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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU UFPI
CAMPUS SENADOR HELVDIO NUNES DE BARROS CSHNB
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
GLEISON RESENDE SOUSA
TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SADE PARA PACIENTES EM
TRATAMENTO HEMODIALTICO
PICOS
2012
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GLEISON RESENDE SOUSA
TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SADE PARA PACIENTES EM
TRATAMENTO HEMODIALTICO
Monografia apresentada ao Curso Bacharelado
em Enfermagem da Universidade Federal do
Piau, Campus Senador Helvdio Nunes de
Barros, como requisito parcial para a obteno
do ttulo de Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Prof Ms. Maria Alzete de Lima
PICOS
2012
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FICHA CATALOGRFICA Servio de Processamento Tcnico da Universidade Federal do Piau
Biblioteca Jos Albano de Macdo
S725t Sousa, Gleison Resende.
Tecnologia educativa em sade para pacientes em tratamento hemodialtico / Gleison Resende Sousa. 2012.
CD-ROM : il. ; 4 pol. (110 p.) Monografia(Bacharelado em Enfermagem) Universidade
Federal do Piau, Picos, 2012. Orientador(A): Profa. MSc. Maria Alzete de Lima
1. Hemodilise. 2. Educao em Sade. 3. Enfermagem. I. Ttulo.
CDD 616. 614 072
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Algumas pessoas marcam nossas vidas
para sempre, umas porque nos vo
ajudando na construo, outras porque
nos apresentam projetos de sonhos e
outras nos desafiam a constru-las.
Dedico este trabalho a meus pais,
Joaquim e Luciene, em especial a minha
me, minha amiga, conselheira e acima
de tudo meu grande exemplo de vida. E a
todos meus familiares pelo apoio
incondicional.
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AGRADECIMENTOS
Antes de agradecer a todos que contriburam nesta realizao da minha vida, gostaria de dizer
o quanto estou feliz em concluir o curso de Bacharelado em Enfermagem na Universidade
Federal do Piau. Foi realmente um presente, apesar dos caminhos trilhados no terem sido
fceis, mas fui abenoado por Deus, por sempre abrir meus caminhos, desviando obstculos e
abenoando minhas decises, enfim, iluminando minha vida. Obrigado Senhor, graas a Ti, a
Tua providncia, tudo aconteceu no momento certo.
Aos meus pais, Joaquim Bezerra e Luciene Resende, por sempre terem me proporcionado
todas as condies necessrias para eu me desenvolver como pessoa e futuro profissional. O
carinho de vocs recarregam minhas energias.
A minha filha, Amanda Isabelle, por sua inocncia e por dar um novo significado ao meu
prprio universo desde que veio ao mundo, a Aline Mendes, me de minha filha, por todo
carinho, amizade e incentivo durante essa jornada.
Aos meus irmos, Gleiciane, Francisco, Gracinha, Karoline (in memoriam) e Laisse, pelo
afeto, unio durante essa jornada e por sempre acreditarem em mim.
Aos meus pequenos sobrinhos, Charles Victor e Joaquim Neto, por suas travessuras e
gargalhadas que alegram toda casa e por todo carinho repassado.
A todos meus familiares pelo apoio e incentivo durante essa caminha, em especial a minha
tia Raimundinha, minha segunda me.
Aos meus amigos, Wellyda, Gleiciane Lucena, Gustavo, Rose, Solane, Clara, Jssica
Alves, Maycon e Renildo, melhores pessoas que conheci durante esses quatro anos e meio de
curso, por poder contar com a companhia, com o carinho e o bom humor de vocs. Vrias
vezes compartilhamos angstias, alegrias, festas, filmes, almoos no Picos Pallace, conquistas
e trocamos sem duvidas muitas idias. Ter encontrado vocs nesse caminho foi maravilhoso e
tenho certeza que o momento que passamos juntos durante a graduao ficaro sempre na
memria.
A Prof Ms. Maria Alzete de Lima, orientadora desta pesquisa, pela ateno, ensinamentos,
incentivo, dedicao durante um ano, em especial nos momentos da elaborao desta pesquisa
e principalmente pela pacincia e palavras amigas quando necessria. Obrigado pela
confiana, calma e por acreditar em meu potencial. Foi um privilgio t-la como orientadora.
A todos os funcionrios da Clnica de Hemodilise, pelo respeito, compreenso e ajuda
durante a coleta de dados.
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Aos pacientes renais, pela disposio e ateno em responder a todos os questionamentos e
pela participao na atividade educativa, pois sem eles no teria sido possvel a realizao
desta pesquisa.
A Ana Maria, bolsista deste projeto, pelo apoio e ajuda durante a atividade educativa e na
elaborao da cartilha.
Aos membros da banca pela disponibilidade para leitura e pelas consideraes que sero
feitas neste trabalho.
A todos os professores do Curso de Bacharelado em Enfermagem da UFPI, pelos
ensinamentos e conhecimentos repassados durante a graduao, em especial a Prof Ms.
Laura Formiga, pela amizade, incentivo e apoio durante minha vida acadmica, se tornando
uma pessoa especial que ser levada por resto da vida!
A todos vocs, a minha eterna gratido.
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Quando e se, devido a um acidente ou
doena, algo ocorre que destri ou modifica
qualquer parte do nosso corpo, ns
necessitamos reorganizar completamente a
nossa prpria imagem e, enfim, a concepo
que fazemos de ns mesmos.
Schacter & Singer
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RESUMO
A doena renal crnica tem recebido grande ateno nos ltimos anos, por desempenhar
importante papel na morbimortalidade da populao mundial. Os pacientes renais necessitam
da terapia dialtica, ressalta-se que a hemodilise amplamente instituda, esta condio causa
inmeros sentimentos e medo, sendo a Enfermagem uma boa ferramenta para trabalhar esses
sentimentos e explicar sobre sua nova condio de vida, tratamento, dieta, medicamentos e
restrio hdrica, desenvolvendo assim educao em sade e consequentemente maior adeso
teraputica instituda. Objetivou-se desenvolver tecnologia educativa em sade para
pacientes portadores de insuficincia renal crnica. Trata-se de estudo qualitativo, do tipo
pesquisa-ao, realizado com oito pacientes de um centro de tratamento para pessoas com
doena renal crnica do municpio de Picos-PI, credenciada ao SUS, por meio de aplicao de
um roteiro de entrevista, contendo dados de identificao sociodemogrfica e
questionamentos que permitiu avaliar o grau de conhecimento sobre a doena, nos meses de
maro e abril de 2012. As informaes obtidas foram submetidas tcnica de anlise de
contedo proposta por Bardin como forma de organizao dos dados e depois ao modelo
pedaggico de Paulo Freire para realizao das atividades educativas. Todos os preceitos
ticos relacionados a pesquisas envolvendo seres humanos foram seguidas. O projeto recebeu
aprovao do Comit de tica em Pesquisa da Universidade Federal do Piau, com parecer n
0422.0.045.000-11. Foi possvel evidenciar que a maioria dos sujeitos era do sexo masculino
(6), com mdia de idade de 42 anos, casado (6), com baixo ndice de escolaridade com media
de cinco anos de estudo, a grande maioria encontrava-se desempregada (7), no sabiam
informar a sua doena renal de base (7) e tinham uma mdia de um ano e oito meses de
tratamento. Depreendeu-se dos relatos desconhecimento sobre a doena e funo renal, erros
na formulao do conceito de fstula arterial, e ainda, discrepncia entre informaes
relacionadas doena, tratamento e orientaes sobre o autocuidado. Foi possvel evidenciar
necessidade de implementao da prtica de educao em sade no intuito de melhorar a
assistncia e superar deficincias evidenciadas neste estudo relativas a conhecimento
essenciais. Em decorrncia desse resultado foi realizada atividade educativa, com o objetivo
de validar mtodo capaz de oferecer subsdio ao processo de aprendizagem, para tanto foi
criado prottipo de cartilha educativa que ser aperfeioada em estudos futuros. Concluiu-se
que existe uma necessidade de cuidados voltada promoo da sade por meio de estratgias
educativas que promovam autonomia do sujeito na busca por mudana de comportamento.
Neste sentido, construiu-se tecnologia educativa, por meio de uma cartilha para portadores de
doena renal crnica, para proporciona-los conhecimento sobre a doena e o tratamento.
Defende-se que essas informaes podem garantir maior adeso teraputica instituda. Este
estudo contribuiu para conscientizar sobre a importncia da ampliao das discusses sobre o
conhecimento dos pacientes diante das mudanas em decorrncia das afeces crnicas.
Palavras-chave: Hemodilise; Educao em sade, Enfermagem.
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ABSTRACT
Chronic kidney disease has received large attention in the last years, to play an important
paper in morbimortality of the population. The renal patients need dialysis therapy, it is
notable that hemodialysis is largely instituted, this condition causes several feelings and fear
being the Nursing a great tool to work on these feelings and explain about their new living
conditions, treatment, diet, medications and fluid restriction thus developing education in
health and consequently greater adherence to therapy. Aimed to meet the necessities of
education in health patients on hemodialysis. This is a qualitative study, an action research,
conducted with eight patients in a treatment center for people with chronic kidney disease in
the city of Picos - PI, registered to SUS, through application of a script of interview
containing identification data and socio-demographic questions that possible to evaluate level
of knowledge about the disease, in the months of March and April 2012. The data obtained
were subjected to the technique of analysis of content proposal by Bardin as a form of
organizing the data and then to the pedagogical model of Paulo Freire to performing
educational activities. All ethical principles related to research involving human subjects were
followed. The project was approved by the Ethics Committee in Research of Universidade
Federal do Piau, with seeming N 0422.0.045.000-11. It was observed that the majority of
subjects (6) were male with a mean the age of 42 years, majority married (6), with low
average educational level five years of study, much was unemployed (7), did not know their
kidney disease basis (7) and had an average of one and eight months of treatment. It was also
verified the necessity of information about the functions of the kidneys, causes that may to
lead to the development of renal disease, ideal nutrition, and hemodialysis treatment. Based
on these findings was performed educational activities with the objective validate the method
able to provide subsidy learning process for both it was created a prototype was established
educational folder that will be improved in future studies. It was concluded that there is a
necessity of cares directed to health promotion through educational strategies that promote
autonomy of the subject in the search for behavioral change. With this intention, should to
provide knowledge about the disease and treatment, it is claimed that these orientations can
secure greater adherence to instituted therapy. These orientations were compiled in a proposal
light technology. This study contributed to educate about the importance of expansion of the
discussions on the knowledge of patients facing changes because of chronic conditions.
Keywords: Hemodialysis, Healthy Education, Nursing.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CAAE Dilise Peritoneal Ambulatorial Contnua
CFM Conselho Federal de Medicina
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
CSHNB Campus Senador Helvdio Nunes de Barros
DM Diabetes Mellitus
DPA Dilise Ambulatorial Automatizada
DPAC Dilise Peritoneal Ambulatorial Contnua
DPI Dilise Peritoneal Intermitente
DRC Doena Renal Crnica
FAV Fstula Arteriovenosa
HAS Hipertenso Arterial Sistmica
HD Hemodilise
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IRC Insuficincia Renal Crnica
PNAD Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio
SBN Sociedade Brasileira de Nefrologia
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TR Transplante Renal
TRS Terapia Renal Substitutiva
UFPI Universidade Federal do Piau
Certificado de Apresentao para Apreciao tica
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LISTA DE FIGURAS E QUADROS
Figura 1 - Esquema do referencial terico para o cuidado em sade na rea de
nefrologia, segundo Trintini e Cubas (2005)..............................................
28
Figura 2 - Fluxograma mostrando as etapas da anlise dos dados.............................. 33
Figura 3 - Fluxograma mostrando as etapas na realizao da atividade educativa..... 35
Figura 4 - Esquema ilustrativo demonstrando o processo educativo paralelo ao
processo de enfermagem, segundo preceito de Bastable
(2010)..........................................................................................................
41
Figura 5 - Cartilha educativa demonstrando formas ilustrativas da anatomia do
sistema urinrio...........................................................................................
53
Figura 6 -
Figura 7
Cartilha educativa contendo informaes sobre o autocuidado................
.
Cartilha educativa contendo informaes sobre os tipos de tratamentos...
54
54
Quadro 1 - Percepo do paciente e Compreenso sobre a doena. Picos/PI,
mar./abr., 2012............................................................................................
46
Quadro 2 - Compreenso do funcionamento renal e as Causas da doena renal.
Picos/PI, mar./abr., 2012........................................................................
47
Quadro 3 - Cuidados realizados enquanto IRC; Cuidados nutricionais e
Conhecimento sobre o tratamento. Picos/PI, mar./abr., 2012....................
48
Quadro 4 - Conhecimento sobre confeco e Cuidados com a FAV. Picos/PI,
mar./abr., 2012............................................................................................
50
Quadro 5 - Necessidades educacionais e Preferncia de mtodos educativos.
Picos/PI, mar./abr., 2012............................................................................
51
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................................ 14
2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17
2.1 Geral ............................................................................................................................ 17
2.1 Especficos .................................................................................................................. 17
3 REVISO DE LITERATURA .................................................................................. 18
3.1 Doena Renal Crnica ................................................................................................ 18
3.2 Tratamento .................................................................................................................. 19
3.3 Hemodilise ................................................................................................................ 20
3.4 Complicaes Ligadas ao Tratamento ........................................................................ 21
3.5 Influncia do Tratamento Dialtico na Vida dos Pacientes ......................................... 23
3.6 Enfermagem em Nefrologia ........................................................................................ 24
3.7 Importncia da Educao em Sade no Tratamento Hemodialtico ........................... 25
3.8 Importncia das Tecnologias Educativas na rea da Sade ...................................... 26
4 METODOLOGIA ....................................................................................................... 28
4.1 Tipo de Estudo ............................................................................................................ 28
4.2 Referencial Terico do Estudo .................................................................................... 28
4.3 Cenrio da Pesquisa .................................................................................................... 29
4.4 Perodo do Estudo ....................................................................................................... 29
4.5 Sujeitos do Estudo ....................................................................................................... 29
4.5.1 Critrios de Incluso ............................................................................................ 30
4.5.1 Critrios de Excluso ........................................................................................... 30
4.6 Etapas do Estudo ......................................................................................................... 30
4.6.1 Etapa 1: Levantamento das Necessidades de Conhecimento dos Sujeitos .......... 30
4.6.1.1 Organizao e Anlise dos Dados .................................................................. 31
4.6.2 Etapa 2: Atividade Educativa ............................................................................... 34
4.6.3 Etapa 3: Construo do Material Educativo......................................................... 40
4.7 Aspectos ticos e Legais ............................................................................................ 44
5 RESULTADOS ............................................................................................................ 45
5.1 Caractersticas Sciodemogrficas e Biogrficas ...................................................... 45
5.2 Categorias Emergidas das Falas dos Sujeitos ............................................................. 45
5.2.1 Categorias: Percepo do paciente e Compreenso sobre a doena .................... 45
5.2.2 Categorias: Compreenso do funcionamento renal e Causas da doena renal .... 47
5.2.3 Categorias: Cuidados realizados enquanto IRC e Conhecimento sobre o trata-
mento ............................................................................................................................. 48
5.2.4 Categorias: Conhecimento sobre confeco da FAV e Cuidados com a FAV .... 49
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5.2.5 Categorias: Necessidades educacionais e Preferncia de mtodos educativos .... 50
5.3 Cartilha Educativa para Pacientes com Insuficincia Renal Crnica ......................... 53
6 DISCUSSO ................................................................................................................. 56
7 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 69
REFERNCIAS .............................................................................................................. 71
APNDICES
ANEXOS
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1 INTRODUO
Conceitualmente a doena renal crnica (DRC) ocorre aps uma perda
irreversvel e progressiva da massa de nfrons. O aumento na incidncia e prevalncia dessa
doena na ltima dcada a torna um grande problema de sade pblica no mundo. Entres as
principais causas da insuficincia renal crnica (IRC) esto o diabetes mellitus (DM), a
hipertenso arterial sistmica (HAS) e o envelhecimento da populao, bem como, a
glomerulonefrite crnica, as uropatias obstrutivas e a doena renal policstica.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) (2010), no Brasil
existem 682 unidades renais cadastradas na SBN, destas apenas, 340 declararam oferecer
Programa Crnico Ambulatorial de Dilise, prestando servio para um total de 49.077
pacientes em tratamento de substituio renal.
Esta em suas diversas modalidades, em particular a hemodilise, constitui-se num
aparato de grande complexidade tecnolgica capaz de substituir parcialmente a funo renal.
Em decorrncia da complexidade envolvida na hemodilise, pode-se observar,
empiricamente, a existncia de diversas intercorrncias clnicas. Somadas a estes elementos, o
paciente traz consigo incertezas e medo (SILVA et al., 2008).
De acordo com a necessidade de depurao de solutos estabelecida a
permanncia do paciente em cada seo de hemodilise para manuteno do equilbrio
hidroeletroltico e cido-bsico. Em geral, as sesses de hemodilise ocorrem trs vezes por
semana durante, pelo menos, trs a quatro horas por sesso. Destaca-se o grande intervalo de
tempo no qual o paciente permanece em tratamento dialtico, nas clnicas ou unidades
hospitalares.
Durante este perodo apresenta diversas complicaes de ordem fisiolgicas,
impondo ao indivduo limitaes que extrapolam esse mbito, afetando tambm aspectos
psicolgicos e sociais. Portanto o cliente renal crnico encontra-se, ao realizar hemodilise,
diante de duas situaes concretas: a revelao de uma ameaa de gravidade definitiva
integridade de uma parte do seu corpo, os rins, e da dependncia contnua da manuteno da
vida aos meios mecnicos. Para os enfermos a mquina de hemodilise representa a
manuteno de uma homeostase fisiolgica, e por que no dizer, a manuteno de sua vida
(LIMA; CAVALCANTI, 1996).
Com isso, estes pacientes enfrentam muitos questionamentos relacionados com
um novo conviver e adaptao s condies impostas pela rotina do tratamento dialtico, no
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qual, o conhecimento da doena por meio de educao em sade constitui aspecto muito
relevante no tratamento e fase de adaptao.
Atualmente evidncias mostram que a promoo da sade representa uma
estratgia nos mbitos poltico, assistencial, educacional e gerencial com um arcabouo
conceitual e metodolgico que contribui para a transformao da lgica das aes de sade
(SILVA et al., 2009).
Neste sentido, defende-se que o enfermeiro deve desenvolver atividades
educativas junto aos clientes, principalmente, relativas ao autocuidado, com o objetivo de
conduzi-los sua independncia em questes de sade. Esta ideia corrobora com os preceitos
defendidos por Mendes (2012), no qual, incorpora o conceito de autocuidado apoiado aos
preceitos da promoo da sade. Tal princpio contempla a prtica educativa vinculando a
continuidade dos cuidados prestados pelos profissionais de enfermagem.
Contudo, necessrio uma abordagem com uma linguagem acessvel para facilitar
o entendimento e cooperao no tratamento, incentivando-o a enfrentar as mudanas advindas
com a doena e a alcanar o bem-estar , emponderando-se, portanto, das questes relativas ao
processo de adoecimento (PACHECO; SANTOS; BREGMAN, 2006).
Segundo Hoffart (2009) o Enfermeiro Nefrologista deve formular estratgias de
apoio e ensino ao paciente como componentes essenciais, a fim de ajud-los a lidar com a
nova realidade do tratamento.
Entretanto, corrobora-se que existe uma necessidade de se levantar previamente
seus conhecimentos e experincias, isso facilita a compreenso das reais necessidades de
aprendizagem desses pacientes e, tambm, a adoo da melhor estratgia e do mais adequado
contedo para implementar uma ao de interveno eficaz do enfermeiro (CESARINO;
CASAGRANDE, 1998).
Considerando, ainda, a familiaridade com o tema durante a prtica de estgios em
clnicas que atendem este pblico, surgiu interesse em pesquisar as necessidades de educao
em sade dos pacientes em hemodilise e desenvolver tecnologia educativa capaz de ser
utilizada pelos usurios do servio.
Acredita-se que as atividades de educao em sade destinadas s pessoas com
problemas renais crnicos e para a populao de um modo geral, no devam ser estticas, pois
a simples transmisso da informao no assegura mudanas significativas que levem
melhoria na sade. necessria uma reflexo crtica da equipe de sade, buscando, as reais
necessidades dos pacientes, considerando-se as caractersticas individuais como forma de
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melhor direcionar as prticas educativas, e com isso, construir ferramenta essencial para a
promoo da sade desses indivduos.
Neste sentido, este estudo se prope a desenvolver tecnologia educativa em sade
para pacientes portador de insuficincia renal crnica submetido hemodilise no intuito de
contribuir para melhoria da qualidade de vida desses indivduos sendo de grande relevncia
para Enfermagem, pois incentivar os profissionais enfermeiros a trabalharem com a prtica
da aprendizagem colaborativa, crtica e reflexiva. Renovando, desta forma, o atendimento
assistencialista para dentro de um contexto educativo. Alm disso, almeja-se que este estudo
sirva para a ampliao de novas pesquisas.
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2 OBJETIVOS
2.1 Geral:
Desenvolver tecnologia educativa em sade para pacientes portador de insuficincia
renal crnica
2.2 Especficos:
Conhecer as necessidades de educao em sade dos pacientes em hemodilise;
Elaborar estratgia educativa de acordo com as necessidades encontradas;
Implementar estratgia educativa voltada as necessidades dos pacientes.
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3 REVISO DE LITERATURA
3.1 Doena Renal Crnica
A doena renal crnica constitui, atualmente, importante problema de sade
pblica. No Brasil, a prevalncia de pacientes mantidos em programas assistenciais destinados
ao controle e tratamento de insuficincia renal crnica dobrou nos ltimos anos (PECOISTS-
FILHO; RIELLA, 2003).
Esta doena tem como principais complicaes o aumento da uria no sangue
(azotemia), a qual desencadeia uma srie de sinais e sintomas conhecidos como uremia ou
sndrome urmica. As causas principais podem ser: pr-renal (em decorrncia da isquemia
renal); renal (consequente de doenas como as glomerulopatias, hipertenso arterial, diabetes
etc); ps-renal (em virtude da obstruo do fluxo urinrio) (FERMI, 2003).
Dados epidemiolgicos revelaram que no final de 2004 existiam
aproximadamente 1,8 milho de pacientes submetidos Terapia Renal Substitutiva (TRS) no
mundo, representando uma prevalncia de 280 pacientes por milho de populao. Desses,
77% encontrava-se em alguma forma de dilise e 23% eram de transplantados renais
(GRASSMANN et al., 2005). No Brasil, de acordo com o censo da Sociedade Brasileira de
Nefrologia (2010) o nmero estipulado neste ano foi cerca de noventa e dois mil pacientes em
TRS.
Sendo que os primeiros sintomas da IRC podem demorar anos para serem
notados, o mesmo ocorre com a sndrome urmica, tpica da IRC terminal, o que demonstra
grande capacidade adaptativa dos rins, permitindo que seres humanos mantenham-se vivos
com apenas 10% da funo renal (FERNANDES et al., 2000).
Com isso os primeiros sintomas comeam a aparecer tais como: nictria, poliria,
oligria, edema, hipertenso arterial, fraqueza, fadiga, anorexia, nuseas, vmito, insnia,
cibras, prurido, palidez cutnea, xerose, miopatia proximal, dismenorria, amenorria, atrofia
testicular, impotncia, dficit cognitivo, dficit de ateno, confuso, sonolncia, obnubilao
e coma (CARPENITO, 1999).
O diagnstico da doena renal crnica baseia-se na identificao de grupos de
risco, presena de alteraes de sedimento urinrio (microalbuminria, proteinria, hematria
e leucocitria) e na reduo da filtrao glomerular avaliao pelo clearance de creatina
(BRASIL, 2006).
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De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (2010) algumas doenas so
consideradas como base para levar o paciente a ter a DRC, sendo a hipertenso arterial
(35,2%) o maior fator de risco entre as doenas, em seguida encontra-se o diabetes mellitus
(27,5%) como a segunda maior doena de base, em pacientes renais crnicos.
Segundo Ramos et al. (2008) o diagnostico da DRC um processo dificultoso e
no depende somente da equipe dos profissionais de sade, mas tambm do prprio paciente
devido descoberta tardia das manifestaes presentes no seu corpo. Por isso, na maioria das
vezes, o paciente necessita de tratamentos de substituio renais imediatos.
3.2 Tratamento
Aps diagnstico da doena, surge o impacto da convivncia com a mesma e com
seu tratamento. Os tratamentos disponveis para os clientes renais crnicos so a dilise
peritoneal ambulatorial contnua (DPAC), a hemodilise (HD) e o transplante renal (TR),
sendo importante ressaltar que nenhum deles de carter curativo e, assim, apenas visam
aliviar os sintomas dos clientes e preservar suas vidas ao mximo (BRANCO; LISBOA,
2010).
Inicialmente o tratamento da DRC depende da evoluo da doena, podendo ser
conservador com uso de medicamentos, diettico e restrio hdrica (RIELLA, 2003). Esse
tratamento tem como meta auxiliar a reduo do ritmo da progresso da doena renal,
utilizando-se de orientaes dietticas que objetivam a promoo de um estado nutricional
adequado, controle dos distrbios metablicos e da sintomatologia urmica (NERBASS;
FEITEN; CUPPARI, 2007).
O tratamento medicamentoso objetiva o controle das doenas crnicas instaladas,
bem como a correo de distrbios metablicos e urmicos. A restrio hdrica pode ser
necessria para aqueles pacientes que durante as fases de reduo na taxa de filtrao
glomerular apresentam diminuio do volume de diurese produzido (GRICIO; KUSUMOTA;
CNCIDO, 2009).
Porm, quando o tratamento conservador torna-se insuficiente, necessrio iniciar
a dilise que substitui, em parte, a funo dos rins (RIELLA, 2003). Segundo Martins e
Cesarino (2005), as modalidades de tratamento para doena crnica terminal so: a dilise
peritoneal ambulatorial contnua (DPAC), dilise peritoneal automatizada (DPA), dilise
peritoneal intermitente (DPI), hemodilise (HD) e o transplante renal (TR).
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Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia nos anos de 2004/2005 existiam
65.121 pacientes submetidos terapia renal substitutiva. Desses, 57.988 em hemodilise,
4.363 em dilise peritoneal ambulatorial contnua, 2.487 em dilise peritoneal automatizada e
285 em dilise peritoneal intermitente. De acordo com o Censo da SBN (2010) existem
atualmente 92 mil pacientes em tratamento renal substitutivo em todo o pas, sendo a
hemodilise o tratamento de maior alcance na atualidade.
3.3 Hemodilise
A histria da hemodilise a histria tambm dos componentes necessrios para
sua realizao: anticoagulantes, circuito extracorpreo, bomba de sangue, membrana
dialisadora, filtro dialisador e acesso a circulao sangunea (TOM et al., 1999).
Ainda segundo o autor os conceitos de osmose e dilise descritos por Thomas
Graham, em 1854, s foram aplicados para tratamento da uremia em humanos em 1918 por
G. Ganter e em 1924 por George Hass. Aps um perodo inicial de dificuldades, a era da
dilise como tratamento efetivo da insuficincia renal comeou em 1945 quando ocorreu a
primeira hemodilise, utilizando as tcnicas do Dr. Willem Kolff bem-sucedida.
Com o desenvolvimento cientfico e tecnolgico, vrios modelos de dilise foram
criados. Hoje, a hemodilise um dos tipos de tratamento de tecnologia teraputica mais
usada para substituio dos rins, que d sobrevida ao paciente, ou seja, alivia suas dores e
supre suas necessidades fisiolgicas. Apesar de no trazer a cura, essa teraputica pode
prolongar a vida dos portadores da DRC (MARTINS; CESARINO, 2005).
Os objetivos da hemodilise so: extrair as substncias nitrogenadas txicas do
sangue e remover o excesso de gua. O sangue, carregado de toxinas e resduos nitrogenados,
desviado do paciente para a mquina dialisadora, no qual limpo e, em seguida, devolvido
ao paciente. Nesse processo, grandes quantidades destas substncias podem ser removidas de
forma relativamente rpida e de maneira efetiva. O sangue removido do corpo para o
sistema extracorpreo, mquina de dilise, atravs de uma bomba, que o impulsiona para
dentro de um filtrodialisador, tambm conhecido como rim artificial (SMELTZER; BARE,
2011).
Especificamente, tudo ocorre pela passagem de dois fludos, sangue e solues
dialticas, onde so separadas por uma membrana semipermevel. Esses dois fludos no se
misturam, mas, com movimentos bidirecionais que acontecem pela membrana
semipermevel, as partculas dos solutos atravessam seus poros atravs de gradiente de
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concentrao, acontecendo assim, as trocas de solues. Se h diferena de concentrao entre
os fluidos, o nmero de partculas que atravessam a membrana oriunda do lado de
concentrao mais alta maior. Todo esse processo se realiza por trs princpios, difuso,
conveco e absoro (OLIVEIRA, 2009).
Segundo Oliveira (2009), o mecanismo da HD ocorre da seguinte maneira: o
sangue com substncias txicas sai do organismo atravs do acesso vascular, impulsionado
por uma bomba, percorre um circuito extracorpreo atravs de um equipo arterial, e entra no
dialisador instalado na mquina; o sangue na mquina passa pelo dialisador/filtro, entrando
em contato com o banho de dilise; o banho de dilise uma soluo que, em virtude da sua
concentrao e composio qumica, atrai as impurezas e a gua contida no sangue. As
impurezas atravessam a membrana e passam para o banho; o banho que adquiriu as impurezas
e a gua do sangue sai atravs dos drenos para fora da mquina e o sangue agora limpo,
purificado, sai pelo outro lado da mquina, retornando ao paciente pelo equipo venoso e
agulha venosa. A circulao do sangue pelo circuito extracorpreo s possvel se o sistema
se mantiver anticoagulado.
Com relao ao tempo de permanncia em tratamento hemodialtico, este
processo tem durao de 4 horas em mdia, com trs sesses por semana (TERRA et al.,
2010). Assim, esses usurios da hemodilise passam, em mdia, 40 horas mensais durante
anos e anos na unidade de hemodilise ligados a uma mquina e monitorados por
profissionais de sade. (TRENTINI et al., 2004).
3.4 Complicaes Ligadas ao Tratamento
Os pacientes submetidos ao tratamento dialtico esto susceptveis ao
desencadeamento de diversas complicaes decorrentes da sesso dialtica. As complicaes
podem ser eventuais, mas algumas so extremamente graves e fatais (FAVA et al., 2006).
Entre as complicaes decorrentes do procedimento hemodialtico as mais
frequentes so: hipotenso, cimbras musculares, prurido, dor torcica, nuseas e vmitos,
embolia gasosa, febre e calafrios, hipertenso arterial, entre outras (NASCIMENTO;
MARQUES, 2005).
A hipotenso a complicao mais frequente durante a hemodilise, sendo um
reflexo primrio da grande quantidade de lquidos que removida do volume plasmtico
durante uma sesso rotineira de dilise. Em geral, as causas comuns da hipotenso durante a
hemodilise so: flutuaes na velocidade de ultrafiltrao, velocidade de ultrafiltrao alta,
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peso seco almejado muito baixo, medicamentos anti-hipertensivos, superaquecimento da
soluo de dilise, ingesto de alimentos, entre outros (DALGIRDAS; BLAKE; ING, 2008).
As cibras musculares ocorrem em at 20% dos tratamentos de hemodilise. A
patognese no totalmente conhecida, mas est provavelmente relacionada ultrafiltrao
rpida, hiponatremia e hipotenso, comprometem mais os membros inferiores e
frequentemente so precedidas de hipotenso arterial (VIEIRA et al., 2005; CASTRO, 2001).
O prurido (coceira) o sintoma de pele mais importante nos pacientes urmicos,
alm de ser uma complicao durante a sesso de hemodilise, tambm a manifestao mais
comum nos portadores de IRC, e tem sido atribudo ao efeito txico da uremia na pele,
podendo estar associado alergia a heparina e resduos de xido de etileno, por exemplo. Em
alguns pacientes a sensao to intensa que causa escoriaes na pele, crostas hemorrgicas,
pstulas e formao de ndulos (FERMI, 2003).
A dor torcica pode acontecer devido diminuio PO2 com a circulao
extracorprea, as nuseas e vmitos so sintomas comuns, e podem estar associadas a outras
complicaes agudas. A embolia gasosa uma complicao rara de acontecer, mas pode
ocorrer se o ar entra no sistema vascular do paciente e pode ser fatal (SMELTZER; BARE,
2011).
A febre e os calafrios esto ligados ao fato de os pacientes renais crnicos serem
imunodeprimidos e, consequentemente, terem uma suscetibilidade aumentada para infeces,
sendo que as infeces bacterianas parecem progredir de maneira mais rpida e a cura parece
ser mais lenta nos pacientes renais crnicos (RODRIGUES, 2005).
A hipertenso durante a dilise geralmente produzida por ansiedade, excesso de
sdio e sobrecarga de lquidos. Isso pode ser confirmado comparando-se o peso do paciente
antes da dilise com o peso ideal ou seco. Quando a sobrecarga hdrica a causa da
hipertenso, a ultrafiltrao trar, geralmente, uma reduo na presso sangunea, levando
normalizao da presso (SANDE et al., 2004).
Como observado, a ocorrncia de complicaes apresentadas pelos pacientes
renais crnicos durante as sesses de hemodilise frequente. Assim, a constante avaliao
dessas complicaes deve estar inserida em qualquer programa de controle da qualidade do
tratamento. Deve tambm orientar o paciente sobre as possveis complicaes e como elas
ocorrem, para que este esteja alerto a qualquer alterao fsica durante a hemodilise (TERRA
et al., 2010).
Por isso neste universo marcado pela especificidade do paciente renal crnico e
pela complexidade do tratamento, no basta que os profissionais se preocupem somente com a
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utilizao de recursos tecnolgicos sofisticados ou com a adequao estrutural dos servios de
hemodilise. Torna-se imprescindvel o resgate e a valorizao do paciente enquanto pessoa
que tem a sua forma singular de pensar, agir e sentir (TERRA et al., 2010).
3.5 Influncia do Tratamento Dialtico na Vida dos Pacientes
Segundo Branco e Lisboa (2010), discorrer sobre o cotidiano e o emocional do
cliente renal , antes de tudo, uma trajetria de perdas que vai alm da perda da funo renal.
O indivduo com DRC vivencia mudanas bruscas na sua vida, tornando-se
desanimado, desesperado e, muitas vezes, devido a isso ou por falta de orientao, abandona o
tratamento deixando de se importar com os constantes cuidados necessrios para sua
qualidade de vida (CESARINO; CASAGRANDE, 1998).
Esses indivduos realizam as sesses de hemodilise com frequncia e tempo
indicado, porm, percebe-se que uma proporo significativa tem dificuldade de aderir s
teraputicas do tratamento. Entre estas dificuldades esto o cumprimento do controle de peso
interdialtico, obedincia s restries hdricas e dietticas, adoo do tratamento
medicamentoso controlador dos sintomas causados pelas doenas associadas IRC, como a
hipertenso arterial, o diabetes mellitus, entre outras (MALDANER et al., 2008).
Com relao hemodilise, o tempo gasto neste procedimento acarreta a ruptura
do cotidiano do indivduo com IRC, visto que a permanncia de aproximadamente 4 horas
para execuo da HD gera nele um desgaste fsico e emocional por ter seu cotidiano quase
todo preenchido com atividades ligadas doena, como, por exemplo, consultas mdicas,
sesses de HD trs vezes por semana, dietas e a impossibilidade de execuo de atividades
que requeiram muito esforo, pois a maioria dos clientes com IRC sente fraqueza e cansao,
dessa forma dificultando o desempenho normal de suas atividades ocupacionais, o que pode
desestruturar, por consequncia, o seu convvio social (BRANCO; LISBOA, 2010).
Com isso, os indivduos com DRC precisam ser orientados sobre: a enfermidade
em si e o seu tratamento, as formas de terapia renal substitutiva e os riscos e benefcios
associados a cada modalidade teraputica, sobre os acessos vasculares, sobre a confeco
precoce do acesso dialtico (fstula artrio-venosa ou cateter para dilise peritoneal), dieta,
restrio hdrica, uso de medicamentos, controle da presso arterial e da glicemia. Essa
orientao fundamental para reduzir o estresse inicial, viabilizar o autocuidado, diminuir as
intercorrncias decorrentes do tratamento e aumentar a adeso ao esquema teraputico
(SANTOS; ROCHA; BERARDINELLI 2011).
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Por isso necessrio que os profissionais da sade, em especial os da
Enfermagem, possam construir tticas imprescindveis implementao de orientaes e
aconselhamentos para avaliar, discutir e sensibilizar o indivduo sobre o impacto potencial da
doena em sua rotina diria, definindo posteriormente com ele, estratgias factveis ao
incremento da correta adeso (FA; SANTOS; SOUZA, 2006).
3.6 Enfermagem em Nefrologia
A prtica do cuidar de clientes com doena renal crnica, necessitando do
tratamento hemodialtico, um desafio para a enfermagem. Esse problema caracteriza uma
fase da vida de uma pessoa que era saudvel, aparentemente sem necessidade de orientaes e
cuidados de sade, e passa a depender do atendimento constante e permanente de um servio
de sade, de uma mquina para desenvolver a tecnologia dialtica administrada por uma
equipe multiprofissional (SANTOS; ROCHA; BERARDINELLI, 2011).
Nesse sentido, o enfermeiro tem papel fundamental porque, apesar de a educao
do cliente com DRC ser um compromisso de toda a equipe de sade, esse profissional o
elemento da equipe que atua de modo mais constante e mais prximo dessa clientela
(SOUZA, 2004).
Portanto, ele est capacitado para identificar as necessidades dos clientes e intervir
de forma eficaz (SANTOS, 2008). o enfermeiro que, atravs do cuidado de enfermagem,
planeja intervenes educativas junto aos clientes, de acordo com a avaliao que realiza,
visando ajuda-los a reaprender a viver com a nova realidade e a sobreviver com a doena
renal crnica (SANTOS; ROCHA; BERARDINELLI, 2011).
Esse profissional que trabalha com o cliente tem condies de acompanhar sua
trajetria, sua evoluo e refletir sobre os comportamentos e as solues j por ele tentadas.
capaz de, estando atento, refletir junto com ele sobre seus comportamentos, estimulando-o a
usufruir da qualidade de vida possvel dentro do seu quadro e do seu estado de sade (LIMA,
2010 apud SANTOS et al., 2004).
De acordo com o estudo de Silva e Thom (2009) as intervenes de enfermagem
realizada nos pacientes renais crnicos, priorizavam, principalmente, avaliaes clnica e do
nvel de conscincia do paciente. Onde a avaliao clnica, refere-se ao exame fsico no qual a
enfermagem avalia as alteraes hemodinmicas, condies de pele, padro respiratrio e
perfuso perifrica, bem como, a monitorizao dos sinais vitais, e a observao dos sintomas
especficos de cada complicao.
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Outras intervenes priorizadas pelos enfermeiros durante os episdios de
complicaes foram: irrigao do sistema com soluo salina, alterao da ultrafiltrao
prescrita e suspenso da sesso dialtica, principalmente nos episdios de hipotenso arterial
(SILVA; THOM, 2009).
As complicaes que ocorrem durante a sesso de hemodilise podem ser
eventuais, mas algumas so extremamente graves e fatais. A equipe de enfermagem tem
importncia muito grande na observao contnua dos pacientes durante a sesso, podendo
ajudar a salvar muitas vidas e evitar muitas complicaes ao fazer o diagnstico precoce de
tais intercorrncias (FERMI, 2003).
Desse modo, a constante proximidade enfermeiro-cliente permite ao enfermeiro
uma melhor compreenso das necessidades educacionais, psicossociais e econmicas de cada
cliente, e faz dele o profissional de eleio para coordenar a atividade de construo de um
bom plano de ensino (PACHECO; SANTOS, 2005).
3.7 Importncia da Educao em Sade no Tratamento Hemodialtico
A educao em sade representa um importante instrumento facilitador para a
capacitao da comunidade, contribuindo para a promoo da sade. Assim, trabalhadores de
sade e usurios precisam estabelecer uma relao dialgica pautada na escuta teraputica, no
respeito e na valorizao das experincias, das histrias de vida e da viso de mundo. Para
desenvolver estas aes, necessrio o conhecimento destas prticas educativas por parte
destes trabalhadores, considerando que essencial conhecer o olhar do outro, interagir com
ele e reconstruir coletivamente saberes e prticas cotidianas (CERVERA; PARREIRA;
GOULART, 2011).
Assim sendo, a educao desempenha papel de destaque na equipe
multidisciplinar, para a promoo do autocuidado no sujeito. A educao para o autocuidado
enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, promovendo um aumento do vnculo do
paciente com a instituio e com os profissionais que atuam nesta atividade. Alm disso,
proporciona um momento de troca de experincia com outros usurios do servio de sade e,
consequentemente, reduo da ansiedade relacionada ao tratamento, entre outras dvidas
comuns que ocorrem neste perodo (SANTOS; SILVA, 2002).
Desse modo, torna-se essencial a ao educativa com o cliente, a fim de que ele
possa descobrir maneiras de viver dentro dos seus limites, para no ser contrrio ao seu estilo
de vida e, enfim, conseguir conviver com a doena e com o tratamento hemodialtico. Para
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que as pessoas assumam os cuidados e controle do esquema teraputico, necessrio
identificar as suas necessidades, auxili-los a se sentirem responsveis e capazes de cuidarem
de si mesmo (POLIT; BECK; HUNGLER, 2005).
A educao em sade um processo que induz mudana de comportamento
relativo sade. E esse processo deve ser no somente individual, mas tambm coletivo, com
vistas promoo de informaes e motivao de hbitos que mantenham a sade e previnam
as doenas (MIRANDA et al., 2000).
Outra estratgia que pode ser utilizada na adeso ao tratamento o trabalho
educativo por meio de grupos com doentes crnicos, que tem como proposta compartilhar
dvidas, angstias e receios, buscando alternativas que auxiliem na superao das
dificuldades, no enfrentamento e na adaptao do estilo de vida sua nova condio de sade
(MALDANER et al., 2008).
Nesta perspectiva, torna-se necessrio realizar teraputica contnua, incluindo
atividades scio-educativas com esses pacientes para que eles tenham maior conhecimento
sobre a IRC e seu tratamento, adquiram segurana e maiores subsdios para o autocuidado e,
assim, tenham melhor adeso ao tratamento. Defende-se que as tecnologias educativas podem
proporcionar subsidio para aquisio de conhecimentos (MEIRELES; GOES; DIAS, 2004).
3.8 Importncia das Tecnologias Educativas na rea da Sade
A tecnologia vem sendo aprimorada ao longo do tempo como forma de propiciar
solues criativas e eficazes que permitam aos sujeitos terem maior domnio sobre seu meio, e
sobre os processos a ele relacionados, modificando-os em seu benefcio. Para Polanczyk,
Vanni e Kuchenbecker (2010), a tecnologia entendida como todo e qualquer
mtodo/dispositivo utilizado para promover a sade, impedir a morte, tratar doenas e
melhorar a reabilitao ou o cuidado do indivduo ou da populao.
Desde os anos de 1940, observou-se uma rpida expanso de conhecimentos e
habilidades, favorecendo a incluso das tecnologias em diversas reas, como na educao, na
pesquisa, nas atividades de gerenciamento e no prprio cuidado (MARTINS; SASSO, 2008).
Este ltimo tem se constitudo como um desafio para os profissionais da sade, uma vez que
as necessidades da populao tm sido influenciadas em diferentes nveis pelo mundo
globalizado, gerando novos contextos para aplicao do cuidado (MALVREZ, 2007).
Abordagens mais modernas tm destacando o uso da tecnologia educativa na
sade, tal como o proposto por Martins e Sasso (2008), onde a tecnologia se manifesta como
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objetos e recursos antigos e atuais que tm a finalidade de aumentar e melhorar o tratamento e
o cuidado por meio da prtica em sade. Tambm se manifesta na forma de conhecimentos e
habilidades em sade associadas com o uso e a aplicao dos recursos e objetos que os
profissionais mantm e acessam sob uma base diria e progressiva.
Diante do exposto, a tecnologia em sade implica em um processo complexo que
envolve vrias dimenses, do qual resulta um produto, e este no obrigatoriamente seria um
equipamento. Essas dimenses podem ser elencadas em trs estratos de significao, a saber:
a primeira diz respeito a ferramentas tecnolgicas, e neste grupo esto includos todos os
instrumentos e maquinrio utilizados para um determinado fim; j a segunda engloba os
saberes estruturados necessrios utilizao, produo e at reparo dos primeiros; e, por
ltimo e no menos importante, as relaes estabelecidas entre as trs dimenses e o fator
humano (MERHY, 2002).
As trs dimenses da tecnologia em sade esto presentes no cotidiano das aes
de cuidado desenvolvidas pelas equipes de sade, auxiliando esses profissionais a desenvolver
intervenes no apenas curativas, mas principalmente preventivas mediante o uso de
tecnologias. Estas ltimas so de grande interesse, uma vez que o foco de trabalho no est
voltado doena, e sim para o indivduo dotado de capacidades que iro ser fundamentais no
processo de construo de saberes teis manuteno de sua sade. Dentro desta perspectiva
de busca por um cuidado compartilhado, onde os indivduos sejam reconhecidos como
agentes fundamentais na adoo de posturas salutares, constituindo-se como uma ferramenta
importante para o trabalho em sade.
O desenvolvimento de atividades educativas, bem como a construo e validao
de tecnologias voltadas promoo da sade de indivduos e coletivos tem sido uma
constante entre as aes de enfermagem ao longo dos anos. Deste modo, destaca-se a
importncia da tecnologia educativa como instrumento mediador de mudana de
comportamento no campo da educao em sade. A partir desse entendimento, observa-se
uma variedade de materiais educativos que so empregados no cotidiano das prticas, a
exemplo de cartazes, folders, manuais, cartilhas, vdeos, com o objetivo de auxiliar na adoo
de posturas mais salutares. Estes materiais no s ofertam informao, mas tambm facilitam
a experincia do aprendizado, e de mudana, podendo proporcionar praticas para o
autocuidado (KAPLN, 2003).
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4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de Estudo
Estudo qualitativo, do tipo pesquisa-ao, segundo Polit e Beck (2011) a
pesquisa-ao permiti aos pacientes uma participao ativa, sendo que seu objetivo produzir
no apenas conhecimento, mas tambm ao e aumento da conscincia, capacitando pessoas
por meio de um processo de construo e uso do conhecimento.
Optou-se pela pesquisa-ao pela necessidade de participao do pblico, no qual,
segundo a literatura deve ser associada a diversas formas de aes coletivas, orientadas para a
resoluo de problemas ou com o objetivo de transformao. Seu desenvolvimento prev a
resoluo de situaes cotidianas e que requerem mudana (GRITTEM; MEIER; ZAGONEL,
2008).
4.2 Referencial Terico do Estudo
Seguiu-se como referencial as recomendaes de Trentini e Cubas (2005), os
quais, propem um referencial terico sobre como a enfermagem em nefrologia poder atuar
nos programas de promoo da sade (esquematizado na Figura 1), no qual, segundo o autor,
apropriado para a melhoria da sade dos grupos vulnerveis nefropatia. Adotou-se tal
referencial em pacientes nefropatas submetidos a tratamento dialtico, por compreender que
estes, tornam-se suscetveis a complicaes e, portanto, tal modelo foi capaz de produzir
impacto na preveno de seus determinantes.
Figura 1 - Esquema do referencial terico para o cuidado em sade na rea de nefrologia, segundo
Trintini e Cubas (2005).
Ainda segundo o autor, o cuidado direto aos usurios destacado como a maior
responsabilidade da enfermagem em nefrologia, no qual, realizou-se desenvolvimento de
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competncias pessoais, atravs, do desenvolvimento de tecnologia leve aps educao em
sade.
No paradigma da promoo da sade, educar implica na busca de uma formao
terica e prtica contnua, capaz de subsidiar o autocuidado apoiado, ideia defendida por
Mendes (2012). Discute-se que se o cuidado for desenvolvido num espao dialgico, o
usurio compreender melhor sua vulnerabilidade determinada por condies cognitivas,
comportamentais e sociais a certas doenas, e se sentir responsvel pelo cuidado de si.
Nesta perspectiva, caracteristicamente as condies crnicas requerem estratgias
de cuidado especiais que ajudem os usurios a despertar a conscincia para o
autogerenciamento. Neste sentido, ainda segundo o autor supracitado, os usurios precisam
participar do cuidado de forma ativa, bem como aprender a interagir entre si e com as
organizaes de sade e os profissionais devem proporcionar oportunidades para este
aprendizado. Pela educao em sade, que consiste no trabalho vivo em ato, os profissionais
de nefrologia podero desenvolver espaos apropriados s relaes sociais que se produzem
no encontro com os usurios.
4.3 Cenrio da Pesquisa
O estudo foi realizado na clnica de hemodilise do municpio de Picos-PI,
credenciada ao SUS, com capacidade instalada de atendimento de 179 pacientes ao ms,
realizando atendimentos nos trs turnos (manh, tarde e noite) onde conta com uma equipe
multiprofissional composta de enfermeiros, tcnicos de enfermagem, mdicos, psicloga,
assistentes sociais e nutricionista. Sendo referncia para toda a macrorregio de Picos
composta de 42 municpios. As observaes aconteceram durante as sesses de hemodilise
que tinham durao de quatro horas cada.
4.4 Perodo do Estudo
O estudo foi desenvolvido no perodo de agosto de 2011 a outubro de 2012.
4.5 Sujeitos do Estudo
Oito pacientes renais crnicos, em tratamento hemodialtico na clnica. O
determinante da amostra se processou de acordo com a saturao das respostas encontradas.
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4.5.1 Critrios de Incluso
Fizeram parte do estudo, os pacientes em hemodilise independente do incio do
tratamento que frequentavam o 3 turno, nas quintas feiras (este turno foi escolhido por
convenincia do pesquisador), maiores de 18 anos; com comunicao preservada.
4.5.2 Critrios de Excluso
Foram levados como critrios de excluso para pesquisa, os pacientes com dficit
auditivo e cognitivo; transferidos para outro tratamento dialtico e que permaneceram por
mais de duas semanas em internao hospitalar, porm nenhum paciente foi excludo da
pesquisa.
Foi realizado pr-teste no local de realizao da pesquisa, com trs sujeitos que
realizavam hemodilise em turnos diferentes do conjunto submetido ao estudo, definindo,
assim o percurso metodolgico de coleta de dados.
4.6 Etapas do Estudo
4.6.1 Etapa 1: Levantamento das Necessidades de Conhecimento dos Sujeitos
A pesquisa-ao facilita o envolvimento do pesquisador numa prtica participativa
com os pacientes portadores de IRC em hemodilise. Como tcnica de coleta de dados, foi
realizada a observao participante, pois ajudou o pesquisador na interao com os sujeitos da
pesquisa, no seu prprio ambiente.
Para o levantamento das necessidades de conhecimento dos pacientes renais
crnicos, os sujeitos tiveram que responder um roteiro de entrevista (APNDICE A) que
continham questionamentos sobre caractersticas biogrficas, no qual, tencionou investigar
atributos que pudessem aproximar o leitor do pblico em estudo, tais como, variveis como
sexo, faixa etria, estado civil, escolaridade, ocupao, doena e tempo de permanncia no
tratamento, onde estas podero ser consideradas como promotoras do processo de ensino
aprendizagem e 11 questes para avaliar o conhecimento sobre sua doena renal e seu
tratamento. O discurso dos participantes foi registrado por meio de um gravador de voz
(MP3), aps autorizao dos mesmos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (APNDICE B), previamente solicitados aos participantes do estudo.
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De forma complementar, seguiu-se recomendao de Polit e Beck (2011)
efetuando a observao participante que obtida por meio de contato direto do pesquisador
com o fenmeno observado, para recolher as aes dos atores em seu contexto natural, a partir
de sua perspectiva e seus pontos de vista. Segundo Minayo (2010), a observao participante
pode ser considerada parte essencial do trabalho de campo na pesquisa qualitativa.
No presente estudo, para observao participante considerou-se os seguintes
aspectos: espao no qual realizado o tratamento, atividades desempenhadas pelos sujeitos,
sequncia e durao das aes, as pessoas envolvidas, as informaes observadas e as
emoes expressas ou percebidas. Estes fatos auxiliaram na compreenso da realidade e
orientaram o processo de investigao.
4.6.1.1 Organizao e Anlise dos Dados
Aps a coleta dos dados, as informaes gravadas foram transcritas e os dados
analisados, organizados e agrupados em categorias temticas fundamentadas em Bardin
(2010), que tem por finalidade a descrio objetiva e sistemtica do contedo manifesto da
comunicao. Consiste em descobrir os ncleos de sentido que compem a comunicao,
onde a presena ou frequncia de apario pode significar alguma coisa para o objetivo
analtico escolhido.
A Anlise de Contedo proposta por Bardin (2010) aparece como um conjunto
de tcnicas de anlise das comunicaes que utiliza procedimentos sistemticos e objetivos
de descrio de contedo das mensagens.
A organizao da anlise de contedo partiu de trs segmentos cronolgicos: 1) a
pr-anlise; 2) a explorao do material e a 3) o tratamento dos resultados, a inferncia e a
interpretao. A pr-anlise a prpria organizao do trabalho. nesta fase que se faz a
escolha do objeto de estudo, bem como a formulao dos objetivos do trabalho. Estando
decidido o que estudar necessrio proceder constituio do corpus. Corpus nada mais
que o conjunto do material que ser submetido a uma anlise. No caso deste trabalho, o
corpus consiste nas falas dos pacientes renais crnicos em tratamento dialtico. (BARDIN,
2010)
Essa fase inclui a leitura flutuante, de modo a entrar em contato com o material, a
escolha dos documentos a serem submetidos anlise, a formulao das hipteses e dos
objetivos, a referenciao dos ndices e a elaborao de indicadores, durante as quais
devem ser determinadas as operaes de recortes do texto em unidades comparveis de
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categorizao para a anlise temtica e codificao para o registro dos dados, e a
preparao do material.
A segunda fase a explorao do material, no qual feita a concluso da
preparao do material para a anlise, em termos de operaes de codificao, desconto ou
enumerao, em funo de regras previamente formuladas. E a terceira fase o tratamento
dos resultados obtidos e interpretao, momento em que so feitas inferncias e
interpretaes, conforme os objetivos previstos ou referentes a novos achados na pesquisa.
(BARDIN, 2010).
Para analisar o material necessrio antes codific-lo. A codificao uma
transformao que ocorre, segundo regras precisas em relao aos dados brutos, do texto
analisado. Esta transformao permite atingir uma representao do contedo, por meio de
recorte, agrupamento e enumerao. No caso de uma anlise categrica, a organizao da
codificao se d em trs passos: 1) o recorte (escolhas das unidades de anlises); 2) a
enumerao (escolha das regras de contagem); 3) a classificao e a agregao (escolha
das categorias). A categorizao consiste no reagrupamento de temas especficos com
critrios previamente definidos. Assim, classificar elementos em categorias impe uma
certa investigao por temas ou termos anlogos. A escolha de categorias um processo
estruturalista e possui duas etapas: 1) o inventrio, que nada mais que isolar os
elementos, isto , separar os diferentes temas e a 2) classificao, que consiste em repartir
os elementos ou, em outras palavras, organizar os temas analisados (BARDIN, 2010).
Para ilustrar as categorizaes, foram utilizados trechos das falas dos pacientes,
identificados pelos cdigos P1, P2, ..., P8 como inferncia aos 8 pacientes participantes do
estudo, as categorias foram agrupadas em quadros, de acordo, com sua proximidade
temtica.
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Figura 2 - Fluxograma mostrando as etapas da anlise dos dados.
O desenvolvimento prtico desse mtodo ocorreu em duas etapas. Na primeira
etapa realizou-se o levantamento do universo temtico, no qual, encontrou-se o conjunto de
temas geradores, ou seja, descrio e a interpretao das situaes dos pacientes renais
crnicos em hemodilise e a identificao de suas necessidades de aprendizagem e seus
conhecimentos prvios. A organizao da anlise do universo temtico seguiu as seguintes
fases:
Levantamento dos Temas Geradores: Essa fase foi obtida atravs dos encontros do
pesquisador com os pacientes renais crnicos, usando a observao participante durante
as sesses de hemodilise, nesta fase foram abstrados alguns dos temas significativos da
vivncia destes sujeitos.
Organizao do Material da Coleta de Dados: Atravs de leitura detalhada e
exaustiva de todas as observaes que foram registradas no dirio de campo. Nesta fase,
foram feitos os recortes do texto, selecionando frases ou palavras repetidas com mais
frequncia, ou aquelas colocadas com mais nfase pelos pacientes participantes do estudo
e que foram passveis de serem trabalhadas pelo pesquisador, na atividade educativa. A
seguir, foram reunidos cada elemento em comum.
Seleo e Codificao de Palavras e Frases Registradas Durante as Observaes
Participante. Foram selecionadas algumas palavras e frases agrupadas anteriormente
pela riqueza temtica e estas foram codificadas em temas geradores.
ETAPA 1: Levantamento do
conhecimento dos pacientes
Organizao do universo temtico
Levantamento
dos temas
relevantes
Organizao do
material de
coleta de dados
Seleo das caractersticas
envolvidas no cuidado
registrado durante a
observao participante
Ordenamento dos
temas necessrios
prtica educativa
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33
Ordenamento dos Temas Geradores: Os temas geradores foram pedagogicamente
ordenados numa sequncia para realizao da atividade educativa.
O levantamento das questes depreendidas do roteiro de entrevista deram
subsdios para as temticas da educao em sade, sendo elaborada a atividade educativa
pelos pesquisadores com o grupo de pacientes renais crnicos por ocasio da espera do
paciente para o ingresso no seu turno de hemodilise na clnica todas as quintas-feiras, no
perodo da tarde (esse critrio foi escolhido por convenincia do pesquisador).
4.6.2 Etapa 2: Atividade Educativa
O contedo registrado atravs da transcrio das falas dos sujeitos e da
observao participante foi interpretado e dele, selecionados os assuntos centrais, segundo
sugere Freire (1992). Foi realizada a escolha das palavras e frases registradas com muita
frequncia e que foram possveis de serem trabalhadas pelo pesquisador na atividade
educativa, onde foram explicados os pontos-chaves, que seriam abordados pelo pesquisador
nos encontros.
Durante as reunies foi utilizada a tcnica de dinmica de grupo. Aps
autorizao do referido grupo, estes momentos foram fotografados e o contedo das
discusses foi transcrito, posteriormente, para a realizao da anlise temtica. As atividades
educativas foram realizadas para um grupo com capacidade mxima de oito pacientes com
durao de at trinta minutos cada atividade.
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Figura 3 - Fluxograma mostrando as etapas na realizao da atividade educativa.
Na segunda etapa, seguiu os seguintes passos: planejamento da prtica educativa,
desenvolvido atravs das necessidades observadas nas categorias emergidas das falas dos
sujeitos, seguindo o modelo pedaggico de Paulo Freire (1992), para cada tema gerador
levantado. Em seguida, foi desenvolvida educao conscientizadora, de forma colaborativa
entre os componentes. O debate em torno dos temas proporcionou ao grupo a conscientizao
sobre a importncia para o autocuidado. Esta procura o ponto de partida do processo de
educao do tipo libertador (FREIRE, 1980).
Confrontando tal habilidade com o que defende Bastable (2010) sobre o papel do
enfermeiro como educador, no qual pontua que evidncias cientficas sugerem que a educao
efetiva e a participao do aprendiz andam lado a lado. A alterao de papis, da abordagem
tradicional centrada num professor para a centrada no aprendiz perpassa, portanto, pela
mudana de paradigma que requer habilidade de anlise diagnstica das necessidades do
educando alm da habilidade de envolv-lo no planejamento, conect-lo com as fontes de
aprendizagem e encoraj-lo em sua iniciativa. Neste sentido, elaborou-se a seguinte estratgia
educativa, com base em levantamento diagnstico:
Durao Aproximada: 1 hora e 30 minutos
Participantes: 8 participantes e 1 provocador
Organizao de material
didtico
ETAPA 2: Realizao da atividade
educativa
Plano de ensino relativo
aos temas geradores
Planejamento de ensino
desenvolvido nos
crculos de discusso
Desenvolvimento da
educao conscientizadora
Implementao do
plano de ensino
-
35
Contedos:
Anatomia e fisiologia do sistema renal (30 min.);
Insuficincia renal crnica e as principais causas (30 min.);
Tratamento hemodialtico (30 min.).
Objetivos:
Construir conceitos sobre caractersticas anatomofisiolgicas renal, a partir dos
discursos dos sujeitos;
Compartilhar experincias sobre a insuficincia renal crnica;
Discutir sobre as principais causas da insuficincia renal crnica;
Oportunizar conhecimento sobre outras formas de tratamento dialtico;
Formular uma releitura sobre os aspectos relativos ao tratamento hemodiltico, a
fstula arteriovenosa e os cuidados que se devem ter com esta;
Promover emponderamento dos sujeitos sobre principais complicaes durante o
tratamento dialtico;
Oportunizar troca de experincia sobre o autocuidado.
Estratgias:
Dinmica de apresentao: Teia da amizade;
Demonstrao de peas sintticas do sistema renal;
Utilizao de vdeo sobre a doena renal e autocuidado;
Dinmica: Lavagem das mos;
Compartilhamento dos conhecimentos adquiridos, a partir do dilogo direcionado.
Recursos Utilizados:
Novelo de l;
Peas anatmicas do sistema renal;
Cartazes, figuras e dinmicas;
Datashow;
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36
Notebook;
Tinta guache;
Venda para os olhos;
Caixas de som;
Mtodo de Avaliao:
Ao final da atividade, os integrantes do grupo deveriam verbalizar o conceito de
insuficincia renal e as causas que podem levar ao desenvolvimento da doena, bem como
incentiva-los a desenvolver prticas de autocuidado.
Com a aplicao do mtodo de Paulo Freire (1992) no presente trabalho, foi
possvel criar oportunidades para que os pacientes renais crnicos desenvolvessem e
aperfeioassem suas capacidades de "lerem o mundo" em que vivem compostos de hospitais,
aparelhos complexos, dietas rgidas e restrio hdrica, vocabulrio tcnicos e profissionais
nem sempre acessveis.
Segundo o autor, este processo metodolgico proporciona resultados muito ricos
para os educadores, no s pelas relaes que travam, mas pela busca da temtica do
pensamento dos homens, pensamento este que se encontra somente no meio deles. Neste
sentido, elaborou-se a seguinte proposta de prtica educativa:
1 Encontro
TEMA: Anatomia e Fisiologia do Sistema Renal.
Para trabalhar o tema optou-se por implementar dinmica inicial, A teia da
amizade, como forma de integrar melhor o grupo, para esta estratgia seguiu-se os seguintes
passos:
Estratgia metodolgica:
Inicio: Dinmica A teia da amizade (durao: 10 min.)
Material: um rolo (novelo) de fio ou l
Passos:
1 - Dispor os participantes em crculo;
-
37
2 - O coordenador toma nas mos um novelo (rolo, bola) de cordo ou l;
3- Em seguida prende a ponta do mesmo em um dos dedos de sua mo;
4- Solicita-se que as pessoas estejam atentas a apresentao que far de si mesmo. Assim,
logo aps este passo o novelo de l passado a outro componente do grupo, de acordo com a
preferncia pessoal;
5- Esta apanha o novelo e, aps enrolar a linha em um dos dedos, ir repetir a apresentao do
outro e de si mesmo. E assim sucessivamente, at que todos do grupo tenham tido
oportunidade de participar e conhecer-se;
6- Como cada um atirou o novelo adiante, no final haver no interior do crculo uma
verdadeira teia de fios que os une uns os outros.
Aps quebra do gela, seguiram-se os seguintes passos:
Dilogo compartilhado sobre conhecimento adquirido com participao do grupo
(durao 15 min.)
Conhecimento da anatomia do sistema urinrio (uso de peas anatmicas). Foram
demonstradas peas anatmicas sintticas que representam com detalhes as estruturas do
sistema urinrio. Neste momento os integrantes do grupo eram encorajados a tocarem nas
peas, observarem a localizao, bem como, a importncia das estruturas macro e micro
componentes do sistema urinrio.
Fisiologia do sistema renal, conscientizar o grupo sobre as funes dos rins, retomando as
concluses realizadas pelos integrantes na atividade anterior. Foi oportunizado
conhecimento complementar sobre a carga terica que o grupo j possua. Pretendeu-se
assim, conscientiz-los sobre os sintomas advindos da falncia renal e, portanto,
importncia da manuteno atravs do tratamento.
AVALIAO
Os pacientes foram provocados com os questionamentos:
O que observaram?
O que sentiram?
O que significa a teia?
O que aconteceria se um deles soltasse seu fio?
Quais situaes podem fazer com que os rins possam, de forma comparativa teia
formada, agir sobre os demais sistemas.
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2 Encontro
TEMA: Insuficincia Renal Crnica e as Principais Causas.
A escolha por este tema se deu pela necessidade percebida nos relatos sobre
incapacidade de se formular conceito eficaz sobre a doena e, consequentemente, a
conscincia sobre importncia do tratamento.
Estratgia metodolgica
Inicio: Acolhimento inicial
Provocaes do grupo sobre causas da doena renal (durao 25 min.)
Compartilhamento de conhecimento sobre o conceito de insuficincia renal crnica,
sinais e sintomas e as principais causas.
Uso de vdeo educativo sobre doenas renais e o autocuidado (durao 6 min. e 30
seg.) Este foi realizado por grupo de pesquisadores na rea de Enfermagem
Nefrolgica, porm, no validado, disponvel livremente no youtube.
3 Encontro
TEMA: Tratamento Hemodialtico
Para este tema, sugeriu-se trabalhar os fatores envolvidos no processo de tratamento,
com foco no autocuidado, como lavagem das mos
Estratgia metodolgica:
Inicio: Dinmica Lavagem das mos (durao 10 min.)
Material: Tinta guache venda para os olhos, kit de higienizao das mos.
Passos: Com os olhos vendados, dois voluntrios so convidados a simular a lavagem das
mos com tinta guache. Depois de terminado os pacientes so desvendados e o resultado
discutido com todos os participantes. Estes devem compreender que a lavagem praticada no
cotidiano pode ser melhorado no sentido de oferecer maior proteo e reduo do risco de
infeco.
Participao dialogada de todos (durao 20 min.)
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Trabalhar conceitos relativos Fstula - Como confeccionada, porque da necessidade
dessa confeco e os cuidados.
Tratamento dialtico: Complicaes intradialtica, tipos de tratamento dialtico,
transplante.
Mudanas no cotidiano do DRC: controle hdrico, nutrio e atividade fsica.
Mtodo de Avaliao final: Palavra cruzada com questes discutidas durante os encontros.
4.6.3 Etapa 3: Construo do Material educativo
Para construo do material educativo voltado ao doente renal crnico em
tratamento dialtico, buscou-se referencial terico que fornecesse embasamento terico sobre
os passos metodolgicos para subsidiar sua construo.
Pressupostos Terico-Conceituais
Associando vrios pensadores na rea da educao em sade, pode-se afirmar que
o indivduo agente ativo de seu prprio conhecimento. Ele constri significados e define
sentidos de acordo com a representao que tem da realidade, a partir de suas experincias e
vivncias em diferentes contextos (DONNER, LEVONIAN, SLUTSKY, 2005; FREIRE,
1992).
O processo de formao tem como eixo fundamental o pensamento crtico e
produtivo e parte do conceito de atividade consciente, em que h ao intencional do aluno,
na resoluo de problemas do mundo real, no qual construda a partir de uma enorme gama
de conhecimentos e metodologias que ele articula, mobilizam e usam, quando se depara com
um problema que precisa ser resolvido no exerccio de sua atividade (BASTABLE, 2010).
No desenvolvimento de materiais didticos, a interdisciplinaridade pode ser
alcanada na apresentao de problemas reais enfrentados pelos alunos em seu cotidiano. ,
portanto, um desafio oferecer metodologias que estimulem a busca de novos conhecimentos
pelo aluno (BASTABLE, 2010).
Defende-se que o material didtico no precisa conter todos os contedos e todas
as possibilidades de aprofundamento da informao oferecida, j que a lgica de organizao
enciclopdica dos conhecimentos vem perdendo fora a cada dia em nossa sociedade. Mais
importante oferecer aportes tericos e estratgias metodolgicas, em uma perspectiva
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40
interativa que o estimule a resolver as estratgias pedaggicas, possibilitando, assim, o
desenvolvimento de competncias pessoais.
Para construo do material educativo buscou-se como referencial, pressupostos
defendidos por Bastable (2010) no qual, defende que o processo educativo deve ser
implementado como ao sistemtica, sequencial, lgica, planejada e com base cientfica que
consiste de duas operaes interdependentes principais, o ensino e aprendizagem. Neste
sentido, compara-se o processo educativo com o processo de enfermagem, embora tenham
diferentes metas e objetivos, podem andar lado a lado. Ambos fornecem, segundo o autor
supracitado, uma base racional para a prtica de enfermagem mais do que uma base intuitiva.
Sendo assim, referencia-se o esquema abaixo como pressuposto institudo para a construo
do material educativo do referido estudo.
PROCESSO DE ENFERMAGEM PROCESSO EDUCATIVO
Objetivos do Material Didtico
Proporcionar os conhecimentos fundamentais;
Figura 4 Esquema ilustrativo demonstrando o processo educativo paralelo ao processo de enfermagem, segundo
preceito de Bastable (2010).
ANLISE
PLANEJAME
NTO
IMPLEMENT
AO
AVALIAO
Avaliar as necessidades fsicas e
psicolgicas
Desenvolver plano de
cuidado baseado no
estabelecimento de objetivos
mtuos para atender as
necessidades individuais
Executar intervenes de
cuidado em enfermagem
usando procedimentos
padronizados
Determinar resultados
fsicos e psicolgicos
Averiguar as necessidades os
estilos e a prontido para
aprendizagem
Desenvolver planos de ensino
baseado em resultados
comportamentais mutuamente
predeterminados para atender
a necessidades individuais
Desempenhar o ato de
ensinar usando mtodos e
ferramentas instrucionais
especficas
Determinar mudanas
comportamentais (resultados)
no conhecimento, nas atitudes
e nas habilidades.
-
41
Fornecer contedos mnimos que possibilitem a organizao do conhecimento prvio sobre
a doena e seu tratamento;
Fornecer ferramentas e informaes;
Facilitar a aquisio das competncias tcnicas especficas, especificamente sobre o
autocuidado;
Estimular a participao do paciente e comunidade no processo de emponderamento;
Princpios Pedaggicos
No processo de construo dos textos do material, segundo demonstra estudos,
fez-se necessrio questionar o paciente sobre seus conceitos, vivncias e percepes,
favorecendo um movimento de prtica-teoria-prtica.
Sendo importante verificar e sensibilizar a possibilidade do paciente assumir um
papel ativo dentro do processo de ensino aprendizagem: nesse contexto de aprendizagem, a
teoria ganha sentido, pois subsidia a compreenso dos problemas, contribuindo para avanar
na busca de resoluo desses problemas o que se pode chamar de aprendizagem
significativa. Para determinar os princpios pedaggicos considerou-se as caractersticas
inerentes a populao de clientes adultos em situao de condio crnica, defendido por
Bastable (2010).
Linguagem
A produo de um material didtico precisa ser cuidadosa em relao linguagem
de seus textos, qualquer que seja o nvel do curso ou grau de escolaridade de seu pblico-alvo.
Ressaltamos, nos itens que seguem alguns desses cuidados:
Privilegiar uma linguagem clara, objetiva e coloquial, adequada s caractersticas
da clientela, especialmente quanto ao nvel de escolaridade. Isso permite uma leitura leve e
agradvel, de fcil compreenso. Elaborar texto de forma a dialogar o mximo possvel com o
paciente, adotando algumas estratgias na produo de um material didtico que incentivem
esta dialogicidade (BASTABLE, 2010; CORRA, 2007).
Articulao Forma-Contedo
-
42
Considerou-se importante que os questionamentos: como desenvolver melhor
determinado contedo? Que recursos podem ser utilizados? Os recursos foram selecionados e
includos no material sempre na perspectiva de agregar elementos que possam contribuir para
a reflexo e o enriquecimento do assunto tratado. Os recursos includos no material didtico
sero acompanhados das respectivas fontes.
Estrutura
Algumas reflexes se fazem necessrias antes do processo de organizao dos
contedos (elaborao dos textos propriamente dita):
Analisar o contedo como um todo, em busca da coerncia interna do material;
Construir um material que amplie a viso do paciente sobre a patologia e o processo de
tratamento;
Estruturar o material de forma clara, que propicie fcil manuseio e identificao de cada
uma de suas partes/elementos;
Prever a incluso, no material didtico, de sees especiais, como, por exemplo, de questes
para reflexo, de dicas, de glossrio, etc., que se constituem recursos para maior interao do
paciente com o material; para dialogar com o texto; e, ainda, para facilitar a articulao dos
contedos.
Dentre os itens escolhidos para compor a estrutura de um material didtico,
sugeriu-se aqueles considerados bsicos, embora outros tambm possam ser agregados, tendo
em vista as especificidades do pblico alvo a que o material se destina. So eles:
Sumrio: o objetivo, apresentar, preferencialmente, ttulos e subttulos at o terceiro
nvel da hierarquia de ttulos;
Apresentao e/ou introduo: traz consideraes gerais dos autores, objetivos do
material/curso, importncia dos temas tratados, contexto em que a publicao se situa.
Captulos
Referncias Bibliogrficas
Glossrio
Formatao
Editor de texto Word
Fonte Times New Roman, corpo 12
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Pargrafo justificado
Entrelinhas simples
Caixa Alta e Baixa usar em todo o material, ou seja, nos textos, ttulos, legendas de
figuras, etc.
4.7 Aspectos ticos e Legais
Todos os cuidados ticos foram adotados visando integridade e bem-estar dos
participantes, conforme estabelecido pela resoluo 196/96 do Ministrio da Sade
(autonomia, no maleficncia, beneficncia e justia) (BRASIL, 1996). O projeto de pesquisa
foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Universidade Federal do Piau (UFPI), sob
protocolo n 0422.0.045.000-11 (ANEXO A).
Foi solicitado que os sujeitos da pesquisa assinassem o TCLE, a fim de obter-se a
concordncia e assinatura dos participantes, onde lhe foi assegurado privacidade e a
proteo da identidade, a liberdade de se recusar a participar ou retirar o seu consentimento,
em qualquer fase da pesquisa, sem penalizao alguma.
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5 RESULTADOS
Os resultados apresentados se referem consolidao dos dados obtidos atravs
do questionrio aplicado a oito pacientes que fazem tratamento de hemodilise na instituio
estudada, a partir dos seguintes aspectos: caractersticas scio-demogrficas e biogrficas,
seguidas das categorias emergidas das falas dos sujeitos, segundo recomendaes de Bardin
(2010), apresentadas em forma de quadro.
De acordo com a anlise dos discursos foi possvel identificar onze categorias:
percepo do paciente; compreenso sobre a doena; compreenso do funcionamento renal;
causas da doena renal; cuidados realizados enquanto IRC; cuidados nutricionais;
conhecimento sobre o tratamento hemodialtico; conhecimento sobre confeco da fstula
arteriovenosa (FAV); cuidados com a FAV; necessidades educacionais e preferncia de
mtodos educativos.
5.1 Caractersticas Sociodemogrficas e Biogrficas
Identificaram-se diferenas de gnero enquanto doentes renais crnicos, pois neste
estudo o sexo masculino (6) foi o grupo mais acometido pela doena que permanece em
tratamento dialtico. Com relao faixa etria verificou-se uma mdia de 42 anos de idade.
Em relao, ao estado civil a maioria se declara casados (6), a escolaridade teve uma mdia
aproximada de cinco anos de estudo. A grande maioria estava desempregada (7), apenas um
dos pacientes sabia a causa da doena renal, cuja mdia de tempo de tratamento foi de um ano
e oito meses.
5.2 Categorias Emergidas das Falas dos Sujeitos
A seguir apresentam-se, os resultados obtidos por meio da tcnica de anlise de
contedo, sintetizada no quadro de anlise (APNDICE C), bem como as falas dos pacientes
agrupadas em quadros divididos por categorias que continham alguma semelhana.
5.2.1 Percepo do paciente e compreenso sobre a doena
Percepo do paciente compreende as unidades de anlise temtica que indicam a
importncia do conhecimento sobre a IRC. Essa categoria contempla as seguintes
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subcategorias: Cuidados da equipe de sade; F e Importncia da informao para o
autocuidado. Esta categoria e subcategorias resultaram em cinco unidades de registro.
A primeira categoria foi obtida a partir do questionamento: conhecer a
insuficincia renal crnica importante para cuidar-se? Contida no formulrio de perguntas
aplicadas aos pacientes, onde todos reconhecem a importncia da informao, tanto para fazer
o tratamento adequado como para prevenir invalidez ou morte (Quadro 1).
A segunda categoria compreende as unidades de anlise temtica que se referem
compreenso da doena pelos pacientes. Essa categoria contempla as seguintes subcategorias:
Transplante; Complicaes; Desconhecimento; Indicao do tratamento; Cura da doena e
Consequncia da doena. Esta categoria, juntamente com as subcategorias, resultou em sete
unidades de registro.
Conforme demonstrado nas falas, os pacientes reconhecem que a doena no tem
cura, porm alguns ainda desconhecem esse fato, como pode ser visto na fala do P2. Alm
disso, podemos destacar que existem pacientes que relatam desconhecer informaes bsicas
relativas ao processo de doena.
Quadro 1 Percepo do paciente e Compreenso sobre a doena. Picos/PI, mar./abr., 2012.
Percepo do paciente
Graas a Deus tem a medicina, os mdicos, os enfermeiros para cuidarem da gente. Ai com isso, eu
me sinto bem graas a Deus eu tenho pelo menos isso para sobreviver P1.
importante! Porque a doena uma coisa que a gente no espera P3.
A pessoa tem que conhecer melhor a doena para fazer o tratamento adequado P4, P5.
Importante para prevenir invalidez, morte P7, P8.
Compreenso sobre a doena
O que eu sei que no tem possibilidade de sair do tratamento, s com transplante. Ainda bem que
no sinto nada na mquina P1.
S queria saber como ficar bom P2.
S sei que o melhor fazer o tratamento P3.
No sei nada sobre a doena, comecei agora e ningum me explicou nada P4.
S sei que no tem cura, rim para de funcionar P5, P6, P7, P8.
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5.2.2 Categorias: Compreenso do funcionamento renal e Causas da doena renal
Compreende as unidades de anlise temtica que correspondem s informaes
acerca da compreenso do funcionamento renal. Essa categoria abrange as seguintes
subcategorias: No compreende e Compreende moderado. Esta categoria, juntamente com as
subcategorias, resultou em cinco unidades de registro.
Sobre a compreenso do funcionamento renal, percebeu-se que grande parte dos
sujeitos relataram algum conhecimento, porm no as compreendem, com isso no