UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ... · Deborah Garutti em quem pude confiar...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
NÁYRA DE OLIVEIRA FREDERICO PINTO
DESENVOLVIMENTO DE NANOFORMULAÇÕES DO ÓLEO ESSENCIAL DE
Lippia sidoides Cham.
FORTALEZA
2014
NÁYRA DE OLIVEIRA FREDERICO PINTO
DESENVOLVIMENTO DE NANOFORMULAÇÕES DO ÓLEO ESSENCIAL DE Lippia
sidoides Cham.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Química. Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos. Orientadora: Dra. Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo. Co-orientador: Dr. Kirley Marques Canuto.
FORTALEZA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
P729d Pinto, Náyra de Oliveira Frederico. Desenvolvimento de nanoformulações do óleo essencial de Lippia sidoides Cham. / Náyra de OliveiraFrederico Pinto. – 2014. 121 f. : il. color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Fortaleza, 2014. Orientação: Profa. Dra. Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo. Coorientação: Prof. Dr. Kirley Marques Canuto.
1. Timol. 2. Nanocápsulas. 3. Emulsão-difusão. 4. Alecrim-pimenta. 5. Policaprolactona. I. Título. CDD 660
NÁYRA DE OLIVEIRA FREDERICO PINTO
DESENVOLVIMENTO DE NANOFORMULAÇÕES DO ÓLEO ESSENCIAL DE Lippia
sidoides Cham.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Química. Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos.
Aprovada em 21/07/2014.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Dra. Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo (Orientadora) Empresa Brasileira de Pecuária e Agricultura (EMBRAPA) - Fortaleza
__________________________________________________________
Dr. Kirley Marques Canuto (Co-orientador) Empresa Brasileira de Pecuária e Agricultura (EMBRAPA) - Fortaleza
__________________________________________________________
Dra. Morsyleide de Freitas Rosa Empresa Brasileira de Pecuária e Agricultura (EMBRAPA) - Fortaleza
__________________________________________________________
Profa. Dra. Rosa Ferreira Araújo de Abreu Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
A Deus, Criador de toda Ciência e Sabedoria. Aos meus pais, Frederico e Regina. Ao meu esposo, Daniel e filhos, Isaac e Bernardo.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por dar força e determinação durante minha jornada. A quem devo tudo o
que tenho e tudo o que sou.
Aos meus pais, Frederico e Regina, e às minhas irmãs, Náglya e Nayara, pelo
amor, apoio e carinho durante todo esse caminho.
A todos os meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado e acreditaram no meu
sucesso.
Ao meu esposo Daniel, companheiro e amigo, pelo amor, carinho, apoio e
compreensão em todos os momentos. Por me incentivar e mostrar caminhos dos quais me
encontrei.
Ao meu filho Isaac, que por muitos momentos me mostrou que sempre é possível
ir mais além e que tudo pode ser mais simples. Pelo amor e sorriso que me fortaleceram a
cada dia. E ao meu filho Bernardo, pela felicidade de estar em meu ventre.
À minha orientadora Profª. Dra. Henriette Azeredo, pela oportunidade única e
ensinamentos que tanto contribuíram para minha formação, pelo grande exemplo de
competência, dedicação e profissionalismo. Por acreditar em meu trabalho e me confiar um
papel tão importante.
Ao meu co-orientador e também companheiro de laboratório Dr. Kirley Canuto,
por aceitar o desafio. Pelas horas de dedicação em ensinar e acompanhar, e me tornar uma
profissional mais completa.
À Profª. Drª. Morsyleide Rosa, ao Profº. Dr. Hosiberto Sant’Ana e à Profª. Drª.
Rosa Abreu pela participação na banca e pelas contribuições pertinentes que tornaram
possível a concretização deste trabalho
Aos pesquisadores, analistas e técnicos da EMBRAPA Agroindústria Tropical:
Dr. Edy Brito, Dra. Tigressa Rodrigues, Dr. Carlos Cáceres, Dra. Celli Muniz, Drª. Lorena
Mara, Dra. Socorro Bastos, Dra. Roselany Furtado, Dra. Patrícia Bordalo, Dr. Paulo Riceli,
Márcia Régia, Ana Cassales, Lílian Alexandre e Ancelita Monteiro, por disponibilizar
equipamentos, tempo e atenção em análises essenciais para o desenvolvimento do meu
trabalho.
Aos amigos que estiveram sempre presente em minha jornada, tornando-a mais
leve e divertida: Ídila Maria, Flávia Azevedo, Eric Tobaruela, Darline Targino, Rennier
Felinto, Patrícia Gonçalves, Adriana Dutra, Jéfferson Malveira, Karine Nojosa, Isabel
Vitorino, Ana Maria Abreu, Marcelo Victor, Rosa Mamede, Noberto Bezerra, Carol Moreira,
Ynaiara Colares, Elígenes Sampaio, Helder Lima, Hálisson Lucas, Rafael Siqueira, Herbert
Magalhães e a todos que de forma especial participaram ou acompanharam os meus passos.
Ao Departamento de Engenharia Química, pela vivência única e por ser também
parte desta conquista. Ao Profo. Fabiano Narcisio e à Profa. Diana Azevedo, coordenadores
sempre presentes e solícitos, pela prontidão em esclarecer, ajudar e solucionar cada vez que
era preciso.
À EMBRAPA Agroindústria Tropical, por me receber desde a minha iniciação
científica e conceder a realização de todo meu trabalho. Em especial, à pesquisadora Drª
Deborah Garutti em quem pude confiar meus primeiros passos no universo da pesquisa e pela
experiência adorável de trabalhar ao seu lado.
Aos Órgãos Governamentais FUNCAP e CAPES pela concessão de bolsa de
mestrado, viabilizando minha dedicação exclusiva a esta pesquisa.
“A nanotecnologia é uma janela para o futuro.”
Náyra Pinto
RESUMO
A planta Lippia sidoides (Verbenaceae), conhecida popularmente como alecrim-pimenta, é
uma espécie nativa da Caatinga. Seu óleo essencial é rico em timol, um composto fenólico
com comprovada atividade antifúngica e antibacteriana. Essas propriedades têm despertado
grande interesse na avaliação do óleo essencial de L. sidoides contra fitopatógenos.
Entretanto, óleos essenciais são misturas de compostos voláteis, lipofílicos e susceptíveis à
degradação por agentes físicos e químicos (luz, temperatura, pH, ar, umidade). Dessa forma,
nanocápsulas de policaprolactona em suspensão foram produzidas através do método
emulsão-difusão, com o objetivo de preservar as propriedades físico-químicas e biológicas do
óleo essencial de L. sidoides. As nanocápsulas foram avaliadas quanto às suas características
físico-químicas, morfológica e térmica e sua estabilidade em função do tempo e temperatura
de armazenamento. O óleo essencial extraído das folhas de L. sidoides exibiu o timol (77,1 %)
como constituinte majoritário. Os tensoativos álcool polivinílico e Kolliphor P 188®, de
natureza não iônica, foram testados. As formulações contendo Kolliphor P 188®
apresentaram sistemas nanoemulsionados mais estáveis, com diâmetros médios de partículas
entre 187 e 214 nm, baixo índice de polidispersão (< 0,2) e eficiência de encapsulação entre
31 e 53 %. Estudos sobre a influência da concentração de cada componente da formulação (1-
5%) bem como da velocidade (644 - 1.449 g) e do tempo de agitação (5-10 min) no processo
de emulsificação foram realizados. A formulação contendo 1% de tensoativo, obtida a 1.006 g
por 5 min, apresentou os melhores resultados, considerando-se conjuntamente diâmetro médio
de partículas (173,63 nm) e rendimento de encapsulamento (36 %) através de planejamento
fatorial do tipo 22. Essa condição de emulsificação se enquadrou nos requisitos para processos
a empregar menor tempo e energia de cisalhamento, por isso foi selecionada para análises de
microscopia eletrônica de varredura, termogravimetria, calorimetria diferencial de varredura e
de estabilidade acelerada. As micrografias mostraram que as nanocápsulas de óleo essencial
recuperadas possuem formas esféricas definidas com ausência de fissuras, indicando a
formação de um filme contínuo na parede externa das cápsulas. As análises térmicas
evidenciaram alta estabilidade térmica (~214 ºC) da suspensão de nanocápsulas liofilizadas e
permitiu observar os pontos de fusão entre 51-58 ºC, referentes aos componentes da
formulação. As formulações permaneceram com tamanhos e distribuições de partículas
estáveis durante 60 dias de armazenamento.
Palavras-chave: Timol, Nanocápsulas, Emulsão-difusão, Alecrim-pimenta, Policaprolactona.
ABSTRACT
The plant Lippia sidoides (Verbenaceae), popularly known as alecrim-pimenta, is a native
species from the Brazilian Caatinga. Its essential oil is rich in thymol, a phenol compound
with proven antifungal and antibacterial activities. Due to its biological effects, the essential
oil of L. sidoides has attracted great interest for applications against phytopathogens.
However, essential oils are susceptible to degradation by physical (such as light, temperature,
pH) and chemical agents (oxygen, humidity, etc). Thus, suspensions of polycaprolactone-
coated nanocapsules were produced by emulsion-diffusion method, in order to preserve the
physico-chemical and biological properties of L. sidoides essential oil. The nanocapsules were
evaluated in terms of some physical, chemical, morphological and thermal properties, as well
as storage stability. The gas chromatography analysis of the essential oil presented thymol
(77.1 %) as the major constituent. Polyvinyl alcohol and Kolliphor P 188® were tested as
surfactants. Formulations containing Kolliphor P 188® showed more stable nanoemulsified
systems, exhibiting average particle diameters between 187 and 214 nm, low polydispersity
(< 0.2) and encapsulation efficiency between 31 and 53 %. Studies on the influence of
concentration of each component of the formulation (1-5 %) as well as speed (644 - 1.449 g)
and stirring time (5-10 min) in the emulsification process were performed. The formulation
containing 1% surfactant stirred at 1.006 g or 5 min showed the best results, taking account
average particle diameter (173.6 nm) and encapsulation efficiency (36%), and was further
analysed by scanning electron microscopy, thermogravimetry, differential scanning
calorimetry, and accelerated stability tests. The micrographs revealed well shaped spherical
nanocapsules with no cracks, indicating the formation of a continuous film on the outer wall
of the capsule. The thermal analyses of suspensions of freeze-dried nanocapsules indicated a
high thermal stability (up to ~ 214 ° C) with melting points in the range of 51-58 ° C.
Furthermore, the particle size distributions of the formulations remained physically stable
during 60 days of storage.
Keywords: Thymol, Nanocapsules, Emulsion-diffusion, Alecrim-pimenta, Polycaprolactone.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 (a) Estrutura do tricoma glandular de espécies da família Lamiaceae e (b)
imagem de tricomas na superfície da folha de hortelã por microscopia
eletrônica de varredura ................................................................................... 23
Figura 2 (a) Exemplos de compostos monoterpenos e (b) sesquiterpenos de
ocorrência em óleos essenciais ....................................................................... 27
Figura 3 Ramos de Lippia sidoides Cham .................................................................... 34
Figura 4 Estruturas básicas dos isômeros de posição (a) timol e (b) carvacrol ............ 35
Figura 5 Representação esquemática de nanocápsula polimérica ................................ 44
Figura 6 Estrutura básica do poloxâmero 188 .............................................................. 46
Figura 7 Estrutura básica do álcool polivinílico (PVA) ................................................ 47
Figura 8 Estrutura básica do polímero policaprolactona (PCL) ................................... 49
Figura 9 Procedimento de preparação de nanocápsulas pelo método de emulsão-
difusão ............................................................................................................ 52
Figura 10 Mecanismo de formação de nanocápsulas pelo método de emulsão-difusão
(a) antes da etapa de difusão e (b) durante a etapa de difusão ....................... 53
Figura 11 Etapas de desenvolvimento, seleção e caracterização envolvidas no
processo de nanoencapsulamento pelo método de emulsão-difusão ............. 58
Figura 12 Fluxograma da produção de nanoformulações pelo processo de emulsão-
difusão ............................................................................................................ 60
Figura 13 Cromatograma do óleo essencial de L. sidoides em CG-DIC ........................ 70
Figura 14 Espectro de massas do timol presente no óleo essencial de L. sidoides em
CG-EM ........................................................................................................... 70
Figura 15 Aspecto macroscópico das formulações contendo PVA ................................ 72
Figura 16 Aspecto macroscópico das formulações contendo Kolliphor P 188® ........... 74
Figura 17 Distribuição de tamanho de partículas das formulações FT1, FT2 e FT3
contendo Kolliphor P 188® (n=3) ................................................................. 76
Figura 18 Aspecto macroscópico das nanoformulações sobre o estudo da influência
das concentrações de Kolliphor P188®, PCL e OELS .................................. 78
Figura 19 Distribuição e tamanho de partículas das formulações F1, F2, F3, F4, F5,
F6 e F7 sobre o estudo da influência da concentração de cada componente
(n=3) ............................................................................................................... 80
Figura 20 Aspecto macroscópico das nanoformulações sobre o estudo da influência
da velocidade de agitação no processo de emulsificação ............................... 83
Figura 21 Distribuição e tamanho de partículas das formulações FR1, FR2 e FR3
sobre o estudo da influência da intensidade de emulsificação para a
produção de nanoformulação, com o tempo fixo (t=10 min) ........................ 84
Figura 22 Estimativa do efeito padronizado da intensidade e tempo de agitação no
processo de emulsificação para a variável resposta tamanho de partícula ..... 86
Figura 23 Estimativa do efeito padronizado da intensidade e tempo de agitação no
processo de emulsificação para a variável resposta eficiência de
encapsulação .................................................................................................. 86
Figura 24 Espectro RMN dos componentes (a) PCL, (b) Kolliphor P 188 e (c) OELS 89
Figura 25 Espectro RMN do timol comercial (99%) ..................................................... 90
Figura 26 Espectro RMN do (a) conjunto PCL (10 mg) + Kolliphor P188 (2 mg)
+OELS (2mg) e da (b) suspensão de nanocápsulas contendo OELS ............ 91
Figura 27 Fotomicrografia das nanocápsulas em suspensão concentrada por MEV
(Formulação FRT2) ........................................................................................ 92
Figura 28 Fotomicrografia das nanocápsulas recuperadas por ultracentrifugação por
MEV (Formulação FRT2) .............................................................................. 93
Figura 29 Curva de TGA do tensoativo Kolliphor P188® ............................................. 95
Figura 30 Curva de TGA do polímero de revestimento PCL ......................................... 96
Figura 31 Curva de TGA do óleo essencial de L. sidoides ............................................. 96
Figura 32 Termogramas de DSC da suspensão de nanocápsulas liofilizada (NC), o
Kolliphor P188® (KOL), o óleo essencial de L. sidoides (OELS) e o
policarpolactona (PCL) com taxa de aquecimento 5ºC.min-1......................... 97
Figura 33 Termogramas de DSC da suspensão de nanocápsulas liofilizada (NC) com
taxas de aquecimento de 10 ºC.min-1 e 5ºC.min-1.......................................... 98
Figura 34 Termograma de DSC do timol comercial 99 %.............................................. 99
Figura 35 Diâmetro médio de partículas em suspensão concentrada de nanocápsulas
sob diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de
60 dias ............................................................................................................ 101
Figura 36 Índice de dispersibilidade em suspensão concentrada de nanocápsulas sob
diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60
dias ................................................................................................................. 102
Figura 37 Potencial zeta em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes
condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias ............ 103
Figura 38 Teor de timol em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes
condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias ............ 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Constituintes majoritários do óleo essencial de Lippia sidoides, localidade
de cultivo e parte da planta usada no processo de extração ........................... 36
Tabela 2 Encapsulação de óleos essenciais, aplicação, método de encapsulação e
tamanho das cápsulas obtida .......................................................................... 41
Tabela 3 Exemplos de matérias-primas utilizadas para a preparação de nanocápsulas
pelo método de emulsão difusão .................................................................... 54
Tabela 4 Composição sugerida para a preparação de nanocápsulas através do método
de emulsão-difusão.......................................................................................... 55
Tabela 5 Velocidade e tempo de agitação na emulsificação sugeridos para a
preparação de nanocápsulas através do método de emulsão-
difusão............................................................................................................. 55
Tabela 6 Composição das formulações na determinação do tensoativo sob rotação
(1.006 g) e tempo (10 min.) de emulsificação constantes .............................. 61
Tabela 7 Composição para estudo da influência da concentração de cada
componente da formulação utilizando rotação (1.006 g) e tempo (10 min.)
de emulsificação constantes ........................................................................... 62
Tabela 8 Condições da velocidade de agitação para a produção de nanoformulação
com o tempo fixo de emulsificação (t=10 min) ............................................. 63
Tabela 9 Condições da velocidade e tempo de agitação no processo de emulsificação
para a produção das nanoformulações ........................................................... 63
Tabela 10 Composição e rotação de emulsificação (t=5 min) para estudo da influência
do tipo de óleo utilizado no interior da membrana polimérica de PCL ......... 64
Tabela 11 Constituintes químicos do óleo essencial de L. sidoides ................................ 69
Tabela 12 Teores de timol, p-cimeno e β-cariofileno encontrados em óleo essencial
extraído da planta L. sidoides ......................................................................... 71
Tabela 13 Médias das massas dos materiais agregados úmido e seco formados nas
formulações contendo PVA (n=3) .................................................................. 72
Tabela 14 Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, eficiência de
encapsulação e classificação macroscópica de estabilidade em 24 horas,
das formulações contendo Kolliphor P 188® ................................................ 75
Tabela 15 Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, eficiência de
encapsulação e classificação macroscópica das formulações no estudo da
influência da concentração de cada componente da formulação ................... 77
Tabela 16 Diâmetro médio e índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e
classificação macroscópica das formulações sobre o estudo da influência da
velocidade de rotação para a produção de nanoformulação, com o tempo
fixo de emulsificação (t=10 min) ................................................................... 83
Tabela 17 Diâmetro médio e índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e
classificação macroscópica das formulações sobre o estudo da influência da
velocidade de rotação para a produção de nanoformulação, com variação
do tempo de emulsificação ............................................................................. 85
Tabela 18 Eficiência de encapsulação utilizando LE como núcleo oleoso ..................... 88
Tabela 19 Temperaturas de degradação dos comonentes Kolliphor P 188®, PCL e
óleo essencial de Lippia sidoides (OELS) ..................................................... 94
Tabela 20 Eventos térmicos do DSC para a suspensão de nanocápsulas liofilizada e de
cada componente da formulação com taxa de aquecimento de 5ºC.min-1...... 98
Tabela 21 Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, potencial zeta,
teor de timol e classificação macroscópica das formulações armazenadas à
temperatura de 5, 25 e 40 ºC .......................................................................... 100
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AcOEt Acetato de etila
AL Agregado Liofilizado
AU Agregado Úmido
BLU Base Livre de Umidade
CAS Chemical Abstracts Service
CG Cromatografia Gasosa
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CM
CMC
DIC
DM
DSC
EE
EHL
ELD
EM
EMBRAPA
H
IK
IM
IPD
ISO
KOL
LE
LM
M
MEV
MM
N
Na2SO4
NC
Caracterização Macroscópica
Concentração Micelar Crítica
Detector de Ionização de Chama
Diâmetro Médio
Calorimetria Diferencial de Varredura
Eficiência de Encapsulação
Equilíbrio Hidrofílico-Liofílico
Espalhamento de Luz Dinâmico
Espectrômetro de Massas
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Hidrogênio
Índice de Kovats
Intensamente modificada
Índice de Polidispersibilidade
International Organization for Standardization
Kolliphor P188®
Laurato de Etila
Levemente modificada
Modificada
Microscopia Eletrônica de Varredura
Massa Molecular
Normal
Sulfato de sódio
Nanocápsulas
NI
NIST
OELS
PCL
PEC
PEO-PPO-PEO
PGA
PLA
PLGA
PVA
RMN
TG
tR
UV
Não informado
National Institute of Standards and Technology
Óleo Essencial de Lippia sidoides
Policaropactona
Parâmetro de Empacotamento Crítico
Poli (oxietileno) - Oli (oxipropileno) - Poli (oxietileno)
Poliglicolídeo
Polilactídeo
Poli-lactídeo-co-glicolídeo
Álcool polivinílico
Ressonância Magnética Nuclear
Termogravimetria
Tempo de Retenção
Ultra-Violeta
LISTA DE SÍMBOLOS
µ mobilidade
µm micrômetro
cP centipoise
Da Dalton
eV eletron volt
g gramas
i.d diâmetro interno
KD Quilo Dalton
KP quilo pascal
kV
m/m
m/z
mg
MHz
mL
mm
mV
MΩ/cm
nm
nW
O/A
P
RCF
rpm
t
t
ε
ζ
η
J.g-1
quilo volt
massa/massa
massa (Da)/carga do elétron
miligramas
Megahertz
mililitros
milímetros
milivolt
Miliohm/centímetro
nanômetro
nanowatt
óleo/água
probabilidade
força centrífuga relativa
rotação por minuto
tempo
tonelada
constante dieléctrica
potencial zeta
viscosidade
Joule/grama
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 20
2 OBJETIVO ........................................................................................................ 22
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 22
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 22
3 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 23
3.1 Óleos essenciais .................................................................................................. 23
3.1.1 Definições Gerais ............................................................................................... 23
3.1.2 Atividades biológicas .......................................................................................... 28
3.1.3 Uso industrial e importância econômica ........................................................... 31
3.2 Lippia sidoides Cham. ...................................................................................... 33
3.2.1 Características botânicas ................................................................................... 33
3.2.2 Composição química .......................................................................................... 34
3.2.3 Atividades biológicas .......................................................................................... 36
3.3 Encapsulamento dos óleos essenciais ............................................................... 39
3.3.1 Encapsulamento do óleo essencial de Lippia sidoides ...................................... 42
3.4 Nanocápsulas poliméricas ................................................................................ 44
3.4.1 Agentes tensoativos ............................................................................................ 45
3.4.2 Polímeros de revestimento ................................................................................. 47
3.4.3 Núcleo oleoso ..................................................................................................... 49
3.5 Métodos de nanoencapsulamento .................................................................... 50
3.5.1 Emulsão-difusão ................................................................................................ 51
4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 56
4.1 Material .............................................................................................................. 56
4.1.1 Desenvolvimento das nanoformulações ............................................................ 56
4.1.1.1 Fase oleosa ......................................................................................................... 56
4.1.1.2 Polímero de revestimento .................................................................................... 56
4.1.1.3 Fase aquosa ........................................................................................................ 56
4.1.1.4 Tensoativos .......................................................................................................... 56
4.1.2 Cromatografia Gasosa (CG) com Detector de Ionização em Chama (DIC) ... 56
4.1.3 Cromatografia Gasosa (CG) acoplado à Espectrometria de Massas (EM) ..... 57
4.1.4 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) .......................................... 57
4.1.5 Equipamentos ..................................................................................................... 57
4.2 Métodos .............................................................................................................. 57
4.2.1 Extração do óleo essencial ................................................................................. 58
4.2.2 Identificação dos constituintes do óleo essencial de L. sidoides ...................... 59
4.2.3 Quantificação dos constituintes do óleo essencial de L. sidoides ..................... 59
4.2.4 Desenvolvimento das nanoformulações ............................................................ 59
4.2.5 Determinação do tensoativos ............................................................................. 60
4.2.6 Influência das variáveis do processo de obtenção das nanoformulações ........ 61
4.2.6.1 Influência da concentração de cada componente da formulação ...................... 62
4.2.6.2 Influência da intensidade e tempo de emulsificação ........................................... 62
4.2.6.3 Influência do tipo de óleo contido no interior da membrana polimérica ........... 63
4.2.7 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .......................................................... 64
4.2.8 Análise macroscópica ......................................................................................... 65
4.2.9 Diâmetro médio, distribuição e potencial zeta das partículas .......................... 65
4.2.10 Eficiência de Encapsulação ............................................................................... 66
4.2.11 Teor de Timol ...................................................................................................... 66
4.2.12 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................... 67
4.2.13 Análises Térmicas .............................................................................................. 67
4.2.13.1 Termogravimetria (TGA) ..................................................................................... 67
4.2.13.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC) ..................................................... 67
4.2.14 Teste de estabilidade acelerada .......................................................................... 68
4.2.15 Análise estatística dos dados .............................................................................. 68
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 69
5.1 Extração, identificação e quantificação dos constituintes químicos do óleo
essencial .............................................................................................................. 69
5.2 Determinação do tensoativos ............................................................................ 71
5.3 Influência das variáveis do processo de obtenção das nanocápsulas ........... 77
5.3.1 Influência da concentração de cada componente da formulação .................... 77
5.3.2 Influência da intemsidade e tempo de emulsificação ....................................... 82
5.3.3 Influência do tipo de óleo contido nO interior da membrana polimérica ....... 87
5.4 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ......................................................... 88
5.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................ 91
5.6 Análises Térmicas .............................................................................................. 94
5.6.1 Termogravimetria (TGA) ................................................................................... 94
5.6.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC) ................................................... 96
5.7 Teste de estabilidade acelerada ........................................................................ 99
5.7.1 Diâmetro médio e distribuição das partículas ................................................... 101
5.7.2 Potencial zeta ...................................................................................................... 102
5.7.3 Teor de Timol ...................................................................................................... 103
6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 105
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 106
20
1 INTRODUÇÃO
Os óleos essenciais, também chamados de óleos voláteis, são metabólitos
secundários produzidos pelas plantas e exercem, principalmente, funções de auto-defesa e de
atração de polinizadores (BASER; BUCHBAUER, 2010). São misturas complexas de
substâncias voláteis e lipofílicas, com baixo peso molecular, geralmente odoríferas e líquidas,
constituídas, em sua maioria, por moléculas de natureza terpênica (MORAIS, 2009), que
apresentam atividades biológicas tais como antimicrobiana, anti-inflamatória, biocida e
antioxidante (RIELLA et al., 2012; FABRI et al., 2011; KHAN et al., 2011; BAYALA et al.,
2014).
As áreas de perfumaria, cosmética, alimentos e medicamentos representam grande
parte das aplicações industriais dos óleos essenciais. São usados principalmente como aromas,
fragrâncias, fixadores de fragrâncias, em composições farmacêuticas e orais e
comercializados na sua forma bruta ou beneficiada, fornecendo substâncias purificadas como
o limoneno, citral, citronelal, eugenol, mentol e safrol (BIZZO, 2009). Dentre esses, o
emprego como matéria-prima para a produção de aromas e fragrâncias se destaca
internacionalmente (SPEZIALI, 2012).
O exclusivo mercado dos óleos essenciais movimenta cerca de US$ 1,8 bilhão
anuais e apresenta cerca de 300 variedades de importância comercial. O Brasil se posiciona
como o terceiro maior exportador de óleos essenciais do mundo, movimentando
aproximadamente US$ 147 milhões, depois dos EUA e França. Essa posição se deve,
principalmente, à produção do óleo essencial de laranja, que representa cerca de 50 % da
produção mundial sendo uma das matérias-primas fundamentais para os aromas e as
fragrâncias (BIZZO, 2009; FERRAZ et al., 2009; SPEZIALI, 2012).
A planta Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae), conhecida popularmente como
alecrim-pimenta, é uma espécie nativa do Nordeste brasileiro de ocorrência comum na
caatinga entre Mossoró, RN, e Tabuleiro do Norte, CE. Possui em seu óleo essencial
compostos ativos naturais como o timol e o carvacrol (50-70 %). Esses compostos fenólicos
são dotados de atividade antibacteriana e antifúngica, conferindo à planta grande importância
econômica (BOTELHO et al., 2007; FONTENELLE et al., 2007; BERTINI et al., 2005;
MATTOS et al., 2007).
Em virtude das propriedades bioativas do timol e da própria planta, o potencial
antifúngico do óleo de L. sidoides tem sido avaliado para o controle de fitopatógenos
21
(CARVALHO, 2013; SOUZA JUNIOR, 2009), pois, assim como os demais óleos essenciais,
exibe vantagens de biodegradabilidade, sendo seus constituintes classificados como
compostos químicos não-persistentes e de baixa toxicidade (DAYAN et al., 2009).
Entretanto, alguns aspectos inerentes aos óleos essenciais limitam seu uso de
forma direta. Grande parte dos constituintes bioativos presentes nos óleos essenciais é
altamente volátil e se perde facilmente até mesmo à temperatura ambiente, implicando em
redução na eficiência. Como em geral estes compostos são fotossensíveis e termolábeis, os
óleos essenciais podem ser degradados na presença de luz ou sob temperaturas elevadas,
levando possivelmente à perda do efeito biológico. O oxigênio, a umidade e variações de pH
são também alguns dos interferentes da integridade dos óleos essenciais, pois promovem
reações capazes de modificar irreversivelmente a sua composição química e suas
características de cor e aroma (BANDONI; CZEPAK, 2008). Além disso, possuem baixa
solubilidade em água, que dificulta a sua dispersão em veículos aquosos.
Nesse sentido, a nanotecnologia se apresenta como uma alternativa para a síntese,
caracterização, produção e aplicação de estruturas, dispositivos e sistemas em escala
nanométrica, os quais poderiam ser úteis na preservação das características originais dos óleos
essenciais (GOGOTSI, 2006). Na referida tecnologia, a nanoencapsulação se destaca como
uma técnica promissora que tem revolucionado o estudo com fármacos, pois tem sido
empregada para melhorar as características dos ingredientes ativos quanto à solubilidade em
água, forma de armazenamento e estabilidade térmica, com possibilidade de liberação
controlada em concentrações reduzidas (HABIB et al., 2012; FLORES et al., 2011).
Dentre as técnicas de encapsulação, a emulsão-difusão tem sido usada com
sucesso no preparo de nanocápsulas biodegradáveis para substâncias ativas tanto de natureza
lipofílica como hidrofílica (QUINTANAR-GUERRERO et al., 2005), destacando-se pelo uso
de solventes orgânicos farmaceuticamente aceitáveis, altos rendimentos de encapsulação,
ótima reprodutibilidade, melhor controle do tamanho das partículas e fácil adequação à
produção em escalas maiores (MOINARD-CHÉCOT et al., 2008).
Portanto, o presente trabalho visou desenvolver nanoformulações do óleo
essencial de L. sidoides através do método de emulsão-difusão, utilizando-se policaprolactona
como polímero de revestimento e um tensoativo hidrofílico. Foram avaliadas a influência da
concentração de cada componente da formulação, bem como as condições de emulsificação
para otimização do processo de obtenção das nanocápsulas. As nanocápsulas foram avaliadas
quanto às suas características físico-químicas, morfológica e térmica e sua estabilidade em
função do tempo e temperatura de armazenamento.
22
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Desenvolver nanoformulações contendo óleo essencial de alecrim-pimenta
(Lippia sidoides), visando à produção de sistemas estáveis para potenciais aplicações
antimicrobianas.
2.2 Objetivos específicos
Obter e determinar a composição química do óleo essencial de L. sidoides.
Produzir nanocápsulas a partir de emulsões O/A do óleo essencial de L. sidoides
através do método emulsão-difusão.
Determinar o tensoativo que produz sistemas emulsionados mais estáveis quanto ao
diâmetro médio e distribuição de partículas e eficiência de encapsulação.
Avaliar os efeitos das concentrações de cada componente da formulação quanto ao
diâmetro médio e distribuição de partículas e eficiência de encapsulação.
Avaliar os efeitos da velocidade e tempo de homogeneização no processo de produção
das nanocápsulas.
Selecionar a formulação que reúne melhores características tecnológicas para os
estudos subsequentes.
Caracterizar as propriedades morfológicas e térmicas das nanopartículas geradas.
Avaliar a estabilidade da suspensão concentrada de nanocápsulas produzida, em
função do tempo e da temperatura de armazenamento.
23
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Óleos essenciais
3.1.1 Definições Gerais
Os óleos essenciais são metabólitos secundários produzidos pelas plantas e
desempenham funções de adaptação da planta ao meio ambiente, atuando na defesa contra o
ataque de predadores, atração de agentes polinizadores, proteção contra perda de água e
aumento da temperatura e como inibidores de germinação de auto-defesa (SOUZA et al.,
2010). São misturas complexas de substâncias voláteis e lipofílicas, com baixo peso
molecular, geralmente odoríferas e líquidas.
Estas substâncias se encontram armazenadas em regiões especializadas das
plantas como células secretoras, cavidades, canais, células epidérmicas (estruturas secretoras
internas) ou mais comumente nos tricomas glandulares (estruturas secretoras externas)
(FIGURA 1), que se rompem naturalmente promovendo a liberação do óleo volátil
(BAKKALI et al., 2008).
Figura 1 – (a) Estrutura do tricoma glandular de espécies da família Lamiaceae e (b) imagem de tricomas na superfície da folha de hortelã por microscopia eletrônica de varredura.
Fonte: Adaptado de Stamenić; Zizovic (2013).
Os óleos essenciais podem ser sintetizados em vários órgãos das plantas, tais
como flores (jasmim, rosa, bergamoteira, laranjeira), folhas (capim-limão, eucalipto, louro) ou
ainda nas cascas dos caules (canelas), madeira (cabreúva, sândalo, pau-rosa), raízes, rizomas
(vetiver, angélica, cúrcuma, gengibre), frutos (laranja, limão, anis-estrelado, funcho, erva-
doce) ou sementes (cenoura, erva-doce, noz-moscada). Embora todos os órgãos possam
24
acumular óleos essenciais, sua composição pode variar de acordo com a localização
(OLIVEIRA; IGARASI, 2013).
Caracterizam-se por serem uma mistura de substâncias lipídicas voláteis,
diferindo-se, assim, dos óleos fixos, obtidos geralmente de sementes; sendo, por isso,
chamados de óleos voláteis. Outras características importantes que deram origem às demais
denominações são: o aroma agradável e intenso da maioria dos óleos voláteis – óleos
essenciais, solubilidade em solventes orgânicos apolares, como o éter – óleos etéreos e, apesar
de apresentarem solubilidade limitada, são capazes de aromatizar soluções aquosas –
essências. Podem ser caracterizados também, quanto ao sabor, geralmente ácido e picante, e
cor, geralmente incolor ou ligeiramente amarelados (SIMÕES et al., 1999).
No processo de extração, o rompimento das estruturas vegetais onde se acumulam
os óleos essenciais, ocorre por meios físicos, a partir de plantas ou parte destas, de origem
taxonômica conhecida (BASER; BUCHBAUER, 2010). Cada processo, seja industrial ou
artesanal, gera óleo essencial com composição química específica, não necessariamente
idêntica ao que é presente na planta (WOLFFENBÜTTEL, 2014). Isso porque fatores como
clima, tipo de solo, influência da seca e escassez de água, os ataques causados por insetos e
micro-organismos, propagação (sementes ou clones), as práticas de cultivo ou mesmo o
processo de extração, influenciam diretamente na composição química do óleo essencial
obtido. Assim, para se obter óleos essenciais de composição constante é necessário que sejam
extraídos sob as mesmas condições, a partir do mesmo órgão da planta, crescida em mesmo
solo e clima e colhidos na mesma temporada (BAKKALI et al., 2008; BASER;
BUCHBAUER, 2010).
Dos métodos de extração industriais, três se destacam. A expressão ou prensagem
a frio, como também é conhecido, é provavelmente o mais antigo e é usado quase
exclusivamente para a produção de óleos essenciais de frutas cítricas, como bergamota,
grapefruit, limão, laranja e tangerina. Baseia-se no emprego de um processo físico, com
ausência de calor, em que as glândulas contendo óleo essencial presentes na casca, são
rompidas para liberar o seu conteúdo. O óleo é então separado da fase aquosa formada,
através de decantação, centrifugação ou destilação fracionada (FERHAT et al., 2007).
Na indústria, prevalecem quatro grandes processos de expressão para isolar os
óleos de cítricos: Pellatrice e Sfumatrice, mais frequentemente utilizados na Itália, e as
extrações do tipo FMC e Brown Peel Shaver que se sobressaem nas Américas do Norte e Sul.
Todos estes processos levam a produtos que não são totalmente voláteis, como cumarinas e
pigmentos de plantas. No entanto, são reconhecidos como óleos essenciais pela Organização
25
Internacional de Normalização (ISO) e estão inseridos em diferentes farmacopeias (BASER;
BUCHBAUER, 2010).
O segundo método, a destilação realizada por hidrodestilação ou destilação a
vapor, é o mais amplamente utilizado, e é empregado preferencialmente, para extrair óleos de
plantas frescas. Na hidrodestilação o material vegetal triturado fica submerso e em contato
direto com água em ebulição. Na destilação a vapor, o vapor é produzido separadamente e
conduzido até o material vegetal. Como os óleos voláteis possuem tensão de vapor mais
elevada que a da água, são dessa forma, arrastados pelo vapor d’água. Então, o destilado
condensado, que consiste de uma mistura de água e óleo é fracionado e obtido o óleo isolado
(SILVEIRA et al., 2012; FERHAT et al., 2007).
Embora clássicos, os processos de destilação podem causar modificações
químicas dos componentes do óleo e frequentemente uma perda maior das moléculas voláteis
em função da alta temperatura e tempo prolongado ao que o material vegetal é submetido
(GHASEMI et al., 2011). Mas, ainda assim, o processo de destilação a vapor é o método mais
aceitável para a produção de óleos essenciais em larga escala, sendo a hidrodestilação
empregada em escalas menores. A proporção de óleos essenciais extraídos por destilação a
vapor é de 93%, enquanto que os 7% restantes são extraídos utilizando outros métodos
(YUSOFF et al.,2011).
A destilação a seco é o terceiro método mais utilizado, embora somente para casos
especiais como extração de óleo em madeira de Betula pendula e Juniperus oxycedrus.
Consiste em aquecimento na ausência de oxigênio, normalmente em um recipiente fechado,
impedindo a combustão. O material vegetal é então, decomposto e obtido o óleo essencial.
Ressalta-se que os referidos óleos contêm fenóis, alguns dos quais são carcinogênicos
reconhecidos, e por esta razão, a produção destes dois óleos já não é de importância comercial
(BASER; BUCHBAUER, 2010).
Em alguns casos é realizado o processo de retificação, isto é, o óleo bruto passa
por uma redestilação a fim de remover impurezas indesejáveis tais como fenóis de elevado
peso molecular que se apresentam como componentes de baixa volatilidade; pequenas
quantidades de compostos muito voláteis que apresentam odores indesejáveis, tais como os
compostos de enxofre (sulfeto de dimetila presente no óleo de hortelã-pimenta bruto), aldeído
isovalérica (presente no óleo da espécie E. globulus) e determinados compostos nitrogenados
(BASER; BUCHBAUER, 2010).
Existem ainda os métodos de extração por enfloração, extração por fluído
supercrítico; extração subcrítica, extração por gás refrigerante; extração a vácuo; extração por
26
solventes orgânicos e extração por óleo. A escolha do tipo de extração dependerá do produto
que se deseja obter e da sua finalidade (SILVEIRA et al., 2012; WOLFFENBÜTTEL, 2014).
Quimicamente, os óleos essenciais são compostos de hidrocarbonetos terpênicos,
álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos,
furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, e até compostos com enxofre, apresentando
diferentes concentrações. Normalmente, um deles é o composto majoritário, existindo outros
em menores teores ou traços, apresentando cerca de 20-60 componentes químicos diferentes
(SIMÕES et al., 1999; BAKKALI et al., 2008). Por exemplo, o limoneno é o principal
composto do óleo de laranja e geralmente, seu teor é em torno de 80 % (SOSA et al., 2014);
entretanto, esta mesma substância foi detectada no óleo de alecrim-pimenta no presente
trabalho, numa concentração 200 vezes menor do que no óleo de laranja, ou seja, em torno de
0,40 %. Nesses casos, diz-se que este composto é um constituinte-traço do óleo de alecrim-
pimenta.
Geralmente, os componentes principais determinam as propriedades biológicas
dos óleos essenciais, ainda que os constituintes em menores concentrações possam ser
igualmente importantes, de tal modo que pequenas variações na composição podem exercer
forte influência no aroma, por exemplo (ALVES et al., 2012).
Dentre os constituintes químicos dos óleos essenciais, o grupo mais representativo
são os terpenos de baixo peso molecular. São formados pela fusão de duas ou mais unidades
de isoprenos, unidas em cadeias poliméricas lineares, cíclicas, bicíclicas ou tricíclicas, que,
por sua vez, podem possuir funções oxigenadas como álcoois, éteres, aldeídos, cetonas e
lactonas. Quando submetidos a altas temperaturas, os terpenos podem se decompor em
isoprenos, podendo referir-se, ocasionalmente, todos os terpenos como isoprenóides
(OLIVEIRA; IGARASI, 2013; SIMÕES et al., 1999).
Os isoprenos são moléculas formadas de cinco unidades de carbono e se
comportam quimicamente como os alquenos. Se destacam dentre os metabólitos secundários
por apresentarem grande variabilidade estrutural, reflexo da presença de ligações duplas
conjugadas, que lhes conferem redução de energia de ligação. Dessa forma, são compostos
que facilmente podem sofrer polimerizações, ciclizações, dimerizações, oxidações.
Os terpenos ou terpenóides podem ser classificados de acordo com o número de
isoprenos que os constituem, dando origem às cinco classes principais (CANUTO et al.,
2012):
Monoterpenos (2 isoprenos - 10 carbonos):
Sesquiterpenos (3 isoprenos - 15 carbonos)
27
a
Diterpenos (4 isoprenos - 20 carbonos)
Triterpenos (5 isoprenos - 30 carbonos),
Tetraterpenos (8 isoprenos - 40 carbonos)
Os compostos terpênicos mais frequentes nos óleos essenciais são os
monoterpenos (que compreendem cerca de 90% da composição química) e os sesquiterpenos.
Alguns sesquiterpenos e monoterpenos de ocorrência nos óleos essenciais são apresentados na
Figura 2. Outros terpenóides, como os diterpenos, são encontrados apenas em óleos extraídos
com solventes orgânicos (SIMÕES et al., 1999).
Figura 2 – (a) Exemplos de compostos monoterpenos e (b) sesquiterpenos de ocorrência em óleos essenciais.
mentol limoneno
β-cariofileno β-selineno
Fonte: elaborado pelo autor.
A separação e quantificação das diversas substâncias componentes dos óleos
essenciais é usualmente realizada através de métodos cromatográficos. A cromatografia
gasosa está entre os métodos de análise mais empregado devido à facilidade com que efetua a
separação dos constituintes dos óleos essenciais. O uso de colunas capilares possibilita o
fracionamento eficiente de misturas complexas voláteis e na maior parte dos casos, a
individualização da maioria dos seus componentes (SIMÕES et al., 1999).
b
28
O processo de separação ocorre através da distribuição dos componentes entre
uma fase estacionária (sólida ou líquida) e uma fase móvel (gasosa) que compõe a coluna
capilar. De acordo com as propriedades de cada composto e da fase estacionária, estes são
retidos por tempos determinados e chegam à saída da coluna em tempos diferentes. O uso de
um detector adequado na saída da coluna torna possível a detecção e quantificação dessas
substâncias (COLLINS et al., 2006).
Associada à cromatografia gasosa a espectrometria de massas permite, além da
separação das substâncias presentes na amostra, a identificação através do estudo entre a
massa molecular e o padrão de fragmentação gerados em espectros de massas. Com o auxílio
de uma biblioteca de espectro de massas instalada no computador o padrão de fragmentação
pode ser comparado com propostas de probabilidade quanto à identidade da substância
analisada. Dessa forma, é possível assegurar a identificação dos picos individuais e controlar a
pureza de um pico cromatográfico em grande parte dos casos. Em alguns casos, torna-se
necessário a identificação através de análises complementares (SIMÕES et al., 1999).
3.1.2 Atividades biológicas
Pesquisas têm revelado as atividades biológicas exercidas por grande parte dos
óleos essenciais obtidos das plantas, dentre as quais algumas já são reconhecidas e usadas na
saúde humana e animal. São relatadas atividades como a antimicrobiana, anti-inflamatória,
antioxidante e biocida (RIELLA et al., 2012; FABRI et al., 2011; KHAN et al., 2011;
BAYALA et al., 2014).
As substâncias bioativas presentes nas espécies vegetais ocorrem como
metabólitos secundários, onde são estocadas quantidades significativas de carbono assimilável
e de energia para a síntese de uma grande variedade de moléculas orgânicas que não parecem
ter um papel direto no metabolismo básico das plantas: fotossíntese, respiração, processos de
absorção de nutrientes, transporte de solutos ou para a síntese de proteínas, hidrocarbonetos
ou lipídios. No entanto, desempenham um papel fundamental na defesa contra herbívoros,
doenças, pragas e na atração de polinizadores, auxiliando a sobrevivência das espécies
(BASER; BUCHBAUER, 2010; GARCÍA; CARRIL, 2009).
Das atividades biológicas estudadas, a antifúngica e a antibacteriana são
frequentemente reportadas dentre as propriedades dos óleos essenciais. Estas atividades estão,
geralmente, relacionadas à presença de compostos oxigenados de baixo peso molecular,
capazes de estabelecer pontes de hidrogênio e que apresentam hidrossolubilidade razoável,
29
como exemplo do timol, do carvacrol, do eugenol e do linalol. Estes compostos promovem
alterações da membrana celular dos micro-organismos e inibem enzimas da cadeia
respiratória, comprometendo o balanço energético da célula (GRIFFIN et al., 1999).
A aplicação eficaz de óleos essenciais na inibição do crescimento de bactérias
gram-positiva e gram-negativa, de leveduras e de fungos filamentosos, bem como de estirpes
comumente resistentes aos antibióticos convencionais, tem motivado o interesse para a
avaliação e caracterização de atividade antimicrobiana sobre diferentes micro-organismos
(CAVALEIRO et al., 2006; BAKKALI et al., 2008).
Importante atividade antimicrobiana de óleos essenciais extraídos de plantas
pertencentes às famílias Apiaceae, Lamiaceae, Labiateae e Verbenaceae é relatada contra
bactérias gram-negativas e gram-positivas patogênicas de origem alimentar. Dentre as quais
destacam-se a Salmonella Thyphimurium, a Escherichia coli, a Pesudomonas spp., a Listeria
monocytogenes e a Staphylococcus aureus. Alguns dos compostos ativos responsáveis são os
isômeros de posição carvacrol e timol, o β-ocimeno e o terpinen-4-ol (DI PASQUA et al.,
2005).
Ao composto terpinen-4-ol também é atribuída atividade antiviral, como um dos
principais componentes do óleo essencial de Melaleuca alternifolia (Myrtaceae)
conjuntamente ao α-terpineno, γ-terpineno, p-cimeno, terpinolen e α-terpineol (GAROZZO et
al., 2009).
Plantas como a canela (Cinnamomum zeylanicum), o cravo (Eugenia
caryophyllus), o gerânio (Pelargonium graveolens), o limão (Citrus limon), a laranja (Citrus
aurantium), o alecrim (Rosmarinus officinalis), a hortelã-pimenta (Mentha piperita) e o
capim-limão (Cymbopogon citratus) também possuem efeito inibitório significativo frente às
cepas de bactérias gram-negativas e gram-positivas. Os óleos de canela, cravo e limão,
mostraram capacidade de inibir o desenvolvimento de ambas as cepas, sendo o óleo de canela
considerado inibidor com maior potencial, pois alcançou atividade inibitória em baixas
concentrações (PRABUSEENIVASAN et al., 2006; VALERIANO et al., 2012).
Diferentes estirpes de fungos têm apresentado sensibilidade à ação de óleos
essenciais de famílias botânicas variadas, como o exemplo das leveduras pertencentes ao
gênero Candida e Criptococcus (Candida stellatoidea, Candida albicans, Candida tropicalis,
Candida krusei, Candida guillermondii, Candida parapsilosis, Cryptococcus neoformans),
responsáveis por infecções micóticas frequentes em ambiente nosocomial; espécies de fungos
filamentosos dermatófilos (Trichophyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes,
Microsporum canis, Microsporum gypseum, Epidermophyton floccosum) e Aspergillus spp.
30
(Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus e Aspergillus flavus) (ZUZARTE et al., 2009,
LIMA et al., 2006).
A atividade antifúngica dos óleos essenciais também é observada contra
fitopatógenos dos gêneros Rhizoctonia, Fusarium, Colletotrichum, Alternaria e Aspergillus
responsáveis por perdas agronômicas significativas. Através da aplicação in vitro dos óleos de
cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), capim-limão (Cymbopogon citratus), eucalipto (E.
citriodora), menta (Mentha arvensis), endro (Anethum graveolens L.) e laranja (Citrus
sinensis) foi possível observar a inibição total ou redução expressiva de micelas e germinação
de esporos destes fitopatógenos (COSTA et al., 2011; CARNELOSSI et al., 2009;
COMBRINCK et al., 2011; TIAN et al., 2011; SHARMA; TRIPATHI, 2008).
Além das atividades antimicrobianas referidas, resultados sobre o efeito dos óleos
essenciais em espécies de nematoides e protozoários demonstram aplicação promissora no
controle e tratamento de endoparasitas. Óleos essenciais de capim-limão (Cymbopogon
citratus), cedro-de-espanha (Juniperus oxycedrus) e tomilho-do-mato (Thymus capitellatus)
apresentaram atividade contra protozoários do gênero Leishmania, e óleos de tomilho-de-creta
(Thymbra capitata), orégano (Origanum virens), cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) ação
anti-Giardia (MACHADO, 2010a; MACHADO, 2012; MACHADO, 2010b; MACHADO,
2010c).
Outros resultados sobre a atividade anti-helmíntica envolvendo óleos essenciais
dos gêneros Ocimum, Croton, Lippia, Eucalyptus, Cymbopogon e Mentha demonstraram
inibição significativa da eclodibilidade de ovos e do desenvolvimento larvar de espécies de
nematódeos gastrointestinais de ruminantes (PESSOA et al., 2002; CAMURÇA-
VASCONCELOS et al., 2007; MACEDO et al., 2009; MACEDO et al., 2010; KATIKI et al.,
2011; CARVALHO et al., 2012).
Os óleos essenciais também têm sido aplicados com ação contra insetos (PINTO
JUNIOR et al., 2010; MACIEL et al., 2010; ALZOGARAY et al., 2011; KUMAR et al.,
2012; AYVAZ et al., 2009; PORTO et al., 2008; ERLER et al., 2006; MIOT et al., 2004) e
ácaros (FARIAS et al., 2007; CHAGAS et al., 2012). Atividade inseticida ou repelente contra
espécies vetores de doenças (Aedes aegypti, Lutzomyia longipalpis, Alphitobius diaperinus,
Blatella germânica, Musca domestica, Culex pipiens) e pragas de produtos armazenados
(Ephestia kuehniella, Plodia interpunctella, Acanthoscelides obtectus) foram observadas em
diferentes óleos essenciais como os de eucalipto (Eucalyptus ssp.), sassafrás (Ocotea
odorífera), orégano (Origanum onites), segurelha (Satureja thymbra), murta (Myrtus
31
communis), cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), laranja (Citrus sinensis) e andiroba
(Carapa guianensis).
O efeito acaricida contra a espécie Rhipicephalus (Boophilus) microplus,
conhecida como carrapato-de-boi e capaz de causar prejuízos indesejáveis ao rebanho, foi
mostrado com o uso dos óleos de andiroba (Carapa guianensis), palmarosa (Cymbopogon
martinii) e capim-limão (Cymbopogon schoenanthus) apresentando atividade contra as larvas
ou adultos desta espécie.
Todas estas propriedades biológicas estão atribuídas a grande diversidade e
complexidade dos óleos essenciais puros que fazem dessa matéria-prima um produto de alta
valorização com aplicação em diversas áreas: área da saúde devido ao seu potencial
terapêutico (MORAIS; BRAZ-FILHO, 2007), área alimentícia devido ao seu potencial como
aditivo natural antimicrobiano (TRAJANO et al., 2009), e na área agroquímica devido ao seu
efeito antimicrobiano e biocida, auxiliando no controle de fitopatógenos e insetos (KANAAK;
FIÚZA, 2010). Essas propriedades ganham ainda mais valor pela ação sinérgica existente
entre os componentes presentes nos óleos essenciais, além de ser uma matéria-prima
renovável, enquadrando-se em um modelo de produção sustentável.
3.1.3 Uso industrial e importância econômica
As áreas de perfumaria, cosmética, alimentos e medicamentos representam grande
parte das aplicações industriais dos óleos essenciais e foram também as principais razões para
a expansão da indústria de óleos essenciais durante a metade do século XIX. O
desenvolvimento acelerado das indústrias de alimentos, sabões e cosméticos aumentaram a
demanda por óleos essenciais com a função de promover aromas e fragrâncias a uma gama de
produtos como sabonetes perfumados, perfumes, pastas de dente e bebidas (BASER;
BUCHBAUER, 2010).
Os óleos essenciais continuam sendo usados principalmente como aromas,
fragrâncias e fixadores de fragrâncias, também na aplicação em composições farmacêuticas e
orais e no comércio da sua forma bruta ou beneficiada, fornecendo substâncias purificadas
como o limoneno, citral, citronelal, eugenol, mentol e safrol (BIZZO, 2009). Dentre esses, o
emprego como matéria-prima para a produção de aromas e fragrâncias se destaca
internacionalmente (SPEZIALI, 2012).
O mercado de fragrâncias conta com uma grande diversidade de óleos essenciais
dos quais podemos citar as espécies: pau-rosa (Aniba rosaedora Ducke), laranja (Citrus
32
sinensis (L.) Osbeck ou Citrus aurantium (L.) variedade sinensis), limão (Citrus limon (L.)
Burmann), capim-limão (Cymbopogon citratus (DC.) Sdtapt), citronela (Cymbopogon nardus
Rendle), palmarosa (Cymbopogon martinianus (Roxb.) Schult.), cânfora (Cinammomum
camphora Nees), eucalipto (Eucalyptus citriodora Hook) e patchouli (Pogostemon patchouli).
Como fixadores de fragrâncias são exemplos os óleos de cabre úva (Myrocarpus frondosus
Fr. Allem), de canela-de-sassafrás (Ocotea cymbarum Benth ou Ocotea pretiosa Ness),
pimenta-longa (Piper hispidinervium) e vetiver (Vetiveria zizanioides Stapf) (SILVA-
SANTOS, 2006).
Na indústria de alimentos os óleos essenciais atuam como aditivos aromáticos. A
angélica (Angelica archangelica L.), a laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck ou Citrus
aurantium (L.) variedade sinensis), o limão (Citrus limon (L.) Burmann ou Citrus limonum
Risso) e o anis (Pimpinella anisum L.) são algumas das matérias-primas usadas para a
extração desses aromas (SILVA-SANTOS, 2006). Mais recentemente, a atividade
antimicrobiana tem despertado o interesse da aplicação dos óleos essenciais como aditivos
naturais para conservação dos alimentos e movimentado estudos em instituições de pesquisas
governamentais como a EMBRAPA (BASTOS et al., 2013).
Alguns componentes bioativos presentes nos óleos essenciais apresentam ação
terapêutica comprovada com importante aplicação na indústria farmacêutica e de composição
oral. São exemplos o anetol (expectorante), cânfora (expetorante), eucaliptol (composição
farmacêutica, oral e expectorante), eugenol (composição farmacêutica), mentol (composição
farmacêutica, oral e expectorante) e timol (composição oral). O eugenol e o mentol são
também substâncias purificadas com uso na indústria tabagista (SILVA-SANTOS et al.,
2006).
Além dos produtos químicos isolados, a utilização do próprio óleo essencial
também é realizada na indústria farmacêutica. Os óleos de Eucalyptus citriodora Hook
(eucalipto) e Thymus vulgaris L. (tomilho) possuem aplicação expectorante e Angelica
archangelica L. (angélica), Calendula officinalis L. (calêndula), Cinammomum camphora
Nees (cânfora), Eucalyptus globulus Labill (eucalipto), Caryophyllus aromaticus L. (cravo-
da-índia) e Mentha arvensis L. (hortelã ou menta) são usados em composições farmacêuticas
(SILVA-SANTOS, 2006).
O exclusivo mercado dos óleos essenciais movimenta cerca de US$ 1,8 bilhão
anuais e apresenta cerca de 300 variedades de importância comercial. O Brasil se posiciona
como o terceiro maior exportador de óleos essenciais do mundo, com aproximadamente US$
147 milhões, depois dos EUA e França no ano de 2007. Essa posição se deve, principalmente,
33
à produção do óleo essencial de laranja, que representa cerca de 50 % da produção mundial
sendo uma das matérias-primas fundamentais para os aromas e as fragrâncias (BIZZO, 2009;
FERRAZ et al., 2009; SPEZIALI, 2012).
O Brasil produz e exporta por ordem de importância óleos de laranja, limão,
eucalipto, pau-rosa, lima e capim-limão (FERRAZ et al., 2009). Os óleos cítricos,
representante expressivo, obtiveram 287.759 de toneladas exportadas no período entre janeiro
de 2005 a outubro de 2008. O óleo essencial de laranja teve participação em 86 % das
exportações, o de limão 8 %, os de lima 3 %, outros cítricos 2 % (ex. toranja, cidra, tangerina)
e os de bergamota e petit grain aproximadamente 1 %, em conjunto (BIZZO et al., 2009). O
valor aproximado do óleo de laranja no período foi de US$ 2/kg. O principal estado produtor
é São Paulo e a norma ISO 3140:2005 define os padrões de qualidade exigidos para o óleo de
laranja exportado (Citrus cinensis L. Osbeck) (SOUZA et al., 2010).
Óleos essenciais que também contribuiram nas exportações brasileiras no período
entre 2005 a 2008 foram os óleos de eucalipto (1.237 t), pau-rosa (121 t), vetiver (13,9 t),
citronela (5,7 t) e capim-limão (9,7 t), (BIZZO et al., 2009).
A grande biodiversidade vegetal brasileira apresenta um desenvolvimento
promissor no mercado dos óleos essenciais ainda pouco explorada. No entanto, para a
obtenção desses produtos é necessário o incentivo da implantação de práticas sustentáveis de
plantio, colheita e beneficiamento da metéria-prima que estabelecem padrões de qualidade e
longevidade ao sistema de produção dos óleos essenciais no Brasil, tornando-o viável e
rentável (FERRAZ et al., 2009).
3.2 Lippia sidoides Cham.
3.2.1 Características botânicas
A espécie da planta Lippia sidoides Cham. pertence à família Verbenaceae, cujo
gênero inclui cerca de 200 espécies de ervas, arbustos e árvores de pequeno porte distribuídas,
principalmente, na América Central, regiões tropicais da África, América do Norte, América
do Sul e Austrália (SOARES et al., 2013). Espécies deste gênero destacam-se pelo aroma
forte e agradável e seu aspecto atrativo no período de floração (ALMEIDA et al., 2010).
Conhecida popularmente por alecrim-pimenta, alecrim-do-nordeste, alecrim-
grande, alecrim-bravo e estrepa-cavalo, a Lippia sidoides é uma espécie própria da região do
sertão nordestino de ocorrência comum nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Ocorre
34
como uma arvoreta ou subarbusto densamente ramificado atingindo 2-3 metros de altura, com
tronco de até 8 cm de diâmetro, casca sulcada, frágil, quebrando facilmente (FIGURA 3)
(MATOS; OLIVEIRA, 1998; NUNES et al., 2000; CHAVES et al., 2008).
Figura 3 – Ramos de Lippia sidoides Cham.
Fonte: elaborado pelo autor.
Seus numerosos ramos são providos de folhas aromáticas, onde geralmente o óleo
essencial é extraído. Caracterizam-se como folhas simples, inteiras de forma oval-lanceoladas
e bordo crenado. Possuem tamanhos que variam até 8 cm, incluindo o pecíolo que, em secção
transversal da região mediana, apresenta contorno côncavo-convexo. Ambas as faces são
revestidas de pêlos sensíveis ao tato e evidenciam pontos globulosos visíveis na face superior
(MATOS; OLIVEIRA, 1998; NUNES et al., 2000).
As flores são pequenas (1-2 mm), de cor branco-amarelada e dispostas em
inflorescências subglobulosas a subpiramidais. Apresentam pedúnculo único ou geminado
longo, axilar, menor que as folhas. Os frutos estão reunidos em conjuntos quadrangulares em
torno de um eixo mediano e suas sementes extremamente pequenas e dificilmente visíveis
(MATOS; OLIVEIRA, 1998).
3.2.2 Composição química
A análise fitoquímica das folhas de Lippia sidoides registra até 4,5 % de óleo
essencial que, geralmente, contém mais de 60 % de timol ou uma mistura de timol e seu
35
isômero de posição carvacrol (FIGURA 4). O timol é o seu princípio ativo majoritário e o
responsável pelo seu odor característico (MATOS, 2002; CHAVES et al., 2008).
Figura 4 – Estruturas básicas dos isômeros de posição (a) timol e (b) carvacrol.
Fonte: elaborado pelo autor.
Juntamente com o timol o óleo essencial de Lippia sidoides exibe outros
compostos que contribuem com valores percentuais siginificativos (TABELA 1). Os
principais relatados são os terpenos carvacrol, p-cimeno (monoterpenos), β-cariofileno e ɣ-
terpineno (sesquiterpenos) que apresentam propriedades odoríferas específicas. As variações
geralmente observadas nos constituintes majoritários do óleo essencial são decorrentes da
estrutura da planta utilizada para extração, do processo de extração, da colheita e do ambiente
e solo diferenciados.
O timol e o carvacrol são fenóis monoterpenóides biosintetizados em plantas a
partir do ɣ -terpineno e p-cimeno. Por isso, estes últimos estão sempre presentes em óleos
essenciais que contém timol e carvacrol como o de Lippia sidoides. Além disso,
intermediários biosintéticos também podem estar presentes, como: terpinen-4-ol, álcool
cumino e p-cimen-8-ol (BASER; DEMIRCI, 2007). Outras substâncias tais como flavonoides
e naftoquinonas podem ser encontradas também nos extratos de Lippia sidoides. Os
flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e diversificados entre as
espécies de Lippia, mas com relativa frequência em espécies desse gênero, enquanto as
naftoquinonas são menos frequentes em Lippia spp. Contudo, estes constituintes
desempenham funções diferenciadas (ALMEIDA et al., 2010).
a b
36
Tabela 1 – Constituintes majoritários do óleo essencial de Lippia sidoides, localidade de cultivo e parte da planta usada no processo de extração. Estrutura da planta
Constituintes majoritários (% relativo) Local Referência
Folhas timol (59,65)
β-cariofileno (10,60)
p-cimeno (9,08) Horizonte, CE (Brasil)
Fontenelle et al. (2007)
Folhas frescas
timol (68,3) p-cimeno (14,4) NI Teresina, PI (Brasil)
Oliveira et al. (2009)
Folhas frescas
timol (67,6) 1-monoestearina (8)
2-monopalmitina (7,15)
Fortaleza, CE (Brasil)
Gomes et al. (2012)
NI timol (59,65)
β-cariofileno (10,60)
p-cimeno (9,08) CE (Brasil) Camurça-Vasconcelos et al. (2007)
NI timol (59,65)
β-cariofileno (10,60)
p-cimeno (9,08) NI Rondon et al. (2012)
Partes aéreas
timol (83,24)
t-cariofileno (5,77)
p-cimeno (4,46) Horizonte, CE (Brasil)
Lima et al. (2013)
Folhas 1,8 cineole (26,67)
isoborneol (14,60)
Acetato de bornila (10,77)
Hidrolândia, GO (Brasil)
Morais et al. (2012)
Folhas secas
timol (38,7) p-cimeno (34,1) metil timol (9,4) Poço Redondo, SE (Brasil)
Farias-Junior et al. (2012)
Folhas secas
carvacrol (43,7)
p-cimeno (17,8) γ-terpineno (16,6) Poço Redondo, SE (Brasil)
Farias-Junior et al. (2012)
Folhas secas
timol (42,33)
p-cimeno (11,97) β-cariofileno (11,03)
SE (Brasil) Carvalho et al. (2013)
Folhas secas
timol (68,81)
p-cimeno (10,02) β-cariofileno (8,13)
Mossoró, RN (Brasil)
Cavalcanti et al. (2010)
Folhas secas
timol (68,4) p-cimeno (10,56) β-cariofileno (8,81)
Mossoró, RN (Brasil)
Cavalcanti et al. (2010)
Folhas secas
timol (70,36)
p-cimeno (8,36) β-cariofileno (8,01)
Limoeiro do Norte, CE (Brasil)
Cavalcanti et al. (2010)
Folhas secas
carvacrol (46,09)
ɣ-terpineno (15,5)
p-cimeno (15,06) Poço Redondo, SE (Brasil)
Cavalcanti et al. (2010)
Folhas secas
timol (84,87)
p-cimeno (5,33) timol metil eter (3,01)
Crato, CE (Brasil)
Mota et al. (2012)
Folhas secas
timol (84,9) p-cimeno (5,33) etil-metil carvacrol (3,01)
Crato, CE (Brasil)
Veras et al. (2013)
NI: Não Informado. Fonte: elaborada pelo autor.
3.2.3 Atividades biológicas
As atividades biológicas atribuídas ao óleo essencial de Lippia sidoides estão
associadas, principalmente, ao seu constituinte químico timol. Esse composto fenólico é
dotado de forte atividade antimicrobiana contra diversas estirpes de bactérias e fungos.
Espécies de bactérias causadoras de cárie dentária do gênero Streptococcus
(Streptococcus mutans, Streptococcus mitis, Streptococcus sanguis, e Streptococcus
salivarius) mostraram sensibilidade em concentrações inibitórias mínimas de óleo essencial
de Lippia sidoides entre 0,625-10,0 mg / mL, sugerindo sua utilidade para combater o
crescimento microbiano oral (BOTELHO et al., 2007). Cepas de bactérias de Staphylococcus
37
aureus e Pseudomonas aeruginosa, responsáveis por infecções no trato respiratório superior,
também se mostraram sensíveis em contato gasoso com o óleo essencial de L. sidoides,
suprimindo o crescimento destes agentes patogênicos (VERAS et al., 2013).
Estudos in vitro com o óleo essencial de Lippia sidoides evidenciaram efeito
antifúngico em espécies de Candida albicans e Candida tropicalis, responsáveis por
infecções orais e vaginais, e Microsporum canis, principal agente de dermatofitose em cães e
gatos, sendo responsável também por afecções dermatofiticas em seres humanos. Foi
observado que a aguda administração de óleo essencial (até 3 g / kg) por via oral a ratos era
desprovido de toxicidade evidente, mostrando ser uma fonte eficaz de baixa toxicicidade
(FONTENELLE et al., 2007).
Ação inibitória sob a forma promastigota e amastigota de Leishmania chagasi
também foi observada como efeito da aplicação do óleo essencial de Lippia sidoides. A
atividade anti- Leishmania foi acompanhada através de alterações morfológicas acentuadas
que afetaram a viabilidade do parasita, sugerindo o óleo de Lippia sidoides como fonte
promissora de compostos leishmanicida. (OLIVEIRA et al., 2009; FARIAS-JUNIOR et al.,
2012; RONDON et al., 2012).
A atividade acaricida também tem sido estudada e avaliada positivamente com o
uso do óleo essencial extraido da Lipia sidoides. O efetivo controle de larvas de Dermacentor
nitens e larvas e fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus indicam a presença de
princípios bioativos pelo óleo essencial, com potencial antiparasitário contra espécies de
carrapatos que acometem animais silvestres e domésticos, podendo ser uma alternativa viável
para tratamento de ectoparasitose (GOMES et al., 2012).
A resistência parasitária gerada do uso indiscriminado de anti-helmínticos
sintéticos no controle de espécies de nematoides em animais motivaram estudos sobre o efeito
de produtos naturais para esta finalidade. Ação inibitória dose-dependente do timol em óleo
essencial de L. sidoides, na eclosão de ovos e larvas de H. contortus, S. velata e A. tetraptera,
foi relatado como alternativa no tratamento destes endoparasitas comuns em pequenos
ruminantes (CAMURÇA-VASCONCELOS et al. 2007).
Estudos recentes apontam forte potencial no uso do óleo essencial de Lippia
sidoides como pesticida natural contra fitopatógenos (CARVALHO et al., 2013; SOUZA-
JÚNIOR et al., 2009). As doenças causadas em plantas geram perdas agronômicas
devastadoras e por isso o combate e tratamento destes fitopatógenos são de suma importância
para a economia do agronegócio.
38
O óleo essencial de Lippia sidoides, assim como os demais óleos essenciais,
exibem como vantagens a biodegradabilidade, sendo seus constituintes classificados como
compostos químicos não-persistentes, e o amplo espectro de ação, atribuído à complexidade
química das misturas (ISMAN, 2006). Contém na sua composição química, além do timol e
do carvacrol, outros compostos com atividade antimicrobiana comprovada como p-cimeno, β-
cariofileno e 1,8-cineol (KALPOUTZAKIS et al., 2001; DELGADO et al., 2004; SABULAL
et al., 2006; KORDALI et al., 2008).
A ação sinérgica de diversos constituintes químicos favorece sua eficiência e
reduzem a possibilidade de resistência (ALEXENIZER E DORN, 2007; LAI et al., 2006).
Contudo, o baixo risco de efeitos nocivos para animais é considerado o aspecto mais atraente
para o uso de óleos essenciais (DL50= 2-3 g / Kg - carvacrol). Esta relativa inocuidade para
mamíferos é explicada pela ausência de receptores octopaminérgicos nestes organismos
(ISMAN, 2006; LAI et al., 2006; MORETTI et al., 2002).
A forte atividade biológica conferida ao timol, principal componente do óleo
essencial de Lippia sidoides, aliada às vantagens reportadas oferecidas pelos óleos essenciais
tem despertado o interesse como fonte promissora de compostos ativos naturais em
substituição ou aplicação em conjunto aos compostos sintéticos existentes.
Entretanto, alguns aspectos inerentes aos óleos essenciais limitam seu uso de
forma direta. Muitos constituintes bioativos presentes nos óleos essenciais é altamente volátil
e se perde facilmente até mesmo à temperatura ambiente, implicando em redução na
eficiência. Como em geral estes compostos são fotossensíveis e termolábeis, os óleos
essenciais podem ser degradados na presença de luz ou sob temperaturas elevadas, levando
possivelmente à perda do efeito biológico. O oxigênio, a umidade e variações de pH, são
também alguns dos interferentes da integridade dos óleos essenciais, pois promovem reações
que podem modificar irreversivelmente a sua composição química e suas características de
cor e aroma (BANDONI; CZEPAK, 2008). Além disso, possuem baixa solubilidade em água,
que dificulta a sua dispersão em veículos aquosos, o que tem despertado o estudo de veículos
capazes de proteger suas propriedades biológicas e físico-químicas. Portanto, uma formulação
adequada do óleo essencial, que leva em conta estes aspectos é necessário para aplicações
industriais.
39
3.3 Encapsulamento dos óleos essenciais
A fim de ampliar as aplicações dos óleos essenciais, é necessário reduzir a
volatilidade dos seus constituintes e assim, prolongar a vida útil dos produtos desenvolvidos a
partir desta matéria-prima. A redução da volatilidade, também torna possível a avaliação dos
efeitos biológicos destes compostos, já que dessa forma grande parte das suas propriedades
permanecem preservadas (FLORES et al., 2011).
A tecnologia de encapsulamento promove a proteção dos óleos essenciais contra a
degradação por agentes físicos e químicos, tais como umidade, luz, oxigênio ou calor capazes
de alterar a sua qualidade; o que resulta em uma notável redução da volatilidade, promovendo
maior estabilidade dos seus componentes. Além disso, melhora a vida de prateleira de
produtos acabados e prolonga a atividade biológica dos compostos biotivos presentes
(BASER; BUCHBAUER, 2010).
Uma importante contribuição dos processos de encapsulação também foi permitir
que a liberação do material do núcleo ocorra gradativamente, ou a partir da ocorrência de um
certo estímulo, tais como mudança de pH, rompimento físico, intumescimento ou dissolução
(SUAVE et al., 2006). Esse conceito é denominado de liberação controlada, podendo,
portanto, referir-se ao controle do início da liberação ou da taxa de liberação. A liberação
controlada aumenta a efetividade e evita a perda de compostos ativos, que leva à redução das
doses requeridas e amplia o espectro de aplicações de compostos de interesse (AZEREDO,
2008).
Nesta técnica o uso de cápsulas com tamanhos micrométrico (10-6) e nanométrico
(10-9) tem ampliado a aplicação dos óleos essenciais e de seus componentes bioativos para
diferentes finalidades: medicina; alimentos; biotecnologia; indústria química; farmacêutica e
cosméticos (BASER; BUCHBAUER, 2010).
Microcápsulas de óleos essenciais de alho (Allium sativum), tomilho (Thymus
vulgaris) e canela (Cinnamomum zeylanicum) em alginato de cálcio, são reportados como
pricípio ativo, de ação antifungica, contra duas espécies de fungos patogênicos para grãos
armazenados: Aspergillus niger e Fusarium verticillioides, reduzindo efetivamente a taxa de
evaporação dos óleos essenciais e apresentando um perfil de liberação in vitro sustentado
(SOLIMAN et al., 2013).
Encapsulamento por meio de lipossomas carregadas com os compostos puros de
carvacrol e timol, isolados do óleo essencial da planta Origanum dictamnus L., mostraram
aumento da atividade antimicrobiana após o encapsulamento contra bactérias gram positiva,
40
gram negativas e fungos patogênicos humanos, incuindo um patógeno transmitido por
alimentos, Listeria monocytogenes. Efeito que pode promover o uso desta tecnologia no
carregamento de ativos de óleos essencias como conservantes eficazes e agentes de
conservação em alimentos, cosméticos e indústrias farmacêuticas (LIOLIOS et al., 2009).
Óleos essenciais obtidos de plantas dos gêneros Origanum, Cassia e Thymus,
encapsulados por separação de fases em nanoesferas de zeína, aprensentaram potencial
aplicação antimicrobiana quando projetadas em procedimentos experimentais de simulação de
sua digestão no estômago e liberação nos intestinos de animais, podendo vir a substituir os
antibióticos tradicionais utilizados para previnir infecção intestinal comum no gado (PARRIS,
2005).
Formação de cápsulas nanoemulsionadas de óleo essencial de hortelã-pimenta
(hortelã híbrida do cruzamento entre Mentha aquatica e Mentha spicata), apresentaram
atividades antibacterianas prolongadas contra cepas bacterianas gram-positivas de Listeria
monocytogenes e Staphylococcus aureus e alta estabilidade ao longo de 30 dias de tempo de
armazenamento, sugerindo que a tecnologia de nanoemulsão pode fornecer novas aplicações
de óleos essenciais para prolongar a vida útil de produtos alimentares aquosos (LIANG et al.,
2012).
O óleo essencial de alecrim (Rosmarinus officinalis) contido em nanocápsulas à
base de policaprolactona, pelo método de nanoprecipitação, apresentou baixo índice de
polidispersividade e elevada eficiência de encapsulamento dos principais componentes
presentes no óleo (α-pineno, 1,8-cineol), revelando-se como sistemas estáveis para aplicações
com atividades biológicas antioxidantes e antimicrobianas, por exemplo (EPHREM et al.,
2014).
Na Tabela 2, estão descritas outras aplicações mais frequentes dos óleos
essenciais encapsulados.
41
Tabela 2 – Encapsulação de óleos essenciais, aplicação, método de encapsulação e tamanho das cápsulas obtida. Óleo essencial Aplicação Método de encapsulação Tamanho das
cápsulas (nm) Referência
Melaleuca alternifolia Antimicrobiano Deposição interfacial de polímero pré-formado 160-220 Flores et al. (2011)
Crataegus azarolus Hipotensor Emulsão-difusão 70,7-148 Esmaeili et al. (2013)
Carthamus tinctorius Antimicrobiano,
repelente,
antioxidante e
anticancerigeno
Emulsificação espontânea 263-677 Lertsutthiwong et al.
(2008)
Allium sativum Inseticida/repelente Fusão-dispersão < 240 Yang et al. (2009)
Jasminum officinalis Aroma Emulsão-coacervação 10-1000 Lv et al. (2014)
Melaleuca alternifolia Antimicrobiano Polimerização in situ Navarro et al. (2012)
Melaleuca alternifolia Antimicrobiano e
anti-inflamatório
Deposição interfacial de polímero pré-formado 160-220 Flores et al. (2013)
Lippia sidoides Antimicrobiano e
larvicida
Emulsão-coacervação 10-270 Paula et al. (2010)
Lippia sidoides Larvicida Spray- drying 335-558 Abreu et al. (2012)
Eucalyptus citriodora Anti-helmintico Nanoemulsão ~232 Ribeiro et al. (2014)
Fonte: elaborada pelo autor.
42
3.3.1 Encapsulamento do óleo essencial de Lippia sidoides
O encapsulamento de óleo essencial de L. Sidoides tem sido investigado para a
proteção e potencialização da sua ação antimicrobiana, principalmente contra fungos, e
larvicida contra o agente transmissor da dengue (Aedes aegypsy). Preparação de esferas,
hidrogéis e nanopartículas é realizada utilizando os métodos de inclusão molecular, emulsão-
coaservação e principalmente a secagem por pulverização (spray drying), para a obtenção de
cápsulas em pó.
Os polimeros naturais como a quitosana, o alginato e as gomas de exudados
(goma de cajueiro, goma arábica, goma de angico e goma de chichá) são continuadamente
relatados, devido as suas propriedades de biocompatibilidade e biodegradabilidade, além de
serem materiais de alta disponibilidade (OLIVEIRA et al., 2012).
Parâmetros como o tipo de polímero e sua concentração, os níveis de óleo
essencial, o método de encapsulação e os seus efeitos nas características de tamanho médio de
partícula, potencial zeta, eficiência de encapsulamento, estabilidade térmica, prolongamento
da atividade biológica, cinética de liberação in vitro e ensaios in vivo, são relatados como
importantes fatores que influenciam o desenvolvimento de sistemas estáveis de encapsulação
para entrega de ativos.
A microencapsulação do óleo essencial de L. Sidoides utilizando maltodextrina e
goma arábica por meio de secagem por pulverização foi realizada, gerando capsulas
carregadas com atividade antimicrobiana aumentada contra estirpes de fungos da espécie
Candida quando comparado a aplicação do óleo essencial puro. A elevada estabilidade
térmica e eficiência de encapsulamento (70 %) evidenciou seu potencial como importante
agente antifúngico para o desenvolvimento de produtos fitoterápicos (FERNANDES et al.,
2010).
Esferas à base de quitosana e goma de cajueiro, em escala micrométrica, foram
preparadas e carregadas com o óleo essencial Lippia sidoides, promovendo efeito prolongado
para aplicação eficiente no controle de larvas de A. Aegypti. Uma liberação mais lenta foi
alcançada tanto em esferas de quitosana como as obtidas após processo de reticulação entre
quitosana e goma de cajueiro, sendo as esferas reticuladas mais termicamente estáveis do que
as esferas de quitosana (PAULA et al., 2011).
Nanopartículas de quitosana e goma de angico, preparadas pelo método de
emulsão-coasevação, apresentaram eficiência de encapsulação entre 6 e 77%, exibindo maior
eficiência à medida em que se aumentou a concentração de goma de angico na relação
43
óleo:goma de angico. Os tamanhos das partículas atingiram uma variação de 10-60 nm,
revelando maior mortalidade larval de A. Aegypte na amostra com perfil de liberação in vitro
mais lenta, caracterizada pela composição óleo:goma de cajueiro na proporção 1:10 (m/m)
(PAULA et al., 2010).
Óleo essencial de L. sidoides contido em nanopartículas de alginato e goma de
cajueiro por meio de secagem por pulverização, produziram partículas de tamanhos médios na
faixa de 223-399 nm e valores de potencial zeta variando de -30 a -36 mV, com eficiência de
encapsulamento de até 55%. O perfil de liberação in vitro mostrou que entre 45 e 95% do óleo
foi liberado dentro de 30-50 h, seguindo o mecanismo de Korsmeyer-Peppas como padrão de
liberação (OLIVEIRA et al., 2014).
Nanopartículas de hidrogel à base de quitosana e goma de cajueiro carregados
com o óleo de L. Sidoides foram preparadas através de secagem por pulverização, obtendo
variação de tamanhos médios de partícula entre 335-558 nm. Eficiência de encapsulamento de
70% foi encontrada na composição de polímeros contendo 5% de goma de cajueiro. Os perfis
de liberação in vitro mostraram que as nanopartículas apresentaram uma liberação mais lenta
e sustentada. Ensaio in vivo de mortalidade contra larvas de A. Aegypte demonstrou que o
sistema de carragamento possue maior eficácia larvicida do que a aplicação do óleo puro
(ABREU et al., 2012).
Encapsulamento do óleo essencial de L. sidoides e β-ciclodextrina foram obtidos
pelo método de inclusão molecular seguida de secagem por pulverização, com eficiência de
encapsulação de até 65%. As propriedades térmicas dos complexos formados foram
influenciadas significativamente pelas diferentes proporções óleo:ciclodextrina empregadas,
apresentando a razão 1:10 m/m uma sugestão de sistema estável para aplicação como agente
antimicrobiano natural contra bactérias e fungos (FERNANDES et al., 2009).
Ressalta-se que os sistemas de encapsulação em escala nanométrica apresentam
um importante diferencial devido ao tamanho sub-celular, que possibilita o aumento dos
mecanismos de absorção celular passivas, reduzindo a resistência à transferência de massa,
que consequentemente, leva ao aumento da sua atividade antimicrobiana. Com isso, tem-se
despertado um especial interesse no desenvolvimento de nanocápsulas com atividade
antimicrobiana utilizando os óleos essencias, que tem motivado o estudo mais aprofundado
destes sistemas de encapsulação (DONSÌ et al., 2011).
44
3.4 Nanocápsulas poliméricas
Nanocápsulas poliméricas são sistemas carreadores de ingredientes ativos, sólidos
ou líquidos, que apresentam diâmetro inferior a 1 µm, composto de um núcleo oleoso
revestido por uma parede polimérica ultrafina com elevada capacidade de carga. (FIGURA 5)
(BECK et al., 2010; SURASSMO et al., 2010). O ingrediente ativo pode estar encapsulado no
núcleo oleoso, considerado um sistema reservatório, ou adsorvidos à superfície da parede
polimérica, dependendo das características físico-químicas da fase oleosa (ARAÚJO et al,
2009; GUTERRES et al, 2007; PATHAK; THASSU, 2009).
Figura 5 – Representação esquemática de nanocápsula polimérica.
Fonte: Adaptada de Nanomedicina., 2014.
Utilizada, principalmente, como veículo para fármacos lipofílicos, a
nanoencapsulação é uma técnica que tem sido empregada para melhorar as características dos
componentes ativos quanto à sua potencialização, solubilidade, forma de armazenamento e
estabilidade, com possibilidade de liberação controlada em concentrações reduzidas (HABIB
et al., 2012; FLORES et al., 2011). Essas características são conferidas devido ao seu
tamanho submicrométrico que, embora apresente limite superior de 1 µm, a gama geralmente
obtida é de 100-500 nm (GOGOTSI, 2006).
As nanocápsulas apresentam como vantagem a importante característica de ser um
sistema sólido vesicular. Dessa forma, sua parede polimérica confere à nanocápsula maior
estabilidade frente aos sistemas carreadores por formação de nanoemulsões ou lipossomas,
por exemplo, sendo seu núcleo interno de maior capacidade carreadora a depender da
solubilidade do fármaco no núcleo. Difere também das nanoesferas, pois apresentam a
vantagem de utilizar baixo conteúdo polimérico e possuir elevada capacidade de
45
carregamento de fármacos lipofílicos, devido ao núcleo oleoso interno (BLOUZA et al.,
2006).
Desenvolvidas a partir de formulações cujas cápsulas se encontram em suspensão
coloidal, os carreadores nanocapsulados são estabilizados por agentes tensoativos e sua
parede composta por materiais poliméricos biocompatíveis e biodegradáveis que,
conjuntamente, devem garantir a formação do sistema de entrega do ingrediente ativo
(ANDREO-FILHO; OLIVEIRA, 1999; MOINARD-CHÉCOT et al., 2008; LEGRAND,
2007).
3.4.1 Agentes tensoativos
Os agentes tensoativos são fundamentais para impedir a agregação das
nanocápsulas em suspensão, após o preparo e durante o armazenamento por promoverem a
estabilidade físico-química do sistema (SURASSMO et al., 2010). Os tensoativos mais
utilizados são os de alta hidrofilia do tipo não iônico (SANTOS; BARBOZA, 2013).
Tensoativos de alta hidrofilia são usados para reduzir a tensão interfacial em
suspensões aquosas e quando classificados como não iônicos referem-se a moléculas
desprovidas de carga e, por isso, não se ionizam em contato com a água. O seu grupo
hidrofílico é composto de uma substância hidrossolúvel (por exemplo, cadeia polimérica
hidrossolúvel). Tradicionalmente, os tensoativos não-iônicos têm usado cadeias de
polioxietileno como grupo hidrofílico. A cadeia de polióxido de etileno é um polímero
hidrossolúvel; o polímero usado é tipicamente cadeia de 10 a 100 carbonos.
Entre os principais tipos de tensoativos não iônicos utilizados em suspensões de
nanocápsulas destacam-se os polissorbatos (Tween®), os poloxâmeros (Synperonic®,
Pluronic® e Kolliphor®) e o álcool polivinílico (PVA), de acordo com o método empregado
para obtenção de nanopartículas, também são utilizados tensoativos não iônicos de baixa
hidrofilia como os ésteres de sorbitano (Span®) (SANTOS; BARBOZA, 2013;
VILLANOVA, 2010). Estes tensoativos são particularmente usados por apresentarem baixa
toxicidade às membranas celulares, baixa irritabilidade, elevada estabilidade química e por
promoverem maior permeabilidade, sendo por estas razões o grupo de tensoativos
considerado o mais importante para esta finalidade, embora podemos referi-los como uma
matéria-prima de alto custo (DAMASCENO et al., 2011; SANTOS, 2011).
Os polissorbatos são formados por ésteres de sorbitano etoxilados, representam
um grupo de tensoativos não iônicos com aplicações em cosméticos, detergentes, produtos
46
farmacêuticos formulações agroquímicas e alimentos (FRISON, SPORNS, 2001). São
compatíveis com outros tipos de tensoativo e apresentam um pH neutro, estabilidade térmica,
às variações de pH e às elevadas concentrações de eletrólitos. No entanto, o sabor
desagradável e a possibilidade de inativar alguns conservantes gerando a formação de
complexos indesejáveis apresentam-se como algumas das suas principais limitações
(SANTOS, 2011; EMULSIFICANTES, 2014).
Os poloxâmeros são copolímeros sintéticos não iônicos formados por três blocos
– poli(oxietileno)-poli(oxipropileno)-poli(oxietileno) (PEO – PPO – PEO). Possuem
estruturas químicas semelhantes, os quais diferenciam-se pela massa molecular e composição
dos blocos de PEO hidrofílico (x) e PPO hidrofóbico (y). Atuam como tensoativos, agentes
emulsionantes, agentes solubilizadores, agentes dispersivos e promotores de absorção in vivo
(MAO et al., 2004; GENNARO et al., 2004; YANG; SHARMA, 2001).
Os copolímeros em bloco de polioxietileno/polioxipropileno, como são
quimicamente referidos, é uma classe de substâncias que vem despertando especial interesse,
pois além de apresentarem baixa toxicidade e baixa reação de irritabilidade, se destacam por
possuir boas características em sistemas de liberação de fármacos e grande compatibilidade
com outros produtos químicos, sendo utilizados com êxito para formação de sistemas
geleificados. Devido às suas propriedades termorreversíveis, são solúveis em soluções
aquosas em baixas temperaturas, formando um gel à temperaturas mais elevada (PATEL et
al., 2009; YANG; SHARM, 2001).
O poloxâmero 188 (x=80, y=27), cuja massa molecular varia entre 7680 a 9510
Da, representa um dos polímeros mais amplamente utilizado dessa classe em formulações
farmacêuticas. É reconhecido comercialmente como Poloxamer 188® ou Kolliphor P188®,
com estrurura básica representada na Figura 6 (MAO et al., 2004).
Figura 6 – Estrutura básica do poloxâmero 188.
Fonte: elaborada pelo autor.
Além dos polissorbatos e poloxâmeros, o álcool polivinílico (PVA) é um polímero
sintético biodegradável também empregado como estabilizador coloidal em suspensão de
47
nanocápsulas (FIGURA 7) (MOINARD-CHÉCOT et al., 2008). Propicia uma melhor
capacidade de emulsificação, melhora as propriedades adesivas e tensoativas e apresenta alta
estabilidade mecânica quando submetido a ciclos de congelamento e descongelamento (YUKI
et al., 2000; LU; CHEN, 2004). Estudos recentes mostraram ainda que o uso de PVA inibe,
significativamente, o crescimento de cristais de fármacos lipossolúveis em solução
(VILLANOVA et al., 2010).
Figura 7 – Estrutura básica do álcool polivinílico (PVA).
Fonte: elaborada pelo autor.
3.4.2 Polímeros de revestimento
Os polímeros participam da formação do revestimento protetor das nanocápsulas e
a escolha do tipo de material pode repercutir na elaboração destes sistemas quando se
pretende a liberação controlada, prolongada ou a vetorização dos ingredientes ativos, bem
como na sua eficiência de encapsulação. Assim, o ingrediente ativo se torna dependente do
sistema no qual está contido (SOPPIMATH et al., 2001; AHSAN et al., 2002;
BOUCHEMAL et al., 2004).
Polímeros biocompatíveis são materiais que podem ser administrados no
organismo e quando em contato com os tecidos não demonstram reação adversa. Os materiais
biocompatíveis bem como seus produtos de degradação não devem provocar resposta
inflamatória, tóxica ou carcinogênica (NAIR; LAURENCIN, 2007; BORELLI et al., 2010). A
biodegradabilidade, fator também importante dos polímeros, indica que sua degradação, total
ou parcial, ocorre espontaneamente quando em contato com elementos do sistema biológico
como a água ou enzimas, contribuindo para a liberação gradual do prinípio ativo no
organismo (HALLIDAY et al., 2012).
Os polímeros biodegradáveis utilizados podem ser classificados quanto à sua
origem e são divididos em (FALQUEIRO, 2011; NAGAVARMA et al., 2012):
48
Polímeros naturais: são sempre biodegradáveis como, por exemplo, a albumina, o
colágeno, a gelatina e os polissacarídeos (celulose, quitosana e alginatos) e se
caracterizam por apresentar maior tempo de degradação.
Polímeros naturais modificados: são desenvolvidos a partir da adição de grupos
polares às cadeias de polímeros naturais que, por serem mais lábeis, diminuem o
tempo de degradação dos polímeros naturais.
Polímeros sintéticos: sua principal vantagem é permitir modificações de suas
propriedades durante o seu processo de síntese, facilitando sua aplicação em diferentes
sistemas.
Alguns dos polímeros naturais como as proteínas ou os polissacarídeos não têm
sido amplamente utilizados para formação de nanocápsulas, uma vez que variam de pureza, e
muitas vezes necessitam de reticulação que pode causar a desnaturação do princípio ativo
incorporado. Consequentemente, os polímeros sintéticos biodegradáveis receberam
significativamente mais atenção nesta área. Os polímeros mais amplamente utilizados para as
nanopartículas têm sido o policaprolactona (PCL), o polilactídeo (PLA), o poliglicolídeo
(PGA), homopolímeros derivados de poliéster, e seus co-polímeros, como o poli-lactídeo-co-
glicolídeo (PLGA) (GOGOTSI, 2006; LU; CHEN, 2004)
Matérias-primas renováveis, dotados de uma excelente biocompatibilidade,
biodegradabilidade e de propriedades importantes na fomação de nanocarreadores, os
polímeros sintéticos PCL, PLA e PGA, assim como os seus co-polímeros estão se tornando os
polímeros biodegradáveis sintéticos mais comumente utilizados (CHENG et al., 2009; NAIR;
LAURECIN, 2007). Além da biocompatibilidade, geram produtos de degradação não tóxicos
(ácido láctico e ácido glicólico), que são produzidos por hidrólise química simples (ou seja,
não-enzimática, tornando a sua taxa de degradação altamente consistente e previsível) e
eliminados através de vias metabólicas normais. A taxa de degradação e o módulo de
mecânica destes polímeros podem ser regulados, variando as proporções e as condições de
polimerização de lactídeo/glicolídeo (COUTU et al., 2009).
O PCL é um polímero hidrofóbico semi-cristalino (FIGURA 8), pertencente à
classe dos poliésteres alifáticos. Possui solubilidade em vários solventes orgânicos com
temperatura de fusão entre 59-64º C, e tem temperatura de transição vítrea em -60º C.
49
Figura 8 – Estrutura básica do polímero policaprolactona (PCL).
Fonte: elaborada pelo autor.
A cristalinidade do PCL varia com sua massa molar. Massas molares acima de
100 kDa, possui cerca de 40 % de cristalinidade, atingindo a 80 % quando a massa molar
diminui até 5 kDa. A cristalinidade é um fator relevante na determinação das propriedades de
permeabilidade e biodegradabilidade, devido ao fato da fase cristalina impedir o acesso à água
e a outros solventes. Dessa forma, uma alta cristalinidade reduz a permeabilidade, tanto por
reduzir a solubilidade do soluto, quanto por aumentar a dificuldade da rota difusional (LARA,
2008).
Sua degradação ocorre pela hidrólise das ligações éster em condições fisiológicas
e por isso o grande interesse para sua uilização em sistemas de liberação cotrolada KUMARI
et al., 2009; WOODRUFF; HUTMACHER, 2010). Além de apresentar degradação mais lenta
quando comparado com o PLA, PGA e PLGA (SINHA et al., 2004; VALONEN et al., 2007;
WOODRUFF; HUTMACHER, 2010), destacando-se dos demais (GUTERRES et al., 2007).
3.4.3 Núcleo oleoso
A escolha do óleo constituinte das nanocápsulas deve considerar alguns fatores
relevantes como ausência de toxicidade, elevada estabilidade físico-química, incapacidade de
solubilizar o polímero e alta afinidade pelo ingrediente ativo. Os óleos mais utilizados são
triacilgliceróis de ácido cáprico/caprílico devido à ampla gama de solubilidade de substâncias
ativas. Outros óleos têm sido utilizados com freqüência como benzoato de benzila, oleato de
etila, ácido oléico, óleo de argan e óleo de girassol, e têm fornecido bons resultados. Algumas
propriedades do óleo utilizado no preparo, tais como densidade e viscosidade podem interferir
em alguns parâmetros físico-químicos das partículas (LIMAYEM et al., 2006; MORA-
HUERTAS et al., 2010).
50
3.5 Métodos de nanoencapsulamento
A obtenção de nanocápsulas tem sido realizada por duas técnicas principais que se
baseiam na polimerização interfacial de monômeros dispersos em solução ou na deposição
interfacial de polímeros pré-formados. Independentemente do método, os produtos obtidos
são formados a partir de suspensões coloidais aquosas (SCHMALTZ et al., 2005).
A utilização da polimerização interfacial de monômeros dispersos consiste na
dissolução dos monômeros em solvente orgânico polar, juntamente com o princípio ativo e
um óleo, formando uma solução (BERNARDY et al., 2010). A solução formada é vertida
lentamente, sob agitação, em fase aquosa contendo um tensoativo hidrofílico. O óleo se
insolubiliza na presença de água, formando uma dispersão coloidal, e o solvente se difunde
para a fase externa aquosa. Os monômeros se orientam de acordo com a sua polaridade na
interface O/A, desencadeando então a polimerização aniônica à superfície das gotículas de
óleo, o que conduz à formação da parede das nanocápsulas (WATNASIRICHAIKUL et al.,
2002). Alguns dos métodos para preparação de nanocápsulas através de polimerização de
monômeros são os processos de emulsão, mini-emulsão, micro-emulsão e polimerização
interfacial (NAGAVARMA et al., 2012).
Embora seja uma técnica ainda utilizada, na polimerização interfacial de
monômeros dispersos são relatadas algumas limitações. Utilizam em sua composição
polímeros não biodegradáveis e não biocompatíveis e promovem a formação de resíduos
tóxicos durante as reações, podendo reagir com o ingrediente ativo durante a reação de
polimerização in situ e degradar os componentes nas nanocápsulas obtidas (QUINTANAR-
GUERRERO et.al., 1998a). Dessa forma, os métodos à base de polímeros pré-formados, em
particular polímeros biodegradáveis, têm sido empregados devido à sua fácil aplicação e baixa
toxicidade (QUINTANAR-GUERRERO et al., 2014).
A técnica de dispersão de polímero pré-formado é facilmente controlável e
apresenta maiores rendimentos quando comparado aos métodos de produção de nanocápsulas
poliméricas a partir da polimerização de monômeros. É um método particularmente adaptado
para incorporar ingredientes ativos lipofílicos (SEVERINO et.al., 2011) e formam suspensões
coloidais onde as nanopartículas são formadas por uma fase orgânica e uma fase aquosa
(QUINTANAR-GUERRERO et.al., 1998a)
A produção de nanocápsulas por polímeros pré-formados pode ser realizada por
seis métodos clássicos: nanoprecipitação, emulsão-difusão, dupla-emulsificação, emulsão-
coaservação, polímero-revestimento e camada-por-camada, sendo o emulsão-difusão um dos
51
métodos mais amplamente utilizados para preparar nanocápsulas poliméricas (MORA-
HUERTAS et al., 2010; QUINTANAR-GUERRERO et al., 2012).
3.5.1 Emulsão-difusão
O método de emulsão-difusão é utilizado para preparação de nanocápsulas, pois
tem apresentado vantagens que o tornam um processo viável e de fácil aplicação. Utiliza
equipamentos de laboratório convencionais; solventes farmaceuticamente aceitáveis;
possibilita a recuperação do solvente; é adaptável a vários tipos de polímeros; é de fácil
escalonamento; apresenta boa reprodutibilidade e eficácia e permite a obtenção de partículas
lipídicas ou hidrofílicas (QUINTANAR-GUERRERO et al., 1998b; LEGRAND et al., 1999;
QUINTANAR-GUERRERO et al., 2005).
No método de emulsão-difusão o processo de obtenção das nanocápsulas ocorre a
partir da formação inicial de uma emulsão óleo em água (O/A) entre uma solução contendo o
polímero biodegradável em solvente orgânico parcialmente miscível em água (fase orgânica)
e uma solução aquosa que contém o agente estabilizante (fase aquosa), previamente saturado
com o solvente orgânico. A adição subsequente de água no sistema promove a difusão do
solvente para a fase externa, o que resulta na formação de nanopartículas poliméricas. Em
seguida, o solvente orgânico é eliminado por meio de evaporação sob pressão reduzida. Um
esquema deste processo encontra-se representado na Figura 9 (QUINTANAR-GUERRERO et
al., 1997; QUINTANAR-GUERRERO et al., 2005).
52
Figura 9 – Procedimento de preparação de nanocápsulas pelo método de emulsão-difusão.
Fonte: elaborada pelo autor.
O mecanismo de formação de nanocápsulas sugerido por Quintanar et al. (1998b)
demonstrou que cada gota de emulsão primária produz várias nanocápsulas e que estes são
formados pela combinação da precipitação do polímero e fenômenos interfaciais durante a
difusão do solvente. Por conseguinte, a difusão do solvente a partir dos glóbulos transporta
moléculas para a fase aquosa formando regiões de supersaturação do qual novos glóbulos ou
polímero agregados (não totalmente dessolvatado) são formados e estabilizado pelo agente
estabilizador, que impede a coalescência e a formação de aglomerados. Assim, se o
estabilizante permanece na interface líquido-líquido durante o processo de difusão e se sua
capacidade protetora é efetivo, as nanocápsulas serão formadas após a completa difusão do
solvente. A Figura 10 decreve o mecanisno da formação de nanocápsulas pelo método
emulsão-difusao.
53
Figura 10 – Mecanismo de formação de nanocápsulas pelo método de emulsão-difusão (a) antes da etapa de difusão e (b) durante a etapa de difusão.
Fonte: Adaptado de Quintanar-Guerrero et al. (1998b)
Os polímeros utilizados neste processo são os poliésteres biodegradáveis,
especialmente o policaprolactona (PCL) e o polilactídeo (PLA). A fase interna contendo o
óleo em adição à substância ativa e o solvente é composta, geralmente, por diferentes tipos de
triglicerídeos cáprico/caprílico, e um solvente orgânico. O acetato de etila é um solvente
frequentemente adotado, é parcialmente polar e, por isso, é bastante utilizado para formação
da fase interna orgânica da emulsão primária. Em relação à fase aquosa externa, o solvente
utilizado é a água e os agente estabilizantes mais relatados são o álcool polivinílico (PVA) ou
os poloxâmeros, classificados como tensoativos não-iônicos. Outros materias também são
reportados. A Tabela 3 traz exemplos de diferentes polímeros, óleos, solventes e agentes
estabilizadores geralmente empregados para preparação de nanocápsulas por emulsão-difusão.
54
Tabela 3 – Exemplos de matérias-primas utilizadas para a preparação de nanocápsulas pelo método de emulsão-difusão. Ingrediente ativo Polímero de
revestimento Óleo Solvente
(fase interna) Agente estabilizante
Solvente (fase externa)
Referência
α-ácido linolênico PLA Acetato de etila ou Acetona
Tween 20 ou Pluronic-F68 ou Gelatina
Água Habib et al. (2012)
Oleoresina Capsicum PCL MM 80 kDa
Acetato de etila Poloxamer 188 Água Surassmo et al. (2010)
Eugenol PCL MM 80 kDa
Acetato de etila Poloxamer 188 Água Choi et al. (2009)
Docetaxel PLA MM 125 - 250 kDa PCL MM 72 kDa
Triglicerídeos cáprico/caprílico
Acetato de etila PVA
Água Youm et al. (2011)
Hinokitiol PCL MM 40-60 kDa
Octyl salicylate Acetato de etila SLS ou CTAC ou CTAC: gelatina PVA MM
Água Joo et al. (2008)
PCL MM 80 kDa
Triglicerídeos cáprico/caprílico
Acetato de etila PVA Água Moinard-Chécot et al. (2008)
PCL MM 80 kDa
Triglicerídeos cáprico/caprílico
Acetato de etila PVA Pluronic F-68
Água Guinebretiére et al. (2002)
Diclofeco PCL MM 14 kDa
Triglicerídeos cáprico/caprílico ou Óleo de milho ou Óleo de amêndoa
Acetona Etanol Acetato de etila
Poloxamer 188 Lecitina de soja
Água Mora-Huertas et al. (2012)
PCL MM 80kDa
Óleo de soja ou Óleo de girassol ou Beta-caroteno ou DL-α-tocoferol ou Óleo de girassol
Acetato de etila PVA MM 26kDa Pluronic F-127
Água Zambrano-Zaragoza et al. (2011)
Indometacina PLA Eudragit E
Triglicerídeos cáprico/caprílico
Acetato de etila PVA Água Quintanar et al. (1998b)
Óleo essencial de Melaleuca alternifolia
PCL MM 80 kDa
Acetona Polissorbato 80 Água Flores et al. (2011)
Fonte: elaborada pelo autor.
55
Através de um levantamento de pesquisa, uma composição para a preparação de
nanocápsulas em escala laboratorial é mostrado na Tabela 4 (tamanho de nanocápsulas: cerca
de 150-200 nm) (MORA-HUERTAS et al., 2010).
Tabela 4 – Composição sugerida para a preparação de nanocápsulas através do método de emulsão-difusão. Material ConcentraçãoIngrediente ativo 10-50 mgPolímero 1-2 % do solvente da fase interna Óleo 2,5-5 % do solvente da fase interna Solvente da fase interna 10 mLAgente estabilizante 2-5% do solvente da fase externa Solvente da fase externa 40 mLFase de diluição 200 mL
Fonte: Mora-Huertas et al. (2010).
Uma etapa muito importante no processo de emulsão-difusão é a homogeneização
ou emulsificação, como também é referida. Nesta etapa ocorre a formação da emulsão
primária, em que é determinado a maior parte das propriedades das nanocápsulas obtidas
(MOINARD-CHECOT et al., 2008). O processo é, geralmente, acompanhado de uso de
Ultra-Turrax®, um equipamento que utiliza força de corte gerada por uma tensão de
cisalhamento. Na Tabela 5 são relatadas as velocidades e tempo de agitação frequentemente
empregadas, em que são encontradas faixas entre 8.000-11.000 rpm e 5-10 min,
respectivamente.
Tabela 5 – Velocidade e tempo de agitação na emulsificação sugeridos para a preparação de nanocápsulas através do método de emulsão-difusão. Velocidade de agitação Tempo de agitação Referência10.000 rpm 5 min. Habib et al. (2012)11.000 rpm 5 min. Surassmo et al. (2010) 8.000 rpm 10 min. Moinard-Chécot et al. (2008) Youm et al.
(2011)8.000 rpm 5 min. Guinebretiére et al. (2002); Choi et al.
(2010); Hassou et al. (2009); Joo et al. (2008)9.500 rpm 5 min. Choi et al. (2009)Fonte: elaborado pelo autor.
56
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Material
4.1.1 Desenvolvimento das nanoformulações
4.1.1.1 Fase oleosa
Óleo essencial extraído das folhas de alecrim-pimenta (Lippia sidoides). Aspecto: óleo de cor
amarelada e odor característico.
4.1.1.2 Polímero de revestimento
Policaprolactona, MM 70000-90000 Da. CAS: 24980-41-4. Aspecto: Cristalino; cor beige
(Sigma-Aldrich).
4.1.1.3 Fase aquosa
Água ultrapura (18 MΩ/cm).
4.1.1.4 Tensoativos
A. Kolliphor P 188®, MM 7680-9510 Da. CAS: 9003-11-6. Aspecto: Micro-pó; cor branco
(Sigma-Aldrich).
B. Álcool polivinílico, MM 89000-98000, > 99 % hidrolisado. CAS: 9002-89-5. Aspecto: Pó
branco (Sigma-Aldrich).
4.1.2 Cromatografia Gasosa (CG) com Detector de Ionização em Chama (DIC)
A. Padrão: Mistura de série homóloga de alcanos C7-C30 (Sigma-Aldrich).
B. Coluna cromatográfica: VF-5MS metilpolissiloxano (30 m x 0,25 mm x 0,25µm; Varian).
C. Gás carreador: Nitrogênio (99,999 %); Hidrogênio (99,999 %) e Ar sintético (99,999 %).
57
4.1.3 Cromatografia Gasosa (CG) acoplado à Espectrometria de Massas (EM)
A. Padrão: Mistura de série homóloga de alcanos C7-C30 (Sigma-Aldrich).
B. Coluna Cromatográfica: VF-5MS metilpolissiloxano (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm; Varian).
C. Gás carreador: Hélio (99,999 %).
4.1.4 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)
A. Reagentes: Água recém purificada; Acetonitrila UV filtrada (Tedia).
B. Padrão: Timol 99 % (Sigma-Aldrich). Aspecto: Cristalino, cor branco.
C. Coluna cromatográfica: C-18 (150 mm x 4,6 mm i.d.; Shimadzu).
4.1.5 Equipamentos
Sistema purificador de água, osmose reversa Millipore®, modelo RIOS; purificador de água
ultra pura Mili-Q®, modelo Advantage A 10; balança analítica Marte, modelo AY 220 com
precisão de quatro casas; chapa de aquecimento com agitador magnético Fisatom, modelo
752A; banho termostatizado ACB Labor; rotaevaporador Buchii, modelo R-215; bomba de
vácuo Buchii, modelo V-700; refrigerador Consul, modelo Biplex CRM 49; estufa Solab,
modelo SL200; Ultrafreezer LipTop; Liofilizador LipTop, modelo K105.
4.2 Métodos
A metodologia para o desenvolvimento, seleção e caracterização das
nanoformulações envolvem etapas diferenciadas. Para o entendimento global do processo foi
utilizado um quadro sistemático para demonstração de cada uma das etapas envolvidas
(FIGURA 11).
58
Figura 11 – Etapas de desenvolvimento, seleção e caracterização envolvidas no processo de nanoencapsulamento pelo método de emulsão-difusão.
Obtenção do óleo essencial Coleta do material vegetalExtraçãoRendimento
Caracterização do óleo essencial
IdentificaçãoQuantificação
Desenvolvimento das nanoformulações
Determinação do tensoativoInfluência da concentração de cada componente da formulaçãoInfluência da velocidade e tempo de emulsificação Influência do tipo de óleo contido no interior da membrana polimérica
Seleção da formulação segundo caracterização prévia
Caracterização da nanoformulação
Análise macroscópica*Ressonância Magnética NuclearDiâmetro médio das partículas*Índice de polidispersividade*Eficiência de encapsulação*Teor de timolAnálises térmicasTeste de estabilidade
* Análise de caracterização prévia para seleção da formulação. Fonte: elaborado pelo autor.
4.2.1 Extração do óleo essencial
Folhas de alecrim-pimenta foram coletadas às oito horas da manhã, no Horto de
Plantas Medicinais, pertencente a EMBRAPA Agroindústria Tropical. A matéria fresca
picotada foi submetida ao processo de extração do óleo essencial por hidrodestilação
utilizando aparelho Clevenger, durante o tempo médio de 240 minutos. Foram utilizadas 250
g de matéria fresca imersas em 1500 mL de água desmineralizada. Em seguida, a mistura de
óleo essencial e hidrolato foi recuperada e submetida à centrifugação na condição de 2500
rpm durante 10 minutos. O óleo essencial após separado do hidrolato, seco com sulfato de
sódio (Na2SO4) e estocado em temperatura de 3±1°C.
O teor de umidade da biomassa foi baseado no princípio da imiscibilidade do
solvente (ciclohexano) e da água ainda contida na matéria fresca, com utilização de 5 g de
matéria fresca picotada. O procedimento foi conduzido por 180 minutos e realizada a leitura,
utilizando o aparelho Dean & Stark, da quantidade de água extraída da biomassa. O
rendimento do óleo essencial foi calculado em base livre de umidade (BLU). O cálculo foi
expresso em volume de óleo por 100g de matéria livre de umidade.
59
4.2.2 Identificação dos constituintes do óleo essencial de L. sidoides
A identificação dos constituintes do óleo foi realizada em um instrumento CG-EM
Varian (Agilent) modelo CG-450 / MS-240, com impacto de elétrons a 70 eV, modo de
injeção com divisão de fluxo 1:30, gás carreador com fluxo 1,50 mL.min-1, temperatura do
injetor 250 °C, temperatura da linha de transferência 250°C. Programação do forno
cromatográfico seguiu em temperatura inicial de 70°C com rampa de aquecimento de
4°C.min-1 até 180 °C por 27,5 min, continuada por rampa de aquecimento de 10 °C.min-1 até
250 °C, ao término da corrida (34,5 min). A identificação dos compostos foi realizada pela
análise dos padrões de fragmentação exibidos nos espectros de massas com aqueles presentes
na base de dados fornecida pelo equipamento (NIST versão 2.0 de 2008 287.324 compostos),
bem como através da comparação dos seus índices de retenção com os de compostos
conhecidos, obtidos por injeção de uma mistura de padrões, e de dados da literatura.
4.2.3 Quantificação dos constituintes do óleo essencial de L. sidoides
A quantificação foi realizada por CG-DIC em um instrumento Shimadzu modelo
CG-2010 Plus, com modo de injeção com divisão de fluxo 1:30, gás carreador com fluxo 1,50
mL.min-1 (114,3 KPa) e velocidade linear constante de 49,5 cm.s-1, temperatura do injetor 250
°C, temperatura do detector de 280 °C. Programação do forno cromatográfico: temperatura
inicial de 70 °C com rampa de aquecimento de 4 °C.min-1 até 180 °C por 27,5 min, seguida
por rampa de aquecimento de 10 °C.min-1 até 250 °C, ao término da corrida (34,5 min). A
identificação dos compostos foi realizada através da comparação dos seus índices de retenção
com os de compostos conhecidos, obtidos por injeção de uma mistura de padrões contendo
uma série homóloga de alcanos, e de dados da literatura.
4.2.4 Desenvolvimento das nanoformulações
A produção das suspensões de nanocápsulas carregadas com o óleo essencial de
L. sidoides foram preparadas pelo método de emulsão-difusão, de acordo com a metodologia
descrita por Moinard-Chécot et al., 2008 (FIGURA 12). O tensoativo álcool polivinílico
(PVA) foi dissolvido em água (40 mL) à 70±5 ºC, sob agitação. Após resfriamento, a solução
água-tensoativo foi submetida ao processo de saturação com o solvente acetato de etila
(AcOEt). O tensoativo Kolliphor P 188® foi dissolvido em temperatura ambiente (25±2 ºC)
60
diretamente na fração aquosa saturada com o AcOEt (40 mL). O processo de saturação em
ambos os casos ocorreu por cerca de 30 minutos, com a finalidade de garantir um equilíbrio
termodinâmico entre os solventes (água-AcOEt). O polímero de revestimento
policaprolactona (PCL) foi dissolvido na fase orgânica (10 mL) à 37±2 ºC, seguido da adição
do óleo essencial de L. sidoides (OELS) após resfriamento. A fase orgânica foi vertida sobre a
fase aquosa e homogeneizada através do aparelho de Ultra-Turrax® T-25, com tempo e
velocidade controladas, formando uma emulsão primária óleo/água. Após a emulsificação,
200 mL de água foram adicionados à emulsão para induzir a difusão do solvente orgânico e,
consequentemente, a formação das nanocápsulas. O solvente e parte da água (cerca de 12 mL)
foram removidos por evaporação rotativa à 35 ºC sob pressão reduzida de 150 bar, durante 30
minutos, ocorrendo a concentração da suspensão de nanocápsulas.
Figura 12 – Fluxograma da produção de nanoformulações pelo processo
de emulsão-difusão.
Fonte: elaborado pelo autor.
4.2.5 Determinação do tensoativo
Foram testados os tensoativos álcool polivinílico e Kolliphor P 188® em
concentrações de 1, 2,5 e 5 % (m/m) em fase aquosa, mantendo-se fixos os percentuais de
policaprolactona e óleo essencial de L. sidoides em fase orgânica, pelo método de emulsão-
difusão descrito no item 4.2.4. Utilizou-se rotação e tempo de emulsificação constantes de
1.006 g durante 10 minutos. Cada experimento foi realizado com três repetições.
61
As quantidades de cada componente das formulações se encontram descritas na
Tabela 6.
Tabela 3 – Composição das formulações na determinação do tensoativo sob rotação (1.006 g) e tempo (10 min.) de emulsificação constantes.
Formulação Tensoativo (%) PCL (%) OELS (%)
FT1 1 2,5 2,5
FT2 2,5 2,5 2,5
FT3 5 2,5 2,5
Fonte: elaborado pelo autor.
As amostras foram submetidas à análise macroscópica (4.2.8) durante e após 24
horas da manipulação, do diâmetro médio e distribuição das partículas geradas (4.2.9) e a
eficiência de encapsulação do óleo essencial (4.2.10). O tensoativo que apresentou sistema
emulsionado mais estável foi selecionado para o desenvolvimento das nanoformulações. .2.6.
Influência das variáveis do processo de obtenção das nanoformulações
4.2.6 Influência das variáveis do processo de obtenção das nanoformulaçãoes
Para a avaliação da influência das variáveis do processo de obtenção das
nanoformulações foi realizado um levantamento de pesquisa para o estudo de cada
componente e de suas concentrações no desenvolvimento de nanocápsulas. Com base na
literatura, foi encontrada uma faixa de concentração para cada componente da formulação,
bem como da velocidade e tempo de agitação na etapa de emulsificação: tensoativo (1-5 %),
polímero de revestimento (1-5 %), princípio ativo (1-5 %), velocidade (644-1.449 g) e tempo
de agitação (5-10 min.).
Assim, o estudo foi conduzido através da observação dos efeitos individuais de
cada variável do processo, quando as demais variáveis foram fixadas, assim como realizado
por Moinard-Chécot et al. (2008), e analisado por tratamento estatístico de análise de
variância dos resultados obtidos de três repetições.
62
4.2.6.1 Influência da concentração de cada componente da formulação
Foram desenvolvidas sete formulações variando as concentrações de tensoativo,
PCL e óleo essencial em 1, 2,5 e 5 % (m/m), a fim de avaliar os efeitos das quantidades de
cada componente em que se utilizou rotação e tempo de emulsificação constantes de 1.006 g
durante 10 minutos. Cada experimento foi realizado com três repetições.
Na Tabela 7 estão dispostas as concentrações de cada componente das
nanoformulações.
Tabela 4 – Composição para estudo da influência da concentração de cada componente da formulação utilizando rotação (1.006 g) e tempo (10 min.) de emulsificação constantes.
Formulação Tensoativo (%) PCL (%) OELS (%)
F1 1 2,5 2,5
F2 5 2,5 2,5
F3 2,5 1 2,5
F4 2,5 5 2,5
F5 2,5 2,5 1
F6 2,5 2,5 5
F7 2,5 2,5 2,5
Fonte: elaborado pelo autor.
As análises foram realizadas macroscopicamente (item 4.2.8), quanto ao diâmetro
médio e distribuição das partículas geradas (item 4.2.9) e eficiência de encapsulação do óleo
essencial (item 4.2.10). A partir dos resultados obtidos, a formulação que reuniu
características desejáveis foi utilizada nos estudos subsequentes.
4.2.6.2 Influência da velocidade e tempo de emulsificação
Foram testados três níveis de rotação (644, 1.006 e 1.449 g) para a formação da
emulsão primária com o tempo fixo (t=10min), inicialmente. Para avaliar os efeitos de cada
nível de rotação aplicada, concentrações dos componentes da formulação também
permaneceram fixos. Cada experimento foi realizado com três repetições.
Em seguida, um segundo estudo foi realizado, empregando a formulação
selecionada no estudo anterior (item 4.2.6.1) e a faixa de rotação que gerou os melhores
63
resultados quanto à caracterização das formulações, adotando tempos de processo entre cinco
e dez minutos. Nesse estudo foi aplicado um delineamento experimental para otimização de
processos do tipo fatorial 22, a fim de obter a melhor condição de tempo e velocidade de
agitação na etapa de emulsificação.
As Tabelas 8 e 9 contêm as condições de velocidade e tempo de emulsificação dos
processos aplicados.
Tabela 5 – Condições da velocidade de agitação para a produção de nanoformulação com o tempo fixo de emulsificação (t=10 min).
Formulação Tensoativo (%) PCL (%) OELS (%) Rotação (g)
FR1 2,5 2,5 2,5 644
FR2 2,5 2,5 2,5 1.006
FR3 2,5 2,5 2,5 1.449
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 6 – Condições da velocidade e tempo de agitação no processo de emulsificação para a produção das nanoformulações.
Formulação Tensoativo (%) PCL (%) OELS (%) Rotação (g) Tempo (min)
FRT1 1,0 2,5 2,5 1.006 10
FRT2 1,0 2,5 2,5 1.006 5
FRT3 1,0 2,5 2,5 1.449 10
FRT4 1,0 2,5 2,5 1.449 5
FRT5 1,0 2,5 2,5 1.217 7,5
Fonte: elaborado pelo autor.
Os efeitos das condições de agitação e tempo de emulsificação foram avaliados
segundo as variáveis respostas: análise macroscópica (4.2.8) diâmetro médio e distribuição de
partículas (4.2.9) e eficiência de encapsulação do óleo essencial (4.2.10) e selecionadas as
condições que resultaram maior desempenho de produção.
4.2.6.3 Influência do tipo de óleo contido no interior da membrana polimérica
Foram testadas formulações contendo laurato de etila (LE) como óleo constituinte
das nanocápsulas, adicionado junto ao óleo essencial de L. sidoides em proporções pré-
estabelecidas ou em substituição total, a fim de compreender a influência do tipo de óleo
64
utilizado no núcleo polimérico de PCL quanto à eficiência de encapsulamento. Na Tabela 10
se encontram as formulações desenvolvidas com as proporções de seus componentes, bem
como a condição de velocidade e tempo de homogeneização. Estes parâmetros foram
determinados a partir da formulação e condições selecionadas segundo estudos anteriores de
caracterização (itens 4.2.6.1 e 4.2.6.2).
Tabela 7 – Composição para estudo da influência do tipo de óleo utilizado no interior da membrana polimérica de PCL, utilizando tempo (5 min.) e rotação (1.006 g) constantes.
Formulação Tensoativo (%) PCL (%) OELS (%) LE (%)
FLE1 1 2,5 2,5 1
FLE2 1 2,5 2,5 2,5
FLE3 1 2,5 2,5 5
FLE4 1 2,5 - 1
FLE5 1 2,5 - 2,5
FLE6 1 2,5 - 5
Fonte: elaborado pelo autor.
4.2.7 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
Foram realizadas análises de RMN de cada componente da formulação (polímero,
tensoativo e óleo essencial) e das nanocápsulas formadas. Nanocápsulas recuperadas (4.2.12)
foram submetidas ao processo de liofilização e submetidas à análise. Amostra do agregado
formado durante o desenvolvimento das formulações com o tensoativo álcool polivinílico,
também foram submetidos à análise de RMN, a fim de se verificar quais componentes
estavam presentes.
As análises de RMN de Hidrogênio foram efetuadas em um espectrômetro
Agilent DD2 (14,1 Tesla), munido de sonda de detecção híbrida de 5 mm, operando na
freqüência do 1H a 599,94. As amostras (30 mg) foram suspensas em 0,6 mL de solvente
deuterado de acordo com a solubilidade e analisadas em tubos de vidro de 7” de comprimento
(Wilmad). Água e clorofórmio deuterados foram adquiridos da Cambridge Isotope
Laboratories. Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão (ppm) e
referenciados pelo sinal do solvente.
65
Equação 1
4.2.8 Análise macroscópica
Foram realizadas análises macroscópicas quanto ao aspecto físico e existência de
sinais de instabilidade quanto à separação de fases e formação de agregados, empregando as
seguintes nomenclaturas para classificação de cada amostra (BERNARDI, 2008):
N = normal
LM = levemente modificada
M = modificada
IM = intensamente modificada
4.2.9 Diâmetro médio, distribuição e potencial zeta das partículas
As análises de diâmetro médio, distribuição e potencial zeta das partículas foram
realizadas em instrumento Zetasizer Malvern Instruments, modelo Nano ZS.
O diâmetro médio e distribuição do tamanho das partículas geradas nas formulações
foi medido pela técnica de espalhamento dinâmico de luz (DLS), usando água como
dispersante, índice de refração 1,45, índice de dispersão 1,33, viscosidade 0,8872 cP, ângulo
do feixe 173º e laser He-Ne laser (4 nW). Foi aplicado modelo de cálculo geral para partículas
irregulares e cada amostra submetida a dez medições. O índice de polidispersividade expressa
o nível de dispersão das nanocápsulas presentes em suspensão, determinado por valores entre
0,1 e 1,0.
O potencial zeta das nanocápsulas em suspensão foi estimado com base na
mobilidade eletroforética em um campo elétrico e medido de acordo com uma constante
dielétrica de 78,5, usada para água à 25ºC. A relação entre o potencial zeta e a mobilidade é
dada pela equação de Smoluchowski:
em que
ζ= potencial zeta,
µ = mobilidade,
η = viscosidade,
ε = constante dieléctrica.
66
Equação 2
As amostras levadas para análises foram previamente diluídas em cem vezes o seu
volume original com água purificada. Todas as medições foram realizadas à temperatura de
25 ºC.
4.2.10 Eficiência de Encapsulação
A eficiência de encapsulação do óleo essencial foi determinada através da
operação de partição líquido-líquido da nanoformulação usando-se hexano como solvente
extrator, seguido de evaporação sob pressão reduzida. A quantidade de óleo livre recuperado
permitiu o cálculo da eficiência de encapsulação através da Equação 2, expressa em
percentual.
%ó ó
ó 100
em que
EE = Eficiência de encapsulação
M óleo total = Massa total do óleo empregado em emulsão.
M óleo livre = Massa do óleo não encapsulado referente ao volume de 240 mL da suspensão
concentrada de nanocápsulas.
4.2.11 Teor de Timol
O teor de timol encapsulado foi determinado através de análise por sistema de
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Prominence (Shimadzu) com injetor
automático, acoplado com detector de arranjo de diodo, modelo SPD-M20A. Foi utilizado
eluição isocrática da fase móvel acetonitrila:água (60:40), fluxo 1,0 mL.min-1, detecção em
274 nm. A temperatura da coluna foi mantida em temperatura de 30ºC e o volume de injeção
de 20 µL por amostra. Foi desenvolvida uma curva de calibração (R2=0,9923) utilizando
soluções de timol nas concentrações 0,001-0,4 mg.mL-1.
Para acompanhamento dos testes de estabilidade, as frações de óleo livre obtidas
da partição com hexano foram diluídas em 100 mL da solução de fase móvel, filtradas em
filtros de nylon (Allcrom), diâmetro 25 mm, com poros de 0,45 µm e submetidas à análise.
67
4.2.12 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A análise morfológica foi realizada em instrumento de MEV Zeiss DSM, modelo
940A. Foram observadas duas formas de apresentação das nanocápsulas. Primeiramente,
0,5µL da suspensão concentrada de nanocápsulas foi diluída em 50mL de água pura. Na
segunda amostra, nanocápsulas contidas em suspensão concentrada (35mL), foram
recuperadas por ultracentrifugação a 12.000 rpm a 5°C durante 30 min., lavadas duas vezes
com água para remover o excesso de tensoativo e diluídas em 50 mL de água pura. Gotas das
nanocápsulas diluídas foram depositadas sobre o stub e submetida à secagem em temperatura
ambiente (25 ºC). As amostras secas foram recobertas com uma camada de platina de 60 nm
de espessura em evaporadora EMS, e observada a uma voltagem de aceleração de 15 kV.
Foram visualizados cinco campos do porta-amostras correspondendo a diferentes
áreas da superfície, medindo 145 µm de comprimento x 145 µm de largura cada campo. As
imagens obtidas eram representativas dos campos que possuíam homogeneidade quanto à
morfologia da amostra e para cada campo escolhido, ampliou-se o aumento até chegar na
magnificação ideal para visualização das nanocápsulas.
4.2.13 Análises Térmicas 4.2.13.1 Termogravimetria (TGA)
As análises por TGA foi realizada em instrumento PerkinElmer, modelo
STA6000. Cada componente da formulação com massas em torno de 28,5 mg foi
acondicionado em micro-cadinhos de cerâmica pré-tarados em termobalança. Foram aplicadas
condições de atmosfera da câmara em ar sintético na vazão de 20 mL.min-1 e razão de
aquecimento 10 °C.min-1, com faixa de temperatura de 25 a 550°C, seguindo-se metodologia
relatada por Choi et al. (2009).
4.2.13.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC)
As análises por DSC foram realizadas na suspensão de nanocápsulas liofilizada,
em cada componente da formulação e em uma amostra de cristais de timol comercial 99%
(Sigma-Aldrich). Cada amostra foi pesada numa balança analítica e acondicionadas em
micro-cadinhos de α-alumina pré-tratados em termobalança e hermeticamente selados para
68
análise. Foram utilizadas quantidades de amostras aproximadas de 5,0 mg e atmosfera em
nitrogênio com vazão de 20 mL.min-1 em taxas de 5 ºC.min-1 e 10 ºC.min-1 durante 5 min.,
com faixa de temperatura entre -20 e 300 °C.
4.2.14 Teste de estabilidade acelerada
A formulação que apresentou, conjuntamente, características macroscópicas,
tamanho em escala nanométrica e eficiência de encapsulação desejáveis foi submetida ao teste
de estabilidade acelerada. A amostra foi acondicionada em um frasco de vidro, protegido da
luz, num volume de 240mL, em temperaturas constantes de 5±2 ºC (geladeira); 25±2 ºC
(ambiente) e 40±2 ºC (estufa). As avaliações foram realizadas após 24 h e depois de 7, 15, 30
e 60 dias, em triplicata (ANVISA, 2004).
As análises macroscópicas (4.2.8), diâmetro médio e distribuição de partícula
(4.2.9), valor do potencial zeta (4.2.9) e teor de timol encapsulado (4.2.11) foram realizadas
conforme metodologia descrita anteriormente.
4.2.15 Análise estatística dos dados
Todos os resultados foram expressos como média ± desvio padrão e avaliados
estatisticamente aplicando análise de variância (ANOVA one-way) entre as amostras e teste
de comparação múltipla de Tukey ao nível de significância P < 0,05, utilizando o software
SigmaPlot Versão 11.0.
69
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Extração, identificação e quantificação dos constituintes químicos do óleo essencial
O material vegetal apresentou umidade de 69,3 % e teor de óleo essencial
calculado em base livre de umidade (BLU) no valor de 4,5 ± 0,4 mL / 100 g, equivalente ao
rendimento de 4,5 %. Teores semelhantes de óleo essencial de L. sidoides foram observados
em espécies cultivadas em diferentes regiões do Brasil (CHAVES et al. 2008). Nas regiões
Norte e Sudeste, utilizando extração por hidrodestilação, foram encontrados rendimentos de
4,3 % e 3,5 %, respectivamente. No Nordeste foi usado extração por arraste a vapor, obtendo-
se um rendimento de 3,5 %.
Tabela 8 - Constituintes químicos do óleo essencial de L. sidoides.
Componente tR (min.) IK IK literatura
(ADAMS, 2007) Área relativa
(%)
α-tujeno 4,21 934 930 0,41 α-pineno 4,36 943 939 0,19 1-octen-3-ol 5,05 981 979 0,26 β-pineno 5,31 994 979 0,83 α-terpineno 5,94 1024 1017 0,49 p-cimeno 6,13 1032 1024 5,46 limoneno 6,23 1037 1024 0,29 1,8-cineol 6,32 1041 1026 0,67 γ-terpineno 6,94 1066 1059 1,33 trans-4-thujanol 7,17 1075 1070 0,15 6,7-epoxi-mirceno 7,77 1097 1092 0,26 ipsdienol 9,25 1152 1145 0,85 terpinen-4-ol 10,28 1185 1185 0,5 α-terpineol 10,67 1197 1188 0,17 metil eter timol 11,94 1241 1235 0,51 timol 13,84 1300 1290 77,85 carvacrol 14,05 1307 1299 0,19 β-cariofileno 17,80 1430 1419 5,41 aromadendreno 18,39 1449 1441 0,41 α-cariofileno 18,83 1464 1454 0,26 germacreno D 19,67 1490 1485 0,55 biciclogermacreno 20,12 1505 1500 0,71
-cadineno 20,88 1532 1523 0,11
espatulenol 22,52 1587 1578 0,21 óxido de cariofileno 22,70 1593 1583 0,99 Total 99,06 IK: Índice Kovats de retenção em CG-DIC, calculado a partir de série homóloga de alcano. tR: Tempo de retenção. Fonte: elaborado pelo autor.
70
A análise da composição química do óleo essencial de L. sidoides por CG-EM e
CG-DIC está descrita na Tabela 11. Foram identificados 25 compostos distribuídos em 99,1
% da área total do cromatograma (FIGURA 13).
Figura 13 – Cromatograma do óleo essencial de L. sidoides em CG-DIC.
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 14 – Espectro de massas do timol presente no óleo essencial de L. sidoides em CG- EM.
Fonte: elaborado pelo autor.
71
O principal componente foi o timol (77,85%), representado na Figura 14 pelo
espectro de massas obtido por CG-EM, seguido do p-cimeno (5,46%) e do β-cariofileno
(5,41%), constituindo 88,72% do óleo essencial. Resultado semelhante foi encontrado em
estudos recentes que avaliaram a composição química do óleo extraído da planta L. sidoides
através de processo de hidrodestilação, encontrando o timol como representante majoritário
(TABELA 12). Seu elevado teor de timol, com isômero de posição carvacrol, indica um bom
referencial para aplicação em formulações com atividade antimicrobiana (GUIMARÃES et
al., 2014).
Tabela 9 – Teores de timol, p-cimeno e β-cariofileno encontrados em óleo essencial extraído da planta L. sidoides.
Componentes
Teor (%)
VERAS et al.
(2013)
OLIVEIRA
(2012)
MOTA et al.
(2012)
CAVALCANTI
et al. (2010)
timol 84 86 84 70
p-cimeno 5 5 5 8
β-cariofileno - 3 - 8
Fonte: elaborado pelo autor.
É notado que as concentrações de timol, p-cimeno e β-cariofileno, bem como o
rendimento do óleo essencial extraído encontrados por outros autores, possuem variações
expressivas. Alguns fatores ambientais como clima, tipo de solo, influência da seca e escassez
de água, os ataques causados por insetos e micro-organismos, as práticas de cultivo e mesmo
a parte da planta ou o processo em que foi extraído, influenciam diretamente na composição
química do óleo essencial obtido (BASER; BUCHBAUER, 2010), justificando as variações
apresentadas e recorrentes em levantamentos de dados como esse.
5.2 Determinação do tensoativo
Durante o desenvolvimento das nanocápsulas em emulsão contendo o álcool
polivinílico (PVA) foram observados macroscopicamente formação de agregados durante a
etapa de emulsificação, estendendo-se às etapas subsequentes. Os agregados apresentaram
coloração amarelada e textura viscosa. Foram separados, liofilizados e suas massas registradas
para análises (TABELA 13). As suspensões concentradas de nanocápsulas apresentaram
72
aspecto translúcido acompanhado de sinal de instabilidade através do processo de
sedimentação após 24 horas do preparo (FIGURA 15).
Tabela 10 – Médias das massas dos materiais agregados úmido e seco formados nas formulações contendo PVA (n=3).
a Material agregado úmido. b Material agregado liofilizado.
Figura 152 – Aspecto macroscópico das formulações contendo PVA.
Fonte: elaborado pelo autor.
Foi observado que as massas obtidas dos agregados úmido e liofilizado formados
apresentaram elevado desvio padrão, pois, devido à sua característica viscosa, parte desse
material ficava aderido ao equipamento e utensílios de laboratório, dificultando sua total
recuperação e precisão nas medidas dos valores das massas.
Para avaliar a composição dos agregados formados, foram realizadas análises de
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) nos materiais liofilizados, nos quais foram
identificados presença de óleo essencial e polímero de revestimento em todas as amostras
recolhidas. Isso significa que houve perda abundante do princípio ativo e também do polímero
de revestimento, comprometendo a formação de nanocápsulas contendo óleo essencial.
Formulação AUa (mg) ALb (mg)
FT1 237,8 166,3
FT2 252,1 197,2
FT3 345,5 234,9
73
No processo de secagem, parte de óleo essencial presente na superfície
possivelmente se perdeu devido à sua alta volatilidade junto com o excesso de água,
reduzindo a massa final do agregado úmido quase pela metade. Massas dos materiais
agregados úmido e liofilizado representaram cerca de 55 % e 39 % do total da massa de óleo e
polímero de revestimento (PCL) empregados (500 mg), respectivamente.
Em análises de caracterização quanto ao diâmetro médio e distribuição do
tamanho de partículas, as formulações contendo PVA não atingiram os critérios de qualidade
do equipamento, indicando a existência de suspensão heterogênea e resultando em medidas
com baixas acucária e reprodutibilidade. As referidas amostras apresentaram um perfil de
elevado índice de dispersibilidade com presença de partículas acima do limite de medição,
10.000 nm. Medidas de dispersibilidade abaixo de 0,2 indicam pequena distribuição,
enquanto valores próximos de 1,0 são referentes a amostras com baixa qualidade e, devido à
elevada taxa de dispersão, demonstram sinais de instabilidade (JAFARI et al., 2008).
Foram realizadas análises de eficiência de encapsulação do óleo essencial nas
nanoformulações contendo o PVA. Os percentuais foram acima de 70 % para as formulações
FT1 (74,61 %), FT2 (80,55 %) e FT3 (91,88 %). Porém, a grande perda de material
decorrente da formação de agregados de PCL+OELS (precipitado) indica que possivelmente
não houve formação de nanocápsulas, logo estes valores de eficiência foram claramente
superestimados e por isso desconsiderados.
Tendo em vista que o êxito desse método depende da estabilidade e do tamanho
das gotículas produzidas desde o estágio inicial do processo de emulsificação (partículas
micrométricas) estendendo-se à etapa de difusão (partículas nanométricas) (QUINTANA-
GUERRERO et al., 1996; QUINTANAR-GUERRERO et al., 1997), as formulações com
PVA nas condições estudadas não apresentaram as características esperadas.
Por outro lado, as formulações estabilizadas com Kolliphor P 188® atenderam os
critérios de estabilidade macroscópica (FIGURA 16), não se observando separação de fases
durante ou após o processo de obtenção das nanocápsulas.
A estabilidade das emulsões se deve, principalmente, ao uso dos tensoativos,
classe de substâncias caracterizadas pela sua natureza anfifílica, cujas moléculas são formadas
por grupamentos hidrofílicos e lipofílicos capazes de reduzir a tensão interfacial entre duas
fases imiscíveis. O equilíbrio entre estes dois grupos moleculares com características opostas
é denominado equilíbrio hidrofílico-lipofílico (EHL). O EHL representa um sistema de
classificação dos tensoativos, segundo uma escala numérica adimensional de valores entre 1 e
50 e serve para orientar na escolha do tipo de tensoativo a ser empregado nos sistemas de
74
emulsões. O Kolliphor P188® possui EHL > 24 e, por isso, é classificado como um
tensoativo de natureza acentuadamente hidrofílica, atuando como solubilizantes em emulsões
do tipo O/A (SOUZA, 2007; BASF, 2013). Isso indica que, possivelmente, a ação
solubilizante do Kolliphor P188® tenha se mostrado favorável para formação e estabilização
da emulsão primária no processo de produção das nanocápsulas.
Figura 16 – Aspecto macroscópico das formulações contendo Kolliphor P 188®.
Fonte: elaborado pelo autor.
As partículas obtidas a partir das emulsões desenvolvidas com Kolliphor P 188®
apresentaram diâmetro médio em torno de 200 nm, portanto dentro da faixa característica para
sistemas de nanocarreadores poliméricos (FRIEDRICH et al., 2008; OURIQUE et al., 2008;
FONTANA et al., 2008). Apesar da amostra contendo 5% de tensoativo ter produzido
nanocápsulas menores, esta não diferiu estatisticamente das demais. A Tabela 14 mostra os
resultados obtidos na caracterização das nanoformulações contendo Kolliphor P 188® e
análise estatística.
75
Tabela 11 – Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e classificação macroscópica de estabilidade em 24 horas, das formulações contendo Kolliphor P 188®.
Fórmula
Kolliphor
P 188®
(%)
PCL
(%)
OELS
(%)
ROTA
(g) DMB (nm) IPDC EED (%) CME
FT1 1 2,5 2,5 1.006 191,5±19,8ab 0,17±0,06 52,1±1,3ª N
FT2 2,5 2,5 2,5 1.006 213,2±11,1a 0,14±0,01 31,2±8,2b N
FT3 5 2,5 2,5 1.006 187,3±1,9b 0,09±0,01 39,6±5,0ab N A Rotação; B Diâmetro Médio; C Índice de dispersibilidade; D Eficiência de Encapsulação; E Classificação Macroscópica. a-cMédias com sobrescritos diferentes dentro de mesma coluna são significativamente diferentes (P <0,05). Fonte: elaborado pelo autor.
Em geral, emulsões produzidas com PVA pelo método de emulsão-difusão resultam
em partículas nanométricas (LIMAYEM et al., 2006; MOINARD-CHÉCOT et al., 2008;
QUINTANAR-GUERRERO, 1998b). No entanto, tensoativos com massas moleculares
relativamente baixas tais como os copolímeros em bloco de polioxietileno/polioxipropileno,
com exemplo do Kolliphor P 188® (8-10 KDa), tendem a produzir nanopartículas menores do
que aquelas estabilizadas por PVA (88 KDa), quando submetidas às mesmas condições de
processo (GUINEBRETIÉRE et al., 2002; MITTAL et al., 2007). Em um estudo para avaliar
o comportamento de tensoativos em nanocápsulas obtidas por emulsão-difusão, Habib et al.
(2012) observaram que quanto menor o tamanho dos componentes da dispersão, menores as
dimensões das cápsulas obtidas.
Dessa forma, o comportamento do estabilizante no processo de encapsulação pode ser
influenciado pela sua geometria molecular, expressa como Parâmetro de Empacotamento
Crítico (PEC) (ZHU, 2005), que é definido pela a razão entre o volume da parte hidrofóbica
do estabilizador (cauda) com uma mínima área interfacial ocupada pela parte hidrofílica
(cabeça) (BRANDÃO, 2014). Moléculas de estabilizadores com alto PEC oferecem uma
orientação geométrica mínima, que os induzem a uma forma vesicular ou circular, diminuindo
assim o tamanho das cápsulas produzidas. Por outro lado, os estabilizadores de baixo PEC
possuem maior orientação geométrica, com forma laminar, promovendo aumento no tamanho
das cápsulas obtidas (HABIB et al., 2012).
O baixo índice de dispersibilidade (0,09-0,17) demonstrou nanoformulações mais
estáveis. A distribuição do tamanho de partículas foi mais homogênea, apresentando uma
única faixa de distribuição para as formulações FT2 (78,8-615,1 nm) e FT3 (91,3-458,7 nm) e
76
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5
10
15
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
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1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
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0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
0
5
10
15
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
220
295
396
531
712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
duas faixas compreendidas entre 68-825 nm e 3000-5600 nm para a formulação FT1
(FIGURA 17). Porém, o índice de dispersibilidade de FT1 não foi afetado e seu valor foi
inferior a 0,25, o qual é considerado como sendo homogênea (FLORES et al., 2011).
Figura 17 – Distribuição de tamanho de partículas das formulações FT1, FT2 e FT3 contendo Kolliphor P 188® (n=3).
Fonte: elaborado pelo autor.
A eficiência de encapsulação em amostras desenvolvidas com o tensoativo
Kolliphor P 188® foi de 52,1%; 31,8% e 39,6%, para as formulações FT1, FT2 e FT3,
respectivamente. O uso da concentração de 1% desse tensoativo resultou em uma eficiência
maior quando comparado às demais concentrações usadas.
0
5
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15
20
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
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3091
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0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
FT1
FT2
FT3
77
Os sistemas de emulsões são flexíveis quanto à composição de tensoativos,
existindo muitas possibilidades para substituições. Em muitos casos é desejável modificar a
concentração ou até substituir o tensoativo utilizado como agente estabilizante (MASON et
al., 2006). Devido à capacidade de formar emulsões mais estáveis, o tensoativo Kolliphor
P188® foi empregado no desenvolvimento das formulações para os estudos seguintes.
5.3 Influência das variáveis do processo de obtenção das nanocápsulas
5.3.1 Influência da concentração de cada componente da formulação
No estudo da influência da concentração de cada componente da formulação,
foram observados os efeitos quanto ao diâmetro médio e distribuição das partículas geradas,
eficiência de encapsulação e caracterização macroscópica. Os resultados estatisticamente
analisados estão disponíveis na Tabela 15.
Tabela 12 – Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e classificação macroscópica das formulações no estudo da influência da concentração de cada componente da formulação.
Fórmula
Kolliphor
P 188®
(%)
PCL
(%)
OELS
(%) DMA (nm) IPDB EEC (%) CMD
F1 1 2,5 2,5 191,5±19,8cde 0,17±0,06 52,1±1,3ab N
F2 5 2,5 2,5 187,3±1,9cde 0,09±0,01 39,6±5,0bc N
F3 2,5 1 2,5 154,0±8,6e 0,09±0,01 28,6±7,7c N
F4 2,5 5 2,5 443,4±52,9ª 0,49±0,04 53,1±9,1ª N
F5 2,5 2,5 1 207,3±18,7bcde 0,13±0,03 30,7±3,5c N
F6 2,5 2,5 5 232,7±9,4bc 0,19±0,02 34,5±1,3bc N
F7 2,5 2,5 2,5 213,2±11,1bcd 0,14±0,01 31,2±8,9c N A Diâmetro Médio; B Índice de dispersibilidade; C Eficiência de Encapsulação; D Classificação Macroscópica. a-
cMédias com sobrescritos diferentes dentro de mesma coluna são significativamente diferentes (P <0,05). Fonte: elaborado pelo autor.
As suspensões concentradas de nanocápsulas apresentaram fluidez e aspecto
leitoso e opaco com reflexo azulado (FIGURA 18), cujo diâmetro médio das partículas foi de
153-443 nm, aproximadamente.
78
Figura 18 – Aspecto macroscópico das nanoformulações sobre o estudo da influência das concentrações de Kolliphor P188®, PCL e OELS.
Fonte: elaborado pelo autor.
Não houve separação de fases durante e após 24 horas de preparo ou formação de
agregados. Formulações com características macroscópicas próprias de dispersões, cujo
tamanho das partículas esteja em escala nanométrica (100-500 nm), podem exibir aparência
leitosa e opaca, podendo-se observar reflexo azulado decorrente do movimento browniano das
nanopartículas em suspensão (efeito Tyndall) (SCHAFFAZICK et al., 2002).
A variação da concentração de tensoativo na fase aquosa da formulação (1-5 %)
não afetou significativamente o diâmetro médio das partículas geradas. No entanto, em
investigações cujos parâmetros de processo foram otimizados por variações na concentração
do tensoativo, foi observado que o tamanho das partículas de nanocápsulas diminuiu de
acordo com o aumento da concentração de emulsionante (SURASSMO et al., 2010;
GUINEBRETIÉRE et al., 2002). Isso ocorre devido à diminuição da tensão interfacial
promovida com o aumento da quantidade do tensoativo, até que a concentração micelar crítica
(CMC) seja atingida. A partir deste ponto, a tensão interfacial permanece quase constante e o
tamanho das partículas sofre grande variação (MORAIS, 2008).
Por outro lado, o estudo demonstrou maior susceptibilidade aos efeitos da
variação de concentração do políemero PCL. Foi observado que o diâmetro médio das
partículas aumentou significativamente, cerca de 35 % entre as quantidades mínima (F3-
154,0 nm) e máxima (F4- 443,4 nm), obedecendo a relação quanto maior a concentração de
polímero, maior o tamanho das partículas geradas (MORA-HUERTAS et al., 2010). O
aumento da concentração do polímero diminui a interação polímero-polímero, que promove a
separação das cadeias de polímero durante o processo de emulsificação. O aumento da
79
concentração do polímero também causa o aumento da viscosidade da fase orgânica, gerando
nanopartículas de maiores tamanhos, devido à maior dificuldade de dispersão da fase interna
na fase externa (ESMAEILI et al., 2013; ARAÚJO, et al. 2009).
A quantidade de óleo não influenciou significativamente o tamanho das
nanopartículas que apresentou uma faixa entre 207-232 nm. Os diâmetros médios foram
próximos, contudo, observou-se efeito semelhante ao estudo com o polímero. Concentrações
de óleo mais elevadas propiciaram a formação de partículas com diâmetros ligeiramente
maiores. Em geral, concentrações de óleo mais elevadas conduzem à formação de partículas
com diâmetros maiores devido ao aumento da viscosidade na fase orgânica. Essa relação pode
ser representada por um número capilar adimensional que, geralmente, é relatado como sendo
uma função da razão de viscosidades das fases óleosa e aquosa (ηóleo / ηágua), originando
uma curva mestra clássica, denominada curva de Taylor (MOINARD-CHÉCOT et al., 2008).
Choi e colaboradores (2009) avaliaram a nanoencapsulação de eugenol,
componente majoritário do óleo essencial de cravo e de alguns manjericões, pelo método
emulsão-difusão. As nanocápsulas atingiram tamanho médio de 321,3 nm, usando a seguinte
composição: 1,67 % Pluronic F68®, 1 % policaprolactona e 2,5 % de eugenol, sob rotação de
9500 rpm durante cinco minutos. Nessa formulação foram usadas proporções semelhantes à
formulação F6, que apresentou resposta para tamanho médio de partícula 27 % menor (232,71
nm). Isso se deve possivelmente, às condições mais amenas de rotação e tempo de
homogeneização, produzindo nanocápsulas de maiores dimensões (MOINARD-CHÉCOT et
al., 2008).
O índice de dispersibilidade para o conjunto de respostas com relação às variações
de concentração dos componentes da formulação encontra-se abaixo de 0,2 (FIGURA 19),
exceto para a formulação F4. Trata-se de formulações com distribuição uniforme,
apresentando uma única e estreita faixa de valores para o tamanho das partículas geradas,
classificada como monomodal. A baixa dispersibilidade indica, também, sistemas mais
estáveis, por promover redução de efeitos indesejáveis como a separação de fases. Em alguns
casos, foram observadas pequenas faixas de partículas maiores, com diâmetros no intervalo de
3000 a 5600 nm. Todavia, a baixa incidência de partículas com estas dimensões não foi
suficiente para conferir polidispersividade às amostras.
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0
5
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0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
0
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0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
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1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
F4
Figura 193 – Distribuição e tamanho de partículas das formulações F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7 sobre o estudo da influência da concentração de cada componente (n=3).
0
5
10
15
20
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
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1281
1718
2305
3091
4145
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1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
0
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150 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
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712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
F1
F2
F3
81
F7
0
5
10
15
20
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
220
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396
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712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
F5
Fonte: elaborado pelo autor.
Quanto à eficiência de encapsulação, a quantidade de material núcleo encapsulado
dentro das partículas obtidas nas formulações apresentou valores percentuais entre 28 % e 53
%, aproximadamente. Percentuais mais elevados foram encontrados para as amostras F4
(53,26 %) e F1 (52,08 %), não apresentando diferença estatística entre ambas. Geralmente, o
índice de encapsulação de fármacos alcançado é acima de 70 %, em nanocápsulas produzidas
pelo método de emulsão-difusão. É sabido que diferentes fatores podem influenciar na
capacidade de encapsulamento da nanocápsula produzida segundo o método emulsão-difusão.
Por exemplo, a natureza química do material núcleo encapsulado e sua polaridade são
bastante relevantes (MORA-HUERTAS et al., 2010). Para avaliar essa influência e garantir o
0
5
10
15
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
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1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
0
5
10
15
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
220
295
396
531
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955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
F6
F7
82
emprego adequado do método de encapsulação, um estudo posterior foi realizado utilizando
um éster de cadeia longa, o laurato de etila, como núcleo oleoso (item 5.4.2).
Variando-se a concentração de tensoativo de 1 a 5 % a eficiência de encapsulação
do óleo essencial diminuiu em torno de 12 %: F1 (52,1 %); F3 (39,6 %), redução
estatisticamente não significativa. Porém, composições com menores concentrações de
tensoativo que proporcionem a obtenção de um sistema monodisperso estável são desejáveis,
uma vez que grande quantidade de tensoativo implica em maiores custos e riscos à saúde
humana, sendo por isso importante determiná-la (BABOOTA et al., 2007; LACHMAN et al.,
2001).
As formulações F3, F7 e F4, cuja variação da concentração do polímero de
revestimento foi avaliada, apresentaram percentuais crescentes de eficiência de encapsulação
(28,6 %, 31,2 % e 53,3 %, respectivamente). Esse efeito pode ser explicado pela maior
disponibilidade de polímero na emulsão para revestir o conteúdo de óleo essencial. A
formulação com 5% de polímero atingiu um maior rendimento de encapsulação, mostrando
diferença significativa frente aos sistemas contendo 1 e 2,5 %.
Efeito semelhante ao do polímero foi observado quando a concentração de óleo
utilizada aumentou. Apesar de não haver diferença estatística entre as amostras, o acréscimo
de óleo aumentou a eficiência de encapsulação de 30,7 % para 34,5 % para as concentrações
mínima (1 %) e máxima (5 %), respectivamente. Ao aumentar a quantidade de óleo na fase
orgânica a viscosidade aumenta e, como resultado, obtemos nanocápsulas com maiores
diâmetros médios, o que possivelmente favoreceu um rendimento de encapsulação cerca de 4
% maior (ESMAEILI et al, 2013).
Em suma, a formulação F1 contendo 1 % de Kolliphor, 2,5 % de PCL e 2,5 % de
óleo reuniu as melhores características quanto aos parâmetros analisados, levando-se ainda
em consideração custos operacionais, por isso seu emprego na sequência desta pesquisa.
5.3.2 Influência da velocidade e tempo de emulsificação
Um fator importante envolvido na produção de emulsões é o grau de cisalhamento
e turbulência necessários à formação de dispersões líquidas com determinada granulometria
(LACHMAN et al., 2001).
Na Tabela 16 estão apresentados os resultados estatísticos das análises de
caracterização das partículas geradas nas nanoformulações, com variação da velocidade de
emulsificação entre 1.006 a 1.449 g e tempo fixado em 10 minutos. Inicialmente, foi testada a
83
composição contendo 2,5 % de cada um dos três ingredientes, que corresponde ao ponto
médio (F7) utilizado no estudo da influência da concentração dos componentes (ítem 4.3.1).
Tabela 13 – Diâmetro médio e índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e classificação macroscópica das formulações sobre o estudo da influência da velocidade de emulsificação aplicada para a produção de nanoformulação, com o tempo fixo (t=10 min).
Fórmula
Kolliphor
P 188®
(%)
PCL
(%)
OELS
(%)
ROTA
(g)
DMB (nm)
IPDC
EED (%)
CME
FR1 2,5 2,5 2,5 644 259,9±26,6ª 0,21±0,01 31,8±0,8ª N
FR2 2,5 2,5 2,5 1.006 213,1±11,1b 0,14±0,01 31,2±8,2ª N
FR3 2,5 2,5 2,5 1.449 168,9±12,9c 0,13±0,08 30,8±7,5ª N A Rotação; B Diâmetro Médio; C Índice de dispersibilidade; D Eficiência de Encapsulação; E Classificação Macroscópica. a-cMédias com sobrescritos diferentes dentro de mesma coluna são significativamente diferentes (P <0,05). Fonte: elaborado pelo autor.
A variação da velocidade de agitação não provocou alteração no aspecto visual
das nanoformulações, mantendo-se leitosas, fluidas e com ausência de separação de fases
(FIGURA 20), embora um aumento significativo do diâmetro médio das partículas tenha
ocorrido quando aplicados menores velocidades de rotação.
Figura 204 – Aspecto macroscópico das nanoformulações sobre o estudo da influência da velocidade de agitação no processo de emulsificação.
Fonte: elaborado pelo autor.
84
O emprego de níveis de rotação mais elevados promoveu a formação de
dispersões com menores diâmetros médios de partículas, que sofreu uma redução de
aproximadamente 35 % entre as velocidades mínima (FR1) e máxima (FR3). A emulsão FT3
submetida à alta velocidade de agitação (1.449 g) apresentou menores partículas, seguida das
formulações FTR2 (1.006 g) e FTR3 (644 g), conforme resultados da Tabela 16. Esse efeito é
observado principalmente, em casos que utilizam o processo de emulsão-difusão para
formação de nanocápsulas (SOUTO et al., 2012; MOINARD-CHÉCOT et al., 2006).
Observa-se que durante a etapa de emulsificação da fase orgânica na fase aquosa, o aumento
da agitação provoca uma diminuição das dimensões das nanopartículas, devido à completa
solubilização do óleo na fase interna promovida pela alta tensão de cisalhamento fornecido ao
sistema (IZQUIERDO et al., 2005; MORALES, 2003).
O índice de dispersibilidade para as amostras FR2 e FR3, em que foram aplicadas
rotações mais elevadas (1.006 e 1.449 g, respectivamente) apresentou valores próximos à 0,1,
considerados sistemas mais estáveis. Entretanto, a formulação homogeneizada a 644 g (FR1)
ultrapassou o limite de distribuição de partícula (FIGURA 21) desejável para sistemas
nanoestruturados (IPD 0,25).
Figura 21 – Distribuição e tamanho de partículas das formulações FR1, FR2 e FR3 sobre o estudo da influência da intensidade de emulsificação para a produção de nanoformulação, com o tempo fixo (t=10 min).
02468
1012
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
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295
396
531
712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
0
5
10
15
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
220
295
396
531
712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
FR1
FR2
85
Fonte: elaborado pelo autor.
A eficiência de encapsulação não sofreu alteração dentro das condições avaliadas e
apresentou uma média de 31,24±0,52 % de óleo contido em nanocápsulas para esses sistemas.
A fim de se determinar a melhor condição de intensidade e tempo de
emulsificação para a formulação F1 (1 % tensoativo; 2,5 % polímero de revestimento e 2,5 %
óleo essencial), previamente selecionada através das análises de tamanho médio e distribuição
das nanocápsulas e eficiência de encapsulação, foram testadas as seguintes condições: (1)
faixa de FCR entre 1.006 e 1.449 g e (2) tempos de processo entre cinco e dez minutos. A
Tabela 17 fornece os resultados de diâmetro médio de partículas, índice de dispersibilidade,
eficiência de encapsulação, a partir dos quais foram gerados diagramas de pareto.
Tabela 14 – Diâmetro médio e índice de dispersibilidade, eficiência de encapsulação e classificação macroscópica das formulações sobre o estudo da influência da intensidade de agitação para a produção de nanoformulação, com variação do tempo de emulsificação.
Fórmula
Kolliphor
P 188®
(%)
PCL
(%)
OEL
S (%)
RCFA
(g)
Tempo
(min.) DMB (nm) PdIC EED (%) CME
FRT1 1,0 2,5 2,5 1.006 10 184,7±2,5 0,16±0,01 32,9±3,2 N
FRT2 1,0 2,5 2,5 1.006 5 173,6±15,9 0,13±0,02 36,0±0,9 N
FRT3 1,0 2,5 2,5 1.449 10 168,9±12,9 0,13±0,08 30,8±7,5 N
FTR4 1,0 2,5 2,5 1.449 5 170,2±3,8 0,10±0,03 30,6±2,4 N
FTR5 1,0 2,5 2,5 1.217 7’5’’ 177,7±2,9 0,12±0,03 28,9±1,6 N A Força centrífuga relativa; B Diâmetro Médio; C Índice de dispersibilidade; D Eficiência de Encapsulação; E Classificação Macroscópica. a-cMédias com sobrescritos diferentes dentro de mesma coluna são significativamente diferentes (P <0,05).F Fonte: elaborado pelo autor.
0
5
10
15
20
0 7 9 12 16 21 28 38 51 68 91 122
164
220
295
396
531
712
955
1281
1718
2305
3091
4145
5560
7456
1000
0
INT
EN
SID
AD
E (
%)
TAMANHO (nm)
FR3
86
No estudo dos efeitos padronizados dos diagramas de pareto, representados nas
Figuras 22 e 23, notou-se que para o nível de 95% de confiança (P < 0,05) os termos lineares
de intensidade e tempo de agitação não exerceram efeito estatisticamente significativo sobre o
tamanho das partículas ou rendimento de encapsulação.
Figura 22 – Estimativa do efeito padronizado da intensidade e tempo de agitação no processo de emulsificação para a variável resposta tamanho de partícula.
Figura 23 – Estimativa do efeito padronizado da intensidade e tempo de agitação no processo de emulsificação para a variável resposta eficiência de encapsulação.
,4154642
-,993834
2,28398
p=,05
(2)Tempo (min)
(1)Agitação (rpm)
1by2
,4154642
-,993834
2,28398
Fonte: elaborado pelo autor.
Em geral, nanocápsulas menores são obtidas quando se aplica maiores
intensidades e tempos de agitação (MOINARD-CHÉCOT et al., 2006), implicando por outro
lado em possível diminuição do rendimento de óleo encapsulado. Embora, às vezes, o
1,672949
-2,14303
-3,31825
p=,05
(2)Tempo (min)
1by2
(1)Agitação (rpm)
1,672949
-2,14303
-3,31825
87
emprego de alta energia (elevada tensão de cisalhamento) possa gerar partículas maiores por
favorecer o processo de coalescência das dispersões (FERNANDEZ et al., 2004).
Desse modo, a formulação FRT2, emulsificada a 1.006 g por 5 min, foi
selecionada para os ensaios de estabilidade, caracterização morfológica e térmica, em razão
de ter se enquadrado melhor nos requisitos para processos a empregar menor tempo e energia
de cisalhamento.
5.3.3 Influência do tipo de óleo contido no interior da membrana polimérica
O tipo de óleo utilizado no núcleo polimérico das nanocápsulas exerce forte
influência sobre algumas propriedades desses nanocarreadores. A eficiência de
enapsulamento representa um dos parâmetros que são afetados pela natureza e concentração
do núcleo oleoso (MOINARD-CHECOT et al., 2008; MORA-HUERTAS et al., 2010;
MORA-HUERTAS et al., 2012). Nanocápsulas em que seu ingrediente ativo é um óleo,
geralmente, não utilizam um segundo óleo veículo, como é observado no caso de
encapsulação de grande parte dos fármacos, por exemplo, ou até mesmo de extratos vegetais
(HABIB et al. 2012; SURASSMO et al. 2010; FLORES et al. 2011).
Em geral, o método de emulsão-difusão promove elevados rendimentos de
encapsulação dos ingredientes ativos, com resultados acima de 70% (MORA-HUETAS et al.,
2010). No entanto, durante o desenvolvimento das suspensões de nanocápsulas do óleo
essencial de L. sidoides foi observado que o máximo rendimento atingido foi cerca de 50%.
Dessa forma, um teste de encapsulação com o éster laurato de etila (LE), pelo mesmo método
e mesmas condições da formulação selecionada (1.006 g por 5 minutos), foi realizado a fim
de avaliar a influência do tipo de óleo utilizado como núcleo oleoso.
O uso combinado do éster LE e do OELS promoveu um aumento da eficiência de
encapsulação a partir da proporção 1:1 dos ingredientes (formulação FLE2) quando
comparado às formulações contendo somente o óleo essencial (28-53 %), chegando a atingir
70 % de encapsulação quando o LE é utilizado em 5 % (formulação FLE3). A substituição
total do OELS pelo LE no interior da mebrana polimérica apresentou resultados ainda
superiores, e alcançou um rendimento de aproximadamente 93 % na formulação contendo 1%
(FLE4). Essa variação na eficiência de encapsulação ao utilizar diferentes materiais de
paredes poliméricos bem como diferentes tipos de óleos é relatada em outros estudos e ocorre,
geralmente, devido a afinidade entre os componentes. A Tabela 18 apresenta os resultados
obtidos quanto à eficiência de encapsulação neste sistema.
88
Tabela 15 – Eficiência de encapsulação utilizando LE como núcleo oleoso.
Formulação Tensoativo
(%) PCL (%) OELS (%) LE (%) EEA (%) CMB
FLE1 1 2,5 2,5 1 45,9 N
FLE2 1 2,5 2,5 2,5 58,4 N
FLE3 1 2,5 2,5 5 70,6 N
FLE4 1 2,5 - 1 93,3 N
FLE5 1 2,5 - 2,5 67,9 N
FLE6 1 2,5 - 5 42,6 N A Eficiência de Encapsulação; B Classificação Macroscópica. Fonte: elaborado pelo autor.
O encapsulamento do óleo essencial de L. sidoides também foi estudado
utilizando gomas reginais como material de parede através do método de nanoprecipitação,
em que foram obtidos tamanhos médios de partículas em escala nano (10-1000 nm) e cuja
eficiência variou entre 15 e 62 %, considerada baixa para o método empregado (LIMAYEM
et al., 2006; TEIXEIRA et al., 2005; AMELLER et al., 2003). Neste caso a interação
polímero-óleo foi um fator relevante em se tratanto de eficiência de encapsulação dos
sistemas formados (OLIVEIRA, 2012), fato que possivelmente, também levou à eficiência
abaixo do esperado durante o estudo atualmente proposto. Apresentando-se o LE, como
núcleo oleoso de maior afinidade com o PCL.
Além da interação entre o polímero e o óleo, alguns óleos também podem
apresentar certa capacidade de dissolver o polímero de revestimento no qual estão contidos,
como no caso do benzoato de benzila, matéria-prima amplamente relatada na literatura para
constituir o núcleo oleoso de nanocápsulas polimérias. Com isso há uma perda facilitada do
ingrediente ativo, que leva ao baixo rendimento de encapsulação (GUTERRES et al., 2000;
SCHAFFAZICK et al., 2002).
5.4 Ressonância Magnética nuclear (RMN)
A confirmação da presença de óleo essencial de L. sidoides nas nanocápsulas foi
feita através de análises de RMN. O espectro de RMN 1H (600 MHz, CDCl3) do timol
(FIGURA 24) e do óleo (FIGURA 25) exibiu sinais em d 7,11, 6,78 e 6,61, associados ao anel
benzênico trissubstituído, e sinais em d 3,22, 2,31 e 1,28 relacionados aos hidrogênios
89
alifáticos (FIGURAS 24 e 25). Além disso, o espectro do óleo essencial apresentou sinais
menos intensos correspondentes aos constituintes terpênicos minoritários. O espectro do
polímero PCL (600 MHz, CDCl3) consistiu de dois tripletos em d 4,04 e 2,28, referentes a
hidrogênios de éster, e sinais em d 1,61 e 1,36, pertencentes a hidrogênios alquílicos
(FIGURA 24). O espectro do tensoativo Kolliphor (600 MHz, D2O) apresentou sinais na
região de d 3,65-3,32 de hidrogênios de carbonos oxigenados e um singleto em d 0,92 de
hidrogênios metílicos (FIGURA 24). No espectro das nanocápsulas do óleo essencial (600
MHz, CDCl3) foram observados todos esses sinais, evidenciando o encapsulamento (FIGURA
26).
Figura 24 – Espectro RMN dos componentes (a) PCL, (b) Kolliphor P 188 e (c) OELS.
90
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 25 – Espectro RMN do timol comercial (99%).
Fonte: elaborado pelo autor.
91
Figura 26 – Espectro RMN do (a) conjunto PCL (10 mg) + Kolliphor P188 (2 mg) +OELS (2mg) e da (b) suspensão de nanocápsulas contendo OELS.
Fonte: elaborado pelo autor.
5.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A morfologia externa e o tamanho médio das nanocápsulas de OELS, contidas na
formulação FRT2, foram analisados através da técnica de MEV e obtidas imagens com
aumentos de 1.000 à 20.000 vezes.
As fotomicrografias obtidas das nanocápsulas em suspensão concentrada (Figura
27), bem como das nanocápsulas recuperadas por ultracentrifugação (FIGURA 28), revelam
formas esféricas, ausência de fissuras, indicando a formação de um filme contínuo na parede
externa das cápsulas. As micrografias da população de nanocápsulas em suspensão
concentrada apresentaram partículas com diâmetros médios acima de 1 µm. Imagens com
menores aumentos revelaram pontos de aglomeração, com tamanhos acima de 10 µm. Esse
processo pode ocorrer pela deposição de nanocápsulas no momento do preparo da amostra,
92
visto que o gotejamento subsequente da suspensão concentrada, ainda que diluída, pode
promover formação de aglomerados.
Figura 27 – Fotomicrografia das nanocápsulas em suspensão concentrada por MEV (Formulação FRT2).
Fonte: elaborado pelo autor.
A formação de aglomerados é frequentemente presenciada em imagens obtidas
por MEV e microscopia eletrônica de transmissão (MET) em dispersões de nanocápsulas,
quando o tensoativo ainda está presente na amostra (HABIB et al., 2012; SURASSMO et al.,
2010; CHOI et al., 2009). Isso mostra que o tensoativo possivelmente, seja um fator relevante
para que ocorra a aglomeração das nanocápsulas durante o gotejamento da suspensão
concentrada, intensificando a formação de partículas em dimensões micro (10-6).
93
Figura 28 – Fotomicrografia das nanocápsulas recuperadas por ultracentrifugação por MEV (Formulação FRT2).
Fonte: elaborado pelo autor.
No preparo das amostras de nanocápsulas recuperadas, a concentração de
tensoativo foi reduzida a ponto de não exercer o efeito de aglomeração das partículas, tal
como observado anteriormente na amostra de suspensão concentrada. A lavagem da
suspensão concentrada seguida do processo de separação por ultracentrifugação permitiu a
visualização de cápsulas esféricas bem definidas em escala nano, representadas na Figura 28.
Foram observadas partículas com diâmetros abaixo de 500 nm, assim como registrado nas
análises realizadas pela técnica de espalhamento dinâmico de luz. Nessa metodologia,
também foi possível a redução de aglomeração devido a menor frequência de gotejamento
para análise e ausência do processo de liofilização empregado em algumas metodologias de
recuperação de nanocápsulas (YOUM et al., 2011).
94
5.6 Análises Térmicas
Para verificar a estabilidade térmica das nanocápsulas poliméricas formadas foram
realizadas análises através das técnicas de Termogravimetria (TGA) e Calorimetria diferencial
de varredura (DSC).
5.6.1. Termogravimetria (TGA)
A Tabela 19 indica as temperaturas em que ocorreram 10, 50 e 90 % de perda da
massa total. Uma redução da massa total dos componentes Kolliphor P 188, PCL e óleo
essencial, ocorreu em temperaturas de, aproximadamente, 400, 450 e 210 ºC,
respectivamente. Observa-se que maior energia foi requerida para provocar a degradação
química do polímero de revestimento, assim como previsto. O PCL, formador da parede
polimérica, tem a função de isolar e proteger o núcleo contendo o óleo volátil, que exigiu
energia inferior de degradação, cerca de 47 % menor. O Kolliphor P 188®, também
apresentou perda de massa total em temperatura inferior ao do PCL. No entanto, foi possível
observar que seu processo de degradação foi mais lento. As temperaturas necessárias para
perda de 10 a 50 % e de 50 a 90 % da sua massa total foram de 72 ºC e 43 ºC,
respectivamente, demonstrando boa estabilidade.
Tabela 16 – Temperaturas de degradação dos componentes Kolliphor P 188®, PCL e óleo essencial de Lippia sidoides (OELS). Componente T0.1
a (ºC) T0.5b (ºC) T0.9
c (ºC) ΔT0.9d (ºC)
Kolliphor P188® 270 342 385 185
PCL 371 404 430 230
OELS 127 176 200 - a Temperatura em que ocorreu 10 % de perda de massa total; b Temperatura em que ocorreu 50 %; c Temperatura em que ocorreu 90 % de perda da massa total; d Diferença de temperatura em que ocorreu 90% de perda da massa total entre o PCL e o OELS e o Kolliphor P188® e o OELS. Fonte: elaborado pelo autor.
Os perfis da primeira derivada da curva de TGA (DTG) fornecem informações
mais detalhadas sobre o comportamento da troca de massa ocorrida durante o processo de
oxidação. As curvas termogravimétricas para cada componente da suspensão de nanocápsulas
estão apresentadas nas Figuras 29, 30 e 31. Curvas nas cores azuis representam os perfis de
95
TGA em percentual de perda de massa, enquanto as linhas vermelhas correspondem à
primeira derivada da curva de TGA.
Foi possível observar que as perdas de massa ocorreram em um único estágio para
todas as amostras analisadas, conforme as curvas vermelhas indicadas (FIGURA 29, 30 e 31).
A taxa de perda máxima dos componentes Kolliphor P188®, PCL e OELS ocorreu em torno
de -10, -21 e -15% por minuto, respectivamente, com faixa de temperatura variando entre 400
e 200 ºC. O PCL e o Koliphor P 188® apresentaram temperatura da taxa de perda
aproximadas, com diferença de 28,4 ºC. Portanto a magnitude do efeito protetor conferido
pelo PCL possivelmente não será afetada na formação das nanocápsulas. Enquanto que a
presença de agente tensoativo Kolliphor P 188® poderá fornecer melhor estabilidade físico-
química para as nanocápsulas contendo OELS.
Figura 29 – Curva de TGA do tensoativo Kolliphor P188®.
Fonte: elaborado pelo autor.
96
Figura 30 – Curva de TGA do polímero de revestimento PCL.
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 31 – Curva de TGA do óleo essencial de L. sidoides.
Fonte: elaborado pelo autor.
5.6.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC)
Análise com taxa de aquecimento 10ºC.min-1 foi realizada na suspensão de
nanocápsulas liofilizada, bem como em cada componente da formulação. O termograma das
97
nanocápsulas gerada apresentou uma transição endotérmica de fusão na temperatura de 52,83
ºC conforme Figura 32. Nesse evento foi possível observar uma discreta sobreposição de
picos, sugerindo a formação de um segundo evento térmico. Altas razões de aquecimento
tendem a alargar a forma do pico (BERNAL et al., 2002) e, dessa forma, análises utilizando
menor taxa de aquecimento (5 ºC.min-1) foram realizadas a fim de observar a máxima de
eventos térmicos das amostras (FIGURA 32).
Figura 32 – Termogramas de DSC da suspensão de nanocápsulas liofilizada (NC) com taxas de aquecimento de 10 ºC.min-1 e 5ºC.min-1.
Fonte: elaborado pelo autor.
Nas análises de DSC com razão de aquecimento de 5 ºC.min-1, pôde-se observar
que houve um discreto deslocamento nas temperaturas de fusão com relação ao termograma
gerado ao aplicar razão de 10 ºC.min-1. Foi observado também que em menor razão de
aquecimento, mais agudo e menos intenso foram os picos gerados. Com isso, foi possível
detectar a separação de picos sobrepostos no termograma obtido da suspensão de
nanocápsulas liofilizada, indicando dois picos de fusão nas temperaturas de 51 ºC e 58 ºC,
aproximadamente. A separação dos picos evidencia que, possivelmente, não houve interação
entre o agente tensoativo e o polímero de revestimento da formulação.
Os termogramas da suspensão de nanocápsulas liofilizada e de cada componente
da formulação representadas na Figura 33 mostram que, no ciclo de aquecimento com 5
98
ºC.min-1 os eventos térmicos foram predominantemente de primeira ordem, com variações de
entalpia do tipo endotérmica entre as temperaturas de 30 ºC e 80 ºC.
Figura 33 – Termogramas de DSC da suspensão de nanocápsulas liofilizada (NC), o Kolliphor P188® (KOL), o óleo essencial de L. sidoides (OELS) e o policarpolactona (PCL) com taxa de aquecimento 5ºC.min-1.
Fonte: elaborada pelo autor.
Conforme a Tabela 20, o PCL e o Kolliphor P188®, exibiram variações de
entalpia endotérmicas de fusão, nas temperaturas de 58,2 ºC e 128,4 ºC, respectivamente.
Tabela 20 – Eventos térmicos do DSC para a suspensão de nanocápsulas liofilizada e de cada componente da formulação com taxa de aquecimento de 5ºC.min-1.
Amostras
Taxa de aquecimento 5ºC.min-1
Temperatura
endotérmica
(ºC)
Entalpia
endotérmica
(J.g-1)
Temperatura
exotérmica
(ºC)
Entalpia
exotérmica
(J.g-1)
Kolliphor P188® 52,21 128,4 153,70 27,75 PCL 60,87 58,15 252,44 26,97
OELS 31,71 248,12
33,84 276,4
- -
NC liofilizadas 51,15 119,30 214,34 20,47 Fonte: elaborado pelo autor.
99
Foi observado ainda, a presença de picos exotérmicos nos termogramas do
Kolliphor P188® e do PCL nas temperaturas de 153,70 ºC e 252,44 ºC, correspondente à uma
possível reação de decomposição destes materiais (TABELA 20).
O óleo essencial apresentou pico endotérmico em temperatura (30 ºC) diferente do
ponto de fusão do timol 99 % (Sigma-Aldrich) obtido experimentalmente (Figura 34), que foi
de 62 ºC, aproximadamente. O abaixamento da temperatura de fusão se deveu a influência
dos outros constituintes da mistura oleosa.
Figura 34 – Termograma de DSC do timol comercial 99 %.
Fonte: elaborada pelo autor.
Os pontos de fusões de cada componente da formulação se mantiveram reunidos
numa faixa próxima de temperaturas (52-61 ºC), indicando que as nanocápsulas em suspensão
se mantiveram termicamente estáveis, pois apresentaram picos de transição térmica de fusão
dentro da faixa observada para cada componente, não sofrendo variação de temperatura. Além
disso, um evento exotérmico foi observado na temperatura de ~241 ºC, indicando elevada
estabilidade de degradação das nanocápsulas liofilizadas.
5.7 Teste de estabilidade acelerada
O teste de estabilidade foi empregado para acelerar possíveis reações entre os
componentes da formulação e o surgimento de sinais que foram observados e analisados de
acordo com as temperaturas de 5, 25 e 40 ºC, no tempo de armazenamento de 60 dias
100
(ANVISA, 2004). Os parâmetros adotados para avaliação durante o período de estudo foram o
diâmetro médio e distribuição de partículas, potencial zeta e teor de timol encapsulado. Na
Tabela 21 encontram-se os resultados obtidos para as nanoformulações submetidas ao
armazenamento em temperaturas de 5±2 ºC, 25±2 ºC e 40±2 ºC.
Tabela 21 – Diâmetro médio das partículas, índice de dispersibilidade, potencial zeta, teor de timol e classificação macroscópica das formulações armazenadas à temperatura de 5, 25 e 40 ºC. Temperatura 5 ºC
Tempo DM A (nm) PdIB ζC (mV) Teor de timol (%)
24h 193,2±0,9a 0,13±0,01ª -45,3±4,5ª 24,49±10,63ª
7dias 194,5±5,9a 0,11±0,03ª -41,7±5,9ª 17,12±1,35ª
15dias 194,2±2,7a 0,13±0,01ª -35,9±2,5ª 18,74±0,68ª
30dias 194,7±5,7a 0,13±0,03ª -37,8±2,4ª 20,55±1,07ª
60dias 192,7±2,2a 0,13±0,02ª -43,4±4,2ª 25,55±2,92ª
Temperatura 25 ºC
Tempo DMA (nm) PdIB ζC (mV) Teor de timol (%)
24h 205,3±11,2a 0,16±0,04ª -42,2±3,0c 10,29±11,02b
7dias 200,1±4,6a 0,15±0,02ª -45,5±5,4c 18,77±0,80a
15dias 196,4±3,1a 0,14±0,02ª -29,3±6,7b 18.43±0,49a
30dias 197,1±1,8a 0,13±0,00a -17,2±0,8ª 19,29±1,97a
60dias 193,8±0,7a 0,11±0,01ª -21,3±6,3ªb 26,83±2,19a
Temperatura 40 ºC
Tempo DMA (nm) PdIB ζC (mV) Teor de timol (%)
24h 194,28±7,3a 0,13±0,02ª -42,6±4,1ª 8,15±12,51ª
7dias 190,20±5,4a 0,12±0,02ª -31,9±11,9ª 16,79±0,40ª
15dias 191,25±4,3a 0,14±0,02ª -6,8±9,2c 18,69±1,32ª
30dias 190,45±7,9a 0,11±0,03ª 0,9±11,1b 21,36±1,17ª
60dias 188,83±5,3a 0,11±0,02ª -3,5±20,9bc 39,95±1,06b A Diâmetro Médio; B Índice de disperasibilidade; C Potencial zeta e D Classificação Macroscópica. a-cMédias com sobrescritos diferentes dentro de mesma coluna são significativamente diferentes (P <0,05). Fonte: elaborada pelo autor.
101
5.7.1 Diâmetro médio e distribuição das partículas
A análise do tamanho de partícula pode indicar a tendência à agregação e
sedimentação das nanocápsulas dispersas em função do tempo, podendo ser monitorado pela
determinação de mudanças na distribuição de tamanho de partículas, demonstrando ser uma
ferramenta importante na avaliação da estabilidade de sistemas coloidais (BOUCHEMAL et
al., 2006).
Os resultados de diâmetro médio das partículas em suspensão concentrada não
apresentaram diferença significativa em todas as temperaturas estudadas durante os 60 dias de
armazenamento (TABELA 21). O tamanho médio das partículas sob as diferentes condições
de temperatura foi de 195,6±5,6 nm, com baixo desvio padrão entre as amostras analisadas,
embora uma diferença significativa no tamanho tenha sido avaliada entre as temperaturas de 5
ºC e 25 ºC nas primeiras 24 horas, após o preparo das formulações. (FIGURA 35).
Figura 35 – Diâmetro médio de partículas em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias.
Fonte: elaborada pelo autor.
Os aspectos macroscópicos das formulações também permaneceram estáveis, não
tendo sido observado sinais de instabilidade como mudança de cor decorrente de reações entre
os componentes, separação de fases ou sedimentação, classificada como macroscopicamente
normal.
102
As suspensões concentradas de nanocápsulas apresentaram baixos índices de
dispersibilidade, com valores compreendidos entre 0,1 e 0,2, em todas as condições de
temperatura. A distribuição de partículas obtidas para os sistemas foi do tipo monomodal,
representando suspensões estáveis e baixo efeito do fator temperatura na análise desse
parâmetro (FIGURA 36).
Figura 36 – Índice de dispersibilidade em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias.
Fonte: elaborada pelo autor.
5.7.2 Potencial zeta
O potencial zeta é uma medida da magnitude da repulsão ou da atração
eletrostática das cargas entre partículas, sendo um dos parâmetros fundamentais que afetam a
estabilidade. Sua medição permite avaliar sobre as causas da dispersão, agregação ou
floculação, podendo ser aplicada para melhorar a formulação de dispersões, emulsões e
suspensões (MALVERN, 2014).
No tempo de 24 horas de análise, todas as formulações exibiram um elevado
potencial zeta. As nanocápsulas em suspensão concentrada se apresentaram carregadas
negativamente com valor de potencial zeta dentro da faixa que representa uma boa
estabilidade das suspensões (-41 a -50) conforme Figura 37. Nesta faixa, prevalece a força
103
eletrostática de repulsão que supera a tendência natural aos processos de agregação e
precipitação (SCHRAMM et al., 2005).
Durante sete dias, os valores permaneceram em faixa estável. Porém, a partir do
15º dia foi observada alteração significativa de potencial zeta nas formulações armazenadas a
temperaturas mais elevadas (25 e 40 ºC). Na temperatura de 25 ºC, as amostras sofreram
redução de estabilidade, passando de um potencial zeta de -45,5 para -21,3, contudo os
aspectos macroscópicos não demonstraram sinais de modificação.
As formulações acondicionadas em temperatura de 40 ºC obtiveram potenciais
bastante modificados, chegando à um valor médio próximo do ponto isoelétrico (0,9±11,1).
No ponto isoelétrico as partículas em dispersão encontram-se com cargas negativas e
positivas igualmente distribuídas, com tendência à formação de agregados, exercida pela força
de atração promovida entre cargas opostas. Contudo, não demonstrou efeito sobre o aspecto
visual, tido como normal durante os 60 dias de observação.
Figura 37 – Potencial zeta em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias.
Fonte: elaborada pelo autor.
5.7.3 Teor de Timol
O teor de timol se manteve estável durante 60 dias de armazenamento nas
formulações submetidas à temperatura de 5 ºC, não apresentando diferenças significativas
104
(TABELA 21). Enquanto que nas temperaturas mais elevadas (25 e 40 ºC) os teores sofreram
variações significativas, observando-se efeito crescente do teor de timol ao longo dos 60 dias
de acondicionamento. Essa tendência também foi observada nas formulações armazenadas à
5ºC embora não tenha apresentado diferença estatística (FIGURA 38).
Em temperaturas mais elevadas o timol livre, ou seja, não encapsulado, tende a
diminuir mais abruptamente, gerando o resultado inusitado do aumento do seu teor. Isso
porque o teor de timol foi determinado a partir da diferença entre o total de óleo essencial
utilizado na formulação e a quantidade de óleo livre extraído através da partição com hexano.
É possível também que haja, durante esse período, a degradação do PCL.
Polímeros poliésteres alifáticos podem ter sua cinética de degradação in vitro afetada por
fatores como: método de preparação do sistema de liberação; propriedades do polímero
utilizado como sua massa molar inicial e por parâmetros físico-químicos que incluem
temperatura, pH, força iônica e exposição à radiação gama (LEMOINE et al., 1996).
Nanocápsulas de PCL são afetadas pela degradação polimérica entre 10 a 15
semanas, dependendo da presença e tipo de tensoativo (LAMPRECHT et al., 2002). Nesse
caso, a liberação do óleo volátil ocorre por degradação da parede polimérica e, como
consequência, o aumento da concentração de timol livre na suspensão de nanocápsulas com o
tempo de acondicionamento poderia ser observado. Assim, o teor de timol núcleo
encapsulado seria menor com o tempo, o que não foi observado.
Figura 38 – Teor de timol em suspensão concentrada de nanocápsulas sob diferentes condições de armazenagem durante teste de estabilidade de 60 dias.
Fonte: elaborada pelo autor.
105
6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
Nanocápsulas foram produzidas a partir de emulsões O/A do óleo essencial de L.
sidoides (~77 % de timol) através do método emulsão-difusão, apresentando sistemas estáveis
utilizando o tensoativo Kolliphor P 188®, com eficiência de ~50 %. O tamanho das
nanopartículas, bem como a eficiência de encapsulação foram significativamente
influenciados pela variação da concentração do polímero e da velocidade de agitação no
processo de emulsificação. A otimização do processo, obtida através da estimativa do efeito
padronizado da velocidade e tempo de agitação no processo de emulsificação, apresentou
redução no tempo de processo de 10 para 5 minutos. As partículas mostraram uma estrutura
morfológica esférica, com ausência de fissuras e tamanho de partículas abaixo de 500 nm,
assim como registrado nas análises realizadas pela técnica de espalhamento dinâmico de luz.
As análises térmicas evidenciaram alta estabilidade térmica (~214 ºC) da suspensão de
nanocápsulas liofilizadas. Durante o teste de estabilidade as nanopartículas permaneceram
com tamanhos e distribuições estáveis durante 60 dias de armazenamento, em todas as
temperaturas estudadas. Porém, uma variação no potencial zeta foi observada com 15 dias de
armazenamento nas temperaturas de 25 e 40 ºC, tornando-as mais suceptíveis à sinais de
instabilidade que, no entanto, não foram observados macroscopicamente. O teor de timol
presente se manteve inalterado em temperatura de 5 ºC, mostrando-se como temperatura
ótima para armazenamento da nanoformualção. Dessa forma, a nanoencapsulação do óleo
essencial de L. sidoides se mostra uma opção promissora para produção em escala de sistemas
estáveis para potenciais aplicações antimicrobiana.
Espera-se que o estudo de preparação de nanocápsulas do óleo essencial de L.
sidoides resulte na produção de nanoformulações dotadas de propriedades físico-químicas,
capazes de potencializar a ação biológica do óleo essencial, devido à maior solubilidade em
meio aquoso, à estabilidade contra agentes fisicos e químicos, à possibilidade de liberação
controlada e maior poder de penetração em seu alvo-biológico. Para isso, estudos
complementares posteriores podem ser realizados a fim de reforçar estas hipóteses, tais como:
análise de cor e pH como parâmetros de medida de estabilidade, combinação de tensoativos
através de estudos do EHL, comportamento reológico, cinética de liberação controlada e
testes in vitro e in vivo para estudo da concentração tóxica antimicrobiana.
106
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