba (2012) no seu estudo sobre agregados definem o arisco como
um composto de areias menos argilosas, mal selecionadas, de coloração creme a
esbranquiçadas, que ocorrem mais distantes da costa, fora da região de domínio das dunas e
paleodunas.
Mossoró, situada no interior do Rio Grande do Norte, apresenta características
climáticas do semiárido, com invernos amenos e verões muito quentes, com temperaturas
médias de 27,4ºC (FILHO et. al., 2012). Regiões semiáridas segundo Petrucci (1975) possui
alta concentração de sais no solo devido a condições climáticas desfavoráveis à região como:
elevada evaporação, infiltração baixa, ventos contínuos e principalmente pouca precipitação.
Outro agravante desta região é que a mesma encontra-se situada sobre blocos de rochas
calcárias, onde estas, geralmente, são consideradas como sendo as mais susceptíveis à
degradação pelos sais por possuírem em sua composição o carbonato de cálcio, que se
expostos a ácidos convertem-se em sulfatos, um dos sais solúveis mais encontrados nas
alvenarias (WOOLFITT, 2008). Desta forma, o arisco extraído nessa região possui grande
probabilidade em influenciar a ocorrência do salitre.
2.4. Argamassa
A argamassa assume papel importantíssimo quando tratamos de qualquer tipo de
construção, isso porque o volume utilizado deste material é muito alto, principalmente por
desempenhar várias funções dentro de uma obra. Consequentemente, qualquer problema
relacionado à mesma demanda custos indesejáveis. Desta forma, faz-se necessário um estudo
sobre o assunto para que possíveis problemas possam ser solucionados antes que ocasionem
algum tipo de prejuízo.
Existe uma classificação para a argamassa quanto as suas variadas funções conforme
mostra a Tabela 01.
15
Tabela 01: Classificação das argamassas segundo as suas funções na construção
Função Tipos
Para construção de
alvenarias
Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria)
Argamassa de fixação (ou encunhamento) – alv. de vedação
Para revestimento de
paredes e tetos
Argamassa de chapisco
Argamassa de emboço
Argamassa de reboco
Argamassa de camada única
Argamassa para revestimento decorativo monocamada
Fonte: CARASEK, 2010
A NBR 7200 (apud Ishikawa e Oliveira,2012)conceitua a argamassa como “a mistura
íntima de aglomerantes com um agregado miúdo e água, com capacidade de endurecimento e
de aderência”, sendo estes aglomerantes o cimento e/ou a cal, o agregado miúdo e a areia,
neste caso, substituída pelo arisco.
Ishikawa e Oliveira (2012) ainda acrescentam:
“A argamassa deve apresentar propriedades adequadas no estado
fresco e endurecidas, tais como trabalhabilidade (em termos de
consistência), plasticidade e coesão, capacidade de retenção de água,
capacidade de aderência, capacidade de absorver deformações
(menor módulo de elasticidade), durabilidade e resistência
mecânica”.
A problemática que envolve a argamassa quanto sua influência na ocorrência do
salitre segundo Santos e Silva Filho (2008) consiste em as mesmas possuírem vazios em seu
interior, como cavidades, bolhas, poros abertos e fechados e uma enorme rede de micro canais
que facilitam a passagem da água por capilaridade ou mesmo por força do gradiente
hidráulico.
Esta água que percola pela argamassa, reage quimicamente com os materiais, podendo
ocasionar a cristalização dos sais diluídos, e consequentemente a possível ocorrência do
salitre.
2.5. Ação da Umidade
Como exposto anteriormente a umidade é um fator necessário para que grande parte
das patologias em construções ocorra. Quando surge nas edificações, sempre trazem um
16
grande desconforto, pois degradam a construção rapidamente, e requerem uma solução rápida
e onerosa.
“Manchas, corrosão, bolor, fungos, algas, eflorescências, descolamento de
revestimentos, fissuras e alteração nas colorações são as formas de manifestação da umidade
nas edificações e essa água está diretamente ligada ao transporte dos sais.” Afirma Bauer
(1997 apud SOUZA, 2008).
Todas as construções estão sujeitas a umidade, e as suas consequências se manifestam
em paredes, tetos, pisos, cerâmicas, esquadrias, dependendo diretamente da sua origem.
VERÇOZA (1991) aponta como principais origens para umidade a água introduzida aos
materiais como a argamassa durante a construção (água de amassamento), a água que chega
às construções por capilaridade, devido ao movimento ascensional das partículas presentes no
solo, há também aquelas advindas da chuva, que irá influenciar tanto pelas características da
chuva (direção do vento, intensidade, umidade do ar, etc.) quanto pelas características da
construção (impermeabilização, má drenagem, elevada porosidade da argamassa, etc.).
Existem também ás umidades resultantes de vazamentos de redes de água e esgoto, e ás
obtidas por condensação, que tratam-se das partículas presentes no ambiente que se depositam
sobre a superfície da construção de forma que as mesmas são incorporadas ás estruturas.
Também são apontadas algumas possíveis origens para umidade e onde se localizam
na Tabela 02.
Tabela 02: Origens da umidade e suas localizações
Origens Presente na
Umidade proveniente da execução da
construção
Confecção do concreto
Confecção de argamassas
Execução de pinturas
Umidade oriunda das chuvas
Cobertura (telhados)
Paredes
Lajes de terraços
Umidade trazida por capilaridade (umidade
ascensional) Terra, através do lençol freático
Umidade resultante de vazamento de redes
de água e esgotos
Paredes
Telhados
Pisos
17
Terraços
Umidade de condensação
Paredes, forros e pisos
Peças com pouca ventilação
Banheiros, cozinha e garagens
. FONTE: Adaptada de KLEIN, 1999 (apud Souza, 2008).
2.6. Análise do solo
2.6.1. Análise física
2.6.1.1. Granulometria
Entende-se por granulometria ou análise granulométrica a ação de peneirar o solo afim
de reconhecer o tamanho dos seus grãos. De acordo com Ruiz (2005) (apud Fernandes, 2010),
esta ação ocorre de duas maneiras: por peneiramento e por sedimentação, dependendo do
material e dos objetivos da pesquisa realizada, emprega-se uma ou as duas maneiras na
análise granulométrica. No caso do peneiramento, ocorre a passagem do solo por diversas
malhas de peneiras, nos quais dependendo do tamanho dos seus grãos, o solo irá ser retido. As
malhas existentes e mais utilizadas para a realização deste ensaio são as aberturas quadradas,
mostradas na Tabela 03:
Tabela 03: Série de peneiros ASTM de malha quadrada
N.º da peneira Malha (mm)
3" 75,0
2" 50,0
1" ½ 37,5
1" 25,0
3/4" 19,0
3/8" 9,5
4 4,75
10 2,00
20 0,850
40 0,425
60 0,250
140 0,106
200 0,075
FONTE: http://pt.wikipedia.org
Para Fernandes (2010) o ensaio de sedimentação é utilizado quando objetiva-se
caracterizar a porção mais fina do solo, esta caracterização dá-se da seguinte maneira:
18
“(...)se baseia na Lei de Stokes: a velocidade de queda de partículas esféricas num
fluido atinge um valor limite que depende do peso específico do material da esfera
(Ys), do peso específico do fluido (Yw), da viscosidade do fluido (μ), e do diâmetro
da esfera (D), conforme a expressão:
Ys – Yw
V = ------------ . D2
18 . μ
Colocando-se uma certa quantidade de solo (uns 60g) em suspensão em água (cerca
de um litro), as partículas cairão com velocidades proporcionais ao quadrado de seus
diâmetros (PINTO, 2006).”
Quando há necessidade em analisar uma porção de solo mais grossa utiliza-se o ensaio
de peneiramento. Após a submissão do solo á série de peneiras, e a obtenção dos valores
retidos em cada uma por pesagem,são calculados os valores necessários para a obtenção da
curva de distribuição granulométrica. Traça-se a curva em função dos diâmetros das partículas
(eixo das abcissas), e os percentuais das partículas menores do que os diâmetros considerados
(eixo das ordenadas), isto é, os percentuais de solo que passam nas peneiras.
2.6.1.2. Limites de Consistência
Também identificados como Limites de Atterberg, o ensaio avalia o comportamento
de um dado material (solo) argiloso de acordo com o acréscimo no teor de umidade. Podendo
com isso passar por um estado plástico e por um estado semi-sólido (Figura 03),
caracterizando os estados de consistência do solo.
Figura 03: Estados de consistência do solo.
FONTE: Greco
19
Quanto mais elevada a umidade do solo, mais fluído ele será. O solo apresenta as
propriedades e a aparência de uma suspensão, não possuindo forma própria e não
apresentando nenhuma resistência ao cisalhamento. De acordo com a perda de água do
material, o solo atravessa um Limite de Liquidez e começa a adquirir consistência, onde
atinge a propriedade da plasticidade, podendo então sofrer deformações rápidas, sem que
ocorra variação volumétrica, ruptura ou fissuramento. Ao perder ainda mais umidade, o solo
que antes era totalmente moldável, já não possui essa característica, pois o mesmo atravessou
o Limite Plasticidade e atingiu agora um estado onde solo tem a aparência de um sólido, mas
que ainda encontra-se saturado. Já não possuindo mais umidade, sabe-se que o solo tingiu seu
estado sólido, e passou pela delimitação do Limite de Contração.
“De fato, os limites se baseiam na constatação de que um solo argiloso ocorre
com aspectos bem distintos conforme o seu teor de umidade. Quando muito
úmido, ele se comporta como um líquido; quando perde parte de sua água,
fica plástico, e quando mais seco, torna-se quebradiço” (PINTO, 2006 apud
Fernandes, 2010).
2.6.2 Análises Químicas
2.6.2.1 Determinação do pH
O pH é a medida mais simples feita no solo, no entanto e de grande importância para
caracterização das propriedades do mesmo. O ensaio tem como objetivo refletir um conjunto
complexo que envolve as reações no sistema solo-solução, indicando, Segundo Fernandes
(2010) a acidez, a neutralidade ou a alcalinidade de um meio.
Pode-se obter o pH de um solo tanto na diluição do mesmo em água como em solução
normal de cloreto de potássio. Utilizando um eletrodo de referência lê-se a escala fornecida
para identificar quando uma solução é considerada uma solução neutra,ou seja, quando possui
pH igual a 7, sendo os valores menores que 7 indicadores de uma solução ácida e valores
maiores que 7 indicadores de uma solução alcalina.
2.6.2.2 Capacidade de troca de Cátions
As argilas minerais possuem determinada superfície de troca, eletricamente carregada,
e são os principais coloides responsáveis pela capacidade de troca de cátions dos solos sob
condições tropicais (RONQUIM, 2010), desta forma, objetiva-se com a realização deste
ensaio identificar se as partículas do arisco que apresentam cargas capazes de reterem
20
nutrientes (íons) de forma trocável. Se comprovada a caracterização do solo arisco como
material arenoso, pode-se concluir que o mesmo tem baixa capacidade de troca catiônica, e
consequentemente, caracteriza-se um solo estável, como pouca ou nenhuma influência de
nutrientes, como afirma Fernandes (2010) em seu trabalho:
“A Capacidade de Troca de Cátions, também denominada de troca de base, é um
fenômeno importante e se refere à faculdade das partículas coloidais permutarem os
cátions adsorvidos em sua superfície. Assim, uma argila hidrogenada (argila-H) pode
se converter numa argila sódica (argila-Na) por uma constante infiltração de água que
contenha sais de Na em dissolução. Estas trocas constituem o fundamento da
estabilização dos solos mediante a ação de produtos químicos ou fenômenos
eletrosmóticos.”
2.6.2.3 Condutividade Elétrica
A Condutividade elétrica é a característica que determina a quantidade de sais
presentes em uma solução de solo, de forma que quanto maior a quantidade de sais na
solução, maior será o valor de condutividade elétrica obtida. Já descrevemos neste trabalho a
influência dos sais solúveis na formação do salitre, pincipalmente por que os sais podem se
dissociar em cátions e ânions. Fernandes (2010) cita em seu trabalho uma escala utilizada para
classificar os níveis de salinidade, como mostrado na Tabela 04:
Tabela 04 - Níveis de concentração salina num substrato
Níveis de salinidade Salinidade
Baixo 0,5 a 1,0
Médio 1,0 a 2,0
Alto 2,0 a 3,0
Se for obtido um valor de condutividade elétrica alto na amostra da solução que possui
arisco será possível afirmar que ali encontra-se uma alta concentração de eletrólitos, ou seja,
uma alta concentração de sais que facilitam a movimentação da corrente, tornando real a
hipótese da influência do arisco sobre a formação do salitre.
21
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa se restringiu ao território do município de Mossoró, localizada no interior
do Rio Grande do Norte. Nesta região, tem-se utilizado o arisco como substituição à areia na
argamassa. No entanto, não é de hoje que se constrói utilizando-se argamassa com arisco para
revestimentos e assentamento nessa cidade e nem é um fato isolado visto que essa
substituição é realizada na maioria das cidades e regiões vizinhas.
Figura 04: Área de localização da pesquisa
(FONTE: Dados cartográficos © 2013 Google, MapLink)
Um dos fatores que mais influenciaram a decisão deste trabalho foi o alto índice de ocorrência
do salitre em Mossoró, e devido o solo arisco ser extraído da própria região, mais
precisamente nas proximidades da “Estrada da Raiz” localizada próximo a BR-304 no acesso
que liga Mossoró ao Ceará. Segundo o Portal do Pequeno Produtor Mineral é perceptível nas
regiões áridas e semiáridas como no caso de Mossoró-RN, como grande parte do Nordeste
brasileiro apresentar condições climáticas favoráveis a uma elevada salinização do solo. “Por
esse motivo, o conjunto: sais solúveis e ventos contínuos fazem do Nordeste a região com
maiores condições para o surgimento de eflorescências e subeflorescências.”
22
3.2. MATERIAL
O arisco utilizado é um material bruto, isto porque o mesmo ao ser retirado da jazida
não passa por nenhum processamento de beneficiamento antes de ser comercializado, retirado
mecanicamente, sendo apenas transportado para os depósitos das empresas da região. Existem
em Mossoró três principais empresas extratoras de arisco, que usam o mesmo para suas
próprias obras, por também serem empresas construtoras, como também o comercializa, tanto
em pequenas quantidades para pequenas obras até para outras grandes construtoras em larga
escala.
3.2.1.Coleta das amostras
Utilizou-se para realização dos ensaios propostos três amostras diferentes de solo
arisco, a primeira, denominada AMOSTRA 01, foi retirada do depósito de materiais de uma
determinada empresa mossoroense, apresentando impurezas como pequenas raízes, e
encontrava-se muito úmida devida a exposição à chuva. A segunda, denominada AMOSTRA
02, foi retirada de um canteiro de obras de outra empresa da cidade, e apresentava-se seco, e
com muitas impurezas como galhos, raízes, folhas secas, pedaços de tinta ressecada e
argamassa. Ambas as amostras pertenciam à jazidas diferentes, por tratar-se de amostras
retiradas de empresas diferentes, no entanto, as jazidas são localizadas na mesma região. A
seguir apresenta-se na Figura 05 as AMOSTRAS 01 e 02 respectivamente:
Figura 05: AMOSTRAS 01 e 02 de arisco com seus aspectos iniciais.
FONTE: Autoria própria
23
A AMOSTRA 03, foi retirada de uma residência construída a partir de argamassa
utilizando arisco, em forma de material salitrado, e apresentava-se com grãos muito finos,
pulverulentos, com alguns pedaços de tinta seca, resultante de um processo avançado de
criptoeflorescência. A residência situa-se na Rua José Jerônimo de Medeiros, 113, bairro Belo
Horizonte em Mossoró-RN, a Figura 06 a seguir mostra o local de onde retirou-se a amostra.
Figura 06: Parede atingida patologicamente pelo salitre.
FONTE: Autoria própria
Como pode-se observar a estrutura do reboco perdeu toda sua a coesão fazendo com que
a argamassa de desintegrasse. O material da AMOSTRA 03 será utilizado como referência, ou
seja, poderemos comparar os resultados obtidos com essa amostra com os resultados das
AMOSTRAS 01 e 02 brutas.
.
3.3. MÉTODOS
Através da análise do solo será possível conhecer as características e as propriedades
físicas e químicas do material arisco utilizando os ensaios em laboratório. As propriedades do
arisco identificadas na análise irão comprovar sua possível influência na formação das
eflorescências e criptoeflorescências.
As amostras de arisco coletadas foram transportadas primeiramente ao Laboratório de
Mecânica dos Solos e Pavimentação da UFERSA (Universidade Federal Rural do Semiárido)
com o intuito de serem submetidas aos ensaios propostos para análise física do solo.
Realizou-se neste laboratório os ensaios de granulometria e limites de consistência. Logo
depois para a realização das análises químicas levou-se as amostras para o Laboratório de
Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas também pertencente ao Departamento de Ciências
24
Ambientais e Tecnológicas na mesma universidade. Os ensaios realizados nesta etapa foram a
determinação de pH, a capacidade de troca de Cátions e a condutividade elétrica do material.
3.3.1. Análise Física
Antes de começar os procedimentos de ensaio de caracterização, preparou-se a
amostra de solo segundo a NBR 6457/1986 que rege o método de ensaio para a preparação de
amostras de solos que irão ser ensaiados para compactação e caracterização. Como a
AMOSTRA 01 foi retirada do estoque ao ar livre, estava muito úmida devido à chuva, sendo
necessário deixá-la por um período de vinte e quatro horas na estufa para que perdesse
humidade e fosse possível trabalhar com a mesma.
É importante ressaltar que apenas as AMOSTRAS 01 e 02 foram analisadas nesta
etapa.
3.3.1.1. Análise Granulométrica
Após o procedimento de preparação da amostra, realizou-se o ensaio de granulometria
utilizando como orientação a NBR 7181/1984. Foram obtidos para o ensaio de granulometria
através do processo de peneiramento, como se pode ver na Figura 07, as seguintes porções de
material das AMOSTRAS 01 e 02:
Figura 07: Amostras de arisco para processo de peneiramento
FONTE: Autoria própria
Estes materiais correspondem ao que ficou retido entre as peneiras 10 e 200
respectivamente, através da lavagem do material com água. Sendo todas as porções das
25
amostras submetidas á peneira 10, e o material retido na mesma, lavado. Do total passante
nesta peneira, retirou-se 120g para que fosse lavado na peneira 200. Após secas em estufa, as
amostras foram passadas nas peneiras para que fosse realizado o peneiramento fino
(utilizando-se as peneiras 30, 40, 60, 100 e 200) e grosso (utilizando-se as peneiras 4, 10, 16)
respectivamente, para as AMOSTRAS 01 e 02. Pesou-se as frações de solos retidas em cada
peneira e anotou-se os pesos para a efetuação dos cálculos necessários ao ensaio.
3.3.1.1. Limites de consistência
De acordo com o que rege a NBR 6459/1984 e a NBR 7180/1984, realizou-se o ensaio
de determinação do Limite Liquidez de e Limite de Plasticidade, respectivamente.
Do material existente, separaram-se para as AMOSTRAS 01 e 02 aproximadamente
200 gramas de material passante na peneira #40 (0,42mm) e adicionou-se água até uma
quantidade necessária para a realização dos ensaios.
Para a determinação do Limite de Liquidez utilizou-se o aparelho de Casagrande
(Figura 08), através dele pode-se quantificar o número de golpes necessários para que o solo
úmido separado por uma ranhura de um centímetro se unisse novamente. Objetivou-se neste
procedimento obter massas de solo com consistências que permitam pelo menos uma
determinação do número de golpes em cada um dos intervalos apresentados as seguir:
De 25 a 35 golpes;
De 20 a 30 golpes;
De 15 a 25 golpes.
Figura 08: Aparelho de Casagrande
FONTE: Autoria própria
26
Para determinação do Limite de Plasticidade utilizou-se uma placa de vidro fosco
(Figura 09).
Figura 09: Placa de vidro fosco
FONTE: Autoria própria
As amostras úmidas foram roladas a fim de obter-se uma forma elipsoidal do material
sem que a mesma se fragmente antes de atingir diâmetro de 3mm e comprimento de 10
centímetros.
3.3.2. Análise Química
Para os ensaios realizados no laboratório de Solos do DCAT, as amostras levadas
foram submetidas a um peneiramento na malha de 2,0 mm para que fossem retiradas as
partículas maiores antes que fossem ensaiadas. Feito isto, seguiu-se as orientações do manual
“Análise química Segundo o manual de análises químicas de solos” da EMBRAPA 2ªedição
de 2009.
Nesta etapa da análise foram utilizadas as AMOSTRAS 01, 02 e 03.
3.3.2.1 Determinação do pH
Para cada amostra de solo retirou-se uma amostra padronizada de solo e 25ml de água
que em seguida foram homogeneizados (Figura 10).
27
Figura 10: Procedimento de preparação de solução para pH .
FONTE: Autoria própria
Após 1 hora pode-se obter o valor do Potencial Hidrogeniônico do material. A leitura
obtida deu-se pela utilização de um potenciômetro conforme manual da EMBRAPA.
3.3.2.2 Capacidade de troca de Cátions
Determinou-se os cátions trocáveis para as AMOSTRAS 01, 02 e 03 da seguinte
maneira: Os Ca2+
e Mg2+
trocáveis foram extraídos com solução de KCl 1mol/L, na proporção
1:10. Já os K+ e Na
+ trocáveis foram extraídos com solução de Mehlich 1(solução extratora
duplo ácida composta por HCl 0,05 M + H2SO4 0,0125 M), na proporção 1:10, determinado
por fotometria de chama. Extraiu-se oAl3+
com solução de KCl1mol/L, na proporção de 1:10,
sendo determinado pela titulação de acidez com NaOH 0,025 N. Essas extrações (Figura 11)
foram realizadas após um período de 24 horas, conforme determinado nos métodos da
EMBRAPA.
Figura 11: Procedimento de preparação de soluções para obtenção do CTC.
FONTE: Autoria própria.
28
3.3.2.3 Condutividade Elétrica
Realizou-se a estimativa dos sais presentes no solo de cada amostra com o auxílio de
um condutivímetro, aparelho de fácil manuseio, que possui eletrodos que em contato com a
solução solo-água libera corrente elétrica. A leitura do aparelho fornece os valores de
condutividade de cada amostra equivalente a salinidade de solo. Para o procedimento adotou-
se os método proposto pelo manual da EMBRAPA.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. ANÁLISE FÍSICA DO ARISCO
4.1.1. Granulometria
Determinou-se a granulometria das amostras de solo arisco através do ensaio de
peneiramento. Na análise foi constatado a composição bastante arenosa do arisco para as
AMOSTRAS 01 e 02. Para os cálculos realizados para obtenção dos resultados apresentados a
seguir, levou-se em consideração os valores obtidos para as Umidades higroscópicas de
0,21% e 0,31% e dos pesos das Amostras Totais Úmidas de 1500g e 4000g para as
AMOSTRAS 01 e 02, respectivamente.
Desta forma, para a AMOSTRA 01 obteve-se os valores expressos nas Tabelas 05 e
06 correspondentes os peneiramentos grosso e fino, e na Figura 11 apresenta-se a curva
granulométrica desta porção de solo.
Tabela 05: Peneiramento Grosso para AMOSTRA 01.
PENEIRAMENTO GROSSO
Peneira Retida da Amostra Total % Passante Total
ASTM mm Retido % Ret. % Acumulada
2" 50 0,00 0,00 0,00 100,00
1 1/2" 38 0,00 0,00 0,00 100,00
1" 25 0,00 0,00 0,00 100,00
3/4" 19 0,00 0,00 0,00 100,00
3/8" 9,50 0,00 0,00 0,00 100,00
N.º 4 4,8 1,99 0,13 0,13 99,87
N.º 10 2,0 26,90 1,80 1,93 98,07
Tabela 06: Peneiramento Fino para AMOSTRA 01
PENEIRAMENTO FINO
Amostra Parcial Úmida (g)
120,00
% Passante Parcial
% Passante
Total
Amostra Parcial Seca (g) 119,73
Peneira Retida da Amostra Parcial
ASTM mm Massa (g) %
Ret. % Acumulada
16 1,2 1,01 0,84 0,84 99,16 97,24
30 0,6 16,13 13,47 14,32 85,68 84,03
40 0,42 13,46 11,24 25,56 74,44 73,01
60 0,25 33,91 28,32 53,88 46,12 45,23
100 0,15 26,91 22,47 76,35 23,65 23,19
200 0,075 16,00 13,36 89,72 10,28 10,09
.
De acordo com a interpretação das Tabelas 05 e 06, pode-se concluir que a
AMOSTRA 01 apresenta um material predominantemente arenoso, classificado como Areia
Média. Esta classificação pode ser observada mais claramente na da Figura 12 a seguir.
30
Figura 12: Curva Granulométrica da AMOSTRA 01.
Para a AMOSTRA 02 os valores obtidos encontram-se expressos nas Tabelas 07 e 08
correspondentes os peneiramentos grosso e fino, e na Figura 13 apresenta-se a curva
granulométrica desta porção de solo bruto.
Tabela 07: Peneiramento Grosso para AMOSTRA 02.
PENEIRAMENTO GROSSO
Peneira Retida da Amostra Total % Passante Total
ASTM mm Retido % Ret. % Acumulada
2" 50 0,00 0,00 0,00 100,00
1 1/2" 38 0,00 0,00 0,00 100,00
1" 25 0,00 0,00 0,00 100,00
3/4" 19 0,00 0,00 0,00 100,00
3/8" 9,50 0,00 0,00 0,00 100,00
N.º 4 4,8 7,16 0,18 0,18 99,82
N.º 10 2,0 178,42 4,47 4,65 95,35
Tabela 08: Peneiramento Fino para AMOSTRA 02.
PENEIRAMENTO FINO
Amostra Parcial Úmida (g)
120,00
% Passante Parcial
% Passante
Total
Amostra Parcial Seca (g) 119,63
Peneira Retida da Amostra Parcial
ASTM mm Massa (g) %
Ret. % Acumulada
16 1,2 10,53 8,80 8,80 91,20 86,95
30 0,6 32,69 27,33 36,13 63,87 60,90
40 0,42 15,63 13,07 49,19 50,81 48,44
60 0,25 24,47 20,46 69,65 30,35 28,94
100 0,15 16,59 13,87 83,52 16,48 15,72
200 0,075 12,82 10,72 94,23 5,77 5,50
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
0,01 0,1 1 10 100
% P
AS
SA
ND
O D
A A
MO
ST
RA
TO
TA
L
PENEIRAS (mm)
PEDREGULHO AREIA
31
Figura 13: Curva Granulométrica da AMOSTRA 02.
De acordo com a interpretação das Tabelas 07 e 08, pode-se concluir que a
AMOSTRA 02 também se apresenta como um material predominantemente arenoso,
classificado como Areia Grossa. Esta classificação pode ser observada na Figura 12.
4.1.2. Limites de Consistência
Realizado primeiramente o ensaio de determinação do Limite de Liquidez utilizando o
aparelho de Casagrande com as AMOSTRAS 01 e 02, obteve-se que os dois solos
apresentavam-se como não plásticos (NP), ou seja, não apresentavam limites de consistência.
Solos não plásticos são aqueles nos quais não é possível a determinação do seu limite de
plasticidade, caracterizados principalmente por solos predominantemente arenosos, como no
caso das amostras de arisco analisadas.
Quando submetida a este ensaio a AMOSTRA 01 apresentou-se pouco úmida,
segundo prescrição normativa encontrava-se com aspecto plástico (Figura 14), no entanto,
foram necessários apenas 9 golpes para que fosse fechada a ranhura (Figura 15), mesmo
acrescentado solo ao sistema não foi possível atingir pelo menos o intervalo entre 15 e 25
golpes, caracterizando a falta de coesão do solo.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
0,01 0,1 1 10 100
% P
AS
SA
ND
O D
A A
MO
ST
RA
TO
TA
L
PENEIRAS (mm)
PEDREGULHO AREIA
32
Figuras 14 e 15: AMOSTRA 01 com aspecto plástico e submetida ao aparelho de Casagrande.
A AMOSTRA 02 quando submetida ao ensaio, também apresentava aspecto plástico
(Figura 16), só que ao tentar abrir a ranhura, o solo se rompeu na concha do aparelho
demonstrando não ter coesão suficiente para que fosse possível a realização deste
procedimento (Figura 17). Acrescentando umidade a amostra, e submetendo-o aos golpes,
foram necessários apenas 13 golpes para o fechamento da ranhura, de forma que quanto mais
acrescentou-se umidade ao sistema, o número de golpes apresentavam-se ainda menores.
Caracterizando a AMOSTRA 02 como material não plástico.
Figuras 16 e 17: AMOSTRA 02 com aspecto plástico e submetida ao aparelho de Casagrande.
Mesmo com os resultados comprovados referentes a não plasticidade das amostras de
solo, realizou-se o ensaio de Limite de Plasticidade com as AMOSTRAS 01 e 02. Os
resultados obtidos corroboraram com a não plasticidade anteriormente determinada.
33
4.2. ANÁLISE QUÍMICA DO ARISCO
4.2.1. Determinação do pH
De posse dos resultados referentes as AMOSTRAS 01, 02 e 03, pôde-se classificar o
pH dos solos segundo a Tabela 09 fornecida pelo Laboratório de Fertilidade do Solo e
Nutrição de Plantas da UFERSA apresentada a seguir:
Tabela 09: Classificação do pH
CLASSIFICAÇÃO
MUITO BAIXO BAIXO BOM(1)
ALTO MUITO ALTO
pH do solo (solo: água 1:2,5)
<4,5 4,5 a 5,4 5,5 a 6,0 6,1 a 7,0 >7,0
(1) O nível superior desta classe pode ser considerado como o nível crítico
Os valores obtidos para as AMOSTRAS 01 e 02 diluídas em água ficaram dentro da
faixa considerada ácida, tendo a AMOSTRA 01 pH classificado como baixo, e o da
AMOSTRA 02 classificado como alto. Neste caso, temos que os valores obtidos para
caracterização ácida dos solos indicam que os mesmos influenciam a não liberação de cátions
trocáveis, ou seja, possuem menor probabilidade de ocorrência de reações químicas
envolvendo os sais solúveis contidos no solo.
Já para a AMOSTRA 03, referente ao material salitrado obteve-se um valor na faixa
alcalina de pH no qual pode ser classificado como muito alto. Ao contrário das amostras
ácidas, a AMOSTRA 03 indica que o fenômeno patológico ocorreu devido a alta liberação de
cátions, o que vem comprovar a presença de sais solúveis na argamassa e a ocorrência das
reações químicas responsáveis pela formação do salitre.
Os valores obtidos na determinação do pH em água para as amostra estudadas podem
ser conferidos na Tabela 10.
Tabela 10: Determinação do pH das AMOSTRAS de arisco 01, 02 e 03.
Determinação do pH
Situação do solo
Ph
(solo:água) Faixa Classificação
AMOSTRA O1 Bruto 5,04 Ácida Baixo
AMOSTRA O2 Bruto 6,17 Ácida Alto
34
AMOSTRA O3 Salitrado 8,23 Alcalina Muito alto
4.2.2. Capacidade de Troca de Cátions
A presença de cátions trocáveis é um indicativo importante para a determinação da
presença de sais solúveis no material estudado, de forma que, quanto maior a presença de
cátions, maior a salinidade do solo, caracterizando-o predominantemente argiloso, o que não é
do caso do arisco bruto como comprovado nas análises físicas realizadas para determinar os
limite de consistência. A Tabela 11 apresenta os resultados dos teores de cátions trocáveis que
foram extraídos das AMOSTRAS 01, 02 e 03. As quantidades obtidas de cada substância
correspondem à classificações por níveis, realizadas segundo a tabela de referência fornecida
pelo Laboratório de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas da UFERSA
Tabela 11: Determinação das quantidades de CTC.
Determinação do CTC
K+ Na
+ Ca
2+ Mg
2+ Al
3+ (H+Al) SB t CTC
mg/dm³ cmolc/dm³
AMOSTA
01 40,7 13,1 0,3 1,4 0,05 1,16 1,86 1,91 3,02
AMOSTA
02 74,1 48,5 1,9 1,1 0 1,07 3,4 3,4 4,47
AMOSTA
03 560,8 1605,9 44,2 11,65 0 0 64,27 64,27 64,27
A tabela de referência não será citada neste trabalho, pois a mesma leva em
consideração os teores de nutrientes que seriam necessárias à fertilidade do solo, não sendo
este o objetivo, interpretar-se-á os valores segundo sua contribuição para a ocorrência do
salitre.
Pode-se observar que os teores de cátions extraídos crescem proporcionalmente à
diminuição da acidez potencial (H+Al) para cada amostra, e que a capacidade de troca de
cátions (CTC) apresentou-se maior na amostra de argamassa salitrada, do que nas amostras de
solo bruto. Sendo que, a AMOSTRA 02 possui maior capacidade de troca do que a
AMOSTRA 01, muito provavelmente por que a mesma esteve mais exposta a intervenções e
contaminações na obra em que foi coletada do que a AMOSTRA 01 que encontrava-se
armazenada logo após ser retirada da jazida. Outro aspecto relevante é a quantidade de cátions
K+ e Na
+ presentes nas três amostras, este fato pode ser justificado levando em consideração a
35
natureza do solo, neste caso originado de rochas graníticas, contrariando a hipótese da
influência das rochas calcárias sobre a salinidade do arisco retirado da região de Mossoró-RN.
4.2.3. Condutividade Elétrica
Os valores obtidos na realização deste ensaio foram obtidos através da leitura da
condutividade de um extrato saturado solo-água por um aparelho chamado condutivímetro.
Como referência para interpretação dos dados utilizou-se a Tabela 12 segundo Cavinset al.,
2000, in Gruszynski, 2002 (apud Fernandes, 2010).
Tabela 12: Valores de referência de condutividade elétrica.
Extrato saturado* CE
0,0 a 0,75 Muito baixo
0,76 a 2,0 Baixo
2,0 a 3,5 Normal
3,5 a 5,0 Alto
5,0 a 6,0 Muito alto
>6,0 Extremo
*expressa em dSm-1 a 25º C
A seguir encontram-se na Tabela 13 os valores lidos no condutivímetro para as
AMOSTRAS 01, 02 e 03 e sua classificação segundo a tabela de referência.
Tabela 13: Determinação da Condutividade Elétrica.
Determinação da Condutividade Elétrica
Leitura do
Condutivímetro (dS/m) Classificação
AMOSTRA 01 0,26 Muito baixo
AMOSTRA 02 0,13 Muito baixo
AMOSTRA 03 4,77 Alto
Sabe-se que é através da realização desse ensaio que pode-se comprovar a presença de
salinidade no solo e que sua classificação é feita segundo o grau dessa salinidade. Desta
forma, para as AMOSTRAS 01 e 02 foram obtidas salinidades muito baixas, em comparação
a da AMOSTRA 03, no entanto, não se tornam desprezíveis à formação do salitre, pois apesar
dos baixos valores encontrados para a CE os mesmos podem influenciar do desencadeamento
36
da patologia. Se esses valores fossem mesmo desprezíveis o condutivímetro não faria leitura
dos mesmos, apresentaria em seu visor apenas traços. O valor encontrado para AMOSTRA 03
vem comprovar que para a ocorrência do fenômeno patológico nas argamassas se faz
necessário a presença da salinidade, mas que esta salinidade não é advinda exclusivamente do
agregado, abrindo possibilidades para o estudo da influência dos outros componentes da
argamassa.
37
5. CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos através dos experimentos e suas respectivas
análises, acredita-se que as conclusões descritas neste trabalho correspondem
satisfatoriamente ao objetivo traçado inicialmente, isto porque provamos aqui a eficiência da
pesquisa ás indagações pertinentes aos problemas enfrentados por uma comunidade, neste
caso a população de Mossoró-RN.
Com o objetivo de estudar a influência do material arisco utilizado como substituição
da areia nas argamassas de revestimento e assentamento na formação do salitre, e sabendo
que, para que esse material fosse considerado prejudicial à argamassa ele precisaria possuir
um determinado teor de salinidade em sua composição, pode-se afirmar que segundo os
resultados obtidos, o arisco não possui salinidade suficiente para influenciar o
desencadeamento deste fenômeno patológico, no entanto, devido a deficiência de estudos
sobre o assunto, não podendo descartar a hipótese dessa salinidade, embora que pequena,
influencie em determinadas situações de exposição a formação do salitre.
Embora seja um solo arenoso, com pouco percentual de argila, baixo pH
(caracterizando-o como ácido), pouca capacidade de troca catiônica e consequentemente
baixa condutividade, não se sabe se a classificação baixa de salinidade é incapaz de ocasionar
reação química com a umidade. Por outro lado, segundo Fernandes (2010), para ser
considerado salino um solo deve apresentar condutividade elétrica igual ou maior que 4mS/cm
que equivale a 4 dS/m, valor este muito superior aos valores encontrados para as amostras brutas
neste trabalho. Desta forma, acredita-se que um estudo mais aprofundado, voltado à aplicação da
influência da salinidade em materiais da construção civil deve ser realizado, assim, trabalhos
futuros o terão como referência.
Pode-se então, atribuir a ocorrência do salitre nas residências de Mossoró também aos
outros componentes da argamassa, no caso, a água de amassamento, ou ainda ao tijolo cerâmico
que compõe a estrutura da alvenaria. Além dos materiais de construção, outros aspectos devem se
considerados, como a má impermeabilização das fundações e alvenarias. As águas que percolam
ascendentemente do terreno para as alvenarias, podem possuir várias origens e carregarem em sua
composição substâncias que influenciem em diversas patologias para a estrutura da construção,
inclusive, podem conter um alto teor de salinidade, contribuindo ainda mais para a ocorrência de
eflorescências.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que além de comprovar a baixa
salinidade do arisco, através da análise física pode-se apontar uma vantagem da utilização do
38
mesmo na composição das argamassas, uma vez que em comparação com a areia lavada, o
mesmo possui uma fração embora que pequena de argila que irá influenciar positivamente na
trabalhabilidade da argamassa, sem que seja necessária a adição de cal para tal finalidade,
diminuindo assim os custos direcionados a produção de argamassa que compõe uma das mais
onerosas etapas das obras de construção civil.
39
REFERÊNCIAS
CARASEK, H. Universidade Federal de Goiás. Apresentação IBRACON. Capítulo 26,
“Argamassa”. Segundo o livro Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo
C. Isaia. Disponível
em:<http://aquarius.ime.eb.br/~moniz/matconst2/argamassa_ibracon_cap26_apresentacao.pdf
> Acesso em: 23/07/2013 às 22h47min.
CAVALCANTI, V. M. M. e PARAHYBA, R. E. R.A indústria de agregados para
construção civil na Região Metropolitana de Fortaleza. 2012. Fortaleza: DNPM, 2011.
110p.
EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Manual de
Métodos de Análises de Solos. / Centro Nacional de Pesquisa de Solos. – 2. ed. rev. atual. –
Rio de Janeiro, 2009.
FERNANDES, P. H. C. Estudo sobre a influência do massará no processo de formação de
salitre em rebocos na região de Teresina-PI. Natal. 2010. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2010.
FILHO, J. A. et al. Análise do desempenho das argamassas de revestimento
empregadas nos novos empreendimentos de engenharia da região de Mossoró-RN. VII
CONNEPI. Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, Palmas – Tocantis, 2012.
GRANATO, J. E. Patologia das construções. 2002. Disponível em:
<http://irapuama.dominiotemporario.com/doc/Patologiadasconstrucoes2002.pdf> Acesso em:
26/08/2013 ás 12h01min.
GRECO, J. A. S. “Solos – Conceitos e Ensaios da Mecânica dos Solos Classificação dos
Solos para Fins Rodoviários”. Materiais para Pavimentação. Universidade Federal de Minas
Gerais. Disponível em: <etg.ufmg.br/~jisela/pagina/Notas de aula solos.pdf> Acesso em:
01/09/2013.
ISHIKAWA, PAULO H. e OLIVEIRA, LUIZ P. “Propriedades da Argamassa com Areia Artificial
para Revestimento de Alvenaria”. 2012.Disponível em:
<http://www.apfac.pt/congresso2012/comunicacoes/Paper%2045_2012.pdf> Acesso em: 30/08/213.
LIMA, A. N. et. al. “Levantamento das Patologias em Residências de Delmiro Gouveia e
Região – Causas e Soluções”. 2012. Universidade Federal de Alagoas,Campus do Sertão.
40
NBR 6457/1986 – Amostra de Solo – Preparação cara ensaios de compactação e ensaios de
caracterização.
NBR 7181/1984 – Solo – Análise Granulométrica – Método de Ensaio
NBR 6459/1984 - Solo – Determinação do Limite de Liquidez – Método de Ensaio
NBR 7180/1984 - Solo – Determinação do Limite de Plasticidade – Método de Ensaio
PORTAL DO PEQUENO PRODUTOR MINERAL (www.mme.gov.br)
RONQUIM, C.C. Conceitos de Fertilidade do Solo e Manejo Adequado para as Regiões
Tropicais. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010. 26 p.
SANTOS, P. H. C. e FILHO, A. F. S. Eflorescência: Causas E Conseqüências. 2008.
Disponível em: <http://info.ucsal.br/banmon/Arquivos/ART_130109.pdf>Acesso em:
14/07/2013 ás 15h58min.
SILVA, I. T.S. Identificação Dos Fatores Que Provocam Eflorescência Nas Construções
Em Angicos/RN. Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. Angicos-RN, 2011.
SOUZA, M. F. Patologias Ocasionadas Pela Umidade nas Edificações. Monografia
(Especialização em Construção Civil), Universidade Federal de Minas Gerais - Belo
Horizonte, 2008. 54p.
WOOLFITT, C. “Sais Solúveis Em Alvenarias”. Tradução por António de Borja Araújo,
eng.º Civil I.S.T., Maio de 2008. Disponível em:
<http://5cidade.files.wordpress.com/2008/06/sais-soluveis-em-alvenarias.pdf> Acesso em:
19/07/2013 ás 11h01min.
VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. Porto Alegre, Editora Sagra, 1991.
Salitre – Eflorescências e Criptoeflorescências – parte1. Disponível em:
<http://mundodatinta.wordpress.com/2011/02/06/salitre-eflorescencias-e-criptoeflorescencias-
parte1/> Acesos em: 06/10/2012.