UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-30 · anos de trocas, como ela...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO
MESTRADO EM TURISMO
MARIA CAROLINA CAVALCANTE DIAS
BRANDING DE DESTINOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO A PARTIR DO SAFFRON
CITY BRAND CRITERIA
NATAL
2017
MARIA CAROLINA CAVALCANTE DIAS
BRANDING DE DESTINOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO A PARTIR DO “SAFFRON
CITY BRAND CRITERIA”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Turismo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como requisito
obrigatório para a obtenção do título de Mestre
em Turismo.
Orientadora: Profa. Dra. Lissa Valéria
Fernandes Ferreira, D.Sc.
Área de Concentração: Turismo,
desenvolvimento e gestão
NATAL/RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Dias, Maria Carolina Cavalcante.
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do
Saffron City Brand Criteria / Maria Carolina Cavalcante Dias.
- 2018.
141f.: il.
Dissertação (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
Programa de Pós-Graduação em Turismo. Natal, RN, 2018.
Orientador: Profa. Dra. Lissa Valéria Fernandes Ferreira.
1. Marketing de Lugares - Dissertação. 2. Branding de
Destinos Turísticos - Dissertação. 3. Saffron City Brand
Criteria - Dissertação. 4. Destinos do Nordeste Brasileiro -
Dissertação. I. Ferreira, Lissa Valéria Fernandes. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 338.48-4:658.8
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
Maria Carolina Cavalcante Dias
Branding de destinos turísticos:
Um estudo a partir do Saffron City Brand Criteria
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Turismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como requisito obrigatório para
a obtenção do título de Mestre em Turismo
Aprovada em:
Natal/RN, ___ de _______________________ 2018
Orientadora: Profa. Dra. Lissa Valéria Fernandes Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Examinador Interno: Prof. Dr. Sérgio Marques Júnior
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Examinador Interno: Prof. Luis Roberto Rossi Del Carratore
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Examinador Externo: Profa. Dra. Elaine Lopes da Silva
Universitat Autònoma de Barcelona - UAB
Termo de Isenção de Responsabilidade
Declaro, para todos os fins de Direito que se fizerem necessários, que assumo total
responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico nele empregado.
Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a
propriedade intelectual o artigo, n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena – detenção,
de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, consignam,
respectivamente:
§ 1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem
autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa, (...).
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz
no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou
cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.
Diante do que apresenta o artigo nº. 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que
poderei responder civil, criminal e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio
integral ou parcial do trabalho.
Natal/RN, ___ de ___________________ 2018
Maria Carolina Cavalcante Dias
Agradecimentos
Este trabalho é resultado de intensa colaboração e carrega nas suas entrelinhas o real
valor do compartilhamento, do conhecimento, do esforço, do apoio e do acreditar. Meus
agradecimentos são destinados a cada uma das pessoas que durante os momentos de reflexões
aprofundadas, dúvidas intensas, prazos curtos, devaneios, celebrações e cafés filosóficos
compartilharam seu tempo, conselhos, fé, sabedoria, puxões de orelha e bom humor,
contribuíram significativamente para que este estudo fosse concluído.
Agradeço a toda minha família pelo suporte único e especial de todos os momentos e
em especial à minha mãe, Edilene Cavalcante, pela compreensão e preocupação, Elizia
Cavalcante e Leila Cavalcante pela proximidade, reflexões, edições, opiniões sinceras e críticas
construtivas, a Joabe Mendes pela parceria, diálogo e estímulo para que eu acredite nas
possibilidades de todas as coisas.
Aos meus amigos, de longe e de perto, em especial meus parceiros de produção
científica e ócio “criativo” André Luiz Vieira, Aureo Paiva, Alexandra Martins Mane e Ana
Luiza Tito, por compartilharem suas verdades, ideias, amizade e percepções sobre a vida.
Aos professores e colegas de Mestrado pela convivência e conhecimento compartilhado,
ao Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
à Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior – Capes e à UFRN pela oportunidade
de aprender e dar os primeiros passos como pesquisadora.
À minha professora-orientadora, Profa. Dra. Lissa Ferreira pela acolhida por mais dois
anos de trocas, como ela mesma diria, “no mundo da vida e no mundo do trabalho”, e onde
muito mais do que conhecimento acadêmico-científico, compartilhamos valores, momentos,
amizade e respeito. Professora, pelo seu exemplo de pessoa e profissional, certamente, a nossa
marca e os nossos valores mais valiosos estão nos momentos e nos relacionamentos que
construímos ao longo destes anos. Como sempre, seguimos juntas.
Agradeço as felizes surpresas do Mestrado entre elas a consolidação do Grupo de
Pesquisas em Marcas e Marketing da UFRN, a recepção calorosa da Professora Elaine Lopes
na Universitat Autònoma de Barcelona (UAB), os resultados produtivos das discussões junto
com Professor Sérgio Marques, Fabíola Fernandes e Ana Luiza Tito.
Agradeço à banca examinadora por aceitar o convite e pelas contribuições.
Por fim, agradeço a todos os participantes da pesquisa, pela disponibilidade e
contribuições fundamentais para a realização deste estudo, e a todos aqueles que contribuíram
de forma direta ou indireta para a conclusão da presente pesquisa.
A todos vocês, muito obrigada!
Resumo
Dias, M. C. C. (2018). Branding de destinos turísticos: um estudo a partir do “Saffron City
Brand Criteria”. Dissertação de Mestrado, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de
Pós-Graduação em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN.
A competitividade no setor turístico incentiva as destinações a desenvolverem estratégias e
mecanismo para a sua diferenciação e posicionamento favorável. Para isto, uma das
alternativas é a incorporação da gestão estratégica de marcas, entendida como um recurso
capaz de a comunicar a identidade única do destino, distingui-lo de seus concorrentes e realizar
a sua promoção. Neste contexto, os estudos sobre o branding de destinos turísticos apresentam
pesquisas voltadas para a construção, gestão e avaliação de marca e contribuem para o
entendimento sobre como este processo ocorre nos destinos. Desse modo, o presente trabalho
tem como objetivo analisar três destinos concorrentes do Nordeste brasileiro em relação às
suas respectivas marcas, a partir do “Saffron City Brand Criteria”. Como metodologia de
caráter descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, utilizou como recurso para coleta de
dados, entrevistas abertas semiestruturadas com gestores e representantes dos trades turísticos
dos destinos selecionados e análise documental. Através de análise de conteúdo, auxiliada pelo
Software de análises qualitativas e mistas Nvivo (versão 11.0), foi possível concluir que os
destinos não dispõem de uma marca turística definida e orientada estrategicamente para
alcançar objetivos; possuem foco na dimensão física e tangível dos seus ativos em detrimento
das dimensões emocional e simbólica; apresentam posicionamento baseado nos produtos
turísticos existentes, almejando atender objetivos e públicos que se assemelham; apresentam
diferentes relações entre aqueles que gerenciam a marca e aqueles ao qual a marca pertence.
Por fim, são apresentadas reflexões sobre o parâmetro Saffron City Brand Criteria e sua
aplicação no contexto dos destinos brasileiros e agenda para pesquisas futuras.
Palavras-chave: Marketing de Lugares; Branding de Destinos Turísticos; Saffron City Brand
Criteria; Destinos do Nordeste Brasileiro.
Abstract
Dias, M. C. C. (2018). Tourism destinations branding: a study based on Saffron City Brand
Criteria. Master´s thesis, Center of Applied Social Sciences, Postgraduate Program in Tourism,
Federal University of Rio Grande do Norte, Natal/RN.
Competitiveness in the tourism sector encourages the destinations to develop strategies and
tools for their differentiation and favorable positioning. For this, one of the alternatives is the
incorporation of strategic brand management, understood as a marketing tool designed to
communicate the unique identity of the destination, distinguish it from its competitors and carry
out its promotion. In this context, the studies on the branding of tourist destinations present
research focused on the construction, management and evaluation of the brand and contribute
to the understanding of how this process occurs in the destinations. Thus, the present study
Thus, the present work analyzes the brands of three competing destinations of the Brazilian
Northeast based on the "Saffron City Brand Criteria" parameter. With descriptive-exploratory
methodology, and qualitative approach, the present research used semi-structured open
interviews with managers and representatives of selected tourist destinations and documental
analysis. Through content analysis, aided by the Nvivo Qualitative and Mixed Analysis
Software (version 11.0), it was possible to conclude that destinations do not have a defined and
are strategically-oriented brand to reach destination goals; they have a focus on the physical
and tangible dimension of their assets rather than emotional and symbolic dimensions; they
have a product-based positioning based on the existing tourist products, aiming at meeting
objectives and public that resemble; there are different relations between those who manage the
brand and those to whom the brand belongs. Finally, reflections on the Saffron City Brand
Criteria parameter, its application in the context of Brazilian destinations and agenda for future
research are presented.
Keywords: Place Marketing; Tourist Destinations Branding; Saffron City Brand Criteria;
Brazilian Northeast Destinations.
Lista de quadros e tabelas
Quadro 1: Destinos de Relevância Nacional do Nordeste Brasileiro. ...................................... 11
Quadro 2: Similaridades entre os Destinos Natal, Fortaleza, Porto de Galinhas - Ipojuca. ..... 13
Quadro 3: Resumo das abordagens de marketing de lugar. ..................................................... 18
Quadro 4: Principais Participantes do Marketing de Lugares ..................................................32
Quadro 5: Segmentos de Público para a avaliação da imagem do lugar....................................34
Quadro 6: Os critérios da Marca da Cidade - The Saffron City Brand Criteria.......................49
Quadro 7: Listagem de Participantes entrevistados em cada destino ......................................52
Quadro 8: Categorias de análise e composição do instrumento de pesquisa............................54
Tabela 1: The Saffron European City Brand Barometer - 20 Principais Cidades. ................... 47
Lista de figuras
Figura 1: Modelo Conceitual de David A. Aaker (1991). ....................................................... 23
Figura 2: Dimensões do Conhecimento de Marca. Modelo Conceitual de Kevin Lane Keller
(1993).......................................................................................................................................24
Figura 3: Prisma de identidade da Marca. ............................................................................... 27
Figura 4: Elementos do Marketing Estratégico de Lugares.....................................................33
Figura 5: Modelo para o Branding Estratégico de Destinos......................................................42
Figura 6: Modelo da Pesquisa..................................................................................................57
Figura 7: Ativos da Marca Natal ......................................................................................60
Figura 8: Avaliação de Comodidades do destino Natal: acessos.............................................65
Figura 9: Avaliação de Comodidades do destino Natal: custo.................................................70
Figura 10: Elementos da Marca Natal .............................................................................74
Figura 11: Ativos da Marca Fortaleza..............................................................................79
Figura 12: Avaliação de Comodidades do destino Fortaleza: acessos e
conforto ...................................................................................................................................82
Figura 13: Avaliação de Comodidades do destino Fortaleza: custo e ambiente para
negócios...................................................................................................................................83
Figura 14: Elementos da Marca Fortaleza.......................................................................85
Figura 15: Ativos da Marca Porto de Galinhas....................................................................88
Figura 16: Avaliação de Comodidades do destino Porto de Galinhas: acessos, conforto, custo
e ambiente para negócios ........................................................................................................90
Figura 17: Elementos da Marca Porto de Galinhas...............................................................93
Figura 18: Letreiro de Porto de Galinhas.................................................................................94
Lista de Siglas e Abreviações
ABAV — Associação Brasileira de Agências de Viagens do RN
ABIH — Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
Abrasel — Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
ANPTUR — Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Turismo
Braztoa — Associação Brasileira das Operadoras de Turismo
CE — Ceará
EMBRATUR — Instituto Brasileiro de Turismo
EMPROTUR — Empresa Potiguar de Promoção Turística
FECOMERCIO/RN — Federação do Comércio de Bens e Serviços do RN
FGV — Fundação Getúlio Vargas
IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPECE — Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
IPLANFOR — Instituto de Planejamento de Fortaleza
MTUR — Ministério do Turismo
OMT — Organização Mundial do Turismo
PE — Pernambuco
PIB — Produto Interno Bruto
PNT — Plano Nacional do Turismo
RBTUR — Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo
RN — Rio Grande do Norte
SEJUC — Secretaria de Estado de Justiça e da Cidadania
SETUR — Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte
SPTURIS — São Paulo Turismo — Empresa de Turismo e Eventos da cidade de São Paulo
TTCR — Travel & Tourism Competitiveness Report
UAM — Universidade Anhembi Morumbi
UNWTO — United Nations for Tourism Organization
USC — Universidade de Santa Catarina
USP — Universidade de São Paulo
WEF — World Economic Forum
SUMÁRIO
1 Introdução ......................................................................................................................... 9
1.1 Problemática ...................................................................................................................... 9
1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 13
1.3 Objetivos ......................................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 16
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 16
2 Revisão da Literatura ........................................................................................................ 17
2.1 Marketing de Lugares ....................................................................................................... 17
2.1.1 Contexto e Abordagens ................................................................................................. 17
2.1.2 Do branding ao place branding: convergências e divergências teórico-práticas. .......... 21
2.1.3 Atores Integrantes do Marketing de Lugares ................................................................ 32
2.2 Branding de Destinos Turísticos ...................................................................................... 35
2.2.1 O conceito de Destino Turístico .................................................................................... 35
2.2.2 Marca de destinos turísticos .......................................................................................... 38
2.2.3 Dimensões e atributos ................................................................................................... 40
2.3 Metodologias de Análise da Marca do Lugar .................................................................. 44
2.3.1 Modelos de análise e mensuração da Marca do Lugar.................................................. 44
2.3.2 The Saffron European City Brand Barometer ............................................................... 45
2.3.3 Os critérios da Saffron e sua importância para a Marca do Lugar ................................ 48
3 Metodologia ...................................................................................................................... 50
3.1 Caracterização e desenho da pesquisa .............................................................................. 50
3.2 Universo da pesquisa ........................................................................................................ 50
3.3 Instrumento de Pesquisa ................................................................................................... 52
3.4 Coleta de dados ................................................................................................................ 55
3.5 Técnicas de análise ........................................................................................................... 56
4 Análise dos resultados ...................................................................................................... 58
4.1.1 A Marca Natal ............................................................................................................... 59
4.1.2 A Marca Fortaleza ......................................................................................................... 78
4.1.3 A Marca Porto de Galinhas ........................................................................................... 87
4.1.4 Panorama das Marcas de três destinos turísticos concorrentes no Nordeste Brasileiro 97
4.1.5 Saffron City Brand Criteria: Desafios e possibilidades no contexto brasileiro ........... 104
5 Conclusões ...................................................................................................................... 107
Referências ........................................................................................................................... 109
APENDICE B – Carta de Apresentação .............................................................................. 120
APÊNDICE C – Termo de Autorização de Uso de Voz ...................................................... 122
ANEXO A: MODELO SAFFRON ...................................................................................... 124
ANEXO B – Ofício emitido pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo (UFRN) ........... 7
9
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
1 Introdução
1.1 Problemática
O setor turístico contribuiu com US$ 7,6 trilhões para a economia mundial, cerca de
10,2% do Produto Interno Bruto global, e gerou 292 milhões de empregos (1 em cada 10
empregos) ao redor do mundo em 2016 (UNWTO, 2016). Além disso, a United Nations World
Tourism Organization, estima um aumento de 3,3% ao ano entre 2010 e 2030 nas chegadas de
turistas internacionais em todo o mundo para atingir o número 1,8 bilhão de turistas (UNWTO,
2016). Estes dados comprovam a relevância socioeconômica da atividade turística.
Neste contexto, os destinos protagonizam o aumento da competitividade do setor
turístico (WEF, 2017), e buscam desenvolver estratégias e ferramentas para um
posicionamento favorável neste segmento. Entre elas, pode-se observar a incorporação da
gestão estratégica de marcas de destinos, produtos e serviços turísticos em várias localidades
ao redor do mundo.
Como parte da estratégia de uma organização ou de um destino turístico, a gestão de
marca tem sido colocada no centro das decisões das organizações, à medida que integra os
diferentes elementos que compõem o produto e/ou serviço, as relações estabelecidas com
consumidores, fornecedores e demais stakeholders, e representa a sua identidade.
Ultrapassando o estabelecimento de uma marca visual, a gestão da marca “refere-se aos
processos associados com as características de mapear, compreender, moldar, comunicar e
evoluir a identidade de um lugar” (Hanna e Rowley, 2012, p. 107). Para Braun (2008, p.43)
trata-se do “uso coordenado de ferramentas de marketing apoiadas por uma filosofia
compartilhada, orientada para o cliente, para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas urbanas
que tenham valor para os clientes da cidade e para a comunidade da cidade em geral".
Nesta perspectiva, os estudos sobre a marca dos destinos turísticos, sejam eles urbanos
ou não, devem ser realizados de forma holística, através de mecanismos alinhados às demandas
contemporâneas referentes às suas dimensões socioculturais, políticas, econômicas e
ambientais. Para Cooper et al (2008), a investigação sobre a marca de destinos turísticos é
necessária porque o marketing de destinos turísticos “lida não apenas com o inventário tangível
dos atributos físicos, como a geografia natural, o ambiente e as atrações construídas, a hotelaria
e estrutura de transportes, mas também com fatores culturais e sociais intangíveis”.
10
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
No âmbito da abordagem de branding1 voltada para os lugares e destinos turísticos, é
possível verificar a existência de modelos e metodologias que auxiliam no processo de
planejamento, estruturação, gerenciamento e monitoramento de marcas.
Além dos modelos teóricos, há estudos voltados para a análise, mensuração e
comparação. Entre eles, as pesquisas Anholt-GfK City Brand Index, Global City Index, The
Saffron European City Brand Barometer (Hildreth, 2008: Saffron Brand Consultants),
desenvolvidos globalmente, buscam mensurar a força da marca de cidades e, desta forma,
contribuir para a sua promoção e seu desenvolvimento.
Além de analisar e contrastar a marca das cidades, o estudo The Saffron European City
Brand Barometer oferece um parâmetro composto por dez critérios os quais uma cidade deve
ter como foco para o desenvolvimento de sua marca independentemente de sua localização
geográfica. Denominado Saffron City Brand Criteria, o parâmetro permite a obtenção de um
panorama da marca do lugar pois abarca seus três elementos principais: identidade,
posicionamento e imagem de marca. De acordo com Herget, Petru e Abrhàm (2015), o estudo
da Saffron possui aspectos mais relacionados ao turismo, quando comparado com outros
modelos.
Embora estes estudos se concentrem na análise de cidades americanas e europeias, é
possível observar através deles quais os destinos de destaque, como eles se posicionam em
relação aos concorrentes, como cada um implementa e conduz suas estratégias e quais
dimensões são consideradas relevantes no desenvolvimento estratégico de suas marcas.
Em contexto internacional, as cidades de Barcelona (Espanha), Londres (Reino Unido)
e Paris (França) ocupam os primeiros lugares no ranking da Saffron (2008) e são, também,
destinos turísticos localizados nos países com maior competitividade turística, como aponta o
relatório Travel and Tourism Competiveness Report (WEF, 2017). Em ambos os estudos, estes
destinos se destacam com bom posicionamento de marca, favorável à atividade turística.
No Brasil, o uso da gestão estratégica de marcas pelos destinos turísticos é tema recente,
tanto para as localidades quanto para a literatura do turismo. Entre os 65 destinos de relevância
nacional apontados no Índice de Competitividade do Turismo Nacional — Relatório Brasil
2015 (Brasil, Ministério do Turismo 2015), as cidades e destinos turísticos que buscam o
1 Derivando da palavra inglesa “brand” que significa “marca” no português, o termo “branding”, que não
possui tradução direta, expressa através do sufixo –ing a ideia de continuidade, constância e durabilidade. De
acordo com Ocke e Ikeda (2014) nos estudos relativos ao Marketing de Lugares, a abordagem de branding surge
no início da década de 2000 inicialmente com o objetivo de identificar e gerenciar associações que as pessoas
possuem com os lugares. Já ao final da década de 2000, a abordagem passa a preocupar-se também com a
priorização dos mercados internos da localidade e com a construção de uma marca competitiva.
11
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
trabalho de suas marcas enquanto ferramenta estratégica, estão localizadas principalmente nas
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Entre elas, destacam-se Gramado (RS), que busca gerar
a imagem de “destino turístico modelo” (Azambuja, 2015, p. 140), São Paulo (SP), que
estabeleceu sua identidade visual com foco “na variedade e quantidade de experiências únicas
e surpreendentes” que acontecem na cidade (SPTURIS, 2012) e o Rio de Janeiro (RJ),
comumente conhecida pelo epíteto “Cidade Maravilhosa”, que utiliza a marca Visit.Rio como
marca de promoção e comunicação turística local (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2015).
No entanto, muitos destinos brasileiros ainda não possuem uma marca turística definida
que possa contribuir para a sua diferenciação e posicionamento no mercado nacional e
internacional. Este fato pode ser observado no Nordeste brasileiro e demonstra, ao mesmo
tempo, a necessidade e uma oportunidade para os destinos da região em relação à realidade da
atividade turística local.
A região Nordeste detém o maior número de destinos de relevância nacional apontados
pelo Índice de Competitividade do Turismo Nacional (2015), e figura como a mais almejada
para visitação pela demanda doméstica, com 50,8% de intenção de viagem, de acordo com a
pesquisa “Sondagem do Consumidor — Intenção de Viagem” de maio de 2017 (Ministério do
Turismo, 2017).
Apontado pelo Anuário 2017 da Associação Brasileira das Operadores de Turismo —
BRAZTOA (ano base 2016) como destino turístico doméstico líder — com 64,6% do
atendimento da demanda efetiva de viajantes através das operadoras associadas —, o Nordeste
se destaca por seu litoral extenso e característica climática de verão durante grande parte do
ano (Ministério do Turismo, 2010). No entanto, dos vinte e três destinos que apresentam
relevância nacional (Quadro 01) a maioria deles concorre no segmento de turismo de Sol e
Praia, predominante na região (Ministério do Turismo, 2010).
Estado Destinos
Alagoas Maceió e Maragogi
Bahia Maraú, Lençóis, Porto Seguro, Salvador, Mata de São João
Ceará Aracati, Fortaleza, Jijoca de Jericoacoara e Nova Olinda
Maranhão Barreirinhas e São Luís
Paraíba João Pessoa
Pernambuco Fernando de Noronha, Ipojuca, Recife
Piauí Parnaíba, São Raimundo Nonato e Teresina
Rio Grande do Norte Natal e Tibal do Sul
Sergipe Aracaju
Quadro 1: Destinos de Relevância Nacional do Nordeste Brasileiro.
Fonte: Índice de Competitividade do Turismo Nacional — Relatório Brasil 2015 (Ministério do Turismo,
Brasil, 2015).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Dentre estes destinos, o estudo de Porpino e Ferreira (2015) identificou o grupo
composto por Natal, Fortaleza, Porto de Galinhas (Ipojuca) como concorrentes diretos. No
estudo, realizado com operadores de turismo da cidade de São Paulo, principal estado emissor
brasileiro, os autores discorrem sobre o fato de que, embora concorram com demais destinos
do Brasil e da região Nordeste, este grupo compete diretamente por possuírem similaridades
físicas, geográficas, e na oferta de produtos e serviços turísticos, dificultando o estabelecimento
de um diferencial no mercado turístico.
Ao identificar este contexto, Porpino e Ferreira (2015) apontam para a necessidade do
estabelecimento de diferenciais competitivos e do desenvolvimento de uma identidade que
possa expandir e incrementar a atividade turística destes destinos para além do segmento de
sol e praia. De acordo com a UNWTO (2009), no que diz respeito à competitividade de um
destino turístico, cada vez mais será necessário reconhecer a importância de suas marcas, e os
destinos que “claramente não entendem, articulam e aplicam a essência e os valores de suas
marcas nos comportamentos e comunicações de marketing, ficaram para trás de seus
concorrentes”.
A ausência da manutenção de uma estratégia de marca que possa diferenciar, identificar
e posicionar estes destinos, além de comprometer a sua competividade no segmento
predominante, também pode prejudicar o alinhamento e a busca de outras oportunidades no
mercado turístico e/ou através dele.
Diante deste panorama, o presente estudo possui como objeto o grupo de destinos
similares e concorrentes do Nordeste brasileiro, composto por Natal, Fortaleza e Porto de
Galinhas (Ipojuca), que estão identificados entre os vinte e três destinos de relevância nacional
da região. Para a análise das marcas destes destinos, a presente pesquisa utiliza os critérios
fornecidos pelo “Saffron City Brand Criteria”, tendo em vista a aproximação deste parâmetro
com a análise da marca de um destino e por este ressaltar os fatores nos quais uma
cidade/localidade deve possuir foco na melhoria da gestão de sua marca.
A amostragem destes destinos foi realizada considerando, além do estudo de Porpino
(2015), os pressupostos teóricos de Elizagarate (2008) de que, para o estudo da marca das
localidades com a finalidade de realizar de diagnósticos, comparações ou de fornecer rankings
de posicionamento, é necessário considerar os atributos de similaridades.
Também considerou os critérios de comparação de marcas, no que diz respeito aos seus
produtos e serviços, discutidos por Copetti (2008), com base nos apontamentos legais do
direito das marcas brasileiras para a análise de risco ou associação de marca.
13
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
De acordo com Copetti (2008), esta análise recai sobre duas etapas. A primeira diz
respeito à análise sobre os sinais, que utiliza duas regras, a análise do conjunto e a detalhada,
nos campos gráficos, fonético e semântico. A segunda recai sobre os produtos e serviços, no
qual:
(...) a doutrina e a jurisprudência utilizam elementos distintos para determinar a afinidade,
tais como: mesma classe ou não de produtos e serviços; mesmo gênero de produtos,
mesma matéria prima; mesma finalidade (afinidade); produtos complementares (partes,
acessórios); venda no mesmo negócio; canais de comercialização e mesmos meios de
publicidade. (Copetti, 2008, p. 222)
Os principais dados gerais sobre as respectivas cidades estão resumidos no Quadro 02.
Elementos de
afinidade
Natal (RN) Fortaleza (CE) Porto de Galinhas
(Ipojuca/PE)
Classe de produtos e
Serviços
Destino Turístico Destino Turístico Destino Turístico
Gênero de Produto Serviços Turísticos Serviços Turísticos Serviços Turísticos
Finalidade Turismo Turismo Turismo
Produtos
Complementares
- - -
Venda no mesmo
negócio
Operadoras, agências,
feiras, etc.
Operadoras, agências,
feiras, etc.
Operadoras, agências,
feiras, etc.
Canais de
Comercialização e
Meios de Divulgação
Empresas de promoção,
feiras, campanhas
governamentais, etc.
Empresas de
promoção, feiras,
campanhas
governamentais, etc.
Empresas de promoção,
feiras, campanhas
governamentais, etc.
Quadro 2: Similaridades entre os Destinos Natal, Fortaleza, Porto de Galinhas - Ipojuca.
Fonte: Elaboração da autora a partir de Porpino e Ferreira (2015), Copetti (2008) e Elizagarate (2003).
Portanto, face ao contexto concorrencial dos destinos turísticos nacionais e
internacionais, da importância da gestão estratégica de marcas para a competitividade das
destinações e pela realidade observada na região Nordeste em relação ao posicionamento de
seus principais destinos similares e concorrentes, o estudo de suas marcas se faz necessário.
Deste modo, o presente estudo possui foco na análise da marca dos destinos Natal,
Fortaleza e Porto de Galinhas (Ipojuca) e parte do seguinte questionamento: a partir dos
critérios estabelecidos pelo “The Saffron City Brand Criteria” como os gestores públicos e
representantes dos trades turísticos dos destinos Natal, Fortaleza e Porto de Galinhas (Ipojuca)
percebem as suas respectivas marcas?
1.2 Justificativa
O tema da presente pesquisa enquadra-se no recorte de investigação do Marketing de
Lugares. Em levantamentos teóricos realizados por Oguztimur e Akturan (2015), Ocke e Ikeda
(2014) e Lucarelli e Berg (2011), destaca-se o crescimento da produção de estudos
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
relacionados à temática da marca de lugares, principalmente a partir dos anos 2000. Estes
autores identificaram a existência de publicações interdisciplinares às áreas do marketing, do
turismo, dos estudos urbanos, planejamento e geografia, sendo a gestão de marcas aplicada aos
destinos turísticos reconhecida como um campo de estudo do marketing aplicado aos lugares.
O desenvolvimento do presente estudo também possui origem na pesquisa piloto de
Dias e Ferreira (2015), a qual, analisando a percepção de gestores e representantes de setores
do trade turístico da cidade de Natal/RN sobre a marca Natal, a partir dos critérios estabelecidos
pelo The Saffron European City Brand Barometer, identificou a possibilidade do
desenvolvimento da pesquisa em outras localidades.
A utilização do parâmetro apresentado pelo estudo The Saffron European City Brand
Barometer para o desenvolvimento da presente pesquisa justifica-se no fato de ser esta uma
metodologia qualitativa com foco na percepção dos indivíduos em relação à cidade em que
vivem e/ou que visitam. Além disso, apesar de surgirem de um estudo realizado no contexto
das cidades europeias, estes critérios são apresentados como fatores para o desenvolvimento da
marca de uma cidade independentemente de sua localização geográfica. Ademais, estudos como
o de Herget, Petrů, Abrhám, (2015) apontam o estudo da Saffron como mais relacionado ao
turismo do que outros modelos que analisam aspectos mais gerais como educação, economia e
infraestrutura.
Para o turismo, um diagnóstico em profundidade sobre a marca de uma localidade
contribui para as estratégias de posicionamento e (re) posicionamento do destino, tendo como
objetivo comunicar realidades e perspectivas, compreendendo características econômicas,
sociais, culturais, ambientais e políticas da localidade. Ele deve contribuir para a promoção
dos destinos, para valorização de seus atrativos, cultura local, e mediar ações para o
favorecimento do bem-estar dos residentes, além de tornar a localidade mais competitiva.
O acompanhamento das ações voltadas para a consolidação e manutenção de um
destino turístico como marca permite aos agentes econômicos informações mais precisas sobre
as motivações das demandas atuais e potenciais, e sobre os dos recursos e ações existentes e
propostos pela localidade. Para Kotler et al (2007) a imagem de um lugar deve ser atraente,
mas precisa refletir as qualidades reais e críveis que o lugar possui e, para isso, é necessário
um bom diagnóstico de marketing, a melhoria empenhada do produto e a invenção criativa de
símbolos.
Com relação aos impactos socioculturais, através do estudo da marca das cidades é
possível identificar necessidades e potencialidades locais, e verificar distorções relacionadas
às ações de estruturação, comunicação e promoção dos destinos com seus públicos-alvo. Neste
15
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
caso, o uso de aspectos subjetivos e simbólicos inerentes às identidades de comunidades pela
marca necessita de orientação através de mecanismos pertinentes às suas realidades. Estes
mecanismos devem integrar sua totalidade e estar alinhados com as demandas
contemporâneas.
Por fim, destaca-se a relevância teórica da presente pesquisa, à medida que se espera
contribuir com os estudos ligados à gestão estratégica de destinos turísticos por meio da
construção de um panorama das marcas dos destinos do Nordeste brasileiro, e por utilizar como
base um parâmetro respaldado que auxilia no diagnóstico e na compreensão da análise de suas
marcas.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Analisar as marcas de três destinos turísticos concorrentes no Nordeste brasileiro,
através do Saffron City Brand Criteria.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Identificar os ativos do destino que compõem as percepções dos gestores e
representantes do trade turístico dos destinos selecionados sobre suas respectivas
marcas;
b) Compreender os aspectos de diferenciação e posicionamento nas percepções dos
gestores e representantes do trade turístico dos destinos selecionados;
c) Compreender como as marcas são gerenciadas na perspectiva de destino turístico.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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2 Revisão da Literatura
2.1 Marketing de Lugares
2.1.1 Contexto e Abordagens
A discussão sobre a marca dos lugares possui raízes nas abordagens de marketing e
desdobramentos em outros campos de estudo com a sociologia, a geografia, o urbanismo, a
gestão e o turismo. Neste capítulo, são abordados os aspectos ligados à evolução dos estudos
da área, às características intrínsecas ao tema, tais quais a multidisciplinaridade e a pluralidade
de terminologias, e as diferentes abordagens teóricas que norteiam o debate sobre o tema.
A promoção dos lugares através de estratégias de marketing não é um tema novo (Ham,
2008; Olins, 2002). Conforme Martínez (2010) o contexto em que este processo é explicado
diz respeito ao fato de que lugares ou territórios institucionais competem nacional e/ou
internacionalmente, desenvolvem ofertas de acordo com suas identidades e buscam elementos
de diferenciação. Ao explanar sobre as nações que ao longo da sua história construíram as suas
identidades e adaptaram-nas aos contextos socioeconômicos, ambientais, políticos, culturais,
Olins (2002) afirma que estas continuam a fazê-lo, seja de forma implícita ou explícita, porque
as suas realidades mudam e é necessário que esta mudança seja projetada e comunicada
simbolicamente para todos os seus públicos externos e internos com os quais estão
relacionadas.
De acordo com Oguztimur e Akturan (2015), durante as últimas quatro décadas, houve
um interesse cada vez maior sobre o tema da marca dos lugares tanto pela academia, quanto
pelas autoridades públicas. No entanto, é a partir do início do século XXI que a produção de
estudos relacionados à temática tem crescimento significativo com investigações de caráter
predominantemente multidisciplinar (Ocke e Ikeda, 2014; Lucarelli e Berg, 2011).
Para Ocke e Ikeda (2014), a maioria dos estudos sobre o marketing de lugares busca
conceituá-lo como referência ao desenvolvimento sustentável do local, visando satisfazer
segmentos-alvo identificados como atual e potencial, com o intuito de gerar valor positivo aos
envolvidos e fortalecer a atratividade e competitividade de um lugar com foco em mercados
externos e internos.
Estes autores apresentam três dimensões do Marketing de Lugares que evoluíram
através do debate, experiência e protagonismo que a compreensão dos aspectos do marketing
no planejamento estratégico de lugares adquiriu, resumidos no Quadro 3 a seguir:
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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Perspectiva Período Objetivos Características
Promocional Século XIX Venda de bens tangíveis
– terras/casas.
Diversidade e diferenciação funcional
urbana. Foco apenas promocional.
Promocional De 1930 a
1970
Crescimento do setor
industrial.
Promoção de incentivos à indústria,
crescimento do setor e criação de
empregos de manufatura.
Promocional Década de
1980
Comercialização das
cidades
Simples promoção do lugar, seus
serviços e atrações a fim de incentivar o
consumo das cidades por diferentes
públicos.
Planejamento Início da
década de 1990
Comercialização do
espaço pós-industrial.
Intervenções para a melhoria do espaço
urbano em reação à intensa
competitividade entre regiões.
Planejamento Meio da
década de 1990
Atender as necessidades
dos residentes, atrair
investimentos e turismo.
Uso do marketing como instrumento de
planejamento social e econômico.
Aumento de qualidade de vida, melhoria
de infraestrutura e cooperação público-
privada.
Planejamento Final da
década de 1990
Atração de mercados
externos e correção de
imagens.
Mudar imagens desgastadas ou melhorar
imagens neutras. Maior concentração de
propagandas e mensagens da imagem e
dos lugares.
Branding Início da
década de 2000
Identificar e gerenciar
associações com o lugar
Uso do branding corporativo como
instrumento de gerenciamento de lugar
como marca. Foco no aspecto
comunicativo dentro das atividades de
marketing.
Branding Final da
década de 2000
Priorizar o mercado
interno e construir uma
marca competitiva.
Maior compreensão da complexidade do
assunto. Desenvolvimento dos atributos
físicos e emocionais favoráveis a todos os
públicos de interesse.
Quadro 3: Resumo das abordagens de marketing de lugar.
Fonte: Adaptado a partir de Ocke e Ikeda (2014).
No início da década de 1990, a comercialização do espaço na era pós-industrial dá os
primeiros indícios do marketing de lugares preocupado com intervenções urbanas favoráveis
à competição com outras localidades, seguido pelo seu uso para o planejamento sensível aos
aspectos socioeconômicos internos. A partir daí, enquanto ferramenta para planejamento, ele
é utilizado também para o desenvolvimento da imagem de localidades fazendo uso da
promoção e propaganda.
Os anos 2000 trazem uma perspectiva do marketing como processo, isto é, um conjunto
de medidas e ações para o planejamento das marcas de lugares, conduzido com um
aprofundamento nas responsabilidades e preocupações da criação e desenvolvimento de
representações de uma localidade. Denominada como abordagem de branding, esta
perspectiva é vista como um meio para o desenvolvimento da marca das localidades em suas
19
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
dimensões locais, regionais e mesmo para a representação e posicionamento de países em
escala internacional.
Na abordagem de branding, o estudo de Lucarelli e Berg (2011) apresenta contribuições
para a compreensão do debate e da evolução desta abordagem como estratégia para cidades.
Com base na pesquisa realizada com 217 estudos publicados no período entre 1988 e 2009, os
autores destacam que o City branding está emergindo como um domínio de pesquisa
reconhecido internacionalmente, e caracteriza-se por um alto de nível de multidisciplinaridade
e uma rápida proliferação nas e entre disciplinas, além de apresentar certa fragmentação de sua
fundamentação teórica.
A revisão sistemática da literatura sobre City Branding apresentada por Oguztimur e
Aturam (2015) a partir de estudos publicados entre 1988 e 2014, concluiu que a literatura de
marca da cidade é categorizada em quatro áreas temáticas: (1) conceito, processos e
mensuração da marca da cidade, (2) estratégias de branding, (3) urbanismo social e (4) cultura
da marca e turismo.
Para Oguztimur e Akturan (2015) o primeiro grupo temático, que aborda os conceitos,
processos e a mensuração da marca das cidades, inclui estudos voltados à compreensão do
conceito de city branding, como os elaborados na perspectiva crítica (Zavattaro, 2010), e
também dos processos que compõem a prática do branding, e das suas ferramentas de
mensuração e índices.
Neste grupo, os autores destacam que muitos estudiosos questionam a efetividade das
ações de branding voltadas para as localidades, e abrem a discussão sobre a commoditização
das cidades, a manipulação e a exclusão consciente de aspectos socioculturais a elas inerentes,
e avaliam o crescente interesse na marca da cidade como “uma “explosão dramática”
resultante da globalização, competição e hipermobilidade do capital”. Esta reflexão possui
desdobramentos diretamente ligados aos processos de place branding, no qual a “comunicação
interna desempenha um papel importante e as políticas e os desenvolvimentos socioespaciais
não-intencionais impactam este processo” (Mahnken, 2011).
O segundo grupo compreende os trabalhos voltados para o estudo das estratégias de
branding empregadas pelas cidades, abrangendo seis outros temas: (1) atributos de marca,
que incluem a imagem da marca, valor de marca, personalidade e identidade da marca — com
estudos baseados, em sua maioria, na teoria de Valor de Marca de David Aaker; (2) práticas
de branding, que exploram as campanhas e ações das cidades, de forma a oferecer
comparações, discutir as práticas que não obtiveram sucesso, bem como a implementação das
campanhas e das estratégias de city branding; (3) branding baseado em eventos, que analisa
20
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
os efeitos de eventos como os Jogos Olímpicos, outros eventos esportivos, feiras comerciais, e
demais eventos nas cidades, no city branding; (4) comunicação de marca, voltado para os
estudos de mídia e propaganda, bem como aqueles voltados para os estudos de narrativas e
estórias empregadas no processo de branding; (5) estudos dos stakeholders, referente às
pesquisas realizadas com residentes, empresários, turistas, investidores, e outros agentes
ligados à localidade; (6) online branding, voltado para o uso de ferramentas como blogs e sites.
O terceiro grupo diz respeito à área do urbanismo social, abordando a marca da cidade
em diferentes percepções. Nesta abordagem, os estudos exploram o apego ao lugar em
diferentes meios, como as comunidades fechadas (Carrasquillo, 2011), cidades satélites
(Meirreeles et al., 2013), assentamentos informais/favelas (Hernandez-Garcia e Lopez, 2011;
Torres, 2012; Hernandez-Garcia, 2013) e cultura de vizinhança — que possui foco nas práticas
cotidianas dos espaços (Semm, 2011).
O quarto grupo apontado por Oguztimur e Akturan (2015) compreende a abordagem
de branding cultural e turístico, no qual centram-se os estudos que avaliam a marca da cidade
com base no ponto de vista do turismo, com foco no turismo cultural e no branding cultural
(Murphy & Boyle, 2006; Colomb, 2011; Dragolea & Cotîrlea, 2012), em recursos culturais e
patrimoniais (Northover 2010, Giovanardi, 2011) e no desenvolvimento do turismo e imagens
(Lennon & Seaton, 1998; Bramwell & Rawding, 2010; Ning & Hoon, 2011).
Além das abordagens temáticas, outro aspecto observado nos estudos do Marketing de
Lugares, debatido por Hanna e Rowley (2007), diz respeito às terminologias neles utilizadas.
Seus marcos conceituais possuem variações de nomenclaturas de acordo com a perspectiva
pela qual foi analisado e com a abordagem utilizada, e por vezes, muitos conceitos se
confundem ou há diversas variantes para um mesmo conceito.
Entre os termos utilizados, muitos diferem pela dimensão física e territorial das
localidades e/ou em função da finalidade da aplicação de estratégias de marketing. A literatura
do marketing de lugares apresenta referências aos termos Marca de Lugar (Place Branding),
Marca País (Country Brand ou Nation Branding), Marca de Região (Region Branding),
Marketing de Cidade (City Marketing), Marca de Cidade (City Branding), Marca de Destinos
Turísticos (Destinations Branding) (Acharya e Rahman, 2016; Herstein, 2011; Hanna &
Rowley, 2007).
No presente estudo, optou-se pela abordagem de branding, tendo em vista a sua
compreensão processual e holística da marca da localidade, e pela utilização do termo Marca
de Lugar (Place Brand/Branding), preferido pela literatura em marketing e marca de lugares
(Acharya e Rahman, 2016; Gertner, 2011) e que pode englobar as demais terminologias
21
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
(Oguztimur e Akturan, 2015, Lucarelli e Berg, 2011), incluindo o branding de destinos
turísticos.
É necessário considerar que, no campo teórico, a depender do foco e dimensão do estudo
e da localidade-objeto, o uso destas terminologias pode variar. Já no campo prático, estas
nomenclaturas variam de acordo com os objetivos estratégicos estabelecidos para as
localidades.
2.1.2 Do branding ao place branding: convergências e divergências teórico-práticas.
Diante das diferentes abordagens teóricas relativas ao marketing de lugares e das
características de multidisciplinaridade e pluralidade de terminologias, o entendimento da
marca de um lugar relaciona-se com o branding em sua origem no campo organizacional e
corporativo. Neste capítulo, são apresentados os principais pontos de convergência e
divergência entre as duas vertentes, a partir da revisão de literatura baseada nos estudos de seus
principais autores.
Em uma visão geral sobre a relação entre o branding corporativo e o place
branding, Kavaratzis e Ashworth (2005) apontam que os elementos da marca do lugar
assemelham-se aos aspectos também definidos para produtos e serviços, com atenção para o
que cada uma destes aspectos significa para os públicos e dimensões da marca, seja para os
produtores e consumidores, seja para o próprio produto.
De acordo com Vela (2013, p.468) as marcas corporativas tornaram-se um ponto de
referência para as marcas de lugares, à medida em que uma análise comparativa entre elas
permite especificar as diferenças básicas encontradas na aplicação de um processo de
construção de marca em ambos os casos. No entanto, o autor ressalta que, embora haja uma
convergência entre os objetivos finais das corporações e dos lugares — ou seja, a criação de
uma imagem e reputação positivas —, o caminho seguido na realização destes objetivos difere
substancialmente, principalmente devido à natureza inerente do domínio público dos lugares,
o que significa que as duas esferas têm ambientes de trabalho com implicações sociais
radicalmente diferentes.
No campo organizacional, o significado e a relevância da marca, de seus componentes e
de sua gestão são reconhecidos especialmente a partir de cases de grandes empresas. Por
exemplo, a Coca-Cola Company, com o caso histórico da New Coke em 1985, apontado como
referência para os estudos da área. Na tentativa de impulsionar e gerar mudanças na marca e
nos refrigerantes de sabor cola no mercado norte-americano, a companhia lançou a New Coke,
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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a partir da mudança da fórmula original da Coca-Cola baseada em testes realizados com cerca
de 200 mil consumidores (The Coca-Cola Company, 2012).
De acordo com a companhia, o ponto que levou a mudança a ser considerada “o maior
fracasso de Marketing do Século” diz respeito ao fato de que os testes realizados não mostraram
o laço que os clientes já possuíam com o produto original. O impacto gerado pela mudança foi
traduzido em protestos e inúmeras reclamações sobre o novo produto, levando a companhia a
retornar a nova formula e posteriormente descontinuar a New Coke, e principalmente pela
afirmação da relevância das relações dos consumidores com o produto para a sobrevivência da
marca.
Além do caso da Coca-Cola, outros exemplos ressaltam o protagonismo das marcas na
economia moderna e a importância do seu estudo a partir de diferentes disciplinas. A partir do
conhecimento produzido com base em exemplos práticos no âmbito corporativo e na discussão
de teóricos sobre o tema de forma geral, o domínio das marcas tem sido ampliado,
possibilitando a aplicação desse conhecimento para outros segmentos de mercado, como as
indústrias farmacêutica, de luxo, instituições educacionais, esportes, e lugares, países e cidades
(Kapferer, 2008, p. 95).
Neste sentido, a trajetória da relação entre marcas corporativas e marcas de lugares pode
ser entendida a partir de três dimensões: identidade, posicionamento e imagem da marca
(Kavaratzis e Ashworth, 2005). É possível observar que muitos estudos sobre o tema das marcas
de lugares compreendem estas dimensões e possuem influências nas teorias de: (a) David A.
Aaker (1991) e Kevin Lane Keller (1993), pioneiros na discussão sobre o valor da marca e seus
componentes, o chamado Brand Equity, (b) Al Ries e Jack Trout (1986) com os estudos sobre
o posicionamento enquanto estratégia de comunicação da marca, e também nos trabalhos de (c)
Kapferer (1992) voltados para as dimensões de identidade e posicionamento da marca.
Para a dimensão dos componentes e ativos da marca, Aaker (1991) os apresenta a partir
da noção de valor que eles representam, denominado de Brand Equity, “o conjunto de ativos (e
obrigações) inerentes a uma marca registrada e a um símbolo, que é acrescentado ao (ou
subtraído do) valor proporcionado por um produto ou serviço em benefício da empresa ou de
seus clientes” (p.18). Este valor é constituído por cinco categorias principais: conhecimento de
marca, lealdade à marca, qualidade percebida, associações de marca e outros ativos/recursos
patenteados da Marca.
Para Aaker, há diferentes formas de criar valor a partir destes componentes, e seu
gerenciamento eficiente deve ser sensível a elas. Estas possibilidades, ao mesmo tempo que
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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geram valor para os clientes, também o fazem para a marca e para demais audiências
relacionadas (Figura 1).
Figura 1: Modelo Conceitual de David A. Aaker (1991).
Fonte: Aaker (1991). Marcas: Brand Equity – Gerenciando o valor das Marcas.
Bra
nd
equ
ity
Lealdade a Marca
Custos de Marketing reduzidos
Alavancagem Comercial
Atração de Novos clientes (Consciencia da Marca,
Reafirmação)
Tempo para reação às ameaças da concorrência.
Proporcionar valor aos clientes, aperfeiçoando a
sua:
Interpretação/processamento de informações;
Confiança na decisão de compra;
Satisfação de uso.
Consciência da Marca Ancora à qual podem ser
acopladas outras associações.
Familiaridade - estima
Sinal de substância -compromisso
Marca a ser ocnsiderada
QualidadePercebida
Razão de compra
Diferenciação/posição
Preço
Interesses dos componentes dos canais de comunicação
Extensões
Proporcionar valor à empresa, aperfeiçoando:
A eficiência e a eficácia dos programas de Marketing;
Lealdade à Marca;
Os preços/Margens
As extensões da Marca;
A alavancagem Comercial
A vantagem competitiva.
Associações de Marca
Processo de auxilío/resgate de informação
Razão de compra
Criação de atitude/sentimentos
positivos
Extensões
Outros ativos/ recursos
patenteados da Marca
Vantagem competitiva
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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Complementar a esta perspectiva, a abordagem de Keller (1993, p.8) apresenta um
modelo conceitual de brand equity baseado no consumidor e definido “como o efeito diferencial
do conhecimento da marca na resposta do consumidor à comercialização da marca” (Figura
2). Neste conceito, o autor enfatiza que “o “efeito diferencial” é determinado pela comparação
da resposta do consumidor à comercialização de uma marca com a resposta ao mesmo
marketing de uma versão de produto ou serviço de um concorrente ou de uma outra versão do
produto que recebeu de forma falsa o nome da marca.
Figura 2: Dimensões do Conhecimento de Marca. Modelo Conceitual de Kevin Lane Keller (1993).
Fonte: Keller, K.L. (1993). Conceptualizing, Measuring, and Managing Customer-Based Brand Equity. Journal
of Marketing, Vol. 57, No. 1 (Jan., 1993), pp. 1-22.
Conhecimento de Marca
Consciência da Marca
Recordação da Marca
Reconhecimento da Marca
Imagem da Marca
Tipos de associação da
Marca
Atributos
Não relacionados ao
produto
Preço
Embalagem
Imagem dos usuários
Imagem de uso
Relacionados ao produto
BenefíciosFuncional
Experimental
SimbólicoAtitudes
Tendencias das associações da
Marca
Força das associações da
Marca
Exclusividade das associações
da Marca
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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Para a definição de “conhecimento da marca”, Keller (1993) faz referência aos termos
“consciência” e “imagem” e os conceitua de acordo com as características e relacionamentos
das associações que uma marca possui. Como “consciência da marca” ele destaca a importância
de os consumidores associarem uma marca a uma categoria de produtos, o que pode ser decisivo
em sua escolha final. Ela também pode afetar as decisões dos consumidores sobre as demais
marcas nesta mesma categoria, influenciando a formação e a força das associações na imagem
construída na mente do consumidor, bem como a absorção ou união de diferentes tipos de
informações da marca por eles.
Como “imagem de marca” o autor destaca as percepções da marca refletidas pelas
associações mantidas na memória do consumidor. Estas associações são classificadas por três
categorias:
• Atributos: apontados como as “características descritivas que caracterizam um
produto ou serviço — o que o consumidor pensa que o produto ou serviço é ou
tem e o que está envolvido com sua compra ou consumo. Podem ser
relacionados ou não ao produto.” Os atributos não relacionados ao produto
compreendem a informação de preço, embalagem, imagens dos usuários e as
imagens de uso do produto.
• Benefícios: descritos como “os valores pessoais que os consumidores atribuem
ao produto ou serviço. Isto é, o que os consumidores acham que o produto ou
serviço pode fazer por eles.” Estão compreendidos em três categorias:
(1) benefícios funcionais — vantagens mais intrínsecas do consumo de produtos
ou serviços e, geralmente, correspondem aos atributos relacionados ao produto.
Estão ligados a motivações básicas.
(2) Benefícios experienciais — relacionam-se com os sentimentos ligados ao uso
de um produto ou serviço e, geralmente, também correspondem aos atributos
relacionados ao produto. Estão ligados à satisfação de necessidades
experienciais, como o prazer sensorial, a variedade e a estimulação cognitiva.
(3) Benefícios simbólicos: caracterizados como “as vantagens mais extrínsecas
do consumo de produtos ou serviços”, geralmente correspondem a atributos
relacionados ao não-produto e se relacionam com as necessidades subjacentes
de aprovação social ou expressão pessoal e autoestima externa.
• Atitudes: descritas pelo autor através da abordagem denominada
“multiatributo”, no qual as atitudes são como uma função multiplicativa entre
“(1) as crenças relevantes de um consumidor sobre o produto ou o serviço (ou
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seja, até que ponto os consumidores pensam que a marca tem certos atributos
ou benefícios) e (2) o julgamento avaliativo dessas crenças (ou seja, quão bom
ou ruim é a marca que possui esses atributos ou benefícios)”.
Já a “resposta do consumidor ao marketing” é definida em termos de percepções,
preferências e comportamentos do consumidor decorrentes da atividade de mix de marketing,
tais como promoções, campanhas de divulgação, novos produtos, entre outros.
Tanto a abordagem de Aaker (1991) quanto a de Keller (1993), possuem foco nos ativos
da marca, bem como no valor que, em sua totalidade, estes elementos podem produzir para ela,
aperfeiçoando-a para os seus consumidores e fornecedores em termos de vantagens e
benefícios, e em termos financeiros para a marca e para a organização. Além disso, também
devem ser compreendidos os seus modelos de quantificação e mensuração. No entanto,
Kapferer (2008) alerta para a interpretação adequada dos termos ativo, força e valor de
marca (no inglês — assets, streght e brand value), que, por vezes, são confundidos nos estudos
de marca.
Para ele, os ativos estão definidos pelas fontes de influência da marca — como a
consciência, imagem e tipo de relacionamento com os consumidores — e patente. Já a força da
marca, deve ser expressa em "um ponto específico no tempo como um resultado desses ativos
dentro de um mercado e ambiente competitivo". Ela é resultado da junção dos componentes de
"Brand Equity" e captada por indicadores comportamentais competitivos como participação e
liderança de mercado, taxas de fidelidade e estratégias de preços especiais/promocionais.
Por último, o autor descreve que o termo valor de marca, ou brand value, diz respeito à
capacidade das marcas para entregar lucro. Ele avalia como "uma tentação intelectual"
as afirmações de que a ausência de lucros financeiros não seja um problema da marca,
pois embora as marcas possam ser analisadas do ponto de vista de diversas disciplinas como a
sociologia, psicologia, semiótica, antropologia, filosofia etc., elas foram historicamente criadas
para fins comerciais e são gerenciadas com o objetivo de produzir lucros. Se ela não gerar lucro,
seu valor financeiro será inexistente.
Quando sobrepostos aos lugares, estes elementos de composição de marca envolvem
atributos intangíveis e complexos como cultura, capital humano e intelectual, patrimônio e
história, considerados por Vela (2013) como alguns dos atributos mais importantes da
identidade dos lugares, através dos quais uma marca de local pode ser posicionada para obter o
máximo de valor agregado. O desafio para os gestores da marca do lugar reside na capacidade
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de captar os atributos que possuem comunicação mais efetiva com seus públicos de interesse e
que sejam, ao mesmo tempo, respaldados pela comunidade a qual a marca pertence.
Para a dimensão do posicionamento da marca, Kapferer (2008) avança na discussão
destacando que, além do reconhecimento dos componentes da marca, a concorrência moderna
exige dois recursos de gerenciamento: a identidade da marca, que especifica as suas
características de singularidade e de seu valor, e o posicionamento da marca, que faz referência
à percepção que consumidores de determinado produto ou serviço possuem sobre sua marca.
Na literatura, é possível observar que a identidade e o posicionamento da marca estão
intrinsecamente ligados, pois o posicionamento eficiente será aquele que melhor expressar os
elementos que caracterizam, identificam e diferenciam a marca.
Para Perera et al. (2009) a verdadeira identidade é a que “especifica, claramente e
objetivamente, as forças, os valores e a visão de uma marca, e os torna uma ferramenta
importante para a comunicação interna e externa”. As dimensões da identidade compreendem
a expressão das características tangíveis e intangíveis que fazem uma marca ser o que é,
incluindo as características que possam ser indesejadas estrategicamente, mas que a compõem,
afirma Kapferer (2008).
Na Figura 03, Kapferer (2008) apresenta o prisma da Identidade da Marca. Para ele, em
primeiro lugar, uma marca possui especificidades físicas e qualidades que vêm à mente dos
consumidores em primeira análise. Eles são a base objetiva e tangível da marca.
Figura 3: Prisma de identidade da Marca.
Fonte: Kapferer (2004) Strategic Brand Management: creating and sustaining brand equity long term.
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Para ele, o primeiro passo no desenvolvimento de uma identidade é a definição de seu
aspecto físico, compreendendo o protótipo da marca, isto é, o produto principal que é
representativo das suas qualidades.
O segundo componente do prisma diz respeito à personalidade da marca. Para o autor,
através da comunicação, as marcas gradualmente criam caráter, e a maneira como falam de
seus produtos ou serviços mostra que tipo de pessoa seriam se fossem seres humanos. A
personalidade da marca tem como base sua identidade.
O terceiro elemento refere-se à cultura da marca, apontada como seu núcleo.
Significada pelo conjunto de valores que inspiram e são também a fonte de aspiração da marca,
a cultura faz referência aos princípios básicos que regem a marca nos seus sinais externos —
produtos e comunicação.
O quarto componente do prisma compreende a dimensão do fato de que uma marca
também é um relacionamento, e de que sua essência se revela nas relações de troca entre
pessoas. Está relacionado ao modo de conduta que mais identifica a marca e tem uma série de
implicações para a forma como a marca atua, presta serviços, relaciona-se com seus clientes.
Por fim, Kapferer (2008) destaca que a marca também é um reflexo de seus clientes,
por seu caráter de construção comunicativa de longo prazo e, simultaneamente, se comunica
com a autoimagem de seus consumidores, à medida que o relacionamento que eles
desenvolvem com determinadas marcas pode afetar o relacionamento que têm consigo
mesmos.
Neste escopo de identificação e diferenciação, a comunicação possui papel de destaque,
ao passo que a identidade é responsável por transmitir a mensagem que a marca deseja passar
para seus receptores-alvo. A mensagem da marca é evidenciada em seus aspectos físicos e
culturais, nas dinâmicas de suas relações e de sua personalidade, nas associações mentais que
a conectam aos consumidores e aquelas que são produzidas a partir do exercício mental deles,
nas características de sua personalidade (Kapferer, 2008; Roy & Banerjee, 2014).
Desta forma, a condução destes aspectos é uma decisão estratégica, expressa
principalmente pela dimensão do posicionamento da marca. A orientação de um
posicionamento favorável está estrategicamente ligada a fatores de mercado como recursos,
segmentação, público-alvo, processos, valores, estrutura, portfólio de produtos e serviços, que
são fortalecidos pelos componentes da identidade da marca.
Para Ries & Trout (2002) o posicionamento é o modo como as marcas se diferenciam
na mente de seus clientes potenciais. Para eles, a abordagem básica do posicionamento não
possui foco na criação de algo novo e diferente, mas no trabalho com o que já está na mente
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
dos consumidores sobre a marca. Trata-se de um sistema organizado para encontrar lacunas
mentais, e baseia-se no conceito de que a comunicação só pode ocorrer no momento certo e nas
circunstâncias certas. Neste caso, os resultados positivos são alcançados por meio da
“seletividade, da concentração em alvos restritos, da prática da segmentação” (Ries e Trout,
2000, p. 6).
Para Kotler (2009) posicionamento é “a maneira como um produto é definido pelos
consumidores no que diz respeito aos atributos importantes — o lugar que o produto ocupa na
mente dos consumidores em relação aos produtos concorrentes.” Para ele, existem alguns tipos
de estratégias de posicionamento que vão desde aquelas baseadas nos aspectos tangíveis do
produto e serviço até aquelas baseadas nos consumidores. São elas:
• Posicionamento por atributo — definido pela associação de um produto a uma
característica especial valorizada pelo consumidor.
• Posicionamento por benefício — definido pela associação de um produto a um
benefício específico esperado pelo consumidor.
• Posicionamento por uso/aplicação — definido pela associação do produto ao uso
ou aplicação.
• Posicionamento por usuário — definido pela associação de um produto ao
usuário ou classe de usuários.
• Posicionamento por concorrente — definido pela identificação do produto
usando o concorrente como ponto de referência.
• Posicionamento por categoria de produto — associar o produto com outros de
uma classe de produtos similares.
• Posicionamento por qualidade/preço — usar o preço como argumento de
qualidade superior. A maior qualidade é refletida em mais características e/ou
mais serviços.
De acordo com Elizagarate (2008, p.98) a estratégia de posicionamento aplicada à
cidade pode adotar dois objetivos diferentes: considerar a estratégia baseada no consumidor ou
considerar a estratégia baseada na sua concorrência. Para o primeiro caso, quando são
analisadas as características que os cidadãos desejam encontrar na cidade onde vivem ou
desejam viver, a estratégia baseada no consumidor deve se concentrar na realização de
intervenções que reforcem ou que criem aqueles aspectos que os residentes e os demais
públicos-alvo desejam.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Já o posicionamento baseado na concorrência tem como finalidade analisar e interpretar
as atitudes dos consumidores frente aos produtos concorrentes. Sua aplicação no plano
estratégico das cidades implica considerar não apenas as características das cidades, que podem
ser suas principais fortalezas, mas considerá-las também em relação a outras cidades
concorrentes. Para a autora, este tipo de análise permitirá desenvolver posteriormente um
posicionamento estratégico, focado em corrigir aqueles aspectos que não favorecem a
competitividade frente às outras cidades ou focado em incrementar e ampliar a sua vantagem
competitiva.
Para Aaker (1996, p. 221), uma identidade e uma posição de marca bem concebidas e
implementadas trazem uma série de vantagens: (a) orientam e aperfeiçoam a estratégia de
marca; (b) proporcionam opções de expansão; (c) melhoram a memorização da marca; (d) dão
significado e concentração para a organização; (e) geram uma vantagem competitiva; (f)
ocupam uma posição sólida contra a concorrência; (g) dão propriedade sobre um símbolo de
comunicação; (h) provêm eficiências em termos de custos de execução.
Diante da discussão entre o branding corporativo e o branding aplicado aos lugares, é
evidente que para a esfera do place branding, a concepção de uma identidade e de uma posição
ultrapassam as vantagens destacadas por Aaker (1996), fundamentalmente relacionadas com
os aspectos econômicos, e ganham significados ligados ao bem comum e ao bem-estar das
comunidades. Além disso, a junção das dimensões de marca representadas pelos seus ativos,
identidade e posicionamento vinculam-se diretamente com o caráter de projeção de uma
identidade local, responsável por expressar as aspirações e pretensões do lugar.
Kavaratzis (2009) destaca a importância da decisão de visão de futuro para a cidade e
do envolvimento e mobilização das comunidades para a divulgação da visão e da estratégia de
marca, da sinergia e entre os stakeholders, bem como da consistência do processo de branding
adotado e da liderança efetiva na sua execução.
De acordo com o autor, este processo começa com as autoridades que gerem a cidade
debatendo e decidindo qual será a visão de futuro da cidade e as estratégias de marca que
melhor alcançarão essa visão. Neste caso, há de se cultivar uma cultura orientada para a marca,
que deve ser difundida entre as comunidades. Para ele, as comunidades locais devem, então,
estar envolvidas e mobilizadas para apoiar o estabelecimento e o desenvolvimento da visão e
estratégia de marca estabelecidas.
Além disso, ele ressalta que devem ser encontradas sinergias entre todos os segmentos
interessados relevantes que desempenham um papel na entrega da promessa da marca,
31
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
baseadas na infraestrutura da cidade, na sua paisagem física e nas oportunidades que oferece
aos públicos-alvo.
Por fim, o autor destaca que todos os itens acima devem ser comunicados e promovidos.
Pois eles são os componentes do núcleo dos atributos do lugar e devem estar nas ações de
branding e promoção da cidade. Devem, também, estar respaldados pela liderança efetiva de
seus gestores e pelo trabalho de pesquisa e análise das condições internas e externas que deem
consistência e garantam a manutenção das estratégias adotadas.
Numa visão holística da trajetória e das relações do branding corporativo e do place
branding, é possível concluir que a gestão estratégica da marca de um lugar pode obter muitas
lições dos casos e características das marcas de produtos e serviços. Mas, além dos retornos
financeiros traduzidos pelos investimentos ou pela circulação do capital e de pessoas, é
necessário que sejam produzidos resultados coerentes e positivos para os desejos e
necessidades de suas comunidades.
Mesmo diante do contexto competitivo das cidades e dos desafios particulares de cada
lugar, o place branding se apresenta como um instrumento de articulação entre as identidades
sociais, culturais, ambientais, econômicas e políticas, e de valorização das potencialidades e
possibilidades que cada lugar apresenta.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
2.1.3 Atores Integrantes do Marketing de Lugares
O marketing de lugares como ferramenta de planejamento e comunicação de uma
localidade é constituído por atores em diversas dimensões e esferas de gestão, tanto internas
quanto externas, e dos setores público e privado. Para Merrilees, Miller e Herington (2012,
p.1034) no contexto do city branding, os stakeholders incluem residentes, empresas, turistas,
investidores e representações de suporte ao meio ambiente. Na visão destes autores, a
complexidade e a quantidade de grupos de stakeholders no city branding tornam-se um
exemplo para o estudo de múltiplas partes.
Kotler et al (2007) identificam os principais agentes participantes do marketing de lugar
em quatro esferas: local, regional, nacional e internacional (Quadro 04).
Participantes Locais
Participantes do Setor Público Participantes do Setor Privado
• Prefeito e/ou administrador da
cidade;
• Departamento de
desenvolvimento empresarial na
comunidade;
• Departamento de planejamento
urbano da comunidade
(transporte, educação,
saneamento, etc.);
• Departamento de Turismo;
• Departamento de Convenções;
• Departamento de Informações
Públicas.
• Cidadãos;
• Empresas líderes;
• Imobiliárias e incorporadoras;
• Instituições financeiras (bancos e seguradoras);
• Empresas de eletricidades, gás e telecomunicações;
• Câmaras de comércio e outras organizações empresariais.
• Setor de receptivo e varejistas (hotéis, restaurantes, lojas
de departamentos, outros varejistas, centros de exposição
e convenções);
• Agências de viagem;
• Organizações do mercado de trabalho;
• Arquitetos;
• Empresas de transporte (táxi, trem e avião);
• Mídias (jornal, rádio, TV).
Participantes Regionais
• Agências de desenvolvimento econômico;
• Governos municipal e estadual;
• Conselhos regionais de turismo.
Participantes Nacionais
• Chefes de governo;
• Agências de investimento interno;
• Conselhos nacionais de turismo;
Participantes Internacionais
• Embaixadas e consulados;
• Agências de investimento internos;
• Agências de desenvolvimento econômico especificamente ligadas a uma região ou cidade;
• Empreendimentos internacionais com elos com determinado lugar.
Quadro 4: Principais Participantes do Marketing de Lugares.
Fonte: Adaptado a partir de Kotler et al. (2007).
Em âmbito local, observa-se que o setor público possui papel fundamental no marketing
de lugar. Trata-se da representação dos interesses e gestão das demandas locais no que diz
respeito ao planejamento urbano da comunidade, desenvolvimento econômico favorável e
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
sustentável. Os departamentos públicos locais de turismo, eventos e informações públicas
também são complementares e intervenientes no processo de marketing de lugar.
O setor privado conta com as organizações da sociedade civil e representações de
trabalhadores, empresas com forte atuação local, empresas de transporte, as câmaras de
comércio e organizações empresariais, setor receptivo e agências de viagem, instituições
financeiras e do setor imobiliário, planejadores tais como arquitetos, e com as redes de
comunicação local.
Ao observar o Quadro 04, percebe-se que o nível local concentra a maioria dos
participantes do marketing de lugar e que nos demais níveis predomina a participação do setor
público, agências de desenvolvimento econômico e os conselhos, organizações e
representações voltadas para a gestão do turismo. Para Kotler et al (2007) este nível representa
a esfera principal de planejamento do marketing estratégico de lugares e é responsável pelo
relacionamento com os demais fatores de marketing e os mercados alvo (Figura 5).
Novos
moradores
Pessoas e
instituições
Mercados-alvo
Turistas e participantes
de convenções
Fabricantes
Exportadores
Sedes
Grupo de
Planejamento
Fatores de Marketing
Cidadãos
Plano de
marketing de
lugar
Diagnóstico
Visão
Ação
Infraestrutura
Atrações
Imagem
Governos
locais/region
ais
Comunidade
Empresarial
Figura 4 – Elementos do Marketing Estratégico de Lugares.
Fonte: Kotler et al (2007).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
A criação de processos de valor agregado para atrair e sustentar investimentos em uma
comunidade envolve quatro importantes fatores de marketing: infraestrutura, pessoas e
instituições, imagem e atrações (Kotler et al., 2007).
Estes fatores são fundamentados a partir da articulação da visão e ação dos governos
locais e/ou regionais, de maneira a assegurar a prestação de serviços básicos e demais
necessidades da comunidade residente, para negócios locais e visitantes. E têm o objetivo de
relacionar as ações e diretrizes do grupo de planejamento, através dos fatores de marketing,
para atingir os públicos de interesse do marketing de lugar.
Os mercados-alvo compreendem, segundo os autores, novos moradores, turistas e
demais visitantes, investimentos externos e mercados de exportação, fabricantes de bens e
serviços que sejam de interesse da localidade. Diante deste escopo, os mesmos autores destacam
os segmentos de público que estão aptos para a avaliação da imagem do lugar e de sua marca
(Quadro 5).
Segmento Descrição
Moradores Constituído por residentes e potenciais moradores. Compreender
como eles pensam é fundamental para a estratégia no marketing
de lugares.
Visitantes Compreende os visitantes com objetivo de negócios e lazer. É
preciso conhecer a imagem que os visitantes possuem de um local
específico para o desenvolvimento de uma estratégia que possa
aumentar o seu número.
Gerências Compreende a dimensão da gestão do lugar. Os lugares querem
saber o que os potenciais grupos-alvo gerenciais sabem e pensam
sobre eles.
Investidores Compreende setores que possam desenvolver relações de
investimento na localidade.
Empreendedores Abrange pequenas empresas e empreendedores. É importante
compreender como eles veem o local como comunidade para
morar e trabalhar.
Investidores Estrangeiros Compreende o grupo de pessoas externas à localidade que estão
interessadas em produtos ou serviços ligados especificamente à
determinado lugar. A imagem do lugar atrelada a estes produtos
e serviços pode agregar valor para investidores estrangeiros.
Especialistas em Lugares Compreende especialistas de diversos segmentos que
desempenham papéis importantes na relação entre o destino e a
atração. Um lugar precisa conhecer as opiniões desses
especialistas.
Quadro 5 – Segmentos de Público para a avaliação da imagem do lugar.
Fonte: Adaptado a partir de Kotler et al. (2007).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
A descrição de Kotler et al (2007) apresenta o foco principal de cada um dos segmentos de público. Desta
forma, é possível observar os diferentes grupos apontados pelo autor compreendem desde os aspectos ligados ao
interesse de residir na localidade até as associações de produtos e serviços que estão atrelados aos lugares.
Portanto, para a análise da marca do lugar é necessário considerar a multiplicidade de stakeholders e de seus
objetivos, bem como a evidência apontada por Mirrilees, Miller e Herington (2012) de que estes diferentes grupos
atribuem significados diferentes associados à marca da cidade e que cada um aplica seu próprio filtro para
interpretar o significado da marca da cidade.
2.2 Branding de Destinos Turísticos
Reconhecido como área temática do Marketing de Lugares, o estudo da gestão
estratégica de marcas voltada para os destinos turísticos é alvo de interesse pelos estudiosos e
profissionais do turismo e de outros campos de atuação. Neste sentido, o presente capítulo
discute o conceito de destino turístico, o ciclo de desenvolvimento de uma destinação, a
conceituação da marca de um destino turístico, suas oportunidades e limitações, e suas
principais dimensões e atributos.
2.2.1 O conceito de Destino Turístico
Na literatura, o conceito de destino turístico não é consenso e tem sido discutido em
diferentes perspectivas. Esta discussão é fundamental para a compreensão da composição e
desenvolvimento da atividade turística nos destinos e antecede o entendimento do que vem a
ser a sua marca. O estudo de Flores e Mendes (2014) apresenta este debate a partir de cinco
abordagens e propõe uma compreensão conceitual de destino turístico.
De acordo com estes autores, a primeira abordagem, da geografia, apresenta o conceito
de destino a partir do entendimento de uma “área com limites definidos, configurando-se um
elemento integrante do sistema turístico e descrito por Leiper (1979) como o lugar que possui
recursos naturais ou construídos pelo homem, contribuindo de forma inerente para as atrações
e atraindo turistas para ficarem temporariamente” (Mendes & Flores, 2014, p.225).
Na perspectiva da economia, Mendes e Flores (2014, p.226) destacam a definição de
Cracolicia e Nijkamp (2008) na qual, assume-se como destino turístico:
“(...) uma configuração de um produto global, atraente e disponível em uma determinada área, uma
carteira complexa e integrada de serviços turísticos produzidos com base em seu potencial autóctone,
oferecido por um destino com objetivo de proporcionar uma experiência de férias e satisfazer as
necessidades dos turistas”.
Já para enquadramento dos estudos socioculturais, representados pela sociologia e pela
antropologia, o conceito de destino perpassa pelas práticas sociais decorridas do processo da
atividade turística nas localidades e entre os seus atores, que alteram “o caráter espacial de um
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
lugar, ou seja, a sua estrutura, o conteúdo, o significado e o tamanho” (Mendes & Flores, 2014,
p. 227).
A quarta abordagem, referente aos estudos da psicologia, considera o destino a partir
da compreensão das motivações individuais, expectativas, percepções e significados
associados à experiência turística dos indivíduos e das comunidades, das organizações e das
sociedades em diversos campos.
A quinta abordagem, trata dos estudos da gestão, nos quais considera que o destino:
“(...) deverá ser suportado por uma estrutura de gestão que lidere e assegure a direção do
desenvolvimento turístico na região, que gere os recursos, que coordene o trabalho em conjunto das
diferentes partes do sistema, que estabeleça objetivos e prossiga estratégias, que permita ao destino
competir mais eficazmente do que em outras circunstâncias” (Mendes, 2004 apud Mendes & Flores,
2014, p.229).
Como abordagens conceituais, estas definições auxiliam o entendimento de casos
empíricos de gestão de destinos turísticos, onde, dependendo do conceito adotado pela
localidade, as estratégias e ações desenvolvidas no destino, assim como a constituição de seus
produtos, irão se apresentar de diferentes formas.
Por exemplo, ao adotar a abordagem econômica como principal estratégia, destacam-se
os destinos que tendem a valorizar os segmentos voltados para negócios, compras, eventos e
grandes eventos, a articulação com outros segmentos de mercado, com a finalidade maior de
atrair investimentos e gerar capital para o destino. Ao adotar uma abordagem socioambiental
como principal estratégica, é possível observar os destinos que possuem forte relação com as
comunidades locais, como os destinos turísticos de base comunitária ou que desempenham um
papel relevante na proteção e preservação de áreas naturais, onde a principal finalidade é a
valorização da cultura local e dos bens naturais que a localidade possui.
É importante destacar que, em um destino, uma abordagem não anula a outra, e que é
possível a articulação entre elas. Comumente, há características de uma ou de outra que irão
se sobressair, e que estarão diretamente relacionadas aos objetivos e às aspirações do destino.
No entanto, as possibilidades de articulação entre as abordagens são reconhecíveis e podem
diversificar a oferta do destino de turístico, tornando-a mais completa.
Neste sentido, Mendes e Flores (2014, p.231) propõem a consideração do conceito de
destino como “objeto de abordagens mais holísticas e integradas, que permitam uma leitura e
uma visão dinâmica sobre a realidade que caracteriza este fenômeno”. Para os autores, o
conceito de destino turístico também pode ser abordado de forma integrada e sistêmica, sendo
entendido como:
(...)um constructo essencialmente concebido, arquitetado, definido pelo cliente.
Admite-se que seja desenvolvido em torno de narrativas, de informação promocional,
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
de word of mouth e enriquecido depois com expectativas e com vivências
programadas pelos próprios turistas. Neste sentido, são os turistas que criam e
consubstanciam este constructo sem limites nem fronteiras, utilizando — ou não —
estruturas que, numa lógica de mercado, são criadas para ir precisamente ao encontro
das suas necessidades e expectativas. Assim, defende-se que o destino turístico
deverá ser entendido e interpretado essencialmente como um sistema criado e
desenvolvido na mente do turista (Mendes & Flores, 2014, p. 232).
Esta definição apresenta fundamentalmente o papel das relações, as motivações e
associações que os turistas possuem com o destino e sua dimensão física, representadas pelos
seus atributos tangíveis, suas características simbólicas e experienciais. Para Mendes e Flores,
a interpretação destes aspectos pela mente dos turistas tem papel decisivo na definição do
destino, e muitas vezes, o rompe barreiras físicas ou socialmente estabelecidas no destino.
Desta forma, a discussão sobre a definição do conceito de destino turístico é necessária
para o entendimento do que vem a ser a sua marca especialmente devido às questões ligadas à
definição estratégica, da proposição de valor, do desenvolvimento de campanhas promocionais
e, principalmente, do alinhamento entre as mensagens transmitidas pela marca.
Ademais, o entendimento do conceito de destino adotado pelas gerencias das localidades
torna possível definir os elementos que o compõem e que podem compor a sua marca. Esta
perspectiva é corroborada pelo apontamento de Cooper et al (2007, p.658) no qual:
“Os destinos precisam identificar os atributos de produto que terão apelo a diferentes
segmentos de turistas, garantindo que a campanha promocional apresente uma
mensagem coerente. Existe, também, a necessidade de produzir uma identidade
distinta ou marca, que forma a base para o posicionamento de um destino fornecendo-
lhe uma personalidade e diferenciando-a de seus concorrentes. Cooper et al (2007,
p.658)”
Face ao exposto, Petrocchi (2004) entende que o conceito de destinos turísticos está
relacionado à sua marca e é um dos componentes do posicionamento competitivo. Para ele,
“no contexto concorrencial do mercado, um destino é uma marca. Embora a marca não seja o
destino, ela define seu significado e sua identidade no tempo e espaço”. Quando o nome de um
destino conhecido é mencionado, vem à mente todo um conceito sobre ele, uma reputação.
Assim, é necessário que, dentro das abordagens teóricas e empíricas referentes à
compreensão e à análise das marcas de destinos turísticos, haja o entendimento e a definição
de quem é o destino, isto é, dos atributos e elementos que o compõem, em qual dimensão
geográfica ele está inserido, com quais públicos ele estabelece ou não relações, de que forma
estas relações ocorrem e como este destino está projetado na percepção de seus públicos e qual
é a real projeção que o destino quer ter na mente dos turistas.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
2.2.2 Marca de destinos turísticos
O conceito de Marca de Destinos, ou Branding de Destinos, também não é consenso
na literatura. Por um lado, Qu et al. (2011), Park e Patrick (2006), Zenker, Braun e Petersen
(2017) apontam o “destinations branding” ou branding de destinos como um conceito bem
estabelecido na academia e na prática, definido como uma ferramenta de marketing destinada
a comunicar a identidade única de um destino e a distingui-lo de outros destinos (Cai, 2002).
Por outro lado, Balakrishnan (2009) considera que o branding de destinos turísticos é
complexo, pois seu conceito inclui elementos do branding de produtos, serviços e empresas, à
medida que atua como uma marca “guarda-chuva” para uma multiplicidade de produtos e
serviços que podem ou não estar relacionados com ela, ou que possuem uma diversidade de
públicos consumidores.
O estudo de Pike (2005) descreve seis motivos pelos quais a temática de gestão de
marcas de destinos é mais complexa do que a de produtos e serviços. Para ele, é necessário
considerar:
a) O caráter multidimensional mais elevado inerente aos destinos quando
comparados a bens de consumo e outros tipos de serviços. O autor considera que,
para ser eficaz, a teoria de posicionamento sugere que alcançar as mentes dos
consumidores, requer uma mensagem sucinta focada em uma ou poucas associações de
marcas.
b) Heterogeneidade dos interesses de mercado dos diversos stakeholders. Diante
de uma orientação onde os produtos são projetados para atender às necessidades do
mercado, as Organizações de Marketing de Destinos (Destinations Marketing
Organizations — DMOs) são forçadas a alcançar uma multiplicidade de mercados
geográficos para atrair uma ampla gama de segmentos para seus produtos,
c) A política de tomada de decisão pode tornar a melhor das teorias irrelevante.
As questões sobre quem decide o tema da marca nas localidades e as reponsabilidades
atribuídas a estes atores, são considerados pelo autor como temas críticos. Para ele, as
Organizações de Marketing de Destinos (DMOs) são dependentes do financiamento do
governo e estão a evoluir para parcerias público-privadas que contribuam para a
manutenção de suas atividades. Outro debate relevante relacionado ao poder de decisão
sobre a marca de um destino refere-se à escolha de representantes para ocupar os
conselhos locais, tendo em vista que há a desconfiança em relação à influência destas
representações nas decisões estratégicas do destino.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
d) Suscetibilidade a falha de uma abordagem “top-down” e a necessidade de
atingir um equilíbrio entre o consenso da comunidade e a teoria da marca. Para
Pike (2005), criticamente as Organizações de Marketing de Destinos (DMOs) não têm
qualquer controle direto sobre a entrega real da promessa da marca pela comunidade
de turismo local.
e) Relação entre fidelidade à marca e retorno de visitação. A fidelidade à marca,
uma das pedras angulares dos modelos de valor de marca baseados no consumidor,
pode ser operacionalizada até certo ponto, medindo o retorno de visitação através de
um programa de monitoramento de visitantes.
f) Problemas relacionados ao financiamento das Organizações de Marketing
de Destinos (DMOs). Para o autor, o tema do financiamento é frequentemente um
problema contínuo para as DMOs, tanto em escala quanto em consistência. Mesmo os
maiores orçamentos das Organizações de Marketing de Destinos (DMOs),
empalidecem em comparação com os orçamentos das grandes marcas corporativas,
com as quais elas competem por gastos discricionários do consumidor.
Estes aspectos elevam a complexidade da gestão de marca do destino, visto que as ações
e estratégias destinadas ao fortalecimento da localidade, estão intrinsecamente ligadas às
decisões relativas aos demais setores de interesse da localidade e àquelas voltadas aos direitos
básicos das comunidades receptoras.
Além disso, estes aspectos influenciam a percepção dos visitantes e turistas potenciais,
à medida que os esforços voltados para o destino, ou a ausência deles, podem ser decisivos na
demanda turística da localidade.
Neste contexto, Pike (2009), assim como Kim e Letho (2013), apontam como o conceito
mais abrangente para o branding de destinos a proposição de Blain, Levy, e Ritchie (2005,
p.337) que o compreendem como um conjunto de atividades de marketing que (1) dize respeito
à criação de um nome, termo, símbolo, logótipo ou outro gráfico que diferencia um destino;
(2) transmite a expectativa de uma experiência de viagem que está exclusivamente associada à
destinação; (3) conecta os visitantes emocionalmente; e (4) reduz os custos e esforços
associados à pesquisa de informação e de risco percebido.
Outro ponto de vista, acrescido a este conceito, sinalizado por Pike (2009, p.858), refere-
se ao benefício mútuo gerado pelo branding para as perspectivas da oferta e da demanda, bem
como as vantagens para as organizações de marketing de destino (DMO) e viajantes. Para as
primeiras, as vantagens incluem maior potencial para se diferenciar em relação a lugares que
ofereçam benefícios semelhantes, maior fidelidade dos visitantes com o destino e maior
40
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
rendimento para as partes interessadas, como empresas locais de turismo e intermediadores do
setor de viagens (agentes e agências de viagens, operadoras de turismo emissivo e receptivo,
etc.).
Para viajantes, os benefícios incluem facilidade de tomada de decisão através da redução
de custos de pesquisa, de risco e, possivelmente, a apresentação de melhores preços. Para Kim
e Letho (2013) o branding de destinos também foi amplamente aceito como parte integrante do
processo de decisão de compra de viajantes, comportamento de consumo e intenções de viagem.
Para a Organização Mundial do Turismo (UNWTO, 2009) há um conjunto de fatores
que definem a marca de um destino turístico:
• trata-se da identidade competitiva do lugar que diferencia de todos os outros;
• refere-se a essência duradoura, ou conjunto de características do destino, que
compõem sua personalidade e o faz distinto de todos os seus concorrentes;
• ela existe “nos olhos do espectador”: é uma relação dinâmica entre o destino e como
ele é percebido pelos clientes potenciais e visitantes;
• é o alicerce fundamental a partir do qual todas as comunicações e comportamentos de
marketing devem fluir;
• para ser verdadeiramente eficaz, deve haver harmonia entre as percepções de ambos,
visitantes e moradores, a respeito da marca do destino, em termos de ativos-chave e
da maneira como eles são apresentados em comunicações de marketing.
2.2.3 Dimensões e atributos
O desenvolvimento dos estudos relativos à gestão estratégica de marcas de destinos
turísticos também tem origem em diferentes dimensões e atributos de marcas. Como exemplo,
pode-se citar o estudo de Kim e Letho (2013), que buscou entender a relação entre as
personalidades percebidas e projetadas da marca de destino, tendo como objeto de estudo o a
Coréia do Sul; de Risitano (2005) analisou as estratégias de marca da região de Campi Flegrei,
localizado na cidade e província de Naples na Itália, voltadas para o crescimento competitivo
dos destinos turísticos. A pesquisa de Chen e Phou (2013) que, com base na teoria de
relacionamento de marca e na teoria da atitude, investigou as relações entre a imagem do
destino, a personalidade do destino, a relação de turistas-destino turístico e o comportamento
do turista.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
O levantamento realizado por Paiva, Dias e Ferreira (2016) sobre as publicações de
branding no turismo realizadas no Brasil entre os anos de 2006 e 2015, através das publicações
nos anais do Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo —
ANPTUR e seus periódicos associados — principais revistas de turismo no país (Revista
Brasileira de Pesquisa em Turismo (RBTUR), Revista Turismo, Visão e Ação (UNIVALI),
Revista Turismo em Análise (USP), Revista Rosa dos Ventos (USC), Revista Hospitalidade
(UAM), Revista Turismo Contemporâneo (UFRN), Revista Turismo e Sociedade (UFPR) e
Revista Cenários (UnB)), apontou que “quando comparado a um panorama internacional, há
uma discrepância significante quanto à atenção dada a esse tema entre a literatura internacional
do turismo e a nacional”, pois diante do recorte da pesquisa foram identificados um total de 20
artigos que abordavam esta temática.
Foi observado que a principal abordagem da temática de branding presente nos estudos
está voltada para a análise da marca de lugares, principalmente da Marca País. Além disso,
foram identificados estudos sobre a imagem da marca, e sobre a marca e a imagem do lugar
como vantagem competitiva. Há também investigações relacionadas ao uso de plataformas
online ligadas à imagem e marca de lugares. Outros trabalhos dedicam-se à análise da marca
de companhias aéreas, eventos e megaeventos esportivos, e à gastronomia enquanto
contribuinte para a construção da identidade e imagem do lugar.
Quanto ao processo gestão estratégica da marca de um destino, Balakrishnan (2009, p.
613) oferece uma ampla revisão de literatura que descreve os seus principais elementos e
componentes. Trata-se de uma revisão teórica também influenciada pela visão de David A.
Aaker (1991) e Keller Lane Keller (1993).
De acordo com a autora, este processo gira em torno dos cinco componentes: visão e
gerenciamento dos stakeholders, harmonização entre o portfólio de produtos e os clientes-alvo,
estratégias de posicionamento e diferenciação usando componentes de marca, estratégias de
comunicação e estratégias de gerenciamento de feedback e resposta, resumidos no modelo para
o branding estratégico de destinos turísticos, apresentado na Figura 5.
42
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Figura 5: Modelo para o Branding Estratégico de Destinos Turísticos.
Fonte: Balakrishnan (2009).
Para a autora, o que caracteriza o início de uma estratégia de branding é a visão e o
gerenciamento dos stakeholders. Para ela, ao ter clareza dos objetivos de longo prazo, a visão
pode levar a resultados de desempenho, correspondendo às expectativas dos stakeholders e
impulsionar o posicionamento da marca. Em seguida, o portfólio de produtos e serviços de um
destino deve ser integrado ao conjunto da estratégia de branding com base em ativos existentes
e aos recursos que eles são capazes de desenvolver.
O estudo de Balakrishnan (2009, p.617) apresenta os seguintes componentes do produto
dos destinos:
• patrimônio histórico, cultura, ambiente e experiência, entretenimento,
alimentação;
• turismo de negócios, principais atividades econômicas, desenvolvimento
econômico e ambiente industrial;
• perfil externo;
• acessibilidade física, acessibilidade financeira e preços;
43
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
• características das pessoas;
• características sociais, qualidade de vida, bem-estar;
• reputação internacional;
• saúde, educação;
• visitação a familiares e amigos;
• comércio do varejo, artesanato local;
• descanso, recreação e esportes;
• ocasiões especiais;
• eventos, turismo religioso;
• experiência e exploração, maravilhas naturais, clima.
As estratégias de diferenciação e posicionamento estão fortemente ligadas à identidade
da marca, fator responsável pela criação de vantagens competitivas sustentáveis, e devem
incluir os componentes da marca, que podem ser atributos tangíveis ou intangíveis, funcionais
ou simbólicos.
Os atributos que compõem a marca de um destino são discutidos por Balakrishnan,
Nekhili e Lewis (2011) em três dimensões. A primeira é a dimensão funcional, formadapor
atributos tangíveis ou práticos ou na entrega de benefícios importantes; a segunda é uma
dimensão simbólica ou emocional que consiste em atributos mais intangíveis (Mowle e
Merrilees, 2005; Sirgy e Su, 2000 apud Balakrishnan, 2011).
A terceira dimensão refere-se aos componentes experienciais da marca. Para descrevê-
los, os autores utilizam o entendimento de Hankinson (2004, 2005) e Chernatony e Riley
(1997, pág. 1076) que os identificam como componentes simbólicos que representam
necessidades de ordem superior e podem se “manifestar na forma como a marca se relaciona
com o autoconceito do cliente, gostos e desgostos intuitivos, sua capacidade de transmitir
exclusividade (como se relaciona com outros clientes), estilo de vida do cliente, modo de vida
e moda (Cooper, 1989; Solomon, 1983)” (Balakrishnan, Nekhili & Lewis, 2011, p. 7).
Já para as estratégias de comunicação, os destinos não possuem componentes verticais
ou horizontais da entrega dos produtos, o que torna difícil para eles serem diferentes de outros
destinos e ainda possuírem uma imagem e comunicação clara e consistente em portfólios de
mídia e produtos. Nesta perspectiva, quando se trata do gerenciamento de resposta e feedback
através da estratégia de marca, a autora destaca que as pesquisas de mercado se apresentam
como fortes aliadas na redução das lacunas existentes entre as identidades ideais e desejadas,
comunicadas e concebidas.
44
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Para a autora, os destinos devem ser vendidos com informações corretas e não
exageradas e/ou enganosas, tendo em vista que esta coerência pode aumentar a lealdade de
turistas ao destino e ampliar o word-of-mouth (WOM).
Diante das dimensões e atributos descritos por Balakrishnan (2009) é evidente a
necessidade de que as destinações identifiquem seus atributos, a fim de que eles possam
subsidiar os processos de gerenciamento estratégico de suas marcas. Há também de se
considerar que além das características tangíveis, intangíveis, funcionais e simbólicas de seus
elementos e atributos, outro fator determinante na estratégia de branding está presente nos
atributos experienciais, representantes da relação entre a marca e seus públicos.
Por fim, para todo este processo, a definição da visão da marca é responsável por
determinar e desenhar as estratégias de branding. Ela origina e norteia as demais ações que
conduzem a efetivação e o sucesso da estratégia de marca dos destinos.
2.3 Metodologias de Análise da Marca do Lugar
2.3.1 Modelos de análise e mensuração da Marca do Lugar
Diante da incorporação das estratégias de branding pelas cidades, regiões e países,
metodologias de análise de marca surgem com diferentes focos, originando índices, rankings,
estudos de caso, entre outros tipos de estudos, mais ou menos relevantes para a marca da
cidade, (Herget, Petrů, Abrhám, 2015). Entre eles, verifica-se a existência de modelos de
análise e mensuração construídos a partir de diferentes áreas de conhecimento com origens
teóricas, e estudos empíricos que posteriormente foram incorporados por estes modelos.
De acordo com o levantamento feito pela Jones Lang Lassale IP em 2013, denominado
The Business of Cities 20132, que lista os 12 principais índices, rankings e estudos de
benchmarking voltados para o estudo das cidades, entre os estudos populares estão as pesquisas
de imagem de países ou cidades, de suas marcas e de sua força como destino turístico. A maior
parte deles possuem alcance global e metodologias aplicadas em diferentes partes do mundo.
Na edição de 2015, o relatório The Business of Cities3 traz a informação de que estas
pesquisas se originam em empresas e organizações especializadas, companhias estabilizadas,
consultorias, universidades e ainda as co-participações (de patrocínio ou parceria) dos meios
de comunicação no desenvolvimento e circulação dos índices, destacando como exemplo o
2 The Business of Cities 2013. Documento original disponível online no endereço <
http://www.jll.com/Research/jll-city-indices-november-2013.pdf> . Acesso em 28 de julho de 2016.
3 The Business of Cities 2015. Documento original disponível online no endereço
<http://www.jll.com/Research/jll-business-of-cities-report.pdf>. Acesso em 28 de julho de 2016.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
caso do Guardian Cities Brand Barometer, estudo desenvolvido pela Saffron Brand
Consultants em parceria com o jornal britânico The Guardian. Também denominado The
Saffron European City Brand Barometer, o estudo foi assinado por Jeremy Hildreth, e além de
apresentar um índice de Força da Marca de 72 cidades europeias, oferece um conjunto de
critérios nos quais uma cidade deve ter foco caso tenha interesse em melhorar sua marca,
independentemente de ser uma cidade europeia ou não.
Herget, Petrů, Abrhám (2015) desenvolveram um estudo sobre o branding de cidades e
os seus impactos econômicos no turismo, através do exame de diferentes abordagens
metodológicas para o branding de cidades e da análise de dados estatísticos — “The European
City Brand Barometer”, “Anholt GfK-Roper City Brand Index” e o “Hotel Price Index” — para
avaliar a relação entre a qualidade da marca da cidade e preço médio dos hotéis nela oferecidos,
por meio do qual apontaram os aspectos do estudo da Saffron como mais relacionados ao
turismo do que outros modelos que analisam aspectos mais gerais como educação, economia e
infraestrutura.
2.3.2 The Saffron European City Brand Barometer
O estudo “The Saffron European City Brand Barometer”, desenvolvido pela empresa
de consultoria de marcas britânica Saffron Consultants, teve como objetivo contrastar e
comparar a força da marca de cidades europeias e oferece um parâmetro para revelar como estas
cidades se destacam em relação às outras. O barômetro está organizado em três categorias:
Força dos Ativos da Cidade, Força da marca da Cidade, e Uso da Marca da Cidade.
O parâmetro oferecido é composto por 10 critérios qualitativos que, com base no estudo
realizado, são os principais pontos a serem trabalhados por uma estratégia de marca de cidades.
Eles englobam desde comodidades que a cidade pode oferecer (acesso, facilidades, conforto)
até aspectos ligados ao grau de identificação que o indivíduo possui com a localidade. Seu foco
organiza-se em duas dimensões:
a) Força dos Ativos da Cidade
Esta dimensão teve como objetivo identificar quais eram os ativos que as pessoas mais
desejavam de uma cidade e compará-los com a oferta real. Para tanto, foi realizada uma
pesquisa com 2.000 pessoas no Reino Unido com duas perguntas de múltipla escolha, na qual
o participante teria de escolher três opções numerando-as ordenadamente dada a sua
importância.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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A primeira, referente a aspectos culturais, denominados no estudo de “soft factors”,
apresentava o seguinte questionamento: “considerando um tempo livre na cidade, quais dos
seguintes elementos são mais importantes para você?”. A segunda, referente às comodidades
da cidade ou “harder factors”: “se você estivesse planejando seu tempo livre, qual tipo de
cidade mais iria te atrair?”.
Os ativos mais desejáveis, em ordem de importância ponderada, de acordo com a
pesquisa foram:
Para os aspectos culturais (“soft factors”): (1) Passeios e atrações históricas; (2)
Cozinha e restaurantes; (3) Moradores simpáticos e prestativos; (4) Boas compras.
Para as comodidades e facilidades (“harder factors”): (1) Particularmente, o baixo
custo; (2) Bom tempo; (3) Facilidade de se locomover a pé ou em transportes públicos.
b) Força da Marca da cidade
Para esta dimensão, a Saffron definiu, através da experiência de seus profissionais e
estudos desenvolvidos, quatro fatores igualmente ponderados para serem incluídos no “The
Saffron European City Brand Barometer”. São eles:
• Reconhecimento da cidade: muitas pessoas poderiam reconhecer a cidade em um
cartão postal sem ter de ler a descrição nele contida?
• Quantidade/força das características positivas/atraentes: o que motiva e o que não
motiva as associações que as pessoas têm em relação à da cidade.
• Valor de conversação: o quão interessante seria falar sobre uma visita a determinada
cidade.
• Reconhecimento de mídia: definido estatisticamente através da contagem de
referências feitas pela cidade ao longo de um determinado período.
Para ambas as dimensões uma pontuação máxima de 100 pontos foi calculada. Com ela,
um conjunto de resultados deu origem ao European City Brand Barometer que atribuiu
pontuações individuais para as cidades pesquisadas ao mesmo tempo em que realizou a
comparação entre elas. O barômetro está organizado em três categorias nas quais apresenta a
pontuação individual de cada cidade e a posição que elas ocupam no ranking geral das 72
participantes.
Na Tabela 01 estão exemplificadas a pontuação e a classificação das vinte primeiras
cidades classificadas pelo barômetro de acordo com os seguintes aspectos: Força da Marca,
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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Força dos Ativos da Cidade e Uso da Marca da Cidade (calculado considerando a força da
marca como uma porcentagem dos ativos de cada cidade)4.
Força da Marca Força dos ativos da Cidade Uso da Marca da Cidade
1 Paris, France. . . . . . . .. . 89
2 London, UK . . . . . . . . . . 88
3 Munich, Germany . . . . . 86
3 Barcelona, Spain . . . . . . 86
4 Amsterdam, Neth. . . . . . 83
5 Rome, Italy . . . . . . . . . . 79
6 Milan, Italy . . . . . . . . . . 77
6 Vienna, Austria . . . . . . . .77
7 Madrid, Spain .. . . . . . . . 75
8 Athens, Greece . . . . . . . 73
9 Frankfurt, Germany . . . . 72
9 Stockholm, Sweden . . . . 72
9 Antwerp, Belgium . . . . . 72
9 Prague, Czech Republic. 72
10 Oslo, Norway . . . . . . .. .71
11Berlin, Germany.............70
11 Lisbon, Portugal ..........70
12 Naples, Italy . ... . . . . . .69
12 Dublin, Ireland ....... . 69
13 Palermo, Italy . . . . . . . 68
14 Edinburgh, UK . . . . . . . 67
14 Hannover, Germany .. . 67
16 Bremen, Germany . . . . 65
16 Seville, Spain . . . . . . . . 65
17 Nurenberg, Germany . . 64
17 Turin, Italy . . . . .... . . . . 64
18 Genoa, Italy . . . . . . . . . 63
18 Kraków, Poland . ... . . . 63
18 Valencia, Spain . . . . . .63
19 Thessaloniki, Greece. . 62
20 Bucharest, Romania . . 61
20 Wrocław, Poland . . ... . 61
20 Cologne, Germany . . . 61
20 Düsseldorf, Germany. . 61
1 Paris, France . . .. . . ...... 99
2 London, UK . . . .. . . ...... 97
3 Barcelona, Spain . . ...... 96
3 Berlin, Germany. . ...... . .96
3 Amsterdam, Neth . ...... .96
4 Munich, Germany ....... . .87
5 Stockholm, Sweden ...... .85
6 Prague, Czech Republic .83
7 Rome, Italy . . . . . . . . . . .81
8 Athens, Greece . .. . . . . .80
9 Madrid, Spain . . . . . . . . .77
9 Vienna, Austria .. . . . . . . 77
10 Milan, Italy . . . . . . . . . .75
11 Dublin, Ireland . . .. . . . .74
12 Edinburgh, UK . .. . . . . .70
13 Frankfurt, Germany . . .67
14 Copenhagen, Denmark.65
14 Hamburg, Germany . . ..65
15 Stuttgart, Germany . . . .64
16 Oslo, Norway . . .. . . . . .60
17 Lisbon, Portugal . . . . . .59
18 Valencia, Spain . . . . . . 58
19 Glasgow, UK . . . . . .. . .56
19 Naples, Italy . . . . . .... . .56
20 Budapest, Hungary .. . .55
1Berlin, Germany . . . . .....137%
2 Stockholm, Sweden .......118%
3Prague, Czech Republic .115%
3 Liverpool, UK . . . . . . . ...115%
3 Amsterdam, Neth . . . . . .115%
4 Barcelona, Spain . . . . . ..112%
5 Paris, France . . ...... . ... .111%
6 London, UK . . . ...... . . . .110%
6 Athens, Greece . . ..... . ..110%
7 Dublin, Ireland . . . ..... . .107%
8 Edinburgh, UK . . . ...... . .104%
8 Madrid, Spain . . . . ..... . .104%
9 Rome, Italy . . . ..... . . . . .102%
10Munich, Germany . . .. ...101%
11 Vienna, Austria . . . . . . . 100%
12 Copenhagen, Denmark . 99%
12 Newcastle, UK . . . . . . . . .99%
13 Milan, Italy . . . . . . . . . ... .97%
14Stuttgart, Germany . . . . .96%
14 Birmingham, UK . . . . . .. .96%
14Hamburg, Germany . . . . .96%
15Frankfurt, Germany . . .. .93%
15Helsinki, Finland . . . .. ... .93%
15Warsaw, Poland . . . . . . . .93%
15Budapest, Hungary . . . .. .93%
16 Valencia, Spain . . . . . . . . 91%
16 Málaga, Spain . . . . . . . . ..91%
16Zaragoza, Spain . . . . . . . .91%
17 Manchester, UK . . . . . . . .89%
17Gdansk, Poland . . . . .. . ..89%
17 Bristol, UK . . . . . . . . . . . .89%
17Essen, Germany . . . .. . . .89%
18Sarajevo, Bosnia . . . . . .. .86%
19 Lisbon, Portugal . . . . . .85%
19 Oslo, Norway . . . . . . . . . .85%
20Rotterdam, Neth. . . . . . ...83%
20 Cologne, Germany . . .. .83%
Tabela 01: The Saffron European City Brand Barometer 2013 - 20 Principais Cidades.
Fonte: Adaptação a partir de “The Saffron European City Brand Barometer” (2015).
4 O estudo na íntegra encontra-se no Anexo A deste estudo.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
É possível verificar que as cidades de Barcelona, na Espanha, e Amsterdam, na
Holanda, aparecem entre as cinco primeiras posições nas três categorias analisadas. No que
diz respeito ao uso da marca da cidade, todas as dez primeiras cidades possuem uma marca
melhor do que a força dos seus ativos poderiam constituir. De acordo com o estudo, isto se
deve ao fato de que tais cidades, em especial Berlim, Estocolmo, Praga, Liverpool, Amsterdam
e Barcelona, vendem uma história além e através da experiência urbana.
Por fim, a partir dos resultados, o estudo aponta 10 fatores qualitativos nos quais uma
cidade, nação ou localidade deve trabalhar caso deseje melhorar sua marca. Originado no
questionamento sobre quais os fatores mais importantes que determinam a imagem de uma
cidade, o parâmetro foi denominado de “Saffron City Brand Criteria”.
No tópico a seguir serão apresentados cada um dos dez fatores apontados pela Saffron.
2.3.3 Os critérios da Saffron e sua importância para a Marca do Lugar
O The Saffron European City Brand Barometer apresenta 10 critérios qualitativos que,
com base no estudo realizado, são os principais pontos a serem trabalhados por uma estratégia
de marca de cidades. No Quadro 6, é apresentada a descrição destes dez critérios, seguindo a
ordem estabelecida pela Saffron.
Optou-se por destacar cada critério na língua original do estudo e sua respectiva
tradução seguida pelo seu objetivo. Os critérios englobam desde comodidades que a cidade
pode oferecer (acesso, facilidades, conforto) até aspectos ligados ao grau de identificação que
o indivíduo possui com a localidade.
Saffron City Brand Criteria
Critério Objetivo
01 – Pride and personality of its people.
• O orgulho e a personalidade de seu povo.
Refere-se ao sentimento que os residentes possuem
em relação à cidade.
02 – Distinctive sense of place (on the ground)
• Sentido distintivo de lugar.
Diz respeito aos diferenciais em relação às outras
localidades.
03 – Ambition / vision (policy) and business
climate.
• Ambição / Visão (política) e ambiente de
negócios.
Compreende as ações no âmbito econômico e as
contribuições da visão política para o seu
desenvolvimento e/ou manutenção. Também trata dos
aspectos ligados à governança local, e às facilidades
de se fazer negócios na cidade.
04 – Current recognition and perceptions.
• Reconhecimento e percepção atual.
Como cidade é reconhecida e percebida atualmente.
05 – Worth going to see (the Samuel Johnson
test).
• “Vale a pena ir vê-la”.
Compreende as características que fazem com que
pessoas decidam ir até a localidade e visitá-la.
06 – Ease, access and comfort.
• Facilidades, acesso e conforto.
Descreve as facilidades da cidade, bem como seus
aspectos relacionados ao acesso e conforto.
49
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
07 – Conversational value (the ‘cocktail party’
factor).
• Valor conversacional: como me sinto ao
falar dela.
Refere-se ao sentimento individual quando se fala
sobre à cidade.
08 – Locational context and value (how much is
it worth simply because it is where it is?
• Contexto local e seu valor (Quanto vale só
por ser onde é?).
Compreende o custo e sua relação com seu contexto
territorial.
09 – Attractions and anomalies.
• Atrações e anomalias.
Atrações e peculiaridades da localidade.
10 – “Ooh, I could live here!” (the Barcelona
effect).
• O efeito Barcelona: “Oh, eu poderia viver
aqui!”.
Desejo que visitantes possuem de viver na cidade.
Quadro 6: Os critérios da Marca de Cidade - The Saffron City Brand Criteria.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir do “The Saffron European City Brand Barometer” (The Saffron City
Brand Criteria).
Os dez fatores possuem foco na percepção e nas perspectivas das pessoas em relação à
cidade e, embora muitas vezes se sobreponham e mostrem mais de uma faceta, mais de um
aspecto do lugar simultaneamente, o conjunto elaborado pela Saffron é mais robusto e
reconhece a natureza destas sobreposições, criando um senso de ponderação natural que
corresponde à forma com qual as pessoas realmente experimentam a cidade que visitam – a
negócios, lazer ou estudo – e que vivem.
50
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
3 Metodologia
3.1 Caracterização e desenho da pesquisa
A presente pesquisa possui abordagem qualitativa e está caracterizada quanto aos seus
objetivos como descritivo-exploratória, pois analisa a marca dos principais destinos similares
e concorrentes do Nordeste brasileiro, por meio da percepção dos gestores e representantes do
trade turístico de acordo com os critérios estabelecidos pelo The Saffron City Brand Criteria.
Sua abordagem caracteriza-se como qualitativa pois vai ao encontro da definição de Gerhardt
e Silveira (2009), na qual as pesquisas qualitativas:
(...) têm como características objetivação do fenômeno; hierarquização das ações
de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local
em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o
mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos
investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de
resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um
modelo único de pesquisa para todas as ciências (Gerhardt & Silveira, 2009).
Aqui, foi adotada a compreensão de Prodanov e Freitas (2013) de que as pesquisas
descritivas e exploratórias são habitualmente realizadas por pesquisadores sociais preocupados
com a atuação prática. De acordo com estes autores, em sua forma mais simples, as pesquisas
descritivas se aproximam das exploratórias quando proporcionam uma nova visão de um
problema. Elas abrangem as pesquisas que têm por objetivo levantar opiniões, atitudes e
crenças de uma população.
Nesta pesquisa, a adoção da abordagem metodológica qualitativa permite a
aproximação com os agentes responsáveis pela gestão da marca do destino e com demais atores
ativos, que, de acordo com a literatura, estariam aptos a realizar ações para a gestão e análise
da marca do destino. Também permite a descrição fidedigna dos resultados referentes aos
objetivos estipulados neste estudo, além de estar alinhada com a proposta de análise de marca
do modelo Saffron City Brand Criteria, segundo a qual “embora difícil de definir exatamente,
a marca de uma cidade deriva de fatores que podem ser úteis se mensurados e avaliados
subjetivamente”5 (Saffron, 2008).
3.2 Universo da pesquisa
Para a realização deste estudo, a população da pesquisa compreendeu uma amostragem
de gestores e representantes de setores dos trades turísticos dos destinos Fortaleza (CE), Natal
5 Tradução Livre. Texto original “A City’s brand, although hard to pin down exactly, derives from factors which
can be usefully, if subjetively, measured and evaluated.”
51
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
(RN) e Ipojuca/Porto de Galinhas (PE). Para o conceito de população foi adotada a definição
de Gil (2010) e Veal (2011) como o conjunto de elementos que possuem determinadas
características, e compreende o total da categoria dos sujeitos no qual a pesquisa possui foco,
aqui representada pelos setores dos trades turísticos dos destinos objetos da pesquisa. Para a
amostra foi considerado o subconjunto da população do estudo (Dencker, 2005), aqui
identificados a partir dos gestores e representantes destes setores do turismo.
A amostragem atendeu às dimensões local e regional dos setores público e privado, e
de integrantes do marketing de lugares de acordo com a descrição de Kotler et al (2007), na
qual incluem-se as representações do setor público (prefeitura, secretarias municipais de
turismo, agências públicas de promoção turística, departamento de planejamento urbano), do
setor privado (representações de agências de viagens, meios de hospedagem, restauração,
eventos e entretenimento, comércio), e agências de desenvolvimento econômico local.
Para cada destino, foi realizada pesquisa secundária para a obtenção de informações
que confirmassem quais representações possuíam maior relevância em cada destino. Desta
forma, foram convidadas as seguintes entidades: Secretarias Municipais de Turismo e
Empresas de Promoção de cada um dos destinos, Associação Brasileira de Industria de Hotéis
(ABIH-RN, ABIH-CE, ABIH-PE), da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (ABAV-
RN, ABAV-CE, ABAV-PE), da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RN,
Abrasel-CE, Abrasel-PE,), representantes dos Centros de Convenções dos destinos,
representantes de Agências de Desenvolvimento local e demais órgãos relevantes no processo
de construção de marca do destino como a Câmara de Turismo da Federação do Comércio do
Rio Grande do Norte, Presidência do Conselho de Turismo de Pernambuco e do Ceará.
Nem todas as representações que foram convidadas por e-mail e por telefone e mesmo
presencialmente participaram do estudo. De algumas não houve retorno e outras não
apresentaram disponibilidade para a participação. O Quadro 07 apresenta a listagem de
participantes desta pesquisa, que contribuíram por meio de entrevistas presenciais, por telefone
e com o fornecimento de dados úteis para a construção com a construção do presente estudo.
52
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
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Cidade
Representações do Setor
Público
Representações do Setor
Privado
Agências de
Desenvolvimento local
e demais órgãos
relevantes no processo
de construção de
marca do destino
Natal – Rio
Grande do Norte • Secretaria de Turismo
e Desenvolvimento
Econômico de Natal –
Seturde
• Empresa de
Promoções Turísticas
do Rio Grande do
Norte – EMPROTUR.
• ABAV/RN
• ABRASEL/RN
• NATAL CVB -
CONVENTIONS AND
VISITORS BUREAU
• Câmara de
Turismo da
Federação do
Comércio do
RN
Porto de Galinhas
– Pernambuco • Secretaria de Turismo
de Porto de Galinhas.
• Secretaria de Turismo
do Estado de
Pernambuco
• ABAV/PE
• ABIH/PE
• Conselho de
Turismo de
Pernambuco
Fortaleza - Ceará • Secretaria Municipal do
Turismo de Fortaleza –
Setfor (Representações
das equipes técnica e
executiva)
• Secretaria Estadual do
Turismo de Pernambuco
• ABIH/CE
Quadro 7: Listagem de participantes entrevistados em cada destino.
Fonte: Dados do estudo (2017).
3.3 Instrumento de Pesquisa
Com base nos critérios apontados pelo The Saffron European City Brand Barometer foi
desenvolvido um instrumento de pesquisa no formato de roteiro de entrevista, contendo 10
questões, das quais nove questões abertas e uma semiaberta (Apêndice A).
Como afirmado por Veal (2011) os itens do roteiro de entrevista devem estar baseados
na estrutura conceitual da pesquisa e na consequente relação de dados necessários. Para esta
pesquisa, cada critério apontado pelo Saffron City Brand Criteria foi representado por uma ou
mais questões no roteiro de entrevista. Optou-se pelo ordenamento das perguntas do roteiro de
entrevistas semelhante ao do estudo da Saffron, e pela aplicação do mesmo roteiro para todos
do público-alvo estipulado para pesquisa nos quatro destinos.
As questões compreendem três dimensões para a análise da percepção da marca dos
destinos pesquisados, respaldados pela metodologia da Saffron e pela revisão da literatura
apresentada neste trabalho: os ativos ou elementos da marca da localidade de forma geral,
diferenciação e posicionamento da marca, e a marca na perspectiva do turismo, como pode ser
observado no Quadro 8 (Ver página 54).
53
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria”
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
A construção do referido roteiro de entrevistas buscou entender o significado dos
critérios apontados pela Saffron, no contexto brasileiro. Para tanto, houve auxílio de
profissionais na tradução dos critérios para o melhor entendimento e aplicação dos termos. É
necessário ressaltar que a presente pesquisa utiliza o The Saffron City Brand Criteria como
base para a elaboração de um instrumento próprio, e que todos os direitos autorais relativos ao
parâmetro original, disponível no Anexo 01 deste estudo, estão reservados à Saffron
Consultants, desenvolvedora do estudo original e seus autores.
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Categorias de
análise
Objetivos da categoria de
análise
Critério base a partir do Saffron City Brand
Criteria
Pergunta no roteiro de entrevista
Ativos Da Marca
Identificar os elementos
tangíveis e intangíveis do
destino que compõem a sua
marca.
➢ O orgulho e a personalidade de seu povo
➢ Facilidades, acesso e conforto
➢ Atrações e anomalias
➢ Ambição / Visão (política) e ambiente de
negócios.
➢ Você ama morar em Natal?
➢ Como você se sente quando fala do destino Natal
para um amigo?
➢ Como avalia Natal no que diz respeito à: acesso,
conforto, segurança, custo, ambiente para
negócios.
➢ Quais atrativos e peculiaridades destaca em Natal?
➢ Como a visão e interesse político contribuem para
o ambiente de negócios em Natal?
Diferenciação e
posicionamento
Compreender a composição
da identidade do destino e
como a marca dele está
posicionada.
➢ Sentido distintivo de lugar.
➢ Reconhecimento e percepção atual.
➢ Valor conversacional: como me sinto ao
falar dela.
➢ Contexto local e seu valor (Quanto vale
só por ser onde é?).
➢ O efeito Barcelona: “Oh, eu poderia viver
aqui!”.
➢ Em sua opinião, o que diferencia Natal de outro
destino?
➢ Quais elementos fazem-no reconhecer a marca
Natal? Por quê?
➢ Como avalia Natal no que diz respeito à: acesso,
conforto, segurança, custo, ambiente para negócios
➢ Em sua opinião, o que levaria alguém a decidir
morar na cidade de Natal?
Marca enquanto
Destino Turístico
Compreender como a marca
é desenvolvida e gerenciada
na perspectiva de destino
turístico.
➢ “Vale a pena ir vê-la”.
➢ Reconhecimento e percepção atual.
➢ Em sua opinião, por que vale a pena para o turista
conhecer o destino Natal?
➢ Como você define a marca Natal?
Quadro 8: Categorias de análise e composição do instrumento de pesquisa.
Fonte: Dados do estudo (2017).
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
3.4 Coleta de dados
A coleta de dados do presente estudo foi realizada prioritariamente através de
entrevistas abertas semiestruturadas presenciais e por telefone, com gestores e representantes
de setores do trades turísticos dos destinos. Para Gil (2010) a entrevista pode ser compreendida
como uma forma de interação social, uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes
busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informações. Na entrevista
semiestruturada o pesquisador possui maior liberdade.
Para Ribeiro (2008 p.141) a entrevista é a técnica mais pertinente quando o pesquisador
quer obter informações a respeito do seu objeto que permitam conhecer sobre atitudes,
sentimentos e valores subjacentes ao comportamento. Para ele, isto significa que se pode ir além
das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos
próprios entrevistadores.
Neste sentido, com o objetivo de verificar a efetividade do instrumento elaborado para
a realização das entrevistas foi realizada uma etapa de pré-teste no destino Natal (RN), no
período compreendido entre julho e agosto de 2017, com a amostra de 04 participantes. O pré-
teste possibilitou a identificação de ajustes necessários no instrumento, bem como apontou
dificuldades e oportunidades para a realização da pesquisa.
Na etapa de pré-teste, o desenho do processo de coleta compreendeu, primeiramente, o
mapeamento de informações secundárias sobre os participantes estipulados para o estudo. O
primeiro contato com os participantes foi realizado por telefone e/ou e-mail, a fim de
formalizar o convite e verificar a disponibilidade deles para efetivação das entrevistas. Ao
confirmarem a participação, em local, data e horário mais adequado ao entrevistado, a
pesquisadora compareceu para realização da entrevista.
Para os destinos Fortaleza (CE) e Porto de Galinhas (PE) foram realizadas 03 (três)
entrevistas por telefone, devido às dificuldades de deslocamento e permanência da
pesquisadora nos destinos citados, e principalmente pelo respeito à disponibilidade dos
participantes, que nestes casos não puderam realizar a entrevista de forma presencial.
As entrevistas por telefone são uma opção para os pesquisadores à medida que têm
menor custo e são mais rápidas de serem aplicadas que as entrevistas pessoais, o que permite
trabalhar com uma maior amostra (Mattar, 1996).
Para todos as representações selecionadas na amostragem, independentemente da
realização presencial ou não da entrevista, foram emitidos documentos de apresentação,
validação e autorização da pesquisa (1) uma carta de apresentação da pesquisa e do pesquisador
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
(Apêndice B), (2) ofício assinado pela Coordenação do Programa de Pós-Graduação em
Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte solicitando a participação e
contribuição com a pesquisa (Anexo B) e o (3) termo de autorização de uso de voz e de
conteúdo fornecido pelo entrevistado no presente estudo (C). Estes documentos visaram a
apresentação do objetivo do estudo e o registro do esclarecimento da finalidade do uso das
informações fornecidas e da autorização dos participantes, no ato da entrevista.
Todas as entrevistas foram gravadas, com prévia autorização dos participantes, com o
objetivo de auxiliar no processo de análise dos conteúdos e informações coletadas. O
armazenamento e uso das informações foram destinadas exclusivamente à finalidade
acadêmica, respeitando às identidades institucionais representadas pelos entrevistados.
3.5 Técnicas de análise
Na perspectiva de Dencker (2007) o objetivo da análise é reunir as observações de
maneira coerente e organizada, de forma que seja possível responder ao problema da pesquisa.
Amorós e Solsona (2003) entendem que, na pesquisa qualitativa, a análise há de ser
interpretativa, sociolinguística e semiológica dos discursos, das ações e suas estruturas latentes.
Para este estudo, os resultados da pesquisa foram analisados através da técnica análise
de conteúdo que, segundo Dellangelo e Silva (2005, p.103) pode ser compreendida como uma
técnica para tratamento de dados que “busca entender a mensagem, o significado transmitido
pela mensagem, aquilo que pode estar implícito”. Neste sentido, Bardin (2011) a define como
um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos
e objetivos do conteúdo das mensagens. Com a finalidade de auxiliar o processo de análise, foi
utilizado o Software de Análises Qualitativas, NVIVO (Edição 2017, para Windows).
Por fim, a presente pesquisa pode ser representada pelo seguinte modelo:
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Figura 6: Modelo da pesquisa.
Fonte: Elaboração própria (2018).
Revisão da literatura sobre Marketing de lugares e Branding de Destinos.
Desenho da metodologia da pesquisa
Análise do parâmetro “The Saffron City Brand Criteria”
Tradução dos critérios do “The Saffron City Brand Criteria” para o português, bem como a adaptação dos critérios para a compreensão no contexto brasileiro.
Tradução reversa dos critérios para a Língua Inglesa, com o objetivo de verificar a consistência da tradução realizada.
Definição de categorias de análise seguindo a literatura e através do “The Saffron City Brand Criteria”
Elaboração do instrumento de coleta de dados, Roteiro de Entrevistas, com base nos critérios propostos no parâmetro
Estabelecimento a priori dos participantes da pesquisa, seguindo as diretrizes da literatura consultada.
Envio de convites para a participação na pesquisa para os participantes selecionados
Realização de pré-teste afim de verificar a validade do instrumento e realizar ajustes necessários.
Realização das entrevistas abertas semiestruturadas junto aos gestores e representantes de setores do trade turístico do destinos escolhidos para a pesquisa
Exploração e análise do material coletado através da técnica de análise de conteúdo.
Redação final e revisão do estudo.
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4 Análise dos resultados
O presente capítulo apresenta a análise dos dados coletados nos três destinos
pesquisados. Visando a melhor apresentação e aprofundamento nas informações obtidas optou-
se pela organização da análise dos dados em quatro etapas. Primeiro, cada destino foi analisado
individualmente, de modo que para cada análise fossem respondidos os objetivos da presente
pesquisa: identificação de ativos, compreensão dos aspectos de identidade e posicionamento, e
a marca do destino turístico em sua totalidade.
A segunda etapa da análise apresenta o panorama comparativo entre os destinos, e busca
ressaltar os pontos de destaque entre eles, tanto no que se refere aos pontos positivos quanto
aos pontos negativos encontrados, bem como as suas relações com os processos e modelos
discutidos a partir da revisão de literatura aqui apresentada.
Na terceira etapa, são apresentadas implicações gerenciais para os destinos com base nas
respostas aos objetivos discutidos no trabalho. Nesta etapa, buscou-se realizar apontamentos e
sugestões que apresentem contribuições práticas para a gestão da marca turística de Fortaleza,
Natal e Porto de Galinhas.
A quarta etapa foi dedicada à discussão dos aspectos metodológicos da pesquisa, às
questões teóricas emanadas durante os processos de análise, e à apreciação do uso do modelo
Saffron City Brand Criteria. Por fim, são apresentadas as conclusões e considerações finais do
presente estudo.
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4.1.1 A Marca Natal
A cidade de Natal é a capital e o principal polo turístico do estado do Rio Grande do
Norte. Possui população estimada em 885.180 habitantes (IBGE, 2018) e articula a chamada
RMN — Região Metropolitana de Natal, composta pelos municípios limítrofes
de Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Extremoz, e outros próximos sem
nenhuma conurbação entre eles: Ceará-Mirim, Ielmo Marinho, Maxaranguape, Monte
Alegre, Nísia Floresta, São José de Mipibu e Vera Cruz (Prefeitura de Natal, 2017).
Para obter os dados necessários para a presente pesquisa no destino Natal, foram
entrevistados os representantes da Secretaria de Turismo de Natal — Setur, os presidentes das
principais entidades do turismo local: ABAV-RN, Abrasel, Câmara de Turismo da
Fecomércio/RN e a direção de Marketing da Empresa Potiguar de Promoção Turística do
Estado do Rio Grande do Norte. Foi realizado o convite para participação na presente pesquisa
à Associação Brasileira da Industria de Hotéis do Rio Grande do Norte, ABIH-RN, por telefone
e por e-mail, no entanto não houve retorno positivo.
Com base nos resultados das entrevistas, é consenso de que Natal é um destino turístico
conhecido nacionalmente e possui forte protagonismo na atividade turística do nordeste
brasileiro. Sua oferta turística está voltada para o lazer, especialmente o segmento de sol e
praia, com um público oriundo da região sudeste do Brasil, especificamente do Estado de São
Paulo, principal destino emissor nacional.
Com a finalidade de identificar os ativos que compõem a marca do destino, os
participantes foram questionados sobre atrativos, peculiaridades e diferenciação de Natal em
relação a outros destinos nacionais e internacionais. Os entrevistados avaliaram, ainda, o
conjunto de atributos destacados pela Saffron composto por acesso, custo, conforto e ambiente
para negócios.
Considerando os apontamentos de Keller (1993) e Kapferer (2008) de que os ativos da
marca estão compostos por atributos, benefícios e atitudes, as entidades entrevistadas
identificaram que os ativos da marca Natal estão mais ligados aos atributos do produto turístico
local e de seus benefícios do que às atitudes e valores que o destino possa oferecer.
De acordo com os entrevistados, os atrativos naturais — compostos pelos atributos
físicos e ambientais, representados pelas praias, dunas, espaços naturais, clima, sol, vento e
brisa locais — têm uma grande relevância no destino. Acrescente-se a isso a infraestrutura
turística, representada pela rede hoteleira, e os atributos intangíveis como a hospitalidade, a
força do nome da cidade e seu significado, e a gastronomia, com destaque para o Camarão e
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
para a Castanha. Além destes atributos, foram apontados benefícios da dinâmica urbana,
representados pela localização geográfica, pela proximidade do polo hoteleiro à cidade e seus
atrativos, e pelo fato de que a cidade de Natal atua como um aglutinador de outros destinos
turísticos do Rio Grande do Norte (Figura 7).
Figura 7: Ativos da Marca Natal.
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
Para a Secretaria de Turismo, o Natal Conventions & Visitor Bureau e Abrasel estes
elementos, em especial os atributos físicos naturais, são notórios no destino e de fácil
reconhecimento pelo setor turístico, mesmo que sejam também observados em seus
concorrentes no nordeste brasileiro. Na visão da Empresa Potiguar de Promoções Turísticas
do Rio Grande do Norte, estes elementos podem, por vezes, não representar um grande
diferencial, especialmente dentro da região, mas é uma característica muito procurada pela
demanda turística que vem ao Nordeste e a Natal.
Para a Câmara de Turismo da Federação do Comércio/RN (2018), o diferencial do
destino Natal está no resultado da “soma das partes” que o compõem, ou seja, no conjunto de
recursos naturais representados pelas praias, dunas e lagoas, que faz com que, ao fim da
experiência turística, o visitante fique bastante satisfeito.
A localização geográfica do destino tanto em relação à proximidade com capitais
regionais consideradas importantes quanto em relação aos destinos internacionais também foi
lembrada pelos entrevistados. Além disso, as características espaciais da cidade são apontadas
Atributos Físicos
Infraestrutura turística -Hotelaria
Aspectos ambiente favoráveis (clima, espaços naturais,
reservatórios)
Atrativos Naturais (Dunas, praias, sol, brisa)
Atributos Intangíveis
Nome da cidade e seu significado
Hospitalidade
Gastronomia (Camarão e Castanha)
Apelo Turístico Natural
Dinâmica Urbana
Logística favorável para a realização de eventos -
proximidade entre o centro de convenções e
hotelaria
Aglutinador de outros destinos do RN
Localização geográfica
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
pela Secretaria de Turismo (2018) como diferencial, tendo em vista que se trata de uma cidade
pequena e que apresenta facilidade de locomoção para os visitantes.
Entre os entrevistados, o maior diferencial em relação aos concorrentes que Natal
possui está evidenciado pela infraestrutura turística, especificamente a hotelaria. Para eles, a
hotelaria do destino possui ampla variedade de opções para os mais diversos públicos, além de
ser apontada como “jovem”, “bem localizada” e próxima aos atrativos naturais do destino.
“(...) O que diferencia Natal no nosso ponto de vista de promoção e
divulgação do destino é principalmente a nossa infraestrutura turística. Por
exemplo, nós temos uma das melhores infraestruturas hoteleiras do Nordeste, e
talvez, quem sabe, do país. Então, assim, esse foi um grande diferencial na época da
Copa do Mundo, o fato de Natal ter sido sede da Copa do Mundo, esse foi um dos
grandes pontos que impulsionou essa decisão de sermos sede, era essa infraestrutura
turística que é diferente de todo o Nordeste.” (EMPROTUR, 2018)
Outro aspecto de relevância entre os entrevistados diz respeito ao caráter de associação
que Natal tem com demais destinos Rio Grande do Norte. Tanto os geograficamente próximos
quanto com as cidades espalhadas pelo território estadual, há uma capacidade de integração
reconhecida pelos entrevistados, a partir da qual a marca do destino Natal consegue uma
representação maior do que a marca do estado do Rio Grande do Norte.
Este aspecto aparece diretamente ligado à força do nome “Natal” no turismo regional e
nacional, como apontam os participantes. Para o Natal Conventions (2018), quando se fala de
Natal como destino é possível “sair” das dimensões do município de Natal e de sua região
Metropolitana e ir para outras cidades que fazem parte do roteiro turístico potiguar, vendido
como Natal, e que agregam a este destino produtos e serviços turísticos. Para ele “ninguém
vem ao Rio Grande do Norte dizendo que vai pra Nísia (Nísia Floresta), por exemplo,
eventualmente até para Pipa, as pessoas vêm para Natal” (Natal Conventions & Visitors
Bureau, 2018).
Esta posição também é compartilhada pela ABAV-RN que destaca a facilidade do uso
do nome “Natal” e o compara com o exemplo da cidade do Rio de Janeiro, conhecida
turisticamente como “Rio”:
“(...) Natal é igual a Rio. O turista no Rio de Janeiro, ele chama “Rio”.
“Copacabana” é um nome tão suave, é tão romântico na boca do estrangeiro, e hoje
nem é a praia melhor. Ipanema é muito melhor. Mas o turista do mundo ele sonha
em ir ao “Rio”, em “Copacabana”, porque o nome ele foi trabalhado.” (ABAV-RN,
2018).
A hospitalidade foi o atributo intangível citado por todos os entrevistados. Para eles, a
forma de receber dos moradores da cidade é um aspecto de diferenciação, à medida que, muitas
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
vezes, as lembranças da interação entre visitantes e moradores superam as lembranças de
interações formais com os prestadores de serviço locais (Câmara de Turismo da
FECOMERCIO/RN, 2018).
De acordo com a Secretaria de Turismo de Natal (2018), as pessoas em Natal são
acolhedoras, agradáveis e simpáticas aos visitantes. A junção dos atrativos locais com o “bem
receber” especial dos moradores é, na visão do Natal Conventions (2018), decisiva na escolha
do destino pelos turistas, e uma característica reconhecida não apenas para o segmento de lazer,
mas também pelo público do turismo corporativo:
“(...) se eu posso ir passar minhas férias numa cidade cujo o atrativo
turístico é encantador, o povo tem uma receptividade diferente do Nordeste — sem
ser absolutamente nada bairrista, mas é, o natalense recebe e recebe diferentemente
— e você ter dos valores agregados de um destino que começa a despontar para o
turismo corporativo, eu não encontro brecha pra ele não fazer sua escolha por
Natal.” (Natal Conventions & Visitors Bureau, 2018)
Ao lado da hospitalidade, a gastronomia foi citada como importante atrativo turístico e
diferencial local, tendo como principais símbolos o camarão e a castanha. Para a Câmara de
Turismo da Fecomércio/RN (2018), a oferta gastronômica, em especial o segmento de frutos
do mar, é representativo no destino e agrada aos visitantes, e quando comparado com os
destinos concorrentes, apresenta uma melhor oferta. Para a EMPROTUR/RN, este aspecto é
de grande relevância não apenas em Natal, mas em todo o Rio Grande do Norte.
“(...) A gastronomia, a cultura, essa questão da gastronomia, essa questão
do camarão é muito forte para a gente, esse é um ponto muito positivo turisticamente
falando, porque, por exemplo, nós temos os turistas paulistas, que são os nossos
maiores turistas chegando aqui (...). Então quando a gente reforça essa questão da
gastronomia, do camarão, que eles podem comer camarão a preços que para eles
são irrisórios, diante do elevado preço do camarão lá, isso é um ponto atrativo pra
gente, quando a gente trabalha nas feiras a castanha, que não é propriamente (do
Rio Grande do Norte), eu acho que talvez o Ceará tenha uma indústria que
movimenta esse negócio da castanha, muito mais forte, mas quando a gente trabalha
essa ideia da castanha que está associada à gastronomia, também é muito atrativo
para eles nas feiras.” (EMPROTUR/RN, 2018)
Diante do conjunto de atrativos ressaltados pelos entrevistados, tanto a ABAV/RN,
quanto o Natal Conventions ressaltam o caráter turístico natural que o destino apresenta, e que
pode ser trabalhado estrategicamente para alcançar a demanda turística almejada, por meio de
campanhas de promoção tradicionais, e nos meios de divulgação online, como as redes sociais.
“(...) nós somos um destino naturalmente, espontaneamente turístico, que você e eu
queiramos ou não, Natal sempre terá o apelo turístico, o desejo das pessoas de vir
aqui (..) Então nós temos que saber aproveitar isso, dessa forma, como aparecer,
como nós nos “infiltrarmos” no bom sentido em redes sociais, em panfletos, em
outdoors, numa propaganda na televisão, num folder sobre nosso destino, os
próprios hotéis, passeios de buggy utilizar a nossa marca, e 8ue seja uma marca por
muitos em muitos anos.”(ABAV/RN, 2018)
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Com relação às comodidades de acesso, conforto, custo, e ambiente para negócios,
foram identificados entraves que estão, por vezes, interligados, no qual a conjuntura de uma
destas dimensões interfere diretamente na outra e em seu desenvolvimento. Para os acessos
físicos locais foram avaliados os modais rodoviário, aeroviário, marítimo e ferroviário.
Para os participantes, o terminal aeroportuário possui uma avaliação positiva justificada
principalmente pelo fato de este ser um equipamento novo, inaugurado no ano de 2014, e que
possui capacidade de operação e ampliação para demandas crescentes nos próximos 20 anos.
No entanto, o modal aéreo apresenta entraves relativos à malha aérea, no que diz
respeito à quantidade e frequência de voos, e principalmente voos diretos. De acordo com o
Natal Conventions & Visitor Bureau (2018) houve queda significativa na frequência de voos
que chegam e saem de Natal entre 2014 e 2016, e hoje o destino sofre com a baixa demanda
de passageiros, o que está intrinsecamente ligado à quantidade de voos ofertados para o destino,
influenciado também pelo custo que este segmento representa para ele.
Para a Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018), a oscilação no número de voos
para o destino ocorre devido à intensa sazonalidade que Natal apresenta, onde na alta
temporada turística as companhias aéreas incrementam a quantidades de voo e na baixa, a
redução pode ser de quase metade dos voos.
Ao contrário desta perspectiva, a Secretaria de Turismo de Natal, afirma que o destino
é “bem servido de voos”, mas que as complicações estão nas rotas sem voo direto que podem
ser verificadas no exemplo citado:
“(...)Salvador-Natal, por exemplo, que você tem que ir para outra cidade para poder
chegar aqui. Nem sei se não tem direto, estou dando só um exemplo, mas eu acho
que não, acho que para você ir pra Salvador você tem que ir a Recife ou a Brasília,
alguma outra cidade e voltar, porque muda tanto, é tão dinâmico isso também.”
(Setur/Natal, 2018)
Outro obstáculo que desfavorece o modal aéreo está ligado aos acessos rodoviários até
o terminal, que estão sendo estruturados e ainda passam por obras. Os acessos rodoviários que
Natal possui foram avaliados pelos entrevistados como regulares ou ruins, a depender do
sentido e da jurisdição responsável pela administração e manutenção do acesso.
As rodovias federais como a BR 101, que liga Natal e o Rio Grande do Norte a Paraíba
e a outros 20 estados do território nacional, a BR 226 no sentido oeste, que liga a Capital às
cidades do interior do estado e termina em outro estado, e a BR 304 que liga o Rio Grande do
Norte ao Ceará, com início no município de Parnamirim, são as rodovias com a melhor
avaliação. Já as rodovias de atribuição do Estado do Rio Grande do Norte foram avaliadas
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
como deficitárias em termos de estrutura física, de sinalização e de segurança para o tráfego
interestadual.
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Figura 8: Avaliação de Comodidades em Natal — Acessos.
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
ACESSOS
Aereo
Aeroporto novo e com capacidade de
ampliação.
Poucos voos , especialmente voos
diretos.
Acesso até o aeroporto inacabados.
Rodoviário
Acesso regulares pelas rodovias federais-BR 101, BR 226, BR 304.
Acessos ruins pelas rodovias estaduais.
Falta de infraestrutura acessível e bem
sinalizada pelo acesos dentro do RN.
Marítimo
Inexistência de uma marina.
Embargos para a chegada de navios de grande porte causados
pela existência da Ponte Newton navarro.
Inexistência de um mercado turístico que
chegue através do modal marítimo.
Ferroviário
Inexistência de malha ferroviária local e
regional.
Inexistência de projetos que favoreçam a criação
de um sistema ferroviário para
passageiros.
Mobilidade Urbana
Transporte público pouco abrangente.
Insegurança para trafegar pela cidade (especialmente pelo acesso ao aeroporto)
Violência urbana
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Para os modais marítimo e ferroviário, a percepção dos entrevistados é de que a cidade
está ainda distante da implementação destes tipos de acesso. De acordo com a ABAV/RN
(2018) o destino nunca possuiu uma marina, tampouco existem intenções de mudar este quadro
no futuro, pois não é perceptível nas posições governamentais a intenção de investimento neste
modelo de acesso. Para o Natal Conventions (2018), trata-se de um seguimento turístico que
já deveria ter recebido maior atenção e investimento do poder público local.
“(...) então hoje não temos marina, nunca tivemos, não sei quando vamos ter. Na
época quando a economia estava em muita ascensão, crescendo, seis, oito, ou dez
anos atrás, os europeus queriam fazer uma marina muito moderna, não teve. Numa
recessão dessa tem alguém que queira fazer? Ninguém. Se você quiser parar um
navio de grande porte, quanto maior o navio, mais passageiros, quanto mais
passageiros chega num navio no porto, mais as pessoas descem para deixar o
dinheiro delas, comprar, comer. E os navios estão passando aí na costa, para um
lado e para o outro e não estão entrando por aqui.” (ABAV/RN, 2018)
“Com relação a parte do porto, eu diria que um dos seguimentos turísticos
que para nós, ou a meu ver, ele poderia já ter tido aí através de nossos governantes
um incentivo maior é exatamente um náutico, seja através de marinas, seja através
de ancoradouros de navios e nós temos alguns gargalos. Natal merece, é uma
afirmação minha e eu não concebo uma cidade como Natal, até por ser um turismo
diferenciado, a gente ainda não ter uma marina decente na nossa cidade (...)” (Natal
Conventions & Visitors Bureau, 2018)
Para a Câmara de Turismo da Fecomércio, o crescimento do turismo náutico é restrito,
pois além da inexistência de uma marina, há uma barreira ligada à Ponte Newton Navarro, cuja
estrutura impede a chegada de navios de grande porte. Para a EMPROTUR/RN(2018), trata-
se de um segmento muito específico e também não é o maior fluxo do destino. Além disso,
ressalta que a inexistência de acesso para este segmento pode influenciar na demanda turística
que chega pelo modal marítimo, ou é possível que o inverso também aconteça, isto é, a pouca
demanda turística pode influenciar na ausência de maiores investimentos no turismo náutico
local.
Na visão da Secretaria de Turismo (Setur, 2018), o acesso marítimo é “péssimo” e a
“quantidade de pessoas que chegam ao destino por meio do transporte marítimo com finalidade
turística é quase zero”. Para a Secretaria há uma implicação muito maior que não é só o desejo
dos visitantes utilizarem este modal, mas a falta de infraestrutura do destino para receber as
demandas deste segmento, pois embora o terminal turístico do porto exista, o porto em si não
comporta grandes navios, pois este tipo de embarcação não passa sob a Ponte Newton Navarro.
Da mesma forma, o modal ferroviário também sofre os impactos da falta de infraestrutura,
portanto, está fora dos principais acessos ao destino. Para a ABAV/RN, trata-se de um
problema generalizado no Brasil, onde a malha ferroviária não é planejada para passageiros e
os governos não cogitam esta possibilidade.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
O questionamento sobre os acessos ao destino, também deu abertura para a reflexão
sobre a mobilidade urbana de Natal, diretamente relacionada à dimensão conforto presente no
Saffron City Brand Criteria. Para os entrevistados, a aérea turística da cidade de Natal possui
conforto bom ou muito bom para os visitantes e moradores. No entanto, a cidade como um
todos sofre com a deficiência do transporte público local e com a insegurança, fomentada pelos
índices crescentes de violência urbana.
Para a Secretaria de Turismo de Natal (2018) e a EMPROTUR/RN (2018), há uma
excelência em conforto para os visitantes da cidade, representada pela hotelaria diversificada
e bem localizada, e pela oferta de bons receptivos turísticos que oferecem passeios pelos
principais atrativos locais. Para o Natal Conventions & Visitor Bureau (2018), quando
desagregado da segurança, o destino possui excelência de conforto para os visitantes, o que é
expresso nos feedbacks daqueles visitantes que desejam retornar ao destino.
Para a Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018), é necessário considerar o que um
visitante faz no destino Natal para avaliar a dimensão conforto. Considerando o turista de lazer,
que fique hospedado na área turística no Bairro de Ponta Negra, e almeje as atividades de sol
e praia, há uma oferta de bons receptivos, bares, restaurantes e hotéis que formam “um cluster
turístico muito agradável”. No entanto, em dias de chuva no destino, a oferta turística é
reduzida significativamente.
“Chove o turista praticamente não tem o que fazer. E isso a gente não tem, não tem
na cidade, [...] novidades que possam ocupá-lo nesses dias, então assim, é uma
frustração enorme quando você tem vários dias de chuva seguidos, como aconteceu
agora recentemente” (Câmara de Turismo da Fecomércio, 2018).
Fora da zona turística, os problemas de mobilidade ligadas ao transporte público e à
ausência de estrutura que favoreça a caminhada pela cidade, são reconhecidas. Para a
EMPROTUR, a cidade possui um sistema de transporte público antigo e pouco abrangente.
O aspecto (in) segurança foi ressaltado pela maioria dos entrevistados, apresentando Natal
como um destino que sofre com impactos causados pela violência urbana local. Entre as falas
dos participantes, os índices e estatísticas em relação à quantidade de homicídios, assaltos e
fatos violentos que colocaram a cidade de Natal como destaque na mídia nacional, preocupam
as representações do trade turístico em relação aos impactos de curto e longo prazo que esse
tipo de ocorrências e sua visibilidade podem ter no destino.
De acordo com o Natal Conventions & Visitors Bureau (2018), Natal vive um momento
“muito ruim, localmente e dentro do âmbito nacionalizado”. Entre os fatos que marcaram o
ano de 2017, destaca o Massacre de Alcaçuz, tragédia que ocorreu dentro de uma penitenciária
do Rio Grande do Norte, no Município de Nísia Floresta, no qual 26 apenados foram mortos
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
durante o conflito entre facções criminosas, e a fuga de mais de 80 presos da Penitenciária
Estadual de Parnamirim — a maior fuga do sistema prisional do estado, segundo a Secretaria
de Justiça e Cidadania (Sejuc, 2017).
Para o Natal CVB, estes fatos maculam a imagem do destino e podem ter impactos em sua
demanda turística, pois além de se tornar menos atrativo, passa a não ser recomendado para a
visitação:
“(...) a gente não pode ficar falando isso em canal aberto e nem fechado, mas as
televisões divulgam, então isso é péssimo, né, e eu começo a perguntar quantos
passageiros Natal está perdendo, já dizendo “Não, pera aí, o momento não é bom,
não que Natal não preste, mas eu posso ir pra João Pessoa, eu posso ir para
Maceió”. Eu tenho escutado isso de Maceió. Porque, tipo assim, você já ouviu
certamente, que um cliente satisfeito pode trazer cinco e um mal satisfeito faz deixar
de vir dez, então isso é negativo pra gente. (...) Como homem do turismo eu acho
péssimo, não péssimo que a gente esteja no caos, mas eu tenho que dizer que é
péssimo, para poder haver uma resposta em relação a isso da parte de quem é
responsável, para que se não falem bem, mas também não falem mal.” (Natal
Conventions & Visitor Bureau, 2018)
Para a ABAV-RN (2018) a insegurança é o maior problema que Natal apresenta. A violência é motivo
do declínio do turismo em diversos destinos ao redor do mundo, seja ela a violência urbana, tráfico de drogas, ou
extremismo religioso, e cita como exemplo os destinos Cancun, no México, e Sharm El-Sheikh, no Egito, onde
estes aspectos ocasionaram o declínio do destino:
“É outro tipo de violência, mas é violência do mesmo jeito, nós estamos infelizmente,
indo para esse mesmo caminho, para o mesmo caminho, o mesmo, não muda nada.
Aqui a violência dos bandidos com drogas, no meio da rua, aonde uma minoria tá
fazendo milhões de reféns. Natal tem quantos habitantes? 800 mil, 1 milhão, e tem
quantos bandidos aí na rua agora? 1000, 1100. Fazendo 1 milhão de pessoas
reféns.” (ABAV/RN, 2018)
Para a Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018), nas pesquisas realizadas pela
própria Fecomercio estadual, aparecem duas ressalvas básicas em relação à satisfação do
turista representadas pela limpeza urbana e segurança pública. No caso da segurança pública,
a entidade destacou a dificuldade de articulação entre as instituições e acrescentou que, na
situação atual na qual a cidade se encontra, só policiamento não é solução.
“Eu acho que a gente tem uma grande dificuldade de articulação das instituições, é,
a gente tem no estado aqui uma dificuldade muito grande que a gente observa de
integração da Polícia Judiciária que é a Polícia Civil com a polícia militar. Não se
entendem. A gente tem uma dificuldade enorme que a gente observa de integração
do Ministério Público com a Polícia Civil também. Todas as operações do MP que
a gente vê, (...) raras, raras situações, fazem operações juntas. Então é um problema
muito grave. Só policiamento não resolve, as instituições estão desarticuladas sem
uma solução definitiva. Se esse arranjo institucional não for resolvido a gente vai
ter um problema cada vez mais sério, como tá acontecendo esses casos de violência,
e infelizmente eu não vejo perspectivas de melhora, infelizmente. É bastante
preocupante. (Fecomércio/RN 2018).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
A Câmara de Turismo da Fecomércio/RN(2018) também ressalta que a quantidade de
assaltos que ocorrem nos pontos turísticos faz com que os receptivos locais deixem de realizar
visitas a pontos como Forte dos Reis Magos, por exemplo, e deixa o visitante dependente dos
itinerários realizados pelas agências e receptivos, pois, no caso do perfil de turista que deseja
andar sozinho pela cidade, a realidade da segurança local eleva o risco para este visitante.
Para a limpeza urbana, a Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018), destaca a má
avaliação que os visitantes fazem em relação a este aspecto, o que também é mencionado pela
ABAV/RN (2018), ao considerar que o acesso rodoviário pelo aeroporto possui “lixo e mato”
espalhados durante o trajeto, e pelos demais acessos à cidade. Para a ABAV/RN (2018) a
junção dos problemas ligados à violência, sujeira e de desrespeito ao turista, diminuem a
quantidade de visitantes que chegam e/ou poderiam chegar ao destino.
“Nós temos coisas boas, mas temos uma quantidade imensa de coisas ruins que vão
afastar. Hoje milhões de turistas deveriam chegar, não chegam por conta desses
problemas que estou dizendo: sujeira, desrespeito ao turista, violência, tudo isso. O
turista, quando você sai da sua casa para fazer uma viagem, o que você tá pensando:
eu quero entrar num avião, ir pra um hotel bom, eu quero ir num lugar seguro, eu
quero ir num bom restaurante, comer bem, eu quero que as pessoas me tratem bem,
eu quero ter atrações noturnas boas, Natal não tem quase nada, eu quero ir para um
lugar seguro e tranquilo, eu quero que tenha balada boa, eu quero que tenha shows
bons, se não tiver nada disso não existe turismo, turismo só existe onde tem tudo isso,
não é assim? Então diferenciais existem alguns, mas tem dezenas de diferenciais
negativos que a gente precisa melhorar.” (ABAV/RN, 2018)
Já para o aspecto Custo, os entrevistados revelam diferentes perspectivas sob as quais
o destino deve ser analisado (Figura 9). Para a EMPROTUR/RN, esta dimensão sempre vai
estar associada a um comparativo, e quando comparado com os destinos do Nordeste, Natal
possui custo alto, mas não fora do parâmetro que pode ser criado em relação aos preços
praticados por eles. Este alto custo estaria ligado à pouca oferta que a cidade possui em relação
a determinados serviços, especialmente serviços e atrações noturnas.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Figura 9: Análise das comodidades do destino Natal: Custo.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.
No contexto do turismo nacional, a ABAV/RN (2018) considera que o Brasil é um
destino caro, e Natal, portanto, torna-se um destino de alto custo, mas ainda um dos mais
baratos quando comparados com outros nacionais. Para a Câmara de Turismo da
Fecomércio/RN (2018), o custo de Natal para o visitante pode ser considerado como muito
bom, com exceção do custo das passagens aéreas.
A Câmara de Turismo da Fecomércio/RN acrescenta, ainda, que Natal possui uma
hotelaria “extremamente competitiva, com uma oferta muito grande e diversificada”, exceto
pelos resorts urbanos da Via Costeira quando comparada com Ceará e Bahia, por exemplo, que
têm uma oferta de resorts maior.
Outro ponto destacado por esta entidade foi o fato de que que sempre houve um
acirramento competitivo de preços e uma a cultura comercial que leva à sua redução, e isto se
reflete como benefício para o cliente. Assim acontece com a ampla oferta gastronômica, com
opções acessíveis, de qualidade e que apresenta bom custo benefício, e com os passeios que
são realizados no destino.
Para a Secretaria de Turismo de Natal (2018), o custo de Natal está bom, mas não figura
entre os melhores ou entre os piores preços e quando comparado com outros destinos, não há
uma sensação de exploração: “não vejo ninguém reclamando que Natal é muito caro não,
‘nossa, coisa cara!’, nessa sensação de ser explorado” (Secretaria de Turismo de Natal, 2018).
CUSTO
Hotelaria:
Acessível, moderna, com opções com diferentes relações de custo e benefício.
Dentre os destinos nacionais, possui baixo custo.
Para o turista internacional:
Se iguala aos demais destinos brasileiros e apresenta alto custo.
Possui poucas opções gastronomicas, porém com qualidade e que são acessíveis
Passagens Aéreas de alto custo em relação aos concorrentes do nordeste.
Dentre os destinos do nordeste:
Custo equivalente aos concorrentes, exceto pelas passagens áereas que são mais caras.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Na perspectiva do Natal Conventions & Visitors Bureau (2018) o custo da cidade, de
forma geral, está dentro do parâmetro nacional, mas assim como apontado pela Câmara de
Turismo da Fecomércio/RN (2018), são as passagens aéreas que possuem custo mais elevado,
quando analisados os gastos de um visitante em Natal. Para a Abrasel/RN, este é o principal
aspecto que faz com que Natal seja considerado um destino caro: “O aéreo é muito caro.
Porque o resto não é caro. Hospedagem, alimentação, não é caro não, mas o aéreo é bem
caro e a primeira coisa que a pessoa procura é o aéreo” (Abrasel/RN, 2018).
Para o Natal CBV (2018), partindo do princípio que as regiões que mais visitam os
destinos não são as mais próximas, o custo é “alto”, e no caso do valor das passagens aéreas o
custo de um ticket aéreo para Natal pode chegar a ser três vezes mais alto em relação a
Fortaleza ou Recife. Isto se deve aos problemas de acesso do modal aéreo, especialmente à
frequência de voos, à ausência de voos diretos, e à baixa demanda para o destino. Já a hotelaria
se apresenta com custo acessível, quando comparada com os custos de passagens aéreas:
“(...) nossa hotelaria é excelente. A hotelaria nossa é imbatível no Nordeste. O
melhor parque hoteleiro, (...) e eu concordo e eu assino embaixo que é uma das
melhores, não só melhores, maiores e bem equipadas. É uma hotelaria relativamente
jovem e se modernizando, com hotéis chegando, vamos ter um resort internacional,
recente, daqui mais um ano ele vai estar construído, o Vila Galé, então tudo isso é
importante para o destino”. (Natal conventions & Visitors Bureau, 2018)
O último item avaliado pelos participantes foi “Ambiente para Negócios” no destino.
Para esta dimensão, as opiniões se dividem em duas dimensões. Por um lado, a cidade é
apontada como um ambiente oportuno para a chegada de novos empreendimentos, pois ainda
está em desenvolvimento, quando comparada a outros destinos do Nordeste. Por outro,
destaca-se a dificuldade de empreender na cidade, ligada principalmente às questões de custos
e trâmites burocráticos.
Na visão da EMPROTUR/RN, o ambiente para negócios em qualquer localidade está
relacionado às oportunidades que um empreendedor pode ter. As características de cidade em
desenvolvimento de Natal favorecem estas oportunidades e tornam o ambiente favorável. Para
a Setur, a cidade apresenta “grande potencial” em diversos nichos: “Eu acho que Natal tem
grande potencial, eu acho que é ótimo para fazer. Há grandes possibilidades aqui, industriais,
turísticas, de comércio, de serviços, a pessoa sabendo e querendo faz a vida aqui.” (Setur,
2018).
Sobre o segmento Turismo de Negócios e a captação de eventos corporativos para o
destino, o Natal CVB (2018) destaca que há uma perda de demanda para este segmento, por
questões de infraestrutura e de limitações de atuação do Centro de Convenções local.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Para ele, as perdas estão diretamente ligadas ao processo macroeconômico de crises e
desaceleração pelo qual o Brasil passa desde 2008 e ao fato de que, no período de realização
deste estudo, o Centro de Convenções passa por reformas para reestruturação e ampliação de
sua capacidade, o que pode trazer contribuições futuras para o segmento.
No que diz respeito às contribuições da visão e do interesse político para este ambiente
de negócios na cidade, é consenso entre os participantes que há muito o que se fazer para atrair,
captar e reter investimentos. Para a Secretaria de Turismo, a cidade tem grande potencial, e há
grandes possibilidades industriais, turísticas, de comércio e de serviços, mas que dependem de
incentivos e infraestrutura para que possam ser materializadas.
“Eu acho que quando se dá incentivos, acaba que se atrai, e quando há
investimento na infraestrutura da cidade também é um facilitador de pessoas
virem investir aqui. Por exemplo, a cidade limpa, a cidade segura, vias de acesso,
mobilidade, acessibilidade. (...) Ele (o ambiente para negócios) está favorável
falta muito ainda a fazer, mas eu considero bom.” (Setur, 2018)
De acordo com a EMPROTUR/RN (2018), para além das bandeiras partidárias, e
especialmente com base nos depoimentos e informações colhidas diretamente do trade,
pessoas que atuam no setor empresarial do trade turístico do Rio Grande do Norte, há muitos
anos não se investia tanto o turismo como a partir de 2014, com destaque para as ações de
incentivo à redução de custos e isenção de impostos para determinados setores.
Contrário a esta perspectiva, a Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018) destaca
que a cidade de Natal possui um ambiente hostil ao investimento privado, no qual as barreiras
burocráticas, a insegurança jurídica, o extremismo na interpretação de normas e a existência
de uma “cultura do desestímulo ao investimento” se fazem presentes:
“O ambiente é extremamente hostil, o ambiente de negócios aqui de Natal. Do
Brasil já é péssimo, de Natal é um desastre. E assim, a evolução é muito pequena,
sabe? Já existe da parte política, já existe um entendimento de que a atividade
turística é importante, economicamente, socialmente, e pode ser também, eu
acredito hoje que a maioria já entende que ela pode ser desenvolvida de forma
sustentável, também. A maioria entende isso, mas, é, existe uma aversão a
atividade privada, é o sentimento que eu tenho, aversão de investimento, e isso
aconteceu em vários casos” (Câmara de Turismo da Fecomércio/RN, 2018).
Na visão da ABAV/RN (2018) o momento vivido pelo ambiente de negócios no destino
também possui avaliação negativa, impulsionada pelas dificuldades que os empresários
encontram, como carga tributária, atraso na realização de investimentos e burocracia. Além
disso, ressalta a necessidade de que haja mais respeito pelo uso do capital público arrecadado
e de que sua utilização seja mais eficiente.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
“Tem hotéis aí com 15 ou 20% de ocupação, para ele (o hoteleiro) pagar os custos
dele, ele precisa de 35% ou 40% (de ocupação), ou seja, o dono do hotel está tirando
dinheiro do bolso para poder pagar as suas contas, porque, mais uma vez os
governantes não fazem a sua parte. ‘(...)Ah mas tá construindo o centro de
convenções’, tá construindo depois de mais de 20 anos, que era pra já estar pronto,
o que está aí era pra mais de 15 ou 20 anos ter feito (...) era pra ter feito, é obrigação
porque nós somos um destino turístico, nós pagamos impostos, o turismo gera muito
emprego, gera muito imposto, tanto a prefeitura, quanto o governo arrecadam muito
com o turismo, então com o nosso dinheiro, com o nosso trabalho, com o nosso suor,
ninguém tá pedindo favor, é para arrecadar e fazer, fazer cada dia melhor, na hora
certa e no momento certo” (ABAV/RN, 2018)
Em seguida, de forma a responder ao segundo objetivo da presente pesquisa, que visa
compreender a composição da identidade do destino e como a marca está posicionada, foi
questionado aos participantes quais os principais elementos que os faziam identificar a Marca
Natal, qual sentimento descreve a relação de moradores com o destino e qual o conceito “que
vem à mente” quando se fala do destino para um visitante ou para um amigo.
Para a dimensão dos elementos representativos da Marca Natal foi possível verificar
que eles se assemelham aos ativos identificados da marca, sobretudo suas características
naturais, representadas por ícones como as dunas, o Morro do Careca, praias, Rio Potengi, sol
vento e brisa. Também foram destacados elementos ligados à dinâmica da cidade,
representados pelas paisagens, beleza dos seus lugares, e pela representatividade e ligação que
a cidade tem em relação ao Rio Grande do Norte.
Para os aspectos culturais foram levantados os elementos da gastronomia e seus ícones
como o camarão e a tapioca; a história local com ligação à participação que Natal teve na
Segunda Guerra Mundial, e, por fim, o seu nome e as ligações que ele possui com o contexto
do Natal e com a história religiosa do nascimento do Menino Jesus (Figura 10).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Figura 10: Elementos da Marca Natal
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Na visão da Secretaria de Turismo de Natal, estes elementos são claros quando se pensa
e se fala de Natal. Para ela, embora muitas vertentes do turismo local busquem criar algo para
representar o destino, a demanda do turismo de Natal busca sol e mar, e não é possível dissociar
estes elementos, tendo em vista a sua representatividade como atrativo do destino.
“(...) eu já participei de umas oficinas, e sempre fica muito claro para gente,
querendo ou não querendo, é o sol e mar, é o vento, não o vento, a brisa constante,
é a hospitalidade, é o Morro do Careca. Para vir na marca. Qual a marca da Natal?
Quando você pensa em Natal, você pensa em que? Você pensa em praia, não tem
como dissociar, apesar da gente querer tirar isso, tem muitas vertentes aí do turismo
que querem inventar uma nova coisa pra Natal, mas desde que eu entrei na
Secretaria, como Secretária (...) tudo que eu escuto é que o turista vem para cá
querendo sol e mar, então por que que a gente vai contra isso? É sol e mar sim,
agora tem outra coisa? Tem outra coisa para fazer também, mas não tem como
dissociar porque Natal sempre foi conhecida como a cidade do sol, a noiva do sol, a
cidade que tem sol o ano inteiro, e tem as praias aí para gente.
Nesta mesma perspectiva, a EMPROTUR/RN complementa que estes elementos são
as associações imediatas do imaginário que se tem sobre Natal, mas destaca que muitos
elementos podem se perder, especialmente sobre o nome da cidade e da falta de apropriação
do destino com o seu significado.
“No meu imaginário, quando eu penso em Natal eu penso em praia. Em praia, Morro
do Careca, camarão e duna, buggy, esses elementos, são esses elementos que eu
penso. Embora Natal seja a única cidade no mundo que tem este nome e tem a
associação da data vinculada ao nascimento de Jesus Cristo, ao dia 25 de Natal,
então pensando emotivamente, eu digo o que eu acabei de lhe dizer, o que meu
imaginário produz quando eu falo em Natal, mas eu sei que muitas coisas se perdem
porque Natal ainda não conseguiu se apropriar do seu nome, da sua marca pra que
isso se diferencie de outras cidades.” (EMPROTUR/RN, 2018)
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
De acordo com o representante da Câmara de Turismo da Fecomércio/RN para o turista
a questão de limites territoriais não possui importância, no entanto, é necessário entender que
o destino Natal e o destino Rio Grande do Norte são temas distintos, e é mais fácil trabalhar o
nome “Natal” do que o nome “Rio Grande do Norte”.
“(...) aqui, aqui especificamente, você que tá trabalhando com marca, você já deve
ter verificado isso, o destino não é Rio Grande do Norte, nem vai ser, o nome Rio
Grande do Norte, do ponto de vista de marca, ele tem tudo de ruim, e Natal tem tudo
de bom, Natal, a marca Natal, na minha opinião, ela primeiro transmite uma coisa
positiva, que é uma festa que tantas pessoas se envolvem culturalmente, do ponto de
vista religioso tem uma mensagem positiva para maioria dos cristãos, que é maioria
da população, que é o Natal, nascimento do menino Jesus, então é mais uma coisa
positiva, é uma marca que tem cinco letras, que diz que é o ideal, é uma marca com
duas sílabas, é uma marca que você pode falar em qualquer idioma que dá certo, as
pessoas vão conseguir transmitir”(Câmara de Turismo da Fecomércio, 2018).
Para o Natal CVB, uma identidade visual para Natal pode ser imaginada com
diversidade de cores, pois é como ele enxerga a cidade, assemelhando-se à atual marca do
Convetions Bureau.
“Toda colorida como é a marca do Convetions Bureau (...) Eu vejo Natal dessa
forma, apesar de tantas intempéries que fogem ao nosso controle, mas Natal é
colorida, e vai além do colorido materializado, ela traz em si esse fulgor dos colibris,
de você imergir dentro disso, eu acho que é poética” (Natal Conventions & Visitors
Bureau, 2018).
Por fim, a ABAV/RN destacou que além dos atrativos e do nome, as ações ligadas ao
plano de Marketing do destino para promoção e divulgação de Natal precisam de continuidade.
Ao destacar a construção do Plano de Marketing da Área Turística de Natal (2016), a
ABAV/RN ressaltou que os setores público e privado precisam unir esforços para colocar em
prática as ações definidas.
De acordo com a Abrasel/RN, há muitas possibilidades para se trabalhar a Marca Natal,
tais como o investimento em atrações noturnas, em atividades náuticas, na gastronomia e nos
atrativos históricos, porém é necessário que haja mais organização.
Quando questionados sobre o motivo pelo qual alguém escolheria a cidade de Natal
para viver e o sentimento que descreve a relação dos moradores com o destino, os participantes
apresentaram diferentes perspectivas.
Para a EMPROTUR/RN (2018) é fácil de se apaixonar por Natal, e é uma cidade que é
“muito fácil de conviver e muito boa para desenvolvimentos de aspectos pessoais e
profissionais”. Para o Natal Conventions & Visitors Bureau, as pessoas e a hospitalidade são
os principais atrativos, seguidos pelo fato de que a cidade oferece oportunidades para quem
deseja empreender e esse é um atrativo que desperta nas pessoas o desejo de morar na cidade.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Para a Secretaria de Turismo de Natal (2018), as características físicas da cidade, como
clima e geografia, o acolhimento e hospitalidade dos moradores, e a sensação de estar morando
numa cidade pequena são atrativos para novos moradores.
Na visão da Câmara de Turismo da Fecomércio/RN é com o sentimento de orgulho que
os integrantes do turismo local oferecem os produtos de Natal, no entanto, ressalta a
preocupação em relação aos impactos que a violência pode ter na relação entre aqueles que
vendem e a demanda turística do destino:
“Assim, a gente, eu tenho muito orgulho do produto que a gente oferece pro cliente,
agora o que me deixa bastante triste e preocupado é a questão da segurança. Eu não
vejo uma saída, uma saída a curto prazo. Eu vejo assim, que é uma coisa que pode
destruir o segmento, destruir assim, colocar a gente, é, dependendo da repercussão
e da gravidade do que possa acontecer, né?”(Câmara de Turismo da
Fecomércio/RN, 2018).
Neste processo de construção de uma marca turística, para a Abrasel/RN(2018), as
pessoas deveriam participar mais do turismo local. Para ela, não é claro se os moradores
apoiam ou não o turismo em Natal, mas que se as pessoas fossem convidadas a participar mais
do segmento a reação da comunidade seria positiva.
“Não sei se apoia, eu não acho que ele é levado a isso entendeu? Se ele apoia, ele
apoia sem saber, mas ele apoiaria se fosse chamado para isso. Eu acho que falta
esse trabalho também, eu já vi em outros lugares, de transformar o cidadão em
“Todos Somos Guia”. Todos podemos saber, o cara que é médico, o cara que é gari,
o cara que é comerciante, todo mundo tem que saber como lidar com o turista porque
é o nosso ganha pão aqui de Natal, do Rio Grande do Norte, é o turismo. E a gente
tem que saber lidar com esse povo, saber dar informação, eu acho que o povo
natalense é sensacional, é a melhor gente que eu já conheci, e eu acho que se eles
fossem chamados para isso eles reagiriam muito bem. Mas acho que falta um
incentivo de quem deveria incentivar” (Abrasel/RN,2018).
Em resposta ao terceiro objetivo da presente pesquisa, foi questionado aos participantes
qual a percepção deles em relação ao desenvolvimento e gerenciamento da Marca Natal para
o turismo. Foi consenso entre os entrevistados que Natal, para o público nacional e entre os
destinos concorrentes no Nordeste, embora passe por problemas que afetam a sua imagem e o
se desenvolvimento turístico, sempre é vista de forma positiva e possui “apelo turístico
natural”.
Apontada pelos entrevistados como destino de “desejo” de muitas pessoas, o conjunto
de atrativos compostos pelos atributos físicos-naturais e o próprio nome dos destinos são
apontados como competitivos nos mercados em que concorre. Para o Natal Conventions &
Visitors Bureau (2018), a competitividade do destino é demonstrada especialmente entre os
destinos que estão tecnicamente no mesmo nível que Natal.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
“Eu diria que não é todo competidor que gostaria de ter Natal na mesma mesa
porque ele vai tremer.(...) nesse conjunto de maravilhas que a natureza nos deu, com
a profissionalização que o destino já está, melhorando nos lados que precisa
melhorar sempre e esse colorido reluzente, eu digo que é muito complicado o cara
estar numa mesa comigo para negociar, então eu acho que ela por si só, eu não vou
dizer que ela se vende, mas a gente vai queimar muito menos neurônio do que
qualquer outro destino que você for colocar na mesa, salvo por aquilo que estejamos
tecnicamente à altura de responder.” (Natal Conventions & Visitors Bureau, 2018)
Para a ABAV-RN (2018), embora a marca seja muito competitiva, os destinos
concorrentes Fortaleza e Porto de Galinhas estão à frente de Natal por causa do histórico de
descaso de governos passados que, para eles “abandonaram” o turismo. Ele cita que entre estes
“Porto de galinhas cresceu de uma forma impressionante, está muito na frente de nós
turisticamente falando. Mais estruturado, trabalham a marca, fazendo tudo” (ABAV-RN,
2018).
Na visão da Câmara de Turismo da Fecomércio/RN (2018) é necessária a resolução de-
questões básicas que desagradam o turista como limpeza urbana, segurança e acessibilidade,
melhorar a integração do destino Natal com os demais destinos do interior através da criação
de roteiros, por exemplo, e diversificar a oferta da cidade enquanto produto turístico. Para a
Abrasel/RN, o investimento nos atrativos históricos, naturais e gastronômicos do destino
representa uma possibilidade para o fortalecimento da marca Natal.
Por fim, a EMPROTUR/RN destaca a importância da apropriação do destino Natal de
seus atrativos e peculiaridades. Na visão da entidade, a ausência desta apropriação faz com que
o destino se posicione no mercado turístico e diante de seus concorrentes em nível regional
e/ou nacional. Para tanto, cita a inovação como meio válido e capaz de gerar competitividade
para o destino:
“Eu penso que toda inovação é válida e toda inovação é competitiva, tudo aquilo
que você pressupõe a fazer diferente, você se posiciona, e eu acho que Natal ainda
não tem um posicionamento. Natal é um nome maravilho. E nós temos um problema
muito grande, quando nós vamos criar uma marca chamada “Rio Grande do Norte”.
(...)Então é difícil a gente trabalhar esse nome. Já Natal não é difícil, é um nome
fácil de se trabalhar, é um nome fácil de desenvolver. Então eu acho que falta um
posicionamento da cidade de Natal, uma Marca. Eu perguntei a você, existe uma
marca de Natal? Porque não existe. Existem marcas governamentais. Cada governo
que entra, tenta dar uma cara para o turismo e isso tem acabado drasticamente com
todo e qualquer investimento, até no imaginário que a gente quer trabalhar.”
(EMPROTUR/RN, 2018)
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
4.1.2 A Marca Fortaleza
Capital do Estado do Ceará, a cidade de Fortaleza é um dos principais destinos turísticos
cearenses e o “portão de entrada dos fluxos turísticos” do estado (Prefeitura Municipal de
Fortaleza e Instituto de Planejamento — IPLANFOR, 2016). De acordo com o Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará — IPECE (2017) a cidade possui entre suas
atividades econômicas a atividade extrativa mineral, a indústria de transformação, os serviços
industriais de utilidade pública, construção civil, comércio, administração pública,
agropecuária e o setor de serviços, no qual o turismo está inserido.
Com população estimada em 2.627.482 habitantes para o ano de 2017 (IBGE, 2018) e
extensão territorial de 314.930 Km², a contribuição da cidade de Fortaleza para o Produto
Interno Bruto do estado do Ceará, corresponde a quase metade (48%) do total do estado, de
acordo com cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE (2010), e alcança o
valor de R$ 37,1 bilhões, sendo um dos maiores PIBs entre as capitais do Nordeste, conforme
dados da Prefeitura de Fortaleza (2018).
Para o presente estudo foram convidados cinco representantes do trade turístico local,
sendo realizadas efetivamente entrevistas com a Secretaria Municipal de Turismo de Fortaleza,
representada pela equipe técnica da Secretaria e de Relações Institucionais do município, com
a Associação Brasileira de Hotéis do Ceará —ABIH/CE. De forma a complementar a presente
pesquisa também foi realizada análise documental de dados fornecidos pela Secretaria
Municipal de Turismo em conjunto com a Secretaria do Turismo do Estado do Ceará.
Como base nos dados analisados oriundos das entrevistas realizadas e dos documentos
fornecidos pelas representações foi possível observar que Fortaleza possui atividade turística
caracterizada principalmente pelo segmento de lazer/passeio — compreendendo atrativos
naturais, o turismo de aventura e esportes, compras, ecoturismo dentre outras atividades —,
seguido pelas motivações de visita a parentes e amigos, negócio e trabalho e
eventos/congresso, com demanda com origem nacional, no mercado do estado de São Paulo,
e internacional.
De forma responder o primeiro objetivo do presente estudo, buscou-se identificar junto
aos entrevistados quais os principais ativos e diferenciais do destino Fortaleza. Para ativos
identificados, foi possível observar que eles correspondem a atributos físicos — atrativos
naturais, infraestrutura do destino e infraestrutura turística —, comodidades de benefícios que
o destino apresenta, e atributos intangíveis e simbólicos ligados a aspectos culturais locais —
hospitalidade, humor e história (Figura 11).
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Figura 11: Ativos da Marca Fortaleza.
Fonte: Dados da Pesquisa (2018)
Na visão da Secretaria de Turismo (2018) o primeiro diferencial de Fortaleza é a sua
localização geográfica, considerada como privilegiada por estar próxima a Europa e África,
seguida pelo conjunto de atrativos litorâneos a leste e oeste, tanto pela quanto pela quantidade
praias, que a leva a considerar o destino como “incomparável”. Além disso, destaca a presença
do Beach Parque como o melhor parque aquático da América Latina e um dos maiores do
mundo, que por si só é um atrativo turístico.
Também foram destacados pela Secretaria os equipamentos turísticos do destino, como
o campo de golfe do Clube de Golfe Riviera Aquiraz, que junto com o Beach Park atende a
uma demanda muito específica do turismo. Ademais, o destino recebe eventos como o Rally
dos Sertões (destino final do rally), o Ironman Brasil — circuito de triathlon internacional que
chega a atrair aproximadamente duzentos atletas e quatro mil pessoas em um único final de
semana, além do trabalho de estrutura e projetos feitos no destino com o objetivo de torná-lo a
capital do Brasil para o turismo de idosos através do programa Praia Acessível que “oferece
espaço de lazer com esteira de acesso e cadeiras anfíbias, que possibilitam o banho de mar de
pessoas com deficiência física e/ou motora ou dificuldade de locomoção” (Programa Praia
Acessível — Prefeitura de Fortaleza, 2018)
Atributos Tangíveis
Localização geográfica
Atrativos naturais
Equipamentos turísticos
Estrutura do modal aereo
Comodidades e Benefícios do destino
Portão de Entrada para os demais destino do Ceará
Vida Noturna ativa
Centro de Compras
Opções de entretenimento diurno e
noturno
Atributos Intangíveis
Hospitalidade/
receptividade
Vasta gastronomia
Humor do Cearense
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© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Além disso, aponta que o modal aéreo, especificamente o aeroporto de Fortaleza é um
grande diferencial para o destino. O Aeroporto Internacional Pinto Martins foi concedido à
Fraport, empresa alemã que administra aeroportos internacionalmente, e sob a sua
administração há a promessa de investimentos que dupliquem a movimentação de embarques
e desembarques no destino que, até o ano de 2017, aproxima-se de 6,5 milhões de passageiros.
A Coordenação de Relações Institucionais de Fortaleza destaca que, para o ano de 2018,
a instalação do hub das companhias Air France, KLM e Gol irá ampliar oferta de voos
internacionais para a Europa, e o início das operações das companhias Delta Airlines e Copa
prometem transformar o contexto de embarques e desembarques no destino.
“Tudo isso num muito curto prazo, nós vamos ficar conectados de forma quase
esmagadora a Europa, mantendo todos os outros destinos do Nordeste sendo uma
espécie de, em termos de número de voos, de acessibilidade, como ficaremos,
finalmente, muito bem ligados aos EUA, coisa que não acontecia até agora, hoje há
a necessidade de viajar até São Paulo, etc. Recife pode se comparar um pouco, mas
nós vamos ficar, vamos ficar melhor, eu acrescentaria que, não Fortaleza, mas o
Ceará em si, mas com foco na capital Fortaleza” (Secretaria de Turismo de
Fortaleza, 2018).
De acordo com a ABIH/CE, as mudanças ocorridas no setor aéreo, com a chegada de
novas companhias e com a nova administração do aeroporto Internacional Pinto Martins,
poderão consolidar fortaleza como destino internacional assim como tornar o destino o portão
de entrada para o turismo internacional no Nordeste.
“Então, eu acredito que nos próximos anos, Fortaleza se transformará no portão de
entrada do turismo internacional do Nordeste. Não tenho a menor dúvida disso. E
também, eu acho que a gente poderá se transformar num verdadeiro destino
internacional, porque o Nordeste hoje, não sei se você tem essa informação, o
turismo internacional ainda é muito é, tímido, hoje, é, cinco por cento dos turistas
que visitam Fortaleza são estrangeiros, quer dizer, a nossa predominância é
realmente, é turismo nacional, como também é Natal, é Recife, é Salvador.
(ABIH/CE, 2018)
A ABIH/CE (2018) também destaca que perante as outras capitais do Nordeste
Fortaleza “tem vida vinte e quatro horas e não vive só do binômio sol e mar” predominante
nos demais destinos do Nordeste, e oferece opções diurnas e noturnas de entretenimento.
O destino também possui como atrativo os centros de compras, especialmente de
confecções, responsáveis por abastecer cidades menores do estado do Ceará, as feiras ao ar
livre como a Feirinha Beira Mar, Centro Fashion, Mercado Central e Rua José Avelino e
Avenida Monsenhor Tabosa caracterizadas pelo comércio ativo, todos eles com produtos
tipicamente regionais (Secretaria de Turismo de Fortaleza, 2018).
Também se juntam aos principais atrativos do destino os elementos ligados ao povo
fortalezense, sua hospitalidade, receptividade e bom humor, que foram destacados por todos
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os entrevistados. Para eles, é característico das pessoas de Fortaleza, e do Ceará de modo geral,
o bem receber dos visitantes, e o traço de sua personalidade correspondente ao bom humor é
um atrativo. A ABIH/CE afirma que o destino “tem um diferencial muito forte que é o humor,
tem casas de shows, os maiores humoristas desse país, todos são cearenses”.
Por fim, a gastronomia de modo geral e os chamados polos gastronômicos de Fortaleza
são apontados devido a sua amplitude de opções que compreende os pratos regionais e originais
do Nordeste e do Ceará, como também opções com origens nacionais e internacionais.
Para as comodidades do destino foram avaliados os acessos além do modal aeroviário,
o custo do destino, a dimensão conforto e o ambiente para negócio (Figuras 13 e 14). Para a
dimensão acesso, foi possível observar que a ampliação da malha aérea e do aeroporto citadas
pelos entrevistados aparece com melhor avaliação. Para os acessos rodoviários a ABIH/CE
destaca que as vias federais, BR 116, BR 222, BR 101 são regulares e necessitam de melhorias,
tendo em vista que o estado e a cidade de Fortaleza recebem demandas do turismo regional
oriundas do Rio Grande do Norte, Paraíba (Joao Pessoa) e Pernambuco (Recife).
De acordo com a Secretaria de Turismo de Fortaleza (2018) outro destaque entre os
acessos está o modal marítimo com Porto de Mucuripe e o Terminal Marítimo de Passageiros
(TMP), que em 2016 recebeu mais de 17 mil passageiros em 12 navios, e que passará por
adequações de dragagem para 12 metros de calado, com o objetivo possibilitar que sejam
captados grandes navios de cruzeiros para o destino.
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Figura 12: Avaliação de comodidades do destino Fortaleza: Acessos e Conforto.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.
No que diz respeito à dimensão conforto, os entrevistados ressaltaram a perspectiva da
mobilidade urbana do destino. Para a ABIH/CE, a mobilidade é questão primordial e o estado
do Ceará tem dado exemplo de gestão, com relação às finanças públicas, investimentos em
educação e mobilidade urbana.
De acordo com o depoimento da entidade, Fortaleza tem realizado investimentos em
ciclovias e terminais de locação de bicicletas, a implantação do bilhete único que integra os
meios de deslocamento que a cidade oferece. Também ressalta a presença do metrô de
Fortaleza, e os VLTs (Veículo Leve sobre Trilho) que foram pensados para a Copa de 2014,
mas que ainda passam por ampliações.
A Secretaria de Turismo reforçou que a existência de faixas exclusivas para ônibus
contribui para a mobilidade da cidade. Para a o visitante, a entidade informa que está sendo
implantada uma linha de ônibus, exclusiva para turistas, que conecta o aeroporto à zona
hoteleira, com paradas específicas em pontos turístico, que permite que o turista passe o tempo
que desejar nos pontos de visitação.
Tanto para a Secretaria de Turismo quanto para a Coordenação de Relações
Institucionais de Fortaleza são os aspectos do ambiente físico e ações públicas que contribuem
para que o destino ofereça conforto no seu ambiente de forma geral, tanto para moradores
quanto para os visitantes, e destacam entendimento da premissa de que “’a cidade será boa
para o visitante”.
Acessos
Ampla malha aerea
Conexão aerea com destino
internacionais
Bom acesso marítimo
Conforto
Investimentos em mobilidade
Extensão das ciclovias
Acessibilidade para turistas que tem dificuldades de
locomoção
Programas de educação ambiental e sensibilização
para a limpeza e organização urbana
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“Uma cidade é boa para o turista, Fortaleza, que é para ser, é boa para o turista
apenas e quando for boa para o fortalezense. Isso é fundamental, porque se tiver boa
para nós a acessibilidade, se nós nos movimentarmos melhor na cidade, claro que o
turista vai se beneficiar disso, mas começa internamente pela nossa população.”
(Secretaria de Turismo de Fortaleza, 2018).
Foram citados pela secretaria os aspectos ligados ao clima da cidade, que apresenta sol,
praias e temperaturas que geram conforto ambiental, assim como a implantação de programas
que contribuem para limpeza e organização urbana, como o programa de coleta de lixo,
educação ambiental e sensibilização dos moradores a para contribuir com a limpeza da cidade.
Para a dimensão custo, a Secretaria de Turismo considera que o destino possui um custo razoável e
acessível, embora as passagens aéreas possam apresentar preços altos, dependendo da origem do visitante. De
acordo com a ABIH/CE, a hotelaria de Fortaleza tem se destacado com uma das mais baratas do Nordeste,
ressaltando que não se sabe se esta é uma atribuição positiva ou negativa. Para ela:
“Várias pesquisas que já foram feitas, é, a hotelaria de Fortaleza é, tem se
destacado, não se sabe se positivamente ou negativamente, é, aí eu deixo uma
interrogação, como uma, é, uma das hotelarias mais baratas do Nordeste. A gente
tem números de diárias, que as diárias estão abaixo de Natal, estão abaixo de Recife,
de Maceió, principalmente, que é um destino que tem crescido muito, então, hoje,
hoje, eu tenho toda convicção e certeza que Fortaleza é um destino barato”
(ABIH/CE, 2018).
Figura 13: Avaliação de comodidades do destino Fortaleza: custo e ambiente para negócios.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Sobre a dimensão ambiente para negócio, a Secretaria de Turismo de Fortaleza lembra
que a cidade está entre as principais capitais do Brasil com o melhor ambiente de negócios em
termos de infraestrutura, com destaque para a agilidade nos processos de licenciamento
Custo
Destino de baixo custo
Bons preços para hotelaria
Atrativos para os diferentes perfis
Destino mais barato em relação aos
concorrentes Natal e Porto de Galinhas
Ambiente para negócios
Existência do guia do investimento no Ceará
Investimentos em promoção e divuldação do
destino
Parcerias entre setor público e setor privado
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ambiental, que podem ser obtidos em até 48 horas pela internet, a depender do projeto
submetido. Também destaca a importância do Centro de Convenções de Fortaleza,
responsável por receber eventos e fomentar o nicho de turismo de negócios.
Outro ponto favorável ao destino na visão da entidade é a elaboração do Guia para o
investimento no Ceará, que já estava sendo executado e colocado em prática pela Secretaria de
Desenvolvimento Econômico de Fortaleza, objetivando orientar e informar as pessoas que
desejam investir e empreender na cidade.
A Coordenação de Relações Institucionais ressalta que estão sendo explorados outros
segmentos de negócio dentro do turismo local, de maneira a fomentar a atividade e diminuir a
sazonalidade. Entre os exemplos de ações realizadas, cita o turismo voltado para idosos e o
turismo de negócios.
Ainda segundo a Coordenação de Relações Institucionais em um destino turístico
urbano, como Fortaleza é “extremamente importante o valor agregado que cada turista pode
trazer” para o Estado e que é necessário atrair as demandas que podem trazer resultados mais
favoráveis.
“Nós sabemos que não tem turismo mais, que não é pior nem melhor, nós acolhemos
de igual modo (...) Se você considerar um turista que chega num ponto com
alojamento e meia pensão, pode ser num hotel cinco estrelas, comprando pacotes
dos grades operadores, este turista, a maioria das vezes, deixa relativamente pouco
valor agregado no destino, porque ele traz no hotel onde fica, a meia pensão,
provavelmente faz um lanchinho pós-jantar ou almoço, faz algumas comprinhas
chamadas recuerdos, recordações, e pouco mais, às vezes não tem muita influência
nos restaurante, não tem muita influência na vida noturna, porque é um público que
viaja com seu orçamento muito reduzido” (Coordenação de Relações Institucionais,
2018).
Por último, a ABIH/ CE ressalta que as contribuições do setor público e o setor privado
favorecem o ambiente para negócios, informando que, ao contrário de outras cidades e outros
estados brasileiros, Ceará e Fortaleza têm “dado exemplo de gestão pública, de transparência,
de gestão, competência, de credibilidade” (ABIH/CE, 2018).
Para a responder ao segundo objetivo da presente pesquisa, que visa compreender a
composição da identidade do destino e como a marca está posicionada, os participantes foram
questionados sobre os principais elementos que os faziam identificar a Marca Fortaleza, qual
sentimento descreve a relação de moradores com o destino e qual o conceito “que vem à mente”
quando se fala do destino para um visitante ou para um amigo.
Desta forma, foi possível identificar que os elementos de reconhecimento da Marca
Fortaleza dizem respeito aos cearenses, sua receptividade, hospitalidade, humor e alegria, às
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praias, especialmente a Praia de Iracema, a orla e a beleza da cidade de forma geral, o clima e
a natureza do destino e o espetáculo Ceará Show, junto com a gastronomia local.
Figura 14: Elementos da Marca Fortaleza.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Para a Secretaria de Turismo, os principais atrativos que fazem parte da marca Fortaleza
são a receptividade do fortalezense — que recebe muito bem o turista —, o conjunto formado
pela orla, clima, natureza, praias que é encontrado no mesmo lugar pelos visitantes que vem
ao destino, e a gastronomia local. Em seguida, a beleza da cidade e de suas praias, com
destaque para a praia de Iracema também são reconhecíveis na marca do destino.
“Os principais atrativos que fazem parte da marca Fortaleza é a receptividade, né,
do fortalezense, ele recebe muito bem o turista. É, o clima, né, a natureza, a orla. A
orla é uma das coisas que vende mais Fortaleza, você vem pra Fortaleza e você está
na praia, não precisa de sair de Fortaleza pra ir na praia, de se deslocar, tem 34 km
de praia. E a gastronomia. Gastronomia é um ponto fundamental (...) A praia de
Iracema onde nós estamos, é difícil não achar bonito aqui e nós estamos muito felizes
de estar aqui.” (Secretaria de Turismo de Fortaleza/CE, 2018)
De acordo com a ABIH/CE, o destino também conta com um dos centros de eventos
mais modernos da América Latina e um bom aeroporto, que passará por um grande processo
de modernização e ampliação. Sua hotelaria é nova e moderna e conta com ampla infraestrutura
de gastronomia e de entretenimento, com destaque para o Parque Aquático Beach Park, que
atraia grande parte dos turistas que vêm a Fortaleza e que dedicam pelo menos um dia de estada
para visitação do parque aquático. A ABIH/CE também destaca que a alegria e a receptividade
são características que vêm à mente das pessoas e são fortes elementos de marca no destino:
“É uma cidade muito alegre, muito, e muito receptiva. Eu sei que o nordestino e as
cidades nordestinas como um todo são muito receptivos, mas, é, não sou eu que falo
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isso, que eu sou daqui, mas, é, são as pessoas que visitam o nordeste costumam dizer
o seguinte: a gente é sempre bem recebido no nordeste, mas Fortaleza, a gente é
mais bem recebido, tem um algo mais diferente”, pelo menos é o que eles dizem, né,
não sou eu.” (ABIH/CE, 2018)
Sobre o sentimento que descreve a relação que os moradores possuem com o destino, a
Coordenação de Relações Institucionais da Prefeitura de Fortaleza afirma que os seus
moradores são “orgulhosos do seu lugar”, considera que o povo de Fortaleza é bairrista, que
defende sua origem. A ABIH/CE também aponta que o cearense, de modo geral, é bairrista, e
a sua personalidade e sua história marcada pelos desafios e dificuldades da sobrevivência no
semiárido, o caracterizam como um povo trabalhador, que embora sempre tenha buscado
oportunidades fora do Ceará, não deixa de amar a sua origem:
“Então, o cearense é muito bairrista, e ao mesmo tempo, hoje, ele é muito
comprometido e consciente da importância que o turismo tem pra ele, porque, como
ele não tem, ele não tem outros meios, ele enxergou que hoje ele não tem como
sobreviver através da agricultura ou da pecuária, então o turismo é nossa maior
riqueza, e aí ele tem esse apreço, e essa visão de que o turista é importante pra ele
porque o turista que vem aqui tá deixando riqueza, renda pra ele.” (ABIH/2018)
Em resposta ao terceiro objetivo da presente pesquisa, os participantes foram
questionados sobre suas percepções em relação ao desenvolvimento da Marca Fortaleza para
o turismo. De acordo com a ABIH/CE (2018), embora Fortaleza ainda não seja um destino
internacionalmente conhecido, no contexto brasileiro a sua marca é muito forte, principalmente
pela imagem positiva que a cidade possui e considera o destino como muito competitivo entre
os destinos do Nordeste e destinos nacionais.
A ABIH/CE (2018) também ressalta que em ocasiões onde o destino disputa com outras
localidades a captação de eventos, feiras e congressos há grande preferência por Fortaleza
pelos mesmo atrativos e elementos destacados ao longo da pesquisa e que são fatores de
atratividade do destino.
Para Secretaria de Turismo de Fortaleza e Coordenação de Relações Institucionais, a
marca do destino Fortaleza é competitiva e há pontos em que ela pode melhorar. Para eles,
mais do que melhorias na oferta de produtos e serviços turísticos locais há necessidade de que
o destino melhore a sua visibilidade e de seus produtos fora de Fortaleza em escalas nacional
e internacional.
“Para isso aí tem que se trabalhar um pouquinho mais. Tudo que é para apresentar
já está aqui, continuar sempre trabalhando nisso. Eu entendo que Fortaleza está bem
na questão da marca, da visibilidade nacional e internacional, a tendência é só
melhorar, tá? Com a chegada do hub, com os investimentos do aeroporto, não tenho
dúvida de que cada vez a marca de Fortaleza, a visibilidade será maior ainda.”
(Secretaria de Turismo de Fortaleza, 2018)
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Por fim, diante do contexto do destino, a Secretaria de Turismo informa que o destino é
Top of Mind no principal mercado emissor brasileiro, e o 2º destino mais procurado do Norte
e Nordeste brasileiro. Informam ainda que a cidade foi a 2ª mais procurada para o feriado de
Reveillón no país, ficando atrás apenas da cidade do Rio de Janeiro, conforme dados do site
Voopter.com.br, além de figurar com a única capital que está entre os destinos turísticos mais
procurados para idosos do Brasil, o que reforça o protagonismo da marca turística Fortaleza.
4.1.3 A Marca Porto de Galinhas
Diferente dos destinos Fortaleza e Natal, que são cidades de médio porte e capitais de
seus respetivos estados, Porto de Galinhas está situado no município de Ipojuca, no estado de
Pernambuco/PE e compreende o principal balneário turístico do litoral do sul do estado,
compostos pela Praia e Vila de Porto de Galinhas, e as praias de Maracaípe, Muro Alto, Praia
de Camboa e Pontal de Maracaípe.
De acordo com o IBGE (2017), o município de Ipojuca possui uma área de 527,107km²,
limitando-se com os municípios de Cabo de Santo Agostinho ao norte, Sirinhaém ao sul, a
oeste com Escada e a leste com o Oceano Atlântico e está a cerca de 60 km da capital
pernambucana, Recife. Com uma população estimada em 94.533 habitantes (IBGE, 2017), é o
3º município com maior PIB (Produto Interno Bruto) de Pernambuco. Entre suas atividades
econômicas destaca-se o turismo, sendo o balneário de Porto de Galinhas o destino de maior
representatividade.
Para a realização do presente estudo neste destino, a maioria das entrevistas foram
realizadas por telefone. Foram convidadas seis principais entidades representantes do trade
turístico local, no entanto, apenas quatro delas participaram do estudo. Embora este aspecto
represente uma limitação de realização da pesquisa neste destino, as entidades que
participantes foram apontadas pela Secretaria Municipal de Turismo de Ipojuca como fortes
representantes do destino e com participação efetiva no Conselho Municipal de Turismo de
Porto de Galinhas.
A partir dos dados coletados, foi possível observar que Porto de Galinhas se apresenta
como um destino turístico consolidado, no qual a oferta está diretamente relacionada aos seus
atrativos naturais e à sua biodiversidade. Segundo a Secretaria Municipal de Turismo de
Ipojuca, seu principal público é definido por famílias e casais que estão em busca de descanso
e de atividades de lazer, e que tem como origem o sudeste do Brasil, principalmente das cidades
do interior do Estado de São Paulo, e o mercado argentino.
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Assim como nos demais destinos pesquisados e de forma responder o primeiro objetivo
do presente estudo, os entrevistados foram convidados a identificar os principais ativos e
diferenciais de Porto de Galinhas. De modo geral, os ativos do destino dividiram-se entre
atributos físicos, representados especialmente pelos atrativos naturais e pela biodiversidade
marinha, pela infraestrutura turística e sua oferta, e pelas comodidades e benefícios que o
destino oferece a seus visitantes (Figura 15).
Figura 15: Ativos da Marca Porto de Galinhas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Para os atributos físicos do destino, verificou-se os principais fatores de atratividade
local são o conjunto das praias, a biodiversidade marinha, com destaque para as espécies de
Cavalo Marinho e Tartarugas Marinhas, as piscinas naturais e arrecifes, a oferta de produtos
turísticos e a hotelaria. Para os entrevistados, o conjunto de praias e de elementos da
biodiversidade se complementam à medida que cada praia tem características únicas e há
pontos específicos onde é possível observar e ter contato com os elementos da biodiversidade
local.
Para a Secretaria Municipal de Turismo (2018), dentre os 25km de extensão de praias
que o destino possui, a praia Muro Alto conta com a presença dos resorts e é uma praia mais
exclusiva; a Praia do Cooper e a Praia de Porto de Galinhas se destacam por suas piscinas
naturais. Já a praia de Serrambi apresenta perfil voltado para o turismo de segunda residência,
concentrando número maior de casas de veraneio.
De acordo com a Associação Brasileira de Hotéis do Estado de Pernambuco —
ABIH/PE (2018), a biodiversidade e os projetos que são desenvolvidos localmente com a
Atributos Físicos
Praias únicas
Oferta de produtos turísticos diversificada (passeios e
gastronomia)
Biodiversidade Marinha, piscinas naturais, arrecifes,
Infraestrutura de acesso e Hoteleira.
Comodidades e Benefícos do Destino
Proximidade com Recife
Facilidade e qualidades dos acessos rodoviários
Qualidade dos passeios e contato com a biodiversidade.
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finalidade de preservar e monitorar as espécies de Cavalo-Marinho e Tartarugas também
atraem visitantes. Os projetos destacados pela entidade são o Projeto Hippocampus —
biologia, cultivo e conservação de cavalos-marinhos, de iniciativa do Laboratório de
Aquicultura Marinha — LABAQUAC, que desenvolve atividades técnico-científicas e conta
com o centro de visitação voltado para instituições de ensino, comunidade local e turistas
(Hippocampus, 2018); e a ONG Ecoassociados que realiza trabalhos direcionados para a
conservação da tartarugas marinhas, de educação ambiental e monitoramento nas praias do
Litoral de Ipojuca. A ONG dispõe de um museu didático e sua sede também é aberta para
visitação (Ecoassociados, 2018).
Para a Associação Brasileira de Agências de Viagens de Pernambuco — ABAV/PE
(2018), além dos atrativos naturais, o conjunto de passeios de buggy e de Jangada que são
realizados em Porto de Galinhas, e a oferta turística diversificada em termos de equipamentos
de hospedagem e gastronomia compõem os principais fatores de atratividade do destino. Para
ela, a hotelaria e o setor de bares e restaurantes de Porto de Galinhas possuem variedade de
opções e atendem a diversos perfis de turistas.
Na visão da Secretaria de Turismo a diversificação da oferta também compreende a
oferta de práticas de esportes náuticos, experiências de aventura, de apreciação da natureza e
opções de entretenimento noturno, que se concentram na Vila de Porto de Galinhas, onde estão
os principais bares, restaurantes e lojas do destino.
Alinhada a esta perspectiva, a ABIH/PE (2018) ressalta que o conjunto de atrativos que
compõem o balneário faz com que o destino se posicione bem no mercado turístico:
“Ela tem praias diferentes, cada um com sua característica específica que faz com
que seja um destino muito versátil tanto para quem quer mais movimento quanto
para quem só quer nadar com os peixinhos, para quem quer fazer passeios de lancha,
ou de jetski ou para quem quer pescar. Nós temos também uma hotelaria muito
abrangente, o que é um ponto muito positivo do destino também, nós temos desde o
Resort 5 estrelas mais chique até o hotel mais simples, então eu consigo atender
turistas das diversas faixas da sociedade e isso faz com que Porto de Galinhas se
posicione muito bem no mercado” (ABIH/PE, 2018).
Além dos atributos físicos, foram destacados comodidades e benefícios que o destino
oferece, entre eles a proximidade geográfica com a capital, Recife, e facilidade e qualidade dos
acessos rodoviários e aéreo. De acordo com a Associação da Industria de Hotéis do Estado de
Pernambuco, ABIH/PE (2018), a localização de Porto de Galinhas é o primeiro ponto de
diferenciação do destino, pois está a cerca de 60km de Recife, e para os visitantes que
desembarcam no aeroporto Internacional do Recife/Guararapes a distância é de cerca de 40km.
O tempo médio de voo, considerando a região sudeste como principal mercado emissor, é de
três horas.
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Segundo a Secretaria de Turismo, além da proximidade do aeroporto de Recife, a
qualidade dos acessos rodoviários que conectam a capital a Porto de Galinhas também
configura um aspecto relevante. As principais rodovias são a BR 101 e a PE 060 até Ipojuca.
A partir da chegada ao município, o visitante passa pelas rodovias PE 038 e BR 009 que leva
ao centro de Porto de Galinhas.
Como o acesso dos visitantes ocorre pelo modal rodoviário, os participantes não
realizaram avaliações de outros modais como o ferroviário e marítimo. Para o modal aéreo a
avaliação demonstrou que a proximidade com o Aeroporto Guararapes é um ponto positivo e
que as distâncias são relativas e dependem da origem do visitante.
Além dos acessos, os participantes também avaliaram as demais dimensões de
comodidade do destino presentes no parâmetro da Saffron (Ver Figura 16).
Figura 16: Avaliação de comodidades do destino Porto de Galinhas: acessos, conforto, custo e ambiente para
negócios.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Para a dimensão conforto, a percepção dos entrevistados foi unânime em relação ao fato
de que as características do território relativamente pequeno de Porto de Galinhas e de sua vila
e a diversidade de opções de hospedagem e de atividades diurnas e noturnas do destino
promovem o bom acolhimento aos visitantes.
Acessos
Acessos indiretos pelos modais aereo e
ferroviário
Boas rodovias
Facilidade de acesso à
capital Recife e ao Aeroporto Internacional Guararapes
Conforto
A Vila é pequena e acolhedora
Praias próximas
Presença alto fluxo de visitantes
Destino seguro
Custo
Custo intermediário a
alto
Valor do ticket aéreo possui
preços relativamente
altos
Hotelaria, serviços
turísticos e gastronomia com preços
diversificados
Ambiente para negocios
Ambiente considerado
como
"bom"
Trade turístico comprometido
Atividade turística
consolidada
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Embora o fluxo turístico existente no destino seja alto e considerado como massificado,
a Secretaria de Turismo (2018) afirma que há um equilíbrio da atividade turística no destino,
o que mantém o conforto aos visitantes. A única questão observada nesta dimensão pelo setor
público diz respeito ao fato de que quanto maior o público visitante mais é exigido do poder
público e de todos aqueles que operam no setor e a manutenção e preservação dos atrativos
naturais que são o principal fator de atratividade do destino.
Na perspectiva da ABIH/PE (2018) o fato de que Porto de Galinhas faz parte da Região
metropolitana do Recife, mas ainda assim está fora dos grandes fluxos da cidade e com
população menor, torna mais fácil o gerenciamento do destino e especialmente o controle de
questões de segurança. Para ela, Porto de Galinhas não se compara com Natal e Fortaleza e
outras cidades que tem altos índices de violência, pois as ocorrências ligadas à insegurança são
esporádicas, o que o torna um destino seguro.
Para a Secretaria de Turismo (2018) e para a ABAV/PE (2018) embora o aspecto da
segurança no destino seja relativamente mais tranquilo do que em outras cidades brasileiras, é
necessário cautela e que sejam tomadas as precauções exigidas para a garantia da segurança
dos visitantes, pois este tema não pode ser visto de forma, isolada particularmente no contexto
brasileiro.
No que diz respeito à dimensão custo do destino foi possível verificar que na percepção
dos participantes Porto de Galinhas está entre os destinos que possui custo intermediário ou
alto, dependendo do perfil e das motivações dos visitantes que vão ao destino. De acordo com
a ABIH/PE, diante do conjunto de atrativos, experiências e da qualidade dos serviços turísticos
presentes em Porto de Galinhas, o custo é alto se comparado com Natal e Fortaleza.
Para a ABAV/PE a percepção do custo do destino é uma questão relativa e em Porto de
Galinhas há opções que são acessíveis aos diversos públicos, e tem como exemplo a hotelaria
local que possui equipamentos como Nannai Hotel Resort & Spa e hotéis mais simples, de três
estrelas. Seguindo a hotelaria, as ofertas de serviços turísticos, de entretenimento também são
destacados pela ABIH/PE, ABAV/PE e pela Secretaria de Turismo como diversificados e
acessíveis aos públicos que visitam a localidade.
Na visão da Secretaria de Turismo, o fato de que Porto de Galinhas apresenta custos
elevados, não caracteriza necessariamente um ponto negativo para o destino, o que se justifica
no fato de que o destino já recebe mais de 1 milhão de turistas anualmente.
“Porto, se comparando com algumas cidades é caro, mas também não é um fator
que prejudique. Como acabei de dizer a gente recebe mais de 1 milhão de pessoas
em 2017 e se fosse muito caro também não recebia tanta gente. O que acaba por
caracterizar Porto é que é um destino acessível para todos, tem as opções mais
caras, outras medianas, outras mais baratas, é um destino que é multifacetado, é um
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destino que tem muitas opções. Não é barato, acho que ele fica ali no meio termo.”
(Secretaria de Turismo de Ipojuca, 2018)
Para a dimensão ambiente para negócios os entrevistados também convergem para a
percepção que o destino possui um bom ambiente, especialmente para os empreendimentos
turísticos. Na visão da ABAV/PE o destino Porto de Galinhas conta com um trade turístico
comprometido e com as parcerias entre o setor público e privado que dão suporte ao turismo
local. A parceria público-privado também é reconhecida pela ABIH/PE que destaca que, sem
elas não há turismo.
“O turismo aqui é feito pela parceria entre o setor público e o setor privado, então
não se tem turismo se você tiver só o trabalho de um dos lados, porque quem
administra a infraestrutura turística é o poder público e a iniciativa privada entra
oferecendo todos os equipamentos para que a atividade turística possa se
desenvolver. Então, o trade aqui faz um trabalho importante nos serviços turísticos
que ao longo do tempo transformaram um Vila de pescadores num destino turístico
e o poder público tem se esforçado para fazer a sua parte. Mas nós precisamos
avançar na infraestrutura do destino para sempre oferecer um produto melhor para
o nosso turista” (ABIH/PE, 2018).
Na visão da Secretaria de Turismo de Ipojuca, o setor público tenta facilitar, oferecer as
melhores condições possíveis, apoiar os parceiros e o trade como um todo para que os negócios
sejam fomentados. O destino conta com um conselho municipal ativo, e atualmente
disponibiliza um orçamento que no ano de 2018 já é 30% maior em relação ao ano de 2017, o
que, na visão da Secretaria também é uma forma de priorizar o setor e facilitar as condições
para que todas as empresas possam produzir e crescer.
“O ambiente de negócios em Porto, pela perspectiva do poder público, e isso tem
que estar em perspectiva, é um ambiente bom. Porque a Secretaria tem atividade do
turismo já como um fato, já concretizado, consolidado e temos uma relação muito
forte com o trade turístico. E a partir disso existem relações, parcerias, sempre
estamos juntos para que o ambiente seja mais fácil, mais propenso.” (Secretaria de
Turismo de Ipojuca, 2018)
Na visão as Secretaria, a união entre o setor público e a iniciativa privada é considerada
muito forte por conta da atuação efetiva do segmento privado. Neste sentido, afirma que a
gestão pública acaba sendo interferida, e embora por questões políticas que descontinuam
ações e que por vezes não consegue dar continuidade aquelas já em andamento, considera que
a existência de um trade privado forte, ao qual o poder público possa se unir e compartilhar
esforços gera benefícios para o destino e esse processo é observado em Porto de Galinhas.
Em seguida, para a responder ao segundo objetivo da pesquisa, que visa compreender
a composição da identidade do destino e o posicionamento de sua marca, os participantes foram
questionados sobre os principais elementos que os faziam identificar a Marca Porto de
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Galinhas e qual sentimento descreve a relação dos moradores com o destino e também o
conceito “que vem à mente” quando se fala do destino para um visitante ou para um amigo.
Os entrevistados destacaram como elementos de reconhecimento da marca do destino
as piscinas naturais, os passeios de jangada e as praias, a hotelaria local, os cavalos e tartarugas
marinhas, e as galinhas que são vistas ao longo de toda a Vila de Porto de Galinhas e que estão
representadas no letreiro estilizado do destino (Figura 17).
De acordo com a ABAV/PE e ABIH/PE a associação dos passeios de jangada, piscinas
e demais atrativos naturais, as espécies de cavalo marinho e tartarugas marinhas e hotelaria são
elementos de alta atratividade turística, e que fazem as pessoas reconhecerem o destino. Na
visão da Secretaria Municipal de Turismo há outros elementos que podem ser nomeados como
peculiaridade do destino e embora não se saiba até que ponto eles serão atrativos, eles
certamente auxiliam o turista no processo de escolha do turista que opta por Porto de Galinhas,
como os baobás, os cavalos marinhos e as galinhas:
“Nós temos aqui diversos baobás, são arvores africanas, localizadas em pontos
estratégicos, temos cavalos marinhos que não se reproduzem em qualquer lugar, mas é
que possível visitar o habitat dele através do passeio de jangada como também o
programa que trabalha a preservação e o monitoramento da espécie, enfim eu posso
citar aqui muita coisa né, não há algo específico, e tem as galinhas, as galinhas são o
nosso principal símbolo quando caminhamos por Porto de Galinhas nos deparamos com
diversas galinhas e esse é o símbolo do destino que acaba nos representando mundo a
fora.” (Secretaria de Turismo de Ipojuca, 2018)
Figura 17: Elementos da Marca Porto de Galinhas.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
As galinhas também foram citadas pela ABIH/PE que além de presentes fisicamente
nos próprios animais e em escultura ao longo da vila, estão simbolicamente representadas no
letreiro instalado na cidade (Figura 18) e nos atrativos culturais locais, a exemplo o Ateliê do
Carcará do artista Gilberto Carcará responsável pela criação das esculturas e obras inspiradas
em galinhas.
Para dimensão do sentimento que descreve a relação que os moradores possuem com o
destino, a ABIH/PE destaca que os moradores entendem e apoiam o turismo, tendo em vista
que a atividade se consolidou como um dos principais segmentos da economia local e é fonte
de renda e de emprego para muitos dos seus habitantes. Na visão da Secretaria de Turismo
(2018) o primeiro ponto é gostar do lugar, e considera ser “um pouco difícil você não gostar
de Porto de Galinhas”. Para a Secretaria é diante do contato com os visitantes e pelo
conhecimento sobre experiências que se evidencia a boa relação que os turistas desenvolvem
com o destino, marcada por boas lembranças. Também destaca que ao longo da história do
destino muitas pessoas que construíram seus empreendimentos e que foram precursores da
formação de Porto de Galinhas continuam no destino, o que motiva o trabalho realizado pelo
setor público:
“É uma relação de boas lembranças e isso tudo faz com que a gente tenha
motivação para continuar trabalhando pelo destino, e pela nossa realidade que
a gente em aqui a gente tem muita gente que conseguiu construir, que continua
trabalhando aqui, muitos hotéis que foram precursores praticamente no destino,
que continuam trabalhando, divulgando o destino” (Secretaria de Turismo de
Ipojuca/PE, 2018).
Figura 18: Letreiro de Porto de Galinhas.
Fonte: Secretaria de Turismo de Ipojuca – Foto por Danilo Luiz - DECOM (2015).
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Quando questionados sobre o “conceito que vem à mente” a ABIH/PE destaca que há
uma relação direta entre o destino e a ideia de paraíso e férias. “Eu acho que quando as pessoas
pensam em Porto de Galinhas, elas pensam em paraíso, nas férias, fora que Porto de Galinhas
tem feito um trabalho na parte de eventos, mas existe uma ideia de que quem vem para Porto,
vem de férias. Então é um destino turístico de lazer, de férias.”
Na visão da ABAV/PE a marca do destino pode ser definida pela palavra “qualidade”
mesmo elemento que vem à mente quando se fala sobre o destino: “eu definiria como
qualidade. Porque hoje você encontra qualidade nos empreendimentos, na hotelaria, na
gastronomia, nos passeios, no turismo como um todo” (ABAV/PE, 2018).
A Secretaria de Turismo (2018) lembra que o destino possui uma logo turística, que é
o mesmo letreiro existente na Vila e que faz “sucesso” com os visitantes que em sua maioria
levam o registro do contato com ele através de fotos. Para ela a “logomarca do destino é o
próprio nome Porto de Galinhas, colorida com letras em vermelho, amarelo, verde, azul, da
mesma forma em que o destino se apresente”. Além disso, ressalta que o Porto de Galinhas é
um destino de alegria, multifacetado e que é essa a mensagem que ele deseja passar a seus
visitantes.
“Então nosso destino é isso, nosso destino é alegre, o que a gente vende é alegria, é
um destino alegre, é um destino para relaxar, para as famílias principalmente e é
um destino multifacetado e aqui pode se fazer muita coisa, pode se encontrar muita
coisa. Então aquele que quer descansar, ele vai descansar, aquele que quer vir com
a família também pode vir que vai ter experiências aqui também, então é um destino
que não é um lugar que “eu só vou fazer isso” como eu só vou relaxar, ou só vou
curtir balada. Aqui em Porto você tem de tudo um pouco e é um destino multifacetado
e muito alegre, a gente vende alegria em Porto e é isso que a gente quer passar para
os turistas” (Secretaria de Turismo de Ipojuca, 2018)
Diante dos depoimentos dos entrevistados, é claro o posicionamento do destino como
um destino de férias, voltado para casais e, principalmente, famílias. Para a Secretaria de
Turismo de Ipojuca (2018) este posicionamento o é considerado “muito sólido.
“Então nossos hotéis, grande parte dos nossos estabelecimentos hoteleiros tem todo
o seu serviço estruturado para atender famílias, então esse é o nosso primeiro ponto,
e o segundo ponto é para os casais, como eu disse Porto é um destino alegre que
acolhe todo mundo, então, também temos os nossos atrativos mais isolados, mais
românticos que são trabalhados para os casais. (Secretaria de Turismo de Ipojuca,
2018)
Ainda para a Secretaria o posicionamento do destino no nicho de lazer, sol e mar
também é muito forte, e se justifica nos esforços de divulgação em mercados emissores que
agora alcançam também o mercado internacional, principalmente o mercado sul-americano.
Para ela, as ações desenvolvidas vendem Porto de Galinhas como um destino para famílias que
buscam um destino para curtir e para relaxar durantes as férias.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Por fim, em resposta ao terceiro objetivo da pesquisa, os participantes foram
questionados sobre suas percepções em relação ao desenvolvimento e gerenciamento da Marca
Porto de Galinhas para o turismo. Para os entrevistados a percepção é de que a atividade
turística é uma realidade em Porto de Galinhas, e o destino já está consolidado nacionalmente
e agora está em busca de consolidação internacional, e que o processo de gestão do destino
procura qualificar cada vez mais a sua oferta para apresentar novidades aos turistas que
retornam e novas opções aos públicos potenciais almejados.
A Secretaria de Turismo afirma que, embora o aumento do fluxo seja sempre um
objetivo, o momento que Porto de Galinhas vive tem como grande foco a priorização da
melhoria contínua da oferta turística e que para isto, o destino como um todo está tentando
trabalhar um calendário de eventos mais forte, que consiga atrair turistas, na criação de novos
equipamentos turísticos.
“Então a gente chegou num ponto enquanto destino turístico que a gente não tem
como foco principal ganhar mais turistas, sempre tem, mas nisso a gente já atingiu
um estado bom, agora é melhorar a nossa qualidade como destino, melhorar nossos
equipamentos, a nossa perspectiva no poder público é essa, mas óbvio sempre
mantendo nossas ações de promoção, porque a gente sabe que para o turismo a
gente precisa estar sempre na prateleira, não tem mercado certo, é sempre bom estar
na cabeça dos consumidores e a gente precisa sempre melhorar, mas o nosso
objetivo agora é melhorar a qualidade do destino, a gente quer melhorar a
experiência dele aqui com o destino, melhorar os equipamentos, esse é o principal
objetivo.”(Secretaria de Turismo de Ipojuca, 2018).
Aliada a esta perspectiva, a ABAV/PE (2018) conclui que as ações de promoção e
divulgação no exterior são exemplos que demonstram a busca pela consolidação também no
mercado internacional. Para a ABIH/PE embora o número de visitantes e de ocupação dos
hotéis reforcem a consolidação do destino é necessário que sejam sempre feitos investimentos
na infraestrutura do destino para que, assim, sempre se ofereça um produto de qualidade aos
visitantes.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
4.1.4 Panorama das Marcas de três destinos turísticos concorrentes no Nordeste
Brasileiro
Após análise individual dos destinos pesquisados, o presente trabalho buscou analisar
os resultados da pesquisa em cada um deles de forma sobreposta com a finalidade de obter um
panorama das marcas turísticas investigadas. Neste sentido, foram identificados cinco pontos
que caracterizam o panorama das marcas dos destinos pesquisados, e em seguida, implicações
que estes fatores possuem no seu desenvolvimento e posicionamento favorável no mercado
turístico. Como pontos que caracterizam a composição das marcas dos destinos pesquisados
foi possível identificar:
1) Ausência do uso de uma marca turística definida e orientada estrategicamente
para alcançar objetivos do destino.
Como descrito por Balakrishnan (2009) o início de uma estratégia de branding de um
destino está na definição da sua visão e no gerenciamento do stakeholders pelas entidades e
participantes do setor turístico local, no qual as estratégias e ações devem estar orientadas.
Este processo ocorre tanto no âmbito estratégico defendido por Pike (2009) no qual as
organizações de Marketing dos Destinos (DMOs) precisam definir seus dos objetivos e como
alcançá-los, além de exercerem um papel fundamental na articulação dos seus participantes,
quanto no âmbito das práticas de desenvolvimento de uma identidade estratégica e visual, bem
como estratégias de comunicação entre destinos, visitantes e stakeholders como proposto por
Blain, Levy e Ritchie (2005).
Entre os destinos pesquisados foi possível observar que o conceito de marca de destinos
como instrumento estratégico ainda é algo novo, embora seja reconhecida existência de uma
construção natural de uma imagem de marca no imaginário das representações dos trades
turísticos de cada destino sobre o que é e o que pode vir a ser a marca de cada uma das
localidades.
De acordo com os dados coletados, os destinos usam Planos de Marketing como
ferramenta principal para gerenciamento e orientação dos destinos, que em sua maioria
possuem foco na divulgação e promoção turística em determinados mercados e para atender
objetivos de médio e curto prazo, com exceção do documento apresentado pelo destino
Fortaleza/CE que possui a perspectiva de longo prazo. De forma geral, os planos de marketings
dos destinos apresentam conteúdos distintos, especialmente pelo fato de que os eles vivenciam
momentos diferentes em relação ao contexto socioeconômico de cada localidade e da própria
realidade do turismo local.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
De forma a complementar esta consideração, pesquisas secundárias que acessaram
estes documentos mostraram que, para o caso da cidade de Natal, o destino conta com o Plano
de Marketing da Área Turística do Município de Natal, lançado em novembro de 2016 que tem
como objetivo:
“organizar as intervenções públicas e privadas com o objetivo de posicionar
Natal como o melhor destino turístico de sol e praia da América do Sul, além de
consolidar o turismo como uma atividade economicamente ativa durante todo o ano,
seguindo a lógica dos padrões de qualidade exigidos pelos mercados nacional e
internacional de viagem e turismo” e “norteará as ações de marketing para o
município, valorizando e posicionando a oferta turística de forma mais competitiva,
através da identificação e mapeamento dos mercados prioritários, destacando os
segmentos de turismo de interesse desses mercados e do perfil de turista que se
pretende atrair para Natal”. (Prefeitura Municipal do Natal, Plano de Marketing da
Área Turística do Município de Natal, 2016).
Neste Plano, estão definidos 07 objetivos para o crescimento do destino, que incluem:
• Fortalecer a imagem de Natal como destino diferenciado, com expressiva oferta
de recursos naturais e opções de lazer e aventura;
• Atrair maior fluxo de visitantes em níveis regional, nacional e internacional para
o destino, a partir da utilização de ações e recursos informacionais,
promocionais e comerciais;
• Requalificar a oferta turística do destino e incentivar a criação de novos produtos
e serviços que contemplem a identidade e o potencial turístico de Natal;
• Elevar os índices de competitividade do destino Natal em relação aos demais
indutores do turismo no Brasil;
• Aumentar as receitas turísticas geradas no destino;
• Minimizar os efeitos da sazonalidade turística por meio de ações promocionais
direcionadas e incentivos a nichos e segmentos de mercado potenciais do destino
Natal; e
• Fortalecer a cooperação entre os setores público e privado de Natal e região
turística para realização compartilhada de projetos e ações promocionais e de
comercialização.
Para o alcance destes objetivos, foram definidas quatro estratégias de marketing
direcionadas para a (1) criação da identidade visual e conteúdo do destino, (2) promoção e
comercialização do destino em diferentes meios e canais, (3) fortalecimento da relação com
imprensa, stakeholders e demais atores da cadeia produtiva do turismo, e (4) diversificação da
oferta turística do destino.
É valido ressaltar que, embora os objetivos e metas contribuam para a marca Natal,
neste documento há apenas um ponto que cita diretamente a marca do destino e que está voltada
para a construção de uma identidade visual. De acordo com o plano, a estratégia voltada para
a criação da identidade visual e conteúdo do destino se faz necessária tendo em vista a
constatação da falta de “identidade de marca”, com referência aos aspectos visuais como
logotipo, slogan, conceito da marca oficial, cores características.
Para o destino Fortaleza foi identificado o Plano Estratégico do Turismo de Fortaleza,
Integrante do PDES do Plano Fortaleza 2040 (Prefeitura Municipal de Fortaleza e Instituto de
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Planejamento — IPLANFOR, 2016), onde são definidas a visão de futuro, objetivos e metas e
diretrizes do destino, que baseia-se, dentre outros aspectos, na constatação da “necessidade de
ampliar a oferta de produtos e serviços turísticos de lazer e turismo em Fortaleza,
principalmente na diversificação de segmentos turísticos e no que se refere ao aproveitamento
do patrimônio cultural” (Prefeitura Municipal de Fortaleza e Instituto de Planejamento —
IPLANFOR , 2016).
Como visão de futuro o plano apresenta que:
Fortaleza será uma das melhores cidades do Brasil para viver, visitar e empreender,
estruturada e reconhecida como destino turístico de excelência nos mercados
nacional e internacional, no turismo convencional e comunitário e nos diversos
segmentos (sol e praia, negócios e eventos, esporte e aventura, náutico, cultura,
melhor idade, saúde, religioso, entre outros). (Prefeitura Municipal de Fortaleza e
Instituto de Planejamento — IPLANFOR, 2016)
E como objetivos estratégicos o Plano apresenta 05 pontos, sendo eles, 1) Aumentar a
competitividade e a sustentabilidade de Fortaleza como destino do Nordeste Brasileiro; 2)
conquistar posição competitiva de destino do Brasil no mercado mundial; 3) valorizar o
patrimônio cultural na atividade turística; 4) intensificar a gestão compartilhada do turismo
executando o Plano Estratégico de forma integrada (Secretariais Municipais e Estaduais,
Conselho Municipal de Turismo e Fórum de Turismo do Ceará); 5) aumentar a participação
do turismo no PIB de Fortaleza.
Embora o Plano apresente perspectivas de longo prazo, até o ano de 2040, a marca do
destino está presente de forma direta em uma das nove premissas que o norteiam, fazendo
referência à necessidade de reposicionar a marca Fortaleza para abranger outros segmentos de
mercado (férias, sol e praia, eventos, aventura, esportes, cultura) e indiretamente no plano de
ação para alcance dos objetivos do Plano, especificamente na Linha de Ação de Marketing e
Segmentos Turísticos.
Para o destino Porto de Galinhas a Secretaria de Turismo municipal informou que, até
o momento da coleta de dados do presente estudo, o destino possuía um Plano de Marketing,
mas que o documento carecia de atualizações. De acordo com a Secretaria, entre as ações
ligadas à marca do destino, destaca-se a utilização do letreiro estilizado de três metros de altura
que foi inaugurado no destino em novembro de 2017 com o objetivo de promover o destino e
se tornou a sua “marca visual”, popularizada entre moradores e visitantes.
Desta forma, foi possível observar que apesar de os destinos desenvolverem ações que
trabalham seus ativos, não há uma orientação estratégica para a construção de marcas turísticas
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
que se sustentem não apenas em estratégias de marketing, mas também de comunicação com
seus públicos.
Além disso, há a necessidade do avanço no trabalho já realizado pelas entidades,
especialmente as Secretarias Municipais de Turismo, tendo em vista que a construção de marca
do destino compreende também a entrega de uma mensagem objetiva que representem a
promessa da marca aos seus públicos, a comunicação e a evolução da identidade do lugar, e o
monitoramento das ações e do feedback dos visitantes e agentes ativos neste processo, como
defendido por Pike (2005) e Hanna & Howley (2012).
2) Foco principal na dimensão física e tangível dos ativos da marca em detrimento
das dimensões emocional e simbólica.
A partir da investigação dos principais ativos e elementos que compõem as marcas dos
destinos analisados demonstrou-se que a maior parte dos ativos identificados em cada um deles
estão classificados como atributos físicos e benefícios como defendido por Keller (1993), no
qual os atributos físicos dizem respeito a características descritivas que estão diretamente
ligadas e caracterizam o produto turísticos local, e os benefícios estão ligados ao valores
atribuídos às características dos produtos e que, no caso dos ativos identificados no presente
estudo, compreendem as dimensões funcional e experiencial dos ativos da marca.
Nos três destinos foi destacado que o conjunto dos atrativos e das experiências que são
oferecidas localmente, representam o principal diferencial de atratividade turística, o que os
coloca, novamente, no mesmo campo concorrencial à medida que utilizam recursos de marca
pautados nas mesmas dimensões e que apresentam características semelhantes.
Nos destinos, os ativos que possuem ligação simbólica ou emocional aparecem de forma
secundária e distante do protagonismo entre os elementos de marca locais. Como apontado por
Balakrishnan (2009) o portfólio de produtos e serviços turísticos deve ser integrado ao conjunto
da estratégia de branding do destino, mas que os ativos sejam ressaltados não apenas pela sua
definição básica, mas também pelo o que eles são capazes de desenvolver e representar.
Neste sentido, o patrimônio histórico, cultura, a relação entre ambiente e experiência, as
características das pessoas, os símbolos locais, o conhecimento do lugar devem fazer parte dos
elementos de marca do destino de maneira a fortalecer os atributos físicos e oportunizar que a
marca turística local alcance o real significado da dimensão experiencial descrita por
Hankinson (2005) onde os componentes simbólicos passam a se manifestar na forma como a
marca se relaciona com o cliente, sua personalidade, preferências e se alinha ao seu estilo de
vida, história e aspirações.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
3) Posicionamento da marca baseado nos produtos turísticos existentes, almejando
atender objetivos e públicos que se assemelham.
Como discutido por Elizagarate (2008) a estratégia de posicionamento aplicada à
cidade ou ao destino turístico pode ser baseada no consumidor — que tem como objetivo se
concentrar na realização de intervenções que reforcem ou que criem aspectos que os residentes
e os demais públicos alvo desejam — ou na concorrência, tendo como finalidade analisar e
interpretar as atitudes dos consumidores frente aos produtos concorrentes, considerando não
apenas as suas próprias características, que podem ser suas principais fortalezas, mas
considerá-las também em relação à outras cidades concorrentes.
Para Kotler (2005) o posicionamento pode ser definido através de determinado atributo,
por benefícios, pelo uso/aplicação dos produtos, pela associação de um produto ao usuário ou
classe de usuários, pela concorrência, pela categoria de produto ou pela qualidade/preço onde
a maior qualidade é destacada.
Dentre os destinos pesquisados, verificou-se que as estratégias de posicionamento
adotadas por eles compreendem as dimensões dos atributos, benefícios, categoria de produto
e pela qualidade e preços percebidos defendidos por Kotler (2005). Esta caraterística está
diretamente ligada ao fato de que os principais elementos da marca dos destinos pesquisados
estão representados por seus atributos físicos, constituídos pelos atrativos naturais locais,
especialmente a praia, o mar e características climáticas, e na infraestrutura turística então
representada principalmente pela hotelaria.
Também foi verificado que os destinos analisados tendem ao posicionamento baseado
no consumidor defendido por Elizagarate (2008) à medida que os públicos de maior
representatividade e visitação de Natal, Porto de Galinhas e Fortaleza foram identificados como
originais do estado de São Paulo, o principal emissor de turistas para a região Nordeste de modo
geral, com busca principal pelo segmento de Sol e Praia.
Assim, este posicionamento pode colocá-los diante dos consumidores como
concorrentes diretos, onde benefícios representados pelas categorias preço, qualidade do
produto, localização e acesso podem ser decisivos na escolha dos turistas-alvo, que possuem
necessidades e desejos semelhantes.
Além disso, é valido ressaltar, que dentro do campo do posicionamento destes destinos,
é necessário que eles busquem encontrar lacunas mentais, como apontado por Ries e Trout,
(2000) e a partir do desenvolvimento de estratégias de comunicação direcionadas, concentradas
em determinados segmentos de marcado, que levem uma mensagem objetiva da marca do
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
destino, possam alcançar melhor posicionamento junto aos públicos existente e aos públicos
potenciais.
4) Diferentes relações entre aqueles que gerenciam a marca e aqueles aos quais
a marca pertence.
De acordo com Pike (2005), a adoção de uma estratégia de marca que possua a
abordagem top-down, isto é, a estratégia que seja definida exclusivamente pelos agentes que
gerenciam a marca do destino, estão suscetíveis a falhas, pois estas representações não têm
controle direto sobre a entrega real da proposta da marca realizada pela comunidade local,
especialmente aquela que está diretamente envolvida com o turismo.
Nos destinos analisados observou-se diferentes relações entre os agentes responsáveis
pela gestão da marca e aqueles aos quais a marca pertence, isto é, seus moradores e a
comunidade que integra o turismo. Os destinos como Natal e Fortaleza, que são capitais
estaduais e possuem maior dimensão territorial, populacional e maior complexidade da
atividade turística, apresentam maior articulação entre o setor público e o setor privado, mas
pouco é relatado sobre a participação da comunidade local, suas percepções e contribuições
para o turismo e para a construção de uma marca para os referidos destinos.
O destino Porto de Galinhas, como exceção ao grupo pesquisado, é o único que destaca
a articulação e o compromisso do setor público e privado, da efetividade do Conselho
Municipal de Turismo de Porto de Galinhas e a importância da participação da comunidade no
turismo local. De acordo com a Secretaria de Turismo de Ipojuca (2018) há um entendimento
por parte dos moradores sobre a relevância da atividade, que é uma das principais na economia
do município de Ipojuca, representando um grande gerador de empregos e divisas.
Neste sentido, torna-se necessário para os destinos a busca pelo engajamento da
comunidade nas ações da branding e no relacionamento que propicie o equilíbrio entre as
decisões estratégicas, a entrega da marca e a distribuição dos retornos que esta articulação
propicia para o destino.
5) Capacidade de articulação e competitividade das marcas dos destinos.
O Word Economic Forum (2017), em seu relatório Travel and Tourism
Competitiveness Report 2017, ressalta que o contexto vivido pelos destinos em escalas local,
regional e internacional é marcado pelo aumento da competitividade da atividade turística, e é
consenso entre os estudos que deram base a construção teórica da presente pesquisa que a
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
gestão estratégica de marcas se apresenta como um recurso que pode proporcionar o
desempenho favorável das destinações neste cenário.
Como um ponto de convergência entre as características identificadas na análise dos
destinos Natal, Fortaleza e Porto de Galinhas e de influência nos contextos identificados, a
compreensão da capacidade de articulação entre os diversos atores e a sua relevância e
contribuição para competitividade dos destinos deve levar em consideração aspectos que são
decisivos para o sucesso das estratégias de branding, tais quais os levantados por Pike (2005):
a heterogeneidade dos interesses de mercado dos diversos stakeholders, o papel das decisões
políticas e das representações públicas do setor turístico, assim como as questões de
financiamento das entidades que trabalham a marca e o marketing dos destinos.
Nos destinos Porto de Galinhas e Fortaleza é evidente a existência de diálogo entre os
agentes dos respectivos trades em suas decisões estratégicas. Já em Natal, este diálogo ainda
é iniciante, persistindo divergências e distanciamento entre as representações em alguns
aspetos.
Sobre o papel das decisões políticas e das representações do setor turístico em cada
uma das localidades pesquisadas, a maioria dos entrevistados reconhece que há limitações no
desenvolvimento de ações e estratégias que sejam pensadas e articuladas para o destino, haja
vista que persistem aspectos como as decisões de caráter político, a descontinuidade das ações
à medida em que os governos mudam e as dificuldades e limitações que são inerentes ao poder
público, como burocracias e a lentidão na tomada de decisão.
Além destas limitações, a ausência do entendimento sobre o que é um projeto de
branding voltado para um destino turístico, e a inexistência de um conceito próprio de marca
que seja consenso entre as representações locais, impedem que os aspectos de marca
identificados pelo presente estudo, sejam melhor trabalhadas, e principalmente, que se
desenvolvam estratégias específicas e originais para cada destino.
Para as questões ligadas ao financiamento das ações voltadas para o desenvolvimento
do turismo e do destino, nota-se que a aplicação dos recursos financeiros públicos e/ou
privados precisa ser assertiva para atender aos objetivos do destino. Dentre as realidades dos
destinos pesquisados, a Secretaria Municipal de Turismo de Ipojuca /Porto de Galinhas (2018)
ressalta que os números do turismo no destino — que alcança a marca de mais de 1 milhão de
visitantes por ano — confirmam a importância do direcionamento dos recursos, e o
crescimento do orçamento destinado à pasta do turismo no Município que cresceu 30% no ano
de 2018 quando comprado com o orçamento do ano anterior.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Em Fortaleza, além das ações financiadas pelo setor público, a ABIH/CE destaca que
é a única unidade da Associação Brasileira da Industria de Hotéis que possui orçamento próprio
para a divulgação e promoção do destino.
Neste contexto, o realinhamento dos aspectos acima citados exige a atuação conjunta e
articulada das representações de turismo dos destinos e são refletidos diretamente na
capacidade que eles terão de competir no contexto concorrencial do turismo seja em níveis
locais e regionais, seja em nível internacional.
Mais além destes aspectos, é possível verificar que os destinos são conhecidos
nacionalmente com participação efetiva no seu principal mercado emissor, o estado de São
Paulo. Neste sentido, a utilização da gestão estratégica de marca pode possibilitar resultados
positivos em termos de diferenciação e melhoria de sua projeção neste mercado e
internacionalmente.
4.1.5 Saffron City Brand Criteria: Desafios e possibilidades no contexto brasileiro
O presente estudo utilizou como referência metodológica o Saffron City Brand Criteria,
parâmetro oferecido pelo estudo “The Saffron European City Brand Barometer”. A escolha
pelo uso e aplicação deste parâmetro, além de se justificar no caráter qualitativo e pelo respaldo
que o trabalho da Saffron apresenta, fundamenta-se na reflexão sobre os modelos de análise e
mensuração da marca dos lugares aqui apresentados e na contextualização da realidade do
processo de place branding de cada um dos destinos analisados.
Entre os modelos de análise de marca do lugar, há uma diversidade de abordagens e
técnicas que apresentam ligação com o processo de gerenciamento de marca em si.
Considerando a proposição de Hanna e Howley (2012) de que o place branding tem como
objetivo mapear, compreender, moldar, comunicar e evoluir a identidade de um lugar, foi
possível interpretar que nem todas as cidades e em especial aquelas que são destinos turísticos,
estão nas mesmas etapas deste processo e de que é necessário utilizar os métodos adequados a
cada realidade.
Paralelamente, a aproximação com o contexto dos destinos analisados mostrou que eles
ainda não possuem estratégias e técnicas definidas com foco na construção, gerenciamento e
monitoramento exclusivo de suas marcas. Este processo está relacionado muitas vezes com as
estratégias de marketing e promoção dos destinos, mas ainda sem um direcionamento dado
pela gestão estratégica de marcas. Daí a necessidade da escolha de um parâmetro que
oferecesse uma visão mais holística desta realidade, e que englobasse especialmente as etapas
de mapeamento e compreensão do que vem a ser a marca de cada um destes lugares.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
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Para a atender as etapas de mapeamento e compreensão da marca, foram considerados
os fatos de que os critérios da Saffron representam os pontos de foco para a construção e
melhoria da marca de um lugar de forma mais ampla e de que eles melhor correspondiam às
categorias de análise necessárias ao método adotado no estudo e para a construção de um
instrumento de pesquisa que respondesse aos objetivos propostos.
Além disso, a apresentação objetiva dos critérios pela Saffron (2008) permitiu a
adaptação para a abordagem qualitativa aqui utilizada, tendo em vista que os objetivos de
mapear e compreender a marca requeriam uma abordagem que captasse de forma aprofundada
as nuances subjetivas das marcas dos destinos, o que não seria possível obter a partir de
modelos quantitativos, por exemplo.
Ademais, o uso do parâmetro para análise da marca de destino turísticos comprovou o
alinhamento dos critérios voltados para os atrativos e peculiaridades das localidades, e para os
aspectos diferenciadores em relação aos concorrentes, que coincidem com os elementos que
compõem o produto dos destinos, e que são relevantes para o seu posicionamento positivo nos
mercados turísticos em que atuam.
Para a utilização deste parâmetro como referência metodológica, foi possível constatar
pontos relevantes na adaptação ao contexto dos destinos turísticos brasileiros. O primeiro
deles, a necessidade de tradução dos critérios que compunham o parâmetro e pela necessidade
da compreensão de seus significados conceituais e não apenas literais. Ainda assim, durante a
realização das entrevistas, os critérios que representam os fatores acesso ao destino, conforto,
personalidade e orgulho dos moradores locais, foram os que mais apresentaram divergência
de compreensão entre os entrevistados.
O fator Acesso compreendeu tanto os acessos físicos de chegada ao destino
representados pelos diversos modais de transporte, mas também as questões de acessibilidade
e mobilidade dentro dele. Já para conforto, as associações foram feitas levando em
consideração as questões ambientais e mostraram a segurança como outra dimensão relevante
para a marca dos destinos, sobretudo para Natal e Fortaleza que apresentam maior densidade
urbana.
Outro aspecto evidenciado pelo uso do instrumento, diz respeito à forte influência dos
aspectos voltados para o entendimento das contribuições e influências das políticas públicas e
de governança nas marcas das localidades. Foi recorrente nas falas dos entrevistados, o
destaque para a relevância que as medidas e ações políticas possuem nos demais fatores,
especialmente infraestrutura física e aspectos ligados à economia local.
106
Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Aqui, é válido ressaltar a possibilidade de que a conjuntura política e econômica
brasileira durante a realização das entrevistas tenha também influenciado o destaque dado a
este critério. O Brasil, de forma geral, tem sido marcado pela instabilidade política
intensificada a partir do ano de 2016 e ainda corrente no ano de 2018, e pela crise econômica
em diversos setores econômicos e o turismo, elevando o protagonismo do tema durante a
realização das entrevistas nos destinos.
Embora a hospitalidades dos moradores tenha sido destacada pelos três destinos, para o
critério “orgulho e personalidade de seu povo” não se observou que este item possuísse
destaque na fala dos gestores entrevistados. Esta questão pode estar relacionada à forma e ao
nível de participação e envolvimento dos moradores no processo de construção e consolidação
de uma marca positiva e também com o papel que a identidade local possui neste processo,
reforçando a necessidade de um trabalho relacionado aos aspectos de engajamento,
relacionamento e de conexão com os atores que são os principais detentores da identidade da
marca, na maioria das vezes os principais responsáveis para dar consistência às estratégias e
ações que venham a ser desenvolvidas.
A partir da análise realizada com base nos critérios da Saffron também foram identificas
oportunidades de aplicação metodológica. No campo onde a pesquisa se desenvolveu foi
possível verificar a abertura para a aplicação de outras abordagens metodológicas que se
aprofundem em cada uma das dez dimensões propostas pelo parâmetro da Saffron e na
aplicação de abordagens quantitativas que possam mensurar o grau de relevância e influência
das dimensões deste parâmetro em cada localidade e dos próprios ativos e elementos de marca
identificados nos destinos.
Além disso, o uso do pluralismo metodológico se apresenta como uma opção para a
compreensão da composição das marcas pesquisas e pode representar a possibilidade do
desenvolvimento de um parâmetro original e específico para os destinos turísticos brasileiro,
visto que estes apresentam realidades, atributos, desafios e oportunidades distintos dos destinos
localizados em regiões desenvolvidas, como aqueles que deram suporte à construção do
Saffron City Brand Criteria.
Por fim, a presente pesquisa ressalta a possibilidade e a necessidade da aplicação do
parâmetro da Saffron com os moradores e visitantes dos destinos uma vez que eles podem
apresentar percepções complementares, confrontar ou confirmar os resultados aqui
apresentados.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
5 Conclusões
O contexto dos destinos é marcado pelos desafios da competitividade crescente entre
as localidades. Ela é impulsionada pelo fluxo de pessoas, de informação, conhecimento, capital
e pela intensa comunicação entre os diferentes segmentos sociais, políticos e econômicos. Esta
comunicação se dá no cotidiano das cidades, entre as pessoas que nela vivem e seus visitantes,
e junto aos demais públicos internos e externos ao lugar.
Ao longo do presente estudo foi abordado que a gestão estratégica de marcas se
configura como uma das alternativas para os destinos turísticos que desejam alcançar
posicionamento favorável e expressar os seus diferenciais, pois ela é capaz de comunicar a
identidade única do destino, distingui-lo de seus concorrentes e realizar a sua promoção.
Neste sentido, a presente pesquisa analisou três destinos litorâneos e concorrentes do
Nordeste brasileiro em relação às suas respectivas marcas, a partir do “Saffron City Brand
Criteria”, e apresentou resultados que responderam aos objetivos do estudo de identificar os
seus principais ativos, compreender seu posicionamento e diferenciação, bem como
compreender como suas marcas são analisadas na perspectiva do turismo.
O uso do parâmetro Saffron City Brand Criteria para análise da marca de destino
turísticos comprovou o alinhamento entre os critérios voltados para os atrativos e
peculiaridades das localidades, e que os de diferenciação em relação aos concorrentes
coincidem com os elementos que compõem o produto e marca dos destinos, apresentando
contribuições para o seu posicionamento nos mercados turísticos onde eles atuam.
Ao observar o panorama dos destinos pesquisados foi possível concluir que eles não
dispõem de uma marca turística definida e orientada estrategicamente para alcançar seus
objetivos; possuem foco na dimensão física e tangível dos seus ativos em detrimento das
dimensões emocional e simbólica; apresentam posicionamento baseado nos produtos turísticos
existentes, almejando atender objetivos e públicos que se assemelham; apresentam diferentes
relações entre aqueles que gerenciam a marca e aqueles aos quais a marca pertence.
Este panorama leva à reflexão sobre todas as ações que são desenvolvidas no destino,
em que se possa questionar quais os suas reais necessidade, objetivos e visão de futuro, como
estes objetivos têm sido tratado pelas entidades e representações às quais cabe a gestão do
destino, e sobre quais os benefícios que os seus recursos oferecem aos seus e visitantes e,
principalmente, aos seus moradores, e os retornos efetivos das ações e dos investimentos nele
realizados.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Na complexidade do gerenciamento da marca de um lugar residem os desafios e o
mesmo tempo a oportunidade de compreender, articular, dialogar e contribuir com os
diferentes públicos das cidades e destinos turísticos com a finalidade de gerar bem-estar,
gerenciar os seus recursos, e promover a sua identidade e os significados que cada lugar possui.
Portanto, no contexto dos destinos analisados os resultados da presente pesquisa
reforçam que os responsáveis pela gestão do lugar precisam estabelecer estratégias para o
destino que sejam coerentes com as suas realidades e que estejam integradas com as demais
estratégias de crescimento, desenvolvimento, monitoramento e regulação da localidade.
É valido ressaltar que todas estas estratégias precisam estar compreendidas dentro do
escopo da construção sociocultural dos lugares e de suas comunidades. Sem o entendimento
das dimensões intangíveis, simbólicas e emocionais que os moradores e visitantes possuem
com o destino, as melhores estratégias podem estar fadadas ao insucesso. Sem o engajamento
dos moradores no processo de construção e consolidação da marca do destino, dificilmente a
mensagem e o posicionamento que as gerências locais projetam para os seus públicos serão
entregues de forma coerente e consistente, e estão passíveis de falha.
Embora o presente estudo tenha se desenvolvido junto aos gestores e representantes
dos trades turísticos, recomenda-se que sejam realizados estudos com os demais públicos das
cidades, especialmente moradores. Recomenda-se também que sejam trabalhadas nova
aplicações para o parâmetro da Saffron através de estudos com abordagens metodológicas
mistas e quantitativas, para que sejam observadas as demais perspectivas relevantes no
processo do branding de destino turísticos, que possam identificar mais atributos e elementos
da marca e/ou mensurar o quanto eles influenciam e são relevantes para a marca dos destinos
e para a sua competitividade.
Por fim, recomenda-se aos destinos que compuseram a presente pesquisa, a
adoção da gestão estratégica de marcas de destinos turísticos tendo em vista que ela se
configura como uma alternativa capaz de comunicar a sua identidade única, distingui-los de
seus concorrentes, e promovê-los.
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TURISMO
DISCENTE: MARIA CAROLINA CAVALCANTE DIAS
PROFESSOR (A) ORIENTADOR (A): LISSA VALÉRIA FERNANDES FERREIRA
Este instrumento de pesquisa foi desenvolvido com base nos critérios do estudo “The European Saffron Brand
Barometer” realizado pela consultoria de marcas britânica Saffron Consultants em 2008. Integra a pesquisa de
dissertação da aluna Maria Carolina Cavalcante Dias (20161003890) do Programa de Pós-Graduação em Turismo
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. As informações disponibilizadas serão utilizadas apenas com
a finalidade acadêmica. Agradecemos a participação!
1. Em sua opinião, o que diferencia Natal de outro destino?
2. Em sua opinião, por que vale a pena para o turista conhecer o destino Natal?
3. Como avalia Natal no que diz respeito à:
Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
3.1. Acessos
3.2. Conforto
3.3. Segurança
3.4. Custo
3.5. Ambiente
para Negócios
Comente-os.
4. Como a visão e interesse político contribuem para o ambiente de negócios em Natal?
5. Como você se sente quando fala do destino Natal para um amigo?
6. Quais atrativos e peculiaridades destaca em Natal?
7. Em sua opinião, o que levaria alguém a decidir morar na cidade de Natal?
8. Qual sentimento descreve sua relação com Natal?
9. Quais elementos fazem-no reconhecer a marca Natal? Por quê?
10. Como você define a marca Natal?
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
APENDICE B – Carta de Apresentação
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TURISMO
Carta de Apresentação
Data e Local,
Prezado participante,
A discente Maria Carolina Cavalcante Dias, Matrícula 20161003890, é aluna do Programa de Pós-
Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e está em período de realização de
Pesquisa de campo referente ao seu trabalho de dissertação de Mestrado.
O título provisório do estudo a ser realizado pela discente é “BRANDING DE DESTINOS
TURÍSTICOS: UM ESTUDO DA MARCA DOS PRINCIPAIS DESTINOS DO NORDESTE BRASILEIRO,
A PARTIR DO “THE SAFFRON CITY BRAND CRITERIA””, tendo como enfoque o levantamento de dados
empíricos pertinentes à percepção de gestores e representantes de setores do trade turísticos das cidades de Natal
(RN), Fortaleza (CE), Maceió (AL) e Ipojuca/Porto de Galinhas (PE) em relação às suas marcas turísticas.
Destarte, é imprescindível para realização do trabalho da aluna a realização de pesquisa acadêmica junto às
representações dos setores dos trades turísticos das referidas localidades.
Posto isto, tendo em vista a significativa contribuição que tal pesquisa poderá trazer, em última instância,
à comunidade natalense, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, representada pela Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Turismo, e pela Professora Orientadora Dra. Lissa Valéria Fernandes Ferreira,
convida a instituição a participar do estudo e que autorize e contribua com a coleta de informações necessárias
para a conclusão do trabalho da presente aluna.
Desde já, agradecemos a participação na pesquisa.
Atenciosamente,
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
Profa. Dra. Lissa Valéria Fernandes Ferreira
Doutora em Administração de Empresas pela Universidade de Barcelona - Espanha, Mestre em
Comunicação e Ciência política pela Universidade Autónoma de Barcelona e Professora da
Graduação e Programa de Pós-Graduação em Turismo-UFRN.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Marcas e Estratégias de Marketing.
E-mail: [email protected]
Telefone/WhatsApp: (84) 99984-7242
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
APÊNDICE C – Termo de Autorização de Uso de Voz
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE VOZ
Neste ato, e para todos os fins em direito admitidos, autorizo expressamente a utilização da minha voz, em
caráter definitivo e gratuito, constante em áudio e transcrição decorrentes da minha participação na pesquisa de
dissertação da aluna Maria Carolina Cavalcante Dias (20161003890) do Programa de Pós-Graduação em Turismo
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, O título provisório do estudo a ser realizado pela discente é
“BRANDING DE DESTINOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO DA MARCA DOS PRINCIPAIS DESTINOS
DO NORDESTE BRASILEIRO, A PARTIR DO “THE SAFFRON CITY BRAND CRITERIA””, tendo como
enfoque o levantamento de dados empíricos pertinentes à percepção de gestores e representantes de setores do
trade turísticos das cidades de Natal (RN), Fortaleza (CE), Maceió (AL) e Ipojuca/Porto de Galinhas (PE) em
relação às suas marcas turísticas. A pesquisa realizada diz respeito ao trabalho de dissertação de mestrado em
Turismo da referida aluna, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e está sob orientação da Profa. Dra.
Lissa Valéria Fernandes Ferreira.
A voz e sua transcrição poderão ser utilizadas e exibidas: nos relatórios parcial e final do referido projeto, na
apresentação audiovisual do mesmo, em publicações e divulgações acadêmicas, em festivais e premiações
nacionais e internacionais, assim como disponibilizadas no banco de imagens resultante da pesquisa e na Internet,
fazendo-se constar os devidos créditos.
Fica autorizado a execução, edição de áudio e sua transcrição, conduzindo as reproduções que entender
necessárias, bem como a produzir os respectivos materiais de comunicação, respeitando sempre os fins aqui
estipulados.
Por ser esta a expressão de minha vontade, nada terei a reclamar a título de direitos conexos a minha voz ou
qualquer outro.
Natal,_____de________________de 2016
______________________________________
Assinatura
Nome:______________________________________________________
RG.:______________________ CPF:_____________________________
Telefone: ( ) ________________
------------------------------------------ -------------------------------------------
Maria Carolina Cavalcante Dias Lissa Valéria Fernandes Ferreira
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
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ANEXOS
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ANEXO A: MODELO SAFFRON
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Branding de Destinos Turísticos: um estudo a partir do “Saffron City Brand Criteria
© Maria Carolina Cavalcante Dias (2018)
ANEXO B – Ofício emitido pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo (UFRN)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO
Ofício nº [número do ofício] 2017/PPGTUR-UFRN
Natal, 25 de abril de 2017.
Ao Senhor
[Representação convidada]
Assunto: Solicitação de apoio para pesquisa de mestrado
Prezado Sr. [Nome do Representante],
1. Solicitamos a V. S.a a participação em entrevistas referentes à marca da cidade de Natal/RN, bem como
a disponibilização de documentos em formato físico e/ou digital que possam complementar e/ou contribuir com
os dados coletados sobre o tema. A obtenção dos dados através de documentos e entrevistas tem como objetivo
identificar os elementos constituintes da Marca Natal.
2. Os dados subsidiarão e proporcionarão maior consistência ao trabalho de mestrado desenvolvido pela
discente Maria Carolina Cavalcante Dias, matrícula nº 20161003890, que tem como objetivo de pesquisa analisar
a marca dos principais destinos concorrentes do Nordeste brasileiro, a partir do “Saffron City Brand Criteria”.
3. A referida aluna é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo (PPGTUR) da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e encontra-se em fase de coleta de dados da pesquisa de campo
necessária para a defesa de sua dissertação de mestrado.
4. Certos de sua colaboração, agradecemos desde já.
Atenciosamente,
Wilker Ricardo Mendonça Nóbrega
Coordenador do Programa de Pós Graduação em Turismo
Matrícula SIAPE 2806096
Av. Sen. Salgado Filho, S/N - Campus Universitário, Lagoa Nova
CEP-59078-970 – Natal/RN – Fone: (84) 3215-3617 - [email protected]
Home Page: www.posgraduacao.ufrn.br/ppgtur