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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA MANUELLA MACÊDO BARBOSA PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE GOMA DE CAJUEIRO: ASPECTOS TÉCNICOS E AMBIENTAIS FORTALEZA CE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

MANUELLA MACÊDO BARBOSA

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE GOMA DE CAJUEIRO: ASPECTOS

TÉCNICOS E AMBIENTAIS

FORTALEZA – CE

2015

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MANUELLA MACÊDO BARBOSA

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE GOMA DE CAJUEIRO: ASPECTOS

TÉCNICOS E AMBIENTAIS

Tese de Doutorado submetida à Coordenação

do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química, da Universidade Federal

do Ceará, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Doutor em Engenharia

Química

Área de Concentração:

Desenvolvimento de Processos Químicos e

Bioquímicos

Orientador: Prof. Dr. Edy Sousa de Brito

Co-orientador: Prof. Dr. Fabiano André

Narciso Fernandes

FORTALEZA - CE

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE

B199p Barbosa, Manuella Macêdo.

Processo de purificação de goma de cajueiro: aspectos técnicos e ambientais /

Manuella Macêdo Barbosa. – 2015.

164 f. : il. color. enc. ; 30 cm.

Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia,

Departamento de Engenharia Química, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química, Fortaleza, 2015.

Área de Concentração: Desenvolvimento de Processos Químicos e

Bioquímicos.

Orientação: Prof. Dr. Edy Sousa de Brito.

Coorientaçâo: Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes.

1. Engenharia química. 2. Frutas. 3. Polissacarídeos. 4. Caju. 5. Ultrassom. 6.

Solubilidade. I. Título.

CDD 660

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“Buscai primeiro o Reino de Deus e todas as

outras coisas vos serão acrescentadas.”

À minha Família

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5

AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela oportunidade concedida e por estar ao meu lado em todos os momentos em que

precisei.

Ao meu orientador e padrinho de casamento, Dr. Edy Sousa de Brito, pela paciência,

dedicação, compreensão e pelos ensinamentos que foram transmitidos ao longo dos quatro

anos de doutorado.

Ao grupo docente do departamento de Engenharia Química, em especial ao professor Dr.

Fabiano, meu co-orientador, pela oportunidade que me foi concedida de realizar o doutorado e

pelos ensinamentos ministrados ao longo desses quatro anos.

À Embrapa e a Universidade Federal do Ceará (UFC) por terem me concedido a

oportunidade de realizar os experimentos em suas instalações.

Ao meu esposo, Adriano Gonçalves Leite, por toda dedicação, compreensão,

companheirismo, amor, incentivo, fé e por todos os demais sentimentos bons que me

transmitiu para que eu pudesse alcançar os meus ideais.

Á minha filha, Ester Shekinah Macêdo Gonçalves Leite, pela sua companhia e pelos seus

sorrisos, que me inspiraram diariamente para a conclusão desta etapa de minha vida.

Á minha família: Ana Claudia Macêdo, Eliane Macêdo, Rafael Macêdo, Francisco Leite de

Araújo, Franscisca Sinhá Gonçalves Leite, Alyne Gonçalves Leite, Alexandre Gonçalves

Leite, pelo apoio, dedicação e compreensão.

Aos meus colegas do laboratório de Produtos Naturais: Tigressa, Ana Maria, Marcelo,

Jéfferson, Paulo, Patrícia, Náyra, Rosa, Valéria, Simone, Leise, Natália Moura e todos os

demais, pela companhia, ajuda e pelos momentos divertidos que passamos juntos.

Aos componentes da banca: Dr. Gustavo Adolfo Saavedra Pinto, Dra. Maria Cléa de Brito

Figuêiredo, Dr. Marcos Rodrigues Amorim Afonso, Dr. Carlucio Roberto Alves e Dra.

Morsyleide de Freitas Rosa, pela disponibilidade e por suas contribuições em minha tese de

doutorado.

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RESUMO

A goma de caju é um heteropolissacarídeo, exsudado da árvore do cajueiro, que se apresenta

com uma alternativa inovadora para o melhor aproveitamento da cultura do caju. Este estudo

é pioneiro e inovador, pois utiliza a precipitação em etanol combinada à aplicação de

ultrassom para aumentar o rendimento e melhorar características tecnológicas da goma de

cajueiro. O exsudado de cajueiro tem atraído atenção devido às suas características de

sustentabilidade, biodegradabilidade e biosegurança. O objetivo deste trabalho foi estudar a

influência dos parâmetros granulometria, temperatura, tempo, proporção de álcool e aplicação

de ultrassom na purificação da goma de cajueiro. Também avaliou-se a redução da coloração

da goma de cajueiro, através da adsorção em resinas de amberlite, características

termogravimétricas deste polissacarídeo e o impacto ambiental ocasionado pela purificação da

goma de cajueiro em escala laboratorial. Para a purificação da goma, os nódulos foram

inicialmente triturados e secos em estufa a 60 °C. Para a seleção dos parâmetros de

purificação foram estudadas partículas de exsudados com granulometria menor que 2 mm, 1

mm, 500 µm e 250 µm em intervalos de temperatura de 20-70 °C e de tempo de 15 a 120

minutos. Após a seleção dos parâmetros, as partículas passaram por um processo de moagem,

peneiramento, solubilização, filtração, decantação e secagem, dando origem à goma

purificada. Observou-se que a temperatura não exerceu influência significativa na

solubilidade da goma de cajueiro. Verificou-se que a utilização do ultrassom no processo de

purificação da goma de cajueiro acelera a nucleação, resultando em melhores rendimentos,

em menor tempo de descanso para a precipitação. As melhores condições para a purificação

da goma foram as seguintes: tamanho da partícula de 500 µm, tempo de agitação de 30

minutos, temperatura de 30 °C, proporção de solução de goma/ álcool (v/v) de 1:4,5,

aplicação de ultrassom por 2 minutos e tempo de precipitação de 90 minutos. As resinas de

amberlite que apresentaram melhor desempenho na descoloração da goma de cajueiro foram a

FPA-54, SP-850 e XAD-4. Observou-se que a temperatura de transição vítrea da goma de

cajueiro foi semelhante à da goma arábica, ficando em torno de 50°C, e que a temperatura do

início da decomposição térmica desse polissacarídeo (241,5 °C) é superior à da goma arábica

(210,3 °C), dessa forma, a goma de cajueiro mostra-se promissora como agente encapsulante

para a indústria de alimentos e farmacêutica. Verificou-se que as etapas que geraram os

maiores percentuais dos impactos ambientais, durante a obtenção da goma, foram a

moagem/peneiramento e a decantação.

Palavras-chave: exsudado, polissacarídeo, caju, ultrassom, solubilidade.

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ABSTRACT

The cashew gum is a heteropolysaccharide, exudate of cashew tree, which presents with an

innovative alternative to the better utilization of cashew crop. This study is pioneering and

innovative because it uses the combined ethanol precipitation and application of ultrasound to

increase yields and improve technological characteristics of cashew gum.The exudate cashew

has attracted attention due to its characteristics of sustainability, biodegradability and

biosafety. The objective of this work was to study the influence of grain size, temperature,

time, alcohol ration and application of ultrasound parameters in the purification of cashew

gum. The reduction in color of the cashew gum by adsorption on amberlite resins,

thermogravimetric characteristics of this polysaccharide and the environmental impact caused

by the purification of cashew gum in laboratory scale were evaluated also. For purification of

cashew gum, nodules were first crushed and dried at 60 ° C. For the selection of purification

parameters exudates smaller size of particles than 2 mm, 1 mm , 500 and 250 microns in

increments temperature 20-70 ° C and time 15 to 120 minutes were studied . After selecting

the parameters, the particles were milled, sieved, solubilized, filtered, decanted and dried,

producing a purified gum. It was observed that the temperature does not significantly

influence the solubility of the cashew gum. It has been found that the use of ultrasound in the

purification process of the cashew gum accelerates the nucleation, resulting in better yields, in

shorter rest time for the precipitation. The best conditions for the purification of gum were as

follows: size of particle of 500 microns, time of agitation of 30 minutes, temperature at 30 °

C, the proportion of the solution cashew gum/ ethanol (v / v) of 1:4.5, application of

ultrasound for 2 minutes and precipitation time of 90 minutes. Amberlite resins which showed

better performance in discoloration of cashew gum were the FPA- 54, SP - 850 and XAD - 4.

It was observed that the glass transition temperature of cashew gum was similar to that of

arabic gum, being around 50 ° C, and the temperature of onset of thermal decomposition of

this polysaccharide ( 241.5 ° C) is higher than the arabic gum ( 210.3 ° C ) , thus the cashew

gum is being promising as the encapsulating agent for food and pharmaceutical industry. It

was found that the steps that generated the highest percentage of environmental impacts for

obtaining the gum in laboratory scale were grinding/sieving and sedimentation.

Keywords: exudate, polysaccharide, cashew, ultrasound, solubility.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO 02 Revisão de Literatura 23

Figura 01 Princípio funcional de um fluxo de calor de DSC 35

Figura 02 Representação da entalpia e capacidade calorífera como função

da temperatura para a transição de fases (a) de primeira ordem e

(b) de segunda ordem

37

Figura 03 Representação de curva de DSC 40

Figura 04 Representação de determinação da Tg em gráfico obtido por

DSC

41

Figura 05 Fases de implantação de uma ACV 42

Figura 06 Representação das entradas e saídas em um sistema e

subsistema de produto

43

Figura 07 Representação dos grupos do limites de um sistema 44

Figura 08 Elementos da fase de uma análise de inventário do ciclo de vida

46

Figura 09 Conceito dos indicadores de categoria 47

Figura 10 Exemplos de termos utilizados em avaliação de impacto de

análise de inventário de ciclo de vida

49

Figura 11 Inter-relações entre emissões, categorias de impacto e potencial

de impacto

49

CAPÍTULO 03 Estudo da purificação da Goma de Cajueiro 67

Figura 01 Variação da solubilização integral da goma de cajueiro com

partícula de 250 μm em função da temperatura.

73

Figura 02 Saturação das partículas de goma de cajueiro (tamanho 250 e 500

μm) em função da concentração

74

Figura 03 Variação da solubilização da goma de cajueiro de partículas com

tamanho de 2 mm, 1 mm, 500 μm e 250 μm com o tempo

75

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CAPÍTULO 04 Descoloração da goma de cajueiro utilizando adsorção em

resinas de Amberlite

82

Figura 01 Valores de L* para os ensaios de adsorção realizados em 10

minutos para a goma purificada por precipitação convencional

91

Figura 02 Valores de L* para os ensaios de adsorção realizados em 10

minutos para a goma purificada por método assistido por

ultrassom

93

Figura 03 Valores do parâmetro a* de cor instrumental para os ensaios de

adsorção realizados em 10 minutos para a goma purificada por

método convencional

94

Figura 04 Valores do parâmetro a* de cor instrumental para os ensaios de

adsorção realizados em 10 minutos para a goma purificada por

método assistido por ultrassom

95

Figura 05 Valores de b* para os ensaios de adsorção realizados em 10

minutos para a goma purificada por método convencional

97

Figura 06 Valores de b* para os ensaios de adsorção realizados em 10

minutos para a goma purificada por método assistido por

ultrassom

98

Figura 07 Evolução do parâmetro L* de cor instrumental com o tempo para

as gomas purificadas obtida por método convencional (sem

ultrassom-SU) e por método assistido por ultrassom (CU)

108

Figura 08 Evolução do parâmetro a* de cor instrumental com o tempo para

as gomas purificadas obtida por método convencional (sem

ultrassom-SU) e por método assistido por ultrassom (CU)

110

Figura 09 Evolução do parâmetro b* de cor instrumental com o tempo para

as gomas purificadas obtida por método convencional (sem

ultrassom-SU) e por método assistido por ultrassom (CU)

111

Figura 10 ΓE de coloração para a combinação das resinas de Amberlite no

tempo de 30 minutos para as gomas purificadas obtida por método

113

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convencional (sem ultrassom-SU) e por método assistido por

ultrassom (CU)

Figura 11 ΓE de coloração para a combinação das resinas de Amberlite em

ensaios de descoloração realizados em coluna

114

CAPÍTULO 05 Comparação entre o comportamento térmico da goma de cajueiro,

goma arábica e maltodextrina

118

Figura 01 Curva de TGA/DGT de Goma de Cajueiro 123

Figura 02 Curva de TGA/DGT de Goma de Arábica 124

Figura 03 Curva de TGA/DGT de Maltodextrina com Dextrose-equivalente

de 16,5-19,5

125

Figura 04 Curva de TGA/DGT de Maltodextrina com Dextrose-equivalente

de 4,0-7,0

126

Figura 05 Curva de DSC para a Goma de Cajueiro 128

Figura 06 Curva de DSC para a Goma de Arábica 129

Figura 07 Curva de DSC para a Maltodextrina com dextrose equivalente de

16,5-19,5

130

Figura 08 Curva de DSC para a Maltodextrina com dextrose equivalente de

4,0-7,0

131

CAPÍTULO 06

Avaliação do Ciclo de Vida da Produção de Goma de Cajueiro

Purificada Com e Sem a Presença de Ultrassom em Comparação à

Maltodextrina

134

Figura 01 Fronteira dos processos unitários que integram o sistema de

purificação da goma de cajueiro com e sem a presença de

ultrassom

138

Figura 02 Fluxograma do processo de purificação da maltodextrina 139

Figura 03 Impacto de mudança climática para os processos de purificação da

goma sem e com a utilização de ultrassom

145

Figura 04 Impacto de eutrofização de água doce para os processos de

purificação da goma sem e com a utilização de ultrassom

148

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11

Figura 05 Impacto de eutrofização de água marinha para os processos de

purificação da goma sem e com a utilização de ultrassom

150

Figura 06 Impacto de toxicidade humana para os processos de purificação da

goma sem e com a utilização de ultrassom

152

Figura 07 Impacto de acidificação terrestre para os processos de purificação

da goma sem e com a utilização de ultrassom

155

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 03

Tabela 01

Tabela 02

CAPÍTULO 04

Purificação da goma de cajueiro assistida por ultrassom

Rendimentos da purificação da goma de cajueiro com e sem

a utilização de ultrassom.

Rendimento de purificação de gomas exsudadas

Uso da adsorção em resina para a redução da coloração da

goma de cajueiro

84

67

76

78

83

Tabela 01 Características dos adsorventes utilizados na adsorção da

goma de cajueiro

85

Tabela 02 Delineamento experimental dos ensaios de adsorção

realizados em ―shaker‖ orbital.

86

Tabela 03 Delineamento experimental dos ensaios de adsorção

realizados em coluna

87

Tabela 04 Parâmetros de cor instrumental da goma purificada obtida

por precipitação convencional (sem ultrassom) e assistida

por ultrassom

89

Tabela 05 Análise de variância para os parâmetros L*, a* e b* da goma

de cajueiro purificada

90

Tabela 06 Valores de ∆L * para os ensaios de adsorção nos tempos de

10, 30 e 60 minutos

99

Tabela 07

Tabela 08

Tabela 09

CAPÍTULO 06

Valores de ∆a* para os ensaios de adsorção nos tempos de

10, 30 e 60 minutos

Valores de ∆b* para os ensaios de adsorção nos tempos de

10, 30 e 60 minutos

Valores de ∆E dos ensaios de adsorção nos tempos de 10, 30

e 60 minutos

Avaliação da Goma de Cajueiro Purificada Com e Sem a

Presença de Ultrassom em Comparação à Maltodextrina

101

103

105

134

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13

Tabela 01 Inventário para a produção de 1 g de goma purificada sem a

utilização de ultrassom

134

Tabela 02 Inventário para a produção de 1 g de goma purificada sem a

utilização de ultrassom

134

Tabela 03

Inventário para a produção de 1 g de goma purificada sem a

utilização de ultrassom

134

Valores das emissões totais para o processo de purificação

de goma com a utilização de ultrassom (A) e de

maltodextrina (B) com análise de incerteza de Monte Carlo

(95% de confiança)

134

148

Inventário para a produção de 1 g de goma purificada no

cenário 1 de não utilização de ultrassom

134

Inventário para a produção de 1 g de goma purificada no

cenário 2 com a utilização de ultrassom

Valores das emissões totais para o processo de purificação

de goma com a utilização de ultrassom (A) e de

maltodextrina (B) com análise de incerteza de Monte Carlo

(95% de confiança)

143

144

157

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Graus Celsius

G Gramas

Kg Quilogramas

p/v Peso por volume

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15

LISTA DE SÍMBOLOS

Α Alfa

Β Beta

% Porcentagem

Γ Delta

CO2 Dióxido de Carbono

P Fósforo

N Nitrogênio

1,4-DB 1,4-Diclorobenzeno

SO2 Dióxido de Enxofre

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO. ........................................................................................ 20

CAPÍTULO 02 - REVISÃO DE LITERAURA . ................................................................. 23

2.1 Polissacarídeos . ................................................................................................................ 23

2.2 Utilização de ultrassom na despolimerização e nucleação de polissacarídeos............23

2.3 Gomas Exsudadas . ........................................................................................................... 25

2.4 Goma de Cajueiro . ........................................................................................................... 28

2.5 Extração e Purificação da Goma de Cajueiro ............................................................... 29

2.6 Características e Propriedades da Goma de Cajueiro . ................................................ 30

2.7 Aplicação da Goma de Cajueiro. .................................................................................... 31

2.8 Descoloração utilizando Adsorção em Resinas de Amberlite . ..................................... 33

2.9 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) . ............................................................ 34

2.10 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). ............................................................................... 41

2.10.1 Fases da Análise do Ciclo de Vida . ........................................................................... 42

2.10.2 Definição do Objetivo e Escopo . ................................................................................ 42

2.10.3 Análise do Inventário . ................................................................................................ 44

2.10.4 Avaliação de Impactos ................................................................................................ 46

Acidificação do Solo . .............................................................................................................. 51

Eutrofização das Águas Doce e Marinha . ............................................................................. 51

Mudança Climática . ............................................................................................................... 52

Toxicidade Humana . .............................................................................................................. 53

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2.10.5 Interpretação do Ciclo de Vida. ................................................................................. 53

2.10.6 Análise de Incerteza . .................................................................................................. 54

Referências ............................................................................................................................. 55

CAPÍTULO 03 – PURIFICAÇÃO DA GOMA DE CAJUEIRO ASSISTIDA POR

ULTRASSOM. ........................................................................................................................ 67

3.1 Introdução . ....................................................................................................................... 67

3.2 Materiais e Métodos . ....................................................................................................... 69

3.2.1 Obtenção das frações granulométricas da goma bruta . ............................................ 69

3.2.2 Estudo da variação da solubilização da goma com a temperatura . ......................... 69

3.2.3 Estudo da saturação na temperatura de 30°C. ........................................................... 70

3.2.4 Estudo da variação da solubilização com o tempo . ................................................... 71

3.2.5 Purificação da goma de cajueiro . ............................................................................... 71

3.3 Resultados e Discussões . .................................................................................................. 72

3.4 Conclusões . ....................................................................................................................... 79

Referências . ............................................................................................................................ 80

CAPÍTULO 04 – USO DA ADSORÇÃO EM RESINA PARA A REDUÇÃO DA

COLORAÇÃO DA GOMA DE CAJUEIRO. ...................................................................... 82

4.1 Introdução . ....................................................................................................................... 83

4.2 Materiais e Métodos . ....................................................................................................... 84

4.2.1 Goma de cajueiro. .......................................................................................................... 84

4.2.2 Purificação da goma de cajueiro . ................................................................................ 84

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4.2.3 Adsorção em resinas de Amberlite .............................................................................. 85

4.2.4 Ensaios de cinética de descoloração de goma de cajueiro . ........................................ 86

4.2.5 Análises de coloração..................................................................................................... 87

4.2.6 Análises estatísticas. ...................................................................................................... 88

4.3 Resultados e Discussões. ................................................................................................... 89

4.4 Conclusões. ...................................................................................................................... 114

Referências. ........................................................................................................................... 116

CAPÍTULO 05 – COMPARAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO TÉRMICO DA

GOMA DE CAJUEIRO, GOMA ARÁBICA E MALTODEXTRINA. .......................... 118

5.1 Introdução ....................................................................................................................... 118

5.2 Materiais e Métodos. ...................................................................................................... 120

5.2.1 Origem da goma de cajueiro....................................................................................... 120

5.2.2 Purificação da goma de cajueiro. ............................................................................... 120

5.2.3 Análises térmicas. ........................................................................................................ 120

5.2.3.1 Termogravimetria (TGA). ....................................................................................... 120

5.2.3.2 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC). .................................................... 121

5.3 Resultados e Discussões. ................................................................................................. 121

5.4 Conclusões . ..................................................................................................................... 131

Referências. ........................................................................................................................... 132

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CAPÍTULO 06 – AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DA PRODUÇÃO DE GOMA

DE CAJUEIRO PURIFICADA COM E SEM ULTRASSOM EM COMPARAÇÃO À

MALTODEXTRINA PARA A UTILIZAÇÃO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS. .. 139

6.1 Introdução. ...................................................................................................................... 135

6.2 Materiais e Métodos ....................................................................................................... 137

6.2.1 Metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) ................................................. 137

6.2.2 Unidade Funcional e Escopo. ...................................................................................... 137

6.2.3 Coleta dos dados do inventário. ................................................................................. 139

6.2.4 Descrição do proesso de purificação da goma – sem e com a utilização de ultrassom

................................................................................................................................................ 140

6.2.5 Avaliação de Impacto. ................................................................................................. 141

6.3 Resultados e Discussões. ................................................................................................. 141

6.3.1 Análise do inventário dos processos de purificação da goma de cajueiro, sem e com

a utilização de ultrassom . .................................................................................................... 141

6.3.2 Avaliação de impacto dos processos de purificação da goma de cajueiro sem e com

a utilização de ultrassom . .................................................................................................... 145

6.3.2.1 Mudanças climáticas. ............................................................................................... 145

6.3.2.2 Eutrofização. ............................................................................................................. 147

6.3.2.3 Toxicidade humana . ................................................................................................ 152

6.3.2.4 Acidificação. .............................................................................................................. 155

6.3.4 Comparação dos processos de obtenção da maltodextrina e da goma de cajueiro

com a utilização de ultrassom. ............................................................................................. 157

6.8 Conclusões . ..................................................................................................................... 158

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Referências . .......................................................................................................................... 160

Considerações Finais. ........................................................................................................... 163

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CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO

A criação de sistemas agroindustriais sustentáveis tem sido uma busca constante

junto às cadeias produtivas agropecuárias. Ações estão sendo implementadas visando o

desenvolvimento de tecnologias e processos que possibilitem o aproveitamento integral das

matérias-primas agroindustriais. Neste aspecto, sobressaem-se as ações voltadas para o

desenvolvimento de produtos diferenciados, com elevados valores mercadológicos, tornando

o aproveitamento integral uma oportunidade no aumento de renda e redução nos custos de

produção do caju para os pequenos produtores. Além do apoio de institutos de pesquisa com

recursos tecnológicos para a maioria dos produtos e o aprimoramento de processos, as cadeias

produtivas carecem de inovações. A baixa competitividade das empresas vem sendo uma

ameaça não somente para as próprias empresas, mas também, para as cadeias produtivas

dependentes dos produtos tradicionais. Um desafio, portanto, é aquele de como conseguir que

as organizações criem e utilizem o conhecimento para inovar (FRANÇA et al., 2008).

A busca por produtos obtidos a partir de fontes renováveis tem aumentado

significativamente, principalmente devido à sua disponibilidade e questões ambientais (VAM

DAM; KLERK-ENGELS; RABBINGE, 2005). As gomas de polissacarídeos exsudados

representam uma das mais abundantes matérias-primas encontradas na natureza e tem atraído

pesquisas devido às suas características de sustentabilidade, biodegradabilidade e

biosegurança (RANA, 2011).

O consumo de goma arábica no Brasil é totalmente dependente do mercado

externo, com investimentos de US$ 1,920,000.00 ao ano somente com a importação da goma

arábica, embora o país seja possuidor de espécies gumíferas, sucedânias, como o cajueiro, o

angico e a catingueira, potenciais substitutos da goma arábica (LIMA et al., 2001a). A goma

do cajueiro pode vir a ser uma alternativa para reduzir os gastos com a importação da goma

arábica, como também, pode tornar-se um produto de exportação de grande importância, caso

a sua utilização nas indústrias de alimento, cosmético e farmacêutica, seja segura e cumpra

seus objetivos tecnológicos de aplicação, desempenhando as funções de espessante e

estabilizante (BARBOSA FILHO, 2007).

A goma de cajueiro é um exsudado de Anacardium occidentale L., árvore que

cresce principalmente em países tropicais e subtropicais, como: Índia, Vietnã, Brasil,

Moçambique e Quênia. O uso destas gomas naturais, provenientes dos exsudados e extratos

de plantas, vem tomando grande impulso devido às múltiplas possibilidades de

industrialização e de alcançar o mercado internacional (LIMA et al., 2001b). Devido à

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importância da cultura do cajueiro em algumas regiões brasileiras, especialmente no Nordeste,

pesquisas têm sido desenvolvidas objetivando estudar a caracterização da goma de caju e suas

potenciais aplicações (SARUBBO, 2007).

A goma do cajueiro representa uma fonte a mais de rendimento para o produtor,

além da castanha e do pedúnculo, bem como uma alternativa para a utilização de cajueiros

não produtivos que se encontram na fase de declínio e senescência. Sua exploração, em escala

comercial, tem sido buscada nos últimos anos visando uma maior agregação de renda à

cajucultura nordestina (PAULA et al., 2001).

As análises térmicas são definidas como uma série de técnicas que medem as

propriedades físicas dos materiais em função da temperatura, quando estes são submetidos a

um ciclo térmico. Estas análises são bastante utilizadas nas áreas de pesquisa e

desenvolvimento, sendo muito empregadas na caracterização de polímeros, como a goma de

cajueiro, goma rábica e maltodextrina. Outras aplicações das análises térmicas, na área de

alimentos, são controle de qualidade de produção, controle de processo e inspeção de

materiais (CAPONERO; TENÓRIO, 2013)

As maltodextrinas são produtos parcialmente hidrolisados do amido, formado de

cadeias de D-glicose, conectadas por ligações α-1,4 (DA COSTA, 2013). A maltodextrina é

um material muito utilizado na indústria de alimentos como agente de secagem, devido às

suas características físicas, tais como solubilidade elevada e baixa viscosidade (CANO-

CHAUCA et al., 2005).

A goma de cajueiro é similar à goma arábica e, a exemplo desta, tem potencial em

inúmeras utilidades comerciais, como: fabricação de cola para papel, na indústria de

alimentos, pode ser utilizada como agente espessante, geleificante, emulsificante, floculante e

clarificante, sendo usada para estabilização da espuma da cerveja, clarificação de sucos,

conservação do sabor nos alimentos industrializados e retardo no descongelamento, a fim de

evitar a formação de cristais de açúcar. Atualmente, o seu maior uso potencial é na indústria

farmacêutica, em que participa na fabricação de cápsulas e comprimidos, servindo como

aglutinante de seus componentes. Outra potencial utilização da goma de cajueiro é como

formadora de filme ( LIMA et al., 2001a).

Dessa forma, devido ao grande potencial de utilização da goma de cajueiro como

substituta da goma arábica, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que busquem

tecnologias para a purificação da goma de cajueiro, de forma a aumentar o percentual do

rendimento desse polissacarídeo purificado, bem como melhorar suas características

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tecnológicas, como a redução da coloração da goma de caju, para uma possível aplicação

futura na indústria de alimentos.

O processo de purificação da goma de caju, atualmente, é realizado somente em

escala laboratorial, utilizando o etanol para a precipitação deste polissacarídeo, resultando em

baixa produção e rendimento. Nesta pesquisa foi estudada a precipitação em etanol,

combinado à aplicação de ultrassom, para aumentar o rendimento de purificação,

constituindo-se em um estudo inovador e pioneiro no que diz respeito à combinação dos

processos unitários de precipitação e ultrasonificação para a obtenção de goma de cajueiro.

Nesse âmbito, o presente trabalho tem como objetivo geral estudar as principais

variáveis envolvidas na purificação da goma de cajueiro, para aumentar o rendimento do

processo em escala de bancada, observando a influência dos parâmetros envolvidos na

purificação, tais como: tamanho das partículas, temperatura, tempo, proporção goma/álcool e

aplicação de ultrassom. Outros objetivos do presente trabalho são avaliar a descoloração da

goma de cajueiro utilizando adsorção em resinas de Amberlite, estudar o comportamento

térmico da goma de cajueiro e analisar os impactos ambientais ocasionados pelo processo de

purificação desse polissacarídeo.

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CAPÍTULO 02 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Polissacarídeos

Os polissacarídeos são abundantes na natureza e são universalmente encontrados

em quase todos os organismos vivos. São classificados em dois grupos, os naturais e os semi-

sintéticos, dependendo de sua origem. Os polissacarídeos naturais podem ser obtidos de

exsudados de árvores, algas, sementes, fungos, matérias-primas vegetais fibrosas (celulose) e

por fermentação microbiológica. Já os polissacarídeos semi-sintéticos são obtidos por

modificações químicas ou enzimáticas de macromoléculas polissacarídicas (CALICETE et

al., 2010).

Quimicamente, os polissacarídeos podem ser definidos como polímeros de alta

massa molecular, formados de unidades repetitivas denominados monossacarídeos, unidos

por ligações glicosídicas. Podem ser homopolissacarídeos ou heteropolissacarídeos,

dependendo de seus componentes monossacarídicos. Os homopolissacarídeos consistem de

unidades repetidas de alguns monossacarídeos, como o amido e celulose, enquanto que os

heteropolissacarídeos como os alginatos, galactomananas, goma arábica, goma de cajueiro e

pectina são compostas de diferentes tipos de monossacarídeos (GARNA et al., 2011).

Os polissacarídeos podem ser lineares ou ramificados. Os ramificados são

subdivididos em dois tipos, os que possuem um só substituinte na cadeia principal ou os que

são altamente ramificados, como no caso dos polissacarídeos exsudados. A fórmula geral dos

polissacarídeos é dada por Cx (H2O)y, onde x é geralmente um número entre 200 e 2500

(ZONG et al., 2012).

Os polissacarídeos têm atraído muita atenção dos pesquisadores devido às suas

propriedades físico-químicas de geleificação, solubilidade, baixo efeito osmótico e

propriedades adesivas (MEYERS et al., 2008). Também são muito utilizados como

coagulantes e floculantes, a exemplo do amido, alginato de sódio, amilopectina, goma guar,

goma xantana e quitosana (SHANGI; BHATTACHARYA, 2005).

2.2 Utilização de ultrassom na despolimerização e nucleação de polissacarídeos

O ultrassom tem sido amplamente utilizado na indústria de alimentos por seus

efeitos físicos e químicos. O efeito do ultrassom está relacionado com a cavitação,

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aquecimento, agitação dinâmica, tensão de cisalhamento e turbulência (CHEMAT; HUMA;

KHAN, 2011).

O ultrassom pode causar mudanças químicas e físicas em um meio viscoso por

geração de cavitações cíclicas e colapsadas. O aumento da pressão e da temperatura na

proximidade destas cavidades é a base para os efeitos físicos e mecânicos observados nos

polímeros (CAMINO; PERÉZ; PILOSOF, 2009).

Existe um grande número de potenciais aplicações do ultrassom na indústria de

alimentos, em processos tais com: filtração, emulsificação, extração e conservação de

alimentos, e, atualmente, despolimerização de polímeros (ZHANG et al., 2013). O grande

número de pesquisas utilizando a aplicação de ultrassom na despolimerização de

polissacarídeos justifica-se pelo fato de que muitas propriedades dos polissacarídeos

dependem de seus pesos moleculares, os quais podem ser modificados através da cavitação

produzida por sonificação (ZHOU; MA, 2006).

O processo de despolimerização ocorre pelo efeito de cavitação, que envolve dois

possíveis mecanismos: degradação mecânica do polímero, através de bolhas de cavitação

colapsadas, e degradação química, devido à reação química entre o polímero e moléculas de

alta energia, como radicais hidroxilas, produzidos a partir do fenômeno de cavitação

(CHEMAT; HUMA; KAHAN, 2011).

A utilização da energia do ultrassom tem sido utilizada para promever a nucleação

em soluções aquosas de polissacarídeos (HOSSEIN et al., 2011). Muitas teorias foram

propostas para a descrição do mecanismo de nucleação indizido por ultrassom. Segundo a

teoria de Hickling, colapsos vigorosos de bolhas de cavitação produzidas por ultrassom

podem criar zonas de alta pressão (5 GPa ou mais) durante um período muito curto de tempo

(nano-segundos), resultando em altos graus de super-refrigeração. A super-refrigeração pode

agir como uma força motriz para a nucleação instâtanea (ZHANG et al., 2001).

Recentemente, muitas pesquisas analisando a degradação ultrassônica de

polissarídeos têm sido desenvolvidas. As propriedades físico-químicas de polissacarídeos

tratados por ultrassom têm sido extensivamente investigadas (KODA; TAGUSHI;

FUTAMURA, 2011).

Zangh et al. (2013) estudaram os efeitos do ultrassom sobre o peso molecular da

pectina da maçã e observaram que o peso molecular médio da pectina da maçã diminui após o

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tratamento com ultrassom. Os autores concluíram que a intensidade e a temperatura do

ultrassom desempenham um papel importante na despolimerização dos polissacarídeos.

Camino, Peréz e Pilosof (2009) estudaram o efeito de ultrassom de alta

intensidade nas modificações estruturais e funcionais de hidroximetilcelulose e observaram

que o tratamento com ultrassom induziu a formação de cluters transitórios dependentes da

concentração do polissacarídeo. Os autores verificaram que o desempenho da

hidroximetilcelulose em emulsões de óleo: água na proporção de 10:90 não foi modificada

por ultrassom, bem como os parâmetros que caracterizavam o regime de geleificação desse

polissacarídeo. No entanto, foram observadas mudanças na viscosidade e na mobilidade da

água para a hidroximetilcelulose de alto peso molecular.

Zhou e Ma (2006) estudaram o efeito da aplicação de ultrassom na degradação

de plissacarídeo de alga vermelha e observaram que as mudanças na viscosidade variam com

as condições de utilização do ultrassom e da solução, tais como: potência ultrassônica, tempo

de irradiação, temperatura de reação, pH e concentração iniciais da solução de polissacarídeo.

Hosseini et al., (2011) estudaram a aplicação de ondas de ultrassom para

induzir a nucleação dinâmica em gel ágar e observaram que a aplicação de 3 segundos de

ultrassom, utilizando uma irradiação de 25 KHz, foi a condição ótima para a produção de

nucleação.

2.3 Gomas Exsudadas

As gomas naturais representam uma das mais abundantes matérias-primas

existentes. Quimicamente, estas são polissacarídeos, que consistem em múltiplas unidades de

açúcares, interligados por ligações glicosídicas, para formar um polímero com longa cadeia e

alta massa molecular (RANA et al., 2011). O termo ―goma‖ é usado para descrever um grupo

de polissacarídeos que ocorre naturalmente e vem sendo difundido em aplicações industriais

devido à sua capacidade de formar gel, tornar as soluções mais viscosas ou estabilizar

sistemas de emulsões (MARTINETTI et al., 2014).

Estudos de materiais gomosos mostraram que as suas cadeias de polissacarídeos,

aparentemente, interagem entre si, levando a formação de uma rede de baixa entalpia/ baixa

entropia resultando nas propriedades físico-químicas características das gomas (GRÖβL et al.

2005).

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As gomas naturais são classificadas de acordo com sua origem, comportamento e

estrutura química. Podem ser originadas do endosperma de sementes de plantas (goma guar),

de exsudados de plantas (tragacante), exsudados de arbustos ou árvores (goma arábica, goma

karaya, goma de cajueiro), extratos de algas (ágar), bactérias (goma xantana), fonte animal

(quitina), além de outras fontes (LAAMAN, 2011; NUSSINOVITCH, 2011). As gomas

exsudadas são produzidas em células epiteliais confinadas em ductos das árvores e são

liberadas espontaneamente ou induzidas como um mecanismo de defesa natural da planta,

quando esta é submetida a injúrias mecânica ou microbiológica (RANA et al., 2011).

As gomas exsudadas estão entre as mais antigas do mundo: há cerca de 5.000

anos atrás elas já eram usadas como agentes espessantes e de estabilidade (RENARD et al.,

2006), sendo a goma arábica a mais conhecida dentre as gomas naturais. As principais

famílias que incluem espécies que produzem gomas na forma de exsudado são Leguminosae,

Combretaceae e Anacardiaceae (CUNHA et al., 2009).

O interesse em gomas exsudadas de plantas vem crescendo consideravelmente

devido às suas propriedades estruturais e às suas funções em produtos alimentares,

farmacêuticos, cosméticos, têxtil e biomédicos (RENARD et al., 2006). Gomas solúveis em

água, também conhecidas como hidrocolóides, são usadas para várias aplicações, como: fibras

dietéticas, modificadores de textura, agentes geleificantes, espessantes, estabilizantes,

emulsificantes, revestimentos, filmes, agente encapsulante e coadjuvante de secagem

(RENARD et al., 2006; KOOCHEKI et al., 2009; MIRHOSSEINE et al., 2010;

MARTINETTI et al., 2014). Atualmente, há uma forte tendência de substituição dos materiais

sintéticos pelas gomas naturais, devido a não toxicidade, baixo custo, segurança e

disponibilidade (RANA et al., 2011).

Atualmente, as gomas mais utilizadas industrialmente são: amido, derivados de

celulose, goma guar, arábica, gatthi, karaia, tragacanto, gelana e ágar. Entretanto, a busca por

novas gomas com propriedades especiais tem despertado interesse da comunidade científica,

como a de exsudatos de árvores de clima tropical (CUNHA et al., 2009).

A goma de cajueiro é um exsudado da espécie Anacardiaceae, originária do

nordeste do Brasil (TORQUATO, 2004). Porto, Augusto e Cristiane (2014) estudaram a

comparação entre as propriedades tecnológicas de goma arábica e goma de cajueiro e

observaram que, esse polissacarídeo, possui propriedades emulsificantes, podendo substituir a

goma arábica em aplicações comerciais na indústria de alimentos. Araújo et al. (2012)

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estudaram a composição da goma de cajueiro originária de dois estados brasileiros (Ceará e

Piauí) e observaram que diferenças entre os conteúdos de alguns monissacarídeos podem ser

observadas, dependendo da localização geográfica. Segundo Lima et al. (2002) a goma de

cajueiro é um heteropolissacarídeo ácido ramificado de baixa consistência e alto peso

molecular.

Gillet et al. (2014) estudaram a relação entre a estrutura química e as propriedades

físico-químicas de galactomananas extraída de caroube e observaram que o comportamento

das gomas em solução aquosa, está relacionado á estrutura química, influenciando

diretamente na solubilidade, viscosidade e formação de hidrogéis. Dakia et al. (2008)

estudaram as propriedades e composição físico-química de goma extraída de feijão locust e

observaram que o rendimento, composição química, características moleculares e

propriedades reológicas são influenciadas pelo método de separação da goma. A goma de

feijão locust é utilizada, industrialmente, como espessante, em produtos alimentares e

cosméticos (DAKIA et al., 2008).

Oliveira et al. (2006) estudaram a síntese e caracterização de carboximetilado

produzido a partir de polissacarídeo exsudado de angico vermelho, utilizando ácido acético

monoclorado em meio alcalino, e verificaram que o processo é um potencial candidato para a

obtenção desse polissacarídeo modificado e para a sua posterior aplicação, como adsorvente,

nas indústrias química, de alimentos, farmacêutica e de cosméticos.

Vinod et al. (2008) analisaram a composição e propriedades reológicas de

goma exsudada de kondagogu, uma árvore originária da Índia, com o objetivo de aplicá-la

como agente estabilizante na indústria de alimentos e cosmética, concluindo que os resultados

obtidos permitem a utilização deste biopolímero como um agente espessante, estabilizante e

emulsificante nas indústrias de alimentos e cosméticos.

Beristain, Azuara e Carter (2002) estudaram a encapsulação de óleo de laranja,

utilizando a goma exsudada de algaroba como material encapsulante, e observaram que, a

goma de algaroba, confere uma boa proteção contra a oxidação e que uma mistura utilizando

60:40% de goma arábica: goma de algaroba foi capaz de encapsular a mesma quantidade de

óleo de laranja, quando comparada à goma arábica pura.

Jafari et al. (2013) estudaram a comparação da eficiência da aplicação de goma

exsudada de angum (exsudado de Amygdalus scoparia S.), árvore que cresce principalmente

no sul e oeste do Irã, na encapsulação de limoneno, em relação à goma arábica, e concluíram

que a goma de exsudado de angum foi eficiente na encapsulação.

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Hebeish et al. (2006) isolaram a goma proveniente de sementes de Gleditsia

triancanthos para a aplicação em indústria têxtil, concluindo que estas são bastante estáveis

durante o período de armazenamento.

2.4 Goma de cajueiro

A goma de cajueiro é composta por um heteropolissacarídeo ácido ramificado,

contendo galactose como maior componente, além de glicose, arabinose, raminose e ácido

glucurônico. Esse polissacarídeo forma uma solução de baixa viscosidade e é precipitado por

solventes orgânicos polares como o etanol (ARAÚJO et al., 2012). Segundo Silva et al.

(2010b) a rede formada durante a polimerização da goma de cajueiro pode reter algumas

proteínas.

A goma do Anacardium occidentale L. é particularmente interessante porque é um

exsudado obtido da árvore do cajueiro, muito abundante no Nordeste do Brasil (PAULA et

al., 2011a). As cadeias de polissacarídeos da goma de cajueiro são arabinogalactanas, que

contém galactose em sua cadeia principal, nas quais os componente são unidos por ligações β-

(1 3) apresentando ramificações associadas através de ligações β-(1 6) (TORQUATO et

al., 2004).

A origem da goma de cajueiro, bem como as condições climáticas nas quais o

cajueiro foi cultivado, influenciam em sua composição (LIMA et al., 2002). De acordo com

Silva et al. (2010b) a proporção de monossacarídeos na goma de caju varia com a fonte, a

idade da árvore, o tempo de exsudação e as condições climáticas. Araújo et al. (2012)

estudaram a composição da goma de cajueiro originária de dois estados brasileiros (Ceará e

Piauí) e observaram que os percentuais de galactose, glicose, arabinose, raminose e ácido

glucurônico foram, respectivamente, de 66,5 e 59,4%; 12,9 e 6,4%; 4,2 e 5,3%; 3,2 e 2,4%;

10,5 e 13,5%; para as gomas provenientes do estado do Ceará e Piauí. Silva et al. (2010a)

estudaram o produto resultante da hidrólise da goma de caju e encontraram os percentuais de

70% de galactose, 11% de glicose, 6% de ácido glucurônico, 5% de arabinose, 4% de

ramnose e 1% de manose.

Segundo Lima et al. (2002), amostras de exsudados de polissacarídeos de

Anacardium occidentale originárias do Brasil, Venezuela e Índia, exibem algumas variações

em suas composições, no entanto, todas apresentam como constituinte majoritário a D-

galactose, com formas ramificadas em suas estruturas. De acordo com os autores

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supracitados, amostras de goma de exsudado de caju da Venezuela não apresentaram D-

glicose, no entanto, algumas amostras apresentaram D-xylose, D-manose e ácido 4-O-metil-

glucurônico.

Porto e Cristiani (2014) estudaram as propriedades emulsificantes da goma de

cajueiro e observaram que esta exibe um conteúdo maior de carboidratos e, simultaneamente,

um menor conteúdo de proteínas, quando comparada à goma arábica, embora a estrutura

química desses dois polissacarídeos seja semelhante.

A goma de cajueiro tem atraído muita atenção dos pesquisadores devido ao seu

uso potencial nas indústrias química e farmacêutica, como substituta da goma arábica

(PAULA et al., 2011b). É um potencial subproduto da cultura de castanha de caju, país que

ocupa a posição de segundo maior produtor mundial, sendo responsável pelo processamento

de 200.000 toneladas de castanha de caju e pela movimentação de 150 milhões US $/ ano

(PAULA et al., 2002).

2.5 Extração e Purificação da Goma de Cajueiro

A goma de cajueiro apresenta uma grande possibilidade de exploração comercial,

surgindo, desta forma, a importância de estudos objetivando otimizar a sua extração e

purificação, para a aplicação industrial. A área cultivada com cajueiro, segundo o IBGE, em

janeiro de 2013, era de 757.565 hectares. A produção média de goma/planta/ano é de 700 g

(MOURA, 2009). Tomando em consideração que o adensamente médio é de 100

plantas/hectare, a possibilidade de produção de goma/ano seria de 53.030 toneladas,

quantidade muito superior à importada de goma arábica, por exemplo, em 2008, que foi de

6.700 toneladas. Dessa forma, a produção industrial da goma de cajueiro, seria uma forma de

agregar valor á cajucultura brasileira (IBGE, 2013; CUNHA et al., 2009).

Maciel et al. (2006) estudaram a aplicação de um gel, composto por quitosana e

goma de cajueiro, como matriz para a liberação de medicamentos, e realizaram a purificação

de acordo com a metodologia descrita a seguir: os nódulos limpos e livres de cascas de

árvores foram selecionados e dissolvidos em água destilada a temperatura ambiente a uma

concentração de 10%. O pH da solução foi ajustado para 6,0 com adição de NaOH diluído. A

solução foi filtrada em vidro sinterizado e filtros Millipore (0,8 μm). A solução filtrada foi

dialisada em água por 24 horas, procedimento que foi repetido por duas vezes, e, em seguida,

a solução foi liofilizada.

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Silva et al. (2006) estudaram a caracterização dos derivados da goma de caju e

para a purificação do exsudado, os nódulos livres de pedaços de cascas de árvores foram

dissolvidos em água destilada, a temperatura ambiente, com uma proporção de 5% (p/v). O

pH da solução foi ajustado para aproximadamente 7,0 com NaOH diluído. A solução límpida

foi filtrada em vidro sinterizado e o polissacarídeo foi precipitado com etanol e

posteriormente seco. Esse método de purificação foi inicialmente descrito por Paula et al.

(2001) para a purificação de goma exsudada de Albizia lebbeck.

Silva et al. (2010b) estudaram as características estruturais e estabilidade da goma

coletada em Recife (Brasil) e utilizaram o seguinte método de purificação para o exsudado:

inicialmente, os nódulos foram moídos, imersos em água destilada em uma proporção de 20%

(p/v) e mantidos em temperatura ambiente por 24 horas. Após essa etapa, a solução foi

filtrada, para remover os fragmentos de casca de árvore, e em seguida, o polissacarídeo foi

precipitado com etanol utilizando-se uma proporção de 1:3 (v/v). O precipitado do

polissacarídeo de cajueiro foi separado por filtração, lavado com etanol e seco em temperatura

ambiente. O processo foi repetido por cinco vezes e as pastilhas brancas obtidas foram moídas

e armazenadas em recipientes hermeticamente fechados em temperatura ambiente.

Souza et al. (2010) estudaram a aplicação do polissacarídeo do caju como

revestimento para mangas Tommy Atkins e purificaram a goma de cajueiro através das

seguintes etapas: moagem da goma bruta; dissolução em água destilada, sob agitação

magnética, por 2-3 horas, a temperatura ambiente (25°C); duas filtrações seguidas e

precipitação em etanol, utilizando uma proporção 1:3 (v/v). O polissacarídeo precipitado foi

dissolvido em água destilada, filtrado e seco a 30°C, para a remoção do resíduo de etanol.

2.6 Características e Propriedades da Goma de Cajueiro

Devido a importância da cultura do cajueiro em algumas regiões brasileiras,

especialmente no Nordeste, o conhecimento das características da goma e as pesquisas

realizadas sobre seu potencial biotecnológico despertam grande interesse científico

(SARUBBO et al., 2007).

Porto et al. (2015) estudaram o efeito da alta pressão dinâmica sobre as

propriedades tecnológicas da goma de cajueiro e, para o estudo da solubilidade, utilizaram

partículas de goma purificada, de tamanhos 0,177; 0,149 e 0,088 mm, em temperaturas de 30,

60 e 90°|C, e observaram que, as amostras de goma purificada, apresentaram uma

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31

solubilidade menor a 90°C (81%) do que a 30°C e a 60°C (87%) . Quanto às propriedades

reológicas, os autores supracitados concluíram que, as amostras de goma de cajueiro bruta e

processada, mostraram um comportamento de fluído pseudoplástico não-Newtoniano, a uma

concentação de 10% (p/v) em uma temperatura de 25°C. Segundo Porto, Augusto e Cristiani

(2014) , quando se aumenta a concentração da solução de goma de cajueiro, a consistência

também aumenta e, a altas concentrações, o comportamento se desvia do comportamento de

um fluído Newtoniano, semelhantemente, ao comportamento dos hidrocolóides.

Gowthamarajan et al., (2012) estudaram as características físico-químicas da

goma de cajueiro para utilizá-la como aglutinante em comprimidos de paracetamol e

observaram que o pH da fração solúvel da goma de cajueiro, em uma concentração de 1%

(p/v) é de 4,31, indicando que a goma é adequada para uma dosagem desse medicamento na

forma oral. Para os valores de viscosidade e tensão superficial os autores acima citados

encontraram valores de 4,2 Pa/s e 0,0013 N/m.

Silva et al., (2006) estudaram o comportamento térmico da goma de cajueiro em

atmosfera de nitrogênio, através de curvas termogravimétricas, e concluíram que o evento que

ocorre na região de 25-200°C é devido à evaporação da água e que esse polissacarídeo

apresenta um percentual de umidade de aproximadamente 12,9%.

2.7 Aplicação da Goma de Cajueiro

A goma de cajueiro tem sido estudada para diversas aplicações, por exemplo,

indústria agro-alimentar, papel, cosmésticos e indústria farmacêutica (SILVA et al., 2010),

apresentando características reológicas e aplicações industriais semelhantes aos polímeros

sintéticos (CUNHA et al., 2009).

O comportamento pegajoso de alguns alimentos, tais como sucos de frutas,

durante a secagem e estocagem, pode ser evitado através da adição de coadjuvantes de

secagem, denominados carreadores ou materiais de parede, que podem ser carboidratos,

amidos, maltodextrina e gomas, como a arábica e de cajueiro (BARBOSA, 2010). Oliveira et

al. (2009) estudaram a eficiência de uma mistura de maltodextrina e goma de cajueiro, como

agente de secagem, aplicada em suco de caju, e observaram que a proporção de maltodextrina

e goma de cajueiro (50:50%) resultou em um pó com boas propriedades de fluidez e

solubilidade em água.

Moreira et al. (2010) estudaram a retenção de ácido ascórbico e antocianina,

durante a secagem em spray dryer do extrato de acerola, com a adição de goma de cajueiro e

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maltodextrina, como coadjuvantes de secagem, para reduzir a higroscopicidade do pó obtido,

e observaram que não houve mudança significativa na retenção dos compostos decorrentes da

substituição de maltodextrina por goma de cajueiro como agente de secagem.

Moreira et al. (2009) estudaram o efeito de alguns parâmetros de processamento

nas propriedades físicas umidade, teor de fluidez, higroscopicidade e solubilidade em água de

extrato de acerola, utilizando como agentes de secagem a maltodextrina e a goma de cajueiro,

em diferentes proporções, e observaram que as melhores condições para a obtenção do extrato

de acerola, com menor teor de higroscopicidade, foram obtidas utilizando-se uma proporção

de mistura de 80% de goma de cajueiro e 20% de maltodextrina, como coadjuvantes de

secagem.

Azeredo et al. (2012) estudaram as propriedades de tensão, permeabilidade ao

vapor de água e solubilidade em água de filmes de alginato de sódio imerso em cloreto de

cálcio, contendo goma de cajueiro em sua composição, e observaram que esses filmes

apresentaram alta flexibilidade.

A encapsulação é um processo no qual substâncias são retidas dentro de uma

matriz ou membrana encapsulante, cujo principal objetivo é proteger compostos

biologicamente ativos para a eficiente liberação destes nos locais alvos (CASTRO-

CISLAGHI et al., 2012). Gowthamarajan et al. (2012) estudaram a utilização da goma de

cajueiro para o desenvolvimento de comprimidos orais adesivados de curcumina, devido às

dificuldades na absorção gastrointestinal deste antioxidante, e observaram que a goma de

cajueiro foi eficiente para a liberação da curcumina por via oral, além de concluírem que os

comprimidos são facilmente adesivados com a utilização desse polissacarídeo.

Segundo Paula et al. (2011) nanopartículas de polímeros naturais têm sido

utilizadas extensivamente para controlar a liberação de substâncias bioativas, com aplicações

em muitas áreas técnicas que abrangem a médica, farmacêutica, agrícola e química. Os

autores utilizaram nanopartículas de goma de cajueiro para encapsular o extrato aquoso de

Moringa oleífera, para a liberação controlada deste composto ativo, e observaram um

eficiente efeito encapsulante. Silva et al. (2010) estudaram o desenvolvimento de

nanopartículas resultantes da complexação de goma de cajueiro carboximetilada e quitosana

para encapsulação de fármacos e alimentos. Abreu et al. (2012) utilizaram nanogéis à base de

quitosana e goma de cajueiro para a encapsulação de óleo essencial de Lippia sidoides

observaram que a encapsulação foi eficiente, atingindo um percentual de 70%.

Campos et al. (2012) estudaram a atividade antimicrobiana da goma de cajueiro

bruta e purificada e observaram um forte poder antimicrobiano sobre diversos

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microrganismos para ambas as gomas, sendo que a goma bruta apresentou uma maior

atividade antimicrobiana para bactérias gram-positivas.

2.8 Descoloração utilizando adsorção em resinas de amberlite

Uma das características que limita a utilização da goma de cajueiro na indústria de

alimentos e farmacêutica é a sua coloração amarelo-acastanhada, dessa forma, pesquisas

devem ser realizadas, objetivando reduzir a coloração da goma de cajueiro, quando esta se

encontra dissolvida em água. Como alternativa para minimizar a coloração da goma aplicou-

se, no presente trabalho, o processo de adsorção em resinas de Amberlite.

A adsorção pode ser definida como o acúmulo de um ou mais componentes em

uma camada interfacial, ou seja, é um processo de transferência de um ou mais constituintes

de uma fase fluída ou gasosa para a superfície de uma fase sólida. Dessa forma, a adsorção se

caracteriza pela tendência de acúmulo de uma substância sobre a superfície de outra.

Denomina-se adsorvente o sólido sobre o qual ocorre o fenômeno de adsorção e adsorbato a

espécie química retida pelo adsorvente (ANTÔNIO, 2003).

Em 1962, a empresa Rõhm and Haas anunciou a criação de suas primeiras resinas

poliméricas e cinco anos depois teve início a comercialização do primeiro adsorvente

polimérico chamado Amberlite. Os suportes mais usados para a adsorção de reagentes

orgânicos têm sido resinas não-iônicas designadas XAD. Atualmente existem vários tipos de

resinas poliméricas, a série Amberlite tem sido muito usada na remoção de substâncias e

compostos polares, apolares, não aromáticos e aromáticos (ROHM AND HAAS COMPANY,

2008).

As resinas de troca iônica, conhecidas como polímeros reativos, são altamente

iônicas, covalentes de ligações cruzadas, poliélotrilitos insolúveis e são geralmente fornecidas

na forma de pérolas. Resinas de troca iônica são classificadas com base na carga de troca

(cátion ou ânion) e na força iônica do íon ligado (trocador forte ou fraco). Dessa forma,

existem quatro tipos primários de resinas de troca iônica: (a) resinas catiônicas fortes,

contendo grupos –SO3-

H+ ou sais correspondentes; (b) resinas catiônicas fracas, contendo

grupos –COO-H

+ ou sais correspondentes; (c) resinas de troca iônica forte de quaternário de

amônia (resinas do tipo I contem grupos –CH2N-(CH3)3+Cl

- ou sais correspondentes e resinas

do tipo II que contem –CH2N-(CH3)2 (CH2CH2OH)+

Cl-; (d) de troca aniônica fraca primária

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(-NH2), secundária (= NH), terciária grupo amino funcional (≡N) em forma de cloreto ou

hidróxido (WOLOWICZ, 2010).

As tecnologias de remoção de cor podem ser divididas em três classes: física,

biológica e química. As resinas de amberlite são utilizadas para a remoção de coloração de

substâncias de diversas naturezas, desde efluentes líquidos da indústria têxtil até extratos de

alimentos (DERMIBAS, 2009). Ducasse et al., (2010) isolaram e caracterizaram

oligossacarídeos presentes em extratos de uva, utilizando resina de NN poliamida SC6 e

observaram que os extratos contendo os oligossacarídeos foram parcialmente

despigmentados.

Walrzkiewicz (2012) utilizou a resina de amberlite IRA 478RF para a remoção de

pigmentos aniônicos de coloração azul, preto e laranja de efluentes da indústria têxtil e obteve

percentuais de até 97% na redução da coloração dos efluentes.

Greluck e Hubicki (2011) estudaram a remoção de corante ácido laranja de

efluentes de água utilizando a resina básica de troca iônica forte IRA-958 e observaram que

esta resina apresentou uma alta eficiência na remoção de deste corante.

Yener et al., (2006) estudaram a utilização de resina de amberlite XAD-4 para a

remoção de corante amarelo 28 de efluentes aquosos e observaram que houve uma baixa

capacidade de adsorção do corante nessa resina.

2.9 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

As técnicas calorimétricas são utilizadas para medir as mudanças no estado físico

dos materiais. Todas as transições ou transformações químicas e estruturais em um material,

que ocorrem com absorção ou liberação de calor, são detectáveis por Calorimetria Diferencial

de Varredura. A calorimetria diferencial de varredura (Diferencial Scanning Calorimetry –

DSC), do ponto de vista experimental, é uma das técnicas mais utilizadas para medir a

temperatura de transição vítrea (Tg). A DSC é uma técnica termodinâmica que mede

temperatura e fluxo de calor associados a transições em materiais, como uma função do tempo

e da temperatura, em uma atmosfera controlada (WEN et al., 2011).

A técnica do DSC mede a diferença de energia fornecida à substância a ser

analisada e um material de referência (inerte) quando ambos estão sujeitos a um programa

controlado de temperatura. Uma célula de DSC consiste de um forno e sensor integrados, com

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posições designadas para os cadinhos de amostra e referência, os quais serão aquecidos por

uma única fonte de calor (VIVANCO, 2003). O calor é transferido para os cadinhos sendo

controlados por meio de termopares conectados ao disco, uma vez que a variação de

temperatura, a um dado momento, é proporcional à variação de entalpia, à capacidade

calorífica e à resistência térmica total do fluxo calórico, conforme mostra a Figura 01. O sinal

resultante é convertido em uma taxa de calor usando a equação 1, onde Q (Joule) é o calor,

RT (KJ-1

) é a resistência térmica, Ts e Tr (°C), as temperaturas da amostra e da referência,

respectivamente. A curva DSC fornece a variação de entalpia em função do tempo ou

temperatura (SKOOG; HOLLER. NIEMAN, 2002).

ΓQ=RT

TrTs )( (1)

Figura 01 – Princípio funcional de um fluxo de calor de DSC (FONTE: NETZSCH, 2014).

As transições de fase em um material podem ser caracterizadas como

transformações de primeira ordem (fusão) ou de segunda ordem (transição vítrea), e são,

basicamente, os que geram modificações em curvas de DSC. Uma transição de fase ocorre

em resposta a uma variação nas condições normais de temperatura ou pressão. Os eventos

térmicos de primeira ordem são fáceis de identificar, pois representam variações de entalpia-

endotérmica e exotérmica, dando origem á formação de picos. A área contida sobre o pico é

representativa da variação de entalpia (ΓH) sofrida pela amostra. Se a energia de Gibbs é

Forno

Amostra

Referência

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descontínua em relação à temperatura em que ocorre a transição, esta designa-se de primeira

ordem (Figura 02) (GONÇALVES, 2005). Alguns exemplos de eventos endotérmicos que

podem ocorrer em amostras de polímeros, são: fusão, perda de massa da amostra (vaporização

de água, aditivos ou produtos voláteis de reação ou decomposição), de sorção ou reações de

redução. Já os eventos exotérmicos observados em polímeros podem ser: cristalização, fusão,

vaporização, solidificação, reações de polimerização, adsorção e outros. As transições de

segunda ordem mostram pouca ou nenhuma alteração estrutural e caracterizam-se pela

variação de capacidade calorífera, juntamente com variações dimensionais e viscoelásticas,

porém sem variações de entalpia (IONASHIRO, 2004). Nas transições de fase de segunda

ordem mede-se uma propriedade que pode ser expressa em função de uma segunda derivada

da energia livre de Gibbs (Figura 02). Assim, essas transições não geram picos nas curvas de

DSC, apresentando-se como deslocamento da linha base em forma de S. Uma transição de

fase de seguna ordem extremamente importante, no caso dos polímeros, é a transição vítrea

(GONÇALVES, 2005; SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

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Figura 02 – Representação da entalpia e capacidade calorífica como função da temperatura

para a transição de fases de (a) primeira e (b) segunda ordem (FONTE: GONÇALVES,

2005).

Recorrendo ao ponto de fusão de um sólido, como exemplo de uma transição de

primeira ordem, a descontinuidade verificada ao nível da entalpia é devido ao calor absorvido

pelas alterações estruturais. Durante este período, a capacidade calorífera é infinita, visto que

todo calor é aproveitado para a transformação e não para o aumento da temperatura. Em uma

transição de segunda ordem, quando se atinge a temperatura crítica (a temperatura à qual se

dá a transição), o mecanismo de absorção de energia termina e a curva da capacidade

calorífica revela um declive infinito, implicando a presença de um calor latente na transição.

Contudo, este calor latente é mínimo quando comparado com a transição de primeira ordem

onde ocorrem apreciáveis alterações estruturais (GONÇALVES, 2005).

A transição vítrea refere-se à transição de um sólido amorfo (vidro ou polímero,

por exemplo) para um líquido superarrefecido e caracteriza-se por uma temperatura Tg,

denominada temperatuta de transição vítrea (IONASHIRO, 2004; GONÇALVES, 2005).

Abaixo da Tg, o polímero não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de

uma cadeia em relação à outra por mudanças conformacionais. Dessa forma, ele está no

estado vítreo, onde se apresenta rígido, duro e quebradiço. Com o aumento da temperatura,

ao se ultrapassar a Tg, no estado elastomérico, as cadeias das macromoléculas têm mobilidade

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aumentada, sofrendo rotações e movimentos difusionais, e, neste ponto, as propriedades

físicas e mecânicas sofrem fortes mudanças de comportamento (SILVA, 2011). Em geral, a

Tg depende da história térmica do material, da massa molecular das cadeias poliméricas, da

presença de plastificantes, do grau de cristalinidade e da composição da amostra (MATOS;

MERCURI; BARROS, 2009).

A mobilidade de uma cadeia polimérica pode ser determinada através de suas

propriedades térmicas, relacionando-se diretamente com as características físicas do material

(LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001). A degradação térmica em polímeros envolve a

ocorrência de dois processos: a quebra das ligações da cadeia polimérica e a formação de

ligações entrecruzadas. Ligações entrecruzadas são ligações das cadeias poliméricas entre si

conectadas de forma tridimensional, formando uma rede. Esses processos alteram a estrutura

química e a massa molecular, alterando assim as propriedades dos polímeros (PAZ JUNIOR

et al., 2010).

A temperatura de transição vítrea envolve modificações de diversas propriedades

quando um sólido não cristalino passa para a fase líquida. Esta transição se reflete

macroscopicamente, através de mudanças em propriedades termodinâmicas como capacidade

calorífica, coeficiente de expansividade térmica, coeficiente de compressibilidade e várias

propriedades mecânicas, dielétricas e viscoelásticas. É também consensual que estas

modificações não ocorrem em uma temperatura específica, como é o caso do processo de

fusão, mas em uma faixa de temperatura. Outro aspecto muito típico da transição vítrea é que

a temperatura (ou faixa de temperatura) na qual a mesma ocorre depende do método de

medida, e, para um mesmo método depende das condições em que a medida está sendo

realizada (YAMAKI; PEDROSO; ATVARDS, 2002).

A Tg é o parâmetro fundamental na determinação das propriedades mecânicas de

polímeros e no controle de cinética de cristalização desses materiais (KROGARS, 2003). A

curva obtida por DSC é um registro gráfico do fluxo de calor em função da temperatura e

denomina-se termograma (GONÇALVES, 2005). Através do espectro do termograma gerado

na análise de DSC, pode-se determinar temperatura Tg como ponto médio de inflexão, e a

temperatura de fusão (Tm) como sendo a temperatura do pico endotérmico (KROGARS,

2003). Em geral, um tremograma obtido por DSC mostra alguns efeitos que ocorrem em uma

medida, como variações na capacidade térmica calorífica, Cp e transições de primeira ordem.

Variações de Cp levam ao aparecimento de alterações sutis da linha de base no termograma,

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sem mudança significativa da temperatura, onde se pode observar a Tg, que só é detectada por

equipamentos sensíveis Já para uma transição de primeira ordem ocorre um pico ativado pelo

consumo ou liberação de energia, chamado pico entalpico. Os picos positivos são assinalados

para processos endotérmicos, revelando que foi fornecida energia á amostra, enquanto que os

negativos são para os processos exotérmicos e, neste caso, a energia tem que ser fornecida à

referência. A área compreendida entre os picos e a linha de base traduz a medida de calor

absorvido (entalpia) durante a transição, conforme ilustra a Figura 03. Matematicamente,

outra forma de calcular a entalpia, ΓH, numa transição de primeira ordem, a pressão

constante, pode ser gerada pela equação 2 a seguir:

To

TCpdTH

1 (2)

Onde T0 e T1 são início e fim da transição térmica. No entanto, durante a

transição, Cp não permanece constante, e por isso, deve-se usar a expressão do integral

(GONÇALVES, 2005). Acima da Tg, as moléculas adquirem maior mobilidade e, quando

atingem uma determinada temperatura, denominada de cristalinização (Tcr), elas conseguem

se organizar na forma de cristais. Por esse arranjo ser mais estável, as moléculas liberam calor

e essa reação é caracterizada por ser exotérmica. O aquecimento acima da Tc resulta no

surgimento de um pico endotérmico na curva de fluxo de calor, correspondendo à temperatura

de fusão ou melting (Tm), que está relacionada a um movimento pelo aumento da temperatura.

A temperatura de fusão (Tm) cristalina é aquela em que as regiões ordenadas dos polímeros,

isto é, os cristais se desagregam e se fundem. Essa transição é de primeira ordem, é

endotérmica, e envolve mudança de estado; acima dessa temperatura, o polímero estará no

estado viscoso (MATOS; MERCURI; BARROS, 2009; ALVES, 2007; ARAGÃO et al.,

2006).

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Figura 03 – Representação de Curva de DSC (FONTE: GONÇALVES, 2005).

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Na Figura 04 encontra-se uma representação determinação da Tg obtido por curva

de DSC (MAIMONI-RODELLA; CAVALCANTI, 2006).

Figura 04 – Representação de determinação da Tg em gráficos obtidos por DSC (FONTE:

Maimoni-Rodella; Cavalcante, 2006).

2.10 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

A avaliação de impactos ambientais baseava-se, até meados de 1990, em análises

das alterações nos fatores ambientais, tais como água, ar, solo e biota, decorrentes dos

processos produtivos. A partir de discussões ocorridas em 1992, na formulação do 5°

Programa de Ação Ambiental da União Européia, reconheceu-se a importância do

desenvolvimento e adoção de estratégias que promovessem a atuação pró-ativa da sociedade

em relação às questões ambientais, conservando os esforços na prevenção dos problemas

ambientais, levando em consideração todo o ciclo de vida dos produtos (FIGUÊIREDO et al.,

2010).

A avaliação do ciclo de vida (ACV) é um quadro metodológico para estimar e

avaliar os impactos ambientais atribuídos a um processo ou produto, usando o conceito de

ciclo de vida, ou seja, considerando os impactos de todos os processos unitários que integram

o ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas, produção, transporte,

utilização, reciclagem e deposição final (REBTIZER et al., 2004).

Dentre as inúmeras vantagens da aplicação da metodologia de ACV, destacam-se:

identificação dos diferentes impactos; contribuir para subsidiar estratégias de ―marketing‖,

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comparar o desempenho ambiental de diferentes produtos com função similares e identificar

ineficiências no processo, propondo melhorias (ISO 14040, 1997; ISSO 14044, 2006;

REBTIZER et al., 2004).

2.10.1 Fases da Análise do Ciclo de Vida

Segundo as normas ISO 14040 (1997) e a ISO 14044 (2006), a ACV apresenta

quatro fases distintas: definição do objetivo e do escopo, inventário, avaliação de impactos e

interpretação (REBTIZER et al., 2004). A Figura 05 mostra as fases de uma ACV:

Figura 05 – Fases de implantação de uma ACV (FONTE: REBTIZER et al., 2004; ISO

14040, 2006 ).

2.10.2 Definição do Objetivo e Escopo

A definição do objetivo e do escopo compreende: a condução do estudo, sua

abrangência e limitações, a unidade funcional, a metodologia e os procedimentos necessários

para a garantia da qualidade do estudo. O conteúdo mínimo do escopo de um estudo de ACV

deve delimitar quantos e quais processos unitários incluídos (REBTIZER et al., 2004; Da

SILVA, 2010).

Os sistemas globais estão associados por fluxos materiais e energéticos e podem

ser divididos em séries de subsistemas a fim de facilitar sua descrição e desempenho

(FERREIRA, 2004; REBTIZER et al., 2004). Segundo a ISO 14040 (1997), o sistema de um

produto é definido como o conjunto de unidades de processo, conectados material e

energeticamente, que realiza uma ou mais funções definidas, emitindo poluentes para o ar e

para a água, resíduos sólidos e outras descargas ambientais, além dos produtos úteis. Todos

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esses componentes devem ser incluídos nos limites do sistema, como ilustrado na Figura 06

(FERREIRA, 2004).

Figura 06 – Representação de entradas e saídas em um sistema e subsistema de produto

(FONTE: FERREIRA, 2004).

O âmbito de um estudo de ACV deve especificar claramente a função do sistema

a ser estudado (FERREIRA, 2004). Segundo Benoît et al., (2010) a unidade funcional de um

sistema é definida como sendo o desempenho quantificado de um sistema de produto para o

uso como uma unidade de medida de referência em um estudo de avaliação de ciclo de vida.

A definição da unidade funcional é essencial para a análise do ciclo de vida, pois se baseia na

função do produto para o consumidor, permitindo a comparabilidade dos resultados, sendo

particularmente crítica quando diferentes sistemas estão sendo avaliados (BENOÎT et al.,

2010).

Os critérios adotados para se estabelecerem os limites do sistema precisam ser

identificados e claramente apresentados. Definir os limites do sistema, significa, de forma

resumida, estabelecer o que deve ou não ser incluído no estudo (ASSIS, 2009).

A definição dos requisitos de qualidade de um estudo de ACV torna-se importante

para permitir atingir os seus objetivos e âmbitos e especificam, em termos gerais, as

características dos dados necessários para o estudo. Os requisitos de qualidade dos dados

devem designar: cobertura temporal; cobertura geográfica; cobertura tecnológica; precisão,

integridade e representatividade dos dados; consistência e reprodutibilidade dos métodos

utilizados ao longo da ACV; fonte dos dados e sua representatividade; incerteza da

informação (FERREIRA, 2004; ISO 14040, 1997).

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2.10.3 Análise do Inventário

Após a definição do objetivo e escopo do estudo, a etapa seguinte, é a análise do

inventário, que consiste na coleta de dados e processamento dos cálculos (ASSIS, 2009). Essa

etapa consiste na quantificação de todas as entradas e saídas, em termos de materiais e

energia, relacionada a cada processo unitário que integrarão o ciclo de vida de um produto

(matéria-prima, energia, transporte, emissões atmosféricas, efluentes, resíduos sólidos)

(FERREIRA, 2004).

A análise do inventário processa-se através das seguintes fases: construção da

árvores do processo; definição dos limites do sistema (de produto com o ambiente ou de

produto com outros sistemas de produto); finalização dos limites do sistema; recolhimento de

dados; procedimentos de cálculos (procedimentos de construção da tabela do inventário) (ISO

14040, 1997).

Em uma ACV, ocorre o estudo da interação entre um determinado produto, ao

longo de todo o seu ciclo, de vida e o ambiente. O sistema de produto inclui o cumprimento

da função do produto dado e de todos os outros processos necessários para o cumprimento de

sua função (ARGONE, 2007; USEPA, 2006).

Para a avaliação de um ciclo de vida é necessária a construção de um fluxograma

do processo, especificando todos os fluxos de material e energia que entram e saem do

sistema. Segundo a ISO 14041 (1998) os dados do inventário podem ser organizados em três

grupos principais que formam um fluxograma representativo da maioria dos sistemas

industriais, conforme ilustrado na Figura 07 (FERREIRA, 2004; ARGONE, 2007):

Figura 07 – Representação de grupos do Limite de um sistema (FERREIRA, 2004).

Durante a análise do inventário, os dados devem ser selecionados ou organizados

em categorias, como: materiais, energia, emissões e outros. A organização dos dados

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dependerá do objetivo do estudo. Os fluxos de entrada e saída do sistema devem ser

quantificados em unidade de energia, massa e volume de materiais da mesma forma, ou seja,

quantificados em unidades específicas de massa e volume (USEPA, 2006).

Para que a ACV possa ser utilizada de forma ampla e confiável, é preciso que se

desenvolvam base de dados regionalizados contendo o inventário do ciclo de vida dos

principais insumos utilizados no estudo (RIBEIRO, 2009). Em meados da década de 90, a

Suíça organizou a montagem de um banco de dados único para os inventários, denominado

Ecoinvent (RODRIGUES, 2008). Essa base de dados utiliza o formato EcoSpold e possui

cerca de 4000 dados para produtos, serviços e processos frequentemente usados em estudo de

caso de ACV. A base de dados do Ecoinvent compreende a cobertura de dados de ICV para

energia (incluindo óleo, gás natural, energia nuclear, energia hidroelétrica, aquecimento solar,

energia eólica, mix (mistura de eletricidades, biocombustíveis), transporte, materiais de

construção, madeira (madeira tropical e européia), fibras renováveis, metais (incluindo metais

preciosos), químicos (incluindo petroquímicos e detergentes), eletrônicos, engenharia

mecânica (tratamento de metais e ar comprimido), papel e polpa, plástico, tratamento de

resíduos e produtos agrícolas (MORETTI, 2011).

Segundo a ISO 14040 (1997) a etapa que se segue, após o recolhimento dos

dados, é a definição dos seguintes procedimentos de cálculo: procedimento de alocação das

cargas ambientais aos vários sistemas de produtos envolvidos no estudo e procedimentos de

cálculo da tabela do inventário.

Em sistemas em que ciclo de vida do produto, material ou serviço estudado afeta

outros ciclos de vida não incluídos no estudo em análise, é necessário aplicar regras de

alocação (FERREIRA, 2004). Segundo a ISO 14040 (1997) a alocação consiste na divisão

adequada dos aspectos ambientais entre a unidade funcional e o subproduto do sistema. A sua

utilização se faz necessário quando se consegue separar nitidamente os impactos gerados pela

função em estudo de outros gerados pelo sistema produtivo (RAMIRÉZ, 2009).

Após o recolhimento dos dados e aplicação dos procedimentos de alocação é

necessário calcular a extensão de cada um dos processos na árvore de fluxo (EPA, 2006).

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2.10.4 Avaliação de Impactos

A fase de avaliação de impacto compreende aos impactos ambientais resultantes

dos insumos e emissões quantificados na análise de inventário (REBTIZER et al., 2004) .

As consequências e magnitudes dos efeitos produzidos pelo consumo de recursos

e emissões que resultam do ciclo de vida de um produto definem a avaliação dos impactos

durante a condução análise (GIUDICE; ROSA; RISITANO, 2006).

Segundo a ISO 14042 (2000), o quadro geral da fase de avaliação de impacto do

ciclo de vida é composto por vários elementos obrigatórios que convertem os resultados do

inventário do ciclo de vida em indicadores de categorias (perfil ambiental) para as diferentes

categorias de impacto. Já os elementos opcionais são utilizados para a normalização,

agrupamento ou ponderação dos resultados dos indicadores e técnicas de análise de qualidade

dos dados (ISO 14042, 2000), conforme ilustra a Figura 08:

Figura 08- Elementos da fase de análise do inventário do ciclo de vida (FONTE: ABNT: NBR

ISO 14042, 2004).

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Segundo a ISO 14042 (2000), os elementos obrigatórios de avaliação de impacto

de análise de inventário do ciclo de vida são os seguintes: seleção de categorias de impacto,

indicadores relacionados com a categoria, modelo de caracterização e categoria de ponto

final, associados aos resultados do inventário do ciclo de vida que o estudo irá abordar. Por

exemplo, a Figura 09 representa a estrutura geral de uma avaliação de impacto de ciclo de

vida, mostrando a relação entre os resultados do inventário do ciclo de vida, categorias de

impacto, indicadores de categoria e categorias de ponto final e ilustra estes conceitos

relativamente à categoria de impacto acidificação (FERREIRA, 2004; ISO 14042, 2000).

Figura 09 – Conceito de indicadores de categoria (FONTE: ABNT: NBR ISO 14042, 2000).

A primeira etapa em uma análise de inventário de ciclo de vida é a seleção de

categorias de impacto, sendo considerada como parte da análise do ciclo de vida global. A

seleção das categorias de impacto deve refletir um conjunto abrangente de questões

ambientais relacionados com o sistema de produto a ser estudado, levando em consideração o

objetivo e o escopo do estudo, a fim de orientar o processo de recolhimento de dados do

inventário do ciclo de vida e as reconsiderações seguintes à esta fase (ISO 14044, 2006;

FERREIRA, 2004).

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Na etapa de seleção de categorias de impacto e classificação são definidos os

impactos ambientais relevantes para o estudo. Os fluxos elementares do inventário do ciclo de

vida (por exemplo, o consumo de recursos, a emissão para a atmosfera) são, então, atribuídos

ao impacto de categorias de acordo com a capacidade das substâncias de contribuir para os

diferentes problemas ambientais (ISO 14044, 2006).

Na etapa de classificação os parâmetros calculados no inventário são conectados

às respectivas categorias de impacto, conhecendo-se a relação causa-efeito entre os poluentes

e os potenciais impactos ambientais (SAADE; SILVA; GOMES, 2014).

O cálculo dos indicadores dos resultados (caracterização) envolve a conversão dos

resultados do invetário do ciclo de vida para unidades comuns e a agregação dos resultados

convertidos na mesma categoria de impacto. Esta conversão utiliza os fatores de

caracterização para calcular os potenciais de impacto (ISO 14044, 2006). Nesta fase, calcula-

se a extensão do impacto ambiental, por categoria, obtendo-se o total de impacto utilizando

fatores de equivalência, denominados fatores de caracterização (SAADE; SILVA; GOMES,

2014). Dessa forma, na caracterização, multiplicam-se as diferentes emissões, de acordo com

a sua contribuição relativa às categorias de impacto, por um fator de equivalência. O valor

agregado das trocas ambientais multiplicadas pelos seus respectivos fatores de equivalência

resulta no potencial de impacto de cada categoria. O resultado é expresso como uma avaliação

do impacto de uma unidade comum para todas as contribuições dentro da categoria de

impacto através da aplicação dos fatores de chamada-caracterização II. Por exemplo, Kg de

CO2 equivalentes de gases do efeito estufa que contribuem para a categoria de impacto

mudança climática. Neste caso, o fator de caracterização do CO2 é 1, enquanto o metano tem

um fator de caracterização de mais de 20, refletindo o seu maior potencial de mudança

climática (FERREIRA, 2004).

A Figura 10 fornece exemplos de termos obrigatórios utilizados na norma ISO

14042 para a análise do inventário do ciclo de vida. Na ilustração abaixo, os termos são

exemplificados para a categoria de impacto mudança climática (ABNT: NBR ISO 14042,

2000; ISO 14042, 2000).

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Figura 10 – Exemplo de termos utilizados em avaliação de impacto de análise de inventário

de ciclo de vida (FONTE: ABNT: NBR ISO 14042, 2000).

A Figura 11 mostra a inter-relação entre emissões, categorias de impacto e

potencial de impacto (FERREIRA, 2004):

Figura 11 – Inter-relação entre emissões, categorias de impacto e potencial de impacto

(WENZEL; HAUSCHILD; ALTING, 1997; adaptado por FERREIRA, 2004).

A ISO 14042 descreve os três elementos opcionais da análise de inventário do

ciclo de vida: normalização, agrupamento e ponderação (ISO 14042, 2000).

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O objetivo da normalização dos resultados dos indicadores é a melhor

compreensão da magnitude relativa do resultado do indicador do sistema de produto em

estudo. O cálculo da magnitude dos resultados dos indicadores em relação à informação de

referência pode ser útil para verificação de inconsistências no estudo, fornecimento e

comunicação de informações sobre a significância relativa dos resultados dos indicadores e

preparação de procedimentos adicionais, tais como agrupamento, ponderação e intrepretação

do ciclo de vida (ISO 14042, 2000).

A normalização transforma o resultado do indicador, dividindo-o por um valor de

referência selecionado. Alguns exemplos de valores de referência são: as emissões totais ou

utilização de recursos para uma determinada área, a qual pode ser global, regional, nacional

ou local; as emissões totais ou utilização de recursos para uma dada área em uma base per

capta ou medição similar; e, um cenário de referência, tal como um dado sistema alternativo

de produto (ISO 14042, 2000).

O agrupamento, elemento opcional da avaliação de impacto da análise do

inventário do ciclo de vida, significa correlacionar as categorias de impacto em um ou mais

conjuntos, conforme predefinido na definição de objetivo e escopo, podendo envolver

ordenação e ou classificação (ISO 14042, 2000). .

A ponderação, um elemento opcional da avaliação do impacto da análise do

inventário do ciclo de vida, é definida como um processo de conversão dos resultados dos

indicadores de diferentes categorias de impacto, através do uso de fatores numéricos baseados

em escolha de valores, de acordo com a sua importância ou relevância (ABNT: NBR ISO

14042, 2000).

Os indicadores, correspondentes a cada categoria de impacto definida, podem se

enquadrar em qualquer estágio entre os resultados numéricos do inventário e os resultados

finais (nos quais o efeito ambiental propriamente dito ocorre) na corrente causa e efeito.

Considerando esta estrutura, duas principais escolas de método de avaliação se

desenvolveram (SAADE;SILVA;GOMES, 2014):

1) Métodos clássicos de avaliação de impacto, que restringem a modelagem

quantitativa a estágios relativamente iniciais na corrente causa e efeito, a fim de minimizar

incertezas e agrupar os resultados dos inventários nas chamadas ―categorias midpoints‖, que

seriam os resultados intermediários;

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2) Métodos orientados a danos, que tentam modelar a corrente de causa e efeito até o

chamado “endpoint”, ou dano propriamente dito, que seria o resultado final; modelagem esta

que pode, em certos casos, agregar altos valores de incerteza.

Acidificação do Solo

A acidificação do solo ou de ecossistemas aquáticos é um impacto ambiental que

consiste na redução da quantidade de substâncias do sistema que são capazes de neutralizar

íons hidrogênio que podem ser adicionados, ou seja, é um impacto que leva a uma redução na

capacidade do sistema de neutralizar ácidos (Da SILVA, 2010).

Esta capacidade de neutralização pode ser reduzida por duas razões: adição de

íons hidrogênio ou consumo de cátions em plantas ou outra biomassa que são coletadas ou

removidas do sistema (Da SILVA, 2010).

As substâcias podem ser classificadas como acidificantes se obedecerem a um dos

seguintes critérios:

a) Ser responsável por uma adição ou liberação de íons hidrogênios no ambiente

em estudo;

b) O ânion que acompanhava o hidrogênio na molécula deve ser lixiviado do

sistema, pois, caso, permaneça, processos naturais usualmente neutralizam o

ácido (STRANDDORF; HOFFMANN; SCHMIDT, 2005).

Os principais agentes acidificantes do meio são os óxidos de enxofre (SOx);

óxidos de nitrogênio (NOx) e o NH3; monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2); e os

compostos orgânicos voláteis (metano, benzeno, xileno, propano e butano). O cálculo do fator

de equivalência das substâncias acidificantes é consensual no meio científico, baseado no

número de íons H+ que podem ser liberados no meio a partir de um mole da substância em

questão, diretamente ou após a reação com água (ou reação com O2, no caso de NH3). Como

substância de referência adota-se o SO2 (Da SILVA, 2010).

Eutrofização das Águas Doce e Marinha

A eutrofização é o resultado do aumento da entrada de sais nutrientes em lagos e

rios, gerando problemas como: a elevação da produção primária, tal como a proliferação de

algas e platas superiores; deficiência de oxigênio e produção de sulfeto de hidrogênio,

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reduzindo, dessa forma, a qualidade da água e valor de exploração da área (Da SILVA, 2010;

UNEP-IETC, 2001; GALLI; ABE, 2014). Segundo Da Silva (2010) eutrofização significa a

produção primária aumentada devido ao excesso de suplementos de nutrientes- nitrogênio e

fósforo- a partir das atividades humanas.

As principais substâncias responsáveis pela eutrofização das águas doces e

marinhas são os compostos NOx, NO, NH3, compostos nitrogenados e fosforados. O impacto

ambiental eutrofização das águas doce e marinha é calculado de acordo como o fator de

equivalência basaeado no teor de N ou P na substância em questão (em peso molecular),

expressos na forma de ―grama de N-equivalente‖ ou ―grama de P-equivalente‖ (Da SILVA,

2010; UNEP-IETC, 2001; GALLI; ABE, 2014).

Mudança Climática

O potencial de aquecimento global de uma substância é definido como a relação

entre a contribuição para a absorção do calor de radiação resultante da descarga instantânea de

1Kg de um gás com efeito estufa e uma igual emissão de dióxido de carbono (CO2) integrada

ao longo do tempo (FERREIRA, 2004).

O aquecimento geral do clima gera um aumento da temperatura atmosférica e dos

oceanos, assim como um rápido derretimento das camadas glaciais e consequente aumento

global do nível do mar (HENRIQUES, 2011). O aumento da temperatura decorrente da

poluição é responsável por inúmeros impactos sobre vários ecossistemas, tais como

inundações, secas, incêndios e acidificação dos oceanos (IPCC, 2007).

Os gases do efeito estufa, em elevadas concentrações atmosféricas, ocasionam o

aumento da temperatura global. As concentrações atmosféricas desses gases aumentam

quando as emissões superam a capacidade do processo de remoção (HENRIQUES, 2011).

O Protocolo de Kyoto identifica seis gases do efeito estufa: o dióxido de carbono

(CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonetos (HFC), perfluorcarbonetos

(PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6). A quantidade total de gases do efeito estufa é medida

em unidades mássicas (Kg ou t) e, quando apenas o CO2 está incluído, a unidade é Kg de

CO2. Quando existem outros gases do efeito estufa incluídos na avaliação, a unidade de

medida é o Kg de CO2-eq que corresponde à massa de CO2 equivalente. Após todas as

substâncias serem convertidas a esse parâmetro, são gerados os respectivos impactos

ambientais nessa categoria (HENRIQUES, 2011).

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Toxicidade Humana

A categoria de impacto ambiental toxicidade humana compreende ao impacto, na

saúde humana, das substâncias tóxicas presentes no ambiente (FERREIRA, 2004).

Os principais agentes causadores de toxicidade humana são o chumbo, mercúrio,

solventes orgânicos, cromo, os agrotóxicos, tais como: os organofosforados, carbamatos, os

organoclorados, os piretróides, os dietilditilcarbamatos e os derivados do ácido fenoxiácetico

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Hauschild e Wenzel (1998) desenvolveram fatores de caracterização para a

toxicidade humana, terrestre e aquática considerando a dispersão de poluente em clima

temperado e tendo como substância de referência o 1,4-diclorobenzeno. Os resultados da

toxicidade humana normalmente são expressos como a massa do corpo humano que estaria

exposta ao limite toxicologicamente aceitável em comparação ao efeito da emissão de 1,4-

diclorobenzeno na atmosfera (SARTORI, 2007).

2.10.5 Interpretação do Ciclo de Vida

A interpretação é a fase da análise do ciclo de vida onde os resultados das outras

fases são interpretados, de acordo com o objetivo do estudo, e que deverá ser realizada no

término do trabalho, antes do relatório final, usando a análise de sensibilidade e incerteza.

Estes resultados podem tomar a forma de conclusões e recomendações aos tomadores de

decisão, evidenciando as limitações que podem tornar os objetivos iniciais inalcançáveis ou

impraticáveis. Pode também haver a necessidade do uso de outras ferramentas para

complementar conclusões preliminares retiradas da metodologia da ACV (HAUSCHILD;

JESWIET; ALTING, 2011).

Segundo Persin et al. (2011) os polissacarídeos são biodegradáveis e não se

acumulam no ambiente. De acordo com os autores, o alvo para novos materiais é conceber as

suas propriedades funcionais de tal modo que, após o seu uso, o material possa ser reutilizado,

reciclado ou eliminado sem impacto negativo para o meio ambiente.

Figuêiredo et al. (2012) estudaram o ciclo de vida de nanopartículas de celulose

extraídas de fibras do coco e de fibras de algodão branco e concluíram que as nanopoartículas

de celulose extraídas a partir da fibra de algodão requerem menos energia e água e emitem

menos poluentes, quando comparadas às obtidas a partir da fibra do coco, contribuindo menos

para a mudança climática, toxicidade humana e eutrofização das águas.

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2.10.6 Análise de Incerteza

As ferramentas de qualidade de dados mencionadas na ISO 14042 incluem:

análise de gravidade, análise de sensibilidade e análise de incerteza. Elas podem ser aplicadas

em diferentes níveis do processo de avaliação do impacto, ou seja: podem ser atribuídas aos

resultados do inventário do ciclo de vida, dos indicadores, da normalização e da ponderação

(ISO 14047, 2003).

A análise de gravidade é um procedimento estatístico que revela os principais

contribuintes (dados ou processos unitários) para parâmetros como pontuações dos

indicadores (ISO 14047, 2003).

A análise de incerteza mostra como as incertezas nos dados do inventário do ciclo

de vida/ e ou fatores de caracterização se propagam nos resultados do indicador (ISO 14047,

2003).

A análise de sensibilidade é utilizada para medir as alterações no resultado do

indicador quando são introduzidas alterações nos resultados do inventário do ciclo de vida (ou

dados do processo unitário), ou nos fatores de caracterização, de normalização e de

ponderação (ISO 14047, 2003).

Dentro de um inventário de ciclo de vida de uma unidade de processo, as

quantidades de entradas e de saídas são descritas como média de valores. Essa descrição

quantitativa de uma unidade de processo inclui incertezas, pois valores médios são incertos.

Na realidade, pode haver uma diferença entre o valor que está sendo investigado (ou

mensurado e relatado) e o ―valor real‖, devendo ser realizada a análise de incerteza

(MORETTI, 2011).

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CAPÍTULO 03

PURIFICAÇÃO DA GOMA DE CAJUEIRO ASSISTIDA POR ULTRASSOM

RESUMO – As gomas naturais exsudadas ou obtidas por incisões nos troncos dos vegetais

referem-se a polissacarídeos vegetais, que se dissolvem total ou parcialmente em água fria ou

quente, produzindo suspensões ou soluções viscosas. A goma de cajueiro é um

heteropolissacarídeo ácido ramificado que possui características semelhantes à goma arábica,

podendo ser utilizada como estabilizante, emulsificante e agente encapsulante nas indústrias

de alimentos e farmacêutica. O objetivo deste trabalho foi aumentar o rendimento do processo

de purificação da goma de cajueiro, além de observar a influência da aplicação do ultrassom

nesse processo. A temperatura não exerceu influência significativa na solubilização das

partículas de 250 µm da goma de cajueiro. Com relação aos ensaios de saturação, verificou-se

que, a solubilidade das partículas de tamanho 500 µm foi de 1092 g/L. Observou-se que a

variável tempo não exerceu influência significativa na solubilização das partículas de

granulometrias 2 mm, 1 mm e 500 μm. Já nas partículas de granulometria 250 μm houve uma

diferença de aproximadamente 10% nas porcentagens de solubilização entre os tempos de 15

e 90 minutos. Observou-se que, para a purificação da goma de cajueiro, o melhor rendimento

foi obtido com a adoção sequenciada dos seguintes processos unitários: solubilização das

partículas de 500 µm a 30°C, por um tempo de 30 minutos de agitação; filtração à vácuo;

adição de etanol, com a utilização de uma proporção de 1:4,5 (solução de goma: álcool);

sonificação por 2 minutos; tempo de precipitação (repouso) de 90 minutos; secagem em

estufa por 48 horas a 60°C; moagem em moinho analítico. A aplicação da sonificação, por um

tempo de 2 minutos, viabilizou o tempo de precipitação da goma de cajueiro em até 1350

minutos em relação ao tempo de 24 horas, pois utilizando-se uma mesma proporção de

solução de goma: álcool (1;4,5), os rendimentos foram semelhantes. O fato da aplicação do

ultrassom acelerar o processo de precipitação é importante se a purificação da goma de

cajueiro for pensada a nível industrial, já que reduz o tempo de purificação.

3.1 INTRODUÇÃO

Em nível mundial, o agronegócio do caju apresenta-se como destaque na atividade

produtiva e econômica. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação – FAO, a produção mundial de caju chega a 3,1 milhões de toneladas/ano,

ocupando uma área de 3,39 milhões de hectares. Os principais países produtores são o Vietnã

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(941.600 t), Nigéria (636.000 t), Índia (573.000 t) e Brasil (243.770 t) (FAO, 2013). No

entanto, ainda não há o aproveitamento integral e sustentável do caju, dessa forma, a goma de

cajueiro pode se tornar um produto de grande relevância econômica, e a sua exploração em

escala comercial tem sido buscada nos últimos anos visando uma maior agregação de renda à

cajucultura (CUNHA; DE PAULA; FEITOSA, 2009; DE MOURA, 2009).

As gomas são substâncias químicas de elevada massa molecular, hidrofílicas, com

propriedades coloidais, produzindo suspensões altamente viscosas, com função espessante,

geleificante, emulsificante, estabilizante e aglutinante (LIMA et al., 2001).

A goma de cajueiro é um heteropolissacarídeo ácido ramificado não-tóxico, sendo

composta por 61% de galactose, 14% de arabinose, 7% de ramnose, 8% de glicose, 5% de

ácido galacturônico e menos que 2% de outros resíduos de açúcar, no entanto, sua

composição varia de acordo com a localização geográfica, idade da planta, condições

climáticas e de cultivo (MOTHÉ; CORREIA, 2002; CUNHA et al., 2007).

A goma de cajueiro é um exsudado da árvore do Anacardium occidentale que tem

atraído pesquisas devido ao seu uso potencial (DE MOURA, 2009). A exsudação da goma de

cajueiro é geralmente produzida por ferimentos na árvore durante a poda e como o resultado

direto do ataque por insetos ou microrganismos (TORQUATO et al., 2004).

A goma de cajueiro possui características semelhantes à goma arábica, podendo

substituí-la como cola líquida para papel, na indústria farmacêutica, em cosméticos, como

aglutinantes de cápsulas e comprimidos e na indústria de alimentos (MOTHÉ; CORREIA,

2002).

O comércio da goma arábica é gerido, notadamente, por países da África Sub-

Saariana, sendo que no final da década passada, 95% do comércio mundial era realizado por

três países: Sudão, Chade e Nigéria. Esses países estão frequentemente envolvidos em guerras

civis, o que vem dificultando a exportação (DE SOUZA, 2014; FORUM DU COMMERCE,

2007). Devido ao alto custo e dificuldades de obtenção das gomas importadas, existe uma

necessidade de se buscar gomas de espécies brasileiras, úteis industrialmente e sustentáveis,

para substituir as gomas importadas.

Devido ao potencial de utilização da goma de cajueiro, como espessante e

estabilizante, torna-se necessário o desenvolvimento de novas metodologias que visem

aumentar o seu rendimento e melhorar suas características tecnológicas. Dessa forma, o

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ultrassom surge como uma alternativa para acelerar e facilitar a nucleação desse

polissacarídeo. No presente trabalho, estudou-se a precipitação da goma em etanol, associada

à aplicação de ultrassom, constituindo-se em um estudo pioneiro, em relação aos processos de

purificação existentes em nível laboratorial.

Segundo Patist e Bates (2008) o ultrassom ajuda no processo de cristalização,

podendo aumentar o rendimento dos polissacarídeos purificados, das seguintes maneiras:

influenciando o início da nucleação de cristais; controlando a taxa de crescimento do cristal;

assegurando a formação de cristais pequenos e uniformes; impedindo a incrustação de

superfícies pelos cristais recém-formados.

O objetivo deste trabalho foi estudar a influência da granulometria, temperatura e

tempo na solubilização da goma de cajueiro, de forma a contribuir com a melhoraria do

rendimento do processo de purificação da goma através da aplicação ultrassom.

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS

3.2.1 Obtenção das frações granulométricas da goma bruta

A goma bruta foi colhida entre janeiro e agosto de 2011, de exsudados naturais de

cajueiro do tipo comum, oriundos da produção experimental da EMBRAPA, situada no

município de Pacajus, Ceará, Brasil. Inicialmente, a goma de cajueiro bruta foi triturada,

manualmente, a partículas menores, com auxílio de um martelo de ferro. Posteriormente, a

goma foi seca em estufa com circulação de ar a 60°C, por oito horas, com a finalidade de

padronizar o teor de umidade para 10%. Após a secagem, as partículas foram trituradas em

moinho analítico A11 Basic Mill. Posteriormente, a goma em pó resultante da moagem foi

tamisada em um tamisador da marca Produtest, contendo peneiras de mesh entre 16 mm e 250

μm, com reostato na escala 10 de aparelho e as frações foram divididas nas seguintes

granulometrias: partículas com tamanho menor do que 2 mm, menor do que 1 mm, menor do

que 500 μm e menor do que 250 μm.

3.2.2 Estudo da variação da solubilização com a temperatura

A indústria utiliza-se das propriedades físico-químicas das gomas que, quando

dissolvidas em água, formam soluções viscosas, alterando a textura dos alimentos. Nesse

aspecto, o estudo da solubilidade da goma de cajueiro torna-se necessário, pois ao ser

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adicionada ao alimento, esta deve ser facilmente solúvel, para evitar posterior precipitação.

Para estudar a solubilização integral das partículas de goma de cajueiro, foram selecionadas as

partículas de tamanho 250 µm, por estas apresentarem maior proporção superfície/volume,

facilitando a interação soluto-solvente e, consequentemente, aumentando a solubilização em

água.

Os ensaios de solubilização integral das parículas de 250 µm foram realizados em

temperaturas variando entre 20 e 70°C, com intervalos de 10°C. Inicialmente, foram

dissolvidos 2,5 g de amostra de goma bruta em 50 mL de água destilada, sob agitação, e

aquecimento em chapa aquecedora, durante 30 minutos. Posteriormente, a suspensão foi

centrifugada a 2081 g (força gravitacional) por 30 minutos. A fração solúvel em água

(sobrenadante) foi separada da fração insolúvel (precipitado). A fração solúvel foi liofilizada e

calculou-se a solubilidade em g/L da goma a diferentes temperaturas através da equação 1:

(1)

O percentual de massa solúvel foi calculado segundo a equação 2:

(2)

3.2.3 Estudo da saturação na temperatura de 30°C

Foi realizado o estudo da saturação das partículas de tamanhos 250 e 500 μm de

goma de cajueiro. As partículas de goma (250 e 500 µm) foram selecionadas por

apresentarem maior proporção superfície/volume, em relação às partículas de tamanho de 1 e

2 mm, facilitando a interação soluto-solvente. Os ensaios foram iniciados com uma massa de

2 g até a massa de final de 20 g e variou-se a massa de 1 g em cada ensaio. Após 20 g, devido

à solubilização ter aumentado linearmente com o aumento da massa, utilizou-se uma variação

de massa de 10 g até que a solubilização da goma se estabilizasse. Inicialmente, a massa

referente a cada um dos ensaios foi dissolvida em 50 mL de água destilada, sob agitação, por

um tempo de 30 minutos, a uma temperatura de 30°C. A suspensão foi centrifugada a 2081 g

por 30 minutos, com a finalidade de separar a fração solúvel da insolúvel. A fração solúvel foi

)((l) diluição de volume

seco solúvel Peso (g/l) deSolubilidag

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liofilizada, pesada e calculou-se a porcentagem de goma solúvel com relação à massa inicial

de acordo com a equação 1.

3.2.4 Estudo da variação da solubilização com o tempo de agitação

A solubilização das partículas de goma com tamanhos de 2 mm,1 mm, 500 μm e

250 μm, foi estudada em intervalos de tempo variando de 15 a 120 minutos. Os intervalos

crescentes de tempo foram utilizados com o objetivo de aumentar a colisão entre as moléculas

de soluto-solvente e facilitar a solubilização. Inicialmente, 2,5 g de goma foram dissolvidas

em 50 mL de água destilada, a suspensão foi aquecida a 30°C, em chapa aquecedora, e

permaneceu sob agitação, entre 15 a 120 minutos, com acréscimo de 15 minutos entre os

ensaios, até atingir o tempo máximo (120 minutos). Posteriormente, a suspensão foi

centrifugada a 2081 g por 30 minutos, com a finalidade de separar a fração solúvel da fração

insolúvel. A fração solúvel foi liofilizada e pesada para calcular-se o rendimento de acordo

com a equação 2 descrita no item 3.2.2.

3.2.5 Purificação da goma do cajueiro

Para a purificação da goma, selecionou-se a partícula de tamanho de 500 μm, por

ser a partícula que apresentou melhor solubilização entre as estudadas em um tempo de 30

minutos. Inicialmente, 2,5 g de goma bruta de caju foram pesadas e dissolvidas em 50 mL de

água destilada, que permaneceu sob agitação por 30 minutos, a uma temperatura de 30°C, em

chapa aquecedora. A suspensão de goma foi filtrada à vácuo e foi adicionado álcool comercial

ao filtrado na seguintes proporções de solução de goma: álcool : 1:1,5, 1:3 e 1:4,5

(volume/volume). Para os ensaios conduzidos com a utilização de ultrassom, após a adição do

álcool comercial, a mistura foi submetida a um tempo de sonificação de 2 minutos em

ultrassom de ponteira da marca Hielscher e modelo UP 400 com uma densidade de potência

200 W/L. A mistura permaneceu em repouso em intervalos de tempo variando entre 90 e

1440 minutos para a precipitação e purificação da goma. Posteriormente, a goma purificada

foi seca em estufa com circulação de ar a 60°C por um tempo de 48 horas, moída em moinho

analítico e obteve-se, dessa forma, a goma seca em pó.

O rendimento da purificação da goma foi calculado de acordo com a equação 3:

(2)

seca) (massa bruta goma da inicial Peso

100*purificada goma da seca massa em Peso(%)Rendimento

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3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Observou-se que a porcentagem solúvel da goma de cajueiro com partículas de

tamanho de 250 μm permaneceu praticamente constante com o aumento da temperatura, dessa

forma, verificou-se a que a temperatura não exerceu influência significativa na solubilização

dessa fração da goma de caju. A Figura 01 mostra esses resultados com um intervalo de 95%

de confiança.

Em trabalhos realizados por Rahman e Zacaria (1995), os autores verificaram que,

a fração solúvel, em temperatura ambiente, foi de 64,2% do peso inicial, a fração dispersa foi

de 13,4% e os detritos quantificaram um total de 21,9%. Observou-se que na temperatura

próxima a ambiente (30°C) a solubilização da goma no presente trabalho foi de 42,5 g/L, o

que resultou em um percentual de massa solúvel de 94,26%, um valor superior ao encontrado

por Rahman e Zacaria (1995).

Pollard et al. (2006) observaram, em seus estudos, que à medida que a

temperatura aumenta, a fração solúvel de goma de cajueiro aumenta, atingindo, a uma

temperatura de 90°C, um percentual de massa solúvel próxima a 100%. No presente trabalho,

a porcentagem de solubilização de 94,26%, foi resultante de um experimento conduzido a

30°C, isso provavelmente se deveu ao fato de que, previamente à purificação da goma, foi

realizada, por tamisação, a retirada das partículas de maior granulometria, facilitando a

solubilização devido á maior interação entre o soluto (goma de caju) e o solvente (água)

(Figura 01).

Segundo Pollard et al. (2006), uma das mais importantes características da

estrutura molecular de polissacarídeos de galactomanas é o substituinte de galactose,

quantificado como grau médio de substituição, DSGAL. Sem a presença desses grupos em

determinada concentração, o polissacarídeo isolado é instável em solução e outros cristalizam

ou precipitam, isso pode explicar em parte o comportamento solúvel de uma determinada

fração de goma. Provavelmente, os substituintes de galactose, que facilitam a solubilização,

influenciaram positivamente na solubilização da goma de caju, pois estas são

arabinogalactanas, contendo galactose em sua estrutura.

Segundo Mirhosseini e Amid (2012) a proporção de manose/ galactose, o

tamanho molecular, e a estrutura são os fatores que mais afetam o mecanismo de solubilidade

e a habilidade de auto-associação (isto é associação intra e inter molecular). Em particular,

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uma alta proporção de manose/ galactose leva a uma alta propriedade de espessamento

(LAZARIDOU et al., 2011). Dessa forma, a goma guar que apresenta uma proporção de

manose/ galactose 1,8 é mais facilmente solúvel em água fria, enquanto que goma de

alfarroba, que apresenta a proporção de manose/ galactose de 3,5, é considerada não solúvel

em temperatura ambiente. Em geral, quanto maior o teor de D-galactose, maior a solubilidade

em água (MIRHOSSEINI; AMID, 2012). A goma de cajueiro apresenta em sua composição,

em média, 61% de D-galactose em sua cadeia principal, o que facilita a sua solubilidade em

água a temperatura ambiente.

Figura 01 – Variação da solubilização integral da goma de cajueiro com partícula de 250 μm

em função da temperatura.

Para o estudo da saturação, foram selecionadas as partículas de tamanho 250 e

500 µm, por estas serem menores e estarem em um estado energeticamente menos estável do

que as partículas de maiores dimensões (1 e 2 mm). Dessa forma, as partículas de 250 e 500

µm, apresentam uma superfície relativamente grande quando comparada ao volume,

possuindo uma fração significativa de átomos ou moléculas nas posições superficiais,

facilitando a interação entre seus átomos ou moléculas com os átomos ou moléculas do

solvente.

No estudo da saturação em g/L das partículas de goma de cajueiro de tamanho

250 µm, observou-se que, utilizando-se uma massa de 2 g, a solubilização foi de 34,83 g/L. Já

para as partículas de tamanho 500 µm, a solubilização, utilizando uma massa de 2 g, foi de

20 30 40 50 60 70

0

10

20

30

40

50

Solu

bili

za

çã

o (

g/l)

Temperatura (°C)

250 um

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74

36,4 g/L. A solubilização das partículas de tamanhos 250 e 500 µm foi aumentando quase que

linearmente com a massa. Isso ocorreu porque, ao se adicionar 1 g de massa em cada um dos

ensaios, o percentual solúvel da goma também aumentava enquanto que o volume

permaneceu constante (50 mL), ao passo que, quando os ensaios foram realizados com 60 g, a

solubilização chegou a 929,5 g/L, para as partículas de tamanho 250 µm, e a 1092 g/L, para as

partículas de tamanho 500 µm, estabilizando, atingindo dessa forma a solubilização máxima

ou solubilidade em um tempo de 30 minutos.

A goma arábica comercial purificada apresenta uma solubilidade de

aproximadamente 500 g/L a uma temperatura de 30°C. A goma de cajueiro apresentou, a uma

temperatura de 30°C, uma solubilidade de 1092 g/L (partículas de 500 µm), solubilidade

superior em 118,4% em relação à solubilidade da goma arábica comercial nas mesma

condição de temperatura, indicando que a goma de cajueiro apresenta-se facilmente solúvel

em temperatura ambiente. A diferença entre os valores de solubilidade da goma de cajueiro e

da goma arábica deve-se ao fato da diferença na composição química e conformação

estrutural entre as duas gomas, fatores que afetam a solubilidade. Outro fator que,

provavelmente, influenciou na solubilidade da goma de cajueiro foi a operação de tamisação,

pois diminuiu a quantidade de impurezas presentes na goma, facilitando a solubilização

(Figura 02).

Figura 02 – Saturação das partículas de goma de cajueiro (tamanho 250 e 500 μm) em

função da concentração.

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Estudou-se a solubilização das partículas de goma de cajueiro de tamanho igual a

2 mm e observou-se que a porcentagem de solubilização foi praticamente estável, sendo de

87,38% no tempo de 15 minutos e 89,48% no tempo de 120 minutos. Dessa forma, observou-

se que o tempo não exerceu influência significativa sobre a solubilização da goma de cajueiro

(partículas de 2 mm) em água, o que também ocorreu com as partículas de 1 mm e 500 μm.

Estudou-se a solubilização da partícula de goma de cajueiro de tamanho 250 μm e observou-

se que a quantidade mínima que permaneceu em solução foi de 80,99% que foi obtida por um

tempo de 15 minutos sob agitação, já a porcentagem máxima da fração solúvel foi de 91,92%

resultante de um tempo de agitação de 90 minutos. Verificou-se, portanto, que houve uma

diferença de 10% em relação às porcentagens máxima e mínima nos tempos de agitação de 15

e 90 minutos. Esses estudos relacionando a solubilização e o tempo de agitação são

importantes se a purificação da goma de cajueiro for realizada em escala industrial, já que se

pode selecionar o menor tempo em que a goma atingirá a máxima porcentagem de

solubilização, resultando em economia de tempo e energia (Figura 03).

Figura 03 – Variação da solubilização da goma de cajueiro de partículas com tamanho de 2

mm, 1 mm, 500 μm e 250 μm com o tempo.

Para o estudo da purificação da goma de cajueiro, selecionaram-se as partículas

com tamanho de 500 μm, pois durante a realização dos ensaios apresentaram uma

solubilidade máxima de 91% da massa inicialmente utilizada em um menor tempo (30

minutos), resultando em uma solubilidade de 1092 g/L. A concentração da solução utilizada

para o estudo da purificação foi de 5%.

0 20 40 60 80 100 120

0

20

40

60

80

100

Solub

ilizaç

ão %

(m/m

)

Tempo (minutos)

250 um

500 um

1 mm

2 mm

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Os ensaios que apresentaram maior rendimento em purificação de goma, dentre os

conduzidos com a utilização de ultrassom, foram os realizados com uma proporção de goma:

álcool 1:4,5, por um tempo de descanso de 90 minutos (80,12%) e proporção de goma: álcool

de 1:3 por um tempo de descanso de 360 minutos (80,10%) . Já dentre os ensaios conduzidos

sem a utilização de ultrassom, o melhor rendimento foi obtido utilizando-se uma proporção de

álcool de 1;4,5 por um tempo de descanso de 1440 minutos (83,12%) e proporção de solução

de goma: álcool de 1:3 por um tempo de descanso de 360 minutos (79,04%) (Tabela 01).

Tabela 01 – Rendimentos da purificação da goma de cajueiro com e sem a utilização de

ultrassom.

Observou-se que os ensaios conduzidos com a utilização de ultrassom por um

tempo de 2 minutos apresentaram altos rendimentos de purificação da goma em um menor

tempo de descanso, isso se deve ao fato de que o ultrassom auxilia no processo de nucleação

das partículas durante o seu tempo de aplicação, facilitando, posteriormente, a precipitação.

Segundo Chemat, Huma e Kamran Khan (2011) o processo de despolimerização

de polímeros submetidos ao tratamento por ultrassom ocorre através dos efeitos de cavitação

acústica e pode envolver dois mecanismos possíveis: degradação mecânica do polímero a

partir de bolhas de cavitação colapsadas e cavitação química, como resultado da reação

química entre o polímero e moléculas de alta energia, como radicais hidroxilas, produzidos a

partir da cavitação em meio aquoso. Isso explica o alto rendimento da goma de cajueiro

Tempo Rendimento (%)

Proporção Goma: álcool

1:1,5 1:3 1:4,5

S/U C/U S/U C/U S/U C/U

90 65,32 66,43 75,31 76.97 62,77 80,12

180 70,94 66,67 75,02 79,95 77,95 75,14

360 72,36 65,42 79,04 80,10 74,20 78,29

720 73,97 71,11 74,37 76,21 65,01 72,31

1440 75,99 76,57 75,99 74,34 83,92 72,6

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(80,12%), purificada com a utilização de ultrassom, quando foi utilizada uma proporção de

solução de goma: álcool de 1:4,5, em um menor tempo (90 minutos). As cadeias poliméricas

da goma de cajueiro, provavelmente se degradaram, devido á formação de bolhas de cavitação

e houve, também, provavelmente, a reação química entre o polímero e as moléculas de alta

energia decorrentes da sonificação, já que a goma de cajueiro encontrava-se em meio aquoso

e adicionada de etanol, o que pode ter gerado o surgimento de radicais hidroxilas.

Hosseini et al., (2013) estudaram a despolimerização de k-carragena através de

aplicação de ultrassom e verificaram que o tratamento com ultrassom possui um efeito

positivo na despolimerização de k-carragena e que o percentual de despolimerização foi

dependente da amplitude, tempo e temperatura de sonificação. Semelhantemente ao resultado

encontrado pelo autor, verificou-se, no presente trabalho, que a aplicação do ultrassom

facilitou a precipitação da goma de cajueiro, provavelmente, pela despolimerização deste

polímero.

Com relação aos experimentos conduzidos sem a utilização de ultrassom,

observou-se que, utilizando-se uma proporção de solução de goma: álcool de 1:3, em um

tempo de precipitação de 360 minutos, o rendimento foi de 79,04%, valor próximo ao

encontrado para o experimento conduzido com uma proporção de solução de goma: álcool de

1:4,5, em um tempo de precipitação de 1440 minutos (83,12%). A obtenção de rendimentos

de purificação semelhantes, utilizando-se uma menor proporçãode solução de goma: álcool,

em um menor tempo de precipitação, torna-se importante se a purificação da goma de cajueiro

for realizada em escala industrial, resultando em um processo menos dispendioso, devido à

menor quantidade de etanol utilizada, e em uma redução de tempo de 1080 minutos.

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A Tabela 02 mostra a comparação entre os rendimentos de purificação de gomas

exsudadas, obtidos em diversos estudos, utilizando diferentes métodos de purificação por :

Tabela 02 – Rendimentos de purificação de gomas exsudadas.

Autor (ano) Método de purificação Tipo de goma Rendimento

(%)

Costa et al. (1996) Precipitação em NaCl e

etanol

Goma de cajueiro 90%

Rodrigues et al.

(1996)

Purificação segundo o

método de Rinaudo-

Milas

Goma de cajueiro 78%

Rodrigues et al.

(1996)

Purificação segundo o

método de Anderson

Goma de cajueiro 50%

Anderson et al.

(1975)

Dissolução em água

fria e diálise

Goma de A.

calamifolia

Goma de A.

retinoides

Goma de A. rubida

82%

81%

88%

De Paula et al.

(2002)

Dissolução em água

fria, ajuste de pH,

filtração e diálise

Goma de cajueiro 65%

Silva et al., (1998) Método descrito por

Costa et al. e Rodrigues

et al.

Goma de angico 78%

Os rendimentos obtidos por Costa et al. (1996), por Rodrigues et al. (1996),

utilizando o método de purificação proposto por Rinaudo- Millas, e por Anderson et al.

(1975), foram semelhante aos obtidos no presente trabalho, pois se utilizaram metodologias

similares, sendo baseadas, principalmente na dissolução de goma em água, preciptação em

etanol, lavagem e secagem. Portanto, a goma de cajueiro apresentou um rendimento

promissor, semelhante ao da goma arábica Silva et al. (1998) estudaram a purificação de

goma de angico, utilizando os métodos descritos por Rodrigues et al. (1993) e Costa et al.

(1996), que utilizam etanol para a purificação, e obtiveram um rendimento de 78%, resultado

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79

semelhante ao encontrado no presente trabalho, pois apesar de o material estudado ser

diferente, os métodos utilizados apresentam semelhança com o utilizado neste estudo

(Tabela 02).

De Paula et al. (2002) estudaram a caracterização da goma de cajueiro e

obtiveram um rendimento de purificação de 65%. A purificação dos autores baseou-se na

dissolução em água á temperatura ambiente, ajuste de pH pra 6,0, filtração e diálise. Esse

resultado obtido pelos autores, menor do que o apresentado no presente trabalho,

provavelmente se deveu às diferenças entre o método de purificação utilizado.

3.4 CONCLUSÕES

Observou-se que, para a purificação da goma de cajueiro, o melhor rendimento foi

obtido com a adoção sequenciada dos seguintes processos unitários: solubilização das

partículas de 500 µm a 30°C por um tempo de 30 minutos de agitação; filtração à vácuo;

adição de etanol, com a utilização de uma proporção de 1:4,5 (solução de goma: álcool);

sonificação por 2 minutos; tempo de precipitação (repouso) de 90 minutos; secagem em

estufa por 48 horas a 60°C; moagem em moinho analítico.

A aplicação da sonificação, por um tempo de 2 minutos, viabilizou o tempo de

precipitação da goma de cajueiro em até 1350 minutos em relação ao tempo de 24 horas, pois

utilizando-se uma mesma proporção de solução de goma: álcool (1;4,5), os rendimentos

foram semelhantes. O fato da aplicação do ultrassom acelerar o processo de precipitação é

importante se a purificação da goma de cajueiro for pensada a nível industrial, já que reduz o

tempo de purificação.

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80

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CAPÍTULO 04

USO DA ADSORÇÃO EM RESINA PARA REDUÇÃO DA COLORAÇÃO DA GOMA

DE CAJUEIRO

RESUMO - A goma do cajueiro é um exsudado natural que apresenta um grande potencial de

industrialização, podendo ser utilizada como substituta da goma arábica em indústria de

alimentos. Um dos principais problemas da aplicação industrial da goma de cajueiro como

espessante ou estabilizante é que, ao ser dissolvida, a goma de caju pode mudar a coloração

do alimento, tornando-o mais escuro. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a

mudança ou redução na coloração da goma de cajueiro, com base nos parâmetros de cor L*,

a* e b*, após o processo de adsorção em resinas de amberlite nos tempos de 10, 30 e 60

minutos, além de avaliar a ação das resinas, quando utilizadas de forma combinada. Para a

purificação, as partículas de goma de tamanho 500 µm foram solubilizadas, filtradas,

decantadas em álcool comercial e secas em estufa. Os ensaios de adsorção foram realizados

em ―shaker‖ orbital, a uma rotação de 150 rpm e temperatura de 30°C. A aplicação de

ultrassom no processo de purificação da goma de cajueiro aumentou a luminosidade em 15%

e diminuiu a coloração vermelha da goma em 39,4%, reduzindo eficientemente a coloração da

goma de cajueiro. Dessa forma, a utilização do ultrassom torna-se uma alternativa para a

redução da coloração da goma de cajueiro, ampliando as possibilidades da aplicação da goma

em produtos de cor clara. Já goma obtida por precipitação convencional (sem ultrassom) tem

a sua utilização limitada em produtos claros, podendo ser utilizada em produtos de coloração

escura, como agente espessante e estabilizante. Verificou-se que as resinas mais eficientes na

redução de L*, a* e b* da goma de cajueiro foram a FPA-54, XAD-4 e SP-850 no tempo de

adsorção de 30 minutos, por apresentarem de ΓE superiores a 3,0 e próximos aos obtidos para

o tempo de 60 minutos, em um menor tempo de adsorção (30 minutos). A utilização da

combinação de resinas em ensaios de adsorção realizados em ―shaker‖ e em coluna não é

viável, pois não aumentou expressivamente os valores de L* e nem reduziu eficientemente os

valores de a* e b*, resultando em valores de ΓE semelhantes aos obtidos para as resinas

quando utilizadas isoladamente, além de tornar o processo de descoloração da goma mais

caro, devido à utilização de uma maior quantidade de adsorvente.

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83

4.1 INTRODUÇÃO

A goma de cajueiro é um exsudado natural de coloração amarelada ou

acastanhada, solúvel em água, que aparece no tronco ou nos ramos do cajueiro e apresenta

grande potencial de industrialização, podendo ser utilizada como substituta da goma arábica

(SARRUBO et al., 2007). Em comparação com a goma arábica, uma das mais utilizadas a

nível industrial, e que resulta em solução incolor quando dissolvida, tem-se que, ao ser

dissolvida, a goma de cajueiro gera soluções claras, que variam da coloração amarelo muito

pálido a laranja dourado (FOOD INGREDIENTES BRASIL, 2001). No entanto, ao se pensar

em aplicação industrial da goma de caju, essa coloração não é interessante, pois

provavelmente mudará a cor dos alimentos em que será aplicada, tornando-os mais escuros e

modificando suas características sensoriais, o que limita o seu uso como espessante. Dessa

forma, a utilização de resinas de amberlite poderá reduzir a coloração escura da goma de

cajueiro, devido à adsorção de componentes responsáveis pela coloração.

A adsorção é geralmente utilizada para a remoção de coloração em alimentos e

para purificação de fluídos que possuem aroma e sabor inaceitáveis, remoção de impurezas

das soluções de açúcares, remoção de matéria orgânica da água (MCCABE; SMITH;

HARRIOT, 2001), separação de açúcares, purificação de polifenóis (AEHLE at al., 2004),

recuperação de antobióticos na indústria farmacêutica, além de outras aplicações. Adsorventes

comuns estudados com o objetivo de remover polifenóis e compostos de coloração marrom

em alimentos são: carvão ativado, gelatina/betonita, resinas de troca iônica e

polivinilpirrolidina (BARBOZA; ALMEIDA; HOKKA, 2003)

Weisz et al. (2010) estudaram a utilização das resinas de amberlite FPX-66 e

XAD 16 HP para a descoloração de extratos de proteínas de girassol e observaram que estas

mostraram descoloração maior do extrato, quando comparado aos resultados de descoloração

obtidos por resinas de troca iônica.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a mudança ou redução na

coloração da goma de cajueiro, com base nos parâmetros de cor L*, a* e b*, após o processo

de adsorção nas resinas de amberlite FPX-66, FPA-54, XAD-4, SP-850 E XAD-761, além de

estudar a influência do efeito da combinação dessas resinas na redução da coloração.

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4.2 MATERIAIS E MÉTODOS

4.2.1 Goma de cajueiro

A goma bruta foi colhida entre os meses de janeiro e agosto de 2011, de

exsudados naturais de cajueiros tipo comum. Os cajueiros são oriundos de plantação

experimental da EMBRAPA Agroindústria Tropical, situada no município de Pacajus- CE.

Os nódulos mais claros e isentos de cascas foram selecionados, secos em estufa a 60° C e

triturados. A goma bruta triturada foi tamisada em tamisador PRODUTEST e a fração com

tamanho de 500 μm foi separada para ser purificada.

4.2.2 Purificação da goma de cajueiro

Após o processo de extração da goma de cajueiro, os nódulos do exsudado ainda

apresentam muitas impurezas, principalmente, cascas. Dessa forma, é primordial a etapa de

purificação da goma, com o objetivo de reduzir ou eliminar as impurezas presentes após o

processo de tamisação. Inicialmente, foi realizada a solubilização do exsudado de cajueiro

com tamanho de 500 μm, onde para cada 2,5 g de exsudado foram adicionados 50 mL de água

destilada, resultando em uma concentração de 50 mg/mL. A suspensão permaneceu a 30°C

por meia hora, sob agitação em agitador magnético, para facilitar a solubilização. Após essa

etapa, a suspensão foi filtrada à vácuo, em malha de aço com abertura de 270 μm. Na etapa de

purificação foi utilizada uma proporção de 1:4,5, em volume, de solução de goma: álcool. A

suspensão permaneceu em repouso por 24 horas. No ensaio conduzido com a utilização de

ultrassom, a suspensão foi submetida a uma densidade de potência de 200 W/L por 2 minutos,

para acelerar o processo de nucleação da goma de cajueiro. Finalizada a etapa de decantação,

o sobrenadante foi recuperado e a goma precipitada foi seca em estufa por um período de 48

horas a uma temperatura de 60°C.

4.2.3 Adsorção em resinas de Amberlite

As resinas de amberlite foram adquiridas da Sigma-Aldrich. As especificações das resinas

utilizadas no presente trabalho encontram-se na Tabela 01.

Para a realização dos ensaios de adsorção em resinas de amberlite, inicialmente,

5,0 g de goma purificada, precipitada por método convencional e precipitada com ultrassom,

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85

foram dissolvidas em 25 mL de água destilada. Após essa etapa, as resinas foram embebidas

em água destilada por um período de 12 horas e depois foram filtradas à vácuo. Em cada um

dos Erlenmeyer que continha a suspensão de goma, foram adicionadas quantidades diferentes

das resinas de amberlite de acordo com o delineamento experimental da Tabela 02.

Inicialmente, foi estudada a ação isolada de cada um dos adsorventes, selecionando-se os que

apresentaram menores valores do parâmetro b* e maiores do L*. Após esses ensaios, foi

estudada a ação simultânea e em série (um adsorvente após o outro) das resinas que

apresentaram melhores resultados. Os ensaios de adsorção foram conduzidos em ―shaker‖

orbital, a uma temperatura de 30°C, com uma rotação de 150 rpm, por 10, 30 e 60 minutos ,

com a finalidade de estudar a influência do tempo de adsorção na descoloração da goma de

cajueiro. Após a etapa de adsorção, as suspensões foram filtradas a vácuo, para a remoção dos

adsorventes. Para os ensaios em série, após a primeira adsorção, a amostra foi filtrada e

seguida da aplicação do segundo adsorvente, repetindo-se a etapa de filtração à vácuo para a

retirada da segunda resina de amberlite. Os ensaios foram realizados em duplicata.

Tabela 01 – Características dos adsorventes utilizados na adsorção da goma de cajueiro.

Caracteríticas Amberlite

FPX-66

Amberlite

FPA-54

Amberlite

XAD-4

Amberlite

SP-850

Amberlite

XAD-761

Matriz Polímero

macroreticular

aromático

Estrutura

reticulada

de gel

acrílico

Polímero

macroreticular

aromático

_ Estrutura

cruzada de

Fenol-

formaldeído

policondensado

Área de

superfície/

capacidade

total

≥ 700 m2/g _ ≥ 750 m

2/g _ 150-250 m

2/g

Porosidade ≥ 1,4 mL/g _ ≥0,50 mL/mL _ 0,95-1,18 mL/g

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Tabela 02 – Delineamento experimental dos ensaios de adsorção realizados em ―shaker‖

orbital.

4.2.4 Ensaios de cinética de descoloração da goma de cajueiro

Os ensaios de cinética de descoloração em coluna foram realizados com goma de

cajueiro purificada por precipitação convencional (sem ultrassom). Os adsorventes

selecionados para os ensaios de adsorção em coluna foram o SP-850 e FPA-54, devido aos

melhores resultados apresentados na redução da coloração quando esses adsorventes foram

utilizados isoladamente.

Para a realização dos ensaios de adsorção em coluna, inicialmente, dissolveu-se

10 g de goma purificada em 50 mL de água destilada. As resinas de amberlite foram utilizadas

na quantidade total de 2,5 g, isoladamente, na proporção 1:1 e 3:1, conforme o delineamento

N° do ensaio Resina/ Combinação de

resinas

Quantidade (g) Tempo

(minutos)

1° FPX-66 0,5 10,30 e 60

2° FPA-54 0,5 10,30 e 60

3° XAD-4 0,5 10,30 e 60

4° SP-850 0,5 10,30 e 60

5° XAD-761 0,5 10,30 e 60

6° XAD-4 + SP-850

(simultaneamente)

0,25 de cada um dos

adsorventes

10,30 e 60

7° FPA-54 + SP-850

(simultaneamente)

0,25 de cada um dos

adsorventes

10,30 e 60

8° (1°) XAD-4 + (2°) SP-

850 (em série)

0,25 de cada um dos

adsorventes

10,30 e 60

9° (1°) FPA-54 + (2°) SP-

850 (em série)

0,25 de cada um dos

adsorventes

10,30 e 60

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experimental apresentado na Tabela 03. Alíquotas de 5 mL e 10 mL foram coletadas para o

estudo da cor instrumental.

Tabela 03 – Delineamento experimental dos ensaios de adsorção realizados em coluna.

4.2.5 Análises de coloração

A determinação da cor instrumental foi realizada em colorímetro do tipo

MINOLTA CR-300, com leitura direta dos valores L*, a* e b*, os quais foram plotados em

gráficos de barra com percentual de erro médio de 5%. O grupo controle, por efeito de

comparação, não passou por ensaio de adsorção.

Aproximadamente 10 mL de cada amostra foram transferidos para uma cápsula

plástica e mediu-se diretamente a cor com o equipamento. O sistema CIElab (Comission

International de d’Eclairage) possibilita sua medição através dos parâmetros de cores: L*=

luminosidade (0= preto e 100=branco), a*(-60 a + 60, variando do verde ao vermelho) e b* (-

60 a +60, variando do azul ao amarelo) (MODESTA et al., 2005).

As leituras de cor, para cada uma das amostras, foram realizadas em duplicata. Os

valores de ΓL, Γa, Γb foram calculados em relação ao padrão (amostras que não passaram por

ensaios de adsorção), segundo as equações 1 ,2 e 3:

ΔL= L(10)− L (0) (1)

Δa= a(10)−a (0) (2)

Δb= b(10)−b (0) (3)

N° do

ensaio

Resina/ Combinação

de resinas

Proporção Quantidade

(g)

Alíquota

1° SP-850 Isolada 2,5 5 e 10 mL

2° SP-850 + FPA-54 1:1 1,25:1,25 5 e 10 mL

3° SP-850 + FPA-54 3:1 1,875:0,625 5 e 10 mL

4° FPA-54 Isolada 2,5 5 e 10mL

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O valor de ΓE, valor que define a diferença total da cor da amostra em relação ao

padrão, foi calculado utilizando-se a equação 4 e plotado em gráfico de barras com um erro

percentual médio de 5%:

)ΔbΔa(Δ 222 LE (4)

O ΓE trata-se de um cálculo que leva em consideração as variáveis L* de

luminosidade (que define a cor ser relativamente mais clara ou mais escura, variando do preto

ao branco), a* de tom (que define a tonalidade da cor, variando do verde ao vermelho) e b* de

saturação (que define a intensidade ou pureza da cor, variando do azul ao amarelo).

Utilizando-se os valores numéricos atribuídos a cada um destes eixos definiu-se os parâmetros

Γ, onde o ΓL é a diferença medida no eixo ―L” entre o claro e o escuro, quando o padrão é

comparado a uma amostra. Já Γa* indica a diferença medida no eixo ―a” entre o vermelho e o

verde, quando um padrão é comparado a uma amostra. Γb* indica a diferença medida no eixo

b* entre o azul e o amarelo, quando um padrão é comparado a uma amostra. Um valor de ΓE

superior a 3,0 é perceptível pelo olho humano, no entanto, as pessoas têm percepção diferente

para as cores, dependendo dos aspectos físicos de cada indivíduo (KONICA MINOLTA,

2013; BONOTO, 2012).

Nos ensaios de adsorção realizados em coluna, com as resinas de amberlite SP-

850 e FPA-54, a cor instrumental foi medida após a coleta de alíquotas de 5 e 10 mL. Para a

realização da medição, as alíquotas foram transferidas para uma cápsula plástica, mediu-se

diretamente a cor em colorímetro MINOLTA CR-300 e calculou-se o valor de ΓE.

4.2.6 Análises Estatíscas

Os resultados dos parâmetros L*, a* e b* de coloração da goma de cajueiro,

precipitada por método convencional e com ultrassom, que não passaram por processo de

adsorção, foram submetidas à análise de variância, sendo as médias comparadas

estatisticamente através do Teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando o programa

Origin versão Pró 8.

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4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados dos parâmetros de cor instrumental dos grupos controles de goma

de cajueiro (que não passaram por ensaio de adsorção) a uma concentração de 200 mg/mL

encontram-se na Tabela 04:

Tabela 04 – Parâmetros de cor instrumental da goma purificada obtida por precipitação

convencional (sem ultrassom) e assistida por ultrassom.

Parâmetro

de Cor

Goma purificada

sem ultrassom

Goma Purificada

com Ultrassom

Média

(µ)

Desvio

Padrão

(DP)

µ±

DP

a * 3,04 2,18 2,61 0,61 2,00/3,22

b * 7,22 7,97 7,60 0,53 7,06/8,13

L* 25,59 29,44 27,52 2,72 24,79 /30,23

Verificou-se que, para o parâmetro L*, que se refere à luminosidade, a solução de

goma purificada, com precipitação assistida por ultrassom, apresentou um valor maior de L*

(29,44) do que o valor observado para a goma purificada por precipitação convencional, sem

ultrassom (25,59). Para o parâmetro L*, tem-se que, à medida que o valor obtido se aproxima

de 100, a amostra apresenta-se mais clara. Dessa forma, verificou-se que a aplicação do

ultrassom por 2 minutos, durante a purificação, fez com que, ao ser dissolvida, a goma com

ultrassom se tornasse mais clara, ao passo que a solução de goma purificada sem a utilização

de ultrassom, apresentou-se mais escura. Uma possível explicação para a diferença observada

visualmente entre as luminosidades das gomas purificadas com e sem ultrassom, é que a ação

do ultrassom, durante a purificação, produziu a cavitação na suspensão de goma, facilitando a

despolimerização e desintegração de alguns dos componentes responsáveis pela coloração da

goma.

Observou-se que as soluções de gomas, obtidas por precipitação convencional e

assistida por ultrassom, apresentaram parâmetro b* de cor positivo, sendo, respectivamente,

de 7,22 e 7,97. O parâmetro b* de cor indica que a solução de goma apresenta coloração

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amarelada, sendo que os valores dos parâmetros b* obtidos para os dois tratamentos foram

semelhantes.

Os valores de a* indicam que as soluções de goma apresentam-se avermelhadas.

O parâmetro a* de cor foi positivo para ambas as soluções de goma, sendo maior (3,04) na

goma purificada por precipitação convencional do que na goma purificada com ultrassom

(2,18), indicando que, provavelmente, o ultrassom interferiu na diminuição do parâmetro a*

de cor, tornando a solução de goma purificada com ultrassom menos vermelha.

A ação conjunta dos parâmetros L*, b* e a* de cor faz com que as soluções de

goma, obtida por precipitação convencional e assistida por ultrassom, se apresentem

acastanhadas.

Os resultados da análise de variância, para os parâmetros L*, a* e b* de

coloração, para a goma precipitada por método convencional e com ultrassom, encontram-se

na Tabela 05:

Tabela 05 – Análise de variância para os parâmetros L*, a* e b* da goma de cajueiro

purificada.

DF Soma dos

quadrados

Quadrados

médios

F calculado Prob > F

Modelo 2 694,61 347,30 129,23 1,23 * 10-3

Erro 3 8,06 2,69

Total 5 702,67

Verificou-se que, de acordo com o teste F, foram encontradas diferenças

significatvas, ao nível de 5% de probabilidade, entre os métodos de precipitação convencional

e com ultrassom, com relação aos parâmetros L*, a* e b* de coloração, pois o p-valor é

menor do que 0,05.

Dessa forma, a aplicação do ultrassom, no processo de purificação da goma de

cajueiro, reduz a coloração desse polissacarídeo de forma significativa, facilitando a sua

aplicação como agente espessante e encapsulante na indústria de alimentos.

A Figura 01 apresenta os valores de L*, com um percentual de erro médio de 5%,

para os ensaios de adsorção, utilizando a goma de cajueiro purificada por método

convencional, por um tempo de 10 minutos.

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91

Figura 01 – Valores de L* para os ensaios de adsorção realizados em 10 minutos para a goma

purificada por precipitação convencional.

Observou-se, através da Figura 01, que a resina que se mostrou mais eficiente no

aumento da luminosidade da goma de cajueiro, purificada por precipitação convencional (sem

a utilização de ultrassom), tornando-a mais clara, foi a FPA-54, resina que aumentou

luminosidade de 25,59; valor obtido para o ensaio controle, no qual não foi realizado

adsorção; para 36,29; valor obtido com a utilização desta resina.

Os compostos que dão coloração aos alimentos tem sido estudados e

classificados em quatro grupos: caramelos, melonoidinas, produtos da degradação de açúcares

(reação de Maillard) e complexos fenólicos (ROOHM; HAAS, 2008). Provavelmente, na

goma de cajueiro, os compostos responsáveis pela coloração sejam compostos de origem

fenólica. Os compostos fenólicos nas plantas estão relacionados principalmente com a

proteção, entretanto, estes compostos podem conferir características como cor, textura,

amargor e adstringência (AGOSTINI-COSTA et al., 2000).

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92

O ácido anacárdico é um exemplo de compostos de origem fenólica

biosintetizado a partir de ácidos graxos, que constitui cerca de 90% do líquido que é extraído

da castanha do caju, líquido de cor escura (DIÓGENES et al., 1996).

Marques, Albuquerque e Xavier-Filho (1992) investigaram a concentração de

ácido anacárdico na goma de cajueiro bruta e purificada, encontrando valores, respectivos, de

78 mg (ácido anacárdico)/100g (goma) e de 8,8 mg (ácido anacárdico)/100 g (goma). Dessa forma, a presença

desses compostos fenólicos, pode ser, juntamente com outros compostos, responsáveis, em

parte, pela coloração acastanhada da goma de cajueiro.

As resinas FPA 90 Cl, FPA 98 Cl, FPA 53 e FPA 54 contêm largos poros e carga

positiva derivadas de quaternário de amônia ou função amina terciária e atualmente, são

utilizadas para a descoloração em processo adsorção em fase aquosa (ROOHM; HAAS,

2008). Dessa forma, essa resina pode ter adsorvido melhor os compostos maiores

responsáveis pela coloração da goma de cajueiro ou os que se apresentam com cargas

negativas. As resinas FPA 53 e FPA 55 também são utilizadas na descoloração de corpos

orgânicos obtidos em aplicações de bioprocessos (ROOHM; HAAS, 2008).

As resinas XAD 4; SP 850 e XAD 761 também mostraram-se eficientes na

redução da luminosidade da goma de cajueiro, embora essa eficiência tenha sido menor do

que a obtida quando se utilizou a resina FPA 54, apresentando valores para L*,

respectivamente de 32,37; 31,1 e 30,24.

A resina de amberlite XAD-4 é muito eficiente na adsorção de substâncias

orgânicas de baixo peso molecular e para a remoção de moléculas hidrofóbicas de solventes

polares, o tamanho do poro dessa resina é maior ou igual a 0,50 Å (ROOHM; HAAS, 2008),

podendo ter sido eficiente na adsorção dos compostos de menor peso molecular responsáveis

pela coloração da goma de cajueiro.

A resina XAD-761 é utilizada para remover impurezas orgânicas por adsorção, na

qual os seus grupos fenólicos hidroxil causam suas propriedades hidrofílicas (ROOHM;

HAAS, 2013). Em geral, compostos orgânicos solúveis de alto peso molecular que contêm

substitutos de alta polaridade são bem adsorvidos pela amberlite XAD-761 (ROOHM; HAAS,

2008).

A resina FPX 66 não foi eficiente na redução da coloração da luminosidade da

goma de cajueiro purificada por precipitação convencional, pois o valor obtido de L*, para a

solução da goma, após a adsorção nessa resina (24,61), foi próximo ao valor obtido para o

grupo controle, no qual não foi realizado ensaio de adsorção. A resina FPX-66 é uma resina

adsorvente macroreticular, apresentando elevada porosidade. Essa resina apresenta um

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volume de poro maior do que 1,4 mL/g, indicando que essa resina não foi eficiente para reter

moléculas pequenas que poderiam ser responsáveis pela coloração.

A Figura 02 apresenta os valores de L*, com um percentual de erro médio de 5%,

para os ensaios de adsorção, utilizando a goma de cajueiro purificada por método assistido por

ultrassom, por um tempo de 10 minutos.

Figura 02 – Valores de L* para os ensaios de adsorção realizados em 10 minutos para a goma

purificada por método assistido por ultrassom.

Observou-se, através da Figura 02, que, para as adsorções realizadas no tempo de

10 minutos, para a goma purificada com ultrassom, a resina que apresentou maior valor de L*

foi a FPA-54 (36,30), apresentando um valor superior ao grupo controle, no qual L*=29,44,

indicando que a adsorção nessa resina removeu compostos que deixavam a solução de goma

de cajueiro mais escura.

As resinas XAD 4, XAD 761 e SP 850, apresentaram valores para L* de 35,83;

33,33 e 32,18, respectivamente. Semelhantemente ao resultado obtido para a goma de cajueiro

purificadapor método convencional, observou-se que, para a goma purificada com a utilização

deste equipamento, a resina FPX 66 não foi eficiente na redução da luminosidade da goma,

apresentando um valor de L* de 29,26, valor próximo ao encontrado para o grupo controle,

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que não passou pelo ensaio de adsorção. Para a goma purificada por método convencional, em

um tempo de adsorção de 10 minutos, verificou-se que a resina FPA-54 também apresentou o

maior valor do parâmetro L* de cor (36,29).

A Figura 03 mostra os valores de a* para os ensaios de adsorção realizados no tempo

de 10 minutos, com um erro médio de 5%, para a goma purificada por método convencional.

Figura 03 - Valores do parâmetro a* de cor instrumental para os ensaios de adsorção

realizados em 10 minutos para a goma de cajueiro purificada por método convencional.

Com relação ao parâmetro a*, que varia de -60 a + 60, observou-se que, para o

tempo de 10 minutos, para os ensaios de adsorção da solução de goma obtida por método

convencional, as resinas XAD-761 e SP-850, apresentaram valores de a* positivos mais

próximos a zero e menor do que os obtidos para o grupo controle (3,04), sendo de 0,27 e 0,57,

respectivamente.

As resinas XAD 4 e FPA 54, apresentaram valores negativos para a*, indicando

que após a adsorção nessas resinas, a solução de goma de cajueiro, apresentou-se levemente

esverdeada, sendo que a XAD 4 apresentou um valor -0,15; valor mais próximo a zero quando

comparado ao valor obtido para a resina FPA 54, que foi de -1,58; indicando que a XAD 4 foi

mais eficiente na redução da coloração avermelhada da goma de cajueiro do que a resina FPA

54.

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A resina FPX 66 mostrou-se menos eficiente, do que as demais estudadas, na

redução de a*, apresentando um valor de 1,98; valor menor do que o obtido para o grupo

controle em 54%, enquanto que a redução utilizando as resinas XAD 761 e SP 850, foram,

respectivamente, de 1026% e 433% (Figura 03).

A Figura 04 mostra os valores de a* para os ensaios de adsorção realizados no

tempo de 10 minutos, com um erro médio de 5%, para a goma purificada por método assistido

por ultrassom.

Figura 04 - Valores do parâmetro a* de cor instrumental para os ensaios de adsorção

realizados em 10 minutos para a goma de cajueiro purificada por método assistido por

ultrassom.

Para a goma purificada com ultrassom, a resina SP-850 apresentou um valor de a*

0,04, indicando que essa resina fez com que a coloração da solução de goma de caju se

apresentasse menos avermelhada. Esse valor foi bem menor quando comparado ao valor

obtido pelo grupo controle (2,18). É importante ressaltar, que essa resina, assim como as

demais estudadas, foi eficiente na redução do parâmetro L* e resultou em menor valor de a*,

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indicando que atuou bem na redução da coloração da goma quando considerados esses dois

parâmetros, já que o efeito desejado no presente trabalho é que a goma se torne o mais clara

possível ao se apresentar na forma de pó e em solução aquosa, ou seja, objetiva-se que após a

adsorção, L* se aproxime de 100, a* e b* aproximem-se de zero.

A segunda e terceira resinas que apresentaram melhores resultados do parâmetro

a* de cor instrumental foram a XAD-761, apresentando um valor de 0,47 e a FPX-66 (0,55).

O fato de a resina de amberlite XAD-761 ter resultado em um valor reduzido de cor, cerca de

4,6 vezes menor do que o valor obtido para o grupo controle, pode ser devido ao volume do

poro dessa resina, que se encontra entre 0,95-1,18 mL/g, sendo menor do que o volume do

poro da resina de amberlite FPX-66, que é maior do 1,4 mL/g, que retém menos compostos de

baixa massa molecular por apresentar um maior volume de poro. Já as resinas FPA-54 e

XAD-4 apresentaram valores negativos para esse parâmetro, indicando que a solução de goma

apresentou também, após a adsorção nessas resinas, tons levemente esverdeados (Figura 04).

A Figura 05 mostra os valores de b* para os ensaios de adsorção realizados no

tempo de 10 minutos, com um erro médio de 5%, para a goma purificada por método

convencional.

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Figura 05 - Valores de b* para os ensaios de adsorção realizados em 10 minutos para a goma

purificada por método convencional.

Para a solução de goma que passou por processo de purificação por método

convencional, em um tempo de adsorção de 10 minutos, observou-se que as resinas que

apresentaram os menores valores de b* foram a SP-850 (4,93) e a FPX 66 (4,57). Esses

valores indicam que a solução de goma, após passar pelo tratamento de adsorção com essas

resinas, apresentou-se com menor coloração amarela, já que esses valores são mais próximos

a zero, considerando que o parâmetro b* variam de -60 a +60, indicando coloração amarela

próximo ao valor máximo da escala. Valores maiores desse parâmetro, sendo mais próximos

aos obtidos para o grupo controle, foram observados utilizando-se as resinas FPA 54, XAD-4

e XAD-761, sendo respectivamente de 6,33; 5,93 e 5,42, indicando que essas resinas foram

menos eficientes na redução da coloração amarela da solução da goma de cajueiro do que a

SP-850, que reduziu a coloração em 46,5% (Figura 05).

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A Figura 06 mostra os valores de b* para os ensaios de adsorção realizados no

tempo de 10 minutos, com um erro médio de 5%, para a goma purificada por método assistido

por ultrassom.

Figura 06 - Valores de b* para os ensaios de adsorção realizados em 10 minutos para a goma

purificada por método assistido por ultrassom.

Para o parâmetro b*, para a goma purificada com ultrassom, observou-se que, as

resinas que apresentaram menores valores de b* foram SP-850 (3,68) e XAD-761 (5,81),

diferindo bastante dos valores do grupo controle (Figura 06). Observou-se que no tempo de

10 minutos, a resina de amberlite XAD-761 apresentou melhores resultados de redução da

coloração, isso pode ter sido devido ao volume do poro ser entre 0,95-1,18 mL/g, retendo,

dessa forma, compostos maiores que poderiam ser responsáveis pela coloração da goma.

Já as resinas XAD-4 e FPX 66 não foram eficientes para a redução da coloração

amarelada da solução da goma de cajueiro, pois após a adsorção com essas resinas, os valores

obtidos para o parâmetro b* foram próximos aos obtidos para o grupo controle, sendo

respectivamente de 6,99 e 7,53; enquanto que, para a resina FPA 54, o valor obtido foi de

9,35; valor superior ao do grupo controle, indicando que a coloração amarelada da goma

tornou-se mais evidente após a adsorção nessa resina.

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Observou-se que para a goma purificada por método convencional e assistido por

ultrassom, a resina que se mostrou mais promissora para a redução da coloração amarelada foi

a SP-850 (Figura 06).

Os valores de ∆L para os tempos de adsorção de 10, 30 e 60 minutos encontram-

se na Tabela 06:

Tabela 06 – Valores de ∆L para os ensaios de adsorção nos tempos de 10, 30 e 60 minutos.

O valor de ΓL define se a cor é relativamente mais clara ou mais escura do que o

padrão, variando do preto ao branco. Um valor positivo de ΓL, indica que a amostra é mais

clara do que o padrão, enquanto que, um valor negativo, indica que a amostra é mais escura

do que o padrão.

Observou-se que, para a goma purificada por método convencional, para o tempo

de 10 minutos, as resinas mais promissoras, ou que apresentaram maiores valores de ΓL,

foram a FPA 54, XAD 4, SP 850 e XAD 761, apresentando, respectivamente, os seguintes

valores: 10,7; 6,78; 5,51; 4,65. Os valores resultantes após a adsorção nas resinas acima

foram positivos, indicando que estas foram eficientes no aumento da luminosidade da goma

de cajueiro, tornando as amostras mais claras do que o padrão, sendo que a rina FPA 54

apresentou maior eficiência no aumento da luminosidade.

Resina de

Amberlite

∆L

Tempo 10 30 60

FPX66 cu -0,18 1,12 1,96

FPX66 su -0,98 6,44 15,81

FPA54 cu 6,86 7,42 10,81

FPA54 su 10,7 13,54 13,44

XAD4 cu 6,39 7,9 10,81

XAD4 su 6,78 13,31 13,37

SP850 cu 2,74 2,74 3,74

SP850 su 5,51 9,55 6,6

XAD761cu 3,89 3,89 2,57

XAD761 su 4,65 4,65 6,64

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A resina FPX 66 apresentou, no tempo de 10 minutos, para a goma purificada sem

ultrassom, um valor negativo para ΓL, indicando que após a adsoção nessa resina, a amostra

tornou-se mais escura do que o padrão. Isso, provavelmente, ocorreu porque o tempo de

adsorção não foi suficiente para a remoção dos compostos que dão coloração escura à goma

de cajueiro, quando se utilizou essa resina, tornando a adsorção com essa resina menos

eficiente.

Já para os ensaios realizados para a goma obtida por método assistido por

ultrassom, observou-se que, para o tempo de 10 minutos de adsorção, as resinas mais

eficientes no aumento de ΓL foram, respectivamente: FPA 54 (6,86), XAD 4 (6,39), XAD

761 (3,89) e SP 850 (2,74). Os valores obtidos após a adsorção nessas resinas foram positivos,

indicando que a solução de goma tornou-se mais clara após a adsorção, sendo que as resinas

mais promissoras foi a FPA 54 e XAD 4. Já a resina FPX 66 resultou em um valor de ΓL

negativo, indicando que não foi promissora na redução da coloração da goma de cajueiro,

tornando a solução de goma mais escura após a adsorção.

Os valores de ΓL, para a goma purificada sem ultrassom, para um tempo de 10

minutos, com o uso das resinas FPA 54, XAD 4, SP 850 e XAD 761, foram superiores aos

encontrados para a goma purificada por método assistido por ultrassom. Isso provavelmente

ocorreu porque a utilização de ultrassom, durante a purificação da goma de cajueiro, provocou

a despolimerização, hidrólise e posterior nucleação de algumas substâncias responsáveis pela

coloração da goma, as quais fora removidas na fase de decantação e adsorção, devido à maior

disponibilidade, resultando em menores valores de ΓL, já que parte das substâncias

responsáveis pela coloração, provavelmente, já não estavam presentes na solução de goma

durante a realização dos ensaios de coloração.

Para o tempo de 30 minutos, para a goma obtida por método convencional,

observou-se que, as resinas mais eficientes no aumento da luminosidade, ou que apresentaram

maiores valores de ΓL, foram, respectivamente: FPA 54 (13,54), XAD 4 (13,31), SP 850

(9,55), FPX 66 (6,44) e XAD 761 (4,65). Já para a goma purificada com ultrassom, para o

mesmo tempo de adsorção, verificou-se que as resinas mais promissoras foram: XAD 4 (7,9),

FPA 54 (7,42), XAD 761 (3,89), SP 850 (2,74) e FPX 66 (1,12). Semelhantemente aos

ensaios de adsorção realizados no tempo de 10 minutos, todos os valores de ΓL, resultantes

após a adsorção, para a goma purificada sem a utilização de ultrassom, foram superiores aos

obtidos para a goma purificada com ultrassom.

Para o tempo de adsorção de 60 minutos, para a goma obtida por método

convencional, observou-se que as resinas mais eficientes no aumento da luminosidade foram,

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respectivamente: FPX 66 (15,81), FPA 54 (13,44), XAD 4 (13,37), XAD 761 (6,64) e SP 850

(6,6). O maior valor obtido pela resina FPX 66, provavelmente, deveu-se ao maior tempo de

contato (60 minutos) da resina com a solução de goma, aumentado a adsorção dos compostos

que dão coloração à goma, tornando-a mais clara. Para a goma purificada com ultrassom,

para o mesmo tempo de adsorção, as resinas mais promissoras foram: FPA 54 (10,81), XAD 4

(10,81), SP 850 (3,74). As resinas XAD 761 (2,57) e FPX 66 (1,96) apresentaram os menores

valores de ΓL, indicando uma menor eficiência no aumento da luminosidade da goma de

cajueiro da goma obtida por método assistido por ultrassom.

Os valores de ΓL, obtidos para o tempo de adsorção de 60 minutos,

semelhantemente aos tempos de 10 e 30 minutos, foram maiores para a goma purificada sem

ultrassom do que os obtidos para a goma purificada com o uso da sonificação.

Os valores de ∆a* para os tempos de adsorção de 10, 30 e 60 minutos encontram-

se na Tabela 07:

Tabela 07 – Valores de ∆a* para os ensaios de adsorção nos tempos de 10, 30 e 60 minutos.

O valor de Γa*, relativo à tonalidade da amostra, indica a diferença medida no

eixo ―a‖ entre o vermelho e o verde, quando um padrão é comparado a uma amostra. Um

Resina de

Amberlite

∆a*

Tempo 10 30 60

FPX66 cu -1,63 -0,77 -1,11

FPX66 su -1,06 -2,55 -2,54

FPA54 cu -3,91 -1,01 -1,95

FPA54 su -4,62 -2,75 -2,31

XAD4 cu -3,33 -1,29 -1,83

XAD4 su -3,09 -2,6 -2,31

SP850 cu -2,14 -2,13 -2,35

SP850 su -2,47 -3,09 -2,58

XAD761cu -1,71 -1,71 -1,68

XAD761 su -2,77 -2,77 -3,14

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valor positivo, indica que a amostra é mais vermelha do que o padrão, enquanto que um valor

negativo, indica que a amostra é mais verde do que o padrão.

Observou-se, para o tempo de adsorção de 10 minutos, para a goma purificada

obtida por método convencional, que, para todas as resinas estudadas, os valores de Γa*

foram negativos, indicando que após o processo de adsorção, houve uma redução da

tonalidade vermelha, deixando a tonalidade verde mais aparente. As resinas que apresentaram

valores de Γa* mais próximos a zero, ou seja, menos negativo, indicando uma maior redução

na coloração vermelha e menor aparência da tonalidade verde foram, respectivamente: FPX

66 (-1,06), SP 850 (-2,47), XAD 761 (-2,77). Já as resinas XAD 4 (-3,69) e FPA 54 (-4,62)

apresentaram valores de Γa mais negativos, indicando que foram menos eficiente na redução

da coloração da goma de cajueiro, no tempo de 10 minutos, deixando a coloração esverdeada

mais aparente do que no padrão.

Verificou-se que, para a goma purificada com ultrassom, para o tempo de 10

minutos, todas as resinas resultaram em valores negativos de Γa*, indicando que a coloração

esverdeada tornou-se mais evidente após a adsorção. As resinas que apresentaram valores

menos negativo de Γa*, ou seja, valor mais próximo a zero, foram a FPX 66 (-1,63), XAD

761 (-1,71) e SP 850 (-2,14). Para as resinas XAD 4 (-3,33) e FPA 54 (-3,91), os valores de

Γa* foram mais negativos, indicando que foram menos eficientes na redução da tonalidade

vermelha da goma, deixando a goma mais esverdeada após o processo.

Para os ensaios de adsorção realizados no tempo de 30 minutos, para a goma

purificada obtida por método convencional, observou-se que, as resinas FPX 66 (-2,55), XAD

4 (-2,6), FPA 54 (-2,75) e XAD 761 (-2,77) apresentaram valores negativos e semelhantes

para Γa*, indicando que o uso dessas resinas, no tempo de 30 minutos de adsorção, fez com a

tonalidade esverdeada da goma se tornasse mais evidente e mostrando que a eficiência na

redução da coloração avermelhada, utilizando-se estas resinas foram similares. A resina SP

850 apresentou um valor de Γa* de -3,09, revelando, após a adsorção nessa resina, uma

coloração mais esverdeada do que as demais resinas supracitadas.

Já para a goma purificada com a utilização de ultrassom, para um tempo de 30

minutos de adsorção, todos os valores de Γa* foram negativos, indicando que a coloração

esverdeada tornou-se mais evidente após a adsorção nas resinas FPX 66 (-0,77), FPA 54 (-

1,01), XAD 4 (-1,29), XAD 761 (-1,71) e SP 850 (-2,13). A resina que mais reduziu a

coloração avermelhada da goma e tornou menos evidente a coloração esverdeada foi a FPX

66, pois o valor obtido aproximou-se mais de zero.

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Para os tempos de adsorção de 60 minutos, para a goma purificada obtida por

método convencional e assistido por ultrassom, observou-se que os valores de Γa*, utilizando

as resinas FPX 66, FPA 54, XAD 4, SP 850 e XAD 761, foram todos negativos, tornando a

coloração esverdeada da goma mais evidente após a realização dos ensaios.

Os valores de Γb*, para os tempos de adsorção de 10,30 e 60 minutos, encontram-se

na Tabela 08:

Tabela 08 – Valores de ∆b para os ensaios de adsorção nos tempos de 10, 30 e 60 minutos.

O valor de Γb* indica a diferença medida no eixo b* entre o azul e o amarelo,

quando um padrão é comparado a uma amostra. Um valor positivo para Γb* indica que a

amostra é mais amarela que o padrão, enquanto que um valor negativo indica que a amostra é

mais azul que o padrão.

Para o tempo de adsorção de 10 minutos, para a goma purificada ultrassom,

observou-se que, as resinas FPX 66 e XAD 4 resultaram em valores de ∆b positivo, indicando

que após a adsorção nessas resinas de amberlite, a coloração amarelada da goma tornou-se

mais evidente, mostrando, dessa forma, que essas resinas não foram eficientes na redução da

coloração da goma de cajueiro, sendo os valores, respectivamente de 0,46 e 1,26. Já para as

resinas FPA 54, XAD 761 e SP 850, os valores obtidos para ∆b* foram negativos, sendo,

Resina de

Amberlite

∆b*

Tempo 10 30 60

FPX66 cu -0,24 -0,44 -0,42

FPX66 su 0,46 -2,65 -1,75

FPA54 cu -1,51 1,38 -2,56

FPA54 su -0,75 -0,89 -0,65

XAD4 cu -1,41 -0,98 -2,93

XAD4 su 1,26 -1,29 -0,43

SP850 cu -4,34 -4,29 -5,11

SP850 su -2,29 -4,62 -2,64

XAD761cu -2,16 -2,16 -2,23

XAD761 su -1,8 -1,8 -3,43

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104

respectivamente de -0,75; -1,8 e -2,29, indicando que, após a adsorção nessas resinas, a

coloração amarelada da goma reduziu, tornando a coloração azulada mais evidente.

A resina mais eficiente na redução da coloração da goma de cajueiro purificada

por método convencional, no tempo de 10 minutos, foi a FPA 54, apresentando um valor mais

próximo a zero (-0,75), indicando que houve uma redução da coloração amarelada da goma e

que a coloração azulada tornou-se pouco evidente.

Para a goma purificada por método assistido por ultrassom, para um tempo de 10

minutos, observou-se que, para todas as resinas utilizadas, os valores de ∆b* foram negativos,

indicando que houve uma redução da coloração amarelada da goma de cajueiro, tornando a

coloração azulada mais evidente. A resina mais eficiente na redução da coloração amarelada

da goma purificada com a utilização de ultrassom, para um tempo de 10 minutos, foi a FPX

66, pois resultou em um valor mais próximo a zero (-0,24).

Para os ensaios de adsorção realizados no tempo de 30 minutos, para a goma

purificada sem ultrassom, observou-se que, todos os valores obtidos para ∆b* foram

negativos, sendo que as resinas mais eficientes na redução da coloração amarelada da goma

foram, respectivamente, FPA 54 (-0,89), XAD 4 (-1,29), XAD 761 (-1,8), FPX 66 (-2,65) e

SP 850 (-4,62).

Já para a goma purificada por método assistido por ultrassom, para o tempo de 30

minutos, verificou-se que a resina FPA 54 apresentou um valor positivo para ∆b, indicando

que essa resina não reduziu eficiente a coloração amarelada da goma de cajueiro, tornando-a

mais evidente após a adsorção. As resinas FPX 66 (-0,44), XAD 4 (-0,98), XAD 761 (-2,16)

e SP 850 (-4,29) apresentaram valores negativos para ∆b*, indicando que reduziram a

coloração amarelada da goma de cajueiro purificada com ultrassom, tornando a coloração

azulada mais evidente, sendo que as resinas mais eficientes foram a FPX 66 e XAD 761, pois

os valores obtidos foram mais próximos a zero.

Observou-se que, para a goma purificada sem ultrassom, para o tempo de 60

minutos, todas as resinas resultaram em valores negativos para ∆b, sendo, que as resinas mais

eficientes foram, respectivamente, XAD 4 (-0,43), FPA 54 (-0,65), FPX 66 (-1,75), SP 850 (-

2,64) e XAD 761 (-3,43). Após a adsorção da goma purificada obtida por método

convencional, em todas as resinas estudadas, houve uma redução da coloração amarelada da

goma de cajueiro e uma maior evidência da coloração azulada da goma, sendo que as resinas

mais eficientes foram a XAD 4 e FPA 54, pois os valores obtidos aproximaram-se de zero.

Para os ensaios de adsorção conduzidos com a goma purificada ultrassom, para

um tempo de 60 minutos, observou-se que todos os valores para ∆b* foram negativos,

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105

indicando que houve uma redução da coloração amarela e uma maior evidência da coloração

azulada, sendo que a resina mais eficiente foi a FPX 66 (-0,42). As resinas XAD 761 (-2,23),

FPA 54 (-2,56), XAD 4 (-2,93) e SP 850 (-5,11), apesar de resultarem em valores negativos,

estes foram mais distantes de zero do que o obtido para a resina FPX 66, indicando uma maior

eficiência desta resina em relação à s demais estudadas.

Os valores de ∆E, calculados em relação aos grupos controles, para os tempos de

adsorção de 10, 30 e 60 minutos encontram-se na Tabela 09:

Tabela 09 – Valores de ΓE dos ensaios de adsorção nos tempos de 10, 30 e 60 minutos.

Observou-se que para ao tempo de 10 minutos as resinas que apresentaram

maiores valores de ΓE para os ensaios conduzidos com ultrassom foram: FPA 54 (8,04);

XAD 4 (7,34); SP 850 (5,56); XAD 761 (4,77). Estas resinas apresentaram valores de ΓE

superiores a 3,0, valor limite de percepção para o olho humano, indicando que foram

eficientes na redução da coloração da goma de cajueiro, sendo que a FPA 54 e XAD 4

apresentaram maior eficiência. A resina FPX-66 apresentou, no tempo de 10 minutos, valor

de ΓE inferior a 3,0, indicando que a redução da coloração não foi perceptível. Já para os

ensaios de adsorção realizados sem ultrassom, verificou-se que as resinas mais eficientes na

redução da coloração da goma de cajueiro, ou seja, que apresentaram valores de ΓE

Resina de

Amberlite

∆E

Tempo 10 30 60

FPX66 cu 1,63 1,41 2,29

FPX66 su 1,52 7,42 16,11

FPA54 cu 8,04 7,61 11,28

FPA54 su 11,68 13,84 13,65

XAD4 cu 7,34 8,06 11,35

XAD4 su 7,56 13,62 13,57

SP850 cu 5,56 5,62 5,75

SP850 su 6,46 11,05 7,56

XAD761cu 4,77 4,77 3,79

XAD761 su 5,70 5,70 8,11

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106

superiores a 3,0, foram respectivamente FPA 54 (11,68); XAD 4 (7,56); SP 850 (6,46); XAD

761 (5,70), sendo que a FPA 54 e XAD 4 foram mais promissoras.

Observou-se que, apesar de a resina FPX 66, ter sido eficiente na redução das

colorações avermelhada (Δa*) e amarelada (Δb*) da goma de cajueiro, para o tempo de 10

minutos, para as gomas purificadas obtida por método convencional e assistido por ultrassom,

essa diferença de coloração, quando calculado o valor de ΓE, foi inferior a 3,0, não sendo

perceptível ao olho humano, indicando uma menor eficiência dessa resina. Isso

provavelmente ocorreu devido o fato desta resina não ter contribuído eficientemente para o

aumento da luminosidade da goma de cajueiro (ΔL), já que o cálculo do valor de ΓE leva em

consideração a contribuição dos três parâmetros.

Todos os resultados observados para os valores de ΓE, para a goma purificada por

método convencional, foram superiores aos encontrados para a goma purificada com

ultrassom. Isso provavelmente ocorreu porque a utilização de ultrassom, durante a purificação

da goma de cajueiro, provocou hidrólise de algumas substâncias responsáveis pela coloração

da goma e sua posterior nucleação, as quais foram removidas na fase de decantação e

posterior adsorção, devido à maior disponibilidade, resultando em ΓE menores, já que parte

das substâncias responsáveis pela coloração, provavelmente, já não estavam presentes na

solução de goma durante a realização dos ensaios de coloração.

Para o tempo de adsorção de 30 minutos, para a goma purificada com ultrassom,

observou-se que as resinas mais eficientes na redução da coloração da goma de cajueiro

foram, respectivamente: XAD 4 (8,06); FPA 54 (7,61); SP 850 (5,62) e XAD 761 (4,77),

todas apresentando valores superiores a 3,0, limite de percepção para a visão humana,

indicando que foram promissoras na redução da coloração da goma de cajueiro.

Já a resina FPX 66 foi eficiente na redução da coloração avermelhada e amarelada

da goma de cajueiro purificada com ultrassom, no entanto, quando se analisou o valor de ΓE,

este resultou em 1,41, valor inferior a 3,0, indicando que essa resina não foi eficiente na

redução da coloração da goma de cajueiro, quando os três parâmetros de coloração foram

analisados simultaneamente.

Para a goma purificada por método convencional, no tempo de adsorção de 30

minutos, todas as resinas foram eficientes, já que apresentaram valores superiores a 3,0, sendo

que os maiores valores para ΓE foram, respectivamente: FPA 54 (13,84); XAD 4 (13,62); SP

850 (13,05); FPX 66 (7,42) e XDA 761 (5,70). Todas essas resinas apresentaram valores para

ΓE superiores a 3,0, indicando que foram promissoras na redução da coloração da goma de

cajueiro. Semelhantemente ao ensaio de adsorção realizado no tempo de 10 minutos, todos os

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107

valores de ΓE, obtidos no tempo de 30 minutos, para goma purificada sem ultrassom, foram

superiores aos obtidos para os valores encontrados para a goma purificada por método

assistido por ultrassom.

Observou-se que, para o tempo de adsorção de 60 minutos, para a goma

purificada com ultrassom, as resinas mais eficientes na redução da coloração foram: XAD 4

(11,35); FPA 54 (11,28); SP 850 (5,75), apresentando valores de ΓE superiores a 3,0. Já a

resina XAD 761 (3,79) e FPX 66 (2,29) apresentaram os menores valores de ΓE dentre as

resinas estudadas, sendo que a diferença de coloração obtida com a utilização da resina FPX

66 não é perceptível ao olho humano, apesar de esta resina ter sido eficiente para a redução da

coloraçãoa vermelhada (Γa*) e amarelada (Γb*), quando estes parâmetros foram analisados

isoladamente no tempo de 60 minutos.

Já para a goma purificada sem ultrassom, para o tempo de adsorção de 60

minutos, observou-se que as resinas mais eficientes na redução da coloração da goma de

cajueiro foram, respectivamente: FPX 66 (16,11); FPA 54 (13,65); XAD 4 (13,57); XAD 761

(8,11); SP 850 (7,56). Verificou-se que todas as resinas apresentaram valores superiores a 3,0,

indicando que foram promissoras na redução da coloração da goma de cajueiro. Observou-se,

também, que os resultados encontrados para os valores de ΓE para a goma purificada obtida

por método convencional foram superiores aos obtidos para a goma purificada com ultrassom.

Analisou-se a evolução dos parâmetros L*, a* e b* nos tempos de adsorção de 10,

30 e 60 minutos, nas resinas SP-850, FPA-54 e XAD-4, por estas apresentarem maiores

valores de parâmetro L*, valores de a* mais próximos a zero (menores) e menores valores de

b*, no tempo de 10 minutos, além de apresentarem maiores valores para ΓE (Figura 07).

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108

Figura 07 - Evolução do parâmetro L* de cor instrumental com o tempo para as gomas

purificadas obtida por método convencional (sem ultrassom –SU) e por método assistido por

ultrassom (CU).

Verificou-se, através da Figura 07, que os valores de L*, para os grupos controles,

goma purificada obtida por método convencional e assistido por ultrassom, antes do processo

de adsorção, foram menores dos que os valores obtidos após o processo de adsorção para as

resinas FPA-54, XAD-4 e SP-850, indicando que após a adsorção, houve um aumento em L*,

aumentando, dessa forma, a luminosidade das amostras, tornando-as mais claras. Observou-se

que, os valores de L*, para as adsorções realizadas com as resinas FPA-54 e XAD-4, para a

goma purificada com ultrassom, foram aumentando à medida em que o tempo de adsorção

aumentava, atingindo o máximo no tempo de 60 minutos (40,25), apresentando maiores

valores de luminosidade. Dessa forma, verificou-se que, com o aumento do tempo de

adsorção, a amostra foi se tornando mais clara, esse comportamento já era esperado, pois à

medida que o tempo de adsorção aumentava, mais compostos responsáveis pela coloração

foram adsorvidos. Já para as adsorções realizadas com as mesma resinas, sem ultrassom na

purificação da goma, verificou-se que a partir do tempo de 30 minutos, o valor de L*

permaneceu estável. Uma das prováveis explicações para esse fato, é que no tempo de 30

minutos, a coluna pode ter saturado, pois nesse caso não houve a nucleação forçada pelo

ultrassom, ou seja, não houve interferência, durante o processo de purificação na cor da goma,

o que ocorreu para o processo em que foi utilizado o ultrassom, removendo, desta forma,

0 10 20 30 40 50 60

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

L

Tempo (minutos)

SU

CU

FPA54CU

FPA54SU

XAD4CU

XAD4SU

SP850CU

SP850SU

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109

parte dos compostos responsáveis pela coloração na etapa decantação, já que os valores

obtidos para os grupos controles com e sem ultrassom foram diferentes. Já a resina SP-850

apresentou valores de L* praticamente estáveis com o tempo para a goma purificada com

ultrassom, indicando que, provavelmente, essa resina não tenha afinidade pelos compostos de

coloração que dão cor mais escura à goma, enquanto que para a goma purificada sem

ultrassom, houve um pico no tempo de 30 minutos, apresentando um valor do parâmetro L*

de cor instrumental maior do que nos tempos de 10 e 60 minutos.

Observou-se que os ensaios de adsorção, realizados com as resinas FPA-54,

XAD-4 e SP-850, apresentaram valores de a* menor do que os obtidos para os grupos

controles, para as gomas obtidas por método convencional e assistido por ultrassom,

indicando que apresentaram tonalidades de vermelho em menor intensidade. Analisou-se a

evolução dos valores de a* com o tempo e observou-se que para a resina FPA-54, para a

goma purificada sem ultrassom, os valores foram aumentando com o tempo, apresentando

valores mais próximos a zero no tempo de 30 minutos (0,29). Para a resina XAD-4, para a a

goma purificada sem ultrassom, os valores de a* também foram aumentando com o tempo,

sendo que o menor valor de a foi obtido no tempo de adsorção de 10 minutos. Nesse caso, o

que pode ter ocorrido é que, à medida que os componentes responsáveis pela coloração

esverdeada da goma estavam sendo adsorvidos com o tempo, a coloração avermelhada

tornava-se mais evidente. Já para as mesmas resinas, para a goma purificada com ultrassom,

verificou-se que houve um acréscimo no valor de a* no tempo de 30 minutos e depois houve

um declínio desse valor no tempo de 60 minutos, fazendo com que o valor se tornasse mais

próximo a zero, indicando que, com o acréscimo do tempo, a coloração avermelhada

diminuiu.

Para a resina SP-850, os menores valores de a*,ou seja, valores mais próximos a

zero, foram obtidos no tempo de 30 minutos, sendo de 0,05 para a goma purificada com

ultrassom e de -0,05 para a goma purificada sem ultrassom, indicando que essa resina foi mais

eficiente na redução da coloração avermelhada da goma de cajueiro, em menor tempo de

adsorção (30 minutos) do que as resinas XAD-4 e FPA-54 (Figura 08).

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110

Figura 08 - Evolução do parâmetro a* de cor instrumental com o tempo para as gomas

purificadas obtida por método convencional (sem ultrassom –SU) e por método assistido por

ultrassom (CU).

.

Observou-se que, para todos os tempos, as resinas FPA-54, XAD-4 e SP-850, para

a goma purificada com e sem ultrassom, apresentaram menores valores de b* que os obtidos

para os grupos controles, com exceção da resina XAD-4, para a goma purificada sem

ultrassom, para um tempo de adsorção de 10 minutos. Analisou-se a evolução do parâmetro

b* de cor instrumental com o tempo e observou-se que, para as resinas SP-850 e XAD-4, para

a goma purificada por método assistido por ultrassom, os valores b* permaneceram estáveis,

nos tempos de adsorção de 10 e 30 minutos e depois houve um declínio nesses valores, no

tempo de 60 minutos, sendo que a resina SP-850 apresentou o menor valor de b* no tempo de

60 minutos (2,86). Esse comportamento era esperado, pois à medida que ocorre um aumento

no tempo de 30 para 60 minutos, mais compostos responsáveis pela coloração foram

adsorvidos, resultando em uma diminuição do parâmetro b* de cor instrumental. Com relação

a resina FPA-54, para a goma purificada com ultrassom, observou-se que o valor de b*

decresceu no tempo de 60 minutos. Para a resina XAD-4, para a goma purificada sem

ultrassom, observou-se que, no tempo de 30 minutos houve um decréscimo no valor de b*,

valor que permaneceu praticamente constante no tempo de 60 minutos. Já para a resina SP-

850, para a goma purificada obtida por método convencional, observou-se que, no tempo de

0 10 20 30 40 50 60

-2

-1

0

1

2

3

4

a*

Tempo (minutos)

SU

CU

FPA54CU

FPA54SU

XAD4CU

XAD4SU

SP850CU

SP850SU

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111

30 minutos, o valor de b* foi de 2,6, sendo o menor valor obtido dentre os ensaios (Figura

09).

Figura 09 - Evolução do parâmetro b* de cor instrumental com o tempo para as gomas

purificadas obtida por método convencional (sem ultrassom –SU) e por método assistido por

ultrassom (CU).

.

Objetivando verificar a eficiência na redução da coloração da goma de cajueiro,

estudou-se o efeito combinado das resinas que resultaram em maiores valores de L*, valores

de a* mais próximos a zero (menores) e menores valores de b*, no tempo de 30 minutos de

adsorção (Figura 10), sendo que o efeito das resinas foram estudados simultaneamente e em

série, a aplicação da primeira resina (1°), seguida da segunda (2°).

Observou-se que para todas as resinas utilizadas, de forma isolada, combinadas

simultaneamente e em série, os valores para ΓE foram superiores a 3,0, limite perceptível pelo

olho humano, indicando que as resinas foram eficientes na redução da coloração da goma de

cajueiro.

0 10 20 30 40 50 60

2

3

4

5

6

7

8

9

10

b*

Tempo (minutos)

SU

CU

FPA54CU

FPA54SU

XAD4CU

XAD4SU

SP850CU

SP80SU

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112

As resinas mais eficientes na redução da coloração foram a XAD 4, FPA 54 e SP

850, quando utilizadas isoladas, para as gomas purificadas obtidas por método convencional e

assistido por ultrassom, apresentando valores de ΓE, respectivamente, de 8,06; 7,61e 5,62,

para a goma purificada com ultrassom e de 13,62; 13,85 e 11,05, para a goma purificada sem

ultrassom. Para a goma purificada com ultrassom, verificou-se que, para a combinação das

resinas SP 850 e XAD 4 e SP 850 e FPA 54, simultaneamente e em série, os valores obtidos

para ΓE foram próximos, apresentando-se inferiores aos obtidos para as mesmas resinas

quando utilizadas isoladas.

Já para a goma purificada sem ultrassom, verificou-se que a combinação que

resultou em menor ΓE foi a utilização da SP 850 e XAD 4 de forma simultânea. Observou-se

que para a utilização das resinas XAD 4 e SP 850 e SP 850 e FPA 54, em série, os valores de

ΓE foram superiores aos encontrados para a combinação das primeiras de forma simultânea.

As resinas FPA 54, XAD 4 e SP 850, isoladas, foram mais eficientes na redução

da coloração da goma purificada sem ultrassom quando os valores de ΓE foram comparadas

aos resultados obtidos para as mesmas, combinadas de forma simultânea e em série. Todos os

valores de ΓE obtidos para a goma purificada sem ultrassom foram superiores aos obtidos

para os encontrados para a goma purificada com ultrassom.

FPA-54 cu

FPA-54 su

XAD-4 cu

XAD-4 su

SP-850 cu

SP-850 su

SP-850 + XAD-4 cu (s)

SP-850 + XAD-4 su (s)

XAD-4 (1°)

+ SP-850 (2°)

cu

XAD-4 (1°)

+ SP-850 (2°)

su

SP-850 + FPA-54 cu (S)

SP-850 + FPA-54 su (S)

SP-850 (1°)

+ FPA-54 (2°)

cu

SP-850 (1°)

+ FPA-54 (2°)

su

0

2

4

6

8

10

12

14

De

lta

E

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113

Figura 10 – ΓE de coloração para a combinação das resinas de amberlite no tempo de 30

minutos para as gomas purificadas obtidas por método convencional (sem ultrassom – su) e

assistido por ultrassom (cu).

Para o estudo da adsorção em coluna selecionaram-se as resinas de amberlite SP-

850, por apresentar menores valores para a* e b*, quando utilizada isoladamente, no tempo de

10 minutos e a resina FPA-54, por apresentar um valor maior de luminosidade, quando

comparada às outras resinas, no tempo de 10 minutos, para a goma purificada sem ultrassom.

A Figura 11 mostra os valores de ΓE para os ensaios de adsorção em coluna para

a goma purificada sem ultrassom com um erro percentual médio de 5%.

Observou-se que a resina SP 850 apresentou os menores valores de ΓE dentre as

resinas estudadas, resultando em um valor de 4,2 para a alíquota de 5 mL e de 2,79 para a

alíquota de 10 mL. O valor obtido para a alíquota de 10 mL é inferior a 3,0, valor limite de

percepção do olho humano, e inferior ao valor obtido para a alíquota de 5 mL, indicando que,

como o valor de ΓE diminuiu, apesar do maior tempo de contato com a resina, provavelmente

esta resina já encontrava-se próxima à saturação, diminuindo sua eficiência na adsorção dos

compostos de coloração da goma de caju, reduzindo, desta forma, o valor de ΓE.

Para a resina SP 850 e sua combinação com a FPA 54, nas proporções 1:1 e 3:1,

verificou-se que todos os valores obtidos para ΓE foram superiores a 3,0, limite inferior de

detecção para a olho humano, indicando, dessa forma, que essas resinas foram eficientes na

redução da coloração da goma de cajueiro, paras os ensaios de adsorção realizados com

amostras de 5 e 10 mL.

Para a combinação das resinas SP 850 e FPA 54 na proporção de 1:1 e na

proporção de 3:1, observou-se que os valores de ΓE foram próximos aos obtidos para a resina

FPA 54 quando utilizada isolada, com exceção do experimento conduzido com a combinação

de resinas SP 850 e FPA 54, na proporção de 3:1, na alíquota de 5 mL, no qual o valor foi

inferior aos encontrados para as demais resinas, sendo de 6,3.

Dessa forma, observou-se que a utilização da resina FPA 54 isolada é mais

eficiente na redução da coloração da goma de cajueiro, em ensaios de adsorção realizados em

coluna, do que quando essa resina é utilizada em combinação com a SP 850, indicando que a

combinação das resinas não reduziu eficientemente a coloração da goma de cajueiro, além de

tornar o processo de descoloração mais caro.

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114

Figura 11 – ΓE de coloração para a combinação das resinas de amberlite em ensaios de

descoloração realizados em coluna.

4.4 CONCLUSÕES

A aplicação de ultrassom no processo de purificação da goma de cajueiro aumentou a

luminosidade em 15% e diminui a coloração vermelha da goma em 39,4%, reduzindo

eficientemente a coloração da goma de cajueiro. Dessa forma, a utilização do ultrassom torna-

se uma alternativa para a redução da coloração da goma de cajueiro, ampliando as

possibilidades da aplicação da goma em produtos de cor clara. Já goma obtida por

precipitação convencional tem a sua utilização limitada em produtos mais claros, podendo ser

utilizada em produtos de coloração escura, como agente espessante e estabilizante.

Verificou-se que as resinas mais eficientes na redução de L*, a* e b* da goma de

cajueiro foram a FPA-54, XAD-4 e SP-850 no tempo de adsorção de 30 minutos, por

SP-850 ISOLDA-5

SP-850 ISOLADA-10

FPA-54 ISOLADA-5

FPA-54 ISOLADA-10

SP-850+FPA-54 (1:1)-5

SP-850+FPA-54 (1:1)-1

0

SP-850+FPA-54 (3:1)-5

SP-850+FPA-54 (3:1)-1

0

0

2

4

6

8

10 D

elta E

ΔE

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115

apresentarem valores para ΓE próximos aos obtidos para os ensaios conduzidos em 60

minutos, em um tempo menor de adsorção.

A utilização da combinação de resinas em ensaios de adsorção realizados em ―shaker‖

e em coluna não é eficiente, pois não aumentou os valores de L* e nem reduziu eficientemente

os valores de a* e b*, resultando em valores de ΓE semelhantes aos obtidos para as resinas

quando utilizadas isoladamente, além de tornar o processo de descoloração da goma mais

caro, devido à utilização de uma maior quantidade de adsorvente.

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CAPÍTULO 05

COMPARAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTOS TÉRMICOS DE GOMA DE

CAJUEIRO, GOMA ARÁBICA E MALTODEXTRINA

RESUMO – A goma de caju é um polissacarídeo, exsudado do cajueiro, que vem recebendo

grande atenção nos meios acadêmicos, podendo ser utilizada como filmes, adesivos,

revestimentos e em formulações farmacêuticas e de alimentos. Desta forma, é necessário se

conhecer o comportamento térmico desse polissacarídeo em condições em que se processam

os alimentos, tais como a evaporação, desidratação e congelamento. O objetivo deste trabalho

foi estudar o comportamento da decomposição térmica da goma de cajueiro em comparação à

goma arábica e à maltodextrina com diferentes graus de dextrose equivalente. As análises

termogravimétricas foram realizadas em atmosfera de oxigênio, na taxa de aquecimento de

10°C/min com uma variação de temperatura de 25 a 500ºC. As análises de calorimetria

diferencial de varredura (DSC) foram realizadas em atmosfera de nitrogênio a uma vazão de

50 mL/min. Inicialmente, as amostras foram resfriadas a 10°C e subsequentemente, aquecidas

até 300°C a uma razão de aquecimento e resfriamento de 10ºC/ min. Observou-se que o início

do evento de decomposição térmica da goma de cajueiro ocorreu em temperaturas em torno

de 241,4 °C. A temperatura do início da decomposição térmica da goma arábica mostrou-se

inferior à encontrada para a goma de cajueiro, sendo de 210,3°C. As maltodextrinas com

graus de dextrose equivalente de 16,5-19,5 e 4,0-7,0 apresentaram temperaturas de início de

decomposição térmica mais elevadas do que às encontradas para a goma de cajueiro e goma

arábica, sendo de 286,3 e 270,3°C, respectivamente. As temperaturas de transição vítrea

encontradas para a goma de cajueiro e para a goma arábica foram próximas, ficando na faixa

de 50-60°C. Dessa forma, através do estudo do comportamento da goma de cajueiro,

observou-se que esta é termicamente mais estável do que a goma arábica, podendo substituí-la

como coadjuvante de secagem e agente encapsulante no processamento de alimentos.

5.1 INTRODUÇÃO

A biodiversidade brasileira é um campo de pesquisa muito promissor e ainda

bastante inexplorado, que oferece possibilidades ilimitadas para descobrir novos biopolímeros

com interessantes propriedades para as indústrias médicas, farmacêuticas e de alimentos, bem

como para a agricultura. Neste sentido, os biopolímeros exsudados de árvores do Nordeste

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brasileiro, como goma de caju (CG) da árvore

Anacardium occidentale, vem recebendo uma grande atenção nos meios acadêmicos,

principalmente devido à sua semelhança com goma arábica

(em relação às suas massas molares, teor de ácido urônico e mesmo tipo de

unidades de monossacarídeos, além de serem gomas exsudadas e terem

cadeias ramificadas), bem como pelo seu potencial como um sub-produto da indústria do caju

(PAULA et al., 2011; PEPPAS, 2004; BOTREL, 2013).

O polissacarídeo ou goma, extraída do exsudato do cajueiro, é matéria-prima

abundante no nordeste do Brasil (PAULA et al., 2011). A goma de cajueiro é um complexo

de polissacarídeos que, após a hidrólise, resulta em um alto conteúdo de galactose e outros

constituintes como: arabinose, glicose, rhamnose, manose e ácido glucurônico. O

polissacarídeo exsudado do cajueiro interage com a água e tem propriedades adesivas,

estabilizantes e emulsificantes, de modo que pode ser adequada como substituta da goma

arábica (ANDRADE et al., 2013).

A goma arábica consiste em um polissacarídeo de elevada massa molecular e seus

sais de cálcio, magnésio e potássio, por hidrólise, produzem arabinose, galactose, ramnose e

ácido glucurônico. Esta goma é amplamente utilizada na indústria alimentar, pois não é

tóxica, é inodora e insípida, apresentando uma série de aplicações: emulsificação, controle de

textura e encapsulamento de ―flavor‖ (AHMED; RAMASWAMY; NGADI, 2005; BOTREL,

2013).

Fases de transições em alimentos são muitas vezes resultantes de mudança de

composição ou na temperatura durante o processamento ou armazenamento. O conhecimento

das temperaturas de transição e das quantidades termodinâmicas são importantes para

compreender os processos em alimentos, tais como: desidratação, evaporação, congelamento

ou conservação. Estes processos são regidos pela transição de água no estado gasoso ou

cristalino. As alterações que se observam na temperatura de transição de um determinado

material podem ser utilizados para a descrição dos efeitos sobre as propriedades físicas

(MACIEL et al., 2005) .

O estudo da estabilidade térmica de polissacarídeos, seus derivados e misturas,

tem sido investigado e podem trazer informações sobre a aplicação desses materiais, como

filmes, adesivos, revestimento e em formulações de farmacêuticos e de alimentos (MACIEL

et al., 2005). A análise térmica de amostras como goma arábica (ZOHUERIAAN;

SHOKROLAHI, 2004), amilose (FREITAS et al., 2004), goma de caju (MOTHÉ; RAO,

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2000), derivados de celulose e quitosana, goma guar e goma xantana (VILLETE et al., 2002),

foram referentes a permitir conhecer a faixa de aplicação desses polissacarídeos.

O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento da decomposição térmica

da goma de cajueiro em comparação à goma arábica e à maltodextrina com diferentes graus

de dextrose equivalente.

5.2 MATERIAIS E MÉTODOS

5.2.1 Origem da goma de cajueiro

A goma arábica e as maltodextrinas de grau analítico foram obtidas da empresa

Sigma Aldrich. A goma de cajueiro bruta foi coletada entre os meses de janeiro e agosto de

2011 de exsudados naturais de cajueiro do tipo comum, oriundos da produção experimental

da EMBRAPA, situada no município de Pacajus, Ceará, Brasil.

5.2.2 Purificação da goma de cajueiro

Para o processo de purificação da goma, inicialmente, foi realizada a solubilização

do exsudado de cajueiro com tamanho de 500 μm, onde para cada 2,5 g de exsudado foram

adicionados 50 mL de água destilada, resultando em uma concentração de 50 mg/mL. A

suspensão permaneceu a 30°C por meia hora, sob agitação, em agitador magnético, para

facilitar a solubilização. Após essa etapa, a suspensão foi filtrada em malha de aço com

abertura de 270 μm. Na etapa de purificação foi utilizada uma proporção de 1:4,5 em volume

de solução de goma: álcool. A suspensão permaneceu em repouso por 24 horas. Finalizada a

etapa de decantação, o sobrenadante foi recuperado e a goma precipitada foi seca em estufa

por um período de 48 horas a uma temperatura de 60°C.

5.2.3 Análises térmicas

5.2.3.1 Termogravimetria (TGA)

As curvas termogravimétricas da goma de cajueiro, goma arábica e da

maltodextrina, foram obtidas em Instrument TA, em atmosfera de oxigênio, na taxa de

aquecimento de 10°C/min, com uma variação de temperatura de 25 a 500ºC. Esta intervalo de

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temperatura foi selecionado para estudar a faixa de aplicação deste polissacarídeo e o seu

comportamento com relação à perda de massa. Para a análise foram utilizados

aproximadamente 5 mg da amostra.

5.2.3.2 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

As análises térmicas da goma de cajueiro, goma arábica e da maltodextrina, em

forma de pó, foram realizadas em um calorímetro diferencial de varredura DSC, modelo Q20

da TA Instruments. As massas das amostras foram de aproximadamente 5,0 a 10,0 mg,

utilizando-se cápsulas de alumínio, que foram hermeticamente fechadas. As análises foram

realizadas em atmosfera de nitrogênio a uma vazão de 50 mL/min. Inicialmente, as amostras

foram resfriadas a 10°C e subsequentemente, aquecidas até 300°C a uma razão de

aquecimento e resfriamento de 10ºC/ min.

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise termogravimétria (TGA) indica o ganho ou perda de massa (umidade)

do material a uma determinada faixa de temperatura.

A Figura 01 mostra o diagrama termogravimétrico obtido a partir da análise da

goma de cajueiro. Observou-se que a primeira perda de massa ocorreu em temperaturas

abaixo de 200°C, evento correspondente à evaporaçãode água. Verificou-se que o percentual

de perda de massa correspondente à evaporação da água foi de 12,7%. Segundo Andrade et

al. (2013), em seus estudos ―Avaliação da composição química e física da goma de cajueiro

por extrusão termoplástica‖, o teor de umidade, na goma de cajueiro bruta, é em torno de

14%. Como, no presente trabalho, a goma de cajueiro já havia sido previamente seca a 60°C,

em estufa, por 48 horas, o teor de umidade diminuiu, resultando em uma perda de massa de

12,07%, pela evaporação da água. Silva et al. (2006) em seu estudo ―Caracterização de

Materiais Derivados de Goma de Caju‖ afirmou que, neste polissacarídeo, o evento de perda

de massa que ocorre entre as temperaturas de 25-200°C é devido á evaporação da água. Os

autores observaram que a perda de massa referente á esse primeiro evento térmico foi

semelhante ao encontrado no presente trabalho, sendo de 12,9%.

Mothé e De Freitas (2014) estudaram o comportamento térmico da goma de

cajueiro sob uma atmosfera de nitrogênio e observaram, através da curva de TG/DGT, que, o

pico correspondente ao evento de perda de massa que ocorreu a uma temperatura de 140°C

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foi devido à evaporação da água. No presente trabalho o pico mais expressivo, correspondente

evento térmico de evaporação da água, foi registrado em uma temperatura em torno de 150°C,

temperatura semelhante à encontrada pelos autores (Figura 01).

Já a perda de massa que ocorreu em temperaturas superiores a 200°C foi devido à

decomposição do polissacarídeo. Observou-se que o início do evento térmico de

decomposição da goma de caju ocorreu a uma temperatura de 241,4°C e o final do evento

térmico de decomposição desse polissacarídeo ocorreu em uma temperatura de 294°C, esse

evento correspondeu a um percentual de perda de massa de 86,5%.

Zohuriaan e Shokrolahi (2004) estudaram o comportamento térmico de gomas

naturais e modificadas e observaram que, na maioria dos polissacarídeos, a temperatura de

decomposição térmica ocorre acima de 200°C, o que pode ser observado através da Figura 01

para a goma de cajueiro.

Silva et al. (2007) estudaram a copolimerização de acrilamida em goma de

cajueiro e, ao estudar o comportamento térmico deste polissacarídeo, constataram que o

segundo e o terceiro estágio de decomposição da goma de cajueiro tem lugar em temperaturas

de 241°C e 307°C, respectivamente. Segundo os autores, esse evento ocorreu devido à

despolimerização com formação de água, CO2 e CH4. O presente trabalho apresentou

resultados semelhantes aos dos autores, observou-se que o início do evento térmico de

decomposição da goma de cajueiro ocorreu a uma temperatura de 241,4°C.

Segundo Silva et al. (2006) o processo de decomposição em atmosfera de

nitrogênio para a goma de cajueiro ocorre em duas etapas. Mothé e Rao (2000) estudaram o

efeito da água sobre o comportamento de decomposição térmica da goma de cajueiro e

observaram que, para a goma de cajueiro seca, foram observados dois estágios de

decomposição, sendo que o primeiro estágio iniciou-se a uma temperatura de 231,6°C,

temperatura semelhante à encontrada no presente trabalho.

Mothé e De Freitas (2014) estudaram o comportamento térmico da goma de

cajueiro em atmosfera de nitrogênio por curva de TG/DGT e observaram que, o pico

correspondente entre as temperaturas de 245-340°C, foi atribuído a decomposição da goma de

cajueiro, com um percentual de perda de massa de 60,2%. A temperatura de início da

decomposição térmica da goma de cajueiro encontrada pelos autores foi semelhante a

encontrada no presente trabalho (241,4°C), no entanto, a temperatura final do pico de

decomposição térmica encontrada pelos autores, diferiu da encontrada no presente trabalho.

Esse fato ocorreu porque o método de purificação utilizado pelos autores foi diferente do

utilizado no presente trabalho, o que pode ter sido responsável pela presença de impurezas na

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goma de cajueiro, resultado em valores de temperaturas diferentes para o fim do evento de

decomposição térmica.

Figura 01 – Curva de TGA/DGT de Goma de Cajueiro.

A Figura 02 corresponde à curva TGA/DGT para a goma de arábica. Observou-se

que o primeiro evento térmico de perda de massa, cujo percentual de perda foi de 6,4%,

ocorreu a uma temperatura inferior a 200°C, que correspondeu à evaporação de água.

O segundo evento térmico, correspondente à decomposição do polissacarídeo,

iniciou a uma temperatura de 210,3°C e foi concluído a uma temperatura de 265,7° C. COZIC

et al. (2009) estudaram a o evento de dessorção de água e degradação térmica em goma

arábica e observaram que havia duas etapas de perda de massa, resultado semelhante ao

encontrado no presente trabalho.

Mothé e Rao (2000) estudaram o efeito da água no comportamento térmico da

goma arábica e observaram que, para a goma seca em pó, um dos picos de temperatura

referente à decomposição térmica foi registrado a uma temperatura de 210°C, resultado

semelhante ao encontrado no presente trabalho. Zohuriaan e Shokrolahi (2004) estudaram o

comportamento térmico de gomas naturais e modificadas e observaram que, na maioria dos

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polissacarídeos, inclusive na goma arábica, a temperatura de decomposição térmica ocorre

acima de 200°C.

Figura 02 – Curva de TGA/DGT de Goma de Arábica.

As Figuras 03 e 04 correspondem ás curvas de TGA/DGT da maltodextrina com

grau de equivalentes de dextrose de 16,5-19,5 e de 4,0-7,0, respecivamente.

De acordo com Fox e Flory (1950) a Tg de homopolímeros, tais como polímeros

de glicose, está relacionado com sua massa molecular.

Na Figura 03, para a maltodextrina com dextrose equivalente de 16,5-19,5 , pode-

se observar que o primeiro evento de perda de massa do polímero resultou em um percentual

de 9,2%, devido à evaporação de água, e ocorreu em temperatura inferior a 200°C, e o

segundo estágio, correspondente à decomposição do polissacarídeo, iniciou-se a uma

temperatura de 286,3°C. Já para a maltodextrina com grau de dextrose equivalente de 4,0-7,0

(Figura 04) a decomposição iniciou-se a uma temperatura de 270,3°C.

Segundo Takeiti (2007), o valor da temperatura de transição vítrea das

maltodextrinas se eleva com o aumento da massa molecular do aditivo, sendo inversamente

proporcional ao valor de dextrose-equivalente (DE).

Osório, Forero e Carriazo (2011), em seu trabalho sobre a estabilidade térmica de

pós microencapsulados da goiaba, observaram que amostras de maltodextrina possuem uma

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estabilidade térmica maior do que amostras de mistura maltodextrina-goma arábica. Em seus

estudos, os autores concluíram que amostras de maltodextrinas são muito estáveis até uma

temperatura de 160°C e que a degradação das amostras iniciou-se a uma temperatura em torno

de 200°C, seguida por sua posterior volatilização. Segundo os autores, é muito importante que

as amostras de maltodextrina ultrapassem uma temperatura de 100°C sem uma perda

significativa de massa, porque esta é uma temperatura típica para processos de esterilização

na indústria de alimentos.

Verificou-se que as maltodextrinas com graus de dextrose equivalente de 16,5-

19,5 e de 4,0-7,0, utilizadas no presente trabalho, possuem boa estabilidade térmica, sendo

que o início de decomposição térmica foram, respectivamente, de 286,3 e 270,3°C.

Figura 03 – Curva de TGA/DGT de Maltodextrina com Dextrose-equivalente de 16,5-19,5.

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Figura 04 – Curva de TGA/DGT de Maltodextrina com Dextrose-equivalente de 4,0-7,0.

A curva da análise de DSC referente á goma de cajueiro pode ser observada na

Figura 05.

A goma do cajueiro apresentou três eventos de perda de massa, em atmosfera de

nitrogênio, no intervalo de temperatura entre 0 e 350°C. Observou-se que ocorreu um pico

endotérmico a uma temperatura de 152°C e dois picos exotérmicos nas temperaturas em torno

de 240 e 307°C.

Segundo De Oliveira, Paula e De Paula (2014), o pico endotérmico que ocorre na

goma de cajueiro, é devido ao seu caráter hidrofílico, o que resula em uma maior quantidade

de água retida no polímero, devido às ligações por ponte de hidrogênio.

Já os picos exotérmicos provavelmente ocorreram devido à despolimerização do

polissacarídeo, formado água, CO e CH4 (ZOHURIAAN & SHOKROLAHI, 2004).

Mothé e De Freitas, em seu trabalho ―Comportamento térmico da goma de

cajueiro‖, utilizaram técnicas simultâneas de TG/DGT/DSC-FT-IR e EDXRF, nas seguintes

condições: atmosfera de nitrogênio, taxa de aquecimento de 10 K/minuto, intervalo de

temperatura de 30 a 800 °C, utilizando 5 mg de goma de cajueiro. Os autores supracitados

observaram, através de curva de DSC, que a goma de cajueiro, precipitada com etanol,

apresentou picos exotérmicos nas temperaturas de 245 e 360°C. Segundo Mothé e De Freitas

(2014) o processo exotérmico, observado na curva de DSC da goma de cajueiro, sugere a

oxidação do resíduo carbônico formado durante a decomposição da goma de cajueiro.

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Silva et al. (2007), ao estudarem uma curva de DSC de goma de cajueiro em seu

trabalho ―Copolimerização de acrilamida em goma de cajueiro‖, observaram que a curva de

DSC para a goma apresentava três picos, sendo que os picos exotérmicos, referentes à

despolimerização do polissacarídeo, foram registrados nas temperaturas de 246 e 301°C. Para

a purificação da goma de cajueiro, os autores supracitados utilizaram o seguinte método de

purificação: moagem; imersão em água destilada (proporção de 20% p/v) a temperatura de

25°C, por 24 horas; filtração; precipitação em etanol; filtração e secagem. Os resultados

encontrados por Silva et al. (2007) foram semelhantes aos encontrados no presente trabalho,

provavelmente, devido às similaridades entre os métodos de purificação do autor e o utilizado

no presente trabalho, o que reduziu a quantidade de impurezas presente na goma de cajueiro.

A temperatura em que um material polimérico sofre mudanças de um estado

vítreo amorfo para um estado emborrachado é conhecido como temperatura de transição

vítrea, que é específica para cada material amorfo. A temperatura de transição vítrea é

influenciada por vários parâmetros, tais como peso molecular, estrutura química e conteúdo

de umidade. Materiais com alta Tg são capazes de produzir partículas mais estáveis durante o

processamento e armazenamento (FERNANDES; BORGES; BOTREL, 2014).

Mothé e Rao (2000) comparam o comportamento térmico entre a goma arábica e a

goma de caju em atmosfera de nitrogênio, sendo que no primeiro processo, as gomas foram

resfriadas de 25 a -50°C e posteriormente, aquecidas até 250°C, e identificaram a temperatura

de transição vítrea da goma de caju, encontrando um valor de 97,2°C. Os autores,

supracitados, purificaram a goma de caju através de processos ordenados de trituração,

filtração, precipitação em álcool e liofilização. O valor da temperatura de transição vítrea

encontrada no presente trabalho difere do valor encontrado pelos autores. Obesrvou-se, na

Figura 05, que a temperatura de transição vítrea da goma de cajueiro encontra-se no intervalo

etre 50-60°C. As diferenças nas temperaturas de transição vítrea encontradas por Mothé e Rao

(2000) e a encontrada no presente trabalho, provavelmente, são devido à presença de

impurezas na goma de cajueiro, que pode ter sido resultante das diferenças no processo de

purificação da goma de caju referentes às etapas de decantação e secagem, pois no processo

de purificação utilizado no presente trabalho, a goma permaneceu em precipitação em etanol

por 24 horas, retirando uma maior quantidade de impurezas, e foi seca em estufa, enquanto

que a goma utilizada pelos autores passou por um processo de liofilização.

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Figura 05 – Curva de DSC para a Goma de Cajueiro.

A Figura 06 mostra a curva de DSC para a goma arábica. Observou-se que

ocorreram três picos na curva de DSC, sendo dois picos endotérmicos, o primeiro em torno de

60°C e o segundo a uma temperatura aproximada de 170°C, e um pico exotérmico a uma

temperatura aproximada de 300ºC.

Zohuriaan e Shokrolahi estudaram o comportamento térmico de gomas naturais e

modificadas e observaram que a maioria das curvas de DSC exibe um pico precoce de

endotermia no intervalo de temperatura de 63-134°C. Segundo os autores, as transições

associadas com a perda de água, que ocorrem nesse intervalo de temperatura e correspondem

de 2-10% em massa, são devido à natureza hidrófila dos grupos funcionais dos polímeros. Os

autores identificaram três picos de transição para a goma arábica, resultado semelhante ao

encontrado no presente trabalho e verificaram que o pico mais intenso registrado foi um

exotérmico, ocorrendo a cerca de 300° C.

Geralmente, nas fases de transição que ocorrem a elevadas temperaturas, estão

envolvidas reações de desidratação, despolimerização e decomposição pirolítica, levando á

formação de H2O, CO e CH4. Observou-se que a temperatura de transição vítrea da goma

arábica encontra-se em torno de 50-60°C, temperatura semelhante à encontrada para a goma

de cajueiro.

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Fernandes, Borges e Botrel (2014) estudaram a microencapsulação de óleo

essencial de Rosemary e observaram, através das curvas de DSC, que o maior valor de Tg foi

obtido com a encapsulação utilizando goma arábica, pois esta tem uma alta massa molar e o

valor da Tg é positivamente influenciado pela massa molar.

Dessa forma, verifica-se que a goma arábica, carboidrato com alta capacidade de

emulsificação, apresenta grande eficiência como agente encapsulante, pois aumenta o valor da

Tg, influenciando, positivamente, na estabilidade e estocagem de alimentos.

Figura 06 – Curva de DSC para a Goma de Arábica.

As figuras 07 e 08 mostram as curvas da análise de DSC para as maltodextrinas

com equivalentes de dextrose de 16,5-19,5 e 4,0-7,0, respectivamente. Observou-se que o

perfil das curvas de DSC para as duas amostras de maltodextrinas foram semelhantes.

Verificou-se que o pico mais expressivo para ambas as amostras foi o

endotérmico que ocorreu a uma temperatura aproximada de 175°C. Já o segundo pico

endotérmico que ocorreu a uma temperatura de 270ºC, para a maltodextrina com grau de

dextrose equivalente de 16,5-19,5, e a uma temperatura de aproximadamente 263°C, para a

maltodextrina com grau de dextrose equivalente de 4,0-7,0 , foi menos expressivo.

Ruan et al., (2006) estudaram a temperatura de transição vítrea de maltodextrinas

com graus de dextrose equivalente de 5, 15 e 25 e observaram que as Tg diminuíram com o

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130

aumento do teor de umidade, devido ao aumento do efeito de plastificação de água

na amostra.

Segundo Takeiti (2007) o valor da temperatura de transição vítrea das

maltodextrinas é inversamente proporcional ao grau de dextrose equivalente. Takeiti (2007)

estudou a temperatura de transição vítrea de maltodextrinas liofilizadas da marca Globe 1805,

com grau de dextrose equivalente de 06, maltodextrina da marca Mor-Rex 1910 e 1920, com

graus de dextrose equivalentes de 11 e 18, e encontrou valores de 160,7; 111,7 e 95,6 °C,

respectivamente. Devido à similaridade entre os graus de dextrose equivalente da

maltodextrina estudada no presente trabalho (16,5-19,5) e a estudada pelo autor (18),

verificou-se que a temperatura de transição vítrea encontrada para esta última (95,6°C) foi

semelhante à faixa encontrada no presente trabalho (90-100°C).

Em seus estudos sobre microencapsulação de óleo essencial de Rosemary,

Fernandes, Borges e Botrel (2014), observaram, através das curvas de DSC que, o óleo

encapsulado com maltodextrina com grau de dextrose equivalente igual a 10, apresentou um

baixo valor de Tg, pois este encapsulante apresenta uma massa molar inferior à da goma

arábica, resultando em pós com menor valor de Tg em relação à esta. Dessa forma, estudos

que relacionem o valor das Tgs com a massa molar dos carboidratos, tornam-se importantes

para prever suas propriedades como encapsulantes de alimentos.

Figura 07 – Curva de DSC para a Maltodextrina com dextrose equivalente de 16,5-19,5.

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131

Figura 08 – Curva de DSC para a Maltodextrina com dextrose equivalente de 4,0-7,0.

5.4 CONCLUSÕES

Observou-se que o início do evento de decomposição térmica da goma de cajueiro

ocorreu em temperaturas em torno de 241,46 °C. A temperatura do início da decomposição

térmica da goma arábica mostrou-se inferior à encontrada para a goma de cajueiro, sendo de

210,26°C. As maltodextrinas com graus de dextrose equivalente de 16,5-19,5 e 4,0-7,0

apresentaram temperaturas de início de decomposição térmica mais elevadas do que às

encontradas para a goma de cajueiro e goma arábica, sendo de 286,30° e 270,27°C,

respectivamente. As temperaturas de transição vítrea encontradas para a goma de cajueiro e

para a goma arábica foram próximas, ficando na faixa de 50-60°C.

Dessa forma, através do estudo do comportamento da goma de cajueiro,

observou-se que esta é termicamente mais estável do que a goma arábica, podendo,

potencialmente, substituí-la como coadjuvante de secagem e agente encapsulante no

processamento de alimentos.

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132

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134

CAPÍTULO 06

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DA PRODUÇÃO DE GOMA DE CAJUEIRO

PURIFICADA COM E SEM A PRESENÇA DE ULTRASSOM EM COMPARAÇÃO À

MALTODEXTRINA

RESUMO – Os polissacarídeos naturais tem atraído um grande interesse acadêmico devido ao

seu baixo custo, baixa toxicidade, disponibilidade e biodegradabilidade. A goma de cajueiro é

um heteropolissacarídeo complexo solúvel em água, exsudado dos ductos que aparecem ao

longo do tronco da árvore do cajueiro e apresenta propriedades semelhantes às da goma

arábica, podendo ser utilizada como encapsulante na indústria de alimentos. A avaliação do

ciclo de vida é uma metodologia padronizada para abordar todas as preocupações ambientais

derivadas do processo de produção de um produto por meio da avaliação dos potenciais

impactos ambientais associados com toda a sua cadeia de ciclo de vida. O objetivo deste

trabalho foi avaliar os impactos ambientais causados pelo processo de purificação da goma de

cajueiro em dois cenários de purificação – sem (cenário 1) e com (cenário 2) a utilização de

ultrassom. Também, os impatos ambientais causados pela goma de cajueiro obtida no cenário

menos impactante com a maltodextrina, produto de função equivalente no que se refere ao

encapsulamento, sendo um dos mais utilizados na indústria de alimentos. Para a realização do

inventário os dados foram analisados no Simapro versão 7.2 utilizando o método Recipe, na

versão hierárquica, considerando a avaliação de impactos em nível intermediário (midpoint).

Observou-se que as etapas de maiores contribuições para as categorias de impacto ambiental,

mudança climática, acidificação da terra, toxicidade humana e eutrofização de águas doce e

marinha, para os processos de purificação da goma de cajueiro, sem e com a utilização de

ultrassom, foram os processos de decantação e moagem e peneiramento. A goma obtida no

cenário 2 (com utilização do ultrassom) reduziu impactos na mudanças climáticas,

acidificação, toxicidade humana, eutrofização de água doce e eutrofização de água marinha

em 217%; 140%; 72%; 225% e 417%, respectivamente, indicando que a utilização de

ultrassom é a melhor alternativa para a diminuição dos impactos ambientais da goma de

cajueiro purificada. O processo de obtenção da maltodextrina, a partir do milho, apresentou

menores impactos ambientais nas categorias de mudança climática, eutrofização de água

doce, toxicidade humana e acidificação terrestre do que o processo de purificação da goma de

cajueiro com a utilização de ultrassom. Indica-se investigar tempos maiores de utilização do

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ultrassom na etapa de decantação para reduzir a quantidade de etanol utilizada e melhorar o

desempenho ambiental da goma de cajueiro purificada.

6.1 INTRODUÇÃO

Os polímeros, dentre os quais os polissacarídeos representam a maior parte, vêm

atraindo um grande interesse acadêmico, o que vem impulsionando o desenvolvimento de

suas aplicações não apenas na substituição do petróleo como fonte de energia, mas também na

abertura de sua utilização em novas áreas, tais como alimentos, desenvolvimento de novos

materiais e medicamentos (PERSIN et al., 2011). Os polímeros naturais apresentam diversas

vantagens em relação aos polímeros sintéticos, tais como baixo custo, baixa toxicidade,

disponibilidade e biodegradabilidade (PEPPAS, 2004).

A biodiversidade brasileira é muito promissora e ainda bastante inexplorada,

oferecendo possibilidades ilimitadas para a descoberta de novos biopolímeros, tais como a

goma de cajueiro. Esse polímero apresenta propriedades interessantes para a utilização na

indústria farmacêutica, médica e de alimentos, bem como na agricultura (PAULA et al.,

2011).

A goma de cajueiro é um heteropolissacarídeo complexo solúvel em água,

exsudado dos ductos que aparecem ao longo do tronco da árvore do cajueiro (Anacardium

occidentale) (MIRANDA, 2009), embora a exsudação também possa ocorrer de folhas, flores

e frutos (BEZERRA et al., 2007). Esse exsudado é composto por galactose (72%), glicose

(14%), arabinose (4,6%), rhamnose (3,2%) e ácido glucurônico (3,5%) (ANDRADE et al.,

2013).

O cultivo de cajueiro é principalmente focado na produção da castanha, enquanto

a goma de cajueiro tem sido pobremente explorada até o momento (BEZERRA et al., 2007).

Dentre as várias aplicações da goma de cajueiro, pode-se ressaltar o uso como

coadjuvante de secagem e como encapsulante (PAULA et al. 2011). O uso dos encapsulantes

ou dos adjuvantes tecnológicos de secagem influencia de maneira decisiva no aumento do

rendimento do processo de secagem, além de contribuir positivamente sobre a recomposição

em água do produto (SOARES, 2002). A encapsulação pode fornecer proteção de

ingredientes sensíveis ou voláteis, enquanto que permite a liberação controlada de tais

aditivos (GOUIN, 2004). Abreu et al. (2012) desenvolveram um nanogel à base de quitosana

e goma de cajueiro para a encapsulação de óleo essencial de L. sidoides e observaram que a

matriz mostrou-se eficiente para o objetivo do estudo. Matrizes feitas com alginato, quitosana

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e goma de cajueiro tem sido empregadas para a encapsulação de pesticidas com resultados

satisfatórios (KULKARNI et al., 2002; EL BAHRI; TAVERDET, 2007; PAULA et al.,

2006). Assim, a goma de cajueiro tem atraído interesse como agente encapsulante por formar

soluções de baixa viscosidade, promover boa retenção de compostos voláteis e conferir boa

proteção contra a oxidação, semelhantemente à maltodextrina e goma arábica (MOTHÉ;

RAO, 2000).

Outro importante agente encapsulante de secagem disponível no mercado e

amplamente utilizado é a maltodextrina, que possui características de baixa viscosidade, alta

concentração de sólidos, retenção de compostos de núcleo, baixa higroscopicidade, evitando a

aglomeração de partículas (DIB TAXI, 2001). A maltodextrina é utilizada principalmente

como um encapsulante de produtos que são difíceis de secar, como sucos de frutas,

aromatizantes e adoçantes e para diminuir problemas de viscosidade e aglomeração durante o

armazenamento, melhorando, assim, a estabilidade do produto (JAYA & DAS, 2004). Além

disso, as maltodextrinas fornecem uma boa retenção de substâncias voláteis e conferem

proteção eficaz contra a oxidação (RIGHETTO; NETO, 2005). Devido ao seu baixo custo,

em relação à goma arábica, facilidade de obtenção e propriedades tecnológicas, a

maltodextrina é amplamente utilizada e na indústria de alimentos e foi selecionada para ser

utilizada como parâmetro de compração no presente trabalho.

A avaliação do ciclo de vida (ACV) é uma metodologia padronizada para abordar

todas as preocupações ambientais derivadas do processo de produção de um produto por meio

da avaliação dos potenciais impactos ambientais associados com toda a sua cadeia de ciclo de

vida (ISO 14040, 2006). Dessa forma, a utilização da ACV no estudo de novos produtos,

ainda em escala laboratorial, leva à uma reflexão sobre as quantidades de matérias-primas e

insumos utilizados, como também, ao desenvolvimento de estratégias para o controle dos

resíduos da produção, reduzindo os impactos ambientais e possibilitando o surgimento de

alternativas para tornar o processo ambientalmente mais correto. A ACV vem sendo aplicada

ao estudo de processos e novos produtos ainda na etapa de desenvolvimento (PAVELOSKI;

PAVELOSKI, 2006).

Devido às potencialidades da goma de cajueiro como agente de secagem e

encapsulante, no presente trabalho, foi desenvolvido um novo processo de purificação da

goma de cajueiro, em escala de bancada. Atualmente, não existe uma metodologia

padronizada para a purificação da goma de cajueiro, sendo que na maioria das vezes, os

processos unitários utilizados em escala de bancada são dissolução da goma em água, ajuste

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do pH, diálise, filtração, precipitação em etanol e liofilização. Nesse trabalho, estudou-se a

aplicação e utilização de etanol e de ultrassom, simultaneamente - para aumentar o

rendimento de purificação da goma de cajueiro - constituindo-se em um método inovador para

a obtenção deste produto. Para analisar os impactos ambientais relacionados à goma de

cajueiro purificada, duas alternativas de rotas tecnológicas para a purificação foram avaliadas:

sem e com a utilização de ultrassonificação. Também se realizou a comparação entre a goma

purificada, bem como considerando a rota tecnológica menos impactante para a purificação da

goma, com o processo de obtenção da maltodextrina. Esse trabalho é pioneiro no estudo da

goma de cajueiro purificada, considerando o processo de obtenção em nível laboratorial.

Considerando-se a similaridade da ação como agente encapsulante entre a goma

de cajueiro e a maltodextrina, podendo, ambas, serem utilizadas nas indústrias de alimentos e

farmacêutica, a finalidade do presente estudo é:

a) Investigar os impactos ambientais relacionados ao ciclo de vida da goma de caju

purificada, considerando duas alternativas de purificação: i) sem o uso de sonificação

(cenário 1) e ii) com o uso de sonificação (cenário 2);

b) Comparar os impactos ambientais causados pela goma purificada, considerando a

obtenção da cenificação com menor impacto, com o processo da maltodextrina.

6.2 MATERIAIS E MÉTODOS

6.2.1 Metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

6.2.2 Unidade Funcional e Escopo

A função dos processos estudados foi a purificação de material polissacarídeo

com propriedades encapsulantes. Os encapsulantes são carboidratos de alto peso molecular,

como as maltodextrinas e a goma de cajueiro, que tem alta temperatura de transição vítrea

(Tg), sendo capazes de reduzir a higroscopicidade dos pós e facilitar a secagem (BHANDARI

et al., 1997; BHANDARI; HARTEL, 2005).

A unidade funcional adotada foi a extração de 1 g de goma de cajueiro,

considerando-se que essa massa tem o mesmo poder encapsulante de 1 g de maltodextrina.

A fronteira do sistema considera todas as etapas de extração e purificação da

goma de cajueiro (Figura 01) e da maltodextrina (Figura 02), assim como a produção de

energia elétrica e a produção de químicos para os dois processos.

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Cenário 1 de purificação Cenário 2 de purificação

Legenda: Processos unitários com levantamento de dados primários.

Processos unitários com levantamento de dados secundários.

Figura 01 – Fronteira dos processos unitários que integram o sistema de purificação de goma

de cajueiro com e sem a presença de ultrassom.

MOAGEM E

PENEIRAMENTO

SOLUBILIZAÇÃO

ÁGUA

DESTILADA

ENERGIA

FILTRAÇÃO À

VÁCUO ENERGIA

DECANTAÇÃO ÁLCOOL

SECAGEM ENERGIA

MOAGEM

GOMA PURIFICADA

EM PÓ SEM

ULTRASSOM

ENERGIA

ULTRASSONIFICAÇÃO ENERGIA

SECAGEM ENERGIA

MOAGEM ENERGIA

GOMA PURIFICADA

EM PÓ COM

ULTRASSOM

ENERGIA

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Processos unitários com levantamento de dados secundários obtidos segundo a

metodologia de Moore,Canto e Amante (2005).

Figura 02 - Fluxograma do processo de purificação da maltodextrina.

6.2.3 Coleta de dados de inventário

Para a realização do inventário ambiental do processo de obtenção da goma de

cajueiro purificada, sem e com a utilização de ultrassom, os dados de entradas e saídas foram

coletados no Laboratório de Físico-Química, na Embrapa Agroindústria Tropical. Todos os

experimentos para a obtenção dos dados primários foram realizados em triplicata.

Os dados referentes à produção de milho e amido de milho, necessários à

produção da maltodextrina, e os insumos necessários à produção da goma de cajueiro foram

obtidos da base de dados ―Ecoinvent 2.2‖ (FRISCHKNECHT, 2007). Os dados referentes ao

processo agrícola de produção de goma foram obtidos de Figueirêdo (2014). Os dados

utilizados no presente trabalho, para a produção da maltodextrina obtida a partir do milho,

foram segundo a metodologia descrita por Moore, Canto e Amante (2005). Foi realizada uma

AMIDO DE MILHO

CLORETO DE

CÁLCIO

ENERGIA

ÁGUA DESTILADA

HIDRÓXIDO DE

SÓDIO (NaOH)

ÁCIDO CLORÍDRICO

(HCl)

PRODUÇÃO DE

MALTODEXTRINA

MALTODEXTRINA

PURIFICADA

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140

adaptação na metodologia de Moore, Canto e Amante (2005) referente à hidrólise enzimática

do amido de milho pela enzima α-amilase, substituindo 40 µL de enzima pela hidrólise ácida,

utilizando-se 10 mL de HCl. Os dados secundários da plantação de milho e seus insumos e os

dados referentes à produção do amido de milho foram obtidos a partir da base de dados

―Ecoinvent‖. Os dados do inventário foram processados e analisados utilizando o software

Simapro 7.2.

6.2.4 Descrição do processo de purificação da goma – sem e com a utilização de

ultrassom

O processo de extração da goma de cajueiro bruta foi obtido segundo dados

coletados in loco (no campo) por Figuêiredo (2014) obtidos a partir de plantação de cajueiro

no estado do Ceará e os insumos foram obtidos a partir da base de dados do ―Ecoinvent‖.

Para o processo de purificação da goma de cajueiro, inicialmente, a goma de cajueiro bruta foi

moída em moinho analítico da marca IKA modelo A11 Basic com potência de 160 W. A

goma moída, resultante do processo anterior, foi peneirada manualmente em uma peneira com

500 µm de mash e adicionada de água destilada em uma proporção m/v de 2,5 g de goma

peneirada/50 mL de água destilada. A solubilização da goma foi realizada em agitador

magnético TECNAL modelo TE-085 com potência de 220 W, a uma temperatura de 30°C,

por um tempo de trinta minutos. Após a etapa de solubilização, a solução foi filtrada em

bomba de vácuo JB industry INC. modelo Dv.85n.250.3 CFM/2,5, 2 stage (potência 250 W).

A próxima etapa foi a decantação da goma de cajueiro, para a realização desta etapa,

adicionou-se álcool comercial à solução de goma de cajueiro, em uma proporção v/v de 1:4,5

(solução de goma: álcool em mL) que permaneceu em repouso por 24 horas. Para a goma

purificada com a utilização de ultrassom, a mistura solução de goma: álcool passou por um

processo de sonificação por um tempo de 2 minutos em ultrassom de ponteira da marca

Hielscher e modelo UP 400 com uma densidade de potência 200 W/L. Finalizada a

decantação, a solução de goma decantada foi separada do sobrenadante de álcool e seca em

estufa de secagem com circulação de ar, da marca TECNAL modelo TE 394/2 (potência de

1500 W), por um período de 48 horas. O álcool resultante do processo de purificação não

gerou efluentes, pois foi recuperado por rotaevaporação em equipamento da marca TECNAL

TE-0196 acoplado com bomba de vácuo J/B industry INC. modelo Dv.85n.250.3 CFM/2,5, 2

stage (potência 250 W). A goma purificada e seca foi posteriormente moída em moinho

analítico da marca IKA, modelo A11 Basic, com potência de 160 W por cerca de 1 minuto e

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141

posteriormente, foi armazenada em recipiente de plástico. Os dados secundários da obtenção

do etanol e da água destilada utilizados no processo foram obtidos a partir da base de dados

do ―Ecoinvent‖.

6.2.5 Avaliação de impacto

Foram selecionadas as seguintes categorias de impacto: mudança climática,

acidificação da terra, eutrofização de águas doce e marinha e toxicidade humana. O método

de avaliação usado para geração dos fatores de caracterização foi o Recipe (Goedkoop et al.,

2009), na versão hierárquica, considerando a avaliação de impactos em nível intermediário

(midpoint).

A análise de incerteza de Monte Carlo leva em consideração o desvio padrão de

cada dado coletado. Como é comum não se dispor de uma série ou de um universo razoável

de medições das informações que compõem um inventário de ciclo de vida, aplica-se a matriz

de Pedigree, também com o objetivo de gerar desvios padrões para cada variável. O método

de Monte Carlo foi utilizado para a análise das incertezas associadas com a análise de impacto

em cada cenário de produção (TAHA, 2008). Esta análise mostra se as diferenças nos

resultados de impacto são significativas ou não quando processos ou produtos são

comparados.

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.3.1 Análise do inventário dos processos de purificação da goma de cajueiro, sem e com

a utilização de ultrassom

O rendimento total de ambos os cenários, goma purificada sem ultrassom (cenário

1) e com a utilização de ultrassom (cenário 2), foi semelhante, resultando em 76%.

Os dados do inventário dos processos unitários relacionadaos ao macroprocesso

de purificação de 1 g da goma de cajueiro, sem a utilização de ultrassom estão apresentados

na Tabela 01. Observou-se que as etapas responsáveis pelo maior consumo de energia são as

etapas de solubilização e secagem.

A etapa de solubilização também é a responsável pelo consumo total de água

destilada utilizada no processo, o que aumenta o consumo de energia, já que para a produção

desse insumo, utiliza-se energia elétrica.

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142

Na etapa da secagem, o alto consumo de energia deve-se ao fato de que esta é

realizada em um período de 48 horas em estufa, sendo responsável por um consumo de

0,0013 Wh por kg de goma purificada. A secagem por um tempo de 48 horas é necessária

para que toda a água destilada e o etanol, acrescentados durante as etapas unitárias de

solubilização e decantação, evaporem, fazendo com que a goma purificada fique com um teor

de umidade inferior a 10%, o que ajuda em sua conservação.

A etapa de decantação é a responsável pela utilização de todo o etanol necessário

à purificação da goma de cajueiro, que foi considerado como proveniente da cana-de-açúcar

produzida no Brasil.

Verificou-se que o processo de purificação da goma de cajueiro não gera emissões

diretas. As emissões resultantes desse processo são indiretas ocasionadas pela produção dos

insumos.

Os dados do inventário do processo de purificação de 1 g de goma de cajueiro, no

cenário 2, com a utilização de ultrassom, estão apresentados na Tabela 02.

Observou-se que as etapas que mais consumiram energia neste processo foram a de

solubilização e secagem, análogas à goma purificada sem a utilização de ultrassom. Assim

como no processo de purificação da goma sem a utilização de ultrassom, a etapa de

solubilização é responsável pelo consumo de toda a água destilada.

Já na etapa de decantação, observou-se que, com a utilização de ultrassom, a

quantidade de etanol utilizada foi reduzida em 33%, passando para 39,45 g e que o

rendimento final do produto permaneceu o mesmo. Apesar da redução na quantidade de

etanol, obteve-se um aumento de 1,52 *10-4

KWh no consumo de energia na etapa de

decantação, - devido à utilização do equipamento de ultrassonificação. No entanto, este

aumento de energia, não se apresentou expressivo, totalizando em 0,002% do consumo total.

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143

Tabela 01 - Inventário para a produção de 1 g de goma purificada no cenário 1 de não

utilização de ultrassom.

ETAPAS ENTRADAS SAÍDAS EMISSÕES

INSUMOS QUANTIDADES INSUMOS QUANTIDADES

MOAGEM Goma bruta

Energia

1,40 g

6,51*10-6

Goma bruta

moída

1,39 g 0

PENEIRAMENTO Goma bruta

moída

1,39 g Goma bruta,

moída e

peneirada

1,31 g

0

SOLUBILIZAÇÃO Goma bruta,

moída e

peneirada

Água destilada

Energia

1,31 g

26,24 mL

0,0044 KWh

Solução de

goma

26,80 g 0

FILTRAÇÃO À

VÁCUO

Solução de

goma

Energia

26,80 g

2,47*10-7

KWh

Solução de

goma filtrada

Resíduo

sólido úmido

25,40 g

1,40 g

0

DECANTAÇÃO Solução de

goma filtrada

Etanol

25,40 g

59,18 g

Solução de

goma

umedecida

com álcool

Sobrenadante

de álcool

29,07

55,51 g

0

0

SECAGEM Goma

umedecida com

álcool

Energia

29,07 g

0,0013 Kwh

Goma seca 1 g 0

MOAGEM Goma seca

Energia

1 g

0,00022 KWh

Goma seca e

moída

1 g 0

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144

Tabela 02 - Inventário para a produção de 1 g de goma purificada no cenário 2 com a

utilização de ultrassom.

ETAPAS ENTRADAS SAÍDAS EMISSÕES

INSUMOS QUANTIDADES INSUMOS QUANTIDADES

MOAGEM Goma bruta

Energia

1,40 g

6,51*10-6

Goma bruta

moída

1,39 g 0

PENEIRAMENTO Goma bruta

moída

1,39 g Goma bruta,

moída e

peneirada

1,31 g

0

SOLUBILIZAÇÃO Goma bruta,

moída e

peneirada

Água destilada

Energia

1,31 g

26,24 mL

0,0044 KWh

Solução de

goma

26,80 g 0

FILTRAÇÃO À

VÁCUO

Solução de

goma

Energia

26,80 g

2,47*10-7

KWh

Solução de

goma filtrada

Resíduo

sólido úmido

25,40 g

1,40 g

0

DECANTAÇÃO Solução de

goma filtrada

Etanol

Energia

25,40 g

39,45 g

1,52 *10-4

KWh

Solução de

goma

umedecida

com álcool

Sobrenadante

de álcool

29,07

35,78 g

0

0

SECAGEM Goma

umedecida com

álcool

Energia

29,07 g

0,0013 Kwh

Goma seca 1 g 0

MOAGEM Goma seca

Energia

1 g

0,00022 KWh

Goma seca e

moída

1 g 0

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145

6.3.2 Avaliação de impacto dos processos de purificação da goma de cajueiro sem e com

a utilização de ultrassom

6.3.2.1 Mudanças climáticas

O impacto nas mudanças climáticas, medido em termos de CO2 equivalente, foi

apresentado por processo unitário na Figura 03, considerando os dois cenários de purificação

da goma em estudo.

Figura 03- Impacto de mudança climática para os processos de purificação da goma sem e

com a utilização de ultrassom.

Observou-se que o cenário 1 de purificação da goma acarreta maior impacto nas

mudanças climáticas que o cenário 2. Os principais processos responsáveis pelas maiores

emissões no cenário 1 são moagem e peneiramento e decantação (Figura 03).

Moagem e peneiramento

Solubilização

Filtração

Decantação

Secagem/Moagem

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

kg

de

CO

2 e

qu

iva

len

te/g

de

go

ma

Goma sem ultrassom - cenário 1

Goma com ultrassom - cenário 2

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146

Observou-se que, no cenário em que a purificação ocorre sem a utilização de

ultrassom, o processo de moagem e peneiramento apresentou um total de emissão em kg de

CO2 equivalentes 34 vezes maior do que o obtido para a goma purificada com a utilização de

ultrassom (cenário 2). Esse fato deveu-se à redução de 33% na quantidade de etanol utilizada,

para o processo de purificação da goma com a utilização de ultrassom, o que reduziu

proporcionalmente os percentuais de contribuição total de cada uma das categorias, refletindo

na redução das emissões de cada um dos processos unitários. Dessa forma, a emissão total de

CO2, no cenário 1, foi de 0,057 kg de CO2 equivalentes por 1 g de goma purificada, enquanto

que no cenário 2, goma purificada com a utilização de ultrassom, esse teor foi de 0,018 kg de

CO2 equivalentes, reduzindo, dessa forma, proporcionalmente, em porcentagem, a parcela de

contribuição da etapa de moagem e peneiramento no cenário 2 em relação ao cenário 1, no

que se refere à emissão de CO2 equivalentes (Figura 03).

As emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao processo de moagem e

peneiramente não são decorrentes diretamente desse processo, mas da produção agrícola de

caju que estão contabilizadas nesse processo. A produção de caju utiliza fertilizantes

nitrogenados que, ao serem produzidos e utilizados, geram quantidades importantes de óxido

nitroso (N2O) e outros gases de efeito estufa. Ao entrar em contato com o solo, o fertilizante

nitrogenado pode ser assimilado pelas bactérias do gênero Pseudomonas, que liberam óxido

nitroso (N2O), um gás que causa efeito estufa, agravando o efeito da utilização destes

fertilizantes. De acordo com a Associação Internacional de Fertilizantes (IFA, 2014), os

principais combustíveis utilizados para a produção de fertilizantes nitrogenados são o gás

natural (73%) e o carvão mineral (27%), ambos fósseis, cujas emissões de dióxido de carbono

também contribuem com o efeito estufa, favorecendo o processo de aquecimento global.

Verificou-se que, na etapa de decantação, o cenário 2 reduziu em 33,3% as

emissão de CO2 equivalentes, em relação ao cenário 1 (Figura 03). Essa redução deveu-se ao

fato de que uma menor quantidade álcool é utilizada no cenário 2 (proporção de solução de

goma: álcool (v/v) de 1:3), pois o ultrassom acelera o processo de nucleação da goma,

necessitando de uma menor quantidade de etanol.

Da mesma forma qua a produção de caju, a produção de cana, cujos dados foram

considerados no presente trabalho através de dados provenientes da base ―Ecoinvent‖ e

contabilizados nas emissões para a obtenção de etanol, também requer o uso de fertilizantes

nitrogenados que causam emissões de gases de efeito estufa. Outro fator relevante é que nas

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147

indústrias canavieiras, onde se realiza a produção comercial de etanol, a queima do bagaço da

cana-de-açúcar gera poluentes como material particulado, monóxido e dióxido de carbono e

óxidos de nitrogênio (ANDRADE; DINIZ, 2007). Segundo Coelho et al. (2010) é

normalmente aceito que o poluente mais significativo emitido por caldeiras que utilizam

bagaço seja o material particulado, que está associado ao residual de cinzas, fuligens e outros

materiais. Nas etapas de fermentação e destilação do álcool, podem ocorrer emissões de

dióxido de carbono, aldeídos, álcool e o ciclohexano (ANDRADE; DINIZ, 2007).

Dessa forma, a utilização do ultrassom mostrou-se uma alternativa viável para a

redução da quantidade total de kg de CO2 equivalentes resultantes do processo de purificação

da goma de cajueiro.

6.3.2.2 Eutrofização

O impacto na eutrofização de água doce, medido em termos fósforo - P

equivalentes, foi apresentado por processo unitário na Figura 04, considerando os dois

cenários de purificação da goma em estudo.

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Figura 04- Impacto de eutrofização de água doce para os processos de purificação da goma

sem e com a utilização de ultrassom.

Observou-se que, o cenário 1 de purificação da goma de cajueiro (sem a utilização

de ultrassom) acarreta maior impacto na categoria eutrofização de água doce do que o cenário

2. Os principais processos responsáveis pelas maiores emissões no cenário 1 são moagem e

peneiramento e decantação (Figura 04).

Verificou-se que, no cenário 1, em que a purificação ocorre sem a utilização de

ultrassom, o processo de moagem e peneiramento apresentou um total de emissão de kg de P

equivalentes 16 vezes maior do que o obtido para a goma purificada com a utilização de

ultrassom (cenário 2). Essa redução, no cenário 2, se deveu ao fato de que a emissão total, no

cenário 1, foi de 2,33 *10-5

kg de P equivalentes por 1 g de goma purificada, ao passo que no

cenário 2, goma purificada com a utilização de ultrassom, esse teor foi de 7,18 * 10 -6

kg de P

equivalentes, reduzindo, dessa forma, proporcionalmente, em porcentagem, a parcela de

Moagem e peneiramento

Solubilização

Filtração

Decantação

Secagem/Moagem

0,000000

0,000002

0,000004

0,000006

0,000008

0,000010

0,000012

0,000014

kg

de

P e

qu

iva

len

te/g

de

go

ma

Goma sem ultrassom - Cenário 1

Goma com ultrassom - Cenário 2

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149

contribuição da etapa de moagem e peneiramento, no cenário 2 em relação ao cenário 1, no

que se refere à emissão de P equivalentes (Figura 04).

Verificou-se que na etapa de decantação houve uma redução de 31,40% na

quantidade de P equivalentes emitidos, para a goma purificada com a utilização de ultrassom

(cenário 2), em relação a goma purificada sem a utilização deste equipamento (cenário 1).

Isso se deveu à menor quantidade de etanol utilizada no processo de purificação em que se

utilizou o ultrassom, diminuindo as emissões indiretas resultantes da plantação da cana-de-

açúcar e da utilização de fertilizantes fosfatados, reduzindo as emissões que contribuem para

o impacto ambiental de eutrofização de água doce (Figura 04).

As maiores contribuições dos processos unitários de moagem e peneiramento e

decantação ocorreram devido à produção agrícola do caju e da cana-de-açúcar (matéria-prima

da produção de etanol), juntamente com o processo de produção de alguns insumos, como os

fertilizantes nitrogenados e fosfatados, que geram contaminantes responsáveis pelo impacto

de eutrofização aquática (Figura 04).

O aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo são as principais causas da

eutrofização em sistemas continentais, onde pode haver um rápido desenvolvimento de algas

e crescimento excessivo de plantas aquáticas (TUNDISI, 2003). Dessa forma, à medida que as

concentrações de nutrientes aumentam, há aceleração da produtividade de algas, alterando a

ecologia do sistema aquático. Os nutrientes, ao serem lançados na água contribuem para o

aumento da produção orgânica do sistema, com elevação da biomassa fitoplanctônica e

consequente diminuição na penetração de luz (ESTEVES, 1998). Assim, a taxa de

decomposição e consumo de oxigênio pelos organismos podem ocasionar produção de

metano e gás sulfídrico no sedimento. Entretanto, os nutrientes disponibilizados na coluna de

água contribuirão novamente para a produção de fitoplanctônica. Nesse estágio, o ecossistema

pode produzir mais matéria orgânica do que é capaz de consumir e decompor, com profundas

mudanças no metabolismo de todo o ecossistema e nas concentrações de oxigênio nas

camadas superiores, devido à decomposição bacteriana da matéria orgânica no sedimento

(WETZEL, 1983).

Os impactos causados pela indústria de álcool no suprimento de água são de

natureza qualitativa e quantitativa, podendo degradar os recursos hídricos pelo uso intensivo,

causando escassez, e também pelo grande potencial poluidor das atividades agroindustriais e

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150

uso do solo (NETO, 2001). Os efluentes do setor industrial são os principais causadores dos

impactos ambientais aos recursos hídricos, sendo a água de lavagem de alta carga orgânica

(COELHO et al., 2010). Tal impacto pode causar uma indesejável mudança na composição de

espécies nos ecossistemas e uma redução da diversidade ecológica (SILVA et al., 2012), e no

presente trabalho, com relação à categoria de eutrofização da água doce, além do impacto

ambiental causado pelos efluentes das indústrias alcooleiras, o uso do solo, com a utilização

de fertilizantes fosfatados nas plantações de caju e cana-de-açúcar, é o principal responsável

pela emissão de P equivalentes.

O impacto na eutrofização de água marinha, medido em termos nitrogênio – N

equivalentes, foi apresentado por processo unitário na Figura 05, considerando os dois

cenários de purificação da goma em estudo.

Figura 05- Impacto de eutrofização de água marinha para os processos de purificação da

goma sem e com a utilização de ultrassom.

Moagem e peneiramento

Solubilização

Filtração

Decantação

Secagem/Moagem

0,00000

0,00002

0,00004

0,00006

0,00008

kg

de

N e

qu

iva

len

tes/g

de

go

ma

Goma sem ultrassom - cenário 1

Goma com ultrassom - cenário 2

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151

Observou-se que, o cenário 1 de purificação da goma de cajueiro acarretou maior

impacto na categoria eutrofização de água marinha do que o cenário 2. Verificou-se que a

utilização de ultrassom, no cenário 2 de purificação da goma de cajueiro, reduziu em

aproximadamente quatro vezes a quantidade total de kg de N eq emitidos em relação ao

processo de purificação sem a utilização deste equipamento (cenário 1). Os principais

processos responsáveis pelas maiores emissões, no cenário 1, são moagem e peneiramento e

decantação (Figura 05).

Na etapa de decantação, houve uma redução de 34% no total de kg de N eq

emitidos no cenário 2 (em que se utilizou o ultrassom) em relação ao cenário 1 (processo de

purificação realizado sem a utilização deste equipamento), enquanto que na etapa de moagem

e peneiramento, essa redução foi de 94%. O maior valor na emissão de kg de N equivalentes

no cenário 1, em relação ao cenário 2, na etapa de moagem e peneiramento, deveu-se ao fato

de que, no cenário 1 (goma purificada sem a utilização de ultrassom), a emissão total foi de

1,07 * 10-4

kg de N equivalentes por 1 g de goma purificada, enquanto que no cenário 2

(goma purificada com a utilização de ultrassom), esse total foi de 2,70 * 10-5

Neq, diminuindo,

dessa forma, proporcionalmente, o valor da emissão desta etapa, no macroprocesso da goma

purificada com a utilização de ultrassom.

Já a redução na etapa de decantação, no cenário 2, em relação à quantidade de kg

de N equivalentes no cenário 1, deveu-se, principalmente, à redução da quantidade de etanol

utilizada neste processo unitário, pois esse insumo é o maior responsável pela emissão de kg

de N equivalentes, devido à utilização de fertilizantes nitrogenados na produção da cana-de-

açúcar (Figura 05).

Assim como na categoria de impacto ambiental eutrofização de água doce, na

eutrofização de água marinha, os maiores percentuais na etapa de moagem e peneiramento e

decantação, foram devido, principalmente, aos fertilizantes nitrogenados utilizados na

produção de caju e cana-de-açúcar (Figura 05).

Dessa forma, a utilização do ultrassom mostrou-se uma alternativa viável para a

redução da quantidade total de emissão de kg de P e N equivalentes, resultantes,

respectivamente, dos impactos ambientais de eutrofização de água doce e eutrofização de

água marinha, ocasionados pelo processo de purificação da goma de cajueiro.

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152

6.3.2.3 Toxicidade humana

O impacto de toxicidade humana, medido em termos de kg de 1,4-diclorobeneno

equivalentes, foi apresentado por processo unitário na Figura 06, considerando os dois

cenários de purificação da goma em estudo.

Figura 06- Impacto de toxicidade humana para os processos de purificação da goma sem e

com a utilização de ultrassom.

Observou-se que o cenário 1 de purificação da goma de cajueiro acarreta maior

impacto na categoria toxicidade humana do que o cenário 2. Os principais processos

responsáveis pelas maiores emissões no cenário 1 são decantação e moagem e peneiramento.

Observou-se que o processo de purificação da goma de cajueiro no cenário 2 (com

a utilização de ultrassom) reduziu a emissão total de kg de 1,4-diclorobenzeno equivalentes

Moagem e peneiramento

Solubilização

Filtração

Decantação

Secagem/Moagem

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

kg

de

1,4

-dic

loro

be

nze

no

eq

uiv

ale

nte

s/g

de

go

ma

Goma sem ultrassom - cenário 1

Goma com ultrassom - cenário 2

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153

em 1,8 vezes em relação ao processo de purificação da goma no cenário 1 (sem a utilização

deste equipamento).

Na etapa de decantação, a redução do percentual de emissão de kg de 1,4-

diclorobenzeno equivalentes, no cenário 2 (com ultrassom), em relação ao cenário 1 (sem

ultrassom), foi de 33%. Essa redução deveu-se à menor quantidade de etanol utilizada na

etapa de decantação da goma purificada com ultrassom, o que acarreta uma menor utilização

de insumos, como fertilizantes nitrogenados, fosfatados e defensivos agrícolas, responsáveis

pela emissão de metais pesados ao ambiente, o que ocasiona danos à saúde humana (Figura

06).

No cenário 2, na etapa de moagem e peneiramento, o percentual de redução na

emissão de kg de 1,4-diclorobenzeno equivalentes foi de 93% em relação ao cenário 1. O

maior valor na emissão de kg de 1,4-diclorobenzeno equivalentes, na etapa de moagem e

peneiramento, no cenário 1, em relação ao cenário 2, deveu-se ao fato de que, no cenário 1

(goma purificada sem a utilização de ultrassom), a emissão total foi de 0,039 kg de 1,4-

diclorobenzeno equivalentes por 1 g de goma purificada, enquanto que no cenário 2 (goma

purificada com a utilização de ultrassom), esse total foi de 0,022, diminuindo, dessa forma,

proporcionalmente, o valor da emissão dessa etapa, no macroprocesso da goma purificada

com a utilização de ultrassom.

As etapas de obtenção da goma bruta, moída e peneirada e decantação (goma

umedecida com álcool) levam em consideração os insumos utilizados na produção agrícola de

caju e cana-de-açúcar, respectivamente. Dessa forma, os fertilizantes químicos e defensivos

agrícolas, utilizados nestas culturas agroindustriais, são os principais responsáveis pela maior

contribuição na emissão de kg de 1,4- diclorobenzeno equivalentes das etapas de obtenção da

goma e de decantação, na categoria toxicidade humana.

A aplicação e o uso de herbicidas, pesticidas e fertilizantes durante os diferentes

estágios de cultivo da cana-de-açúcar e da plantação do caju, aliado ao problema de

devastação das vegetações nativas, tem acarretado em diferentes graus, impactos sobre o ar e

os recursos hídricos das áreas adjacentes a essas plantações. Apesar do benefício decorrente

da utilização de herbicidas, pesticidas e fertilizantes para o aumento da produtividade

agrícola, o problema de intoxicação humana por produtos químicos tem se agravado,

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154

sobretudo pelo fato de que estas ocorrem pela ingestão gradual destes produtos que

contaminam a água, o solo e os alimentos (ODUM, 1988).

A origem antrópica dos metais pode vir através dos efluentes industriais, e de

maneira especial através das áreas agrícolas, através do processo de lixiviação do solo. Os

principais agrotóxicos utilizados em áreas agrícolas são os organofosforados, carbamatos,

organoclorados e os piretróides (CONCEIÇÃO; BONNOTO, 2005).

O uso de fertilizantes fosfatados e defensivos agrícolas nas plantações de cana-de-

açúcar e de caju pode levar ao aumento da concentração de alguns elementos no solo, tais

como os metais pesados cádmio, cromo, cobre, níquel chumbo e zinco, que podem passar ás

plantas, e destas, aos animais e homens, através da cadeia alimentar (CONCEIÇÃO E

BONNOTO, 2005).

O cádmio é um metal pesado que ocorre na natureza geralmente associado a

outros metais, como o chumbo e o zinco, e sua extração, produção e aplicação na indústria e

na agricultura vem aumentando nos últimos anos. A poluição ambiental pelo cádmio é

preocupante, uma vez que, menos de 5% é reciclado. Altas concentrações desse metal podem

ocasionar a morte de algumas espécies presentes no meio aquático e ser tóxico ao ser humano.

Os metais pesados podem se acumular no organismo e causarem problemas como disfunção

do sistema nervoso e aumento da incidência de câncer (MASSABNI, 2002).

Corbi e Strixino (2006) estudaram a presença de metais pesados e organoclorados

em áreas adjacentes de cultivo de cana-de-açúcar e verificaram a existência de cádmio, cobre,

zinco, crômio e níquel. Já para os níveis de concentração de organoclorados, os autores

detectaram de 0 a 1787 mg/kg.

No presente trabalho, a toxicidade humana, que pode ser resultante de metais

pesados presentes nos fertilizantes e defensivos agrícolas, foi expressa em kg de 1,4-

diclorobenzeno equivalentes. O 1,4-diclorobenzeno pode atingir o corpo humano através de

inalação ou ingestão. Os vapores de 1,4-diclorobenzeno podem causar irritação na pele, nos

olhos e garganta. Exposições prolongadas a altas doses de 1,4-diclorobenzeno podem resultar

em fraqueza, tontura, perda de peso e problemas hepáticos, além de ser um composto

cancerígeno (JUVANCZ et al., 2010).

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155

Verificou-se que a utilização do ultrassom mostrou-se uma alternativa viável para

a redução da quantidade total de emissão de kg de 1,4-diclorobenzeno equivalentes, resultante

do impacto ambiental de toxicidade humana, ocasionado pelo processo de purificação da

goma de cajueiro.

6.3.2.4 Acidificação

O impacto de acidificação terrestre, medido em termos de SO2 equivalentes, foi

apresentado por processo unitário na Figura 07, considerando os dois cenários de purificação

da goma em estudo.

Figura 07- Impacto de acidificação terrestre para os processos de purificação da goma sem e

com a utilização de ultrassom.

Moagem e peneiramento

Solubilização

Filtração

Decantação

Secagem/Moagem

0,00000

0,00005

0,00010

0,00015

0,00020

0,00025

0,00030

0,00035

0,00040

kg

de

SO

2 e

qu

iva

len

tes/g

de

go

ma

Goma sem ultrassom - cenário 1

Goma com ultrassom - cenário 2

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156

Observou-se que o cenário 1 (purificação da goma sem ultrassom) acarretou maior

impacto na categoria acidificação do que o cenário 2 (goma purificada com ultrassom). Os

principais processos responsáveis pelas maiores emissões no cenário 1 são moagem e

peneiramento e decantação (Figura 07).

No cenário 2 (goma purificada com a utilização de ultrassom), na etapa de

moagem e peneiramento, o percentual de redução na emissão de kg de SO2 equivalentes, em

relação ao cenário 1 (goma purificada sem ultrassom), foi de 94%. As reduções nesses

percentuais ocorreram devido à redução na emissão total de kg de SO2 equivalentes/ g de

goma, sendo de 6,52*10-4

, para o cenário 1 (purificação da goma sem a utilização de

ultrassom), e de 2,72*10-4

kg de SO2 eq, para o cenário 2 (purificação da goma com a

utilização de ultrassom), reduzindo, proporcionalmente, as quantidades emitidas na etapa de

moagem e peneiramento no cenário 2 (Figura 07).

Verificou-se que, para a categoria de impacto acidificação, o cenário 2

(purificação da goma de cajueiro com ultrassom), para o processo unitário de decantação,

apresentou um percentual de redução de 33%, na emissão de kg de SO2 equivalentes, em

relação ao cenário 1 (purificação da goma sem ultrassom). Essa redução foi ocasionada, pela

utilização de menor quantidade de etanol na etapa de decantação, o que requereu uma menor

quantidade de fertilizantes nitrogenados, como sulfatos e nitratos de amônia (Figura 07).

A maior parte da emissão de kg de SO2 equivalente, nas etapas de moagem e

peneiramento e decantação, foram devido à utilização de fertilizantes utilizados nas

plantações de cana-de-açúcar e caju (Figura 07). A maioria dos fertilizantes nitrogenados,

especialmente o sulfato de amônia e o nitrato de amônia podem acidificar o solo. A

acidificação é o aumento da acidez, resultante da emissão de enxofre ou nitrogênio para o

solo, podendo trazer danos para a fauna e para a flora de uma região. Em contato com o ar, o

SO2, pode formar junto com a água, um ácido, podendo vir a ocasionar a chuva ácida na

região (SILVA et al., 2012).

Resultados de estudos realizados em vários países tem demonstrado que o uso

contínuo de fontes nitrogenadas amoniacais por períodos prolongados de tempo tem

ocasionado elevação da acidez do solo. Diversos autores consideram que a acidificação

decorrente do uso de fertilizantes nitrogenados é uma das maiores causas da perda do

potencial produtivo dos solos e de sua acidificação (STUMP; VLECK, 1991).

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157

Verificou-se que, a utilização do ultrassom mostrou-se uma alternativa viável para

a redução da quantidade total de emissão de kg de SO2 equivalentes, resultante do impacto

ambiental de acidificação terrestre, ocasionado pelo processo de purificação da goma de

cajueiro.

6.3.4 Comparação dos processos de obtenção da maltodextrina e da goma de cajueiro

com a utilização de ultrassom

Para a análise comparativa com o processo de obtenção da maltodextrina,

selecionou-se o cenário 2 (goma de cajueiro purificada com a utilização de ultrassom), pois

todas as categorias de impacto, no processo realizado com a utilização deste equipamento,

apresentaram valores de emissão inferiores aos obtidos no cenário 1 (goma purificada sem o

uso do ultrassom).

A Tabela 03 mostra os resultados totais obtidos para cada categoria de impacto e a

análise de incerteza de Monte Carlo, com grau de confiança de 95%, para a obtenção de 1 g

de goma de cajueiro no cenário 2 (com ultrassom) e de maltodextrina.

Tabela 03 – Valores das emissões totais para os impactos ambientais analisados para o

processo de purificação de goma com a utilização de ultrassom (A) e de maltodextrina (B)

com análise de incerteza de Monte Carlo (95% de confiança).

Categoria de

Impacto

Unidade Goma de cajueiro

purificada com

ultrassom (A)

Maltodextrina (B) A>B – Análise de

incerteza de Monte

Carlo, com 95% de

confiança

Mudança

climática

Kg CO2 eq 0,0180 0,0055 100%

Eutrofização de

água doce

Kg Peq 7,18*10-6

2,11*10-6

99,90%

Eutrofização de

água marinha

Kg Neq 2,07*10-5

2,16*10-5

49,10%

Toxicidade

humana

kg 1,4-

Diclorobenzeno

eq

0,0223 0,0022 100%

Acidificação

terrestre

Kg SO2 eq 0,0003 2,12*10-5

100%

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Verificou-se que o processo de obtenção da maltodextrina, obtida a partir do

amido de milho, apresentou melhor desempenho ambiental do que o macroprocesso de

purificação da goma de cajueiro no cenário 2 (com a utilização de ultrassom).

Nas categorias de impacto mudança climática, eutrofização de água doce,

toxicidade humana e acidificação terrestre, observou-se que as análises da incertezas das

emissões totais do processo de purificação da goma de cajueiro (A) são superiores à 95%, em

mil ciclos de análises, em relação ao processo de obtenção da maltodextrina (B), indicando

que há uma diferença significativa com relação aos dois processos no que diz respeito às

emissões totais de kg de CO2 eq, kg de P eq, kg de 1,4-diclorobenzeno eq e kg de SO2 eq, sendo

essas diferenças, respectivamente de 220%, 240%, 914%, 1315%. As maiores emissões com

relação às categorias de impacto mencionadas acima foram devido, principalmente, às

emissões indiretas ocasionadas pelos insumos utilizados na produção agrícola de caju e cana-

de-açúcar, tais como fertilizantes e defensivos agrícolas, que foram superiores às quantidades

utilizadas na produção de milho, já que se tratam de dois processos agrícolas.

Já para a categoria de impacto eutrofização de água marinha, a análise de

incerteza, para os valores das emissões totais de kg de N eq, não foi significativamente

superior, a um nível de 95% de confiança, sendo os valores, respectivamente, de 2,07*10-5

kg

de Neq, para a purificação da goma com a utilização de ultrassom, e de 2,16*10-5

kg de Neq,

para o processo de obtenção da maltodextrina.

Uma alternativa para a redução dos impactos ambientais relacionados ao processo

de obtenção da goma de cajueiro seria aumentar o tempo de utilização do ultrassom na etapa

de decantação e diminuir a quantidade de etanol utilizada, reduzindo dessa forma, as emissões

indiretas relacionadas aos insumos utilizados na produção agrícola de cana-de-açúcar.

6.4 CONCLUSÕES

Observou-se que as etapas de maiores contribuições para as categorias de impacto

ambiental, mudança climática, acidificação da terra, toxicidade humana e eutrofização de

águas doce e marinha, para os cenários 1 e 2 (purificação da goma de cajueiro sem e com a

utilização de ultrassom, respectivamente), foram as etapas de moagem e peneiramento e

decantação. No entanto, a utilização do ultrassom reduziu as emissões de kg de CO2 eq, SO2 eq,

1,4-diclobenzeno eq, P eq e N eq, relativamente, em 217%; 140%; 72%; 225% e 417%,

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respectivamente, indicando que a utilização de ultrassom apresentou-se como uma boa

alternativa para a diminuição dos impactos ambientais relacionados à purificação da goma de

cajueiro, devido à redução na quantidade de etanol utilizada na etapa de decantação.

O processo de obtenção da maltodextrina, a partir do milho, apresentou menores

valores de emissões referentes aos impactos ambientais mudança climática, eutrofização de

água doce, toxicidade humana e acidificação terrestre do que o cenário 2 de purificação da

goma de cajueiro (com a utilização de ultrassom). Uma alternativa para a redução dos valores

desses impactos ambientais seria aumentar o tempo de utilização do ultrassom na etapa de

decantação, reduzindo, dessa forma a quantidade de etanol utilizada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A goma de cajueiro é um polissacarídeo natural, com potencial utilização nas

indústrias de alimentos, cosmética e farmacêutica, como agente espessante e encapsulante.

No presente trabalho, aplicou-se uma metodologia inovadora para a purificação da

goma de cajueiro em escala de bancada, utilizando a aplicação de ultrassom associado à

precipitação em etanol, com a finalidade de aumentar o rendimento de purificação.

Os resultados apresentados nesta pesquisa foram promissores, pois reduziram o

tempo de obtenção da goma de cajueiro purificada, ampliando suas possibilidades de

aplicação, através da aplicação do seguinte método de purificação: solubilização das

partículas de 500 µm a 30°C, por um tempo de 30 minutos de agitação; filtração à vácuo;

adição de etanol, com a utilização de uma proporção de 1:4,5 (solução de goma: álcool);

sonificação por 2 minutos; tempo de precipitação (repouso) de 90 minutos; secagem em

estufa por 48 horas a 60°C; moagem em moinho analítico.

A descoloração da goma de cajueiro, utilizando em resinas de amberlite, facilita a

sua aplicação em alimentos de coloração clara.

A goma de cajueiro apresenta-se termicamente mais estável do que a goma

arábica, podendo ser utilizada como coadjuvante de secagem na indústria de alimentos.

Sugere-se aplicar tempos maiores de ultrasonificação para umentar o rendimento

de purificação da goma de diminuir os impactos ambientais, ocasionados pela utilização de

etanol.

Espara-se que, brevemente, a goma de cajueiro possa estar disponível para ser

utilizada como agente espessante, encapsulante e coadjuvante de secagem, considerando que é

um biopolímero natural, de grande disponibilidade, biodegradável e mais baixo custo, em

relação à importação da goma arábica.