UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PROGRAMA DE...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS TROPICAIS
ROBERTA SOUZA D’ALMEIDA COUTO SANTIAGO
PERFIL CLÍNICO- EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE BUCAL EM PACIENTES DE
HANSENÍASE
BELÉM-PA
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS TROPICAIS
ROBERTA SOUZA D’ALMEIDA COUTO SANTIAGO
PERFIL CLÍNICO- EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE BUCAL EM PACIENTES DE
HANSENÍASE
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará-UFPA como parte do requisito para obtenção do título de mestre em Doenças Tropicais.
Orientador: Profº.: Drº Cláudio Guedes Salgado. Co-orientador (a): Profª.: Drª Regina Fátima Feio Barroso.
BELÉM-PA
2009
ROBERTA SOUZA D’ALMEIDA COUTO SANTIAGO
PERFIL CLÍNICO- EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE BUCAL EM PACIENTES DE
HANSENÍASE
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará-UFPA como parte do requisito para obtenção do título de mestre em Doenças Tropicais.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________ Profa Dra. Ana Cláudia Braga Amoras Alves – ICS/UFPA
_________________________________________________________ Profº Dr. Arival Cardoso de Brito – ICS/UFPA
_________________________________________________________ Profº Dr. Lacy Cardoso de Brito Junior – ICB/UFPA
_________________________________________________________ Profº Dr. Claudio Guedes Salgado (Orientador) – ICB/UFPA
Julgado em: ____/____/______ Conceito: _________________
BELÉM-PA
2009
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa:
à todas as pessoas portadores da hanseníase, em especial aos participantes desta
pesquisa, que lutam contra o medo, o preconceito e o estigma.
AGRADECIMENTOS
Foram muitos, os que me ajudaram a finalizar este trabalho.
Meus sinceros agradecimentos ...
... a Deus, por toda força e sabedoria;
... ao meu marido e companheiro, Breno, por todo amor e compreensão;
... aos meus pais, Jorge e Lourdes, pelo amor e carinho eterno;
... a minha irmã, Renata, por sua disposição,contribuições, força e amizade;
... ao sobrinho e afilhado, Kazuyuki, pelas alegrias e felicidades;
... ao irmão, João Paulo, pelos momentos de descontração;
... ao cunhado, Makoto, pelas valiosas sugestões;
... aos meus avós, Osmar e Balbina, pelas orações e o grande amor;
... aos amigos Moisés, Rafael e Terezinha, pela força, conhecimento e disposição,
diante das minhas limitações;
... ao amigo Josafá, pelos momentos científicos e de apoio;
... ao professor e educador, Dr. Manuel Ayres, pelos conhecimentos e sabedoria de
um grande mestre;
... aos grandes professores e pesquisadores, Dr. Cláudio Salgado e Dra. Regina
Barroso, por conduzir o meu desenvolvimento com sabedoria e pelo enriquecimento
profissional que proporcionaram-me;
... aos colegas e funcionários do Laboratório Dermato-Imunologia, Abrigo João Paulo
II e Centro de Referência e Treinamento em Dermatologia Sanitária do Estado do
Pará “Dr. Marcello Candia”, por todas as colaborações e apoio;
... ao Abrigo João Paulo II, pelo espaço cedido para coleta dos dados da pesquisa e
contribuições no atendimento aos pacientes, minha eterna gratidão.
EPÍGRAFE
“Viver é a coisa mais rara do mundo.
A maioria das pessoas não faz mais
do que existir!"
(Oscar Wilde)
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil clínico-epidemiológico de saúde bucal em pacientes portadores de hanseníase em PQT através da avaliação clínica da mucosa bucal, dos indicadores epidemiológicos IPV (índice de placa visível), ISG (índice de sangramento gengival), ICPOD (índice de dentes cariados, perdidos e obturados) e mensuração do fluxo salivar pelo ISS (índice de secreção salivar), além da capacidade tampão pelo pH salivar. A amostra foi de 80 pacientes na faixa etária de 8 a 73 anos submetidos ao exame clínico bucal e coleta estimulada de saliva, divididos em Grupo de Estudo (GE), constituído de 40 pacientes portadores de hanseníase em PQT, atendidos no CRTDS Dr. Marcello Candia Marituba-Pa; e Grupo Controle (GC), de pacientes não portadores de hanseníase. Os resultados apontaram, 62,5% de alterações inespecíficas da mucosa bucal, dentre as mais freqüentes pigmentação racial na gengiva, linha alba mordiscada na mucosa jugal, inflamação gengival, varicosidade no ventre lingual e trauma por uso de prótese no GE, não havendo diferença estatisticamente significante (p=0,14) com o GC. A média do IPV no GE foi de 50,4% das superfícies dentárias com acúmulo de placa bacteriana, não havendo também diferença estatisticamente significante (p=0,40) com o GC. O IPV foi maior nos indivíduos sem acesso ao serviço odontológico e à medida que aumentou o grau de incapacidade dos pacientes, menor foi o acesso ao serviço. A média do ISG foi de 29,7% das superfícies dentárias com sangramento gengival, não havendo diferença estatística significante (p=0,35) com o GC. O ICPOD médio foi de 11,6 variando de 4,0 a 24, o que aumentou com o avanço da idade. O maior acúmulo de placa, o sangramento gengival e o consumo de alimentos cariogênicos fora do horário da refeição também contribuíram para o aumento do ICPOD. Outro fator relacionado ao aumento de ICPOD foi o não acesso ao serviço odontológico por 70% dos pacientes hansenianos, havendo diferença estatisticamente significante (p=0,0005) com o GC e a falta de orientação de higiene bucal em 60%, havendo diferença estatisticamente significante (p=0,01) com o GC. O ISS médio foi de 0,9ml/min e não apresentou associação com as doses do PQT e nem com o uso de prednisona. Dos pacientes do GE, 25% apresentaram hipossalivação, mas não houve aumento de ICPOD e nenhum dos grupos revelou alteração de pH salivar, variando de 5,85 a 7,34, com capacidade tampão dentro do padrão de normalidade. Conclui-se que perfil clínico-epidemiológico dos pacientes portadores de hanseníase assemelha-se a do grupo controle, não tendo sido diagnosticado nenhuma alteração da mucosa bucal específica para hanseníase, o que não anula, entretanto, a possibilidade da cavidade bucal ser fonte de infecção para hanseníase necessitando de confirmação histopatológica e/ou PCR para detecção de M.leprae viável. Além disso, os dados mostraram que a maioria dos pacientes hansenianos avaliados não tem acesso ao serviço odontológico, nem orientação de higiene bucal, resultante da falta de políticas públicas de saúde bucal para hansenianos. Palavras-chave: Hanseníase. Saúde Bucal. Mucosa Bucal. Saliva.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the clinical-epidemiological profile of oral health in leprosy patients at multidrug terapy (MDT) through the oral mucosa clinic assessment, the VPI (visible plaque index), GBI (gum bleeding index), DMFTI (decayed, missing and filled teeth index) and salivary flow rate measure by SSI (salivary secretion index) as epidemiological indicators, well over buffeing capacity by salivary pH. The sample was 80 patients, aged from 8 to 73 years submited to the analysis of the oral conditions and stimulated saliva collection, divided in study group (SG) constituted of 40 leprosy patients in MDT carried in the CRTDS Dr. Marcello Candia Marituba-Pa, Brazil and control group (CG) of 40 no leprosy patients. The results pointed 62,5% unspecific oral lesions, among the most frequent was melanin pigmentation of the attached gingiva, mordiscatum line of the buccal mucosa, gingival inflammation, tongue varicose veins and trauma for use of prosthesis, without statistical significant difference (p=0,14) with the CG. The average of the VPI was 50,4 % of the dental surfaces with accumulation of bacterial plaque, without statistical significant difference (p=0,40) with the CG. The VPI was bigger in the individuals without access to the odontologic service and while it increased the degree of incapacity of the patients, juvenile was the access to the service. The average of the GBI was 29,7% of the dental surfaces with gingival bleeding, without statistical significant difference (p=0,35) with the CG. The middle DMFTI was of 11,6 varying from 4,0 to 24, which increases with the advancement of the age. The biggest accumulation of plaque, the gingival bleeding and the consumption of foods cariogenic out of the time-table of the meal also contributed to the increase of the DMFTI. Another factor made a list to the increase of I DMFTI was no access it to the odontologic service for 70 % of the leprosy patients, having statistical significant difference is (p=0,0005) with the CG and the lack of education of oral hygiene in 60 %, having statistical significant difference (p=0,01) with the CG. The middle SSI was of 0,9ml/min and did not present association with the MDT and not even with the use of prednisolone. The SG patients, 25 % presented hiposalivation, but there was no increase of DMFTI and none of the groups revealed alteration of salivary pH , varying from 5,85 to 7,34, with buffeing capacity inside the standard of normality. Conclusion that the clinical-epidemiological profile of leprosy patients is similar to the control group, do not have find specific oral lesions for leprosy, which does not cancel the possibility of the buccal cavity to be a fountain of infection for leprosy, needing histopathological confirmation and / or PCR for detection of viable M.leprae. Moreover, the data showed most of the leprosy patients do not have access to the odontologic service and not even education of oral hygiene, results absence of public politics of oral health for leprosy. Key-words: Leprosy. Oral Health. Oral Mucosa. Saliva.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Aspecto clínico de um paciente sendo examinado.
Figura 2a – Aspecto clínico compatível com placa bacteriana no elemento dentário.
Figura 2b – Aumento da imagem do elemento dentário 31.
Figura 3a – Aspecto clínico realizando exame de sondagem no sulco gengival. Figura 3b – Aumento da imagem do elemento dentário. Figura 04 – Aspecto clínico de um paciente realizando coleta de saliva
estimulada.
Figura 5a – Aparelho pHmetro utilizado nas análise de pH salivar. Figura 5b – Material de saliva no interior do recipiente sendo analisado pelo
pHmetro.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase por 100.000
habitantes, regiões e Brasil, 2001 – 2007.
Gráfico 02 – Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase por 100.000
habitantes, estados da federação, Brasil, 2007.
Gráfico 03 – Nível de escolaridade em GE e GC.
Gráfico 04 – Percentual de escovação diária para GE e GC.
Gráfico 05 – Percentual de uso de fio dental para GE e GC.
Gráfico 06 – Percentual de alteração de mucosa para GE e GC.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01– Prevalência da hanseníase e o número de casos novos da OMS,
início de 2008.
Tabela 02– Detecção de casos novos da hanseníase em 17 países com número
maior igual a 1000 casos novos durante 2007.
Tabela 03 – Situação da hanseníase na América Latina, início de 2008.
Tabela 04 – Escala do índice baciloscópico (IB).
Tabela 05 – Casos novos x Forma clínica x Faixa etária.
Tabela 06 – Renda familiar de GE e GC.
Tabela 07 – Percentual de acesso ao serviço odontológico para GE e GC.
Tabela 08 – Percentual de orientação de higiene bucal para GE e GC.
Tabela 09 – Média de IPV para GE e GC.
Tabela 10 – IPV x Acesso ao serviço x Incapacidade.
Tabela 11 – Média de ISG para GE e GC.
Tabela 12 – ICPOD x Faixa etária para GE e GC.
Tabela 13 – ICPOD x IPV para GE e GC.
Tabela 14 – ICPOD x ISG para GE e GC.
Tabela 15 – ICPOD x Doçuras para GE e GC. Tabela 16 – ICPOD x Acesso ao serviço x Orientação de higiene bucal para GE
e GC.
Tabela 17 – Média de ISS para GE e GC. Tabela 18 – Dose do PQT x ISS. Tabela 19 – Uso de prednisona x ISS. Tabela 20 – ICPOD x ISS para GE e GC.
LISTA DE ABREVIATURAS
CRTDS – Centro de Referência e Treinamento em Dermatologia Sanitária
Ceod – Dente Temporários Cariados e Obturados
CPOD – Dentes Cariados, Perdidos e Obturados
DNA – Ácido Desoxirribonucléico
GC – Grupo Controle
GE – Grupo de Estudo
HCl – Ácido Clorídrico
IB – Índice Baciloscópico
ICPOD – Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados
IPV – Índice de Placa Visível
ISG – Índice de Sangramento Gengival
ISS – Índice de Secreção Salivar
MB – Multibacilar
MH – Hanseníase
MHDD – Hanseníase Dimorfa-Dimorfa
MHDT – Hanseníase Dimorfa Tuberculóide
MHDV – Hanseníase Dimorfa Virchowiana
MHI – Hanseníase Indeterminada
MHT – Hanseníase Tuberculóide
MHV – Hanseníase Virchowiana
ml/min – Mililitros por Minuto
OMS – Organização Mundial de Saúde
PB – Paucibacilar
pH – Potencial de Hidrogênio
PQT – Tratamento Poliquimioterápico
PQT/MB – Tratamento Poliquimioterápico em Multibacilar
PQT/PB – Tratamento Poliquimioterápico em Paucibacilar
WHO – World Health Organization
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................14
2. REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................16
2.1.HANSENÍASE .....................................................................................................16
2.2. MANIFESTAÇÕES BUCOFACIAIS .................................................................. 26
2.3. SALIVA ...............................................................................................................31
3. OBJETIVOS .........................................................................................................34
3.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................................34
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..............................................................................34
4. PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................35
4.1. AMOSTRA...........................................................................................................35
4.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA ........................................................................................36
4.3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES BUCAIS ...............................................................37
4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................42
5. RESULTADOS ....................................................................................................43
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................55
7. CONCLUSÕES.....................................................................................................60
REFERÊNCIAS .........................................................................................................62
APÊNDICES ..............................................................................................................70
ANEXOS ...................................................................................................................76
14
1. INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa granulomatosa causada por
um bacilo álcool-ácido resistente, Mycobacterium leprae, de evolução lenta que
apresenta um tropismo peculiar para pele, nervos periféricos e mucosas, em
especial do trato respiratório, podendo afetar outros órgãos como o fígado, os
testículos, os olhos e a cavidade bucal. (ALFIERI et al., 1983).
Segundo a World Health Organization (WHO)1, a hanseníase ainda constitui
um problema de saúde pública, sendo registrados 254.525 novos casos durante o
ano de 2007. O Brasil ocupa o 2º lugar no cenário mundial, apresentando 39.125
novos casos, perdendo apenas para a Índia. A região Norte apresenta coeficiente
em torno de 55 casos novos por 100 mil habitantes. O Pará é o estado da região
Norte de maior endemicidade com coeficiente de detecção de casos novos de 62,17
por 100 mil habitantes, dados de 2007. 2
Muitas são as ações e pesquisas para o controle da hanseníase, mas
segundo Grossi, Lyon & Guimarães (1995) apud Santos et al., 2000, são escassos
os trabalhos sobre o comprometimento da mucosa bucal nos hansenianos, mesmo o
trato respiratório superior sendo a via mais importante de eliminação e transmissão
do M. leprae. Este fato acontece provavelmente em virtude de a cavidade oral
raramente ser examinada e na maioria dos casos não causar nenhum incômodo
(OPROMOLLA, OPROMOLLA & URA, 2003).
1 Global leprosy situation, beginning of 2008. Weekly Epidemiological Record [da] World Health Organization – WHO.
Geneva, v. 83, n. 33, p. 293-300, aug. 2008. Disponível em: http://www.who.int/wer. Acesso em 05 jan. 2008.
2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO. Sistema de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde.
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf. Acesso em 25 jan 2009.
15
Acrescenta-se ainda, o fato de a doença acometer principalmente populações
com baixas condições sócio-econômicas, o que dificulta o acesso aos serviços de
odontologia e propicia más condições dentárias, uso de próteses precárias e
traumatizantes, além da presença de focos infecciosos dentários (ROSLINDO, 1984;
PETERSEN et al., 2004 apud 3).
O conhecimento das condições de saúde bucal torna-se, portanto, importante
do ponto de vista científico e do ponto de vista de saúde pública, pois seguramente
os pacientes portadores de hanseníase fazem parte de uma população de alto risco.
Isto faz do cirurgião-dentista mais um profissional da saúde a compor a equipe
multiprofissional no controle da hanseníase.4
Os instrumentos de auxílio para obtenção do panorama das condições bucais
são: IPV (índice de placa visível) que permite verificar o controle de placa
bacteriana; ISG (índice de sangramento gengival), a partir do qual se obtém as
condições periodontais, pela sondagem delicada do sulco gengival; o índice de
CPO-D (dente cariado, perdido e/ou obturado) ou ceo-d (dente cariado, extração
indicada e/ou obturado), que medem o ataque de cárie dental à dentição
permanente e decídua, respectivamente; e mensuração do fluxo salivar e
capacidade tampão pelo pH salivar, a saliva funcionando como mecanismo de auto-
limpeza e proteção das estruturas dentárias e da mucosa oral. Acresce-se a estes
instrumentos, a análise clínica das manifestações bucais. Estes recursos somados
permitem uma análise minuciosa das condições de saúde bucal.
3 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE. A evolução da atenção à saúde no Brasil:
o contexto da saúde bucal. Rio de Janeiro, 2005.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Derpatamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomosse, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p.66-100. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.21).
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 HANSENÍASE
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, crônica, de grande
importância para a saúde pública, devido à sua magnitude e o seu alto poder
incapacitante, atingindo principalmente a faixa etária economicamente ativa.5
O processo evolutivo da história natural da hanseníase resulta em
incapacidades físicas, decorrentes de dano em troncos nervosos periféricos,
ocasionado pela invasão do M. leprae nas células nervosas e da agressão do
organismo a esses nervos, na tentativa de conter o processo infeccioso (SALGADO
& CRUZ, 2007).
A incapacidade física instalada no paciente é a grande responsável pelo alto
grau de medo, preconceito e estigma milenares, que ainda persistem na sociedade
moderna.6
A hanseníase é uma doença global, estando distribuída em todos os
continentes, com grande expressividade na África, Américas e Sudeste Asiático. Os
dados epidemiológicos no começo de 2008, registraram prevalência global de
212.802 e o número de casos novos detectados durante 2007 de 254.525 (Tabela
01). O Brasil ocupa o segundo lugar em número absoluto de casos novos no mundo
39.125, perdendo apenas para a Índia 137.685 (Tabela 02). Nas Américas, o Brasil
desponta com a mais alta endemicidade (Tabela 03). 7
5 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Derpatamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomosse, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p.66-100. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.21).
6 BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de prevenção de
incapacidades. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 3. ed., rev. e ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 140p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase; n. 1).
7 Global leprosy situation, beginning of 2008. Weekly Epidemiological Record [da] World Health Organization – WHO. Geneva, v. 83, n.
33, p. 293-300, aug. 2008. Disponível em: http://www.who.int/wer. Acesso em 05 jan. 2008
17
Tabela 01 – Prevalência da hanseníase e o número de casos novos da OMS, início de 2008.
Região da OMS Prevalênciaa Casos novos detectados em 2007
b
África 30055 (0.47) 31037 (4.85) Américas 49388 (0.96) 41978 (8.15) Sudeste Asiático 120967 (0.72) 171552 (10.22) Mediterâneo Oriental 4240 (0.09) 4091 (0.85) Pacífico Ocidental 8152 (0.05) 5867 (0.34) Total 212802 254525 a) Coeficiente de prevalência em parênteses: número de casos por 10000 habitantes. b)Coeficiente de detecção em parênteses: número de casos por 10000 habitantes. Fonte: adaptado de WHO Weekly Epidemiological Record. 2008, 83, pp.293-300.
Tabela 02 – Detecção de casos novos da hanseníase em 17 países com número maior igual a 1000 casos novos durante 2007.
País Número de casos novos – 2007
Índia 137685 Brasil 39125 Indonésia 17682 República Democrática do Congo 8820 Bangladesh 5537 Nigéria 4665 Nepal 4436 Etiópia 4187 Mianmar 3637 Philippines 2514 Moçambique 2510 Sri Lanka 2024 Sudão 1706 Madagascar 1644 China 1526 Angola 1269 Cote d’Ivore 1204 Total (%) 240032 (94%)
Total Global 254525 Fonte: adaptado de WHO Weekly Epidemiological Record. 2008, 83, pp.293-300.
Tabela 03 – Situação da hanseníase na América Latina, início de 2008.
País Prevalência Casos novos detectados, 2007
Brasil 45847 39125 Venezuela 1681 683 Colômbia 510 Paraguai 414 403 Argentina 312 Cuba 244 México 702 243 República Dominicana 327 164 Equador 195 107 Total Fonte: adaptado de WHO Weekly Epidemiological Record. 2008, 83, pp.293-300.
18
No Brasil, a hanseníase apresenta tendência de estabilização dos coeficientes
de detecção, mas ainda em patamares muito altos nas regiões Norte, Centro-Oeste
e Nordeste, contrapondo as regiões Sul e Sudeste (Gráfico 01).8 A área de maior
endemicidade é a Amazônia Legal, sendo o estado do Mato Grosso com os maiores
coeficientes de casos novos, seguidos dos estados do Tocantins, Rondônia,
Maranhão, Pará e Roraima (Gráfico 02). O Pará ocupa o quinto lugar dos estados da
federação e da região Norte é o estado mais endêmico.9
Gráfico 01 – Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase por 100.000 habitantes, regiões e Brasil, 2001 – 2007.
8 WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO/OMS. Estratégia Global para aliviar a carga de hanseníase e manter as atividades de hanseníase. OMS, 2005. Disponível em: http://www.who.int/lep/Reports/GlobalStrategy-PDF-verison.pdf. Acesso em 05 jan. 2008.
9 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO. Sistema de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde.
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf. Acesso em 25 jan 2009.
Fonte: SINAN/SVS-MS http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf. Acessado em 25 de janeiro de 2009
19
Gráfico 02 - Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase por 100.000 habitantes, estados da federação, Brasil, 2007.
A cadeia epidemiológica da hanseníase ocorre através do indivíduo doente
com a forma infectante da doença, forma multibacilar (MB), sem tratamento, pela
eliminação do bacilo para o meio externo. O contato com o M. leprae se faz
principalmente pelas vias aéreas superiores, facilitado pelo contato íntimo e
prolongado, muito freqüente na convivência domiciliar.10
Estima-se que 90% da população apresentem defesa natural ao M. leprae,
pois somente 5% a 10% dos indivíduos expostos ao M. leprae desenvolvem
10 WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO/OMS. Disponível em: http://www.who.int/topics/leprosy/en/. Acesso em: 21 ago.
2008.
Fonte: SINAN/SVS-MS http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf. Acessado em 25 de janeiro de 2009
20
sintomas da doença, devido susceptibilidade genética, além da baixa patogenicidade
do bacilo (PESSOLANI et al., 2003; NEVILLE et al., 2004; ALÇAIS et al., 2005; 11).
A classificação da hanseníase, segundo Talhari & Neves (1997), é baseada
nas formas clínicas dependentes da interação do bacilo com a resposta imune do
hospedeiro - o homem. As classificações mais utilizadas no Brasil são a de Madri
(Congresso Internacional, 1953) e de Ridley & Jopling. A classificação de Madri
agrupa dois pólos estáveis e opostos, um pólo de maior resistência da imunidade
celular com uma boa resposta do hospedeiro – hanseníase tuberculóide (MHT), e
um pólo de menor resistência, podendo apresentar comprometimento visceral –
hanseníase virchowiana (MHV). Entre as duas formas polares há uma forma clínica
intermediária, a hanseníase boderline ou dimorfa (MHD) e uma forma inicial, a
hanseníase indeterminada (MHI) (COSTA et al., 2002). No entanto, a hanseníase
não é estável em sua forma clínica, o que levou Ridley & Jopling, 1966, a proporem
uma classificação com um sistema de cinco grupos que expressasse a imunidade
dos pacientes em Tuberculóides (MHT), Dimorfos-Tuberculóides (MHDT), Dimorfos-
Dimorfos (MHDD), Dimorfos-Virchowianos (MHDV) e Virchowianos (MHV), excluindo
a forma indeterminada (MHI) do espectro (HASTINGS & CONVIT, 1989; ARAÚJO,
2003).
Em 1982, a World Health Organization (WHO), propôs uma classificação mais
simplificada baseada em resultados baciloscópicos, isto é, paciente com índice
bacilóscópico (IB) menor que 2+ (Tabela 4) foram denominados paucipacilares (PB)
e IB maior e igual a 2+ denominados de multibacilares (MB), sendo que estes
11 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Derpatamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomosse, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p.66-100. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.21).
21
incluem as formas MHDD, MHDV e MHV e os paucibacilares são as formas MHT,
MHDT e MHI.
Tabela 04 – Escala do índice baciloscópico (IB).
0 Ausência de BAAR, em pelo menos 100 campos examinados
1+ 1 a 10 bacilos em 100 campos examinados
2+ 11 a 99 bacilos em 100 campos examinados
3+ 1 a 10 bacilos por campo examinado
4+ 11 a 100 bacilos por campo examinado
5+ 100 a 1000 bacilos por campo examinado
6+ Mais de 1000 bacilos por campo examinado
Fonte: WHO/OMS. Disponível em: http://www.who.int/topics/leprosy/en/. Acesso em: 21 ago. 2008.
O diagnóstico da hanseníase é obtido pelas manifestações clínicas
dermatoneurológicas, identificando lesões ou áreas cutâneas com alteração de
sensibilidade e/ou espessamento neural, podendo ser complementado pelo exame
baciloscópico de fácil execução e baixo custo, que consiste na retirada da linfa
através do esfregaço de lesões ativas ou áreas com alteração de sensibilidade. Na
ausência de lesões, os sítios de coleta são o lóbulo da orelha direita e esquerda e o
cotovelo direito e esquerdo. A baciloscopia é negativa na forma clínica tuberculóide
e positiva na forma virchowiana, podendo ser positiva ou negativa na forma dimorfa.
(GOULART & PENNA & CUNHA, 2002; ARAÚJO, 2003; MOSCHELLA,2004; 12)
O tratamento específico da hanseníase é o poliquimioterápico preconizado
mundialmente pela OMS, (PQT/OMS). Os medicamentos utilizados são uma
associação de rifampicina, clofazimina e dapsona para os multibacilares (MB), e
12 TAMPLIN, M.; NASH, J.; ALMOND, T. Como diagnosticar e tratar a hanseníase. Guia didático 1. The International
Federation of Anti-Leprosy Associations (ILEP). Grã-Bretanha, 2002. Disponível em: http:// www.ilep.org.uk/documents/lg2bport.pdf#search/. Acesso em: 05 fev. 2006.
22
rifampicina e dapsona para os casos paucibacilares (PB). Iniciado o tratamento, há a
interrupção da cadeia de transmissão da doença, sendo portanto, estratégico no
controle da endemia, e na eliminação da hanseníase enquanto problema de saúde
pública (COSTA et al., 2002; FUNASA, 2002; 13). Entretanto, a hanseníase pode
evoluir antes, durante e mesmo após tratamento, com os estados reacionais clínicos
conhecidos como reações hansênicas, as quais são devidas às alterações
imunológicas dos pacientes e que requerem tratamento adicional (COSTA et al.,
2002; 14).
Os estados reacionais, ou reações hansênicas são a principal causa de
lesões dos nervos e de incapacidades provocadas pela hanseníase. São reações do
sistema imunológico do hospedeiro ao M. leprae que ocorrem, principalmente,
durante os primeiros meses de tratamento quimioterápico da hanseníase (FUNASA,
2002; 15).
Ridley (1969) definiu a reação na hanseníase como um episódio agudo,
ocorrendo no curso crônico da infecção, representando a expressão clínica e
histológica de um processo inflamatório alérgico. Todas as reações estariam
associadas com o antígeno bacteriano e com alterações no equilíbrio imunológico
entre hospedeiro e bacilo. As reações podem ocorrer mesmo quando o paciente já
recebeu alta e sua baciloscopia encontra-se negativa (RIDLEY, 1969). Quando as
reações ocorrem após o tratamento, podem ser confundidas com recidiva da
13 TREINAMENTO DE HANSENÍASE, 2002, Belém. Programa de Apoio ao plano de eliminação da hanseníase e
reabilitação de pessoas incapacitadas afetadas pela hanseníase no estado do Pará, Brasil, 2002-2003. Belém, 2002.
14 TAMPLIN, M.; NASH, J.; ALMOND, T. Como reconhecer e tratar reações hansênicas. Guia de aprendizagem 2. The
International Federation of Anti-Leprosy Associations (ILEP). Grã-Bretanha, 2002. Disponível em: http:// www.ilep.org.uk/documents/lg2bport.pdf#search/. Acesso em: 05 fev. 2006.
15 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Derpatamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomosse, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p.66-100. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.21).
23
doença, porém o crescimento lento de lesões é mais freqüente durante a recidiva, e
esta, é excluída através de exames baciloscópicos de material da lesão, ou através
de biópsia e exame histopatológico, confirmando assim o diagnóstico (HASTINGS &
CONVIT, 1989).
A reação celular ao bacilo, é própria da capacidade inata do hospedeiro em
resistir ou não à infecção. Ao não resistir, tem-se uma hanseníase indeterminada,
que pode desenvolver uma hanseníase tuberculóide, ou uma posição intermediária
dimorfa, ou ainda se estabelecer como hanseníase virchowiana. A instabilidade de
resistência é iniciada por mudanças ou perturbações hormonais, reações alérgicas,
estresse mental, doenças intercorrentes, tratamento ou infecções bucais, podendo
conduzir mudanças de uma forma clínica para outra (ARAÚJO, 2003; MOSCHELLA,
2004; 16). Qualquer forma da hanseníase, salvo a forma indeterminada, pode
atravessar uma exacerbação aguda – reação hansênica – que às vezes antecedem
o diagnóstico da hanseníase, surgem durante o tratamento ou após a alta por cura
(REICHART, 1976; ARAÚJO, 2003).
Os estados reacionais são classificados em tipo I ou Reação Reversa (RR) e
tipo II ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH), sendo que os dados disponíveis na
literatura divergem em relação ao percentual de pacientes que desenvolvem reações
hansênicas, variando de 15 a 60% do total de casos de hanseníase. As reações do
tipo I são mediadas por células, ou seja, os antígenos de bacilos fragmentados
reagem com linfócitos T e ocorre uma rápida mudança na imunidade celular. Já as
reações do tipo II são mediadas por anticorpos, imunidade humoral, que é a
resposta inflamatória sistêmica à deposição de imunocomplexos no espaço tecidual,
16 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Derpatamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomosse, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p.66-100. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.21).
24
sangue e vasos linfáticos; sendo esta apresentação clínica de difícil manejo em
Unidades Básicas de Saúde (UBS) (NERY et al., 1999; ARAÚJO, 2003;
MOSCHELLA, 2004).
Segundo a classificação de Ridley & Jopling (1966), as reações do tipo I ou
RR ocorrem em pacientes com MHT, MHDT, MHDD e MHDV. Do ponto de vista
clínico-dermatológico, apresentam como sinal mais importante, uma mudança rápida
dos aspectos das lesões cutâneas preexistentes, tornando-se eritematosas, mais
salientes, brilhantes e com elevada temperatura ao toque. O comprometimento
neural é freqüente, sendo os nervos mais afetados: radial, ulnar e mediano no
membro superior; fibular comum e tibial posterior no membro inferior; além do
trigêmio e facial. Durante as reações, há uma rápida tumefação de um ou mais
nervos, acompanhada de sensibilidade dolorosa local. A alteração motora é séria,
sendo os nervos de maior risco o ulnar, provocando a “mão em garra”; o nervo
fibular, provocando o “pé caído”; e o facial, produzindo paralisia facial, com seqüelas
oftalmológicas. Estas paralisias costumam ser permanentes, se negligenciadas ou
tratadas de forma incorreta. No entanto, podem ser reversíveis com tratamento
rápido e adequado. Alterações sistêmicas como mal estar geral e febre, não são
comuns (LOCKWOOD et al., 1993).
A Reação Tipo II ou ENH ocorre em pacientes com quadro clínico de MHDV
ou MHV, e se traduz clinicamente pelo aparecimento súbito de lesões nodulares,
inflamatórias, eritematosas, dolorosas, quentes, móveis, localizadas em pele
aparentemente normal - eritema nodoso clássico. Pode também, apresentar-se
como eritema polimorfo, traduzido por lesões máculo-papulares, eritêmato-
vesiculares, eritêmato-bolhosas e eritêmato-purpúricas, acompanhadas de sintomas
gerais como febre e mal-estar. Neste grupo também é colocado um quadro típico
25
chamado “Fenômeno de Lúcio”, que se caracteriza por endarterite e conseqüente
necrose da pele (SOUZA et al., 2000; HELMER et al, 2004).
Durante a reação tipo II podem ainda, ser observadas lesões inflamatórias
agudas em mãos e pés denominadas “mãos e pés reacionais”. Outros órgãos
podem ser acometidos, tais como os olhos, em que pode haver esclerite e outras
afecções (VALENTINI et al., 1999) e a boca, cujas manifestações podem ser
evidenciadas em decorrência da infecção, como também das alterações percebidas
durante as reações, podendo se apresentar como úlceras, nódulos, manchas,
placas, fibroses, além de alterações gengivo-periodontais e dentárias
(PELLEGRINO, OPROMOLLA & CAMPOS, 1970; REICHART, 1976; REICHART,
ANANATASAN & REZNIK, 1976; PRABHU & DAFTARY, 1981; BOMBACH &
REICHART, 1987).
As características clínicas da hanseníase são múltiplas tanto as decorrentes
da própria doença, como as alterações percebidas durante as reações, o que
permite uma vasta possibilidade diagnóstica (PELLEGRINO,OPROMOLLA &
CAMPOS, 1970; REICHART, 1976; PRABHU & DAFTARY, 1981; BOMBACH &
REICHART, 1987).
O tratamento da reação hansênica é à base de corticosteróides como a
prednisona para reações Tipo I, que está entre os agentes imunossupressores mais
freqüentemente usados para tratamento de doenças inflamatórias; e a talidomida
para reações Tipo II, que possui ação rápida e eficaz, mas apresenta efeito
teratogênico importante, o que restringe o seu uso.17, 18
17 ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – OPAS. Disponível em: http://www.opas.org.br/. Acesso em 03 out 2006.
18 WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO/OMS. Disponível em: http://www.who.int/topics/leprosy/en/. Acesso em: 21 ago.
2008.
26
2.2 MANIFESTAÇÕES BUCOFACIAIS
A face é um local comum de acometimento da hanseníase, iniciando com
numerosas máculas ou pápulas bem definidas sobre a pele, podendo levar à
alterações de infiltração difusa da face – regiões malares, supraciliares e pavilhão
auricular, com formação de tubérculos e nódulos, ocasionando perda definitiva de
pêlos dos cílios e supercílios, que dão à face um aspecto peculiar, denominado
“facies leonina”. A atrofia da espinha nasal anterior e da crista alveolar anterior do
maxilar e alterações inflamatórias endonasais, epistaxe, alargamento do nariz e
perda de olfato, são alterações características da face em que podem ser
observadas (TEIXEIRA, 1975; REICHART, 1976; NEVILLE et al., 2004). Segundo
Bertelli & Sacheri (1961) e Bucci Jr et al. (1987), o envolvimento da cavidade nasal
antecede o da cavidade bucal e faringe.
Para Reichart, Ananatasan & Reznik (1976), Bucci Jr et al. (1987) e
Ochandiano et al. (2000), as lesões bucais não são comuns em hansenianos, mas
podem ser encontradas em todas as formas de hanseníase, entretanto é mais
comum na forma virchowiana. Nos estudos de Alfieri et al. (1983), observaram
clinica e histopatologicamente que a mucosa bucal em pacientes dimorfos e
tuberculóide reacional, não é importante fonte de eliminação do M. leprae.
Bechelli & Berti (1939), verificaram em seus estudos, baciloscopia positiva em
material de mucosa bucal aparentemente sadia. Examinando 456 pacientes
virchowianos e de outras formas clínicas, encontraram uma freqüência geral nos
virchowianos, de 19,1% de lesões na cavidade bucal, com predileção para palato
duro, palato mole, úvula, lábios e língua. Reichart (1976) acrescenta o envolvimento
da papila incisiva e gengiva marginal labial.
27
Nelson & Tsaknis (1978) relatam que o palato é uma área de importante
desenvolvimento patológico, seja de natureza local ou decorrente da condição
sistêmica.
Nos estudos de Reichart (1974), são observadas alterações na úvula e palato
mole em 10 pacientes dos 62 examinados, sendo que as modificações em estágios
avançados como perda de úvula e infiltrado granulomatoso em palato mole, estão
presentes em pacientes que têm a hanseníase por muitos anos ou naqueles que
não têm recebido tratamento específico para hanseníase.
Chimenos-Kustner et al. (2006) mostram relato de caso clínico de hanseníase
virchowiana adquirida em ambiente familiar durante infância e adolescência, com 40
anos de duração da doença, em que as alterações bucofaciais são extremamente
evidentes clinicamente, e em estágio bastante avançado, indicando que são
manifestações tardias.
Nos estudos de Reichart, Ananatasan & Reznik (1976) e Núnez-Marí &
Marreco-Calvo (2001) observaram gengivite crônica e periodontite com perda óssea,
retração gengival generalizada e formação mínima de bolsa periodontal, fato
causado por falta de higiene bucal com severo acúmulo de placa bacteriana e
formação de cálculo, explicado pela inabilidade dos pacientes hansenianos em
executar a higiene, respiração bucal, infiltração granulomatosa específica do M.
leprae e a ação de drogas específicas para hanseníase.
Os sítios de hanseníase na boca incluem gengiva região anterior, processo
alveolar da premaxila, incisivo central superior, palato duro e mole, úvula e língua.
No entanto, nenhuma lesão bucal é patognomônica para hanseníase. A predileção
por essas áreas na cavidade bucal, provavelmente está relacionada com a
temperatura que é baixa, sendo um dos requisitos de predileção do M. leprae
28
(RENDALL, McDOUGALL & WILLIS, 1976; RENDALL & McDOUGALL, 1976;
SCHEEPERS et al., 1993 apud RUSSO et al., 2005; SCHEEPERS, 1998).
Alterações não específicas ocorrem na mucosa bucal, mesmo na ausência de
sinais e sintomas, inclusive em paucibacilares (CEBALLOS et al., 1993; SANTOS,
1998; SANTOS et al., 2000; ABREU et al., 2006; 2007). Para Abreu et al. (2006;
2007), alterações clínicas na mucosa bucal não implicam no envolvimento da
hanseníase, necessitando de confirmação histopatológica.
Santos et al. (2007) realizaram biópsia da mucosa bucal normal em palato
duro e mole, de pacientes multibacilares e pesquisaram M. leprae por meio da
reação em cadeia da polimerase (PCR), detectando DNA do bacilo em 6 dos 7
casos estudados.
Em seus estudos, Motta et al. (2008) observaram lesões específicas na
mucosa bucal em 3 casos, confirmados por exames complementares de
baciloscopia, reação de Mitsuda, histopatológico e determinação de anticorpo para
proteína glicolipídica (anti-PGL1). Houve o envolvimento da mucosa palatal e nasal
em todos os casos. O palato mole foi afetado em todos os casos com ulcerações
granulomatosas e o palato duro em dois casos.
Rao, Konda & Jhamnani (2008) relataram 2 casos de lesões específicas na
mucosa bucal com envolvimento nasal e palatal, sendo que o palato apresentou
múltiplos nódulos e placas em um dos casos, e no outro, grande perfuração
associada a secreção purulenta. Em ambos os casos foram realizadas baciloscopia
e biópsia, para fins diagnósticos.
Fucci da Costa et al. (2003), apontaram 69% de alterações clínicas bucais em
pacientes virchowianos, dimorfos e tuberculóides, entre elas enantema de úvula, de
papila, de palato, ulceração de mucosa bucal, de palato, nódulo e infiltração palatal.
29
No aspecto histopatológico, encontraram em 2 pacientes bacilo viável. Para os
pesquisadores, a manutenção de lesões bucais podem conduzir ou manter reações
na hanseníase, momento que podem agir como possível fonte de infecção, seja
através da saliva, espirro, tosse e/ou fala.
Motta et al. (2008) afirmam, através de seus trabalhos com exames
histopatológicos, que a presença do bacilo M. leprae em lesões na cavidade bucal
podem ser fonte de infecção.
Segundo Opromolla, Opromolla & Ura (2003), talvez as lesões clínicas na
cavidade bucal não sejam tão raras assim. Em muitos pacientes virchowianos, as
lesões intensas na boca não são detectadas, em virtude da cavidade oral raramente
ser examinada, além de não causar na maioria das vezes nenhum incômodo.
As lesões bucais involuem de acordo com a baciloscopia, simultaneamente
com as lesões da pele (BRASIL et al., 1973). A mucosa bucal aparentemente normal
pode estar comprometida em número relativamente grande de casos, necessitando
confirmação baciloscópica, histopatológica e/ou por PCR (BRASIL et al., 1973;
ABREU et al., 2007; SANTOS et al., 2007).
Diversas publicações mostram as manifestações bucofaciais presentes nos
portadores de hanseníase. Confirmando os trabalhos de Prabhu & Daftary (1981),
que examinaram 700 pacientes virchowianos, observaram 40,28% de manifestações
faciais e bucais, sendo 28,71% faciais e 11,57% bucais. Porém praticamente não se
observa uma avaliação minuciosa das condições de saúde bucal da população de
hansenianos, levando em consideração além das manifestações bucofaciais, a cárie
dentária, as condições gengivais e a saliva.
Núnez-Martí (1998) relata que os pacientes hansenianos apresentam higiene
bucal limitada, em virtude das deformidades e mutilações de dedos e mãos,
30
associadas à perda de motivação e redução do estado geral de saúde, o que
contribui para alterações periodontais. O acúmulo de placa bacteriana, cálculo e
resíduos alimentares, podem ser evitados com uma correta e boa manutenção da
higiene bucal.
As cáries dentárias também são alterações observadas e desenvolvem-se por
acúmulo de placa bacteriana cariogênica, presença de alimentos ricos em açúcares
e o aparecimento de pH salivar ácido. Nos hansenianos, segundo Núnez-Martí
(2000), esses fatores são potencializados pela limitação da higiene bucal e pela
poliquimioterapia, que diminuem o pH salivar.
Em 1993, Ceballos et al. estudaram o estado de saúde bucal de 37 pacientes
hansenianos com idade variando de 35 a 90 anos. Observaram alterações não
específicas na mucosa bucal de 31 pacientes, dentre as mais freqüentes,
xerostomia, língua fissurada, língua despapilada, queratose em mucosa jugal,
estomatite protética e mancha melânica. O CPOD foi de 16,2 e em 28 pacientes
observou-se, alteração periodontal.
Núnez-Martí & Marreco-Calvo (2002) examinaram 76 pacientes hansenianos,
idades de 40 a 82 anos e os resultados apontaram alteração de palato, úvula e lábio.
O índice CPOD foi de 19,06, sendo a média de 6,49 dentes cariados; 1,04 de dentes
obturados e 13,55 de dentes ausentes, além disso, identificaram grande presença
de placa bacteriana e comprometimento periodontal na cavidade bucal.
O último levantamento das condições de saúde bucal da população brasileira
foi em 2003, que envolveu 250 municípios onde observou-se que 40% das crianças
menores de 5 anos estavam livres de cárie dentária, sendo a meta da OMS para
2000 de 50% das crianças nessa idade livres de cárie; a média de CPO nas crianças
de 12 anos foi de 2,78, alcançando-se a meta da OMS que era no máximo 3,00.
31
Entretanto, nos adolescentes e nos adultos, os valores foram 6,18 e 20,12
respectivamente. A proporção de dentes perdidos no índice CPO dos adolescentes
e adultos foi de 14,5% e 65,7% respectivamente, mantendo-se segundo dados do
levantamento, praticamente os mesmos valores observados em 1986, o que denota
a persistência do modelo assistencial mutilador, com elevados índices de extrações.
Com relação às condições gengivais, menos de 22% da população adulta
apresentou gengivas sadias e nos idosos, menos de 8%.19,20
2.3 SALIVA
A saliva é uma secreção complexa produzida pelas glândulas salivares
maiores – parótida, submandibular e sublingual, e pelas glândulas salivares menores
ou acessórias da mucosa bucal (THYLSTRUP & FEJERSKOV, 1995). Desempenha
importante papel na defesa dos tecidos duros e moles da cavidade bucal, e o
constante fluxo salivar promove ação de limpeza e lubrificação, atua como tampão
dos efeitos deletérios de ácidos e bases fortes, provê íons necessários para
remineralização dos dentes, tem capacidade antimicrobiana, além de solubilizar
substâncias dos alimentos, facilitando a formação de bolo alimentar, mastigação e
deglutição (EDGAR, 1992; THYLSTRUP & FEJERSKOV, 1995).
Segundo Thylstrup & Fejerskov (1995) o índice de secreção da saliva
estimulada, expresso em ml/min é normal para valores igual e acima de 0,7ml/min e
valores abaixo de 0,7 ml/min caracteriza-se quadro de hipossalivação. O sono,
situações de medo – depressão mental, equilíbrio de água do corpo, natureza e
19
CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA – CFO. Disponível em:
http://www.cfo.org.br/download/pdf/brasil_sorridente/resumo_sb%20brasil.pdf. Acesso em: 21 ago. 2008.
20 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Projeto SB Brasil 2003:
condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
32
duração do estímulo, estimulação prévia, tamanho da glândula salivar, pensamento,
odor e visão de alimentos, são fatores que influenciam na secreção salivar.
A capacidade tampão da saliva é importante na manutenção do nível de pH
salivar e placa dentária, devido atuar contra dissolução mineral dos tecidos duros da
cavidade bucal. É classificada em normal, quando o valor de pH for igual ou maior
que 5,5 e baixa, quando for menor que 5,5 que é considerado pH crítico, pois inicia o
processo de dissolução do esmalte dentário. A ingestão de açúcares é metabolizada
por microorganismos acidogênicos presentes na flora bucal, favorecendo a formação
de valores de pH abaixo de 5,5, o que é potencializado pela permanência desses
resíduos alimentares. A capacidade tampão da saliva e o grau de saturação de íons
cálcio e fosfato, aumentam com o grau de estimulação do fluxo salivar (KRASSE,
1988).
Screebny, Valdini & Yu (1989) relatam que a hipofunção salivar e a boca seca
(xerostomia), podem ser causadas por diversas razões como: desidratação,
respiração bucal, medicações e radioterapia.
Pajukoski et al. (1997) coletaram saliva estimulada de 169 idosos
hospitalizados, buscando verificar a hipótese de que pacientes com muitas doenças
e fazendo uso de varias medicações, tivessem diferenças na secreção salivar.
Encontraram hipossalivação (< 0,7ml/min) em 48% dos homens e 62,5% das
mulheres. Baixa capacidade tampão em 31,9% dos homens e 36,7% das mulheres.
A idade não afetou significativamente o fluxo salivar. Os fatores que mostraram forte
influência foram doenças endócrinas, oftalmológicas e medicação para doenças
respiratórias.
Na população de hansenianos, não foram evidenciados trabalhos com análise
salivar, seja de fluxo e/ou capacidade tampão. O uso de terapia medicamentosa,
33
situações de medo e higiene bucal limitada, são fatores presentes em hansenianos e
que podem contribuir para alteração de fluxo salivar. Llena-Puy (2006) afirma que a
saliva constitui uma promissora opção de diagnóstico e monitoramento de
patologias.
Com base nesses dados, questiona-se qual é o estado de saúde bucal em
pacientes portadores de hanseníase em PQT, desde uma análise clínica da mucosa
bucal a uma avaliação epidemiológica das condições bucais.
34
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar o perfil clínico-epidemiológico de saúde bucal de pacientes portadores
de hanseníase em PQT/MB ou PQT/PB no Centro de Referência e Treinamento em
Dermatologia Sanitária Dr. Marcello Candia (CRTDS), Marituba-Pa.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Analisar clinicamente manifestações da mucosa bucal;
Realizar levantamento epidemiológico da população estudada através do
índice de placa bacteriana visível (IPV), índice de sangramento gengival (ISG)
e índice CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados);
Mensurar fluxo salivar e capacidade tampão pelo pH salivar;
Comparar as manifestações clínicas da mucosa bucal, IPV, ISG, ICPOD, fluxo
salivar e capacidade tampão da população estudada com o grupo controle.
35
4 PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 AMOSTRA
A população objeto desse estudo foram indivíduos portadores de hanseníase
em PQT atendidos no CRTDS Dr Marcello Candia.
A amostra do Grupo de Estudo (GE) foi composta de 40 pacientes portadores
de hanseníase em PQT, sendo 13 do sexo feminino e 27 do sexo masculino,com a
idade entre 8 e 73 anos. O cálculo amostral foi aleatório simples, obtido a partir dos
dados de registro ativo 2007-2008 do CRTDS Dr Marcello Candia, com 90% de nível
de significância e 12% de erro amostral.
O Grupo Controle (GC) foi constituído de 40 pacientes não portadores de
hanseníase da comunidade de Marituba, e posteriormente inscritos no serviço de
odontologia do Abrigo João Paulo II, Marituba-Pa, sendo 24 do sexo feminino e 16
do sexo masculino. A amostra de GC foi pareada ao GE pela faixa etária.
Critérios de inclusão e exclusão
a) Inclusão
GE: Pacientes portadores de hanseníase com ou sem reação
hansênica em PQT/MB ou PQT/PB;
GC: Pacientes não portadores de hanseníase da comunidade de
Marituba e posteriormente inscritos no serviço odontológico do Abrigo João
Paulo II.
b) Exclusão
GE: Pacientes que não estavam no livro de registro e no controle de
tratamento dos casos de hanseníase, no período de 2007-2008;
GC: Pacientes que já estavam em tratamento odontológico.
36
Critérios éticos
Os pacientes escolhidos para participar do projeto foram esclarecidos em
relação à finalidade do estudo e aos benefícios envolvidos, dando seu
consentimento por escrito (Apêndice 1), conforme o modelo preconizado pelo
Comitê Nacional de Ética em Pesquisa.
Por envolver seres humanos, a pesquisa foi analisada e aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical (NMT) da UFPA,
segundo parecer em anexo (Protocolo 022/2008 – CEP/NMT – Anexo 1).
Conforme preconiza o aspecto ético da pesquisa com seres humanos, após
procedimentos que permitiram a análise das condições de saúde bucal, os grupos
receberam intervenção clínica através de profilaxia dentária, aplicação tópica de
flúor, raspagem supra-gengival e controle de placa bacteriana, além de orientações
de higienização e recebimento de kits de higiene bucal, sendo estes procedimentos
odontológicos realizados no consultório odontológico do Abrigo João Paulo II, por
um período de duas seções clínicas, por paciente.
4.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA
Todos os pacientes foram submetidos ao exame clínico bucal de forma
ordenada, sistemática e completa, no consultório odontológico do Abrigo João Paulo
II em Marituba-Pa, o qual foi composto pela anamnese e exame físico bucal. Na
anamnese se obteve a identificação do paciente, história da doença atual, história
dental, história médica, história dos hábitos alimentares e da higiene bucal,
tratamento médico atual (Apêndice 2). No exame físico, o paciente foi colocado
adequadamente sentado na cadeira odontológica, sob luz artificial do refletor. O
exame bucal foi realizado seguido sempre a mesma ordem, a saber: mucosa labial,
37
fundo de sulco, gengivas marginal e inserida, mucosa jugal, língua, assoalho da
boca, palatos duro e mole, úvula e orofaringe (Figura 01). Os resultados dos exames
foram anotados no prontuário odontológico de cada paciente, objetivando uma
avaliação odontológica geral dos pacientes. Foram obtidos também registros
fotográficos da cavidade bucal.
Figura 01 – Aspecto clínico de um paciente
sendo examinado.
4.3 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES BUCAIS
Inicialmente a análise da higiene bucal foi realizada pelo índice de placa
visível (IPV), que é derivado do índice de Silness e Löe (1963) e simplificado por
Axelsson e Lindhe (1974), que consideram a presença de placa visível em todas as
superfícies dos dentes 16, 12, 24, 36, 32, e 44, não sendo substituídos os dentes
ausentes. O reconhecimento da placa foi feito sem o auxílio de substâncias
38
evidenciadoras, sendo o exame realizado com espelho clínico sob luz natural (Figura
02).
Figura 02 – a) Aspecto clínico compatível com placa bacteriana no elemento
dentário; b) Aumento da imagem do elemento dentário 31.
As condições periodontais foram avaliadas por meio do índice de
sangramento gengival (ISG) proposto por Katz et al (1982), cujas faces vestibular (V)
e lingual ou palatina (L/P) de todos os dentes foram analisadas através de
sondagem delicada, em torno de 0,5 mm do sulco gengival, com sonda periodontal,
sob luz do refletor (Figura 03).
A B
39
Figura 03 – a) Aspecto clínico realizando exame de sondagem no sulco gengival;
b) Aumento da imagem do elemento dentário.
O índice CPOD ou ceod para dentição permanente ou decídua,
respectivamente, foi utilizado para registrar os elementos cariados (C), perdidos (P),
e obturados (O), somando assim todos os elementos comprometidos e divido pelo
número de indivíduos examinados, ou seja:
ICPOD = ∑ C + P + O / Nº de indivíduos examinados.
O diagnóstico do índice CPOD/ceo foi efetuado por meio do exame clínico-
visual de toda a arcada dentária de incisivos a 2º molares, com auxílio do espelho
bucal à luz do refletor, após a higienização da cavidade oral por profilaxia
profissional.
O fluxo salivar estimulado foi colhido em recipientes plásticos estéreis e
medido com o auxílio de micropipetas com ponteiras estéreis. Para colher o fluxo
A B
40
salivar estimulado, o paciente mastigou um pedaço de liga de borracha (garrote)
como se fosse goma de mascar, durante 1 minuto, para amaciá-la, sendo a saliva
deglutida. A mastigação continuou por um período fixo de 5 minutos, sendo que a
cada intervalo de 1 minuto, o paciente expelia a saliva que se encontrava
armazenada na boca em um recipiente de plástico (Tubo Falcon) estéril (Figura 04).
Após a coleta, a saliva foi medida, sendo descartada a espuma formada (EMMI et
al., 2006).
Figura 04 – Aspecto clínico de um paciente
realizando coleta de saliva estimulada.
Para avaliação da capacidade tampão, foi utilizado 1ml da saliva colhida,
onde foram adicionados 3ml de ácido clorídrico (HCl) a 0,005%. Ao ser adicionado o
ácido, o recipiente foi agitado para que houvesse uma melhor mistura entre o ácido
e a saliva. Em seguida, 2 minutos foram aguardados com o recipiente destampado
41
para evaporação do gás carbônico e após este processo, o recipiente foi tampado e
então aguardou-se mais 10 minutos para que o pH pudesse ser medido com o
auxílio de um pHmetro (Figura 05), lavado com água destilada e calibrado entre
cada utilização. A identificação do pH salivar foi observada de acordo com a leitura
digital do pHmetro (EMMI et al., 2006). Esses dados foram analisados no
Laboratório de Dermato-Imunologia UEPA/UFPA/Marcello Candia, em Marituba-PA.
Figura 05 – a) Aparelho pHmetro utilizado nas análises de pH salivar; b) Material de
saliva no interior do recipiente sendo analisado pelo pHmetro.
O índice de secreção da saliva estimulada, expresso em ml/min, apresenta os
seguintes critérios, de acordo com Thylstrup & Fejerskov,1995:
Valores acima e igual a 0,7ml fluxo normal
Valores abaixo de 0,7 ml hipossalivação
Os valores obtidos no exame do fluxo salivar foram, primeiramente, divididos
por 5 em função dos cinco minutos de coleta e então, os resultados encontrados
foram comparados com os valores determinados por Thylstrup & Fejerskov (1995).
A B
42
A classificação da capacidade tampão obedeceu as seguintes pontuações, de
acordo com Krasse, 1988:
Capacidade tampão acima e igual a 5,5 normal
Capacidade tampão abaixo de 5,5 baixa
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise foi descritiva e para comparação dos dados do GE e GC os testes
estatísticos foram Análise de Variância – ANOVA para as médias de IPV, ISG,
ICPOD, ISS, ICOPD x IPV, ICPOD x ISG, ICPOD x doçuras, ICPOD x ISS; teste
Kolmogorov-Smirnov para as condições sócio-econômicas e dose x ISS; teste do
Qui-quadrado para as alterações de mucosa bucal, acesso ao serviço odontológico
e orientação de higiene bucal; teste de Fisher para prednisona x ISS; e teste t
Student para ICPOD x faixa etária, considerando nível de significância de 5%.
43
5 RESULTADOS
Participaram do grupo de estudo (GE) 40 pacientes portadores de
hanseníase em PQT, composto por 13 (32,5%) do gênero feminino e 27 (67,5%) do
gênero masculino, na faixa etária de 8 a 73 anos de idade. Do grupo controle (GC)
participaram 24 (60%) do gênero feminino e 16 (40%) do gênero masculino. As
amostras GC e GE foram pareadas pela faixa etária.
Para GE foi analisada a hanseníase e evidenciou-se, seguindo a classificação
de Ridley & Jopling para forma clínica, maior concentração de MHDT com 35%
(n=14) seguido de MHV com 20% (n=8). Quanto ao número de comunicantes o
maior percentual foi de 23,7% (n=9) com 4 comunicantes. O IB e IM foram a sua
maioria zero, com 35% (n=14) e 47,5% (n=19), respectivamente.
No período estudado, a entrada no CRTDS Dr. Marcello Candia para GE foi
de 65% (n=26) casos novos, 22,5% (n=9) outros reengressos, 10% (n=4) recidivas e
2,5% (n=1) transferências. Dentre os casos novos, observou-se maior concentração
na forma clínica MHDT (n=11) e na faixa etária de 16 a 30 anos (n=7) e na de 31 a
55 anos (n=9), conforme Tabela 05. O grau de incapacidade presente nos
participantes da pesquisa foi para grau 0 de 47,5% (n=19); grau 1 de 22,5%, sendo
que destes 15% tem comprometimento nas mãos; grau 2 de 22,5%, sendo que
destes 12,5% as mãos estão acometidas; e sem informação são 7,5% (n=3).
44
Tabela 05 – Casos novos x Forma clínica x Faixa etária.
FORMA CLÍNICA
FAIXA ETÁRIA
0 a 15 16 a 30 31 a 55 56 a 73 Total
MHI 0 0 1 0 1
MHT 1 0 0 1 2
MHDT 1 4 4 2 11
MHDD 1 1 1 0 3
MHDV 1 1 1 1 4
MHV 1 1 2 1 5
Total 5 7 9 5 26
O nível de escolaridade em GE registrado foi baixo com 47,5% (n=19) com
ensino básico incompleto. No GC o maior índice foi também no ensino básico
incompleto com 50% (n=20) (Gráfico 03). Não houve diferença significativa entre os
grupos para p < 0,05 (p=0,85 – Teste Kolmogorov-Smirnov).
Gráfico 03 – Nível de escolaridade em GE e GC.
5,0%
17,5%
47,5%
2,5%
2,5%
25,0%
2,5%
30,0%
50,0%
0,0%
5,0%
12,5%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%
A NA L FA BETO
BÁ S ICO COMPL ETO
BÁ S ICO INCOMPL ETO
S UPERIOR COMPL ETO
S UPERIOR INCOMPL ETO
S / Informaç ão
S érie2
S érie1
GC GE
45
A renda familiar no GE ficou concentrada em 35% (n=14) de 1 a 3 salários
mínimos e 20% (n=8) de menos de 1 salário mínimo, sendo que 12,5% (n=5)
recebem bolsa família. O GC apresentou 50% (n=20) para 1 a 3 salários mínimos e
12,5% (n=5) para menos de 1 salário mínimo, sendo que 22,5% (n=9) recebem
bolsa família. Quanto à diferença estatística, não foi significante para p < 0,05
(p=0,18 – Teste Kolmogorov-Smirnov), conforme Tabela 06.
Tabela 06 – Renda familiar de GE e GC.
RENDA FAMILIAR GE % GC %
Menos de 1 Salário 8 20,0% 5 12,5%
1 a 3 Salários 14 35,0% 20 50,0%
3 a 5 Salários 1 2,5% 3 7,5%
5 ou + Salários 1 2,5% 1 2,5%
S/ Informação 16 40,0% 11 27,5%
Total 40 100,0% 40 100,0% Teste Kolmogorov-Smirnov, p = 0,18.
Na anamnese realizada com os participantes da pesquisada foi relatado pelo
GE que 72,5% (n=29) não apresentavam dificuldade na mastigação (DMA) e 27,5%
(n=11) já apresentavam DMA. No questionamento dente sensível (DS), 47,5%
(n=19) não sentiam sensibilidade dentária, 40% (n=16) responderam que sim,
apresentavam DS e 12,5% (n=5) sem informação. Quanto à facilidade de
sangramento gengival (GSF), 70% (n=28) não apresentavam sangramento com
facilidade, 27,5% (n=11) possuíam e 2,5% (n=1) sem informação. No GC expuseram
67,5% (n=27) com DMA e 32,5% sem DMA. Quanto ao relato de DS foi diferente do
GE, devido a maioria 55% (n=22) apresentou DS, 42,5% sem DS e 2,5% sem
informação. A GSF foi de 70% (n=28) sem GSF, 27,5% (n=11) com GSF e 2,5%
(n=1) sem informação.
46
Nos questionamentos dos cuidados com a higiene bucal observou-se em GE
que os indivíduos em sua maioria escovavam os dentes durante o dia com
freqüência de 3X com 47,5% (n=19), o que é considerado um hábito regular de
higiene bucal, seguido de 2X com 32,5% (n=13), o que é considerado um hábito
irregular de higiene bucal. O dado uso do fio dental, apontou que 65% (n=26) não o
utilizavam e dentre estes muitos desconhecem o produto, e apenas 7,5% (n=3)
utilizam o fio dental. Para GC 60% (n=24) escovavam os dentes 3X ao dia e 25%
(n=10) 2X ao dia. Quanto ao fio dental 55% (n=22) não utilizavam e 35% (n=14)
fazem uso do produto (Gráfico 04 e 05).
Gráfico 04 – Percentual de escovação diária para GE e GC.
2,5%
32,5%
47,5%
15,0%
2,5%
0,0%
25,0%
60,0%
15,0%
0,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
1X
2X
3X
4X OU MA IS
S /informaç ão
G rupo 2
G rupo 1
GC GE
47
Gráfico 05 – Percentual de uso de fio dental para GE e GC.
7,5%
10,0%
65,0%
17,5%
35,0%
7,5%
55,0%
2,5%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
S IM
À S V EZ ES
NÃ O
S / informaç ão
Grupo 2
Grupo 1
Na análise dos hábitos alimentares, o GE apontou-os regulares, devido 62,5%
(n=25) não consumirem alimentos cariogênicos, ou seja, doçuras como biscoitos,
guloseimas e sucos adoçados fora do horário de refeição. No GC, os percentuais
equivaleram-se com 50% (n=20) para o consumo e não consumo de alimentos
açucarados. Quanto aos hábitos nocivos como o fumo, evidenciou-se grande
rejeição por ambos os grupos, sendo que 90% do GE e 95% do GC não fazem uso
do fumo.
O acesso ao serviço odontológico em menos de 1 ano em GE evidenciou
70% (n=28) sem acesso ao serviço, o que favoreceu o alto percentual de falta de
orientação de higiene bucal de 60% (n=24). Em GC observou-se o inverso, 70%
(n=28) tiveram acesso ao serviço, o que possibilitou a maioria, 70% (n=28) que
obtivessem orientação de higiene bucal. Ao comparar GE e GC quanto ao acesso ao
serviço, houve diferença significante (p=0,0005 – Teste Qui-quadrado), conforme
Tabela 07. A orientação de higiene bucal, também apresentou diferença significante
(p=0,01 – Teste Qui-quadrado), conforme Tabela 08.
GC GE
48
Tabela 07 – Percentual de acesso ao serviço odontológico para GE e GC.
ACESSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO GE % GC %
Sim 11 27,5% 28 70,0%
Não 28 70,0% 12 30,0%
S/ Informação 1 2,5% 0 0,0%
Total 40 100,0% 40 100,0% Teste Qui-quadrado, p=0,0005
Tabela 08 – Percentual de orientação de higiene bucal para GE e GC.
ORIENTAÇÃO DE HIGIENE BUCAL GE % GC %
SIM 16 40,0% 28 70,0%
NÃO 24 60,0% 12 30,0%
Total 40 100,0% 40 100,0% Teste Qui-quadrado, p=0,01
O aspecto clínico da mucosa bucal no GE foi de 62,5% (n=25) com alterações
inespecíficas, 37,5% (n=15) sem qualquer alteração na mucosa e ausência de
alteração específica para hanseníase. No GC foi 80% (n=32) de alterações
inespecíficas e 20 % (n=8) sem alterações (Gráfico 06). Ao comparar GE e GC, não
foi estatisticamente significante para p < 0,05 (p=0,14 – Teste Qui-quadrado). Dentre
as alterações inespecíficas apresentadas pelos dois grupos observou-se:
pigmentação racial na gengiva, linha alba mordiscada na mucosa jugal, inflamação
gengival, varicosidade no ventre lingual, trauma por uso de prótese, língua
geográfica, dentre outras (Apêndice 3 e 4).
49
Gráfico 06 – Percentual de alteração de mucosa para GE e GC.
62,5%
80,0%
37,5%
20,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
AL TE R AÇ ÃO
INE S P E C ÍF IC A
S E M AL TE R AÇ ÃO
G rupo 1
G rupo 2
Na análise epidemiológica das condições de saúde bucal foram utilizados:
IPV, ISG, ICPOD, ISS e pH salivar, sendo que para todos os testes estatísticos
aplicados, foram considerados nível de significância de 5%.
Os resultados para IPV obedeceram ao escore de 0 a 35% (IPV baixo), 36 a
70% (IPV médio) e 71 a 100% (IPV alto). A média de IPV no GE foi de (50,4), sendo
que 35% apresentaram IPV baixo, 20% IPV médio, 27,5% IPV alto e 17,5% sem
informação. No GC a média foi de (57,9), sendo que 52,5% apresentaram IPV baixo,
32,5% IPV médio, 10% IPV alto e 5% sem informação. Não houve diferença
significante entre as médias do IPV para GE e GC (p=0,4 – Análise de
Variância/ANOVA), conforme Tabela 09. Quando foi relacionado IPV x Acesso ao
serviço odontológico x Incapacidade, evidenciou-se concentração em IPV alto nos
indivíduos sem acesso ao serviço, e à medida que aumentou o grau de
incapacidade, menor foi o acesso ao serviço odontológico, conforme Tabela 10.
GE GC
50
Tabela 09 – Média de IPV para GE e GC.
IPV n Média Desvio-padrão Valor de p
GE 33 50,4 38,3 0,40
GC 37 57,9 36,1 Análise de Variância/ANOVA.
Tabela 10 – IPV x Acesso ao serviço x Incapacidade.
IPV
Sem acesso ao serviço Com acesso ao serviço
Incapacidade Incapacidade
Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 0 Grau 1 Grau 2
0 a 35 3 1 1 3 2 0
36 a 70 1 3 2 2 0 0
71 a 100 3 2 4 2 0 0
Total 7 6 7 7 2 0
O ISG seguiu o mesmo escore de IPV, ou seja, de 0 a 35% (ISG baixo), 36 a
70% (ISG médio) e 71 a 100% (ISG alto). A média de ISG para GE foi de (29,7),
sendo que 57,3% apresentaram ISG baixo, 22,5% ISG médio, 7,5% ISG alto e
12,5% sem informação. No GC a média foi de (35,0), sendo que 52,5% com ISG
baixo, 32,5% ISG médio, 10% ISG alto e 5% sem informação. Não houve diferença
estatísticamente significante entre as médias de ISG do GE e GC, conforme Tabela
11.
Tabela 11 – Média de ISG para GE e GC.
ISG n Média Desvio-padrão Valor de p
GE 35 29,7 24,2 0,35
GC 38 35,0 24,4 Análise de Variância/ANOVA.
O ICPOD médio no grupo GE foi de (11,6), o que representa quase que doze
elementos dentários comprometidos por indivíduo, sendo 13,4% cariados, 26,9%
51
perdidos e 1,81% obturados. No GC a média foi menor de (10,8), sendo 8,3
cariados, 22,4% perdidos e 8,0% obturados. Ao associar ICPOD x Faixa etária
notou-se que o ICPOD aumentou com o avanço da idade, sendo que para GE o
ICPOD variou de 4,0 a 24,0. No GC seguiu o mesmo perfil, sendo que a variação
foi de 2,4 a 19,8. Estatisticamente não houve diferença significante entre as
faixas etárias e os grupos, conforme Tabela 12.
Tabela 12 – ICPOD x Faixa etária para GE e GC.
Faixa Etária
GE GC
Valor de p N CPOD ICPOD N CPOD ICPOD
0 a 15 7 28 4,0 7 17 2,4 0,3
16 a 30 14 91 6,5 14 129 9,2 0,2
31 a 55 13 202 15,5 13 166 12,8 0,3
56 a 73 6 144 24,0 6 119 19,8 0,4
Total 40 465 11,6 40 431 10,8 Teste t Student.
O ICPOD quando relacionado às variáveis IPV, ISG e hábitos alimentares
aumentou com o maior índice de placa bacteriana, de sangramento gengival e com
o consumo de alimentos cariogênicos, respectivamente, não havendo diferença
estatísticamente significante, conforme as Tabela 13, 14 e 15. Outro fator
relacionado ao aumento de ICPOD foi o não acesso ao serviço odontológico e a falta
de orientação de higiene bucal, conforme Tabela 16.
Tabela 13 – ICPOD x IPV para GE e GC.
ICPOD
IPV
Valor de p 0 a 35 36 a 70 71 a 100
N 14 8 11
GE 8,1 8,8 10,5 0,68
N 14 7 16
GC 8,4 5,7 12,1 0,08 Análise de Variância/ANOVA.
52
Tabela 14 – ICPOD x ISG para GE e GC.
ICPOD
ISG
Valor de p 0 a 35 36 a 70 71 a 100
N 23 9 3
GE 8,4 9,9 14,3 0,37
N 21 13 4
GC 8,5 10,9 14,3 0,28 Análise de Variância/ANOVA.
Tabela 15 – ICPOD x Doçuras para GE e GC.
ICPOD
DOÇURAS
Valor de p Sim Não
N 14 25
GE 10,7 12,5 0,56
N 20,0 20,0
GC 8,6 13 0,08 Análise de Variância/ANOVA.
Tabela 16 – ICPOD x Acesso ao serviço x Orientação de higiene bucal para GE e GC.
ACESSO AO SERVIÇO
GE GC
Orientação Orientação
Sim Não Sim Não
Sim 5,3 8,2 8,2 14,7
Não 10,2 15,4 12,2 15
S/ informação 7 - - -
Para análise de saliva, os resultados mostraram valores médios de
(0,9ml/min) para GE e de (0,8ml/min) para GC, considerados dentro do padrão de
normalidade. Estatisticamente não houve diferença significante (p=0,83 – Análise de
Variância/ANOVA), conforme Tabela 17. Quando o ISS do GE foi associado a doses
do PQT e ao uso de prednisona não houve relação destas variáveis com a alteração
de fluxo salivar, conforme as Tabelas 18 e 19. Quanto ao ISS x ICPOD não
53
observou-se relação de aumento do ICPOD com hipossalivação, conforme Tabela
20.
Tabela 17 – Média de ISS para GE e GC.
ISS n Média Desvio-padrão Valor de p
GE 38 0,9 0,5 0,34
GC 39 0,8 0,5 Análise de Variância/ANOVA.
Tabela 18 – Dose do PQT x ISS.
DOSE
ISS
Total Hipossalivação Normal
1ª a 4ª 4 15 19
5ª a 8ª 2 10 12
9ª a 12ª 4 3 7
Total 10 28 38 Teste de Kolmogorov-Smirnov, p=0,3.
Tabela 19 – Uso de prednisona x ISS.
PREDNISONA
ISS
Total Hipossalivação Normal
Sim 4 9 13
Não 6 18 24
Total 10 27 37 Teste de Fisher, p=0,72
Tabela 20 – ICPOD x ISS para GE e GC.
ICPOD
ISS
Valor de p Hipossalivação Normal
N 11 29
GE 8,1 13,0 0,12
N 16 21
GC 11 9,5 0,54 Análise de Variância/ANOVA
54
Os valores médios de pH salivar foram para ambos os grupos (6,9) com
variação para GE de (5,92 a 7,34) e para GC de (5,85 a 7,34), estando dentro da
faixa de normalidade. Assim a capacidade tampão manteve-se inalterada, mesmo
nos pacientes com hipossalivação, 25% (n=10) para GE e 42,5% (n=17) para GC.
55
6 DISCUSSÃO
A hanseníase é uma doença universal, milenar e de grande importância para
saúde pública. Acomete a população ainda nos dias de hoje, principalmente no
Brasil, com grande endemicidade na Amazônia Legal.21
Muitas são as pesquisas e ações de controle da doença, mas trabalhos sobre
o envolvimento da cavidade oral em hansenianos são poucos. Trabalhos mais
recentes tem apontado a cavidade bucal como possível fonte de infecção da doença
(FUCCI DA COSTA et al., 2003; SANTOS et al., 2007; MOTTA et al., 2008; RAO,
KONDA & JHAMNANI, 2008). Para Fucci da Costa et al. (2003), as infecções bucais
seja de mucosa, de estrutura dentária ou periodontal podem conduzir e manter
reações na hanseníase.
A presente pesquisa, da análise das condições clínicas e epidemiológicas de
saúde bucal em hansenianos, apontou quanto ao gênero, predominância do
masculino, o que segundo Salgado & Cruz (2007), as estatísticas de áreas
endêmicas revelam maior prevalência em homens, sendo que em regiões em que a
hanseníase foi reduzida recentemente na comunidade ou em fase de eliminação, a
distribuição é igual entre os gêneros.
No aspecto da hanseníase, o grupo de estudo apontou 65% de casos novos
no período de set./2007 a set./2008 presentes no CRTDS Dr. Marcello Candia,
principalmente na forma clínica MHDT, conforme a classificação de Ridley & Jopling,
e 61,5% na faixa etária de 16 a 55 anos, considerada economicamente ativa e
47,5% com grau 0 de incapacidade, sendo um perfil de queda da endemicidade,
apesar de números ainda elevados de hanseníase. Para os parâmetros oficiais
21 Global leprosy situation, beginning of 2008. Weekly Epidemiological Record [da] World Health Organization – WHO.
Geneva, v. 83, n. 33, p. 293-300, aug. 2008. Disponível em: http://www.who.int/wer. Acesso em 05 jan. 2008.
56
(WHO), incidência elevada em menores de 15 anos e grande número de pacientes
com grau 2 de incapacidade, representam expansão da endemia e pior qualidade no
atendimento prestado na comunidade.
O fator sócio-econômico foi importante na coleta dos dados a fim de
permitirem que os grupos GE e GC apresentassem as mesmas condições sócio-
econômicas, que foi revelada como baixa, não havendo diferença estatísticamente
significante entre os grupos. Para Roslindo (1984); Petersen et al. (2004) apud22,
populações com baixas condições sócio-econômicas têm dificuldade de acesso aos
serviços de odontologia, o que propicia más condições dentárias, uso de próteses
precárias e traumatizantes, além da presença de focos infecciosos na cavidade
bucal. Assim, por não haver diferença significante das condições sócio-econômicas
entre GE e GC, permitiu melhor análise comparativa quanto às condições de saúde
bucal.
Quando os participantes da pesquisa foram interrogados quanto a DMA; DS;
GSF; cuidados com a higiene bucal, incluindo a freqüência de escovação diária e o
uso do fio dental; e hábitos como, alimentares pelo consumo irregular de alimentos
cariogênicos e o hábito nocivo fumo, os resultados mostraram que não houve
diferença estatisticamente significante entre os grupos, mas percebeu-se que em
GC os relatos dos pacientes aproximavam-se mais com a realidade clínica e os
cuidados com a higiene bucal, hábitos alimentares regulares e do fumo estiveram
ligeiramente melhores que os do GE. Tal fato pode ser explicado pelo acesso ao
serviço odontológico que revelou 70% de acesso ao GC contra 27,5% de GE, sendo
significativamente diferente entre os grupos. Além disso, a falta de orientação de
22 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE. A evolução da atenção à saúde no
Brasil: o contexto da saúde bucal. Rio de Janeiro, 2005.
57
higiene bucal em GE foi 60% contra apenas 30% do GC, sendo estatisticamente
diferente, corroborando com os estudos de Roslindo (1984); Petersen et al. (2004)
apud23.
Na investigação clínica da mucosa bucal observou-se em 62,5% dos
hansenianos, alterações bucais inespecíficas, principalmente na região de palato,
gengiva, língua, o que confirmam com os achados de Ceballos et al. (1993); Santos
(1998); Santos et al. (2000); Fucci da Costa et al. (2003); Abreu et al. (2006); (2007).
A possibilidade da cavidade bucal ser fonte de infecção não é nula, necessitando de
confirmação histopatológica e/ou PCR para M. leprae, como detectado nos estudos
de Santos et al. (2007); Motta et al. (2008); Rao, Konda & Jhamnani (2008), que
apontaram alterações bucais específicas para hanseníase, mas sem sinal clínico
patognomônico para hanseníase.
Fucci da Costa et al. (2003) revelaram que as lesões bucais tem grande
importância epidemiológica como fonte de infecção da hanseníase, o que foi
confirmado por Motta et al. (2008). Vale ressaltar que mais pesquisas e ações
precisam ser realizadas na área odontológica, pois ainda mostram-se inexpressivas,
inclusive a participação do cirurgião-dentista na equipe de controle da doença.
A avaliação das condições dentárias, periodontais e salivares dos
hansenianos revelaram IPV de (50,4), que é um acúmulo de placa bacteriana médio,
mas 27,5% apresentaram IPV alto contra 10,0% do GC. Para Núnez-Martí (1998),
as deformidades e mutilações associadas à perda de motivação e redução do
estado geral de saúde, limitam a higiene e favorecem maior o acúmulo de placa. O
que nosso estudo revelou foi que não houve diferença significante estatísticamente
23
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE. A evolução da atenção à saúde no Brasil: o contexto da saúde bucal. Rio de Janeiro, 2005.
58
entre as médias observadas nos GE e GC, mas mostrou que o IPV é maior nos
indivíduos sem acesso aos serviços, e à medida que aumentou o grau de
incapacidade, menor foi o acesso ao serviço odontológico. O ISG no GE foi de
(29,7), sendo considerado baixo, caracterizando início de processo inflamatório
gengival, o que corrobora com Núnez-Martí (1998), pois o acúmulo de placa
bacteriana contribui para alterações periodontais, tendo seu início com o
sangramento gengival.
Quanto ao ICPOD o valor médio encontrado em hansenianos foi de (11,6) e
com o avanço da idade o ICPOD tendeu a aumentar com (4,0) para faixa etária de 8
a 15 anos, (6,5) para 16 a 30 anos, (15,5) para 31 a 55 anos e (24,0) para 56 a 73
anos, não havendo diferença significante entre faixas etária e para GE e GC.
Ceballos et al. (1993) identificou em hansenianos ICPOD de (16,2) com idade
variando de 35 a 90 anos e Núnez-Martí & Marreco-Calvo (2002) mostraram ICPOD
de (19,06) na faixa etária de 40 a 82 anos. Em nosso estudo ao relacionar ICPOD,
IPV, ISG e hábitos alimentares observou-se aumento de ICPOD em razão dos
respectivos índices e consumo de alimentos cariogênicos fora do horário da
refeição, corrobarando com Núnez-Martí (1998). Além disso, o ICPOD foi maior nos
indivíduos sem acesso ao serviço odontológico e sem orientação de higiene bucal, o
que é confirmado pela elevada proporção de dentes cariados, de 13,4%, o que
representa em média 4 focos infecciosos dentários por cavidade bucal de
hansenianos pesquisados. Quando houve o acesso ao serviço odontológico, a
proporção de dentes perdidos foi de 26,9% e apenas 1,81% de dentes obturados, o
que confirma um CPOD de altíssima prevalência e a persistência do modelo
assistencial mutilador, corroborando com o último levantamento epidemiológico
realizado no Brasil em 2003.
59
Para análise salivar nenhuma literatura foi encontrada sobre pacientes
hansenianos. Nossos achados foram de ISS médio de (0,9ml/min), não havendo
diferença significante com o controle. Dos hansenianos, 25% apresentaram
hipossalivação, mas não houve alteração de pH salivar em nenhum dos pacientes
pesquisados. Ao relacionar ISS, dose do PQT e o uso de prednisona não houve
correlação. Talvez a alteração no fluxo salivar que alguns pacientes apresentaram,
esteja relacionada à desidratação, respiração bucal, situações de medo – depressão
mental, como apontam .Screebny, Valdini & Yu (1989) e Thylstrup & Fejerskov
(1995), sendo possíveis causas para a hipofunção salivar. Além disso, não houve
relação de aumento do ICPOD com a hipossalivação, talvez esta alteração de fluxo
salivar seja momentânea e não de forma prolongada, a ponto de comprometer o
ICPOD.
Com esses resultados tem-se o perfil clínico-epidemiológico em pacientes
portadores de hanseníase desde uma análise clínica de mucosa bucal às condições
dentária, gengival e salivar. Ressaltando a importância de progredir nessa linha
pesquisa, em virtude da carência de trabalhos científicos em busca de fontes de
infecções do M. leprae através da cavidade bucal para o controle da hanseníase.
60
7 CONCLUSÕES
Com base nos resultados encontrados na amostra estudada foi possível
concluir que:
1. As alterações clínicas presentes na mucosa bucal foram inespecíficas para
GE e GC;
2. O IPV apontou acúmulo de placa bacteriana de 36 a 70% das superfícies
dentárias dos pacientes de hanseníase, não havendo diferença
estatísticamente significante ao comparar com o grupo controle;
3. Os pacientes de hanseníase com maior grau de incapacidade,
apresentaram menor acesso ao serviço odontológico e maior acúmulo de
placa bacteriana presente nas superfícies dentárias;
4. O ISG apontou sangramento gengival de 0 a 35% das superfícies
dentárias dos pacientes portadores de hanseníase, não havendo diferença
estatísticamente significante ao comparar com o grupo controle;
5. O ICPOD foi de altíssima prevalência (> 6,6), e aumentou com avançar da
idade e com as variáveis IPV, ISG e hábitos de consumo de alimentos
cariogênicos fora do horário de refeição;
6. O fluxo salivar ficou no padrão de normalidade, sem alteração com o uso
de prednisona, mas com uma tendência de alteração de fluxo nas doses
finais do PQT (9 a 12 );
7. O ICPOD não aumentou em razão da alteração do fluxo salivar;
8. A capacidade tampão da saliva manteve-se inalterada, não havendo em
nenhum dos pacientes da pesquisa, pH < 5,5, mesmo nos casos de
hipossalivação;
61
9. A maioria dos pacientes hansenianos (70%) avaliados não tem acesso ao
serviço odontológico, nem orientação de higiene bucal, resultante da falta
de políticas públicas de saúde bucal para hansenianos.
62
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70
APÊNDICES
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS TROPICAIS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra
é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma
alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o pesquisador responsável.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do projeto: Perfil clínico-epidemiológico de saúde bucal dos portadores de hanseníase
Pesquisador responsável: Roberta Souza D’Almeida Couto Santiago
Pesquisadores participantes: Cláudio Guedes Salgado e Regina Fátima Feio Barroso
Telefone para contato: (91) 32569097
A hanseníase é uma doença que atinge os nervos dos membros e da face,
promovendo perdas de funções sensitivas e motoras, podendo causar deformidades
permanentes. Alguns pacientes podem apresentar quadro de persistência que são os
episódios reacionais e que podem está relacionados com focos infecciosos na boca. Esta
pesquisa objetiva avaliar as condições de saúde bucal dos pacientes portadores de
hanseníase. O estudo utilizará 40 pacientes portadores de hanseníase que estejam
realizando Tratamento Poliquimioterápico (PQT) no CRTDS Marcello Cândia do Município
de Marituba e 40 pacientes não portadores de hanseníase do Abrigo João Paulo II. Todos
os pacientes serão submetidos a um questionário com informações pessoais como: nome,
idade, sexo .., serão submetidos a exame clínico oral no consultório odontológico do Abrigo
João Paulo II. O exame clínico será realizado para verificar os índices de cárie dental,
doença periodontal, e análise de saliva. Serão obtidos também fotos da boca. Após a
análise das condições de saúde bucal, será realizado orientações de higiene bucal,
profilaxia (limpeza) dentária e aplicação de flúor.
71
O voluntário da pesquisa receberá acompanhamento odontológico preventivo a fim
de melhorar e prevenir a sua saúde bucal, dando-lhe uma satisfação pessoal e
aceitabilidade pela sociedade.
Como o tratamento é de caráter preventivo, o risco será mínimo, porém em caso de
danos, o voluntário da pesquisa receberá tratamento e acompanhamento integral, cabendo
à pesquisadora todas as despesas de transporte e tratamento medicamentoso como forma
de indenização e ressarcimento de danos.
O período de duração é de duas (2) sessões a contar do início do tratamento. O
voluntário pode desistir do tratamento a qualquer momento sem sofrer penalidades e todas
as informações obtidas terão absoluto sigilo, podendo ser entregues ao voluntário da
pesquisa que terá garantida a sua integridade dos benefícios existentes no programa da
Unidade de Saúde.
Roberta Souza D’Almeida Couto Santiago
Pesquisador responsável
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, _____________________________________, RG/ CPF/ n.º de prontuário/ n.º de
matrícula ______________________________, abaixo assinado, concordo em participar do
estudo Perfil clínico-epidemiológico de saúde bucal dos portadores de hanseníase. Fui
devidamente informado e esclarecido pela pesquisadora Roberta Souza D’Almeida Couto
Santiago sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis
riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar
meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou
interrupção de meu acompanhamento/ assistência/tratamento.
Local e data
_____________________________________
Nome e Assinatura do sujeito ou responsável:
____________________________________
72
APÊNDICE 2 – Ficha Elaborada para Coleta de Dados
FICHA CLÍNICA
Identificação: Prontuário:
End._____________________________________ Bair.___________ Mun.____ Tel._______
Sexo:____ Etnia:_______ Est.civil:________ Natural:_______ Nac._____ Dat.nasc. ______
Ocupação:____________ Atual situação de trab.:_______________
Comunicantes:_______________________ Escolaridade:_______________________
Renda Familiar: _____________________ Bolsa família: S □ N □ Quantas: ______
História da hanseníase: Presente □ Ausente □
Forma clínica: MHI □ MHT □ MHDT □ MHDD □ MHDV □ MHV □ Dose:________
Reação: S □ N □ Acometimento: neural □ dérmico □
Grau de incapacidade: 0 □ 1□ 2 □ Localiazação: ________________
BAAR: IM____ IB____ data do exame: __________ Outros exames:_____________
Anamnese
Questionário Sim não Questionário sim Não Tem dificuldade na mastigação de
alimentos? Tem algum dente sensível?
A gengiva sangra com facilidade? Fuma?
Come muitas doçuras fora da
refeição? Escova os dentes 4 ou mais vezes por
dia? Quantas vezes?
Usa fio dental? Já recebeu orientação de higiene
bucal? Onde?
Esteve ao dentista a menos de
1ano? Toma algum remédio? Qual?
Observações:
Exame bucal Observações:
73
Análise da higiene oral
IPV – índice de placa visível
16 P □ A □ 12 P □ A □ 24 P □ A □ 36 P □ A □ 32 P □ A □ 44 P □ A □
P (presente); A (ausente) quanto a placa bacteriana
IPV = _____
ISG – índice de sangramento gengival P P
V V
Sup 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 Sup
Inf 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 Inf
V V
P P
ISG = _____
ICPOD – índice de dentes cariados, perdidos e obturados P P
V V
Sup 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 Sup
Inf 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 Inf
V V
P P
CPOD = _____
Saliva
Fluxo salivar (FS) ml = ____ Índice de secreção salivar (ISS) ml/min = ____ : 5 = ____
Fluxo salivar normal > 0.7 ml/min □ Hipossalivação < 0. 7ml/min □
PH = ____ Capacidade tampão normal >5.5 □ Capacidade tampão baixal < 5.5 □
Observações:_____________________________________________________________________________
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APÊNDICE 3 – Alterações Inespecíficas da Mucosa Bucal de GE e GC
Alteração da Mucosa Bucal
Localização
Abscesso
Fundo de sulco
Aspecto casca de laranja
Gengiva
Enantema não uso de prótese
Rebordo alveolar
Enantema não uso de prótese
Palato
Enantema por uso de prótese
Palato
Freio lingual
Ventre lingual
Inflamação
Gengiva
Lesão enegrecidaa
Mucosa labial
Língua geográfica
(eritema migratório)
Língua
Língua sulcada
Língua
Linha alba mordiscada
Mucosa jugal
Pigmentação racial
Gengiva
Pólipo pulpar
Região retromolar
Recessão gengival
Gengiva
Síndrome da queimação da língua
(glossopirose)
Língua
Trauma mecânico por uso de prótese
Palato
Trauma mecânico por uso de prótese
Rebordo alveolar
Tórus mandibular
Corpo da mandíbula região lingual
Tórus palatino
Palato
Varicosidade
Ventre lingual
a. Paciente foi encaminhado ao serviço de Patologia Oral do Hospital Barros Barreto, realizando biópsia da lesão enegrecida
e recebeu laudo histopatológico de quelite actínica com displasia leve.
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APÊNCIDE 4 – Álbum de Fotos de Alterações Clínicas de Mucosa Bucal
Foto 1 - Aspecto clínico compatível com varicosidade no Foto 2 - Aspecto clínico compatível com tórus palatino. ventre lingual.
Foto 3 - Aspecto clínico compatível com lesão enegrecida Foto 4 - Aspecto clínico compatível com pigmentação racial.
na mucosa labial.
Foto 5 - Aspecto clínico compatível com enantema por uso Foto 6 - Aspecto clínico compatível com língua geográfica. de prótese no palato.
Foto 7 - Aspecto clínico compatível com inflamação Foto 8 - Aspecto clínico compatível com recessão gengival. gengival.