UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR....

78
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA LABORATÓRIO DE POLÍMEROS MEMBRANAS DE QUITOSANA-GRAFT-ACRILATO DE SÓDIO INCORPORADAS COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CURATIVOS Joyce Kelly Melo Nascimento Dissertação de Mestrado FORTALEZA 2012

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR....

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

LABORATÓRIO DE POLÍMEROS

MEMBRANAS DE QUITOSANA-GRAFT-ACRILATO DE SÓDIO INCORPORADAS

COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA PARA O DESENVOLVIMENTO DE

CURATIVOS

Joyce Kelly Melo Nascimento

Dissertação de Mestrado

FORTALEZA

2012

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

Joyce Kelly Melo Nascimento

MEMBRANAS DE QUITOSANA-GRAFT-ACRILATO DE SÓDIO INCORPORADAS

COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA PARA O DESENVOLVIMENTO DE

CURATIVOS

Dissertação apresentada à Coordenação

do Programa de Pós-Graduação em

Química, da Universidade Federal do

Ceará, como requisito parcial para

obtenção do Título de Mestre em

Química.

Orientadora: Profª. Drª. Judith Pessoa de

Andrade Feitosa

FORTALEZA

2012

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia

N195m Nascimento, Joyce Kelly Melo.

Membranas de quitosana-G-acrilato de sódio incorporadas com nanoparticulas de prata para o desenvolvimento de curativos / Joyce Kelly Melo Nascimento. – 2012.

76 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Mestrado (Dissertação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciência, Departamento de

Química Orgânica e Inorgânica, Mestrado em Química, Fortaleza, 2012. Área de Concentração: Química. Orientação: Profa. Dra. Judith Pessoa de Andrade Feitosa. Coorientação: Profa. Dra. Pablyana Leila Rodrigues da Cunha. 1. Nanotecnologia. 2. Nanopartículas de prata. 3.Quitosana-G- Acrilato. 4. Curativos

dermatológicos. I. Título.

CDD 547

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

A Deus, por me conceder essa conquista. Aos meus pais, Francisco e Gilda, por tudo.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida, em especial

nesta etapa, me dando forças e me mostrando o caminho certo. Toda a honra e

glória sejam para Ele!

Aos meus familiares, pela compreensão da minha ausência, ajuda e torcida

pelo êxito deste trabalho.

Ao meu namorado Bruno, pelo apoio, compreensão e solicitude em todos os

momentos do desenvolvimento deste trabalho.

A professora Judith Pessoa de Andrade Feitosa, por ter me recebido no

Laboratório de Polímeros e pela orientação deste trabalho.

A professora Pablyana Leila Rodrigues da Cunha, pela ajuda e co-orientação

deste trabalho.

As professoras Jeanny da Silva Maciel e Regina Célia Monteiro de Paula pelas

contribuições no desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores Francisco Audísio Dias Filho e Durcilene Alves da Silva, pela

participação no exame geral do conhecimento e consequentes contribuições ao

trabalho.

Ao coordenador do Curso de Pós-Graduação Prof. Marcos Carlos de Mattos,

pelo incentivo para a conclusão deste trabalho.

Ao Rubens Angelotto, pela colaboração nos experimentos.

A Tereza, pelas análises térmicas.

A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR.

Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas.

Ao Alysson Angelim, pela imensa ajuda nos estudos microbiológicos.

As amigas Clara Myrla e Aliny Abreu, pela grande amizade, companheirismo e

conselhos que foram de grande valor para o alcance deste objetivo.

Aos colegas do Laboratório de Polímeros: Natália, Venícios, Rayane, Nádia,

Frank, Guilherme Veras, Fabrício, Maslândia, Leonira, Jonas, Eliseu, Lute, Rafaela,

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

Emerson, Lorena, Rodrigo, Roberto Souza, Iolanda, Sabrina e Samira pelo carinho e

contribuições durante toda essa jornada.

A todas as pessoas que contribuíram para a conclusão deste trabalho.

A CAPES, pelo apoio financeiro.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

O Senhor é meu Pastor e nada me faltará. Salmo 22,1.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

RESUMO

Nanopartículas de prata (NPsAg) podem ser obtidas por métodos químicos, físicos e

biológicos. Um dos métodos mais utilizados baseia-se na redução química com

boroidreto de sódio, na presença de estabilizantes. Quitosana pode agir como

estabilizante de NPsAg. A enxertia de monômeros acrílicos na cadeia lateral da

quitosana origina copolímeros com propriedades físicas melhoradas. Copolímero do

tipo enxertado à base de quitosana e acrilato de sódio foi obtido por copolimerização

em solução utilizando um sistema de iniciação via radical livre e a partir deste foram

preparadas membranas. NPsAg foram sintetizadas nas membranas por método de

redução com boroidreto. O copolímero foi caracterizado por espectroscopia de

absorção na região do infravermelho (FTIR), análise termogravimétrica, calorimetria

exploratória diferencial, análise elementar, capacidade de absorção em água e

microscopia eletrônica de varredura. A razão monômero/polissacarídeo utilizada na

reação foi de 1/2. A porcentagem de enxertia foi de 49%. FTIR e análise elementar

confirmaram a formação do copolímero. Observou-se uma capacidade de absorção

de água da membrana do copolímero 13% maior em relação à membrana de

quitosana, confirmando a eficiência da enxertia do acrilato de sódio no aumento da

hidrofilicidade do material. Nanocompósitos quitosana-graft-acrilato de sódio/Ag

foram obtidos variando-se as concentrações de nitrato de prata (2, 5 e 10 mmol.L-1)

e boroidreto de sódio (40, 100 e 200 mmol.L-1) adicionados às membranas. Os

nanocompósitos foram caracterizados por espectrofotometria na região do UV-Vis. A

mudança nas cores das membranas de amarelo claro para marrom escuro evidencia

a formação das nanopartículas de prata. A análise por UV-Vis mostrou bandas de

absorção na região de 430 nm, confirmando a formação das nanopartículas de prata

nas membranas do copolímero. O deslocamento da banda plasmônica das amostras

2/40, 5/100 e 10/200 mmol.L-1, respectivamente, para menores comprimentos de

onda demonstra que houve diminuição do diâmetro das partículas à medida que

aumenta a concentração do íons prata. O teste bacteriológico mostrou que as

membranas dos nanocompósitos apresentam atividade antibacteriana contra as

espécies Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Os estudos

preliminares indicam que o nanocompósito apresenta potencial para o estudo com

potencial aplicação como curativo dermatológico.

Palavras-chave: Nanopartículas de prata. Quitosana-graft-acrilato de sódio.

Curativos dermatológicos.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

ABSTRACT

Silver nanoparticles (AgNPs) can be obtained by chemical, physical and biological

methods. One of most common methods is based on chemical reduction with

sodium borohydride in presence of stabilizing. Chitosan can act as AgNPs stabilizing.

Grafting of acrylic monomers side chain of chitosan yields copolymers with improved

physical properties. Graft copolymer of chitosan and sodium acrylate was obtained

by solution polymerization using an initiating system by free radical and membranes

were prepared from this graft. AgNPs membranes were synthesized by reduction

method with borohydride. Copolymer was characterized by absorption spectroscopy

in the infrared region (FTIR), thermogravimetric analysis, differential scanning

calorimetry, elemental analysis, water absorption capacity and scanning electron

microscopy. The ratio monomer / polysaccharide used in the reaction was 1/2. The

percentage of grafting was 49%. FTIR and elemental analysis confirmed the

formation of copolymer. There was a water absorption capacity of the membrane of

copolymer 13% higher than the chitosan membrane, confirming the efficiency of

grafting of sodium acrylate in increasing hydrophilicity of the material.

Nanocomposites chitosan-graft-sodium acrylate/Ag were obtained varying

concentrations of silver nitrate (2, 5 e 10 mmol.L-1) and sodium borohydride (40, 100

e 200 mmol.L-1) added in membranes. The nanocomposites were characterized by

spectrophotometry in the region of ultraviolet-visible. The change in the membranes

colors from light yellow to dark brown evidenced the formation of silver nanoparticles.

The UV-Vis analysis showed absorption bands in the region of 430 nm, confirming

the formation of silver nanoparticles in the membranes of the copolymer. The

plasmonic band of 2/40, 5/100 e 10/200 mmol.L-1 samples, shifts for smaller

wavelengths, demonstrating the decreasing of the particle diameter with increasing of

the silver ions concentration. The bacteriological testing showed that membranes of

nanocomposites exhibit antibacterial activity against species Staphylococcus aureus

and Pseudomonas aeruginosa. Preliminary studies indicate that the nanocomposite

has potential for the study with potential use as dermatological dressing.

Keywords: Silver nanoparticles. Chitosan-graft-sodium acrylate. Dermatological

dressing.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Esquema do processo para obtenção da quitosana ....................... 1

Figura 2 - Representação esquemática da estrutura da quitosana ................. 2

Figura 3 - Esquema ilustrativo da versatilidade da solubilidade da quitosana . 3

Figura 4 - Ilustração de pele lesionada revestida com curativo ....................... 6

Figura 5 - Representação esquemática das características exigidas de

um material para cicatrização de feridas ......................................... 7

Figura 6 - Ilustração do uso de gel à base de prata em queimaduras ............. 10

Figura 7 - Ilustração da aplicação de curativo para queimadura à base

de nanopartículas de prata .............................................................. 12

Figura 8 - Esquema da atividade bactericida proposta para prata iônica ........ 13

Figura 9 - Ilustração das formas de estabilização (a) estérica e (b)

eletrostática de nanopartículas ....................................................... 14

Figura 10 - Representação esquemática de um copolímero enxertado ............ 16

Figura 11 - Representação da estrutura da quitosana em um sistema

reticulado resultante da copolimerização por enxertia .................... 16

Figura 12 - Estrutura do ácido acrílico ............................................................... 18

Figura 13 - Estrutura do copolímero quitosana-g-acrilato de sódio ................... 19

Figura 14 - Esquema representativo de reação em cadeia onde QT

representa a quitosana e R representa (QT -NH ) ....................... 20

Figura 15 - Amostras das membranas QT-g-NaAc, Ag 2/40, Ag 5/100 e

Ag 10/200. ....................................................................................... 28

Figura 16 - Ilustração das membranas de quitosana-g-acrilato de sódio

(a) intumescida e (b) seca à temperatura ambiente. ....................... 30

Figura 17 - Espectros na região do infravermelho da quitosana (a),

poli(acrilato de sódio) (b), QT-g-NaAc (c) e QT-g-NaAc/Ag 10/ 200

(d). ................................................................................................... 33

Figura 18 - Curvas TG e DTG em atmosfera de ar sintético para amostras de

PNaAc (a), QT (b) e QT-g-NaAc (c). ............................................... 35

Figura 19 - Curvas DSC para amostras de PNaAc (a), QT (b) e QT-g-NaAc (c). 37

Figura 20 - Gráfico comparativo dos percentuais de intumescimento

das membranas de quitosana, copolímero QT-g-NaAc

e nanocompósito QT-g-NaAc/Ag. ................................................... 41

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

Figura 21 - Gráfico comparativo das dimensões das membranas QT e

QT-g-NaAc. ..................................................................................... 44

Figura 22 - Fotografia das membranas de quitosana-g-acrilato de

sódio incorporadas com nanopartículas de prata. ........................... 45

Figura 23 - Espectros de absorção no UV-Vis das membranas QT, QT-g-

NaAc e QT-g-NaAc/Ag em diferentes concentrações AgNO3/ NaBH4. 47

Figura 24 - Ensaio de antibiograma realizado com membranas QT-g-NaAc/Ag

contra as linhagens de Staphylococcus aureus atcc 25923

(a) e Pseudomonas aeruginosa atcc 25619 (b). ............................. 49

Figura 25 - Fotomicrografias da superfície das membranas: quitosana (A), QT-

g-NaAc (B), QT-g-NaAc/Ag 2/40 (C), QT-g-NaAc/Ag 5/100 (D) e

QT-g-NaAc/Ag 10/200 (E). .............................................................. 51

Figura 26 - Fotomicrografias da seção transversal das membranas

dos nanocompósitos: QT-g-NaAc/Ag 2/40 (A), QT-g-NaAc/Ag 5/100

(B) e QT-g-NaAc/Ag 10/200 (C), na magnitude de 5000x. .............. 52

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Influência dos parâmetros estruturais nas propriedades da quitosana 2

Tabela 2 - Principais aplicações biomédicas da quitosana e derivados ........... 5

Tabela 3 - Diferentes reagentes iniciadores químicos para copolimerização

via radical de monômeros acrílicos na quitosana ............................ 17

Tabela 4 - Condições reacionais da síntese do copolímero quitosana-g-

acrilato de sódio. ............................................................................. 24

Tabela 5 - Concentração das soluções de AgNO3 e NaBH4. ........................... 25

Tabela 6 - Parâmetros da reação de copolimerização. .................................... 28

Tabela 7 - Dados de análise elementar para a quitosana e copolímero. ......... 30

Tabela 8 - Absorções características da quitosana, poli(acrilato de sódio) e

quitosana-g-acrilato de sódio. ......................................................... 33

Tabela 9 - Parâmetros termogravimétricos da QT, PNaAc e QT-g-aAc. .......... 36

Tabela 10 - Parâmetros térmicos obtidos das curvas de DSC. .......................... 38

Tabela 11 - Parâmetros de intumescimento para as membranas de QT e

QT-g-NaAc. ..................................................................................... 39

Tabela 12 Parâmetros de intumescimento para as membranas do

nanocompósito QT-g-NaAc incorporadas com nanopartículas de

prata com concentrações iniciais de AgNO3 2, 5 e 10 mmol.L - -1

e de NaBH4 10, 100 e 200 mmol.L-1, respectivamente. .................. 41

Tabela 13 - . Valores das espessuras das membranas QT e QT-g-NaAc secas

e hidratadas em água destilada e do raio das

membranas intumescidas. .............................................................. 42

Tabela 14 - Valores das espessuras para as membranas do nanocompósito

QT-g-NaAc incorporadas com nanopartículas de prata

com concentrações iniciais de AgNO3 2, 5 e 10 mmol.L-1 e de

NaBH4 10, 100 e 200 mmol.L-1, respectivamente. .......................... 43

Tabela 15 - Dados experimentais do ensaio de antibiograma de membranas

QT-g-NaAc/Ag contra as linhagens de Staphylococcus

aureus e Pseudomonas aeruginosa. ............................................... 50

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1

1.1 Quitosana ............................................................................................... 1

1.2 Aplicações da quitosana como biomaterial ........................................ 3

1.3 Curativos para lesão da pele ................................................................ 6

1.3.1 Curativos à base de quitosana ............................................................. 8

1.3.2 Atividade antimicrobiana da quitosana e derivados .......................... 9

1.4 Nanocompósitos quitosana/prata ........................................................ 10

1.5 Modificação química da quitosana ...................................................... 15

1.5.1 Copolimerização por enxertia de ácido acrílico em quitosana ......... 19

2 OBJETIVOS ............................................................................................ 22

2.1 Objetivo geral ......................................................................................... 22

2.2 Objetivos específicos ............................................................................ 22

3 EXPERIMENTAL ..................................................................................... 23

3.1 Materiais ................................................................................................. 23

3.2 Reação de copolimerização .................................................................. 23

3.3 Preparação das membranas copoliméricas de quitosana-g-acrilato

de sódio .................................................................................................. 24

3.4 Incorporação das nanopartículas de prata ......................................... 24

3.5 Caracterização do copolímero.............................................................. 25

3.5.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho ................. 25

3.5.2 Análise térmica ...................................................................................... 25

3.5.3 Análise elementar .................................................................................. 26

3.5.4 Experimentos de intumescimento ....................................................... 26

3.5.5 Espessura das membranas .................................................................. 26

3.6 Caracterização das membranas com nanopartículas de prata ......... 27

3.6.1 Espectroscopia de absorção na região do Ultravioleta-Visível

(UV-Vis) ................................................................................................... 27

3.6.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................ 27

3.6.3 Atividade antibacteriana ....................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 29

4.1 Síntese do copolímero .......................................................................... 29

4.2 Caracterização do copolímero.............................................................. 30

4.2.1 Análise elementar .................................................................................. 30

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

4.2.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho ................. 31

4.2.3 Análise termogravimétrica (TGA) ......................................................... 34

4.2.4 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ........................................ 37

4.2.5 Estudo de intumescimento ................................................................... 39

4.2.6 Espessura das membranas .................................................................. 42

4.3 Caracterização das membranas de QT-g-NaAc incorporadas

com nanopartículas de prata ................................................................ 44

4.3.1 Espectrofotometria de absorção na região do Ultravioleta-Visível

(UV-Vis) ................................................................................................... 46

4.3.2 Atividade antibacteriana ....................................................................... 48

4.3.3 Morfologia das membranas .................................................................. 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 54

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 55

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

1

INTRODUÇÃO

1.1 Quitosana

Quitosana é um polissacarídeo linear com ampla aplicação e eficácia nos

campos da farmacologia, tecnologia de biomateriais, biomedicina, agricultura e

indústrias cosmética e alimentícia. Ela é obtida por desacetilação alcalina da quitina

(Figura 1), o segundo polissacarídeo mais abundante encontrado na natureza. Ele

está presente no exoesqueleto de insetos e crustáceos marinhos como camarões,

caranguejos e lagostas, e é caracterizado por sua estrutura fibrosa [Goy e col.,

2009]. Pode ser oriunda de fontes microbianas, em particular da parede celular de

fungos [Pallab e col., 2008].

FIGURA 1. ESQUEMA DO PROCESSO PARA OBTENÇÃO DA QUITOSANA. (Fonte: Macedo, 2009).

A molécula de quitosana é um copolímero cuja estrutura básica consiste

de uma cadeia de unidades N-acetil-2-amino-2-deoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-

deoxi-D-glicopiranose, unidas entre si por ligações (1 4)- -glicosídica [Dash e col.,

2011]. A estrutura da quitosana está mostrada na Figura 2.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

2

FIGURA 2. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DA QUITOSANA. (Fonte: Zohuriaan-Mehr, 2005). NOTA: n-representação das unidades D-glicosamina; m-representação das unidades N-acetil-D-glicosamina.

Os principais parâmetros que influenciam as características da quitosana

são: a massa molar (MM) e o grau de desacetilação (GD), representando a porção

de unidades desacetiladas. Esses parâmetros são determinados pelas condições

escolhidas durante a etapa de obtenção da quitosana, tais como: temperatura e

tempo de reação. Geralmente, ela é obtida comercialmente com um GD > 85% e

com massa molar na faixa de 104 a 106 g/mol. Essas diferenças estruturais afetam

diretamente as propriedades químicas e biológicas do polímero (Tabela 1).

TABELA 1. INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS ESTRUTURAIS NAS PROPRIEDADES DA QUITOSANA. (Fonte: Dash e col., 2011).

Propriedades Características estruturais

Solubilidade GD

Cristalinidade GD

Viscosidade GD

Biocompatibilidade GD

Antimicrobiana GD; MM

* - Diretamente proporcional à propriedade; - Inversamente proporcional à propriedade. GD: grau de desacetilação; MM: massa molar.

A quitosana é insolúvel em água, ácidos concentrados, álcool e acetona,

porém solúvel na maior parte dos ácidos orgânicos diluídos como ácido acético,

fórmico, cítrico, além de ácidos inorgânicos, como ácido clorídrico diluído, resultando

em soluções viscosas. As modificações na sua solubilidade estão diretamente

relacionadas à quantidade de grupamentos amino protonados na cadeia (Figura 3).

O

HO

[O

OH

]n [ O

0H

NH

OHO ]

m

O

123

45

6

2

NH2

CH3

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

3

O maior número destes ocasiona maior repulsão eletrostática entre as cadeias

[Martins, 2010].

FIGURA 3. ESQUEMA ILUSTRATIVO DA VERSATILIDADE DA SOLUBILIDADE DA QUITOSANA. (Fonte: Adaptado de Dash e col., 2011).

Outro parâmetro importante refere-se à carga da quitosana em meio

ácido. Esse polissacarídeo se comporta como um polieletrólito, apresentando uma

alta densidade de carga positiva. Biomoléculas como proteínas, polissacarídeos

aniônicos, ácidos nucleicos e ácidos graxos, entre outros, podem apresentar cargas

negativas em sua superfície, o que pode levar facilmente à sua interação com a

quitosana [Dallan, 2005].

1.2 Aplicações da quitosana como biomaterial

Biomaterial é qualquer substância que atua em sistemas biológicos de

modo contínuo ou intermitente, de forma a reparar e/ou reconstituir partes ou alguma

função do corpo humano. Esses materiais podem ser de origem sintética ou natural,

sendo essa última classe representada por fibras proteicas, colágeno purificado e

polissacarídeos. Os biomateriais podem ainda ser classificados como bioestáveis ou

bioabsorvíveis. Os bioestáveis substituem o tecido lesado por tempo indeterminado,

como por exemplo, as lentes intraoculares. Por outro lado, existem tecidos que

necessitam de um suporte que preencha apenas temporariamente a região lesada,

até a sua total recomposição, sendo necessária a utilização de biomateriais

bioabsorvíveis. Esses podem ser aplicados, como por exemplo, em curativos

dermatológicos [Dallan, 2005].

Uma propriedade essencial para a ciência dos biomateriais é a

biocompatibilidade, definida como a capacidade do material ter uma resposta

Alto pH

Insolúvel

Baixo pH

Solúvel

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

4

apropriada numa aplicação específica, envolvendo quatro fenômenos: processos de

concentração de biomacromoléculas junto à superfície dos materiais; resposta local

do tecido à presença do biomaterial; efeito do ambiente corpóreo no material que

pode ser visualizado, por exemplo, pelos processos de degradação do polímero; e

resposta do corpo como um todo à presença do biomaterial, que pode ser percebida

através da manifestação de alergias [Bispo, 2009].

Geralmente os biomateriais são sintetizados na forma de filmes, espumas,

géis e compósitos e devem apresentar características fundamentais tais como:

leveza, ausência de odor, impermeabilidade a microrganismos, permeabilidade ao

vapor d’água e ao oxigênio, biodegradabilidade, propriedades mecânicas e

biológicas adequadas, além de facilidade no processamento [Dallan, 2005].

A quitosana tem sido intensamente estudada nas últimas décadas como

um biomaterial, apesar de seu uso não ser recente. Antigos pescadores japoneses e

o exército dos Estados Unidos já a utilizavam como cicatrizante e agente

hemostático [Macedo, 2009].

A quitosana é biocompatível, podendo ter largas aplicações médica, tais

como: aplicações tópicas, oculares e cirúrgicas [Azevedo e col., 2007]. É

biodegradável por ser metabolizada por enzimas, como as lizoenzimas. Apresenta

baixa toxicidade (DL50 em camundongos é de 16 g kg-1, via oral, em estudos

realizados in vivo) [Costa Silva e col., 2006]. É bioativa, graças à presença de

grupos hidroxila e amino fortemente reativos e hidrofílicos; é bioadesiva, devido às

interações iônicas com componentes de membranas das mucosas. Além disso, é

derivada de uma matéria prima abundantemente disponível e renovável [Martins,

2010; Pallab e col., 2008].

A aplicação da quitosana como biomaterial também é bastante ampla, por

ela apresentar propriedades intrínsecas tais como: capacidade de absorção, efeito

hemostático, atividade anticoagulante, antifúngica, antiviral e antibacteriana,

ausência de alergenicidade, além da possibilidade de ser moldada em diversas

formas tais como: pó, pasta, gel, fibras e filmes, bem tolerados pelos tecidos vivos

[Santos e col., 2006].

De um modo geral, uma membrana pode ser definida como uma barreira

que separa duas fases e restringe o transporte de várias espécies químicas de

maneira específica. Estas podem ser classificadas como homogênea ou

heterogênea; simétrica ou assimétrica na estrutura; neutra, carregada positivamente

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

5

ou negativamente, ou bipolar. Membranas podem ser porosas ou densas, com

espessura variando entre 100 nm até mais de 1 cm [Lima, 2006].

A maneira mais simples de obtenção de membranas de quitosana é

através da evaporação do solvente em uma solução de quitosana disposta em uma

placa de vidro, que normalmente produz membranas resistentes e transparentes,

com capacidade de absorção de água e lenta degradação enzimática pela

lisoenzima, presente em tecidos e fluidos corporais de mamíferos [Lima, 2006]. De

acordo com Castro [2006], as reações ao corpo estranho são brandas para os

biomateriais que degradam lentamente e severas para os biomateriais que

degradam mais rapidamente.

Tais propriedades têm potencializado o uso de membranas de quitosana

como biomaterial voltado, entre outras aplicações, para o uso no campo da

cicatrização de feridas através da manufatura de bandagens e curativos [Muzzarelli,

2009]. Algumas das aplicações da quitosana e de seus derivados na área de

biomateriais estão sumarizadas na Tabela 2.

TABELA 2. PRINCIPAIS APLICAÇÕES BIOMÉDICAS DA QUITOSANA E DERIVADOS. (Fonte: Adaptado de Fernandes, 2009).

Aplicações biomédicas potenciais

Suturas

Pele artificial

Reconstrução óssea

Lentes de contato para córnea

Excipiente ou carreador para liberação controlada de fármacos

Material para encapsulamento

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

6

1.3 Curativos para lesões de pele

Curativos formam um importante segmento do mercado mundial de

produtos médicos e farmacêuticos. Eles são classificados como: convencionais,

hidrogéis, hidrocolóides, bioativos, enzimas proteolíticas, curativos antiodor e filmes

adesivos. Os curativos convencionais são aqueles que utilizam compressas de

gazes. Sua função é permitir a evaporação dos exsudatos e prevenir a entrada de

bactérias na ferida [Dallan, 2005].

Os curativos modernos, por outro lado, baseiam-se no conceito de criar

um ambiente ótimo para movimentação das células epiteliais, a fim de promover o

fechamento da ferida, como mostrado na Figura 4.

FIGURA 4. ILUSTRAÇÃO DE PELE LESIONADA REVESTIDA COM CURATIVO. (Fonte: Adaptado de Bispo, 2009).

Tais condições ótimas, relacionadas ao transporte adequado de gases e

fluidos, a fim de manter um ambiente aeróbico e ao mesmo tempo promovendo uma

barreira funcional contra infecções, tem sido o foco de vários dispositivos destinados

ao tratamento de traumas, queimaduras, feridas em diabéticos, úlceras de pele e

outros tipos de lesões cutâneas, como por exemplo, as feridas cirúrgicas [Rodrigues,

2011]. Outras características que devem ser consideradas são: aderência à ferida,

porosidade e propriedades mecânicas [Fernandes, 2009].

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

7

Lu e col. [2008] descreveram as características do modelo de curativo

ideal para promover a cicatrização de ferimentos que são: manter o ambiente úmido,

permitir a troca gasosa, agir como uma barreira à ação de microrganismos, ser

capaz de remover o exsudato da ferida, ser facilmente removido sem fraturas, além

de ser não-tóxico, não-alergênico, não-aderente e antimicrobiano, entre outras

características que estão ilustradas na Figura 5.

FIGURA 5. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS DE UM MATERIAL PARA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS. (Fonte: Jayakumar e col., 2011).

O corpo humano é recoberto por aproximadamente dois metros

quadrados de pele formada por camadas distintas, unidas entre si: a epiderme, a

derme e a hipoderme. Suas principais funções são: proteção dos tecidos

subjacentes, regulação da temperatura corpórea, além de conter terminações

nervosas sensitivas com funções distintas [Bispo, 2009; Dallan, 2005].

O processo de cicatrização de uma lesão cutânea é bastante complicado.

Consiste de uma série de eventos celulares e moleculares que agem conjuntamente

para que ocorra a repavimentação e a reconstituição do tecido. A complexidade

desse processo pode ser resumida em cinco etapas: coagulação, inflamação,

proliferação, contração da ferida e remodelagem [Bispo, 2009; Fernandes, 2009].

Corpos estranhos introduzidos na ferida, no ato da lesão, causam

respostas inflamatórias que dificultam a cicatrização e, algumas vezes, levam à

formação de granulomas ou abscesso. Bactérias patogênicas como a

Staphylococcus aureus e a Pseudomona aeruginosa podem ser prejudiciais ao

processo de cicatrização. Por isso, uma característica primordial de um curativo é a

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

8

sua capacidade de conter a proliferação de microrganismos patogênicos

[Fernandes, 2009].

Quando um curativo é mantido no local do ferimento por vários dias, o

processo de cura ocorre mais cedo, uma vez que a lesão é deixada intacta. Isto é

importante porque mantém a temperatura no local, condição necessária para

promover a cicatrização. As frequentes mudanças de curativos diminuem a

temperatura do ferimento por exposição ao ar. Isso retarda o processo de

cicatrização até que o corpo reaqueça a área. Dessa forma, curativos trocados com

menor frequência ajudam no processo de cicatrização [Bispo, 2009].

Assim, para a produção de um curativo dermatológico, é necessário o

entendimento da sua constituição, da organização, da função dos componentes, das

propriedades químicas, físicas, mecânicas e biológicas. A partir desse

entendimento, é possível produzir um biomaterial possuindo similaridade tanto

funcional quanto estrutural com os tecidos vivos, visando tratar com eficiência o

tecido epitelial, enquanto um novo tecido é formado [Bispo, 2009].

1.3.1 Curativos à base de quitosana

Quitosana e seus derivados têm sido considerados vantajosos para

aplicação no tratamento de ferimentos ou queimaduras, uma vez que podem, por si

mesmos, participar ativamente do processo de cicatrização da ferida. Esses

materiais podem ser empregados sob a forma de filme de recobrimento [Azad e col.,

2004; Burkatovskaya e col., 2008; Dallan, 2005; Rhim e col., 2006]; soluções

coloidais [Angspatt e col., 2010] e scaffolds [Kumar e col., 2010].

No Brasil, uma bandagem ativa denominada HemoBand®, produzida pela

Polymar (Fortaleza, CE), é o único curativo à base de quitosana comercialmente

disponível. No entanto, sua aplicação não é voltada ao tratamento de feridas e sim

como agente hemostático, impedindo sangramentos e evitando a ação de agentes

infecciosos externos. A bandagem é indicada para pacientes em hemodiálise, com

alto risco de sangramentos.

Uma das características da quitosana que viabiliza sua aplicação na área

de curativos dermatológicos é a sua capacidade de estimular a formação de tecidos

de granulação e reepitalização, graças a efeitos bioquímicos tais como: ativação de

fibroblastos, produção de citocinas, migração de células gigantes e estimulação da

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

9

síntese de colágeno tipo IV [Muzzarelli, 2009]. Shi e col. [2006] resumiram algumas

outras propriedades importantes para curativos de quitosana tais como:

quimioatração com neutrófilos e macrófagos, limitação da formação de cicatrizes e

retração, e liberação controlada de agentes antimicrobianos exógenos que previnem

infecções.

Além disso, após a cicatrização do ferimento, não há necessidade de

remover o curativo, pois as enzimas presentes nos tecidos epiteliais degradam a

quitosana permitindo a sua absorção pelo organismo. Como benefício adicional,

evitam-se danos na área cicatrizada causados pela remoção da bandagem [Clasen,

2006].

1.3.2 Atividade antimicrobiana da quitosana e derivados

As primeiras pesquisas relacionadas ao potencial antimicrobiano da

quitosana e seus derivados datam de 1980. Esses estudos consideravam que a

quitosana pode agir de forma bactericida (matando a bactéria) ou bacteriostática

(impedindo o seu crescimento). Por outro lado, os estudos recentes caracterizam

esse biopolímero como bacteriostático, apesar do seu exato mecanismo de ação

antimicrobiana ainda não ser totalmente conhecido [Goy e col., 2009].

Uma das razões para o caráter antimicrobiano da quitosana é a carga

positiva no grupamento amino, o qual interage eletrostaticamente com a superfície

celular do micro-organismo, comprometendo sua biossíntese. Essas interações

resultam em dupla interferência, sendo estas: alteração da permeabilidade da

parede da membrana, causando um desequilíbrio osmótico interno que leva à

inibição do crescimento do microrganismo; e hidrólise de peptidoglicanos na parede

celular do microrganismo, levando à fuga de eletrólitos intracelulares essenciais à

célula [Goy e col., 2009; Martins, 2010]. Além disso, a quitosana impede o transporte

de massa através da parede celular, acelerando a morte das bactérias [Chunmeng e

col., 2006].

Kong e col. [2008] realizaram um estudo para verificar o mecanismo

antibacteriano de compostos à base de quitosana contra E. coli. Microesferas de

quitosana foram preparadas por emulsificação formando ligações cruzadas. As

microesferas mudaram a permeabilidade da membrana celular, causando fuga do

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

10

conteúdo celular, o que pode estar correlacionado com a interação da quitosana

com os fosfolipídios da membrana citoplasmática da bactéria gram-negativa.

Rabea e col., [2003] avaliaram algumas espécies de bactérias para

verificar a Mínima Concentração Inibitória (MCI) e observaram que a quitosana

apresenta ação contra: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Micrococcus luteus,

Klebsiella pneumoniae, entre outras, como MCI variando entre 10 e 1000 ppm.

O mecanismo proposto para a ação antifúngica da quitosana é que ela

age como quelante que se liga seletivamente a traços de metais inibindo a produção

de toxinas e o crescimento microbiano. A ligação da quitosana com o DNA ocorre

via penetração no núcleo do microrganismo, interferindo na síntese do mRNA e de

proteínas [Martins, 2010].

No entanto, a ação antimicrobiana da quitosana é limitada a algumas

espécies de microrganismos. As bactérias gram-negativas estão mais vulneráveis ao

ataque da quitosana, uma vez que estas possuem menor concentração de

peptidoglicano. Essas características as tornam mais suscetíveis à permeabilidade

da membrana, quando comparadas às bactérias gram-positivas [Martins, 2010]. Isso

leva cada vez mais o interesse em associar este biopolímero a outros materiais com

potencial antimicrobiano, por exemplo, a combinação da quitosana com

componentes inorgânicos tais como: prata, zinco, dióxido de silício e dióxido de

titânio.

1.4 Nanocompósitos quitosana/prata

A prata é um metal que apresenta propriedades que a possibilita ter uma

grande contribuição na cicatrização de ferimentos, sendo utilizada há séculos no

tratamento de queimaduras e feridas crônicas [Rai e col., 2009]. Um exemplo disso

são os produtos de uso tópico à base de prata que incluem pomadas, bandagens e

géis (Figura 6) [Vimala e col., 2010]. Além disso, a prata já era utilizada como

agente quimioterápico contra patologias provocadas por bactérias como

Staphylococcus aureus, Enterococcus fuecim, Tuberculosis e Streptococcus

pneumoniae [Reis, 2011].

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

11

FIGURA 6. ILUSTRAÇÃO DO USO DE GEL À BASE DE PRATA EM QUEIMADURAS. (Fonte: Vimala e col., 2010).

Ao contrário dos antibióticos farmacêuticos que geralmente destroem

enzimas benéficas e provocam resistência bacteriana, a prata age deixando as

enzimas benéficas intactas [Lu e col., 2008].

O efeito antimicrobiano da prata foi quantificado pela primeira vez, na

forma de íons em 1983, contra algas. O uso de nanopartículas de prata é relatado

em documentos científicos desde o fim do século 18, sendo seu estudo intensificado

nos anos de 1920. Além da prata, muitos outros metais foram avaliados,

estabelecendo-se uma escala de toxicidade contra microrganismos que segue: Ag >

Hg > Cu > Cd > Pb > Co > Au > Zn > Fe > Mn > Mo > Sn. Além disso, a prata

apresenta baixa toxicidade em células animais [Berni Neto e col., 2008]. Estudos in

vitro, realizados por Morones e col. [2005], demonstraram propriedades antivirais

das NPsAg, onde partículas de 1 nm de diâmetro são capazes de se ligar

diretamente ao vírus HIV-1.

Na área da bionanotecnologia, diferentes biomateriais têm surgido a partir

do ouro, prata, platina, paládio, cobre e zinco. A prata destaca-se dentre eles devido

às suas propriedades ópticas, eletrônicas e químicas efetivas, além de sua maior

interação com a luz por meio da banda plasmônica. Tais propriedades têm

viabilizado a utilização de nanopartículas de prata na área biomédica [Fu e col.,

2006; Huang e col., 2004] e catalítica [Hasell e col., 2007], alem de atuação

antimicrobiana contra uma ampla faixa de bactérias, fungos e outros microrganismos

por um longo tempo e em baixas concentrações. As propriedades físico-químicas e

biológicas das nanopartículas são determinadas pela sua forma e tamanho [Rai e

col., 2009].

O uso de nanopartículas de prata (NPsAg) têm demonstrado melhoria nas

propriedades antibacterianas em relação aos íons de prata, normalmente

relacionada à elevada área superficial e alta fração de átomos na superfície,

contribuindo para uma melhor incorporação das nanopartículas no interior da

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

12

bactéria. Mesmo em concentrações nanomolares, as NPsAg são efetivas em relação

a íons de prata em concentrações micromolares [Vimala e col., 2010]. Além disso,

as nanopartículas são menos afetadas pelo ambiente do que a prata na forma iônica

[Muzzarelli, 2009].

Evidências recentes sugerem que nanopartículas de prata apresentam

potencial efeito anti-inflamatório [Lu e col., 2008; Chaloupka e col., 2010] e

aceleram, assim, o processo de cicatrização, viabilizando ainda mais sua exploração

no desenvolvimento de biomateriais curativos para feridas e queimaduras. Alguns já

estão comercialmente disponíveis e em uso clínico, como por exemplo, ActcoatTM

Burn, ilustrado na Figura 7.

FIGURA 7. ILUSTRAÇÃO DA APLICAÇÃO DE CURATIVO PARA QUEIMADURA À BASE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA. (Fonte: Mountainside Medical, 2012).

Tian e col. [2007], ao estudarem os benefícios das nanopartículas de

prata às lesões, verificaram que o processo de cicatrização é acelerado,

apresentando pouca fibrose e crescimento normal de pêlos, sendo, portanto,

esteticamente viável. Schaller e col. [2004], por outro lado, verificaram que a prata

coloidal foi menos tóxica do que os íons prata no tratamento de feridas, promovendo

um aumento da re-epitelização quando comparada com antibióticos.

O efeito bactericida das NPsAg foi comprovado contra uma gama de

bactérias gram-negativas e gram-positivas, entre elas: Escherichia coli, Vibrio

cholera, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhi [Morones e col., 2005];

Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis,

Enterococcus faecium, Klebsiella pneumoniae [Panacek e col., 2006]; Salmonella

typhi [Shrivastava, 2007] e Bacillus subtilis [Ruparelia e col., 2008].

O exato mecanismo de ação antibacteriana da prata ainda não foi

completamente esclarecido, mas os possíveis mecanismos de ação da prata

metálica, íons de prata e nanopartículas têm sido sugeridos de acordo com as

mudanças morfológicas e estruturais encontradas nas células [Chaloupka e col.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

13

2010]. O esquema mostrado na Figura 8 descreve o modo de ação proposto para a

prata iônica na morte celular do microrganismo.

O modo de ação proposto para as nanopartículas de prata é que elas,

devido ao seu pequeno tamanho, entram facilmente em contato com a bactéria e se

prendem à parede celular bacteriana, através de grupos tióis de enzimas

respiratórias, comprometendo a permeabilidade da parede e a respiração celular.

Como consequência, as nanopartículas podem penetrar no interior das células e

interagir com compostos contendo fósforo, comprometendo a replicação do DNA e

levando à morte celular [Jing e col., 2010].

FIGURA 8. ESQUEMA DA ATIVIDADE BACTERICIDA PROPOSTA PARA PRATA IÔNICA. (Fonte: adaptado de Chaloupka e col., 2010).

As vantagens significativas das nanopartículas de prata incluem a

facilidade de fabricação e a possibilidade de incorporação em diferentes matrizes

[Porel e col., 2011]. Métodos químicos, físicos e biológicos têm sido desenvolvidos

para sintetizar nanopartículas metálicas. As principais rotas sintéticas para a

produção de nanopartículas de prata baseiam-se na redução química por redutores

como citrato de sódio [Kumar e col., 2010], e boroidreto de sódio [Jing e col., 2010].

Outros agentes redutores utilizados são: ácidos orgânicos, aldeídos e álcoois [Hasell

e col., 2007].

Além da redução química, outros métodos podem ser utilizados para a

síntese de nanopartículas de prata, tais como: fotorredução, irradiação a laser,

decomposição térmica em solventes orgânicos e ultrassom. Dependendo das

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

14

condições reacionais podem ser obtidas nanopartículas com formas esféricas,

elípticas, cúbicas, triangulares, hexagonais e prismas, com diferentes tamanhos

médios e dispersões de tamanho [Andrade, 2008; Chen e Schluesener, 2008].

O processo de síntese ocorre comumente na presença de protetores e

estabilizantes que controlam o crescimento e estabilizam as dispersões e

aglomerações das partículas. Isso pode ser conseguido de forma estérica ou

eletrostática (Figura 9). A estabilização estérica normalmente envolve a absorção de

polímeros e surfactantes na superfície da partícula formando uma camada protetora

[Vimala e col., 2010]. O agente estabilizante deve ter boa afinidade pela superfície

da partícula [Hasell e col., 2007].

Ahmad e col. [2011] sugerem que as moléculas não se aglomeram

devido ao impedimento estérico provocado pelas cadeias do polímero. Eles

comentam ainda que a modificação da superfície dessas nanopartículas é muito

importante para facilitar sua aplicação nas áreas da biotecnologia e nanocompósitos.

FIGURA 9. ILUSTRAÇÃO DAS FORMAS DE ESTABILIZAÇÃO (A) ESTÉRICA E (B) ELETROSTÁTICA DE NANOPARTÍCULAS. (Fonte: Andrade, 2008).

Nanopartículas de prata têm sido incorporadas em uma grande variedade

de matrizes, como por exemplo, compósitos [Kim e col., 2007]; coloides [Fabrega e

col., 2009]; fibras [Kong e Jang, 2008]; géis [Jain e col., 2009]; membranas [Yu e

col., 2007] e filmes finos [Porel e col., 2011].

Pesquisas têm sido reportadas sobre síntese de nanopartículas de prata

baseadas em quitosana [Dongwei e col., 2009; Murugadoss e col., 2008; Pallab e

col., 2008] e seus derivados [Ahmad e col., 2011; Jing e col., 2010; Rasika e Bajpai,

2010], sendo o foco principal a inibição de bactérias como a Escherichia coli e

Staphilococus aureus, entre outras, além de rotas sintéticas que visam obter

nanopartículas de prata mais estáveis.

(A) (B)

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

15

A quitosana é um polímero quelante, com excelente capacidade de se

ligar a uma série de íons metálicos. Os íons prata, por exemplo, podem se ligar à

cadeia da macromolécula através de interações eletrostáticas do tipo íon-dipolo, por

meio de grupos polares como hidroxila e éter presentes na estrutura deste

polissacarídeo. Na presença de um agente redutor, os íons Ag+ são reduzidos e as

nanopartículas de prata são então formadas [Rasika e Bajpai, 2010].

1.5 Modificação química da quitosana

Há diversas possibilidades de modificação química da quitosana, entre

elas, copolimerização, sulfatação, fosforilação, hidroxilação e carboximetilação.

Geralmente, esses derivados têm sido sintetizados com a finalidade de otimizar

propriedades térmicas, hidrossolubilidade, absorção de água, efeito de pH,

versatilidade e biofuncionalidade do material, com a finalidade de ampliar sua

aplicação nos campos farmacêuticos, biomédicos e tecnológicos [Chen e Park,

2003; Mourya e Inamdar, 2008; Prashanth e Tharanathan, 2003].

Um copolímero é um polímero que apresenta mais de um tipo de mero na

cadeia polimérica. A interação de polímeros diferentes para a obtenção de novos

materiais pode ser conseguida por meio da reação de copolimerização por enxertia.

Esta é uma técnica muito útil para inserir monômeros na cadeia lateral polimérica,

pois além de combinar as propriedades individuais dos polímeros constituintes,

propicia propriedades adicionais e específicas ao material por efeito sinergético

[Castro, 2006].

Um copolímero enxertado é obtido quando a cadeia de um polímero é

ligada covalentemente à cadeia de outro polímero, ocorrendo formação de redes

híbridas de polímeros. Esses sistemas híbridos poliméricos são atrativos porque

combinam estrutura e propriedades físico-químicas dos materiais, tanto naturais

como sintéticos [D’ Agostini, β00λ].

O copolímero enxertado pode ser descrito como tendo uma estrutura

similar à da Figura 10, onde podem ser observadas ramificações do polímero B em

diferentes pontos da cadeia do polímero A [Jenkins e Hudson, 2001]. A

nomenclatura comumente utilizada para descrever um polímero A enxertado no

polímero B é A-g-B [Silva, 2006].

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

16

FIGURA 10. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM COPOLÍMERO ENXERTADO.

Quanto a sua estrutura, os sistemas reticulados resultantes da

copolimerização por enxertia podem ser divididos em três tipos, mostrados na Figura

11. Quitosana reticulada com ela mesma, como pode ser visto na Figura 11A; redes

híbridas do polímero (Figura 11B); e redes semi ou totalmente interpenetradas do

polímero (Figura 11C).

FIGURA 11. REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DA QUITOSANA EM UM SISTEMA

RETICULADO RESULTANTE DA COPOLIMERIZAÇÃO POR ENXERTIA. Fonte: Adaptado de Berger

e col. [2004].

A B C

Nas três estruturas, as ligações covalentes são as interações

responsáveis pela morfologia das redes, no entanto, outras interações devem ser

consideradas tais como: ligações de hidrogênio, interações iônicas, bem como

interações hidrofóbicas entre as unidades acetiladas da quitosana [D’ Agostini,

2009].

A copolimerização por enxertia é uma técnica muito atrativa para a

modificação da quitosana, uma vez que a incorporação desses grupos influencia as

suas propriedades físicas, químicas, mecânicas e reológicas, aumentando sua

possibilidade de uso como biomaterial [D’Agostini, 2009; Silva, 2006]. Outra

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

17

característica importante desse método é que a biocompatibilidade e

biodegradabilidade da quitosana são mantidas [Ferreira e col., 2006].

A quitosana possui grupos reativos amino (na posição C2), na unidade

desacetilada e hidroxila (nas posições C3 e C6), nas unidades acetiladas e

desacetiladas, que possibilitam facilmente sua modificação por reações de enxertia

[Casimiro e col., 2005]. A reação de copolimerização normalmente é iniciada com a

formação de radicais livres na estrutura do biopolímero. A geração dos radicais

pode ser alcançada por reagentes que atuam como iniciador químico (Tabela 3)

[Prashanth e Tharanathan, 2003].

TABELA 3. DIFERENTES REAGENTES INICIADORES QUÍMICOS PARA COPOLIMERIZAÇÃO VIA RADICAL DE MONÔMEROS ACRÍLICOS NA QUITOSANA. (Fonte: Mourya e Inamdar, 2008).

Iniciador Monômeros enxertados

Nitrato de amônio cérico

(NH4)2Ce(NO3)6

Ácido acrílico, acrilamida, metilmetacrilato,

acetato vinílico, N-isopropil acrilamida.

Persulfato de potássio

K2S2O8

Ácido acrílico, acrilonitrila, metilmetacrilato,

Acrilamida, ácido maleico.

Persulfato de amônia

(NH4)2S2O8 Ácido metacrílico, ácido maleico,

acrilamida.

As propriedades químicas da estrutura enxertada resultante são

largamente controladas pelas características das cadeias laterais como: estrutura

molecular, comprimento e número de cadeias [D’ Agostini, 2009]. Uma série de

estudos tem sido voltada à influência dessas variáveis sobre as propriedades da

quitosana após a enxertia. Segundo Mourya e Inamdar [2008], a porcentagem e

eficiência do enxerto são influenciadas pelo tipo e concentração do iniciador

químico, concentração do monômero e do biopolímero, além da temperatura e do

tempo de reação.

Apesar de a quitosana apresentar potencial para aplicabilidade em

diversas áreas, os materiais à base deste biopolímero são normalmente muito

frágeis. A enxertia de monômeros vinílicos e acrílicos na cadeia lateral da quitosana

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

18

origina copolímeros com propriedades físicas e mecânicas desejáveis tais como:

absorção de água, solubilidade e dureza, sem comprometer sua biodegradabilidade

e biocompatibilidade [Jianghua e col., 2007]. Segundo Don e col. [2002 b], a enxertia

de poli(acetato de vinila) na cadeia lateral da quitosana tende a melhorar a

resistência dos materiais à base do copolímero.

A principal característica dos derivados de acrilato é a presença de

grupos hidrofílicos, como hidroxila e carboxila que conferem considerável

capacidade de absorção ao copolímero resultante. O ácido acrílico (Figura 12), um

monômero facilmente polimerizado em um polímero de alta massa molar, vem sendo

usado em enxertia com a quitina [Tanodekaew e col., 2004; Angspatt e col., 2010] e

quitosana [Athawale e col., 2001; Don e col., 2002 a; Lee e col., 2005; Santos e col.,

2006] para obtenção de novos biomateriais tais como: bioadesivos, curativos e

superabsorventes, em virtude de sua biocompatibilidade e do melhoramento da

propriedade de retenção de água.

FIGURA 12. ESTRUTURA DO ÁCIDO ACRÍLICO.

A capacidade de absorção de água é uma propriedade essencial de um

material para a aplicação como curativos. Feridas abertas normalmente secretam

uma grande quantidade de exsudato e esse excesso de líquido leva ao surgimento

de infecções [Tanodekaew e col., 2004]. Leitinho [2006] comenta que hidrogéis de

ácido acrílico ou de derivados de acrilato têm capacidade de absorver grande

quantidade de fluido biológico. Outra vantagem ao aumentar a hidrofilicidade desses

materiais está relacionada à melhoria na fixação, crescimento e migração de

fibroblastos dérmicos no local do ferimento, essenciais no processo de cicatrização

[Tanodekaew e col., 2004]. Além disso, esses curativos devem ter ação

antibacteriana para proteger o ferimento de infecções. O poli(ácido acrílico) é

biocompatível e tem propriedades antibacterianas [Ferreira e col., 2006; Santos e

col., 2006].

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

19

1.5.1 Copolimerização por enxertia de ácido acrílico em quitosana

A reação de copolimerização por enxertia é geralmente realizada pela

presença de radicais livres na cadeia do polímero, que podem ser gerados por

radiação ou por iniciação química. A principal desvantagem do primeiro é a

formação de homopolímeros, uma vez que a luz UV gera radicais livres diretamente

no monômero aumentando a homopolimerização. Já o iniciador químico produz

radicais em sítios específicos, contribuindo para a maior eficiência da enxertia

[Zohuriaan-Mehr, 2005]. A Figura 13 ilustra a estrutura do copolímero quitosana-

graft-acrilato de sódio.

FIGURA 13. ESTRUTURA DO COPOLÍMERO QUITOSANA-g-ACRILATO DE SÓDIO.

A polimerização em cadeia via radical livre acontece através de três

etapas. A Figura 14 apresenta um esquema representativo dessas etapas, usando o

persulfato de potássio (KPS) como iniciador, o ácido acrílico como monômero

enxertado e a quitosana como matriz polimérica.

A primeira etapa é denominada iniciação. O KPS em solução aquosa sob

aquecimento se decompõe em radicais íon sulfato (SO•4-). Esses radicais podem

reagir com água para produzir radicais (•OH) que posteriormente reagem formando

radicais na quitosana. Essa etapa é a mais lenta e requer toda a energia fornecida à

reação para decompor o iniciador. O radical ativo ataca a dupla ligação do

monômero e transfere o centro ativo para dar início à polimerização [Leitinho, 2006;

Yazdani-Pedram e col., 2000].

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

20

FIGURA 14. ESQUEMA REPRESENTATIVO DE REAÇÃO EM CADEIA ONDE QT REPRESENTA A QUITOSANA E R REPRESENTA (QT -NH ). (Fonte: Adaptado de Prashanth e Tharanathan [2003]).

A segunda etapa denominada propagação é baseada na formação de

radicais primários. O crescimento da cadeia ocorre com transferência do centro ativo

de monômero para monômero. A reação se processa até que os radicais parem de

ser produzidos, que ocorre quando as ligações duplas carbono-carbono são

consumidas. Na última etapa, denominada terminação, o acoplamento ou

combinação de dois radicais provoca a desativação do centro ativo levando à

interrupção da polimerização [Ghosh e Das, 2000; Leitinho, 2006].

Tentativas de preparar nanocompósitos combinando quitosana e

nanopartículas de prata têm sido relatadas [Dongwei e col., 2009; Lu e col., 2008;

Vimala e col., 2010]. A enxertia de ácido acrílico ou acrilato de sódio na quitosana é

um método efetivo para melhorar propriedades tais como absorção de água, sem

sacrificar sua natureza bioativa e biodegradável.

H2C CH

COOH

R H2C CH CH2 CH

COOHCOOHn-1

+ nH2C CH

COOH

QT NH

R H2C CH CH2 CH

COOHCOOHn-1

R CH2CH CH CH2

HOOCHOOCn-1

+

R H2C CH CH2 CH

COOHn-1

R CH2CH CH CH2

HOOCn-1

HOOC COOH

S2O82- 2SO4

SO4 + H2O OH + HSO4

Iniciação

OH + QT NH2 H2O + QT NH

H2C CH

COOH

H2C CH

COOH

+ QT NHNH

QT

Propagação

Terminação

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

21

A utilização de membranas de quitosana-graft-acrilato de sódio como

matriz para a formação de nanopartículas de prata surge como uma nova

metodologia para a síntese de nanopartículas metálicas. Representa uma

possibilidade de aplicação desse material em bandagens e curativos dermatológicos

já que reúne as propriedades antibacteriana e cicatrizante da quitosana,

nanopartículas de prata e de absorção do poli(acrilato de sódio). Nesse sentido, a

presente proposta é preparar e caracterizar membranas de quitosana-g-acrilato de

sódio incorporadas com nanopartículas de prata com capacidade de retenção de

líquido e ação bactericida adequadas à sua utilização como curativo.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

22

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho foi preparar membranas do copolímero

quitosana-g-acrilato de sódio, incorporar nanopartículas de prata em sua estrutura e

caracterizá-las com interesse no estudo desse material como possível aplicação

como curativo dermatológico.

2.2 Objetivos específicos

Sintetizar o copolímero de quitosana e acrilato de sódio por meio de reação

de copolimerização por enxertia.

Caracterizar estruturalmente o copolímero quitosana-g-acrilato de sódio por

meio das técnicas de espectroscopia de absorção na região do infravermelho

(FTIR), análise termogravimétrica (TGA), calorimetria exploratória diferencial

(DSC), análise elementar e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Preparar membranas com o copolímero e estudar a sua capacidade de

absorção de água.

Sintetizar nanopartículas de prata nas membranas do copolímero por método

de redução com boroidreto de sódio e caracterizá-las por Espectrofotometria

na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis).

Estudar a capacidade de absorção de água das membranas do copolímero

com nanopartículas de prata.

Avaliar a atividade antibacteriana das membranas.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

23

3 EXPERIMENTAL

3.1 Materiais

Quitosana em pó, de massa molar 4,6 x 105 g.mol-1 e grau de

desacetilação 81%, obtida por desacetilação da quitina de camarão (Pandelus

borealis) foi fornecida pela Polymar Ind. Comp. Imp. Ltda Ciência e Nutrição S/A

(Fortaleza, Ceará – Brasil).

O ácido acrílico (C3H4O2) e o iniciador persulfato de potássio (K2S2O8)

foram oriundos da SIGMA-ALDRICH. Nitrato de prata (AgNO3) (Vetec), boroidreto de

sódio (NaBH4) (Vetec), ácido acético (C2H4O2) (Synth) e hidróxido de sódio (NaOH)

(Synth) e os outros reagentes foram utilizados sem purificação adicional.

3.2 Reação de copolimerização

O copolímero quitosana-g-acrilato de sódio foi sintetizado com base no

procedimento experimental descrito por Liu e col., [2007]. A quitosana em pó foi

dissolvida em solução aquosa de ácido acético (1%) (m/v), sob agitação constante

durante 24 h, de modo a obter uma solução de 3% (m/v) do polímero. Após esse

período a solução foi filtrada, em funil de placa sinterizada (no 1), para remoção de

material particulado insolúvel e agregados macroscópicos.

A reação de enxertia do ácido acrílico em quitosana foi conduzida sob

fluxo continuo de gás nitrogênio, utilizando persulfato de potássio (KPS) como

iniciador. O KPS foi adicionado à solução de quitosana e a mistura aquecida a 40 °C

por 15 minutos. Então o monômero foi adicionado e o sistema mantido sob agitação

a temperatura constante por 3 h. A seguir a temperatura foi elevada para 70 °C por 1

h. O produto da reação foi precipitado com 60 mL de NaOH (1mol.L-1), centrifugado

a 9000 rpm por 10 minutos e, em seguida, lavado com água destilada para remover

o homopolímero de acrilato de sódio. O produto quitosana-g-acrilato de sódio foi

seco a temperatura ambiente até massa constante. O produto foi pesado para

cálculo do rendimento. A polimerização do poli(acrilato de sódio) (PNaAc) foi

realizada utilizando-se as mesmas condições da reação de enxertia, com as

mesmas concentração de ácido acrílico e de persulfato de potássio.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

24

A porcentagem teórica de enxertia (%G) foi calculada de acordo com Jing

e col. [2009], como mostrado na Equação 1. As condições reacionais são mostradas

na Tabela 4.

(1)

TABELA 4. CONDIÇÕES REACIONAIS DA SÍNTESE DO COPOLÍMERO QUITOSANA-g-ACRILATO DE SÓDIO.

Quitosana Ácido acético

K2S2O8 Ácido acrílico Temperatura (°C)

mmol g mL g mmol g mL 3 h 1 h

2,26 6,0 200 0,667 1,53 1,47 1,4 40 70

3.3 Preparação das membranas copoliméricas de quitosana-g-acrilato de sódio

O material seco foi dissolvido em ácido acético 1% (v/v), de forma a obter

uma solução de 3% (m/v) do copolímero. A solução resultante foi então filtrada em

funil de placa sinterizada com tamanho de poro (no 1). As membranas de quitosana-

g-acrilato de sódio foram preparadas adicionando-se 20 mL de solução em placas

de Petri de 10 cm de diâmetro e deixadas por 5 dias à temperatura ambiente para

completa evaporação do solvente. Para a remoção das membranas das placas de

Petri, elas foram cortadas em quatro partes iguais, cada placa coberta com 20 mL de

solução de NaOH 0,25 mol.L-1 por 10 minutos e as membranas lavadas com água

destilada até pH 7.

3.4 Incorporação das nanopartículas de prata

As membranas foram dispostas em placas de Petri e em cada placa foram

adicionados 20 mL de solução de nitrato de prata (AgNO3) e deixadas por duas

horas à temperatura ambiente, protegidas da luz. Posteriormente, as membranas

foram imersas em 20 mL de solução de boroidreto de sódio (NaBH4) e deixadas

durante a noite à temperatura ambiente, protegidas da luz. Após esse tempo, as

100original quitosana de massa

adicionado acrílico ácido de massa% G

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

25

membranas foram lavadas com água destilada para retirar o excesso de boroidreto.

As concentrações das soluções de AgNO3 e NaBH4 estão dispostas na Tabela 5.

TABELA 5. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE AgNO3 E NaBH4.

Membranas Concentração (mmol.L-1)

AgNO3 NaBH4

QT-g-NaAc 0 0 Ag 2/40 2,0 40

Ag 5/100 5,0 100 Ag 10/ 200 10 200

3.5 Caracterização do copolímero

3.5.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

Os espectros de absorção na região do infravermelho foram obtidos em

espectrômetro FT-IR da Shimadzu FTIR – 8500, operando na faixa de 400 - 4000

cm-1 com as amostras na forma de filme, obtido por evaporação do solvente da

solução do copolímero (3%) em ácido acético (1%) em superfície de vidro.

3.5.2 Análise térmica

O comportamento térmico das amostras foi analisado em equipamento

Shimadzu TGA-Q50 da TA Instruments com fluxo de ar sintético de 60 cm3/min. As

curvas termogravimétricas foram obtidas utilizando massa de 10 mg, taxa de

aquecimento de 10°C/min, uma faixa de temperatura de 30 a 900°C, utilizando

cadinho de platina. As curvas de calorimetria exploratória diferencial foram obtidas

em equipamento DSC-Q500 da TA Instruments, sob atmosfera de N2 com fluxo a 50

cm3/min. As amostras de 5 mg foram submetidas à temperatura na faixa de 30 a

500°C, utilizando taxa de aquecimento de 10°C/min e cadinho de alumínio.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

26

3.5.3 Análise elementar

A análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio do copolímero foi

realizada utilizando um microanalisador Carlo ERBA EA 1108 no Instituto de

Química da USP.

3.5.4 Experimentos de intumescimento

Um procedimento gravimétrico convencional foi utilizado para estudar os

parâmetros de intumescimento das membranas. Para a pesagem das membranas

foi utilizada uma balança analítica modelo FA2104N de quatro casas decimais. As

amostras secas à temperatura ambiente foram pesadas e então imersas em água

destilada. Em intervalos de 2 e 24 horas as membranas foram retiradas da água, e a

superfície seca sob compressão de duas folhas de papel de filtro por alguns

segundos, e imediatamente pesadas e colocadas novamente na água. Os ensaios

foram realizados em triplicata. A capacidade de intumescimento das amostras (W)

foi calculada de acordo com a Equação 2, onde mhidratada e mdesidratada correspondem,

respectivamente, à massa da membrana intumescida e seca.

m hidratada – m desidratada W (%) = * 100 m desidratada

3.5.5 Espessura das membranas

A espessura das membranas foi determinada pela utilização de

micrômetro (Digimess, modelo 110.200 com precisão de 0,01 mm), através de

medições em quatro diferentes pontos ao longo da extensão da membrana. Os

valores médios das espessuras foram calculados. As medidas foram realizadas em

triplicata. Quando as membranas intumescem, observou-se um aumento na área

superficial, razão pela qual o raio das membranas nessa condição foi medido

utilizando-se um paquímetro digital.

(2)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

27

3.6 Caracterização das membranas com nanopartículas de prata

3.6.1 Espectroscopia de absorção na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

Os espectros de UV-Vis foram obtidos usando um espectrofotômetro

Shimadzu, modelo UV-1800, em intervalo de 300 a 700 nm utilizando uma célula de

quartzo de 1 cm de caminho óptico. As amostras para análise de UV-Vis foram

obtidas a partir da diluição das membranas em solução de ácido acético 1% (v/v)

protegidas da luz. As soluções foram preparadas nas concentrações de 0,4% (m/v)

para as membranas QT, QT-g-NaAc; 0,1% para Ag 2/40; 0,05% para Ag 5/100 e

0,025% para Ag 10/ 200.

3.6.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

O estudo morfológico das membranas de QT, QT-g-NaAc e QT-g-

NaAc/Ag foi realizado através de um equipamento de microscopia eletrônica de

varredura da PHILIPS modelo HOLANDA XL 30, acoplado ao sistema de ligação

3.34 séries 300 com detector Si (Li). As amostras foram intumescidas em água

destilada à temperatura ambiente por cerca de 15 minutos, em seguida congeladas,

fraturadas e liofilizadas. As membranas foram montadas sobre fita de carbono

dispostas em suporte de vidro e recobertas com platina.

3.6.3 Atividade antibacteriana

O efeito das nanopartículas de prata imobilizadas em membranas de

quitosana-g-acrilato de sódio no crescimento bacteriano foi avaliado de acordo com

a metodologia de Bauer e col. [1966] com modificações. As cepas bacterianas

Staphylococcus aureus ATCC 25923 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 25619

foram cultivadas em meio Agar Müller-Hinton Agar (Difco) por 24 h a 37ºC. Uma

colônia de cada cultura foi inoculada em caldos Triptona Glucose Extrato de

Levedura (TGE). As culturas foram incubadas por 18 h a 37ºC e, posteriormente,

ajustadas para absorbância 0,1±0,02 a 600 nm. Em seguida, as mesmas foram

estriadas utilizando swabs estéreis na superfície de placas contendo Agar Müller-

Hinton Agar (Difco). Membranas de QT-g-NaAc com nanopartículas de prata

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

28

imobilizadas nas concentrações 2/40, 5/100 e 10/200 mmol.L-1, foram recortadas em

círculos de 7 mm de diâmetro, após intumescidas em água destilada, e estão

mostradas na Figura 15. Posteriormente, foram umedecidas com 30 µL de água

estéril e adicionadas na superfície das placas com meio. As placas foram incubadas

por 24 h a 37ºC e analisadas em relação à presença de halos de inibição ao redor

de cada membrana. Também foram utilizados discos comerciais contendo 10 g do

antibiótico Gentamicina e membranas de quitosana sem nanopartículas de prata

como controles positivo e negativo, respectivamente. Todos os experimentos foram

realizados em triplicatas.

FIGURA 15. AMOSTRAS DAS MEMBRANAS QT-g-NaAc, Ag 2/40, Ag 5/100 e Ag 10/200.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Síntese do copolímero

O copolímero quitosana-g-acrilato de sódio formado por enxertia de

cadeias de ácido acrílico em quitosana foi obtido através de polimerização radicalar

usando persulfato de potássio (KPS) como iniciador. A precipitação do produto com

NaOH neutralizou o ácido, transformando o copolímero em quitosana-g-acrilato de

sódio.

A reação de copolimerização foi realizada em um intervalo de tempo de 4

horas. A primeira etapa da reação é a mais lenta e requer toda a energia fornecida à

reação para decompor o iniciador e transferir o centro ativo para dar início à

polimerização. Segundo Liu e col. [2006], o aumento da temperatura favorece a

ativação de macrorradicais, bem como acelera a difusão e mobilidade dos

monômeros da fase aquosa para a cadeia lateral da quitosana.

Após um intervalo de tempo de 3 h mantendo a temperatura da reação de

copolimerização em 40 °C, a temperatura foi elevada a 70 °C até o término da

reação. Segundo Yazdani-Pedram e col. [2000], a máxima eficiência da enxertia é

atingida a 70 °C. Aumentos adicionais de temperatura diminuem a eficiência da

reação. Isso pode ser atribuído tanto à aceleração da reação de terminação quanto

ao aumento da possibilidade de ocorrer reação de transferência de cadeia, o que

acarreta no aumento da quantidade de homopolímero formado.

O rendimento da reação foi de 55,2%. A porcentagem teórica de enxertia

(%G) foi de 49%. Os parâmetros são mostrados na Tabela 6.

TABELA 6. PARÂMETROS DA REAÇÃO DE COPOLIMERIZAÇÃO.

Parâmetros da reação

Rendimento %G

55,2% 49%

A partir do produto reacional foram obtidos filmes como mostrados na

Figura 16. As amostras quando intumescidas apresentaram um aspecto maleável,

no entanto quando secas tornaram-se rígidas.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

30

FIGURA 16. ILUSTRAÇÃO DAS MEMBRANAS DE QUITOSANA-g-ACRILATO DE SÓDIO (a) INTUMESCIDA E (b) SECA À TEMPERATURA AMBIENTE.

4.2 Caracterização do copolímero

4.2.1 Análise elementar

As porcentagens de carbono, hidrogênio e nitrogênio obtidas a partir de

análise elementar da quitosana, copolímero QT-g-NaAc e nanocompósito QT-g-

NaAc/Ag são mostradas na Tabela 7. A diferença entre os valores experimentais e

teóricos calculados foi próxima de 18% e de 6% para QT e QT-g-NaAc,

respectivamente. A diminuição do percentual de nitrogênio experimental observada

após a enxertia de acrilato de sódio é condizente com a diminuição do percentual de

nitrogênio teórico, comprovando a formação do copolímero.

TABELA 7. DADOS DE ANÁLISE ELEMENTAR PARA A QUITOSANA E COPOLÍMERO.

Amostra %C %H %N C+H+N N/C (%)

Valor Teórico de N (%)

QT 38,54 6,75 6,77 52,06 0,176 8

QT-g-NaAc 35,55 6,42 5,49 47,46 0,154 5,8

QT-g-NaAc/Ag 2/40 36,21 6,72 5,91 48,84 0,163 -

QT-g-NaAc/Ag 5/100 35,38 6,73 5,68 47,79 0,161 -

QT-g-NaAc/Ag 10/200 32,17 5,88 5,21 43,26 0,162 -

Para os nanocompósitos QT-g-NaAc/Ag 2/40, 5/100 e 10/200 obteve-se

um valor médio de 0,162 ± 0,001 para a razão N/C. Observou-se também que houve

uma diminuição na composição percentual de carbono, hidrogênio e nitrogênio nos

a b

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

31

nanocompósitos, explicado pela presença da prata. A quantidade de acrilato de

sódio no copolímero foi calculada baseada na % de nitrogênio. QT-g-NaAc contêm

cerca de 48% de acrilato de sódio. Esse resultado indica que a % experimental de

grafting (%Gexp) é 92%, bem diferente do valor teórico. Considerando o rendimento

da reação, foram perdidas 1,82 g de quitosana e 0,74 g de NaAc.

4.2.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

A análise por espectroscopia na região do infravermelho permite

identificar frequências relativas a vibrações normais moleculares de grupos

funcionais presentes em um composto. Os estudos de infravermelho foram

conduzidos para investigar a formação do copolímero de quitosana e acrilato de

sódio. A Figura 17 representa os espectros de FTIR da quitosana pura (QT), do

poli(acrilato de sódio) (PNaAc), do copolímero quitosana-acrilato de sódio (QT-g-

NaAc) e nanocompósito QT-g-NaAc/Ag. A Tabela 8 apresenta as absorções

características da quitosana, poli(acrilato de sódio) e da quitosana-g-acrilato de

sódio, respectivamente.

O espectro 17a mostra as bandas de absorção características da

quitosana. As principais bandas aparecem em 3367 e 3305 cm-1, características de

estiramentos O-H e N-H; em 2921 e 2877 cm-1 referentes aos estiramentos

assimétricos e simétricos C-H de grupamentos alquila, respectivamente; em 1654

cm-1 associada ao estiramento C=O de amina e 1560 cm-1 atribuídas à deformação

angular de N-H; e em 1153, 1078 e 1033 cm-1, referentes aos estiramentos

assimétricos das ligações C-O-C e C-C-O, respectivamente.

No espectro 17b, referente ao poli(acrilato de sódio), as bandas de

absorção em 1562 e 1415 cm-1 são atribuídas, respectivamente, aos estiramentos C-

O assimétrico e simétrico do ânion carboxilato. A banda que aparece em 1137 cm-1

é associada ao estiramento C-O.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

32

FIGURA 17. ESPECTROS NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO DA QUITOSANA (a), POLI(ACRILATO DE SÓDIO (b), QT-g-NaAc (c) E QT-g-NaAc/Ag 10/ 200 (d).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Abs

Número de onda (cm-1)

a

b

c

d

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

33

Algumas diferenças podem ser observadas no espectro do copolímero

(17c) comparado ao da quitosana. As bandas intensificadas em 1560 cm-1 e em

1409 cm-1 confirmam a enxertia do carboxilato de sódio na quitosana.

O espectro do copolímero QT-g-NaAc foi investigado por Liu e col. [2006]

e observaram bandas intensas em 1571 e 1409 cm-1 que foram associadas à

absorção do carboxilato de sódio. Liu e col. [2007] observaram essas bandas em

1558 e 1404 cm-1.

A banda que aparece em 1324 cm-1 é referente ao estiramento C-O de

acrilatos. O espectro do ácido acrílico foi investigado por Nimesh e col. [2006] que

observaram uma banda intensa em 992 cm-1 correspondente à deformação C-H

vinílico fora do plano. A inexistência desta banda no espectro da QT-g-NaAc indica

que não restaram monômeros livres e ocorreu a reação de copolimerização.

O espectro 15d mostra as bandas de absorção do nanocompósito QT-g-

NaAc/Ag. Pode-se perceber que houve um alargamento da banda de estiramento O-

H, além de uma discreta diminuição das intensidades das bandas em 1560 e 1409

cm-1. Possivelmente, essas modificações ocorrem devido à coordenação da prata

aos grupos OH e COO- ricos em elétrons. Dongwei e col. [2009] sugerem que a

ligação da prata aos átomos de oxigênio reduz a intensidade das vibrações das

ligações, devido ao aumento da massa molecular.

Segundo Rasika e Bajpai [2010], a interação com a prata provoca um

aumento no comprimento da ligação, levando a uma mudança na frequência da

absorção. Esses deslocamentos não foram observados para o nanocompósito QT-g-

NaAc/Ag.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

33

TABELA 8. ABSORÇÕES CARACTERÍSTICAS DA QUITOSANA, POLI(ACRILATO DE SÓDIO) E QUITOSANA-g-ACRILATO DE SÓDIO. (Fonte: Barbosa, 2007; Siverstein, 2007).

Quitosana PNaAc QT-g-NaAc QT-g-NaAc/Ag

Número de onda (cm-1)

Modo vibracional Número de onda (cm-1)

Modo vibracional Número de onda (cm-1)

Número de onda (cm-1)

Modo vibracional

3367 e 3305

(O-H), (N-H) 3433 (O-H) 3361 e 3290 3359 (O-H)

2921 e 2877

as (C-H), s (C-H) 2956 (C-H), (O-H) 2931 e 2889 2925 e 2887 (C-H)

1654 (C=O Amida I)

1637 1650 (N-H)

1560 (N-H Amida II) 1562 as (COO-) 1560 1558 as (COO-)

1413 (CH2), (CH3) 1415 s (COO-) 1409 1409 s (COO-)

1379 (O-H) 1137 (C-O) 1324 1324 (C-O)

1317 (C-N) (primário)

1153 as (C-O-C) 1153 1153 as (C-O-C)

1078 e 1033

as (C-C-O) 1074 e 1031 1089 e 1037 as (C-C-O)

617 (O-H) 615 653 (O-H)

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

34

4.2.3 Análise termogravimétrica (TGA)

O principal uso da análise termogravimétrica na caracterização de

materiais poliméricos está no estudo da estabilidade e decomposição térmica dos

mesmos. Supondo-se que a degradação térmica da membrana composta apenas

por quitosana e aquela composta pelo copolímero pudesse apresentar

comportamentos diferenciados, foram obtidas curvas termogravimétricas (TG) do

poliacrilato de sódio, membrana QT e membrana QT-g-NaAc. Para uma precisa

identificação da quantidade de eventos térmicos e as respectivas temperaturas

máximas de cada evento, também foram obtidas curvas termogravimétricas

derivadas (DTG) de cada amostra, como mostrado na Figura 18.

O primeiro evento de perda de massa em todas as amostras se deve à

perda de umidade, que geralmente ocorre antes de 100 oC. O percentual de

umidade das amostras varia entre 11,0 e 13,1%. O resíduo final obtido em 800 oC

(Tabela 9) foi 0,2, 2,0 e 4,9% para as amostras QT, QT-g-NaAc e PNaAc,

respectivamente. A amostra QT-g-NaAc apresentou resíduo final superior ao da

amostra QT, explicado pela presença de sódio. A maior quantidade de resíduo

obtida para o poli(acrilato de sódio) é esperada com base na grande quantidade de

íons sódio.

O poli(acrilato de sódio) apresenta 3 estágios de decomposição térmica

segundo Dubinsky e col. [2004]. Chuang e col. [2008] mostraram que este polímero

é estável até 200 oC e se decompõe acima dessa temperatura. A curva

termogravimétrica da amostra PNaAc (Figura 18a) mostrou cinco eventos de

decomposição térmica, no intervalo de 199 a 701 oC, com temperaturas máximas de

229, 389, 417, 676 e 692 oC. A perda de massa foi de 79% e está associada à

decomposição dos grupos carboxilato e ruptura das cadeias do poli(acrilato de

sódio).

A decomposição de polissacarídeos geralmente inicia-se a temperatura

superior a 200 oC. Como visto na Figura 18b, a curva termogravimétrica da

quitosana exibe um comportamento típico para esse polissacarídeo, apresentando

dois estágios distintos de decomposição térmica em atmosfera de ar sintético. A

perda de umidade foi de 13,1% para a membrana de quitosana. De acordo com

Lima [2006], essa perda está relacionada à saída de moléculas de água que

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

35

estariam associadas aos grupos amino e hidroxila deste polissacarídeo, através de

ligações de hidrogênio.

FIGURA 18. CURVAS TG E DTG EM ATMOSFERA DE AR SINTÉTICO PARA AMOSTRAS DE PNaAc (a), QT (b) E QT-g-NaAc (c).

O primeiro estágio de decomposição térmica da quitosana inicia-se a 272 oC e vai até cerca de 306 oC, com temperatura máxima obtida pela DTG, em torno

de 291 oC, correspondendo a uma perda de massa de 32%. O segundo estágio tem

início próximo a 500 oC indo até 558 oC, com temperatura máxima em 558 oC e

perda de massa de 37% (Tabela 12).

Estão envolvidos no primeiro estágio de perda de massa, processos como

a desidratação, depolimerização e decomposição pirolítica, as quais resultam em

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100

-3

-2

-1

0 DT

G

b

% m

as

sa

Temperatura (oC)

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100

-3

-2

-1

0

DT

G

c

% m

as

sa

Temperatura (oC )

100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100

-1,5

-1,0

-0,5

0,0 DT

G

% m

as

sa

Temperatura (oC )

a

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

36

compostos mais simples como a água, o dióxido de carbono, o metano e a amônia

[Dallan, 2005]. O segundo é resultado da carbonização [Liu e col., 2006].

O comportamento térmico do copolímero de QT-g-NaAc é semelhante ao

observado para a QT e diferente do observado para o PNaAc. Pode-se observar na

Figura 18c, dois eventos de decomposição. O primeiro evento de decomposição

térmica do copolímero tem início próximo a 254 oC e vai até 300 oC, com

temperatura máxima em torno de 277 oC, com 27% de perda de massa. Este se

refere à desacetilação da quitosana, juntamente com a desidratação e

descarboxilação do poli(acrilato de sódio). O segundo evento inicia-se a 495 oC e

estende-se até 577 oC, com temperatura máxima em 541 oC e 35% de perda de

massa, e envolve a cisão aleatória de cadeias da quitosana e do poli(acrilato de

sódio) além da destruição da estrutura da rede de ligações cruzadas [Chuang e col.,

2008; Liu e col., 2007; Shantha e col., 1995; Zhang e col., 2007]. A perda de

umidade foi de 13% para a membrana QT-g-NaAc.

TABELA 9. PARÂMETROS TERMOGRAVIMÉTRICOS DA QT, PNaAc E QT-g-NaAc.

Amostras Tmax nos eventos (°C) Umidade (%)

Resíduo em

800°C (%)

IPDT (%)

I II III IV V

Quitosana 291 554 - - - 13,1 0,2 349

PNaAc 229 389 417 676 692 11,0 4,9 362

QT-g-NaAc 277 541 - - - 13,0 2,0 359

IPDT-(Integral procedural decomposition temperature). Tmax: Temperatura na qual ocorre o máximo de perda de massa.

O perfil termogravimétrico é semelhante para as membranas QT e QT-g-

NaAc, no entanto, pode-se observar que nos dois estágios de decomposição térmica

há uma redução no percentual de perda de massa da membrana QT-g-NaAc em

relação à membrana QT. Isso sugere que a reação de copolimerização por enxertia

do acrilato de sódio promoveu alguma mudança no comportamento

termogravimétrico da quitosana.

O valor da temperatura de decomposição correspondente a 50% do total

de perda de massa até 800 oC (IPDT) [Rodrigues, 2011], foi avaliado para a

quitosana, poli(acrilato de sódio) e copolímero afim de avaliar a estabilidade térmica

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

37

desses materiais. O IPDT obtido para o copolímero (359 oC) foi superior ao obtido

para a QT (349 oC). Isso sugere que a enxertia de cadeias de PNaAc aumenta a

estabilidade térmica da quitosana, provavelmente devido às interações entre os

grupos amino da quitosana e grupos carboxilato do acrilato de sódio, que tornam o

material mais resistente.

4.2.4 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A calorimetria exploratória diferencial é uma técnica de análise térmica

bastante utilizada para a obtenção de informações sobre as temperaturas de

transição dos materiais. As curvas de DSC para as amostras PNaAc (a), membrana

QT (b) e membrana QT-g-NaAc são mostradas na Figura 19.

FIGURA 19. CURVAS DSC PARA AMOSTRAS DE PNaAc (a), QT (b) E QT-g-NaAc (c).

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

En

do

b

Ex

o

Temperatura (oC)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

c

Ex

oE

nd

o

Temperatura (oC)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

a

Ex

oE

nd

o

Temperatura (oC)

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

38

Como pode ser visto na Figura 19a, o poli(acrilato de sódio) mostra três

picos endotérmicos: em 74, 221 e 235 oC, que podem ser atribuídos à perda de

água, decomposição dos grupos carboxilato, e à fusão respectivamente. Ocorre,

também, um pico exotérmico em 412 oC (Tabela 10).

A quitosana (Figura 19b) apresenta um pico endotérmico em 64 oC,

devido à perda de água e um pico exotérmico em 299 oC que pode corresponder à

decomposição do polissacarídeo. Shantha e col. [1995] observaram esse evento a

295 oC. Após a modificação da quitosana por enxertia do poli(acrilato de sódio), o

material resultante QT-g-NaAc (Figura 19c) apresenta curva de DSC semelhante à

da quitosana, exibindo pico endotérmico em 55 oC, devido à perda de água, e um

exotérmico em 294 oC, que pode ser atribuído à decomposição da quitosana

[Chuang e col., 2008]. O copolímero também apresenta um discreto pico exotérmico

em 353 oC, que é semelhante ao pico exotérmico para o PNaAc, associado à

decomposição do poli(acrilato de sódio) na cadeia lateral da quitosana. Shantha e

col. [1995] observaram esses picos exotérmicos para QT-g-NaAc em 272 e 473 oC,

respectivamente.

A temperatura de transição vítrea (Tg) de um material pode ser visualizada

por uma mudança na linha base, comportamento este não observado em nenhuma

das condições analisadas, uma vez que a presença de água nas amostras interfere

na visualização da Tg. Segundo Dallan [2005], a temperatura de transição vítrea de

membrana de quitosana obtida por DSC é de 52,2 oC.

A maior semelhança entre a curva de DSC do copolímero com a da

quitosana indica que a cadeia de acrilato de sódio enxertada deve ser pequena.

TABELA 10. PARÂMETROS TÉRMICOS OBTIDOS DAS CURVAS DE DSC.

Tpico nos eventos (oC)

PNaAc QT QT-g-NaAc

Endotérmico

I 74 63 55

II 221 - -

III 235 - -

Exotérmico I 412 300 294

II - - 353

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

39

4.2.5 Estudo de intumescimento

A hidrofilicidade de copolímeros é avaliada pelo estudo da sua

capacidade de absorção de água. O ganho de massa devido à absorção de água

pelas membranas de quitosana pura e quitosana-g-acrilato de sódio foi analisado a

partir de medidas do grau de intumescimento (W) em função do tempo de imersão

em água destilada. Os parâmetros de intumescimento obtidos estão mostrados na

Tabela 11.

TABELA 11. PARÂMETROS DE INTUMESCIMENTO PARA AS MEMBRANAS DE QT E QT-g-NaAc.

Amostra (membrana)

Intumescimento (%)

2 horas

QT 67,7±0,4

QT-g-NaAc 76,6±3,2

O estudo do efeito da enxertia de acrilato de sódio nas cadeias laterais da

quitosana, sobre a absorção de água do polímero foi feito a partir da comparação do

grau de intumescimento da membrana do copolímero QT-g-NaAc com a membrana

de quitosana.

Os valores de grau de intumescimento (W) médios, em 2 horas, obtidos

para a membrana do copolímero foi de 76,6% enquanto para a membrana de

quitosana foi de 67,7%. Esses valores demonstram que a membrana do copolímero

apresenta um grau de intumescimento 13% maior que o correspondente para a

membrana de quitosana. Também foram realizados estudos no intervalo de 24

horas, no entanto observou-se uma tendência de redução de intumescimento, em

ambas as membranas de quitosana e do copolímero. Isso pode ser um indício de

que o processo de absorção de água das membranas atinge um equilíbrio em um

intervalo de tempo inferior a 24 horas.

Ferreira e col. [2006] obtiveram membranas copoliméricas de quitosana e

acrilato de sódio como grau de intumescimento 40% maior que membranas de

quitosana pura. Esses resultados demonstram a eficiência da enxertia do monômero

acrílico na mudança de comportamento de intumescimento do material. No entanto,

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

40

a comparação direta dos resultados obtidos torna-se dificultada, uma vez que há

diferenças nas condições de preparo das membranas, principalmente no que se

refere à relação molar quitosana/acrilato empregada para a preparação das

mesmas.

O processo de intumescimento ocorre primariamente com a penetração

das moléculas de água na matriz polimérica por capilaridade e difusão. Assim, a

água é absorvida por grupos hidrofílicos como hidroxila, amino e carboxilato por

meio de ligações de hidrogênio [Silva, 2006].

Na quitosana há uma grande presença de grupos amino caracterizado por

ligações covalentes onde a eletronegatividade das ligações gera sítios de alta

polaridade, tornando favorável o rearranjo de moléculas assim como a água em

torno desses sítios [Fernandes, 2009]. A enxertia de monômeros acrílicos na cadeia

lateral da quitosana aumenta a hidrofilicidade do polímero e, consequentemente,

aumenta a capacidade de absorção de água [Liu e col., 2011].

Além disso, a presença dos íons carboxilato e Na+, decorrentes da

neutralização das cadeias de ácido acrílico com hidróxido de sódio, gera uma

diferença de pressão osmótica entre a rede polimérica e a solução externa,

aumentando a absorção de água. O aumento da massa molar da quitosana pela

enxertia de acrilato de sódio também contribui para a absorção de água [Liu e col.,

2007; Zhang e col., 2007].

Ferreira e col. [2006] analisaram a capacidade de absorção de água da

membrana de quitosana e observaram que após 2 horas, a porcentagem de

absorção de água foi de 57%. Segundo Clasen e col. [2006], as membranas de

quitosana pura apresentam desvantagens para o uso como curativo. Apesar de

apresentar propriedades hemostática, cicatrizante e antimicrobiana, as membranas

formadas unicamente de quitosana mostram permeabilidade insuficiente.

A capacidade de absorção de água de um biomaterial é uma propriedade

essencial para aplicação como curativo. A absorção é necessária para remover todo

o exsudato da ferida, ou seja, reter os fluidos excretados pela ferida para evitar a

sua acumulação e um possível risco de infecção. Além de contribuir para a

transferência de nutrientes e metabólitos [Fernandes, 2009].

A quantidade de água absorvida pela membrana do copolímero foi

suficientemente maior que a observada para a membrana de quitosana pura. Dessa

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

41

forma, a enxertia do acrilato de sódio nas cadeias laterais da quitosana melhora as

propriedades deste biomaterial para aplicação como curativo dermatológico.

O grau de intumescimento das membranas copoliméricas incorporadas

com prata estão mostrados na Tabela 12.

TABELA 12. PARÂMETROS DE INTUMESCIMENTO PARA AS MEMBRANAS DO NANOCOMPÓSITO QT-g-NaAc INCORPORADAS COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA COM CONCENTRAÇÕES INICIAIS DE AgNO3 2, 5 E 10 mmol.L-1 E DE NaBH4 10, 100 E 200 mmol.L-1, RESPECTIVAMENTE.

Amostra (membrana)

Intumescimento (%)

2 horas

QT-g-NaAc/Ag 2/10 58,4

QT-g-NaAc/Ag 5/100 50,4

QT-g-NaAc/Ag 10/200 38,8

Como pode ser observado na Figura 20, a capacidade de intumescimento

de todas as membranas do nanocompósito foi significativamente inferior ao

observado para as membranas QT e QT-g-NaAc. Isso indica que a incorporação da

prata diminuiu a hidrofilicidade das cadeias do copolímero, reduzindo assim a

afinidade da membrana por água durante o intumescimento.

FIGURA 20. GRÁFICO COMPARATIVO DOS PERCENTUAIS DE INTUMESCIMENTO DAS MEMBRANAS DE QUITOSANA, COPOLÍMERO QT-g-NaAc E NANOCOMPÓSITO QT-g-NaAc/Ag.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Composição das membranas

% in

tim

es

cim

en

to

QT QT-g-NaAc QT-g-NaAc/Ag 2/40 QT-g-NaAc/Ag 5/100 QT-g-NaAc/Ag 10/200

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

42

Segundo Hoffman [2002], quando uma matriz polimérica seca começa a

absorver água, as primeiras moléculas a entrarem na matriz irão hidratar os grupos

hidrofílicos mais polares, conduzindo assim a uma ligação primária com a água.

Com a hidratação dos grupos polares, a rede polimérica sofre um intumescimento

que ocasiona a exposição de grupos hidrofóbicos, os quais irão forçar a

reorganização das moléculas de água presentes nas proximidades, levando a um

fenômeno de hidratação secundária. Em seguida, a rede polimérica é embebida de

moléculas adicionais de água em seus interstícios. Uma vez que a matriz polimérica

do copolímero quitosana-graft-acrilato de sódio é incorporada com nanopartículas de

prata, os interstícios encontram-se ocupados, dificultando a entrada de moléculas de

água adicionais e reduzindo, assim, a capacidade de absorção de água do

nanocompósito.

4.2.6 Espessura das membranas

A espessura nos estados seco e úmido das membranas QT e QT-g-NaAc

pode ser visualizada na Tabela 13.

TABELA 13. VALORES DA ESPESSURA DAS MEMBRANAS QT E QT-g-NaAc SECAS E HIDRATADAS EM ÁGUA DESTILADA E DO RAIO DAS MEMBRANAS INTUMESCIDAS.

Amostra Espessura média (µm) Raio (mm)

(membrana) Seca Intumescida % aumento Intumescida

QT 73,2 88,9 21,5 ± 4,5 46,2

QT-g-NaAc 60,7 71,3 17,4 ± 3,5 49,2

Considerando os resultados obtidos nos testes de intumescimento, uma

vez que as membranas do copolímero absorvem maior quantidade de água,

esperava-se que as medidas de espessura das mesmas, quando intumescidas,

fossem superiores quando comparadas com as medidas para as membranas de

quitosana pura. Por outro lado, o raio das membranas copoliméricas intumescidas é

consideravelmente maior em relação à membrana de quitosana (Figura 21).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

43

Propõe-se que a diferença nas espessuras, ou seja, a maior espessura

observada para as membranas de quitosana deve-se ao empacotamento de suas

cadeias que ocorre devido à interação das unidades glucosaminas, provocando o

impedimento estérico que explica a menor absorção de água pelas membranas de

quitosana [Clasen e col., 2006]. Por outro lado, o maior tamanho do raio observado

para a membrana QT-g-NaAc (49,2 mm) em relação à membrana QT (46,2 mm)

pode estar relacionado ao maior alongamento das cadeias ocasionado pela enxertia

de acrilato de sódio nas cadeias laterais da quitosana. O que ocorre é uma força de

repulsão entre os grupos carboxilato do acrilato, resultando numa estrutura

tridimensional muito larga e rígida, que funciona como uma estrutura pseudo-

reticulada, podendo absorver grandes quantidades de água.

As medidas de espessura também foram realizadas nas amostras de

membranas copoliméricas incorporadas com nanopartículas de prata. Os resultados

estão mostrados na Tabela 14.

TABELA 14. VALORES DAS ESPESSURAS PARA AS MEMBRANAS DO NANOCOMPÓSITO QT-g-NaAc INCORPORADAS COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA COM CONCENTRAÇÕES INICIAIS DE AgNO3 2, 5 E 10 mmol.L-1 E DE NaBH4 10, 100 E 200 mmol.L-1, RESPECTIVAMENTE.

Amostra Espessura média (µm)

(membrana) Seca Intumescida % aumento

QT-g-NaAc/Ag 2/10 60,2 63,7 5,8

QT-g-NaAc/Ag 5/100 50,7 66,0 30,1

QT-g-NaAc/Ag 10/200 61,5 73,2 19,0

Os valores das espessuras médias das membranas do nanocompósito

não diferiram muito daqueles observados para as membranas do copolímero sem

nanopartículas de prata. As espessuras médias encontradas para as membranas

secas foram 73,2 µm para a membrana QT; 60,7 µm para a membrana QT-g-NaAc;

e 60,2, 50,7 e 61,5 µm para as membranas QT-g-NaAc/Ag (2, 5 e 10 mmol.L-1),

respectivamente.

Segundo Veiga [2009], biomateriais poliméricos substitutos da derme

devem ser idealmente mais finos que a pele humana, cuja espessura pode variar

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

44

entre 0,5 e 2 mm, dependendo da idade, sexo e região do corpo. Dessa forma,

filmes poliméricos podem ser considerados destinados à recuperação de lesões

cutâneas, quando apresentam espessuras entre 50 e 200 µm. Nesse contexto, as

membranas copoliméricas QT-g-NaAc/Ag obtidas neste trabalho apresentam

potencial para serem empregadas como curativos dermatológicos.

FIGURA 21. GRÁFICO COMPARATIVO DAS DIMENSÕES DAS MEMBRANAS QT E QT-g-NaAc.

4.3 Caracterização das membranas de QT-g-NaAc incorporadas com

nanopartículas de prata

A síntese das nanopartículas de prata consiste na redução química do sal

metálico na presença de boroidreto de sódio, segundo a reação disposta na

Equação 3.

AgNO3(aq) + NaBH4(aq) + 3H2O(l) Ag(s) +

27 H2(g) + H3BO3(aq) + NaNO3(aq) (3)

Nesta rota sintética ocorre a redução dos íons prata (Ag+) para prata

metálica (Ag0), seguida de uma agregação controlada, resultando em nanopartículas

de prata metálica.

A concentração inicial dos reagentes tem um papel importante na

estabilidade e concentração final das nanopartículas. Vimala e col. [2010] comentam

que o excesso de boroidreto é necessário tanto para reduzir a prata iônica como

QT QT-g-NaAc0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Var

iaçã

o d

e ta

man

ho

s

Espessura (µm) (Seca) Espessura (µm) intumescida % aumento Raio (mm)

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

45

para estabilizar as nanopartículas formadas. Dessa forma, a quantidade de

boroidreto adicionada foi vinte vezes maior que à do sal metálico, a fim de garantir a

completa redução do AgNO3 e formação das nanopartículas metálicas na membrana

copolimérica.

Ao variar a concentração de íons prata no meio, uma maior quantidade

desses pode interagir com a estrutura da membrana e ao ser submetidas à redução

na presença de boroidreto de sódio, uma maior quantidade de nanopartículas é

incorporada às membranas. Assim, para avaliar a influência da concentração dos

íons prata na formação das nanopartículas metálicas, membranas de quitosana-g-

acrilato de sódio foram submetidas ao contato com soluções de nitrato de prata em

três diferentes concentrações (2, 5 e 10 mmol.L-1).

A fotografia das membranas está mostrada na Figura 22. A formação de

nanopartículas de prata pode ser visualmente reconhecida por sua coloração

característica. A mudança nas cores das membranas de amarelo para marrom

escuro, de forma proporcional ao aumento nas concentrações de AgNO3 adicionado,

evidencia a formação das nanopartículas de prata. Huang e col. [2004] também

observaram essa coloração em nanocompósitos quitosana/NPsAg com

concentrações de AgNO3 entre 1 e 20 mmol.L-1. A alteração nas cores também é um

indicativo de alteração no tamanho das nanopartículas. Esses resultados

demonstram que a estrutura copolimérica atua como um controlador de nucleação,

bem como um estabilizante das nanopartículas [Huang e col., 2004].

FIGURA 22. FOTOGRAFIA DAS MEMBRANAS DE QUITOSANA-g-ACRILATO DE SÓDIO INCORPORADAS COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA.

A mudança de cores nas nanopartículas (NPs) se origina pelo fenômeno

de ressonância de plasmons de superfície que corresponde às oscilações coletivas

dos plasmons superficiais, isto é, oscilações coletivas dos elétrons da banda de

condução dos átomos constituintes das nanopartículas, induzidos pela luz incidente.

QT-g-NaAc Ag 2/40 Ag 5/100 Ag 10/ 200

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

46

O efeito de superfície plasmônica é bastante considerável nas NPs metálicas, em

virtude da razão superfície/volume. A luz incidente cria alterações na nuvem

eletrônica, gerando uma frequência de oscilações na condução dos elétrons na

superfície das nanopartículas. A movimentação da nuvem eletrônica tem a mesma

frequência que o comprimento de onda da luz incidente [Berni Neto, 2010].

Nas nanopartículas esféricas, ocorre a formação de dipolos originados da

interação da onda eletromagnética incidente com a partícula. A energia da radiação

eletromagnética é transformada em energia térmica gerando oscilações

ressonantes, que têm faixas espectrais determinadas pela densidade eletrônica,

massa efetiva e principalmente pelo tamanho e formato das NPs. O agente

estabilizante e o meio reacional também influenciam no comprimento de onda de

absorção da nanopartículas [Berni Neto, 2010].

4.3.1 Espectrofotometria de absorção na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

O estudo de nanopartículas metálicas através de espectros de absorção

no UV-Vis permite inferir características importantes das nanopartículas como

tamanho, forma, número de partículas presentes, estrutura e distribuição das

mesmas em solução, através de parâmetros como comprimento de onda de máxima

absorção ( max), valor máximo de absorção óptica (Amax) e largura à meia-altura

(FWHH).

Para confirmar a existência de nanopartículas de prata (NPsAg) na

estrutura das membranas copoliméricas, foram realizados estudos espectroscópicos

na região do UV-Vis. Os espectros de absorção são mostrados na Figura 23. Como

o copolímero QT-g-NaAc apresentou absorção na faixa de 200 a 230 nm, os

espectros encontram-se em uma faixa de 300 a 700 nm. Os espectros referentes às

concentrações de AgNO3 2, 5 e 10 mmol.L-1 mostraram picos de absorção óptica em

torno de 430 nm, que é característico da ressonância de plasmons de superfície de

nanopartículas de prata (NPsAg) [Pallab e col., 2008].

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

47

FIGURA 23. ESPECTROS DE ABSORÇÃO NO UV-VIS DAS MEMBRANAS QT, QT-g-NaAc E QT-g-NaAc/Ag EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES AgNO3/ NaBH4.

O valor máximo de absorção óptica (Amax) é uma indicação do número de

nanopartículas presentes na solução coloidal. Coloides que possuem um maior

número de nanopartículas presentes possuem um maior valor de absorção óptica.

Assim, o aumento na intensidade da banda plasmônica proporcional ao aumento da

concentração do sal de prata é resultado de um aumento no número de partículas

formadas, em concordância com a Lei de Beer, já que quanto maior a concentração,

maior a absorbância do meio.

Outro parâmetro importante é o comprimento de onda de máxima

absorção ( max), que depende fortemente do tamanho médio das nanopartículas.

Nanopartículas menores tendem a ter o comprimento de onda de máxima absorção

deslocado para a região do ultravioleta, enquanto um aumento do tamanho médio

das nanopartículas é seguido por um deslocamento para a região do vermelho. Ou

seja, menor energia média do pico de plasmon indica um maior tamanho médio das

nanopartículas [Andrade, 2008; Huang e col., 2004]. Na comparação dos espectros

observa-se que ocorre um leve deslocamento da banda plasmônica das amostras

2/40, e 10/200 mmol.L-1, para menores comprimentos de onda de máxima absorção.

Dessa forma, ocorre uma diminuição do diâmetro das nanopartículas, à medida que

aumenta a concentração dos íons prata.

300 400 500 600 700

Ab

s

Comprimento de onda (nm)

QT QT-g-NaAc 2/40mmol/L 5/100mmol/L 10/200mmol/L

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

48

Mas o tamanho médio das nanopartículas não é um resultado relevante

se não for conhecida a faixa de distribuição de tamanhos, que é estimada a partir da

largura de banda à meia altura (FWHH) do espectro UV-Vis. Quanto maior a FWHH,

maior a distribuição de tamanho das partículas.

Para obter nanopartículas mais uniformes quanto ao seu tamanho, o ideal

seria obter larguras de banda o mais estreito possível. No entanto, pode-se observar

que a banda referente à amostra 5/100 mmol.L-1 é bastante larga, parecendo ser a

sobreposição de duas bandas. A partir da Figura 23, é possível observar que, a

amostra 10/200 mmol.L-1 é a que apresenta menor largura de banda. Além disso, a

mesma apresenta pico de absorção único e mais próximo de 400 nm, característico

de nanopartículas com formato esférico, causando um único modo de oscilação dos

plasmons superficiais [Reis, 2011].

4.3.2 Atividade antibacteriana

A ação bactericida das nanopartículas está fortemente relacionada ao seu

tamanho. Segundo Berni Neto [2010], NPs de até 100 nm apresentam ação

satisfatória. NPs menores que 5-10 nm, ou até mesmo clusters de 0,4-2 nm,

demonstram uma maior reatividade, aumentando consideravelmente a ação

bactericida. Jing e col. [2010] investigaram a ação bactericida do nanocompósito

quitosana-g-poli(metacrilato de metila)/Ag contra as espécies Escherichia coli,

Pseudomonas aeruginosa, Bacillus subtilis e Staphilococus aureus . O tamanho das

NPsAg no nanocompósito variaram entre 5 e 8 nm, e apresentaram taxa

antimicrobiana para as quatro espécies variando entre 93-98 %.

A atividade antibacteriana das membranas QT-g-NaAc e QT-g-NaAc/Ag

foi avaliada para as bactérias Gram-positiva Sthaphylococcus aureus e Gram-

negativa Pseudomonas aeruginosa, dois patógenos comuns em complicações

infecciosas da pele. A eficiência na inibição microbiológica é calculada pelo diâmetro

do halo de inibição, medido desde o centro do disco até o final do halo de inibição.

As membranas QT-g-NaAc (controle negativo) não apresentaram halos de inibição,

indicando a ausência de atividade bactericida contra as duas espécies, como

mostrado na Figura 24.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

49

As membranas de quitosana-g-acrilato de sódio com nanopartículas de

prata apresentaram atividade antibacteriana, em todas as concentrações testadas,

contra as cepas de Staphylococcus aureus ATCC 25923 e Pseudomonas

aeruginosa ATCC 25619, pois apresentaram halos de inibição de atividade

microbiológica, comparados com os halos produzidos pelos discos de gentamicina

(controle positivo).

FIGURA 24. ENSAIO DE ANTIBIOGRAMA REALIZADO COM MEMBRANAS QT-g-NaAc/Ag CONTRA AS LINHAGENS DE Staphylococcus aureus ATCC 25923 (A) E Pseudomonas aeruginosa ATCC 25619 (B).

Como pode ser observado na Tabela 15, não existiram diferenças

significativas no tamanho dos halos das concentrações de prata testadas para cada

espécie de bactéria. Logo, mesmo na menor concentração foi encontrada

considerável atividade. Entretanto, os resultados indicam que as membranas QT-g-

NaAc/Ag apresentam maior atividade bactericida contra Staphylococcus aureus, pois

o diâmetro médio de inibição foi maior para essa espécie.

Pinto e col. [2012] testaram a atividade antibacteriana de filmes

nanocompósitos baseados em quitosana e nanopartículas de prata. Os tamanhos

dos halos de inibição de crescimento bacteriano variaram entre 8,5 e 9 mm, para

filmes com concentrações de prata entre 0,033 e 2 mmol. L-1.

B A

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

50

TABELA 15. DADOS EXPERIMENTAIS DO ENSAIO DE ANTIBIOGRAMA DE MEMBRANAS QT-g-NaAc/Ag CONTRA AS LINHAGENS DE Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.

Membranas

Diâmetro do halo (mm)

S. aureus P. aeruginosa

QT-g-NaAc 0 0

Gentamicina 16,0 ± 2,8 9,0 ± 0,0

QT-g-NaAc/Ag 2/40 13,5 ± 0,7 8,5 ± 0,7

QT-g-NaAc/Ag 5/100 14,0 ± 0,0 8,0 ± 0,0

QT-g-NaAc/Ag 10/200 13,0 ± 0,0 8,5 ± 0,7

QT-g-NaAc/Ag Média 13,5 8,3

A diferença entre os dois principais grupos de bactérias (Gram-positivas e

Gram-negativas) está na composição e espessura do envoltório celular. Bactérias

Gram-negativas apresentam uma fina camada de peptidoglicano (~2-3 nm) entre a

membrana citoplasmática e a membrana externa. As Gram-positivas, apesar de

apresentarem uma espessa camada de peptidoglicano (~30 nm), não possuem a

membrana externa, tornando-as mais susceptíveis a ataques químicos [Morones e

col., 2005]. Isso talvez explique a maior eficiência das membranas QT-g-NaAc/Ag na

inibição do crescimento da espécie Staphylococcus aureus.

A atividade antibacteriana de materiais contendo prata pode ser utilizada,

por exemplo, na medicina, para reduzir infecções bem como para prevenir a

colonização de bactérias em próteses, enxertos vasculares, materiais dentários e

feridas dermatológicas [Guzmán e col., 2009].

O desenvolvimento de materiais baseados em quitosana para potencial

aplicação na área de regeneração de pele é devido à sua propriedade cicatrizante.

O antibiograma mostrou que nanopartículas de prata imobilizadas em membranas

de quitosana-g-acrilato de sódio inibem o crescimento bacteriano. Dessa forma, a

prata aumenta as possibilidades de desenvolvimento de nanocompósitos baseados

em quitosana com potencial aplicação como curativos, já que une a propriedade

antibacteriana às propriedades cicatrizante da quitosana e de absorção do

poli(acrilato de sódio).

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

51

4.3.3 Morfologia das membranas

Para estudar a morfologia das membranas QT, QT-g-NaAc e QT-g-

NaAc/Ag, analisou-se as fotomicrografias dos materiais intumescidos em água

destilada e liofilizados depois de congelados em nitrogênio líquido. De acordo com

Guilherme e col. [2005], nessas condições, pode-se assumir que a morfologia do

material intumescido é preservada. As fotomicrografias das superfícies das

membranas obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) são mostradas

na Figura 25.

FIGURA 25. FOTOMICROGRAFIAS DA SUPERFÍCIE DAS MEMBRANAS: QUITOSANA (A), QT-g-NaAc (B), QT-g-NaAc/Ag 2/40 (C), QT-g-NaAc/Ag 5/100 (D) E QT-g-NaAc/Ag 10/200 (E).

(B) (A)

(D) (C)

(E)

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

52

A análise morfológica da membrana de quitosana revela uma superfície

rugosa e irregular. Após a modificação da quitosana com acrilato de sódio, observa-

se o desaparecimento da aparência rugosa, dando lugar a uma superfície mais

densa e homogênea, com pequenos orifícios em sua estrutura. A presença desses

orifícios proporciona ao material uma maior absorção de água.

As fotomicrografias mostram que a incorporação das nanopartículas de

prata não causou alterações na morfologia da superfície das membranas do

nanocompósito QT-g-NaAc/Ag. A homogeneidade das superfícies demonstra que as

nanopartículas ficaram dispersas por toda a matriz polimérica. Segundo Pinto e col.

[2012], a macromolécula copolimérica interage com as superfícies das partículas de

prata, promovendo a dispersão das partículas. No entanto, pode-se perceber o

aparecimento de partículas de formato esférico na superfície das membranas, com

diâmetros variando entre 6,5 e 15 µm, que podem estar relacionadas ao resíduo de

boroidreto de sódio presente nas membranas.

Pode-se observar ainda, a partir das fotomicrografias da secção

transversal das membranas (Figura 26), a presença das partículas esféricas

somente na membrana QT-g-NaAc/Ag 10/200, ou seja, naquela em que há uma

maior concentração de boroidreto de sódio.

FIGURA 26. FOTOMICROGRAFIAS DA SEÇÃO TRANSVERSAL DAS MEMBRANAS DOS NANOCOMPÓSITOS: QT-g-NaAc/Ag 2/40 (A), QT-g-NaAc/Ag 5/100 (B) E QT-g-NaAc/Ag 10/200 (C), NA MAGNITUDE DE 5000X.

Quanto à morfologia das membranas pode-se observar que o

nanocompósito apresenta estrutura porosa e firme. Segundo Arockianathan e col.

(A) (B) (C)

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

53

[2012], a natureza porosa da membrana ajuda a absorver o exsudato da ferida,

como também facilita a troca de oxigênio na superfície da ferida.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O copolímero quitosana-graft-acrilato de sódio foi obtido por meio de reação

de copolimerização por enxertia via reação radicalar.

A análise elementar e estrutural por FTIR confirmaram a enxertia do acrilato

de sódio nas cadeias laterais da quitosana.

A análise espectroscópica na região do UV-Vis mostrou bandas de absorção

na região de 430 nm, confirmando a formação das nanopartículas de prata

nas membranas do copolímero quitosana-graft-acrilato de sódio.

A ótima capacidade de absorção de água do nanocompósito QT-g-NaAc/Ag

indica que este apresenta potencial para estudo com possível aplicação como

curativo dermatológico.

O nanocompósito QT-g-NaAc/Ag apresentou atividade antibacteriana contra

as espécies Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

55

REFERÊNCIAS

AHMAD, M. B.; TAY, M. Y.; SHAMELI, K. Green synthesis and characterization of silver/chitosan/polyethylene glycol nanocomposites without any reducing agent. Journal of Molecular Sciences, v. 12, p. 4872-4884, 2011. ANDRADE, J. E. Síntese, caracterização e modificação de nanopartículas de prata com 5-fluorouracil sob a influência do pH – Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Sergipe, 2008. ANGSPATT, A.; TANVATCHARAPHAN, P.; CHANNASANON, S.; TANODEKAEW, S.; CHOKRUNGVARANONT, P.; SIRIMAHARAJ, W. Comparative study between chitin/polyacrylic acid (PAA) dressing, lipido-colloid absorbent dressing and alginate wound dressing: a pilot study in the treatment of partial-thickness wound. Journal of the Medical Association of Thailand, v. 93, p. 694-697, 2010. AROCKIANATHAN, P. M.; SEKAR, S.; KUMARAN, B.; SASTRY, T. P. Preparation, characterization and evaluation of biocomposite films containing chitosan and sago starch impregnated with silver nanoparticles. International Journal of Biological Macromolecules, v. 50, p. 939-946, 2012. ATHAWALE, V. D.; LELE, V. Recent trends in hydrogels based on starch-graft-acrylic acid: a review. Journal Starch/Staerke, v. 53, p. 7–13, 2001. AZAD, A. K.; SERMSINTHAM, N.; CHANDRKRACHANG, S.; STEVENS, W. F. Chitosan Membrane as a Wound-Healing Dressing: Characterization and Clinical Application. Wiley Periodicals, v. 69, p. 216-222, 2004. AZEVEDO, V. V. C.; CHAVES, S. A.; BEZERRA, D. C. Quitina e quitosana: aplicações como biomateriais. Materiais e Processos, v. 2, p. 27-34, 2007. BAUER, A. W.; KIRBY, W. M.; SHERRIS, J. C.; TURCK, M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. American Journal of Clinical Phatology, v. 45, p. 493-496, 1966. BERGER, J.; REIST, M.; MAYER, J. M.; FELT, O.; PEPPAS, N. A.; GURNY, R. Structure and interactions in covalently and ionically crosslinked chitosan hydrogels for biomedical applications. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 57, p. 19-34, 2004. BERNI NETO, E. A. Desenvolvimento de nanobiocompósitos contendo nanopartículas de prata para aplicações bactericidas – Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, 2010. BERNI NETO, E. A., RIBEIRO, C., ZUCOLOTTO, V. 2008. Síntese de nanopartículas de prata para aplicação na sanitização de embalagens. SP: EMBRAPA/CPPSE. ISSN 1517-478. (Comunicado Técnico, 99).

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

56

BISPO, V. M. Estudo do efeito da reticulação por genipina em suportes biodegradáveis de quitosana-PVA – Tese de doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. BURKATOVSKAYA, M. S. B.; CASTANO, A. P.; DEMIDOVA-RICE, T. N.; TEGOS, G. P.; HAMBLIN, M. R. Effect of chitosan acetate bandage on wound healing in infected and noninfected wounds in mice. Wound Repair and Regeneration, v. 16, p. 425-231, 2008. CASIMIRO, M. H.; BOTELHO, M. L.; LEAL, J. P.; GIL, M. H. Study on chemical, UV and gamma radiation-induced grafting of 2-hydroxyethyl methacrylate onto chitosan. Radiation Physics and Chemistry, v. 72, p. 731–735, 2005. CASTRO, M. L. Copolímeros estatísticos biodegradáveis de ε-caprolactona e l, l-dilactídeo-síntese, caracterização e propriedades – Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, 2006. CHALOUPKA, K.; MALAM, Y.; SEIFALIAN, M. A. Nanosilver as a new generation of nanoproduct in biomedical applications. Trends in Biotechnology, v. 28, 2010. CHEN, X.; PARK, H. Chemical characteristics of O-carboxymethyl chitosans related to the preparation conditions. Carbohydrate Polymers, v. 53, p. 355-359, 2003. CHEN, X., SCHLUESENER, H.J., Nanosilver: a nanoproduct in medical application, Toxicology Letters, v. 176, 1, 2008. CHUANG, C.Y.; DON, T.M.; CHIU, W.Y. Synthesis and properties of chitosan-modified poly(acrylic acid). Journal of Applied Polymer Science, v. 109, p. 3382-3389, 2008. CHUNMENG, S.; YING, Z.; XINZE, R.; MENG, W. Therapeutic potential of chitosan and its derivatives in regenerative medicine. Surgical Research, v. 133, p. 185–192, 2006. CLASEN, C.; WILHELMS, T.; KULICKE, W. M. Formation and characterization of chitosan membranes. Biomacromolecules, v. 7, p. 3210-3222, 2006. COSTA SILVA, H. S. R.; SANTOS, K. S. C. R.; FERREIRA, E. I. Quitosana: derivados hidrossolúveis, aplicações farmacêuticas e avanços. Química Nova, v. 29, p. 776-785, 2006. D’ AGOSTINI, O. J. Síntese, Caracterização e avaliação da biocompatibilidade e bioadesão de nanopartículas de n – carboximetilquitosana em redes híbridas com ácido poliacrílico - Dissertação de Mestrado, Universidade do Vale do Itajaí, 2009. DALLAN, P. R. M. Síntese e caracterização de membranas de quitosana para aplicação na regeneração de pele – Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 2005.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

57

DASH, M.; CHIELLINI, F.; OTTENBRITE, R. M.; CHIELLINI, E. Chitosan- a versalite semi-synthetic polymer in biomedical applications. Journal Progress in Polymer Science, v.36, p. 981-1014, 2011. DON, T. M.; CHUANG, C.Y.; CHIU, W.Y. Studies on the degradation behavior of chitosan-g-poly(acrylic acid) copolymers. Journal of Science and Engineering, v. 5, p. 235-240, 2002 a. DON, T. M.; KING, C. F.; CHIU, W. Y. Synthesis and properties of chitosan-modified poly(vinyl acetate). Journal of Applied Polymer Science, v. 86, p. 3057–3063, 2002 b. DONGWEI, W.; WUYONG, S.; WEIPING, Q.; YONGZHONG, Y.; XIAOYUAN, M. The synthesis of chitosan-based silver nanoparticles and their antibacterial activity. Carbohydrate Research, v. 344, p. 2375-2382, 2009. DUBINSKY, S.; GRADER, G. S.; SHTER, G. E.; SILVERSTEIN, M. S. Thermal degradation of poly(acrylic acid) containing copper nitrate. Polymer Degradation and Stability, v. 86, p. 171-178, 2004. FABREGA, J., FAWCETT, S. R., RENSHAW, J. C. AND LEAD, J. R. Silver nanoparticle impact on bacterial growth: effect of pH, concentration, and organic matter. Environmental Science & Technology, v. 43, p. 7285–7290, 2009. FERNANDES, L. L. Produção e caracterização de membranas de quitosana e quitosana com sulfato de condroitina para aplicações biomédicas – Trabalho de conclusão de curso, Rio de janeiro, 2009. FERREIRA, P.; COELHO, F. J. F.; SANTOS, K. S. C. R.; FERREIRA, E. I.; GIL, M. H. Thermal characterization of chitosan-grafted membranes to be used as wound dressing. Journal of Carbohydrate Chemistry, v. 25, p. 233-251, 2006. FU, J.; JI, J.; FAN, D.; SHEN, J. Construction of antibacterial multilayer films containing nanosilver via layer-by-layer assembly of heparin and chitosan-silver ions complex. Wiley Periodicals, v. 79, p. 665-674, 2006. GOY, R. C.; BRITO, D.; ASSIS, O. B. G. A Review of the antibacmicrobial activity of chitosan. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 19, p. 241-247, 2009. , GHOSH P.; DAS D. Modification of cotton by acrylic acid (AA) in the presence of NaH2PO4 and K2S2O8 as catalysts under thermal treatment. European Polymer Journal, v. 36, p. 2505-2511, 2000.

GUILHERME, M. R.; CAMPESE, G. M.; RADOVANOVIC, E.; RUBIRA, A. F.; FEITOSA, J. P. A., MUNIZ, E. C. Morphology and water affinity of superabsorbent hydrogels composed of methacrylated cashew gum and acrylamide with good mechanical properties. Polymer, v. 46, p. 7867-7873, 2005.

GUZMÁN, M. G.; DILLE, J.; GODET, S. Synthesis of silver nanoparticles by chemical

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

58

reduction method and their antibacterial activity. International Journal of chemical and Biological Engineering, v. 2, p. 104-111, 2009. HASELL, T., YANG, J., WANG, W., BROWN, P. D., HOWDLE, S. M. A facile synthetic route to aqueous dispersions of silver nanoparticles. Materials Letters, v. 61, p. 4906-4910, 2007. HOFFMAN, A. S. Hydrogels for Biomedical Applications. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 54, p. 3-12, 2002. HUANG, H.; YUAN, Q.; YANG, X. Preparation and characterization of metal–chitosan nanocomposites. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 39, p. 31–37, 2004. JAIN, J.; ARORA, S.; RAJWADE, J. M.; OMRAY, S. K.; V, K. M. Silver Nanoparticles in Therapeutics: Development of an Antimicrobial Gel Formulation for Topical Use. Molecular Pharmaceutics, v. 6, p. 1388-1401, 2009. JAYAKUMAR, R.; PRABAHARAN, M.; KUMAR, P. T. S.; TAMURA, S. V. N. Biomaterials based on chitin and chitosan in wound dressing applications. Biotechnology Advances, v. 29, p. 322-337, 2001. JENKINS, D. W.; HUDSON S. M. Review of vinyl graft copolymerization featuring recent advances toward controlled radical-based reactions and illustrated with chitin/chitosan trunk polymers. Chemical Reviews, v. 101, p. 3245, 2001. JIANGHUA, L.; QIN, W.; AIQIN, W. Synthesis and characterization of chitosan-g-poly(acrylic acid)/sodium humate superabsorbent. Carbohydrate Polymers, v. 70, p. 166–173, 2007. JING, A.; XIAOYAN, Y.; QUINGZHI, L.; DESONG, W. Preparation of chitosan-graft-(methyl methacrylate)/Ag nanocomposite with antimicrobial activity. Polymer International, v. 59, p. 62-70, 2010. KIM, Y. H., LEE, D. K., CHA, H. G., KIM, C. W. AND KANG, Y. S., Synthesis and characterization of antibacterial Ag–SiO2 nano-composite. Journal of Physical Chemistry C, v. 111, p. 3629–3635, 2007. KONG, H., JANG, J. Antibacterial properties of novel poly(methyl methacrylate) nanofiber containing silver nanoparticles. Langmuir, v. 24, p. 2051–2056, 2008. KUMAR, P. T. S.; ABHILASH, S.; MANZOOR, K.; NAIR, S.V.; TAMURA, H.; JAYAKUMAR, R. Preparation and characterization of novel -chitin/nanosilver composite scaffolds for wound dressing applications. Carbohydrate Polymers, v. 80, p. 761–767, 2010. LEE, J. S.; KUMAR, R. N.; ROZMAN, H. D.; AZEMI, B. M. N. Pasting, swelling and solubility properties of UV initiated starch-graft-poly(AA). Food Chemistry, v. 91, p. 203–211, 2005.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

59

LEITINHO, J. L. Novos hidrogéis à base de glicerina de biodiesel derivado do óleo de mamona – Tese de Doutorado, Universidade Federal do Ceará, 2006. LIMA, M. S. P. Preparo e caracterização de membranas de quitosana modificadas com poli(ácido acrílico) – Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006. LIU, J.; WANG, Q.; WANG, A. Synthesis and characterization of chitosan-g-poly(acrylic acid)/sodium humate superabsorbent. Carbohydrate Polymers, v. 70, p. 166-173, 2007. LIU, J.; WANG, Q.; WANG, A. Synthesis, characterization, and swelling behaviors of chitosan-g-poly(acrylic acid)/poly(vinyl alcohol) semi-IPN superabsorbent hydrogels. Polymers for Advanced Technologies, v. 22, p. 627-634, 2011. LIU, Y.; ZHANG, R.; ZHANG, J.; ZHOU, W.; LI, S. Graft copolymerization of sodium acrylate onto chitosan via redox polymerization. Iranian Polymer Journal, v. 15, p. 935-942, 2006. LU, S.; GAO, W.; GU, H. Y. Construction, application and biosafety of silver nanocrystalline chitosan wound dressing. Burns, v. 34, p. 623–628, 2008. MACEDO, M. O. C. Modificação de membranas de quitosana por plasma para uso biológico – Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009. MARTINS, P. Avaliação da atividade antimicrobiana, mutagênica e toxicidade aguda de derivados anfifílicos da o-carboximetilquitosana – Dissertação de mestrado, Universidade do Vale do Itajaí, 2010. MORONES, J. R.; ELECHIGUERRA, J. L.; CAMACHO, A.; HOLT, K.; KOURI, J. B.; RAMÍREZ, J. T.; YACAMAN, M. J. The bactericidal effect of silver nanoparticles. Nanotechnology, v. 16, p. 2346–2353, 2005. MOUNTAINSIDE MEDICAL. http://www.mountainside-medical.com.br. ACESSO em 05 de setembro de 2012. MOURYA, V. K.; INAMDAR, N. N. Chitosan-modifications and applications: opportunities galore. Reactive & Functional Polymers, v. 68, p. 1013–1051, 2008. MURUGADOSS, A.; CHATTOPADHYAY, A. A ‘green’ chitosan–silver nanoparticle composite as a heterogeneous as well as micro-heterogeneous catalyst. Nanotechnology, v. 19, p. 15603, 2008. MUZZARELLI, R. A. A. Chitins and chitosans for the repair of wounded skin, nerve, cartilage and bone. Carbohydrate Polymers, v. 76, p. 167–182, 2009. NIMESH, S.; MANCHANDA, R.; KUMAR, R.; SAXENA, A.; CHAUDHARY, P.; YADAV, V.; MOZUMDAR, S.; CHANDRA, R. Preparation, characterization and in

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

60

vitro drug release studies of novel polymeric nanoparticles. International Journal of Pharmaceutics, v. 323, p. 146–152, 2006. PALLAB, S.; MURRUGADOSS, A.; DURGAP, P. P. V.; SIDDHARTHA, S. G.; ARUN, C. The antibacterial properties of a novel chitosan-Ag-nanoparticle composite. International Journal of Food Microbiology, v. 124, p. 142-146, 2008. PANACEK, A.; KVITEK, L.; PRUCEK, R.; KOLAR, M.; VECEROVÁ, R.; PIZUROVÁ, N,; SHARMA, V.; ZBORIL, R. Silver colloid nanoparticles: Synthesis, characterization, and their antibacterial activity. The Journal of Physical Chemistry B, v. 110, p. 16248-16253, 2006. PINTO, R. J. B.; FERNANDES, S. C. M.; FREIRE, C. S. R.; SADOCCO, P.; CAUSIO, J.; PASCAL, N. C.; TRINDADE, T. Antibacterial activity of optically transparent nanocomposite films based on chitosan or its derivatives and silver nanoparticles. Carbohydrate Research, v. 348, p. 77-83, 2012. POREL, S.; RAMAKRISHNA, D.; HARIPRASAD, E.; GUPTA, D. A.; RADHAKRISHNAN, T. P. Polymer thin film with in situ synthesized silver nanoparticles as a potent reusable bactericide. Current science, v. 101, p. 927-934, 2011. PRASHANTH, K. V. H.; THARANATHAN, R. N. Studies on graft copolymerization of chitosan with synthetic monomers. Carbohydrate Polymers, v. 53, p. 343-351, 2003. RABEA, E. I.; BADAWY, M. E. T.; STEVENS, C. V.; SMAGGHE, G.; STEURBAUT, W. Chitosan an antimicrobial agent: applications and mode of action. Biomacromolecules, v. 4, p. 1457-1465, 2003. RAI, M.; YADAV, A.; GADE, A. Silver nanoparticles as a new generation of antimicrobials. Biotechnology Advances, v. 27, p. 76–83, 2009. RASIKA, T.; BAJPAI, S. K. Silver-nanoparticle-loaded chitosan lactate films with fair antibacterial properties. Journal of Applied Polymer Science, v. 115, p. 1894–1900, 2010. RUPARELIA, J. P.; CHATTERJEE, A. K. CHATTERJEE, A. K.; DUTTAGUPTA, S. P.; MUKHERJI, S. Strain specificity in antimicrobial activity of silver and copper nanoparticles. Acta Biomaterialia, v. 4, p. 707–716, 2008. REIS, M. O. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos produzidos a partir de miniemulsão acrílica aquosa contendo nanopartículas de prata – Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. RHIM, J. W.; HONG, S. I. PARK, H. M. Preparation and characterization of chitosan-based nanocomposite films with antimicrobial activity. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p. 5814−58ββ, 2006. RODRIGUES, F. H. A.; FRANÇA, F. C. F.; FEITOSA, J. P. A. Comparison between physico-chemical properties of the technical cashew nut shell liquid (CNSL) and

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

61

those natural extracted from solvent and pressing. Polímeros, v. 21, p. 156-160, 2011. SANTOS, K. S. C. R.; COELHO, J. F. J.; FERREIRA, P.; PINTO, I.; LORENZETTI, S. G. Synthesis and characterization of membranes obtained by graft copolymerization of 2-hydroxyethyl methacrylate and acrylic acid onto chitosan. International Journal of Pharmaceutics, v. 310, p. 37-45, 2006. SCHALLER, M.; LAUDE, J.; BODEWALDT, H.; HAMM, G.; KORTING, H. C. Toxicity and antimicrobial activity of hydrocolloid dressings containing silver particles in a ex vivo model models of cutaneous infection. Skin Pharmacology and Physiology, v. 17, p. 31-36, 2004. SHANTHA, K. L.; BALA, U.; RAO, K. P. Tailor-made chitosans for drug delivery. European Polymer Journal, v. 31, p. 317-382, 1995. SHI, C.; ZHU, Y.; RAN, X.; WANG, M.; SU, Y.; CHENG, T. Therapeutic potential of chitosan and its derivatives in regenerative medicine. Journal of Surgical Research, v. 133, p. 185–192, 2006. SHRIVASTAVA, S. Characterization of enhanced antibacterial effects of novel silver nanoparticles. Nanotechnology, v. 18, p. 225103–225112, 2007. SILVA, D. A. Hidrogéis e copolímeros de Goma do cajueiro e poliacrilamida – Tese de Doutorado, Universidade Federal do Ceará, 2006. TANODEKAEW, S.; PRASITSILP, M.; SWASDISON, S.; THAVORNYUTIKARN, B.; POTHSREE, T.; PATEEPASEN, R. Preparation of acrylic grafted chitin for wound dressing application. Biomaterials, v. 25, p. 1453–1460, 2004. TIAN, J.; WONG, K. K. Y.; HO, C. M.; LOK, C. N.; YU, W. Y.; CHE, C. M.; CHIU, J. F.; TAM, P. K. H. Topical delivery of silver nanoparticles promotes wound healing. ChemMedChem, v. 2, p. 129-236, 2007. VEIGA, I. G. Uso de xantana em substituição ao alginato em membranas coacervadas de quitosana projetadas para a cicatrização de lesões de pele – Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 2009. VIMALA, K.; MOHAN, Y. M.; SIVUDU, K. S.; VARAPRASAD, K. Fabrication of porous chitosan films impregnated with silver nanoparticles: A facile approach for superior antibacterial application. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 76, p. 248–258, 2010. YAZADANI-PEDRAM, M.; RETUERT, J.; QUIJADA, R. Hydrogels based on modified chitosan, 1. Synthesis and swelling behavior of poly(acrylic acid) grafted chitosan. Macromolecular Chemistry and Physics, v. 201, p. 923–930, 2000. YU, D.-G., LIN, W.-C. AND YANG, M.-C. Surface modification of poly(L-lactic acid) membrane via layer-by-layer assembly of silver nanoparticle-embedded polyelectrolyte multilayer. Bioconjugate Chemistry, v. 18, p. 1521–1529, 2007.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · A Elis Cristina, pelos espectros de FTIR. Ao Laboratório LACAN, pelas micrografias das membranas. Ao Alysson Angelim, pela

62

ZHANG, J.; WANG, Q.; WANG, A. Synthesis and characterization of chitosan-g-poly(acrilic acid)/attapulgite superabsorbent composites. Carbohydrate Polymers, v. 68, p. 367-374, 2007. ZOHURIAAN-MEHR, M. J. Advances in chitin and chitosan modification through graft copolymerization: a comprehensive review. Iranian Polymer Journal, v. 14, p. 235-265, 2005.