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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE Ehrlichia canis DE CÃES DE BELÉM, PARÁ CLAUDIA PINHEIRO RUFINO RABÊLO Belém- Pará 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES

INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE Ehrlichia canis DE CÃES

DE BELÉM, PARÁ

CLAUDIA PINHEIRO RUFINO RABÊLO

Belém- Pará

2013

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CLAUDIA PINHEIRO RUFINO RABÊLO

DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE Ehrlichia canis DE CÃES

DE BELÉM, PARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários da Universidade Federal do Pará como

requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre

em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador:

Prof. Dr. Evonnildo Costa Gonçalves

Co-orientador:

Prof. Dr. Andre Marcelo Conceição Meneses

Belém- Pará

2013

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CLAUDIA PINHEIRO RUFINO RABÊLO

DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE Ehrlichia canis DE CÃES DE

BELÉM, PARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos

e Parasitários da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador:

Prof. Dr. Evonnildo Costa Gonçalves

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Co-orientador:

Prof. Dr. Andre Marcelo Conceição Meneses

Universidade Federal do Pará

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Eduardo José Melo dos Santos

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Profa. Dra. Elane Guerreiro Giese

Instituto de Saúde e Produção Animal, UFRA

Prof. Dr. Gustavo Góes Cavalcante

Instituto de Medicina Veterinária, UFPA

Prof. Dr. Raimundo Nonato Moraes Benigno (Suplente)

Instituto de Saúde e Produção Animal, UFRA

Belém, 01 de abril de 2013

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para

que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas

Graças a Deus, não sou o que era antes”.

(Martin Luther King)

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Ao meu marido Ival e “filhos” Ivy, Smir Neto, Apollo e Príon,

por todo amor e companheirismo ao longo da minha jornada

em busca do aperfeiçoamento profissional.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por sempre ter guiado meus passos no caminho

certo, me amparando nos momentos mais difíceis.

Aos meus avós e anjos da guarda, Maria Clara e Alfredo Pinheiro, os verdadeiros

responsáveis por todas as minhas vitórias.

Ao meu marido Ival, por todo o amor, por realizar todos os meus sonhos e,

principalmente, por ser o meu maior incentivador.

Aos meus pais Claudio e Sílvia, pelo amor e dedicação, aos meus irmãos Meg,

Gabriela, Ivy e Beto, pelo companheirismo de sempre e a toda a minha família, por todo o

apoio, incentivo e compreensão.

Ao meu orientador Evonnildo Gonçalves, por ter acreditado em mim quando ninguém

mais acreditou e ter me acolhido como uma filha. Agradeço pelos ensinamentos de biologia

molecular e genética, mas também pelos ensinamentos de ética, profissionalismo e,

principalmente, de como fazer tudo ao mesmo tempo com excelência. Obrigada por ser um

pai amoroso na maioria das vezes e por ser um pai brigão quando precisou ser. Todos os

puxões de orelha vão servir pra que eu me torne uma pessoa melhor e uma profissional

exemplar, assim, que nem o senhor.

Ao meu co-orientador Andre Meneses, por disponibilizar o material para o

desenvolvimento da minha pesquisa (“perfeito!”).

Ao Dr. Manuel Ayres, pela hospitalidade, gentileza, conhecimentos repassados e por

uma análise estatística para ninguém colocar defeito.

Às amigas biólogas Soraya Andrade e Silvanira Barbosa, pela amizade, por toda ajuda

no processamento das amostras e ensinamentos de técnicas moleculares.

Aos professores e amigos do Laboratório de Tecnologia Biomolecular Délia, Pablo,

Thaís, Ruan, Elton, Fábio, Rafaela, Laíse, Marcela, Sanclayver, Bruno, Andrei, Jonathan,

Michele, Cássia, Tássia e Leopoldo, por toda ajuda e companheirismo ao longo desses dois

anos. Em especial ao professor John, pelos constantes ensinamentos e pelo abstract

impecável.

Aos médicos veterinários e funcionários do HOVET – UFRA pela ajuda nas coletas

das amostras.

À Universidade Federal do Pará, ao Programa de Pós Graduação em Biologia de

Agentes Infecciosos e Parasitários (PPGBAIP) e à coordenação deste, pela oportunidade de

ingresso em um dos cursos de pós graduação mais conceituados no Brasil.

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Aos professores do PPGBAIP pelas aulas ministradas e pelos valiosos conhecimentos

compartilhados.

A CAPES pelo suporte financeiro ao longo desses 24 meses de pesquisa.

Ao Dr. Márcio Nunes do Instituto Evandro chagas pelo apoio nas análises de

sequenciamento de DNA.

Aos membros da banca de qualificação Dr. Cláudio Mafra e Dra. Cláudia Portes e aos

da banca de defesa Dr. Eduardo José Melo dos Santos, Dra. Elane Guerreiro Giese e Dr.

Gustavo Góes Cavalcante pelas valorosas contribuições.

Ao meu grupo de estudo Fabrício, Guto, Marcos, Kleber e Poliana. Sem vocês nada

disso estaria acontecendo agora.

Aos meus “filhos” de quatro patas Ivy, Smir Neto, Apollo e Príon, pelo amor

incondicional que só um animal sabe dar.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

1.1 HEMOPARASITOSES ANIMAIS ................................................................................. 11

1.2 ERLIQUIOSE CANINA ................................................................................................. 11

1.2.1 Taxonomia e histórico ................................................................................................... 11

1.2.2 Vetores ............................................................................................................................ 13

1.2.3 Ciclo biológico ............................................................................................................... 13

1.2.4 Sinais clínicos e laboratoriais ....................................................................................... 14

1.2.5 Prevalência ..................................................................................................................... 15

1.2.6 Diagnóstico, prevenção e tratamento .......................................................................... 19

2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 22

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 22

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 22

3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 23

3.1 AMOSTRAGEM ............................................................................................................ 23

3.2 ANÁLISES MOLECULARES ....................................................................................... 23

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 25

4 RESULTADOS .............................................................................................................. 26

4.1 DETECÇÃO E DIVERSIDADE NUCLEOTÍDICA ...................................................... 26

4.2 CORRELAÇÃO COM IDADE, SEXO E PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS ........ 29

5 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 31

5.1 DETECÇÃO E FREQUÊNCIA DE PREVALÊNCIA DO DNA DE EHRLICHIA

CANIS EM BELÉM, PARÁ ........................................................................................................ 31

5.2 IDENTIFICAÇÃO DA ESPÉCIE DE EHRLICHIA EM BELÉM, PARÁ ......................... 32

5.3 CORRELAÇÃO DE INFECÇÃO POR EHRLICHIA CANIS COM VARIÁVEIS

HEMATOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS ....................................................................... 33

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 34

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 - Mórula de Ehrlichia spp. em neutrófilo canino ...................................... 12

Figura 2 - Carrapato Rhipicephalus sanguineus ...................................................... 14

Figura 3 - Ocorrência de infecção por E. canis em cães no Brasil .......................... 19

Figura 4 - Detecção de E. canis através de nested PCR, em amostras de sangue

total de cães atendidos no período de julho a agosto de 2011 na rotina do

Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Federal Rural da Amazônia

(UFRA). Linhas 2 a 8 correspondem à primeira reação da PCR, enquanto as

linhas 10 a 16 à segunda reação da PCR; Linhas: 1 e 9 correspondem ao Ladder

100 pb (O’GeneRuler); 2 e 10: controles positivos (Amostra de DNA obtida de

cão parasitado por E. canis); Linhas 8 e 16: controles negativos (sem amostra de

DNA). As setas correspondem ao fragmento de 500 pb do ladder .........................

26

Tabela 1 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas

por esfregaço sanguíneo no Brasil. Os números entre parênteses correspondem

ao tamanho amostral ................................................................................................

16

Tabela 2 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas

por testes de ELISA no Brasil. Números entre parênteses correspondem ao

tamanho amostral .....................................................................................................

17

Tabela 3 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas

por Reação de Imunofluorescência Indireta no Brasil. Números entre parênteses

correspondem ao tamanho amostral ........................................................................ 18

Tabela 4 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas

por testes moleculares no Brasil. Números entre parênteses correspondem ao

tamanho amostral ..................................................................................................... 18

Tabela 5 - Identidade nucleotídica par a par do rDNA 16S de Ehrlichia canis de

Belém, Pará e 14 outras cepas de E. canis distribuídas mundialmente ................... 27

Tabela 6 – Polimorfismo do rDNA 16S de Ehrlichia canis de Belém, Pará em

comparação a 14 outras cepas de E. canis distribuídas mundialmente ................... 28

Tabela 7 - Associação entre achados hematológicos e resultados da reação em

cadeia da polimerase (PCR), em cães atendidos no período de julho a agosto de

2011 na rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Federal Rural

da Amazônia (UFRA) .............................................................................................. 29

Tabela 8 - Frequência de cães positivos pela reação em cadeia da polimerase

(PCR) para Ehrlichia canis, segundo faixa etária e sexo, em cães atendidos no

período de julho a agosto de 2011 na rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da

Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) ..................................................

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RESUMO

As hemoparasitoses são doenças causadas por patógenos transmitidos por

vetores hematófagos. Estas se caracterizam por serem enfermidades de grande

importância na Medicina Veterinária, uma vez que acometem várias espécies animais

como cães e gatos. Dentre os hemoparasitos, a Ehrlichia canis é a espécie mais

patogênica e o principal bioagente causador da Erliquiose Monocítica Canina – EMC.

Assim, objetivando detectar e caracterizar molecularmente as cepas do hemoparasito

Ehrlichia spp. circulantes na região metropolitana de Belém, Pará, foram analisadas,

neste trabalho, 200 amostras de sangue total de cães atendidos no Hospital Veterinário

da Universidade Federal Rural da Amazônia (HOVET/UFRA) durante o período de

julho a outubro de 2011. Estas amostras foram escolhidas aleatoriamente, não

necessariamente envolvendo animais com sintomatologia para Erliquiose Monocítica

Canina - EMC. O diagnóstico de EMC foi feito através de um protocolo de nested PCR,

o qual resultou em uma frequência de 24% (48/200) de positividade para os animais

analisados, corroborando a frequência de EMC em estudos realizados em Belo

Horizonte, Nanuque e Londrina. O sequenciamento do rDNA 16S destas amostras

positivas sugere a exclusividade de Ehrlichia canis como o agente causador de EMC em

Belém, Pará. Adicionalmente, a comparação destas sequências com outras sequências

do rDNA 16S de E. canis disponíveis no GenBank, apresentaram de 99,5 a 100% de

identidade, reforçando dados da literatura que sugerem a baixa variabilidade genética

deste biogente. A despeito das análises epidemiológicas e hematológicas, assim como

para a idade e sexo dos animais, não foram observadas correlações estatisticamente

significativas entre a presença de E. canis e parâmetros como anemia, trombocitopenia,

leucopenia e leucocitose, sugerindo que estes não são adequados para o diagnóstico

diferencial de EMC.

Palavras chave: Erliquiose Monocítica Canina, Ehrlichia canis, diagnóstico molecular,

Belém, Amazônia.

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ABSTRACT

Haemoparasitoses are diseases that are caused by pathogens transmitted by

haematophagous vectors. These diseases are of great importance in veterinary medicine

because they affect several animal species, such as dogs and cats. Amongst

haemoparasites, Ehrlichia canis is the most virulent and principal etiologic agent of

Canine Monocytic Ehrlichiosis – CME. In view of this, in the present study, we set out

to characterise Ehrlichia spp. strains circulating in the metropolitan region of Belém –

PA by performing molecular biology analyses in 200 total blood samples obtained from

dogs attending the Veterinary Hospital of the Federal Rural University of Amazonia

(UFRA) during the period from July to October 2011. These samples were chosen

randomly, and were not restricted to animals presenting symptoms of EMC. Conclusive

diagnosis of EMC was achieved by nested PCR specific for the amplification of

Ehrlichia spp. DNA. We found a prevalence of 24% (48/200) among the animals tested,

which corroborates the prevalence of EMC obtained in other studies, carried out in

populations in other Brazilian cities (Belo Horizonte, Nanuque and Londrina).

Sequencing of 16S rRNA DNA coding regions (rDNA) of PCR-positive samples

suggests exclusivity of Ehrlichia canis as the sole etiologic agent of EMC in Belém.

Additionally, comparison of the 16S rDNA obtained in this study to those available in

GenBank yielded nucleotide sequence identities to E. canis 16S rDNA ranging from

99.5% to 100%, which confirms the reports of low variability of this pathogen in the

literature. The diagnosis of CME by nested PCR did not correlate to animal

characteristics such as age or sex, nor to clinical parameters such as presence of

anaemia, thrombocytopenia, leukopenia or leucocytosis, suggesting that these signs are

not adequate semiological markers of CME.

Key words: Canine Monocytic Ehrlichiosis, Ehrlichia canis, molecular diagnosis,

Belém, Amazonia.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 HEMOPARASITOSES ANIMAIS

As hemoparasitoses são doenças causadas por patógenos transmitidos por

vetores hematófagos. Estas se caracterizam por serem enfermidades de grande

importância na Medicina Veterinária, uma vez que acometem várias espécies animais

como cães, gatos, eqüinos, bovinos, etc. As manifestações clínicas destas doenças

podem variar desde imperceptíveis até quadros clínicos graves, sendo letais em alguns

casos (Dawson et al., 1991; Magnarelli & Anderson, 1993; Matthewman et al., 1996).

Embora a ocorrência de hemoparasitoses em equinos, ovinos e bovinos possa ser

responsável por grandes perdas econômicas, há grande interesse da comunidade

científica nas hemoparasitoses dos animais de estimação como cães e gatos, em especial

por que muitas destas doenças têm caráter zoonótico. Dentre os hemoparasitos mais

estudados nestes animais estão aqueles dos gêneros Ehrlichia, Anaplasma, Babesia,

Hepatozoon e Mycoplasma (Magnarelli & Anderson, 1993).

As hemoparasitoses têm sido identificadas como causas crescentes de morbidade

e mortalidade de caninos e, em alguns países, do homem, em virtude da maior

exposição a locais onde é comum a presença de carrapatos (Labruna & Pereira, 2001).

1.2 ERLIQUIOSE CANINA

1.2.1 Taxonomia e histórico

Taxonomicamente, as espécies do gênero Ehrlichia, que são pertencentes à

família Anaplasmataceae e ordem Rickettsiales, são pleomórficas, de crescimento

intracelular obrigatório e consideradas bactérias gram-negativas por não apresentarem

lipopolissacarídeos - LPS e peptidoglicanos. Comparado às espécies do gênero

Rickettsia essas espécies se replicam em vacúolos derivados da membrana celular das

células infectadas, que são principalmente monócitos e neutrófilos. Estes vacúolos

propiciam a formação de mórulas que são visíveis ao microscópio (Oteo & Brouqui,

2005) (Figura 1).

As espécies de Ehrlichia podem infectar cães (Magnarelli & Anderson, 1993),

gatos (Matthewman et al., 1996) e humanos (Dawson et al., 1991; Magnarelli &

Anderson, 1993), embora possam ainda infectar outros hospedeiros como ruminantes e

equinos (Magnarelli & Anderson, 1993).

Ehrlichia canis, causadora da Erliquiose Monocítica Canina – EMC é a espécie

mais patogênica e mais frequente em cães (Jojima et al., 2002; Oteo & Brouqui, 2005).

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O primeiro relato de EMC foi feito em 1935 na Argélia, tendo como agente etiológico a

Rickettsia canis que foi posteriormente reclassificada como Ehrlichia canis por

Mashkovsky em1945 (Huxsoll et al., 1970).

Figura 1 – Mórula de Ehrlichia spp. em neutrófilo canino (seta). Foto: Raimundo

Nonato Moraes Benigno.

Bool & Sutmöller (1957) relataram a doença em cães da Antilhas e em 1962,

esta foi diagnosticada também na África, Índia, Antilhas holandesas, Sri Lanka e nos

Estados Unidos. Depois disto, novos relatos mostraram a disseminação da doença por

todo o continente americano (Beer, 1988; Corrêa & Corrêa, 1992). Porém, foi somente

depois da guerra do Vietnã que a doença recebeu maior atenção e reconhecimento, isto

depois da morte de 200 a 300 cães militares dos Estados Unidos, diagnosticados como

infectados por E. canis.

No Brasil, o primeiro relato de EMC ocorreu em Belo Horizonte, Minas Gerais

(Costa et al., 1973). Em 1978 houve um surto na cidade de Jaboticabal, São Paulo

(Maregati, 1978 apud Kavinski et al., 1988). Atualmente a EMC têm assumido grande

importância tanto na saúde pública, quanto animal e está disseminada em vários Estados

brasileiros (Macedo & Leal, 2005).

Até o ano de 2009, E. canis era o único táxon do gênero Ehrlichia reconhecido

como agente causador de doenças em cães no Brasil. Porém, com base na amplificação

do 16S rDNA, Oliveira et al. (2009) relataram a ocorrência de Ehrlichia ewingii no

Estado de Minas Gerais, e embora, não havendo a confirmação da espécie por

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sequenciamento de DNA, este foi o primeiro estudo a fornecer evidências de infecção

por E. ewingii em cães do Brasil.

Tradicionalmente, tanto a E. canis quanto a E. ewingii estão envolvidas em

infecções caninas, porém apenas a primeira possui uma distribuição mundial, um

reflexo do vetor primário Rhipicephalus sanguineus, o carrapato marrom [vermelho] do

cão (Rikihisa, 1991; Breitschwerdt et al., 1998; Dumler et al., 2001).

1.2.2 Vetores

Os vetores classificados de maior importância na transmissão da EMC são os

carrapatos da ordem Ixodides, mais especificamente Rhipicephalus sanguineus, também

conhecido como carrapato marrom [vermelho] do cão, que pertence à família Ixodidae,

subfamília Rhipicephalinae (Figura 2). O papel do R. sanguineus como vetor da doença

foi documentado primeiramente por Donatien & Lestoquard (1935). Mais tarde, este

papel como vetor foi comprovado por estudos experimentais, onde através de nested

PCR (nPCR) foi confirmada a transmissão do parasito para cães livres de E. canis, por

larvas e ninfas adquiridas de cães infectados com este bioagente na sua fase aguda

(Mathew et al., 1996).

Pelo fato desta espécie de carrapato ser de ampla distribuição geográfica e ter

como hospedeiro principal o cão, do qual depende para a sua fonte de nutrição, a mesma

ganha grande importância na disseminação da enfermidade no Brasil e no mundo

(Fortes, 1997; Rosez et al., 2001).

1.2.3 Ciclo biológico

O ciclo da E. canis se dá inicialmente com a infecção dos carrapatos por essa

rickettsia quando estes realizam o repasto sanguíneo em cães que estejam infectados

elas, mais frequentemente durante as primeiras 2-3 semanas de infecção, no momento

em que os leucócitos parasitados são mais abundantes no sangue. Os microorganismos

multiplicam-se nos hemócitos, células do intestino médio e células das glândulas

salivares dos carrapatos infectados, com a transmissão acontecendo no momento que o

carrapato infectado ingere sangue e a infecção ocorrendo através das secreções salivares

que contém o microorganismo (Swango et al, 1992).

No cão, o ciclo da E. canis é dividido em três fases. Inicialmente, ocorre a

penetração de corpos elementares nos monócitos por fagocitose, onde se desenvolvem

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por dois dias até começarem a multiplicação. Essa etapa tem duração de três a cinco

dias e culmina com a formação do corpo inicial, o qual pode ser visualizado como

inclusões pleomórficas (1,0 a 2,5 μm). Por fim, as mórulas se completam ao longo de 7

a 12 dias, sendo constituídas de corpos elementares envoltos por uma membrana e

permanecendo nas células hospedeiras por até quatro dias, quando ocorre a liberação

das mórulas através da lise celular ou por exocitose. A partir deste momento, tornam-se

livres na circulação passando a infectar novas células do hospedeiro acometido (Rosez

et al, 2001).

Figura 2 - Carrapato Rhipicephalus sanguineus.

1.2.4 Sinais clínicos e laboratoriais

A doença pode incluir três fases: aguda, crônica e subclínica. Na sua fase aguda,

os sinais da EMC incluem depressão, letargia, anorexia, pirexia, linfoadenomegalia,

esplenomegalia e perda de peso. Na fase crônica os sinais mais comuns são tendências a

sangramento, principalmente petéquias e equimoses na pele e nas membranas mucosas,

e epistaxe ocasional. Os sinais oculares não são incomuns e incluem uveíte anterior e

opacidade corneana (Waner et al., 1997). A infecção subclinica é freqüentemente

encontrada e é associada com a persistência do organismo e aumento dos anticorpos

séricos (Huxsoll et al., 1970; Buhles et al., 1974; Stephenson et al., 1975; Kuehn et al.,

1985; Greene & Harvey, 1990; Hoskins, 1991 a, b).

As anormalidades hematológicas mais frequentemente observadas em

infecções naturais são anemia não regenerativa, trombocitopenia e leucopenia (Almosny

et al., 2000). O número de leucócitos comumente varia durante a fase aguda, podendo

diminuir em decorrência da indução ao sequestro destes por mecanismos imunológicos

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(Moreira et al., 2003) e, nesse caso, a linfocitopenia e eosinopenia são consequências

diretas (Waddle & Littman, 1987).

1.2.5 Prevalência

De acordo com Keefe et al. (1982) a prevalência de Ehrlichia canis varia de

acordo com as condições climáticas. Outros fatores também podem influenciar nesta

prevalência, como a distribuição dos vetores, sobrevivência do animal, média de idade

da população estudada, práticas de manejo e habitat dos animais (Sainz et al., 1996;

Rodriguez-Vivas et al., 2005).

As prevalências mundiais quando a Reação de Imunofluorescência Indireta

(RIFI) foi utilizada como método diagnóstico variam de 36,2% na Turquia (Tuna &

Ulutas, 2009) a 41% na África (Ndip et al, 2007) e nos E.U.A. (Wen et al., 1997).

Baseado em nPCR, foram observados valores de prevalência de 24,7% no Caribe

(Yabsley et al., 2008) e 44% nos E.U.A. (Wen et al., 1997). Lakshmanan et al. (2007),

em uma mesma amostra de 98 cães da Índia encontraram valores de 19,38% de infecção

com base em esfregaço sanguíneo e 50%, com base na nPCR. Isto mostra a maior

sensibilidade do diagnóstico molecular na detecção deste bioagente.

No Brasil, dependendo da população estudada e da técnica utilizada (esfregaço

sanguíneo, ELISA, RIFI e técnicas moleculares), a prevalência de E. canis, varia de 0,7

a 92% (Tabelas 1 a 4). Vale ressaltar que independente da região, as menores

prevalências da infecção por E. canis são sempre aquelas determinadas com base em

testes de esfregaço sanguíneo. A região norte do Brasil possui clima tropical propício à

ocorrência dos vetores, favorecendo o desenvolvimento da doença e infecção de cães

sadios. Porém, segundo Vieira et al. (2011) não existem relatos científicos da ocorrência

de E. canis nesta região do País (Figura 3).

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Tabela 1 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas por

esfregaço sanguíneo no Brasil. Os números entre parênteses correspondem ao tamanho

amostral.

Local Prevalência (%) Referência

Jaboticabal – SP (48) 2,00 Oliveira et al. (2000)

Jaboticabal – SP (35) 5,70 Faria et al. (2010)

Botucatu – SP (70) 7,00 Ueno et al. (2009)

Anápolis – GO (53) 5,56 Mundim et al. (2008)

Minas Gerais (101) 16,0 Soares et al. (2006)

Minas Gerais (4407) 5,70 Borin et al. (2009)

Brasília (2952) 0,81 Vasconcelos et al. (2008)

Recife – PE (100) 9,00 Ramos et al. (2009)

Cuiabá – MT (195) 37,9 Sousa (2006)

Campos dos Goytacazes – RJ (1.576) 13,89 Albernaz et al. (2007)

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Tabela 2 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas por

testes de ELISA no Brasil. Números entre parênteses correspondem ao tamanho

amostral.

Local Prevalência (%) Referência

Jaboticabal – SP (52) 92,3 Oliveira et al. (2000)

Jaboticabal – SP (51) 86,2 Oriá et al. (2008)

Jaboticabal – SP (30) 70,0 Nakaghi et al. (2008)

São Paulo (671) 15,5 Labarthe et al. (2003)

Rio de Janeiro (422) 29,6 Labarthe et al. (2003)

Minas Gerais (446) 20,9 Labarthe et al. (2003)

Rio Grande do Sul (356) 1,70 Labarthe et al. (2003)

Paraná (43) 4,70 Labarthe et al. (2003)

Santa Catarina (142) 0,70 Labarthe et al. (2003)

Bahia (117) 35,9 Labarthe et al. (2003)

Ceará (11) 45,5 Labarthe et al. (2003)

Pernambuco (105) 49,5 Labarthe et al. (2003)

Alagoas (11) 54,5 Labarthe et al. (2003)

Mato Grosso do Sul (126) 35,7 Labarthe et al. (2003)

Distrito Federal (101) 23,8 Labarthe et al. (2003)

Londrina – PR (381) 22,8 Trapp et al. (2006)

Ilhéus, Itabuna – BA (200) 36,0 Carlos et al. (2007)

Cajazeiras – BA (203) 41,4 Souza et al. (2010)

Itapuã – BA (269) 31,2 Souza et al. (2010)

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Tabela 3 - Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas por

Reação de Imunofluorescência Indireta no Brasil. Números entre parênteses

correspondem ao tamanho amostral.

Local Prevalência (%) Referência

Jaboticabal – SP (51) 66,6 Oriá et al. (2008)

Jaboticabal – SP (30) 63,3 Nakaghi et al. (2008)

Botucatu – SP (198) 73,2 Diniz et al. (2007)

Minas Gerais (226) 44,7 Costa Jr et al. (2007)

Rio Grande do Sul (389) 4,80 Saito et al. (2008)

Montenegro – RO (314) 31,0 Aguiar et al. (2007)

Salvador - BA (472) 35,6 Souza et al. (2010)

Cuiabá – MT (254) 42,5 Silva et al. (2010)

Tabela 4. Prevalências de infecções por Ehrlichia canis em cães, diagnosticadas por

testes moleculares no Brasil. Números entre parênteses correspondem ao tamanho

amostral.

Local Prevalência (%) Referência

Botucatu – SP (198) 77,7 Diniz et al. (2007)1

Botucatu – SP (70) 40,0 Ueno et al. (2009)1

Rio de Janeiro – RJ (226) 15,0 Macieira et al. (2005)1

Londrina – PR (129) 22,0 Dagnone et al. (2003)1

Jaboticabal – SP (25) 88,0 Dagnone et al. (2009) 2

Jaboticabal – SP (30) 53,3 Nakaghi et al. (2008) 2

Jaboticabal – SP (40) 72,5 Faria et al. (2010) 2

Botucatu – SP (217) 30,9 Bulla et al. (2004) 2

Ribeirão Preto – SP (221) 38,9 Santos et al. (2009) 2

Ilhéus-Itabuna – BA (153) 7,80 Carvalho et al. (2008) 2

Campo Grande – MS (26) 38,4 Dagnone et al. (2009) 2

Recife - PE (100) 57,0 Ramos et al. (2009) 2

Lavras – MG (97) 1,03 Costa Jr (2007) 3

Belo Horizonte – MG (49) 24,49 Costa Jr (2007) 3

Nanuque – MG (102) 26,47 Costa Jr (2007) 3

Cuiabá – MT (60) 20,0 Sousa (2006)2

1PCR,

2nested PCR,

3PCR em tempo real

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Figura 3: Ocorrência de infecção por E. canis em cães no Brasil. Fonte: adaptado de

Vieira et al. (2011).

1.2.6 Diagnóstico, prevenção e tratamento

O diagnóstico da erliquiose canina geralmente se dá através da observação dos

sinais clínicos, por métodos sorológicos e por meio da detecção do patógeno em

esfregaços sanguíneos (Waner et al., 2001). O diagnóstico pode ser feito também

através da história de exposição a carrapatos, anormalidades hematológicas, aspirados

de tecidos ou através de cultura de células (Rikihisa, 2000).

Em função da gama de enfermidades que podem apresentar os mesmos sinais

clínicos (Rikihisa, 2000), a baixa bacteremia (Harrus et al., 1997), e reações sorológicas

cruzadas entre espécies relacionadas (Rikihisa et al., 1994), os métodos rotineiros de

diagnóstico supracitados apresentam suas sensibilidades e/ou especificidades

comprometidas. Desta forma, diagnósticos mais precisos e rápidos, como os

diagnósticos moleculares, têm sido otimizados (Wen et al., 1997; Martin et al., 2005). A

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otimização desses diagnósticos ganha grande importância em função do crescente

interesse no estudo dessas rickettsias como agentes causais de infecções em humanos

(Unver et al., 2001; Tami & Tami-Maury, 2004). Com isso, a precisa identificação do

estado de infecção dos cães é um dado cada vez mais significativo.

A PCR convencional ainda possui suas limitações, apresentando sensibilidade

semelhante à cultura de células, RIFI, e Western Blotting, porém, em função da sua

rapidez, comodidade e por ser um diagnóstico direto, este método é utilizado como teste

de acompanhamento ao tratamento (Iqbal et al., 1994; Wen et al., 1997).

Em função dessas limitações da técnica convencional de PCR, outras

ferramentas moleculares derivadas da mesma têm sido desenvolvidas com o objetivo de

aumentar a sensibilidade desta metodologia, como por exemplo, a nPCR, RFLP-PCR e

PCR em tempo real (Murphy et al., 1998; Wen et al., 1997; Dagnone et al., 2003;

Campagner et al., 2004; Labruna et al., 2007).

A vantagem do diagnóstico molecular em relação aos outros, é que neste há a

detecção do DNA do parasito, diferente dos demais diagnósticos que se baseiam na

visualização do próprio organismo ou na detecção da presença de anticorpos contra o

mesmo, causando muitas vezes reações cruzadas com outros organismos, gerando um

resultado falso positivo.

No Brasil, a detecção de E. canis, ainda tem se baseado predominantemente no

diagnóstico direto por meio de esfregaços sanguíneos e indireto através de métodos

sorológicos (Soares et al., 2006; Carlos et al., 2007), dificultando a determinação da

prevalência desses patógenos devido à baixa sensibilidade (Mylonakis et al., 2003) e

especificidade destes métodos, respectivamente (Rikihisa et al., 1994).

Vários são os medicamentos que podem ser utilizados para o tratamento dos

animais acometidos, como as tetraciclinas e seus derivados (doxiclina) que estão entre

os que têm maiores probabilidades de eliminar o agente (Woody & Hoskins, 1991;

Dawson et al., 1991; Dagnone, 2002). Outros medicamentos como o cloranfenicol e o

dipropionato de imidocarb são bastante eficazes no tratamento, principalmente quando

há co-infecção com Babesia spp. (Dagnone et al., 2002; Dagnone et al., 2004), sendo

que a recuperação depende da severidade do caso clínico e do período em que se inicia a

medicação (Troy & Forrester, 1990).

Estudos recentes demonstraram que uma cepa atenuada de E. canis pode

proteger potencialmente cães da EMC e ser utilizada como vacina para esta doença.

Nestes experimentos, cães que recebiam esta cepa atenuada, possuíam sinais clínicos e

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cargas bacterianas reduzidas após o desafio com uma cepa selvagem de E. canis

(Rudoler et al., 2012).

Estes achados dão suporte a estudos anteriores que sugeriam que esta mesma

cepa poderia ser utilizada na confecção de vacinas para a EMC (Or et al., 2009).

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Detectar e caracterizar molecularmente as cepas de Ehrlichia spp. circulantes na

região metropolitana de Belém, Pará.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar a(s) espécie(s) de Ehrlichia circulante(s) em Belém, Pará;

Analisar a associação entre a infecção por Ehrlichia com a idade e sexo dos

cães;

Analisar a associação entre a infecção por Ehrlichia versus alterações

quantitativas de plaquetas, hemácias e leucócitos em cães;

Caracterizar molecularmente a(s) cepas de Ehrlichia spp. de Belém, Pará.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 AMOSTRAGEM

Um total de 200 amostras de sangue total foi obtido de animais atendidos no

Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia (HOVET/UFRA)

durante o período de julho a outubro de 2011. Estas amostras foram selecionadas

aleatoriamente, não necessariamente envolvendo animais com sintomatologia para

EMC.

Após a coleta de sangue para a realização de hemograma completo, realizado

como rotina do hospital, no Laboratório de Análises Clínicas do HOVET/UFRA, uma

alíquota de sangue total foi enviada ao Laboratório de Tecnologia Biomolecular da

Universidade Federal do Pará (LTB/UFPA). Todas as amostras foram armazenadas a

4ºC até o seu processamento, isto é extração do DNA.

3.2 ANÁLISES MOLECULARES

O DNA total de cada amostra foi extraído através do método fenol-clorofórmio

seguindo procedimentos padrões de Sambrook et al. (1989).

A detecção de Ehrlichia spp. foi realizada com base na amplificação de um

fragmento de aproximadamente 500 pares de bases (pb) do gene ribossomal 16S, cujos

iniciadores foram desenhados para a amplificação de bactérias da família

Anaplasmataceae, enquanto que a identificação de E. canis foi realizada através da

amplificação de um fragmento de aproximadamente 400 pares de bases, também do

gene ribossomal 16S, como um protocolo de nested PCR, cujos iniciadores são

específicos apenas para E. canis.

Assim, foi realizada uma primeira reação de volume total de 25 µL contendo 10-

20 ng de DNA molde, 2,0 mM de MgCl2, 2,5 mM de cada dNTP, 10 mM de Tris-HCl,

50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador (ECC e ECB [Dawson et al., 1994, 1996]) e 1 U

de Taq DNA polymerase (Invitrogen). A segunda reação, também realizada em um

volume de 25 µL, continha 1 µL do produto da primeira reação, 2,0 mM de MgCl2, 2,5

mM de cada dNTP, 10 mM de Tris-HCl, 50 mM de KCl, 5 µM de cada iniciador (Ecan

[Murphy et al., 1998] e HE3 [Anderson et al., 1992]). O perfil de amplificação da

primeira reação consistiu de 35 ciclos de 1 min a 94oC, 1 min a 65

oC, e 1 min a 72°C,

precedidos por 3 min a 94oC seguidos por 5 min a 72

oC. A segunda reação consistiu de

uma etapa de desnaturação de 94oC por 5 min, seguidos de 35 ciclos de 94

oC por 1 min,

62ºC por um min e 72oC por um min, com uma extensão final de 72

oC por 5 min.

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O DNA de uma amostra de sangue de cão sabidamente infectada por E. canis foi

utilizada como controle positivo de reação, enquanto que água bidestilada estéril, como

controle negativo. A positividade desta amostra foi confirmada com base no

sequenciamento nucleotídico do fragmento amplificado com os iniciadores Ecan/HE3 e

sua comparação com a sequência EF195134 obtida do GenBank (NCBI –

http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

Todos os produtos de PCR foram visualizados após eletroforese em gel de

agarose 1,5% em tampão TAE, coloração com o GelRed™ Nucleic Acid Stain

(Biotium) e visualização através do fotodocumentador E-BOX VX2 (Vilber Lourmat).

Um marcador de peso molecular de 100 pb (O’GeneRuler) e/ou de 1 kb (DNA ladder

Invitrogen®) foi utilizado para estimar o tamanho de cada fragmento amplificado.

Para a confirmação das espécies e cepas circulantes em Belém, todas as amostras

positivas pela PCR foram submetidas à análise segundo o protocolo de Pinyoowong et

al. (2008), o qual permite a amplificação da sequência completa do 16S rDNA. Os

amplicons resultantes deste protocolo foram purificados com auxílio do kit GFX DNA

PCR and Gel Band Purification Kit (Amersham Biosciences), então, ligados ao vetor

pGem-T Vector System (Promega) e inseridos em E. coli JM109 (Promega)

quimiocompetente. Em seguida, as amostras foram sequenciadas no Centro de

Inovações Tecnológicas - CIT do Instituto Evandro Chagas - IEC, em analisador

automático de DNA modelo ABI 3500XL (Life Technologies), em conjunção com o Big

Dye Terminator V3.1 kit, seguindo especificações do fabricante. Para a validação das

sequências nucleotídicas cada amostra foi sequenciada com ambos os iniciadores, direto

e reverso. Finalmente, estas foram editadas e alinhadas no programa BioEdit Hall

(1999), o qual foi também utilizado para o cálculo de identidade nucleotídica em

comparação com as sequências nucleotídicas das seguintes cepas obtidas do GenBank

do NCBI - National Center for Biotechnoloy Information

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/): Brazil-CO1 (EF195134), TWN1 (EU106856),

Bangkok (EF139458), VHE (AF373612), VDE (AF373613), GR21 (EF011110), Jake

(CP000107), Brazil-CO2 (EF195135), Oklahoma (M73221), Florida (M73226),

Gzh982 (AF162860), Germishuys (U54805), PDE (DQ915970), 611 (U26740) e

Kagoshima 1 (AF536827).

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3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os hemogramas obtidos foram analisados para as variáveis hemácias, plaquetas

e leucócitos totais. As mesmas foram analisadas de acordo com Bush (2004) onde

foram considerados anêmicos, leucopênicos e trombocitopênicos os animais que

apresentaram, respectivamente, valores inferiores a 5,5 × 106/mm

3 hemácias,

6.000/mm3

leucócitos e 200.000/mm plaquetas. Os animais foram considerados com

leucocitose quando apresentavam valores de leucócitos totais superiores a 17.000/ mm3.

Para a análise estatística dos resultados obtidos, foi utilizado o teste do Qui-

Quadrado (χ2) e o teste G, com intervalo de confiança de 95%, tendo sido considerados

significativos os resultados com significância P < 0,05.

A avaliação estatística foi feita através da associação do resultado da PCR com

os valores hematológicos obtidos e as variáveis epidemiológicas sexo e idade. Para a

realização dos cálculos estatísticos, os animais foram divididos entre os valores

hematológicos de hemácias maior ou igual a 5,5 × 106/mm

3e abaixo de 5,5 × 10

6/mm

3.

Para os Leucócitos foram divididos em menor que 6.000/mm3, de 6.000/mm

3 a

17.000/mm3 e maior que 17.000/mm

3. Para as plaquetas foram divididos em maior ou

igual a 200.000/mm e menor que 200.000/mm. Já para a variável idade, foram divididos

em 1 a 12 meses, de 12 a 48 meses, acima de 48 meses e idade não determinada.

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4 RESULTADOS

4.1 DETECÇÃO E DIVERSIDADE NUCLEOTÍDICA

A amplificação de um fragmento de 458 pares de bases na primeira reação

sugeriu a presença do DNA de Ehrlichia em 48 (24%) das 200 amostras de sangue total

analisadas. Nestas 48 amostras foram posteriormente identificadas como positivas para

a presença de E. canis com base na amplificação de um fragmento 398 pares de bases

na segunda reação do protocolo de nested PCR.

A amplificação da sequência completa do 16S rDNA das 48 amostras positivas

para Ehrlichia resultou em amplicons de 1481 nucleotídeos e um único haplótipo, cuja

identidade nucleotídica, em comparação par a par com cepas de E. canis, de várias

regiões do globo terrestre, variou de 99,7 a 100% (Tabelas 5 e 6).

Figura 4 - Detecção de E. canis através de nested PCR, em amostras de sangue total de

cães atendidos no período de julho a agosto de 2011 na rotina do Hospital Veterinário

(HOVET) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Linhas 2 a 8

correspondem à primeira reação da PCR, enquanto as linhas 10 a 16 à segunda reação

da PCR; Linhas: 1 e 9 correspondem ao Ladder 100 pb (O’GeneRuler); 2 e 10:

controles positivos (Amostra de DNA obtida de cão parasitado por E. canis); Linhas 8 e

16: controles negativos (sem amostra de DNA). As setas correspondem ao fragmento de

500 pb do ladder.

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Tabela 5 - Identidade nucleotídica par a par do rDNA 16S de Ehrlichia canis de Belém, Pará e 14 outras cepas de E. canis distribuídas

mundialmente.

Código de acesso do GenBanK: Jake (CP000107), CO1 (EF195134), TW1 (EU106856), Bangkok (EF139458), CO2 (EF195135), Oklahoma (M73221), Florida

(M73226), Gzh982 (AF162860), VHE (AF373612), Germishuys (U54805), VDE (AF373613), PDE (DQ915970), 611 (U26740), Kagoshima (AF536827), GR21

(EF011110).

Cepa Jake Belém CO1 TW1 Bangkok CO2 Oklahoma Florida Gzh982 VHE Germishuys VDE PDE 611 Kagoshima

Belém 0.999

CO1 0.999 1,000

TW1 0.999 1,000 1,000

Bangkok 0.999 1,000 1,000 1,000

CO2 0.998 0.999 0.999 0.999 0.999

Oklahoma 0.997 0.998 0.998 0.998 0.998 0.997

Florida 0.996 0.997 0.997 0.997 0.997 0.996 0.999

Gzh982 0.997 0.998 0.998 0.998 0.998 0.997 0.996 0.996

VHE 0.999 1,000 1,000 1,000 1,000 0.999 0.998 0.997 0.998

Germishuys 0.998 0.999 0.999 0.999 0.999 0.998 0.997 0.996 0.997 0.999

VDE 0.999 1,000 1,000 1,000 1,000 0.999 0.998 0.997 0.998 1,000 0.999

PDE 0.996 0.997 0.997 0.997 0.997 0.998 0.996 0.995 0.996 0.997 0.996 0.997

611 0.996 0.997 0.997 0.997 0.997 0.996 0.996 0.995 0.996 0.997 0.996 0.997 0.995

Kagoshima 0.998 0.999 0.999 0.999 0.999 0.998 0.997 0.996 0.997 0.999 0.998 0.999 0.996 0.998

GR21 0.999 1,000 1,000 1,000 1,000 0.999 0.998 0.997 0.998 1,000 0.999 1,000 0.997 0.997 0.999

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Tabela 6 - Polimorfismo do rDNA 16S de Ehrlichia canis de Belém, Pará em comparação 14 outras cepas de E. canis distribuídas

mundialmente.

aOs números representam a posição da cepa de E. canis “Belém”; ● mesma base da cepa de E. canis “Belém”; - deleção; S = G ou C;

bIsolados obtido de humanos;

cIsolados obtido de cães;

dIsolado obtido de ovelha.

Cepa de E. canis País Número de

acesso no

GenBank

Tamanho

Sítios nucleotídeosa

199 355 386 660 849 876 882 954 981 1014 1240 1266 1309

Belémc Brasil - 1481 pb G C G A A - G C A T C C G

Jakeb E.U.A CP000107 1485 pb ● ● ● ● ● A ● ● ● ● ● ● ●

Brazil-CO1b Brasil EF195134 1434 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

TWN1b Taiwan EU106856 1623 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

Bangkokc Tailândia EF139458 1481 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

Brazil-CO2b Brasil EF195135 1434 pb ● ● ● ● ● - ● T ● ● ● ● ●

Oklahomab E.U.A M73221 1433 pb A ● ● ● ● - - ● ● ● ● ● ●

Floridab E.U.A M73226 1433 pb A ● ● ● ● - - ● ● ● ● T ●

Gzh982b China AF162860 1483 pb ● ● ● ● - - ● ● ● ● T ● ●

VHEc Venezuela AF373612 1408 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

Germishuysd África do Sul U54805 1447 pb ● - ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

VDEb Venezuela AF373613 1408 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

PDEb Peru DQ915970 1318 pb ● ● ● G ● - ● T ● C ● ● ●

611b Israel U26740 1308 pb ● ● S ● ● - ● ● C ● ● ● A

Kagoshima 1b Japão AF536827 1387 pb ● ● ● ● ● - ● ● C ● ● ● ●

GR21b Grécia EF011110 1379 pb ● ● ● ● ● - ● ● ● ● ● ● ●

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4.2 CORRELAÇÃO COM IDADE, SEXO E PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS

Dentre os 48 animais positivos para E. canis, 9 apresentavam anemia, 7

trombocitopenia, 2 leucocitose, 9 anemia e trombocitopenia, 3 anemia e leucocitose, 1

anemia e leucopenia, 6 anemia, trombocitopenia e leucopenia, 2 anemia,

trombocitopenia e leucocitose e 9 animais apresentaram parâmetros hematológicos

normais (Tabela 7).

Não foram observadas correlações estatisticamente significativas entre esses

parâmetros hematológicos e a infecção por Ehrlichia canis (Tabela 7). Contudo, sem

correção de Yates, a variável trombocitopenia apresentou valor de P igual a 0,04.

Nenhuma correlação foi observada entre a presença de Ehrlichia canis e a idade ou sexo

dos animais (Tabela 8).

Tabela 7 - Associação entre achados hematológicos e resultados da reação em cadeia

da polimerase (PCR), em cães atendidos no período de julho a agosto de 2011 na

rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Federal Rural da Amazônia

(UFRA).

Exames

Hematológicos

Cães χ2

P

n PCR positivos %

Hemácias

≥ 5.500 102 17 16,7 3,776 0,07

< 5.500 98 31 31,6

Leucócitos

< 6.000 18 7 38,9

6.000 – 17.000 142 34 23,9 1,797 0,40

> 17.000 40 7 17,5

Plaquetas

≥ 200.000 136 25 18,4 4,306 0,05

< 200.000 64 23 35,9

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Tabela 8 - Frequência de cães positivos pela reação em cadeia da polimerase (PCR)

para Ehrlichia canis, segundo faixa etária e sexo, em cães atendidos no período de

julho a agosto de 2011 na rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade

Federal Rural da Amazônia (UFRA).

* P > 0,05; ** P > 0,05

Idade

(meses)

Número de cães positivos/ número de cães testados (% positivos)

Machos Fêmeas Total

1 a 12 5/17 (29,4) 0/11 (0,0) 5/28 (17,8)*

>12 a 48 1/5 (20,0) 1/7 (14,3) 2/12 (16,7)*

>48 9/38 (23,7) 23/69 (33,3) 32/107 (29,9)*

Não determinada 3/21 (14,3) 6/32 (18,7) 9/53 (17,0)*

Total 18/81 (22,2)** 30/119 (25,2)** 48/200 (24,0)

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31

5 DISCUSSÃO

5.1 DETECÇÃO E FREQUÊNCIA DE PREVALÊNCIA DO DNA DE Ehrlichia

canis EM BELÉM, PARÁ

Este estudo demonstrou a presença de DNA de E. canis em cães de uma

população hospitalar de Belém, Pará. Embora não haja nenhum relato científico da

ocorrência e prevalência de Ehrlichia spp. na região norte brasileira a frequência de

animais positivos em Belém, com base em testes moleculares, parece ser semelhante

àquela descrita para algumas outras regiões do Brasil. Costa Jr (2007) observou uma

frequência de positividade igual a 24,49 e 26,47% em Belo Horizonte e Nanuque -

Minas Gerais, respectivamente. Dagnone et al. (2003) observaram uma frequência do

DNA de E. canis em 21% de uma amostra de 129 cães de Londrina, Paraná.

Por outro lado, a prevalência do DNA de E. canis detectada por diagnósticos

moleculares no Brasil pode variar de 1,03% a 88% (Dagnone et al., 2003; Bulla et al.,

2004; Macieira et al., 2005; Sousa, 2006; Costa Jr, 2007; Diniz et al., 2007; Carvalho et

al., 2008; Nakaghi et al., 2008; Dagnone et al., 2009; Ramos et al., 2009; Santos et al.,

2009; Ueno et al., 2009; Faria et al., 2010).

Embora não existam informações para outras partes da região norte brasileira, os

dados do presente estudo refutam a hipótese de que devido suas condições climáticas

esta região devesse apresentar prevalência de infecção superior àquelas observadas para

as regiões Sul e Sudeste por exemplo. Devido sua localização, a qual é situada às

margens da Baía do Guajará (01°26’06”S; 48°26’16”W) e a uma distância de

aproximadamente 100 Km do Oceano Atlântico, de acordo com a classificação de

Köppen, Belém pertence ao grupo Af, possuindo clima quente e úmido, com

temperatura média de 26ºC e umidade relativa do ar variando entre 80 a 90% (Abreu et

al., 2004), o que deve favorecer o ciclo biológico do carrapato em todos os meses do

ano, e consequentemente o aumento da prevalência de E. canis.

Adicionalmente, com base nos índices pluviométricos, a cidade de Belém é

caracterizada por dois períodos distintos, o chuvoso que se estende de dezembro a maio

e o menos chuvoso que vai de junho a novembro. Assim, considerando que estudo se

baseou apenas em amostras coletadas de julho a outubro, é interessante notar a

necessidade de estudos que avaliem diferenças sazonais quanto à prevalência de E.

canis em Belém.

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32

5.2 IDENTIFICAÇÃO DA ESPÉCIE DE Ehrlichia EM BELÉM, PARÁ

A nested PCR constitui um método de diagnóstico altamente sensível e

específico além de ser uma forma rápida de detecção do parasito para diagnósticos

clínicos e estudos epidemiológicos. Considerando que os iniciadores utilizados na

primeira reação do protocolo de nested PCR utilizado no presente estudo amplifica um

fragmento de tamanho semelhante para vários táxons da família Anaplasmataceae, este

pode ser útil para a detecção de todas as espécies de Ehrlichia, dentre outros

microrganismos. Contudo, neste estudo, as 48 amostras positivas para a primeira reação

foram também positivas para a segunda reação, a qual utiliza iniciadores específicos

para E. canis, sugerindo a ocorrência exclusiva de E. canis em Belém, Pará.

Oliveira et al. (2009) sugere a ocorrência de Ehrlichia ewingii no Estado de

Minas Gerais, mas até o presente momento nenhum estudo, baseado no sequenciamento

de DNA, confirmou a ocorrência desta espécie no Brasil. O presente estudo favorece a

hipótese de que a EMC no Brasil seja causada exclusivamente por E. canis, e que a

observação de Oliveira et al. (2009) seja resultante de amplificação inespecífica. Isso

reforça a necessidade do sequenciamento de DNA para a confirmação da espécie nos

estudos de EMC. Adicionalmente, estes estudos devem ser baseados em grandes

tamanhos amostrais e envolver amostragem em ampla distribuição geográfica.

A exclusividade de E. canis, nas amostras testadas, em Belém, Pará foi

confirmada através do sequenciamento do rDNA 16S, que mesmo tendo sido

amplificado com iniciadores genéricos para cinco espécies de Ehrlichia e cinco de

Anaplasma, somente um haplótipo foi identificado nas 48 amostras positivas deste

estudo. Adicionalmente, este haplótipo apresentou de 99,7 a 100% de identidade com

diferentes cepas de E. canis, inclusive duas oriundas da região sudeste brasileira. É

interessante notar que apesar de um baixo nível de polimorfismo (Aguirre et al., 2006;

de la Fuente et al., 2006; Yu et al., 2007), o rDNA 16S é, atualmente, considerado o

melhor alvo para distinguir as diferentes cepas de E. canis (Unver et al., 2001).

Diniz et al. (2007) e Ueno et al. (2009) utilizaram o método da PCR

convencional para posterior confirmação da espécie E. canis por sequenciamento. Este

método, apesar de seguro, não se mostra interessante para a realização de diagnósticos

de rotina, uma vez que necessitam de um grande intervalo de tempo para a sua

realização. O mesmo se aplica para os estudos realizados por Dagnone et al. (2003),

uma vez que a mesma também utilizou a PCR convencional com posterior confirmação

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33

da espécie através da utilização de enzimas de restrição. Este método além de mais

demorado pode gerar resultados inespecíficos.

5.3 CORRELAÇÃO DE INFECÇÃO POR Ehrlichia canis COM VARIÁVEIS

HEMATOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS

Os principais achados hematológicos nos animais do presente estudo foram

anemia e trombocitopenia. Apesar de a trombocitopenia ser o principal achado

hematológico observado em todas as fases da erliquiose canina (Almosny et al., 2000;

Pagani et al., 2000; Moreira et al., 2003), não foi observada associação estatística

significativa para a variável hemácia e leucócitos, e a variável plaqueta, o que corrobora

os estudos de Scorpio et al. (2008) e Avizeh et al. (2010), respectivamente. Isto sugere a

importância do diagnóstico laboratorial específico, visto que a falta de associação de

parâmetros hematológicos e o desenvolvimento da infecção por E. canis não é

condizente com um diagnóstico preciso.

A falta de correlação entre a infecção por E. canis e a idade dos animais, aqui

observada, corrobora os estudos de Matthewman et al. (1993), Inokuma et al. (1999) e

Waner et al. (2000), enquanto a falta de correlação com o sexo dos animais está de

acordo com Waner et al. (2000), Watanabe et al. (2004), Rodriguez-Vivas et al. (2005),

Solano- Gallego et al. (2006) e Avizeh et al. (2010).

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34

6 CONCLUSÕES

De acordo com as análises aqui realizadas pôde-se concluir que:

A espécie Ehrlichia canis é a única espécie de Ehrlichia circulante em Belém,

Pará;

As cepas de Ehrlichia canis circulantes em Belém, Pará apresentam baixa

variabilidade genética quando comparadas com cepas de E. canis de outras

regiões do globo terrestre;

Não houve correlação estatística significativa entre a infecção por E. canis e a

idade e o sexo dos cães analisados;

Não houve correlação estatística significativa entre a infecção por E. canis e os

valores hematológicos dos cães analisados.

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